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Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais MP em Defesa das Pessoas em Situação de Rua Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais Imagem: Homeless Street Art , de Michael Aaron Williams

Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

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O lançamento na semana nacional do MP em defesa das pessoas em situação de rua ocorreu nas dependências do prédio da Procuradoria-Geral de Justiça, às 16:00, no dia 26 de maio. Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais MP em Defesa das Pessoas em Situação de Rua ( CNMP) e Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (MPMG)

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Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

Comissão de Defesa dos Direitos FundamentaisMP em Defesa das Pessoas em Situação de Rua

Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais

Imagem: Homeless Street Art , de Michael Aaron Williams

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ÍNDICE !!!1 Abertura da Semana

2 Exposição de arte

3 Audiência Pública

4 Intervenção artística

5 Visitação aos equipamentos socioassistenciais Aprovação e divulgação da nota técnica Divulgação das diretrizes de atuação do MP

6 Minicurso

7 Entrevistas - relatório

11 Mídias sociais da Cimos - estatísticas

13 Matérias no Portal MPMG

!Anexo 1 Ata da Audiência Pública Anexo 2 Nota Técnica Anexo 3 Recomendações ! !

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Cartazes da Campanha

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Relatório de atividades e resultados da Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais !!!

Semana Nacional do MP em defesa das pessoas em situação de rua

!Abertura26 de maio de 2014 !O lançamento na semana nacional do MP em defesa das pessoas em situação de rua ocorreu nas dependências do prédio da Procuradoria-Geral de Justiça, às 16:00, no dia 26 de maio.

O evento contou com a presença de diversas autoridades do MPMG, do CNMP, do MPF, do Poder Executivo e Legislativo do Município e do Estado, mais representantes da sociedade civil organizada, como Pastoral de Rua, CNNDH, Movimento Nacional das pessoas em situação de rua, Programa Pólos de Cidadania da UFMG, entre outros.

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Exposição: Guernica, O Clamor das Ruas !Releitura tridimensional do painel “Guernica” (1937) de Pablo Picasso produzida pelos alunos de uma oficina realizada pelo Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Creas/Pop) 26 a 30 de maio de 2014

A obra faz uma releitura em três dimensões da tela Guernica (1937), do artista espanhol Pablo Picasso e foi desenvolvida por integrantes do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua (Creas/POP), da Prefeitura de Belo Horizonte. O trabalho, iniciado em março do ano passado, possibilitou aos participantes uma atividade sociocultural e artística e uma reflexão sobre a importância da cultura de paz face aos horrores da guerra e da violência descritos na obra de Picasso. O Projeto Guernica envolve jovens em atividades culturais artísticas e sociais. Sua metodologia é estruturada em quatro eixos principais: o primeiro, de estudo, reflexão e debates. O segundo consiste nas oficinas coordenadas por artistas plásticos e grafiteiros, destinadas prioritariamente aos jovens de bairros populares. O terceiro eixo pressupõe a realização de eventos próprios, a participação em eventos de outros órgãos e setores da PBH e de instituições diversas. O quarto eixo visa a comunicação do Projeto com a cidade, por meio de mostras de arte, palestras, seminários, publicações e campanhas, com o objetivo de promover a interlocução com o maior número de pessoas e instituições. A obra ficou exposta durante toda a semana no pilotis da torre 1 na sede da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais. !

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Audiência Pública

30 de maio de 2014 Como parte das atividades da Semana de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) promoveu no dia 30 de maio, das 13 horas às 17:30, Audiência Pública para discutir as garantias dessa população vulnerável. A 18ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Belo Horizonte e a Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (Cimos), além do Ministério Público Federal, esteve à frente dos trabalhos.

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Intervenção artística: Grafiteiros fazem sua arte no Pilotis da sede do Ministério Público de Minas Gerais, interagindo com a audiência pública e incentivando reflexões a respeito do tema.!30 de maio de 2014

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Visitação aos equipamentos socioassistenciais 28 de maio de 2014 Foram visitados dois equipamentos socioassistenciais da capital mineira às pessoas em situação de rua, são eles: Centro-POP e a Unidade de Acolhimento Institucional para as pessoas em situação de rua e Serviço de Proteção (Tia Branca).

!!Aprovação e divulgação da nota técnica para atuação do MPMG em defesa das Pessoas em Situação de Rua 26 de maio de 2014 A referida Nota Técnica estabelece diretrizes para atuação do Ministério Público de Minas Gerais em defesa dos direitos fundamentais das pessoas em situação de rua. O objetivo desta nota técnica é oferecer subsídios para orientar a atuação dos membros do Ministério Público de Minas Gerais com atribuições legais para a matéria, de forma a possibilitar a efetivação dos direitos fundamentais das pessoas em situação de rua, contemplando atuações judiciais e extrajudiciais.

!!Divulgação das diretrizes de atuação do MP em defesas das pessoas em situação de rua durante a Copa do Mundo 2014 23 de abril de 2014 Conforme ficou acordado pelos Promotores de Justiça, Procuradores de Justiça e Procuradores da República, representantes do Ministério Público da União e dos Ministérios Públicos dos Estados da República Federativa do Brasil, reunidos em Brasília, no dia 23 de abril de 2014, no âmbito do Grupo de Trabalho 5 da Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em articulação com o Fórum de Articulação das Ações do MP na Copa do Mundo do CNMP, estabeleceu-se as diretrizes comuns de atuação em face das pessoas em situação de rua durante o período de realização da Copa do Mundo FIFA de 2014.

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Minicurso: “Efetivação dos Direitos Fundamentais das Pessoas em Situação de Rua” 16 de maio de 2014 O minicurso ocorreu no dia 16 de maio, durante todo o dia e teve como objetivo apresentar o fenômeno social das pessoas em situação de rua, de modo a possibilitar o entendimento, pelos presentes, da complexidade e as características jurídicas e sociológicas que estão inseridas essas pessoas. Outros objetivos consistiam em: estudar os direitos legal e constitucionalmente reconhecidos e não implementados para essa população; capacitar os presentes para atuação na defesa dos direitos desses indivíduos; ampliar o debate sobre população em situação de rua no âmbito do Ministério Público de Minas Gerais; produzir conhecimento que auxilie a implementação de políticas públicas que contemplem a população em situação de rua. O público alvo consistiu em: Promotores de Justiça, Analistas, Oficiais, Estagiários e demais servidores do Ministério Público que atuam na defesa dos direitos dos povos e comunidades tradicionais ou tenham interesse sobre o tema, bem como integrantes de movimentos sociais e representantes da sociedade civil organizada.

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Entrevistas e estatísticas da divulgação !Editoria: COPA 2014 | Fim de Semana, 31 de maio Manchete: Ministério Público alerta sobre direitos de moradores de rua Fonte - Promotor de Justiça Paulo César Vicente de Lima Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais do MPMG 129 emissoras !Data/Hora Rádio Cidade Populaçã

oEstado/País

31/05/2014 08:36 Rádio Jornal Maceió 943.110 AL

31/05/2014 06:10 Rádio Palmeira Palmeira dos Índios 70.556 AL

31/05/2014 23:56 Rádio Atividade Manaus 1.832.424 AM

31/05/2014 12:54 Rádio Rio Mar Manaus 1.832.424 AM

31/05/2014 18:58 Rádio Difusora Itacoatiara 87.970 AM

31/05/2014 11:39 Rádio Voz do Sertão Presidente Dutra 13.779 BA

31/05/2014 06:58 Rádio Diamantina Morro do Chapéu 35.208 BA

30/05/2014 19:39 Rádio Pombal Ribeira do Pombal 47.701 BA

31/05/2014 05:59 Rádio Uirapuru Morada Nova 61.886 CE

31/05/2014 06:37 Rádio Difusora Cristal Quixeramobim 72.866 CE

01/06/2014 04:21 Rádio Sertão Central Senador Pompeu 26.425 CE

31/05/2014 08:27 Rádio Santana Jaguaruana 32.428 CE

30/05/2014 19:54 Rádio Difusora Cristal Quixeramobim 72.866 CE

01/06/2014 10:35 Rádio Litorânea Trairi 51.952 CE

30/05/2014 18:04 Rádio Três Fronteiras Campos Sales 26.579 CE

30/05/2014 21:08 Radio Alternativa FM Planaltina 147.114 DF

31/05/2014 08:28 Rádio Mania Ibatiba 22.609 ES

01/06/2014 13:37 Ilha FM São Mateus 110.454 ES

31/05/2014 07:40 Rádio Font Serra 416.029 ES

31/05/2014 19:48 Radio Press Naugatuck - Connecticut ---- EUA

30/05/2014 20:50 Radio Press Naugatuck - Connecticut ---- EUA

30/05/2014 22:05 Rádio Imprensa Anápolis 338.545 GO

31/05/2014 10:01 Rádio Cidade Ouvidor 5.559 GO

31/05/2014 06:36 Rádio Integração Morrinhos 41.804 GO

31/05/2014 10:49 Rádio Educativa Goiás 24.544 GO

31/05/2014 10:43 Rádio Itajá Goianésia 60.347 GO

01/06/2014 09:07 Rádio Pedra Aparada Mineiros 54.003 GO

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30/05/2014 21:59 Rádio Esperança São Luís 1.027.430 MA

31/05/2014 06:42 Rádio Nativa Imperatriz 248.806 MA

30/05/2014 19:17 Rádio Futura Itajubá 91.159 MG

31/05/2014 12:13 Rádio Manancial São João Evangelista 15.556 MG

31/05/2014 15:26 Rádio Paraisópolis Paraisópolis 19.524 MG

31/05/2014 08:34 Rádio Serrinha Botumirim 6.472 MG

30/05/2014 22:27 Rádio Cultura Elói Mendes 25.472 MG

31/05/2014 06:40 Rádio Atividade Muriaé 101.431 MG

31/05/2014 07:24 Rádio Difusora Poços de Caldas 153.726 MG

01/06/2014 05:05 Rádio Rede do Bem Belo Horizonte 2.385.640 MG

31/05/2014 09:03 Rádio Liberdade Itabira 110.663 MG

31/05/2014 09:59 Radio Santa Luzia Santa Luzia 204.327 MG

31/05/2014 11:34 Radio 98 fm Muriaé 101.431 MG

31/05/2014 05:50 Rádio Rede do Bem Belo Horizonte 2.385.640 MG

31/05/2014 23:00 Rádio Cultura Elói Mendes 25.472 MG

31/05/2014 08:21 Rádio Itanews Itapagipe 13.797 MG

30/05/2014 21:04 Rádio Vanguarda Ipatinga 241.539 MG

31/05/2014 05:11 Rádio Criativa São João Nepomuceno 25.155 MG

31/05/2014 13:06 Rádio Estância Jacutinga 23.062 MG

31/05/2014 07:42 Rádio Cultura Santos Dumont 46.246 MG

31/05/2014 08:47 Oriente FM Governador Valadares 264.960 MG

31/05/2014 04:37 Rádio Cidade Arcos 36.898 MG

31/05/2014 10:20 Rádio Globo Ipatinga Ipatinga 241.539 MG

31/05/2014 12:17 Rádio Geração Capelinha 35.090 MG

31/05/2014 09:40 A Voz do Rincão Bonito 19.789 MS

30/05/2014 20:40 Rádio Marabá Maracaju 38.264 MS

31/05/2014 06:39 Rádio Montana Inocência 7.654 MS

30/05/2014 18:33 Rádio Lago Azul Bonito 19.789 MS

31/05/2014 09:33 Rádio Marabá Maracaju 38.264 MS

31/05/2014 09:01 Rádio Fronteira Bela Vista 23.290 MS

31/05/2014 07:47 Rádio Lago Azul Bonito 19.789 MS

31/05/2014 07:56 Rádio Alternativa Lucas do Rio Verde 47.571 MT

31/05/2014 07:49 Rádio Atividade Campinápolis 14.450 MT

31/05/2014 14:03 Rádio Sorriso Sorriso 68.894 MT

Data/Hora Rádio Cidade População

Estado/País

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30/05/2014 20:47 Rádio Marajoara Belém 1.402.056 PA

31/05/2014 06:18 Rádio Ponta Negra Santarém 297.040 PA

30/05/2014 18:48 Rádio Clube Belém 1.402.056 PA

30/05/2014 18:31 Rádio Pérola Bragança 114.720 PA

01/06/2014 07:22 Rádio Guamá São Miguel do Guamá 52.350 PA

31/05/2014 07:12 Rádio Ariús Campina Grande 387.644 PB

31/05/2014 07:55 Rádio Bitury Belo Jardim 72.719 PE

01/06/2014 07:21 Rádio Capibaribe Recife 1.546.516 PE

31/05/2014 09:36 Rádio Top Surubim Santa Maria do Cambucá 13.120 PE

31/05/2014 15:17 Rádio Pedras Soltas Itapetim 13.814 PE

01/06/2014 13:47 Rádio Folha Recife 1.546.516 PE

31/05/2014 05:49 Rádio 98 Caruaru 319.580 PE

31/05/2014 21:39 Rádio Dom Bosco Abreu e Lima 94.843 PE

31/05/2014 10:35 Rádio Independente Arcoverde 69.346 PE

31/05/2014 06:53 Rádio Relógio Paulista 303.401 PE

30/05/2014 18:40 Rádio Antares Teresina 822.364 PI

31/05/2014 02:05 Rádio Marumby Curitiba 1.764.541 PR

31/05/2014 07:25 Rádio Cristal Marmeleiro 13.919 PR

01/06/2014 17:26 Rádio Skala Paranavaí 82.039 PR

31/05/2014 09:12 Rádio Litorânea Guaratuba 32.467 PR

31/05/2014 09:27 Rádio Difusora Rio Negro 31.471 PR

31/05/2014 08:48 Rádio Educadora Francisco Beltrão 79.850 PR

30/05/2014 18:22 Rádio Princesa Ponta Grossa 314.518 PR

30/05/2014 19:40 Rádio Nossa Senhora Medianeira

Santa Mariana 12.356 PR

31/05/2014 09:16 Rádio Cana Verde Siqueira Campos 18.643 PR

31/05/2014 04:59 Rádio Ivaí Santa Isabel do Ivaí 8.730 PR

31/05/2014 06:42 Rádio Itaperuna Itaperuna 96.542 RJ

31/05/2014 08:24 Rádio Alternativa Campos dos Goytacazes 468.087 RJ

30/05/2014 19:51 Rádio 101 FM Volta Redonda 259.012 RJ

31/05/2014 09:18 Radio Copacabana Rio de Janeiro 6.355.949 RJ

31/05/2014 08:48 Rádio Teresópolis Teresópolis 165.716 RJ

30/05/2014 18:09 Rádio Conselheiro Nova Friburgo 182.748 RJ

31/05/2014 10:06 Rádio Princesa do Vale

Açu 53.636 RN

Data/Hora Rádio Cidade População

Estado/País

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Page 14: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

31/05/2014 08:33 Rádio Cidade Pendências 13.588 RN

01/06/2014 07:22 Rádio Encruzilhadense

Encruzilhada do Sul 24.604 RS

30/05/2014 20:41 Rádio Liderança Bom Progresso 2.290 RS

31/05/2014 09:38 Rádio Osório Osório 41.273 RS

01/06/2014 13:40 Rádio Salvador Salvador das Missões 2.670 RS

30/05/2014 21:12 Rádio Caraí Santa Maria 262.369 RS

31/05/2014 09:52 Rádio Planeta Três Passos 23.912 RS

31/05/2014 06:58 Rádio Minuano Alegrete 77.140 RS

31/05/2014 09:15 Rádio Esmeralda Vacaria 61.650 RS

30/05/2014 19:23 Rádio Studio Veranópolis 23.067 RS

31/05/2014 07:38 Rádio Santiago Santiago 49.005 RS

31/05/2014 09:13 Rádio Voz Serrana Correia Pinto 14.613 SC

31/05/2014 11:40 Rádio Difusora São Joaquim 24.964 SC

31/05/2014 15:24 Rádio Nova Era Mafra 53.141 SC

01/06/2014 16:53 Nirvana FM Irineópolis 10.503 SC

31/05/2014 09:09 Rádio Paz no Valle Camboriú 63.967 SC

31/05/2014 09:54 Rádio Clube Lages 156.665 SC

31/05/2014 14:39 Rádio Caçador Caçador 71.334 SC

30/05/2014 20:50 Rádio Super Conda Chapecó 186.337 SC

31/05/2014 06:18 Radio Progresso Descanso 8.597 SC

31/05/2014 06:11 Rádio Milênio Campinas 1.090.386 SP

31/05/2014 10:02 Rádio Porto Porto Feliz 49.153 SP

31/05/2014 07:22 Rádio Legal Viradouro 17.400 SP

31/05/2014 07:51 Rádio Difusora Batatais 56.888 SP

30/05/2014 20:29 Rádio Metropolitana Mogi das Cruzes 392.196 SP

31/05/2014 07:18 Rádio Jornal Pirajuí 22.905 SP

31/05/2014 14:48 Rádio SAT Suzano 265.074 SP

31/05/2014 07:50 Rádio Fama Borebi 2.321 SP

30/05/2014 18:25 Rádio Cidade Itanhaém 88.214 SP

31/05/2014 06:35 Rádio Metropolitana Mogi das Cruzes 392.196 SP

01/06/2014 12:37 Rádio Noroeste Campinas 1.090.386 SP

31/05/2014 09:48 Rádio Mantiqueira Cruzeiro 77.312 SP

31/05/2014 06:33 Rádio Imperial Taquaritinga 54.136 SP

Data/Hora Rádio Cidade População

Estado/País

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Page 15: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

!Facebook da Cimos Estatísticas dos posts da Cimos:

31/05/2014 10:40 Rádio Onda Mix Vera Cruz 10.745 SP

31/05/2014 08:09 Rádio Manancial Presidente Venceslau 37.954 SP

31/05/2014 09:47 Rádio Difusora Piracicaba 367.290 SP

31/05/2014 06:24 Rádio Mensagem Cândido Mota 29.931 SP

31/05/2014 08:07 Rádio Clube Marconi Paraguaçu Paulista 42.483 SP

31/05/2014 08:37 Rádio Jovem Sertaneja

Santo Antônio de Posse 20.844 SP

31/05/2014 09:13 Rádio Terra Santos 419.509 SP

31/05/2014 09:43 Rádio Vale do Ribeira Eldorado 14.680 SP

31/05/2014 08:02 Rádio Nova Birigui Birigui 109.836 SP

Data/Hora Rádio Cidade População

Estado/País

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Page 16: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

!19 de maio: Divulgação da audiência Pública 3.408 pessoas alcançadas 250 Curtidas, comentários e compartilhamentos !Divulgação do Minicurso 695 Pessoas alcançadas 29 Curtidas, comentários e compartilhamentos !21 de maio: Divulgação do Exposição "Guernica, o Clamor das Ruas" 2.045 Pessoas alcançadas 124 Curtidas, comentários e compartilhamentos !Criação do evento no Facebook 907 Pessoas alcançadas 14 Curtidas, comentários e compartilhamentos 115 pessoas confirmadas !26 a 30 de maio: Divulgação diária de cartazes Média de 300 Pessoas alcançadas por cartaz

!26 de maio: Lançamento da exposição 1.840 Pessoas alcançadas 50 Curtidas, comentários e compartilhamentos

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Page 17: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

Matérias no Portal MPMG !26/05/2014 - Lançamento de exposição marca início de mobilização em defesa das pessoas em situação de rua !“Guernica: o clamor das ruas” ficará exposta no MPMG até o dia 30 de maio. Na sexta-feira, também será realizada Audiência Pública sobre a situação dessa população

“Às vezes, o que pegamos no lixo pode se tornar riqueza para a gente”. A fala simples de Washington Santos Brandão, de 58 anos, que vive nas ruas de Belo Horizonte, parece reproduzir o sentimento daqueles que, apesar de toda as barreiras que a vida lhes apresenta, buscam se superar e encontrar meios de viver dignamente. A prova do que disse Washington estava ali, do lado dele. Guernica: o clamor das ruas, obra produzida por pessoas em situação de rua, estará em exposição no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) até sexta-feira, 30 de maio.

O lançamento da exposição, realizado nesta segunda-feira, 26, marcou o início da Semana de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua, promovida pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e coordenada pelo MPMG. “Utilizamos o projeto bem sucedido de Minas Gerais para chamar a atenção de todo o país para os direitos dessa população”, afirmou o conselheiro do CNMP Jarbas Soares Júnior, durante o lançamento da campanha, referindo-se ao trabalho desenvolvido pela Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (Cimos) junto às pessoas que vivem nas ruas.

O promotor de Justiça Paulo César Vicente Lima, coordenador da Cimos, disse que a obra representa bem a capacidade das pessoas em situação de rua em construir algo bonito. “Nossa luta é para que eles se organizem e se articulem. Estamos dando o primeiro passo hoje. Não vai ficar só nisso”, garantiu.

Com relação à defesa dessa população, Paulo César lembrou da iniciativa conjunta de vários Ministérios Públicos estaduais e do Ministério Público Federal que resultou na criação de um documento com diretrizes para a atuação dos membros das instituições. O objetivo é defender os direitos dessa população vulnerável, especialmente durante a Copa do Mundo.

Além disso, na sexta-feira, 30, o MPMG promoverá Audiência Pública para discutir as garantias dessas pessoas. A audiência será realizada no Salão Azul, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, na capital - avenida Álvares Cabral, n.º 1.640, bairro Santo Agostinho.

Ouça o que Paulo César Vicente disse durante o lançamento da semana de mobilização.

O clamor das ruas O trabalho exposto no MPMG, uma releitura da obra de Pablo Picasso, foi produzido por pessoas em situação de rua, fruto de uma oficina com os usuários do Centro de Referencia Especializados em Pessoas em Situação de Rua (Centro Pop). A obra original é um painel pintado por Picasso, em 1937, que representa o bombardeio da cidade espanhola de Guernica por aviões alemães.

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Page 18: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

Coordenador do grupo que produziu a obra, José Marcius Vale, salientou que ela representa o grito das pessoas em situação de rua por mais respeito e compreensão. “Precisamos refletir sobre a vida dessas pessoas, até porque também somos todos responsáveis por essa situação”, afirmou.

Encantado pela beleza do trabalho, o procurador-geral de Justiça Adjunto Institucional, Geraldo Flávio Vasquez, disse que a obra fica ainda mais bonita quando se sabe o que está por trás dela. “A visão em três dimensões da obra de Picasso é muito bonita. E fica muito mais bonita quando sabemos que ela representa o coração de cada pessoa que participou do projeto”. MobilizaçãoPesquisa realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) em parceria com a Unesco, em 2008, contabilizou 31.922 adultos em situação de rua em 71 municípios pesquisados, incluindo aqueles com mais de 300 mil habitantes e todas as capitais, com exceção de Belo Horizonte, São Paulo e Recife. Na capital mineira, de acordo o Censo da População de Rua realizado pela prefeitura em novembro de 2013, havia, naquele mês, 1.827 pessoas vivendo nessa situação.

De 2011 a maio de 2014, o Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos das Pessoas em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH) registrou mais de 600 casos de violações de direitos envolvendo pessoas que vivem nas ruas em Minas Gerais (veja). Abuso de autoridade, violência policial, homicídios e tentativas de homicídio, lesões corporais, violência psicológica e negligência, segundo a entidade, ocupam o topo das violações mais recorrentes.

Para chamar a atenção sobre essa realidade e sobre a importância de garantir o direito dessa população, o MPMG, por meio da Cimos, está coordenando a Semana nacional de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua.

A iniciativa também marca a adesão do CNMP à campanha Sou morador de rua e tenho direito a ter direitos. Elaborada pelo CNDDH, entidade localizada em Belo Horizonte, em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a campanha tem como objetivo contribuir para o fortalecimento da atuação do Ministério Público na defesa dos direitos das pessoas em situação de rua, em especial nas cidades-sede da Copa do Mundo de 2014.

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!02/06/2014 Audiência Pública promovida pelo MPMG discute ações de defesa da população em situação de rua

Audiência Pública promovida pelo MPMG discute ações de defesa da população em situação de rua

Como parte das atividades da Semana de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) realizou na sexta-feira, 30 de maio, Audiência Pública para discutir ações e garantias dessa população. A Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Belo Horizonte e a Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (Cimos) do MPMG, além do Ministério Público Federal (MPF) e de lideranças de associações que representam esses grupos, participaram do encontro.

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Page 19: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

!A audiência, que ocorreu na sede da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), contou com cerca de 70 participantes entre pessoas em situação de rua, professores universitários e estudantes desse fenômeno social, além de representantes da Pastoral de Rua, do Movimento Nacional das Pessoas em Situação de Rua e do Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH).

Estiveram ainda na audiência, integrantes da associação Moradia para Todos; do projeto Polos da Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); do Centro-POP de BH, do coletivo Margarida Alves, da Defensoria Pública de Direitos Humanos, do Fórum Mineiro de Direitos Humanos, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), da Secretaria Municipal de Políticas Sociais de Belo Horizonte e da Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese).

O encontro foi presidido pelo coordenador da Cimos, promotor de Justiça Paulo César Vicente de Lima, que, ao iniciar os trabalhos, disse que o MPMG vem há três anos, em parceria com o CNDDH, atuando na defesa dessas pessoas. E a audiência é mais uma forma de ouvi-las para que, juntos com o MPMG e outras instituições, consigam garantir seus direitos, inclusive, durante a Copa do Mundo. “As pessoas em situação de rua que habitam nos arredores dos estádios onde serão disputados os jogos têm os mesmos direitos dos residentes fixos dessas áreas. Por isso, cobramos do Poder Público tratamento igualitário aos dois grupos”, afirmou Lima.

Já a assessora jurídica do CNDDH Luana Ferreira Lima trouxe alguns dados sobre as violações a que essas pessoas estão sujeitas. Segundo ela, esse grupo convive constantemente com a violência física, negligência do poder público e desrespeito a seus direitos, que são iguais aos dos outros cidadãos. Nesse mesmo sentido, a advogada da CNDDH Maria do Rosário Carneiro ressaltou o fato de as pessoas em situação de rua terem, constantemente, seus pertences confiscados por fiscais da prefeitura ou por policiais, de forma truculenta.

Durante as falas do público, a representante da Pastoral da Rua Ana Lúcia disse que viveu nas ruas por 11 anos, sofrendo violência física e psicológica, sem conseguir ajuda do poder público. “A sociedade não me deu oportunidade e ainda não sabia como me acolher, entender ou ajudar enquanto estive nas ruas”, desabafou. Mas hoje em dia, depois de ter conseguido apoio, ela disse que se sente uma pessoa digna por ter passado o que passou e ainda ter sobrevivido.

Depois foi a vez do albergado José Geraldo dos Santos contar que muitos locais que acolhem as pessoas em situação de rua apenas garantem direito a banho, jantar e pernoite, sem, entretanto, propiciar a esses cidadãos uma forma de deixar as ruas, com qualificação profissional e inclusão no mercado de trabalho. Outros albergados reclamaram ainda da falta de tratamento digno nesses locais, que estariam infestados de pragas, não teriam cobertores, nem pessoas qualificadas para atendê-los, entre outros problemas.

Já algumas pessoas em situação de rua questionaram o tratamento humilhante que recebem da sociedade, o despreparo de policiais e agentes públicos na hora de fazer abordagem, a falta de portas de saída para que elas possam se reerguer, conseguindo fontes de renda, trabalho, auxílio moradia, tratamento para combater os vícios. E num desabafo, a representante do Movimento Nacional da População de Rua Elisângela Cândida da Silva disse que viveu 15 anos na rua e que se via acuada pelo Poder Público, pela sociedade e por outras pessoas em situação de rua. “Nós fazemos parte dessa cidade e merecemos respeito”, finalizou.

Ao final da audiência, ficou decidido que a forma de abordagem será discutida com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a guarda Municipal e a Polícia Militar; que as pessoas em situação de rua precisam ajudar - com denúncia e sendo testemunhas - o MPMG na apuração dos casos de violações de direitos; que será realizada reunião com o comitê organizador da Copa para discutir o perímetro em torno dos estádios e a maneira como os moradores fixos e as pessoas em situação de

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Page 20: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

rua que estão nessa área serão tratados e; que o MPF e as Promotorias de Justiça vão apurar casos de violações, abrigos, albergues, entre outros.

A promotora de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos de Belo Horizonte Cláudia Amaral informou aos participantes que enviou duas Recomendações, uma a PBH e outra a Polícia Militar, informando-os sobre os direitos das pessoas em situação de rua e a forma como devem ser tratadas - com dignidade - na hora em que forem abordadas. Trechos do documento afirmam que o poder público, salvo em caso de flagrante delito, não pode realizar prisões dessas pessoas apenas por estarem na rua; que essa população não pode ser discriminada; que ela deve ser amparada e incorporada a políticas públicas, entre outras medidas.

Semana nacional de mobilização

A Semana de mobilização nacional em defesa das pessoas em situação de rua foi promovida pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), de 26 a 30 de maio, e coordenada pelo MPMG. A iniciativa marca a adesão do CNMP à campanha Sou morador de rua e tenho direito a ter direitos. Elaborada pelo (CNDDH), em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a campanha tem como objetivo, contribuir para o fortalecimento da atuação do Ministério Público na defesa dessa população de rua.

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!Blog da Cimos cimos.blog.br

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Page 21: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

Expediente !

Coordenação Paulo Cesar Vicente Lima !Conteúdo José Ourismar Barros de Oliveira !!Equipe de mobilização José Ourismar - Assessor Jurídico Ivana De Battisti - Mídias Sociais e Design Gráfico Luiz Tarcízio Gonzaga de Oliveira - Sociólogo Daniela Godoy - Estagiária Leonardo Custódio - Estagiário

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Page 22: Relatório Semana de Mobilização Nacional em Minas Gerais

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COORDENADORIA DE INCLUSÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAIS

ATA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA CONJUNTA

“Sou Morador de Rua e Tenho Direito a Ter Direitos”

Aos 30 de maio de 2014, às 13:00 horas, no Salão Azul, torre1, 1º andar, da sede da

Procuradoria Geral de Justiça do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), localizado

na Rua Alvares Cabral, n. 1690 – Santo Agostinho – Belo Horizonte/MG, foi realizada

Audiência Pública conjunta pelos Ministérios Público Federal e Estadual, com o objetivo

de discutir as violações às pessoas em situação de rua. A mesa diretora foi composta pelo

Promotor de Justiça Coordenador da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais do

MPMG, Dr. Paulo Cesar Vicente de Lima, Dr. Helder Magno da Silva (Procurador Regional

dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal), Dra. Claudia Amaral (Promotora

de Justiça da 18ª Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, Igualdade Racial, Apoio

Comunitário e Fiscalização da Atividade Policial do MPMG), Janaina de Andrade Dauro

(Promotora de Justiça da 18ª Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, Igualdade

Racial, Apoio Comunitário e Fiscalização da Atividade Policial do MPMG), Elisangela

Cândida (Representante do Movimento Nacional População de Rua) e Flavia Cristina

Gerônimo (Apoiadora da campanha “Sou Morador de Rua e Tenho Direito a Ter Direitos”).

Após a execução do hino nacional brasileiro foi dada a palavra ao presidente da mesa Dr.

Paulo César

Paulo Cesar Vicente de Lima, Promotor de Justiça Coordenador da CIMOS – “Boa

tarde a todos. Minha fala inicial é de acolhimento, gostaria de agradecer a presença de

todos, na pessoa do nosso Procurador-Geral de Justiça, Dr. Carlos Bittencourt.

Cumprimento Dr. Helder, representante do MPF, Cláudia Amaral, que tem feito um

trabalho brilhante, nossa colega, Janaína; Claudenice, do Movimento Nacional das

Pessoas em Situação de Rua. De forma muito especial, gostaria de agradecer à Flávia, que

dá um sinal de solidariedade, emprestando sua imagem para as pessoas em situação de

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rua do Brasil inteiro. Com essa semana de mobilização, que nos tem como referência no

Brasil inteiro, temos vários atos, reuniões públicas, audiências públicas, reuniões com

órgãos de segurança pública e o principal: um documento que foi consensuado em

Brasília, que tem seu link na página do MP: São as diretrizes de atuação do MP para a

questão das pessoas em situação de rua durante a Copa. E que a partir desse gesto,

sinaliza a unidade de atuação do MP, no sentido de garantir os direitos dessas pessoas,

principalmente durante a COPA. E não é um projeto isolado, vem sendo desenvolvido

desde o ano passado. A partir dessa escuta podemos ter uma oportunidade de garantir os

direitos dessas pessoas, que são sujeitos de direito. Destaco que o povo da rua é um povo

de valor e o CNMP reconhece seu valor. No Pilotis do MP temos a exposição da Obra

“Guernica, o clamor das ruas”. Essas pessoas são pessoas de valor e sofrem muita

discriminação, preconceito. Com essa semana nacional queremos que essa situação seja

invertida e que estas pessoas tenham seus direitos garantidos.”

Helder Magno da Silva, Procurador dos Direitos do Cidadão – “Boa tarde a todos,

cumprimento a todos da mesa na pessoa do Dr. Paulo Cesar Vicente de Lima. Em nome

do MPF, quero ser breve, porque hoje é um dia para nós ouvirmos vocês, darmos

continuidade ao processo de dar visibilidade às questões que envolvem as pessoas em

situação de rua. Isso envolve a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão porque

nosso trabalho é com uma visão inclusiva, que se extrai da Constituição. Este é um

momento de ouvir. Posteriormente discutiremos com os colegas do MPE a questão da

atribuição de competências para tomarmos eventuais medidas judiciais, mas antes disso

temos o norte de trabalhar conjuntamente com o MPE nessas frentes, em junção de

forças, para que possamos buscar soluções extrajudiciais. Pretendemos realizar uma

atuação conjunta, uniforme e proativa em prol das pessoas em situação de

vulnerabilidade, nunca esquecendo que são pessoas e que são sujeitos de direitos.

Fugindo dessa visão patrimonialista do Estado, segundo a qual apenas são pessoas

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aqueles que tem um modo de vida semelhante ao nosso. É dever nosso lutar para que as

pessoas que assim desejarem tenham suporte estatal para saírem das ruas.”

Cláudia Amaral, Promotora de Justiça da 18ª Promotoria de Justiça de Defesa de

Direitos Humanos – “Meus cumprimentos à mesa e especialmente aos companheiros do

CNDDH, que me receberam muito bem. Sou promotora de justiça há 16 anos e trabalhava

com o controle da atividade policial. Falo em nome da nossa promotoria – trabalhamos

em prol da população em situação de rua. Falarei ao longo dos trabalhos acerca das

questões que estamos trabalhando. Nós percebemos que a sociedade é um corpo com

muitos órgãos. Se alguma parte está doente, ela nunca será saudável. Precisamos seguir

juntos, não adianta seguirmos em frente sem considerarmos as partes doentes, porque

uma hora ou outra nós teremos que voltar atrás. Hoje será um dia de muita construção.”

Paulo Cesar Vicente de Lima – “Este é um dia de muito trabalho, por isso temos que ser

objetivos. Temos 3 (três) pessoas inscritas. Chamaremos inicialmente, a advogada Luana

Ferreira Lima do CNDDH.”

Luana, advogada, CNDDH – Cumprimenta a todos da mesa e a todos os presentes,

principalmente a população de rua que está na Audiência Pública. “Falo em nome do

Centro Nacional da População em Situação de Rua. Esse projeto vem sendo pensado

dentro da política nacional (cita a lei). Nosso trabalho vem desde a violência sofrida pela

População em Situação de Rua até a política nacional. O importante é deixar, hoje, que as

pessoas em situação de rua falem. Desde a inauguração, nós fazemos o acompanhamento

das violações, desde as denúncias através do Disque 100”.

Fala sobre a Pesquisa nacional, acentuando a questão da violência. Expõe a importância

do trabalho de abordagem, do reconhecimento dos direitos da pessoa em situação de rua

e foca na rede de proteção e acesso aos serviços, que vem sendo construída em virtude

da Copa.

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“Esperamos que o poder público e seus parceiros respeitem os direitos da pessoa em

situação de rua que vive no entorno dos estádios da área FIFA. Queremos que esses

direitos sejam respeitados durante a realização dos Mega Eventos. Precisamos trabalhar

para que haja condições efetivas de sair da rua.”

Maria do Rosário Carneiro, advogada, CNDDH – “Boa tarde a todas e a todos. Gostaria

de parabenizar às pessoas em situação de rua aqui presentes pela iniciativa, pela parceria

na defesa das pessoas não só em nível local, como nacional, no CNMP. Este é um

momento muito importante para todos nós. Foram recebidas diversas denúncias recebidas

pelo CNDDH nas vésperas da copa, com alto número de violações sofridas pela

população de rua em BH: homicídios, tentativas de homicídios, recolhimento de

pertences, documentos, dinheiro e remédios. Preocupa-nos demais essas denúncias perto

da Copa do Mundo. Estamos nessa rede de vigilância, acompanhamento, dessas pessoas.

Estamos nos organizando para a proteção dos direitos das pessoas em situação de rua. A

frente única de advogados voluntários se reuniu ontem com a presença de advogados do

Sindicato de Advogados, do Coletivo Margarida Alves, da Defensoria Pública, etc. Vocês

hoje são os interlocutores para comunicar com os companheiros que não estão aqui. E as

portas estão abertas. Em qualquer caso de violação ligue 100 imediatamente, pois

estamos atentos a todas as violações. Estaremos acompanhando em conjunto com as

entidades parceiras e se Deus quiser, com nossa luta e nossa força vamos fazer nosso gol

na defesa dos direitos de todas as pessoas em situação de vulnerabilidade na capital.”

Vandalúcia Roseti, usuária da República Maria Maria - Cumprimenta a mesa e todos os

presentes. Expõe sua satisfação em cumprimentar os companheiros. “Minha situação

começou no Rio, quando por motivos de finanças, vi a rua aberta como saída. Conheci de

tudo, vi de tudo, mas dentro de nós, que independente da situação em que nos

encontramos, quando vamos para a as ruas do Brasil, em busca da uma pequena ideia que

moramos num país, chamado lá fora de país de bom coração, de boas ideias, então essa

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ideia nos move num sentido de esperança, esperamos encontrar alguém que nos apoie,

nos dê força. Ao contrário, pelas ruas encontrei companheiros que estavam há mais tempo

nas ruas do que eu. Para a mulher é muito grande a violência, psíquica. Procurei o poder

público do RJ, era preciso que algum representante me levasse a uma autoridade que

tivesse qualificação, não encontrei ninguém. Nós não nascemos na rua. Viemos de uma

família. Sentimento de dignidade, todos nós temos. E a sociedade, na época, não me deu

essa oportunidade. Ralei pelas ruas do Rio, tentando me sobrepor a todas as situações.

Sei que a sociedade tem uma dificuldade muito grande em nos ouvir, nos apoiar. Tem

muito pouco tempo que os meios de comunicação, ONGs trabalham em prol do povo da

rua. Eu me sinto uma mulher muito digna, por ter passado tudo o que passei e depois de

um certo tempo conheci pessoas de valores. Me recompus perante a sociedade brasileira,

com vontade de ajudar os companheiros que estão chegando a compreender nossa

própria situação. Vocês não podem imaginar o que passa na nossa cabeça! Temos a

informação de pessoas ligadas a diversos vícios que adquiriram nas ruas, por falta de

conhecimento de seus direitos e seus deveres para com a sociedade brasileira. A querida

amiga disse que a sociedade é um corpo. E é realmente. Enquanto a sociedade avança,

atrás tem esse povo que é visto por eles como os portadores de lepra. E essas pessoas

podem crescer muito! Gostaria de dizer que precisamos de mais albergues,

principalmente para homens, pois é uma situação tenebrosa. Falar é fácil, temos que

buscar nas ruas a consciência de povo brasileiro”. Convida as mulheres que sofrem

violência para irem até a Pastoral da Mulher, av. Santos Dumont, 664, de segunda a sexta,

Pastoral da Mulher.”

Paulo Cesar Vicente de Lima – “Gostaria de chamar a valorosa colega Cláudia Spranger

para compor a mesa.”

Maria Aparecida Ferreira, usuária da República Maria Maria – “Boa tarde, senhores, fui

moradora de rua por 12 anos, tive um bebê, minha irmã me acolheu 3 meses na casa dela

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e depois de um tempo me tocou para as ruas novamente. Lá fui humilhada por policiais,

por guardas municipais, sofri, pedi dinheiro na rua, a abordagem de rua me acolheu, me

levou para o abrigo são Paulo, e lá também sofri agressões. Fui transferida para a

República Maria Maria e agora, graças a Deus, eu estou bem, minha bolsa moradia saiu.

Acho que as pessoas das ruas têm que procurar ajuda do governo e o governo tem que

ajudar a pessoa a sair das ruas, a procurar um tratamento e um trabalho. Era só isso que

eu queria dizer hoje.”

Paulo Cesar Vicente de Lima – “Sucesso com o bolsa moradia. Seja muito feliz.”

Claudinei Aparecido, da Pastoral da Rua – “Sou ex-morador de rua, estive em situação

de rua do ano de 2007 ao ano de 2011, fui acompanhado pela Pastoral de Rua, perdi

meus documentos, fui agredido. Muito sofrimento mesmo. Só quem já passou é que sabe.

Sou soropositivo desde o ano de 2000 mas continuei trabalhando. Com a ajuda da

Pastoral de Rua consegui minha aposentadoria e hoje tenho um lugar digno para ter um

bom descanso, uma alimentação digna.”

José Geraldo Santos, representante dos usuários do Albergue do Albergue Tia

Branca – “Boa tarde a todos. Sou formado em Engenharia Florestal. Eu nunca morei na

rua e atualmente estou morando em um albergue. Quando cheguei no Tia Branca passei a

conhecer melhor o morador de rua e me interessei por isso, me dediquei a isso. Nós

formamos uma comissão e temos umas 10 denúncias contra este albergue, a respeito de

tudo que está acontecendo de errado naquele lugar e eu vim aqui com mais dois

companheiros. Tenho certeza de que tudo que está errado ali tem o aval da Prefeitura. Se

eu não puder contar com o MP, vou contar com quem? As instituições que trabalham com

PSR estão cortando lenha com machado cego. Não mudam a forma de trabalhar com a

população em situação de rua. Isso não vai mudar nada, você tem que qualificar o

cidadão, porque tem muita gente boa lá dentro. Alfabetização, programa de capacitação

profissional, oficinas de conscientização do uso de álcool e drogas. Esse é o princípio

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básico para tirar as pessoas das ruas. Eu não acredito que essa audiência vai mudar nada

não. Imagino que isso aqui é tudo manobra de Copa do Mundo. Olhem para o morador

de rua com outros olhos, não tratem com violência. A polícia está tirando o morador de

rua à força, e vai fazer qualquer coisa com esses moradores. Quero saber onde vou achar

as pessoas que defendem essas pessoas. Isso deveria ter sido resolvido antes. Só que

agora, o Brasil vai sediar a copa, a presidente Dilma vai fazer de tudo para que não

ofusque o evento. Vocês não vão ficar sabendo, mas vai acontecer muita atrocidade nessa

copa do mundo.”

Paulo Cesar Vicente de Lima – “O MP está tentando fazer a parte dele, temos limitações

às nossas atribuições, e queremos dar um sinal para o MP que as pessoas em situação de

rua é prioridade do MP.”

Marcos Soares, usuário do albergue Tia Branca – “Boa tarde e muito obrigado a todos

que estão nos dando a oportunidade de falar aquilo que é a verdade. Lamento muito que

nenhum representante do albergue municipal Tia Branca esteja presente aqui, somente os

usuários e a gente tem algo muito sério para falar aqui. Vou só complementar o que o

Geraldo iniciou. A Constituição, a meu ver, é constituída de deveres e direitos. É a base. É

o alicerce. E o que eu vou falar aqui é com base na Constituição e nos Direitos Humanos.

No albergue que somos assistidos, eu só posso dizer que a segurança é uma falácia. É

feita por alguém que nunca fez um curso de segurança. Por se tratar de um equipamento

da PBH, a guarda municipal deveria estar presente ali. Estamos requerendo a presença

deles. Temos outro assunto para tratar aqui, referente à higiene do ambiente. Há pouco

tempo atrás nós tivemos uma epidemia de percevejos e uma tal de muquirana. Nós não

temos culpa nenhuma, nós não criamos percevejos não. O albergue deveria adotar o

mesmo procedimento de higiene que se usa em hospitais. Até porque são materiais que

com certeza evitam a transmissão de doenças infecto-contagiosas. Pedimos também que

as instituições, me desculpe pelo que vou dizer aqui agora, mas ontem por exemplo o

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cobertor com o qual fui dormir, eu classifico como o cobertor do Nelson Ned, porque tem

buracos e é pequeno. 20 cobertores são novos e 360 estão nesse estado. A PBH deve

administrar esses equipamentos com um mínimo de dignidade, para que eu possa acordar

pela manhã e procurar um emprego digno, honesto. E sem essas condições, como iremos

procurar trabalho e recuperar nossa dignidade? Recita um verso. Peço que seja criada uma

comissão de pessoas responsáveis por estas questões e que faça visitas periódicas e

presencie o estado em que somos assistidos. Sou mineiro do Norte de Minas, e sou

brasileiro, e tenho muito orgulho disso. Por último, queria pedir que os promotores

criassem uma comissão para nos visitar lá nos albergues e presenciar a situação em que

vivemos. Sou mineiro e tenho orgulho de ser brasileiro”

André Freitas, professor de Psicologia da UFMG, coordenador do Programa Polos de

Cidadania - “Saúdo a todos e considero este um momento ímpar para tratar de assuntos

tão importantes. O Programa Polos de Cidadania da UFMG, que há 19 anos funciona na

Faculdade de Direito da UFMG, trabalha pela efetivação dos direitos humanos, incluindo

os cidadãos em situação de rua. Temos tido uma grande preocupação na condução de

algumas questões, que estão sendo conduzidas de forma inapropriada. A primeira coisa

diz respeito à inconstitucionalidade da instrução normativa em vigor desde o final do ano

passado em BH. Ela disciplina o tratamento das pessoas em situação de rua. Ela fere um

princípio constitucional básico e possibilita que os agentes públicos façam recolhimento

de pertences. Alegam o princípio da razoabilidade da utilização de utensílios, carrinhos e

outros objetos. Como exigir razoabilidade por parte do cidadão em situação de rua, se o

Estado não oferece garantia de sobrevivência digna, como educação, moradia e todos os

outros direitos sociais fundamentais. Gostaríamos de trazer isso aqui neste espaço, porque

necessariamente algo deve ser feito. Tivemos acesso aos Grupos de Trabalho instituídos a

partir da instrução normativa e ficamos estarrecidos. Estão trabalhando com uma categoria

ampliada dos materiais ditos inservíveis. De acordo com os relatórios estão sendo

recolhidos: roupas, cobertores, papelões, tais objetos são necessário à sobrevivência dos

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moradores em situação de rua. Nos foi garantido que não haveria o recolhimento de

carrinhos e de fato estão sendo recolhidos carrinhos, as pessoas não podem transportar

suas coisas. Isso é uma coisa que nos estarrece. Outra coisa que encontramos: a

recomendação de que os agentes públicos exijam e façam sua ficha criminal para conferir

se o cidadão tem passagem pela polícia. Outra questão que nos chamou a atenção é o

impressionante uso inapropriado do Dinheiro público. O que está sendo oferecido às

pessoas em situação de rua para que eles não permaneçam nessa situação? No relatório é

mencionado que foi feita a retirada de pessoas das ruas de manhã e à tarde estavam lá

novamente. O que está sendo feito? Participei da construção da Instrução Normativa

representando a UFMG e a sociedade civil entendia que nenhum pertence deveria ser

recolhido. Com isso, a Prefeitura de Belo Horizonte decidiu excluir a sociedade civil da

decisão. O prefeito Marcio Lacerda vetou que a sociedade civil participasse do controle

social dessas ações, entendendo que a participação popular é algo temerário. Esta

normativa vem disciplinar justamente o que pode e não pode ser recolhido. Do nosso

ponto de vista, sem políticas estruturantes e estruturadas, nenhum objeto deve ser

recolhido. As regras dos abrigos e locais de acolhimento não são construídas com a

participação dos usuários. São cometidas diversas violações e isso tem que ter um fim.

Estamos preocupados com esse momento da Copa do Mundo. Não é possível a

participação da sociedade civil no controle social dessas ações nas 9 (nove) regionais.

Acredito que de fato alguma coisa deve ser feita, encaminharemos nosso relatório para

todos os órgãos competentes.”

Roberto, Representante da ONG que trabalha com Pessoa em Situação de Rua

fundada há 35 anos com Geraldo Magela, em Ribeirão das Neves - “Represento uma

ONG que trabalha com pessoas em situação de rua há 35 anos. Somos provavelmente um

dos mais antigos equipamentos de Belo Horizonte. Minha mãe fundou este espaço

juntamente com Geraldo Magela. Com esse trabalho, adquirimos experiência com várias

situações vividas por eles. Nós da Associação Jesuita sempre fomos discriminados pelo

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trabalho que realizamos com as pessoas em situação de rua. Nossa entidade é católica.

Trabalhamos a parte espiritual que nunca é colocada nas políticas públicas do Estado

laico. Temos ajudado pessoas com problema de psicose, que vêm do interior. Se Carlos

Drummond de Andrade estivesse presente, ele diria que o morador de rua é a pedra no

meio do caminho. Acho que é muito pelo contrário. As pessoas em situação de rua devem

ser colocadas como a Pedra Angular do nosso país.”

Roberta Aparecida Pereira de Souza, usuária da República Maria Maria - “Eu vim da

ilha das branquinha. Vim da ilha das branquinha pra cá e fiz moradia no abrigo Maria

Maria.”

Tiago Ribeiro dos Santos, Comunidade Amigos de Rua – “Boa tarde a todos! Sou ex-

morador do Tia Branca. Saí porque tomo medicação para dormir, sou hiperativo, lá não é

um ambiente muito limpo e as pessoas roubam da gente. Atualmente moro na rua, sou

trabalhador. Gostaria que fossem criados mais albergues e cursos de capacitação para as

pessoas em situação de rua, porque tem muitas pessoas de valor. As pessoas que estão

em albergue ou na rua não têm condições de trabalhar. Algumas Cooperativas têm esse

problema também. Colocam o cidadão para trabalhar e não os pagam. É a pura

discriminação. Agora minha situação está mais grave. Ontem sofri agressão por ter

cobrado o que não me foi pago no local em que trabalho. O poder publico põe o cidadão

para trabalhar mas não paga!”

Paulo Cesar Vicente de Lima - Esclarece que na Casa de Direitos Humanos há

atendimentos e coloco a CIMOS à disposição.

Daniel Santos da Cruz, Comunidade Amigos de Rua – Apresenta-se e cumprimenta a

todos. “Nós moradores de rua estamos cansados da palavra ouvir, queremos o agir.

Segundo a Claudia somos um corpo. Então o morador de rua é o que? O rosto, para levar

tapa na cara? A PM nos desrespeita, nos faz passar por vexames e situações

constrangedoras, como a revista vexatória. Isso acontece na Lagoinha, no Prado, na

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Pampulha. Os policiais batem na cara, humilha com palavras como ‘seu lixo’, ‘mendigo’,

‘ceguinho’. Merecemos ser respeitados. Se caímos nesse sistema foi a própria sociedade

que nos colocou.”

Egídia Moreira, Forum Mineiro de Direitos Humanos – “Boa tarde, queria agradecer a

iniciativa do MP em trazer este espaço. Infelizmente essa data colidiu com o Congresso

Nacional em Curitiba. Queria dizer que mais importante que trazer queixas é trazer

sugestões, ideias propositivas. Trago, então algumas sugestões: Em relação ao abuso das

forças policiais: elas não foram criadas para tratar as pessoas humildes, para mudar isso

tem que ter investimento em educação, na formação dessas pessoas. Sugestão: Que

sejam propostas ações de formação para os policiais, como uma ação continuada e que

eles aprendam a conhecer a realidade das pessoas em situação de rua. Com relação ao

Albergue: em primeiro lugar, devem ser unidades pequenas com no máximo 50 pessoas.

Eles devem ser pontes de saída para outros destinos. Ponto estratégico: estamos cansados

de ver o poder público gastar dinheiro com coisas desnecessárias e deixar de gastar com

coisas muito mais necessárias. E não usar esses recursos para promover o direito à

moradia desses cidadãos. Tem dois pontos nesse recolhimento de pertences: vamos

clarear qual é a função dos agentes públicos nessa ação. Na verdade a Instrução

Normativa tem sido usada para violar direitos. 1- Estão sendo feitos recolhimentos sem

justificativa. Os bens muitas vezes não estão atrapalhando a circulação de pessoas. 2- Em

segundo lugar, não estão respeitando o devido processo legal. Deve ser entregue um auto

de apreensão para a pessoa poder depois retirar seus bens. Tudo deve ser descrito nesse

auto. Somos contra o recolhimento, mas se eles forem recolhidos, exigimos que seja

cumprido o devido processo legal. Outro ponto que gostaria de abordar é a questão das

mães em situação de rua. Muitas delas têm seus filhos nas maternidades e lá seus filhos

são recolhidos e depois colocados para adoção. Isto é uma verdadeira barbárie! Por que a

maternidade não acessa a rede de proteção para assegurar os direitos das mães em

situação de rua? Por fim, convido a todos para o forum aberto da pessoa em situação de

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rua, no dia 09 de junho, na praça da rodoviária para falar com a cidade. A cidade precisa

nos ouvir, ouvir todos vocês e saber do seu valor e importância para a cidade.”

Inês Guedes, pesquisadora portuguesa do programa de mobilidade da UFMG -

Apresenta-se. “Estou impossibilitada de fazer pesquisa na rua devido aos riscos que corro

por conta da violência policial. Não são somente as pessoas em situação de rua que

sofrem violência, mas também as pessoas que trabalham com elas”. Descreve uma

situação de violência em que o segurança de um restaurante popular espanca um usuário.

Ela chama a polícia. “Quando a polícia chegou pediram que me afastasse e o agressor

fugiu. Nada foi resolvido e sofri ameaça de detenção, não foi feito o BO. Deveria haver

algum tipo de mecanismo para quem assiste a esse tipo de violência, não somente as

promotorias de Direitos Humanos. Um amigo meu, cidadão de rua, pediu-me que

relatasse que no elevado no Barro Preto, às 3h da manhã, a polícia os acordou e retiraram

seus pertences.”

Marcus de Jesus, usuário do albergue Tia Branca – “Agradeço a oportunidade e venho

colocar mais uma denúncia. Eu moro na rua há 4 anos e por não ser nascido em BH - e a

pessoa que não é de BH não pode permanecer no albergue por mais de 5 dias – onde

vou ficar? O outro albergue está lotado. A assistente não está aceitando quem não é de

BH e nós temos que sofrer a humilhação de ter que dormir na rua. Estão escolhendo quem

entra e quem fica lá dentro e do lado de fora. Gostaria que o MP averiguasse essa

questão. Se não pudermos ficar no albergue, onde vamos ficar?”

Helder Magno da Silva - “Qual a solução que eles dão para vocês? Para onde vocês são

encaminhados?”

Marcus – “Uma assistente social da Rodoviária encaminhou a gente para o hotel do

migrante. Mas o hotel está cheio e eles não permitem que fiquemos no albergue.”

Fidelis Alcântara, membro do Grupo de Monitoramento das Ações Higienistas - Saúda

a todos e a todas. Apresenta-se como parte de um grupo de atuação contra ações

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higienistas. “É um pouco tarde para algumas medidas. Das 25 pessoas que

acompanhávamos em recuos de prédios na região da Savassi, 22 desapareceram, apenas

3 encontram-se lá. Há uma doença muito grave nessa cidade e ela chama-se fiscalização

municipal. Há fiscais sem nenhuma identificação recolhendo os materiais dos moradores

de rua. Os fiscais não admitem que sejam questionados. Convido a todos que

acompanhem a abordagem municipal, que está sendo feita em conjunto com a PM. Ao

perceberem uma atitude de uma pessoa de fora, eles resumem suas ações e retiram-se da

situação, pois sabem que é ilegal. Temos de saber que eles estão ali cumprindo ordens.

Quem está colocando os fiscais sem preparo nenhum para fazer as abordagens, há um

risco para os moradores e para os fiscais, havendo chance de ocorrer confrontos. O

Soldado Fernandes é conhecido em todo o centro, inclusive já apresentei ele à Dra.

Cláudia Amaral, todos conhecem soldado Fernandes, inclusive tem imagens dele ateando

fogo nos colchões de moradores de rua do viaduto de Santa Tereza. Há um propósito para

o uso da PM, que é a higienização da cidade. Em Curitiba é muito diferente daqui, os

albergues têm espaços para atividades, cursos, ou outras atividades. Para o morador de

rua conseguir um tratamento dentário é dificílimo. Não temos nenhuma atividade durante

o dia. Os albergues funcionam como presídios semi-abertos, vazios durante o dia. Aqui

não se aceita que se durma na mesma cama toda noite, o que facilita a proliferação de

doenças”. Aborda também o censo feito pela Prefeitura Municipal e afirma que a PBH

deseja determinar quem não é nascido em BH para impedir que essa pessoa viva nas ruas

de BH. É um modus operandi que existe no mundo. Em Londres, por exemplo, quem não

é londrino não pode dormir na rua. Também há a obrigatoriedade de internação de

dependentes químicos. Pedimos a suspensão imediata do recolhimento de pertences,

bem como uma análise dos contratos da empresa terceirizada contratada para isso. E para

longo prazo precisamos exigir estrutura dos albergues. Eles precisam ter cursos,

psicólogos, dentistas. Dizem que as pessoas sujam as cidades, mas nossas praças não têm

banheiro público, uma pessoa grávida, um idoso, não tem condições de ir ao banheiro.

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Gostaria que fosse avaliada a estrutura do abrigo”. Aborda ainda, o projeto Miguilin, que

foi fechado na véspera da Copa das Confederações e permanece com as portas fechadas

com a justificativa de requalificação.

Fabiano Siqueira, analista de políticas públicas da PBH – Expõe que está sendo feita

uma greve dos trabalhadores da assistência social, pois a maioria destes trabalhadores era

contratado sem concurso público. “O único serviço previsto pela Política Nacional em

formato terceirizado é o de abordagem. Proponho que o MP exija concurso público para a

abordagem social, que implica diretamente no cotidiano das pessoas em situação de rua.

O CREAS POP Miguilin foi fechado porque há muito tempo este projeto está precarizado,

os trabalhadores vinham sendo agredidos. Foi elaborado um documento técnico que

pediu melhoras nas condições. A prefeitura resolveu fechar o equipamento e as crianças

estão nas ruas. Alguns ativistas criaram o Observatório da Infância e Juventude para a

Copa, que atuarão nas manifestações da Copa, tentando evitar a violência. No momento

em que o governo cria um programa de combate à violência sexual, ele assume que a

Copa traz essa violência ao nosso país.”

Claudenice Lopes, Pastoral de Rua – Cumprimenta a todos. “Não podemos perder de

vista que há conquistas e passos importantes dados até aqui de iniciativas que fazem a

diferença. Tem muita coisa a ser melhorada, ser cuidada, mas não podemos perder de

vista aquilo que tem dado certo e o que deve se investir. Com todos os desafios, BH tem

uma rede básica de atenção que aponta alternativas de saída das ruas. Garantia de

abertura do Restaurante Popular em feriados e fim de semana, garantir que as pessoas

acessem política habitacional, trabalho e geração de renda, somente o abrigo não basta.

Tem pessoas que usam o serviço de abrigamento que têm condições de dar passos para

superar essa situação. Se ouvirmos mais as pessoas de fato, os caminhos ficarão mais

claros. É preciso que a sociedade como um todo assuma a questão da pessoa em situação

de rua e passe a tratar dessas pessoas como cidadãos. Precisamos garantir que a FIFA

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registre as pessoas que residem no entorno dos estádios, e que a gente continue essa

discussão no sentido de avançar. Precisamos sair deste lugar em que estamos, e

precisamos andar para a frente. Colocamo-nos à disposição para somar esforços nesse

sentido.”

Paulo Cesar Vicente de Lima - Esclarece sobre a posição institucional do MP que segue

as diretrizes gerais estabelecidas para garantir o direito das pessoas em situação de rua

que residem no entorno dos estádios.

Alex Maciel Teixeira, Coordenador do Movimento nacional da PSR - Saúda a todos.

“Fico feliz de estar aqui com essas pessoas importantes, entidades que nos apoiam etc.

Mas fico triste que para ter que garantir os meus direitos eu tenha que vir até aqui

convencer a todos os doutores da sua importância. Há apenas um local na cidade que

fornece alimentação aos finais de semana e feriados, que é a República Maria Maria.

Temos o bolsa aluguel, no valor de R$ 500,00, que tem uma série de exigências, como por

exemplo, estar localizado num bairro, sem direito de alugar na favela. Afirma seu orgulho

de não ser um marginal e ter nascido e sido criado na favela. O bolsa moradia proíbe de

alugar na favela. Talvez uma das intenções da bolsa seja exatamente essa, de expulsar as

pessoas do centro da cidade. E vários prédios do PAC estão sendo construídos em favelas,

bem como diversos equipamentos urbanos. Sobre a abordagem: 90% dos locais que os

moradores de rua vão, eles abordam de manhã e pouco depois o morador já montou tudo

de novo. Em muitos casos, a abordagem deixa de ir, e quem passa a ir é a PM, que

queima, retira colchões. Na região da estação ferroviária, os moradores foram expulsos na

base de gás, armas e violência. O serviço de abordagem não oferece orientação para os

moradores, não informa os locais e equipamentos que eles podem procurar. A Instrução

Normativa proíbe levar mochilas, roupas e cobertas. A normativa atual, que prevê que as

pessoas carregarão apenas o que conseguem levar, tornou arbitrária a escolha pelo

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Serviço de Abordagem. O abrigo tem uma epidemia de percevejo, já foram tomadas

diversas providências e nada resolve.”

Davi Tomás, morador de rua formado em Química no CEFET - “Minha educação formal

foi na área de química, conclui formação em Engenharia Aeroespacial na Universidade

Federal do estado.” Comenta o perímetro em torno dos estádios. Comenta a higiene

social. Comenta a imagem das malocas (local onde os moradores se reúnem para se

defender) para os turistas. “Concluo que há uma nova ordem mundial, na qual não há

espaço para travestis, prostitutas, ladrões, ou seja, o Estado está criando uma sociedade

hipócrita onde não exista nada que faça com que o cidadão se sinta inseguro ou propício

a sofrer qualquer tipo de agressão física ou moral. Os moradores estão sendo levados para

campos de concentração. Em vez de cuidar daquilo que está problemático, vamos eliminá-

los da sociedade, esta é a ideologia colocada e imposta. Vejo o Estado como uma

máquina que se tornou uma corporação que atende aos padrões econômicos da classe A

e B, as demais classes são ocultas. Sobre o abrigo São Paulo: suas instalações são

agradáveis, suas regras impedem de fumar, o que é absurdo, pois as pessoas que estão

em recuperação não conseguem evitar e quando são pegas, são colocadas nas ruas.

Também são proibidos de beber água após as 21h. Com relação à segurança:

antigamente era a Guarda Municipal que fazia. Presenciei vários disparos de choque

elétrico num rapaz bêbado, que já estava algemado. Testemunhas afirmaram que o rapaz

não oferecia resistência. Muitos moradores têm medo de denunciar e sofrer represálias. Se

continuar o bloqueio que é viver em sociedade pode acontecer que essa população

continue se autoflagelando ou criará um clima de pressão tão grande que causará mais

problemas ao Estado.” Cita José Luiz Quadros de Magalhães. “O perímetro em torno dos

estádios é território FIFA. Qualquer atividade de combate ao terrorismo depende da

definição de um território. Mas quando se estabelece um perímetro de 2 quilômetros, já

estamos falando de engenharia social para higienização. O Estado vê o morador de rua

hoje como um empecilho social para a economia, que causa a desvalorização de imóveis,

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queda da lucratividade do comércio. Um ser que hoje é visto com um vírus, uma bactéria,

que o Estado deveria ter um aparato para amparar.”

Bruno Cardoso – Comenta a Ação Popular que proíbe o recolhimento de pertences. Pede

a citação nominal do Prefeito para cumprir a decisão. Convida a todos de uma Audiência

Pública na Comissão de DH da ALMG de apresentação da Rede de Enfrentamento da

Violência Institucional. Comenta o absurdo do espaço Fifa de retirar à força moradores de

rua da área restrita. “Não podemos aceitar calados a arbitrariedade do Estado que faz

tudo para garantir o Evento da Fifa”

Paulo Cesar Vicente de Lima - Procede ao sorteio de 6 obras produzidas pelos artistas

convidados do Projeto “Guernica: o Clamor das Ruas”, cuja obra principal está exposta no

Pilotis da PGJ.

José Marcius, coordenador do Projeto Guernica - Apresenta os artistas: Carlos Reis, Tina,

Cristiano, Rizer, Vagner, João e Alan. Essa turma é ligada ao grafite, aos pichadores e

vivem a rua com os moradores.

Paulo Cesar Vicente de Lima - Agradece a José Marcius pela boa vontade com que

conduziu os trabalhos.

Sorteio realizado segundo o número de inscrição dos presentes - total de inscritos:

119

● 89 – Cássia Arapujo Sol – Obra 1.

● 56 – Luiza Canguçu Salomão - Obra 2

● 50 – Claudinei Pereira da Silva - Obra 3

● 03 – Roberta Aparecida de Souza – Obra 4

● 101 – Fernando Soares Miranda – Obra 5

● 02 – Elisabeth Alves – Obra 6

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Rodrigo, usuário do albergue Tia Branca - Denuncia a notícia vinculada no Jornal Metro,

que utilizou-se de informações maldosas em sua reportagem. Denuncia o albergue Tia

Branca por problemas de esgotamento, chuveiros insuficientes e estrutura que não

comporta 400 pessoas. Alega o papel da prefeitura que diz haver 900 vagas disponíveis,

mas isso é uma mentira.

Elisângela, integrante do Movimento Nacional População de Rua - “Morei 15 anos na

rua, tive um filho que hoje vai fazer 20 anos na rua. Passei todo meu resguardo na rua.”

Denuncia a violência contra a mulher e os portadores de sofrimento mental. Demonstra

que a mulher é acuada pela sociedade, o Estado e outras PSR. “Meu pedido é que vocês

olhem com carinho para a mulher da rua, pois ou esta mulher está ficando doida ou está

morrendo. A PM e a Guarda Municipal são as primeiras que agridem as mulheres. Seja

verbal ou fisicamente. Como mulher, trabalho num projeto com a Pastoral e o INSEA, a

gente tem vontade de revidar a violência que os guardas praticam. Já vi funcionários

batendo em moradores de rua. Já visitei mais de 200 cidades, vejo uma regressão e uma

violência gigantesca contra as mulheres. E agora tive a notícia que os hospitais estão

tomando os filhos das mulheres de rua. Sobre a Copa, ontem fiz uma abordagem e

verifiquei que a abordagem queimou colchão, deu choques elétricos e espancou as

pessoas. Presenciei uma violência imensa contra moradoras LGBT, que levam choques por

todo o corpo. Nós todos pagamos impostos, quando consumimos nossos produtos, e

fazemos parte dessa cidade, então merecemos respeito como qualquer outro cidadão. A

Guarda Municipal não aceita reclamações e a qualquer chamada nos dão voz de prisão. A

morte dos moradores de rua virou comédia, piada e está sendo banalizada pela

população.”

Paulo Cesar Vicente de Lima passa a palavra para Cláudia Amaral

Cláudia Amaral - Indica a insuficiência de provas para completar a investigação sobre

diversos casos. Em todos os casos há uma dificuldade de trazer para os autos as

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informações das ruas. Convida a todos para construírem junto com o MP a produção de

provas.

Daniel - Cobra a apuração dos fatos contra o Sargento Fernandes, que já existe há muito

tempo.

Paulo Cesar Vicente de Lima - Esclarece que há uma necessidade de produzir provas

concretas.

Daniel - Diz que levará as provas necessárias.

Paulo Cesar Vicente de Lima - Marca para as 14h de 02 de junho de 2014 para que

Daniel leve as provas. E esclarece sobre as funções do MP e fala sobre os

encaminhamentos: instauração de procedimento para investigar a Instrução Normativa da

Prefeitura Municipal que subsidiará a atuação do MP.

André, Polos - Afirma que no dia 09, no Fórum Aberto serão entregues os relatórios ao

MP.

Paulo Cesar Vicente de Lima - Afirma que será marcada reunião com a PM para discutir o

perímetro da Copa. A recomendação do MP, com base nas Diretrizes acordadas, será

dado o mesmo tratamento que aos residentes.

André - Diz que o Polos se prontifica a atuar junto ao MP no levantamento de provas com

relação à questão da maternidade.

Cláudia Spranger - Fala sobre a dificuldade de produzir provas. Diz que precisa da união

e da atitude do povo, o Direito é construído pelo povo. “O Direito é difícil, tem entraves,

muita teoria, o processo está muito longe da sociedade. E só tem uma forma de

rompermos com isso – com a nossa união. Não há como a gente lutar contra isso se não

estivermos unidos. Precisamos estar mais interagidos – precisamos de vocês todos. A lei

quem faz é o povo. O direito tem que ser transformado e só teremos força unidos.”

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Paulo Cesar Vicente de Lima - Afirma que as questões e denúncias apresentadas serão

encaminhadas para as promotorias competentes e que serão instaurados procedimentos

específicos em relação à questão da maternidade, dos abrigos e da violência policial.

Relatório final:

De acordo com o art. 6º da Resolução n. 82/2012 do CNMP e, ainda, do art. 9º da

Resolução n. 29/2014 da Procuradoria-Geral do MPMG, faz-se o seguinte relatório das

conclusões da audiência pública e das providências a serem tomadas:

1- Das informações registradas nas linhas 69 a 72; 75 a 87, 280 a 289, 324 a 327, 366 a 367, referentes às possíveis violações que poderão ocorrer durante a Copa do Mundo 2014, a CIMOS e a Promotoria de Direitos Humanos farão plantão durante a Copa do Mundo para a apuração de eventuais violações às pessoas em situação de rua, bem como será feita recomendação à prefeitura e polícia militar para que se abstenham de fazer remoções de pessoas;

2- Das informações registradas nas linhas 107 e 108, 241 a 244, 290 a 295, 305 a 308, referentes à precariedade dos serviços socioassitenciais ofertado às pessoas em situação de rua em Belo Horizonte, será dado seguimento aos  procedimentos para apuração da adequação e necessidade de novos albergues e demais equipamentos;

3- Das informações registradas nas linhas 130 a 140, 149 a 165, 266 a 271, 393 a 395, referentes às denúncias ao Albergue Tia Branca, estas serão encaminhadas aos órgãos de execução  do MP com atribuições para o caso;

4- Das informações registradas nas linhas 175 a 179, 248 e 249, 373 e 374, referentes aos abusos cometidos na aplicação da instrução normativa municipal, será analisada a legalidade e a inconstitucionalidade da instrução normativa referente à apreensão de bens;

5- Das informações registradas nas linhas 200 a 203, referentes aos relatórios das regionais acerca das abordagens relativas à instrução normativa, estes serão encaminhados para a promotoria com atribuições para análise;

6- Das informações registradas nas linhas 251 a 254, será aberto procedimento na promotoria  de Direitos Humanos com atribuições para a apuração dos casos das mães que tiverem seus filhos subtraídos.

Anexos:

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1. 3(três) manifestações feitas por escrito;

2. Lista de presença;

3. Fichas dos inscritos.

Nada mais, foi encerrada a Audiência Pública e lavrada a presente ata, que segue assinada

por mim _________________________________, José Ourismar Barros de Oliveira, Assessor

do Ministério Público de Minas Gerais, que a digitei, e pelas autoridades componentes da

mesa.

!!!

Dr. Paulo Cesar Vicente de Lima

Promotor de Justiça Coordenador da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais do MPMG

!!!!

Dr. Helder Magno da Silva

Procurador Regional dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal

!!!!

Dra. Claudia Amaral

Promotora de Justiça da 18ª Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, Igualdade Racial, Apoio Comunitário e Fiscalização da Atividade Policial do MPMG

!

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!

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS COORDENADORIA DE INCLUSÃO E MOBILIZAÇÃO SOCIAIS

!!!

Janaina de Andrade Dauro

Promotora de Justiça da 18ª Promotoria de Defesa dos Direitos Humanos, Igualdade Racial, Apoio Comunitário e Fiscalização da Atividade Policial do MPMG

!!

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1 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

NOTA TÉCNICA/FPRS Nº 05/2014

COMISSÃO DE PREVENÇÃO AOS CONFLITOS URBANOS E INCLU SÃO SOCIAL

EMENTA: Estabelece diretrizes para atuação do

Ministério Público de Minas Gerais em defesa dos direitos

fundamentais das pessoas em situação de rua.

I. OBJETIVO

O objetivo desta nota técnica é oferecer subsídios para orientar a atuação dos

membros do Ministério Público de Minas Gerais com atribuições legais para a matéria, de

forma a possibilitar a efetivação dos direitos fundamentais das pessoas em situação de rua.

II. OBJETO

A extrema vulnerabilidade social e a falta de efetivação de direitos básicos são

características marcantes das pessoas em situação de rua. Isso fica evidenciado no “Sumário

Executivo da Pesquisa Nacional sobre População em Situação de Rua”, realizada entre agosto

de 2007 e março de 2008.

O documento traz dados alarmantes de 71 (setenta e um) municípios alvo do

levantamento; sendo que destes 71 (setenta e um) municípios, 5 (cinco) são mineiros.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados possui renda que varia de R$

20,00 (vinte reais) a R$ 80,00 (oitenta reais) semanais. Trata-se de valor que, considerado o

intervalo de um mês, não alcança o montante do salário mínimo nacional; o que pode ser

agravado pelo alto custo de vida nos municípios investigados.

Constatou-se, ainda, o baixo nível – em geral – de escolaridade das pessoas em

situação de rua, o que dificulta ainda mais o acesso a direitos.

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2 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

Ainda sobre a pesquisa, o outro dado importante denunciado é que significativa

parcela dessas pessoas é originária da própria cidade em que se encontram, ou seja, são

pessoas que não participaram de fluxos migratórios do campo para cidade, o que indica a

necessidade de medidas voltadas para este segmento populacional no meio urbano.

Noutro ponto, tem-se como causas de essas pessoas passarem à situação de rua o uso

de álcool e/ou drogas, o desemprego e problemas familiares. Sendo que, entre aqueles que já

moraram em mais de uma cidade, a busca por emprego figura como principal motivo para a

mudança.

Grande percentual da população alvo do estudo declarou que costuma dormir na rua.

Apesar disso, grande parte dos entrevistados manifestou preferência por dormir nos albergues,

com o argumento de que a vida nas ruas é desconfortável, além da presença marcante de

situações de violência. Isso indica sérios problemas na estrutura dos equipamentos fornecidos

para que estas pessoas possam passar a noite.

Soma-se a isso: o acesso precário a locais adequados para higiene pessoal, o difícil

acesso à alimentação, a falta de documentação, a discriminação sofrida no ingresso a

determinados lugares (inclusive órgãos públicos e órgãos da rede de saúde).

Mais um dado importante é o de que parte dessas pessoas é formada por

trabalhadores, ainda que, em sua maioria, trabalhadores informais. Apenas 15,7% dos

entrevistados possuem o hábito de pedir dinheiro como principal fonte de renda.

Além das informações citadas, verifica-se que são constantes as notícias de agressões

direcionadas às pessoas em situação de rua em todo o Brasil.

Vejamos.

O Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de

Rua e Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH) coletou dados referentes a 1.725 casos

acompanhados no período que vai de abril de 2011 a 19 de novembro de 2013, provenientes

de 172 atendimentos individuais, de 40 atendimentos coletivos e de 1.513 denúncias

(recebidas pelo Disque 100; pelos órgãos de segurança pública; pela busca ativa, ou que

chegam ao CNDDH por e-mail ou telefone).1

Dos dados coletados, foram extraídas as seguintes macrocategorias de violações

sofridas pelas pessoas em situação de rua:

1 Arquivo CNDDH.

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TABELA 1

Classificação das macrocategorias de violações Número de violações Porcentagem Violência física 997 36,5%

Violência institucional 569 20,8% Negligência 455 16,6%

Violência psicológica 454 16,6% Abuso financeiro e econômico/violência patrimonial 141 5,2%

Discriminação 65 2,4% Violência sexual 23 0.8%

Tortura 16 0,6% Trabalho escravo 13 0,5% Outras violações 1 0,0%

Total 2753 100%

Dentro das quatro primeiras macrocategorias contidas na Tabela 1, as violações

foram subdivididas nas seguintes microcategorias:

TABELA 2 (macrocategoria “Violência Física”)

Classificação das microcategorias de violações Número de violações Porcentagem Homicídio 674 67,6%

Lesão corporal 188 18,9% Tentativa de homicídio 123 12,3%

Maus tratos 8 0,8% Cárcere privado 3 0,3%

Seqüestro 1 0,1% Total 997 100,0%

TABELA 3 (macrocategoria “Violência Institucional”)

Classificação das microcategorias de violações Número de violações Porcentagem Violência policial/violência praticada por instituições de

segurança 187 32,9%

Abuso de autoridade 185 32,5% Recusa de atendimento 73 12,8%

Omissão 34 6,0% Ausência de acesso a serviços 24 4,2%

Demora excessiva ou desídia no atendimento 23 4,0% Remoção forçada 18 3,2%

Prisão ilegal 16 2,8% Assédio sexual 3 0,5%

Superlotação de presídio/de unidade de privação de liberdade/de unidade de custódia e de outras instituições

3 0,5%

Falta de acessibilidade/meio físico 2 0,4% Homofobia institucional 1 0,2%

Total 569 100,0%

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TABELA 4 (macrocategoria “Negligência”)

Classificação das microcategorias de violações Número de violações Porcentagem Negligência em assistência social 293 64,4%

Negligência em medicamentos/assistência à saúde 59 13,0% Negligência em limpeza/higiene 36 7,9%

Negligência em alimentação 30 6,6% Negligência em amparo e responsabilização 24 5,3%

Abandono 13 2,9% Total 455 100,0%

TABELA 5 (macrocategoria “Violência Psicológica”)

Classificação das microcategorias de violações Número de violações Porcentagem Hostilização 186 41,0%

Ameaça 124 27,3% Humilhação 124 27,3%

Calúnia/injúria/difamação 17 3,7% Perseguição 3 0,7%

Total 454 100,0%

Diante de todas essas informações, o acesso dificultado ou inexistente a direitos

contribue para a marginalização e exclusão destes indivíduos. Mais! O ciclo de exclusão pode

perpetuar-se: as pessoas em situação de rua, ao serem segregadas do corpo social, têm negado

seu acesso aos direitos de que é titular, justamente em virtude do fato de estar à margem.

III. FUNDAMENTAÇÃO:

a) A noção de mínimo existencial

A Constituição Federal elenca, em seu artigo 1º, inciso III, a dignidade da pessoa

humana como fundamento da República Federativa do Brasil e, em seu artigo 3º, III, a

erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais

como objetivo da República. Destes dois princípios decorre a noção de “mínimo existencial”,

que engloba todo aquele conjunto de fatores e direitos que são condições para uma existência

digna. Acerca desta questão, Celso de Mello, em julgamento, no Supremo Tribunal Federal,

do Agravo Regimental no Recurso Extraordinário 639.337 (ARE 639.337 AgR/SP), proferiu

o seguinte voto:

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A noção de “mínimo existencial”, que resulta, por implicitude, de determinados preceitos constitucionais (CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de liberdade e, também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança e do adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança.

O conteúdo jurídico da noção de “mínimo existencial” guarda uma relação mais

próxima com os direitos ditos sociais, econômicos e culturais que com as demais categorias

de direitos e garantias fundamentais, segundo BARCELLOS, para quem “mínimo existencial

(...) nada mais é que um conjunto formado por uma seleção desses direitos, tendo em vista

principalmente sua essencialidade, dentre outros critérios”.2

A autora afirma, ainda:

(...) a mera positivação desses direitos ainda não foi capaz de dar solução real e final ao problema [da falta de condições materiais mínimas, que dificultam a real efetivação dos direitos individuais e políticos]. Tanto assim que a sociedade contemporânea (de forma mais grave nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, embora o fenômeno não seja desconhecido das grandes potências) continua a conviver com um contingente humano que dispõe de um arsenal de direitos e garantias assegurados pelo Estado, mas simplesmente não tem como colher esses frutos da civilização.3

Um exemplo marcante deste contingente humano são, sem dúvidas, as pessoas em

situação de rua.

A omissão do Poder Público em todas as esferas de governo em oferecer serviços e

equipamentos para este grupo configura violação ao dever do Estado de promover a dignidade

da pessoa humana e a eliminação da pobreza por meio da efetivação dos direitos sociais.

A importância da noção de “mínimo social” aparece especialmente para a solução

dos problemas jurídico-sociais causados pela omissão e pela inércia do Estado em prover os

direitos sociais e fundamentais consagrado pelo sistema jurídico brasileiro. 4

Segundo BARCELLOS:

A noção de mínimo existencial é proposta por parte da doutrina como solução para estes problemas jurídicos, na medida em que procura representar um subconjunto dentro dos direitos sociais, econômicos e culturais menor – minimizando o problema

2 Legitimação dos direitos humanos – 2. ed., Ana Paula de Barcellos. [et all.]; org. Ricardo Lobo Torres. Rio de Janeiro: Renovar, 2007. O Mínimo Existencial e Algumas Fundamentações: John Rawls, Michael Walzer e Robert Alexy. p. 100. 3 Ibidem. p. 101. 4 Ibidem. p. 108-109.

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dos custos – e mais preciso – procurando superar a imprecisão dos princípios.5

b) Da relação entre a noção de “mínimo existencial” e o direito à assistência

social

O art. 203 da Constituição Federal dispõe que tal assistência será prestada a todos

que dela necessitarem e elenca, para ela, cinco objetivos, todos referentes à garantia de

direitos essenciais:

Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Apesar de os incisos do referido artigo delimitarem os grupos alvo das ações de

assistência social, sabe-se que sua abrangência ultrapassa as cinco previsões, que constituem

rol aberto. Tanto é assim que o art. 2º da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), com

redação nova dada pela lei 12.435/2011, amplia consideravelmente esses objetivos:

Art. 2º A assistência social tem por objetivos: I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais.

5 Ibidem. p. 109.

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Importante destacar que tal ampliação é juridicamente aceita, uma vez que a

Constituição estabelece apenas o piso mínimo de proteção, podendo o legislador

posteriormente ampliar o leque de protegidos.

Noutro ponto, com maior destaque, o art. 1º da LOAS conceitua assistência social

como sendo a “política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais,

realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade,

para garantir o atendimento às necessidades básicas”, e vaticina: trata-se de um direito do

cidadão e dever do Estado” (texto original sem os grifos).

Pela cumulação da previsão contida no caput do art. 203 da Constituição Federal

com a previsão contida no art. 1º da LOAS, pode-se concluir que a assistência social deverá

ser prestada a todos que dela necessitarem, para a provisão dos mínimos sociais e o

atendimento às necessidades básicas de que trata a lei federal.

A aproximação dos conceitos de “mínimo social” e de “necessidade básica” à noção

de “mínimo existencial” constitui o conjunto de circunstâncias e regras capazes de possibilitar

a todos uma vida digna, longe da pobreza e das circunstâncias impeditivas do pleno

desenvolvimento da pessoa, em sintonia com as previsões dos arts. 1º, III, e 3º, III, da

Constituição Federal.

A assistência social, portanto, deve ser entendida como um direito do cidadão

perante o Estado, garantia dos direitos individuais e sociais essenciais à emancipação

intelectual, autopromoção e identidade, busca da felicidade e autodeterminação para as

realizações pessoais.

c) Competências para prestação de assistência social

A Constituição Federal impõe a todos os níveis da federação o respeito e a promoção

da dignidade da pessoa humana, bem como a meta da erradicação da pobreza e da miséria e a

mitigação das desigualdades.

Constituição Federal art. 23, X:

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: [...] X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

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A LOAS estabeleceu como diretriz para a organização da assistência social a

“primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em

cada esfera de governo” (art. 5º, III, LOAS).

O modo como deve se dar a realização das políticas pelo Estado é, via de regra,

descentralizado, pressupondo a integração e coordenação entre os entes federativos. Assim

determinou a Constituição Federal em seu art. 204, I, ao colocar como diretriz das ações

governamentais na área socioassistencial a “descentralização político-administrativa, cabendo

a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos

respectivos programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes e

de assistência social”.

Em sentido semelhante dispôs o art. 5º, I, da LOAS: “a organização da assistência

social tem como base as seguintes diretrizes: (...) descentralização político-administrativa

para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada

esfera de governo”.

No que tange às competências específicas dos estados-membros e dos municípios em

relação à execução de políticas de assistência social, dispõe a LOAS:

Art. 13. Compete aos Estados: I - destinar recursos financeiros aos Municípios, a título de participação no custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Estaduais de Assistência Social; II – cofinanciar, por meio de transferência automática, o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito regional ou local; III - atender, em conjunto com os Municípios, às ações assistenciais de caráter de emergência; IV - estimular e apoiar técnica e financeiramente as associações e consórcios municipais na prestação de serviços de assistência social; V - prestar os serviços assistenciais cujos custos ou ausência de demanda municipal justifiquem uma rede regional de serviços, desconcentrada, no âmbito do respectivo Estado. VI - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social e assessorar os Municípios para seu desenvolvimento. Art. 15. Compete aos Municípios: I - destinar recursos financeiros para custeio do pagamento dos benefícios eventuais de que trata o art. 22, mediante critérios estabelecidos pelos Conselhos Municipais de Assistência Social; (...) III - executar os projetos de enfrentamento da pobreza, incluindo a parceria com organizações da sociedade civil; IV - atender às ações assistenciais de caráter de emergência; V - prestar os serviços assistenciais de que trata o art. 23 desta lei.

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VI - cofinanciar o aprimoramento da gestão, os serviços, os programas e os projetos de assistência social em âmbito local; VII - realizar o monitoramento e a avaliação da política de assistência social em seu âmbito. (sem grifos no original)

Nota-se que a competências dos estados-membros é de apoio, subvenção,

financiamento ou cofinanciamento e suplementar ou subsidiária, enfim, não é, em regra,

de execução direta. Será de execução direta em apenas duas hipóteses: atendimento

emergencial, mesmo assim será em conjunto com o município (inciso III); e quando os custos

ou a ausência de demanda municipal justificar a prestação dos serviços regionalmente (inciso

V).

Ao Município, por outro lado, verifica-se a competência de execução direta dos

serviços (incisos III, IV e V), além da obrigação de financiamento do sistema (incisos I e VI).

Além disso, o art. 8º da LOAS impõe à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos

Municípios, a fixação de suas respectivas Políticas de Assistência Social. Em Minas Gerais,

sobre a política de assistência social, foi editada a Lei Estadual n.º 12.262/1996.

A lei mineira determina, em seu art. 6º-A, que a política de assistência social estadual

compreende tanto serviços de proteção social básica (que visam “à prevenção de situações

de vulnerabilidade e risco social, por meio de aquisições e do desenvolvimento de

potencialidades e do fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários”) quanto serviços

de proteção social especial, de média e alta complexidade (que visam “à reconstrução de

vínculos familiares e comunitários, à defesa de direitos, ao fortalecimento das

potencialidades e à proteção das famílias e dos indivíduos para o enfrentamento de situações

de violação de direitos”).

Em seu parágrafo 3º, o artigo determina, ainda, que “os serviços que compõem as

proteções sociais básica e especial seguem tipificação nacionalmente definida”.

Tal tipificação se encontra na Resolução nº 109 de 11 de novembro de 2009 do

Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), que tratou, como é sabido, da tipificação

nacional dos serviços socioassistenciais.

Há previsão expressa de serviços aplicáveis às pessoas em situação de rua.

São eles:

a) Serviço especializado em abordagem social6;

6 “Serviço ofertado de forma continuada e programada com a finalidade de assegurar trabalho social de abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil, exploração sexual de

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b) Serviço especializado para pessoas em situação de rua7;

c) Serviço de acolhimento institucional8;

d) Serviço de acolhimento em república9.

Destes, os dois primeiros se encontram no grupo de Serviços de Proteção Social

Especial de Média Complexidade (art. 1º, II, da resolução, alíneas “b” e “e” respectivamente).

Os dois últimos estão no grupo de Serviços de Proteção Social Especial de Alta

Complexidade (art. 1º, III, da resolução, alíneas “a” e “b” respectivamente). crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras. Deverão ser consideradas praças, entroncamento de estradas, fronteiras, espaços públicos onde se realizam atividades laborais, locais de intensa circulação de pessoas e existência de comércio, terminais de ônibus, trens, metrô e outros./O Serviço deve buscar a resolução de necessidades imediatas e promover a inserção na rede de serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas na perspectiva da garantia dos direitos.” (anexo da Resolução nº 109/2009 do CNAS) 7 “Serviço ofertado para pessoas que utilizam as ruas como espaço de moradia e/ou sobrevivência. Tem a finalidade de assegurar atendimento e atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos interpessoais e/ou familiares que oportunizem a construção de novos projetos de vida/Oferece trabalho técnico para a análise das demandas dos usuários, orientação individual e grupal e encaminhamentos a outros serviços socioassistenciais e das demais políticas públicas que possam contribuir na construção da autonomia, da inserção social e da proteção às situações de violência/Deve promover o acesso a espaços de guarda de pertences, de higiene pessoal, de alimentação e provisão de documentação civil. Proporciona endereço institucional para utilização, como referência, do usuário/Nesse serviço deve-se realizar a alimentação de sistema de registro dos dados de pessoas em situação de rua, permitindo a localização da/pela família, parentes e pessoas de referência, assim como um melhor acompanhamento do trabalho social.” (idem) 8 “Acolhimento em diferentes tipos de equipamentos, destinado a famílias e/ou indivíduos com vínculos familiares rompidos ou fragilizados, a fim de garantir proteção integral. A organização do serviço deverá garantir privacidade, o respeito aos costumes, às tradições e à diversidade de: ciclos de vida, arranjos familiares, raça/etnia, religião, gênero e orientação sexual./O atendimento prestado deve ser personalizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitário, bem como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local. As regras de gestão e de convivência deverão ser construídas de forma participativa e coletiva, a fim de assegurar a autonomia dos usuários, conforme perfis./Deve funcionar em unidade inserida na comunidade com características residenciais, ambiente acolhedor e estrutura física adequada, visando o desenvolvimento de relações mais próximas do ambiente familiar. As edificações devem ser organizadas de forma a atender aos requisitos previstos nos regulamentos existentes e às necessidades dos(as) usuários(as), oferecendo condições de habitabilidade, higiene, salubridade, segurança, acessibilidade e privacidade.” (idem) 9 “Serviço que oferece proteção, apoio e moradia subsidiada a grupos de pessoas maiores de 18 anos em estado de abandono, situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social, com vínculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados e sem condições de moradia e auto-sustentação. O atendimento deve apoiar a construção e o fortalecimento de vínculos comunitários, a integração e participação social e o desenvolvimento da autonomia das pessoas atendidas. O serviço deve ser desenvolvido em sistema de autogestão ou co-gestão, possibilitando gradual autonomia e independência de seus moradores. Deve contar com equipe técnica de referência para contribuir com a gestão coletiva da moradia (administração financeira e funcionamento) e para acompanhamento psicossocial dos usuários e encaminhamento para outros serviços, programas e benefícios da rede socioassistencial e das demais políticas públicas./Sempre que possível, a definição dos moradores da república ocorrerá de forma participativa entre estes e a equipe técnica, de modo que, na composição dos grupos, sejam respeitados afinidades e vínculos previamente construídos. Assim como nos demais equipamentos da rede socioassistencial, as edificações utilizadas no serviço de república deverão respeitar as normas de acessibilidade, de maneira a possibilitar a inclusão de pessoas com deficiência./De acordo com a demanda local, devem ser desenvolvidos serviços de acolhimento em república para diferentes segmentos, os quais devem ser adaptados às demandas e necessidades específicas do público a que se destina.” (idem)

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d) A necessidade de articulação entre diferentes órgãos e entidades na

elaboração e execução das políticas voltadas para as pessoas em situação de rua

Para tentar interferir positivamente na questão das pessoas em situação de rua e

reverter seu quadro de vulnerabilidade, em 2009, o Executivo Federal lançou o Decreto 7.053,

instituindo a Política Nacional para a População em Situação de Rua, e, em 2013, o legislativo

do estado de Minas Gerais aprovou a lei 20.846, que, por sua vez, instituiu a Política Estadual

para a População em Situação de Rua.

Embora as políticas (nacional e estadual) voltadas para as pessoas em situação de rua

não estejam previstas expressamente na Constituição Federal, é manifesta sua relevância para

a concretização de direitos fundamentais constitucionais, uma vez que se dedicam a prover os

mínimos existenciais da pessoa em situação de rua.

O fundamento disso está na responsabilidade de o Estado prover segurança pública

(art. 144), saúde (art. 196), educação (art. 205), habitação (arts. 182 e 23, IX), proteção à

família (art. 226) e assistência social (arts. 194 e 203), o que só ocorre por meio da realização

de políticas públicas, o que inclui a necessidade de política especial para as pessoas em

situação de rua.

O Decreto Federal 7.053/2009 estabelece, em seu art. 1º, conceito jurídico de

população em situação de rua (posteriormente adotado, também, pela lei estadual 20.846 de

Minas Gerais, em seu art. 2º):

Art. 1o Fica instituída a Política Nacional para a População em Situação de Rua, a ser implementada de acordo com os princípios, diretrizes e objetivos previstos neste Decreto. Parágrafo único. Para fins deste Decreto, considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória. (não há grifos no original)

Este conceito, por si só, traz como elementos da “situação de rua” a pobreza extrema,

os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional

regular. Esta pluralidade de características, que correspondem a problemas-alvo de políticas

públicas, não deve ser tratada por apenas uma entidade pública ou privada, uma vez que as

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12 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

temáticas envolvidas são variadas e dependem de uma intervenção integrada e

multidisciplinar.

Diversas são as disposições normativas neste sentido. A própria Política Nacional

para a População em Situação de Rua, segundo consta do art. 6º do Decreto 7.053, tem como

diretrizes:

(...) III - articulação das políticas públicas federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal; IV - integração das políticas públicas em cada nível de governo; V - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução; VI - participação da sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e organizações da população em situação de rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas; VII - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação nas diversas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas; (...)

Todos estes incisos, nota-se, incentivam a ação integrada e construção de

encaminhamentos coletivos e participativos para a abordagem do fenômeno. Da mesma

forma, o art. 2º do decreto:

Art. 2o A Política Nacional para a População em Situação de Rua será implementada de forma descentralizada e articulada entre a União e os demais entes federativos que a ela aderirem por meio de instrumento próprio. Parágrafo único. O instrumento de adesão definirá as atribuições e as responsabilidades a serem compartilhadas.

Na lei estadual que regulamenta a Política Estadual para a População em Situação de

Rua (Lei 20.846/2013), algo semelhante consta de seu art. 4º:

(...) III - articulação das políticas públicas federais, estaduais e municipais; IV - integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para a execução da Política Estadual para a População em Situação de Rua; V - participação da sociedade civil na elaboração, no acompanhamento e no monitoramento das políticas públicas; VI - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação nas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas; (...)

No art. 6º da lei mineira:

Art. 6º A Política Estadual para a População em Situação de Rua será implementada de forma descentralizada e articulada com os Municípios e com as entidades da sociedade civil que a ela aderirem. Parágrafo único. Os Municípios que aderirem à Política Estadual para a População em Situação de Rua instituirão comitês gestores intersetoriais integrados por representantes das áreas relacionadas ao atendimento da população em situação de rua.

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13 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

As legislações específicas referentes à assistência social, especialmente no âmbito do

estado de Minas Gerais, trazem previsões que permitem concluir pela obrigatoriedade

específica destes entes federativos ao provimento socioassistencial à população em situação de

rua.

e) Prioridades e metas municipais para o período de 2014 a 201710

A Comissão de Intergestores Tripartite (CIT) definiu em sua 124ª (centésima

vigésima quarta) reunião as prioridades e metas para as gestões municipais. Isso ocorreu no

âmbito do “Pacto de Aprimoramento do SUAS” para o quadriênio 2014/2017 (NOB-

SUAS/2012, art. 23).

O “Pacto de Aprimoramento do SUAS”, conforme consta do art. 23 da NOB-

SUAS/2012, é o instrumento pelo qual se materializam as metas e prioridades no âmbito do

SUAS, e se constitui em mecanismo de indução de aprimoramento da gestão, dos serviços,

programa, projetos e benefícios socioassistenciais. A periodicidade de elaboração do Pacto

será quadrienal, com o acompanhamento e a revisão anual das prioridades e metas

estabelecidas (art. 23, § 1º). E a União e os Estados acompanharão a realização das

prioridades e das metas contidas no Pacto (art. 23, § 7º).

A primeira pactuação das prioridades e metas para os Estados e o Distrito Federal

ocorrerá em 2015, com vigência para o quadriênio de 2016/2019; para os Municípios ocorreu

no exercício de 2013, com vigência para o quadriênio de 2014/2017 (art. 23, § 8º, NOB-

SUAS/2012).

No dia 3 de julho, em Brasília, aconteceu a reunião com a diretoria do Colegiado de

Gestores Municipais da Assistência Social (CONGEMAS) e os presidentes dos Colegiados

Estaduais de Gestores Municipais de Assistência Social (COEGEMAS) com o objetivo de

formalizar o citado pacto de aprimoramento, bem como a apresentação das metas e

prioridades para a gestão municipal do SUAS para o quadriênio 2014-2017.

Sobre o programa de assistência social em geral, as metas e prioridades foram:

10 Disponível em: <file:///C:/Users/x34742692/Downloads/infoSUAS-11072013.htm>. Acesso em: 19 fev. 2014.

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14 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

No que tange às metas e prioridades sobre o tema das pessoas em situação de rua, o

resultado foi o seguinte:

A importância desse documento para a atuação do Ministério Público reside em sua

capacidade persuasiva na argumentação da obrigatoriedade pelo Município de implementar os

equipamentos previstos na legislação assistencial.

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15 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

Trata-se de acordo firmado pelos representantes dos Municípios atuantes no tema da

assistência social; ou seja, são os gestores da assistência social de cada Município reunidos

em encontro estadual que acordam sobre as metas e prioridades e que, posteriormente, são

representados no encontro nacional.

Vimos que a efetivação da prestação dos serviços de assistência social é uma

imposição constitucional ao administrador. Soma-se a isso, agora, a manifestação espontânea

dos gestores da assistência social em implementar os serviços. Ou seja, não há mais espaço

para protelar a omissão do poder público sobre o tema. A viabilização da rede social de

proteção é imperiosa.

f) Atuação do Ministério Público

O Ministério Público, órgão essencial na defesa dos interesses da sociedade

expressos no ordenamento jurídico brasileiro, é parte importante na promoção dos direitos das

pessoas em situação de rua. Isto porque, se a República Federativa do Brasil é fundamentada

na dignidade da pessoa humana e tem como objetivo a erradicação da pobreza, qualquer

situação que se afaste destes princípios não pode se perpetuar, exigindo ação efetiva por parte,

também, do Ministério Público.

Segundo o art. 129 da Constituição Federal:

São funções institucionais do Ministério Público: (...) II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; (...)

A situação de rua é permeada, como já foi exposto, pela pobreza e pelo não-acesso a

diversos direitos garantidos constitucionalmente. Para enfrentar esta situação, portanto, é

importante a atuação incisiva e efetiva do Ministério Público, por força da função atribuída a

ele pelo supracitado inciso II. Cabe ao membro do Parquet, portanto, tomar “as medidas

necessárias” à garantia dos direitos das pessoas que nela se encontram.

Tais medidas não devem ser restritas ao âmbito interno do órgão, nem à via judicial.

Conforme previamente salientado, no que tange às políticas voltadas ao atendimento e à

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garantia de acesso a direitos das pessoas em situação de rua, é imprescindível que haja uma

abordagem ampla, interdisciplinar, capaz de agregar atores diferentes, a fim de que se atinja

uma efetividade maior no tratamento de uma questão tão complexa.

A defesa da democracia, a garantia da prevalência do Estado Democrático de Direito,

a efetivação da justiça social, enfim, não se restringem ao locus do Poder Judiciário. Esses

valores podem – e devem – ser tratados e efetivados em qualquer momento e fazer parte de

todas as formas de atuação do Ministério Público, inclusive e preponderantemente, fora – ou

antes – de movimentar o Poder Judiciário. A máquina judiciária não deve ser tratada como

lugar exclusivo para efetivação dos direitos fundamentais. É sabido que o Ministério Público,

com a Constituição Cidadã de 1988, possui legitimidade – jurídica e social – para fomentar e

implementar esses direitos diretamente com a sociedade, sem a necessidade de intermediação

do Poder Judiciário.

Em suma, o Ministério Público pode – até mesmo deve – atuar como agente

transformador da realidade social, inclusive articulando entidades, órgãos e pessoas

interessadas na promoção de direitos das pessoas em situação de rua.

Com isto não se quer, no entanto, dizer que o órgão não deve tomar medidas

judiciais. Nos termos do inciso III do artigo 129 da Constituição Federal, cabe também ao

Ministério Público promover o inquérito civil e a ação civil pública na defesa dos direitos da

população em situação de rua (entendidos estes enquanto direitos coletivos das pessoas que a

integram). O que se pretende demonstrar é a importância de não se restringir a estes

instrumentos, haja vista que podem, muitas vezes, não ser aptos a uma resposta adequada ao

fenômeno. Por se tratar de uma questão delicada e multifacetada, a vulnerabilidade a que se

sujeitam as pessoas em situação de rua demanda um trabalho de acompanhamento cuidadoso

e contínuo.

IV. CONCLUSÃO

As pessoas em situação de rua devem ser consideradas titulares de direitos (e de

deveres) perante o Estado, de modo que a realização de políticas públicas voltadas ao

atendimento de suas necessidades não é mera liberalidade, nem obra de caridade.

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17 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

Por força do que dispõe a Constituição Federal, que estabelece a noção de “mínimo

existencial”, esta constituída por um conjunto de direitos sociais básicos a serem assegurados

a qualquer pessoa, as políticas voltadas a promoção destes direitos são de caráter obrigatório,

sendo vedado ao Estado se furtar de sua obrigação, mesmo diante da alegação da “reserva do

possível”.

Neste sentido, consta da ementa do já mencionado julgado de relatoria do Min. Celso

de Mello (ARE 639.337 AgR/SP):

- A cláusula da reserva do possível – que não pode ser invocada, pelo Poder Público, com o propósito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar a implementação de políticas públicas definidas na própria Constituição - encontra insuperável limitação na garantia constitucional do mínimo existencial, que representa, no contexto de nosso ordenamento positivo, emanação direta do postulado da essencial dignidade da pessoa humana. Doutrina. Precedentes.

Nem mesmo o argumento da impossibilidade da interferência do Poder Judiciário

nos atos administrativos do Executivo pode ser evocado. Nosso Superior Tribunal de Justiça

estabeleceu a lição sobre o assunto no REsp 1.041.197/MS (2ª turma, julgado em 25/08/2009,

DJe 16/09/2009) de relatoria do Ministro Humberto Martins:

4. Seria uma distorção pensar que o princípio da separação dos poderes, originalmente concebido com o escopo de garantia dos direitos fundamentais, pudesse ser utilizado justamente como óbice à realização dos direitos sociais, igualmente fundamentais. [...]

Também no Supremo Tribunal Federal, em leading case sobre o tema, firmou

entendimento de que não é lícita a oponibilidade da discricionariedade estatal no que tange à

efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. É o que ficou determinado na decisão

monocrática da lavra do Ministro Celso de Mello na Arguição de Preceito Fundamental n. 45:

É que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazoável ou procederem com a clara intenção de neutralizar, comprometendo-a, a eficácia dos direitos sociais, econômicos e culturais, afetando, como decorrência causal de uma injustificável inércia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele núcleo intangível consubstanciador de um conjunto irredutível de condições mínimas necessárias a uma existência digna e essenciais à própria sobrevivência do indivíduo, aí, então, justificar-se-á, como precedentemente já enfatizado - e até mesmo por razões fundadas em um imperativo ético-jurídico -, a possibilidade de intervenção do Poder Judiciário, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruição lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado. (sem grifos no original) (ADPF 45/DF: Políticas Públicas - Intervenção Judicial - "Reserva do Possível". Transcrições. Informativo 345, Brasília, 26 a 30 de abril de 2004)

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18 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

Sendo o Ministério Público órgão importante na fiscalização e na promoção dos

interesses sociais expressos no ordenamento jurídico brasileiro, o órgão assume papel

essencial na defesa dos interesses e dos direitos e garantias essenciais da população em

situação de rua, uma vez que na República Brasileira não se pode admitir o desrespeito à

dignidade da pessoa humana, sendo obrigação do Estado perseguir a erradicação da pobreza e

das desigualdades.

Para buscar um exercício efetivo de suas funções institucionais, no que diz respeito

ao tratamento da questão da situação de rua, é interessante ao Ministério Público que se

articule, sempre que possível, com outras instituições e entidades, públicas ou privadas. A

importância desta articulação deriva do fato de que os problemas pelos quais passam as

pessoas em situação de rua são muitos, variados e complexos, conforme demonstrado na

seção dos fatos (acima). Tal complexidade não está restrita ao âmbito jurídico, nem ao âmbito

de atuação do Ministério Público, sendo importante que haja uma ampla mobilização entorno

da temática.

Tal necessidade de conjunção de esforços, no entanto, não pode engessar a atuação

ministerial, que deve se valer, sempre que for necessário, de outros meios aptos a determinar a

realização de políticas voltadas à população em situação de rua.

V. DIRETRIZES

A fim de interferir positivamente na questão da situação de rua, de modo a promover

e assegurar os direitos de que são titulares as pessoas em situação de rua, caberá ao Ministério

Público tomar todas as medidas cabíveis, sendo elas tanto as de caráter resolutivo ou até

mesmo de caráter demandista.

1. Procedimento para Instauração, Promoção e Implementação de Projetos

Sociais (PROPS).

No âmbito resolutivo, ressalvada a independência funcional dos membros do

Ministério Público, sugere-se que o órgão adote, quando possível, o Procedimento para

Instauração, Promoção e Implementação de Projetos Sociais (PROPS).

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19 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

A normativa referente ao PROPS se encontra na Resolução Conjunta PGJ CGMP nº

2/2013, da qual merece destaque o artigo 1º:

Art. 1º O Projeto Social objetiva, por meio de um conjunto integrado de atividades e da articulação interinstitucional, transformar uma parcela da realidade, reduzindo, eliminando ou solucionando um problema e/ou promovendo a tutela dos direitos ou interesses tuteláveis pelo Ministério Público, nos termos da Constituição da República Federativa do Brasil e da legislação aplicável. Parágrafo único. O membro do Ministério Público poderá atuar como coordenador do Projeto Social ou parceiro de instituição pública ou privada sem fins lucrativos e que tenha entre seus objetivos estatutários a promoção de direitos ou interesses difusos, coletivos, individuais homogêneos e individuais indisponíveis.

Como é possível concluir a partir da leitura, tal procedimento é meio apto à

promoção dos direitos das pessoas em situação de rua, dentro da proposta de que o tratamento

da questão deve se dar de maneira multidisciplinar e interinstitucional, sem que se proceda,

necessariamente, a sua judicialização.

Sendo assim, para acompanhar e informar a implementação do PROPS, são

sugeridos os seguintes passos:

1. Levantamento dos potenciais parceiros para apoio à população em situação de rua;

2. Reunião com os parceiros;

3. Instauração de um projeto envolvendo os parceiros (inclusive a Prefeitura), a ser

monitorado pelo promotor, por meio do PROPS, em conformidade com o disposto pela

Resolução Conjunta PGJ nº 03/2011, via SRU (Sistema de Registro Único);

4. Inclusão de matriz de responsabilidades no PROPS com as atividades a serem exercidas

por cada parceiro. Sugerem-se as seguintes atividades:

a. Audiência Pública com a comunidade;

b. Criação de um Fórum Municipal de População em Situação de Rua;

c. Criação de um Comitê Interinstitucional de Acompanhamento e Monitoramento das

Políticas Públicas sobre População em Situação de Rua;

d. Viabilização progressiva, com a prefeitura e com os parceiros, das seguintes ações:

i. Censo da população em situação de rua e inclusão dos moradores no Cadastro

Único dos Programas Sociais do Governo Federal;

ii. Treinamento da Polícia Militar e Guarda Municipal, no Município, para interação

socialmente responsável com as pessoas em situação de rua;

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iii. Criação de um serviço específico de abordagem de rua, para interação socialmente

responsável com as pessoas em situação de rua;

iv. Criação e manutenção de abrigos, repúblicas e/ou albergues para acolhimento da

população em situação de rua;

v. Criação e manutenção de um centro de passagem para acolhimento e

encaminhamento de crianças e jovens que moram nas ruas;

vi. Criação e manutenção de um centro de referência para atendimento e assistência

social à população em situação de rua, se possível com plantões de atendimento, ou

estabelecimento de Centro de Referência de Assistência Social que cumpra esta

função;

vii. Criação de refeitórios populares, com gratuidade para as pessoas em situação de

rua;

viii. Concessão de bolsa-moradia;

ix. Outras ações e projetos que busquem reinserção familiar, segurança alimentar e

geração de renda para a população em situação de rua.

Dentro do âmbito do PROPS, consta do §2º do artigo 4º Resolução Conjunta PGJ

CGMP nº 2/2013:

§2º Se, no curso do Projeto Social, fatos indicarem necessidade de investigação de objeto específico violador de direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos, o membro do Ministério Público deverá instaurar procedimento preparatório para a escorreita apuração ou determinar a extração de peças para instauração de inquérito civil ou procedimento investigatório criminal, respeitadas as normas incidentes quanto à divisão de atribuições.

Tal artigo, como se depreende de sua leitura, resguarda a possibilidade de o membro

do Ministério Público se valer de atitudes de caráter demandista, recorrendo aos meios

tradicionais de intervenção quando isto for necessário.

Nesse sentido, apesar de o PROPS ser um importante instrumento passível de

utilização nas ações que visem à garantia dos direitos das pessoas em situação de rua, ele só

deve ser utilizado quando as circunstâncias fáticas interinstitucionais o permitirem. Pois, as

ações que vierem a ser apresentados no âmbito do PROPS podem não ser convenientes, isso

em função de situações fáticas peculiares que impeçam a colaboração entre os parceiros.

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Nestes termos, o artigo 8º da Resolução Conjunta PGJ CGMP nº 2/2013, “caberá ao

Promotor de Justiça, em decisão fundamentada, decidir acerca da conveniência da

implementação dos projetos que lhe forem apresentados”.

2. Procedimentos de caráter demandista

Caso não seja conveniente o estabelecimento de parcerias com outras instituições em

função de haver situação de fato que as impeça, o membro do Ministério Público poderá

valer-se dos meios judiciais e extrajudiciais tradicionais de intervenção no fenômeno das

pessoas em situação de rua. Neste caso recomendam-se as seguintes medidas:

2.1. Inquérito Civil

Visa apurar conduta do(s) administrador(es) público(s) municipal(is) e/ou estadual

violadora dos interesses das pessoas em situação de rua, consistente na falta de

implementação dos serviços e/ou seu fornecimento em desacordo com as normas

regulamentares.

De acordo com a Resolução nº 109 de 2009 do Conselho Nacional de Assistência

Social (CNAS), os serviços a serem prestados, no que tange ao tema das pessoas em situação

de rua, são:

- Cadastro no CadÚnico;

- Serviço de Acolhimento Institucional para População de Rua;

- Serviço de Acolhimento em República;

- Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua;

- Serviço Especializado em Abordagem Social;

- Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos;

Importante observar que a investigação pode partir de duas situações fáticas distintas:

(a) a inexistência absoluta de quaisquer dos equipamentos descritos acima; ou (b) a existência

de um, mais de um ou de todos os equipamentos, porém, em não conformidade ou

inadequação com as regras técnicas regulamentares (NOB/SUAS e NOB-RH/SUAS e demais

resoluções específicas).

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Sendo assim, para a apuração da existência desses serviços são sugeridos os

seguintes passos:

1) Instauração do Inquérito Civil por meio de portaria;

2) Expedição de ofícios comunicando a instauração do inquérito civil ao: Prefeito Municipal,

ao Secretário Municipal de Assistência Social [ou órgão equivalente com atribuição para o

tema da assistência social no Município] e ao Presidente do Conselho Municipal de

Assistência Social (CMAS).

3) Requisição ao Presidente do CMAS e ao Secretário Municipal de Assistência Social [ou

órgão equivalente com atribuição para o tema da assistência social no Município] para o

fornecimento dos seguintes documentos:

a) Diagnóstico Socioterritorial do Município; 11

b) Plano Municipal de Assistência Social (LOAS, art. 30, III); 12

c) Instrumento de adesão do Município à Política Estadual para as Pessoas em Situação

de Rua (art. 6º da Lei Estadual 20.846 de 06.08.2013, que dispõe sobre a Política

Estadual para a População em Situação de Rua);

d) Instrumento de adesão do Município à Política Nacional para as Pessoas em Situação

de Rua (art. 2º do Decreto Federal 7.053 de 23.12.2009, que dispões sobre a Política

Nacional para a População em Situação de Rua);

e) Informações acerca da existência e regularidade dos serviços socioassitênciais

oferecidos às pessoas em situação e rua;

4) Com a finalidade de discutir em reunião e firmar Termo de Ajustamento de Conduta para

a solução da questão da implementação dos serviços assistenciais às pessoas em situação

de rua, indica-se a expedição de ofício convidando:

a) o Prefeito Municipal;

11 Tem o objetivo de apresentar um conjunto básico de indicadores acerca de características demográficas, econômicas e sociais do Município. Visa conhecer as tendências de crescimento da população, a base produtiva e mercado de trabalho, os desafios e avanços quanto à questão da pobreza, educação e saúde e é etapa fundamental para elaboração de um diagnóstico situacional que sirva de aporte à atuação da Assistência Social. No sítio eletrônico do Ministério do Desenvolvimento podem ser baixados todos os diagnósticos municipais por meio de busca simples, no seguinte endereço: <http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/index.php>. 12 Trata-se de instrumento obrigatório para os municípios que aderiram à gestão pública do SUAS. O PMAS é um instrumento feito pelo Conselho Municipal de Assistência Social com o objetivo de planejar as ações, metas e prioridades para determinado período de tempo (geralmente de 4 em 4 anos). A feitura do PMAS é condição necessária para o repasse de verbas federais (LOAS, art.30,III).

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b) o Secretário Municipal de Assistência Social [ou órgão equivalente com atribuição

para o tema da assistência social];

c) o Presidente do Conselho Municipal de Assistência Social;

d) o Presidente do Comitê Gestor Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da

Política Estadual para a População em Situação de Rua, onde houver;

2.2. Ação Civil Pública

Em caso de não aceitação para firmação do Termo de Ajustamento de Conduta ou o

seu não cumprimento, o Promotor de Justiça poderá ingressar com a Ação Civil Pública com

as seguintes diretrizes:

1) Competência: comarca do Município local, observando-se, onde houver, o juízo

especializado;

2) Legitimidade: trata-se de controvérsia com nítido caráter difuso, em que os titulares são

indetermináveis em razão da impossibilidade de estabelecer ex ante as pessoas

utilizadoras dos serviços assistenciais; objeto indivisível, uma vez ser impossível

determinar a porção de direito de cada um das pessoas atingíveis; por fim, o que une essas

pessoas é uma situação de fato, qual seja: a condição de morar na rua, ainda que exista um

liame jurídico entre essas pessoas e o poder público consistente no dever jurídico de

efetivar esses direitos.

3) Fundamentos Jurídicos: perpassam pela indicação do dever do Estado brasileiro em

erradicar a pobreza em nome do conteúdo jurídico da primazia da dignidade da pessoa

humana disposta em nossa Constituição Federal. Igualmente, a Carta da República

determina a prestação da assistência social a todos aqueles que dela necessitar, donde

podemos concluir a necessidade e dever do poder público em promover e garantir o

conteúdo de direitos abrangidos pela noção de mínimo existencial. Em complemento, é

preciso reforçar a impossibilidade de evocar a tese da reserva do possível e da ilegalidade

da interferência judiciária nas políticas públicas, uma vez que não existe conveniência do

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Assessoria Especial do Procurador-Geral de Justiça com atuação junto à Procuradoria-Geral de Justiça Adjunta Institucional

Rua Dias Adorno, 367 – 7º Andar – Santo Agostinho – CEP 30190-100 – Belo Horizonte /MG

Fone: (31) 3330-9551 – e-mail: [email protected]

24 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

administrador na necessidade de fornecer os direitos mais básicos das pessoas, bem como

não pode o princípio da separação de poderes servir de impedimento para a realização de

outros direitos de mais valor para a sociedade: os direitos fundamentais. Por fim, para a

implantação concreta desses direitos foram criados diversos atos legislativos: Lei

Orgânica da Assistência Social (Lei federal 8.742/19963), Política Nacional para a

População em Situação de Rua (Decreto Federal 7.053/2009), Política Estadual para a

População em Situação de Rua (Lei Estadual 20.846/2013), Lei da Politica estadual de

Assistência Social (Lei Estadual 12.262/1996) e Tipificação Nacional de serviços

Socioassistenciais (Resolução 109 do CNAS);

4) Fatos: consiste na descrição da inexistência dos serviços exigidos ou na existência em não

conformidade com as normas regulamentares, bem como na descrição dos problemas

enfrentados pelas pessoas em situação de rua com todas as peculiaridades da realidade

local;

5) Pedido:

a) Condenação em obrigação de fazer consistente na implementação dos serviços de

Acolhimento Institucional para População de Rua, Acolhimento em República,

Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, Serviço Especializado em

Abordagem Social e/ou o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a

Famílias e Indivíduos;

b) Condenação em obrigação de fazer consistente no reordenamento dos serviços de

Acolhimento Institucional para População de Rua, Acolhimento em República,

Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, Serviço Especializado em

Abordagem Social e/ou o Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a

Famílias e Indivíduos;

2.3. Requisição para instauração de Inquérito Policial.

Além das posturas na esfera cível, se o Promotor de Justiça, diante das investigações

procedidas durante o Inquérito Civil, verificar a ocorrência de eventuais crimes cometidos

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Rua Dias Adorno, 367 – 7º Andar – Santo Agostinho – CEP 30190-100 – Belo Horizonte /MG

Fone: (31) 3330-9551 – e-mail: [email protected]

25 FPRS Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade Resolução PGJMG nº 71/2012

contra as pessoas em situação de rua poderá, a depender do caso, iniciar o processo penal por

meio de denúncia ou enviar as informações ao Promotor natural, bem como, poderá requisitar

a instauração do inquérito policial ao Delegado de Polícia com atribuições para o caso (art. 5º,

II do Código de Processo Penal), devendo o membro do Ministério Público acompanhar as

diligências e/ou requerê-las quando for necessário.

Belo Horizonte, 21 de março de 2014.

Carlos Eduardo Ferreira Pinto

CAOMA - Defesa do Meio Ambiente, do Patrimônio Histórico e Cultural e da Habitação

e Urbanismo

Nívia Mônica da Silva CAODH - Defesa dos Direitos Humanos e

de Apoio Comunitário

Marta Alves Larcher CEPJHU - Coordenadoria Estadual das Promotorias de Justiça de Habitação e

Urbanismo

Paulo César Vicente de Lima CIMOS - Coordenadoria de Inclusão e

Mobilização Sociais

PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA ADJUNTO INSTITUCIONAL

Aprovada na 8ª Reunião Ordinária do FPRS, em 13/05/2014

1. Ciente e de acordo.

2. Providencie-se a divulgação.

Geraldo Flávio Vasques

Procurador-Geral de Justiça Adjunto Institucional Presidente do Fórum Permanente de Resultados para a Sociedade

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Comissão de Defesa dos Direitos FundamentaisMP em Defesa das Pessoas em Situação de Rua

Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais

Imagem: Homeless Street Art , de Michael Aaron Williams