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INTRODUÇÃO Fomos contatados pelo gerente da Fazenda Palmares, Sr. Fabiano Genezini, localizada em Bar- reiras – BA, pertencente ao grupo SLC, que nos relatou a ocorrência de um problema de falha na no- dulação de soja inoculada com inoculantes Rizobacter. Segundo fomos informados, as áreas não apresentaram nodulação satisfatória, assim, pediram a presença do Departamento Técnico da Ri- zobacter para uma avaliação da situação. As áreas em questão são áreas de primeiro ano de cultivo com soja, abertas em maio de 2011 e divididas em lotes numerados de 104 a 108. Foram coletadas amostras de solo e o resultado das análises consta da Tabela 1 para o cálculo da necessidade de calagem e fertilização antes do plantio. A área 104 recebeu a distribuição de 6 toneladas de calcário por hectare em maio, logo após a abertura da área, em condição de baixa umidade, as demais áreas receberam a mesma quanti- dade de calcário em outubro de 2011, com o solo seco. Após a calagem das áreas em outubro as áreas receberam o volume total de chuva de 244 mm em outubro e 282 mm em novembro. Os solos foram fertilizados com 760 kg da formulação 03-28-00, enterrado 50 dias antes do plantio, aproximadamente em 11 de outubro, e complementada no plantio, em 15 de outubro, com 285 kg da mesma formulação 03-28-00 aplicado no sulco, junto com as sementes. O tratamento de sementes foi feito com as seguintes dosagens de Inoculantes: Área 104................: 3,81 doses de RizoPlus + 2,50 doses de Rizoliq Áreas 105 e 106....: 4,49 doses de RizoPlus + 2,21 doses de Rizoliq Áreas 107 e 108....: 3,48 doses de RizoPlus + 2,62 doses de Rizoliq A dose de inoculantes recomendada pela pesquisa, em área de primeiro ano de cultivo da soja, é do dobro da dosagem recomendada para áreas já cultivadas, no caso dos inoculantes Rizobacter, a dosagem para áreas já cultivadas do RizoPlus é de 50 gramas para 50 kg de sementes e para o Rizo- liq, de 100 ml para 50 kg de sementes. Portanto a dosagem para área de primeiro ano seria de 100 gramas de RizoPlus ou 200 ml de Rizoliq para 50 kg de sementes. As sementes foram tratadas em sistema sequencial, com Standak TOP + CoMol, em algumas áreas, e em outras com Standak TOP + Certeza + CoMol, e em seguida aplicadas as misturas de ino- culantes, conforme as dosagens indicadas anteriormente. Foi realizada uma aplicação aérea de inoculantes por pulverização 10 dias após a emergência, utilizando inoculante líquido de outra empresa, metodologia padrão da fazenda. Cerca de 40 dias após o plantio das áreas foi realizada uma avaliação da nodulação das áreas para se certificar dos resultados da inoculação das sementes e obteve-se os valores da tabela ao lado. Engº Agrº Fábio L. Mostasso SUPERVISOR TÉCNICO RELATÓRIO TÉCNICO FEVEREIRO/2012 FEVEREIRO/2012 Nodulação da Soja nas Áreas da SLC Agrícola em Luis Eduardo Magalhães - BA Identificação das Áreas Área (ha) Dias Após Emergência Número de Nódulos 104 549 20 10,11 105 228 25 4,33 106 340 25 Não avaliado 107 345 27 2,98 108 335 27 1,69

Relatório Técnico nº 2 - Nodulação da Soja nas Áreas ... em Luis Eduardo Magalhães - BA

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As áreas em questão são áreas de primeiro ano de cultivo com soja, abertas em maio de 2011 e divididas em lotes numerados de 104 a 108. Foram coletadas amostras de solo e o resultado das análises consta da Tabela 1 para o cálculo da necessidade de calagem e fertilização antes do plantio.

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Page 1: Relatório Técnico nº 2 - Nodulação da Soja nas Áreas ... em Luis Eduardo Magalhães - BA

INTRODUÇÃO Fomos contatados pelo gerente da Fazenda Palmares, Sr. Fabiano Genezini, localizada em Bar-reiras – BA, pertencente ao grupo SLC, que nos relatou a ocorrência de um problema de falha na no-dulação de soja inoculada com inoculantes Rizobacter. Segundo fomos informados, as áreas não apresentaram nodulação satisfatória, assim, pediram a presença do Departamento Técnico da Ri-zobacter para uma avaliação da situação.

As áreas em questão são áreas de primeiro ano de cultivo com soja, abertas em maio de 2011 e divididas em lotes numerados de 104 a 108. Foram coletadas amostras de solo e o resultado das análises consta da Tabela 1 para o cálculo da necessidade de calagem e fertilização antes do plantio.

A área 104 recebeu a distribuição de 6 toneladas de calcário por hectare em maio, logo após a abertura da área, em condição de baixa umidade, as demais áreas receberam a mesma quanti-dade de calcário em outubro de 2011, com o solo seco. Após a calagem das áreas em outubro as áreas receberam o volume total de chuva de 244 mm em outubro e 282 mm em novembro.

Os solos foram fertilizados com 760 kg da formulação 03-28-00, enterrado 50 dias antes do plantio, aproximadamente em 11 de outubro, e complementada no plantio, em 15 de outubro, com 285 kg da mesma formulação 03-28-00 aplicado no sulco, junto com as sementes.

O tratamento de sementes foi feito com as seguintes dosagens de Inoculantes:

Área 104................: 3,81 doses de RizoPlus + 2,50 doses de Rizoliq

Áreas 105 e 106....: 4,49 doses de RizoPlus + 2,21 doses de Rizoliq

Áreas 107 e 108....: 3,48 doses de RizoPlus + 2,62 doses de Rizoliq

A dose de inoculantes recomendada pela pesquisa, em área de primeiro ano de cultivo da soja, é do dobro da dosagem recomendada para áreas já cultivadas, no caso dos inoculantes Rizobacter, a dosagem para áreas já cultivadas do RizoPlus é de 50 gramas para 50 kg de sementes e para o Rizo-liq, de 100 ml para 50 kg de sementes. Portanto a dosagem para área de primeiro ano seria de 100 gramas de RizoPlus ou 200 ml de Rizoliq para 50 kg de sementes.

As sementes foram tratadas em sistema sequencial, com Standak TOP + CoMol, em algumas áreas, e em outras com Standak TOP + Certeza + CoMol, e em seguida aplicadas as misturas de ino-culantes, conforme as dosagens indicadas anteriormente.

Foi realizada uma aplicação aérea de inoculantes por pulverização 10 dias após a emergência, utilizando inoculante líquido de outra empresa, metodologia padrão da fazenda.

Cerca de 40 dias após o plantio das áreas foi realizada uma avaliação da nodulação das áreas para se certificar dos resultados da inoculação das sementes e obteve-se os valores da tabela ao lado.

Engº Agrº Fábio L. Mostasso S U P E R V I S O R T É C N I C O

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O FEVEREIRO/2012FEVEREIRO/2012

Nodulação da Soja nas Áreas da SLC Agrícola em Luis Eduardo Magalhães - BA

Identificação das Áreas

Área (ha)

Dias Após Emergência

Número de Nódulos

104 549 20 10,11

105 228 25 4,33

106 340 25 Não avaliado

107 345 27 2,98

108 335 27 1,69

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As fotos a seguir foram enviadas pelo Eng. Agrônomo Giovani Pizolotto demonstrando a situação das áreas:

Figura 1. Crescimento vegeta vo em área com deficiência de nodulação.

Figura 2. Detalhe do crescimento vegeta vo em área com deficiência de nodulação.

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Figura 3. Detalhe da nodulação das áreas com problemas.

DISCUSSÃO Várias são as possíveis causas para a falha na nodulação da soja, por isso, muitos cuidados

devem ser observados para se obter o melhor resultado possível com a inoculação das sementes, que vão desde a escolha do inoculante e o preparo do solo, até o tratamento das sementes.

Alguns destes fatores fogem do controle humano, como a temperatura e a falta de umidade, mas seus danos são reduzidos quando os demais fatores controláveis são observados e possíveis er-ros minimizados.

O uso de inoculantes de má qualidade, com baixa concentração, formulação pobre e com célu-las enfraquecidas é um dos principais fatores que podem gerar problemas na nodulação da soja. Após a inoculação das sementes as bactérias encontram um ambiente hostil e desprotegido, sem nutrientes para sua manutenção e baixa umidade, o que ocasiona o enfraquecimento das células e, posteriormen-te, sua morte.

Também o transporte e o armazenamento dos inoculantes devem ser feitos com os cuidados recomendados pelo fabricante e pela pesquisa. Alguns fatores como a incidência direta do sol, calor do ambiente, abafamento e umidade relativa do ar muito baixa podem afetar a qualidade dos inoculantes.

A inoculação das sementes é onde podem ocorrer vários problemas que refletirão negativamen-te na nodulação da soja como o uso de metodologias não recomendadas de aplicação dos inoculantes, dentre elas, a aplicação simultânea dos produtos (sopão), uso de equipamentos desregulados ou sem manutenção de limpeza, uso de produtos químicos não compatíveis com os inoculantes, uso de produ-tos sem registro no MAPA e sem testes de eficiência agronômica e compatibilidade.

RELATÓRIO TÉCNICORELATÓRIO TÉCNICO 33

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A Embrapa Soja (2010) recomenda os seguintes cuidados ao adquirir um inoculante:

1. adquirir inoculantes recomendados pela pesquisa e devidamente registrados no MAPA. O úmero de registro deverá estar impresso na embalagem;

2. não adquirir e não usar inoculante com prazo de validade vencido;

3. certificar-se de que o mesmo estava armazenado em condições satisfatórias de temperatura e arejamento;

4. transportar e conservar o inoculante em lugar fresco e bem arejado;

5. certificar-se de que os inoculantes contenham uma ou duas das quatro estirpes recomendadas para o Brasil (SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080);

e na inoculação das sementes:

1. fazer a inoculação à sombra e manter a semente inoculada protegida do sol e do calor excessivo. Evitar o aquecimento, em demasia, do depósito da semente na semeadora, pois alta temperatura reduz o número de bactérias viáveis aderidas à semente;

2. fazer a semeadura logo após a inoculação, especialmente se a semente for tratada com fungici-das e micronutrientes. Para inoculantes acompanhados ou possuidores de protetores específicos, que garantam a viabilidade da bactéria na semente, seguir a orientação do fabricante;

3. para melhor aderência dos inoculantes turfosos, recomenda-se umedecer a semente com 300 ml/50 kg semente de água açucarada a 10% (100 g de açúcar e completar para um litro de água);

4. é imprescindível que a distribuição do inoculante turfoso ou líquido seja uniforme em todas as se-mentes para que tenhamos o benefício da fixação biológica do nitrogênio em todas as plantas.

O preparo do solo também afeta a eficiência dos inoculantes utilizados no tratamento das semen-tes, especialmente a calagem para a correção do pH do solo e a fertilização com adubos contendo ni-trogênio.

A reação do calcário com a umidade do solo, principalmente após as chuvas, gera uma grande liberação de calor, que é prejudicial às bactérias presentes na superfície da semente inoculada, caso após a calagem do solo não ocorra precipitações pluviométricas suficientes para que a reação ocorra em sua totalidade antes do período da semeadura, esta reação somente ocorrerá com as chuvas do período da semeadura em contato com as sementes inoculadas no solo, prejudicando o inoculante e, em alguns casos, também pode prejudicar as sementes, podendo haver falhas na germinação das mesmas.

Outro detalhe é que as bactérias do inoculante são sensíveis à acidez do solo, assim, caso a rea-ção da calagem não ocorra a tempo de se elevar o pH do solo antes da semeadura, o pH baixo prejudi-ca as bactérias, dificultando a infecção das raízes e a formação dos nódulos.

Os solos do cerrado brasileiro são especialmente ricos em Alumínio, que é tóxico às bactérias e às plantas e em solos ácidos a disponibilidade de Alumínio é maior. Um dos objetivos da calagem, além da elevação do pH, é a eliminação do Alumínio disponível.

Assim, os fatores que podem afetar as bactérias inoculadas nas sementes devido a problemas relacionados à calagem são: a liberação de calor pela reação química do calcário com água; à falta de neutralização da acidez do solo e, consequentemente, à presença de Alumínio no solo.

Geralmente estes fatores ocorrem quando a reação de neutralização do pH não ocorreu anterior-mente à semeadura pela falta de umidade. Em áreas de primeiro ano a ocorrência de problemas relaci-onados à calagem é ainda mais intenso devido à presença de alguns compostos da matéria orgânica que reduzem o efeito do calcário sobre o Alumínio e a reação de neutralização do pH do solo.

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A presença de Nitrogênio no solo é extremamente prejudicial à ação dos inoculantes, inibindo a infecção das raízes e impedindo a formação dos nódulos, pois o N do fertilizante é mais facilmente ab-sorvido pela soja porque já está em uma forma mais disponível, enquanto que na fixação biológica do nitrogênio a planta precisa “investir” no fornecimento de energia para a formação e manutenção dos nódulos. (Hungria et al., 2001).

Resultados obtidos em todas as regiões onde a soja é cultivada mostram que a aplicação de fertilizante nitrogenado na semeadura ou em cobertura em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, em sistemas de semeadura direta ou convencional, além de reduzir a nodulação e a eficiência da FBN, não traz nenhum incremento de produtividade para a soja. No entanto, se as fórmulas de adu-bo que contêm nitrogênio forem mais econômicas do que as fórmulas sem nitrogênio, elas poderão ser utilizadas, desde que não sejam aplicados mais do que 20 kg de N/ha (Embrapa Soja, 2010).

Outro fator importante e que pode afetar a nodulação da soja, mas que foge do controle huma-no, é a ocorrência de um período de estiagem após a semeadura, sabemos que após as primeiras chu-vas que ocorrem na época do plantio, vem o período ideal da semeadura, aproveitado por todos os agricultores, pois se espera que outras chuvas venham a ocorrer em seguida, providenciando assim a umidade necessária e suficiente para que as sementes germinem e as plantas emerjam. Esta umidade também é importante para que as células inoculadas nas sementes possam se multiplicar e se espa-lhar por sobre a radícula, iniciando o processo de infecção e a formação dos nódulos nas raízes. Caso ocorra a falta de umidade, as bactérias não conseguirão se multiplicar em quantidade suficiente para que isto ocorra e assim, poderá haver falha na nodulação.

RELATÓRIOS DAS VISITAS 1ª Visita

Sem dúvidas, houve falha na nodulação da soja nas áreas em questão, conforme foi avalia-do e comprovado pelo Supervisor Técnico da Rizobacter do Brasil, o Eng. Agrônomo Fábio Luís Mos-tasso, em visita ao local em 22 de dezembro de 2011, tanto do inoculante proveniente do tratamento das sementes quanto da primeira aplicação por pulverização aérea, feita 10 dias após a emergência das plantas.

Em áreas de primeiro ano, todo e qualquer nódulo presente nas raízes é proveniente da aplica-ção dos inoculantes, sendo que aqueles nódulos provenientes do tratamento de sementes devem se localizar na raiz principal e nas regiões próximas a esta nas raízes secundárias, pois nódulos existentes nas raízes secundárias mais distantes da raiz principal são, provavelmente, provenientes da pulveriza-ção aérea. Isto se deve ao fato de que, nos solos brasileiros, não existem populações nativas de bacté-rias fixadoras de nitrogênio para nodular a soja, portanto, em áreas de primeiro ano, todo e qualquer nódulo é originário de fonte externa, no caso, dos inoculantes.

Apontar qual foi a exata causa do problema encontrado é utópico e somente poderia ser comprovado mediante exaustivos testes laboratoriais que reproduzissem exatamente todos os fatores que influenciaram as bactérias e as plantas, isolando e variando cada fator de maneira a identificar o verdadeiro culpado. Além de dispendioso e demorado, ainda se torna desnecessário devido a estes fatores não se repetirem ano após ano, ou seja, não existem dois anos, duas safras, dois plantios exa-tamente iguais onde este conhecimento obtido venha a ser aproveitado.

No caso em pauta, está claro que a causa da falha na nodulação da soja é devido a uma combinação de fatores intensificada pela ausência de umidade, devido à falta de chuvas, nos dias se-guintes ao plantio. A calagem também pode ter afetado a nodulação da soja, mas também influenciada pela falta de chuva após o plantio.

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A área 104, que apresenta nodulação satisfatória (10 a 11 nódulos), também é área de primeiro ano, recebeu fertilização nitrogenada e possuía pH ácido na primeira análise de solo realizada (Tabela 1), entretanto, a calagem foi realizada em maio, logo após a abertura das áreas, e teve umidade sufici-ente para a germinação e a nodulação da soja, pois recebeu chuva logo após a semeadura.

As áreas 105 a 108, que apresentaram falha na nodulação, só receberam a calagem em outubro de 2011, cerca de 40 dias antes da semeadura, e sofreram falta de chuva e calor intenso por 5 dias após o plantio.

Pode-se facilmente perceber que as diferenças entre estas áreas, além da nodulação da área 104, é o tempo de antecedência de aplicação do calcário no solo antes do plantio, e a ocorrência de chuvas após o plantio.

Dentre os dados obtidos e avaliados podemos concluir que não houve falha na nodulação devido à qualidade dos inoculantes utilizados, tampouco a problemas de armazenamento, transporte, metodo-logia de tratamento de sementes e compatibilidade com os produtos aplicados nas sementes, pois a área 104, que recebeu o mesmo preparo e tratamento das sementes das demais áreas, apresentou nodulação satisfatória e a soja respondendo à fixação do nitrogênio. A qualidade dos inoculantes Ri-zobacter é proveniente de anos de investimento em pesquisas e testes e seus produtos passam por testes de qualidade na própria fábrica, antes de serem enviados aos clientes, e pelo Ministério da Agri-cultura do Brasil quando são importados (conforme Certificado de Análise Fiscal enviado anteriormen-te).

Entretanto, o uso de inoculantes de qualidade, com alta concentração e com bactérias fortaleci-das é suficiente para que um pequeno período de estiagem, em torno de 5 a 7 dias, não afete a nodula-ção. Por experiência, sabemos que os inoculantes Rizobacter, especialmente o Rizoliq, possuem ca-racterísticas que permitiriam às células suportar esta estiagem, mas sabemos que não foi o caso na área que ocorreu o problema de nodulação.

Os dois fatores que diferem entre a área 104 das demais são a antecedência da calagem e a ocorrência de chuvas após o plantio, portanto, podemos inferir que estes dois fatores juntos foram os responsáveis pela falha de nodulação da soja.

Fatores climáticos não podem ser previstos, tampouco controlados, e, neste caso, combinado com um provável atraso na reação do calcário, prejudicaram a ação das bactérias, causando enfraque-cimento e morte das mesmas, associado ainda à presença de nitrogênio mineral no solo, plenamente disponível para as plantas, houve uma rejeição da infecção das raízes pela planta, impedindo a forma-ção de uma quantidade mínima de nódulos.

Se imaginarmos que o calcário continuou a reagir no solo após as chuvas que sinalizaram o início do plantio, então ao semear as sementes inoculadas, estas entraram em contato com a reação da água com o calcário e, provavelmente, ainda com presença do componente Alumínio, que é tóxico às bacté-rias. Portanto, a reação pode ter ocasionado uma pequena elevação da temperatura no solo, pela ener-gia liberada da reação da água com o calcário, e assim, associada aos 5 dias sem chuvas posteriores à semeadura, e a incidência de sol quente, a temperatura no interior do solo pode ter atingido níveis aci-ma dos 50° C, nível este muito acima do tolerado pelas bactérias dos inoculantes.

As alternativas de recuperação da área, na tentativa de minimizar a perda pela falta de nitrogênio na cultura, são:

1. Replantio da Área: é uma alternativa economicamente inviável para grandes áreas, como as que estão em foco, ou caso houvesse uma grande falha de germinação das sementes, o que não é o caso;

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2. Aplicação de Nitrogênio em Cobertura: para suprir a necessidade da cultura, apesar de muito dis-pendiosa e não gerar 100% de resposta, pois boa parte do nitrogênio aplicado se perde no solo e no ar durante as reações químicas para sua liberação, tornando apenas uma pequena percenta-gem do nitrogênio disponível para as plantas, é uma das alternativas viáveis para a recuperação da produtividade da área sem ocasionar grande prejuízo financeiro;

Aplicação de Inoculantes por Pulverização Aérea: esta tecnologia já demonstrou, em um trabalho realizado pela Embrapa Roraima, que a aplicação de 6 doses por hectare pode garantir a nodula-ção necessária para recuperar a cultura e garantir uma produtividade similar àquela que seria ob-tida pelo uso do Nitrogênio mineral.

Quando da visita do Supervisor Técnico da Rizobacter do Brasil, a equipe da Fazenda Palmares já estava fazendo a aplicação aérea de inoculante nas área para tentar suprir a nodulação necessária para que a fixação supra o fornecimento de nitrogênio para a soja, buscando recuperar a área. Caso esta ação não venha a causar efeitos positivos, recomenda-se a aplicação de Nitrogênio Mineral, na forma de uréia, para a obtenção de, no mínimo, 40 sacas por hectare.

Trabalhos realizados pela Embrapa indicam que, para cada 1000 kg de produtividade kg de soja por hectare são necessários o fornecimento de 80 kg de Nitrogênio, considerando que a Uréia possui 45% de Nitrogênio em sua composição, temos que é necessária a aplicação de 178 kg de uréia por hectare para cada 1000kg de soja que se deseja produzir.

Portanto, para de se produzir 40 sacas de soja por hectare, ou 2400 kg de soja, são necessários a aplicação de 192 kg de N mineral por hectare, ou 427 kg de Uréia por hectare ou, caso prefiram, para se produzir 50 sacas de soja por hectare, ou 3000 kg, seria necessária a aplicação de 240 kg de N mi-neral por hectare ou 534 kg de Uréia por hectare.

2ª Visita

Em 17 de janeiro de 2012, foi realizada uma nova visita ao local para reavaliar a situação das la-vouras nas áreas 105 a 108 e o que se observou foi uma ótima recuperação da soja.

Foram vistorias especialmente as áreas 106, que não recebeu aplicação de nitrogênio mineral e a área 108 que recebeu a aplicação de 200 kg de N por hectare, segundo informado.

Nesta data as plantas já se encontravam nas fases R2 para R3, apresentando ótimo crescimento vegetativo, com cobertura total da área, e plena floração, com várias flores já polinizadas e, em alguns pontos, já com o desenvolvimento de canivetes.

A recuperação da área 106 foi devida exclusivamente à formação de nódulos que, mesmo atrasa-da, forneceu o nitrogênio necessário para o desenvolvimento das plantas e o vigor necessário para for-marem as estruturas reprodutivas.

As fotos a seguir demonstram o crescimento vegetativo, reprodutivo e a nodulação da área 106:

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Page 8: Relatório Técnico nº 2 - Nodulação da Soja nas Áreas ... em Luis Eduardo Magalhães - BA

Figura 4. Crescimento vegeta vo na área 106 sem aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

Figura 5. Detalhe do crescimento vegeta vo na área 106 sem aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

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Figura 6. Estruturas reprodu vas na área 106 sem aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

Figura 7. Raízes de soja com nodulação atrasada na área 106. Foto: Fábio L. Mostasso.

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Figura 8. Detalhe da nodulação atrasada na área 106. Foto: Fábio L. Mostasso.

A área 108, que recebeu a fertilização com 200 kg por hectare de Nitrogênio mineral na forma de uréia, também apresentou recuperação do crescimento vegetativo, entretanto, menor que aquela ob-servada na área 106, também houve a nodulação nas plantas desta área. A seguir algumas fotos da área 108:

Figura 9. Crescimento vegeta vo na área 108 com aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

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Figura 10. Crescimento vegeta vo na área 108 com aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

Figura 11. Nodulação da soja na área 108 com aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

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Figura 12. Detalhe da nodulação da soja na área 108 com aplicação de N mineral. Foto: Fábio L. Mostasso.

As áreas 107 e 108 foram as que mais sofreram com o período sem chuva após o plantio, pois foram as primeiras áreas a serem semeadas, por isso foram as escolhidas para receberem a fertiliza-ção por Uréia, na tentativa de recuperar a produtividade das áreas.

Provavelmente, devido à presença de nitrogênio no solo, a nodulação atrasadas nestas áreas foi ligeiramente inferior às áreas 105 e 106, onde somente foi feita a aplicação aérea de inoculantes para tentar recuperar sua produtividade.

CONCLUSÕES A visita às áreas da SLC, na fazenda Palmares I, localizada em Luis Eduardo Magalhães – BA, solicitada pelo gerente da fazenda, foi realizada para avaliar a falha na nodulação da soja tratada com inoculantes Rizobacter.

Na primeira visita às áreas foi comprovado o inicialmente informado, as plantas das áreas 105 a 108 não apresentaram nodulação após cerca de 45 dias do plantio.

Todas as informações à respeito do preparo da área, do tratamento de sementes e do manejo pós-plantio foram tomadas e avaliadas pela equipe técnica da Rizobacter, e constam anteriormente neste relatório no ítem “Discussão”.

Na segunda visita às áreas foi observado que as plantas das áreas 105 e 106 formaram nódulos tardiamente, em quantidade necessária para suprir o fornecimento de Nitrogênio para as plantas, o que pode ser comprovado pelo crescimento vegetativo das mesmas nestas áreas.

RELATÓRIO TÉCNICO RELATÓRIO TÉCNICO 1212

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As plantas das áreas 107 e 108 também formaram nódulos tardiamente, apesar de terem recebi-do a fertilização com nitrogênio mineral, entretanto, seu menor crescimento vegetativo sugere que a disponibilização de nitrogênio para as plantas não foi tão eficaz quanto nas demais áreas, fazendo as-sim com que as plantas tivessem um menor crescimento vegetativo.

Apesar de todas as informações prestadas pela equipe técnica da SLC, é muito difícil de se con-cluir as exatas causas que motivaram a falha na nodulação das áreas em questão sem que se realize um estudo científico detalhado reproduzindo todas as variáveis observadas nestas áreas, comparando-as com as situações ideais de cultivo e, desta maneira, isolando os fatores prejudiciais.

Portanto, apenas baseando-se nos resultados de trabalhos de pesquisa científica publicados e no conhecimento da equipe técnica da Rizobacter do Brasil e da Argentina, podemos concluir que possi-velmente a causa da falha na nodulação das áreas foi uma combinação de diversos fatores, dentre os quais, a falta de chuva pós-plantio e o reduzido tempo de correção do solo pela calagem.

As atitudes mitigadoras tomadas pela equipe da SLC, com base nas recomendações e observa-ções feitas pela equipe técnica da Rizobacter surtiram efeito, ou seja, a pulverização aérea de inoculan-te, que já estava sendo feita pela SLC, e a aplicação de Nitrogênio mineral na forma de Uréia.

As áreas 105 e 106, que receberam a pulverização aérea de inoculantes e que nodularam tardia-mente, apresentaram, na segunda visita, aspecto de desenvolvimento de uma cultura com crescimento normal, com florescimento em quantidade suficiente para garantir uma ótima produtividade, indicando a recuperação destas áreas.

As áreas 107 e 108, que foram as que mais sofreram os efeitos dos fatores negativos observados também apresentaram um certo desenvolvimento vegetativo, com alguma nodulação tardia, e floresci-mento em quantidade suficiente para garantir uma produtividade razoável, mas certamente, abaixo das demais áreas.

A equipe técnica da SLC demonstrou pleno conhecimento do trabalho realizado, profundo conhe-cimento técnico da cultura da soja e rapidez na busca e realização de atitudes corretivas para tentar eliminar, ou pelo menos minimizar, o problema apresentado nas áreas.

Como já esperado, não houve indícios que indicassem que o problema da falha na nodulação foi devido à qualidade dos inoculantes Rizobacter utilizados na área, pelo fato de que em áreas adjacentes que também receberam o mesmo tratamento de sementes, e onde não ocorreram fatores prejudiciais, a nodulação foi plena e eficaz. Também não é possível concluir que a nodulação tardia foi devido ao uso de inoculantes Rizobacter, pois também foi utilizado um produto concorrente.

Por fim, acreditamos que o trabalho realizado pela equipe da SLC surtiu efeito positivo na recupe-ração das áreas e que a falha da nodulação não foi devido a problemas de qualidade dos inoculantes Rizobacter utilizados no tratamento de sementes, mas sim, a uma combinação de fatores difíceis de serem previstos e controlados e que influenciaram negativamente a infecção das raízes e a formação dos nódulos.

RELATÓRIO TÉCNICO RELATÓRIO TÉCNICO 1313

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RELATÓRIO TÉCNICORELATÓRIO TÉCNICO 1414

Rodovia Celso García Cid 6545 - Jd. Campos Eliseos - CEP 86044-290 - Londrina/PR - Brasil Fone: +55(43)3341-8737 [email protected] www.rizobacter.com.br

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olc/

dm3

Ca/

Mg

(Ca/

Mg)

/K

K

Ca

Mg

104

Ampl

iaçã

o (0

-20)

54

9 3,

90

3,80

0,

30

0,10

0,

03

5,00

1,

70

0,43

4,

23

10,1

7 3,

00

13,3

3

0,71

7,

09

2,36

105

Ampl

iaçã

o (0

-20)

22

8 3,

90

2,80

0,

20

0,10

0,

01

4,00

1,

70

0,31

3,

11

9,97

2,

00

30,0

0

0,32

6,

43

3,22

106

Ampl

iaçã

o (0

-20)

34

0 4,

00

3,40

0,

20

0,10

0,

01

4,00

1,

80

0,31

3,

71

8,36

2,

00

30,0

0

0,27

5,

39

2,70

107

Ampl

iaçã

o (0

-20)

34

5 3,

90

3,10

0,

20

0,10

0,

08

5,00

1,

70

0,38

3,

48

10,9

2 2,

00

3,75

2,30

5,

75

2,87

108

Ampl

iaçã

o (0

-20)

33

5 3,

90

3,40

0,

10

0,10

0,

02

4,00

1,

70

0,22

3,

62

6,08

1,

00

10,0

0

0,55

2,

76

2,76

V

%

Prof

und.

Ár

ea

(ha)

B

Fe

Mn

Cu

Zn

mg/

dm3

104

Ampl

iaçã

o (0

-20)

54

9 0,

18

70,0

0 0,

50

0,10

1,

40

105

Ampl

iaçã

o (0

-20)

22

8 0,

17

41,0

0 0,

50

0,10

0,

10

106

Ampl

iaçã

o (0

-20)

34

0 0,

17

44,0

0 0,

50

0,10

0,

10

107

Ampl

iaçã

o (0

-20)

34

5 0,

17

50,0

0 0,

50

0,10

0,

50

108

Ampl

iaçã

o (0

-20)

33

5 0,

18

51,0

0 0,

50

0,10

0,

70

Iden

tific

ação

das

Ár

eas