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PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROJECTO DE TRANSPORTE DE ENERGIA DA ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE) FASE 1: VILANCULOS - MAPUTO ESTUDO DE P-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DO ÂMBITO RELATÓRIO PRELIMINAR Preparado para: Preparado por: Electricidade de Moçambique, E.P. Consultec – Consultores Associados, Lda. WSP / Parsons Brinckerhoff Abril 2017

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PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROJECTO DE TRANSPORTE DE ENERGIA DA

ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE)

– FASE 1: VILANCULOS - MAPUTO

ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DO ÂMBITO

RELATÓRIO PRELIMINAR

Preparado para: Preparado por:

Electricidade de Moçambique, E.P. Consultec – Consultores Associados, Lda.

WSP / Parsons Brinckerhoff

Abril 2017

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar ii

PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL DO PROJECTO DE TRANSPORTE DE ENERGIA DA

ESPINHA DORSAL DO SISTEMA NACIONAL DE TRANSPORTE DE ENERGIA (PROJECTO STE)

– FASE 1: VILANCULOS - MAPUTO

ESTUDO DE PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DO ÂMBITO

RELATÓRIO PRELIMINAR

Electricidade de Moçambique, E.P.

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Abril 2017

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar iii

ÍNDICE GERAL

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

1.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ...................................................................................................... 1

1.2 PROPONENTE DO PROJECTO .................................................................................................. 1

1.3 CONSULTOR AMBIENTAL ........................................................................................................ 2

1.4 OBJECTIVO DO RELATÓRIO..................................................................................................... 3

1.5 ESTRUTURA DO RELATÓRIO ................................................................................................... 4

2 ENQUADRAMENTO LEGAL E ADMINISTRATIVO .................................................................... 5

2.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 5

2.2 QUADRO DE DESENVOLVIMENTO NACIONAL ............................................................................ 5

2.2.1 Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035) .............................................. 5

2.2.2 Plano Quinquenal do Governo (2015-2019) .............................................................. 6

2.2.3 Plano Económico e Social para 2017 ........................................................................ 7

2.2.4 Estratégia do Sector da Energia ................................................................................ 7

2.3 ENQUADRAMENTO ADMINISTRATIVO ....................................................................................... 8

2.3.1 Sector da Energia ....................................................................................................... 8

2.3.2 Autoridades Ambientais.............................................................................................. 8

2.4 ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO ............................................................................................. 9

2.5 CONVENÇÕES INTERNACIONAIS RELEVANTES .......................................................................15

2.6 DIRECTRIZES E POLÍTICAS INTERNACIONAIS ..........................................................................18

2.6.1 Politicas Operacionais de Salvaguarda do Banco Mundial ...................................... 18

2.6.2 Padrões de Desempenho do IFC ............................................................................. 19

2.6.3 Directrizes de Ambiente, Saúde e Segurança do Banco Mundial/IFC .................... 20

2.6.4 Princípios do Equador .............................................................................................. 20

2.6.5 Grupo de Energia de África Austral .......................................................................... 21

3 METODOLOGIA GLOBAL DE AIAS ..........................................................................................22

3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................22

3.2 VISÃO GERAL DO PROCESSO DE AIAS .................................................................................22

3.3 FASE 1: INSTRUÇÃO DO PROCESSO ......................................................................................24

3.4 FASE 2: EPDA ....................................................................................................................24

3.4.1 Objectivos do EPDA ................................................................................................. 24

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar iv

3.4.2 Relatório de EDPA ................................................................................................... 25

3.4.3 Processo de Participação Pública do EPDA ............................................................ 26

3.4.4 Submissão do EPDA ao MITADER .......................................................................... 27

3.5 FASE 3: EIA ........................................................................................................................28

3.5.1 Objectivos do EIA ..................................................................................................... 28

3.5.2 Relatório de EIA ....................................................................................................... 28

3.5.3 Estudos de Especialidade ........................................................................................ 29

3.5.4 Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) .......................................................... 29

3.5.5 Processo de Participação Pública do EIA ................................................................ 30

3.5.6 Submissão do EIA ao MITADER .............................................................................. 30

4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ...................................................................................................31

4.1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................31

4.2 VISÃO GERAL DO PROJECTO ................................................................................................31

4.2.1 Objectivo e Justificação ............................................................................................ 31

4.2.2 Localização Administrativa do Projecto.................................................................... 33

4.2.3 Alternativas de Projecto............................................................................................ 35

4.3 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ...................................................................................................37

4.3.1 Componentes Principais do Projecto ....................................................................... 37

4.3.2 Descrição das Componentes de Projecto ................................................................ 37

4.3.3 Fase de Construção ................................................................................................. 44

4.3.4 Fase de Operação .................................................................................................... 46

4.3.5 Fase de Desactivação .............................................................................................. 48

4.3.6 Valor de Investimento ............................................................................................... 48

4.4 CALENDÁRIO DE PROJECTO .................................................................................................48

5 ÁREAS DE INFLUÊNCIA PRELIMINARES DO PROJECTO ....................................................49

5.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................49

5.2 ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRECTA (AID) ....................................................................................49

5.3 ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRECTA (AII) ...................................................................................50

6 CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA ...........................................................52

6.1 AMBIENTE FÍSICO.................................................................................................................52

6.1.1 Clima......................................................................................................................... 52

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar v

6.1.2 Qualidade do Ar ........................................................................................................ 58

6.1.3 Ruído ........................................................................................................................ 67

6.1.4 Geologia e Geomorfologia ....................................................................................... 71

6.1.5 Solos ......................................................................................................................... 77

6.1.6 Recursos Hídricos .................................................................................................... 81

6.1.7 Paisagem .................................................................................................................. 84

6.2 AMBIENTE BIÓTICO ..............................................................................................................87

6.2.1 Flora e Vegetação .................................................................................................... 87

6.2.2 Fauna........................................................................................................................ 92

6.2.3 Áreas de Conservação ............................................................................................. 97

6.2.4 Habitats Naturais, Modificados e Críticos ................................................................ 99

6.2.5 Serviços de Ecossistema ....................................................................................... 103

6.3 AMBIENTE SOCIOECONÓMICO .............................................................................................104

6.3.1 Descrição Geral ...................................................................................................... 105

6.3.2 Património e Cultura ............................................................................................... 105

6.3.3 Demografia ............................................................................................................. 106

6.3.4 Educação ................................................................................................................ 107

6.3.5 Saúde ..................................................................................................................... 108

6.3.6 Uso do Solo ............................................................................................................ 108

6.3.7 Habitação ............................................................................................................... 109

6.3.8 Serviços Básicos e Infra-estruturas ........................................................................ 110

6.3.9 Actividades Económicas......................................................................................... 112

7 IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS E FALHAS FATAIS .....................................115

7.1 IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS .............................................................................................115

7.2 IMPACTOS DA FASE DE DESACTIVAÇÃO ...............................................................................123

7.3 IMPACTOS CUMULATIVOS ...................................................................................................123

7.4 PRINCIPAIS IMPACTOS A AVALIAR NO EIA ............................................................................123

7.5 ANÁLISE DE FALHAS FATAIS ...............................................................................................124

8 TERMOS DE REFERÊNCIA PARA O EIA ...............................................................................125

8.1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................125

8.2 OBJECTIVOS DO EIA ..........................................................................................................125

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar vi

8.3 ESTRUTURA E ÂMBITO DO EIA ............................................................................................125

8.4 ABORDAGEM À AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS .........................................................126

8.5 EQUIPA PROPOSTA PARA O EIA .........................................................................................126

8.6 TERMOS DE REFERÊNCIA PARA OS ESTUDOS DE ESPECIALIDADE .........................................127

8.6.1 Qualidade do Ar ...................................................................................................... 128

8.6.2 Ruído ...................................................................................................................... 129

8.6.3 Recursos Hídricos .................................................................................................. 130

8.6.4 Paisagem ................................................................................................................ 130

8.6.5 Biodiversidade ........................................................................................................ 131

8.6.6 Socioeconomia ....................................................................................................... 133

8.6.7 Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico ........................................... 133

8.6.8 Outras Avaliações .................................................................................................. 134

8.7 METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE IMPACTOS .......................................................................134

8.8 PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO PÚBLICA ..............................................................................137

9 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................................139

10 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................141

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 3.1 – Visão global do Processo de AIAS para projectos de Categoria A ..............................24

Figura 4.1 – Localização administrativa do Projecto ........................................................................34

Figura 4.2 – Exemplo e esquema de torre de suspensão em V com espias ...................................38

Figura 4.3 – Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante ...........................................38

Figura 4.4 – Exemplo e esquema de torre de tensão autoportante..................................................39

Figura 4.5 – Locais de implantação das subestações propostas .....................................................40

Figura 4.6 – Exemplos de um layout típico de subestação (esquerda) e entrada dos condutores (direita) ..............................................................................................................................................41

Figura 4.7 – Exemplos de um transformador típico (esquerda) e edifícios de escritórios na subestação (direita) ...........................................................................................................................41

Figura 5.1 – Áreas de influência preliminares do Projecto ...............................................................51

Figura 6.1 – Classificação climática de Moçambique de acordo com Köppen .................................53

Figura 6.2 – Temperaturas médias mensais .....................................................................................54

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar vii

Figura 6.3 – Precipitação média mensal ...........................................................................................55

Figura 6.4 – Velocidade média do vento na região do Projecto (1968-2006) ..................................56

Figura 6.5 – Humidade relativa média mensal ..................................................................................56

Figura 6.6 – Principais depressões tropicais no Oceano Índico em 2013 e 2014 ............................57

Figura 6.7 – Emissões totais de Moçambique em 2000 ...................................................................60

Figura 6.8 – Distribuição da concentração de PM2.5 (µg/m3) ..........................................................61

Figura 6.9 – Concentração de fundo de NO2 ao nível do solo..........................................................62

Figura 6.10 – Rede rodoviária existente ao longo do corredor de Projecto .....................................64

Figura 6.11 – Receptores sensíveis nas proximidades da área urbana de Magude ........................65

Figura 6.12 – Locais povoados localizados na proximidade do Projecto STE Fase 1 .....................70

Figura 6.13 – Estruturas de Rift afectando a base da Bacia de Moçambique ..................................72

Figura 6.14 – Corte esquemático Oeste-Este da geologia da Bacia Costeira de Moçambique. Escala exagerada no eixo vertical.....................................................................................................73

Figura 6.15 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto ...................................................74

Figura 6.16 – Epicentros de actividade sísmica em Moçambique ....................................................76

Figura 6.17 – Mapa de risco sísmico em Moçambique.....................................................................77

Figura 6.18 – Unidades de solo interceptadas pelo Projecto ...........................................................78

Figura 6.19 – Mapa de risco de erosão de Moçambique ..................................................................80

Figura 6.20 – Principais bacias hidrográficas atravessadas pelo Projecto proposto ........................82

Figura 6.21 – Uso do solo ao longo do traçado do Projecto .............................................................85

Figura 6.22 – Tipos principais de vegetação ao longo do traçado do Projecto ................................88

Figura 6.23 – Áreas Importantes para a Conservação das Aves na região do Projecto ..................97

Figura 6.24 – Áreas de Conservação na região do Projecto ............................................................98

Figura 6.25 – Categorias de habitat (natural, modificado e misto) na região do Projecto ..............100

Figura 6.26 – Áreas de Habitat Crítico na região de Projecto, de acordo com CEAGRE (2015) ...102

Figura 6.27 – Instalações industriais na Província de Maputo .......................................................113

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar viii

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1.1 – Contacto do Proponente ................................................................................................ 2

Tabela 1.2 – Contactos do Consultor Ambiental ................................................................................. 2

Tabela 1.3 – Equipe técnica responsável pela elaboração do Relatório de EPDA ............................ 2

Tabela 1.4 – Estrutura do Relatório Preliminar do EPDA ................................................................... 4

Tabela 2.1 – Principal legislação ambiental ......................................................................................10

Tabela 2.2 – Convenções internacionais relevantes ........................................................................15

Tabela 4.1 – Unidades administrativas atravessadas pelo Projecto STE Fase 1 (Vilanculos – Maputo) .............................................................................................................................................33

Tabela 4.2 – Principais características técnicas da OHL ..................................................................37

Tabela 4.3 – Requisitos da área de ocupação e fundação da torre .................................................39

Tabela 4.4 – Resumo das características técnicas das novas subestações ....................................39

Tabela 4.5 – Normas para a desmatação dentro da faixa de servidão (RoW) da OHL ...................43

Tabela 4.6 – Fases típicas da construção das linhas aéreas ...........................................................44

Tabela 4.7 – Fases típicas da construção da subestação ................................................................45

Tabela 6.1 – Estrutura da caracterização da situação de referência do EPDA ................................52

Tabela 6.2 – Padrões nacionais de qualidade do ar ambiente .........................................................58

Tabela 6.3 – Directrizes internacionais de qualidade do ar ambiente ..............................................59

Tabela 6.4 – Concentrações de fundo médias na atmosfera a uma altitude inferior a 5 km............60

Tabela 6.5 – Directrizes de Ruído Ambiente da OMS ......................................................................67

Tabela 6.6 – Directrizes de ruído ambiente do BM/IFC ....................................................................67

Tabela 6.7 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto ....................................................75

Tabela 6.8 – Chave de classificação dos solos para a área de estudo (legenda das unidades de solo) ...................................................................................................................................................79

Tabela 6.9 – Tipos principais de vegetação ao longo da RoW da linha de transporte.....................90

Tabela 6.10 – Espécies da Lista Vermelha de Flora potencialmente ocorrentes na região do Projecto .............................................................................................................................................92

Tabela 6.11 – Serviços de ecossistema típicos por habitat ............................................................103

Tabela 6.12 – Divisão administrativa das Províncias de interesse .................................................105

Tabela 6.13 – Principais religiões praticadas nas Províncias de interesse ....................................106

Tabela 6.14 – População projectada para 2016 das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo .106

Tabela 6.15 – Distribuição etária das populações das Províncias de interesse .............................107

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar ix

Tabela 6.16 – Estabelecimentos de ensino nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo ........107

Tabela 6.17 – Principais materiais de construção utilizados nas habitações das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007 .............................................................................................109

Tabela 6.18 – Lista de bens domésticos nas Províncias de interesse em 2007 ............................110

Tabela 6.19 – Serviços básicos nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007 ...........110

Tabela 6.20 – Rede rodoviária das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo ............................111

Tabela 6.21 – Propriedades agrícolas nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007 .113

Tabela 7.1 – Potenciais impactos, e suas causas, durante as fases de construção e operação do Projecto proposto ............................................................................................................................116

Tabela 8.1 – Equipa de EIA proposta .............................................................................................127

Tabela 8.2 – Critérios usados na determinação da consequência do impacto ..............................135

Tabela 8.3 – Método empregue para determinar a pontuação da consequência ..........................135

Tabela 8.4 – Classificação da probabilidade ..................................................................................135

Tabela 8.5 – Classificação da significância do impacto ..................................................................136

Tabela 8.6 – Natureza do impacto e classificação da confiança ....................................................136

Tabela 8.7 – Tipos de impactos ......................................................................................................136

Tabela 8.8 – Significância dos impactos e necessidades de mitigação .........................................137

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I – Certificado de Consultor de AIAS da Consultec

ANEXO II – Correspondência com o MITADER

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar x

ACRÓNIMOS E ABREVIATURAS

AI Área de Influência

AIAS Avaliação de Impacto Ambiental e Social

AID Área de Influência Directa

AII Área de Influência Indirecta

ANE Administração Nacional de Estradas

BM Banco Mundial

CFC Clorofluorcarbonetos

CITES Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies de Flora e Fauna

CMS Convenção sobre Espécies Migratórias

CO Monóxido de Carbono

CO2 Dióxido de Carbono

DNAB Direcção Nacional do Ambiente

DNE Direcção Nacional de Electricidade

DNG Direcção Nacional de Geologia

DPTADER Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra

EAS Estudo Ambiental Simplificado

EDM Electricidade de Moçambique, E.P.

EHS Ambiente, Saúde e Segurança (Environmental, Health and Safety)

EHV Extra Alta Tensão

EIA Estudo de Impacto Ambiental

EP1 Ensino Primário 1º Nível

EP2 Ensino Primário 2º Nível

EPDA Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito

ESG1 Ensino Secundário Geral de 1º Nível

ESG2 Ensino Secundário Geral de 2º Nível

GdM Governo de Moçambique

GEG Gases com Efeito de Estufa

GWP Potencial de Aquecimento Global (Global Warming Potential)

HVAC Corrente Alternada de Alta Tensão (High-Voltage Alternating Current)

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar xi

HVDC Corrente Continua de Alta Tensão (High-Voltage Direct Current)

IBA Área Importante para a Conservação das Aves (Important Bird Area)

IFC Corporação Financeira Internacional (International Finance Corporation)

INE Instituto Nacional de Estatística

IUCN União Internacional para a Conservação da Natureza

MGtP Projecto da Central Termoeléctrica a Gás de Temane, Moçambique

MIREM Ministério dos Recursos Minerais e Energia

MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

NO2 Dióxido de Azoto

O3 Ozono

OHL Linha de Transporte Aérea (Overhead Transmission Line)

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organização Não-Governamental

OP Políticas Operacionais (Operational Policies)

PD Padrão de Desempenho

PES Plano Económico e Social

PGAS Plano de Gestão Ambiental e Social

PI&A’s Partes Interessadas e Afectadas

PM10 Material Particulado (com diâmetro inferior a 10 µm)

PM2.5 Material Particulado (com diâmetro inferior a 2.5 µm)

PPP Processo de Participação Pública

Projecto STE Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia

PTS Partículas Suspensas Totais

RNT Resumo Não Técnico

RoW Faixa de Servidão (Right-of-way)

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (Southern Africa Development Coporation)

SAFARI Southern African Regional Science Initiative

SAPP Grupo de Energia de África Austral (Southern African Power Pool)

SE Serviço de Ecossistema

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar xii

SGAS Sistema de Gestão Ambiental e Social

SGK Supergrupo do Karoo

SO2 Dióxido de Enxofre

SREA Sistema do Rift da África Oriental

TdR Termos de Referência

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 1

1 Introdução

1.1 Considerações Gerais A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) está a planear a implementação do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia - o Projecto STE. O Projecto STE é um projecto de transporte de energia que irá ligar as Províncias de Tete e Maputo através de linhas de transporte de extra alta voltagem. Os objectivos deste projecto são: ligar e integrar as duas redes isoladas de transporte de energia actualmente existentes em Moçambique e permitir a evacuação para a região sul do excesso de energia gerado na região norte. Devido à complexidade do Projecto STE, a EDM pretende desenvolvê-lo em fases. Presentemente, a EDM está a propor a implementação da Fase 1 do Projecto STE: Vilanculos - Maputo, que inclui a construção de 561 km de linha de 400 kV, ligando estas duas cidades, a construção de três novas subestações (em Vilanculos, Chibuto e Matalane) e a expansão da subestação de Maputo.

Para a obtenção da Licença Ambiental exigida pela Lei do Ambiente (Lei nº 20/1997, de 01 de Outubro), para o empreendimento descrito acima (doravante denominado o "Projecto"), a EDM deverá desenvolver um Processo de Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIAS). A Consultec - Consultores Associados, Lda e a WSP Environmental (Pty) Ltd foram contratadas pela EDM para conduzir o processo de AIAS em seu nome.

O processo de AIAS é iniciado através da apresentação de um Relatório de Instrução do Processo ao Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), para permitir a categorização do Projecto. O Relatório de Instrução do Processo foi submetido ao MITADER em 29 de Março de 2017. Na sequência da pré-avaliação do MITADER, o Projecto foi classificado como de Categoria A em 31 de Março de 2017 (carta ref. 570/MITADER/DINAB/GDN/183/17), exigindo assim um Processo de AIAS completo.

O próximo passo no Processo de AIAS é a submissão do Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e da Definição do Âmbito (EPDA) ao MITADER. Os principais objectivos do EPDA são (i) identificar potenciais falhas fatais associadas ao projecto proposto e (ii) definir o âmbito da avaliação ambiental a ser conduzida na fase seguinte da AIAS - o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).

Este documento corresponde ao Relatório Preliminar do EPDA e foi compilado de modo a suportar o Processo de Participação Pública (PPP) exigido durante a fase de definição do âmbito.

1.2 Proponente do Projecto O Proponente do Projecto é a Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM), uma empresa pública, sob a tutela do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, encarregada do estabelecimento e funcionamento do serviço público de produção, transporte, distribuição e comercialização de electricidade em Moçambique. Os detalhes de contacto do Proponente, relevantes para este processo de AIAS, são apresentados abaixo.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 2

Tabela 1.1 – Contacto do Proponente

Proponente do Projecto Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM)

Endereço Av. Zedequias Manganhela, No. 267 Prédio Jat IV – 1º Andar Maputo, Moçambique

Pessoa de Contacto Cirilo Fabião

Número de Contacto +258 21308946 Número de Fax +258 21431029

e-mail do Contacto [email protected]

1.3 Consultor Ambiental O processo de AIAS está a ser conduzido por um consórcio consultor de AIAS, composto pelas empresas Consultec - Consultores Associados, Lda e WSP Environmental (Pty) Ltd (o Consultor). A Consultec é uma empresa moçambicana com sede em Maputo, registada como Consultor Ambiental no MITADER (ver certificado no Anexo I). A WSP é uma empresa de consultoria internacional, com sede no Canadá e com escritórios em todo o mundo. A Consultec é o consultor principal e será o principal ponto de contacto relativamente ao processo de AIAS. Os detalhes de contacto do Consultor são apresentados abaixo.

Tabela 1.2 – Contactos do Consultor Ambiental

Consultor Ambiental Consultec / WSP

Endereço Consultec Rua Tenente General Oswaldo Tazama, 169 Maputo, Moçambique

WSP South View, Bryanston Place 199 Bryanston Drive Bryanston, South Africa

Pessoa de Contacto Emanuel Viçoso

Número de Contacto + 258-21-491 555 Número de Fax + 258-21-491-578

E-mail do Contacto [email protected]

A tabela seguinte lista os membros da equipa de AIAS responsáveis pela elaboração deste relatório, respectiva experiência e funções.

Tabela 1.3 – Equipe técnica responsável pela elaboração do Relatório de EPDA

Nome Função Formação e Experiência

Tiago Dray Director do Projecto Licenciatura em Biologia; Administrador na Consultec e Coordenador do Departamento do Ambiente

Emanuel Viçoso Coordenador do Projecto (Consultec) e Especialista Ambiental Principal

Licenciatura em Biologia. Pós-graduação em Avaliação de Impacto Ambiental e Gestão Ambiental. 16 anos de experiência em consultoria ambiental.

Ashlea Strong Coordenadora do Projecto (WSP) Mestrado em Gestão Ambiental. 13 anos de experiência em consultoria ambiental.

Antoine Moreau Especialista Principal em Desenvolvimento Social / Reassentamento

Mestrado em Sociologia. 30 anos de experiência como consultor social.

Guilhermina Honwana Coordenação de PPP Licenciatura em Engenharia Ambiental. 7 anos de experiência

em coordenação de PPP.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 3

Nome Função Formação e Experiência

Susana Paisana Geologia e Solos Licenciatura em Geologia. 13 anos de experiência em consultoria ambiental.

Miguel Barra Qualidade do Ar e Ruído Licenciatura em Engenharia Ambiental. 10 anos de experiência.

Margarida André Recursos Hídricos Licenciatura em Engenharia Ambiental. 10 anos de experiência.

Marta Henriques Biodiversidade e Paisagem Licenciatura em Biologia. Pós-graduação em Política de Gestão Ambiental.12 anos de experiência em consultoria ambiental.

Rafael Noronha Socioeconomia Mestrado em Gestão e Política Social. 6 anos de experiência em consultoria ambiental.

1.4 Objectivo do Relatório O presente Relatório Preliminar do EPDA foi compilado como parte integrante do Processo de AIAS do Projecto STE Fase 1: Vilanculos - Maputo. Conforme acima referido, de acordo com o Regulamento de AIAS os principais objectivos do EPDA são os de (i) identificar eventuais falhas fatais associadas à actividade e, nos casos em que não hajam questões fatais que tornem inviável a actividade, (ii) determinar o âmbito do EIA, através dos Termos de Referência (TdR).

O principal objectivo deste relatório é assim o de identificar as principais questões e preocupações ambientais, relacionadas com o Projecto, que deverão ser analisadas em maior detalhe na fase subsequente do processo de AIAS, o EIA. Para o cumprimento deste objectivo, o EPDA pretende realizar as seguintes tarefas:

• Descrever o Projecto proposto; • Produzir o enquadramento legal e regulador do Projecto; • Apresentar uma descrição preliminar da situação de referência biofísica e socioeconómica; • Identificar eventuais falhas fatais que possam comprometer a viabilidade ambiental do

Projecto; • Identificar os principais impactos ambientais do Projecto (note-se que o EPDA procede

apenas à identificação dos impactos, e não à sua avaliação, tarefa que é desenvolvida no EIA em resultado dos estudos ambientais mais detalhados a desenvolver nessa fase);

• Promover uma primeira ronda de PPP sobre o Projecto e o Processo de AIAS, com os objectivos de apresentar o EPDA e os TdR, recolher comentários sobre estes documentos e incorporar as contribuições recebidas no relatório final da EPDA; e

• Definir as metodologias a serem aplicadas no EIA, para a avaliação detalhada dos impactos ambientais identificados na fase de EPDA, através dos TdR para o EIA.

O presente documento constitui o Relatório Preliminar do EPDA, compilado de modo a suportar as actividades de PPP da fase de EPDA. Os resultados do PPP do EPDA serão integrados no Relatório Final do EPDA, que será submetido ao MITADER para revisão e aprovação.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 4

1.5 Estrutura do Relatório A estrutura do presente Relatório Preliminar de EDPA é apresentada na Tabela 1.4 abaixo.

Tabela 1.4 – Estrutura do Relatório Preliminar do EPDA

Capitulo Descrição

Capítulo 1 Introdução Apresenta os antecedentes do Projecto proposto e da AIAS e fornece informações sobre o Proponente, a equipe de consultores de AIAS e os principais objectivos e estrutura do relatório.

Capítulo 2 Enquadramento Legal e Administrativo Descreve o enquadramento legal no âmbito do qual a AIAS será realizada e identifica outra legislação, normas e directrizes ambientais aplicáveis ao Projecto.

Capítulo 3 Abordagem e Metodologia da AIAS Apresenta a abordagem e metodologia proposta para o Processo de AIAS.

Capítulo 4 Descrição do Projecto Apresenta a justificação do Projecto e uma descrição do Projecto proposto.

Capítulo 5 Áreas de Influência Preliminares do Projecto Define as áreas preliminares de influência directa e indirecta do Projecto.

Capítulo 6 Caracterização da Situação de Referência Apresenta uma breve descrição da situação de referência do ambiente biofísico e socioeconómico da área de influência do Projecto.

Capítulo 7 Identificação de Impactos Ambientais e Falhas Fatais Identifica os potenciais impactos ambientais e sociais e as falhas associadas com o Projecto proposto.

Capítulo 8 Termos de Referência para o EIA Identifica os aspectos que exigirão uma avaliação mais aprofundada na fase de EIA e define o âmbito e a metodologia dessas avaliações.

Capítulo 9 Conclusões e Recomendações Apresenta uma breve conclusão para o relatório de EPDA.

Capítulo 10 Referências Lista as referências bibliográficas citadas no relatório.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 5

2 Enquadramento Legal e Administrativo

2.1 Introdução O processo de AIAS está a ser conduzido em conformidade com os requisitos legislativos nacionais de Moçambique e com as normas internacionais aplicáveis. O presente capítulo apresenta uma descrição do enquadramento legal e administrativo dos sectores de ambiente e desenvolvimento aplicável ao Projecto proposto, tanto a nível nacional como internacional, incluindo:

• Quadro de Desenvolvimento Nacional: planos de desenvolvimento estratégico nacional de relevância para o Projecto proposto (subcapítulo 2.2);

• Enquadramento Administrativo: instituições e autoridades governamentais com competência sobre o Projecto ou sobre aspectos ambientais relevantes (subcapítulo 2.3);

• Enquadramento Legal: diplomas legais com relevância para a avaliação ambiental do Projecto (subcapítulo 2.4);

• Convenções Internacionais Relevantes (subcapítulo 2.5); e • Directrizes e Políticas Internacionais, incluindo as Políticas Operacionais (OP) do Banco

Mundial (BM) e os Padrões de Desempenho da IFC (subcapítulo 2.6).

2.2 Quadro de Desenvolvimento Nacional

2.2.1 Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035)

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento (2015-2035), aprovada em Julho de 2014 (GdM, 2014), define as principais estratégias de desenvolvimento do Governo de Moçambique (GdM) para alcançar o objectivo de "elevar a qualidade de vida dos seus cidadãos através da transformação estrutural da economia e a expansão e diversificação da base produtiva ".

A Estratégia Nacional de Desenvolvimento considera que a industrialização, fundamentada num modelo de crescimento inclusivo e sustentável, é a principal forma de alcançar a visão de prosperidade e competitividade de Moçambique. De modo a materializar a industrialização, a estratégia define quatro pilares principais de desenvolvimento, a saber:

• Desenvolvimento do capital humano; • Desenvolvimento da infra-estrutura; • Investigação, inovação e desenvolvimento tecnológico; e • Coordenação e articulação institucional.

No que diz respeito ao desenvolvimento de infra-estruturas, a estratégia considera que são necessários grandes investimentos no sector das infra-estruturas, enquanto factor determinante para o crescimento económico. Como tal, a estratégia apresenta as principais áreas da infra-estrutura que deverá constituir o foco do investimento, incluindo:

• Logística - infra-estruturas de transporte e armazenamento (este último com destaque para o armazenamento de produtos agrícolas, pesqueiros, minerais e hidrocarbonetos);

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 6

• Cabotagem marítima para o transporte de cargas a grandes distâncias; • Produção de energia, incluindo fontes de energia alternativas; • Sistemas de abastecimento de gás natural; • Gestão sustentável dos recursos hídricos; • Infra-estrutura social; e • Infra-estrutura turística.

O Projecto em apreciação propõe o desenvolvimento da primeira fase do Projecto STE, cujo principal objectivo é ligar os sistemas de transporte de energia eléctrica Centro-Norte e Sul de Moçambique. A construção desta infra-estrutura é fundamental para viabilizar vários novos projectos de geração de energia de média e larga escala (capacidade estimada de mais de 3 100 MW) dos sectores hídrico, gás e carvão, planeados para o norte do país. O Projecto STE construirá a infra-estrutura necessária para escoar a energia produzida por estes novos projectos planeados.

O Projecto STE é portanto essencial para o desenvolvimento dos vastos recursos energéticos de Moçambique, tanto para o consumo e desenvolvimento doméstico como para exportação para os países vizinhos, estando assim em pleno alinhamento com os objectivos estratégicos de desenvolvimento da infra-estrutura definidos na Estratégia Nacional de Desenvolvimento para o período 2015 -2035.

2.2.2 Plano Quinquenal do Governo (2015-2019)

O Plano Quinquenal do Governo para o presente período (2015-2019), aprovado em Fevereiro de 2015 (GdM, 2015), tem como principal objectivo a melhoria da qualidade de vida do povo moçambicano, através do aumento da criação de empregos, da produtividade e da competitividade. Para tal, o plano quinquenal define áreas estratégicas de desenvolvimento nas quais o GdM deverá focar sua acção, e sobre as quais deverá ser incentivado o investimento privado e público.

O desenvolvimento da infra-estrutura é uma dessas áreas estratégicas, para as quais o plano quinquenal estabelece uma série de metas estratégicas, incluindo a seguinte relacionada com a infra-estrutura eléctrica: "aumentar o acesso com qualidade e disponibilidade de energia eléctrica, combustíveis líquidos e gás natural para o desenvolvimento das actividades socioeconómicas, o consumo doméstico e a exportação."

O Projecto STE pretende integrar os sistemas de transporte de electricidade do Centro-Norte e do Sul de Moçambique, melhorando assim substancialmente a qualidade das redes nacionais de transporte e distribuição de energia, permitindo o desenvolvimento futuro de novos projectos de produção de electricidade e subsequente aumento da disponibilidade e qualidade de acesso à energia eléctrica tanto para o consumo doméstico como para o industrial. Como tal, os objectivos do Projecto proposto estão totalmente alinhados com os objectivos estratégicos do Plano Quinquenal do GdM (2015-2019).

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 7

2.2.3 Plano Económico e Social para 2017

O Plano Económico e Social (PES) para 2017 é um instrumento para a implementação dos objectivos económicos e sociais definidos no Programa Quinquenal do Governo para o período 2015-2019. O PES define os objectivos relativos ao crescimento económico, inflação, exportação, reservas internacionais líquidas, produção de bens públicos, serviços de assistência social básica e finanças públicas.

O PES para 2017 (aprovado pela Resolução n.º 25/2016, de 30 de Dezembro) inclui uma série de programas de desenvolvimento humano, social e económico, que traduzem os principais objectivos estratégicos do GdM. No que diz respeito ao desenvolvimento económico, um dos subprogramas está relacionado com ao desenvolvimento de infra-estruturas, incluindo o sector de energia. Em termos do sector energético, o PES 2017 menciona um crescimento previsto de 8,9% devido ao aumento previsto da produção em 2017 (associada a projectos de energia hidroeléctrica, a gás e de energia solar). O PES 2017 também prevê um esforço contínuo para a expansão da infra-estrutura de transporte e distribuição de energia, incluindo a construção de novas subestações e a electrificação de quatro sedes distritais na Zambézia e Tete e de quatro postos administrativos em Cabo Delgado, Nampula e Manica.

Como tal, qualquer projecto que contribua para a expansão da rede de fornecimento de energia está em linha com os objectivos do PES 2017.

2.2.4 Estratégia do Sector da Energia

A Estratégia do Sector da Energia foi aprovada pela Resolução n.º 10/2009, de 4 de Junho, e estabelece orientações estratégicas para a implementação da Política Energética (aprovada pela Resolução n.º 5/98, de 3 de Março).

Esta estratégia reconhece que a energia é um dos principais factores que contribuem para o crescimento económico nacional e para o alívio da pobreza e acredita que Moçambique tem um potencial significativo, em termos de recursos energéticos, suficiente para responder tanto às exigências nacionais como regionais, no contexto da África Austral.

A estratégia estabelece alguns princípios para o sector de energia, que incluem:

• Aumento sustentável do acesso à electricidade; • Desenvolvimento sustentável e preservação do ambiente; • Coordenação institucional e consulta com todas as partes interessadas; • Exploração do mercado regional, através de grandes projectos de produção; e • Utilização eficiente da energia.

O Projecto STE contribuirá para o aumento do acesso à electricidade e permitirá o desenvolvimento de grandes projectos de produção de energia eléctrica, estabelecendo a infra-estrutura necessária para evacuar a energia produzida, facilitando ainda a exportação de energia para o mercado regional. Como tal, o Projecto proposto está plenamente em consonância com os objectivos da Estratégia do Sector da Energia.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 8

2.3 Enquadramento Administrativo

2.3.1 Sector da Energia

O Ministério de Recursos Minerais e Energia (MIREME) foi criado pelo Decreto Presidencial nº 1/2015, de 16 de Janeiro, fundindo o Ministério dos Recursos Minerais e o Ministério da Energia, anteriormente separados. As competências do Ministério são definidas pela Resolução n.º 14/2015, de 8 de Julho, e incluem, entre outras, a promoção de um melhor conhecimento dos recursos energéticos nacionais, o seu desenvolvimento e utilização, e o desenvolvimento da produção de energia para satisfazer as necessidades nacionais e aproveitar as oportunidades do mercado regional.

O Conselho Nacional de Electricidade (CENELEC) foi criado ao abrigo da Lei de Electricidade de 1997 (Lei n.º 21/97, de 1 de Outubro) e pretende ser um órgão consultivo. As suas competências principais, entre outras, incluem a emissão de emissão de pareceres sobre a política e objectivos de fornecimento de energia eléctrica, as propostas de expropriações e declarações de utilidade pública para novos empreendimentos de electricidade, os regulamentos para fornecimento de energia eléctrica e outros aspectos relevantes associados à rede eléctrica nacional e as novas propostas e pedidos de concessão para projectos de produção de energia.

A Direcção Nacional de Electricidade (DNE), criada pelo Diploma Ministerial n.º 195/2005, de 14 de Setembro, é a entidade do Ministério da Energia responsável pela concepção, promoção, avaliação, execução e monitorização das políticas do sector de electricidade. O licenciamento de novas instalações eléctricas faz parte das competências da DNE, tal como definidas nos seus estatutos orgânicos (Diploma Ministerial n.º 24/2010, de 29 de Janeiro).

A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) foi criada em 1977 (Decreto-Lei n.º 38/77, de 27 de Agosto) como a entidade estatal responsável pelo serviço eléctrico. Foi transformada em empresa pública em 1995 (Decreto n.º 27/95, de 17 de Julho), esperando-se assim que opere em termos comerciais. A EDM está sob a tutela do MIREME e as suas responsabilidades são o estabelecimento e a exploração do serviço público de produção, transformação, transporte, distribuição e comercialização de energia eléctrica em Moçambique, e como tal é a entidade gestora da rede eléctrica nacional (Decreto n.º 43/2005, de 29 de Novembro).

2.3.2 Autoridades Ambientais

O Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), criado pelo Decreto Presidencial n.º 2/94, de 21 de Dezembro, é a autoridade central que faz a supervisão das questões ambientais. As principais funções e objectivos do MITADER foram estabelecidos pelo Decreto Presidencial n.º 6/95, de 16 de Novembro. A nível provincial, o MITADER é representado pelas Direcções Provinciais da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER). A nível distrital, o MITADER é representado pelos Serviços Distritais de Planeamento e Infra-estruturas.

Em 1995, foi aprovada a Política Nacional do Ambiente pelo Conselho de Ministros através da Resolução nº 5/95, de 3 de Agosto, com o principal objectivo de garantir o desenvolvimento

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 9

nacional sustentável. Essa política reforçou o papel do MITADER na qualidade de entidade responsável pela coordenação, aconselhamento, monitoria e avaliação do nível de uso dos recursos naturais no país, bem como pela garantia da integração das considerações ambientais no processo de planificação e gestão do desenvolvimento socioeconómico.

As aplicações da AIAS são geridas pelo MITADER através da Direcção Nacional do Ambiente (DNAB), a nível nacional, e através das DPTADER a nível provincial.

A gestão e monitorização da qualidade ambiental, incluindo aspectos tais como o controlo da poluição, qualidade da água, solos e do ar, emissões de ruído e gestão de resíduos, também fazem parte das competências do MITADER. A Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental foi criada pelo Decreto n.º 80/2010, de 31 de Dezembro, com o objectivo, entre outras competências, de desenvolver e implementar estratégias para o controlo integrado da poluição da água, ar e solos.

O Centro de Desenvolvimento Sustentável das Zonas Costeiras centra-se sobre questões de desenvolvimento e gestão costeira, e foi criado especificamente para lidar com a gestão costeira a nível nacional, através do Decreto n.º 5/03, de 18 de Fevereiro.

2.4 Enquadramento Legislativo A Constituição da República de Moçambique define o direito de todos os cidadãos a um meio ambiente equilibrado e ao dever de protegê-lo (Art.º 90). Além disso, o Estado deve assegurar: (i) a promoção de iniciativas que garantam o equilíbrio ecológico e a conservação ambiental; (ii) a implementação de políticas de prevenção e controle da poluição e integração das questões ambientais em todas as políticas sectoriais, de modo a garantir aos cidadãos o direito de viver num ambiente equilibrado, apoiado pelo desenvolvimento sustentável (Art.º 117).

O Projecto proposto deve estar de acordo com os requisitos legais para o licenciamento ambiental, levando em consideração não somente os regulamentos específicos do processo de AIAS, mas também toda a regulamentação ambiental (biofísica e social) aplicável que possa ser relevante para o Projecto ao longo do seu ciclo de vida (construção, operação e desactivação). Os diplomas e regulamentos ambientais relevantes para o processo de AIAS do Projecto proposto incluem:

• Política Nacional do Ambiente, Resolução nº 5/95, de 6 de Dezembro; • Lei do Ambiente, Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro; • Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, Decreto nº 54/2015,

de 31 de Dezembro; • Regulamento do Processo de Auditoria Ambiental, Decreto n.º 25/2011, de 15 de Junho; • Regulamento do Processo de Inspecção Ambiental, Decreto nº 11/2006, de 15 de Junho; • Directivas Gerais para a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental, Diploma Ministerial

n.º 129/2006, de 19 de Julho; e • Directivas Gerais para o Processo de Participação Pública (PPP) no Processo de AIAS,

Diploma Ministerial n.º 130/2006, de 19 de Julho;

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 10

Para além da legislação específica de AIAS, deverão ser ainda tidas em conta os seguintes diplomas, considerando as características do Projecto em análise e a sua localização:

• Lei da Água, Lei nº 16/91; • Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e Emissão de Efluentes, Decreto nº

18/2004, de 2 de Junho (tal como alterado pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Outubro); • Regulamento sobre Gestão de Resíduos, Decreto n.º 13/2006, de 15 de Junho; • Política Nacional de Terras, Resolução nº 10/95; • Lei de Terras, Lei nº 19/1997, e seu Regulamento, Decreto nº 66/98, de 8 de Dezembro; • Lei de Ordenamento do Território, Lei n.º 19/2007, e seu Regulamento, Decreto

n.º 23/2008, de 1 de Julho; • Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial,

Diploma Ministerial nº 181/2010; • Regulamento para o Processo de Reassentamento Resultante das Actividades

Económicas, Decreto nº 31/2012, de 8 de Agosto; • Lei do Património Cultural, Lei nº 10/88, de 22 de Dezembro; • Lei do Trabalho, Lei n.º 23/2007, bem como regulamentos de saúde e segurança

ocupacional associados; • Lei das Florestas e Fauna Bravia, Lei n.º10/99, de 7 de Julho, e o seu Regulamento,

Decreto n.º 12/2002, de 7 de Junho; e • Lei n.º 16/2014, de 20 de Junho, regula o Sistema Nacional de Áreas de Conservação.

Dado que o projecto proposto é um projecto de transporte de energia, também deverá ser levado em conta o enquadramento legal aplicável ao sector da energia, a saber:

• Lei da Energia Eléctrica, Lei nº 21/97, de 1 de Outubro; • Decreto nº 8/2000, de 20 de Abril, que estabelece procedimentos para a atribuição de

concessões para a produção, transporte, distribuição e venda de energia eléctrica; • Decreto n.º 42/2006, de 29 de Novembro - que estabelece regras relativas à rede nacional

de energia eléctrica.

A relevância e aplicabilidade destes diplomas para o Projecto são brevemente discutidas na Tabela 2.1 abaixo. Note-se que um dado decreto pode ser relevante para matérias distintas, e.g., a Lei do Ambiente deve ser considerada em aspectos diferentes, como a conservação da biodiversidade ou a gestão de resíduos, entre outros exemplos.

Tabela 2.1 – Principal legislação ambiental

Legislação Descrição Relevância

AVALIAÇÃO AMBIENTAL

Resolução n.º 5/95 – Política Nacional do Ambiente

Estabelece a base de toda a legislação ambiental. De acordo com o Artigo 2.1, o objectivo principal desta política é garantir o desenvolvimento sustentável a fim de manter um equilíbrio aceitável entre o desenvolvimento socioeconómico e a protecção ambiental. Para alcançar o objectivo acima mencionado, esta política deve garantir, entre outras exigências, a integração das considerações ambientais no planeamento socioeconómico, a gestão dos recursos naturais do país e a protecção dos ecossistemas e dos processos ecológicos essenciais.

O Projecto deve almejar atingir os objectivos da política, integrando considerações ambientais no desenho de engenharia, de modo a minimizar os impactos nos recursos naturais e nos ecossistemas.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 11

Legislação Descrição Relevância

Lei n.º 20/97 – Lei do Ambiente

Define a base jurídica para a boa utilização e gestão do ambiente para o desenvolvimento sustentável do país. A Lei do Ambiente aplica-se a todas as actividades públicas e privadas que, directa ou indirectamente, afectam o meio ambiente.

O Projecto deve considerar o princípio de desenvolvimento sustentável, definido pela Lei do Ambiente, ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Decreto n.º 54/2015 - Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental

Estabelece o processo de AIAS como um dos instrumentos fundamentais para a gestão ambiental, visando a mitigação dos impactos negativos dos projectos dos sectores público e privado sobre o ambiente natural e socioeconómico, através da realização de estudos ambientais antes do início do projecto. Define o processo de AIAS, os estudos ambientais necessários, o PPP, processo de revisão dos estudos, processo de decisão sobre a viabilidade ambiental e emissão de licença ambiental. Aplica-se a todas as actividades públicas ou privadas com influência directa ou indirecta no ambiente.

O Projecto deve ser submetido a um processo formal de AIAS, de acordo com este regulamento. Uma licença ambiental deve ser obtida do MITADER, e a emissão desta licença precede qualquer outra licença ou autorização necessária para o Projecto.

Decreto n.º 25/2011 – Regulamento para o Processo de Auditoria Ambiental

Define a auditoria ambiental como um instrumento objectivo e documentado para a gestão e avaliação sistemática do sistema de gestão e documentação implementado para assegurar a protecção do ambiente. O seu objectivo é avaliar o cumprimento dos processos operacionais e de trabalho com o plano de gestão ambiental, incluindo os requisitos ambientais legais em vigor, aprovados para um determinado projecto.

Durante o tempo de vida do Projecto, o Proponente deverá conduzir auditorias ambientais anuais independentes, sem prejuízo de eventuais auditorias ambientais públicas, que possam ser solicitadas, ao abrigo deste decreto.

Decreto n.º 11/2006 – Regulamento para as Inspecções Ambientais

Regulamenta a supervisão, controlo e verificação da conformidade do projecto com as normas de protecção do meio ambiente a nível nacional

Durante as fases de construção e operação do Projecto, o MITADER poderá realizar inspecções, a fim de verificar o cumprimento da legislação ambiental e do Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS). O Proponente deverá colaborar e facilitar estas inspecções.

Diploma Ministerial n.º 129/2006 - Directiva Geral para a Elaboração de Estudos do Impacto Ambiental

Fornece detalhes sobre os procedimentos para obtenção de licença ambiental, assim como o formato, estrutura geral e o conteúdo do relatório de EIA. Tem como objectivo padronizar os procedimentos seguidos por vários intervenientes chave no processo de AIAS.

O relatório do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) deve ser elaborado de acordo com as especificações descritas neste Diploma Ministerial.

Diploma Ministerial n.º 130/2006 - Directiva Geral para o PPP da AIAS

Define os princípios básicos, metodologias e procedimentos para o PPP da AIAS. Considera a participação pública um processo interactivo que se inicia na fase de concepção e continua ao longo d ciclo de vida do projecto.

O PPP do processo de AIAS deverá ser desenvolvido de acordo com as especificações descritas neste Diploma Ministerial.

EMISSÕES ATMOSFÉRICAS E QUALIDADE DO AR

Lei n.º 20/97 – Lei do Ambiente

O Artigo 9º proíbe a descarga de quaisquer substâncias tóxicas para a atmosfera, em excesso dos limites legais. Os padrões de emissão são definidos pelo Decreto n.º 18/2004 (ver abaixo).

O Projecto deve cumprir com os padrões de qualidade do ar ambiente e de emissões de poluentes atmosféricos, de modo a não causar danos ao ambiente

Decreto n.º 18/2004 (com a redacção dada pelo Decreto n.º 67/2010) Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes

Estabelece parâmetros para a manutenção da qualidade do ar (Artigo 7º), padrões de emissão de poluentes gasosos por tipo de indústria (Artigo 8º) e padrões de emissão de poluentes gasosos de fontes móveis (Artigo 9º), incluindo veículos ligeiros e pesados.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 12

Legislação Descrição Relevância

RECURSOS HÍDRICOS E QUALIDADE DA ÁGUA

Lei n.º 16/91 – Lei de Águas

Esta lei é baseada no princípio do uso da água pública, a gestão da água com base em bacias hidrográficas e o princípio do utilizador-pagador e poluidor-pagador. Pretende assegurar o equilíbrio ecológico e ambiental. A utilização das águas requer ou uma concessão (usos permanentes ou de longo prazo) ou uma licença (usos de curto prazo). As licenças são válidas por períodos renováveis de 5 anos, enquanto as concessões são válidas para períodos renováveis de 50 anos. O Artigo 54º define que qualquer actividade com o potencial de contaminar ou degradar as águas públicas, em particular a descarga de efluentes, está sujeita a uma autorização especial a ser emitida pela Administração Regional das Águas e ao pagamento de uma taxa.

Caso o Projecto necessite de captar água de corpos de água naturais (e.g., para a produção de betão), será necessário a obtenção de uma licença da autoridade competente (Administração Regional de Águas). Caso o Projecto necessite de libertar efluentes para massas de água (como por exemplo nos acampamentos), deverá ser obtida uma licença para o efeito.

Decreto n.º 18/2004 – Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes

Determina que quando os efluentes industriais são descarregados no meio ambiente, os efluentes finais descarregados têm que cumprir com as normas para a descarga conforme vêm estabelecidos no Anexo III do decreto. As descargas de efluentes domésticos têm que cumprir com as normas para a descarga conforme vêm estabelecidos no Anexo IV.

O Projecto deve respeitar os limites de emissão de efluentes estabelecidos neste regulamento, de modo a não prejudicar o meio ambiente.

POLUIÇÃO E GESTÃO DE RESÍDUOS

Lei n.º 20/97 – Lei do Ambiente

Proíbe a produção e deposição de quaisquer substâncias tóxicas ou poluentes em solos, subsolos, água ou atmosfera, assim como proíbe quaisquer actividades que possam acelerar a erosão, desertificação, desflorestação ou qualquer outra forma de degradação ambiental, para além dos limites estabelecidos por lei (Artigo 9).

O Projecto deve incluir medidas para evitar a poluição ao longo do seu ciclo de vida. Qualquer projecto deve estar em conformidade com as exigências descritas neste regulamento.

Decreto nº. 13/2006 - Regulamento sobre Gestão de Resíduos

Estabelece o quadro legal para a gestão de resíduos em Moçambique. O principal objectivo é estabelecer regras para a produção e/ou eliminação nos solos e/ou subsolos e a libertação para a água e/ou atmosfera de qualquer substância tóxica e/ou poluente, bem como para regulamentar as actividades potencialmente poluentes que aceleram a degradação ambiental, a fim de minimizar os seus impactos negativos sobre a saúde e o ambiente. O Artigo 5º classifica os resíduos em duas categorias: perigosos e não perigosos. O MITADER tem a competência de efectuar o licenciamento das unidades de gestão de resíduos perigosos. Apenas as entidades registadas e licenciadas podem recolher e transportar resíduos fora dos limites das instalações.

Qualquer projecto deve implementar práticas adequadas de gestão de resíduos ao longo do seu ciclo de vida. O Projecto deve estar em conformidade com os requisitos estabelecidos neste regulamento.

ENERGIA ELÉCTRICA

Lei nº. 21/97 – Lei de Electricidade

O Artigo 9 estabelece que o transporte de energia eléctrica, tanto por entidades privadas ou públicas, requer a emissão de uma concessão para o efeito. O Artigo 14º estabelece que a gestão da rede nacional de transporte de energia é atribuída a uma entidade pública e que o capital privado pode participar no desenvolvimento da rede nacional de transporte de energia. A EDM foi designada como entidade

gestora da rede nacional de transporte de energia eléctrica, de acordo com o Decreto n.º 43/2005.

Decreto n.º 42/2005 - Regulamento que estabelece as regras para a rede eléctrica nacional

O Artigo 3 enfatiza que a construção e operação de infra-estrutura de transporte de energia requerem a emissão de uma concessão, conforme exigido pela Lei nº 21/97.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 13

Legislação Descrição Relevância

DIREITOS SOBRE O USO DA TERRA E REASSENTAMENTO

Resolução n.º 10/95 – Política Nacional da Terra

Estabelece que o Estado deve providenciar terra para que cada família construa ou possua a sua habitação e é responsável pelo planeamento do uso e ocupação física da terra, embora o sector privado possa participar na elaboração de planos.

O Projecto deve estar de acordo com os princípios da política, conforme os regulamentos definidos nas leis que implementam esta política, descritas abaixo.

Lei nº. 19/1997 – Lei de Terras

Define os direitos ao uso da terra, incluindo detalhes sobre os direitos consuetudinários e procedimentos para a aquisição e utilização do direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) pelas comunidades e indivíduos. Esta lei reconhece e protege os direitos adquiridos por herança e ocupação (direitos consuetudinários e deveres de boa fé), excepto para reservas legalmente definidas ou áreas onde a terra foi legalmente transferida para outra pessoa ou instituição.

O Proponente deve adquirir o DUAT para a área do Projecto. O processo de aquisição do DUAT deve obedecer aos requisitos da Lei de Terras, considerando os direitos de terra pré-existentes das comunidades. Se quaisquer actividades (como a agricultura) forem perturbadas pelo Projecto proposto, as partes afectadas têm o direito a compensação justa.

Decreto n.º 66/98 – Regulamento da Lei das Terras

Define zonas de protecção total, separadas para a conservação da natureza e protecção do Estado, bem como zonas de protecção parcial, onde não podem ser emitidos direitos de uso e aproveitamento da terra e onde as actividades não podem ser implementadas sem uma licença. As zonas de protecção parcial incluem, entre outras, uma faixa de 50 m ao longo de lagos e rios, uma faixa de 100 m ao longo da linha costeira e estuários, 50 m ao longo de condutas / cabos aéreos, de superfície ou subterrâneos para electricidade, telecomunicações, petróleo, gás e água, corredor de 30 m envolvente a estradas primárias e15 m envolvente às estradas secundárias e terciárias.

Este regulamento define zonas de protecção total e parcial, onde o uso da terra é restrito. O Projecto deverá considerar a interferência com estas zonas de protecção. Note-se que de acordo com este regulamento, a faixa de 50 m ao longo do traçado da nova linha de transporte será constituída como uma zona de protecção parcial.

Decreto n.º 31/2012 – Regulamento do Processo de Reassentamento resultante de Actividades Económicas

Define as regras e princípios de base a serem seguidos em processos de reassentamento resultantes da implementação de actividades económicas públicas e privadas. O Art.º 15 define que o Plano de Reassentamento é parte do processo de AIAS e que a sua aprovação precede a emissão da licença ambiental.

Caso o Projecto resulte em reassentamento físico ou económico este regulamento é aplicável e será necessário desenvolver um Plano de Reassentamento. Qualquer deslocação económica (tais como perdas de machambas ou outros bens) deverá ser também avaliada na AIAS e, no caso de ocorrer, ser devidamente compensada, em conformidade com a Lei da Terra. De notar que no caso de projectos de electricidade, os procedimentos de expropriação poderão ser aplicáveis (ver abaixo).

Decreto nº 21/97 - Lei de Energia Eléctrica

O Artigo 29 estabelece que a emissão de concessão para projectos de fornecimento de energia implica a autorização de acesso e uso de terras, após o pagamento da devida compensação, de acordo com a Lei de Terras e seu Regulamento. O Artigo 30 estabelece que quando o transporte de electricidade implica o uso de direitos de terra ou terra, a emissão da concessão é precedida de expropriação e pagamento de compensação adequada. O artigo 30 também estabelece que os procedimentos de expropriação só devem ser seguidos depois de o concessionário tentar obter o DUAT através dos procedimentos normais, i.e., por meio de um acordo com os actuais detentores desse direito. A expropriação exige a emissão de uma declaração de interesse público, pelo Conselho de Ministros.

O Proponente deve seguir os procedimentos para adquirir o DUAT para a área do Projecto, conforme definidos na Lei de Terras. No entanto, este Decreto estabelece que os procedimentos de expropriação (conforme definidos no regulamento de ordenamento do território - ver abaixo) também podem ser aplicáveis a projectos de transporte de energia.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 14

Legislação Descrição Relevância

Decreto n.º 23/2008 – Regulamento de Ordenamento do Território

Define as bases gerais para o ordenamento do território nacional, para garantir o uso racional e sustentável dos recursos naturais, do potencial regional, dos centros urbanos e infra-estruturas e para promover a coesão nacional e a segurança da população. Os artigos 68 a 71 lidam com os procedimentos para a expropriação da propriedade privada por razões de interesse público nacional. O artigo 70 estabelece que a expropriação deve ser precedida de uma justa compensação.

Os requisitos deste regulamento devem ser cumpridos se a expropriação de terras ou direitos de terra forem necessários para a implementação do Projecto. A expropriação requer a emissão de uma declaração de interesse público para o Projecto, conforme definido na Lei de Energia Eléctrica.

Diploma Ministerial n.º 181/2010 – Directiva sobre o Processo de Expropriação para efeitos de Ordenamento Territorial

Estabelece procedimentos para os processos de expropriação para fins de ordenamento territorial, incluindo os procedimentos para a emissão da declaração de interesse público, para as compensações por expropriação (incluindo os métodos de cálculo) e para o processo de expropriação em si.

Caso seja necessária a expropriação da terra ou dos direitos de uso da terra da área do Projecto, os procedimentos para tal deverão cumprir com os requisitos definidos nesta directiva.

PATRIMÓNIO CULTURAL

Lei n.º 10/88 – Lei do Património Cultural

Tem como objectivo proteger o património cultural material ou não-material. O património cultural é definido nesta lei como o “conjunto de bens materiais e imateriais criados ou integrados pelo Povo moçambicano ao longo da história, com relevância para a definição da identidade cultural moçambicana.” Os bens culturais materiais incluem: monumentos, grupos de edifícios com relevância histórica, artística ou científica, lugares ou sítios (com interesse arqueológico, histórico, estético, etnológico ou antropológico) e elementos naturais (formações físicas e biológicas com interesse particular sob um ponto de vista estético ou científico).

A presença potencial do património cultural na área do Projecto deve ser avaliada no EIA. Durante a construção do Projecto poderão também ser encontrados objectos arqueológicos. Se tal suceder, o Proponente deverá comunicar imediatamente o achado à instituição relevante de património cultural.

BIODIVERSIDADE

Lei n.º 20/97 – Lei do Ambiente

Os Artigos 12 e 13 definem que o planeamento, implementação e operação de projectos deverão garantir a protecção dos recursos biológicos, em particular de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção ou que requeiram atenção especial, devido ao seu valor genético, ecológico, cultural ou científico. Este aspecto estende-se aos seus habitats, especialmente àqueles presentes em áreas de protecção ambiental.

O Projecto deve considerar a biodiversidade protegida e a presença de potenciais valores relevantes de biodiversidade na área do Projecto deverá ser avaliada na AIAS.

Lei n.º 10/99 – Lei das Florestas e Fauna Bravia

Estabelece as regras e princípios base para a protecção, conservação e uso sustentável dos recursos florestais e da fauna bravia. O Artigo 10 define as zonas de protecção, como áreas delimitadas do território, representativas do património natural nacional, definidas devido à sua biodiversidade, ecossistemas frágeis ou à conservação de espécies animais e vegetais.

Nenhuma área de protecção, conforme definida por esta Lei, é interferida pelo Projecto.

Decreto n.º 12/2002 – Regulamento da Lei das Florestas e Fauna Bravia

Aplica-se à protecção, conservação, uso, exploração e actividades de produção de recursos de flora e fauna. Inclui o comércio, transporte, armazenamento e transformação primária artesanal e industrial destes recursos. Inclui uma lista de espécies de fauna protegida no seu Anexo II, cuja caça é proibida.

O Proponente deve notificar o MITADER se uma espécie listada neste regulamento for capturada ou perturbada.

Lei n.º 16/2014 – Lei das Áreas de Conservação

Este diploma regula a criação e gestão de todas as áreas de conservação em Moçambique, revogando as competências da Lei das Florestas e Fauna Bravia nesta matéria. O Artigo 16 define que todas as actividades que possam resultar em alterações ao coberto vegetal, ou que possam degradar a flora, fauna e os processos ecológicos até ao ponto de comprometerem a sua manutenção, são interditas dentro de parques naturais, excepto se necessárias por motivos científicos ou de gestão.

Nenhuma área de conservação, conforme definidas por este diploma, é interferida pelo Projecto proposto.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 15

Legislação Descrição Relevância

TRABALHO E SEGURANÇA

Lei n.º 23/2007- Lei do Trabalho

Esta lei aplica-se às relações jurídicas de trabalho subordinado estabelecidas entre empregadores e trabalhadores nacionais e estrangeiros, de todas as indústrias, em actividade no país. O capítulo VI fornece os princípios de segurança, higiene e saúde dos trabalhadores.

O Proponente deve fornecer aos seus trabalhadores, boas condições físicas, o trabalho ambiental e moral, informá-los sobre os riscos do seu trabalho e instruí-los sobre o cumprimento adequado das normas de higiene e segurança no trabalho.

Lei n.º 5/2002 - Lei de Protecção dos Trabalhadores com HIV/SIDA

Esta lei estabelece os princípios gerais que visam assegurar que todos os empregados e candidatos a emprego não sejam discriminados no local de trabalho ou quando se candidatam a empregos, por estes serem suspeitos ou por terem HIV/SIDA. O artigo 8 estabelece que o trabalhador que se infecta com HIV/SIDA no local de trabalho, em conexão com a sua ocupação profissional, além da compensação a que tem direito, têm garantia de assistência médica adequada para aliviar seu estado de saúde, de acordo com a Lei do trabalho e demais legislação aplicável, custeados pelo empregador.

É proibida a testagem de HIV/SIDA aos trabalhadores, candidatos a emprego, candidatos para avaliar o treinamento ou candidatos a promoção, a pedido dos empregadores, sem o consentimento do trabalhador ou candidato a emprego. O proponente deverá treinar e reorientar todos os trabalhadores infectados com HIV/SIDA, que sejam capazes de cumprir os seus deveres no trabalho, levando-a para um emprego compatível com as suas capacidades residuais.

Decreto n.º 45/2009 – Regulamento sobre Inspecção Geral do Trabalho

O presente regulamento estabelece as regras relativas às actividades de inspecção, no âmbito do controle da legalidade do trabalho. O ponto 2 do Artigo 4 prevê responsabilidades do empregador em matéria de prevenção de riscos de saúde e segurança profissional para o empregado.

O Proponente deve cumprir com as exigências. No caso de uma inspecção, o proponente deve ajudar a fornecer todas as informações necessárias para os inspectores.

2.5 Convenções Internacionais Relevantes As convenções internacionais relevantes para o Projecto em avaliação são apresentadas na Tabela 2.2 abaixo. Quando pertinente, estas serão discutidas em detalhe nos capítulos relevantes.

Tabela 2.2 – Convenções internacionais relevantes

Convenção Descrição

BIODIVERSIDADE

Convenção Africana Sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, 1968

O princípio fundamental desta Convenção consiste no compromisso por parte dos estados envolvidos de adoptar medidas para garantir a preservação, utilização e desenvolvimento dos recursos do solo, da água, da flora e fauna, em conformidade com os princípios científicos e com o devido respeito para com os melhores interesses dos indivíduos. Em conformidade com a Resolução n.º 18/81, de 30 de Dezembro de 1981, a República de Moçambique acedeu à Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.

Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica, 1993

Esta convenção é um tratado internacional juridicamente vinculativo com três objectivos principais: a conservação da biodiversidade; uso sustentável da biodiversidade; e a partilha justa e equitativa dos benefícios resultantes da utilização dos recursos genéticos. O seu objectivo geral é incentivar acções conducentes a um futuro sustentável. Moçambique ratificou esta convenção em 1994, através da Resolução n.º 2/94

Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional, Especialmente como Habitat de Aves Aquáticas (Convenção de Ramsar), 1971

Conservação sustentável e utilização de zonas húmidas. Ratificado por Moçambique em 2003.

Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies

Garante que o comércio internacional de exemplares de animais selvagens e plantas não constituía uma ameaça para a sua sobrevivência. Concede níveis variáveis de protecção para

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 16

Convenção Descrição Ameaçadas da Fauna Bravia e Flora (CITES), 1973

mais de 33 000 espécies de animais e plantas. Esta Convenção foi ratificada por Moçambique através da Resolução n.º 20/1981.

Convenção sobre a Conservação das Espécies Migratórias Pertencentes à Fauna Selvagem (Convenção de Bona, CMS), 1979

Pretende fomentar medidas de protecção às espécies migradoras da fauna selvagem ao longo da sua área de distribuição natural, numa estratégia de conservação da vida selvagem e dos habitats numa escala global. Ratificado por Moçambique em 2008

Protocolo da SADC sobre Conservação da Vida Selvagem e a Aplicação da Lei, 1999

Assegurar a conservação e uso sustentável dos recursos faunísticos. Ratificado por Moçambique em 2002

PESCAS

Protocolo de Pesca da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)

Moçambique ratificou o Protocolo da SADC sobre Pescas, através da Resolução n.º 39/2002, de 30 de Abril, que visa promover a utilização responsável dos recursos aquáticos vivos e dos seus ecossistemas. O Artigo 14 deste Protocolo refere-se à protecção do ambiente marinho e exige que os estados membros apliquem o princípio da precaução para assegurar que actividades sob sua jurisdição ou controle não causem impactos adversos importantes. Além disso, devem ser aplicadas as medidas legislativas e administrativas necessárias para a prevenção da poluição das águas causadas por actividades nas águas interiores, costeiras e marinhas.

RESÍDUOS / RESÍDUOS PERIGOSOS

Convenção de Basileia sobre o Controlo dos Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e sua Remoção, 1989

Esta Convenção regulamenta a importação, exportação e o movimento transfronteiriço de resíduos perigosos. A Convenção de Basileia foi substituída pela Convenção de Bamako (ver abaixo). A República de Moçambique ratificou a Convenção de Basileia sobre o Controlo de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos e a sua Remoção, através da Resolução n.º 18/96, de 26 de Novembro.

Convenção sobre a Proibição da Importação para África e o Controlo dos Movimentos Transfronteiriços e Gestão de Resíduos Perigosos em África, Bamako, 1991

Durante a negociação da Convenção de Basileia, os estados africanos representados pela Organização da Unidade Africana, adoptaram a Convenção de Bamako, acreditando que a Convenção de Basileia não era suficientemente rigorosa. A Convenção de Bamako proíbe totalmente a importação de resíduos perigosos para África. A Convenção entrou em vigor no dia 22 de Abril de 1998. A República de Moçambique ratificou a Convenção de Bamako através da Resolução n.º 19/96, de 26 de Novembro.

QUALIDADE DO AR / ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (CQNUAC) e Protocolo de Quioto, 1992 e 1997

A CQNUAC é um tratado ambiental internacional, produzido com o objectivo de conseguir a estabilização das concentrações de gases de estufa na atmosfera, a níveis suficientemente baixos para prevenir uma interferência antropogénica perigosa com o sistema climático. O Protocolo de Quioto à CQNUAC, adoptado em Dezembro de 1997 pela maior parte das nações industrializadas e algumas economias da Europa central em transição, estabelece um acordo jurídico relativo à redução das emissões de gases de estufa, entre 6% a 8% em média abaixo dos níveis de 1990, a implementar entre os anos 2008 a 2012, definido como o primeiro prazo orçamentário para as emissões. A CQNUAC foi ratificada através da Resolução n.º 2/94, de 24 de Agosto, a República de Moçambique acedeu ao Protocolo de Quioto através da Resolução n.º 10/2004, de 28 de Julho.

Convenção de Viena para Protecção da Camada de Ozono, 1985, Londres 1990, Copenhaga 1992

Em conformidade com o Artigo 2.1 desta Convenção, as Partes signatárias assumiram a obrigação de tomar medidas adequadas para proteger a saúde humana e o meio ambiente contra efeitos negativos resultantes ou provavelmente resultantes das actividades humanas que alteram ou são susceptíveis de alterar a camada de ozono. Em conformidade com a Resolução n.º 8/93, de 8 de Dezembro, a República de Moçambique acedeu à Convenção de Viena para a Protecção da Camada de Ozono assim como às Emendas de 1990 e 1992

Protocolo de Montreal sobre as Substâncias que deterioram a Camada do Ozono (UNEP), 1987

Definida para controlar a produção das substâncias que deterioram o ozono de modo a reduzir a sua abundância na atmosfera e assim proteger a frágil camada de ozono da Terra. Interdito o uso de clorofluorcarbonetos (CFC). Ratificado por Moçambique através da Resolução n.º 9/2009.

PREVENÇÃO DE POLUIÇÃO

Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes (POP), 2001.

Acção e controlo a nível mundial das substâncias químicas que persistem no meio ambiente, são bioacumuláveis na cadeia alimentar e constituem um risco à saúde humana e ao meio ambiente. Estas substâncias são listadas no Anexo I. Moçambique ratificou esta convenção em 2005.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 17

Convenção Descrição

PATRIMÓNIO CULTURAL

Convenção da UNESCO sobre a Protecção do Património Cultural e Natural Mundial

Desenhada para auxiliar a identificação e protecção de património cultural (monumentos, conjuntos arquitectónicos e sítios) e natural (formas naturais, formações geológicas e fisiográficas e sítios naturais). Moçambique ratificou esta convenção em 1982.

Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial (UNESCO), 2003

Salvaguardar o património cultural imaterial e assegurar o respeito pelo património cultural imaterial das comunidades, grupos e indivíduos. Ratificado por Moçambique em 2007

Convenção sobre a Protecção e a Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (UNESCO), 2005

Proteger e promover a diversidade das expressões culturais, incentivar o diálogo entre as culturas e promover o respeito pela diversidade cultural. Ratificado por Moçambique em 2007

DIREITOS HUMANOS

Convenções da Organização Internacional do Trabalho e legislação nacional relacionada com o trabalho

- Convenção sobre o Trabalho Forçado, ratificada em Junho 2003: Convenção sobre o Trabalho Forçado ou Obrigatório;

- Liberdade de Associação e Protecção do Direito de Sindicalização, Dez 1996: Convenção sobre a Liberdade Sindical e a protecção do Direito Sindical;

- Direito de Sindicalização e de Negociação Colectiva, Dez 1996: Convenção sobre a Aplicação dos Princípios do Direito de Organização e Negociação Colectiva;

- Convenção sobre Igualdade de Remuneração, Junho de 1977: Convenção sobre a remuneração igual para trabalhadores homens e mulheres, por trabalho de igual valor, refere-se a taxas de remuneração estabelecidas sem discriminação baseada no género;

- Convenção sobre a Abolição do Trabalho Forçado, Junho de 1977; - Convenção sobre Discriminação (Emprego e Profissão), Junho de 1977: Convenção sobre a

Discriminação em Matéria de Emprego e Ocupação; - A idade mínima especificada: 15 anos, Junho de 2003: Convenção sobre a Idade Mínima de

Admissão ao Emprego; - Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, Junho de 2003: Convenção sobre a

Proibição e Acção Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil.

Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos

Reconhece direitos iguais e inalienáveis a todos os seres humanos em termos de liberdade civil e política. Ratificado em 1993.

Pacto Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

Os Estados Partes "comprometem-se a prosseguir, por todos os meios apropriados e sem demora, uma política de eliminação da discriminação racial em todas as suas formas e de promoção da compreensão entre todas as raças". Ratificado em 1983

Convenção sobre a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres

Os Estados têm a obrigação de garantir a igualdade de direitos entre homens e mulheres para desfrutar de todos os direitos económicos, sociais, culturais, civis e políticos. Ratificada em 1997; 2008.

Convenção contra a Tortura Os Estados Partes comprometem-se a proibir-se, sob quaisquer circunstâncias, de cometer actos de tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanas ou degradantes. Ratificada em 1999.

Convenção sobre os Direitos da Criança Garante a protecção dos direitos das crianças. Assinada em 1990 e ratificada em 1999.

Convenção Internacional sobre os Direitos dos Trabalhadores Migrantes

O seu principal objectivo é o de proteger os trabalhadores migrantes e as suas famílias, uma população particularmente vulnerável, da exploração e da violação dos direitos humanos. Assinada em 2012; ratificada em 2013.

Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

Os Estados têm a obrigação de proteger os direitos e a dignidade das pessoas com deficiência; assinada em 2007.

Protocolos relacionados com a União Africana

Vários protocolos e cartas de promoção e protecção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, dos direitos das crianças e de outras pessoas no continente Africano.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

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2.6 Directrizes e Políticas Internacionais Tal como referido anteriormente, o processo de AIAS está a ser desenvolvido não só em conformidade com as normas e regulamentações nacionais, mas também em linha com as melhores práticas internacionais, nomeadamente a política ambiental e social e os requisitos de desempenho definidos pelo Banco Mundial (BM) / Corporação Financeira Internacional (IFC). As principais normas e directrizes internacionais aplicáveis a este Projecto são descritas abaixo.

2.6.1 Politicas Operacionais de Salvaguarda do Banco Mundial

Os promotores de desenvolvimento que procuram financiamento junto do BM devem cumprir com as políticas operacionais de salvaguarda ambientais e socais do BM aplicáveis. Um resumo dos principais objectivos das políticas de salvaguarda ambientais e sociais aplicáveis do BM é apresentado a seguir.

• Política Operacional 4.01 – Avaliação Ambiental: visa identificar, evitar e mitigar os potenciais impactos ambientais negativos associados às operações de empréstimo do BM. Fornece um quadro para as políticas de salvaguarda ambiental do BM e descreve a instrução do processo e categorização do projecto para determinar o nível de avaliação ambiental exigido. Para os projectos de Categoria A, devem ser conduzidas consultas públicas e a divulgação no âmbito do Processo da AIAS. Requer a implementação de planos de gestão ambiental e social;

• Política Operacional 4.04 – Habitats Naturais: procura assegurar que a infra-estrutura e outros projectos de desenvolvimento apoiados pelo BM levem em conta a conservação da biodiversidade, bem como os serviços e produtos ambientais que os habitats naturais proporcionam à sociedade humana. Descreve a política do BM sobre a conservação da biodiversidade, tendo em conta os serviços do ecossistema e a gestão e utilização dos recursos naturais por parte das pessoas afectadas pelo projecto. Os projectos devem avaliar os potenciais impactos sobre a biodiversidade. A política restringe estritamente as circunstâncias em que pode ocorrer a conversão ou a degradação de habitats naturais;

• Política Operacional 4.11 – Recursos Culturais Físicos: Estabelece requisitos para evitar ou mitigar impactos adversos nos recursos culturais;

• Política Operacional 4.12 – Reassentamento Involuntário: visa evitar o reassentamento involuntário na medida do possível ou minimizar e mitigar os seus impactos sociais e económicos adversos. Quando for necessário proceder com a aquisição de terras ou de outros bens, esta política requer que haja participação no planeamento do reassentamento, compensação dos bens a custo de reposição e melhoria dos rendimentos e padrões de vida das pessoas afectadas ou, pelo menos, a sua restauração aos níveis pré-projecto;

• Política Operacional 4.36 – Florestas: visa reduzir o desflorestamento, aumentar a contribuição ambiental das áreas florestadas, promover o reflorestamento, reduzir a pobreza e estimular o desenvolvimento económico;

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• Política do Banco 17.50 – Política de Divulgação Pública: suporta o processo de tomada de decisão do Banco e do cliente, através da divulgação de pública de informação sobre os aspectos ambientais e sociais dos projectos.

2.6.2 Padrões de Desempenho do IFC

Os Padrões de Desempenho (PD) da IFC sobre Sustentabilidade Ambiental e Social, publicados em Janeiro de 2012 (IFC 2012), são reconhecidos como sendo os padrões mais abrangentes disponíveis para as instituições financeiras internacionais que trabalham no sector privado. Os princípios fornecem um quadro para uma abordagem internacional aceite para a gestão de questões sociais e ambientais.

Os sete PD da IFC aplicáveis ao Projecto proposto são:

• PD 1: Avaliação e Gestão de Riscos e Impactos Sociais e Ambientais, enfatiza a importância de gerir o desempenho ambiental e social de um projecto ao longo do seu ciclo de vida. O PD 1 requer que o cliente realize um processo de avaliação ambiental e social e estabeleça e mantenha um Sistema de Gestão Ambiental e Social (SGAS), adequado à natureza e escala do projecto e proporcional ao nível dos riscos e impactos ambientais e sociais;

• PD 2: Condições Laborais e de Trabalho, reconhece que a procura do crescimento económico através da criação de emprego e geração de receita deve ser acompanhado pela protecção dos direitos fundamentais dos trabalhadores;

• PD 3: Eficiência dos Recursos e Prevenção da Poluição, reconhece que o aumento da actividade económica e da urbanização produzem frequentemente níveis crescentes de poluição para o ar, água e terra e consomem recursos finitos de uma forma que pode ameaçar as pessoas e o ambiente a nível local, regional e global;

• PD 4: Saúde, Segurança e Protecção Comunitária, reconhece que as actividades, equipamentos e infra-estruturas do projecto podem aumentar a exposição da comunidade a riscos e impactos;

• PD 5: Aquisição de Terras e Reassentamento Involuntário, reconhece que a aquisição de terras relacionadas com o projecto e as restrições no uso da terra podem ter impactos adversos nas comunidades e pessoas que usam essa terra;

• PD 6: Conservação da Biodiversidade e Gestão Sustentável dos Recursos Naturais Vivos, reconhece que a protecção e a conservação da biodiversidade, a manutenção dos serviços do ecossistema e a gestão sustentável dos recursos naturais vivos são fundamentais para o desenvolvimento sustentável;

• PD 8: O Património Cultural, reconhece a importância do património cultural para as gerações actuais e futuras.

O PD 1 estabelece, assim, a importância de (i) uma avaliação integrada para identificar os impactos, riscos e oportunidades ambientais e sociais dos projectos; (ii) uma participação eficaz da comunidade através da divulgação de informações relacionadas com o projecto e consultas

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com as comunidades locais sobre assuntos que as afectam directamente; e (iii) a gestão do desempenho ambiental e social do cliente durante o ciclo de vida do projecto.

Os PD 2, 3, 4, 5, 6 e 8 da IFC apresentam requisitos para evitar, reduzir, mitigar ou compensar os impactos sobre as pessoas e o ambiente e para melhorar as condições, onde aplicável. Onde os impactos sociais ou ambientais são antecipados, o cliente é obrigado a geri-los através do seu SGAS consistente com o PD 1.

Os PD da IFC são complementados com as respectivas Notas de Orientação, que fornecem orientação sobre os requisitos dos padrões e sobre boas práticas de sustentabilidade, para ajudar os promotores a melhorar o desempenho do projecto.

2.6.3 Directrizes de Ambiente, Saúde e Segurança do Banco Mundial/IFC

As Directrizes de Ambiente, Saúde e Segurança (EHS – Environmental, Health and Safety) do BM são documentos técnicos de referência com exemplos gerais e específicos das Boas Práticas Industriais Internacionais, para cada sector de actividade, conforme definidas no PD 3 da IFC sobre Eficiência de Recursos e Prevenção de Poluição.

As Directrizes ESH contêm os níveis de desempenho e as medidas que são normalmente aceitáveis para a IFC e que são geralmente consideradas viáveis em novas instalações, recorrendo a tecnologias existentes de custos razoável. Para os projectos financiados pela IFC, a aplicação das directrizes de ESH para instalações existentes pode implicar o estabelecimento de metas específicas para cada local, com um cronograma adequado para a sua realização. O processo de avaliação ambiental pode recomendar níveis alternativos (superiores ou inferiores) ou medidas que, se aceitáveis pela IFC, tornam-se requisitos específicos do projecto ou da instalação.

As Directrizes da IFC relevantes e aplicáveis ao Projecto proposto incluem:

• Directrizes Gerais de EHS; • Directrizes de EHS para Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica.

2.6.4 Princípios do Equador

Os Princípios do Equador constituem um conjunto de directrizes voluntárias, elaboradas por instituições financeiras de destaque, para a gestão de questões ambientais e sociais na concessão de créditos de financiamento de projectos. Os Princípios exigem que o desenvolvimento de projectos em países não-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) seja feito em cumprimento dos PD's e das Directrizes de EHS da IFC. Estas directrizes fornecem uma abordagem para determinar, avaliar e gerir o risco ambiental e social no financiamento de projectos. Os Princípios do Equador incluem:

• Princípio 1: Análise e Categorização; • Princípio 2: Avaliação Ambiental e Social;

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• Princípio 3: Padrões Ambientais e Sociais Aplicáveis; • Princípio 4: Sistema de Gestão Ambiental e Social e Plano de Acção dos Princípios do

Equador; • Princípio 5: Envolvimento das Partes Interessadas; • Princípio 6: Mecanismo de Reclamação; • Princípio 7: Revisão Independente; • Princípio 8: Obrigações Contratuais; • Princípio 9: Monitorização Independente e Divulgação de Informações; • Princípio 10: Divulgação de Informações e Transparência.

2.6.5 Grupo de Energia de África Austral

O Grupo de Energia de África Austral (SAPP – do inglês Southern African Power Pool) é um corpo regional formado em 1995 através de um tratado da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), com o objectivo de optimizar o uso dos recursos energéticos disponíveis na região e de promover a inter-ajuda regional durante emergências. O SAPP é composto de doze países membros da SADC, representados pelas respectivas Empresas de Energia Eléctrica. Moçambique faz parte do grupo, sendo representado pela EDM.

O Subcomité de Ambiente da SAPP tem vindo a desenvolver um conjunto de directrizes de gestão ambiental, com o objectivo de assegurar que as actividades do sector de energia sejam desenvolvidas de forma sustentável. Na presente AIAS foram tidas em conta as seguintes directrizes do SAPP:

• Directrizes de ESIA para Infra-estruturas de Transporte para a Região da SAPP (Setembro, 2010) – estabelecem um quadro estrutural e um guia para uma abordagem sistemática da prática de ESIA para projectos de infra-estruturas de transporte de energia na região da SAPP;

• Directriz da SAPP para Saúde Operacional, Segurança e Meio Ambiente (Novembro, 2007).

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3 Metodologia Global de AIAS

3.1 Considerações Gerais O Processo de AIAS, conforme definido no Regulamento de AIAS, é um instrumento de gestão ambiental preventivo, que visa identificar e avaliar, tanto quantitativa como qualitativamente, os efeitos ambientais positivos e negativos de um projecto proposto, e definir as medidas de mitigação necessárias, de modo a minimizar os efeitos negativos e a potenciar os efeitos positivos.

O presente Capítulo apresenta uma breve descrição da metodologia global do processo de AIAS e do processo que foi seguido até à data. A metodologia de AIAS adoptada está em conformidade com todos os requisitos legais ambientais aplicáveis em Moçambique e está em linha com as directrizes e políticas internacionais relevantes.

3.2 Visão Geral do Processo de AIAS O Regulamento de AIAS (Decreto No. 54/2015, de 31 de Dezembro) estabelece que todas as actividades públicas ou privadas, que directa ou indirectamente possam influir nas componentes ambientais, deverão ser sujeitas a uma avaliação ambiental (Artigo 3º). O nível desta avaliação depende da sensibilidade do ambiente receptor e da natureza do projecto, sendo determinado pelo MITADER, por meio de um processo de Pré-Avaliação, com base no Relatório de Instrução do Processo apresentado pelo Proponente. O Artigo 4º define as seguintes categorias para os projectos propostos:

• Categoria A+: Projectos que devido à sua complexidade, localização e/ou irreversibilidade e magnitude dos possíveis impactos, merecem não só um elevado nível de vigilância social e ambiental, como também o envolvimento de especialistas no processo de AIAS. Fazem parte desta categoria as actividades referidas no Anexo I do Regulamento de AIAS. Estes projectos requerem o desenvolvimento de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), incluindo um Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS), com supervisão por revisores especialistas independentes com experiência comprovada. O Estudo de Pré-Viabilidade e Definição do Âmbito (EPDA) e os Termos de Referência (TdR) para o EIA deve ser compilado e aprovado pelo MITADER antes do início do EIA;

• Categoria A: Projectos com potenciais impactos com alta duração, intensidade, magnitude e significância sobre seres vivos ou áreas sensíveis. Fazem parte desta categoria as actividades referidas no Anexo II do Regulamento de AIAS. Os projectos de Categoria A requerem o desenvolvimento de um EIA, incluindo um PGAS. O EPDA (incluindo os TdR para o EIA) deve ser compilado e aprovado pelo MITADER antes do início do EIA;

• Categoria B: Projectos com potenciais impactos nos seres vivos e em áreas sensíveis que são de menor duração, intensidade, magnitude e significância do que os de projectos de Categoria A. Fazem parte desta categoria as actividades referidas no Anexo III do Regulamento de AIAS. Projectos de Categoria B requerem um Estudo Ambiental

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Simplificado (EAS) e um PGAS. Embora não seja necessário um EPDA, os TdR do EAS devem aprovados pelo MITADER antes do início do EAS;

• Categoria C: Projectos com impactos negativos negligenciáveis ou insignificantes, que não conduzem a impactos irreversíveis e que tenham impactos positivos superiores e mais significativos que os negativos. Fazem parte desta categoria as actividades referidas no Anexo IV do Regulamento de AIAS. Estes projectos requerem a apresentação de um PGAS a ser elaborado pelo Proponente e aprovado pela autoridade ambiental.

O Projecto proposto envolve a construção e operação de uma linha de transporte de energia de alta tensão e, como tal, foi classificado como de Categoria A pelo MITADER, devendo assim ser submetido a um processo completo de AIAS. Para os projectos de Categoria A, o Processo de AIAS consiste em três fases, nomeadamente:

• Relatório de Instrução do Processo: na primeira fase, o projecto é instruído junto do MITADER através de um Relatório de Instrução do Processo, indicando as características e localização do projecto, as actividades a realizar e uma breve descrição do ambiente receptor. Com base nestas informações, o MITADER categoriza formalmente o projecto e define o nível de avaliação ambiental necessária;

• Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA): os principais objectivos da segunda fase são a identificação das potenciais falhas fatais e impactos do projecto, e a definição dos TdR para o EIA. A fase de EPDA visa assim identificar as principais questões e problemas associados com o desenvolvimento proposto. Tais questões poderão incluir actividades de projecto com potencial de contribuir ou causar impactos potencialmente significativos nos receptores e recursos ambientais e socioeconómicos existentes na área de influência;

• Estudo do Impacto Ambiental (EIA): os principais objectivos da terceira fase são a avaliação dos impactos identificados no EPDA, a definição das medidas de mitigação e a elaboração do PGAS. O Relatório do EIA serve como base de apoio para as autoridades competentes no processo de tomada de decisão, que resulta no licenciamento ambiental ou indeferimento da actividade proposta. As principais tarefas realizadas nesta fase são:

• Estudos de Referência: estes estudos são realizados com o intuito de analisar e descrever a situação actual das condições sociais e ambientais relevantes na área do projecto e áreas envolventes, bem como para identificar receptores e recursos sensíveis aos potenciais impactos;

• Avaliação dos Impactos e Mitigação: esta tarefa visa a identificação e avaliação do âmbito e significância dos impactos sobre os receptores e recursos, com base nos critérios de avaliação definidos; elaborar e descrever as medidas que serão tomadas com vista a evitar, minimizar ou compensar os impactos ambientais adversos e reportar a significância dos impactos residuais, após a mitigação;

• Plano de Gestão Ambiental e Social: as medidas de mitigação identificadas são integradas num conjunto de programas de gestão temáticos. O PGAS tem como objectivo orientar a gestão social e ambiental ao longo do ciclo de vida do projecto. Este constitui o mecanismo pelo qual a mitigação e monitorização dos

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impactos ambientais (conforme definido no Relatório de EIA) são integradas na execução do projecto.

A Figura 3.1 ilustra de forma geral o processo de AIAS de projectos de Categoria A. As principais fases deste processo são descritas em maior detalhe nas secções que se seguem.

Figura 3.1 – Visão global do Processo de AIAS para projectos de Categoria A

3.3 Fase 1: Instrução do Processo O primeiro passo do processo de AIAS foi a Fase de Instrução do Processo. Durante esta fase, foi compilado e submetido ao MITADER um Relatório de Instrução do Processo, de modo a servir de apoio à determinação do nível de avaliação ambiental necessário. Este relatório incluiu informação sobre o projecto proposto e uma breve descrição do contexto biofísico e socioeconómico da área de implementação. O relatório incluiu ainda uma Ficha de Informação Ambiental Preliminar.

O Relatório de Instrução de Processo e a Ficha de Informação Ambiental Preliminar foram submetidos ao MITADER a 29 de Março de 2017. O MITADER, através da DNAB, categorizou formalmente o projecto como de Categoria A (carta Ref 570/MITADER/DINAB/GDN/183/17, de 31 de Março de 2017 – ver Anexo II), devendo assim ser sujeito a um processo de AIAS completo.

3.4 Fase 2: EPDA

3.4.1 Objectivos do EPDA

De acordo com o Art.º 10 do regulamento de AIAS, os principais objectivos do EPDA são: (i) determinar as potenciais questões fatais associadas à actividade; e (ii) definir o âmbito da avaliação ambiental a ser realizada na fase de EIA. Os objectivos do EPDA são assim:

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• Analisar os dados existentes sobre a área do Projecto com vista a perceber a sensibilidade do ambiente biofísico e social afectado;

• Apresentar o projecto proposto às PI&A’s e identificar questões e preocupações sobre o projecto proposto;

• Identificar os impactos ambientais e socioeconómicos potencialmente significativos, tanto positivos como negativos;

• Elaborar os TdR para os estudos de especialidade e para o EIA; e • Compilar a informação do Projecto e os resultados do PPP num Relatório de EPDA e

submetê-lo ao MITADER para tomada de decisão.

3.4.2 Relatório de EDPA

De modo a fundamentar os objectivos acima descritos, o Relatório do EPDA apresenta a seguinte informação (Art.º 10 do Regulamento de AIAS):

• Resumo Não Técnico (RNT), com os principais assuntos, constatações e recomendações do Relatório;

• Informação sobre o Proponente do Projecto, bem como a equipa de consultoria responsável pelo Processo de AIAS;

• Definição das áreas de influência preliminares do Projecto; • Descrição das actividades do Projecto ao longo do seu ciclo de vida; • Breve descrição da situação de referência do ambiente biofísico e socioeconómico

receptor; • Identificação dos potenciais impactos, negativos ou positivos, que o Projecto proposto

possa ter sobre o ambiente e comunidades; • Identificação e avaliação das potenciais falhas fatais (riscos ambientais e sociais) que

possam pôr em causa a viabilidade do Projecto; e • Identificação dos estudos detalhados a serem realizadas no EIA e elaboração dos

respectivos TdR.

O Relatório Preliminar do EPDA foi compilado com base em revisão bibliográfica de dados secundários. Foram recolhidos dados de várias fontes, incluindo outros Processos de AIAS realizados nas Províncias de interesse, informações fornecidas por diversas instituições governamentais e não-governamentais, mapas e imagens de satélite, entre outros.

O presente Relatório Preliminar do EPDA foi compilado para apoiar as actividades de PPP da fase de EPDA (ver subcapítulo seguinte). As informações recolhidas através destas actividades de consulta pública serão incluídas no Relatório Final de EPDA.

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3.4.3 Processo de Participação Pública do EPDA

3.4.3.1 Objectivos do PPP do EPDA

A fase de EPDA inclui um PPP (conforme o Art.º 14 do Regulamento de AIAS), visando apresentar o Projecto proposto a todas as PI&A’s e identificar questões e preocupações sobre o projecto proposto. Os principais objectivos do PPP do EPDA são os seguintes:

• Identificar as PI&A´s e compilar uma base de dados de PI&A’s, que deverá ser continuamente actualizada durante o Processo de AIAS;

• Fornecer às PI&A’s (incluindo comunidades locais afectadas directamente, autoridades, organizações ambientais, membros interessados do público e organizações de base comunitária) informação relacionada com o Projecto proposto bem como os seus potenciais impactos;

• Dar às PI&A’s a oportunidade de participar efectivamente no processo e identificar todas as suas questões e preocupações relativas à actividade proposta;

• Permitir que as PI&A’s compreendam a forma como as questões ambientais e sociais que colocaram serão abordadas na fase de EIA; e

• Obter comentários das PI&A’s em relação aos TdR.

O PPP terá início quando o Relatório Preliminar do EPDA for disponibilizado para consulta pública. De acordo com o Regulamento de AIAS, as reuniões públicas devem ser divulgadas 15 dias antes das datas das mesmas. Durante esse período, o Relatório Preliminar do EPDA deverá estar disponível em instituições-chave e locais onde o público possa aceder ao documento, antes das reuniões.

A metodologia proposta para o PPP do EPDA é apresentada nos subcapítulos seguintes.

3.4.3.2 Identificação de Partes Interessadas e Afectadas

Os factores levados em consideração na identificação das PI&A´s incluem a natureza, tipo e localização do Projecto. A lista de PI&A´s será compilada com base na análise de bases de dados existentes de PI&A’s, em revisão de gabinete e na experiência dos consultores em PPP semelhantes, incluindo processos recentes e similares nas províncias de interesse. Serão consideradas várias categorias de PI&A´s, nomeadamente entidades governamentais, Organizações Não Governamentais (ONGs) e empresas públicas e privadas que se encontrem próximas da área do Projecto ou que possam ser afectadas pelo Projecto.

As PI&A’s identificadas serão convidadas para as reuniões públicas do EPDA. Durante estas reuniões, será disponibilizada uma lista de registo de presenças para que todos os participantes (PI&A´s) se possam registar formalmente. Esta base de dados de PI&A’s será actualizada ao longo do processo de AIAS, à medida que forem identificadas outras partes interessadas.

3.4.3.3 Divulgação de Informação e do PPP

O PPP terá início com a publicitação da consulta pública. Em conformidade com o regulamento de AIAS, e considerando a natureza das PI&A’s identificadas, serão empregues dois métodos

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complementares para a divulgação do PPP, i.e., anúncios em jornais/rádio e envio de cartas/faxes de convites.

A divulgação pelos meios de comunicação visa informar o público em geral sobre a realização do PPP e incluirá anúncios nos jornais e na rádio, nas duas semanas anteriores às reuniões públicas. De acordo com os regulamentos de AIAS, a divulgação das reuniões públicas deve ser feita 15 dias antes das mesmas. Os anúncios serão publicados no principal jornal de Moçambique (Jornal Notícias). As reuniões do PPP serão também anunciadas na principal estação de rádio nacional (Rádio de Moçambique).

Complementarmente, serão enviados convites individuais, através de cartas e faxes, a todas as PI&A’s identificadas. Durante a semana que antecede a consulta será feito um acompanhamento através de chamadas telefónicas.

Simultaneamente a esta divulgação, o Relatório Preliminar do EPDA, juntamente com um RNT, será disponibilizado ao público, para permitir a análise e comentário públicos. Estes documentos serão disponibilizados nos seguintes locais:

• Direcção Nacional do Ambiente (DNAB); • Direcções Provinciais da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (DPTADER) de

Inhambane, Gaza e Maputo; e • Escritório da Consultec.

3.4.3.4 Reuniões Públicas

Serão realizadas 3 reuniões públicas para o PPP do EPDA, nomeadamente uma reunião na capital de cada Província de interesse: as cidades de Inhambane (Província de Inhambane), Xai-xai (Província de Gaza) e Matola (Província de Maputo). Todas as partes interessadas de nível nacional serão convidadas a participar na reunião da Matola. As reuniões terão lugar 15 dias após a divulgação do Relatório Preliminar do EPDA, de forma a permitir que as PI&A´s analisem o documento e participem nas reuniões de uma forma mais eficaz. Todas as questões e comentários colocados nas reuniões públicas serão documentados. Após as reuniões públicas, será dado um período para que as PI&A´s possam apresentar comentários escritos adicionais.

3.4.3.5 Relatório de PPP

Todas as actividades de PPP realizadas durante o EPDA, incluindo questões e comentários colocados pelas PI&A’s, serão documentadas num Relatório de PPP, que será anexo ao Relatório Final do EPDA. As principais questões e comentários serão também incluídos no relatório principal do EPDA, através de um registo de perguntas/respostas.

3.4.4 Submissão do EPDA ao MITADER

Após a conclusão do PPP do EPDA, o presente Relatório Preliminar do EPDA será actualizado, de modo a reflectir e responder, quando pertinente e apropriado, aos comentários e preocupações recebidos durante o PPP. O Relatório Final do EPDA, incluindo os TdR para o EIA e o Relatório de PPP, será submetido ao MITADER para apreciação e aprovação. Mediante a aprovação do EPDA

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 28

pelo MITADER, o processo de AIAS prossegue para a fase seguinte, a fase de EIA, conforme se descreve na secção seguinte.

3.5 Fase 3: EIA

3.5.1 Objectivos do EIA

Os principais objectivos da fase de EIA são os seguintes:

• Realizar os estudos de especialidade, de acordo com os TdR aprovados pelo MITADER; • Avaliar os impactos ambientais associados com o projecto; • Definir as medidas de mitigação para os impactos negativos e medidas de potenciação

para os impactos positivos; e • Integrar essas medidas num PGAS, na forma de medidas claras, praticáveis e aplicáveis

às condições locais, baseando-se nas melhores práticas e na legislação pertinente.

3.5.2 Relatório de EIA

Para fundamentar os objectivos acima listados, o Relatório de EIA inclui a seguinte informação (conforme o Art.º 11 do Regulamento da AIAS):

• RNT, com as principais constatações, conclusões e recomendações do Relatório; • Informação sobre o Proponente do Projecto, bem como sobre o consultor ambiental

responsável pelo processo de AIAS; • Enquadramento legal da actividade e o seu contexto dentro dos instrumentos de

planificação existentes; • Descrição das actividades a serem realizadas pelo Projecto proposto em todas as suas

fases (planificação, construção, operação e, onde for pertinente, desactivação), bem como as alternativas consideradas;

• Definição das áreas de influência do Projecto; • Caracterização da situação de referência do ambiente biofísico e socioeconómico receptor; • Identificação e avaliação dos impactos ambientais e sociais do projecto; • Definição das medidas de mitigação; • Integração das medidas de mitigação num PGAS para a actividade, incluindo também os

programas de monitorização e outros instrumentos de gestão, quando pertinente; e • Relatório de PPP.

Alguns dos principais aspectos da fase de EIA, tais como os estudos de especialidade, a elaboração do PGAS e o PPP, são descritos com maior pormenor nos subcapítulos seguintes.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 29

3.5.3 Estudos de Especialidade

Na fase de EIA serão realizados vários estudos de especialidade, em conformidade com os TdR elaborados na fase de EPDA e aprovados pelo MITADER. Estes estudos pormenorizados centram-se nos aspectos ambientais e sociais potencialmente afectados pelas actividades do Projecto. Os estudos de especialidade propostos para a fase de EIA, bem como o seu âmbito, são apresentados nos TdR (ver Capítulo 8 deste relatório).

Durante a fase de EIA, será incentivada a interacção entre os diferentes especialistas, com o objectivo de se explorarem plenamente as semelhanças e inconsistências entre os diferentes aspectos do ambiente biofísico e social e cada uma das respectivas avaliações.

3.5.4 Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS)

O PGAS é uma parte fundamental do Processo de AIAS. Os decisores externos dependerão das conclusões do EIA (e.g., os índices de significância atribuídos aos impactos residuais) no processo de tomada de decisão. Dado que o EIA se baseia em previsões, feitas antes de a actividade ter lugar, o mesmo parte do pressuposto de que o Projecto irá implementar as medidas de controlo e mitigação propostas. Se essas medidas não forem implementadas, a utilidade do EIA enquanto ferramenta para as partes interessadas e decisores externos é comprometida.

Deste modo, é crucial que estes pressupostos, i.e., as medidas de mitigação, se constituam como compromissos que serão implementados. Para tal, após os impactos serem avaliados e as medidas de mitigação serem desenvolvidas, acordadas com o Proponente e descritas no EIA, é necessário que as mesmas sejam integradas dentro do Projecto, de modo a garantir a sua futura implementação. O PGAS é a ferramenta que assegura esta função de integração das medidas de mitigação dentro do Projecto.

Como tal, na fase de EIA será elaborado um PGAS, que irá integrar as medidas de mitigação e monitorização dos impactos ambientais, conforme definidas no Relatório de EIA, num conjunto de programas de gestão temáticos. Estes programas de gestão temáticos poderão incluir planos de comunicação, educação ambiental dos trabalhadores, procedimentos para recepção e tratamento de queixas e reclamações, programas de gestão de resíduos e matérias perigosas e outros planos e programas cuja necessidade seja identificada no EIA. Para além disso, caso o EIA identifique a necessidade de estudos ou planos adicionais que devem ser desenvolvidos pelo Proponente, o PGAS fornecerá directrizes para a sua elaboração e execução.

A implementação de tais planos deverá permitir que qualquer impacto ou questão não previstos que vierem a surgir sejam abordados de forma eficaz, em conformidade com as leis e regulamentos de Moçambique, e com as boas práticas aplicáveis. Desta forma, as partes interessadas e os decisores externos deverão ter confiança no EIA enquanto uma ferramenta de apoio à tomada de decisão do Projecto.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 30

3.5.5 Processo de Participação Pública do EIA

A fase de EIA também inclui um PPP (conforme o Art.º 15 do Regulamento de AIAS), com os seguintes objectivos principais:

• Actualizar a base de dados de PI&A’s compilada na fase da EDPA; • Apresentar os resultados dos estudos de especialidade, os impactos avaliados, as medidas

de mitigação definidas e o PGAS; • Referir as questões levantadas pelas PI&A’s durante o PPP do EPDA, bem como a forma

como foram consideradas no EIA; • Dar às PI&A’s a oportunidade de participar efectivamente no processo e identificar

quaisquer questões e preocupações adicionais associados com a actividade proposta, tendo em conta os estudos mais detalhados realizados na fase de EIA; e

• Obter comentários das PI&A’s em relação ao EIA e ao PGAS.

O PPP para o EIS seguirá a mesma metodologia global proposta para a fase de EPDA. Para fins de PPP, será compilado um Relatório Preliminar de EIA que será depois disponibilizado em locais estratégicos, para consulta e parecer das PI&A´s. As reuniões públicas serão divulgadas e realizadas, a fim de registar as questões e preocupações das PI&A´s e todas as actividades de PPP serão documentadas num relatório de PPP.

3.5.6 Submissão do EIA ao MITADER

Após o PPP, será compilado o Relatório Final de EIA, integrando os pareceres e contribuições das PI&A’s, e submetido à consideração do MITADER. Sujeito à aprovação do EIA e à emissão da licença ambiental para o Projecto, todas as actividades associadas serão regidas pelo PGAS, bem como por quaisquer condições adicionais estipuladas na licença ambiental.

O Proponente deverá adoptar o PGAS e posteriormente desenvolver o mesmo num Sistema de Gestão Ambiental e Social (SGAS) para o Projecto, de modo a assegurar que o Projecto seja conduzido e gerido de forma sustentável. O Proponente deverá ainda garantir que os seus empreiteiros cumpram com o disposto no PGAS, integrando este documento nas obrigações contratuais dos empreiteiros, sempre que aplicável e relevante.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 31

4 Descrição do Projecto

4.1 Introdução Este capítulo apresenta uma descrição do Projecto proposto – Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) - Fase 1: Vilanculos - Maputo. A descrição do projecto de engenharia apresentada não pretende ser exaustiva, focando-se antes em fornecer uma compreensão global do empreendimento proposto e descrever as actividades que possam eventualmente causar impactos ambientais significativos.

4.2 Visão Geral do Projecto

4.2.1 Objectivo e Justificação

Conforme anteriormente referido, os principais objectivos do Projecto STE, no seu todo, são os de ligar e integrar as duas redes isoladas de transporte de energia actualmente existentes em Moçambique e permitir a evacuação para a região sul do excesso de energia gerado na região norte. A Fase 1 do Projecto STE (Vilanculos – Maputo), presentemente em avaliação, é justificada em termos gerais por estes mesmos objectivos. No entanto, a implementação da Fase 1 está a ser priorizada pela EDM, de modo a viabilizar os investimentos previstos para uma nova central termoeléctrica a gás em Temane.

Os pontos seguintes fornecem informação mais detalhada sobre a justificação do Projecto STE no seu todo, e sobre a Fase 1 (Vilanculos – Maputo) em particular.

Objectivos do Projecto STE

A rede de fornecimento de energia de Moçambique, operada pela EDM, é actualmente composta por dois sistemas de energia isolados:

• Sistema Centro-Norte - alimentado pela central hidroeléctrica de Cahora Bassa (2 075 MW de capacidade), bem como por outras centrais mais pequenas, nomeadamente as centrais hidroeléctricas de Chicamba e Mavuzi (38 MW e 52 MW, respectivamente) e uma central eléctrica de turbinas a gás na Beira (12 MW). Este sistema fornece as regiões norte e centro de Moçambique, nomeadamente através das seguintes infra-estruturas:

o Linha de transporte de 220kV da subestação de Songo-Matambo para a subestação de Nampula e sistema de 110kV, que liga a Nacala, Moma, Lichinga, Pemba, Auasse e Marromeu;

o Linha de transporte 220kV da subestação de Songo-Matambo para a subestação de Chibata. Uma linha de 110 kV estabelece a ligação da subestação de Chibata com as centrais hidroeléctricas de Chicamba e Mavuzi e depois com os principais pontos de carga, nomeadamente Beira, Chimoio e Manica. De Manica existe uma interligação com o sistema Zesa a 110kV (linha Manica - Mutare).

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• Sistema Sul - alimentado pelo Grupo de Energia da África Austral (através das subestações de Maputo e Infulene, respectivamente a 275 kV e 110 kV), bem como por uma central hidroeléctrica de 16 MW na Corumana e instalações de geração a gás em Maputo (52 MW de capacidade) e Ressano Garcia (270 MW de capacidade). Este sistema fornece a região sul de Moçambique, através de um sistema de 110 kV, a partir das subestações de Maputo, Infulene, Lionde, Xai-xai e Lindela.

Embora o sistema de transporte e distribuição acima descrito tenha sido adequado para suprir as necessidades energéticas de Moçambique nas últimas décadas, o rápido desenvolvimento da economia moçambicana, esperado para as próximas décadas devido ao desenvolvimento de projectos de mineração, petróleo e gás, exigirá uma significativa expansão da infra-estrutura de transporte e distribuição de energia.

Moçambique possui abundantes recursos energéticos naturais, incluindo um potencial hidroeléctrico estimado em 12 000 MW (EDM, 2016), grandes quantidades de carvão na área de Tete e substanciais depósitos comprovados de gás natural nas áreas de Buzi, Pande, Palma e Temane. Estes recursos podem fornecer a Moçambique a energia eléctrica necessária para o desenvolvimento económico e para a exportação de energia em grande escala para países vizinhos, tanto a curto como a longo prazo, e portanto, servirem como fonte de receitas de exportação substanciais e crescimento económico.

Para desenvolver os seus vastos recursos energéticos, o GdM lançou várias iniciativas importantes. Estas envolvem o desenvolvimento de projectos de produção de energia em grande escala (tal como a central de Mphanda Nkuwa de 1 500 MW no Rio Zambeze, a jusante de Cahora Bassa), e a construção de um sistema de transporte norte-sul de extra alta tensão (EHV) de modo a garantir o transporte da energia gerada pelos novos projectos acima referidos, permitindo assim tanto a satisfação das crescentes necessidades energéticas domésticas e industriais de Moçambique como a exportação de energia para países vizinhos. Este sistema de transporte é conhecido como Sistema de Transporte de Energia da Espinha Dorsal, ou Projecto STE.

Uma vez totalmente desenvolvido, o Projecto STE incluirá (na configuração actualmente projectada) duas linhas de transporte de energia, uma de corrente contínua de alta tensão (HVDC) e outra de corrente alternada de alta tensão (HVAC), com cerca de 1 400 km de extensão cada, desde a Província de Tete até à Província de Maputo, ligando-se ai às linhas de transporte existentes para a África do Sul.

O objectivo do Projecto STE, no seu todo, é ligar os sistemas de transporte de energia eléctrica Centro-Norte e Sul de Moçambique e reforçar a integração regional de energia através das duas linhas de transporte acima descritas. Isto permitirá a evacuação de energia Hídrica, do Gás e do Carvão em média e grande escala a partir do rio Zambeze e de outras fontes (estimadas em mais de 3 100 MW), permitindo assim o desenvolvimento dos vastos recursos energéticos de Moçambique tanto para consumo e desenvolvimento doméstico como para exportação para os países vizinhos.

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Justificação da Fase 1 do Projecto STE

Devido à escala e complexidade do Projecto STE, a EDM pretende implementá-lo em fases. A Fase 1 do Projecto STE (Vilanculos - Maputo), que é o âmbito deste processo de AIAS, foi priorizada pela EDM para implementação, uma vez que é necessária para viabilizar uma nova central termoeléctrica a gás de 400 MW em Temane (Projecto da Central Termoeléctrica a Gás de Temane - MGtP). De acordo com informações recebidas da EDM, os estudos técnicos da MGtP estão já na fase final de preparação.

Espera-se que o MGtP seja um dos primeiros projectos planificados de geração de electricidade a entrar em operação. A sua viabilização depende da construção antecipada da secção Vilanculos - Maputo do Projecto STE. De salientar que o MGtP está fora do âmbito deste Processo de AIAS, uma vez que está a ser submetido a um processo de AIAS independente.

4.2.2 Localização Administrativa do Projecto

A Fase 1 do Projecto STE inclui uma nova linha de transporte HVAC de 400 kV, com uma extensão de 561 km, entre Vilanculos e Maputo, a construção de três novas subestações - Vilanculos, Chibuto e Matalane (em Marracuene), e a expansão da subestação de Maputo (em Boane). A Figura 4.1 ilustra a localização administrativa do Projecto, e a Tabela 4.1 lista as Províncias e Distritos atravessados pela linha de transporte proposta.

Tabela 4.1 – Unidades administrativas atravessadas pelo Projecto STE Fase 1 (Vilanculos – Maputo)

Província Distritos

Inhambane Vilanculos, Massinga, Funhalouro, Panda

Gaza Chibuto, Mandlakaze, Chokwe, Bilene

Maputo Magude, Manhiça, Marracuene, Moamba, Boane

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

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Figura 4.1 – Localização administrativa do Projecto

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4.2.3 Alternativas de Projecto

4.2.3.1 Alternativas Anteriormente Consideradas

O desenho de engenharia do Projecto STE, como um todo, é o resultado de um conjunto de estudos desenvolvidos pela EDM ao longo dos últimos 8 anos, que avaliaram várias alternativas diferentes para a Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia. O traçado actual da secção Vilanculos – Maputo do Projecto STE é assim o resultado de um processo iterativo de desenvolvimento de projecto, que levou em consideração tanto as questões de viabilidade técnica, como as questões de sustentabilidade ambiental e social. Os parágrafos seguintes apresentam uma breve síntese dos principais estudos desenvolvidos para o Projecto STE nos últimos anos.

• Estudo de pré-viabilidade (Vattenfall, 2008) – este estudo considerou e discutiu vários cenários opcionais para a evacuação de energia de futuros sistemas de geração de energia planeados para a Província de Tete até ao sul de Moçambique;

• Estudo de optimização (Vattenfall, 2009) - este estudo baseou-se no cenário seleccionado pelo estudo de pré-viabilidade para desenvolver um conceito técnico para a Espinha Dorsal;

• Subsequentemente, a Vattenfall Power e a Norconsult (o Consultor de Viabilidade) foram contratadas, para realizar um estudo de viabilidade técnica e económica para estabelecer a opção de menor custo para o “Corredor de Linha Preliminar” preferido para a Espinha Dorsal, conforme seleccionado no Estudo de Optimização. O objectivo deste estudo de corredor foi o de identificar uma opção que cumprisse com os requisitos nacionais técnicos, sociais, ambientais e estratégicos;

• Em conjugação com o trabalho de estudo de viabilidade acima mencionado, a SCDS e a Mott MacDonald foram nomeadas para realizar uma AIAS para o Corredor de Linha Preliminar e dar as suas contribuições para a avaliação do traçado seleccionado. Durante todo o estudo de viabilidade, o Consultor de Viabilidade e o consultor de AIAS trabalharam em conjunto para eliminar e aperfeiçoar as potenciais opções de rota para alcançar uma solução de menor custo aceitável, que tivesse em conta as condicionantes ambientais e sociais. Como tal, foi conduzida uma AIAS para o Projecto STE entre 2009 e 2011 que foi concluída com êxito (SCDS & Mott MacDonald, 2011);

• Em 2012, foi concluído um Estudo de Viabilidade (EV) técnico-económico compreensivo do Projecto STE, tendo isto sido novamente actualizado em 2015 (Norconsult, 2015). Este EV actualizou os traçados propostos para o Projecto STE, definiu o sistema de produção, apresentou os cenários possíveis, estimou os custos e avaliou o impacto económico e financeiro do Projecto. Uma das alterações introduzidas no traçado neste estudo foi o desvio do troço final da linha de Moamba para Matalane. O Projecto foi considerado viável tanto do ponto de vista técnico quanto económico. A presente AIAS está a ser conduzida levando em consideração o projecto mais detalhado desenvolvido no EV de 2015.

O alinhamento do troço Vilanculos - Maputo em avaliação na presente AIAS é assim o resultado de um longo processo de projecto iterativo desenvolvido nos últimos 8 anos, através de múltiplos estudos de engenharia e ambientais. No decorrer desses estudos, foram investigadas várias

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alternativas possíveis, levando em consideração tanto os aspectos de engenheira, como as questões ambientais e sociais, visando identificar a melhor alternativa de traçado possível.

4.2.3.2 Alternativas Presentemente em Avaliação

O presente Processo de AIAS está a ser desenvolvido sobre a solução de engenharia mais detalhada produzida pelo Estudo de Viabilidade de 2015. Conforme referido acima, o traçado do Projecto STE, incluindo o traçado da Fase 1 (Vilanculos – Maputo), em avaliação na presente AIAS é o resultado de um longo processo iterativo de engenharia, desenvolvido ao longo dos últimos 8 anos, através de múltiplos estudos de engenharia e ambientais.

Ao longo desses estudos, várias alternativas possíveis foram avaliadas, tanto do ponto de vista da engenharia como dos pontos de vista ambiental e social, de modo a identificar a melhor alternativa de traçado possível. Como tal, no presente Processo de AIAS encontra-se apenas em avaliação o melhor traçado seleccionado pelo processo de desenvolvimento acima referido. As alternativas presentemente em análise são assim as seguintes:

• Alternativa 1: não implementação do Projecto; • Alternativa 2: Projecto STE – Fase 1.

Se for seleccionada a Alternativa 1 (a não implementação do Projecto), isto implica que o Projecto proposto não será executado. Nesta alternativa, o ambiente permaneceria no seu estado actual e não se verificariam os impactos negativos ou positivos associados ao projecto. No entanto, isto implicaria também que os projectos de produção de energia previstos para Moçambique seriam de execução difícil, levando provavelmente à proposta de soluções independentes em vez da abordagem integrada de melhoria da infra-estrutura de energia de Moçambique, que corresponde a uma necessidade estratégica nacional. Para além disto, seriam igualmente perdidos os benefícios da integração com a rede da SADC e da potencial geração de receitas por exportação de energia.

Caso seja seleccionada a Alternativa 2 (implementação da Fase 1 do Projecto STE), todos os benefícios do Projecto serão materializados (integração dos sistema de transporte de energia de Moçambique e viabilização do desenvolvimento de projectos de geração de energia), bem como todos os impactos ambientais e sociais, negativos e positivos, associados ao mesmo. Estes impactos são identificados no presente EPDA (ver Capítulo 7) e serão avaliados em detalhe no relatório do EIA.

Deve-se notar, no entanto, que é possível que a avaliação ambiental e social actualmente a ser desenvolvida neste processo de AIAS, e em particular os estudos de especialidade a serem realizados no EIA, venha a resultar em pequenos realinhamentos do traçado Vilanculos – Maputo, bem como em pequenas alterações da localização e layout das subestações propostas. Qualquer alteração de projecto que venha a ser proposta será descrita em detalhe no relatório de EIA.

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4.3 Descrição do Projecto

4.3.1 Componentes Principais do Projecto

As principais componentes da Fase I do Projecto STE são as seguintes:

• Construção de uma linha de transporte de energia HVAC 400 kV de 561 km de comprimento, desde uma nova subestação próxima de Vilanculos até à subestação de Maputo, em Boane;

• Construção de três novas subestações - Vilanculos, Chibuto e Matalane (em Marracuene); • Expansão da subestação de Maputo (em Boane).

Os subcapítulos seguintes fornecem informações adicionais para cada componente do projecto.

4.3.2 Descrição das Componentes de Projecto

Neste subcapítulo descrevem-se as principais características técnicas das componentes de Projecto listadas acima, com base no Estudo de Viabilidade (Norconsult, 2015) e em SCDS & Mott MacDonald (2011).

4.3.2.1 Linha de Transporte

A principal componente do Projecto é a linha de transporte aérea (OHL). As OHLs de alta tensão transportam grandes quantidades de energia eléctrica por longas distâncias, sendo suportadas por torres. A OHL será apoiada por três tipos principais de torres treliçadas de aço (pilares), nomeadamente:

• Torres de suspensão, que suportam os condutores em extensões de linha recta. Neste projecto serão usados dois tipos diferentes de torres de suspensão – torres autoportantes e torres em V com espias;

• Torres de tensão, que são usadas em pontos onde a rota muda de direcção. Serão usadas torres de tensão autoportantes e torres em Y; e,

• Torres terminais, que são utilizadas onde a linha termina nas subestações.

A distância entre as torres (comprimento do vão) varia tipicamente entre 400 m e 500 m, podendo atingir 800 m em áreas de relevo difícil ou para facilitar a utilização de um vão único na travessia dos rios. A altura das torres irá depender do terreno, altura acima do nível do mar e comprimento do vão. A Tabela 4.2 apresenta uma visão geral das características técnicas da OHL.

Tabela 4.2 – Principais características técnicas da OHL

Características Técnicas 400 kV OHL

Número de torres de tensão 51

Número de torres de suspensão (a) 1632

Distância típica entre as torres 400-500m

Altura típica da torre 20 - 35m

Fonte: Norconsult (2015); SCDS & Mott MacDonald (2011). Nota: (a) - Com base no pressuposto de 3 torres por quilómetro

menos o número de torres de tensão.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 38

As figuras seguintes ilustram exemplos e esquemas típicos dos tipos de torres a utilizar no Projecto.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

Figura 4.2 – Exemplo e esquema de torre de suspensão em V com espias

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

Figura 4.3 – Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante

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Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

Figura 4.4 – Exemplo e esquema de torre de tensão autoportante

A Tabela 4.3 resume os requisitos da área de ocupação e da fundação das torres.

Tabela 4.3 – Requisitos da área de ocupação e fundação da torre

Requisitos da torre Torre em Y Torre em V com espias

Número de fundações Quatro colunas de fundação ao nível do solo.

Uma fundação de betão (sapata) e 4 cabos espia com pequenas fundações.

Área de ocupação média 10 m x 10 m (100 m2) (a) 65 m x 45 m (2925 m2) (b)

Tipo de fundação Os principais tipos de fundação são "estacas", "almofada e chaminé", e "âncoras". O tamanho e o tipo irão depender do tipo de torre e das condições do subsolo. As torres de tensão necessitam de fundações mais extensas.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011). Notas: (a) – Área de ocupação - limite externo das quatro colunas da fundação ao

nível do solo. (B) – Área de ocupação é definida como a borda externa dos cabos de espia. A área dentro da área de

ocupação pode ser usada embora possa limitar o movimento da maquinaria.

4.3.2.2 Subestações

Como já foi mencionado, será necessária a construção de três novas subestações - Vilanculos, Chibuto e Matalane (em Marracuene). A localização dessas subestações está ilustrada na Figura 4.1 e na Figura 4.5. As suas principais características são apresentadas na Tabela 4.4 abaixo.

Tabela 4.4 – Resumo das características técnicas das novas subestações

Características técnicas Vilanculos Chibuto Matalane

Coordenadas S21° 57' 21.5" E35° 06' 05.7" S24° 38' 08.1" E33° 31' 28.7" S25° 40' 42.9" E32° 37' 55.0"

Transformadores 400 / 110 kV 400 / 220 kV 400 / 275 kV

Área operacional 250 m x 300 m 280 m x 300 m 1 000 m x 1 000 m

Estrada de acesso Nova estrada de acesso a partir da EN1, com aproximadamente 2 km

Novo acesso a partir da N208, utilizando trilhos existentes onde possível.

Novo acesso a partir da N1, utilizando trilhos existentes onde possível.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

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Local de implantação da nova subestação de Vilanculos Local de implantação da nova subestação de Chibuto

Local de implantação da nova subestação de Matalane (em

Marracuene) Local de expansão da subestação de Maputo (em Boane)

Figura 4.5 – Locais de implantação das subestações propostas

Para além das novas subestações, será também necessária a expansão da actual Subestação de Maputo. A área necessária para a expansão da subestação de Maputo será similar à área actualmente ocupada pela subestação existente. A subestação existente actualmente cobre aproximadamente 20 ha, embora de acordo com a EDM a área total reservada para a expansão da subestação seja de cerca de 100 ha. Existe uma via de acesso através do local da subestação existente para o terreno disponível para a nova expansão da subestação.

Uma subestação é localizada numa área de terreno compreendendo um recinto operacional protegido por vedações de aço com vedações eléctricas de segurança em cima. O recinto é tipicamente nivelado e pavimentado com cascalho de pedra, com as estradas de acesso interno construídas em asfalto. A instalação de sistemas de drenagem das águas pluviais é obrigatória.

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Os condutores entram na subestação através de pórticos de aterragem, com aproximadamente 15 m de altura. Destes pórticos, os condutores atravessam o local em uma série de estruturas de aço paralelas entre os transformadores. Os transformadores reduzem a tensão de 400kV para uma tensão mais baixa para o abastecimento a jusante. Normalmente, o local da subestação também inclui edifícios de escritórios construídos a partir de blocos de concreto e um parque de estacionamento. As figuras a seguir ilustram os componentes típicos de uma subestação.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

Figura 4.6 – Exemplos de um layout típico de subestação (esquerda) e entrada dos condutores (direita)

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

Figura 4.7 – Exemplos de um transformador típico (esquerda) e edifícios de escritórios na subestação (direita)

4.3.2.3 Componentes e Actividades de Apoio ao Projecto

Descrição geral

Para além das componentes principais do Projecto, descritas acima, a implementação da Fase 1 do Projecto STE irá incluir ainda um conjunto de componentes e actividades complementares, necessárias para apoio à construção do Projecto ou para permitir a sua operação e manutenção. Estas incluem:

• Estabelecimento e manutenção da Faixa de Servidão (RoW); • Construção dos acessos necessários para a construção e manutenção da linha; • Exploração de áreas de empréstimos para obtenção de inertes e agregados;

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• Construção de estaleiros de obra, incluindo acampamentos de acomodação temporária para os trabalhadores e locais de armazenamento temporário de equipamento e materiais.

Algumas destas actividades são discutidas em maior detalhe abaixo.

Construção de estradas de acesso

Durante a fase de construção, será necessário garantir acesso rodoviário a cada local onde se prevê construir uma torre de tensão. Sempre que possível, o acesso a estes locais deverá ser feito ou através de estradas existentes (que poderão ter de ser melhoradas, para permitir a passagem de veículos pesados de transporte de materiais e equipamentos), ou através da faixa de reserva a estabelecer para a linha (ver ponto seguinte). Quanto tal não for possível, será necessário construir novos acessos temporários, apenas durante a fase de construção. A definição do traçado destes acessos temporários será da responsabilidade do Empreiteiro de construção, sob supervisão da EDM. No PGAS serão apresentados os requisitos mínimos que deverão ser cumpridos pelo Empreiteiro para a definição destes acessos, de modo a minimizar os seus impactos ambientais e sociais.

No que respeita à fase de operação, o acesso rodoviário será em geral feito através da faixa de servidão. Para o efeito, será mantido um acesso ao longo da faixa de servidão da linha de transporte, para suportar qualquer trabalho de manutenção futura.

Abertura e exploração de áreas de empréstimo

Os agregados e materiais inertes necessários para a construção de acessos e obras de construção civil associadas linha e às subestações serão obtidos a partir de áreas de empréstimo. Como princípio geral, a localização das áreas de empréstimo a explorar deverá ser a mais próxima possível das frentes de obra. A localização destas áreas de empréstimo não está definida nesta fase de desenvolvimento do projecto e será seleccionada pelo Empreiteiro de construção, com a aprovação da EDM e das autoridades distritais. No PGAS serão apresentadas directrizes para a selecção das áreas de empréstimo, de modo a minimizar os seus impactos.

Construção de estaleiros de obra

Durante a fase de construção será necessária a construção de um conjunto de infra-estruturas auxiliares de obra, incluindo acampamentos de alojamento temporários para os trabalhadores, parques de máquinas, áreas de armazenamento de materiais e equipamentos e outros estaleiros de obra. Tendo em conta a extensão total da linha (561 km) é provável que venham a ser construídos estaleiros de apoio em mais que uma localização. No entanto, a localização destas infra-estruturas de apoio à construção não está definida no momento presente. A selecção da sua localização será de responsabilidade do Empreiteiro de construção, com aprovação da EDM e das autoridades distritais, tendo em conta aspectos como o acesso ao acampamento, à água e a outras questões. No PGAS serão apresentadas directrizes para a selecção da localização dos estaleiros de obra, bem como requisitos para a sua construção, de modo a minimizar os seus impactos ambientais e sociais.

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Estabelecimento e desmatação da Faixa de Servidão (RoW)

Um corredor de 50 m (25 m de cada lado da linha central) será estabelecido como a Faixa de Servidão da OHL. A faixa de servidão é necessária para proteger o sistema de eventos inesperados, do contacto com árvores e ramos e outros perigos potenciais que podem resultar em danos no sistema, falhas de energia ou incêndios florestais. A faixa de servidão também será utilizada para aceder, assistir e inspeccionar a OHL. Prevê-se que todas as obras de construção (OHL e estradas de acesso) sejam empreendidas dentro da área identificada para a faixa de servidão permanente.

A dimensão da Faixa de Servidão proposta foi especificada com referência a:

• Directrizes de AIAS do Grupo de Energia da África Austral (Southern Africa Power Pool – SAPP); e

• Directivas de Ambiente, Saúde e Segurança do Grupo Banco Mundial para o Transporte e Distribuição de Energia Eléctrica.

Qualquer infra-estrutura localizada dentro da faixa de servidão será removida ou relocalizada. Isso pode resultar em alguns impactos de reassentamento, que serão avaliados ao longo do processo de AIAS. Em termos de limpeza da vegetação, as normas mínimas a utilizar para a desmatação são indicadas na Tabela 4.5 abaixo.

Tabela 4.5 – Normas para a desmatação dentro da faixa de servidão (RoW) da OHL

Item Desmatação para construção Manutenção operacional

Linha central da OHL (faixa mínima de segurança)

Limpeza de toda a vegetação em um corredor de 30 m (área directamente abaixo da linha a ser desmatada).

O re-crescimento deve ser cortado dentro de 50 mm do solo e mantido através de trabalho manual, conforme necessário. Não é prevista a utilização de herbicidas.

Vales inacessíveis (linha de rastreamento)

Se não houver outra alternativa, limpar uma faixa de 1 m para criação de um acesso pedestre, de modo a ser possível puxar um fio piloto manualmente. Alternativamente, utilizar um helicóptero ou outra técnica para fazer passar o condutor de um lado do vale par ao outro por via aérea.

A vegetação não deve ser perturbada após a remoção inicial - a vegetação pode voltar a crescer.

Vegetação dentro da faixa de servidão (fora da faixa mínima de segurança)

Corte selectivo ou corte de plantas individuais que interfiram ou ameacem a integridade da linha de energia. Geralmente implica a desmatação de toda a vegetação acima de 3 m de altura, incluindo as árvores que podem vir a representar uma ameaça futura dentro do período designado de manutenção (tipicamente três anos).

Corte selectivo.

Posição e suporte da torre / posição do fio de contacto

Desmatação de toda a vegetação dentro da posição proposta da torre e dentro de um raio máximo de 6 m em torno da posição, incluindo a destruição dos cotos de corte ao nível do solo, tratamento com herbicida e a recompactação do solo.

O re-crescimento deve ser cortado dentro de 50 mm do solo e mantido através de trabalho manual, conforme necessário. A utilização de herbicidas não está prevista.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011); Norconsult (2015).

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4.3.3 Fase de Construção

4.3.3.1 Actividades de Construção

Construção da linha de transporte aérea (OHL)

A Tabela 4.6 abaixo descreve as principais actividades de construção associadas à OHL. É previsto que a construção se desenvolva no sentido Norte-Sul (ou seja, começando em Vilanculos e progredindo para o sul em direcção a Maputo. A construção da OHL de 400kV deverá implicar a mobilização de várias equipas de trabalhadores a operar simultaneamente, com cada equipa a realizar uma tarefa específica num processo sequencial que envolve as principais tarefas da construção: desmatação, abertura de acessos, obras de construção civil, montagem de aço e comissionamento. Ainda não foi determinado se estará a trabalhar mais de uma equipe em diferentes secções da mesma linha simultaneamente, isso será determinado durante a nomeação do empreiteiro na fase de construção.

Tabela 4.6 – Fases típicas da construção das linhas aéreas

Actividade Descrição

Preparação do local Isto pode incluir a limpeza da vegetação, onde a linha passa sobre ou perto de árvores que podem infringir cortes de segurança, bem como verificação dos serviços locais e utilidades subterrâneos e levantamentos geotécnicos, conforme necessário.

Estaleiros de construção Estabelecimento de estaleiros de construção ao longo do traçado proposto. O número de estaleiros necessário irá depender do programa de construção detalhado a ser desenvolvido pelo Empreiteiro contratado, e no número de equipas de trabalho necessárias para cumprir esse programa.

Trabalhos de acessibilidade ao local

Será necessário estabelecer acesso de veículos a cada torre, seja por uma estrada de acesso directa ou ao longo da faixa de servidão. Em certas circunstâncias em que as condições do terreno impeçam o acesso normal, pode ser necessário construir uma via de acesso temporária.

Obras de construção civil

As fundações da torre são construídas primeiro: uma ou quatro fundações por torre, dependendo do projecto da torre. As fundações são escavadas mecanicamente e preenchidas com betão. Poderão ser necessárias fundações de estacas em algumas áreas onde as condições do solo são instáveis. As dimensões da escavação serão diferentes dependendo do tipo de torre a ser instalada. O betão será entregue através de camiões de betão pré-misturado a partir de centrais de betão estrategicamente localizadas ao longo do traçado.

Montagem das estruturas de aço

As secções de estruturas de aço para as torres serão transportadas por estrada utilizando um camião 4 x 4. A montagem de cada torre ao nível do solo deveria prosseguir tanto quanto possível até que a utilização de uma grua se torne necessária para permitir que as secções mais altas da torre sejam completadas. É prática normal usar gruas para erguer a estrutura de aço, sujeito a que haja boas condições de acesso. Onde o terreno for difícil e para minimizar a perturbação, a estrutura de aço poderá ter que ser transportada por helicóptero.

Colocação dos cabos condutores

O encordoamento é realizado usando um guincho para puxar o cabo condutor ao longo das torres e um "tensor" na outra extremidade para manter o condutor acima do solo. Normalmente o comprimento da secção é 8-10 km. Estes locais de guincho não são fixos e podem ser seleccionados a fim de minimizar o impacto em particular em locais sensíveis.

Testagem do equipamento Os componentes da linha aérea, incluindo condutores, isoladores, torres, juntas e conexões são projectados e testados para comprovar a conformidade com os requisitos estruturais, mecânicos e eléctricos.

Reabilitação da área de construção da torre

Após conclusão dos trabalhos, a área será limpa. As vedações e cercas serão reparadas assim como serão restabelecidas as vias de acesso e terrenos perturbados como acordado com os utilizadores da terra e detentores de títulos de propriedade. Todas as vedações de segurança do local serão mantidas durante todo o processo de

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Actividade Descrição desactivação e construção.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

Construção da subestação

A Tabela 4.7 descreve as principais actividades de construção associadas com as subestações do Projecto.

Tabela 4.7 – Fases típicas da construção da subestação

Actividade Descrição

Preparação do local Isto pode incluir limpeza da vegetação, bem como levantamentos geotécnicos e estudos pedológicos. A vegetação é limpa das áreas de armazenamento e das áreas das obras.

Estaleiros de construção Estabelecimento de estaleiros de construção próximos, ou dentro, das áreas das novas subestações. O tamanho e organização de cada estaleiro irá depender do Empreiteiro a contratar, nomeadamente do seu programa de construção e das equipas de trabalho necessárias para o cumprir.

Trabalhos de acessibilidade ao local

A infra-estrutura civil para o local é estabelecida, incluindo a colocação de estacas, conforme necessário para quaisquer novas fundações. Isso inclui a criação de novos acessos. A drenagem do local (onde necessário) será instalada juntamente com as fundações para a central eléctrica e será erguida uma vedação de segurança. É testada a integridade das áreas de contenção.

Instalação de equipamento eléctrico

Os principais componentes da central, incluindo transformadores, são transportados para o local e manobrados até á posição usando métodos especializados adequados para cargas anormais. Outras instalações e equipamentos eléctricos são erguidos para a posição usando pequenas gruas móveis. O equipamento é aparafusado às fundações de betão pré-construídas.

Instalação de sistemas eléctricos e de comando

Instalação de cabos eléctricos, equipamentos e sistemas de instrumentação de protecção e controle, por empreiteiros especializados.

Comissionamento

A fase de comissionamento assegurará que os sistemas de controlo da subestação estejam instalados e funcionando correctamente antes que o novo equipamento de subestação seja colocado em uso operacional como parte do sistema de transporte. O comissionamento envolve o teste de sistemas de controlo e software e exigirá pouca ou nenhuma actividade de construção adicional. Os impactos associados ao comissionamento são mínimos.

Fonte: SCDS & Mott MacDonald (2011).

4.3.3.2 Materiais e Equipamento de Construção

Materiais

Espera-se que sejam necessários os seguintes materiais para a fase de construção:

• Materiais inertes e agregados necessários para a construção de estradas e obras de construção civil (bases das torres e subestações). Estes serão provenientes de áreas de empréstimo, a serem seleccionadas pelo (s) empreiteiro (s) da construção. Actualmente, não há estimativa para os volumes necessários desses materiais;

• Será necessária água para as centrais de betão e para fornecer os acampamentos de construção e os alojamentos dos trabalhadores. De momento não está disponível nenhuma estimativa dos volumes de água necessários para a fase de construção, ou das fontes desses volumes.

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Produtos químicos

Não serão necessários produtos químicos relevantes para a fase de construção, com excepção dos produtos químicos normais utilizados em qualquer obra de construção civil (como lubrificantes, óleos, produtos de limpeza, etc.).

Equipamento

A fase de construção usará equipamentos de construção civil comuns, incluindo camiões, gruas, escavadoras, etc.

Combustíveis e Lubrificantes

Os únicos combustíveis e lubrificantes a utilizar na fase de construção serão os necessários para operar as máquinas de construção, e como tal as necessidades serão semelhantes às de qualquer empreitada de construção de dimensão semelhante. Todos os combustíveis necessários para a fase de construção serão adquiridos no mercado nacional.

Consumo de Água e Energia

Na fase de construção, as necessidades de electricidade serão apenas as associadas aos acampamentos de construção e alojamento dos trabalhadores. A energia necessária será em princípio obtida a partir da rede nacional da EDM, ou através de geradores.

Quanto ao consumo de água, e como mencionado acima, será necessária água para as centrais de betão e para fornecer os acampamentos de construção e de alojamento dos trabalhadores. Neste momento não existe ainda uma estimativa das necessidades de água de construção do Projecto. Os volumes necessários serão obtidos a partir de fontes locais ou fornecimento público.

4.3.3.3 Gestão de Resíduos

Os procedimentos de gestão de resíduos para a fase de construção serão definidos numa fase posterior e serão incluídos no PGAS.

4.3.3.4 Mão-de-obra

As necessidades de mão-de-obra para a fase de construção não foram ainda estimadas nesta fase de desenvolvimento do Projecto.

4.3.4 Fase de Operação

4.3.4.1 Actividades Principais

Operação da linha de transporte aérea (OHL)

Os principais trabalhos associados à OHL durante a fase operacional são a manutenção de uma faixa de servidão desobstruída, inspecções às torres à linha e trabalhos de manutenção da linha. O controlo da vegetação na RoW será necessário de modo a evitar avarias na OHL e nas torres. Se o crescimento de árvores e plantas não for controlado, haverá um maior risco de cortes de energia causado pelo contacto com as árvores, incêndios florestais, corrosão de equipamentos de

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aço, bloqueios de acesso a equipamentos e interferência com equipamentos de aterramento. Os requisitos para a limpeza da vegetação da faixa de servidão durante a fase operacional são descritos acima na Tabela 4.5. Sempre que possível, a EDM procurará empregar equipes locais ao longo do traçado para realizar o controlo da vegetação na RoW.

O acesso para inspecção técnica e reparações será intermitente e usará as vias de acesso existentes e será feita dentro da faixa de servidão. Um dos aspectos a monitorizar durante estas inspecções será possíveis aproximações de novas infra-estruturas, que possam constituir um risco para a linha.

Subestações

Durante a operação, as subestações serão automatizadas. Cada subestação terá quatro trabalhadores permanentes (operando num sistema de três turnos). Os trabalhos de manutenção serão intermitentes e dentro dos limites da subestação.

4.3.4.2 Materiais e Equipamentos

Materiais

Não serão necessárias quaisquer matérias-primas para a fase de operação.

Equipamento

Durante a fase de operação, serão utilizados apenas equipamentos comuns, como veículos ligeiros para inspecção da faixa de servidão e ferramentas manuais para limpeza da vegetação.

Necessidades de Combustível e Lubrificantes

Os requisitos de combustível e de lubrificantes durante a fase de operação serão insignificantes, uma vez que serão limitados aos veículos utilizados para inspecções da faixa de servidão e também para o gerador de emergência.

Consumo de Água e Energia

Não foram identificadas necessidades relevantes de consumo de água ou de energia para a fase de operação.

4.3.4.3 Gestão de Resíduos

Os procedimentos de gestão de resíduos para a fase de operação serão desenvolvidos numa fase posterior e serão incluídos no PGAS.

4.3.4.4 Mão-de-obra

O número de trabalhadores necessário para a fase operacional deverá ser muito reduzido. A operação da OHL e das subestações será realizada pelo pessoal existente da EDM. Para além disto, e tal como acima referido, poderão ser empregues equipas locais para o controlo de vegetação da faixa de servidão e as subestações terão quatro trabalhadores permanentes cada.

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4.3.5 Fase de Desactivação

A vida útil deste tipo de infra-estrutura é de aproximadamente 30 anos, podendo a mesma ser prolongada, mediante trabalhos de manutenção e/ou melhoramentos. Assim, a fase de desactivação do Projecto ocorrerá num horizonte temporal relativamente distante, pelo que o grau de certeza em relação às actividades a desenvolver nessa fase é relativamente baixo. Em termos gerais, no entanto, a fase de desactivação do Projecto incluirá as seguintes actividades:

• Remoção de fundações e torres; • Remoção de resíduos e descontaminação das áreas de Projecto; • Eliminação de resíduos e materiais perigosos em unidades de gestão de resíduos

adequadas; • Devolução e reutilização da RoW, de acordo com a utilização final proposta.

Tendo em conta o horizonte temporal longínquo destas actividades, a EDM deverá desenvolver um Plano de Desactivação em momento prévio às actividades de desactivação, incluindo todos os estudos de especialidade necessários para orientar a desactivação e minimizar os seus impactos ambientais e sociais. O local de Projecto será devolvido a uma condição adequada para reutilização de acordo com a utilização final proposta. Será realizada uma auditoria ambiental de encerramento completa, que examinará em detalhe todos os riscos ambientais potenciais existentes no local e fará recomendações abrangentes para acções correctivas, conforme necessário. Após a conclusão das actividades de desactivação, será realizada uma auditoria final para assegurar que todos os trabalhos de restauração tenham sido concluídos.

4.3.6 Valor de Investimento

O valor de investimento total estimado para o Projecto é de aproximadamente 600 milhões de USD (dólares dos Estados Unidos da América). Deve-se notar que este valor corresponde a uma estimativa baseada no actual nível de desenvolvimento do projecto de engenharia, pelo que o mesmo poderá ser revisto durante a fase de engenharia detalhada.

4.4 Calendário de Projecto A construção e o comissionamento da Fase 1 (Vilanculos - Maputo) do Projecto STE terão uma duração total de até 4 anos, com início previsto para 2018 e conclusão em 2022.

O tempo de vida útil estimado da linha de transporte e das subestações é de 30 anos. No entanto, com uma manutenção adequada e/ou modernização poderão permanecer em operação para além deste horizonte.

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5 Áreas de Influência Preliminares do Projecto

5.1 Considerações Gerais O Regulamento de AIAS define a Área de Influência (AI) como a área geográfica directa ou indirectamente afectada pelos impactos ambientais de uma actividade. Apesar desta definição relativamente simples, na prática a definição da AI de um projecto não é uma tarefa óbvia, dado que a AI é função de um grande número de factores, com vários graus de influência nas áreas em redor do projecto e que vão variando ao longo do seu ciclo de vida.

A AI pode, por isso, ser concebida como o somatório de vários factores flutuantes. A extensão geográfica de alguns destes factores pode ser facilmente delimitada (e.g., a área de vegetação removida da RoW da linha de transporte), enquanto para outros factores essa extensão geográfica é muito difícil de medir (e.g., os efeitos socioeconómicos directos e indirectos). Os impactos de um projecto também variam ao longo do tempo: por exemplo, um projecto que emprega centenas de trabalhadores durante a fase de construção, mas apenas um pequeno número quando operacional, tem uma AI social muito diferente nessas duas fases.

Uma outra consideração é a presença de outras organizações ou empreendimentos – cada uma das quais com a sua própria AI – dentro da AI do projecto proposto, o que torna muito difícil atribuir uma AI específica a cada um dos empreendimentos. Devido a isto, é muitas vezes útil considerar e/ou adoptar unidades existentes quando se define uma AI, tais como as linhas de costa, bacias, fronteiras cadastrais (nacionais, provinciais, locais), infra-estruturas lineares (como ferrovias, estradas, rios, canais, etc.).

Tendo em conta o acima exposto, a determinação da AI constitui um exercício baseado numa avaliação pericial, em parte subjectiva, baseada na informação disponível e no conhecimento adquirido sobre os impactos de projectos similares anteriores, combinada com a consideração daquilo que é praticável.

O regulamento de AIAS exige a definição de uma Área de Influência Directa (AID) e de uma Área de Influência Indirecta (AII). Os subcapítulos seguintes definem a AI para o Projecto proposto – o Projecto STE Fase 1, em conformidade com o discutido acima. Note-se que a delimitação das AI’s do Projecto será um processo contínuo ao longo do processo de AIAS, à medida que cresce o conhecimento sobre o ambiente de referência e sobre a avaliação dos impactos do Projecto.

5.2 Área de Influência Directa (AID) A AID do Projecto é constituída por duas componentes:

• A área de afectação directa, i.e., a área ocupada pelas infra-estruturas de Projecto; e • A área onde os impactos directos da construção e operação serão sentidos.

A área de afectação directa inclui a área ocupada pelas torres, as subestações e a faixa de reserva a ser estabelecida. Na fase de construção, a área de afectação directa inclui ainda as infra-estruturas auxiliares, tais como os acessos temporários e os estaleiros de construção.

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Considera-se provável que estas infra-estruturas auxiliares venham a ser colocadas na envolvente imediata da área de Projecto, mas a sua localização exacta não é conhecida no momento presente.

As actividades a serem desenvolvidas no interior da área de afectação directa incluem a relocalização de estruturas e actividades económicas, decapagem de solos, desmatação, movimentos de terras, etc. Os impactos directos destas actividades incluem aspectos como perda de solos, perda e degradação de vegetação e habitats, emissões de ruído e poeiras, entre outras. Espera-se que todos os impactos directos resultantes da construção e operação do projecto sejam limitados a um corredor centrado no traçado da linha, com uma largura máxima de 200 m (100 m para cada lado da linha). Esta largura inclui a RoW, bem como um corredor mais largo de construção, necessário para a construção de acessos temporários, movimentação de maquinaria, etc.

Para além desta área, é ainda expectável a ocorrência de impactos directos nas áreas ocupadas pelos estaleiros de construção, bem como quaisquer áreas afectadas pela construção de acessos permanentes e exploração de manchas de empréstimo. No entanto, a localização destas áreas não é conhecida no momento presente, e portanto não será tida em conta para a definição das AI’s preliminares do Projecto.

A AID preliminar do Projecto é assim definida como um corredor de 200 m centrado no traçado da linha. Note-se, no entanto, que é expectável que esta AID preliminar venha a ser revista ou redefinida na fase de EIA, tendo em consideração as conclusões dos estudos ambientais mais detalhados e da avaliação de impactos a ser desenvolvida nessa fase do processo de AIAS. A AID preliminar é ilustrada na Figura 5.1.

5.3 Área de Influência Indirecta (AII) A AII do Projecto é a área geográfica onde os impactos indirectos do Projecto, ou seja, os impactos secundários que resultam dos directos, se farão sentir.

Em termos do ambiente biofísico, poucos ou nenhuns impactos indirectos são esperados fora da AID. Uma notável excepção será o aumento da exploração de recursos naturais ao longo da faixa de reserva da linha, em particular onde esta atravessar manchas de matas que actualmente não são facilmente acessíveis. A presença da RoW da linha irá facilitar o acesso a estas áreas, o que provavelmente irá resultar no aumento da exploração de recursos naturais das mesmas, como por exemplo a recolha de lenha. São prováveis ainda outros impactos socioeconómicos indirectos, nomeadamente os associados com a criação de oportunidades de emprego, mobilização da mão-de-obra, desenvolvimento de actividades comerciais informais, etc.

É expectável que estes impactos indirectos sejam sentidos em maior grau nas áreas mais perto do traçado da linha. Como tal, foram adoptadas as fronteiras dos distritos atravessados pela linha de transporte como o limite da AII preliminar do Projecto. Similarmente ao descrito para a AID, esta AII preliminar será muito provavelmente reavaliada durante o EIA. A Figura 5.1 acima ilustra a AII preliminar do Projecto.

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Figura 5.1 – Áreas de influência preliminares do Projecto

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6 Caracterização da Situação de Referência O presente capítulo apresenta uma breve caracterização da situação de referência do ambiente potencialmente afectado na AI preliminar do Projecto, conforme definida no Capítulo 5. A caracterização da situação de referência baseia-se em informações secundárias disponíveis para a área de estudo e é focada nos factores ambientais e sociais mais relevantes para a avaliação do Projecto, considerando a sua tipologia e os seus previsíveis impactos potenciais. A Tabela 6.1 apresenta a estrutura da caracterização da situação de referência do EPDA.

Tabela 6.1 – Estrutura da caracterização da situação de referência do EPDA

Ambiente Factor

Ambiente Físico

- Clima; - Qualidade do Ar; - Ruído; - Geologia e Geomorfologia; - Solos; - Recursos Hídricos; - Paisagem.

Ambiente Biótico

- Flora e Vegetação; - Fauna; - Áreas de Conservação; - Habitats Naturais, Modificados e Críticos; - Serviços de Ecossistema.

Ambiente Socioeconómico

- Património e Cultura; - Demografia; - Educação; - Saúde; - Uso do Solo; - Habitação; - Serviços Básicos e Infra-estruturas; - Actividades Económicas.

6.1 Ambiente Físico

6.1.1 Clima

6.1.1.1 Clima Regional

De acordo com a classificação climática de Köppen, o traçado de Projecto atravessa duas regiões climáticas distintas: Aw e BSh (Figura 6.1). O tipo climático Aw corresponde a um clima tropical de savana, que cobre grande parte da costa de Moçambique, caracterizado por uma longa época seca durante o inverno. A precipitação durante a época húmida é geralmente inferior a 1 200 mm, e ocorre apenas durante o verão. As regiões mais interiores cruzadas pelo traçado de Projecto estão classificadas como um tipo climático BSh, o que corresponde a um clima árido e quente de deserto subtropical, influenciado pela estabilidade e subsidência das camadas de ar superiores, em resultado da presença de uma zona de elevada pressão subtropical. Em climas BSh, a humidade relativa nas regiões interiores é em geral reduzida, e a precipitação é reduzida em volume e de distribuição muito variável, tanto em termos temporais como espaciais. As

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temperaturas apresentam uma elevada variação, tanto em termos diários como anuais, verificando-se variações diurnas extremas de temperatura.

Fonte: Adaptado de Peel et al. (2007).

Figura 6.1 – Classificação climática de Moçambique de acordo com Köppen

6.1.1.2 Parâmetros Climáticos Regionais

O presente subcapítulo descreve as características dos principais parâmetros climáticos para a região atravessada pelo Projecto, ou seja, as zonas costeiras da região Sul de Moçambique (Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo). Esta caracterização baseia-se em dados climatológicos de séries de 30 anos obtidas da estação meteorológica de Vilanculos e do Observatório Meteorológico de Maputo. Estas duas estações meteorológicas são consideradas como representativas do clima da região em estudo.

Temperatura

Na região do Projecto, ou seja no Sul de Moçambique, a variação sazonal da temperatura entre os meses mais frios (Junho, Julho e Agosto) e os meses mais quentes (Dezembro, Janeiro e Fevereiro) é de aproximadamente 5ºC. As temperaturas são mais elevadas na região costeira, de baixa elevação, do que nas regiões interiores, com altitudes mais elevadas. As temperaturas médias nas regiões baixas do país são de cerca de 25 – 27ºC no verão e 20-25ºC no inverno. A Figura 6.2 ilustra as temperaturas médias mensais, de acordo com dados climatológicos de séries de 30 anos obtidas da estação meteorológica de Vilanculos e do Observatório Meteorológico de Maputo.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 54

Fonte: INAM (2016).

Figura 6.2 – Temperaturas médias mensais

Precipitação

Na zona costeira do Sul de Moçambique, onde o Projecto se localiza, a precipitação média anual total é inferior a 1 200 mm, apresentando valores máximos perto da costa, mas decrescendo rapidamente em direcção ao interior. A precipitação ocorre fundamentalmente de Outubro a Março e é influenciada pelas correntes oceânicas, em particular pela corrente de Moçambique, que é quente e flui para Sul. As monções influenciam a existência das duas estações distintas previamente descritas, provocando uma distribuição irregular e desigual da precipitação ao longo do ano.

A análise dos dados de precipitações médias mensais para a região de Vilanculos e Maputo (Figura 6.3) revela que os Dezembro e Fevereiro são os meses mais húmidos, com a precipitação média mensal a atingir um máximo de 176 mm, enquanto Agosto e Setembro são os meses mais secos do ano, com a precipitação média mensal a atingir mínimos de 26 mm em Vilanculos e 13 mm em Maputo.

A análise da distribuição sazonal mostra que aproximadamente 95% da precipitação anual acontece durante a época húmida (Novembro a Março).

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 55

Fonte: INAM (2016).

Figura 6.3 – Precipitação média mensal

Regime de ventos

De acordo com INAM (2016), as velocidades dos ventos na região do Projecto são geralmente baixas (Figura 6.4). Outubro e Novembro são os meses mais ventosos, com velocidades entre 8,7 km/h e 12,0 km/h. Entre Dezembro e Junho observa-se uma redução geral da velocidade do vento, atingindo um mínimo mensal de 6,9 km/h na região de Maputo e 8,1 km/h na região de Vilanculos. Maio e Junho apresentam valores médios mensais de velocidade do vento inferiores a 9,5 km/h, sendo os meses menos ventosos.

Em relação às direcções predominantes dos ventos, os dados recolhidos das duas estações meteorológicas mostram que os ventos dominantes sopram, em ordem decrescente, dos quadrantes Este, Sudoeste, Sul e Nordeste. Isto deve-se à circulação atmosférica que é claramente influenciada pelas baixas pressões equatoriais, com ventos de monção provenientes do Nordeste, por sua vez gerados pelo anticiclone subtropical localizado a sul do Rio Zambeze. Tinley (1971) descreve um forte sistema de brisa terra-mar que influencia esta parte o país, caracterizado por ventos predominantes de Sul durante a manhã, mudando para ventos predominantes de Este durante a tarde.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 56

Fonte: INAM (2016).

Figura 6.4 – Velocidade média do vento na região do Projecto (1968-2006)

Humidade

A Figura 6.5 mostra valores de humidade relativa mensal, com base nas séries de dados de 30 anos recolhidas das estações meteorológicas de Vilanculos e Maputo. A humidade relativa média mensal em Vilanculos atingiu o máximo de 81% em Maio e o mínimo de 72% em Agosto. Os meses entre Junho e Agosto são os mais secos do ano, devido à baixa actividade da Zona de Convergência Intertropical na região sul do país nesta altura do ano.

Fonte: INAM (2016).

Figura 6.5 – Humidade relativa média mensal

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 57

6.1.1.3 Vulnerabilidade a Condições Climáticas Extremas

Moçambique é um país muito vulnerável a desastres naturais de origem meteorológica, incluindo secas, cheias e ciclones tropicais, devido sobretudo à sua localização geográfica: o país apresenta uma vasta extensão de linha costeira (2700 km), vários rios internacionais que descarregam no Oceano Índico e vastas extensões de terrenos abaixo do nível médio do mar. Outros factores que contribuem para a vulnerabilidade do país a eventos meteorológicos extremos são a reduzida capacidade de predição destes eventos, a dificuldade em transmitir e dispersar avisos atempados e o elevado grau de pobreza e dependência de recursos naturais, que por sua vez são dependentes da variabilidade climática.

Os ciclones ocorrem de forma cíclica, acompanhados de fortes ventos e chuvas torrenciais. Em termos gerais, a época de ciclones ocorre de Novembro a Abril, com um pico em Dezembro e Janeiro. Entre 1993 e 2021, foram registados 40 ciclones no país (INAM, 2012), dos quais nove (9) foram classificados como muito intensos (velocidade máxima do vento acima de 212 km/h). Em média, todos os anos formam-se três (3) a cinco (5) ciclones no Canal de Moçambique (Tinley, 1971). No entanto, apenas cerca de dois (2) ciclones atingem a costa de Moçambique por ano. Em Moçambique, os ciclones mais frequentes são os de categoria 1 a 4, com ventos entre 63 km/h a 212 km/h. Os ciclones de categoria 5, com velocidades acima de 212 km/h, são raros. As áreas mais afectadas por ciclones em Moçambique são as zonas costeiras do centro e sul.

Fonte: Tropical cyclones/Tracks, Keith Edkins, 2014.

Figura 6.6 – Principais depressões tropicais no Oceano Índico em 2013 e 2014

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 58

6.1.2 Qualidade do Ar

6.1.2.1 Padrões e Directrizes de Qualidade do Ar

Em geral, a definição de padrões de qualidade do ar visa a salvaguarda da saúde pública e a protecção dos ecossistemas. Os mesmos são definidos tendo em consideração as diferentes formas de absorção de compostos gasosos ou material particulado presentes na atmosfera. Em Moçambique, os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho (Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes), com a redacção que lhe é dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro.

No que diz respeito aos padrões de qualidade do ar, este regulamento define os limites de emissão de poluentes para fontes fixas e móveis e os padrões da qualidade do ar ambiente. Até ao momento, Moçambique tem apenas padrões de qualidade do ar ambiente para o dióxido de enxofre (SO2), dióxido de azoto (NO2), monóxido de carbono (CO), ozono (O3), partículas totais em suspensão (PTS). A Tabela 6.2 lista os padrões de qualidade do ar ambiente em Moçambique.

Tabela 6.2 – Padrões nacionais de qualidade do ar ambiente

Poluente Unidade Concentração Período de referência

Partículas totais em suspensão (PTS) µg/m3

150 Média diária máxima

60 Média anual

Dióxido de azoto (NO2) µg/m3 190 Média horária máxima

10 Média anual

Dióxido de enxofre (SO2) µg/m3

500 Valor instantâneo – média de 10 minutos

800 Média horária máxima

100 Média diária máxima

40 Média anual

Monóxido de carbono (CO) µg/m3

30 000 Média horária máxima

10 000 Máximo de 8 horas

60 000 Máximo de 30 minutos

100 000 Máximo de 15 minutos

Ozono (O3) µg/m3

160 Média horária máxima

120 Máximo de 8 horas

50 Máximo de 24 horas

70 Média anual

Fonte: Decreto n.º 18/2004 com a redacção que lhe é dada pelo Decreto n.º 67/2010.

Moçambique ainda não definiu padrões para o material particulado com diâmetro até 10 μm (PM10). Na ausência de padrões nacionais, foram consideradas as directrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para este poluente: concentrações máximas de 50 µg/m3 (para um período de referência de 24 horas) e 20 µg/m3 (média anual). A Tabela 6.3 apresenta as directrizes internacionais de qualidade do ar relevantes, nomeadamente as definidas pela OMS, União Europeia (UE) e África do Sul, em comparação com os padrões de Moçambique.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 59

Tabela 6.3 – Directrizes internacionais de qualidade do ar ambiente

Poluente Período de referência

Moçambique (µg/m3) OMS (µg/m3) União Europeia

(µg/m3) África do Sul

(µg/m3)

PM10 24 horas -- 50 50 --

1 ano -- 20 40 --

SO2

Instantâneo -- 500 -- 500

1 hora 800 -- 350 --

24 horas 100 -- 125 125

1 ano 40 50 20 50

CO 1 hora 30 000 -- -- --

8 horas 10 000 10 000 10 000 --

NO2

1 hora 190 200 200 376

24 horas -- -- -- 188

1 ano 10 40 40 94

6.1.2.2 Situação de Referência da Qualidade do Ar

Moçambique ainda não estabeleceu uma rede de monitorização da qualidade do ar, pelo que não estão disponíveis dados específicos de qualidade do ar a nível nacional. Como tal, é realizada uma avaliação qualitativa da qualidade do ar ambiente, com base em revisão bibliográfica e considerando as principais fontes de poluição atmosférica presentes na área de estudo.

De acordo com Cumbane (2003), a queima de biomassa é uma das principais fontes de emissão de material particulado para a atmosfera, seguida por emissões industriais. Cumbane & Ribeiro (2004) indicam que as principais fontes de emissão de poluentes atmosféricos em Moçambique são as queimadas de biomassa naturais ou induzidas, incluindo as utilizadas para abrir novos talhões de agricultura de subsistência, a queima a céu aberto de resíduos sólidos urbanos, o tráfego rodoviário, as actividades industriais e a queima de lenha e carvão.

Cumbane (2003) e Schwela (2007) apontam para as queimadas descontroladas nas zonas rurais, em particular nas regiões Centro e Norte do país, como uma das principais fontes de emissões de poluentes atmosféricos, resultando em poluição atmosférica. Crutzen & Andreae (1990) reforçam esta tese, referindo que das várias fontes de emissão de poluentes, a queima de biomassa é uma das fontes de emissão mais relevantes em regiões tropicais.

Como se pode ver na Figura 6.7, em 2000 as maiores fontes de emissão de gases poluentes para a atmosfera em Moçambique corresponderam a queimadas de savanas, seguidas de fogos naturais e queima de combustíveis domésticos.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 60

Fonte: Adaptado de Gondwe, Kenneth J., APINA.

Figura 6.7 – Emissões totais de Moçambique em 2000

O projecto SAFARI (Southern African Regional Science Initiative), desenvolvido por um grupo de universidades norte-americanas, teve como um dos seus objectivos científicos a avaliação das concentrações de vários poluentes atmosféricos na baixa atmosfera, gerados por queimas de biomassa durante a estação seca em África Oriental. O projecto SAFARI incluiu vários países da África Austral, incluindo Moçambique. Como parte deste projecto, foram realizadas medições das concentrações de vários poluentes gasosos e particulados na baixa troposfera, através de voos a alturas entre os 750 m e 4 500 m, no período de Agosto a Setembro de 2000.

A Tabela 6.4 apresenta alguns dos dados produzidos no projecto SAFARI, mostrando os resultados para Moçambique e a sua comparação com as concentrações médias do conjunto de 5 países abrangidos pelo estudo (Malawi, África do Sul, Tanzânia, Moçambique e Zimbabwe).

Tabela 6.4 – Concentrações de fundo médias na atmosfera a uma altitude inferior a 5 km

Poluente Unidade Técnica de medição Concentração média

Moçambique Todos os 5 países CO2 ppmv

GC/C AFTIR 384 ± 7 386 ± 8

CO ppbv

165 ± 43 261 ± 81 CH4 1 710 ± 55 1735 ± 21 SO2 ppmv Teco 43S 2,9 ± 2 2,5 ± 1,6 O3 ppbv Teco 49C 51 ± 14 64 ± 13

CH3Br pptv GC/C

8 9 ± 1 CH3CL 575 633 ± 56

CN cm-3 TSI 3025A (3,4 ± 2,5) x 103 (4,5 ± 2,9) x 103 Partículas totais (< 3 µm)

µg/m3

Gravimetric/Filter 31,2 ± 23,5 26,0 ± 4,7 Ácidos orgânicos

IC/Filter 1,4 ± 1,2 1,1 ± 0,4

Sulfatos 8,5 ± 5,0 4,6 ± 3,6 Nitratos 0,8 ± 0,3 0,8 ± 0,3

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 61

Poluente Unidade Técnica de medição Concentração média

Moçambique Todos os 5 países Potássio PAES/Filter 0,5 ± 0,5 0,4 ± 0,1

Carbono negro (CP) ATN/Filter 1,0 ± 0,5 2,3 ± 1,9 Carbono total (TC) EGA/Filter 5,9 ± 5,1 8,5 ± 4,8

Fonte: “Journal of Geophysical Research”, volume 108 of 2003.

Como se pode ver da tabela anterior, as concentrações de fundo médias de CO2 e SO2 estão muito abaixo dos padrões nacionais de qualidade do ar e das directrizes internacionais aplicáveis. Os restantes poluentes medidos na tabela também apresentam concentrações de fundo médias muito baixas. Este estudo indica assim que a qualidade do ar em Moçambique se encontra em termos gerais muito pouco degradada.

A Figura 6.8 representa modelação desenvolvida pela OMS para concentração de PM2.5 (matéria particulada com diâmetro inferior a 2,5 µm) na região do Projecto, de acordo com a “WHO Global Urban Ambient Air Pollution Database”, adaptada para 2016.

Fonte: Adaptado de “WHO Global Urban Ambient Air Pollution Database. 2016”.

Figura 6.8 – Distribuição da concentração de PM2.5 (µg/m3)

Com base na figura acima, pode-se observar que a concentração de fundo de PM2.5 na área de Projecto varia entre um mínimo de 11 µg/m3 até um máximo de 35 µg/m3 (região de Maputo). Na cidade de Maputo são observadas concentrações mais elevadas de matéria particulada, devido à maior intensidade das actividades antrópicas nesta região, nomeadamente a emissão de poluentes atmosféricos a partir de fontes industriais pontuais e do tráfego rodoviário.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 62

Seinfeld & Pandis (1998) sugerem que as concentrações de fundo internacionais de aerossóis particulados (que incluem PM10) deverão estar na gama dos 5 µg/m3 em áreas remotas, 15 µg/m3 em áreas rurais e 32 µg/m3 em áreas urbanas.

A Figura 6.9 ilustra as concentrações de fundo de NO2 ao nível do solo obtidas do serviço de monitorização atmosférica Copernicus (CAMS, 2017) para a área atravessada pelo corredor do Projecto STE, durante Março de 2017.

Fonte: Copernicus Atmosphere Monitoring Service (March, 2017).

Figura 6.9 – Concentração de fundo de NO2 ao nível do solo

Considerando a reduzida importância das fontes de emissão existentes ao longo do corredor do Projecto e as concentrações de fundo esperadas, pode-se afirmar que a qualidade do ar ambiente para parâmetros chave, como as PM e o NO2, deverão estar plenamente em conformidade com os valores limites estabelecidos pelos padrões nacionais de qualidade do ar ambiente.

Síntese da situação de referência

Conforme anteriormente referido, a descrição da situação de referência da qualidade do ar ambiente baseia-se numa avaliação qualitativa das principais fontes de emissão na área de estudo, dado que não existem dados quantitativos de qualidade do ar para a área de Projecto.

Considerando o reduzido tráfego rodoviário, as emissões de poeiras e de gases de escape deverão ser mínimas. A queima de combustíveis domésticos e as queimadas de biomassa deverão ser as principais fontes contribuidoras para as emissões de poluentes atmosféricos, mas tendo em conta a reduzida densidade populacional ao longo da área de estudo, não se espera que as emissões resultantes destas fontes sejam altas o suficiente para causar excedências aos

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valores limite estipulados pelos padrões de qualidade do ar. Em conclusão, a qualidade do ambiente deverá ser relativamente boa, o que resulta do facto da área de estudo abranger sobretudo zonas não desenvolvidas e de carácter rural.

6.1.2.3 Fontes de Emissão Locais

A área de influência do Projecto apresenta um carácter marcadamente rural e natural. Devido à sua extensão (561 km), o corredor proposto atravessa várias estradas primárias entre Maputo e Vilanculos, mas apenas um número restrito de povoações humanas.

Ao longo do traçado de Projecto podem identificar-se algumas fontes relevantes de poluição atmosférica. Estas fontes podem ser agrupadas em três tipos, nomeadamente fontes de linha, fontes pontuais e fontes de área, conforme descrito abaixo:

• Tráfego rodoviário – fonte de linha, responsável por emissões gasosas e de material particulado geradas pelos escapes dos veículos de combustão interna e pela mobilização de poeiras das estradas;

• Fontes diversas de poeiras fugitivas – fontes de área, responsáveis pela emissão de poeiras, geradas por erosão eólica a partir de áreas abertas (com coberto vegetal reduzido);

• Queima de combustíveis domésticos – emissões gasosas e de material particulado geradas pela combustão de combustíveis domésticos; e

• Queimadas de biomassa - emissões gasosas e de material particulado geradas por queimadas de biomassa, incluindo fogos naturais e práticas agrícolas de corte e queimada.

Tráfego rodoviário – Em Moçambique, as estradas são classificadas como primárias, secundárias ou terciárias. A maior parte das estradas primárias foram modernizadas em anos recentes e em geral apresentam uma infra-estrutura de boa qualidade. A intensidade de tráfego no país pode ser classificada como baixa, em termos gerais, para toda a rede existente. As principais estradas atravessadas pelo corredor de Projecto são a EN1, que se desenvolve paralelamente à linha de costa, a EN, a EN 208, a EN 416 e a EN 423. A Figura 6.10 ilustra a rede rodoviária na região de interesse.

Dada a reduzida intensidade de tráfego na região atravessada pelo Projecto, as emissões de poeiras e de gases de escape a partir das estradas deverão ser de reduzida significância. Como tal, não se espera que o tráfego rodoviário ao longo da área de estudo resulte em poluição atmosférica grave. A única excepção possível corresponde ao tráfego rodoviário na cidade de Maputo e zonas envolventes, que é de maior intensidade. No entanto, e em termos gerais, não são esperados problemas de qualidade do ar associados às emissões de veículos automóveis ao longo do traçado de Projecto.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 64

Figura 6.10 – Rede rodoviária existente ao longo do corredor de Projecto

Fontes diversas de poeiras fugitivas – as emissões de poeiras fugitivas podem ser geradas por erosão eólica em áreas abertas, tais como áreas agrícolas recentemente plantadas, áreas com coberto vegetal reduzido ou outras áreas com exposição do solo nu. As quantidades de emissões fugitivas dependem da área em questão, da natureza e duração das actividades agrícolas e do teor de humidade e finos dos solos expostos. Em geral, a quantidade de poeiras eólicas fugitivas aumenta com a velocidade do vento, com a extensão das áreas expostas e com o teor em finos dessas áreas. Ao longo do traçado do Projecto proposto existem algumas áreas abertas, que irão constituir uma fonte de emissão de poeiras fugitivas. Na área de estudo existem actividades agrícolas, mas a agricultura tradicional de subsistência corresponde à maior parte das áreas cultivadas, com reduzido controlo da vegetação. Considerando os principais usos do solo ao longo do traçado de Projecto proposto, as emissões de poeiras fugitivas podem ser uma fonte contribuidora para a poluição atmosférica na região do Projecto.

Queima de combustíveis domésticos – O uso de energia no sector residencial divide-se tipicamente em três grandes categorias, nomeadamente: (i) tradicional – queima de madeira, esterco e bagaço, (ii) de transição – queima de carvão, parafina e gás, e (iii) moderno – electricidade (com uso crescente de fontes de energia renovável). Com a excepção das principais cidades, que são electrificadas, a maior parte dos povoamentos humanos ao longo do traçado de Projecto proposto recorrem a madeira e carvão como as suas principais fontes de energia domésticas. Como tal, a queima de combustíveis domésticos pode constituir uma das principais fontes de poluição atmosférica nas províncias atravessadas pelo Projecto STE. Deve-se notar, no

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entanto, que é pouco provável que a queima de combustíveis domésticos gere níveis de emissão suficientemente altos para provocar a excedência dos limites de qualidade do ar moçambicanos.

Queimadas de biomassa – As queimadas de biomassa incluem a queima de florestas perenes e decíduas, matas, pradarias e terras agrícolas, e podem resultar quer de fogos espontâneos quer de fogos induzidos pelo homem, como parte de práticas agrícolas de corte e queimada. A queima de biomassa é um processo de combustão incompleto, que gera a emissão de CO, metano e NO2. Aproximadamente 40% do azoto da biomassa é emitido como nitrogénio, 10% permanece nas cinzas e pode-se assumir que 20% é emitido como compostos de azoto de peso molecular mais elevado. A visibilidade das plumas de fumo é atribuída ao teor em material particulado do aerosol.

Nos meses antes da época húmida, de Julho a Setembro / Outubro, é expectável a ocorrência de várias queimadas induzidas, cujo objectivo é abrir novas áreas agrícolas. As práticas de corte e queimada são comuns na região, e este tipo de queima de biomassa pode constituir uma fonte significativa de material particulado e NO2.

6.1.2.4 Receptores Sensíveis

Os receptores sensíveis à qualidade do ar incluem fundamentalmente as áreas residenciais de povoações localizados ao longo ou dentro do corredor de Projecto (bem como as infra-estruturas sociais dessas povoações, como escolas, unidades de saúde ou locais de culto). Assim, e no que concerne aos receptores sensíveis a poluição atmosférica, o corredor do Projecto irá passar ao longo das zonas exteriores norte da cidade de Maputo, alguns povoamentos dispersos em Boane, Magude, Chibuto, Funhalouro e Vilanculos, e através de vários pequenos aglomerados urbanos, conforme se ilustra na Figura 6.11. A Figura 6.13 (ver subcapítulo 6.1.3.4) ilustra, a uma macro-escala, os locais povoados existentes na proximidade do corredor do Projecto STE

Fonte: Adaptado de Google Earth (2017).

Figura 6.11 – Receptores sensíveis nas proximidades da área urbana de Magude

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6.1.2.5 Alterações Climáticas e Emissões de GEE

O termo alterações climáticas refere-se a qualquer alteração no clima actual, atribuída directamente ou indirectamente às actividades humanas, que acresce à variabilidade climática natural observada ao longo de períodos de tempo comparáveis (MITADER, 2007). É amplamente aceite pela comunidade científico que os padrões climáticos globais estão já a sofrer alterações e que a tendência será um aumento global da temperatura média do ar, maior variabilidade no regime de precipitação, aumento do nível médio do mar e aumento da ocorrência de fenómenos extremos, tais como cheias, ciclones e secas prolongadas.

O aquecimento observado desde meados do século XX deve-se maioritariamente ao aumento da concentração de gases com efeito de estufa (GEE), em resultado das emissões de actividades humanas. O aumento excessivo de GEE aumenta a quantidade de calor que é retido na atmosfera, levando ao aquecimento do planeta, o que afecta o clima globalmente. Alguns dos GEE mais comuns incluem dióxido de carbono (CO2), vapor de água, metano (CH4), óxidos de azoto (NOX) e clorofluorcarbonetos (CFC’s). Os GEE mais relevantes são o vapor de água e o CO2. Este último, por exemplo, permanece na atmosfera durante séculos após ser emitido, e é armazenado na Terra em diferentes formas.

Em Moçambique, as alterações climáticas têm sido registadas através de alterações nos padrões de temperatura. Um relatório publicado por INGC (2009) indica que no período de 45 anos entre 1960 e 2005 foi observada uma clara tendência de aumento da temperatura na maior parte do país. Esta tendência de aquecimento não tem sido uniforme ao longo do país: no centro de Moçambique observaram-se aumentos de até 1,6ºC durante o inverno, enquanto no norte registaram-se aumentos de temperatura de cerca de 1,1ºC durante os meses de Março-Abril-Maio e Setembro-Outubro-Novembro.

As temperaturas em Moçambique podem vir a aumentar entre 1,2ºC a 1,7ºC até 2050, e entre 3,2ºC e 4,0ºC até 2095 (USGC). A variabilidade da precipitação irá aumentar, potencialmente afectando o início da estação chuvosa e a distribuição da precipitação, resultando em épocas chuvosas mais húmidas e épocas secas mais secas.

As províncias do centro são as mais susceptíveis a cheias, ciclones e epidemias, seguidas das províncias do sul e de norte. A região sul, com o seu clima de savana seco e tropical, é mais susceptível a secas do que as regiões centro e norte, que são caracterizadas por clima tropical chuvoso e clima moderadamente húmido modificado pela altitude, respectivamente (INGC, 2009).

De acordo com o último inventário de GEE, realizado em 1994, as emissões directas totais de GEE de Moçambique são de aproximadamente 9 milhões de toneladas de CO2, 270 000 toneladas de CH4 e 3 000 toneladas de NO2. Quanto expressas em termos do seu Potencial de Aquecimento Global (GWP), estas emissões correspondem a um equivalente de CO2 de cerca de 15,9 MtCO2e/ano (ou seja, 16 milhões de toneladas – UNDP, 2016).

No que respeita ao sector de energia, o GEE mais emitido é o CO2, totalizando 1,5 milhões de toneladas. As emissões de GEE de indústrias do sector de energia, em Moçambique, estão sobretudo associadas à combustão de diesel para a produção de electricidade. Apesar disto, o uso de gás natural tem vindo a crescer. As emissões do sector de energia em Moçambique

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resultam assim da combustão de combustíveis carbonatados (combustíveis fósseis e biomassa). O CO2 e o CO são os principais gases emitidos por estas actividades. Para além destes, são também emitidos outros gases, tais como CH4, NOX e compostos orgânicos voláteis, embora em quantidades negligenciáveis (UNDP, 2016).

6.1.3 Ruído

6.1.3.1 Directrizes de Ruído Ambiente

Moçambique ainda não definiu padrões nacionais para o ruído ambiente. Os padrões de qualidade ambiental nacionais são estabelecidos pelo Decreto n.º 18/2004, de 2 de Junho (Regulamento sobre Padrões de Qualidade Ambiental e de Emissão de Efluentes), com a redacção que lhe é dada pelo Decreto n.º 67/2010, de 31 de Dezembro, que estabelece os padrões de qualidade ambiental e os limites de emissão para efluentes, com o objectivo de controlar as concentrações de poluentes no ambiente e mantê-las a níveis aceitáveis. Este decreto indica ainda que as directrizes de ruído ambiente serão futuramente estabelecidas pelo MITADER. No entanto, até à data, não foram ainda publicadas estas directrizes específicas respeitantes à monitorização e avaliação do ruído ambiente.

Na ausência de regulamentação nacional, as directrizes de ruído ambiente da OMS e do Banco Mundial (BM) foram adoptadas como padrões de Projecto. As directrizes da OMS relativas ao ruído ambiente foram definidas considerando os efeitos negativos potenciais do ruído na saúde e em ambientes específicos. De acordo com a política de ruído da OMS, as áreas residenciais, escolas e hospitais são considerados como receptores / usos do solo sensíveis. A Tabela 6.5 apresenta as directrizes de ruído ambiente da OMS para estes receptores sensíveis.

Tabela 6.5 – Directrizes de Ruído Ambiente da OMS

Uso do solo / Ambiente específico Directriz (LAeq em dB(A)) Período de Referência

Efeito na Saúde da Excedência do

Limite Exterior de áreas residenciais (período diurno) 55 dB(A) 16 horas (06h00 – 22h00) Incómodo sério

Exterior de áreas residenciais (período nocturno) 45 dB(A) 8 horas (22h00 – 06h00) Perturbação do

sono

Fonte: Berglund et al. (1999).

O BM e o IFC também têm directrizes de ruído ambiente, que definem que o ruído particular de um determinado projecto não deve exceder os limites apresentados na Tabela 6.6 ou resultar num aumento dos níveis de ruído ambiente superior a 3 dB(A) junto ao receptor sensível mais próximo.

Tabela 6.6 – Directrizes de ruído ambiente do BM/IFC

Receptor LAeq (dB(A)) – 1 hora

Período diurno (07:00 - 22:00)

Período nocturno (22:00 – 07:00)

Residencial, institucional, educativo 55 45 Industrial, comercial 70 70

Fonte: IFC (2007).

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Como se observa das tabelas acima, as directrizes da OMS para o exterior de áreas residenciais são iguais às directrizes da IFC para receptores residenciais, institucionais ou educativos, para ambos os períodos de referência (diurno e nocturno).

6.1.3.2 Fontes de Emissão Locais de Ruído

O traçado da linha de transporte proposta irá maioritariamente atravessar regiões com uma densidade populacional muito baixa e com baixos níveis de desenvolvimento e industrialização, com a excepção da região de Maputo, onde se observam alterações relevantes ao ambiente sonoro devido à densidade populacional mais elevada e às actividades antrópicas.

O território atravessado pelo Projecto proposto pode assim ser caracterizado como maioritariamente de natureza rural ou natural, com a excepção acima referida. Os principais usos do solo no corredor de Projecto incluem agricultura tradicional não-mecanizada, e matas e savanas naturais. Fora das povoações, não foram identificadas fontes de ruído antropogénicas relevantes para a maior parte do traçado proposto. Assim, com excepção da área da cidade de Maputo, as principais fontes que definem o ambiente sonoro da área de Projecto são:

• Ruídos naturais – tais como o ruído gerado pelo vento, chuva e animais (insectos, pássaros, sapos, etc.);

• Povoações humanas – ruído gerado por actividades humanas normais, tais como pessoas a falar, crianças a brincar, música, etc.;

• Tráfego rodoviário – ruído gerado pela circulação na rede rodoviária de veículos motorizados ligeiros e pesados.

O corredor de Projecto irá atravessar várias estradas primárias, incluindo: EN1, EN 204, EN 205, EN 208, EN 416 e EN 423. A rede rodoviária da região de interesse é ilustrada na Figura 6.10 (ver página 64).

Em termos gerais, o tráfego rodoviário em Moçambique pode ser descrito como sendo de baixa a muito baixa intensidade. Contagens de tráfico realizadas em 2008 resultaram em médias de 905 veículos/dia em estradas primárias, 147 veículos/dia em estradas secundárias e 58 veículos/dia em estradas terciárias (AICD World Bank, 2008). Dada a reduzida actividade veicular, o tráfego rodoviário pode ser avaliado, em termos gerais, como uma fonte de ruído de reduzida significância ao longo da área de Projecto.

6.1.3.3 Níveis de Ruído Ambiente

Não existem dados de ruído recentes para a área de Projecto. Como tal, apresenta-se uma avaliação qualitativa do ambiente sonoro em termos gerais, com base na análise das principais fontes de emissão localizadas na área de estudo, identificadas com base em revisão bibliográfica, e dos usos do solo dominantes. A caracterização dos níveis de ruído ambiente expectáveis para a área de influência de Projecto levou ainda em consideração medições de ruído realizadas anteriormente pela Consultec para outros estudos desenvolvidos na região de interesse.

O traçado proposto do Projecto STE irá atravessar áreas com diferentes usos do solo e diferentes sensibilidades ao ruído. Através da análise de imagens aéreas, constata-se que o traçado proposto evita em geral atravessar áreas urbanas. De facto, as áreas residenciais próximas do

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traçado proposto são raras (considerando a extensão do Projecto) e em geral de baixa densidade, com excepção da Cidade de Maputo. O ambiente acústico das áreas atravessadas pelo Projecto pode ser assim descrito como sendo o típico de áreas rurais e naturais, ou seja com baixos níveis de ruído, sendo apenas esporadicamente afectado pelo tráfego rodoviário circulante nas estradas atravessadas pelo corredor de Projecto.

Campanhas de monitorização de ruído realizadas anteriormente pela Consultec na região de Vilanculos (21º57’S; 35º18’E) indicaram níveis de ruído entre 31,6 dB(A) a 37,8 dB(A), para o período diurno, e 36,6 dB(A) a 37,6 dB(A), para o período nocturno. Em zonas com estas características, onde os usos do solo são largamente naturais ou rurais, o ambiente sonoro é determinado fundamentalmente por fontes de ruído naturais. Não são esperadas excedências às directrizes do BM/IFC, para nenhum dos períodos de referência.

Em 2016, a Consultec realizou uma campanha de monitorização de ruído nas proximidades da Subestação de Maputo (25°53'S;32°24'E). Os níveis de ruído registados foram mais altos do que em Vilanculos, tanto durante o período diurno, com níveis entre 66,0 dB(A) e 67,5 dB(A), como o período nocturno, com níveis a atingir 65,7 dB(A)).

Nas proximidades da Subestação de Maputo, os usos do solo têm um carácter mais urbanizado, apresentando um grau de perturbação acústica relevante, devido ao maior tráfego rodoviário e outras actividades antrópicas. Nesta zona são expectáveis excedências às directrizes do BM/IFC, em ambos períodos de referência.

Com excepção das fontes de ruído existentes na área de influência da Cidade de Maputo, não foram identificadas outras fontes antropogénicas de ruído significativas que possam resultar em alterações relevantes ao ambiente sonoro local ao longo do corredor do Projecto STE proposto.

Com base neste inventário de fontes de emissão, o ambiente sonoro da área de estudo deverá ser o típico de áreas naturais e rurais, com reduzidos níveis de ruído ambiente, em cumprimento das directrizes de ruído adoptadas (OMS e WB/IFC).

6.1.3.4 Receptores Sensíveis

Os receptores potencialmente sensíveis ao ruído incluem as áreas residenciais das povoações dentro do corredor de Projecto (bem como as infra-estruturas sociais dessas povoações, como escolas, unidades de saúde ou locais de culto).

O Projecto proposto irá passar através do limite norte da cidade de Maputo, alguns povoamentos dispersos em Boane, Magude, Chibuto, Funhalouro e Vilanculos, e através de vários pequenos aglomerados urbanos.

A Figura 6.12 ilustra, a uma macro-escala, os locais povoados existentes na proximidade do corredor do Projecto STE.

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Figura 6.12 – Locais povoados localizados na proximidade do Projecto STE Fase 1

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6.1.4 Geologia e Geomorfologia

A caracterização geológica da área de estudo baseou-se em revisão bibliográfica. Das várias fontes de informação consultadas, deverá fazer-se menção especial às cartas geológicas da Direcção Nacional de Geologia (DNG), à escala 1:250 000, em particular as folhas 2234/2235, 2334/2335, 2333, 2433, 2431/2432 e 2532 que cobrem a região em estudo.

Os subcapítulos seguintes apresentam uma breve descrição do enquadramento geológico da área de estudo. A descrição é primeiramente feita a um nível regional, seguindo-se uma perspectiva mais local, focada no corredor proposto para a linha de transporte.

6.1.4.1 Geomorfologia

Geomorfologicamente, o território de Moçambique pode ser dividido em 4 zonas fisiográficas (Afonso et al., 1998):

• Zonas Montanhosas, com cotas superiores a 1000 m, formadas em consequência de movimentos permo-carbónicos do Gondwana. Os cumes e cristas são intrusivo-tectónicos em formações metamórficas das idades Arcaica e Proterozóica superiores;

• Zonas dos Grandes Planaltos, com cotas entre os 1000 e 500 m, formadas em resultado do ciclo erosivo resultante do desmembramento do Gondwana no Cretácico Inferior. Trata-se de superfícies de origem erosiva-desnudada, eriçadas por inselbergs graníticos esculpidos nas formações pré-câmbricas e rochas do Karoo;

• Zona do Planalto Médio, com cotas entre os 500 e 200 m, resultante de movimentos de basculamento no terciário médio. São zonas de aplanações, depressões, superfícies de rochas vulcano-sedimentares e planícies de acumulação; e

• Zona das grandes planícies costeiras, com cotas inferiores a 200 m, atribuída ao ciclo do Congo, cujo início foi, provavelmente no Plio-Pleistocénico. Esta zona, dominada essencialmente por sedimentos terciários e quaternários ocupa, em grande parte, a região a Sul do Rio Save e a orla costeira. A área de estudo enquadra-se nesta zona.

Estas unidades fisiográficas são delimitadas por escarpas mais ou menos acentuadas. Regra geral, a altitude aumenta progressivamente da costa para o interior. Na zona costeira, as formas geomorfológicas características são as depressões deposicionais, associadas com escoamentos eólico-fluviais e abrasão marinha, e as planícies deposicionais dos tipos eólico e fluvial.

A área de estudo localiza-se na Bacia Sedimentar de Moçambique, que está directamente associada com a quebra do Gondwana no Paleozóico e Mesozóico inferior – fase de separação do Gondwana; seguida da Fase de Estabilização e da Fase de Neo-rifting. Esta última corresponde a uma aceleração no desenvolvimento do Sistema do Rift de África Oriental (SREA) (GTK, 2006).

O enquadramento estrutural actual da Bacia de Moçambique é composto de um mosaico de grabens alongados com orientação N-S e planaltos mais pequenos tipo horst, em locais intersectados por falhas NE-SW pouco definidas. Na Figura 6.13 podem facilmente identificar-se alguns grabens em imagens de satélite tratadas para mostrar o relevo.

Em relação à morfologia da Bacia de Moçambique, podem identificar-se vários highs de norte para sul (GTK, 2006); estes incluem o High de Balane, o Southern Uplift e o horst de Xai-xai

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(flanqueando o grande Graben de Limpopo). Nas regiões este, os seguintes highs podem ser identificados de sul para norte: o high de Zandamela, separado pelo high Nhachengue-Domo mais a norte pelo graben estreito de Inhambane, com orientação SW-NE.

Figura 6.13 – Estruturas de Rift afectando a base da Bacia de Moçambique

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Estes elementos são limitados a oeste pelo grande Sistema de Graben de Mazanga-Funhalouro (grabens de Mabote, Funhalouro e Mazanga). A norte e este deste sistema, localiza-se o high de Pande-Temane (o local dos campos de gás).

Mais para sul, localizam-se o Graben de Changane, o Graben do Limpopo e o Graben de Palmeira. Os segmentos reactivados do Graben do Limpopo formam o Graben de Chidenguele e, na zona ao largo, o Graben de Xai-xai.

Ao longo da linha Inhambane-Magude ocorre um grande sistema de falha, com orientação NE-SW, sendo exactamente paralela às cristas das mega-dunas do Pleistoceno.

6.1.4.2 Enquadramento Geológico

Moçambique tem uma geologia rica e complexa, incluindo desde formações da idade Mesoarcaica (3 200 milhões de anos atrás), com dois terços do país compostos por tipos de rocha pré-Câmbricas, até formações da idade Quaternária – sobretudo nas regiões Centro-Sul e na faixa costeira nordeste, que ocupam o restante terço do país.

A cobertura Fanerozóica de Moçambique é representada pelas litologias depositadas depois do Ciclo Orogénico Pan-Africano, e pode dividir-se em dois grandes grupos: o Supergrupo do Karoo (SGK) e o Sistema de Rift de África Oriental (SREA).

A geologia da área de Projecto é fundamentalmente constituída por rochas sedimentares, compostas, do topo para a base da sequência estratigráfica, de rochas do Cenozócio e Cretácico, cobrindo basaltos do Karoo. As unidades do Cretácico e Terciário são expostas sob um coberto do Quaternário.

Fonte: Adaptado de SADAC (2003).

Figura 6.14 – Corte esquemático Oeste-Este da geologia da Bacia Costeira de Moçambique. Escala exagerada no eixo vertical.

Os depósitos do Quaternário são subdivididos em depósitos do Pleistoceno - Dunas Interiores, Terraços Fluviais, Arenitos Costeiros (ou “Pedra de Praia”) e Calcários Lacustres, e depósitos do Holoceno – depósitos de planícies de inundação, com composição areno-siltosa ou siltosa.

6.1.4.3 Geologia Local

A geologia superficial da Bacia Sedimentar de Moçambique (ou seja, as camadas geológicas observáveis ao nível da superfície) é caracterizada por uma escassez de afloramentos, devido às

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superfícies deposicionais de relevo suave, alteração das rochas sedimentares e presença de resíduos de alteração, como laterite, calcrete, caliches e ferricrete (GTK, 2008). As formações geológicas interceptadas pelo Projecto proposto são ilustradas na Figura 6.15.

Legenda: Os códigos das formações geológicas interceptadas pelo Projecto são acentuados a negrito na legenda da figura. Ver as litologias correspondentes a cada código na Tabela 6.7.

Figura 6.15 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto

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Tabela 6.7 – Formações geológicas interceptadas pelo Projecto

Código Litologia Período

Qdi Duna interior; areias vermelhas eólicas

Quaternário

Qe Areias eólicas

Qt Cascalhos e areias de terraços fluviais

Qpi Lamas de planícies de inundação eluviais

Qps Areias siltosas de planícies de inundação eluviais

Qa Aluvião, areia, silte, cascalho

TeJu Formação de Fofane, Membro Urrongas, calcário e calcário brechado Paleoceno - Plioceno

TeMn Mangulane; Membro Magude; arenito ferruginoso

Conforme se pode observar na Figura 6.15 e na Tabela 6.7 acima, o corredor de Projecto irá interceptar fundamentalmente formações sedimentares, incluindo depósitos sedimentares relativamente recentes do Quaternário (dunas interiores, areias eólicas, areias de planícies de inundação e outros sedimentos aluvionares) e rochas sedimentares do Paleoceno – Plioceno (calcários e arenitos ferruginosos).

Os sedimentos da área de estudo inserem-se maioritariamente na sequência 6 das formações sedimentares do pós-Karoo (depósitos quaternários) e nas sequências 4 e 5 do Paleoceno – Plioceno (formações do Terciário). A deposição do Quaternário é parcialmente controlada por forças endógenas, exercidas durante o desenvolvimento da bacia. Apesar disto, os processos exógenos são os mais importantes para a deposição do Quaternário, em particular as flutuações significativas do nível do mar, o que se reflecte nos sedimentos interceptados pelo Projecto (fluviais, lacustres, eólicos, arenitos, calcários, etc.).

6.1.4.4 Sismicidade

A principal região sismicamente activa em Moçambique é a zona central, que está sob a influência do Vale do Grande Rift, que separa as placas Arábicas, Africana e Indiana. Este rift tem uma extensão aproximada de 5 000 km e desenvolve-se na orientação norte-sul, desde o norte da Síria até ao centro de Moçambique. O rift tem o seu início no Mar Vermelho, na separação entre as placas Africana e Arábica, desenvolvendo-se daí na direcção NO-SE até ao Golfo do Aden. A partir daí segue para sul, para região de Urema, dentro da placa Africana. Prolongamentos deste rift para sul podem ainda ser observados na área de Machave (Manica), e na região do Graben de Funhalouro, para além de outros na mesma região. A secção sul faz parte do Lago Niassa, seguindo o Rio Chire, até este confluir com o Rio Zambeze, cerca de 250 km a jusante de Moatize.

Por oposição, a zona sul do país, onde o traçado de Projecto se desenvolve, é relativamente pouco activa em termos sísmicos. De acordo com USGS (2006), desde 1973 foram registados 190 sismos em Moçambique (Figura 6.16), dos quais apenas.15 tiveram uma magnitude igual ou superior a 5,0 (a menor intensidade com potencial para causar danos estruturais). No entanto, a grande maioria estão concentrados na região de Machaze, no centro do país, conforme se pode

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observar na Figura 6.16. A análise da mesma figura permite verificar que a ocorrência de sismos nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, onde o projecto se localiza, é rara

A. Sismicidade em África Austral e Oriental (período 1927-1994), mostrando os epicentros de sismos com magnitude superior a 4,0.

B. Actividade sísmica (epicentros) em território moçambicano (1973-2006)

Fonte: Sousa (2006).

Figura 6.16 – Epicentros de actividade sísmica em Moçambique

Dos dados apresentados, constata-se assim que a actividade sísmica em Moçambique é em geral de baixa intensidade, ainda que seja recorrente (Figura 6.17), estando concentrada fundamentalmente na região centro do país, devido à influência do Vale do Grande Rift.

A actividade sísmica na região sul do país, onde o projecto se desenvolve, é muito reduzida. Isto mesmo é corroborado pelo mapa de risco sísmico para Moçambique da OMS, que se ilustra na Figura 6.17 abaixo. De acordo com este mapa, o corredor do Projecto atravessa áreas que foram classificadas como tendo risco sísmico baixo a muito baixo.

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Fonte: WHO (2010).

Figura 6.17 – Mapa de risco sísmico em Moçambique

6.1.5 Solos

6.1.5.1 Unidades de Solos

A descrição das unidades de solo da área de estudo baseia-se na Carta Nacional de Solos (INIA, 1994), que permite a identificação dos vários solos presentes e a descrição das suas características principais. A Figura 6.18 ilustra as unidades de solo presentes na área de estudo.

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Fonte: INIA (1994). Legenda: ver a Tabela 6.8.

Figura 6.18 – Unidades de solo interceptadas pelo Projecto

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Tabela 6.8 – Chave de classificação dos solos para a área de estudo (legenda das unidades de solo)

Unidade Fisiográfica Materiais de Origem Critérios de Solo Símbolo Forma de terreno

Zonas aluvionares e fluvio-marinhas

Sedimentos aluvionares Solos argilosos; arenosos com camada turfosa

FG; FS; FT Vales e planícies

Sedimentos marinhos estuarinos Solos argilosos FE Planície estuarina

Bacia sedimentar

Dunas costeiras Solos arenosos DC Dunas costeiras

Cobertura arenosa e dunas interiores

Solos arenosos (amarelo, laranja, branco)

A; AA; AB; AJ; dA; dAA; dAJ Ah

Planícies arenosas; Dunas internas; Depressões arenosas hidromórficas

Grés vermelho Solos arenosos G Colinas baixas

Sedimentos de Mananga Intimamente associados com depósitos argilosos coluvionares

Solos com cobertura arenosa (máx. 100 cm) Solos argilosos coluvionares

M; MA; MM MC

Planícies, fundos de vales na zona de cobertura arenosa; Depressões circulares no sopé das encostas, linhas de drenagem

Depósitos de Post-Mananga Solos com textura (fina-média e grossa) PA; PM Encostas coluviais

Afloramentos de rochas sedimentares do Karoo, Cretácico ou Terciário

Rochas sedimentares calcárias ou outras WK; WV; WP Colinas

O enquadramento geológico (materiais de origem) influencia fortemente os processos pedogenéticos, embora outros factores também contribuam para a formação de solo, tais como o clima, organismos vivos, relevo e tempo.

As principais unidades de solo na área de estudo estão assim associadas com as condições sedimentares que formaram os materiais de origem. Considerando os critérios de classificação utilizados na legenda da Carta Nacional de Solos (INIA), os solos identificados podem ser agrupados em duas grandes unidades fisiográficas:

• Zonas aluvionares e fluviais – estes solos ocorrem nas áreas associadas com os principais rios e linhas de água, em vales e planícies. Estes solos aluvionares incluem as unidades FG, FS, FT e FE, que em geral têm um teor orgânico médio a alto e capacidade agrícola moderada a boa. Conforme se pode observar na Figura 6.18 acima, no corredor de Projecto estes solos ocorrem apenas nos pontos de intercepção com os vales dos rios principais, incluindo os vales dos rios Changane, Limpopo, Incomáti e Matola;

• Depósitos típicos de bacias sedimentares – os solos dominantes são sedimentos de Mananga (M, MM e MC), que são solos sedimentares desenvolvidos em areias quartzosas (por vezes calcárias) de várias origens, tais como materiais residuais que permanecem após alteração de longo prazo de rochas ácidas, depósitos eólicos ou sedimentos fluviais. Derivam fundamentalmente de materiais arenosos não consolidados de planícies de inundação eluviais. Como se pode observar na Figura 6.18, estes são os solos dominantes ao longo da maior parte do traçado de Projecto. Em alguns locais, estes solos de Mananga

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

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fazem mosaico com solos arenosos de dunas costeiras e interiores (unidades de solo A). Em termos gerais, estes solos apresentam uma capacidade agrícola moderada a reduzida, tendo limitações ao nível do baixo teor em matéria orgânica e excessiva drenagem (incapacidade de reter a água).

6.1.5.2 Risco de Erosão

A única informação de risco de erosão disponível para a área de estudo é a Carta de Risco de Erosão de Moçambique, produzida à escala nacional (1:2 000 000). Os riscos de erosão da área de estudo atravessada pelo traçado proposto são ilustrados na Figura 6.19.

Figura 6.19 – Mapa de risco de erosão de Moçambique

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A formação e a erosão de solos são dois processos naturais e opostos. Muitos solos naturais e não perturbados têm uma taxa de formação equilibrada com uma taxa de erosão. Nestas condições, o solo parecer permanecer num estado constante à medida que a paisagem evolui. Em termos gerais, as taxas de erosão do solo são reduzidas, a não ser se a superfície do solo seja exposta directamente ao vento e à chuva. Os problemas de erosão surgem quanto o coberto vegetal natural é removido, provocando uma aceleração forte das taxas de erosão do solo. Nestes casos, a taxa de erosão de solos excede em muito a taxa de formação de solos, tornando-se necessário a aplicação de práticas de controlo de erosão, para reduzir as taxas de erosão e manter a produtividade do solo.

Conforme se pode constatar pela figura acima, a linha de transporte proposta localiza-se numa região de baixo risco de erosão. Apesar disto, e de acordo com SCDS & Mott MacDonald (2011), poderão existir localmente áreas susceptíveis a erosão, e erosão severa pode constituir um risco importante em alguns locais, em particular no caso das dunas fósseis, que marcam o interior das planícies costeiras. As duas são geralmente compostas de areia com baixa capacidade de retenção de água e reduzido teor em matéria orgânica. A precipitação está tipicamente concentrada em chuvas torrenciais altamente energéticas, pelo que é provável que a remoção de vegetação em taludes ou perto de taludes resulte em aumento da erosão.

6.1.6 Recursos Hídricos

A descrição da situação de referência dos recursos hídricos baseou-se em revisão bibliográfica. As principais fontes de informação consultada foram as seguintes:

• Cartografia das Bacias Hidrográficas, escala 1:2 000 000, República de Moçambique; • Plano de Gestão Integrado de Recursos Hídricos da Província de Inhambane (Consultec,

2009); • Perfil da Bacia do Limpopo em Moçambique (UEM, 2009); • Monografia da Bacia do Rio Limpopo (Aurecon, 2012); • Avaliação da Situação Hidrológica de Moçambique no Contexto das Cheias 1977-2013

(Consultec, 2014).

6.1.6.1 Enquadramento Hidrológico

O traçado proposto desenvolve-se em geral numa direcção Nordeste-Sudoeste, enquanto a rede hidrográfica regional segue preferencialmente direcções Noroeste-Sudeste ou Oeste-Este, ao longo da hipsometria natural do território. Ou seja, a orientação do traçado desenvolve-se perpendicularmente à orientação da rede hidrológica da região. Deste facto resulta que o traçado proposto intercepta um grande número de rios e linhas de água ao longo da sua extensão, que podem ser divididos nas seguintes quatro principais bacias hidrográficas (ver Figura 6.20):

• A parte norte do traçado (sensivelmente entre Vilanculos e Funhalouro, ao longo de 140 km) insere-se na Bacia do Govuro. Nesta bacia, os recursos hídricos superficiais são escassos. O único rio de dimensão relevante é o Rio Govuro, que flui numa direcção S-N, seguindo a depressão natural da morfologia costeira local. O Projecto não atravessa nenhum rio relevante dentro desta bacia;

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Figura 6.20 – Principais bacias hidrográficas atravessadas pelo Projecto proposto

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• Seguindo para sul, o traçado atravessa de seguida a Bacia do Limpopo (sensivelmente entre Funhalouro até à EN101 Macia-Chokwe, ao longo de 250 km). A Bacia do Limpopo é a terceira maior bacia em Moçambique, depois das bacias do Zambeze e Rovuma. É uma bacia internacional que se estende a mais três países, nomeadamente África do Sul, Botswana e Zimbabwe. O traçado proposto atravessa o Rio Changane, o principal tributário do Rio Limpopo em território moçambicano, em três ocasiões diferentes: duas vezes a montante do Lago Nhangule, e novamente a cerca de 25 km a jusante deste lago, perto da povoação de Chibuto. O traçado proposto atravessa então cerca de 25 km de planície de inundação do Limpopo, onde atravessa o Rio Limpopo e outros tributários (nomeadamente os rios Chinaugue e Munhuana). Nestas áreas, o rio estabelece um padrão de meandros e canais de cheia, correspondendo a uma zona muito vulnerável a cheias. O traçado atravessa vários destes canais. A distribuição dos escoamentos mensais do Rio Limpopo é muito irregular;

• Depois disto, o traçado atravessa a Bacia do Incomáti (sensivelmente desde a EN101 Macia-Chokwe até Maluana, ao longo de 105 km). A Bacia do Incomáti é igualmente uma bacia internacional, partilhada por África do Sul, Suazilândia e Moçambique. Nesta bacia, o traçado proposto atravessa o Rio Incomati (a 3 km a este de Magude) e dois dos seus tributários – rios Mazimechopes e Tesátsen. O traçado atravessa ainda vários outros pequenos rios sazonais, incluindo alguns canais de cheia perto de Magude. O escoamento do Rio Incomáti é muito irregular;

• Mais para sul, o traçado atravessa o Rio Matola (na Bacia do Matola). O Rio Matola desenvolve-se numa direcção Norte-Sul em direcção ao Estuário do Espírito Santo. Este rio tem uma pequena bacia de drenagem.

6.1.6.2 Usos da Água

Na região em estudo, e especialmente nas bacias do Limpopo e Incomati, a água é maioritariamente utilizada para irrigação. O principal sistema de irrigação na Bacia do Limpopo tem uma área total de 25 000 ha, com consumos de água estimados em 364 milhões m3/ano (Consultec, 2017). Outros usos menores incluem a pecuária (desenvolvida sobretudo pelas comunidades rurais, como actividade de subsistência), abastecimento de comunidades rurais e urbanas e indústria e mineração.

6.1.6.3 Qualidade da Água

A qualidade da água na região do Projecto é determinada em grande parte pelas actividades humanas. Um dos problemas de qualidade da água identificado é a contaminação bacterial provocada pelas povoações humanas (pelas águas residuais). O risco de contaminação é mais elevado em áreas com densidades populacionais mais alta. As águas residuais domésticas (excrementos e urina) contribuem para a contaminação da água com matéria orgânica oxidável, nitratos, fosfatos, amónia e agentes infecciosos (bactérias, vírus e protozoa). Os agentes infecciosos são a principal preocupação associada com a poluição por águas residuais domésticas. O consumo de água não tratada (sem a eliminação dos agentes infecciosos) é responsável pela proliferação de doenças como a cólera, diarreias infecciosas, disenteria, vermes

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intestinais e bilharziose, todas doenças comuns na região, devido às condições ambientais e fraco acesso a água potável segura.

A agricultura de larga escala (intensiva) nas bacias do Limpopo e do Incomati também constituem uma ameaça de poluição da água, devido ao uso de fertilizantes (o enriquecimento da água com nutrientes como os nitratos e fosfatos pode resultar em problemas ecológicos sérios nos ecossistemas aquáticos, favorecendo o crescimento excessivo de algas e plantas aquáticas e a consequente eutrofização das massas de água) e de pesticidas (substância tóxicas). Análises de água pontuais realizadas em descargas de áreas agrícolas (Chokwe e Munhuana) mostraram baixas concentrações de oxigénio dissolvido (abaixo de 5 mg/l), um indicador de poluição com matéria orgânica, bem como elevadas concentrações de fósforo, que pode levar à eutrofização das massas de água.

6.1.7 Paisagem

6.1.7.1 Considerações Gerais

A paisagem pode ser definida como “uma parte do território, como percebida pelas pessoas, cujo carácter resulta da acção e interacção de factores naturais e humanos” (EC, 2000). Uma unidade de paisagem corresponde a “uma área limitada por relevo e outros elementos, dentro da qual todos os pontos são mutuamente visíveis” (Neuray, 1982), na qual a paisagem apresenta uma certa homogeneidade no que respeita ao relevo, geologia, vegetação e grau de humanização.

A avaliação da qualidade da paisagem entra em conta com o valor cénico que lhe é atribuído e com a sua sensibilidade.

6.1.7.2 Descrição da Paisagem

A paisagem na área de Projecto apresenta características mistas, apresentado áreas de paisagem natural com algum valor cénico, alternadas com áreas onde a paisagem tem um carácter urbano e até industrial. O coberto do solo ao longo do corredor proposto (Figura 6.21) é dominado por áreas de matas e matagais, com algumas áreas e corredores abertos, e.g. ao longo das estradas principais e da linha de ferro do Limpopo. Apenas a sul de Chokwe, já muito perto de Maputo, se observa que o uso do solo se apresenta sistematicamente humanizado, mas mesmo aí ainda persistem algumas manchas relativamente grandes de matas, entre os rios Incomáti e Limpopo.

A vegetação lenhosa que ocupa grande parte da área de estudo apresenta uma natureza homogénea ao longo de grandes áreas, mas pode ser dividida em três tipos principais de vegetação: miombo, matas costeiras mistas e matas indiferenciadas. Os grandes rios que atravessam o corredor, incluindo o Limpopo e o Incomati, estão associados a habitats distintos. Adicionalmente, existem vários lagos formados por depressões argilosas nos terrenos arenosols, em particular no vale baixo do Limpopo.

Subestação Vilanculos – Subestação Chibuto

Da subestação de Vilanculos, o traçado da linha desenvolve-se para sudoeste, atravessando as estradas 423 e 416, curva ligeiramente para oeste, passando a oeste da povoação de

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Changanine, antes de continuar quase em linha recta até à subestação do Chibuto. A distância total entre as subestações de Vilanculos e Chibuto é de cerca de 340 km.

Figura 6.21 – Uso do solo ao longo do traçado do Projecto

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Nesta secção, o terreno é plano, florestado e com poucas estradas. A altitude varia entre 35 m, na subestação de Vilanculos, até 105 m perto da subestação de Chibuto.

Seguindo o traçado da linha a partir da SS de Vilanculos em direcção a Chibuto, a sul, a vegetação muda gradualmente de savanas para uma vegetação mais mista. Fora da área do Posto Administrativo de Vilanculos as matas apresentam-se maioritariamente intactas. Mais perto de Funhalouro, a presença humana começa a ser mais intensa e persistente.

De Vilanculos o traçado proposto dirige-se para sudoeste através de savanas e matas planas e abertas, contendo vários lagos. O traçado também atravessa três rios, o Changane, o Chigombe e o Sangutane, antes de chegar ao vale do Limpopo.

A SS de Chibuto localiza-se numa elevação, do lado este do vale.

Subestação de Chibuto – Subestação de Matalane

O traçado da linha proposto atravessa planícies de inundação ao longo do primeiro troço de 24 km a partir da subestação de Chibuto, atravessando a estrada 205, e passando as povoações de Mazivila, Xinavane, Magude e Chinhanguanine, a caminho da estação de Matalane. A distância total entre as subestações de Chibuto e Matalane é de cerca de 180 km.

O traçado da linha atravessa uma paisagem intensamente cultivada nos limites do vale do Rio Limpopo e ao entrar na Bacia do Incomati. Estas planícies de inundação são caracterizadas por vegetação de juncos e bancos de areia, interrompidas por áreas com maior altitude, que são habitadas e cultivadas em regime de sequeiro. A rede rodoviária segue estas áreas mais elevadas, devido ao risco de inundação das zonas mais baixas. O coberto vegetal é em geral de reduzida altura e interrompido pelas actividades humanas.

Subestação de Matalane – Subestação de Maputo

A partir da subestação de Matalane, o traçado da linha vira para este e dirige-se em linha recta em direcção à subestação de Maputo. A linha terminará no lado noroeste da subestação existente. A altitude varia entre 97 m a 27 m.

A sul de Matalane a terra torna-se mais cultivada e com maior presença de povoamento dispersos, à medida que se aproxima de Maputo. O traçado terminará na subestação existente de Maputo, localizada no Parque Industrial de Beluluane, perto da fábrica de alumínio da Mozal, um elemento dominante na paisagem.

A área é em geral ocupada por cultivos e povoamento disperso, com presença de uma rede rodoviária extensa e áreas relativamente desenvolvidas perto de Maputo. A distância total entre as subestações de Matalane e Maputo é de cerca de 40 km.

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6.2 Ambiente Biótico

6.2.1 Flora e Vegetação

6.2.1.1 Enquadramento Regional

Em termos ecológicos, e de acordo com White (1983), as matas que ocupam a maior parte da área de estudo apresentam uma natureza relativamente homogénea, mas podem ser classificadas em quatro unidades de vegetação principais: Mosaico Florestal Costeiro, Floresta de Miombo, Vegetação Halofítica e Floresta Indiferenciada. Os principais rios atravessados pela RoW, tais como os rios Limpopo e Incomáti, constituem um habitat distinto.

Ao longo do corredor de Projecto existem áreas naturais, pouco degradadas, mas perto de áreas populadas a vegetação é dominada pelas formas degradadas da vegetação natural, Em geral, o grau de perturbação humana na vegetação varia entre moderadamente a largamente antropizado. Os principais factores de antropização incluem a fragmentação das formações vegetais por estradas, a recolha de lenha e madeira, a agricultura e a construção de zonas habitadas.

Os principais tipos de vegetação afectados pelo Projecto, de acordo com White (1983), são ilustrados na Figura 6.22 e descritos em maior detalhe abaixo.

Mosaico Florestal Costeiro

O tipo de matas mais comum dentro da área de estudo é o Mosaico Florestal Costeiro (White, 1983), também descrito por Marzoli (2007) como florestas mistas costeiras. Estas zonas florestadas variam entre florestas decíduas densas a matas abertas, dependendo da densidade da vegetação. As árvores mais frequentes no Mosaico Floresta Costeiro ao longo da área de estudo incluem: Sclerocarya birrea, Afzelia quanzensis, Sterculia quinqueloba, Ziziphus abyssinica, Pterocarpus angolensis, Strychnos spinosa, Terminalia stenostachya, Terminalia sericea, Combretum molle, Piliostigma thonningii e Cassia abreviata. Os arbustos mais comuns incluem Cadaba kirkii, Bauhinia petersiana e Bauhinia galpinii. A presença de embondeiros maduros (Adansonia digitata) é uma característica importante de algumas destas áreas.

As florestas costeiras na área de estudo representam um ecossistema importante, que sustentam a estabilidade das dunas costeiras e que ao mesmo tempo suportam uma elevada diversidade de espécies de flora e fauna, algumas das quais endémicas. Em termos socioeconómicos, estes ecossistemas são muito importantes enquanto fonte de materiais de construção, lenha e recursos nutricionais.

Floresta de Miombo

O tipo de vegetação Floresta de Miombo é um dos mais importantes em Moçambique. As matas de miombo que ocorrem na RoW do Projecto são matas secas (indicativas de precipitação inferior a 1 000 mm por ano), dominadas por árvores do género Brachystegia, conjuntamente com espécies dos géneros próximos Julbernardia e Isoberlinia. As principais árvores das matas de Miombo são: Brachystegia boehmi, Julbernardia globiflora, Burkea african, Pseudolachnostylis maprouneifolia, Crossopterix febrifuga, Diplorhynchus condylocarpon, entre outras (Marzoli, 2007).

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Figura 6.22 – Tipos principais de vegetação ao longo do traçado do Projecto

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Estas matas ocupam uma grande parte da África Austral e estão adaptadas aos solos geralmente pobres e ao regime de precipitação fortemente sazonal desta região (Timberlake & Chidumayo, 2011).

As comunidades locais utilizam o Miombo para colher frutos, raízes, plantas medicinais e lenha, para além de converterem estas áreas para terras agrícolas, o que indica o elevado valor socioeconómico destas matas na região. Sob forte pressão antropogénica, o Miombo pode ser representado por formações arbustivas.

Vegetação halofítica

Em Moçambique, o vale do rio Changane é um dos poucos sítios onde ocorrem solos salinos. As comunidades halofíticas têm ampla distribuição no vale deste rio, um tributário do Limpopo. A precipitação atinge cerca de 400-600 mm por ano. Em zonas moderadamente salinas, ocorrem pradarias com Acacia nilotica subsp. kraussiana. Quando a salinidade aumenta, as ervas Eriochloa meyerana, Sporobolus nitens e Aristida adscensionis formam manchas descontínuas, intercaladas com áreas de solo nu. Nas zonas perto do rio a salinidade é mais alta, predominando espécies dos géneros Arthrocnemum, Salicornia, Atriplex e Suaeda (White, 1983).

Matas indiferenciadas

As matas indiferenciadas podem ocorrer como formações arbóreas ou arbustivas, sendo caracterizadas por uma mistura de espécies, sem dominância de nenhuma espécie de flora específica. As espécies lenhosas presentes variam de acordo com o tipo de solo e as condições climáticas (Marzoli, 2007).

As espécies mais importantes incluem: Acacia caffra, A. davyi, A. luederitzii, A. permixta, A. robusta subsp. robusta, A. tenuispina, Aloe arborescens, A. marlothii, Androstachys johnsonni, Berchemia zeyheri, Cadaba aphylla, Carissa bispinosa, Dalbergia armata, Diospyros villosa, Ekebergia pterophylla, Grewia flava, Kirkia wilmsii, Manilkara concolor, Protea caffra, Ptaeroxylon obliquum, Pterocelastrus spp., Rhigozum obovatum, Rhus spp. incluindo R. chirindensis e R. leptodictya, Schotia brachypetala, Sesamothamnus lugardii, Spirostachys africana, Sterculia rogersii e Tarchonanthus galpinii. Muitas destas espécies correspondem a arbustos ou a pequenas árvores arbustivas. Algumas são decíduas, enquanto outras são perenes.

Quanto sujeitas a pressão humana contínua, as matas indiferenciadas podem degradar-se, tomando a forma de comunidades arbustivas.

6.2.1.2 Contexto da RoW

A linha de 400 kV em estudo divide-se em três secções, nomeadamente:

• Subestação de Vilanculos a subestação de Chibuto; • Subestação de Chibuto a subestação de Matalane; e • Subestação de Matalane a subestação de Maputo.

A tabela abaixo lista os principais tipos de vegetação da área de Projecto ao longo destas secções.

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Tabela 6.9 – Tipos principais de vegetação ao longo da RoW da linha de transporte

Principais unidades de vegetação

Secções do traçado Mosaico florestal costeiro

Floresta de miombo

Vegetação halofítica

Matas indiferenciadas

Vilanculos – Chibuto (≈ 340 km) 85 km 140 km + 65 km 50 km -

Chibuto – Matalane (≈ 180 km) 55 km + 65 km - 20 km 40 km

Matalane – Maputo (≈ 40 km) 40 km - - -

Total (≈ 560 km) 245 km 205 km 70 km 40 km

Secção Vilanculos - Chibuto

Ao longo do traçado, entre a subestação de Vilanculos e Chibuto, a sul, a vegetação muda gradualmente de savanas dominadas por Brachystegia para vegetação mista com Acacia e Terminalia. Fora da área do Posto Administrativo de Vilanculos, as matas apresentam-se ainda relativamente intactas. A degradação torna-se apenas evidente após a linha atravessar a RN 416. A partir daqui a área começa a ser dominada por campos agrícolas, sendo que perto de Funhalouro a presença humana torna-se mais intensa e persistente. Funhalouro localiza-se numa zona com vários lagos sazonais e permanentes, como o Lago Chuachua.

Daqui, o traçado entre no vale do Rio Changane, caracterizado por solos salinos, com presença de savanas com pequenos arbustos de Acacia nilotica. A salinidade é mais alta na proximidade do rio, levando a que plantas dos géneros Arthrocnemum sp. e Salicornia sp. substituam herbáceas como Sporobolus nitens e Aristida adscensionis. Ocorrem ainda arbustos dispersos dos géneros Atriplex e Suaeda, espécies que apresentam distribuições geográficas alargadas. A vegetação halofítica interior é rara em Moçambique, estando fundamentalmente confinada ao vale do rio Changane e a uma pequena área perto de Magude. O traçado desenvolve-se neste vale ao longo de cerca de 70 km, o que corresponde a cerca de um terço da extensão total do vale.

Secção Chibuto – Matalane

A partir de Chibuto, o traçado proposto atravessa os vales dos rios Changane e Limpopo. Esta área é densamente povoada e intensamente cultivada. O valor de biodiversidade mais relevante é a presença de zonas húmidas sazonais, que atraem uma grande diversidade de aves migratórias.

Após o Rio Limpopo, o traçado atravessa uma área intensamente cultivada. Mais para sudoeste, o traçado intersecta uma segunda área de vegetação halofítica interior. Trata-se de uma área aberta, localizada em ambos os lados de um canal de cheia. Vários pequenos lagos ocorrem nesta área, incluindo um que é atravessado pelo traçado proposto, que aparenta ser permanente e ter a presença de lírios de água. Mais para sul, a linha atravessa uma plantação de cana-de-açúcar e depois áreas agrícolas de pequena dimensão.

Continuando para sudeste, verifica-se a presença de remanescentes de savana arborizada, com Acacia e Combretum, e da mata e savana da associação Albizia-Sclerocarya-Afzelia-Strychnos, que no passado caracterizava a área envolvente a Maputo.

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Traçado Matalane - Maputo

Esta área é maioritariamente ocupada por áreas agrícolas e povoamento disperso, não apresentando um valor de biodiversidade elevado.

Atravessamentos de rios

A linha de transporte irá atravessar o Rio Limpopo (entre Chibuto e Matalane) e o Rio Incomati (entre Matalane e Maputo). Os rios são habitats importantes para a fauna bravia, e em particular para a avifauna. As aves tendem a usar os rios como rotas migratórias e áreas de alimentação. As zonas fluviais tem sido em geral identificadas como áreas de maior biodiversidade do que as áreas terrestres, com maior potencial para suportarem rotas migratórias de aves.

6.2.1.3 Usos de Espécies Florísticas

As plantas nativas são utilizadas pelas comunidades locais para vários fins, incluindo:

• Alimento e bebidas: as árvores de fruto em particular constituem uma fonte de alimento, sendo ainda usadas para produção de bebidas alcoólicas para consumo próprio e/ou venda;

• Madeira: várias espécies locais são comummente utilizadas para a construção de canoas e habitações, bem como para produção de carvão vegetal;

• Materiais de construção: várias ervas são utilizadas para a construção de tectos enquanto as espécies de mangais são utilizadas para construção de casas;

• Medicina tradicional: muitas árvores, arbustos e ervas locais são usadas para a medicina tradicional, e.g., como remédios para malária, diarreia e doenças infecciosas;

• Outros usos: as hastes, cascas e ramos de várias espécies, como Raphia sp., Sterculia sp. e Agave sisalana, entre outras, são utilizadas para produzir corda.

As árvores de fruto incluem espécies nativas e naturalizadas, como Ziziphus mucronata, Carica papaya e Mangifera indica. A palmeira Phoenix reclinata tem usos múltiplos: o fruto é comestível e a seiva é utilizada para produzir bebidas (Van Wijk, 1997). Commiphora spp. é utilizada para a produção de carvão vegetal e Diospyros spp. para madeira.

Outras árvores exploradas como fonte de madeira incluem as espécies do Miombo, Brachystegia spp. e Julbernardia sp., e as árvores de mangal Avicennia sp. e Xylocarpus sp. (Consultec, 2006).

As folhas da erva Imperata cylindrica são comummente utilizadas para os tectos das casas, e as comunidades locais frequentemente queimam as margens dos pântanos para encorajar o seu crescimento, dado que esta espécie é resistente ao fogo.

A árvore Trichilia emetica é utilizada na medicina tradicional para tratar dores abdominais e dermatoses, entre outros usos (Baatile et al., 2011). Algumas palmeiras, como Raphia sp., são usadas para produzir corda.

6.2.1.4 Espécies de Flora com Interesse Conservacionista

As espécies florísticas com interesse conservacionista de ocorrência provável na região do Projecto incluem algumas espécies da Lista Vermelha de Plantas de Moçambique, com estatuto

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de conservação atribuído pela IUCN (Izidine & Bandeira, 2002). A existência provável destas espécies na área de influência do Projecto será investigada durante o trabalho de campo do EIA.

Tabela 6.10 – Espécies da Lista Vermelha de Flora potencialmente ocorrentes na região do Projecto

Nome científico Estatuto de

Conservação (IUCN)

Distribuição Endemismo Habitat

Allophylus mossambicensis VU Maputo, Gaza, Inhambane Endémica

Floresta, incluindo florestas sagradas. Encontrada em dunas costeiras, florestas mistas e margens florestais.

Blepharis gazensis VU Gaza - Matas de Colophospermum Blepharis swaziensis VU Maputo Quase endémica Matos abertos e graminais Crassula expansa VU Inhambane Endémica - Crassula maputensis EN Maputo Quase endémica - Crassula morrumbalensis VU Gaza Endémica Savanas de taludes montanhosas

Cyphostemma barbosae EN Maputo Endémica O local onde esta espécie ocorre está degradado e sob pressão humana considerável

Dichapetalum mendoncae VU Inhambane Endémica Matas mistas

Dolichandrone alba VU Gaza, Maputo, Inhambane - Matas decíduas em solos arenosos perto

da costa

Elaeodendron fruticosum VU Gaza, Inhambane - Matagais em áreas costeiras

Encephalartos ngoyanus CR Maputo - Habitats herbáceos Encephalartos senticosus CR Maputo Quase endémica - Encephalartos umbeluziensis CR Maputo Quase endémica Vales de rios secos e quentes Englerina schlechteri VU Maputo Endémica - Entada schlechteri VU Maputo, Gaza Endémica - Ipomoea venosa VU Maputo Endémica - Nesaea ramosa VU Inhambane Endémica Vários

Polygala francisci VU Inhambane Endémica Matos abertos em areias brancas e nos limites de matas mistas densas

Sarcocornia mossambicensis VU Inhambane - Pântanos salgados Spermacoce kirkii VU Inhambane - Perto da costa, associado com mangais

Sterculia quinqueloba VU Gaza, Inhambane - -

Triaspis nelsonii canescens VU Maputo, Gaza Endémica -

Turbina longiflora VU Gaza, Maputo, Inhambane - Solos arenosos, a 310 m

Warburgia salutaris VU Maputo - Nome comum ‘chibaha’. Muito comum no sul de Moçambique

Legenda: Estatuto de Conservação IUCN – VU (Vulnerável); EN (Em Perigo); CR (Criticamente Em Perigo).

6.2.2 Fauna

Na área de estudo, a maior parte das espécies bravias de grande dimensão apresentam uma distribuição restrita. A maior parte destas espécies apenas ocorre a densidades relativamente elevadas no interior de áreas de conservação, apresentando baixas densidades fora destas áreas

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(MINAG, 2008). As principais áreas com grandes populações de fauna bravia nas províncias em estudo são assim que são abrangidas por Áreas de Conservação, e as zonas adjacentes.

Os Parques Nacionais moçambicanos são reconhecidos internacionalmente como áreas únicas, devido à sua diversidade de fauna bravia. Durante os 14 anos do conflito armado, a abundante fauna bravia foi uma das principais fontes de proteína para as facções em conflito, enquanto o marfim e os cornos de rinoceronte foram utilizados como moeda de troca para a compra de armas de guerra. O conflito provocou um declínio de 70% a 90% das populações da maior parte das espécies de ungulados do país.

A descrição da fauna na área do Projecto tem como base o elenco faunístico potencialmente ocorrente nas três províncias atravessadas pela linha de transporte (Inhambane, Gaza e Maputo), com base nas fontes bibliográficas disponíveis para o contexto regional, incluindo um estudo desenvolvido pela Consultec em 2016 que cobriu parte da área do Projecto, nomeadamente nas Províncias de Gaza e Maputo.

6.2.2.1 Mamíferos

As alterações na composição da estrutura dos habitats verificadas na área de estudo reduziram a diversidade e abundância das comunidades faunísticas. A caça ilegal e excessiva também teve um papel na perda de fauna. De acordo com dados históricos, os elefantes (Loxodonta africana) eram abundantes e tinham uma distribuição alargada na região, mas tanto a área de ocorrência como os seus números se reduziram nas décadas recentes. Actualmente não existem manadas residentes de elefantes na área de Projecto, registando-se apenas visitas ocasionais de elefantes provindos de áreas protegidas próximas (Parque Nacional do Limpopo e Kruger National Park). A proximidade da área do Projecto ao Parque Nacional do Limpopo, onde a diversidade e abundância de espécies faunísticas tem vindo a aumentar, em resultado da implementação de medidas de protecção contra a caça ilegal e a distribuição de habitats, tem um efeito positivo na fauna presente. Os grandes carnívoros estão igualmente localmente extintos, devido a uma combinação de escassez das espécies presa, perseguição por humanos e ausência de áreas não degradadas com extensão suficiente para permitir o estabelecimento de territórios adequados.

Consultec (2016) registou a presença de 27 espécies de mamíferos na área do Projecto. Devido à presença humana, estes animais tornaram-se escassos. No entanto, podem ainda ser encontradas populações saudáveis de pequenos mamíferos nas partes da área do Projecto que não são fortemente povoadas. É possível também encontrar ainda áreas em condições pristinas com habitats faunísticos diversos. A maior parte dos mamíferos ainda presentes são espécies pequenas, em geral de hábitos inconspícuos ou nocturnos, o que lhes permite evitar a detecção e perseguição pelas populações humanas.

O número global de espécies de mamíferos ocorrentes na região será certamente muito maior do que o registado por Consultec (2016). A presença de dois grandes rios perenes (Limpopo e Incomáti) providencia habitat adequado para o Hipopótamo (Hippopotamus amphibius) e Lontra do cabo (Aonyx capensis).

Entre as espécies de mamíferos mais importantes presentes na região contam-se os diversos antílopes, tais como o Cudo (Tragelaphus strepsiceros), o Elande (Taurotragus oryx), o Cabrito-

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das-pedras (Oreotragus oreotragus) e o Cabrito-cinzento (Sylvicapra grimmia). Os mamíferos mais comuns incluem os antílopes de pequena e média dimensão, lagomorfos, macacos e roedores dos géneros Acomys, Lemniscomys e Praomys. As espécies mais frequentemente caçadas incluem o Cabrito-cinzento, o Changane (Neotragus moschatus), a Lebre-de-nuca-dourada (Lepus saxatilis) e o Rato-grande-das-canas (Thryonomys swinderianus).

O Hipopótamo, o Elefante, o Macaco-de-cara-preta (Chlorocebus aethiops), o Babuíno (Papio cynocephalus) e pequenos roedores são as espécies humanas mais envolvidas em conflitos homem – fauna bravia, devido ao consumo de culturas agrícolas.

Espécies de Mamíferos Protegidas

Das 27 espécies registadas por Consultec (2016) na região do Projecto, apenas duas espécies estão classificadas como ameaçadas a nível global (de acordo com a IUCN), nomeadamente: Elefante (Vulnerável e listado no Anexo I da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção - CITES) e Hipopótamo (Vulnerável e listado no Anexo II da CITES). As restantes espécies são consideradas pouco preocupantes, no que concerne aos esforços de conservação a nível global (IUCN, 2012). Estes resultados indicam que as comunidades de mamíferos da área de estudo são maioritariamente caracterizadas por espécies abundantes e de distribuição alargada. Ao nível nacional, 8 espécies são protegidas por lei (Decreto n.º 12/2002, de 6 de Junho), nomeadamente: Macaco-de-cara-preta, Geneta-de-malhas-pequenas (Genetta genetta), Jagra-pequena (Galago moholi), Manguço-listrado (Mungos mungo), Manguço-gigante-cinzento (Herpestes ichneumon), Manguço-anão (Helogale parvula), Maritacaca (Ictonyx striatus) e Lontra do Cabo.

6.2.2.2 Herpetofauna

A herpetofauna (répteis e anfíbios) de Moçambique é pouco conhecida, sendo incerto o número exacto de espécies de anfíbios que ocorrem em Moçambique. Apesar disto, MICOA (2003) indica que 167 espécies de répteis foram registadas no país até à data.

Os dados secundários existentes para as Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo são escassos, e deverão subestimar a diversidade real destes grupos (MICOA, 2009).

De acordo com Branch (1988), 41 espécies de répteis são potencialmente ocorrentes na área de estudo. Consultec (2016) registou a presença de 17 espécies de répteis na área do Projecto.

Entre as espécies de répteis com potencial de ocorrência ao longo do corredor de Projecto, destacam-se as seguintes: Agama de Moçambique (Agama mossambica), Jibóia (Python natalensis), Crocodilo do Nilo (Crocodylus niloticus), Mamba-negra (Dendroaspis polylepis), Cobra-cuspideira (Naja mossambica), Osga-das-casas-tropical (Hemidactylus mabouia), Lagarto-pintado (Nucras intertexta), Lagartixa-da-costa-leste (Mabuya depressa), Lagartixa-variada (Mabuya varia) e Varano do Nilo (Varanus niloticus).

Os anfíbios potencialmente ocorrentes em lagoas, margens de rios e zonas húmidas incluem: Sapo-azeitona (Bufo garmani), Rela de Argus (Hyperolius argus), Sapo-da-chuva (Breviceps adspersus), Platana-vulgar (Xenopus laevis) e Rã-tremola (Tomopterna cryptotis)

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Espécies de Herpetofauna Protegidas

Todas as espécies referidas acima têm um estatuto de conservação a nível global pouco preocupante (IUCN, 2016). Ao nível nacional (Decreto n.º 12/2002, de 6 de Junho), apenas a Jibóia é protegida por lei. O Varano do Nilo, o Crocodilo do Nilo e o Camaleão-de-pescoço-achatado (Chamaeleo dilepis) estão listados no Anexo II da CITES, i.e., o comércio internacional destas espécies deve ser controlado de modo a prevenir a sua extinção (CITES, 2013).

Estas espécies apresentam ampla distribuição na área de Projecto. As duas espécies de varanos e os cágados são localmente consumidos por humanos. No entanto, não existe uma caça dirigida a estas espécies – a sua captura para consumo é em geral oportunista.

6.2.2.3 Aves

Cerca de 735 espécies de aves estão registadas para Moçambique, de um total de aproximadamente 900 espécies registadas na África Austral. Moçambique apresenta uma grande diversidade de habitats para aves, incluindo extensas zonas húmidas, rios, praias, pântanos, lagoas, planícies de inundação, mangais, florestas e savanas, entre outros. Estes habitats oferecem condições para a alimentação e reprodução de um grande número de aves terrestres, aquáticas e migratórias.

Parker (1999) observou 189 espécies de aves na área de estudo. Estas aves estão maioritariamente associada aos rios Changane, Limpopo e Incomáti, incluindo a sua vegetação ripícola e zonas húmidas, aos lagos costeiros e às florestas de mangal costeiras.

No entanto, Consultec (2016) apenas identificou 91 espécies de aves, de 42 famílias, na área de estudo. Destas espécies, 56 foram observadas em habitats terrestres (matas) tendo as restantes 34 espécies sido observadas em habitats de zonas húmidas (lagos, rios e pântanos e planícies de inundação adjacentes).

Várias espécies migratórias ocorrem nos distritos de interesse das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, sendo de destacar como habitats preferenciais para estas espécies as zonas húmidas, estuários e zonas costeiras. Os principais grupos de aves migratórias incluem os flamingos, pelicanos, patos, cegonhas, entre outras espécies aquáticas e terrestres. As espécies migratórias são vistas frequentemente durante a sua migração para Sul, geralmente no período de fim / início de ano.

Outras espécies mais tolerantes à presença humana também são de ocorrência provável, incluindo o Xerico (Serinus mozambicus), Viuvinha (Vidua macroura) e Pombo (Columba livia), entre muitas outras espécies comuns.

Entre as aves aquáticas mais prováveis de ocorrer na área de Projecto incluem-se: Cegonha-branca (Ciconia ciconia), Marabu (Leptoptilos crumeniferus), Cegonha-de-bico-amarelo (Mycteria ibis), Pelicano-rosado (Pelecanus rufescens), e garças (Ardea spp. e Egretta spp.).

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Espécies de Aves Protegidas

Das espécies registadas por Consultec (2016), 18 são protegidas por lei em Moçambique (Decreto n.º 12/2002, de 6 de Junho), incluindo garças, cegonhas, flamingos e pelicanos: especificamente, a caça destas espécies é proibida.

De acordo com IUCN (2016), nenhuma das espécies identificadas é considerada como ameaçada a nível global, o que sugere que se trata de espécies amplamente distribuídas e abundantes. Apenas uma espécie, a Águia-bailarina (Terathopius ecaudatus), é classificada como Quase ameaçada. A Águia-pesqueira-africana (Haliaeetus vocifer) é listada no Anexo II da CITES, i.e., o seu comércio internacional deve ser controlado de modo a prevenir a sua extinção.

16 das espécies registadas por Consultec (2016) são listadas nos anexos I e II da Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS), o que significa que estas espécies são migratórias em alguma fase do seu ciclo de vida e que é requerida colaboração internacional para a implementação de medidas que conservem estas espécies e os seus habitats, ao longo das suas rotas migratórias. As espécies protegidas pela CMS incluem garças, cegonhas, flamingos, pelicanos e patos. A maior parte das espécies com interesse conservacionista a nível nacional e internacional foram registadas em habitats de zonas húmidas.

Áreas Importantes para a Conservação das Aves (IBA)

As Áreas Importantes para a Conservação das Aves (IBA) na área de estudo foram identificadas e são ilustradas na Figura 6.23. Uma IBA é um sítio de importância global para a conservação de aves. Estas áreas são críticas para garantir a sobrevivência de populações viáveis da maior parte das espécies de aves do mundo.

A rede de IBAs cobre ainda uma proporção significativa da restante biodiversidade. As IBAs são consideradas Áreas Chave de Biodiversidade pelos critérios da IFC (2012) para a identificação de Habitats Críticos. Estas áreas são pequenas o suficiente para poderem ser totalmente conservadas e apresentam diferente carácter, habitats ou importância ornitológica em relação às áreas circundantes. Nenhuma IBA é interferida pelo traçado do Projecto.

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Figura 6.23 – Áreas Importantes para a Conservação das Aves na região do Projecto

6.2.3 Áreas de Conservação

A Lei das Áreas de Conservação (Decreto n.º 16/2014, de 20 de Junho) estabelece áreas protegidas, destinadas à conservação da diversidade biológica e de ecossistemas frágeis ou de espécies animais ou vegetais. As áreas protegidas podem constituir áreas de protecção total ou de uso sustentável. As áreas de conservação total destinam-se à preservação dos ecossistemas e espécies, sem intervenções de extracção dos recursos. As áreas de conservação de uso sustentável são igualmente destinadas à conservação, mas sujeito a um maneio integrado com

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permissão de níveis de extracção dos recursos, respeitando limites sustentáveis de acordo com os planos de maneio.

O Projecto proposto não atravessa nenhuma área de conservação, nem se desenvolve nas proximidades de uma, conforme se ilustra na Figura 6.24.

Figura 6.24 – Áreas de Conservação na região do Projecto

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6.2.4 Habitats Naturais, Modificados e Críticos

6.2.4.1 Estatuto de Habitat

De acordo com o Padrão de Desempenho 6 da IFC (PS6 – Conservação da Biodiversidade e Gestão Sustentável dos Recursos Vivos Naturais) (IFC, 2012), os habitats podem ser classificados nas seguintes categorias:

• Habitats Naturais – áreas compostas por comunidades viáveis de espécies florísticas e/ou faunísticas de origem maioritariamente nativa, e/ou onde a actividade humana não modificou substancialmente as suas funções ecológicas primárias e composição especifica;

• Habitats Modificados – áreas que contêm uma grande proporção de espécies florísticas e/ou faunísticas de origem exótica, e/ou onde a actividade humana modificou substancialmente as suas funções ecológicas primárias e composição especifica.

CEAGRE (2015) produziu uma classificação de habitats para Moçambique que inclui uma categoria adicional de Habitat Misto, que se enquadra entre os habitats Naturais e Modificados:

• Habitat Misto – mosaico composto por áreas naturais, pequenas áreas cultivadas e aldeias / casas isoladas.

Em termos gerais, considera-se que os Habitats Modificados são menos sensíveis a degradação adicional, dado que os habitats já perderam a sua estrutura e integridade natural, contendo assim menos biodiversidade e menor valor de conservação. Os Habitats Naturais são considerados como altamente sensíveis à perda e degradação de habitat, dado a sua estrutura natural e a sua biodiversidade se apresentam largamente intactos, em termos da representação das espécies naturais (embora com a redução da abundância de grandes mamíferos), sendo assim vulneráveis à degradação de habitats e ao aumento da perturbação humana.

A classificação de habitat produzida por CEAGRE (2015) é ilustrada na Figura 6.25. Como se pode observar nesta figura, as secções mais a norte do traçado em estudo (sensivelmente entre Chibuto e Vilanculos) desenvolvem-se maioritariamente ao longo de habitats naturais (assumindo a classificação de CEAGRE, 2015). As secções mais a sul, por outro lado, desenvolvem-se num mosaico alternado de habitats naturais, modificados e mistos.

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Fonte: CEAGRE (2015).

Figura 6.25 – Categorias de habitat (natural, modificado e misto) na região do Projecto

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6.2.4.2 Determinação de Habitat Crítico

O PS6 da IFC (IFC, 2012) requer que seja desenvolvida uma análise de Determinação de Habitat Crítico, de modo a identificar áreas chave para a biodiversidade, que requeiram níveis específicos de mitigação de modo a assegurar a sua conservação: os habitats críticos são áreas com elevado valor de biodiversidade. O PS6 estabelece cinco critérios para a definição de Habitats Críticos:

• Critério 1: espécies Criticamente Em Perigo (CR) e/ou Em Perigo (EN); • Critério 2: espécies endémicas e/ou com distribuição restrita; • Critério 3: espécies migratórias e/ou gregárias; • Critério 4: ecossistemas altamente ameaçados e/ou únicos; e • Critério 5: processos evolutivos chave.

No entanto, a determinação de Habitat Crítico não se limita necessariamente a estes critérios. A designação de Habitat Crítico pode ser suportada por outros valores reconhecidos de biodiversidade elevada, devendo a sua adequação ser analisada caso a caso.

A Figura 6.26 mostra as áreas ao longo do traçado de Projecto que foram classificadas por CEAGRE (2015) como Habitats Críticos, em conformidade com os critérios acima descritos. Como se pode observar na figura, a linha de transporte atravessa uma área classificada por CEAGRE (2015) como Habitat Crítico. Esta área corresponde ao vale do Rio Changane, caracterizado pela sua vegetação halofítica interior, um tipo de vegetação raro e Moçambique e que portanto foi classificado por CEAGRE (2015) como um habitat de espécies endémicas e uma área com processos evolutivos chave. Ambas estas classificações correspondem a critérios para a determinação de Habitat Crítico, conforme o PS6 da IFC. A linha de transporte atravessa esta zona numa extensão de cerca de 70 km.

Deve-se notar que o facto do traçado atravessar esta área não implica automaticamente que o Projecto irá resultar em impactos significativos sobre Habitats Críticos, por duas razões:

• O mapeamento de Habitat Crítico desenvolvido por CEAGRE (2015) baseou-se em mapas pré-existentes de uso do solo e de habitats (a escalas 1:250 000, 1:1 000 000 e 1:2 500 000) e técnicas de tele-detecção utilizando imagens de satélite. Ou seja, este mapa tem uma resolução muito pobre (a escala declarada é 1:250 000, mas os mapas de base têm uma resolução ainda inferior). Mais especificamente, a área classificada por CEAGRE (2015) como Habitat Crítico que é atravessada pelo traçado de Projecto foi importada de White (1983), um mapa de vegetação de África com 30 anos, à escala 1:2 500 000. Como tal, a presença efectiva de Habitats Críticos ao longo do traçado de Projecto terá de ser confirmada no campo, durante o EIA, através de caracterização e amostragens in situ;

• Mesmo que se venha a confirmar a presença de Habitats Críticos, os impactos do Projecto sobre esse habitat terão de ser avaliados de modo a determinar se os critérios que levaram à sua classificação como Habitat Crítico são ou não afectados (e.g., uma área pode ser classificada como Habitat Crítico devido à presença de importantes zonas húmidas, e o impacto do Projecto nas zonas húmidas pode ser avaliado como reduzido ou insignificante, não afectando assim o Habitat Crítico).

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O desenvolvimento de um Estudo de Especialidade de Biodiversidade durante o EIA será assim uma tarefa fundamental para a avaliação dos potenciais impactos do Projecto sobre habitats naturais e/ou críticos.

Fonte: CEAGRE (2015).

Figura 6.26 – Áreas de Habitat Crítico na região de Projecto, de acordo com CEAGRE (2015)

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6.2.5 Serviços de Ecossistema

Um ecossistema é definido como um complexo dinâmico de plantas, animais, microrganismos e componentes abióticos que interagem entre si como uma unidade funcional. As comunidades humanas são uma parte integral dos ecossistemas e são beneficiárias dos vários bens e serviços que estes providenciam. Estes benefícios são denominados Serviços de Ecossistema (SE). Os benefícios que as comunidades locais obtêm dos habitats naturais e modificados locais são cruciais para o seu bem-estar. Os SE, providenciados pelos habitats potencialmente afectados pelo Projecto ou associados ecologicamente a esses habitats, foram avaliados a uma macro-escala. Os SE são agrupados em quatro categorias:

• Serviços de aprovisionamento: que se referem aos produtos que as pessoas obtêm directamente a partir dos ecossistemas (e.g., produtos agrícolas, plantas comestíveis, caça, plantas medicinais, água potável, combustíveis de biomassa, madeira, etc.). Dentro da área do Projecto, as matas de miombo e os habitats aquáticos providenciam recursos naturais que são utilizados pelas comunidades locais. Os principais serviços de aprovisionamento são a produção agrícola, recursos pecuários, alimentos selvagens, medicina tradicional, combustíveis de biomassa e capturas pesqueiras;

• Serviços de regulação: que se referem aos benefícios que as comunidades locais obtêm dos serviços de regulação do ecossistema (e.g., regulação do clima, decomposição de resíduos, purificação da água e ar, etc.);

• Serviços culturais: que se referem aos benefícios imateriais que as pessoas obtêm a partir dos ecossistemas (e.g., sítios sagrados e espirituais, ecoturismo, educação, etc.). Estes serviços podem ser materializados pela presença de sítios ou espécies sagradas protegidas pelas comunidades. A situação de referência social a produzir no EIA irá fornecer mais informação sobre a presença destes elementos dentro do corredor de Projecto;

• Serviços de suporte: que são os processos naturais que mantêm os outros serviços (e.g., ciclo de nutrientes, produção genética e canais de troca genética, etc.).

A Tabela 6.11 lista os principais serviços de ecossistema providenciados pelos principais habitats no corredor de Projecto.

Tabela 6.11 – Serviços de ecossistema típicos por habitat

Serviços de Ecossistema Floresta / Matas Vegetação halofítica

Aprovisionamento

Culturas agrícolas □

Pecuária □ □

Capturas pesqueiras

Alimentação (plantas selvagens) ■ ■

Madeira e outros materiais lenhosos ■ □

Fibras e resinas ■ □

Peles animais ■ □

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Serviços de Ecossistema Floresta / Matas Vegetação halofítica

Areia, cascalho, argila, etc. □

Recursos ornamentais ■ □

Combustível de biomassa ■ □

Água potável ■ □

Recursos genéticos ■ ■

Bioquímicos, medicina natural ■ ■

Regulação

Regulação da qualidade do ar ■ □

Regulação do clima global ■ □

Regulação do clima local / regional ■ □

Regulação do ciclo hidrológico □ □

Regulação da erosão ■ □

Purificação de água ■ ■

Assimilação de resíduos □ □

Regulação de doenças □ □

Regulação da qualidade do solo ■ □

Regulação de pestes e espécies invasoras ■ □

Polinização ■ □

Regulação de desastres naturais ■ ■

Cultural

Recreação e ecoturismo ■ ■

Valores espirituais e religiosos ■ ■

Valores éticos / não-utilização ■ ■

Legenda: ■ representa uma elevada importância e □ representa uma importância reduzida do serviço de ecossistema. A

tabela não inclui serviços de ecossistema considerados não relevantes ou residuais.

6.3 Ambiente Socioeconómico O Projecto proposto implica a construção e operação de uma linha de transporte de 400 kV entre as Províncias de Inhambane e Maputo. O traçado do Projecto irá atravessar as Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. O presente subcapítulo apresenta uma breve descrição dos principais descritores socioeconómicos das províncias atravessadas pelo traçado de Projecto.

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6.3.1 Descrição Geral

A Província de Inhambane localiza-se no Sul de Moçambique, e faz fronteira a Norte com as Províncias de Sofala e Manica, a Oeste e Sul com a Província de Gaza, e a Este com o Oceano Índico. A Província divide-se em doze Distritos e dois Municípios. A capital provincial é a Cidade de Inhambane.

A Província de Gaza localiza-se igualmente no Sul de Moçambique, e faz fronteira a Norte com a Província de Manica, a Sul com a Província de Maputo, a Oeste com a África do Sul e Zimbabwe, e a Este com a Província de Inhambane e o Oceano Índico. A Província divide-se em catorze Distritos e cinco Municípios. A capital provincial é a Cidade de Xai-xai.

A Província de Maputo é a província mais a Sul de Moçambique, e faz fronteira a Norte com a Província de Gaza, a Oeste com a África do Sul e Reino da Suazilândia, a Sul com África do Sul, e a Este com o Oceano Índico. A Província divide-se em oito Distritos e quatro Municípios. A capital provincial é a Cidade da Matola.

A Tabela 6.12 mostra a divisão administrativa das províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. As unidades administrativas atravessadas pelo Projecto são destacadas a negrito na tabela. A Figura 4.1 (ver subcapítulo 4.2.2, página 34) ilustra a localização administrativa do Projecto.

Tabela 6.12 – Divisão administrativa das Províncias de interesse

Província Distritos Municípios

Inhambane Funhalouro, Govuro, Homoine, Jangamo, Inharrime, Inhassoro, Mabote, Massinga, Morrumbene, Panda, Vilanculos e Zavala.

Cidades de Inhambane e Maxixe.

Gaza Bilene, Chibuto, Chicualacuala, Chigubo, Chokwe, Chongoene, Guijá, Limpopo, Mabalane, Mandlakaze, Mapai, Massangena, Massingir e Xai-xai.

Cidade de Xai-xai e Vilas de Chibuto, Macia e Mandlakaze.

Maputo Boane, Magude, Manhiça, Marracuene, Matola, Matutuine, Moamba e Namaacha.

Cidade da Matola e Vilas de Boane, Manhiça e Namaacha.

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE, 2017).

6.3.2 Património e Cultura

Os três principais grupos etnolinguísticos da Província de Inhambane são os Bitongas, Chope e Chitsuas, embora outros grupos estejam também presentes, em menor número, tendo migrado de outras regiões de Moçambique. As principais línguas faladas localmente são o Chope, Bitonga e Chitsua (INE, 2013).

Os três principais grupos etnolinguísticos da Província de Gaza são os Changane, Chope e Ronga. Na Província de Gaza podem ser encontrados outros grupos, considerando a proximidade com a República da África do Sul e a República do Zimbabwe. As principais línguas faladas localmente são o Changane, Chope e Ronga.

O principal grupo etnolinguístico na Província de Maputo é o Tsonga. Dado que a Província de Maputo é o principal centro económico e financeiro de Moçambique, esta região tornou-se um

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centro de atracção para pessoas em busca de emprego e melhores condições de vida. Como tal, existe nesta província uma grande diversidade de grupos étnicos e nacionalidades, incluindo grupos como os Chope, Bitonga, Portugueses e Sul-africanos, entre muitos outros. As principais línguas faladas na província são o Tsonga e o Português. Várias outras línguas são faladas na província, incluindo o Chope, Bitonga e Chitsua, reflectindo a diversidade multi-étnica da região.

Esta multi-etnicidade revela-se também na grande diversidade de afiliações religiosas presentes nas três províncias. O Cristianismo (abrangendo várias tradições diferentes) e o Islão são as duas principais religiões praticadas nas três províncias, conforme se lista na Tabela 6.13.

Tabela 6.13 – Principais religiões praticadas nas Províncias de interesse

Religião Província de Inhambane (%)

Província de Gaza (%)

Província de Maputo (%)

Cristianismo (Católicos) 35,8 35,8 39,8

Cristianismo (Anglicanos) 24,0 24,0 16,5

Islão 9,8 9,8 16,9

Cristianismo (Ziones) 15,0 15,0 13,8

Cristianismo (Evangélicos) 11,7 11,7 8,5

Sem religião 1,7 1,2 2,5

Outras religiões 1,9 1,9 1,2

Sem dados 0 0,6 0,7

Total 100 100 100

Fonte: INE (2013).

Nenhum sítio cultural, histórico ou arqueológico conhecido será interceptado pelo corredor de Projecto. De qualquer modo, este aspecto será avaliado em maior detalhe no EIA.

6.3.3 Demografia

De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE, 2013), a população projectada para 2016 das províncias de Inhambane, Gaza e Maputo era de 1 523 635, 1 467 951 e 1 782 380, respectivamente. A população projectada para as três províncias interceptadas pelo traçado é apresentada na Tabela 6.14 abaixo, incluindo também dados para a densidade populacional e desagregação por género. Como pode ser observado na Tabela 6.14, a Província de Maputo tem a densidade populacional mais elevada das três províncias de interesse.

Tabela 6.14 – População projectada para 2016 das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo

Província Área total (km2)

População total

Densidade populacional

(habitante/km2) Mulheres

(%)

Inhambane 68 775 1 523 635 22,2 55,5

Gaza 75 334 1 467 951 17,5 54,5

Maputo 22 693 1 782 380 78,5 52,0

Fonte: INE (2013).

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Em termos da estrutura etária da população, as três províncias apresentam uma pirâmide etária típica de países em desenvolvimento, com dominância das camadas jovens e uma reduzida população sénior. A Tabela 6.15 apresenta a distribuição etária das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo.

Tabela 6.15 – Distribuição etária das populações das Províncias de interesse

Província Idade (anos)

0-4 (%) 5-14 (%) 15-64 (%) >65 (%)

Inhambane 17,0 29,8 47,9 5,3

Gaza 17,1 29,9 48,7 4,3

Maputo 15,1 27,7 53,8 3,4

Fonte: INE (2013).

6.3.4 Educação

O sistema educacional em Moçambique está estruturado nos seguintes níveis educativos:

• Escola Primária de Nível 1 (EP1) – 1ª à 4ª Classe; • Escola Primária de Nível 2 (EP2) – 5a à 7a Classe; • Escola Secundária de Nível 1 (ESG1) – 8ª à 10ª Classe; • Escola Secundária de Nível 2 (ESG2) – 11a à 12a Classe; • Educação Técnica ou Profissional – ensinada em institutos e escolas técnicas, oferecendo

cursos em três áreas principais (educação industrial, comercial e agrícola) aos níveis elementar, básico e médio;

• Educação Terciária – Universidade e graus superiores.

O sistema educativo nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo é similar ao do restante do país, tendo o seu foco na Educação Primária, o que se reflecte no facto do número de estabelecimentos de ensino primário ser muito superior ao de estabelecimentos de ensino secundário. A Tabela 6.16 apresenta os números de estabelecimentos de ensino nestas províncias.

Tabela 6.16 – Estabelecimentos de ensino nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo

Nível Educativo Inhambane Gaza Maputo

EP 1 777 720 438

EP 2 555 347 338

ESG 1 55 73 97

ESG 2 29 36 50

Fonte: INE (2013).

Como se pode observar na Tabela 6.16 acima, a Província de Maputo tem o maior número de ESG2, com uma média de uma escola por 453 km2. Comparativamente, as Províncias de Inhambane e Gaza têm muito menos escolas ESG2, com médias de uma escola por 2 371 km2 e uma escola por 2 092 km2, respectivamente. Estes números implicam que os alunos das

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Províncias de Inhambane e Gaza têm de percorrer maiores distâncias, em média, de modo a acederem ao ensino de nível secundário. Consequentemente, é expectável que as populações destas províncias apresentem, em média, um nível educativo mais baixo, em comparação com a Província de Maputo.

6.3.5 Saúde

O sector da saúde em Moçambique tem o seu foco principal nos cuidados primários, e caracteriza-se por vários tipos de unidades sanitárias, incluindo unidades de saúde comunitárias, postos de saúde, centros de saúde (urbanos e rurais) e hospitais (distritais, rurais, provinciais e central). Cada um deste tipo de unidade oferece tipos de serviços diferentes. É importante também referir que, mesmo dentro do mesmo tipo de unidade sanitária, existe uma grande variação nos recursos disponíveis, dependendo da sua localização e do número de pessoas servidas.

De acordo com INE (2013), em 2012 a Província de Inhambane tinha um total de 125 unidades sanitárias, incluindo um Hospital Provincial, quatro Hospitais Rurais, 10 postos de saúde e 110 centros de saúde. Isto equivalia a uma unidade sanitária por 602 km2 e por 12 189 habitantes. Em termos de camas, a Província de Inhambane tinha 1,1 camas por 1 000 habitantes.

No mesmo ano, a Província de Gaza tinha 128 unidades sanitárias (INE, 2013), incluindo um Hospital Provincial, quatro Hospitais Rurais, 29 postos de saúde e 94 centros de saúde. Isto equivalia a uma unidade sanitária por 288 km2 e por 11 468 habitantes. Em termos de camas, a Província de Gaza tinha 1,4 camas por 1 000 habitantes.

Ainda de acordo com INE (2013), a Província de Maputo tem um total de 85 unidades sanitárias, incluindo um Hospital Provincial, um Hospital Geral, um Hospital Rural, um Hospital Distrital e 73 centros de saúde. Isto representa uma unidade sanitária por 266 km2 e por 20 969 habitantes. Em termos de camas, a Província de Maputo tem uma média de 0,8 camas por 1 000 habitantes.

6.3.6 Uso do Solo

Os usos do solo nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo são diversificados. Nas áreas municipais, o uso é reservado para propósitos residenciais, comerciais e industriais. Nas áreas rurais, a terra é usada sobretudo para fins agrícolas e residenciais, mas estão presentes também vastas áreas de matas e matagais. O subcapítulo 6.1.7.2 apresenta uma descrição mais detalhada dos usos do solo ao longo do corredor do Projecto, sendo ainda os usos do solo ilustrados na Figura 6.21 (ver página 85).

Nestas Províncias existem ainda várias áreas protegidas, que foram separadas para fins de conservação. Entre estas conta-se os Parques Nacionais de Zinave e Bazaruto e a Reserva Nacional de Pomene, na Província de Inhambane, os Parques Nacionais do Limpopo e de Banhine, na Província de Gaza, e a Reserva Nacional de Malhazine e a Reserva Especial de Maputo, na Província de Maputo. Deve ser notado que nenhuma destas áreas protegidas é

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interferida pelo Projecto proposto. As áreas de conservação na região são ilustradas na Figura 6.24 (ver página 98).

6.3.7 Habitação

Nas três Províncias de interesse, a maioria das habitações são construídas com materiais tradicionais precários, conhecidas como palhotas. Nas áreas municipais é mais comum encontrar casas construídas com materiais convencionais. A Tabela 6.17 abaixo lista os principais materiais utilizados para a construção de habitações nas três Províncias atravessadas pelo traçado do Projecto.

Tabela 6.17 – Principais materiais de construção utilizados nas habitações das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007

Material Província de Inhambane (% agregados familiares)

Província de Gaza (% agregados familiares)

Província de Maputo (% agregados familiares)

Paredes

Blocos de cimento 12,8 19,1 55,2

Tijolos cerâmicos 0,2 0,8 5,0

Madeira / zinco 4,0 3,1 1,9

Blocos de adobe 0,7 2,4 0,4

Paus / Madeira 60,6 50,1 32,0

Paus e lama 20,9 24,1 4,9

Papel e plástico 0,3 0,2 0,2

Outros 0,4 0,3 0,3

Telhados

Betão 0,7 0,6 3,4

Telhas de cerâmica 0 0,8 1,0

Lillarite 1,3 1,9 2,4

Zinco 37,2 60,9 83,2

Erva / capim 59,7 34,8 8,6

Outros 1,1 0,9 1,4

Pavimento

Madeira 0,2 0,3 1,6

Mármore / granito 0,1 0,1 0,2

Cimento 34,8 47,1 68,2

Azulejos 0,4 0,7 2,6

Adobe 54,0 40,7 15,5

Nenhum 9,9 10,3 11,6

Outro 0,6 0,9 0,4

Fonte: INE (2013).

Em termos de bens domésticos, como rádios, televisões, telefones e computadores (que são indicativos de poder de compra), a Tabela 6.18 abaixo confirma que a população da Província de

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Maputo tem um poder de compra mais elevado, em comparação com as Províncias de Inhambane e Gaza.

Tabela 6.18 – Lista de bens domésticos nas Províncias de interesse em 2007

Bem doméstico Província de Inhambane (%) Província de Gaza (%) Província de

Maputo (%)

Rádio 48,3 48,9 58,9

Televisão 11,9 15,0 35,7

Telefone fixo 0,7 0,6 1,5

Computador 0,4 0,6 3,2

Carro 2,7 3,9 6,8

Motociclo 0,9 2,4 1,2

Bicicleta 17,7 18,7 11,0

Nenhum 45,8 45,0 33,8

Fonte: INE (2013).

6.3.8 Serviços Básicos e Infra-estruturas

6.3.8.1 Energia, Água e Saneamento

Nas áreas urbanas e peri-urbanas das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo, a electricidade é a principal fonte de energia e é fornecida pela empresa Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM), enquanto a água é abastecida pela empresa Águas de Moçambique (AdeM). Nas áreas rurais, o abastecimento de água é geralmente feito a partir de fontanários ligados à rede geral de abastecimento de água, bem como a partir de furos, poços e consumo directo de rios e lagoas.

No que diz respeito ao saneamento, as áreas urbanas e peri-urbanas têm um sistema de fossas sépticas individuais (familiares). Em áreas mais rurais, a maioria da população utilizar latrina ou pratica defecação a céu aberto. A Tabela 6.19 sintetiza as estatísticas sobre o serviços básicos de água, energia e saneamento nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo.

Tabela 6.19 – Serviços básicos nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007

Serviços Básicos Província de Inhambane (%) Província de Gaza (%) Província de

Maputo (%)

Água

Água canalizada (dentro de casa) 1,0 1,7 5,5

Água canalizada (fora de casa) 3,9 10,7 32,1

Fontanários 6,7 20,4 19,1

Poços protegidos 23,1 22,5 13,4

Poços não protegidos 49,0 31,4 20,8

Rio / lago / lagoa 9,0 10,4 7,1

Água pluvial 6,5 2,0 0,2

Água mineral 0 0 0

Outra 0,7 0,9 1,8

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Serviços Básicos Província de Inhambane (%) Província de Gaza (%) Província de

Maputo (%)

Saneamento

Fossa séptica 1,2 2,2 10,6

Latrina melhorada 4,6 10,3 18,8

Latrina tradicional melhorada 10,1 11,2 14,4

Latrina tradicional 51,2 47,0 43,7

Nenhum 32,8 29,2 12,5

Energia

Electricidade 4,9 12,3 29,3

Gerador 0,8 0,5 0,4

Gás 0 0,1 0

Petróleo / parafina 76,0 65,6 59,9

Velas 6,2 14,1 8,1

Baterias 1,2 0,4 0,3

Lenha 10,0 6,4 1,6

Outra 1,0 0,7 0,3

Fonte: INE (2013).

Os serviços de gestão de resíduos sólidos (recolha, tratamento e disposição) são em geral inadequados e estão concentrados nas áreas municipais. Isto é particularmente evidente fora das áreas mais urbanas e contribui para a prevalência de malária, diarreia e cólera na região.

6.3.8.2 Transporte, Rede Rodoviária e Comunicações

As Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo possuem uma rede rodoviária adequada. Inhambane e Maputo dispõem ainda de infra-estruturas de transporte aéreo e marítimo. De acordo com a Administração Nacional de Estradas (ANE), a rede rodoviária das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo tem uma extensão total de 2 877 km, 2 711 km e 2 415 km, respectivamente. A Tabela 6.20 apresenta dados sobre a rede rodoviária das províncias atravessadas pelo traçado do Projecto.

Tabela 6.20 – Rede rodoviária das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo

Tipo de estrada Extensão (km)

Província de Inhambane Província de Gaza Província de Maputo

Primária 558 280 322

Secundária 266 752 171

Terciária 1 168 1 101 1 383

Vicinal 885 578 539

Total 2 877 2 711 2 415

Fonte: ANE (2014).

A rede rodoviária estabelece a ligação entre as cidades e o interior das Províncias, facilitando assim o fluxo de bens e produtos entre as áreas de produção e os mercados, bem como o

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movimento de pessoas e o transporte para áreas turísticas. O transporte público é maioritariamente fornecido por táxis minibus (chapas) e autocarros. A maior parte da população utiliza estes meios de transporte. Existem ainda alguns barcos que fornecem os mesmos serviços a partir da navegação fluvial ou marítima.

Em termos de telecomunicações, todos os distritos são servidos por telefonia fixa e móvel. Estas redes de telefonia disponibilizam ainda serviços de internet. As Províncias têm ainda acesso a rádio, e as áreas urbanas principais são também cobertas por televisão de sinal aberto e por cabo.

6.3.9 Actividades Económicas

6.3.9.1 Pesca

A actividade pesqueira nas Províncias de Inhambane, Gaza e Província é maioritariamente praticada por barcos de pesca semi-industriais e artesanais. A pesca artesanal é de natureza local e utiliza pequenos barcos (<10 m de comprimento) ou é feita a pé. Os barcos de pesca artesanal são propulsionados com remos, velas ou pequenos motores. A pesca pratica-se ao longo de todo o ano, com excepção do período de vedo (definido pelo Ministério do Mar, Águas Interiores e Pesca), entre Janeiro e Fevereiro de cada ano. Em geral, este tipo de pesca constitui uma das principais actividades de subsistência da população que vive ao longo das áreas costeiras das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. Muitas famílias dependem desta actividade para sobreviverem e para obtenção de fontes de proteína e rendimento (Ministério da Administração Estatal, 2005).

De acordo com o regulamento geral da pesca marítima, a pesca semi-industrial é praticada por embarcações que podem operar nas águas territoriais de Moçambique, até às 3 milhas, enquanto os navios industriais podem operar a mais de 3 milhas da costa sem restrições, excepto em alguns casos específicos (Ministério da Pesca, 2004). Os dois tipos principais de pesca semi-industrial são a pesca do camarão e pesca à linha (desde a Ponta Dobela até ao Banco de Sofala, na Província de Sofala). A pesca de arraste semi-industrial do camarão ocorre de Março a Dezembro.

6.3.9.2 Agricultura

A agricultura constitui também uma das principais actividades económicas das Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo. As principais culturas de subsistência cultivadas pela população são o milho, feijões e mandioca. As principais culturas de rendimento são o arroz, coco e cana-de-açúcar.

As Províncias de Gaza e Inhambane têm ainda grandes plantações agrícolas industriais, em particular as plantações de cana-de-açúcar de Maragra e Xinavane. A Província de Gaza tem ainda vastos campos de arroz, em particular nos Distritos de Xai-xai e Chokwe. No sector familiar, é ainda de referir as vastas plantações de coqueiro nestas duas províncias.

De acordo com INE (2013), as Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo tinham 69, 102 e 188 propriedades agrícolas de grande dimensão, respectivamente, em 2007. A Tabela 6.21 lista

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número de propriedades agrícolas de pequena, média e grande dimensão nas províncias atravessadas pelo traçado do Projecto.

Tabela 6.21 – Propriedades agrícolas nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo em 2007

Tamanho das propriedades agrícolas

Província de Inhambane Província de Gaza Província de Maputo

Número Área (ha) Número Área (ha) Número Área (ha)

Pequenas e médias 269 241 413 883 216 583 357 364 112 587 132 286

Grandes 69 1 004 188 7 003 102 1 004

Fonte: INE (2013)

A produção pecuária envolve gado bovino, porcos, cabras, ovelhas e galinhas, e é desenvolvida fundamentalmente pelo sector familiar.

6.3.9.3 Indústria e Comércio

Em termos do sector industrial, a Província de Maputo é a mais industrializada das três províncias de interesse. É de referir o Parque Industrial de Beluluane, localizado no Distrito de Boane, onde se localizam várias fábricas, incluindo a fundição de alumínio da Mozal, uma fábrica de cimentos e uma fábrica de cereais, entre outras. O Parque Industrial de Beluluane, e o seu complexo, é considerado como a principal zona industrial do país e tem como objectivo tornar-se uma localização privilegiada na África Austral para negócios de exportação. Os principais sectores industriais presentes na área da Matola incluem os sectores alimentares e de construção, com mais de 30 fábricas nesta zona. A Figura 6.27 mostra algumas instalações industriais na Província de Maputo.

Figura 6.27 – Instalações industriais na Província de Maputo

A Província de Inhambane tem o maior projecto de produção de gás do país. Este projecto é explorado pela multinacional Sul Africana Sasol, que tem a sua Central de Processamento em Temane, produzindo cerca de 183 milhões de gigajoules (Matsinhe, 2013). A Sasol está em Temane, Distrito de Inhassoro, desde 2004, de onde um gasoduto estabelece a ligação entre esse local em Moçambique a Secunda, na vizinha África do Sul, ao longo de uma distância de 865 km (Matsinhe, 2013).

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O sector industrial na Província de Gaza é ainda incipiente, quando comparado com Inhambane e Maputo. As principais actividades correspondem a pequenas fábricas localizadas nas cidades de Chokwe e Xai-xai. A Província de Gaza tem um projecto mineiro de larga escala planeado, para explorar as areias pesadas no Distrito de Chibuto1, o que aumentaria substancialmente a produção industrial na Província.

Em termos do comércio, as actividades nas Províncias de Inhambane, Gaza e Maputo estão fundamentalmente concentradas nos municípios. Nas áreas rurais, a actividade comercial baseia-se na troca de produtos agrícolas, produzidos maioritariamente ao nível do aglomerado familiar. Na Província de Inhambane a principal zona comercial é a Cidade de Maxixe, sendo esse papel da Cidade de Xai-xai, na Província de Gaza, e da Cidade da Matola, na Província de Maputo.

6.3.9.4 Turismo

As actividades turísticas têm vindo a aumentar em Moçambique nos últimos anos. As praias ao longo da costa de Inhambane, Gaza e Maputo são muito procuradas por turismo, tanto local como internacional (Ministério da Administração Estatal, 2005).

Muitas pessoas visitam estas costas por causa das suas praias, e para praticar desportos aquáticos, como a pesca. A Província de Inhambane é famosa por ter um dos maiores arquipélagos do país (o Arquipélago do Bazaruto). A Ilha de Inhaca, na Província de Maputo, faz também parte da rota de vários paquetes. A indústria turística é responsável por empregar muitas pessoas em hotéis, restaurantes e bares.

1 O termo “areias pesadas” refere-se a concentração de metais pesados em depósitos de areia aluviais (antigos sistemas de praia ou de rio) ou eólicos. É possível desenvolver uma operação mineira nestas areias, de modo a extrair os metais pesados dos depósitos de areia através de métodos de processamento adequados.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 115

7 Identificação de Impactos Ambientais e Falhas Fatais Os objectivos principais do EPDA são os de identificar potenciais impactos ambientais e sociais que careçam de avaliação adicional durante a fase subsequente da AIAS e detectar quaisquer questões fatais que ameacem a viabilidade do Projecto.

7.1 Identificação de Impactos Um impacto ambiental é qualquer alteração ao ambiente ou ao seu uso. Mais especificamente, os impactos ambientais e sociais referem-se a qualquer alteração, potencial ou presente, ao (i) ambiente físico, natural ou cultural e (ii) nas comunidades envolventes, resultante do Projecto (IFC, 2012). Os efeitos do impacto podem ser positivos ou negativos, e podem ser tanto uma consequência directa como indirecta do Projecto.

Os impactos potenciais do Projecto proposto foram identificados durante a fase de definição do âmbito através de um processo sistemático de análise das interacções entre as actividades do Projecto e o ambiente ou comunidades dentro da AI do Projecto. Em resultado desta análise, foram identificados vários impactos potenciais associados ao Projecto, com base em:

• O entendimento da equipa de AIAS sobre o Projecto proposto; • Análise de informação existente sobre o ambiente receptor e contributos preliminares dos

especialistas.

Note-se que esta identificação preliminar de impactos tem como objectivo suportar a definição dos TdR para o EIA e para os estudos de especialidade a desenvolver durante essa fase do Processo de AIAS. É expectável, no entanto, que os especialistas venham a identificar impactos directos, indirectos e cumulativos adicionais, após a descrição de Projecto ter sido mais detalhada e tenha sido recolhida informação adicional sobre a situação de referência.

A identificação preliminar dos impactos ambientais da fase de definição de âmbito do projecto é apresentada na Tabela 7.1. Para cada impacto identificado é indicada a actividade do projecto associada ao mesmo, nas fases de construção e de operação, bem como as potenciais medidas de minimização (para impactos negativos) ou de potenciação (para impactos positivos).

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 116

Tabela 7.1 – Potenciais impactos, e suas causas, durante as fases de construção e operação do Projecto proposto

Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação

Qualidade do Ar

Degradação da qualidade do ar (aumento de poeiras)

- Preparação dos locais de obra, movimentos de terras e actividades construtivas para a linha de transporte e subestações;

- Construção de acessos; - Movimento de veículos de construção em estradas não

pavimentadas.

- (-)

- Boas práticas de gestão ambiental durante as actividades de construção;

- Supressão de poeiras em condições secas e ventosas (e.g., aspersão).

Degradação da qualidade do ar (emissões gasosas)

- Emissão de poluentes atmosféricos (gases de combustão) dos veículos e maquinaria de construção.

- Emissão de poluentes atmosféricos (gases de combustão) dos veículos e equipamentos utilizados nas actividades de manutenção.

(-)

- Manutenção adequada dos veículos e maquinaria utilizados nas fases de construção e operação;

- Cumprimento das directrizes e procedimentos de minimização de emissão de gases de combustão.

Aumento das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE)

- GEE alocados aos materiais consumidos e às actividades de transporte associadas à fase de construção.

- Actividades de manutenção, incluindo emissões associadas ao transporte. (-)

- Boas práticas de gestão ambiental durante as actividades de construção;

- Uso racional dos materiais de construção;

- Manutenção adequada dos veículos e maquinaria de construção.

Ruído

Degradação do ambiente acústico (aumento dos níveis de ruído)

- Movimentos de maquinaria pesada, veículos de construção, etc.;

- Preparação dos locais de obra, movimentos de terras e compactação de terras;

- Movimento dos veículos utilizados para actividades de manutenção;

- Efeito de corona da linha de transporte, sob condições climáticas específicas;

- Operação das subestações.

(-)

- Manutenção adequada dos veículos e maquinaria utilizados nas fases de construção e operação;

- Limitar as actividades construtivas particularmente ruidosas às horas normais de expediente (quando próximo de povoações);

- Adoptar velocidades reduzidas para veículos de construção, ao atravessar locais povoados;

- Manutenção adequada dos transformadores das subestações,

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 117

Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação durante a fase de operação;

- Isolamento adequado de equipamento ruidoso dentro das subestações, quando tecnicamente viável.

Geologia e Geomorfologia

Efeitos adversos em património geológico ou recursos minerais

- Preparação dos locais de obra e actividades construtivas;

- Movimentos de terras.

- Eventos inesperados, tal como novas descobertas geológicas, em que as torres da linha constituam uma presença adverse;

(-)

- Limitar os movimentos de terras às áreas estritamente necessárias para a construção;

- A ser desenvolvido na fase de EIA.

Alterações nos processos de erosão, transporte e sedimentação

- Movimentos de terras. - A inserção na paisagem de novos elementos

estruturais (como as torres) pode resultar em alterações permanentes nas dinâmicas de escoamento em canais, rios e ecossistemas associados.

(-) - A ser desenvolvido na fase de EIA.

Solos

Contaminação potencial de solos

- Gestão inadequada de resíduos, lubrificantes, combustíveis e outros poluentes durante as actividades construtivas (derrames acidentais).

- Gestão inadequada de resíduos, lubrificantes, combustíveis e outros poluentes durante as actividades de manutenção (derrames acidentais).

(-)

- Adoptar boas práticas na gestão de resíduos e poluentes / contaminantes;

- Restrição do movimento dos veículos e maquinaria de construção aos acessos de construção;

- Implementar procedimentos de resposta de emergência em caso de derrames acidentais, incluindo a remoção e tratamento de solos contaminados.

Aumento da erosão de solos

- Desmatação da faixa de reserva (RoW) da linha; - Alterações de declives, aumentando o ângulo do talude; - Concentração de escoamentos pluviais em canais não

protegidos; - Abertura de acessos temporários.

- Controlo da vegetação dentro da RoW da linha; - Alterações permanentes de declives, tais que o ângulo

do talude é superior ao da envolvente; - Concentração de escoamentos pluviais em canais não

protegidos.

(-)

- Concentrar, o mais possível, os trabalhos de movimentos de terras na época seca;

- Evitar a remoção total da vegetação no corredor da linha. Em particular, evitar empregar técnicas que impliquem a remoção das raízes de arbustos e árvores;

- Em secções da linha com declives relevantes, construir valas que

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 118

Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação impeçam a acumulação de escoamento e que desviem as águas para locais de depósito estáveis.

Recursos Hídricos

Potenciais alterações nos padrões de escoamento naturais

- O movimento de maquinaria ao longo da RoW e de estradas de acesso podem provocar a compactação de solos e consequente alteração dos padrões de escoamento locais, em particular nos troços que impliquem o atravessamento de rios ou trabalhos em áreas de planícies de inundação.

- (-)

- Evitar o mais possível o movimento de maquinaria em leitos de rios e áreas de planícies de inundação;

- Assegurar a existência de drenagem transversal adequada (passagens hidráulicas, viadutos, etc.), sempre que for necessário atravessar linhas de água (como por exemplo para a construção de acessos temporários ou permanentes).

Potencial contaminação da qualidade de águas superficiais

- A gestão inadequada ou derrames acidentais de resíduos, materiais perigosos (lubrificantes, combustíveis, etc.), águas residuais (estaleiros de construção) e outros poluentes utilizados ou produzidos durante as actividades de construção podem levar à contaminação de águas superficiais;

- A desmatação em margens de rios e áreas húmidas, e subsequente aumento da erosão superficial, pode levar ao aumento da carga sólida em linhas de água.

- Gestão inadequada de resíduos, herbicidas e outros materiais perigosos potencialmente utilizados para a manutenção da RoW.

(-)

- Desenvolver e implementar um Plano de Gestão de Resíduos (para resíduos perigosos e não perigosos);

- Desenvolver e implementar um Plano de Gestão de Materiais Perigosos;

- Os estaleiros de construção devem estar equipados com sistemas de tratamento de águas residuais, que devem ser adequadamente mantidos.

Paisagem

Degradação do valor cénico em áreas de matas e florestas - Remoção de árvores na RoW. - (-)

- Restringir as áreas a desmatar ou perturbar à área de ocupação directa do Projecto.

Alteração da tranquilidade da paisagem envolvente

- Presença de acampamentos de construção temporários e equipamentos associados.

- Presença de estruturas (torres, linhas de transporte, edifícios). (-)

- Limitar a perturbação de áreas fora da área de ocupação directa do Projecto;

- A ser desenvolvido no EIA.

Poluição luminosa localizada - Presença de tráfego de construção, estaleiros e equipamentos associados.

- Presença de estruturas (torres, linhas de transporte, edifícios). (-) - A ser desenvolvido no EIA.

Alteração do carácter natural da paisagem e criação de - Presença de acampamentos de construção temporários - Presença de estruturas (torres, linhas de transporte, (-) - A ser desenvolvido no EIA.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 119

Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação elementos visuais dominantes e equipamentos Associados. edifícios).

- Presença da RoW permanente, sob a linha de transporte.

Biodiversidade

Impactos em zonas húmidas e áreas ribeirinhas

- Potencial alteração da qualidade da água em resultado das actividades construtivas. - Presença das estruturas de Projecto. (-)

- Adoptar boas práticas de gestão para prevenir derrames e contaminações;

- Projectar as estruturas das torres de modo a minimizar a perturbação de zonas húmidas, margens e leitos de rios e planícies de inundação;

- Evitar o movimento de maquinaria pesada em zonas húmidas, margens e leitos de rios e planícies de inundação.

Perda directa de unidades de vegetação e habitats - Desmatação da RoW e da faixa de construção. - (-)

- Optimizar o traçado da linha de transporte de modo a evitar qualquer área de habitat crítico, caso tais habitats sejam identificados no EIA;

- Restringir as áreas a desmatar ou perturbar à área de ocupação directa do Projecto.

Perda ou degradação indirecta de unidades de vegetação e habitats

-

- Expansão de espécies ruderais ou invasivas ao longo do corredor da linha de transporte;

- Potencial aumento da exploração de recursos naturais ao longo da RoW, devido à melhoria da facilidade de acesso criada pela linha.

(-)

- Limitar a perturbação de áreas fora da área de ocupação directa do Projecto;

- Restringir as áreas a desmatar à área de ocupação directa do Projecto.

Degradação de unidades de vegetação na área envolvente

- Deposição de poeiras nas áreas envolventes às frentes de obra. - (-) - Supressão de poeiras em condições

secas e ventosas (e.g., aspersão).

Redução de áreas de alimentação e reprodução - Desmatação da RoW e da faixa de construção. - (-)

- Restringir as áreas a desmatar ou perturbar à área de ocupação directa do Projecto;

Perda directa de fauna e redução da diversidade específica

- Desmatação da RoW e da faixa de construção. - n/a (-) - Restringir a desmatação às áreas estritamente necessárias.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 120

Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação

Aumento da mortalidade de aves e morcegos, devido a colisões com a linha de transporte de alta tensão.

- - Presença da linha de transporte. (-) - A ser desenvolvido no EIA. Poderá

incluir a instalação de dispositivos anti-colisão em áreas críticas.

Possível introdução ou dispersão de espécies invasivas na área de Projecto.

- Actividades de construção. - Possível expansão ao longo da RoW. (-) - A ser desenvolvido no EIA.

Socioeconomia

Potencial deslocação física ou económica de residentes locais e infra-estrutura comunitária.

- Potencial remoção de estruturas privadas e comunitárias directamente afectadas pela RoW da linha de transporte;

- Perda de culturas, árvores, áreas comunitárias e solos agrícolas afectados pelo traçado proposto, de forma temporária ou permanente.

- (-)

- Projectar o traçado da linha de modo a minimizar o número de casas e outros recursos socioeconómicos afectados;

- Preparar um Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico, de modo a identificar a necessidade e âmbito de actividades de compensação e reassentamento;

- Desenvolver um Plano de Acção de Reassentamento ou um Plano de Compensação, conforme apropriado.

Perturbação de residentes das áreas envolventes ao Projecto.

- Aumento das emissões de ruído, luz e poeiras durante as actividades de construção. - Emissões de ruído da linha de alta tensão. (-) - Restringir as actividades de construção

às horas normais de expediente.

Criação de oportunidades de emprego locais.

- Oportunidades de emprego de curto prazo criadas pelas actividades de construção, em particular para trabalhadores não especializados ou semi-especializados.

- Oportunidades de emprego de longo prazo criadas na fase de operação (operação da linha de transporte e das subestações e actividades de manutenção da RoW).

(+)

- Optimizar o recurso a competências e recursos locais, sempre que tal for possível;

- Adoptar procedimentos transparentes para o recrutamento, em particular no caso dos empreiteiros;

- Dar preferência ao uso de recursos moçambicanos, sempre que possível.

Influxo de pessoas à procura de emprego, resultando em perturbações à estrutura social e no aumento da

- Influxo de candidatos a trabalho durante a fase de construção do Projecto. - (-)

- Adoptar uma política de recrutamento clara e envolver as autoridades locais no processo de recrutamento;

- Comunicar de forma clara o potencial

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 121

Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação pressão sobre os recursos disponíveis.

de criação de emprego do Projecto às comunidades locais, de modo a evitar expectativas irrealistas;

- Planear a localização dos estaleiros de construção nas principais cidades, de modo a evitar a criação de pressões insustentáveis em povoações mais pequenas.

Potenciais impactos na saúde associados às emissões e potencial contaminação de águas e solos. Inclui os aspectos de segurança e riscos comunitários.

- Aumento da emissão de poeiras devido às actividades construtivas e movimento de veículos pesados;

- Acidentes, ou aumento do risco de acidentes, com trabalhadores e membros das comunidades;

- Potencial contaminação de recursos hídricos devido a derrames e fugas de contaminantes nas frentes de obra, durante as actividades de construção.

- (-)

- Adoptar boas práticas de gestão ambiental e supressão de poeiras para minimizar as emissões atmosféricas;

- Tratar as águas residuais para evitar contaminações;

- Implementar medidas adequadas de resposta a emergências, de modo a lidar com potenciais derrames e contaminações;

- Adoptar boas práticas na localização, instalação e manutenção de maquinaria e equipamentos.

Potenciais impactos na saúde e conflitos sociais resultantes do influxo de trabalhadores.

- Aumento da incidência de abuso de substâncias e álcool, crime e doenças transmissíveis (como VIH/SIDA);

- Conflitos sociais associados com o aumento da pressão nos recursos locais devido a trabalhadores externos e atribuição de empregos ou compra de serviços a locais.

- (-)

- Recrutar trabalhadores locais para a construção, sempre que possível;

- Implementar programas de formação sobre VHI/SIDA e abuso de substâncias para os trabalhadores.

Aumento da qualidade e facilidade de acesso a electricidade, permitindo o desenvolvimento de projectos futuros de geração de energia, com impactos indirectos potenciais no desenvolvimento económico.

- - Operação do Projecto. (+) - Nenhuma medida de potenciação aplicável.

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Impacto Potencial Causa do Impacto: Fase de Construção Causa do Impacto: Fase de Operação Natureza Opções de Mitigação / Potenciação

Património Cultural

Potencial degradação ou destruição de sítios culturais ou sagrados, ou de materiais ou elementos com valor cultural ou patrimonial.

- Escavações associadas à fase de construção; - Desmatação e preparação da RoW.

- (-) - Desenvolver procedimentos adequados

para evitar ou minimizar a perda de recursos patrimoniais no PGAS.

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7.2 Impactos da Fase de Desactivação Espera-se que a linha de transporte, e as subestações associadas, venha a ser operada e mantida de forma contínua ao longo de várias décadas. O longo horizonte temporal do projecto torna difícil, e potencialmente contra-produtivo, prever nesta fase as circunstâncias nas quais as infra-estruturas de projecto possam vir a ser eventualmente desactivadas. Recomenda-se assim que os impactos da fase de desactivação sejam alvo de uma avaliação detalhada no momento em que existir informação suficiente sobre a fase de desactivação.

Sem prejuízo do afirmado, em termos gerais os impactos típicos das actividades de desactivação estarão fundamentalmente associados a movimentos de veículos e maquinaria, desmontagem de infra-estruturas, movimentos de terras e reabilitação final dos locais de obra. Estas actividades poderão ser responsáveis por um aumento temporário dos níveis de poeira e ruído, contaminação potencial de solos e águas superficiais (devido ao transporte de sedimentos e derrames / fugas de contaminantes), limitação temporária de áreas de pastagens, aumento do risco de acidentes, potenciais oportunidades de emprego de curto prazo e restauração de habitats perdidos ou de áreas de pastagens. A reutilização da RoW terá de ser cuidadosamente planeada com as partes interessadas locais, de modo a reduzir a possibilidade de conflitos sociais associados à definição do seu uso e da sua atribuição aos beneficiários.

7.3 Impactos Cumulativos Os impactos cumulativos são o resultado do efeito cumulativo, ou mesmo sinergético, de várias actividades humanas ou projectos passados, presentes ou futuros. Não foi identificado, nesta fase, nenhum outro projecto, presente ou planeado, que possa resultar em impactos cumulativos com o Projecto STE. Os impactos cumulativos serão avaliados de forma mais detalhada na fase de EIA, considerando os projectos, infra-estruturas e actividades presentes e/ou planeadas na área do Projecto em estudo.

7.4 Principais Impactos a Avaliar no EIA Alguns dos impactos identificados na tabela acima são de significância menor, e os seus efeitos são relativamente bem conhecidos. Outros impactos potencialmente mais significativos, no entanto, carecem de uma avaliação adicional detalhada por especialistas, para se averiguar a sua significância e identificar medidas de mitigação adequadas para reduzir essa significância. Recomenda-se assim que os impactos associados aos seguintes factores ambientais sejam avaliados com particular detalhe no EIA, através de estudos de especialidade:

• Qualidade do Ar; • Ruído; • Recursos Hídricos; • Paisagem; • Biodiversidade; e

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 124

• Socioeconomia.

Considerando que o Projecto proposto irá provavelmente resultar em impactos de reassentamento (maioritariamente associados ao estabelecimento da RoW, que pode resultar na relocalização de estruturas construídas e perda de áreas agrícolas), será ainda necessário o desenvolvimento de um Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico, em conformidade com a legislação de reassentamento.

Os TdR para o EIA, bem como para cada um dos estudos de especialidade propostos acima, são apresentados nos subcapítulos seguintes.

7.5 Análise de Falhas Fatais Nenhum dos impactos identificados, conforme descritos nos subcapítulos anteriores, constitui uma falha fatal (i.e., um risco ambiental e social inaceitável). Foram identificados vários impactos ambientais e sociais potencialmente significativos – tais como os potenciais impactos de reassentamento ou a perda de habitats de matas, por exemplo. No entanto, são conhecidas medidas de mitigação adequadas para estes impactos, pelo que não se espera que após a implementação da mitigação subsistam riscos ambientais ou sociais inaceitáveis. Em conformidade, todos os impactos identificados no presente EPDA serão analisados em detalhe no EIA, incluindo a definição da mitigação necessária (os TdR para o EIA são apresentados no Capítulo 8)

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 125

8 Termos de Referência para o EIA

8.1 Introdução A submissão do Relatório de Instrução do Processo junto do MITADER representou o primeiro passo no processo de Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIAS). Este passo é seguido da fase de definição de âmbito (EPDA), que inclui consultas às Partes Interessadas e Afectadas (PI&A’s) chave (incluindo comunidades locais, organizações ambientais e autoridades governamentais, entre outras). Um dos resultados chave da fase de definição de âmbito é a elaboração de Termos de Referência (TdR) para a fase de avaliação de impactos (EIA). O propósito destes TdR é descrever a forma como será realizada a fase de avaliação dos impactos, incluindo:

• Uma perspectiva geral das actividades e objectivos do EIA, dos estudos de especialidade propostos, da estrutura do Relatório do EIA e ainda do PPP proposto;

• A metodologia de avaliação dos impactos; e • Os TdR para os estudos de especialidade.

8.2 Objectivos do EIA O EIA em como principal objectivo a avaliação dos potenciais impactos do Projecto e das suas actividades sobre o meio ambiente (incluindo os recursos biofísicos e socioeconómicos) e, onde for aplicável, identificar e definir medidas de mitigação para evitar ou minimizar os impactos negativos e potenciar os potenciais positivos, e relatar a significância dos impactos residuais que permanecerem após a mitigação.

O EIA será desenvolvido em conformidade com os seguintes requisitos nacionais:

• Regulamento sobre o Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro);

• Directiva Geral para a Elaboração de Estudos de Impacto Ambiental (Diploma Ministerial n.º 129/2006, de 19 de Julho);

• Directiva Geral para a Participação Pública no Processo de Avaliação do Impacto Ambiental (Decreto n.º 130/2006, de 19 de Julho).

Adicionalmente, serão ainda consideradas as políticas e directrizes internacionais relevantes para a realização do EIA, entre as quais as mais importantes são os Padrões de Desempenho do IFC, as directrizes de EHS do IFC e as Políticas Operacionais do WB. Uma descrição mais detalhada das políticas e directrizes internacionais aplicáveis ao EIA é apresentada no subcapítulo 2.6 do presente relatório.

8.3 Estrutura e Âmbito do EIA O conteúdo proposto do Relatório de EIA é descrito abaixo:

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Resumo Não Técnico Um resumo do EIA e das suas constatações chave, escrito em linguagem não técnica.

Introdução Apresenta os antecedentes do Projecto proposto e do processo de AIAS, bem como informações acerca do Proponente do Projecto e da equipa de consultores para a AIAS.

Enquadramento Legal Descreve o enquadramento jurídico dentro do qual foi realizada a AIAS, confirmando a conformidade com, ou consideração de, várias normas e directrizes aplicáveis ao Projecto.

Abordagem e Metodologia Apresenta a abordagem e metodologia do processo de AIAS, incluindo o PPP e os estudos de especialidade.

Descrição do Projecto Proporciona uma descrição pormenorizada do Projecto, como avaliado no EIA.

Áreas de Influência Refina as AI preliminares do Projecto, previamente identificadas no EDPA, e descreve as principais características e actividades nestas áreas.

Caracterização da Situação de Referência

Descreve a situação de referência biofísica e socioeconómica da área do Projecto e das zonas circundantes, com base nas conclusões dos estudos de especialidade.

Identificação e Avaliação de Impactos

Descreve e avalia todos os impactos identificados pela equipa de AIAS e especialistas, e define as medidas de mitigação propostas para cada impacto.

Conclusões Apresenta a conclusão do estudo e as constatações globais no que diz respeito à aceitabilidade dos impactos residuais previstos do Projecto.

Para além do relatório principal do EIA, será ainda compilado um PGAS e um relatório de PPP.

8.4 Abordagem à Avaliação de Impactos Ambientais A identificação e avaliação dos impactos basear-se-á no juízo e experiência profissionais da equipa da AIAS e dos especialistas, em trabalho de campo e em análise de gabinete. Será avaliada a significância dos potenciais impactos, de forma a auxiliar o MITADER, e outras autoridades relevantes, na tomada de decisões sobre o Projecto.

O Relatório de EPDA proporciona uma identificação inicial de potenciais impactos ambientais, com base nas informações disponíveis (ver Capítulo 7). Impactos adicionais poderão ser identificados, uma vez refinada a descrição do projecto e uma vez melhor entendidas as características biofísicas e socioeconómicas do ambiente receptor.

O EIA (e em particular os estudos de especialidade) identificará e avaliará todos os impactos directos, indirectos e cumulativos do Projecto sobre o ambiente receptor. Uma metodologia detalhada para a avaliação dos impactos é apresentada no subcapítulo 8.7.

Serão necessários estudos de especialidade para suportar a identificação e avaliação dos impactos, que se descrevem no subcapítulo 8.6. Outros impactos (menos significativos), que não requerem o contributo de um especialista, serão avaliados pela equipa de AIAS, aplicando a metodologia apresentada no subcapítulo 8.7.

8.5 Equipa Proposta para o EIA A equipa proposta para o EIA é apresentada na Tabela 8.1 abaixo.

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Tabela 8.1 – Equipa de EIA proposta

Nome Posição / Função

Tiago Dray Director de Projecto

Emanuel Viçoso Gestor de Projecto (Consultec) e Especialista ambiental principal

Ashlea Strong Gestor de Projecto (WSP)

Guilhermina Honwana Especialista de PPP

Antoine Moreau Especialista de desenvolvimento social / reassentamento principal

Natasha Ribeiro Flora Terrestre e Vegetação

Patrícia Nicolau Socioeconomia / Desenvolvimento comunitário

Rafael Noronha Socioeconomia

Valério Macandza Fauna terrestre (Mamíferos)

Bárbara Monteiro Fauna terrestre (Morcegos)

Robyn Kadis Fauna terrestre (Aves)

Paulo Cardoso Fauna terrestre (Répteis e Anfíbios)

Margarida André Recursos Hídricos

Miguel Barra Qualidade do Ar e Ruído

Susana Paisana Geologia, Solos e Uso do Solo

Marta Henriques Paisagem

8.6 Termos de Referência para os Estudos de Especialidade Os estudos de especialidade constituem uma componente fundamental do processo de AIAS, dado que proporcionam as bases para a avaliação. Os estudos de especialidade são necessários para caracterizar a situação de referência do ambiente receptor antes da implantação do projecto proposto2 e para identificar e avaliar os potenciais impactos do Projecto proposto.

Com base na identificação inicial dos potenciais impactos do Projecto, propõem-se os seguintes estudos de especialidade:

• Qualidade do Ar; • Ruído; • Recursos Hídricos; • Paisagem; • Biodiversidade; e • Socioeconomia.

O grau de pormenor dos estudos de especialidade basear-se-á na importância relativa do factor ambiental a ser avaliado, assim como nas características do projecto Proposto.

O âmbito proposto para os estudos de situação de referência tomou em consideração as melhores práticas e contributos dos especialistas, no que se refere ao âmbito necessário, condições de referência esperadas e impactos prováveis do Projecto. Para alguns estudos é proposta a

2 De modo a estabelecer um ponto de referência contra o qual os impactos efectivos possam posteriormente ser medidos.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 128

amostragem in situ das condições de referência, enquanto para outros essa situação de referência pode ser determinada maioritariamente com base em informação existente, validada através de uma visita de campo.

Durante a fase de EIA, os especialistas realizarão as seguintes tarefas:

• Identificar potenciais impactos associados ao Projecto, no seu campo de estudo; • Avaliar a significância dos potenciais impactos, classificados em conformidade com uma

metodologia acordada de avaliação de impactos; • Averiguar se as alternativas propostas são ambientalmente aceitáveis (“suportáveis”) ou

inaceitáveis; • Avaliar em termos qualitativos os potenciais impactos cumulativos para os quais o projecto

poderá contribuir; • Recomendar medidas de mitigação e potenciação praticáveis para reduzir a significância

dos potenciais impactos negativos e aumentar os benefícios dos potenciais impactos positivos; e

• Propor programas de monitorização ambiental, quando necessário.

Os TdR detalhados para cada estudo especialista são apresentados abaixo.

Considerando que o Projecto proposto irá provavelmente resultar em impactos de reassentamento (maioritariamente associados ao estabelecimento da RoW, que pode resultar na relocalização de estruturas construídas e perda de áreas agrícolas), será ainda necessário o desenvolvimento de um Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico, em conformidade com a legislação de reassentamento, de modo a identificar a necessidade e âmbito de actividades de compensação e reassentamento. Os TdR para o Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico são também apresentados no subcapítulo seguinte.

8.6.1 Qualidade do Ar

Os TdR para o Estudo de Especialidade de Qualidade do Ar incluem as seguintes tarefas:

• Identificação dos padrões nacionais legais de qualidade do ar ambiente e directrizes internacionais de qualidade do ar relevantes;

• Identificação de todos os receptores sensíveis aos efeitos da poluição atmosférica na envolvente imediata do traçado proposto do Projecto (a menos de 200 m da linha central do Projecto);

• Identificação de todos os receptores sensíveis aos efeitos da poluição atmosférica próximos das subestações propostas, nomeadamente as subestações de Vilanculos, Chibuto, Matalane e Maputo;

• Identificação das principais fontes de emissões atmosféricas existentes na área de influência do Projecto, incluindo fontes industriais, fontes lineares (estradas) e fontes de área;

• Determinação dos principais poluentes de interesse, considerando as emissões atmosféricas esperadas das actividades de Projecto, em particular as resultantes das

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 129

actividades de construção (fase que deverá resultar em maiores emissões de poluentes atmosféricos);

• Avaliar qualitativamente os impactos na qualidade do ar durante a fase de construção, incluindo a proposta de medidas de mitigação e monitorização para os impactos identificados;

• Avaliar qualitativamente os impactos na qualidade do ar durante a fase de operação, considerando a proximidade das actividades de Projecto a receptores sensíveis e as emissões de Projecto esperadas. Serão propostas medidas adequadas de mitigação e controlo para a fase de operação, se necessário;

• Os impactos potenciais na qualidade do ar (positivos e negativos) associados às actividades de Projecto serão descritos e avaliados em termos da sua significância, utilizando os critérios pré-definidos para o EIA e utilizando a metodologia recomendada para a classificação dos impactos;

• Serão definidas e propostas medidas de mitigação, conforme necessário, de modo a assegurar que os impactos residuais sobre a qualidade do ar são de significância aceitável, i.e., que não se esperam excedências aos padrões de qualidade do ar junto aos receptores sensíveis mais próximos. Isto implicará provavelmente a aplicação de medidas de minimização simples, tais como aspergir as áreas de construção, ou outras conforme necessário.

8.6.2 Ruído

Os TdR para o Estudo de Especialidade de Ruído incluem as seguintes tarefas:

• Identificação dos padrões nacionais de ruído e directrizes internacionais de ruído relevantes, tais como as directrizes da OMS e WB/IFC;

• Identificação de todos os receptores sensíveis na envolvente imediata do traçado proposto do Projecto (a menos de 200 m da linha central do Projecto), incluindo áreas residenciais, escolas, unidades sanitárias, etc.;

• Identificação de todos os receptores sensíveis aos efeitos do ruído próximos das subestações propostas, nomeadamente as subestações de Vilanculos, Chibuto, Matalane e Maputo;

• Identificação das fontes de ruído locais existentes na área de influência do Projecto; • Determinação das principais emissões de ruído resultantes das actividades de Projecto,

especialmente nas fases de construção e operação; • Avaliar qualitativamente os impactos de ruído durante a fase de construção, incluindo a

proposta de medidas de mitigação e monitorização para os impactos identificados; • Avaliar qualitativamente os impactos de ruído durante a fase de operação, considerando a

proximidade das actividades de Projecto a receptores sensíveis e as emissões de Projecto esperadas. Serão propostas medidas adequadas de mitigação e controlo para a fase de operação, se necessário;

• Os impactos potenciais de ruído (positivos e negativos) associados às actividades de Projecto serão descritos e avaliados em termos da sua significância, utilizando os critérios

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 130

pré-definidos para o EIA e utilizando a metodologia recomendada para a classificação dos impactos;

• Serão definidas e propostas medidas de mitigação, conforme necessário, de modo a assegurar que os impactos de ruído residuais são de significância aceitável, i.e., que não se esperam excedências aos padrões ruído ambiente junto aos receptores sensíveis mais próximos.

8.6.3 Recursos Hídricos

Os TdR para o Estudo de Especialidade de Recursos Hídricos incluem as seguintes tarefas:

• Caracterizar o enquadramento hidrológico nacional, com base em dados secundários e relatórios e instrumentos de planeamento respeitantes aos recursos hídricos superficiais regionais;

• Descrever e caracterizar o enquadramento hidrológico local, destacando os principais rios ou outras massas de água que sejam atravessados ou interferidos pelo traçado do Projecto;

• Caracterizar a qualidade da água superficial, com base em dados secundários existentes; • Descrever os usos e utilizadores de água dentro da AI do Projecto, com base em dados

secundários e em observações directas durante os trabalhos de campo, incluindo irrigação, consumo directo, etc.;

• Identificar possíveis fontes de contaminação dos recursos hídricos superficiais resultantes do Projecto proposto e avaliar o impacto potencial na contaminação as águas superficiais;

• Avaliar os potenciais impactos na rede hidrográfica, resultantes de atravessamentos de rios durante a fase de construção;

• Avaliar os impactos potenciais nos usos e utilizadores de águas superficiais; • Definir medidas de mitigação de modo a minimizar os impactos potenciais na hidrografia,

qualidade das águas superficiais e usos e utilizadores da água.

8.6.4 Paisagem

Na fase de EIA será desenvolvido um estudo detalhado para a caracterização da Paisagem dentro da área de Projecto. Esta caracterização será baseada numa análise exaustiva da informação existente, combinada com uma campanha de campo. Os dados assim recolhidos serão utilizados para avaliar a paisagem e a sua estética visual:

• Descrição das principais características da paisagem, coberto do solo e amenidade visual dentro da área de Projecto e da área de influência do Projecto;

• Descrição dos principais descritores do carácter da paisagem, incluindo sentido do local, qualidade da paisagem, valor turístico e valor cénico;

• Identificação de receptores visuais e de paisagem dentro da área de influência do Projecto. Os receptores visuais são definidos como indivíduos, grupos ou comunidades que são expostos à influência visual do Projecto proposto;

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 131

• Avaliação dos impactos no carácter da paisagem e dos impactos visuais, tendo em consideração a exposição visual (i.e., a bacia visual), a visibilidade do Projecto (proximidade), a capacidade de absorção visual, e as características, carácter e integridade da paisagem;

• A avaliação dos impactos na paisagem será feita em conformidade com a metodologia definida, apoiada por outras boas práticas reconhecidas;

• Serão definidas medidas de mitigação, conforme necessário, de modo a minimizar o mais possível os impactos do Projecto no carácter da paisagem e na amenidade visual. Deve-se notar que a maior parte dos impactos paisagísticos das linhas de transporte de alta tensão são inevitáveis. No entanto, os mesmos podem ser mitigados através da selecção cuidadosa do traçado.

8.6.5 Biodiversidade

Na fase de EIA será necessário um estudo detalhado de biodiversidade, de modo a caracterizar os habitats, bem como a flora e fauna a eles associados, dentro da área do Projecto. Esta caracterização será baseada numa análise detalhada da informação existente, combinada com campanhas de amostragem de flora e fauna. Os dados assim recolhidos serão utilizados para avaliar a integridade dos habitats, bem como a composição e distribuição das espécies dentro dos habitats naturais e modificados.

Os TdR para o Estudo de Especialidade de Biodiversidade são apresentados de seguida.

Caracterização da situação de referência

• Identificação e mapeamento das unidades de vegetação e habitats na AI do Projecto. Será produzido um mapa de habitats preliminar, com base na foto-interpretação de fotografias aéreas num ambiente SIG. Para o efeito serão utilizadas as fotografias aéreas produzidas para o estudo de especialidade de socioeconomia, geradas através de voos de drones. Este mapa produzido em gabinete será depois verificado no campo. Será realizada uma campanha de campo para verificar e caracterizar os habitats mapeados. Os habitats com interesse conservacionista serão identificados e caracterizados, com base no enquadramento da IFC para avaliação de habitats (habitats naturais e modificados e avaliação de habitats críticos);

• Descrição e caracterização da fauna, flora e vegetação terrestres, com base em dados secundários existentes (nomeadamente os dados recolhidos no EIA de 2011 do Projecto STE) e dados primários que serão recolhidos numa campanha de campo de biodiversidade. Esta campanha focar-se-á em locais seleccionados com potencial para elevada biodiversidade, que serão identificados a partir do mapa de habitats preliminar;

• As amostragens de campo incidirão nas seguintes componentes da biodiversidade: vegetação, mamíferos, morcegos, aves, répteis e anfíbios;

• A situação de referência da flora e vegetação incluirá, para cada habitat mapeado, a descrição dos estratos de vegetação, as espécies dominantes, a riqueza e diversidade

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 132

florística e a identificação de espécies florísticas de interesse conservacionista (de acordo com a legislação nacional e a Lista Vermelha da IUCN);

• Os principais grupos de fauna terrestre serão caracterizados, nomeadamente os mamíferos (incluindo morcegos), aves, répteis e anfíbios. A situação de referência da fauna terrestre incluirá a descrição da diversidade faunística existente (riqueza específica e abundância relativa), a identificação de espécies faunísticas de interesse conservacionista (de acordo com a legislação nacional e a Lista Vermelha da IUCN) e a dependência da fauna terrestre em relação aos habitats e vegetação;

• Descrição dos serviços de ecossistema na área de Projecto, incluindo os serviços de aprovisionamento, regulação, de suporte e culturais;

• Identificação e caracterização de áreas de conservação ou de outras áreas com valor de biodiversidade relevante ou ecologicamente sensíveis.

Avaliação de impactos

• Avaliação de impactos nas unidades de vegetação e habitats existentes, incluindo impactos directos (perda de habitats na área do Projecto) e indirectos (resultantes de outras actividades do Projecto);

• Avaliação de impactos nas espécies florísticas, com particular foco em potenciais impactos em plantas de interesse conservacionista ou relevantes do ponto de vista dos serviços de ecossistema;

• Avaliação de impactos em espécies faunísticas, com particular foco em potenciais impactos em espécies de interesse conservacionista ou relevantes do ponto de vista dos serviços de ecossistema. Serão considerados, em particular, os potenciais impactos associados com colisões de aves e morcegos com as linhas aéreas de transporte, levando em consideração as principais áreas importantes para estes grupos na região de interesse, tais como zonas húmidas com elevadas concentrações de aves aquáticas, corredores de movimento entre estas áreas e outras rotas de migração mais alargadas;

• Avaliação de potenciais efeitos directos, indirectos e cumulativos em áreas de conservação ou outras áreas ecologicamente sensíveis, incluindo habitats naturais ou críticos (conforme a definição da IFC).

Medidas de mitigação

Serão definidas medidas de mitigação, conforme necessário, de modo a minimizar o mais possível os impactos do Projecto sobre a biodiversidade. Estas medidas poderão incluir:

• Alterações ao projecto (tais como pequenos realinhamentos); • Acções de minimização (tais como a instalação de dispositivos anti-colisão para aves nas

linhas de transporte, em áreas críticas); • Programas de monitorização, em particular monitorização da mortalidade de aves e

morcegos (devido a colisões com as linhas de transporte) durante a fase de operação.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 133

8.6.6 Socioeconomia

Os TdR para o Estudo de Especialidade de Socioeconomia incluem as seguintes tarefas:

• Descrever o contexto socioeconómico da área de estudo: caracterização da demografia da área de estudo, dinâmicas locais e regionais, aspectos culturais e históricos, estrutura populacional e comunidades locais, níveis de emprego e mercado de trabalho, bens e serviços, saúde pública e aspectos culturais e atitudes relevantes das comunidades envolventes. Esta descrição será baseada em revisão bibliográfica, incluindo a recolha de dados secundários junto de autoridades públicas, bem como em reuniões de grupos focais e discussões informais com as comunidades locais ao longo do traçado proposto;

• A situação de referência económica focar-se-á nas actividades ao longo do traçado da linha de transporte proposta;

• Identificação de infra-estruturas e culturas agrícolas potencialmente afectadas pelo traçado proposto. Esta tarefa será feita num ambiente SIG, utilizando fotografias aéreas actualizadas da área de estudo, que serão produzidas especificamente para este estudo, através de voos de drones;

• Identificação e avaliação dos potenciais impactos negativos e positivos no ambiente social, resultantes do Projecto proposto;

• Será dado um foco particular à avaliação da interferência do Projecto com as actividades socioeconómicas desenvolvidas ao longo do traçado da linha;

• Recomendação de medidas de mitigação e acções de monitorização para inclusão no PGAS.

8.6.7 Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico

Os TdR para o Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico incluem as seguintes tarefas:

• Realizar um censo de toda a população e infra-estrutura que será afectada pelo traçado do Projecto. Um inventário preliminar será produzido em gabinete, em ambiente SIG, utilizando fotografias aéreas actualizadas da área de estudo, que serão produzidas especificamente para este estudo, através de voos de drones. Esta informação será depois confirmada e detalhada no terreno, através de um censo completo;

• Descrever as condições socioeconómicas da população afectada; • Descrever os impactos sociais e económicos do Projecto; • Desenvolver um mecanismo de queixas e reclamações; • Apresentar métodos para a mitigação e compensação pela perda de bens; • Apresentar possíveis áreas de reassentamento para famílias impactadas; • Apresentar os Termos de Referência para o Plano de Reassentamento e para o Plano de

Acção da Implementação do Reassentamento.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 134

8.6.8 Outras Avaliações

Para além dos estudos de especialidade descritos nos subcapítulos anteriores, o EIA incluirá outras avaliações, que são necessárias para suportar uma avaliação integrada dos potenciais impactos do Projecto. Estas avaliações serão realizadas pela equipa de AIAS, com base nas directrizes descritas nos subcapítulos seguintes.

8.6.8.1 Geologia e Geomorfologia

No EIA será apresentada uma caracterização da situação de referência da geologia e geomorfologia, de modo a apresentar uma descrição das características de relevo / topográficas do traçado da linha de transporte e das ocorrências geológicas ao longo da linha, incluindo as propriedades geotécnicas. Os objectivos desta avaliação são:

• Descrever o contexto topográfico provincial e local da RoW, destacando as diferentes estruturas geomorfológicas;

• Apresentar o contexto geológico local e regional, de modo a identificar quaisquer dificuldades físicas ou geotécnicas que possam resultar em impactos e eventos negativos inesperados.

Os seguintes aspectos serão caracterizados: sequência estratigráfica, espessura e extensão lateral dos estratos e outras unidades geológicas, litologia (com base na sua composição mineralógica, cor, granulometria, textura e outras propriedades físicas), homogeneidade e heterogeneidade, condições de fundação, estruturas tectónicas, falhas e impactos da fracturação.

8.6.8.2 Solos

Os recursos de solos serão caracterizados de modo a estabelecer a natureza, propriedades, dinâmicas e mapeamento das unidades de solos, enquanto parte integrante da paisagem e ecossistemas, e identificar solos receptores potencialmente sensíveis ao Projecto proposto.

O estudo de solos incluirá a análise sistemática, descrição, classificação e mapeamento das unidades de solos na área do traçado da linha de transporte proposta, e a preparação de um mapa de solos e descrição das unidades de solos, em linha com os critérios de classificação utilizados pelo Mapa de Solos Nacional (INIA).

8.7 Metodologia de Avaliação de Impactos A avaliação de impactos será baseada no conhecimento dos especialistas, no julgamento profissional do Consultor, em análise de gabinete e observações de campo. Será determinada a significância dos impactos potenciais que podem resultar do Projecto proposto, de modo a suportar os decisores (tipicamente uma autoridade ou entidade governamental nomeada para o efeito, mas em alguns casos também o Proponente) no seu processo de tomada de decisão.

A significância dum determinado impacto é definida como uma combinação da consequência da ocorrência do impacto e da probabilidade do impacto vir a ocorrer.

Os critérios usados na determinação da consequência do impacto são listados na tabela seguinte.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 135

Tabela 8.2 – Critérios usados na determinação da consequência do impacto

Classificação Definição da classificação Pontuação

A. Abrangência – a área na qual o impacto será sentido

Local Limitada à área do projecto ou de estudo, ou a uma parte desta (p. ex. o local de implantação) 1

Regional A região, a qual pode ser definida de várias formas, p. ex., administrativa, bacia hidrográfica, topográfica 2

(Inter)nacional A nível nacional ou para além dele 3

B. Intensidade – a magnitude ou dimensão do impacto, em relação à sensibilidade do ambiente receptor, tendo em conta o grau no qual o impacto pode causar uma perda insubstituível de recursos

Baixa As funções e processos naturais e/ou sociais específicos ao local e mais abrangentes são alterados de forma insignificante 1

Média As funções e processos naturais e/ou sociais específicos ao local e mais abrangentes continuam, se bem que duma forma modificada 2

Elevada As funções e processos naturais e/ou sociais específicos ao local e mais abrangentes são severamente alterados 3

C. Duração – o período durante o qual o impacto será sentido e a sua reversibilidade

A curto prazo Até dois anos 1

A médio prazo Dois a 15 anos 2

A longo prazo Mais de 15 anos 3

A pontuação combinada destes três critérios resulta numa classificação da consequência, conforme a tabela seguinte.

Tabela 8.3 – Método empregue para determinar a pontuação da consequência

Pontuação combinada (A+B+C) 3 – 4 5 6 7 8 – 9

Classificação da consequência Muito reduzida Reduzida Média Elevada Muito elevada

Uma vez determinada a consequência, considera-se a probabilidade da ocorrência do impacto, com uso das classificações de probabilidade apresentadas na seguinte.

Tabela 8.4 – Classificação da probabilidade

Probabilidade – a probabilidade do impacto vir a ocorrer

Improvável < 40% de probabilidade de ocorrência

Possível 40% a 70% de probabilidade de ocorrência

Provável > 70% até 90% de probabilidade de ocorrência

Definitiva > 90% de probabilidade de ocorrência

A significância global de um impacto é então determinada tendo em conta a sua consequência e probabilidade, fazendo uso do sistema de classificação preconizado na seguinte.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 136

Tabela 8.5 – Classificação da significância do impacto

Probabilidade

Improvável Possível Provável Definitiva

Cons

equê

ncia

Muito reduzida INSIGNIFICANTE INSIGNIFICANTE MUITO REDUZIDA MUITO REDUZIDA

Reduzida MUITO REDUZIDA MUITO REDUZIDA REDUZIDA REDUZIDA

Média REDUZIDA REDUZIDA MÉDIA MÉDIA

Elevada MÉDIA MÉDIA ELEVADA ELEVADA

Muito elevada ELEVADA ELEVADA MUITO ELEVADA MUITO ELEVADA

Por fim, os impactos são considerados em termos da sua natureza (positivo ou negativo), registando-se também a confiança na classificação atribuída de significância do impacto. A tabela seguinte apresenta o sistema utilizado para classificar a natureza dos impactos e o grau de confiança da sua avaliação.

Tabela 8.6 – Natureza do impacto e classificação da confiança

Natureza do impacto

Indicação de um impacto adverso (negativo) ou benéfico (positivo). (+) - positivo – um “benefício”

(-) - negativo – um “custo”

Confiança da avaliação

O grau de confiança nas previsões, baseado nas informações disponíveis, no julgamento do consultor e/ou no conhecimento dos especialistas.

Baixa

Média

Alta

Diferentes tipos de impactos serão tidos em conta, conforme se lista na tabela seguinte.

Tabela 8.7 – Tipos de impactos

Directos – impactos que resultam da interacção directa entre uma actividade do Projecto e o ambiente receptor. Indirectos – impactos que resultam de outras actividades (que não do Projecto), mas que são facilitadas em resultado do Projecto, ou impactos que ocorrem como resultado de interacções subsequente entre os impactos directos do Projecto e o ambiente. Cumulativos – impactos que actuam em conjunto com potenciais impactos actuais ou futuros de outras actividades existentes ou propostas na área/região, que afectam os mesmos recursos e/ou receptores

Não existe nenhuma definição estatutária de “significância”, sendo portanto a sua determinação, em parte, subjectiva. Os critérios para a avaliação da significância dos impactos surgem a partir dos seguintes elementos chave:

• Conformidade com a legislação, políticas e planos de nível local, políticas da indústria ou outras relevantes, normas ou directrizes ambientais e melhores práticas internacionais;

• A consequência das alterações impostas ao ambiente biofísico ou socioeconómico (p. ex., perda de habitats, diminuição da qualidade da água), expressa sempre que possível em termos quantitativos. Para os impactos socioeconómicos, a consequência deverá ser vista da perspectiva dos afectados, levando em conta a percepção dos mesmos sobre a importância do impacto, e a capacidade das pessoas de gerirem e adaptarem-se à mudança;

• A natureza do receptor do impacto (físico, biológico ou humano). No caso do receptor ser físico (ex., um recurso hídrico), deverão ser considerados aspectos como a sua qualidade,

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 137

sensibilidade à mudança e importância. No caso do receptor ser biológico, deverão ser consideradas a sua importância (ex., a sua importância regional, nacional ou internacional) e a sua sensibilidade ao impacto. Para um receptor humano, deverão ser consideradas a sensibilidade do agregado familiar, comunidade ou grupo mais amplo a nível da sociedade, juntamente com a sua capacidade de se adaptar e gerir os efeitos do impacto;

• A probabilidade do impacto identificado vir a ocorrer. Isto estima-se com base na experiência e/ou evidência de tal resultado ter ocorrido previamente.

A classificação da significância do impacto reflecte ainda a necessidade de mitigação. As propostas de mitigação deverão ser proporcionais à significância dos impactos, ou seja, impactos negativos de reduzida significância podem não necessitar de medidas de mitigação específicas, enquanto impactos negativos de significância elevada devem ser adequadamente minimizados, de modo a diminuir a significância residual (significância do impacto após a mitigação), conforme se descreve na seguinte.

Tabela 8.8 – Significância dos impactos e necessidades de mitigação

Insignificante: o impacto potencial é negligenciável, não necessitando de qualquer medida de mitigação ou gestão ambiental.

Muito Reduzida e Reduzida: Não requer nenhuma medida de mitigação específica, para além da aplicação de boas práticas ambientais normais.

Média - Elevada: deverão ser definidas medidas de mitigação específicas, de modo a reduzir a significância do impacto a níveis aceitáveis. Caso a mitigação não seja possível, devem ser consideradas medidas de compensação.

Muito Elevada: deverão ser definidas e implementadas medidas de mitigação específicas, de modo a reduzir a significância do impacto a níveis aceitáveis. Se tal não for possível, a ocorrência de impactos negativos de muito elevada significância deve influenciar o processo de autorização do Projecto.

No relatório final do EIA serão recomendadas metidas de mitigação e potenciação praticáveis e os impactos serão classificados de acordo com a metodologia acima descrita, tanto no cenário não mitigado (sem medidas) como no cenário mitigado (ou seja, assumindo-se a implementação eficaz das medidas de mitigação e potenciação propostas).

8.8 Processo de Participação Pública A realização de um PPP é obrigatória para projectos de Categoria A, de acordo com o Regulamento de AIAS. O PPP é um processo contínuo, que deverá ser transparente e participativo, que permite que todas as Partes Interessadas e Afectadas (PI&A’s) compreendam o Projecto proposto e apresentem as suas preocupações e expectativas.

Os objectivos do PPP na fase de EIA serão os seguintes:

• Consultar as autoridades governamentais relevantes e as PI&A’s; • Notificar o público do PPP, distribuir um RNT incluindo um sumário do relatório de EIA, e as

suas principais conclusões, entregar cartas-convite para o PPP; • Organizar e realizar reuniões públicas em locais estratégicos; e • Receber os comentários do público, e integrar os mesmos no relatório de EIA.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 138

O PPP para este Projecto incluirá a preparação de uma ronda de reuniões públicas com as PI&A’s relevantes (que terão lugar provavelmente em Inhambane, Xai-xai e Matola), bem como a realização de entrevistas e encontros informais com PI&A’s chave, autoridades e membros das comunidades locais, conforme for necessário.

Os comentários recebidos durante as reuniões públicas e as demais actividades do PPP serão compilados num Relatório de PPP, que será anexo ao EIA.

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Processo de AIAS do Projecto de Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia (Projecto STE) –

Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 139

9 Conclusões e Recomendações O presente EPDA foi realizado nos termos do Regulamento do Processo de AIAS (Decreto n.º 54/2015, de 31 de Dezembro), o qual requer que todos os projectos de Categoria A sejam sujeitos a um processo integral de AIAS, antes da emissão de uma licença ambiental. O EPDA foi preparado em conformidade com o Artigo 11 do Regulamento de AIAS, com o objectivo de identificar os aspectos ambientais que deverão ser analisados em mais detalhe durante a fase de avaliação de impactos do Processo de AIAS.

O Projecto em estudo (Fase 1 do Projecto STE) implica a construção de 561 km de linha de transporte de alta voltagem, a construção de três subestações novas e a expansão de uma subestação existente. Os principais impactos deste Projecto, conforme identificados neste EPDA (ver Capítulo 7), incluem os seguintes:

• Ambiente físico – na fase de construção, esperam-se impactos normais de qualquer empreitada de construção civil, incluindo aumento da emissão de poluentes atmosféricos e de ruído, perda e aumento de erosão de solos devido aos movimentos de terras e potencial contaminação de solos e recursos hídricos, devido a gestão inadequada ou derrames acidentais de resíduos, materiais perigosos ou outras substâncias poluentes (combustíveis, lubrificantes, etc.). Na fase de operação, os impactos no ambiente físico serão menores, dado que as operações de manutenção da faixa de reserva serão esporádicas. No entanto, a própria presença da linha de alta tensão introduzirá um impacto sobre a paisagem;

• Ambiente biótico – na fase de construção, o principal impacto está associado ao estabelecimento da faixa de reserva, que implicará a perda e degradação de habitats de matas e florestas. Na fase de operação, foram identificados dois impactos tipicamente associados a esta tipologia de projecto: a presença da linha área de alta voltagem poderá resultar num aumento da mortalidade de aves e morcegos, devido a colisões com a linha, e a facilidade de acesso introduzida pela faixa de reserva da linha poderá resultar num aumento da exploração de recursos naturais em zonas de matas e florestas anteriormente pouco acessíveis;

• Ambiente socioeconómico – na fase de construção, foram identificados impactos positivos e negativos no ambiente socioeconómico. Os principais impactos positivos na fase de construção estão fundamentalmente associados à criação de empregos e à estimulação da economia local. Os principais impactos negativos na fase de construção estão associados ao estabelecimento da faixa de reserva, que poderá resultar na relocalização de estruturas e actividades económicas do corredor do Projecto. Na fase de operação, não são esperados impactos negativos socioeconómicos relevantes. Os impactos positivos nesta fase estarão associados fundamentalmente com o aumento da qualidade e facilidade de acesso a electricidade, permitindo o desenvolvimento de projectos futuros de geração de energia, com impactos indirectos potenciais no desenvolvimento económico a nível regional e até nacional.

Nenhum dos impactos acima listados e detalhados no capítulo 7 foi considerado com sendo uma questão fatal (um risco ambiental ou social inaceitável), que condicione a viabilidade do Projecto.

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Fase 1: Vilanculos - Maputo

Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 140

No entanto, considerando os impactos identificados durante a definição de âmbito, recomenda-se a realização dos seguintes estudos de especialidade na fase de EIA:

• Qualidade do Ar; • Ruído; • Recursos Hídricos; • Paisagem; • Biodiversidade • Socioeconomia; e • Relatório de Levantamento Físico e Socioeconómico.

Os TdR para estes estudos, bem como para o relatório de EIA em si, são apresentados no Capítulo 8 deste relatório. Outros impactos de menor significância serão avaliados pela equipa de AIAS, através de estudo de gabinete e visitas de campo e/ou endereçados no PGAS.

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Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito – Relatório Preliminar 141

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Annex I – Certificado de Consultor de AIAS da Consultec

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Anexo II – Correspondência com o MITADER

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