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Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

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Page 1: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

Resistência Interna de Fontes e Força Eletromotriz

Bruno Vecchi

Jacqueline Karla Alves da Silva

Vinícyus de Oliveira Martins

Setor de Ciências Exatas - Departamento de Física – Universidade Federal do Paraná

Centro Politécnico – Jd. das Américas – 81531-990 – Curitiba – PR - Brasil

e-mail 1: [email protected]

e-mail 2: [email protected]

e-mail 3: [email protected]

Resumo. O objetivo deste trabalho foi determinar experimentalmente a força eletromotriz, o

valor da resistência interna de uma fonte de tensão, utilizando como parâmetro de variação oito

resistores, e verificar o teorema da máxima transferência de potência da fonte para a carga

resistiva. Para a força eletromotriz e para a resistência da fonte, obtiveram-se os valores de

1,5458 V e 216,69 Ω, respectivamente, com um erro de 0,27% para a fem e 0,14% para a

resistência interna. Ao verificar a condição de máxima transferência de potência, observou-se que

este fenômeno ocorria quando os valores das resistências se igualavam, embora, mesmo tendo

máxima potência, a eficiência do uso da fonte era apenas de 50%, visto que metade da potência

gerada era dissipada em forma de calor diretamente na própria fonte. Contudo, pôde-se perceber

que os resultados obtidos foram satisfatórios.

Palavras chave: resistor, resistência, força eletromotriz, potência, Lei de Ohm, energia elétrica.

Introdução

Quando trabalhamos com circuitos elétricos, em

alguns casos, precisamos de um dispositivo que

mantenha uma diferença de potencial entre dois

terminais, pois, caso não houvesse esta diferença de

potencial, não haveria corrente elétrica circulando

pelo circuito. Para este tipo de dispositivo, dá-se o

nome de fonte de tensão.

Uma fonte de tensão é um aparelho que, ao ser

ligado a um circuito, submete os portadores de

carga a uma diferença de potencial, isto é, fornece a

energia para o movimento através do trabalho que

realiza sobre os portadores de carga. É justamente o

fato de executar trabalho sobre os portadores de

carga que se mantém uma diferença de potencial

entre os terminais. Esta “energia” produzida pela

fonte de tensão é denominada força eletromotriz

(ε), também conhecida como fem.

A força eletromotriz de uma fonte de tensão é

definida como sendo o trabalho que a fonte executa

para transferir cargas do terminal de menor

potencial para o terminal de maior potencial por

unidade de carga, ou seja,

dt

dW

(1)

, onde, no SI, a unidade da força eletromotriz é o

Joule por Coulomb, definido como Volt.

Uma fonte de tensão pode ser caracterizada de

dois tipos: fonte de tensão ideal e fonte de tensão

real.

Uma fonte de tensão ideal é aquela que não

apresenta nenhuma resistência ao movimento

interno das cargas de um terminal para outro. A

diferença de potencial entre os terminais de uma

fonte ideal é igual à sua força eletromotriz.

Na fonte de tensão real, isto não ocorre. Dentro

da fonte existem diversos materiais condutores,

onde cada um deles produzem uma certa resistência

ao movimento interno das cargas. Ao considerar a

resistência provinda de todos os condutores internos

à fonte, podemos defini-los como sendo um único

resistor cuja resistência equivalente é igual à soma

das resistências de todos os condutores. Com isso,

Page 2: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

uma idealização de uma fonte de tensão real seria

considerá-la como sendo uma fonte de tensão ideal,

mas com uma resistência interna (r). Então, quando

uma fonte real não está ligada a um circuito, a

diferença de potencial entre os terminais desta é

exatamente igual ao valor de sua força eletromotriz.

A partir do momento em que se conecta a fonte ao

circuito, esta conduz uma corrente, fazendo com

que a diferença de potencial nos terminais seja

menor que a sua força eletromotriz.

Figura 1 - Esquema de uma fonte de tensão real conectada a um

circuito elétrico contendo um resistor externo (R).

O objetivo do experimento é determinar o valor

da resistência interna (r) da fonte de tensão e sua

força eletromotriz. Para isso, aplicamos um método

denominado método da conservação de energia

para deduzir a relação entre a corrente elétrica que

está passando pelo circuito, a força eletromotriz da

fonte e as resistências interna e externa. Sabemos

que

RiV (2)

,

ViP (3)

e

2RiP (4)

Então, em um intervalo de tempo dt, uma

energia dada por

dtridtP 2

1 (5)

e por

dtRidtP 2

2 (6)

é transformada em energia térmica no resistor R e r

da figura 1 (dizemos que essa energia é dissipada).

Durante um mesmo intervalo de tempo dt, uma

carga dada por

dtidq (7)

atravessa a fonte de tensão, e o trabalho realizado

pela fonte sobre a carga é dado pela equação (1),

isto é,

dtidqdW (8)

De acordo com a lei da conservação de energia,

o trabalho realizado pela fonte é igual à energia

térmica dissipada nos resistores. Assim,

dtRidtridti 22 (9)

Manipulando a equação (9), temos

dtiRrdti 2)( (10)

Dividindo ambos os lados da equação (10) por

dt,

2)( iRri (11)

Ainda, dividindo ambos os termos de (11) por

i e resolvendo a equação para i , obtemos

iRr )( (12)

rR

i (13)

A equação (13) nos dá a relação desejada entre

i , , R e r .

Então, numa fonte real, a diferença de potencial

entre os dois terminais nunca será igual à força

eletromotriz, pois, quando a corrente passa pelos

resistores, o sistema perde potencial dado pelo

negativo da equação (2). Assim, quando mais

cargas resistivas houverem no circuito, maior será a

diminuição do potencial provindo da força

eletromotriz.

Dada a relação (13), pede-se para determinar

experimentalmente os valores de r e . Para isso,

manipulamos a equação (13) de modo a deixar a

resistência externa em função dos demais termos.

Assim,

Page 3: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

ri

R (14)

Com a equação (14), mediante simples

substituição de variáveis, podemos determinar uma

relação linear entre os termos R e i . Então, como a

equação de uma reta é dada por

BAxy (15)

substituímos os coeficientes e termos de (14) em

(15), obtendo

Ry (16)

i

x1

(17)

A (18)

rB (19)

Logo, ao plotar um gráfico (4) de R em função

do inverso da corrente (1i ), linearizamos a

equação (14). Aplicando o Método dos Mínimos

Quadrados, encontramos os valores dos coeficientes

A e B da equação (14), conforme queríamos.

Procedimento Experimental

Para a realização deste trabalho, foi montado

um experimento utilizando os seguintes materiais:

Placa para montagem do circuito elétrico;

Fonte de tensão de fem =1,55V e

resistência interna r = 217 Ω;

Cabos do tipo “banana-banana” para

conexão elétrica;

Dois multímetros digitais;

Interruptor;

Oito resistores com resistências variando

entre 10 Ω e 1KΩ.

Em posse de todos os materiais citados, foi

montado um circuito conforme o da figura (2).

Com a fonte conectada ao circuito, fixaram-se

dois pontos “A” e “V” nos quais foram colocados

os dois multímetros digitais para fazer a leitura da

tensão e da corrente que passava pelo circuito.

Figura 2 - Circuito utilizado no experimento.

Na posição “A”, foi colocado um multímetro na

função amperímetro. Tal ponto foi escolhido devido

à presença do resistor externo (R) e do interruptor,

pois, com base em R, poderíamos determinar o

valor da resistência interna da fonte e sua força

eletromotriz medindo a corrente elétrica que fluía

após sua passagem pelo resistor R devido ao

fechamento do interruptor.

Na posição “V”, foi colocado o segundo

multímetro na função voltímetro. Escolheu-se esse

ponto pois gostaríamos de determinar a queda de

tensão no circuito como um todo mediante a

variação do resistor externo.

Assim, fechando o interruptor, mediu-se,

através da leitura mostrada nos multímetros, os

valores da tensão e da corrente relacionados com o

resistor externo utilizado. Foram feitas medidas

para os oito resistores e, de um modo geral, foi

plotada a tabela (1), relacionando a queda de tensão

e a corrente com cada resistor.

Resultados e Análise

Com o auxílio de um amperímetro de precisão

igual a 1,0 10-2

A e de um voltímetro de precisão

igual a 1,0 10-2

V, foram medidos os valores da

corrente elétrica e da queda de tensão em cada

resistor. Tais valores foram anotados e relacionados

na tabela (1).

Page 4: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

Resistor Resistência (Ω) Corrente (A) Tensão (V)

1 22 6,490 x 10-3

0,220

2 33 6,180 x 10-3 0,270

3 68 5,450 x 10-3 0,430

4 100 4,860 x 10-3 0,540

5 220 3,550 x 10-3 0,820

6 560 2,000 x 10-3 1,130

7 800 1,500 x 10-3 1,240

8 1000 1,280 x 10-3 1,280

Tabela 1 - Relação entre a resistência externa, corrente e tensão.

De posse dos valores da tabela (1), foi plotado o

gráfico (1), o qual relaciona o comportamento da

queda de tensão nos resistores em função da

corrente elétrica que passa pelo circuito.

Gráfico 1 - Relação entre a tensão e corrente.

Podemos notar que esta relação entre a queda de

tensão e a corrente no circuito é inversamente

proporcional. Da equação (13), sabemos que a

corrente diminui quando aumentamos os valores de

R e aumenta quando diminuímos estes valores.

Assim, substituindo (13) em (2), obtemos

rR

RV (20)

Dividindo o numerador e o denominador de (20)

por R, temos que

R

rV

1

(21)

Assim, percebemos em (13) que quando ocorre

o aumento do valor da resistência R (visto que r é

constante), a intensidade da corrente elétrica decai.

Em (19), vemos que quando R cresce, a tensão

aumenta. Então, em relação à resistência externa, a

queda de tensão e a corrente elétrica que passa

pelos resistores são inversamente proporcionais.

A necessidade de mostrar esta relação entre

corrente e tensão decorreu somente para estudar

como estas grandezas se comportam à medida em

que varia-se o resistor externo.

Dito isso, foram plotados dois gráficos (gráfico

(2) e gráfico (3)), os quais evidenciam de uma

maneira mais nítida esta relação entre tensão,

corrente e resistência, comprovando o que foi

comentado anteriormente.

Gráfico 2 - Relação entre a queda de tensão e a resistência externa.

Gráfico 3 - Relação entre a corrente e a resistência externa.

A partir do gráfico (3), pôde-se encontrar uma

maneira para determinar experimentalmente os

valores da força eletromotriz e da resistência

Page 5: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

interna da fonte utilizada. Com isso, houve a

necessidade de linearizá-lo, a fim de facilitar a sua

análise e interpretação.

Para fazer a linearização, foi criada uma tabela

(2), relacionando os resistores com o inverso da

corrente que passava por eles. Logo, teve-se

Resistor Resistência (Ω) Corrente -1 (A-1

)

1 22 154,0832

2 33 161,8123

3 68 183,4862

4 100 205,7613

5 220 281,6901

6 560 500,0000

7 800 666,6667

8 1000 781,2500

Tabela 2 - Relação entre a resistência externa e o inverso da

corrente.

Com os valores da tabela (2), foi plotado o

gráfico (4), o qual evidencia um comportamento

aparentemente linear da resistência em função do

inverso da corrente.

Gráfico 4 - Relação entre a resistência externa e o inverso da

corrente.

Baseando-se no comportamento do gráfico (4),

foi aplicado o método dos mínimos quadrados, a

fim de determinar a melhor reta que se ajustava à

curva de pontos obtida. Após a aplicação do

método e por meio das equações (14), (15), (16),

(17), (18) e (19), pôde-se determinar o valor da

força eletromotriz e o da resistência interna da fonte

trabalhada. Tais valores foram anotados na tabela

(3).

Coeficiente Significado Valor

A Força Eletromotriz 1,5458

B - (Resistência Interna) - 216,69274

Tabela 3 - Coeficientes provindos do MMQ.

Logo,

Item Valor Real Valor Obtido

(Ajustado)

Erro Relativo

Percentual

Força

Eletromotriz 1,55 V 1,5458 V 0,27%

Resistência

Interna 217 Ω 216,69274 Ω 0,14%

Tabela 4 - Comparação entre os valores medidos com os valores

obtidos experimentalmente (ajustados).

Ainda, pôde-se analisar um segundo item, o

qual era verificar o teorema da condição de máxima

transferência de potência da fonte para a carga

resistiva. Para isso, criou-se um conjunto de dados

relacionando a potência dissipada com cada resistor

utilizado.

Resistor Resistência (Ω) Potência Dissipada em

R - Medida (W)

1 22 0,93 x 10-3

2 33 1,26 x 10-3

3 68 2,02 x 10-3

4 100 2,36 x 10-3

5 220 2,77 x 10-3

6 560 2,24 x 10-3

7 800 1,80 x 10-3

8 1000 1,64 x 10-3

Tabela 5 - Potência dissipada (medida) em cada resistor R.

A tabela (5) foi montada utilizando os valores

medidos diretamente nos multímetros (valores da

tabela (1)). Para o cálculo da potência dissipada em

cada resistor, foi utilizada a equação (4).

Com os valores da tabela (5), foi plotado o

gráfico (5), relacionando a potência dissipada no

resistor externo com os respectivos resistores R.

Page 6: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

Gráfico 5 - Potência (medida) dissipada no resistor externo em

função dos resistores externos.

A fim de obter uma comparação entre os valores

reais (valores medidos) com os obtidos

experimentalmente (ajustados), criou-se a tabela

(6). Na tabela (6) foram dispostos os valores das

potências dissipadas (ajustadas) no resistor externo,

isto é, com os dados obtidos por meio do processo

de linearização do gráfico (4) – coeficientes A e B –

foi determinada uma corrente elétrica ajustada em

função de cada resistor R. E, com o valor desta

corrente, apenas substituindo-o na equação (4),

obteve-se o valor da potência ajustada no resistor.

Resistor Resistência (Ω) Potência Dissipada

em R – Ajustada (W)

1 22 0,92 x 10-3

2 33 1,26 x 10-3

3 68 2,00 x 10-3

4 100 2,38 x 10-3

5 220 2,76 x 10-3

6 560 2,22 x 10-3

7 800 1,85 x 10-3

8 1000 1,62 x 10-3

Tabela 6 - Potência dissipada (ajustada) em cada resistor R.

A partir da tabela (6), foi plotado o gráfico (6).

Observe que ser comportamento está muito

próximo ao comportamento da curva do gráfico (5),

mostrando satisfatoriedade nos resultados obtidos

até então.

Gráfico 6 - Potência (ajustada) dissipada no resistor externo em

função dos resistores externos.

Também, foi calculada a potência dissipada no

resistor interno em função dos resistores externos.

Com isso, foi montada a tabela (7) e, com estes

valores, foi plotado o gráfico (7), conforme segue.

Resistor Resistência (Ω) Potência Dissipada

em r (W)

1 22 9,14 x 10-3

2 33 8,29 x 10-3

3 68 6,45 x 10-3

4 100 5,13 x 10-3

5 220 2,73 x 10-3

6 560 0,87 x 10-3

7 800 0,49 x 10-3

8 1000 0,36 x 10-3

Tabela 7 - Relação entre a potência dissipada no resistor interno

e R.

Gráfico 7 - Potência dissipada no resistor interno em função dos

resistores externos.

A partir das potências dissipadas nos resistores

externos e no resistor interno, pôde-se determinar a

potência total dissipada no circuito. Assim, foi

Page 7: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

constituída a tabela (8) e, também, plotado o gráfico

(8) relacionado à estes dados.

Resistor Resistência ( Ω)

Potência Total

Dissipada (Pint+Pext)

(W)

1 22 10,05 x 10-3

2 33 9,54 x 10-3

3 68 8,46 x 10-3

4 100 7,48 x 10-3

5 220 5,50 x 10-3

6 560 3,11 x 10-3

7 800 2,29 x 10-3

8 1000 1,99 x 10-3

Tabela 8 - Potência total dissipada nos resistores.

Gráfico 8 - Potência total dissipada nos resistores em função da

resistência externa.

Para uma melhor visualização, os gráficos

relacionados às potências dissipadas foram postos

num único gráfico (gráfico (9)).

Gráfico 9 - Potências dissipadas em função da resistência.

Analisando o gráfico (9), temos que a potência

dissipada nos resistores externos (carga resistiva) é

conhecida como potência útil, isto é, a potência

provinda da fonte que realmente será utilizada

(dissipada) pela carga que estiver no circuito. A

potência dissipada no resistor recebe o nome de

potência dissipada, pois está acaba sendo

transformada em energia térmica dentro da própria

fonte, sendo, portanto, inutilizada pelos demais

elementos do circuito.

Ainda interpretando as curvas do gráfico (9),

percebemos que as curvas formadas pelas potências

dissipadas nos resistores externos (medida e

ajustada) possuem um ponto de máximo. Neste

ponto ocorre um fenômeno interessante, a máxima

transferência de potência da fonte para o resistor

externo.

Para determinar este ponto, substituímos a

equação (13) em (4) e calculamos a sua primeira

derivada, igualando-a a zero. Assim, temos:

rR

R

rRRRiP

22

2

(22)

Derivando (20):

0)(

)(2)(4

22

rR

rRRrR

dR

dP

0)(

2

)(

132

2

rR

R

rRdR

dP (23)

Manipulando a equação (23):

3

2

2

2

)(

2

)( rR

R

rR

Dividindo ambos os termos por 2

:

32 )(

2

)(

1

rR

R

rR

Multiplicando ambos os membros por

2)( rR :

Page 8: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

rR

R21 (24)

Assim, multiplicando ambos os termos de (24)

por rR :

RrR 2 (25)

Subtraindo R de ambos os lados da equação

(25), obtemos, por fim:

Rr (26)

Isto significa que a máxima transferência de

potência da fonte para a carga resistiva ocorrerá

quando o valor da resistência externa assumir o

mesmo valor da resistência interna da fonte.

Então, analisando a curva descrita pela potência

dissipada no resistor externo, temos que quando o

valor de sua resistência é menor que o valor da

resistência interna da fonte, esta é obrigada a gerar

muita energia elétrica, onde boa parte desta energia

é dissipada na própria fonte. Isto tem um efeito

ruim, pois pode superaquecê-la, aumentando

consideravelmente o consumo de energia (se for

uma bateria ou pilha, ela acabará descarregando-se

muito mais rápido que o normal), podendo danificá-

la. Notamos que, pela equação (13), a corrente que

passa pelo circuito é uma função inversamente

proporcional ao valor da resistência externa. Como

o valor dessa resistência está aumentando

gradativamente, a corrente decai. Com a corrente

caindo, a diferença de potencial nos resistores

também decai. Logo, as potências dissipadas, tanto

em R quanto em r, também deveriam cair.

Entretanto, a potência dissipada no resistor externo

cresce. Ela cresce, pois, neste intervalo, a maior

parte da potência total gerada pela fonte está sendo

dissipada no resistor interno, visto que r >R e, que a

corrente, mesmo decaindo, é igual em ambos os

resistores. Por isso, a dissipação de potência na

resistência externa cresce, compensando a queda da

corrente, fazendo com que a dissipação no resistor

interno decaia mais rápido. Vemos ainda que a

maior parte da potência gerada não é aproveitada

pelos componentes resistivos do circuito, pois, sua

maior parte é transformada em calor na própria

fonte, sendo assim, “perdida”.

Quando os valores das resistências são iguais, a

corrente continua caindo, mas ainda assim é a

mesma em ambos resistores. Com isso, a diferença

de potencial nos resistores é a mesma, resultando

numa igualdade entre as potências dissipadas. Com

essa igualdade na dissipação, tem-se que a potência

total gerada acaba sendo dissipada 50% em cada

resistor. Embora tenha-se a máxima transferência

de potência para o resistor externo, percebemos que

a eficiência da fonte não é máxima. Isso é

facilmente evidenciado ao ver a igualdade da

dissipação das potências, onde metade da potência

gerada foi dissipada na própria fonte em forma de

calor. Assim, apenas 50% da potência gerada foi

realmente aproveitada e utilizada pela carga

resistiva.

A partir do momento em que o valor da

resistência externa é maior que o da resistência

interna, vemos que a corrente decai de uma forma

mais abrupta. Com isso, a diferença de potencial no

resistor interno decaiu mais que a diferença de

potencial no resistor externo. Como R é maior que

r, a maior parte da potência gerada passou a ser

dissipada no resistor externo. Portanto, ambas as

curvas passaram a ter um comportamento

decrescente, pois não houve mais a necessidade de

compensar a queda da corrente como na situação

em que a resistência interna tem um valor maior

que a externa, visto que em r a potência decai muito

mais rápido do que em R.

Assim, podemos perceber que quando o valor

do resistor interno à fonte for muito menor que o

valor do resistor externo, quase toda a potência

gerada pela fonte será efetivamente transferida e

dissipada em R. Embora o resistor interno ainda

dissipe uma fração da potência gerada, está é muito

pequena ao ser comparada com a potência que foi

Page 9: Relatório Força Eletromotriz e Resistência Interna de Fontes

dissipada no resistor externo, podendo assim ser

desprezada.

Conclusão

O experimento realizado teve como objetivo

principal determinar a força eletromotriz e a

resistência interna de uma fonte de tensão real,

além de verificar o teorema da máxima

transferência de potência.

A determinação da força eletromotriz e da

resistência interna da fonte deu-se através da

passagem de corrente elétrica em um circuito

contendo uma resistência externa R. Com isso,

medindo a corrente e a queda de tensão nos

resistores, foi possível plotar um gráfico linear da

resistência externa em função do inverso da

corrente. Através deste gráfico foi possível

determinar experimentalmente o valor da força

eletromotriz da fonte utilizada no experimento e,

também, o valor da resistência interna, obtendo

1,5458 V e 216,69 Ω.

Ao comparar os valores ajustados graficamente

neste trabalho com os valores medidos previamente

com o auxilio dos multímetros para a confecção da

tabela (1), obteve-se um erro relativo percentual de

0,27% para a força eletromotriz e de 0,14% para a

resistência interna.

Além disso, pôde-se demonstrar que a corrente

elétrica que flui pelo circuito e a queda de tensão

nos resistores são funções das cargas resistivas

presentes neste. Como a força eletromotriz e o valor

da resistência interna da fonte são fixas, teve-se

que, com o aumento do valor da resistência externa,

a corrente decaiu, enquanto a tensão mostrou ter um

comportamento diretamente proporcional ao valor

da resistência.

Para verificar o teorema da máxima

transferência de potência, foram plotados gráficos

que relacionam as potências dissipadas nos

resistores interno e externo com a variação dos

resistores externos.

Analisando estes gráficos, foi detectado um

ponto em que a potência dissipada no resistor

externo foi máxima. Este ponto ocorreu quando os

valores das resistências foram igualadas, obtendo

uma potência útil de ~5,50 x 10-3

W. A fonte

deveria acabar fornecendo toda a sua potência para

o circuito e a dissipando por completo na carga

resistiva. Entretanto, na prática, esta situação não

ocorreu. Metade da potência total gerada pela fonte

acabou sendo dissipada em forma de calor nela

mesma, forçando-a a gerar energia elétrica.

Para evitar esta perda de potência, aumentando

a eficiência do uso da fonte, é aconselhável fazer

com que a resistência interna da fonte seja quase

nula, isto é, ao ser comparada com a resistência

externa, a potência dissipada na fonte é desprezível.

Assim, praticamente toda a potência gerada acaba

sendo transformada em potência útil e sendo

dissipada no resistor externo, tendo máxima

eficiência.

Portanto, quando trabalhando com sistemas

eletrônicos, quer-se que a perda de energia seja a

mínima possível. Faz-se, então, que o valor das

resistências dos receptores sejam igualadas ao valor

da resistência interna, aproveitando quase os 100%

da potência gerada.

De um modo geral, pôde-se concluir que os

resultados obtidos foram satisfatórios.

Referências

[1] Fundamentos de Física, vol. 3: Eletromagnetismo/

Halliday, Resnick, Jearl Walker; tradução e revisão técnica

Ronaldo Sérgio de Biasi. – Rio de Janeiro: LTC, 2009.

[2] Nussenzveig, Herch Moysés – Curso de Física Básica –

vol. 3: Eletromagnetismo. 4ª Edição – São Paulo: Edgard

Blücher, 2002.

[3] Feynman, R. P.; Leighton, R. B.; Sands, M. – Lectures

on Physics – vol. 2: Eletromagnetism and Matter – CALTECH,

1964.