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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA RELATÓRIO DO ESTÁGIO A DOCÊNCIA Allison Duarte Barbosa, FILOS, orientador: Sylvio Gadelha

Relatorio, Corpo

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARFACULDADE DE EDUCAOPROGRAMA DE PS GRADUAO EM EDUCAO BRASILEIRA

RELATRIO DO ESTGIO A DOCNCIA

Allison Duarte Barbosa, FILOS, orientador: Sylvio Gadelha

FORTALEZA, 2015

Sumrio.

1. Escolha2. Processos.3. Concluses.

1. Escolha.

Um dos esforos do eixo Filosofias da Diferena e Tecnocultura pensar a relao, urgente em nossa contemporaneidade, entre pensamento filosfico e a emergncia e generalizao nas novas tecnologias, e acompanhar as alteraes que elas produzem nos modos de existncia, nas formas de pensar e sentir. E basta o fato incontestvel de que as novas tecnologias modificam os processos de cognio para entender o liame entre essa relao e a Educao. Isso evitando a binaridade: tecnofobia (derivada em grande parte de certo humanismo) e o ufanismo em torno das novas mdias (como se sua simples emergncia, por si s, fosse condio da efetivao das promessas no cumpridas da modernidade). preciso tomar a questo pelo meio, num pensamento diagnosticador, que mapeie o que se passa entre ns e as tecnologias, tentando apreender como as subjetividades so engendradas na injuno com as novas mdias h toda uma nova paisagem dos processos de aprendizagem que precisam ser pensados, de maneira concreta, e no do alto de algum pedestal filosfico. Foi me dado a liberdade de escolher em qual disciplina, ministrada por meu orientador, atuar no estgio a docncia. O critrio para essa escolha, obviamente seria a relao entre a minha pesquisa e o contedo da disciplina. As disciplinas tratavam de psicologia da educao, e minha pesquisa, embora se relacione com as psicologias da aprendizagem, diz mais respeito filosofia de Henri Bergson e sua relao com certo cenrio filosfico, Kant, Hume. Mas havia uma disciplina que perpassava mais adequadamente a minha pesquisa, mas que tinha o incmodo de ser distncia em cooperao com UFC-VIRTUAL. Significativo que o prof Sylvio Gadelha, responsvel pela disciplina, embora pesquisador das relaes entre tecnologia e filosofia, estava se lanando numa experincia nova, logo, com todos os sintomas que isso carrega, desprovido daquela flexibilidade do senso prtico que s se desenvolve na lida. Decidi atuar nessa disciplina, pensando poder fornecer algum suplemento experincia, j que, em no mnimo duas disciplinas na graduao em Pedagogia, exercitei algo nesse sentido, alm de j ter atuado como tutor em outras ocasies. Em acordo com o orientador e ministrante da disciplina, ficou decido os tpicos da minha atuao. 1. Ler todo o material disponibilizado.2. Acompanhar as postagens no Frum, selecionar as mais interessantes, as que realmente deixavam entrever a leitura dos textos indicados, e elaborar uma espcie de documento, que seria enviado por mail ao orientador.3. Participar da avaliao final, fazer intervenes e comentrios.

2. ProcessosA disciplina cujo ttulo seria: Diferena E Enfrentamento Profissional Nas Desigualdades Sociais, foi ministrada na plataforma SOLAR com a seguinte ementa:Trabalhar o enfrentamento das diferenas procurando equalizar o respeito pela diversidade, as relaes sociais e profissionais uma obrigao das vrias instituies, entre elas as universidades. A compreenso dos fenmenos envolvidos na diversidade humana e ambiental pode ser construda pela intelectualidade dos sujeitos apoiada na resistncia a modelos neoliberais e a influncia da sociedade de controle. Nessa perspectiva, a disciplina de Diferena e Enfrentamento Profissional nas Desigualdades Sociais torna-se um espao para sensibilizar os discentes para as problemticas que envolvem questes relacionadas s etnias e africanidades, tecnocultura, ao gnero, ao meio ambiente e aos direitos humanos. Trata-se de uma disciplina de estrutura aberta e isso significa que sua existncia se consolida como uma iniciativa para a sensibilizao de problemas que devem ser tratados em aprofundamentos posteriores em fruns ou disciplinas relacionadas. Esta disciplina ser oferecida na modalidade de educao a distncia para todos os cursos da universidade. Trata-se de uma necessidade orientada pela ProGrad UFC e pelo MEC.

Essa disciplina seria ministrada com mais outros dois professores, que fariam permuta pelas quatro turmas (A, B, C, D). Cada curso ocuparia determinado perodo e se passaria a outra turma, de forma que as turmas participassem de todos os cursos. O curso apresentado pelo prof Sylvio Gadelha se chamava: Diferena como qualidade do que diferente. E versava sobre a compreenso da diferena a partir de uma breve incurso na Histria da Filosofia, os pr-socrticos Herclito e Parmnides, e depois Plato, perspectivados por filsofos contemporneos da chamada Filosofia da Diferena, Nietzsche, Deleuze, entre outros. Os processos de uma disciplina distncia, assim como em outro ambiente, depende da relao entre os enunciados que emergem a, e da qualidade que eles carregam. A riqueza das postagens podem engendrar reaes em cadeia, proliferar em qualidades, e suscitar o pensamento. Mas inegvel que grande parte do processo de aprendizagem, esses abalos que podem fazer o pensamento pensar, pode ficar entravado pela prpria indeterminao do ambiente: a no compreenso deste ou daquele enunciado, a pressa, a indolncia, a inrcia que pode habitar qualquer relao. inegvel que parte do processo possa se d mecanicamente, formalmente, e que se passe de largo de uma experincia profunda. No se trata de fazer distines entre ambiente virtual e o ambiente clssico da sala da aula que, como sabemos, no est a salvo dos ambientes virtuais (uso de smartphones, notebook) e dos emperramentos de processo. Cada turma tinha em mdia quarenta alunos. Essa disciplina tinha algumas caractersticas que poderiam funcionar como gatilhos ou emperramentos: a sala era mista, de alunos oriundos de vrios cursos, logo, cada um lia os textos conforme seus hbitos bibliogrficos, digamos. O que pode vir a enriquecer ou empobrecer o dilogo frente matria. A diversidade dos referenciais tericos, pode, em certa medida, se constituir numa fonte de incompreenses, ou num bloqueio na comunicao. Mas, ao menos em minha observao, esses mal-entendidos no so de todo nocivos, podem significar uma multiplicao de perspectivas quanto a mesma matria, de sorte que o simples fato de termos uma classe mista, com estudantes de graduaes distintas, no se constitui numa barreira ao aprendizado. Pode, antes, ser a efetuao dos clebres imperativos interdisciplinaridade. O que realmente se torna uma barreira, uma estagnao de processo, ou que torna os processos viscosos, paralisados, longe de ser a diversidade terica, suprema confiana na doxa, na opinio, no senso comum. preciso, portanto, situar esse mpeto a responder automaticamente as questes, confiando plenamente no j conhecido, na simples sensatez, como se tratasse de algo bastante familiar, questo velha, que pede apenas a ativao da memria habitual. Em nossa contemporaneidade, devido ao uso constante da interao nas redes sociais, os hbitos mentais se modificaram, em virtude de uma operatividade maior, mais veloz, que dispensa o tempo e o exerccio de uma prvia pesquisa, de um estranhamento da questo. V-se o quanto os alunos parecem depreciar a leitura dos textos para responder as questes colocadas, como confiam o que j sabem. Pois bem, precisamente esse exerccio veloz, automtico, que busca apenas opinar, ou concordar ou discordar, que se constitui na maior barreira a compreenso mtua, assomado a um emperramento dos processos de aprendizagem. Se bem que processos de aprendizagem acontecem de maneira um tanto descontrolada, e no temos como mapear o que realmente se passa, e quando tal matria, tal texto, ir ativar algo no pensamento de algum. Mas o fato que a generalizao do hbito de simplesmente opinar, esvaziam os processos. Durante a minha observao, percebi o quanto tudo se passava como se bastasse emitir uma resposta de acordo com meus sentimentos acerca do assunto, como se concretizar isso numa postagem fosse realizar o gesto requerido pelo curso ministrado. No difcil perceber o quanto depreciaram a leitura dos textos. No se trata de estabelecer o tribunal e culpar este ou aquele elemento do processo, mas de entender o que est se passando para que estudantes universitrios no consigam avaliar a importncia da mobilizao dos textos na resoluo de certos problemas, ou na colocao de certos problemas. Isso torna a quantidade de falsas questes exorbitante, algo que seria limado bastando a leitura, ou que seria mais simples iniciar um dilogo referindo-se a matria apresentada no texto. Muito mais porque se tratavam de problemas filosficos, que, em certa medida, exigem o paulatino distanciamento dos hbitos do senso comum, e a delicada compreenso de conceitos, imersos em certa tradio do pensamento ocidental. O conflito entre a aprendizagem de certa matria e os automatismos do senso comum no so patrimnio dos ambientes virtuais, se repetem em qualquer ambincia. Mas, importa pensar at que ponto a hipertrofia desse automatismo no efeito das modulaes efetuadas pelo novo cenrio social, povoado pela interatividade acelerada das novas tecnologias. uma questo interessante ao que tem de lidar com os processos de aprendizagem em ambientes virtuais, j que o contato com a aparelhagem por si, evoca certa experincia social no interessada em processos de aprendizagens conscientes e metdicos. 3. ConclusesO resultado mais interessante, ao meu ver, dessa experincia, adquirir certa sensibilidade especfica, que s se pode adquirir entrando no jogo, esse senso do jogo em questo que no pode advir seno pela prtica. Falo da ambincia de aprendizagem virtual, que, ao meu ver, nem adequado designar como super-eficiente por natureza, nem bastante limitada; o que ela requer, no fundo, um senso de jogo nico, que no pode se contentar com a analogia de uma sala de aula clssica. A ambincia virtual requer aprendizagens que s se podero fazer nela, e com ela. E falta, da parte dos tutores e dos alunos, a consolidao de uma experincia local do aprendizado via novas mdias, que no podem significar um aumento de eficincia em relao a ambincia clssica, nem uma limitao dela; pode uma experincia singular, e um modo de aprender que lhe prprio. Com isso, o que resta obter mais experincia, a fim de contrair um senso prtico que permita aproveitar ao mximo o que se passa durante a disciplina, no ficando cego para as contingncias que podem engatar conjuntos de operaes interessantes.