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Experimento 4: Transistores.Fundamentos de Eletrônica.Fernando Henrique Gomes ZucatelliPedro Caetano de Oliveira
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Experimento 4: Transistores.
Disciplina: EN2701 – Fundamentos de Eletrônica.
Discentes: Fernando Henrique Gomes Zucatelli Pedro Caetano de Oliveira
Turma: A/Noturno
Prof º. Dr. Roberto Jacobe Rodrigues.
Santo André, 16 de Junho 2011.
1
1. INTRODUÇÃO
A criação dos transistores por volta de 1951 criou toda uma indústria de
eletrônicos como circuitos integrados, microprocessadores, computadores, celulares
entre outros além de reduzir dimensões e aumentar confiabilidade de outros
dispositivos que se utilizavam de válvulas para seu funcionamento [1].
O transistor bipolar é composto por duas junções PN, podendo estar dispostas
como NPN ou PNP, conforme Figura 1.
Figura 1 – Regiões do transitor nas configurações NPN (a) e PNP (b) [1].
Dos terminais do transistor, o coletor é o mais extenso enquanto que a base é
o menos extenso, fato necessário para que o efeito transistor posso ocorrer, caso
contrário a barreira de potencial seria muito elevada o que prejudicaria os efeitos de
amplificação ou a configuração de transistor como chave [1].
Os efeitos de amplificação de um transistor podem ser vistos na Figura 2. Para
pequenas alterações da corrente na base (IB) têm-se grandes variações na corrente
do coletor (IC). Outra característica do transistor é a possibilidade dele atuar como
uma chave eletrônica, para isso é necessário configurar as resistências para que
dentro da reta carga obtenham-se os pontos de corte, onde toda a tensão da fonte
VCC cai sobre os terminais entre emissor e coletor (VCE) o que implica que a corrente
IC = 0 e o ponto de saturação quanto a VCE=0 o que implica que a corrente IC é
máxima. Essa configuração permite o desenvolvimento de portas lógicas,
implementando a lógica digital baseada em “zeros e uns”, base de toda a tecnologia
da computação desenvolvida ao longo da história.
Figura 2 – Curvas de características de um transistor e pontos de saturação e corte [1].
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2. OBJETIVOS
Compreender a nomenclatura dos terminais de um transistor tal como
identificar sua configuração de junções PNP ou NPN. Analisar as curvas
características e a influência da temperatura sobre o comportamento das junções do
transistor. Simular uma aplicação dos transistores como portas lógicas.
3. PARTE EXPERIMENTAL
Foram usados resistores de 47Ω, 100Ω, 1k8Ω, 4k7Ω (2), 10kΩ e 15kΩ.
Transistores TIP31, BC327, BC337 e 2N3005. Um multímetro digital Marca Minipa
ET-2510 (portátil). Um Protoboard (Matriz de contato). Uma fonte de Tensão Marca
Minipa MPL-3303 e cabos e fios para conexão.
3.1. Identificação da configuração das junções
Para identificar as junções dos transistores acima citados (PNP ou NPN), utilizou-
se um multímetro na função de teste de diodo, intercalando cada uma das pontas de
prova (positiva - vermelha e negativa - terra) por cada par de terminais (Base-
Coletor, Base-Emissor, Coletor-Emissor), segundo especificado pelo fabricante.
Analisou-se se a tensão obtida, sendo que uma tensão infinita significava
polarização reversa e uma finita, polarização direta.
A tensão Coletor-Emissor foi obtida meramente para checagem, já que, sem
falhas no transistor, é sempre de circuito aberto.
3.2. Levantamento da curva característica
A partir do circuito da Figura 3, foi realizado o levantamento da curva
característica do transistor BC337.
3
Figura 3 – Circuito para determinação da curva característica.
A tensão da fonte V1 foi ajustada para 0,5V, enquanto a tensão da fonte V2 foi
variada de 0,5V a 5,0V, sempre com um passo de 0,5V.
Essa variação não foi completamente correta, pois o ajuste na fonte de tensão
não era exato.
A tensão no coletor de Q1 foi sempre anotada e repetiu-se o mesmo
procedimento para V1 ajustado em 1V, 2V e 4V.
3.3. Polarização e efeito da temperatura.
Em seguida, foi montado o circuito da Figura 4, tanto com o transistor TIP31
quanto com o BC337.
Figura 4 – Circuito para verificar polarização do transistor e efeito da temperatura.
As tensões dos resistores, bem como no coletor, na base e no emissor foram
medidas para ambos os transistores.
Em seguida, com o resistor de linha (alto dissipador de calor) conduzindo,
elevou-se a temperatura do transistor BC337 através do contato entre eles,
medindo-se então as tensões de base, coletor e emissor.
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3.4. Porta lógica a transistor.
O circuito da figura Figura 5 foi montado no software CircuitMaker® e foram
então, realizadas as seguintes etapas:
Aplicou-se 5V nos emissores de Q2 e Q3, 5V em Q3 e 0V em Q2 (o mesmo
que aplicar 5V em Q2 e 0V em Q3 e 0V em ambos os transistores, medindo sempre
a tensão de saída no coletor de Q1.
Para a simulação, utilizou-se o transistor 2N3005.
Figura 5 – Circuito de porta lógica (a ser identificada) a transistor.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Identificação da configuração das junções
A Figura 6 mostra os terminais dos transistores analisados e a identificação da
Base (B), Coletor (C), Emissor (E).
Figura 6 – Identificação dos terminais dos transistores utilizados.
A Tabela 1 apresenta os valores das medições dos pares de terminais dos
transistores e o resultado do teste entre parênteses ao lado do código do transistor.
Os transistores que apresentaram tensão diferente de infinito (circuito aberto)
quando polarizada a base com positivo e o terra no coletor e emissor são do tipo
NPN, enquanto que os que apresentaram valor finito quando o terra se encontrava
na base e o positivo no coletor e no emissor são os do tipo PNP.
Todas as combinações foram testadas para verificar se os transistores
apresentavam comportamento correto, em destaque o fato que a tensão entre
emissor e coletor (VCE) deve sempre ser infinita quando não há corrente de base (IB)
o que indica que o transistor não se encontra com mau funcionamento por curto
circuito entre emissor e coletor.
Tabela 1 – Identificação das junções (GND é terra e VM a ponta vermelha (positivo) do multímetro).
TIP31 (NPN) BC327 (PNP) BC337 (NPN) 2N3055 (NPN)
GND VM medição (V) GND VM medição (V) GND VM medição (V) GND VM medição (V)
B C ∞ B C 0,68 B C ∞ B C ∞
B E ∞ B E 0,68 B E ∞ B E ∞
C E ∞ C E ∞ C E ∞ C E ∞
C B 0,57 C B ∞ C B 0,62 C B 0,53
E B 0,56 E B ∞ E B 0,62 E B 0,54
E C ∞ E C ∞ E C ∞ E C ∞
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4.2. Levantamento da curva característica
O circuito para levantar curva característica do transistor e equações das
malhas é o circuito da Figura 7.
Figura 7 – Circuito para levantar curva característica do transistor NPN e equações das malhas.
O sistema de equações para as 2 malhas do circuito a transistor da Figura 7 é
descrito em (1), sendo as correntes I1 e I2 correntes para a análise de malhas.
1 1 2 1 2
2 2 1 1 2
. ( ) 0 ( ).
. ( ) 0 . ( )
BB B BE E B E E BB BE
CC C CE E E C E CE CC
V R I V R I I R R I R I V V
V R I V R I I R I R R I V V
− + + + − = + − = − ⇒
+ + − + − = − + + = − (1)
Sendo que de acordo com o sentido das correntes I1 e I2 adotados na Figura 7
as correntes IC, IB e IE são descritas por (2):
1 2 1 2; ;
B C EI I I I I I I= = − = − (2)
Os valores para a equação (1) são: RB=10kΩ; RC=100Ω; RE=0Ω; VCC=V2;
VBB=V1; VCE=VC-VE = VC (medido), sendo VE =0, pois não há diferença de tensão
entre o emissor e o terra e VBE=0,62V (Tabela 1). Dessa forma pode-se calcular a
corrente IC a partir dos dados da Tabela 2 com uso da equação (3), partindo-se de
(1) e das relações de (2).
4
1 1 1 1 2 1
4
2 2 2 2
( 0). 10 0,62 0,62;
( 0) 100 10100
B BE C
C B
C CE C
R I V V I V V V VI I
R I V V I V V
+ = − = − − −⇒ ⇒ = =
+ = − = − (3)
A Tabela 2 mostra os dados coletados para levantamento da curva
característica do transistor BC337 conforme gráfico da Figura 8.
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Tabela 2 – Dados coletados para confecção da curva característica do transistor BC337.
V1=0,5V; IB ≈ 10µA V1=1,0V; IB ≈ 40µA V1=2,0V; IB ≈ 100µA V1=4,0V; IB ≈ 300µA
V2 (V) Vc (V) Ic (mA) V2 (V) Vc (V) Ic (mA) V2 (V) Vc (V) Ic (mA) V2 (V) Vc (V) Ic (mA)
0,5 0,400 0,001 0,5 0,147 3,530 0,5 0,057 4,430 0,5 0,035 4,650
1,0 0,925 0,750 1,0 0,712 2,880 1,0 0,087 9,130 1,0 0,056 9,440
1,5 1,461 0,390 1,5 1,381 1,190 1,5 0,111 13,890 1,5 0,071 14,290
2,0 1,906 0,940 2,0 1,953 0,470 2,0 0,137 18,630 2,0 0,084 19,160
2,5 2,430 0,700 2,5 2,284 2,160 2,5 0,176 23,240 2,5 0,092 24,080
3,0 2,871 1,290 3,0 2,602 3,980 3,0 0,237 27,630 3,0 0,108 28,920
3,5 3,382 1,180 3,5 3,263 2,370 3,5 0,724 27,760 3,5 0,118 33,820
4,0 3,844 1,560 4,0 3,800 2,000 4,0 1,280 27,200 4,0 0,129 38,710
4,5 4,481 0,190 4,5 4,095 4,050 4,5 1,740 27,600 4,5 0,145 43,550
5,0 4,894 1,060 5,0 4,663 3,370 5,0 2,130 28,700 5,0 0,160 48,400
Figura 8 – Gráfico da corrente IC x tensão VCE do transistor BC337.
De acordo com o gráfico da Figura 8 nota-se que para valores de V1 menores
que 1V (correntes menores que 50 µA) a corrente de coletor oscilou próximo do valor
zero para todas as tensões aplicadas no teste e como a tensão VC é praticamente
toda a tensão da fonte, constata-se que o transistor está operando como um circuito
aberto.
A curva quando V1=2V apresenta um crescimento inicial aparentemente linear,
todavia após um dado valor de VCE, a corrente IC para a ser constante, i.e. cada
acréscimo na fonte V2 implica em um igual acréscimo de VCE, neste caso, a
capacidade do transistor de amplificar a corrente está saturada.
Por fim, a curva para V1=4V, indica que a corrente IC tem alta taxa de
crescimento em pequenas variações de VCE que está sempre muito próximo de zero,
neste caso o transistor está se comportando como um curto circuito.
8
4.3. Polarização e efeito da temperatura.
A Tabela 3 mostra dos dados das tensões dos resistores e das junções do
transistor TIP31 e BC337 conforme circuito da Figura 4.
Tabela 3 – Dados coletados para confecção da curva característica do transistor BC337.
TIP31 BC337 BC337*
VR1 3,536 V 3,492 V -
VR2 2,034 V 1,953 V -
VR3 0,964 V 0,938 V -
VR4 1,580 V 1,602 V -
VBC 1,507 V 1,533 V 1,333 V
VCE 2,123 V 2,194 V 1,921 V
VBE 0,616 V 0,663 V 0,592 V
*Dados coletados com o transistor BC337 sob a influência do calor fornecido pelo resistor de fio.
Nota-se que a diferença entre os valores obtidos para o TIP31 e o BC337 a
temperatura ambiente não foram muito distintos, todavia, as tensões nos resistores
com o TIP foram sempre ligeiramente maiores que as mesmas tensões durante o
uso do BC337, consequentemente, as tensões sobre os terminais do TIP31 foram
ligeiramente menores.
Ao se aproximar do transistor BC337 um resistor de potência (de fio) aquecido
de forma que o transistor estivesse sob a influência da temperatura elevada notou-
se que as tensões sobre os terminais do transistor foram menores do que quando
este se encontrava a temperatura ambiente, isso se deve ao fato de que a
temperatura propícia maior grau de ionização (térmica) dos átomos do transistor,
dessa forma é necessário fornecer uma menor quantidade de energia para que os
elétrons cheguem à camada de condução. Entretanto, o aumento de temperatura de
forma a superar o limite previsto no projeto do componente pode ser prejudicial, pois
além de literalmente queimar o componente, a diminuição da tensão nos terminais
significa aumento da tensão nos demais componentes do circuito conforme visto na
Tabela 3 comparando-se o TIP31 com o BC337, assim os demais componentes
para apresentar defeitos devido à sobre tensão em seus terminais.
4.4. Porta lógica a transistor.
Realizada a simulação, foram obtidos os valores apresentados na Tabela 4.
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Tabela 4 – Resultados da simulação (valor em parênteses corresponde a valor booleano).
Q2 (entrada) Q3 (entrada) Q1 (saída)
0V (0) 0V (0) 5V (1)
5V (1) 0V (0) 5V (1)
0V (0) 5V (1) 5V (1)
5V (1) 5V (1) 19,4mV (0)
As Figuras 9, 10 e 11 a seguir apresentam as simulações realizadas.
Figura 9 – Simulação do circuito (ambas entradas 0V).
Figura 10 – Simulação do circuito (uma entrada 0V e a outra 5V).
Figura 11 – Simulação do circuito (ambas as entradas 5V).
10
Assim, pode-se perceber que o circuito apresenta uma operação booleana de
NAND, ou seja, um NOT da operação AND, já que se tem o oposto do que
aconteceria para um AND, com duas entradas verdadeiras dando como saída uma
falsa e as demais combinações de entrada dando como saída uma resposta
verdadeira.
5. CONCLUSÃO
Transistores são dispositivos eletrônicos baseados nas propriedades da junção
PN que permitem amplificar/controlar sinais maiores a partir pequenas correntes na
base, efeito visualizado na Figura 8.
O efeito da temperatura sobre o transistor reduz a tensão em seus terminais o
que implica em sobre tensões sobre os demais componentes do circuito.
Os transistores podem ser dispostos em configurações que permitam seu uso
como portas lógicas, estabelecendo operações que apenas os diodos não são
capazes. Nesse caso, criou-se a operação NAND.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] MALVINO, Albert P. Eletrônica. 1.ed. São Paulo, McGraw-hill, 1987.