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AEV Associação Educacional de Vitória FISP Faculdades Integradas São Pedro UCCMS Unidade de Conhecimento Ciências Médicas e Saúde Curso de Psicologia Aguilar Vieira Souza Érica Lima e Silva Iana Rodrigues da Silva Rosa Samuel Teixeira Passamani Silvia Campos Brunetti Spagnol Suzane Berger RELATÓRIO II DO TRABALHO DE CAMPO DISCIPLINA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO III 2ª. ETAPA GRUPO FOCAL Vitória, 07 de maio de 2012.

relatório II psicologia do desenvolvimento III

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  • AEV Associao Educacional de Vitria

    FISP Faculdades Integradas So Pedro

    UCCMS Unidade de Conhecimento Cincias Mdicas e Sade

    Curso de Psicologia

    Aguilar Vieira Souza

    rica Lima e Silva

    Iana Rodrigues da Silva Rosa

    Samuel Teixeira Passamani

    Silvia Campos Brunetti Spagnol

    Suzane Berger

    RELATRIO II DO TRABALHO DE CAMPO

    DISCIPLINA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO III

    2. ETAPA GRUPO FOCAL

    Vitria, 07 de maio de 2012.

  • RELATRIO II DO TRABALHO DE CAMPO

    2. ETAPA GRUPO FOCAL

    Prof. Ms. Maria Dolores Pinheiro

    IDENTIFICAO

    Nome do Grupo: Projeto Faesa 3. Idade Educao Continuada.

    Data do trabalho de campo: 07/05/12

    Horrio do trabalho de campo: 15h30min.

    Durao total doa aula prtica: 1h00min.

    1.0 Atividade: 2 visita a um grupo de idosos grupo focal

    Esta atividade prtica consta da 2. visita ao grupo de idosos do Projeto Faesa 3. Idade

    Educao Continuada, que se rene todas s segundas e quartas feiras, no horrio de 14h a

    17h20minh, no prdio da Ps Graduao Faesa, na Av. Vitria, 2084. Este grupo se rene

    para fins acadmicos de educao continuada, tendo aulas das disciplinas de Espanhol,

    Informtica, Conhecimentos Gerais, Expresso Corporal, Oficina de Memria e Educao

    Ambiental, alm do desenvolvimento da integrao grupal.

    Nossos objetivos nesta segunda etapa so o desenvolvimento de um grupo focal, uma

    espcie de entrevista coletiva, com objetivo especfico de coleta de dados sobre o que seja

    envelhecer para estes sujeitos, a fim de conhecer o processo de desenvolvimento na velhice

    a partir dos sujeitos que o experimentam, alm de identificar um tema para organizar a

    terceira e ultima visita deste trabalho de campo.

    2.0 Visita Realizada Descrio da 2. Etapa do Trabalho de Campo.

    Foi desenvolvido um grupo focal, uma entrevista coletiva com o grupo de idosos do

    Projeto Faesa 3. Idade Educao Continuada, onde os alunos de Psicologia componentes

    do trabalho se apresentaram, explicaram como funciona o grupo focal, em que cada sujeito

    expe sua vivncia, suas ideias sobre o tema em pauta com objetivo final de construir um

    diagnstico coletivo sobre o tema. Os alunos propuseram o incio da atividade de coleta de

  • dados, estimulando a participao de todas as componentes do grupo de idosos e

    ressaltando a importncia de expressarem seu pensamento para o objetivo acadmico do

    trabalho, a formao de uma construo sobre o tema Envelhecimento a partir das

    vivncias daquele grupo. Os alunos agradeceram antecipadamente a colaborao das

    participantes para a sua formao universitria, em especial para a conscincia crtica em

    relao ao processo de envelhecimento e aos sujeitos que vivenciam estes processos.

    As etapas desta visita foram, num primeiro momento, a apresentao dos

    componentes do curso de psicologia e a explicao sobre o procedimento a ser executado, o

    grupo focal e a coleta de dados.

    O material utilizado nesta etapa foi composto por cadernos de anotaes e canetas,

    uma mquina fotogrfica e celular para gravao da entrevista coletiva.

    O ambiente da atividade foi a sala de aula do grupo do Projeto FAESA 3 Idade Educao

    Continuada, composto por mesa do professor e cadeiras dispostas em crculo.

    Esta etapa do trabalho de campo, grupo focal, foi realizada dia 07/05/2012, tendo incio s

    15h30min e sendo finalizada s 16h30min.

    Os componentes do Grupo Focal foram Silvia (entrevistadora), Aguilar (moderador), Erica,

    Samuel, Iana e Suzane (observadores), todos do 3. Perodo de Psicologia Faesa, alm do

    grupo do Projeto Faesa 3. Idade Educao Continuada, mulheres de com idades diversas

    acima de 60 anos, que foram as entrevistadas.

    3.0 Objeto do Trabalho de Campo Grupo Focal:

    Conforme combinado, aps a explicao do procedimento de entrevista coletiva pela

    entrevistadora Silvia, o moderador Aguilar fez a seguinte pergunta: Queremos saber, na

    viso das senhoras, o que envelhecer? A partir deste momento, num clima informal de

    troca de relato de suas vivncias, as senhoras integrantes do grupo de Educao continuada

    comearam a falar sobre o que sentiam e achavam ser envelhecer, ora sendo

    complementadas umas pelas outras, ora sendo interrompidas por uma ou outra observao

    relevante de outra colega, impresses estas que os observadores anotaram e passam a

    relatar, como segue:

    Moderador Aguilar: Queremos saber, na viso das senhoras, o que envelhecer?

    Participante A: O termo envelhecer, para mim, soa pesado, mas ao mesmo tempo, t

  • envelhecendo... coisa normal ter 50, 60,63... minha experincia pessoal, me com Alzheimer,

    para ela envelhecer era coisa horrvel. Ela tinha horror terceira idade, no gostava de falar,

    ficou um rano em mim... Tento trabalhar isso, tento que no seja pesado, um fardo pra mim.

    Envelhecer tem coisa boa... ser avo uma coisa prazerosa...ser mais cuidadosa. Tem coisas

    muito boas, mas tem dificuldades tambm: falta agilidade, no tenho mais 30 anos, tenho 63,

    mas as vezes a cabea no pensa assim... Tenho que fazer as coisas de acordo com minha

    idade, apesar de no sentir .

    Participante B: Tambm tenho me com Alzheimer e minha me odiava ficar perto de

    velho, mame no se preparou, s gostava de ter amigas mais novas. Temos que nos

    preparar para a velhice... velhice mesmo, no tem jeito... Procuro tirar tudo de letra, sou

    feliz, os problemas que me preocupavam antes no me preocupam mais, as dores, as

    dificuldades, tem que se adaptar...

    Participante C: Para mim, envelhecer passar o tempo, no sinto muito essas fases. A

    vida passar o tempo. J me preocupei quando tinha 25, 30 anos. O que a terceira idade?

    S colocaram esses rtulos. No sinto isso. O que me preocupa o que vem por a, com a

    idade avanada, vem a doena. Vejo o trabalho estressante que cuidar da me doente,

    chorar sozinha s vezes por quem est sofrendo, o dia-a-dia, desgaste emocional...Meu

    medo ter estas experincias, falta de atividade, de andar, pessoa com quem conversar...

    Minha me no gostava de grupo de terceira idade, trabalhava em escola, era comunicativa,

    no focava em terceira idade... Para mim, o tempo passar no problema. Quando algum

    morre, a gente quer que o tempo passe rpido mesmo, fica muito ligado. O que preocupa a

    doena, meu medo a doena, impossibilidade de andar, de resolver minhas questes.

    Participante D: As pessoas quando falam projeto de terceira idade, isso causa

    preconceito, no querem se aproximar. Rtulo de terceira idade que o problema. Melhor

    idade, idade especial... Envelhecer passar pelas etapas da vida, com problemas e alegrias,

    e vencer as etapas. Pra mim um privilgio chegar nessa etapa. No foi fcil chegar at

    aqui. Com 40 anos tinha a ansiedade: ser que chego l...ver os filhos na faculdade...vou

    conhecer os netos?... Ser que vou ter essa alegria? Hoje, com 70 anos, estou realizada!

    Vendo os netos crescidos, formados, Antes, os velhos de 50 anos estavam na cadeira de

    balano, as velhas de coque e vestidinho... um privilgio chegar at aqui, o aprendizado...

  • O que tenho que fazer viver o hoje, curtir o dia, estamos vivendo melhor... pois nos

    livramos de algumas obrigaes... cuidar dos pais prazeroso, mas cruel... Velhice tem

    coisas duras: ter vrios filhos no garantia de que ser cuidado na velhice... Ter condio

    financeira boa no quer dizer que terei condio de ter sade. uma coisa que est

    colocada a, o que vier lucro nessa idade. H vinte, dez anos, onde podamos imaginar

    estar hoje: entramos no Facebook, trocamos e-mail... Isso era tabu antes... Agora, terceira

    idade, na mdia e na teoria bonito, mas na prtica no assim no: crianas e idosos

    sofrem abusos nesse pais... A maior preocupao ter sade e qualidade de vida... tenho

    amigas que no aguentaram, que se suicidaram ao chegar terceira idade. Uma amiga no

    conseguiu lidar... filho vai embora... marido morre... O Brasil no se preparou pra cuidar de

    tantos idosos. No andamos cem metros sem topar com idosos. O Brasil envelheceu e no

    tem profissional pra cuidar... Com o Estatuto, o idoso t saindo de casa, indo ao teatro,

    cinema...

    Participante interrompe: ... baile da terceira idade... vocs viram no jornal... senhora de

    104 anos na festa... nem parecia ter aquela idade...

    Participante D completa: Vou dizer outra coisa, para envelhecer, a gentica ajuda. Tem

    que ter gentica...

    Participante E: Acabei de completar 67 anos, acho que estou vivendo a melhor fase da

    minha vida, no tenho filhos, no fui casada, mas tenho uma famlia grande, minha me est

    com 90 anos e est bem, gosta de forr... eu tenho essa gentica boa...Eu estou bem, com

    limitaes, no sou to boa no que eu fao como eu era antes, dificuldades para costurar,

    estou mais lenta, estou na terceira idade ...

    Participante F: Tenho problemas de me com Alzheimer tambm, sou irm de participante

    D, tem horas que paro pra pensar calada, chorar, porque penso como mame era dinmica e

    teve Alzheimer, imagina eu, como vou ficar! Por outro lado penso, ser que tenho que

    trabalhar como ela trabalhava...? Hoje vou pra hidroginstica, venho pra Faesa refrescar a

    mente...

    Outras Participantes comentam: agora melhor ir pra hidroginstica...

  • Participante F continua: O medo e ficar igual a ela (me). Visito minha me e choro. Vou

    fazer 69 anos. Por outro lado, tenho um monte de rascunho da Bblia na famlia... l em Belo

    Horizonte....

    Outras Participantes comentam: rascunho da Bblia? Que isso?

    Participante F continua: gente, rascunho da Bblia mesmo... a mais nova tem 82 anos!

    Participante G: O que dizer dos meus 81 anos? No me sinto com 81 anos. Paro para

    pensar, minhas filhas com 55, elas esto ficando mais velhas do que eu. No me preocupo

    com isso. Um dia, pode acontecer de eu morrer de repente... procuro no me preocupar. Vou

    ao teatro com minhas netas, como de tudo... Minha me faleceu com 63 anos, de embolia

    pulmonar, depois de fazer uma plstica. Era muito bonita, vaidosa... foi um golpe.Isso me

    baqueou muito. Mas eu tinha filhos pra criar, trabalhando, fui criando os filhos, cuidei de

    marido, filhos foram casando, netos chegando e no percebi que estava envelhecendo, e

    no me preocupei mais com isso, no tive problemas maiores. Tenho 11 netos, 3 que

    terminaram a faculdade, todos estudados, com sade. Fiz tudo sempre com limite. Se pode

    passear, gastar, gasta, se no pode, no gasta... Est bom assim mesmo. Um dia tenho que

    me preparar, mas creio que irei encontrar minha famlia, meus pais l, enfim, no acaba aqui.

    O tempo vai passando, estou tranquila aqui, ameniza os problemas, as amizades, passa o

    tempo vir pra Faesa. Ajuda a no sentir a idade.

    Outra participante interrompe: ela toma cervejinha, fica toda bonita no calado de

    Guarapari, outro dia encontrei ela l, com as netas, uma mais linda que a outra...

    Participante G continua: Fiz festa de 80 anos, filmagem, dancei valsa com os filhos todos e

    com o marido. Felicidade completa aos 80 anos. Era minha, no dependia de ningum.

    Mediador pergunta: Qual a receita? Fao o que tenho vontade, esquecer problemas, ver

    novela, viajar, essa e a receita...

    Outra participante completa: Alguns sonham coisas muito alm, tem projetos muito

  • grandes, perdem a felicidade do que esta perto... Envelhecer tem uma parte muito boa, a

    sabedoria, ela tudo pra lidar com as coisas que aparecem, dores, problemas, dificuldades.

    Para passar por isso temos que usar a sabedoria.

    Participante H: Tenho 63 anos, fase boa, tem horas que penso na vida, tem os problemas.

    Minha me tem 84 anos, meu pai 90, no tomam remdios e tem vitalidade. Tenho quatro

    irmos, famlia alegre, todos fazem festa, sempre tem muita gente. Meus pais tm 65 anos

    de casados e so meu exemplo de vida. Esta e minha melhor fase... tenho grupo de amigos

    que saio pra danar, apesar da distenso no p Dano, caminho, fao hidroginstica. Mudei

    nesta idade, estou bem, meus irmos mostram fotos de outras pocas e no quero ver as

    fotos do passado. Estava sofrida, estou melhor agora. A vida daqui pra frente sei que vou

    envelhecer com sade e sendo feliz. Importante envelhecer com dignidade e sabedoria.

    Participante I: Para mim, uma das melhores coisas foi entrar nesse grupo. maravilhoso.

    Sou cheia de dor, mas chego aqui e esqueo tudo. Fico to feliz... o marido esta doente, mas

    saio com as filhas, viajo e vou levando a vida.

    Participante B: e pra fechar, vou contar uma piada: o velho vai ao medico reclamando da

    perna dolorida. O medico analisa, procura, faz exame, por fim diz ao paciente:- No achei

    nada no, seu Joao, isso da idade... E ai o velho responde:- mas doutor, a outra perna tem

    a mesma idade!

    Participante C: s pra completar, quero falar que ter esperana me ajuda muito. Quando

    formos... encontrar com os outros que j se foram, ajuda muito. Nasci catlica, deixei, voltei,

    e essa esperana de depois dessa vida, ver, tocar, ouvir a voz, uma esperana doce e me

    ajuda a seguir em frente, sem medo de morrer. . muito ruim no ter a expectativa da vida

    eterna. Temos que ter essa esperana, temos que segurar. No tenho certeza, mas continuo

    com esperana...

    Aps o termino das colocaes, o mediador props uma salva de palmas a todas e

    agradeceu a coragem de falarem, de trazerem o sentimento delas sobre este assunto.

    Foi combinado ainda que a terceira etapa do trabalho de campo ser realizada na ultima

  • semana de maio, provavelmente dia 28/05/2012, tendo incio por volta das 15h00min, com

    trmino provvel s 16h30min.

    4.0 Percepes dos Pesquisadores:

    Foi um momento muito proveitoso para todos os componentes do grupo de Psicologia,

    em que puderam receber as impresses de cada sujeito entrevistado, a experincia de

    vivenciar cada sujeito dando significado ao seu prprio processo de envelhecer, buscando no

    passado, refletindo sobre seus modelos de idoso (pais, parentes que j se foram) e

    contribuindo para formar coletivamente o conceito daquele grupo sobre o que envelhecer.

    Interessante perceber que as falas mantem a ideia de que elas esto em um momento

    bom, no melhor momento, que devem viver o presente, confirmando o tom otimista do grupo

    pesquisado.

    Chamou-nos a ateno as recorrentes referncias aos mais velhos, s mes das

    entrevistadas, que nos fazem refletir que o velho, neste processo de envelhecer do sujeito,

    antes dele mesmo, a referencia do mais velho, o que est mais avanado neste processo,

    o pai, a me.

    5.0 Aspectos Tericos:

    Para a composio desta etapa do trabalho de campo, faz-se necessrio recorrer ao

    conceito de grupo focal e de sua aplicao como tcnica de coleta de dados, para

    entendimento dos objetivos propostos.

    Conforme Spnola e Andr, grupo focal ou grupo foco,

    Assemelha-se a um painel, constituindo uma modalidade de entrevista

    simultnea, realizada com varias pessoas; estas so estimuladas a se

    manifestarem sobre um determinado assunto; tem por base uma conversa

    informal, mas e desenvolvida sob o controle do pesquisador de forma logica.

    No grupo foco, a entrevista deve ser preparada e conduzida de forma que todos

    participem. A pergunta objeto da entrevista deve ser clara aos participantes, e se espera que

    participem de uma construo, de uma discusso conjunta, com objetivo de propiciar aos

  • experimentadores um diagnostico coletivo sobre o assunto pesquisado.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:

    ANDRE, L.M., SPINOLA, A. W. P., Estratgia de coleta de dados Grupo Foco. So Paulo:

    USP, 2002.

    BRASIL, Estatuto do idoso: lei federal n 10.741, de 01 de outubro de 2003. Braslia, DF:

    Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004.