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RELATÓRIO ANALÍTICO DE GESTÃO DE AÇÕES, PROGRAMAS E POLÍTICAS PÚBLICAS ELABORADAS E DIRECIONADAS AO DESENVOLVIMENTO DA CADEIA CRIATIVA DO LIVRO E RESULTADOS CONQUISTADOS.
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MINISTÉRIO DA CULTURA Secretaria de Articulação Institucional Diretoria de Livro, Leitura e Literatura Economia do Livro – Cadeia criativa do livro
Finalidade da Contratação: Fornecer
subsídios para o desenvolvimento de
políticas, programas e ações para a cadeia
criativa do livro.
PRODUTO 05: RELATÓRIO ANALÍTICO
DE GESTÃO DE AÇÕES, PROGRAMAS E
POLÍTICAS PÚBLICAS ELABORADAS E
DIRECIONADAS AO DESENVOLVIMENTO
DA CADEIA CRIATIVA DO LIVRO E
RESULTADOS CONQUISTADOS.
Consultora: Valéria Viana Labrea
PRODOC: 914BRZ4013
CONTRATO: SA-3633/2010
Brasília, 28 de novembro de 2011
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Finalidade da Contratação: Fornecer subsídios para o desenvolvimento de
políticas, programas e ações para a cadeia criativa do livro.
Produto 05: Relatório analítico de gestão de ações, programas e políticas
públicas elaboradas e direcionadas ao desenvolvimento da cadeia criativa do
livro e resultados conquistados.
FICHA TÉCNICA
Consultora:
Valéria Viana Labrea
Contatos:
SHIN, QL 1 Conjunto 07, Casa 05
Lago Norte, Brasília - DF, CEP: 71505-075
(61) 81789505
Consultoria realizada no âmbito da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura –
DLLL (Secretaria de Articulação Institucional/ Ministério da Cultura)
SCS B, Qd. 9, Lt. C, Ed. Parque Cidade - Torre B
11º andar - Brasília - DF - CEP 70.308-200
Tel.: (61) 2024-2630
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INTRODUÇÃO
Em consonância com o Termo de Referência (PRODOC 914BRZ4013)
que define as atividades da presente consultoria, este produto 05
apresenta o “relatório analítico de gestão de ações, programas e
políticas públicas elaboradas e direcionadas ao desenvolvimento da
cadeia criativa do livro e resultados conquistados”. As ações, programas
e políticas públicas elaboradas e direcionadas ao desenvolvimento da
cadeia criativa do livro, no âmbito do Governo Federal, no escopo do
Plano Plurianual – PPA 2008-2011 (2007), foram descritas no produto
04 (Labrea:2011d) e nosso relatório analítico está fundamentado nos
dados sistematizados já apresentados anteriormente.
Em nossa pesquisa consideramos as linhas programáticas da DLLL, os
programas desenvolvidos pelo MinC e suas vinculadas, os programas
voltados para a área do livro, leitura e literatura desenvolvidos por
outros Ministérios, com foco no fortalecimento do trabalho do autor de
obras literárias, porque entendemos ser importante fomentar novas
ações ou mesmo qualificar as existentes junto a programas já instituídos
e que contam com o investimento do Estado, em um modelo de gestão
por programas orientado para a maximização dos recursos públicos, a
sinergia e a interlocução entre projetos, qualificando-os e instaurando
uma relação com a cadeia criativa do livro proposta pela Diretoria do
Livro, Leitura e Literatura.
Também consideramos relevante em nosso estudo a contribuição e a
participação da sociedade civil, a partir de pesquisa bibliográfica que
documenta o histórico da participação social nos processos decisórios do
MinC, e nos depoimento colhidos nas entrevistas e reuniões com os
beneficiários dos programas, ou na contribuição de autores que ainda
não estão inseridos nas políticas públicas de livro, leitura e literatura do
Governo Federal mas foram igualmente ouvidos em nossas entrevistas e
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reuniões1 realizadas nos estados do RS, PE, RJ, PA. Nossa abordagem
visa integrar programas afins, para evitar sobreposição e ações
duplicadas. A gestão por programa, assumida por esta consultoria, se
respalda nos princípios do PPA 2008-2011:
A gestão por programas implica trabalhar de forma cooperativa, cruzando as fronteiras ministeriais, estimulando a formação de equipes e de redes com um fim comum, sem ignorar o ambiente organizacional em que as estruturas e hierarquias permanecem válidas. A transparência para a sociedade e a capacidade de instrumentalizar o controle social são também contribuições do modelo, o que faz do Programa o referencial ideal para a discussão pública das propostas de governo e a explicitação dos compromissos assumidos com o cidadão. (PPA 2008-2011,p. 43, grifo nosso).
Nossa análise focará nos resultados da política de editais dos seguintes
entes federados:
a. Fundação Biblioteca Nacional – FBN: Programa de Bolsas e Co-
edições
b. Fundação Biblioteca Nacional – FBN: Caravana dos Escritores
c. Fundação Nacional da Arte – Funarte: Bolsa Funarte de Criação
Literária e Bolsa Funarte de Circulação Literária;
d. Ministério da Educação – MEC – Concurso Literatura para Todos;
e. Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA – Programa Arca
das Letras;
f. Ministério da Cultura – MinC – Diretoria de Livro, Leitura e
Literatura - Edital de Cordel;
1 Inicialmente, incluímos São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Rio Branco e marcamos reuniões e entrevistas com integrantes da cadeia criativa local. Estas reuniões foram várias vezes remarcadas, até que foram finalmente canceladas. Não foram realizadas devido a dificuldade para autorização e emissão das passagens. A questão da autorização e da emissão das passagens extrapola o âmbito desta consultoria é um problema sistêmico, recorrente, que prejudica o desenvolvimento do trabalho e cria desgastes, ruídos e desconforto com os beneficiários de nossas ações, com os autores e redes contatados e evidencia um grau de desorganização e de desconhecimento dos objetivos da consultoria, embora eles tenham sido propostos pelo próprio MinC, estejam explicitados no TOR e tenham sido aprovados no primeiro produto.
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g. Ministério da Cultura – MinC – Diretoria de Livro, Leitura e
Literatura – Pontos de Leitura;
h. Ministério da Cultura – MinC – Diretoria de Livro, Leitura e
Literatura - Edital Bolsa de Curso, Oficina e Residência Literárias
2011.
Apresentamos no produto anterior (Labrea:2011d) um resumo
contendo os dados principais de cada edital e programas citados acima:
seus objetivos, critérios de avaliação (quando existe ou está
explicitado), a sistematização dos autores contemplados, seus
depoimentos, avaliando aspectos positivos e negativos dos editais e
entendemos que estes não precisam ser retomados, embora tenhamos
sempre em mente este cenário. Neste relatório vamos priorizar a
análise de dados, verificar os limites e as possibilidades de cada edital,
focando nos resultados obtidos, a partir do cotejo entre o que está
proposto no PPA para a Agenda Social do Governo Federal, espaço de
ação do MinC, e o que foi realizado. A Agenda Social compreende um conjunto de iniciativas prioritárias para ampliar oportunidades à parcela mais vulnerável da população, mediante uma política garantidora de direitos, a ser efetivada com gestão integrada e pactuação federativa entre União, estados e municípios (IPEA: 2008, p. 01).
O PPA 2008-2011 explicita as prioridades da Agenda Social:
A Agenda Social compreende um conjunto de iniciativas prioritárias, com ênfase: nas transferências condicionadas de renda associadas às ações complementares; no fortalecimento da cidadania e dos direitos humanos; na cultura e na segurança pública. A prioridade é a parcela da sociedade mais vulnerável. A inclusão social efetiva passa pelo fortalecimento da cidadania e difusão do reconhecimento e respeito aos direitos humanos. A Agenda Social destaca as iniciativas integradas para públicos historicamente expostos a situações de vulnerabilidade: criança e adolescente; pessoas com deficiência; quilombolas; mulheres e índios. (PPA 2008-2011, p.13-4)
6
O Ministério da Cultura e Ministério do Desenvolvimento Agrário (no
que refere à Arca das Letras, especificamente), no PPA 2008-2011, se
inserem na Agenda Social do Governo Federal, pois é fundamental para
o projeto de desenvolvimento do país o acesso e a inclusão aos bens e
serviços culturais de populações até então excluídas ou mal incluídas na
vida cultural da comunidade. O crescimento do acesso popular à cultura será promovido por meio do apoio a projetos sociais que utilizam a cultura como forma de inclusão, do barateamento dos custos de produção e da ampliação do alcance dos eventos artísticos a localidades que se encontram fora do circuito comercial tradicional. O acesso à música, ao teatro, à literatura e a outras expressões interfere diretamente na formação do cidadão e no conteúdo de suas vidas. O conhecimento da diversidade cultural nacional e o incentivo à sua expressão é uma das principais formas de valorização do cidadão e do seu espaço sócio-cultural, o que ainda constitui em desafio para a sociedade brasileira (PPA 2008-2011, p.81).
Para fazer frente às dificuldades de democratização da cultura no país,
o MinC organiza-se a partir das seguintes diretrizes do Programa Mais
Cultura:
a) Ampliar o acesso aos bens e serviços culturais e meios
necessários para a expressão simbólica, promovendo a auto-
estima, o sentimento de pertencimento, a cidadania, o
protagonismo social e a diversidade cultural;
b) Qualificar o ambiente social das cidades e do meio rural,
estendendo a oferta de equipamentos e dos meios de acesso à
produção e à expressão cultural; e
c) Gerar oportunidades de trabalho, emprego e renda para
trabalhadores, micro, pequenas e médias empresas e
empreendimentos da economia solidária do mercado cultural
brasileiro (IPEA: 2008).
Foi definido como público prioritário dos programas do MinC os jovens,
as crianças e os adolescentes, trabalhadores e famílias de baixa
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renda. Em relação ao território busca alcançar, prioritariamente, as
áreas com índices significativos de violência, baixa escolaridade e
outros indicadores de baixo desenvolvimento. Dessa forma,
centraliza-se em favelas, periferias e áreas degradadas, centros
históricos e metropolitanos, municípios com maiores índices de
violência, municípios com menores índices de educação básica, cidades
com até 20 mil habitantes, quilombos, territórios indígenas,
comunidades artesanais, e os “territórios de cidadania” (idem, grifo
nosso). O território terá um papel determinante na estratégia de desenvolvimento, pois carrega o conjunto das variáveis que interferem nas possíveis trajetórias a serem perseguidas pelo Brasil. As regiões não podem ser tratadas apenas como provedoras passivas de insumos ao desenvolvimento. Devem ser consideradas como estruturas sócio-espaciais ativas nas quais o ambiente sócio-econômico e os traços histórico-culturais e sócio- geográficos sejam decisivos para o sucesso ou o fracasso de qualquer desenvolvimento. As políticas públicas encontram, nas escalas sub-regionais e locais, melhor possibilidade de articulação das ações com a gama variada de atores e demais grupos sociais, que assim obtêm melhor resposta aos problemas da agenda de desenvolvimento (Brasil: 2008,p.23).
O Concurso Literatura para Todos do MEC também faz parte da Agenda
Social do Governo: O Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE, que também integra a Agenda Social, distinguiu-se de forma diferenciada, tendo sido lançado com anterioridade para marcar o compromisso do governo com a melhoria da qualidade da educação (IPEA: 2008, p.01).
Ao conhecer e analisar os editais já publicados podemos aprender com a
experiência e dialogar com ela, a fim de propor uma política de edital
que poderá complementar e qualificar a atuação do Governo Federal
para a área de livro, leitura e literatura, com foco na cadeia criativa do
livro.
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A fim de podermos analisar e verificar os resultados das ações
apresentadas no produto 04, teremos que retomar rapidamente
a) o contexto do PPA 2008-2011 que gerou esta agenda e
b) a metodologia de acompanhamento e avaliação do Governo
Federal.
Em relação ao PPA 2008-2011, as ações de governo tendem a um
planejamento para atingir objetivos de longo prazo, inicialmente 04
anos, mas visando 20 anos de ações contínuas ou complementares,
cujos impactos são projetados desde a fase inicial do planejamento, em
um modelo de gestão por resultados. O planejamento também considera
a participação social e a integração de todo o território no planejamento
nacional. São princípios estruturantes do PPA: a) Convergência territorial: orientação da alocação dos investimentos públicos e privados, visando a uma organização mais equilibrada do território; b) Integração de políticas e programas, tendo o PPA como instrumento integrador das políticas do Governo Federal para o período de quatro anos, a partir de um horizonte de 20 anos; ! c) Gestão estratégica dos projetos e programas considerados prioritários para a Estratégia de Desenvolvimento, de modo a assegurar o alcance dos resultados pretendidos; ! d) Monitoramento, avaliação e revisão contínua dos programas, criando condições para a melhoria da qualidade e produtividade dos bens e serviços públicos; e) Transparência na aplicação dos recursos públicos, mediante ampla divulgação dos gastos e dos resultados obtidos; ! f ) Participação social no acompanhamento do ciclo de gestão do PPA como importante instrumento de interação entre o Estado e o cidadão, para aperfeiçoamento das políticas públicas . (PPA 2008-2011, p.40-1, grifo nosso)
O PPA se organiza a partir de programas, com ações orçamentárias e
não-orçamentárias, executados pelos entes federados, na forma de
projetos e atividades. Neste contexto, os editais que estamos analisando
fazem parte de um programa vinculado aos ministérios ou fundações e
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se integram ao PPA 2008-2011, sendo, cada um deles, uma unidade de
integração entre o planejamento e o orçamento (cfe. PPPA 2008-2011).
O processo de gestão do PPA é composto pelas etapas de elaboração,
implementação, monitoramento, avaliação e revisão dos programas.
A avaliação do êxito da ação governamental é, idealmente, medido por
indicadores que dizem se o resultado alcançado é coerente com os
objetivos do programa.
No âmbito da Administração Pública Federal, a partir de estudos empreendidos pela Comissão de Monitoramento e Avaliação – CMA e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, a Secretaria de Planejamento e Investimento Estratégico - SPI, responsável pela qualidade do ciclo de planejamento das políticas públicas, optou pela metodologia do Modelo Lógico de Programas, que permite estabelecer a correlação entre o objetivo a ser alcançado e o problema que deu causa a esse objetivo, as correlações entre as ações a serem empre- endidas e as causas do problema-alvo, bem como outras informações essenciais às boas práticas de elaboração de Programas. (Brasil: 2010c, p.19)
Não tivemos acesso ao Modelo Lógico que deu origem aos programas que
analisamos, mas podemos recuperar seus objetivos a partir dos
elementos presentes nos editais e nos dados pesquisados, pois é
possível, na ausência da aplicação da metodologia do Modelo Lógico,
responder a algumas perguntas que orientam a análise das referências
básicas de um Programa já existente (cfe. Brasil, 2010c). As perguntas
que constam no Indicadores de programas: Guia Metodológico
(2010c) servem para avaliação de programas e em nossa análise, em
alguns casos, vamos focar na análise de editais ou de uma ação
específica e não no programa inteiro, e por isso, quando necessário,
vamos adapatar as questões aos nossos objetivos, a partir de tabelas. As
questões são estas:
1. Objetivo está bem definido? 2. Público-alvo está bem delimitado? ! 3. Dado que o Programa do PPA (edital/ação)
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atua em um problema ou demanda existente na sociedade, o resultado alcançado pelo conjunto de ações atualmente implementadas é suficiente para atingir o objetivo previsto? (Brasil: 2010c, p.17-8, grifo nosso)
O foco deste produto são os resultados obtidos, pois nos produtos
anteriores (Labrea: 2011c e 2011d, respectivamente), explicitamos as
duas primeiras questões exaustivamente em nossas análises, e podemos
considerar que em todos os editais e programas analisados os itens 1 e 2
estão bem definidos, assim daremos ênfase em nossa análise à questão
3. Os editais analisados já passaram pela fase de elaboração e de
implementação, exceto a Caravana de Escritores, portanto focaremos
na avaliação e revisão dos programas, que são aspectos importantes do
processo de gestão e que se relacionam diretamente aos resultados
alcançados.
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA IMPLEMENTAÇÃO DE
PROGRAMAS DE BOLSA E EDITAIS DO GOVERNO FEDERAL
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL – FBN: PROGRAMA DE
BOLSAS E CO-EDIÇÕES E CARAVANA DOS ESCRITORES
Por isso, nestes últimos anos, a administração pública brasileira, onde se inclui o Ministério da Cultura e sua vinculada, a Biblioteca Nacional, vem procurando firmar e estabelecer como prioridade a necessidade de promover e institucionalizar quatro funções básicas de planificação: prospectiva, ou visão de larga amplitude e prazo, coordenação, avaliação e organização estratégica. Estas funções ou tarefas, independentemente da institucionalidade que prevaleça, permitirão definir uma visão de futuro compartilhada, facilitarão a formulação apropriada de planos e políticas multissetoriais, e apoiarão gestão por resultados, por se conhecerem os impactos e o cumprimento de metas dos projetos e programas, respaldando uma maior participação, de maneira descentralizada e efetiva.
(...)
Por último, teríamos o nível operativo (BN), espaço no qual se desenham e se executam projetos e programas no nível setorial, local, com limites temporais mais curtos e propósitos
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bem mais específicos. Esta tarefa, crucial para alcançar as metas de desenvolvimento integral, pressupõe uma sintonia com as grandes orientações de ordem nacional, bem como um financiamento adequado e oportuno, um respaldo técnico e humano de modo descentralizado e um esforço sistêmico, onde as regras, os princípios, os recursos e a própria instituição interagem ordenadamente. Só assim é possível estabelecer uma coordenação tanto vertical quanto horizontal entre os níveis estratégico, tático e operacional, e onde o largo prazo das metas estratégicas se articule com o curto prazo dos projetos.
(...)
Buscando atingir a meta de acessibilidade ao livro e à difusão da cultura brasileira no país e no exterior, a FBN promove os Prêmios de Literatura e concede bolsas a jovens escritores e de tradução. Dissemina, deste modo, a diversificada cultura brasileira (Relatório de Gestão FBN 2010: 2011, p. 10-16).
Programa Nacional de Apoio à Pesquisa
Programa
Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Programa Nacional de Apoio à Pesquisa
Incentivar a pesquisa e a produção de trabalhos originais a partir do acervo da Fundação Biblioteca Nacional.
Brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros em situação regular no país, com idade igual ou superior a 18 anos e com formação acadêmica mínima do nível de graduação completa.
Monitoramento: Projeto de pesquisa. Relatórios bimestrais à Coordenadoria de Pesquisa, via correio eletrônico, ao final dos 2º, 4º, 6º e 8º meses de vigência da bolsa e ao final do 10º mês, apresentar resultado parcial da pesquisa contendo, no mínimo, 20 (vinte) páginas. Trabalho final ao término do 12º mês do contrato, em forma de monografia ou ensaio. Avaliação: Não há sistema de avaliação explicitado no edital. Resultados: Entre 2008-2010, 77 pesquisas foram realizadas, disponibilizadas no sítio eletrônico da FBN e/ou publicadas em periódicos acadêmicos. Não se tem a lista das pesquisas publicadas em
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periódicos acadêmicos.
Resultados/revisão do programa
A FBN mantém uma política de editais voltados para pesquisas a partir
do seu acervo e produz conhecimentos relevantes, que são publicados
em diversos periódicos e são disponibilizados em sua página eletrônica.
A política de pesquisas que a FBN mantém permite que pesquisadores e
acadêmicos tenham acesso a documentos importantes que, de outra
forma, não estariam disponíveis e em condições de manuseio. O impacto
e resultados destas pesquisas ainda não foram mensurados pela FBN,
que não possui um mecanismo de acompanhamento e avaliação dos
projetos selecionadas. Quando questionada a este respeito, a
Coordenadoria de Pesquisa da FBN informou que Em relação ao Programa Nacional de Apoio à Pesquisa não formam feitos estudos de impacto. Sabemos, informalmente, que o Programa tem boa receptividade no meio acadêmico, através da demanda por informações para novos concursos ou em citações nos subprodutos dos projetos (trabalhos em eventos acadêmicos). Reconhecemos, também, nos projetos de bolsas de pesquisa a extensão de trabalhos acadêmicos, através da análise de currículos e entrevistas no contato inicial com o bolsista (Depoimento da Coordenação do edital na FBN).
Em relação a esta ausência de acompanhamento e avaliação de
resultados, a lamentamos, pois vemos que ela é fundamental para que se
possa mensurar o valor e a importância de um programa, bem como
subsidiar decisões acerca dos mesmos. Sem dados concretos, as decisões
baseiam-se em senso comum e interesses políticos, que embora
presentes e constituintes das políticas públicas não deveriam ser os
únicos critérios para fundamentar sua existência e manutenção.
Sugerimos à coordenação de programas da FBN incorporar em seus
editais procedimentos de acompanhamento e avaliação, bem como
indicadores de resultados.
O planejamento governamental constitui-se em instrumento essencial para transpor a tendência imediatista e desestruturadora do cotidiano
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administrativo, estabelecendo uma ponte entre as ações de curto prazo e a visão de futuro materializada, dentre outras formas, no planejamento intersetorial em bases territoriais. (Brasil: 2010c, p.9)
Nas versões anteriores do edital da FBN para apoio à pesquisa existia
uma terceira categoria, voltada a candidatos com graduação completa
ou pós graduação latu senso. Nesta edição, essa última categoria foi
eliminada, mas serão aceitos, no nível 1 doutores ou doutorandos e no 2,
mestres ou mestrandos, o que amplia o leque de pesquisadores, que nas
edições passadas, teriam que ser mestres ou doutores. Os valores da
bolsa são os mesmos de 2010:
As bolsas serão divididas em duas categorias: !! 1. Bolsas para doutores ou doutorandos (matriculados como alunos regulares em programas de doutorado reconhecidos pela Capes), no valor unitário de 26.400,00 (vinte e seis mil e quatrocentos reais), dividido em 12 (doze) parcelas mensais de 2.200,00 (dois mil e duzentos reais); !! 2. Bolsas para mestres ou mestrandos (matriculados como alunos regulares em programas de mestrado reconhecidos pela Capes), no valor unitário de 20.400,00 (vinte mil e quatrocentos reais), dividido em 12 (doze) parcelas mensais de 1.700,00 (um mil e setecentos reais) (cfe. Edital 2011 in: http://www.bn.br/portal/index.jsp?nu_padrao_apresentacao=25&nu_item_conteudo=1959&nu_pagina=1, acesso em 23/10/2011). !!
Mesmo sem um projeto para acompanhamento e avaliação de
resultados, em seu Relatório de Gestão 2010 (2011), a FBN considerou
como aspecto positivo a coesão da equipe e o alto grau de produção, não
obstante limitação orçamentária. Em relação ao que foi realizado, a
equipe da FBN destaca o seguinte:
a) Produção de ferramentas difusoras de conhecimento e
facilitadoras do acesso à informação contida no acervo sob a
guarda da Biblioteca Nacional,
b) Realização de pesquisas e produção de bibliografias, publicações,
exposições presenciais e virtuais, seminários e estudos diversos e
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c) Realização, no âmbito interno, de estudos para aperfeiçoar o
regulamento do processo seletivo de bolsas (Brasil: 2011b, p.30
grifo nosso). Estes estudos permitiram que a FBN ampliasse seu
repertório temático no edital de 2011, como veremos abaixo.
No produto 04 sugerimos que a FBN deveria incluir a cadeia criativa do livro – o livro, leitura, literatura e bibliotecas - entre os temas a serem
contemplados por bolsas de pesquisa, e assim colaborar para que se crie
um espaço multidisciplinar, financiado pelo Estado, para o estudo de
políticas culturais dentro desta temática, para dar visibilidade
acadêmica e social ao assunto.
Em edital lançado em outubro de 2011, a FBN irá selecionar o mesmo
número de projetos de pesquisa que a edição de 2010, mas ampliou seu
escopo de pesquisa e apoiará 17 trabalhos desenvolvidos nas áreas de
Artes, Biblioteconomia, Ciências Sociais, Comunicação, Design,
Educação, Filosofia, História, Literatura (incluindo a tradução de obras
brasileiras no exterior) e Música.!!
O edital deste ano dará prioridade aos projetos que contemplem temas em dois grandes eixos: !! 1.Cultura letrada brasileira, especialmente no âmbito dos estudos do Livro, Imprensa Periódica, Leitura, Escrita, Bibliotecas, Livrarias, Editoras, Design, Artes Gráficas, Produção Editorial, Vida Literária, Literatura Popular, Direitos Autorais, Autores, Tradutores, Ilustradores e outros agentes do mundo do livro. !!2. Relativos a efemérides: relações Alemanha-Brasil (imigração alemã no Brasil, arte alemã no acervo da FBN, à presença brasileira na Feira do Livro de Frankfurt etc.), aos escritores Rubem Braga, Vinícius de Moraes, ao historiador José Honório Rodrigues, ao prefeito Pereira Passos, à artista Tomie Ohtake, ao Barão de Mauá, ao cantor e compositor Jamelão e às Copas do Mundo de Futebol. !! O projeto de pesquisa deverá, obrigatoriamente, contemplar, como fonte ou objeto o acervo da Biblioteca Nacional, em qualquer uma de suas partes: geral, periódicos, livros raros, manuscritos, iconografia, cartografia ou música (cfe. Edital 2011
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in: http://www.bn.br/portal/index.jsp?nu_padrao_apresentacao=25&nu_item_conteudo=1959&nu_pagina=1, acesso em 23/10/2011, grifo nosso). !!
Como pode-se observar acima, nos temas grifados, a FBN incorporou a
sugestão desta consultoria de tematizar as demandas da cadeia criativa
do livro em sua proposta de apoio à pesquisa e, se houver projetos
aprovados na área, podemos esperar para o final do próximo ano, a
divulgação dos resultados das primeiras pesquisas. Vale retomar a
ideia, já esboçada no produto 02 (Labrea: 2011b), da necessidade de
organizar uma rede de pesquisadores e de uma linha editorial para dar
vazão ao material produzido nestas pesquisas. Propomos que a
DLLL/FBN forme uma parceria com a Fundação Casa de Rui Barbosa –
que já possui expertissse neste assunto, como, por exemplo, a rede de
pesquisadores do Programa Cultura Viva - para criação desta rede de pesquisadores, cuja linha de pesquisa – estudos culturais, políticas
públicas de livro, leitura e literatura – produza conhecimentos que
possam ser publicizados a partir de uma linha editorial – publicação de
livro, revistas e acervo on-line - e da organização de um banco de dados
consistente sobre os autores e pesquisadores no país. É necessário,
igualmente, encontros e seminários com universitários e pesquisadores
da cadeia criativa, bem como um espaço virtual para dar visibilidade a
um banco de dados voltado aos escritores e ilustradores e veicular
notícias, eventos, publicações relacionados ao tema.
Nesse sentido, podemos pensar em uma linha editorial, lançando uma
Revista do Livro, Leitura e Literatura como um espaço de comunicação
e difusão dos conhecimentos produzidos, bem como organizar e manter
uma biblioteca – mesmo que virtual - de monografias, dissertações, teses
e artigos disponíveis para consulta. Nossa proposta de linha editorial e
blog foi apresentada e detalhada no produto 02 desta consultoria. A FBN
possui uma Coordenação de Editoração que em 2010 publicou cerca de
20 obras, como Poesia Sempre, Anais, Revista do Livro, Edições fac-simile, entre outras e esta poderia incorporar uma nova revista ou
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mesmo incluir nas já existentes a ampliação da temática de pesquisa,
criando um espaço necessário para dar visibilidade e credibilidade a
uma linha de pesquisa até então inexistente no país.
Programa de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros e Publicação
de Reedições
Programa Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/ Resultados
Programa de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros e Publicação de Reedições
Difundir a cultura e a literatura brasileira no exterior.
Editoras estrangeiras
Monitoramento: Relatórios semestrais e no final de 24 meses, entregar 05 exemplares do livro traduzido. Avaliação: No item acompanhamento e avaliação do edital só existe dados sobre o acompanhamento, não há critério de avaliação explicitado. No Relatório de Gestão 2010 aparece somente a descrição da ação, sem dados de acompanhamento e avaliação. Resultados: Entre 2008-2010, a FBN possibilitou a tradução de 82 obras literárias. Não há dados sobre publicação e distribuição da obra traduzida no exterior.
Resultados/revisão do programa
O Programa de Apoio à Tradução de Autores Brasileiros e Publicação de
Reedições está disponibilizando R$12 milhões, do Fundo Nacional da
Cultura (FNC), para a divulgação de obras brasileiras no mercado
internacional. Os recursos foram oferecidos a editoras estrangeiras que
desejarem traduzir, reeditar, publicar e distribuir, no exterior, livros
impressos e digitalizados de autores e editoras nacionais. O Programa
está acessível nos seguintes gêneros literários: romance, conto, poesia,
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crônica, obra de referência, infantil e/ou juvenil, ensaio literário, ensaio
social, ensaio histórico e antologias de poemas e contos. Este recurso é
para ser gasto ao longo de 10 anos e representa um compromisso da
atual gestão do MinC em dar visibilidade no exterior à produção
nacional, pois embora exista desde 1993, houve anos em que não houve
seleção de obras literárias. Além disso, o valor da bolsa é considerado
muito baixo pelo mercado editorial. Outro problema muito ressaltado
pelos agentes literários era o caráter absolutamente aleatório dos
prazos para apresentação de propostas. Felipe Lindoso, em artigo para
o site Cultura e Mercado faz uma análise exemplar da atualização da
proposta do edital:
O último edital lançado pela Fundação Biblioteca Nacional apresenta várias novidades. A primeira delas – e uma das mais importantes – é a perspectiva de continuidade a longo prazo e flexibilidade para apresentação das propostas. O edital já reserva recursos (R$ 2.700.000,00) para 2011 e 2012 – prevendo a publicação dos livros até agosto de 2013 – e estabelece a continuidade do programa até 2020, com a alocação bienal de recursos. A data de 2020 faz coincidir o programa de apoio às traduções com o PNLL e o Plano Nacional de Cultura. Além de continuidade, o edital estabelece que não mais haverá prazo para a entrega de propostas. Todas as que forem apresentadas em um trimestre serão analisadas e decididas em março, junho, setembro e dezembro de cada ano, com a divulgação dos resultados em trinta dias. Essa medida permitirá às editoras que apresentarem propostas uma rápida solução da pendência e a programação mais tranquila da tradução e da programação. Um segundo ponto importante é que as bolsas de apoio preveem também o auxílio para reedições de traduções previamente publicadas que já estiverem esgotadas e fora do mercado há pelo menos três anos. Nos anos setenta, e até meados dos anos oitenta, houve uma grande quantidade de traduções de autores brasileiros publicados em vários países – era o rescaldo do boom da literatura latino-americana – e que atualmente estão fora do mercado. Com a abertura do edital, várias dessas obras poderão eventualmente voltar ao mercado exterior. Um terceiro ponto importante é a exigência que a editora apresente um plano de comercialização e
18
marketing do livro traduzido, e a consistência desse plano pesará na definição do valor do auxílio. O edital é de apoio “à tradução e à publicação”, de modo que há espaço para os beneficiários prestarem atenção a esse aspecto crucial do lançamento de um livro, que são as ações de divulgação. As editoras terão que produzir relatórios sobre o desempenho do livro e o cumprimento desse plano por um período de dois anos após a publicação. O edital, dessa forma, possibilita que as editoras que se prepararem possam apresentar em Frankfurt, em outubro, e em Guadalajara, em dezembro, propostas viáveis de tradução de romances, contos, poesia, crônicas, literatura infantil ou juvenil, obras de referência, ensaios literários e de ciências sociais, históricos e antologias (cfe. Lindoso in: http://www.culturaemercado.com.br/pontos-de-vista/a-traducao-da-literatura-brasileira/. Acesso em 10 de outubro de 2011).
O Edital de Tradução da FBN é voltado tanto para o fortalecimento da
cadeia produtiva quanto da cadeia criativa do livro, pois mobiliza
igualmente editoras e tradutores, ao incentivar editoras brasileiras e
estrangeiras a investir na tradução do autor nacional, para ampliar a
circulação da produção literária nacional no exterior. Fábio Lima, da
FBN, explica, por e-mail, as principais mudanças neste edital: Uma das principais mudanças nos aspectos técnicos do programa de bolsas de tradução foi o estabelecimento de um período de inscrições sem prazo final. As editoras encaminham os projetos e, de tempos em tempos, os resultados serão divulgados. Na opinião das editoras, foi uma mudança bastante positiva, pois reforça o caráter de permanência do programa. Outra mudança importante foi estender a concessão de bolsas a reedições de obras já traduzidas. Novos arranjos virão em breve. Alguns pontos serão modificado para faciltar o envio de inscrições e a dinâmica de avaliação.
Embora a FBN não tenha estudos e indicadores sobre o impacto destas
publicações e seu público não possa ser mensurado com precisão (cfe.
declaração da coordenação do edital no sítio do PNLL), Georgina
Staneck, da FBN, acredita que o aumento da publicação de obras
nacionais lá fora é reflexo do trabalho de sensibilização desta
19
necessidade pela FBN junto ao governo e do fato de que o Brasil será
homenageado em 2013 na Feira de Frankfurt, a maior feira de livros do
mundo. O leque de países que publicam as obras também aumentou. As pessoas estão olhando mais para o Brasil. E o que eles gostam e estão procurando são os autores atuais, nada de clássicos, eles querem o novo Brasil (http://anba.achanoticias.com.br/noticia_educacao.kmf?cod=12137454).
Não obstante as modificações no teor do edital e o esforço da FBN em
dar visibilidade às obras literárias brasileiras no exterior, questiona-se
a necessidade de subsidiar editoras estrangeiras para publicar com
recursos públicos escritores já com grande visibilidade. Vejamos. O Ministério da Cultura acha mesmo fundamental subsidiar livro que dará lucro à centenária e bem-sucedida Éditions Gallimard, da França? Chico Buarque necessitaria mesmo desse subsídio? E Edney Silvestre? E Luís Fernando Veríssimo? É uma política de Estado inovadora traduzir Jorge Amado e Drummond em línguas estrangeiras? Justo os que são historicamente mais traduzidos? O governo considera que “política do livro e literatura” resume-se apenas em desonerar editoras e dar-lhes vantagens? Um mercado que faturou R$ 4,5 bilhões em 2010? Que faz fortunas enquanto autores do porte de um Roberto Piva se obrigam a recorrer a "vaquinhas" de amigos para sobreviver? E cujo preço de livro é um dos mais caros do mundo? (Jotabê Medeiros in: http://medeirosjotabe.blogspot.com/2011/11/leite-entornado.html, acesso em 22/11/2011).
Estas questões, retomadas e atualizadas em diferentes discursos nas
redes e na mídia cultural, demonstram que o que se esperar de
programas mantidos com recursos públicos sejam ajustados para
atender autores e editoras que não seriam traduzidos de outra forma.
Retomamos aqui a ideia que reiteramos ao longo da pesquisa: os
recursos do Estado devem ser priorizados para atender públicos que,
sem as políticas públicas ficariam à margem dos circuitos culturais.
Essa ideia não é nova, tampouco original, consta no PPA 2008-2011, ao
se definir públicos e territórios prioritários para a Agenda Social do
20
Governo Federal, onde se situa as ações do MinC. O desafio são políticas
públicas que cumpram essa Agenda.
Programa Nacional de Bolsas para Autores com Obras em Fase de
Conclusão
Programa Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Programa Nacional de Bolsas para Autores com Obras em Fase de Conclusão
Incentivar a criação literária nacional.
Brasileiros natos ou naturalizados e estrangeiros em situação regular no país, com idade igual ou superior a 18 (dezoito) anos. A inscrição é permitida a autores que já venham trabalhando nos textos, com no mínimo ⅓ (um terço) dos originais digitados.
Monitoramento: Plano de trabalho. Entregar o trabalho final no prazo de até dois meses após o término da vigência do contrato. Avaliação: Não existe o item acompanhamento e avaliação no edital. Resultados: Entre 2008-2010, a FBN disponibilizou 21 bolsas para criação de obras literárias. Não há dados sobre publicação e distribuição da obra literária.
Resultados/revisão do programa
No produto 04 (Labrea:2011d) apresentamos o Programa Nacional de
Bolsas para Autores com Obras em Fase de Conclusão cuja última edição
foi em 2010, e o analisamos. Fabio Lima, da FBN, em e-mail, adiantou
que o próximo edital terá reformulações, sem explicitar a natureza das
mesmas. Como este programa ainda não lançou novo edital em 2011, a
análise não pode ser atualizada, até mesmo porque no Relatório de
Gestão FBN 2010 não há menção de acompanhamento, avaliação e
resultados. Baseada na pesquisa que realizamos junto ao escritores
contemplados nos editais de 2008 a 2010, retomamos rapidamente as
principais demandas e fragilidades do programa:
21
a. O valor do recurso é exíguo, R$ 1.000,00 e disponibilizado por
apenas 6 meses;
b. Os critérios de seleção não estão bem explicitados no edital;
c. As bolsas estão concentradas na Região Sudeste do país;
d. O edital não considera as áreas prioritárias do Governo
Federal;
e. Autores e ilustradores de literatura infanto-juvenil e de
literatura indígena não podem participar do edital;
f. O edital não prevê acompanhamento e avaliação do projeto
desenvolvido pelo autor;
g. O edital não prevê publicação e difusão da obra concluída com
o recurso público.
Essas fragilidades remetem a uma questão cara ao Governo Federal,
estruturante nas políticas públicas executas pelo MinC e que deveriam
se extender às suas vinculadas, que é o território que deve ser
contemplado em toda sua extensão, incorporando as diferentes
dimensões da cultura que nele se apresentam. Vejamos o que diz o PPA:
O PPA 2008-2011 incorpora a dimensão territorial no planejamento com o intuito de promover: a superação das desigualdades sociais e regionais; ! o fortalecimento da coesão social e unidade territorial; !(…) a valorização da inovação e da diversidade cultural e étnica da população. (PPA 2008-2011, p.12-13)
A fim de dar resposta a estas fragilidades e incorporar a dimensão
territorial em sua política de edital, esta consultoria sugere à FBN o
seguinte:
a. que o valor da bolsa seja maior e ampliado para um período de
12 meses;
b. que, a exemplo dos editais da DLLL e da Funarte, este edital
contemple as áreas prioritárias do Mais Cultura e Governo
Federal, pois são estes públicos quem mais necessitam de
investimento do Estado;
22
c. que escritores e ilustradores indígenas e de literatura infanto-
juvenil possam concorrer a bolsas e que essas literaturas
sejam nomeadas e reconhecidas no edital;
d. que os critérios de seleção contemplem as diferentes
literariedades que advém da diversidade cultural
característica do país;
e. que as obras passem por um processo seletivo interno e sejam
publicadas e distribuídas em bibliotecas públicas e
comunitárias;
f. que os autores e ilustradores se integrem à Caravana de
Escritores do Circuito Nacional de Feiras do Livro, cujo projeto
foi apresentado no produto 04 desta consultoria e será
retomado adiante.
Prêmio Literário FBN
Programa Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Prêmio Literário FBN
Reconhecimento à qualidade intelectual e técnica de trabalhos já publicados.
Escritores, tradutores e autores de projeto gráfico.
Resultados: Entre 2008-2010, a FBN distribui 24 prêmios.
Resultados/revisão do programa
O Prêmio Literário FBN 2011 segue o mesmo padrão dos editais
passados e está em fase de avaliação. Este ano são 621 inscritos, nas
seguintes categorias assim distribuídas:
a. Prêmio Alphonsus de Guimarães, de Poesia;
b. Prêmio Machado de Assis, de Romance;
c. Prêmio Clarice Lispector, de Conto;
d. Prêmio Mário de Andrade, de Ensaio Literário;
e. Prêmio Sérgio Buarque de Holanda, de Ensaio Social;
f. Prêmio Paulo Rónai, de Tradução;
23
g. Prêmio Aloísio Magalhães, de Projeto Gráfico;
h. Prêmio Glória Pondé, de Literatura Infantil e Juvenil.
Como não houve alteração no formato do edital para 2011, nem
tampouco divulgação dos selecionados, a análise que apresentamos no
produto 04, em que questionamos o motivo da ausência da literatura
indígena e o perfil dos contemplados continua atual. A análise do perfil dos contemplados demonstra que os autores premiados estão concentrados na Região Sudeste, cerca de 85% dos premiados são desta região, o restante do Sul e Nordeste, não tendo nenhum contemplado da Região Norte e da Região Centro-Oeste, o que sugere que estas regiões devem ter investimento público para dar vazão e reconhecimento à sua produção literária. Da mesma forma, percebemos que existe uma recorrência das mesmas editoras, todas de grande porte, também da Região Sudeste, tornando evidente que há necessidade de investimento também na cadeia produtiva do livro, principalmente para o fortalecimentos de editoras de pequeno e médio portes (Labrea: 2011d, p. 57)
Como já apontamos anteriormente (Labrea:2011d), existe muita
semelhança entre o perfil dos escritores premiados, regra geral, são
escritores já consagrados, com várias publicações, já têm certa
visibilidade na mídia, suas obras são resenhadas e contam com crítica
literária, em geral os escritores possuem blog ou sítio eletrônico pessoal,
são escritores urbanos, do eixo Rio-São Paulo, vinculados a grandes
editoras, com alto índice de escolaridade e estão plenamente inseridos
no mercado editorial e este perfil talvez se explique parcialmente se
pensarmos que o prêmio tem a finalidade de reconhecer aqueles que se
destacaram. Mas críticas a este perfil que se repete ao longo dos anos
são no sentido da necessidade de também reconhecer e dar destaque ao
não-cânone, aos não-ilustres. As políticas de editais da FBN – ao contrário da política cultural do MinC – privilegia a dimensão sociológica de cultura, focada no mercado, no cânone, para valorização do que já está posto e parece pouco aberta a novidades, já que estes editais, nestes termos, se repetem sistematicamente ao longo dos anos e repete-se
24
igualmente o perfil dos contemplados. Sant’Anna (2010), ao refletir sobre o mercado editorial mostra que as editoras apostam em autores “bancáveis”, com maior probabilidade de agradar ao público médio que “lê livros como assiste novela de televisão, como passatempo e fruição”. Ficam de fora, portanto, autores menos “bancáveis” e por isso é interessante que o Estado, que não precisa operar seguindo a lógica mercadológica, invista seus parcos recursos em autores que reflitam a multiculturalidade do país. A busca por novos cânones é, inclusive, característica das demais políticas culturais do governo federal. Rubim (2006a), afirma que o MinC opera com a predominância de uma percepção antropológica de cultura, o que lhe permite acolher e dar espaço para a diversidade cultural, a ver participação social como direito de cidadania e propor muitos programas que atendem a uma “clientela”, até então fora do circuito de fomento (Labrea:2011d, p.58).
A FBN, em seu Relatório de Gestão, avalia da seguinte forma a
estruturação do Prêmio: A divisão do prêmio em categorias distintas de produtividade intelectual resulta em incentivo e revelação de novos talentos, opção que teve repercussão positiva em todo o Brasil. A escolha das publicações a serem laureadas é resultado consensual das diferentes Comissões Julgadoras, compostas cada uma delas de três membros, escolhidos segundo sua especificidade profissional, incluindo críticos literários, professores universitários, profissionais do mercado editorial do país e personalidades destacadas no meio literário (Brasil: 2011c, p.48).
Caravana de Escritores
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Caravana dos Escritores
Promoção do livro, literatura e escritores.
Escritores. A ação ainda está sendo estruturada e os critérios de monitoramente, avaliação e indicadores de resultados não estão explicitados no projeto. Ainda não foi publicado edital para seleção de escritores.
25
Resultados/revisão do programa
A Caravana de Escritores é uma reivindicação dos integrantes da cadeia
criativa do livro, presentes em documentos importantes como o
Manifesto Literatura Urgente, CNC, PNLL (cfe. Labrea:2011c) que
buscam espaços nas feiras e eventos literários, escolas, bibliotecas e
livrarias para divulgar suas obras. E é uma demanda presente na antiga
gestão da FBN, como podemos observar no Relatório de Gestão 2010: Resultados mais eficazes poderiam ser alcançados com a inclusão de escritores na programação oficial dos eventos, uma maior participação nos seminários e mesas redondas e ampla divulgação na mídia local, o que contribuiria no desenvolvimento da política oficial de incentivo ao livro e à leitura de e em nosso país (Brasil: 2011b, p.32, grifo nosso).
Segundo a FBN, a Caravana de Escritores será composta por
Autores de renome e os novos talentos, escolhidos pelas próprias cidades, percorrerão o país em caravanas. Participarão de palestras e bate-papos com os leitores em feiras de livros e eventos literários, com as despesas pagas pela Fundação Biblioteca Nacional. (http://www.bn.br/circuitodefeiras/caravanaDeEscritores.htm)
Esta iniciativa da FBN é muito importante para dar visibilidade aos
escritores do pais, principalmente os novos talentos pois são estes quem
tem maior dificuldade em conseguir espaço de divulgação na mídia,
livrarias e eventos literários. Como esta iniciativa ainda está em
processo, não temos como mensurar resultados, mas é importante,
simultaneamente à sua realização,
a) Definir os critérios para a escolha dos escritores, sempre tendo
em mente públicos e territórios prioritários;
b) Realizar estudos e pesquisas para documentar e sistematizar a
experiência;
c) Criar indicadores para avaliar os impactos e mensurar a
qualidade dos resultados obtidos.
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Também seria interessante explicitar quais feiras e eventos literários
terão a presença da Caravana e os critérios de seleção das feiras e dos
escritores. É uma diretriz do PNLL que as políticas públicas para as
áreas da leitura, do livro, da biblioteca, da formação de mediadores e da
literatura tenham como ponto de partida o conhecimento e a
valorização do vasto repertório de debates, estudos, pesquisas, e
experiências sobre as formas mais efetivas de promover a leitura e o
livro e de formar leitores, existentes nas esferas municipal, estadual e
nacional (Castilho: 2010, p.45) e, igualmente, são necessários
mecanismos contínuos de avaliação das metas, dos programas e das
ações desenvolvidos para verificar o alcance das iniciativas e os
resultados obtidos, permitindo ajustes, remodelações e atualizações no
processo (idem:48).
BOLSAS FUNARTE
A Funarte em 2010 teve seu maior orçamento nos últimos 20 anos – R$
100 milhões de reais - e por isso ampliou o número de beneficiários de
seus editais e fomentou novas ações. Essa ampliação, a partir de um
amplo processo de consulta pública para definir áreas e temáticas
prioritárias, permitiu que a equipe gestora realizasse uma revisão dos
editais já existentes e a criação de novos editais. Ressaltamos a
importância desta consulta pública, pois permite que o Estado priorize e
responda às demandas e necessidades pactuadas junto à sociedade,
tendo assim seu respaldo e apoio. A política de editais da Funarte revela
um esforço em dialogar com as diretrizes do PPA 2008-2011 e as
diretrizes gerais do MinC, que apresentamos na introdução acima. O
resultado, na área de literatura foi a ampliação da bolsa de criação e a
primeira edição da bolsa de circulação literária, articulando as cadeias
criativa, mediadora e produtiva, pois a bolsa de criação publicou as
melhores obras e a de circulação promoveu intercâmbio entre projetos
literários, contemplando áreas e públicos prioritários para a Agenda
Social do Governo Federal. Durante o ano, a atenção da Funarte permaneceu focada na institucionalização de suas políticas, na
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democratização dos processos seletivos, na utilização de ferramentas de comunicação para a difusão das artes (em especial a internet), na reforma de seus espaços e na ampliação do acesso aos bens artísticos. (…) Como resultado desse trabalho, pelo conjunto de iniciativas implementadas, a Fundação voltou a desempenhar papel determinante no estímulo à produção artística, no incentivo à formação e qualificação profissional, no desenvolvimento de pesquisas, na edição de livros sobre arte e na circulação de obras e espetáculos (Relatório de Gestão 2010: 2011, p.13, grifo nosso).
Bolsas Funarte de Criação e Circulação Literária
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Bolsa Funarte de Criação Literária
Produção inédita de textos nas categorias correspondentes aos gêneros lírico e narrativa.
Pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos, brasi- leiros natos ou naturalizados e estrangeiros residentes no país há mais de 3 (três) anos.
Monitoramento/ avaliação: No edital estão explicitados os critérios de seleção, o número de bolsas para cada região do país, as condições de execução do projeto, acompanhamento e avaliação do projeto desenvolvido. Resultado; no período de 2008-2010 a Funarte selecionou 90 projetos. As obras publicadas são divulgadas no sítio eletrônico da Funarte, bem como na mídia e redes sociais. Existe acompanhamento e avaliação quantitativa e qualitativa.
Bolsa Funarte de Circulação Literária
Fomentar a promoção e difusão da literatura no âmbito nacional, exclusivamente nos Territórios da Cidadania, a partir da concessão de bolsas a projetos que ofereçam,
Pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos, brasi- leiros natos ou naturalizados e estrangeiros residentes no país há mais
Monitoramento/ avaliação: No edital estão explicitados os critérios de seleção, o número de bolsas para cada região do país, as condições de execução do projeto, acompanhamento e avaliação do projeto desenvolvido. Resultado: O primeiro edital
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uma ou mais atividades, a saber: oficinas, cursos, contação de histórias e/ou palestras.
de 3 (três) anos.
foi em 2010 e foram selecionados 50 projetos. O calendários dos projetos literários do edital de circulação é publicizado, seus eventos documentados. Existe acompanhamento e avaliação quantitativa e qualitativa.
Resultados/revisão do programa
A Bolsa Funarte de Criação Literária e a Bolsa Funarte de Circulação
Literária são editais que contemplam simultaneamente as cadeias criativa, produtiva e mediadora, pois englobam criação literária,
publicação e projetos de estímulo às práticas de leitura, como podemos
observar nos termos dos editais e nos depoimentos dos contemplados
apresentado no produto 03 (Labrea:2011c) desta consultoria.
A Funarte fez um esforço deliberado para atingir públicos e territórios
até então excluídos ou mal incluídos nas ações governamentais na área
da literatura. Citamos o Relatório de Gestão 2010:
As ações de qualificação profissional da Funarte mantiveram o formato, adotado recentemente, que visa a extinguir o colonialismo cultural. A instituição promoveu grandes programas de intercâmbio, levando profissionais de todas as regiões brasileiras a sair de sua área de atuação, promovendo uma troca horizontal de conhecimento. Antes, apenas profissionais do eixo Rio-São Paulo percorreriam o país. A nova configuração garante a permanência de um dos maiores patrimônios do Brasil, a sua diversidade cultural. A Funarte buscou maior contato com a Região Norte do país, da qual tradicionalmente recebe menos inscrições em programas de fomento às artes. Houve aumento no número de inscrições, mas esse diálogo com o Norte, além de outras áreas menos favorecidas pela ação da Funarte, deve ser permanente, de forma a corrigir distorções históricas (Brasil: 2011c, p.21, grifo nosso).
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Da mesma forma, seus editais foram formulados com clareza e o
resultado foi a maior participação da sociedade em todo território
nacional.
Os editais fazem com que a distribuição dos recursos públicos para a área cultural seja feita de forma democrática, transparente e aberta, com regras claras, objetivos específicos e critérios de avaliação previamente divulgados, tornando as políticas públicas de cultura mais difundidas e acessíveis à sociedade. Essa forma de seleção tem motivado um grande número de inscrições, o que possibilita promover uma distribuição mais equilibrada dos recursos públicos entre as regiões e segmentos culturais, realizando a desconcentração dos investimentos e reforçando áreas com dificuldade de captação de recursos (Brasil: 2011c, p.23).
Esta consultoria sugeriu em seu produto 04 que a DLL/FBN ampliasse
sua interlocução com a Funarte, para que se possa trabalhar em
parceria, dada a qualidade técnica e os interesses comuns destes editais
na área de literatura, pois seu know-how contempla tanto as diretrizes
da Conferência Nacional de Cultura, Plano Nacional do Livro e Leitura,
quanto os territórios prioritários do Mais Cultura e a agenda social do
Governo Social, bem como fortalece a cadeia criativa do livro, como já
fundamentamos no produto 04. Esse diálogo de fato está ocorrendo, pois
houve reunião entre a presidência da Funarte e DLLL/FBN para que o
edital de criação literária fosse lançando no início de 2012 em parceria.
É possível incluir os autores contemplados nos editais da Funarte na
Caravana de Escritores, no Circuito de Feiras de Livro, na programação
cultural de bibliotecas públicas e comunitárias e de pontos de leitura e
igualmente inclui-los no banco de dados que a Diretoria está
consolidando, bem como futuramente divulgar suas obras literárias no
sítio eletrônico que propomos para a DLLL/FBN (cfe. Labrea: 2011b).
CONCURSO LITERATURA PARA TODOS – MEC
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
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Concurso Literatura para Todos
Seleção de obras literárias inéditas específicas para neoleitores jovens, adultos e idosos, em processo de alfabetização pelo Programa Brasil Alfabetizado e matriculados nas turmas de educação de jovens e adultos das redes públicas de ensino
Todos os brasileiros, natos ou naturalizados, maiores de 18 anos. Também poderão participar os naturais, maiores de 18 anos, dos países africanos de língua oficial portuguesa – Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
Monitoramento: Critérios de literaiedade explicitados no edital, critérios de avaliação explicitados no edital. Monitoramento realizado pela equipe da SECAD/MEC e avaliaçãoo realizada por equipe externa, com espereincia em literatura. O edital é acompanhado pelo projeto com fundamentação teórica. Resultado: entre 2008-2010 foram selecionadas cerca de 21 obras literárias. Segundo depoimento de escritores contemplados no edital de 2010, o MEC ainda não publicou e distribuiu as obrs literárias selecionadas e interrompeu a interlocução com os autores.
Resultados/revisão do programa
O MEC é um dos maiores compradores e distribuidores de livros
didáticos, paradidáticos e literários no país, mantém um programa
inovador que, além de selecionar a produção literária, as publica e
distribui na sua rede de ensino de jovens e adultos. A realização do
Concurso Literatura para Todos é uma das estratégias da Política de
Leitura do Ministério da Educação que procura democratizar o acesso à
leitura, constituir um acervo bibliográfico literário específico para
jovens, adultos e idosos recém alfabetizados e criar uma comunidade de
leitores. Esse novo público é chamado de neoleitores. O MEC publica e
distribui as obras vencedoras às entidades parceiras do Programa
Brasil Alfabetizado, às escolas públicas que oferecem a modalidade EJA,
às universidades que compõem a Rede de Formação de Alfabetização de
Jovens e Adultos, aos núcleos de EJA das instituições de ensino
superior e às unidades prisionais que ofertam essa modalidade de
ensino.
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A análise dos dados disponíveis dos autores selecionados sugere que o
perfil dos escritores selecionados não se encaixa no padrão imposto pelo
mercado editorial, embora possamos observar que a região Sudeste
novamente se imponha. Mas, ao contrário do perfil dos premiados nos
editais da FBN, os escritores com alto grau de escolarização são
cordelistas ou desenvolvem trabalhos dentro das temáticas da cultura
popular, dialogam com a oralidade, com a negritude. Alguns possuem
obras premiadas e traduzidas em diversos países mas temos também
escritores emergentes que tem no blog seu mecanismo de difusão
literária. Enfim, podemos ver que os perfis são singulares e ecléticos e
estas características são mais do que recomendadas porque garantem
uma multiplicidade de textos literários e isto é fundamental para a
formação dos neoleitores, que são jovens, adultos ou idosos que estão
“iniciando sua história de leitura, mas já contam com uma história de
leitura do mundo, possuindo vasta experiência do mundo, e, geral
vinculada ao seu cotidiano e ao seu trabalho” (cfe. Tiepolo, s/d).
Outro aspecto importante a considerar sobre o edital do MEC é que ele
contempla tanto o circuito da criação quanto da distribuição e da
circulação e vai além, ao inseri-los no programa de estudo e leitura de
jovens e adultos em fase de alfabetização. Além disso, seu recorte
reconhecendo diferentes territorialidades e identidades evidencia um
caráter multirreferencial e multicultural, uma política de inclusão em
que existe um espaço de criação e fruição literária para além dos
cânones e dos autores já reconhecidos. Este edital contempla todos os
elos da cadeia criativa, produtiva e mediadora, já que se ocupa da
seleção dos textos, sua publicação e distribuição, visando a formação de
novos leitores.
Seria interessante que a DLLL investisse em uma política de livro,
leitura e literatura que mobilizasse estes 03 elos, pois um dos grandes
problemas apontados nas reuniões com escritores emergentes é que
depois de conseguirem, com muito custo, publicar suas obras, elas ficam
“encalhadas” nas editoras, pois a distribuição é muito cara e depende
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muito da orientação do mercado editorial, historicamente voltado à
difusão de best sellers e literatura estrangeira. A presidente da Liga
Brasileira de Editoras, relatou que existem muitas editoras pequenas
dispostas a doar parte de seu acervo para o MinC para que ele se
responsabilize pela distribuição dos livros em bibliotecas públicas e
comunitárias e em pontos de leitura.
O MEC, segundo depoimentos de contemplados, está com muita
dificuldade em conseguir publicar e distribuir as obras literárias
premiadas e em 2011 ainda não lançou novo edital. De toda forma, a
proposta de selecionar obras literárias, publicá-las e distribui-las dentro
de projetos de Educação de Jovens e Adultos é exemplar.
PROGRAMA ARCA DAS LETRAS – MDA
Programa Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Programa Arca das Letras
Instalação de bibliotecas rurais comunitárias e seleção de agentes de leitura.
Comunidades rurais.
Monitoramento e avaliação: O programa mantém uma rede de agentes de leitura e bibliotecas rurais e mantém todas as informações sobre o programa, acompanhamento e avaliação on-line. Resultado: entre 2008-2010 foram instaladas cerca de 7200 bibliotecas rurais, com acervo de cerca de 200 livros.
Resultados/revisão do programa
O Programa Arca das Letras do Ministério do Desenvolvimento Agrário
(MDA) em 2011 continuou com a criação de novas bibliotecas e com o
projeto de formação de novos agentes de leitura e, atualmente,
implantou em todo o país mais de 8.4 mil bibliotecas rurais e distribuiu
mais de 2 milhões de livros. A administração das bibliotecas fica por
conta dos 17 mil agentes de leitura, todos atuando de forma voluntária,
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e também criam projetos de apoio à educação e à cultura tradicional.
Sua metodologia é inclusiva, onde as comunidades escolhem os assuntos
que formam os acervos, o local onde a biblioteca funcionará e indicam os
moradores que serão capacitados como agentes de leitura. Os acervos
contêm livros nas áreas de literatura infantil, para jovens e adultos, de
saúde, agricultura, meio ambiente e didáticos, para pesquisa escolar.
Esta ação é voltada inicialmente para a cadeia mediadora do livro e a
criação de novos espaços de leitura, mas a incluímos neste estudo
porque estes espaços poderão ser visitado por escritores e podem ser
utilizados para atividades para o fortalecimento da cadeia criativa do livro, se houver uma parceria entre as bibliotecas rurais e os autores selecionados para comp6o-las. Sugerimos que a Diretoria entre nesta
interlocução, facilitando este processo. Entendemos que uma proposta
de um Programa de Circulação de Escritores, Ilustradores e Obras
Literárias deve tanto fortalecer e dar visibilidade ao trabalho
desenvolvido pelos autores brasileiros, a partir de contato direto e
frequente com seu público leitor, quanto qualificar as condições para a
prática da leitura em espaços já instituídos para tal. Destacamos que o
Programa Arca das Letras beneficia comunidades e povos rurais e
tradicionais, em áreas consideradas prioritárias para o governo federal.
Por isto, em um documento que pretende analisar os resultados das
principais ações federativas na área do livro, leitura e literatura é
importante não perder de vista que este programa já instituiu cerca de
8000 novos espaços de leitura e estes espaços podem e devem ser
utilizados também para facilitar o surgimento de novos autores, a partir
de processos formativos, ou mesmo para receber a visita de escritores e
ilustradores. Uma informação recorrente quando ouvimos os escritores
que estão fora das zonas urbanas é a dificuldade em encontrar espaços e
profissionais qualificados para a formação de novos escritores e
ilustradores e este dado justifica pensarmos em ações para fortalecer a
cadeia criativa na zona rural. Um dos motivos que podemos pensar para
34
que a maior parte dos escritores e ilustradores hoje se concentre na
região Sudeste, no eixo Rio-São Paulo, é devido ao fato de que
historicamente lá estejam presentes os espaços formadores, além das
grandes editoras. Assim, podemos pensar que se o Estado investir nos
espaços de leitura que já possui, fora dos grandes centros, é possível
criar novos polos literários e neste cenário um projeto da extensão da
Arca das Letras pode ser estratégico para o fortalecimento da cadeia criativa do livro. Nossa sugestão é para que a Diretoria se articule com o
MDA e proponha uma agenda positiva, a fim de qualificar estes espaços,
seja com ações voltadas à formação de leitores e escritores ou mesmo
incluir estes espaços no roteiro da Caravana dos Escritores.
ANÁLISE DOS RESULTADOS
Os programas, editais de bolsas e de concursos analisados trazem vários
benefícios para o autor – recursos financeiros, visibilidade, divulgação,
oportunidades de participação em eventos, aumento da auto-estima,
reconhecimento, entre outros – e colaboram para formação e
qualificação de leitores, ao ampliar os espaços de produção e circulação
para novos autores e projetos literários que, sem esses recursos,
dificilmente se realizariam. Os prêmios literários cumprem com seu
papel de reconhecer talentos e dar visibilidade à literatura nacional.
Assim, se é inegável que estes editais são importantes e devem ser
mantidos, ampliados e qualificados, a sua qualificação passa igualmente
por reconhecer seus limites e seus problemas. No produto 03
(Labrea:2011c) vimos que as maiores dificuldades encontradas nos
editais são:
1. a burocracia exige uma expertisse em elaboração de projetos
que muitas vezes está longe da realidade dos autores fora dos
grandes centros urbanos (14%);
2. os critérios de seleção não contemplam a bibiodiversidade do
país, nem a diversidade cultural que caracteriza as diferentes
regiões (14%);
35
3. a comissão de seleção geralmente seleciona e premia autores
já consagrados e editoras conhecidas no mercado (11%);
4. premiados concentrados no eixo RJ/SP (8%) e a premiação
não contempla outras regiões do país (5%);
5. pouca quantidade de editais (8%);
6. os editais são pouco divulgados (6%);
7. o valor da bolsa ou prêmio é muito baixo e por pouco tempo
(5%) e o pagamento é muito demorado (3%);
8. não existe acompanhamento ou avaliação do trabalho
desenvolvido (4%) e as ações não tem continuidade (4%);
9. a mídia não faz boa cobertura dos prêmios literários;
10. as obras concluídas não são publicadas (2%) e as obras
publicadas não tem boa distribuição e divulgação (2%).
Os itens do 1 ao 4 foram atribuídos especificamente ao editais da FBN e
dizem respeito ao não-reconhecimento da diversidade cultural que
caracteriza o país e que é uma das principais características da gestão
do MinC, como demonstramos acima, ao descrever públicos e territórios
prioritários da Agenda Social do Governo Federal. As diferentes
territorialidades muitas vezes passa a ser a cor local, transformada em
paisagem nas narrativas e não, como defendem os escritores oriundos
destes locais, um fator que diferencia e determina a escrita e coloca uma
nova literariedade, ainda não reconhecida pela crítica e academias, e
tornada irrelevante nas seleções dos editais.
O Governo Federal, através de suas políticas de educação e cultura, sem mencionar outras áreas que com elas dialogam, insiste que é fundamental reconhecer as especificidades e singularidades de todos os grupos étnicos e culturais que habitam o país e suas políticas devem contemplá-los igualmente. O critério da qualidade técnica aparentemente contempla escritores urbanos, com alto grau de escolarização, mas não é somente esta população que escreve e produz textos literários e este fato deve necessariamente ser considerado em editais públicos que se proponham ter abrangência nacional. (...) De fato, existe muita semelhança
36
entre o perfil dos escritores premiados, regra geral, são escritores já consagrados, com várias publicações, já têm certa visibilidade na mídia, suas obras são resenhadas e contam com crítica literária, em geral os escritores possuem blog ou sítio eletrônico pessoal, são escritores urbanos, do eixo Rio-São Paulo, vinculados a grandes editoras, com alto índice de escolaridade e estão plenamente inseridos no mercado editorial. As críticas a este perfil que se repete ao longo dos anos são no sentido da necessidade de também reconhecer o não-cânone, os não-ilustres. (Labrea: 2011c, p.19-20;25).
Os itens 5 e 7 - referem-se aos editais FBN e Funarte - dizem respeito ao
fato de que a periodicidade e os valores são insuficientes para a
demanda existente e isso tem a ver com o MinC ter um dos menores
orçamentos da Esplanada, embora o investimento da Funarte, R$
3.800.000,00, nos 2 editais seja muito mais robusto que o da FBN e
explicado pelo aporte de recursos que ela teve em 2010. O investimento
médio anual da FBN com bolsa de criação – cerca de R$ 36.000,00 – é
muito pequeno tanto para impactar o orçamento quanto para dar vazão
e visibilidade ao grande número de escritores que surgem a todo
momento. A bolsa de criação da FBN pode ser considerada pro-forma,
mais para marcar uma posição do que para mobilizar o mercado
literário. Esses dados, por si só, justificam que se faça uma reformulação
nos critérios e orçamentos dos editais da FBN que estão distantes das
diretrizes do MinC e longe de responder às demandas da sociedade,
como já expusemos no produto anterior (Labrea: 2011c).
A nova gestão trouxe mudanças, como apontamos em nossa análise
acima, entre elas o aumento de recursos, a ampliação de temas e estes
elementos e apontam caminhos mais promissores e sugerem uma nova
tendência no tratamento destas questões pela atual gestão da FBN. Em
2011 o edital de tradução conta com mais recursos, principalmente em
função do Brasil ser o país homenageado em 2013 na Feira de
Frankfurt; o edital de pesquisa teve seus temas ampliados e existe
expectativa de mudanças significativas no edital de criação literária.
37
A bolsa da Funarte de criação é mais consistente com uma política
pública de Estado, por todos os aspectos já mencionados anteriormente
mas em 2011 não houve nova edição da bolsa em função de não haver
dotação orçamentária. A Funarte é quem, dentro os editais analisados,
tem mostrado uma maior vocação para reconhecer e nomear as
diferentes subjetividades e territorialidades que caracterizam os
autores nacionais e mantém espaços consistentes na mídia e redes
sociais e é lamentável que em 2011 essa política não tenha tido
continuidade. Podemos nos perguntar, visto a ampliação do orçamento
da FBN e do contingenciamento do orçamento da Funarte, se ao se
decidir por promover ou não uma política pública, existe uma análise de
resultados e impactos que fundamenta essa decisão, bem como se se
considera a participação social na construção desta política.
Os autores têm muita dificuldade em conseguir lugar na mídia, nas
livrarias e eventos literários, principalmente os emergentes e ainda não
consagrados, e esta dificuldade vem traduzida na falta de divulgação
que aparece nos itens 6 e 9 acima, e isso reafirma a importância de um
portal, da ampliação das redes sociais e uma linha editorial voltada para
o segmento. Outras demandas reiteradas nos diversos depoimentos
apresentados nos produtos anteriores e sintetizadas no item 10 são a
necessidade de publicação, distribuição e circulação de obras literárias.
Esta demanda implica desde processos de seleção de obras, interlocução
com editoras, participação em eventos literários, pontos de venda, até a
intervenção e mediação do Estado nos processos de formação de leitores
e distribuição, dos livros. De outro lado, vemos escolas e bibliotecas
públicas ou comunitárias com acervo escasso, desatualizado e com
quantidade insuficiente de livros para atender a demanda do público
leitor. Para articular essas duas necessidades – do autor publicar,
distribuir e fazer circular a obra literária e de renovação de acervo –
pode-se pensar em políticas públicas integradoras e articuladas, que
pensem todo o processo – cadeia criativa, produtiva e mediadora – que
vai desde seleção, publicação da obra, distribuição em bibliotecas e
38
espaços públicos de leitura até o trabalho de leitura, interpretação e
criação literária dos leitores.
A FBN vai investir R$ 40 milhões para compra de livros para renovar o
acervo de bibliotecas públicas, comunitárias e pontos de leitura. Em
outubro de 2011, com uma ação que dialoga com a necessidade dos
autores de publicação, distribuição e circulação de obras literárias,
lançou o Edital de chamada pública para a formação de cadastro nacional de livros cujo preço final de venda ao consumidor não exceda a dez reais, e para a formação de cadastro nacional de pontos de venda interessados em comercializar esses livros junto às bibliotecas de acesso público inscritas no cadastro nacional de bibliotecas públicas, do sistema nacional de bibliotecas públicas – SNBP. Este edital, como o
nome já explica, tem como objetivo cadastrar obras literárias para
serem vendidas para bibliotecas públicas e comunitárias a, no máximo,
R$10,00.
Este edital pode vir a responder parcialmente a demanda dos escritores
– já publicados, vinculados a editoras - por distribuição de suas obras em
bibliotecas públicas e comunitárias, embora não existam critérios
explícitos no edital ou anexos que garantam a qualidade literária e a
bibliodiversidade dos livros cadastrados, tampouco fala da remuneração
do autor e, por isso, é difícil avaliar a qualidade literária do que será de
fato oferecido às bibliotecas. Podemos inferir que este Edital é favorável
às editoras que terão como dar vazão às suas produções literárias e
deste modo abastecer o mercado editorial e os pontos de venda. No
entanto, essa ausência de critérios, aliada ao valor máximo do livro, nos
faz questionar sobre o controle de qualidade das obras e que tipo de
negociação envolvendo os autores irá implicar. Recomendamos que a
FBN explicite os critérios para a seleção das obras disponibilizadas
pelas editoras, a fim de se garantir o acesso a obras literárias de
qualidade e não deixe essa decisão nas mãos das editoras.
39
O mais correto seria o levantamento de demandas antes do cadastro dos
livros pelas editoras, ou seja, as próprias bibliotecas mapeassem suas
necessidades, a partir de pesquisa de acervo e da interlocução direta
com seu público leitor e projetasse os cenários desejáveis, a quantidade
de livros necessários, considerando os autores regionais, e o edital
respondesse às necessidades existentes. Do modo que está posto, são as
editoras quem definem os livros a serem disponibilizados, a seu critério,
e as bibliotecas terão que escolher entre o que for oferecido. Esta forma
não necessariamente beneficia os leitores, que não foram consultados
sobre o que querem ler, mas somente o mercado editorial que poderá
dar vazão, na pior das hipóteses, a seus livros mais baratos ou mesmo
encalhados. Se as bibliotecas mapeassem suas demandas e estas forem
sistematizadas pela FBN, a legislação permite ao Governo Federal a
compra de livros diretamente das editoras, podendo negociar preço e
entrega em virtude da grande quantidade de livros que estará sendo
negociado. No Relatório de Gestão da FBN 2010 está possibilidade está
bem explicitada:
Com orçamento proveniente do Programa Mais Cultura, desde 2008, a FBN vem licitando, com êxito, publicações e outros bens patrimoniais para bibliotecas públicas localizadas em territórios da cidadania, em municípios com baixo índice de desenvolvimento humano e em áreas de violência. (…) A competência da interlocução com as Coordenadorias Regionais do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas - SNBP e com as Prefeituras, assim como a gerência de todas as atividades, fica a cargo da Coordenação Geral do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas - SNBP, enquanto à Coordenação Geral de Planejamento e Administração - CGPA atribui-se tarefa das operacionalizações das aquisições e das distribuições para atingir as metas estratégicas propostas (Relatório de Gestão FBN 2010: p.13).
Ou seja, a FBN tem condições de comprar e distribuir os livros paras as
bibliotecas e pontos de leitura. Na aquisição de livros pelas bibliotecas é
desnecessário o papel do ponto de venda que terá que ser remunerado
40
pelo papel de intermediário entre editoras e bibliotecas. Earp e Kornis
demonstram em seu livro Economia da Cultura (2005) que cerca de 40
a 50% do valor de capa do livro refere-se aos custos de distribuição.
Assim, entre bibliotecas e editoras sairá mais em conta dispensar
intermediários, possibilitando a negociação de livros de maior qualidade
gráfica pelos mesmos R$10,00, que é o preço máximo para venda.
Outra questão, elencada entre as maiores dificuldades dos autores, é a
ausência de o acompanhamento e a avaliação dos programas e editais,
que aparece no item 8, e que tem como consequência, entre outras, a
falta de continuidade da ação e dados quantitativos e qualitativos das
ações. A avaliação é a coleta sistemática e regular de informações sobre
as ações, as características e os resultados de um programa, e a
identificação, esclarecimento e aplicação de critérios, passíveis de
serem defendidos publicamente, para determinar o valor - mérito e
relevância -, a qualidade, utilidade, efetividade ou importância do
programa sendo avaliado em relação aos critérios estabelecidos,
gerando recomendações para melhorar o programa e as informações
para prestar contas aos públicos interno e externo ao programa do
trabalho desenvolvido (cfe. Chianca: 2001, p.16).
Os programas e editais são concebidos para solucionar problemas previamente identificados, e para alcançar resultados mensuráveis, a
partir de indicadores oriundos de um processo de acompanhamento e
avaliação. De modo geral, os programas que estamos avaliando
executam a primeira parte deste processo – identificam problemas e
propõem ações para resolvê-los ou minimizá-los -, mas não conseguem
nem acompanhar e avaliar a ação, gerar dados ou informações sobre as
mesmas, tampouco prever e garantir sua continuidade, seja por
questões de escassez de recursos humanos, contingenciamento do
orçamento ou mesmo porque não previu essas etapas.
Tomamos como exemplo de nossa argumentação a bolsa de criação da
41
FBN que serve para o autor finalizar a escrita da obra literária, mas não
prevê ou acompanha o que acontece com o livro depois de finalizado, se
ele é ou não publicado. Assim não temos como avaliar se esta bolsa de
fato serviu para alavancar a carreira do autor, pois em literatura não
basta finalizar a obra literária, é necessário publicá-la, divulgá-la,
vendê-la e se existe investimento do Estado na criação da obra, se
deveria ao menos conhecer seu futuro. Vimos no produto anterior que a
FBN não acompanha e nem realiza processo de avaliação, o MEC prevê
acompanhamento interno e externo – o que seria o ideal - mas está com
dificuldade em publicar os livros selecionados, não mantendo sequer
comunicação com os autores contemplados em seu edital, e novamente é
a Funarte quem demonstra seguir um planejamento estratégico, pois
mantém uma rede para manter a interlocução com seus bolsistas e
entre os mesmos, solicita relatórios regulares, vemos na mídia as
notícias sobre os livros publicados e os depoimentos dos contemplados
(Labrea:2011c) mostra que existe um processo de acompanhamento e
avaliação constante que permite estabelecer a correlação entre o
objetivo alcançado e o problema que deu causa a esse objetivo, as
correlações entre as ações a serem empreendidas, em um modelo de
gestão voltado para resultados e impacto na qualidade de vida da
população beneficiada pela política pública.
A avaliação de resultados é possível através de um processo contínuo de
ação e reflexão, que permitam aos gestores a análise da experiência. O
papel da avaliação transcende a mera questão fiscalizadora ou
controladora, abrangendo uma intensa reflexão que deve ser feita com
todos os envolvidos no processo. Nesse sentido, acreditamos que os
resultados dos programas analisados são – com exceção da Funarte -
avaliados apenas qualitativamente, de modo quase intuitivo,
assistemático, e esta avaliação pode e deve ser quantificada, com a
criação e aplicação de indicadores.
Neste sentido, a identificação dos resultados das ações por meio de medidas de desempenho se constitui no eixo de comunicação com a sociedade e de evidência da evolução do plano, o
42
que faz dos indicadores elementos fundamentais para todo o ciclo de gestão das políticas públicas (Brasil: 2010c, p.9, grifo nosso).
POLÍTICA DE EDITAIS DA DLLL PARA O FORTALECIMENTO DA
CADEIA CRIATIVA DO LIVRO: RESULTADOS DE ATIVIDADES JÁ
DESENVOLVIDAS
A Diretoria, através do trabalho de pesquisa desenvolvido por esta
consultoria, buscou, antes de implementar qualquer proposta de ação,
conhecer as demandas, necessidades e potencialidades do setor, ao
dialogar com os segmentos da sociedade que serão beneficiados pela
implementação de uma política pública para o fortalecimento da cadeia criativa do livro, bem como agir a fim de resolver total ou parcialmente
os problemas que foram mapeados ao longo desta consultoria. As
referências que orientaram este trabalho foram o Relatório de Gestão da
DLLL (2010), Relatório de Gestão da Fundação Biblioteca Nacional
(2010), material produzido na interlocução da DLLL com o Colegiado
Setorial de Livro e Literatura2, as prioridades elencadas na pré-
conferência do livro, leitura e literatura e o Plano Nacional e Livro e
Leitura 3 . Não obstante, mesmo antes desta ação iniciar, houve
demandas da cadeia criativa, envolvendo cordelistas, e para atendê-los
a DLLL lançou o Edital Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel
2 Colegiado Setorial de Livro e Literatura integra o Conselho Nacional de Políticas Culturais que é um órgão colegiado integrante da estrutura básica do Ministério da Cultura e foi reestruturado a partir do Decreto 5.520, de 24 de agosto de 2005. Este órgão tem como finalidade “propor a formulação de políticas públicas, com vistas a promover a articulação e o debate dos diferentes níveis de governo e a sociedade civil organizada, para o desenvolvimento e o fomento das atividades culturais no território nacional”. http://culturadigital.br/setoriallivro/ 3 O PNLL é produto do compromisso do governo federal de construir políticas públicas e culturais com base em um amplo debate com a sociedade e, em especial, com todos os setores interessados no tema. Sob a coordenação dos Ministérios da Cultura e da Educação, participaram do debate que conduziu à elaboração deste documento representantes de toda a cadeia produtiva do livro – editores, livreiros, distribuidores, gráficas, fabricantes de papel, escritores, administradores, gestores públicos e outros profissionais do livro –, bem como educadores, bibliotecários, universidades, especialistas em livro e leitura, organizações da sociedade, empresas públicas e privadas, governos estaduais, prefeituras e interessados em geral. www.pnll.gov.br.
43
2010 – Edição Patativa de Assaré que foi uma resposta aos
compromissos assumidos pelo Governo Federal no I Encontro
Nordestino de Cordel em Brasília4.
EDITAL PRÊMIO MAIS CULTURA DE LITERATURA DE CORDEL
2010 – EDIÇÃO PATATIVA DE ASSARÉ
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Edital Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel 2010 – Edição Patativa de Assaré
Criação e produção; pesquisa; formação; Difusão da literatura de cordel.
Poetas, repentistas, cantadores, emboladores e muitos artistas populares e profissionais da cultura
Monitoramento/ avaliação: No edital estão explicitados os critérios de seleção, as condições de execução, acompanhamento e avaliação do projeto desenvolvido. Os indicadores não foram apresentados no edital, mas devem ser construídos ao longo do período de acompanhamento da ação. Resultado: contemplou 200 projetos. A DLLL realizou em 2011 o cadastro dos projetos selecionados e criou banco de dados. A cerimônia de premiação será realizada em Fortaleza/CE, em dezembro de 2011.
Resultados/revisão do programa
Embora a coordenação deste edital esteja com a Coordenação de Livro e
Leitura, consideramos este edital como a primeira ação com foco direto no fortalecimento da cadeia criativa do livro5. As quatro categorias
premiadas têm importância estratégica e relevância simbólica para o
reconhecimento de uma das principais linguagens artísticas do Brasil,
entendendo sua unicidade e papel central na construção da identidade
nacional e desenvolvimento das culturas populares. Entendemos que
este edital alinha-se com as diretrizes do MinC que priorizam uma visão
antropológica da Cultura (cfe. Labrea: 2011b), com a Agenda Social do 4 As ações do MinC na area do Cordel foram mapeadas no produto 04 (Labrea: 2011d). 5 A cadeia criativa do livro está vinculada à Coordenação de Economia do Livro.
44
Governo Federal e é uma política pública voltada para o reconhecimento
e fomento da diversidade cultural brasileira, além de contemplar as três
dimensões da cultura - valor simbólico, democratização do acesso e
economia da cultura.
Ao longo de 2011, a Diretoria pagou os prêmios e em dezembro vai fazer
a cerimônia de premiação em Fortaleza/CE. Os projetos premiados irão
se desenvolver ao longo de 2012 e, por isso, não dispomos de elementos
para avaliação de resultados. A Diretoria, até o momento, realizou o
cadastro dos projetos e criou um banco de dados dos contemplados.
Esperamos que todos os projetos sejam acompanhados pela equipe da
DLLL. Um momento importante do trabalho de acompanhamento destes
projetos será:
a) Esboçar o mapa dos projetos premiados, a partir da contratação
de uma consultoria específica para acompanhar e documentar
esta ação;
b) Criar indicadores de monitoramento e avaliação;
c) Propor a articulação de uma rede da Literatura de Cordel, com
blog e um sistema de comunicação eficiente e encontros regulares
presenciais;
d) Publicar as obras premiadas;
e) Inserir os autores premiados em feiras do livro e eventos
literários, como a Caravana de Escritores;
f) Ao final do período de execução do projeto, sistematizar a
experiência em um relatório geral e publicizá-lo;
g) Revisão do projeto para dar continuidade a ação.
PONTOS DE LEITURA
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Concurso Pontos de Leitura 2008 - Edição
Incentivar e fortalecer a prática da leitura no país, prioritária, mas
Pessoas físicas ou jurídicas nacionais, públicas ou privadas, sem
Monitoramento/ avaliação: No edital estão explicitados os critérios de seleção, as condições de execução, acompanhamento e
45
Machado de Assis
não exclusivamente, nos municípios atendidos pelo Programa Territórios da Cidadania6, nas áreas do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania e outros municípios prioritários do Mais Cultura
fins lucrativos, representantes de iniciativas voltadas para, pelo menos, um dos objetivos a seguir: promoção da leitura nas diversas comunidades do território nacional, de modo a contribuir para o fomento da prática leitora no Brasil; democratização do acesso ao livro; envolvimento e participação da comunidade na gestão da iniciativa segundo suas próprias necessidades de informação e fruição; fomento à produção, ao intercâmbio e à divulgação de informações; estímulo à formação de redes sociais e culturais.
avaliação do projeto desenvolvido. A Rede Biblioteca Viva seria o espaço de acompanhamento contínuo das atividades desenvolvidas nos pontos de leitura, mas em função de não se ter recursos humanos suficientes não houve acompanhamento e a rede está desatualizadas. Resultado: contemplou 514 projetos. A DLLL organizou a Rede Biblioteca Viva para acompanhamento da ação, mas não a manteve atualizada. Em 2011 organizamos o banco de dados a fim de podermos incluir os pontos no cadastro para distribuição de periódicos culturais e também o incluímos no cadastro da Funarte para distribuição de livros, organizamos a rede dos pontos de leitura e os primeiros encontros presenciais, em reuniões nas cidades de Porto Alegre/RS, Belém/PA, Rio de Janeiro/RJ, Recife/PE. Até 2011 não se tinha informação ou dados sobre a execução dos projetos e soubemos somente este ano que muitos kits permanecem fechados até hoje, em função da dificuldade dos pontos em se articular para garantir local de instalação. Organizamos uma pesquisa que mostrou o perfil do trabalho desenvolvido e cada ponto apresentou dados de
6 Os Territórios da Cidadania tem como objetivos promover o desenvolvimento econômico e universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável. A participação social e a integração de ações entre Governo Federal, estados e municípios são fundamentais para a construção dessa estratégia. Fonte: http://www.territoriosdacidadania.gov.br/dotlrn/clubs/territriosrurais/one-community.
46
frequência, empréstimo de livros, eventos e projetos desenvolvidos, demandas e necessidades. As informações completas da pesquisa estão disponíveis no produto 04 desta consultoria e mostram o ceneario de atuação dos pontos, suas dificuldades, limites e potencialidades.
Resultados/revisão do programa
Ao longo desta consultoria realizamos uma pesquisa com os pontos de
leitura, mapeando diversos aspectos de sua implementação. Este estudo
está disponível no produto 04 (Labrea:2011d). O trabalho desenvolvido
pelos pontos, bem como suas dificuldades foram sistematizadas na
tabela que apresentamos abaixo:
Descrição Região Centro-oeste
Nordeste Norte Sudeste Sul Total
Iniciativas premiadas
30 187 45 204 48 514
Iniciativas que participaram da pesquisa
18
94
16
96
20
244
Atividade existente no Ponto de Leitura: Contação de histórias
56% 85% 88% 81% 80% 81%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Cultura digital
56% 32% 25% 40% 50% 38%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Empréstimo de livro
89% 81% 63% 83% 80% 81%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Esporte e lazer
22% 19% 13% 33% 40% 26%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Estudos, formação e pesquisa
67% 53% 50% 54% 40% 53%
Atividade existente no Ponto de Leitura:
66% 57% 50% 40% 40% 49%
47
Formação de leitores críticos Atividade existente no Ponto de Leitura: História oral, memória da comunidade
44% 57% 63% 46% 20% 49%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Confecção de Livro artesanal
22% 13% 38% 29% 30% 23%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Ludicidade
44% 77% 63% 56% 70% 65%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Cinema e vídeo
11% 17% 13% 35% 30% 25%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Desenho
11% 32% 25% 35% 50% 33%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Oficinas literárias
56% 60% 63% 52% 60% 57%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Oficinas de música
22% 26% 25% 38% 40% 31%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Produção textual
56% 40% 75% 52% 50% 49%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Arte-educação
44% 19% 13% 48% 30% 33%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Organização de rede
22% 11% 13% 19% 10% 15%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Feira do livro
11% 9% 0% 13% 30% 11%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Roda de conversa com autores
44% 34% 25% 38% 20% 34%
48
Atividade existente no Ponto de Leitura: Sarau literário
33% 43% 38% 52% 20% 43%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Teatro
44% 36% 38% 42% 40% 39%
Atividade existente no Ponto de Leitura: Oficinas de Meio ambiente/EA
0 15% 6% 14% 10% 12%
Necessidade do Ponto de Leitura: Recursos financeiros para renovação do acervo
50% 63% 63% 61% 75% 62%
Necessidade do Ponto de Leitura: Recursos financeiros para pgto de bibliotecária
39% 65% 44% 61% 70% 61%
Necessidade do Ponto de Leitura: Recursos financeiros para pagamento de local e manutenção
50% 59% 50% 60% 50% 57%
Necessidade do Ponto de Leitura: Recursos financeiros para bolsistas e monitores
56% 67% 63% 69% 55% 66%
Necessidade do Ponto de Leitura: Recursos financeiros para oficineiros e formadores
72% 82% 81% 82% 80% 81%
Necessidade do Ponto de Leitura: Recursos humanos
50% 65% 63% 65% 60% 63%
Necessidade do Ponto de Leitura: Qualificação e formação dos recursos humanos já existentes
56% 65% 63% 65% 55% 63%
Necessidade do Ponto de Leitura:
28% 35% 25% 34% 35% 34%
49
Catalogação do acervo Necessidade do Ponto de Leitura: Local adequado
28% 37% 6% 38% 25% 34%
O Ponto de Leitura tem parcerias com escolas
28% 29% 31% 27% 25% 28%
O Ponto de Leitura tem parcerias com bibliotecas
22% 19% 25% 17% 20% 19%
O Ponto de Leitura tem parcerias com livrarias
17% 28% 31% 26% 25% 26%
O Ponto de Leitura tem parcerias com Secult
28% 39% 37% 35% 30% 36%
O Ponto de Leitura tem parcerias com outros pontos de leitura
22% 22% 44% 19% 30% 23%
Ponto de Leitura que conta com Bibliotecária
17% 24% 13% 22% 35% 23%
Ponto de Leitura que conta com Divulgação do trabalho do ponto
6% 36% 25% 32% 40% 32%
Ponto de Leitura que conta com Acesso a internet
56% 26% 25% 23% 25% 23%
Ponto de Leitura que conta com Autores no Ponto
56% 42% 56% 41% 55% 44%
Ponto de Leitura que é Biblioteca comunitária
100% 82% 100% 83% 95% 86%
Ponto de Leitura que é Biblioteca itinerante
44% 32% 25% 35% 20% 33%
Ponto de Leitura que é Brinquedoteca
44% 32% 25% 32% 35% 33%
Ponto de Leitura que tem Contadores de histórias
72% 63% 56% 65% 65% 63%
Ponto de Leitura que trabalha junto a livrarias para compor programação cultural
56% 14% 13% 10% 30% 13%
50
Ponto de Leitura que trabalha junto a bibliotecas para compor programação cultural
44% 30% 25% 30% 35% 31%
Fonte: Labrea 2011d.
A nossa pesquisa mostrou a fragilidade da ação tanto do ponto de vista
dos pontos, como podemos observar acima, quanto do Estado e mostra
que para a continuidade da ação, alguns aspectos devem ser revistos. Na
Diretoria as principais dificuldades são:
a) Acompanhar/avaliar/qualificar as ações desenvolvidas pelos
pontos de leitura, tanto no aspecto qualitativo quanto
quantitativo;
b) Fomentar e alimentar com informações a rede nacional e redes
locais dos pontos de leitura;
c) Ausência de política pública voltada para a continuidade e
qualificação das ações;
d) Ausência de ponto focal na DLLL para acompanhar as ações dos
pontos de leitura (minha consultoria limitou-se a mapear as ações
a fim de relacioná-las à cadeia criativa do livro, a organização da
rede e a participação em eventos foi também com essa finalidade.
É necessário, portanto, uma pessoa encarregada do
acompanhamento e avaliação das ações, bem como visitas e
encontros locais);
e) Compreensão, por parte da DLLL, dos pontos de leitura apenas
como espaços de leitura, relacionando-os assim somente com
cadeia mediadora, desconsiderando seu potencial como cadeia
criativa (presença de autores em 44% dos pontos) e produtiva
(cooperativas e incubadoras);
f) Inarticulação das ações: as possibilidades de ação conjunta e
colaborativa entre pontos de leitura e agentes de leitura,
bibliotecas comunitárias, bibliotecas públicas e demais
beneficiários das ações da DLLL e do MinC são desconsideradas e
tornadas assim irrelevantes. Nesse sentido, é importante
51
destacar a iniciativa da atual coordenadora do Sistema Nacional
de Bibliotecas Públicas e Comunitárias da FBN, sra. Elisa
Machado, em diálogo constante com essa Diretoria, que inseriu os
pontos no sistema, como bibliotecas comunitárias.
Embora sem monitoramento e avaliação, a ação teve continuidade e os
pontos de leitura, a partir de 2009, entraram no escopo das ações
descentralizadas do Programa Mais Cultura como parte dos convênios
firmados entre a SAI/MinC e os entes federados. Mantendo-se o mesmo
conceito, os pontos de leitura ganharam o formato de editais estaduais e
municipais dos quais foram 18 convênios foram pagos ou parcialmente
pagos, como podemos observar no box abaixo:
UF PROPONENTE UNID VALOR TOTAL VALOR MINC AC Prefeitura Municipal de Rio
Branco 5 101.100,00 79.020,00
AC Fundação Elias Mansour 10 200.000,00 - BA Fundação Pedro Calmon 260 5.200.000,00 360.000,00 CE Secretaria de Cultura do Estado 21 420.000,00 - CE Secretaria de Cultura de Fortaleza 18 360.000,00 280.000,00
GO Prefeitura Municipal de Anápolis 4 80.000,00 64.000,00
MA Secretaria de Cultura 12 240.000,00 160.000,00 PB Secretaria de Educação e Cultura 10 200.000,00 133.333,33
RJ Secretaria de Cultura do Estado 100 2.000.000,00 2.000.000,00 RJ Prefeitura de Nilópolis 10 200.000,00 160.000,00
RJ Prefeitura do Rio de Janeiro 20 421.560,00 413.128,80
RS Prefeitura de Canoas 15 300.000,00 240.000,00
RS Prefeitura de Parobé 3 60.000,00 48.000,00 RS Prefeitura de São Leopoldo 6 120.000,00 96.000,00
RS Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves
10 200.000,00 160.000,00
RS Prefeitura Municipal de Dois Irmãos
4 80.000,00 49.000,00
SP Prefeitura de São Bernardo do Campo
20 400.000,00 320.000,00
RS Cachoerinha 5 100.000,00 20.000,00 SC Joinville 20 400.000,00 80.000,00 RS São Lourenço do Sul 2 40.000,00 8.000,00 SP Consorcio Intermunicipal
Culturando 20 400.000,00 80.000,00
RS Consórcio Intermunicipal do Alto Uruguai – CIRAU
24 480.000,00 96.000,00
52
Fonte: Relatório de Gestão DLLL 2010
Em 2010 foram lançados 11 editais referentes a um total de 382 pontos
de leitura: Fundação Elias Mansour/AC, Fundação Pedro Calmom/BA,
Secretaria de Cultura do Estado/CE, Secretaria de Cultura de
Fortaleza/CE, Secretaria de Cultura do Estado/MA, Secretaria de
Educação e Cultura/PB, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro/RJ,
Prefeitura de Canoas/RS, Prefeitura de São Leopoldo/RS, Prefeitura
Municipal de Bento Gonçalves/RS, Secretaria de Cultura do
Maranhão/MA. Dos editais já lançados conseguimos articular à rede
nacional os já citados Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul, os demais
seguem sem acompanhamento por parte da Diretoria.
Um dado importante para a análise dos resultados desta ação é que as
respostas dos pontos de leitura, em muitos aspectos, corroboram a
existência de vários problemas e demandas, que os gestores públicos da
DLLL já supunham existir e interferir na qualidade da ação, como por
exemplo, a interpretação divergente, por parte dos pontos, das normas
e limites do Estado, a inexistência de legislação que fundamente a
relação do Estado com pessoas físicas e entidades da sociedade civil de
pequeno porte, recursos e investimentos insuficientes, a ausência de
acompanhamento e avaliação sistêmica, por parte do Estado, das ações
do ponto, através de visitas e encontros regulares.
As reuniões com grupos focais permitiram que os pontos de leitura
pudessem enunciar suas questões, aprofundando as questões que
estavam nos questionários, tornando suas respostas mais precisas e
focadas. Nestas conversas, os pontos de leitura foram unânimes em
reconhecer que ao terem seu trabalho reconhecido pelo Ministério da
Cultura aumentaram sua auto-estima e ganharam fôlego para suas
atividades porque, muitas vezes, a manutenção das atividades do ponto
depende totalmente de repasses públicos. Houve reclamação quanto à
TOTAL 599 12.002.660,00 4.895.482,13
53
dificuldade de orientação, por parte do MinC, acerca de questões
gerenciais dos pontos (cfe. Labrea: 2011d).
O processo de descentralização para estados e municípios dos recursos
para instalação de novos pontos foi criticado, pois os pontos alegam que
agora ficam à mercê de interferências e ingerências político-partidárias.
Segundo uma análise de uma gestora de ponto de leitura, é frágil a
parceria do MinC com os municípios na contratação de agentes de
leitura, pois uma ação não está articulada e dialogando com a outra,
mesmo sendo uma ação da DLLL/MinC e os pontos e agentes muitas
vezes compartilhar uma mesma comunidade. Outra questão destacada na reunião com os pontos é a dificuldade de
articulação de parcerias com o estado e município por estes
acreditarem, erroneamente, que com o reconhecimento do MinC, suas
necessidades dos pontos estariam supridas. Outras vezes, o que falta é o
reconhecimento do ponto de leitura da região por essas instâncias. Os
pontos de leitura, em sua quase totalidade, são localizados na periferia,
em áreas de vulnerabilidade social, econômica e cultural e sua presença
nessas comunidades é muito importante na medida em que “uma das
principais causas do elevado índice de analfabetismo funcional e das
dificuldades para a compreensão da informação escrita se localiza na
crônica falta de contato com a leitura, sobretudo entre população mais
pobre” (Castilho: 2010, p.38). O investimento para manutenção destes
espaços é fundamental para a formação e manutenção de leitores, pois
“constata-se que, sem motivação e continuidade na aquisição do hábito
da leitura, o jovem e o adulto (...) tendem a perder essa habilidade” (Lázaro in Castilho: 2010, p.141-2).
Os Pontos de Leitura permitem ao MinC concretizar a idéia de que “os
livros devem estar onde houver leitores e onde houver lugares de ações
com potencial para transformar em novos espaços de leitura” (Manevy
in Castilho: 2010, p.138) e suas atividades principais traduzem esse
54
ideal, pois os pontos trabalham prioritariamente com o empréstimo de
livros (82%) e a contação de histórias (82%), seguidos de oficinas de
literatura (57%) e produção textual (56%), estudos, formação e
pesquisa (54%), oficinas para formação de leitores críticos (49%).
Cerca de 44% dos Pontos de Cultura tem como integrante autores,
publicados ou não, e este dado justifica a inclusão dos pontos no escopo
das ações que serão realizadas para o fortalecimento da cadeia criativa
do livro.
Se retomarmos nossa proposta de trabalho com os Pontos para 2011,
nos propomos a a) articular uma rede; b) promover mobilização social e
c) realizar o intercâmbio entre os projetos (Labrea:2011d, p.17) e, em
nossa avaliação atingimos plenamente estes objetivos. Apresentamos os
resultados do trabalho desenvolvido por esta consultoria junto aos
pontos de leitura. Em 2011 conseguimos:
a) Articular a rede nacional dos pontos de leitura;
b) Organizar espaço de discussão entre os pontos no googlegroups
pelo e-mail [email protected]. Atualmente essa
lista consta com 301 membros e já é um espaço de mobilização e
intercâmbio de projetos.
c) Organizar blog no www.culturadigital.br para os pontos de leitura
poderem veicular notícias;
d) Realizar um mapeamento do estado da arte com a participação de
48% dos pontos de leitura (vide produto 04);
e) Finalizar cadastro nacional dos pontos de leitura do Edital de
2008;
f) Inserção dos pontos de leitura como beneficiários das assinaturas
dos periódicos culturais;
g) Inserção dos pontos de leitura como beneficiários dos livros
distribuídos pela Funarte;
h) Realizar reunião com os pontos de leitura dos estados do Rio de
Janeiro, Pernambuco, Pará, Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul ,
criando grande mobilização social em torno das feiras e eventos
55
literários e uma agenda comum aos pontos de uma mesma região
(vide produtos 02 e 04);
i) Organizar a participação dos pontos de leitura na FLIP, Bienal
Internacional do Livro do Rio de Janeiro, Bienal Internacional do
Livro de Pernambuco; Feira do Livro de Porto Alegre, ENECULT
para troca de tecnologia social e intercâmbio de projetos entre os
pontos (vide produtos 02 e 04);
j) Inserir os pontos de leitura dos editais Mais Cultura
(descentralizados) da Bahia, Ceará, Fortaleza/CE, Canoas/RS e
São Leopoldo/RS na rede nacional dos pontos de leitura.
Se no momento inicial foi crucial o reconhecimento do que já existia na
sociedade, mas ainda era invisível ou secundário no campo das práticas
culturais, atualmente o desafio é continuar, ampliar e aprofundar o
processo de reconhecimento destas iniciativas, dando-lhes um sentido
de processo e de princípio, ao incentivar a comunicação dos pontos
entre si e com o Estado, a partir das redes já instituídas e dos canais
institucionais. A DLLL/MinC age nessa direção com a ação de
descentralização da ação de identificar, reconhecer e apoiar iniciativas
da sociedade civil de promoção e incentivo a leitura, através de Editais
estaduais de Pontos de Leitura, realizados por meio de convênios do
Programa Mais Cultura, firmados com Estados e municípios.
Em nosso entendimento, existe a necessidade de qualificacação das
iniciativas já existentes, dando-lhes condições de superar as condições
desfavoráveis para o pleno funcionamento dos pontos de leitura.
Acreditamos que os dados da pesquisa apontam na direção de priorizar
a qualificação do espaço já constituído, a fim de que ele não seja fechado
por falta de investimento do Estado.
EDITAL MAIS CULTURA DE PERIÓDICOS DE CONTEÚDO
CULTURAL
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
56
Resultados
Edital Mais Cultura de Periódicos de Conteúdo Cultural
Democratização do acesso, pois o foco da distribuição das publicações são as Bibliotecas Públicas, Pontos de Leitura e Pontos de Cultura.
Periódicos culturais e os 7 mil assinantes.
A diretoria enviou banco de dados atualizados e monitora a distribuição dos periódicos. Resultado: contemplou 12 Revistas Culturais que estão sendo distribuídas entre 7 mil assinantes.
Resultados/revisão do programa
O Edital Mais Cultura de Periódicos de Conteúdo Cultural está na fase de
distribuição das doze revistas para sete mil assinantes, o que
possibilitou a criação de um banco de dados que pode ser o ponto inicial
para uma rede dos beneficiários das políticas de fomento da DLLL. Este
edital, além de movimentar a cadeia produtiva, trabalha a
democratização do acesso, pois o foco da distribuição das publicações
são as Bibliotecas Públicas, Pontos de Leitura e Pontos de Cultura.
Em nossa pesquisa tivemos vários depoimentos de autores criticando o
fato de que alguns dos periódicos selecionados não são de cunho
cultural, mas revistas mensais de interesse e assuntos gerais. A fim de
dar uma resposta a estas críticas, Diretoria está atualmente
trabalhando na proposta de um segundo edital, voltado para a
premiação de 40 (quarenta) projetos apresentados por periódicos
impressos (revistas, jornais, almanaques, fanzines ou publicações
similares) produzidos em território brasileiro que desenvolvam
conteúdo: a) exclusivamente sobre Literatura; b) sobre Literatura e
Artes. O resultado esperado com esta seleção pública é valorizar as
publicações dedicadas exclusivamente à Literatura ou Literatura e
Artes, ampliando a sua capacidade de produção, difusão e distribuição.
A Diretoria ainda não realizou pesquisa para acompanhar os resultados
deste edital entre os beneficiários das assinaturas. Seria interessante
57
saber o número exato de beneficiários e quantas edições de cada revista
foram distribuídas para cada um, já que houve diferença na data de
início da entrega, em função do atraso e da dificuldade em organizar o
banco de dados com nomes e endereços dos beneficiários. Além disso, a
Diretoria poderia buscar conhecer os dados sobre o número de leitores
dos periódicos, a fim de saber se as revistas tiveram boa aceitação e
circulação nos espaços de leitura em que foram distribuídas e se foram
utilizadas – e de que forma – em processos de qualificação e formação de
leitores críticos. Existem várias pesquisas com trabalhos consistentes
que demonstram que as revistas e jornais podem ser poderosos
instrumentos de inclusão ao mundo da leitura e conhecer o modo como
foram utilizados esses 12 periódicos, saber se estavam ou não inseridos
em projetos de leitura é muito importante para a DLLL avaliar a
continuidade desta ação, bem como ter dados para justificar
investimento em tipos específicos de periódicos. Esta pesquisa poderia
ser facilmente realizada, a partir de questionários e entrevistas com os
beneficiários da ação. Da mesma forma seria interessante saber o que
representou para as editoras dos periódicos essa ampliação de
assinantes em espaços públicos – bibliotecas e pontos de leitura e
cultura.
EDITAL PROCULTURA PARA PROGRAMAÇÃO CULTURAL DE
LIVRARIAS 2010
Projeto Objetivo Público-alvo Monitoramento/Avaliação/
Resultados
Edital PROCULTURA para Programação Cultural de Livrarias 2010
Premiar propostas de projetos culturais de livrarias com o intuito de fortalecê-las, valorizar o seu papel cultural e fomentar a sua atuação como
Livrarias de pequeno e médio porte.
O edital está em fase de habilitação de propostas.
58
mediadoras e promotoras do livro e da leitura e desenvolver programação cultural voltada para a promoção do livro e da leitura no período de 12 meses.
Resultados/revisão do programa
O Edital PROCULTURA para Programação Cultural de Livrarias 2010
está na fase de habilitação dos projetos. Esse é o primeiro edital do
Ministério da Cultura que contempla este elo da cadeia produtiva do
livro. Seu objetivo é premiar propostas de projetos culturais de livrarias
com o intuito de fortalecê-las, valorizar o seu papel cultural e fomentar
a sua atuação como mediadoras e promotoras do livro e da leitura e
desenvolver programação cultural voltada para a promoção do livro e
da leitura no período de 12 meses, tais como: seminários, colóquios,
saraus literários, encontro com autores, rodas de leitura, contação de
histórias, oficinas de produção textual, entre outras dessa natureza,
bem como propor um calendário anual de programação cultural da
livraria, destacando sua função social na formação de leitores. Os
recursos destinados para este edital somam R$ 3.000.000,00, oriundos
do Fundo Nacional de Cultura. Desse valor, R$ 1.560.000,00 seriam
destinados a 60 projetos de programação cultural de livrarias de
pequeno porte e R$ 1.440.000,00 a 40 projetos de livrarias de médio
porte.
Este edital teve pouca adesão das livrarias – 42 propostas habilitadas - e
o número de projetos habilitados está bem abaixo do esperado para
premiação dos 100 inicialmente propostos. A Região Norte apresentou
04 propostas, as Regiões Nordeste e Centro-Oeste 05 cada uma, a Região
Sul 14 e a Sudeste 15 projetos. Das 42 propostas, 34 referem-se a
59
pequenos projetos e 8 a médio projetos. Os projetos habilitados são
majoritariamente do interior do estado – 26 projetos, tendo 16
propostas oriundas das capitais. A distribuição dos projetos nas 05
regiões do país confirmam a tendência verificada pela pesquisa
Diagnóstico do Setor Livreiro 2009 da ANL. Ela mostra que, no caso da
região Sudeste, o índice de distribuição de livrarias por região aumentou
de 53% para 56%, e no caso da região Sul, de 15% para 19%. As regiões
Nordeste e Norte perderam espaço. O Nordeste, que na pesquisa de
2006 aparecia com um percentual de 20%, baixou para 12% no estudo
de 2009. A região Norte, que em 2006 obteve um percentual de 5%, caiu
para 3% em 2009. O Centro-Oeste ganhou espaço de 4% para 6%, e o
Distrito Federal de 3% para 4% (ANL: 2010, p.3).
Estes projetos não têm interface ou interlocução com bibliotecas
públicas, pontos e agentes de leitura, o que reforça um dado da
cartografia com os pontos de leitura que aponta que somente 26% deles,
principalmente nas capitais, fazem parcerias com livrarias para
construção de programação cultural. Este edital foi trabalhado em
parceria com a Associação Nacional de Livrarias e foi bem divulgado em
todo território nacional entre as livrarias, tendo seu prazo ampliado
para garantir plena participação dos eventuais interessados, mas não
foi bem divulgado entre os beneficiários das demais ações da Diretoria –
bibliotecas públicas e comunitárias, agentes de leitura, pontos de leitura
-, que nas entrevistas com grupos focais realizadas em todas as regiões
do país, declararam desconhecer totalmente o edital e por isso não
propuseram às livrarias locais parcerias para atividades culturais em
conjunto. Não existe pesquisa anterior ao edital que aponte dados que
nos permitam compreender os motivos da pouca adesão das pequenas e
médias livrarias, ou mesmo porque não houve articulação entre as
livrarias e outros beneficiários de nossas ações, o que por si só evidencia
a importância de estudos prévios que respaldem e justifiquem as
propostas de programas e ações.
60
A pesquisa da ANL de 2009 aponta que a tendência das livrarias é
agregar outros serviços além da venda de livros: 28% das livrarias são
também cafeterias, 16% dispõem de espaço para eventos e programação
cultural e 5% são também cybercafé (ANL: 2009, p.5), estas livrarias também estão se tornando um espaço de convivência, onde o consumidor pode, além de comprar o livro que procura, participar de eventos (idem:p.10). Este edital inova ao apostar e incentivar esta
tendência, e poderia ter sido um propulsor de pequenas e médias
livrarias como espaços e centros culturais dando visibilidade a projetos
culturais desenvolvidos por beneficiários das políticas do MinC, que
buscam justamente parceiros locais para viabilizar e fortalecer suas
ações. Acreditamos que faltou visão sistêmica e integradora à Diretoria
para fazer que livrarias, bibliotecas públicas e pontos de leitura se
articulassem para propor atividades conjuntas. O resultado foi a pouca
adesão a esta proposta que poderia inaugurar uma parceria inédita
entre mercado e sociedade civil.
SUBSÍDIOS PARA O FORTALECIMENTO DA CADEIA CRIATIVA DO
LIVRO: PROPOSTA INICIAL PARA A FORMULAÇÃO DE
PROGRAMA Propomos uma definição de cadeia criativa do livro, para termos um ponto de partida. Se formos em busca da etimologia da palavra, cadeia, do latim cadenatus, tem dois sentidos, ligado e preso. Preso, dispensamos. Vemos cadeia no sentido de ligação, unir pessoas ou grupo com objetivos semelhantes. Criativo, um qualificador que tem sua origem no latim creare, dar existência, gerar, formar. Mas criativo vai além de criar, é criar com uma certa qualidade, com uma estética, propor uma linguagem, uma singularidade. Entendemos que a cadeia criativa do livro é um espaço de ligação, de encontro com autores, escritores e leitores, para dar existência e criar novos livros. Propomos ampliar a abrangência da cadeia criativa do livro porque se seu foco é, inicialmente, o autor – aquele que cria uma obra original -, ou escritor ou ilustrador – que é um autor que se expressa por uma linguagem esteticamente elaborada, entendemos que para dar condições para a autoria é necessário investimento na formação de um círculo virtuoso de leitura. (...) Ao
61
criar as condições favoráveis para a formação de um leitor crítico, este poderá também se ver na posição de autor. (...) Pensamos em articular autor/leitor como elementos principais de uma política pública voltada para o fortalecimento da cadeia criativa do livro. (...) Este é o sentido que preferimos e, conceitualmente, o entendemos alinhado com a proposta de uma economia do livro voltada para o social, transversal, colaborativa, sustentável, com foco em serviços e produtos culturais que contribuam para a autonomia dos grupos e espaços culturais. (Labrea:2011b)
O IPEA desenvolveu, em 2006, uma metodologia para construção de
modelo lógico de programa, em resposta à demanda colocada pela
Comissão de Monitoramento e Avaliação, órgão colegiado de composição
interministerial e coordenado pela Secretaria de Planejamento e
Investimento Estratégico do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (SPI/ MPOG). Na ocasião, foi ressaltado que a metodologia deveria ser aplicada a qualquer tipo de programa do Plano Plurianual (PPA) e estar focada no aperfeiçoamento de aspectos relacionados ao desenho e gerenciamento de programas, como um procedimento necessário para preparar avaliações de resultados das ações de governo (Cassiolato: 2010,p.38).
Este modelo será a referência em nossa proposta de política pública
para o fortalecimento da linha programática do eixo Economia do livro – cadeia criativa do livro, com base nas informações e dados oriundos da
pesquisa realizada ao longo de 2011. Essa proposta, destacamos, é
baseada única e exclusivamente nos dados oriundos da pesquisa, visto
que em 2011 não houve planejamento por parte da DLLL e,
posteriomente, da FBN, das ações a serem executadas na linha
programática da cadeia criativa do livro. No produto 01 nos referimos a
uma oficina para o planejamento das ações prioritárias de 2011 da
DLLL e FBN (Labrea: 2011a), mas ela não ocorreu. Assim, assumimos
que esta proposta é parcial, pois dá conta somente das demandas
estratégicas, mapeadas e fundamentadas no PPA 2007-2011 e objetivos
do MinC, no Relatório de Gestão da DLLL 2010 e no PNLL,
desconsiderando as prioridades e os interesses politicos da atual gestão
62
da DLLL/FBN, pois as desconhecemos. Em nossa proposta vamos adotar
o seguinte referencial para esboçar uma teoria do programa: 1. Explicação do problema e referências básicas do programa (objetivo, público-alvo e beneficiários); 2. Estruturação lógica do programa para alcance de resultados; e 3. Identificação de fatores de contexto que podem influenciar na implementação do programa (Cassiolato: 2010, p.38).
EXPLICAÇÃO DO PROBLEMA
A necessidade de uma política pública voltada para o fortalecimento da
cadeia criativa do livro é uma demanda histórica, presente no PNLL,
nas prioridades elencadas na CNC, nos encontros de livro e leitura, no
Colegiado de livro, leitura e literatura, nos indicadores de livro, leitura e
literatura apresentados anteriormente (Labrea:2011d) e nas demandas
mapeadas por esta consultoria7.
O problema surge quando o Mercado investe somente em nichos, em autores já conhecidos, em temas recorrentes e em leituras sem complexidade ou grande desafio para os leitores, deste modo excluindo uma grande gama de autores inéditos iniciantes, que não chegam às editoras ou tem suas obras rejeitadas por não se enquadrarem nos padrões da cultura de massa. Aqui cabe a intervenção do Estado, a fim de garantir que a diversidade cultural do país esteja presente na produção literária nacional, que grupos emergentes consigam visibilidade para seus textos e tenham condições de produzi-los, que as expressões artísticas e literárias de todos os territórios possam circular e alcançar novos leitores (Labrea: 2011c, p.5)
Consideramos que todos os escritores e ilustradores, sejam eles
populares, emergentes, independentes, consagrados, etc. devem ter um
espaço institucional para que possam chegar a possíveis leitores, e que
se o caminho do mercado editorial não é viável em função da
necessidade de lucro, o Estado pode oferecer alternativas para difusão e
7 A análise deste material está presente nos produtos 01, 03 e 04 e não vamos retomá-la neste documento.
63
circulação de novos escritores, através de editais públicos que tornem
possível a produção de novas obras, sua circulação e distribuição a
partir de escolas e universidades públicas, bibliotecas públicas e
comunitárias até que estes autores tenham reconhecimento e formem
seu próprio nicho, com leitores e possam se inserir ser absorvidos pelo
mercado editorial. Nesse sentido é importante que a legislação e as
articulações que envolvem governo e mercado sejam as mais
abrangentes possíveis, garantindo que ao mesmo tempo em que se
invista em autores já consagrados, com retorno financeiro comprovado,
também tenha espaço para investimentos em autores emergentes de
diferentes territórios e subjetividades. Considerando a escassez dos
recursos financeiros do MinC, os editais e recursos públicos devem
eleger públicos e áreas prioritárias e estas devem se caracterizar pela
necessidade de subsídios do Estado para dar visibilidade à sua
produção.
Para visualizar a totalidade das necessidades e demandas mapeadas nos
diferentes espaços de participação da sociedade civil, organizamos o box
abaixo, onde elencamos as demandas dos grupos de trabalho da cadeia
criativa, embora nem todas as demandas digam efetivamente respeito
ao escopo de ação da Cadeia Criativa – questões como acervo, legislação,
editoras, formação de leitor, direitos autorais, tradução, livro popular,
ponto de venda, difusão no exterior, etc., são pertinentes à cadeia
criativa, mas já vem sendo acompanhadas pelas coordenações de livro e
leitura e pelas coordenações da FBN, respectivamente, e por isso não
vamos considerá-las em nossa proposta de política pública, para não
haver sobreposição ou ações duplicadas.
Plano Nacional de Livro e Leitura
Encontro Nacional de Livro e Leitura – MinC/MEC
Prioridades da pré-conferência do livro, leitura e literatura – CNC
Pesquisa com escritores e ilustradores e entidades e associações
Instituição e estímulo para a concessão de prêmios nas
Promover a literatura brasileira por meio do fomento aos
Garantir e promover a produção local (autores, editores,
Profissionalização do autor, seguro social e dedicação exclusiva ao ofício
64
diferentes áreas e bolsas de criação literária para apoiar os escritores.
processos de criação, edição, difusão, circulação, intercâmbio e residências literárias, através de instrumentos como bolsas, prêmios, editais para escritores e linhas de crédito para editores, bem como retomar o ensino de Literatura no currículo escolar.
livreiros), compreendendo a preservação desses como prioridade de segurança intelectual e cultural nacionais.
de escritor ou ilustrador
Apoio à circulação de escritores por escolas, bibliotecas, feiras, etc.
Ampliar os recursos do FNC que visem principalmente o financiamento de projetos editoriais de relevância, onde o custo do livro facilite o acesso à leitura e ao conhecimento.
Recursos financeiros e subsídios para o autor
Defesa dos direitos do escritor.
Garantir a difusão, circulação, capacitação e distribuição das produções regionais.
Divulgação
Apoio à publicação de novos autores
Estabelecer tabelas especiais para remessa dos livros junto aos Correios (carimbo apoio cultural dos correios/política pública dos Correiros para a redução de tarifas);
Distribuição e circulação da obra literária
Programas de apoio à tradução
Garantir linhas de créditos acessíveis para a cadeia produtiva do livro (editoras, livrarias e distribuidoras) e para os leitores e também autores independentes;
Publicação
Fóruns de direitos autorais e copyright restritivo e não-restritivo
Criar leis que regulamentem os mecanismos de comercialização, distribuição e circulação da produção editorial nacional e regional como forma de traduzir a bibliodiversidade e as cadeias produtivas e criativas do livro
Visibilidade, publicidade, reconhecimento
65
locais. Participação em feiras internacionais
Garantir como orientação do MinC a exigência de um mínimo de produção local em estoque e em exposição nas livrarias, bem como na composição de acervos das bibliotecas públicas.
Acesso à editoras
Programas de exportação de livros e apoio para a tradução de livros brasileiros para edição no exterior
Espaço para escritores emergentes
Difusão da leitura e dos escritores brasileiros no exterior
Apoio a pesquisa
Reedição de obras importantes, mas fora de circulação
Formação de público leitor Participação em eventos literários Escolas públicas de formação literária Novos pontos de venda, em lugares alternativos Livros a preços populares Revisores Agenciamento (no Brasil e exterior)
Fonte: Relatório de Gestão da DLLL 2010.
A fim de criar uma agenda de ações prioritária, com viabilidade
financeira e recursos humanos compatíveis com a disponibilidade da Diretoria, as demandas que consideramos como problemas a serem
resolvidos pela proposta de politica pública são aqueles citados
simultaneamente nos 04 quadros. São eles:
1) Necessidade de recursos financeiros para subsidiar o
desenvolvimento dos projetos dos autores;
2) Difusão, circulação da obra literária;
3) Residências e intercâmbios para autores.
REFERÊNCIAS BÁSICAS DO PROGRAMA
Objetivo
Público-alvo
Beneficários
Fortalecer a cadeia criativa do livro.
Autores: escritores e ilustradores.
Primários: Autores Secundários: Leitores (crianças, jovens e adultos).
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ESTRUTARAÇÃO LÓGICA DO PROGRAMA PARA ALCANCE DE
RESULTADOS
RECURSOS
• Recursos humanos Formação de equipe composta por
coordenador/gerente; assistente administrativo (processos,
orçamento, SINCOV, etc.); pessoa encarregada do
acompanhamento e monitoramento das ações; ASCOM; auxiliar
de informática.
• Recursos financeiros Investimento: a definir (PPA 2012-2015)
AÇÕES
• Articulação Institucional
Criação de uma agenda de articulação institucional, voltada a
consolidar a interlocução da Diretoria com instituições que atuam na
mesma área, para contar com parceiros, patrocinadores e apoiadores de
suas ações, a fim de driblar a escassez de recursos e viabilizar a
execução de alguns projetos que não seriam atendidos, ou seriam
atendidos apenas parcialmente, por orçamento próprio. Nesse sentido é
prioritário para a DLLL, que está em processo de se incorporar à FBN,
definir conjuntamente orçamento e ações prioritárias, a fim de evitar
sobreposição e contigenciamento, pois as ações que a FBN executa com
foco em escritores e ilustradores não estão subordinadas à Coordenação
Economia do Livro – cadeia criativa.
Considerando que as políticas públicas para o fortalecimento da cadeia
criativa do livro existentes são executadas pela DLLL, FBN, Funarte,
MEC e MDA (cfe. Labrea: 2011d) é fundamental para a Diretoria se
somar a estas ações, antes de pensar em sobrepô-las ou mesmo
substitui-las com outras ações do mesmo teor. O IPEA (Brasil: 2008,
p.23), ao analisar o modelo de planejamento do Governo Federal,
verificou que há uma tendência de fragmentação das ações em
programas setoriais em detrimento de sua articulação em programas
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multissetoriais, envolvendo a articulação e coordenação de ações de
órgãos variados que atuam sobre o problema identificado. Uma
abordagem multissetorial, por parte da Diretoria junto a outras
instituições governamentais possibilitaria a troca recíproca de
informações e o estabelecimento de estratégias comuns para o alcance
dos objetivos e metas estipulados para a cadeia criativa.
Se considerarmos os editais da FBN podemos pensar que a experiência
da Diretoria na formulação de editais que contemplam as diretrizes da
Agenda Social do Governo Federal podem aprimorar e qualificar o
Programa de Bolsas e Co-edições da FBN. Em relação à Funarte, a
DLLL/FBN poderia colaborar com recursos financeiros para ampliar o
número de bolsas, participar do processo de monitoramento e avaliação
e incorporar os autores selecionados à Caravana de Escritores.
A Diretoria deveria aprofundar sua relação com as instituições e
associações de classe, pois o principal resultado de nossa pesquisa com
as entidades foi a ausência de resposta das instituições8 que trabalham diretamente com escritores e ilustradores. As entidades ligadas à
cadeia produtiva, à edição e distribuição de livros desenvolvem
atividades para a qualificação dos profissionais já ligados ao setor,
inseridos no mercado, mas não existem ações para novos autores e esta
opção é coerente com a lógica do mercado editorial, pois há um descompasso entre a imensa oferta global e a limitadíssima capacidade de absorção do consumidor individual (Earp, Konis: 2005, p.14), o que
torna dispensável este tipo de investimento por parte das editoras.
8 O questionário foi enviado para 12 entidades e associações, com histórico e trabalho reconhecidos, que trabalham com autores, escritores e ilustradores em âmbito nacional: Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares; Associação Brasileira de Difusão do Livro; Associação Brasileira das Editoras Universitárias; Academia Brasileira de Letras; Associação de Leitura do Brasil; Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil; União Brasileira de Escritores; Associação Nacional de Livrarias; Câmara Brasileira do Livro; Câmara Rio-Grandense do Livro; Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e a LIBRE - Liga Brasileira de Editoras. Mesmo tendo ampliado o período para entrega do questionário, tendo trocado a entrega do produto 03 pelo 04 para viabilizar maior participação das entidades, apenas 04 entidades o responderam: Associação Brasileira de Editores de Livros Escolares; Associação de Leitura do Brasil; Associação Brasileira das Editoras Universitárias e a Associação Brasileira de Difusão do Livro (Labrea:2011c).
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A Diretoria poderia trabalhar igualmente para fortalecer a integração
com o aparato técnico-burocrático necessário à política para o
fortalecimento da cadeia criativa do livro; promover a
institucionalização de espaços e mecanismos de participação social
(palestras, seminários, conselhos, câmaras, conferências etc.); e dar
continuidade com o processo de elaborar e adequar a legislação para
atender aos três níveis da administração pública (cfe. Brasil: 2008,
p.24).
• Política de Editais
EDITAL PARA SELEÇÃO DE BOLSAS DE CRIAÇÃO LITERÁRIA
(PARCERIA DLLL/FBN E FUNARTE)
Proposta de parceria entre Funarte/DLLL/FBN para nova edição da
Bolsa Funarte de Criação Literária, para selecionar 120 bolsistas para
produção inédita de textos nas categorias correspondentes aos gêneros
lírico e narrativa. Valor anual do investimento R$ 3.600.000,00, ao
longo de 5 anos.
EDITAL PARA SELEÇÃO DE PROJETOS DE CIRCULAÇÃO DE
AUTORES E OBRAS LITERÁRIAS (PARCERIA DLLL/FBN E
FUNARTE)
Proposta de parceria entre Funarte/DLLL/FBN para nova edição da
Bolsa Funarte de Circulação Literária, para selecionar 100 bolsistas
para fomentar a promoção e difusão da literatura no âmbito nacional,
exclusivamente nos Territórios da Cidadania, a partir da concessão de
bolsas a projetos que ofereçam, uma ou mais atividades, a saber:
oficinas, cursos, contação de histórias e/ou palestras. Valor anual do
investimento R$ 4.000.000,00, ao longo de 5 anos.
EDITAL BOLSA DE CURSO, OFICINAS E RESIDÊNCIA LITERÁRIAS
2011
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Considerando as demandas levantadas na pesquisa realizada por esta
consultoria e os editais e programas já existentes, propomos o EDITAL
BOLSA DE CURSO, OFICINAS E RESIDÊNCIA LITERÁRIAS 20119 que
visa a seleção e concessão de 50 bolsas visando o apoio para as
seguintes categorias: a) Curso e/ou Oficinas - ministrar curso e/ou
oficinas de criação literária, voltadas para o ofício de autor no Brasil; b)
Residência Literária - realizar residências literárias de autores
brasileiros em território nacional e no exterior e c) Residência Literária
- realizar residências literárias de autores de países que têm o
português como língua oficial exclusivamente no Brasil; com
investimento de R$1.000.000,00 (hum milhão de reais).
A Diretoria, na proposta deste edital, busca atingir os públicos e
territórios prioritários para o Governo Federal, bem como atingir todos
os gêneros literários, sem privilegiar nenhum. Se é certo que as políticas
culturais, isoladamente, não conseguem atingir o plano do cotidiano,
vemos que existe um esforço do MinC para escutar e dar uma resposta
afirmativa às demandas oriundas da sociedade civil, organizando-as em
torno de objetivos comuns, formalizando-as por meio de ações e
programas para dar-lhes visibilidade e legitimá-las. Para tanto,
buscamos articular as dimensões antropológica e sociológica de cultura
e fomentar novos circuitos culturais. As demandas e subjetividades que
emergem dos pequenos mundos que habitam nichos do universo
cultural, antes invisíveis - ao serem reconhecidos e nomeados pelo
poder público, a partir de uma política pública - são incorporadas, ao
menos parcialmente, pelo mercado e pela administração pública. Existe
uma assimetria histórica entre sociedade, Estado e mercado e o MinC,
especificamente, a DLLL, em sua política de editais busca apresentar
uma abordagem de gestão que leve em conta os contextos sociais, a fim
de garantir e ampliar os meios de fruição, produção e difusão cultural.
Nossa proposta de edital segue abaixo. 9 A primeira versão deste edital, apresentada no produto 04 desta consultoria, tinha várias outras categorias e um orçamento no valor de 10 milhões, foi elaborada por Fernando Braga, consultor da DLLL. Trabalhamos em cima da versão dele para propor esta versão, que está em avaliaçãoo pela Presidência da FBN desde setembro/2011.
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MINISTÉRIO DA CULTURA DIRETORIA DE LIVRO, LEITURA E LITERATURA – DLLL
FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL
EDITAL BOLSA DE CRIAÇÃO, CURSO, OFICINAS E RESIDÊNCIA LITERÁRIAS 2011
EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO N° XXXXX/2011
A União, por intermédio do Ministério da Cultura, neste ato representado pela Diretoria de Livro, Leitura e Literatura/Fundação Biblioteca Nacional, no uso de suas atribuições legais, torna público o EDITAL BOLSA DE CURSO, OFICINAS E RESIDÊNCIA LITERÁRIAS 2011. O presente edital é fundamentado pela Lei n.º 10.753, de 30 de outubro de 2003, que institui a Política Nacional do Livro; pelo Decreto n.° 7.559, de 01 de setembro de 2011, que institui o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL); pela Lei do Depósito Legal Nº 10.994/2004; Decreto 5.761/2006 e Decreto 6.170/2007; pela Portaria Interministerial 127/2008 - CGU/MF/MPOG; pela Lei 8.666/1993 e pela Portaria n.º 29/2009, do Ministério da Cultura. Este edital público será regido pelos seguintes princípios:
I. Transparência; II. Isonomia;
III. Legalidade; IV. Moralidade; V. Impessoalidade;
VI. Publicidade; VII. Eficiência;
VIII. Equilíbrio na distribuição regional dos recursos; e IX. Acesso à inscrição.
I. DO OBJETO 1.1. Constitui objeto deste Edital a seleção e concessão de bolsas visando o apoio para as seguintes categorias:
• Curso e/ou Oficinas - ministrar curso e/ou oficinas de criação literária, voltadas para o ofício de autor no Brasil;
• Residência Literária - realizar residências literárias de autores
brasileiros em território nacional e no exterior e
• Residência Literária - realizar residências literárias de autores de países que têm o português como língua oficial exclusivamente no Brasil;
1.2. Para efeito deste edital de seleção define-se por:
a) Obra Literária: texto criado ou recriado de forma artística nas categorias de coletânea de poesia, romance, coletânea de crônicas, coletânea de contos, literatura infantil e juvenil, dramaturgia, literatura
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em quadrinhos, ilustração de obras literárias e coleção de literatura de cordel com no mínimo 10 (dez) títulos;
b) Autores: pessoas físicas brasileiras ou que comprovem residência no
Brasil há mais de 2 (dois) anos, ou oriundas de países que têm o português como língua oficial, que comprovem atuação profissional como escritor em qualquer gênero literário; como ilustrador de obras literárias; como quadrinista e com os demais documentos necessários para participação neste certame;
c) Residência Literária: estadia do candidato, por tempo determinado, em
instituições relacionadas à formação de escritores, instituições culturais em geral e sedes de grupos culturais com o objetivo de desenvolver pesquisas, projetos artísticos e trocas de experiências e conhecimentos.
II. DOS RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS 2.1 Os recursos destinados para este edital somam R$ 1.000.000,00 (hum milhão de reais), oriundos do Fundo Nacional de Cultura, Programa XXX, Ação XXX, PT: XXX e PTRES XXX. 2.2 Não há previsão de custos administrativos para a execução do processo seletivo deste edital, em conformidade com o art.6º do anexo da Portaria N º 29/2009. III. DO PRAZO DE VIGÊNCIA 3.1 O presente Edital possui prazo de validade de 12 (doze) meses contados da publicação da homologação do resultado definitivo da seleção no Diário Oficial da União e poderá ser prorrogado por igual período, mediante decisão motivada. IV. DAS CONDIÇÕES DE PARTICIPAÇÃO 4.1 No caso das letras a, b e c, do item 1.1 poderão participar pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos, brasileiros natos ou naturalizados, estrangeiros residentes no país há mais de 2 (dois) anos; 4.2 No caso da letra d, do item 1.1 poderão participar pessoas físicas maiores de 18 (dezoito) anos, cidadãos natos ou naturalizados de países que têm o português como língua oficial; 4.3 É proibida a participação de candidatos que sejam:
a) Membro do Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, do Ministério Público, nos níveis municipal, estadual e federal, ou do Tribunal de Contas da União, ou respectivo cônjuge ou companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o 2º grau;
b) Servidor público ou prestador de serviço vinculado ao Ministério da Cultura e suas instituições vinculadas ou respectivo cônjuge,
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companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade até o 2º grau;
c) Funcionários ou associados das instituições parceiras ou respectivo cônjuge, companheiro ou parentes em linha reta, colateral ou por afinidade até o 2º grau;
d) Membros da Comissão de Seleção.
V. DO APOIO OFERECIDO As bolsas disponibilizadas por este edital devem ser utilizadas exclusivamente para: 5.1 os projetos de curso e/ou oficinas:
a) Auxílio financeiro para desenvolver e ministrar projeto de curso e/ou oficinas selecionado pelo edital;
5.2 as residências literárias:
a) Pagamento de passagens aéreas para formação de autores brasileiros fora de seu domicílio de origem;
b) Manutenção de autores brasileiros em formação fora de seus domicílios de origem, abrangendo hospedagem, alimentação e traslado;
c) Pagamento de passagens aéreas para formação de autores de países que têm o português como língua oficial em residência cultural no Brasil;
d) Manutenção de autores de países que têm o português como língua oficial em residência cultural no Brasil;
e) Pagamento de mensalidades de instituições de ensino para formações de autores brasileiros no Brasil e no exterior;
f) Compra de livros e material necessário para as formações e residências;
VI CRITÉRIOS DE SELEÇÃO 6.1 A quantidade estimada de 50 (cinqüenta) projetos apoiados, a previsão de apoio por projeto e os critérios de seleção, por categoria e tipo de proposta estão descritos conforme segue: 6.2 Bolsas para projeto de cursos e/ou oficinas para autores brasileiros em território nacional
Apoio Quantidade estimada de
projetos apoiados
Valor bruto máximo
unitário do apoio (R$)
Valor estimado do recurso por
categoria (R$)
Curso e/ou oficinas com duração mínima
de 72h/aula
20 Máximo de R$ 20.000,00
400.000,00
6.2.1 Os critérios para julgamento dos projetos de curso e/ou oficinas são os seguintes:
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• Qualidade e originalidade do projeto de curso e/ou oficina (0 a 35,5 pontos)
• Impacto social da proposta – quantitativo (estimativa de número de pessoas beneficiadas) e qualitativo (características sócio-econômicas da população beneficiada; duração e profundidade dos cursos e/ou oficinas) (0 a 30 pontos);
• Metodologia do trabalho – organização e método de execução do projeto (0 a 30 pontos);
• Currículo do autor da proposta (primeiro critério de desempate); 6.2.1.1 A fim de minimizar desigualdades e promover a descentralização das ações culturais, os requerimentos receberão bonificação em sua pontuação de acordo com a Unidade Federativa de origem, com base no histórico da demanda apresentada ao MinC em anos anteriores, conforme estabelecido a seguir: Candidatura originária da UF Pontos atribuídos Acre 2,5 Alagoas 2,5 Amapá 2,5 Amazonas 2,5 Bahia 1 Ceará 2 Distrito Federal 1,5 Espírito Santo 2,5 Goiás 2 Maranhão 2,5 Mato Grosso 2,5 Mato Grosso do Sul 2,5 Minas Gerais 1 Pará 2 Paraíba 2,5 Paraná 1,5 Pernambuco 2 Piauí 2,5 Rio de Janeiro 0,5 Rio Grande do Norte 2,5 Rio Grande do Sul 1 Rondônia 2,5 Roraima 2,5 Santa Catarina 1,5 São Paulo 0,5 Sergipe 2,5 Tocantins 2,5 6.2.1.1.1 No ato de inscrição o proponente deverá anexar comprovante de endereço (água, luz, telefone), sob pena de ter sua inscrição invalidada. 6.2.2 No intuito de fortalecer, promover e difundir ações literárias no interior do país, receberão bonificação adicional de 1 (um) ponto candidaturas não
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originárias das capitais estaduais e de Brasília, ou cujos cursos e/ou oficinas ocorram fora das referidas localidades. 6.2.3 Em consonância com o Decreto nº 6.040 de 07 de fevereiro de 2007 que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, serão bonificados com 1 (um) ponto, requerimentos de povos e de comunidades tradicionais, incluindo: povos indígenas, quilombolas, ciganos, povos de terreiro, irmandades de negros, agricultores tradicionais, pescadores artesanais, caiçaras, faxinalenses, pantaneiros, quebradeiras de coco babaçu, marisqueiras, retireiros, pomeranos, geraizeiros, caranguejeiras, ribeirinhos, agroextrativistas, seringueiros e fundos de pasto. 6.2.4 Em caso de empate entre os proponentes, o desempate seguirá a
seguinte ordem de pontuação dos critérios (média das notas dos membros da Comissão de Avaliação): d) Currículo do autor; a) Qualidade e originalidade do projeto; b) Impacto Social da proposta; c) Metodologia do trabalho. 6.2.5 O projeto de curso e/ou oficinas deverá conter os seguintes itens: apresentação, objetivo, justificativa, metodologia, cronograma, perfil e pré-requisitos do público alvo, material didático, referências bibliográficas, carga horária e período do curso e/ou oficinas, planilha de custos. O curso e/ou oficinas selecionado neste edital, bem como o material didático não poderá, sob hipótese alguma, ser cobrado taxa de inscrição ou mensalidade. 6.3 Bolsas para residências literárias Apoio Quantidade
estimada de projetos apoiados
Valor bruto máximo unitário do apoio (R$)
Valor estimado do recurso por categoria (R$)
Residência de 30 dias a 6 meses no
Brasil
15 Máximo de 10.000,00
150.000,00
Residência de 60 dias a 6 meses no
exterior
15 Máximo de 30.000,00
450.000,00
TOTAL 30 600.000,00
6.3.1 Os critérios para julgamento das propostas de residências literárias são os seguintes:
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• Qualidade das propostas de atividade a ser desenvolvida na residência (intercâmbio, curso, circulação de bens culturais, oficinas, programação cultural, pesquisa, vivências, entre outras atividades pertinentes aos objetivos deste Edital.) (0 a 45,5 pontos);
• Pertinência e coerência entre o trabalho do proponente e a proposta de atividade a ser desenvolvida na residência (0 a 30 pontos);
• Portfólio ou histórico da instituição, comunidade ou profissional em que se dará a residência (0 a 20 pontos);
• Currículo do proponente (primeiro critério de desempate); 6.3.1.1 A fim de minimizar desigualdades e promover a descentralização das ações culturais, os requerimentos receberão bonificação em sua pontuação de acordo com a Unidade Federativa de origem, com base no histórico da demanda apresentada ao MinC em anos anteriores, conforme estabelecido a seguir: Candidatura originária da UF Pontos atribuídos Acre 2,5 Alagoas 2,5 Amapá 2,5 Amazonas 2,5 Bahia 1 Ceará 2 Distrito Federal 1,5 Espírito Santo 2,5 Goiás 2 Maranhão 2,5 Mato Grosso 2,5 Mato Grosso do Sul 2,5 Minas Gerais 1 Pará 2 Paraíba 2,5 Paraná 1,5 Pernambuco 2 Piauí 2,5 Rio de Janeiro 0,5 Rio Grande do Norte 2,5 Rio Grande do Sul 1 Rondônia 2,5 Roraima 2,5 Santa Catarina 1,5 São Paulo 0,5 Sergipe 2,5 Tocantins 2,5 6.3.1.1 No ato de inscrição o proponente deverá anexar comprovante de endereço (água, luz, telefone), sob pena de ter sua inscrição invalidada. 6.3.2 No intuito de fortalecer, promover e difundir ações literárias no interior
do país,
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receberão bonificação adicional de 1 (um) ponto candidaturas não originárias das capitais estaduais e de Brasília, ou cujos cursos e/ou oficinas ocorram fora das referidas localidades. 6.3.3 Em consonância com as prioridades da política internacional brasileira e da política cultural do Ministério da Cultura, serão bonificados com 1,5 (um e meio) ponto adicional os requerimentos oriundos dos países que fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - CPLP: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. 6.3.4 Em consonância com o Decreto nº 6.040 de 07 de fevereiro de 2007 que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, serão bonificados com 1 (um) ponto, requerimentos de povos e de comunidades tradicionais, incluindo: povos indígenas, quilombolas, ciganos, povos de terreiro, irmandades de negros, agricultores tradicionais, pescadores artesanais, caiçaras, faxinalenses, pantaneiros, quebradeiras de coco babaçu, marisqueiras, retireiros, pomeranos, geraizeiros, caranguejeiras, ribeirinhos, agroextrativistas, seringueiros e fundos de pasto.
6.3.5 Em caso de empate entre os proponentes, o desempate seguirá a
seguinte ordem de pontuação dos critérios (média das notas dos membros da Comissão de Avaliação): d) Currículo do proponente; a) Qualidade da proposta; b) Pertinência e coerência do trabalho do proponente e a proposta de atividade; c) Portfólio ou histórico da instituição, comunidade ou profissional em que se dará a residência. 6.3.2 O proponente oriundo de país que tem o português como idioma oficial, se contemplado, receberá valor reservado à residência no exterior – máximo de R$ 30.000,00. 6.4 A Comissão de Avaliação se reserva o direito de aprovar total o parcialmente a planilha de custos das propostas selecionadas, podendo indicar bolsas com valores menores do que os previstos nos itens 6.2 e 6.3. 6.5 Os projetos de qualquer categoria que não obtiverem pontuação igual ou superior a 50 (cinqüenta) pontos serão desclassificados; VII DA BOLSA 7.1 O valor da bolsa concedida a cada proponente contemplado será pago integralmente após a aprovação da análise documental e assinatura do Termo de Compromisso. 7.2 O valor da bolsa será depositada em conta corrente do proponente contemplado, sendo vetado o depósito em conta conjunta, conta poupança e/ou conta de terceiros. 7.3 No caso de não haver inscrição em alguma das categorias ou o(s) projeto(s) apresentado(s) estar(em) em desacordo com as exigências do Edital, a Diretoria do Livro, Leitura e Literatura/FBN/MinC poderá
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redistribuir a bolsa para as outras categorias, respeitando a seguinte ordem: a) curso e/ou oficinas; b) residências literárias. 7.4 Ocorrendo desistência ou impossibilidade do recebimento da bolsa por parte do contemplado, os recursos poderão ser destinados a outros projetos relacionados ao objeto deste Edital, dentro da mesma categoria, observada a ordem de classificação feita pela Comissão de Avaliação. 7.5 Na hipótese de nova dotação orçamentária poderão ser concedidas novas bolsas, de acordo com a ordem de classificação feita pela Comissão de Avaliação, respeitando a seguinte ordem: a) curso e/ou oficinas; b) residências literárias. 7.6 Os valores e quantidades de projetos apoiados estimados nos itens 6.2 e 6.3 configuram apenas expectativa de apoio pelo Ministério da Cultura, ficando o repasse efetivo das bolsas condicionado à quantidade e qualidade das propostas inscritas, à disponibilidade orçamentária do MinC e ao atendimento, pelos proponentes, de todas as condições para recebimento das bolsas; 7.7 No sentido de otimizar a execução dos recursos públicos oferecidos para apoio às iniciativas participantes, a depender da qualidade e valores solicitados nas propostas recebidas e/ou da disponibilidade orçamentária, o Ministério da Cultura reserva-se o direito de apoiar números diferentes e/ou superiores de propostas por categoria; 7.8 Os proponentes selecionados deverão comprovar sua condição de regularidade jurídica, fiscal e tributária, mediante apresentação de cópia da documentação, no prazo máximo de 10 (dez) dias úteis, a contar do recebimento da comunicação do resultado. A não apresentação destes documentos implicará em desclassificação e chamada do próximo da lista de classificação. 7.8.1 Para a assinatura do Termo de Compromisso, o proponente deverá encaminhar a seguinte documentação:
a) Certidão Negativa de Débitos de Tributos e Contribuições Federais. Esta certidão pode ser obtida no site www.receita.fazenda.gov.br, opção “pessoa física”;
b) Se o concorrente for estrangeiro: cópia de comprovação de residência no Brasil há mais de 2 (dois) anos e cédula de identidade estrangeira ou visto de trabalho ou visto de permanência
c) Cópia do documento de identidade; d) Cópia do Cadastro de Pessoa Física – CPF. e) Dados bancários (nome do banco, nome e número da agência e conta
corrente) do proponente. 7.8.2 Os contemplados que estiverem inadimplentes junto ao Cadastro Informativo dos Créditos Quitados do Setor Público Federal (CADIN) serão desclassificados. 7.8.3 Para o recebimento das bolsas o candidato deverá comprovar adimplência junto aos órgãos de controle fiscal federais, entre eles a Receita Federal e o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF;
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7.9 Ficam sob a responsabilidade dos contemplados todos os contatos, os custos, os encargos e a operacionalização do projeto proposto. VIII. DAS INSCRIÇÕES Ao realizar a inscrição o candidato:
a) Reconhece e declara, automaticamente, que aceita as regras e condições estabelecidas neste Edital, às quais não poderá alegar desconhecimento; b) Responsabiliza-se legalmente pelos documentos e materiais apresentados.
8.1 As inscrições são gratuitas e serão realizadas no prazo de xxxxxxx a xxxxxxx de 2011, somente pelo sítio eletrônico www.cultura.gov.br. Não serão aceitas inscrições pelo correio, correio eletrônico e não serão consideradas as inscrições efetuadas após o término do prazo. 8.2 As inscrições para participar na Categoria de Curso e/ou Oficinas devem ser compostas por:
a) Formulário de inscrição devidamente preenchido e assinado – ANEXO I; b) Projeto do curso e/ou oficina - ver roteiro de elaboração de propostas –
ANEXO II; c) Planilha orçamentária – ver roteiro de elaboração de propostas –
ANEXO II; d) Para os casos em que a planilha de custos somar valor superior ao apoio
estabelecido na categoria, deverá ser apresentada Declaração de Disponibilidade de Recursos Adicionais – ANEXO III;
e) Currículo do candidato constando seu histórico acadêmico e profissional e sua produção literária (máximo de 5 laudas);
8.3 As inscrições para participar na Categoria de Residência Literária devem ser compostas por:
a) Formulário de inscrição devidamente preenchido e assinado – ANEXO I; b) Cronograma de atividades – ANEXO IV, c) Planilha orçamentária – ver roteiro de elaboração de propostas –
ANEXO IV; d) Para os casos em que a planilha de custos somar valor superior ao apoio
estabelecido na categoria, deverá ser apresentada Declaração de Disponibilidade de Recursos Adicionais – ANEXO III;
e) Currículo do candidato constando seu histórico acadêmico e profissional e sua produção literária (máximo de 5 laudas);
f) Número do(s) Registro(s) no ISBN de obra(s) de sua autoria; g) No máximo 3 (três) títulos mais recentes do autor, registrados no ISBN
(um exemplar de cada); h) Carta de admissão ou convite para participação de residência ou de
formação voltadas para o ofício de autor; i) Ementa ou Programa da atividade a ser desenvolvida durante o período
de residência, com a respectiva duração; j) Histórico ou portfólio da instituição, comunidade ou profissional em que
será realizada a residência (máximo de 3 laudas); 8.4 Todo o material de inscrição deverá ser encaminhado em português;
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IX DA HABILITAÇÃO E SELEÇÃO 9.1. O processo de seleção é composto das seguintes etapas:
a) Habilitação do projeto: a análise dos documentos solicitados. b) Avaliação e Seleção: realizada pela Comissão de Avaliação e Seleção constituída segundo os critérios constantes nos itens 6.2.1, 6.2.1.1., 6.2.2, 6.2.3, para bolsas para execução de projetos de curso e/ou oficinas e 6.3.1, 6.3.1.1, 6.3.2, 6.3.3, 6.3.4 para bolsas de residências literárias. c) Habilitação para o Termo de Compromisso: após a publicação do Resultado Final no Diário Oficial da União, os proponentes selecionados deverão entregar a documentação complementar, conforme item 7.8.1, para a assinatura do Termo de Compromisso.
9.2. Compete ao Ministério da Cultura, por intermédio da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura/FBN proceder a habilitação das propostas, a partir da verificação dos documentos apresentados no ato da inscrição dos candidatos e convocar uma comissão técnica, designada pela unidade gestora da seleção pública, que conferirá se as inscrições obedecem às exigências de prazo, condições, documentos e itens expressos no edital, para, ao final da conferência, encaminhar, acompanhada de ata circunstanciando suas ações, a lista de inscrições habilitadas e inabilitadas à unidade gestora da seleção pública, que cuidará da divulgação e publicação da lista de habilitação. 9.3. A lista de habilitação deverá conter:
I - nome do projeto e do proponente; II - município e UF do proponente; III - razão da inabilitação, em caso de indeferimento; e IV - formulário próprio para recurso, em anexo.
9.4. Caberá recurso da inabilitação da inscrição, a ser analisado pela comissão técnica responsável pela etapa de habilitação, a qual apresentará ata de julgamento dos recursos para a unidade gestora, que cuidará de sua divulgação e publicação. 9.5 Compete ao Ministério da Cultura, por intermédio da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura/FBN e/ou de outro órgão interno ou externo, a habilitação das propostas, a partir da verificação dos documentos apresentados no ato da inscrição dos candidatos. 9.6 A relação dos proponentes habilitados e inabilitados será publicada no Diário Oficial da União e simultaneamente no sítio eletrônico www.cultura.gov.br; sendo de total responsabilidade do proponente acompanhar a atualização de informações em ambos. 9.7 Após a publicação do resultado da fase de habilitação, os candidatos não habilitados poderão interpor recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da data de publicação no Diário Oficial da União, não cabendo a apresentação de documentos não anexados anteriormente.
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9.8 O recurso deverá ser efetuado somente no sítio eletrônico www.cultura.gov.br, não sendo recebido por correio eletrônico ou correio. 9.9 Os recursos serão julgados pelo Ministério da Cultura, por intermédio da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura/FBN, homologados pelo seu dirigente, e o resultado será publicado no Diário Oficial da União e divulgado no sítio eletrônico www.cultura.gov.br, sendo de total responsabilidade do proponente acompanhar a atualização de informações em ambos. 9.10 As inscrições habilitadas serão avaliadas por uma Comissão de Avaliação e Seleção presidida por representante da Diretoria de Livro, Leitura e Literatura/FBN, ou pelo seu substituto (a) indicado (a), a quem caberá o voto de qualidade. 9.11 A Comissão de Avaliação e Seleção será composta por membros e seus respectivos suplentes, a serem indicados pelo Ministério da Cultura, através da Diretoria do Livro Leitura/FBN, entre representantes do Ministério da Cultura, de outros órgãos da administração pública federal e membros da sociedade civil com ampla atuação no setor editorial e livreiro e especialistas na área de literatura, mercado editorial nacional e internacional, críticos literários, acadêmicos, entre outros, sendo preferencialmente, pelo menos, um representante de cada região do país. Os membros da Comissão de Avaliação e Seleção e os respectivos suplentes serão designados por meio de portaria, a ser publicada até a fase de habilitação. 9.12 A decisão da Comissão de Avaliação e Seleção é soberana e se dará, a partir de pareceres prévios emitidos e apresentados por Subcomissões, compostas da seguinte forma:
a) Subcomissão de Curso e/ou Oficinas b) Subcomissão de Residência Literária
9.13 Os pareceres prévios emitidos pelas Subcomissões deverão indicar o deferimento ou indeferimento dos projetos e, se for o caso, glosas ou reduções de itens do orçamento com os respectivos argumentos que subsidiarão a decisão final por maioria de votos da Comissão de Avaliação e Seleção; 9.14 Os membros da Subcomissão que emitiram o parecer prévio devem abster-se da votação referente ao(s) projeto(s) previamente examinado(s). 9.15 Os membros da Comissão de Avaliação e Seleção não poderão ter vínculo com as iniciativas que estiverem em processo de seleção. 9.16 Os membros da Comissão ficam impedidos de participar da apreciação de projetos que estiverem em processo de avaliação e seleção nos quais:
a) Tenham interesse direto ou indireto na matéria; b) Tenham participado como colaborador na elaboração da proposta ou
tenham realizado projetos em parceria com o candidato nos últimos dois anos, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
c) Estejam litigando judicial ou administrativamente com o proponente, ou respectivo cônjuge ou companheiro.
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9.17 O membro da Comissão que incorrer em impedimento deve comunicar o fato ao referido colegiado, abstendo-se de atuar, sob pena de nulidade dos atos que praticar. X DO ACOMPANHAMENTO 10.1 Os proponentes contemplados ficarão obrigados a encaminhar à Diretoria de Livro, Leitura e Literatura um relatório mensal, em formato eletrônico, apresentando o desenvolvimento da execução do projeto. 10.2 Os proponentes contemplados ficarão obrigados a encaminhar à Diretoria de Livro, Leitura e Literatura um relatório final, impresso e encadernado e em formato eletrônico, em até 30 dias do término de execução do projeto apre-sentando as atividades realizadas conforme disposto no projeto contemplado. O relatório final deverá conter, no mínimo:
a) Curso e/ou oficina: relatório de atividades, material didático utilizado, avaliação do desempenho dos participantes, proposta de desdobramentos a partir da formação realizada e, caso estejam previstos no programa de formação, certificado ou diploma, todos os relatórios mensais; b) Residência cultural: relatório de atividades desempenhadas na residência; avaliação do desempenho do proponente pela instituição da residência ou integrantes do grupo cultural e proposta ou relatório de desdobramentos a partir da residência realizada, todos os relatórios mensais.
XI DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 11.1 Será possível a inscrição de mais de um projeto na mesma categoria ou em categorias distintas, mas cada proponente será contemplado com apenas um projeto, a critério da Comissão de Avaliação e Seleção; 11.2 A inscrição do candidato implica na total aceitação às normas e condições estabelecidas neste Edital, não podendo o proponente alegar desconhecimento; 11.3 É de inteira responsabilidade dos candidatos a veracidade das informações apresentadas e o cumprimento de todas as exigências para participação no Edital, estando sujeitos às penalidades cabíveis aqueles candidatos que omitirem ou fraudarem dados e documentos exigidos pelo Ministério da Cultura; 11.4 O Ministério da Cultura não se responsabiliza por licenças e autorizações para utilização pelo candidato de trechos e citações de outras obras, dados e fatos da vida de terceiros, entre outros conteúdos sujeitos à proteção de qualquer natureza, necessários ao desempenho das atividades previstas no Edital; 11.5 Os valores das bolsas de todas as categorias estão sujeitos a descontos legais; 11.6 É rigorosamente vedada a utilização dos recursos deste Edital para o custeio de despesas fora ou em desacordo com a proposta aprovada pela Comissão de Avaliação e Seleção;
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11.7 Os projetos selecionados deverão ser executados imediatamente após o pagamento da bolsa com prazo para finalização de acordo com o cronograma da proposta; 11.8 Os casos omissos serão apreciados e resolvidos pelo Diretor de Livro, Leitura e Literatura – DLLL e/ou pela Comissão de Avaliação e Seleção, ficando eleito o Foro da Justiça Federal, Seção Judiciária do Distrito Federal para dirimir eventuais questões de cunho jurídico relativas a este Edital;
FABIANO DOS SANTOS Diretor de Livro, Leitura e Literatura - DLLL/FBN
GALENO DE AMORIM JÚNIOR Presidente da Fundação Biblioteca Nacional
CAMPANHA NACIONAL PARA CADASTRO DE ESCRITORES E
ILUSTRADORES
Recomendamos à Diretoria realizar uma campanha nacional para o
mapeamento e cadastro de escritores (as) e ilustradores (as), a fim
de criar um canal de interlocução direta e estar atualizada das
necessidades e demandas do segmento. Iniciamos um cadastro para
esta pesquisa, via mensagens eletrônicas para as redes e movimentos de
escritores e ilustradores, bem como para as entidades, mas o ideal seria
uma campanha nacional, a partir de um sítio eletrônico em que os
escritores e ilustradores poderiam se cadastrar on-line. Em nosso
segundo produto (Labrea:2011b) propomos um formato de blog para a
rede dos pontos de leitura, que acreditamos ser compatível igualmente a
um espaço reservado aos escritores e ilustradores. Este cadastro é uma
reivindicação da Câmara Setorial do Livro e Leitura e, em 2006, seus
integrantes descreveram minuciosamente os passos deste cadastro, que
sugerimos adotar como referência:
A realização de um Censo Nacional de Escritores tem como objetivo fazer um levantamento completo e um mapeamento da localização e perfil dos escritores brasileiros e suas obras, estejam estas publicadas ou inéditas. Entre outros aspectos, destacamos alguns fundamentais:
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1) Informações do cadastramento – o formulário a ser preenchido para cada escritor deverá ter: campos de identificação, como nome real, nome literário, sexo, data e local de nascimento, profissão, estado civil, formação, campos de localização, como endereço residencial, município, UF, código de endereçamento postal, telefones residencial, comercial e celular, correio eletrônico e página na web; informações literárias, como número de livros publicados e número de inéditos, gêneros nos quais escreve (poesia, romance, crônica, jornalismo, livros científicos, literatura infanto-juvenil, contos, outros ensaios etc.), editoras com as quais já publicou; e um campo aberto para comentários adicionais. Não é aconselhável mais que isto, para não ser exaustivo, e informações complementares podem ser coletadas a posteriori.
2) Tecnologia do censo – As informações relacionadas no item acima deverão ser capturadas através de um formulário online, em website específico na internet, através de duas formas: a) que possa ser preenchido diretamente através de uma página interativa e b) que possa ser feito download do formulário em formato para impressão (pdf e rtf). Esta ultima forma visa permitir que o alcance do censo ultrapasse as barreiras de acesso digital, de modo que os formulários em papel tanto podem ser enviados por correio como digitados diretamente por parceiros envolvidos na mobilização e na capacitação de dados.
3) Mobilização e capacitação – Visando obter uma ampla representatividade, o Censo Nacional de Escritores deverá possuir “banners” para serem colocados em sites de editores, de entidades literárias, impressos, com cópia do formulário e os endereços de correio e na web, releases para a imprensa e uma campanha de lançamento que engaje parceiros no censo, reuniões específicas com setores da imprensa, da área editorial, universidades e entidades de escritores podem ajudar a garantir um alcance territorial significativo.
4) Período de realização – O censo teria três etapas de 60 dias cada: a primeira etapa seria a do levantamento inicial, com a publicação dos resultados alcançados nesses dois primeiros meses; a segunda fase
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constituir-se-ia da continuidade da primeira, por mais dois meses, com reforço nos estados e municípios que tenham carreado dados inferiores à expectativa, publicando-se no website do censo e nos dos parceiros, bem como na imprensa, um mapa parcial e um ranqueamento de resultados, até para estimular uma saudável competição, e evidenciando aos parceiros locais onde podem existir zonas de baixa densidade de participação; e a terceira fase, que consiste na consistência, cruzamento e análise dos resultados, com a feitura de mapas georreferenciados, mapas conceituais, tabelas, gráficos e um relatório final.
5) Análise e mapeamento dos dados – Este trabalho consiste em revisão e consistência de dados, correção de erros de digitação, padronização de caixa, glosagem de resultados repetidos ou inconsistentes, cruzamentos de dados (qual a porcentagem de escritores do sexo feminino no nordeste, qual a faixa etária média dos escritores em Santa Catarina, qual a distribuição nacional dos autores em função do número de obras inéditas e assim por diante), assinalando-se para cada formulário uma localização geográfica com latitude e longitude, visando a produção de mapas georreferenciados e temáticos, bem como gráficos, tabelas e textos analíticos e descritivos.
6) Divulgação dos resultados – Os resultados serão divulgados no website do Censo de forma completa, com o material de divulgação mais sintético e também com os dados completos, para serem utilizados livremente por quem fizer download dos mesmos. Idealmente, seria interessante a feitura de uma publicação de ampla tiragem e um CD a ser disponibilizado para todos os parceiros.
7) Pesquisas posteriores – Uma vez feito esse primeiro censo, e assim obtido um universo de respondentes, poderão ser feitas pesquisas complementares posteriores, para a obtenção de mais dados e informações (por exemplo, relação de obras editadas, com título, ano de publicação, editora, gênero, número de páginas e, se possível, sinopse de algumas linhas) (Castilho:2010,p.107-108).
PROGRAMA DE CIRCULAÇÃO DE ESCRITORES, ILUSTRADORES E
OBRAS LITERÁRIAS
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Outra importante demanda são programas de circulação de escritores
em universidades no Brasil e exterior, escolas públicas, bibliotecas
públicas, bibliotecas comunitárias, pontos de leitura, pontos de cultura,
zonas rurais onde existem Arcas da Letras implantadas, junto aos
projetos beneficiados pela bolsa de circulação literária da Funarte. Estes
projetos de circulação estariam vinculados a uma rede local para
difusão de escritores e ilustradores, bem como ao fortalecimento de
circuitos literários. A Caravana dos escritores do Circuito de Feiras do
Livro, poderia integrar este programa, mas estamos propondo ações
enraizadas, para além de um calendário de eventos, que tenham
continuidade e regularidade ao longo do ano. A Caravana explicita que
seu foco está na cadeia produtiva do livro, voltada para o fortalecimento
do mercado editorial, e em nosso entendimento para fortalecer a cadeia
criativa do livro temos que considerar que os livros, mais que
mercadorias, são objetos culturais e que a presença de escritores e
ilustradores nestes espaços, em um projeto anual, para além de vender
a obra, a faz circular, aumentar o fluxo e o interesse de leitores e torna
possível falarmos em circuitos literários mais amplos. Estes programas
já foram sugeridos em 2004 pelo Movimento Literatura Urgente e, em
2006, incorporados às demandas do Colegiado Setorial de Livro, leitura
e literatura: 1) Programa de Circulação de Escritores na
Universidade – em articulação do Ministério da Cultura com o Ministério da Educação, criar um programa de circulação de escritores e poetas pelas universidades. Caravanas bimestrais de cinco autores deverão circular pelas universidades das cinco regiões do Brasil para debates sobre literatura, leituras públicas e lançamentos de livros e revistas.
2) Programa de Circulação de Escritores na Escola – mesmo princípio do programa anterior, mas agora em articulação do Ministério da Cultura com os governos estaduais e municipais brasileiros (através de suas respectivas Secretarias de Cultura e Educação ampliando, assim, o projeto para a rede de escolas públicas estaduais e municipais. Os escritores e poetas deverão ser selecionados com preponderância de
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autores locais de cada comunidade, assegurando-se, porém, significativa presença de autores de outras regiões.
3) Programa Latino-Americano de Literatura – em articulação do MinC com o Itamaraty e Ministérios da Cultura estrangeiros, embaixadas e universidades, para circulação mútua de escritores e poetas entre países latino-americanos, criando também um Programa de Intercâmbio de Escritores e Poetas Visitantes nas universidades desses países. Tal circulação deverá envolver presença em eventos culturais e educacionais, períodos de estadia com hospedagem garantida, bem como políticas para a tradução e publicação de obras.
4) Programa Entre-Mares da Literatura – a mesma idéia do programa anterior, porém entre o Brasil, Portugal e os demais países de língua portuguesa, assegurando- se também na visitação desses autores a escolas públicas, além das universidades.
5) Jornada Nacional Literária – criação ou apoio a um grande evento anual (a ser realizado em cidades diferentes), reunindo escritores, poetas e ensaístas para leituras, debates, conferências, palestras e lançamentos, e aberto a estudantes e professores (estes, com isto, poderão se atualizar sobre a criação e a discussão literária do Brasil, servindo de agentes multiplicadores junto aos seus alunos). Para definir os critérios e a seleção de projetos e de autores para cada uma das propostas acima, sugerimos a formação de uma comissão paritária com membros do Ministério da Cultura, dos escritores e da sociedade civil ligados ao setor literário e com comprovado conhecimento. É fundamental também que todos os programas sejam anunciados em editais públicos, de forma transparente e democrática, especialmente os que se referem ao Fundo Nacional da Literatura e à Bolsa de Criação Literária (Castilho: 2010, p. 106-7).
IDENTIFICAÇÃO DE FATORES DE CONTEXTO QUE PODEM
INFLUENCIAR NA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA
Devemos considerar que os instrumentos de planejamento e de gestão
sofrem limitações para o acompanhamento acurado e a condução
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precisa das políticas públicas, diante do contigenciamento
orçamentário, da escassez de recursos humanos, da mudança de
orientação política, da ausência de um sistema de informações
adequadas para o monitoramento do desenvolvimento das ações, entre
outros fatores, e isto poderá influenciar e até mesmo determinar o
futuro das ações propostas. As iniciativas propostas foram formuladas a
partir do que está consubstanciado no PPA e reproduzem algumas das
prioridades políticas dos órgãos setoriais, das instâncias de
participaçnao social e refletem, ao menos discursivamente, as opções
estratégicas da Diretoria e PNLL. Mas hoje a Diretoria faz parte da FBN
e é importante conhecer o grau de adesão à proposta por parte da FBN,
pois, em última instância, será ela quem decidirá pela implementação ou
não das ações e o grau de prioridade, investimento e recursos humanos
despendidos. Uma questão relevante a ser esclarecida em conjunto com
a FBN é até que ponto se trata efetivamente de uma agenda comum que
haverá uma soma de esforços institucionais, ou se a agenda da Diretoria
estará comprometida prioritarimente com a agenda da FBN. Se
analisarmos o escopo das ações da FBN em 2011, veremos que seu foco
foram as bibliotecas e os livros, priorizando a cadeia produtiva e a
interlocução com as editoras e livreiros. São agendas diferenciadas, mas
que podem se complementar, se houver o entendimento por parte da
FBN de que a Diretoria se organiza a partir dos eixos do PNLL e já tem
um histórico de ações e uma linha programática bem definida (cfe.
Relatório de Gestão DLLL 2010).
Paralelamente, cabe refletir ainda sobre as questões ligadas à organização institucional adequada ao funcionamento dessas iniciativas, boa parte delas de ampla magnitude e complexidade. Colocar em prática tal agenda de prioridades requer gestão estratégica, o que, além da clareza sobre quais são estas prioridades, implica dispor de instrumentos de mobilização e coordenação política sofisticados, capazes de romper com a lógica setorializada e burocratizada da execução do orçamento público. (Brasil, 2008, p.25).
Outra questão importante que devemos considerar quando se pensa em
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fatores que podem influenciar a execução ou não de uma ação é o
contingenciamento no orçamento, que tem afetado o MinC de modo
geral e a Diretoria em particular e isso tem dificultado a execução de
ações finalísticas, inviabilizando o desenvolvimento de iniciativas
culturais consideradas prioritárias para se alcançar minimamente os
objetivos contidos na política pretendida para o setor de livro, leitura e
literatura. Em 2010, por exemplo, a instabilidade do fluxo de recursos
financeiros produziu um impacto negativo na execução das ações,
gerando um elevado montante de recursos de restos a pagar para o
exercício de 2011 e isso congelou, por assim dizer, a agenda da
Diretoria que passou o ano tentando viabilizar os recursos para pagar os
editais e ações de 2010, antes de qualquer nova iniciativa.
As ações que sugerimos acima são importantes para introduzir novos
circuitos culturais com foco na cadeia criativa no centro das políticas
culturais de livro e leitura da Diretoria. Assumimos que o objetivo
principal das políticas culturais é promover mudanças na sociedade
através da cultura. As políticas culturais são um conjunto de
intervenções realizadas pelo Estado, instituições civis e grupos
comunitários organizados a fim de orientar o desenvolvimento
simbólico, satisfazer as necessidades culturais da população e obter
consenso para um tipo de ordem ou de transformação social (Canclini:
2001).
Por fim, uma agenda positiva do livro, leitura e literatura é estratégica
para o desenvolvimento do país e dialoga com os princípios da
democracia e o direito cultural, visto como o direito de produzir, fruir,
transmitir bens e produções culturais, bem como reconhecer formas de
vida. É dever do Estado a tutela do direito cultural, garantindo sua
realização por meio de ações e políticas. A democracia cultural, como conjunto de eventos que envolve distribuições de bens, oportunidades, participação na criação e em fluxos de decisão, se irradia para os processos contínuos de desenvolvimento. Ela significa crescente melhoria
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das condições de vida e reconhecimento de que formas alternativas de vida e cultura devem ser consideradas em sua dignidade, inclusive por contribuírem para o desenvolvimento e para o convívio e interação dos diferentes, ou para a interculturalidade (Silva e Araújo: 2010, p.15)
Brasília, 28 de novembro de 2011
Valéria da Cruz Viana Labrea
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de articulações e implementação de ações e eventos que visem o
pleno desenvolvimento da cadeia criativa do livro e participação de
seus representantes e atores interessados. Brasília: MinC/UNESCO,
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LABREA, Valéria Viana. Produto 3 - Relatório contendo a
sistematização das informações estratégicas para a implementação
de programas e políticas públicas para a área de livro e leitura e o
desenvolvimento da cadeia criativa do livro. Brasília: MinC/UNESCO,
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