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 CNPq PROGR AMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA - PIB IC/ CNP q- FA-U E M RE LATÓRIO FINAL UEM PERÍODO DE ABRANGÊNCIA DO PROGRAMA: 01/08/2011 a 31/07/2012 1. BOLSISTA: Sara Cassandri Te ixeira R omero 2. ORIENTADOR : Dr. Paulo Ricardo Martines 3. DEPARTA MENTO: Filosofia 4. CO-ORIENTADOR: 5. DEPARTAMENTO: 6. TÍTULO DO PR OJETO: A Prudênc ia Enquanto Virtude Intelectual em Aristóteles 7. RELATÓRIO CONTENDO OS RESULTADOS DA PESQUISA ESTRUTURA FÍSICA Capa Folha de rosto Resumo Texto completo do trabalho Introdução Objetivos Desenvolvimento (Materiais e Métodos) Resultados Discussão Conclusões Referências (de acordo com as normas da ABNT) 8. COMPROVANTE DE APRESENTAÇÃO D OS RESULTADOS DA PESQUISA EM EVENTOS CIENTÍFI COS (Se houve premiação, informar o evento, a classificação e anexar comprovante). Obs.: os Certificados do EAIC serão anexados pela PPG. 9. COMPROVANTE DE PUBLICAÇÃO, COM A PARTICIPAÇÃO DOS BOLSISTAS, EM PERIÓDICOS INDEXADOS E/OU COM CORPO EDITORIAL. 10. AVALIAÇÃO DO ORIENTADOR SOBRE O DESEMPENHO DO BOLSISTA NO PROJETO. O aluno desempenhou todas as atividades de pesquisa conforme a determinação do plano de atividades. Apresentou parte de seu trabalho no evento de iniciação cientifica da área de filosofia, atividade que teve importância para o amadurecimento de sua pesquisa 11. AVA LIAÇ O DO ORIENTADOR SOBRE O PRO GRA MA INST ITUCIONAL D E BOLSA S DE INIC IAÇ O CIENT ÍFICA. O programa de Iniciacao cientifica da UEM faz valer a sua vocacao de um programa voltado a formacao do  jovem pesquisador da graduacao, criando as oportunidades para o desenvolvimento humano e intelectual do nosso aluno 12. AVA LIAÇ O DO ACA D MICO SOBRE O PROGRAMA IN STIT UCIONAL DE BOLSAS DE INIC IAÇ O CIENT ÍFICA. O programa permitiu um desenvolvimento dos aspectos práticos e intelectual criando uma visão excelente da idéia de pesquisa científica.

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  • CNPq

    PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO CIENTFICA - PIBIC/CNPq-FA-UEM

    RELATRIO FINAL

    UEM

    PERODO DE ABRANGNCIA DO PROGRAMA: 01/08/2011 a 31/07/2012

    1. BOLSISTA: Sara Cassandri Teixeira Romero

    2. ORIENTADOR: Dr. Paulo Ricardo Martines 3. DEPARTAMENTO: Filosofia

    4. CO-ORIENTADOR: 5. DEPARTAMENTO:

    6. TTULO DO PROJETO: A Prudncia Enquanto Virtude Intelectual em Aristteles

    7. RELATRIO CONTENDO OS RESULTADOS DA PESQUISA

    ESTRUTURA FSICA

    Capa Folha de rosto Resumo

    Texto completo do trabalho Introduo

    Objetivos

    Desenvolvimento (Materiais e Mtodos)

    Resultados Discusso Concluses

    Referncias (de acordo com as normas da ABNT)

    8. COMPROVANTE DE APRESENTAO DOS RESULTADOS DA PESQUISA EM EVENTOS CIENTFICOS (Se houve premiao, informar o evento, a classificao e anexar comprovante). Obs.: os Certificados do EAIC sero anexados pela PPG.

    9. COMPROVANTE DE PUBLICAO, COM A PARTICIPAO DOS BOLSISTAS, EM PERIDICOS INDEXADOS E/OU COM CORPO EDITORIAL.

    10. AVALIAO DO ORIENTADOR SOBRE O DESEMPENHO DO BOLSISTA NO PROJETO. O aluno desempenhou todas as atividades de pesquisa conforme a determinao do plano de atividades. Apresentou parte de seu trabalho no evento de iniciao cientifica da rea de filosofia, atividade que teve importncia para o amadurecimento de sua pesquisa

    11. AVALIAO DO ORIENTADOR SOBRE O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO CIENTFICA.

    O programa de Iniciacao cientifica da UEM faz valer a sua vocacao de um programa voltado a formacao do jovem pesquisador da graduacao, criando as oportunidades para o desenvolvimento humano e intelectual do nosso aluno

    12. AVALIAO DO ACADMICO SOBRE O PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO CIENTFICA.

    O programa permitiu um desenvolvimento dos aspectos prticos e intelectual criando uma viso excelente da idia de pesquisa cientfica.

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING

    PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO CIENTFICA PIBIC/CNPq-Fundao Araucria-UEM

    DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

    ORIENTADOR(A): Prof. Dr. Paulo Ricardo Martines

    Bolsista: Sara Cassandri Teixeira Romero

    A PRUDNCIA ENQUANTO VIRTUDE INTELECTUAL EM ARISTTELES

    Maring, 31 de Agosto de 2012

  • 3

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING

    PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAO CIENTFICA PIBIC/CNPq-Fundao Araucria-UEM

    DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

    ORIENTADOR(A): Prof. Dr. Paulo Ricardo Martines

    Bolsista: Sara Cassandri Teixeira Romero

    A PRUDNCIA ENQUANTO VIRTUDE INTELECTUAL EM ARISTTELES

    Relatrio contendo os resultados finais do

    projeto de iniciao cientfica vinculado ao

    PIBIC/CNPq-Fundao Araucria-UEM.

    Maring, 31 de Agosto de 2012

  • 4

    Resumo:

    Para Aristteles virtude aquilo que encontra-se equidistante de dois pontos. Tais pontos

    correspondem ao excesso e falta desta virtude. Esta definio da virtude enquanto do meio termo

    sempre busca o equilbrio das aes humanas. Para os antigos existiam quatro virtudes que eram

    consideradas cardeais, elas so: prudncia, fortaleza, temperana e justia Todas estavam

    interligadas e por isso cada uma delas dependia diretamente da existncia das outras trs para

    tambm poder existir.

    Neste projeto de iniciao cientifica damos destaque virtude da prudncia. Esta virtude foi

    abordada por inmeros filsofos, desde a antiguidade at a modernidade, porm demos nfase aos

    textos desenvolvidos por Aristteles e a textos de estudiosos de Aristteles para tratar dessa

    questo. E muito diferente do sentido atual desta palavra, para ele, prudncia correspondia a um

    modo que orienta quais caminhos devemos tomar para alcanar o fim. E como todas as aes

    humanas tentem a um fim, ou seja, tem uma finalidade, esse fim sempre ser um bem. Alm do

    mais, esse bem considerado um bem supremo ento por isso sinnimo de felicidade.

    Aquele que detm a prudncia leva em conta o futuro, mas ela est alm da cautela, pois

    mostra que nem sempre os perigos podero ser evitados e por isso no pode ser confundida com

    covardia. a regra da ao e conduz todas as outras virtudes mostrando-lhes o caminho da

    moderao, sem a prudncia, nenhuma outra virtude conseguiria persistir, ela consiste em deliberar

    e agir bem.

    Palavras-chave: Medieval, tica, deliberao.

  • 5

    SUMRIO

    INTRODUO ................................................................................................................................ 06

    OBJETIVO ....................................................................................................................................... 06

    DESENVOLVIMENTO ................................................................................................................... 07

    RESULTADO E DISCUSSO ........................................................................................................ 13

    CONCLUSO .................................................................................................................................. 13

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA ..................................................................................................14

    ANEXOS .......................................................................................................................................... 15

  • 6

    INTRODUO

    A importncia da reflexo tica para o estudo da filosofia algo que no se pode colocar em

    dvida. Temas como a ao moral, as virtudes, o exerccio da boa escolha so temas essencialmente

    filosficos e que dizem respeito nossa conduta individual e tambm social. Nesse sentido, o estudo de

    um autor como Aristteles impe-se como uma tarefa importante para o exerccio filosfico. Procurou-

    se investigar o sentido filosfico da noo de prudncia, tal como formulada no tratado tica

    Nicomaqueia de Aristteles. A prudncia foi tratada por vrios autores na histria da filosofia,

    como Scrates, Plato, Aristteles, Santo Agostinho, Toms de Aquino, para citar somente alguns.

    Este tema de nossa pesquisa nos remete para aquele campo que estuda e analisa as nossas aes.

    Agora quais eram as caractersticas, segundo Aristteles, para identificar um homem prudente?

    Veremos que o filsofo parte inicialmente das definies dadas pelo senso comum para a definio

    do homem prudente. Mas h algo que orienta (ou organiza) as suas aes morais? Visto que virtude

    a excelncia do homem, e que este pode ser excelente de diversos modos, para o exerccio

    virtuoso de um homem, necessrio a presena de todas as virtudes, ou apenas aquela da

    prudncia? Ser virtuoso implica a coexistncia das vrias virtudes? Se sim, como isso se daria?

    OBJETIVOS

    Objetivo Geral:

    Explorar o conceito de prudncia em Aristteles, um tema especfico dentro do estudo da moral

    antiga.

    Objetivo Especfico:

    Voltar-se para os textos de Aristteles e procurar sentido da prudncia para a vida moral do

    homem.

  • 7

    DESENVOLVIMENTO

    O estudo da virtude pertence ao campo da tica e est associada noo de razo na medida

    em que regula e direciona os atos e condutas do homem. Seu estudo no visa o conhecimento, no

    nos interessa saber o que a virtude, ainda que essa indagao faa parte de um exerccio filosfico,

    mas Aristteles est interessado na investigao das nossas aes, principalmente no como devemos

    pratic-las1. Assim, a virtude est relacionada com a ao do homem, e o seu modo prprio o que

    se chama deliberao. Mas para que essa deliberao pertena propriamente virtude, ela deve

    sempre ser guiada segundo a reta razo2. A razo deve ser, portanto, aquela que guia as escolhas do

    homem, sua conduta nunca deve seguir os passos da emoo, e se desse modo for feita, sua atitude

    no ter sido considerada como virtuosa. Portanto, no basta para o homem a simples ao, sua

    ao deve tambm ser de qualidade segundo os caminhos da razo e nunca desviada pela emoo.

    Alm disso, a ao necessita alcanar seus fins sem que se faa o mal, seguindo sempre o bem, pois,

    se for feita de modo diferente, ser considerada como um desvio de conduta, proporcionado pelos

    sentidos. As aes partem primeiramente da emoo e devem ser aperfeioadas com a prtica da

    razo para serem consideradas virtuosas. E se o agir for sempre segundo a reta razo, ser possvel a

    este homem chegar ao seu fim, ao bem supremo, ou seja, felicidade.

    Para Aristteles, toda e qualquer atividade do homem tem uma finalidade, assim todas as

    aes praticadas almejam um fim. A finalidade de todas essas aes um bem, portanto todas as

    atuaes tendem ao bem que nesse caso o bem algo supremo do homem e, consequentemente,

    ser tambm seu bem supremo:

    Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais desejado no interesse desse fim; e se verdade que nem toda coisa desejamos com

    vistas em outra (porque, ento, o processo se repetiria ao infinito, e intil e vo seria o

    nosso desejar) evidentemente tal fim ser o bem, ou antes, o sumo bem. 3

    E para alcanar o bem supremo preciso a prtica das virtudes e somente desse modo ser

    possvel alcanar a felicidade. H tambm uma diferena entre o que o senso comum considera

    como felicidade e o que ela de fato para Aristteles, ele no busca identific-la a partir do que

    agradvel aos homens, mas sim em forma de suas excelncias e com isso ela considerada um bem

    em si. Se praticar o bem agir de modo excelente, ento a felicidade, que a finalidade dos atos

    humanos a atividade conforme a excelncia.

    1 Aristteles, tica Nicimachea, EN, II,2, 1103b27-30. Citamos Aristteles a partir da traduo de marco Zingano. SP: Odysseus, 2007. Doravante utilizaremos a abreviatura EN (tica Nicomachea). Para as passagens no presentes nesta

    traduo, utilizamos a edio com a traduo de Leonel Vallandro e Gerad Bornheim. SP: Abril S. A. Cultural, 1984. 2 Idem, ibidem, 3 Aristteles, EN, I,2, 1094b-20.

  • 8

    Aristteles ao mostrar que a felicidade o produto final das aes humanas, indica que h

    trs modos distintos da vida de um homem, que so elas: a vida de prazeres, a vida poltica e a vida

    contemplativa: ... os homens de tipo mais vulgar parecem identificar o bem ou a felicidade com o

    prazer, e por isso amam a vida dos gozos. Pode-se dizer, com efeito, que existem trs tipos

    principais de vida: a que acabamos de mencionar, a vida poltica e a contemplativa.4 Segundo ele,

    a distino delas est quanto ao modo de alcanar a felicidade e que o bem supremo conquistado

    de modo pleno somente por aqueles homens que tem a contemplao como modo de vida. Isso

    porque nela o homem sbio deve procurar sempre praticar suas virtudes, e por meio da prtica,

    quanto maior forem suas virtudes, cada vez mais virtuoso tornar-se-. Isso porque a virtude tem

    ligao direta com a felicidade, aquele que pratica muitas virtudes, quanto mais pratic-las, mais

    virtuoso ser.

    H duas espcies de virtudes segundo Aristteles: as intelectuais ou dianoticas e as virtudes

    morais ou ticas5. As virtudes intelectuais esto relacionadas diretamente ao ensino, e para que seja

    possvel o desenvolvimento dessa modalidade de virtude, so necessrios a experincia e tempo,

    sendo o seu objetivo o saber e a contemplao. Ao contrrio, as virtudes as morais ou ticas, so

    aquelas adquiridas pelo hbito e desse modo no nos so geradas pela natureza, somos

    simplesmente aptos a receb-las, e desse modo nos tornamos capazes de praticar atos justos e tem

    como objetivo os objetos da vida prtica. As virtudes morais, no nos so por natureza pelo simples

    fato de que no se pode formar um hbito que seja contrrio sua natureza, e visto que tais virtudes

    so aperfeioadas pelo hbito, elas somente nos so possveis por j sermos aptos para isso e desse

    modo tambm ocorre com as artes. Praticando atitudes decorrentes das virtudes morais que as

    efetivamos em ns mesmos, por exemplo, ao praticar, pelo hbito, atos justos que me tornarei

    justo.

    A virtude consiste no meio termo (mediedade) entre dois pontos, de modo a encontrar-se

    equidistante de seu excesso e de sua falta. A posio intermediria que anula os seus dois pontos

    entre o excesso e a falta. a medida adequada, e a que se encontra a excelncia moral. Porm,

    isso no quer dizer que o termo mdio seja equidistante desses dois pontos, ela pode sim estar mais

    prxima de seu excesso do que sua falta ou vice versa, dependendo apenas de qual virtude se leva

    em considerao. Esse termo mdio por ser a excelncia, em vrios casos para ser reconhecida se

    faz necessria a presena de seus contrrios. Muitas vezes o meio termo por si s a excelncia

    moral. Este termo mdio no nem uno, nem nico, e seu excesso ou deficincia considerada

    vcio. O termo mdio no quer dizer mediocridade, mas o equilbrio entre dois extremos. A virtude

    a capacidade racional de saber escolher o que o homem estime ser o termo mdio entre esses dois

    4 Aristteles, EN, I, 5 1095b-15. 5 Aristteles, EN, II,1,1103a-14.

  • 9

    extremos, e tambm aquilo que torna uma coisa boa e perfeita naquilo que ela . Portanto cabe ao

    homem excelente analisar e identificar a medida, o ponto de equilbrio entre os excessos para

    alcanar a excelncia.

    A prudncia pertence s virtudes intelectuais, pois ela tem relao com a verdade, o

    conhecimento e a razo. Era considerada uma das quatro virtudes cardeais da Antiguidade

    juntamente com a justia, a coragem e a temperana. Entretanto, essa definio da prudncia

    ampla visto que poderia ser aplicada a qualquer virtude intelectual. Assim, para a definio do

    homem prudente, Aristteles iniciou sua investigao partindo do senso comum. O termo grego

    utilizado para descrever o homem prudente phronimos, referncia quele homem capaz de

    deliberao. O vocbulo prudncia que conhecemos em portugus vem do latim prudentia que

    significa previdncia, previso, e prudens aquele que prev, que age com conhecimento de causa.

    Em latim um termo associado capacidade racional do homem, principalmente qualidade para

    detectar perigos e evitar erros. A prudncia est associada ao bom senso, moderao, a virtude

    que permite ao homem julgar corretamente o que bom e agir de acordo com issoi.

    A prudncia , portanto a virtude da boa deliberao e por isso que ela pertence ao

    pensamento. Entretanto, no qualquer espcie de pensamento, j que a boa deliberao um tipo

    de deliberao correta que reflete aquilo que benfico quanto coisa certa e, alm disso, deve ser

    feita no tempo certo. Porm s podemos deliberar sobre os meios para alcanar o fim, e nunca

    quanto ao seu fim propriamente dito.

    H uma diferena entre investigao e deliberao, pois esta ltima a investigao de

    uma espcie particular de coisa. Devemos apreender igualmente a natureza da excelncia

    na deliberao: se ela uma forma de conhecimento cientfico, uma opinio, a habilidade

    de fazer conjeturas ou alguma outra espcie de coisa.

    No se trata de conhecimento cientfico, porque os homens no investigam as coisas que conhecem, ao passo que a boa deliberao uma espcie de investigao, e quem delibera

    investiga e calcula.6

    Escolhe-se certo fim predeterminado, e por meio da alma racional delibera-se sobre os meios

    mais eficazes para o alcance da finalidade desejada. E somente temos a possibilidade de deliberar

    sobre coisas que esto ao nosso alcance, sobre o que podemos realmente fazer. Por ser a conduta da

    boa deliberao, esta , portanto, uma espcie de pesquisa que trata das coisas humanas e consiste

    em procurar e encontrar os meios mais eficazes para chegar a um fim previamente determinado. a

    combinao de meios eficazes em vista de fins realizveis. Ento no funo da eleio dos fins,

    mas sim a escolha dos meios mais adequados para o seu alcance. Ela trata de escolher os caminhos

    pelos quais devemos percorrer para conseguir chegar finalidade, analisando nesses caminhos seus

    possveis atalhos ou emboscadas. Portanto com ela pode-se desfrutar mais e sofrer menos durante o

    caminho eleito para chegada do seu fim, levando sempre em considerao tudo o que o real possa

    6 Aristteles, EN, VI, 9 1142a.

  • 10

    vir a impor. E por isso comumente afirmado que a prudncia condiciona as demais virtudes

    sendo, pois, insubstituvel nenhuma, sem ela, saberia o que fazer, seriam virtudes cegas ou

    indeterminadas. Por a prudncia no reina, mas governa, pois ela quem d as ordens.

    Apesar de a prudncia ter caractersticas que convergem com a arte, como a de fazerem

    parte de uma mesma subdiviso da alma racional; no entanto, elas so bastante distintas. Isso

    porque a arte visa reproduo enquanto prudncia ao. Na arte consideram-se as maneiras

    para a produo de algo, ela sempre concerne ao devir. Considera-se que a arte o modo de trazer

    existncia quelas coisas que podem ser ou no ser, cujo princpio reside unicamente no produtor e

    no na coisa produzida. H tambm na arte a possibilidade de uma graduao no sentido

    qualitativo, pois h graus de excelncia, o que algo impossvel para a prudncia. Isso porque a

    prudncia s considerada por ser uma excelncia, portanto no h maneiras dessa virtude ter uma

    menor graduao. Quem erra na arte, alm de ser um ato involuntrio, dado pela falta de

    aprimoramento de suas tcnicas. J na prudncia tal coisa no possvel porque o erro em tal

    virtude condiz a si mesmo, j que o prudente no passvel ao erro.

    H relao entre prudncia e inteligncia, pois se se deliberar bem prprio uma pessoa

    inteligente, a boa deliberao ser o tipo de correo que expressa o que expediente para a

    promoo do fim acerca do qual a inteligncia uma suposio verdadeira. A inteligncia tambm

    uma virtude do pensamento que significa a boa deliberao sobre as coisas, o que resulta numa

    correta deciso sobre os fins retos. E ainda que tenha o mesmo domnio da prudncia, diferem-se

    apenas no fato de a inteligncia ser crtica, enquanto a prudncia normativa.

    Com efeito, a inteligncia nem versa sobre as coisas eternas e imutveis, nem sobre toda e

    qualquer coisa que vem a ser, mas apenas sobre aquelas que podem tornar-se assunto de

    dvidas e deliberao. Portanto, os seus objetos so os mesmos que os da sabedoria

    prtica; mas inteligncia e sabedoria prtica no so a mesma coisa. Esta ltima emite

    ordens, visto que o seu fim o que se deve ou no se deve fazer;

    a inteligncia, pelo contrrio, limita-se a julgar. (Inteligncia o mesmo que perspiccia,

    e homens inteligentes, o mesmo que homens perspicazes.) 7

    A habilidade uma capacidade para facilmente realizar fins. Portanto a pesar de a prudncia

    poder ser considerada uma habilidade e que prudente seja considerado hbil, sua recproca no

    vlida. Portanto ao nos depararmos com algum que tenha habilidade, no podemos inferir

    diretamente que ele seja tambm prudente porque a habilidade enquanto tal indiferente

    qualidade do fim e por isso h muitos homens que so considerados hbeis na maldade. Prudncia

    um saber fazer e pressupe ateno ao que acontece no presente e ao que pode acontecer no futuro.

    Conduz, portanto, cautela. E ser cauteloso significa levar em considerao os obstculos, as

    7 Aristteles, EN, VI, 10 1143-5.

  • 11

    dificuldades e os desvios que o real impe ao, pela qual perseguimos o bem desejado, e a

    prudncia a arte de levar em considerao tudo isso.

    Outra virtude intelectual que contm pontos semelhantes com a prudncia a sabedoria.

    Como diferenci-las? Ainda que ambas tenham alguma semelhana, a sabedoria tem por objetivo

    aquilo que existe por demonstrao e se comporta sempre da mesma maneira. o resultado da

    unio do entendimento intuitivo e da cincia, e puramente a contemplao da verdade. E a

    prudncia refere-se ao que est em movimento, em mudana e pode ser de variados modos e

    tambm encontramos nela a possibilidade de adaptao conforme a situao. Deste modo, tem

    relao com as coisas teis, que so modificveis ao longo do tempo, e o que til hoje, pode no

    ser mais amanh. A phoronsis como uma sabedoria prtica: a sabedoria da ao, para a ao,

    na ao, no entanto ela no se faz de sophia, seria uma sabedoria virtuosa. E uma necessria

    outra: a sabedoria no persistiria sem a prudncia, ela nada seria; seria sabedoria louca, no seria

    sabedoria.

    Outra limitao ao homem prudente a afirmao de que este incapaz de ser injusto, isso

    porque o injusto no possui caractersticas do homem prudente. Ele no capaz de discernir o bem

    e se deixa dominar por suas emoes e suas atitudes so ento guiadas por ela e desse modo no

    consegue distinguir o bem e o mal, e muito menos controlar suas paixes e apetites, almejando

    apenas os bens que lhe fazem falta. incapaz de visar o bem absoluto, e a sua parte racional da

    alma tomada pela parte sensitiva. Causando assim o desvio de conduta, buscando apenas

    finalidades para o bem prprio e no alcanando o bem supremo. E por isso no sabe usar

    corretamente a autoridade, a riqueza e o poder. E quando tais poderes so proporcionados a ele, sua

    ao, por ser guiada apenas pela parte sensvel, sempre ser a de aproveitar-se ao mximo de sua

    autoridade para o beneficio prprio. Portanto quanto maior a autoridade, a riqueza e o poder

    concedidos a ele, mais mal ele far aos homens e a si mesmo.

    possvel ainda indagar quanto possibilidade de uma ao conjunta de aes justas e

    corajosas. Quando no for possvel realizar simultaneamente aes desse modo basta que se tenha o

    impulso para o bem sem ser necessrio o concurso da razo. Porm, se a pessoa se depara com uma

    escolha, ento ter de fazer uso da razo e com a parte racional da alma. Pois a virtude est

    submetida razo; a razo escolhe melhor e ela conduz virtude. As outras virtudes no podem

    nascer sem a prudncia, nem esta ser perfeita sem as outras virtudes, e elas cooperam e seguem a

    prudncia. Portanto, o ser prudente aquele que se tem como razovel, e no covarde. E este dispe

    da razo prtica para discernir em qualquer circunstncia o nosso verdadeiro bem e para escolher os

    justos meios para realiz-lo. A prudncia a regra justa da ao, no se confunde com a timidez

    nem com o medo, ela conduz as outras virtudes indicando-lhes a regra e a moderao. Pode ser

  • 12

    entendida como um guia de julgamento da conscincia, podendo-se dizer que aquele que a possui

    domina todas as outras virtudes, porque a prudncia, por si s, compreende todas as outras.

    Aquele que age conforme a prudncia tem a parte sensitiva da alma de acordo com a sua

    parte racional, ambas esto em harmonia. J o considerado imprudente, a sua parte racional

    completamente dominada pela parte sensitiva e desse modo no lhe mais possvel tomar atitudes

    que sejam consideradas virtuosas em nenhum dos modos. Isso porque essas aes, quaisquer que

    sejam, sempre devero ser guiadas pela razo. Na medida em que elas so guiadas pela emoo,

    tendem a apontar algum dos lados, no caso o excesso ou a falta e quando isso acontece

    considerado como vcio. Portanto vcio para Aristteles qualquer ao guiada pela parte sensvel

    da alma e que tende ao excesso ou falta de alguma virtude.

    Os esticos consideravam a prudncia uma cincia das coisas que devem ser feitas ou no, a

    cincia dos bens e males, assim como das coisas indiferentes, mas isso Aristteles recusava, definia

    como uma disposio prtica acompanhada de regra verdadeira concernente ao que bom ou mau

    para o homem, porque s h cincia do necessrio e a prudncia diz respeito ao contingente, ou

    seja, em relao quilo que pode ser diferente do que e, portanto prudncia no cincia. a

    virtude da boa deliberao, s se delibera quando se tem escolha, ou seja, quando nenhuma

    demonstrao possvel o suficiente. O nico ponto no qual os esticos e Aristteles convergiam

    era que a virtude tratava de uma unidade da teoria e da prtica, do saber e da virtude. Mas isso

    simplesmente revela uma comum paternidade socrtica

  • 13

    RESULTADOS E DISCUSSO

    No projeto desta pesquisa havamos nos proposto estudar o conceito da virtude intelectual da

    prudncia segundo a filosofia Aristotlica. De modo amplo a prudncia como definida por

    Aristteles pertence s virtudes intelectuais, esta, segundo ele, necessita de tempo para desenvolver-

    se porque geralmente adquirida atravs do ensino. tambm classificada desse modo por ter

    relao com a verdade, o conhecimento e a razo e s as adquirimos e as aperfeioamos atravs do

    exerccio delas mesmas.

    Era considerada uma das quatro virtudes cardeais da Antiguidade juntamente com a justia,

    a coragem e a temperana. E por serem todas elas virtudes intelectuais, fez-se necessrio o estudo

    primeiramente do livro II da Ethica Nicomacha, em que trata da definio de virtude moral.

    Posteriormente, avanando com a leitura, foi revisto o livros III 9 15 da Ethica Nicomacha, que

    tratam da coragem e da temperana; e o livro V 1 15 tambm da da Ethica Nicomacha, que trata

    da justia; para s ento, ler especificamente o livro VI 1 13 que trata somente da virtude da

    prudncia e de seu campo prtico.

    O vocbulo prudncia que conhecemos em portugus vem do latim prudentia que significa

    previdncia, previso, e prudens aquele que prev, que age com conhecimento de causa. A

    prudncia est associada ao bom senso, moderao, a virtude que permite ao homem julgar

    corretamente o que bom e agir de acordo com isso. Ela tem relao com a inteligncia, habilidade,

    sabedoria e justia, mas apesar de ter relaes com estas, no so as mesmas coisas apesar de elas

    serem diretamente dependente da prudncia, pois ela engloba as demais virtudes como um todo.

    CONCLUSO

    Foi verificado que a prudncia considerada uma virtude intelectual e tem relao com a

    verdade e a razo. Por ser uma virtude, ela encontra-se no justo meio. Ela a boa deliberao,

    quem encontra os melhores meios para o alcance de finalidade real previamente determinada.

    Tambm no tem relao com a cincia, isso porque esta trata de tudo o que necessrio, enquanto

    a prudncia aquilo que pode ser de diferentes modos, no sendo assim algo fixo, mas a habilidade

    pela qual o homem define os meios para alcanar o fim previamente determinado. A prudncia a

    regra justa da ao, uma virtude intelectual e guia e condiciona as demais virtudes. Ela tambm se

    refere ao que est em movimento, em mudana e pode ser de variados modos e tambm

    encontramos nela a possibilidade de adaptao conforme a situao, portanto ela tem relao com

    as coisas teis. E de modo algum o homem injusto pode ser considerado prudente, pois o injusto

    no capaz de discernir o bem enquanto essa sempre ser a finalidade do homem prudente.

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    Referncias Bibliogrficas:

    Aubenque, Pierre. A Prudncia em Aristteles. Traduo: Marisa Lopes. So Paulo: Discurso

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    ANEXOS