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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA MARIELE ALVES FERRER RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO E MANUTENÇÃO DE MUDAS NA EMPRESA ATEAGRO SÃO GABRIEL 2013

relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

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Page 1: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

MARIELE ALVES FERRER

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO E

MANUTENÇÃO DE MUDAS NA EMPRESA ATEAGRO

SÃO GABRIEL

2013

Page 2: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

MARIELE ALVES FERRER

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO E

MANUTENÇÃO DE MUDAS NA EMPRESA ATEAGRO

Relatório de estágio, do curso de

Engenharia Florestal da Universidade

Federal do Pampa como requisito parcial

para obtenção do título de Engenheira

Florestal.

Orientador: Professor Dr. Leandro

Homrich Lorentz

São Gabriel

2013

Page 3: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

MARIELE ALVES FERRER

RELATÓRIO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NA PRODUÇÃO E

MANUTENÇÃO DE MUDAS NA EMPRESA ATEAGRO.

Relatório de estágio, do curso de

Engenharia Florestal da Universidade

Federal do Pampa como requisito parcial

para obtenção do título de Engenheira

Florestal

Relatório de Estágio defendido e aprovado em: 10 de maio de 2013.

Banca examinadora:

________________________________________________________

Prof. Dr. Leandro Homrich Lorentz

Orientador

UNIPAMPA

________________________________________________________

Profª Drª Alexandra Augusti Boligon

UNIPAMPA

_________________________________________________________

Profª Ms Bruna Denardin da Silveira

UNIPAMPA

Page 4: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

Dedico este trabalho aos meus pais, Joice

Catarina Alves Ferrer e Demerval Vaz da

Silva e toda a minha família pelo apoio e

incentivo durante todo o curso.

Page 5: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

AGRADECIMENTO

Agradeço a todos aqueles que estiveram ao meu lado durante sua realização.

Ao Eng. Agrônomo Eduardo Nascimento Abib, proprietário da empresa ATEAGRO,

e acima de tudo amigo, que me concedeu e supervisionou o estágio. À sua família

pela acolhida e amizade gerada e aos trabalhadores da empresa.

Ao Prof. Dr. Leandro Homrich Lorentz pela orientação e apoio durante o estágio.

A colega Mariana Alves Ibaar, que estagiou no mesmo período, pelo auxílio nas

atividades desenvolvidas.

As minhas colegas e amigas que sempre estão presentes, Amanda da Silva Nunes

e Fernanda Carrion da Luz, pela força amizade e carinho em todos os momentos.

Ao meu amigo Alex David Machado, pela amizade, companheirismo e auxílio desde

o início do curso, estando sempre disposto a me ajudar em tudo.

Aos meus avós Ibraima Alves Ferrer (in memoriam) e Leonel Avila Ferrer, por

sempre acreditarem no meu potencial.

Aos meus pais Joice Catarina Alves Ferrer e Demerval Vaz da Silva e a toda a

minha família, o meu mais sincero agradecimento pelo apoio incondicional durante

toda essa trajetória.

Aos demais professores que sempre apoiaram e contribuíram para que eu chegasse

até aqui.

A todos vocês Muito Obrigada!

Page 6: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Percentagem de emergência das plântulas de Schizolobium amazonicum

cultivadas em diferentes substratos e recipientes. .................................................... 23

Page 7: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura utilizada no processo de carbonização da casca de arroz na

empresa ATEGARO, São Gabriel, RS, 2013. ........................................................... 12

Figura 2– Peneira elétrica utilizada no preparo dos componentes do substrato na

empresa ATEAGRO, São Gabriel, RS, 2013. ........................................................... 14

Figura 3 – Betoneira utilizada na mistura do substrato na empresa ATEAGRO, São

Gabriel, RS, 2013. ..................................................................................................... 14

Figura 4- Poda de raiz realizada em mudas de palmeiras, realizado na empresa

AREAGRO, São Gabriel, RS, 2013. .......................................................................... 15

Figura 5- Transplante de palmeiras realizado em empresa ATEAGRO, São Gabriel,

RS, 2013. .................................................................................................................. 16

Figura 6 - Mudas de Asparagus densiflorus antes da realização da capina manual,

na empresa ATEAGRO, São Gabriel, RS, 2013. ...................................................... 17

Figura 7- Transplante realizado em mudas nativas na empresa ATEAGRO, São

Gabriel, RS, 2013. ..................................................................................................... 18

Figura 8 - Amarração feita no tutor e nas mudas, São Gabriel, RS, 2013. ............... 19

Figura 9 - Local de armazenamento das mudas nativas transplantadas na empresa

ATEAGRO, São Gabriel, RS, 2013. .......................................................................... 19

Figura 10 – Área de consórcio de leucenas com aspargos antes da poda e poda das

leucenas, na empresa ATEAGRO, São Gabriel, RA, 2013. ...................................... 20

Figura 11 – Preenchimento dos tubetes e sacos plásticos com substrato ................ 22

Figura 12 – Experimento implantado ......................................................................... 23

Page 8: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

RESUMO

O estágio foi realizado na empresa ATEAGRO Soluções Ambientais e Agronômicas

Sustentáveis, tendo como proprietário e supervisor do estágio o Eng. Agrônomo

Eduardo Nascimento Abib. A empresa é altamente sustentável na produção das

mudas, utilizando adubação orgânica produzida na própria empresa com materiais

como cascas de frutas e verduras para produção de húmus, esterco bovino e casca

de arroz carbonizada. No decorrer do estágio foram desenvolvidas atividades

práticas relacionadas à produção de mudas em viveiro. Foram manejadas mudas

ornamentais de palmeiras e aspargos (Asparagus densiflorus) e mudas de diversas

espécies nativas. Também foram feitos contatos com fornecedores de matéria prima

para o viveiro, e ainda foi realizado um experimento testando diferentes substratos e

recipientes com a espécie Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert (canafístula). O

experimento foi implantado no mês de março, sendo conduzido em um viveiro

coberto com sombrite, testando quatro tratamentos com 54 repetições cada. Foram

utilizados os seguintes tratamentos: T1. 50% terra + 30% casca de arroz

carbonizada + 20% húmus, T2. 50% terra + 20% casca de arroz carbonizada + 30%

húmus, e dois recipientes, tubetes de 175cm³ e sacos plásticos de dimensões

30x9,3x8,3cm. Durante o período do estágio foi analisado somente o percentual de

emergência de plântulas, onde tanto em tubetes quanto em sacos plásticos as

mudas apresentaram maior percentual de germinação no T2. Ao término do estágio

percebe-se a grande importância do mesmo para o início da vida profissional, pois

foi através dessa atividade que se tem a grande oportunidade de pôr em prática

conhecimentos adquiridos no decorrer do curso.

Palavras chave: mudas ornamentais, mudas nativas, Peltophorum dubium.

Page 9: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

ABSTRACT

The stage was performed in company ATEAGRO Solutions sustainable

environmental and agronomic, having as owner and supervisor of the stage the eng.

Agronomist Eduardo Nascimento Abib. The company is highly sustainable in the

production of seedlings, using organic fertilization produced by the company itself

with materials such as skins of fruit and vegetables for the production of humus,

cattle manure and carbonized rice husk. During the internship were developed

practical activities related to the production of seedlings in nursery. Seedlings were

planted ornamental palms and asparagus (Asparagus densiflorus) and seedlings of

many native species. Contacts were also made with suppliers of raw materials for the

nursery, and still was carried out an experiment testing different substrates and

containers with the kind Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert (canafistula seeds).

The experiment was established in the month of March, being conducted in a nursery

covered with shade cover, testing four treatments with 54 repetitions each. The

treatments were: T1. 50% Earth + 30% carbonized rice husk + 20% humus, T2. 50%

Earth + 20% carbonized rice husk + 30% humus, and two containers, vials of 175cm³

and plastic bags of dimensions 30x9,3X8,3. During the probationary period was

analyzed the percentage of seed germination of seedlings, where both in tubes and

plastic bags the seedlings showed higher percentage of germination in T2. At the end

of the stage we realize the great importance of the same for the start of working life,

because it is through this that we have a great opportunity to put into practice

knowledge acquired throughout the course.

Key Words: ornamental nursery, native seedlings, Peltophorum dubium.

Page 10: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 10

2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................................................... 11

2.1. Atividades diárias do Viveiro .......................................................................... 11

2.1.1. Substrato ................................................................................................ 11

2.1.2. Palmeiras ................................................................................................ 15

2.1.3. Aspargus ................................................................................................. 16

2.1.4. Espécies nativas arbóreas .................................................................... 17

2.1.5. Sistema Agroflorestal ............................................................................ 19

2.2. Planejamento e condução do Experimento ................................................... 21

3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 24

4. AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO .................................................................................. 25

Page 11: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

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1. INTRODUÇÃO

Este relatório foi elaborado com base no estágio obrigatório do curso de

Engenharia Florestal da Universidade Federal do Pampa. O estágio foi realizado na

empresa ATEAGRO Soluções Ambientais e Agronômicas Sustentáveis, localizada

na Rua João Antônio Moreira, 380, próximo a BR 290, no município de São Gabriel,

RS, tendo como proprietário e supervisor do estágio o Eng. Agrônomo Eduardo

Nascimento Abib.

A empresa ocupa uma área de seis hectares, constituída por escritório,

galpão, estufas para roseiras, estufas para mudas nativas e ornamentais, estufa de

germinação e uma área de sistema agroflorestal, consorciando exemplares de

Leucaena leucocephala (Lam.) R. de Wit. (leucena) com roseiras e aspargos.

As espécies ornamentais produzidas são comercializadas em uma floricultura

também localizada no município de São Gabriel. As espécies de árvores nativas

estão sendo produzidas para serem vendidas, futuramente, em um viveiro de mudas

florestais que está sendo planejado pelo proprietário.

A empresa é altamente sustentável na produção das mudas, utilizando

adubação orgânica produzida no próprio local reaproveitando resíduos descartados

nas residências existentes na propriedade, como cascas de frutas e verduras para

produção de húmus, esterco bovino e casca de arroz carbonizada, além disso, não

são utilizados fertilizantes nem pesticidas.

Este relatório teve como objetivo descrever as atividades desenvolvidas

durante o período de estágio curricular na produção de mudas nativas e ornamentais

em viveiro e descrever o experimento realizado durante o período de estágio, na

Empresa ATEAGRO, mostrando os conhecimentos adquiridos durante o mesmo.

Page 12: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

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2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

No decorrer do estágio foram realizadas atividades relacionadas ao viveiro

como: acompanhamento da carbonização da casca de arroz, preparo de substrato,

transplante de palmeiras e mudas nativas, repicagem de aspargos e capina manual,

poda de raiz e poda de condução.

As palmeiras apresentam diversas importâncias dentre elas está o

fornecimento de matéria prima para produções artesanais, além disso, também são

bastante utilizadas em ornamentações (EBISAWA, 2010). O aspargos rabo-de-gato

(Asparagus densiflorus) conquistou jardins brasileiros por ser uma planta delicada e

ao mesmo tempo rústica, podendo ser cultivada em vasos ou canteiros (PATRO,

2011).

Também foi implantado e acompanhado um experimento buscando comparar

o desenvolvimento de mudas de Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert

(canafístula) em diferentes substratos e recipientes.

Abaixo são descritas as atividades relacionadas ao viveiro e ao experimento.

2.1. Atividades diárias do Viveiro

2.1.1. Substrato

Durante o estágio foi acompanhado o processo de carbonização da casca de

arroz (figura 1), esse material é utilizado na maioria dos substratos preparados na

empresa, buscando dar melhor aeração ao mesmo.

No processo industrial do beneficiamento do arroz, a casca corresponde

aproximadamente 20% do peso dos resíduos. As cascas de arroz podem ser

carbonizadas e usadas como substratos, em canteiros ou recipientes, na

germinação de sementes e formação e mudas de vegetais superiores (SOUSA,

1993). Entre os diversos componentes de misturas para substratos, a casca de arroz

adquire grande importância devido a grande disponibilidade da matéria-prima nas

regiões orizícolas, aliada à necessidade de dar-lhe um destino econômica e

ecologicamente viável.

Page 13: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

12

Dentre as características desse material destacam-se o baixo custo, fácil

manuseio, grande capacidade de drenagem e ausência de contaminantes (MINAMI,

1995; SILVA et al, 2010). Porém, é um material que apresenta baixa retenção de

umidade, devendo ser misturado com algum outro material que retenha mais

umidade.

O uso da casca de arroz é de grande utilidade, pois o aproveitamento de

resíduos da agroindústria em práticas agrícolas representa uma saída para

problemas econômicos, sociais e ambientais (KAMPF, 2000; SILVEIRA et al., 2002;

SANTOS, 2006).

O processo de carbonização da casca de arroz é realizado para desinfetar

esse material de possíveis vírus, fungos e bactérias e para resíduos de sementes de

arroz presentes entrar as cascas, que poderiam germinar causando competição com

as mudas (SILVA et al, 2007).

Figura 1- Estrutura utilizada no processo de carbonização da casca de arroz na

empresa ATEGARO, São Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

A maior parte dos substratos utilizados atualmente são resultados de

combinações de dois ou mais materiais, procurando unir as diferentes

características físicas e químicas desses materiais podendo moldar o substrato

conforme as necessidades das mudas (TUZZI, 2011).

Page 14: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

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As formulações de substratos utilizados na produção de mudas na empresa

são todas de origem orgânica. Esses substratos são produzidos à base de casca de

arroz carbonizada, húmus, compostagem e argilossolo, variando a porcentagem de

cada componente para mudas nativas arbóreas e mudas ornamentais.

Dentre as técnicas de reaproveitamento de resíduos orgânicos a

compostagem é uma das mais eficazes. O processo possibilita a transformação de

resíduos orgânicos em um produto com potencial fertilizante para as plantas

(MATOS, 2005; ARAUJO, 2010). O composto utilizado na produção do substrato

contém esterco bovino. O esterco fornece microorganismos que aceleram a

decomposição da matéria orgânica, reduzindo o tempo de maturação do composto.

Além da utilização desse composto a base de esterco, é adicionado húmus ao

substrato, que também é um componente orgânico, e produzido na empresa. A

utilização de húmus como adubo orgânico torna-se cada vez mais importante em

sistemas de agricultura orgânica e de produção de mudas florestais, pela redução do

uso de fertilizantes e água. Segundo MARTINEZ (2010), o processo de produção de

húmus por meio de utilização de minhocas é denominado vermicompostagem. A

transformação de resíduos com o auxílio de minhocas apresenta a vantagem de

formar um composto de qualidade para ser utilizado na adubação de plantas

(STEFFEN, 2008).

A baixa densidade da casca de arroz é um fator importante quando se deseja

aumentar a porosidade total de um substrato, o que irá permitir uma maior drenagem

durante a irrigação ou, ainda, proporcionar uma boa aeração do sistema radicular da

muda. Assim, a adição desse material pode melhorar a estrutura física do substrato

(COUTO, 2003).

Para o preparo do substrato são utilizados terra disponível na propriedade,

sendo ela um argissolo, um composto a base de esterco bovino, húmus, casca de

arroz carbonizada e em alguns casos farinha de osso. Neste caso, a terra, o

composto e o húmus são peneirados antes do preparo do substrato. Nessa atividade

é utilizada uma peneira elétrica (figura 2), para dar uma melhor textura ao substrato,

extraindo os torrões e raízes presentes nesses materiais.

Page 15: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

14

Figura 2– Peneira elétrica utilizada no preparo dos componentes do substrato na

empresa ATEAGRO, São Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

Para a mistura dos componentes utilizados no substrato é feito o uso de uma

betoneira (Figura 3), deixando-o mais homogêneo e facilitando essa atividade.

Figura 3 – Betoneira utilizada na mistura do substrato na empresa ATEAGRO, São

Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

Page 16: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

15

2.1.2. Palmeiras

Transplantes de mudas de palmeiras firam realizados com objetivo de

melhorar as condições de desenvolvimento das mesmas. Essas mudas foram

retiradas de sacos plásticos de dimensões 30x9,3x8,3cm e colocadas em sacos

plásticos de 25x21x18cm. Essas foram plantadas com o colo da planta a uma altura

superior a da abertura do saco, evitando assim o apodrecimento do mesmo.

A poda de raiz (figura 4) é utilizada para facilitar a repicagem quando as

mudas ultrapassam por alguma razão o tamanho indicado para o plantio da espécie.

No sistema de produção em sacos plásticos o desenvolvimento do sistema radicial

no fundo do recipiente causa o que se denomina “enovelamento” das raízes. Esse

enovelamento é prejudicial ao desenvolvimento das mudas em campo, após o

plantio, retardando a fixação das raízes no solo e o crescimento inicial (VARGAS et

al., 2011), necessitando assim a realização da poda.

Figura 4- Poda de raiz realizada em mudas de palmeiras, realizado na empresa

AREAGRO, São Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Mariana Ibbar

O transplante de mudas de palmeira, especialmente quando associado à

poda de raízes, pode alterar o padrão de crescimento das mudas. As mudas

transplantadas apresentam sistema radicular mais fibroso, caule de maior diâmetro e

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16

menor relação no comprimento aéreo e radicular (DURYEA; LANDIS, 1987;

CONSTANTINO, 2009). (Figura 5)

Figura 5- Transplante de palmeiras realizado em empresa ATEAGRO, São Gabriel,

RS, 2013.

Fonte:Ibaar, 2013.

Essas atividades são realizadas buscando melhorar as condições necessárias

para um bom desenvolvimento da muda antes que ela seja levada para locais

definitivos, visto que essas mudas já possuem tamanho ideal para esse processo, e

podem ser prejudicadas se continuarem em recipientes pequenos para o seu porte.

O substrato utilizado para essas mudas foi composto por 20% de argilosso,

20% de casca, 50 % de composto e 10% húmus.

2.1.3. Aspargus

A repicagem é o processo de transferência das plântulas da sementeira para

as embalagens (sacos plásticos ou tubetes) (BRASÍLIA, 2011). As mudas de

Asparagus densiflorus foram retiradas da sementeira e colocadas em sacos

plásticos, preenchidos com substrato a base de 50% de humos e 50% de casca de

arroz, o que diminui a incidência de inços. Após a repicagem, as mudas foram

Page 18: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

17

levadas novamente à estufa e armazenadas em caixas de madeira com 15 sacos

cada uma. Essa operação foi precedida de uma irrigação manual.

Mondas, ou capinas manuais são operações de eliminação das plantas

indesejáveis (figura 7) que, eventualmente, crescem nos recipientes, junto com as

mudas (BRASÍLIA 2011). Essa atividade foi desenvolvida visando uma limpeza da

mesma e em mudas já repicadas de Asparagus densiflorus, buscando melhor

desenvolvimento das mudas e evitando competição.

Figura 6 - Mudas de Asparagus densiflorus antes da realização da capina manual,

na empresa ATEAGRO, São Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

2.1.4. Espécies nativas arbóreas

Mudas nativas de diversas espécies foram retiradas de sacos com dimensões

de 30x9,3x8,3 cm para latas de óleo de 18L e embalagens de plásticos de 10L

(Figura 7). Algumas das mudas já possuíam altura superior 1,5m. Após transferir as

mudas para essas embalagens foram colocados tutores de bambu fornecendo

melhor suporte, mantendo a muda ereta. Eliminaram-se as brotações laterais,

procurando-se dar a muda uma formação em haste única ou deixando-se os ramos

básicos na altura adequada. A poda de condução nas mudas foi realizada com o

objetivo de corrigir diferenças na copa, reduzir o tamanho da muda, ou eliminar

brotos laterais deixando o tronco livre de ramificações (MACEDO, 1993).

Page 19: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

18

Figura 7- Transplante realizado em mudas nativas na empresa ATEAGRO, São

Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

Como o objetivo da produção dessas mudas é a arborização urbana sua

produção segue as normas e diretrizes do padrão da Secretaria Municipal do Meio

Ambiente em Porto Alegre (SMAM), que diz que para espécies arbóreas para

plantação em vias públicas, a altura definida é de 2,20m.

Devido ao fato de se esperar que as mudas atinjam uma altura superior a dois

metros é necessário que sejam alocados tutores para dar suporte às mudas

evitando que haja tortuosidades. Para evitar esse problema as mudas são

amarradas aos tutores (estacas de madeira com altura superior a da muda) em dois

pontos, usando corda de sisal. Os amarrilhos utilizados não podem provocar injúrias

ao caule e ramos da muda. A amarração deve ser feita em forma de oito, de modo

que um dos elos evolva o caule e o outro o tutor, sendo em número de dois ou mais,

dependendo da necessidade da muda (Figura 9).

O substrato utilizado para as mudas nativas é constituído por 45% de

argilosso, 30% de casca, 20% de composto e 5% húmus.

Page 20: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

19

Figura 8 - Amarração feita no tutor e nas mudas, São Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

Após a realização dessa atividade as mudas foram transportadas até um

viveiro coberto por sombrite onde foram armazenadas (Figura 9).

Figura 9 - Local de armazenamento das mudas nativas transplantadas na empresa

ATEAGRO, São Gabriel, RS, 2013.

Fonte: Autor

2.1.5. Sistema Agroflorestal

A empresa onde foi realizado o estágio possui um sistema agroflorestal

consorciando Leucena com uma produção de aspargo (Asparagus virgatus Baker)

Page 21: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

20

(figura 12A), e com roseiras. Os sistemas agroflorestais constituem sistemas de uso

e ocupação do solo em que plantas lenhosas perenes (árvores, arbustos) são

manejadas em associação com plantas herbáceas, culturas agrícolas e/ou

forrageiras e/ou em integração com animais, em uma mesma unidade de manejo, de

acordo com um arranjo espacial e temporal, com alta diversidade de espécies e

interações ecológicas entre estes componentes (ABDO, et al, 2008).

Roseiras devem ser produzidas em locais com boa incidência de raios

solares, pois sombra freqüente favorece a redução no volume de produção,

estiolamento das plantas e maior incidência de doenças (GOMES, 2005).

O consórcio com aspargos foi realizado devido à necessidade de sua

produção ser a meio-sombra, devido a isso foram realizadas a poda das leucenas

visando melhorar a incidência de sol (figura 12B). O sol direto é muito forte para

estas plantas, podendo queimar seus ramos, devido a isto, embora seja

aconselhável plantar os aspargos em local claro e quente, deve ser feito à meia

sombra, de forma que a planta fique protegida do sol direto nas horas mais quentes

do dia.

Figura 10 – Área de consórcio de leucenas com aspargos antes da poda e poda das

leucenas, na empresa ATEAGRO, São Gabriel, RA, 2013.

Fonte: Autor

Page 22: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

21

2.2. Planejamento e condução do Experimento

Durante a realização do estágio, vivenciou-se o processo de planejamento,

implantação e condução de um experimento com sementes de canafístula em

diferentes composições de substratos e recipientes.

A canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.)Taub.), espécie arbórea da

família Leguminosae, sub-família Caesalpinioideae, é nativa da região Amazônica e

habita áreas de florestas primárias e secundárias de terra firme, bem como de

várzea alta com predominância de solos argilosos (DUCKE, 1982; ONOFRE, 2011).

Por ter crescimento rápido e ser heliófila a espécie é recomendada para

reflorestamentos mistos de áreas degradadas, paisagismo em geral, arborização de

parques, praças e rodovias (LORENZI, 2002).

Para a produção de mudas de canafístula é necessária a superação da

dormência primária de suas sementes, ocasionada pela impermeabilidade do

tegumento à água (dormência física) (DUTRA, 2012).

Um fator importante à obtenção de bons resultados na produção de mudas de

espécies florestais nativas é o estudo relacionado com a escolha do melhor

substrato a ser utilizado. Apesar da importância ecológica e econômica da espécie,

são escassas as informações acerca dos tipos de substratos que influenciam na

geminação das sementes e no estabelecimento de suas plântulas (NAPPO et al.,

2001; ONOFRE, 2011).

O objetivo da implantação desse experimento foi analisar o desenvolvimento

das mudas de canafístula em dois diferentes substratos comparando também dois

recipientes.

As sementes de canafístula foram coletadas no distrito Tiarajú localizado no

interior do município de São Gabriel. Antes da semeadura as sementes foram

submetidas a tratamento pré-germinativo com a imersão na água á temperatura de

80ºC, seguido por esfriamento natural na mesma água por 24h.

O experimento foi instalado na empresa ATEAGRO no mês de março, sendo

conduzido em um viveiro coberto com sombrite, testando quatro tratamentos com 54

repetições cada. Foram utilizados os seguintes substratos: 50% terra + 30% casca

de arroz carbonizada + 20% húmus (T1), 50% terra + 20% casca de arroz

carbonizada + 30% húmus (T2), ambos cultivados em tubetes (R1) de 175cm³ e

Page 23: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

22

sacos plásticos de dimensões 30x9,3x8,3cm (Figura 11). Os sacos plásticos foram

alocados no piso do viveiro que é coberta com britas, e os tubetes em bandejas de

estaleiros.

Figura 11 – Preenchimento dos tubetes e sacos plásticos com substrato

Fonte: Ibaar, 2013

Durante o período do estágio foi analisado somente o percentual de

emergência das plântulas, obtida por:

E= n ∕ a *100

onde:

E= porcentagem de emergência;

n= número total de plântulas emergidas;

a= número total de sementes da amostra.

Na análise do percentual de emergências das plântulas os dois substratos

apresentaram maiores resultados nos sacos plásticos, conforme a tabela 1. Um dos

fatores que pode vir a influenciar esses resultados é a retenção de umidade que

ocorre devido aos sacos plásticos estarem alocados no chão. Nos tubetes essa

retenção não ocorrer, pelo volume de substrato ser menor, e por estarem suspensos

nos estaleiros, ocasionando a perda de umidade.

Page 24: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

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Tabela 1 - Percentagem de emergência das plântulas de Schizolobium amazonicum

cultivadas em diferentes substratos e recipientes.

Substratos Recipientes

Tubete Saco

50% terra + 30% casca de arroz

carbonizada + 20% húmus (T1)

59% 78%

50% terra + 20% casca de arroz

carbonizada + 30% húmus (T2)

58% 82%

Fonte: Autor

Figura 12 – Experimento implantado

Fonte: Autor

O experimento continuará após o término desse estágio, avaliando-se o

desenvolvimento dessas mudas para obtenção de melhores resultados, mensurando

altura das mudas, numero de folhas, desenvolvimento da raiz, diâmetro do caule,

comparando os resultados definindo qual o melhor substrato e melhor recipiente.

Durante a condução do experimento no período de estágio enfrentou-se o

problema de o local onde foi alocado as mudas ser coberto apenas na parte superior

por sombrite, permitindo a entrada de pássaros que acabaram danificando e

comendo algumas mudas. Atualmente, o local já está coberto por lona transparente,

eliminando este problema.

Page 25: relatório das atividades desenvolvidas na produção e manutenção

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3. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A realização e o acompanhamento das atividades desenvolvidas

relacionadas, tanto as plantas quanto aos substratos, realizados ao longo do

estágio, demonstram a importância de tais atividades para o desenvolvimento de

mudas de boa qualidade.

Comprovando a importância das atividades realizadas, ao longo do estágio foi

possível verificar uma melhoria visual na qualidade das mudas de palmeiras que

foram transplantadas de recipientes logo no início das atividades.

Durante o estágio foi possível verificar a eficiência da adubação orgânica o

que é possível produzir mudas de qualidade com baixo custo de produção.

Atualmente o viveiro conta com dois funcionários, sendo a administração feita

pelo proprietário. Em relação a mão de obra é onde ocorre a maior deficiência, pois

a rotatividade de funcionários faz com que a empresa nunca tenha um profissional

capacitado.

Como recomendações á empresa ATEAGRO sugere-se que sejam realizados

mais experimentos avaliando os substratos utilizados em diferentes espécies, tanto

ornamentais quanto nativas arbóreas, bem como uma comparação com adubos

químicos, analisando sua eficiência. Também seria importante realizar uma análise

química dos substratos utilizados.

Como o objetivo principal da produção de mudas nativas é a arborização

urbana deve ser realizado um estudo para verificar quais as espécies são mais

utilizadas na arborização urbana da região.

Quanto aos resultados do experimento, obtidos durante o período de estágio,

constatou-se que o maior percentual de emergência de plântulas ocorreu em sacos

plásticos. A retenção de umidade pode ser um dos fatores que influenciou esses

resultados, visto que os sacos plásticos estão alocados no viveiro em um piso

coberto por britas, e o volume de substrato nesses recipientes é maior que nos

tubetes.

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4. AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO

A oportunidade da realização do estágio supervisionado em empresas como a

ATEAGRO, na área de produção de mudas é de grande importância para colocar

em prática as atividades que durante o curso foram apenas teóricas, visto que ainda

não possuíamos um viveiro para a realização dessas atividades.

É recomendado o estágio nessa empresa aos demais estudantes da

UNIPAMPA, pela aprendizagem que pode ser obtida durante o mesmo e pela

atenção oferecida pelo proprietário que esteve sempre disposto a ensinar e auxiliar

as atividades.

A maior lição obtida após a realização do estágio foi a importância do trabalho

em equipe, a borá relação e comunicação com funcionários, contribuindo com o

melhor desempenho de suas atividades.

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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