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RELATÓRIO FINAL - PROJETO NACIONAL DE COMERCIALIZAÇÃO SOLIDÁRIA

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União Brasileira de Educação e Ensino - UBEEInstituto Marista de Solidariedade - IMS

Presidente: Wellington Mousinho de Medeiros

Conselheiros:

Alexandre Lucena Lôbo Ataide José de Lima

Humberto Lima Gondim José de Assis Elias de Brito

José Wagner Rodrigues da Cruz

Superintendente de Organismos Provinciais: James Pinheiro dos Santos

Superintendente de Operações Centrais: Artur Nappo Dalla Libera

Superintendente Socioeducacional:Dilma Alves Rodrigues

Gerente Social: Cláudia Laureth Faquinote

Diretora do IMS:Shirlei A. A. Silva

Equipe Responsável:Anderson Barcellos / Claudia Monteiro Lima

Fabiano Ruas / Ivette Tatiana Castilla (Consultora)Lecir Peixoto / Oniodi Gregolin

Rizoneide Souza Amorim / Tassila Kirsten

Projeto Gráfico e Diagramação:

Gabriel Sebastian Fleitas Cortigliawww.trescriativos.com

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jetivos a ser alcançado pelo projeto e constante do edital: Promover o forta-lecimento da comercialização de base justa e solidária, apoiando a implemen-tação do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário - SCJS. Com um peque-no detalhe, o tal Sistema não existia de fato, ainda era desejo, tínhamos apenas a força, o suor e a garra de mulheres e de homens, pessoas maravilhosas que compunham o Grupo de Trabalho de Produção, Comercialização e Consumo, no Conselho Nacional de Economia So-lidária – CNES e que tinham elaborado os princípios e critérios para o comércio justo e solidário, construído um termo de referência para o SCJS e realizado experiências pilotos juntos a alguns EES para experimentar o tal Sistema. Mas o SCJS ainda era sonho. Vale aqui destacar o trabalho da Plataforma de Comércio Justo e Solidário - FACES do Brasil que nunca deixou de sonhar e lutar para que o Sistema tupiniquim, o nosso siste-ma brasileiro virasse realidade no Brasil, e, hoje temos o Decreto Presidencial Nº 7.358 de 2010, que criou o Sistema Na-cional de Comércio Justo e Solidário. Foi assinado em dia de festa pelo então Pre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva. Agora o referido Sistema Nacional de Comér-cio Justo e Solidário – SCJS está em fase de regulamentação pelo Conselho Na-cional de Economia Solidária, fruto do trabalho da Comissão Gestora Nacional (CGN). É hora de agradecer a cada integrante de empreendimentos econômicos soli-dários, às organizações de apoio fomen-to e aos gestores públicos, que junto com a equipe do IMS ousou, ir a cam-

po e trabalhar os 07 princípios do SCJS, foram dezenas de seminários, reuni-ões, trabalho de campo, horas e horas debruçados sobre as questões que nos impulsionavam a testar a auto avaliação dos EES perante os princípios estabe-lecidos no SCJS. A vocês que aceitaram o desafio de desbravar o SCJS conosco, o nosso mais humilde agradecimento. Abrimos e fechamos um ciclo, agora o Sistema é nosso, é do povo da Economia Solidária e é política pública inclusiva e que abrirá novos ciclos e novas possibili-dades para fortalecer a Comercialização Solidária no país. Por falar em agradecer, não podemos esquecer-nos dos inúmeros encontros que realizamos com os diversos parcei-ros estaduais para debater o concei-to de comercialização solidária. Foram momentos ricos onde percebemos que o movimento de economia solidária naquele período não utilizava o termo comercialização solidária, mas sabia na prática e no cotidiano o que era uma co-mercialização de base justa e solidária e fomos concretizando o conceito, avan-çando na divulgação e consolidando o termo que hoje é utilizado de norte a sul do país como COMERCIALIZAÇÃO SOLIDÁRIA. Para avançar no principal desafio dos EES que era e continua sendo a comer-cialização, precisávamos ir a fundo e co-nhecer melhor a realidade comercial dos EES. Neste sentido, fomos a campo com a pesquisa que gerou o livro Comercia-lização Solidária no Brasil: uma estraté-gia em rede. Foi lindo ver as pessoas que aprofundaram a solidariedade na estra-da, vendo na vida de outras pessoas, a

Caras/os amigas/os da Economia Solidária,

Paz e bem!

Estamos em novembro de 2013 e este momento nos faz lembrar alguns anos atrás, precisamente o ano de 2008, quando foi lançado pela Secretaria Na-cional de Economia Solidária, no âmbi-to do Ministério do Trabalho e Empre-go – SENAES/MTE um grande desafio: a implantação do Programa de Promoção da Comercialização Solidária no Brasil. O edital mostrava que o intuito do progra-ma era de promover ações que contri-buíssem para a organização e fortaleci-mento da comercialização dos produtos e serviços dos empreendimentos de eco-nomia solidária em todo o Brasil. Naquele momento, nós da União Bra-sileira de Educação e Ensino, por meio do Instituto Marista de Solidariedade – UBEE/IMS apresentamo-nos a serviço do movimento, acreditando que o nos-so acumulado poderia contribuir para o avanço da economia solidária e propo-mos um projeto para aquela chamada pública, intitulado Projeto Nacional de Comercialização Solidária - PNCS. Foi um grande desafio e para isso fomos à luta, em reuniões e diálogos com gente de todo o Brasil, no calor da escrita da pro-posta chegavam contribuições, suges-tões de várias partes do Brasil, entre elas não esquecemos das que chegavam afir-

mando: “tem que colocar apoio para fei-ras territoriais e permanentes, pois fei-ras eventos não resolve a vida do povo. As feiras precisam ir para o interior...”. Chegavam também, sugestões do tipo “precisamos saber onde estão os espaços de comercialização, onde encontramos os produtos e serviços da economia soli-dária...”. Estas e outras sugestões foram incorporadas ao projeto que hoje virou realidade! Realizamos mais de 100 feiras de norte a sul do Brasil, indo para luga-res, onde já existia a economia solidária na lida de todo dia, mas ainda não tinha ninguém ido lá, para dialogar sobre a prática e a teoria, e construir sinergia, diálogos entre campo e cidade, interior e capital e que no final das contas, foi tão bom, que em vários lugares, che-gam notícias dizendo que a Feira virou atividade permanente no calendário do município, deixou de ser evento e virou ponto fixo de comercialização solidária. E hoje as feiras fazem parte da política de ações integradas da SENAES e de vá-rias prefeituras, governos de estados e isto foi uma construção coletiva, onde aprendemos e ensinamos juntas. Hoje, o movimento de economia solidária sabe e reconhece o significado e importância das feiras de economia solidária neste país. Outro enorme desafio era o desconheci-do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário - SCJS, pois era um dos ob-

Mensagem do Instituto Maristade Solidariedade - IMS

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sua própria vida refletida, sentindo nos desafios, na dor e delícia de cada expe-riência visitada, a sua própria dor, seus sonhos, suas alegrias e nos momentos de sistematização, sentir a beleza de ser humano e fazer parte da construção de uma sociedade mais justa e solidária. Momentos de riso frouxo, outros de si-lêncio que falava por mais de um milhão de palavras. Nossa gratidão e aqui, dei-xamos a nossa homenagem e gratidão eterna a nossa querida Sandra Maga-lhães, a nossa Sandrinha, a Sandrinha do Banco Palmas, das Finanças Solidárias, das mulheres do projeto ELAS, do movi-mento feminista, de direitos humanos, das tecnologias sociais, da nossa ECO-NOMIA SOLIDÁRIA. Sandrinha enrique-ceu a pesquisa com o seu olhar e con-tribuição cuidadosa, com a sua presença alegre e positiva. Com o seu jeito lindo de SER PARA SEMPRE SANDRINHA!Não podemos esquecer e agradecer a cada pessoa, a cada profissional, seja da equipe estadual, seja da equipe nacio-nal, que passou pelo quadro de colabo-radoras/es deste projeto e que deu a sua contribuição. Foram tantas pessoas, das diferentes lo-calidades que colocaram as suas mãos, sua militância, sua energia, sua dedica-ção e seu profissionalismo para fazer acontecer cada atividade, cada articu-lação, cada momento de construção em todas as etapas e metas deste projeto, no intuito de fortalecer a economia soli-dária por meio do fomento à comercia-lização justa e solidária.

Sem a presença de cada um/a de vocês, o projeto não teria conseguido alcançar os resultados que obtivemos. Nossa gra-tidão por ter feito parte do nosso time, por vivenciar e acreditar na economia solidária e por fazer parte da família Marista!O que vivenciamos e presenciamos nos últimos anos por meio deste Projeto, ne-nhum relatório daria conta de relatar a diversidade e riqueza de informações, de sentimentos, de emoção, de coisas linda e maravilhosas que o movimento de economia solidária vem realizando e fazendo acontecer neste país. Fica nos nossos corações, e esperamos que na vida de cada um de vocês que se colo-caram no caminho, aprendendo e ensi-nando que a vida precisa ser vivida em plenitude, com calor, energia para ser vivida e que só faz sentido quando toca-mos o coração das pessoas.

A realização deste projeto não foi fácil, nem simples, alguns processos ficaram na estrada, amigos queridos se encanta-ram e fizeram a última viagem e hoje são estrelas que iluminam as nossas ca-minhadas, outros ficaram ao largo da estrada. Mas, com certeza podemos afirmar que aprendemos muito em todo este pro-cesso e deixamos aqui a nossa profun-da gratidão por termos vivido juntas este tempo, nem tudo foi perfeito, mas demos o melhor de nós e fazemos aqui nossas, as palavras da poetisa:

“Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.

Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vidae nela só temos uma chance de fazer

aquilo que queremos.Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.

Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana.

E esperança suficiente para fazê-la feliz.”

Clarice Lispector

Com muito carinho e gratidão!E Viva a Economia Solidária no Brasil!

Brasília/DF, Advento de 2013.

Shirlei A. A. SilvaDireção do IMS

Rizoneide Souza AmorimCoordenação do Projeto

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Mensagem do Instituto Marista de Solidariedade - IMS

Sobre o Relatório

Capítulo 1 A Orquestração do Projeto1.1. Construindo Pontes - a articulação e a incidência política1.2. O rosto da comercialização solidária – uma identidade visual construída1.3. Aperfeiçoando a trajetória – a estratégia do PMAS

Capítulo 2 Aprendendo e Ensinando sobre Comercialização Solidária2.1. A construção do conceito Comercialização Solidária2.2. As vivências e trocas realizadas 2.2.1. Os Seminários Estaduais2.2.2. Os Seminários Regionais2.2.3. Os Seminários Nacionais2.2.4. O Seminário Internacional

Capítulo 3 O Germinar do Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário (SCJS)3.1. A jornada percorrida 3.2. O mutirão 3.3. A colheita do CJS no Brasil 3.3. Os frutos dos processos

Capítulo 4É dia de feira: economia solidária na praça4.1. O legado das feiras de economia solidária4.2. As feiras na sua diversidade4.2.1. As feiras microrregionais4.2.2. As feiras estaduais4.2.3. As feiras nacionais4.2.4. As feiras internacionais4.2.4. As feiras setoriais e/ou temáticas

Capítulo 5Pé na Estrada: a comercialização solidária investigada5.1. Comercialização Solidária no Brasil: uma estratégia em rede5.2. A Logística Solidária

Capítulo 6Da teoria à prática: os desafios para o acesso ao mercado institucional 6.1. O percurso metodológico6.2. O vivenciado e as recomendações

A Linha do Tempo do Projeto

Gestão Financeira do Projeto Nacional de Comercialização Solidária

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Índice

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O Relatório Consolidado do Projeto Nacional de Comercialização Solidária foi produzido com o objetivo de fornecer aos nossos públi-cos de interesse, em especial, ao movimento de Economia Solidária, informações sobre a atuação e estratégia utilizada para a comer-cialização solidária no Brasil, no período de 2009 a 2013. Também é utilizado na gestão de nossas atividades ao avaliar nosso desem-penho e identificar oportunidades para me-lhoria.Esta publicação reúne os dados quantitativos e qualitativos referentes ao referido projeto que foi realizado pela União Brasileira de Edu-cação e Ensino, por meio do Instituto Marista de Solidariedade – UBEE/IMS, pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego – SENA-ES/MTE, em parceria com o Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES, os 27 Fóruns Estaduais de Economia Solidária e inúmeros Fóruns Municipais, Territoriais e Regionais de Economia Solidária, bem como diversos par-ceiros nacionais, estaduais e locais. O Projeto Nacional de Comercialização Soli-dária – PNCS foi estruturado a priori em 05 metas e, no seu decorrer, foi acrescentada mais uma meta, totalizando 06 grandes metas a serem cumpridas. Nesta publicação as metas se organizam em capítulo, cada um trazendo a proposta da meta, os objetivos, a metodolo-gia adotada, bem como as atividades realiza-das com seus resultados e indicativos.

Sobre o relatório

O CApítulo 4 retrata o legado das feiras de economia solidária realizadas com apoio do projeto, nas diferentes modalidades: microrregionais, estaduais, nacionais, in-ternacionais e setoriais/temáticas. Aqui é apresentado o significado das feiras para o movimento de economia solidária, bem como os resultados avaliados no que se re-fere à comercialização, divulgação, partici-pação dos EES, formas organizativas, entre outras informações inerentes ao mundo das feiras de economia solidária.

O CApítulo 5 descreve a metodologia ado-tada para realização da pesquisa-ação com 20 experiências de comercialização solidária das diferentes regiões brasileiras. Revela também alguns resultados alcançados com a pesquisa. Além de abordar as oficinas de rotas e fluxos comerciais realizadas que contribuíram para o debate sobre logística solidária o que re-sultou numa publicação específica sobre este tema.

O CApítulo 1 aborda a estruturação e fun-cionamento do projeto, trazendo um apa-nhado da atuação da equipe, das articulações e incidência política realizada, a consolidação da identidade visual para a temática da co-mercialização solidária no país, e, apresentan-do de forma sucinta a percurso metodológico do Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sistematização – PMAS de todas as ações executadas para articular um projeto num país continental como o Brasil.

O CApítulo 2 traz o cenário da constru-ção do conceito de comercialização solidá-ria abordado pelo projeto, mostrando esta construção por meio de atividades estaduais, regionais e nacionais. Aponta por meio dos eventos, a capacitação de agentes e público do projeto, sobre a temática comercialização solidária.

O CApítulo 3 apresenta a contribuição do Projeto para a construção do Sistema Na-cional de Comércio Justo e Solidário – SCJS, mostrando os seus desafios, a metodologia adotada para assessorar empreendimen-tos econômicos solidários – EES para se auto avaliarem diante dos princípios e critérios do SCJS, bem como para elaboração de seus pla-nos de melhorias. Mostra também o resultado do diagnóstico junto a estes EES, com um re-trato de sua comercialização, onde solicitam demandas para o avanço da política de co-mercialização solidária no Brasil.

O CApítulo 6 debate o tema acesso a mer-cado institucional por meio do diálogo reali-zado sobre organização da produção, comér-cio justo e solidário e consumo responsável. Aqui, uma amostra de 73 EES, principalmente de atuação no mundo rural de quatro regiões brasileiras, apresenta os desafios e conquistas com relação ao acesso ao mercado institu-cional, em especial, suas experiências com o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE.

Em seguida apresenta-se uma lINHA Do tempo Do pRojeto, expondo as principais atividades realizadas no período de 2009 – 2013, bem como os anexos com documentos referenciais construídos e adotados para de-senvolvimento das ações do projeto.

Boa leitura!

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CAPÍTULO 1

A1.1. Construindo Pontes - a articulação e a incidência política

execução do Projeto Nacional de Comer-cialização Solidária foi perpassada durante todo o período previsto, por ações estra-tégicas de Planejamento, Monitoamento, Avaliação e Sistematização - PMAS.A esde a infraestrutura necessária para o seu fun-cionamento ao assessoramento e acompa-nhamento das ações por meio da equipe constituída (nacional e estadual) que ficou responsável por articular, executar, acom-panhar e divulgar todas as ações previstas em todo país, sob a coordenação e direção do Instituto Marista de Solidariedade – IMS.O PMAS contou com a contribuição da equi-pe nacional contratada por meio de editais, inicialmente constituída por três Analistas Sociais das áreas de: comercialização, co-mércio justo e solidário, comunicação social,

A Orquestração do Projeto

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bem como uma assessora de projetos. Após meses de execução a equipe foi ampliada com a contratação de mais um assessor de projetos e dois Analistas Sociais para con-tribuir com o assessoramento técnico junto aos empreendimentos de economia solidá-ria e agricultura familiar.

As atribuições destas/es profissionais no de-senvolvimento do projeto foram de acom-panhar a execução, juntamente com a co-ordenação nacional e as equipes estaduais, o Plano de Ação do referido projeto em todo país. Além disso, contribuíram com:

Planejamento participativo e elabo-ração de relatórios de atividades;

Subsídio no que se refere à comer-cialização solidária para as equipes estaduais;

Mobilização, sensibilização, articula-ção e capacitação em Comércio Justo e Solidário;

Realização de cursos, palestras, semi-nários e oficinas;

Acompanhamento técnico de em-preendimentos econômicos solidá-rios;

Incidência junto a atores políticos e sociais que atuam dentro da temáti-ca no Brasil e no exterior.

Execução de atividades voltadas para a elaboração e divulgação de maté-rias de interesse do projeto interna e externamente;

Divulgação do projeto para a mídia falada, escrita e televisionada;

Supervisão de produção de materiais e produção de vídeos do projeto.

Além da equipe nacional, também foi reali-zada seleção de equipe estadual, composta por 20 articuladores, mulheres e homens, profissionais que fizeram a realidade do projeto em todo o país, conforme quadro a seguir.

As atribuições da equipe estadual compos-ta inicialmente por 20 articuladoras/es, e no decorrer do projeto com a conclusão de ações em muitas Unidades da Federação, reduziu para 03 profissionais, foram:

Contribuir com as capacitações e/ou atividades formativas sobre comer-cialização solidária;

Representar e acompanhar a reali-zação de feiras de economia solidá-ria;

Cadastrar os EES no banco de dados da Pesquisa de Avaliação de Feiras de Economia Solidária (PAFES), por meio do preenchimento de uma fi-cha de inscrição antes da realização dos eventos;

Solucionar problemas de ordem ad-ministrativa que surgirem antes, du-rante e depois das feiras de econo-mia solidária dos seus estados;

Articular/negociar junto ao Fórum/Rede Estadual e os parceiros locais, a garantia de utilização da identidade visual do Projeto em todo o material que fosse produzido para as feiras;

Mobilizar os EES para adequação ao Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário (SCJS);

Levantar informações sobre a co-mercialização solidária nos seus respectivos estados para os diag-nósticos dos produtos e serviços da economia solidária.

Articuladoras/es do projeto

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Esta equipe de articuladores estaduais bus-cou contribuir na articulação de processos de comercialização solidária, com desta-que para a articulação junto aos EES nos estados e seus respectivos Fóruns de Eco-nomia Solidária.

A equipe de execução (nacional e estadual) junto com a coordenação e direto do Pro-jeto desempenhou um papel fundamental nas articulações estaduais, estabelecendo um diálogo direto com os EES, conhecen-do a diversidade dos grupos, fortalecendo parcerias com os atores do governo, com organizações e entidades afins.

Foi de extrema importância o compro-metimento desta equipe, que construiu uma ponte constante entre as realidades dos grupos e os objetivos do Projeto. A equipe contribuiu ainda participando de encontros e reuniões de fóruns estadu-ais, municipais, regionais e do Fórum Bra-sileiro de Economia Solidária (FBES). Também houve uma participação signifi-cativa desta Equipe no acompanhamento e no desenvolvimento de algumas ativida-des conjuntas com programas de governo, como por exemplo, aquelas promovidas pela Secretaria de Desenvolvimento Terri-torial/do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA), com destaque para os territórios rurais de identidade e da cidada-nia, as bases de serviços de comercialização solidária, além de programas e políticas públicas de outras secretarias e ministé-rios, tais como os Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento (CONSADs), os Centros de Formação em Economia So-lidária (CFES) e os programas de compras institucionais dos produtos da agricultura

familiar com destaque para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), promovido pela Companhia Nacional de abastecimen-to (CONAB) e o Programa Nacional de Ali-mentação Escolar (PNAE).

Houve incidência política junto aos ór-gãos governamentais, não governamen-tais, congresso nacional e sociedade civil, para a consolidação da temática da comer-cialização solidária. A coordenação/dire-ção do projeto juntamente com a equipe realizou, desde 2009, incidências diretas junto a parlamentares, ao poder público e aos órgãos de controle, para garantir ações efetivas no que se refere ao tema da co-mercialização.

Aconteceram também articulações sociais e interinstitucionais, durante a participação em eventos e reuniões nos cenários nacional e internacional, em que discutiram e apro-fundaram sobre normas e procedimentos para a implantação do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário - SCJS e sobre as políticas de comercialização solidária. Além disso, foram realizadas visitas de campo para o estabelecimento de parcerias com atores locais, o que permitiu o acompanha-mento e o monitoramento do Projeto nos estados e municípios do interior do país. Outros momentos importantes de incidên-cia política foram à organização e realiza-ção dos Seminários Regionais de Avaliação dos Projetos Governamentais da Economia Solidária e das Plenárias Regionais de Ba-lanço da Economia Solidária nas diferen-tes regiões brasileira, onde o projeto, por meio do controle social do movimento de economia solidária, foi avaliado de norte a sul do país.

Cabe ressaltar que a incidência realizada e os materiais didáticos produzidos, con-tou com a participação de vários parceiros que atuam dentro da temática, tanto no Brasil como no exterior. O exemplo disso, a cartilha sobre Comércio Justo e Solidário, teve a participação na elaboração e valida-ção de organizações nacionais e internacio-

nais. Fruto de uma incidência coletiva, com a forte participação do Fórum Brasileiro de Economia Solidária e da Plataforma FACES do Brasil, no ano de 2010 foi assinado Decre-to Presidencial Nº 7.358 de 2010, que criou o Sistema Nacional de Comércio Justo e So-lidário – SCJS. Um momento histórico para a comercialização solidária no Brasil.

Assinatura do Decreto que cria o SCJS pelo Presidente Lula

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1.2. O rosto da comercialização solidária - uma identidade visual construída Para uma melhor divulgação do projeto, foi pensado desde a elaboração da propos-ta à criação de uma logomarca que con-tribuísse para fixar uma identidade visual para a comercialização solidária no país. Neste sentido, foram criadas várias peças promocionais para distribuição em todo o país e garantida à utilização da logomarca confeccionada, em todas as atividades pro-movidas pelo projeto.

A difusão da logomarca do projeto contri-buiu para que hoje a mesma seja conside-rada uma das principais identidades visuais em pesquisas na internet *1.

*1 - Em pesquisa no site da google imagem sobre o termo comercialização solidária, a logomarca do pro-jeto é a pioneira nas principais páginas e aparece em destaque como a mais visualizada.

Percebe-se também que várias iniciativas de economia solidária utilizaram a logo-marca do projeto para se identificarem como empreendimentos que atuam na área de comercialização solidária, mos-trando que a identidade do projeto conse-guiu cumprir o seu propósito.

Mochila

Garrafa

Certificado

Além das peças promocionais, foram cons-truídos diversos materiais didáticos peda-gógicos sobre o tema da comercialização solidária para utilização em atividades for-mativas. Estes materiais produzidos foram amplamente distribuídos e utilizados para atividades formativas – seminários, cursos e oficinas – do projeto, bem como em ativi-dades de outras ações de economia solidá-ria, como as atividades dos Centros de For-mação em Economia Solidária – CFES das diferentes regiões brasileiras. Além disso, foram veiculados e utilizados em eventos internacionais e por organizações fora do país que trabalham com comércio justo e economia solidária.

Avental

Folder

Folder

Sacola

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1.3. Aperfeiçoando a trajetória - a estratégia do PMAS Durante toda execução do projeto foram privilegiados diferentes momentos para avaliar a trajetória, monitorar e acompa-nhar o realizado e planejar novamente as ações. Neste sentido, aconteceram ofi-cinas e reuniões para capacitação e ava-liação das metas e atividades previstas de forma periódica. O projeto previu uma Oficina Nacional de Capacitação para a equipe contratada; 08 reuniões da equipe nacional com as equipes estaduais; e, uma Oficina Nacional de Avaliação e Sistema-tização.

A Oficina Nacional de Capacitação para a equipe contratada do Projeto contou com a participação de todos os/as articulado-res/as estaduais com a equipe nacional e foi um momento de apresentação da equipe e do Projeto, seus objetivos, metas e estratégias, além de promover um de-bate conceitual dos principais temas que integram o Projeto.

As reuniões de equipes tiveram como tema central questões operacionais do trabalho, assim como orientações para a elaboração de relatórios e planos de ações estaduais, utilização de ferramen-tas eletrônicas, prestação de contas, entre outras tramites.

Também foram momentos para socia-lizar informações de todos os estados; realizar análise de debates sobre possí-veis parcerias institucionais; apresentar

as informações das ações desenvolvidas pelo projeto em cada localidade, des-de o mapeamento das marcas e pon-tos fixos de comercialização existentes, bem como ensaiar rotas de fluxos e ma-pas e debater conceitualmente logística.

Nas reuniões de Planejamento e Monitora-mento da equipe houve também momentos para balanço das ações desenvolvidas em cada ano.

Para isso, foram avaliadas as principais ativi-dades realizadas pelo Projeto, com destaque para as feiras, o levantamento das marcas e dos pontos fixos nos estados e as relações que aconteceram durante o período. Fez-se uma avaliação sobre o papel das/os articula-doras/es durante o processo de organização e realização das feiras e os desafios encon-trados pelos estados.

Finalmente realizou-se um levantamento dos principais atores sociais envolvidos no Projeto em cada região e foram planejadas as atividades para os próximos semestres.

Estas reuniões também foram espaços para planejar ações regionais. Foram convidados alguns EES para realizar entrevistas coletivas, em que foram discutidas algumas metodolo-gias de trabalho para a comercialização, tal como a técnica da “árvore de problemas”, as “rodas vivas”, entre outras metodologias que serviram para serem utilizadas em ações do projeto nos estados.

Além das reuniões nacionais com articula-dores, fizeram parte desta Meta diversas reuniões de articulação de parcerias e/ou apresentação do Projeto e outras ativi-dades (oficinas, seminários e reuniões de equipe).

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CAPÍTULO 2

O Projeto Nacional e Comercialização Solidá-ria (PNCS) realizou diversas atividades de capacitação e formação durante a sua exe-cução, propiciando o debate e a reflexão sobre os desafios da comercialização soli-dária enfrentados pelos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES).Tais atividades tiveram abrangências terri-toriais, estaduais, regionais, nacional e in-ternacional, totalizando 35 eventos, com os temas específicos sobre a comercializa-ção solidária e o Comércio Justo e Solidário (CJS). Os eventos realizados por meio do PNCS, em formato de encontros e seminá-rios, foram essenciais para o processo de formação de agentes de comercialização distribuídos em todo o território brasileiro. Foram quatro seminários nacionais; cinco se-minários regionais; 24 seminários estaduais; um seminário temático e um seminário in-ternacional. No plano de trabalho original, não estavam previstos os seminários esta-duais, mas devido à necessidade do debate ocorrer na base, foram articuladas parcerias e realizadas atividades para assegurar que os mesmos fossem realizados nas diferentes Unidades da Federação. Tais capacitações

Aprendendo e Ensinando sobre Comercialização Solidária

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tiveram como objetivo principal contribuir para o fomento de redes e cadeias produ-tivas e debater e refletir sobre produção, comercialização e consumo dos produtos e serviços dos EES.

2.1. A construção do conceito Comercialização Solidária A construção do conceito de “Comercializa-ção Solidária” ocorreu em vários momentos e em diferentes espaços de discussões sobre o tema e com a contribuição de diversos ato-res participantes. Principalmente em 2010 e durante os encontros estaduais, aflorou o debate em torno do tema “comercialização solidária” e das suas principais característi-cas para uma definição conceitual.

Como exemplo, o Encontro Estadual do Mato Grosso do Sul/MS, onde os participan-

“A comercialização solidária é uma maneira de comercializar os produ-tos confeccionados em grupo, que oferece preço justo e produtos de boa qualidade, que esclarece sobre sua origem e como é produzido, que permite uma melhor divisão da renda e que incentiva a venda dire-tamente ao consumidor”. Em síntese, permite a construção de parcerias, o exercício do respeito aos consumidores e da produção ecologicamente correta, em que as vendas são realizadas em todas as esferas (local, estadual e nacional) e podem ser institucionais ou em di-ferentes espaços de comercialização, de forma solidária e transparente.

Reunião de planejamento da equipe nacional com equipe estadual do projeto.

tes debateram sobre o entendimento que possuíam sobre este conceito e chegaram ao consenso de que:

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A I Conferência temática sobre Comer-cialização Solidária, ocorrida em abril de 2010, também foi importante para a cons-trução deste conceito, com a seguinte con-tribuição:

No Brasil, a Comercialização Solidária se manifesta por meio de diferentes iniciativas, instrumentos e programas, tais como o Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário (SCJS), as Bases de Serviço de Apoio à Comercialização, as Feiras da Economia Solidária, da Agricultura Familiar e da Agroecologia, os Sistemas Estaduais de Comercialização dos Produtos da Agricultura Familiar e Economia Solidária, dentre outros”.

A Comercialização Solidária deve ter como elemento central de sua identidade os princípios da autogestão, da transparência, da solidariedade e da participação dos atores e atrizes envolvidos em todas as fases das relações econômicas das cadeias de produção, comercialização e consumo.

Comercialização Solidária é compreendida como uma nova relação comercial, com o estabelecimento de relações éticas e solidárias entre todos os elos da cadeia produtiva e resulta em uma forma de “empoderamento” dos/as trabalhadores/as (produtores/as, comerciantes e consumidores/as), que estão em desvantagem ou marginalizados/as pelo sistema convencional das relações comerciais.

“A Comercialização Solidária é uma organização da sociedade civil que garante uma melhor distribuição da renda, o desenvolvimento da sociedade para a promoção da qualidade de vida, com a valorização dos produtos e serviços, circulação das mercadorias, respeitando a fauna e flora e o ecossistema como contraponto ao sistema capitalista.”

O Seminário Regional Norte de Comer-cialização Solidária também ofereceu uma importante contribuição. Ali se formu-lou um conceito mais resumido da definição dada pela Conferência Temática:

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A Comercialização Solidária é uma organização da sociedade civil que garante uma melhor distribuição da renda, o desenvolvimento da sociedade para a promoção da qualidade de vida, com a valorização dos produtos e serviços, circulação das mercadorias, respeitando a fauna e flora e o ecossistema como contraponto ao sistema capitalista.

Assim, constata-se que este tem sido um conceito construído por várias mãos, com base na prática e na realidade dos EES e a partir da compreensão que possuem sobre o que representa uma comerciali-zação fora do modelo convencional, em que prioriza-se as relações entre as pesso-as, entre essas e suas comunidades, sem-pre observando o respeito ao ambiente. Objetiva-se um desenvolvimento susten-tável, que permita a construção de pro-cessos autogestionários e transparentes nos espaços comerciais, promovendo a in-clusão de produtores/as que se encontram excluídos do sistema de comercialização predominante.

2.2. As vivências e as trocas realizadas2.2.1. os Seminários estaduaisOs seminários estaduais tiveram alguns objetivos e, dentre esses, o de construir coletivamente o conceito de Comercia-lização Solidária. Também o de discutir sobre os principais gargalos encontra-dos pelos EES na produção/comercia-

lização e as alternativas de superação dos mesmos, além de debater sobre os interesses dos EES refletidos nas políti-cas públicas e promover a troca de ex-periências entre os participantes. Na pauta de discussões entraram também temas afins à comercialização solidá-ria, tais como a agroecologia, o con-sumo ético e solidário, a certificação sócio participativa, as transformações sociais e econômicas no campo e na ci-dade, a saúde e a qualidade de vida.

Foram realizados 24 seminários estaduais, apesar de não terem sido previstos inicial-mente no PNCS, como uma estratégia para incentivar o debate na base e nos territórios, cujos resultados foram levados para os en-contros regionais, nacional e internacional. Foram realizados por meio de parce-rias locais e articulados com outras atividades previstas no PNCS, como exemplo, os seminários realizados du-rante as feiras de economia solidária que tiveram apoio do referido projeto.

Assim, foram necessários recursos ape-nas para as passagens aéreas e diárias para membros da equipe e parceiros convidados para contribuir com os deba-tes e animação das referidas atividades. Os 24 seminários envolveram aproxima-damente 1.263 pessoas, dentre elas 856 EES, 257 Entidades de Apoio e Fomento (EAF) e 150 representantes do governo (Gov), sendo 888 mulheres e 357 homens, como demonstra o quadro a seguir:

Seminario Estadual de Comercialização Solidária do Piauí

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A metodologia utilizada foi a apresenta-ção das experiências de comercialização solidária, geralmente que são articuladas em rede, no formato da metodologia par-ticipativa “roda viva”*1, promovendo o diálogo entre as iniciativas de certificação e com foco nos mercados locais. Além dis-so, foram realizados trabalhos de grupos, para discutir os desafios da comercializa-ção solidária nos respectivos estados, o que propiciou a formação de Grupos de Trabalhos (GT) de Comercialização Soli-dária permanentes, como uma estratégia para o fortalecimento dos Fóruns Estadu-ais de Economia Solidária.

Alguns dos principais encaminhamentos e resultados obtidos nos seminários estaduais foram:

a) fortalecimento dos EES participantes;

b) articulação para a participação em feiras, cursos e eventos em nível estadual e regio-nal, permitindo processos contínuos de for-mação na comercialização solidária; c) levantamento das principais estratégias de comercialização dos EES participantes, a partir da definição de locais de comerciali-zação (feiras livres de agricultores semanais ou mensais nos municípios), pontos fixos de comercialização, eventos, salões de artesa-natos e/ou agricultura familiar, dentre ou-tros. Os seminários estaduais também foram im-portantes para a definição de algumas es-tratégias de ações: a) buscar a interlocução entre os pontos fixos de comercialização (produtos e infor-mações);b) incentivar a formação entre produtores/as e Entidades de Apoio e Fomento (EAF);

*1 - Roda Viva é uma das ferramentas da metodologia participativa, que consta em apresentações de temas comuns e/ou afins e que permite a interlocução direta, entre os que assistem e os que apresentam.

c) buscar a conscientização para o consumo responsável no campo e na cidade; d) buscar a participação nos espaços virtu-ais de promoção da comercialização como o “cirandas.net”;e) promover uma maior agregação às redes de economia solidária e, em especial, um di-álogo mais aproximado entre EES, EAF e os órgãos governamentais (Governo).

2.2.2. os Seminários Regionais

No período de junho/2010 a maio/2012, foram realizados cinco Seminários Regio-nais (Norte, Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste), com articulação de parceiros es-tratégicos, para intercâmbios e trocas de experiências em Comercialização Solidá-ria, o que foi fundamental para a articu-lação dos EES. Os 429 representantes dos EES e organizações que participaram dos Seminários Regionais foram escolhidos durante os Seminários Estaduais, sendo 295 EES, 102 EAF e 32 Gov.

Seminário Estadual de Comercialização Solidária do Rio Grande do Norte

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Seminário Regional de Comercialização Solidária Região Centro oeste

Aconteceu no mês junho/2010, em Bonito/MS e contou com a participação de 117 represen-tantes, sendo 82 de EES, 23 EAF e 12 Gov.

Neste seminário foi apresentado o PNCS, a partir do mapa da região Centro Oeste tra-zendo-os para a realidade regional. Foram abordados temas como Comercialização Solidária, Redes, Comércio Justo e Solidário (CJS), Sistemas Participativos de Garantia (SPG) e os mercados institucionais.

Na “roda viva” foram apresentadas experi-ências da Central do Cerrado/DF, Cooperativa Planta e Vida/GO, Central de Comercialização Solidária/MS e a experiência da Coorimbatá/MS. Debateram e propuseram estratégias de co-mercialização a partir dos estados até à Região Centro Oeste como um todo, na busca pela in-tegração, atentos às questões de logística e do desenvolvimento local.As estratégias apontadas para a Região Cen-tro Oeste foram: a) criação de um Grupo de Trabalho sobre Comercialização Solidária em cada Estado;b) criação de uma Central Regional de Co-

mercialização Solidária;c) estabelecimento de um diálogo entre as experiências já existentes; d) definição de uma estratégia para o fortalecimento de uma identidade re-gional, a partir do debate sobre o Bioma Cerrado;e) realizar capacitações em Logística So-lidária (infraestrutura, transporte e dis-tribuição), conforme as particularidades de cada estado da região; f) realização de feiras macro regionais de comercialização, entre outras estra-tégias.

Seminário Regional de Comercialização Solidária do Centro Oeste

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Seminário Regional de Comercialização Solidária da Região Sul Aconteceu em Santa Maria/RS, no Cen-tro Marista de Eventos, em julho/2010. Estiveram presentes 39 representantes, sendo 22 EES, 3 Gov, 14 EAF. A progra-mação contou com uma apresentação do mapeamento da região, pelo Sistema de Informação sobre a Economia Solidária (SIES), com dados do período 2005 a 2007;

uma mesa, que tratou do tema “Comer-cialização Solidária como uma Estratégia em Rede” e apresentação de experiências de comercialização solidária. As experiên-cias participantes foram: “Justa Trama”/RS, União das Cooperativas e Associações Comunitárias do RS (UNAIC), Cooperativa Regional “Cooperfronteira”/SC, Cooper Casa Nova/SC e a Coopermandi/PR. Neste Seminário debateram e propuseram es-tratégias de comercialização a partir dos estados até à Região Sul como um todo.

Seminário Regional de Comercialização Solidária da Região SulSeminário Regional de Comercialização Solidária da Região Norte

o Seminário Regional de Comercialização Solidária da Região Norte

Aconteceu em outubro/2010, em Rio Branco/AC, com a participação de 61 re-presentantes, sendo 56 de EES, 3 EAF e

2 Gov. Apresentou uma intenção clara em contribuir com o processo de integra-ção das experiências de comercialização solidária da Região Norte, que apresenta grandes limitações em mobilidade/loco-moção e comunicação devido as especifi-cidades geográfica da Amazônia.

As estratégias apontadas para a Região Sul foram: a) ampliar as feiras já existentes, planejar uma feira fixa; b) trabalhar a divulgação, através de um site do Fórum Estadual, que fale dos Fó-runs Municipais; c) ter um Clube de Trocas entre as regiões, com a criação de uma moeda social;

d) criar espaços alternativos para comer-cialização solidária, com identidade visual definida;e) continuar com a estratégia de realiza-ção das feiras micro regional; f) ter um circuito de feiras regionais, com programação antecipada do calendário das feiras entre outras iniciativas para a região.

Os principais temas debatidos durante o evento da Região Norte foram:a) articulação dos atores envolvidos em processos de comercialização solidária da Região Norte; b) difundir o SCJS para o público partici-pante nos debates e eventos da Econo-mia Solidária;

c) promover ações para a integração da comercialização solidária dentro da Re-gião; d) construção do conceito de Comerciali-zação Solidária; e) necessidade de realizar um diagnóstico sobre a comercialização solidária existen-tes na região, identificando mercados;

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Seminario Regional de Comercialização Solidária da Região Nordeste Seminário Regional de Comercialização Solidária da Região Sudeste

Seminário Regional de Comercialização Solidária da Região Nordeste

Aconteceu em dezembro/2010, em Sal-vador/BA e reuniu 129 representantes, sendo 110 EES, 17 EAF e 2 Gov. O prin-cipal tema abordado durante a progra-mação foi o conceito de Economia Soli-dária adotado pelo SCJS. Foi utilizada a metodologia “roda viva”,

onde houve a apresentação das experi-ências existentes em comercialização solidária no Nordeste, em perspectivas feminista, de raça/etnia e do consumo. As experiências apresentadas foram: Rede Xique-Xique/RN (economia soli-dária, agroecologia e feminismo), Rede de Mulheres do Pajeú/PE (feminismo), Rede Moinho/BA (consumo), Grupo de Mulheres Negras Maria Firmina/MA (raça/etnia).

o Seminário Regional de Comercialização Solidária Região Sudeste Aconteceu em maio de 2012, em Belo Ho-rizonte/MG, na Escola Sindical Sete de Ou-tubro. Participaram cerca de 83 represen-tantes dos Fóruns Estaduais de Economia Solidária de SP, RJ, MG, ES e também dos projetos governamentais em implementa-

ção na região. O Seminário fez um resgate histórico do movimento de ES do Brasil e realizou um balanço dos quatro eixos debatidos du-rante a IV Plenária Nacional de Economia Solidária, realizada pelo Fórum Brasileiro de Economia Solidária - FBES. Teve destaque o eixo “Produção, Comer-cialização e Consumo”.

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Dentre os seminários nacionais daremos ênfase a I Conferência temática de Comercialização Solidária e Coope-rativismo Solidário que aconteceu em abril/2010, Brasília/DF, como parte do pro-cesso de construção da II Conferência Na-cional de Economia Solidária (II Conaes).Esta atividade foi articulada pelo PNCS junto aos parceiros governamentais e não

governamentais. Contou com a participa-ção de 198 representantes, sendo 76 EES, 105 EAF e 17 Gov. Debateram sobre o pro-cesso organizacional do SCJS e realizaram um balanço da ES e uma análise das po-líticas públicas, na perspectiva da Comer-cialização Solidária e do Comércio Justo e Solidário, realizando um resgate histórico do movimento da Economia Solidária.

Como resultado, foram definidas estraté-gias de difusão e consolidação do SCJS em todo o país. Tais estratégias se articularam nos seguintes eixos: a) afirmar os princípios e critérios de uma relação de comercialização justa e solidá-ria; b) fortalecer a identidade da Economia Solidária por meio da inserção dos seus produtos e serviços em cadeias de comér-cio justo e solidário; c) desencadear um processo de sensibili-zação da sociedade brasileira para os be-nefícios da Economia Solidária e do Co-mércio Justo e Solidário; d) considerar o poder de compra do Esta-do enquanto um consumidor em potencial para os produtos da ES e da Agricultura Fa-miliar (AF);

e) favorecer a circulação e comercialização formal de produtos da Economia Solidária e Agricultura Familiar; f) capacitar e estruturar EES para a Comer-cialização Solidária e o Comércio Justo e So-lidário; g) promover uma aproximação da ES com produtores e consumidores, para garantir a oferta e consumo dos seus produtos e ser-viços; h) promover a integração entre os EES, na perspectiva da identificação e organização de um mercado interno.Nesta Conferência, a comercialização foi apontada como um dos principais desafios para os EES e, como estratégia, a importân-cia da constituição de uma Rede de Comer-cialização Solidária no Brasil, como descrito em seus anais:

2.2.3. OS SEMINÁRIOS NACIONAISRealizados quatro seminários nacionais no período 2010-2011, com o enfoque para a organização e divulgação do Sistema

Nacional de Comércio Justo e Solidário - SCJS (enquanto resultado de um processo histórico construído pelo movimento de ES), para a construção de estratégias de difusão e consolidação do SCJS em todo o Brasil. O público total participante desses semi-nários totalizou 491 representantes, sen-do 237 EES, 210 EAF e 44 Gov, sendo 203 homens e 288 mulheres.

I Conferência Temática de Comercialização Solidária - Brasília/DF 2010

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“... as Redes de Comercialização Solidá-rias surgiram como um novo e importante ator no campo da Comercialização Solidá-ria e vem sendo desenvolvidas estratégias comuns, a partir dos territórios e das orga-nizações da sociedade civil. O processo de Comercialização Solidaria contribuiu para a criação e o fortalecimento das redes políti-cas que representam os interesses dos EES” (II CONAES, 2010).

Outro evento nacional realizado no âmbi-to do projeto foi o encontro entre Redes de Comercialização Solidária do Brasil aconteceu em agosto/2010, Brasília/DF e teve a participação de 35 representantes, sendo 18 EES, 13 EAF e 4 Gov, sendo 17 ho-mens e 18 mulheres. Neste Encontro aconteceu o intercâmbio entre 20 Redes de Comercialização Solidária das cinco regiões brasileiras, com apresenta-

ções das experiências, com enfoque para a Comercialização Solidária. Durante o evento, houve a construção do “Diagnóstico e Levantamento de Infor-mações sobre a Comercialização Solidária dos Produtos e Serviços dos EES”, princi-palmente a comercialização realizada em pontos fixos, as marcas utilizadas pela ES e uma abordagem sobre a Logística Solidária. O Seminário Nacional de Comércio jus-

to e Solidário realizado em abril de 2011, em Brasília/DF, teve como participantes 91 representantes, sendo 33 EES, 50 EAF e 8 Gov. Seu objetivo principal foi o de ampliar o de-bate em torno do Comércio Justo e Solidá-rio no Brasil, com enfoque para a definição de estratégias e formas de certificação para a habilitação dos EES junto ao Sistema Na-cional de Comércio Justo e Solidário - SCJS.

Encontro entre Redes de Comercialização Solidária - Brasília/DF - 2010 Seminário Nacional de Comércio Justo e Solidário - Brasília/DF - 2011

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Durante o Seminário Nacional dos pontos Fixos de Comercialização Soli-dária, reuniram-se os representantes dos espaços permanentes de comercialização solidária (feiras, lojas, centrais, bodegas, centros públicos, e-commerce, dentre ou-tros), denominados “pontos fixos” de co-

mercialização solidária. Foi realizado em julho/2011 em Santa Maria/RS/ e teve a participação de 167 representantes, sen-do 110 EES, 42 EAF e 15 Gov, dos quais, 114 mulheres e 53 homens. Dos EES, 33 lo-jas, quatro e-comerce/sites, 11 feiras per-manentes e sete centros públicos.

Encontro Nacional de Pontos Fixos de Comercialização Solidária - Santa Maria - RS

Teve como objetivos principais: a) propiciar a troca de experiências en-tre os representantes dos pontos fixos participantes; b) apresentar as políticas públicas volta-das para esse público; c) debater sobre a realidade dos pontos fixos de comercialização solidária; d) encaminhar propostas concretas para contribuir com os processos de fortaleci-mento dos pontos fixos de comercializa-ção solidária no Brasil.

Debateram sobre a importância do fomen-to, apoio e articulação entre os espaços de comercialização, com uma identidade da economia solidária e da necessidade do avanço nas políticas públicas específicas para o setor.

Antes da realização do Seminário Nacio-nal, foi realizado um levantamento pre-liminar, promovido pelo PNCS por meio das/os articuladoras/es estaduais, identi-ficando os espaços permanentes de co-mercialização solidária em cada estado. Este levantamento identificou mais de 300 espaços de comercialização solidária em todo o Brasil, o que motivou a ela-boração de um termo de Referência para pontos Fixos de Comercializa-ção Solidária, conceituando e caracte-rizando os diferentes espaços de comer-cialização encontrados. Segundo o Termo de Referência, os pon-tos fixos de comercialização solidária são espaços: a) que desenvolvem o protagonismo dos

EES;b) para exposição e comercialização de produtos e serviços dos EES;c) para formação e informação dos EES; d) para estimular o consumo responsável; e) para a realização de atividades artís-tico culturais, incentivando a cultura po-pular local;f) para a realização do exercício das trocas solidárias e do uso das moedas sociais; g) para a organização e a articulação das cadeias produtivas e redes de Economia Solidária. Como resultado, este Seminário contri-buiu para a construção de diretrizes para a comercialização solidária, tais como:a) ampliar e potencializar parcerias entre sociedade civil e Estado; b) organizar espaços de discussões regio-nais e microrregionais entre os pontos fi-xos;c) lutar por mais políticas públicas direcio-nadas para a estruturação econômica dos pontos fixos de comercialização solidária; d) promover capacitações para os EES em elaboração de projetos e captação de re-cursos. Além dessas diretrizes, o Seminário tam-bém promoveu debates sobre:a) a legislação estadual da Economia Soli-dária em cada estado;b) a inserção do tema Economia Solidária no mundo da educação formal, por meio da inclusão do tema em grades curriculares; c) discussão sobre a participação dos Pon-tos Fixos durante à Rio + 20; d) criação de um espaço de discussão na rede social “cirandas.net”.

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2.2.4. O Seminário InternacionalO “Seminário Internacional do Siste-ma Nacional de Comércio justo e Soli-dário – SCjS” foi realizado em São Paulo/SP em outubro de 2009 Conexão Solidária juntamente com a “Mostra Nacional dos Produtos e Serviços da Economia Solidária”, realizada pela Agência de Desenvolvimen-to Solidário da Central Única dos Traba-lhadores (ADS/CUT) com o apoio do PNCS.

Este Seminário teve a participação de 150 representantes brasileiros e de re-presentantes de 12 países (México, Peru, Colômbia, Argentina, Nicarágua, Bolí-via, Costa Rica, Guatemala, Equador, Pa-raguai, Canadá e Portugal), que juntos, debateram os desafios e as perspectivas da criação do Sistema Nacional de Co-mércio Justo e Solidário – SCJS.

Sua programação aconteceu em quatro pai-néis, que representavam os principais com-ponentes da proposta de estruturação do sistema: a) a necessidade do controle social do SCJS;b) os sistemas de garantias; c) o fortalecimento dos mercados nacio-nais; d) o papel das políticas públicas na pro-moção do CJS nos mercados nacionais. No painel sobre a necessidade do con-trole social, participaram representan-tes do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), da Coordenadoria Lati-noamericana e do Caribe dos Pequenos Produtores do Comércio Justo (CLAC),

o Instituto Brasileiro de Defesa do Con-sumidor (IDEC), a Rede Nacional de Co-mercialização Comunitária de La Paz/Bolívia (RENACC La Paz), a Rede Latino-americana de Comercialização Comuni-tária (RELACC) e a Rede Nicaraguense de Comércio Comunitário (RENICC).No painel sobre o papel das políticas pú

blicas na promoção do CJS nos mercados nacionais, participaram representan-tes do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), Brasil, da Confederação Latinoamericana de Cooperativas (CO-LACOT), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Consórcio de Gestão Compartilhada para o Desenvolvimento Local da Provín-cia de Buenos Aires e a Chantier de l’e économie Sociale de Quebec – Canadá.

No painel sobre o fortalecimento dos mercados nacionais, participantes e ex-positores analisaram os desafios e dis-cutiram estratégias a serem adotadas pelas organizações solidárias. Participa-ram deste painel os representantes da Fundação Mambe Shop/ Colômbia e do Encontro Latinoamericano das Lojas do Comércio Justo e da Rede Peruana de Comércio Justo do Peru.

No painel sobre os Sistemas de Garantias e Modelos de Certificação, foram discu-tidas outras formas de garantias e mode-los, tal como a certificação participativa. Participaram a Organização Mundial do Comércio Justo (WFTO), o Comércio Jus-to do México, a ACS Amazônia (Brasil), o Instituto Nacional de Metrologia, Nor-malização e Qualidade Industrial (INME-

Seminário internacional sobre o SJCS - Conexão Solidária - São Paulo 2009.

TRO) e a Cooperativa de Consumidores Mó de Vida de Portugal.Este Seminário foi um marco para o mo-vimento da Economia Solidaria do Bra-sil, contribuindo para a formulação e a definição da estratégia brasileira para o Comércio Justo e Solidário - CJS, dentro

do SCJS, além de colaborar para o reco-nhecimento da importância de um mar-co regulatório para a comercialização solidária de produtos e serviços, assim como para contribuir para o processo de organização e articulação das organiza-ções envolvidas.

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CAPÍTULO 3

A abordagem deste capítulo mostra como foi o processo de estruturação do Siste-ma Nacional do Comércio Justo e Solidá-rio (SCJS) brasileiro, dentro das ações do Projeto Nacional de Comercialização So-lidária (PNCS), executado pela UBEE/IMS e em parceria com o MTE/Senaes, Fórum Brasileiro de Economia Solidária e Faces do Brasil.

O processo de mobilização e organização do SCJS, os diagnósticos realizados, a me-todologia utilizada, as atividades realiza-das, os resultados obtidos, bem como foi desenvolvido o processo de formação das/os formadoras/es em Comércio Justo e So-lidário - CJS, a mobilização e articulação política realizadas durante o processo.

A prática do comércio justo acompanha a história da humanidade e vem sendo rea-lizada em muitos países. No Brasil, o pro-cesso de identificação de experiências do comércio justo e solidário, a mobilização e a articulação dos públicos de interesse e a organização do Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário - SCJS ocorreu por meio das ações desenvolvidas duran-

O Germinar do Sistema Nacional do Comércio Justo e Solidário (SCJS)

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te a execução do PNCS e com a partici-pação de muitos trabalhadoras/es e cen-tenas de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES). Foi um processo rico, de identificação de experiências, utilizando--se de metodologias participativas, de-sencadeando um processo de formação de formadoras/es em comércio justo e solidário, e, como resultados, obteve-se um “retrato” da comercialização solidária de mais de 100 empreendimentos econô-

micos solidários do Brasil, onde se visua-liza os seus potenciais e suas demandas. Além de uma contribuição significa-tiva para a mobilização, organização e implementação do SCJS brasileiro. Para isso, participaram diretamente das atividades 1.882 pessoas, sendo 1.290 re-presentantes de Empreendimentos Eco-nômicos Solidários - EES, 391 de Entidade de Apoio e Fomento (EAF) e 161 de Go-verno (GOV).

3.1. A jornada percorrida

Diante da rica diversidade de Empreen-dimentos Econômicos Solidários – EES existente no país e levando em conside-ração que o projeto não daria conta de comtemplar sua totalidade, a estraté-gica adotada foi lançar um edital para

selecionar os EES das diferentes regiões brasileiras e com critérios que pudessem contemplar todos os setores econômicos existentes. Como resultado, foram rece-bidas 248 propostas para edital que pre-via selecionar 100 EES. Diante do número de inscrições recebidas e a qualidade das iniciativas apresentadas, a comissão de seleção reavaliou o processo e ampliou o número de empreendimentos seleciona-dos para 140 EES.

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A seleção foi realizada priorizando os EES que mais se en quadravam nos critérios para, em seguida, iniciar-se uma aproxi-mação, caracterização, assessoramento e orientação junto aos mesmos para cons-trução dos planos de adequação aos prin-cípios do comércio justo e solidário, na modalidade ORGANIZACIONAL, de acor-do com o Termo de Referência do SCJS.

os critérios de seleção adotados A comissão de seleção dos EES definiu alguns critérios para o processo de se-leção. Os principais critérios adotados foram:

- Contemplar EES das diferentes regiões do Brasil;

- Contemplar EES urbanos e rurais;

- Contemplar a representação dos dife-rentes segmentos e cadeias produtivas (produção, serviços, beneficiamento, distribuição, comercialização, consumo e finanças);

- Contemplar EES de pequeno, médio e grande porte (formalizados ou não);

- Contemplar EES de povos e comunida-des tradicionais (indígenas, quilombolas, ribeirinhas entre outros);

- Contemplar EES formados por mulheres.

Formação de Formadoras/es em Comércio Justo e Solidária - Brasília/DF

3.2. O mutirão Uma vez selecionados os EES, iniciou-se a estruturação do SCJS por meio de uma as-sessoria às experiências selecionadas, para a realização de auto avaliação e para a ela-boração dos “planos de adequações” dos EES aos princípios e critérios do SCJS, na modalidade “organizacional”, de acordo com o Termo de Referência (TR) do SCJS (Anexo). Simultaneamente, foram realiza-dos diagnósticos, com questionários ela-borados a partir do TR do SCJS.

A coordenação/direção do projeto adotou a estratégia metodológica de selecionar

entidade com expertise na área para jun-tamente com a UBEE/IMS executar todas as ações previstas. Sendo assim, além da seleção de instituições, foram realizadas diversas reuniões com parceiros para arti-culação da estratégia de implementação do SCJS.

A moBIlIzAção polítICA e o pRoCeSSo FoRmAtIvo

Os seminários e eventos realizados, além de se tornarem espaços de mobilização e articulação política, também foram utili-zados para a realização dos diagnósticos dos EES (auto avaliação) e tiveram uma

Formação de Formadoras/es em Comércio Justo e Solidária - Brasília/DF.

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importante função formativa. A mobili-zação política e o processo de formação realizada durante as atividades foram fun-damentais para o fomento das discussões sobre o que é o comércio justo e solidá-rio – CJS, e, qual a sua contribuição para o fortalecimento dos EES e da economia solidária do Brasil.

As atividades desenvolvidas proporciona-ram uma análise dos processos formativos realizados nos estados, para então avaliar seu impacto em termos de articulação e disseminação da proposta do CJS e as ex-pectativas geradas em relação à estrutura-ção do SCJS. A qualificação realizada jun-to aos EES garantiu um ganho político ao

projeto e um ganho econômico aos EES, mediante o reconhecimento e a agrega-ção de valor aos seus produtos e serviços.

Em alguns estados, o processo de forma-ção promoveu o aprofundamento dos princípios do CJS, em outros, enfocou questões relacionadas às práticas comer-ciais dos EES, provocando uma reflexão importante sobre como realizar a divul-gação dos princípios da economia solidá-ria para os consumidores, fortalecendo o movimento e valorizando os seus produ-tos. Este processo também impulsionou a articulação de coletivos de protagonistas do SCJS, o que contribuiu para fomentar a criação de Comissões Gestoras Estadu-

Atividade Estadual sobre o SCJS em Goiás.

al (CGE) ou instâncias similares, funda-mentais para a efetivação do Sistema. Em destaque neste processo, a capacidade apresentada pela temática em agregar os EES urbanos e rurais com o movimento da Economia Solidária. Tais debates con-tribuíram para o processo de articulação do tema em níveis locais e estaduais, pro-movendo a sua “capilarização” e a arti-culação dos atores locais para territórios mais abrangentes. Nesse processo, teve grande destaque a capacidade da temá-tica em agregar os EESs urbanos e rurais,

no último caso até agregando estes para o movimento de economia solidária, o qual não conheciam ou não faziam parte. Os dados sobre a inserção comercial dos EES no mercado foi subsídio para uma aná-lise para verificar onde e como o comércio justo e solidário - CJS poderia contribuir. A auto avaliação proposta aos EES foi reali-zada a partir dos princípios da Economia Solidária e do CJS, o que subsidiou a ela-boração dos “planos de melhorias” para definir ações de enfrentamento às difi-culdades identificadas. Esse procedimen-

Reunião de Planejamento das Ações do SCJS - Brasília/DF.

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to auxiliou na consolidação dos princípios do CJS, a partir das realidades dos EES. As atividades que fizeram parte desta eta-pa foram as capacitações no SCJS e Sistemas Participativos de Garantia (SPG); a formação de Formadores/as em Comércio Justo e So-lidário; Seminário Nacional do Sistema de Comércio Justo e Solidário – SCJS; Reunião com entidades contratadas para o SCJS; e os 27 Seminários Estaduais sobre Sistema Na-cional de Comércio Justo e Solidário:

Região Norte (6): Macapá (AP); Mucajaí (RR); Manaus (AM); Belém (PA) e Rio Bran-co (AC), Porto Velho (RO) e Porto Nacional (TO);

Região Nordeste (9): Feira de Santana (BA); Maceió (AL); Fortaleza (CE); Mossoró (RN); São Luiz (MA); João Pessoa (PB); Tere-sina (PI); Abreu e Lima (PE) e Aracaju (SE);

Região Centro-oeste (4): Tangará da Ser-ra (MT); Campo Grande (MS); Goiânia (GO); Planaltina (DF);

Região Sudeste (6): Rio de Janeiro (RJ); Vitória (ES); Contagem e Montes Claros (MG) e Osasco (SP);

Região Sul (3): Santa Maria/RS; Balneário Camboriú (SC) e Curitiba (PR)

Durante o processo formativo junto aos EES, além de formação e informações so-bre o contexto e histórico do comércio jus-to e solidário no Brasil e no mundo, foram distribuídos e debatidos alguns documen-tos importantes sobre o tema, como o De-creto Presidencial do SCJS, a Resolução do Conselho Nacional de Economia Solidária, o Termo de Referência para o SCJS, além de links e listas de contatos.

3.3. A colheita do CJS no Brasil A partir da análise dos dados obtidos pelo diagnóstico realizado com os 140 EES par-ticipantes do processo, obtiveram-se as características do perfil dos EES que pra-ticam comércio justo e solidário do Brasil, com dados sobre os produtos ofertados, os mercados acessados e as demandas le-vantadas.

produtos ofertadoso artesanato representa 32%, alimentos processados 26%, confecção com 18% e res-tante fica com a produção agrícola, alimen-tos de consumo rápido, comercialização de produtos, venda de refeições, serviços diver-sos, produtos de limpeza, entre outros.

Canais de comercialização as feiras representam 83%, e 27% com outros tipos. 74% comercializam com o poder público, empresas privadas, ins-tituições, supermercados e 26% comer-

cializa diretamente com o consumidor. Uma pequena parte (4%) vende através da internet e/ou exporta.

Avaliação da Formação de Formadoras/es em CJS - Brasília/DF.

principais demandas dos eeS aparecem:- Logística (transporte e armazenamento de produtos);

- Organização para o processo de comer-cialização (realização de estudos de mer-cado, ter uma equipe qualificada, melho-rar o marketing);

- Qualificação na produção (infraestrutu-ra, qualidade dos produtos, qualidade na entrega, produção regular/dependência de safras);

- Estruturação da comercialização (espaços para comercialização, infraestrutura de barracas, lojas);

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- Conscientização e educação do consumi-dor (selos, campanhas de conscientização, organização de grupos de consumo);

-Gestão e formação;

- Segurança e condições de trabalho;

- Integração da cadeia produtiva;

- Ações ambientais;

- Envolvimento e participação de jovens e crianças;

- Levar em consideração a relação entre homens e mulheres;

As principais expectativas dos eeS em relação ao SCjS,

levantadas durante os seminários reali-

zados em ordem de importância, tem--se:

- O acesso às políticas públicas;

- O desenvolvimento de ações relacio-nadas à viabilidade econômica dos EES, financiamentos, apoio logístico, aber-tura de espaços de comercialização, in-fraestrutura, compras públicas e forma-lização;

- Ações específicas relacionadas com a divulgação e a visibilidade dos produ-tos e serviços da ES (certificação e ma-rketing);

- Ações ligadas à formação (prática dos princípios do CJS) e outras.

No Seminário Final de Avaliação da meta do SCJS, realizado em dezem-

Conferência Temática e Seminário Nacional sobre o SCJS - Brasília/DF.

bro/2011, em Brasília/DF, foi construí-da pelos participantes uma carta com contribuições e diretrizes para a Comis-são Gestora Nacional do SCJS, em que apontavam reflexões sobre os instru-mentos metodológicos utilizados den-tro do contexto, com avaliações e pro-postas de melhoramento, assim como os aspectos positivos, a repercussão nos estados e as demandas e expecta-tivas dos grupos.

As demandas e as expectati-vas apresentadas pelos eeS para a Comissão Gestora Na-cional (CGN) do SCjS construa política pública para a comercialização solidária foram:

- Articulação e envolvimento com o po-der público;

- Definição do fluxo de funcionamento da Comissão Gestora Nacional (CGN);

- Assessoria e formação continuadas nos estados sobre o SCJS;

- Formação para capacitar multiplicado-ras/es em CJS;

- Realização de campanhas para divulgar e melhorar a identificação visual dos EES e seus produtos junto aos consumidores locais;

- Fomentos à criação das Comissões Ges-toras Municipais (CGM) e das Comissões Gestoras Estaduais (CGE);

- Distribuição em larga escala do Manual de Procedimentos do SCJS aos 30 mil EES mapeados pelo Sistema de Informação da Economia Solidária (SIES);

- Assessoria técnica direcionada e diver-sificada para os EES rurais e urbanos;

- Selo que permita uma identidade pró-pria aos EES;

- Assegurar visibilidade para os produtos e para os EES;

- Garantir uma logística que atenda à di-versidade e às demandas dos grupos;

- Assegurar que o SCJS fortaleça o movimento de ES nos estados, contri-buindo com a logística, formação, de-senvolvimento, organização e planeja-mento dos EES e com a formação de preços justos.

3.3. Os frutos dos processos o manual de procedimentos

Este produto foi elaborado a partir dos dados obtidos pela consultoria especia-lizada, com procedimentos, princípios e critérios do Sistema, apontando parâ-metros para a revisão de padrões, ex-plicados passo a passo, com os direitos e deveres dos atores, com formulários para os EES produtores, comerciantes e consumidores.

Explica como é realizada a auto decla-ração, características e o selo organiza-cional. Apresenta as características da “acreditação” e esclarece o que o SCJS compreende por marcas, registros, cer-

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tificados, contratos e guias. Inicialmente construído pela consultoria especializa-da e posteriormente concluído pelos in-tegrantes da Comissão Gestora Nacional CGN do SCJS.

Tendo como referência a história do Comércio Justo (CJ) internacional, no Brasil se estruturou um sistema público do Comércio Justo e Solidário (CJS) para tentar assegurar direitos e deveres aos Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) e aos outros atores do Comércio Justo.O Comércio Justo e Solidário brasileiro incorpora a experiência do movimento de Economia Solidária e adota a autogestão como elemento central. Assim, define--se o Comércio Justo Solidário como um fluxo comercial diferenciado, baseado no cumprimento de critérios de justiça e solidariedade nas relações comerciais, que resulte na participação ativa do EES por meio da sua autonomia.O SCJS objetiva fomentar a qualificação das relações de produção, comercializa-ção e consumo em nosso país, a partir do reconhecimento de um conjunto de critérios nos EES e nas relações comerciais estabelecidas. Tais critérios envolvem princípios relacionados com os temas de respeito ambiental, equidade de gêne-ro, fim da exploração infantil do trabalho, garantia de relações seguras e justas entre trabalhadores, transparência entre os vários atores da cadeia, pagamento de um preço justo, informação do consumidor entre outros. Os princípios estão contemplados no Termo de Referência do SCJS que foram elaborados por um Grupo de Trabalho *1 composto por entidades da socieda-de civil e do governo federal. Esse grupo trabalhou não só nos princípios, senão também na elaboração do próprio Termo de Referência (em anexo). O SCJS se institui por meio do Decreto Presidencial. 7.358 de 2010, que ainda não tinha sido aprovado quando se iniciou a meta de estruturação do SCJS no PNCS.

Um POUCO dA hiStóriA dO SCJS...

*1 - O GT se instituiu em Audiência Pública do MTE em 08 de abril de 2006 e foi composto por dois membros de cada uma das seguintes articulações da sociedade civil: FACES do Brasil, Organização dos Produtores Familiares do Comércio Justo e Solidário (Articulação ECOJUS), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) e pelo Governo Federal através de representantes da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (SENAES/MTE), Secretaria de Agricultura Familiar e Secretaria de Desenvolvimento Territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA e SDT/MDA) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE Nacional).

Os catálogos de Comércio Justo e SolidárioForam produzidos em 2013, 11 catálogos com recortes territoriais, agregados por estados e um catálogo nacional, apresen-tando os EES assessorados e habilitados ao SCJS e demonstrando um pouco da histó-ria, dos produtos e serviços dos EES, com seus objetivos, o que afirmam e alguns da-dos e informações gerais.

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CAPÍTULO 4

A4.1. O legado das feiras de economia solidárias feiras livres fazem parte da cultura bra-sileira e se confundem com a própria his-tória do país. Inicialmente, para além de ser um espaço para o abastecimento dos primeiros agrupamentos humanos, as fei-ras tiveram e continuam tendo um impor-tante papel na socialização e estruturação social e econômica das comunidades hu-manas. Com o crescimento do capitalismo e o ne-oliberalismo, as feiras vão sendo ocupa-das por atravessadores, ao mesmo tempo em que as cidades são ocupadas por redes de super e hipermercados que privilegiam as compras diretas de grande distribui-doras em detrimento dos produtos locais e agroecológicos, e com isto as pessoas, principalmente agricultoras, agricultores,

É dia de feira: economia solidária na praça

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artesãs e artesãos, que inicialmente tinha no espaço da feira, o local para comercia-lizar os seus produtos e serviços, são obri-gadas a buscar outras fontes de rendas, pois em muitas cidades brasileiras, as fei-ras, perdem espaço e são desprestigiadas por importante parcela da população.Com o advento da economia solidária, que se propõem a resgatar e a valorizar a ma-nutenção e reprodução da vida, as feiras são resignificadas e reorientadas para Fei-ras de Economia Solidária, ganham impor-tância, pois se tornam espaço de encontro, de comercialização, o espaço privilegiado para as trocas solidárias, para os intercâm-bios, para a formação, disseminação e in-formação sobre os princípios e valores da

economia solidária para a população lo-cal. Neste sentido, várias das práticas da economia solidária se encontram na feira e contribuem para radicalizar a própria economia solidária, pois são nelas aconte-ce o encontro de quem produz com quem consome, levando a repensar a prática dos produtores para que se tenham produtos cada vez mais coerentes, agroecológicos, que não agridem a vida em suas diferen-tes dimensões e que sejam promotores de saúde e bem viver. A feira propicia também, para os consu-midores repensar a origem e os impactos dos produtos e serviços que adquirem e consomem, a ter uma prática responsável e consciente.

Feira Microrregional de Economia Solidária em Nioaque - MS Feira Estadual de Economia Solidária - Campo Grande/MS - 2009

Portanto, apoiar a realização de feiras de economia solidária no Brasil, se tornou prioridade, tanto para a manutenção de trabalho e renda, quanto na perspectiva da segurança alimentar e nutricional das comunidades, estas têm sido a perspectiva do Fórum Brasileiro de Economia Solidária – FBES e da SENAES/MTE, que desde 2004 tem apoiado a realização de feiras de eco-nomia solidária por todo o Brasil.Este apoio, em parceria com os fóruns e redes de economia solidária, prefeituras e governos estaduais, reflete no crescimen-to do número de feiras realizadas em todo o país, bem como a inclusão de recursos para o apoio e realização das mesmas em diferentes órgãos promotores de políticas

públicas de economia solidária, sejam fe-derais, estaduais e/ou mesmo municipais. A história do IMS com apoio e fortaleci-mento as feiras de economia solidária vem de longa data. Vamos aqui recordar o mais recente, quando em 2005 em par-ceria com a SENAES/MTE, o Instituto foi à instituição que realizou o Programa Na-cional de Fomento às de Feiras de Econo-mia Solidária. Uma experiência inovadora que entre outros objetivos tinha a missão de criar uma metodologia nacional de fei-ras de economia solidária, que naquele período já aconteciam com diferentes for-matos, mas ainda não tinham um jeito de fazer e uma identidade própria, nem um termo de referência que as diferenciassem

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de feiras comerciais promovidas nos mol-des do sistema vigente.O principal objetivo do programa foi con-tribuir para a visibilidade e promoção da comercialização direta dos produtos, bens e serviços dos empreendimentos econô-micos solidários - EES. Além de estimular o consumo responsável, fomentando e fortalecendo redes de empreendimentos e entidades de apoio à economia solidá-ria, bem como ampliação da produção, da comercialização e do faturamento dos EES, contribuindo consequentemente para o aumento da renda média dos(as) trabalhadores(as).Como parte da metodologia implementa-da em 2005 e aperfeiçoada nos anos se-guintes para averiguar os resultados das feiras realizadas, a Pesquisa de Avaliação de Feiras de Economia Solidária – PAFES se tornou um mecanismo importante para verificar o sentido de realizar feiras de economia solidária neste país. A Pesquisa de Avaliação de Feiras de Eco-nomia Solidária – PAFES é constituída por diferentes formulários. Desde a ficha de pré-inscrição que é utilizada para identi-ficar quais empreendimentos econômicos solidários – EES participaram do evento. O formulário I é para aplicação junto aos EES expositores, e visa caracterizar os EES que estão comercializando nas feiras, seus perfis, se estão cadastrados no Sistema de Informações sobre Economia Solidária (SIES), assim como sua avaliação sobre o evento no que se refere a divulgação, co-mercialização, participação em atividades, infraestrutura, entre outros. O Formulário II mapeia as entidades de assessoria, fomento, apoio e gestores pú-blicos que contribuíram para a realização

do evento, procura captar as impressões sobre economia solidária na visão do pú-blico visitante das feiras e o roteiro de sis-tematização aglutina de forma quantita-tiva e qualitativa as informações sobre o evento. Este formulário é preenchido após a reali-zação do evento pela comissão organiza-dora. Além deste existe ainda o formulário específico para aplicação junto ao público visitante onde se capta perfil do visitante, bem como informações dos mesmos sobre os conhecimentos e impressões da feira e da economia solidária.

Outro instrumento criado ao longo da execução dos Programas de Feiras de Economia Solidária (2005 – 2008), reali-zados pelo IMS, FBES e SENAES/MTE, foi o TERMO DE REFERÊNCIA de Feiras de Economia Solidária (anexo). Este docu-

Aplicação da Pesquisa em Feiras - MG

mento conceitua, estabelece dimensões, classifica em modalidades entre outras orientações para o exercício de realizar feiras de economia solidária no Brasil. Segundo o Termo de Referência sobre Feiras de Economia Solidária no Brasil, as feiras de Economia Solidária têm por objetivo, dentre outros, promover e es-timular o consumo de bens e serviços produzidos pelos empreendimentos de economia solidária, tendo em vista a ca-pacidade que possuem estes empreendi-mentos em gerar trabalho e renda e ao mesmo tempo distribuir de forma justa a riqueza que geram. Além disso, estes empreendimentos participam ativamen-te na construção de uma nova dinâmi-ca para o desenvolvimento econômico e social do país. A organização de Feiras de Economia Solidária é considerada um processo de aprendizagem do trabalho coletivo, onde o fato gerador (realização de um evento) anima diferentes atores na con-cretização de um objetivo em comum. Ainda de acordo com o termo de refe-rência, as Feiras de Economia Solidária integram cinco dimensões estratégicas: a econômica que se traduz num espaço de comercialização; a dimensão de fortalecimento da orga-nização produtiva e política dos em-preendimentos; a dimensão da divulgação que se tra-duz na ampliação do conhecimento do conceito de Economia Solidária; a dimensão de formação que se concre-tiza tanto na realização de oficinas, ple-nárias, reuniões e seminários quanto na preparação e execução das feiras; a dimensão ambiental, que se manifes-

ta na preocupação com relação aos im-pactos do evento durante a sua organi-zação e realização. As modalidades de feiras de economia também foram estabelecidas no termo de referência que conceitua os diferen-tes tipos: microrregionais e ou territo-riais, estaduais, nacionais, as internacio-nais e as setoriais e/ou temáticas.Estes instrumentos e jeito de construir feiras de economia solidária foram con-solidados a partir de 2009 na execução do Projeto Nacional de Comercializa-ção Solidária. Neste projeto as feiras se colocam como uma estratégia na meta intitulada: promoção da divulgação e comercialização dos produtos e serviços dos EES em feiras de Economia Solidária nas modalidades: microrregionais, esta-duais, nacionais, internacionais, temáti-cas (setoriais) e/ou permanentes, totali-zando mais de 100 feiras apoiadas pelo projeto e se constituindo como ação motivadora e inspiradora.

4.2. As feiras na sua diversidadeConforme explicitado anteriormente existem diferentes modalidades de fei-ras de economia solidária em curso no país e que foram apoiadas e/ou reali-zadas pelo Projeto Nacional de Comer-cialização Solidária. As modalidades contempladas com apoio foram: micror-regionais, estaduais, nacionais, interna-cionais e temáticas.

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4.2.1. As feiras microrregionaisNo período de 2009 até 2013, foram apoiadas 91 feiras microrregionais de Economia Solidária em todo país, conforme próximo quadro:

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Os expositores das feiras microrregionais foram 4.489 pessoas representantes de em-preendimentos, sendo 39% homens e o 61% mulheres, envolvendo 7.464 empre-endimentos econômicos solidários, 698 en-tidades de apoio e fomento e 299 represen-tação governamental. Destes, 1.727 foram entrevistados pelas comissões de Pesquisa de Avaliação de Feiras de Economia Solidá-ria – PAFES nas diferentes localidades onde aconteceram as feiras. Esta modalidade de feiras atingiu também 1.113 municípios e teve como público visi-tante aproximadamente 363.160 pessoas. Além das informações sobre estas feiras colhidas na PAFES, tem-se registro que em alguns Estados, como o Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio Grande do Sul entre outros, após a realiza-ção de feiras com apoio do referido projeto, algumas feiras microrregionais se tornaram permanentes, acontecem ou mensamente

ou semanalmente em diferentes localida-des. Estas iniciativas contam agora com apoio de governos estaduais, municipais e/ou univer-sidades, comprovando que as feiras micror-regionais apoiadas pelo PNCS contribuíram na estruturação de políticas e ou programa públicos que visam o fortalecimento da co-mercialização direta e da organização dos empreendimentos econômicos solidários em suas localidades, além de divulgar a eco-nomia solidária nos seus territórios. Como resultado da Pesquisa de Avaliação de Feiras de Economia Solidária – PAFES aplicada nas feiras apoiadas pelo projeto é possível apresentar alguns dados que con-tribuem para compreender melhor a or-ganização dos EES que participaram como expositores.

Sobre a forma de organização do eeS para produção:

A quantidade de feiras microrregionais por região foi quantificada, conforme gráfico a seguir:

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A maioria dos EES se organiza para produ-zir de maneira coletiva, estes são 53%, mas também é bastante significativo o número daqueles que produzem de forma individu-al 31%, tendo ainda alguns que produzem tanto no coletivo quanto individualmente, ou seja, de maneira mista (coletiva e indivi-dual) perfazendo 15% do total dos EES que responderam ao questionário.

Sobre a forma de organização dos eeS para comercializar:

Na comercialização, também os grupos se organizam coletivamente, de maneira bas-tante expressiva (66%), sendo que aqui os que comercializam individualmente ficam bem abaixo, perfazendo (17%), de forma mista (15%) e de outras formas (2%).

Sobre onde os eeS comercializam:

A forma como a comercialização é reali-zada é bem diversificada, mostrando que ainda é nas feiras os principais espaços de comercialização dos entrevistos 38%. É importante avaliar que a comercializa-ção direta na própria residência ainda é muito significativa aproximadamente 20%, mas já aparece a comercialização para órgãos públicos 4%, conforme o gráfico acima.

Sobre a avaliação dos eeS com relação às possibilidades cria-das para negócios e parcerias futuras:

As feiras como espaço para futuras parce-rias e negócios, foram consideradas como ótimo e bom por 76% dos EES entrevista-dos. Isso reforça a importância das feiras como espaços par promoção dos produtos e divulgação da economia solidária.

Sobre como o eeS avalia o faturamento (as vendas) na feira:

Na entrevista os empreendimentos parti-cipantes das feiras microrregionais, ava-liam que as suas vendas, 43% são boas, 34% são razoável e 11% são ótimas, ou seja, para 87% dos entrevistados a comer-cialização nas feiras de economia solidá-ria é positiva e para 11% é ruim ou 3% não sabem avaliar, o que demonstra que ainda, melhorar a venda nas feiras, é um aspecto importante a ser trabalhado:

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A avaliação dos eeS sobre as atividades durante a feira - oficinas, seminários e palestras:

Para além da comercialização, as feiras de economia solidária também são espaços de formação, sejam por troca de saberes, intercâmbios, ou mesmo por meio de ofi-cinas, seminários e encontros. Entre as pessoas entrevistadas, 83% dos participantes avaliaram positivamente (ótimo e bom) para suas formações sociais e políticas.

Sobre o local e período de realização das feiras:

O local da feira também foi avaliado pe-los expositores que responderam como ótimo local (36%), um bom local (49%), um local razoável (10%), ruim (3%) e não sabe avaliar (2%). Os 1.727 expositores entrevistados avaliaram que o período escolhido para a realização das feiras mi-crorregionais, 425 afirmou que foi uma ótima data, 871 que foi uma boa data, 262 dos entrevistados respondeu que foi razoável, 133 que foi uma data ruim e 27 pessoas não souberam avaliar.

Sobre o público visitante das feiras:

Com relação ao público visitante nas fei-ras estaduais, 61% foi masculino e 39% feminino. A faixa etária deste público vi-sitante foi:

A pesquisa captou também uma estimativa de público visitante das feiras e a avaliação do público sobre a mesma. Para os exposi-tores e público visitante, a divulgação das feiras microrregionais de economia solidá-ria foi avaliada da seguinte forma:

O público visitante nas feiras microrregio-nais foi de 363.160 pessoas. E destes 56% responderam que considera que estas fei-ras tem um diferencial significativo em relação às outras feiras que tem frequen-tado. Sobre os preços praticados nas feiras microrregionais de economia solidária, 50% dos visitantes consideraram que os preços são semelhantes aos preços de ou-tras feiras comerciais.

Já com relação ao conhecimento que o público visitante tinha sobre econo-mia solidária, 26% responderam que estavam conhecendo a economia soli-dária pela primeira vez, 30% afirmaram que já conhecia um pouco, 16% disse que conhecia bem e 27% afirmou que não ti-nha nenhum conhecimento a respeito do tema. Isso aponta a importância da feira para propagação dos princípios e valores da economia solidária para a sociedade, bem como para divulgação das experiên-cias nas localidades onde são realizadas.

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Constatou-se ainda que 72% do total dos visitantes entrevistados respondeu que depois da sua participação nas feiras ex-pandiu-se seu interesse sobre o signifi-cado da economia solidária.

Feira Microrregional de Economia Solidária em Lages - Santa CatarinaFeira Microrregional de Economia Solidária em Tabatinga - Amazonas

Feira Microrregional de Economia Solidária em Irati - Paraná

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As feiras estaduais de economia solidária foram marcadas pela participação de expo-sitores e apoiadores de diversos municípios, contribuindo nas articulações e fortaleci-mento dos fóruns estaduais de economia solidária. O público envolvido compreendeu, cerca de 1.258 expositores representantes dos EES, 89 entidades de apoio e fomento e 48 representantes governamentais. O número de visitantes das feiras estaduais foi de 92.000 e teve presença de represen-tantes de 291 municípios em 10 Unidades da Federação brasileira.

Sobre a forma de organização da produção, organização da comercialização e onde os eeS comercializam:

Os grupos se organizam para produzir de maneira coletiva, sendo estes 53%, que se organizam individualmente 31% e de maneira mista (coletiva e individu-al) 15%. Na comercialização os grupos se organizam coletivamente (69%), in-dividualmente (13%), de forma mista (16%) e de outras formas (2%). A ma-neira como é feita a comercialização nos estados é bastante diversificada, confor-me o próximo gráfico:

Sobre o faturamento dos eeS, as possibilidades criadas para negócios e parcerias futuras nas feiras:

Na parte de faturamento durante as feiras estaduais: 6% dos expositores avaliaram que foi ótimo; 36% afirmam que foi bom; o 37% afirmam que foi um faturamento ra-zoável; 18% já avalia que foi ruim e o 3% dos entrevistados não souberam avaliar. Dos expositores entrevistados, 18% respon-deu que consideram ótimas as possibilida-des criadas para negócios e parcerias futu-ras; 55% respondeu que eram boas; 15%

4.2.2. As feiras estaduaisEntre 2009 e 2010 foram realizadas 10 Feiras Estaduais de Economia Solidária, conforme este quadro:

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Sobre o público visitante das feiras:

Com relação ao público visitante nas fei-ras estaduais, 33% foi masculino e 67% feminino. A faixa etária deste público visitante foi:

No que se refere à divulgação destas fei-ras estaduais, 53% ficaram sabendo das feiras mediante amigos e 43% por ou-tros meios de divulgação como o rádio, entidades de apoio, banners e outras

razoáveis; 3% ruim e 8% não sabe como avaliar esta questão.

Sobre o local e período de realização das feiras:

Em relação ao local de realização da feira, 29% dos entrevistados avaliaram que o lo-cal foi ótimo, 48% que foi um bom local, 15% respondeu que foi um local razoável, 5% que foi um local ruim e 3% não soube avaliar. A época em que foram realizadas as feiras estaduais 22,41% avaliou que foi uma ótima data; 50,42% como uma data boa; 17,65% como uma data razoável; 7,56% como uma data ruim e 1,96% não soube como avaliar esta questão.

A avaliação dos eeS sobre as atividades durante a feira - oficinas, seminários e palestras:

Juntamente com estas 10 feiras estaduais de economia solidária, aconteceram se-minários e oficinas temáticas abordando a realidade de cada estado. As atividades formativas durante as feiras estaduais são avaliadas da seguinte forma:

Dos expositores participantes, 38,51% avaliaram as atividades formativas foi ótima, que foi bom (39,48%), razoável (7,44%), que foi ruim 0,65% e que não soube avaliar 13, 92%. Mais uma vez isso reforça a importância da realização de atividades formativas durante as feiras de economia solidária. Por outro lado os entrevistados avaliaram a contribuição destes eventos para a for-mação social e política das pessoas do em-preendimento da seguinte forma:

mídias.Já no que se refere à avaliação do pú-blico visitante sobre a qualidade dos produtos ofertados nas feiras estaduais, 44% foi avaliada como ótima, (48%) como boa, 5% com uma qualidade ra-zoável, e 3% não sabe como avaliar esta questão. Por outro lado, sobre os pre-ços praticados nas feiras estaduais, estes são semelhantes aos mesmos das feiras microrregionais: 53% são parecidos aos preços praticados fora das feiras; 23% consideram que são preços abaixo de outros locais; e, 6% avaliou que são pre-ços ficam acima dos preços de mercado.O conhecimento do público visitante so-bre a economia solidária, as respostas foram as seguintes:

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Feira Estadual de Economia Solidária em Campo Grande - MSFeira Estadual de Economia Solidária em Teresina - Piauí

Feira Estadual de Economia Solidária em Belo Horizonte - MGFestival de Economia Solidária no Rio de Janeiro - RJ

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Os empreendimentos participantes da Fei-ra Nacional ficaram sabendo da sua reali-zação pelos Fóruns de Economia Solidária (76%), 16% pelas diferentes entidades de apoio e fomento de cada estado, 4% pela internet e outros 4% por outros meios como amigos.

Os expositores, na sua grande maioria (92%) já tinham participado de outras feiras de economia solidária. Destes ex-positores, 93% participaram de oficinas, palestras, seminários e minicursos e ava-liaram positivamente esses espaços de for-mação (40% bom e 33% ótimo).

4.2.3. As feiras nacionaisA II Mostra Nacional de Economia Soli-dária aconteceu no período de 08 a 12 de dezembro de 2010, em Salvador/BA, na Praça Wilson Lins, na orla da Pituba – antigo Clube Português. A realização da II Mostra teve o apoio do Fórum Brasilei-ro de Economia Solidária – FBES, Fórum Baiano de Economia Solidária, Governo do Estado da Bahia – Secretaria de Tra-balho, Emprego, Renda e Esporte - Su-perintendência de Economia Solidária – SETRE/SESOL, Governo Federal – Mi-nistério do Trabalho e Emprego – Se-cretaria Nacional de Economia Solidária – MTE/SENAES, Instituto Marista de Soli-dariedade – IMS, com participação ativa e democrática de representantes das 27 Unidades da Federação brasileira. A feira teve como objetivo contribuir para a visibilidade e fortalecimento da Economia Solidária no Brasil, afirmando uma identidade nacional comum entre os diversos atores envolvidos com a Eco-nomia Solidária, respeitando as diversi-dades regionais, bem como propiciar a integração e sinergia destes atores. O Projeto Nacional de Comercialização Solidária, por meio do IMS em parceria com FBES organizou uma grande mobili-zação nacional junto aos fóruns estadu-ais de economia solidária para que es-

tes pudessem se organizar em caravanas rumo a Salvador/BA, apresentando seus produtos e serviços da economia solidá-ria e da agricultura familiar. O Projeto apoiou as despesas de transporte e parte da hospedagem e alimentação dos em-preendimentos das caravanas estaduais. Como resultado de todo este empenho, a mostra contou com a participação de 544 (quinhentos e quarenta e quatro) empreendimentos que participaram das atividades da feira, como: oficinas for-mativas, Seminário Regional do Nordes-te de Comercialização Solidária, Seminá-rio sobre Fundos e Territorialidade no contexto do desenvolvimento susten-tável, Histórico e reunião ampliada do FBES, além de atividades culturais e des-file de modas com os produtos da eco-nomia solidária. Na Feira Nacional foram entrevistados expositores e parte do público visitan-te para fazer a caracterização da pro-dução, comercialização e da divulgação do evento. Identificou-se também que na feira nacional a maioria dos grupos se organizava para produzir de maneira coletiva (52,69%), que 31,18% produz de forma individual e 16,13% de forma mista. Já na comercialização, 74,19% produz de maneira coletiva, 16,13% de maneira mista e 9,68% de maneira indi-vidual. A forma de comercialização também é muito diversa como se mostra no gráfico a seguir:

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Mostra Nacional de Economia Solidária em Salvador - BAMostra Nacional de Economia Solidária em Salvador - BA

Mostra Nacional de Economia Solidária em Salvador - BAMostra Nacional de Economia Solidária em Salvador - BA

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As feiras internacionais têm como obje-tivo gerar oportunidade de trabalho e renda, fortalecer as Redes de Economia Solidária e Comércio Justo no Brasil e América Latina; e fomentar a integração socioeconômica, política e cultural en-tre o Brasil e outros países. As feiras in-ternacionais articularam cerca de 2.703 empreendimentos, além de 430 entida-des de apoio e fomento e 62 de gestores públicos, países?. Visitaram estas feiras cerca de 415.000 pessoas e contou com a presença de representantes de 1.902 municípios. A realidade dos EES expositores par-ticipantes das feiras internacionais de economia solidária diferem das demais modalidades de feiras. De acordo com os dados da PAFES, a forma de organiza-ção para produção é maior o número de empreendimentos individuais, já para a comercialização o maior número são de organizações coletivas.

Sobre a forma de organização do eeS para produção:

Sobre a forma de organização dos eeS para comercializar:

É significativo onde os EES comercializam, sendo que 44% dos entrevistados apontam que o espaço privilegiado para a comerciali-zação dos seus produtos é em feiras.

4.2.4. As feiras internacionaisDurante os anos de 2009 a 2013 aconteceram 06 feiras internacionais apoiadas pelo Projeto, conforme a tabela abaixo:

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Sobre a avaliação da contribuição da feira para aformação social e política dos eeS

Mesmo não sendo um espaço funda-mentalmente de formação, as feiras in-ternacionais são avaliadas como espaço também de formação sócio-política dos EES, quando 36% avaliam como um óti-mo espaço e 53% avaliação como um bom espaço.

Sobre o público visitante das feiras:

Com relação ao público visitante nas fei-ras internacionais, 39% foi masculino e 61% feminino. A faixa etária deste público visitante, mostra que o publico é praticamente a metade de pessoas de 16 a 39 anos e a

outra metade de pessoas de mais de 40 anos de idade, sendo que a maioria seg-mentadas são de pessoas adultas entre os 40 a 59 anos de idade, conforme o gráfico abaixo nos revela:

Sobre a qualidade dos produtos na feira as respostas, são bastante animadoras, pois as respostas apontam que 44% con-sideram os produtos ótimos e 52% que os produtos são bons.

O desafio sobre o faturamento nas feiras nacionais perpassa também nas feiras in-ternacionais, mas a avaliação é positiva sendo que a maioria fica entre bom e ra-zoável, num total de 73 % e que se so-mando ainda aos que considera ótimo vai para 79%, mas ao mesmo tempo é signi-ficativo aqueles que consideram o fatura-mento ruim.

Sobre a avaliação dos eeS com relação às possibilidades criadas para negócios e parcerias futuras:

É interessante observar que 59% dos entre-vistados vê na feira internacional uma boa oportunidade para criar novos negócios e/ou parcerias futuras, sendo ainda que 17 % considera uma ótima oportunidade.

A avaliação dos eeS sobre as atividades durante a feira - oficinas, seminários e palestras:

Um dado interessante é que grande par-te dos entrevistados, considera que as atividades formativas que acontecem na feira são ótimas ou boas. Ao mesmo tempo em que é significativo o número daquelas pessoas que não sa-bem avaliar. Talvez, estes últimos são aqueles que não conseguem participar das ativida-des, pois fica todo o tempo envolvido com a comercialização dos seus produ-tos, isto reforça a perspectiva da parti-cipação de mais de um integrante do empreendimento ou rede para que con-sigam revezar entre as atividades forma-tivas e a comercialização.

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Conhecimento sobre economia solidária. A maioria do publico já conhece econo-mia solidaria, que difere das outras feiras de âmbito nacional.

A feira contribuiu para expandir seu interesse sobre o significado da economia Solidária

Também nas feiras internacionais a per-cepção que a feira expande o conheci-mento sobre a propria economia solidária é bastante signficativo, ficando na casa dos 63% dos entrevistados.

Feira Panamazônia em Rio Branco - Acre

Feira Mundial de Economia Solidária em Santa Maria/RSFeira Mundial de Economia Solidária em Santa Maria/RS

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Como o empreendimento se organiza para comercializar:

A organização para a comercialização tam-bém e muito expressivo os EES que se orga-nizam de maneira coletiva, somam 76,47% dos entrevistados.

Como é feita a comercialização de produtos ou serviços do empreendimento:

A comercialização dos produtos e serviços na feira dos povos do Cerrado se dá pri-meiramente em feiras 31,4%.

Para o público visitante, a feira dos povos do cerrado apresentou diferença signifi-cativa em relação a outros tipos de feiras quando 69% das pessoas entrevistadas, respondeu positivamente.

Como relação à diversidade e qualidade dos produtos expostos na feira, talvez este tenha sido o ponto mais significati-vo para o publico visitante, que avaliou como ótima a diversidade de produtos encontrados na feira temática.

4.2.4. As feiras setoriais e/ou temáticasAconteceu em Brasília/DF, entre os dias 9 e 13 de setembro de 2009 no Memo-rial dos Povos Indígenas a vI encontro e Feira povos do Cerrado que teve como objetivo promover o intercâmbio de experiências entre os diversos povos que habitam e utilizam os recursos na-turais do Cerrado de forma sustentável, além de apresentar a riqueza do bioma e alertar a sociedade brasileira sobre o crescente processo de degradação que o afeta.Durante o Encontro e Feira os empre-endimentos e o público visitante parti-ciparam de oficinas temáticas, painéis, seminários e debates acerca de assuntos inerentes ao Cerrado, seus povos e seus problemas, com a participação de auto-ridades e especialistas. A Feira expôs a diversidade de produtos e experiências em prol de um Cerrado sustentável, in-centivando a divulgação e a comerciali-zação de produtos advindos do bioma. Dentro da programação destacamos:

1- Grito do Cerrado;

2- Audiência Pública na Câmara dos De-putados, no Auditório Nereu Ramos que discutiu Monitoramento e o Plano de Pre-venção e Combate ao Desmatamento no Cerrado e projeto de Emenda a Constitui-ção do Cerrado e Caatinga - PEC Cerrado e Caatinga – que tramita na Câmara dos

Deputados desde 1995.

3- Oficinas Temáticas com discussões como: Comércio Justo e Solidário no Brasil e no Mundo – situação atual e perspectivas; O Cer-rado na Mídia; Comissão Nacional de Política Indígena; O Rio São Francisco e seus povos; e Unidades de Conservação e Comunidades.

4- Festival Gastronômico do Cerrado.

5- Seminários sobre o Código Florestal Brasi-leiro Propostas e Polêmicas; Universidade e Comunidade; além de exposições e exibição de vídeos temáticos.

Sobre a organização dos eeS para produzir:

É bastante significativo que a maioria dos entrevistados nesta modalidade são EES que organizam a sua produção de maneira coletiva, ou mista, chegando a 92,34%.

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CAPÍTULO 5

A5.1. Comercialização Solidária no Brasil: uma estratégia em rede ideia do levantamento de informações e de diagnóstico sobre a comercialização solidária no Brasil nasceu após a divulga-ção dos dados do Sistema de Informações em Economia Solidária (SIES), em 2008, que afirmavam que a comercialização era o principal desafio dos 22 mil EES mapea-dos no Brasil.Com o início da execução do Projeto Nacio-nal de Comercialização Solidária (PNCS) em 2009, existiam os desafios de saber quais as marcas existentes da economia solidá-ria, compreender melhor sobre a logística da comercialização, levantar a quantidade de pontos fixos de comercialização solidá-

Pé na Estrada: a comercialização solidária investigada

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ria, compreender as funcionalidades das cadeias produtivas existentes na economia solidária, entre outros. Estes desafios foram aglutinados na construção de uma pesquisa para compreender melhor a realidade da comercialização dos EES no país. A priori, o levantamento destas informa-ções foi realizado, a partir dos dados secun-dários, com o mapeamento de experiências da comercialização solidária no país, tendo como finalidade compreender melhor a co-mercialização a partir das iniciativas articu-ladas em redes. Este mapeamento foi reali-zado pela equipe de articuladores estaduais que buscou em cada unidade da federação informações sobre as experiências de co-mercialização solidária existentes nos seus territórios. Após o levantamento realizado pelas articulações estaduais, a coordenação/direção do projeto delimitou a abran-gência do objeto a ser pesquisado, sen-do priorizadas experiências nas diferen-tes regiões brasileiras totalizando numa abordagem nacional. A amostragem foi construída por região, totalizando 20 ex-periências selecionadas para a pesquisa.

A Região Nordeste foi dividida em duas equipes de trabalho, totalizando 07 expe-riências:

Nordeste I - Rede Moinho/Salvador/BA; Ética Comércio Solidário/Recife/PE; Rede de Mu-lheres do Pajeú/Afogados da Ingazeira/PE;

Nordeste II - Rede Mandioca/Vargem Grande/MA; COPPALJ/Lago do Junco/MA; Rede Bodegas/ Aracati/CE; Rede Xique--Xique/Mossoró/RN.

Centro oeste (03 experiências): Central de Comercialização de Economia Solidária/CCES/MS; Central do Cerrado/Brasília/DF; Promessa de Futuro/Pirenópolis/ GO.

Sudeste (03 experiências): Feira de Artesa-nato “Criatividade sem Limites”/ Seropédi-ca/RJ; APAT/Tombos/MG; Feira Livre de Tur-malina/Turmalina/MG.Sul (04 experiências): Rede Eco Vida/Curi-tiba/PR; Centro Público de Itajaí/ Itajaí/SC; UNIVENS/Porto Alegre/RS; e Centro de Re-ferência Dom Ivo/Projeto Coo Esperança/Santa Maria/RS.

Após essas definições, foram construídos os passos da pesquisa: a elaboração coletiva e participativa dos objetivos e resultados es-perados, de forma a contemplar as expec-tativas da diversidade das experiências de comercialização solidária e demais institui-ções envolvidas, bem como a metodologia a ser adotada, o cronograma da pesquisa de campo, sistematização e análise dos dados. O objetivo do diagnóstico foi o de melhorar a compreensão do cenário da comercializa-ção em economia solidária no Brasil e com-pilar informações úteis para a construção de políticas públicas voltadas para o forta-lecimento das redes, assim como potenciali-zar e tornar visível a realidade da comercia-lização solidária brasileira.Utilizou-se uma metodologia participativa e dialógica, com referencial teórico baseado na pesquisa-Ação, na qual o público alvo do estudo foi sujeito da pesquisa. Definiu--se também que a abordagem seria quan-titativa e qualitativa, priorizando os aspec-tos qualitativos. Ao mesmo tempo, houve o compromisso de construir um diagnósti-co o mais responsável possível, isentando o

*1 Esta meta foi realizada em parceria com o Núcleo de Pesquisa sobre Agricultura Familiar (Núcleo PPJ/ UFMG/UFVJM/UFLA).

Equipe Pesquisadores e equipe da Rede Moinho - Salvador

olhar já acostumado com a realidade dos grupos. Para isso, fez-se necessário um diá-logo com a experiência e a competência de pesquisadores e universidades *1 que têm, em sua práxis, uma boa bagagem do tra-balho investigativo com grupos populares com ênfase no percurso metodológico da

educação popular e com profundo conhe-cimento de pesquisa-ação e sobre o tema comercialização. Para chegar a uma formatação da pesqui-sa, ao longo do ano 2010, foram realizados cinco encontros presenciais, com represen-tantes das 20 experiências pesquisadas e parceiros estratégicos do movimento de economia solidária. A partir destes encon-tros, foram definidas todas as questões e etapas necessárias para a construção do

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objeto do estudo. Ficou estabelecido um calendário de encontros entre a coordena-ção do projeto, o público-alvo da pesquisa e parceiros para o avanço da proposta. Frente às complexidades das experiências estudadas e aos objetivos propostos, deci-diu-se por realizar entrevistas com grupo focal, pois seriam analisadas experiências coletivas, que sintetizavam trajetórias, con-quistas e dificuldades partilhadas por um grupo. Realizar entrevistas individuais po-deria ocultar esses aspectos e recortar as vi-sões específicas do processo.Decidiu-se então, por uma dinâmica onde

um grupo de pessoas entrevistou outro grupo de pessoas. O grupo que entrevistava (pesquisadores) reuniu-se com o empreen-dimento em data estabelecida e os repre-sentantes do empreendimento pesquisado foram os dirigentes, assessores e participan-tes das experiências.Como principal instrumento de pesquisa foi elaborado um roteiro (anexo) qualitativo das questões, que representou uma ferra-menta importante para lidar com a com-plexidade e a diversidade das experiências pesquisadas, o que permitiu captar temas gerais e estruturais de todas as experiências

Capacitacao dos pesquisadores - Brasilia

e possibilitou investigar as peculiaridades de cada uma. Este roteiro conteve temas geradores que, no decorrer da pesquisa, fo-ram aplicados em sua totalidade, mas que também pode averiguar assuntos especí-ficos. As entrevistas focais foram gravadas para facilitar a análise e sistematização das informações. Antes da pesquisa de campo, as/os agentes e assessoras/es indicadas/os pelas experi-ências de economia solidária participaram de um curso de capacitação oferecido pelo Instituto Marista de Solidariedade - IMS em parceria com o Núcleo de Pesquisa da Agri-cultura Familiar (Núcleo PPJ/ UFMG/UFVJM/

UFLA) para habilitá-los em “pesquisa qua-litativa”. Este curso visou fortalecer suas capacidades de percepção sobre o tipo de experiência, de região, de corte rural/urba-no, de gênero. Nesta oportunidade, além do entrosamen-to das equipes, também foram analisados quais seriam as técnicas e os instrumentos de pesquisa que seriam utilizados. Esta ca-pacitação dos pesquisadores ocorreu em agosto/2010 em Brasília/DF, onde houve a possibilidade da equipe simular a situação de campo e testar o roteiro da pesquisa com experiências reais da economia solidá-ria. Este curso foi um momento em que as

Equipe Pesquisadores Regiao Sudeste

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equipes foram capacitadas, o roteiro passou por críticas, foram realizados os exercícios práticos da entrevista, testando a metodo-logia, realizado os ajustes necessários e, por fim, elaborado o cronograma da pesquisa e formadas as equipes regionais. Em campo, as entrevistas iniciavam com uma apresentação dos participantes, dos objetivos da pesquisa e esclarecimento de dúvidas. Após esta introdução, seguia-se a aplica-ção do roteiro, que abordava 17 temas: história do empreendimento; forma de organização da experiência; organização do grupo-base participante; o empre-endimento, seu território e sua cultura; participação; produto(s) e/ou serviço(s)

principal(is) do EES; organização da pro-dução, destinos da produção/serviços, ca-racterísticas do consumidor, estratégias de entrada e permanência nos mercados, gestão dos EES; relações externas: Estado, mercados, assessorias; créditos e financia-mentos; resultados organizativos; resulta-dos econômicos, avaliação do EES; comen-tários e observações gerais.Finalizada a entrevista, iniciava-se um momento de troca de experiências entre os membros da equipe de entrevistadores e os participantes do empreendimento vi-sitado. Ao término de um dia de pesquisa o grupo de pesquisadores fazia a sistematização das principais impressões e observações

Equipe Pesquisadores e Mulheres da Rede de Mulheres do Pajeú - Afogados da Ingazeira - Pe

sobre o empreendimento entrevistado. As equipes que realizaram as entrevistas se reuniam, ainda com suas impressões na memória, para refletir e organizar as informações obtidas a respeito do empre-endimento. Este foi um momento muito importante, apesar de toda a entrevista ser gravada para depois ser transcrita na íntegra, era neste momento de sistematização co-letiva que as circunstâncias da pesquisa eram contextualizadas: as principais ob-servações, as situações tensas, o caráter inovador do empreendimento, suas con-quistas, as percepções de convergência e divergência entre os entrevistados, as lei-turas das entrelinhas do que foi dito. Mas principalmente, era um momento em que a equipe de entrevistadores, a partir da sua própria experiência e do apreendido na entrevista, refletia de forma analítica sobre as informações e os dados obtidos. E assim, temas eram suscitados, debatidos e analisados formando uma massa crítica, que seria muito importante para a próxi-ma entrevista e para os resultados da pes-quisa como um todo. Os resultados da pesquisa caracterizaram em profundidade as diferentes experiên-cias de comercialização solidária, que re-sultou no Livro “Comercialização Solidá-ria no Brasil: uma Estratégia em Rede”, lançado em 2012. Esta publicação é fruto desta pesquisa re-alizada nas cinco regiões do Brasil e que teve como base as experiências de comer-cialização que atuam com a diversidade de Empreendimentos Econômicos Solidá-rios (EES) nos meios urbano e rural, a fim de construir estratégias conjuntas para o fortalecimento do setor.

Alguns resultados da investigação

A pesquisa apontou que dos 20 EES pes-quisados, a metade tem mais que 10 anos de existência e um quarto deles tem aci-ma de cinco anos, revelando uma consoli-dação das experiências. Vários desses EES já tentaram diversas formas de organiza-ção, experimentaram novas estruturas e percebe-se que, ao longo do tempo, há um esforço para ajustar a forma, objeti-vo, público de base e eficiência na gestão. Isso nem sempre é fácil, pois os modelos de organizações dificilmente conseguem resolver todas as questões suscitadas pe-las atividades conjuntas. Existem alguns aspectos em comum entre as 20 experiências pesquisadas e as traje-tórias dos empreendimentos apresentam semelhanças. Quase todos começaram como um grupo por afinidades políti-cas, trabalhos comuns nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB), nos sindicatos, or-ganizações de bairro ou para produção comunitária. Depois que se constituíam enquanto um grupo de base, que em ge-ral, se organizavam para enfrentar uma ameaça ou agressão externa, passavam a receber o apoio de uma ou mais organiza-ções de assessoria. Em seguida aprovavam e executavam projetos e, por fim, passa-vam a estabelecer relações com agentes complexos, tais como o poder público, as grandes corporações, as agências de de-senvolvimento e os mercados distantes.Dessa forma, a trajetória dos empreen-dimentos espelha os avanços das orga-nizações de grupos fragilizados, como mulheres, camponeses, quilombolas e de-sempregados no rumo da conquista de di-

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reitos e de relações cidadãs.Um aspecto que chama a atenção sobre a maioria das iniciativas pesquisadas é a pressão dos mercados sobre os produtos por qualidade, padronização e embala-gem. Esta pressão também se manifesta nos itens associados aos custos: produtivi-dade, escala e preços. Na agroindustriali-zação, no processamento industrial ou na produção direta, esta pressão se manifes-ta. Ela aparece com menos força nos mer-cados associados a nichos: agroecologia,

etnias e cultura local. Enfrentar esses temas tem sido uma tarefa cotidiana para os grupos organizados de EES e para seus assessores. É um tema di-fícil para ambos, mas principalmente para os assessores, que em muitos casos, deve traduzir demandas, conduzir inovações e estabelecer diálogos do empreendimento com as demandas de mercado.De todas as conquistas dos empreendi-mentos, o acesso aos mercados é uma das mais importantes, pois é através deles que

Central de Comercializaçao do Mato Grosso do Sul

se afirmavam e transformavam suas capa-cidades de produção em outros recursos materiais. Também o saldo positivo de aprenderem a gerenciar seus bens comuns, o patrimônio e seus próprios destinos. Tais grupos tiveram que aprender a lidar com suas dificuldades próprias de organização e enfrentar o desafio da conquista de mer-cados é muito significativo para a trajetória do grupo. A história dessas iniciativas tem a coragem como um principal elemento. Também o realismo apresentado, a capacidade de avaliar os riscos e a ousadia para decidir os rumos nos mercados específicos onde atu-avam. Mas o realismo se manifestava ao

mesmo tempo em que o grupo conservava sua capacidade de sonhar. Assim, a história desses empreendimentos combina deman-das concretas e demandas utópicas e elas se encontram na síntese feliz da prática da economia solidária. Essa síntese está pre-sente em todas as suas atitudes: no desejo de negociar seu produto, com preço justo; no desejo de aumentar a produção, mas aumentá-la aprimorando a qualidade e os cuidados com o ambiente; no desejo de au-mentar a renda, mas também melhorar a educação, a capacitação e a porção do es-paço político que deve caber aos grupos so-ciais fragilizados. Esta combinação concreta entre realismo e utopia aparece nas narrati-

Lançamento do Livro Regiao Nordeste

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vas dos camponeses, donas de casa urbanas e ribeirinhos, com a naturalidade de quem a vivencia no cotidiano. Diziam que econo-mia solidária é um conceito que define uma caminhada. Sabem que esse conceito valo-riza a trajetória, abre possibilidades de se articular com grupos semelhantes e dá sen-tidos às causas que se tornaram comuns. O conceito, as redes, os intercâmbios da eco-nomia solidária permitiram que a história dos grupos fosse entrelaçada com a ação de outros grupos, para experimentar, ou-sar e reinventar também nos mercados. O outro aspecto importante é que os empre-endimentos estabeleceram metas, projetos e interesses que foram além da economia solidária. Isso se explica por serem condu-zidos por grupos que, além da comerciali-zação, enfrentavam há décadas, problemas fundamentais para a sociedade brasileira: educação, emprego e saúde. Como as de-mandas desses grupos são muito amplas, a economia apenas não é capaz de respon-dê-las. É por isso que a economia solidária deve ser entendida como uma face da ação desses grupos, mas não significa que seja um estágio sem relevância. Ao contrário, é um degrau fundamental, porque estimula o grupo a compreender as relações econô-micas, a entender a exploração do trabalho e o funcionamento dos mercados.Como a economia solidária associa utopia e prática, o grupo reflete ao mesmo tem-po em que exercita e assim se capacita para ousar novas conquistas em suas muitas de-mandas, pois a economia solidária é tam-bém uma habilitação para continuar per-seguindo utopias. Um outro aspecto em comum entre os grupos e que deve ser des-tacado é que grande parte das iniciativas se organizou a partir de pequenos proje-

tos. Aqui é importante destacar o valor dos Projetos Alternativos Comunitários (PACs), que distribuíam benefícios não reembol-sável para populações fragilizadas. Foram esses recursos financeiros, que já na época eram considerados reduzidos, é que deram impulso para as iniciativas. Por meio desses pequenos projetos, editais e parcerias com organizações de igreja ou de apoio, foram conseguidos os recursos que permitiram a maturidade destas iniciativas. Então a uto-pia foi se exercitando na prática e daí veio o crescimento da organização, mesmo que fosse uma organização ainda tímida e frá-gil, como ressaltam os depoimentos sobre a origem das iniciativas.Então, na trajetória dos grupos consolida-dos, essa experiência com pequenos pro-jetos revela que pouco dinheiro, às vezes, pode ser mais útil que muito dinheiro. O pequeno projeto permite que o grupo se habilite, invente e atue com mais seguran-ça do que naquelas situações em que se recebe um volume grande de recursos. Ao mesmo tempo, os pequenos projetos dão ao grupo mais clareza sobre suas próprias demandas, possibilitam que vá experimen-tando soluções, negociando normas inter-nas e dominando gradativamente a gestão dos bens comuns. Por fim, é preciso notar que o sucesso dos grupos, a experiência acumulada e a força dos apoiadores não eliminam a necessidade de conviver, ven-der e depender do mercado convencional. Embora outro mercado seja possível e es-teja em construção, o mercado capitalista continua a estar presente no cotidiano de todas essas iniciativas. E não está presente apenas como uma sombra. Está presente, principalmente, como uma necessidade. As questões associadas à comercialização no

mercado convencional permanecem: exis-tem as necessidades de comprar matéria--prima onde o preço é mais baixo, de par-ticipar de licitações e em algumas situações serão pressionados pela logística e pela ne-cessidade de ganhar economias em escala. E assim, mesmo dentro de uma trajetória solidária, com um núcleo coeso voltado para este tema, o fantasma dos mercados convencionais ronda os empreendimentos. Contraditoriamente, quanto mais eles se fortalecem, mais próximas vão se tornando as relações com os mercados convencionais e ao mesmo tempo, mais sedimentadas também se tornavam as relações solidárias que praticavam internamente.

5.2. A LogísticaSolidária Como parte integrante desta meta do pro-jeto de diagnósticos e levantamento de in-formações sobre comercialização solidária no Brasil, aconteceu também o estudo so-bre Logística Solidária. Este estudo esta refletido na cartilha núme-ro 05 da serie “Trocando Ideias” e é tam-bém um diagnóstico resultante de algumas oficinas, que foram realizadas no decorrer do projeto em diferentes localidades. Algu-mas delas foram “Oficina de Rotas e Fluxos de Comercialização” em Florianópolis/SC em outubro/2009; “Oficina de Rotas e Flu-xos de Comercialização” em Belo Horizon-te/MG em dezembro/2009; “Oficina de Ro-tas e Fluxos de Comercialização” em Campo Grande/MS em dezembro/2009; “Oficina de Logística Solidária” em Santa Maria/RS em julho/2010; e o “Curso de Logística Solidá-

ria” em Nioaque/MS em julho/2010. Estas atividades contribuíram o exercício prático da logística de alguns empreendimentos econômicos solidários – EES e para a tenta-tiva de planejar a elaboração de planos lo-gísticos solidários entre estes EES. As expe-riências do “corredor do extrativismo” no Mato Grosso do Sul e as “Rotas de Comer-cialização do Extremo Oeste de Santa Cata-rina” também foram refletidas no exercício de conceituar, praticar e planejar a logísti-ca sob a ótica da economia solidária. Estas experiências possibilitam entender quais as implicações e os processos da logística soli-dária e proporciona alguns elementos que sejam capazes de contribuir para fomentar e potencializar novas ideias. A publicação sobre o tema objetivou trazer conceitos, tipos de logística e informações importantes para reflexão dos EES no que se refere à logística dos seus produtos e ser-viços, que estamos denominando de logísti-ca solidária.

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Pesquisadores e Central do Cerrado - Brasília

UNIVENS Loja da Rede Brangantina Belem Para

Pesquisadores na Região Sudeste Grupo Focal da Central de Comercialização do MS

Pesquisadores e Equipe da ECOVIDA - Santa Catarina

Promessa de Futuro - Caxambu - GO

Pesquisadores e Central do Cerrado - Brasília

Região Sudeste - Lançamento Congresso Marista

Pesquisadores da Região Centro-Oeste

Equipe Regiao Nordeste - Rede Bodega - Aracati - CE

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CAPÍTULO 6

Este capítulo apresenta os resultados obtidos pelo Projeto, a partir da execução da Meta “Organização da Produção, Comércio Justo e Solidário e Consumo Responsável”

O principal objetivo foi o de fortalecer os EES da agricultura familiar por meio de uma assessoria técnica, visando à sus-tentabilidade e inserção dos mesmos nos mercados institucionais públicos e priva-dos, em consonância com o debate sobre o consumo responsável.

Para execução do previsto, foram organi-zadas etapas desde sensibilizar e capacitar os EES para a comercialização com os mer-cados públicos e privados; realizar diag-nóstico dos EES, identificando seus perfis socioeconômicos; promover reuniões da equipe interdisciplinar, para análise e en-caminhamento dos dados coletados; visi-tas técnicas e/ou temáticas coletivas com os EES assessorados e socializar as infor-mações em seminários de articulação e diálogos convergentes entre os atores en-volvidos e potenciais parceiros.

da teoria à prática: os desafios para o acesso ao mercado institucional

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6.1. O percurso metodológicoOprocesso de sensibilização dos EES para a prática da comercialização solidária com os mercados públicos e privados iniciou-se com a divulgação de um edital (01/2012/UBEE/IMS) a fim de selecionar os EES que se-riam assessoradas pelo Projeto nesta meta. Inicialmente previu-se 80 EES, em média 20 EES por grande região brasileira, mas final-mente foram selecionados 76, sendo que três deles desistiram, devido principalmen-te às dificuldades de acesso e comunicação existentes, consolidando-se finalmente uma amostra nacional de 73 EES. Em seguida à definição da amostra, foram realizados se-minários estaduais para a sensibilização aos propósitos da Meta, mobilização e forma-ção dos EES. Um dos principais critérios para seleção destes EES foi a demanda deles por qualificação nas áreas de produção, comer-cialização e gestão e as dificuldades enfren-tada para o acesso a mercados.

Após a seleção dos EES foram realizadas atividades iniciais de sensibilização, com a promoção de “seminários de sensibiliza-ção”, para em seguida, realizar visitas téc-nicas, com o objetivo de conhecer e diag-nosticar as experiências. Os momentos de avaliação e definição de ações eram ga-rantidos pelas reuniões interdisciplinares, o que subsidiavam também as visitas téc-nicas e/ou temáticas aos EES e os seminá-rios de articulações.

Uma equipe interdisciplinar, composta por cinco profissionais, sendo um repre-sentante das regiões (norte, sul, centro--oeste, nordeste e sudeste) e com atuação in locu garantiu a sensibilização e adesão dos EES ao Projeto e o cumprimento da metodologia prevista. A Região Norte do país, em particular, foi contratada uma consultoria específica para garantir a exe-cução desta etapa juntamente com a Co-ordenação do projeto.

Para a realização do diagnóstico foram utilizadas entrevistas semiestruturadas junto aos gestores dos EES, bem como a observação direta dos aspectos relaciona-dos à produção, comercialização e gestão no momento da visita e realização das entrevistas. O formulário do diagnóstico (anexo) incluiu questões como: dados ge-rais dos EES, forma de organização, aces-so a crédito e a mercados institucionais, logística de transporte, comercialização atual, quantidades de produtos, tipos de embalagens, previsão de vendas, custos de produção, aspectos da gestão, entre outros. O instrumento de diagnóstico per-mitiu identificar e quantificar a oferta de produtos e a capacidade de atendimento, além de outras variáveis sobre a gestão dos EES.

A partir dos dados iniciais, realizou--se uma categorização dos EES, a partir dos seus respectivos perfis so-cioeconômicos, divididos em três cate-gorias, para subsidiar as intervenções da equipe multidisciplinar, que foram:

Iniciantes: EES que ainda não haviam acessado os programas públicos (PAA e PNAE), mas que tinham interesse em co-nhecer o funcionamento dos programas governamentais, na perspectiva de aces-sá-los futuramente;

Intermediários: EES que vinham aces-sando os programas públicos (PAA e PNAE) como principais mercados, com De-claração de Aptidão ao Pronaf - DAP Pes-soa Física, mas que tinham o perfil para

avançar para Declaração de Aptidão ao Pronaf - DAP jurídicas;

Avançados: EES que já haviam acessado os programas públicos (Programa de Aquisi-ção de Alimentos - PAA e Programa Nacio-nal de Alimentação Escolar - PNAE) e suas produções estavam suprindo para além dessas demandas, atingindo outros merca-dos locais e regionais convencionais.

Os diagnósticos socioeconômicos aplicados nas regiões envolveram as articuladoras estaduais do Projeto, em visitas para reco-nhecimento in locu dos EES selecionados.

Foram levantadas informações qualita-tivas e quantitativas, possibilitando vi-

APRUPSUL, Ceilandia-DF

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sualizar as estruturas locais existentes e favoráveis para a agroindustrialização, o que permitiu um melhor entendimento do processo produtivo dos EES, como por exemplo, a adoção da produção orgânica e/ou agroecológica, as estruturas de ar-mazenamento existentes e a logística de entrega dos produtos utilizadas e outros. Tais dados subsidiaram uma análise situ-

acional pela equipe interdisciplinar, em busca de soluções conjuntas e coletivas aos problemas identificados, assim como ações conjuntas para os potenciais identificados. Seguindo esta dinâmica, foi possível, nas etapas posteriores, planejar e executar ações qualificadas e adequadas aos dife-rentes perfis diagnosticados, em cumpri-mento aos objetivos propostos.

Diagnóstico. ADEMMA-PAA sensibilização e a capacitação dos eeSApós a escolha dos EES assessorados, foram realizados quatro seminários e dois encontros estaduais:

a) “Seminário de Políticas Públicas (PAA, PNAE e PAPA-DF), Comércio Justo e Solidário da Agricultura Familiar no Distrito Federal e Entorno”, em agosto/2012, Brasília/DF;

b) “Seminário de Sensibilização e Capacitação de EES”, durante a Feira Regional de Econo-

mia Solidária sobre Cooperativismo e Merca-do Institucional PAA/PNAE do Centro-Oeste, em junho/2012, Campo Grande/MS;

c) “Encontro Territorial de Políticas Públicas PNAE e PAA”, em agosto/2012, em João Pes-soa/PB;

d) “Seminário Estadual de Cooperativismo Popular, Políticas Públicas e Comercialização da Agricultura Familiar”, em julho/2012, em Belo Horizonte/MG;

e) Capacitação sobre comercialização com os

Diagnóstico. Paruru do Meio-PA

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mercados públicos (PAA e PNAE) e privados, em agosto/2012, em Araçuaí/MG;

f) “Seminário de Sensibilização e Capacitação de EES e da Agricultura Familiar”, em agos-to/2012, em Igarapé Mirim/PA.

Nestes eventos, estiveram presentes 123 re-presentantes, sendo 63 empreendimentos econômicos solidários - EES, 37 entidades de apoio e fomento - EAF e 23 representantes de governos, com 68 homens e 55 mulheres.

o enfoque dos seminários e encontros estaduais

O principal enfoque dado pelos seminá-rios e encontros estaduais foi o debate em torno do acesso dos EES aos mercados ins-titucionais públicos e privados, principal-mente relativos aos programas públicos, como o Programa de Aquisição de Ali-mentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), implemen-tados pelo Ministério do Desenvolvimen-to Social (MDS) e o Ministério do Desen-volvimento Agrário (MDA) do governo federal. Também permitiram o debate sobre a organização da produção, do co-mércio justo e do consumo responsável. Tais eventos proporcionaram um primei-ro contato presencial entre produtores da economia solidária e entidades públicas e privadas, enquanto potenciais consumi-dores, aproximando-os para um diálogo convergente, com vistas à efetivação de relações comerciais entre eles. Além disso, estas aproximações foram fundamentais para criar e fortalecer parcerias, nivelar informações e elucidar dúvidas diversas sobre o processo de comercialização, prin-cipalmente aquelas relacionadas às ques-tões legais, o que subsidiou a construção de agendas para os próximos passos a se-rem seguidos.

o diagnóstico dos eeS

Nesta etapa foram aplicados, analisados e sistematizados 73 diagnósticos socioe-conômicos realizados com os EES selecio-nados para receber assessoria técnica do Projeto. A amostra de EES que participa-ram do diagnóstico foi distribuída confor-me as regiões e seus respectivos estados:

Após aplicação dos diagnósticos a equipe interdisciplinar constituída pelas articula-doras estaduais, analistas sociais e coor-denação/direção do IMS, foram realizadas algumas reuniões para dialogar sobre os dados coletados e planejar melhores es-tratégias de atuação juntos aos EES visi-tados.

As reuniões da equipe interdisciplinar aconteceram com os objetivos de apre-sentar o retrato dos EES assessorados pelo Projeto, com informações quantitativas sobre a gestão e produção dos EES obti-das pelo diagnóstico socioeconômico re-alizado.

Tais dados subsidiaram a equipe para a elaboração de uma matriz de atendi-mento e assessoramento, com um plane-jamento das ações e visitas temáticas de campo por estado e por categoria.

Em seguida, em outros momentos de reuniões de equipe, objetivou avaliar, debater e encaminhar as atividades, a partir da análise das potencialidades, gargalos e demandas dos EES.

Também foram debatidas algumas es-pecificidades dos EES e impressões dos técnicos sobre o trabalho de campo rea-

lizado, bem como posteriormente, ava-liar as ações realizadas junto aos EES e definir o conteúdo para a elaboração de relatórios de devolutivas para estes EES com sugestões para melhorias.

As visitas técnicas aos eeS

As visitas técnicas foram planejadas e realizadas conforme as demandas de cada categoria, apontadas pelos diag-nósticos. Inicialmente foram planeja-das 40 visitas, mas foram realizadas 52, sendo 17 no Centro-Oeste, 05 no Nor-deste, 26 no Norte 04 no Sudeste, to-talizando 455 representantes dos EES envolvidos durante essas atividades.

As visitas foram programadas, seguin-do uma matriz de atendimento elabo-rada durante a primeira reunião da equipe interdisciplinar, conforme os principais eixos:

a) gestão organizacional (regulariza-ção das associações, regularização sa-nitária, transporte e outros);

b) gestão da produção (intercâmbios, boas práticas de fabricação e outros);

c) gestão administrativa e financeira (instrumentos de gestão, controle e outros);

d) comercialização solidária (qualifica-ção para feiras e eventos, rótulos, lo-gomarcas, acesso a mercados);

e) temas transversais como: agroecolo-gia, comércio justo, economia solidá-ria, gênero, raça/etnia e outros, confor-me as peculiaridades de cada categoria de EES.

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os seminários e encontros de articulação e convergências

Nesta etapa foram realizados cinco se-minários de articulação, com o principal objetivo de interligar produtores e con-sumidores, estabelecendo diálogos con-vergentes e aconteceram antes da con-clusão das visitas técnicas, para propiciar um melhor entendimento das realidades dos EES. Tiveram como eixo principal a reflexão sobre a atual demanda e oferta de produtos agroalimentares, a cultura e produção locais, entre outros. Os seminá-rios de articulação ocorridos foram:

O Seminário Regional sobre “Mercado Institucional no Cerrado: Perspectivas e Desafios para o PAA, PAPA-DF e PGPM Bio”, realizado durante o “VII Encontro e Feira dos Povos do Cerrado” em se-tembro/12, Brasília/DF.

Esta atividade foi realizada em parceira com “Rede Cerrado”, organizadora do Encontro. A programação e dinâmica adotadas durante o seminário propiciou uma articulação entre representantes dos EES e as entidades públicas consu-midoras, envolvendo aproximadamente 200 pessoas da Região Centro Oeste.

Diagnóstico na Paraíba

O “Encontro Territorial entre EES e Insti-tuições Compradoras”, em abril/2013, em Abaetetuba/PA, cujo objetivo foi apresen-tar e debater sobre as demandas apresen-tadas pelos EES por serviços e assessoria técnica dentro do tema comercialização solidária;

Oficina de apresentação de dados sobre limitações, problemas e demandas de um conjunto de 20 EES agroextrativistas da Re-gião do Baixo Tocantins/PA, organizara pela Associação Unidade e Cooperação para o Desenvolvimento dos Povos (UCODEP), em parceria com o IMS/SENAES e a Federação das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidaria (FECAFES);

“Seminário Final de Articulação entre Produtores e Consumidores e Avaliação do Projeto”, realizado em maio/2013, em Campo Grande/MS. Esta atividade teve como objetivo geral avaliar o processo re-alizado pelo PNCS no período de 2009 a 2013 no Mato Grosso do Sul. Durante o evento foi realizada a devolução dos re-sultados do diagnóstico desta Meta, com a apresentação do “Retrato da Comer-cialização no Mato Grosso do Sul” e com uma memória qualitativa sobre o fortale-cimento dos EES referente à comercializa-ção solidária.

“Seminário Final de Articulação entre Produtores e Consumidores e Avaliação do PNCS – Diálogos e Convergências”, realizado em maio/2013, João Pessoa/PB. Teve como objetivo avaliar o processo da comercialização no estado e a contribui-ção do Projeto, com a participação dos gestores das políticas públicas e das orga-

nizações sociais, buscando a garantia de continuidade das ações das políticas pú-blicas no campo e na cidade. Teve a parti-cipação de EES, associações e cooperativas de diversos municípios do estado;

O “Seminário Nacional de Acesso ao Mer-cado Institucional: a Diversidade Regional Brasileira e Comercialização Solidária”, ocorrido em maio/2013, no Rio de Janei-ro e durante a “I Semana Mundial do Comércio Justo e Solidário”. O objetivo principal deste Seminário foi fomentar o debate sobre o papel das políticas públi-cas na promoção do comércio justo e soli-dário no Brasil e propor políticas públicas para os EES. Na fala dos convidados, foi possível resgatar as propostas do movi-mento da economia solidária brasileira, apresentadas por ocasião das plenárias e conferências realizadas na última déca-da. Como encaminhamento, foi proposto realizar um debate, com apontamentos para a estruturação do Plano Nacional de Comercialização Solidária.

6.2. o vivenciado e as recomendaçõesO resultado do diagnóstico realizado jun-to à amostra nacional de 73 EES assesso-rados pelo Projeto constatou-se, que des-tes, 44 são associações, 22 cooperativas e 07 grupos informais, sendo que, na sua maioria, ainda não possuem estrutura ou condições legais para o acesso ao merca-do público. Outro dado obtido referem-se a uma das maiores dificuldades enfrenta-das elos EES para o acesso aos mercados

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cações desta mudança.

Para as associações que preferem con-tinuar enquanto associação existe uma tendência em realizar uma comerciali-zação na informalidade, que por sua vez, também apresenta implicações.

Os dados coletados também apre-sentam informações sobre a posse ou não, pelos EES, da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) jurídica. Dos 73 EES, apenas 16 possuem DAP jurídica. Para o mercado público, não necessariamente é preciso a DAP jurí-dica, sendo aceira a DAP física quan-do o EES for informal e uma pessoa do grupo pode utilizar a DAP física e fazer essa ponte com o mercado pú-blico. De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Agrário - MDA, a DAP é uma espécie de identidade do agricultor familiar para acessar os di-versos programas da política pública (Pronaf, PAA e PNAE).

A assessoria técnica aos EES, em sua maior parte, é realizada pelas organi-zações estatais de assessoramento rural. Dos 73 EES, 44 recebem assessoria da Empresa de Assistência Técnica e Exten-são Rural (Emater), 27 são assessorados por organizações não governamentais e 12 por universidades.

O gráfico a seguir demonstra outros atores importantes no assessoramento técnico.

Quanto aos produtos dos EES assesso-rados pelo PNCS, tem-se, em ordem de importância, um destaque para os fru-tos e seus derivados, devido ao agroex-trativismo praticado em larga escala em alguns estados da amostra.

Outro produto que aparece em desta-que são as hortaliças, principalmente pelos EES “incipientes” devido ao baixo custo de investimento. Em terceiro lu-gar, aparecem os grãos, a mandioca e seus derivados.

públicos e privados, que são as exigências apresentadas pelos mesmos, tais como qualidade, regularidade e pontualidade nas entregas e principalmente aquelas exigências relativas à legalidade dos EES.

Em alguns estados, as associações apre-sentam limites legais para comerciali-zar, como no caso de MG, onde existe uma restrição estadual para as associa-ções realizarem a comercialização.

No caso do DF, esta comercializa-ção é permitida, desde que o es-tatuto da associação preveja isso. Nos estados em que a legislação não permite que as associações realizem co-mercialização, tal realidade se tornou um motivo para que as associações de-cidissem se converter em cooperativa, o que pode ter se tornado um proble-ma, já que na maioria das vezes, não há uma maturidade dos associados/co-operados para entender quais as impli-

Visita Técnica - Oficina de Agroecologia e Bioconstrução - DF e Entorno

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Quanto ao modo de produção, alguns EES produzem hortaliças orgânicas e/ou agro-ecológicas, certificadas ou não, dependen-do dos objetivos dos EES. Dos 73 EES, 10 possuem produtos certificados orgânicos e quatro certificados pelo comércio justo.

Sobre a gestão, dos 73 EES, 40% emitem nota fiscal avulsa, o que sinaliza uma comercializa-ção direta e 30% não emite notas fiscais. Isso pode vir a ser uma fragilidade nos mercados específicos, em que a formalização da nota fiscal é um requisito básico.

No entanto, nos mercados informais como as feiras, não existe esta necessidade e são nestes espaços que os grupos privilegiam. Isso mostra a importância da realização de feiras de economia solidária e agricultura familiar tanto para os EES rurais quanto para os urbanos.

A realização de planejamentos anuais, mensais ou de planos de negócios não é uma realidade dos EES, já que eles não possuem o hábito de estabelecer metas para médio e longo prazos. Quando reali-zam o planejamento, há muitas falhas na execução do previsto, com falhas no mo-nitoramento das atividades.

Quanto à análise dos custos do processo produtivo, tem-se que 33% dos EES, ou seja, 24 grupos não realizam esta ativida-de e apenas 3%, ou seja, 2 EES utilizam softwares específicos para o controle e custos da produção.

Sobre os preços dos produtos, 38% dos EES colocam os preços dos seus produtos iguais aos da concorrência, ou seja, 28 EES. Outros 40% dos EES calculam os pre-ços dos seus produtos somando o custo da produção e a margem de lucro.

Seminário Políticas Públicas - MS - 2013

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Quanto às limitações do processo produ-tivo aparecem como principais desafios a falta de capital de giro, de tecnologia da produção, de equipamentos, de transpor-te, de pessoal para mobilização e organi-zação da produção, de armazenamento e de registro sanitário, conforme o gráfico abaixo.

Quanto ao volume da produção comer-cializada pela amostra dos 73 EES, tem-se que em 2011 foram comercializados 11 milhões de reais e desse total, 7,5 milhões foram destinados ao mercado público.

Apesar da burocracia imposta por este mercado, há a constatação que é uma excelente oportunidade para os EES. A Seminário Políticas Públicas - MS - 2013

maioria (55%) dos EES comercializou com o PAA (55%) e os outros 45% com o PNAE e 1% com outros programas, tais como o PAPA-DF e a Política de Garantia dos Pre-ços Mínimos para BioDiversidade (PGPM-Bio).

Quanto à localização da comercializa-ção, o grande foco encontra-se nos mu-nicípios. Do total de 3.474.798 milhões comercializados em 2011, 2.471.030 fo-ram realizados nos próprios municípios e o restante em outros municípios vi-

zinhos do estado e/ou fora do estado. Quando a comercialização é realizada fora do próprio município, ela é geral-mente focada nos circuitos curtos de co-mercialização, o que garantem melhores vendas.

Alguns EES utilizam-se da estratégia de comercialização fora dos seus municípios, para driblar o excesso de oferta de pro-dutos ou para atender demandas especí-ficas, tais como os circuitos culturais.

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Oficina Agroecologia no DF e Entorno

Reunião de Articulação em Minas Gerais Oficina Boas Práticas Produção de Alimentos - MS

Diagnóstico ADEMMA - PA Diagnóstico AMO Baião - PA

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Gestão Financeira

O Projeto Nacional de Comercialização So-lidária foi previsto para ser executado no período de 24 meses no valor total de R$5.999.828,00 (cinco milhões novecentos e noventa e nove mil e oitocentos e vinte e oito reais).

Executadas as metas previstas, alguma de-las com superação do quantitativo previs-to inicialmente foi avaliada a execução e percebeu-se a necessidade de implemen-tação de novas ações.

Esses ajustes careceram de adição de no-vos recursos. Parte foi aditivo de recursos financeiros no valor de R$ 1.250.000,00 (hum milhão duzentos e cinquenta mil reais) e parte foi aplicada do rendimen-to dos recursos financeiros, no valor de R$ 530.722,00 (quinhentos e trinta mil e setecentos e vinte dois reais) totalizando R$ 7.780.550,00 (sete milhões setecentos e oitenta mil e quinhentos e cinquenta re-ais) com execução de 60 meses.

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