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Tribunal de Contas da União R R e e l l a a t t ó ó r r i i o o e e P P a a r r e e c c e e r r e e s s P P r r é é v v i i o o s s s s o o b b r r e e a a s s C C o o n n t t a a s s d d o o G G o o v v e e r r n n o o d d a a R R e e p p ú ú b b l l i i c c a a Exercício de 2003 MINISTRO GUILHERME PALMEIRA Relator Brasília - 2004

Relatório e Pareceres Prévios sobre as Contas do Governo ...@download/file/RPP2003.pdf · Nacional de Segurança Pública; para o tema Previdência Social, os problemas estruturais

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  • Tribunal de Contas da União

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    Exercício de 2003

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    Brasília - 2004

  • TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

    MINISTROSValmir Campelo - Presidente

    Adylson Martins Motta - Vice-PresidenteMarcos Vinicios Rodrigues Vilaça

    Walton Alencar RodriguesGuilherme Palmeira

    Ubiratan AguiarBenjamin Zymler

    AUDITORESLincoln Magalhães da RochaAugusto Sherman Cavalcanti

    Marcos Bemquerer Costa

    MINISTÉRIO PÚBLICOLucas Rocha Furtado – Procurador-Geral

    Jatir Batista da Cunha – Subprocurador-GeralPaulo Soares Bugarin – Subprocurador-GeralMaria Alzira Ferreira – Subprocuradora-Geral

    Marinus Eduardo de Vries Marsico – ProcuradorCristina Machado da Costa e Silva – Procuradora

  • SUMÁRIO

    I N T R O D U Ç Ã O 9

    2 - DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA 13

    2.1 PANORAMA ECONÔMICO DE 2003 13

    2.1.1 Conjuntura Internacional 13

    2.1.2 Conjuntura Nacional 14

    2.2 ATIVIDADE ECONÔMICA 14

    2.2.1 Nível de Preços e Taxa de Inflação 14

    2.2.2 Nível de Emprego, Desemprego e Salários 18

    2.2.3 Produto Interno Bruto 20

    2.3 POLÍTICA MACROECONÔMICA 22

    2.3.1 Política Fiscal 22

    2.3.2 – Política Monetária e Creditícia 27

    2.4 RELAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS COM O EXTERIOR 34

    2.4.1 Dívida Externa e Vulnerabilidade Externa 34

    2.4.2 Balanço de Pagamentos e Investimentos Externos 34

    2.4.3 Política Cambial e Reservas Internacionais 35

    2.4.4 Comércio Exterior e Negociações Multilaterais 36

    3 - ANÁLISE DAS RECEITAS E DESPESAS DO EXERCÍCIO DE 2003 41

    3.1 PLANO PLURIANUAL DE INVESTIMENTOS – PPA 41

    3.1.1 A Alocação de Recursos no PPA no Período 2000-2003 41

    3.1.2 Avaliação da Execução do PPA no Exercício de 2003 44

    3.2 LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS – LDO 48

    3.2.1 Priorização de Ações no Exercício de 2003 48

    3.2.2 Cumprimento das Metas Fiscais 50

  • 3.3 A LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL – LOA 52

    3.3.1 Disponibilidade de Recursos no Exercício de 2003 52

    3.3.2 Receita 58

    3.3.3 Despesas 80

    3.3.4 Gestão Fiscal 101

    3.3.5 Transferências Constitucionais, Legais e Voluntárias 107

    3.3.6 Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais 128

    3.3.7 Dívida Pública Federal 136

    4 - AÇÃO SETORIAL DO GOVERNO 163

    4.1 PODER LEGISLATIVO 163

    4.1.1 Senado Federal 163

    4.1.2 Câmara dos Deputados 164

    4.2 PODER JUDICIÁRIO 167

    4.2.1 Supremo Tribunal Federal 167

    4.2.2 Superior Tribunal de Justiça 168

    4.2.3 Justiça Federal 170

    4.2.4 Justiça do Trabalho 172

    4.2.5 Justiça Eleitoral 173

    4.2.6 Justiça Militar 175

    4.2.7 Justiça do Distrito Federal e Territórios 176

    4.3 FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 178

    4.3.1 Ministério Público da União 178

    4.4 PODER EXECUTIVO 179

    4.4.1 Saúde 179

    4.4.2 Trabalho e Emprego 183

    4.4.3 Previdência e Assistência Social 186

  • 4.4.4 Educação 189

    4.4.5 Desenvolvimento Agrário 193

    4.4.6 Desenvolvimento Regional, Meio Ambiente e Recursos Hídricos 198

    4.4.7 Transportes 210

    4.4.8 Energia 213

    4.4.9 Comunicação 216

    4.4.10 Defesa Nacional, Segurança Pública e Cidadania 218

    5 - BALANÇO GERAL DA UNIÃO 227

    5.1 A GESTÃO 10.000 – ORÇAMENTOS FISCAL E DA SEGURIDADE SOCIAL 227

    5.1.1 As Demonstrações Contábeis 227

    5.1.2 A Entidade Contábil 230

    5.1.3 A Consolidação dos Demonstrativos Contábeis 232

    5.1.4 Critérios de Avaliação dos Elementos Patrimoniais 235

    5.2 A ADMINISTRAÇÃO DIRETA 238

    5.2.1 Análise Contábil dos Demonstrativos Legais do Poder Executivo 238

    5.2.3 Análise Contábil dos Demonstrativos Legais do Poder Legislativo 241

    5.2.3 Análise Contábil dos Demonstrativos Legais do Poder Judiciário 243

    5.2.4 Análise Contábil dos Demonstrativos Legais do MPU 245

    5.3 AUTARQUIAS E FUNDAÇÕES PÚBLICAS 247

    5.3.1 Análise Contábil dos Demonstrativos Legais das Autarquias 247

    5.3.2 Análise dos Demonstrativos Legais das Fundações Públicas 250

    5.4 FUNDOS ESPECIAIS 253

    5.5 EMPRESA PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA 256

    5.5.1 Empresas Públicas 256

    5.5.2 Sociedades de Economia Mista 264

    5.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 269

  • 6 - ÁREAS TEMÁTICAS 287

    6.1 SEGURANÇA PÚBLICA 291

    6.1.1 Um Retrato da Violência no Brasil 292

    6.1.2 As Raízes da Violência 310

    6.1.3 O Custo da Violência 314

    6.1.4 O Governo Federal e a questão da Segurança Pública 318

    6.1.5 Prevenção à Violência 343

    6.1.6 O Sistema Prisional 348

    6.1.7 Sistemas Computacionais 357

    6.1.8 A Unificação das Polícias 363

    6.19 Guardas Municipais 374

    6.10 Considerações Finais 377

    6.2 PREVIDÊNCIA SOCIAL 385

    6.2.1 Financiamento da Seguridade Social 386

    6.2.2 Regime Geral da Previdência Social - RGPS 388

    6.2.3 Regime Próprio dos Servidores Públicos Federais Civis - RPPS 400

    6.2.4 Previdência Social dos Militares 416

    6.2.5 Conclusão 419

    6.3 SEGURANÇA ALIMENTAR 437

    6.3.1 Visão geral do Fome Zero 437

    6.3.2 Estratégia operacional adotada pelo Fome Zero 443

    6.3.3 Instrumentalização do Fome Zero no âmbito do Governo Federal 446

    6.3.4 Auditorias realizadas pelo TCU relacionadas ao Fome Zero 457

    6.3.5 Conclusão 460

    7 - RECOMENDAÇÕES DO TRIBUNAL NAS CONTAS DO GOVERNO DAREPÚBLICA DE 2002 475

  • 8 - SÍNTESE, CONCLUSÃO E PROJETOS DE PARECER 483

    8.1 SÍNTESE DO RELATÓRIO 483

    8.2 CONCLUSÃO 514

    8.3 VOTO DO MINISTRO RELATOR 519

    8.3 PROJETOS DE PARECER PRÉVIO 532

    9 – PARECERES PRÉVIOS E VOTOS DOS MINISTROS E AUDITORES 545

    9.1 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO PODER EXECUTIVO 545

    9.2 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DA CÂMARA DOS DEPUTADOS 547

    9.3 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO SENADO FEDERAL 549

    9.4 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 551

    9.5 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 553

    9.6 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DA JUSTIÇA FEDERAL 555

    9.7 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DA JUSTIÇA TRABALHISTA 557

    9.8 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DA JUSTIÇA ELEITORAL 559

    9.9 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DA JUSTIÇA MILITAR 561

    9.10 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITOFEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 563

    9.11 PARECER PRÉVIO SOBRE AS CONTAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO 565

    9.12 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO ADYLSON MOTTA 567

    9.13 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO WALTON ALENCAR RODRIGUES 571

    9.14 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO UBIRATAN AGUIAR 575

    9.14 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO BENJAMIN ZYMLER 577

    9.15 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO-SUBSTITUTO LINCOLN MAGALHÃES DAROCHA 579

    9.16 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO-SUBSTITUTO AUGUSTO SHERMANCAVALCANTI 583

    9.17 DECLARAÇÃO DE VOTO DO MINISTRO-SUBSTITUTO LINCOLN MARCOSBEMQUERER COSTA 585

  • 9.18 PALAVRAS PROFERIDAS PELO PROCURADOR-GERAL 587

    9.19 PALAVRAS PROFERIDAS PELO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 589

  • 9

    I N T R O D U Ç Ã O

    Nesta oportunidade, o Tribunal de Contas da União, pela 69ª vez, desempenha umade suas mais importantes atribuições, qual seja, a de apreciar e emitir parecer prévio conclusivosobre as Contas que o Presidente da República, nos termos do art. 71, inciso I, da ConstituiçãoFederal, deve anualmente prestar ao Congresso Nacional.

    Por força do art. 56 da Lei de Responsabilidade Fiscal, apreciam-se também, nestaocasião, as Contas dos Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do SupremoTribunal Federal e dos demais Tribunais Superiores do Poder Judiciário, do Presidente do Tribunalde Justiça do Distrito Federal e Territórios e do Chefe do Ministério Público Federal, relativas aomesmo período.

    Encaminhadas pelo Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,Senador José Sarney, no dia 19 de abril de 2004, as presentes Contas referem-se ao período de 1º dejaneiro a 31 de dezembro de 2003, primeiro ano de gestão do Governo do Excelentíssimo SenhorPresidente da República Luís Inácio Lula da Silva, estando nelas compreendidas o Balanço Geral daUnião, o Relatório do Controle Interno e os demais demonstrativos e relatórios exigidos pelalegislação específica.

    Cônscio da responsabilidade e da complexidade das tarefas que me foram conferidas,submeti aos ilustres Pares, na Sessão Extraordinária de Caráter Reservado de 30/7/2003, umconjunto de diretrizes que entendi necessárias para a apreciação destas Contas.

    Pela significativa relevância social, dentre as diretrizes fixadas, foi aprovada peloPlenário, nos termos do Acórdão nº 1.030/2003, a realização de auditorias específicas sobre ostemas segurança pública, previdência social e segurança alimentar, com o propósito de avaliar odesenvolvimento das políticas, estados financeiros e resultados da gestão no exercício em exame.

    Ademais, foi determinado, mediante a Decisão nº 408/2002-TCU-Plenário, quepassasse a ser incluída no relatório anual das Contas do Governo análise setorial do desempenhodas universidades federais, quanto a um conjunto de indicadores de gestão.

    Efetivados os trabalhos e concluído o Relatório, passo a apresentá-lo. No início,consta uma breve síntese sobre o desempenho da economia brasileira no exercício de 2003, sendoindicados alguns dos principais dados macroeconômicos que delimitam o contexto em que oGoverno precisou atuar.

    Em seguida, é realizada uma análise das receitas e das despesas, tanto estimadas efixadas, quanto realizadas no exercício de 2003, no âmbito do Plano Plurianual, e dos OrçamentosFiscal, da Seguridade Social e de Investimentos das Estatais, destacando-se os temas: Previsão eArrecadação das Receitas; Dívida Ativa; Fixação e Realização das Despesas Públicas, com ênfaseao exame das Despesas de Pessoal, Investimento, Outras Despesas Correntes e Restos a Pagar;Gestão Fiscal; Transferências de Recursos; Orçamento de Investimento das empresas estatais eDívida Pública.

    É apresentada, na seqüência, uma análise circunstanciada da ação setorial doGoverno para os seguintes órgãos: Senado Federal, Câmara dos Deputados, Supremo TribunalFederal, Superior Tribunal de Justiça, Justiça Federal, Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral, JustiçaMilitar, Justiça do Distrito Federal e Territórios e Ministério Público da União. Constam também,

  • 10

    no mesmo capítulo, considerações sobre os temas: Saúde, Trabalho e Emprego, Previdência eAssistência Social, Educação, Desenvolvimento Agrário, Desenvolvimento Regional, Meio-ambiente e Recursos Hídricos, Transporte, Energia, Comunicação, Defesa Nacional, SegurançaPública e Cidadania.

    Passando ao exame do Balanço Geral da União, procedeu-se aos registros pertinentesàs demonstrações contábeis contidas no documento, dividindo-se a análise nos seguintes grupos:Administração Direta, incluindo todos os órgãos relacionados no art. 56 da Lei de ResponsabilidadeFiscal; autarquias e fundações; fundos especiais e estatais dependentes.

    O capítulo subseqüente trata dos temas em destaque, já referidos anteriormente,merecendo salientar, para o de segurança pública, os resultados da implementação do PlanoNacional de Segurança Pública; para o tema Previdência Social, os problemas estruturais e asituação financeira do Regime Geral da Previdência Social - RGPS e do Regime Próprio dePrevidência Social - RPPS, subdividido este em regime do servidor público civil e regime própriodos militares; e, para o tema Segurança Alimentar, a implementação no exercício de 2003 doPrograma Fome Zero.

    Com o objetivo de assegurar a observância dos princípios da legalidade,legitimidade, economicidade, eficiência e eficácia da gestão pública, ao final deste Relatório sãosugeridas recomendações aos dirigentes de diversos órgãos e entidades da Administração PúblicaFederal. No tocante às recomendações exaradas nas Contas referentes ao exercício de 2002, éapresentada uma síntese das providências adotadas pelo Governo para a correção das falhasapontadas naquele exercício.

    Ao final, submeto a este Colegiado os Projetos de Parecer Prévios sobre as Contas decada um dos Poderes e do Ministério Público da União.

    Não poderia encerrar estas breves palavras sem expressar a minha sincera convicçãodo dever cumprido, rogando, no entanto, aos eminentes Pares a compreensão para eventuaisimperfeições que podem surgir em trabalhos dessa magnitude.

  • 2 – DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA

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  • 13

    2 - DESEMPENHO DA ECONOMIA BRASILEIRA

    2.1 PANORAMA ECONÔMICO DE 2003

    O nível de atividade da economia brasileira em 2003 foi particularmente influenciado pelaalta da taxa de juros empreendida pelo Banco Central para conter a elevação dos índices de inflação. Oresultado desta política restritiva conduzida pela autoridade monetária foi um baixo nível de atividadedurante um longo período do ano. No segundo semestre, com os níveis de inflação controlados, tornou-sepossível a flexibilização da política de juros, trazendo, consequentemente, uma ligeira melhora naatividade econômica, auxiliada pelo crescimento da economia mundial. Ao mesmo tempo, aumentaram osinvestimentos externos no país, contribuindo para manutenção da tranqüilidade nos diversos mercados, oque possibilitou a queda da taxa de câmbio e a redução do chamado Risco Brasil.

    Sem um quadro de limitações externas severas, diferentemente do que ocorreu em 2002, oBrasil iniciou o ano de 2003 na expectativa da definição da política econômica a ser empreendida pelonovo governo. Nesse cenário interno de incertezas, houve um agravamento da pressão inflacionária,causada pelo rescaldo de um câmbio ainda desvalorizado sobre os preços de insumos importados, o quedemandou uma política monetária mais austera. O resultado dessa política monetária foi a queda real de0,2% no PIB em relação ao ano de 2002.

    A despeito da retração da economia, 2003 apresentou surpresas positivas, especialmente noâmbito do setor financeiro. Entre essas surpresas, destacam-se a desvalorização do dólar, a diminuição dorisco-país, a alta do Índice Bovespa, o fortalecimento do mercado financeiro e a elevação do superávitcomercial.

    A seguir, serão apresentadas as circunstâncias que determinaram a conjuntura econômicainternacional e sua conseqüente influência no contexto econômico brasileiro em 2003.

    2.1.1 Conjuntura Internacional

    Após um início em que a iminência da guerra no Iraque e o surgimento da SíndromeRespiratória Aguda (SARS) causaram sobressaltos nos mercados internacionais, o ano de 2003apresentou uma retomada da economia mundial no segundo semestre, o que levou ao crescimento doProduto Bruto Mundial em cerca de 2,5%, de acordo com o relatório econômico das Nações Unidas parao ano de 2003. É de se notar que a aceleração da economia no segundo semestre foi mais acentuada nospaíses desenvolvidos do que nos em desenvolvimento. Essa recuperação global, entretanto, é tênue paracompensar o fraco desempenho acumulado da economia mundial nos dois anos anteriores.

    O crescimento em 2003 foi capitaneado, primariamente, pela política de juros baixos ealgumas medidas fiscais implementadas pelos Estados Unidos. A despeito de o crescimento global não terse concentrado unicamente na América do Norte, tendo havido notável recuperação também na Ásia,Europa e Oceania, permaneceu a incerteza sobre a sustentabilidade desse cenário. A dúvida reside no fatode que boa parte do crescimento alcançado pelos outros continentes é sustentada pelo alto déficit externodos Estados Unidos. O fôlego da economia norte-americana nesse quesito ficou para ser testado em 2004.

    A inflação, liderada pelo aumento de preços de energia e alimentação, recrudesceu emvários países da América do Norte, Europa e Ásia. Entretanto, essa alta de preços pontual não afetou atendência deflacionária mundial de longo prazo.

  • 14

    Completando o quadro positivo de 2003, o fluxo de capitais na direção dos países emdesenvolvimento aumentou. Esse fato foi refletido na tendência de queda do risco-país da maioria dospaíses em desenvolvimento.

    Contrastando-se ao quadro relativamente tranqüilo da economia mundial em 2003, aparecea questão do desemprego. A maioria dos países, desenvolvidos ou não, têm experimentado um aumentona suas taxas de desemprego e subemprego nos últimos anos. O ano de 2003 não fugiu a essa regra.

    Ao fim de 2003, mais um escândalo de fraudes contábeis surgiu. A multinacional italianaParmalat pediu concordata, e as estimativas eram de que suas dívidas seriam de, aproximadamente, US$10 bilhões de dólares. A crise financeira já assolava a empresa há vários anos, mas ficou encoberta graçasa artifícios contábeis empregados nos processos de elaboração de seus balanços dos últimos anos. Osreflexos dessa concordata só seriam sentidos no Brasil em 2004.

    2.1.2 Conjuntura Nacional

    A economia brasileira iniciou o ano de 2003 sob a sombra da incerteza quanto aos rumosda política econômica que seria adotada pelo novo governo. Entretanto, contrariando as expectativas deboa parte dos agentes econômicos, o governo seguiu as metas econômicas traçadas pelo FMI e conseguiuchegar ao final do ano com a inflação sob controle.

    O ano de 2003 também foi marcado pelo fato de que a bolsa de valores apresentou seumelhor resultado dos últimos três anos. Em termos reais, foi a segunda bolsa que mais subiu no mundo,114%, segundo informações colhidas na Sinopse Econômica do BNDES de março de 2004. Ainda na áreafinanceira, houve a valorização do real em relação ao dólar, com uma redução de 18% na taxa de câmbio.É importante destacar que tanto a valorização do real quanto a da bolsa foram fortemente impulsionadaspelo aumento do fluxo de capitais para os países em desenvolvimento.

    Outra conseqüência desse afluxo de capitais para o Brasil foi a queda do risco-país de umpatamar de 2400 pontos ao final de 2002 para 598 pontos ao fim de 2003, segundo informações obtidasna Sinopse Econômica do BNDES de março de 2004. Há que se considerar, entretanto, que a posiçãorelativa internacional do Brasil, no que tange ao risco-país, permanece praticamente inalterada devido aofato de que todos os países emergentes se beneficiaram do referido afluxo de capitais.

    As reformas previdenciária e tributária também geraram expectativas no mercadobrasileiro. A primeira foi recebida positivamente, apesar de ainda ter sido considerada tímida. A segundafoi tida como frustrante pelo mercado, pois que, na sua visão, a proposta aprovada em primeiro turno noSenado não elimina a complexidade do sistema atual e tem um viés fiscalista e arrecadador.

    É importante ressaltar que o recuo da taxa de câmbio não afetou o equilíbrio externo dopaís, tendo a balança comercial ampliado seu superávit em US$ 10 bilhões em relação ao ano de 2002. Asexportações explicam, em sua maior parte, esse resultado, tendo em vista que registraram um aumento de22% em relação ao ano de 2002, conforme apurado no relatório econômico da Confederação Nacional daIndústria . O crescimento das exportações, por seu turno, refletiu a competitividade internacional do setoragroindustrial brasileiro.

    2.2 ATIVIDADE ECONÔMICA

    2.2.1 Nível de Preços e Taxa de Inflação

    A taxa de inflação no exercício de 2003 medida pela variação do Índice de Preços aoConsumidor Amplo - IPCA, calculado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -

  • 15

    IBGE, alcançou o montante de 9,30% a.a., sendo inferior à taxa de 12,53% a.a. observada no exercíciode 2002, mas superior àquelas registradas nos anos compreendidos no período de 1997 a 2001.

    A variação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), da FundaçãoGetúlio Vargas - FGV, por sua vez, foi de 7,67% a.a., abaixo da observada em 2002, que alcançou26,41% a.a., enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC, do IBGE, registrou 10,38%a.a., percentual também inferior à variação do ano passado, que atingiu 14,74% a.a..

    Índices de Preços - 2003

    -1,0%0,0%1,0%2,0%3,0%

    jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

    Meses

    Taxa

    de

    Infla

    ção

    %

    IPCA INPC IGP-DI

    O comportamento mensal dos índices IPCA, INPC e IGP-DI ao longo do exercíciodemonstra uma queda acentuada da inflação, observando-se uma variação acumulada ao redor de 4,5% a7,8% a.a. no primeiro semestre e entre 2,4% e 3,0% a.a. no segundo semestre, conforme apresentado nográfico acima.

    Apesar da diminuição da taxa de câmbio no início do exercício de 2003, no primeirosemestre do ano a expectativa de inflação manteve-se alta, o que levou o Poder Executivo a adotarmedidas no campo da política fiscal visando atender ao regime de metas inflacionárias acordado com oFundo Monetário Internacional - FMI, como a ampliação do superávit primário para o exercício de 2003fixado na Lei de Diretrizes Orçamentárias, por meio de sucessivos contingenciamentos na execução dosOrçamentos da União.

    O Banco Central do Brasil - BACEN adotou uma política monetária austera, calibrada nataxa de juros SELIC, cuja variação permaneceu entre 25,5% e 26,5% a.a. entre janeiro e junho de 2003,somada ao aumento da alíquota de recolhimento compulsório sobre os depósitos à vista dos BancosComerciais. Essas medidas, segundo aquela autoridade monetária, foram necessárias tendo em vista queos referidos índices de preços ainda refletiam a inércia inflacionária ocorrida no final de 2002 e que seestendeu até os primeiros meses do exercício de 2003.

    Tal fato foi atribuído, sobretudo, às incertezas relativas à condução da política econômicapelo novo governo, as quais levaram à depreciação cambial, ao refluxo do capital externo e à manutençãoda taxa SELIC em 26,5%a.a.. Segundo a imprensa especializada, a permanência da taxa SELIC nessepatamar contribuiu para que as taxas de inflação fossem relativamente baixas no final do 1º semestre doexercício de 2003, registrando-se até deflação, no período de maio a junho.

    No segundo semestre do exercício de 2003, os índices de preços mantiveram-se estáveis,variando de forma acumulada entre 2,4% e 3,0%a.a.A despeito da expectativa de recuperação daatividade econômica no período, a pressão por aumento de preços continuou a se manifestar,principalmente entre os meses de setembro e novembro, quando se verificara, aumentos dos preços dosprodutos agrícolas, dos derivados de carne bovina e das aves, em decorrência da entrada da entresafra, ealtas localizadas nas despesas com vestuário, gastos pessoais e habitação, bem como nos preços deprodutos monitorados pelo Governo.

  • 16

    A expectativa de melhoria dos indicadores macroeconômicos reduziu as incertezas naeconomia, propiciando a redução das taxas de juros - de 26,6% a.a. (junho) para 16,5% a.a. (dezembro) -e do recolhimento dos depósitos compulsórios dos bancos, bem assim o aumento dos limitesorçamentários ao final do exercício. Merece ser destacado que as pressões inflacionárias foram em partecontidas pelo bom desempenho da safra agrícola e pela baixa influência das variações cambiais nospreços ao consumidor, uma vez que o câmbio se estabilizou ao redor de R$ 2,93/US$.

    Análise de comportamento do IPCA no exercício de 2003

    Como dito anteriormente, o desempenho do IPCA, que é a referência adotada peloGoverno para o monitoramento do sistema de metas de inflação, de acordo com o Decreto nº 3.088/99 e aResolução/Bacen nº 2.615/99, foi inferior ao verificado no ano de 2002, mas ainda assim ficou acima dameta de 4,0% a.a. estabelecida originalmente pelo Conselho Monetário Nacional.

    Consoante a tabela abaixo, as variações de preços que mais contribuíram para o resultadodo IPCA foram as dos grupos Comunicação, Habitação, Educação, Vestuário e Saúde e CuidadosPessoais. Destacam-se dentro dos grupos os aumentos de preços dos seguintes itens: tarifas de telefoniafixa, com 19,1%, Combustíveis e Energia (ambas do grupo Habitação), com 15,9%, Cursos, Leitura ePapelaria, com 10,2%, Tecidos e Armarinho, com 15,0%, Produtos Farmacêuticos e Óticos, 11,5%, eCuidados Pessoais, 12,2%.

    Contribuição Setorial - IPCAExercício de 2003

    GruposVariação

    Acumulada%

    Contribuição%

    Comunicação 18,69 0,66Habitação 12,32 2,00Educação 10,25 0,48Vestuário 10,21 0,52Saúde e cuidados pessoais 10,03 1,05Despesas pessoais 9,59 0,86Alimentação e bebidas 7,48 1,77Transportes 7,29 1,58Artigos de residência 6,9 0,39

    Fonte:IBGE (www.ibge.govbr/Indicadores)

    Conforme se observa na tabela a seguir, assim como ocorrido em 2002, no exercício de2003 os preços administrados (13,20%) exerceram uma forte pressão sobre a inflação, maior que a dospreços livres (7,79%), cujo peso de ponderação é maior nesse índice. Os itens dos preços administradosque mais pressionaram para esse resultado foram as tarifas de ônibus urbanos (20,95%), destacadamentenas Regiões Metropolitanas de Salvador e Rio de Janeiro, de energia elétrica (21,31%), pontualmente emGoiânia, Brasília, Belém, Recife, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e de telefonia fixa (19,10%).

    IPCA - Comportamento dos Preços Administrados x Preços LivresCategorias do IPCA Jan. a Dez-2002 Jan. a Dez-2003 Variação %

    IPCA 12,53 9,30 -2,9Preços Administrados 14,59 13,20 -1,2Preços Livres 11,63 7,79 -3,4 Tradeables 14,88 8,69 -5,4 Não Tradeables 7,34 6,66 -0,6Fonte: Bacen/IPEA

    Cabe enfatizar, também, que houve queda acentuada dos preços determinados pelomercado (preços livres), em especial no segundo semestre, o que muito contribuiu para o declínio doIPCA, pois essa categoria de preços é composta por bens que têm elasticidade maior às mudanças da

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    Política Monetária do que os monitorados. Os produtos tradeables (comercializáveis), que têm pesomaior na composição dos preços livres, apresentaram uma taxa de variação menor do que aquelaacumulada em 2002, em face da apreciação da taxa de câmbio sobre os preços dos alimentosindustrializados e dos produtos in natura, mas ainda superior àquela praticada no ano de 2001, queatingiu 7,30%.

    Conforme se observa na tabela abaixo, diferentemente dos preços livres, os preçosadministrados, desde o Plano Real, têm apresentado aumentos superiores à variação acumulada do IPCA,em decorrência, principalmente, dos efeitos da variação cambial, incidentes sobre os contratos deconcessão pública com reajustes anuais, e da variação dos preços internacionais, os quais geraramimpactos, sobretudo, na formação dos preços de linhas de telefone fixo, energia elétrica, derivados depetróleo, gás de cozinha e ônibus urbano.

    IPCA e Preços Administrados Destacados

    Itens 1995-2003%IPCA 119,3Preços Administrados 271,5 Linhas de Telefone Fixo 626,1 Gás de Cozinha 582,5 Eletricidade 339,5 Ônibus Urbano 283,7 Gasolina 266,2Preços Livres 92,1

    Fonte: Bacen/IBGE Elaboração:SEMAG

    A despeito de o peso dos itens relativos aos preços administrados representar parcelamenor na composição do IPCA (em torno de 28,7% ao longo do período considerado), tais preçosimpactaram o resultado final do índice mais do que a variação dos preços livres, o que tem geradodificuldades para a gestão da política monetária, já que as variações do IPCA são consideradas nasdecisões do Comitê de Política Monetária - COPOM sobre a determinação da taxa SELIC.

    Considerações Finais

    O Presidente do BACEN, na Carta Aberta nº 264/2004, esclareceu ao Ministro da Fazendaque o descumprimento da meta ajustada de inflação deveu-se principalmente aos seguintes fatoresmacroeconômicos: intensidade da inércia inflacionária herdada ao final de 2002, superior à estimada peloBanco, por conta dos efeitos da depreciação cambial acentuados, sobretudo, nos preços administrados;forte pressão dos preços sazonais sobre a taxa de inflação, mesmo após a reversão da depreciação cambialverificada em março e abril de 2003, quando a taxa de câmbio saiu do patamar de R$3,59/US$, emfevereiro, para valores abaixo de R$3,00/US$; elevadas expectativas de inflação ao longo do exercício,ainda que decrescentes, que continuaram a exercer pressão sobre os preços da economia.

    Os índices de preços, em especial o IPCA, mostraram novamente que a inflação foi decustos, dado que os aumentos nos preços de produtos administrados por contrato e monitorados sãoligados aos setores provedores de insumos básicos à atividade econômica. Isso determina a necessidadede que haja por parte do Governo uma revisão na política de reajuste de preços públicos, visando aocumprimento da trajetória das metas de inflação de forma continuada e, conseqüentemente, à redução deincertezas e à estabilidade das ações econômicas de curto prazo.

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    2.2.2 Nível de Emprego, Desemprego e Salários

    No exercício de 2003, os indicadores do mercado de trabalho apontaram retração do nívelde ocupação de mão-de-obra e redução dos rendimentos médios reais do trabalhador formal, emcomparação com o exercício de 2002.

    Apesar de o nível de emprego formal na economia ter crescido 2,89% em 2003, de acordocom o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho e Emprego –CAGED, e, também, de ter ocorrido um aumento médio de 4,5% da população ocupada, item que compõeo cálculo da População Economicamente Ativa - PEA, nos termos da nova Pesquisa Mensal de Emprego -PME da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a população desocupadaapresentou um crescimento de 13,4% no mesmo período, do que decorre que o número de empregosgerados não foi suficiente para atender à demanda da população já desempregada aliada àquela queanualmente ingressa no mercado de trabalho.

    Nível de Emprego

    Como dito anteriormente, o nível do emprego formal na economia do País apresentou umcrescimento de 2,89%, decorrente da geração de 645.433 novos postos de trabalho, quando observado osaldo entre a quantidade de admissões e desligamentos no CAGED, instituído pela Lei nº 4.923/65. Essataxa, se comparada àquela registrada no exercício de 2002, de 3,59%, indica uma queda na geração deempregos formais no mercado de trabalho.

    Evolu ção do Em pre go 2001-2003

    0%1%1%2%2%3%3%4%4%

    2001 2002 2003

    Tax

    a de

    Cre

    scim

    ento

    Os dados do CAGED em 2003 demonstram que as áreas metropolitanas que tiveram maiorexpansão no período foram a de Fortaleza, com 3,41%, e a de Belém, com 3,12%, enquanto que a regiãocom maior variação positiva no saldo de postos de trabalho foi o Centro-Oeste, com 3,83%. Entretanto, aregião Sudeste ainda manteve, em termos absolutos, o maior saldo positivo, com a criação de 318.708postos de trabalho. Destacaram-se entre os estados com as maiores taxas de crescimento no ano passadoos seguintes: Mato Grosso, com 5,64%, Amazonas, com 5,33%, e Tocantins, com 5,14%.

    Em relação aos setores da economia, a maior variação de crescimento esteve concentradana agricultura, com 5,07%, no setor de extrativismo mineral, com 4,47%, e no comércio, com 4,76%. Osetor da Construção Civil, que é predominantemente intensivo de mão-de-obra, apresentou o piordesempenho no ano, com queda de 4,16% em relação ao exercício de 2002, representando a eliminaçãode 48.155 postos de trabalhos.

    Taxa de Desemprego

    A taxa de desemprego, considerada como a relação entre o número de desempregados e apopulação economicamente ativa, compreendendo esta a população ativa integrada ao mercado detrabalho, o que inclui pessoas que possam estar procurando emprego, de acordo com a nova PME do

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    IBGE, apurada a partir de março/2002, foi 12,32%, em média, indicando uma elevação do desemprego noexercício de 2003, observada a série mensal desde o exercício de 2002 apresentada abaixo.

    T a x a d e D esem p reg o 2 0 0 2 -2 0 0 3

    1 0 ,0 0 %

    1 2 ,0 0 %

    1 4 ,0 0 %

    jan fev m a r a b r m a i ju n ju l ag o set o u t n o v d ez

    M eses

    Perc

    entu

    al

    T a x a 2 0 0 2 T ax a 2 0 0 3

    A análise do comportamento da taxa de desemprego, comparando-se as taxas observadasentre os meses de março a dezembro de 2002 e 2003, aponta uma taxa média de 12,5% para o exercíciode 2003 e de 11,6% para 2002. Essa elevação do desemprego reflete a queda do nível da atividadeeconômica em 2003, que foi de - 0,2% do PIB, e o crescimento da PEA, que, em termos médios,apresentou variação de 5,5%, correspondente a mais de 1 milhão de novas pessoas no mercado detrabalho e ao crescimento de 13,4%, em termos médios, da população desocupada no cômputo da PEA.

    A PME revela também que cerca de 2,8 milhões de trabalhadores ficaram desempregadosnesses meses e que aproximadamente 2,6 milhões de pessoas mantiveram-se nesta situação, em média,durante o ano de 2003. A partir de outubro, entretanto, a trajetória da curva de desemprego declinou deforma mais acentuada, em razão da oferta sazonal de trabalho no final do ano, registrando-se uma taxaequivalente à de novembro de 2002, ou seja, 10,9%.

    Rendimentos Médios

    No tocante ao desempenho dos rendimentos médios reais, observa-se, à vista do gráfico aseguir, que os salários recebidos ao longo do ano alcançaram o valor médio de R$ 901,67. Esse patamar éinferior ao do exercício de 2002, no qual os salários se estabilizaram, na média, em R$ 1.045,80. Importaassinalar que essa situação atinge mais fortemente os trabalhadores não protegidos pela legislaçãotrabalhista, sem carteira de trabalho, cuja remuneração historicamente tem sido menor que a dostrabalhadores com carteira assinada.

    R e n d i m e n t o M é d i o R e a l 2 0 0 2 - 2 0 0 3

    0

    5 0 0

    1 0 0 0

    1 5 0 0

    j a n f e v m a r a b r m a i j u n j u l a g o s e t o u t n o v d e z

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    ores

    em

    Rea

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    R e n d 2 0 0 2 R e n d 2 0 0 3

    Consideração Final

    A trajetória dos indicadores do mercado de trabalho do País acompanhou o níveldeclinante da atividade econômica em 2003. Tal fato é ilustrado pelo aumento verificado na taxa dedesemprego e pela queda dos rendimentos médios reais dos trabalhadores, o que requer a adoção demedidas governamentais que assegurem a reversão desse quadro, consoante já sinaliza, aliás, aexpectativa positiva de crescimento da economia em 2004.

  • 20

    2.2.3 Produto Interno Bruto

    O resultado preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado, aferido peloIBGE a partir das Contas Nacionais trimestrais, alcançou R$ 1.514.924 milhões no exercício de 2003. Avariação real do PIB de 2003, em relação ao exercício de 2002, revelou uma retração de 0,2%, conformese vê na tabela abaixo, desempenho semelhante ao verificado no exercício de 1992, quando a variaçãoregistrou, pela primeira vez, queda de 0,54% em relação ao exercício anterior.

    Produto Interno Bruto, PIB per capita, População Residente e Deflator Implícito - 1995/2003

    Produto Interno Bruto Produto Interno Bruto per capita DeflatorImplícitoR$ 1.000.000 R$ 1,00Ano

    PreçosCorrentes

    Preços do AnoAnterior

    VariaçãoReal

    Anual %

    PopulaçãoResidente1.000 hab

    (1) PreçosCorrentes

    Preços doAno

    Anterior

    VariaçãoReal

    Anual%

    VariaçãoAnual

    %

    1995 646.192 363.954 4,2 159.016 4.064 2.289 2,8 77,51996 778.887 663.371 2,7 161.247 4.830 4.114 1,2 17,41997 870.743 804.367 3,3 163.471 5.327 4.921 1,9 8,31998 914.188 871.892 0,1 165.688 5.518 5.262 -1,2 4,91999 973.846 921.369 0,8 167.910 5.800 5.487 -0,5 5,72000 1.101.255 1.016.312 4,4 170.143 6.473 5.973 3 8,42001 1.198.736 1.115.710 1,3 172.386 6.954 6.472 0 7,42002 1.346.028 1.221.834 1,9 174.633 7.708 6.997 0,6 10,2

    2003 (1) 1.514.924 1.343.050 -0,2 176.871 8.565 7.593 -1,5 12,8Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais(1) População estimada para 1º/7/2003. Em função dos resultados do Censo Demográfico 2000, a estimativa foi revisada paratoda a década de 1990.

    O PIB per capita em 2003, a preços correntes, alcançou o valor de R$ 8.565,00. A suavariação real, em comparação ao exercício de 2002, demonstra um queda de 1,5% na produçãoeconômica por habitante. Já a variação anual do deflator implícito do PIB a preços de mercado, indicadorque representa a variação média dos preços do período referente ao valor agregado gerado pelos setoresda economia em relação à média dos preços desse agregado no período anterior, alcançou 12,8% em2003.

    As variações percentuais do PIB total ( -0,2%) e do PIB per capita ( -1,5%) revelam que aatividade econômica teve um desempenho inferior à taxa de expansão demográfica do País, que foi de1,3% em 2003.

    Componentes do PIB 2003

    De acordo com a metodologia do IBGE referente às Contas Nacionais Trimestrais, adotadaa partir de resultados da Série Encadeada do Índice Trimestral, os desempenhos dos agregadosmacroeconômicos que compõem o PIB, no 4º trimestre 2003, em comparação ao respectivo trimestre de2002, são os abaixo assinalados.

    Série Encadeada do Índice Trimestral (média de 1990 = 100)

    Componentes do PIB 2002 - 4ºTrimestre2003 - 4º

    Trimestre Variação %

    Agropecuária 128,6 134,8 4,82Indústria 129,3 127,1 -1,70 Extrativa Mineral 154,1 161,5 4,80 Transformação 129,4 129,9 0,39 Construção Civil 116,0 103,1 -11,12 Ser. Ind. Util. Pública 157,1 157,2 0,06Serviços 122,9 123,3 0,33 Comércio 129,8 129,5 -0,23 Transporte 133,5 135,4 1,42 Comunicações 397,0 382,7 -3,60

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    Instituições Financeiras 89,6 89,6 0,00 Outros Serviços 144,4 144,0 -0,28 Aluguel de Imóveis 132,0 134,6 1,97 Adm. Pública 120,0 120,6 0,50Vapb 133,4 133,3 -0,07PIB pm 134,7 134,7 0,00Consumo das Familias 134,8 134,1 -0,52Consumo do Governo 123,4 124,2 0,65Formação Bruta de Capital Fixo 123,0 116,8 -5,04Exportação 239,3 263,5 10,11Importação (-) 235,6 259,1 9,97Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais - Contas NacionaisTrimestrais

    A análise da tabela acima revela que, pelo lado da oferta, a maior expansão, de 4,82%,ocorreu no Setor Agropecuário, resultado do bom desempenho da safra dos produtos agrícolas, dos quaisse destacam o trigo e a cana de açúcar, de acordo com a pesquisa de Levantamento Sistemático daProdução Agrícola do IBGE.

    Já a indústria, refletindo a pressão do desempenho negativo da Construção Civil (queda de11,12%), subsetor que detém um peso de 21% do total do setor industrial, apresentou variação negativade 1,70%, em que pese os outros setores industriais terem registrado taxas positivas, como se segue:Extrativa Mineral (4,80%), Indústria de Transformação (0,39%) e Serviços Industrias de UtilidadePública (0,06%).

    No setor de Serviços verificou-se taxa positiva de crescimento de 0,33%. Os subsetoresAluguéis, Transporte e Administração Pública registraram incremento, respectivamente, de 1,97%, 1,42%e 0,50%, enquanto os subsetores Comunicações, Comércio (varejista e atacadista) e Outros Serviçosevidenciaram taxas negativas respectivas de 3,60%, 0,23% e 0,28%. Quanto ao subsetor InstituiçõesFinanceiras, este não apresentou qualquer variação.

    A análise dos componentes da demanda no quarto trimestre de 2003 em relação ao mesmotrimestre de 2003 indica que o Consumo das Famílias registrou uma variação negativa de 0,52%. Entre osfatores que podem explicar esse desempenho, ressaltam-se a contenção do crédito em face das elevadastaxas de juros e a queda, em torno de 13,6%, do rendimento médio real das pessoas ocupadas, conformese pode ver no tópico 2.2.2 deste Parecer.

    A Formação Bruta de Capital Fixo, registrou, segundo o IBGE, uma queda 5,04%,influenciada pelo variação negativa da Construção Civil, enquanto o Consumo do Governo cresceu em0,65%.

    No Setor Externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram um crescimento de10,11%, superior ao das Importações, que embora também tenham se expandido, seu patamar atingiuapenas 9,9%.

    Do exame de tais dados, conclui-se que as exportações e a agropecuária foram os setoresque sustentaram a atividade econômica em 2003.

    Capacidade de Financiamento da Economia

    A Capacidade/Necessidade de Financiamento das Contas Trimestrais, calculada a partir daPoupança Bruta, deduzindo-se a Formação de Capital e a Transferência de Capital Enviada, e acrescendo-se da Transferência de Capital Recebida do Resto Mundo, indica ou o nível de autofinanciamento daeconomia com recursos próprios, ou a necessidade de recursos externos. Após uma série de dez anossucessivos em que a economia apresentou Necessidade de Financiamento, registrou-se no exercício de2003 uma Capacidade de Financiamento da economia brasileira no valor de R$ 11,7 bilhões, conforme

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    gráfico abaixo. Isso significa que o desempenho das exportações e da poupança interna foram importantespara determinar a capacidade do País se financiar. De acordo com o IBGE, essa situação alterou-se,quando comparado ao resultado de 2002, exercício em que houve uma Necessidade de Financiamento deR$ 15,4 bilhões.

    Capacidade ou Necessidade de Financiamento 1991-2003

    -50-40-30-20-10

    01020

    1991 1992 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2000 2002 2003V

    alor

    es e

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    s

    Capacidade (+)/Necessidade(-) de Financiamento

    O registro dessa situação deveu-se , sobretudo, ao Saldo Externo de Bens e Serviços, quepassou de um superávit de R$ 27,9 bilhões (2002) para R$ 56,6 bilhões em 2003. Esse fato confirma queo aumento das exportações e da renda disponível proporcionaram um aumento poupança interna, que éum dos itens fundamentais para determinar a capacidade de financiamento do País.

    A despeito de ter havido uma diminuição dos investimentos externos no País, dado que aconjuntura internacional foi desfavorável ao financiamento dos países emergentes, o ajuste externofavoreceu o crescimento das exportações, o que fez com que houvesse acumulação também das reservasinternacionais no valor de R$ 26,4 bilhões.

    Consideração Final

    Ante a retração da atividade econômica interna do País em 2003, aliada ao crescimento dasexportações, mormente no que se refere ao Setor Agrário, pode-se inferir que o País no plano externoexpandiu riquezas no resto do mundo, a ponto de alcançar capacidade de financiamento próprio,passando de devedor para credor na economia mundial.

    No campo da política monetária, a afirmação do Presidente do Banco Central, em CartaAberta nº 264/2004, de que a política conduzida em 2003, com aplicação de efeitos contracionistas decurto prazo, levaria a recuperação sustentada da atividade econômica, parece ter sido uma estratégia que,embora tenha reduzido em muito a taxa de inflação, não foi de toda eficiente para evitar a instalação naeconomia de um processo de recessão no ano que findou.

    Por fim, a retração em termos reais de 0,2% do PIB evidencia a necessidade de ajustes daspolíticas públicas, no sentido da sustentação econômica do País com taxas de juros mais reduzidas, quenão institucionalizem a indexação de preços nos mercados.

    2.3 POLÍTICA MACROECONÔMICA

    2.3.1 Política Fiscal

    Alta carga tributária, restrições ao investimento programado nos orçamentos fiscal e daseguridade social e atendimento prioritário às despesas financeiras da União são três aspectos da políticafiscal praticada no governo anterior, mantidas no exercício de 2003.

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    As receitas e despesas aumentaram, respectivamente, 13,0% e 8,77% em relação aoexercício anterior, contra um aumento do IGP-DI de 7,67% e do IPCA de 9,3%. O contingenciamento dosinvestimentos do Governo Central, por sua vez, retardaram ou mesmo impediram a viabilização deimportantes projetos de infra-estrutura, essenciais para a atividade econômica, enquanto que odescumprimento do limite constitucional mínimo de gastos em saúde, analisado em subtópico específicodeste parecer, exemplifica as restrições sofridas pela área social. Quanto ao cumprimento das obrigaçõesfinanceiras, mantiveram-se os mercados financeiros carregados de ativos de responsabilidade do TesouroNacional, ainda que à taxas de juros reais próximas de dois dígitos.

    O quadro abaixo, sintetiza a participação relativa de cada um dos grupos de despesa, nosgastos do Governo Federal no último biênio, além de mostrar sua evolução entre os dois exercícios.

    Evolução da Execução da Despesa por Grupo de Despesa entre 2003 e 2002R$ 1,00

    Grupo de Despesa Execução da Despesa em2002Comp % em

    2002Execução da Despesa

    em 2003Comp % em

    2003Cresc %

    2003/20021 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS 75.029.037.155,50 11,12% 78.974.749.646,26 9,01% 5,262 JUROS E ENCARGOS DA DIVIDA 55.260.683.321,77 8,19% 65.706.834.037,86 7,50% 18,903 OUTRAS DESPESAS CORRENTES 208.783.008.487,62 30,93% 239.237.605.358,45 27,30% 14,594 INVESTIMENTOS 10.126.830.834,09 1,50% 6.452.131.384,70 0,74% -36,295 INVERSOES FINANCEIRAS 20.936.187.952,08 3,10% 23.440.686.592,49 2,67% 11,966 AMORTIZ/REFINANC DA DIVIDA 304.792.342.096,67 45,16% 462.644.645.289,16 52,79% 51,79

    TOTAL 674.928.089.847,73 100,00% 876.456.652.308,92 100,00% 29,86Fonte: SIAFI

    Cabe ressalvar que os gastos com amortização e refinanciamento da dívida dificultam aapreciação das despesas, vez que, dependendo do volume refinanciado da dívida, aumenta-se o total gastode forma significativa. Por este motivo é apresentado o quadro seguinte, que exclui o grupo de despesa 6.

    Evolução da Execução da Despesa por Grupo de Despesa entre 2003 e 2002(Exclusive Amortização/Refinanciamento da Dívida)

    R$ 1,00

    Grupo de Despesa Execução da Despesa em2002Comp % em

    2002Execução da Despesa

    em 2003Comp % em

    2003Cresc %

    2003/20021 PESSOAL E ENCARGOS SOCIAIS 75.029.037.155,50 20,27% 78.974.749.646,26 19,08% 5,262 JUROS E ENCARGOS DA DIVIDA 55.260.683.321,77 14,93% 65.706.834.037,86 15,88% 18,903 OUTRAS DESPESAS CORRENTES 208.783.008.487,62 56,41% 239.237.605.358,45 57,81% 14,594 INVESTIMENTOS 10.126.830.834,09 2,74% 6.452.131.384,70 1,56% -36,295 INVERSOES FINANCEIRAS 20.936.187.952,08 5,66% 23.440.686.592,49 5,66% 11,96

    TOTAL 370.135.747.751,06 100,00% 413.812.007.019,76 100,00% 11,80Fonte: SIAFI

    No que trata do orçamento de investimento, conforme pg. 8, vol IV, do Balanço Geral daUnião - BGU, “as empresas estatais federais executaram no ano de 2003, investimentos no valor de R$21,755 bilhões, equivalentes a 84% da dotação final autorizada, representando uma redução de 4,7% emrelação ao investimento total realizado pelas estatais em 2002, em valores atualizados mês a mês, paradezembro de 2003, pelo IGP-DI.”

    Desempenho Fiscal

    O indicador dos resultados macroeconômicos da política fiscal em nível federal é anecessidade de financiamento do Governo Central. Ele tem como objetivo avaliar o impacto do gastopúblico sobre a demanda agregada da economia e pode ser medido pela diferença entre receitas edespesas ou pela identificação do valor financiado. Esses dois critérios são denominados,respectivamente, “acima da linha” e “abaixo da linha”, sendo o primeiro calculado pela Coordenação-Geral de Estudos Econômicos Financeiros – CESEF, da Secretaria do Tesouro Nacional – STN e osegundo pelo Banco Central, ambos do Ministério da Fazenda. Também diferencia esses dois cálculos oregime de apropriação das receitas e despesas.

  • 24

    A vantagem da apuração “acima da linha” é a abertura dos itens de receita e despesa,enquanto sua desvantagem reside na pluralidade de formas de apuração e na demora do processamentodos cálculos. O critério “abaixo da linha”, por sua vez, é a forma mais rápida e precisa de mensuração,mas tem a desvantagem de não identificar os fatores causais do déficit. No Brasil, o cálculo oficial dodéficit público é o efetuado “abaixo da linha”, pelo Banco Central, que coleta informações diárias sobre asituação dos passivos do setor público junto ao sistema financeiro.

    O indicador internacional mais utilizado para medição das necessidades de financiamentodo setor público (NFSP) é o resultado nominal, que inclui as receitas e despesas financeiras. No Brasiladota-se o resultado primário, que mensura a diferença entre as receitas e despesas não financeiras.

    Em vista da diferença negativa entre receitas e despesas financeiras - de acordo com oBGU, p. B-10, o “déficit nominal do setor público calculado pelo método acima da linha foi de cerca de3,68% do PIB em 2003" - e da inviabilidade política e social de um ajuste fiscal mais severo, o critério dedesempenho definido na lei de diretrizes orçamentárias e acertado com o Fundo Monetário Internacionalé o resultado primário. Ele tem se apresentado consistentemente positivo nos últimos cinco anosdemonstrando a persistência do Governo Federal no cumprimento das metas acertadas no acordo com oFMI.

    Déficit Público (Necessidades de Financiamento do Setor Público)

    A queda de 0,2% do Produto Interno Bruto não impediu que o desempenho fiscal doGoverno Central superasse as projeções estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para oexercício de 2003. O Anexo de Metas Fiscais da Lei nº 10.524, de 25 de julho de 2002, e alteraçõesposteriores estabeleceram uma meta de superávit primário para o Governo Central de 2,45% do ProdutoInterno Bruto, aí incluídos os orçamentos fiscal e da seguridade social e 0,70% para o Programa deDispêndios Globais das Empresas Estatais. Os resultados alcançados foram respectivamente, de 2,53% e0,89% do PIB, maiores, portanto, que o previsto na LDO.

    Analisando a discriminação do Resultado Primário do Governo Central, espelhado naTabela A1, da publicação da STN Resultado do Tesouro Nacional, Dezembro/2003, Vol. 9, Nº 12,verifica-se que o aumento da receita total foi de 11,20%, enquanto a despesa total cresceu 10,54%, parauma variação do IGP-DI e do PIB de, respectivamente 7,67 % e de -0,2 % ao ano, o que indica que nãohouve propriamente diminuição de gasto ou da carga tributária. No mesmo período, os subsídios esubvenções econômicas cresceram 42,5% em relação ao exercício anterior.

    Por outro lado, o contingenciamento da despesa, determinado por subseqüentes decretos,juntamente com o nível atual de vinculação de receitas orçamentárias, diminuíram a capacidade deexecução da despesa, contribuindo para um superávit primário do Tesouro Nacional de R$ 66,2 bilhões.Como exemplo, de um total de R$ 13,9 bilhões de despesas previstas com investimento foram gastosapenas R$ 6,5 bilhões, ou seja, 46,8% do programado.

    Importa ressaltar, como assinalado no Relatório integrante do Acórdão 1919/2003-TCU-Plenário (TC-010.683/2003-4), que “estudos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestãoindicam que apenas 61% do superávit primário dos orçamentos fiscal e da seguridade social pode serutilizado diretamente para o pagamento de juros e amortizações da dívida, devido ao excesso devinculações de receita. Assim, parte dos recursos resultantes do resultado primário acaba servindoapenas para aumentar a disponibilidade de caixa do Tesouro e, indiretamente, reduzir a dívida líquidada União”.

    Nestas circunstâncias, os contínuos superávites primários não impediram um aumentosubstancial da dívida que, de acordo com o BGU, e tendo em conta o conceito de Dívida Líquida doGoverno Central – DLGC, cresceu 1,53% do PIB, passando de 35,32% para 36,85% do PIB. No conceito

  • 25

    mais ampliado, o de Dívida Líquida do Setor Público, o aumento foi ainda maior, 2,65% do PIB. Deacordo com o Banco Central, “os juros nominais, o reconhecimento de dívidas, a variação de paridadeda cesta de moedas que compõem a dívida externa líquida e o crescimento do PIB nominal” foramresponsáveis pelos aumentos de 9,25%, 0,04%, 1,06% e 0,61% da razão DLSP/PIB, respectivamente,anulando os superávits primários e o ajuste cambial provocado pela valorização da moeda nacional frenteà moeda americana, responsáveis por diminuições de 4,21% e 4,1% da razão DLSP/PIB, respectivamente.

    Execução de Caixa do Tesouro Nacional

    Dados do Ministério da Fazenda informam que, em 2003, a execução financeira doTesouro Nacional, incluindo o pagamento de juros, apresentou superávit nominal de R$ 3,2 bilhões,resultante do ingresso de receitas no montante de R$ 370,9 bilhões e de desembolsos de R$ 367,7 bilhões.Esses valores não incluem emissões e resgates de títulos da dívida mobiliária federal junto ao mercado,receitas decorrentes da renegociação da dívida externa, gastos com a amortização das dívidas contratuaisinterna e externa, despesas com aquisição de garantias referentes ao refinanciamento dos débitos externos,assim como despesas provenientes do relacionamento entre o Tesouro Nacional e o Banco Central, cujoresultado foi superávitário em R$ 35,0 bilhões.

    Importa ressaltar que os dados de 2002, abaixo reproduzidos, são diferentes dos númerosapresentados no BGU referente àquele exercício. Na página B-121 do BGU 2002 foi informado umsuperávit nominal de R$ 31,2 bilhões, contra os números agora apresentados que indicam um déficitnominal de R$ 9,7 bilhões.

    EXECUÇÃO FINANCEIRA DO TESOURO NACIONALR$ milhões

    DISCRIMINAÇÃO JAN –DEZ/2002JAN -

    DEZ/2003 VAR %

    FLUXO FISCAL I. RECEITAS 328.255,30 370.915,90 13,00 I.1 – Recolhimento Bruto 236.652,70 267.376,30 12,98 I.2 - (-) Incentivos Fiscais -249,3 -190 -23,79 I.3 – Outras Operações Oficiais de Crédito 11.175,80 13.403,30 19,93 I.4 – Receita das Operações de Crédito 2.283,10 1.408,40 -38,31 I.5 – Receita do Salário Educação 1.716,80 1.934,90 12,70 I.6 – Arrecadação Líquida da Previdência Social 76.625,20 86.860,90 13,36 I.7 – Remuneração de Disponibilidades – BB 51 116,1 127,65 I.8 – Doações para Combate à Fome - 6,2 II. DESPESAS 338.009,50 367.665,00 8,77 II.1 – Liberações Vinculadas 65.606,70 72.611,60 10,68 II.1.1 – Transferências a Fundos Constitucionais 47.421,80 49.229,30 3,81 II.1.2 – Demais transferências a Estados e Municípios 4.284,80 6.124,10 42,93 II.1.3 – Transferência da Lei Complementar 87 3.952,60 3.900,00 -1,33 II.1.4 – Outras Vinculações 9.947,40 13.358,10 34,29 II.2 – Liberações Ordinárias 272.402,90 295.053,40 8,32 II.2.1 – Pessoal e Encargos Sociais 72.875,10 78.196,70 7,30 II.2.2 – Encargos da Dívida Contratual 19.655,20 29.177,10 48,44 i) Dívida Contratual Interna 2.242,30 3.872,20 72,69 ii) Dívida Contratual Externa 17.412,90 25.304,90 45,32 II.2.3 – Encargos da DPMF – Mercado 27.006,90 23.740,40 -12,10 II.2.4 – Benefícios Previdenciários 90.696,50 107.945,60 19,02 II.2.5 – Custeio e Investimento 58.376,20 51.316,90 -12,09 II.2.6 – Operações Oficiais de Crédito 3.793,10 4.676,70 23,29 III. RESULTADO FINANCEIRO DO TESOURO (I - II) -9.754,20 3.250,90 33,33 FLUXO DE FINANCIAMENTO

  • 26

    IV. RECEITAS 210.803,00 352.879,10 67,40 IV.1 – Emissão de Títulos - Mercado 199.014,90 336.555,50 69,11 IV.2 – Outras Operações de Crédito 11.788,10 16.323,60 38,48 V. DESPESAS 213.002,80 278.725,60 30,86 V.1 – Resgate de Títulos - Mercado 196.138,70 240.095,50 22,41 V.2 – Amortização da Dívida Contratual 16.864,00 38.630,00 129,07 V.2.1 – Dívida Interna 2.345,50 2.954,40 25,96 V.2.2 – Dívida Externa 14.518,50 35.675,60 145,73 VI. ENDIVIDAMENTO MOBIL INT LÍQ (IV.1 – V.1) 2.876,20 96.459,90 3.253,73 VII. RESULTADO RELAC TESOURO/BACEN 13.197,70 -42.368,50 -421,03 VIII. FLUXO DE CAIXA TOTAL (III + IV - V + VII) 1.243,70 35.035,90 2.717,07 Fonte: MF/ STN

    Carga Tributária Nacional

    A carga tributária de um país representa a parcela de recursos que o Estado retiracompulsoriamente dos indivíduos e empresas, como forma principal de financiar o conjunto dasatividades do governo. O conceito econômico de carga tributária é o quociente entre a receita tributáriatotal e o valor do Produto Interno Bruto – PIB do país, em determinado exercício fiscal.

    Adotou-se neste parecer o critério de carga tributária bruta, que considera as receitastributárias sem deduções das transferências ao setor privado da economia, como os subsídios, benefíciosda seguridade social e os saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.

    As receitas que integram o cálculo da carga tributária são: os impostos, as taxas econtribuições de melhoria, dos âmbitos federal, estadual, municipal e do distrito federal; as contribuiçõessociais e econômicas; as contribuições aos órgãos fiscalizadores de profissões regulamentadas; ascontribuições aos serviços sociais autônomos; as contribuições sindicais urbanas e rurais e os depósitosefetuados ao FGTS.

    Ressaltam-se as limitações acerca do referido cálculo, face a dificuldade de obter-seinformações sobre a arrecadação, especialmente aquelas referentes às receitas municipais, que foramestimadas tomando-se por base a série da arrecadação efetiva do período de 1999-2002 e a tendência davariação do PIB.

    A tabela a seguir demonstra os valores das receitas arrecadadas em 2003 e a comparaçãocom o exercício de 2002, bem como a estimativa do cálculo do coeficiente da carga tributária nacional.

    Arrecadação das Receitas Federais, Estaduais, Municipais e Estimativa do Coeficiente TributárioR$1,00

    Evolução %Tributos 2002 Part. % % PIB 2003 Part.% % PIB Da Arrec. Part.PIBTributos Federais 326.826.929.142 69,17 24,28 368.769.247.520 68,65 24,34 12,83 0,25 Impostos, Taxas e Contrib. (*) 298.022.586.201 63,07 22,14 337.097.004.922 62,75 22,25 13,11 0,50 Dívida Ativa (**) 1.266.409.116 0,27 0,09 754.251.482 0,14 0,05 -40,44 -47,08 Contribuições Parafiscais 5.115.937.125 1,08 0,38 5.961.638.874 1,11 0,39 16,53 3,54 Sistema "S" 4.113.392.365 0,87 0,31 4.692.386.845 0,87 0,31 14,08 1,36 Outras Contr. Sindicais 547.258.174 0,12 0,04 589.239.051 0,11 0,04 7,67 -4,33 Órgãos fisc.profiss. 455.286.586 0,10 0,03 680.012.978 0,13 0,04 49,36 32,71 Depósitos do FGTS 22.421.996.700 4,75 1,67 24.956.352.242 4,65 1,65 11,30 -1,11Tributos Estaduais 123.366.786.168 26,11 9,17 141.467.165.689 26,34 9,34 14,67 1,89Tributos Municipais 22.323.159.934 4,72 1,66 26.932.712.587 5,01 1,78 20,65 7,20Total dos Tributos 472.516.875.245 100,00 35,10 537.169.125.796 100,00 35,46 13,68 1,01PIB 1.346.028.000.000 100,00 1.514.924.000.000 100,00 Evol.% PIB 12,55Coeficiente Tributário 35,10 35,46 1,01Fonte: SIAFI, STN, COTEPE/CONFAZ/MF, CEF e Entidades (Sistema “S” e Conselhos Federais de Profissões).(*) Excluídos nas contribuições os montantes de R$ 3.441.856.658 e de R$ 4.156.929.533 em 2002 e 2003, respectivamente, referentes ao PASEP –Pessoa Jurídica Pública e Contribuição Patronal para o Plano de Seguridade do Servidor, que não entram no cálculo da carga tributária.(**) Refere-se à Dívida Ativa de Impostos, Taxas e Contribuições administrados pela SRF e INSS, não incluindo o REFIS/PAES, ParcelamentoConvencional, Multas e Juros.

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    Verifica-se que, em 2003, a arrecadação das receitas incluídas no cálculo da cargatributária obteve crescimento nominal de 13,68%, em relação ao exercício de 2002, enquanto no mesmoperíodo, o crescimento nominal do PIB foi de 12,55%.

    Entretanto, tomando-se como parâmetro o deflator implícito das contas nacionais, que é avariação média dos preços do período em relação à média dos preços do período anterior, cuja variaçãoprovisória, fornecida pelo IBGE por meio do Ofício nº 127/PR, de 8 de abril de 2004, foi de 12,80%,observa-se que a arrecadação apresentou crescimento real de 0,78% e o PIB registrou decréscimo real de0,20%.

    Assim, mesmo com o decréscimo real do PIB, a carga tributária nacional passou de35,10% em 2002 para 35,46% em 2003, o que representou variação de 1,01%. Essa variação foiinfluenciada pela arrecadação das receitas federais em razão do elevado peso relativo desse componentetributário. Todavia, é de se destacar a influência do conjunto das receitas estaduais e municipais queperfizeram mais de 31% do total das receitas computadas na carga tributária e registraram crescimentossuperiores ao das receitas federais.

    Relativamente ao comportamento dos coeficientes tributários considerando-se uma sériemais longa, nota-se ligeira estabilidade na passagem de 2002 para 2003, conforme registrado no gráfico aseguir.

    Evolução da Carga Tributária Brasileira

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    1997

    1998

    1999

    2000

    2001

    2002

    2003

    Perc

    entu

    al d

    o PI

    B Total

    Federal

    Estadual

    Municipal

    2.3.2 Política Monetária e Creditícia

    No ano de 2003, a economia brasileira caracterizou-se por dois períodos distintos: aretração da atividade econômica ocorrida no primeiro semestre e a reativação da economia, iniciada nosegundo semestre. Diante desse contexto, a política monetária foi conduzida de forma a limitar os efeitosque a depreciação cambial ocorrida em 2002 pudesse produzir sobre os preços relativos, objetivandoconter as pressões inflacionárias e reverter o quadro de deterioração das expectativas. Entre as medidasdesta política monetária, duas sobressaem: i) a elevação, em fevereiro, da taxa de juros básica de 25%para 26,5% (mantida até junho) e ii) a elevação de 45% para 60% do recolhimento compulsório sobredepósitos à vista.

    O quadro em questão exigia uma atuação firme da autoridade monetária, já que aaceleração inflacionária que se enfrentava não era resultado de fatores externos, mas sim um fenômenodiretamente relacionado à deterioração das expectativas dos agentes privados, sendo o combate à inflaçãocrucial para a minimização do sacrifício de produto necessário para a estabilização. Ademais, um fracassona ação antiinflacionária colocaria em risco os ganhos que a perspectiva de estabilidade proporcionariasobre o crescimento econômico e ameaçaria promover o retorno de um mecanismo institucionalizado deretroalimentação inflacionária: a indexação.

  • 28

    Os primeiros resultados da ação da política monetária associados à austeridade da políticafiscal começaram a aparecer já no primeiro semestre de 2003. Seguindo as decisões de aumento da taxade juros, a taxa de câmbio entrou em forte declínio nos meses de março e abril, partindo de R$ 3,59 emfevereiro para valores abaixo de R$ 3,00 dois meses depois. A política monetária, no entanto, somentepôde ser flexibilizada quando se iniciaram os processos de convergência das expectativas para as metasprevistas e de redução significativa das incertezas da economia. Como resultado da reversão dasexpectativas dos agentes privados, do controle da demanda agregada e da apreciação (o câmbio ficoumais favorável ao real) cambial, a partir de meados de 2003 passou a vigorar um quadro bastantediferente, marcado pela recuperação da confiança nas perspectivas da economia e pela volta ànormalidade macroeconômica.

    Entre junho e dezembro, a autoridade monetária diminuiu a taxa Selic em 10 pontospercentuais, encerrando o ano de 2003 no patamar de 16,5% ao ano. Além disso, implementou tambémum decréscimo de 15 pontos na alíquota do recolhimento compulsório incidente sobre recursos à vista.Na verdade, a política seguida em 2003, embora com efeitos contracionistas no curto prazo, atuoufavoravelmente a um cenário de recuperação sustentada da atividade econômica ao reduzir as incertezas ereconduzir a inflação a uma trajetória compatível com as metas para ela fixadas.

    Evidentemente que todas essas medidas influenciaram o custo das operações de crédito e ospread bancário. Assim, durante o ano, o comportamento das operações de crédito refletiu as decisões dapolítica monetária, e alcançaram, em dezembro de 2003, uma expansão nominal de 8,3% em relação adezembro de 2002. Os recursos de livre direcionamento, que representavam 55% do volume de crédito,mantiveram-se praticamente estáveis durante o primeiro semestre, recuperando-se no segundo semestrecom o início da recuperação da produção industrial e do consumo.

    A expansão do consumo e da produção levou à ampliação da concessão de crédito, tantopara pessoa física quanto para pessoa jurídica. O setor agrícola exportador, aproveitando a recuperação daeconomia mundial no segundo semestre de 2003, foi o principal demandante por crédito, seguido pelocomércio varejista que, impulsionado pelo incremento do consumo, provocou o aumento da concessão decrédito na modalidade de títulos descontados.

    Além da flexibilização da política monetária, foram tomadas, ainda, medidas visando àampliação do acesso da população ao crédito bancário por meio do incentivo às operações demicrocrédito, lastreadas em recursos de depósitos à vista e por meio da criação de cooperativas com livreadmissão de associados. Para a redução do custo das operações bancárias, via redução do risco dasoperações de crédito, ressalta-se o esforço para a aprovação do projeto da nova lei de falências e aregulamentação, via edição da Medida Provisória n° 130/2003, de empréstimos consignados em folhas depagamento para os trabalhadores da iniciativa privada.

    Taxas de Juros Nominais e Reais

    A conjuntura econômica de 2003 levou a que a autoridade monetária utilizasse a TaxaBásica de Juros (Selic) como instrumento de contenção de pressões inflacionárias e mecanismo paraconvergência da inflação com suas metas. Para tanto, o valor dessa taxa foi fixada em 25,5% ao ano emjaneiro, tendo sido aumentada em 1 p.p. em fevereiro e assim sendo mantida até junho, quando, diante deresultados mais consistentes no controle da inflação, foi possível promover uma flexibilização da políticamonetária, conforme demonstra o gráfico a seguir.

  • 29

    Meta Selic - 2003

    05

    1015202530

    jan/03 fev /03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 jul/03 ago/03 set/03 out/03 nov /03 dez/03

    Fonte: Banco Central (http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS

    Uma análise depurada sobre a evolução da taxa Selic real e nominal permite verificar que,diante de um IPCA mais elevado, a taxa de juros real tende a diminuir e, dado o cenário de contenção doIPCA, associado a uma política de manutenção de juros nominais altos, a tendência é de se apurar umjuro real maior. O gráfico seguinte apresenta a evolução da taxa Selic mensal para o período de janeiro de2001 a dezembro de 2003. Nele fica ressaltado o período de turbulência ocorrida no final de 2002 e seusreflexos sobre os primeiros meses de 2003.

    Taxas de Juros Selic - Nominal x Real

    23,34

    12,81

    25,60

    17,40 17,3019,10

    12,58

    9,337,706,00

    8,90 8,91

    5,79

    10,75

    15,34

    0,00

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    30,00

    1999 2000 2001 2002 2003

    %

    Nominal IPCA Real

    Fonte: Banco Central (Selic Anualizada a 252 dias) e IBGE (IPCA).

    O próximo gráfico ilustra a trajetória das várias taxas de juros ao longo triênio 2001-2003.Nele fica evidenciado um comportamento mais estável das taxas administradas (TJLP e TR) quando emcomparação com as taxas de mercado (Hot Money e Over/Selic). A TJLP é utilizada principalmente peloBNDES. Seu objetivo é possibilitar o alongamento de prazos no mercado financeiro. Em seu cálculo éconsiderada a taxa de juros dos títulos da dívida externa (25%) e da dívida interna federal (75%), sendocorrigida a cada três meses. Já a TR é calculada pela média das taxas de juros dos CDB (Certificados deDepósito Bancário) dos 30 maiores bancos. Essas taxas são coletadas diariamente e a TR de um diacorresponde à média do dia, do dia anterior e do dia seguinte. Os recursos de Hot Money são utilizadospelas empresas para financiamentos de curtíssimo prazo.

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    Comportamento das Diversas Taxas de Juros (2001-2003)

    05

    101520253035404550556065

    jan/01

    mar/01

    mai/01 jul/

    01set

    /01nov

    /01jan

    /02ma

    r/02ma

    i/02 jul/02

    set/02

    nov/02

    jan/03

    mar/03

    mai/03 jul/

    03set

    /03nov

    /03

    %

    Over/Selic (%a.a) Hot Money (% a.a) TJLP (% a.a)TR (% a.a) Linear (Hot Money (% a.a)) Linear (Over/Selic (%a.a))

    Fonte: Banco Central (Selic Anualizada a 252 dias) e IBGE (IPCA).

    Uma relativa volatilidade, certa tendência ao crescimento e alto spread são característicasvisíveis das taxas Hot Money. Por outro lado, observou-se que a TR acompanhou levemente a flutuaçãoda taxa Selic, a despeito de ser mais estável.

    Evolução Selic Nominal e Real (2001-2003)

    -2,00-1,000,001,002,003,004,00

    jan/01

    mar/01

    mai/01 jul/

    01set

    /01nov

    /01jan

    /02ma

    r/02ma

    i/02 jul/02

    set/02

    nov/02

    jan/03

    mar/03

    mai/03 jul/

    03set

    /03nov

    /03

    %

    Nominal IPCA Real

    Fontes:(1) Hot Money. Banco Central. Séries temporais (3939). Taxa Média Mensal (prefixada) das operações de crédito com recurso livres – Hot Money.(2) Over/Selic. Banco Central. Séries temporais (4189). Taxa de Juros – Selic acumulada no mês anualizada.(3) Taxa Referencial (TR). Banco Central. Séries temporais (7812). Taxa de Juros – Taxa Referencial (TR) – Primeiro dia do mês anualizada.

    (4) Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Banco Central. Séries temporais (256). Taxa de Juros – TJLP.

    Base Monetária, Meios de Pagamento e Agregados Monetários

    Se o comportamento dos agregados monetários em 2002 foi condicionado pelas incertezasreinantes nos cenários econômicos interno e externo, a evolução dos agregados monetários em 2003refletiu a conjuntura de reversão das incertezas registradas no segundo semestre do ano anterior, bem

  • 31

    como a normalização do fluxo externo de recursos e ainda a queda da taxa básica de juros e aestabilização da taxa de câmbio.

    Neste contexto, torna-se inevitável analisar os impactos que os meios de pagamentotiveram sobre a economia. A média dos saldos diários dos meios de pagamento, em seu conceito restrito(M1, que inclui papel-moeda em poder do público + depósitos à vista), atingiu R$ 104,9 bilhões emdezembro, correspondendo a um crescimento de 2,5% no ano, tendo o saldo do papel-moeda em poder dopúblico se elevado em 3,1% e saldo de depósitos à vista, em 2,2%.

    A discreta variação do agregado deveu-se fundamentalmente aos desembolsosprovenientes das liberações extraordinárias do FGTS, à migração de recursos dos fundos de renda fixapara os depósitos à vista e ao volume de recursos movimentado para custeio do processo eleitoral.

    Destaque especial para a expansão ocorrida no último trimestre, já que, ao longo do ano (apartir de março, principalmente), tanto a demanda por depósitos à vista, quanto a base monetária vinhamse reduzindo continuamente, acumulando, em termos de média dos saldos diários, retração de 15,8% atésetembro. Assim, o ano se encerrou com crescimento de 1,3%, atingindo R$ 70,8 bilhões. A variaçãopercentual em 12 meses deveu-se, principalmente, ao incremento de 4,8% no saldo médio do papel-moeda emitido, uma vez que a posição das reservas bancárias reduziu 6,3%.

    Meio Circulante - 2002/2003R$ mil

    2002 2003

    Discriminação Quantidade(em milhares)Valor

    (A)Quantidade

    (em milhares)Valor

    (B)

    [(B)/(A)]%

    Cédulas em papel 2.652.154,8 46.803.542,0 2.601.123, 48.427.758,4 103,4703Cédulas em polímeros 206.755,6 2.067.555,7 171.624,6 1.716.246,9 83,0085Moedas comemorativas 84,3 534,9 93,9 600,7 112,3014Moedas inox 5.829.044,7 785.715,8 5.779.295,7 741.525,6 94,3758Outras moedas 2.178.301,4 273.717,2 3.166.776,4 477.730,9 174,5345TOTAL 10.866.340,8 49.931.065,6 11.718.913,60 51.363.862,6 102,8696Fonte: Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br/)

    Analisando as fontes de emissão primária de moeda, duas se apresentaram destacadamentecontracionistas: i) os ajustes nas operações com derivativos mediante swap cambial - mecanismo deoferta de proteção cambial ao mercado - fator mais relevante de contração da base monetária comimpacto de R$15,6 bilhões no ano e ii) o segmento de outras contas com contração em R$1,9 bilhão,valor determinado, em grande parte, pelas amortizações de dívidas de instituições financeiras em processode liquidação extrajudicial. Atenuaram o resultado, por outro lado, as liberações relativas à exigibilidadeadicional compulsória sobre depósitos e as devoluções referentes ao recolhimento compulsório sobre osdepósitos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que juntas geraram expansão deR$7,3 bilhões.

    Já o comportamento dos meios de pagamento ampliados em 2003 refletiu, sobretudo, aevolução nas cotas dos fundos de investimento resultante do aporte de recursos oriundos da caderneta depoupança, dos depósitos a prazo e do ingresso de capital externo. Relativamente aos agregadosmonetários amplos (M2, M3 e M4), a base monetária ampliada, composta pelos passivos monetário emobiliário interno federal, expandiu-se 12,5% no ano, alcançando R$ 886,9 bilhões ao final de dezembro,tendo como principal determinante a apropriação de encargos, segundo regime de competência, da dívidamobiliária federal em poder do mercado. No entanto, este impacto expansionista foi parcialmenteatenuado pela atualização da dívida mobiliária federal indexada à taxa de câmbio e pelos ajustes nasoperações com derivativos.

    O conceito M2 (i.e. M1 + mais os depósitos de poupança e os títulos emitidos pelasinstituições financeiras), expandiu 3,7%, no ano, abaixo da capitalização de seus componentes. Esse

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    comportamento está relacionado com as captações líquidas negativas da caderneta de poupança e dosdepósitos a prazo. Já o M3 (M2 + cotas de fundos de renda fixa e títulos públicos federais que dão lastro àposição líquida de financiamento em operações compromissadas, realizadas entre o setor não-financeiro eo sistema financeiro), registrou elevação de 21,7%, no ano. Destaca-se, nesse ínterim, a expressivacaptação líquida dos fundos de investimento em 2003, de R$ 65,1 bilhões, com reflexo sobre as cotas dosfundos que registraram crescimento de 45,9% no ano, ante 26,2% em 2002. O conceito M4 (M3 + títulospúblicos de detentores não-financeiros), elevou-se 18,1% no ano anterior, registrando R$ 953,7 bilhões aofinal de 2003.

    Consistente com o atual regime de política monetária, baseado em metas para a inflação enos comportamentos esperados para a renda nacional, taxas de juros, operações de crédito e demaisindicadores relacionados, as metas estabelecidas pela programação monetária para os principaisagregados monetários foram estritamente cumpridas, exceto no terceiro trimestre quando, em função daredução na alíquota de recolhimento compulsório sobre recursos à vista em 15 pontos percentuais, a basemonetária restrita transpôs o limite inferior estabelecido. Dessa forma, conforme preconiza o parágrafo 2ºdo art. 4º da Lei nº 9.069/95, o Conselho Monetário Nacional (CMN), em reunião de 25/9/2003, autorizouo ajuste na programação monetária do agregado para o referido trimestre.

    Principais Agregados MonetáriosTrimestres de 2003 (1)Discriminação 1º 2º 3º 4º(4)

    Metas M1 (2) 83,9 – 113,5 81,4 – 110,2 84,4 – 99,0 85,4 – 115,5 Base Restrita (2) 56,4 – 76,3 62,3 – 84,3 60,6 – 82,0 60,1 – 81,3 Base Ampliada (3) 697,3 – 943,4 716,4 – 969,2 724,3 – 979,9 750,7 – 1015,6 M4 (3) 719,5 – 973,5 749,7 – 1014,3 756,4 – 1023,5 796,7 – 1077,9Resultados M1 (2) 89,4 85,4 86,1 90,1 Base Restrita (2) 69,3 65,7 58,9 61,0 Base Ampliada (3) 810,2 804,5 847,3 871,3 M4 (3) 827,5 846,8 893,9 924,6Fonte: Banco Central do Brasil (http://www.bacen.gov.br/mPag.asp?perfil=4&cod=307&codP=769&idioma=P)Notas:(1) Refere-se ao último mês do trimestre.(2) Média dos saldos nos dias úteis do mês do período.(3) Saldos em final de período.(4) Apenas outubro e novembro.

    À semelhança do ano anterior, com o objetivo de reduzir a liquidez, o Banco Centralpromoveu duas alterações na exigibilidade do recolhimento compulsório e do encaixe obrigatório sobreos recursos à vista. Assim, por intermédio da Circular 3.177, de 19/2/2003, a alíquota incidente sobre amédia aritmética dos valores sujeitos a recolhimento (VSR) passou de 45% para 60%. Posteriormente,após a estabilização das taxas de câmbio e de as taxas de inflação estarem convergindo para as metasestabelecidas, o Banco Central, por meio da Circular 3.199, de 8/8/2003, restabeleceu a alíquota sobreesses depósitos bancários em 45%. No entanto, observou-se uma certa estabilidade no nível derecolhimentos compulsórios quando comparado ao ano anterior.

    Recolhimentos Compulsórios/ Encaixes Obrigatórios – TotalR$ bilhões

    2001 2002 2003Depósitos à vista 20,6 30,2 29,8Poupança 19,0 30,0 30,1Depósitos a prazo 12,8 23,5 23,4Depósitos judiciais 10,6 12,7 14,9Exigibilidade adicional 0,2 26,5 27,0TOTAL 63,2 123,1 125,2Fonte: Banco Central. Indicadores Econômicos (II.13 – Recolhimentos/encaixes obrigatórios de instituições financeiras).

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    Empréstimos do Setor Financeiro

    A concessão de empréstimos pelo sistema financeiro esteve condicionada à alta de taxa dejuros efetuada pelo governo federal, à entrada de capitais externos e à orientação do governo federal paraque os bancos públicos, principalmente o Banco do Brasil, fornecessem estímulos ao crescimento daeconomia. A evolução da taxa de juros em 2003 provocou uma elevação do spread bancário médio daordem de 3,12%, segundo dados do Banco do Central. A conseqüência dessa elevação foi a diminuição dataxa de crescimento das operações de crédito do setor financeiro, com um crescimento de 8,33%, em2003, contra 13,82%, em 2002.

    Interessante notar que, da mesma maneira que em 2002, os bancos públicos,proporcionalmente, foram os principais responsáveis pelo aumento da carteira de crédito do sistemafinanceiro. Em 2002, o crescimento das operações de crédito do setor público havia sido três vezes maiorque o incremento das operações de crédito do setor privado. Em 2003, o diferencial de crescimento entreas carteiras dos setores público e privado saltou para quatro vezes, confirmando a política governamentalde utilização de suas agências financeiras para fomentar a economia.

    Chama a atenção, dentro desse quadro de retração, o fato de a classificação de risco dasoperações de crédito do setor público, determinada pela aplicação da Resolução CMN n° 2.682/99,apontar para uma melhoria na qualidade da carteira, apesar de seu incremento ter sido,proporcionalmente, bastante superior ao crescimento das operações de crédito do setor privado. Aampliação de carteiras de crédito obedece a uma lógica de risco e retorno, em que o crescimentoagressivo, em um ambiente de fraca atividade econômica, leva, inexoravelmente, a um afastamento dasboas práticas de concessão de crédito, podendo ser um indicativo de que a carteira de empréstimos dosetor esteja superavaliada.

    Operações de Crédito em 2003 e 2002 por setor e nível de risco R$ milhões

    2003 2002Público Privado Público Privado

    Montante 166.756 243.069 144.381 233.926Nível de Risco AA a C (1) 84,05% 90,67% 81,28% 90,62%Nível de Risco D a G 10,76% 6,02% 14,84% 6,25%Nível de Risco H 5,19% 3,31% 3,88% 3,13%Fonte: Banco Central do Brasil(1) Níveis de risco de acordo com a Res. CMN n°°°° 2.682/99.

    Dentre os bancos públicos, o Banco do Brasil foi o mais agressivo na política de concessãode créditos. O crescimento da sua carteira respondeu por, aproximadamente, 63% do incremento dasoperações de crédito do setor público. Destaque-se que as modalidades de financiamentos rurais eagroindustriais, com crescimento de R$ 10 bilhões, e de empréstimos e títulos descontados, com aumentode R$ 5 bilhões, foram as responsáveis pela expansão da carteira de crédito do Banco do Brasil.

    A mencionada ampliação das aplicações em financiamentos rurais e agroindustrais doBanco do Brasil foi um atendimento à demanda do setor, que cresceu 22% e apresentou uma variação noseu PIB de 5% no ano de 2003, conforme informações contidas na sinopse econômica n° 133 do BNDES.O fato de o setor agrícola ter tido um desempenho dinâmico em 2003 atenua os indícios de que a carteirade empréstimos do setor público esteja superavaliada, tendo em vista que os créditos agrícolasrepresentaram quase 50% do incremento de empréstimos públicos em 2003.

    O crescimento das operações de crédito do BNDES e da Caixa Econômica Federal, por seuturno, foi mais modesto e alinhado com o incremento apresentado pelas operações dos bancos privados,refletindo, assim, a baixa atividade econômica do país em 2003.

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    Assim, em 2003, o incremento da concessão de créditos públicos para os diversos setoreseconômicos foi prejudicado, inicialmente, pela necessidade de contenção da inflação, com elevação dastaxas de juros, e, a seguir, pela lenta recuperação da atividade econômica no segundo semestre, mesmoapós a flexibilização da política monetária. O setor agroindustrial, voltado primordialmente para asexportações e com alta competitividade internacional, foi a principal exceção à regra e concentrou amaior fatia do incremento do crédito das instituições do setor público.

    2.4 RELAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS COM O EXTERIOR

    2.4.1 Dívida Externa e Vulnerabilidade Externa

    Em dezembro de 2003, foi registrada uma dívida externa total de US$ 214.898,47 milhões,revelando um aumento de US$ 4.187,15 milhões em relação ao estoque de dezembro de 2002. A tabelaabaixo revela um crescimento da dívida externa de 1990 a 1998. Em grande parte deste período,observou-se alta liquidez do mercado de capitais internacional associado a um período de relativaestabilidade cambial a partir do Plano Real. Tal conjuntura favoreceu o endividamento externo.

    Dívida Externa BrutaRegistrada e não Registrada / Pública e Privada

    Ano US$ milhões Ano US$ milhões1990 123.438,50 1997 199.997,501991 123.910,40 1998 241.643,631992 135.948,80 1999 241.468,841993 145.725,90 2000 236.156,611994 148.295,20 2001 209.934,261995 159.256,00 2002 210.711,321996 179.934,00 2003 214.898,47

    Fonte: BACEN

    Com a mudança do regime cambial em 1999 e, portanto, com um maior risco para ostomadores de empréstimos externos, pôde-se observar uma redução do estoque da dívida até 2002. Em2003, entretanto, constatou-se um incremento de 1,02% em relação ao ano anterior. Em parte, pode-seexplicar tal mudança em função dos elevados saldos comerciais ao longo do ano e a redução davolatilidade cambial. Dessa forma, foram criadas condições para uma recuperação mais rápida dascondições de financiamento externo da economia brasileira. O risco país declinou continuamente duranteo ano, caindo do patamar de 2.400 pontos em outubro de 2002 para menos de 600 pontos em dezembro de2003 e, simultaneamente, os títulos da dívida externa brasileira valorizaram-se em média 28% em relaçãoao ano de 2002. Dessa forma, percebe-se uma redução da vulnerabilidade externa da economia brasileira.

    Esses fatores, em conjunto com a ampliação da liquidez internacional, permitiramrecuperar a captação externa. Dessa forma, a taxa de rolagem da dívida externa do setor privado, relaçãoentre as captações e amortizações, passou de 42% na média do ano de 2002 para 115% na média de 2003.Também o fluxo de investimento externo retornou com mais vigor a partir do segundo semestre possibilitando que o investimento direto líquido alcançasse US$ 9,9 bilhões ficando, ainda assim, 30%abaixo do volume de 2002.

    2.4.2 Balanço de Pagamentos e Investimentos Externos

    O Balanço de Pagamentos apresentou em 2003 um superávit em transações correntes deUS$ 4 bilhões, fato que não se verificava desde 1992.

  • 35

    No mesmo período, o país apresentou uma taxa de crescimento negativa de 0,2% emvalores reais, fato que também não se verificava desde 1992, ocasião em que a taxa de crescimento doPIB teve uma queda real de 0,54%.

    Ressalte-se que o país já vinha apresentando taxas de crescimento reais do PIB muitobaixas em 2001 e 2002, 1,3% e 1,9% respectivamente, o que indica que o superávit anual em transaçõescorrentes não tem levado ao crescimento da economia como um todo.

    O saldo positivo das transações correntes foi determinado pelo vigoroso superávit de US$24,8 bilhões na balança comercial, reflexo de um aumento de 21% nas exportações frente a uma expansãode apenas 2% nas importações. Entre as causas para tal incremento das exportações estão a baixaabsorção doméstica e o aumento dos preços das commodities no mercado internacional, as quaiscontribuem para a geração de excedentes exportáveis expressivos.

    A elevação no valor das exportações pode ser explicada, principalmente, pela expansão de15,7% no volume exportado, destacando, por classes de produtos, o acréscimo de 20,2% das exportaçõesde produtos manufaturados e semimanufaturados, que possuem maior valor agregado. Além docrescimento das vendas para mercados tradicionais, o comércio brasileiro foi favorecido pela expansão daeconomia americana e a recuperação da economia argentina. Destaque-se também a ampliação dasexportações para novos mercados, dentre os quais destacam-se as vendas para a China, que apresentaramaumento de 80%.

    EVOLUÇÃO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS – US$ MILHÕES

    DISCRIMINAÇÃO 2002 2003 VAR. %Balança Comercial 13.121 24.825 89,2 Exportação 60.362 73.084 21,1 Importação 47.241 48.260 2,2Serviços e Rendas -23.229 -23.640 -Transferências Unilaterais 2.390 2.867 20Conta Corrente -7.718 4.051 -Conta Capital e Financeira 8.856 5.543 -37,4 Investimento Direto Líquido 14.108