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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO SECRETARIADO EXECUTIVO
RELATÓRIO DE PROJETO DE PESQUISA:
A SECRETÁRIA EXECUTIVA NO TERCEIRO SETOR
COORDENADOR:
José Moura Pinheiro.
Salvador – Ba
2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
A SECRETÁRIA EXECUTIVA NO TERCEIRO SETOR
COORDENADOR:
José Moura Pinheiro
EQUIPE TÉCNICA:
Íris Gomes;
Marília Bispo;
Milene Almeida
Salvador – Ba
2004
RESUMO
Este projeto de pesquisa propõe estudar a atuação de uma amostra não representativa de
Secretárias Executivas no Terceiro Setor, buscando entender a relação entre suas habilidades e
competências com as atividades desempenhadas e o modo do exercício do poder em organizações
não governamentais em Salvador.
Tenta-se verificar, paralelamente, se a atuação das profissionais nestas organizações é mais
técnica, baseada em uma participação limitada ou caracteriza-se como uma atuação participativa,
a qual necessita de conhecimentos específicos e aplicáveis em Gestão Social.
Este estudo consiste em levantar dados e informações que, apesar de necessárias, atualmente não
constam em bibliografia, contribuindo, assim, para um conhecimento mais aprofundado de uma
área de atuação em desenvolvimento. Tendo um objeto de estudo desconhecido, a Secretária no
Terceiro Setor, mas de grande relevância em organizações nacionais e internacionais, este estudo
caracteriza-se como pioneiro, tanto para o Terceiro Setor, como para os profissionais de
secretariado.
ABSTRACT
This research’s project proposes study the actuation of executives secretary’s on the Third
Sector, to understand the relationship between your abilities and competences with the activities
and way of exercise power’s in the non-governmental organizations at Salvador city.
Trying realizing, at the same time, if the actuation of the professional in this organizations is
more technique, based in one limited participation or one actuation that feed of specific
knowledge at social manager.
This study consist in got data and information that are necessary and nowadays not exist in
national books and magazines make one contribution for the knowledge more deep about field in
development. Got one object’s study unknowed, the Secretary on the Third Sector, but that has a
great importance in the national and international organizations, this text means one innovator
study as the Third Sector, than for the secretary professionals.
1.0) TEMA
A Secretária Executiva no Terceiro Setor em Salvador.
1.1) OBJETIVOS
Esta pesquisa objetivou analisar a atuação do profissional de secretariado executivo no Terceiro
Setor e a influência da utilização de sua técnica ou capacidade de gestão social, em cada
organização pesquisada, em seus respectivos processos decisórios.
a) Objetivo Geral:
v Compreender como se dá a participação da Secretária Executiva nos processos
decisórios das ONG´S.
b) Objetivos Específicos:
v Determinar as atividades exercidas pelo profissional de secretariado Executivo que
contribuem nos processos decisórios das ONG´S;
v Analisar a ausência ou deficiência de conhecimento específico na área de gestão
social;
v Verificar se há maior concentração de secretárias graduadas em organizações
caracterizadas como de grande porte.
v Saber em qual área de atuação as organizações que contam com secretárias
graduadas se encaixam (cultura e educação; saúde; combate à violência e
discriminação; Religiosa; outros)
2.0) JUSTIFICATIVA
A pesquisa surgiu da vontade conjunta de compreender a participação da secretária executiva na
tomada de decisões das organizações do terceiro setor em Salvador, intentando verificar se a
atuação deste profissional, nas organizações a serem pesquisadas, caracteriza-se como técnica,
menos participativa, ou necessita de um conhecimento amplo de gestão social para que ocorra
uma participação maior no processo decisório.
Mediante a revisão de literatura ou bibliografia realizada pela equipe, verificou-se a
deficiência literária no que tange a relação Secretária Executiva – Terceiro Setor. O que evidencia
a necessidade de um estudo de exploração desta relação.
Para tanto, fez-se necessária uma breve conceituação de terceiro setor e de gestão social a fim de
elucidar o tema.
O terceiro setor está representado por organizações da sociedade civil sem fins lucrativos,
pressupondo a existência do primeiro setor, representado pelo Estado, valendo-se de ações
legitimadas e organizadas mediante poderes coercitivos; e do segundo setor, representado pelo
mercado, o qual visa o lucro. Já o terceiro setor objetivo, basicamente, o atendimento de
necessidades coletivas ou públicas.
O terceiro setor divide-se em dois grupos, de acordo com a finalidade:
v Organizações que atendem os interesses de seus membros, como sindicatos, associações
de bairro e de profissionais;
v Organizações de interesse público e coletivo a exemplo de entidades que defendem os
direitos humanos, instituições de caridade e organismos de proteção ao meio ambiente.
Portanto, o terceiro setor compõem-se de organizações variadas, desde àquelas de base
comunitária, sindicatos e igrejas à hospitais, escolas e universidades.
A estrutura organizacional do terceiro setor divide-se em:
a) Formais – realizam reuniões regulares e possuem regras de procedimento;
b) Privadas – não fazem parte do Governo e nem são dirigidas, exclusivamente por memb�os
deste;
c) Não distributivas de lucros – podem gerar lucros, mas não pode dividi-los entre os
membros. Estes devem ser investidos na missão da organização;
d) Autônomas – possuem procedimentos administrativos próprios, não devendo ser controladas
por entidades externas;
e) Voluntárias – deve-se existir algum grau de participação voluntária.
É interessante ressaltar que o termo “terceiro setor” compreende todo tipo de organizações sem
fins lucrativos, sendo assim, não é uma esfera homogênea, visto que, coexistem organizações
ambientalistas, por exemplo, criadas pela sociedade civil, e entidades mantidas por empresas que
atuam com projetos sociais para fins de marketing. Entretanto, a pesquisa será direcionada a uma
parte do terceiro setor representada pelas Ong´s que são grupos sociais pertencentes à esfera
privada da sociedade civil, que possuem uma estrutura formal, não perseguem fins lucrativos,
possuem maior autonomia, estão ligadas á sociedade através de atos de solidariedade e possuem
uma função sócio-política em sua comunidade.
A gestão social, modelo de administração adotada por parte das organizações do terceiro setor, é
o processo de mediação que articula múltiplos níveis de poder individual e social no intuito de
conseguir resultados precisos, com o uso de recursos adequados na prática de gerir organizações
do terceiro setor. Devido à existência de significados valorativos-ideológicos, a gestão social
deve perseguir o princípio da eficiência a fim de não negligenciar os resultados, em detrimento
das idéias difusas, no desenvolvimento social.
Por haver uma abertura maior à cooperação, este tipo de gestão está sujeito à existência de
interesses contraditórios e práticas híbridas, exigindo do gestor social uma capacidade de:
v Controle, pois avalia resultados relativos a dados, fatos, indicadores e valores;
v Agilidade e inovação;
v Gerir recursos, por vezes, escassos;
v Divulgar resultados para a sociedade, construindo a imagem da organização num processo
contínuo de interação e cooperação com os membros da organização.
Gerir pessoas, mediar conflitos e compartilhar poder não são práticas fáceis, mas são necessárias
ao desenvolvimento e conservação da ética organizacional. A Ética organizacional envolve
negociação e compromisso. Esta ética é o produto das éticas individual, profissional e social:
v Ética Social é a ética da sociedade na qual a organização está inserida, são valores
morais formalizados pelo sistema legal da sociedade, seus costumes e práticas e
as normas não escritas que as pessoas seguem no seu dia-a-dia;
v Ética Profissional são os valores morais que um grupo de pessoas desenvolvem
para controlar seu desempenho ou uso de recursos.
v Ética Individual são os valores morais pessoais que os indivíduos usam para
estruturar suas interações com outras pessoas. Como a ética pessoal influi na
forma de agir, a cultura organizacional é fortemente afetada pelas pessoas em
posição de estabelecer valores éticos.
Espera-se, com este projeto de pesquisa, contribuir para a área de secretariado executivo na
premência de ampliar o conhecimento sobre os profissionais no terceiro setor e na possível
atuação gerencial em um setor que, mediante o contexto e estágio político, não só local como
também mundial, cresce cada vez mais e assim necessita de profissionais gerencialmente
qualificados que estejam preocupados com o desenvolvimento social.
3.0) PROBLEMA
Como atuam as secretárias executivas graduadas na tomada de decisões em organizações do
terceiro setor?
3.1) HIPÓTESES
a) Hipóteses Básicas:
v A secretária executiva tem maior autonomia e participação em organizações de caráter
administrativo-participativo, pressupondo que em organizações de caráter administrativo-
gerencial a sua participação é mais limitada;
v A autonomia gerencial do profissional é limitada nas organizações com maiores níveis
hierárquicos e departamentalizações.
b) Hipóteses Secundárias:
v Há maior concentração de secretárias graduadas em organizações consideradas de
grande porte do que nas de médio e pequeno porte;
v A deficiência da formação acadêmica, no que diz respeito à área da gestão social,
pode ser um entrave para o desenvolvimento do profissional e sua inserção no terceiro
setor.
3.2) VARIÁVEIS
As principais variáveis que compõem o relatório, assim como as que compuseram o
projeto, são:
a) Mensurar a quantidade de profissionais da área de secretariado executivo que atuam
em organizações do terceiro setor dado o universo de 49 instituições levantadas
preliminarmente;
b) Levantar as habilidades exigidas às profissionais por organizações deste setor e sua
relação com a compatibilidade do currículo acadêmico adotado pelas universidades
que formam as profissionais da área de secretariado
c) Analisar a inserção da secretária no processo de tomada de decisões, direta ou
indiretamente, destas organizações sociais, visando conhecer o processo decisório
adotado por algumas das organizações do terceiro setor: participativo ou gerencial.
4.0) METODOLOGIA
A pesquisa dividiu-se em duas etapas no que diz respeito à metodologia utilizada:
I) Levantamento de Dados Preliminares:
Levantamento de dados de caráter exploratório, objetivando conhecer mais sobre o tema proposto
a fim de formular um problema exeqüível e hipóteses pertinentes, salientando, no entanto, a
ausência de procedimentos estatísticos na definição da amostra.
a) Método de abordagem:
O levantamento prévio dos dados baseou-se em amostras não probabilísticas e não
representativas, escolhidas aleatoriamente através de ligações telefônicas, no qual foram
pesquisadas um universo de 45 instituições, obtendo-se 15 secretárias executivas graduadas
atuando em ONG´S, conforme o anexo.
II) Levantamento de Dados de Campo:
Coleta de dados através de questionário, enviado pela Internet, contendo vinte questões, sendo
treze fechadas e sete abertas, instrumento este formulado a partir do esboço de entrevista aberta
apresentada no projeto, que não foi utilizado devido à dificuldade em encontrar horários
compatíveis entre entrevistadas e entrevistadoras.
b) Método de abordagem:
Entrou-se em contato com as quinze secretárias graduadas levantadas durante a etapa I, sendo que
deste total de quinze, quatro profissionais desligaram-se das instituições em que atuavam e outra
forneceu informações equivocadas.
A seguir, adquiriu-se o endereço eletrônico das dez secretárias restantes que concordaram em
colaborar com a pesquisa e se comprometeram em responder o questionário em tempo hábil.
Após o envio do questionário, deu-se o prazo de duas semanas para que as entrevistadas
respondessem. Não havendo respostas, entrou-se em contato novamente, por telefone, a fim de
confirmar o recebimento do questionário e ratificar a colaboração.
Enviou-se, outra vez, o questionário pela Internet para os endereços eletrônicos das secretárias
que acusaram o não recebimento. Deu-se um prazo de trinta dias para o envio das respostas. Não
havendo respostas, entrou-se em contato por telefone confirmando-se mais uma vez o endereço
eletrônico, para efeito de reenvio, dando-se o prazo máximo de duas semanas.
Do universo de dez secretárias graduadas, as quais enviou-se os devidos questionários, apenas
quatro profissionais emitiram respostas.
c) Método de Apuração:
Etapa descritiva baseada em informações obtidas nos questionários aplicados com as secretárias
atuantes nas ONG´S, intentando extrair destes as características principais que coexistem no
processo decisório, relacionando-as com o caráter administrativo-gerencial ou social das
referentes ONG´S.
Os questionários foram dividos em questões abertas (qualitativas) e fechadas (quantitativas),
tabulando-se um total de 13 questões quantitativas, conforme tabela 01 e confeccionando suas
questões mais diretamente relativas às hipóteses em gráficos de setor.
As sete questões qualitativas foram apuradas a partir da análise de incidência das palavras e
idéias contidas nas respostas das entrevistadas, sendo estas apresentadas em gráficos de setor.
5.0) EMBASAMENTO TEÓRICO
5.1) TEORIA DE BASE
Tomou-se como base as teorias de terceiro setor de SALAMON e ANHEIR e de gestão social de
Fernando Tenório, desenvolvendo-se o conteúdo da pesquisa e o instrumento de pesquisa a partir
destas teorias.
5.2) DEFINIÇÃO DOS TERMOS
o Gestão social :
o Desenvolvimento :
o Caráter administrativo-participativo :
o Caráter administrativo-gerencial :
o ONG de grande porte :
* ONG de pequeno porte : * Ética organizacional ;
6.0) APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE
FREQUÊNCIAS DE RESPOSTAS DA CATEGORIA 1 EM QUESTÕES FECHADAS DO
QUESTIONÁRIO APLICADO
Tabela 01
PROPOSIÇÕES QUESTÕES
a b C d e TOTAL
1 02 02 04
2 01 ------- ------ ----- 03 04
3 03 01 ------ 04
4 03 01 ------ ------ ----- 04
6 04 ------- 04
8 ------- 01 03 04
10 01 01 ------ ------ 02 04
12 01 02 01 04
14 ------ 04 ----- 04
15 ------ 03 01 ------- 04
16 01 02 ------ 01 04
17 ------ ------ ------ 03 01 04
18 02 01 01 ------- ------ 04
A tabela 01 demonstra as frequências das respostas em preposições obtidas em cada uma das
questões fechadas abordadas no questionário dando o universo total da amostra não representati
Gráficos 01 e 02– Relativos à hipótese de participação das secretárias em ONG’S Gráfico 01
Percentual de Participação em Reuniões e Processo Decisório
0%
100%
0% Constante
Regular
Inexistente
Gráfico 02
Contribuições Diretas em Reuniões e Processo Decisório
0%
75%
25% 0% Sempre
Às vezes
Raramente
Nunca
Gráfico 03 – relativo à característica administrativa das ONG’S Gráfico 03
Caracterização Administrativa das Organizações
50%25%
25% 0%0%
Mais Gerencial
Mais Participativa
Ambos os Aspectos
Nenhum dosAspectos
Outros Aspectos
Gráfico 04 – Referente à necessidade de uma formação acadêmica que forneça conhecimentos sobre Gestão Social
Gráfico 04
Insuficiência de conhecimento acadêmico sobre Gestão Social Dificulta a Atuação Participativa
25%
50%
0%
25% Dificultou Muito
Não Dificulta
Dificultou Pouco
Ainda Dificulta
Gráfico 05 e 06 – Relativo à autonomia do profissional nas organizações
Gráfico 05
Caracterização das Organizações segundo a Questão do Poder
25%
50%
25%Vertical
Horizontal
Indiferente
Gráfico 06
Autonomia Decisória sobre as Atividades Desempenhadas
50%50%Têm autonomia
Não têm autonomia
7.0) INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Relacionando os dados obtidos, tabulados e demonstrados em gráficos, com as hipóteses supostas no
projeto de pesquisa, observa-se que, no que cerne, à participação das secretárias executivas no
âmbito das organizações do terceiro setor, na mostra não-representativa obtida:
v A administração das organizações pesquisadas é caracterizada, em média, por 50% como
de caráter administrativo-gerencial, pois as decisões são tomadas hierarquicamente,
consistindo num processo decisório “restrito”. Salientando que estas organizações são
ONG’S de grande porte e o que evidencia quanto maior a organização, mais quantidade de
departamentos predominando um caráter administrativo-gerencial em detrimento da
participação das profissionais;
v 25% das entrevistadas caracterizam a organização como sendo de caráter administrativo-
participativo, visto que a questão do poder, nestas organizações, se dá num processo
horizontal e onde é possível influenciar diretamente no processo decisório, já que as
profissionais alegam participar regularmente de reuniões e têm mais autonomia;
v Outras 25 % alegam que a organização que atuam caracteriza-se administrativamente como
gerencial e participativa, partindo do pressuposto de que estas consideram a relação de
poder como vertical nestas organizações, porém com certa abertura à participação dos
membros no processo decisório a depender da situação;
v Manifestaram-se criticamente sobre o tema “Participação da Secretária no Processo
Decisório em Organizações do Terceiro Setor”, 50% das entrevistadas. Propuseram esta
discussão de forma mais aprofundada a fim de enriquecer o profissional, a organização e o
terceiro setor em si, uma vez que 25% afirmam não existir essa discussão entre os gestores
e a secretária, o que reforça a média de 50% que caracterizaram as organizações nas quais
atuam como de caráter administrativo-gerencial;
v Uma gama maior de conhecimento acadêmico específico e aplicado à gestão social
possibilitaria uma participação e atuação mais abrangente dos profissionais de secretariado
nas ONG’S é comprovada quando 50% alegam terem autonomia decisória restrita ao modo
de exercício de suas atividades, não influenciando, diretamente, na tomada de decisões
destas organizações;
Baseada em uma amostra mínima, não-representativa, é possível afirmar que não houve
discrepâncias singulares entre os dados obtidos e os previstos nas hipóteses segundo o
cruzamento dos dados das questões abertas e fechadas relativas ao mesmo assunto que, por sua
vez, estão ligadas à ratificação das hipóteses.
A participação direta das secretárias executivas nos processos decisórios das ONG’S, conforme
os dados apurados, se dá de forma circunstancial e indireta, a depender muito da gestão adotada
pela organização e do conhecimento exigido em determinadas situações que culminam na
tomada de decisão destas organizações.
Um dos objetivos específicos foi o de verificar se há maior concentração de secretárias
graduadas em organizações caracterizadas como de grande porte, o que confirma-se e
demonstra-se conforme gráficos do projeto (apêndices). Concentração esta, que ocorre devido à
maior capacidade de contratação de pessoal, sistematização do trabalho, planejamento e
direção, elementos que advêm da existência de recursos financeiros internacionais e nacionais
regulares, bem como de uma estrutura organizacional consolidada em detrimento das ONG’S
caracterizadas como de pequeno porte.
Outro objetivo específico foi o de saber qual é a área de atuação das organizações que constam
em sua equipe de trabalho secretárias executivas graduadas, conforme tabelas do projeto de
pesquisa (apêndice).
ANÁLISE DE INCIDÊNCIA
Consiste no apanhado de informações gerais obtidos na apuração dos dados contidos nos
questionários respondidos:
v 100% nunca haviam atuado em organizações do terceiro setor anteriormente;
v 75% das secretárias entrevistadas se pudessem optar continuariam a trabalhar em
organizações não governamentais, pois alegam que nestas organizações há um ambiente de
trabalho mais agradável e menos competitivo, além de respeitar mais os profissionais;
v A rotina de trabalho das entrevistadas consiste, basicamente, nas seguintes atividades: 1) uso
da tecnologia da informação, 2) confecção de planilhas e documentos, 3) desempenho de
técnicas de arquivística, 4) acompanhamento e elaboração de agenda da diretoria, 5) cadastro
e controle de funcionários e seus benefícios (vale transporte e alimentação), 6) de
fornecedores, pesquisa na Internet de temas relevantes ao desempenho organizacional, 7)
confecção e controle de banco de dados e 8) rede de comunicação entre colaboradores e
financiadores, 9) desenvolvimento de técnicas secretariais específicas, 9) noções de ética
profissional, 10) trato com a questão social, 11) protocolo, 12) compras, 13) almoxarifado,
14) pagamentos de pessoal, 15) controle de caixa, 16) orçamento de custos, 17) reservas de
traslados e hospedagens, 18) agendamento de reuniões e assembléias, 19) coordenação de
equipe de apoio e auxiliares de escritório, 20) pesquisa de mercado. Não difere-se muito das
atividades exigidas por organizações do setor privado;
v Nenhuma das entrevistadas descreveu as etapas do processo decisório das organizações nas
quais atuam.
8.0) CONCLUSÃO
O Terceiro Setor é uma área que está em constante desenvolvimento e que vem atraindo diversos
profissionais de diferentes áreas, seja para atuar como voluntário, seja para ser colaborador das
instituições que compõem este setor.
O profissional graduado em Secretariado também atua nesta área e partindo deste pressuposto foram
levantadas hipóteses quanto a atuação deste profissional no processo decisório nas Organizações não
Governamentais passíveis de comprovação.
Com a apuração e análise dos dados e informações obtidas com o questionário aplicado junto a
profissionais de Secretariado que atuam em ONG’S de grande, pequeno e médio porte, ficou
comprovada a veracidade das hipóteses levantadas durante o projeto de pesquisa, já que a amostra
não-representativa das Secretárias que atuam no Terceiro Setor ratificou as hipóteses iniciais.
Atualmente, segundo dados obtidos na apuração dos questionários aplicados, nas organizações de
grande porte com caráter administrativo-gerencial a atuação da Secretária Executiva no processo
decisório é indireta, já que há regras hierárquicas que regulam as relações de poder e,
conseqüentemente, o processo decisório e maior divisão do trabalho consistindo numa ambiente que
limitam a participação mais incisiva das profissionais. Além disso, ficou constatado que a
insuficiência de informações relativa à gestão social durante a graduação, interfere em uma
participação mais consistente no processo decisório das ONG’S.
Portanto, a concepção que se faz de que a gestão de organizações do terceiro setor diferencia-se
muito da gestão de organizações privadas, conforme o resultado obtido de amostra não-
representativa, é equivocada. À medida que estas organizações se desenvolvem e adquirem um
caráter mais gerencial institucionalizado e hierarquizado com, muitas vezes, relações de poder
verticais, a exemplo de grandes fundações e fusões de organizações sem fins lucrativos, estas
organizações distanciam-se muito de práticas democráticas de gestão e participação, configurando
um complexo de organizações que se assemelham cada vez mais às organizações privadas o que
acaba por reproduzir e fortalecer uma ordem já existente, na qual o profissional é limitado às suas
atividades diariamente desempenhadas.
Talvez, com o enxugamento dos níveis hierárquicos e uma mudança na forma de gerir as
organizações do Terceiro Setor admitindo características de gestão participativa fosse possível a
participação e influência direta, não só do profissional de Secretariado, como dos profissionais de
outras áreas, no processo decisório, ocorrendo de forma fluida, constante e eficaz.
Valendo-se de uma amostra maior do tema abordado nesta pesquisa seria possível maximizar o grau
de verdade obtido como generalizações, contribuindo para o conhecimento das relações de poder
existentes nas emergentes organizações da sociedade civil e para o campo de atuação dos
profissionais de secretariado e administração.