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1. Introdução
Um dos desafios associados à durabilidade de componentes mecânicos
é a oxidação. Alguns destes componentes, como turbinas de avião ou de
centrais térmicas, tem esse efeito agravado pelas altas temperaturas em que
operam sendo necessário, portanto, o desenvolvimento de tecnologias capazes
de prevenir ou minimizar o efeito da oxidação. Um processo já bastante
utilizado é a aluminização da peça de superligas à base de Ni, que consiste em
enriquecer a superfície do material com Al e oxidá-lo a temperaturas elevadas
para a formação de uma de película de alumina estável. Sua limitação está
relacionada à influencia do Al nas propriedades mecânicas da liga sobre a qual
é depositado.
O objetivo é analisar a perda de massa após a oxidação das superligas
de Ni aluminizadas.
2. Materiais e Métodos
Foram utilizadas amostras de Ni-183 processadas pro PTA e
seccionadas em uma cortadora metalográfica. A rugosidade da superfície foi
imposta por lixamento manual com lixas de carbeto de silício com
granulometria #600. A limpeza foi realizada por ultrassom em banhos de
acetona, álcool e água que tiveram duração de 5 minutos em cada etapa.
Durante todo o processo as amostras foram armazenadas em potes e
identificadas por envelopes enumerados, seu manuseio se deu apenas com
luvas e pinças a fim de evitar contaminação.
A mistura de pós utilizada na aluminização foi composta por 77% de
alumina, 20% de alumínio e os 3% restantes de cloreto de amônio. Os pós,
ainda não misturados, foram deixados na estufa por um período de 6 horas. A
mistura foi feita por um período de 12 horas, para se obter uniformidade de
composição.
Foram colocados seis gramas de pó em cada um dos cinco cadinhos de
25ml e, sobre um suporte tipo colmeia, quatro amostras foram dispostas do
forma a não haver contato mútuo (Fig. 2.1 (a)). A temperatura de aluminização
foi de 950ºC, mantida por um período de 6 horas. O tempo total do processo
leva em conta também o tempo de aquecimento e de resfriamento do forno e
da amostra a taxas de aquecimento e resfriamento de 20 e 10ºC/min,
respectivamente. Como forma de evitar a oxidação da liga, foi introduzido um
fluxo de Argônio de 10m³/min nos primeiros 5 minutos e 2,5m³/min até o forno
alcançar a temperatura de 300ºC, a partir da qual o fluxo foi interrompido.
(a) (b)
Fig. 2.1 - Representação esquemática das amostras e cadinhos de 25ml na
aluminização (a), pré-oxidação e oxidação (b).
Para a pré-oxidação, as amostras foram dispostas individualmente em
cadinhos (Fig. 2.1 (b)) e mantidas a 1100ºC por 1 hora. As taxas de
aquecimento e resfriamento foram as mesmas da aluminização. As amostras
foram pesadas e posteriormente serão analisadas quanto à espessura da
camada de alumina formada e rugosidade resultante, microdureza e
concentrações frontais e transversais. Parte das amostras pré-oxidadas foram
reservadas para futuras análises. Após esta etapa, as amostras foram
levemente lixadas com lixas de carbeto de silício com granulometria #600 a fim
de se obter uniformidade da superfície.
A oxidação se deu isotermicamente com temperaturas variando de 700 a
1200°C em intervalos de 125°C. Três amostras foram dispostas
individualmente em cadinhos de 25ml (Fig. 2.1 (b)) e permaneceram no forno
por um período de oito horas para o processo de oxidação, mais cerca de 5
horas de resfriamento e aquecimento ambos dentro do forno. Foram pesadas
imediatamente após serem retiradas do forno.
3. Resultados e Discussão
A tabela 3.1 dá os resultados referentes à análise de variação de massa das amostras depois da oxidação para cada faixa de temperatura:
Temperatura de oxidação
700°C 825°C 950°C 1075°C
1200°C
Porcentagem de massa
perdida
1,059 1,722 1,296 1,333 2,0091,930 0,724 1,079 1,091 1,2030,695 1,240 1,467 1,497 1,233
Média 1,228 1,229 1,281 1,307 1,481Desvio padrão
0,635 0,499 0,194 0,204 0,457
Tabela 3.1 - Massa das amostras antes e depois da oxidação em cada temperatura e média da perda de massa.
O Gráfico 3.1 mostra a relação entre a variação de massa durante a exposição e a temperatura de oxidação. Os resultados sugerem um comportamento exponencial tendo-se um aumento significativo da massa para a T de teste mais elevada.
600 700 800 900 1000 1100 1200 13001.000
1.100
1.200
1.300
1.400
1.500
1.600
Temperatura (°C)
Perd
a de
mas
sa (%
)
Gráfico 3.1 - Relação entre a variação de massa e a temperatura de oxidação.
Por outro lado, se for considerado a dispersão dos resultados do gráfico 3.2, a faixa de resultados induz a pensar que nos tempos de testes, independente da T, o filme de óxido está se formando e ainda não estabilizou. Sugerindo que uma avaliação mais detalhada se faz necessária para determinar o mecanismo de crescimento do óxido de alumínio.
700 825 950 1075 12000.000
0.500
1.000
1.500
2.000
2.500
Temperatura (°C)
Mas
sa p
erdi
da (%
)
Gráfico 3.2 - Médias, valores máximos e mínimos da porcentagem de massa perdida para cada temperatura.
4. Conclusão
A variação de massa com a temperatura de oxidação sugere um comportamento exponencial com um crescimento significativo do óxido para a temperatura de teste mais elevada, 1200C. Entretanto, considerando a dispersão dos resultados, estes dados preliminares sugerem que a camada de óxido formada deve ser bastante irregular resultando em uma variação de massa que é independente da temperatura, o que parece bastante improvável, principalmente considerando a grande dependência dos mecanismos de difusão, envolvidos na formação do óxido, da temperatura.