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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE RORAIMA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
RELATÓRIO ANUAL
DE EPIDEMIOLOGIA
DE RORAIMA
2019
Boa Vista, RR
2020
1
Antonio Oliverio Garcia de Almeida
Governador do Estado de Roraima
Marcelo de Lima Lopes
Secretário de Estado da Saúde de Roraima
Valdirene de Oliveira Cruz
Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde
José Vieira Filho
Diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica
COORDENAÇÃO E ORGANIZAÇÃO
Maria Soledade Garcia Benedetti
Infectologista, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Ciências da Saúde
Técnica do Núcleo de Vigilância Hospitalar - NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR
COLABORAÇÃO
Rutiléia Paiva de Souza
Técnica do Núcleo de Sistemas de Informação em Saúde -
NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR
2
ELABORAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO: Maria Soledade Garcia Benedetti.
NATALIDADE: Maria Soledade Garcia Benedetti.
MORBIDADE: Maria Soledade Garcia Benedetti.
DENGUE E OUTRAS ARBOVIROSES TRANSMITIDAS PELO AEDES EM
RORAIMA: Rosangela da Silva Santos, Joel de Melo Lima e Maria do Amparo da Silva
Sousa.
MALÁRIA: Ducineia Barros de Aguiar e Jacqueline de Aguiar Barros
ZOONOSES: Ingrid Albuquerque Gomes, Letícia Godinho Pezente e Márcio Gustavo
Borges.
MENINGITE, COQUELUCHE E DIFTERIA: Luciana Moreira.
DOENÇAS EXANTEMÁTICAS (Sarampo, Rubéola, Síndrome da Rubéola Congênita
e Varicela): Maria Eliene Gomes Silva.
NÚCLEO ESTADUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES: Alice Dantas
Medeiros.
DST/HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS: Janderson S. Mangabeira, Neyla Maia da
Silva, Angela Aparecida Ferreira de Lima, Kathiane da Silva Alencar, Lucinete Ferreira
de Souza e Nelma Cavalcante da Costa.
TUBERCULOSE: Angela Maria Felix Alves Oliveira, Maria Goreth Souza Alves e Karla
Cristina Souza Rocha.
DOENÇAS EM ELIMINAÇÃO (Hanseníase, Oncocercose e Tracoma) E DE
TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR: Danubia Rodrigues Basílio, Joana
Claudete das Mercês Schuertz e Rita de Cássia da Luz Fonseca.
DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS: Katheryn Kellyn Waismann
Odashiro, Janira Costa Silva, Kátia Rejane dos Santos Campos, Rosemere Lopes dos
Santos e Sandra Mara Oliveira de Carvalho.
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR: Jéssica Xavier Cavalcante.
NÚCLEO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE: Jamilla
Karla Corrêa Reis, Ana Paula Carvalhal Barbosa, Ana Paula Viana de Oliveira Guth,
Maria Cecília da Silva Ribeiro e Vanessa da Silva Barros.
MORTALIDADE: Maria Soledade Garcia Benedetti.
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 8
1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA ........................................ 10
2 NATALIDADE ................................................................................................ 15
2.1 TAXA BRUTA DE NATALIDADE ..................................................................... 16
2.2 ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER .............................................................. 17
2.3 TAXA GERAL DE FECUNDIDADE .................................................................. 18
2.4 MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA DA MÃE ........................................................... 22
2.5 ESTABELECIMENTO DE SAÚDE ................................................................... 23
2.6 REFERENTES À MÃE ..................................................................................... 27
2.7 REFERENTES A GRAVIDEZ E AO PARTO.................................................... 34
2.8 REFERENTES AO RECÉM-NASCIDO ........................................................... 45
3 MORBIDADE ................................................................................................. 54
3.1 DOENÇAS DE TRANSMISSÃO VETORIAL E ZOONOSES ........................... 61
3.2 DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS ............................................................... 1066
3.3 NÚCLEO ESTADUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES ..... 124
3.4 DST/HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS ........................................................... 140
3.5 TUBERCULOSE ............................................................................................ 161
3.6 DOENÇAS EM ELIMINAÇÃO (Hanseníase, Oncocercose e Tracoma) E DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR .......................................................... 172
3.7 DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS .................................... 20909
3.8 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR ........................................... 234
3.9 NÚCLEO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE ......................................................................................................................... 24343
4 MORTALIDADE .......................................................................................... 247
4.1 INDICADORES DE MORTALIDADE ......................................................... 24848
4.2 MORTALIDADE POR MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA .................................... 249
4.3 MORTALIDADE POR FAIXA ETÁRIA ........................................................... 263
4.4 MORTALIDADE POR SEXO ......................................................................... 265
4.5 MORTALIDADE POR GRUPO DE CAUSAS ................................................. 267
4.6 MORTALIDADE NA INFÂNCIA E INFANTIL ................................................. 304
4.7 MORTALIDADE FETAL ................................................................................. 313
4.8 MORTALIDADE MATERNA ........................................................................... 314
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 32020
4
APRESENTAÇÃO
O Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima documento elaborado
anualmente pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) da Coordenação
Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), cumpre o objetivo de consolidar, analisar e
disseminar informações sobre a situação de saúde dos nascimentos, dos agravos e
doenças de notificação compulsórias (DNC), das coberturas vacinais e da mortalidade
ocorridos no Estado de Roraima. Essas informações são relevantes para a gestão do
Sistema Único de Saúde (SUS) em suas diferentes esferas de gestão.
Dessa forma, amplia a possibilidade de projetar cenários futuros baseado nas
tendências e séries históricas, busca contribuir para o aperfeiçoamento e melhor
desempenho das políticas públicas de saúde, subsidiando os processos de definição
de prioridades, planejamento das ações e serviços, estabelecimento de metas,
monitoramento e avaliação dos resultados, de forma a torná-las mais eficientes e
eficazes, permitindo assim subsidiar a tomada de decisões em saúde pública. Além
de produzir informações, é um processo de retroalimentação aos profissionais da
saúde.
Esperamos, assim, colaborar com a consolidação de um sistema de saúde
comprometido com o atendimento das necessidades de saúde da população
roraimense.
Maria Soledade Garcia Benedetti Infectologista, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Ciências da Saúde. Técnica do Núcleo de Vigilância Hospitalar – NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR.
5
INTRODUÇÃO
O ano de 2019 foi marcado pela interrupção da transmissão do vírus do
sarampo, ainda nos primeiros meses do ano, na região Norte do País. Entretanto,
devido a contínua migração venezuelana, ainda há a preocupação da vigilância
epidemiológica estadual em relação a outras doenças imunopreveníveis que estão
sob controle no estado devido a ameaça de retorno dessas doenças.
A questão migratória venezuelana é uma preocupação estadual, regional e
nacional. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com
o agravamento da crise econômica e social na Venezuela, o fluxo de cidadãos
venezuelanos para o Brasil cresceu maciçamente nos últimos anos. O nível de
vulnerabilidade dos migrantes que entram no Brasil tem aumentado, pessoas chegam
ao País com necessidades urgentes de assistência humanitária, sem acesso a
comida, saúde e outros serviços básicos e expostos a diversos tipos de violência
(UNICEF BRASIL, 2020).
A malária está em escalada no estado. Desde 2015 a doença vem
apresentando acréscimos de casos, passando de 8 mil casos em 2015 para mais de
23 mil casos em 2018, um aumento de 190% no período. Em 2019, o estado registrou
mais de 22 mil casos da doença, destes 12% são importados de outros países.
A doença de chagas aguda é mais uma ameaça? A vigilância epidemiológica
captou 112 casos suspeitos entre 1995 e 2019 no estado, a doença tida como
importada, passou a ter registro no SINAN de casos autóctones. Trata-se de três
casos, entre 2015 e 2018, dois com transmissão vetorial e um com transmissão oral.
Diante dessa mudança de cenário da doença há necessidade de intensificar a
investigação, e se confirmada a autoctonia da doença, é urgente a necessidade de
capacitação dos profissionais de saúde no manejo clínico, fortalecimento do
diagnóstico laboratorial da doença e a aquisição de medicamento. Esses casos foram
identificados por meio da gota espessa da malária e, na Amazônia Legal, há alguns
anos, a vigilância é centrada na detecção de casos agudos e surtos e apoiada na
vigilância epidemiológica da malária.
Um avanço a destacar é em relação a toxoplasmose gestacional e congênita.
O Ministério da Saúde (MS), por meio da Nota Técnica N° 163/2018, disponibilizou os
medicamentos espiramicina, pirimetamina e sulfadizina. Nessa perspectiva, a área
técnica estadual elaborou as orientações sobre o fluxo de informação e dispensação
6
dos medicamentos no estado, no entanto, a vigilância dessa doença precisa fortalecer
e difundir esse fluxo em todo o estado.
A vigilância das hepatites virais estadual foi reformulada no final de 2018. O
fluxo de diagnóstico das hepatites virais no SUS foi redefinido por meio da Nota
Técnica NCHV/DVE/CGVS/SESAU Nº 02/2018, de outubro de 2018. Essa nota prevê
a notificação apenas de casos confirmados e não mais de casos suspeitos como
ocorria há décadas no estado. Com a disponibilização do teste rápido na Atenção
Primária a Saúde espera-se a ampliação da testagem, e assim, melhorar o
conhecimento da prevalência da doença.
A inexistência do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) no estado traz
consequência para o aumento de mortes com causa mal definidas e de códigos
garbage (CG). Desde 1996 a vigilância epidemiológica estadual atua fortemente para
a criação desse serviço, e diante de sucessivos fracassos, no início de 2019 o Núcleo
de Sistemas de Informação em Saúde – NSIS/DVE/CGVS/SESAU elaborou a nota
informativa N°01/2019 com o objetivo de orientar e estabelecer o fluxo de emissão da
Declaração de Óbito (DO) de óbitos por causas naturais, sem assistência médica e
ocorridos em domicílio.
No final de 2019, os primeiros casos de uma pneumonia de origem
desconhecida foram descritos na cidade de Wuhan, na China. Estudos demonstraram
que se tratava de um novo coronavírus, posteriormente denominado coronavírus da
síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A infecção causada por SARS-
CoV-2, denominada doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19) foi reconhecida como
pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020
(FALAVIGNA et al., 2020). Junto com o HIV, transformado agora em uma epidemia
silenciosa que continua matando 600 mil pessoas por ano, e a gripe espanhola (de
1918), a COVID-19 é certamente não só a maior epidemia, mas também a maior crise
social em tempos de paz.
O fato é que a vigilância em saúde é responsável pela informação e intervenção
que possibilitam a redução de riscos e promoção da saúde nos territórios, articulando-
se às Redes de Atenção à Saúde, e considera os complexos fenômenos econômicos,
ambientais, sociais e biológicos que determinam o nível e a qualidade da saúde das
pessoas, em todas as idades, visando controlar e reduzir riscos (CNS, 2018). Nesse
sentido, é necessário que a vigilância em saúde estadual fortaleça as ações de
promoção e proteção à saúde. Para tanto, é fundamental realizar análises
7
sistemáticas da situação de saúde por área técnica, aprimorar o processo de análise
e monitoramento da situação de saúde, identificar e atuar nas suas prioridades, atuar
fortemente para que as metas das coberturas vacinais sejam alcançadas no estado
de forma homogênea, redução da morbimortalidade (análise de morbidade, controle
dos agravos e DNC, análise de mortalidade), criar uma rede de formação de recursos
humanos em vigilância em saúde com o objetivo de formar profissionais que atuam
nos serviços de vigilância, prevenção e controle de doenças, nas esferas estadual e
municipal, e fortalecer a sua capacidade de resposta rápida frente às emergências em
saúde pública (monitoramento e investigação de emergências em saúde pública).
O DVE precisa fortalecer a vigilância epidemiológica municipal com vista a
melhorar a captação de dados de DNC, melhorar a qualidade das informações dos
sistemas de informação em saúde, realizar o monitoramento e análises sistemáticas
e periódicas dos dados epidemiológicos, e na capacidade de resposta rápida frente
às emergências em saúde pública.
Por fim, espera-se que as informações aqui apresentadas forneçam subsídios
para a reflexão sobre as políticas públicas implantadas e as melhorias indispensáveis
para responder adequadamente às necessidades de saúde da população.
Maria Soledade Garcia Benedetti Infectologista, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Ciências da Saúde Técnica do Núcleo de Vigilância Hospitalar - NVH
8
MATERIAL E MÉTODOS
A abordagem foi baseada na análise descritiva dos dados epidemiológicos.
Fonte de dados
A análise foi realizada por meio dos dados contidos nos Sistemas de
Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINAN), Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de
Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), do SIVEP, Vigilância de
Violências e Acidentes (VIVA), entre outros. Foram utilizadas informações do Instituto
Nacional de Câncer (INCA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As causas básicas de morte da DO são transformadas em códigos da
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à
Saúde10ª Edição (CID-10) antes da alimentação no SIM.
Procedimentos realizados
Este documento apresenta as características demográficas e epidemiológicas
do Estado de Roraima, descrevendo a evolução dos principais indicadores em 2019
e ao longo dos últimos anos, de forma a provocar uma reflexão sobre o contexto
sanitário do estado, destacando como nascem, adoecem e morrem os roraimenses.
Os dados do Sinasc e SIM foram levantados em 06 de julho de 2020, e esses
dados estão sujeitos à alteração devido a atualização do banco de dados pelas
Secretarias Municipais de Saúde (SMS). Os dados foram revisados e atualizados
desde 2006, e, portanto, pode haver diferença com os dados dos relatórios dos anos
anteriores.
Os dados de morbidade foram levantados do SINAN no dia 06 de julho de 2020,
e os dados analisados pelas áreas técnicas foram coletados no período de 08 de julho
a 05 de agosto de 2020. O Núcleo de Controle da pólio, paralisia flácida aguda,
influenza e tétano (NCPFIT) encontra-se sem gerência e sem servidores no momento,
por essa razão não foi elaborado o relatório anual de epidemiologia do setor. Além
desse núcleo, e a exemplo dos anos anteriores, o Núcleo Estadual de Entomologia
(NEE) também não elaborou o relatório anual de epidemiologia.
9
Para padronizar o formato do relatório e facilitar a sua organização foi
elaborado um manual contendo as normas para elaboração de relatório
epidemiológico (BENEDETTI; VIEIRA FILHO, 2020) e disponibilizado para as áreas
técnicas. No entanto, essas normas não foram totalmente seguidas, e dessa forma, o
formato dos relatórios de morbidade se diferenciam em cada área técnica.
Análise de dados
O relatório está dividido em capítulos, e o conteúdo apresentado em todos os
capítulos tem como um dos objetivos explorara as informações disponíveis nos vários
sistemas de informação do DVE/CGVS estadual.
O Capítulo 1 apresenta o perfil socioeconômico e demográfico do estado.
O Capítulo 2 descreve com detalhe o perfil dos nascimentos em Roraima, a
partir do Sinasc. Aborda a esperança de vida ao nascer, a taxa de fecundidade, dados
referentes à mãe, referentes à gravidez e ao parto, e referentes ao recém-nascido.
O Capítulo 3 descreve o perfil de morbidade dos agravos e DNC no estado e
buscar demonstrar sua evolução com série temporal. As áreas técnicas do DVE
estadual presentes neste capítulo estão divididas em: doenças de transmissão vetorial
e zoonoses; doenças imunopreveníveis (meningite, coqueluche, difteria, sarampo,
rubéola, síndrome da rubéola congênita e varicela); imunização/PNI; Infecções
Sexualmente Transmissíveis – IST/HIV/AIDS e hepatites virais; tuberculose; doenças
em eliminação (hanseníase, oncocercose e tracoma) e de transmissão hídrica e
alimentar; doenças e agravos não transmissíveis; vigilância epidemiológica hospitalar
e informações estratégica em vigilância em saúde.
O Capítulo 4 analisa o perfil de mortalidade do estado em 2019 e traz série
temporal dos indicadores de mortalidade. Descreve ainda a evolução, o perfil e as
principais causas de morte infantil, materna e fetal.
O processo de criação desta publicação anual tem favorecido um ambiente de
apresentação de informações de vigilância epidemiológica do estado e dos
municípios.
10
1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA
Maria Soledade Garcia Benedetti
O Estado de Roraima está localizado na Região Norte do Brasil e possui
extensão territorial de 223.644,527 km² e a densidade demográfica de 2,71 habitantes
por km² (IBGE, 2019), a menor do país. Possui 15 municípios (Figura 1) e faz fronteira
com a Guiana e a República Bolivariana da Venezuela em 1.922 Km, este último, vive
uma crise econômica e humanitária (BENEDETTI, 2019). A população estimada pelo
IBGE para o ano de 2019 é de 605.761 (Tabela 1) (IBGE, 2019).
Figura 1. Mapa Populacional do Estado de Roraima
O estado possui dois Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), o Distrito
Sanitário Yanomami e o Distrito Sanitário Leste. Os indígenas representam cerca de
10% da população, destes 22,4% são da etnia Yanomami (BENEDETTI, 2013).
A capital do estado, Boa Vista, concentra 65,9% da população e sua densidade
populacional é de 70,2 hab./Km2. A distribuição dos municípios de acordo com a
população estimada pelo IBGE para 2018 encontra-se na tabela 1.
11
Tabela 1. População residente por município e densidade demográfica. Roraima, 2019
Município População Área territorial (Km2) Densidade demográfica
(Hab./ Km²) N % Alto Alegre 15.510 2,6 25.454,30 0,61 Amajarí 12.796 2,1 28.473,45 0,45 Boa Vista 399.213 65,9 5.687,04 70,20 Bonfim 12.409 2,0 8.079,91 1,54 Cantá 18.335 3,0 7.664,83 2,39 Caracaraí 21.926 3,6 47.379,90 0,46 Caroebe 10.169 1,7 12.065,90 0,84 Iracema 11.950 2,0 14.011,70 0,85 Mucajaí 17.853 2,9 12.337,85 1,45 Normandia 11.290 1,9 6.959,87 1,62 Pacaraima 17.401 2,9 8.025,05 2,17 Rorainópolis 30.163 5,0 33.579,74 0,90 São João da Baliza 8.201 1,4 4.284,51 1,91 São Luiz 7.986 1,3 1.526,90 5,23 Uiramutã 10.559 1,7 8.113,60 1,30 Total 605.761 100,0 223.644,527 2,71
Fonte: IBGE, 2019.
A tabela 2 apresenta o número e percentual de município segundo o porte
populacional para 2019. A maioria dos municípios possuem uma população entre 10
e 20 mil habitantes.
Tabela 2. Número e percentual de município segundo o porte populacional. Roraima,
2019
Porte municipal dos municípios Municípios N° %
Menos de 10.000 habitantes 2 13,3 10.000 ˧ 20.000 habitantes 10 66,6 20.000 ˧ 30.000 habitantes 1 6,7 30.000 ˧ 40.000 habitantes 1 6,7 40.000 ˧400.000 habitantes 1 6,7
Fonte: IBGE, 2019.
O crescimento populacional de Roraima no período de 1980 a 2019 foi de
665,6%, passando de 79.121 em 1980 para 605.761 habitantes em 2018. Os dados
apresentados na Figura 2 para os últimos nove anos são referentes às estimativas
populacionais do IBGE, e provavelmente não refletem a migração venezuelana.
12
Figura 2. População residente do Estado de Roraima, 1980 a 2019
Fonte: IBGE (Censos e estimativas).
O fluxo de cidadãos venezuelanos para o Brasil cresceu maciçamente nos
últimos anos. Entre 2015 e maio de 2019, o Brasil registrou mais de 178 mil
solicitações de refúgio e de residência temporária. A maioria dos migrantes entra no
País pela fronteira norte do Brasil, no Estado de Roraima, e se concentra nos
municípios de Pacaraima e Boa Vista. Mais de 6,3 mil pessoas, das quais 2,5 mil são
crianças e adolescentes, vivem nos abrigos oficiais, administrados pelas Forças
Armadas e pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados
(ACNUR), criados em Boa Vista e em Pacaraima. Estima-se que quase 32 mil
venezuelanos morem em Boa Vista. Projeções das autoridades locais e agências
humanitárias apontam que 1,5 mil venezuelanos estão em situação de rua na capital,
entre eles, quase 500 têm menos de 18 anos de idade (Figura 3) (UNICEF BRASIL,
2020).
Figura 3. Migração Venezuelana no Brasil: número de migrantes entre 2015 a 2019
Fonte: UNICEF BRASIL, 2020.
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
450.000
500.000
1980
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
13
No tocante à faixa etária dos residentes no estado, percebe-se uma importante
mudança no padrão da população, em que o envelhecimento populacional é
crescente. Essa tendência é observada nacional e mundialmente, principalmente em
países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento, como é o caso brasileiro (Figura
4).
Figura 4. Pirâmide etária. Roraima, 2000 e 2010
Fonte: IBGE. Censo demográfico de 2000 e 2010.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Roraima foi 0,707, em 2010, o
que situou o estado no IDH Alto (entre 0,700 e 0,799). A dimensão que mais contribuiu
para esse IDH foi a Longevidade, com índice de 0,809, seguido de Renda, com índice
de 0,695, e de Educação, com índice de 0,628 (Figura 5) (ATLAS BRASIL, 2013).
Figura 5. IDH. Roraima, 2010
Fonte: Atlas Brasil, 2013.
14
REFERÊNCIAS
Atlas Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humana no Brasil. Roraima. [Internet] 2013. Dispoível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_uf/roraima/ BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2013. Boa Vista: SESAU, 2013. 112 p. BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018. Boa Vista: SESAU, 2019. 321 p. BENEDETTI, M. S. G.; VIEIRA FILHO, J. Secretaria de Estado da Saúde de Roraima. Normas para Elaboração de Relatório Epidemiológico, 1ª edição. Boa Vista: SESAU, Maio, 2020. 4 p. CNS. Conselho Nacional de Saúde. Relatório final: 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde. Brasília, 2018. [Internet]. Disponível em: http://www.cecol.fsp.usp.br/dcms/uploads/arquivos/1539088129_Relat%C3%B3rio%20Final%20%201%C2%AA%20Confer%C3%AAncia%20Nacional%20de%20Vigil%C3%A2ncia%20em%20Sa%C3%BAde.pdf IBGE. Estimativa populacional. [Internet] 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rr/panorama FALAVIGNA, M. et al. Diretrizes para o tratamento farmacológico da COVID-19. Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(2):166-196. UNICEF BRASIL. Crise migratória venezuelana no Brasil [Internet] 2020.
Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/crise-migratoria-venezuelana-no-brasil
15
2 NATALIDADE
Maria Soledade Garcia Benedetti
Os dados de natalidade foram coletados da Declaração de Nascidos Vivos
(DN), que é o documento de entrada no Sinasc e também serve para lavratura da
Certidão de Nascimento pelo Cartório de Registro civil (BRASIL, 2009).
Com base nas informações do Sinasc é possível analisar as condições da
gestação, do nascimento e do recém-nascido (RN), além das condições sociais da
mãe (JORGE, 1993; BRASIL, 2018). A qualidade das informações é fundamental para
o uso do sistema como fonte para pesquisa e avaliação em saúde.
Tabela 1. Número de Nascidos Vivos e Taxa Bruta de Natalidade (por 1.000
habitantes) de mães residentes. Roraima e Brasil, 1990, 1991 a 1995, 2000 a 2019
Ano Roraima Brasil
Nascidos vivos População residente
Taxa Taxa
1990 5.016 203.977 24,6 -
1991 5.298 217.583 24,3 23,4
1995 7.023 262.194 26,8 -
2000 9.698 324.397 29,9 20,8
2001 9.561 337.253 28,3 20,2
2002 9.188 346.866 26,5 19,7
2003 10.286 357.296 28,8 19,1
2004 9.751 367.701 26,5 18,6
2005 9.699 391.318 24,7 18,1
2006 9.601 403.340 23,8 17,6
2007 9.592 415.281 23,1 17,1
2008 10.111 412.783 24,5 16,7
2009 9.690 421.497 23,0 16,2
2010 9.750 450.479 21,6 15,8
2011 9.998 460.165 21,7 15,5
2012 10.633 469.524 22,6 15,1
2013 10.612 488.072 21,7 14,7
2014 10.356 496.936 20,8 14,4
2015 10.543 505.665 20,8 14,1
2016 10.308 514.229 20,0 -
2017 10.824 522.636 20,7 -
2018 12.138 576.568 21,0 -
2019 13.349 605.761 22,0 -
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). IBGE (Censo demográficos e projeções). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
16
O nascimento é um dos eventos vitais e seu monitoramento pode contribuir
para o conhecimento da situação de saúde de uma população, pois permite a
construção de indicadores que subsidiam o planejamento, a gestão e a avaliação de
políticas e ações de vigilância e atenção à saúde na área da saúde materna e infantil
(OLIVEIRA, 2015).
O número de Nascidos Vivos (NV) de Roraima, referente ao período de 1990,
1991 a 1995, 2000 a 2019, encontra-se na tabela 1. O Sinasc captou 13.349
nascidos vivos de mães residentes no estado de Roraima em 2019. Nesse ano,
ocorreram 13.751 nascimentos vivos no estado, sendo 402 de mães residentes de
outros países ou Unidades da Federação (UF). Em relação ao país de origem da mãe,
2.922 (21,9%) dos nascimentos eram de mães de outras nacionalidades. A Venezuela
com 2.792 nascimentos representou 95,6% desses nascimentos, seguida da Guiana
com 78 (2,7%) dos nascimentos, Haiti com 18 (0,6%), Cuba com nove (0,3%),
Colômbia com oito (0,3), Peru com cinco (0,2%), Síria com 3 (0,1%), China com dois
(0,07%), e Bulgária, Dominica, Estados Unidos, Honduras, Paraguai, Portugal e
República Dominicana com um (0,03%), cada. Esses dados mostram a diversidade
de migrantes do estado.
2.1 TAXA BRUTA DE NATALIDADE
A Taxa Bruta de Natalidade (TBN) ou Coeficiente Geral de Natalidade é o
número de nascidos vivos, por mil habitantes, em determinado espaço geográfico, no
ano considerado.
Segundo a tendência mundial, o Brasil vem registrando, nos últimos 30 anos,
um acentuado declínio da fecundidade, o que reflete na redução da natalidade e
repercute na TBN. Valores elevados estão relacionados, em geral, a baixas condições
socioeconômicas.
Em Roraima, a TBN passou de 24,6 nascimentos por mil habitantes em 1990
para 22/1.000 habitantes em 2019. A menor TBN da série temporal da figura 1,
ocorreu em 2016, de 20/1.000 habitantes, e desde então essa taxa está em
crescimento, uma das explicações é o aumento de mulheres da Venezuela que
buscam atendimento obstétrico ou refúgio em Roraima com importante incremento
desde 2016. Em 2019, com 2.792 nascimentos, foram responsáveis por 20,9% de
todos os nascimentos ocorridos no estado.
17
Figura 1. Número de nascidos vivos e Taxa Bruta de Natalidade (por 1.000 habitantes)
de mães residentes. Roraima, 1999, 1995, 2000 a 2005, 2010 a 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). IBGE (Censo demográficos e projeções). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
2.2 ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER
A esperança de vida ao nascer é um indicador que mede quantos anos, em
média, espera-se que viva um recém-nascido, este indicador reflete a qualidade e
assistência da população. Doze países da América Latina, representando 85% da
população da região, incluindo o Brasil, têm a expectativa de vida ao nascer maior de
75 anos, e uma parcela crescente da população tem mais de 60 anos (UNFPA,
2018).
Em 2015, a esperança de vida ao nascer do brasileiro foi de 75,5 anos. No
entanto, nem sempre foi assim, na década de 40 era de 42 anos, de 50 (46 anos), de
60 (52 anos), de 80 (54 anos), de 90 (60 anos). Roraima acompanha essa tendência
crescente na esperança de vida ao nascer passando de 65,3 anos em 2000 para 70,6
em 2013, e em 2015, a esperança de vida ao nascer foi de 71,1 anos (BENEDETTI,
2018). A expectativa de vida entre os homens foi de 71,1 anos e entre as mulheres
79,1 anos (IBGE, 2016).
A esperança de vida ao nascer, apresentou um incremento de 10,1% em
Roraima nos últimos 24 anos analisados. Esse aumento foi ligeiramente maior no sexo
1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Nº de NV 5.0167.0239.6989.6999.7509.99810.6310.6110.3510.5410.3010.8212.1313.34
TBN 24,6 26,8 29,9 24,7 21,6 21,7 22,6 21,7 20,8 20,8 20 20,7 21 22
0
5
10
15
20
25
30
35
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
16.000
Núm
ero
de N
V
TB
N
18
masculino (10,9%) que no feminino (8,3%). Em 2015, a expectativa de vida entre os
homens foi de 78,8 anos e entre as mulheres 74 anos (Figura 2).
Figura 2. Esperança de Vida ao Nascer por sexo. Roraima, 1991, 2000, 2010, 2015
IBGE/DPE/ Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. 2000 a 2012: Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação, por Sexo e Idade para o Período 2000-2030. 1991 a 1999: Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02) - População e Desenvolvimento - Sistematização das medidas e indicadores sociodemográficos oriundos da projeção da população por sexo e idade, por método demográfico, das Grandes Regiões e Unidades da Federação para o período 1991-2030. Nota: 1. Dados de 2000 a 2010 alterados em relação ao IDB anterior.
2.3 TAXA GERAL DE FECUNDIDADE
A taxa geral de fecundidade (TGF) representa o número médio de filhos
nascidos vivos de uma mulher no período reprodutivo (15 a 49 anos). Esse indicador
expressa a condição reprodutiva média das mulheres, para que a reposição
populacional seja assegurada, a taxa de fecundidade não pode ser inferior a 2,1 filhos
por mulher, pois as duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para
compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva (BRASIL,
2013).
Nos últimos 150 anos, e especialmente desde a década de 1960, as taxas de
fecundidade têm caído em quase todos os países. De uma situação no passado,
quando todos os países do mundo tinham taxas de fecundidade de cinco ou mais
62,03 62,29
66,9
68,868,2968,98
72,52
74
65,08 65,26
69,49
71,1
1991 2000 2010 2015
Masculino Feminino Total
19
filhos por mulher, hoje, a maioria dos países com populações de 1 milhão ou mais têm
taxas de fecundidade de 2,5 ou menos (UNFPA, 2018).
A UNFPA (Fundo de Populações das Nações Unidas), agência da ONU para
questões populacionais por meio da publicação "Situação da População Mundial
2018" mostra as tendências na média das taxas de fecundidade total em 15 países,
agrupados por região no período de 1990 a 2015. Nessa publicação, o Brasil está
entre os países que possuem a taxa de fecundidade entre 1,7 e 2,5 nascimentos por
mulher. Doze países da América Latina, representando 85% da população da região,
têm taxas de fecundidade entre 1,8 e 2,5 filhos por mulher. Alguns países — Brasil,
Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana e Venezuela — passaram
rapidamente pela transição da fecundidade na década de 1960, mas desde então têm
visto uma redução mais lenta na fecundidade. Essa chamada transição da
fecundidade segue uma lógica, primeiro ocorre queda na taxa de mortalidade, para
em seguida ocorrer na de fecundidade. No Brasil, por exemplo, a fecundidade gira em
torno de um filho entre as mulheres que concluíram pelo menos o ensino
médio/secundário e três para as menos instruídas (UNFPA, 2018).
No Brasil, a taxa de fecundidade é baixa e está em queda acelerada, a taxa é
de 1,7, nível abaixo da reposição populacional de 2,2. Essa diminuição do número de
filhos foi observada em todas as regiões do país e extratos sociais, no entanto, a maior
queda foi registrada na população mais pobre e menos escolarizada. Na faixa mais
pobre e com menos escolaridade (até quatro anos de estudo), a taxa de fecundidade
caiu de 3,4 para 2,9 filhos por mulher. Na faixa com maior renda e maior escolaridade
(a partir de 12 anos de estudo), a taxa de fecundidade caiu, de 1,56 para 1,18. A
região Norte apresenta taxa de 2,12. No Sudeste, é de 1,7. Em 1960, a taxa de
fecundidade na região Norte, então a maior do país, era de 8,33. A principal razão da
queda das taxas é o acesso à informação e serviços que vem aumentando desde a
década de 1990 por meio de programas sociais, e de acesso a serviços de saúde e à
informação, e do processo de urbanização (UNFPA, 2018).
20
Figura 3. Taxa geral de fecundidade por ano de mães residentes. Roraima e Brasil,
2000 a 2012
Fonte: Estimativas: IBGE/Projeções demográficas preliminares. Dados Diretos: MS/SVS - Sistema de
Informações sobre Nascidos Vivos.
Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2017.
NOTA: Taxas estimadas com os dados informados ao SINASC corrigidos por fatores obtidos na
Pesquisa de Busca Ativa realizada na Amazônia Legal e no Nordeste, no ano de 2008.
1. Para toda a série histórica, os denominadores derivam das projeções demográficas.
2. Dados de 2000 a 2010 revistos em relação ao IDB anterior.
Há uma tendência de queda da TGF do Brasil em Roraima no período de 2000
a 2012. Em 2000, as taxas eram de 2,29 e 3,57 filhos/mulheres, respectivamente, e
reduziram para 1,77 e 2,50 filhos/mulheres (Figura 3).
Tabela 2. Taxa geral de fecundidade (por 1.000 mulheres) de mães residentes.
Roraima, 2006 a 2019 Ano Mulheres de 15-49 anos NV* NV* de mães 15-49 anos Taxa 2006 128.099 9.598 9.411 73,4 2007 129.064 9.584 9.371 72,6 2008 127.199 10.093 9.883 77,7 2009 128.936 9.678 9.478 74,7 2010 127.646 9.728 9.536 74,7 2011 125.654 9.969 9.793 77,9 2012 128.239 10.582 10.348 80,7 2013 130.830 10.556 10.336 79,0 2014 134.026 10.322 10.177 75,9 2015 140.955 10.535 10.363 73,5 2016 144.296 10.296 10.279 71,2 2017 143.837 10.793 10.632 73,9 2018 147.049 12.089 11.920 81,0 2019 150.154 13.349 13.647 90,88
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período 2000-2030. Nota: *NV – Nascidos vivos.
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
RORAIMA 3,57 3,37 3,3 3,22 3,21 3,09 3 2,93 2,82 2,78 2,62 2,59 2,5
BRASIL 2,29 2,2 2,12 2,07 2,03 1,99 1,94 1,9 1,86 1,84 1,82 1,78 1,77
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
21
A TGF de Roraima apresentou queda de 29,2% no período de 1997
(128,3/1.000 mulheres) a 2019 (90,88/1.000 mulheres). No entanto, a taxa vem
aumentando desde 2016 (Tabela 2).
Tabela 3. Taxa de fecundidade específica (15 a 49 anos) de mães residentes.
Roraima, 2006 a 2019
Ano 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos
Pop. NV Taxa Pop. NV Taxa Pop. NV Taxa Pop. NV Taxa
2006 23.299 2.308 0,0990 36.982 5.147 0,1391 27.110 1.803 0,0665 16.986 153 0,0090
2007 21.369 2.328 0,1089 38.479 5.199 0,1351 27.670 1.719 0,0621 19.041 125 0,0065
2008 20.925 2.346 0,1121 37.733 5.454 0,1445 27.642 1.922 0,0695 18.972 161 0,0084
2009 21.204 2.248 0,1060 38.072 5.235 0,1375 28.441 1.806 0,0635 19.404 189 0,0097
2010 23.250 2.254 0,0969 43.580 5.139 0,1179 33.508 1.972 0,0588 22.648 171 0,0075
2011 23.747 2.317 0,0975 44.529 5.307 0,1191 34.236 1.994 0,0582 23.142 175 0,0075
2012 24.240 2.478 0,1022 45.444 5.392 0,1186 34.942 2.287 0,0654 23.613 191 0,0080
2013 25.481 2.465 0,0967 45.237 5.348 0,1182 35.760 2.323 0,0649 24.352 200 0,0082
2014 25.824 2.457 0,0951 46.054 5.196 0,1128 37.054 2.346 0,0633 25.094 178 0,0071
2015 26.061 2.338 0,0897 50.732 5.340 0,1052 38.273 2.498 0,0652 25.889 187 0,0007
2016 26.474 2.291 0,0865 51.684 5.052 0,0977 39.402 2.564 0,0650 26.736 205 0,0007
2017 26.811 2.236 0,0834 48.970 5.463 0,1115 40.417 2.696 0,0667 27.639 245 0,0088
2018 27.077 2.450 0,0905 50.025 6.209 0,1241 41.349 2.990 0,0723 28.598 271 0,0094
2019 27 286 2.730 0,1000 51.007 - - 42.242 - - 29.619 342 0,0115 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Estimativas do IBGE (Projeções do
DATASUS).
Na tabela 3 apresenta as taxas de fecundidade específica por faixa etária no
estado no período de 2006 a 2019.
O percentual de mãe primigesta (sem gestação anterior) no estado variou de
29% em 2011 para 30,9% em 2019, representando aumentou 6,5% no período
(Tabela 4).
Tabela 4. Número e percentual de mães residentes sem nenhuma gestação anterior.
Roraima, 2011 a 2019
Ano do nascimento Não informado Nenhuma Total %
2011 1.083 2.899 9.998 29,0
2012 115 3.305 10.633 31,1
2013 54 3.400 10.612 32,0
2014 19 3.405 10.356 32,9
2015 17 3.351 10.543 31,8
2016 16 3.343 10.307 32,4
2017 16 3.418 10.801 31,6
2018 16 3.727 12.089 30,8
2019 7 4.129 13.349 30,9
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
22
2.4 MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA DA MÃE
Entre as mães residentes, a capital, Boa Vista concentrou 66,9% dos
nascimentos e sua TBN foi de 22,4 NV por mil habitantes, maior que a taxa estadual
de 22/1.000 habitantes. Os municípios com as maiores taxas foram os que possuem
uma expressiva população indígena: Normandia (36,9/1.000 hab.), Uiramutã
(35,2/1.000 hab.), Bonfim (31,9/1.000 hab.) e Pacaraima (28,4/1.000 hab.). Iracema
foi o município com a menor taxa, de 12,1/1.000 habitantes (Tabela 5).
Tabela 5. Número de nascidos vivos, percentual e taxa bruta de natalidade (por 1.000
habitantes) de mães residentes por município de residência da mãe. Roraima, 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração).
A comparação entre os municípios de residência da mãe e de ocorrência do
parto permite descrever, ainda que parcialmente, a mobilidade espacial das mulheres
na busca de assistência ao parto. Em Roraima, 11.766 (88,1%) nascimentos
ocorreram no município de Boa Vista, devido a maior concentração populacional do
estado, a existência de serviços públicos de referência, como o Hospital Materno
Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), única maternidade do estado, de
gestão estadual, e a existência de estabelecimentos de saúde privados. A figura 4
mostra a mobilidade das mães, residentes dos municípios do interior do estado, em
busca de assistência ao parto. Houve aumento percentual em quase todos os
municípios na comparação do ano de 2013 com o ano de 2019, apenas dois
municípios apresentaram redução desse percentual, Iracema e Rorainópolis. Este
último, vem com redução importante, ano a ano, desde 2014, quando foi implantado
Município Nº % Taxa bruta de natalidade Alto Alegre 261 2,0 16,8 Amajarí 225 1,7 17,6 Boa Vista 8.926 66,9 22,4 Bonfim 396 3,0 31,9 Cantá 374 2,8 20,4 Caracaraí 390 2,9 17,8 Caroebe 200 1,5 19,7 Iracema 145 1,1 12,1 Mucajaí 344 2,6 19,3 Normandia 417 3,1 36,9 Pacaraima 495 3,7 28,4 Rorainópolis 566 4,2 18,8 São João da Baliza 131 1,0 16,0 São Luiz 107 0,8 13,4 Uiramutã 372 2,8 35,2 Total 13.349 100,0 22,0
23
o Hospital Regional Sul Governador Ottomar de Souza Pinto (HRSOSP) no município.
Capta-se aqui a mobilidade intermunicipal, mas não a que ocorre dentro do município.
Figura 4. Percentual de nascimentos de mães residentes ocorridos fora do município
de residência da mãe. Roraima, 2013 a 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
2.5 ESTABELECIMENTO DE SAÚDE
Em relação à esfera administrativa do estabelecimento de saúde de ocorrência
do parto, há um absoluto predomínio de partos ocorridos em estabelecimentos de
saúde públicos (Tabela 6). Vale lembrar que é considerada na análise a esfera
administrativa e não a origem do recurso financeiro do leito.
Na tabela 7 consta o número de nascimentos vivos segundo o local de
ocorrência do parto, e apresenta expressiva participação de partos hospitalares,
porém é importante o número de partos domiciliares (n=154), partos em "outros locais"
(n=114).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
24
Tabela 6. Número e percentual de nascimentos vivos de mães residentes segundo
esfera administrativa do estabelecimento de saúde. Roraima, 2001 a 2019
Ano Estabelecimento de saúde
Público Não-público N° % N° %
2001 8.148 95,4 391 4,6 2002 8.226 94,7 459 5,3 2003 8.297 93,0 626 7,0 2004 7.788 92,6 624 7,4 2005 7.874 93,6 569 6,4 2006 9.191 95,7 410 4,3 2007 9.134 95,2 458 4,8 2008 9.520 94,2 591 5,8 2009 9.121 94,1 569 5,9 2010 9.146 93,8 604 6,2 2011 9.332 93,3 666 6,7 2012 10.012 94,2 621 5,8 2013 9.946 93,7 666 6,3 2014 9.629 93,0 727 7,0 2015 9.881 93,7 662 6,3 2016 9.686 94,0 622 6,0 2017 10.215 94,6 586 5,4 2018 11.422 94,5 667 5,5 2019 12.633 94,6 716 5,4
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
O HMINSN, realizou 81,4% (n=10.872) de todos os nascimentos de mães
residentes no estado em 2019. Os estabelecimentos de saúde do interior do estado
são todos públicos, de gestão estadual, poucos possuem a gestão mista. Dentre
esses estabelecimentos de saúde, os que mais ocorreram nascimentos vivos foram o
HRSOSP, no município de Rorainópolis, com 840 nascimentos, Centro de Saúde do
Uiramutã (n=134) no município de Uiramutã, Unidade Mista Ruth Quitéria (n=138) no
município de Normandia, e Hospital Délio de Oliveira Tupinambá (n=114) no município
de Pacaraima, todos com importante população indígena.
Nos estabelecimentos de saúde privados ocorreram 716 nascimentos vivos, e
representaram 5,3% dos nascimentos vivos do estado em 2019, destes 289 ocorreram
no Hospital Unimed Boa Vista, 270 no Hospital da Mulher e 157 no Hospital Lotty Iris.
25
Tabela 7. Número de nascimentos vivos de mães residentes segundo o local de
ocorrência, Roraima, 2006 a 2019
Ano Hospital Outro estabelecimento saúde Domicílio Outros Ignorado Total
2006 8.275 41 1.226 55 4 9.601
2007 8.561 44 930 56 1 9.592
2008 8.822 86 1.154 49 0 10.111
2009 8.648 61 928 51 2 9.690
2010 8.862 70 754 64 0 9.750
2011 9.081 52 797 67 1 9.998
2012 9.321 56 1.123 119 14 10.633
2013 9.660 65 687 195 5 10.612
2014 10.036 44 210 64 2 10.356
2015 10.091 32 335 79 6 10.543
2016 10.073 40 127 68 0 10.308
2017 10.586 48 101 62 4 10.801
2018 11.778 89 130 81 11 12.089
2019 12.993 87 154 114 1 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
Na tabela 8 está identificada a categoria do profissional que preencheu a DN
no período de 2006 a 2019. De 2006 a 2010 prevaleceu a falta dessa informação na
DN. Desde 2015 houve melhor preenchimento da DN, e desde então, observa-se o
predomínio de enfermeiros. Em 2019, essa categoria preencheu 97,9% de todas as
DN no estado.
Tabela 8. Distribuição dos profissionais que preencheram a declaração de nascidos
vivos das mães residentes. Roraima, 2006 a 2019
Ano Médico Enfermeiro Parteira Func. Cartório Outros Não inf Total
2006 0 1 0 0 2 9.598 9.601
2007 0 0 0 0 4 9.588 9.592
2008 0 0 0 0 5 10.106 10.111
2009 0 2 0 0 5 9.683 9.690
2010 0 7 0 0 12 9.731 9.750
2011 37 902 19 7 7.996 1.037 9.998
2012 29 1.005 7 6 9.521 65 10.633
2013 49 886 8 12 9.618 39 10.612
2014 50 959 4 0 9.339 4 10.356
2015 26 5.019 0 0 5.490 8 10.543
2016 30 9.643 1 0 628 6 10.308
2017 52 10.609 0 0 131 9 10.801
2018 39 11.965 0 0 81 4 12.089
2019 84 13.065 0 0 194 6 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração).
26
No HMINSN, a DN não é preenchida pelo profissional que realizou o parto, e
sim por servidor do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), por meio do
prontuário médico, e este fato pode estar influenciado de alguma forma na qualidade
e na plenitude de preenchimento da DN.
O Sinasc vem evoluindo em cobertura e qualidade, tendo apresentado
cobertura estimada de 98% no país em 2015. A coleta de dados, com novas variáveis,
vem sendo aprimorada ao longo dos anos para responder às novas demandas de
produção de conhecimento (BRASIL, 2018).
Em Roraima, os dados captados na DN são considerados bons, porém a
completude de preenchimento das variáveis varia muito, e apresentam informação
ignorado ou não informada na DN. Esse fato prejudica a análise epidemiológica sobre
as condições de gestação e de nascimento no município, estado e país. Diante disso,
a figura 5 apresenta o grau de completude de preenchimento de algumas variáveis da
DN no estado para o ano de 2017, e sua comparação com dados nacionais de 2015.
Nessa comparação constatamos que as maiores falhas de completude de
preenchimento da DN no estado são: estado civil; duração da gestação; e APGAR no
1º e 5º minuto de vida. As duas últimas, estão diretamente relacionadas com a
assistência ao recém-nascido na hora do parto (BENEDETTI, 2018).
Figura 5. Completude de preenchimento das variáveis da declaração de nascido vivo.
Brasil, 2015 e Roraima, 2017
Fonte: BRASIL, 2018. Relatório Anual de Epidemiologia de 2017.
0 20 40 60 80 100
Número de consultas no pré-natal
Duração da gestação
Tipo de gravidez
Tipo de parto
Peso ao nascer
APGAR 1º minuto
APGAR 5º minuto
Escolaridade da mãe
Estado civil
RR BR
27
O percentual de partos domiciliares reduziu de forma significativa ao longo dos
últimos 14 anos passando de 12,7% (1.226/9.658) em 2006 para 1,1% (154/13.349)
em 2019 (Figura 6), uma queda de 87,4% no número de partos domiciliares no
período.
Figura 6. Percentual de nascidos vivos segundo parto domiciliar de mães residentes.
Roraima, 2006 a 2017
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
2.6 REFERENTES À MÃE
2.6.1 Idade da mãe
A idade da mulher está relacionada a agravos à saúde materna e infantil.
Gestações em adolescentes ou em idades avançadas podem estar implicadas em o
ganho de peso materno, pré-eclâmpsia, complicações perinatais, baixo peso ao
nascer e prematuridade (BRASIL, 2013).
A gravidez na adolescência é um grande desafio no Brasil. Ela impacta de
maneira muito decisiva a trajetória das adolescentes. Um filho em uma situação não
desejada e em idade precoce pode significar interrupção da trajetória escolar e
dificuldade de ingresso no mercado de trabalho, gerando uma série de impactos que
vão ter reflexo para sempre na vida (UNFPA, 2018).
O Brasil dispõe da sétima maior taxa de gravidez em adolescentes da América
do Sul, empatando com Peru e Suriname, com índice de 65 gestações para cada mil
meninas entre 15 e 19 anos. De acordo com a UNFPA (2018), um em cada cinco
bebês que nascem no país é filho de mãe adolescente. Entre elas, de cada cinco, três
12,7
9,6
11,3
9,4
7,6 7,8
10,3
6,5
1,7
3,2
1,2 0,9 1,1 1,1
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
28
não trabalham e nem estudam; sete em cada dez são afrodescendentes e cerca de
metade mora na região Nordeste.
Figura 7. Percentual de nascidos vivos de mães residentes por idade da mãe. Brasil
e Região Norte, 2014 e Roraima, 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). BRASIL, 2016.
Em Roraima, no período de 2006 a 2018 houve redução de nascimentos entre
mães adolescentes (<19 anos de idade) passando de 26% em 2006 para 21,6% em
2018, uma redução de 16,9% no período. No detalhamento dos nascimentos vivos
entre mães adolescentes, destaca-se que 0,7% ocorreu com idade entre 10 e 14 anos
e 20,2% entre mães com 15 a 19 anos. Por outro lado, houve aumento de mães com
40 anos ou mais de idade, em 2006 representavam 1,6%, e em 2018, representaram
2,3%, um aumento de 43,7% mostrando um aumento em importante de gravidez em
idades mais tardias (BENEDETTI, 2019).
Brasil Região Norte Roraima
35 e + 12,2 8 11,5
20 a 34 68,9 65,8 67,5
15 a 19 17,9 24,6 19,9
10 a 14 0,9 1,6 1,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
29
Tabela 9. Número de nascidos vivos de mães residentes por idade da mãe. Roraima,
2006 a 2019
Ano 10 a 14 15 a 19 20-34 35 e mais Total
2006 183 2.309 4.498 8996 9.601
2007 212 2.328 4.547 9094 9.592
2008 209 2.351 4.568 9136 10.111
2009 199 2.254 4.462 8924 9.690
2010 191 2.256 4.457 8914 9.750
2011 174 2.325 4.510 9020 9.998
2012 236 2.492 4.740 9480 10.633
2013 222 2.480 4.715 9430 10.612
2014 176 2.459 4.649 9298 10.356
2015 176 2.340 4.531 9062 10.543
2016 184 2.294 4.494 8988 10.308
2017 159 2.239 4.415 8830 10.801
2018 166 2.450 4.634 9268 12.089
2019 145 2.650 9.006 1.548 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Em 2019, 21% (n=2.795) dos nascimentos foram de mães adolescentes, 67,5%
(n=9.006) de mães entre 20 e 34 anos de idade, e 11,5% (n=1.548) de mães com 35
anos e mais de idade (Tabela 9). No Brasil, em 2014, 0,9% das mães tinham entre 10
e 14 anos de idade e na região Norte representaram 1,6% (BRASIL, 2016). O
percentual de mães adolescentes do estado em 2019 é menor que a média nacional
(18,8%) e menor que a média da Região Norte (26,2%) para o ano de 2014 (Figura
7). Esses valores são considerados altos, e vários estudos relacionam a gravidez em
idades precoces com um risco maior de ter um RN de baixo peso, pelo fato da mãe
não possuir maturidade funcional do organismo. A persistência desse número de
nascimentos ao longo dos anos evidencia a necessidade do incremento de políticas
públicas voltadas para a redução de condições de vulnerabilidade desse grupo
populacional como condições de pobreza, baixa escolaridade, abandono escolar e
menor procura a serviços de saúde (BRASIL, 2014a).
Na tabela 10 encontra-se a distribuição de nascidos vivos segundo a idade da
mãe por município de residência da mãe no ano de 2019.
30
Tabela 10. Número de nascidos vivos por idade da mãe e município de residência.
Roraima, 2019.
Município < 15 15-19 20-34 35-39 40-44 45-49 50 e+ Ignorado Total
Alto Alegre 7 55 171 21 6 1 0 0 261
Amajarí 2 64 137 16 5 0 0 1 225
Boa Vista 62 1627 6167 840 220 8 2 0 8926
Bonfim 9 104 227 42 12 2 0 0 396
Cantá 9 86 230 36 12 1 0 0 374
Caracaraí 3 90 267 22 7 1 0 0 390
Caroebe 2 40 140 10 6 2 0 0 200
Iracema 1 30 109 3 2 0 0 0 145
Mucajaí 7 86 219 27 5 0 0 0 344
Normandia 8 105 243 51 10 0 0 0 417
Pacaraima 11 113 326 38 7 0 0 0 495
Rorainópolis 3 119 388 46 10 0 0 0 566
São João da Baliza 1 34 82 12 2 0 0 0 131
São Luiz 1 17 79 8 2 0 0 0 107
Uiramutã 19 80 221 41 11 0 0 0 372
Total 145 2650 9006 1213 317 15 2 1 13349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2.6.2 Escolaridade da mãe
Segundo a literatura a escolaridade da mãe é um diferencial no processo de
acesso ao pré-natal e a educação, neste caso, se revela um fator importante na
percepção da importância da assistência à saúde materno-infantil. Haidar (2001)
reforça que a baixa escolaridade materna está associada a um maior risco de
mortalidade da mulher, bem como da mortalidade fetal e infantil, já que menos anos
de estudo estão relacionados a uma atenção inadequada durante o pré-natal,
multiparidade e baixo peso ao nascer.
No Brasil, 23,7% de nascidos vivos são de mães sem instrução e com ensino
fundamental incompleto, e 37,7% de mães com ensino fundamental completo e médio
incompleto. Entre as mães com o ensino médio completo e superior incompleto a
proporção foi de 23,9% e de ensino superior completo, 12,5% (BRASIL, 2016).
31
Figura 8. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e escolaridade
materna de mães residentes. Roraima, 2011 a 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Em Roraima, no período de 2011 a 2019 houve uma redução de 71% no
número de NV de mães sem escolaridade, e aumento no número de mães com ensino
fundamental incompleto/completo e ensino médio, de 3,8% e 88%, respectivamente.
Em 2019, 0,8% (n=115) de nascidos vivos são de mães sem instrução, 4,2% (n=559)
com ensino fundamental incompleto, 19,3% (n=2.576) de mães com ensino
fundamental completo, e 12,2% (n=1.625) com médio. O número de dados “não
informados” ou “ignorado” na DN reduziu drasticamente no período de 2011 a 2015,
entretanto ainda persistem, demonstrando falhas no preenchimento do documento
(Figura 8, tabela 11).
Tabela 11. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e escolaridade
materna de mães residentes. Roraima, 2011 a 2019
Ano Sem1 Fundamental2 Médio Superior incomp.
Superior comp. Não inf. Ign Total
2011 397 3.036 4.016 548 625 1.122 254 9.998
2012 531 3.342 4.681 689 718 274 398 1.0633
2013 529 3.198 4.940 691 869 231 154 10.612
2014 158 3.167 5.254 723 923 57 74 10.356
2015 184 3.201 5.242 744 1.046 56 70 10.543
2016 146 2.968 5.321 710 1.139 7 17 10.308
2017 134 2.947 5.650 766 1.313 3 8 10.801
2018 144 2.977 6.616 906 1.469 18 10 12.089
2019 115 3.135 7.550 903 1.625 3 18 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração). 1Sem escolaridade. 2Ensino fundamental incompleto/completo.
0
10
20
30
40
50
60
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Sem escolaridade
Fundamental
Médio
Superior incompleto
Superior completo
32
Nas tabelas 11 e 12 estão detalhados o número de nascidos vivos segundo ano
de nascimento e escolaridade materna de mães residentes por ano e por município
de residência.
Tabela 12. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de
nascimento e escolaridade materna. Roraima, 2019
Município Sem1
Fundamental (1ª a 4ª serie)
Fundamental (5ª a 8ª serie) Médio
Superior Não inf. Ign Total Incomp Completo
Alto Alegre 6 17 57 157 12 11 1 0 261
Amajari 16 10 56 121 7 13 0 2 225
Boa Vista 32 240 1.337 5.216 743 1.357 1 0 8.926
Bonfim 10 44 130 195 4 11 0 2 396
Cantá 4 26 101 212 15 16 0 0 374
Caracaraí 4 20 128 209 10 19 0 0 390
Caroebe 1 7 62 108 7 15 0 0 200
Iracema 2 6 40 75 9 11 1 1 145
Mucajaí 7 16 92 187 17 24 0 1 344
Normandia 4 46 110 229 9 18 0 1 417
Pacaraima 7 37 121 259 21 47 0 3 495
Rorainópolis 0 32 151 303 30 50 0 0 566 São João da
Baliza 0 7 35 72 5 12 0 0 131
São Luiz 0 4 19 63 4 17 0 0 107
Uiramutã 22 47 137 144 10 4 0 8 372
Total 115 559 2.576 7.550 903 1.625 3 18 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração). 1Sem escolaridade.
2.6.3 Situação conjugal da mãe
Os dados sobre a situação conjugal das mães residentes de Roraima do
período de 2006 a 2019. Nesse período, houve redução de dado “não informado” e
aumento de dados ignorado na DN, entretanto, sua manutenção indica falhas no
preenchimento do documento (Tabela 13).
33
Tabela 13. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e situação conjugal
da mãe. Roraima, 2006 a 2019
Ano Solteira Casada Viúva Separada
judicialmente Não informado Ignorado Total
2006 5.515 3.355 10 36 427 258 9.601
2007 5.586 3.206 13 45 522 220 9.592
2008 6.497 3.158 10 31 315 100 10.111
2009 5.854 3.662 12 35 43 84 9.690
2010 5.225 4.383 10 34 13 85 9.750
2011 3.447 3.083 10 38 13 3.407 9.998
2012 3.100 2.589 13 40 19 4.872 10.633
2013 3.541 2.231 9 33 16 4.782 10.612
2014 5.388 2.157 13 67 10 2.721 10.356
2015 6.481 2.180 7 69 27 1.779 10.543
2016 4.393 2.244 18 67 21 3.565 10.308
2017 6.094 2.220 10 99 12 2.389 10.824
2018 8.793 2.116 10 104 46 1.069 12.138
2019 9.900 2.210 15 89 13 1.122 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
O percentual de mães solteiras aumentou 29,3% no período de 2006 a 2019.
Em 2019, o percentual de 74,2% foi o maior da série temporal (Figura 9). Estudos
apontam que o número de nascidos vivos de mãe solteira é uma variável importante
para caracterizar uma gestação com risco, pois sugerem que estas mães poderiam
reunir um quadro mais desfavorável, ou seja, essa condição civil poderia estar ligada
a alguns fatores socioeconômicos e culturais que limitariam um acesso pleno à
assistência na gravidez (BRASIL, 2014a).
Figura 9. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e situação
conjugal da mãe (solteira). Roraima, 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
57,4 58,264,3
60,453,6
34,529,2
33,4
52
61,5
42,6
56,3
72,5 74,2
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
34
Por outro lado, as variáveis como estado civil das mães nas categorias
casada, separada e viúva, determinam que estas mães possuam algum tipo de
assistência, apoio do cônjuge ou do companheiro, ou mesmo uma rede de proteção
familiar favorecendo um parto com condições mais estáveis, diferentemente das mães
solteiras (BRASIL, 2014a). Na tabela 14 estão os números de nascidos vivos por
situação conjugal da mãe e município de residência em 2019.
Tabela 14. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de
nascimento e situação conjugal da mãe. Roraima, 2019
Município Solteira Casada Viúva Separada
judicialmente Não
informado Ign Total
Alto Alegre 227 27 0 0 1 6 261
Amajarí 197 18 1 1 0 8 225
Boa Vista 6.829 1.549 9 66 8 465 8.926
Bonfim 321 46 0 0 1 28 396
Cantá 313 39 2 2 0 18 374
Caracaraí 241 47 0 3 0 99 390
Caroebe 74 74 1 0 0 51 200
Iracema 116 16 0 1 1 11 145
Mucajaí 283 46 1 1 0 13 344
Normandia 329 53 0 0 1 34 417
Pacaraima 389 50 0 3 0 53 495
Rorainópolis 217 143 1 6 0 199 566
São João da Baliza 47 34 0 1 0 49 131
São Luiz 37 29 0 3 0 38 107
Uiramutã 280 39 0 2 1 50 372
Total 9.900 2.210 15 89 13 1.122 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2.7 REFERENTES A GRAVIDEZ E AO PARTO
2.7.1 Assistência ao pré-natal
O acompanhamento do pré-natal e da atenção ao parto é reconhecido
atualmente como importante estratégia para prevenir ou reduzir o risco de
mortalidade, tanto para a gestante como para a criança. A Rede Cegonha (RC) é a
política pública brasileira que, de acordo com o MS, visa implementar uma rede de
cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a
atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às
35
crianças o direito ao nascimento seguro e crescimento e desenvolvimento saudáveis
(BRASIL, 2018).
No Brasil, em 2014, o acesso ao pré-natal foi adequado ou mais que adequado
para cerca 70% das mulheres, com valores menores para estados do Nordeste e
maiores para Sul e Sudeste. A adequação aumentou com a idade e a escolaridade da
mulher e foi maior para a raça/cor branca/amarela (BRASIL, 2018).
Figura 10. Número médio de consultas de pré-natal por Unidade da Federação. Brasil,
2014
Fonte: MS/SVS/DANTPS/CGIAE/SINASC.
A figura 10 mostra que as mães dos nascidos registrados no Sinasc, em 2014,
realizaram aproximadamente oito consultas de pré-natal durante a gestação. Chama
atenção que das 18 UF que tem número de consultas abaixo da média nacional, oito
UF (MT, GO, PB, CE, PE, RN, TO, RO) fazem em torno de sete consultas de pré-
natal; sete UF (PI, AL, BA, SE, PA, RR, AM) fazem entre seis e sete consultas; e duas
encontram-se no limiar, discretamente abaixo das seis consultas (AC e MA),
preconizado como o mínimo de consultas a serem realizadas durante o pré-natal. Por
fim, uma UF (AP) fez em média cinco consultas de pré-natal, em 2014 (BRASIL, 2016).
36
Tabela 15. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de
consultas de pré-natal. Roraima, 2019
Ano Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 e mais Não informado Ignorado Total
2006 656 1.850 3.549 3.367 98 81 9.601
2007 543 1.673 3.741 3.434 164 37 9.592
2008 468 2.018 3.879 3.581 75 90 10.111
2009 438 1.706 3.518 3.938 12 78 9.690
2010 456 1.580 3.761 3.911 1 41 9.750
2011 452 1.772 3.708 3.961 0 105 9.998
2012 564 2.068 3.967 3.902 0 132 10.633
2013 458 1.869 4.087 4.083 0 115 10.612
2014 400 1.426 3.772 4.755 0 3 10.356
2015 374 1.417 3.765 4.975 0 12 10.543
2016 342 1.275 3.565 5.125 0 1 10.308
2017 377 1.355 3.712 5.377 0 3 10.824
2018 644 1.719 4.125 5.626 0 24 12.138
2019 745 1.961 4.318 6.321 0 4 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Em Roraima, na comparação entre 2006 e 2019 houve aumento no percentual
de mães com sete ou mais consultas no pré-natal, todas as demais categorias, da
tabela 15, tiveram redução percentual. A figura 11 ilustra bem a evolução temporal do
percentual de consultas de pré-natal realizadas nos anos de 2006, 2010 e 2019. O
acesso à assistência pré-natal é considerado uma condição muito importante para que
a gestação transcorra sem problemas tanto para a mãe quanto para o filho ou, pelo
menos, que haja um acompanhamento médico para as situações de risco. Alguns
estudos mostram que a maioria das mortes por causas maternas são evitáveis, se as
ações que objetivam a qualidade da assistência perinatal e o acesso aos serviços de
saúde da gestante forem tomadas (BRASIL, 2014a).
O número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de
nascimento e número de consultas de pré-natal do ano de 2019 encontra-se na tabela
16. O acesso ao pré-natal, o tipo de parto e o local do nascimento são informações de
grande interesse para o planejamento na área de saúde materna e da criança em
todos os níveis de gestão do SUS. A realização do pré-natal é fundamental para
prevenção e identificação de patologias maternas e fetais, permitindo um
desenvolvimento saudável do feto e reduzindo riscos da gestação (BRASIL, 2013
saúde Brasil 2012). Por isso, o MS preconiza um número mínimo de 7 consultas de
37
pré-natal, sendo esse monitoramento realizado a partir dos dados do Sinasc (BRASIL,
2009; BRASIL, 2014b).
Figura 11. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de
consultas de pré-natal. Roraima, 2006, 2010 e 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
No detalhamento das consultas pelo mês de gestação do início do pré-natal no
ano de 2019, 49% dessas consultas se iniciam no ocorre no 2º e 3º mês, e 6,8% a
partir do 7° mês, e em 6,2% das DNs essa informação está ignorada ou não informada
(Figura 12).
Tabela 16. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de
nascimento e número de consultas de pré-natal. Roraima, 2019
Município Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 e mais Ignorado Total
Alto Alegre 17 43 92 109 0 261
Amajarí 22 24 91 88 0 225
Boa Vista 504 1.287 2.569 4.566 0 8.926
Bonfim 17 71 193 115 0 396
Cantá 24 80 181 89 0 374
Caracaraí 8 53 148 181 0 390
Caroebe 4 19 53 124 0 200
Iracema 8 16 47 74 0 145
Mucajaí 18 44 110 172 0 344
Normandia 13 86 215 103 0 417
Pacaraima 77 84 204 130 0 495
Rorainópolis 6 61 154 344 1 566
São João da Baliza 4 15 47 65 0 131
São Luiz 3 13 34 57 0 107
Uiramutã 20 65 180 104 3 372
Total 745 1.961 4.318 6.321 4 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
0
10
20
30
40
50
Nenhuma 1 a 3 consultas 4 a 6 consultas 7 e mais consultas
2006
2010
2019
38
Figura 12. Percentual de nascidos vivos por mês de início da consulta de pré-natal
realizadas pelas mães residentes. Roraima, 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Na figura 13 encontra-se a comparação desse detalhamento entre o estado e
o município de Boa Vista.
Figura 13. Percentual de nascidos vivos por mês de início da consulta de pré-natal
realizadas pelas mães residentes. Roraima e Boa Vista, 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
8%
27%
22%
14%
9%
6%
4% 4%1%
6%
1° mês
2° mês
3° mês
4° mês
5° mês
6° mês
7° mês
8° mês
9° mês
Não informado/Ignorado
8
27,3
21,7
14,2
9,4
6,4
3,72,5
0,6
6,2
8,4
28,6
22
13,3
8,3
6
3,82,8
0,5
6,2
0
5
10
15
20
25
30
35
Roraima Boa Vista
39
2.7.2 Duração da gestação
A idade gestacional ao nascimento se relaciona com o peso ao nascer.
Gestações que terminam de forma prematura aumentam o risco de baixo peso ao
nascer dos RN, além de ser um importante fator de risco para a mortalidade infantil.
Ou seja, a prematuridade e o baixo peso ao nascer são considerados importantes
fatores de risco para a saúde da criança, implicando decisivamente na mortalidade
infantil, especialmente a neonatal. O nascimento que ocorre antes da 37ª semana de
gestação é prematuro. No Brasil, em 2014, 11,2% dos recém-nascidos foram
prematuros, e na Região Norte 11,8%, e em Roraima 13,6% (BRASIL, 2016).
Tabela 17. Número de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e duração da
gestação. Roraima, 2006 a 2019
Ano Menos 22 22 a 27 28 a 31 32 a 36 37 a 41 42 e mais N Inf Ign Total
2006 7 41 63 565 8.811 88 5 21 9.601
2007 4 30 38 426 8.996 66 21 11 9.592
2008 6 22 47 774 9.200 40 8 14 10.111
2009 7 31 49 818 8.714 45 4 22 9.690
2010 7 30 50 748 8.850 31 15 19 9.750
2011 7 52 109 1.330 7.706 524 260 10 9.998
2012 2 62 108 1.547 7.988 482 444 0 10.633
2013 3 47 124 1.420 8.554 355 109 0 10.612
2014 7 67 117 1.209 8.356 427 173 0 10.356
2015 10 58 114 1.260 8.429 367 305 0 10.543
2016 16 69 133 1.290 8.426 346 28 0 10.308
2017 4 47 113 1.185 9.141 323 11 0 10.824
2018 9 80 107 1.390 10.176 350 26 0 12.138
2019 5 75 158 1.585 11.089 396 41 0 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). Nota: N Inf – Não informado, Ign – Ignorado.
Em Roraima no período de 2006 a 2016 houve aumento no percentual de
partos prematuros (Figura 14). Esse percentual é alto, e essa situação aumenta o risco
de mortalidade infantil bem como requer serviços de saúde de alta complexidade uma
vez que os prematuros devem ser acompanhados de perto e normalmente precisam
ficar internados em unidades de terapia intensiva por períodos cuja duração podem
variar de dias a meses. Apesar dos dados conflitantes nessa área, sabe-se que 10 a
15% dos prematuros desenvolvem uma grande variedade de sequelas no
desenvolvimento neurológico durante a infância e que 30 a 40% deles apresentam
40
pequenas desordens motoras, comportamentais e de aprendizado na idade escolar
(CAÇOLA; BOBBIO, 2010).
O número de nascidos vivos por duração da gestação segundo ano e município
de residência da mãe está na tabela 17 e 18.
Figura 14. Percentual de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e duração da
gestação (< 37 semanas). Roraima, 2006 a 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Falha no preenchimento da DN é evidente quando observamos a proporção de
informação ignorada/não informado na série histórica da tabela 19.
Tabela 18. Número de nascidos vivos por município de residência segundo o ano de
nascimento e duração da gestação. Roraima, 2019
Município Menos 22 22 a 27 28 a 31 32 a 36 37 a 41 42 e + N Inf Total
Alto Alegre 0 0 0 37 211 7 6 261
Amajarí 0 1 4 28 181 8 3 225
Boa Vista 3 57 111 1083 7429 236 7 8926
Bonfim 0 2 2 55 322 12 3 396
Cantá 0 1 4 45 309 14 1 374
Caracaraí 0 0 2 39 332 15 2 390
Caroebe 0 2 2 20 165 11 0 200
Iracema 0 0 3 9 122 10 1 145
Mucajaí 1 2 1 40 288 9 3 344
Normandia 0 2 6 71 318 17 3 417
Pacaraima 0 4 8 44 428 8 3 495
Rorainópolis 0 2 8 55 485 16 0 566 São João da Baliza 0 0 2 13 108 7 1 131
São Luiz 1 0 1 7 90 8 0 107
Uiramutã 0 2 4 39 301 18 8 372
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). N Inf – Não informado.
75,2
8,4 9,3 8,6
1516,2
1513,5 13,7 14,6
12,5 13,1 13,6
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
41
2.7.3 Tipo de gestação e número de gestação anterior
O tipo de gestação pode ser única ou múltipla. Gestações múltiplas são cada
vez mais comuns devido, em parte, aos avanços das técnicas de reprodução
assistida. Nessas gestações, observa-se um aumento de cerca de 5 a 6 vezes da
mortalidade neonatal, quando comparadas com gestações únicas, sobretudo devido
à sua associação com a prematuridade. Além disso, muitas morbidades obstétricas
maternas, como hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, são
observados mais comumente no contexto da gestação múltipla. A otimização dos
cuidados perinatais visa reduzir tais morbidades (AQUINO; GRIJÓ, 2017).
Em Roraima, no período de 2006 a 2019 prevaleceu a gestação única (Tabela
19), e em 2019, 98,5% dos nascidos vivos foram de gestação única.
Tabela 19. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e tipo de gestação.
Roraima, 2006 a 2019
Ano Única Dupla Tripla e mais Não informado Ignorado Total
2006 9.483 111 4 0 3 9.601
2007 9.430 156 0 3 3 9.592
2008 9.991 110 8 2 0 10.111
2009 9.580 106 0 4 0 9.690
2010 9.575 174 0 1 0 9.750
2011 9.855 134 0 7 2 9.998
2012 10.475 143 0 8 7 10.633
2013 10.455 139 0 9 9 10.612
2014 10.214 140 0 2 0 10.356
2015 10.379 161 3 0 0 10.543
2016 10.112 188 6 2 0 10.308
2017 10.663 159 2 0 0 10.824
2018 11.933 205 0 0 0 12.138
2019 13.149 188 12 0 0 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Outro aspecto relevante a ser analisado diz respeito ao número de gestações
anteriores de uma mulher. Quanto maior o número de gestações, maior o risco a
criança evoluir para óbito (LANSKY et al., 2014). A análise dessa variável está
disponível a partir de 2011, considerando sua inclusão na DN em 2010.
No período de 2011 a 2019, 31,4% dos nascidos vivos foram de mulheres
primigestas (nenhuma gestação anterior) e 51,8% de mulheres com um a três
42
gestação. O número de nascidos vivos segundo o número de gestação anterior está
na tabela 20.
Tabela 20. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de
gestações anteriores. Roraima, 2011 a 2019
Ano Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 a 9 10 e + N Inf Não classificados Total
2011 2.899 4.603 1.096 258 59 1.083 0 9.998
2012 3.305 5.398 1.422 330 63 115 0 10.633
2013 3.400 5.423 1.355 302 78 54 0 10.612
2014 3.405 5.297 1.275 293 67 19 0 10.356
2015 3.351 5.463 1.316 308 88 17 0 10.543
2016 3.343 5.348 1.268 262 70 16 1 10.308
2017 3.432 5.791 1.250 273 66 12 0 10.824
2018 3.752 6.640 1.397 279 63 7 0 12.138
2019 4.129 7.230 1.573 325 84 7 1 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). N Inf – Não informado.
2.7.4 Tipo de parto
O tipo de parto permite avaliar a qualidade de acesso da assistência à mulher
durante o pré-natal e o parto (BRASIL, 2013). A OMS preconiza que o percentual de
partos cesáreos seja de no máximo 15%, tendo em vista sua associação ao aumento
das taxas de morbimortalidade materna e infantil (OMS, 2015; OPAS, 2018).
O número de cesarianas quase dobrou no mundo em quinze anos. Segundo a
OMS, na análise de dados de 169 países referentes ao ano de 2015, a proporção de
cesáreas no período cresceu de 16 milhões de nascimentos em 2000, 12% do total,
para 29,7 milhões em 2015 (21%). Atualmente, 18,6% de todos os nascimentos
ocorrem por cesariana, variando de 1,4% para 56,4%. A América Latina e Caribe tem
as taxas mais altas de cesariana (40,5%), seguido pela América do Norte (32,3%),
Oceania (31,1%), Europa (25%), Ásia (19,2%) e África (7,3%) (OPAS, 2018).
No Brasil, desde 2009, mais de 50% dos nascimentos ocorreram por este tipo
de parto. O parto vaginal caracteriza-se por ser um tipo de parto de baixo custo,
natural, mais acessível às mães e, portanto, mais recomendado (BRASIL, 2013).
No Brasil e em Roraima houve aumento nesse tipo de parto entre 2010 e 2016
(Figura 15). Ambos têm um índice de cesarianas considerado alto. No entanto, já houve
várias propostas de redução de taxas de cesárea, por exemplo, a Portaria GM/MS nº
466, de 14 de junho de 2000, instituiu o Pacto Nacional pela Redução das Taxas de
43
Cesárea e estabeleceu 25% como limite a ser atingido, pelos estados, em diferentes
períodos. Essa redução também é prioridade da Rede Cegonha (BRASIL, 2018).
Figura 15. Percentual de cesáreas. Brasil e Roraima, 2010 a 2016
Fonte: Tabwin- SINASC (Dados preliminares 2015/2016). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
Além das diversas formas de desigualdade social que têm sido associadas ao
risco de cesariana no mundo, particularmente as socioeconômicas, de faixa etária e
de etnia, as elevadas taxas de cesariana no Brasil também estão associadas à
existência de uma cultura obstétrica (FREITAS et al., 2005), na qual o desejo da
mulher ou a opção do médico, em boa parte dos casos, conduzem a escolha da via
de nascimento, desconsiderando a indicação e os risco associados (PERNAMBUCO,
2016).
Tabela 21. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e tipo de parto.
Roraima, 2006 a 2019
Ano Vaginal Cesário Ignorado Não informado Total
2006 7.187 2.407 4 3 9.601
2007 6.863 2.727 1 1 9.592
2008 6.677 3.431 1 2 10.111
2009 6.184 3.503 0 3 9.690
2010 6.258 3.491 0 1 9.750
2011 6.823 3.169 1 5 9.998
2012 7.193 3.412 22 6 10.633
2013 6.917 3.679 8 8 10.612
2014 6.509 3.845 0 2 10.356
2015 6.414 4.129 0 0 10.543
2016 6.051 4.257 0 0 10.308
2017 6.503 4.321 0 0 10.824
2018 7.372 4.766 0 0 12.138
2019 8.286 5.063 0 0 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Brasil 52,3 53,8 55,7 56,7 57,1 55,6 55,5
Roraima 35,8 31,7 32,1 34,7 37,1 39,2 41,3
0
10
20
30
40
50
60
44
A análise dos nascimentos por tipo de parto permite avaliar, em parte, as
práticas obstétricas. Na série histórica da tabela 21 observa-se que o número de parto
cesáreo dobrou no período, e a tendência de aumento pode ser observada nas figuras
15 e 16, onde este índice sempre esteve bem acima do preconizado pela OMS que
aceita até 15% do total de partos, e apesar dos especialistas alertarem para os riscos
que essa prática traz a saúde da mãe e do recém-nascido.
Figura 16. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e tipo de parto,
Roraima, 2001, 2005 a 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
Na tabela 22 estão o número de nascidos vivos por tipo de parto e município
de residência da mãe em 2019.
Tabela 22. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de
nascimento e tipo de parto. Roraima, 2006 a 2019
Município Vaginal Cesário Total Alto Alegre 192 69 261 Amajarí 166 59 225 Boa Vista 5.274 3.652 8.926 Bonfim 314 82 396 Cantá 271 103 374 Caracaraí 259 131 390 Caroebe 99 101 200 Iracema 101 44 145 Mucajaí 230 114 344 Normandia 337 80 417 Pacaraima 358 137 495 Rorainópolis 256 310 566 São João da Baliza 67 64 131 São Luiz 55 52 107 Uiramutã 307 65 372 Total 8.286 5.063 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2001 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Cesáreo 25 22,1 25,1 28,4 33,9 36,2 35,8 31,7 32,1 34,7 37,1 39,2 41,3 40 39,3 37,9
Vaginal 75 77,9 74,9 71,5 66 63,8 64,2 68,2 67,6 65,2 62,9 60,8 58,7 60 60,7 62,1
0
20
40
60
80
100
45
2.8 REFERENTES AO RECÉM-NASCIDO
2.8.1 Sexo
Em relação ao sexo, observa-se na tabela 23 que no período de 2006 a 2019
houve predomínio do sexo masculino. Chama a atenção a existência de dado
ignorado no período, demonstrando falha no preenchimento da DN.
Tabela 23. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e sexo. Roraima,
2006 a 2019
Ano Masculino Feminino Ignorado Total 2006 4.976 4.623 2 9.601 2007 4.938 4.651 3 9.592 2008 5.234 4.872 5 10.111 2009 5.005 4.646 39 9.690 2010 4.998 4.752 0 9.750 2011 5.048 4.949 1 9.998 2012 5.458 5.175 0 10.633 2013 5.480 5.132 0 10.612 2014 5.364 4.991 1 10.356 2015 5.423 5.119 1 10.543 2016 5.387 4.921 0 10.308 2017 5.579 5.245 0 10.824 2018 6.317 5.819 2 12.138 2019 6.710 6.638 1 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2.8.2 Peso ao nascer
O peso ao nascer representa um parâmetro importante para a
morbimortalidade infantil (SOUZA; MENDES, 2004). Segundo a OMS, o peso ao
nascer classifica-se em muito baixo peso (<1.500g), baixo peso ao nascer (1.500-
2.499g), peso insuficiente (2.500-2.999g), peso adequado (3.000-3.999g) e excesso
de peso (≥ 4.000g). O peso do recém-nascido entre 2.500g a 3.999g expressa que a
nutrição e cuidados da mãe durante a gestação foram adequados e que comportaria
menos riscos para os recém-nascidos (BRASIL, 2016).
A incidência de baixo peso ao nascer varia consideravelmente entre as
populações. Mais de 95% dos bebês de baixo peso no mundo nascem em países em
desenvolvimento. Além disso, é uma medida útil, embora grosseira, do
desenvolvimento e se associa significantemente com particularidades da saúde
encontradas na idade adulta (CAÇOLA; BOBBIO, 2010).
No Brasil, a proporção de nascimentos com baixo peso em 2014 foi de 8,4%,
com variações quanto a raça/cor da mãe: branca 8,5%, preta 9,7%, amarela 8,9%,
46
parda 8,1% e indígena 7,4% (BRASIL, 2016). O baixo peso ao nascer (<2.500g) reflete
piores condições de vida, cuja maior concentração provém da clientela usuária do
SUS, onde é maior a demanda por serviços de maior complexidade (BRASIL, 2013).
Em Roraima houve aumento de 12,8% na proporção de recém-nascidos com
baixo peso ao nascer no período de 2006 a 2019, passando de 7% para 7,9% dos
nascimentos vivos, respectivamente (Figura 17). Essa condição ao nascimento é um
dos principais preditores de morbimortalidade neonatal e perinatal, tanto em países
desenvolvidos quanto em desenvolvimento.
Figura 17. Percentual de nascidos vivos por peso ao nascer de mães residentes.
Roraima, 2006 a 2019
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
O número de nascidos vivos segundo o peso ao nascer, no período de 2006 a
2019, está na tabela 24.
Tabela 24. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e peso ao nascer.
Roraima, 2006 a 2019
Ano 0g a 999g
1.000g a 1.499g
1.500g a 2.499g
2.500g a 2.999g
3.000g a 3.999g
4.000g e mais Ignorado Total
2006 34 65 572 2.021 5.982 540 387 9.601 2007 41 52 561 1.963 6.122 521 332 9.592 2008 49 57 578 2.130 6.205 647 445 10.111 2009 43 64 595 2.092 6.009 612 275 9.690 2010 34 74 620 2.186 6.195 566 75 9.750 2011 46 53 667 2.192 6.346 603 91 9.998 2012 49 65 690 2.312 6.776 629 112 10.633 2013 43 59 688 2.324 6.829 599 70 10.612 2014 59 71 594 2.192 6.787 652 1 10.356 2015 59 66 706 2.240 6.834 635 3 10.543 2016 59 61 744 2.171 6.656 614 3 10.308 2017 54 80 672 2.236 7.145 634 3 10.824 2018 82 90 789 2.670 7.827 677 3 12.138 2019 54 97 908 3.083 8.558 647 2 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
7 6,8 6,87,2 7,5 7,7 7,6 7,4
77,9
8,4
7,47,9 7,9
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
47
O número de nascidos vivos segundo o município da mãe e peso ao nascer de
2019 está na tabela 25.
Tabela 25. Número de nascidos vivos por município de residência da mãe segundo
ano de nascimento e peso ao nascer. Roraima, 2019
Município 0g a 999g
1.000g a 1.499g
1.500g a 2.499g
2.500g a 2.999g
3.000g a 3.999g
4.000g e mais
Ignorado Total
Alto Alegre 0 0 12 70 169 10 0 261 Amajarí 0 1 19 52 142 11 0 225 Boa Vista 41 72 608 2.094 5.696 415 0 8.926 Bonfim 0 4 29 91 246 25 1 396 Cantá 1 3 23 84 245 18 0 374 Caracaraí 0 1 24 80 259 26 0 390 Caroebe 3 0 9 45 127 16 0 200 Iracema 1 0 9 26 101 8 0 145 Mucajaí 2 2 19 60 237 23 1 344 Normandia 1 1 24 98 275 18 0 417 Pacaraima 2 6 47 113 309 18 0 495 Rorainópolis 1 6 32 126 366 35 0 566 São J. da Baliza 0 0 11 25 88 7 0 131 São Luiz 1 0 10 17 71 8 0 107 Uiramutã 1 1 32 102 227 9 0 372 Total 54 97 908 3.083 8.558 647 2 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2.8.2 Vitalidade ao nascer (APGAR)
O APGAR mede a vitalidade do RN no primeiro e no quinto minuto de vida. No
primeiro minuto de vida as condições de vitalidade geralmente são piores que no
quinto minuto e por essa razão há aumento no valor. APGAR entre 8 e 10 refletem
boas condições de saúde no nascimento, o oposto ocorre com APGAR menor que 7.
Tabela 26. Número de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e o APGAR no
1° minutos de vida. Roraima, 2006 a 2019
Ano 0 a 3 4 a 7 8 a 10 Ignorado Não informado Total 2006 252 929 7.215 0 1.205 9.601 2007 248 843 7.631 1 869 9.592 2008 217 988 7.799 1 1.106 10.111 2009 181 1055 7.569 2 883 9.690 2010 118 1060 7.794 2 776 9.750 2011 195 887 8.177 0 739 9.998 2012 179 814 8.472 1 1.167 10.633 2013 210 724 8.889 0 789 10.612 2014 158 713 9.255 0 230 10.356 2015 178 717 9.350 2 296 10.543 2016 175 788 9.253 2 90 10.308 2017 189 649 9.907 0 79 10.824 2018 209 707 11.127 0 95 12.138 2019 261 849 12.111 0 128 13.349
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
48
Em Roraima o número de nascidos vivos segundo o APGAR no 1º e 5º minutos
de vida estão nas tabelas 26 e 27. Em 2018, a proporção de nascidos vivos com
vitalidade entre 8 e 10 foram de 90,7% e 96,3% no 1º e 5º minutos de vida,
respectivamente. Destaca-se que essa medida é realizada na sala de parto pelo
profissional que o assistiu, logo é inaceitável o número de dado não informado ou
ignorado na DN.
Tabela 27. Número de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e o APGAR no
5° minutos de vida. Roraima, 2006 a 2019
Ano 0 a 3 4 a 7 8 a 10 Ignorado Não informado Total
2006 158 147 8.091 0 1.205 9.601
2007 154 114 8.449 1 874 9.592
2008 127 112 8.765 0 1107 10.111
2009 112 136 8.551 2 889 9.690
2010 53 104 8.817 0 776 9.750
2011 159 109 8.990 0 740 9.998
2012 132 98 9.233 0 1.170 10.633
2013 159 83 9.581 0 789 10.612
2014 100 113 9.913 0 230 10.356
2015 138 135 9.972 2 296 10.543
2016 149 93 9.974 1 91 10.308
2017 152 107 10.490 0 75 10.824
2018 188 129 11.725 0 96 12.138
2019 210 157 12.860 0 122 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
2.8.3 Anomalias congênitas
O Sinasc registrou 0,7% de nascimentos com anomalias congênitas no Brasil
em 2014, e 0,5% na Região Norte (BRASIL, 2016). Em Roraima, o número de
malformações congênitas identificadas ao nascer do período de 2006 a 2019 está na
tabela 28. As malformações congênitas registradas na DN são as observadas pelo
profissional que realizou o parto logo após o nascimento, e chama atenção para o
número de dado ignorado ou não informado na DN.
49
Tabela 28. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de
anomalias congênitas. Roraima, 2006 a 2019
Ano Anomalia congênita Ignorado Não informado
2006 41 18 41
2007 57 21 31
2008 64 8 39
2009 61 32 38
2010 67 7 10
2011 52 16 34
2012 29 14 26
2013 27 44 20
2014 42 18 4
2015 47 7 11
2016 66 13 16
2017 60 13 27
2018 75 14 6
2019 103 12 10 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
Com a introdução do Zika vírus no país em 2016 houve o aumento de casos de
microcefalia em todo o país, sobretudo na Região Nordeste. Em Roraima esse
aumento foi percebido com a ocorrência de 15 casos de microcefalia nesse ano,
representando 22,4% de todas as anomalias congênitas (BENEDETTI, 2017).
Na tabela 29 estão apresentadas as principais anomalias congênitas por ano
entre as mães residentes no período de 2013 a 2019.
50
Tabela 29. Principais anomalias congênitas por ano. Roraima, 2013 a 2019
Anomalias congênitas 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
Anencefalia 1 2 2 1 1 4 1 12
Microcefalia 2 0 0 15 1 1 3 22
Hidrocefalia congen NE 3 2 3 2 2 3 4 19
Ausência congen do pavilhão auricular
0 3 1 1 0 0 1 6
Anomalia de posicao da orelha 3 1 1 1 3 1 2 12
Malformação congen NE da orelha 1 2 0 0 2 1 1 7
Seio fistula e cisto pre-auricular 0 0 1 0 0 1 4 6
Fenda palato duro c/fenda labial bilateral
0 1 1 1 0 1 2 6
Fenda palato mole c/fenda labial bilateral
1 1 0 3 0 1 1 7
Fenda do palato c/fenda labial bilateral NE
0 0 1 3 2 2 2 10
Fenda do palato c/fenda labial unilateral NE
0 1 0 1 0 3 0 5
Pe torto equinovaro 0 2 0 2 2 0 3 9
Pe torto calcaneovaro 0 1 1 0 2 0 2 6
Pe torto calcaneovalgo 5 1 2 3 6 7 6 30
Pe chato congen 0 2 0 1 0 0 3 6
Dedos da mão supranumerários 1 0 2 5 4 6 8 26
Polidactilia NE 1 2 0 1 0 3 2 9
Gastrosquise 2 2 1 2 0 4 3 14
Sindr de Down NE 1 1 7 1 5 4 2 21
Outras anomalias congênitas 6 18 21 24 30 33 53 185
Total 27 42 44 67 60 75 103 418
Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).
51
REFERÊNCIAS
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BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2016. Boa Vista: SESAU, 2017. 172 p.
BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2017. Boa Vista: SESAU, 2018. 233 p.
BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018. Boa Vista: SESAU, 2019. 321 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.669, de 3 de novembro de 2009. Estabelece as prioridades, objetivos, metas e indicadores de monitoramento e avaliação do Pacto pela Saúde, nos componentes pela Vida e de Gestão, e as orientações, prazos e diretrizes do seu processo de pactuação para o biênio 2010 - 20 11. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2013: Uma análise da situação e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília: Ministério da Saúde, 2014a. 384 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Articulação Interfederativa. Caderno de Diretrizes, Objetivos, Metas e Indicadores: 2013- 2015. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014b. 154p. Disponível em: < http://189.28.128.10 0/sispacto/CadernoD iretrizes2013_2015.p df>.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e da epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti [recurso eletrônico]/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 386 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e dos desafios para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 426p.
52
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53
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54
3 MORBIDADE
Maria Soledade Garcia Benedetti
Nessa seção serão apresentadas as análises epidemiológicas agrupadas por
áreas técnicas a fim de facilitar o entendimento da relação entre os agravos e DNC.
O Núcleo de Controle da pólio, paralisia flácida aguda, influenza e tétano (NCPFIT)
encontra-se sem gerência e sem servidores no momento, por essa razão não foi
elaborado o relatório anual de epidemiologia do setor. Além desse núcleo, e a exemplo
dos anos anteriores, o Núcleo Estadual de Entomologia (NEE) também não elaborou
o relatório anual de epidemiologia.
Os dados apresentados nesse relatório de morbidade foram extraídos do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
O SINAN é um sistema da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS e a
nível estadual está sob a responsabilidade do DVE/CGVS. Esse sistema tem como
objetivo padronizar a coleta e o processamento dos dados sobre agravos e doenças
de notificação compulsória (DNC) em todo o território nacional, desde o nível local.
Apesar do grande avanço, o sistema enfrenta algumas dificuldades, notadamente o
sub-registro dos agravos e a demora para o fechamento dos casos durante a
investigação. A Portaria de Consolidação Nº 4, de 28 de setembro de 2017 define a
lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde
pública.
Algumas áreas técnicas possuem programas específicos como o SIVEP
(malária, influenza e outros), e de dados da vigilância sentinela e de doenças em
monitoramento (Quadro 1).
Os critérios de seleção das DNC são baseados na natureza específica de cada
doença ou agravo à saúde, o processo da notificação é dinâmico, variável em função
das mudanças no perfil epidemiológico, dos resultados obtidos com as ações de
controle e da disponibilidade de novos conhecimentos científicos e tecnológicos. As
normas de notificação devem adequar-se no tempo e no espaço, quanto às doenças
consideradas, áreas geográficas abrangidas, conteúdo de informação requerido,
critérios de definição de casos, periodicidade da transmissão dos dados, modalidades
de notificação e fontes de informação utilizadas (BRASIL, 2014). Nesse sentido, a
seleção tem obedecido a uma série de critérios e os mais utilizados têm sido os
55
seguintes: magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade, e
compromissos internacionais, epidemias e agravos inusitados.
Um dos instrumentos de monitoramento do SINAN é o encerramento oportuno
das fichas de notificação/investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde (SMS).
O envio de lote do SINAN, semanalmente, para o MS é uma forma de monitorar a
regularidade de envio de informações sobre os agravos e DNC notificados no
município para o nível estadual e federal. Na tabela 1 consta o detalhamento do envio
de lotes do SINAN por semana epidemiológica e município no ano de 2019.
Tabela 1. Número de semanas epidemiológicas com informação do SINAN enviada
por município. Roraima, 2019
Fonte: SINAN/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR
Na tabela 2 estão apresentados os números de casos de agravos e DNC
notificados no estado de Roraima no período de 2010 a 2019. É importante ressaltar
que algumas doenças são notificadas na suspeita clínica e a confirmação ocorre após
a investigação epidemiológica, os dados desses casos confirmados serão discutidos
56
especificamente pelas áreas técnicas nas seções específicas de cada agravo e DNC.
Outro fator importante a destacar é que nesta tabela estão incluídos dados de agravos
e DNC de portaria estadual (Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST), do
município de Boa Vista (Varicela sem complicações), e da Portaria N° 205, de 17 de
fevereiro de 2016 do MS (Quadro 1).
Quadro 1. Lista Nacional de Doenças e Agravos a serem monitorados pela Estratégia
de Vigilância Sentinela
I. Vigilância em Saúde do Trabalhador
1 Câncer relacionado ao trabalho
2 Dermatoses ocupacionais
3 Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT)
4 Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao trabalho
5 Pneumoconioses relacionadas ao trabalho
6 Transtornos mentais relacionados ao trabalho
II. Vigilância de doenças de transmissão respiratória
1 Doença pneumocócica invasiva
2 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)
3 Síndrome Gripal (SG)
III. Vigilância de doenças de transmissão hídrica e/ou alimentar
1 Rotavírus
2 Doença Diarreica Aguda
3 Síndrome Hemolítica Urêmica
IV. Vigilância de doenças sexualmente transmissíveis
1 Síndrome do Corrimento Uretral Masculino
V. Síndrome neurológica pós infecção febril exantemática
Fonte: Portaria N° 205, de 17 de fevereiro de 2016 do MS
A OMS por meio da estratégia dos ODS, pactuado com os países membros,
para cumprimento até 2030, estabeleceu a meta 3.3 - até 2030, acabar com as
epidemias de Aids, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e
combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e outras doenças transmissíveis
(WHO, 2018).
A OMS estima-se que, em 2016, 1 milhão de pessoas morreram por doenças
relacionadas ao HIV. O aumento global da terapia antirretroviral (TARV) tem sido o
principal responsável pelo declínio de 48% nas mortes relacionadas ao HIV, que
tiveram um pico de 1,9 milhão em 2005. No entanto, a TARV só atingiu 53% das
57
pessoas que vivem com HIV até o fim de 2016. Após conquistas globais sem
precedentes no controle da malária, o progresso está estagnado. Em todo o mundo,
cerca de 216 milhões de casos da doença ocorreram em 2016, em comparação com
237 milhões de casos em 2010 e 210 milhões de casos em 2013. O principal desafio
que os países enfrentam na luta contra essa enfermidade é a falta de financiamento
sustentável e previsível (WHO, 2018).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2013: Uma análise da situação e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 384 p.
WHO. World health statistics 2018: monitoring health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
58
Tabela 2. Número de casos notificados de agravos e doenças de notificação compulsória por ano. Roraima, 2010 a 2019
Agravos e DNC notificados 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
HIV/Aids 124 118 105 159 197 439 338 587 652 599
Gestante HIV 16 18 25 32 27 44 36 60 66 75
Criança exposta HIV 18 27 45 48 42 95 48 24 36 57
Sífilis em adultos (excluída a forma primária) 107 103 57 50 74 89 66 349 56 17
Sífilis em gestante 29 25 74 100 82 112 145 105 209 297
Sífilis congênita 60 40 49 55 26 34 53 81 78 76
Sífilis não especificada 0 7 7 5 43 107 267 181 675 669
Candidíase 1.079 1.715 925 853 617 477 558 475 641 583
Tricotomias 773 554 182 127 81 57 78 57 79 161
Herpes genital (apenas o primeiro episódio) 70 35 67 26 58 55 66 67 40 87
Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) 325 310 305 255 274 135 176 153 181 142
Doenças sexualmente transmitidas, não especificadas
297 211 358 404 478 407 349 231 220 290
Síndrome da ulcera genital (excluído herpes genital) 6 9 5 18 8 17 24 17 30 27
Síndrome do corrimento cervical em mulheres 928 960 1.997 1.504 1.420 1.306 1.118 1.034 1.198 1.383
Síndrome do corrimento uretral em homem 61 55 61 106 143 138 161 251 354 329
Outras doenças inflamatórias pélvicas femininas 682 1.495 576 287 295 322 274 319 473 336
Outras afecções inflamatórias da vagina e da vulva 1.557 753 668 391 404 232 434 215 213 179
Hepatites virais 2.928 2.965 3.064 2.455 2.058 1.421 1.191 724 571 375
Dengue 11.817 3.050 4.586 2.282 2.104 2.791 1.924 4.888 1.527 4.176
Febre de chikungunya 0 0 0 0 200 455 286 6.760 509 522
Doença aguda pelo vírus zika 0 0 0 0 0 26 362 855 155 193
Febre amarela 3 4 0 2 2 2 1 4 2 2
Febre do Nilo 0 0 0 0 0 1 1 0 2 0
Outras febres virais especificadas transmitidas por antrópodes
0 0 0 0 0 0 106 0 0 0
Filariose não especificada 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0
59
Doença de chagas aguda 3 1 3 1 2 22 6 3 3 19
Febre maculosa / rickettsioses 0 0 0 0 1 1 5 5 5 6
Leishmaniose tegumentar americana 712 277 572 667 548 630 208 320 429 248
Leishmaniose visceral 75 68 80 123 162 94 141 93 74 66
Leptospirose 37 24 11 43 30 21 13 8 14 19
Atendimento antirrábico 1.884 1.981 2.253 2.089 2.013 2.167 3.636 42.22 4.054 4.315
Raiva humana 2 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Acidente por animais peçonhentos 374 492 686 646 656 583 644 933 1.145 1.308
Hantavirose 0 1 0 0 0 0 1 0 2 0
Malária (casos confirmados) 21.806 14.102 8.387 8.574 7.662 8.001 8.969 14.082 23.369 22.794
Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0
Febre tifoide 1 0 0 0 2 1 3 1 0 0
Rotavírus 399 195 148 49 61 28 130 35 12 7
Toxoplasmose 0 0 0 0 0 21 22 15 13 2
Toxoplasmose congênita 0 38 52 5 193 60 2 0 1 1
Doenças causadas por protozoários complicando a gravidez, o parto e o puerpério
0 0 0 0 0 0 0 0 2 63
Tuberculose 151 170 144 172 162 181 175 226 285 357
Hanseníase 158 134 176 158 96 112 105 197 145 130
Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) 1 0 28 1 0 2 0 0 0 0
Difteria 0 0 0 0 0 0 1 2 2 0
Doenças exantemáticas (Sarampo e Rubéola) 19 10 7 7 72 51 7 6 589 58
Síndrome da rubéola congênita 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0
Meningite 56 65 76 70 61 65 56 42 18 40
Paralisia flácida aguda/poliomielite 3 2 0 0 1 0 1 1 0 1
Tétano acidental 1 1 1 3 2 0 0 0 0 0
Coqueluche 6 12 41 57 13 10 16 29 18 38
Pneumonia não especificada 0 0 1 0 1 8 39 40 1 0
Caxumba (parotidite epidêmica) 0 0 0 0 0 0 0 1 115 46
60
Varicela sem complicações 82 1.441 1.165 1.660 1.671 536 1.266 1.014 0 0
Varicela 0 0 0 0 0 0 0 36 813 1.328
Eventos adversos pós-vacinação 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
Violência interpessoal/autoprovocada 507 671 507 788 838 737 893 1.095 1.313 1.952
Intoxicação exógena 122 179 268 149 333 281 490 500 782 999
Acidente de trabalho com exposição a material biológico
137 143 166 204 201 194 184 212 259 245
Acidente de trabalho grave 399 754 1.124 1.831 937 645 425 356 387 536
Câncer relacionado ao trabalho 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Dermatoses ocupacionais 1 0 2 4 2 1 2 0 1 1
LER/DORT 16 6 3 3 1 4 4 1 5 3
PAIR 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0
Pneumoconiose 1 0 0 0 0 1 0 0 1 2
Transtorno mental 1 1 1 0 0 0 1 2 5 12
Total 47.836 33.222 29.058 26.464 24.354 23.221 25.508 40.916 41.833 45.173
Fonte: SINAN/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). NOTA: Os dados são referentes aos CASOS NOTIFICADOS, os dados sobre o número de CASOS CONFIRMADOS são apresentados pelas áreas técnicas específicas. Não foram incluídos os dados de doenças diarreicas agudas (DDA), síndrome gripal (SG), inquérito do tracoma, e síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
61
3.1 DOENÇAS DE TRANSMISSÃO VETORIAL E ZOONOSES
3.1.1 Dengue e outras arboviroses transmitidas pelo Aedes em Roraima
Rosangela da Silva Santos Joel de Melo Lima Maria do Amparo da Silva Sousa
O quadro epidemiológico atual da dengue no país caracteriza-se pela ampla
distribuição do Aedes aegypti em todas as regiões, com uma complexa dinâmica de
dispersão dos vírus, circulação dos quatros sorotipos virais (DENV1, DENV2, DENV3
e DENV4) e simultânea dos vírus chikungunya e zika. Essa situação epidemiológica
tem, ao longo dos anos, apesar dos esforços do Ministério da Saúde, dos estados e
dos municípios, provocado a ocorrência de epidemias nos principais centros urbanos
do país e município de médio e pequeno adensamento populacional, cominando um
importante aumento na procura pelos serviços de saúde, com ocorrência de casos
graves e óbitos. As intervenções sobre o problema são em alguns aspectos
reconhecidas como de difícil implantação, por seu caráter de atuação global que
transcende o setor saúde. Algumas outras ações são de responsabilidade imediata
dos gestores de saúde locais e potencialmente capazes de produzir mudanças
efetivas no quadro atual, com destaque para a redução da letalidade dos casos de
dengue com complicação e dengue grave (Diretrizes Nacionais para a Prevenção e
Controle de Epidemias de Dengue).
3.1.1.1 Dengue
No Brasil entre os anos de 1981 e 1982, registrou-se a primeira epidemia de
dengue no Brasil com diagnóstico clinico e laboratorial em Roraima, foram
identificados a ocorrência dos sorotipos DENV1 e DENV4 que atingiu a capital com
aproximadamente 11.000 casos e sem registro de óbitos. O índice de infestação
predial na época chegou a 80% nos bairros da capital (BENEDETTI, 2000).
De 1982 a 1986 foi desencadeada uma campanha intensa de combate ao vetor
em todas as modalidades (tratamento focal, perifocal, eliminação de criadouros,
tratamento de água potável, nebulização espacial) (BENEDETTI, 2000).
Em 1992 foi detectado a re-infestação em Roraima pelo Aedes aegypti
provavelmente proveniente da Venezuela. A zona urbana do município de Boa Vista
62
apresentou infestação iniciando no bairro São Pedro. De 1992 a 1996, devido
ausência de dados e precariedades nas informações, torna-se evidente a falha do
gerenciamento tanto do sistema de vigilância entomológico quanto epidemiológico, o
que ocasionou a dispersão do Aedes aegypti no Estado (BENEDETTI, 2000).
Em 1996 ocorreram 116 casos confirmados por laboratório (28,4%), 265 foram
descartados (64,8%) e 12 confirmados por vínculo – epidemiológico (2,9%). Em 1998
ocorreram 26 casos confirmados por laboratório (10,1%) e 157 foram descartados
(60,8%). Boa Vista concentrou 85% das notificações (BENEDETTI, 2000).
Em 1999, Roraima enfrentou um surto epidêmico atingindo especificamente a
capital Boa Vista, concentrando 98,3% dos casos. A cidade apresentou condições
favoráveis para o desenvolvimento e persistência da referida epidemia devido à alta
infestação predial por Aedes Aegypti (BENEDETTI, 2000).
Em 2000 foram notificados 7.244 casos suspeitos de dengue e destes 4.107
foram confirmados (56,8%) com a incidência de 2.224 casos por 100.000 habitantes.
Não houve registro de casos de dengue em 3 municípios: Caroebe, São João da
Baliza e Uiramutã, sobretudo em Boa Vista, incrementando-se o risco de casos de
formas graves da doença. Foi confirmado por estudo de isolamento de vírus a
circulação dos sorotipos1 e 2 (BENEDETTI, 2000).
No período de 2000 a 2013 foram notificados 74.712 casos de dengue e
confirmados 37.788 (50,5% dos casos). O coeficiente de incidência variou de 1.266,04
(4.107/324.397) por 100 mil habitantes em 2000 e 183,16 (894/488.072) em 2013,
uma queda significativa no período, porém para o controle dessa endemia é
necessário um trabalho contínuo de controle do vetor, já que coexiste circulação viral
e susceptibilidade dos hospedeiros. Ressalta-se que é fundamental a vigilância
sorológica e principalmente a realização do isolamento viral dos casos suspeitos para
o monitoramento da circulação dos sorotipos (BENEDETTI, 2013).
Entre os anos de 2014 a 2018 foram notificados um total de 13.405 casos de
dengue no estado de Roraima, destes 2.377 (17,73%) dos notificados foram
confirmados com a seguinte classificação dengue 2.350 (98,86%), dengue com sinais
de alarme 23 (0,96%) e dengue grave quatro (4) (0,16%) (Tabela 3).
63
Tabela 3. Casos notificados de dengue por ano de notificação e classificação no
período de 2014 a 2018 em Roraima.
Ano Ign/Branco Descartado DengueDengue com Sinais de
Alarme
Dengue
GraveInconclusivo Total
2014 0 1074 879 5 3 261 2222
2015 0 1683 974 10 0 137 2804
2016 0 1726 191 4 1 22 1944
2017 5 4610 202 1 0 78 4896
2018 0 1426 104 3 0 6 1539
Total 5 10519 2350 23 4 504 13405 Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Quando avaliamos o percentual de casos pelos principais pólos notificadores
de dengue do Estado destacam-se os municípios de Boa Vista 7.074 (53,08%),
Rorainopolis 1.907 (14,30%) e Mucajaí 1.102 (8,26%). Os demais municípios somam
em conjunto 2.244 (24,34%) dos casos notificados e as unidades de saúde com maior
número de notificações foram as unidades de média e alta complexidade Hospital
Geral de Roraima com 2.762 (20,68%), Pronto Atendimento Cosme e Silva com 2.306
(17,25%) e Hospital Regional de Rorainopolis Ottomar de Souza Pinto com 1.606
(12,02%). Quando analisamos o percentual de notificações e confirmações
verificamos que as unidades mistas e hospitalares notificaram 82,63% e confirmaram
78,37%, as demais unidades inclusive a Atenção Básica notificaram 17,63% e
confirmaram 21,62% das notificações (Figura 1).
Figura 1. Casos notificados e confirmados de dengue por nível de atenção à saúde de
2014 a 2018 em Roraima
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
Média e Alta Complexidade Atenção Básica
Notificados Confirmados
N = Notificados 13.405 N = Confirmados 2.377
64
Mais recentemente, com a maior intensidade de circulação do sorotipo DENV2,
tem-se observado um agravamento dos casos, com aumento do registro em crianças
(Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue).
Quando avaliados os dados de 2014 a 2019 por faixas etárias percebemos uma
diminuição de 4,18% entre os anos de 2014 e 2015 na faixa etária < de 1 a 14 anos,
porém a partir de 2015 esta faixa etária vem sofrendo aumento crescente no
percentual de adoecimento por essa doença, enquanto as demais vêm diminuindo ou
mantendo-se (Tabela 4).
Considerando os dados de notificação por faixa etária em 2019, verificamos um
percentual de 32,17% na faixa de < de um a 14 anos, faixa essa em que a
sintomatologia inicial da dengue se confunde com outras doenças pediátricas,
podendo assim ser um fator complicador para o manejo clínico da dengue, desses
pacientes 27,5% dos casos com complicação ou grave encontra-se nessa faixa etária.
Tabela 4. Casos notificados de dengue por faixas etárias em Roraima nos anos de
2014 a 2019
Ano< de 1 a
14 anos
%
Incidencia
De 15 a
59 anos
%
Incidencia
De 60 a
mais
%
IncidenciaTotal
2014 482 21,69 1572 70,75 168 7,56 2222
2015 491 17,51 2108 75,18 205 7,31 2804
2016 385 19,80 1404 72,22 155 7,97 1944
2017 1252 25,57 3273 66,85 371 7,58 4896
2018 442 28,72 1017 66,08 80 5,2 1539
2019 1351 32,17 2623 62,47 120 2,86 4199 Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Em Roraima no ano de 2019 foram notificados 4.199 casos de dengue e
confirmados 1.588 com a seguinte classificação: dengue 1.548, dengue com sinais de
alarmes 36 e dengue grave quatro (4) (Tabela 5), e a ocorrência de um (1) óbito.
Tabela 5. Casos notificados de dengue e classificação no ano de 2019 em Roraima.
Ano Ign/Branco Descartado Dengue
Dengue
com Sinais
de Alarme
Dengue
GraveInconclusivo Total
2019 1 2587 1548 36 4 23 4199
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
65
Avaliando o percentual de casos notificados pelos municípios destacam-se Boa
Vista 2.244 (53,44%), Caracaraí 439 (10,45%), Bonfim 278 (6,62%) e Mucajaí 274
(6,52%). Os demais municípios somam em conjunto 964 (22,95%) dos casos
notificados. As unidades de saúde de média e alta complexidade foram as que
registraram o maior número de notificações sendo: Pronto Atendimento Cosme e Silva
com 1.143 (27,22%), Hospital Geral de Roraima com 470 (11,19%), Unidade Mista de
Caracaraí 371 (8,83%) e Hospital da Criança Santo Antonio 355 (8,45%). Quando
analisamos o percentual de notificações e confirmações verificamos que as unidades
mistas e hospitalares notificaram 3.590 (85,49%) e confirmaram 1.348 (84,88%), a
Atenção Básica e as demais unidades notificaram 609 (14,50%) e confirmaram 240
(15,11%) das notificações (Figura 2).
Figura 2. Casos notificados e confirmados de dengue por nível de atenção à saúde no
ano de 2019 em Roraima
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Conforme as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias
de Dengue (2009), quando o diagrama de controle fica acima da linha superior por
três (3) semanas seguidas, considera-se uma situação de epidemia, no ano em
epígrafe de acordo com o diagrama estadual de controle da dengue Roraima teve um
surto epidêmico nas primeiras semanas epidemiológicas e a partir da 29ª a 52ª
configurou uma epidemia (Figura 3).
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
Média e Alta Complexidade Atenção Básica
Notificados Confirmados
N= Notificados 4.199 N= Confirmados 1.588
66
Figura 3. Diagrama estadual de controle da dengue 2019
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
São objetivos do programa nacional de controle da dengue – PNCD: reduzir a
infestação pelo Aedes, reduzir a incidência da dengue e reduzir a letalidade por forma
graves da doença, ambos objetivos estão ligados diretamente ao controle vetorial
onde a principal atividade está atribuída aos Agentes de Controle de Endemias da
Dengue - ACE e Estratégia Saúde da Família (ESF), que além de eliminar criadouros
do vetor tem a função de executar o componente sexto do programa que é educação
em saúde e mobilização social. Em 2019 estas atividades ficaram fragilizadas devido
ao insuficiente número de agentes de controle vetorial (ACE) na maioria dos
municípios e ao desabastecimento a nível nacional do saneante malathion EW 44%
utilizado no controle químico do vetor transmissor adulto infectado, tais fragilidades
foram cruciais para o aumento do nível de infestações pelo Aedes e
consequentemente no aumento da morbidade por dengue.
3.1.1.2 Febre Amarela
Doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e
gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves, o agente
etiológico o vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero Flavivirus, protótipo da
família Flaviviridae é transmitido por artrópodes (vetores), da família Culicidae,
habitualmente conhecidos como mosquitos e pernilongos. A importância
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
Incidência
Semana Epidemiológica
Média móvel Limite superior 2019
67
epidemiológica decorre da gravidade clínica, da elevada letalidade e do potencial de
disseminação e impacto, sobretudo quando a transmissão for urbana por Aedes (Guia
de Vigilância em Saúde 2019).
Em Roraima todos os anos são notificados pacientes com suspeita de febre
amarela, porém o último caso confirmado de febre amarela no Estado foi silvestre, no
município de Caroebe em 2007, toda via ao longo dos anos epizootias de primatas
não humanos (PNH) vem ocorrendo nas áreas silvestres dos 15 municípios do Estado.
Em 2.019 ocorreram duas (2) suspeitas em humanos que foram negativas
conforme resultado laboratorial e cinco (5) epizootias de PNH, sendo duas (2) no
município de Alto Alegre, uma (1) no Cantá não sendo possível coleta; em Boa Vista
ocorreu uma (1) epizootia com resultado laboratorial negativo para febre amarela.
3.1.1.3 Chikungunya
O vírus chikungunya (CHIKV) foi introduzido no continente americano em 2013
e ocasionou uma importante onda epidêmica em diversos países da América Central
e ilhas do Caribe. No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos
laboratoriais, a autoctonia do chikungunya nos estados do Amapá e da Bahia,
passando a conviver com uma segunda doença causada pelo Aedes aegypti.
Atualmente, todas as Unidades da Federação (UF) registram transmissão autóctone
desse arbovírus. Essa arbovirose também pode se manifestar de forma atípica e/ou
grave, sendo observado elevado número de óbitos (Guia de Vigilância em Saúde
2019).
Entre os anos de 2014 e 2018 foram notificados um total de 8.815 casos
suspeitos e confirmaram 4.102 (46,84%) dos notificados de febre chikungunya em
Roraima. Quando avaliado o percentual de casos notificados do Estado pelos
municípios destaca-se Boa Vista 6.271 (71,14%), e as unidades de saúde de Média e
Alta complexidade tiveram o maior número de notificações Pronto Atendimento
Cosme e Silva, Hospital Geral de Roraima e Hospital da Criança Santo Antonio com
4.798 (76,51%) e as demais unidades somando-se à Estratégia Saúde de Família
notificaram 1.473 (23,48%) das notificações do município (Figura 4).
68
Figura 4. Notificação de chikungunya pelo nível de atenção no município de Boa Vista - RR, de 2014 a 2018
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Os demais municípios do Estado notificaram 2.544 (28,86%) e os que mais se
destacaram foram Mucajaí 774 (31,02%), Rorainopolis 684 (27,41%), Bonfim 218
(8,73%) e os demais municípios somam em conjunto 868 (34,11%) dos casos
notificados (Figura 5).
Figura 5. Notificação de chikungunya dos municípios do interior - RR, de 2014 a 2018
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Dos 526 casos notificados de chikungunya em 2019, houve 24 confirmações.
Quando analisado o ano de 2019 percebemos que dos 15 municípios Boa Vista,
Mucajaí e Bonfim notificaram 409 (77,75) das 526 notificações, com um percentual de
confirmação (62,5%) de todo Estado (Figura 6).
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
Hospital da Criança Santo AntonioHospital Geral de Roraima Pronto
Atendimento Cosme e Silva
Outras Unidades e a Estratégia Saúde daFamília
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
Mucajaí Rorainopolis Bonfim Demais Municípios
N= Hospitais 4.798 N= Outras Unidades e ESF 1.473
N= Mucajaí, Rorainopolis e Bonfim 1.676 N= Outros 11 municípios 868
69
Figura 6. Notificação e confirmações de chikungunya - Roraima 2019
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
3.1.1.4 Zika
No primeiro semestre de 2015, foi identificado pela primeira vez no continente
americano, em alguns estados da região Nordeste do Brasil, outro vírus transmitido
pelo Aedes: o vírus Zika (ZIKV). Desde então se disseminou para todo o país e demais
países do continente americano, com exceção de Chile e Canadá. Cabe destacar que
surtos de Zika foram reportados anteriormente em 2007 na região do Pacífico, em
2013 nas ilhas Yap e Polinésia Francesa, e em 2015 na África (em Cabo Verde). O
surgimento de pacientes com manifestações neurológicas e história prévia de infecção
viral tem sido registrado em estados com circulação de ZIKV. As principais
manifestações neurológicas em pacientes infectados incluem casos de encefalite,
meningoencefalite, mielite e síndrome de Guillain-Barré (SGB). Adicionalmente, a
epidemia de Zika afetou gravemente o Nordeste do Brasil e evidenciou a associação
entre a infecção pelo ZIKV durante a gravidez e o risco de malformações congênitas
– destacando-se as microcefalias – que até então não haviam sido descritas em outros
países onde houvera surto da doença. Essa arbovirose eventualmente pode levar a
óbito (Guia de Vigilância em Saúde 2019).
Em Roraima entre os anos de 2015 e 2018 foram notificados e 1.398 e
confirmados 398 (28,46%) dos casos notificados de zika no estado de Roraima.
Quando avaliado o total de notificados no período verificamos que três municípios Boa
Vista, Mucajaí e São Luiz notificaram 1.139 com um percentual de (81,47%) dos casos
do Estado (Figura 7).
0
100
200
300
400
500
600
Notificados Confirmados
N= 526 Notificados
N= 24 Confirmados
70
Figura 7. Notificação e confirmações de zika - Roraima 2015 a 2018
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Em 2019 Roraima notificou 193 casos de zika com 22 confirmados. Os
municípios de Mucajaí (MCJ), Boa Vista (BV) e São Luiz (SL) notificaram 149 (77,20%)
e confirmaram 15 (68,18%) dos casos de todo Estado. Os demais municípios
notificaram 44 e confirmaram sete (7) (Figura 8). Uma outra situação observada foi
que das notificações do ano em análise, de 193 notificações 120 foram do sexo
feminino, destas 37 estavam gestantes, no primeiro trimestre 10 (27,02%), segundo
trimestre 14 (37,83%) e terceiro trimestre 11 (29,72) (Tabela 6). Quando avaliamos os
casos confirmados em grávidas constatamos que duas estavam com diagnóstico
positivo, uma grávida no primeiro trimestre de gestação com confirmação laboratorial
e outra com idade gestacional ignorada e confirmada por clínico epidemiológico.
Figura 8. Notificação e confirmações de zika - Roraima 2019
Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
0
200
400
600
800
1.000
1.200
Boa Vista Mucajaí São Luiz Outros Municípios
Notificados Confirmados
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Mucajaí Boa Vista São Luiz Outros Municípios
Notificados Confirmados
N= Notificados 1.398 N= Confirmados 398
N= Notificados 149 MCJ BV SL e 44 Outros Municípios N= Confirmados 15 MCJ BV SL e sete Outros Municípios
71
Tabela 6. Casos notificados de zika por município de residência e classificação do
período gestacional em Roraima no ano de 2019
MunicípioIgnorado
ou Branco
1º
Trimestre
2º
Trimestre
3º
Trimestre
Idade
Gestacional
Ignorada
Total de
GestantesNão
Não se
Aplica
Total
Geral
Alto Alegre 0 0 0 0 0 0 2 1 3
Amajari 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Boa Vista 0 6 7 11 0 24 8 27 59
Bonfim 1 0 0 0 0 0 1 4 6
Cantá 0 2 2 0 0 4 0 1 5
Caracaraí 1 0 0 0 0 0 2 2 5
Caroebe 1 0 0 0 1 1 1 4 7
Iracema 0 0 0 0 0 0 2 4 6
Mucajaí 2 1 4 0 0 5 22 47 76
Normandia 0 0 0 0 0 0 6 8 14
Pacaraima 0 0 0 0 0 0 1 1 2
Rorainópolis 1 0 0 0 0 0 0 1 2
São Luiz 0 1 0 0 0 1 2 2 5
Não classificados 0 0 1 0 1 2 0 0 2
Total 6 10 14 11 2 37 47 103 193 Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.
3.1.1.5 Discussão
Dentro do cenário encontrado durante 2019 levando em consideração os dados
epidemiológicos e entomológicos e com base nas informações várias atividades foram
executadas e intensificadas junto aos municípios pela equipe estadual levando em
conta a capacidade técnica apresentada pelos mesmos, priorizando os que
apresentaram maior fragilidade e tendência de alto risco para transmissão de dengue
e outras arboviroses.
Vários fatores que contribuíram para o aumento das infestações e incidência
de casos foram observados e sinalizados aos gestores municipais e estaduais no
decorrer do período, e como não foram solucionados, contribuíram para a fragilidade
da vigilância das arboviroses nos municípios, dentre eles: subnotificação dos casos
de arboviroses, baixa qualidade no controle de vetores com relação as visitas
domiciliares e a falta de estrutura das unidades hospitalares principal porta de entrada
dos pacientes que adoecem por arboviroses.
As atividades realizadas por esse Núcleo tiveram o objetivo de fortalecer a
vigilância epidemiológica, assistência e o controle vetorial das arboviroses (Quadro 2).
72
Quadro 2. As atividades realizadas pelo Núcleo de Controle de Febre Amarela e
Dengue em 2019.
Atividades Realizadas Atividades Realizadas Quantidade
Visitas Técnicas com: equipes de endemias, vigilância epidemiológica, gestor municipal
Boa Vista, Canta, Bonfim, Amajarí, Alto Alegre, Rorainopolis, Caracaraí, São João Baliza, São Luiz, Caroebe, Normandia, Uiramutã, Pacaraima, Iracema e Mucajaí
55 visitas
Acompanhamento das Atividades do Levantamento de Índice Rápido - LIRAa
Mucajaí, Iracema, Caracaraí, Amajarí, Alto Alegre, Bonfim, São João Baliza, São Luiz, Caroebe, Rorainopolis e Canta
12 municípios atendidos
Atividades do dia “D” - Eliminação de Criadouros
Município de Caracaraí 01 ação
Supervisão indireta nas atividades de campo
Canta, Bonfim, Amajarí, Alto Alegre, Rorainopolis, Caracaraí, São João Baliza, São Luiz, Caroebe, Normandia, Uiramutã, Pacaraima, Iracema e Mucajaí
65 supervisões
Monitoramento do SINAN 15 municípios Diário
Implementação dos sistemas de informação - SisPNCD
15 municípios 15 atendidos
Reunião com municípios prioritários p ações de Febre Amarela e DSEIS, PNI, Atenção básica, vigilância epidemiológica, Operação acolhida
Canta, Amajarí, Alto Alegre, Boa Vista, Uiramutã
03 reuniões
Visitas aos municípios para o alerta epidemiológico da febre amarela e ocorrência de epizootia
Pacaraima e Canta 03 visitas
Controle vetorial com UBV (carros fumacê) Boa Vista, Bonfim, Caracaraí, Rorainopolis, Mucajaí, São João da Baliza, São Luiz e Caroebe
08 municípios
Oficina de Epizootias 15 municípios atendidos, exercito, defesa civil e DSEis
01 oficina
Atualização em manejo clinico para médicos e enfermeiros
15 municípios atendidos 2 atualizações
Reunião com apoiadores do ministério da Saúde – MS, técnicos da Vigilância epidemiológica do município de boa vista e técnicos do NCFAD
Boa Vista 1 reunião
Doações de Equipamentos de aplicação de inseticidas e EPIs
Boa Vista, Mucajaí e Caracaraí. 15 equipamentos
doados
Videoconferências com Ministério da Saúde e municípios
Municípios participantes; Boa Vista 07 videoconferências
3.1.1.6 Fragilidades Municipais/Estado
A) Municípios
• Ausência de articulação entre equipe de endemias e equipes da estratégia
saúde da família dos municípios;
• Ausência de articulação entre equipe de endemias e vigilância epidemiológica;
73
• Baixa cobertura de agentes de endemias nos municípios;
• Sub notificação dos casos de dengue, chikungunya e zika;
• Fichas de notificação mal preenchidas, dificultando a realização das
investigações dos casos;
• Falta de coleta de amostras para realizar exames laboratoriais para
arboviroses;
• Número de veículos reduzido nos municípios para o desenvolvimento das
ações de vigilância em saúde;
• Visitas domiciliares para o controle de vetores realizada pelos agentes de
endemias sem a qualidade preconizada;
• Dificuldade de veículos para o transporte das amostras para confirmação
diagnóstica;
• Falta de insumos médicos hospitalares e laboratorial na rede hospitalar dos
municípios do interior.
B) Estado
• Falta de inseticida para controle da forma alada do Aedes;
• Desabastecimento de insumos laboratoriais para diagnóstico;
• Manejo clinico deficiente aos pacientes com arboviroses;
• Baixa adesão dos médicos nas atualizações clinicas das arboviroses;
• Falta de uma central de UBV para armazenamento adequado dos insumos,
guarda e manutenção dos veículos e equipamentos;
• Dificuldades na aquisição de peças de reposição dos equipamentos de
aplicação de inseticidas Ultra Baixo Volume – UBV pesada (carros fumacê);
• Equipamentos e veículos de UBV's insuficiente e desgastados devido bastante
tempo de uso, implica na eficiência do serviço;
• Falta de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, devido a morosidade dos
processos de aquisição.
Referência bibliográfica
Brasil 2019 (Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue). http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019
https://saude.rr.gov.br/cgvs
74
3.1.2 MALÁRIA
Ducineia Barros de Aguiar Jacqueline de Aguiar Barros
3.1.2.1 Objetivos e Metas do Programa Estadual de Controle da Malária
Objetivos
Geral
• Reduzir a morbimortalidade por malária
Específicos
• Reduzir a incidência de malária;
• Evitar a mortalidade por malária;
• Reduzir as formas graves da doença;
• Eliminar a malária até 2030;
• Manter a ausência da transmissão da doença nos locais onde ela tiver sido
interrompida.
Metas para a redução da malária
Reduzir em 10% o número de casos autóctones de malária em relação ao ano
de 2018.
Eliminar número de casos autóctones de malária por Plasmodium falciparum
Atingir 70% dos casos de malária com tratamento iniciado em tempo oportuno
(48 para casos autóctones e 96 horas para casos importados) por município de
notificação.
Malária no mundo e no Brasil
A malária é considerada um grave problema de saúde pública no mundo,
sendo uma das doenças de maior impacto na morbidade e na mortalidade da
população dos países situados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. De
acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 228 milhões de novos casos
da doença foram notificados no mundo apenas em 2018, além da ocorrência de mais
de 405 mil óbitos por malária (BRASIL, 2020).
75
A região Amazônica brasileira é considerada a área endêmica do país para
malária com 99% dos casos autóctones, compreende os estados do Acre,
Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.
Nas áreas fora da região Amazônica mais de 80% dos casos registrados são
importados dos estados pertencentes à área endêmica, outros países amazônicos,
como os do continente africano, mas existe transmissão residual de malária em
estados da região extra-Amazônica, principalmente em áreas de Mata Atlântica (SP,
MG, RJ e ES) (BRASIL, 2020).
Dados do Ministério da Saúde apontam uma queda na frequência de casos
de malária a partir de 2010 até 2016. Porém, em 2017, foi registrado um aumento
de aproximadamente 50,4% nos casos em relação ao ano de 2016, com 194.426
casos notificados. Dados preliminares de 2019 demonstram que foram registrados
157.453 casos no país, com redução de 19% em relação ao ano de 2018. O número
de óbitos por malária no Brasil tende a uma constante redução desde 2005, com
exceção dos anos de 2009 e 2018 que apresentaram aumento. Apesar disso, o
manejo de casos graves de malária tem sido aprimorado e, em 2019, já foi possível
verificar nova redução nessa quantidade, com registro de 36 óbitos, segundo dados
preliminares. A letalidade por malária na região Amazônica é baixa (1,6/100.000)
enquanto no restante do país a letalidade chega a ser 128 vezes maior. O óbito
nestas áreas ocorre, na maior parte, em pessoas que vêm infectadas de outros
países ou de estados da região Amazônica e não recebem o diagnóstico e
tratamento oportunos e adequados devido à dificuldade na suspeição de uma
doença relativamente rara nestas áreas e desinformação dos viajantes a respeito
dos seus riscos (BRASIL, 2020).
3.1.2.1 Situação Epidemiológica da Malária em Roraima
No ano de 2019 foram notificados 22.794 casos de malária, destes 21.371
(93,77%) causados por malária não falciparum e 1.423 (6.23%) por malária falciparum
e infecção mista. No ano de 2018 foram 23.369 casos de malária notificados, sendo
21.020 casos por malária não falciparum e 2.289 casos de malária falciparum + mista.
Desta forma, observa-se reduções de 2.64% nas notificações de malária e de 37,83%
de malária falciparum + mista (Figura 9).
76
Figura 9. Série histórica dos casos de malária notificados na região Amazônica por
espécie, 2003 a 2019.
Nos anos de 2018 e 2019 foram confirmados, respectivamente, 18.346 e
20.322 casos de malária são autóctones do estado de Roraima, o que representa um
aumento de 11% de um ano para outro. Todavia, ao analisar os casos autóctones dos
municípios, no período, excluindo-se as áreas indígenas, observa-se uma redução de
23% em áreas não indígenas. Além disso, reforça-se a detecção do aumento de 6%
e de 118% em áreas indígenas do DSEI Leste e do DSEI Yanomami, respectivamente
(Figura 10)
Figura 10. Número de casos autóctones de malária estratificados por área indígena e
não indígena (a), Roraima, 2017 a 2019.
(a) Nulo no gráfico representa área não indígena do estado de Roraima.
Ao analisar os casos autóctones de Roraima por semana epidemiológica,
observa-se maior número de casos nos meses de outubro e novembro, em 2018 o
77
maior número de casos ocorreu na semana 47 (581 casos) e em 2019 na semana 41
(589 casos) (Figura 11).
Figura 11. Distribuição dos casos autóctones de malária em Roraima, por semana
epidemiológica e espécie, 2018 e 2019.
No ano de 2019 observa-se maior frequência de casos em homens na faixa
etária de 20 a 29 anos (2.590 casos). Chama-se atenção para o alto quantitativo de
casos notificados na faixa etária de 0 a 9 tanto no sexo masculino (2.538 casos) e
feminino (2.217 casos), o que pode representar transmissão intradomiciliar dos casos
(Figura 12).
No período de 2018 e 2019, observou-se maior redução nos municípios de
Caracaraí (-59,7%), Cantá (-48,6%) e Rorainópolis (-44,3%). Por outro lado, observou-
se aumento de casos em dez municípios do estado de Roraima, onde os maiores
foram nos municípios de Normandia (290%), Caroebe (191,9%) e Alto Alegre
(182,4%) (Figura 13).
Em relação a redução dos casos de malária de Caracaraí, Cantá e
Rorainópolis, considerados prioritários para o programa da malária, salienta-se que, o
Ministério da Saúde repassou 15.000 Mosquiteiros Impregnados com Inseticida de
Longa Duração (Milds), para esses municípios, vindo o Cantá receber (5.000),
Caracaraí (3.000), Rorainópolis (6.800) e Pacaraima que apesar de não ser prioritário,
foi contemplado com 200 mosquiteiros para atender as comunidades indígenas
78
situada às margens da BR-174, área de trânsito dos migrantes venezuelanos. Com o
apoio estadual de veículo abastecido e motorista, os mosquiteiros foram entregues no
primeiro quadrimestre de 2019, alcançando a meta de 100% de entrega. Assim, a
redução da doença nesses municípios, pode ser atribuída a instalação dos Milds em
comunidades com altos índices de malária.
Figura 12. Número de casos autóctones de malária de acordo com a faixa etária e
sexo, Roraima, 2019.
Por outro lado, o cenário de aumento de casos, principalmente nos municípios
de Normandia e Alto Alegre, na sua grande maioria é procedente de áreas indígenas
do leste de Roraima e da área yanomami.
No tocante a Normandia, que apresentou em 2019 um aumento de 290% em
relação em 2018, ressalta-se que, 73,07% dessa malária ficou concentrada em cinco
comunidades indígenas macuxi e wapixana, do Dsei-Leste de Roraima. Quatro delas,
estão localizadas na região da Raposa: Matirí (32 casos), Bismack (06 casos), Japó
(06) e Canãa (05casos) e a comunidade de Mari-Mari com (08casos) está localizada
na região do Baixo Cotingo.
Quanto ao município de Alto Alegre, em 2019, conforme a figura 5, houve um
aumento de 182,4% dos casos de malária em relação a 2018, registrando-se (5.780
casos). Desse número, distribuídos entre as primeiras 47 comunidades de maiores
transmissões, somam-se 5.364 casos (97,87%) que são procedentes de comunidades
yanomami, aonde estão instalados os garimpos de extração de ouro e apenas uma,
79
procedente de área não indígena, o Projeto de Assentamento Paredão que registrou
18 casos de malária. Lembrando que, essas 47 localidades de alto risco de malária
da área indígena yanomami, são de difícil acesso, por via fluvial ou por varadouro na
floresta e dessa forma, uma situação de baixa governabilidade, pela presença da
população suscetível, o agente etiológico e a presença do vetor, determinando a
elevada incidência da malária, com formas graves e óbitos.
Os demais 416 casos restantes, distribuíram-se, em comunidades indígenas
das etnias yanomami, macuxi, assentamentos de terras e fazendas, em número muito
pequenos de casos.
Quanto ao município de Caroebe, fazendo fronteira com o Estado do Pará, em
2019 registrou-se um aumento de 191,9% de casos de malária em relação a 2018.
Dos 791 casos registrados, mais de 90% concentrou-se em cinco das 36 localidades
do município: Santo Antônio (223 casos), Vida Nova (156), Santa Inês (144), vicinal
35(63) e Dois irmãos (68). O intenso fluxo migratório e a exploração extrativista, são
fatores que vem contribuindo com o aumento dos casos de malária.
Figura 13. Diferença percentual de casos de malária por município de infecção,
Roraima, 2018 e 2019.
Os constantes surtos da doença, em Caroebe, foram detectados precocemente
pelo NCM que esteve presente no município, discutindo estratégicas de intensificação
das ações de vigilância e controle da malária (capacitações em teste rápido e
80
educação em saúde, busca-ativa dos casos, borrifaçao e nebulização). No entanto,
não houve resposta satisfatória do município, que dispõe de uma reduzida equipe,
para atender os programas de dengue, malária e outras endemias.
Quanto a malária registrada nas comunidades indígenas, levou os técnicos do
NCM a reunir-se com a gestão de controle da malária, tanto do Dsei-Leste quanto do
Dsei-Yanomami, para discutir e encontrar estratégias mais apropriadas, visando a
redução da transmissão da doença.
Tabela 7. Casos de malária por área indígena e não indígena dos municípios de
Infecção, Roraima, 2018 e 2019.
MUNICÍPIO DE INFECÇÃO MUNICÍPIO
LESTE DE RORAIMA
YANOMAMI
2018 2019 2018 2019 2018 2019
Alto Alegre 185 321 209 109 1653 5350 Amajarí 715 616 156 216 573 1333 Boa Vista 253 327 31 31 0 0 Bonfim 108 52 36 86 0 0 Cantá 2714 1461 473 178 0 0 Caracaraí 1432 660 0 0 1170 388 Caroebe 270 776 1 15 0 Iracema 697 372 0 0 189 812 Mucajaí 831 1422 0 0 136 237 Normandia 6 8 14 70 0 0 Pacaraima 46 42 1546 1709 0 0 Rorainópolis 3616 2014 2 0 0 0 São João da Baliza 340 541 61 9 0 0 São Luiz 201 174 21 0 0 0 Uiramutã 12 33 649 960 0 0
RORAIMA 11426 8819 3199 3383 3721 8120
Excluídos LVC e resultados negativos. Fonte: Sivep-Malária/SVS/MS.
Ao analisar os casos de malária por área indígena e não indígena dos
municípios de Infecção, um aumento expressivo de casos de malária em áreas
indígenas dos municípios, principalmente nos municípios de Alto Alegre e Amajarí
com 5.350 e 1.333 casos de malária em áreas do DSY, respectivamente, no ano de
2019 (Tabela 7). Tal cenário pode ser atribuído à atividade de garimpagem nessas
áreas. Diante disso, realizou-se uma reunião no dia 14 de março de 2019, cuja a pauta
foi a situação da malária na Área Indígena Yanomami e a interferência do garimpo. A
reunião teve como objetivo avaliar a malária em garimpos do Dsei-Yanomami e que
as vias de cesso que são principalmente pelos rios ou áreas de matas dos municípios
81
de Alto Alegre, Amajarí, Mucajaí, Caracaraí e Iracema, bem como por pistas
clandestinas de áreas rurais. A presença de garimpeiros nas áreas indígenas
Yanomami é uma realidade que contribuiu para o incremento da malária em Roraima
no ano de 2019.
No período de 23 a 26 de abril de 2019 realizou-se outra reunião envolvendo
os três entes federativos (SESAI, GT/Malária-Ministério da Saúde, CGVS/Dseis –
Leste e Yanomami e Municípios), com o intuito, avaliar e elaborar um plano estratégico
de contingência de controle da malária em áreas indígenas, ressaltando a questão do
garimpo de ouro. A reunião apresentou como encaminhamento que o DSEI-LRR
juntamente com o Estado, firmar parcerias com os municípios de Normandia, São Luiz
do Anauá, Bonfim Amajarí e Boa Vista. –SESAI.
Em 2019, o município de Alto Alegre apresentou o maior percentual de casos
de malária falciparum + mista (51,3%), seguido pelo município de Amajarí (25,8%)
(Figura 14). Diante desse cenário foi elaborado um Plano de esgotamento do
Plasmodium falciparum no reservatório humano, com o objetivo de eliminar a fonte
de infecção do reservatório humano, a princípio está programada a implantação nos
municípios prioritários e depois ser expandido para os outros municípios.
Figura 14. Casos de malária falciparum + mista, percentual do total e percentual
acumulado por município de infecção, Roraima, 2019
No período de 2014 a 2019, observou-se maior número de óbitos por malária
em 2018 com 18 óbitos, 2019 foram 12 óbitos onde a malária foi identificada como
causa básica. Chama-se a atenção para o fato de 08 (oito) dos óbitos que ocorreram
82
em 2019 foram causados pelo P. falciparum e 02 (dois) pelo P. vivax (Tabela 8). Com
o intuito de fortalecer o manejo hospitalar da malária grave, a Médica de Referência
da Malária no estado de Roraima, Dra Alessandra Martins, atualizou o protocolo de
Atendimento da Malária no Hospital geral de Roraima, além disso capacitou os
médicos desta Unidade Hospitalar.
Tabela 8. Óbitos por malária e forma parasitária, Roraima, 2014 a 2019.
Causa (CID10 3D) 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
B50 Malária p/ Plasmodium falciparum 1 2 0 1 9 2 15
B51 Malária p/ Plasmodium vivax 1 0 0 1 7 8 17
B53. Outras formas malária com for p/exames parasitológico. 0 0 0 0 0 1 1
B54 Malária NE 0 2 1 2 2 1 8
Total 2 4 1 4 18 12 41
Fonte: SIM, 03/08/2020.
3.1.2.2 Outras ações desenvolvidas em 2019
• Atualizações para técnicos municipais na utilização de teste rápido:
Viando aumentar a oferta de diagnóstico precoce e tratamento oportuno e de
boa qualidade, no decorrer de 2019 foram realizadas (09) nove atualizações
para técnicos municipais (gerentes e microscopistas) na utilização de testes
rápidos, com a participação dos Distritos Sanitários Indígenas, alcançando-se
em 95 % da meta de gestão prevista.
• Capacitações para ACE e ACS dos municípios: Com a pretensão de
detectar precocemente indivíduos com sintomas de malária, nos territórios
adstritos, no decorrer do ano de 2019, foram realizadas capacitações em
Diagnóstico por Teste Rápido – DTR, nos municípios de Caracaraí, Cantá e
Rorainópolis, Alto Alegre, Bonfim, Amajarí, São Luiz, Baliza e Caroebe, tendo
como público-alvo os ACS e ACE.
• Capacitação para médicos, enfermeiros do PSF: no intuito de aprimorar o
manejo clínico e o tratamento do paciente com malária, tanto da atenção
primária quanto na atenção secundária e terciária, foi realizada uma (01)
capacitação para médicos e enfermeiros, conforme previsto pelo NCM,
atingindo dessa forma, a meta em 100%.
83
• Capacitação, implantação e supervisão do SIES: No sentido de aprimorar a
gestão de insumos estratégicos do programa de malária (medicamentos, teste-
rápido e inseticida) aperfeiçoando o processo de programação, solicitação,
armazenagem, distribuição e consumo desses insumos, envolvendo as três
esferas do governo, foi programado (30) capacitações. No primeiro
quadrimestre, participaram (08) municípios; no segundo, além dos 15
municípios, participaram os (02) distritos sanitários indígenas do Leste e
Yanomami e no terceiro quadrimestre, foram capacitados “in loco” (08)
municípios, totalizando (33) capacitações, conforme programado, superando a
meta que era de 100%.
• Capacitações de Gerentes de Endemia: Sempre no sentido de aprimorar as
ações de vigilância e controle da malária nos municípios, foram realizadas as
(04) quatro capacitações previstas para gerentes, atingindo a meta prevista de
100%. Os gerentes foram capacitados em estratificação de áreas de risco,
DTR, Gestão do Sies e participação da reunião estadual de avaliação do
programa de malária.
• Reunião de Avalição do Programa para os 15 municípios: Da mesma
forma, objetivando avaliar as ações realizadas pelos municípios, foi realizada
uma reunião estadual de avaliação do programa de controle da malária com a
participação de gestores municipais e estadual, gerentes, representantes da
atenção básica.
• Reunião para direcionamento do Controle Vetorial da Malária nos
municípios e áreas indígenas e metodologia de instalação e
monitoramento dos Mosquiteiros Impregnados de Longa Duração – MILD
(25/01/2019), sendo realizada em duas etapas: Primeiro, houve a participação
dos municípios prioritários (Caracaraí, Rorainópolis e Cantá) e dos Distritos
Sanitários Indígenas (DSL e DSY), com orientações quanto à distribuição,
implantação e monitoramento dos MILD`s para controle Vetorial. Na segunda
etapa, contávamos com a participação de 12 municípios, no entanto,
participaram apenas seis: Boa Vista, Uiramutã, Uiramutã, Normandia, Bonfim
e Alto Alegre. Os faltosos, perderam a oportunidade de discutir os problemas,
buscando alternativas e outros direcionamentos das ações de controle da
doença nos seus municípios.
84
• Elaboração e implantação do fluxo de Ampliação do horário de
atendimento do paciente com malária no Pronto Atendimento Cosme e
Silva que antes só funcionava no horário de expediente normal, a partir do mês
de novembro passou a atender toda a demanda nos finais de semana, horário
noturno e feriados.
• Elaboração da Nota Técnica sobre Tratamento de Malária em Gestantes,
pois este grupo de pacientes pode desenvolver malária grave mais
rapidamente, por isso é essencial iniciar o tratamento o mais rápido possível.
Assim, se o médico não estiver presente, torna-se crucial que microscopista
dispense ao menos as primeiras doses até que a gestante seja atendida pelo
médico.
3 Recomendações, adoção de medidas de controle e considerações finais.
• O nível estadual deve continuar a avaliar e monitorar a capacidade da rede
de diagnóstico da malária nos municípios, o funcionamento e a cobertura,
de modo a identificar as fragilidades existentes para que sejam feitas as
correções devidas, visando a detecção precoce das pessoas portadoras da
malária, prevenindo o agravamento da doença, óbitos e a sua redução;
• Avaliar a necessidade de implementar o diagnóstico por teste rápido – DTR,
nas áreas de difícil acesso e também nas unidades básicas de saúde e
hospitais de emergências dos municípios com áreas de alto e médio risco
de transmissão da malária, viabilizando que todos os pacientes com exame
positivo, iniciem o tratamento, no prazo máximo de 24 horas, a partir do
resultado do exame;
• A digitação das fichas de notificação de casos no SIVEP-Malária pelos
municípios, deve ser realizada prioritariamente em até 30 dias, mas o ideal
é que seja em até 07 (sete) dias, visando tornar o processo de detecção de
casos nas localidades e também, o monitoramento dos indicadores de
malária, de forma mais rápida e precisa, apontando para o direcionamento
das ações de prevenção, vigilância e controle da malária;
• Em localidades onde ocorreu um aumento dos casos da doença, verificar a
possibilidade de acompanhamento do tratamento junto ao paciente, uma
85
vez que a completude se faz de suma importância para a redução das
lâminas de verificação de cura - LVC.
• Analisar e identificar as localidades do município em que está ocorrendo o
aumento da malária por Plasmodium falciparum para que seja feita a
investigação e a identificação da procedência correta dos casos. Avaliar a
cobertura dos postos de diagnóstico, bem como a análise da cobertura das
unidades notificantes, permitindo o conhecimento real das formas de
transmissão;
• Quanto a ocorrência da malária em áreas indígenas, salientamos que,
mesmo que o seu controle seja de competência dos distritos sanitários
indígenas-DSEI, os casos da doença são acrescentados nos municípios
que abarcam essas áreas. Portanto, a gestão estadual, continuará
buscando alternativas e estratégias, juntamente com os distritos sanitários
e municípios, com o propósito de reduzir a malária nesse território, de
acordo com os princípios e diretrizes e competências do Sistema Único de
Saúde.
• Com exceção de alguns municípios, é imprescindível um maior
comprometimento da gestão municipal, no que se refere ao combate à
malária, com vistas ao cumprimento das metas de redução de casos e a
redução do tempo de diagnóstico e tratamento precoce, garantindo dessa
forma, a melhoria da qualidade de vida da população;
Referência Bibliográfica
BRASIL, Ministério da Saúde. Situação Epidemiológica da Malária. Disponível em:
https://saude.gov.br/saude-de-a-z/malaria. Acessado em: 30/07/2020.
86
3.1.3 ZOONOSES
Ingrid Albuquerque Gomes Letícia Godinho Pezente Márcio Gustavo Borges
A execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância,
prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, além de raiva
e leishmanioses, estende-se para outras doenças de transmissão vetorial. Assim, tais
doenças subdividem-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas
nacionais de vigilância e controle do MS, zoonoses de relevância regional ou local e
zoonoses emergentes ou reemergentes.
As zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do
Ministério da Saúde são: Raiva, Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose
Visceral, Atendimento Antirrábico Humano, Acidentes por Animais Peçonhentos,
Leptospirose, Febre Maculosa, Hantavirose e Doença de Chagas.
As zoonoses emergentes ou reemergentes são, respectivamente, doenças
novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após período de declínio significativo ou
com risco de aumento no futuro próximo, promovendo significativo impacto sobre o
ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte.
O Núcleo Estadual de Controle de Zoonoses tem o papel de assessorar os
municípios e desenvolver as ações de prevenção, detecção e controle dos agravos
relevantes. Assim como, realizar treinamentos e distribuição de medicamentos para
tratamento da leishmaniose, vacinas e soros antirrábico e soros antiveneno para todos
os municípios.
O quadro abaixo demonstra de forma geral, as notificações, por agravo, de
casos confirmados. Alguns agravos são mais estáveis, sem casos confirmados, como
a Febre Maculosa, Lepstospirose e Hantavirose, já a Raiva notificou 1 único caso em
6 anos, mesmo havendo uma melhora na sensibilidade de notificação de atendimento
antirrábico.
Os agravos de Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose Visceral,
Raiva, Animais Peçonhentos e Doença de Chagas são agravos com mais ocorrência
dentro do Núcleo de Controle de Zoonoses do Estado de Roraima e serão abordados
individualmente.
87
Quadro 04. Freqüência por ano de agravos notificados confirmados.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
3.1.3.1 Acidente por animais peçonhentos (X 29)
O objetivo do Programa de Acidente por Animais Peçonhentos é reduzir a
incidência dos acidentes por animais peçonhentos por meio da promoção de ações
de educação em saúde e também reduzir a gravidade e, consequentemente, a
letalidade dos acidentes por meio do atendimento oportuno e adequado ao
acidentado.
Define-se como acidente por animais peçonhentos todo paciente com
evidências clínicas compatíveis com envenenamento por animal peçonhento, com ou
sem a identificação do animal causador do acidente. Para a vigilância epidemiológica,
são considerados confirmados todos os casos que se enquadrem nessa definição,
independentemente da realização de tratamento soroterápico.
QUADRO 5. SÉRIE HISTÓRICA DOS CASOS DE ACIDENTE POR ANIMAIS
PEÇONHENTOS EM RORAIMA 2009 – 2019.
Noti RR Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Alto Alegre 18 14 16 16 10 7 14 12 13 15 8 13 156
Amajari 3 5 4 2 5 3 2 3 4 3 1 0 35
Boa Vista 60 45 68 47 41 36 61 42 49 69 57 51 626
Bonfim 2 3 1 4 4 7 2 2 1 7 2 8 43
Cantá 0 0 1 1 2 0 0 0 1 1 0 0 6
Caracaraí 4 2 3 12 6 1 5 0 0 5 1 2 41
Caroebe 0 3 4 1 2 2 0 3 4 3 2 0 24
Iracema 0 1 1 0 1 1 2 0 1 0 2 0 9
Mucajaí 8 5 9 14 10 5 6 11 6 17 13 7 111
Normandia 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 4
Pacaraima 3 4 4 11 3 6 10 13 9 14 7 3 87
Rorainópolis 4 18 19 16 7 10 6 6 0 5 7 4 102
São J. da Baliza 1 0 1 1 0 2 2 2 2 3 0 3 17
São Luiz 0 1 3 4 0 0 0 2 1 1 0 1 13
Uiramutã 1 4 0 3 6 4 4 1 2 4 2 3 34
TOTAL 105 105 134 132 98 84 114 97 93 147 104 95 1308
Fonte: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Agracos notificados 2015 2016 2017 2018 2019
B.57.1 - DOENCA DE CHAGAS AGUDA 2 - - 2 1 A.77.9 - FEBRE MACULOSA / RICKETTSIOSES - - - - - A.98.8 - HANTAVIROSE - - - - - B.55.1 - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA 622 192 320 429 248 B.55.0 - LEISHMANIOSE VISCERAL 21 42 35 20 14 A.27.9 - LEPTOSPIROSE 01 - 2 2 2 A.82.9 - RAIVA HUMANA - 1 - - - W.64 - ATENDIMENTO ANTI-RABICO 2166 3411 3854 4054 4315 X.29 - ACIDENTE POR ANIMAIS PECONHENTOS 582 644 933 1161 1308
88
No quadro 5 podemos observar que desde 2010 vem aumentado as
notificações dos acidentes por animais peçonhentos e que a partir do ano de 2016 os
casos se intensificaram devido as ações de sensibilização dos técnicos do programa
de Zoonoses. Como já foi mencionado anteriormente, casos notificados não estão
associados a soroterapia, então analisando o banco de dados do TabWin,
identificamos que dos 1.161 casos notificados em 2018, somente 567 casos fizeram
uso de soroterapia e no quadro 03 especificaremos as notificações por tipo de
acidente.
QUADRO 6. CASOS NOTIFICADOS POR TIPO DE ACIDENTE DE ANIMAIS
PEÇONHENTOS DE 2014 A 2019.
Tipo de animal 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Serpente 391 390 373 482 614 515 Aranha 31 25 33 62 62 54 Escorpião 81 80 107 141 217 294 Lagarta 11 5 14 30 33 34 Abelha 70 48 82 173 123 213 Outros 53 32 27 36 87 176
Total 656 583 644 933 1145 1308
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Um dos maiores problemas identificados no programa de animais peçonhentos
é a falta de inserção das fichas de notificação no SINAN e a falta de dados coerentes
no preenchimento das fichas, uma vez que quando há notificação não faz sentido que
o campo do tipo de acidente esteja ignorado e essa falta de notificação adequada
dificulta o nosso cálculo para pedido de soro junto ao MS.
GRÁFICO 1. NÚMERO DE ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS POR
ANIMAL AGRESSOR ENTRE 2007 E 2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Serpente Aranha Escorpião
89
QUADRO 7. CASOS NOTIFICADOS POR GÊNERO DA SERPENTE.
MUNICÍPIO NOTIF. Ign/Branco Botrópico Crotálico Elapídico Laquético Não
Peçonhenta
Alto Alegre 45 107 0 0 2 2 Amajari 10 22 2 0 0 1 Boa Vista 454 106 35 5 21 5 Bonfim 41 0 1 0 0 1 Cantá 4 1 0 0 1 0 Caracaraí 25 16 0 0 0 0 Caroebe 12 10 0 0 0 2 Iracema 4 4 0 0 0 1 Mucajaí 90 19 1 0 1 0 Normandia 0 1 3 0 0 0 Pacaraima 36 46 1 0 3 1 Rorainópolis 81 14 6 0 0 1 São João da Baliza 12 4 0 0 0 1 São Luiz 13 0 0 0 0 0 Uiramutã 3 24 4 0 3 0
RORAIMA 830 374 53 5 31 15
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
No quadro 7 observamos que o maior número de notificações por gênero é o
Botrópico, correspondendo a serpente Jararaca, mas o número de notificações onde
não se consegue identificar o gênero da serpente corresponde a 103%, ultrapassando
as notificações onde se consegue verificar o gênero da serpente.
GRÁFICO 2. NÚMERO DE ACIDENTES COM SERPENTE POR ESPÉCIE EM 2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
830
374
53 5 31 15
1308
Nã
o In
den
tificada
Jara
raca
Ca
scavel
Co
ral
Suru
cucu
Nã
o P
eçonh
enta
Tota
l
90
QUADRO 8. CASOS NOTIFICADOS POR TIPO DE ACIDENTE DE ANIMAIS PEÇONHENTOS E POR LOCAL DE FERIMENTO EM
2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
GRÁFICO 3. CASOS NOTIFICADOS POR TIPO DE ACIDENTE DE ANIMAIS PEÇONHENTOS E POR LOCAL DO FERIMENTO EM
2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Municip Noti RR CabeçaMembro
Sup.Tronco
Membro
Inf.Total Cabeça
Membro
Sup.Tronco
Membro
Inf.Total Cabeça
Membro
Sup.Tronco
Membro
Inf.Total
Alto Alegre 0 14 0 97 112 0 1 0 3 4 1 6 0 8 16
Amajari 1 1 0 24 26 0 1 0 0 1 0 2 0 3 5
Boa Vista 5 21 1 154 188 2 8 4 9 28 14 84 11 77 199
Bonfim 1 0 0 1 3 1 0 0 0 1 1 11 2 3 17
Cantá 0 0 0 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Caracaraí 0 1 0 15 16 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1
Caroebe 0 1 0 10 12 1 1 0 0 2 0 1 0 0 1
Iracema 0 0 0 3 5 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1
Mucajaí 0 1 0 26 28 0 0 1 2 6 0 11 3 7 27
Normandia 0 1 0 2 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Pacaraima 0 2 0 49 53 0 2 0 4 6 0 2 0 5 8
Rorainópolis 0 6 0 19 25 0 0 0 0 0 0 3 1 3 9
São João da Baliza 0 0 0 6 6 0 1 0 1 2 0 0 0 3 3
São Luiz 0 1 0 1 2 0 0 0 1 1 0 1 0 3 4
Uiramutã 0 0 0 31 31 0 0 0 1 1 0 1 0 1 2
Total 7 49 1 442 515 4 14 6 22 54 16 124 17 114 294
Serp
ente
Ara
nh
a
Esco
rpiã
o
0
100
200
300
400
500
600
SERPENTEARANHAESCORPIÃO
91
3.1.3.2 Doença de chagas aguda
A doença de Chagas é uma doença infecciosa causada pelo protozoário
Trypanosoma Cruzi. Conhecida por ser causada pela picada dos Triatomíneos, inseto
popularmente denominados “barbeiro”, nas Américas, na verdade ela é transmitida
pelas fezes contaminadas desse inseto, que pode entrar em contato com os humanos
após sua picada, ou pela ingestão de alimentos contaminados. Porém, poucos sabem
que a doença de Chagas também pode ser transmitida da mãe infectada para o bebê.
A enfermidade é endêmica em toda a América Latina. Ela não está
ultrapassada e nem foi superada – mais de 65 milhões de pessoas ainda correm o
risco de serem infectadas no mundo e 12 mil pessoas morrem por ano de causas
associadas a ela.
Atualmente, a maioria das pessoas que vive com a doença reside em áreas
urbanas e muitas vivem em países não endêmicos. O lugar onde elas se encontram
mudou e a transmissão foi significativamente reduzida, mas os desafios de acesso ao
diagnóstico e tratamento ainda permanecem.
No Estado de Roraima assim como no restante do Brasil as atividades de
vigilância e controle da Doença de Chagas estão estruturadas em três eixos
prioritários e englobam principalmente ações integradas que envolvem:
• Vigilância de casos humanos (detecção precoce, tratamento oportuno,
aplicação de medidas de prevenção, investigação das formas de transmissão,
monitoramento da infecção por Trypanosoma Cruzi e identificação do perfil de
morbimortalidade na população acometida);
• Vigilância dos vetores (manter eliminada a transmissão vetorial);
• Vigilância do ambiente (ações de vigilância sanitária, ambiental, de forma
integrada com as ações de vigilância epidemiológica).
A partir deste ano, a forma crônica da doença de Chagas passou a ser incluída
na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de
saúde pública nos serviços de saúde em todo o território nacional. A portaria do
Ministério da Saúde de nº 264 foi publicada no dia 19/02/2020 no Diário Oficial da
União. Anteriormente, a notificação era obrigatória apenas para casos agudos da
doença.
Estima-se que pelo menos 1 milhão de pessoas sofra de Chagas no Brasil na
fase crônica. Apesar de haver cura, há 8 milhões de pessoas infectadas no mundo.
92
Somente 1 a cada 10 portadores da doença teve diagnóstico. O desconhecimento e
a escassez de informações sobre o assunto têm sido entraves para a adoção de
medidas mais efetivas contra esta doença negligenciada. Sem tratamento adequado,
a doença de Chagas causa graves problemas cardíacos e no sistema digestivo.
QUADRO 9. CASOS NOTIFICADOS E INVESTIGADOS DE DOENÇA DE CHAGAS AGUDO EM RORAIMA NO ANO DE 2018
Fev Mar Abr Jun Set Dez Total
Notificado 07 06 02 01 01 02 19
Investigado - - - - 01 - 01
Resultado do exame Neg. Neg. Neg. Neg. Pos. Neg. -
Confirmado - - - - 01 - 01
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
O paciente MLMS de 42 anos é residente do município de Caracaraí, mora na
zona rural do município, teve seu resultado positivo do exame de gota espessa
realizado ao suspeitarem de malária. A paciente apresentava febre persistente,
astenias, edema de face e membros, além de um mal estar continuo.
A paciente iniciou seu tratamento na unidade mista de Caracaraí, onde fez o
exame e recebeu os cuidados iniciais, após resultado foi transferida ao hospital geral
de Roraima. No HGR foi atendida pelo Infectologista e recebeu o tratamento com
Benzonidazol. Após alguns dias a paciente reclamou de reações adversas, mas ao
ser testada para algumas funções foi diagnosticada como um caso de co-infecção
para HIV.
Após o tratamento os sintomas desapareceram e ela não testou mais positiva
na lâmina. A mesma segue os procedimentos do novo agravo diagnosticado. Todos
os casos suspeitos de DCA, por ser um agravo de notificação compulsória imediata,
deverão ser comunicados em até 24 horas e deverão ser comunicados pelo LACEN
e hemocentro ao Núcleo Estadual de Controle de Zoonoses para adotar as condutas
cabíveis.
Sempre lembramos que é de suma importância que todos os casos suspeitos
e notificados sejam investigados e concluídos da forma correta, para que não ocorra
perda de pacientes em fase aguda, de cronificação ou que já estejam em fase crônica
para realização de pesquisa parasitológica, epidemiológica e entomológica, e assim
sejam tomadas as devidas providências em relação a controle vetorial, inquérito de
transmissão oral, tratamento de agudos e redução de danos em pacientes crônicos.
93
3.1.3.3 Leishmanioses
3.1.3.3.1 Leishmaniose tegumentar americana
No ano de 2019 foram notificados, segundo município de notificação, 248
casos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), enquanto em 2018 foram
notificados 429 casos (Quadro 10).
QUADRO 10. NÚMERO DE CASOS DE LTA POR MUNICÍPIO DE NOTIFICAÇÃO NO ANO DE 2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Os municípios de Boa Vista e Pacaraima, no ano de 2017, foram os
municípios com maior número de casos, 119 e 116 respectivamente. Em 2018, Boa
Vista e Pacaraima também apresentaram maior número de casos entre os municípios
do Estado, 187 e 111 casos da doença, respectivamente. Em contrapartida em 2019
apenas boa vista continuou com um número mais expressivo de casos, 121 casos,
enquanto Pacaraima teve apenas 35 casos continuando em segundo, seguido bem
de perto por Caroebe com 29 casos e Rorainópolis com 21 casos.
É importante ressaltar que Boa Vista não apresenta casos autóctones, os
casos notificados correspondem a pacientes do interior que realizam o tratamento na
capital apesar do tratamento estar disponibilizados em todos os municípios.
MUNICÍPIO NOTIF. 2016 2017 2018 2019
Alto Alegre 9 3 6 8
Amajarí 4 5 7 2
Boa Vista 65 119 187 121
Bonfim 12 9 4 0
Cantá 11 5 13 2
Caracaraí 3 4 9 10
Caroebe 16 22 32 29
Iracema 2 7 3 2
Mucajaí 0 6 2 2
Normandia 0 0 0 0
Pacaraima 54 116 111 35
Rorainópolis 12 5 21 21
São João da Baliza 5 8 15 10
São Luiz 0 0 3 3
Uiramutã 15 11 16 3
RORAIMA 208 320 429 248
94
GRÁFICO 4. NÚMERO DE CASOS DE LTA POR FAIXA ETÁRIA NO ANO DE 2019
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
De acordo com o gráfico acima, a maior parte dos casos de LTA acometem
pessoas da faixa etária entre 20 e 49 anos, correspondendo a 68,5% de todos os
casos notificados em 2019. O sexo masculino é responsável por 87 % das
notificações.
Em relação aos casos autóctones de LTA o Estado registrou, no ano de 2018,
a média de 50,5 casos autóctones por 100.000 habitantes, em 2019 a média foi de
54,51. O município de Pacaraima que registrou o coeficiente de 1.108,8 casos por
100.000 habitantes, seguido de Caroebe com 418,9 casos (Quadro 11), no ano de
2019 município de Pacaraima que registrou o coeficiente de 266,1 casos por 100.000
habitantes, enquanto de Caroebe teve 391,89.
QUADRO 11 - COEFICIENTE GERAL DE DETECÇÃO DE CASOS DE LTA NO ANO DE 2015 POR MUNICÍPIO POR 100.000 HABITANTES EM RR
Fonte: SINAN / Tabwin – 12/03/2019.
0
50
100
150
200
250
300
<1 Ano 1-4 5-9 10-14 15-19 20-34 35-49 50-64 65-79 Total
Nº
de
Cas
os
Faixa Etária
Município de Infecção Nº. de casos
autóctones LTA População total
município Coeficiente de
detecção/100.000 hab.
Alto Alegre 4 14.562 27,47 Amajarí 2 7.980 25,06 Boa Vista 7 260.930 2,68 Bonfim 0 10.604 0,00 Cantá 1 11.638 8,59 Caracaraí 9 18.789 47,90 Caroebe 29 7.400 391,89 Iracema 0 6.118 0,00 Mucajaí 1 13.017 7,68 Normandia 0 7.403 0,00 Pacaraima 24 9.019 266,10 Rorainópolis 21 25.714 81,67 São João da Baliza 9 5.945 151,39 São Luiz 3 5.922 50,66 Uiramutã 0 7.742 0,00
Total 110 412.780 26,65
95
3.1.3.3.2 Leishmaniose visceral
Foram registrados e confirmados 38 casos em 2017, 20 casos em 2018 e 14
casos em 2019. As ações profiláticas de borrifação das residências precisam ser
realizadas pelos DSEIs nas comunidades, assim como a eutanásia dos cães positivos.
Todos os casos humanos confirmados são de comunidades indígenas e são
notificados ou pelo Hospital Geral ou pelo Hospital da Criança já que as comunidades
não têm unidade notificadora. Ainda não foi registrado nenhum caso autóctone de
Leishmaniose Visceral no município de Boa Vista.
QUADRO 12. NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS DE LV POR MUNICÍPIO DE NOTIFICAÇÃO
(NOT) E OCORRÊNCIA (OCOR) DOS ANOS DE 2016 E 2019 NO ESTADO DE RORAIMA
MUNICÍPIO 2016 2017 2018 2019
NOT OCOR NOT OCOR NOT OCOR NOT OCOR
Alto Alegre 0 0 0 0 0 0 0 0 Amajari 0 2 0 1 0 1 0 0 Boa Vista 44 1 37 0 20 0 14 1 Bonfim 0 0 0 2 0 1 0 1 Cantá 0 1 0 0 0 0 0 0 Caracaraí 0 0 0 0 0 0 0 0 Caroebe 0 0 0 0 0 0 0 0 Iracema 0 0 0 1 0 1 0 0 Mucajaí 0 0 0 1 0 0 0 0 Normandia 0 3 1 6 0 1 0 1 Pacaraima 0 9 0 4 0 5 0 2 Rorainópolis 0 0 0 1 0 0 0 0 São João da Baliza 0 0 0 0 0 0 0 0 São Luiz 0 0 0 0 0 0 0 0 Uiramutã 0 21 0 19 0 7 0 7
Outros 0 3 0 3 0 4 0 2
RORAIMA 44 38 20 14
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
O Núcleo de Controle de Zoonoses tem monitorado constantemente a
ocorrência de casos de LTA e LV, por município de notificação, e realizado a
distribuição de medicamento de acordo com a necessidade de cada município. A linha
outros se refere a paciente que se contaminaram fora do estado de Roraima, seja em
países vizinhos quanto no Amazonas.
A distribuição do medicamento é realizada por paciente, impedindo dessa
forma a sub-notificação de LTA. Infelizmente, a medicação ainda é dada ao paciente
apesar dos esforços do Núcleo em capacitar os profissionais de saúde para que
conheçam a importância de ser aplicada sempre em uma Unidade de Saúde.
96
3.1.3. 3.4 Raiva humana e atendimento rábico humano
A raiva é uma zoonose causada por vírus, que se caracteriza como uma
encefalite de progressão aguda e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus
da raiva e são, portanto, possíveis transmissores. A transmissão da raiva ocorre pela
penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela
mordedura e, menos comumente, por arranhadura e lambedura.
Roraima não registrava casos de Raiva Humano desde 1986 até o ano de 2016,
onde um adolescente de 14 anos veio a falecer de raiva. O caso teve diagnóstico
positivo para raiva com confirmação para variante 03. O paciente se contaminou
depois de ser mordido, arranhado e infectado pelo seu próprio gato que portava o
vírus que fora contraído de um morcego.
O Programa de Controle e Vigilância da Raiva em Roraima trabalha em quatro
pilares básico:
• Notificação e Investigação de Casos em humanos e animais;
• Profilaxia antirrábica Humana: Pré e pós exposição;
• Vacinação de cães e gatos anual cuja me meta deve ser de 80%
(população canina estimada) ou 10% (correspondente a população Humana);
• Monitoramento de circulação viral (confirmação de casos e identificação
da variante).
No quadro abaixo demonstra-se o crescimento de quase duzentos por cento no
número de casos, explicado pelo reforço das ações de vigilância pelo caso de 2016 e
melhoria na sensibilidade da rede. Os números aumentam quase 30% por cento em
2017 derivados das ações do ano anterior. Nos anos de 2018 cai aproximadamente
10% que pode demonstrar estagnação do processo de educação continuada da
população, denotando a necessidade de um reforço das diretrizes do programa.
97
MAPA 1. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO HUMANO NO ESTADO DE RORAIMA
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Com o reforço das ações em 2019 os casos já têm um acréscimo de 12% em
relação ao ano anterior e de 32% em relação ao no de 2016 o que demostra sucesso
nas ações de sensibilização do Núcleo.
QUADRO 13. SÉRIE HISTÓRICA DE ATENDIMENTOS RÁBICO NA ÚLTIMA DÉCADA NO ESTADO DE RORAIMA
Município de notif. 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Alto Alegre 27 25 12 29 54 92 115 118 156 114 100 Amajari 19 12 10 32 2 12 14 23 52 67 59 Boa Vista 1858 1646 1733 1920 1764 1658 1819 2971 3392 3183 3351 Bonfim 3 10 26 44 43 5 20 45 48 48 95 Cantá 3 12 5 6 10 3 0 2 11 0 15 Caracaraí 35 32 26 38 33 61 16 96 125 183 131 Caroebe 14 18 15 7 7 15 11 29 20 28 27 Iracema 0 0 9 10 9 10 1 18 14 20 26 Mucajaí 53 61 86 71 58 45 70 151 194 170 199 Normandia 11 1 1 8 11 7 13 33 37 32 29 Pacaraima 72 55 52 39 25 26 14 28 45 76 87 Rorainópolis 20 8 1 34 70 66 49 103 93 85 135 São João da Baliza 10 1 3 1 0 1 6 1 10 12 34 São Luiz 3 3 1 4 2 5 0 6 11 16 16 Uiramutã 1 0 0 10 1 7 19 12 14 20 10
RORAIMA 2129 1884 1980 2253 2089 2013 2167 3636 4222 4054 4314
% de crescimento de casos em
relação a 2009
100,0 %
88,5 %
93,0 %
105,8 %
98,1 %
94,6 %
101,8 %
170,8 %
198,3 %
190,4 %
202,6 %
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Os países da América Latina e do Caribe estão mais perto do que nunca de
alcançar a eliminação das mortes humanas causadas pela raiva canina, com apenas
98
cinco casos registrados nos últimos 12 meses na região. O anúncio foi feito pela
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), às vésperas do Dia Mundial contra a
Raiva, marcado todo dia 28 de setembro.
GRÁFICO 5. NÚMERO DE CASOS DE ATENDIMENTO ANTIRABICO HUMANO POR MÊS NO ANO DE 2019
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
A raiva está presente em mais de 150 países e territórios. Aproximadamente 60
mil pessoas morrem por raiva ao ano em todo o mundo. Na América Latina, houve
uma redução de casos de raiva humana transmitida por cães de 250, em 1990, para
menos de 10 em 2010.2, os casos em pessoas caíram de 258 para 13 no ano passado
e os de cachorros diminuíram de 11.276 para 163 no mesmo período.
Esse avanço foi resultado de campanhas de vacinação canina em nível regional,
da conscientização da sociedade e da ampliação da disponibilidade do tratamento
antirrábico que a pessoa afetada deve tomar após uma mordida.
Todo indivíduo exposto ao vírus da raiva deve receber a profilaxia antirrábica,
sendo a notificação compulsória, de acordo com a Portaria no 204, de 17 de fevereiro
de 2016, do MS. Também é de notificação compulsória todo acidente por animal
potencialmente transmissor da raiva, independentemente de o indivíduo ter indicação
de receber vacina ou soro antirrábico.
É preconizado o preenchimento de ficha específica padronizada no SINAN, com
o objetivo de se obterem dados importantes para a tomada de decisões na vigilância
do Programa da Raiva.
As notificações supracitadas em sua maioria estão incompletas, sem descrição
do atendimento e raramente é feito o preenchimento do campo de doses utilizadas, e
quando isso ocorre em quase sua totalidade o esquema básico é feito ou informado
377329 356 356 376
331 355 382 373434
318 327
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
99
erroneamente, o que deve ser trabalhado como meta junto aos clínicos e profissionais
de atendimento no corrente ano.
QUADRO 14. SÉRIE HISTÓRICA DE ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO POR MÊS NO ANO DE 2019 NO ESTADO DE RORAIMA
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Há quatro ciclos epidemiológicos na transmissão da raiva: ciclo aéreo, ciclo rural
(relacionado aos animais de produção); ciclo urbano (representado pelos cães e
gatos); e ciclo silvestre.
QUADRO 15. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO POR ESPÉCIE AGRESSORA NO ANO DE 2019 NO ESTADO DE RORAIMA
Mun US Noti RR Canina Felina Quiróptera (morcego)
Primata (macaco)
Raposa Herbívoro Doméstico
Outra Total
Alto Alegre 86 10 1 0 0 0 3 100 Amajari 46 3 9 0 0 0 1 59 Boa Vista 2763 521 11 1 0 1 54 3351 Bonfim 81 9 0 2 0 0 3 95 Cantá 14 1 0 0 0 0 0 15 Caracaraí 119 7 3 0 0 0 2 131 Caroebe 20 5 1 0 0 0 1 27 Iracema 20 3 1 0 0 1 1 26 Mucajaí 175 19 1 0 0 0 4 199 Normandia 26 3 0 0 0 0 0 29 Pacaraima 78 6 0 0 1 0 2 87 Rorainópolis 114 17 0 0 0 0 4 135 São João da Baliza 28 5 0 0 0 0 1 34 São Luiz 13 1 0 0 0 0 2 16 Uiramutã 10 0 0 0 0 0 0 10
Total 3593 610 27 3 1 2 78 4314
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Mun US Noti RR Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
Alto Alegre 4 7 8 8 10 7 14 3 9 13 8 9 100
Amajari 6 9 13 13 1 1 2 4 3 5 1 1 59
Boa Vista 304 258 278 277 292 255 257 309 286 320 259 256 3351
Bonfim 12 5 8 9 9 6 12 5 5 15 6 3 95
Cantá 2 0 1 0 0 0 0 2 3 4 0 3 15
Caracaraí 3 12 10 13 14 9 18 9 15 20 2 6 131
Caroebe 1 0 5 1 0 3 1 1 1 3 8 3 27
Iracema 5 0 1 0 1 0 1 6 4 2 2 4 26
Mucajaí 20 15 13 14 20 24 21 17 19 12 10 14 199
Normandia 4 3 3 2 2 3 3 0 3 4 1 1 29
Pacaraima 4 5 7 4 11 6 7 9 5 14 6 9 87
Rorainópolis 6 13 4 9 13 11 13 13 17 16 10 10 135
São João da Baliza 5 0 4 2 1 3 4 4 0 6 3 2 34
São Luiz 0 0 0 4 1 1 1 0 3 0 1 5 16
Uiramutã 1 2 1 0 1 2 1 0 0 0 1 1 10
Total 377 329 356 356 376 331 355 382 373 434 318 327 4314
100
A educação para prevenção de agressões por cães, gatos e morcegos é
imprescindível para que se evite novos casos em nosso estado e nossas equipes de
saúde devem estar atualizadas quanto a notificação e a utilização dos protocolos
corretos de atendimento antirrábico, o que comprovadamente percebemos que não
vem ocorrendo, quando tomamos por base as notificações de Atendimento rábico
humano.
GRÁFICO 6. NÚMERO DE CASOS DE ATENDIMENTO ANTIRABICO HUMANO
POR ANIMAL AGRESSOR NO ANO DE 2019
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
As notificações em sua maioria estão incompletas, sem descrição do
atendimento e raramente é feito o preenchimento do campo de doses utilizadas. O
maior número de casos tem uma dispersão bem homogênea em função da etiologia
do agravo e se concentrando mais nas faixas entre 20 a 49 anos que são pessoa
economicamente ativas e tem maior exposição de risco conforme quadro abaixo. Sem
muita discrepância entre os sexos conforme gráfico 7.
GRÁFICO 7. NÚMERO DE CASOS DE ATENDIMENTO ANTIRABICO HUMANO POR ANIMAL AGRESSOR NO ANO DE 2019
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
0,65
7,65
7,23
6,05
3,80
10,98
9,08
6,54
3,15
0,76
0,42
5,01
5,19
3,22
3,94
9,66
8,30
5,59
2,27
0,49
<1 Ano
01 A 04
05 A 09
10 A 14
15 A 19
20 A 34
35 A 49
50-64
65 A 79
80 E +
Masculino (%)
Feminino (%)
101
QUADRO 16. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO POR FAIXA ETÁRIA NO ANO DE
2019 NO ESTADO DE RORAIMA
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
Além disso, deve ser trabalhada em larga escala a conscientização da
população de que animais domésticos são de responsabilidade do dono e que por
isso não devem estar soltos na rua. A facilidade de identificação do animal agressor e
o entendimento do ocorrido são fatores muito importantes para que a melhor conduta
seja escolhida (observação ou vacinação).
GRÁFICO 8. DIFERENÇA ENTRE MUNICIPIO DE NOTIFICAÇÃO E RESIDENCIA
EM RORAIMA, 2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
9
0
73
-6
-47
-14
2
-4
-6
-2
5
11
-1
1
-5
-60 -40 -20 0 20 40 60 80
Alto Alegre
Amajari
Boa Vista
Bonfim
Cantá
Caracaraí
Caroebe
Iracema
Mucajaí
Normandia
Pacaraima
Rorainópolis
São João da Baliza
São Luiz
Uiramutã
Fx Etaria SINAN Masculino Feminino Total
<1 Ano 28 18 46
01 A 04 330 216 546
05 A 09 312 224 536
10 A 14 261 139 400
15 A 19 164 170 334
20 A 34 474 417 891
35 A 49 392 358 751
50-64 282 241 523
65 A 79 136 98 234
80 E + 33 21 54
Total 2412 1903 4315
102
No gráfico acima está demonstrado a diferença entre o município de notificação
e o município de residência do paciente, ressaltamos o município do Canta de
exportou 75% dos casos para outros municípios e boa vista que recebeu 78% de
casos de outros municípios. Deve ser analisada com mais atenção para verificação
de inconformidades no fluxo de atendimento e nas condições de acolhimento dos
casos pelos municípios de estado.
QUADRO 17. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO TIPO DE TRATAMENTO NO
MUNICÍPIO DE BOA VISTA POR BAIRRO DE MAIOR OCORRÊNCIA EM 2019.
MUNICÍPIO NOTIFICAÇÃO RESIDENCIA DIFERENÇA
Alto Alegre 100 91 9
Amajari 59 59 0
Boa Vista 3351 3278 73
Bonfim 95 101 -6
Cantá 15 62 -47
Caracaraí 131 145 -14
Caroebe 27 25 2
Iracema 26 30 -4
Mucajaí 199 205 -6
Normandia 29 31 -2
Pacaraima 87 82 5
Rorainópolis 135 124 11
São João da Baliza 34 35 -1
São Luiz 16 15 1
Uiramutã 10 15 -5
TOTAL 4314 4298 16
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
O atendimento antirrábico está entre os três agravos de maior número de
notificações do país, com mais de 500 mil notificações no SINAN por ano. Boa vista é
município de maior incidência de casos no estado de Roraima conforme notificações
do SINAN, abaixo relacionamos os bairros de maior ocorrência e tipo de tratamento
preconizado.
103
QUADRO 18. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO TIPO DE TRATAMENTO NO
MUNICÍPIO DE BOA VISTA POR BAIRRO DE MAIOR OCORRÊNCIA EM 2019.
Bairro Ig/
Branco
Pré exposiçã
o
Dispensa de trat.
Obs.do
animal
Obs.+ vacin
a
Vacina
Soro + vacina
Total
Pintolândia 3 0 7 3 63 52 6 134
Cidade satélite 0 1 3 2 59 54 3 122
Asa branca 2 0 6 1 47 53 3 112
Alvorada 2 0 2 3 42 55 0 104
Caranã 0 1 3 5 30 44 6 90
Caimbé 2 0 2 1 39 33 7 84
Buritis 3 1 1 2 33 37 2 79
Raiar do sol 2 1 3 3 38 31 0 78
Santa luzia 1 0 1 0 28 40 3 73
Jd. primavera 0 0 1 3 29 33 2 68
TOTAL 39 26 73 68 894 1098 103 2302
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
A esfera municipal deve ostensivamente manter a busca ativa de pacientes
agredidos que estejam realizando tratamento profilático antirrábico. Esta ação é,
muitas vezes dispendiosa, mas necessária pois somente o esquema vacinal completo
proporciona maior proteção aquele paciente. E em casos de possibilidade de
acompanhamento do cão ou gato, este deve ser feito por um veterinário para que
sejam tomadas todas as atitudes preconizadas.
GRÁFICO 9. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO TIPO DE TRATAMENTO NO
MUNICÍPIO DE BOA VISTA POR BAIRRO DE MAIOR OCORRÊNCIA EM 2019.
FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Ign/Branco Pré exposiçãoDispensa de tratamento Observação do animal (se cão ou gato)Observação + vacina Vacina
104
Considerações finais
Todos os agravos relacionados ao Núcleo de Controle de Zoonoses possuem
como rotina ações de prevenção, controle e monitoramento do número de casos. Os
agravos de maior demanda dentro do Núcleo de Controle de Zoonoses são:
Leishmaniose Tegumentar Americana, Acidentes por Animais Peçonhentos,
Atendimento Antirrábico, Leishmaniose Visceral e Doença de Chagas, os demais
agravos são monitorados e até o momento silenciosos, mas por não ocorrência
salientando a eficácia da rede em identificar e notificar os mesmos.
Em 2019 o Estado de Roraima notificou o maior número de casos de
atendimento antirrábico desde 2007 quando iniciamos as inclusões do SINAN,
acreditamos que este aumento progressivo seja fruto do primeiro caso confirmado de
Raiva Humana em 2016, que contribuiu para a melhora da sensibilização na procura
por atendimentos antirrábicos, melhorando a profilaxia e da rede de forma geral.
Contudo houve alteração no esquema profilático, modificação na marca da
vacina de profilaxia animal, e outras modificações no programa que nos direciona a
tentar mais uma vez realizar a difusão deste novo esquema profilático da raiva
humana, capacitando os profissionais do pronto atendimento da rede básica de saúde,
além é claro de intensificar ações de educação em saúde para evitarmos acidentes
desse agravo, uma vez que não podemos afirmar categoricamente que esse aumento
é fruto de sensibilização da rede e não de aumento real dos casos.
Em relação ao Programa de Acidentes por Animais Peçonhentos houve uma
melhora na inserção das fichas de notificação no SINAN, mas a qualidade do
preenchimento dessas fichas ainda é um fator a ser melhorado. Foi firmado um acordo
entre o núcleo de controle de zoonoses e a DSEI, para que houvesse uma melhora
na inserção de dados e uma menor perda de notificações.
O desabastecimento de soros pelo Ministério da Saúde somado a
subnotificação / mal preenchimento das fichas de notificação das áreas indígenas o
estado vem enfrentando um problema grave de falta de como justificar a solicitação
do insumo junto ao Ministério da Saúde / Cenad, fato este que muitas vezes deixa os
estoques muito baixos e em algumas situações pode causar o desabastecimento da
rede de frio. Todas as medidas cabíveis já vêm sendo tomadas pelo Núcleo, que por
sua vez aguarda a participação e cooperação das entidades envolvidas.
105
Em relação as Leishmanioses as dificuldades encontradas continuam as
mesmas, rotatividade dos profissionais da Unidade de Notificação dos Municípios, o
que compromete a qualidade do serviço, Inercia dos Distritos de Saúde Indígena
quanto a notificação dos agravos, além da falta de acompanhamento e encerramento
dos casos de forma correta pelas unidades notificadoras.
No programa de Chagas a investigação dos casos suspeitos e confirmados
devem ser realizados de forma oportuna, uma vez que em 2019 houve um aumento
das notificações apesar de ter havido apenas um caso confirmado. A investigação
dessa paciente foi feita a contento, e dentro dos prazos estipulados, algumas
parcerias foram reestabelecidas, como por exemplo a parceria com o hemocentro,
que voltou a enviar os relatórios da rotina do Architech.
O LACEN também está enviando seus relatórios de análises e o programa tem
como meta a melhoria da hemovigilância e a vigilância do agravo de forma global. A
partir de fevereiro de 2020, a doença de chagas crônica também será de notificação
compulsória e obrigatória em todo o Brasil, o que irá nos direcionar para um novo
modo de trabalho em relação a doença e demandara outros métodos e rotinas. O
responsável deverá participar de uma reunião onde será pautado todo o novo
programa de trabalho.
106
3.2 DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS
3.2.1 MENINGITE, COQUELUCHE E DIFTERIA
Luciana Moreira
3.2.1.1 Meningite
A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que
envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode ser desencadeada por vários tipos
de agentes, sendo os principais, vírus e bactérias. As meningites bacterianas e virais
são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, devido sua magnitude,
capacidade de ocasionar surtos, e no caso da meningite bacteriana, a gravidade dos
casos. No Brasil, A meningite é considerada uma doença endêmica, deste modo,
casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos
e epidemias ocasionais, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas
no inverno e das virais no verão.
As principais ocorrências de meningite bacteriana são causadas por Neisseria
meningitidis (meningococo) Bactéria Gram-negativa diplococo, aeróbio, imóvel,
pertencente à família Neisseriaceae, possui diversos sorogrupos, de acordo com o
antígeno polissacarídeo da cápsula. Os mais freqüentes são os sorogrupos A,B, C,
Y, W e X. Os meningococos são também classificados em sorotipos e sorosubtipos,
de acordo com a composição dos antígenos proteicos da parede externa do
meningococo; Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Bactéria Gram-positiva
com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares. Possui mais de
90 sorotipos capsulares distintos, que causam doença pneumocócica invasiva
(meningite, pneumonia, sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, otite média aguda,
conjuntivite, bronquite e pneumonia) Haemophilus influenzae Bactéria Gram-
negativa que pode ser classificada em seis sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da
diferença antigênica da cápsula polissacarídica.
Segundo dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de
Notificação (SINANNET), em Roraima, no período de 2015 a 2019 foram 98 casos
confirmados com o maior número de casos ocorreram no ano de 2015 com 25 casos
e o menor em 2018 com 8 casos confirmados, entre o período de janeiro a dezembro
2016 foram confirmados 20 casos de Meningite, no período de janeiro a dezembro
107
2017 foram confirmados 23 casos de Meningite e no período de janeiro de 2019 a
dezembro de 2019 foram confirmados 22 casos de Meningite. Conforme (Gráfico 9).
Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR
Tabela 9. FREQUENCIA DE MENINGITE POR MUNICÍPIO DE RESIDENCIA,
RORAIMA 2015 A 2019.
Mun Resid RR 2015 2016 2017 2018 2019 Total
Alto Alegre 0 0 0 1 0 1
Amajari 0 0 1 0 1 2
Boa Vista 21 14 17 4 16 72
Bonfim 0 1 0 2 0 3
Cantá 0 1 0 0 0 1
Caracaraí 1 0 1 0 0 2
Caroebe 0 0 0 0 0 0
Iracema 0 0 0 0 1 1
Mucajaí 1 2 2 1 0 6
Normandia 0 0 0 0 1 1
Pacaraima 0 0 0 0 1 1
Rorainópolis 0 1 1 0 2 4
São Luiz 0 0 0 0 0 0
São Joao do Baliza 0 0 0 0 0 0
Uiramutã 2 1 1 0 0 4
Total 25 20 23 8 22 98
Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR
No período de análise de 2015 a 2019 o município que apresentou maior
frequência de casos foi Boa Vista com (72 casos confirmados), seguido por Mucajaí
(6 casos confirmados), Rorainópolis (4 casos confirmados) e Uiramutã (4 casos
confirmados) (Tabela acima 9).
2015 2016 2017 2018 2019
NUMEROS DE CASOSCONFIRMADOS
25 20 23 8 22
25
20
23
8
22
0
5
10
15
20
25
30
Numeros de casos confirmados de Meningites Roraima - 2015 a 2019
108
Em relação à classificação etiológica de meningites no de 2015 a 2019 foram:
Meningite por Pneumococos (MP), Meningite Por Hemófilos (MH), Meningite de
Outras Etiologias (MOE), Meningite Asséptica (MA), Meningite Não Especificada
(MNE), Meningite por Outras Bactérias (MB), Meningite Tuberculosa (MTBC),
Meningite Meningocócica com Meningococemia (MM +MCC), Meningite
Menigocócica (MM) e Meningococemia (MCC). Análise feita nos anos de 2015 a
2019. Gráfico 10.
Gráfico 10 Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR Meningite por Pneumococos (MP), Meningite Por Hemófilos (MH), Meningite de Outras Etiologias (MOE), Meningite Asséptica (MV), Meningite Não Especificada (MNE), Meningite por Outras Bactérias (MB), Meningite Tuberculosa (MTBC), Meningite Meningocócica com Meningococemia (MM +MCC), Meningite Menigocócica (MM) e Meningococemia (MCC).
No ano de 2019, foram 10 casos confirmados definidos como Meningite Não
Especificada (MNE), 06 casos como Meningite por Outras Bactérias (MB), 03 casos
como Meningite Asséptica (MV), 02 casos como Meningite de Outras Etiologias
(MOE) e 01 caso de Meningite Meningocócica (MM).
(FIGURA 02).
A maior frequência dos casos serem de meningite não especificada mostra a
necessidade da melhoria na qualidade das informações das fichas de investigações
do SINAN, bem como aumento de confirmação da etiologia dos casos por critério
laboratorial a fim de possibilitar a análise do perfil epidemiológico de forma fidedigna.
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
MCC
MM+MCC
MB
MV
MH
ME
NIN
GIT
E P
OR
ET
IOL
OG
IA
MCC MMMM+MC
CMTBC MB MNE MV MOE MH MP
2015 1 1 1 1 6 9 2 3 0 1
2016 0 0 1 0 3 10 3 2 1 0
2017 1 1 0 0 4 12 2 3 0 0
2018 1 0 0 0 3 3 0 1 0 0
2019 0 1 0 0 6 10 3 2 0 0
CASOS CONFIRMADOS POR ETIOLOGIA, RORAIMA 2015 A 2019
109
3.2.1.2 Coqueluche
Doença infecciosa aguda, de alta transmissibilidade, de distribuição universal.
Importante causa de morbimortalidade infantil. Compromete especificamente o
aparelho respiratório (traqueia e brônquios). É causada pela bactéria Bordetella
pertussis, e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. Em lactentes, pode
resultar em um número elevado de complicações e até em morte.
A transmissão ocorre principalmente, pelo contato direto entre a pessoa
doente e a pessoa doente com pessoa suscetível, através de gotículas de secreção
da orofaringe eliminadas por tosse e o espirro. Em alguns casos, pode ocorrer a
transmissão por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas
doentes, mas isso é pouco frequente, pela dificuldade de o agente sobreviver fora
do hospedeiro.
A coqueluche evolui em três fases sucessivas:
Fase catarral – com duração de uma a duas semanas, inicia-se com
manifestações respiratórias e sintomas leves (febre pouco intensa, mal-estar geral,
coriza e tosse seca), seguidos pela instalação gradual de surtos de tosse, cada vez
mais intensos e frequentes, evoluindo para crises de tosses paroxísticas; Fase
paroxística – geralmente é afebril ou com febre baixa, mas, em alguns casos,
ocorrem vários picos de febre no decorrer do dia. Apresenta como manifestação típica
os paroxismos de tosse seca caracterizados por crise súbita e Fase de
convalescença – os paroxismos de tosse desaparecem e dão lugar a episódios de
tosse comum. Essa fase persiste por duas a 6 semanas e, em alguns casos, pode se
prolongar por até 3 meses.
A vacinação é o principal meio de prevenção da coqueluche. Crianças de até
6 anos, 11 meses e 29 dias devem ser vacinadas contra a coqueluche. O Sistema
Único de Saúde (SUS) também oferta vacina específica para gestantes e
profissionais de saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação
neonatal, atendendo recém-nascidos e crianças menores de um ano de idade.
A coqueluche é uma doença endêmica, com epidemias surgindo ciclicamente
a intervalos de três a cinco anos. A suscetibilidade à doença é geral, o indivíduo
torna-se imune em duas situações:
• Ao adquirir a doença (a imunidade duradoura, mas não é permanente);
110
• Pela vacina, mínimo de 3 doses com a pentavalente (DTP+Hib+Hepatite B)
um reforço aos 15 meses de idade, e um segundo reforço aos 4 anos de idade com
a tríplice bacteriana (DTP).
Gestantes devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa) a partir da
20ª semana a cada gestação. A imunidade não é permanente, após 5 a 10 anos, em
média, da última dose da vacina, a proteção pode ser pouca ou inexistente.
Dados registrados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação
SINANNET, que no período de janeiro a dezembro de 2015 foram confirmados (04
casos) de Coqueluche, no período de janeiro a dezembro de 2016 foram (05 casos),
no período de janeiro a dezembro de 2017 foram (21 casos), no período de janeiro
a dezembro de 2018 foram (05 casos) e de janeiro a dezembro de 2019 foram (21
casos), sendo o maior número de casos confirmados no ano de 2017 e 2019,
conforme (Gráfico 11).
Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR
Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR
4 5
21
5
21
0
5
10
15
20
25
2015 2016 2017 2018 2019
Nº
DE
CA
SO
S
Casos confirmados de Coqueluche Roraima - 2015 a 2019
0 5 10 15 20 25 30 35
Alto Alegre
Boa Vista
Cantá
Caroebe
Mucajaí
Pacaraima
São Luiz
Uiramutã
Casos confirmados de Coqueluche por Município Residencia2015 a 2019
2015 2016 2017 2018 2019
111
Dos casos Confirmados de Coqueluche por Município de Residência, o
município de Alto Alegre onde encontrou-se o maior número de casos confirmados
com 21 casos no ano de 2019, e no período de 2015 a 2019 o município de Boa
Vista foram confirmados 29 casos, Pacaraima 03 casos, Cantá 02 casos e
Normandia 01 caso, conforme Gráfico acima.
3.2.1.3 Difteria
Doença toxi-infecciosa aguda, contagiosa, potencialmente letal,
imunoprevenível, causada por bacilo toxigênico, que frequentemente se aloja nas
amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. É
caracterizada por apresentar placas pseudomembranosas típicas. Ocorre pelo
contato direto de pessoa doente ou portadores com pessoa suscetível, por meio de
gotículas de secreção respiratória, eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. Em casos
raros, pode ocorrer a contaminação por fômites. A difteria ocorre durante todos os
períodos do ano e pode afetar todas as pessoas não imunizadas, de qualquer idade,
raça ou sexo. Observa-se um aumento de sua incidência nos meses frios e secos
(outono e inverno), quando é mais comum a ocorrência de infecções respiratórias,
principalmente devido à aglomeração em ambientes fechados, que facilitam a
transmissão do bacilo. Contudo, não se observa esse padrão sazonal nas regiões sem
grandes oscilações de temperatura. A doença ocorre com maior frequência em áreas
com precárias condições socioeconômicas, onde a aglomeração de pessoas é maior,
e onde se registram baixas coberturas vacinais.
A difteria pode acometer pessoas suscetíveis (não adequadamente
vacinadas) de qualquer idade e não apenas as crianças como era mais comum antes
da utilização sistemática da vacina. A única maneira efetiva de prevenir a difteria é
a vacinação, pois a doença, em geral, não confere imunidade permanente, o que faz
com que o doente deva continuar seu esquema de vacinação após a alta hospitalar.
Crianças em idade pré-escolar são o grupo mais suscetível quando não imunizadas
previamente com esquema básico da vacina combinada contra DTP e Hib.
O esquema básico de vacinação na infância é feito com três doses da vacina contra
DTP e Hib, aos dois, quatro e seis meses de vida. O primeiro reforço é feito com
a DTP aos 15 meses e o outro entre quatro e seis anos de idade.
112
Com o agravamento da crise econômica e social na Venezuela, o país passa
por uma recessão e vê um êxodo de moradores que sofrem com a pobreza e a fome, o fluxo
de cidadãos venezuelanos para o Brasil cresceu maciçamente nos últimos anos de
2015 a 2019. A maioria dos imigrantes entra no País pela fronteira norte do Brasil, no
Estado de Roraima, e se concentra nos municípios de Pacaraima e Boa Vista, capital
do Estado, aumentando assim os casos de doenças que já haviam sido erradicadas
no Brasil.
Em 12 de julho do ano de 2017 deu-se entrada no Hospital da Criança Santo
Antônio(HCSA), uma criança Venezuela, K.M.C.P, 10 anos, proveniente do garimpo
venezuelano do Estado de Bolívar na Venezuela, com suspeita de Difteria, onde ficou
internada em isolamento e foram realizados todos os procedimentos necessários para
o tratamento da difteria. Foi evoluindo para constatação para se confirmar a difteria,
foi por meio de cultura com prova de toxigenicidade, contudo evoluiu para óbito em
18/07/2017.
Comparando 2019 com os anos anteriores não tivemos dados relatados de
confirmação de difteria até o presente momento.
Referência Bibliográfica
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único – Brasília, 2017. SINAN NET- Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR https://doar.acnur.org/acnur/venezuela Web. www.saude.gov.br/Meningite/Difteria/Coqueluche http://portalsinan.saude.gov.br/meningite https://saude.gov.br/saude-de-a-z/coqueluche https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/difteria-sintomas-transmissao-e-prevencao
113
3.2.2 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS (Sarampo, Rubéola, Síndrome da Rubéola
Congênita e Varicela)
Maria Eliene Gomes Silva
O Núcleo de Controle das Doenças Exantemáticas – NCDE, desenvolve e
programa ações que visem manter sensível, organizado e atuante o Sistema de
Vigilância Epidemiológica dos agravos de Sarampo, Rubéola, Síndrome da Rubéola
Congênita – SRC, Varicela e Caxumba no estado de Roraima. Também monitora o
encerramento de 95% dos casos notificados por critérios laboratoriais e acompanha a
investigação oportuna de 80% dos casos notificados.
São competências do Núcleo: informar, semanalmente ao Ministério da Saúde
a ocorrência ou ausência de casos notificados para sarampo e rubéola através do
Boletim de Notificação Semanal; monitorar a Homogeneidade e a Cobertura Vacinal
dos 15 municípios do Estado; investigar em até 48 horas os casos notificados para
Sarampo, Rubéola e Síndrome da rubéola Congênita; monitorar os casos confirmados
ou descartados por critérios laboratoriais; investigar adequadamente os casos
notificados e completude nas notificações.
A doença exantemática é definida como enfermidade infecciosa sistêmica cujo
exantema (manifestações cutâneas) que acompanham o quadro clínico, são
frequentes nos atendimentos eventuais e levam a inúmeros diagnósticos diferenciais
(MS, 2014).
Nas Américas, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) com o objetivo
de eliminar o sarampo de todo o hemisfério ocidental até o ano 2000, recomendou um
plano baseado na epidemiologia e na atuação do sarampo entre os períodos pré e
pós-vacinal (MS, 2009).
No Brasil, há evidências de descontinuação da transmissão autóctone do vírus
do sarampo desde o ano 2000, porém, o Ministério da Saúde tem confirmado vários
casos importados de sarampo entre os anos de 2001 a 2015 (MARANO, 2015).
O sarampo a rubéola e a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) estão
incluídos no SINAN como doenças de notificação compulsória e possuem vigilância
integrada desde 1999, tornando oportuna a detecção de casos e surtos e a efetivação
adequada das medidas de controle.
Nos últimos 30 anos os programas de erradicação das doenças exantemáticas,
têm demonstrado que a eliminação e erradicação de uma doença são possíveis desde
114
que estratégias apropriadas sejam aplicadas com respaldo em sua epidemiologia e
história natural (MS, 2009).
3.2.2.1 Sarampo
O sarampo é uma é uma doença de distribuição universal, O comportamento
endêmico - epidêmico do sarampo varia, de um local para outro, e depende
basicamente da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população,
bem como da circulação do vírus na área.
É uma doença infecciosa aguda altamente transmissível que pode evoluir com
gravidade e progredir com complicações para encefalite e pneumonia, levando a óbito
principalmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. A
transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções nasofaríngeas. O
vírus pode ser transmitido de quatro a seis dias antes e, quatro dias após o início do
exantema (MS, 2010).
O sarampo é uma doença com alto risco e potencialidade de transmissão, o
que apresenta uma das maiores dificuldades de controle haja vista, que antes de o
médico fazer uma suspeita clínica, a pessoa já pode está transmitindo.
O Plano de Erradicação do Sarampo iniciou em 1992 com o objetivo de
erradicar a transmissão autóctone, do vírus do sarampo no Brasil e nos demais da
Região das Américas até o ano 2000, através de compromisso com a OPAS/OMS. O
Brasil registrou os últimos casos autóctones de sarampo em 2000. Desde então,
devido às altas coberturas vacinais e elevada sensibilidade da vigilância
epidemiológica, apenas casos importados da doença foram detectados no País (MS,
2013).
Em 2018 houve a reintrodução do sarampo no Brasil vindo da Venezuela, país
que sofre uma crise humanitária. O surto de sarampo iniciou no mês de fevereiro de
2018, gerou 582 notificações, confirmou 357 casos e quatro óbitos, se disseminou no
estado e para o estado do Amazonas.
Em 2019 foram notificados no estado de Roraima, 58 casos Suspeitos para
sarampo, sendo que os 58 casos foram descartados por critério laboratorial. Para
Rubéola, foi 01 caso notificado suspeito e descartado laboratorialmente. Quando o
paciente é notificado para sarampo é aplicado diagnóstico diferencial também para
115
rubéola, e ocorre de igual modo quando são notificados casos para rubéola. Para a
Síndrome da Rubéola Congênita não houve casos suspeitos notificados.
A retomada do sarampo fez com que o MS requeresse novas campanhas
concentradas na vacinação em massa em crianças expostas ao vírus.
3.1.2.2.1 O sistema de vigilância do sarampo
No Brasil, o sarampo é uma doença de notificação compulsória desde 1968. O
Ministério da Saúde, visando fortalecer a vigilância epidemiológica do sarampo, criou, em
1999, um Grupo Tarefa com a designação de um técnico de vigilância do sarampo para
cada uma das 27 Unidades da Federação, e dois para o nível nacional.
Com o aumento da sensibilidade e especificidade da vigilância do sarampo, é
importante a manutenção do sistema de vigilância epidemiológica da doença, com o
objetivo de detectar oportunamente todo caso suspeito de sarampo, bem como adotar todas
as medidas de prevenção e controle.
A Vigilância Epidemiológica do Sarampo tem como objetivos: manter a eliminação
do sarampo mediante uma vigilância epidemiológica sensível, ativa e oportuna, permitindo
a identificação e a notificação imediata de todo e qualquer caso suspeito na população, com
medidas de controle pertinentes e monitorar as condições de risco.
É considerado um caso suspeito de sarampo todo paciente que apresentar febre e
exantema maculopapular morbiliforme de direção cefalocaudal, acompanhados de um ou
mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite,
independentemente da idade e situação vacinal.
Considerando-se a alta infectividade e contagiosidade da doença, todo caso
suspeito de sarampo deve ser comunicado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dentro
das primeiras 24 horas após o atendimento do paciente, e também à Secretaria Estadual
de Saúde (SES), para acompanhamento junto ao município. Além disso, a notificação deve
ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizando-se
a Ficha de Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola
(Anexo 1). Esta foi atualizada em 2006 e em virtude da ocorrência de surtos e do
comportamento do sarampo é importante coletar outras informações que não são
contempladas na ficha o que torna necessário sua adequação.
A investigação do caso suspeito de sarampo deve ser realizada pela equipe
municipal. As informações obtidas na investigação epidemiológica devem responder às
116
demandas básicas da análise epidemiológica, ou seja, quem foi afetado, quando ocorreram
os casos e onde estes se localizam. A partir dessas informações, são desencadeadas as
condutas adequadas à situação. O caso suspeito de sarampo deve ser investigado no prazo
máximo de 48 horas após a notificação, conforme apresentado na Figura abaixo.
Figura 15. Roteiro da investigação epidemiológica do sarampo.
(Guia de Vigilância em Saúde, 2019).
3.2.2.2. Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita
Caracteriza-se por exantema maculopapular e puntiforme difuso, que se inicia
na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se, posteriormente, para tronco e
membros. Os sinais que colaboram para o diagnóstico diferencial frente a outras
doenças exantemáticas são: febre baixa, presença de linfoadenopatia retro auricular
cervical e occipital; geralmente antecedendo por 5 a 10 dias, ao exantema, em
adolescentes e adultos também podem apresentar dores generalizadas poliartralgia,
poliartrite, conjuntivite, coriza e tosse (MS, 2010).
Cerca de 30% a 50% das infecções pelo vírus da rubéola são subclínicas, ou
seja, não apresentam sinais e sintomas clínicos característico da doença. Tem curso
benigno e toda a sua importância epidemiológica está relacionada a Síndrome da
Rubéola Congênita. Haja vista, que, quando a doença ocorre nos cinco primeiros
meses da gestação pode resultar em aborto, malformação congênita (cardiopatias,
surdez e catarata) e/ou natimorto (MS, 2010).
A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) geralmente é uma condição clínica
grave. A infecção da placenta e viremia fetal ocorrem em cerca de 40 a 60 % das
mulheres grávidas infectadas com o vírus da Rubéola, principalmente durante as
primeiras nove semanas de gestação.
117
Podendo resultar em nascimentos de crianças sem nenhuma anomalia, como
também, pode provocar abortamento espontâneo, a natimortalidade ou o nascimento
de crianças com anomalias simples ou combinadas. Tais anomalias estão presentes
ao nascimento, mas geralmente são detectadas mais tarde. A prematuridade e o baixo
peso ao nascer estão, também, associados à rubéola congênita.
As principais manifestações clínicas são: catarata, glaucoma, retinopatia,
microftalmia, surdez, cardiopatia congênita (persistência do canal arterial, estenose
aórtica, estenose pulmonar), microcefalia e retardo mental. É possível a ocorrência de
formas leve e tardias que se manifestam como pequenas deficiências como: surdez
parcial, pequenas deficiências cardíacas, diabetes melito, dentre outras,
diagnosticadas muitos anos após o nascimento (MS, 2010).
3.2.2.2.1 Erradicação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita
Em dezembro de 2015 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que
o Brasil está oficialmente livre da rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC).
O País foi reconhecido mundialmente através do certificado de eliminação dos
referidos agravos depois de cinco anos sem registros de casos de transmissão da
doença.
Para receber o título, o Brasil comprovou à OMS que desde 2008 não registra
casos de rubéola e desde 2009 não registra casos de síndrome da rubéola congênita.
A OMS reconheceu toda a América como a primeira região do mundo a alcançar a
eliminação da rubéola e da SRC.
O Brasil desenvolveu uma série de ações estratégicas, ao longo dos anos, para
atingir esse objetivo, como campanhas de prevenção e a intensificação das ações de
rotina de vacinação. Atualmente, três vacinas são ofertadas pelo SUS contra a
rubéola: a dupla viral (sarampo e rubéola), tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba)
e a tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Estas vacinas fazem parte do
Calendário Nacional de Vacinação. No ano de 2018, todos os municípios alcançaram
a meta nacional (≥ 95%), observa-se que conforme informações do SIPNI, em 2019 o
Estado de Roraima não alcançou a meta para homogeneidade de cobertura vacinal.
118
Figura 16. Coberturas de vacinação a nível nacional e subnacional com primeira e segunda dose – 2015 a 2019.
Unidade da Federação D1 2015 D1 2016 D1 2017 D1 2018 D1 2019 D2 2015 D2 2016 D2 2017 D2 2018 D2 2019
11 Rondônia 109,00 109,79 105,50 101,67 105,55 94,61 94,32 83,92 78,88 80,95
12 Acre 84,21 75,71 79,75 83,11 83,24 51,69 64,20 60,54 71,92 74,47
13 Amazonas 95,42 83,56 84,57 89,81 90,13 78,17 75,60 65,37 78,00 80,28
14 Roraima 108,45 90,77 88,97 99,32 80,74 92,42 83,50 89,22 88,28 86,13
15 Pará 71,92 69,61 70,48 77,31 78,36 45,78 62,34 57,06 59,97 67,27
16 Amapá 89,02 97,36 77,88 77,11 81,56 74,65 85,95 64,84 63,89 68,67
17 Tocantins 94,70 91,89 89,03 91,36 90,54 61,33 88,28 78,44 78,99 84,18
21 Maranhão 90,47 80,01 81,11 84,05 83,18 74,36 47,58 54,13 56,89 63,42
22 Piauí 81,22 81,48 82,19 87,88 86,24 62,91 60,91 60,09 69,25 72,54
23 Ceará 110,83 119,76 105,03 111,47 102,12 93,98 88,70 82,78 87,15 86,85
24 Rio Grande do Norte 94,98 96,05 81,54 88,76 89,72 79,89 50,44 54,22 64,54 70,46
25 Paraíba 93,67 96,59 96,66 96,79 100,88 64,46 56,66 71,82 72,23 83,52
26 Pernambuco 97,81 112,65 101,23 104,73 97,88 87,36 68,22 71,16 69,54 79,02
27 Alagoas 98,67 102,24 103,85 107,19 104,08 81,68 60,50 71,08 72,10 72,67
28 Sergipe 91,99 92,09 89,17 95,48 88,90 80,95 70,86 74,08 71,95 73,38
29 Bahia 90,18 85,70 82,67 82,31 81,79 78,54 56,24 62,78 65,07 67,79
31 Minas Gerais 100,11 98,93 92,44 97,59 97,20 71,87 88,38 84,52 85,09 86,71
32 Espírito Santo 99,04 104,31 88,44 95,48 93,48 87,48 78,35 73,21 79,51 85,85
33 Rio de Janeiro 105,42 109,26 98,83 99,66 92,24 89,41 72,17 70,99 70,18 74,14
35 São Paulo 97,91 92,96 91,38 91,48 89,82 92,43 77,73 82,99 81,85 80,04
41 Paraná 99,44 91,87 91,48 89,82 92,82 78,91 91,29 87,88 86,26 90,05
42 Santa Catarina 103,42 98,97 93,75 92,17 95,03 83,72 98,38 83,11 83,46 91,96
43 Rio Grande do Sul 87,81 90,45 87,23 88,79 91,98 69,36 86,47 79,30 83,18 86,27
50 Mato Grosso do Sul 112,53 100,98 94,77 104,54 103,64 80,03 94,30 77,96 97,64 90,56
51 Mato Grosso 98,71 96,68 91,02 89,81 88,49 80,55 85,08 76,89 79,57 82,62
52 Goiás 94,83 85,93 88,90 87,86 85,97 68,14 84,19 78,72 76,81 77,40
53 Distrito Federal 67,58 131,75 89,07 86,32 84,47 65,43 128,41 85,93 87,05 85,82
BRASIL 96,07 95,41 85,83 92,64 91,14 79,94 76,71 72,44 76,91 79,47
Fonte: http://sipni.datasus.gov.br
119
Figura 17. Coberturas de vacinação de todos os municípios de Roraima com primeira e segunda dose – 2015 a 2019.
COBERTURAS VACINAIS DOSE 1 (D1) E DOSE 2 (D2) DA VACINA TRÍPLICE VIRAL EM CRIANÇAS DE UM ANO DE IDADE, POR MUNICÍPIOS EM RORAIMA, 2015 - 2019
UF COD_MUN MUNICÍPIO 2015 2016 2017 2018 2019 Surto
D1 D2 D1 D2 D1 D2 D1 D2 D1 D2 2018 2019
RORAIMA
140002 AMAJARI 108,9 107,89 103,7 126,26 72,1 98,65 106,5 72,8 36,6 43,1 S N
140005 ALTO ALEGRE 78,8 83 94,8 87,72 58,5 46,8 68,9 75,11 50,8 51,14 S N
140010 BOA VISTA 105,2 91,89 92,2 80,07 87,7 90,16 95,4 87,51 82,8 98,69 S N
140015 BONFIM 173,5 89,33 90,5 75,38 86,5 137,85 288,2 159,45 61,3 45,09 N N
140017 CANTA 76,4 74,03 56,6 48,9 61,3 53,59 55,6 47,62 27,6 31,53 S N
140020 CARACARAI 75 129,25 75,5 79,34 78,6 81,12 78,3 74,18 161,2 67,81 S N
140023 CAROEBE 135,1 141,72 105,2 107,79 107,8 100,65 154,1 221,92 72,1 100,55 N N
140028 IRACEMA 131,5 114,38 93,6 79,49 75,6 73,72 86,9 95,38 61 61,04 N N
140030 MUCAJAI 171,9 56,16 50,5 104,68 84,6 73,91 80,7 82,72 66 78,64 S N
140040 NORMANDIA 77 83,51 96,3 82,45 87,2 77,13 69,2 79,81 26,3 33,73 N N
140045 PACARAIMA 119,3 64,31 128,7 102,96 108 93,79 166,3 113,48 288,9 236,84 S S
140047 RORAINOPOLIS 173,4 130,4 67 106,33 103,2 75,11 58,4 60,59 38,9 54,71 S N
140050 SAO JOAO DA BALIZA 72,5 36,67 86,3 20,51 94,9 105,13 87,5 54,81 82 78,69 S N
140060 SAO LUIZ 80 120 120,9 114,93 160,6 109,09 112 115,66 46,2 37,74 N N
140070 UIRAMUTA 107,6 91,77 104,8 93,04 80 64,13 102,8 86,96 46,7 39,33 S N
Fonte: http://sipni.datasus.gov.br Tríplice Viral: Vacina contra Sarampo, Caxumba e Rubéola.
3.1.3 Varicela
A varicela é uma doença habitualmente benigna na infância, embora esteja
associada a complicações. Em recém–nascidos prematuros ou não e em
determinadas circunstâncias, gestantes, adolescentes e adultos, podem ter evolução
grave. A infecção materna no primeiro ou no segundo trimestre de gestação pode
resultar em embriopatia. Entretanto, o maior risco da varicela é quando ela acomete
pacientes imunocomprometidos, podendo atingir inclusive o sistema nervoso central.
A infecção primária produz a doença. Depois, o agente infeccioso pode permanecer
latente nos gânglios nervosos próximos a medula espinhal e a sua reativação causa
o herpes zoster que ocorre por debilidade do sistema imunológico.
O vírus varicela zoster é responsável por duas doenças distintas: herpes zoster
(cobreiro ou zona) e catapora. Quem já teve catapora uma vez não a tem novamente,
mesmo que entre em contato com outras pessoas contaminadas. A pessoa mantém
o vírus latente, não apresentando nenhum sintoma, nem sendo capaz de transmitir o
vírus para outros. Até 20% dos pacientes com história de catapora na infância vão
apresentar pelo menos um episódio de herpes-zoster, geralmente após os 50 anos.
Entre os pacientes com mais de 85 anos essa taxa sobe para mais de 50%.
3.2.3.1 Vigilância Epidemiológica da Varicela
A vigilância epidemiológica tem entre suas atribuições a de avaliar o impacto
da vacinação antivaricela-zóster no país sobre a morbimortalidade por varicela;
conhecer a incidência de casos graves de varicela no país; conhecer a mortalidade
por varicela no país; conhecer os padrões de ocorrência da doença (sazonalidade e
distribuição por faixa etária); estabelecer medidas de controle frente a situações de
surtos e grupos populacionais de alto risco para complicações e morte.
3.2.3.1.1 Definição de surto
Considera-se como surto de varicela a ocorrência de um número de casos
acima do limite esperado, com base nos anos anteriores, ou casos agregados em
instituições, creches, escolas e hospitais pediátricos.
121
3.2.3.1.2 Notificação de surtos
Somente os casos graves, surto ou óbito devem ser notificados e registrados
através do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), por meio da Ficha
de Notificação Individual ou Ficha de Investigação de Surto.
Em Roraima, no período de 2018 a 2019 foram notificados 30 casos de surtos
de Varicela, nos municípios de Boa Vista e Pacaraima. Os demais municípios do
estado não notificaram surtos da doença.
Figura 18. Surtos por varicela no Estado de Roraima – 2018 e 2019.
Município 2018 2019 Total
Boa Vista 06 23 29
Pacaraima 01 00 01
Total 07 23 30
Fonte: SINANNET/NCDE/DVE/CGVS/SESAU-RR.
Figura 19. Número de casos de Varicela por município de residência, Roraima 2019.
Fonte: SINAN/NCDE/DVE/CGVS/SESAU- RR
3.2.4 Casos notificados para Doenças Exantemáticas
O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde - SNVS utiliza como metodologia
a atualização dos indicadores das ações frente ao quadro epidemiológico existente e
vinculada ao Pacto pela Saúde como elenco norteador das ações para subsidiar a
Programação Anual de Saúde-PAS das secretarias Estatuais e Municipais na
23 22
1077
874 4 0 5 50 2 2 26 1 2 2
Casos de Varicela por Município de Residência - 2019
122
perspectiva de alcançar as metas propostas pelo Pacto e de outras prioridades de
valiosa relevância para o sistema Nacional de Vigilância em Saúde, eleitas pelas
esferas Federal, Estadual e Municipal (MS, 2013).
As ações prioritárias do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em
Saúde-SNVES, estão relacionadas às ações estratégicas programadas para a
realização das ações e o cumprimento das Metas e Indicadores conforme definidos
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde – COOAP (MS, 2013).
Em Roraima, no ano de 2019 foram notificados 58 casos suspeitos para as
Doenças exantemáticas, todos com diagnóstico diferencial para sarampo e rubéola,
58 suspeitos foram descartados por critérios laboratoriais. Conforme apresenta os
Indicadores de Vigilância Epidemiológica na Figura abaixo.
Figura 20. Indicadores de vigilância epidemiológica do sarampo - Roraima, 2018 e 2019.
Indicadores de vigilância epidemiológica 2018 2019
N° casos suspeitos 569 58
Homogeneidade da cobertura (TRÍPLICE VIRAL): Número de municípios com cobertura vacinal ≥ 95% em crianças com 12 meses de idade
100,2 13,3%
Investigação oportuna: Número de casos notificados investigados em até 48 horas (data da investigação - data da notificação)
100% 100%
Coleta Oportuna: Número de casos com Coleta oportuna (data da coleta - data do exantema) ou seja n° de casos com coleta em até 28 dias da data do início do exantema
87,9% 81,8%
Envio Oportuno: Número de amostra enviada (data do envio - data da coleta) ao LACEN com até 5 dias da coleta
57,1% 22,6%
Resultado Oportuno: Número de resultados liberados (data da liberação do resultado - data de recebimento da amostra no laboratório) em até 4 dias de recebimento no laboratório.
80% 22,6%
Casos encerrados por laboratório: Número de casos descartados ou confirmados por laboratório
95% 100,0
Investigação Adequada: Número de casos suspeitos com visita domiciliar até 48h após notificação, com pelo menos, 8 variáveis preenchidas (dt. Notif., dt. Invest. tomou vacina, dt. Início exantema, outros sinais e sintomas, dt. Coleta S2, realização de bloqueio vacinal, classificação final do caso).
95% 100,0
Fontes: NCDE/DVE/CGVS/SESAU/RR.
123
Considerações finais
A CGVS/SESAU precisa se fortalecer ainda mais no estado e para tanto é
necessário realizar análises sistemáticas das suas prioridades e das coberturas
vacinais, assim como, aprimorar os processos de análise e monitoramento da situação
em saúde (indicadores de qualidade dos dados dos sistemas de informação em
saúde) e fortalecer a capacidade de resposta rápida frente às emergências em saúde
pública (monitoramento e investigação de emergências em saúde pública). Julgamos
necessário também, o apoio técnico e científico ao estudo por meio de uma Rede de
Formação de Recursos Humanos em Vigilância em Saúde, com o objetivo de formar
profissionais que atuam nos serviços de vigilância, prevenção e controle de doenças,
nas esferas estadual e municipal.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. SINAN-Departamento de Informação do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. _____, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação Epidemiológica do Sarampo no Brasil. Disponível em <http://portalsaude.saude.gov.br/> dados sujeito à revisão. Acesso dia 29 de Março 2020. _____, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Protocolo de Vigilância Epidemiológica da Varicela. Disponível em: <http://www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br. Acesso dia 23 de março de 2020. PNI/ SESAU/ Roraima, 2020.
124
3.3 NÚCLEO ESTADUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES
Alice Dantas Medeiros
No Brasil, desde o início do século XIX, as vacinas são utilizadas como medida
de controle de doenças. No entanto, somente a partir do ano de 1973 é que se
formulou o Programa Nacional de Imunizações (PNI), regulamentado pela Lei Federal
nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, e pelo Decreto n° 78.321, de 12 de agosto de
1976, que instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). O PNI
organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como
missão o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis. É
considerado uma das principais e mais relevantes intervenções em saúde pública no
Brasil, em especial pelo importante impacto obtido na redução de doenças nas últimas
décadas. Os principais aliados no âmbito do SUS são as secretarias estaduais e
municipais de saúde. (BRASIL, 2014)
O PNI é referência mundial. O Brasil foi pioneiro na incorporação de diversas
vacinas no calendário do SUS e é um dos poucos países no mundo que ofertam de
maneira universal um rol extenso e abrangente de imunobiológicos (CRUZ, 2017).
As vacinas do Calendário Nacional de Vacinação para o ano de 2020 por tipo
de vacina, doenças às quais garantem proteção, número de doses e idade
recomendada estão descritas nos Quadros de 1 a 4. Geralmente todos os anos
ocorrem atualizações no Calendário Nacional de Vacinação, entre os anos de 2019 e
2020 o esquema de vacinação contra Febre Amarela incluiu uma dose de reforço aos
04 anos de idade para crianças com apenas uma dose da vacina e acrescentou a
disponibilidade da vacina Meningocócica ACWY para adolescentes de 11 e 12 anos
de idade.
A atuação do Programa Nacional de Imunizações contribuiu sobremaneira para
melhorias importantes na situação de saúde da população brasileira. São exemplos:
a erradicação da varíola; a eliminação da poliomielite e da febre amarela urbana, da
circulação do vírus do sarampo (2016) e da rubéola (2015); assim como a redução da
incidência da difteria, da coqueluche, da meningite causada por H. influenzae tipo B,
do tétano, da tuberculose em menores de 15 anos de idade, e, mais recentemente,
das meningites e pneumonias. (MS, 2016)
125
Quadro 19. Calendário Nacional de Vacinação da Criança, 2020.
CALENDÁRIO DA CRIANÇA
VACINA PROTEÇÃO CONTRA Nº DOSES
IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO REFORÇO
BCG (1) Formas graves de
tuberculose, meníngea e miliar
Dose única - Ao nascer
Hepatite B (2) Hepatite B Dose ao nascer - Ao nascer
Poliomielite 1,2,3 (VIP - inativada)
Poliomielite 3 doses 2 reforços com a
vacina VOP 2 meses, 4 meses e 6
meses
Poliomielite 1 e 3 (VOP - atenuada)
Poliomielite - 2 doses de reforço 15 meses e 4 anos
Rotavírus humano G1P1 (VRH) (3)
Diarreia por Rotavírus 2 doses - 1ª dose: 2 meses 2ª dose: 4 meses
DTP+Hib+HB (Penta) Difteria, Tétano,
Coqueluche, Haemophilus influenzae B e Hepatite B
3 doses 2 reforços com a
vacina DTP
1ª dose: 2 meses 2ª dose: 4 meses 3ª dose: 6 meses
Pneumocócica 10 valente (Pncc 10) (4)
Pneumonias, Meningites, Otites, Sinusites pelos
sorotipos que compõem a vacina
2 doses Reforço 1ª dose: 2 meses 2ª dose: 4 meses Reforço: 12meses
Meningocócica C (conjugada) (4)
Meningite meningocócica tipo C
2 doses 1º reforço 1ªdose: 3 meses 2ª dose: 5 meses
1º Reforço: 12 meses
Febre Amarela (Atenuada) (5)
Febre Amarela 1 dose Reforço Dose: 9 meses
Reforço: 4 anos de idade
Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR) (6)
Sarampo, Caxumba e Rubéola
2 doses (1ª dose com SCR e 2ª dose com
SCRV) - 12 meses
Sarampo, Caxumba, Rubéola, Varicela
(SCRV) (4) (7)
Sarampo, Caxumba Rubéola e Varicela
1 dose (corresponde a segunda dose da SCR e primeira de
varicela)
- 15 meses
Hepatite A (HA) (4) Hepatite A 1 dose - 15meses
Difteria, Tétano, Pertussis (DTP)
Difteria Tétano Coqueluche
Considerar doses anteriores (3 doses)
2 reforços 1º reforço: 15 meses 2º reforço: 4 anos de idade
Difteria, Tétano (dT) Difteria e Tétano 3 doses. Considerar
doses anteriores com penta e DTP
A cada 10 anos. Em caso de ferimentos
graves a cada 5 anos
A partir dos 7 anos
Papilomavírus humano (HPV)
Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18
(recombinante) 2 doses -
De 09 a 14 anos para meninas; de 11 a 14 anos para meninos
Pneumocócica 23-valente (Pncc 23) (8)
Meningites bacterianas, Pneumonias, Sinusite etc.
1 dose
Uma dose a depender da
situação vacinal anterior com a
PNM10v
A partir de 5 anos para os povos indígenas
Varicela (9) Varicela 1 dose (corresponde a segunda dose da
varicela) - 4 anos
Influenza (10) Influenza 1 dose ou duas doses Dose anual 6 meses a menores de
6 anos
Notas: (1) Devido a situação epidemiológica do país é recomendável que a vacina BCG seja administrada na
maternidade. Caso não tenha sido administrada na maternidade aplicá-la na primeira visita ao serviço de saúde. Crianças que não apresentarem cicatriz vacinal após receberem a dose da vacina BCG não precisam ser revacinadas.
126
(2) A vacina Hepatite B deve ser administrada nas primeiras 24 horas, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida, ainda na maternidade. Esta dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento. Crianças até 6 (seis) anos 11 meses e 29 dias, sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou completar esquema com penta que está disponível na rotina dos serviços de saúde, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema detalhado no tópico da vacina penta. Crianças com 7 anos completos sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto: completar 3 doses com a vacina hepatite B com intervalo de 30 dias para a 2ª dose e de 6 meses entre a 1ª e a 3ª.
(3) A idade mínima para a administração da primeira dose é de 1 mês e 15 dias e a idade máxima é de 3 meses e 15 dias. A idade mínima para a administração da segunda dose é de 3 meses e 15 dias e a idade máxima é de 7 meses e vinte e 29 dias. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação, não repita a dose. Nestes casos, considere a dose válida.
(4) Administrar 1 (uma) dose da vacina Pneumocócica 10V (conjugada), da vacina Meningocócica C (conjugada), da vacina hepatite A e da vacina tetra viral em crianças até 4 anos (4 anos 11 meses e 29 dias) de idade, que tenham perdido a oportunidade de se vacinar.
(5) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com as indicações da faixa etária e situação vacinal.
(6) Indicada vacinação em bloqueios de casos suspeitos de sarampo e rubéola a partir dos 6 meses. Em menores de 2 anos, não pode ser aplicada simultaneamente com a vacina da Febre Amarela, estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias.
(7) A vacina tetra viral corresponde à segunda dose da vacina tríplice viral e à primeira dose da vacina varicela. Nesta dose poderá ser aplicada a vacina tetra viral ou a vacina tríplice viral e vacina varicela (monovalente).
(8) Esta vacina está indicada para população indígena a partir dos 5 (cinco) anos de idade. (9) A vacina varicela pode ser administrada até 6 anos, 11 meses e 29 dias. Esta vacina está indicada para toda
população indígena a partir dos 7 (sete) anos de idade, não vacinada contra varicela. (10) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, conforme os grupos prioritários
definidos no Informe da Campanha. Para as crianças não indígenas de seis meses a menores de seis anos de idade (cinco anos, 11 meses e 29 dias) e para as crianças indígenas de seis meses a menores de nove anos de idade (oito anos, 11 meses e 29 dias), fazendo a vacina pela primeira vez, deverão receber duas doses, com 1 mês de intervalo.
Fonte: CGPNI/MS
127
Quadro 20. Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente, 2020.
CALENDÁRIO DO ADOLESCENTE
VACINA PROTEÇÃO CONTRA Nº DOSES
IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO
REFORÇO
Hepatite B (HB recombinante)
Hepatite B
Iniciar ou completar 3
doses, de acordo com histórico
vacinal
- -
Difteria, Tétano (dT) Difteria e Tétano
Iniciar ou completar 3
doses, de acordo com histórico
vacinal
A cada 10 anos. Em caso de ferimentos
graves, deve-se reduzir este
intervalo para 5 anos
-
Febre amarela (Atenuada) (1)
Febre Amarela Dose única
Reforço, caso a pessoa tenha recebido uma dose da vacina
antes de completar 5 anos
de idade
-
Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR) (2)
Sarampo, Caxumba e Rubéola
Iniciar ou completar 2
doses, de acordo com histórico
vacinal
- -
Papilomavírus humano (HPV) (3)
Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18
(recombinante)
Iniciar ou completar 2
doses, de acordo com histórico
vacinal
- De 09 a 14 anos para
meninas; de 11 a 14 anos para meninos-
Pneumocócica 23-valente (Pncc 23) (4)
Meningites bacterianas, Pneumonias, Sinusite
etc. 1 dose
Uma dose a depender da
situação vacinal anterior com a
PNM10v
A partir de 5 anos povos indígenas
Meningocócica C (conjugada)
Meningite meningocócica tipo C
1 dose - 13 e 14 anos
Meningocócica ACWY
Doença meningocócica invasiva causada por N. meningitidis sorogrupos
A, C, Y e W-135
1 dose - 11 anos e 12 anos
Notas: (1) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com
as indicações da faixa etária e situação vacinal. (2) As pessoas que tiverem esquema vacinal completo, independentemente da idade em que foram vacinadas, não
precisam receber doses adicionais. (3) A vacina HPV também está disponível para as mulheres e homens de nove a 26 anos de idade vivendo com HIV/AIDS,
transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos, sendo o esquema vacinal de três doses (0, 2 e 6 meses).
Fonte: CGPNI/MS
128
Quadro 21. Calendário Nacional de Vacinação do Adulto e Idoso, 2020.
CALENDÁRIO DO ADULTO E DO IDOSO
VACINA PROTEÇÃO CONTRA Nº DOSES
IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO
REFORÇO
Hepatite B (HB recombinante)
Hepatite B
Iniciar ou completar 3
doses, de acordo com
histórico vacinal
- -
Difteria, Tétano (dT) Difteria e Tétano
Iniciar ou completar 3
doses, de acordo com
histórico vacinal
A cada 10 anos. Em caso de
ferimentos graves, deve-se reduzir este intervalo para 5 anos.
-
Febre Amarela (Atenuada) (1)
Febre Amarela Dose única
Reforço, caso a pessoa tenha recebido uma dose da vacina
antes de completar 5
(cinco) anos de idade
-
Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR) (2) (3)
Sarampo, Caxumba e Rubéola
2 doses (20 a 29 anos)
1 dose (30 a 59 anos)
(verificar a situação vacinal
anterior)
- -
Influenza (4) Influenza 1 dose Dose anual 60 anos
Pneumocócica 23-valente (Pncc 23) (5)
Meningites bacterianas, Pneumonias, Sinusite
etc. 1 dose
Se necessário 5 anos após 1ª dose
60 anos
Notas: (1) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com as indicações da faixa etária e situação vacinal. Para pessoas com 60 anos e mais, o serviço de saúde deverá avaliar a pertinência da vacinação de acordo com o cenário epidemiológico da doença.
(2) As pessoas que tiverem esquema vacinal completo, independentemente da idade em que foram vacinadas, não precisam receber doses adicionais.
(3) Indicada vacinação em bloqueios de casos suspeitos de sarampo e rubéola a partir dos 6 meses. Adultos até 29 anos e profissionais de saúde (de qualquer idade), recomenda-se duas doses da vacina SCR, com intervalo de 30 dias. Após a aplicação da vacina, recomenda-se não engravidar por um período de 30 dias. (4) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, conforme os grupos prioritários definidos no Informe da Campanha. Para as crianças não indígenas de seis meses a menores de seis anos de idade (cinco anos, 11 meses e 29 dias) e para as crianças indígenas de seis meses a oito anos, que estarão recebendo a vacina pela primeira vez, deverão receber duas doses.
(5) Esta vacina está indicada para pessoas a partir dos 60 anos de idade em condições clínicas especiais (acamados, hospitalizados ou institucionalizados) e população indígena a partir dos 5 (cinco) anos de idade.
Fonte: CGPNI/MS
129
Quadro 22. Calendário Nacional de Vacinação da Gestante, 2020.
CALENDÁRIO DA GESTANTE
VACINA PROTEÇÃO
CONTRA
Nº DOSES
IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO
REFORÇO
Hepatite B (HB recombinante)
Hepatite B
Iniciar ou completar 3
doses, de acordo com
histórico vacinal
- -
Difteria, Tétano (dT adulto)
Difteria e Tétano
Iniciar ou completar 3
doses, de acordo com
histórico vacinal
A cada 10 anos. Ferimentos
graves, deve-se reduzir este
intervalo para 5 anos
-
Difteria, Tétano, Pertussis acelular (dTpa adulto) (1)
Difteria Tétano Coqueluche
1 dose 1 dose a cada
gestação Gestantes a partir da 20ª
semana de gravidez
Influenza (2) Influenza 1 dose Dose anual -
Notas: (1) Gestantes que perderam a oportunidade de serem vacinadas durante o período gestacional, administrar 1 (uma) dose de dTpa no puerpério (até 45 dias), o mais precocemente possível. A vacina dTpa também será ofertada para todos os profissionais de saúde. Gestantes sem histórico vacinal da dT, administrar 2 (duas) doses da vacina dupla adulto (dT) e 1 (uma) dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação
(2) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, administrar esta vacina em qualquer idade gestacional. Administrar no puerpério caso a vacina não tenha sido administrada durante a gestação
Fonte: CGPNI/MS
O Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunizações (NEPNI) tem como
principal objetivo oferecer todas as vacinas do Programa Nacional de Imunizações
com qualidade, visando alcançar coberturas vacinais conforme preconizado pelo
Ministério da Saúde, de forma homogênea no Estado, contribuindo com a redução
dos indicadores de morbidade e mortalidade por doenças imunopreveníveis. Dentre
as atribuições Núcleo estão o apoio e cooperação técnica junto as coordenações
municipais de imunizações e vigilância em saúde, execução das ações de forma
complementar à atuação dos Municípios e a coordenação do componente estadual
do Programa Nacional de Imunizações.
Dentro da estrutura do NEPNI funciona a Rede de Frio Estadual, que tem o
objetivo de assegurar que os imunobiológicos (vacinas, diluentes, soros e
imunoglobulinas) disponibilizados no serviço de vacinação, pelo Programa Nacional
de Imunizações, sejam mantidos em condições adequadas de transporte,
armazenamento e distribuição, permitindo que estes insumos permaneçam com suas
características iniciais até o momento da sua administração. Os imunobiológicos,
130
enquanto produtos termolábeis e/ ou fotossensíveis, necessitam de armazenamento
e transporte adequado para que suas características imunogênicas sejam mantidas.
(BRASIL, 2020)
3.3.1 Cobertura vacinal, homogeneidade de cobertura vacinal e risco de
transmissão de doenças imunopreveníveis
O indicador cobertura vacinal (CV) conceitua-se como o percentual de crianças
vacinadas com vacinas específicas, em determinado espaço geográfico, no ano
considerado, sendo utilizado a metodologia de cálculo de CV uma divisão onde o
numerador considerado é o número de crianças com esquema básico completo na
idade-alvo para determinado tipo de vacina e denominador, no grupo de menores de
um ano e com um ano de idade, é utilizado o número de nascimentos registrados no
SINASC, o resultado é multiplicado por 100 (cem), determinando o indicador,
conforme demonstrado na Figura 21.
Figura 21. Metodologia de cálculo de cobertura vacinal
Cobertura vacinal =
(CV)
Nº de crianças com esquema básico completo na idade-alvo para determinado tipo de vacina
X 100
Nº de nascimentos registrados no SINASC (No grupo de menores de um ano e com um ano de idade)
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – 2016.
A homogeneidade é um importante indicador de desempenho do PNI que é
obtido calculando o percentual de municípios que alcançam as metas
epidemiológicas, estabelecidas para cada vacina e se caracteriza pela obtenção dos
índices preconizados em 70% ou mais dos municípios de uma unidade federada que
conseguiram atingir o índice para o conjunto das vacinas.
Figura 22. Metodologia de cálculo de homogeneidade de cobertura vacinal
Homogeneidade de cobertura vacinal =
(HCV)
Nº de municípios com cobertura vacinal adequada
X 100 Nº total de municípios
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – 2016.
131
A OMS recomenda pelo menos 95% de cobertura vacinal para manutenção da
erradicação, eliminação ou controle de doenças imunopreveníveis, além de
indicadores como a proporção de municípios com coberturas vacinais adequadas e a
proporção de crianças vivendo em municípios com coberturas vacinais adequadas.
(DIETZ et al, 2004).
A manutenção de altas cobertura vacinais demostram a efetividade dos
programas de imunização, podendo ser medidas através dos registros de coberturas
administrativas nos sistemas de informação. (BRASIL, 2015).
Conforme a Tabela 10, o PNI estabeleceu a meta de 90% para as vacinas BCG
e Rotavírus humano, 95% para hepatite “B” (dose até 30 dias após o nascimento),
hepatite “A”, pentavalente, poliomielite, pneumocócica 10 valente, meningocócica C
(conjugada) e tríplice viral (D1) e 100% para Febre Amarela, que são as vacinas
realizadas no primeiro ano de vida da criança.
Tabela 10. Vacinas do primeiro ano de vida, dose para cálculo e metas de cobertura
vacinal
Vacina Dose para cálculo de CV Meta de CV
BCG Dose única 90% Hepatite B Dose até 30 dias após o nascimento 95% Penta 3ª Dose 95% Pólio (VIP) 3ª Dose 95% Pneumo 10 3ª Dose 95% Rotavírus (VRH) 2ª Dose 90% Meningo C 2ª Dose 95% Tríplice viral 1ª Dose 95% Febre amarela 1ª Dose/ Dose 100%
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – 2016.
De acordo com a metodologia de avaliação de risco de transmissão de doenças
imunopreveníveis a partir de indicadores de coberturas vacinais no estudo
apresentado por Braz et al, o risco de transmissão de doenças imunopreveníveis
(RTDI) é composto pelos indicadores de cobertura vacinal (CV), considerando-se três
classificações: baixa (<meta); adequada (≥meta a ≤120%); e elevada (>120%);
homogeneidade de coberturas vacinais (HCV) entre vacinas, arbitrada em três
classes: baixa (<75%), adequada para o Contrato Organizativo de Ação Pública da
Saúde (COAP) (≥75%) e adequada para o Programa de Qualificação das Ações de
Vigilância em Saúde (PQAVS) (=100%); proporção de abandono (PA) obtida em
http://tabnet.datasus.gov.br – calculada somente para vacinas com esquema
132
multidoses (meningocócica C (conjugada), pentavalente, pneumocócica 10 valente,
poliomielite, Rotavírus Humano) –, considerando-se a diferença entre o número de
primeiras doses e o número de últimas doses do esquema vacinal, dividido pelo
número das primeiras doses, multiplicando-se o resultado por 100, estratificando-se
em três categorias: baixa (<5%); média (≥5% a ≤10%); e alta (>10%); e porte
populacional do município (sendo os portes classificados, de acordo com adaptação
do referencial do PQAVS: pequeno porte (≤20.000 habitantes); médio porte (≥20.001
a ≤100.000 habitantes); e grande porte (≥100.001 habitantes)., definindo-se cinco
categorias:
i. Risco muito baixo - município com HCV=100%;
ii. Risco baixo - município com HCV≥75% a <100%, com CV adequada para as
vacinas poliomielite e tríplice viral, as quais previnem doenças eliminadas ou
em fase de eliminação (poliomielite, sarampo e rubéola), e ainda, a vacina
pentavalente, devido ao componente contra difteria-tétano-pertussis (DTP),
considerado como "marcador" de qualidade de serviço de vacinação devido ao
esquema de três doses injetáveis até os seis meses de idade;
iii. Risco médio - município com HCV ≥75% a <100%, porém com cobertura
vacinal abaixo da meta para uma ou mais das vacinas poliomielite, tríplice viral
ou pentavalente;
iv. Risco alto - município com HCV <75%; e
v. Risco muito alto - município de grande porte populacional, com HCV <75% e
alta PA (≥10%), incluídos neste grupo os municípios sem registro de vacinação,
independentemente do porte populacional. (BRAZ et al, 2016)
Em 2019, considerando os 15 municípios de Roraima, 13,3% apresentaram CV
muito baixa nas vacinas BCG e Hepatite B <de 30 dias de nascimento, 40,0% CV
baixa, 33,3% CV adequada e 13,3% CV elevada. Com relação as vacinas Rotavírus
humano, pentavalente e hepatite A, 46,7% dos municípios apresentaram CV muito
baixas e 46,7% baixas; 6,7% dos municípios apresentaram CV adequadas nas
vacinas Rotavírus humano e pentavalente e 6,7% CV elevada na vacina hepatite A.
Foi observado também que 40,0% apresentaram CV muito baixa nas vacinas VIP e
tríplice viral (D1), 46,7% CV baixa, 13,3% apresentaram CV adequada para a vacina
VIP e 13,3% CV elevada para a vacina tríplice viral (D1).
Com relação a vacina meningocócica C (conjugada) 33,3% dos municípios do
estado apresentaram CV muito baixa, 53,3% CV baixa e 13,3% CV adequada. Foi
133
observado na vacina contra febre amarela que 53,3% dos municípios apresentaram
CV muito baixa, 40,0% CV baixa e 6,7% cobertura elevada e com relação a vacina
pneumocócica 10 valente 20,0% dos municípios apresentaram CV muito baixa, 60,0%
CV baixa, 13,3% CV adequada e 6,7% CV elevada.
Tabela 11. Coberturas vacinais por município, Roraima, 2019
Município
Coberturas vacinais (%)
BCG HB <30
dias VRH
Mngcc C
Penta Pncc
10 VIP FA HA
SRC D1
Amajari 75,2 67,9 42,3 51,8 45,6 54,6 43,9 34,4 42,0 40,6 Alto Alegre 74,0 58,4 49,6 55,5 44,9 62,2 8,0 47,5 53,6 51,1 Boa Vista 136,1 138,9 94,3 99,2 72,5 105,0 93,3 80,4 86,7 83,0 Bonfim 98,1 96,0 49,9 46,2 56,2 66,6 65,3 46,4 48,3 63,9 Canta 95,7 96,3 29,0 30,4 21,6 33,2 27,8 27,3 33,5 29,8 Caracaraí 64,6 61,4 71,5 73,5 60,7 80,1 71,5 57,5 66,8 161,9 Caroebe 102,2 100,5 74,9 75,4 66,7 78,1 73,8 63,9 78,1 71,6 Iracema 87,7 81,8 87,7 80,5 68,2 89,0 78,6 61,7 58,4 62,3 Mucajaí 94,8 96,4 73,5 71,5 54,7 78,0 60,8 65,4 60,8 66,3 Normandia 76,4 74,2 33,7 40,5 39,0 45,1 43,1 33,3 39,0 26,5 Pacaraima 132,6 131,8 81,6 102,4 107,6 123,9 119,7 153,4 330,8 295,8 Rorainópolis 58,3 55,4 49,7 48,1 36,2 53,3 43,0 38,7 40,5 39,3 São Joao Da Baliza 35,2 33,6 88,5 86,9 60,7 92,6 82,8 55,7 82,0 82,0 São Luiz 47,2 48,1 33,0 40,6 26,4 34,0 31,1 27,4 34,0 48,1 Uiramutã 117,8 100,9 51,2 60,9 49,7 70,1 56,9 42,5 39,3 46,7
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.
Baseando-se na metodologia descrita, é observado no estado de Roraima os
seguintes resultados quanto a classificação de cobertura vacinal dos municípios:
Gráfico 13. Distribuição dos municípios (N=15 e %) conforme a classificação da
cobertura de dez vacinas, Roraima, 2019
2 2
75
7
36
8 7 6
6 6
78
7
9
76 7
75 5
1 2 12
22 2 1 1 1 2
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
100%
BCG HB <30dias
VRH Mngcc C Penta Pncc 10 VIP FA HA SRC D1
%
COBERTURA VACINAL
MUITO BAIXA (0% A <50%) BAIXA (<META) ADEQUADA (≥meta a ≤120%) ELEVADA (>120%)
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.
134
De acordo com a OMS, desde 2013 o país vem registrando queda das
coberturas vacinais. Doenças consideradas erradicadas, como a poliomielite, são
ameaças à população devido ao descaso com a medida de prevenção. (OMS,2019)
Observando os dados de cobertura vacinal em Roraima é possível visualizar
coberturas vacinais muito baixas ou baixas na maioria das vacinas que fazem parte
do calendário de vacinação de rotina em menores de 1 ano e 1 ano de idade. Tal
realidade pode demonstrar a perda de oportunidade vacinal e fragilidade na Atenção
Primária a Saúde dos municípios além disso baixas coberturas vacinais no sistema
de informação podem ser relacionadas aos seguintes fatores: não registro ou atraso
no registro dos boletins de doses aplicadas, no sistema de informação; erro de
digitação dos boletins de doses aplicadas; não transmissão para a base nacional de
imunização dos dados registrados; desatualização dos registros de nascimento no
Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), desatualização do
cadastrado da população adscrita ao território das unidades de atenção primária à
saúde, e ainda, processo de movimentação populacional entre municípios.
Os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) Leste e Yanomami, que
fazem os atendimentos de saúde dentro das comunidades indígenas, utilizam o
Sistema de Informação a Saúde Indígena (SIASI) para registro dos atendimentos e
dados de saúde das populações indígenas, inclusive imunização, uma problemática
antiga que afeta diretamente as coberturas vacinais de municípios que tem
proporções de população indígena muito altas ou superiores a de população não
indígena, realidade em vários municípios de Roraima, uma vez que tal sistema de
informação não tem interoperabilidade com o SIPNI.
Em relação às elevadas coberturas vacinais, muito acima das metas,
observadas no município de Pacaraima, podem estar relacionadas ao denominador
da população alvo subestimado e ao movimento migratório crescente proveniente da
Venezuela, por se tratar de um município de fronteira e o país vizinho enfrentar grave
crise humanitária e econômica.
Em Roraima, no ano de 2019 a homogeneidade de coberturas vacinais entre
vacinas foi muito baixa ou baixa em 14 município e adequada para COAP no município
de Pacaraima, conforme apresentado na tabela 12.
135
Tabela 12. Distribuição dos municípios por vacina (N=10 e %) conforme a categoria
da homogeneidade de cobertura vacinal, Roraima, 2019
Categorias de homogeneidade da cobertura vacinal entre vacinas
Município Zero Muito baixa
(≥0% a <50%)
Baixa (≥50% a <75%)
Adequada para COAP
(≥75% a <100%)
Adequada para PQAVS
(= 100%)
n % n % n % n % N %
Amajari - 0,0 - - - - - - - - Alto Alegre - 0,0 - - - - - - - - Boa Vista - - - - 5 50,0 - - - - Bonfim - - 2 20,0 - - - - - - Canta - - 2 20,0 - - - - - - Caracaraí - - 1 10,0 - - - - - - Caroebe - - 2 20,0 - - - - - - Iracema - 0,0 - - - - - - - - Mucajaí - - 2 20,0 - - - - - - Normandia - 0,0 - - - - - - - - Pacaraima - - - - - - 9 90,0 - - Rorainópolis - 0,0 - - - - - - - - São Joao Da Baliza - - 1 10,0 - - - - - - São Luiz - 0,0 - - - - - - - - Uiramutã - - 2 20,0 - - - - - -
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-NI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.
A heterogeneidade de coberturas vacinais representa risco de acúmulo de
suscetíveis em estratos populacionais capazes de determinar a introdução e a
manutenção da circulação de agentes infecciosos. (BRASIL, 2007)
Entre os 15 municípios de Roraima, considerando a população residente
estimada em 2019 pelo IBGE, 12 municípios são de pequeno porte (Amajari, Alto
Alegre, Bonfim, Cantá, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, São Luiz,
São João da Baliza e Uiramutã), 02 municípios são de médio porte (Caracaraí e
Rorainópolis) e 01 município de grande porte, a capital (Boa Vista). Em Boa Vista
concentra-se 60% da população menor de 2 anos do estado. (IBGE, 2019)
Com relação a proporção de abandono é observado que em 2019, a PA da
vacina pentavalente foi considerada alta em 80% dos municípios, 73,3% nas vacinas
VIP e Rotavírus humano, 60% na vacina pneumocócica 10 valente e 53,3% na vacina
meningocócica C (conjugada). Baixas proporções de abandono só foram observadas
em 20% dos municípios na vacina pneumocócica 10 valente, 13,3% na vacina
rotavírus humano e 6,6% na pentavalente. Proporções de abandono negativas foram
observadas nos municípios Caroebe (VIP, Rotavírus, Pneumocócica 10 valente e
Meningocócica C (conjugada)), Normandia ( VIP, Pentavalente e Pneumocócica 10
136
valente) e Bonfim (VIP, Pentavalente e Pneumocócica 10 valente), indicando um
número de últimas doses aplicadas superior ao número de primeiras doses.
Tabela 13. Proporção de abandono para vacinas com esquema multidoses, em
crianças menores de 1 ano, por município, Roraima, 2019
MUNICÍPIO
Proporção de abandono para vacinas com esquema multidoses
VIP MNCC C VORH PENTA PNCC 10
Amajari 33,05 14,52 33,73 28,73 22,22 Alto Alegre 18,72 8,68 4,90 11,45 2,54 Boa Vista 11,99 12,00 11,17 17,29 12,09 Bonfim -2,21 7,24 10,86 -4,14 -0,76 Canta 18,75 9,09 1,32 31,52 3,81 Caracaraí 5,96 7,89 9,38 13,35 3,02 Caroebe -8,46 -6,80 -11,72 4,35 -19,38 Iracema 21,05 13,29 17,47 27,67 14,19 Mucajaí 25,75 9,24 14,23 29,27 15,90 Normandia -4,24 10,29 11,39 -1,59 -1,58 Pacaraima 61,69 27,17 23,68 58,99 34,10 Rorainópolis 36,63 15,28 27,05 44,06 26,64 São Joao Da Baliza 34,83 19,05 26,06 45,00 23,08 São Luiz 36,96 9,52 32,56 48,89 38,00 Uiramutã 32,77 15,50 21,43 34,66 19,34
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-NI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.
O abandono e a desinformação da importância das doses de vacina fazem com
que o número de casos de determinada doença aumente, causando surtos no país,
uma vez que a imunização completa só será realizada a partir da adesão de todas as
doses necessárias (SILVA et al, 2018)
Baseando-se no indicador de risco de transmissão de doenças
imunopreveníveis (RTDI), descrito por Braz et al, no estado de Roraima é observado
que as características de coberturas muito baixas, heterogêneas e com elevadas
proporções de abandono, inclusive na capital Boa Vista onde concentra-se maior parte
do contingente populacional, demonstram que em 14 municípios há um cenário alto
RTDI enquanto em Pacaraima um baixo RTDI. Todavia, por se tratar de município de
fronteira com alto fluxo migratório não se pode excluir a limitação do indicador, uma
vez que as elevadas coberturas vacinais podem não indicar, ou ainda mascarar,
bolsões de susceptíveis, já que os dados de vacinação na população flutuante afetam
a avaliação dos dados da população residente.
137
3.3.2 21ª Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza
A estratégia de vacinação contra a influenza foi incorporada no Programa
Nacional de Imunizações em 1999, com o propósito de reduzir internações,
complicações e mortes na população alvo para a vacinação no Brasil. A influenza é
uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que pode levar ao agravamento e
ao óbito, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco
para as complicações da infecção (crianças menores de 5 anos de idade, gestantes,
adultos com 60 anos ou mais, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e
outras condições clínicas especiais). (BRASIL, 2019)
Em 2019, o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral do Programa
Nacional de Imunizações (CGPNI), do Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, lançou a 21ª Campanha
Nacional de Vacinação contra a Influenza. A Rede de Frio do Núcleo Estadual do
Programa Nacional de Imunizações recebeu 228.780 doses da vacina contra
influenza, visando atender os grupos prioritários durante a campanha e distribuiu a
vacina para todos os municípios.
Durante a Campanha, Roraima atingiu a meta de cobertura vacinal, superando
90% na maioria dos grupos prioritários para a vacina. Ao todo foram vacinadas
192.437 pessoas no estado. Conforme demonstrado no Gráfico 2, apenas os grupos
de gestantes e trabalhadores da saúde não alcançaram a meta de cobertura vacinal
contra influenza durante a campanha.
Gráfico 14. Cobertura vacinal, por grupo prioritário, da 21ª Campanha Nacional de
Vacinação contra Influenza. Roraima, 2019.
Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-NI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.
96,51
88,28
84,97
90,45
92,25
108,52
124,63
111,60
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00
Crianças
Gestantes
Trabalhador de Saúde
Puérperas
Indígenas
Idosos
Professores
Comorbidades
COBERTURA VACINAL INFLUENZA (%)
GR
UP
O P
RIO
RIT
ÁR
IO
138
Mulheres grávidas têm risco aumentado de desenvolver doença grave, com
complicações e hospitalizações associadas à infecção pelo vírus influenza,
especialmente no terceiro trimestre (KFOURI, 2013) apesar deste fator, a dificuldade
em atingir a meta preconizada no grupo de gestante pode estar relacionada com
limitações no acesso aos serviços de Atenção Primária a Saúde por esse grupo,
incluindo pré-natal e vacinação. A sensibilização sobre a importância de imunização
e ampliação dos horários de atendimentos em unidades com salas de vacina são
estratégias que poderiam melhorar este indicador.
No caso dos trabalhadores de saúde, estes pertencem a um grupo bastante
exposto a agentes infecciosos, uma vez que esses profissionais lidam frequentemente
com pessoas acometidas por uma série de doenças, entre elas a gripe. Embora a
vacina contra esta doença já exista há algum tempo e seja recomendada por
pesquisadores e órgãos de saúde para pessoas que trabalham em serviços de saúde,
diversos estudos publicados internacionalmente, realizados em diferentes países de
diferentes continentes, revelam uma cobertura vacinal nesse grupo ainda aquém da
desejada. (SOUZA, 2015)
Bibliografia
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, Volume 51, Nº 29, jul. 2020.
2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em Saúde. Coberturas vacinais no Brasil: análise da situação atual. Brasília, 2007.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Programa Nacional de Imunizações. Relatório técnico nº 01/2016/CGPNI/DEVIT/SVS/MS: critérios para orientar o processo de decisão para introdução da vacina contra a dengue no Programa Nacional de Imunizações (PNI) [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016.
4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Coberturas vacinais no Brasil Período: 2010 – 2014 - Brasília: Ministério da Saúde, outubro – 2015.
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Informe técnico - 21ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza - Brasília: Ministério da Saúde, abril – 2019.
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139
de transmissão de doenças imunopreveníveis a partir de indicadores de coberturas vacinais nos municípios brasileiros. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2016, vol.25, n.4, pp.745-754. ISSN 2237-9622.
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9. IBGE. População no último censo: IBGE, Censo Demográfico 2010 10. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Folha informativa: Sarampo. 2019. 11. SILVA, FS; BARBOSA, YC; BATALHA, M A; RIBEIRO, M R C; SIMÕES, V M
F; BRANCO, M R F C; THOMAZ, E B A F; QUEIROZ, R C S; ARAÚJO, W R M; SILVA, A A M. Incompletude vacinal infantil de vacinas novas e antigas e fatores associados: coorte de nascimento BRISA, São Luís, Maranhão, Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública. 2018.
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13. KFOURI, Renato de Ávila; RICHTMANN, Rosana. Vacinação contra o vírus influenza em gestantes: cobertura da vacinação e fatores associados. einstein (São Paulo), São Paulo, v. 11, n. 1, p. 53-57, mar. 2013. https://doi.org/10.1590/S1679-45082013000100010
14. SOUZA, T. P. de Fatores associados à vacinação contra influenza entre trabalhadores de saúde de um complexo hospitalar de Salvador. 2015. 127 f. il. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa) - Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz. Salvador, 2015.
140
3.4 DST/HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS
Janderson S. Mangabeira Neyla Maia da Silva Angela Aparecida Ferreira de Lima Kathiane da Silva Alencar Francinete Ferreira de Souza Nelma Cavalcante da Costa
O Núcleo de Controle de DST/AIDS/HV é responsável pela implementação,
articulação, supervisão e monitoramento das políticas e estratégias relativas às
IST/AIDS/HV, visando à redução da transmissão do HIV/HV e das demais infecções
sexualmente transmissíveis e a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo e
convivendo com IST/HIV/AIDS/HV.
Os eixos prioritários de atuação que subsidiam a definição de estratégias
prioritárias são: fortalecimento da Rede de Atenção e Linhas de Cuidado às IST, AIDS
e HV; prevenção, diagnóstico precoce da infecção pelo HIV/HV, redução de risco e
vulnerabilidade; promoção de direitos humanos e articulação com redes e movimentos
sociais; aprimoramento do desenvolvimento da vigilância, informação e pesquisa;
aprimoramento da governança e da gestão; acesso universal aos medicamentos,
preservativos e outros insumos estratégicos.
A Política de IST/AIDS/HV está fundamentada nos direitos humanos e nos
princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS, seguindo a Política do
Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente
Transmissíveis, do Ministério da Saúde, que tem fortalecido a cooperação técnica e
financeira com estados, municípios, organismos internacionais e organizações da
sociedade civil. As principais formas de cooperação financeiro-técnica se dão por meio
de projetos, pela Política de Incentivo e pela execução direta (aquisição e distribuição
de medicamentos, testes rápidos e insumos de prevenção).
As hepatites virais são doenças causadas por diferentes vírus
hepatotrópicos que apresentam características epidemiológicas, clínicas e
laboratoriais distintas. Possuem distribuição universal e são observadas diferenças
regionais de acordo com o agente etiológico. Os mais relevantes são os vírus A (HAV),
B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV).
As hepatites virais A e E são transmitidas pela via fecal-oral e estão
relacionadas às condições de saneamento básico, higiene pessoal, relação sexual
desprotegida (contato boca-anus), e qualidade da água e dos alimentos.
141
As hepatites virais B, C e D são transmitidas pelo sangue (via parenteral,
percutânea e vertical), esperma e secreção vaginal (via sexual). A transmissão pode
ocorrer pelo compartilhamento de objetos contaminados, como laminas de barbear e
de depilar, escovas de dente, alicates e acessórios de manicure e pedicure, materiais
para colocação de piercing e para confecção de tatuagens, materiais para
escarificação da pele para rituais, instrumentos para uso de substâncias injetáveis,
inaláveis (cocaína) e pipadas (crack). Pode ocorrer a transmissão também em
acidentes com exposição a material biológico, procedimentos cirúrgicos,
odontológicos, hemodiálise, transfusão, endoscopia, entre outros, quando as normas
de biossegurança não são aplicadas.
A transmissão vertical pode ocorrer no momento do parto. O risco é maior
para hepatite B, ocorrendo em 70 a 90% dos casos cujas gestantes apresentam
replicação viral. Na hepatite C, a transmissão vertical é menos frequente.
Por representarem um problema de saúde pública no Brasil, as hepatites
virais são de notificação compulsória desde o ano de 1996. No Brasil e no mundo, o
comportamento das hepatites virais tem apresentado grandes mudanças nos últimos
anos. A melhoria das condições de higiene e de saneamento básico das populações,
a vacinação contra os vírus das hepatites A e B e as novas técnicas moleculares de
diagnóstico do vírus da hepatite C constituem fatores potencialmente associados as
transformações no perfil dessas doenças.
A Vigilância Epidemiológica das Hepatites Virais no Brasil utiliza o sistema
universal e passivo, baseado na notificação compulsória de casos confirmados
através do teste rápido ou exame de sorologia específica.
Nosso grande desafio é a observação e análise permanente da situação
epidemiológica das IST/HIV/AIDS/HV com a articulação do conjunto de ações
voltadas à promoção, prevenção e recuperação da saúde, visando subsidiar o
processo de formulação, gestão e avaliação das políticas e ações estratégicas.
O Estado de Roraima tem sofrido grande impacto pela imigração
venezuelana, destacando-se um aumento da demanda de atendimento ambulatorial,
testagem rápida para HIV e Sífilis, dispensação de insumos de prevenção e
antirretrovirais, diagnósticos tardios e internações. Para ampliação da oferta de alguns
serviços, este Núcleo busca parceria com instituições formadoras e outras instituições
não governamentais nacionais e internacionais, realizando capacitação de
142
profissionais e voluntários para a realização de ações de promoção da saúde e
testagem rápida, principalmente com foco na população imigrante.
Este relatório concentra informações relevantes sobre agravos de notificação
compulsória e Estadual realizado no período de 2018 a 2019, a partir do conhecimento
dos dados coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN
pode--se realizar um breve perfil epidemiológico da população do Estado de Roraima.
A Lei 8080/90 que institui o Sistema Único de Saúde conceitua Vigilância
Epidemiológica como o conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes da saúde individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar
as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
Nessa perspectiva, os dados epidemiológicos coletados no período estimado
acima, visa subsidiar o planejamento das metas, ações de promoção,
assistência/tratamento à saúde e de controle das IST/HIV/AIDS/HV no âmbito do
Estado de Roraima, contribuindo assim, para aprimoramento e fortalecimento da
vigilância, linhas de cuidado, prevenção, diagnóstico precoce, redução de risco e
vulnerabilidades, promoção de direitos humanos, da articulação com redes de atenção
e movimentos sociais, a ampliação do acesso aos medicamentos, preservativos e
outros insumos usados em saúde com objetivo de enfrentamento da Epidemia do HIV,
AIDS, HV e outras Infeções Sexualmente Transmissíveis.
3.4.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA POR AGRAVO:
3.4.1.1 HIV/AIDS EM ADULTO:
No Brasil, em 2018, foram diagnosticados 43.941 novos casos de HIV e
37.161 casos de AIDS – notificados no Sinan, declarados no SIM e registrados no
Siscel/Siclom –, com uma taxa de detecção de 17,8/100.000 habitantes (2018),
totalizando, no período de 1980 a junho de 2019, 966.058 casos de AIDS detectados
no país. Desde o ano de 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção de
AIDS no Brasil, que passou de 21,4/100.000 habitantes (2012) para 17,8/100.000
habitantes em 2018, configurando um decréscimo de 16,8%; essa redução na taxa de
detecção tem sido mais acentuada desde a recomendação do “tratamento para
todos”, implementada em dezembro de 2013. Como a notificação da infecção pelo
143
HIV ainda está sendo absorvida pela rede de vigilância em saúde, não são calculadas
as taxas referentes a esses dados. A infecção pelo HIV e a AIDS fazem parte da Lista
Nacional de Notificação Compulsória de doenças (Portaria de Consolidação MS/GM
nº 4, de 28 de setembro de 2017), sendo que a AIDS é de notificação compulsória
desde 1986 e a infecção pelo HIV é de notificação compulsória desde 2014; assim,
na ocorrência de casos de infecção pelo HIV ou AIDS, estes devem ser reportados às
autoridades de saúde, que possibilita caracterizar e monitorar tendências, perfil
epidemiológico, riscos e vulnerabilidades na população infectada, com vistas a
aprimorar a política pública de enfrentamento da Pandemia.
Em Roraima, ao analisar os dados de casos de HIV/AIDS no período de 2018
a 2019, observa-se que no ano de 2018 foram notificados 605 casos, sendo 201
casos de AIDS e 404 casos de HIV e no ano 2019 foram notificados 532 casos,
sendo 197 casos de AIDS e 335 casos de HIV (tab. 14). Observa-se uma pequena
redução de casos notificados em 2019 em relação ao ano de 2018.
Tabela 14. Demonstrativo do número absoluto de casos de HIV/AIDS, segundo ano
de diagnóstico, no período de 2018 a 2019, em Roraima.
AGRAVO 2018 2019 Total %Total
AIDS 201 197 398 35,0 HIV+ 404 335 739 65,0 Total 605 532 1137 100
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
3.4.1.2 HIV/AIDS ADULTO EM ESTRANGEIRO RESIDENTE EM RORAIMA:
Tabela 15. Demonstrativo do número absoluto de casos de HIV/AIDS adulto em
estrangeiros, segundo ano de diagnóstico, no período de 2018 a 2019, em Roraima:
ESTRANGEIROS 2018 2019 TOTAL
VENEZUELANOS 196 179 375 GUIANENSE 2 2 4 CUBANO 2 1 3 HAITIANO 1 0 1
TOTAL 201 182 383 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
A tabela 15 destacam-se entre os casos notificados em estrangeiros os de
nacionalidade venezuelana, com o total de 196 casos no ano de 2018 e 179 casos
notificados no ano de 2019. Esses elevados casos de notificação de HIV/AIDS podem
ser relacionados à imigração decorrente da crise política e econômica que passa o
país da Venezuela e que faz fronteira com o Brasil.
144
Ao analisar a Tabela 16, visualiza-se a taxa de detecção da infecção por AIDS
em adultos por município de residência, observa-se que os municípios de Alto Alegre,
Amajarí, Cantá, Caracaraí, Iracema e Mucajaí destacam-se com aumento das taxas
de detecção de AIDS em adultos durante o ano de 2019 em relação ao ano de 2018,
e os municípios de Boa Vista e Rorainópolis apresentaram declínio, podendo este ser
relacionado ao fato de serem as cidades mais populosas do Estado.
Tabela 16. Demonstrativo da Taxa de detecção AIDS adulto, segundo município de
residência, no período de 2018 a 2019, Roraima.
Município Residência 2018 2019
Alto Alegre 19,18 25,79 Amajarí 16,14 39,07 Boa Vista 39,96 36,07 Bonfim 40,79 24,18 Cantá 11,19 21,82 Caracaraí 18,55 22,80 Caroebe 40,20 9,83 Iracema 0,0 8,37 Mucajaí 5,71 16,80 Normandia 9,05 0,0 Pacaraima 19,26 11,49 Rorainópolis 23,7 19,89 São João da Baliza 24,84 24,39 São Luiz 0,0 0,0 Uiramutâ 0,0 0,0
RORAIMA 31,91 29,71 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020).
3.4.1.3 HIV/AIDS EM CRIANÇA:
A Tabela 17 demonstra o número de casos notificados de HIV/AIDS em
indivíduos menores de 13 anos de idade e o município de residência, em que se
visualiza um total de 04 casos, sendo 3 para AIDS e 1 para HIV no ano de 2019, em
Roraima. O município de Boa Vista é o que têm o maior número de caso com o total
de 9 casos notificados, sendo 6 casos em 2018 e 3 casos em 2019.
Tabela 17. Demonstrativo do número de casos HIV/AIDS em criança, segundo
agravos e município de residência, no período de 2018 a 2019, em Roraima:
AGRAVO 2018 2019 Total %Total
AIDS CRIANÇA 4 3 7 58,33 HIV+ CRIANÇA 4 1 5 41,67 Total 8 4 12 100
Município Residência RR 2018 2019 Total %Total
Boa Vista 6 3 9 75 Caracaraí 1 0 1 8,33 Mucajaí 0 1 1 8,33 Rorainópolis 1 0 1 8,33 Total 8 4 12 100
Fonte: SINAN-NET (20/07/2020)
145
3.4.1.4 HIV EM GESTANTE E COEFICIENTE DE DETECÇÃO
O Gráfico 15 apresenta o número de casos e a taxa de coeficiente de detecção
de HIV em gestante, segundo ano diagnóstico no período de 2018 a 2019 em
Roraima. Ao analisar os dados expostos, no ano de 2018 foram notificados 53 casos
para um coeficiente de detecção 4,4 (por mil nascidos vivos), no ano de 2019, foram
notificados 43 casos para um coeficiente de detecção 3,8 (por mil nascidos vivos).
Essa diminuição pode ser, em parte, devido à ampliação do diagnóstico no pré-natal
e a consequente prevenção da transmissão vertical do HIV.
Gráfico 15. Número de casos notificados e o coeficiente de detecção de HIV em
gestante, no período de 2018 a 2019, em Roraima:
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
3.4.1.5 HIV EM GESTANTE, SEGUNDO O MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA EM
RORAIMA:
Analisando a gráfico 15, o coeficiente de detecção em HIV em gestantes,
segundo o município de residência em Roraima, ocorreu uma diminuição na taxa no
ano de 2019 nos municípios respectivamente: Amajarí, Boa Vista, Cantá e Iracema.
Os municípios de Alto Alegre, Caroebe, Normandia, S. Luis, S. J. Baliza e Uiramutã,
não notificou nenhum caso de HIV em gestante no período 2018 a 2019. O Estado de
Roraima em 2019 apresentou uma taxa coeficiente de detecção de 3,1 (por mil
nascidos vivos), sendo, maior que a taxa nacional do Brasil que é de 2,9 (por mil
nascidos vivos). Essa taxa, pode ser relacionada à ampliação do diagnostico nos
municípios.
53
4,4
43
3,80
20
40
60
80
100
120
casos de HIV em gestante Coefic.detecção HIV em gestante
Casos H
IV G
esta
nte
2018 2019
146
Tabela 18. Demonstrativo de coeficiente de detecção em HIV em gestantes, segundo
o município de residência no período de 2018 a 2019, em Roraima:
Município de residência 2018 2019
Alto Alegre 0,0 0,0 Amajari 6,9 0,0 Boa Vista 4,4 3,8 Bonfim 2,6 5,1 Cantá 14,8 5,9 Caracaraí 0,0 9,9 Caroebe 0,0 0,0 Iracema 7,2 0,0 Mucajaí 0,0 3,1 Normandia 0,0 0,0 Pacaraima 7,1 0,0 Rorainópolis 3,2 3,2 São João da Baliza 0,0 0,0 São Luiz 0,0 0,0 Uiramutã 0,0 0,0
RORAIMA 3,8 3,1
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
3.4.1.6 CRIANÇA EXPOSTA AO HIV:
Tabela 19. Demonstrativo de casos notificados de criança exposta HIV, segundo o
agravo e município de residência no período de 2018 a 2019, em Roraima:
Agravos notificados 2018 2019 Total %Total
CRIANCA EXPOSTA HIV 36 57 93 100 Total 36 57 93 100
Município Residência RR 2018 2019 Total %Total
Alto Alegre 0 1 1 1,1 Amajarí 0 0 0 0 Boa Vista 27 41 68 74,73 Bonfim 0 1 1 1,1 Cantá 0 3 3 3,3 Caracaraí 0 3 3 3,3 Caroebe 3 0 3 3,3 Iracema 0 1 1 1,1 Mucajaí 0 1 1 1,1 Normandia 0 0 0 0 Pacaraima 4 1 5 5,49 Rorainópolis 1 1 2 2,2 São João da Baliza 0 2 2 2,2 São Luiz 0 1 1 1,1 Uiramutã 0 0 0 0 Total 35 56 91 100
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020).
A tabela 19 apresenta o número absoluto de casos notificados em criança
exposta ao HIV, observa-se que no ano de 2019 foram notificados 57 casos houve um
aumento de cerca de 59% de casos novos em relação ao mesmo período do ano de
147
2018. Esse aumento pode ser relacionado a ampliação do diagnóstico de testagem
rápida no pré-natal da gestante. O município com o maior números de casos é Boa
Vista com 68 casos no total de 2 anos e 41 casos notificados em 2019. Vale ressaltar
que a cidade de Boa Vista é a mais populosa entre os municípios, e também onde a
maior quantidade de Unidade Básica de Saúde.
3.4.2 SÍFILIS ADQUIRIDA
Tabela 20. Demonstrativo de números de casos e taxa de detecção de Sífilis
adquirida, segundo município de residência, no período 2018 a 2019, Roraima:
Agravos Taxa detecção 2018 2019 Taxa detecção TOTAL
SIFILIS ADIQUIRIDA 117,07 675 669 110,44 1344
Mun Resid RR 2018 2019 TOTAL
Alto Alegre 6,39 1 5 32,24 6 Amajari 56,48 7 3 23,44 10 Boa Vista 149,98 563 548 137,27 1111 Bonfim 65,27 8 1 8,05 9 Cantá 50,37 9 8 43,63 17 Caracaraí 102,02 22 16 72,97 38 Caroebe 30,15 3 0 0,00 3 Iracema 94,83 11 8 66,95 19 Mucajaí 11,41 2 8 44,81 10 Normandia 9,05 1 6 53,14 7 Pacaraima 70,60 11 10 57,47 21 Rorainópolis 47,4 14 27 89,51 41 São João da Baliza 12,42 1 10 121,94 11 São Luiz 89,06 7 8 100,18 15 Uiramutã 77,48 8 6 56,62 14
TOTAL 115,86 668 664 109,61 1332 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020).
A tabela 20 demonstra os números absolutos de casos de Sífilis adquirida e a
taxa de detecção, segundo ano de diagnóstico e município de residência no período
de 2018 a 2019, em Roraima foram notificados nesse período 1.344 casos, o
município que apresentou o maior número de casos em 2019 foi o de Boa Vista com
548 casos e a taxa de detecção de 137,27 (por 100.000 habitantes), comparando ao
ano de 2018 ocorreu uma diminuição no número de casos. Observa-se também que
os municípios de Amajarí, Bonfim, Cantá, Caracaraí, caroebe, Iracema, Pacaraima e
Uiramutã todos tiveram uma diminuição nos casos notificados e os municípios que
apresentaram aumento nos números de casos foram: Alto Alegre, São João da Baliza,
São Luiz, Rorainópolis, Normandia e Mucajaí.
148
3.4.2.1 SÍFILIS EM GESTANTES
A tabela 21 demonstra a taxa de incidência de casos de Sífilis em gestantes
nos municípios, segundo ano de diagnóstico no período de 2018 a 2019, em Roraima
foram notificados nesse período 509 casos de Sífilis em gestantes e no ano de 2019
apresentou o maior número de casos novos notificados com 302 casos confirmados,
com a taxa de incidência 22,63 (por 1000 nascidos vivos). Os municípios com as
maiores taxas de incidência em 2019 são: São Luiz com 46,51 (por 1000 nascido
vivos), Caracaraí com 39,41 (por 1000 nascido vivos), Rorainópolis com 31,85 (por
1000 nascido vivos), Mucajaí com 30,77(por 1000 nascido vivos), Cantá 26,71 (por
1000 nascido vivos) e Boa Vista 25,11 (por 1000 nascido vivos), esse aumento de
casos novos nos municípios pode ser consequência da distribuição de insumos de
testagem para as Unidades Básicas de Saúde.
Tabela 21. Demonstrativo de números de casos e taxa de incidência de Sífilis em
gestantes, segundo município de residência, no período 2018 a 2019, Roraima:
Agravo Taxa incidência 2018 2019 Taxa incidência Total
Sífilis em gestante 15,51 207 302 22,63 509 Total Mun Resid RR 2018 2019 Total
Alto Alegre 4,07 3 12 16,28 15 Amajari 11,55 5 4 9,24 9 Boa Vista 19,6 160 205 25,11 365 Bonfim 5,12 2 1 2,56 3 Cantá 23,74 8 9 26,71 17 Caracaraí 14,78 6 16 39,41 22 Caroebe 11,05 2 0,0 0,0 2 Iracema 14,49 2 1 7,25 3 Mucajaí 12,31 4 10 30,77 14 Normandia 6,48 3 2 4,32 5 Pacaraima 7,09 3 7 16,55 10 Rorainópolis 9,55 6 20 31,85 26 São João da Baliza 0,0 0,0 2 16,81 2 São Luiz 0,0 0,0 4 46,51 4 Uiramutã 1,95 1 4 7,8 5 Roraima 15,36 205 297 22,63 509
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
3.4.2. 2 SÍFILIS CONGÊNITA
A tabela 22 demonstra os casos notificados e taxa de incidência de sífilis
congênita, segundo ano de diagnóstico e município de residência, no período de 2018
a 2019, em Roraima. Foram notificados nesse período 126 casos de Sífilis congênita.
Observa-se que no ano de 2019 foram notificados 68 casos com a taxa de incidência
149
de 5,10 (por 1000 nascidos vivos), houve um aumento dos casos em relação ao ano
de 2018. Destaca-se o Município de Boa Vista com a diminuição nos números de
casos no ano de 2019, com 4,78 (por 1000 nascidos vivos) em relação ao ano de
2018. Sabemos que existe o tratamento para Sífilis em gestante diagnosticada no pré-
natal para evitar a transmissão vertical, mas com essas altas taxa de incidência de
Sífilis congênita inferimos como causa provável a falta de pré-natal para gestação ou
tratamento inadequado da gestante e parceiro. Portanto é necessária uma
investigação nos casos de Sífilis congênita.
Tabela 22. Demonstrativo de números de casos e taxa de incidência de Sífilis
congênita, segundo município de residência, no período 2018 a 2019, Roraima:
Agravo Taxa
incidência 2018 2019 Taxa
incidência Total
Sífilis Congênita 4,35 58 68 5,10 126 Total 58 68 126
Mun Resid RR 2018 2019 Total
Alto Alegre 0,0 0,0 1 1,36 1 Amajari 0,0 0,0 1 2,31 1 Boa Vista 6,0 49 39 4,78 88 Bonfim 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Cantá 2,97 1 5 14,84 6 Caracaraí 7,39 3 6 14,78 9 Caroebe 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Iracema 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mucajaí 0,0 0,0 5 15,38 5 Normandia 0,0 0,0 1 2,16 1 Pacaraima 0,0 0,0 1 2,36 1 Rorainópolis 6,37 4 3 4,78 7 São João da Baliza 0,0 0,0 2 16,81 2 São Luiz 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Uiramutã 1,95 1 1 1,95 2 Roraima 4,35 58 68 5,10 123
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
3.4.3 OUTRAS INFECÇÔES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – IST –
ESTADUAL
A tabela 23 demonstra os números absolutos de casos de Infecções
Sexualmente Transmissíveis - IST, segundo ano de notificação e agravos, no período
de 2018 a 2019 em Roraima. Foram notificados no período 6.336 no total dos casos
de ISTs, sendo 3.205 casos notificados no ano de 2019, os agravos com os maiores
números de notificações foram: Síndrome do corrimento cervical em mulheres, com
1.383 casos (cerca de 40,74% do total), em segundo Candidíase com 583 casos
(cerca de 19,32% do total) e em terceiro Outras doenças inflamatória pélvicas
femininas, com 336 casos (cerca de 12,77% do total).
150
Tabela 23. Demonstrativo das Infecções Sexualmente Transmissíveis segundo
notificação dos agravos, no período do ano de 2018 a 2019, Roraima:
Agravos IST Nível Estadual 2018 2019 Total %Total
Candidiase 641 583 1224 19,32 Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) 181 142 323 5,1 Doencas sexualmente transmitidas, nao especificadas 220 290 510 8,05 Herpes genital (apenas o primeiro episodio) 40 87 127 2 Outras afeccoes inflam da vagina e da vulva 213 179 392 6,19 Outras doencas inflamatorias pelvicas femininas 473 336 809 12,77 Sifilis em adulto (excluida a forma primaria) 56 17 73 1,15 Sindrome da ulcera genital (excl herpes genital) 30 27 57 0,9 Sindrome do corrimento cervical em mulheres 1198 1383 2581 40,74 Tricomoniase 79 161 240 3,79
Total 3131 3205 6336 100 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
Na tabela 24 visualiza-se os casos de Infecção Sexualmente transmissíveis-
IST notificados por município de residência, destacam-se no ano de 2019 os
municípios de: Boa Vista com 1.550 casos notificados, em segundo Rorainópolis com
476 casos notificados e Bonfim com 379 casos notificados. O município de Boa Vista
apresentou uma diminuição de casos notificados em relação ao ano de 2018, mas as
cidades de Bonfim e Rorainópolis obtiveram um aumento no número de casos
notificados. Vale ressaltar que Boa Vista e Rorainópolis são os mais populosos do
Estado, onde ocorre o maior número de atendimentos e maior oferta de serviços nas
Unidades de saúde.
Tabela 24. Demonstrativo das Infecções Sexualmente Transmissíveis segundo
município de residência, no período do ano de 2018 a 2019, Roraima:
Mun Resid RR 2018 2019 Total %Total
Alto Alegre 84 73 157 2,5 Amajari 69 24 93 1,48 Boa Vista 1744 1550 3294 52,36 Bonfim 196 379 575 9,14 Cantá 138 127 265 4,21 Caracaraí 198 218 416 6,61 Caroebe 25 5 30 0,48 Iracema 197 11 208 3,31 Mucajaí 49 55 104 1,65 Normandia 43 52 95 1,51 Pacaraima 13 10 23 0,37 Rorainópolis 229 476 705 11,21 São João da Baliza 92 126 218 3,47 São Luiz 5 76 81 1,29 Uiramutã 15 12 27 0,43 Total 3097 3194 6291 100
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
151
3.4.4 OBITOS CAUSA BÁSICA AIDS
Tabela 25. Demonstrativo de Óbitos causa básica AIDS, no período do ano de 2018
a 2019, Roraima:
Agravo 2018 2019 Total %TOTAL
AIDS 40 31 71 100
Total 40 31 71 100
Munic Resid - RR 2018 2019 Total %Total
Alto Alegre 1 0 1 1,41
Amajari 0 0 0 0
Boa Vista 31 24 55 77,46
Bonfim 1 0 1 1,41
Cantá 0 0 0 0
Caracaraí 0 1 1 1,41
Caroebe 2 0 2 2,82
Iracema 1 0 1 1,41
Mucajaí 1 2 3 4,23
Normandia 0 0 0 0
Pacaraima 0 1 1 1,41
Rorainópolis 2 0 2 2,82
São João da Baliza 0 3 3 4,23
São Luiz 1 0 1 1,41
Uiramutã 0 0 0 0
Total 40 31 71 100
FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)
A tabela 25 observa-se os casos notificados de óbitos causa básica AIDS e o
município de residência dos óbitos, no ano de 2019 foram notificados 31 óbitos, sendo
na capital Boa Vista 24 casos de óbitos, se comparar com ao ano de 2018, houve uma
redução de 22,9% nos casos notificados.
3.4.5 HEPATITES VIRAIS POR MUNICÍPIO DE NOTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
ETIOLÓGICA:
No ano de 2019 foram notificados 374 casos suspeitos de hepatites virais,
destes 251 foram confirmados por teste rápido ou por critério laboratorial. A hepatite
viral mais frequente no estado é a hepatite B, com 174 casos confirmados
apresentando maior incidência que no ano de 2018. Em segundo lugar temos a
hepatite A, que apresentou maior taxa de detecção que no ano de 2018, com 48 casos
confirmados. Em seguida a Hepatite C, com 19 casos, e se comparado ao ano anterior
houve um aumento significativo de casos. Houve também registro de 02 casos com
os vírus B+C e por fim a hepatite D com 01 caso confirmado. Tabelas 26 e 27.
152
Tabela 26. Casos de Hepatites Virais por município de notificação e classificação etiológica no ano de 2018:
Mun US Noti RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total
Alto Alegre 0 0 0 0 0 0
Amajari 0 0 0 0 0 0
Boa Vista 1 25 114 6 1 147
Bonfim 0 0 0 0 0 0
Cantá 0 0 0 0 0 0
Caracaraí 1 0 7 0 0 8
Caroebe 0 0 1 0 0 1
Iracema 0 0 1 0 0 1
Mucajaí 0 1 0 0 0 1
Normandia 0 0 0 0 0 0
Pacaraima 2 0 0 0 0 2
Rorainópolis 0 0 0 0 0 0
São João da Baliza 0 0 1 1 0 2
São Luiz 0 0 2 0 0 2
Uiramutã 1 0 0 0 0 1
Total 5 26 126 7 1 165 FONTE:SINAN-NET (04/08/2020)
Tabela 27. Casos de Hepatites Virais por município de notificação e classificação etiológica no ano de 2019:
Mun US Noti RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total
Alto Alegre 1 0 2 0 0 0 3
Amajari 0 0 1 0 0 0 1
Boa Vista 0 46 149 18 1 2 216
Bonfim 3 0 0 0 0 0 3
Cantá 0 0 0 0 0 0 0
Caracaraí 0 1 0 1 0 0 2
Caroebe 0 0 5 0 0 0 5
Iracema 1 0 0 0 0 0 1
Mucajaí 0 0 1 0 0 0 1
Normandia 0 0 2 0 0 0 2
Pacaraima 1 1 0 0 0 0 2
Rorainópolis 0 0 3 0 0 0 3
São João da Baliza 0 0 0 0 0 0 0
São Luiz 1 0 2 0 0 0 3
Uiramutã 0 0 9 0 0 0 9
Total 7 48 174 19 1 2 251 FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
153
3.4.5.1 HEPATITES VIRAIS POR CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA E FAIXA
ETÁRIA:
Em relação à ocorrência das hepatites virais por faixa etária, observa-se uma
mudança na incidência de hepatite A, que até o ano de 2018 os casos ocorriam na
primeira década de vida, principalmente na faixa etária de 5 a 9 anos, no ano de 2019,
a hepatite A se apresenta num padrão epidemiológico diferenciado, que pode está
relacionado às práticas sexuais desprotegidas, por contato boca-anus, apresentando
o maior número de casos na faixa etária de 20 a 29 anos com 18 casos, seguida pela
faixa etária de 15 a 19 anos com 10 casos, 05 casos respectivamente nas faixas
etárias de 1 a 4 e 5 a 9 anos, na faixa etária 10 a 14 e 30 a 39 anos 03 casos cada,
50 a 59 anos, 02 casos e apresentaram 01 caso as faixas etárias de 60 a 69 anos e
menor 1 ano, respectivamente.
A taxa de detecção da hepatite B começa a aumentar a partir dos 15 anos e
sofre um declínio geralmente pela faixa etária de 60 a 69 anos e seguintes, o que
provavelmente está associado ao estilo de vida e ao comportamento que oferecem
maior risco. Em 2019, observou-se maior detecção na faixa de 30 a 39 anos de idade,
que apresentou 51 casos, seguida por 40 a 49 anos com 41 casos, em 2018 observou-
se que essas faixas etárias também foram as mais acometidas pela hepatite B, em
comparação ao ano anterior observa-se um aumento significativo de detecção na faixa
de 20 a 29 anos, totalizando 39 casos, seguido pela faixa etária de 50 a 59 anos com
28 casos, 60 a 69 com 07, 70 a 79 anos com 04 casos, 15 a 19 anos com 02 casos e
01 caso para as faixas etárias de 10 a 14 anos e 80 e mais, respectivamente. Este
cenário sugere um padrão epidemiológico de alta endemicidade no Estado.
A hepatite C manteve-se no padrão de detecção, apresentando caso
confirmado a partir dos 20 anos de idade e aos 79 anos ainda detectando casos
positivos. Em 2019 a faixa etária que mais apresentou casos confirmados foi a de 50
a 59 anos, com 10 casos, seguido de 60 a 69 anos com 04 casos, de 40 a 49 anos
foram detectados 02 casos e nas faixas etárias de 20 a 29, 30 a 39 e 70 a 79 anos,
foram acometidas igualmente, ambas com o total de 01 caso cada. (Tabelas 28 e 29).
154
Tabela 28. Casos confirmados de Hepatites Virais por classificação etiológica
e faixa etária no ano de 2018:
Fx Etaria (13) Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total
Menor 1 ano 0 0 1 0 0 1
1 a 4 anos 0 2 0 0 0 2
5 a 9 anos 0 11 0 0 0 11
10 a 14 anos 0 3 0 0 0 3
15 a 19 anos 0 4 2 0 0 6
20 a 29 anos 2 5 25 0 0 32
30 a 39 anos 1 0 30 2 0 33
40 a 49 anos 0 1 34 2 0 37
50 a 59 anos 0 0 21 2 1 24
60 a 69 anos 2 0 12 0 0 14
70 a 79 anos 0 0 1 1 0 2
80 anos e mais 0 0 0 0 0 0
Total 5 26 126 7 1 165
FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
Tabela 29. Casos confirmados de Hepatites Virais por classificação etiológica e faixa
etária no ano de 2019:
Fx Etaria (13) Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total
Menor 1 ano 1 1 0 0 0 0 2
1 a 4 anos 0 5 0 0 0 0 5
5 a 9 anos 0 5 0 0 0 0 5
10 a 14 anos 0 3 1 0 0 0 4
15 a 19 anos 0 10 2 0 0 0 12
20 a 29 anos 2 18 39 1 0 0 60
30 a 39 anos 1 3 51 1 0 0 56
40 a 49 anos 1 0 41 2 1 0 45
50 a 59 anos 1 2 28 10 0 1 42
60 a 69 anos 0 1 7 4 0 0 12
70 a 79 anos 1 0 4 1 0 1 7
80 anos e mais 0 0 1 0 0 0 1
Total 7 48 174 19 1 2 251
FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
155
3.4.5.2 HEPATITES VIRAIS POR MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA E CLASSIFICAÇÃO
ETIOLÓGICA
Observou-se maior incidência de hepatite A no município de Boa Vista 45
casos, seguido pelos municípios de Pacaraima 02 casos e Caracaraí com 01 caso. A
hepatite B apresentou maior taxa de detecção no município de Boa Vista com 217
casos, seguido pelo município de Uiramutã 07 casos 07 casos, Mucajaí 06 casos,
Caroebe, Pacaraima e Alto Alegre com 05 casos cada, Rorainópolis 04, Normandia
03 e Iracema, Cantá, Caracaraí e São Luiz com 02 casos respectivamente e Amajari
apresentou 01 caso confirmado. A Hepatite C apresentou maior taxa de detecção no
município de Boa Vista com 16 casos, seguido pelos municípios de Alto Alegre,
Caracaraí e Uiramutã com 01 caso cada. Foi registrado 01 caso de hepatite D no
município de Boa Vista e 02 casos de hepatite B+C, 01 em Boa Vista e 01 em
Caracaraí. Tabelas 30 e 31.
Tabela 30. Casos de Hepatites Virais por município de residência e classificação etiológica no ano de 2018:
Mun Resid RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total
Alto Alegre 0 0 7 0 0 7
Amajari 0 0 0 0 0 0
Boa Vista 1 25 89 6 1 122
Bonfim 0 0 0 0 0 0
Cantá 0 0 1 0 0 1
Caracaraí 1 0 11 0 0 12
Caroebe 0 0 1 0 0 1
Iracema 0 0 2 0 0 2
Mucajaí 0 1 2 0 0 3
Normandia 0 0 1 0 0 1
Pacaraima 2 0 2 0 0 4
Rorainópolis 0 0 1 0 0 1
São João da Baliza 0 0 3 1 0 4
São Luiz 0 0 2 0 0 2
Uiramutã 1 0 2 0 0 3 FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
156
Tabela 31. Casos de hepatites virais por município de residência e classificação etiológica no ao de 2019:
Mun Resid RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total
Alto Alegre 0 0 5 1 0 0 6 Amajari 0 0 1 0 0 0 1 Boa Vista 1 45 127 16 1 1 191 Bonfim 3 0 0 0 0 0 3 Cantá 0 0 2 0 0 0 2 Caracaraí 0 1 2 1 0 1 5 Caroebe 0 0 5 0 0 0 5 Iracema 1 0 2 0 0 0 3 Mucajaí 0 0 6 0 0 0 6 Normandia 0 0 3 0 0 0 3 Pacaraima 1 2 5 0 0 0 8 Rorainópolis 0 0 4 0 0 0 4 São João da Baliza 0 0 0 0 0 0 0 São Luiz 1 0 2 0 0 0 3 Uiramutã 0 0 7 1 0 0 8 Total 7 48 171 19 1 2 248
FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
3.4.5.3 HEPATITES VIRAIS POR SEXO E CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA:
Com relação ao sexo, as hepatites virais mantem-se no mesmo curso
epidemiológico, sendo acometido com maior frequência em homens que em
mulheres, conforme descrito nas tabelas 32 e 33, referente aos anos de 2018 e 2019.
Tabela 32. Casos confirmados de Hepatites virais por sexo e classificação etiológica no ano de 2018:
Sexo Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total
Masculino 2 12 78 2 1 95 Feminino 3 14 48 5 0 70 Total 5 26 126 7 1 165
FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
Tabela 33. Casos confirmados de Hepatites virais por sexo e classificação etiológica no ano de 2019:
Sexo Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total
Masculino 3 27 91 12 1 2 136 Feminino 4 21 83 7 0 0 115 Total 7 48 174 19 1 2 251
FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)
Recomendações:
- Reduzir a taxa de incidência pelo HIV/AIDS e por outras Infecções
Sexualmente transmissíveis – IST, nível estadual;
- Fortalecer a Vigilância Epidemiológica das IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais
nos municípios do Estado;
157
- Monitorar a notificação de sífilis em gestantes;
- Monitorar a notificação de casos novos de sífilis congênita em menores de 5
anos;
- Monitorar e cruzar os dados SIM/SINAN dos óbitos notificados em Roraima;
- Monitorar a notificação de gestantes HIV +;
- Implementar o Comitê de Investigação da Transmissão Vertical Estadual;
- Elaborar boletins epidemiológicos de IST/HIV/AIDS/Sífilis e Hepatites Virais
do Estado de Roraima;
3.4.5.4 Estratégias para Notificação e Investigação das Hepatites Virais:
- Após a notificação de casos de hepatites virais, deve-se iniciar a investigação
epidemiológica com o preenchimento da Ficha de Investigação no Sinan. Todos os
campos devem ser preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outros
itens podem ser incluídos no campo “observações”, conforme as necessidades e
peculiaridades de cada situação;
- Na investigação de casos de transmissão pessoa a pessoa ou fecal-oral,
deve-se investigar se os pacientes se expuseram a possíveis fontes de contaminação,
particularmente agua de uso comum e refeições coletivas;
- Na investigação de casos de hepatites virais de transmissão
sanguínea/sexual, deve-se investigar história de compartilhamento de objetos
contaminados – como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dente, alicates e
acessórios de manicure e pedicure, materiais para colocação de piercing e para
confecção de tatuagens, materiais para escarificação da pele para rituais,
instrumentos para uso de substâncias injetáveis, inaláveis (cocaína) e pipadas (crack),
além de antecedentes de exposição a material biológico, procedimentos cirúrgicos,
odontológicos, hemodiálise, transfusão (principalmente anterior a 1993), endoscopia,
e outros procedimentos invasivos em que não se aplicaram as normas adequadas de
biossegurança. Identificar a ocorrência da prática de relações sexuais desprotegidas
ou abuso sexual;
- É importante investigar a história de comunicantes e outros casos suspeitos
e/ou confirmados de hepatite, levantando hipóteses sobre a forma de transmissão,
com a finalidade de identificar indivíduos assintomáticos, prevenir a disseminação da
doença e evitar possíveis surtos.
158
3.4.5.5 Estratégias para Medidas de Prevenção e Controle das Hepatites Virais:
- Para as hepatites A e E, após a identificação dos primeiros casos,
estabelecer medidas de cuidado com a água de consumo, a manipulação de
alimentos, e as condições de higiene e saneamento básico junto à comunidade e aos
familiares;
- Para casos de hepatites B, C e D, nas situações em que se suspeite de
infecção coletiva em serviços de saúde, fornecedores de sangue ou hemoderivados,
em que não sejam adotadas as medidas de biossegurança –, investigar caso a caso,
buscando a fonte da infecção. Quando observada situação de surto, notificar a
vigilância sanitária para a adoção de medidas de controle nos estabelecimentos;
- Orientação de instituições coletivas, como creches, pré-escolas e outras,
sobre as medidas adequadas de higiene, desinfecção de objetos, bancado e chão,
utilizando hipoclorito de sódio 2,5% ou água sanitária;
- Lavagem e desinfecção, com hipoclorito de sódio, dos alimentos consumidos
crus;
- Afastamento do paciente, se necessário, de suas atividades de rotina. Para
os casos de hepatites A e E, essa situação deve ser reavaliada e prolongada em
surtos em instituições que abriguem crianças sem o controle esfincteriano (uso de
fraldas), onde a exposição e o risco de transmissão são maiores;
- Solicitação de exames no pré-natal (hepatite B);
- Solicitação de sorologia de hepatites para os doadores e receptores de
órgãos;
- Para prevenção de hepatites B, C e D, de transmissão sanguínea e sexual,
os indivíduos devem ser orientados sobre a importância do não compartilhamento de
objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dente,
materiais de manicure e pedicure. Além disso, as pessoas que usam drogas injetáveis
e/ou inaláveis devem ser orientadas sobre a importância do não compartilhamento de
agulhas, seringas, canudos e cachimbos. O uso de preservativos é recomendado em
todas as práticas sexuais;
- Monitoramento de pacientes com hemofilia e pacientes que recebem
hemoderivados;
- Vacinação – O Ministério da Saúde disponibiliza as vacinas hepatites A e B;
159
- Vacina hepatite A (inativada) purificada é indicada no calendário básico de
vacinação da criança. Em crianças, ela tem demonstrado elevada proteção após uma
dose. Essa vacina está disponível na rede pública para as crianças com 15 meses de
idade em esquema de dose única. Para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias, que
tenham perdido a oportunidade de se vacinar, recomenda-se administrar uma dose
da vacina hepatite A. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, a
vacina é indicada em esquema diferenciado para pacientes suscetíveis a hepatite A,
a partir de 12 meses de idade, com hepatopatias crônicas de qualquer etiologia,
inclusive portadores do HCV, portadores crônicos do HBV, de coagulopatias,
pacientes com HIV/aids, imunodepressão terapêutica ou por doença
imunodepressora, doenças de deposito, fibrose cística (mucoviscidose), trissomias,
candidatos a transplante de órgão sólido (cadastrados em programas de
transplantes), transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas
(medula óssea), doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas
(medula óssea) – cadastrados em programas de transplantes e hemoglobinopatias;
- A vacina hepatite B (recombinante) é recomendada, de forma universal, a
partir do nascimento. A aplicação da 1a dose nas primeiras 12-24 horas de vida resulta
em alta eficácia na prevenção da infecção transmitida verticalmente. A vacinação de
crianças confere imunidade prolongada, persistindo mesmo com a queda de título de
anticorpos que ocorre com o passar dos anos. A vacina hepatite B protege também
contra infecção pelo HDV. A vacina é administrada em esquema de 3 doses. Para os
recém-nascidos, deve-se administrar uma dose ao nascer, o mais precocemente
possível, nas primeiras 24 horas, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o
nascimento, ainda na maternidade. Esta dose pode ser administrada até 30 dias após
o nascimento. O esquema de vacinação da hepatite B deve ser completado com a
vacina pentavalente (vacina adsorvida difteria, tetano, pertussis, hepatite B
[recombinante] e Haemophilus influenzae B [conjugada]), aos 2, 4 e 6 meses de vida.
Crianças que perderam a oportunidade de receber a vacina hepatite B (recombinante)
até 1 mês de idade, não administrar mais essa vacina. Crianças até 6 anos 11 meses
e 29 dias, sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou
complementar esquema com penta, que está disponível na rotina dos serviços de
saúde, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Pessoas a partir
de 7 anos de idade: sem comprovação vacinal, administrar 3 doses da vacina hepatite
B com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda dose e de 6 meses entre a
160
primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses); Com esquema vacinal incompleto: não
reiniciar o esquema, apenas completá-lo conforme situação encontrada. Para
gestantes em qualquer faixa etária e idade gestacional: administrar 3 doses da vacina
hepatite B, considerando o histórico de vacinação anterior e os intervalos
preconizados entre as doses. Caso não seja possível completar o esquema durante a
gestação, deverá concluir após o parto.
- Imunoglobulina humana anti-hepatite tipo B (IGHAB) é indicada para
pessoas não vacinadas, ou com esquema incompleto, após exposição ao vírus da
hepatite B;
- Os trabalhadores da saúde devem obedecer às normas universais de
biossegurança e imunização contra a hepatite B;
- Logo após o nascimento, os recém-nascidos (RNs) de mulheres com
HBV(HBsAg reagente) devem receber imunoglobulina humana anti-hepatite B
(IGHaHB) e a primeira dose do esquema vacinal para HBV. As demais doses serão
feitas aos 2, 4 e 6 meses, com a vacina penta. Nesse caso, reforça-se a importância
de a vacina hepatite B ser administrada na sala de parto ou nas primeiras 12 horas e,
se não for possível, em até 24 horas após o parto, podendo a imunoglobulina ser
administrada no máximo até 7 dias de vida, pois essa ação previne a transmissão
perinatal da hepatite B em mais de 90% dos RNs;
- Realização de ações de educação: além das medidas de controle
específicas para as hepatites virais, ações de educação em saúde devem ser
desenvolvidas para os profissionais de saúde e para a comunidade em geral.
Bibliografia:
BRASIL. Ministério da Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico AIDS e IST. Brasília, 2019, p,: 10. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-de-hivaids-2019 BRASIL. Ministério da Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília, 2019, V,: único. Ed,: 3. p,: 265; 274-285. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais. Sistema de Informação Nacional de Agravos – SINAN. [internet] 2020 [acesso em 20/07/20 e 04/08/202020 ]. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/
161
3.5 TUBERCULOSE
Angela Maria Felix Alves Oliveira Elba Urzedo de Freitas Lamounier Maria Goreth Souza Alves Karla Cristina Souza Rocha
O Programa de controle da tuberculose, é descentralizado e hierarquizado nos
três níveis de Governo, com atribuições e responsabilidades especificas. Compete ao
Núcleo de Controle da Tuberculose gerenciar a execução das medidas de controle da
tuberculose em nível estadual; programar, acompanhar e controlar os
tuberculostáticos e insumos para o programa nacional de controle da tuberculose em
instância estadual; promover e participar da capacitação de recursos humanos,
fomentando a integração entre instituições de ensino e serviço; assessorar as
coordenadorias municipais e UBS - Unidade Básica de Saúde; promover, participar e
acompanhar o desenvolvimento de pesquisas de âmbitos municipal, estadual e
nacional; realizar supervisão para monitoramento das ações da tuberculose nas
unidades de saúde dos municípios e exercer outras atividades correlatas.
A tuberculose (TB) ainda é um sério e desafiador problema de saúde pública
global. No mundo, em 2018, cerca de dez milhões de pessoas adoeceram por
tuberculose e 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência dela, sendo a TB a
principal causa de morte por um único agente infeccioso. A doença afeta
desproporcionalmente pessoas do sexo masculino, adultos jovens e países de baixa
renda, apontando para a associação entre a ocorrência de TB e fatores
socioeconômicos.
Nesse cenário, o Brasil vem desenvolvendo diversas ações que visam reduzir
a morbimortalidade por TB. Dentre elas, com o objetivo de intensificar as ações de
prevenção e reduzir o adoecimento por TB, destaca-se a ampliação da vigilância e
das recomendações de investigação e tratamento da infecção latente pelo
Mycobacterium tuberculosis. Investimentos na incorporação de novas tecnologias
para o enfrentamento da TB no Sistema Único de Saúde (SUS) têm favorecido a
obtenção da qualidade e eficácia do diagnóstico e tratamento da doença.
O presente relatório apresenta os principais indicadores epidemiológicos e
operacionais da TB no Brasil, Roraima, estratificados por municípios com um recorte
para os casos de Tb na população privada de liberdade (PPL), em pessoas vivendo
com HIV (PVHIV) e TB Drogarresistente. Esses indicadores são os propostos para o
162
monitoramento do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde
Pública e das ações de enfrentamento da TB no país.
Em Roraima a taxa de incidência dos últimos cinco anos vem crescendo, em
2015 era 27,5/100.000 hab., e em 2019 foi de 49,9/100.000 hab., maior que a média
nacional 33,6/100.000 hab (Gráfico 16). A taxa de incidência de tuberculose estima-
se o risco de um indivíduo vir a adoecer de tuberculose em qualquer de suas formas
clinicas.
Vale ressaltar que em Roraima a incidência é bastante heterogenia, com taxas
elevadas até mesmo maior que a do Brasil, como é caso dos municípios de Alto
Alegre, Amajari e Bonfim (Gráfico 17).
Gráfico 16. Número de casos novos de tuberculose e taxa de incidência (por 100 mil
hab.) Roraima – 2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
Gráfico 17. Taxa de incidência (por 100 mil hab.) de casos novos de tuberculose por
município de residência – Roraima 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
2015 2016 2017 2018 2019
N° de casos 142 138 179 244 302
Taxa (100.000 hab.) 28,1 26,8 34,2 34,0 49,9
0
50
100
150
200
250
300
350
83,8
70,3
36,8
75,5
49,0
22,8 19,68,3
16,8
42,3
11,5
33,0
0,0
25,0
9,50
20
40
60
80
100
163
Em relação ao número de casos notificados no Estado, houve um aumento de
127,2% referente aos casos notificados em 2016 (172 casos) e 2019 (334 casos),
tendo em vista a implementação do Teste Rápido Molecular nesse período. O principal
aumento dos casos de tuberculose ocorreram nas populações mais vulneráveis:
Imigrante e Privados de liberdade.
Dos casos notificados em 2019, 302 (90,4%) são casos novos (indivíduos que
nunca realizaram tratamento para tuberculose e/ou iniciaram e abandonaram o
tratamento com menos de 30 dias), 15 (4,5%) transferência (indivíduos residentes no
estado que realizaram o diagnóstico em outra UF e retornaram para o estado), 04
(1,2%) casos de recidiva (casos que realizaram o tratamento, curaram e voltaram a
adoecer), 08 (2,4%) caso de reingresso após abandono (caso que iniciou o tratamento
anteriormente, abandonou e voltou a adoecer) e 05 (1,5%) casos de Pós Óbito (são
aqueles que nunca foram registrados no Sinan e foram notificados após a morte). O
pós-óbito reflete falha na busca ativa de casos novos e na identificação de contatos a
serem examinados.
Tabela 34. Número de casos de tuberculose notificados em Roraima por Tipo de
Entrada e Nacionalidade- 2019
NÚMERO
NACIONALIDADE
Total
Brasil Argentina Guiana Venezuela Portugal Bangladesh
Casos Novos 222 01 04 73 01 01 302
Transferência 11 0 0 04 0 0 15
Reing. Após
Abandono 07 0 0 01 0 0 08
Recidiva 04 0 0 0 0 0 04
Pós Óbito 05 0 0 0 0 0 05
Total 249 01 04 78 01 01 334
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
164
Em relação à faixa etária, no período avaliado predominou a faixa de 21 a 40
anos, com quase a metade dos casos de tuberculose (Gráfico 18).
Gráfico 18. Percentual de Casos Novos de Tuberculose por faixa etária – Roraima-
2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
Em relação à forma clínica dos casos novos de tuberculose notificados no
Estado em 2019, 253 (83,8%) foram pulmonares e 16 (5,3%) pulmonar +
extrapulmonar, desses casos, 215 (79,9%) são bacilíferos, a forma mais infectante
da doença e 33 casos (10,9%) são extrapulmonares (Gráfico 19).
Gráfico 19. Percentual de Casos Novos de Tuberculose por Forma Clinica –
notificados em Roraima – 2015-2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
< 10 anos 11 a 20 anos 21 a 40 anos 41 a 60 anos 61 e +anos
2015 2,1 10,6 39,4 31,0 16,9
2016 5,1 16,8 21,9 21,9 15,3
2017 4,1 14,2 42,6 20,1 18,9
2018 1,4 9,8 49,0 25,2 14,7
2019 4,0 10,9 54,0 18,5 12,6
0
10
20
30
40
50
60
%
2015 2016 2017 2018 2019
Pul + Extra 4,2 10,2 3,9 5,7 25,0
Extra pulmonar 15,5 14,6 12,3 9,4 10,9
Pulmonar 80,3 75,2 83,8 84,9 83,0
0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0
100,0
%
165
Na tabela 35 abaixo, referente ao número de casos diagnosticados por
município de residência, observa-se que no ano de 2019, houve uma superação em
relação a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, nota-se ainda que os municípios
de Amajarí, Boa Vista e Pacaraima, houve um aumento relevante nas notificações de
imigrantes no período, lembrando que os municípios deverão atingir a meta de 70,0%
dos casos novos esperados em relação à meta programada.
Tabela 35. Número de Casos Novos de Tuberculose e Proporção em relação à Meta
por município de residência – Roraima 2015 a 2019.
Município 2015 2016 2017 2018 2019
C.N % N. C % C.N % C.N % C.N %
Alto Alegre 5 45 7 70 17 188 16 80 16 80
Amajarí 7 54 4 31 3 38 4 50 14 200
Boa Vista 93 104 94 95 129 127 96 67 206 140,1
Bonfim 5 71 5 71 5 71 4 57 9 128,6
Cantá 6 86 5 71 3 38 3 43 10 166,7
Caracaraí 3 43 8 100 2 22 4 44 5 62,5
Caroebe 1 33 0 0 1 50 1 50 2 200
Iracema 1 33 0 0 2 100 1 50 1 50
Mucajaí 2 25 3 38 2 67 5 167 5 71,4
Normandia 3 100 4 100 4 67 1 17 5 83,3
Pacaraima 3 75 0 0 3 75 2 67 15 375
Rorainópolis 11 92 4 33 6 50 1 8 10 125
São J. da Baliza 0 0 1 33 0 0 0 0 0 0
São Luiz 0 0 1 100 0 0 0 0 2 200
Uiramutã 1 33 1 33 1 50 1 100 2 66,7
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações % em Relação à Meta
Em relação à avaliação dos casos suspeitos, cuja meta é examinar 100% dos
sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse por 3 semanas ou mais), que refere a
1% da população. Apenas os municípios de Alto Alegre e Amajari atingiram a meta.
Os demais municípios ficaram muito abaixo do esperado.
Vale ressaltar que a baixa busca ativa dos sintomáticos respiratórios de forma
continua nos municípios de residência, acarreta o aumento dos diagnósticos
realizados no município de Boa Vista, pela rede de média e alta complexidade, com
aumento do custo do tratamento, diagnóstico tardio, manutenção da cadeia de
transmissão e prejuízo social para o paciente. Necessitando de ações de vigilância de
forma continua para que a descoberta de casos seja nos municípios de residência e
realizadas precocemente para quebra da cadeia de transmissão da doença (Tabela
36).
166
Tabela 36. Número de Sintomáticos Respiratórios Examinados para Tuberculose
(incluindo áreas indígenas por município de residência e percentual em relação à meta
em Roraima – 2019
Municípios Meta por município 1 %
Pop.
Sintomáticos Respiratórios Examinados % Examinados
DSL DSY NI TOTAL
A. Alegre 156 9 266 0 275 176,3
Amajari 124 5 201 8 214 172,6
Boa Vista 3.754 15 9 3713 3737 99,5
Bonfim 122 23 0 52 75 61,5
Cantá 179 0 0 19 19 10,6
Caracaraí 216 0 5 85 90 41,7
Caroebe 99 0 6 0 6 6,1
Iracema 116 0 2 27 29 25,0
Mucajaí 175 0 2 51 53 30,3
Normandia 110 13 0 2 15 13,6
Pacaraima 156 15 3 19 37 23,7
Rorainópolis 295 0 0 23 23 7,8
São J. Baliza 80 0 0 5 5 6,3
São Luiz 79 1 0 27 28 35,4
Uiramutã 103 4 0 9 13 12,6
TOTAL 5764 85 494 4040 4619 80,1
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
No período de 2015 a 2019, observou-se um aumento na proporção de casos
novos de TB diagnosticados na PPL (Gráfico - 20). No último ano da série, 2019, 49
(16,3%) casos novos foram notificados entre os privados de liberdade.
Gráfico 20. Número de Casos Novos de Tuberculose na População Privada de
Liberdade notificados em Roraima – 2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS – Dados sujeito a alterações
A testagem para o HIV em todos os pacientes com tuberculose é uma
importante estratégia para identificação oportuna da coinfecção, o que pode
possibilitar a introdução precoce da terapia antirretroviral (TARV).
7
14
27
44
55
0
10
20
30
40
50
60
2015 2016 2017 2018 2019
Nú
mero
167
No Brasil de 2010 a 2018, a proporção de casos novos de TB testados para
HIV cresceu vertiginosamente. Em 2019, dados mostram que 76,1% dos casos novos
de TB testaram para HIV entre os casos novos, sendo que 8,4% dos casos foram
positivos. Em Roraima, 90,4% dos casos novos testaram para HIV e desses, 8,1%
dos casos foram de coinfecção TB/HIV. No gráfico 21, observa-se que apesar das
recomendações do MS ainda existem casos sem realizar o teste HIV.
Gráfico 21. Percentual de realização de testagem para HIV entre os casos novos de
tuberculose em Roraima - 2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESA/RR. Dados sujeito a alterações
A tuberculose é a principal causa de morte, por doença infecciosa, em pessoas
vivendo com HIV/ AIDS e o uso da terapia antirretroviral em pacientes coinfectados
reduz a mortalidade nesse grupo mais vulnerável. No Brasil em 2019, apenas 47,5%
realizaram terapia antirretroviral (TARV) durante o tratamento da TB, já em Roraima
no mesmo período 68,2% dos casos realizaram o TARV, índice maior que o nacional.
Pessoas que convivem com o vírus do HIV, devem ser avaliados para a
indicação do tratamento pra infecção latente da tuberculose (ILTB). Tendo assim a
oportunidade de evitar o desenvolvimento da doença. No ano de 2019, 59,7% dos
casos que realizaram o tratamento de ILTB, eram HIV+ (Gráfico 22).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
2015 2016 2017 2018 2019
78,981,8 80,4
76,9
83,1
11,3 9,5 8,97,0 7,3
0,7 2,2 1,7 1,4
7,99,26,6
8,914,7
1,7
Negativo Positivo Em. And. N.Realizado
168
Gráfico 22. Número de Casos de Tratamento de Infecção Latente da Tuberculose em
Roraima -2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
Em relação à avaliação da cura, a meta pactuada é de curar 85,0% dos casos
novos pulmonares com de tuberculose. Em 2019 o percentual de cura (48,9%) foi o
menor que o esperado pelo MS. Já a proporção de abandono do tratamento de
tuberculose no período avaliado está acima do que é preconizado pela MS (<5%). Por
sua vez, percebe-se que o número de óbito vem aumentando nos últimos anos e os
casos sem encerramento no sistema são bem expressivos. Em 2019, 4 casos não
evoluíram satisfatoriamente ao esquema básico de tratamento, desenvolvendo assim
a tuberculose drogarresistente (TB/DR) conforme Tabela 37.
Tabela 37. Cura, Abandono, Óbito e transferência de casos novos de tuberculose
notificados em Roraima – 2015 a 2019
Coorte Cura Abandono
Óbito por outras causas
Óbito por TB
Transf. TB/DR Aband.
Primário Em
Branco
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
2015 110 77,5 9 6,3 12 8,5 2 1,4 3 2,1 3 2,1 1 0,8 2 1,4
2016 99 72,8 6 4,4 15 11 2 1,5 5 3,7 6 4,4 1 0,8 3 2,2
2017 121 70,8 16 9,4 8 4,7 4 2,3 9 5,3 4 2,3 1 0,6 9 5,3
2018 155 69,8 22 9,9 5 2,3 6 2,7 25 11,3 3 1,4 3 1,4 3 1,4
2019 134 48,9 18 6,6 7 2,6 13 4,7 36 13,1 4 1,5 2 0,7 60 21,9
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
O Ministério da Saúde espera que apenas 10% dos casos de Tuberculose
sejam diagnosticados na Rede Hospitalar. Pois a porta de entrada para os casos de
tuberculose deve ser a atenção básica. Na série histórica analisada (gráfico 23),
0
20
40
60
80
100
120
2015 2016 2017 2018 2019
HIV + 6 12 5 45 111
Outras Indicações 51 34 28 43 75
Nº
169
observa-se que em 2017 (98/179) e 2019 (164/302) foram os anos com maior número
de diagnósticos na rede hospitalar.
Gráfico 23. Número de Casos Novos de Tuberculose e Diagnóstico na Rede
Hospitalar – Roraima 2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
O exame de contatos é uma atividade que deve ser realizada de forma ativa e
contínua, e tem como objetivo identificar/descartar casos de tuberculose ativa e de
infecção latente de tuberculose (ILTB). Por meio dessa estratégia, é possível detectar
precocemente os casos de tuberculose e iniciar o tratamento oportunamente, visando
à interrupção da cadeia de transmissão da doença.
A avaliação de contatos é um indicador do Programa de Qualificação das Ações
de Vigilância em Saúde (PQAVS), a meta pactuada é que 80% dos contatos sejam
avaliados. Nos dois últimos anos houve um aumento dos contatos avaliados, mas
ainda com o percentual abaixo do que o esperado (Tabela 38). Quando avaliação é
por município de residência o quadro é heterogêneo (tabela 39).
Tabela 38. Número e percentual de contatos examinados de casos novos de
tuberculose notificados em Roraima – 2015 a 2019
Anos Registrado
CONTATOS EXAMINADOS
Examinados % Examinado em relação ao
Registrado
2015 645 453 70,2
2016 701 446 63,6
2017 694 437 63,0
2018 1.438 1.146 79,7
2019 1.947 1.389 71,3
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
2015 2016 2017 2018 2019
Rede Hospitalar 55,6 51,8 54,7 37,5 54,3
Geral 44,4 48,2 45,3 62,5 45,7
0
10
20
30
40
50
60
70
%
Rede Hospitalar Geral
170
Tabela 39. Número e percentual de contatos examinados de casos novos de
tuberculose notificados por município de Residência - Roraima 2019
Município de Residência Contatos Registrados Contatos
Examinados %
Alto Alegre 64 22 34,4
Amajari 85 08 9,4
Boa Vista 1356 1064 78,5
Bonfim 46 24 52,2
Cantá 45 34 75,6
Caracaraí 23 23 100,0
Caroebe 03 04 133,3
Iracema 01 01 100,0
Mucajaí 08 09 112,5
Normandia 17 25 147,1
Pacaraima 71 09 12,7
Rorainopolis 49 31 63,3
São João 0 0 0,0
São Luiz 15 15 100,0
Uiramutã 5 04 80,0
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
O MS preconiza a realização de cultura seguida do Teste de Sensibilidade (TS),
principalmente nos casos de retratamento, o Teste de Sensibilidade deve ser
realizado em todos os casos com cultura de escarro positiva, a fim de que haja o
diagnóstico precoce da tuberculose drogarresistente e posterior execução de medidas
pertinentes ao manejo clínico. Em 2019 o Estado apresentou 83% de cultura realizada
nos casos de retratamento e 41,6% de TS no mesmo período (Gráfico 24).
Gráfico 24. Percentual de realização de cultura de escarro entre os casos de
retratamento de tuberculose em Roraima – 2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
2015 2016 2017 2018 2019
POS NEG EM AND NÃO REALIZADO
171
O Tratamento Diretamente Observado (TDO) é um dos indicadores prioritário
para aumentar a adesão ao tratamento “cura” e reduzir o abandono que na maioria
das vezes quando ocorrem é em pessoas que apresentam alguma vulnerabilidade
social ou econômica, convivem com a dependência química (drogas e álcool,
desagregação familiar, sem residência fixa), agravos associados (diabetes, HIV/AIDS
e doença mental) necessitando assim de um acompanhamento mais humanizado,
especializado e direto.
Em 2019, 66,4% dos casos estão registrados como TDO realizado e 33,3%
como tratamento auto administrado. Porém durante o monitoramento observa-se que
a maioria dos casos não obedecem aos critérios estabelecidos pelo Programa
Nacional de Controle da Tuberculose, como a utilização da ficha de TDO para todos
(Gráfico 25).
Gráfico 25. Percentual de casos de tuberculose por tratamento supervisionado em
Roraima – 2015 a 2019
Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações
Considerações finais
Os desafios para controlar a tuberculose permanecem, e as perspectivas para
acabar com a doença como problema de saúde pública apenas se concretizarão se
mais esforços forem lançados pelas três esferas de gestão de governo. No entanto,
para o cumprimento adequado desse desafio, é necessário melhorias no acesso, na
resolutividade e priorizar a tuberculose na gestão municipal, melhorar a qualidade dos
serviços prestados aos pacientes com tuberculose, garantindo-lhes o direito à
prevenção, ao diagnóstico correto e oportuno da doença e ao tratamento adequado e
humanizado.
0
20
40
60
80
100
120
2015 2016 2017 2018 2019
Realizado Não Realizado Ign/Branco
172
3.6 DOENÇAS EM ELIMINAÇÃO (Hanseníase, Oncocercose)
3.6.1 HANSENÍASE
Rita de Cássia da Luz Fonseca
A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico
é o Mycobacterium leprae. A magnitude e o alto poder incapacitante mantêm a doença
como um problema de saúde pública. De acordo com o Boletim Epidemiológico
Mundial, publicado em agosto de 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS),
do total de 210.671 casos novos de hanseníase informados, o Brasil teve 26.875
(12,7%) e a Índia 126.164 (59,9%) que continua sendo o País com maior números de
casos positivos do mundo pois tem uma população cinco vezes maior que a do Brasil.
A pesquisa reuniu informações de 150 países e territórios esses parâmetros
classificam o Brasil como de alta carga para a doença, sendo o segundo com o maior
número de casos novos registrados no mundo.
A detecção de hanseníase em menores de 15 anos indica uma transmissão
ativa e recente da infecção na comunidade, por isso, desde 2011, o Ministério da
Saúde, em consonância com os objetivos da OMS, atua por meio do Plano Integrado
de Ações Estratégicas para Eliminação da Hanseníase. Esse tem o compromisso
político de enfrentamento dessa doença negligenciada em prol da sua eliminação
como problema de saúde pública, por meio do diagnóstico precoce e tratamento
oportuno.
No período entre 2001 a 2017, a média da taxa de detecção de hanseníase em
menores de 15 anos no Brasil foi de 5,77 por 100 mil habitantes, considerada muito
alta. Entretanto, observa-se que houve uma tendência decrescente dessa taxa, sendo
que, em 2019, a taxa de detecção foi de 3,56 por 100 mil habitantes, classificada como
alta, porém é um número bom pois os casos em menores vem diminuído a cada ano.
É possível constatar a série temporal da taxa de detecção de hanseníase em
menores de 15 anos por região, com tendência decrescente em todas elas. (Figura-
23)
Entre as doenças infecciosas, a hanseníase é considerada uma das principais
causas de incapacidades físicas, em razão do seu potencial de causar lesões neurais.
Esse alto potencial incapacitante está diretamente relacionado ao poder imunogênico
do Mycobacterium leprae. Entretanto, estima-se que 95% dos indivíduos expostos ao
bacilo são naturalmente resistentes à infecção. Nos 5% susceptíveis, a doença pode
173
se manifestar de diferentes formas, a depender de fatores relacionados ao indivíduo,
tais como sexo, idade e susceptibilidade genética, ou às coletividades – por exemplo,
condições socioeconômicas e geográficas.
O Brasil está em consonância com as recomendações da Estratégia Global
para Hanseníase 2016-2020 da OMS, que tem como principal objetivo reduzir a carga
da doença. A estratégia pauta-se em três grandes pilares:
• O fortalecimento do controle e da parceria governamental;
• O combate da hanseníase e suas complicações;
• O enfrentamento da discriminação com promoção da inclusão social.
Esses pilares abrangem a detecção precoce de casos, o tratamento imediato
com esquema de poliquimioterapia (PQT), o desenvolvimento de pesquisas básicas e
o enfrentamento do estigma, promovendo a mobilização e sensibilização junto à
comunidade.
Figura 23. Taxa de detecção de casos novos de Hanseníase em menores de 15 anos
por região, Brasil 2012 a 2019
Taxa por 100.000 Habitantes. Figura-01
Fonte: SESAU/SINAN-NET/NCH E IBGE -dados sujeitos a alteração
Apesar dos avanços na área da saúde a hanseníase é endêmica no país e em
Roraima apresenta um coeficiente de detecção decrescente de 2014 a 2019 que é um
ponto positivo pois quanto mais pessoas forem diagnosticadas mais rápido será
iniciado o tratamento e cura será mais rápido. Em 2018, 107 casos novos foram
12
,5
7,8
9
1,3
1
0,3
1
7,5
4,8
1
13
,54
7,7
3
1,1
8
0,2
7
9,1
7
5,0
3
12
,66
7,4
8
1,3
0,2
9
10
,01
4,8
8
10
,11
7,6
4
0,8
6
0,2
8,3
2
4,4
6
8,9
2
5,7
8
0,9
3
0,1
6,4
2
3,6
3
8,1
1
6,1
1
0,8
6
0,2
9
7,0
6
3,6
8
7,8
1
7,6
2
0,7
1
0,2
5
7,7
5
3,4
6
7,0
3
7,2
3
0,6
8
0,2
7
7,0
6
3,5
6
N O R T E N O R D E S T E S U D E S T E S U L C . O E S T E B R A S I L
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
174
confirmados de hanseníase, com um coeficiente de detecção 20,2/100 mil hab e em
2019 foram diagnosticados 130 casos novos (Figura-24), com coeficiente de detecção
de 21,4/100 mil hab, em <15 de anos houveram 10 casos confirmados com um
coeficiente de detecção de 1,6/100 mil habitantes, considerado um número bom
comparado ao ano anterior.
Figura 24. NÚMERO DE CASOS NOVOS DE HANSENÍASE E COEFICIENTE DE
DETECÇÃO POR 100 MIL HAB./ RORAIMA, 2014 á 2019
Fonte: SINAN/NCH/DVE/SESAU/RR e IBGE -dados sujeitos a alteração
Observamos que nos últimos 7 anos a taxa de detecção vem tendo variações
constantes, em 2013 tivemos 4,07% dos casos novos diagnosticados com grau II de
incapacidade física, sendo considerado um índice baixo, enquanto que em 2014 essa
porcentagem foi de 8,54%, ou seja, um índice médio, indicando que há falhas na
detecção precoce desses casos, (Figura-25). No ano de 2019 tivemos 10,6% dos
casos novos diagnosticados com grau II de incapacidade física, indicando ainda um
diagnóstico tardio porém vem tem uma redução dos casos diagnosticados, com isso
vemos que as atividades desenvolvidas pelo núcleo está sendo eficaz, comparando
ao ano de 2018 que teve uma detecção com porcentagem alta de 11,8%.
79 80 82
13
1
10
7
13
0
15
,9
15
,8
15
,9 25
,4
20
,4
21
,4
2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9
N° de casos Coeficiente de Detecção por 100 mil/Hab
175
Figura 25. Proporção de casos com grau 2 de incapacidade física entre os casos
novos detectados e avaliados no período de 2007 – 2019/Roraima.
Fonte: SINAN/NCH/VDVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração
A classificação operacional dos casos chama atenção pela predominância de
casos Multibacilar (MB) dos casos novos, sendo esta a forma transmissível da doença
e de maior gravidade, conforme demonstrado na (Tabela-40).
Entre 2014 a 2018 há uma heterogeneidade no indicador da proporção de cura,
uma vez que a porcentagem oscila entre 69% a 81%, sendo que o Parâmetro Nacional
de referência para este indicador é alcançar ≥ 83,5% de proporção de cura e 80%
media estadual entre os casos novos diagnosticados, pois muitos municípios ainda
tem dificuldades para realizar o exame que detecta a Hanseníase devida a grande
rotatividade de servidores. Em 2019 o estado de Roraima ultrapassou a média de 92%
comparado ao do Parâmetro nacional, isso quer dizer que o núcleo estadual vem
desenvolvendo junto aos municípios um trabalho de excelência. Já em relação à
proporção de abandono tivemos uma queda de 0,3% comparado ao ano de 2018,
caracterizando uma redução na proporção de abandono, sendo que entendemos
como bom, as porcentagens < 10%, regular entre 10 a 25% e alto > 25%. (Figura-26)
Tabela 40. Incidência de Hanseníase por Classificação Operacional.
ANO Classificação
PB MB POPULAÇÃO INCIDÊNCIA (PB) INCIDÊNCIA (MB)
2014 30 53 496.936 6,0% 10,6%
2015 14 66 505.665 2,7% 13,0%
2016 24 58 514.229 4,6% 11,2%
2017 29 102 522.636 5,5% 19,5%
2018 26 79 530.379 4,9% 14,9%
2019 26 104 605.761 4,2% 17,1%
Fonte: SINAN/NCH/DVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração
3,5 4,07
8,54
12,5
6,2
8,8
11,810,6
0
5
10
15
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
176
Figura 26. Proporção de cura e abandono entre casos novos de Hanseniase dos anos
de 2014 a 2019 - Roraima
Fonte: SINAN/NCH/DVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração
ANO %CURA %ABANDONO
2014 79,0 11,6
2015 81,8 3,4
2016 87,0 6,5
2017 76,0 3,0
2018 88,7 5,3
2019 92,0 5,0
Figura 27. Proporção contatos examinados entre os contatos intradomiciliar
registrados de casos novos de hanseníase <15 anos.
Fonte: SINAN/NCH/VDVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração
ANO %Contatos examinados
geral %Contatos examinados
<15 anos
2014 58,7 56,0
2015 57,4 100,0
2016 62,0 76,9
2017 68,0 64,6
2018 63,6 50
2019 83,8 49,6
0
20
40
60
80
100
120
2014 2015 2016 2017 2018 2019
Cura Abandono
0 20 40 60 80 100 120
2014
2015
2016
2017
2018
2019
Contatos Examinados <15 anos Contatos Examinados Geral
177
Analisamos a proporção de contatos examinados entre os contatos
intradomiciliares registrados no estado de Roraima alcançou o resultado esperado no
ano de 2019 com a taxa de detecção de 83,8% o que é considerado muito ótimo a
nível nacional, uma vez que nos anos de 2014 a 2018 o Estado não alcançou a meta
prevista que é de ≥ 80% dos contatos registrados sendo examinados, já em 2019 o
estado alcançou um resultado acima de 80% considerado ótimo a nível nacional.
À investigação epidemiológica dos contatos intradomiciliares, principal grupo
de risco, tendo por finalidade a descoberta de casos entre aqueles que convivem ou
conviveram com o doente e suas possíveis fontes de infecção, já em menores de 15
anos é ainda mais preocupante nos casos positivo, pois se há menores contaminados
existe pelo menos um adulto contaminado e transmitindo. A partir do momento que
identificamos o transmissor e iniciamos com o tratamento, quebramos a cadeia de
transmissão da doença. (Figura 27).
Referência
• Base de dados da SESAU/SINAN-NET/NCH e IBGE;
• https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude.
3.6.2 PROGRAMA DE ONCOCERCOSE (Tratamento coletivo com ivermectina)
Joana Claudete das Mercês Schuertz/João Luiz Araújo
O presente relatório objetivo construir uma análise epidemiológica do
tratamento coletivo com ivermectina da população elegível residente no foco
endêmico de oncocercose no Brasil, durante o ano de 2019.
O foco endêmico para a doença no Brasil se circunscreve a uma parcela da
Terra Indígena Yanomami que compreende 266 comunidades Yanomami e Yekuana
distribuídas em 22 polos base1, ao longo de 6 municípios em dois estados federados.
Sendo 5 municípios roraimenses2 e um município no estado do Amazonas.
1 Subdivisões territoriais dos DSEI, sendo base para as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) organizarem técnica/administrativamente a atenção à saúde de uma população indígena adstrita, configurando-se como primeira referência para os agentes indígenas de saúde e saneamento que atuam nas aldeias, podendo sua sede estar localizada numa aldeia indígena ou em uma área urbana de Município (artigo 4º da Portaria GM/MS nº 1.801, de 9 de novembro de 2015). 2 Em Roraima: Amajari, Alto Alegre, Mucajai, Iracema e Caracarai; no Amazonas: Barcelos.
178
Figura 28. Mapa do foco endêmico brasileiro estratificado.
Nesta área residem 16.985 indígenas que se encontram em risco de contrair a
doença, uma vez que há a presença do vetor – o inseto do gênero Simulium – na
região. As ações estruturantes se concentram na oferta do tratamento coletivo com
ivermectina – semestralmente – para a população elegível3 para o tratamento.
A meta estabelecida é tratar no mínimo 85% da população elegível em cada
ciclo semestral. Seguindo este objetivo, durante o primeiro semestre de 2019 foram
tratados 12.342 indivíduos dos 13.584 elegíveis para o tratamento, o que equivale a
uma cobertura de 90,9%. Grande parcela desta cobertura foi executada durante o
primeiro trimestre do ano, com 10.135 tratados entre janeiro e março de 2019, tendo
sido efetivada a busca ativa de pendências e atingimento de 2.207 outros indivíduos
tratados.
Figura 29. Resumo do tratamento coletivo com ivermectina, 1º semestre, 2019.
3 Todos os indivíduos em área de risco de transmissão, exceto as gestantes e crianças menores de 5 anos de idade, que tenham menos que 90 centímetros de altura e pesem menos que 15 quilogramas de peso corporal.
179
Ao se analisar essa cobertura de tratamento por estrato endêmico é possível
observar um cumprimento satisfatório da meta estabelecida em todos os três estratos
de endemicidade presente, conforme o gráfico seguinte.
Figura 30. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por estrato endêmico
por trimestre, 1º semestre, 2019.
É pertinente referir à intensificação da oferta do medicamento durante a
primeira metade do ciclo, conduta esperada visto que as equipes multidisciplinares de
saúde indígena são orientadas a assim atuarem em prol de se ter uma maior
segurança em conseguir contemplar o maior número de usuários medicados, restando
para a segunda metade do ciclo apenas a busca por eventuais pendências
Tal desempenho satisfatório, quando capilarizado para o nível de polo base já
demonstra certa fragilidade com cumprimento da meta aquém do preconizado em seis
dos 22 polos base endêmicos.
Figura 31. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por polo base, 1º
semestre, 2019.
180
Dentre os seis polos base onde não se obteve uma cobertura satisfatória, tem-
se 2 hiperendêmicos (Arathau e Hakoma); 3 mesoendêmicos (Kayanau, Waputha e
Alto Padauiri); e 1 hipoendêmico (Auaris).
Embora esses polos não tenham atingido uma cobertura igual ou maior que
85%, todos estiveram muito próximos de cumprir a meta, com fragilidades localizadas
e decorrentes de conflitos étnicos que resultaram em retirada da equipe e fechamento
da unidade de saúde; dificuldade em acessar periodicamente determinadas
comunidades e, consequentemente, redução da busca de faltosos; rigor na
atualização do censo demográfico da região; entre outros aspectos.
Tal perspectiva pode ser vislumbrada quando se capilariza a análise para o
nível de comunidade, onde se percebe que não houve, no período, comunidade
desassistida e somente sete comunidades restaram com coberturas menores que
50% dos elegíveis.
Figura 32. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por comunidade em
intervalo de cobertura, 1º semestre, 2019.
Nota de legenda: em cada intervalo de cobertura encontra-se: [número absoluto (percentual)]
As sete comunidades que tiveram um desempenho inferior a 50% dos elegíveis
tratados estão localizadas em Auaris (5/7); Arathau (1/7); e Waputha (1/7). Dentre
essas cinco comunidades de Auaris, há indícios de censo demográfico desatualizado
em todas as cinco.
Há um fluxo migratório muito intenso de indígenas da região em direção à Boa
Vista em busca de estudos e inserção no mercado de trabalho, em especial os
indígenas da etnia Ye’kuana. Três das cinco comunidades com baixo desempenho
são comunidades Ye’kuana. Um maior rigor no recenseamento e uma melhor
181
utilização da ferramenta “ausente” do Sistema de Informação da Atenção à Saúde
Indígena provavelmente mitigue essa fragilidade.
Manter um supervisor de campo fixo em Auaris, pelo menos neste primeiro
momento, parece ser uma estratégia interessante para sanar a fragilidade aqui
exposta. Tal estratégia já fora exposta e discutida com o enfermeiro gestor da unidade
de saúde de Auaris e já se encontra implantada desde fevereiro de 2020.
Ao se analisar o segundo ciclo de 2019, observa-se um desempenho também
satisfatório do foco como um todo, atingindo 88,2% de cobertura ao tratar 11.987
indígenas dos 13.584 elegíveis para o tratamento.
Esses tratamentos, seguindo o mesmo padrão do ciclo anterior, se
concentraram na primeira metade do período, com 10.259 tratados de julho a
setembro, o que equivale a 85,6% de todos os tratamentos feitos. Mais uma vez, as
pendências existentes foram buscadas na segunda metade do ciclo, ofertando o
tratamento para mais 1.728 indígenas.
Figura 33. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por estrato endêmico
por trimestre, 2º semestre, 2019.
Igualmente, a distribuição da cobertura por polo base apresentou algumas
fragilidades concentradas em 5 polos endêmicos. A maior fragilidade pode ser
atribuída ao polo base Arathau, que teve a mais baixa cobertura dentre todos os polos,
tratando 16,2% dos elegíveis residentes.
Os intensos conflitos locais na região de Arathau, que levaram ao fechamento
da unidade de saúde por mais de uma vez, tendo sido necessária a retirada dos
profissionais e posteriores momentos de tratativas, envolvendo a assessoria indígena
e o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami para mediar os conflitos e garantir
o retorno da equipe.
182
Além disso, a malária em elevada incidência levou a uma sobrecarga da equipe
nos momentos em que a unidade de saúde estava em funcionamento. O indicador
mais utilizado para medir a incidência da malária, o índice parasitário anual (IPA)4,
atingiu expressivos 992/1.000 no polo base Arathau durante o ano de 2019.
Figura 34. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por polo base, 2º
semestre, 2019.
É importante ressaltar que desses cinco polos, quatro5 repetiram o
desempenho abaixo do esperado, fechando o ano de 2019 com baixas coberturas
históricas e mostrando-se como prioritários para um acompanhamento especial
durante o exercício de 2020.
Figura 35. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por polo base, 1º e 2º
semestres, 2019.
4 A Organização Mundial da Saúde estabelece que um IPA igual a 50/1.000 configura o risco de malária como alto para a região. 5 Auaris, Alto Padauiri, Hakoma e Arathau
183
Quando se analisa a cobertura por comunidade, é possível observar que há,
novamente, um predomínio de comunidades com coberturas satisfatórias de
tratamentos em indivíduos elegíveis durante o ciclo.
Figura 36. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por comunidade em
intervalo de cobertura, 2º semestre, 2019.
Nota de legenda: em cada intervalo de cobertura encontra-se: [número absoluto (percentual)]
Considerações Finais
Embora tenha havido o predomínio de comunidades com coberturas
satisfatórias, houve um decréscimo de 15 comunidades quando comparado ao
primeiro semestre. Outro ponto de atenção é o fato de que no segundo ciclo houve 2
comunidades no polo base Arathau com nenhum tratamento realizado.
Diante de toda a análise realizada e considerando a meta preconizada de 85%
de cobertura sobre a população elegível é possível verificar que o foco brasileiro
atingiu a meta estabelecida nos dois ciclos semestrais ocorridos em 2019, reforçando
a importância da manutenção de altas coberturas como estratégia para interromper a
transmissão da doença no foco brasileiro.
Obs: Todas informações foram repassadas pelo consultor Técnico Joao Luiz Araújo
Programa Brasileiro de Eliminação da Oncocercose Coordenação-Geral de Vigilância
de Zoonose e Doenças de Transmissão Vetorial Departamento de Imunização e
Doenças Transmissíveis [email protected] (SESAI- Distrito Especial
Indigena Yanomami Boa Vista /RR).
184
3.6.3 TRACOMA
Danubia Rodrigues Basílio
O tracoma é reconhecido milenarmente como uma importante causa de
cegueira. Referências de ocorrência de casos foram encontradas desde os primeiros
registros humanos, em diferentes civilizações e momentos históricos como na China
(século XXVII a.C.), Suméria (século XXI a.C.), Egito (século XIX a.C.), Grécia (século
V a.C.) e Roma (século I a.C.). O tracoma não existia entre as populações nativas do
Continente Americano. No Brasil, a porta de entrada do tracoma foi a região nordeste,
onde relata-se ter sido introduzido a partir da deportação de ciganos, expulsos de
Portugal no século XVIII. Outros dois “focos” teriam contribuído decisivamente para a
disseminação do tracoma nos país: os “focos de São Paulo e do Rio Grande do Sul”,
que teriam se iniciado com a intensificação da imigração europeia para esses dois
estados, a partir da segunda metade do século XIX. Com a expansão da fronteira
agrícola, em direção ao oeste, o tracoma foi se disseminando e tornou-se endêmico
em praticamente todo o Brasil, sendo encontrado em locais de maior pobreza do
território nacional (BRASIL, 2014b).
No decorrer do século XX, com a melhoria das condições de vida, consequente
à industrialização e ao desenvolvimento social e econômico, desapareceu da Europa,
América do Norte e Japão. No entanto, o tracoma continua a ser um importante
problema de saúde pública, enquanto causa de morbidade, deficiência visual e
cegueira, em grande parte dos países em desenvolvimento, principalmente na África,
Oriente Médio, Subcontinente Indiano e Sudoeste da Ásia e em menores proporções,
na América Latina e Oceania.
O tracoma compõe o grupo de doenças relacionadas a pobreza que ocorrem
com grande carga nas populações mais vulneráveis, em termos de desigualdades
sociais e que persistem, apesar de instrumentos e ferramentas disponíveis para o seu
controle. A OMS preconiza a eliminação do tracoma como causa de cegueira no
mundo. Para atender ao compromisso de eliminação da doença e fundamental a
adoção de práticas de vigilância e controle que ampliem o conhecimento de situação
epidemiológica dirigidas as populações mais vulneráveis, para a identificação de
espaços geográficos de maior risco, promover um maior acesso ao diagnóstico, ao
tratamento e as ações educativas para a prevenção (BRASIL, 2014b).
185
Em 2008, em Genebra, na reunião da Aliança Global da OMS para Eliminação
do Tracoma como Causa de Cegueira foi recomendo medidas para a eliminação do
tracoma como causa de cegueira até o ano 2020. Para alcançar este objetivo,
preconiza-se a utilização da estratégia, sob o acrônimo em inglês SAFE, que significa
S – cirurgia (do inglês surgery) dos casos de triquíase tracomatosa (TT), A –
antibioticoterapia dos casos de tracoma inflamatório, F – educação em saúde e
cuidados corporais/higiene facial (do inglês, face washing) e E– melhoria de acesso
ao saneamento e disponibilidade de água (do inglês, environment health,) (BRASIL,
2014b).
Figura 37. Percentual de positividade do tracoma. Inquérito de tracoma em escolares.
Brasil, 2002-2008.
Dados do último inquérito de prevalência da doença em escolares, realizado
entre 2002 e 2008 em 27 estados do Brasil, em 1.514 municípios amostrados (com
IDH-Municipal menor que a média nacional), mostraram que o tracoma, em sua forma
transmissível, apresenta prevalência em torno de 5%. Em 37,6% dos municípios
amostrados foram encontrados coeficientes acima de 5%, o que é considerado pela
OMS como parâmetro indicativo de que a doença não atingiu as metas de eliminação
enquanto causa de cegueira (BRASIL, 2014b).
O Governo brasileiro se propôs a realizar a tarefa até o ano de 2020, e entre as
estratégias estão: (1) a realização de busca ativa de casos de tracoma em 10% da
população de escolares da rede pública do 1° ao 5° ano do ensino fundamental dos
municípios prioritários integrantes da região, (2) realizar tratamento dos casos
186
positivos de tracoma inflamatório (TF e/ou TI) e de seus contatos, (3) busca ativa dos
casos de Triquíase Tracomatosa (TT) na população maior de 14 anos, (4) e
encaminhamento dos casos de TT para a realização de cirurgia (BRASIL, 2014b).
Os indicadores epidemiológicos para obtenção da certificação de eliminação
do tracoma como causa de cegueira junto a OMS são: menos de um caso de TT por
1000 habitantes; e menos de 5% de TF e/ou TI em crianças menores de 10 anos de
idade em todos os municípios (BRASIL, 2014b).
Tabela 41. Número de examinados, casos e percentual de positividade de tracoma
(TF/TI) por municípios. Roraima, 2008 a 2019.
UF Nº de
municípios Examinados Casos
% médio de positividade
Nº de municípios
com positividade
<5%
Nº de municípios
com positividade ≥
5% e < 10%
Nº de municípios
com positividade
≥10%
RR 15 47.351 7.684 16,22 2 10 1
Fonte: SINAN Net, janeiro de 2020.
O tracoma apesar de não ser uma doença de notificação compulsória é uma
doença de interesse para a saúde pública por apresentar alta prevalência e causar
deficiência visual e cegueira em grande parte dos países subdesenvolvidos
(BENEDETTI, 2015).
Tabela 42. Número de examinados, casos e percentual de positividade de tracoma
(TF/TI) por municípios. Roraima, 2017 a 2019.
Ano Contagem
de municípios
Soma do nº de
examinados Casos
% médio de positividade
Número de municípios
com positividade
<5%
Nº de municípios
com positividade ≥ 5% e < 10%
Nº de municípios
positividade ≥ 10%
2017 7 2.810 940 33,5 0 0 7
2018 13 10.205 2.316 22,6 0 02 10
2019 5 1.945 6 0,3 0 0 0
Fonte: SINAN Net, janeiro de 2020.
O Programa de Controle do Tracoma foi implantado em Roraima no final de
2001, e as primeiras ações de estruturação e pesquisas começaram em 2002 com a
realização do inquérito em escolares de Boa Vista. Foram examinados 1.028
escolares e diagnosticados 81 casos de tracoma inflamatório (TF e/ou TI) com a
prevalência de 7,87% (BENEDETTI, 2015).
187
Tabela 43. Número de pessoas examinadas, número de casos positivos e proporção
de casos positivos de tracoma entre os examinados. Roraima, 2007 a 2019.
Indicadores 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Pessoas examinadas
(N) 2.252 598 1.367 2.856 3.829 1.037 6.045 5.941 7.152 7.277 2.810 10.205 1.945
Casos positivos (N)
268 212 523 264 1.191 259 661 1.010 638 925 940 2.316 6
Proporção de casos positivos
(%)
11,9 35,5 38,3 9,24 31,1 25 10,9 17 8,9 12,7 33,4 22,6 0,3
Fonte: SINAN 2020, FormSUS 2018 e Relatórios do Núcleo de Controle do tracoma/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Nos anos de 2007 e 2010 o inquérito ocorreu somente em Boa Vista e a
prevalência foi de 11,9% (268/2.252) em 2007 e 9,24% (264/2.856) em 2010. Em 2008
e 2009 ocorreram inquéritos nos municípios de Boa Vista (52 e 365 casos), Cantá (15
e 11), Caroebe (99 e 4), Pacaraima (23 e 72) e Uiramutã (23 e 71), correspondendo a
33,3% (5/15) dos municípios e a prevalência foi de 35,45% (212/598) em 2008 e
38,25% (523/1.367) em 2009. Em 2011 os inquéritos foram realizados em Boa Vista
(202), Mucajaí (16), Normandia (3), Pacaraima (9) e Uiramutã (961), 33,3% (5/15) dos
municípios e a prevalência encontrada de 30,4% (1.164/3.829). Em 2012 ocorreram
inquéritos nos municípios de Boa Vista (239), Cantá (6), Caroebe (2), São Luiz (8) e
Uiramutã (4) e corresponderam 33,3% (5/15) dos municípios e a prevalência de
24,97% (259/1.037) (BENEDETTI, 2015).
Em 2013, foram notificados 18.321 casos de tracoma no Brasil. Em
rastreamentos realizados em localidades de maior risco, o percentual de positividade
para o País foi de 4,2%. As UF com maiores proporções foram Goiás (11,2%),
Roraima (10,9%) e Sergipe (9,6%) (BRASIL, 2014a). Neste ano, Roraima examinou
6.045 pessoas para tracoma nos municípios de Boa Vista (606), Bonfim (40) e
Uiramutã (15) totalizando 661 casos de tracoma e prevalência de 10,92%
(BENEDETTI, 2015).
No ano de 2014 ocorreram inquéritos em 33,3% (5/15) dos municípios. Boa
Vista registrou 410 casos de tracoma, Pacaraima 408, Uiramutã 118, Amajarí 67 e
Alto Alegre 7 casos. A prevalência foi de 17,00% (1.010/5.941) (BENEDETTI, 2015).
Em 2015 houve inquérito/campanha do tracoma em sete (46,66%) municípios
do estado e foram examinadas 7.152 pessoas (incluídos inquéritos realizados nos
DSEIs Leste e Yanomami). Em 2016, houve no Estado de Roraima
188
inquérito/campanha em dez municípios, representando 66,67% (10/15), um aumento
de 20% no número de municípios que realizaram a campanha/inquérito. Foram
examinadas 7.277 pessoas e confirmados 925 casos, Alto Alegre (188), Amajarí (204),
Boa Vista (65), Bonfim (13), Cantá (09), Caracaraí (39), Iracema (25), Pacaraima (46),
São Luiz (106), Uiramutã (230), prevalência de 12,7% (925/7.277) para o estado, o
maior número desde o início do registro da doença no SINAN NET em 2007.
Em 2017, o MS não realizou oficialmente a campanha das doenças em
eliminação. Devido a busca ativa em escolares pelo núcleo de controle estadual do
tracoma sete municípios realizaram inquéritos escolares, com 2.810 examinados, e
940 casos positivos, com uma prevalência de 33,4%.
Em 2018, o núcleo de controle de tracoma apoiou a campanha nacional dos
escolares em 13 dos 15 municípios do estado, apenas os municípios de Normandia e
Boa Vista não realizaram a adesão. Foram examinados 10.205 alunos em todo o
estado, segundo dados do FormSUS, com porcentagem de exames do tracoma em
relação ao informado na adesão- Amajarí (82,11%), Alto Alegre (145,00%), Bonfim
(148,17%) Cantá (97,35), Caracaraí (98,06), Caroebe (90,77), Iracema (87,00),
Normandia, Pacaraima (62,27%), Rorainópolis (49,47%), São Luiz (66,53%),
Uiramutã (42,17%). Com total de 2.316 casos positivos, e prevalência de 22,69%.
Em 2019, a campanha das doenças em eliminação deixou de ser uma
estratégia do MS, sendo substituída momentaneamente por inquéritos escolares
pontuais. Foram avaliadas 5 unidades no estado, em Alto Alegre (0/396) não foi
encontrado nenhum caso, em Amajarí (2/232) a prevalência foi de 0,86%, Caracaraí
(1/255) apresentou prevalência de 0,39 % com apenas 1 caso positivo para tracoma
folicular, Caroebe (2/872) foi de 0,73%, e em Rorainópolis (1/190) a prevalência
encontrada foi de 0,52%. Com 1.945 examinados e 6 casos positivos, a prevalência
no estado foi de 0,3%.
Em Roraima, no período de 2007 a 2019, 49.303 pessoas foram examinadas e
7.955 casos foram diagnosticados. Esses indicadores epidemiológicos demonstram
que Roraima deve continuar as ações, monitoramento, tratamento e avaliação dos
pacientes diagnosticados com tracoma e que, as ações de busca ativa estão
contribuindo com a diminuição da prevalência de tracoma no estado.
A OMS recomenda a realização de inquéritos populacionais para verificar a
situação epidemiológica no país. O compromisso para obter a eliminação da cegueira
por tracoma foi reafirmado pelos Estados Membros da Organização Mundial de Saúde
189
(OPAS/OMS) em 2009, e reafirmado em 2013 pela Assembleia Mundial de Saúde,
sobre a intensificação dos esforços para combater as doenças infecciosas
negligenciadas (WHO, 2013).
No Brasil, para avaliar os critérios de eliminação da doença como problema de
saúde pública já foram atendidos. Foi necessário verificar a atual prevalência da
doença em áreas anteriormente endêmicas, por meio de pesquisa por amostragem
fundamentada em metodologia recomendada pelo OMS. A abrangência do inquérito
corresponde a áreas de risco epidemiológico e risco social, em Roraima 5 municípios
foram contemplados: Alto Alegre, Boa Vista, Bonfim, Cantá e Mucajaí, com objetivo
de estimar a prevalência de TF em crianças de 1 a 9 anos de idade e a prevalência
de TT não conhecida pelo sistema de saúde na população de 15 anos ou mais de
idade em áreas de risco ao tracoma. O projeto de Inquérito de Prevalência para
Validação da Eliminação do Tracoma como Problema de Saúde Pública no Brasil está
sendo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz, pela Coordenação Geral de
Hanseníase e Doenças em Eliminação e pela Coordenação Geral de Laboratórios de
Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS, de acordo com as
recomendações da OMS. Está sendo preparado um dossiê de documentação quanto
aos cumprimentos das metas e avaliação das evidencias da eliminação do tracoma
como problema de saúde pública.
As estimativas de prevalência de TF e TT servirão como linha base para o
processo de validação da eliminação do tracoma como problema de saúde pública.
Espera-se que o conjunto de atividades do projeto tenha um impacto na redução da
transmissão e da gravidade da doença na população.
Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde – Relatório de Situação Roraima, 3ª edição, Brasília, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2013: uma análise da situação e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília, 2014. 384 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância do tracoma e sua eliminação como causa de cegueira, 2ª Ed. – Brasília, 2014. 52 p.
WHO – World Health Organization. 66th World Health Assembly. Resolution WHA 66.12 on Neglected Tropical Diseases. 2013.
190
3.6.4 DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICAS ALIMENTAR
Joana Claudete das Mercês Schuertz
As doenças transmitidas por alimentos, mais comumente conhecidas como
DTA, são causadas pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas. Existem
mais de 250 tipos de DTA e a maioria são infecções causadas por bactérias e suas
toxinas, vírus e parasitas. Outras doenças são envenenamentos causados por toxinas
naturais, como por exemplo cogumelos venenosos, toxinas de algas e peixes) ou por
produtos químicos prejudiciais que contaminaram o alimento, como por exemplo
chumbo, agrotóxicos.
As DTAs são uma importante causa de morbidade e mortalidade em todo o
mundo. Em muitos países, durante as últimas duas décadas, tem emergido como um
crescente problema econômico e de saúde pública. Numerosos surtos de DTA atraem
atenção da mídia e aumento do interesse dos consumidores. Espera-se que haja um
aumento nos casos de DTA devido especialmente as várias mudanças globais,
incluindo crescimento da população, pobreza, exportação de alimentos e rações
animais, que influenciam a segurança alimentar internacional.
A OMS estima que, a cada ano, mais de dois milhões de pessoas morram por
doenças diarreicas, muitas das quais adquiriram ao ingerir alimentos contaminados.
Estima-se que as DTA causem, anualmente, nos Estados Unidos (EUA),
aproximadamente 76 milhões de casos, 325.000 hospitalizações e 5 mil mortes. No
Brasil, faz-se a vigilância epidemiológica de surtos de DTA e não de casos individuais,
com exceção da cólera, febre tifoide e botulismo. Essa vigilância (VE-DTA) teve início
em 1999 e há registro médio de 665 surtos por ano, com 13 mil doentes.
A Vigilância Epidemiológica das DDAs, é composta também pela monitorização
das doenças diarreicas agudas (MDDA), regulamentada pela Portaria nº. 205 de 2016.
Embora a DDA não seja doença de notificação compulsória nacional, os casos
isolados devem ser notificados apenas quando atendidos em unidades sentinelas
para DDA. Já os surtos de DDA são de notificação compulsória e imediata e deve ser
feita no Sistema de Informação de Agravos de Notificação.
As unidades notificadoras estão inseridas nos 15 municípios do estado de
Roraima, onde são monitorados e notificados os casos de diarreia, configurando
cobertura de 100% do agravo.
191
3.6.4.1 Situação das Doenças de Transmissão Hídrica Alimentar no Estado de
Roraima
Entre os anos de 2014 a 2019, foram notificados 144.484 casos de DTHA no
estado de Roraima. O município de Boa Vista totalizou um maior número de casos
(n= 100.819) entre os anos analisados e os municípios de São Luiz e Cantá registram
o menor número de casos. O ano de 2018 apresentou menos casos de DTHA (n=
28.730). No ano de 2019, apresenta um total de 31.880 casos (Tabela 44). Foram 131
unidades sentinelas monitorando, o que pode ter contribuído com o aumento no
número de casos deste ano.
Gráfico 27. Distribuição de casos notificados de DTHA nos municípios do estado de
Roraima entre os anos de 2014 a 2019.
0
5000
10000
15000
20000
25000
Distribuição de casos notificados de DTHA nos Municípios
2014 2015 2016 2017 2018 2019
192
Tabela 44. Distribuição de casos notificados de DTHA nos municípios do estado de
Roraima entre os anos de 2014 a 2019.
Município ANO
2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
Alto Alegre 413 436 429 480 602 465 2.700
Amajarí 204 298 322 317 415 451 1.896
Boa Vista 16.926 16.269 17.486 12.794 20.475 21.536 100.819
Bonfim 295 358 359 467 720 800 2.781
Cantá 222 231 260 260 290 303 1.457
Caracaraí 1134 713 1181 602 590 720 4.744
Caroebe 203 205 184 192 304 404 1.515
Iracema 252 223 341 291 682 305 2.034
Mucajaí 506 644 801 525 856 1174 4.003
Normandia 460 481 404 252 311 507 2.582
Pacaraima 694 605 717 633 989 943 4.347
Rorainópolis 1924 1314 1887 1202 1210 2514 9.665
São João da Baliza 314 128 259 411 379 762 2.043
São Luiz 323 188 195 192 327 281 1390
Uiramutã 423 322 296 318 580 815 2508
Total 23.973 22.416 25.121 18.936 28.730 31.880 144.484
Fonte: SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020.
De acordo com a tabela 45, em 2018 não houve surto da doença através de
monitoramento do SIVEP/DDA. Ao total ocorrem 144.391 casos de DDA nos anos de
2014 a 2018, com predominância no ano de 2019 (n= 31.880) e o que apresentou
menor número de casos foi o ano de 2017 (n= 18.936). Podemos relacionar o aumento
dos casos ao aumento expressivo de imigrantes adentrando ao estado de Roraima,
oriundos do país vizinho, Venezuela, que contribui no aumento populacional e grandes
demandas na procura pelos serviços ofertados nos postos de saúde dos municípios.
Gráfico 28. Casos notificados de Doenças Diarreicas Aguda no estado de Roraima
nos anos de 2014 a 2019.
Fonte: SIVEP/DDA/ DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
2014 2015 2016 2017 2018 2019
193
Tabela 45. Casos notificados de Doenças Diarreicas Aguda no estado de Roraima
nos anos de 2014 a 2019.
Ano 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Nº de casos 24.313 22.416 25.121 18.936 28.640 31.880
Fonte: SIVEP/DDA/ DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020
Em relação à prevalência das doenças diarreicas por faixa etária, podemos
observar que a faixa etária mais acometida foi a de 10 anos ou mais (tabela 46). Isto
se deve principalmente ao número de indivíduos que compõem essas idades, pois se
trata de um universo de pessoas bastante elevado. Cabe ressaltar, contudo, que o
perfil epidemiológico das doenças diarreicas nos dias de hoje vem se alterando, tendo
em vista, principalmente, o surgimento de novos patógenos denominados
emergentes.
Gráfico 29. Distribuição de casos notificados segundo Faixa etária no estado de
Roraima entre os anos de 2014 a 2019.
Fonte: SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020.
Tabela 46. Distribuição de casos notificados segundo Faixa etária no estado de
Roraima entre os anos de 2014 a 2019.
Ano <1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 anos e mais Ignorados
2014 2717 7316 3661 10003 616
2015 2324 6068 2646 11183 195
2016 2578 6790 2811 12815 127
2017 1786 5115 2316 9663 56
2018 3086 7733 3402 14251 159
2019 3.996 8.504 3.915 15.389 176
Fonte: SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020.
0
5000
10000
15000
20000
2014 2015 2016 2017 2018 2019
Distribuição da série Histórica das notificações das Doenças Diarreicas por faixa etária no Estado de Roraima
>1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 anos a mais ignorados
194
Uma observação que podemos fazer é que no período chuvoso ocorre um
aumento de casos da diarreia aguda em todos os municípios do estado de Roraima,
período também onde se obtém um maior número de internação nos hospitais.
3.6.4.2 Rotavírus
Os rotavírus (RV) são os principais agentes virais causadores de gastrenterite
(GE) aguda com desidratação grave em nível global. Estima-se que, em 2008,
ocorreram 453.000 óbitos entre crianças menores de 5 anos de idade devido à diarreia
causada por esse agente em todo o mundo. No Brasil, entre 2000 e 2011, foram
notificados 33 milhões de casos de diarreia, a maioria em menores de 1 ano de idade.
Existem sete sorotipos diferentes de Rotavírus, mas somente três deles
infectam o homem e causam gastrenterite aguda. Essa variedade de sorotipos explica
por que a pessoa pode ser infectada mais de uma vez, embora seja possível
desenvolver certo grau de proteção cruzada que torna mais leve a infecção por um
tipo diferente de Rotavírus.
A infecção por Rotavírus pode ocorrer em qualquer idade. A estimativa é que
até os cinco anos todas as crianças terão pelo menos um episódio de infecção e que
uma em cada 300 infectadas pode morrer em consequência das complicações. Nos
adultos, a infecção costuma ser mais benigna.
O Rotavírus é transmitido por via fecal-oral, pelo contato direto entre as
pessoas, por utensílios, brinquedos, água e alimentos contaminados. Medidas de
saneamento básico são fundamentais para prevenir a transmissão do vírus.
Não existem medicamentos específicos para combater a infecção por
Rotavírus. O fundamental é manter a criança hidratada, repondo constantemente o
líquido perdido nos vômitos e nas evacuações. São sinais de desidratação: letargia,
irritabilidade, muita sede, diminuição do volume da urina, boca seca, olhos encovados,
ausência de lágrimas, perda do turgor da pele.
Os quadros leves podem ser tratados em casa, com soro caseiro, muito líquido
e alimentação normal, especialmente se for leite materno, mas sempre respeitando a
orientação médica. Os quadros graves exigem internação hospitalar.
A vacina contra Rotavirus produzida com vírus humano atenuado começou a
ser usada, no Brasil, em 2006, e faz parte do calendário do Programa Nacional de
Imunizações. Foram licenciadas duas formas de apresentação. A monovalente, que
195
deve ser administrada por via oral em duas doses (aos dois e quatro meses) e a
pentavalente em três doses (aos dois, quatro e seis meses). O intervalo mínimo entre
uma dose e outra é de 30 dias.
Conforme gráfico 06 observa-se que no ano 2009 houve a maior notificação
(237 casos) e confirmados (71 casos).
Os prazos limites máximos para aplicação da vacina monovalente foram
estendidos. A primeira dose pode ser administrada até os 3 meses e 15 dias e a
segunda, até os 7 meses e 29 dias. Desde que essas duas formas da vacina
começaram a ser administradas, os casos de gastrenterite diminuíram muito.
Gráfico 30. Número de Notificação de Rotavírus no Estado de Roraima
Fonte – SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Tabela 47. Número de Notificação e Confirmados de Rotavírus no Estado de Roraima
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Notificados 237 399 195 148 49 61 28 130 36 12 07
Confirmados 71 31 32 10 3 18 2 31 8 01 01
Fonte – SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.
O mecanismo de transmissão mais frequente é pela via fecal/oral, diretamente
de pessoa a pessoa. Os sintomas associados à infecção por RV são principalmente
diarreia e vômitos, resultantes da ação do vírus desencadeando-se o processo
diarreico.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Notificados Confirmados
196
3.6.4.3 Aspectos epidemiológicos da cólera
Até 1991, o Brasil era uma área incólume para cólera. A epidemia que atingiu
o país, a partir daquele ano, faz parte da progressão da sétima pandemia iniciada em
1961, com um foco epidêmico na Indonésia, que se espalhou por países da Ásia,
Oriente Médio, África e regiões da Europa, com eventuais achados nos Estados
Unidos, desde a década de 1970. Essa pandemia atingiu o continente sul-americano
pelo litoral do Peru, em janeiro de 1991, estendendo- se, em seguida, por todo aquele
país e para o Brasil, atingindo finalmente 14 países da América do Sul. A introdução
da cólera, no Brasil, aconteceu pela selva amazônica, no Alto Solimões. A partir daí,
alastrou-se progressivamente pela região Norte, seguindo o curso do Rio
Solimões/Amazonas e seus afluentes, principal via de deslocamento de pessoas na
região. Posteriormente, atingiu as regiões Nordeste e Sudeste, através dos principais
eixos rodoviários.
A partir daí, passou-se a observar alternância de períodos de silêncio
epidemiológico e de recrudescimento da epidemia. Atualmente, o comportamento da
cólera sugere um padrão endêmico, definido pela ocorrência regular de casos e
flutuações cíclicas de maior ou menor gravidade, na dependência de condições locais
que favoreçam a circulação do V. cholerae. O registro de casos é maior nos períodos
mais secos do ano, quando a baixa do volume de água nos reservatórios e mananciais
proporciona a concentração de vibriões.
Em algumas áreas, as condições socioeconômicas e ambientais favorecem a
instalação e rápida disseminação do V. cholerae. Assim, a deficiência do
abastecimento de água tratada, destino inadequado dos dejetos, alta densidade
populacional, carências de habitação, higiene inadequada, alimentação precária,
educação insuficiente favorecem a ocorrência da doença. Desde a sua introdução no
país, em 1991, os coeficientes de incidência de cólera aumentaram progressivamente
até 1993, ano em que apresentou o maior valor (39,8 casos/100 mil habitantes), com
670 óbitos e letalidade de 1,11%.
Apesar da intensidade com que a doença atingiu principalmente a região
Nordeste, entre os anos de 1992 a 1994, os esforços do sistema de saúde
conseguiram reduzir drasticamente esses valores. A partir de então, observou-se
sensível redução do risco, principalmente após 1995, sugerindo a tendência de
endemização da doença.
197
No período de 1991 a 1999, a cólera atingiu todas as regiões do país,
produzindo um total de 167.885 casos e 2.015 óbitos, com registro de grandes
epidemias na região Nordeste. Entre os anos de 2000 e 2008, ocorreu uma redução
significativa no número de casos e óbitos por cólera no Brasil, sendo registrados,
nesse período, 766 casos e 20 óbitos.
Todos os casos foram registrados na região Nordeste e o estado de
Pernambuco liderou o número de registros (511 casos e 12 óbitos). A taxa de
letalidade, em casos graves de cólera sem tratamento adequado, pode atingir 50%,
porém, quando esse é instituído, correta e precocemente, a taxa pode cair para menos
de 2%. No período de 1991 a 2004, a letalidade oscilou em torno de 1,3%,
apresentando maiores percentuais desde então.
Nas áreas epidêmicas, o grupo etário mais atingido é o de maiores de 15 anos.
Enquanto que, nas áreas endêmicas, a faixa mais jovem é a mais atingida.
A incidência predomina no sexo masculino, por maior exposição à
contaminação ambiental. Os indicadores de morbidade, mortalidade e letalidade são
diferenciados, de acordo com as condições socioeconômicas, densidade
populacional, meios de transporte, acesso aos serviços de saúde e outras situações
de risco.
No estado de Roraima não houve casos de Cólera registrados durante todos
os períodos desde que a doença surgiu no Brasil.
3.6.4.4 Aspectos epidemiológicos do botulismo
O Botulismo passou a ser doença de notificação compulsória a partir da
Portaria nº 1.943/MS, de 18 de outubro de 2001 (Brasil, 2001). Devido à gravidade da
doença e a possibilidade de ocorrência de outros casos resultantes da ingestão da
mesma fonte de alimentos contaminados, um caso é considerado um surto e uma
emergência de saúde pública. A suspeita de um caso de botulismo exige notificação
e investigação imediatas.
A distribuição do botulismo é mundial, com casos esporádicos ou surtos
familiares, em geral relacionados à produção e à conservação de alimentos de
maneira inadequada. Raramente ocorrem surtos envolvendo produtos processados
comercialmente.
198
Os casos de botulismo infantil têm sido notificados na Ásia, Austrália, Europa,
América do Norte e América do Sul. A incidência e a distribuição real não são precisas,
porque os profissionais de saúde, em poucas ocasiões, suspeitam de botulismo.
Está doença pode ser responsável por 5% dos casos de morte súbita em
lactentes. Segundo Ministério da Saúde; no início de 2014, o Brasil registrou 16 casos
suspeitos e, destes, oito foram confirmados, com dois óbitos. Santa Catarina registrou
um surto de botulismo alimentar envolvendo cinco pessoas com um mesmo alimento.
Caso suspeito de botulismo alimentar e botulismo por ferimentos: indivíduo que
apresenta paralisia flácida aguda, simétrica, descendente, com preservação do nível
de consciência, caracterizado por um ou mais dos seguintes sinais e sintomas, visão
turva, diplopia, ptose palpebral, boca seca, disartria, disfagia ou dispneia.
Notificação- Diante da suspeita clínica de botulismo, o profissional da unidade
de saúde que atendeu o paciente deve notifica-lo imediatamente a vigilância
epidemiológica local. O técnico que recebeu a notificação deve, inicialmente, verificar
a consistência das informações e, uma vez caracterizada a suspeita de botulismo,
comunicar imediatamente aos níveis hierárquicos superiores e áreas envolvidas na
investigação.
A solicitação do soro antibotulínico deve ser feita, nesta fase, a coordenação
de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Ministério da
Saúde, atenderá mediante prescrição médica e relatório sucinto do quadro clínico.
No Brasil Distrito Federal registrou 1 caso de botulismo em 11 anos, em um
jovem de 20 anos e outras ocorrências foram em São Paulo (3) Amazonas (1) e em
Rio de Janeiro (1). No período de 2006 a 2019 não houve nenhum caso registrado de
Botulismo em Roraima.
3.6.4.5 Febre tifóide
Doença bacteriana aguda, de distribuição mundial, associada a baixos níveis
socioeconômicos, principalmente em áreas com precárias condições de saneamento,
higiene pessoal e ambiental. Com tais características, praticamente encontra-se
eliminada em países onde esses problemas foram superados. No Brasil, a febre tifoide
ocorre sob a forma endêmica, com superposição de epidemias, especialmente nas
regiões Norte e Nordeste, refletindo as condições de vida de suas populações.
199
A febre tifoide não apresenta sazonalidade ou outras alterações cíclicas, assim
como distribuição geográfica, que tenham importância prática. A sua ocorrência está
diretamente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos hábitos
individuais. Em áreas endêmicas, acomete com maior frequência indivíduos de 15 a
45 anos e a taxa de ataque diminui com a idade. No Brasil, nas últimas décadas,
constata-se uma tendência de declínio nos coeficientes de morbimortalidade por febre
tifoide. No início da década de 2000, eram notificados no Brasil, em média, 800 casos.
A partir de 2003, essa média tem ficado em torno de 542 casos, observando-se uma
maior concentração nas regiões Norte e Nordeste.
As regiões Norte e Nordeste concentram maior número de casos, devido à
precariedade de suas condições sanitárias, onde apenas 42,2 e 36,27% de sua
população, respectivamente, possuem cobertura por esgotamento sanitário e 58,14 e
71,2%, respectivamente, possuem acesso à rede de abastecimento de água. Todavia,
só uma grande concentração de bactérias – inoculo – torna possível a infecção. Por
isso não se costuma verificar, com muita frequência, surtos de febre tifoide após
enchentes e chuvas em grande volume, quando provavelmente há maior diluição do
agente no meio ambiente e menor possibilidade de sua ingestão em número suficiente
para causar a doença.
Número de notificações de Febre Tifoide em Roraima- 2009 a 2017 Fonte:
SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR. Em Roraima, foram 13 notificações de casos
suspeitos entre 2009 e 2019.
Boa vista notificou 12 destes e, apenas 1 em Mucajaí em 2014. Todos os casos
foram descartados (gráfico 31).
Gráfico 31. Número de Notificação de Febre Tifóide no Estado de Roraima nos anos
de 2009 a 2019
0
2
4
6
8
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Número de notificações de Febre Tifóide no Estado de Roraima
Notificados Confirmados
200
Tabela 48. Número de Notificação de Febre Tifóide no Estado de Roraima nos anos
de 2009 a 2019
Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Notificados 6 1 1 0 0 1 1 3 1 0 0
Confirmados 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Fonte – SINSN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.
3.6.4.6 Toxoplasmose
A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado
“Toxoplasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se
hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou
alimentos contaminados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais)
mais comuns em todo o mundo.
Os casos agudos são, geralmente, limitados e com baixas incidências. A fase
aguda da infecção tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode
se manifestar ou não em outros momentos, com diferentes tipos de sintomas. Quanto
à infecção crônica, a taxa de incidência é baixa até os cinco anos de idade e começa
a aumentar a partir dos 20.
A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas e, por
isso, não precisam de tratamentos específicos. A doença em outros estágios, no
entanto, pode trazer complicações, como sequelas pela infecção congênita (gestantes
para os filhos), toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em pessoas que têm o
sistema imunológico enfraquecido, como transplantados, pacientes infectados com o
HIV ou em tratamento oncológico.
Os sintomas da toxoplasmose são variáveis e associados ao estágio da
infecção, (agudo ou crônico). Os sintomas normalmente são leves, similares à gripe,
dengue e podem incluir dores musculares e alterações nos gânglios linfáticos.
Pessoas com baixa imunidade: podem apresentar sintomas mais graves, incluindo
febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões.
Gestantes: mulheres infectadas durante a gestação podem ter abortamento ou
nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas.
Recém-nascidos: dos recém-nascidos infectados (Toxoplasmose Congênita),
cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento. No
entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição do crescimento
201
intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas tardias
são mais frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Há casos relatados de
surgimento de sequelas da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo
apenas na adolescência ou na idade adulta.
Os recém-nascidos que apresentam manifestações clínicas podem ter sinais
no período neonatal ou nos primeiros meses de vida. Esses casos costumam ter, com
mais frequência, sequelas graves, como acometimento visual em graus variados,
retardo mental, anormalidades motoras e surdez. As sequelas são ainda mais
frequentes e mais graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com
acometimento visual em graus variados, retardo mental, crises convulsivas,
anormalidades motoras e surdez.
As principais vias de transmissão da toxoplasmose são: Via oral (ingestão de
alimentos e água contaminados)
Congênita (transmitido de mãe para filho durante gestação), sendo raros os
casos de transmissão por inalação de aerossóis contaminados, inoculação acidental,
transfusão sanguínea
É importante saber que o contato com gatos não causa a doença. O perigo está
no contato com as fezes contaminadas do felino e no consumo de água contaminada
e alimentos mal lavados ou malcozido.
A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa
imunidade, desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento
para combater os sintomas. Pacientes com imunidade comprometida ou que já
tenham desenvolvido complicações da doença (cegueira, diminuição auditiva) são
encaminhados para acompanhamento médico especializado.
O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma
integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de gravidez, é importante
o acompanhamento no pré-natal e a pratica das orientações que forem repassadas
pelas equipes de saúde.
Como o diagnósco clínico do binômio mãe/filho é difícil e o tratamento precoce
da criança com toxoplasmose congênita (pré-natal e/ou pós-natal) está associado a
menor número e gravidade das sequelas, faz-se necessário utilizar o rastreamento da
gestante e da criança suspeitas.
O objetivo do acompanhamento Pré-Natal é assegurar o bom desenvolvimento
da gestação, favorecendo um bom parto e o nascimento de um bebê saudável, sem
202
impacto negativo para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais
e as atividades educativas e preventivas.
No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência pré-natal
deve ser organizada para atender às reais necessidades da população de gestantes,
mediante a utilização dos conhecimentos técnico-cientificos existentes e dos meios e
recursos disponíveis mais adequados para cada caso, garantindo a continuidade no
atendimento, no acompanhamento e na avaliação do impacto destas ações sobre a
saúde materna e perinatal.
A assistência Pré-Natal adequada, com a detecção e a intervenção precoce das
situações de risco, é determinante importante dos indicadores de saúde relacionados
à mãe e ao bebê. Durante o Pré-Natal orienta-se a realização dos exames para
toxoplasmose IgM e IgG, que devem ser solicitados na primeira consulta.
O objetivo principal do rastreamento é a identificação precoce de gestantes
infectadas durante a gestação para tratamento e seguimento, visando a redução da
transmissão vertical e infecção fetal, além da identificação das suscetíveis, para
prevenção primária da infecção.
A maioria dos casos de toxoplasmose pode acontecer sem sintomas ou com
sintomas bastante inespecíficos.
Mesmo na ausência de sintomatologia, o diagnóstico da infecção aguda na
gravidez é importante para a prevenção da toxoplasmose congênita e suas sequelas.
Até o momento, o Ministério da Saúde publicou materiais com orientações sobre
o tema: “Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério – atenção qualificada e humanizada -
2006”, “Manual de Atenção à Gestação de Alto Risco -2012” e "Protocolos da Atenção
Básica: Saúde das Mulheres - 2016".
As recomendações para manejo clínico dos casos de toxoplasmose aguda
encontram-se em processo de apreciação interna com vistas à atualização. As
evidências cientificas sobre o tema reforçam a necessidade de antecipação no início
do tratamento à gestante com vistas a reduzir a toxoplasmose congênita.
Desta forma, indica-se que até a publicação de nova diretriz nacional para
manejo da Toxoplasmose Gestacional e Congênita, pelo Ministério da Saúde, seja
utilizado o fluxo para diagnóstico e tratamento seguindo a Nota técnica Nº/2020-
COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS.
203
Tabela 49. Toxoplasmose em Gestante CID 0.986 (ficha Individual)
2015 2016 2017 2018 2019
0 0 0 01 02
Fonte: SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Tabela 50. Toxoplasmose Congênita P 371 CID
2015 2016 2017 2018 2019
56 02 0 01 01
Fonte: SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.
Tabela 51.Toxoplasmose Adquirida B 58
2015 2016 2017 2018 2019
21 22 15 11 28
Fonte: SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.
3.6.4.7 DCJ- Doença de Crutzfeldt jakob-doença cerebral degenerativa
A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma doença neurodegenerativa,
caracterizada por provocar uma desordem cerebral com perda de memória e
tremores. É de rápida evolução, e de forma inevitável, leva à morte do paciente. A
doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é um tipo de Encefalopatia Espongiforme
Transmissível (EET) que acomete os humanos. As EET são chamadas assim por
causa do seu poder de transmissibilidade e suas características neuropatológicas que
provocam alterações espongiformes no cérebro das pessoas (aspectos esponjosos).
Assim como outras (EET´s), a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é
caracterizada por uma alteração espongiforme visualizada ao exame microscópico do
cérebro. A causa e transmissão desta doença estão ligadas a uma partícula
proteinácea infectante denominada de “PRÍON” (do Inglês Proteinaceous Infections
Particles). Os príons são agentes infecciosos de tamanho menor que os dos vírus,
formados apenas por proteínas altamente estáveis e resistentes a diversos processos
físico-químicos.
Os primeiros casos dessa doença - a forma vDCJ - surgiram no Reino Unido
em 1996 e, diferentemente da forma tradicional (DCJ esporádica), acomete,
predominantemente, pessoas jovens, abaixo dos 30 anos. Com características
clínicas e patológicas diferentes da DCJ, também apresenta um perfil genético
particular do gene da proteína priônica.
204
A variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ) é uma outra doença
priônica que está associada ao consumo de carne e de subprodutos de bovinos
contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB).
Entre os anos de 2005 a 2014, foram notificados, no Brasil, 603 casos suspeitos
de DCJ. Destes, 55 foram confirmados, 52 foram descartados, 92 foram indefinidos e
404 tiveram a classificação final ignorada ou em branco. Desde que a vigilância da
DCJ foi instituída no Brasil, nenhum caso da forma vDCJ foi confirmado.
No Brasil, as vigilâncias da DCJ e da vDCJ são coordenadas pela
Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT), do Departamento de
Vigilância das Doenças Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do
Ministério da Saúde (CGDT/DEVIT/SVS/MS). Desde 2005, a Doença de Creutzfeldt-
Jakob (DCJ) integra a Lista das Doenças de Notificação Compulsória.
A vigilância da DCJ tem como objetivos detectar casos de Doença de
Creutzfeldt-Jakob (DCJ), conhecer o perfil epidemiológico da doença, com foco na
identificação de possíveis casos de vDCJ, definir medidas de prevenção e
biossegurança e orientar condutas clínicas e laboratoriais.
3.6.4.8 Brucelose
A brucelose humana é uma doença que pode ser transmitida ao ser humano
por animais terrestres e aquáticos infectados. Na maioria das vezes, a doença é
transmitida ao homem por contato direto ou indireto com animais e seus produtos
derivados contaminados. Os seres humanos são apenas alguns dos possíveis
hospedeiros. Neste caso, hospedeiros finais. Considerada uma das zoonoses mais
comuns do planeta, de ampla distribuição e significância mundial, apresenta alta
prevalência em alguns países e regiões, como a América do Sul.
Embora a brucelose humana chame atenção dos sistemas de saúde em todo o
mundo por ser uma doença que apresenta importantes impactos, desde o ponto de
vista ocupacional, problemas sanitários e até prejuízos econômicos, ela ainda é pouco
conhecida, de difícil diagnóstico, subnotificada e negligenciada.
A brucelose humana é causada por bactérias do gênero Brucella spp. da
família Brucellaceae. Possui alta prevalência em ambientes ocupacionais e é citada
na lista de doenças relacionadas ao trabalho, segundo a Portaria nº 1.339/1999, do
Ministério da Saúde.
205
A doença, que é responsável por incapacidade para o trabalho ou diminuição
do rendimento profissional, atinge principalmente trabalhadores que manejam
animais e da cadeia de produção de laticínios, carnes e seus derivados.
Como a bactéria possui múltiplas rotas de infecção, sendo que os mamíferos
são os principais hospedeiros naturais, gera um cenário de difícil controle e de real
ameaça para a saúde pública, qualidade de vida e sobrevivência de pessoas e
animais.
De forma geral, a doença acomete com maior frequência aos trabalhadores
rurais (ex: vaqueiros, boiadeiros, vacinadores, tratadores de animais, produtores de
carne, leite e queijo), veterinários, trabalhadores de frigorifico (ex. abatedores) e
trabalhadores de laboratórios.
Com a capacidade para afetar diversos órgãos e sistemas, a brucelose
humana pode simular ou se assemelhar a outras infecções e doenças não
infecciosas. Alguns dos sinais e sintomas mais comuns são: Febre, Mal-estar,
sudorese noturna e profunda, calafrios e fraqueza, cansaço, perda de peso, dores
de cabeça e nas articulações musculares abdômen e costas.
Por serem sinais e sintomas comuns a outras doenças, isso pode dificultar o
diagnóstico. No entanto, a doença pode causar sintomas inespecíficos ou gerar uma
infecção sem sintomas nos pacientes.
O período de incubação da brucelose humana varia entre 5 e 60 dias,
A brucelose pode ser transmitida aos seres humanos de diversas formas, sendo uma
das principais, pela via alimentar (ingestão de alimentos sólidos ou líquidos
contaminados), como: Leite não pasteurizado, produtos lácteos contaminados, como
queijo e manteiga e sorvetes; carne mal passada ou crua.
Além da transmissão pela via alimentar, a brucelose pode ser transmitida pelo
contato direto ou indireto com animais infectados. Outra forma de transmissão é por
via respiratória, com a inalação de bactérias em ambientes contaminados. Pode
ocorrer, ainda, a inoculação vacinal acidental do patógeno, pela vacina animal
(Brucella abortus cepas B19 e RB51).
O contato com animais infectados, como gado bovino e bubalino, ovelhas,
cabras, porcos, cavalos e cães, entre outros, pode gerar uma situação de exposição,
assim como ambientes de trabalho com exposição a material biológico. Outras
formas de transmissão, como sexual, congênita ou a partir de transfusão sanguínea
e transplantes de órgãos ou tecidos são raras, mas também podem ocorrer.
206
A infeção por brucelose humana durante a gravidez é rara, mas pode causar
aborto, particularmente, durante o primeiro e o segundo trimestres. Sendo assim,
mulheres devem receber tratamento médico imediato e as gestantes devem fazer o
pré-natal adequadamente.
No Brasil, não existem dados epidemiológicos acerca da brucelose humana, e
como o país abriga a maior população comercial de bovinos do mundo, este fator é 8
presumivelmente um risco para o aumento da prevalência da doença humana
causada por B. abortus (PAPPAS, 2006).
De acordo com Mendes e Marcondes-Machado (2005), a prevalência real da
brucelose é desconhecida, pois são poucos os laboratórios da rede pública que
disponibilizam os meios diagnósticos e por não se tratar de doença de notificação
obrigatória.
Com relação à incidência da brucelose humana no Brasil, o número é
grandemente subestimado devido ao quadro clínico da doença ser extremamente
variável, por não ser declarada às autoridades sanitárias e por ser diagnosticada
erroneamente por médicos. A verdadeira incidência pode ser estimada em 10 a 25
vezes maior que o relatado (NIMRI, 2003).
A brucelose está incluída no contexto das doenças transmitidas por alimentos,
uma vez que o leite e seus derivados, não pasteurizados, constituem a via de
transmissão primordial do agente etiológico para o homem (GERMANO; GERMANO,
2003).
De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 realizada
pelo IBGE (2010a), a aquisição alimentar domiciliar per capita de leite cru, no Brasil,
naquele período, correspondeu a 25% do consumo do grupo “Leite e creme de leite”,
sendo que o leite pasteurizado correspondeu a 61%. Langoni et al. (2000) realizaram
estudo para investigar a presença de microrganismos do gênero Brucella no leite de
vacas soropositivas para brucelose em São Paulo e Minas Gerais.
O estudo considera que muitas pessoas no Brasil consomem leite cru e que o
isolamento de Brucella spp. em 30,61% das 49 amostras estudadas demonstra a
importância potencial do leite como um veículo deste agente para os homens. Dessa
forma, leite pasteurizado inadequadamente pode ser um potencial veículo de Brucella
abortus para o ser humano em São Paulo e em Minas Gerais. Turistas ou viajantes
de negócios para áreas endêmicas podem adquirir brucelose, geralmente pelo
consumo de leite não pasteurizado ou de outros produtos lácteos.
207
O consumo de produtos contaminados adquiridos por importação, sem
fiscalização, também é um meio de infecção. Casos importados representam hoje a
10 maior parte dos casos de brucelose aguda, atendidos na América do Norte e no
norte da Europa (WHO, 2006).
No Estado de Roraima não consta casos notificados no Sinan registrados de
Brucelose humana 2018.
Considerações finais
A doença diarreica aguda no município de Boa Vista apresenta um padrão
epidemiológico alto que é caracterizado por apresentar maior número de casos na
primeira década de vida, principalmente em menores de um ano e está relacionado a
condições sanitárias precárias, além da introdução de outros alimentos no recém-
nascido e a não amamentação exclusiva aos bebês nos primeiros 6 meses de vida.
Outro fator que tem contribuído para o aumento no número de casos foi imigração da
população venezuelana no estado de Roraima, onde alavancou a procura pelos
serviços de saúde nos postos de saúde dos municípios, além da elevada ocorrência
das diarreias está diretamente associada ás precárias condições de saneamento
básico, higiene ambiental e pessoal.
Tal constatação torna importante a adoção de estratégias de educação em
saúde junto à Estratégia Saúde da Família, tais como, lavagem de alimentos
consumidos crus, além da higiene pessoal bem como a eliminação de lixo para evitar
a proliferação de vetores como moscas e outros animais sinantrópicos.
Quanto à correlação do aumento dos casos de diarreia no período chuvoso,
este fato torna-se um bom indicador para que as equipes realizem um planejamento
de ações, visando o trabalho de prevenção da diarreia em ocasiões que antecedem o
período chuvoso, para evitar o aumento do número de casos no período esperado.
Vale ressaltar que uma estratégia importante para enfrentar esse problema de
saúde pública causada pelas diarreias, é a capacitação dos agentes comunitários de
saúde, além da promoção da saúde, tendo em vista o saber de que o indivíduo é
capaz de cuidar de si, da sua família e da sua comunidade.
208
Referências
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de Vigilância Epidemiológica da Cólera / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 2. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 170 p. : il. color. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) A 1ª edição intitulou-se: Manual Integrado de Prevenção e Controle da Cólera
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à Saúde do Recém-Nascido. Guia para os profissionais de Saúde. Cuidados Gerais. vol 1, Brasília, 2011. 195 p. 4. BRASILa . Ministério da Saúde. Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Caderno de Atenção Básica nº 32. Brasília, 2012. 320
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS Nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Brasília, 2011.
BrASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1339, de 18 de novembro de 1999. Instituir a Lista de Doenças relacionadas ao Trabalho. Brasília, 1999.
MENDES, Rinaldo Poncio; MARCONDES-MACHADO, Jussara. Brucelose. In: COURA, José Rodrigues (Comp.). Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 128, p. 1529-1538.
NIMRI, Laila. Diagnosis of recent and relapsed cases of human brucellosis by PCR. BMC Infetious Disease, Jordânia, p.1-7, 28 abr. 2003. Disponível em: . Acesso em: 15 maio 2011.
PAPPAS, Georgios et al.The new global map of human brucellosis. The Lancet Infectious Diseases, v. 6, i. 2, p. 91-99, fev. 2006. Disponível em: . Acesso em: 10 de junho de 2011.
GERMANO, Pedro Manuel Leal; GERMANO, Maria Izabel Simões. Brucelose. In:_____. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 2003. p. 277-282.
LANGONI, Helio et al. Isolation of Brucella spp from milk of brucellosis positive cows in São Paulo and Minas Gerais states. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 37, n. 6, Dec.2000.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Departamento de Pesquisas. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 – Aquisição Alimentar Domiciliar per capita Brasil e Grandes Regiões -, Rio de Janeiro: Departamento de Pesquisas, 2010a. 282p.
WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Corbel M J (Org.). Brucellosis in humans and animals. Geneva: World Health Organization, 2006. 102 p.
SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU
209
3.7 DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS
Katheryn Kellyn Waismann Odashiro Janira Costa Silva, Kátia Rejane dos Santos Campos Rosemere Lopes dos Santos Sandra Mara Oliveira de Carvalho
O Núcleo Estadual de Controle de Doenças e Agravos não Transmissíveis-
NCDANTS é responsável pelo controle e monitoramento dos seguintes programas:
Acidentes e Violências; Projeto Vida no Trânsito; Academia da Saúde e Registro de
Câncer de Base Populacional- RCBP.
As doenças cardiovasculares, os cânceres, as doenças respiratórias crônicas
e o diabetes mellitus se configuram como as principais doenças crônicas não
transmissíveis, tendo sido responsáveis, em 2015, por 51,6% do total de óbitos na
população de 30 a 69 anos no Brasil (Fonte: Sistema de Informações sobre
Mortalidade). Os dados salvam vidas e fazer uso deles é primordial para as
atividades de vigilância epidemiológica das doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT), visando conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência dessas doenças
e de seus fatores de risco para subsidiar o planejamento, a execução e o
monitoramento das ações para seu controle e prevenção.
As DCNT são multifatoriais, ou seja, determinadas por diversos fatores, sejam
eles sociais ou individuais. Elas se desenvolvem no decorrer da vida e são de longa
duração.
As principais DCNT (doenças cardiovasculares, doenças respiratórias
crônicas, diabetes mellitus e neoplasias) possuem quatro fatores de risco em
comum. Vale salientar que esses fatores de risco são modificáveis.
3.7.1 Consumo Nocivo de Álcool
A OMS estima que o consumo nocivo do álcool foi responsável por 3,3 milhões
de mortes em 2012, ou seja, 5,9% do total de óbitos no mundo. Além de relacionado
à mortalidade, o consumo de bebidas alcoólicas também é classificado entre os
cinco principais fatores de risco para incapacidades, principalmente entre jovens, e
está relacionado como fator causal de mais de 200 doenças e lesões como cirrose
hepática, câncer, distúrbios neurológicos e maior exposição a acidentes e violências.
210
No mundo, a mortalidade ajustada por idade causada por transtornos mentais
e comportamentais por consumo de álcool (Classificação Internacional de Doenças
10ª revisão, código F10) subiu 21% em onze anos, passando de 4,26 por 100 mil
pessoas em 1996 para 5,17 por 100 mil pessoas em 2007. No Brasil, o percentual
de óbitos com causa básica plenamente atribuível ao álcool (CID 10, códigos: E24.4;
F10.0-F10.9; G31.2; G62.1; G72.1; I42.6; K29.2; K70.0-K70.4; K70.9; K85.2; K86.0;
O35.4; P04.3; Q86.0; R78.0; X45.0-X45.9; X65.0-X65.9; Y15.0-Y15.9; Y90.0-Y90.0;
Y91.0-Y91.9) passou de 1,2% no ano 2000, para 1,6% de todos os óbitos captados
pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) em 2013. Esse aumento foi
ainda maior quando considerado não somente o percentual de óbitos com causa
básica plenamente atribuível ao álcool, mas também as causas associadas, que
subiu de 1,9% do total no ano 2000 para 2,8% em 2013.
Considerando a magnitude deste problema, o monitoramento do consumo de
álcool se faz importante desde a adolescência. Segundo a Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, 55,5% dos estudantes de 9º ano brasileiros,
da rede pública e privada, relataram que já haviam experimentado álcool.
Considerando os últimos 30 dias anteriores à realização da entrevista, 23,8% dos
estudantes relataram consumir pelo menos um copo ou uma dose de bebida
alcoólica, sendo este consumo superior em meninas (25,1%), em relação aos
meninos (22,5%). Cerca de 21,4% dos alunos investigados na PeNSE 2015
disseram que haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida.
Entre adultos, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas é um indicador que
considera a quantidade consumida de bebida alcoólica - quatro ou mais doses,
quando mulheres e cinco ou mais doses para homens - em uma única ocasião.
Segundo o inquérito Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças
Crônicas por Inquérito Telefônico conjunto das 26 capitais e Distrito Federal)5, em
2017, 19,1%, dos adultos residentes nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal
relataram consumo abusivo de bebida alcóolica, sendo esta frequência maior em
homens (27,1%) do que em mulheres (12,2%). Ainda segundo esta pesquisa, a
prevalência do consumo abusivo de bebida alcoólica tendeu a diminuir após os 35
anos de idade, e a aumentar com o incremento da escolaridade.
Na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a prevalência de consumo abusivo
de álcool foi de 13,7% para Brasil, sendo maior na área urbana (14,2%) quando
comparado à área rural (10,3%). A Região Centro-Oeste apresentou a maior
211
prevalência (16,2%) e a Região Sul a menor (11,1%). Segundo a PNS, a média de
idade de iniciação do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil foi de 18,7 anos, com
valores semelhantes para área urbana (18,8 anos) e rural (18,4 anos)
Tabagismo
O tabagismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento de uma
série de doenças crônicas, como câncer, doenças pulmonares e doenças
cardiovasculares. Desse modo, o hábito de fumar permanece como líder global entre
as causas de mortes evitáveis. Outros estudos associam, também, o fumo passivo
a esse mesmo grupo de doenças.
O Brasil tem-se destacado como o país que vem reduzindo
progressivamente a prevalência de tabagismo nas Américas e no mundo. Em 1989,
a prevalência de fumantes era de 34,8%; em 2003, foi de 22,4%; e, em 2008, reduziu
para 17,2% na população de 15 anos ou mais (21,6% em homens e 13,1% em
mulheres). Os dados mais recentes, levantados pela Pesquisa Nacional de Saúde
(PNS) em 2013, mostram que a prevalência de usuários atuais de produtos
derivados do tabaco, na população de 18 anos ou mais, foi de 15% no país, sendo
maior na área rural (17,4%) quando comparado com a área urbana (14,6%).
Observando-se por sexo, a prevalência foi maior entre os homens (19,2%); por
região, o maior valor foi encontrado na região Sul (16,1%); e por UF a maior
prevalência foi no estado do Acre com 19,3%.
A PNS trouxe outras informações importantes sobre o tabagismo: 14,5%
dos adultos do país referiram ser fumantes atuais de cigarro e 17,5% referiram ser
ex-fumantes de tabaco. Dentre os fumantes, 51,1% declararam ter tentado parar de
fumar nos 12 meses anteriores à entrevista, e 8,8% referiram ter procurado
tratamento com profissional de saúde para parar de fumar nesse mesmo período.
Quanto à exposição à mídia, 28,7% dos adultos informaram que foram expostos à
mídia pró-tabaco e 52,1% à mídia antitabaco. Dos adultos fumantes, 86,2% referiram
estar expostos às advertências dos maços de cigarro, sendo que 52,3% pensaram
em parar de fumar devido a essas advertências.
Outro inquérito importante para o acompanhamento da tendência e
variação temporal dos indicadores de tabagismo é o Vigitel (Vigilância de Fatores
de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizado
anualmente, desde 2006, no conjunto das 26 capitais e do Distrito Federal. A edição
212
de 2017, apresentou uma série histórica da prevalência de fumantes, indicando
redução estatisticamente significativa, de 15,6% em 2006 para 10,1% em 2017.
Entre 2006 e 2017, observando por sexo, a frequência diminuiu mais entre as
mulheres, com redução percentual na ordem de 39,5% no período. No mesmo
período, o consumo de 20 cigarros por dia entre homens reduziu percentualmente
na ordem de 39,7% no mesmo período. Em 2017, a frequência de fumantes passivos
no domicílio foi maior entre homens, quando comparado com as mulheres, com 7,3%
e 8,4%, respectivamente. No ambiente de trabalho, a prevalência de fumantes
passivos foi maior entre os homens (9,6%), em comparação com as mulheres
(4,3%).
Entre os adolescentes, os dados da última edição da Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar (PeNSE), realizada pelo IBGE e MS, em 2015, mostraram que
5,6% dos estudantes do 9º ano relataram ter fumado cigarro nos 30 dias anteriores
à entrevista. O percentual foi menor na região Nordeste (4,0%), e similar nas demais
regiões, variando de 6,0% no Sudeste a 7,0% no Sul. Quanto à experimentação de
cigarro, 18,4% dos adolescentes referiram já ter fumado alguma vez na vida. Essa
prevalência foi maior na Região Sul (24,9%) e menor na região Nordeste (14,2%) .
Inatividade Física
A prática de atividade física de forma regular é considerada um fator de
proteção à saúde das pessoas, enquanto que o sedentarismo é o quarto maior fator
de risco de mortalidade global. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),
3,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo são atribuídas à atividade física
insuficiente 1. A OMS recomenda a prática de, no mínimo, 150 minutos de atividade
física semanal de intensidade leve a moderada ou 75 minutos de atividade de
intensidade vigorosa, entre adultos. No caso de adolescentes o tempo recomendado
sobe para 300 minutos de atividade de intensidade leve a moderada por semana, ou
150 minutos de atividade de intensidade vigorosa.
O inquérito telefônico Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção
para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) avalia a atividade física em quatro
domínios: no tempo livre ou atividades de lazer, no deslocamento para o trabalho ou
para a escola, nas atividades de trabalho, e nas atividades domésticas, sendo o
primeiro mais passível de intervenção. Conforme dados do Vigitel, a prática do nível
recomendado de atividade física no tempo livre referida por adultos residentes nas
capitais do Brasil passou de 29,9% em 2009 para 37% em 2017. A maior prevalência
213
foi observada no sexo masculino (43,4%), na faixa etária de 18 a 24 anos (49,1%) e
na população com maior escolaridade (47%). A localidade com maior prevalência de
adultos ativos, em 2017, foi o Distrito Federal, com 49,6%.
Na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, a prevalência de adultos que
referiram praticar o nível recomendado de atividade física no lazer foi de 22,5%
incluindo a área urbana (23,8%) e rural (13,8%) do país. O maior valor foi observado
entre os homens (27,1%), em comparação às mulheres (18,4%); e entre as Unidades
da Federação o destaque também ficou para o Distrito Federal com 35,1%. Além da
atividade física no lazer, observou-se também que 14% dos adultos referiram prática
de 150 minutos de atividade física semanal no trabalho e 12,1% na realização de
atividades domésticas. O percentual de adultos insuficientemente ativos foi de
46,0%, e 28,9% referiram assistir televisão por 3 horas ou mais por dia.
Entre os adolescentes, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar (PeNSE) 2015, 34,4% dos alunos do nono ano avaliados foram
considerados suficientemente ativos (pelo menos 300 minutos de atividade física
acumulada nos últimos sete dias), com maior prevalência entre os meninos (43,9%)
que entre as meninas (25,4%). Observando o número de aulas de educação física
que os adolescentes frequentaram na escola na semana anterior à entrevista, houve
uma queda no percentual de escolares que não tiveram aulas de educação física.
Em 2012, 18,3% dos escolares informavam não terem tido aulas de educação física
nos últimos sete dias anteriores à pesquisa. Em 2015, esse percentual passou a ser
de 14,0%. Quanto ao hábito de assistir televisão, 59,8% dos adolescentes referem
gastar mais de duas horas por dia em frente à TV e 56,1% costumam realizar
atividades sentados(as), por mais de três horas.
3.7.2 Alimentação Não Saudável
No Brasil, houve uma redução na compra de alimentos tradicionais básicos,
como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos notáveis na compra de alimentos
processados, entre meados da década de 1970 e meados da década de 2000,
acarretando aumento no consumo de gorduras saturadas, sódio e açúcares livres.
No outro lado, dentre os marcadores de padrão alimentar saudável, está o consumo
de frutas e hortaliças. A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão diária
de pelo menos 400 gramas de frutas e hortaliças, o que equivale, aproximadamente,
ao consumo diário de cinco porções desses alimentos. Segundo dados
214
do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por
Inquérito Telefônico conjunto das 26 capitais e Distrito Federal) 2016, 80,4% da
população com 18 anos não atingiram o consumo recomendado de frutas e
hortaliças (cinco ou mais porções diárias de frutas e hortaliças em cinco ou mais dias
da semana).
Outro importante marcador de alimentação não saudável monitorado é o
consumo regular de refrigerantes, caracterizado pelo consumo destas bebidas em
cinco ou mais dias da semana. Entre adultos, segundo o Vigitel 2017, a frequência
de consumo regular de refrigerantes foi de 14,6%, sendo mais alta entre homens
(17,4%) do que entre mulheres (12,2%). Ressalta-se que a prevalência deste
indicador vem reduzindo, passando de 30,9% em 2007 para os atuais 14,6%.
O monitoramento destes indicadores se faz importante também na população
adolescente, considerando ser esta uma fase importante para formação e
manutenção de hábitos alimentares. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar (PeNSE)4 de 2015, a prevalência de marcadores de alimentação não
saudável entre estudantes do 9º ano do ensino fundamental foi de 41,6% para
guloseimas (como doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos), 26,7%
para refrigerantes e 31,3% para alimentos ultraprocessados salgados (como
hambúrguer, presunto, mortadela, salame, macarrão instantâneo e salgadinho de
pacote).
Para a população infantil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013 trouxe
alguns resultados sobre alimentação entre crianças menores de 2 anos, apontando
que os hábitos alimentares não saudáveis estão presentes desde cedo entre os
brasileiros. A prevalência de crianças que comeram biscoitos ou bolachas ou bolos
desde o dia anterior à entrevista foi de 60,8% no Brasil. Em relação a refrigerante ou
suco artificial, a prevalência de crianças que consumiram essas bebidas desde o dia
anterior à entrevista foi de 32,3% no país.
No âmbito do Ministério da Saúde, a vigilância epidemiológica de DCNT, é
responsabilidade da Coordenação-Geral de Vigilância de Doenças e Agravos não
Transmissíveis e Promoção da Saúde do Departamento de Vigilância de Doenças e
Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde, Secretaria de Vigilância em
Saúde (SVS).
Essa vigilância se configura como um conjunto de ações e processos que
permitem conhecer a ocorrência, a magnitude e a distribuição das DCNT e de seus
215
principais fatores de risco no país, bem como identificar os seus determinantes e
condicionantes econômicos, sociais e ambientais. Além disso, uma das ações da
vigilância de DCNT é caracterizar a tendência temporal das DCNT. Essas ações são
fundamentais para o planejamento, o monitoramento e a avaliação das ações de
cuidado integral e das políticas públicas de prevenção e controle das DCNT no
Brasil.
Os três componentes essenciais da vigilância de DCNT são: a)
Monitoramento dos fatores de risco; b) Monitoramento da morbidade e mortalidade
das DCNT; e c) Monitoramento e avaliação das ações de assistência e promoção da
saúde.
O instrumento norteador da Vigilância de DCNT é o Plano de Ações Estratégicas
para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil,
2011-2022. Este documento apresenta a vigilância de DCNT como um de seus
eixos, onde se encontram detalhados os indicadores, metas, objetivos e ações a
serem desenvolvidas por esta vigilância.
3.7.3 PROJETO VIDA NO TRÂNSITO
O Projeto Vida no Trânsito (PVT) faz parte da iniciativa internacional
denominada‘Road Safety in Ten Countries’ (RS 10), formada por um consórcio das
seguintes instituições: OMS; OPAS; Association for Safe International Road Travel
(ASIRT); EMBARQ; Global Road Safety Partnership (GRSP); Johns Hopikins
Bloomberg School of PublicHealth (JHU); World Bank Global Road Safety Facility
(GRSF); e Bloomberg Philanthropies, esta que é uma das instituições financiadoras
do projeto juntamente com os recursos próprios dos países. Essa iniciativa está
presente em dez países no mundo – Federação Russa, China, Turquia, Egito,
Vietnam, Camboja, Índia, Quênia, México e Brasil.
Do total de vítimas fatais no trânsito mundial, 62% ocorrem em dez países na
seguinte ordem de magnitude: Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Brasil, Irã,
México, Indonésia, África do Sul e Egito (Organização Mundial da Saúde – OMS
2009).
O comprometimento do Governo Brasileiro em desenvolver o Projeto no país
tem como propósito enfrentar a grave situação dos acidentes de trânsito, descrita
anteriormente, a partir de ações nacionais, estaduais e municipais, procurando
desenvolver e aprimorar estratégias de segurança no trânsito bem sucedidas,
216
possíveis de serem apropriadas pelos municípios e Estados. O Projeto é mais uma
estratégia dentro do conjunto de intervenções que farão parte do Plano Nacional da
Década de Ações de Segurança.
No Brasil a implantação do Projeto Vida no Trânsito (PVT) deu-se através da
Portaria Interministerial nº 2.268, de 10/08/2010, sendo o Ministério da Saúde o
responsável pela coordenação dessa comissão, com dois fatores de risco prioritários
dessa comissão: velocidade e álcool. Em 2011, foi registrado no Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM) um total de 43.256 óbitos por Acidentes de
Transporte Terrestre (ATT). Desse total, 82,3% foram homens e entre estes, 38,8%
se encontrava na faixa de idade de 20 a 39 anos. (Epidemiol.Serv.Saúde,
Brasilia,2013) www.paho.org/.../index.php?...opas...projeto-vida-no-transito/ Fonte:
Ministério da Saúde/Adriano Schimit
Fontes do Ministério da Saúde (43.075 óbitos e 201.000 feridos hospitalizados
em 2014) e o Seguro DPVAT (em 2015, 42.501 indenizações por morte e 515.751 por
invalidez).
3.7.4 Estatística dos Acidentes em Roraima
PESSOAS ENVOLVIDAS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO REGISTRADOS EM RORAIMA
ANOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
2016 820 781 828 866 755 838 762 839 814 835 767 883 9788
2017 711 714 796 725 728 738 641 723 675 697 682 775 8605
2018 514 572 647 620 600 603 447 534 515 609 302 300 6263
2019 331 417 426 469 497 420 414 446 410 453 398 510 5191
Fontes:CPC/CPI/IML
Nota-se que:
das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril 2016 com 2017 houve redução de 10,6%,
das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril de 2017 com 2018 houve redução de 20,1%,
das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril de 2018 com 2019 houve redução de 30,2%
e das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril de 2019 com 2020 houve redução de 11,4%.
0
1000
2000
3000
4000
2016 2017 2018 2019 2020
32952946
2353
1643 1455
Fonte: CPC
PESSOAS ENVOLVIDAS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO EM RORAIMA DE JANEIRO A ABRIL DE 2016 A 2020
217
ACIDENTES DE TRÂNSITO REGISTRADOS EM RORAIMA
ANOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
2016 360 342 362 379 343 383 349 378 368 386 345 397 4392
2017 324 310 358 319 326 330 279 321 298 296 294 345 3800
2018 226 253 281 268 258 268 198 233 232 263 137 135 2752
2019 138 185 193 211 220 192 187 198 183 201 175 224 2307
Nota-se que:
no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2016 com 2017 houve redução de 8,3%,
no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2017 com 2018 houve redução de 21,4%,
no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2018 com 2019 houve redução de 26,4%
e no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2019 com 2020 houve redução de 11,6%.
Comparação com Outros Dados
A Seguradora Líder, entidade gestora do seguro obrigatório DPVAT, fornece
estatísticas referentes às indenizações pagas por morte.
Também, até 2006, o DENATRAN publicou Anuários Estatísticos a partir dos
Boletins de Ocorrência estabelecidos pela Polícia.
O gráfico abaixo mostra a comparação entre os dados provenientes destas três
fontes:
0
1000
2000
2016 2017 2018 2019 2020
17861637
1286
947 837
Fonte: CPC
ACIDENTES DE TRÂNSITO EM RORAIMA DE JANEIRO A MAIO DE 2016 A 2020
218
Neste gráfico, a curva "DPVAT" representa o número de indenizações pagas
cada ano. Isto não corresponde ao número de óbitos ocorridos no ano, pois certos
processos de indenização podem levar vários anos. A forma irregular da curva traduz
unicamente a evolução dos processos administrativos de indenização, sem nada a
ver com a evolução do número de ocorrências.
Ao contrário, a curva "DATASUS" representa o número de óbitos registrados
pelo Ministério da Saúde cada ano.
O gráfico mostra que, no período 2005-2015, o número de mortos no trânsito,
indenizados pelo DPVAT, foi superior ao número registrado no âmbito do SUS.
A curva "DATASUS" representa o número de pessoas que foram internadas
em hospital em decorrência de acidentes de trânsito.
A curva "DPVAT" representa o número de pessoas que foram indenizadas por
invalidez permanente cada ano. Isto não corresponde ao número de lesões ocorridas
no ano, pois certos processos de indenização podem levar vários anos. A grande
diferença entre as ordens de grandeza dos números de indenizações antes e depois
2007 pode se dever a uma maior facilidade de acesso ao seguro a partir daquele ano.
Estes dois indicadores têm a ver com a gravidade das lesões, porém os valores
dos últimos anos são tão diferentes que não é possível tirar deles, diretamente, uma
avaliação do número de feridos graves. Uma análise comparativa mais detalhada
seria necessária.
219
3.7.5 Avaliação do Número de Mortos no Trânsito
Segundo os dados do DETRAN: 146 mortos em 2011, 164 em 2012, 188 em
2013.
Segundo os dados do Ministério da Saúde (DATASUS), óbitos ocorridos no
Estado: 135 em 2011, 149 em 2012, 152 em 2013; 146 em 2014 e 160 em 2015.
E segundo a DPRF, mortos nas rodovias federais do Estado: 35 em 2011, 28
em 2012.
Na tabela abaixo é apresentado o número de óbitos por município de ocorrência
no Estado de Roraima, de acordo com a fonte SIM/NSIS/CGVS/SESAU/RR
(Dezembro de 2019): 447 óbitos em 2014, 551 em 2015, 478 em 2016, 576 em 2017,
558 em 2018 e 121 em 2019.
Frequência por Ano do Óbito segundo Município Residência - RR
Munc Resid - RR 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
Alto Alegre 29 41 40 40 19 8 177
Amajari 11 20 19 20 12 2 84
Boa Vista 255 296 270 331 376 71 1599
Bonfim 15 18 8 20 10 5 76
Cantá 15 25 21 21 24 3 109
Caracaraí 29 43 35 24 28 4 163
Caroebe 6 12 7 9 7 3 44
Iracema 15 17 12 10 7 1 62
Mucajaí 27 18 14 21 20 5 105
Normandia 5 7 10 6 5 4 37
Pacaraima 7 8 1 7 11 4 38
Rorainópolis 26 32 24 48 19 5 154
São J. da Baliza 3 4 4 5 9 2 27
São Luiz 2 6 4 8 7 3 30
Uiramutã 2 4 9 6 4 1 26
Total 447 551 478 576 558 121 2731
Fonte: SIM/DANTS/DVE/CGVS/SESAU/RR
220
POPULAÇÃO RESIDENTE E FROTA DE VEÍCULOS REGISTRADA
BOA VISTA 2018-2019
Fonte: Elaborado pelo Setor de Estatística da SMST com dados do DENATRAN, GETRAN e (IBGE)
Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN- 2016
Obs: *Estimativa do IBGE (2018,2019).
3.7.6 INFORMAÇÕES GERAIS E INDICADORES DE TRÂNSITO
MUNICÍPIO DE BOA VISTA 2019
POPULAÇÃO6: 399.213 Habitantes
FROTA REGISTRADA7: 217.936 Veículos
VEÍCULOS8:
Motos 84.958 42,2%
Automóveis 71.637 36,0%
Caminhonete 29.757 14,4%
Caminhão 4.213 2,7%
Utilitário 1.358 0,7%
Semi Reboque 1.399 0,7%
Ônibus 997 0,7%
Micro-Ônibus 538 0,3%
Outros 4.324 2,3%
Total 199.181 100%
Frota de veículos, por tipo e com placa, segundo os Municípios da Federação - NOVEMBRO/2018 ¹ Estimativa do IBGE. ² O Município de Boa Vista concentra 88% da frota de veículos do Estado de Roraima. ³ Neste indicador as camionetas são agrupadas junto com os automóveis e as motonetas junto com
as motocicletas em “Motos”.
3.7.8 REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL - RCBP
“Motos”.
ESPECIFICAÇÃO ANO
2018 2019
POPULAÇÃO 188.641 399.213
FROTA 79.646 199.181
MOTO 73.133 66.947
AUTOMÓVEL 27.097 71.637
CAMINHONETE 5.080 26.041
CAMINHÃO 1.305 4.213
UTILITÁRIO 1.140 1.358
ÔNIBUS 694 997
MICRO-ÔNIBUS 4.453 5.254
221
O Registro de Câncer de Base Populacional – (RCBP) constitui-se de uma
ferramenta de vigilância e monitoramento das neoplasias. Tendo como objetivo:
coletar, analisar e classificar as informações de todos os casos novos de cânceres, a
fim de produzir estatísticas epidemiológicas dos diferentes tipos de neoplasias dessas
ocorrências em uma população definida.
No Brasil, há atualmente 27 (vinte e sete) RCBP implantados, esses registros
representam uma importante fonte de informações sobre a incidência do câncer no
Brasil. A partir dos dados gerados pelo RCBP, estima-se a incidência desta patologia
por áreas geográficas, esses dados são encaminhados periodicamente via sistema
para o Instituto Nacional do Câncer- INCA e Ministério da Saúde.
3.7.9 Descrição do RCBP Roraima
Os registros de câncer são fontes imprescindíveis para o desenvolvimento de
pesquisas epidemiológicas e clínicas, como também para planejamento e avaliação
das ações de controle. Os Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP)
surgiram no Brasil em fins dos anos 1960 por iniciativas que buscavam a obtenção de
informações sobre morbidade por câncer no país, como se verificava em diversas
partes do mundo. No início dos anos 1980 surgia no INCA o primeiro Registro
Hospitalar de Câncer (RHC) brasileiro.
Os RCBP produzem informações que permitem descrever e monitorar o perfil
da incidência, enquanto os RHC reúnem informações que têm por finalidade a
avaliação da qualidade da assistência prestada a pacientes atendidos em
determinado hospital ou num conjunto de hospitais.
Fonte: www1.inca.gov.br/situacao/arquivos/acoes_vigilancia.pdf)
O RCBP Roraima integra a rede de informações do Instituto Nacional do
Câncer, todos os procedimentos desenvolvidos baseiam-se nas normas de
padronização recomendadas pela IARC/OMS, cujos objetivos:
I - Coleta ativa em todas as fontes de notificadoras do RCBP, nas quais serão
identificados todos os tumores malignos diagnosticados no ano definido;
II - Adotar condutas padronizadas conforme determinação do INCA/MS;
III – Criar e executar relatórios operacionais e não operacionais;
IV – Analisar as informações de forma integrada, de modo a contribuir para o
planejamento, monitoramento e avaliação das ações oncológicas, bem como para a
vigilância das doenças e agravos não transmissíveis.
222
O RCBP notifica os casos de qualquer indivíduo residente em Roraima, com a
confirmação e diagnóstico de neoplasia maligna por meio de exames
anatomopatológicos, citológicos, hematológico, histológico, exploração cirúrgica, por
imagem, exame clínico ou por outro meio diagnóstico com parecer médico, e casos
de óbitos por câncer.
Fontes de informações: Registros de Câncer de Base Populacional do Estado.
3.7.10 Contribuição de Casos Definitivos por Fonte de Notificação
Para que o registro de câncer de base populacional possa desenvolver e
cumprir suas atividades operacionais através da alimentação do sistema interligado
com o Instituto Nacional do Câncer, é importante a colaboração das fontes
notificadoras, para este registro. Temos como colaboradores o Centro de Atenção ao
Paciente Oncológico, Centro de Referência da Saúde da Mulher, Hospital Coronel
Mota, Hospital da Criança Santo Antônio, Hospital Geral de Roraima, Laboratório
Central de Patologia Estadual, Laboratório de Cito Patologia Municipal, Laboratório de
Citopatologia Estadual, Laboratório de Patologia e Análises Clinicas Lapac,
Laboratório Nossa Senhora de Fátima, Registro Hospitalar de Câncer, Sistema de
Informação de Mortalidade e Siscolo.
3.7.11 REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL DE RORAIMA LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA DOS CASOS DE CÂNCER SÉRIE HISTÓRICA - PERÍODO 2006 a 2013
LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL
Colo do útero 37 45 76 60 21 3 2 2 246
Próstata 28 47 91 71 33 6 9 1 286
Mama 18 15 32 42 23 4 5 1 140
Fígado 13 21 23 15 15 10 8 0 105
Reto 12 5 4 4 6 1 1 1 34
Brônquios e pulmões 20 22 29 45 30 12 14 0 172
Tireóide 4 10 10 12 4 0 0 0 40
Estômago 21 29 32 27 18 6 7 0 140
Pênis 3 4 3 0 3 0 0 0 13
Ovário 5 4 7 7 3 0 0 0 26
Total 161 202 307 283 156 42 46 5 1.202 Fonte: RCBP/NCDANTS/CGVS/SESAU/RR.
Tabela 52. Distribuição de casos analíticos de tumores por topografia dos anos de 2006 a 2013.
A tabela acima indica a incidência de casos de câncer do colo do útero no
período de 2006 a 2013 no estado de Roraima. Verifica-se um alto índice de câncer
do colo do útero no Estado.
223
No ano de 2005, o trabalho de busca ativa, análise de prontuários e
mapeamento de novas fontes, continua sendo realizado com algumas dificuldades em
relação ao acesso a essas informações, em virtude de sua complexidade.
No ano de 2018, foram coletados os bancos dos casos positivos de cânceres
do ano 2012 a 2016, sendo encaminhado para o INCA para inserção no
SISBASEPOPWEB.
A equipe técnica do INCA em conjunto com o RCBP está realizando a limpeza
dos bancos de casos positivos de cânceres do ano de 2012 a 2015.
3.7.12 VIOLÊNCIA INTERPESSOAL E AUTOPROVOCADA
No Brasil e no mundo, o impacto da morbimortalidade por causas externas
(violências e acidentes) constitui uma das maiores preocupações para chefes de
Estado e dirigentes do setor saúde. O incremento da mortalidade por violências e
acidentes, assim como do número de internações e de sequelas devido,
principalmente, a homicídios, acidentes de transporte terrestre e quedas têm
contribuído significativamente para a redução da expectativa de vida de adolescentes
e jovens e da qualidade de vida da população. O fenômeno das violências e acidentes
pode ser considerado endêmico em muitos países, entre os quais o Brasil, tornando-
se um grave problema de saúde pública.
O MS, reconhecendo que as violências e os acidentes exercem grande peso
social e econômico, em especial, sobre o Sistema Único de Saúde – SUS, e que as
intervenções pautadas na vigilância, prevenção e promoção da saúde são
fundamentais para o enfretamento desse problema, assumiu a responsabilidade de
implantar, em 2001, a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por
Acidentes e Violências.
Em 2006, as ações de prevenção de violências e acidentes e de promoção da
saúde e cultura de paz foram priorizadas na Política Nacional de Promoção da Saúde.
Para consolidar a implementação dessas políticas, especialmente no tocante à
vigilância epidemiológica de violências e acidentes, o MS publica este Instrutivo para
o preenchimento da Ficha de notificação/investigação individual de violência
doméstica, Sexual e/ou Outras Violências, cujo objetivo é subsidiar os profissionais
de saúde e de outros setores que atuam nos serviços de atendimento às pessoas que
sofreram ou que vivem em situações de violências para um preenchimento mais
224
padronizado dessa ferramenta de coleta de dados. Secretaria de Vigilância em
Saúde/MS 6 A Ficha de notificação/investigação individual de violência doméstica,
sexual e/ou outras violências e seu Instrutivo para o preenchimento foram construídos
em colaboração com gestores e profissionais de saúde do MS e de outras instituições
governamentais das três esferas que compõem o SUS, de instituições de ensino e
pesquisa e parcerias não governamentais.
Essa ficha é composta por um conjunto de variáveis e categorias que retratam
as violências perpetradas contra si (violências autoprovocadas), contra outra pessoa
ou contra grupos populacionais (violências interpessoais), conforme a definição de
caso contida nesse instrutivo. Este instrutivo refere-se à Ficha de
notificação/investigação individual de violência doméstica, sexual e/ou outras
violências do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net. O
aplicativo de entrada de dados no Sinan foi desenvolvido pelo Datasus/MS, no
segundo semestre de 2008, em parceria com a Gerência Técnica do Sinan e com a
Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes, e tem como
objetivos específicos coletar, transmitir e consolidar dados gerados rotineiramente
pela vigilância epidemiológica dos agravos de notificação compulsória, fornecendo
informações para tomada de decisão e análise do perfil da morbidade da população
nas três esferas de governo, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. A
coordenação nacional das ações de promoção, prevenção e vigilância de violências e
acidentes – Viva e do Sinan é de responsabilidade da Secretaria de Vigilância em
Saúde – SVS, do MS, por meio da Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não
Transmissíveis – CGDANT, do Departamento de Análise de Situação em Saúde –
Dasis e da Gerência Técnica do Sinan, da Coordenação Geral de Vigilância e
Resposta às Emergências em Saúde Pública – CGVR e do Departamento de
Vigilância Epidemiológica – Devep, respectivamente. Essas ações são articuladas e
desenvolvidas no âmbito do SUS com as secretarias de Saúde de estados e
municípios. VIVA: Instrutivo da Notificação de Violência Doméstica, Sexual e outras
Violências.
Fonte:bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/viva_instrutivo_notificacao_violencia_do
mestica.pdf
A vigilância de violências e acidentes tem o objetivo de subsidiar ações de
enfrentamento dos determinantes e dos condicionantes das causas externas, que se
tornaram objeto de vigilância e de prevenção em saúde, no âmbito do Sistema Único
225
de Saúde, sob a coordenação do Ministério da Saúde numa perspectiva intersetorial,
priorizando-se os grupos em situação de vulnerabilidade, com base no direito à saúde
e à vida, incentivando a formação de redes de atenção e proteção às pessoas vítimas
de violências e acidentes, buscando, desta forma, garantir a atenção integral, a
promoção da saúde e a cultura de paz.
Este monitoramento tem subsidiado a elaboração de políticas públicas e de
ações de saúde que estão voltadas para o enfrentamento desses problemas.
Fonte: portalsaude.saude.gov.br
Comparativo do Crescimento Anual de Fichas de Notificações Compulsórias das
Violências Interpessoais em Boa Vista 2018-2019
Fonte: SINANNET/SINAN/DANTS/DVE/CGVS/SESAU/RR- 29.07.2020
Comparativo do Crescimento Anual de Fichas de Notificações Compulsórias das
Violências Autoprovocadas em Boa Vista 2018-2019
Fonte: SINANNET/SINAN/DANTS/DVE/CGVS/SESAU/RR- 29.07.2020
Conforme mostra o gráfico, após a intensificação das capacitações para o
correto preenchimento das fichas de notificação compulsória no estado de Roraima,
houve um aumento significativo nas notificações do ano de 2018 para 2019,
diminuindo as subnotificações.
1329
2157
0
500
1000
1500
2000
2500
2018 2019
N. 3.486
341
704
0
100
200
300
400
500
600
700
800
2018 2019
N. 1.045
226
3.7.13 ACADEMIA DA SAÚDE
A Portaria nº 719/2013, de 07 de abril de 2011, lançada pelo Ministério da
Saúde instituiu o Programa Academia da Saúde no âmbito do SUS. É uma política
pública fundamentada a partir dos princípios e das diretrizes do SUS e nas Políticas
Nacionais de Atenção Básica e Promoção da saúde. Esse conjunto de preceitos
institucionais fornece os princípios, diretrizes e as recomendações para a
implementação do Programa na Atenção Básica dos municípios, baseados na Lei
Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990) (Portaria nº 2.446, de 11 de novembro de
2014) e de Atenção Básica (Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017).
Nessa perspectiva, o Programa Academia da saúde tem vem fomentar a
implementação de Políticas Nacionais de Promoção da Saúde e práticas de cuidado
em saúde voltadas à promoção da saúde e prevenção de Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), bem como, compor as ações e serviços de saúde na Atenção
Primária, como elemento indissociável à integralidade do cuidado dos usuários do
SUS.
O Programa Academia da Saúde tem como objetivo principal contribuir para a
promoção da saúde e de promoção do cuidado e de modos de vida saudáveis da
população a partir da implantação de polos no Estado com infraestrutura e
profissionais qualificados, conforme Art. 2º da Portaria nº 2681/2013/MS/GM.
pólos da academia da saúde vem ao encontro
São objetivos específicos do Programa Academia da Saúde, disposto no Art.
6º da Portaria de Consolidação n 5, de 28 de setembro de 2017:
I - Ampliar o acesso da população às políticas públicas de promoção da saúde;
II - Fortalecer a promoção da saúde como estratégia de produção de saúde;
III - Desenvolver a atenção à saúde nas linhas de cuidado, a fim de promover
o cuidado integral;
IV - Promover práticas de educação em saúde;
V - Promover ações intersetoriais com outros pontos de atenção da Rede de
Atenção à Saúde e outros equipamentos sociais do território;
VI - Potencializar as ações nos âmbitos da atenção básica, da vigilância em
saúde e da promoção da saúde;
VII - Promover a integração multiprofissional na construção e na execução das
ações;
227
VIII - Promover a convergência de projetos ou programas nos âmbitos da
saúde, educação, cultura, assistência social, esporte e lazer;
IX - Ampliar a autonomia dos indivíduos sobre as escolhas de modos de vida
mais saudáveis;
X - Aumentar o nível de atividade física da população;
XI - Promover hábitos alimentares saudáveis;
XII - Promover mobilização comunitária com a constituição de redes sociais
de apoio e ambientes de convivência e solidariedade;
XIII - Potencializar as manifestações culturais locais e o conhecimento popular
na construção de alternativas individuais e coletivas que favoreçam a promoção da
saúde;
XIV - Contribuir para ampliação e valorização da utilização dos espaços
públicos de lazer, como proposta de inclusão social, enfrentamento das violências e
melhoria das condições de saúde e qualidade de vida da população.
São Diretrizes do Programa Academia da Saúde, conforme Art. 3º nº
2681/2013/MS/GM:
I - Configurar-se como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde,
complementar e potencializador das ações de cuidados individuais e coletivos na
atenção básica;
II - Referenciar-se como um programa de promoção da saúde, prevenção e
atenção das doenças crônicas não transmissíveis; e
III - Estabelecer-se como espaço de produção, ressignificação e vivência de
conhecimentos favoráveis à construção coletiva de modos de vida saudáveis.
São princípios do Programa Academia da Saúde, conforme Art. 4º Portaria nº
2681/2013/MS/GM:
I - Participação popular e construção coletiva de saberes e práticas em
promoção da saúde;
II - Intersetorialidade na construção e desenvolvimento das ações;
III - Interdisciplinaridade na produção do conhecimento e do cuidado;
IV - Integralidade do cuidado;
V - Intergeracionalidade, promovendo o diálogo e troca entre gerações; e
VI - Territorialidade, reconhecendo o espaço como local de produção da
saúde.
228
As atividades devem ser desenvolvidas no âmbito do Programa da Academia
da Saúde está fundamentado no Art. 6º da Portaria nº 2681/2013/MS/GM, em
conformidade com os seguintes eixos:
I - Práticas corporais e atividades físicas;
II - Produção do cuidado e de modos de vida saudáveis;
III - Promoção da alimentação saudável;
IV - Práticas integrativas e complementares; (
V - Práticas artísticas e culturais;
VI - Educação em saúde;
VII - Planejamento e gestão; e
VIII - Mobilização da comunidade.
As atividades desenvolvidas nos pólos da Academia da Saúde estão na
responsabilidade das equipes de saúde, constituídas pela Atenção Básica, incluindo
os profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família e nos Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (NASF).
Além desses profissionais mínimos das equipes apontados acima, os
municípios poderão acrescentar profissional(ais) de outras áreas de conhecimento
para realização de atividades afins aos objetivos, princípios e diretrizes do Programa
Academia da Saúde.
Para acompanhamento do funcionamento e resultados alcançados pelos pólos
da academia de saúde nos municípios, o Ministério da Saúde recomenda, a
constituição de grupo de apoio vinculado a gestão de cada pólo em funcionamento,
por representantes do controle social e por profissionais de outras áreas envolvida no
Programa, como forma de atingir os princípios da gestão compartilhada, a garantia da
participação da comunidade na organização das atividades oferecidas de acordo com
as especificidades e necessidades da região.
Os recursos destinados à construção, à infraestrutura dos pólos poderão vir de
recursos próprios da União, dos Estados e dos municípios, conforme pactuação. Para
isso, o Art. 18 da Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017 definiu
os critérios referentes aos incentivos financeiros de investimento para construção dos
pólos
A construção dos pólos são desenvolvidas, conforme modalidade a serem
construídas no território nacional e por propostas de construção encaminhadas de
cada município no Sistema de Monitoramento de Obras (SISMOB), podendo ser:
229
I - Modalidade Básica;
II - Modalidade Intermediária; e
III - Modalidade Ampliada.
Na portaria de Consolidação nº 5, no Art. 19 ficam definidos nos incisos abaixo
os critérios de construção por modalidade:
- § 1º, define que: "Os polos do Programa Academia da Saúde serão
construídos pelo município ou Distrito Federal interessado, em conformidade com as
estruturas físicas mínimas definidas no Anexo I" e,
- § 2º "É facultada aos municípios e Distrito Federal a inclusão de
equipamentos na área descoberta, dispostos no Anexo II , não podendo os mesmos
serem substituídos por outros tipos";
- § 3º É vedada a substituição dos equipamentos previstos no Anexo II por
outros não previstos na regulamentação do Programa Academia da Saúde.
- § 4º Os polos do Programa Academia da Saúde deverão ser construídos na
área de abrangência territorial do estabelecimento de saúde de referência no âmbito
da Atenção Básica;
- § 5º Para fins do disposto no § 4º, o polo da Modalidade Básica, tendo em
vista sua estrutura reduzida, deverá ser construído em um raio de até 100 (cem)
metros do estabelecimento de saúde de referência.
- § 6º O polo do Programa Academia da Saúde deverá ser identificado
utilizando padrões visuais do Programa Academia da Saúde, apresentados no Manual
de Identidade Visual (MIV) do Programa Academia da Saúde, disponível no endereço
eletrônico www.saude.gov.br/academiadasaude.
As atividades desenvolvidas em cada pólo do Programa Academia da Saúde
deverão somar, no mínimo 40 (quarenta) horas semanais, com garantia de
funcionamento do polo, em pelo menos 2 (turnos) diários, em horários definidos a
partir da necessidade da população e do território.
A equipe de profissionais é multidisciplinar, para atendimento a comunidade em
geral e grupos específicos (idosos portadores de doenças crônicas e gestantes) e fará
jus ao recebimento de incentivo de custeio, após atendidos todos os critérios para
finalização da obra e está apta para funcionamento.
Após a publicação da Portaria de credenciamento para funcionamento, o pólo
fará jus ao recebimento de custeio para manutenção básica, desde que atenda os
230
seguintes critérios, conforme Art. 139 da Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de
setembro de 2017:
I - cadastre o(s) profissional(is) no SCNES do pólo ou do Estabelecimento de
Atenção Básica onde a estrutura de apoio ao Programa esteja localizada, conforme o
Código Brasileiro de Ocupação (CBO) descrita no Anexo III da Portaria de
Consolidação nº 5, sendo pelo menos 1 (um) profissional com carga horária de 40
(quarenta) horas semanais ou, no mínimo, 2 (dois) profissionais com carga horária de
20 (vinte) horas semanais cada;
II - acesse o mesmo sistema do Ministério da Saúde onde a proposta foi
cadastrada e inclua o(s) SCNES do pólo, para fins de comprovação; e
III - alimente os dados no sistema de informação da atenção básica,
comprovando, obrigatoriamente, o início e a execução das atividades.
No Estado de Roraima, os 15 municípios aderiram ao Programa, em períodos
distintos: Alto Alegre, Amajari e Pacaraima no ano de 2011; Caracaraí, Iracema e
Rorainópolis em 2012; Bonfim, Cantá, Mucajaí, São Luiz e Uiramutã em 2013, São
João da Baliza em 2015 e Boa Vista como polo similar em 2015.
Em 2017 o monitoramento do Programa foi realizado através do NCDANT pelo
FORMSUS formulários. Já no ano de 2018 o acompanhamento passou a ser realizado
pela Coordenação Geral de Alimentos e Nutrição através do Departamento de
Atenção Básica e pelo E-GESTOR questionários.
O monitoramento é um instrumento de acompanhamento do Programa em
parceria com os municípios, que possibilita apoio a implantação e implementação do
programa, em conformidade com as diretrizes da Política Nacional de Promoção da
Saúde e da Política de Atenção Básica.
O monitoramento inclui visita técnica a todos os municípios com pólos de
Academia da Saúde em funcionamento. A avaliação realizada das academias inclui a
aplicação de questionários enviados ao gestor ou responsável técnico para
acompanhamento mensal das ações, para subsidiar orientações técnicas,
planejamento das atividades coletivas, impactos dos resultados alcançados, alcance
de metas e encaminhamentos necessários no âmbito do Ministério da Saúde.
231
Classificação por Modalidade de Construção dos Pólos do Programa Academia da
Saúde no Estado de Roraima.
MUNICÍPIO SIMILAR BÁSICA INTERMEDIÁRIA AMPLIADA
Boa Vista X X
Alto Alegre X
Amajari X
Bonfim X
Cantá X
Caracaraí X
Iracema X
Mucajaí X
Pacaraima X
Rorainópolis X
São João da Baliza X
São Luiz do Anauá X
Caroebe X
Uiramutã X
Fonte: SISMOB/NCDANTS/CGVS/SESAU/RR
Observa-se que a oferta de atividades nos pólos é de caráter diferenciado,
desta forma, o planejamento estratégico dos polos da Academia da Saúde busca
atender as especificidades da comunidade em cada município.
Nessa perspectiva, ressaltamos que os polos da Academia da Saúde, que
ofertam atendimentos diversos para suprir as demandas locais e assim, cumprir com
os princípios e as diretrizes do SUS e das Políticas Nacionais de Atenção Básica e
Promoção da saúde.
Considerações finais
Este Núcleo em conformidade com a Descrição das Ações previstas de acordo
com os Eixos do Plano de Enfrentamento das DCNT e o Art.3, Portaria N° 23, de 09
de agosto de 2012, bem como o Regimento Interno da Secretária de Estado da Saúde
de Roraima em seu Art.78, vem desenvolvendo em suas limitações as atividades, que
lhe compete. Embora haja carência de subsídios como: dados incompletos no
preenchimento das notificações compulsórias de violência interpessoal e
autoprovocada, contra crianças, adolescentes, mulheres e pessoas idosas. Gerando
subnotificações. Falta de material gráfico, bem como de estagiários da parte
administrativa, para auxiliar na busca ativa de prontuários, digitação e alimentação do
232
banco de dados no sisbasepopweb. Dificuldade na articulação interinstitucional, para
a execução do Programa Vida no Trânsito.
Contudo, este núcleo vem prosseguindo com as suas atividades voltadas aos
programas, projetos, monitoramento e articulação com coordenações e instituições
externas, visando à eficácia dos serviços
Referência bibliográfica
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Brasileiro de Geografia e Estatística . Pesquisa Nacional de Saúde:
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Janeiro: 2013. IBGE, 2014.
7. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel
Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas
por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
8. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.
9. WHO. Organização Mundial da Saúde. Global status report on alcohol and
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10. REHM, J, et al. The relation between different dimensions of alcohol
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12. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de
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233
13. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil
2016: uma análise da situação de saúde e das causas externas. Brasília:
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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde.
Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Rio de
Janeiro: 2013, IBGE, 2014.
15. WHO. Organização Mundial da Saúde. Global Status Report on
noncommunicable diseases 2014. Geneva: 2014.
16. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.
17. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel
Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas
por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
18. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE (Brasil).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística . Pesquisa Nacional de Saúde.
Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: 2013.
Rio de Janeiro: IBGE, 2014.
19. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel
Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas
por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
20. LEVY et al, 2009. In: MI, Schmidt; BB, Duncan;, GA, Silva; AM, Menezes; CA,
Monteiro; S.M, Barreto, D, Chor; PR, Menezes. Chronic non-communicable
diseases in Brazil: Burden and current challenges. The Lancet,
2011, 377 (9781) , pp. 1949-1961.
21. WHO/FAO expert consultation. WHO Technical Report Series. Organização
Mundial de Saúde. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases.
Report of the joint, 2003, No. 916. 2003.
22. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel
Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas
por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
23. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de
Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.
24. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE (Brasil).
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde.
Ciclos de vida: 2013. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
234
3.8 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR
Jéssica Xavier Cavalcante
A Vigilância Epidemiológica Hospitalar (VEH) teve seu início em Roraima com
a criação da Unidade de Vigilância Epidemiológica - UVE no Hospital Geral de
Roraima - HGR e Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth - HMINSN,
em 1998, e suas atribuições foram amparadas pela PORTARIA/SESAU Nº 131/1999.
Portaria Nº 2.529, a qual define competências para os estabelecimentos hospitalares,
união, estados, Distrito Federal e municípios e cria a Rede Nacional de Hospitais de
Referência. Atualmente o NVH é subordinado ao Departamento de Vigilância
Epidemiológica - DVE que por sua vez integra a Coordenadoria Geral de Vigilância
em Saúde - CGVS/SESAU/RR (BENEDETTI, 2019).
O Núcleo de Vigilância Hospitalar faz interface com todas as gerências do
Departamento de Vigilância Epidemiológica e tem como missão monitorar,
assessorar, promover capacitações aos Núcleos Hospitalar de Epidemiologia - NHE
e Unidades de Vigilância Epidemiológica - UVE que atuam no âmbito hospitalar do
Estado de Roraima, os quais são responsáveis pela detecção, notificação e
investigação das doenças, agravos e eventos de interesse de saúde pública conforme
a Portaria 204/2016/SVS/MS, e atua em estreita articulação com a Rede Nacional de
Alerta e Resposta às Emergências em Saúde Pública (Rede CIEVS) (BENEDETTI,
2019).
Rede Estadual de Vigilância Epidemiológica Hospitalarde Roraima -
REVEH/RR teve sua criação no ano de 2016, que conta atualmente com 2 núcleos
hospitalares de epidemiologia (NHE), 8 Unidades de Vigilância Epidemiológica (UVE)
na capital e 12 no interior do estado. (Quadro-23)
Desde sua criação a REVEH/RR realizou 60.452notificações de Agravos e
DNC, de todas as notificações do estado, com exceção das notificações da malária.
As notificações da malária ocorrem pelo laboratório da malária. Em 2017, a
REVEH/RR realizou 21.775 notificações (81% das notificações); em 2018, realizou
13.577 (73,5 % das notificações); e em 2019, realizou 12.937 (70,03% das
notificações) (BENEDETTI, 2019). (Tabela 53)
Em 2015, as unidades de saúde que hoje compõem a atual REVEH notificaram
71,8% de todas as notificações do estado, com relação a 2016, ano de criação da
REVER/RR essa proporção foi de 73,3%, representando um aumento de 2,1%. No
235
ano de 2017 essa proporção de notificação foi de 81% e o aumento foi de 10,5% com
relação a 2016 (BENEDETTI, 2019).
Quadro 23. Relação dos estabelecimentos de saúde da Rede Estadual de Vigilância Epidemiológica Hospitalar de Roraima (REVEH/RR).
Estabelecimento de Saúde Município
Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar
Hospital Geral de Roraima (HGR) Boa Vista
Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) Boa Vista
UVE capital
Casa de Saúde do Índio (CASAI Yanomami) Boa Vista
Centro de Referência da Saúde da Mulher Boa Vista
Clínica Especializada Coronel Mota Boa Vista
Hospital das Clínicas Boa Vista
Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth Boa Vista
Hospital Lotty Iris Boa Vista
Hospital Unimed Boa Vista Boa Vista
Pronto Atendimento Cosme e Silva Boa vista
UVE interior
Centro de Saúde Jair da Silva Mota Amajarí
Hospital Délio de Oliveira Tupinambá Pacaraima
Hospital Epitácio de Andrade Lucena Alto Alegre
Hospital Francisco Ricardo de Macedo São Luiz
Hospital Pedro Alvaro Rodrigues Bonfim
Hospital Regional Sul Ottomar de Souza Pinto Rorainópolis
Hospital Verador José Guedes Catão Mucajaí
Unidade Mista de Caracaraí Caracaraí
Unidade Mista de Caroebe Caroebe
Unidade Mista Irmã Camila Iracema
Unidade Mista de São João da Baliza São João da Baliza
Unidade Mista Ruth Quitéria Normandia
A notificações realizadas pela REVEH/RR passou 12.163 em 2016 para 21.779
em 2017, o que corresponde a 79% de aumento. As possíveis explicações para esse
aumento é a redução da subnotificação e a ocorrência de um surto de chikungunya
no estado em 2017 com 6.769 notificações, destas 88,7% ocorreram na REVEH/RR
(BENEDETTI, 2019).
Foram realizadas no estado em 2018,13.577 notificações, destas 73,1% pela
REVEH/RR.Desde o primeiro semestre do ano o estado vive um surto de sarampo
com 588 notificações da doença, e quase 70% dessas notificações foram realizadas
pela REVEH/RR (BENEDETTI, 2019).
No ano de 2018 o estado teve 13.577 pacientes notificados em todas as
unidades notificadoras da REVER/RR, comparado o ano de 2019 observamos 12.937
no números de casos de agravos notificados por unidade (BENEDETTI,
2019).(Figura-38)
236
Segue o comparativo os anos anteriores das unidades notificadoras por agravo
conforme (Tabela-54).
Em 2019, a REVEH/RR notificou 12.937 gravos e DNC e representou
70,03%de todas as notificações ocorridas no estado, exceto malária, síndrome
gripal(SG) e doenças diarréicas agudas (DDA). A malária é a DNC com maior
notificação noestado e foram notificados 127.718 casos suspeitos da doença nesse
ano. A SG é umavigilância sentinela, e foram notificados 339 casos de SG pelo
Hospital Geral de Roraima (HGR) e pelo Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA).
A análise epidemiológica apresentada neste boletim é referente as notificações
de agravos e DNC realizadas pelos estabelecimentos de saúde que integram a
REVEH/RR. As notificações de malária não estão incluídas na análise pois mesmo
em ambiente hospitalar, em geral, são realizadas pela sala da malária (microscopista).
No entanto, o Núcleo de Controle da Malária (NCM) estadual está gradativamente
transferindo a função de notificação da doença à vigilância epidemiológica hospitalar,
por meio do NHE e UVE.
Figura 38. Número de notificações de Agravo e DNC por unidade de saúde
notificadora da REVER/RR, 2015 á 2019.
Fonte: SESAU/SINAN-NET/NVH -dados sujeitos a alteração
O NHE do HGR no período de 2015 á 2019 notificou 16.055. Agravos e DNC
Conforme a tabela 2, não foram incluídas as notificações da vigilância sentinela da
síndrome gripal, da influenza e as notificações de malária que tiveram início em 2018
no HGR. Os agravos e DNC mais notificados por ordem decrescente do ano de 2019
foram: dengue com 6.322 notificações, acidente de trabalho grave (5.950),
10
.94
4
12
.16
3
21
.77
5
13
.57
7
12
.93
7
2015 2016 2017 2018 2019
Notificações REVEH-RRREVEH-RR
237
atendimento anti-rábico (5.417), hepatites virais (5.172), violência
interpessoal/autoprovocada (4.348), acidente por animais peçonhento (2.569),
intoxicação exógena (1.330), acidente de trabalho com exposição a material biológico
(1.306), tuberculose (867). Foram notificados 741 casos de HIV/AIDS no período.
(Tabela 2)
Tabela 53. Número de notificações de Agravo e DNC por unidade de saúde notificadora da REVEH/RR, 2015 á 2019.
UNIDADE NOTIFICADORA DA REVEH-RR 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL
Hospital Geral de Roraima 3.795 3.153 5.273 3.794 3810 19825
Hospital da Criança Santo Antônio 1.535 1.985 2.596 1.769 1260 9145
Pronto Atendimento Cosme e Silva 2.207 2.623 5.410 2.967 2744 15951
Hospital Materno Infantil Nossa Sra de Nazareth 1.165 1.258 1.622 1.118 1119 6282
Hospital Regional Sul Gov. Ottomar de Souza Pinto 658 726 1.799 802 1167 5152
Hospital José Guedes Catão 393 763 1727 512 616 4011
Unidade Mista de Caracaraí 226 332 456 494 344 1852
Hospital Epitácio de Andrade Lucena 121 174 454 380 323 1452
Hospital Unimed de Boa Vista 57 9 761 76 59 962
Casa de Saúde do Índio 168 131 267 190 103 859
Hospital Délio de Oliveira Tupinambá 197 151 139 284 286 1057
Hospital Pedro Álvaro Rodrigues 31 192 255 163 196 837
Clínica Médica Especializada Coronel Mota 84 78 210 197 147 716
Unidade Mista São João da Baliza 83 123 147 152 119 624
Centro Ref da Saúde da Mulher Mª Luiza Castro
Perin 12 6 119 317 320 774
Unidade Mista de Caroebe 34 174 72 88 64 432
Hospital Francisco Ricardo de Macedo 10 34 206 87 64 401
Unidade Mista Ruth Quitéria 76 88 97 71 68 400
Centro de saúde Jair da Silva Mota 81 75 80 65 50 351
Unidade Mista Irmã Camila 11 88 85 43 55 282
Hospital das Clínicas Dr Wilson Franco Rodrigues 0 0 0 7 23 30
Hospital Lotty Íris 0 0 0 1 0 1
TOTAL 10.944 12.163 21.775 13.577 12937 71396
Fonte:SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR (Dados sujeitos a alterações).
O número de notificações de hepatites viras tendem reduzir a partir de 2018
quando o Núcleo de Controle das Hepatites estadual reorganizou o fluxo de
notificação e orientou a notificação apenas de casos confirmados por laboratório
(NHE/HGR,2018). O NHE do Hospital da Criança Santo Antônio - HCSA no período
de 2015 á 2019 notificou 7.772 agravos e DNC .Os agravos e DNC mais notificados
por ordem decrescente foram: atendimento anti-rábico com 3.895 notificações,
varicelas sem complicações ( 3.741) se somando com casos notificados de varicela
sobe para 4.317, Hepatites virais (1.740), Intoxicação exógena (1.474), dengue
(1.468), rotavírus (1.057), violência interpessoal/autoprovocada (778), atendimento
por animas peçonhentos (759), leishmaniose visceral (407), doenças exantemáticas
(sarampo e rubéola), (274).(Tabela 55).
238
Tabela 54. Número de notificações realizadas pelo NHE do Hospital Geral de Roraima ( HGR) no período de 2010 á 2019.
AGRAVOS NOTIFICADO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
Candidiase 0 0 0 0 0 0 1 12 31 22 66
Sifilis em adulto (excluida a forma primaria) 0 0 0 0 0 2 4 11 1 0 18
Tricomoniase 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2
Herpes genital (apenas o primeiro episodio) 0 0 0 0 0 0 0 6 5 8 19
Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 4
Doencas sexualmente transmitidas,nao especificadas 0 0 0 0 0 13 23 27 22 6 91
Sindrome da ulcera genital (excluido herpes genital) 0 0 0 0 0 0 0 11 22 23 56
Sindrome do corrimento cervical em mulheres 0 0 0 0 0 0 0 43 118 51 212
Outras doencas inflamatorias pelvicas femininas 0 0 0 0 0 0 0 0 4 7 11
Outras afeccoes inflamatorias da vagina e da vulva 0 0 0 0 0 0 0 1 1 5 7
AIDS/HIV 52 51 36 56 47 55 84 103 156 101 741
Doenca de chagas aguda 1 1 0 0 1 1 0 2 1 1 8
Dengue 2.742 1.313 1.792 473 2 0 0 0 0 0 6322
Difteria 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 3
Doencas exantematicas 8 2 2 0 0 7 3 2 29 1 54
Acidente de trabalho com exposição a material biologico 89 93 123 147 157 133 118 129 168 149 1.306
Acidente de trabalho grave 330 699 988 1577 687 455 301 257 301 355 5.950
Dermatoses ocupacionais 0 0 0 4 1 1 0 0 0 1 7
Ler dort 0 0 1 0 1 3 1 0 0 2 8
Pneumoconiose 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 3
Transtorno mental 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1
Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Febre maculosa / rickettsioses 0 0 0 0 0 1 3 1 2 1 8
Febre tifoide 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 3
Hanseniase 1 1 1 3 2 0 0 0 0 0 8
Hantavirose 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 2
239
Hepatites virais 773 709 858 883 690 482 345 155 169 108 5.172
Leishmaniose tegumentar americana 14 9 3 6 6 2 3 3 4 1 51
Leishmaniose visceral 36 27 46 50 67 46 72 45 50 56 495
Leptospirose 25 13 11 39 26 16 8 8 8 10 164
Meningite 37 46 58 61 48 57 38 30 12 18 405
Raiva humana 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Sifilis em gestante 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2
Tetano acidental 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 4
Tuberculose 81 63 59 90 68 93 84 109 82 138 867
Febre do nilo 0 0 0 0 0 1 0 0 2 0 3
Sindrome icterica aguda 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Coqueluche 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Febre amarela 3 1 0 0 1 0 0 2 1 0 8
Atendimento anti-rábico 260 337 421 379 400 450 744 1007 762 657 5417
Acidente por animais peconhentos 124 158 280 214 206 222 205 294 411 455 2569
Sifilis nao especificada 0 0 0 0 0 2 67 119 176 163 527
Sindrome do corrimento uretral em homem 0 0 0 0 0 11 6 77 137 85 316
Febre de chikungunya 0 0 0 0 134 248 19 0 0 0 401
Violencia interpessoal/autoprovocada 273 383 226 385 348 378 429 429 582 915 4.348
Intoxicacao exogena 25 69 111 30 146 97 117 109 242 384 1330
Doença aguda pelo vírus zika 0 0 0 0 0 6 77 56 22 11 172
Caxumba [parotidite epidemica] 0 0 0 0 0 0 0 0 10 3 13
Varicela sem complicações 0 25 43 22 25 1 23 45 0 0 184
Varicela 0 0 0 0 0 0 0 2 46 66 114
Total 4.875 4.002 5.060 4.420 3.063 2.785 2.779 3.100 3.581 3.810 37.475
Fonte:SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR (Dados de julho de 2020 sujeitos a alterações).
240
Tabela 55. Número de notificações realizadas NHE do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) no período de 2010 á 2019.
AGRAVOS NOTIFICADO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total
Condiloma acuminado (verrugas anogenitais ) 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Doenças Sexualmate transmitidas, não espec. 0 0 0 0 0 0 0 1 1 4 6
Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) 0 0 28 0 0 0 0 0 0 0 28
Síndrome do corrimento cervical em mulheres 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5
Outras afecções inflamatórias da vagina e da vulva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
AIDS/HIV 0 0 0 0 0 0 0 0 4 2 6
Doença de chagas aguda 0 0 1 0 1 0 1 0 0 4 7
Dengue 895 265 190 118 0 0 0 0 0 0 1.468
Difteria 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 2
Doenças exantemática (sarampo e rubéola) 3 1 0 4 72 30 2 0 156 6 274
Acidente de trabalho com exposição a material biológico 15 12 8 10 10 15 19 20 15 21 145
Acidente de trabalho grave 2 3 2 0 8 5 1 2 4 0 27
LER/DORT 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2
Febre maculosa / rickettsioses 0 0 0 0 1 0 1 1 2 0 5
Febre tifoide 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Hanseníase 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Hantavirose 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Hepatites virais 167 184 257 283 364 270 131 39 39 6 1.740
Leishmaniose tegumentar americana 3 0 0 5 6 3 1 3 2 1 24
Leishmaniose visceral 31 33 32 69 65 38 65 42 22 10 407
Leptospirose 2 9 0 2 2 5 3 0 4 6 33
Meningite 18 19 17 9 13 6 18 7 5 19 131
Paralisia Flácida aguda/ poliomielite 3 1 0 0 1 0 1 1 0 1 8
Tuberculose 4 5 2 4 5 2 7 5 9 10 53
Coqueluche 6 11 38 52 13 9 15 27 18 14 203
241
Febre amarela 0 3 0 1 1 1 1 2 1 2 12
Sífilis congênita 0 0 0 0 0 0 1 1 4 3 9
Criança exposta HIV 0 0 0 0 0 1 2 0 1 1 5
Rotavírus 399 191 148 49 61 28 130 35 9 7 1.057
Atendimento anti-rábico 306 264 331 271 318 362 542 592 503 406 3.895
Atendimento por animais peçonhentos 51 44 74 59 71 45 76 96 116 127 759
Sífilis não especificada 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1
Febre de chicungunya 0 0 0 0 10 16 3 0 0 0 29
Violência interpessoal/autoprovocada 67 68 47 84 86 105 91 50 72 108 778
Intoxicação exógena 95 104 152 104 158 142 130 210 211 168 1.474
Toxoplasmose 0 0 0 0 0 11 4 0 0 0 15
Doença aguda pelo vírus zika 0 0 0 0 0 2 22 104 23 13 164
Toxoplasmose congênita 0 0 0 1 193 60 0 0 0 1 255
Caxumba( parotidite epidêmica) 0 0 0 0 0 0 0 0 40 22 62
Varicela sem complições 10 674 505 540 707 252 604 449 0 0 3.741
Varicela 0 0 0 0 0 0 0 13 265 298 576
Total 2.077 1.898 1.832 1.665 2.166 1.408 1.871 1.702 1.531 1.260 17.410
Fonte:SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR (Dados de julho de 2020 sujeitos a alterações).
242
Considerações
Com a criação da REVEH/RR Foram implantadas novas UVE e reestruturadas
outras, foram realizadas capacitações e oficinas em vigilância epidemiológica
hospitalares, treinamento em serviço e estágio, além de sistemáticas supervisões e
avaliações, o que permitiu a ampliação da captação de notificação (BENEDETTI,
2019).
A vigilância epidemiológica hospitalar está mais fortalecida e sensível a
notificação dos agravos e DNC, é de interesse da saúde pública do estado está mais
próxima da vigilância epidemiológica municipal e do laboratório Central de Saúde
Pública (LACEN), no entanto, há necessidade de melhorar ainda mais a qualidade
das informações das fichas de notificação /investigação, pois frequentemente as
notificações são realizadas por meio das fichas de atendimento médico e prontuários
com dados de identificação do paciente e clínico muitas vezes incompleto, sobretudo
nos estabelecimentos de saúde do interior do estado (BENEDETTI, 2019).
Referências:
SINAN/NET-Fonte: SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR
BENEDETTI, Maria Soledade Garcia. Relatório Anual de Epidemiologia de
Roraima 2018. Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, 2019.
243
3.9 NÚCLEO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE
Jamilla Karla Corrêa Reis Ana Paula Carvalhal Barbosa Ana Paula Viana de Oliveira Guth Maria Cecília da Silva Ribeiro Vanessa da Silva Barros
A detecção de emergências epidemiológicas e a necessidade de
desencadeamento de ações em face de rumores relevantes para a saúde pública
devem levar os profissionais de saúde da iniciativa pública e privada a notificarem, de
forma oportuna, essas ocorrências.
Com a aprovação do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) em 2005, sem
focalizar apenas em alguns agravos (motivos para alerta e mais adequado ás
realidades da comunidade sanitária internacional), alavanca as inovações quanto ás
responsabilidades das autoridades nacionais frente a algum evento inusitado de
saúde pública que possa representar ameaça para a população em qualquer parte do
mundo.
Conhecer o RSI e trabalhar para que as medidas preconizadas sejam
imprescindíveis para “prevenir, proteger, controlar e dar uma resposta de saúde
pública contra a propagação internacional de doenças, de maneiras proporcionais e
restritas aos riscos para a saúde pública, e que evitem interferências desnecessárias
com o tráfego e o comércio internacionais”, devem ser princípios motivadores das
ações de todos os trabalhadores em saúde no Brasil.
O Centro de informações estratégicas em vigilância em saúde (CIEVS) surgiu
como uma estratégia da Vigilância em Saúde para fortalecimento da capacidade de
alerta e resposta do Sistema Único de Saúde frente às emergências em Saúde
Pública. A criação do CIEVS está vinculada à questão da segurança em Saúde e
relacionada à publicação do RSI no ano de 2005, o qual se apresenta com o propósito
e abrangência a prevenção, proteção, controle e resposta de saúde pública contra a
propagação internacional de doenças, de maneira proporcional e restrita aos riscos
para a saúde pública, e que evitem interferências desnecessárias com o tráfego e o
comércio internacionais.
Neste sentido em 2011, foi criado oficialmente na Secretaria de Estado da Saúde
(SESAU), o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) no
organograma da SESAU. Seu foco principal é o acompanhamento de doenças e
agravos que, pelo seu elevado potencial de disseminação e/ou riscos à saúde pública,
244
necessitam de acompanhamento por parte do Ministério da Saúde (MS). Também
está incluída a ocorrência de "agravos inusitados", que são casos ou óbitos de doença
de origem desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida.
O CIEVS-RR atua principalmente na detecção, avaliação de risco, monitoramento e
resposta rápida frente às emergências de saúde pública. Também possui um papel
importante no planejamento e monitoramento das ações de saúde em eventos de
massa (Figura 39).
Figura 39. Fluxo de Informação para o CIEVS
3.9.1 Produtos do CIEVS
Boletim epidemiológico:
o Mensal ou Trimestral (Doenças ou agravos de importância,
atendimentos a imigrantes, nascidos vivos, outros).
o Discussão dos agravos da matriz de risco das doenças e agravos de
notificação compulsória.
o Investigação de surtos.
Clipping:
o Rumores relacionados a matriz de risco.
Este é o relatório tem por finalidade documentar as ações de saúde realizadas
pelo CIEVS/RR durante o ano de 2019. As metas, ações, estudos, projetos definidos
para 2019 foram compactuados conforme a organização de eixos prioritários de
atuação que subsidiam a definição de estratégias que contemplem: aprimoramento e
245
desenvolvimento da vigilância, informação e pesquisa; rápida detecção de novos
casos/surtos; avaliação dos riscos a população; monitoramento continuado na saúde
da população; resposta rápida frente ás emergências de saúde pública.
3.9.2 Objetivos
• Fortalecer a capacidade de resposta técnica oportuna e efetiva da Vigilância
em Saúde, no enfrentamento às emergências de saúde pública, em todo o Estado.
• Monitorar e avaliar a implementação dos planos de respostas às
emergências epidemiológicas, para os eventos de relevância municipal, estadual e
nacional.
3.9.3 Descrição de metas – 2019
1. Participar em conjunto com as áreas específicas da vigilância em saúde
das investigações epidemiológicas de agravos emergentes, reemergentes e de
catástrofes com repercussões na saúde coletiva do Estado de Roraima.
2. Monitorar as notificações imediatas, manejar, analisar dados, comunicar e
divulgar informações estratégicas relevantes para a Vigilância em Saúde, bem como,
assessorar a gestão da Coordenadoria geral de vigilância em saúde (CGVS).
3. Comunicar 100% das doenças de notificação compulsória ou imediata,
surtos e agravos inusitados, classificando-os conforme legislação federal e estadual e
algoritmo de classificação do regulamento sanitário internacional (RSI).
4. Articular junto à gestão da saúde e da CGVS para manutenção de todos os
meios de comunicação permanentes e eficientes para recebimento, verificação e
divulgação das ocorrências de emergências de saúde pública todos os dias do ano.
5. Realizar visitas técnicas aos municípios do estado de Roraima, orientando
sobre ações de vigilância e notificação dos casos de agravos de notificação
compulsória.
6. Capacitar 50% dos profissionais das gerências do Departamento de
Vigilância Epidemiológica em notificações/investigações, manejo das informações e
análise de dados relevantes à prática da Vigilância em Saúde.
246
Tabela 56. Consolidação das metas do ano de 2019. Roraima – RR, 2020.
METAS AÇÕES CONSOLIDADAS RESULTADOS
Monitorar as notificações imediatas, manejar, analisar dados, comunicar e divulgar informações estratégicas relevantes para a Vigilância em Saúde e Comunicar 100% das doenças de notificação compulsória ou imediata, surtos e agravos inusitados;
1. Monitoramento e acompanhamento das notificações de doenças de notificação compulsória, com atenção para as doenças da matriz de risco, documento elaborado pela Sala de Situação em Saúde;
Realizada 2. Comunicar 100% das doenças de notificação compulsória e surtos;
3. Elaboração de clipping semanal de rumores sobre notícias relacionadas a saúde ao nível estadual, nacional e internacional;
4. Elaboração periódica de boletins epidemiológicos de sarampo e atendimentos a imigrantes;
Participar em conjunto com as áreas específicas da vigilância em saúde das investigações epidemiológicas de agravos emergentes, reemergentes e de catástrofes com repercussões na saúde coletiva do Estado de Roraima e Capacitar 50% dos profissionais das gerências do Departamento de Vigilância Epidemiológica em notificações/investigações, manejo das informações e análise de dados relevantes à prática da Vigilância em Saúde;
5. Participação na investigação do surto de Varicela nos abrigos e ocupações localizados no município de Boa Vista, RR e na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo;
Realizada
6. Realização de capacitação com os núcleos do Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) para construção de relatórios epidemiológicos;
7. Implantação e realização de reuniões com os núcleos do DVE, para estabelecimento do Comitê de Monitoramento de Eventos em Saúde – CME;
8. Realização e participação no Treinamento EpiSUS Fundamental - MS;
9. Participação em reuniões técnicas, capacitações e treinamentos sobre Febre amarela, arboviroses e E-sus;
10. Apresentação sobre “Doenças vetoriais no Brasil” durante a 1ª Reunião Estadual de Entomologia;
Realizar visitas técnicas aos municípios do estado de Roraima, orientando sobre ações de vigilância e notificação dos casos de agravos de notificação compulsória.
11. Visita técnica ao Posto de Triagem localizado no município de Boa Vista – Roraima para conhecimento do funcionamento e ações desenvolvidas no mesmo;
Realizada
12. Visita técnica ao Posto de Triagem localizado no município de Pacaraima – Roraima para conhecimento de área e ações desenvolvidas no mesmo;
13. Visita técnica ao abrigo Janokoida, em Pacacaraima, que abrigam comunidades indígenas;
14. Visita técnica ao abrigo BV8, em Pacaraima, que abrigam a população imigrante;
15. Visita técnica ao CIEVS Nacional - MS, para conhecimento da estrutura e acompanhamento do fluxograma de ações realizadas.
16. Visitas técnicas aos abrigos e ocupações de imigrantes no município de Boa Vista e de Pacaraima;
17. Orientações técnicas in loco para o hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima, sobre vigilância do sarampo e influenza e reorientações sobre coleta de dados de atendimentos a estrangeiros em conjunto com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e importância do envio desses dados para a Sala de Situação.
Fonte: Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde – CIEVS/DVE/CGVS/SESAU.
247
4 MORTALIDADE
Maria Soledade Garcia Benedetti
O estudo do perfil da mortalidade de uma população é indispensável para
subsidiar políticas públicas que visem a melhoria das condições de saúde. O
conhecimento das principais causas de morte é um dos aspectos primordiais para
atingir esses objetivos, especialmente quando permitem identificar desigualdades
entre vários segmentos como sexo, faixa etária, entre outros (BRASIL, 2016).
O perfil da mortalidade no Brasil tem sofrido importantes mudanças nas últimas
décadas, com transições epidemiológica, demográfica e nutricional ocorrendo de
forma acelerada. De um lado, a redução de mortes por desnutrição, doenças
parasitárias, materno-infantil, e de outro, o envelhecimento populacional e o
crescimento das mortes por doenças crônicas e causas externas, configuram um novo
cenário para a atuação das políticas públicas, as quais devem responder a novas
demandas por serviços de saúde, à prevenção de doenças e à promoção da saúde
(BRASIL, 2014). O perfil de mortalidade em Roraima acompanha a tendência
observada nacionalmente.
Para analisarmos os dados de mortalidade do estado é necessário considerar
algumas questões que certamente interferem nesta análise, tais como: inexistência
de um SVO; invasão de óbitos na capital devido as facilidades médico-hospitalares; a
possibilidade de subnotificação de óbitos; preenchimento incompleto/inadequado da
DO; e falta de precisão na causa básica.
O preenchimento da DO pode apresentar incorreções e, em algumas situações,
campos ignorados, e esses problemas afetam a qualidade das informações e,
consequentemente, podem influenciar na análise de situação de saúde de uma
população, já que a mortalidade é uma das mais antigas dimensões utilizadas para
medir a situação de saúde das populações, e seu uso ainda é muito importante nos
dias atuais (UNASUS, 2016a).
O SIM captou, em 2019, 2.943 óbitos ocorridos em Roraima, uma média
mensal de 245 óbitos. Os dados de mortalidade analisados neste relatório referem-se
aos óbitos de residentes do estado, e estes totalizaram 2.861 óbitos. Nesse ano,
ocorreram 82 óbitos de pessoas de outra UF ou país.
248
4.1 INDICADORES DE MORTALIDADE
A Taxa de Mortalidade Geral (TMG) mede o risco de morte por todas as causas
em uma população de um dado local e período. A TMG inferior a 4 por mil habitantes
indica precariedade na cobertura das informações de mortalidade (BRASIL, 2014).
Tabela 1. Taxa de Mortalidade Geral (por 1.000 habitantes). Roraima e Brasil, 1990,
1995, 2000, 2005 a 2019
Ano
Roraima Brasil
N° de óbitos População residente TMG TMG
1990 855 203.977 4,19 - 1995 967 262.194 3,68 - 2000 1.265 324.397 3,89 6,67 2005 1.517 391.318 3,87 6,20 2006 1.623 403.340 4,02 6,14 2007 1.634 415.281 3,93 6,10 2008 1.567 412.783 3,79 6,07 2009 1.633 421.497 3,87 6,05 2010 1.740 450.479 3,86 6,03 2011 1.708 460.165 3,71 6,02 2012 1.927 469.524 4,10 6,03 2013 2.089 488.072 4,28 6,04 2014 2.080 496.936 4,18 6,06 2015 2.216 505.665 4,38 6,08 2016 2.286 514.229 4,44 - 2017 2.590 522.636 4,95 - 2018 2.918 576.568 5,06 - 2019 2.861 605.761 4,72 -
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). IBGE (Censo e
estimativas populacionais). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.
Em Roraima, na comparação da TMG do ano de 1990 (4,19 por 1.000
habitantes) e 2019 (4,72/1.000 habitantes) houve aumento de 12,6% no período
(Figura 1), e permaneceu nos últimos oito anos acima de 4,0 por mil habitantes. A
tabela 1 apresenta, detalhadamente, a taxa de mortalidade desse período, e ainda a
taxa nacional.
249
Figura 1. Taxa de mortalidade geral (por 1.000 mil habitantes). Roraima, 1990, 1995,
2000, 2005 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4.2 MORTALIDADE POR MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA
O município de Boa Vista, a capital, concentrou a maioria dos óbitos de
residentes (67,9%), seguido de Alto Alegre (3,7%) e Caracaraí (3,6%) (Tabela 2).
Tabela 2. Número de óbitos fetal e não fetal por município de residência. Roraima,
2019
Município Fetal Não fetal Total
Alto Alegre 6 101 107
Amajarí 4 58 62
Boa Vista 68 1.875 1.943
Bonfim 6 50 56
Cantá 6 74 80
Caracaraí 6 97 103
Caroebe 2 33 35
Iracema 0 40 40
Mucajaí 8 87 95
Normandia 14 47 61
Pacaraima 12 64 76
Rorainópolis 7 88 95
São João da Baliza 1 33 34
São Luiz 2 27 29
Uiramutã 3 42 45
Total 145 2.716 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Nº de óbito 855 967 1.2651.5171.7401.7081.9272.0892.0802.2162.2862.5902.9182.861
TMG 4,19 3,68 3,89 3,87 3,86 3,71 4,1 4 4,18 4,38 4,44 4,95 5,06 4,72
0
1
2
3
4
5
6
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
Núm
ero
de N
V
TM
G
250
A TMG por município de residência para o ano de 2019 está na figura 2.
Figura 2. Taxa de Mortalidade Geral (por 1.000 habitantes) por município de
residência. Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Há um predomínio de óbitos no sexo masculino entre os residentes de todos
os municípios (Tabela 3), e estes representam 62% (n=1.775) de todos os óbitos com
uma razão de sexo de 1,64 óbitos masculino/feminino.
Tabela 3. Número de óbitos por sexo e municípios de residência. Roraima, 2019
Município Masculino Feminino Ignorado Total
Alto Alegre 66 39 2 107
Amajarí 35 27 0 62
Boa Vista 1.194 749 0 1.943
Bonfim 33 23 0 56
Cantá 52 27 1 80
Caracaraí 66 37 0 103
Caroebe 24 11 0 35
Iracema 29 11 0 40
Mucajaí 60 35 0 95
Normandia 40 21 0 61 Pacaraima 46 28 2 76
Rorainópolis 56 39 0 95 São João da Baliza 24 10 0 34
São Luiz 21 8 0 29
Uiramutã 29 16 0 45
Total 1.775 1.081 5 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
6,90
5,40 5,324,87 4,85 4,72 4,70 4,51 4,37 4,36 4,26 4,15
3,63 3,44 3,35 3,15
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
251
Os dados sobre os óbitos por faixa etária e município de residência encontra-
se na tabela 4.
Tabela 4. Número de óbitos por faixa etária e município de residência. Roraima, 2019
Município < 01 01 a 04
05 a 09
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e +
Ign Total
Alto Alegre 21 8 7 1 3 5 10 7 8 7 12 12 6 107
Amajarí 16 4 1 2 1 6 2 3 8 5 7 3 4 62
Boa Vista 127 24 15 10 56 149 140 175 247 304 305 322 69 1.943
Bonfim 5 2 3 0 2 3 6 5 5 5 5 9 6 56
Cantá 7 1 2 0 3 3 6 5 9 17 10 11 6 80
Caracaraí 8 3 1 3 5 5 6 11 9 16 14 16 6 103
Caroebe 4 1 0 0 1 2 2 2 4 4 5 8 2 35
Iracema 3 2 0 2 2 1 2 1 7 4 7 9 0 40
Mucajaí 5 2 1 0 1 6 11 11 12 13 16 9 8 95
Normandia 6 2 1 0 1 5 1 2 4 3 13 9 14 61
Pacaraima 17 2 0 2 3 8 8 4 4 6 4 6 12 76
Rorainópolis 9 3 0 1 1 8 8 9 10 9 16 13 8 95
São J. da Baliza
1 2 0 0 4 4 1 4 4 4 6 3 1 34
São Luiz 1 1 0 0 2 1 4 2 4 3 4 5 2 29
Uiramutã 9 2 2 2 3 1 3 5 0 2 6 7 3 45
Total 239 59 33 23 88 207 210 246 335 402 430 442 147 2.861
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Na distribuição dos óbitos por raça/cor observa-se o predomínio de pardos
(59,4%). Destaca-se que 11,3% dos óbitos ocorreu em indígenas, e houve predomínio
desses óbitos nos municípios de Uiramutã (86,7%), Amajarí (56,4%) e Alto Alegre
(51%). Chama a atenção que 7,1% das DOs não possuem informação sobre a
raça/cor (Tabela 5).
252
Tabela 5. Número de óbitos por raça/cor segundo município de residência. Roraima,
2019
Município Branca Preta Amarela Parda Indígena Não inf. Total
Alto Alegre 11 4 0 29 55 8 107
Amajarí 1 3 0 18 35 5 62
Boa Vista 394 96 2 1.277 64 110 1.943
Bonfim 2 0 1 23 23 7 56
Cantá 6 2 0 52 12 8 80
Caracaraí 11 5 1 60 18 8 103
Caroebe 10 7 0 16 0 2 35
Iracema 4 5 0 22 8 1 40
Mucajaí 10 4 0 64 4 13 95
Normandia 2 1 0 6 36 16 61
Pacaraima 3 1 0 30 29 13 76
Rorainópolis 14 9 1 64 0 7 95
São João da Baliza 5 4 0 22 2 1 34
São Luiz 8 2 0 16 0 3 29
Uiramutã 1 0 0 2 39 3 45
Total 482 143 5 1.701 325 205 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Os óbitos por grupos de causa segundo os capítulos da CID-10 estão na tabela
6 e seus percentuais, referente a 2018, estão na figura 3. Esses dados permitem um
olhar mais profundo sobre as razões das mortes nos municípios do estado. Não houve
óbitos por doenças do olho e anexos e por doenças do ouvido e da apófise mastoide.
253
Figura 3. Percentual de óbitos por grupo de causa (CID-10) e município de residência, Roraima, 2018
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 07/05/2019, sujeitos à alteração. Não houve óbitos por doenças do olho e anexos e por doenças do ouvido e
da apófise mastoide.
Alto Alegre Amajarí Boa Vista Bonfim Cantá Caracaraí Caroebe Iracema Mucajaí Normandia PacaraimaRorainópoli
sSão Joãoda Baliza
São Luiz Uiramutã
XX 40,7 18,3 23,1 22,2 34,6 26,9 15,2 21,6 31 11,9 20 20,6 36 29,2 10
XVIII 3,3 4,2 1,6 4,2 1,3 1,5 2,2 5,9 3,6 3,4 1,7 5,1 4 8,3 4
XVII 2,4 5,6 2,2 5,6 3,8 0,8 0 3,9 2,4 6,8 1,7 3,7 0 4,2 16
XVI 6,5 16,9 7 5,6 3,8 11,5 8,7 11,8 6 6,8 18,3 8,1 4 8,3 14
XV 0,8 0 0,3 0 0 0 0 0 0 3,4 0 0,7 0 0 0
XIV 1,6 2,8 2,3 4,2 0 1,5 2,2 5,9 1,2 3,1 1,7 2,9 0 4,2 4
XIII 0 0 0,6 0 0 0 0 0 1,2 0 0 0 0 0 0
XII 0,8 0 0,3 1,4 2,6 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
XI 1,6 1,4 3,3 5,6 9 3,1 4,3 2 3,6 1,7 1,7 3,7 4 0 0
X 11,4 11,3 7,7 6,9 9 8,5 8,7 13,7 3,6 20,3 5 8,1 4 8,3 10
IX 8,1 14,4 21,5 15,3 23,1 17,7 32,6 9,8 19 18,6 25 22,1 20 25 12
VI 0,8 1,4 2,2 1,4 1,3 2,3 0 2 4,8 0 6,7 0,7 0 0 6
V 0 0 0,3 1,4 0 0,8 0 0 0 1,7 3,3 0,7 0 0 0
IV 5,7 5,6 7,8 6,9 6,4 3,1 4,3 5,9 6 10,2 5 5,9 8 4,2 8
III 0 0 0,5 0 0 0 2,2 0 2,4 0 1,7 1,5 0 0 0
II 4,9 8,5 14,7 11,1 3,8 15,4 10,9 11,8 11,9 6,8 5 13,2 16 4,2 10
I 11,4 9,9 4,4 8,3 1,3 6,9 8,7 3,9 3,6 5,1 3,3 2,9 4 4,2 6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
254
Tabela 6. Número de óbitos por grupos de causas (capítulo CID-10) e município de
residência. Roraima, 2019
Capítulo AAL AMJ BVB BON CAN CCI CAR IRA MUC NOR PAC ROR SJB SL UIR Total
I 8 7 79 4 3 3 0 0 4 1 4 3 3 0 8 127
II 10 4 325 7 3 12 1 3 11 3 9 14 4 7 6 419
III 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 13
IV 8 9 122 2 6 4 5 4 7 2 5 6 1 1 1 183
V 0 0 6 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8
VI 3 3 52 2 1 2 2 1 4 2 0 0 1 1 2 76
IX 14 8 431 6 20 27 7 9 19 14 16 22 7 4 4 608
X 11 6 151 2 5 10 4 9 4 4 4 8 3 2 4 227
XI 7 2 87 1 3 1 2 1 2 2 1 1 0 0 4 114
XII 2 0 27 0 3 1 1 0 2 0 0 1 1 0 0 38
XIII 0 0 15 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 17
XIV 1 3 57 0 3 1 1 0 5 3 0 1 1 0 0 76
XV 0 1 5 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 0 11
XVI 9 5 125 7 8 7 4 1 9 14 15 12 1 3 5 225
XVII 4 5 43 1 2 0 0 0 2 3 5 5 1 0 2 73
XVIII 6 2 38 8 2 7 1 4 3 3 0 3 0 2 5 84
XX 23 6 371 15 19 26 7 8 22 8 17 17 11 8 4 562
Total 107 62 1.943 56 80 103 35 40 95 61 76 95 34 29 45 2.861 LEGENDA:
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo
II. Neoplasias (tumores) XIII. Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár XIV. Doenças do aparelho geniturinário
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas XV. Gravidez parto e puerpério
V. Transtornos mentais e comportamentais XVI. Algumas afec originadas no período perinatal
VI. Doenças do sistema nervoso XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas
IX. Doenças do aparelho circulatório XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat
X. Doenças do aparelho respiratório XX. Causas externas de morbidade e mortalidade XI. Doenças do aparelho digestivo
MUNICÍPIO: AAL – Alto Alegre, AMJ – Amajarí, BVB – Boa Vista, BOM – Bonfim, CAN – Cantá, CCI – Caracaraí, CAR- Caroebe, IRA – Iracema, MUC- Mucajaí, NOR – Normandia, PAC – Pacaraima, ROR – Rorainópolis, SJB – São João da Baliza, SL – São Luiz, UIR – Uiramutã. Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NC - não classificado. Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos; Doenças do ouvido e da apófise mastóide.
Na tabela 7 consta o número de óbitos por local de ocorrência. Chama a
atenção que 19,3% (n=553) dos óbitos são domiciliares e 3,8% (n=108) ocorreram em
via pública. Nos municípios do interior o percentual de óbitos domiciliares é alta, e não
identificamos relação direta com a existência de áreas indígenas pois os municípios
de Uiramutã e Amajarí com extensas áreas indígena e numerosa população de
indígena ficaram entre as menores proporções de óbito domiciliar (Figura 4).
255
Tabela 7. Número de óbitos por local de ocorrência segundo município de residência.
Roraima, 2019
Município Hospital Out est saúde Domicílio Via publica Outros Ignorado Total
Alto Alegre 64 5 29 1 8 0 107
Amajarí 46 1 9 2 4 0 62
Boa Vista 1.378 6 368 70 120 1 1.943
Bonfim 29 0 17 3 7 0 56
Cantá 48 3 15 4 9 1 80
Caracaraí 53 1 32 2 15 0 103
Caroebe 25 0 5 1 4 0 35
Iracema 28 0 8 0 4 0 40
Mucajaí 64 1 17 5 8 0 95
Normandia 45 0 9 4 3 0 61
Pacaraima 48 0 14 4 10 0 76
Rorainópolis 70 0 14 4 7 0 95
São João da Baliza 21 0 5 2 6 0 34
São Luiz 14 0 9 6 0 0 29
Uiramutã 32 6 2 0 5 0 45
Total 1.965 23 553 108 210 2 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
É importante destacar que 7,4% (n=212) das DO possuem o local de ocorrência
do óbito como "outros" ou ignorado. A proporção de óbitos com ocorrência hospitalar
é de 68,7% (n=1.965) dos óbitos, no estudo de Amaral (2002), a proporção de óbitos
hospitalares no Brasil em 1998 era de 54,7%.
Figura 4. Percentual de óbitos com ocorrência domiciliar por município de residência.
Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
31,1 31,0 30,427,1
20,0 18,9 18,8 18,4 17,914,8 14,7 14,7 14,5 14,3
4,4
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
256
Em 2019, apenas 65,8% (n=1.882) dos óbitos tiveram assistência médica
declarada na DO e 7,1% (n=203) não tiveram assistência médica. Alto percentual, de
21,1% (n=776), possuem essa informação “ignorada” ou “não informada” na DO
(Tabela 8). Dados nacionais do ano de 1998 mostraram que na ocasião 56,6% dos
óbitos eram com assistência médica, 13,4% sem assistência, e 30% eram ignorados
(AMARAL, 2002).
Tabela 8. Número de óbitos segundo assistência médica recebida por município de
residência. Roraima, 2019
Município Sim Não Ignorado Não Inf. Total
Alto Alegre 51 4 3 49 107
Amajarí 39 2 11 10 62
Boa Vista 1.336 131 7 469 1.943
Bonfim 33 6 3 14 56
Cantá 46 10 2 22 80
Caracaraí 72 11 10 10 103
Caroebe 16 3 9 7 35
Iracema 24 1 1 14 40
Mucajaí 53 5 27 10 95
Normandia 39 3 5 14 61
Pacaraima 45 4 17 10 76
Rorainópolis 70 17 2 6 95
São João da Baliza 13 1 0 20 34
São Luiz 13 4 1 11 29
Uiramutã 32 1 1 11 45
Total 1.882 203 99 677 2.861
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Na avaliação dos grupos de causas de morte por município de residência
observa-se um predomínio dos óbitos doenças do aparelho circulatório nos municípios
de Boa Vista, Caracaraí, Cantá e Rorainópolis, de causas externas nos municípios de
Alto Alegre, Bonfim, Mucajaí, Pacaraima e São João da Baliza, de doenças endócrinas
e nutricionais e metabólicas no município de Amajarí, e de algumas doenças
infecciosas e parasitárias no município de Uiramutã (Tabela 9).
Em 2018, as mortes por doenças infecciosas e parasitárias foram expressivas
nos municípios de Alto Alegre e Amajarí com 11,4% (n=14) e 9,8% (n=7) das mortes,
respectivamente (Figura 3).
257
Tabela 9. Número de óbitos por grupos de causas (capítulo CID10) e município de
residência, Roraima, 2019
Capítulo AAL AMJ BVB BON CAN CCI CAR IRA MUC NOR PAC ROR SJB SL UIR Total
I 8 7 79 4 3 3 0 0 4 1 4 3 3 0 8 127
II 10 4 325 7 3 12 1 3 11 3 9 14 4 7 6 419
III 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 13
IV 8 9 122 2 6 4 5 4 7 2 5 6 1 1 1 183
V 0 0 6 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8
VI 3 3 52 2 1 2 2 1 4 2 0 0 1 1 2 76
IX 14 8 431 6 20 27 7 9 19 14 16 22 7 4 4 608
X 11 6 151 2 5 10 4 9 4 4 4 8 3 2 4 227
XI 7 2 87 1 3 1 2 1 2 2 1 1 0 0 4 114
XII 2 0 27 0 3 1 1 0 2 0 0 1 1 0 0 38
XIII 0 0 15 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 17
XIV 1 3 57 0 3 1 1 0 5 3 0 1 1 0 0 76
XV 0 1 5 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 0 11
XVI 9 5 125 7 8 7 4 1 9 14 15 12 1 3 5 225
XVII 4 5 43 1 2 0 0 0 2 3 5 5 1 0 2 73
XVIII 6 2 38 8 2 7 1 4 3 3 0 3 0 2 5 84
XX 23 6 371 15 19 26 7 8 22 8 17 17 11 8 4 562
Total 107 62 1.943 56 80 103 35 40 95 61 76 95 34 29 45 2.861
LEGENDA:
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo
II. Neoplasias (tumores) XIII. Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár XIV. Doenças do aparelho geniturinário
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas XV. Gravidez parto e puerpério
V. Transtornos mentais e comportamentais XVI. Algumas afec originadas no período perinatal
VI. Doenças do sistema nervoso XVII. Malf cong deformidade e anomalias cromossômicas
IX. Doenças do aparelho circulatório XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat
X. Doenças do aparelho respiratório XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
XI. Doenças do aparelho digestivo
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Nota: NC - não classificado. Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos; Doenças do ouvido e da apófise mastóide.
Na tabela 10 consta o número de óbitos por local de ocorrência. Chama a
atenção que 19,3% (n=553) dos óbitos são domiciliares e 3,8% (n=108) ocorreram em
via pública. Nos municípios do interior o percentual de óbitos domiciliares é alta, e não
identificamos relação direta com a existência de áreas indígenas pois os municípios
de Uiramutã e Amajarí com extensas áreas indígena e numerosa população de
indígena ficaram entre as menores proporções de óbito domiciliar (Figura 4).
258
Tabela 10. Número de óbitos por local de ocorrência segundo município de residência.
Roraima, 2019.
Município Hospital Out est saúde Domicílio Via publica Outros Ignorado Total
Alto Alegre 64 5 29 1 8 0 107
Amajarí 46 1 9 2 4 0 62
Boa Vista 1.378 6 368 70 120 1 1.94
3
Bonfim 29 0 17 3 7 0 56
Cantá 48 3 15 4 9 1 80
Caracaraí 53 1 32 2 15 0 103
Caroebe 25 0 5 1 4 0 35
Iracema 28 0 8 0 4 0 40
Mucajaí 64 1 17 5 8 0 95
Normandia 45 0 9 4 3 0 61
Pacaraima 48 0 14 4 10 0 76
Rorainópolis 70 0 14 4 7 0 95
São João da Baliza 21 0 5 2 6 0 34
São Luiz 14 0 9 6 0 0 29
Uiramutã 32 6 2 0 5 0 45
Total 1.965 23 553 108 210 2 2.86
1 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
É importante destacar que 7,4% (n=212) das DO possuem o local de ocorrência
do óbito como "outros" ou ignorado. A proporção de óbitos com ocorrência hospitalar
é de 68,7% (n=1.965) dos óbitos.
Em 2019, apenas 65,8% (n=1.882) dos óbitos tiveram assistência médica
declarada na DO e 7,1% (n=203) não tiveram assistência médica. Alto percentual, de
21,1% (n=776), possuem essa informação “ignorada” ou “não informada” na DO
(Tabela 11).
259
Tabela 11. Número de óbitos segundo assistência médica recebida por município de
residência. Roraima, 2019
Município Sim Não Ignorado Não informado Total Alto Alegre 51 4 3 49 107 Amajarí 39 2 11 10 62 Boa Vista 1.336 131 7 469 1.943 Bonfim 33 6 3 14 56 Cantá 46 10 2 22 80 Caracaraí 72 11 10 10 103 Caroebe 16 3 9 7 35 Iracema 24 1 1 14 40 Mucajaí 53 5 27 10 95 Normandia 39 3 5 14 61 Pacaraima 45 4 17 10 76 Rorainópolis 70 17 2 6 95 São João da Baliza 13 1 0 20 34 São Luiz 13 4 1 11 29 Uiramutã 32 1 1 11 45 Total 1.882 203 99 677 2.861
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Na tabela 12 estão distribuídas as dez principais causas básicas de morte por
município de residência referente ao ano de 2017, esses dados apontam para a
importância das causas externas.
Tabela 12. Distribuição das 10 principais causas básicas de morte por município de
residência. Roraima, 2017
ALTO ALEGRE Nº %
Violência interpessoal 16 13,2
Pneumonias 15 12,4
Acidente de transporte terrestre (ATT) 11 9,1
Infarto agudo do miocárdio (IAM) 6 5,0
Contato com serpentes e lagartos venenosos 6 5,0
Diabetes mellitus (DM) 6 5,0
Outros transt da secreção pancreática interna 5 4,1
Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 3 2,5
Acid vasc encefálico (AVE) 2 1,7
Neopl malig do encefalo 2 1,7
AMAJARÍ Nº %
Pneumonias 6 8,0
ATT 5 6,7
Violência interpessoal 4 5,3
Lesão autoprovocada 4 5,3
Morte fetal de causa NE 4 5,3
Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 4 5,3
Cardiomiopatias 3 4,0
Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 3 4,0
Neopl malig estômago 2 2,7
260
Fibrose e cirrose hepática 2 2,7
BOA VISTA Nº %
ATT 110 6,8
DM 100 6,2
Pneumonias 78 4,9
Acid vasc encefálico 82 5,1
Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 67 4,2
Infarto agudo do miocárdio (IAM) 69 4,3
Violência interpessoal 56 3,5
Cardiomiopatias 40 2,5
Neopl malig brônquos e pulmão 37 2,3
Neopl malig próstata 23 1,4
BONFIM Nº %
ATT 9 11,5
DM 5 6,4
Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 5 6,4
Lesão autoprovocada 4 5,1
Pneumonias 4 5,1
Malf cong coração 3 3,8
Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 2,6
IAM 2 2,6
Violência interpessoal 2 2,6
Neopl malig colo do útero 2 2,6
CANTÁ Nº %
ATT 14 16,5
HAS 5 5,9
DM 4 4,7
Pneumonias 4 4,7
Lesão autoprovocada 3 3,5
AVE 3 3,5
Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 2,3
Fibrose e cirrose hepática 2 2,3
IAM 2 2,3
Violência interpessoal 1 1,2
CARACARAÍ Nº %
ATT 9 9,8
Pneumonia 7 7,6
AVE 6 6,5
Afogamento e submersao em aguas naturais 5 5,4
HAS 5 5,4
IAM 4 4,3
Desnutrição protéico-calórica grave NE 3 3,7
Septicemia 2 2,2
DM 2 2,2
Violência interpessoal 2 2,2
CAROEBE Nº %
DM 5 12,2
ATT 4 9,7
261
HAS 3 7,3
AVE 3 7,3
Morte fetal de causa NE 2 4,9
Neopl malig próstata 2 4,9
Violência interpessoal 1 2,4
Tuberculose 1 2,4
Fibrose e cirrose hepática 1 2,4
Neopl malig do útero 1 2,4
IRACEMA Nº %
ATT 4 17,4
Acid vasc encefálico 3 13,0
Lesão autoprovocada 1 4,3
AVE 1 4,3
Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 1 4,3
Morte fetal de causa NE 1 4,3
Neopl malig estômago 1 4,3
Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes 1 4,3
Sindr de aspiracao neonatal 1 4,3
MUCAJAÍ Nº %
IAM 13 14,8
Violência interpessoal 5 5,7
DOPC 3 3,4
ATT 3 3,4
Lesão autoprovocada 3 3,4
Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 3 3,4
IRC 2 2,3
Pneumonia p/ microorg NE 2 2,3
Meningite bact NCOP 1 1,1
Miocardiopatias 1 1,1
NORMANDIA Nº %
Morte fetal de causa NE 5 10,9
Pneumonias 4 8,7
ATT 3 6,5
DM 3 6,5
Desconforto respiratório do RN 2 4,3
HIV 1 2,2
Violência interpessoal 1 2,2
Enterocolite necrotizante do feto e rec-nasc 1 2,2
IAM 1 2,2
Fibrose e cirrose hepática 1 2,2
PACARAIMA Nº %
IAM 6 10,3
ATT 3 5,2
Acid vasc encefálico 3 5,2
Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 2 3,4
Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 3,4
Transt mentais comport dev uso álcool 2 3,4
Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 2 3,4
262
IRA 2 3,4
HIV 1 1,7
Suicídio 1 1,7
RORAINÓPOLIS Nº %
ATT 16 11,7
DM 10 7,3
Violência interpessoal 9 6,6
IAM 9 6,6
Acid vasc encefálico 7 5,1
Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 6 4,4
Neopl malig próstata 5 3,6
Pneumonias 4 2,9
Morte fetal de causa NE 3 2,2
Desconforto respirat do recem-nascido 3 2,2
SÃO JOÃO DA BALIZA Nº %
Pneumonias 5 20,8
Violência interpessoal 2 8,3
Acid vasc encefálico 2 8,3
Insuficiência cardíaca 2 8,3
ATT 1 4,2
Microcefalia 1 4,2
Morte fetal de causa NE 1 4,2
Outr anemias 1 4,2
Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes 1 4,2
Neopl malig encéfalo 1 4,2
SÃO LUIZ Nº %
Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 5 20,0
ATT 2 8,0
Doença alcólica do fígado 2 8,0
Queda 2 8,0
Violência interpessoal 1 4,0
Lesão autoprovocada 1 4,0
HIV 1 4,0
Neopl malig próstata 1 4,0
Neopl malig estômago 1 4,0
Neopl malig laringe 1 4,0
UIRAMUTÃ Nº %
Pneumonias 7 12,3
Morte fetal de causa NE 5 8,8
Acid vasc encefálico 3 5,3
IAM 3 5,3
ATT 2 3,5
Lesão autoprovocada 2 3,5
Trans rel gesta curt dur peso baix nasc NCOP 2 3,5
Insufic respiratória NCOP 2 3,5
Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 3,5
Leishmaniose 1 1,8 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 2017, sujeitos à alteração.
263
4.3 MORTALIDADE POR FAIXA ETÁRIA
As causas de morte e o risco de morrer variaram segundo a faixa etária e o
sexo. Na análise da mortalidade proporcional por faixa etária (Figura 5), no período
de 2006 a 2019, observa-se alto percentual de óbito entre os menores de 1 ano de
idade, entretanto, há uma redução de 32,8% no percentual desses óbitos, passando
de 12,5% em 2006 para 8,4% em 2019, apesar da importante redução, esse valor é
superior à média da Região Norte para 2013 que foi de 7%, perdendo apenas para o
Amapá (12%), e bastante acima da média das Regiões Sul (2%) e Sudeste (3%)
(BRASIL, 2013).
Figura 5. Percentual de óbitos por faixa etária. Roraima, 2006 e 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2019, o percentual de óbitos com a idade ignorada é de 5,1% (n=147) de
todos os óbitos, esse percentual é muito alto, e demonstra falha no preenchimento da
DO.
<1 1a4 5a9 10a14 15a19 20a29 30a39 40a49 50a59 60a69 70a70 80e+
2006 12,5 3,2 1,2 1,7 3 7,9 7,3 9,8 10,9 10,8 13 7,9
2019 8,4 2,1 1,2 0,8 3,1 7,2 7,3 8,6 11,7 14,1 15 15,4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
264
Figura 6. Curva de mortalidade proporcional (Nélson de Moraes). Roraima, 1987,
1993, 2000, 2007 e 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993 e 2000.
No período de 1987 a 2019, observa-se uma mudança no padrão da curva de
Nélson de Moraes assumindo um padrão de curva intermediária entre o Tipo I em
1987 e Tipo IV, em 2019, refletindo as melhoras na condição de vida e saúde da
população (Figura 6).
Figura 7. Mortalidade proporcional de 50 anos e mais de idade (indicador Swaroop-
Uemura). Roraima, 1995, 2000 e 2006 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2000 e 2018.
Em 2019, a mortalidade entre os maiores de 50 anos de idade (indicador
Swaroop-Uemura) foi em 56,2% (n=1.609), e representa um aumento de 4,2% ao ano
de 2018 (53,9%). O percentual encontrado em Roraima está muito abaixo do
percentual de 70% que equivale a um nível de saúde elevado, característico de países
0
10
20
30
40
50
60
< 1 ano 1 a 4 anos 5 a 19 anos 20 a 49 anos 50 e mais
1987 1993 2000 2007 2019
37,741,1
47,1 46,6 45,548,3 47,6
52,5 54,751,6 50,5
54,8 55,6 55,6 5853,9 56,2
1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
265
desenvolvidos (Figura 7). Para o Brasil a participação dos óbitos da população de 50
anos e mais de idade está em elevação há cerca de duas décadas (BRASIL, 2013).
4.4 MORTALIDADE POR SEXO
Os óbitos no sexo masculino prevalecem sobre os do sexo feminino em toda a
série histórica da tabela 13. Em 2019, os óbitos masculinos corresponderam a 62%
(n=1.775) de todos os óbitos ocorridos na população residente do estado. A
quantidade de informação sobre o sexo “ignorada” na DO é muito alto, uma vez que
esse documento é preenchido pelo médico que constatou o óbito.
A razão de sexo (número de óbitos masculino em relação ao feminino se
manteve estável no período de 2006 a 2019. Nesse ano, a razão de óbitos masculino
em relação ao feminino foi de 1,6, ou seja, ocorreram 160 óbitos masculinos para cada
100 do sexo feminino.
Tabela 13. Número de óbitos de residentes por sexo e razão de sexo (óbito
masculino/feminino). Roraima, 2006 a 2019
Ano Masculino Feminino Ignorado Total Razão de sexo
2006 1.013 600 10 1.623 1,7
2007 1.015 614 5 1.634 1,7
2008 9.87 575 5 1.567 1,7
2009 1.002 627 4 1.633 1,6
2010 1.104 630 6 1.740 1,8
2011 1.069 626 13 1.708 1,7
2012 1.181 735 11 1.927 1,6
2013 1.319 761 9 2.089 1,7
2014 1.291 777 12 2.080 1,7
2015 1.423 787 6 2.216 1,8
2016 1.410 874 2 2.286 1,6
2017 1.646 942 2 2.590 1,7
2018 1.778 1.134 6 2.918 1,6
2019 1.775 1.081 5 2.861 1,6 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
O número de óbitos por sexo e grupo de causas (CID-10), referente ao ano de
2019, encontra-se na tabela 14, e o percentual na figura 8.
266
Tabela 14. Número de óbitos por sexo e grupo de causa (CID-10). Roraima, 2019
Causa (Capítulo CID-10) Masculino Feminino
Ignorado Total N° % N° %
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 70 55,1 57 44,9 0 127 II. Neoplasias (tumores) 224 53,5 195 46,5 0 419 III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 4 30,8 9 69,2 0 13 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 100 54,6 83 45,4 0 183 V. Transtornos mentais e comportamentais 6 75,0 2 25 0 8 VI. Doenças do sistema nervoso 43 56,6 33 43,4 0 76 IX. Doenças do aparelho circulatório 395 65,0 213 35,0 0 608 X. Doenças do aparelho respiratório 131 57,7 96 42,3 0 227 XI. Doenças do aparelho digestivo 72 63,2 42 36,8 0 114 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 22 57,9 16 42,1 0 38 XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 9 52,9 8 47,1 0 17 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 39 51,3 37 48,7 0 76 XV. Gravidez parto e puerpério 0 0,0 11 100,0 0 11 XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 121 53,8 101 44,9 3 225 XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 34 46,6 37 50,7 2 73 XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 52 61,9 32 38,1 0 84 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 453 80,6 109 19,4 0 562 Total 1.775 62,0 1.081 37,8 5 2.861
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos e Doenças do ouvido e da apófise mastoide.
Na figura 8 está detalhado o percentual de óbitos por sexo e grupo de causa
(CID-10).
Figura 8. Percentual de óbitos por sexo e grupo de causa (CID-10). Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos e Doenças do ouvido e da apófise mastoide.
55,1
53,5
30,8
54,6
75
56,6
65
57,7
63,2
57,9
52,9
51,3
0
53,8
46,6
61,9
80,6
62
44,9
46,5
69,2
45,4
25
43,4
35
42,3
36,8
42,1
47,1
48,7
100
44,9
50,7
38,1
19,4
37,8
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias
II. Neoplasias (tumores)
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt…
IV. Doenças endócrinas nutricionais e…
V. Transtornos mentais e comportamentais
VI. Doenças do sistema nervoso
IX. Doenças do aparelho circulatório
X. Doenças do aparelho respiratório
XI. Doenças do aparelho digestivo
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo
XIII.Doenças sist osteomuscular e tec…
XIV. Doenças do aparelho geniturinário
XV. Gravidez parto e puerpério
XVI. Algumas afec originadas no período…
XVII.Malf cong deformid e anomalias…
XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e…
XX. Causas externas de morbidade e…
Total
Masculino Feminino
267
4.5 MORTALIDADE POR GRUPO DE CAUSAS
O perfil das causas de morte no Brasil tem mudado de forma importante nas
últimas décadas. A transição epidemiológica vem ocorrendo de forma acelerada no
país e em Roraima. Houve redução da mortalidade por DIP e o aumento de mortes
por violências e acidentes, doenças crônicas e neoplasias (Quadro 1).
O estudo da mortalidade por grupos de causas no período de 1990 a 2016
evidenciou em Roraima uma similaridade ao ocorrido no país anteriormente. Em 1930,
as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) foram responsáveis por 46% do total de
óbitos no país, enquanto em 1985 elas representavam apenas 7%. As DIP
representavam 14,1% de todas as mortes em 1990 e reduziram para 5,3% em 2016,
migrando da segunda causa de morte em 1990 para a quinta em 2016, esse
comportamento tem sido observado em vários países nas últimas décadas, e se dá
em grande parte pelas melhorias socioeconômica da população (BENEDETTI, et al.,
2019).
Quadro 1. Transição epidemiológica. Roraima, 1996, 2000, 2005, 2010 e 2014
GRUPO DE CAUSA 1996 2000 2005 2010 2014
Causas Externas 1° lugar 1° lugar 1° lugar 1° lugar 1° lugar
Doenças do aparelho circulatório 2° lugar 2° lugar 2° lugar 2° lugar 2° lugar
Doenças infecciosas e parasitárias 3° lugar 5° lugar 6° lugar 6° lugar 6° lugar
Afecções orig. no período perinatal 4° lugar 3° lugar 3° lugar 4° lugar 4° lugar
Neoplasias 5° lugar 4° lugar 4° lugar 3° lugar 3° lugar
Doenças do aparelho respiratório 6° lugar 6° lugar 5° lugar 5° lugar 5° lugar
Fonte: BENEDETTI et al., 2019.
Os grupos de causas de morte (CID-10) estão detalhados na tabela 15. Em
relação ao 2018, houve aumento no percentual das mortes por neoplasias em 12,3%,
doenças do aparelho circulatório (4,9%), afecções originárias do período perinatal
(1,3%) e causas mal definidas (26%), e redução por DIP (10,2%), doenças do aparelho
respiratório (3,6%) e causas externas (17,6%) (Figura 9).
268
Tabela 15. Número, percentual e taxa (por 100.000 habitantes) de óbitos por causa
(capítulo CID-10). Roraima, 2019
Causa (Capítulo CID-10) N° % Taxa I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 127 4,4 20,97 II. Neoplasias (tumores) 419 14,6 69,17 III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 13 0,5 2,15 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 183 6,4 30,21 V. Transtornos mentais e comportamentais 8 0,3 1,32 VI. Doenças do sistema nervoso 76 2,7 12,55 IX. Doenças do aparelho circulatório 608 21,3 100,37 X. Doenças do aparelho respiratório 227 7,9 37,47 XI. Doenças do aparelho digestivo 114 4,0 18,82 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 38 1,3 6,27 XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 17 0,6 2,81 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 76 2,7 12,55 XV. Gravidez, parto e puerpério 11 0,4 1,82 XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal 225 7,9 37,14 XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 73 2,6 12,05 XVIII. Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 84 2,9 13,87 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 562 19,6 92,78 Total 2.861 100 472,30
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
As mortes por causas externas (violência e acidente) ocuparam o primeiro lugar
entre os grupos de mortes da CID-10 por décadas em Roraima. Em 2019, as mortes
por doenças do aparelho circulatório ultrapassaram as mortes por causas externas, e
tudo indica que o estado seguirá a tendência nacional e mundial, onde esse grupo de
causas de morte compõe o principal grupo de morte.
Figura 9. Percentual de óbitos por causa (capítulo CID-10). Roraima, 2018 e 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
0 5 10 15 20 25
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias
II. Neoplasias (tumores)
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas
V. Transtornos mentais e comportamentais
VI. Doenças do sistema nervoso
IX. Doenças do aparelho circulatório
X. Doenças do aparelho respiratório
XI. Doenças do aparelho digestivo
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo
XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo
XIV. Doenças do aparelho geniturinário
XV. Gravidez parto e puerpério
XVI. Algumas afec originadas no período perinatal
XVII.Malf cong deformid e anomalias…
XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade
2019 2018
269
4.5.2 Mortalidade por doenças do aparelho circulatório
Esse grupo de causas de morte compõe o principal grupo de morte no mundo
e no país, e inclui as doenças hipertensivas, doenças isquêmicas do coração, as
doenças em decorrências da febre reumática e as cerebrovasculares. No Brasil, as
doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas
no país em um ano. Isso significa que mais de 308 mil pessoas faleceram
principalmente de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). A alta frequência do
problema coloca o Brasil entre os 10 países com maior índice de mortes por doenças
cardiovasculares (BRASIL, 2016).
Em Roraima, no ano de 2019, as doenças do aparelho circulatório ocupam o
primeiro lugar no ranking do grupo de causas de óbito (CID-10). No período de 2001
a 2019 o percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório aumentou 19%,
passando de mais de 17,9% (n=228) em 2001 para 21,3% (n=608) em 2019. Em 2011
o estado registrou o maior percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório
de 22,2%, e desde 2012 esse percentual está em elevação, acompanhando uma
tendência nacional e mundial (Figura 10).
Figura 10. Percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório. Roraima, 2001
a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
A tabela 16 apresenta a série história das doenças do aparelho circulatório do
período de 1996 a 2019 com o número de óbitos, percentual em relação ao total de
óbitos do estado e a taxa por 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade aumento
76,1% no período.
17,919 18,5
17,4
21
17,5
20,422,2
18,5 18 19 19,2 19,120,1 20,3 21,3
2001 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
270
Tabela 16 - Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por
doenças do aparelho circulatório. Roraima, 1996 a 2019
Ano N° de óbitos População residente Aparelho circulatório Taxa
N° % 1996 1.029 247.131 141 13,7 57,0 1997 926 254.498 151 16,3 59,3 1998 1.095 260.701 188 17,2 72,1 1999 1.096 266.914 189 17,2 70,8 2000 1.265 324.397 236 18,6 72,7 2001 1.275 337.253 228 17,9 67,6 2002 1.232 346.866 226 18,3 65,1 2003 1.494 357.296 282 18,9 78,9 2004 1.503 367.701 262 17,4 71,2 2005 1.517 391.318 292 19,2 74,6 2006 1.594 403.340 362 22,7 89,7 2007 1.594 415.281 281 17,6 67,6 2008 1.544 412.783 331 21,4 80,2 2009 1.601 421.497 287 17,9 68,1 2010 1.703 450.479 337 19,8 74,8 2011 1.663 460.165 381 22,9 82,8 2012 1.873 469.524 356 19,0 75,8 2013 2.024 488.072 376 18,6 77,0 2014 2.036 496.936 389 19,1 78,3 2015 2.167 505.665 416 19,2 82,3 2016 2.220 514.229 428 19,1 83,2 2017 2.557 522.636 512 20,1 97,9 2018 2.900 576.568 588 20,3 102,0 2019 2.861 605.761 608 21,3 100,37
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
A taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) das doenças do aparelho
circulatório estão em plena ascensão e mostram a importância dessas causas de
morte para a saúde pública do estado (Figura 11).
Figura 11. Taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) das doenças do aparelho
circulatório. Roraima, 1996 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
57
100,37
271
Em 2018, houve predomínio das mortes por doenças isquêmicas do coração
com 31,5% (n=185) das mortes, seguido das doenças cerebrovasculares com 31%
(n=182) e das doenças hipertensivas com 16% (n=94). Juntas, essas causas
representaram 78,4% (n=461) de todas as mortes por doenças do aparelho
circulatório. As demais causas somaram 127 mortes (BENEDETTI, 2019).
Tabela 17. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) das
doenças do aparelho circulatório por causa básica. Roraima, 2019
Doenças do Aparelho Circulatório N° % Taxa
Doenças cerebrovasculares 218 35,9 35,99
Doenças isquêmicas do coração 166 27,3 27,4
Doenças hipertensivas 76 12,5 12,55
Febre reumat aguda e doen reum cron coração 4 0,7 0,66
Outras doenças cardíacas 120 19,7 19,81
Restante doenças do aparelho circulatório 24 3,9 3,96
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2019, as doenças cerebrovasculares apresentaram o maior percentual, de
35,9% (n=218) das mortes entre as doenças do aparelho circulatório, seguido das
doenças isquêmicas do coração com 27,3% (n=166) e das doenças hipertensivas com
12,5% (n=76). Essas causas básicas representaram 75,6% (n=460) das mortes. As
demais causas somaram 148 mortes e representam 24,3% de todas as mortes por
doenças do aparelho circulatório (Tabela 17 e Figura 12). Essas demais causas de
mortes podem estar refletindo falhas no preenchimento da DO ou dificuldade de
realizar diagnósticos mais precisos.
Figura 12. Percentual de doenças do aparelho circulatório por causa básica. Roraima,
2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
36%
27%
13%
1%
20%
4%Doenças cerebrovasculares
Doenças isquêmicas do coração
Doenças hipertensivas
Febre reumat aguda e doen reum croncoração
Outras doenças cardíacas
272
Entre as doenças isquêmicas do coração, o infarto agudo do miocárdio (IAM)
representou 90,3% (150/166) dessas mortes, e o IAM foi responsável por 24,7% das
mortes por doenças do aparelho circulatório em 2019, e sua taxa de mortalidade foi
de 24,76 mortes por 100 mil habitantes.
Tabela 18. Número de mortes por doenças do aparelho circulatório por sexo. Roraima,
2019
Doenças do Aparelho Circulatório Masculino Feminino Total
Febre reumat aguda e doen reum cron coração 1 3 4
Doenças hipertensivas 43 33 76
Doenças isquêmicas do coração 114 52 166
Outras doenças cardíacas 84 36 120
Doenças cerebrovasculares 141 77 218
Rest doenças do aparelho circulatório 12 12 24
Total 395 213 608 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
As mortes por doenças do aparelho circulatório predominaram no sexo
masculino em 64,9% (n=395) dos óbitos, e em todas as causas básicas com exceção
da febre reumática aguda e doenças reumáticas crônicas do coração que predominou
no sexo feminino (Tabela 18). No IAM, 69,3% das mortes ocorreram no sexo
masculino, e a razão de sexo foi de 2,2 mortes masculina (n=104) para cada morte
feminina (n=46).
Tabela 19. Número de mortes por doenças do aparelho circulatório por faixa etária,
Roraima, 2019
Doenças do aparelho circulatório < 1 1-4 5-9
10-14
15-19
20-29
30-39
40-49
50-59
60-69
70-79
80 e+ Total
Febre reumat aguda e doen reum cron coração 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 1 0 4 Doenças hipertensivas 0 0 0 0 0 0 1 0 8 22 19 26 76 Doenças isquêmicas do coração 0 0 0 0 1 2 4 11 36 48 36 28 166 Outras doenças cardíacas 6 2 1 1 0 1 2 11 18 15 24 39 120 Doenças cerebrovasculares 0 0 2 2 2 6 4 21 21 46 62 52 218 Rest doenças do aparelho circulatório 0 0 0 0 0 0 0 2 3 6 3 10 24
Total 6 2 3 4 3 9 11 46 87 137 145 155 608 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
273
Na distribuição das doenças do aparelho circulatório por faixa etária observa-
se a ocorrência em todas as faixas etárias, no entanto, acomete mais pessoas a partir
dos 40 anos de idade (Tabela 19 e Figura 13).
Figura 13. Percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório e faixa etária.
Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4.5.1 Mortalidade por causas externas
Em Roraima, as causas externas ocupam a segunda causa de morte em 2019,
e corresponderam a 19,6% (n=562) de todas as mortes ocorridas entre os residentes
do estado. Na série histórica do período de 2001 a 2019 houve uma redução de 23,7%
na proporção das mortes, a menor proporção (19,4%) foi encontrada nos anos de
2016 (Figura 14).
Figura 14. Percentual de óbitos por causas externas. Roraima, 2001 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
1,0 0,3 0,5 0,7 0,5 1,5 1,8
7,6
14,3
22,523,8
25,5
< 01 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e+
25,7 26,3
22,6 22,3 21,7 21,2
24,9
21,8 21,9 22 2122,4
24,5
2123,4
19,422
23,8
19,6
0
5
10
15
20
25
30
274
No Brasil, as causas externas são a terceira causa de óbitos na população
geral, mudando de posição no ranking das principais causas, conforme sexo, raça/cor
da pele, faixa etária e condição social. Mais de um terço destas mortes foram por
homicídios (violência interpessoal) no período de 2000 a 2015 (BRASIL, 2018a).
Tabela 20. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) por
causas externas. Roraima, 2019
Causas externas de morbidade e mortalidade N° % Taxa
Acidentes de transporte terrestre 121 21,5 19,97
Quedas 38 6,8 6,27
Afogamento e submersões acidentais 31 5,5 5,12
Exposição a fumaça, ao fogo e as chamas 1 0,2 0,17
Lesões autoprovocadas voluntariamente (suicídio) 46 8,2 7,59
Agressões (homicídio/violência interpessoal) 217 38,6 35,82
Eventos (fatos) cuja intenção e indeterminada 62 11,0 10,24
Intervenções legais e operações de guerra 1 0,2 0,17
Demais causas externas 45 8,0 7,43
Total 562 100,0 92,78 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2018, a violência interpessoal (agressões/homicídios) com 59,4% (n=410)
dos óbitos representaram a principal causa básica de óbito no grupo das causas
externas, superando os acidentes de transporte terrestre (ATT) com 13,9% (n=94) que
ocupou essa posição por décadas, seguido das lesões autoprovocadas (suicídios)
com 5,4% (n=37), afogamentos com 4,5% (n=31), e quedas com 3,8% (n=26)
(BENEDETTI, 2019).
Em 2019, a violência interpessoal (agressão/homicídio) também teve maior
incidência no grupo com 38,6% (n=217) das mortes, seguido dos ATTs com 21,5%
(n=121) e suicídios com 8,2% (n=46) das mortes (Tabela 20 e Figura 16). O número
de violência interpessoal teve uma redução de cerca de 50% em relação a 2018.
275
Figura 15. Taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por causas externas e
causas básicas. Roraima, 1990, 2000, 2010, 2015 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
A taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) por causas externas no período
de 2000 a 2019 teve uma redução de 25,2%% passando de 124 óbitos por 100 mil
habitantes em 2000 para 92,78,67/100.000 hab. em 2019. No detalhamento da taxa
por causas básica (CID 10) de morte observa-se que todas as causas básicas tiveram
importante redução da taxa no período, com exceção do suicídio (Figura 15).
Figura 16. Percentual de mortes por causas externas (causas básicas). Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
1990 2000 2010 2015 2016 2017 2018 2019
Causas Externas 124 104 83,2 100,4 84,4 107,5 119,6 92,78
ATT 29 40 32,6 32,2 19,6 26,6 16,3 19,97
Violência interpessoal(homicídio)
73 39 27,5 37,5 34,8 45,3 71,1 35,82
Suicídio 1,9 7 7,5 7,5 10,1 8,2 6,4 7,59
Afogamento 8 8 2,9 5,1 6,4 6,7 5,4 5,12
0
20
40
60
80
100
120
140
21,5%
38,6%
11,0%
8,2%
8,0%
6,8%
5,5%
0,2% 0,2%Acidentes de transporte terrestre
Agressoes (homicídios)
Eventos(fatos) cuja intencao e indetermin
Lesoes autoprovocadas voluntariamente
Demais causas externas
Quedas
Afogamento e submersoes acidentais
Exposicao a fumaca, ao fogo e as chamas
Intervencoes legais e operacoes de guerra
276
O estudo de BENEDETTI et al. (2016) mostrou que as mortes por causas
externas representaram 23,1% de todas as mortes em 2015, ocupando o primeiro
lugar entre todos os grupos de causas de mortes listados na CID 10. Os homicídios
corresponderam a 36,4% (n=187) das mortes, seguido dos acidentes de transporte
com 33,5% (n=172), suicídios com 7,2% (n=37), afogamentos com 5% (n=26), quedas
com 3,9% (n=20) e 13,8% (n=71) por outras causas externas. O estudo concluiu que
as causas externas são causas previsíveis e preveníveis, e é inaceitável que uma
grande parcela da população venha a perder suas vidas por essas causas. A etiologia
das mortes por causas externas é multifatorial, tem raízes biológicas, psicológicas,
sociais e ambientais e deve ser enfrentada, concomitantemente, por vários
seguimentos da sociedade.
Tabela 21. Número de óbitos de causa externa por causa básica (CID10). Roraima,
1990, 1995, 2000 a 2019
Ano Acidente de transporte
Homicídio Afogamento Suicídio Quedas Outros Total
1990 52 127 14 04 - 56 253 1995 84 88 26 15 - 17 230 2000 130 128 25 22 - 35 340 2001 127 110 30 17 8 36 328 2002 139 133 26 20 1 45 364 2003 94 122 25 22 3 72 338 2004 84 85 42 26 6 97 340 2005 102 112 25 28 7 56 330 2006 110 111 27 35 6 49 338 2007 144 122 27 46 11 47 397 2008 119 106 24 31 4 53 337 2009 128 117 21 32 7 46 351 2010 147 125 13 34 10 47 376 2011 135 100 23 34 13 50 355 2012 149 145 18 39 7 64 422 2013 155 212 30 33 16 50 496 2014 147 151 27 15 10 79 429 2015 163 190 26 38 20 71 508 2016 101 179 33 52 8 61 434 2017 139 237 35 43 23 85 562 2018 94 410 31 37 26 92 690 2019 121 217 31 46 38 109 562
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
O número de óbitos por causa externa e por causa básica (CID 10) referente
aos anos de 1990 e 1995 e ao período de 2000 a 2018 estão detalhados na Tabela
21.
277
A figura 17 mostra a razão de sexo (masculino/feminino) por causas externas
para o período de 2001 a 2019 e revelam que as mortes entre o sexo masculino são
expressivas, mas a razão de sexo está diminuindo no período. Em 2001, eram 7 óbitos
masculino para cada feminino, e em 2019, 4,1 óbitos masculino por 1 óbito feminino,
Figura 17. Razão de sexo por causas externa. Roraima, 2001 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
Há predomínio de mortes no sexo masculino nas agressões. Em 2018, os
óbitos no sexo masculino por agressões representaram 87,1% (n=357) das mortes,
seguido de acidentes de transporte com 86,2% (n=81), de afogamento e submersões
acidentais com 83,9% (n=26), de lesões autoprovocadas (suicídio) com 67,6% (n=25),
e de quedas com 53,8% (n=14). As mortes do sexo feminino prevaleceram nos casos
de envenenamento, intoxicação por ou exposição a substâncias nocivas com 66,7%
(n=2) das mortes (BENEDETTI, 2019).
7
5,86,4
5,3
4,3
5,3
4,5
5,1
3,5
4,3 4,24,8
4,24,8 4,9 5
4,24,5
4,1
0
1
2
3
4
5
6
7
8
278
Tabela 22. Número e percentual de óbitos por causa externa (causa básica CID-10) e
sexo. Roraima, 2019
Causas externas de morbidade e mortalidade
Masculino Feminino
Total N° % N° %
Agressões 189 87,1 28 12,9 217
Acidentes de transporte 97 80,2 24 19,8 121
Lesões autoprovocadas voluntariamente 34 73,9 12 26,1 46
Quedas 21 55,3 17 44,7 38
Afogamento e submersões acidentais 29 93,5 2 6,5 31
Exposição a fumaça, ao fogo e as chamas 0 0,0 1 100,0 1
Eventos (fatos) cuja intenção e indeterminada 47 75,8 15 24,2 62
Intervenções legais e operações de guerra 1 100,0 0 0,0 1
Demais causas externas 35 77,8 10 22,2 45
Total 453 80,6 109 19,4 562 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2019, prevaleceu as mortes no sexo masculino em praticamente todas as
causas básicas da tabela 22.
As mortes por causas externas ocorrerem em todas as faixas etárias. Em 2018,
71,2% (n=491) dos óbitos se concentra entre 15 a 49 anos de idade, 5,4% (n=37) em
menores de 1 ano de idade, e 6,8% (n=47) na infância.
Em 2019, 68,5% (n=385) dos óbitos ocorreram na faixa etária de 15 a 49 anos
de idade e 4,4% (n=25) em menores de 1 ano de idade (Figura 18). Entre os menores
de 1 ano 10,4% (25/239) de todas as mortes são por causas externas.
279
Figura 18. Percentual de óbitos por causas externas e faixa etária. Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
A maior proporção de óbitos por causas externas ocorreu na faixa etária de 20
a 29 anos, correspondendo a 30,4% (n=210) de todas as mortes, em 2018, e de 24%
(n=135) em 2019, demonstrando uma expressiva mortalidade precoce (Tabela 23).
Tabela 23. Número de óbitos por causas externas e faixa etária. Roraima, 2019
Causas externas de morbidade e mortalidade < 1
1 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e+ Total
Acidentes de transporte 2 4 1 0 6 30 22 17 20 12 5 2 121
Quedas 1 0 1 0 0 1 2 2 2 2 11 16 38 Afogamento e submersões acidentais 0 4 2 2 7 6 4 4 2 0 0 0 31 Exposição a fumaça, ao fogo e as chamas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 Lesões autoprovocadas voluntariamente 0 0 0 2 15 7 13 6 2 1 0 0 46
Agressões 14 1 0 2 28 70 50 27 13 7 3 2 217 Eventos fatos) cuja intenção e indetermina 2 0 0 2 8 15 13 8 7 5 2 0 62 Intervenções legais e operações de guerra 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 Demais causas externas 6 2 1 0 2 6 8 7 3 5 1 4 45
Total 25 11 5 8 66 135 113 71 49 32 22 25 562 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4,4
2,00,9 1,4
11,7
24,0
20,1
12,6
8,7
5,73,9 4,4
< 01 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e+
280
4.5.3 Mortalidade por neoplasias
A incidência e a mortalidade são medidas de controle para a vigilância
epidemiológica que permitem analisar a ocorrência, a distribuição e a evolução das
doenças. Conhecer informações sobre o perfil dos diferentes tipos de câncer e
caracterizar possíveis mudanças de cenário ao longo do tempo são elementos
norteadores para ações de Vigilância do Câncer – componente estratégico para o
planejamento eficiente e efetivo dos programas de prevenção e controle de câncer no
Brasil (BRASIL, 2018b).
Em Roraima as neoplasias são o terceiro grupo de causa de morte e
corresponderam a 14,6% (n=419) de todas as mortes ocorridas em 2019, com a taxa
de 69,17 óbitos por 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade apresentou aumento
progressivo no período de 1996 a 2019, aumentou 82%. O número de casos de
neoplasias aumentou 345,7% entre 1996 (n=94) e 2019 (n=419) (Tabela 24).
No Brasil, as neoplasias são a segunda causa de morte, ocorreram 582.590
casos novos e 197.698 mortes no país em 2018. Houve predomínio das mortes entre
os homens em 51,1% em relação aos casos novos e em 54,4% em relação a
mortalidade (BRASIL, 2018b).
281
Tabela 24. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por
neoplasias. Roraima, 1996 a 2019
Ano N° de óbitos População residente Neoplasias
Taxa N° %
1996 1.029 247.131 94 9,1 38,0 1997 926 254.498 101 10,9 39,6 1998 1.095 260.701 77 7,0 29,5 1999 1.096 266.914 92 8,4 34,4 2000 1.265 324.397 110 8,7 33,9 2001 1.275 337.253 108 8,5 32,0 2002 1.232 346.866 133 10,8 38,3 2003 1.494 357.296 144 9,6 40,3 2004 1.503 367.701 155 10,3 42,1 2005 1.517 391.318 141 9,3 36,0 2006 1.594 403.340 182 11,4 45,1 2007 1.594 415.281 188 11,8 45,2 2008 1.544 412.783 172 11,1 41,6 2009 1.601 421.497 200 12,5 47,4 2010 1.703 450.479 207 21,1 45,9 2011 1.663 460.165 204 12,2 44,3 2012 1.873 469.524 223 11,9 47,9 2013 2.024 488.072 228 11,2 46,7 2014 2.036 496.936 276 13,5 55,5 2015 2.167 505.665 275 12,7 54,3 2016 2.220 514.229 274 12,3 53,3 2017 2.557 522.636 351 13,8 67,1 2018 2.900 576.568 377 13,0 65,4 2019 2.861 605.761 419 14,6 69,17
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
As neoplasias em vários países vêm aumentando acentuadamente sua
incidência, em função de diferentes características socioeconômicas e culturais
(BRASIL, 2013). A explicação para este crescimento está na maior exposição dos
indivíduos a fatores de risco cancerígenos. A redefinição dos padrões de vida, a partir
da uniformização das condições de trabalho, nutrição e consumo desencadeada pelo
processo global de industrialização, tem reflexos importantes no perfil epidemiológico
das populações. As alterações demográficas, com redução das taxas de mortalidade
e natalidade, indicam o prolongamento da expectativa de vida e o envelhecimento
populacional, levando ao aumento da incidência de doenças crônico-degenerativas,
especialmente as cardiovasculares e o câncer (BRASIL, 2006).
A distribuição percentual das neoplasias por sexo e a comparação com dados
de Roraima de 2018 e dados do Brasil de 2015, encontra-se nas figuras 19.
Figura 19. Comparativo do percentual das 10 principais de neoplasias. Brasil, 2015 e
Roraima, 2018
282
Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2015. MS/INCA/Coordenação de Prevenção e Vigilância/Divisão de Vigilância e Análise de Situação, 2017. SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 07/05/2019, sujeitos à alteração.
Em 2018, as neoplasias da traqueia, brônquios e pulmões tiveram a maior
ocorrência com 13% (n=49) dos óbitos, seguido das neoplasias de colón, reto e ânus
com 7,7% (n=29) e de mama com 7,4% (n=28) (BENEDETTI, 2019).
Em 2019, a neoplasia do estomago teve a maior ocorrência, de 9,5% (n=40)
das mortes, seguido neoplasias da traqueia, brônquios e pulmões e das e a neoplasia
do colo do utero, ambas com 8,8% (n=37) das mortes (Tabela 25).
283
Tabela 25. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de
neoplasias por causas básicas (CID-10). Roraima, 2019
Neoplasias N° % Taxa
Neopl malig do lábio, cav oral e faringe 17 4,1 2,81
Neoplasia maligna do esôfago 7 1,7 1,16
Neoplasia maligna do estomago 40 9,5 6,60
Neoplasia maligna do colo, reto e anus 28 6,7 4,62
Neopl malig do fígado e vias bil intra hepat 18 4,3 2,97
Neoplasia maligna do pâncreas 18 4,3 2,97
Neoplasia maligna da laringe 7 1,7 1,16
Neopl malig da traqueia, brônquios e pulmões 37 8,8 6,11
Neoplasia maligna da pele 4 1,0 0,66
Neoplasia maligna da mama 24 5,7 3,96
Neoplasia maligna do colo do utero 37 8,8 6,11
Neopl malig de corpo e partes n/esp utero 8 1,9 1,32
Neoplasia maligna do ovário 6 1,4 0,99
Neoplasia maligna da próstata 32 7,6 5,28
Neoplasia maligna da bexiga 10 2,4 1,65
Neopl malig mening, encef e out partes SNC 18 4,3 2,97
Linfoma nao-Hodgkin 8 1,9 1,32
Mieloma mult e neopl malig de plasmócitos 4 1,0 0,66
Leucemia 21 5,0 3,47
Neoplasias in situ, Benig, Comport Incert 7 1,7 1,16
Restante de neoplasias malignas 68 16,2 11,23
Total 419 100,0 69,17 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2018, houve predomínio de mortes no sexo feminino com 50,1% (n=189)
dos óbitos (BENEDETTI, 2019). Em 2019, o predomínio foi do sexo masculino em
53,1% (n=224) das mortes por neoplasias, acompanhando uma tendência nacional.
Nesse ano, as mortes por neoplasias ocorreram todas as faixas etárias. Entre os
menores de 10 anos de idade houve predomínio das leucemias com 57,1% (n=4) dos
casos. 15,6% (n=59) das mortes por neoplasias não tem a localização primária
definida e estão codificadas como "restante de neoplasias malignas", e 2,9% (n=11)
estão codificadas como "neoplasias in situ, benigno, comportamento incerto" (Tabela
26 e 27).
284
Tabela 26. Número e percentual de óbitos por neoplasias e sexo. Roraima, 2019
Neoplasias
Masculino Feminino
Total N° % N° %
Neopl malig do lábio, cav oral e faringe 14 82,4 3 17,6 17
Neoplasia maligna do esôfago 7 100,0 0 0,0 7
Neoplasia maligna do estomago 26 65,0 14 35,0 40
Neoplasia maligna do colo, reto e anus 16 57,1 12 42,9 28
Neopl malig do fígado e vias bil intrahepat 15 83,3 3 20,0 18
Neoplasia maligna do pâncreas 12 66,7 6 33,3 18
Neoplasia maligna da laringe 6 85,7 1 14,3 7
Neopl malig da traqueia, brônquios e pulmões 19 51,4 18 48,6 37
Neoplasia maligna da pele 1 25,0 3 75,0 4
Neoplasia maligna da mama 1 4,2 23 95,8 24
Neoplasia maligna do colo do útero 0 0,0 37 100,0 37
Neopl malig de corpo e partes n/esp útero 0 0,0 8 100,0 8
Neoplasia maligna do ovário 0 0,0 6 100,0 6
Neoplasia maligna da próstata 32 100,0 0 0,0 32
Neoplasia maligna da bexiga 7 70,0 3 30,0 10
Neopl malig mening, encef e out partes SNC 8 44,4 10 55,6 18
Linfoma nao-Hodgkin 4 50,0 4 50,0 8
Mieloma mult e neopl malig de plasmócitos 3 75,0 1 25,0 4
Leucemia 10 47,6 11 52,4 21
Neoplasias in situ, Benig, Comport Incert 2 28,6 5 71,4 7
Restante de neoplasias malignas 41 60,3 27 39,7 68
Total 224 53,5 195 46,5 419 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2019, não houve óbito em menores de 1 ano de idade. A ocorrência da
doença aumenta com a idade (Figura 21). A transição epidemiológica, o
prolongamento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional, e a maior
exposição dos indivíduos a fatores de risco cancerígenos explicam esse fenômeno.
285
Tabela 27. Número de óbitos por neoplasias e faixa etária. Roraima, 2019
Neoplasias < 1
1 a 4
5 a 9
10 a
14
15 a
19
20 a
29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e+ Ign Total
Neopl malig do labio, cav oral e faringe 0 0 0 0 0 0 0 1 7 4 4 1 0 17 Neoplasia maligna do esofago 0 0 0 0 0 0 1 0 0 4 1 0 1 7 Neoplasia maligna do estomago 0 0 0 0 0 0 3 4 10 6 11 6 0 40 Neoplasia maligna do colo,reto e anus 0 0 0 0 0 0 2 2 11 3 6 4 0 28 Neopl malig do figado e vias bil intrahepat 0 1 0 0 1 0 1 1 7 3 3 1 0 18 Neoplasia maligna do pancreas 0 0 0 0 0 0 0 1 3 3 7 4 0 18
Neoplasia maligna da laringe 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 2 1 0 7 Neopl malig da traqueia,bronquios e pulmoes 0 0 0 0 0 1 0 2 7 10 12 5 0 37
Neoplasia maligna da pele 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 0 4
Neoplasia maligna da mama 0 0 0 0 0 0 3 4 4 3 6 4 0 24 Neoplasia maligna do colo do utero 0 0 0 0 0 0 9 8 10 4 5 1 0 37 Neopl malig de corpo e partes n/esp utero 0 0 0 0 0 0 0 2 4 2 0 0 0 8
Neoplasia maligna do ovario 0 0 0 0 1 1 0 0 2 1 1 0 0 6 Neoplasia maligna da prostata 0 0 0 0 0 0 0 0 2 10 7 13 0 32
Neoplasia maligna da bexiga 0 0 0 0 0 0 0 1 1 4 3 1 0 10 Neopl malig mening,encef e out partes SNC 0 1 0 0 0 1 3 2 3 3 2 3 0 18
Linfoma nao-Hodgkin 0 0 0 0 1 2 1 0 0 3 0 1 0 8 Mieloma mult e neopl malig de plasmocitos 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 1 0 0 4
Leucemia 0 0 4 0 1 1 3 3 1 4 3 1 0 21 Neoplasias in situ, Benig, Comport Incert 0 0 0 0 1 0 1 2 1 0 1 1 0 7 Restante de neoplasias malignas 0 0 1 3 2 3 3 6 5 14 16 14 1 68
Total 0 2 5 4 7 9 31 42 79 85 91 62 2 419 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
286
Figura 21. Percentual de óbitos por neoplasias e faixa etária. Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4.5.4 Mortalidade por doenças do aparelho respiratório
As mortes por doenças do aparelho respiratório atingem principalmente
crianças e idosos. Em 2018 foram responsáveis por 8,2% (n=239) de todas as mortes
ocorrida em residentes de Roraima. A taxa de mortalidade foi de 41,4 óbitos por 100
mil habitantes e apresentou um aumento de 75,6% desde 1996. Em 2019, essas
mortes corresponderam a 7,9% (n=227) de todas as mortes. A taxa de mortalidade de
2019 (37,47/100.000 habitantes), diminui quase 10% em relação ao ano de 2018
(41,4/100.000 habitantes) (Tabela 28).
Em 2018, a pneumonia representou 55,2% (n=132) das mortes, e se mantém
como a principal causa básica de morte nesse grupo. As mortes por influenza (gripe)
foram responsáveis por 6,3% (n=15) das mortes por doenças do aparelho respiratório,
com relação ao ano de 2017, houve aumento de 530% na mortalidade por influenza
no estado quando seu percentual foi de 1% (n=2) dos óbitos (BENEDETTI, 2019).
0 0,5 1,2 1 1,7 2,1
7,4
10
18,920,3
21,7
14,8
0
5
10
15
20
25
< 01 1 a 4 5 a 9 10 a 1415 a 1920 a 2930 a 3940 a 4950 a 5960 a 6970 a 79 80 e+
287
Tabela 28. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por
doenças do aparelho respiratório. Roraima, 1996 a 2019
Ano N° de óbitos População residente Doenças do aparelho respiratório Taxa
N° % 1996 1.029 247.131 58 5,6 23,4 1997 926 254.498 38 4,1 19,9 1998 1.095 260.701 86 7,8 32,9 1999 1.096 266.914 72 6,5 26,9 2000 1.265 324.397 104 8,2 32,0 2001 1.275 337.253 65 5,1 19,2 2002 1.232 346.866 107 8,7 30,8 2003 1.494 357.296 99 6,6 27,7 2004 1.503 367.701 110 7,3 29,9 2005 1.517 391.318 133 8,7 33,9 2006 1.594 403.340 135 8,4 33,4 2007 1.594 415.281 107 6,7 25,7 2008 1.544 412.783 131 8,2 31,7 2009 1.601 421.497 118 7,4 27,9 2010 1.703 450.479 138 8,1 30,6 2011 1.663 460.165 121 7,3 26,2 2012 1.873 469.524 159 8,5 33,8 2013 2.024 488.072 178 8,8 36,4 2014 2.036 496.936 175 8,6 35,2 2015 2.167 505.665 174 8,0 34,4 2016 2.220 514.229 198 8,9 38,5 2017 2.557 522.636 205 8,0 39,2 2018 2.900 576.568 239 8,2 41,4 2019 2.861 605.761 227 7,9 37,47
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2019, a maioria, 53,7% (n=122) mortes foram por pneumonia, seguido das
doenças crônicas das vias aéreas inferiores com 34,8% (n=79) das mortes. Houve a
ocorrência de um óbito (0,4%) por influenza nesse ano, uma redução importante em
relação ao ano de 2018 (Tabela 29).
Tabela 29. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de
doenças do aparelho respiratório por causas básicas. Roraima, 2019
Doenças do Aparelho Respiratório N° % Taxa
Pneumonia 122 53,7 20,14
Influenza (Gripe) 1 0,4 0,17
Out infec agudas das vias aéreas inferiores 2 0,9 0,33
Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 79 34,8 13,04
Restante doenças do aparelho respiratório 23 10,1 3,80
Total 227 100,0 37,47 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
288
Em 2019, houve predomínio das mortes no sexo masculino em 57,7% (n=131)
das mortes por doenças do aparelho respiratório. Com exceção das mortes por
influenza, nas demais causas básicas prevaleceu as mortes do sexo masculino
(Tabela 30).
Tabela 30. Número e percentual de mortes por doenças do aparelho respiratório e
sexo. Roraima, 2019
Doenças do Aparelho Respiratório
Masculino Feminino
Total N° % N° %
Pneumonia 65 53,3 57 46,7 122
Influenza (Gripe) 0 0,0 1 100,0 1
Out infec agudas das vias aéreas inferiores 1 50,0 1 50,0 2
Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 49 62,0 30 38,0 79
Restante doenças do aparelho respiratório 16 69,6 7 30,4 23
Total 131 57,7 96 42,3 227 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Há ocorrência de mortes em todas as faixas etárias, os dois extremos, crianças
e idosos são muito acometidos. A distribuição das mortes por sexo e faixa etária estão
na tabela 31 e figura 22.
Tabela 31. Número de mortes por doenças do aparelho respiratório e faixa etária.
Roraima, 2019
Doenças do Aparelho Respiratório < 1
1 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e+ Total
Influenza (Gripe) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1
Pneumonia 16 8 0 0 1 1 2 6 10 9 28 41 122 Out infec agudas das vias aéreas inferiores 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 0 0 0 0 0 1 1 3 9 16 27 22 79 Restante doenças do aparelho respiratório 1 3 0 1 0 0 0 1 7 3 2 5 23
Total 19 11 0 1 1 2 3 10 26 29 57 68 227 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
289
Figura 22. Percentual de óbitos por doenças do aparelho respiratório e faixa etária.
Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4.5.5 Mortalidade por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas
A mortalidade por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas vêm
aumentando no mundo, no País e em Roraima. Em 2017, as mortes por esse grupo
alcançaram 8% (n=203) de todas as mortes com a taxa de mortalidade de 38,8 óbitos
por 100 mil habitantes, e entre as causas básicas o Diabetes mellitus (DM) foi
responsável por 74,4% (n=151) das mortes. Em 2018, representaram 7,1% (n=207)
de todas as mortes ocorridas entre os residentes do estado, destas a DM se manteve
como a principal causa básica de morte representando 79,2% (n=164) das mortes
(BENEDETTI, 2019).
Em 2019, representaram 6,4% (n=183) de todas as mortes e a taxa de
mortalidade de 30,21/100.000 habitantes (Tabela 32), e apresenta queda de 22% em
relação a taxa de 2017.
Tabela 32. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de
doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas por causas básicas (CID 10).
Roraima, 2019
Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas N° % Taxa
Diabetes Mellitus 140 76,5 21,11
Desnutrição 25 13,7 4,13
Rest doenças endocr, nutricion e metabol 18 9,8 2,97
Total 183 100,0 30,21 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
8,4
4,8
0,0 0,4 0,4 0,9 1,34,4
11,5 12,8
25,1
30,0
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
< 01 1 a 4 5 a 9 10 a14
15 a19
20 a29
30 a39
40 a49
50 a59
60 a69
70 a79
80 e+
290
Em relação ao sexo, houve predomínio das mortes no sexo masculino (Tabela
33).
Tabela 33. Número e percentual de mortes por doenças endócrinas, nutricionais e
metabólicas e sexo. Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
É importante destacar que os extremos apresentaram maior ocorrência de
mortes. Em 2018, os menores de 1 ano de idade corresponderam a 4,8% (n=10) das
mortes com predomínio da desnutrição representando 60% (n=6) dessas mortes. Em
2019, segue o mesmo padrão de 2018. As mortes por DM representam 76,5% de
todas as mortes por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (Tabela 34).
Tabela 34. Número de mortes por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas e
faixa etária. Roraima, 2019
Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas < 1
1 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e+ Total
Diabetes Mellitus 0 1 0 0 0 3 3 11 22 40 40 20 140
Desnutrição 9 7 0 1 0 0 1 0 3 0 1 3 25 Rest doenças endocr, nutricion e metabol 1 0 0 0 0 3 3 0 3 1 4 3 18
Total 10 8 0 1 0 6 7 11 28 41 45 26 183 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
A partir dos 50 anos de idade a ocorrência aumenta acentuadamente e há
predomínio das mortes por DM (Figura 23).
Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas
Masculino Feminino
Total N° % N° %
Diabetes Mellitus 74 52,9 66 47,1 140
Desnutrição 13 52,0 12 48,0 25 Rest doenças endocr, nutricion e metabol 13 72,2 5 27,8 18
Total 100 54,6 83 45,4 183
291
Figura 23. Percentual de óbitos por doenças do aparelho respiratório e faixa etária.
Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4.5.6 Mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias
As mortes por DIP vêm apresentando importante redução ao longo dos anos,
esse fenômeno é mundial. Em Roraima, houve redução de 55,3% na taxa de
mortalidade por 100 mil habitantes no período de 1996 (46,9/100.000 hab.) a 2019
(20,97/100.000 hab.) (Tabela 35). Em 1996, as DIP representavam 11,2% (n=116)
das mortes do estado, e em 2019, representaram 4,4% (n=127) das mortes. Esse
fenômeno é conhecido como transição epidemiológica.
Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos
padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica
e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas,
sociais e econômicas (OMRAM, 2001; SANTOS-PRECIADO et al., 2003). O processo
engloba três mudanças básicas: substituição das doenças transmissíveis por doenças
não-transmissíveis e causas externas; deslocamento da carga de morbimortalidade
dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos; e transformação de uma situação em
que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante.
O comportamento das DIP tem mudado em todo o mundo nas últimas décadas,
em grande parte pelas melhorias socioeconômica da população. Nesse sentido, a
transição da epidemiológica de Roraima está caracterizada na figura 24. As mortes
por DIP reduziram 65,1% no período de 1993 onde representavam 12,6% de todas as
mortes para 4,4% em 2019, e saiu da terceira posição no ranking das causas de morte
em 1993 para a sétima posição em 2019.
5,54,4
0,0 0,5 0,0
3,3 3,86,0
15,3
22,424,6
14,2
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
< 1 1 a 4 5 a 9 10 a14
15 a19
20 a29
30 a39
40 a49
50 a59
60 a69
70 a79
80 e+
292
Figura 24. Mortalidade proporcional por grupo de causas (CID-10). Roraima, 1993,
1996, 2006 e 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2018.
No estudo de Benedetti et al. (2005) sobre a mortalidade por DIP no período de
1996 a 2004 observou-se os 744 óbitos corresponderam a 7% da totalidade de óbitos
do período, com variações proporcionais de 12,2% (115/942) em 1996 e 4,3%
(59/1.371) em 2004. A taxa de mortalidade sofreu uma redução importante no período
de 46,53/100.000 habitantes em 1996 para 16,04 em 2004. Nesse estudo, em relação
as causas básicas: em 1996, 27% (31/115) das mortes foram por septicemia, 25,2%
(29/115) por diarreias, 13,9% (16/115) por HIV/Aids e 10,4% (12/115) por tuberculose,
e em 2004, 28,8% por HIV/Aids e diarreias (17/59) para ambas, 15,2% (9/59) por
septicemia e 8,5% (5/59) por tuberculose.
Em 2018, as mortes por DIP corresponderam a 4,9% (n=143) de todas as
mortes e sua taxa ficou em 24,8 óbitos por 100 mil habitantes. O padrão das mortes
por DIP segundo a causa básica (CID-10) mudaram de 2017 para 2018. Em 2018,
houve predomínio das doenças virais com 39,2% (n=56) dos óbitos, destas, o HIV
representou 28% (n=40) dos óbitos por DIP. As diarreias e gastroenterite de origem
infecciosa presumível com 22,4% (n=32) dos óbitos ficaram na segunda posição, e as
septicemias ocuparam a terceira posição com 10,5% (n=15) dos óbitos. Em 2017, as
principais causas básicas de morte foram: diarreias e gastroenterite de origem
1993 1996 2006 2019
Mal definidas 5,6 4,6 5,3 2,9
Neoplasias 6,7 10 11,4 14,6
Aparelho respiratório 10,5 6,2 8,5 7,9
Infecciosas e parasitárias 12,6 11,2 5,8 4,4
Aparelho circultório 13,5 15 18,5 21,3
Causas externas 21,6 26,9 21,2 19,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
293
infecciosa presumível com 25,2% (26/103) dos óbitos, seguido do HIV com 23,2%
(n=24) e da septicemia com 11,7% (n=12 óbitos) (BENEDETTI, 2019).
Em 2019, a taxa de mortalidade por DIP reduziu 15,4% em relação ao ano e
2018 (Tabela 35).
Tabela 35. Número de óbitos, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil
habitantes) por doenças infecciosas e parasitária. Roraima, 1996 a 2019
Ano N° de óbitos População residente Doenças infecciosas e parasitárias
Taxa N° %
1996 1.029 247.131 116 11,2 46,9 1997 926 254.498 84 9,1 33,0 1998 1.095 260.701 97 8,8 37,2 1999 1.096 266.914 76 6,9 28,4 2000 1.265 324.397 84 6,6 25,8 2001 1.275 337.253 68 5,3 20,1 2002 1.232 346.866 52 4,2 14,9 2003 1.494 357.296 105 7,0 29,3 2004 1.503 367.701 59 3,9 16,0 2005 1.517 391.318 96 6,3 24,5 2006 1.594 403.340 93 5,8 23,0 2007 1.594 415.281 83 5,2 19,9 2008 1.544 412.783 93 6,0 22,5 2009 1.601 421.497 101 6,3 23,9 2010 1.703 450.479 98 5,7 21,7 2011 1.663 460.165 87 5,2 18,9 2012 1.873 469.524 80 4,3 17,0 2013 2.024 488.072 110 5,4 22,5 2014 2.036 496.936 89 4,3 17,9 2015 2.167 505.665 88 4,0 14,4 2016 2.220 514.229 118 5,3 22,9 2017 2.557 522.636 103 4,0 19,7 2018 2.900 576.568 143 4,9 24,8 2019 2.861 605.761 127 4,4 20,97
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2018.
Em relação as causas básicas de mortes por DIP, as doenças virais tiveram a
maior ocorrência de 32,3% (n=41) e destas 65,6% (n=31) foram por HIV/AIDS;
seguido das doenças infecciosas intestinais com 20% (n=26), destas 96,1% (n=25)
foram por diarreias; tuberculose com 15,7% (n=20) e destas 85%(n=17) foram
pulmonares; outras doenças bacterianas com 15% (n=19), destas 68,4% (n=13) foram
por septicemia; doenças devidas a protozoários com 8,7% (n=11), destas 63,3% (n=7)
foram por malária; e helmintíases com 0,8% (n=1) das mortes (Tabela 36).
294
Tabela 36. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de
doenças infecciosas e parasitárias por causas básicas. Roraima, 2019
Doenças Infecciosas e Parasitárias N° % Taxa
Doenças Infecciosas intestinais 26 20,5 4,29
Diarreias e Gastroenter orig infec presumível 25 19,7 4,13
Outras Doenças Infecciosas Intestinais 1 0,8 0,17
Tuberculose 20 15,7 3,30
Tuberculose respiratória 17 13,4 2,81
Outras tuberculoses 3 2,4 0,50
Outras Doenças bacterianas 19 15,0 3,14
Infecção meningocócica 1 0,8 0,17
Septicemia 13 10,2 2,15
Infecções com transm predominant sexual 1 0,8 0,17
Doenças virais 41 32,3 6,77
Out febres p/arbovirus e febr hemorr virais 1 0,8 0,17
Hepatite viral 7 5,5 1,16
Doen p/Vírus da Imunodefic Humana (HIV) 31 24,4 5,12
Doenças devidas a Protozoários 11 8,7 1,82
Malária 7 5,5 1,16
Leishmaniose 2 1,6 0,33
Helmintíases 1 0,8 0,17
Restante de Helmintíases 1 0,8 0,17
Restante de algumas doenc infecc e parasit 9 7,1 1,49
Total 127 100,0 20,97 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Houve predomínio dos óbitos no sexo masculino em 55,1% (n=70) dos óbitos.
A distribuição das causas básicas por sexo encontra-se na tabela 37.
295
Tabela 37. Número e percentual de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias e
sexo. Roraima, 2019
Doenças Infecciosas e Parasitárias Masculino Feminino Total
Doenças Infecciosas intestinais 14 12 26
Diarreias e Gastroenter orig infec presumível 13 12 25
Outras Doenças Infecciosas Intestinais 1 0 1
Tuberculose 9 11 20
Tuberculose respiratória 8 9 17
Outras tuberculoses 1 2 3
Outras Doenças bacterianas 9 10 19
Infecção meningocócica 0 1 1
Septicemia 5 8 13
Infecções com transm predominant sexual 1 0 1
Doenças virais 26 15 41
Out febres p/arbovirus e febr hemorr virais 1 0 1
Hepatite viral 5 2 7
Doen p/Vírus da Imunodefic Humana (HIV) 19 12 31
Doenças devidas a Protozoários 5 6 11
Malária 3 4 7
Leishmaniose 1 1 2
Helmintíases 0 1 1
Restante de Helmintíases 0 1 1
Restante de algumas doenc infecc e parasit 7 2 9
Total 70 57 127 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2018, o maior percentual de óbitos ocorreu entre os menores de 1 ano de
idade com 15,4% (n=22) dos óbitos, destes, 45,5% (n=10) foram por diarreias e
gastroenterite de origem infecciosa presumível, e 27,3% (n=6) por septicemia
(BENEDETTI, 2019). Em 2019, a maior ocorreu se deu na faixa etária de 40 a 49 anos
de idade com 20,5% (n=26) das mortes, em seguida estão as mortes entre os menores
de um ano de idade com 13,4% (n=17) das mortes (Tabela 38 e figura 25).
296
Figura 25. Percentual de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias e faixa etária.
Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
No estudo de Santos et al., (2016) sobre a mortalidade infantil em Roraima no
período de 2006 a 2015, as mortes por DIP somaram 936 óbitos, entre os menores
de 1 ano de idade somaram 145 mortes representando 15,5% (145/936) de todas as
mortes por DIP. A participação das mortes infantis variou de 23,6% (22/93) em 2006
para 6,6% (6/90) em 2015, sofrendo uma redução dessa proporção de 72% no
período, e na análise das causas básicas de morte podemos observar que 59,3%
(86/145) dessas mortes ocorreram por "diarreia e gastroenterite de origem infecciosa
presumível"; 22,7% (33 mortes) por septicemia; 2,7% (4) por coqueluche; 2% (3) por
varicela; 1,3% (2) por difteria, dengue, sífilis congênita precoce, leishmaniose visceral,
meningococcemia, coccidiodiomicose pulmonar aguda e HIV, cada; e 0,7% (1) por
malária vivax, malária não especificada, intoxicação alimentar devido ao Clostridium
perfringens, citomegalovirus e balantidíase, cada. No período estudado houve
redução de 71,3% das mortes por DIP nessa entre os menores de 1 ano de idade, em
2006, representavam 10,8% (22/203) de todas as mortes, e em 2015, 3,1% (6/90).
Outro fato importante é que 6,2% (9/145) das mortes foram em decorrência de
doenças imunopreveníveis como a coqueluche, difteria e varicela, e a presença de
doenças negligenciadas em 5,5% (8/145) das mortes, entre elas, leishmaniose
visceral, malária, dengue e sífilis congênita. O estudo conclui que houve importante
redução das mortes por DIP e que há o predomínio das mortes por doenças diarreicas
(59,3%), corroborando com os dados da literatura que apontam as doenças diarreicas
como importante causa de morte nessa faixa etária e sua forte associação com fatores
socioeconômicos.
13,4
6,3
3,10,8 0,8
11,8
7,9
20,5
6,3
11,8
7,99,4
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
< 1 1 a 4 5 a 9 10 a14
15 a19
20 a29
30 a39
40 a49
50 a59
60 a69
70 a79
80 e+
297
Tabela 38. Número de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias (por causas
básicas CID-10) e faixa etária. Roraima, 2019
Doenças Infecciosas e Parasitárias < 1
1 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e+ Total
Doenças Infecciosas intestinais 10 5 1 0 0 0 0 0 0 3 4 3 26 Diarreias e Gastroenter orig infec presumível 10 5 1 0 0 0 0 0 0 3 3 3 25 Outras Doenças Infecciosas Intestinais 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1
Tuberculose 1 0 3 0 1 4 3 3 1 2 0 2 20 Tuberculose respiratória 1 0 2 0 1 3 3 3 1 1 0 2 17 Outras tuberculoses 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 3 Outras Doenças bacterianas 4 1 0 0 0 1 0 1 0 5 2 5 19 Infecção meningocócica 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Septicemia 2 1 0 0 0 1 0 0 0 3 1 5 13 Infecções com transm predominant sexual 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1
Doenças virais 0 1 0 1 0 7 5 13 7 3 3 1 41 Out febres p/arbovirus e febr hemorr virais 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1
Hepatite viral 0 0 0 0 0 1 0 1 2 0 3 0 7 Doen p/Vírus da Imunodefic Humana (HIV) 0 0 0 0 0 6 5 12 4 3 0 1 31 Doenças devidas a Protozoários 1 1 0 0 0 3 2 3 0 0 1 0 11
Malária 0 1 0 0 0 2 1 2 0 0 1 0 7
Leishmaniose 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2
Helmintíases 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Restante de Helmintíases 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Restante de algumas doenc infecc e parasit 1 0 0 0 0 0 0 5 0 2 0 1 9
Total 17 8 4 1 1 15 10 26 8 15 10 12 127 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
4.5.7 Mortes por causas mal definidas
As causas de morte mal definidas representaram 2,9% (n=84) de todas as
mortes ocorridas no estado em 2019. Na CID-10 as causas mal definidas são um
conjunto de mortes com sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratorial
inespecíficos ou que Não Consta em Outra Parte (NCOP), e corresponde ao capítulo
298
XVIII. A literatura é abundante em afirmar que percentuais elevados de mortes com
causas mal definidas sugerem deficiências na declaração das causas de morte e, em
outras circunstâncias, nos processos de registro, coleta, crítica e análise dos dados
de mortalidade.
A frequência de causas mal definidas é condicionada pela disponibilidade de
recursos médicos e assistenciais, inclusive, para diagnóstico. Também pode refletir o
cuidado no preenchimento da DO. O emprego de termos imprecisos e expressões
dúbias que prejudicam a identificação da causa básica da morte colocam o óbito como
de causa mal definida (BENEDETTI, 2015). Nesse sentido, percentuais elevados de
mortes com causas mal definidas sugerem deficiências no preenchimento da
declaração das causas de morte e, em outras circunstâncias, nos processos de
registro, coleta, crítica e análise dos dados de mortalidade (BENEDETTI, 2016).
Roraima é considerado um estado com boa qualidade de informação sobre
mortalidade em função do percentual de aproximadamente 5% de causas mal
definidas (capítulo XVIII da CID-10) nos últimos anos, essas causas são
tradicionalmente classificadas como "códigos R" cujas causas básicas não foram ou
não puderam ser identificadas (BENEDETTI, 2018).
Tabela 39. Número e percentual dos óbitos por causas mal definidas. Roraima, 2001
a 2019
Ano Nº de óbitos Causas mal definida
Nº % 2001 1.275 76 5,9 2002 1.382 67 4,8 2003 1.494 90 6,0 2004 1.524 115 7,5 2005 1.517 95 6,2 2006 1.594 84 5,3 2007 1.594 76 4,7 2008 1.544 47 3,0 2009 1.601 78 4,9 2010 1.703 63 3,7 2011 1.663 57 3,4 2012 1.873 120 6,4 2013 2.024 102 5,0 2014 2.036 79 3.9 2015 2.167 108 4,7 2016 2.220 127 5,7 2017 2.557 76 3,0 2018 2.900 66 2,3 2019 2.861 84 2,9
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
299
No período de 2001 a 2019 houve redução de 10,5% no número de óbitos por
causas mal definidas (Tabela 39 e figura 26). O menor percentual encontrado em 2018
é o reflexo do resultado do grupo de trabalho da vigilância do óbito em todo o estado,
esse grupo é coordenado pelo Núcleo de Sistemas de Informação em Saúde -
NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR, e objetiva investigar os óbitos com causa de morte mal
definidas de crianças e mulheres em idade fértil em todos os municípios, além disso,
a implantação no Hospital Geral de Roraima (HGR) do projeto das 60 cidades com o
objetivo da melhoria do diagnóstico de causa de morte no Brasil denominado de
Projeto “Dados para a Saúde - D4H (Data for Health Intiative - Brasil): investigação de
Códigos Garbage (CG) - Estudo avaliativo” (BRASIL, 2017) foi um marco para a
redução das causas de morte mal definidas em Boa Vista. Destaca-se que a redução
do percentual de óbitos com causas básicas de óbitos consideradas pouco úteis ou
CG em saúde pública é uma das principais iniciativas do Departamento de Análise da
Situação de Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS do Brasil.
Figura 26. Percentual de óbitos por causas mal definidas. Roraima, 2001 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração) Relatório anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
Em 2018, a taxa de mortalidade foi de 11,45 óbitos por 100 mil habitantes. Entre
as causas básicas de morte, a senilidade foi declarada em 15,1% (n=10) dos óbitos e
12,1% (n=8) foram morte sem assistência médica. As mortes por causas mal definidas
foram predominantes no sexo masculino com 63,6% (n=42) dos óbitos, entre os óbitos
sem assistência médica representaram 100% (BENEDETTI, 2019).
Em 2019, a taxa de mortalidade foi de 13,87/100.000 habitantes, 21,1% maior
que no ano anterior. A senilidade foi declarada em 5,9% (n=5) dos óbitos e 10,7%
5,9
4,8
6
7,5
6,2
5,34,7
3
4,9
3,7 3,4
6,4
5
3,94,7
5,2
32,3
2,9
300
(n=9) dos óbitos não receberam assistência médica. Houve predomínio do sexo
masculino em 61,9% (n=52) das mortes (Tabela 40).
Tabela 40. Número e percentual de óbitos por causas mal definidas e sexo. Roraima,
2019
Sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratorial, NCOP
Masculino Feminino
Total N° % N° %
Senilidade 2 40,0 3 60,0 5
Morte sem assistência médica 5 55,6 4 44,4 9
Rest sint, sin e ach anorm clin e laborat 45 64,3 25 35,7 70
Total 52 61,9 32 38,1 84 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NCOP - Não consta em outra parte.
Em relação a faixa etária destaca-se a ocorrência em praticamente todas as
faixas etárias, e há predomínio de óbitos nos dois extremos. Em 2018, entre os
menores de 1 ano representaram 7,6% (n=5) dos óbitos, e entre a população com 80
e mais anos de idade, 33,3% (n=22) dos óbitos (BENEDETTI, 2019).
Em 2019, as causas mal definidas foram declaradas em 9,5% (n=8) das mortes
em menores deum ano, e em 25% (n=21) das mortes na população com 80 anos e
mais de idade (Tabela 41 e figura 27).
Tabela 41. Número de óbitos por causas mal definidas e faixa etária. Roraima, 2019
Sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratorial, NCOP
< 1 1 a 4
5 a 9
10 a 14
15 a 19
20 a 29
30 a 39
40 a 49
50 a 59
60 a 69
70 a 79
80 e+
Total
Senilidade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 5
Morte sem assistência médica
2 2 1 0 0 0 1 0 1 2 0 0 9
Rest sint, sin e ach anorm clin e laborat
6 2 3 1 0 4 8 8 7 6 9 16 70
Total 8 4 4 1 0 4 9 8 8 8 9 21 84
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NCOP - Não consta em outra parte.
Embora vem se observando uma redução de óbitos por causas mal definidas
ao longo dos anos em Roraima, outros CG ou códigos “pouco úteis” destacam-se
como importantes causas de mortes, mostrando que somente a análise do percentual
de causas mal definidas não é suficiente para avaliar a qualidade da informação sobre
causas de óbito, logo, é necessário avaliar a proporção de CG total, ou seja, é
301
necessária a avaliação da qualidade do preenchimento da DO também no que se
refere aos CG “não R” (BRASIL, 2017).
Os CG ou códigos “pouco úteis” representam um indicador de má qualidade da
informação de mortalidade, e consistem, portanto, em códigos da CID-10 relativos a
causas básicas de óbito com diagnósticos indefinidos ou incompletos que não
apontam a causa específica de morte. Dessa forma, uma alta proporção desses
códigos compromete a qualidade da informação sobre causas de morte, podendo
dificultar a identificação de prioridades e o planejamento de ações (ISHITANIL et al.,
2017).
Figura 27. Percentual de óbitos por causas mal definidas e faixa etária. Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Roraima participa do projeto piloto das 60 cidades, por meio da implantação de
um protocolo de investigação de CG em 2017, no hospital de referência, o HGR. Este
trabalho trouxe dados de mortalidade mais confiáveis (corrigidos) e refletiu na redução
do número de CG no estado em 2018. Em 2019, houve aumento de 8,3% no
percentual de CG ocorridos no estado (Figura 28).
Os códigos estão presentes em quase todos os capítulos da CID 10, e estão
relacionados tanto a dificuldade de diagnósticos pela assistência quanto a
incompletude da DO. As causas básicas com maiores números desses códigos estão
na figura 29, e sinaliza pontos importantes para a atuação da vigilância epidemiológica
a fim de sanar ou minimizar esse problema.
9,5
4,8 4,8
1,20,0
4,8
10,79,5 9,5 9,5
10,7
25,0
< 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e+
302
Figura 28. Percentual de óbitos com códigos garbage. Roraima, 2000, 2005, 2010,
2018 e 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Os dados corrigidos para estudo de mortalidade permitem a utilização de
informação apropriada em dados válidos (medem o que precisa medir) e confiáveis.
A elaboração de indicadores válidos e confiáveis, que expressem a situação de saúde
e avaliem o desempenho de políticas e programas é de fundamental importância, pois
a informação em saúde é uma prioridade da gestão do SUS, especialmente após a
introdução dos processos de pactuação de indicadores de saúde, considerados
estratégicos, que fortalecem a informação e a análise da situação de saúde, e
valorizam os sistemas de informações com a ampliação do seu uso.
Figura 29. Percentual dos principais códigos garbage. Roraima, 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NE - Não
especificado.
Apesar da importante redução da proporção de mortes por causas mal
definidas no período de 2001 a 2019 e do estado apresentar percentual inferior ao
percentual nacional de 6%, e da Região Norte que registrou 10% (BRASIL, 2014),
esse indicador demonstra fragilidade no diagnóstico de doenças e/ou no
preenchimento da DO e falha no preenchimento da DO pelos médicos assistentes ou
35,2 34,5 32,9
19,2 20,8
2000 2005 2010 2018 2019
22%
17%
14%
13%
11%
10%
8%5%
Acid vasc cerebr NE como hemorrag isquêmica
Hipertensao essencial
Insuf cardíaca congestiva
Insuf cardíaca NE
Pneumonia bacter NE
Pneumonia NE
Outr causas mal definidas e NE mortalidade
Acid veic NE
303
substitutos. A inexistência do SVO no estado contribui para a manutenção das causas
mal definidas. A vigilância epidemiológica estadual vem desde 1996 cobrando a
implantação do SVO em Roraima (RORAIMA, 1996). No início de 2019, o NSIS, setor
de vigilância do óbito estadual, elaborou a nota informativa N°01/2019 com o objetivo
de orientar e estabelecer o fluxo de emissão da DO de óbitos por causas naturais,
sem assistência médica e ocorridos em domicílio. Essa nota atende a demanda do
município de Boa Vista, uma vez que no interior é realizado pelo médico da Unidade
Básica de Saúde.
Entre as limitações, destaca-se que as bases de dados nacionais sobre
mortalidade ainda apresentam cobertura insatisfatória em muitos municípios do País,
havendo expressiva subnotificação de óbitos; a proporção de causas mal definidas
tende a estar subestimada em áreas com baixa cobertura de informação sobre
mortalidade; essas áreas costumam apresentar condições assistenciais
insatisfatórias, com prejuízo para a identificação das causas de morte (BRASIL, 2013).
Em 2018, 30,7% (n=889) das DOs foram preenchidas pelo médico assistente,
22,1% (n=640) pelo Instituto Médico Legal (IML), 16,1% pelo médico substituto.
Apesar de não existir SVO no estado, 0,2% (n=6) das DO constam que foram emitidas
pelo SVO (BENEDETTI, 2019).
Em 2019, 31,6% (n=904) das DOs foram preenchidas pelo médico assistente,
23,4% (n=669) por médico substituto, 23% (n=658) por outro, 18,2% (n-521) pelo IML,
0,2% (n=7) pelo SVO, e em 3,6% (n=102) das DOs não foi informado (Figura 30).
Figura 30. Número de óbitos segundo o profissional que preencheu a declaração de
óbito. Roraima, 2018 e 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.
889
467
741640
6
157
904
669 658
521
7102
Médicoassitente
Médicosubstituto
Outro IML SVO Não informado
2018 2019
304
4.6 MORTALIDADE NA INFÂNCIA E INFANTIL
4.6.1 Mortalidade na infância
Em 2019, 10,5% (n=298) de todas as mortes ocorreram em menores de 5 anos
de idade e a taxa de mortalidade foi de 22,3 mortes por mil nascidos vivos. A taxa de
mortalidade em menores de 5 anos (TM<5), ou taxa de mortalidade na infância, é um
indicador importante para o acompanhamento das condições de saúde de uma
população, a ponto de ter constado no quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio
(ODM), do Fundo da UNICEF, que definiu especificamente a redução de dois terços
da TM<5 mundial entre 1990 e 2015. Embora a TM em menores de 5 anos mundial
tenha sido reduzida de 91 óbitos por mil NV entre 1990 para 43 óbitos por mil NV em
2015, o quarto ODM não foi atingido, considerando os dados mundiais. No entanto, a
UNICEF estima que o Brasil já tenha alcançado a meta, com TM<5 atingindo o nível
de 16 óbitos por mil NV em 2015 (BRASIL, 2016).
A nova agenda da OMS, denominada Transformando Nosso Mundo: A Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável, é um plano de ação para as pessoas, para
o planeta e para a prosperidade, tem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
(ODS) e 169 metas. A meta 3.2, objetiva até 2030 acabar com as mortes evitáveis de
recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando
reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a
mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos
vivos. As taxas de mortalidade entre menores de cinco anos continuaram a melhorar
em 2016, caindo para 41 a cada 1.000 nascidos vivos – em 1990, a estimativa era de
93 a cada 1.000 nascidos vivos. No entanto, em 2016, morreram por dia 15 mil
crianças menores de cinco anos (WHO, 2018).
Em 2016, foram registrados 240 óbitos em menores de 5 anos e a taxa de 23,3
óbitos por mil nascidos vivos. Até esse ano, o percentual de mortes em crianças
menores de 5 anos de vida reduziu 73,2% desde 1987 (BENEDETTI, 2018). Em 2017,
essa faixa etária representou 9,6% (245/2.557 óbitos) de todas as mortes e
apresentou uma redução de 11,1% com relação a 2016. Em 2018, foram registrados
317 óbitos em menores de 5 anos que representaram 10,9% de todas as mortes
ocorridas no estado, houve aumento de 13,5% com relação a 2017, e a taxa foi de
305
26,22 óbitos por mil nascidos vivos (BENEDETTI, 2019). Em 2019, houve redução de
19 óbitos e de 3,6% no percentual em relação a 2018 (Figura 31).
Figura 31. Percentual de mortes em menores de 5 anos de idade. Roraima, 1987,
1993, 2000, 2007, 2016 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993, 2000 e 2018.
4.6.2 Mortalidade infantil
A mortalidade infantil é aquela que ocorre entre os menores de 1 ano de idade,
e tem sido, ao longo do tempo, utilizada como bom indicador das condições de vida,
refletindo o estado de saúde da parcela mais vulnerável da população. Valores altos
refletem em geral, níveis precários de saúde, condições de vida e de desenvolvimento
socioeconômico (BRASIL, 2016).
No Brasil, apesar dos avanços na redução da mortalidade infantil nos últimos
20 anos, persistem taxas elevadas, quando comparadas com outros países da
América Latina (UNICEF, 2016a). Na América Latina entre 2015 e 2016 a Taxa de
Mortalidade Infantil (TMI) ficou em 18 óbitos por 1.000 NV e no mundo a tendência de
redução se manteve de 42 para 41 óbitos por 1.000 NV (UNICEF, 2016b). Dados
recentes mostram que 12 países da América Latina, representando 85% da população
da região, incluindo o Brasil, têm a taxa geral de mortalidade infantil de 16,6 por 1.000
nascidos vivos (KOLLODGE, 2018).
Entre 1990 e 2014, a TMI do Brasil reduziu de 47,1 para 14,1 óbito infantil por
mil NV, representando redução de 70% (Figura 32). O País atingiu a meta da ODM
para redução em dois terços da mortalidade infantil antes do prazo final de 2015. O
percentual de redução da TMI e na infância evidencia que grandes decréscimos
40,3
29,2
17,813,4
10,8 9,6 10,9 10,5
1987 1993 2000 2007 2016 2017 2018 2019
306
ocorreram em todas as regiões do Brasil, com destaque para a Região Norte (BRASIL,
2016).
A TMI do Brasil, em 2016, aumentou pela primeira vez desde 1990. Entre as
possíveis explicações para esse aumento estão a epidemia do vírus zika (trouxe
queda nos nascimentos e mortes de RN com malformações graves) e a crise
econômica (perda de renda pelas famílias, cortes na saúde pública, estagnação de
programas sociais), influenciando nas mortes por diarreia e pneumonias. A TMI de 14
óbitos por 1.000 NV registrada em 2016 teve um aumento de 5,2% com relação ao
ano de 2015 (Tabela 41).
Figura 32. Taxa de mortalidade infantil. Brasil, Regiões e Roraima, 1990, 2000, 2010,
2012 e 2014
Fonte: MS/SVS/CGIAE/SIM e SINASC, 1990, 2000, 2010 e 2012. BRASIL, MS, Saúde Brasil – 2013.
Dados preliminares. SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 07/05/2019, sujeitos à alteração.
Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2000 e 2014.
Em Roraima, no ano de 2018, ocorreram 266 óbitos em menores de 1 ano, e
representaram 9,1% de todos os óbitos ocorridos no estado. A TMI de 21,91 óbitos
por mil NV apresentou redução de 40% com relação ao ano de 1999 que registrou a
taxa de 36,4 por mil NV em 1988 (BENEDETTI, 2019). Apesar da importante redução
ainda está acima da média nacional de 14 óbitos infantis por mil NV para o ano de
2016.
Brasil Norte Nordeste Sul SudesteCentro-oeste
Roraima
1990 47,1 45,9 75,8 28,3 32,6 34,3 36,4
2000 26,1 32,8 35,9 16,9 20,1 22,3 17,1
2010 16 21 19,1 11,6 13,4 15,9 13,2
2012 14,6 19,5 17,1 10,8 12,3 15 16,7
2014 14,1 17,7 16,3 10,7 12,3 15,1 20,4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
307
Tabela 41. Número, percentual e taxa de mortalidade infantil (por 1.000 NV). Roraima
e Brasil, 1990, 1995, 2000, 2005 a 2019
Ano Roraima Brasil
Nascidos vivos
Óbito infantil Taxa Taxa
N° % 1990 5.016 183 21,4 36,4 - 1995 7.023 191 19,7 27,1 - 2000 9.698 166 13,1 17,1 29,0 2005 9.699 188 12,4 19,3 22,1 2006 9.601 204 12,7 21,24 21,0 2007 9.592 179 11,2 18,66 19,9 2008 10.111 169 10,9 16,71 18,9 2009 9.690 183 11,3 18,88 18,0 2010 9.750 131 7,6 13,43 17,2 2011 9.998 134 7,7 13,40 16,4 2012 10.633 183 9,3 16,64 15,6 2013 10.612 211 9,6 17,21 15,0 2014 10.356 228 10,3 22,01 14,1 2015 10.543 194 8,7 18,40 13,3 2016 10.308 212 8,5 20,56 14,0 2017 10.824 210 8,1 19,40 13,8* 2018 12.138 266 9,1 21,91 - 2019 13.349 239 8,4 17,90 -
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993, 2000 e 2017. Nota: - Sem informação. * Números oficiais ainda não estão fechados pelo MS.
Em 2018, o município de Boa Vista concentrou 42,2% (n=111) dos óbitos
infantis, seguido de Caracaraí com 12,2% (n=32) dos óbitos e de Alto Alegre com
10,3% (n=27). As maiores TMI por município de residência foram encontradas nos
municípios de Alto Alegre (121,62 óbitos por 1.000 nascidos vivos), Caracaraí (93,29
por 1.000 NV), Amajarí (81,20 por 1.000 NV) e de Uiramutã (48,85 por 1.000 NV).
Essas taxas são muito altas, e e esses municípios possuem extensa área indígena. A
TMI de Boa Vista, embora abaixo da taxa nacional de 2016, teve um aumento de
14,6% entre 2017 (11,9 óbitos por 1.000 NV) e 2018 (13,64 por 1.000 NV)
(BENEDETTI, 2019).
Na figura 33 pode-se observar a importante redução da TMI no estado no
comparativo de 1990 (36,4 óbitos em menores de 1 ano por 1.000 NV) e 2019
(17,9/1.000 NV), e essa redução foi de 50,8%.
308
Figura 33. Taxa de mortalidade infantil (por 1.000 NV). Roraima, 1990, 1995, 2000,
2005, 2010, 2015 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993, 2000 e 2017.
O município de Boa Vista concentrou a maior ocorrência das mortes em
menores de 1 ano de idade em 2019, seguido de Alto Alegre, Pacaraima e Amajarí.
Em relação à taxa de mortalidade infantil, a maior taxa foi em Alto Alegre de
80,46/1.000 NV, seguido de Amajarí (71,11/1.000 NV) e Pacaraima (34,34/1.000 NV).
Esses municípios possuem extensa área indígena, além disso, Boa Vista, concentra
mais de 60% da população do estado (Tabela 42).
Tabela 42. Número de óbitos, percentual e taxa de mortalidade infantil (por 1.000 NV)
por município de residência. Roraima, 2019
Município N° % Taxa
Alto Alegre 21 8,8 80,46
Amajarí 16 6,7 71,11
Boa Vista 127 53,1 14,23
Bonfim 5 2,1 12,63
Cantá 7 2,9 18,72
Caracaraí 8 3,3 20,51
Caroebe 4 1,7 20,00
Iracema 3 1,3 20,69
Mucajaí 5 2,1 14,53
Normandia 6 2,5 14,39
Pacaraima 17 7,1 34,34
Rorainópolis 9 3,8 15,90
São João da Baliza 1 0,4 7,63
São Luiz 1 0,4 9,35
Uiramutã 9 3,8 24,19
Total 239 100,0 17,90 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
36,4
27,1
17,1 19,3
13,43
18,420,56 19,4
21,9117,9
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2016 2017 2018 2019
309
Em 2018, as afecções originárias no período perinatal foi a principal causa
básica de morte, em 2018, foram responsáveis por 38,8% (n=102) dos óbitos, seguido
das malformações congênitas com 25,1% (n=66) e das causas externas com 14,1%
(n=37) dos óbitos (BENEDETTI, 2019). Em 2019, os grupos que apresentaram a maior
ocorrência de mortes foram as afecções originárias no período perinatal com 85
mortes (35,6%), malformações congênitas com 58 mortes (24,3%) e causas externas
com 25 mortes (10,5%) (Tabela 43).
Tabela 43. Número e percentual de óbitos infantil por capítulo CID-10. Roraima, 2019
Causa (Capítulo CID-10) N° %
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 17 7,1
II. Neoplasias (tumores) 0 0,0
III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 0 0,0
IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 10 4,2
V. Transtornos mentais e comportamentais 0 0,0
VI. Doenças do sistema nervoso 9 3,8
IX. Doenças do aparelho circulatório 6 2,5
X. Doenças do aparelho respiratório 19 7,9
XI. Doenças do aparelho digestivo 2 0,8
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 0 0,0
XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 0 0,0
XIV. Doenças do aparelho geniturinário 0 0,0
XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 85 35,6
XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 58 24,3
XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 8 3,3
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 25 10,5
Total 239 100,0 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NCOP - Não consta em outra parte.
4.6.2.1 Mortalidade infantil por componentes
A mortalidade infantil é dividida em neonatal precoce (< 7 dias), neonatal tardia
(7 a 27 dias) e pós-neonatal (28 dias a < 1 ano). Atualmente, a mortalidade pós-
neonatal tem a maior ocorrência no estado com 47,3% (n=113) das mortes em
menores de 1 ano de idade, em seguida vem a mortalidade neonatal precoce com
41,4% (n=99) e a mortalidade neonatal tardia com 11,3% (n=27) das mortes. Esse
310
padrão mudou esse ano, na série histórica da figura 35 havia predomínio da
mortalidade neonatal precoce.
Esse é o mesmo padrão observado no Brasil, onde nos últimos anos, as
principais causas de morte de crianças menores de 1 ano de idade passaram a ser
por afecções perinatais, que dependem de fatores associados às condições da
criança no nascimento e à qualidade da assistência à gravidez e ao parto. Em anos
recentes, a TMI tem caído principalmente por causa da redução da mortalidade pós-
neonatal, reflexo da melhoria da atenção básica à criança e dos fatores associados
ao meio ambiente, sobretudo água e saneamento. Dessa forma, tornou-se
proporcionalmente maior a participação dos componentes neonatais na TMI. Estes,
para serem atenuados, dependem do aperfeiçoamento do atendimento à mãe desde
a gestação e o parto até o pós-parto, bem como da qualidade da atenção ao recém-
nascido com condições especiais de risco (UNASUS, 2016 a, b).
Figura 34. Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) por componente. Brasil
e Roraima, 1992, 2000, 2010, 2012 e 2014
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Relatório Anual de Epidemiologia 2015. Saúde Brasil,
SVS/MS, 2015.
Atualmente, as políticas de redução da mortalidade infantil do Brasil priorizam
os primeiros 27 dias de vida da criança, a exemplo do que acontece nos países mais
desenvolvidos (UNASUS, 2016 a, b). A mortalidade neonatal caiu de 37 a cada mil
nascidos vivos, em 1990, para 19 a cada mil nascidos vivos em 2016. Cerca de 1
311
milhão dessas crianças morreram em 2016, principalmente por causas evitáveis
(WHO, 2018).
As taxas de mortalidade infantil por componentes do Brasil e de Roraima da
figura 34 apresentam similaridade com relação ao predomínio dos componentes
neonatal precoce e neonatal tardio nos últimos anos, e todas as TMI por componentes
de Roraima tiveram redução importante no período de 1992 a 2014.
Tabela 44. Número de nascidos vivos por componentes. Roraima, 2006 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2018, 65,4% (n=175) das mortes ocorrem em crianças com menos de um
mês de vida, englobando as mortes no período neonatal precoce e neonatal tardio.
Os óbitos nesse período refletem a qualidade da assistência do pré-natal e do parto.
Os óbitos pós-neonatal corresponderam a 34,6% (n= 91) (BENEDETTI, 2019). Em
2019, 52,7% (n=126) das mortes ocorreram até 27 dias de nascimento, e a 47,3%
(n=113) entre 28 dias e 1 ano de idade (Tabela 44). Destacamos que 42,4% (n=42)
das mortes do período neonatal precoce ocorreram em até 1 hora de vida.
Ano Neonatal precoce Neonatal tardia Pós-neonatal Ignorado
2006 82 33 89 0
2007 81 28 70 0
2008 85 16 68 0
2009 69 33 80 1
2010 63 13 55 0
2011 71 17 46 0
2012 87 16 80 0
2013 101 23 87 0
2014 106 32 90 0
2015 88 34 72 0
2016 102 22 88 0
2017 89 28 93 0
2018 127 48 91 0
2019 99 27 113 0
312
Figura 35. Percentual de óbito infantil por ano e componentes. Roraima, 2001, 2005,
2010, 2015 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.
A tabela 45 apresenta o número de NV por componentes e município de
residência da mãe.
Tabela 45. Número de óbito infantil por componentes e município de residência da
mãe. Roraima, 2019
Município Neonatal precoce Neonatal tardia Pós-neonatal Total
N° %
Alto Alegre 5 2 14 21 8,8
Amajarí 4 0 12 16 6,7
Boa Vista 63 17 47 127 53,1
Bonfim 0 0 5 5 2,1
Cantá 3 1 3 7 2,9
Caracaraí 7 0 1 8 3,3
Caroebe 1 0 3 4 1,7
Iracema 0 0 3 3 1,3
Mucajaí 0 2 3 5 2,1
Normandia 3 0 3 6 2,5
Pacaraima 4 2 11 17 7,1
Rorainópolis 6 2 1 9 3,8
São João da Baliza 0 0 1 1 0,4
São Luiz 1 0 0 1 0,4
Uiramutã 2 1 6 9 3,8
Total 99 27 113 239 100,0 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
2001 2005 2010 2015 2016 2017 2018 2019
Pós-neonatal 39,7 41,5 41,9 37 39,7 44 34,6 47,3
Neonatal tardia 11,2 13,8 9,3 17,5 10,6 13 17,9 11,3
Neonatal precoce 49 44,7 48,8 45,5 49,7 43 47,5 41,4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
313
4.7 MORTALIDADE FETAL
A morte fetal é a morte do produto da concepção, ocorrida antes da sua
completa expulsão ou extração do organismo materno, independentemente do tempo
de gestação. A morte é indicada pelo fato de que, depois da separação, o feto não
respira nem mostra qualquer outro sinal de vida, como batimentos cardíacos,
pulsações do cordão umbilical ou movimentos de músculos voluntários. A mortalidade
fetal precoce refere-se aos abortos e está compreendida no período entre a
concepção e a vigésima semana de gestação, no qual o feto tem um peso aproximado
de 500g. A morte fetal intermediária ocorre entre a 20ª e a 28ª semana de gestação
(com pesos fetais entre 500 e 1.000g) e a fetal tardia entre a 28ª (1.000 g) e o parto
(BRASIL, 2014).
Tabela 46. Número de óbitos, percentual e taxa de mortalidade fetal (por 1.000 NV).
Roraima, 1992, 1995, 2000, 2005 a 2019
Ano Nascidos vivos Óbito fetal
N° Taxa 1992 4.920 116 23,6 1995 7.023 117 16,2 2000 9.698 108 11,1 2005 9.699 107 11,0 2006 9.601 106 11,0 2007 9.592 100 10,4 2008 10.111 83 8,2 2009 9.690 88 9,08 2010 9.750 89 9,13 2011 9.998 87 8,70 2012 10.633 129 12,13 2013 10.612 130 12,25 2014 10.356 106 10,23 2015 10.543 99 9,39 2016 10.308 118 11,44 2017 10.824 130 12,01 2018 12.138 129 10,63 2019 13.349 145 10,86
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.
No Brasil tem se observado uma diminuição do número de nascidos mortos
(natimortos), principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Em 2013, a taxa de
mortalidade fetal (1.000 NV) por regiões brasileiras foram: Norte 11,2/1.000 NV,
Nordeste 13,1/1.000 NV, Sudeste 10,6/1.000 NV, Sul 9,1/1.000 NV e Centro-Oeste
9,3/1.000 NV (BRASIL, 2013).
314
Em Roraima, no ano de 2019, 5% (n=145) dos óbitos foram fetais e a taxa de
mortalidade fetal foi de 10,86 óbitos fetais por 1.000 NV. Essa taxa reduziu 54% em
relação a 1992 (23,6/1.000 NV) (Tabela 46). No ano anterior, ocorreram 129 óbitos
fetais, correspondendo 4,4% dos óbitos e a taxa de mortalidade fetal foi de 10,7 óbitos
fetais por mil NV.
4.8 MORTALIDADE MATERNA
É considerado morte materna a “morte de uma mulher durante a gestação ou
até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização
da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou
por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”.
São classificadas em diretas e indiretas. A morte materna obstétrica direta é aquela
que ocorre por complicações obstétricas na gravidez, parto e puerpério, devidas a
intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes
de qualquer dessas causas. A mortalidade materna é um bom indicador para avaliar
as condições de vida de uma população. O estudo desses óbitos pode revelar o grau
de desenvolvimento de uma determinada sociedade (BRASIL, 2013).
Em Roraima, ocorreram 11 mortes materna em 2019, representaram 0,4% do
total de mortes do estado, a taxa de mortalidade materna de 0,82 óbitos maternos por
1.000 NV foi menor que em 2018 (Figura 36 e tabela 47). Em 2018, também ocorreram
11 óbitos maternos no estado e representaram 0,3% de todas as mortes nesse ano.
A taxa de mortalidade materna de 0,90/1.000 NV, dobrou em relação ao ano de 1996
(0,4/1.000 NV), e aumentou 8,4% em relação ao ano de 2017 (0,83/1.000 NV).
Figura 36. Taxa de mortalidade materna por mil nascidos vivos. Roraima, 1996, 2000,
2005, 2007, 2010, 2015 a 2019.
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.
0,4
0,610,51
1,14
0,1
1,23
0,680,83 0,9
0,82
1996 2000 2005 2007 2010 2015 2016 2017 2018 2019
315
A OMS por meio dos ODS estabeleceu a meta 3.1 que tem como objetivo
reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000
nascidos vivos, até 2030. Dados recentes mostram que 303 mil mulheres morreram
por complicações na gravidez e no parto em 2015. Quase todas essas mortes
ocorreram em países de baixa e média renda (99%). Reduzir a mortalidade materna
depende crucialmente de garantir que as mulheres tenham acesso a cuidados de
qualidade antes, durante e após o parto. Dados disponíveis desde 2007 mostram que
menos da metade de todos os nascimentos em vários países de baixa e média renda
foram atendidos por pessoal de saúde qualificado. Globalmente, estima-se que mais
de 40% de todas as gestantes não receberam cuidados pré-natais em 2013 (WHO,
2018).
A partir de 2008, o MS intensificou esforços para ampliar, estruturar e fortalecer
ações de vigilância dos óbitos que buscam aprimorar a captação e a qualificação das
informações sobre mortalidade materna, nos três níveis de gestão do SUS (BRASIL,
2018a).
Tabela 47. Número de nascidos vivos, número e taxa (por 1.000 NV) de óbito materno.
Roraima, 1996 a 2019
Ano Nascidos vivos Óbito materno
N° Taxa 1996 7.373 03 0,4 1997 8.148 08 0,9 1998 8.208 12 1,4 1999 8.726 05 0,5 2000 9.698 06 0,6 2001 9.561 05 0,5 2002 9.188 05 0,5 2003 10.286 04 0,3 2004 9.751 02 0,2 2005 9.699 05 0,5 2006 9.601 09 0,9 2007 9.592 11 1,1 2008 10.111 08 0,7 2009 9.690 10 1,0 2010 9.750 01 0,1 2011 9.998 09 0,90 2012 10.633 11 1,03 2013 10.612 10 0,94 2014 10.356 05 0,48 2015 10.543 13 1,23 2016 10.308 07 0,68 2017 10.824 09 0,83 2018 12.138 11 0,90 2019 13.349 11 0,82
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.
316
Com o monitoramento das mortes maternas e mortes de mulheres em idade
fértil (MIF) no Brasil nos últimos anos pela vigilância do óbito foi possível reclassificar
mortes maternas, não declaradas inicialmente, e promover a sua identificação no SIM.
Foi possível também descartar mortes que foram notificadas erroneamente como
maternas, quando não relacionadas ao período gravídico puerperal, ou sem relação
de agravamento mútuo entre uma afecção concomitante e o estado gravídico
puerperal. Outra atividade, instituída anteriormente, a busca ativa de óbitos, também
desenvolvida pelas equipes dedicadas a vigilância do óbito nos estados e nos
municípios, já vinha resgatando, para a base de dados, óbitos não captados pelo fluxo
tradicional do sistema. O registro dos resultados das atividades desenvolvidas pelos
serviços de vigilância do óbito local tornou-se viável após a criação de módulo de
investigação de óbitos integrado com o SIM, a partir de 2008. Os novos insumos de
informação tornaram possível mensurar as mortes maternas somente identificadas
após a revisão decorrente da investigação das mortes de MIF e compará-las com o
número de óbitos declarados ao SIM antes da investigação (BRASIL, 2018a)
Tabela 48. Número de mortes maternas por período de ocorrência. Roraima, 2011 a
2019
Ano Na gravidez No parto No Aborto Ate 42d após parto 43d-01a após parto Total
2011 5 1 1 2 0 9
2012 4 2 1 3 1 11
2013 3 2 0 4 1 10
2014 0 2 0 3 0 5
2015 3 3 1 5 1 13
2016 2 1 0 1 3 7
2017 1 0 2 4 2 9
2018 0 2 1 6 2 11
2019 2 2 2 2 3 11 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
A proporção média de incremento no número de mortes maternas no País em
2013 foi a maior observada no período de informações disponíveis, de 2009 a 2015,
ficando próxima a 31%, sendo que houve variação desta proporção entre as regiões.
Neste ano, a partir dos resultados da investigação de óbitos de MIF, a Região Sudeste
incrementou em 42% o número de óbitos maternos que haviam sido declarados
inicialmente por outras causas. Na Região Sul a proporção de incremento no número
317
de casos de morte materna foi de 34%, e na Região Nordeste este percentual ficou
em 27% (BRASIL, 2018a).
No detalhamento das mortes maternas podemos identificar exatamente o
período de ocorrência dessas mortes (Tabela 48).
Tabela 49. Número e percentual de óbito materno, segundo tipo de causa obstétrica.
Roraima, 2019
Gravidez, Parto e Puerpério N° %
Gravidez que termina em aborto 4 36,4
Outras mortes obstétricas diretas 6 54,5
Restante de gravidez, parto e puerpério 1 9,1
Total 11 100,0 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Em 2018, todos os óbitos maternos foram por causas obstétricas diretas,
destas, 40% (n=4) dos óbitos foram por gravidez que termina em aborto, e 60% (n=6)
por outras causas obstétricas (BENEDETTI, 2019). Em 2019, a maiorias das mortes
(54,6%) foram classificadas em “Outras mortes obstétricas diretas”, e 36,4% foram por
“Gravidez que termina em aborto” (Tabela 49).
Tabela 50. Número e percentual de óbitos maternos segundo raça/cor, faixa etária e
escolaridade da mãe Roraima, 2017 a 2019
Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).
Alguns dados sociodemográficos das mães estão na tabela 50. Além do apresentado,
em 2019, houve dois óbitos em mães com ensino médico, três com ensino superior
incompleto, e um com ensino superior completo.
VARIÁVEIS 2017 2018 2019
Raça/Cor Nº % Nº % Nº %
Branca 2 33,3 2 20,0 2 18,2
Parda 3 50,0 4 40,0 7 63,6
Indígena 1 16,7 4 40,0 2 18,2
Faixa Etária Nº % Nº % Nº %
10-14 anos 0 0,0 1 10,0 0 0,0
15-19 anos 2 33,3 1 10,0 3 27,3
20-29 anos 2 33,3 6 60,0 2 18,2
30-39 anos 2 33,3 2 20,0 6 54,5
Escolaridade Mãe Nº % Nº % Nº %
Sem escolaridade 0 0,0 2 20,0 0 0,0
Ensino fundamental incompleto 0 0,0 1 10,0 2 18,2
Ensino médio incompleto 0 0,0 3 30,0 0 0,0
Não informada/Ignorado 6 100,0% 5 50,0 3 27,3
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REFERÊNCIAS
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Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e da epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti [recurso eletrônico]/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 386 p. BRASIL. Ministério da Saúde.Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise da Situação de Saúde. Melhoria do diagnóstico de causa de morte no Brasil: protocolo de investigação de óbitos com causas classificadas como códigos “garbage” - sessenta cidades do Brasil, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e dos desafios para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Brasília, 2018a. 426p. BRASIL. Estatísticas do câncer, 2018b. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer ISHITANIL. H.; TEIXEIRA, R. A.; ABREU, D. M. X.; PAIXÃO, L. M. M. M.; FRANÇA, E. B. Qualidade da informação das estatísticas de mortalidade: códigos garbage declarados como causas de morte em Belo Horizonte, 2011-2013.Rev. bras. epidemiol. vol.20 supl.1 São Paulo May 2017. KOLLODGE R. O PODER DE ESCOLHA Direitos reprodutivos e transição demográfica - situação da população mundial 2018. Escritório do UNFPA no Brasil OMRAM, A. R. The epidemiologic transition: a theory of the epidemiology of population change. Bulletin of the World Health Organization 79(2):161-170, 2001. RORAIMA. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 1996. Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, 1996. SANTOS-PRECIADO J. I. et al. La transición epidemiológica de las y los adolescentes em México. Salud Pública de México 45(supl 1):140-152, 2003. SANTOS, R. A.; BENEDETTI, M. S. G.; LAGARES, T. S. Mortalidade infantil por Doenças Infecciosas e Parasitárias ocorridas em Roraima no período de 2006 a 2015. 19º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica. Fortaleza, 2016. UNICEF. Levels & Trends in Child Mortality: report 2015. 2015. Disponível em: <http://www.unicef.org/publications/files/Child_Mortality_Report_2015_Web_8_Sept_15.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2016a. UNICEF et al. Levels & trends in child mortality: report 2015 estimates developed by the UN Inter-agency Group for Child Mortality Estimation. ©2015. Disponível em: <http://www.childmortality.org/files_v20/download/IGME%20report%202015%20child%20mortality%20final.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2016. WHO. World health statistics 2018: monitoring health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
É importante que o DVE faça a divulgação do Relatório Anual de Epidemiologia
de Roraima do ano de 2019 para o Governo do estado, Casa Civil, Assembleia
Legislativa, gestores estaduais e municipais de saúde, de educação e segurança
pública, profissionais da área da saúde, e para as universidades, e que essa
divulgação seja uma prática anual.
O estreitamento das relações da vigilância epidemiológica estadual com a
assistência em saúde (Atenção Básica e Urgência/Emergência) pública e privada,
bem como as instituições de ensino e pesquisa é de fundamental importância para a
saúde pública do estado pois pode contribuir para o aperfeiçoamento e melhoria do
desempenho das políticas públicas de saúde.
É urgente a necessidade de fortalecimento das relações da vigilância
epidemiológica estadual com as vigilâncias epidemiológicas municipais para melhor
articulação de estratégias de prevenção e promoção à saúde.
Com as emergências em saúde pública cada vez mais frequentes o
fortalecimento do CIEVS/NIEVS estadual é uma prioridade, além da necessidade da
criação de uma sala de situação permanente para monitoramento das doenças,
agravos e eventos de saúde de interesse da saúde pública estadual e nacional.
O laboratório é uma importante ferramenta de apoio à vigilância epidemiológica
das doenças de notificação compulsória, logo, o fortalecimento dos laboratórios de
análise clínica nos estabelecimentos de saúde hospitalares e com atendimento de
urgência e emergência, sobretudo, no interior do estado, quanto a coleta,
armazenamento e transporte de amostras biológicas ao LACEN/RR (atendendo todas
as normas técnicas necessárias para a adequabilidade da amostra) deve ser
considerado uma prioridade no estado.
A criação do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), nos moldes preconizados
pelo MS, é uma necessidade estadual para minimizar as mortes com causas mal
definidas e é uma pauta em que a vigilância epidemiológica estadual vem desde 1996
cobrando da SESAU/RR.
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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE RORAIMA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
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