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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA CURSO ENGENHARIA DE ALIMENTOS NEREIDE SOUZA DE ARAÚJO RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de Alimentos

Relatório V_6

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Page 1: Relatório V_6

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO ENGENHARIA DE ALIMENTOS

NEREIDE SOUZA DE ARAÚJO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de Alimentos

FEIRA DE SANTANA - BA

2012

Page 2: Relatório V_6

NEREIDE SOUZA DE ARAÚJO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

NEREIDE SOUZA DE ARAÚJO

Relatório apresentado para a Disciplina de Estágio Supervisionado do curso Engenharia de

Alimentos da Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

Orientador: Prof. Ms. Ricardo Santos Nascimento

Co-Orientadora: Engª Poliana Araújo Feitosa Cavalcanti

FEIRA DE SANTANA – BA

2012

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Page 3: Relatório V_6

TERMO DE APROVAÇÃO

NEREIDE SOUZA DE ARAÚJO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Após a exposição da discente Nereide Souza de Araújo, matrícula nº 04111157-0, o

Estágio Supervisionado realizado foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção

do grau de Bacharel em Engenharia de Alimentos, pelos professores da Universidade Estadual

de Feira de Santana – UEFS e co-orientadora abaixo assinados.

Coordenador de Estágio: ______________________________

Prof. Dr. Pablo Rodrigo Fica Piras

Prof. Orientador : _______________________________

Prof. Ms. Ricardo Santos Nascimento

Co-Orientadora: ______________________________

Engª Poliana Araújo Feitosa Cavalcanti

Feira de Santana – Ba, ______/______/______.

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Page 4: Relatório V_6

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA

CURSO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS

RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

IDENTIFICAÇÃO

Aluna: Nereide Souza de Araújo.

Matrícula: 04111157-0.

Empresa: M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de Alimentos.

Setor de realização do estágio: Apoio a Produção de Biscoitos e Controle de Qualidade.

Período: 12/09/11 - 31/12/2011

Carga horária: 480h

Orientação na Empresa: Engª Poliana Araújo Feitosa Cavalcanti.

Cargo: Monitora de Fabricação – Fábrica de Biscoitos.

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Page 5: Relatório V_6

ATESTADO DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO

Atesto, para comprovação do Estágio Supervisionado, que a aluna Nereide Souza de

Araújo, estagiou na M. Dias Branco S.A Indústria e Comércio de Alimentos, filial Grande Moinho

Aratu (GMA) nos setores de Produção/Qualidade, durante o período de 12 de setembro de

2011 a 30 de março de 2012, com carga horária de 480h.

Salvador-Ba, 30 de março de 2012.

Engª Poliana Araújo Feitosa Cavalcanti

Co-Orientadora

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Page 6: Relatório V_6

Universidade Estadual de Feira de Santana

PLANO DE ESTÁGIO

A estudante do curso Engenharia de Alimentos, NEREIDE SOUZA DE ARAÚJO, matrícula:

042111157-0, desenvolveu durante seu estágio na M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de

Alimentos as seguintes atividades:

ATIVIDADES DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES

Participação da Equipe APPCC

Acompanhamento periódico do preenchimento

correto dos formulários referentes à manutenção

ao programa de Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle (APPCC);

Acompanhamento de não-conformidades;

Participação de Auditorias Internas de

manutenção do sistema APPCC.

Suporte às atividades realizadas no

setor de Qualidade

Elaboração de Instruções Operacionais dos

Equipamentos de fabricação de Biscoitos.

Realização de treinamentos de

colaboradores

Realização de treinamento de Análise de

Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC)

oferecido aos colaboradores;

Realização de treinamento de Boas Práticas de

Fabricação aos colaboradores;

Treinamento sobre o cumprimento das

Instruções Operacionais dos Equipamentos.

Nereide Souza de Araújo Engª Poliana Araújo Feitosa Cavalcanti

Estagiária Co-orientadora

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Page 7: Relatório V_6

Missão do estágio: Proporcionar à estagiária aplicação de seus conhecimentos teóricos e

aquisição de experiência prática, a qual é fundamental para sua atuação como profissional de

Engenharia de Alimentos.

APROVAÇÃO

Co-Orientadora Estagiário

Nome: Poliana Araújo Feitosa Cavalcanti Nome: Nereide Souza de Araújo

Assinatura: Assinatura:

Data: Data:

DEDICATÓRIA

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Page 8: Relatório V_6

Aos meus pais, Nora Ney Souza de Araújo

e Carlos Pereira de Araújo, pelo incentivo,

pela credibilidade investida em mim e por

se disporem sempre a financiar meus

sonhos.

AGRADECIMENTOS

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Page 9: Relatório V_6

A Deus, pela força espiritual para a realização desse trabalho.

À minha amada Mãe, pela dedicação de estar sempre ao meu lado nas horas mais

difíceis, acreditando que eu poderia ir sempre mais longe.

A meu querido Pai, pelo eterno orgulho de nossa caminhada, pelo apoio, compreensão,

ajuda, e, em especial, por todo carinho ao longo deste percurso, espero que continue sempre

olhando por mim e iluminando meus passos, onde quer que o senhor esteja. Painho, obrigada!

Aos meus irmãos Dudu e Cleitinho, pelo carinho e pela grande ajuda, nunca deixaram de

me apoiar e de acreditar em mim.

À minha linda tia Nalon, que acredita tanto em mim, de forma tão emocionante e

convincente, que o mundo todo parece acreditar junto com ela.

À minha prima Luisa, ela é detentora do melhor coração do mundo, obrigada por estar ao

meu lado nesta reta final.

Aos meus amigos e colegas de curso, pela cumplicidade, ajuda e amizade.

Ao professor Ricardo e ao professor Pablo, pela paciência, ajuda e compreensão.

Aos companheiros e amigos da M. Dias Branco, que durante todo o estágio me fizeram

crescer, amadurecer e aprender coisas novas a cada dia. Em especial a Wellington (leal e

dedicado), Poli (inteligente, objetiva e uma amor de pessoa, obrigada por tornar essa etapa final

menos árdua na minha vida), Lu (amiga inquestionável para todos os momentos), Fabi

(compreensiva, doce, humilde e confiável), Zeni (sincera), Vitor (sincero até demais), Marcelo

(colaborativo e receptivo) e por último, mas não menos importante, não poderia esquecer de

citar “Seu Eduardo”, a pessoa mais brilhante que já conheci na vida!

Enfim, agradeço a todos que, direta ou indiretamente, fizeram parte, acreditaram e

contribuíram para mais esta vitória, que seja o início de muitas outras. Muito obrigada!

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Page 10: Relatório V_6

Nereide.

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Page 11: Relatório V_6

“O sucesso nasce do querer, da determinação e

persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo

não atingindo o alvo, quem busca e vence

obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.”

José de Alencar

RESUMO

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Page 12: Relatório V_6

Biscoitos são definidos como o produto obtido pelo amassamento e cozimento convenientes de

massa preparada com farinhas, amidos, féculas (fermentadas ou não) e outras substâncias

alimentícias. É o alimento de uso universal, diário, fazendo parte do desjejum, lanches, entre

outros.

Nos dias atuais todas as empresas, incluindo as de biscoitos, buscam qualidade em seus

produtos ou serviços, caso contrário terão pouca chance de sobrevivência e muito menos de

crescimento, pois não serão competitivas. A busca pelo fornecimento de produtos e/ou serviços

com qualidade deve ser alvo de qualquer empresa. Partindo deste princípio, a M. Dias Branco

S.A. Indústria e Comércio de Alimentos, fundada há mais de 60 anos, atuando na fabricação,

comercialização e distribuição de produtos alimentícios derivados do trigo, especificamente

biscoitos e massas, farinha e farelo de trigo, bem como de margarinas e gorduras vegetais,

optou no passado em controlar a qualidade de seus produtos, através da implantação do

Sistema APPCC. A monitoração do Programa foi o principal objetivo do estágio.

O estágio foi desenvolvido no setor de Apoio a Produção de Biscoitos e na área de Controle de

Qualidade da unidade Grande Moinho Aratu (GMA), em que a estagiária acompanhou a

produção de biscoitos, os equipamentos utilizados, em que ajudou na elaboração de Instruções

Operacionais dos mesmos, fez o monitoramento do Sistema APPCC, inclusive realizou

treinamentos periódicos sobre o sistema de qualidade junto aos colaboradores da empresa.

Este relatório abordará sobre o processamento de biscoito, os equipamentos utilizados, dará

uma visão geral do mercado nacional de biscoitos e relatará as atividades realizadas durante o

estágio.

Palavras Chaves: Processamento de biscoitos, Sistema APPCC, Instruções Operacionais.

ABSTRACT

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Page 13: Relatório V_6

Biscuit are defined as the product obtained by kneading and baking dough prepared with the

appropriate flour, starch (fermented or otherwise) and other foodstuffs. It is the food of universal

use, daily part of breakfast, snacks, among others.

Nowadays all companies, including biscuits, seek quality in their products or services, otherwise

they will have little chance of survival let alone growth, they will not be competitive. The search

for the supply of products and / or service quality should be the target of any company. On this

basis, M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de Alimentos, founded over 60 years, working

in manufacturing, marketing and distribution of food products derived from wheat, especially

biscuits and pasta, flour and wheat bran, as well as margarine and vegetable fats, opted in the

past to control the quality of their products through the implementation of HACCP. The

monitoring program was the main objective of the internship.

The stage was developed in the sector to Support Production of biscuits and the area of Quality

Control Unit Grande Moinho Aratu (GMA), in which the trainee followed the production

of biscuits, equipment used, which helped in the preparation of Operating Instructions

thereof, made the monitoring of HACCP, including training conducted regularly on the quality

system with employees of the company. This report will focus on the processing of biscuit,

equipment used, will give an overview of the domestic biscuit and report its activities during the

internship.

Keywords: Processing of biscuit, HACCP, Operating Instructions.

Sumário

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Page 14: Relatório V_6

1. Introdução................................................................................................................................18

1.2. Objetivos...............................................................................................................................20

1.2.1. Objetivo Geral....................................................................................................................20

1.2.2. Objetivo Específico.............................................................................................................20

2. Descrição da empresa.............................................................................................................21

2.1. Perfil Corporativo...................................................................................................................21

2.2. Histórico................................................................................................................................24

3. Revisão de Literatura...............................................................................................................26

3.1. Trigo......................................................................................................................................26

3.1.1. Mercado de Trigo...............................................................................................................29

3.2. Biscoito..................................................................................................................................32

3.2.1. História...............................................................................................................................32

3.2.2. Classificação dos Biscoitos................................................................................................34

3.2.3. Mercado e a Indústria de Biscoitos no Brasil.....................................................................35

3.3. Ingredientes Utilizados em Biscoitos.....................................................................................41

3.3.1. Farinha de Trigo.................................................................................................................41

3.3.2. Amido.................................................................................................................................42

3.3.3 Gordura...............................................................................................................................42

3.3.4. Lecitina...............................................................................................................................44

3.3.5. Água...................................................................................................................................45

3.3.6. Extrato de Malte.................................................................................................................46

3.3.7. Açúcar................................................................................................................................46

3.3.8. Açúcar Invertido.................................................................................................................47

3.3.9. Leite e seus Derivados.......................................................................................................4814

Page 15: Relatório V_6

3.3.10. Fermento Biológico..........................................................................................................49

3.3.11. Enzimas............................................................................................................................50

3.3.12. Agentes Químicos............................................................................................................50

3.3.13. Corantes...........................................................................................................................52

3.3.14. Outros...............................................................................................................................53

3.4. Processamento do Biscoito...................................................................................................54

3.4.1. Fluxograma de Produção do Biscoito................................................................................54

3.4.2. Descrição das Etapas do Processamento do Biscoito.......................................................55

3.4.2.1. Mistura e formação da massa.........................................................................................55

3.4.2.2. Fermentação...................................................................................................................57

3.4.2.3. Formação do biscoito......................................................................................................58

3.4.2.4. Forneamento...................................................................................................................66

3.4.2.1. Resfriamento...................................................................................................................67

3.4.2.1. Recheamento..................................................................................................................67

3.4.2.1. Embalagem.....................................................................................................................68

3.5. Controle de Qualidade na indústria de alimentos.................................................................68

3.5.1. Auditoria da Qualidade.......................................................................................................71

3.5.2. Pré-requisitos para implantação do sistema APPCC.........................................................71

3.5.2.1. Boas Práticas de Fabricação..........................................................................................72

3.5.2.2. Procedimentos Operacionais Padronizados...................................................................73

3.5.3. Histórico do Sistema APPCC.............................................................................................74

3.5.4. Conceitos preliminares.......................................................................................................76

3.5.5. Sistema APPCC.................................................................................................................79

4. Atividades Desenvolvidas........................................................................................................85

4.1. Ambientação e Conhecimento da Empresa..........................................................................87

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Page 16: Relatório V_6

4.2. Ambientação com os formulários do APPCC........................................................................88

4.3. Monitoramento dos formulários do APPCC..........................................................................88

4.4. Treinamentos dos colaboradores no sistema APPCC..........................................................89

4.5. Participação em auditoria interna de APPCC no setor de biscoitos.....................................89

4.6. Elaboração de Instruções Operacionais dos equipamentos utilizados na fabricação de Biscoitos.......................................................................................................................................90

5. Considerações Finais...............................................................................................................90

6. Referências Bibliográficas........................................................................................................91

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Page 17: Relatório V_6

1. Introdução

Qualquer que seja a sua origem, atualmente, o biscoito é um produto consumido

internacionalmente por todas as classes sociais. Cada país tem, naturalmente, sua preferência

por determinada classe, que, tomadas em conjunto, formam uma extensa seleção de formas,

tamanhos, tipos e sabores (MORAES, 2010).

A indústria brasileira de biscoitos apresentou no final do último século um quadro de

grandes mudanças, com a instalação e ampliação de diversos fabricantes, causadas por

transformações na cadeia produtiva do trigo. De acordo com Monteiro (1996) no início da

década de 90 ocorreu uma grande expansão em função principalmente da desregulamentação

do setor, da abertura do mercado e da introdução do plano Real. Porém na metade dos anos 90

o mercado encontrava-se saturado de fabricantes de biscoitos, e a sobrevivência das

organizações dependia fundamentalmente de sua competência na gestão de seus negócios.

Segundo a ABIMA - Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias, uma

consequência bastante perceptível pelo consumidor neste mercado, foi a necessidade das

empresas lançarem novos produtos, uma vez que, com suas capacidades instaladas ociosas,

começaram a buscar alternativas para conquistar o mercado (ABIMA, 2012).

Em 1994, com a implantação do plano Real, o consumidor brasileiro passou a comprar

mais alimentos industrializados, logo nos primeiro anos a demanda por biscoito aumentou em

quase 50%. A indústria respondeu, aumentando sua capacidade instalada em quantidade

superior a tal crescimento, já antecipando necessidades futuras (MONTEIRO; MARTINS, 2005).

Atualmente, as indústrias de biscoito têm como uma de suas metas, a diminuição das

perdas ocorridas no processo de produção, enfocando os programas de qualidade e

desperdício como primordiais para o decréscimo dessas perdas e dos custos envolvidos na

produção.

A qualidade hoje é uma vantagem competitiva que diferencia empresas do mesmo ramo,

pois os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à sua expectativa no momento

de adquirir um determinado produto. Logo, as empresas que não estiverem preocupadas com a

busca pela qualidade poderão ficar à margem do mercado consumidor.

Quando se fala em qualidade para a indústria de alimentos, o aspecto segurança do

produto é sempre um fator determinante, pois qualquer problema pode comprometer a saúde

do consumidor (FIGUEIREDO; COSTA NETO, 2001).

Sabe-se que os alimentos podem ter um efeito benéfico ou maléfico sobre a saúde das

pessoas. Portanto, a proteção da saúde pública envolve o controle de qualidade dos alimentos,

antes de serem consumidos. O número e a severidade de casos de enfermidades transmitidos

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Page 18: Relatório V_6

por alimentos aumentaram muito na última década. Os cientistas americanos estimaram que

cerca de trinta e três milhões de casos de doenças ocorrem anualmente nos Estados Unidos

por conta dos alimentos. Além disto, são inúmeros os casos de doenças crônicas como alergias

e neoplasias (FILHO; SANTOS, 1995).

Modernamente observa-se em todo o mundo um rápido desenvolvimento e

aperfeiçoamento de novos meios e métodos de detecção de agentes de natureza biológica,

química e física causadores de moléstias nos seres humanos e nos animais, passíveis de

veiculação pelo consumo de alimentos, motivo de preocupação de entidades governamentais e

internacionais voltadas à saúde pública.

Ao mesmo tempo, avolumam-se as perdas de alimentos e matérias-primas em

decorrência de processos de deterioração de origem microbiológica, infestação por pragas e

processamento industrial ineficaz, com severos prejuízos financeiros às indústrias de alimentos,

à rede de distribuição e aos consumidores.

Face a este contexto, às novas exigências sanitárias e aos requisitos de qualidade,

ditados tanto pelo mercado interno quanto pelos principais mercados internacionais, o governo

brasileiro, juntamente com a iniciativa privada, vem desenvolvendo, desde 1991, a implantação

em caráter experimental do Sistema de Prevenção e Controle, com base na Análise de Perigos

e Pontos Críticos de Controle- APPCC, do inglês "HAZARD ANALYSIS AND CRITICAL

CONTROL POINTS - HACCP". Este Sistema é uma abordagem científica e sistemática para o

controle de processo, elaborado para prevenir a ocorrência de problemas, assegurando que os

controles são aplicados em determinadas etapas no sistema de produção de alimentos, onde

possam ocorrer perigos ou situações críticas (BRASIL, 1998).

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Page 19: Relatório V_6

1.1. Objetivos

1.1.1. Objetivo Geral

Descrever as atividades realizadas e experiências adquiridas durante a elaboração de

Instruções Operacionais de todos os equipamentos da fábrica, como também nos treinamentos

e no monitoramento do Sistema APPCC e das Boas Práticas de Fabricação no Estágio

Supervisionado na M. Dias Branco S.A. Indústria e Comércio de Alimentos, filial Grande Moinho

Aratu (GMA).

1.1.2. Objetivos Específicos

Compreender, acompanhar e analisar os procedimentos de manuseio dos equipamentos

utilizados na fabricação de biscoitos;

Aplicar os conhecimentos adquiridos durante a graduação nas atividades cotidianas da

indústria;

Auxiliar no monitoramento do Sistema APPCC e das Boas Práticas de Fabricação na linha

de produção de biscoitos;

Desenvolver a capacidade de liderança, gestão de pessoas e de processos.

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Page 20: Relatório V_6

2. Descrição da empresa

A M. Dias Branco Indústria e Comércio de Alimentos, fundada há mais de 60 anos, atua

na fabricação, comercialização e distribuição de produtos alimentícios derivados do trigo,

especificamente biscoitos e massas, farinha e farelo de trigo, bem como de margarinas e

gorduras vegetais.

A missão da Companhia é desenvolver, produzir e distribuir alimentos confiáveis,

saudáveis e saborosos, gerando valor aos acionistas, com responsabilidade social e respeito ao

meio ambiente (M. DIAS BRANCO, 2012).

2.1. Perfil Corporativo

A M. Dias Branco Indústria e Comércio de Alimentos é líder nacional nos mercados de

biscoitos e de massas no Brasil, em termos de volume de vendas (em toneladas) e em

faturamento (em R$). Sendo que também possui uma participação relevante no mercado

brasileiro de farinha e farelo de trigo, uma das suas principais matérias-primas, no qual acredita

estar entre os três maiores participantes, em termos de volume de consumo, medido em

toneladas. Além disso, desde 2002, a Companhia atua na produção e comercialização de

margarinas e gorduras vegetais, destinando parte da produção para seu processo produtivo de

biscoitos e massas. O Brasil é o seu principal mercado, e foi responsável por 99,8% da receita

líquida da Companhia em 2010.

A M. Dias Branco produz a maior parte das duas principais matérias-primas utilizadas na

produção das suas massas e biscoitos: farinha de trigo (cerca de 70% do consumo) e gorduras

vegetais (cerca de 50% do consumo). Essa estratégia de negócio proporciona significativos

ganhos de sinergia operacional e integração de processos. Essa cadeia produtiva integrada lhe

permite um melhor planejamento da sua produção, maior garantia da qualidade dos seus

produtos e melhor administração de seus custos, aumentando sua capacidade de praticar

preços competitivos.

Possui 12 unidades fabris localizadas em sete Estados do País, que estão preparadas

para a fabricação de vasta gama de produtos, o que lhe dá relevante flexibilidade na definição

do produto a ser fabricado dependendo do mercado consumidor onde a unidade estiver

instalada, dos custos de logística e incentivos fiscais aplicáveis a cada unidade fabril, sendo

elas: Adria - RS, Grande Moinho Aratu - BA, Basilar - SP, Grande Moinho Tambaú - PB, Zabet -

SP, Moinho Dias Branco - CE, GME - CE, Grande Moinho Potiguar - RN, Isabela - RS, Fábrica

Fortaleza - CE, Vitarella - PE e Pelágio Oliveira S.A., conhecida com o nome fantasia de

Estrela, aquisição mais recente da M. Dias Branco, localizada em Maracanaú - CE.

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Page 21: Relatório V_6

A corporação possui diversas linhas de produtos sob as marcas Richester, Fortaleza e

Vitarella - líderes de mercado nas regiões Nordeste e Norte - e sob as marcas Adria, Isabela,

Basilar e Zabet - líderes nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, o que lhe dá flexibilidade e permite

oferecer uma variedade de produtos para mercados consumidores com demandas diferentes, a

preços competitivos. Possui ainda a marca Pilar contribuindo para o aumento de sua

capacidade competitiva e presença na região Nordeste.

Teve expressivo crescimento nos volumes de sua produção em decorrência da

ampliação de sua capacidade produtiva e do aumento de seu nível de utilização nos últimos

anos, além das aquisições realizadas, o que refletiu diretamente em suas vendas,

principalmente entre os anos de 2006 a 2010.

Atualmente, as cinco maiores empresas do segmento de biscoitos (M. Dias Branco,

Nestlé, Marilan, Nabisco e Bauducco) possuíam 41,2% do mercado brasileiro, em junho de

2006 (M. DIAS BRANCO, 2012).

A tabela 1 mostra a participação de mercado dos competidores no setor de biscoitos

nacional e o das regiões Nordeste e Sudeste do País para o período indicado. Observe que a

empresa Pilar e Pelágio ainda não tinham sido incorporadas ao grupo M. Dias Branco:

Tabela 1: Participação de mercado em termos de volume

vendido no setor de biscoitos em 30 de junho de 2006.

Fonte: M. Dias Branco, 2012.

(1) Região I - Minas Gerais, Espírito Santo e Interior do Rio de Janeiro;

21

Page 22: Relatório V_6

(2) Região II – Área metropolitana do Rio de Janeiro;

(3) Região III – Área metropolitana de São Paulo;

(4) Região IV – Interior de São Paulo.

Com a compra da Pelágio Oliveira S.A., a M. Dias Branco amplia a liderança no

segmento de massas e biscoitos no Brasil, passando de 24,7% para 25,3% do mercado

nacional de biscoitos e de 24,5% para 25,2% do mercado nacional de massas alimentícias

(LEAL, 2011).

A tabela 2 mostra informações sobre a produção de 10 unidades da M. Dias Branco no

ano de 2005:

Biscoitos

MassasFarinha

deTrigo

Gorduras,Margarinas

eCremesVegetais

Total

Fábrica Fortaleza 158,0 61,6 - - 219,6

Moinho Dias Branco - - 384,8 - 384,8

GME – Divisão de Gorduras e Margarinas Especiais

- - - 78,0 78,0

Grande Moinho Potiguar - 36,0 174,1 - 210,1

Grande Moinho Aratu 56,7 64,1 386,6 - 507,4

GMT – Grande Moinho Tambaú - 31,1 104,5 - 135,6

São Caetano do Sul - 54,0 - - 54,0

Bento Gonçalves 33,6 10,8 - - 44,4

Jaboticabal - 50,4 - - 50,4

Lençóis Paulistas 28,8 - - - 28,8

Capacidade Total de Produção 277,1 308,0 1050 78,0 1.713,1

Produção Total 194,7 153,1 663,4 53,1 1064,3

Nível de Utilização de Capacidade 70,3% 49,7% 63,2% 68,1% 62,1%

Tabela 2: Informações Operacionais das Unidades – Produção em toneladas das Unidades.

Fonte: M. Dias Branco, 2012.

A tabela 3 traz as informações de localização e área de algumas unidades da M. Dias

Branco:

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Page 23: Relatório V_6

Unidade LocalizaçãoÁrea Total 

(em m²)

Área Construída

(em m²)

Fábrica Fortaleza Eusébio - CE 508.050 99.716

GME – Divisão de

Gorduras e Margarinas

Especiais

Fortaleza - CE 53.332 19.535

GMP – Grande

Moinho PotiguarNatal - RN 33.678 9.107

Moinho Dias Branco Fortaleza - CE 20.519 9.655

GMA – Grande Moinho

AratuSalvador - BA 368.982 117.726

GMT – Grande

Moinho TambaúCabedelo - PB 37.489 26.438

Jaboticabal Jaboticabal - SP 21.600 19.238

São Caetano do Sul São Caetano do Sul - SP 14.671 9.777

Lençóis Paulistas Lençóis Paulistas -SP 10.428 10.428

Tabela 3: Informações Operacionais de Algumas Unidades – Áreas das Unidades.

Fonte: M. dias Branco, 2012.

Observe que tanto na tabela 2 como na 3, faltam informações a respeito da empresa

Pelágio Oliveira S.A., por ainda ser extremamente recente a aquisição da mesma, algumas

informações ainda são escassas (M. DIAS BRANCO, 2012).

2.2. Histórico

Desde a década de 40, o idealizador da Companhia, o Sr. Manuel Dias Branco, já

explorava, no Estado do Ceará, atividades ligadas à panificação e à fabricação de biscoitos,

com utilização de técnicas artesanais.

A partir de 1953, com a entrada do Sr. Francisco Ivens de Sá Dias Branco na sociedade

então conhecida como M. Dias Branco & Cia. Ltda., novas diretrizes passaram a ser adotadas

nos negócios, cujos investimentos passaram a ser concentrados na produção industrial e no

comércio de biscoitos e massas.

Em 1961, a Companhia foi constituída sob a forma de uma sociedade por ações de

capital fechado e, em 1980, foram iniciadas as atividades na nova sede da Fábrica Fortaleza.

Por ocasião da abertura econômica do Brasil, inclusive do mercado de trigo, ocorrida em

1990, iniciou-se um novo ciclo de crescimento dos seus negócios.

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Page 24: Relatório V_6

Em 1992, a Companhia inaugurou o Moinho Dias Branco, no Estado do Ceará, seu

primeiro moinho de trigo e conquistou posição de destaque nesse segmento, sendo que em

2006, vendeu para seus clientes 52% de sua produção total.

Em 2000, a Companhia inaugurou o Grande Moinho Potiguar (moinho de trigo e fábrica

de massas), no Estado do Rio Grande do Norte.

Em meados de 2002, perseguindo uma política de verticalização de insumos e de

ingresso em novos segmentos, a M. Dias Branco inaugurou a Divisão G.M.E., no Estado do

Ceará, uma unidade produtora de gorduras vegetais, margarinas e cremes vegetais, tornando-a

auto-suficiente também em relação ao segundo principal insumo da produção de biscoitos: as

gorduras vegetais. A referida unidade produz, em usina própria, todo o hidrogênio necessário

ao seu processo produtivo.

Em 2003, a M. Dias Branco inaugurou o Grande Moinho Aratu, no Estado da Bahia

(complexo industrial que compreende um moinho de trigo, uma fábrica de biscoitos e de

massas, além de um terminal portuário de grãos, o qual é controlado por DIBRA Participações

Ltda.), devido a posição estratégica tanto para recebimento de matérias-primas, tais como trigo

argentino, quanto para distribuição, e adquiriu o controle acionário da Adria, tradicional

fabricante de massas e biscoitos, líder nas regiões Sudeste e Sul do País, o que lhe

proporcionou maior presença em tais regiões. Com a aquisição da Adria, as marcas Adria,

Basilar, Isabela e Zabet somaram-se às suas marcas Richester e Fortaleza, passando a atingir

um leque ainda maior de consumidores em todo o País. Nesse mesmo ano, inaugurou o

Moinho Tambaú, que também produz farinha de trigo e massas.

Em abril de 2008 a M. Dias Branco adquiriu a Indústria de Alimentos BOMGOSTO

LTDA. (a "Vitarella"). A empresa adquirida iniciou suas atividades em 1993, produzindo e

comercializando massas e biscoitos em sua unidade industrial localizada em Pernambuco, sob

as marcas Vitarella e Treloso, entre outras. A aquisição realizada está de acordo com a

estratégia de consolidação já divulgada ao mercado, destacando-se nesse racional a marca

forte, com atuação em áreas onde a participação da M. DIAS BRANCO não era predominante,

o bom sistema de distribuição e a capacidade de crescimento com baixo nível de investimento.

Em abril de 2011 a M. DIAS BRANCO adquiriu a NPAP ALIMENTOS S.A. (a "Pilar"),

localizada em Recife-PE. A operação contribuiu para a ampliação de sua liderança nacional nos

segmentos de massas e biscoitos, além de proporcionar o aumento de sua capacidade

competitiva e presença na região Nordeste (M. DIAS BRANCO, 2012).

Em dezembro de 2011 a M. Dias Branco adquiriu a empresa Pelágio Oliveira S.A.,

localizada na cidade de Maracanaú - CE. A aquisição envolve as marcas "Estrela", "Pelággio",

24

Page 25: Relatório V_6

"Salsito" e "A Estrela", sendo que a produção anual das marcas é de 87,6 mil toneladas de

biscoitos, 51,6 mil toneladas de massas e 7 mil toneladas de snacks e bolos. A Estrela fechou

2010 com receita líquida de R$ 190,6 milhões (FOLHA.COM, 2012).

Após mais de sessenta anos de existência, a M. DIAS BRANCO é hoje uma empresa

com cobertura nacional, líder de mercado no seu segmento de atuação, com processo

produtivo verticalizado, marcas fortes, sistema de distribuição com grande penetração no micro

e pequeno varejo, flexibilidade de produção, certificações que asseguram a qualidade de

processos e produtos, além de uma equipe de executivos experientes e alinhada com os

interesses de seus acionistas (M. DIAS BRANCO, 2012).

3. Revisão de Literatura

3.1. Trigo

O trigo deve ter sido uma das primeiras culturas tentadas pelos portugueses no Brasil. A

história do trigo no Brasil teve início em 1534, quando as naus de Martim Afonso de Sousa

trouxeram as primeiras sementes de trigo para serem lançadas às terras da Capitania de São

Vicente, de onde foi difundida por todas as capitanias, invadindo até a Ilha de Marajó, cujas

plantações tornaram-se, mais tarde, famosas (TRIGO, 2012).

De acordo com a Instrução Normativa nº 7, de 15 de agosto de 2001, do Ministério da

Agricultura e do Abastecimento, entende-se por trigo os grãos provenientes das espécies

Triticum aestivum L. e Triticum durum L.

Da espécie Triticum durum L. obtém-se a sêmola a qual é utilizada no fabrico de

massas, enquanto o trigo da espécie Triticum aesticum L. se obtém a farinha que é utilizada no

fabrico do pão, pastelaria e bolachas (ABRANCHES, 2012).

Os testes reológicos utilizados na análise de qualidade do trigo pelo mercado são:

Número de queda – Falling Number (FN): Este método mede a intensidade de

atividade da enzima α-amilase no grão, sendo o resultado expresso em segundos. Altos valores

indicam baixa atividade dessa enzima, enquanto baixos valores indicam alta atividade, situação

que comumente resulta do processo de germinação da espiga. Em clima quente e úmido,

durante a maturação do grão, a atividade de α-amilase aumenta. Pães elaborados com farinha

que possuem alta atividade enzimática (FN < 200 s) tendem a apresentar miolo escuro e

pegajoso (MÓDENES; SILVA; TRIGUEROS, 2009).

25

Page 26: Relatório V_6

Teor de glúten (glúten seco e úmido): Segundo Wiesir (2007 apud MÓDENES; SILVA;

TRIGUEROS, 2009), o glúten é constituído por uma massa viscoelástica tridimensional que

proporciona as características físicas e reológicas de plasticidade, viscosidade e elasticidade

importantes para a massa. O teste de glúten fornece a medida quantitativa dessas proteínas.

Alveografia (força do glúten): Este teste simula o comportamento da massa na

fermentação. As características viscoelásticas da farinha de trigo podem ser avaliadas por

diferentes parâmetros da alveografia. A energia de deformação da massa que é comumente

chamada de força de glúten (W) representa o trabalho de deformação da massa e indica a

qualidade panificativa da farinha, este teste corresponde ao trabalho mecânico necessário para

expandir a bolha até a ruptura, expressa em 10–4 J. A expressão "força de uma farinha"

normalmente é utilizada para designar a maior ou a menor capacidade de uma farinha de sofrer

um tratamento mecânico ao ser misturada com água. Também é associada à maior ou à menor

capacidade de absorção de água pelas proteínas formadoras de glúten, combinadas à

capacidade de retenção do gás carbônico, resultando num bom produto final de panificação, ou

seja, pão de bom volume, de textura interna sedosa e de granulometria aberta (GUTKOSKI;

NETO, 2002). A tenacidade (P) mede a sobrepressão máxima exercida na expansão da massa,

expressa em mm, e corresponde a uma medida da capacidade de absorção de água da farinha.

A extensibilidade da massa (L) é usada para predizer o volume do pão, juntamente com o teor

de proteína e representa a capacidade de extensão da massa, sem que ela se rompa. Um alto

grau de extensibilidade está associado a um baixo rendimento de farinha. A relação

tenacidade/extensibilidade (P/L) expressa o equilíbrio da massa. Para a fabricação de pães, o

ideal são farinhas balanceadas com uma relação P/L entre 0,50 e 1,20, e para massas

alimentícias secas, farinha tenaz (P/L > 1,21) (MÓDENES; SILVA; TRIGUEROS, 2009).

O trigo é classificado em 5 classes definidas em função das determinações analíticas de

Alveografia (força de glúten) e número de queda (Falling Number) conforme a tabela 4.

CLASSE Força do Glúten Número de queda

26

Page 27: Relatório V_6

(10-4 J)

Mínimo(Segundos)

mínimo

Trigo brando 50 200

Trigo pão 180 200

Trigo melhorador 300 250

Trigo para outros usos Qualquer < 200

Trigo Durum - 250

Tabela 4: Classificação do trigo.

Fonte: Instrução Normativa nº 7 do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2001).

A principal diferença entre eles reside na indicação do seu uso para determinado tipo de

produto por meio da farinha que produz (MORETTO; FETT, 1999).

Farinhas feitas de trigos brando, que contêm menos que 12 % de proteína de glúten, são

utilizadas para fazer produtos macios como bolos e bolachas. Farinhas de trigo pão e/ou

melhorador, que contêm mais de 12% de  proteína são usadas para a fabricação de pão

(INSUMOS, 2012).

Produto W(1) P/L (2) Número de Queda

27

Page 28: Relatório V_6

(10-4 J) (Segundos)

Bolo 70-150 0,40-2,00 >150

Biscoitos 70-150 0,40-2,00 >150

"Crean Cracker" 250-350 0,70-1,50 225-275

Pão Francês 180-250 0,50-1,20 200-300

Uso Doméstico 150-220 0,50-1,00 200-300

Pão de Forma 220-300 0,50-1,20 200-300

Massa Alimentícia >200 1,00-3,00 >250

(1) Força geral de Glúten, expressa em 10-4 Joules.

(2) Relação entre tenacidade (P) e extensibilidade (L).

OBS: os grãos de trigo também podem ser usados na forma de mesclas, ração animal

e outros usos.

Tabela 5 - Usos Industriais do Trigo, sugeridos por produto, baseados nos valores de

Alveografia (força geral de glúten), relação P/L e número de queda.

Fonte: Trigo, 2012.

3.1.1. Mercado de trigo

O trigo é de grande importância para a economia do Brasil, devido ao elevado consumo

de seus derivados, principalmente pão, biscoito, macarrão e farinha. No entanto, a produção

nacional do grão não tem sido suficiente para atender a demanda, agravada pela grande

quantidade de grãos perdidos ou colhidos com qualidade inferior, decorrentes de ataque de

insetos ou ocorrência de chuvas no período da colheita (CARNEIRO, 2005).

O Brasil importa o excedente de trigo demandado pelo mercado, em especial da

Argentina. O trigo brasileiro sofre concorrência dos subsídios concedidos pela União Européia,

Estados Unidos e Canadá. Na ausência de subsídios, o Brasil seria competitivo neste setor,

pois apesar de sofrer com aspectos climáticos, que são menos favoráveis que o clima de outros

países, e preços mais caros para alguns insumos, pode contar com duas safras anuais (M.

DIAS BRANCO, 2012).

A produção nacional de trigo em 2011 foi de 5.413,7 mil toneladas, 8% menor que a do

ano anterior, quando a produção alcançou 5.881,6 mil toneladas. Dados do Ministério da

Agricultura mostram que a queda maior ocorreu no Paraná, principal produtor nacional, que

colheu 858 mil toneladas a menos que na safra anterior, devido a problemas climáticos, além da

área plantada menor.

28

Page 29: Relatório V_6

Já o Rio Grande do Sul investiu na cultura, expandindo a área em 13,5% e cultivando

mais variedades do tipo pão e melhorador, demandadas pela indústria. Segundo o Ministério, o

cultivo dessas variedades teve aumento significativo, passando de pouco mais de 35% da área

na safra anterior, para mais de 90% na safra atual. Ao todo o Brasil cultivou 2.125,2 mil

hectares de trigo esse no ano de 2011, 1,1% abaixo dos 2.149,8 mil hectares de 2010 (RURAL

BR, 2011).

A tabela 6 apresenta a significativa evolução do mercado do trigo no Brasil entre 2004 e

2010 e a tabela 7 mostra a moagem de trigo em 2010 por estado/região:

MOAGEM DE TRIGO -

TONELADAS

ANO TONELADAS

2004 9.400.000

2005 9.500.000

2006 9.842.375

2007 9.448.967

2008 9.035.691

2009 9.350.545

2010 10.142.756

Tabela 6: Evolução do mercado do trigo no Brasil.

Fonte: Abitrigo, 2012b.

29

Page 30: Relatório V_6

Tabela 7: Moagem de trigo em 2010.

Fonte: Abitrigo, 2012b.

Paralelo à evolução da moagem do trigo no Brasil, houve um grande crescimento da

demanda doméstica, o que criou um gradual aumento da dependência do Brasil em relação ao

trigo importado (M. DIAS BRANCO, 2012). A figura 1 apresenta a importação brasileiro de trigo

nos períodos indicados:

Figura 1: Importação de Trigo em 2008-2009-2010-2011-2012 ( t ).

Fonte: Abitrigo, 2012b.

30

Page 31: Relatório V_6

A tabela 8 apresenta a Oferta e Demanda de trigo brasileiro de 2004 até 2009:

Oferta e Demanda de Trigo - Brasil (volume em milhões de toneladas)

Safra 2004/05 2005/06 2006/07 2007//08 2008/09

Estoque inicial 1,37 2,32 1,99 1,75 1,55

Produção 5,85 4,87 2,23 3,82 6,03

Importação 5,31 6,27 7,81 6,89 5,35

Consumo total 10,2 10,68 10,26 10,31 10,86

Exportação 0,01 0,79 0,02 0,75 0,45

Estoque final 2,32 1,99 1,75 1,41 1,61

Tabela 8: Oferta e Demanda de Trigo no Brasil.

Fonte: United States Department of Agriculture (USDA, 2012).

3.2 Biscoito

3.2.1 História

A palavra biscoito deriva de termos latinos semelhantes (do latim bis coctus ou do

francês bi-cuire), que significam "cozido duas vezes", visto que, sua fabricação envolveria o

cozimento da massa por duas vezes, com a finalidade de conservar o produto por mais tempo

sem estragar (SEBRAE, 2008c).

A origem do biscoito se confunde com a própria história da humanidade (SEBRAE,

2008b). Segundo as lendas, os antigos comiam grãos crus, moendo-os lentamente e triturando

com os dentes, com isso surgiu a idéia de se amassar os grãos entre duas pedras, misturando

água àquela massa e secá-la ao fogo, tornando-a numa pasta seca e dura.

Este processo foi sem dúvida um grande progresso no sistema alimentar do homem,

embora não houvesse uma forma definida, devido o sistema de trituração, mas ao ser composto

por outros componentes, começou a tomar sua forma, ao que seria semelhante a um pão duro,

foi na verdade o precursor do que hoje chamamos de biscoito, bolacha, etc.

A evolução do alimento foi um fator natural e as suas variedades especializadas foram

sendo compostas.

O antigo viajante necessitava levar sua bagagem, o seu próprio pão, mas este tinha uma

tendência a se deteriorar rapidamente, portanto o produto era cozido mais de uma vez e

consideravelmente despojado de sua umidade.

31

Page 32: Relatório V_6

O processo de fabricação era muito simples, tomava-se o pãozinho e se aplicava um

duplo cozimento para tirar o excesso de umidade, assim evitava que o estragasse. Após o

cozimento do pão, deixava-o por um dia, em uma câmara seca, a fim de "secar a água", para

conservá-lo.

O Biscoito deveria ser comido "somente após ter sido devidamente imerso em leite de

cabra ou na sopa", seu provável tamanho e consistência deveria torná-lo duro demais para os

já modificados dentes do homem da época (SIMABESP, 2012a).

A popularidade do "biscoito" aumentou, rapidamente, (em meados do século XVII),

quando na Europa começou-se a adicionar chocolate ou chá ao biscoito. Criando o sabor e

aroma, desde então para estimular as suas vendas, investiam-se os mais variados tipos de

gostos e aromas. O progresso dos negócios dos biscoitos alertou as municipalidades para uma

boa fonte de renda em taxas e impostos, sobre os já populares "biscoitos para chá". Esta súbita

oneração, determinou, em retorno, uma busca por métodos e modos mais econômicos e de

maior rendimento; o início da industrialização.

A Inglaterra mostrou ser um bom mercado produtor e aí se fabricavam vários tipos de

biscoitos muito saborosos e procurados; sua exportação foi iniciada para as suas colônias e

logo, quase todas as cidades importantes dos Estados Unidos já consumiam o "biscoito para

chá e café dos ingleses".

Nos seus primeiros anos como uma colônia não industrializada, os Estados Unidos não

tinham condições de fabricar os biscoitos; reconhecendo a importância desse mercado,

importaram da Inglaterra os equipamentos necessários e deram início à indústria norte-

americana de biscoitos. O passo seguinte, em razão da necessidade de fabricarem peças de

reposição para as máquinas, foi a implantação das indústrias para a fabricação de

equipamentos para a produção de biscoitos. Isso fez com que as importações de biscoitos

ingleses declinassem e a indústria norte-americana de biscoitos se desenvolvesse chegando ao

primeiro lugar na produção mundial de biscoitos que detém hoje. Os americanos abandonaram

o nome biscuit e adotaram o termo cookie, nome de origem holandesa que significa bolo

pequeno. Houve, então, uma separação bem definida entre os tipos de biscoitos; os cookies

eram os adocicados e os saltines, os de sabor salgado. Além disso, os cookies cresciam por

ação química, enquanto os saltines eram fermentados por meios biológicos.

Hoje, em todo mundo, se pode contar com mais de 200 tipos de biscoitos, com uma

indústria altamente especializada, com formulações perfeitas, com um total controle do seu

mercado e dentro de um processo de sofisticação muito desenvolvido (SEBRAE, 2008b).

32

Page 33: Relatório V_6

3.2.2 Classificação dos Biscoitos

Segundo a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Resolução RDC nº

263/05, biscoitos ou bolachas são os produtos obtidos pela mistura de farinha(s), amido(s) e/ou

fécula(s) com outros ingredientes, submetidos a processos de amassamento e cocção,

fermentados ou não. Podem apresentar cobertura, recheio, formato e textura diversos (BRASIL,

2005).

De acordo com Monteiro (1996), biscoito é definido como um produto composto

principalmente por farinha de trigo, gordura e açúcar, com teor de umidade bastante baixo o

que lhe proporciona uma longa vida de prateleira, se acondicionado em embalagem com

eficiente proteção à entrada de umidade. Neste sentido, a baixa atividade de água, que se situa

entre 0,1 e 0,3, e umidade em torno de 2 a 8% são características primárias deste alimento

(SEBRAE, 2008a).

Segundo o SBRT (Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas) existem, basicamente, três

tipos de biscoitos:

• Biscoitos de massas duras (conhecidos como estampados): produtos com baixo teor

de proteína. Exemplos: Maria, Maisena.

• Biscoitos de massas moles: produtos com teor de proteína médio, em torno de 9%.

Exemplo: rosquinhas.

• Biscoitos de massas fermentadas: produtos com teor de proteína mais elevado, em

torno de 11%. Os mais conhecidos são os biscoitos Cream Cracker, salgadinhos, água e sal

(SEBRAE, 2008b).

No biscoito Cream Cracker a massa é sempre fermentada com levedura e então

laminada antes do corte e cozimento. A combinação das proteínas da farinha modificadas pela

levedura durante a fermentação e a laminação fornecem as características de folhado e bolhas

na superfície o biscoito (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

O SIMABESP (Sindicato das Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado de São Paulo,

2012a) define que as inúmeras variedades de biscoitos podem ser divididas em: biscoitos

salgados, doces, recheados, revestidos, grissini, biscoitos para aperitivos e petiscos ou

salgadinhos, palitos para salgadinhos ou pretzels, wafers, wafers recheados e petit-fours.

Segundo Moretto e Fett (1999) biscoitos ou bolachas são classificados de acordo com o

ingrediente que o caracteriza ou forma de apresentação:

a) biscoitos ou bolachas salgadas - produtos que contêm cloreto de sódio em quantidade

que acentue o sabor salgado, além das substâncias normais desses produtos;

33

Page 34: Relatório V_6

b) biscoitos ou bolachas doces - produtos que contêm açúcar, além das substâncias

normais nesse tipo de produtos;

c) recheados - quando possuírem um recheio apropriado;

d) revestidos - quando possuírem um revestimento apropriado;

e) "grissini" - produto preparado com farinha de trigo, manteiga ou gordura, água e sal e

apresentados sob a forma de cilindros finos e curtos;

f) biscoitos ou bolachas para aperitivos e petiscos ou salgadinhos - produtos que contêm

condimentos, substâncias alimentícias normais desses tipos de produtos, apresentam-se

geralmente sob formas variadas e tamanhos bem pequenos;

g) palitos para aperitivos ou "pretsel" - produto preparado com farinha, água, sal,

manteiga ou gordura e fermento-biológico; a massa é moldada em forma de varetas, que

podem ser dobradas em forma de oito, e são submetidas a prévio cozimento rápido em banho

alcalino, antes de assadas;

h) "waffle" - produto preparado à base de farinha de trigo, amido, fermento químico,

manteiga ou gordura, leite e ovos e apresentado sob a forma de folha prensadas;

i) "waffle" recheado – produto preparado com folhas de waffle sobrepostas em camadas

intercaladas de recheio;

i) “Petit-four” - produto preparado à base de farinhas, amido ou féculas, doce ou salgado,

podendo conter leite, ovos, manteiga, gorduras e outras substancias alimentícias que o

caracteriza, como coco, frutas oleaginosas. geléias de frutas e queijo. Tais produtos podem ser

decorados com doces, glacês, geléias, frutas secas ou cristalizadas, queijo, anchova, etc.

3.2.3. O Mercado e a Indústria de Biscoitos no Brasil

As mudanças no padrão alimentar “tradicional” da população brasileira, que vêm

ocorrendo significativamente desde 1975, determinando a chamada “transição nutricional”, tem

levado a um aumento do consumo de alimentos processados, ricos em gordura, açúcar e sal,

figurando nesta lista, temos o biscoito, um alimento altamente requisitado nos lares brasileiros,

principalmente aqueles que possuem crianças (GUIA ALIMENTAR PARA A POPULAÇÃO

BRASILEIRA, 2006).

Tendo em vista tais aspectos, bem como o fato de que as indústrias alimentícias estão

cada vez mais se adequando à denominada “dieta ocidental”. A indústria de biscoitos, vem

afirmando-se como um grande mercado em expansão (COSTA, 2008).

O mercado de biscoitos no Brasil sofreu transformações importantes na década de 90. A

abertura para a importação do trigo, com preços inferiores ao trigo produzido no Brasil,

34

Page 35: Relatório V_6

incentivou o investimento dos fabricantes nesse mercado, inclusive porque a farinha importada

era considerada de melhor qualidade, permitindo melhor desempenho dos produtos e melhor

competitividade, inclusive frente aos produtos importados (SEBRAE, 2008a).

Até o início do Plano Real (implementado em meados de 1994), o setor era

caracterizado como sendo predominantemente de capital nacional e dirigido por empresas

familiares. O setor passou por um acentuado crescimento, levando ao início de um processo de

compra das empresas menores pelas grandes marcas internacionais (M. DIAS BRANCO,

2012).

Segundo AC Nielsen, em junho de 2006, as cinco maiores empresas do segmento de

biscoitos (M. Dias Branco, Nestlé, Marilan, Nabisco e Bauducco) possuíam 41,2% do mercado

brasileiro. Sendo que em 2010 já existiam 585 fábricas de biscoitos no Brasil e o faturamento

desse setor nesse ano foi de R$ 6,47 bilhões (BRASIL ALIMENTOS, 2011).

A tabela 9 mostra o crescimento do setor de biscoitos no Brasil de 1994 a 2002:

BiscoitosPopulação

AnoProdução

(em mil toneladas)

Faturamento

(em R$ milhões)

Consumo

Per Capita

(em kg/hab.)

1994 691 1,382 4.48

1995 850 1,827 5.35

1996 952 2,142 5.90

1997 1,003 2,357 6.14

1998 1,068 2,744 6.45

1999 1,089 2,800 6.49

2000 1,012 2,837 5.95

2001 1,001 3,393 5.80

2002 993 3,670 5.69

Tabela 9: Perfil do Setor de Biscoitos no Brasil – 1994 a 2002 (Produção em mil toneladas).

Fonte: Simabesp, 2002b.

Quanto à exportação, em 2009 o Brasil exportou 54 mil toneladas de produtos para 104

países e teve um faturamento de USD 100 milhões. Os 10 maiores destinos representaram 85

35

Page 36: Relatório V_6

% das vendas internacionais. Na tabela 10 e 11, mostram respectivamente, os tipos de

biscoitos mais exportados e os países onde o escoamento da produção brasileira foi mais

acentuado (ANIB, 2012).

Tipos de Biscoitos

2007 2008US$ % US$ %

Biscoitos doces e salgados

32.359.715 35,32 43.366.541 38,02

Waffers 21.980.202 23,99 33.926.537 29,74Torradas 1.053.026 1,15 1.277.465 1,12Bolachas 5.074.993 5,54 4.538.555 3,98

Outros produtos de padaria,

Inds. de biscoitos

11.359.472 12,40 11.844.003 10,38

Produtos a Base de Cereais

Obtidos por Expansão

15.393.419 16,80 13.242.534 11,61

Preparação Alims. Obtidas

de Flocos Cereais

837.449 0,91 1.107.831 0,97

Panetones 3.553.190 3,88 4.758.199 4,17Total 91.611.466 100,00 114.061.665 100,00

Tabela 10: Tipos de Biscoitos exportados.

Fonte: Anib, 2012.

Tabela 11: Os 10 principais destinos de exportação.Fonte: Anib, 2012.

36

Page 37: Relatório V_6

Quando se diz respeito à importação, os cinco maiores fornecedores de biscoitos para o

Brasil são: Argentina, Itália, Alemanha, França e Polônia. As importações desses cinco países

totalizaram 70% das compras ou 5.702 mil toneladas (ANIB, 2012). A tabela 12 mostra os

principais tipos de biscoitos importados.

Tipos de Biscoitos

2007 2008US$ % US$ %

Biscoitos doces e salgados

8.111.111 39,18 9.949.347 34,29

Waffers 3.659.138 17,68 6.347.175 21,87Torradas 274.801 1,33 257.810 0,89Bolachas 487.376 2,35 615.100 2,12

Outros produtos de padaria,

Inds. de biscoitos

3.183.307 15,38 7.118.833 24,53

Produtos a Base de Cereais

Obtidos por Expansão

293.460 1,42 654.272 2,25

Preparação Alims. Obtidas

de Flocos Cereais

1.068.372 5,16 265.606 0,92

Panetones 3.624.271 17,51 3.811.191 13,13Total 20.701.836 100,00 29.019.334 100,00

Tabela 12: Principais tipos de biscoitos importados.

Fonte: Anib, 2012.

Segundo o Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos no Estado de São

Paulo, SIMABESP (2007) os Estados Unidos ocupam, há alguns anos, o primeiro lugar no

ranking de países produtores de biscoitos, com 1,5 milhões de toneladas por ano. O Brasil vem

em segundo lugar com cerca de um milhão de toneladas, seguido pela Inglaterra com 0,67

milhões de toneladas, Alemanha com 0,59 milhões de toneladas e a França com 0,54 milhões

de toneladas. Em consumo per capita, o País figurava, em 2008, como o 12º no ranking

mundial, com 5,9 kg/ano, onde a Holanda era líder com o consumo per capita de 13,9 kg/ano

(M. DIAS BRANCO, 2012).

No que refere-se as empresas, a norte-americana Nabisco é líder mundial nas vendas

de biscoitos, no Brasil, detém somente cerca de 6% desse mercado. No segmento de biscoitos

doces, a Danone é líder mundial (SIMASBESP, 2007). 37

Page 38: Relatório V_6

Quando fazemos menção aos tipos de biscoitos mais consumidos no Brasil, o mercado

é segmentado em nove categorias maiores: recheado, cracker e água e sal, wafers, maria e

maisena, doces secos e amanteigados, amanteigados, salgados, rosquinha e outros. Na figura

2 encontramos a relação decrescente de consumo de biscoitos no Brasil, sendo que a principal

delas, o recheado, detém 30% dos produtos comercializados (ANIB, 2012):

Figura 2: Consumo de Biscoitos por categoria.

Fonte: Anibe, 2012.

38

Page 39: Relatório V_6

A figura 3 mostra a divisão por estado de consumo de biscoitos no Brasil e a figura 4 apresenta

o consumo por classe social:

Figura 3: Segmentação Regional de Consumo.

Fonte: Anib, 2012.

Figura 4: Consumo de Biscoitos por classe social.

Fonte: Nielsen, 2006.

3.3. Ingredientes utilizados em biscoitos

39

Page 40: Relatório V_6

Os ingredientes usados na elaboração de biscoitos afetam grandemente a sua qualidade

(EL DASH; DIAZ; CAMARGO, 1982). De acordo com Moretto e Fett (1999) os ingredientes

podem ser classificados em duas categorias:

Amaciadores (açúcar, gorduras, fermentos, etc.);

Estruturadores (farinha de trigo, leite, água, sal, etc.).

3.3.1. Ferinha de Trigo

A farinha de trigo está presente na mesa dos brasileiros do café da manhã ao jantar, já

que é um dos principais ingredientes no preparo de pães, bolos, biscoitos, massas, salgadinhos

etc.. A farinha de trigo para uso doméstico é encontrada no mercado com três tipos de

classificação: farinha de trigo especial, comum e integral.

Atualmente, existem 202 moinhos responsáveis pela distribuição de toda a farinha

de trigo produzida no Brasil (INMETRO, 2012).

A farinha de trigo apresenta complexidade em consequência da presença de muitos

elementos que contribuem para a sua qualidade global. Desta forma, nenhum teste simples ou

de qualidade tecnológica isolado, pode avaliar a qualidade final da farinha, exceto os testes de

funcionalidade, que consistem na aplicação da farinha no produto final. É certo que não existem

farinhas de trigo ruins, nem boa. O que há são farinhas de trigo adequadas e inadequadas a

determinados fins (ABITRIGO, 2011a).

A farinha de trigo constitui o principal ingrediente das formulações de biscoitos, pois

fornece a matriz em torno da qual os demais ingredientes são misturados para formar a massa

(EL-DASH; DIAZ; CAMARGO, 1982). É responsável pela formação da rede de glúten, por isso

é um ingrediente responsável pela estrutura do biscoito (PROJETO EMPREGA BRASIL, 2012).

A farinha para a elaboração de biscoitos deve apresentar taxa de extração entre 70 e 75%, teor

de proteínas entre 8 e 11%, glúten extensível e pequeno tamanho de partícula. O glúten pode

ser forte e difícil de ser estirado, indicado para alguns tipos de biscoitos Crackers, ou fraco e

fácil de ser extraído, indicado para outros tipos de biscoitos. (MORETTO; FETT, 1999;

GUTKOSKI; NODARI; JACOBSEN NETO, 2003).

A força da farinha está diretamente relacionada com o aumento do diâmetro do biscoito,

que é considerado uma das características funcionais mais importantes (YAMAMOTO et al.,

1996).

De acordo com Labuschagne; Cllssen e Deventer (1997 apud MORAES et al., 2010),

biscoitos de boa qualidade são obtidos a partir da farinha de trigo mole, de baixo teor de

proteína bruta, alta taxa de extração de farinha de quebra e pequeno tamanho de partículas,

40

Page 41: Relatório V_6

sendo dureza a característica mais importante. Segundo Yamamoto et al. (1996), o tamanho de

partículas é o parâmetro que apresenta melhor correlação com a qualidade funcional de

biscoitos tipo semi-duros, seguido de teor de amido danificado.

3.3.2. Amido

O biscoito apresenta, no seu interior, uma matriz de amido gelatinizado, que é

responsável pela sua expansão e textura. Análises microscópicas têm permitido comprovar que

os grânulos apresentam-se com diferentes graus de integridade, segundo a sua posição no

biscoito: os grânulos da superfície apresentam-se íntegros e sem inchamento. É provável que,

durante o forneamento, os grânulos da superfície sejam desidratados e aqueles do interior

sejam gelatinizados, provocando a expansão do biscoito (CAMARGO et al., 1988)

Durante a fase de moagem do grão de trigo, à medida que o endosperma é quebrado e

amassado, alguns grânulos de amido são danificados fisicamente. Isto tem um efeito

pronunciado nas características de absorção de água de uma farinha, porque numa situação

onde haja um excesso de água, a proteína absorve duas vezes o seu peso, o amido normal,

33% e o amido danificado, 100%. Dessa forma, é possível alterar o nível de amido danificado

em uma farinha pelo aumento da pressão dos rolos na moagem.

Para a produção do biscoito, como se deseja um produto final o mais seco possível, a

quantidade de água utilizada para preparar a massa deverá ser a mínima, indicando, portanto,

que, para este caso, a farinha a ser usada deverá ter um baixo teor de amido danificado

(MORETTO; FETT, 1999).

O amido também é utilizado em conjunto com a farinha de trigo quando se deseja

minimizar a força do glúten característico de farinhas mais fortes (TECNOLOGIA EM

BISCOITOS, 1999).

3.3.3. Gordura

A gordura é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes ingredientes no

processamento de biscoitos e talvez também um dos mais caros (MORETTO; FETT, 1999).

Algumas formulações apresentam entre 30 e 60% de lipídios (gorduras) (JACOB; LEELAVATHI,

2007).

Na fabricação de biscoitos, tanto o tipo como a quantidade afetam a qualidade dos

produtos. A fim de selecionar a melhor gordura para os vários tipos de biscoitos, muitos fatores

são levados em consideração, a saber: resistência a rancificação, sabor e aroma, poder creme,

plasticidade, textura, cor, sensibilidade à luz e preço.

41

Page 42: Relatório V_6

Normalmente, a gordura num biscoito possui quatro funções principais na massa:

lubrifica a massa, proporciona aeração, funcionando como agente de crescimento pela retenção

do ar, melhora a mastigação e a expansão.   Funciona ainda como amaciador, além de

contribuir com o aroma e sabor (MORETTO; FETT, 1999).

Para produção de recheio a gordura é também a matéria-prima mais importante e deve

ter a capacidade de manter as faces do biscoito recheado juntas e evitar que escorra pelos

lados do produto, além do papel importante na textura e sabor do recheio (WAKEREM, 2003).

Segundo Moretto e Fett (1999) as gorduras são utilizadas ou diretamente na massa, ou

em spray sobre a superfície do produto, ou ainda no recheio e cobertura. Algumas vezes, é

utilizada como agente colaborador para soltar o produto das esteiras. As gorduras a granel

devem ser sempre armazenadas em locais com temperaturas levemente superiores as do seu

ponto de fusão. Se a gordura for utilizada a temperatura mais alta, ela poderá ter sua função no

biscoito diminuída, além de aumentar a temperatura da massa e outros ajustes na formulação.

À medida que uma gordura é resfriada forma-se uma massa que é formada de cristais com

presença de líquido entre eles. Quando se agita essa estrutura, os cristais são quebrados em

tamanhos menores e a massa se torna mais plástica. Devido a este fato, algumas indústrias

utilizam o processo de plastificação, por meio do resfriamento da gordura líquida em resfriador

sob agitação, encamisado com ar comprimido. Dessa forma, a gordura plastificada poderá ser

inclusive bombeada diretamente na misturadeira de biscoito (EL DASH; DIAZ; CAMARGO,

1982; MORETTO; FETT, 1999).

Segundo Wakerem (2003), a gordura deve cobrir as partículas de proteínas que formam

o glúten e assim evitar que as mesmas absorvam umidade restringindo a formação da rede de

glúten. Isto se obtém pela utilização de gorduras plastificadas, garantindo também um bom

desprendimento do molde.

O processo de plastificação da gordura líquida ocorre pelo resfriamento rápido da

mesma, transformado-a em pastosa. À medida que a gordura é resfriada forma-se uma massa,

que é formada de cristais com presença de líquido entre eles, quando se agita essa estrutura,

os cristais são quebrados em tamanhos menores e a massa se torna plástica. Dessa forma, a

gordura plastificada poderá ser inclusive bombeada diretamente na misturadeira de biscoito. A

única desvantagem do processo é o custo do equipamento.

 Sendo a gordura imiscível em água, deve-se tomar muitos cuidados com o problema

de sua incorporação à massa. As propriedades críticas para tal são: teor de sólidos e tamanho

dos cristais.

42

Page 43: Relatório V_6

Todas as gorduras, com o tempo, se decompõem. Dessa forma, podem ocorrer

alterações conhecidas como rancificação devido à oxidação, saponificação e reversão de

aroma.

          O teor de sólidos na gordura é importante a determinadas temperaturas, a saber:

 Temperatura Ambiente: isto afeta a firmeza dos recheios usados em biscoito;

Temperatura de manuseio: afeta a consistência da massa à medida que ela é combinada

com outros ingredientes no preparo da massa;

Temperatura sanguínea: determina quanto de gordura é derretida na boca e quanto pode

aderir-se não derretida no céu da boca.

As gorduras podem ser classificadas em:

Animais: manteiga, banha, óleos;

Vegetais Temperatura Ambiente: isto afeta a firmeza dos recheios usados em biscoito;

Temperatura de manuseio: afeta a consistência da massa à medida que ela é combinada

com outros ingredientes no preparo da massa;

Temperatura sangüínea: determina quanto de gordura é derretida na boca e quanto pode

aderir-se não derretida no céu da boca.

As gorduras podem ser classificadas em:

Animais: manteiga, banha, óleos;

Vegetais: hidrogenadas, plastificadas, óleos, margarinas (MORETTO; FETT, 1999).

As gorduras animais (manteiga) têm tempo de estabilidade muito mais curto do que as

vegetais, apesar do uso de antioxidantes, pois os mesmos são perdidos durante a passagem do

biscoito no forno, justamente por isso ela é raramente utilizada na produção de biscoitos.

A margarina também é pouco utilizada por conta do alto custo. Normalmente, as

gorduras mais empregadas são as do tipo hidrogenadas ou plásticas (MORETTO; FETT, 1999).

3.3.4. Lecitina

É uma substância natural que se encontra na manteiga, leite, gema de ovo e em

diversos grãos, frutos secos e sementes. Como é um produto natural, está isento do controle

pela legislação. A lecitina comercial é proveniente quase em sua totalidade da soja, é o

exemplo típico de emulsificante natural, pois possui poder de reduzir as forças de tensão

superficial na camada limite de duas substâncias por dissolução, formando um complexo que

43

Page 44: Relatório V_6

permite a estabilização de misturas de compostos imiscíveis, como água e óleo (MORETO;

FETT, 1999).

As características de complexação desses compostos com o amido e a proteína são as

responsáveis por melhorias na laminação da massa, na rede de glúten, textura e expansão do

biscoito. O efeito da lecitina sobre a farinha de trigo é talvez de onde se reconhece que,

paralelamente a sua função emulsificante, ela se relaciona com o glúten e forma junto ao amido

um complexo proteína – amido – lecitina. Os resultados são uma melhor maquinabilidade,

melhor retenção dos gases e maior volume do biscoito tipo cracker (WAKEREM, 2003).

Por definição, os emulsificantes são substâncias que permitem a estabilização de

misturas de compostos imiscíveis, como água e óleo. As proporções úteis encontram-se entre

0,5 – 2,0 % da gordura, pois o uso em excesso confere sabor desagradável.

     Em relação ao uso de emulsificantes em biscoitos, diversas pesquisas foram efetuadas

e demonstrou-se que é possível reduzir o teor de gordura total de uma formulação em 15 a 20%

através do uso de 0,75% de um emulsificante (MORETO; FETT, 1999).

3.3.5. Água

A água é um constituinte importante na formulação dos biscoitos, tendo a função de

dissolver os ingredientes solúveis e hidratar o glúten, promovendo o seu desenvolvimento

(VITTI et al., 1988). Seu conteúdo na massa encontra-se na faixa de 29 a 34%, em relação ao

peso total da farinha. A quantidade de água é determinada pela força da farinha, sua absorção

e consistência desejada da massa (LIMA, 1998).

A água tem participação importante em reações químicas e bioquímicas na massa, o

que influencia suas propriedades físicas, tais como consistência, extensibilidade, pegajosidade,

maleabilidade, elasticidade e umidade. A quantidade de água em um biscoito é função do

tamanho, número, e uniformidade de espaços vazios, densidade, fissuras e estrutura da rede

protéica.

O pH da água influi na qualidade da massa, assim como a presença de cobre ou outro

metal que pode ocasionar o aparecimento de ranço na gordura (MORETTO; FETT, 1999).

3.3.6. Extrato de malte

O malte contém 75% de maltose. Existem dois tipos de malte empregados na indústria

de biscoitos: o malte não diastático e o malte diastático. O primeiro é aquele onde a atividade

da diástase foi eliminada, ao passo que o segundo contém quantidades apreciáveis da enzima

diástase. O malte diastático possui uma enzima do tipo pepsina, a protease que age no glúten

44

Page 45: Relatório V_6

da massa. Ela tem o poder de liquefazer o amido insolúvel e convertê-lo em maltose

(MORETTO; FETT, 1999).

Malte com baixa atividade diastática tem sido usado com vantagens nas massas de

Cracker, numa proporção de 2% sobre a farinha e adicionado na massa esponja utilizada no

processamento de biscoitos tipo Cracker. O objetivo da adição de malte diastático na esponja é

ajustar a atividade enzimática na farinha, pois acelera a fermentação e repõe o açúcar

consumido pelas leveduras durante o prolongado período de fermentação da massa esponja

(WHITELEY, 1971).

A massa esponja é a massa resultante do processo de fermentação da mistura de

farinha de trigo, fermento, sal e água, que é fermentada de 12 a 16 horas. O resultado é uma

massa bem aberta, tipo esponja.

A esta massa são adicionados farinha de trigo, água, gordura, sal, bicarbonato e sódio e

malte. Após a mistura (reforço) a massa continuará fermentando por mais algumas horas, que,

dependendo das características desejadas, poderá levar entre 1 ou 5 horas.

Este método esponja e reforço é tido por muitos como o que melhor sabor proporciona

aos biscoitos tipo Cracker (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

O malte não diastático pode ser usado em biscoitos do tipo estampado ou amanteigado,

para melhoria de cor, sabor e  aroma do produto, ou na fase de massa dos biscoitos tipo

Cracker (MORETTO; FETT, 1999).

3.3.7. Açúcar

O termo açúcar é largamente utilizado para se referir à sacarose, que é o açúcar mais

utilizado em biscoitos, sendo um dissacarídeo composto de uma unidade de frutose e outra de

dextrose e é derivada da cana-de açúcar (ou da beterraba em alguns países) (TECNOLOGIA

EM BISCOITOS, 1999).

O açúcar é um componente importante na formulação de biscoitos. Fornece doçura e

sabor, assim como tem efeito na cor, textura, expansão e aparência geral do produto, além de

contribuir para o valor nutricional como fornecedor de energia. Nos processos de fermentação,

serve de alimento à levedura (MORETTO; FETT, 1999). 

Pode-se dizer que o açúcar, de modo geral, serve para:

 Fornecer a doçura;

 Aumentar a maciez;

 Contribuir para o volume;

 Desenvolver cor de crosta agradável;

45

Page 46: Relatório V_6

 Criar balanço próprio entre líquidos e sólidos responsáveis pelo contorno;

 Agir como veículo para outros aromas;

 Ajudar na retenção de umidade;

 Dar um acabamento atrativo.

Em relação à textura do biscoito, pode-se dizer que a granulometria grosseira do açúcar

está relacionada com um produto macio, e a fina, com um produto mais resistente.  Em relação

à expansão, açúcar de granulometria mais grossa produz biscoito de expansão maior do que

açúcar de granulometria mais fina. Isso é evidente e está na dependência da quantidade de

água disponível na formulação.

As qualidades da massa em relação ao equipamento de processamento e a resposta

dos biscoitos às condições de forno também estão estreitamente relacionadas com o tipo e a

quantidade de açúcar empregado. Nos produtos fermentados, o açúcar serve de substrato às

leveduras e a outros microrganismos, para elaborar CO2 e os componentes aromatizantes

característicos desses tipos de biscoito (MORETTO; FETT, 1999).

3.3.8. Açúcar invertido

É o produto resultante da hidrólise da sacarose, e é amplamente utilizado na indústria de

biscoitos e possui a capacidade de reter umidade e melhorar a textura e cor do produto (VITTI

et al., 1988). O xarope de açúcar invertido é composto de frutose e dextrose.

Os principais benefícios do açúcar invertido são:

É um poderoso umectante, pois previne a perda de água do produto (o açúcar invertido

contém frutose que absorve mais umidade que outros açúcares) e substitui parcialmente a

sacarose, o que retarda a cristalização;

Aumenta o teor de açúcar em produtos sem risco de cristalização (sacarose inicia sua

cristalização com 67% de sólidos em solução);

Reduz o risco de crescimento indesejado de leveduras (devido ao maior conteúdo de

açúcar);

Ajuda na coloração de produtos contendo proteínas (Reação de Maillard) (TECNOLOGIA

EM BISCOITOS, 1999).

A fim de se conseguir coloração e aroma agradáveis nos biscoitos, é preciso que

ocorram algumas reações na etapa de forneamento, como, por exemplo, a Reação de Maillard.

Esta reação requer aminoácidos e açúcares redutores, daí a necessidade de se adicionar às

formulações açúcar invertido, melado, extrato de malte e outras combinações de açúcares

redutores.

46

Page 47: Relatório V_6

A reação de Maillard trata-se de uma reação que ocorre entre os aminoácidos ou

proteínas e os açúcares (carboidratos) redutores. Neste contexto, quando o alimento é

aquecido (cozido) o grupo carbonila (=O) do carboidrato interage com o grupo amino (-NH2) do

aminoácido ou proteína e, após várias etapas, produz melanoidinas, que dão a cor e o aspecto

característicos dos alimentos cozidos ou assados.

Dependendo dos tipos de proteínas e açúcares que compõem o alimento, o processo

produz resultados diferentes quanto ao aspecto, cor e sabor, que são característicos para cada

tipo de alimento.

Este fenômeno pode ser desejável, onde produz a cor e o sabor característicos do

produto; ou prejudicial, quando estas características são alteradas ou ocorrem perdas de

proteínas utilizáveis pelo homem (MORETTO; FETT, 1999).

3.3.9. Leite e seus derivados

Normalmente, o leite se apresenta ou na forma líquida ou em pó para uso em biscoito,

sendo o último tipo o mais empregado, pelas facilidades de manuseio.   Na formulação dos

biscoitos, o leite líquido é geralmente utilizado para coloração do produto, ou seja, colocado em

cima do biscoito antes do forno, para intensificar a reação de Maillard em substituição ao leite

em pó na massa, e também para realçar o sabor. Neste caso, deve ser utilizado em alta

porcentagem (WAKEREM, 2003).

Recentemente, em alguns países, o soro de leite vem substituindo cada vez mais o leite,

apesar de possuir algumas características diferentes (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999). A

proteína do soro é mais solúvel em água e possui um melhor poder amaciante da massa e do

produto final. Por outro lado, pelo maior teor de lactose, o produto feito com adição de soro

tende a escurecer mais rapidamente no forneamento (VITTI et al., 1988).       

As principais razões do uso do leite e derivados em biscoito são coloração (aminoácidos

para Reação de Maillard), retenção da umidade, consistência da massa, redução de doçura,

sabor e nutrição.

Pelo teor relativamente alto da lactose, há uma maior coloração da parte externa do

produto.

Segundo Moretto e Fett (1999) os efeitos benéficos do leite e derivados na formulação

dos biscoitos Cracker são:

tamponar a massa durante a fermentação prolongada, prevenindo assim, uma rápida e

excessiva acidificação;

melhorar o desenvolvimento de aroma e gosto;

47

Page 48: Relatório V_6

melhorar a cor da crosta;

aumentar o valor nutricional;

melhorar a estrutura porosa do biscoito, devido à presença de caseína;

melhorar a consistência da massa, facilitando seu manuseio nos equipamentos.

3.3.10. Fermento biológico

Ainda que os fermentos químicos predominem nos biscoitos, grandes quantidades de

fermento biológico são utilizadas no preparo de Crackers ou similares. O fermento usado no

processamento de biscoito fermentado é o oriundo da família Saccharomyces cereviseae.

          As principais funções são a de fonte de enzimas, melhoradores de sabor e agentes de

crescimento. Como biscoitos tipo Cracker aumentam de volume muito mais graças aos

processos de laminação do que devido à fermentação propriamente dita, devido ao Método

Esponja de produção, a função de agente de crescimento é pouco provável de ser a mais

importante. Dessa forma, as duas primeiras funções parecem ser as mais importantes

(MORETTO; FETT, 1999).

Um dos principais papéis do fermento na elaboração dos biscoitos é de condicionar a

proteína (glúten) da farinha. Combinando uma certa quantidade de ingredientes junto com o

fermento sempre produzirá os seguintes resultados:

Formação de dióxido de carbono, fornecendo à massa uma quantidade grande de

compartimentos celulares;

Produção de alcoóis e ácidos que contribuem para o desenvolvimento de sabor e aroma

agradáveis no biscoito. (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999). Os ácidos acético,

propiônico, isobutílico, valérico, etc. e compostos nitrogenados aumentam cinco vezes nas

20 horas de esponja. (VITTI et al., 1988).

Segundo Vitti et al. (1988) durante o processo de fermentação, graças ao fermento

adicionado, ocorre o desenvolvimento de bactérias do gênero Lactobacillus. Isto, associado à

protease e malte adicionados à formulação do biscoito, vai atuar nas características reológicas

e mudanças químicas na massa.

3.3.11. Enzimas

As enzimas agem cataliticamente, aumentando a taxa de reação sem serem

consumidas. Sua atividade depende do tipo de enzima, temperatura, atividade de água, tempo

de atuação, presença de inibidores e pH (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

48

Page 49: Relatório V_6

No processamento do biscoito, as duas enzimas que mais interessam são: amilases e

proteases, conhecidas como endopeptídases, que atuam nas proteínas.

As amilases atuam sobre as frações de amido danificado e são fontes de energia para

as leveduras na fermentação. Com a hidrólise do amido solubilizado se libera água e a

viscosidade diminui. Amilases oriundas de A. oryzae são usadas para suplementar a farinha de

trigo que já contém certa quantidade de amilases (MORETTO; FETT, 1999).

As alfa-amilases rompem as cadeias formadas por amilose e amilopectina no amido

para produzir um açúcar intermediário, a dextrina.

As proteases agem no sentido de reduzir problemas de homogeneização na massa, pois

atuam na cadeia de polipeptidases e enfraquecem o glúten, sendo muito utilizadas na produção

de biscoitos tipo wafer (WAKEREM, 2003).

3.3.12. Agentes químicos

A fabricação de biscoitos envolve o uso de um grande número de compostos químicos.

A quantidade utilizada destes agentes é muito pequena e desta forma deve-se ter muito

cuidado ao se estocar ou manuseá-los, sendo que os normalmente empregados são sal (cloreto

de sódio), bicarbonato de sódio, bicarbonato de amônio, pirofosfato de sódio e metabissulfito de

sódio (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Sal

O sal é um ingrediente que, além de contribuir para o sabor do produto, é responsável

pelas características de desenvolvimento da proteína do trigo. 

O sal entra na composição de uma formulação em teores variando de 0,6 a 1,5% sobre

a farinha de trigo.

Existem dois tipos principais de sal para uso em biscoito: o sal que é usado na massa e

o sal usado na cobertura de biscoito, principalmente do tipo fermentado. Neste último caso, o

objetivo é fornecer ao produto um sabor mais salgado. Para tanto, esse tipo de sal deve ser

mais grosseiro no tamanho de seus cristais, de modo que permaneça intacto na superfície do

biscoito, não se dissolvendo. No primeiro caso, o sal usado na massa deverá ser o mais puro

possível, principalmente isento de cobre, para evitar a rancificação da gordura. Também deve-

se evitar o excesso de alcalinidade no sal, pois isso pode afetar o pH da massa do biscoito.

De acordo com Moretto e Fett (1999) normalmente, formulações mais ricas em açúcar

ou gordura exigem maior teor de sal. Os principais efeitos que o sal produz na massa,

principalmente dos biscoitos Cracker, são:

49

Page 50: Relatório V_6

Diminuição da absorção de água;

Ajuda no fortalecimento do glúten;

Melhora na retenção dos gases;

Contribuição para melhor textura e volume do produto final;

Contribuição para o sabor do produto.

O sal tem propriedades adstringentes, atuando como fixador da água no glúten. Além de

influenciar no sabor e aroma, é também usado como agente de controle da fermentação

(WHITELEY, 1971). Caso o sal não seja adicionado à massa, a fermentação ocorrerá

rapidamente; no entanto se o conteúdo de sal exceder 2% sobre o peso da farinha, a

fermentação será retardada excessivamente (LIMA, 1998).

O sal age também como inibidor das enzimas proteolíticas que atuam sobre o glúten,

portanto o seu uso em excesso é prejudicial (MATZ, 1968; NIMAN, 1996 apud MELO, 2002). O

sal tem efeito no fortalecimento da esponja do Cracker pelo aumento da resistência à extensão,

enquanto que o bicarbonato de sódio parece aumentar a extensibilidade da massa do Cracker

(MELO, 2002).

A quantidade de sal adicionado às massas é relativamente pequena, entretanto

proporciona um sabor moderadamente salgado, quando usado devidamente, ressaltando o

sabor e o aroma de cada ingrediente da formulação (SMITH, 1972; NIMAN, 1996 apud MELO,

2002).

Em resumo, os efeitos principais do sal nas massas dos biscoitos Crackers são

refletidos principalmente na diminuição da absorção de água, no fortalecimento do glúten,

auxiliando na retenção de gás, além de contribuir para melhorar textura, sabor e volume do

produto (EL DASH et al., 1982).

Bicarbonato de sódio e amônio

São sais utilizados em biscoitos para ajudar na aeração, ou seja, abrir a textura deles.

Ambos na presença de água e calor formam gases, principalmente o dióxido de carbono

(WAKEREM, 2003).

Na fabricação de biscoitos, diversos ingredientes são fracamente ácidos (pH 4,0-5,0),

enquanto os biscoitos finais têm pH em torno de 7,0. É necessário, portanto, que se faça um

ajuste de pH, e o método mais comum consiste na adição de bicarbonato de sódio. A

quantidade requerida é pequena (cerca de 0,5% do peso da farinha). Outra função desse

ingrediente é, quando decomposto sob ação do calor, dar origem a carbonato de sódio, água e

dióxido de carbono (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999; MORETTO; FETT, 1999). Segundo

50

Page 51: Relatório V_6

Pizzinatto e Hoseney (1980) o bicarbonato de sódio aumenta a extensibilidade da massa do

biscoito tipo cracker.

O bicarbonato de amônio se decompõe completamente quando aquecido, se tornando

gás dióxido de carbono, gás amônia e água. Desta forma não deixa resíduo no biscoito após o

forneamento. É bem solúvel em água e por ser muito alcalino deixa a massa mais macia

necessitando menos água para uma determinada consistência, porém é importante que todo o

bicarbonato de amônio adicionado seja liberado durante o cozimento, caso contrário, ocasiona

um sabor desagradável (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Pirofosfato ácido de sódio

É um sal ácido de ação lenta e comumente usado no preparo de fermento químico em

pó, útil também para neutralizar os efeitos do bicarbonato de sódio, e pode agir modificando a

largura do biscoito. É parcialmente solúvel em água fria, e a maior parte de sua ação ocorre na

fase de assadura da massa (MORETTO; FETT, 1999; TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Metabissulfito de sódio

É um pó cristalino branco. É utilizado em pequenas quantidades para modificar a

qualidade do glúten por meio de reações químicas em biscoitos semi-doces. Age como redutor

pela liberação do gás de dióxido de enxofre (com cheiro desagradável) quando em solução. O

glúten dessa forma se torna mais extensível e menos elástico, levando a uma redução na

quebra da massa na laminação e no forneamento (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Deve-se ter cuidado com seu uso, pois ele é responsável pela destruição de vitaminas do

complexo B e também inibe o escurecimento desejável no forno, podendo ser também

causador de sabores desagradáveis (WAKEREM, 2003).

3.3.13. Corantes

Existem dois grupos de corantes utilizados na indústria alimentícia, naturais e artificiais.

Os naturais são extraídos de um ingrediente e concentrados. Os artificiais não são extraídos de

fontes vegetais ou animais e sim obtidos através de processos químicos (TECNOLOGIA EM

BISCOITOS, 1999,).

3.3.14. Outros

Recheios, coberturas, aromatizantes e alguns condimentos ou essências são

ingredientes em que varia sua utilização em biscoitos (MORETTO; FETT, 1999).

51

Page 52: Relatório V_6

3.4. Processamento do Biscoito

O processamento de biscoitos em geral se dá com as seguintes etapas: mistura da

massa, moldagem, forneamento, resfriamento, embalagem, armazenamento e distribuição. No

entanto existem algumas etapas variáveis de acordo com o processamento de cada tipo

específico de biscoito (VITTI et al., 1988).

Para os biscoitos do tipo Cracker - com massa fermentada, acrescenta-se etapa(s) de

fermentação, e a moldagem se dá por laminação. O biscoito Cracker pode ser processado de

três maneiras: Método contínuo, Método Direto e o Método Esponja, neste último a massa sofre

duas fermentações consecutivas, que serão explanadas no item referente à descrição do

processamento dos biscoitos.

Para os biscoitos do tipo recheado, acrescenta-se às etapas básicas apenas a etapa de

recheamento (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

52

Page 53: Relatório V_6

3.4.1. Fluxograma de Produção do Biscoito

O processamento do biscoito segue o seguinte fluxograma:

Fluxograma 1: Processamento do biscoito.

Fonte: Tecnologia em Biscoitos (1999); Moretto; Fett (1999) adaptados.

53

Etapa referente ao fluxograma básico de produção

Etapa referente aos biscoitos Crackers

Etapa referente aos biscoitos Recheados

Page 54: Relatório V_6

3.4.2. Descrição das Etapas do Processamento do Biscoito

3.4.2.1. Mistura e formação da massa

Segundo Moretto e Fett (1999) para o biscoito, o processo de mistura tem as seguintes

funções:

Homogeneização dos ingredientes para formar massa uniforme;

Dispersão de sólido no líquido ou líquido no líquido;

Formação de soluções de um sólido num líquido;

Desenvolvimento do glúten da farinha;

Aeração da massa.

A ação dos misturadores de massa é fundamental e tende a orientar as partículas de

glúten em um padrão heterogêneo, isto é, os filamentos de proteína pelo movimento dos

batedores são arranjados de forma paralela. Quando este ponto é alcançado a massa adquire

uma maciez que indica que a distensão da mistura está adequada, isto se deve ao glúten e sua

capacidade de alongar-se como uma mola (MORETTO; FETT, 1999).

O tipo mais comum de misturadores são os horizontais, cuja massa gira em torno dos

batedores que estão na horizontal. A alta velocidade que atinge faz com que as massas sejam

homogeneizadas em relativamente pouco tempo. Outra vantagem é a de permitir melhor

controle de temperatura devido a possibilidade de uso de camisa de água envolvendo o

recipiente de massas (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

A figura 5 ilustra um Misturador Horizontal de alta velocidade com batedores simples.

54

Page 55: Relatório V_6

Figura 5: (a) Misturador Horizontal de alta velocidade com batedor simples / (b) Parte interna

do Misturador Horizontal.

Fonte: Tecnologia em Biscoito, 1999.

Os batedores verticais estão posicionados na vertical e são abaixados para dentro do

recipiente de massas, chamados carrinhos, os quais são móveis para facilitar o carregamento

de matérias primas e a preparação de massas de dois estágios, como Crem Cracker.

Podem ter batedores duplos ou triplos.

Apesar da facilidade de operação, este tipo de equipamento apresenta algumas

desvantagens, principalmente no que diz respeito à boa homogeneização.

A figura 6 ilustra um Misturador Vertical com batedores triplos.

55

(a)

(b)

Page 56: Relatório V_6

Figura 6: Misturador Vertical.

Fonte: Tecnologia em Biscoitos,1999.

O processamento do biscoito Cracker pelo Método Esponja é feito pela fermentação da

mistura de farinha, água, fermento, gordura, malte e bicarbonato. Isso é feito em duas etapas,

conhecidas como fase de esponja e fase de massa. Para a primeira fase, mistura-se somente o

suficiente para distribuir água e fermento na farinha (esponja), porque continuar esta operação

por mais tempo pode prejudicar a fermentação, que seria acelerada, trazendo problemas nas

fases posteriores. Se a gordura for mais consistente, é vantajoso adicioná-la na esponja, porque

o calor gerado na fermentação amolece-a, permitindo sua incorporação à massa (MORETTO;

FETT, 1999).

O tempo de mistura não passa de três minutos em misturador horizontal ou vertical de

30 a 50rpm. No caso de farinha de trigo mais fraca, um tempo maior de mistura pode ser

vantajoso, porque melhora a retenção de gás e também o crescimento no forno (ALMOND,

1988).

3.4.2.2. Fermentação

É uma etapa de desenvolvimento do volume da massa do biscoito, que é utilizada para

biscoitos Salgados e Crackers. Para o primeiro é realizada em uma etapa que dura 5 horas. No

caso do biscoito Cracker feito pelo Método Esponja divide-se em duas etapas de fermentação:

da massa esponja e da massa reforçada.

A fermentação esponja influencia grandemente as fases seguintes do processo e o

produto final, devendo, portanto, ser efetuada com muito cuidado. Prepara-se a massa à

56

Page 57: Relatório V_6

temperatura de 23ºC e deixa-se fermentar por aproximadamente 18 horas em local com

temperatura de 26ºC e 80 a 85% de umidade relativa (MORETTO; FETT, 1999). Durante as

primeiras 5 horas, o crescimento da massa é lento, mas, à medida que passa o tempo, o

crescimento é mais rápido, atingindo o topo do recipiente. Nessa fase de fermentação, ocorre

ainda o abaixamento do pH, que vai de 6,0 a aproximadamente 3,5. Esse abaixamento pode

afetar a atividade da levedura, que é mais ativa quando a esponja atinge pH 4,7. Isso explica

porque a esponja fermenta mais rapidamente após 12 horas. A ação da levedura sobre o amido

produz álcool e CO2. Por outro lado, a acidez afeta o grau de dispersão do glúten, e isso têm

relação com as características do produto final (WADE, 1988).

          O recipiente da esponja é retirado da sala de fermentação e levado à nova mistura, onde

são adicionados os ingredientes remanescentes (chamado “reforço”). Os ácidos da esponja

reagem com o bicarbonato, produzindo CO2, o que ajuda na expansão e crescimento do

biscoito. Uma vez misturada, a massa volta para a sala de fermentação e lá permanece por

mais 4 a 5 horas (fase de massa). A esponja fermentada serve como inóculo de

microrganismos para iniciar a fermentação da massa. A etapa da fermentação da esponja é

considerada importante para se obter produtos de qualidade, porém é muito demorada (cerca

de 18 horas) representando 75% do tempo total de produção do Cracker (PIZZINATTO;

HOSENEY, 1980).

3.4.2.3. Formação do biscoito

Após a massa ser obtida na misturadeira, é enviada, automaticamente ou não, para a

fase de formação do biscoito que varia de acordo com o tipo de biscoito. A maneira como o

biscoito será formado variará segundo o produto seja estampado, amanteigado, cortado por fio,

depositado, recheado, Cracker etc.

Para o biscoito Cracker se dá por laminação e corte, já para o biscoito Recheado se dá

por moldagem (MORETTO; FETT, 1999).

Laminação e Prensa Estampadora (utilizada nos Biscoitos Crackers)

A laminação é o modo mais versátil de se formar biscoitos, e é utilizada no biscoito

Cracker.

As passagens da massa, através de equipamentos de laminação e corte, têm maior

efeito nas características do produto final que qualquer outra operação do processo (WADE,

1972). A textura e a qualidade de mastigação são parcialmente controladas pelas condições

57

Page 58: Relatório V_6

dessas operação, cujo equipamento varia amplamente (ALMOND, 1988). No caso de biscoito

Cracker, a sua formação pode ser por meio de laminação horizontal ou vertical.

Na laminação horizontal, a massa que sai do misturador é levada para as moegas

alimentadoras, que conduzem o material até os rolos estirados, os quais formam duas lâminas

de massa mais grossa.

Nessa oportunidade, é colocada entre as lâminas a farofa (mistura de farinha, gordura e

sal em proporções de 100, 30 e 1 partes, respectivamente), previamente homogeneizada e

peneirada em quantidade de 12 a 15% da quantidade de massa. A massa passa depois por

pares de rolos redutores, que diminuem a espessura da lâmina.  Normalmente, utilizam-se três

pares de rolos. Essa lâmina é depois dobrada sobre si mesma, formando uma lâmina de 6 a 8

camadas. Essas camadas são novamente laminadas num sistema de três pares de rolos até a

obtenção da lâmina final, que irá para o sistema de corte. A figura 7 ilustra este sistema de

laminação.

Figura 7: Laminação horizontal.

Fonte: Moretto; Fett, 1999.

58

Page 59: Relatório V_6

Na laminação vertical, o sistema utilizado é praticamente igual ao anterior, com a

diferença de que a posição dos pares de rolos redutores é diferente, ocupando menor espaço,

observe na figura 8 (MORETTO; FETT, 1999).

Figura 8: Laminação vertical.

Fonte: Moretto; Fett, 1999.

É importante controlar as condições do ambiente onde a massa é laminada (temperatura

e umidade), a fim de evitar problemas tais como exsudação de gordura na massa, formação de

casca sobre sua superfície, dificultando o corte, etc (MORETTO; FETT, 1999).

Nos biscoitos fermentados, após a fase de mistura, a massa é fermentada e depois é

alimentada em um equipamento chamado de sheeter. A função do sheeter é compactar e

calibrar a massa para uma folha de espessura uniforme e com a largura da linha. Não deve

haver furos e as laterais devem ser centradas e inteiras. Geralmente, no sheeter ocorre a

incorporação de retalho de massa proveniente do corte, juntamente com a massa fresca do

misturador.

Dentro do sheeter a massa é comprimida e trabalhada para retirada do ar, sendo

inevitável que ocorra algum stress na estrutura do glúten. Observe a figura 9, onde se tem o

exemplo de um sheeter com formato típico.

59

Page 60: Relatório V_6

Figura 9: Sheeter com um formato típico.

Fonte: Tecnologia em Biscoitos, 1999.

O sheeter propriamente dito é quase sempre com três rolos, pois, como na figura 9

mostra, a configuração dos rolos é desenhada para comprimir e calibrar a massa em uma folha

uniforme na largura e espessura. Os dois rolos superiores são conhecidos como rolos

forçadores e um lado destes rolos com a parte inferior do terceiro rolo constitui a característica

de calibração. Para segurar a massa no sheeter pelo menos um dos rolos forçadores deve ter a

superfície frisada. Se ambos os rolos forçadores tiverem ranhuras, marcas ocorrerão na

superfície da massa. Geralmente, não é desejável ter uma marca na parte superior da massa,

pois o problema pode persistir até o corte e então afetar a aparência do biscoito. O rolo de

calibração sempre tem superfície lisa.

A nova folha de massa passa por um ou mais conjuntos de pares de rolos calibradores

que reduzem a espessura até aquela necessária para o corte. A massa é levada de um par de

rolos a outro por esteiras. Há casos onde a massa é sobreposta para formar laminações antes

de ser calibrada à espessura final desejada.

A sequência de máquinas, partindo do sheeter e finalmente chegando à mesa onde o

produto passa para a esteira do forno, é chamada de “laminador”. Podemos observar na figura

10 todo o esquema de laminação.

60

Massa

Abertura de calibração

Abertura para forçar a massa

Massa

Page 61: Relatório V_6

Figura 10: Resumo esquemático da laminação

Fonte: Tecnologia em Biscoitos, 1999.

Conforme a folha da massa vai se tornando mais fina do sheeter ao corte ela se torna

mais comprida. Então, cada rolo calibrador e esteira subsequentes são mais rápidos que os

anteriores.

Um controle preciso da velocidade das várias máquinas e esteiras é essencial para um

percurso harmônico da massa.

Entre o rolo de calibração e o corte, tem-se um ajuste que permite o relaxamento da

massa antes de ser cortada. Durante este relaxamento a massa sobe e desce sendo que a

espessura na qual a massa será cortada é dependente tanto da espessura no último rolo de

calibração como da forma de relaxamento. A espessura que a massa é cortada é um fator

determinante no peso do biscoito. Entretanto, a razão principal para o relaxamento é controlar a

dimensão do biscoito assado. A folha de massa que está sob tensão no momento do corte

produz biscoitos que apresentam como resultado, comprimento menor e tendem a ser mais

grossos na parte posterior ou anterior. Se a tensão é retirada antes do corte, o desvio no

comprimento será menos perceptível e a variação na espessura do biscoito não será notada.

Variando a quantidade de relaxamento, o comprimento e tamanho do biscoito podem ser

controlados até certo limite (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Após a passagem pelos rolos redutores finais e pelo relaxamento, a Lâmina obtida é

cortada por prensa estampadora. O corte da lâmina deve ser eficiente para selar as margens

externas dos biscoitos e cortar nitidamente a massa (VITTI et al., 1988).

O processo de corte não produz somente a forma e tamanho do produto, mas também

impressão na superfície e furos. É necessário se ter certeza que os biscoitos cortados aderem

preferencialmente à lona de corte e não ao rolo cortador. A aderência na lona de corte também

61

Page 62: Relatório V_6

não deve ser muito forte ou de outra forma será difícil transferir os biscoitos cortados para a

próxima esteira ou para a esteira do forno. Entre os biscoitos cortados há sobras de massas

conhecidas como retalho. Este retalho é separado e reincorporado à massa recém batida pelo

sheeter ou misturador. Como a densidade, consistência e muitas vezes a quantidade de

gordura e temperatura do retalho é diferente da massa nova, é importante que esta

incorporação seja o mais uniforme possível. O retalho quase sempre gera problemas de

controle do processo. Esta incorporação de vê ser estudada com cuidado.

Tendo removido o retalho, a superfície pode ser pulverizada com açúcar, sal, gergelim

ou castanhas, etc. Que devem ser aplicadas no biscoito antes do forno. Sistemas para

operação sempre incluem um local para retirada do excesso de material que cai entre os

biscoitos. O material separado pode ser reutilizado.

Não é normal que a esteira do corte transfira os biscoitos direto na esteira do forno.

Normalmente, há uma transferência a uma esteira de transferência, sendo que nesta esteira é

que a cobertura ocorre (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Na figura 10 podemos encontrar todo o esquema de laminação descrito anteriormente.

Corte por Rolos (utilizada nos Biscoitos Recheados)

Nesta forma de formação do biscoito utilizam-se rolos, sendo que um deles possui

cavidades com crivos impressos no desenho característico do biscoito que se deseja produzir.

A massa do biscoito recheado, a ser formada por este processo, possui maior teor de gordura

na sua composição, a fim de ter consistência suficiente, que facilite a sua extração na matriz,

evitando a distorção ou a formação de pequenos pedaços (TECNOLOGIA EM

BISCOITOS,1999).

O conjunto consiste de um alimentador que pode ter duas ou mais divisões. Isto é feito

por meio de placas móveis. Existe ainda o rolo matriz, onde estão gravados os tipos de

biscoitos e paralelamente a este gira o rolo de borracha.

Há também uma faca, que serve para retirar o excesso de massa. Entre o rolo moldador

e o de borracha, passa a esteira, onde será depositado o biscoito por meio de extração. O rolo

moldador é comumente feito de latão ou bronze na parte da matriz. A esteira de lona utilizada

na transferência do biscoito do moldador para o forno é normalmente sem costura e para

melhor extração do biscoito da esteira pode-se aplicar sobre a superfície vapor. É importante

salientar que, modernamente, a matriz (molde) dos rolos moldadores é feita de teflon, o que

permite reduzir o teor de gordura na formulação (MORETTO; FETT, 1999).

Na figura 11 pode-se observar o esquema de modelagem do biscoito.

62

Page 63: Relatório V_6

Figura 11: Moldadora Rotativa

Fonte: Moretto; Fett, 1999.

O rolo A é conhecido como rolo pressionador. Normalmente, é fabricado de aço

inoxidável e tem ranhuras em vários locais desenhados para segurar a massa. O rolo ao girar

permite que a massa saia do reservatório (H) e a partir daí seja puxada e entre rapidamente nos

cunhos do rolo B, o rolo moldador. O rolo A pode ou não ser ajustável na direção horizontal. O

rolo B tipicamente tem um diâmetro similar ao rolo A, mas tem uma superfície lisa na qual são

gravados ou inseridos os moldes para formar o tamanho e formato dos biscoitos (cunhos).

Tipicamente o rolo B é feito de bronze que permite gravações mais delicadas.

Em ambos os casos o rolo que possui a mesma largura que a linha, é um tubo fixado em

um eixo. O rolo moldador é movido como mostrado acima e então a massa é forçada

rapidamente nos moldes. A posição do rolo moldador é fixa.

Encostada no rolo moldador há uma lâmina de aço, a faca (D). A ponta da lâmina está

abaixo da linha do centro dos rolos A e B onde uma pressão máxima na massa é feita

63

FA

Massa

Biscoitos

B

D

C

E

H

Bandeja de Recebimento

Page 64: Relatório V_6

rapidamente. A massa que é forçada no molde é cortada e o excesso é raspado pela faca e

pressionado na camada da massa que adere no rolo pressionador.

O rolo C é o rolo de extração. Ele possui uma grossa camada de borracha que cobre um

centro de aço e em torno do qual há a esteira de extração (E). Pelo ajuste da posição deste rolo

na direção vertical a esteira de extração pode ser pressionada contra o rolo de moldagem. Ele

percorre a direção mostrada na figura 11 e os biscoitos saem dos moldes para a esteira de

extração.

Os biscoitos são então retirados e levados em direção à esteira do forno ou alguma

esteira intermediária. Para ajudar uma transferência perfeita dos biscoitos da esteira de

extração, um arame fino ou um metal de pequeno diâmetro é utilizado próximo ao final da

esteira para evitar que a massa fique grudada na esteira.

Em seu retorno a esteira de extração passa por uma faca limpadora que raspa o

excesso de biscoitos presente (F) (TECNOLOGIA EM BISCOITOS, 1999).

Corte por fios-arame (utilizada nos Biscoitos Extrusados)

Caracteriza-se por trabalhar com massas de consistência variada, desde o tipo similar a

bolo, isto é, macia, até o tipo massa rígida, porém facilmente moldável. O ajuste do

equipamento é fator importante para o êxito na produção.

A massa, antes de ser cortada, é formada por dois rolos corrugados, que giram em

sentido contrário e mesma velocidade, empurrando-a contra uma matriz. A massa, saindo da

matriz de forma contínua, é cortada por arames em unidades, que são depositadas sobre a

esteira do forno que passa logo abaixo. A figura 12 mostra o arranjo típico de cortador por fios

(MORETTO; FETT, 1999).

64

Page 65: Relatório V_6

Figura 12: Cortador de biscoito por sistema de fios.

Fonte: Moretto; Fett, 1999.

3.4.2.4. Forneamento

Muitas modificações acontecem na massa dos biscoitos no processo de cozimento.

Entre as modificações mais importantes podem ser citados a perda de umidade,

desenvolvimento da cor, conseguida graças à caramelização dos açúcares, sabor, aromas e

mudanças nas dimensões (GRANOTEC, 2000).

Talvez a função mais importante é a série de reações químicas e físicas que ocorrem.

Neste processo ocorre a hidratação e gelatinização parcial do amido da farinha. Outra mudança

que ocorre é a combinação química de certos materiais protéicos e carboidratos, isto é

importante, porque resulta em sabor agradável. Entretanto, para que isso aconteça, há

necessidade de baixas temperaturas e tempo.

Basicamente, o forno consiste em uma câmara aquecida, por onde passa a esteira que

conduz o produto a ser cozido. Há três maneiras de transferência de calor: condução,

convecção e radiação. O ponto importante a ser lembrado é que todos os fornos usam os três

tipos de transferência de calor. O calor gerado pelos queimadores aquece a superfície e a parte

inferior da esteira. Este calor é transferido ao biscoito por condução ou contato. Ao mesmo

tempo, os queimadores estão aquecendo o ar acima dos biscoitos e este calor é transmitido ao

65

Page 66: Relatório V_6

produto por convecção. Os queimadores superiores ficam aquecidos e a extremidade pode ficar

até avermelhada, emitindo radiação infravermelho, que é transmitida para o biscoito. A

quantidade de um e de outro tipo de calor depende, é lógico, do desenho do forno (MORETTO;

FETT, 1999).

O cozimento do biscoito Cracker pode ser feito em fornos de aquecimento indireto, de

turbulência ou dielétricos, por tempos que variam de 2,5 a 3,5 minutos, dependendo do tipo de

forno. Recomenda-se que na primeira zona a temperatura da base seja mais alta para propiciar

um crescimento rápido do biscoito (VITTI et al., 1988). De acordo com El Dash et al. (1982) o

cozimento dos biscoitos Crackers apresenta variações de temperatura nas diferentes zonas.

3.4.2.5. Resfriamento

O resfriamento é uma das fases mais importantes do processamento de biscoitos. Assim

que o produto sai do forno, se apresenta mole e ainda com alguma umidade. Desta forma, não

poderá ser embalado diretamente, e deve sofrer o processo de resfriamento. Se essa fase não

for bem feita, pode ocorrer o fenômeno de “checking” ou quebra (MORETTO; FETT, 1999).

No final do cozimento no forno os biscoitos têm valores de umidade situadas entre 5 a

8%, as quais decrescem até 3,5 a 4,0% após a retirada do forno e resfriamento.

O tempo de resfriamento deve ser de cerca de 20 minutos até reduzir a temperatura a

níveis baixos para não provocar problemas no empacotamento (WADE, 1972).

Durante o resfriamento pode ocorrer alguma troca de umidade entre o produto e a

atmosfera que o envolve, dependendo da umidade relativa do ar. Entretanto, a mais importante

mudança nesta etapa é a redistribuição de umidade dentro do produto (WADE, 1988).

Além da perda de umidade e diminuição de temperatura, ocorrem durante o

resfriamento, há mudança de estado dos principais componentes, os quais afetam as

dimensões dos biscoitos. Ocasionalmente acontecem alterações na espessura dos biscoitos.

Estas mudanças podem acarretar problemas de trincas ou quebras. Dessa forma, deve-se

efetuar o resfriamento lentamente e em ambiente sem circulação de ar frio, ou com esteira

coberta que possibilite que o vapor eliminado crie sobre a superfície do biscoito uma umidade

relativa alta, que impede rápidas trocas, evitando as trincas (VITTI et al., 1988).

3.4.2.6. Recheamento (Utilizado somente em biscoitos recheados)

É a etapa em que o recheio é aplicado no biscoito cozido que passou por resfriamento

natural.

66

Page 67: Relatório V_6

O recheamento se dá por bombeamento na saída de um orifício onde é cortado por fio e

aplicado na face dos biscoitos que passam sob o rolo (WAKEREM, 2003).

Após aplicação do recheio, o biscoito recheado passa por um resfriamento a

temperatura controlada para solidificação do recheio, feito a base de gordura (TECNOLOGIA

EM BISCOITOS, 1999).

Nesta etapa pode ocorrer um defeito chamado Fat Bloom, em que ocorre a cristalização

da gordura na superfície no recheio, e se origina por conter uma porção muito alta de gordura

líquida na massa durante o processo, e/ou quando o resfriamento é muito lento (WAKEREM,

2003).

3.4.2.7. Embalagem

A embalagem tem as seguintes funções:

Proteger o produto contra contaminações e quebra durante o transporte. Os biscoitos

devem estar juntos em grupo de forma a não se quebrarem;

Evitar perda ou ganho de umidade;

Impedir o início da rancidez;

Proteger contra insetos, poeira, luz;

Atrair o consumidor;

Informar a validade do produto;

Mostrar informações nutricionais (MORETTO; FETT, 1999).

          A embalagem adequada deve, portanto, apresentar baixa permeabilidade ao vapor

d’água e ao oxigênio e ser opaca. Características como barreira à permeação de gorduras e

aromas estranhos, boa maquinabilidade e resistência mecânica são desejáveis (VITTI et al.,

1988).

3.5. Controle de Qualidade na indústria de alimentos

O conceito de qualidade de alimentos é complexo. No mercado significa um apelo de

vendas ou de economia para o consumidor. Para as revistas de nutrição o conceito de

qualidade de alimentos significa um apelo à boa saúde e para os toxicologistas qualidade quer

dizer segurança, já que os alimentos devem ser inofensivos. A segurança de alimentos tem sido

definida como sendo uma prova razoável de certeza de que os alimentos são sanitariamente

adequados. Assim, pode-se dizer que o produto alimentício que põe em risco a saúde não tem

qualidade (FILHO; SANTOS, 1995).

67

Page 68: Relatório V_6

Os consumidores estão cada vez mais exigentes quanto aos atributos de qualidade dos

produtos que consomem, sejam atributos tangíveis do produto, como por exemplo valor

nutricional, aparência, sabor e segurança, como atributos intangíveis, como por exemplo

métodos de produção de impacto adequado ao meio ambiente e em conformidade com normas

sociais. A fim de atender a esses atributos de qualidade, é necessário uma visão gerencial mais

sistêmica, ou seja, as ações devem ser executadas de forma integrada pelos agentes que

compõem uma cadeia de produção agroindustrial. Estratégias relacionadas à gestão da

qualidade e à qualidade de produto devem ser planejadas, executadas e monitoradas por todos

os agentes, desde o produtor rural até o segmento varejista (SCALCO; TOLEDO, 2000).

A gestão da qualidade é entendida como a abordagem adotada e o conjunto de práticas

utilizadas para obter-se, de forma eficiente e eficaz, a qualidade pretendida para o produto. A

gestão da qualidade de uma empresa envolve seus processos e se estende aos fornecedores e

clientes, (TOLEDO, 1997).

Garvin (1992) considera que a gestão da qualidade evoluiu, ao longo deste século, em

quatro estágios, os quais denomina de “eras” da qualidade e que são: inspeção, controle

estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão estratégica da qualidade.

A inspeção refere-se ao período em que a gestão da qualidade se limitava à inspeção

dos produtos acabados.

O controle estatístico da qualidade corresponde à era do desenvolvimento das

ferramentas estatísticas de amostragem e de controle estatístico de processo, orientadas para o

controle da qualidade no processo.

A garantia da qualidade assume o papel de garantir a qualidade em todas as áreas e

atividades da empresa por meio de sistemas da qualidade.

A gestão estratégica da qualidade é a fase de evolução atual com uma dimensão

estratégica, em que as empresas gerenciam a qualidade de forma proativa como fonte de

vantagem competitiva, utilizando-se de um processo de planejamento estratégico para a

qualidade e de um amplo conjunto de ações (programas, treinamento, grupos de melhoria,

ferramentas de análise e melhoria de processos, qualidade no desenvolvimento do produto)

para atingir os objetivos de satisfação total do cliente. Essa era se concretiza por meio da

gestão da qualidade total, que se refere a uma visão de como gerenciar globalmente os

negócios com uma visão orientada para a satisfação total do cliente e para a melhoria contínua.

É composta por um conjunto integrado de princípios, ferramentas e metodologias que apoiam a

melhoria contínua dos produtos e processos.

Alguns princípios da qualidade segundo Paladini (2006) são:

68

Page 69: Relatório V_6

• A qualidade se produz por um processo de evolução (alteração de valores de pessoas e

organizações), e não por simples mecanismos de implantação prática;

• O conceito da qualidade muda com o tempo. É fundamental não apenas monitorar essa

mudança, mas colocar-se à frente dela;

• A qualidade depende de um processo planejado. Raramente ela surge naturalmente;

• A qualidade deve ser gerenciada no dia-a-dia, sempre tendo em vista o planejamento global

da organização;

• A qualidade deve ter objetivos de longo prazo, ancorados em metas de médio prazo e em

resultados práticos constantes de curto prazo;

• A qualidade deve gerar benefícios de curto prazo. São eles que garantem a motivação para

que sejam obtidos os resultados de longo prazo;

• A qualidade gera benefícios estratégicos. Eles são obtidos a partir de ganhos operacionais e

de recompensas táticas;

• A qualidade deve propiciar ganhos pessoais, de forma que possam se transformar em

ganhos organizacionais;

• A qualidade costuma custar caro, mas seu retorno é altamente vantajoso.

• A qualidade requer uma visão ampla em termos de tempo e de espaço;

• A qualidade requer contribuições de todas as partes da organização, sejam elas críticas ou

não. A qualidade requer uma visão técnica.

• A qualidade se baseia mais na experiência prática do que na teoria;

• Qualidade é uma questão de cultura, ou seja, será alcançada se as pessoas entenderem que

ela é um valor estratégico.

Estes princípios reforçam que a qualidade refere-se ao macroprocesso de atendimento

das necessidades e expectativas do cliente (PALADINI, 2006).

A fim de alcançar as características ou atributos de qualidade desejados para produtos é

necessário uma eficiente gestão da qualidade. Exemplos de abordagens de gestão da

qualidade são os Sistemas de Garantia da Qualidade (as normas da ISO 9000 como principal

exemplo) e Modelo de Gestão da Qualidade Total. Quanto ao conjunto de práticas de gestão da

qualidade, especificamente para cadeias agroalimentares, podem-se citar como exemplos as

Boas Práticas de Fabricação e Higiene, Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle

(APPCC), Rastreabilidade e Mapas de Percepção e Preferência dos consumidores (SCALCO;

TOLEDO, 2000). O conceito de APPCC indica que o alimento é inócuo, ou seja, não causará

dano ao consumidor quando preparado e/ou consumido de acordo com seu uso intencional

(PALADINI, 2006).

69

Page 70: Relatório V_6

3.5.1. Auditoria da qualidade

A auditoria da qualidade é um exame sistemático e independente, para determinar se as

atividades da qualidade e seus resultados estão de acordo com as disposições planejadas, se

estas foram implantadas com eficácia e se são adequadas à consecução dos objetivos

(AZAMBUJA, 1996).

As auditorias da qualidade são uma importante ferramenta para a gestão moderna da

qualidade. Embora muitas empresas tenham desenvolvido esta função (algumas até possuem

departamentos específicos para a sua execução), ainda não há uma total compreensão das

vantagens advindas de sua aplicação (RAMOS, 1991).

Algumas classificações são dadas as Auditorias, dentre elas:

Auditoria Interna, executada por funcionários da empresa ou por profissionais contratados,

onde os resultados são de uso interno.

Auditoria Externa, executada por auditores independentes externos à organização, em que

os resultados são avaliados por terceiros (ABNT, 2002).

Existem três tipos de auditoria, sendo eles: auditoria de sistema, auditoria de processo e

auditoria de produto.

A auditoria de sistema é conduzida para verificar se a política da qualidade e o sistema

da qualidade estão perfeitamente compreendidos, já a auditoria do processo é conduzida para

verificar se os processos estão seguindo padrões estabelecidos, se os operadores estão

seguindo os procedimentos operacionais padrões e estão adequadamente educados e

treinados, se os padrões técnicos estão atualizados e disponíveis na área de trabalho e se

todos os equipamentos, ferramentas e instrumentos de medida estão calibrados identificados e

com boa manutenção. A auditoria de produto é conduzida para verificar se os produtos que

sofreram inspeção estão completamente em conformidade com as exigências e necessidades

de qualidade (CAMPOS, 1992).

3.5.2. Pré-requisitos para implantação do sistema APPCC

Os Programas de pré-requisitos (PPR) representam a primeira etapa na obtenção de

qualidade assegurada para estabelecimentos que processam e/ou manipulam alimentos.

Podem ser definidos como procedimentos ou etapas universais que controlam procedimentos

operacionais dentro de uma indústria de alimentos, de forma a permitir a existência de

condições favoráveis à produção de um alimento seguro (OLIVEIRA, 2008). As Boas Práticas

de Fabricação (BPF’s) e os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP´s) são exemplos

universalmente aceitos de PPR (OLIVEIRA; MASSON, 2003).

70

Page 71: Relatório V_6

Estabelecimentos processadores e/ou manipuladores de produtos alimentícios que

adotaram os PRPs antes do sistema APPCC mostraram uma significativa melhora na qualidade

higiênico-sanitária e, conseqüentemente, uma elevação de nível de segurança em seus

processos, evidenciada pela eliminação de patógenos e pela redução da carga microbiana

global (CRUZ; CENCI; MAIA, 2006).

3.5.2.1. Boas Práticas de Fabricação

As Boas Práticas de Fabricação (BPF’s) são pré-requisitos fundamentais, constituindo-

se na base higiênico-sanitária para implantação do Sistema APPCC. Quando o programa de

BPF não é eficientemente implantado e controlado, Pontos Críticos de Controle (PCC)

adicionais são identificados, monitorizados e mantidos sob a égide do Plano APPCC. Portanto,

a implantação das Boas Práticas de Fabricação irá simplificar e viabilizar o Plano APPCC,

assegurando sua integridade e eficiência, com o objetivo de garantir a segurança dos alimentos.

Os seguintes aspectos devem ser contemplados no Programa de Boas Práticas de

Fabricação:

• Projetos dos prédios e instalações – facilidade de limpeza, operações sanitárias e fluxos

lógicos;

• Limpeza e conservação de instalações hidráulicas, pisos e paredes, terrenos;

• Instalações elétricas e isolamentos, tratamento de lixo;

• Programa de qualidade da água – potabilidade da água;

• Recebimento de matérias-primas e estocagem – áreas apropriadas para estoque de matéria-

prima, embalagens, produto acabado, produtos químicos e insumos;

• Qualidade da matéria-prima e ingredientes – deve-se conhecer o grau de contaminação de

cada matéria-prima e ingrediente. Inclui especificações de produtos e seleção de fornecedores;

• Higiene pessoal – higiene corporal, controle de doenças, uso de uniformes, toucas e calçados

limpos e adequados, evitar atitudes não higiênicas (como tocar o produto com as mãos, comer,

fumar na área de processo);

• Controle integrado de pragas (insetos, roedores, pássaros);

• Crojeto sanitário dos equipamentos;

• Manutenção preventiva dos equipamentos;

• Limpeza e sanitização de equipamentos e utensílios;

• Calibração dos instrumentos – deve-se proceder à calibração periódica dos instrumentos de

controle de temperatura, pressão, peso e outros parâmetros relacionados à segurança do

produto;

71

Page 72: Relatório V_6

• Programa de recolhimento (recall) – procedimentos escritos, implantados pela empresa para

assegurar o recolhimento do lote de um produto de forma eficiente e rápida e o mais

completamente possível, a qualquer tempo em que se fizer necessário;

• Procedimentos sobre reclamações dos consumidores e/ou importadores – deve ser mantido

um registro de todas as reclamações e das ações tomadas pelo setor competente;

• Garantia e controle de qualidade – atividades que complementam as BPF. Estabelecem

especificações de qualidade e inspecionam matérias primas, produtos auxiliares e material de

embalagem e executam avaliações de higiene nas áreas da fábrica;

• Treinamentos periódicos para os funcionários, iniciando-se com a integração à empresa,

tornando-os responsáveis e comprometidos com a qualidade dos serviços. A chefia deverá

estar sempre reforçando o treinamento e orientando os funcionários.

Como as Boas Práticas são a base higiênico-sanitária para a implantação do Sistema

APPCC, é imprescindível que o estabelecimento já tenha aquele programa devidamente

implantado e controlado. Em consequência, é fundamental avaliar esse pré-requisito e, se

necessário, providenciar sua implantação ou adaptação (PAS, 2002).

3.5.2.2. Procedimentos Operacionais Padronizados

Os POP’s (Procedimentos Operacionais Padronizados) são uma descrições completas

das atividades específicas necessárias para manter as instalações e utensílios livres de

microorganismos patogênicos e com a microbiota deteriorante minimizada, que,

consequentemente, previne a contaminação do alimento quando em contato com estes

utensílios e instalações, estando incluído no programa BPF, mas, devido a sua importância, é,

frequentemente, estudado em separado (OLIVEIRA; MASSON, 2003).

Segundo Venturini (2005) além do Programa de BPF, deve-se desenvolver, implantar e

implementar, monitorar e verificar nos estabelecimentos que produzem e industrializam

alimentos e bebidas os Procedimentos Padrões de Higiene Operacional (PPHO), que são

requisitos e condições mínimas para as práticas adequadas de higiene. As indústrias que

exportam alimentos ou bebidas, adotam os seguintes PPHO’s segundo o órgão internacional

FDA (Food and Drug Administration):

- Potabilidade da água;

- Higiene das superfícies de contato com o produto;

- Prevenção da contaminação cruzada;

- Higiene pessoal;

- Proteção contra contaminação / adulteração do produto;

72

Page 73: Relatório V_6

- Identificação e estocagem adequada dos produtos tóxicos;

- Saúde dos operadores;

- Controle integrado de pragas (SENAI, 2000).

Todas as condições de higiene operacional devem ser monitoradas e registradas,

devendo-se adotar ações corretivas sempre que se observar desvios, sendo sua ocorrência

registrada (SENAI, 2000).

3.5.3. Histórico do Sistema APPCC

O Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC), conhecido

internacionalmente por Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP), originou-se na

Indústria Química, particularmente na Grã-Bretanha, aproximadamente há 40 anos atrás

(SENAI, 2000).

Nos anos de 1950, 1960 e 1970, a Comissão de Energia Atômica utilizou

extensivamente os princípios APPCC nos projetos das plantas de energia nuclear, de modo a

torná-los seguros para os 200 anos seguintes (VENTURINI, 2005).

Com o envio do homem à lua, a Administração Nacional Espacial e de Aeronáutica

(NASA) nos Estados Unidos, estabeleceu como prioridade, no início dos anos 60, o estudo da

segurança da saúde dos astronautas, no sentido de eliminar a possibilidade de doença durante

a permanência no espaço. O risco se tornava ainda maior devido o planejamento de missões

lunares de longa duração. Dentre as possíveis doenças que poderiam afetar os astronautas, as

mais importantes foram consideradas aquelas associadas às suas fontes alimentares

(MARTINS et al., 1997).

Os alimentos destinados ao Programa Espacial deveriam ser isentos de contaminação

por microrganismos patogênicos, toxinas, produtos químicos e físicos, ser de fácil

armazenamento, com extensa validade, e não poderiam causar, em hipótese nenhuma,

problemas com partículas flutuando na cápsula espacial, que poderiam ocasionar interferências

nos circuitos eletrônicos (PARDI et al., 2001; GIORDANO; GUILHARDI, 2004).

A Companhia Pillsbury foi escolhida para desenvolver sistemas de controle mais efetivos

para o processamento dos alimentos, de modo a garantir um suprimento de alimentos seguros

para o programa espacial da NASA. Após intensa avaliação, concluiu-se seria necessário

estabelecer controle em todas as etapas de preparação do alimento, incluindo matéria-prima,

ambiente, processo, pessoas, estocagem, distribuição e consumo (SENAI, 2000).

Como resultado deste esforço foi desenvolvido e implantado com sucesso o Sistema de

Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle. O sistema foi apresentado pela primeira vez

73

Page 74: Relatório V_6

durante a Conferência Nacional sobre Proteção de Alimentos em 1971 nos Estados Unidos

(MARTINS et al., 1997).

O Sistema APPCC é baseado em um sistema de engenharia conhecido como Análise

dos Modos e Efeitos de Falha, do inglês FMEA (“Failure, Mode and Effect Analysis”) onde se

observa, em cada etapa do processo, aquilo que pode sair errado, juntamente com as prováveis

causas e efeitos; a partir daí, estabelecem-se os mecanismos de controle (SENAI, 2000).

Até 1985, a Academia Norte Americana de Ciências publicou um artigo intitulado “Uma

avaliação do papel dos critérios microbiológicos para alimentos e ingredientes alimentares” que

recomendava com ênfase, o uso do APPCC como sistema efetivo e preventivo para a garantia

da segurança dos alimentos (SILVA, 2005).

Inicialmente, o sistema APPCC desenvolvido pela “The Pillsbury Company” consistia de

três princípios (JOUVE, 1998):

Análise de perigo e avaliação do risco;

Determinação dos pontos críticos de controle;

Monitoramento dos PCC’s.

A avaliação do risco levava em consideração três características (JOUVE, 1998):

O produto contém algum ingrediente sensível?

Há uma etapa do processo que elimina o perigo?

Há potencial de danos causados pelo produto?

Em 1989, expandiu-se esse processo de avaliação dos riscos para seis etapas (JOUVE,

1998):

O produto é direcionado para o consumidor na população de alto risco?

O produto contém ingredientes sensíveis?

Há uma etapa que destrói os microorganismos patogênicos?

Há possibilidade de recontaminação do produto após a etapa de eliminação dos patógenos?

Há possibilidade do produto estragar durante a distribuição ou consumo?

Há um tratamento térmico final?

No Brasil, as Boas Práticas já eram exigidas há muitos anos (na década de 60 já havia

Portaria do Ministério da Saúde MS) e o Sistema APPCC foi introduzido na década de 90 pela

Secretaria de Pesca (SEPES) do Ministério da Agricultura, atual Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento (MAPA). Em 1993, tanto o MAPA quanto o MS já tinham portarias

exigindo o uso do sistema (Portaria nº. 1428 do MS estabelece obrigatoriedade e

74

Page 75: Relatório V_6

procedimentos da implantação do Sistema APPCC nas indústrias de alimentos, para vigorar a

partir de 1994). A partir de meados da década de 90, países importadores, especialmente do

segmento de pesca e de carnes, começaram a exigir a implantação do sistema APPCC nas

indústrias exportadoras. Assim, no Brasil, a em meados de 1995 e 1998 (a Portaria nº. 40 de

20/01/997 do MAPA estabeleceu o Manual de Procedimentos para Implantação do Sistema

APPCC nas indústrias de produtos de origem animal) as indústrias que exportavam pescado

para países que exigiam, tinham o sistema APPCC implantados com o apoio do MAPA; as

indústrias multinacionais e algumas das grandes indústrias nacionais já tinham ou estavam

implantando o sistema. No caso da maioria das grandes e médias indústrias, as Boas Práticas

de Fabricação – BPF, já eram conhecidas, mas muito dificilmente aplicadas de forma integral e

formalizada, e o sistema APPCC praticamente desconhecido. Já nas pequenas e

microempresas o desconhecimento das BPF e do sistema APPCC era geral (VENTURINI,

2005).

3.5.4. Conceitos preliminares

Plano APPCC

Documento elaborado para um produto/ processo específico, de acordo com a

sequencia lógica, onde constam todas as etapas e justificativas para a sua estruturação (PAS,

2002).

Perigo

Causas potenciais de danos inaceitáveis que possam tornar um alimento impróprio ao

consumo e afetar a saúde do consumidor, ocasionar a perda da qualidade e da integridade

econômica dos produtos (BRASIL, 1998).

O ICMSF (1997) definiu perigo como uma contaminação inaceitável, crescimento ou

sobrevivência de bactérias em alimentos que possam afetar sua inocuidade ou qualidade

(deterioração), ou a produção ou persistência de substâncias como toxinas, enzimas ou

produtos do metabolismo bacteriano em alimentos.

No sistema APPCC, perigo é definido como uma contaminação de origem biológica,

química ou física em condição potencial que possa causar agravo à saúde do consumidor

(SILVA, 2005).

São eles:

Perigos biológicos: bactérias, vírus, fungos, toxinas microbianas, como também

determinadas plantas, cogumelos e peixes que carregam toxinas prejudiciais.

75

Page 76: Relatório V_6

Perigos químicos: advindos da adição de substâncias tóxicas, em excesso, utilizadas na

higienização e sanitização de equipamentos e utensílios usados , da utilização de diluições

em desacordo agrotóxicos, antibióticos, promotores de crescimento, lubrificantes, tintas,

metais tóxicos que são extraídos de utensílios e equipamentos de cozinha impropriamente

construídos.

Perigos físicos: Um perigo físico é qualquer material físico que normalmente não é

encontrado no alimento e que quando presente pode causar danos para o consumidor do

produto, como exemplo tem-se fragmentos de vidro, metal, madeira, cabelo, rebarbas de

abertura de latas etc (GERMANO; GERMANO, 2003).

Risco

É a probabilidade de ocorrência de um perigo à saúde pública, de perda da qualidade de

um produto ou alimento ou de sua integridade econômica (BRASIL, 1998).

Análise de Risco

Consiste na avaliação sistemática de todas as etapas envolvidas na produção de um

alimento específico, desde a obtenção das matérias-primas até o uso pelo consumidor final,

visando estimar a probabilidade da ocorrência dos perigos, levando-se também em

consideração como o produto será consumido (BRASIL, 1998).

Ponto de Controle (PC) ou Programa de Pré-requisitos Operacional (PPRO)

Qualquer ponto, etapa ou procedimento no qual fatores biológicos, físicos ou químicos

podem ser controlados para garantir a qualidade do produto (GIORDANO E GUILHARDI, 2004).

É qualquer ponto num sistema de produção de alimentos onde a ausência de controle

não implique na possibilidade de se apresentar uma contaminação inaceitável pondo em risco a

saúde do consumidor (MARTINS et al., 1997).

São considerados PC, os pontos ou etapas controlados prioritariamente por programas e

procedimentos de pré-requisitos (Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Procedimentos Padrões

de Higiene Operacional (PPHO)) (SENAI, 2000).

Ponto de Controle Crítico (PCC)

Qualquer ponto, operação, procedimento ou etapa do processo de fabricação ou

preparação do produto, onde se aplicam medidas preventivas de controle sobre um ou mais

fatores, com o objetivo de prevenir, reduzir a limites aceitáveis ou eliminar os perigos para a

saúde, a perda da qualidade e a fraude econômica (BRYAN et al,, 1997).

Limite Crítico

Valor ou atributo estabelecido, que não deve ser excedido, no controle do ponto crítico

(ALENCAR, 2007).

76

Page 77: Relatório V_6

São valores ou atributos máximos e/ou mínimos estabelecidos para cada critério e que,

quando não atendidos, significam impossibilidade de garantia da segurança do alimento

(SENAI, 2000).

O limite crítico não pode ser um intervalo, deve ser mensurável e as decisões não

devem ser baseadas em critérios subjetivos. Eles deverão ser determinados de forma que, no

mínimo, assegurem que o padrão de desempenho estabelecido pela legislação ou literatura

científica pertinente ao processo ou ao produto seja cumprido (ALENCAR, 2007).

Os limites críticos são aqueles que separam os produtos aceitáveis dos inaceitáveis,

podendo ser qualitativos ou quantitativos. Cada parâmetro estabelecido deve ter o seu limite

crítico estabelecido, de forma a manter a visão clara das medidas de controle dos PCC’s

(FIGUEIREDO; NETO, 2001).

Desvio

Falha no cumprimento ou não atendimento de limite crítico, denotando este estar sub ou

sobrepassado (BRASIL, 1998), ou seja, é uma falha em atender a um determinado limite crítico

estabelecido (MARTINS et al., 1997).

Medida de Controle

Qualquer ação ou atividade que pode ser usada para prevenir, eliminar ou reduzir um

perigo à saúde do consumidor. As medidas de controle se referem às fontes e aos fatores que

interferem com os perigos tais como: possibilidade de introdução, sobrevivência e/ou

multiplicação de agentes biológicos e introdução e permanência de agentes físicos ou químicos

no alimento (SENAI, 2000).

Monitorização

Sequência planejada de observações ou medições devidamente registradas para avaliar

se um PCC está sob controle (PROFIQUA, 1995).

Ações Corretivas

São medidas específicas a serem tomadas quando um limite crítico é excedido (BRYAN,

1997).

Verificação

Uso de métodos, procedimentos ou testes, executados sistematicamente pela empresa,

para assegurar a efetividade do programa de garantia da qualidade com base no sistema de

APPCC aprovado (PROFIQUA, 1995).

77

Page 78: Relatório V_6

3.5.5. Sistema APPCC

O sistema de Análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) é um sistema

baseado numa forma sistemática de identificar e analisar os perigos associados com a

produção de alimentos e definir maneiras para controlá-los (STRINGER, 1994). O conceito de

APPCC permite identificar os perigos, avaliar a probabilidade deles acontecerem durante o

processamento, a distribuição ou o uso do produto e definir meios para controlá-los (ILSI, 1997).

Representa uma atitude pró-ativa para prevenir danos à saúde e enfatizar a prevenção de

problemas, ao invés de se focar no teste do produto final. Pode ser utilizado em qualquer

estágio da cadeia de produção, desde a produção primária até a distribuição (JOUVE, 1998).

O Sistema APPCC é baseado numa série de etapas, inerentes ao processamento

industrial dos alimentos, incluindo todas as operações que ocorrem desde a obtenção da

matéria-prima até o consumo do alimento, fundamentando-se na identificação dos perigos

potenciais à segurança do alimento, bem como nas medidas para o controle das condições que

geram os perigos (SENAI, 2000).

Os principais benefícios que o sistema APPCC proporciona são:

Garantia de segurança do alimento;

Diminuição dos custos operacionais, pela redução da necessidade de remover, destruir ou

reprocessar o produto final

Diminuição da necessidade de testes do produto acabado, em relação à determinação de

contaminantes;

Redução da perda de matéria-prima e produtos;

Maior credibilidade junto ao cliente;

Maior competitividade do produto na comercialização;

Atendimento aos requisitos legais do Ministério da Saúde (MS) e do Ministério de Agricultura

e Abastecimento (MAA) e de legislações internacionais (USA, Comunidade Européia e

outras);

Conferir um caráter preventivo às operações do processo de industrialização;

Orientar para uma atenção seletiva nos pontos críticos de controle;

Sistematizar e documentar os pontos críticos;

Oferecer oportunidade e incrementar a produtividade e a competitividade do produto na

comercialização (SENAI, 2000).

Segundo o “Codex Alimentarius”, o sistema de APPCC consiste em seguir os seguintes

princípios (ILSI, 1997):

78

Page 79: Relatório V_6

Identificar os perigos e analisar os riscos de severidade e probabilidade de ocorrência;

Determinar os pontos críticos de controle necessários para controlar os perigos identificados;

Especificar os limites críticos para garantir que a operação está sob controle nos pontos

críticos de controle (PCC);

Estabelecer e implementar o monitoramento do sistema;

Executar as ações corretivas quando os limites críticos não foram atendidos;

Verificar o sistema;

Manter registros.

Uma manipulação inadequada dos alimentos certamente oferece perigos físicos,

químicos e microbiológicos aos alimentos. Logo, visando evitar ferimentos, doenças e até a

morte das pessoas é necessária uma manipulação adequada, consciente, capacitada e

responsável dos alimentos.

Os perigos químicos são os mais temidos pelos consumidores, os perigos físicos os

mais identificados (materiais estranhos), e a contaminação microbiológica é conhecida como a

mais ameaçadora à saúde humana, porém pode ser bastante controlada, pelas Boas Práticas

de Higiene, durante o manuseio e processamento dos alimentos, enquanto a contaminação

química é em geral bastante difícil de ser controlada, já a física é mais facilmente identificável

pelo operador (BARENDSZ, 1998).

O embasamento do sistema de APPCC tem o termo “perigo” como um agente nocivo, ou

condição do alimento inaceitável, que pode causar algum efeito de saúde adverso. Segundo

ILSI (1997) os perigos podem ser provocados por:

A presença inaceitável de uma contaminação química, física ou microbiológica na

matéria-prima, no produto semi-fabricado ou no produto final;

Potencial de crescimento ou de sobrevivência de microorganismos ou de produção de

substâncias químicas no produto semi-fabricado, no produto final ou no ambiente da linha de

produção;

Recontaminação do produto semi-fabricado ou do produto final com microorganismos,

produtos químicos ou corpos estranhos.

O “Codex Alimentarius” recomenda a seguinte sequencia para implementação do

sistema de APPCC:

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Page 80: Relatório V_6

Sensibilização para a Qualidade

O dirigente da empresa deve estar sensibilizado para os benefícios e dificuldades

relativos às mudanças de comportamento necessárias ao sucesso, na adoção da gestão pela

qualidade em sua empresa (ILSI, 1997).

Comprometimento da Direção da Empresa com o Plano

Para que a implementação do Sistema APPCC tenha sucesso é necessário que a

gerência e todas as pessoas da empresa se comprometam e participem plenamente com a

abordagem do plano (ILSI, 1997).

Esse comprometimento implica conhecimento dos custos e benefícios, decorrentes da

implantação do mesmo, incluindo também a necessidade de investimento na educação e na

capacitação do corpo funcional com relação ao sistema de APPCC (GIORDANO; GUILHARDI,

2004).

Disponibilidade de recursos e necessidades

Devem ser alocados recursos para o sistema, envolvendo a aquisição de equipamentos

apropriados e de boa qualidade para aferição de temperatura, pH, atividade de água e outros

relacionados com o processo de acordo com as variáveis a serem mensuradas.

Deve existir um programa de manutenção preventiva e de calibração de todos os

equipamentos utilizados nas atividades de monitorização.

Conscientização e Mobilização dos Colaboradores

A conscientização e mobilização são importantes para a integração total dos

colaboradores no sistema. Esse passo tem a finalidade de divulgar o sistema APPCC,

esclarecendo sua importância nos aspectos técnico, econômico, de segurança e legal, tornando

sua adoção imprescindível ao crescimento e competitividade da empresa, e consequentemente

sensibilizando e motivando os funcionários, futuros colaboradores, diretos e indiretos na

implantação do sistema.

E ainda, a finalidade, de demonstrar para funcionários a importância de sua participação

no processo de implantação do APPCC, sensibilizando e motivando a todos em todas as áreas

da empresa, como fator fundamental de sobrevivência em um mercado globalizado e

competitivo (ILSI, 1997).

Definição de um coordenador para o sistema80

Page 81: Relatório V_6

Devem ser delegadas responsabilidades para um profissional competente e treinado

para liderar o programa (SENAI, 2000). Este passo tem o objetivo de selecionar um elemento

da empresa que em função de sua capacitação formal, motivação e espírito de liderança possa

assumir a responsabilidade como coordenador do sistema/ Equipe APPCC, durante todas as

etapas de implantação e homologação do plano pelos órgãos governamentais competentes. O

coordenador do sistema pode ser também o coordenador da equipe (ILSI, 1997).

Formação da equipe de Equipe Multidisciplinar

O estudo da Análise de Perigos e Pontos Críticos requer a aquisição e avaliação de

dados técnicos. Portanto a composição da equipe deve ser multidisciplinar, de forma a reunir

conhecimentos específicos e experiência adequada ao processo e produto em estudo

(GIORDANO; GUILHARDI, 2004). A equipe deve incluir o pessoal que está diretamente

envolvido no processamento do alimento, já estando mais familiarizado com a variabilidade e as

limitações das operações. Deve-se tentar trabalhar com um número mínimo de 3 e o máximo de

7 pessoas. No caso de microempresas, o número de pessoas pode ser menor.

Deve-se ressaltar, ainda, que os integrantes da equipe devem ser pessoas com grande

poder de convencimento, liderança e capacidade de multiplicação dos conhecimentos obtidos e

formadores de opinião, de modo a possibilitar a penetração dos conceitos contidos no programa

nos diversos setores do estabelecimento industrial e a facilitar a sensibilização de todo o corpo

funcional para importância desse plano (SENAI, 2000).

É responsabilidade da equipe desenvolver cada etapa do Programa de APPCC. Para

isso, deve ter conhecimentos e experiências para, corretamente:

Identificar perigos potenciais;

Avaliar os riscos de cada perigo identificado;

Estabelecer os limites para cada PCC;

Recomendar controles, critérios e procedimentos de monitoramento e verificação;

Recomendar ações corretivas apropriadas quando ocorrer desvios dos limites

estabelecidos;

Recomendar pesquisas relacionadas ao Programa de APPCC, se alguma informação

importante não for conhecida;

Predizer o sucesso do Programa APPCC (GIORDANO; GUILHARDI, 2004).

As pessoas devem estar familiarizadas com os produtos e seus métodos de elaboração.

As pessoas integrantes da equipe devem ter poder de convencimento, liderança e capacidade

de multiplicação dos conceitos.

81

Page 82: Relatório V_6

O líder da equipe deve ter treinamento e habilidade suficiente em APPCC. O escopo do

estudo deve ser definido, sabendo-se quais etapas da cadeia produtiva devem ser envolvidas.

Avaliação de pré-requisitos

Existem pontos a serem observados na avaliação dos Pré-requisitos da empresa que

deseja implementar o APPCC. Estes pontos estão contidos no modelo de checklist elaborado

pela International Dairy Foods Association, USA (1996), bem como na Ficha de Inspeção de

Estabelecimentos na Área de Alimentos conforme RDC n° 275 da ANVISA.

Programa de Capacitação Técnica

Este programa deverá contemplar os pontos fracos individuais observados no

levantamento, reciclar conhecimentos e fornecer conceitos atualizados relacionados com o

produto e processo, em adequação aos objetivos relacionados ao sistema APPCC. Deve

garantir condições para que todas as pessoas sejam capacitadas quanto à sensibilização da

qualidade, aos perigos e a deterioração de alimentos perecíveis, o layout operacional, os

programas de higiene e as etapas de elaboração e implantação do sistema.

A implantação das BPFs e PPHOs e ainda o planejamento para adequação nestes,

fornecerá elementos mostrando os cuidados da empresa nos programas de pré-requisitos, uma

avaliação das necessidades de otimização dos programas já implementados e de

implementação de programas ou procedimentos adicionais. Assim sendo, essas informações

serão essenciais na definição da necessidade também de programas de capacitação técnica.

Uma ação de parceria com os produtores, fornecedores, indústrias, comerciantes, é

também desejável para o êxito do programa.

Descrição do produto

Uma detalhada descrição do produto deve ser feita, incluindo sua formulação,

processamento, composição química e física, o tipo de embalagem, transporte utilizado na

distribuição, às condições de armazenagem e o tempo de vida útil do produto.

Identificação do uso

Deve-se identificar qual o público-alvo do produto e saber se faz parte de um segmento

particular da população (bebês, idosos, enfermos, adultos, etc.).

Construção do diagrama de fluxo (fluxograma do processo)

82

Page 83: Relatório V_6

Deve-se resumir o fluxo de processo em um diagrama simplificado, que forneça um

esboço do processo e realce a localização dos perigos potenciais identificados. É importante

não negligenciar nenhuma etapa que possa afetar a segurança do alimento.

Validação das etapas descritas no fluxograma (Verificação in loco)

Uma vez estabelecido o diagrama de fluxo, deve-se efetuar a inspeção no local,

verificando a concordância das operações descritas com o que foi representado. Esta etapa

assegura que os principais passos do processo terão sido identificados e possibilitar os ajustes

necessários.

Análise dos perigos e medidas preventivas

Todos os perigos em potencial, relacionados a cada etapa do processo, devem ser

identificados com base na experiência dos membros da equipe e nas informações de saúde

pública sobre o produto.

A análise dos riscos deverá ser feita considerando os seguintes fatores:

Probabilidade de ocorrência do perigo e sua severidade em relação aos efeitos adversos

à saúde;

Evolução qualitativa e quantitativa da presença do perigo;

Capacidade de multiplicação e sobrevivência dos microorganismos;

Produção ou permanência nos alimentos de toxinas, agentes químicos ou físicos.

Quaisquer medidas de controle existentes ou que poderiam ser aplicadas devem ser

listadas. Mais de uma medida de controle pode ser necessária para controlar um perigo e mais

de um perigo pode ser controlado por uma mesma medida de controle.

Identificação dos pontos críticos de controle (PCC)

Um PCC é uma etapa na qual um controle pode ser aplicado, sendo essencial prevenir

ou eliminar um perigo relativo à segurança dos alimentos, reduzi-lo ou mantê-lo em nível

aceitável. Identificar os PCCs no estudo de APPCC pode ser facilitado utilizando-se uma árvore

decisória, que consiste em se fazer uma série de perguntas para cada etapa de elaboração do

produto, conforme expresso na figura 13 (ILSI, 1997):

83

Page 84: Relatório V_6

Figura 13: Árvore decisória para definição de PCC’s.

Fonte: Giordano, 2006.

As Boas Práticas de Fabricação/ PPHO, adotadas como pré-requisitos do Sistema

APPCC, são capazes de controlar muitos dos perigos identificados (Pontos de Controle – PC);

84

Sim

Sim

Sim

NãoNão

Não

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Não

Q 1. O controle do perigo nessa etapa é essencial para a preservação da segurança

do produto? (Considerar risco, requisitos externos e características do produto final).

PARAR. Medida de controle coberta pelo

PPR.

Não

Q 2. As etapas posteriores eliminarão ou reduzirão o perigo

a níveis aceitáveis?

Q 3. Há procedimentos implementados de controle que eliminarão ou reduzirão o perigo

a níveis aceitáveis?

Q 4. O efeito da medida de controle sobre o perigo é alto

nesta etapa?

Q 5. A medida de controle permite monitoramento?

Q 6. A medida de controle pode ser validada?

Medida de controle gerenciada pelo APPCC.

Q 4. O efeito da medida de controle sobre o perigo é alto

nesta etapa?

Não

Não

Q 5. A medida de controle permite monitoramento?

Q 6. A medida de controle pode ser validada?

Medida de controle gerenciada pelo APPCC.

Sim

Fazer modificação

PARAR. Medida de

controle coberta

pelo PPR.

Não Não

Page 85: Relatório V_6

porém, aqueles que não são controlados (total ou parcialmente) através dos programas de pré-

requisitos devem ser considerados pelo sistema APPCC.

Muitos pontos críticos de controle sugerem uma análise de riscos irreal, enquanto

poucos PCC’s identificados indicam que podem existir riscos que não foram considerados. Por

isso, a etapa de identificação dos PCC’s é um aspecto crítico do estudo de APPCC (PETA;

KAILASAPATHY, 1995).

É interessante assinalar que um perigo pode ser controlado em um mesmo PCC, ou que

um PCC pode ser necessário para controlar um único perigo.

Estabelecer limites críticos para cada PCC

Os limites críticos são parâmetros que separam os produtos aceitáveis dos inaceitáveis,

podendo ser qualitativos ou quantitativos e são estabelecidos com base em conhecimentos

disponíveis em fontes como: legislação, literatura científica, dados de pesquisas reconhecidas,

normas internas da empresa, etc.

Os limites críticos devem estar associados a medidas como: temperatura, tempo,

atividades de água, pH, acidez titulável, resíduos de antibióticos, controle de partículas

estranhas e outras.

Cada parâmetro estabelecido deve ter o seu limite crítico estabelecido, de forma a

manter a visão clara das medidas de controle dos PCCs.

Estabelecer um sistema de monitoramento para cada PCC

Para assegurar que as medidas de controle operem como planejado nos PCCs e

detectem qualquer perda de controle, é necessário definir um sistema de monitoramento dos

PCCs.

Neste deve estar definido “o que”, “como”, “quando”, e “quem” realizará o

monitoramento, bem como qual o procedimento de controle que deve estar associado a cada

PCC. Os métodos de controle devem ser rápidos, para serem efetivos. O sistema de

monitoração deve permitir, quando possível, que os ajustes sejam feitos antes que uma medida

exceda os limites críticos. Medidas físicas e químicas são às vezes preferíveis a testes

microbiológicos, porque podem ser levantadas rapidamente e, muitas vezes, indicam a

condição microbiológica do produto.

Estabelecer ações corretivas

Ações corretivas específicas devem ser definidas para cada PCC identificado no sistema

APPCC, a fim de que possam trazer o PCC sob controle, definir o que fazer com o produto 85

Page 86: Relatório V_6

fabricado enquanto o PCC estava fora de controle e descobrir porque o PCC estava fora de

controle. Os desvios e procedimentos para disposição dos produtos devem estar

documentados.

Estabelecer procedimento de verificação

A aplicação de métodos de verificação e auditoria, procedimentos e testes, incluindo

amostragem e análises aleatórias, podem ser utilizadas para testar se o sistema APPCC está

funcionando corretamente. De maneira regular ou não planejada, a informação disponível no

sistema APPCC deve ser sistematicamente analisada.

Estabelecer documentação e manter registros

Os procedimentos do sistema APPCC devem estar documentados, assim como os

registros das atividades de monitoramento dos PCCs, das ações corretivas relacionadas aos

desvios e das modificações do sistema APPCC. Estas informações devem ser mantidas para

acompanhamento e revisões subsequentes (ILSI, 1997).

4. Atividades Desenvolvidas

Durante todo o estágio, várias atividades foram desenvolvidas pela estagiária, contando

sempre com o auxílio e a orientação da co-orientadora, a engenheira de alimentos, Poliana

Cavalcanti.

4.1. Ambientação e Conhecimento da Empresa

As duas primeiras semanas do estágio supervisionado foram destinadas a um primeiro

contato e integração com os colaboradores da empresa M. Dias Branco, bem como ao

conhecimento das instalações da fábrica e processo de fabricação de biscoito. A ambientação

com o processo produtivo desde a recepção da matéria-prima, passando pelo conhecimento

dos equipamentos, informações sobre os produtos fabricados na unidade, até a distribuição dos

produtos acabados foi realizada por meio de conversas com os operadores.

4.2. Ambientação com os formulários do APPCC

Foram apresentados à estagiária todos os formulários já concluídos e implantados no

setor de biscoito da M. Dias Branco, utilizados para o monitoramento do sistema APPCC na

empresa, e indicada à maneira como deveria ser monitorado e preenchido os formulários

correspondentes ao setor referente ao estágio.86

Page 87: Relatório V_6

4.3. Monitoramento dos formulários do APPCC

A monitorização deve ser capaz de detectar qualquer desvio do processo (perda de

controle) com tempo suficiente para que as medidas corretivas possam ser adotadas antes da

distribuição do produto.

Os formulários são uma importante ferramenta utilizada para a monitorização do sistema

APPCC, pois eles evidenciam as não-conformidades e ações corretivas e preventivas podem

ser aplicadas, contribuindo para o bom funcionamento do programa.

O monitoramento dos formulários da M. Dias Branco foi feito diariamente pela estagiária.

Dentre estes formulários está o preenchido pelo check-weight, que é um auxiliar de produção

responsável por testar a cada hora o detector de metais utilizando três corpos de prova (ferroso,

não-ferroso e inox), devidamente calibrados, no caso, o PCC da fábrica, que está localizado na

etapa de resfriamento do biscoito. O check-weight anota todas as ocorrências no detector de

metais, verifica seu funcionamento correto e caso encontre algum metal ou constate algum

desvio de PCC, ele é orientado para advertir imediatamente o líder de produção, que é

responsável também pelo preenchimento de um outro formulário onde o metal é colado,

identificado e dado a algum mecânico para que faça a averiguação do mesmo. Se ocorrer

algum desvio de PCC é aberta uma RNC (Relatório de Não-Conformidade), investigado as

possíveis causas e realizadas as possíveis ações corretivas.

Todos esses procedimentos estão descritos de forma detalhada em Instruções

Operacionais (IOs) e POPs que detalham o que, como, com que frequência e por quem serão

realizados certos procedimentos, monitorização das ações corretivas quando se verificar um

desvio ou não-conformidade e de um programa de verificação, para garantir que o objetivo e

efetividade do procedimento sejam conduzidos e mantidos de forma constante.

Especificamente, as Instruções Operacionais são documentos que descrevem exatamente

como devem ser realizados determinados serviços, sendo necessário o máximo detalhamento

da operação que deverá ser executada.

4.4. Treinamentos dos colaboradores no sistema APPCC

É preciso haver treinamentos periódicos para os funcionários, tornando-os responsáveis e

comprometidos coma qualidade dos serviços.

A etapa de treinamento é importante para dar embasamento necessário à aplicação dos

conceitos na prática, pois há uma grande exigência de mudança de comportamento das

pessoas. Nesses treinamentos, devem ser mostrados de forma clara, os tipos de contaminação

87

Page 88: Relatório V_6

e o que se pode fazer para evitá-los, bem como a preocupação com os problemas que a

contaminação pode causar aos consumidores.

A estagiária ministrou diversos treinamentos para os colaboradores de cada linha e turno

do setor de biscoitos da unidade, sob supervisão de sua co-orientadora. Nestes treinamentos

foram abordados os Programas de Pré-requisitos (BPFs e POPs), as Definições e Princípios do

APPCC e o Programa de Pré-requisitos Operacional.

4.5. Participação em auditoria interna de APPCC no setor de Biscoito

Foi realizada uma auditoria interna de rotina no setor de biscoito, seguindo cronograma

estabelecido pela Qualidade para verificação das possíveis não-conformidades existentes na

implantação do sistema APPCC, e assim, controlá-las de modo efetivo através de ações

corretivas. Essa autoria teve a participação de uma equipe de auditores em treinamento,

incluindo a estagiária, que acompanhou o processo.

A auditoria foi iniciada mediante reunião entre os auditores e os responsáveis pela

unidade e setor auditado, com o fim de confirmar o escopo, definir o guia, e planejar data e hora

da reunião de encerramento.

Os auditores responsáveis conduziram a auditoria, realizando entrevistas, exame de

documentos, registros e observação de atividades e condições do setor auditado.

As evidências da auditoria foram avaliadas, apresentadas e discutidas conjuntamente

com a equipe auditada na reunião de encerramento, e toda vez que se caracterizou uma não-

conformidade ou observação, os auditores responsáveis relataram as constatações.

Os auditores responsáveis apresentaram após alguns dias o seu Relatório de Auditoria

com as respectivas orientações, à unidade administrativa auditada.

As não-conformidades e oportunidades de melhorias relatadas sofreram análise crítica e

aplicação de ações corretivas pelo setor auditado.

4.6. Elaboração de Instruções Operacionais dos equipamentos utilizados na fabricação

de Biscoitos

As instruções operacionais (IOs) são documentos que contém instruções detalhadas de

como certos processos devem ocorrer, e que devem estar disponíveis para todos os

operadores nos locais onde as operações são executadas. São documentos de elaboração

semelhante aos POPs, porém de cunho operacional relacionado com as etapas de produção.

As IOs dos equipamentos foram elaboradas no intuito de padronizar os procedimentos

de operação, e contém informações detalhadas de como os operar de forma correta.

88

Page 89: Relatório V_6

5. Considerações Finais

Ao término do estágio obrigatório na M. Dias Branco, ficou a certeza da importância de

conhecer a realidade de uma fábrica de perto, possibilitando a interrelação entre a teoria e a

aplicação prática do conhecimento adquirido no curso de Engenharia de Alimentos da

Universidade Estadual de Feira de Santana. A interação com os profissionais foi extremamente

enriquecedora, conforme minhas expectativas pude vivenciar a rotina do cotidiano fabril e a

realização de diversas atividades, que contribuíram de forma decisória para o meu crescimento

profissional.

Durante o estágio foi possível compreender o processamento do biscoito, o

funcionamento e o monitoramento do sistema de qualidade APPCC numa indústria de grande

porte e o funcionamento de uma unidade de processamento alimentício que produz diversos

produtos.

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