Relatório de Progresso_Lavos_vf

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    1.º Relatório de Progresso

    Janeiro de 2015

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    INTRODUÇÃO

    O presente Relatório de Progresso tem por objetivo habilitar o Dono de Obra na toma-da de decisão quanto às opções de captação e adução para um reforço do caudal de

    abastecimento dos tanques de criação de robalo e de dourada, com uma área aproxi-

    mada de 32 ha, instalados em Armazéns de Lavos, no Concelho da Figueira da Foz e

    propriedade da NASHARYBA  – PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE PEIXE, LDA, com sede na

    Rua José de Nápoles S/N, em Montemor-o-Velho.

    TRABALHOS PRELIMINARES

    Uma primeira visita, em 14 de Junho de 2014, proporcionou o conhecimento anteci-

    pado da origem do abastecimento existente na exploração aquícola, instalada em an-

    tigas salinas na margem esquerda do Rio Mondego e documentada nas fotografias que

    constituem as figuras 1 e 2.

    Figura 1 – Toma de água direta do Rio Mondego. Figura 2 – Aspeto da tubagem de admissão deágua

    Numa fase subsequente, em Junho, procedeu-se à recolha do conjunto de informa-

    ções disponíveis junto do proprietário, quanto à localização, área e tipo de exploração,

    e ainda junto de outras entidades como a ARH-Centro (Agência Portuguesa de Ambi-

    ente) e o Instituto Hidrográfico, bem como em diversos Relatórios do CERN reportan-

    do trabalhos similares.

    Foi ainda efetuada uma 2.ª visita aos locais de obra, para informar o Empreiteiro do

    enquadramento dos mesmos.

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    ANÁLISE DOS DADOS

    A nível local a informação é escassa, estando apenas reportados quatro conjuntos decaptações de águas subterrâneas.

    Geologia

    Na área objeto do presente Relatório, e segundo a Notícia Explicativa da Carta Geoló-

    gica, Folha 19 C, os terrenos aflorantes são constituídos por aluviões bem desenvolvi-

    das. As sondagens neles efetuadas referem tratar-se, em profundidade, de uma alter-

    nância de areias, por vezes com níveis de seixo intercalados, com lodos, argilas eareias lodosas.

    Figura 3 – Extrato da Carta Geológica 19 C. (Ed. Serviços Geológicos de Portugal) 

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    Geomorfologia

    Em termos geomorfológicos, a área objeto do presente Relatório é a superfície culmi-nante do enchimento do fundo aluvial estuarino. Enquadra-se dentro da vasta superfí-

    cie aluvionar do Baixo Mondego, distribuída por vários retalhos aplanados.

    Figura 4. Esboço Geomorfológico da região em estudo (modificado de Ramos et al., 2009). 

    Ramos et al. (2009) referem que, uma sondagem realizada em Murraceira revelou 40

    metros de espessura de aluviões de natureza estuarina, a que não será estranho oalargamento do estuário na área imediatamente a montante da foz.

    Hidrogeologia

    A nível local a informação é escassa. Ainda assim a recolha e análise dos dados obti-

    dos junto das entidades anteriormente referidas (sobretudo a ARH-Centro), permitiu

    identificar vários conjuntos de captações existentes que se reportam de seguida.

    Os dois primeiros encontram-se situados na área de Gala, sendo constituído por umfuro com 17 metros e um caudal de 2 L/s e outro, com 70 metros e um caudal de 1,5

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    L/s. Um grupo de cinco furos a W de Armazéns de Lavos tem profundidades compre-

    endidas entre os 21 e os 27 metros e dá caudais compreendidos entre os 2,5 e os 5

    L/s. Na área de Casal da Fonte, um conjunto de seis sondagens tem profundidades

    compreendidas entre os 5 e os 22 metros e caudais que podem atingir os 6 L/s.

    Mais recentemente (Maio de 1998), um furo executado em Gala para a Cofisa SA, pa-

    ra captação de água doce, no terraplano do Porto de Pesca, atingiu os 256 metros de

    profundidade e extraía um caudal de 10 L/s. Este furo apresenta uma sequência geo-

    lógica constituída de cima para baixo por areia média a grosseira, com intercalações

    lodosas, na base da qual (aos 74 metros) assentava uma argila cinzenta escura, com-

    pacta e com 26 metros e espessura. Trata-se de uma situação em que é apontado um

    valor (74 metros), ligeiramente superior ao que se encontra regra geral reportado

    como sendo a espessura normal das aluviões do rio Mondego, a qual, para a área em

    estudo, sofre seguramente um aumento no sentido da foz do rio.

    Tendo em conta os objetivos a que se destina o presente Projeto, de reforço do caudal

    de abastecimento a uma aquicultura para a criação e engorda de peixe de água salo-

    bra com recurso à captação de água subterrânea, importa referir a importância signi-ficativa de que se revestem os aspetos de qualidade da água a captar.

    SITUAÇÃO ATUAL 

    Presentemente, a renovação de água dos tanques é feita (figura 1 do presente relató-

    rio), através da utilização das marés que afluem ao braço sul do estuário do rio Mon-

    dego. A circulação de água no braço sul deve-se maioritariamente à ação da maré e

    ao escoamento fluvial do rio Pranto, que é artificialmente controlado por uma estrutu-

    ra de retenção localizada cerca de 2,5 km a montante da sua confluência com o braço

    sul tal como refere Mestre (2008). O mesmo autor acrescenta ainda que, de acordo

    com investigações recentes, a eutrofização é mais intensa nas zonas mais interiores

    do braço sul onde algumas zonas apresentam um desenvolvimento luxuriante e co-

    brem uma área significativa de sapal. Um tal desenvolvimento apresenta problemas

    acrescidos relativamente ao sistema de admissão de água aos tanques da aquicultura.

    Nesse sentido, o projeto a ser desenvolvido no âmbito dos trabalhos que nos foramadjudicados, prevê a possibilidade de virem a ser captados caudais de água subterrâ-

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    nea suscetíveis de contribuírem significativamente para eliminar em grande parte as

    questões relacionadas com a elevada carga de nutrientes existente no braço sul do rio

    Mondego. Ao fenómeno da eutrofização junta-se ainda um elevado índice de assorea-

    mento, tal como se observa na imagem que constitui a figura de capa do presente

    Relatório.

    Figura5 - Representação do sistema estuarino, com a localização aproximada da aquicultura e de perfis

    topográficos do braço sul do rio Mondego (adaptado de Duarte, A. A. L. S. et al., 1998).

    QUALIDADE DA ÁGUA EM AQUICULTURA 

    A qualidade da água em aquicultura é um dos aspetos fundamentais para o sucesso de

    uma exploração, quer associada ao controlo dos níveis de oxigenação da água dos

    tanques, quer quanto à redução e controlo de outros parâmetros tais como, tempera-

    tura, turvação, dureza, amónia, dióxido de carbono, nitritos e nitratos, cujos valores

    padrão se encontram fixados. A EFSA – European Food Safety Authority  adaptou em

    2008 os critérios do caudal de renovação de águas nos tanques de criação e engorda

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    com base nos rácios de 8,15 L/h por quilo de peixe vivo ou, em alternativa 1 m3 de

    água por cada 59 gramas de alimento atirado ao tanque (EFSA, 2008). Outros autores,

    como Mestre (2008), adotam de forma mais pragmática a necessidade de uma reno-

    vação diária média de 30 a 50% da água dos tanques.

    Em Tabuada 2009, este refere que a renovação da água é feita naturalmente pelas

    marés, sendo complementada por bombagem do interior das obras de captação, a

    construir no âmbito do presente projeto. As pisciculturas semi-intensivas mais moder-

    nas possuem um sistema de bombagem, arejadores e até oxigénio líquido, para além

    de estarem munidas de um sistema de controlo automático e de alarme. A oxigenação

    da água é feita pela entrada de nova água e recorrendo a arejadores, aproximada-

    mente dois por tanque, sendo que este equipamento é ideal para os tanques de terra.

    Estes aparelhos permitem a dissolução de oxigénio na água através da injeção de ar

    atmosférico que contém aproximadamente 21% de oxigénio. Considerando as cargas

    animais utilizadas, este sistema é suficiente para manter o nível de oxigénio dentro

    dos limites corretos, à volta dos 5 mg/L de OD. É importante referir que os níveis de

    CO2 na água devem ser mantidos abaixo dos 20 mg/L, uma vez que o excesso de CO2 

    irá libertar H+, conduzindo a uma acidificação.

    Em face da área da exploração – cerca de 18,2 ha de tanques com uma profundidade

    média de dois metros – considerou-se o volume de 364 000 m3 de água. O sistema de

    renovação utilizará uma bomba que permite um caudal até de 500 m3 /hora, comple-

    mentada com a utilização das marés para renovar a água dos tanques.

    Se, como diz Ferreira (2012), em presença de monocultura de 30 000 peixes por ha,

    for necessário substituir 3% do volume de água, estar-se-á a falar de um volume pró-ximo de 10 920 m3 /dia = 126 L.s-1 para a totalidade dos tanques existentes na explo-

    ração.

    CUSTOS

    Face às quantidades de trabalhos previstos nas Cláusulas Técnicas do Caderno de En-

    cargos, e do respetivo Mapa de Trabalhos Estimados, estar-se-á em presença de valo-

    res da ordem dos 100 000 € as custos de 2013, que, ao que temos conhecimento, nãosofreram alteração até a data.

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    CONCLUSÕES

    Preconiza-se que o presente Projeto se desenvolva em duas fases distintas. Uma 1.ªfase em que, através de 3 sondagens de pesquisa, já localizadas no terreno, seja pos-

    sível fazer uma rigorosa caraterização dos terrenos por elas atravessados, da qualida-

    de e disponibilidade em termos de caudal, da água para reforço do caudal de abaste-

    cimento ao conjunto de tanques que constituem a exploração aquícola da NASHARY-

    BA – PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE PEIXE, Lda., em Armazéns de Lavos.

    Com os dados obtidos no decorrer da execução das 3 sondagens anteriormente referi-

    das, e da sua posterior análise, será desenvolvida uma 2.ª fase em que será elaborado

    o projeto de execução a apresentar no final do presente estudo e em que será definida

    e dimensionada a estrutura hidráulica mais apropriada em face das condições próprias

    do terreno, qualidade e disponibilidade de água.

    Esse Projeto de Execução será o documento base a apresentar pelo Dono de Obra jun-

    to das autoridades hidrográficas e marítimas com vista ao processo de licenciamento.

    BIBLIOGRAFIA

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