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FACULDADE SANTO AGOSTINHO – FSA ENGENHARIA CIVIL THIAGO SOUSA ARAUJO Nº da matricula:11302400 METODO DE CALCULO DOS PAVIMENTOS FLEXIVEIS: ESPECIFICAÇÕES TECNICAS

Relatorio de Estruturas Viarias

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Método de dimensionamento do DNIT, AASHTO e PMSP bem resumidos.

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FACULDADE SANTO AGOSTINHO – FSAENGENHARIA CIVIL

THIAGO SOUSA ARAUJONº da matricula:11302400

METODO DE CALCULO DOS PAVIMENTOS FLEXIVEIS:ESPECIFICAÇÕES TECNICAS

Teresina-PI2015

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THIAGO SOUSA ARAUJO

METODO DE CALCULO DOS PAVIMENTOS FLEXIVEIS:ESPECIFICAÇÕES TECNICAS

Trabalho apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Materiais de Estruturas Viárias do Curso de Engenharia Civil, Faculdade Santo Agostinho.

Prof. Ronaldo Alves de Siqueira

Teresina-PI2015

Page 3: Relatorio de Estruturas Viarias

LISTA DE ABREVIAÇÕES

AASHTO - American Association of State Highway and Transportation

Officials - Associação Norte-Americana de Especialistas Rodoviários e de Transporte

BGS - Brita Graduada Simples

BGTC - Brita Graduada Tratada com Cimento

CA - Concreto Asfáltico

CBR - California Bearing Ratio - Índice de Suporte Califórnia

CBUQ - Concreto Betuminoso Usinado a Quente

CCP - Concreto de Cimento Portland

CCR - Concreto Compactado a Rolo

CNT - Confederação Nacional do Transporte

DAER - Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem

DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

N - Número equivalente de eixos padrão = 8,2 tf

NBR - Norma Brasileira

Page 4: Relatorio de Estruturas Viarias

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................6

2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................................7

2.1 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS...................7

2.2 MÉTODO DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT)...........................................................................................................7

2.2.1 PARAMETROS DOS MATERIAIS DAS CAMADAS DO PAVIMENTO...............14

2.2.2 PARAMETROS DO TRAFEGO..................................................................................15

2.3 MÉTODO DA AASHTO DE DIMENSIONAMENTO..................................................19

2.3.1 HISTORICO DO METODO DA AASHTO.................................................................19

2.3.2 UTILIDADE E METODO DE SERVENTIA..............................................................20

2.3.3 EQUAÇÃO DE DESEMPENHO.................................................................................21

2.3.4 DETERMINAÇÃO DAS ESPESSURAS....................................................................22

2.4 MÉTODO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (PMSP).................25

3 CONCLUSÃO...................................................................................................................30

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Page 5: Relatorio de Estruturas Viarias

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ábaco para determinação das somas das espessuras equivalentes H......................10

Figura 2 - Esquema das camadas do pavimento a ser dimensionado.......................................12

Figura 3 - Características do loop da pista da AASHTO ROAD TEST...................................19

Figura 4 - Os seis loops da AASHTO ROAD TEST................................................................19

Figura 5 - Esquema da serventia de um dado pavimento.........................................................20

Figura 6 - Ábaco Espessura do Pavimento X CBR do Subleito...............................................26

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Número de operações de eixo padrão para determinação da espessura mínima de. 9

Quadro 2 - Coeficientes de equivalência estrutural..................................................................11

Quadro 3 - Espessura do revestimento para tráfego leve x material do

revestimento........................................................................................................................26

Quadro 4 - Espessura do revestimento para tráfego médio x material do revestimento...........27

Quadro 5 - Coeficientes estruturais da PMSP...........................................................................28

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados ISig...............................................................................................................13

Tabela 2 - Espessuras mínimas para o uso nas equações.....................................23

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Page 6: Relatorio de Estruturas Viarias

1 INTRODUÇÃO

As estradas exercem importante papel no desenvolvimento econômico e social de um

país. No Brasil, o transporte rodoviário é considerado a principal via de integração,

fundamental no escoamento da produção industrial e agrícola brasileira (TRINDADE et al.,

2005). A malha rodoviária nacional apresenta uma extensão da ordem de 1.725.000 km, com

aproximadamente 10% pavimentados; desse total, 83% enquadram-se na categoria de

rodovias municipais e vicinais, dos quais 1,2% se encontra pavimentado (VELTEN et al.,

2006).

O tráfego comercial que solicita um pavimento é o carregamento a ser considerado nos

métodos de dimensionamento, como destacou Balbo (2007), sejam eles empíricos, sejam

mecanísticos. Portanto, existe uma importante necessidade de se padronizar o tráfego, pois na

realidade ele se apresenta de forma bastante complexa: veículos diferentes, cargas aleatórias,

várias configurações de eixo e rodas, velocidades variáveis etc. Por esses motivos, é usual

representar o tráfego total e a intensidade das cargas transportadas por meio do número (N),

que representa o número equivalente de operações do eixo-padrão de 8,2 t e expressa um

tráfego virtual que produz o mesmo efeito destrutivo do tráfego real.

A partir de estudos desenvolvidos pela AASHTO Road Test, no final da década de 1950,

determinou-se que um eixo simples de roda dupla com carga de 18.000 lb ou 82 kN (8,2 tf) e

563 kPa (80 psi) de pressão de enchimento dos pneus seria considerado eixo-padrão. Os

efeitos destrutivos de cargas quaisquer por eixo sobre pavimentos podem ser atribuídos,

comparativamente, ao provocado por determinado número de passagens do eixo-padrão.

Pode-se ter correlação de cada tipo de eixo ou conjunto de eixos com o eixo-padrão, por meio

do Fator de Equivalência de Cargas (FEC).

O objetivo desse relatório é analisar os 3 métodos abordados de pavimentos flexíveis.

Observando os seus métodos de cálculo e suas variações perante um a outro, dependendo de

seu uso nas pavimentações.

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Page 7: Relatorio de Estruturas Viarias

2 DESENVOLVIMENTO

A seguir é apresentada a metodologia de dimensionamento de

pavimentos flexíveis mais utilizadas no país, prescrita pelo Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

2.1 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS FLEXÍVEIS

Os pavimentos flexíveis podem ser dimensionados por meio de métodos empíricos ou

empírico-mecanicistas, sendo que atualmente no Brasil os métodos empíricos são os mais

utilizados. Dentre as vantagens dos métodos empíricos pode-se citar a sua simplicidade e fácil

aplicação, possibilitando o dimensionamento do pavimento por meio de um pequeno número

de variáveis de fácil obtenção, diferentemente dos métodos empírico-mecanicistas que

necessitam de um maior número de variáveis referentes ao pavimento, sendo essas mais

difíceis de serem obtidas. A abordagem empírica se restringe às condições em que foram

desenvolvidos, fatores ambientais, tráfego dos veículos e propriedades dos materiais

constituintes do pavimento, podendo o projeto não atingir sua eficiência máxima quando

executado em diferentes condições ambientais e econômicas (GONÇALVES, 1999). Nessa

abordagem o dimensionamento é feito por meio do número de operações de eixo padrão, que

no Brasil é de 8,2 tf, sendo que para pesos muito distintos do valor do eixo padrão essa

abordagem passa a ser muito imprecisa, além de haver grandes distorções entre os métodos de

obtenção do fator de equivalência, como ocorre com os métodos do United States Army

Corps of Engineers (USACE) e da American Association of State Highway and

Transportation Officials (AASHTO). No caso do dimensionamento por meio de métodos

empírico-mecanicistas o pavimento é projetado com o uso da mecânica dos pavimentos sendo

dimensionado por meio de análise de tensões, deformações e deslocamentos, sendo

considerado um sistema de várias camadas. Esses métodos têm se desenvolvido com a

aplicação de softwares que possibilitam o dimensionamento

dos pavimentos por meio de dados de entrada como o coeficiente de Poisson, o módulo de

elasticidade e a espessura das camadas, além de possibilitar o uso de carregamentos

complexos.

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Page 8: Relatorio de Estruturas Viarias

2.2 MÉTODO DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES (DNIT)

O Método do DNIT é um método empírico que foi proposto pelo engenheiro Murillo Lopes

de Souza que é adaptado do Método de dimensionamento de aeroportos do United States

Army Corps of Engineers (USACE) e possui como variáveis de projeto o Índice de Suporte

Califórnia (CBR) do solo do subleito e das camadas que constituem o pavimento, o número

de operações de eixo padrão (N) e os coeficientes de equivalência estrutural (K).

A intenção do método é determinar a espessura das camadas de um pavimento

(reforço do subleito, sub-base, base e revestimento), para que as camadas resistam e

transmitam ao subleito das tensões de tráfego, sem que haja deformações excessivas

ou ruptura.

O método possui um roteiro contendo:

• A determinação da capacidade de suporte do subleito e dos materiais granulares

constitutivos do pavimento;

• Classificação dos materiais granulares empregados no pavimento;

• Tráfego (número equivalente ‘N’ de operações de um eixo tomado como padrão);

• Fator climático Regional;

• Coeficiente de equivalência estrutural ‘K’;

• Espessura mínima de revestimento betuminoso;

• Espessura das camadas constituintes.

O método se baseia na determinação do número de operação de eixos padrão (N) de 8,2 tf,

obtido a partir de estudos de tráfego e se utiliza de um ábaco para definir o fator de

equivalência em função do tipo de eixo utilizado e da carga por eixo. Após o cálculo do

número de operações de eixo padrão (N) é definida a espessura do revestimento de acordo

com o Quadro 1.

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Page 9: Relatorio de Estruturas Viarias

Quadro 1 - Número de operações de eixo padrão para determinação da espessura mínima derevestimento betuminoso

Fonte: Brasil (2006b).

Para cálculo do ‘N’ é necessário saber os valores de:

• Vm = Volume diário médio de tráfego do ano médio;

V1: Volume médio diário de tráfego no ano de abertura, num sentidot: Taxa de crescimento anual, progressão aritmética (%/ano)P: Período de projeto (anos)

• Vt = Volume total de tráfego em um sentido durante o período;

• FE = Fator de eixo, multiplicando pelo número de veículos tem-se o

número de eixos;

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Page 10: Relatorio de Estruturas Viarias

• FV = Fator de veículo, multiplicando pelo número de veículos tem-se o

número de eixos equivalentes padrão;

FV=FCxFE• FC = Fator de carga, multiplicando pelo número de eixos tem-se o

número de eixos equivalentes ao eixo padrão.

Para o cálculo dos fatores é necessário fazer uma contagem de tráfego na

estrada em estudo, somando-se o total de eixos em um determinado

período.

O fator climático regional (FR) é multiplicado pelo ‘N’, para que se leve em

consideração as variações de umidade dos materiais durante todo o ano.

Como no Brasil não se possui ainda parâmetros estudados, em favor da

segurança se utiliza FR = 1.

Com o número de operações de eixo padrão (N) e o CBR das camadas de

base, sub-base (limitado pelo método ao valor de 20%) e de reforço do

subleito, determina-se a espessura do pavimento para proteger estas

camadas (Figura 2).

Desta forma, determina-se a espessura relativa à soma das espessuras equivalentes das

camadas de revestimento e base (H20) e posteriormente a soma das espessuras equivalentes de

revestimento, base e sub-base (Hn) e a soma das espessuras equivalentes do revestimento, da

base, da sub-base e do reforço de subleito (Hm) a partir do ábaco da Figura 1.

Figura 1 - Ábaco para determinação das somas das espessuras equivalentes H.

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Page 11: Relatorio de Estruturas Viarias

Fonte: Brasil (2006b).

De acordo com o tipo de material de cada camada a metodologia infere valores dos

coeficientes de equivalência estrutural (K), de acordo com o Quadro 2.

Quadro 2 - Coeficientes de equivalência estrutural

Fonte: Brasil (2006b).

Com os coeficientes de equivalência estrutural das camadas de revestimento, base, subbase e

reforço de subleito (obtidos no Quadro 2) e as espessura de proteção das camadas a partir da

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Page 12: Relatorio de Estruturas Viarias

Figura 2, calcula-se as espessuras mínimas para as camadas do pavimento conforme as

seguintes inequações: (Brasil, 2006)

Sendo:

R: Espessura da camada de revestimento.

KR: coeficientes de equivalência estrutural do revestimento.

B: Espessura da camada de base.

KB: coeficientes de equivalência estrutural da base.

H20: espessura obtida no ábaco, relativa a um valor de CBR de 20%.

h20: espessura da camada de sub-base.

KS: coeficientes de equivalência estrutural da camada de sub-base.

Hn: espessura obtida no ábaco, relativa a um valor de CBR do reforço de subleito.

hn: espessura da camada de reforço de subleito.

Kref: coeficientes de equivalência estrutural do reforço de subleito.

Hm: espessura obtida no ábaco, relativa a um valor de CBR do subleito.

Tem-se como restrição do método a necessidade do uso de um material

para a camada de base com CBR maior ou igual a 60%. A Figura 2

apresenta o esquema das camadas do pavimento.

Figura 2 - Esquema das camadas do pavimento a ser dimensionado.

Fonte: Brasil (2006b).

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Page 13: Relatorio de Estruturas Viarias

O cálculo do CBR (Califórnia Bearing Ratio), que é a relação entre a pressão necessária para

produzir uma penetração de um pistão num corpo-de-prova de solo, e a pressão necessária

para produzir a mesma penetração numa brita padronizada (Brita da Califórnia), sendo que o

valor desta relação é dado em percentagem.

Tem como ideia básica adotar um IS (Índice de Suporte), onde é calculado com média

aritmética de dois outros índices derivados, respectivamente, de CBR e do IG (Índice de

Grupo).

O IS é dado por:

IS=( IScbr+ ISig)

2

Sendo:

IScbr = índice suporte derivado do CBR (numericamente sendo o próprio CBR)

ISig = índice suporte derivado do IG, praticamente correspondendo uma inversão de escala,

fazendo com que os solos de boa qualidade tenham os maiores valores de ISig. Temos ainda a

condição de que o Índice Suporte seja no máximo igual CBR, ou seja, quando o cálculo do IS

resultar num índice maior que o C.B.R. (ou IScbr), adota-se o valor do CBR como Índice

Suporte. Vejamos na Tabela 1.

Tabela 1 - Dados ISig

Fonte: ALMEIDA, Bruno. Notas de aula – “construção de estradas e vias urbanas”

IScbr = Índice de Suporte derivado do ensaio CBR, correspondendo numericamente ao

valor do CBR. O CBR que é dado em porcentagem é transformado em índice, com

o mesmo valor numérico.

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Page 14: Relatorio de Estruturas Viarias

Impõe-se a condição de que o IS – Índice de Suporte seja, no máximo igual ao CBR, ou seja,

quando o cálculo do IS resultar num índice maior que o CBR, adota-se o valor do CBR como

IS. Para fins de dimensionamento de um determinado trecho de características homogêneas, o

valor de IS a ser utilizado é o IS mínimo, ou seja, aquele obtido pelo tratamento estatístico

mostrado abaixo:

Onde:

2.2.1 PARAMETROS DOS MATERIAIS DAS CAMADAS DO PAVIMENTO

Os requisitos de qualidade dos materiais que irão compor as diversas camadas dos pavimentos

estão definidos nas “Especificações Gerais” contidas nas diversas Especificações de Serviços

editadas pelo órgão normalizador nacional – DNER-ES-299/94, por exemplo. Para cada uma

das camadas existe uma ES que define os requisitos mínimos de qualidade dos materiais a

serem utilizados na execução de cada camada. Em resumo pode-se listar estes requisitos como

mostrado a seguir:

Para camada de “Reforço do subleito”:

- Utilizar material cujo CBR seja maior do que o CBR do material do Subleito

Para camada de “Sub-base”:

- Utilizar material com CBR mínimo de 20%;

- Utilizar com IG = 0.

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Para camada de “Base”:

- Utilizar material que tenha IG = 0;

- CBR maior do que 60% (ou 80% em caso de tráfego pesado);

- Expansão menor que 0,5%;

- Limite de liquidez menor do que 25%;

- Índice de plasticidade menor do que 6;

- Distribuição granulométrica enquadrada pelas faixas da norma DNER-ES-303/96;

- Se LL>25, o Equivalente de Areia deverá ser maior que 30.

Para o dimensionamento do pavimento, ou seja, a definição das espessuras e dos materiais de

cada uma das camadas, este método adota os coeficientes de equivalência estrutural definidos

pela pesquisa da AASHO Road Test. Tal como proposto, a hierarquia dos materiais que vão

compor estas camadas é determinada adotando-se um material padrão – a base granular – e

comparando-se os outros materiais com este padrão em termos de comportamento estrutural.

Assim, chama-se coeficiente de equivalência estrutural um número que relaciona a espessura

necessária da camada a ser construída com a espessura equivalente de uma cada com o

mesmo comportamento estrutural e construída com o material padrão. A expressão a ser

utilizada para tanto é:

hp = ki x hi

Sendo:

hp = a espessura equivalente a hi, de material padrão;

ki = coeficiente de equivalência estrutural do material i;

hi = espessura do material que vai compor a camada.

A relação abaixo mostrados coeficientes de equivalência estrutural dos materiais mais

comumente utilizados em pavimentação em nosso país.

• base ou revestimento de concreto betuminoso: 2,00

• base ou revestimento de pré-misturado a quente, de graduação densa: 1,70

• base ou revestimento de pré-misturado a frio, de graduação densa: 1,40

• base ou revestimento betuminoso por penetração: 1,20

• bases granulares: 1,00

• sub-bases granulares 0,77

• reforço de subleito: 0,71

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Page 16: Relatorio de Estruturas Viarias

• solos cimento, resistência aos 7 dias > 45 kg/cm2: 1,70

• solos cimento, resistência aos 7 dias entre 28 e 45 kg/cm2: 1,40

• solos cimento, resistência aos 7 dias entre 21 e 28 kg/cm2: 1,20

2.2.2 PARAMETROS DO TRAFEGO

Um dos fatores que influem no dimensionamento dos pavimentos flexíveis é o trafego que

solicitará determinada via durante sua vida útil de serviço. As cargas que solicitam a estrutura

do pavimento ao longo de um período “P” para o qual é projetado o pavimento são

representadas pela ação do ciclo de carregamento e descarregamento em um determinado

ponto fixo da superfície de rolamento quando da passagem das rodas dos veículos. O dano

causado pela passagem de cada veículo é, usualmente, de pequena magnitude, mas o efeito

acumulativo deste dano é que determina a resistência de vida à fadiga dos pavimentos. No

Brasil, o fator preponderante que leva os pavimentos ao final de sua vida útil é este efeito

acumulado.

Neste método de dimensionamento, para efeito de projeto, o tráfego que transitará sobre

determinado pavimento ao longo de sua vida útil de serviço é convertido em um número de

operações/solicitações de um eixo rodoviário padrão. Este número de solicitações é conhecido

como número “N”.

O eixo padrão rodoviário brasileiro é um eixo simples de rodas duplas e que transmite ao

pavimento uma carga total de 8,2 toneladas (80 kN). Neste eixo a superfície de contato dos

pneus com o pavimento é representada por uma área circular de 10,8 cm de raio e tensão de

contato de 5,6 kgf/cm^2.

O número “N” pode ser calculado pela seguinte expressão:

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Page 19: Relatorio de Estruturas Viarias

2.3 MÉTODO DA AASHTO DE DIMENSIONAMENTO

2.3.1 HISTORICO DO METODO DA AASHTO

O método de dimensionamento de pavimentos flexíveis da AASHTO baseia-se em dados

coletados da pista experimental da AASHTO, que projetada a partir de 1951 e construída

entre 1956 e 1958 na cidade Ottawa, Illinois - USA. Teve seu tráfego, utilizado na elaboração

do dimensionamento, monitorado entre 1958 e 1960. Na figura 03 esta apresentado as

características do loop normalmente utilizado.

Figura 3 - Características do loop da pista da AASHTO ROAD TEST

Na figura 04 estão apresentados os seis loops construídos entre a cidade

de Ottawa e Utica no Estado de Illinois – USA. Na figura 03 detalhes de um

dos loops.

Figura 4 - Os seis loops da AASHTO ROAD TEST

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Page 20: Relatorio de Estruturas Viarias

2.3.2 UTILIDADE E METODO DE SERVENTIA

Feito a avaliação dos efeitos de cargas de trafego (compressão), o que, por métodos de

equivalência de carga estrutural definidos ao final dos experimentos, relatou-se no

estabelecimento da relação entre a repetição de cargas (80Kn ou 8,2 tf eixo padrão) com a

espessura das camadas e a perda da qualidade de rolamento (revestimento superficial) em

termos da variação de serventia.

Entre todos os resultados obtidos, este experimento se destacou entre os demais, por causa do

mesmo identificar um modo de quantificar a condição de ruptura de um pavimento,

simplesmente baseado na opinião subjetiva dos usuários em relação de determinados defeitos

nos pavimentos. Este modo de avaliação da condição de ruptura consiste na

aferição da condição de serventia do pavimento. A serventia (p) pode ser

definida como uma medida de quão bem um pavimento em dado instante

do tempo serve ao tráfego usuário, com conforto e segurança de

rolamento, considerando-se a existência de tráfego misto, sob qualquer

condição climática. Tal medida varia entre 0,5 e 5,0, sendo o valor 5,0

como o pavimento em melhor qualidade.

Na figura 05 está apresentado o esquema do desenvolvimento da

serventia de um dado pavimento em função da solicitação do tráfego.

Serventia é a habilidade de um pavimento servir ao tráfego com

segurança, conforto e economia.

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Page 21: Relatorio de Estruturas Viarias

Figura 5 - Esquema da serventia de um dado pavimento.

Onde: Po = Serventia inicial do pavimento original ou da camada de reforço

Pt1quando construída;Serventia final do pavimento existente exatamente antes da

Pt2 =Construção da camada de reforço;Serventia final desejada com a da camada de reforço depois da

Pf =passagem do tráfego previsto;Serventia final quando da ruptura;

x = Número de repetições equivalentes no momento em que o reforço

y =será construído;Número de repetições equivalentes durante a vida em serviço do

Nfx=reforço;Número de repetições necessários para o pavimento existente

Nfy=atingir a ruptura; e,Número de repetições necessários para o pavimento com reforço

atingir a ruptura.

2.3.3 EQUAÇÃO DE DESEMPENHO

As equações para dimensionamento do método da AASHTO estão baseadas no binômio

serventia-desempenho: serventia é uma medida da habilidade de um pavimento de cumprir

suas funções em um momento particular do tempo, desempenho é a medida da história de

serventia de um pavimento no decorrer do tempo.

A equação que relaciona o tráfego (N), a serventia e as espessuras de camadas para descrever

o desempenho de dado pavimento no tempo, para pavimentos flexíveis.

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Page 22: Relatorio de Estruturas Viarias

(Formula 1)

SN – Structural Number, é o número estrutural, ele indica um valor

abstrato que expressa a capacidade estrutural de dado pavimento,

necessária para dada combinação de suporte de subleito (por intermédio

de seu módulo de resiliência) número total de repetições de um eixo-

padrão de 80kN, serventia desejada para o final do período de projeto

(vida útil) e condições ambientais (AASHTO, 1986), calculado por:

SN = a1 * D1 + a2 * D2 * m2 + a3 * D3 * m3

ai = coeficiente estrutural da i-ésima camada

Di = espessura (em polegadas) da i-ésima camada

mi = coeficiente de drenagem da i-ésima camada.

Da fórmula 1, temos:

P0 = é a serventia inicial

Pt = é a serventia terminal

Mr = módulo de resiliência efetivo do subleito (psi)

Zr = é o nível de confiança embutido no processo de dimensionamento para assegurar que

as alternativas de projeto, atentem para o período de vida útil estipulado.

Coeficientes estruturais:

Material Parâmetro de controle CE

CAUQ, PMQ a MR= 3.160 MPa 0,44MR= 2.110 MPa 0,37

20ºC MR= 1.406 MPa 0,30Bases CBR = 100% 0,14

Granulares CBR = 33% 0,10Sub-base CBR = 100% 0,14

Granulares CBR = 23% 0,10Materiais Rc,7 = 5,6 MPa 0,22

Cimentados Rc,7 = 3,1 MPa 0,16

(7 dias) Rc,7 = 1,4 MPa 0,13

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Page 23: Relatorio de Estruturas Viarias

2.3.4 DETERMINAÇÃO DAS ESPESSURAS

As espessuras das camadas são determinadas pelos seguintes passos:

1. Determinação dos números estruturais necessários sobre o subleito

(SN3), sobre a sub-base (SN2) e sobre a base (SN1). Para tanto

deverá ser utilizada a equação 1. O cálculo dos números estruturais

necessários sobre o subleito, sub-base e base é realizado com a

utilização dos respectivos módulos de resiliência, representativo de

cada uma das camadas.

2. A espessura do revestimento é então calculada pela expressão:

3. A espessura da base é então calculada pela expressão:

4. A espessura da sub-base é então calculada pela expressão:

Importante as espessuras obtidas com as equações acima devem

respeitar as espessuras mínimas devidas.Número de solicitações Revestimento de Bases Granularesdo eixo-padrão 80kN CAUQ (mm) (mm)≤ 5*104 25* 1005*104 < N ≤ 1,5*105 50 1001,5*105 < N ≤ 5*105 65 1005*105 < N ≤ 2*106 75 1002*106 < N ≤ 7*106 90 100N > 7*106 100 100(*) possível emprego de tratamento superficialTabela 2 - Espessuras mínimas para o uso nas equações.

Exercício resolvido:

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Page 24: Relatorio de Estruturas Viarias

Dimensionar um pavimento pelo método da AASHTO-1993 considerando os seguintes

parâmetros de projeto:

• N = 6,8*10^7

• Tipo de via arterial urbana, nível de serventia inicial = 4,2.

• Módulo de resiliência efetivo do subleito = 3.500 psi.

• Materiais disponíveis: CAUQ (Mr=500.000psi), BGS com CBR=70% e sub-base granular

com CBR=30%.

• Condição de drenagem do pavimento excelente, sem saturação.

Nível de confiança:

Zr* So = 90% * 0,35 = 0,315

O nível de serventia final = 2,5

Logo na equação 01 temos:

Fazendo-se SN + 1 = x, atribuindo-se valores para x de maneira que a igualdade seja

verdadeira, temos:

X Lado

esquerdo

Lado

direito

6,00 0,4017 -0,2818

7,00 0,4515 0,3448

7,50 0,4657 0,6253

7,10 0,4547 0,4025

7,20 0,4578 0,45693

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Page 25: Relatorio de Estruturas Viarias

7,25 0,4592 0,4875

7,21 0,4581 0,4650

Considera-se então 7,205 de onde se obtém SN3 = 6,205 esse valor é a

espessura da camada do pavimento sobre o subleito. Através de

sucessivas determinações obtém as espessuras da sub-base e do

revestimento.

Base granular com CBR=70% e Mr= 27.500 psi

Sub-base granular com CBR30% e Mr= 15000 psi.

SN1= 3,9 com CE do revestimento a1 = 0,46 e SN2 =4,8, para a base BGS

com CE da base a2 = 0,13.

Espessura do revestimento:

Atende a espessura mínima.

Espessura da base:

Conforme dado do exercício o parâmetro de drenagem m2 = m3 = 1,35 (tabela)

Espessura da base calculada foi de 5,1”

E a espessura da base recomendada é de 6”, espessura ser adotada. Logo

deve-se recalcular o SN2 dada a nova espessura da base.

SN2 = a1*D1 + a2*D2*m2 = 0,46*8,5+0,13*6*1,35 = 4,96

Espessura da Sub-base:

Resultado das espessuras das camadas

Revestimento -> 215 mm

Base BGS -> 150 mm

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Page 26: Relatorio de Estruturas Viarias

Sub-base -> 215 mm

2.4 MÉTODO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO (PMSP)O método de dimensionamento de pavimentos flexíveis da prefeitura de

São Paulo é um

método empírico similar ao adotado pelo DNIT, sendo o dimensionamento

feito em função da

classificação de tráfego, entre leve, médio e pesado, sendo as mesmas

atribuídas em função do

número de operações de eixo padrão (N). Com isso, determina-se a

espessura equivalente total do pavimento (HSL) e as outras espessuras

parciais por meio da Figura 4, que apresenta a

espessura do pavimento em função do CBR do subleito, para tráfego leve

e médio:

Figura 6 - Ábaco Espessura do Pavimento X CBR do Subleito

Fonte: Manual de Pavimentação da Prefeitura de São Paulo – 2004

Após a determinação da espessura equivalente total do pavimento (HSL) obtém-se a

espessura do revestimento (R), tabelada em função da classificação do tráfego, como

apresentado nos Quadros 3 e 4, para tráfego leve e médio, respectivamente:

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Quadro 3 - Espessura do revestimento para tráfego leve x material do revestimento.

Fonte: Manual de Pavimentação da Prefeitura de São Paulo – 2004

Quadro 4 - Espessura do revestimento para tráfego médio x material do revestimento.

Fonte: Manual de Pavimentação da Prefeitura de São Paulo – 2004

Onde:

CAUQ: Concreto Asfáltico usinado a quente.

IMP LIGANTE: Imprimação ligante.

MB: Macadame Betuminoso.

IMP IMPERM: Imprimação Impermeabilizante.

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MH: Macadame Hidráulico.

PMQ: Pré-misturado a quente

BGS: Brita Graduada Simples

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Quadro 5 - Coeficientes estruturais da PMSP

Segue-se à determinação das espessuras das outras camadas do

pavimento por meio das

seguintes inequações:

Sendo:

B: espessura da base.

hSB: espessura da sub-base.

href: espessura do reforço de subleito.

KR: coeficiente estrutural do revestimento.

KB: coeficiente estrutural da base.

KSB: coeficiente estrutural da sub-base.

KREF: coeficiente estrutural do reforço de subleito.

Os valores dos coeficientes estruturais (K) são obtidos de acordo com o

Quadro 5.

Fonte: Manual de Pavimentação da Prefeitura de São Paulo – 2004

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Para determinar os coeficientes estruturais da sub-base granular, do

agregado reciclado e

do reforço de subleito são utilizadas as equações 1 e 2 a seguir, sendo que

o CBR do reforço e da sub-base não pode ser adotado como sendo maior

que 30%.

Para determinar os coeficientes estruturais da sub-base granular, do

agregado reciclado e

do reforço de subleito são utilizadas as equações 1 e 2 a seguir, sendo que

o CBR do reforço e da sub-base não pode ser adotado como sendo maior

que 30%.

Sendo:

CBRSB, CBRREF e CBRSL são os índices de suporte Califórnia da sub-base,

reforço e subleito.

O dimensionamento das camadas deve atender a algumas restrições do manual, que exige

valores mínimos de CBR e máximos de expansibilidade para as camadas do pavimento, além

de valores mínimos de espessura a serem adotados nas camadas do pavimento.

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3 CONCLUSÃO

Após examinar, em profundidade os principais métodos de pavimentações flexíveis,

chegamos a uma conclusão que todos eles trabalham bem em seu especifico uso e em

denominadas áreas, todos os tipos de pavimentos flexíveis e método adotado, exigem muitos

cálculos e determinados dados para o procedimento do mesmo. É imprescindível o

conhecimento dos solos e de seus fundamentos teóricos para obtenção dos melhores

resultados no trabalho da pavimentação. Conclui-se que todos métodos abordados neste

trabalho devem ser utilizados de forma correta as vias são dimensionadas de forma a

manterem-se conservadas durante a sua vida útil, sendo que quando as ruas são

dimensionadas sem o uso de um método apropriado ou o método é usado de forma errada as

vias dimensionadas passam a apresentar desgastes muito antes do fim da sua vida útil de

projeto.

É notável que foram precisos anos de estudo e experiências para se obter cada um desses

métodos, as variações de cada um são logicas, porem as intenções são as mesmas para cada

método. Trazer conforto, segurança, ótimas condições de rolamento e, por conseguinte

realizar todos os tipos de suporte a compressão para se obter uma boa relação de vida útil e

durabilidade.

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Page 32: Relatorio de Estruturas Viarias

BIBLIOGRAFIA CITADA

GONÇALVES, F. J. P. O desempenho dos pavimentos flexíveis. 1999. Disponível em <http://usuarios.upf. br/~pugliero/arquivos/09.pdf>.

PMSP - Prefeitura do Município de São Paulo, IP-04 – Dimensionamento de pavimentos Flexíveis para tráfego Leve e Médio, SIURB – Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (2004).

Manual de pavimentação DNIT. 3. Ed. – Rio de Janeiro, 2006b.

MARTINI, Ulysses. TCC Pavimentos Flexíveis e Rígidos: Proposição de um manual de pavimentação para o município de Blumenau. Florianópolis – SC. ULYSSES, 2014.

ADADA, Lucas. Pavimentos Flexíveis e Rígidos. Curitiba – PR. LUCAS, 2008.

SENÇO, Wlastermiller. Manual e Técnicas de Pavimentação. 2. ed. São Paulo, Pini. 2007

CARLOS, Edson. MÉTODO DA AASHTO DE DIMENSIONAMENTO. São Paulo. 2008

ALMEIDA, Bruno. Método de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis – AASHTO 1993.

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