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RELATÓRIO DA BALANÇA DE PAGAMENTOS E DA POSIÇÃO DE
INVESTIMENTO INTERNACIONAL, 2011
I. BALANÇA DE PAGAMENTOS
A estatística da Balança de Pagamentos regista as transacções económicas ocorridas, durante
um determinado período, entre residentes e não residentes de um país reflectindo assim, a sua
posição credora ou devedora face ao resto do mundo.
Durante o ano de 2011, o sector externo da economia angolana ganhou uma robustez
considerável, traduzida no saldo superavitário da Balança de Pagamento de US$ 9.087,7
milhões, impulsionado fundamentalmente pelo saldo da conta corrente, bem como, pelo bom
desempenho de outros indicadores externos, entre os quais, a estabilidade cambial, a
acumulação das reservas externas, a posição líquida do investimento internacional e a
sustentabilidade da dívida externa.
1. Conta Corrente
Em 2011 a conta corrente manteve a sua tendência crescente ao atingir o superavit de US$
13.084,7 milhões, que reflecte um crescimento relativo em cerca de 74,3%, comparativamente
ao período homólogo, cujo saldo foi de US$ 7.506,0 milhões.
Este resultado é justificado, pelo crescimento do saldo da conta de bens na ordem dos 38,8%,
não obstante o agravamento dos saldos deficitários das demais contas.
Gráfico nº 1 – Conta Corrente
1.1 Conta de Bens
A economia angolana continua a apresentar bons indicadores de recuperação, fruto dos altos
níveis de crescimento alcançados em anos anteriores. Em 2011 as trocas comerciais com o
Resto do Mundo registaram um superavit de US$ 47.081,8 milhões, representando um
crescimento de US$ 13.153,8 milhões em relação ao período anterior que atingiu o valor de
US$ 33.928,00 milhões.
2
1.1.1 Exportações
A recuperação do preço médio do barril do petróleo nos mercados mundiais e dos outros
produtos que compõem a estrutura das exportações de Angola no período em análise,
influenciaram o aumento considerável das receitas do país, comparadas com as do ano de
2011, conforme ilustra o quadro abaixo.
Quadro n.º 1 - Exportações Totais US$ Milhões
Variação
(%)
Exportações Totais 50.594,9 67.310,3 33,0
Petróleo Bruto (US$ milhões) 48.629,1 64.538,6 32,7
Volume (milhões de Barris) 625,1 586,4 -6,2
Preço (US$/barril) 77,8 110,1 41,5
Refinados de Petróleo (US$ milhões) 422,9 676,0 59,8
Volume (mil ton metricas) 750,9 869,3 15,8
Preço (US$/ton metrica) 563,2 777,6 38,1
Gás (US$ milhões) 299,5 376,4 25,7
Volume (mil barris) 5.419,9 5.383,8 -0,7
Preço (US$/barril) 55,3 69,9 26,5
Diamantes (US$ milhões) 976,3 1.205,2 23,4
Volume (mil quilates) 8.363,1 8.612,6 3,0
Preço (US$/quilates) 116,7 139,9 19,9
*Outras exportações (US$ milhões) 267,1 514,2 92,5
DESCRIÇÃO 2010 2011
* Inclui Café, Madeira, Pesca e outras
Em 2011, o volume exportado do petróleo bruto reduziu em 6,2%, ao passar de 625,1 milhões
de barris em 2011 para 586,4 milhões de barris no período em análise. Não obstante este
facto, as receitas deste produto registaram um aumento de 32,7% resultante da subida do
preço médio no mercado internacional em cerca de 41,5% relativamente ao período
homólogo. Para a melhoria das receitas totais em relação ao período homólogo, contribuíram
também os outros produtos exportados, como o gás, refinados, diamantes e outras
exportações, que aumentaram em 25,7%, 59,8%, 23,4% e 92,6%, respectivamente.
3
Gráfico n.º 3 - Preço versus quantidade - Receitas de Exportação Petróleo Bruto
-40,0%
-20,0%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
120,0%
140,0%
0,0
10.000,0
20.000,0
30.000,0
40.000,0
50.000,0
60.000,0
70.000,0
2007 2008 2009 2010 2011
EM M
ILH
ÕES
DE
U$S
Receitas de Exportações de Petróleo Bruto Quantidade Preço
Como se pode aferir, no gráfico acima para o alcance destes níveis de receitas o preço teve
um peso preponderante ao contribuir com 118,9%, enquanto as quantidades tiveram um
contributo negativo de 26,7%.
Gráfico n.º 4 - Exportação de Petróleo Bruto por Países
No período compreendido entre 2009 e 2011, Angola ocupou o 4º lugar no ranking mundial
de produtores de diamantes atingindo a quota de 10% do valor total de vendas deste produto,
o qual voltou a acontecer em 2011 em que as vendas atingiram um montante de US$ 1.205,2
milhões, superando em 23,4% os valores registados em 2011.
4
Gráfico n.º 5 - Composição das Exportação em 2011
*Nota: Outras exportações incluem o gás, refinados, café, madeira e outras
Muito embora os inúmeros esforços desenvolvidos na diversificação da economia nacional e
dos resultados alcançados, assiste-se ainda à predominância do sector mineral no cômputo
geral das exportações.
1.1.2 Importações
Para a satisfação das necessidades do mercado interno, o país despendeu cerca de US$
20.228,5 milhões na compra de bens, o que representa um aumento de 21,4% em relação ao
período homólogo, no esforço de aumentar as suas capacidades produtivas, com vista a
melhorar o nível de vida da população.
Quadro n.º 2 - Classificação Económica das Importações US$ Milhões
Mercadorias 16.666,86 20.228,48 21,4
1 Bens de Consumo Corrente 9.824,0 11.837,5 20,5
2 Bens de Consumo Intermédio 1.955,0 2.427,6 24,2
3 Bens de Capital 4.887,8 5.963,4 22,0
Fonte:BNA/DES
Variação
(%)2010 2011N.º DESCRIÇÃO
Constata-se que os bens de consumo corrente continuam a ter o maior peso no total das
importações (58,5%), mas contudo, o agravamento desta variável foi maior nos bens de
consumo intermédio na ordem dos 24,2%.
5
Gráfico n.º 6 - Composição das importações
Podemos aferir do gráfico abaixo, os principais parceiros que garantiram a supressão ou
satisfação das necessidades do mercado interno no período em análise. Portugal (15,4%)
continua na liderança no comércio com Angola, seguido da Holanda (13,0%). Entretanto de
realçar a presença da Coreia do Sul (11,1%) que aparece na 3ª posição, superando países
como os EUA (8,2%) e a China (7,6%) que ocuparam as posições subsequentes.
Gráfico n.º 7 - Principais países de origem das importações
No contexto africano, destaca-se a África do Sul com 3,8%, integrando os dez principais
mercados de procedência das importações do país neste período.
O surgimento da Coreia do Sul entre os principais importadores neste período, está
relacionado com o momento de expansão que a economia angolana atravessa, levando as
empresas do sector petrolífero a aumentarem os seus investimentos no sentido de melhorarem
as suas performances, adquirindo naquele país bens de capital entre os quais plataformas
petrolíferas.
6
1.2. Serviços
Quadro n.º 3 – Conta de Serviços US$ Milhões
DESCRIÇÃO 2010 2011Variação
(%)
Conta de Serviços (líquido) -17.897,5 -22.937,6 28,2
Crédito 856,9 732,3 -14,5
Débito -18.754,4 -23.669,8 26,2
Para o alcance das receitas de serviços destaca-se a contracção da rubrica de transportes,
viagens e outros serviços na ordem dos 38,3%, 10,1% e 37,5% respectivamente, enquanto que
do lado das despesas, destaca-se a expansão das rubricas de Construção e serviços de
negócios do sector petrolífero de 70,8% e 49%,respectivamente.
Assim, dos US$ 23.669,9 milhões de serviços prestados por não residentes, os serviços de
negócios totalizaram US$ 10.250,9 milhões, a construção US$ 7.932,3 milhões e os
transportes US$ 3.629,4 milhões.
Gráfico nº 8 – Evolução da Conta de Serviços
1.3 Rendimentos
O fluxo líquido dos rendimentos resultantes da utilização de trabalho e capital entre residentes
e não residentes de Angola no ano de 2011, resultou num agravamento do saldo em cerca de
19,9%, ao atingir o valor de US$ 9.697,3 milhões contra US$ 8.086,9 milhões do ano
anterior.
7
Quadro n.º 4 – Conta Rendimentos US$ Milhões
DESCRIÇÃO 2010 2011Variação
(%)
Conta Rendimentos (líquido) -8.086,9 -9.697,3 19,9
Crédito 134,0 209,8 56,5
Compensação de empregados 0,0 0,0 0,0
Juros 134,0 209,8 56,5
Lucros 0,0 0,0 0,0
Débito -8.220,9 -9.907,1 20,5
Compensação de empregados -303,9 -333,5 9,7
Juros -392,2 -533,7 36,1
Lucros -7.524,8 -9.039,9 20,1
O repatriamento de lucros e dividendos pelas filiais das empresas multinacionais que operam
no território nacional para as respectivas casas matrizes e o recurso a mão-de-obra expatriada
está na origem dos défices persistentes desta conta.
1.4. Transferências Correntes
O gráfico abaixo ilustra que a semelhança dos anos anteriores, em 2011 o saldo da conta de
transferência corrente manteve a sua tendência deficitária, agravando-se em 211,2%, ao
atingir a cifra líquida de US$ 1.362,2 milhões contra os US$ 437,7 milhões do período
homólogo devido a melhorias de colecta de informação sobre as remessas de e para Angola.
Gráfico nº 10 – Transferências Correntes
8
Gráfico nº 11 – Origem das Remessas por países1
Do total do valor de remessas recebidas, US$ 20,2 milhões são referentes ao IIº semestre de
2011, e entre os 10 principais países de origem das remessas naquele período destaca-se a
França na liderança com 15,3%, seguido de Portugal, Inglaterra, Suíça e Congo Democrático
com 11,7%, 8,7%, 6,2%, 5,8% e 4,9% respectivamente.
Gráfico nº 12 – Destino das remessas por países
Dos 10 principais países de destino das remessas, destaca-se Portugal na liderança com 22,2%
seguido da China, Vietnam, Brasil, E. Árabes Unidos, com 20,7%, 11,8%, 11,1%, 8,7%,
respectivamente. Entre os países africanos destacam-se o Congo Democrático e África do Sul
na 7ª e 8ª posição com 2,5% e 1,9% respectivamente.
2. Conta Capital e Financeira
A semelhança do período homólogo em 2011, a conta de capital e financeira apresentou um
défice de US$ 3.594,3 milhões, representando um agravamento relativo de 193,6,1%
comparativamente ao período de 2011. Este saldo foi influenciado fundamentalmente pelo
resultado negativo da conta de investimento directo.
1 As origens das remessas de valores desagregadas por país são referentes apenas ao II Semestre. Não está
disponível as do I semestre por países.
9
Gráfico nº 13 – Conta Capital e Financeira
2.1. Conta de Capital
No período em análise o saldo da conta de capital teve um aumento absoluto de US$ 4,4
milhões, ao passar de US$ 0,9 milhões em 2011 para US$ 5,4 milhões em 2011, dos quais
US$ 3.1 resulta do perdão da dívida externa.
2.2. Conta Financeira
Esta conta em 2011 registou um défice de US$ 3.599,6 milhões, contra o de US$ 1.225,3
milhões em 2011, reflectindo um agravamento na ordem de 193,8%, provocada
fundamentalmente, pelo resultado negativo da conta de investimento directo e do
investimento de carteira, apesar do resultado positivo do outro investimento.
2.2.1. Investimento Estrangeiro Directo
Gráfico nº 14 – Investimento Directo Líquido
Em 2011, o saldo do investimento directo líquido foi deficitário conforme ilustra o gráfico
acima, situando-se em US$ 5.116,4 milhões, contra os US$ 4.567,6 milhões do período
10
homólogo, representando um agravamento de 12,0%, equivalente a 4,9% do PIB contra os
5,5% do período homólogo. Apesar do comportamento deficitário desta conta, em termos
líquidos, quer o Investimento Directo Estrangeiro em Angola quer o Investimento Directo de
Angola no estrangeiro registaram um aumento em relação ao período homólogo.
O investimento directo estrangeiro no País cresceu 6,3%, fruto do aumento de 22,4% dos
lucros reinvestidos no sector petrolífero apesar do crescimento de cerca de 8,3% do capital
repatriado, enquanto que o Investimento directo angolano no exterior cresceu 56,1%.
No período em análise o investimento directo estrangeiro em Angola representou 2,9% do
PIB contra os 3,9% do ano de 2010, enquanto que o investimento directo de Angola
representou 2,0% do PIB contra os 1,6% do período homólogo.
O investimento directo bruto em 2011 atingiu a soma de US$ 14.123,6 milhões, contra os
12.156,7 milhões do período homólogo, representando um crescimento de 16,2%. Este fluxo,
de natureza essencialmente privada não financeira, relaciona-se com a execução de projectos
ligados maioritariamente ao sector Petrolífero (98,7%), seguido da Construção Civil (0,6%),
Indústria (0,3%), Comércio e Prestação de Serviço com 0,2% respectivamente.
A recuperação do investimento directo, atingiu o valor de US$ 19.240,02 milhões em 2011
contra os US$ 16.724,4 milhões em 2011, o que representa um aumento de 15,0%, resultante
essencialmente da solvência do sector petrolífero.
2.2.2. Investimento de Carteira
No período em análise, esta conta apresentou um saldo negativo de US$ 52,2 milhões contra
os US$ 270,5 milhões negativos do ano anterior, correspondendo a uma contracção de 80,7%
de títulos de participação angolano no exterior.
2.2.3 Outros Investimentos
Esta conta, encerrou este exercício com um saldo líquido de US$ 1.569,0 milhões em 2011
contra os US$ 3.612,9 milhões registados no período homólogo, resultante de
disponibilidades sobre o exterior no valor de US$ 2.543,4 milhões e de responsabilidades para
com o exterior de US$ 4.112,4 milhões.
Gráfico nº 15 – Composição do Outro Investimento
11
Gráfico nº 16 – Composição dos Activos
Gráfico nº 17 – Composição dos Passivos
2.2.4. Activos de Reserva
Em 2011, registou-se uma acumulação de reservas brutas de US$ 9.053,8 milhões, o que
resultou na cobertura acima dos limites recomendados internacionalmente de 7,8 meses de
importação de bens e serviços, contra 6,6 meses de importação alcançados em 2011.
3. Erros e Omissões
Assim, a balança de pagamentos encerrou o exercício corrente com erros e omissões de US$
436,6 milhões negativos contra os US$ 180,7 milhões negativos de 2011.
4. Stock da Dívida Externa
O Stock da Dívida Externa, incluindo os atrasados passou de US$ 17.828,6 milhões em 2011
para US$ 20.992,1 milhões em 2011, representando um aumento de 17,7%.
12
Quadro nº 3 - Stock Global da Dívida US$ Milhões
Total da dívida incluindo atrasados 17.828,6 20.992,1 17,7
Comercial 10.675,7 13.125,2 22,9
Bancos (Titulos e Obrigações) 9.881,6 12.105,2 22,5
Empresas (Provedores) 794,0 1.020,0 28,5
Bilateral 5.816,4 6.221,4 7,0
Multilateral 1.328,3 1.640,1 23,5
Comissões 8,3 5,4 -34,8
2010 2011 Variação ( %)DESCRIÇÃO
Conforme ilustrado na tabela acima, influenciado pelo aumento de todos os componentes da
sua estrutura, com excepção das comissões, o stock da dívida de 2011 foi composto por
62,5% da dívida comercial, 29,6% da dívida bilateral e 7,8% da dívida multilateral.
13
II. POSIÇÃO DO INVESTIMENTO INTERNACIONAL
A crescente integração das economias tem conferido às contas externas nomeadamente
Balança de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional (PII) uma importância
relevante nas decisões de política económica de qualquer país.
A PII reflecte as disponibilidades e responsabilidades financeiras externas de uma economia
no final de um determinado período, normalmente um ano que combinada com os activos não
financeiros duma economia, constituem o valor líquido ou património dessa economia.
Os saldos da PII mantêm uma relação estreita com os fluxos da conta financeira da balança de
pagamentos e são compilados em quatro categorias funcionais para as posições activas,
nomeadamente o Investimento Directo no Exterior, Investimento de Carteira, Outro
Investimento e Activos de Reserva e em três categorias para as posições passivas, à
semelhança das activas, com excepção das reservas.
A Posição do Investimento Internacional Liquido, em 2011 alcançou o saldo de US$ 24.062,4
milhões contra US$ 11.560,0 milhões no período homólogo, correspondendo a 23,1% do PIB,
contra os 14% do PIB, em 2011.
Gráfico nº18 – Posição do Investimento Internacional
Em 2011, os activos alcançaram o valor de US$ 63.125,2 milhões, enquanto que em 2011 foi
de US$ 49.383,2 milhões verificando-se um aumento relativo de 27,8%, provocado
fundamentalmente pelo aumento do investimento directo no exterior e dos activos de reserva.
14
Gráfico nº19 - Activos
O gráfico acima permite-nos visualizar o comportamento crescente de todos os componentes
dos activos, nomeadamente, dos activos de reserva, do investimento directo no exterior, do
investimento de carteira e dos outros investimentos na ordem dos 46,8%, 41,5%, 14,4% e
0,7%, respectivamente.
Do outro lado do balanço, o maior componente do passivo externo de Angola foi o outro
investimento, que totalizou US$ 30.156,7 milhões em Dezembro de 2011, representando
77,2% do total de passivos, seguindo-se o investimento directo em Angola com 22,6%.
No gráfico a seguir, pode-se verificar o impacto da evolução dos componentes do passivo no
comportamento desta categoria, tendo as responsabilidades atingido o valor de US$ 39.062,8
milhões em finais de 2011 contra os US$ 37.823,2 milhões em 2011, representando um
aumento de 3,3%.
Gráfico nº 20 - Passivos