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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE RORAIMA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019 Boa Vista, RR 2020

RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

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Page 1: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE RORAIMA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

RELATÓRIO ANUAL

DE EPIDEMIOLOGIA

DE RORAIMA

2019

Boa Vista, RR

2020

Page 2: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

1

Antonio Oliverio Garcia de Almeida

Governador do Estado de Roraima

Marcelo de Lima Lopes

Secretário de Estado da Saúde de Roraima

Valdirene de Oliveira Cruz

Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde

José Vieira Filho

Diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica

COORDENAÇÃO E ORGANIZAÇÃO

Maria Soledade Garcia Benedetti

Infectologista, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Ciências da Saúde

Técnica do Núcleo de Vigilância Hospitalar - NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR

COLABORAÇÃO

Rutiléia Paiva de Souza

Técnica do Núcleo de Sistemas de Informação em Saúde -

NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR

Page 3: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

2

ELABORAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO: Maria Soledade Garcia Benedetti.

NATALIDADE: Maria Soledade Garcia Benedetti.

MORBIDADE: Maria Soledade Garcia Benedetti.

DENGUE E OUTRAS ARBOVIROSES TRANSMITIDAS PELO AEDES EM

RORAIMA: Rosangela da Silva Santos, Joel de Melo Lima e Maria do Amparo da Silva

Sousa.

MALÁRIA: Ducineia Barros de Aguiar e Jacqueline de Aguiar Barros

ZOONOSES: Ingrid Albuquerque Gomes, Letícia Godinho Pezente e Márcio Gustavo

Borges.

MENINGITE, COQUELUCHE E DIFTERIA: Luciana Moreira.

DOENÇAS EXANTEMÁTICAS (Sarampo, Rubéola, Síndrome da Rubéola Congênita

e Varicela): Maria Eliene Gomes Silva.

NÚCLEO ESTADUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES: Alice Dantas

Medeiros.

DST/HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS: Janderson S. Mangabeira, Neyla Maia da

Silva, Angela Aparecida Ferreira de Lima, Kathiane da Silva Alencar, Lucinete Ferreira

de Souza e Nelma Cavalcante da Costa.

TUBERCULOSE: Angela Maria Felix Alves Oliveira, Maria Goreth Souza Alves e Karla

Cristina Souza Rocha.

DOENÇAS EM ELIMINAÇÃO (Hanseníase, Oncocercose e Tracoma) E DE

TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR: Danubia Rodrigues Basílio, Joana

Claudete das Mercês Schuertz e Rita de Cássia da Luz Fonseca.

DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS: Katheryn Kellyn Waismann

Odashiro, Janira Costa Silva, Kátia Rejane dos Santos Campos, Rosemere Lopes dos

Santos e Sandra Mara Oliveira de Carvalho.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR: Jéssica Xavier Cavalcante.

NÚCLEO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE: Jamilla

Karla Corrêa Reis, Ana Paula Carvalhal Barbosa, Ana Paula Viana de Oliveira Guth,

Maria Cecília da Silva Ribeiro e Vanessa da Silva Barros.

MORTALIDADE: Maria Soledade Garcia Benedetti.

Page 4: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

3

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 5

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 8

1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA ........................................ 10

2 NATALIDADE ................................................................................................ 15

2.1 TAXA BRUTA DE NATALIDADE ..................................................................... 16

2.2 ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER .............................................................. 17

2.3 TAXA GERAL DE FECUNDIDADE .................................................................. 18

2.4 MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA DA MÃE ........................................................... 22

2.5 ESTABELECIMENTO DE SAÚDE ................................................................... 23

2.6 REFERENTES À MÃE ..................................................................................... 27

2.7 REFERENTES A GRAVIDEZ E AO PARTO.................................................... 34

2.8 REFERENTES AO RECÉM-NASCIDO ........................................................... 45

3 MORBIDADE ................................................................................................. 54

3.1 DOENÇAS DE TRANSMISSÃO VETORIAL E ZOONOSES ........................... 61

3.2 DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS ............................................................... 1066

3.3 NÚCLEO ESTADUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES ..... 124

3.4 DST/HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS ........................................................... 140

3.5 TUBERCULOSE ............................................................................................ 161

3.6 DOENÇAS EM ELIMINAÇÃO (Hanseníase, Oncocercose e Tracoma) E DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR .......................................................... 172

3.7 DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS .................................... 20909

3.8 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR ........................................... 234

3.9 NÚCLEO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE ......................................................................................................................... 24343

4 MORTALIDADE .......................................................................................... 247

4.1 INDICADORES DE MORTALIDADE ......................................................... 24848

4.2 MORTALIDADE POR MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA .................................... 249

4.3 MORTALIDADE POR FAIXA ETÁRIA ........................................................... 263

4.4 MORTALIDADE POR SEXO ......................................................................... 265

4.5 MORTALIDADE POR GRUPO DE CAUSAS ................................................. 267

4.6 MORTALIDADE NA INFÂNCIA E INFANTIL ................................................. 304

4.7 MORTALIDADE FETAL ................................................................................. 313

4.8 MORTALIDADE MATERNA ........................................................................... 314

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 32020

Page 5: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

4

APRESENTAÇÃO

O Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima documento elaborado

anualmente pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) da Coordenação

Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), cumpre o objetivo de consolidar, analisar e

disseminar informações sobre a situação de saúde dos nascimentos, dos agravos e

doenças de notificação compulsórias (DNC), das coberturas vacinais e da mortalidade

ocorridos no Estado de Roraima. Essas informações são relevantes para a gestão do

Sistema Único de Saúde (SUS) em suas diferentes esferas de gestão.

Dessa forma, amplia a possibilidade de projetar cenários futuros baseado nas

tendências e séries históricas, busca contribuir para o aperfeiçoamento e melhor

desempenho das políticas públicas de saúde, subsidiando os processos de definição

de prioridades, planejamento das ações e serviços, estabelecimento de metas,

monitoramento e avaliação dos resultados, de forma a torná-las mais eficientes e

eficazes, permitindo assim subsidiar a tomada de decisões em saúde pública. Além

de produzir informações, é um processo de retroalimentação aos profissionais da

saúde.

Esperamos, assim, colaborar com a consolidação de um sistema de saúde

comprometido com o atendimento das necessidades de saúde da população

roraimense.

Maria Soledade Garcia Benedetti Infectologista, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Ciências da Saúde. Técnica do Núcleo de Vigilância Hospitalar – NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Page 6: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

5

INTRODUÇÃO

O ano de 2019 foi marcado pela interrupção da transmissão do vírus do

sarampo, ainda nos primeiros meses do ano, na região Norte do País. Entretanto,

devido a contínua migração venezuelana, ainda há a preocupação da vigilância

epidemiológica estadual em relação a outras doenças imunopreveníveis que estão

sob controle no estado devido a ameaça de retorno dessas doenças.

A questão migratória venezuelana é uma preocupação estadual, regional e

nacional. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) com

o agravamento da crise econômica e social na Venezuela, o fluxo de cidadãos

venezuelanos para o Brasil cresceu maciçamente nos últimos anos. O nível de

vulnerabilidade dos migrantes que entram no Brasil tem aumentado, pessoas chegam

ao País com necessidades urgentes de assistência humanitária, sem acesso a

comida, saúde e outros serviços básicos e expostos a diversos tipos de violência

(UNICEF BRASIL, 2020).

A malária está em escalada no estado. Desde 2015 a doença vem

apresentando acréscimos de casos, passando de 8 mil casos em 2015 para mais de

23 mil casos em 2018, um aumento de 190% no período. Em 2019, o estado registrou

mais de 22 mil casos da doença, destes 12% são importados de outros países.

A doença de chagas aguda é mais uma ameaça? A vigilância epidemiológica

captou 112 casos suspeitos entre 1995 e 2019 no estado, a doença tida como

importada, passou a ter registro no SINAN de casos autóctones. Trata-se de três

casos, entre 2015 e 2018, dois com transmissão vetorial e um com transmissão oral.

Diante dessa mudança de cenário da doença há necessidade de intensificar a

investigação, e se confirmada a autoctonia da doença, é urgente a necessidade de

capacitação dos profissionais de saúde no manejo clínico, fortalecimento do

diagnóstico laboratorial da doença e a aquisição de medicamento. Esses casos foram

identificados por meio da gota espessa da malária e, na Amazônia Legal, há alguns

anos, a vigilância é centrada na detecção de casos agudos e surtos e apoiada na

vigilância epidemiológica da malária.

Um avanço a destacar é em relação a toxoplasmose gestacional e congênita.

O Ministério da Saúde (MS), por meio da Nota Técnica N° 163/2018, disponibilizou os

medicamentos espiramicina, pirimetamina e sulfadizina. Nessa perspectiva, a área

técnica estadual elaborou as orientações sobre o fluxo de informação e dispensação

Page 7: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

6

dos medicamentos no estado, no entanto, a vigilância dessa doença precisa fortalecer

e difundir esse fluxo em todo o estado.

A vigilância das hepatites virais estadual foi reformulada no final de 2018. O

fluxo de diagnóstico das hepatites virais no SUS foi redefinido por meio da Nota

Técnica NCHV/DVE/CGVS/SESAU Nº 02/2018, de outubro de 2018. Essa nota prevê

a notificação apenas de casos confirmados e não mais de casos suspeitos como

ocorria há décadas no estado. Com a disponibilização do teste rápido na Atenção

Primária a Saúde espera-se a ampliação da testagem, e assim, melhorar o

conhecimento da prevalência da doença.

A inexistência do Serviço de Verificação de Óbito (SVO) no estado traz

consequência para o aumento de mortes com causa mal definidas e de códigos

garbage (CG). Desde 1996 a vigilância epidemiológica estadual atua fortemente para

a criação desse serviço, e diante de sucessivos fracassos, no início de 2019 o Núcleo

de Sistemas de Informação em Saúde – NSIS/DVE/CGVS/SESAU elaborou a nota

informativa N°01/2019 com o objetivo de orientar e estabelecer o fluxo de emissão da

Declaração de Óbito (DO) de óbitos por causas naturais, sem assistência médica e

ocorridos em domicílio.

No final de 2019, os primeiros casos de uma pneumonia de origem

desconhecida foram descritos na cidade de Wuhan, na China. Estudos demonstraram

que se tratava de um novo coronavírus, posteriormente denominado coronavírus da

síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). A infecção causada por SARS-

CoV-2, denominada doença pelo coronavírus 2019 (COVID-19) foi reconhecida como

pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de 2020

(FALAVIGNA et al., 2020). Junto com o HIV, transformado agora em uma epidemia

silenciosa que continua matando 600 mil pessoas por ano, e a gripe espanhola (de

1918), a COVID-19 é certamente não só a maior epidemia, mas também a maior crise

social em tempos de paz.

O fato é que a vigilância em saúde é responsável pela informação e intervenção

que possibilitam a redução de riscos e promoção da saúde nos territórios, articulando-

se às Redes de Atenção à Saúde, e considera os complexos fenômenos econômicos,

ambientais, sociais e biológicos que determinam o nível e a qualidade da saúde das

pessoas, em todas as idades, visando controlar e reduzir riscos (CNS, 2018). Nesse

sentido, é necessário que a vigilância em saúde estadual fortaleça as ações de

promoção e proteção à saúde. Para tanto, é fundamental realizar análises

Page 8: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

7

sistemáticas da situação de saúde por área técnica, aprimorar o processo de análise

e monitoramento da situação de saúde, identificar e atuar nas suas prioridades, atuar

fortemente para que as metas das coberturas vacinais sejam alcançadas no estado

de forma homogênea, redução da morbimortalidade (análise de morbidade, controle

dos agravos e DNC, análise de mortalidade), criar uma rede de formação de recursos

humanos em vigilância em saúde com o objetivo de formar profissionais que atuam

nos serviços de vigilância, prevenção e controle de doenças, nas esferas estadual e

municipal, e fortalecer a sua capacidade de resposta rápida frente às emergências em

saúde pública (monitoramento e investigação de emergências em saúde pública).

O DVE precisa fortalecer a vigilância epidemiológica municipal com vista a

melhorar a captação de dados de DNC, melhorar a qualidade das informações dos

sistemas de informação em saúde, realizar o monitoramento e análises sistemáticas

e periódicas dos dados epidemiológicos, e na capacidade de resposta rápida frente

às emergências em saúde pública.

Por fim, espera-se que as informações aqui apresentadas forneçam subsídios

para a reflexão sobre as políticas públicas implantadas e as melhorias indispensáveis

para responder adequadamente às necessidades de saúde da população.

Maria Soledade Garcia Benedetti Infectologista, Especialista em Saúde Pública e Mestre em Ciências da Saúde Técnica do Núcleo de Vigilância Hospitalar - NVH

Page 9: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

8

MATERIAL E MÉTODOS

A abordagem foi baseada na análise descritiva dos dados epidemiológicos.

Fonte de dados

A análise foi realizada por meio dos dados contidos nos Sistemas de

Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINAN), Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), Sistema de

Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), do SIVEP, Vigilância de

Violências e Acidentes (VIVA), entre outros. Foram utilizadas informações do Instituto

Nacional de Câncer (INCA) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As causas básicas de morte da DO são transformadas em códigos da

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde10ª Edição (CID-10) antes da alimentação no SIM.

Procedimentos realizados

Este documento apresenta as características demográficas e epidemiológicas

do Estado de Roraima, descrevendo a evolução dos principais indicadores em 2019

e ao longo dos últimos anos, de forma a provocar uma reflexão sobre o contexto

sanitário do estado, destacando como nascem, adoecem e morrem os roraimenses.

Os dados do Sinasc e SIM foram levantados em 06 de julho de 2020, e esses

dados estão sujeitos à alteração devido a atualização do banco de dados pelas

Secretarias Municipais de Saúde (SMS). Os dados foram revisados e atualizados

desde 2006, e, portanto, pode haver diferença com os dados dos relatórios dos anos

anteriores.

Os dados de morbidade foram levantados do SINAN no dia 06 de julho de 2020,

e os dados analisados pelas áreas técnicas foram coletados no período de 08 de julho

a 05 de agosto de 2020. O Núcleo de Controle da pólio, paralisia flácida aguda,

influenza e tétano (NCPFIT) encontra-se sem gerência e sem servidores no momento,

por essa razão não foi elaborado o relatório anual de epidemiologia do setor. Além

desse núcleo, e a exemplo dos anos anteriores, o Núcleo Estadual de Entomologia

(NEE) também não elaborou o relatório anual de epidemiologia.

Page 10: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

9

Para padronizar o formato do relatório e facilitar a sua organização foi

elaborado um manual contendo as normas para elaboração de relatório

epidemiológico (BENEDETTI; VIEIRA FILHO, 2020) e disponibilizado para as áreas

técnicas. No entanto, essas normas não foram totalmente seguidas, e dessa forma, o

formato dos relatórios de morbidade se diferenciam em cada área técnica.

Análise de dados

O relatório está dividido em capítulos, e o conteúdo apresentado em todos os

capítulos tem como um dos objetivos explorara as informações disponíveis nos vários

sistemas de informação do DVE/CGVS estadual.

O Capítulo 1 apresenta o perfil socioeconômico e demográfico do estado.

O Capítulo 2 descreve com detalhe o perfil dos nascimentos em Roraima, a

partir do Sinasc. Aborda a esperança de vida ao nascer, a taxa de fecundidade, dados

referentes à mãe, referentes à gravidez e ao parto, e referentes ao recém-nascido.

O Capítulo 3 descreve o perfil de morbidade dos agravos e DNC no estado e

buscar demonstrar sua evolução com série temporal. As áreas técnicas do DVE

estadual presentes neste capítulo estão divididas em: doenças de transmissão vetorial

e zoonoses; doenças imunopreveníveis (meningite, coqueluche, difteria, sarampo,

rubéola, síndrome da rubéola congênita e varicela); imunização/PNI; Infecções

Sexualmente Transmissíveis – IST/HIV/AIDS e hepatites virais; tuberculose; doenças

em eliminação (hanseníase, oncocercose e tracoma) e de transmissão hídrica e

alimentar; doenças e agravos não transmissíveis; vigilância epidemiológica hospitalar

e informações estratégica em vigilância em saúde.

O Capítulo 4 analisa o perfil de mortalidade do estado em 2019 e traz série

temporal dos indicadores de mortalidade. Descreve ainda a evolução, o perfil e as

principais causas de morte infantil, materna e fetal.

O processo de criação desta publicação anual tem favorecido um ambiente de

apresentação de informações de vigilância epidemiológica do estado e dos

municípios.

Page 11: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

10

1 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO DE RORAIMA

Maria Soledade Garcia Benedetti

O Estado de Roraima está localizado na Região Norte do Brasil e possui

extensão territorial de 223.644,527 km² e a densidade demográfica de 2,71 habitantes

por km² (IBGE, 2019), a menor do país. Possui 15 municípios (Figura 1) e faz fronteira

com a Guiana e a República Bolivariana da Venezuela em 1.922 Km, este último, vive

uma crise econômica e humanitária (BENEDETTI, 2019). A população estimada pelo

IBGE para o ano de 2019 é de 605.761 (Tabela 1) (IBGE, 2019).

Figura 1. Mapa Populacional do Estado de Roraima

O estado possui dois Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), o Distrito

Sanitário Yanomami e o Distrito Sanitário Leste. Os indígenas representam cerca de

10% da população, destes 22,4% são da etnia Yanomami (BENEDETTI, 2013).

A capital do estado, Boa Vista, concentra 65,9% da população e sua densidade

populacional é de 70,2 hab./Km2. A distribuição dos municípios de acordo com a

população estimada pelo IBGE para 2018 encontra-se na tabela 1.

Page 12: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

11

Tabela 1. População residente por município e densidade demográfica. Roraima, 2019

Município População Área territorial (Km2) Densidade demográfica

(Hab./ Km²) N % Alto Alegre 15.510 2,6 25.454,30 0,61 Amajarí 12.796 2,1 28.473,45 0,45 Boa Vista 399.213 65,9 5.687,04 70,20 Bonfim 12.409 2,0 8.079,91 1,54 Cantá 18.335 3,0 7.664,83 2,39 Caracaraí 21.926 3,6 47.379,90 0,46 Caroebe 10.169 1,7 12.065,90 0,84 Iracema 11.950 2,0 14.011,70 0,85 Mucajaí 17.853 2,9 12.337,85 1,45 Normandia 11.290 1,9 6.959,87 1,62 Pacaraima 17.401 2,9 8.025,05 2,17 Rorainópolis 30.163 5,0 33.579,74 0,90 São João da Baliza 8.201 1,4 4.284,51 1,91 São Luiz 7.986 1,3 1.526,90 5,23 Uiramutã 10.559 1,7 8.113,60 1,30 Total 605.761 100,0 223.644,527 2,71

Fonte: IBGE, 2019.

A tabela 2 apresenta o número e percentual de município segundo o porte

populacional para 2019. A maioria dos municípios possuem uma população entre 10

e 20 mil habitantes.

Tabela 2. Número e percentual de município segundo o porte populacional. Roraima,

2019

Porte municipal dos municípios Municípios N° %

Menos de 10.000 habitantes 2 13,3 10.000 ˧ 20.000 habitantes 10 66,6 20.000 ˧ 30.000 habitantes 1 6,7 30.000 ˧ 40.000 habitantes 1 6,7 40.000 ˧400.000 habitantes 1 6,7

Fonte: IBGE, 2019.

O crescimento populacional de Roraima no período de 1980 a 2019 foi de

665,6%, passando de 79.121 em 1980 para 605.761 habitantes em 2018. Os dados

apresentados na Figura 2 para os últimos nove anos são referentes às estimativas

populacionais do IBGE, e provavelmente não refletem a migração venezuelana.

Page 13: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

12

Figura 2. População residente do Estado de Roraima, 1980 a 2019

Fonte: IBGE (Censos e estimativas).

O fluxo de cidadãos venezuelanos para o Brasil cresceu maciçamente nos

últimos anos. Entre 2015 e maio de 2019, o Brasil registrou mais de 178 mil

solicitações de refúgio e de residência temporária. A maioria dos migrantes entra no

País pela fronteira norte do Brasil, no Estado de Roraima, e se concentra nos

municípios de Pacaraima e Boa Vista. Mais de 6,3 mil pessoas, das quais 2,5 mil são

crianças e adolescentes, vivem nos abrigos oficiais, administrados pelas Forças

Armadas e pela Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados

(ACNUR), criados em Boa Vista e em Pacaraima. Estima-se que quase 32 mil

venezuelanos morem em Boa Vista. Projeções das autoridades locais e agências

humanitárias apontam que 1,5 mil venezuelanos estão em situação de rua na capital,

entre eles, quase 500 têm menos de 18 anos de idade (Figura 3) (UNICEF BRASIL,

2020).

Figura 3. Migração Venezuelana no Brasil: número de migrantes entre 2015 a 2019

Fonte: UNICEF BRASIL, 2020.

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

400.000

450.000

500.000

1980

1981

1982

1983

1984

1985

1986

1987

1988

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Page 14: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

13

No tocante à faixa etária dos residentes no estado, percebe-se uma importante

mudança no padrão da população, em que o envelhecimento populacional é

crescente. Essa tendência é observada nacional e mundialmente, principalmente em

países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento, como é o caso brasileiro (Figura

4).

Figura 4. Pirâmide etária. Roraima, 2000 e 2010

Fonte: IBGE. Censo demográfico de 2000 e 2010.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de Roraima foi 0,707, em 2010, o

que situou o estado no IDH Alto (entre 0,700 e 0,799). A dimensão que mais contribuiu

para esse IDH foi a Longevidade, com índice de 0,809, seguido de Renda, com índice

de 0,695, e de Educação, com índice de 0,628 (Figura 5) (ATLAS BRASIL, 2013).

Figura 5. IDH. Roraima, 2010

Fonte: Atlas Brasil, 2013.

Page 15: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

14

REFERÊNCIAS

Atlas Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humana no Brasil. Roraima. [Internet] 2013. Dispoível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/perfil_uf/roraima/ BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2013. Boa Vista: SESAU, 2013. 112 p. BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018. Boa Vista: SESAU, 2019. 321 p. BENEDETTI, M. S. G.; VIEIRA FILHO, J. Secretaria de Estado da Saúde de Roraima. Normas para Elaboração de Relatório Epidemiológico, 1ª edição. Boa Vista: SESAU, Maio, 2020. 4 p. CNS. Conselho Nacional de Saúde. Relatório final: 1ª Conferência Nacional de Vigilância em Saúde. Brasília, 2018. [Internet]. Disponível em: http://www.cecol.fsp.usp.br/dcms/uploads/arquivos/1539088129_Relat%C3%B3rio%20Final%20%201%C2%AA%20Confer%C3%AAncia%20Nacional%20de%20Vigil%C3%A2ncia%20em%20Sa%C3%BAde.pdf IBGE. Estimativa populacional. [Internet] 2019. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rr/panorama FALAVIGNA, M. et al. Diretrizes para o tratamento farmacológico da COVID-19. Rev Bras Ter Intensiva. 2020;32(2):166-196. UNICEF BRASIL. Crise migratória venezuelana no Brasil [Internet] 2020.

Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/crise-migratoria-venezuelana-no-brasil

Page 16: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

15

2 NATALIDADE

Maria Soledade Garcia Benedetti

Os dados de natalidade foram coletados da Declaração de Nascidos Vivos

(DN), que é o documento de entrada no Sinasc e também serve para lavratura da

Certidão de Nascimento pelo Cartório de Registro civil (BRASIL, 2009).

Com base nas informações do Sinasc é possível analisar as condições da

gestação, do nascimento e do recém-nascido (RN), além das condições sociais da

mãe (JORGE, 1993; BRASIL, 2018). A qualidade das informações é fundamental para

o uso do sistema como fonte para pesquisa e avaliação em saúde.

Tabela 1. Número de Nascidos Vivos e Taxa Bruta de Natalidade (por 1.000

habitantes) de mães residentes. Roraima e Brasil, 1990, 1991 a 1995, 2000 a 2019

Ano Roraima Brasil

Nascidos vivos População residente

Taxa Taxa

1990 5.016 203.977 24,6 -

1991 5.298 217.583 24,3 23,4

1995 7.023 262.194 26,8 -

2000 9.698 324.397 29,9 20,8

2001 9.561 337.253 28,3 20,2

2002 9.188 346.866 26,5 19,7

2003 10.286 357.296 28,8 19,1

2004 9.751 367.701 26,5 18,6

2005 9.699 391.318 24,7 18,1

2006 9.601 403.340 23,8 17,6

2007 9.592 415.281 23,1 17,1

2008 10.111 412.783 24,5 16,7

2009 9.690 421.497 23,0 16,2

2010 9.750 450.479 21,6 15,8

2011 9.998 460.165 21,7 15,5

2012 10.633 469.524 22,6 15,1

2013 10.612 488.072 21,7 14,7

2014 10.356 496.936 20,8 14,4

2015 10.543 505.665 20,8 14,1

2016 10.308 514.229 20,0 -

2017 10.824 522.636 20,7 -

2018 12.138 576.568 21,0 -

2019 13.349 605.761 22,0 -

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). IBGE (Censo demográficos e projeções). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Page 17: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

16

O nascimento é um dos eventos vitais e seu monitoramento pode contribuir

para o conhecimento da situação de saúde de uma população, pois permite a

construção de indicadores que subsidiam o planejamento, a gestão e a avaliação de

políticas e ações de vigilância e atenção à saúde na área da saúde materna e infantil

(OLIVEIRA, 2015).

O número de Nascidos Vivos (NV) de Roraima, referente ao período de 1990,

1991 a 1995, 2000 a 2019, encontra-se na tabela 1. O Sinasc captou 13.349

nascidos vivos de mães residentes no estado de Roraima em 2019. Nesse ano,

ocorreram 13.751 nascimentos vivos no estado, sendo 402 de mães residentes de

outros países ou Unidades da Federação (UF). Em relação ao país de origem da mãe,

2.922 (21,9%) dos nascimentos eram de mães de outras nacionalidades. A Venezuela

com 2.792 nascimentos representou 95,6% desses nascimentos, seguida da Guiana

com 78 (2,7%) dos nascimentos, Haiti com 18 (0,6%), Cuba com nove (0,3%),

Colômbia com oito (0,3), Peru com cinco (0,2%), Síria com 3 (0,1%), China com dois

(0,07%), e Bulgária, Dominica, Estados Unidos, Honduras, Paraguai, Portugal e

República Dominicana com um (0,03%), cada. Esses dados mostram a diversidade

de migrantes do estado.

2.1 TAXA BRUTA DE NATALIDADE

A Taxa Bruta de Natalidade (TBN) ou Coeficiente Geral de Natalidade é o

número de nascidos vivos, por mil habitantes, em determinado espaço geográfico, no

ano considerado.

Segundo a tendência mundial, o Brasil vem registrando, nos últimos 30 anos,

um acentuado declínio da fecundidade, o que reflete na redução da natalidade e

repercute na TBN. Valores elevados estão relacionados, em geral, a baixas condições

socioeconômicas.

Em Roraima, a TBN passou de 24,6 nascimentos por mil habitantes em 1990

para 22/1.000 habitantes em 2019. A menor TBN da série temporal da figura 1,

ocorreu em 2016, de 20/1.000 habitantes, e desde então essa taxa está em

crescimento, uma das explicações é o aumento de mulheres da Venezuela que

buscam atendimento obstétrico ou refúgio em Roraima com importante incremento

desde 2016. Em 2019, com 2.792 nascimentos, foram responsáveis por 20,9% de

todos os nascimentos ocorridos no estado.

Page 18: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

17

Figura 1. Número de nascidos vivos e Taxa Bruta de Natalidade (por 1.000 habitantes)

de mães residentes. Roraima, 1999, 1995, 2000 a 2005, 2010 a 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). IBGE (Censo demográficos e projeções). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

2.2 ESPERANÇA DE VIDA AO NASCER

A esperança de vida ao nascer é um indicador que mede quantos anos, em

média, espera-se que viva um recém-nascido, este indicador reflete a qualidade e

assistência da população. Doze países da América Latina, representando 85% da

população da região, incluindo o Brasil, têm a expectativa de vida ao nascer maior de

75 anos, e uma parcela crescente da população tem mais de 60 anos (UNFPA,

2018).

Em 2015, a esperança de vida ao nascer do brasileiro foi de 75,5 anos. No

entanto, nem sempre foi assim, na década de 40 era de 42 anos, de 50 (46 anos), de

60 (52 anos), de 80 (54 anos), de 90 (60 anos). Roraima acompanha essa tendência

crescente na esperança de vida ao nascer passando de 65,3 anos em 2000 para 70,6

em 2013, e em 2015, a esperança de vida ao nascer foi de 71,1 anos (BENEDETTI,

2018). A expectativa de vida entre os homens foi de 71,1 anos e entre as mulheres

79,1 anos (IBGE, 2016).

A esperança de vida ao nascer, apresentou um incremento de 10,1% em

Roraima nos últimos 24 anos analisados. Esse aumento foi ligeiramente maior no sexo

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Nº de NV 5.0167.0239.6989.6999.7509.99810.6310.6110.3510.5410.3010.8212.1313.34

TBN 24,6 26,8 29,9 24,7 21,6 21,7 22,6 21,7 20,8 20,8 20 20,7 21 22

0

5

10

15

20

25

30

35

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

12.000

14.000

16.000

Núm

ero

de N

V

TB

N

Page 19: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

18

masculino (10,9%) que no feminino (8,3%). Em 2015, a expectativa de vida entre os

homens foi de 78,8 anos e entre as mulheres 74 anos (Figura 2).

Figura 2. Esperança de Vida ao Nascer por sexo. Roraima, 1991, 2000, 2010, 2015

IBGE/DPE/ Coordenação de População e Indicadores Sociais. Gerência de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica. 2000 a 2012: Projeção da População do Brasil e das Unidades da Federação, por Sexo e Idade para o Período 2000-2030. 1991 a 1999: Projeto UNFPA/BRASIL (BRA/02/P02) - População e Desenvolvimento - Sistematização das medidas e indicadores sociodemográficos oriundos da projeção da população por sexo e idade, por método demográfico, das Grandes Regiões e Unidades da Federação para o período 1991-2030. Nota: 1. Dados de 2000 a 2010 alterados em relação ao IDB anterior.

2.3 TAXA GERAL DE FECUNDIDADE

A taxa geral de fecundidade (TGF) representa o número médio de filhos

nascidos vivos de uma mulher no período reprodutivo (15 a 49 anos). Esse indicador

expressa a condição reprodutiva média das mulheres, para que a reposição

populacional seja assegurada, a taxa de fecundidade não pode ser inferior a 2,1 filhos

por mulher, pois as duas crianças substituem os pais e a fração 0,1 é necessária para

compensar os indivíduos que morrem antes de atingir a idade reprodutiva (BRASIL,

2013).

Nos últimos 150 anos, e especialmente desde a década de 1960, as taxas de

fecundidade têm caído em quase todos os países. De uma situação no passado,

quando todos os países do mundo tinham taxas de fecundidade de cinco ou mais

62,03 62,29

66,9

68,868,2968,98

72,52

74

65,08 65,26

69,49

71,1

1991 2000 2010 2015

Masculino Feminino Total

Page 20: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

19

filhos por mulher, hoje, a maioria dos países com populações de 1 milhão ou mais têm

taxas de fecundidade de 2,5 ou menos (UNFPA, 2018).

A UNFPA (Fundo de Populações das Nações Unidas), agência da ONU para

questões populacionais por meio da publicação "Situação da População Mundial

2018" mostra as tendências na média das taxas de fecundidade total em 15 países,

agrupados por região no período de 1990 a 2015. Nessa publicação, o Brasil está

entre os países que possuem a taxa de fecundidade entre 1,7 e 2,5 nascimentos por

mulher. Doze países da América Latina, representando 85% da população da região,

têm taxas de fecundidade entre 1,8 e 2,5 filhos por mulher. Alguns países — Brasil,

Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana e Venezuela — passaram

rapidamente pela transição da fecundidade na década de 1960, mas desde então têm

visto uma redução mais lenta na fecundidade. Essa chamada transição da

fecundidade segue uma lógica, primeiro ocorre queda na taxa de mortalidade, para

em seguida ocorrer na de fecundidade. No Brasil, por exemplo, a fecundidade gira em

torno de um filho entre as mulheres que concluíram pelo menos o ensino

médio/secundário e três para as menos instruídas (UNFPA, 2018).

No Brasil, a taxa de fecundidade é baixa e está em queda acelerada, a taxa é

de 1,7, nível abaixo da reposição populacional de 2,2. Essa diminuição do número de

filhos foi observada em todas as regiões do país e extratos sociais, no entanto, a maior

queda foi registrada na população mais pobre e menos escolarizada. Na faixa mais

pobre e com menos escolaridade (até quatro anos de estudo), a taxa de fecundidade

caiu de 3,4 para 2,9 filhos por mulher. Na faixa com maior renda e maior escolaridade

(a partir de 12 anos de estudo), a taxa de fecundidade caiu, de 1,56 para 1,18. A

região Norte apresenta taxa de 2,12. No Sudeste, é de 1,7. Em 1960, a taxa de

fecundidade na região Norte, então a maior do país, era de 8,33. A principal razão da

queda das taxas é o acesso à informação e serviços que vem aumentando desde a

década de 1990 por meio de programas sociais, e de acesso a serviços de saúde e à

informação, e do processo de urbanização (UNFPA, 2018).

Page 21: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

20

Figura 3. Taxa geral de fecundidade por ano de mães residentes. Roraima e Brasil,

2000 a 2012

Fonte: Estimativas: IBGE/Projeções demográficas preliminares. Dados Diretos: MS/SVS - Sistema de

Informações sobre Nascidos Vivos.

Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2017.

NOTA: Taxas estimadas com os dados informados ao SINASC corrigidos por fatores obtidos na

Pesquisa de Busca Ativa realizada na Amazônia Legal e no Nordeste, no ano de 2008.

1. Para toda a série histórica, os denominadores derivam das projeções demográficas.

2. Dados de 2000 a 2010 revistos em relação ao IDB anterior.

Há uma tendência de queda da TGF do Brasil em Roraima no período de 2000

a 2012. Em 2000, as taxas eram de 2,29 e 3,57 filhos/mulheres, respectivamente, e

reduziram para 1,77 e 2,50 filhos/mulheres (Figura 3).

Tabela 2. Taxa geral de fecundidade (por 1.000 mulheres) de mães residentes.

Roraima, 2006 a 2019 Ano Mulheres de 15-49 anos NV* NV* de mães 15-49 anos Taxa 2006 128.099 9.598 9.411 73,4 2007 129.064 9.584 9.371 72,6 2008 127.199 10.093 9.883 77,7 2009 128.936 9.678 9.478 74,7 2010 127.646 9.728 9.536 74,7 2011 125.654 9.969 9.793 77,9 2012 128.239 10.582 10.348 80,7 2013 130.830 10.556 10.336 79,0 2014 134.026 10.322 10.177 75,9 2015 140.955 10.535 10.363 73,5 2016 144.296 10.296 10.279 71,2 2017 143.837 10.793 10.632 73,9 2018 147.049 12.089 11.920 81,0 2019 150.154 13.349 13.647 90,88

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Projeção da população do Brasil e Unidades da Federação por sexo e idade para o período 2000-2030. Nota: *NV – Nascidos vivos.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

RORAIMA 3,57 3,37 3,3 3,22 3,21 3,09 3 2,93 2,82 2,78 2,62 2,59 2,5

BRASIL 2,29 2,2 2,12 2,07 2,03 1,99 1,94 1,9 1,86 1,84 1,82 1,78 1,77

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Page 22: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

21

A TGF de Roraima apresentou queda de 29,2% no período de 1997

(128,3/1.000 mulheres) a 2019 (90,88/1.000 mulheres). No entanto, a taxa vem

aumentando desde 2016 (Tabela 2).

Tabela 3. Taxa de fecundidade específica (15 a 49 anos) de mães residentes.

Roraima, 2006 a 2019

Ano 15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos

Pop. NV Taxa Pop. NV Taxa Pop. NV Taxa Pop. NV Taxa

2006 23.299 2.308 0,0990 36.982 5.147 0,1391 27.110 1.803 0,0665 16.986 153 0,0090

2007 21.369 2.328 0,1089 38.479 5.199 0,1351 27.670 1.719 0,0621 19.041 125 0,0065

2008 20.925 2.346 0,1121 37.733 5.454 0,1445 27.642 1.922 0,0695 18.972 161 0,0084

2009 21.204 2.248 0,1060 38.072 5.235 0,1375 28.441 1.806 0,0635 19.404 189 0,0097

2010 23.250 2.254 0,0969 43.580 5.139 0,1179 33.508 1.972 0,0588 22.648 171 0,0075

2011 23.747 2.317 0,0975 44.529 5.307 0,1191 34.236 1.994 0,0582 23.142 175 0,0075

2012 24.240 2.478 0,1022 45.444 5.392 0,1186 34.942 2.287 0,0654 23.613 191 0,0080

2013 25.481 2.465 0,0967 45.237 5.348 0,1182 35.760 2.323 0,0649 24.352 200 0,0082

2014 25.824 2.457 0,0951 46.054 5.196 0,1128 37.054 2.346 0,0633 25.094 178 0,0071

2015 26.061 2.338 0,0897 50.732 5.340 0,1052 38.273 2.498 0,0652 25.889 187 0,0007

2016 26.474 2.291 0,0865 51.684 5.052 0,0977 39.402 2.564 0,0650 26.736 205 0,0007

2017 26.811 2.236 0,0834 48.970 5.463 0,1115 40.417 2.696 0,0667 27.639 245 0,0088

2018 27.077 2.450 0,0905 50.025 6.209 0,1241 41.349 2.990 0,0723 28.598 271 0,0094

2019 27 286 2.730 0,1000 51.007 - - 42.242 - - 29.619 342 0,0115 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Estimativas do IBGE (Projeções do

DATASUS).

Na tabela 3 apresenta as taxas de fecundidade específica por faixa etária no

estado no período de 2006 a 2019.

O percentual de mãe primigesta (sem gestação anterior) no estado variou de

29% em 2011 para 30,9% em 2019, representando aumentou 6,5% no período

(Tabela 4).

Tabela 4. Número e percentual de mães residentes sem nenhuma gestação anterior.

Roraima, 2011 a 2019

Ano do nascimento Não informado Nenhuma Total %

2011 1.083 2.899 9.998 29,0

2012 115 3.305 10.633 31,1

2013 54 3.400 10.612 32,0

2014 19 3.405 10.356 32,9

2015 17 3.351 10.543 31,8

2016 16 3.343 10.307 32,4

2017 16 3.418 10.801 31,6

2018 16 3.727 12.089 30,8

2019 7 4.129 13.349 30,9

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Page 23: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

22

2.4 MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA DA MÃE

Entre as mães residentes, a capital, Boa Vista concentrou 66,9% dos

nascimentos e sua TBN foi de 22,4 NV por mil habitantes, maior que a taxa estadual

de 22/1.000 habitantes. Os municípios com as maiores taxas foram os que possuem

uma expressiva população indígena: Normandia (36,9/1.000 hab.), Uiramutã

(35,2/1.000 hab.), Bonfim (31,9/1.000 hab.) e Pacaraima (28,4/1.000 hab.). Iracema

foi o município com a menor taxa, de 12,1/1.000 habitantes (Tabela 5).

Tabela 5. Número de nascidos vivos, percentual e taxa bruta de natalidade (por 1.000

habitantes) de mães residentes por município de residência da mãe. Roraima, 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração).

A comparação entre os municípios de residência da mãe e de ocorrência do

parto permite descrever, ainda que parcialmente, a mobilidade espacial das mulheres

na busca de assistência ao parto. Em Roraima, 11.766 (88,1%) nascimentos

ocorreram no município de Boa Vista, devido a maior concentração populacional do

estado, a existência de serviços públicos de referência, como o Hospital Materno

Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMINSN), única maternidade do estado, de

gestão estadual, e a existência de estabelecimentos de saúde privados. A figura 4

mostra a mobilidade das mães, residentes dos municípios do interior do estado, em

busca de assistência ao parto. Houve aumento percentual em quase todos os

municípios na comparação do ano de 2013 com o ano de 2019, apenas dois

municípios apresentaram redução desse percentual, Iracema e Rorainópolis. Este

último, vem com redução importante, ano a ano, desde 2014, quando foi implantado

Município Nº % Taxa bruta de natalidade Alto Alegre 261 2,0 16,8 Amajarí 225 1,7 17,6 Boa Vista 8.926 66,9 22,4 Bonfim 396 3,0 31,9 Cantá 374 2,8 20,4 Caracaraí 390 2,9 17,8 Caroebe 200 1,5 19,7 Iracema 145 1,1 12,1 Mucajaí 344 2,6 19,3 Normandia 417 3,1 36,9 Pacaraima 495 3,7 28,4 Rorainópolis 566 4,2 18,8 São João da Baliza 131 1,0 16,0 São Luiz 107 0,8 13,4 Uiramutã 372 2,8 35,2 Total 13.349 100,0 22,0

Page 24: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

23

o Hospital Regional Sul Governador Ottomar de Souza Pinto (HRSOSP) no município.

Capta-se aqui a mobilidade intermunicipal, mas não a que ocorre dentro do município.

Figura 4. Percentual de nascimentos de mães residentes ocorridos fora do município

de residência da mãe. Roraima, 2013 a 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

2.5 ESTABELECIMENTO DE SAÚDE

Em relação à esfera administrativa do estabelecimento de saúde de ocorrência

do parto, há um absoluto predomínio de partos ocorridos em estabelecimentos de

saúde públicos (Tabela 6). Vale lembrar que é considerada na análise a esfera

administrativa e não a origem do recurso financeiro do leito.

Na tabela 7 consta o número de nascimentos vivos segundo o local de

ocorrência do parto, e apresenta expressiva participação de partos hospitalares,

porém é importante o número de partos domiciliares (n=154), partos em "outros locais"

(n=114).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 25: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

24

Tabela 6. Número e percentual de nascimentos vivos de mães residentes segundo

esfera administrativa do estabelecimento de saúde. Roraima, 2001 a 2019

Ano Estabelecimento de saúde

Público Não-público N° % N° %

2001 8.148 95,4 391 4,6 2002 8.226 94,7 459 5,3 2003 8.297 93,0 626 7,0 2004 7.788 92,6 624 7,4 2005 7.874 93,6 569 6,4 2006 9.191 95,7 410 4,3 2007 9.134 95,2 458 4,8 2008 9.520 94,2 591 5,8 2009 9.121 94,1 569 5,9 2010 9.146 93,8 604 6,2 2011 9.332 93,3 666 6,7 2012 10.012 94,2 621 5,8 2013 9.946 93,7 666 6,3 2014 9.629 93,0 727 7,0 2015 9.881 93,7 662 6,3 2016 9.686 94,0 622 6,0 2017 10.215 94,6 586 5,4 2018 11.422 94,5 667 5,5 2019 12.633 94,6 716 5,4

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

O HMINSN, realizou 81,4% (n=10.872) de todos os nascimentos de mães

residentes no estado em 2019. Os estabelecimentos de saúde do interior do estado

são todos públicos, de gestão estadual, poucos possuem a gestão mista. Dentre

esses estabelecimentos de saúde, os que mais ocorreram nascimentos vivos foram o

HRSOSP, no município de Rorainópolis, com 840 nascimentos, Centro de Saúde do

Uiramutã (n=134) no município de Uiramutã, Unidade Mista Ruth Quitéria (n=138) no

município de Normandia, e Hospital Délio de Oliveira Tupinambá (n=114) no município

de Pacaraima, todos com importante população indígena.

Nos estabelecimentos de saúde privados ocorreram 716 nascimentos vivos, e

representaram 5,3% dos nascimentos vivos do estado em 2019, destes 289 ocorreram

no Hospital Unimed Boa Vista, 270 no Hospital da Mulher e 157 no Hospital Lotty Iris.

Page 26: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

25

Tabela 7. Número de nascimentos vivos de mães residentes segundo o local de

ocorrência, Roraima, 2006 a 2019

Ano Hospital Outro estabelecimento saúde Domicílio Outros Ignorado Total

2006 8.275 41 1.226 55 4 9.601

2007 8.561 44 930 56 1 9.592

2008 8.822 86 1.154 49 0 10.111

2009 8.648 61 928 51 2 9.690

2010 8.862 70 754 64 0 9.750

2011 9.081 52 797 67 1 9.998

2012 9.321 56 1.123 119 14 10.633

2013 9.660 65 687 195 5 10.612

2014 10.036 44 210 64 2 10.356

2015 10.091 32 335 79 6 10.543

2016 10.073 40 127 68 0 10.308

2017 10.586 48 101 62 4 10.801

2018 11.778 89 130 81 11 12.089

2019 12.993 87 154 114 1 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Na tabela 8 está identificada a categoria do profissional que preencheu a DN

no período de 2006 a 2019. De 2006 a 2010 prevaleceu a falta dessa informação na

DN. Desde 2015 houve melhor preenchimento da DN, e desde então, observa-se o

predomínio de enfermeiros. Em 2019, essa categoria preencheu 97,9% de todas as

DN no estado.

Tabela 8. Distribuição dos profissionais que preencheram a declaração de nascidos

vivos das mães residentes. Roraima, 2006 a 2019

Ano Médico Enfermeiro Parteira Func. Cartório Outros Não inf Total

2006 0 1 0 0 2 9.598 9.601

2007 0 0 0 0 4 9.588 9.592

2008 0 0 0 0 5 10.106 10.111

2009 0 2 0 0 5 9.683 9.690

2010 0 7 0 0 12 9.731 9.750

2011 37 902 19 7 7.996 1.037 9.998

2012 29 1.005 7 6 9.521 65 10.633

2013 49 886 8 12 9.618 39 10.612

2014 50 959 4 0 9.339 4 10.356

2015 26 5.019 0 0 5.490 8 10.543

2016 30 9.643 1 0 628 6 10.308

2017 52 10.609 0 0 131 9 10.801

2018 39 11.965 0 0 81 4 12.089

2019 84 13.065 0 0 194 6 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração).

Page 27: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

26

No HMINSN, a DN não é preenchida pelo profissional que realizou o parto, e

sim por servidor do Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), por meio do

prontuário médico, e este fato pode estar influenciado de alguma forma na qualidade

e na plenitude de preenchimento da DN.

O Sinasc vem evoluindo em cobertura e qualidade, tendo apresentado

cobertura estimada de 98% no país em 2015. A coleta de dados, com novas variáveis,

vem sendo aprimorada ao longo dos anos para responder às novas demandas de

produção de conhecimento (BRASIL, 2018).

Em Roraima, os dados captados na DN são considerados bons, porém a

completude de preenchimento das variáveis varia muito, e apresentam informação

ignorado ou não informada na DN. Esse fato prejudica a análise epidemiológica sobre

as condições de gestação e de nascimento no município, estado e país. Diante disso,

a figura 5 apresenta o grau de completude de preenchimento de algumas variáveis da

DN no estado para o ano de 2017, e sua comparação com dados nacionais de 2015.

Nessa comparação constatamos que as maiores falhas de completude de

preenchimento da DN no estado são: estado civil; duração da gestação; e APGAR no

1º e 5º minuto de vida. As duas últimas, estão diretamente relacionadas com a

assistência ao recém-nascido na hora do parto (BENEDETTI, 2018).

Figura 5. Completude de preenchimento das variáveis da declaração de nascido vivo.

Brasil, 2015 e Roraima, 2017

Fonte: BRASIL, 2018. Relatório Anual de Epidemiologia de 2017.

0 20 40 60 80 100

Número de consultas no pré-natal

Duração da gestação

Tipo de gravidez

Tipo de parto

Peso ao nascer

APGAR 1º minuto

APGAR 5º minuto

Escolaridade da mãe

Estado civil

RR BR

Page 28: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

27

O percentual de partos domiciliares reduziu de forma significativa ao longo dos

últimos 14 anos passando de 12,7% (1.226/9.658) em 2006 para 1,1% (154/13.349)

em 2019 (Figura 6), uma queda de 87,4% no número de partos domiciliares no

período.

Figura 6. Percentual de nascidos vivos segundo parto domiciliar de mães residentes.

Roraima, 2006 a 2017

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

2.6 REFERENTES À MÃE

2.6.1 Idade da mãe

A idade da mulher está relacionada a agravos à saúde materna e infantil.

Gestações em adolescentes ou em idades avançadas podem estar implicadas em o

ganho de peso materno, pré-eclâmpsia, complicações perinatais, baixo peso ao

nascer e prematuridade (BRASIL, 2013).

A gravidez na adolescência é um grande desafio no Brasil. Ela impacta de

maneira muito decisiva a trajetória das adolescentes. Um filho em uma situação não

desejada e em idade precoce pode significar interrupção da trajetória escolar e

dificuldade de ingresso no mercado de trabalho, gerando uma série de impactos que

vão ter reflexo para sempre na vida (UNFPA, 2018).

O Brasil dispõe da sétima maior taxa de gravidez em adolescentes da América

do Sul, empatando com Peru e Suriname, com índice de 65 gestações para cada mil

meninas entre 15 e 19 anos. De acordo com a UNFPA (2018), um em cada cinco

bebês que nascem no país é filho de mãe adolescente. Entre elas, de cada cinco, três

12,7

9,6

11,3

9,4

7,6 7,8

10,3

6,5

1,7

3,2

1,2 0,9 1,1 1,1

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 29: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

28

não trabalham e nem estudam; sete em cada dez são afrodescendentes e cerca de

metade mora na região Nordeste.

Figura 7. Percentual de nascidos vivos de mães residentes por idade da mãe. Brasil

e Região Norte, 2014 e Roraima, 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). BRASIL, 2016.

Em Roraima, no período de 2006 a 2018 houve redução de nascimentos entre

mães adolescentes (<19 anos de idade) passando de 26% em 2006 para 21,6% em

2018, uma redução de 16,9% no período. No detalhamento dos nascimentos vivos

entre mães adolescentes, destaca-se que 0,7% ocorreu com idade entre 10 e 14 anos

e 20,2% entre mães com 15 a 19 anos. Por outro lado, houve aumento de mães com

40 anos ou mais de idade, em 2006 representavam 1,6%, e em 2018, representaram

2,3%, um aumento de 43,7% mostrando um aumento em importante de gravidez em

idades mais tardias (BENEDETTI, 2019).

Brasil Região Norte Roraima

35 e + 12,2 8 11,5

20 a 34 68,9 65,8 67,5

15 a 19 17,9 24,6 19,9

10 a 14 0,9 1,6 1,1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Page 30: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

29

Tabela 9. Número de nascidos vivos de mães residentes por idade da mãe. Roraima,

2006 a 2019

Ano 10 a 14 15 a 19 20-34 35 e mais Total

2006 183 2.309 4.498 8996 9.601

2007 212 2.328 4.547 9094 9.592

2008 209 2.351 4.568 9136 10.111

2009 199 2.254 4.462 8924 9.690

2010 191 2.256 4.457 8914 9.750

2011 174 2.325 4.510 9020 9.998

2012 236 2.492 4.740 9480 10.633

2013 222 2.480 4.715 9430 10.612

2014 176 2.459 4.649 9298 10.356

2015 176 2.340 4.531 9062 10.543

2016 184 2.294 4.494 8988 10.308

2017 159 2.239 4.415 8830 10.801

2018 166 2.450 4.634 9268 12.089

2019 145 2.650 9.006 1.548 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Em 2019, 21% (n=2.795) dos nascimentos foram de mães adolescentes, 67,5%

(n=9.006) de mães entre 20 e 34 anos de idade, e 11,5% (n=1.548) de mães com 35

anos e mais de idade (Tabela 9). No Brasil, em 2014, 0,9% das mães tinham entre 10

e 14 anos de idade e na região Norte representaram 1,6% (BRASIL, 2016). O

percentual de mães adolescentes do estado em 2019 é menor que a média nacional

(18,8%) e menor que a média da Região Norte (26,2%) para o ano de 2014 (Figura

7). Esses valores são considerados altos, e vários estudos relacionam a gravidez em

idades precoces com um risco maior de ter um RN de baixo peso, pelo fato da mãe

não possuir maturidade funcional do organismo. A persistência desse número de

nascimentos ao longo dos anos evidencia a necessidade do incremento de políticas

públicas voltadas para a redução de condições de vulnerabilidade desse grupo

populacional como condições de pobreza, baixa escolaridade, abandono escolar e

menor procura a serviços de saúde (BRASIL, 2014a).

Na tabela 10 encontra-se a distribuição de nascidos vivos segundo a idade da

mãe por município de residência da mãe no ano de 2019.

Page 31: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

30

Tabela 10. Número de nascidos vivos por idade da mãe e município de residência.

Roraima, 2019.

Município < 15 15-19 20-34 35-39 40-44 45-49 50 e+ Ignorado Total

Alto Alegre 7 55 171 21 6 1 0 0 261

Amajarí 2 64 137 16 5 0 0 1 225

Boa Vista 62 1627 6167 840 220 8 2 0 8926

Bonfim 9 104 227 42 12 2 0 0 396

Cantá 9 86 230 36 12 1 0 0 374

Caracaraí 3 90 267 22 7 1 0 0 390

Caroebe 2 40 140 10 6 2 0 0 200

Iracema 1 30 109 3 2 0 0 0 145

Mucajaí 7 86 219 27 5 0 0 0 344

Normandia 8 105 243 51 10 0 0 0 417

Pacaraima 11 113 326 38 7 0 0 0 495

Rorainópolis 3 119 388 46 10 0 0 0 566

São João da Baliza 1 34 82 12 2 0 0 0 131

São Luiz 1 17 79 8 2 0 0 0 107

Uiramutã 19 80 221 41 11 0 0 0 372

Total 145 2650 9006 1213 317 15 2 1 13349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2.6.2 Escolaridade da mãe

Segundo a literatura a escolaridade da mãe é um diferencial no processo de

acesso ao pré-natal e a educação, neste caso, se revela um fator importante na

percepção da importância da assistência à saúde materno-infantil. Haidar (2001)

reforça que a baixa escolaridade materna está associada a um maior risco de

mortalidade da mulher, bem como da mortalidade fetal e infantil, já que menos anos

de estudo estão relacionados a uma atenção inadequada durante o pré-natal,

multiparidade e baixo peso ao nascer.

No Brasil, 23,7% de nascidos vivos são de mães sem instrução e com ensino

fundamental incompleto, e 37,7% de mães com ensino fundamental completo e médio

incompleto. Entre as mães com o ensino médio completo e superior incompleto a

proporção foi de 23,9% e de ensino superior completo, 12,5% (BRASIL, 2016).

Page 32: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

31

Figura 8. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e escolaridade

materna de mães residentes. Roraima, 2011 a 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Em Roraima, no período de 2011 a 2019 houve uma redução de 71% no

número de NV de mães sem escolaridade, e aumento no número de mães com ensino

fundamental incompleto/completo e ensino médio, de 3,8% e 88%, respectivamente.

Em 2019, 0,8% (n=115) de nascidos vivos são de mães sem instrução, 4,2% (n=559)

com ensino fundamental incompleto, 19,3% (n=2.576) de mães com ensino

fundamental completo, e 12,2% (n=1.625) com médio. O número de dados “não

informados” ou “ignorado” na DN reduziu drasticamente no período de 2011 a 2015,

entretanto ainda persistem, demonstrando falhas no preenchimento do documento

(Figura 8, tabela 11).

Tabela 11. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e escolaridade

materna de mães residentes. Roraima, 2011 a 2019

Ano Sem1 Fundamental2 Médio Superior incomp.

Superior comp. Não inf. Ign Total

2011 397 3.036 4.016 548 625 1.122 254 9.998

2012 531 3.342 4.681 689 718 274 398 1.0633

2013 529 3.198 4.940 691 869 231 154 10.612

2014 158 3.167 5.254 723 923 57 74 10.356

2015 184 3.201 5.242 744 1.046 56 70 10.543

2016 146 2.968 5.321 710 1.139 7 17 10.308

2017 134 2.947 5.650 766 1.313 3 8 10.801

2018 144 2.977 6.616 906 1.469 18 10 12.089

2019 115 3.135 7.550 903 1.625 3 18 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração). 1Sem escolaridade. 2Ensino fundamental incompleto/completo.

0

10

20

30

40

50

60

2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Sem escolaridade

Fundamental

Médio

Superior incompleto

Superior completo

Page 33: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

32

Nas tabelas 11 e 12 estão detalhados o número de nascidos vivos segundo ano

de nascimento e escolaridade materna de mães residentes por ano e por município

de residência.

Tabela 12. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de

nascimento e escolaridade materna. Roraima, 2019

Município Sem1

Fundamental (1ª a 4ª serie)

Fundamental (5ª a 8ª serie) Médio

Superior Não inf. Ign Total Incomp Completo

Alto Alegre 6 17 57 157 12 11 1 0 261

Amajari 16 10 56 121 7 13 0 2 225

Boa Vista 32 240 1.337 5.216 743 1.357 1 0 8.926

Bonfim 10 44 130 195 4 11 0 2 396

Cantá 4 26 101 212 15 16 0 0 374

Caracaraí 4 20 128 209 10 19 0 0 390

Caroebe 1 7 62 108 7 15 0 0 200

Iracema 2 6 40 75 9 11 1 1 145

Mucajaí 7 16 92 187 17 24 0 1 344

Normandia 4 46 110 229 9 18 0 1 417

Pacaraima 7 37 121 259 21 47 0 3 495

Rorainópolis 0 32 151 303 30 50 0 0 566 São João da

Baliza 0 7 35 72 5 12 0 0 131

São Luiz 0 4 19 63 4 17 0 0 107

Uiramutã 22 47 137 144 10 4 0 8 372

Total 115 559 2.576 7.550 903 1.625 3 18 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020. (Sujeitos à alteração). 1Sem escolaridade.

2.6.3 Situação conjugal da mãe

Os dados sobre a situação conjugal das mães residentes de Roraima do

período de 2006 a 2019. Nesse período, houve redução de dado “não informado” e

aumento de dados ignorado na DN, entretanto, sua manutenção indica falhas no

preenchimento do documento (Tabela 13).

Page 34: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

33

Tabela 13. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e situação conjugal

da mãe. Roraima, 2006 a 2019

Ano Solteira Casada Viúva Separada

judicialmente Não informado Ignorado Total

2006 5.515 3.355 10 36 427 258 9.601

2007 5.586 3.206 13 45 522 220 9.592

2008 6.497 3.158 10 31 315 100 10.111

2009 5.854 3.662 12 35 43 84 9.690

2010 5.225 4.383 10 34 13 85 9.750

2011 3.447 3.083 10 38 13 3.407 9.998

2012 3.100 2.589 13 40 19 4.872 10.633

2013 3.541 2.231 9 33 16 4.782 10.612

2014 5.388 2.157 13 67 10 2.721 10.356

2015 6.481 2.180 7 69 27 1.779 10.543

2016 4.393 2.244 18 67 21 3.565 10.308

2017 6.094 2.220 10 99 12 2.389 10.824

2018 8.793 2.116 10 104 46 1.069 12.138

2019 9.900 2.210 15 89 13 1.122 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

O percentual de mães solteiras aumentou 29,3% no período de 2006 a 2019.

Em 2019, o percentual de 74,2% foi o maior da série temporal (Figura 9). Estudos

apontam que o número de nascidos vivos de mãe solteira é uma variável importante

para caracterizar uma gestação com risco, pois sugerem que estas mães poderiam

reunir um quadro mais desfavorável, ou seja, essa condição civil poderia estar ligada

a alguns fatores socioeconômicos e culturais que limitariam um acesso pleno à

assistência na gravidez (BRASIL, 2014a).

Figura 9. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e situação

conjugal da mãe (solteira). Roraima, 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

57,4 58,264,3

60,453,6

34,529,2

33,4

52

61,5

42,6

56,3

72,5 74,2

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 35: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

34

Por outro lado, as variáveis como estado civil das mães nas categorias

casada, separada e viúva, determinam que estas mães possuam algum tipo de

assistência, apoio do cônjuge ou do companheiro, ou mesmo uma rede de proteção

familiar favorecendo um parto com condições mais estáveis, diferentemente das mães

solteiras (BRASIL, 2014a). Na tabela 14 estão os números de nascidos vivos por

situação conjugal da mãe e município de residência em 2019.

Tabela 14. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de

nascimento e situação conjugal da mãe. Roraima, 2019

Município Solteira Casada Viúva Separada

judicialmente Não

informado Ign Total

Alto Alegre 227 27 0 0 1 6 261

Amajarí 197 18 1 1 0 8 225

Boa Vista 6.829 1.549 9 66 8 465 8.926

Bonfim 321 46 0 0 1 28 396

Cantá 313 39 2 2 0 18 374

Caracaraí 241 47 0 3 0 99 390

Caroebe 74 74 1 0 0 51 200

Iracema 116 16 0 1 1 11 145

Mucajaí 283 46 1 1 0 13 344

Normandia 329 53 0 0 1 34 417

Pacaraima 389 50 0 3 0 53 495

Rorainópolis 217 143 1 6 0 199 566

São João da Baliza 47 34 0 1 0 49 131

São Luiz 37 29 0 3 0 38 107

Uiramutã 280 39 0 2 1 50 372

Total 9.900 2.210 15 89 13 1.122 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2.7 REFERENTES A GRAVIDEZ E AO PARTO

2.7.1 Assistência ao pré-natal

O acompanhamento do pré-natal e da atenção ao parto é reconhecido

atualmente como importante estratégia para prevenir ou reduzir o risco de

mortalidade, tanto para a gestante como para a criança. A Rede Cegonha (RC) é a

política pública brasileira que, de acordo com o MS, visa implementar uma rede de

cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a

atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às

Page 36: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

35

crianças o direito ao nascimento seguro e crescimento e desenvolvimento saudáveis

(BRASIL, 2018).

No Brasil, em 2014, o acesso ao pré-natal foi adequado ou mais que adequado

para cerca 70% das mulheres, com valores menores para estados do Nordeste e

maiores para Sul e Sudeste. A adequação aumentou com a idade e a escolaridade da

mulher e foi maior para a raça/cor branca/amarela (BRASIL, 2018).

Figura 10. Número médio de consultas de pré-natal por Unidade da Federação. Brasil,

2014

Fonte: MS/SVS/DANTPS/CGIAE/SINASC.

A figura 10 mostra que as mães dos nascidos registrados no Sinasc, em 2014,

realizaram aproximadamente oito consultas de pré-natal durante a gestação. Chama

atenção que das 18 UF que tem número de consultas abaixo da média nacional, oito

UF (MT, GO, PB, CE, PE, RN, TO, RO) fazem em torno de sete consultas de pré-

natal; sete UF (PI, AL, BA, SE, PA, RR, AM) fazem entre seis e sete consultas; e duas

encontram-se no limiar, discretamente abaixo das seis consultas (AC e MA),

preconizado como o mínimo de consultas a serem realizadas durante o pré-natal. Por

fim, uma UF (AP) fez em média cinco consultas de pré-natal, em 2014 (BRASIL, 2016).

Page 37: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

36

Tabela 15. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de

consultas de pré-natal. Roraima, 2019

Ano Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 e mais Não informado Ignorado Total

2006 656 1.850 3.549 3.367 98 81 9.601

2007 543 1.673 3.741 3.434 164 37 9.592

2008 468 2.018 3.879 3.581 75 90 10.111

2009 438 1.706 3.518 3.938 12 78 9.690

2010 456 1.580 3.761 3.911 1 41 9.750

2011 452 1.772 3.708 3.961 0 105 9.998

2012 564 2.068 3.967 3.902 0 132 10.633

2013 458 1.869 4.087 4.083 0 115 10.612

2014 400 1.426 3.772 4.755 0 3 10.356

2015 374 1.417 3.765 4.975 0 12 10.543

2016 342 1.275 3.565 5.125 0 1 10.308

2017 377 1.355 3.712 5.377 0 3 10.824

2018 644 1.719 4.125 5.626 0 24 12.138

2019 745 1.961 4.318 6.321 0 4 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Em Roraima, na comparação entre 2006 e 2019 houve aumento no percentual

de mães com sete ou mais consultas no pré-natal, todas as demais categorias, da

tabela 15, tiveram redução percentual. A figura 11 ilustra bem a evolução temporal do

percentual de consultas de pré-natal realizadas nos anos de 2006, 2010 e 2019. O

acesso à assistência pré-natal é considerado uma condição muito importante para que

a gestação transcorra sem problemas tanto para a mãe quanto para o filho ou, pelo

menos, que haja um acompanhamento médico para as situações de risco. Alguns

estudos mostram que a maioria das mortes por causas maternas são evitáveis, se as

ações que objetivam a qualidade da assistência perinatal e o acesso aos serviços de

saúde da gestante forem tomadas (BRASIL, 2014a).

O número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de

nascimento e número de consultas de pré-natal do ano de 2019 encontra-se na tabela

16. O acesso ao pré-natal, o tipo de parto e o local do nascimento são informações de

grande interesse para o planejamento na área de saúde materna e da criança em

todos os níveis de gestão do SUS. A realização do pré-natal é fundamental para

prevenção e identificação de patologias maternas e fetais, permitindo um

desenvolvimento saudável do feto e reduzindo riscos da gestação (BRASIL, 2013

saúde Brasil 2012). Por isso, o MS preconiza um número mínimo de 7 consultas de

Page 38: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

37

pré-natal, sendo esse monitoramento realizado a partir dos dados do Sinasc (BRASIL,

2009; BRASIL, 2014b).

Figura 11. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de

consultas de pré-natal. Roraima, 2006, 2010 e 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

No detalhamento das consultas pelo mês de gestação do início do pré-natal no

ano de 2019, 49% dessas consultas se iniciam no ocorre no 2º e 3º mês, e 6,8% a

partir do 7° mês, e em 6,2% das DNs essa informação está ignorada ou não informada

(Figura 12).

Tabela 16. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de

nascimento e número de consultas de pré-natal. Roraima, 2019

Município Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 e mais Ignorado Total

Alto Alegre 17 43 92 109 0 261

Amajarí 22 24 91 88 0 225

Boa Vista 504 1.287 2.569 4.566 0 8.926

Bonfim 17 71 193 115 0 396

Cantá 24 80 181 89 0 374

Caracaraí 8 53 148 181 0 390

Caroebe 4 19 53 124 0 200

Iracema 8 16 47 74 0 145

Mucajaí 18 44 110 172 0 344

Normandia 13 86 215 103 0 417

Pacaraima 77 84 204 130 0 495

Rorainópolis 6 61 154 344 1 566

São João da Baliza 4 15 47 65 0 131

São Luiz 3 13 34 57 0 107

Uiramutã 20 65 180 104 3 372

Total 745 1.961 4.318 6.321 4 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

0

10

20

30

40

50

Nenhuma 1 a 3 consultas 4 a 6 consultas 7 e mais consultas

2006

2010

2019

Page 39: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

38

Figura 12. Percentual de nascidos vivos por mês de início da consulta de pré-natal

realizadas pelas mães residentes. Roraima, 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Na figura 13 encontra-se a comparação desse detalhamento entre o estado e

o município de Boa Vista.

Figura 13. Percentual de nascidos vivos por mês de início da consulta de pré-natal

realizadas pelas mães residentes. Roraima e Boa Vista, 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

8%

27%

22%

14%

9%

6%

4% 4%1%

6%

1° mês

2° mês

3° mês

4° mês

5° mês

6° mês

7° mês

8° mês

9° mês

Não informado/Ignorado

8

27,3

21,7

14,2

9,4

6,4

3,72,5

0,6

6,2

8,4

28,6

22

13,3

8,3

6

3,82,8

0,5

6,2

0

5

10

15

20

25

30

35

Roraima Boa Vista

Page 40: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

39

2.7.2 Duração da gestação

A idade gestacional ao nascimento se relaciona com o peso ao nascer.

Gestações que terminam de forma prematura aumentam o risco de baixo peso ao

nascer dos RN, além de ser um importante fator de risco para a mortalidade infantil.

Ou seja, a prematuridade e o baixo peso ao nascer são considerados importantes

fatores de risco para a saúde da criança, implicando decisivamente na mortalidade

infantil, especialmente a neonatal. O nascimento que ocorre antes da 37ª semana de

gestação é prematuro. No Brasil, em 2014, 11,2% dos recém-nascidos foram

prematuros, e na Região Norte 11,8%, e em Roraima 13,6% (BRASIL, 2016).

Tabela 17. Número de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e duração da

gestação. Roraima, 2006 a 2019

Ano Menos 22 22 a 27 28 a 31 32 a 36 37 a 41 42 e mais N Inf Ign Total

2006 7 41 63 565 8.811 88 5 21 9.601

2007 4 30 38 426 8.996 66 21 11 9.592

2008 6 22 47 774 9.200 40 8 14 10.111

2009 7 31 49 818 8.714 45 4 22 9.690

2010 7 30 50 748 8.850 31 15 19 9.750

2011 7 52 109 1.330 7.706 524 260 10 9.998

2012 2 62 108 1.547 7.988 482 444 0 10.633

2013 3 47 124 1.420 8.554 355 109 0 10.612

2014 7 67 117 1.209 8.356 427 173 0 10.356

2015 10 58 114 1.260 8.429 367 305 0 10.543

2016 16 69 133 1.290 8.426 346 28 0 10.308

2017 4 47 113 1.185 9.141 323 11 0 10.824

2018 9 80 107 1.390 10.176 350 26 0 12.138

2019 5 75 158 1.585 11.089 396 41 0 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). Nota: N Inf – Não informado, Ign – Ignorado.

Em Roraima no período de 2006 a 2016 houve aumento no percentual de

partos prematuros (Figura 14). Esse percentual é alto, e essa situação aumenta o risco

de mortalidade infantil bem como requer serviços de saúde de alta complexidade uma

vez que os prematuros devem ser acompanhados de perto e normalmente precisam

ficar internados em unidades de terapia intensiva por períodos cuja duração podem

variar de dias a meses. Apesar dos dados conflitantes nessa área, sabe-se que 10 a

15% dos prematuros desenvolvem uma grande variedade de sequelas no

desenvolvimento neurológico durante a infância e que 30 a 40% deles apresentam

Page 41: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

40

pequenas desordens motoras, comportamentais e de aprendizado na idade escolar

(CAÇOLA; BOBBIO, 2010).

O número de nascidos vivos por duração da gestação segundo ano e município

de residência da mãe está na tabela 17 e 18.

Figura 14. Percentual de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e duração da

gestação (< 37 semanas). Roraima, 2006 a 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Falha no preenchimento da DN é evidente quando observamos a proporção de

informação ignorada/não informado na série histórica da tabela 19.

Tabela 18. Número de nascidos vivos por município de residência segundo o ano de

nascimento e duração da gestação. Roraima, 2019

Município Menos 22 22 a 27 28 a 31 32 a 36 37 a 41 42 e + N Inf Total

Alto Alegre 0 0 0 37 211 7 6 261

Amajarí 0 1 4 28 181 8 3 225

Boa Vista 3 57 111 1083 7429 236 7 8926

Bonfim 0 2 2 55 322 12 3 396

Cantá 0 1 4 45 309 14 1 374

Caracaraí 0 0 2 39 332 15 2 390

Caroebe 0 2 2 20 165 11 0 200

Iracema 0 0 3 9 122 10 1 145

Mucajaí 1 2 1 40 288 9 3 344

Normandia 0 2 6 71 318 17 3 417

Pacaraima 0 4 8 44 428 8 3 495

Rorainópolis 0 2 8 55 485 16 0 566 São João da Baliza 0 0 2 13 108 7 1 131

São Luiz 1 0 1 7 90 8 0 107

Uiramutã 0 2 4 39 301 18 8 372

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). N Inf – Não informado.

75,2

8,4 9,3 8,6

1516,2

1513,5 13,7 14,6

12,5 13,1 13,6

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 42: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

41

2.7.3 Tipo de gestação e número de gestação anterior

O tipo de gestação pode ser única ou múltipla. Gestações múltiplas são cada

vez mais comuns devido, em parte, aos avanços das técnicas de reprodução

assistida. Nessas gestações, observa-se um aumento de cerca de 5 a 6 vezes da

mortalidade neonatal, quando comparadas com gestações únicas, sobretudo devido

à sua associação com a prematuridade. Além disso, muitas morbidades obstétricas

maternas, como hemorragia pós-parto, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional, são

observados mais comumente no contexto da gestação múltipla. A otimização dos

cuidados perinatais visa reduzir tais morbidades (AQUINO; GRIJÓ, 2017).

Em Roraima, no período de 2006 a 2019 prevaleceu a gestação única (Tabela

19), e em 2019, 98,5% dos nascidos vivos foram de gestação única.

Tabela 19. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e tipo de gestação.

Roraima, 2006 a 2019

Ano Única Dupla Tripla e mais Não informado Ignorado Total

2006 9.483 111 4 0 3 9.601

2007 9.430 156 0 3 3 9.592

2008 9.991 110 8 2 0 10.111

2009 9.580 106 0 4 0 9.690

2010 9.575 174 0 1 0 9.750

2011 9.855 134 0 7 2 9.998

2012 10.475 143 0 8 7 10.633

2013 10.455 139 0 9 9 10.612

2014 10.214 140 0 2 0 10.356

2015 10.379 161 3 0 0 10.543

2016 10.112 188 6 2 0 10.308

2017 10.663 159 2 0 0 10.824

2018 11.933 205 0 0 0 12.138

2019 13.149 188 12 0 0 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Outro aspecto relevante a ser analisado diz respeito ao número de gestações

anteriores de uma mulher. Quanto maior o número de gestações, maior o risco a

criança evoluir para óbito (LANSKY et al., 2014). A análise dessa variável está

disponível a partir de 2011, considerando sua inclusão na DN em 2010.

No período de 2011 a 2019, 31,4% dos nascidos vivos foram de mulheres

primigestas (nenhuma gestação anterior) e 51,8% de mulheres com um a três

Page 43: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

42

gestação. O número de nascidos vivos segundo o número de gestação anterior está

na tabela 20.

Tabela 20. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de

gestações anteriores. Roraima, 2011 a 2019

Ano Nenhuma 1 a 3 4 a 6 7 a 9 10 e + N Inf Não classificados Total

2011 2.899 4.603 1.096 258 59 1.083 0 9.998

2012 3.305 5.398 1.422 330 63 115 0 10.633

2013 3.400 5.423 1.355 302 78 54 0 10.612

2014 3.405 5.297 1.275 293 67 19 0 10.356

2015 3.351 5.463 1.316 308 88 17 0 10.543

2016 3.343 5.348 1.268 262 70 16 1 10.308

2017 3.432 5.791 1.250 273 66 12 0 10.824

2018 3.752 6.640 1.397 279 63 7 0 12.138

2019 4.129 7.230 1.573 325 84 7 1 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração). N Inf – Não informado.

2.7.4 Tipo de parto

O tipo de parto permite avaliar a qualidade de acesso da assistência à mulher

durante o pré-natal e o parto (BRASIL, 2013). A OMS preconiza que o percentual de

partos cesáreos seja de no máximo 15%, tendo em vista sua associação ao aumento

das taxas de morbimortalidade materna e infantil (OMS, 2015; OPAS, 2018).

O número de cesarianas quase dobrou no mundo em quinze anos. Segundo a

OMS, na análise de dados de 169 países referentes ao ano de 2015, a proporção de

cesáreas no período cresceu de 16 milhões de nascimentos em 2000, 12% do total,

para 29,7 milhões em 2015 (21%). Atualmente, 18,6% de todos os nascimentos

ocorrem por cesariana, variando de 1,4% para 56,4%. A América Latina e Caribe tem

as taxas mais altas de cesariana (40,5%), seguido pela América do Norte (32,3%),

Oceania (31,1%), Europa (25%), Ásia (19,2%) e África (7,3%) (OPAS, 2018).

No Brasil, desde 2009, mais de 50% dos nascimentos ocorreram por este tipo

de parto. O parto vaginal caracteriza-se por ser um tipo de parto de baixo custo,

natural, mais acessível às mães e, portanto, mais recomendado (BRASIL, 2013).

No Brasil e em Roraima houve aumento nesse tipo de parto entre 2010 e 2016

(Figura 15). Ambos têm um índice de cesarianas considerado alto. No entanto, já houve

várias propostas de redução de taxas de cesárea, por exemplo, a Portaria GM/MS nº

466, de 14 de junho de 2000, instituiu o Pacto Nacional pela Redução das Taxas de

Page 44: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

43

Cesárea e estabeleceu 25% como limite a ser atingido, pelos estados, em diferentes

períodos. Essa redução também é prioridade da Rede Cegonha (BRASIL, 2018).

Figura 15. Percentual de cesáreas. Brasil e Roraima, 2010 a 2016

Fonte: Tabwin- SINASC (Dados preliminares 2015/2016). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Além das diversas formas de desigualdade social que têm sido associadas ao

risco de cesariana no mundo, particularmente as socioeconômicas, de faixa etária e

de etnia, as elevadas taxas de cesariana no Brasil também estão associadas à

existência de uma cultura obstétrica (FREITAS et al., 2005), na qual o desejo da

mulher ou a opção do médico, em boa parte dos casos, conduzem a escolha da via

de nascimento, desconsiderando a indicação e os risco associados (PERNAMBUCO,

2016).

Tabela 21. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e tipo de parto.

Roraima, 2006 a 2019

Ano Vaginal Cesário Ignorado Não informado Total

2006 7.187 2.407 4 3 9.601

2007 6.863 2.727 1 1 9.592

2008 6.677 3.431 1 2 10.111

2009 6.184 3.503 0 3 9.690

2010 6.258 3.491 0 1 9.750

2011 6.823 3.169 1 5 9.998

2012 7.193 3.412 22 6 10.633

2013 6.917 3.679 8 8 10.612

2014 6.509 3.845 0 2 10.356

2015 6.414 4.129 0 0 10.543

2016 6.051 4.257 0 0 10.308

2017 6.503 4.321 0 0 10.824

2018 7.372 4.766 0 0 12.138

2019 8.286 5.063 0 0 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Brasil 52,3 53,8 55,7 56,7 57,1 55,6 55,5

Roraima 35,8 31,7 32,1 34,7 37,1 39,2 41,3

0

10

20

30

40

50

60

Page 45: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

44

A análise dos nascimentos por tipo de parto permite avaliar, em parte, as

práticas obstétricas. Na série histórica da tabela 21 observa-se que o número de parto

cesáreo dobrou no período, e a tendência de aumento pode ser observada nas figuras

15 e 16, onde este índice sempre esteve bem acima do preconizado pela OMS que

aceita até 15% do total de partos, e apesar dos especialistas alertarem para os riscos

que essa prática traz a saúde da mãe e do recém-nascido.

Figura 16. Percentual de nascidos vivos segundo ano de nascimento e tipo de parto,

Roraima, 2001, 2005 a 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Na tabela 22 estão o número de nascidos vivos por tipo de parto e município

de residência da mãe em 2019.

Tabela 22. Número de nascidos vivos por município de residência segundo ano de

nascimento e tipo de parto. Roraima, 2006 a 2019

Município Vaginal Cesário Total Alto Alegre 192 69 261 Amajarí 166 59 225 Boa Vista 5.274 3.652 8.926 Bonfim 314 82 396 Cantá 271 103 374 Caracaraí 259 131 390 Caroebe 99 101 200 Iracema 101 44 145 Mucajaí 230 114 344 Normandia 337 80 417 Pacaraima 358 137 495 Rorainópolis 256 310 566 São João da Baliza 67 64 131 São Luiz 55 52 107 Uiramutã 307 65 372 Total 8.286 5.063 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2001 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Cesáreo 25 22,1 25,1 28,4 33,9 36,2 35,8 31,7 32,1 34,7 37,1 39,2 41,3 40 39,3 37,9

Vaginal 75 77,9 74,9 71,5 66 63,8 64,2 68,2 67,6 65,2 62,9 60,8 58,7 60 60,7 62,1

0

20

40

60

80

100

Page 46: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

45

2.8 REFERENTES AO RECÉM-NASCIDO

2.8.1 Sexo

Em relação ao sexo, observa-se na tabela 23 que no período de 2006 a 2019

houve predomínio do sexo masculino. Chama a atenção a existência de dado

ignorado no período, demonstrando falha no preenchimento da DN.

Tabela 23. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e sexo. Roraima,

2006 a 2019

Ano Masculino Feminino Ignorado Total 2006 4.976 4.623 2 9.601 2007 4.938 4.651 3 9.592 2008 5.234 4.872 5 10.111 2009 5.005 4.646 39 9.690 2010 4.998 4.752 0 9.750 2011 5.048 4.949 1 9.998 2012 5.458 5.175 0 10.633 2013 5.480 5.132 0 10.612 2014 5.364 4.991 1 10.356 2015 5.423 5.119 1 10.543 2016 5.387 4.921 0 10.308 2017 5.579 5.245 0 10.824 2018 6.317 5.819 2 12.138 2019 6.710 6.638 1 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2.8.2 Peso ao nascer

O peso ao nascer representa um parâmetro importante para a

morbimortalidade infantil (SOUZA; MENDES, 2004). Segundo a OMS, o peso ao

nascer classifica-se em muito baixo peso (<1.500g), baixo peso ao nascer (1.500-

2.499g), peso insuficiente (2.500-2.999g), peso adequado (3.000-3.999g) e excesso

de peso (≥ 4.000g). O peso do recém-nascido entre 2.500g a 3.999g expressa que a

nutrição e cuidados da mãe durante a gestação foram adequados e que comportaria

menos riscos para os recém-nascidos (BRASIL, 2016).

A incidência de baixo peso ao nascer varia consideravelmente entre as

populações. Mais de 95% dos bebês de baixo peso no mundo nascem em países em

desenvolvimento. Além disso, é uma medida útil, embora grosseira, do

desenvolvimento e se associa significantemente com particularidades da saúde

encontradas na idade adulta (CAÇOLA; BOBBIO, 2010).

No Brasil, a proporção de nascimentos com baixo peso em 2014 foi de 8,4%,

com variações quanto a raça/cor da mãe: branca 8,5%, preta 9,7%, amarela 8,9%,

Page 47: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

46

parda 8,1% e indígena 7,4% (BRASIL, 2016). O baixo peso ao nascer (<2.500g) reflete

piores condições de vida, cuja maior concentração provém da clientela usuária do

SUS, onde é maior a demanda por serviços de maior complexidade (BRASIL, 2013).

Em Roraima houve aumento de 12,8% na proporção de recém-nascidos com

baixo peso ao nascer no período de 2006 a 2019, passando de 7% para 7,9% dos

nascimentos vivos, respectivamente (Figura 17). Essa condição ao nascimento é um

dos principais preditores de morbimortalidade neonatal e perinatal, tanto em países

desenvolvidos quanto em desenvolvimento.

Figura 17. Percentual de nascidos vivos por peso ao nascer de mães residentes.

Roraima, 2006 a 2019

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

O número de nascidos vivos segundo o peso ao nascer, no período de 2006 a

2019, está na tabela 24.

Tabela 24. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e peso ao nascer.

Roraima, 2006 a 2019

Ano 0g a 999g

1.000g a 1.499g

1.500g a 2.499g

2.500g a 2.999g

3.000g a 3.999g

4.000g e mais Ignorado Total

2006 34 65 572 2.021 5.982 540 387 9.601 2007 41 52 561 1.963 6.122 521 332 9.592 2008 49 57 578 2.130 6.205 647 445 10.111 2009 43 64 595 2.092 6.009 612 275 9.690 2010 34 74 620 2.186 6.195 566 75 9.750 2011 46 53 667 2.192 6.346 603 91 9.998 2012 49 65 690 2.312 6.776 629 112 10.633 2013 43 59 688 2.324 6.829 599 70 10.612 2014 59 71 594 2.192 6.787 652 1 10.356 2015 59 66 706 2.240 6.834 635 3 10.543 2016 59 61 744 2.171 6.656 614 3 10.308 2017 54 80 672 2.236 7.145 634 3 10.824 2018 82 90 789 2.670 7.827 677 3 12.138 2019 54 97 908 3.083 8.558 647 2 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

7 6,8 6,87,2 7,5 7,7 7,6 7,4

77,9

8,4

7,47,9 7,9

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 48: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

47

O número de nascidos vivos segundo o município da mãe e peso ao nascer de

2019 está na tabela 25.

Tabela 25. Número de nascidos vivos por município de residência da mãe segundo

ano de nascimento e peso ao nascer. Roraima, 2019

Município 0g a 999g

1.000g a 1.499g

1.500g a 2.499g

2.500g a 2.999g

3.000g a 3.999g

4.000g e mais

Ignorado Total

Alto Alegre 0 0 12 70 169 10 0 261 Amajarí 0 1 19 52 142 11 0 225 Boa Vista 41 72 608 2.094 5.696 415 0 8.926 Bonfim 0 4 29 91 246 25 1 396 Cantá 1 3 23 84 245 18 0 374 Caracaraí 0 1 24 80 259 26 0 390 Caroebe 3 0 9 45 127 16 0 200 Iracema 1 0 9 26 101 8 0 145 Mucajaí 2 2 19 60 237 23 1 344 Normandia 1 1 24 98 275 18 0 417 Pacaraima 2 6 47 113 309 18 0 495 Rorainópolis 1 6 32 126 366 35 0 566 São J. da Baliza 0 0 11 25 88 7 0 131 São Luiz 1 0 10 17 71 8 0 107 Uiramutã 1 1 32 102 227 9 0 372 Total 54 97 908 3.083 8.558 647 2 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2.8.2 Vitalidade ao nascer (APGAR)

O APGAR mede a vitalidade do RN no primeiro e no quinto minuto de vida. No

primeiro minuto de vida as condições de vitalidade geralmente são piores que no

quinto minuto e por essa razão há aumento no valor. APGAR entre 8 e 10 refletem

boas condições de saúde no nascimento, o oposto ocorre com APGAR menor que 7.

Tabela 26. Número de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e o APGAR no

1° minutos de vida. Roraima, 2006 a 2019

Ano 0 a 3 4 a 7 8 a 10 Ignorado Não informado Total 2006 252 929 7.215 0 1.205 9.601 2007 248 843 7.631 1 869 9.592 2008 217 988 7.799 1 1.106 10.111 2009 181 1055 7.569 2 883 9.690 2010 118 1060 7.794 2 776 9.750 2011 195 887 8.177 0 739 9.998 2012 179 814 8.472 1 1.167 10.633 2013 210 724 8.889 0 789 10.612 2014 158 713 9.255 0 230 10.356 2015 178 717 9.350 2 296 10.543 2016 175 788 9.253 2 90 10.308 2017 189 649 9.907 0 79 10.824 2018 209 707 11.127 0 95 12.138 2019 261 849 12.111 0 128 13.349

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Page 49: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

48

Em Roraima o número de nascidos vivos segundo o APGAR no 1º e 5º minutos

de vida estão nas tabelas 26 e 27. Em 2018, a proporção de nascidos vivos com

vitalidade entre 8 e 10 foram de 90,7% e 96,3% no 1º e 5º minutos de vida,

respectivamente. Destaca-se que essa medida é realizada na sala de parto pelo

profissional que o assistiu, logo é inaceitável o número de dado não informado ou

ignorado na DN.

Tabela 27. Número de nascidos vivos segundo o ano de nascimento e o APGAR no

5° minutos de vida. Roraima, 2006 a 2019

Ano 0 a 3 4 a 7 8 a 10 Ignorado Não informado Total

2006 158 147 8.091 0 1.205 9.601

2007 154 114 8.449 1 874 9.592

2008 127 112 8.765 0 1107 10.111

2009 112 136 8.551 2 889 9.690

2010 53 104 8.817 0 776 9.750

2011 159 109 8.990 0 740 9.998

2012 132 98 9.233 0 1.170 10.633

2013 159 83 9.581 0 789 10.612

2014 100 113 9.913 0 230 10.356

2015 138 135 9.972 2 296 10.543

2016 149 93 9.974 1 91 10.308

2017 152 107 10.490 0 75 10.824

2018 188 129 11.725 0 96 12.138

2019 210 157 12.860 0 122 13.349 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

2.8.3 Anomalias congênitas

O Sinasc registrou 0,7% de nascimentos com anomalias congênitas no Brasil

em 2014, e 0,5% na Região Norte (BRASIL, 2016). Em Roraima, o número de

malformações congênitas identificadas ao nascer do período de 2006 a 2019 está na

tabela 28. As malformações congênitas registradas na DN são as observadas pelo

profissional que realizou o parto logo após o nascimento, e chama atenção para o

número de dado ignorado ou não informado na DN.

Page 50: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

49

Tabela 28. Número de nascidos vivos segundo ano de nascimento e número de

anomalias congênitas. Roraima, 2006 a 2019

Ano Anomalia congênita Ignorado Não informado

2006 41 18 41

2007 57 21 31

2008 64 8 39

2009 61 32 38

2010 67 7 10

2011 52 16 34

2012 29 14 26

2013 27 44 20

2014 42 18 4

2015 47 7 11

2016 66 13 16

2017 60 13 27

2018 75 14 6

2019 103 12 10 Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Com a introdução do Zika vírus no país em 2016 houve o aumento de casos de

microcefalia em todo o país, sobretudo na Região Nordeste. Em Roraima esse

aumento foi percebido com a ocorrência de 15 casos de microcefalia nesse ano,

representando 22,4% de todas as anomalias congênitas (BENEDETTI, 2017).

Na tabela 29 estão apresentadas as principais anomalias congênitas por ano

entre as mães residentes no período de 2013 a 2019.

Page 51: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

50

Tabela 29. Principais anomalias congênitas por ano. Roraima, 2013 a 2019

Anomalias congênitas 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Anencefalia 1 2 2 1 1 4 1 12

Microcefalia 2 0 0 15 1 1 3 22

Hidrocefalia congen NE 3 2 3 2 2 3 4 19

Ausência congen do pavilhão auricular

0 3 1 1 0 0 1 6

Anomalia de posicao da orelha 3 1 1 1 3 1 2 12

Malformação congen NE da orelha 1 2 0 0 2 1 1 7

Seio fistula e cisto pre-auricular 0 0 1 0 0 1 4 6

Fenda palato duro c/fenda labial bilateral

0 1 1 1 0 1 2 6

Fenda palato mole c/fenda labial bilateral

1 1 0 3 0 1 1 7

Fenda do palato c/fenda labial bilateral NE

0 0 1 3 2 2 2 10

Fenda do palato c/fenda labial unilateral NE

0 1 0 1 0 3 0 5

Pe torto equinovaro 0 2 0 2 2 0 3 9

Pe torto calcaneovaro 0 1 1 0 2 0 2 6

Pe torto calcaneovalgo 5 1 2 3 6 7 6 30

Pe chato congen 0 2 0 1 0 0 3 6

Dedos da mão supranumerários 1 0 2 5 4 6 8 26

Polidactilia NE 1 2 0 1 0 3 2 9

Gastrosquise 2 2 1 2 0 4 3 14

Sindr de Down NE 1 1 7 1 5 4 2 21

Outras anomalias congênitas 6 18 21 24 30 33 53 185

Total 27 42 44 67 60 75 103 418

Fonte: SINASC/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (Sujeitos à alteração).

Page 52: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

51

REFERÊNCIAS

AQUINO, M.; GRIJÓ, M. Capítulo 7: Gestação gemelar. EBSERH: Maternidade Climério de Oliveira/Universidade Federal da Bahia, 2017.

BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2016. Boa Vista: SESAU, 2017. 172 p.

BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2017. Boa Vista: SESAU, 2018. 233 p.

BENEDETTI, M. S. G. (Org.). Secretaria de Saúde do Estado de Roraima. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018. Boa Vista: SESAU, 2019. 321 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.669, de 3 de novembro de 2009. Estabelece as prioridades, objetivos, metas e indicadores de monitoramento e avaliação do Pacto pela Saúde, nos componentes pela Vida e de Gestão, e as orientações, prazos e diretrizes do seu processo de pactuação para o biênio 2010 - 20 11. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2012: Uma análise da situação de saúde e dos 40 anos do Programa Nacional de Imunizações. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 538 p.

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Page 55: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

54

3 MORBIDADE

Maria Soledade Garcia Benedetti

Nessa seção serão apresentadas as análises epidemiológicas agrupadas por

áreas técnicas a fim de facilitar o entendimento da relação entre os agravos e DNC.

O Núcleo de Controle da pólio, paralisia flácida aguda, influenza e tétano (NCPFIT)

encontra-se sem gerência e sem servidores no momento, por essa razão não foi

elaborado o relatório anual de epidemiologia do setor. Além desse núcleo, e a exemplo

dos anos anteriores, o Núcleo Estadual de Entomologia (NEE) também não elaborou

o relatório anual de epidemiologia.

Os dados apresentados nesse relatório de morbidade foram extraídos do

Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).

O SINAN é um sistema da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS e a

nível estadual está sob a responsabilidade do DVE/CGVS. Esse sistema tem como

objetivo padronizar a coleta e o processamento dos dados sobre agravos e doenças

de notificação compulsória (DNC) em todo o território nacional, desde o nível local.

Apesar do grande avanço, o sistema enfrenta algumas dificuldades, notadamente o

sub-registro dos agravos e a demora para o fechamento dos casos durante a

investigação. A Portaria de Consolidação Nº 4, de 28 de setembro de 2017 define a

lista nacional de notificação compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde

pública.

Algumas áreas técnicas possuem programas específicos como o SIVEP

(malária, influenza e outros), e de dados da vigilância sentinela e de doenças em

monitoramento (Quadro 1).

Os critérios de seleção das DNC são baseados na natureza específica de cada

doença ou agravo à saúde, o processo da notificação é dinâmico, variável em função

das mudanças no perfil epidemiológico, dos resultados obtidos com as ações de

controle e da disponibilidade de novos conhecimentos científicos e tecnológicos. As

normas de notificação devem adequar-se no tempo e no espaço, quanto às doenças

consideradas, áreas geográficas abrangidas, conteúdo de informação requerido,

critérios de definição de casos, periodicidade da transmissão dos dados, modalidades

de notificação e fontes de informação utilizadas (BRASIL, 2014). Nesse sentido, a

seleção tem obedecido a uma série de critérios e os mais utilizados têm sido os

Page 56: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

55

seguintes: magnitude, potencial de disseminação, transcendência, vulnerabilidade, e

compromissos internacionais, epidemias e agravos inusitados.

Um dos instrumentos de monitoramento do SINAN é o encerramento oportuno

das fichas de notificação/investigação pelas Secretarias Municipais de Saúde (SMS).

O envio de lote do SINAN, semanalmente, para o MS é uma forma de monitorar a

regularidade de envio de informações sobre os agravos e DNC notificados no

município para o nível estadual e federal. Na tabela 1 consta o detalhamento do envio

de lotes do SINAN por semana epidemiológica e município no ano de 2019.

Tabela 1. Número de semanas epidemiológicas com informação do SINAN enviada

por município. Roraima, 2019

Fonte: SINAN/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR

Na tabela 2 estão apresentados os números de casos de agravos e DNC

notificados no estado de Roraima no período de 2010 a 2019. É importante ressaltar

que algumas doenças são notificadas na suspeita clínica e a confirmação ocorre após

a investigação epidemiológica, os dados desses casos confirmados serão discutidos

Page 57: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

56

especificamente pelas áreas técnicas nas seções específicas de cada agravo e DNC.

Outro fator importante a destacar é que nesta tabela estão incluídos dados de agravos

e DNC de portaria estadual (Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST), do

município de Boa Vista (Varicela sem complicações), e da Portaria N° 205, de 17 de

fevereiro de 2016 do MS (Quadro 1).

Quadro 1. Lista Nacional de Doenças e Agravos a serem monitorados pela Estratégia

de Vigilância Sentinela

I. Vigilância em Saúde do Trabalhador

1 Câncer relacionado ao trabalho

2 Dermatoses ocupacionais

3 Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT)

4 Perda Auditiva Induzida por Ruído - PAIR relacionada ao trabalho

5 Pneumoconioses relacionadas ao trabalho

6 Transtornos mentais relacionados ao trabalho

II. Vigilância de doenças de transmissão respiratória

1 Doença pneumocócica invasiva

2 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG)

3 Síndrome Gripal (SG)

III. Vigilância de doenças de transmissão hídrica e/ou alimentar

1 Rotavírus

2 Doença Diarreica Aguda

3 Síndrome Hemolítica Urêmica

IV. Vigilância de doenças sexualmente transmissíveis

1 Síndrome do Corrimento Uretral Masculino

V. Síndrome neurológica pós infecção febril exantemática

Fonte: Portaria N° 205, de 17 de fevereiro de 2016 do MS

A OMS por meio da estratégia dos ODS, pactuado com os países membros,

para cumprimento até 2030, estabeleceu a meta 3.3 - até 2030, acabar com as

epidemias de Aids, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e

combater a hepatite, doenças transmitidas pela água e outras doenças transmissíveis

(WHO, 2018).

A OMS estima-se que, em 2016, 1 milhão de pessoas morreram por doenças

relacionadas ao HIV. O aumento global da terapia antirretroviral (TARV) tem sido o

principal responsável pelo declínio de 48% nas mortes relacionadas ao HIV, que

tiveram um pico de 1,9 milhão em 2005. No entanto, a TARV só atingiu 53% das

Page 58: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

57

pessoas que vivem com HIV até o fim de 2016. Após conquistas globais sem

precedentes no controle da malária, o progresso está estagnado. Em todo o mundo,

cerca de 216 milhões de casos da doença ocorreram em 2016, em comparação com

237 milhões de casos em 2010 e 210 milhões de casos em 2013. O principal desafio

que os países enfrentam na luta contra essa enfermidade é a falta de financiamento

sustentável e previsível (WHO, 2018).

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2013: Uma análise da situação e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 384 p.

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Page 59: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

58

Tabela 2. Número de casos notificados de agravos e doenças de notificação compulsória por ano. Roraima, 2010 a 2019

Agravos e DNC notificados 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

HIV/Aids 124 118 105 159 197 439 338 587 652 599

Gestante HIV 16 18 25 32 27 44 36 60 66 75

Criança exposta HIV 18 27 45 48 42 95 48 24 36 57

Sífilis em adultos (excluída a forma primária) 107 103 57 50 74 89 66 349 56 17

Sífilis em gestante 29 25 74 100 82 112 145 105 209 297

Sífilis congênita 60 40 49 55 26 34 53 81 78 76

Sífilis não especificada 0 7 7 5 43 107 267 181 675 669

Candidíase 1.079 1.715 925 853 617 477 558 475 641 583

Tricotomias 773 554 182 127 81 57 78 57 79 161

Herpes genital (apenas o primeiro episódio) 70 35 67 26 58 55 66 67 40 87

Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) 325 310 305 255 274 135 176 153 181 142

Doenças sexualmente transmitidas, não especificadas

297 211 358 404 478 407 349 231 220 290

Síndrome da ulcera genital (excluído herpes genital) 6 9 5 18 8 17 24 17 30 27

Síndrome do corrimento cervical em mulheres 928 960 1.997 1.504 1.420 1.306 1.118 1.034 1.198 1.383

Síndrome do corrimento uretral em homem 61 55 61 106 143 138 161 251 354 329

Outras doenças inflamatórias pélvicas femininas 682 1.495 576 287 295 322 274 319 473 336

Outras afecções inflamatórias da vagina e da vulva 1.557 753 668 391 404 232 434 215 213 179

Hepatites virais 2.928 2.965 3.064 2.455 2.058 1.421 1.191 724 571 375

Dengue 11.817 3.050 4.586 2.282 2.104 2.791 1.924 4.888 1.527 4.176

Febre de chikungunya 0 0 0 0 200 455 286 6.760 509 522

Doença aguda pelo vírus zika 0 0 0 0 0 26 362 855 155 193

Febre amarela 3 4 0 2 2 2 1 4 2 2

Febre do Nilo 0 0 0 0 0 1 1 0 2 0

Outras febres virais especificadas transmitidas por antrópodes

0 0 0 0 0 0 106 0 0 0

Filariose não especificada 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0

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59

Doença de chagas aguda 3 1 3 1 2 22 6 3 3 19

Febre maculosa / rickettsioses 0 0 0 0 1 1 5 5 5 6

Leishmaniose tegumentar americana 712 277 572 667 548 630 208 320 429 248

Leishmaniose visceral 75 68 80 123 162 94 141 93 74 66

Leptospirose 37 24 11 43 30 21 13 8 14 19

Atendimento antirrábico 1.884 1.981 2.253 2.089 2.013 2.167 3.636 42.22 4.054 4.315

Raiva humana 2 0 0 0 0 0 1 0 0 1

Acidente por animais peçonhentos 374 492 686 646 656 583 644 933 1.145 1.308

Hantavirose 0 1 0 0 0 0 1 0 2 0

Malária (casos confirmados) 21.806 14.102 8.387 8.574 7.662 8.001 8.969 14.082 23.369 22.794

Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 1 3 0

Febre tifoide 1 0 0 0 2 1 3 1 0 0

Rotavírus 399 195 148 49 61 28 130 35 12 7

Toxoplasmose 0 0 0 0 0 21 22 15 13 2

Toxoplasmose congênita 0 38 52 5 193 60 2 0 1 1

Doenças causadas por protozoários complicando a gravidez, o parto e o puerpério

0 0 0 0 0 0 0 0 2 63

Tuberculose 151 170 144 172 162 181 175 226 285 357

Hanseníase 158 134 176 158 96 112 105 197 145 130

Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) 1 0 28 1 0 2 0 0 0 0

Difteria 0 0 0 0 0 0 1 2 2 0

Doenças exantemáticas (Sarampo e Rubéola) 19 10 7 7 72 51 7 6 589 58

Síndrome da rubéola congênita 2 0 0 0 0 1 0 0 0 0

Meningite 56 65 76 70 61 65 56 42 18 40

Paralisia flácida aguda/poliomielite 3 2 0 0 1 0 1 1 0 1

Tétano acidental 1 1 1 3 2 0 0 0 0 0

Coqueluche 6 12 41 57 13 10 16 29 18 38

Pneumonia não especificada 0 0 1 0 1 8 39 40 1 0

Caxumba (parotidite epidêmica) 0 0 0 0 0 0 0 1 115 46

Page 61: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

60

Varicela sem complicações 82 1.441 1.165 1.660 1.671 536 1.266 1.014 0 0

Varicela 0 0 0 0 0 0 0 36 813 1.328

Eventos adversos pós-vacinação 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0

Violência interpessoal/autoprovocada 507 671 507 788 838 737 893 1.095 1.313 1.952

Intoxicação exógena 122 179 268 149 333 281 490 500 782 999

Acidente de trabalho com exposição a material biológico

137 143 166 204 201 194 184 212 259 245

Acidente de trabalho grave 399 754 1.124 1.831 937 645 425 356 387 536

Câncer relacionado ao trabalho 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Dermatoses ocupacionais 1 0 2 4 2 1 2 0 1 1

LER/DORT 16 6 3 3 1 4 4 1 5 3

PAIR 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0

Pneumoconiose 1 0 0 0 0 1 0 0 1 2

Transtorno mental 1 1 1 0 0 0 1 2 5 12

Total 47.836 33.222 29.058 26.464 24.354 23.221 25.508 40.916 41.833 45.173

Fonte: SINAN/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). NOTA: Os dados são referentes aos CASOS NOTIFICADOS, os dados sobre o número de CASOS CONFIRMADOS são apresentados pelas áreas técnicas específicas. Não foram incluídos os dados de doenças diarreicas agudas (DDA), síndrome gripal (SG), inquérito do tracoma, e síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Page 62: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

61

3.1 DOENÇAS DE TRANSMISSÃO VETORIAL E ZOONOSES

3.1.1 Dengue e outras arboviroses transmitidas pelo Aedes em Roraima

Rosangela da Silva Santos Joel de Melo Lima Maria do Amparo da Silva Sousa

O quadro epidemiológico atual da dengue no país caracteriza-se pela ampla

distribuição do Aedes aegypti em todas as regiões, com uma complexa dinâmica de

dispersão dos vírus, circulação dos quatros sorotipos virais (DENV1, DENV2, DENV3

e DENV4) e simultânea dos vírus chikungunya e zika. Essa situação epidemiológica

tem, ao longo dos anos, apesar dos esforços do Ministério da Saúde, dos estados e

dos municípios, provocado a ocorrência de epidemias nos principais centros urbanos

do país e município de médio e pequeno adensamento populacional, cominando um

importante aumento na procura pelos serviços de saúde, com ocorrência de casos

graves e óbitos. As intervenções sobre o problema são em alguns aspectos

reconhecidas como de difícil implantação, por seu caráter de atuação global que

transcende o setor saúde. Algumas outras ações são de responsabilidade imediata

dos gestores de saúde locais e potencialmente capazes de produzir mudanças

efetivas no quadro atual, com destaque para a redução da letalidade dos casos de

dengue com complicação e dengue grave (Diretrizes Nacionais para a Prevenção e

Controle de Epidemias de Dengue).

3.1.1.1 Dengue

No Brasil entre os anos de 1981 e 1982, registrou-se a primeira epidemia de

dengue no Brasil com diagnóstico clinico e laboratorial em Roraima, foram

identificados a ocorrência dos sorotipos DENV1 e DENV4 que atingiu a capital com

aproximadamente 11.000 casos e sem registro de óbitos. O índice de infestação

predial na época chegou a 80% nos bairros da capital (BENEDETTI, 2000).

De 1982 a 1986 foi desencadeada uma campanha intensa de combate ao vetor

em todas as modalidades (tratamento focal, perifocal, eliminação de criadouros,

tratamento de água potável, nebulização espacial) (BENEDETTI, 2000).

Em 1992 foi detectado a re-infestação em Roraima pelo Aedes aegypti

provavelmente proveniente da Venezuela. A zona urbana do município de Boa Vista

Page 63: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

62

apresentou infestação iniciando no bairro São Pedro. De 1992 a 1996, devido

ausência de dados e precariedades nas informações, torna-se evidente a falha do

gerenciamento tanto do sistema de vigilância entomológico quanto epidemiológico, o

que ocasionou a dispersão do Aedes aegypti no Estado (BENEDETTI, 2000).

Em 1996 ocorreram 116 casos confirmados por laboratório (28,4%), 265 foram

descartados (64,8%) e 12 confirmados por vínculo – epidemiológico (2,9%). Em 1998

ocorreram 26 casos confirmados por laboratório (10,1%) e 157 foram descartados

(60,8%). Boa Vista concentrou 85% das notificações (BENEDETTI, 2000).

Em 1999, Roraima enfrentou um surto epidêmico atingindo especificamente a

capital Boa Vista, concentrando 98,3% dos casos. A cidade apresentou condições

favoráveis para o desenvolvimento e persistência da referida epidemia devido à alta

infestação predial por Aedes Aegypti (BENEDETTI, 2000).

Em 2000 foram notificados 7.244 casos suspeitos de dengue e destes 4.107

foram confirmados (56,8%) com a incidência de 2.224 casos por 100.000 habitantes.

Não houve registro de casos de dengue em 3 municípios: Caroebe, São João da

Baliza e Uiramutã, sobretudo em Boa Vista, incrementando-se o risco de casos de

formas graves da doença. Foi confirmado por estudo de isolamento de vírus a

circulação dos sorotipos1 e 2 (BENEDETTI, 2000).

No período de 2000 a 2013 foram notificados 74.712 casos de dengue e

confirmados 37.788 (50,5% dos casos). O coeficiente de incidência variou de 1.266,04

(4.107/324.397) por 100 mil habitantes em 2000 e 183,16 (894/488.072) em 2013,

uma queda significativa no período, porém para o controle dessa endemia é

necessário um trabalho contínuo de controle do vetor, já que coexiste circulação viral

e susceptibilidade dos hospedeiros. Ressalta-se que é fundamental a vigilância

sorológica e principalmente a realização do isolamento viral dos casos suspeitos para

o monitoramento da circulação dos sorotipos (BENEDETTI, 2013).

Entre os anos de 2014 a 2018 foram notificados um total de 13.405 casos de

dengue no estado de Roraima, destes 2.377 (17,73%) dos notificados foram

confirmados com a seguinte classificação dengue 2.350 (98,86%), dengue com sinais

de alarme 23 (0,96%) e dengue grave quatro (4) (0,16%) (Tabela 3).

Page 64: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

63

Tabela 3. Casos notificados de dengue por ano de notificação e classificação no

período de 2014 a 2018 em Roraima.

Ano Ign/Branco Descartado DengueDengue com Sinais de

Alarme

Dengue

GraveInconclusivo Total

2014 0 1074 879 5 3 261 2222

2015 0 1683 974 10 0 137 2804

2016 0 1726 191 4 1 22 1944

2017 5 4610 202 1 0 78 4896

2018 0 1426 104 3 0 6 1539

Total 5 10519 2350 23 4 504 13405 Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Quando avaliamos o percentual de casos pelos principais pólos notificadores

de dengue do Estado destacam-se os municípios de Boa Vista 7.074 (53,08%),

Rorainopolis 1.907 (14,30%) e Mucajaí 1.102 (8,26%). Os demais municípios somam

em conjunto 2.244 (24,34%) dos casos notificados e as unidades de saúde com maior

número de notificações foram as unidades de média e alta complexidade Hospital

Geral de Roraima com 2.762 (20,68%), Pronto Atendimento Cosme e Silva com 2.306

(17,25%) e Hospital Regional de Rorainopolis Ottomar de Souza Pinto com 1.606

(12,02%). Quando analisamos o percentual de notificações e confirmações

verificamos que as unidades mistas e hospitalares notificaram 82,63% e confirmaram

78,37%, as demais unidades inclusive a Atenção Básica notificaram 17,63% e

confirmaram 21,62% das notificações (Figura 1).

Figura 1. Casos notificados e confirmados de dengue por nível de atenção à saúde de

2014 a 2018 em Roraima

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

Média e Alta Complexidade Atenção Básica

Notificados Confirmados

N = Notificados 13.405 N = Confirmados 2.377

Page 65: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

64

Mais recentemente, com a maior intensidade de circulação do sorotipo DENV2,

tem-se observado um agravamento dos casos, com aumento do registro em crianças

(Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue).

Quando avaliados os dados de 2014 a 2019 por faixas etárias percebemos uma

diminuição de 4,18% entre os anos de 2014 e 2015 na faixa etária < de 1 a 14 anos,

porém a partir de 2015 esta faixa etária vem sofrendo aumento crescente no

percentual de adoecimento por essa doença, enquanto as demais vêm diminuindo ou

mantendo-se (Tabela 4).

Considerando os dados de notificação por faixa etária em 2019, verificamos um

percentual de 32,17% na faixa de < de um a 14 anos, faixa essa em que a

sintomatologia inicial da dengue se confunde com outras doenças pediátricas,

podendo assim ser um fator complicador para o manejo clínico da dengue, desses

pacientes 27,5% dos casos com complicação ou grave encontra-se nessa faixa etária.

Tabela 4. Casos notificados de dengue por faixas etárias em Roraima nos anos de

2014 a 2019

Ano< de 1 a

14 anos

%

Incidencia

De 15 a

59 anos

%

Incidencia

De 60 a

mais

%

IncidenciaTotal

2014 482 21,69 1572 70,75 168 7,56 2222

2015 491 17,51 2108 75,18 205 7,31 2804

2016 385 19,80 1404 72,22 155 7,97 1944

2017 1252 25,57 3273 66,85 371 7,58 4896

2018 442 28,72 1017 66,08 80 5,2 1539

2019 1351 32,17 2623 62,47 120 2,86 4199 Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Em Roraima no ano de 2019 foram notificados 4.199 casos de dengue e

confirmados 1.588 com a seguinte classificação: dengue 1.548, dengue com sinais de

alarmes 36 e dengue grave quatro (4) (Tabela 5), e a ocorrência de um (1) óbito.

Tabela 5. Casos notificados de dengue e classificação no ano de 2019 em Roraima.

Ano Ign/Branco Descartado Dengue

Dengue

com Sinais

de Alarme

Dengue

GraveInconclusivo Total

2019 1 2587 1548 36 4 23 4199

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Page 66: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

65

Avaliando o percentual de casos notificados pelos municípios destacam-se Boa

Vista 2.244 (53,44%), Caracaraí 439 (10,45%), Bonfim 278 (6,62%) e Mucajaí 274

(6,52%). Os demais municípios somam em conjunto 964 (22,95%) dos casos

notificados. As unidades de saúde de média e alta complexidade foram as que

registraram o maior número de notificações sendo: Pronto Atendimento Cosme e Silva

com 1.143 (27,22%), Hospital Geral de Roraima com 470 (11,19%), Unidade Mista de

Caracaraí 371 (8,83%) e Hospital da Criança Santo Antonio 355 (8,45%). Quando

analisamos o percentual de notificações e confirmações verificamos que as unidades

mistas e hospitalares notificaram 3.590 (85,49%) e confirmaram 1.348 (84,88%), a

Atenção Básica e as demais unidades notificaram 609 (14,50%) e confirmaram 240

(15,11%) das notificações (Figura 2).

Figura 2. Casos notificados e confirmados de dengue por nível de atenção à saúde no

ano de 2019 em Roraima

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Conforme as Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias

de Dengue (2009), quando o diagrama de controle fica acima da linha superior por

três (3) semanas seguidas, considera-se uma situação de epidemia, no ano em

epígrafe de acordo com o diagrama estadual de controle da dengue Roraima teve um

surto epidêmico nas primeiras semanas epidemiológicas e a partir da 29ª a 52ª

configurou uma epidemia (Figura 3).

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

Média e Alta Complexidade Atenção Básica

Notificados Confirmados

N= Notificados 4.199 N= Confirmados 1.588

Page 67: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

66

Figura 3. Diagrama estadual de controle da dengue 2019

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

São objetivos do programa nacional de controle da dengue – PNCD: reduzir a

infestação pelo Aedes, reduzir a incidência da dengue e reduzir a letalidade por forma

graves da doença, ambos objetivos estão ligados diretamente ao controle vetorial

onde a principal atividade está atribuída aos Agentes de Controle de Endemias da

Dengue - ACE e Estratégia Saúde da Família (ESF), que além de eliminar criadouros

do vetor tem a função de executar o componente sexto do programa que é educação

em saúde e mobilização social. Em 2019 estas atividades ficaram fragilizadas devido

ao insuficiente número de agentes de controle vetorial (ACE) na maioria dos

municípios e ao desabastecimento a nível nacional do saneante malathion EW 44%

utilizado no controle químico do vetor transmissor adulto infectado, tais fragilidades

foram cruciais para o aumento do nível de infestações pelo Aedes e

consequentemente no aumento da morbidade por dengue.

3.1.1.2 Febre Amarela

Doença infecciosa febril aguda, imunoprevenível, de evolução abrupta e

gravidade variável, com elevada letalidade nas suas formas graves, o agente

etiológico o vírus da febre amarela é um arbovírus do gênero Flavivirus, protótipo da

família Flaviviridae é transmitido por artrópodes (vetores), da família Culicidae,

habitualmente conhecidos como mosquitos e pernilongos. A importância

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51

Incidência

Semana Epidemiológica

Média móvel Limite superior 2019

Page 68: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

67

epidemiológica decorre da gravidade clínica, da elevada letalidade e do potencial de

disseminação e impacto, sobretudo quando a transmissão for urbana por Aedes (Guia

de Vigilância em Saúde 2019).

Em Roraima todos os anos são notificados pacientes com suspeita de febre

amarela, porém o último caso confirmado de febre amarela no Estado foi silvestre, no

município de Caroebe em 2007, toda via ao longo dos anos epizootias de primatas

não humanos (PNH) vem ocorrendo nas áreas silvestres dos 15 municípios do Estado.

Em 2.019 ocorreram duas (2) suspeitas em humanos que foram negativas

conforme resultado laboratorial e cinco (5) epizootias de PNH, sendo duas (2) no

município de Alto Alegre, uma (1) no Cantá não sendo possível coleta; em Boa Vista

ocorreu uma (1) epizootia com resultado laboratorial negativo para febre amarela.

3.1.1.3 Chikungunya

O vírus chikungunya (CHIKV) foi introduzido no continente americano em 2013

e ocasionou uma importante onda epidêmica em diversos países da América Central

e ilhas do Caribe. No segundo semestre de 2014, o Brasil confirmou, por métodos

laboratoriais, a autoctonia do chikungunya nos estados do Amapá e da Bahia,

passando a conviver com uma segunda doença causada pelo Aedes aegypti.

Atualmente, todas as Unidades da Federação (UF) registram transmissão autóctone

desse arbovírus. Essa arbovirose também pode se manifestar de forma atípica e/ou

grave, sendo observado elevado número de óbitos (Guia de Vigilância em Saúde

2019).

Entre os anos de 2014 e 2018 foram notificados um total de 8.815 casos

suspeitos e confirmaram 4.102 (46,84%) dos notificados de febre chikungunya em

Roraima. Quando avaliado o percentual de casos notificados do Estado pelos

municípios destaca-se Boa Vista 6.271 (71,14%), e as unidades de saúde de Média e

Alta complexidade tiveram o maior número de notificações Pronto Atendimento

Cosme e Silva, Hospital Geral de Roraima e Hospital da Criança Santo Antonio com

4.798 (76,51%) e as demais unidades somando-se à Estratégia Saúde de Família

notificaram 1.473 (23,48%) das notificações do município (Figura 4).

Page 69: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

68

Figura 4. Notificação de chikungunya pelo nível de atenção no município de Boa Vista - RR, de 2014 a 2018

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Os demais municípios do Estado notificaram 2.544 (28,86%) e os que mais se

destacaram foram Mucajaí 774 (31,02%), Rorainopolis 684 (27,41%), Bonfim 218

(8,73%) e os demais municípios somam em conjunto 868 (34,11%) dos casos

notificados (Figura 5).

Figura 5. Notificação de chikungunya dos municípios do interior - RR, de 2014 a 2018

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Dos 526 casos notificados de chikungunya em 2019, houve 24 confirmações.

Quando analisado o ano de 2019 percebemos que dos 15 municípios Boa Vista,

Mucajaí e Bonfim notificaram 409 (77,75) das 526 notificações, com um percentual de

confirmação (62,5%) de todo Estado (Figura 6).

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

Hospital da Criança Santo AntonioHospital Geral de Roraima Pronto

Atendimento Cosme e Silva

Outras Unidades e a Estratégia Saúde daFamília

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

Mucajaí Rorainopolis Bonfim Demais Municípios

N= Hospitais 4.798 N= Outras Unidades e ESF 1.473

N= Mucajaí, Rorainopolis e Bonfim 1.676 N= Outros 11 municípios 868

Page 70: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

69

Figura 6. Notificação e confirmações de chikungunya - Roraima 2019

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

3.1.1.4 Zika

No primeiro semestre de 2015, foi identificado pela primeira vez no continente

americano, em alguns estados da região Nordeste do Brasil, outro vírus transmitido

pelo Aedes: o vírus Zika (ZIKV). Desde então se disseminou para todo o país e demais

países do continente americano, com exceção de Chile e Canadá. Cabe destacar que

surtos de Zika foram reportados anteriormente em 2007 na região do Pacífico, em

2013 nas ilhas Yap e Polinésia Francesa, e em 2015 na África (em Cabo Verde). O

surgimento de pacientes com manifestações neurológicas e história prévia de infecção

viral tem sido registrado em estados com circulação de ZIKV. As principais

manifestações neurológicas em pacientes infectados incluem casos de encefalite,

meningoencefalite, mielite e síndrome de Guillain-Barré (SGB). Adicionalmente, a

epidemia de Zika afetou gravemente o Nordeste do Brasil e evidenciou a associação

entre a infecção pelo ZIKV durante a gravidez e o risco de malformações congênitas

– destacando-se as microcefalias – que até então não haviam sido descritas em outros

países onde houvera surto da doença. Essa arbovirose eventualmente pode levar a

óbito (Guia de Vigilância em Saúde 2019).

Em Roraima entre os anos de 2015 e 2018 foram notificados e 1.398 e

confirmados 398 (28,46%) dos casos notificados de zika no estado de Roraima.

Quando avaliado o total de notificados no período verificamos que três municípios Boa

Vista, Mucajaí e São Luiz notificaram 1.139 com um percentual de (81,47%) dos casos

do Estado (Figura 7).

0

100

200

300

400

500

600

Notificados Confirmados

N= 526 Notificados

N= 24 Confirmados

Page 71: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

70

Figura 7. Notificação e confirmações de zika - Roraima 2015 a 2018

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Em 2019 Roraima notificou 193 casos de zika com 22 confirmados. Os

municípios de Mucajaí (MCJ), Boa Vista (BV) e São Luiz (SL) notificaram 149 (77,20%)

e confirmaram 15 (68,18%) dos casos de todo Estado. Os demais municípios

notificaram 44 e confirmaram sete (7) (Figura 8). Uma outra situação observada foi

que das notificações do ano em análise, de 193 notificações 120 foram do sexo

feminino, destas 37 estavam gestantes, no primeiro trimestre 10 (27,02%), segundo

trimestre 14 (37,83%) e terceiro trimestre 11 (29,72) (Tabela 6). Quando avaliamos os

casos confirmados em grávidas constatamos que duas estavam com diagnóstico

positivo, uma grávida no primeiro trimestre de gestação com confirmação laboratorial

e outra com idade gestacional ignorada e confirmada por clínico epidemiológico.

Figura 8. Notificação e confirmações de zika - Roraima 2019

Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

0

200

400

600

800

1.000

1.200

Boa Vista Mucajaí São Luiz Outros Municípios

Notificados Confirmados

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Mucajaí Boa Vista São Luiz Outros Municípios

Notificados Confirmados

N= Notificados 1.398 N= Confirmados 398

N= Notificados 149 MCJ BV SL e 44 Outros Municípios N= Confirmados 15 MCJ BV SL e sete Outros Municípios

Page 72: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

71

Tabela 6. Casos notificados de zika por município de residência e classificação do

período gestacional em Roraima no ano de 2019

MunicípioIgnorado

ou Branco

Trimestre

Trimestre

Trimestre

Idade

Gestacional

Ignorada

Total de

GestantesNão

Não se

Aplica

Total

Geral

Alto Alegre 0 0 0 0 0 0 2 1 3

Amajari 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Boa Vista 0 6 7 11 0 24 8 27 59

Bonfim 1 0 0 0 0 0 1 4 6

Cantá 0 2 2 0 0 4 0 1 5

Caracaraí 1 0 0 0 0 0 2 2 5

Caroebe 1 0 0 0 1 1 1 4 7

Iracema 0 0 0 0 0 0 2 4 6

Mucajaí 2 1 4 0 0 5 22 47 76

Normandia 0 0 0 0 0 0 6 8 14

Pacaraima 0 0 0 0 0 0 1 1 2

Rorainópolis 1 0 0 0 0 0 0 1 2

São Luiz 0 1 0 0 0 1 2 2 5

Não classificados 0 0 1 0 1 2 0 0 2

Total 6 10 14 11 2 37 47 103 193 Fonte: SINAN/NCFAD/DVE/CGVS/SESAU/RR.

3.1.1.5 Discussão

Dentro do cenário encontrado durante 2019 levando em consideração os dados

epidemiológicos e entomológicos e com base nas informações várias atividades foram

executadas e intensificadas junto aos municípios pela equipe estadual levando em

conta a capacidade técnica apresentada pelos mesmos, priorizando os que

apresentaram maior fragilidade e tendência de alto risco para transmissão de dengue

e outras arboviroses.

Vários fatores que contribuíram para o aumento das infestações e incidência

de casos foram observados e sinalizados aos gestores municipais e estaduais no

decorrer do período, e como não foram solucionados, contribuíram para a fragilidade

da vigilância das arboviroses nos municípios, dentre eles: subnotificação dos casos

de arboviroses, baixa qualidade no controle de vetores com relação as visitas

domiciliares e a falta de estrutura das unidades hospitalares principal porta de entrada

dos pacientes que adoecem por arboviroses.

As atividades realizadas por esse Núcleo tiveram o objetivo de fortalecer a

vigilância epidemiológica, assistência e o controle vetorial das arboviroses (Quadro 2).

Page 73: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

72

Quadro 2. As atividades realizadas pelo Núcleo de Controle de Febre Amarela e

Dengue em 2019.

Atividades Realizadas Atividades Realizadas Quantidade

Visitas Técnicas com: equipes de endemias, vigilância epidemiológica, gestor municipal

Boa Vista, Canta, Bonfim, Amajarí, Alto Alegre, Rorainopolis, Caracaraí, São João Baliza, São Luiz, Caroebe, Normandia, Uiramutã, Pacaraima, Iracema e Mucajaí

55 visitas

Acompanhamento das Atividades do Levantamento de Índice Rápido - LIRAa

Mucajaí, Iracema, Caracaraí, Amajarí, Alto Alegre, Bonfim, São João Baliza, São Luiz, Caroebe, Rorainopolis e Canta

12 municípios atendidos

Atividades do dia “D” - Eliminação de Criadouros

Município de Caracaraí 01 ação

Supervisão indireta nas atividades de campo

Canta, Bonfim, Amajarí, Alto Alegre, Rorainopolis, Caracaraí, São João Baliza, São Luiz, Caroebe, Normandia, Uiramutã, Pacaraima, Iracema e Mucajaí

65 supervisões

Monitoramento do SINAN 15 municípios Diário

Implementação dos sistemas de informação - SisPNCD

15 municípios 15 atendidos

Reunião com municípios prioritários p ações de Febre Amarela e DSEIS, PNI, Atenção básica, vigilância epidemiológica, Operação acolhida

Canta, Amajarí, Alto Alegre, Boa Vista, Uiramutã

03 reuniões

Visitas aos municípios para o alerta epidemiológico da febre amarela e ocorrência de epizootia

Pacaraima e Canta 03 visitas

Controle vetorial com UBV (carros fumacê) Boa Vista, Bonfim, Caracaraí, Rorainopolis, Mucajaí, São João da Baliza, São Luiz e Caroebe

08 municípios

Oficina de Epizootias 15 municípios atendidos, exercito, defesa civil e DSEis

01 oficina

Atualização em manejo clinico para médicos e enfermeiros

15 municípios atendidos 2 atualizações

Reunião com apoiadores do ministério da Saúde – MS, técnicos da Vigilância epidemiológica do município de boa vista e técnicos do NCFAD

Boa Vista 1 reunião

Doações de Equipamentos de aplicação de inseticidas e EPIs

Boa Vista, Mucajaí e Caracaraí. 15 equipamentos

doados

Videoconferências com Ministério da Saúde e municípios

Municípios participantes; Boa Vista 07 videoconferências

3.1.1.6 Fragilidades Municipais/Estado

A) Municípios

• Ausência de articulação entre equipe de endemias e equipes da estratégia

saúde da família dos municípios;

• Ausência de articulação entre equipe de endemias e vigilância epidemiológica;

Page 74: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

73

• Baixa cobertura de agentes de endemias nos municípios;

• Sub notificação dos casos de dengue, chikungunya e zika;

• Fichas de notificação mal preenchidas, dificultando a realização das

investigações dos casos;

• Falta de coleta de amostras para realizar exames laboratoriais para

arboviroses;

• Número de veículos reduzido nos municípios para o desenvolvimento das

ações de vigilância em saúde;

• Visitas domiciliares para o controle de vetores realizada pelos agentes de

endemias sem a qualidade preconizada;

• Dificuldade de veículos para o transporte das amostras para confirmação

diagnóstica;

• Falta de insumos médicos hospitalares e laboratorial na rede hospitalar dos

municípios do interior.

B) Estado

• Falta de inseticida para controle da forma alada do Aedes;

• Desabastecimento de insumos laboratoriais para diagnóstico;

• Manejo clinico deficiente aos pacientes com arboviroses;

• Baixa adesão dos médicos nas atualizações clinicas das arboviroses;

• Falta de uma central de UBV para armazenamento adequado dos insumos,

guarda e manutenção dos veículos e equipamentos;

• Dificuldades na aquisição de peças de reposição dos equipamentos de

aplicação de inseticidas Ultra Baixo Volume – UBV pesada (carros fumacê);

• Equipamentos e veículos de UBV's insuficiente e desgastados devido bastante

tempo de uso, implica na eficiência do serviço;

• Falta de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, devido a morosidade dos

processos de aquisição.

Referência bibliográfica

Brasil 2019 (Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Epidemias de Dengue). http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019

https://saude.rr.gov.br/cgvs

Page 75: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

74

3.1.2 MALÁRIA

Ducineia Barros de Aguiar Jacqueline de Aguiar Barros

3.1.2.1 Objetivos e Metas do Programa Estadual de Controle da Malária

Objetivos

Geral

• Reduzir a morbimortalidade por malária

Específicos

• Reduzir a incidência de malária;

• Evitar a mortalidade por malária;

• Reduzir as formas graves da doença;

• Eliminar a malária até 2030;

• Manter a ausência da transmissão da doença nos locais onde ela tiver sido

interrompida.

Metas para a redução da malária

Reduzir em 10% o número de casos autóctones de malária em relação ao ano

de 2018.

Eliminar número de casos autóctones de malária por Plasmodium falciparum

Atingir 70% dos casos de malária com tratamento iniciado em tempo oportuno

(48 para casos autóctones e 96 horas para casos importados) por município de

notificação.

Malária no mundo e no Brasil

A malária é considerada um grave problema de saúde pública no mundo,

sendo uma das doenças de maior impacto na morbidade e na mortalidade da

população dos países situados nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. De

acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 228 milhões de novos casos

da doença foram notificados no mundo apenas em 2018, além da ocorrência de mais

de 405 mil óbitos por malária (BRASIL, 2020).

Page 76: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

75

A região Amazônica brasileira é considerada a área endêmica do país para

malária com 99% dos casos autóctones, compreende os estados do Acre,

Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão.

Nas áreas fora da região Amazônica mais de 80% dos casos registrados são

importados dos estados pertencentes à área endêmica, outros países amazônicos,

como os do continente africano, mas existe transmissão residual de malária em

estados da região extra-Amazônica, principalmente em áreas de Mata Atlântica (SP,

MG, RJ e ES) (BRASIL, 2020).

Dados do Ministério da Saúde apontam uma queda na frequência de casos

de malária a partir de 2010 até 2016. Porém, em 2017, foi registrado um aumento

de aproximadamente 50,4% nos casos em relação ao ano de 2016, com 194.426

casos notificados. Dados preliminares de 2019 demonstram que foram registrados

157.453 casos no país, com redução de 19% em relação ao ano de 2018. O número

de óbitos por malária no Brasil tende a uma constante redução desde 2005, com

exceção dos anos de 2009 e 2018 que apresentaram aumento. Apesar disso, o

manejo de casos graves de malária tem sido aprimorado e, em 2019, já foi possível

verificar nova redução nessa quantidade, com registro de 36 óbitos, segundo dados

preliminares. A letalidade por malária na região Amazônica é baixa (1,6/100.000)

enquanto no restante do país a letalidade chega a ser 128 vezes maior. O óbito

nestas áreas ocorre, na maior parte, em pessoas que vêm infectadas de outros

países ou de estados da região Amazônica e não recebem o diagnóstico e

tratamento oportunos e adequados devido à dificuldade na suspeição de uma

doença relativamente rara nestas áreas e desinformação dos viajantes a respeito

dos seus riscos (BRASIL, 2020).

3.1.2.1 Situação Epidemiológica da Malária em Roraima

No ano de 2019 foram notificados 22.794 casos de malária, destes 21.371

(93,77%) causados por malária não falciparum e 1.423 (6.23%) por malária falciparum

e infecção mista. No ano de 2018 foram 23.369 casos de malária notificados, sendo

21.020 casos por malária não falciparum e 2.289 casos de malária falciparum + mista.

Desta forma, observa-se reduções de 2.64% nas notificações de malária e de 37,83%

de malária falciparum + mista (Figura 9).

Page 77: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

76

Figura 9. Série histórica dos casos de malária notificados na região Amazônica por

espécie, 2003 a 2019.

Nos anos de 2018 e 2019 foram confirmados, respectivamente, 18.346 e

20.322 casos de malária são autóctones do estado de Roraima, o que representa um

aumento de 11% de um ano para outro. Todavia, ao analisar os casos autóctones dos

municípios, no período, excluindo-se as áreas indígenas, observa-se uma redução de

23% em áreas não indígenas. Além disso, reforça-se a detecção do aumento de 6%

e de 118% em áreas indígenas do DSEI Leste e do DSEI Yanomami, respectivamente

(Figura 10)

Figura 10. Número de casos autóctones de malária estratificados por área indígena e

não indígena (a), Roraima, 2017 a 2019.

(a) Nulo no gráfico representa área não indígena do estado de Roraima.

Ao analisar os casos autóctones de Roraima por semana epidemiológica,

observa-se maior número de casos nos meses de outubro e novembro, em 2018 o

Page 78: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

77

maior número de casos ocorreu na semana 47 (581 casos) e em 2019 na semana 41

(589 casos) (Figura 11).

Figura 11. Distribuição dos casos autóctones de malária em Roraima, por semana

epidemiológica e espécie, 2018 e 2019.

No ano de 2019 observa-se maior frequência de casos em homens na faixa

etária de 20 a 29 anos (2.590 casos). Chama-se atenção para o alto quantitativo de

casos notificados na faixa etária de 0 a 9 tanto no sexo masculino (2.538 casos) e

feminino (2.217 casos), o que pode representar transmissão intradomiciliar dos casos

(Figura 12).

No período de 2018 e 2019, observou-se maior redução nos municípios de

Caracaraí (-59,7%), Cantá (-48,6%) e Rorainópolis (-44,3%). Por outro lado, observou-

se aumento de casos em dez municípios do estado de Roraima, onde os maiores

foram nos municípios de Normandia (290%), Caroebe (191,9%) e Alto Alegre

(182,4%) (Figura 13).

Em relação a redução dos casos de malária de Caracaraí, Cantá e

Rorainópolis, considerados prioritários para o programa da malária, salienta-se que, o

Ministério da Saúde repassou 15.000 Mosquiteiros Impregnados com Inseticida de

Longa Duração (Milds), para esses municípios, vindo o Cantá receber (5.000),

Caracaraí (3.000), Rorainópolis (6.800) e Pacaraima que apesar de não ser prioritário,

foi contemplado com 200 mosquiteiros para atender as comunidades indígenas

Page 79: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

78

situada às margens da BR-174, área de trânsito dos migrantes venezuelanos. Com o

apoio estadual de veículo abastecido e motorista, os mosquiteiros foram entregues no

primeiro quadrimestre de 2019, alcançando a meta de 100% de entrega. Assim, a

redução da doença nesses municípios, pode ser atribuída a instalação dos Milds em

comunidades com altos índices de malária.

Figura 12. Número de casos autóctones de malária de acordo com a faixa etária e

sexo, Roraima, 2019.

Por outro lado, o cenário de aumento de casos, principalmente nos municípios

de Normandia e Alto Alegre, na sua grande maioria é procedente de áreas indígenas

do leste de Roraima e da área yanomami.

No tocante a Normandia, que apresentou em 2019 um aumento de 290% em

relação em 2018, ressalta-se que, 73,07% dessa malária ficou concentrada em cinco

comunidades indígenas macuxi e wapixana, do Dsei-Leste de Roraima. Quatro delas,

estão localizadas na região da Raposa: Matirí (32 casos), Bismack (06 casos), Japó

(06) e Canãa (05casos) e a comunidade de Mari-Mari com (08casos) está localizada

na região do Baixo Cotingo.

Quanto ao município de Alto Alegre, em 2019, conforme a figura 5, houve um

aumento de 182,4% dos casos de malária em relação a 2018, registrando-se (5.780

casos). Desse número, distribuídos entre as primeiras 47 comunidades de maiores

transmissões, somam-se 5.364 casos (97,87%) que são procedentes de comunidades

yanomami, aonde estão instalados os garimpos de extração de ouro e apenas uma,

Page 80: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

79

procedente de área não indígena, o Projeto de Assentamento Paredão que registrou

18 casos de malária. Lembrando que, essas 47 localidades de alto risco de malária

da área indígena yanomami, são de difícil acesso, por via fluvial ou por varadouro na

floresta e dessa forma, uma situação de baixa governabilidade, pela presença da

população suscetível, o agente etiológico e a presença do vetor, determinando a

elevada incidência da malária, com formas graves e óbitos.

Os demais 416 casos restantes, distribuíram-se, em comunidades indígenas

das etnias yanomami, macuxi, assentamentos de terras e fazendas, em número muito

pequenos de casos.

Quanto ao município de Caroebe, fazendo fronteira com o Estado do Pará, em

2019 registrou-se um aumento de 191,9% de casos de malária em relação a 2018.

Dos 791 casos registrados, mais de 90% concentrou-se em cinco das 36 localidades

do município: Santo Antônio (223 casos), Vida Nova (156), Santa Inês (144), vicinal

35(63) e Dois irmãos (68). O intenso fluxo migratório e a exploração extrativista, são

fatores que vem contribuindo com o aumento dos casos de malária.

Figura 13. Diferença percentual de casos de malária por município de infecção,

Roraima, 2018 e 2019.

Os constantes surtos da doença, em Caroebe, foram detectados precocemente

pelo NCM que esteve presente no município, discutindo estratégicas de intensificação

das ações de vigilância e controle da malária (capacitações em teste rápido e

Page 81: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

80

educação em saúde, busca-ativa dos casos, borrifaçao e nebulização). No entanto,

não houve resposta satisfatória do município, que dispõe de uma reduzida equipe,

para atender os programas de dengue, malária e outras endemias.

Quanto a malária registrada nas comunidades indígenas, levou os técnicos do

NCM a reunir-se com a gestão de controle da malária, tanto do Dsei-Leste quanto do

Dsei-Yanomami, para discutir e encontrar estratégias mais apropriadas, visando a

redução da transmissão da doença.

Tabela 7. Casos de malária por área indígena e não indígena dos municípios de

Infecção, Roraima, 2018 e 2019.

MUNICÍPIO DE INFECÇÃO MUNICÍPIO

LESTE DE RORAIMA

YANOMAMI

2018 2019 2018 2019 2018 2019

Alto Alegre 185 321 209 109 1653 5350 Amajarí 715 616 156 216 573 1333 Boa Vista 253 327 31 31 0 0 Bonfim 108 52 36 86 0 0 Cantá 2714 1461 473 178 0 0 Caracaraí 1432 660 0 0 1170 388 Caroebe 270 776 1 15 0 Iracema 697 372 0 0 189 812 Mucajaí 831 1422 0 0 136 237 Normandia 6 8 14 70 0 0 Pacaraima 46 42 1546 1709 0 0 Rorainópolis 3616 2014 2 0 0 0 São João da Baliza 340 541 61 9 0 0 São Luiz 201 174 21 0 0 0 Uiramutã 12 33 649 960 0 0

RORAIMA 11426 8819 3199 3383 3721 8120

Excluídos LVC e resultados negativos. Fonte: Sivep-Malária/SVS/MS.

Ao analisar os casos de malária por área indígena e não indígena dos

municípios de Infecção, um aumento expressivo de casos de malária em áreas

indígenas dos municípios, principalmente nos municípios de Alto Alegre e Amajarí

com 5.350 e 1.333 casos de malária em áreas do DSY, respectivamente, no ano de

2019 (Tabela 7). Tal cenário pode ser atribuído à atividade de garimpagem nessas

áreas. Diante disso, realizou-se uma reunião no dia 14 de março de 2019, cuja a pauta

foi a situação da malária na Área Indígena Yanomami e a interferência do garimpo. A

reunião teve como objetivo avaliar a malária em garimpos do Dsei-Yanomami e que

as vias de cesso que são principalmente pelos rios ou áreas de matas dos municípios

Page 82: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

81

de Alto Alegre, Amajarí, Mucajaí, Caracaraí e Iracema, bem como por pistas

clandestinas de áreas rurais. A presença de garimpeiros nas áreas indígenas

Yanomami é uma realidade que contribuiu para o incremento da malária em Roraima

no ano de 2019.

No período de 23 a 26 de abril de 2019 realizou-se outra reunião envolvendo

os três entes federativos (SESAI, GT/Malária-Ministério da Saúde, CGVS/Dseis –

Leste e Yanomami e Municípios), com o intuito, avaliar e elaborar um plano estratégico

de contingência de controle da malária em áreas indígenas, ressaltando a questão do

garimpo de ouro. A reunião apresentou como encaminhamento que o DSEI-LRR

juntamente com o Estado, firmar parcerias com os municípios de Normandia, São Luiz

do Anauá, Bonfim Amajarí e Boa Vista. –SESAI.

Em 2019, o município de Alto Alegre apresentou o maior percentual de casos

de malária falciparum + mista (51,3%), seguido pelo município de Amajarí (25,8%)

(Figura 14). Diante desse cenário foi elaborado um Plano de esgotamento do

Plasmodium falciparum no reservatório humano, com o objetivo de eliminar a fonte

de infecção do reservatório humano, a princípio está programada a implantação nos

municípios prioritários e depois ser expandido para os outros municípios.

Figura 14. Casos de malária falciparum + mista, percentual do total e percentual

acumulado por município de infecção, Roraima, 2019

No período de 2014 a 2019, observou-se maior número de óbitos por malária

em 2018 com 18 óbitos, 2019 foram 12 óbitos onde a malária foi identificada como

causa básica. Chama-se a atenção para o fato de 08 (oito) dos óbitos que ocorreram

Page 83: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

82

em 2019 foram causados pelo P. falciparum e 02 (dois) pelo P. vivax (Tabela 8). Com

o intuito de fortalecer o manejo hospitalar da malária grave, a Médica de Referência

da Malária no estado de Roraima, Dra Alessandra Martins, atualizou o protocolo de

Atendimento da Malária no Hospital geral de Roraima, além disso capacitou os

médicos desta Unidade Hospitalar.

Tabela 8. Óbitos por malária e forma parasitária, Roraima, 2014 a 2019.

Causa (CID10 3D) 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

B50 Malária p/ Plasmodium falciparum 1 2 0 1 9 2 15

B51 Malária p/ Plasmodium vivax 1 0 0 1 7 8 17

B53. Outras formas malária com for p/exames parasitológico. 0 0 0 0 0 1 1

B54 Malária NE 0 2 1 2 2 1 8

Total 2 4 1 4 18 12 41

Fonte: SIM, 03/08/2020.

3.1.2.2 Outras ações desenvolvidas em 2019

• Atualizações para técnicos municipais na utilização de teste rápido:

Viando aumentar a oferta de diagnóstico precoce e tratamento oportuno e de

boa qualidade, no decorrer de 2019 foram realizadas (09) nove atualizações

para técnicos municipais (gerentes e microscopistas) na utilização de testes

rápidos, com a participação dos Distritos Sanitários Indígenas, alcançando-se

em 95 % da meta de gestão prevista.

• Capacitações para ACE e ACS dos municípios: Com a pretensão de

detectar precocemente indivíduos com sintomas de malária, nos territórios

adstritos, no decorrer do ano de 2019, foram realizadas capacitações em

Diagnóstico por Teste Rápido – DTR, nos municípios de Caracaraí, Cantá e

Rorainópolis, Alto Alegre, Bonfim, Amajarí, São Luiz, Baliza e Caroebe, tendo

como público-alvo os ACS e ACE.

• Capacitação para médicos, enfermeiros do PSF: no intuito de aprimorar o

manejo clínico e o tratamento do paciente com malária, tanto da atenção

primária quanto na atenção secundária e terciária, foi realizada uma (01)

capacitação para médicos e enfermeiros, conforme previsto pelo NCM,

atingindo dessa forma, a meta em 100%.

Page 84: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

83

• Capacitação, implantação e supervisão do SIES: No sentido de aprimorar a

gestão de insumos estratégicos do programa de malária (medicamentos, teste-

rápido e inseticida) aperfeiçoando o processo de programação, solicitação,

armazenagem, distribuição e consumo desses insumos, envolvendo as três

esferas do governo, foi programado (30) capacitações. No primeiro

quadrimestre, participaram (08) municípios; no segundo, além dos 15

municípios, participaram os (02) distritos sanitários indígenas do Leste e

Yanomami e no terceiro quadrimestre, foram capacitados “in loco” (08)

municípios, totalizando (33) capacitações, conforme programado, superando a

meta que era de 100%.

• Capacitações de Gerentes de Endemia: Sempre no sentido de aprimorar as

ações de vigilância e controle da malária nos municípios, foram realizadas as

(04) quatro capacitações previstas para gerentes, atingindo a meta prevista de

100%. Os gerentes foram capacitados em estratificação de áreas de risco,

DTR, Gestão do Sies e participação da reunião estadual de avaliação do

programa de malária.

• Reunião de Avalição do Programa para os 15 municípios: Da mesma

forma, objetivando avaliar as ações realizadas pelos municípios, foi realizada

uma reunião estadual de avaliação do programa de controle da malária com a

participação de gestores municipais e estadual, gerentes, representantes da

atenção básica.

• Reunião para direcionamento do Controle Vetorial da Malária nos

municípios e áreas indígenas e metodologia de instalação e

monitoramento dos Mosquiteiros Impregnados de Longa Duração – MILD

(25/01/2019), sendo realizada em duas etapas: Primeiro, houve a participação

dos municípios prioritários (Caracaraí, Rorainópolis e Cantá) e dos Distritos

Sanitários Indígenas (DSL e DSY), com orientações quanto à distribuição,

implantação e monitoramento dos MILD`s para controle Vetorial. Na segunda

etapa, contávamos com a participação de 12 municípios, no entanto,

participaram apenas seis: Boa Vista, Uiramutã, Uiramutã, Normandia, Bonfim

e Alto Alegre. Os faltosos, perderam a oportunidade de discutir os problemas,

buscando alternativas e outros direcionamentos das ações de controle da

doença nos seus municípios.

Page 85: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

84

• Elaboração e implantação do fluxo de Ampliação do horário de

atendimento do paciente com malária no Pronto Atendimento Cosme e

Silva que antes só funcionava no horário de expediente normal, a partir do mês

de novembro passou a atender toda a demanda nos finais de semana, horário

noturno e feriados.

• Elaboração da Nota Técnica sobre Tratamento de Malária em Gestantes,

pois este grupo de pacientes pode desenvolver malária grave mais

rapidamente, por isso é essencial iniciar o tratamento o mais rápido possível.

Assim, se o médico não estiver presente, torna-se crucial que microscopista

dispense ao menos as primeiras doses até que a gestante seja atendida pelo

médico.

3 Recomendações, adoção de medidas de controle e considerações finais.

• O nível estadual deve continuar a avaliar e monitorar a capacidade da rede

de diagnóstico da malária nos municípios, o funcionamento e a cobertura,

de modo a identificar as fragilidades existentes para que sejam feitas as

correções devidas, visando a detecção precoce das pessoas portadoras da

malária, prevenindo o agravamento da doença, óbitos e a sua redução;

• Avaliar a necessidade de implementar o diagnóstico por teste rápido – DTR,

nas áreas de difícil acesso e também nas unidades básicas de saúde e

hospitais de emergências dos municípios com áreas de alto e médio risco

de transmissão da malária, viabilizando que todos os pacientes com exame

positivo, iniciem o tratamento, no prazo máximo de 24 horas, a partir do

resultado do exame;

• A digitação das fichas de notificação de casos no SIVEP-Malária pelos

municípios, deve ser realizada prioritariamente em até 30 dias, mas o ideal

é que seja em até 07 (sete) dias, visando tornar o processo de detecção de

casos nas localidades e também, o monitoramento dos indicadores de

malária, de forma mais rápida e precisa, apontando para o direcionamento

das ações de prevenção, vigilância e controle da malária;

• Em localidades onde ocorreu um aumento dos casos da doença, verificar a

possibilidade de acompanhamento do tratamento junto ao paciente, uma

Page 86: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

85

vez que a completude se faz de suma importância para a redução das

lâminas de verificação de cura - LVC.

• Analisar e identificar as localidades do município em que está ocorrendo o

aumento da malária por Plasmodium falciparum para que seja feita a

investigação e a identificação da procedência correta dos casos. Avaliar a

cobertura dos postos de diagnóstico, bem como a análise da cobertura das

unidades notificantes, permitindo o conhecimento real das formas de

transmissão;

• Quanto a ocorrência da malária em áreas indígenas, salientamos que,

mesmo que o seu controle seja de competência dos distritos sanitários

indígenas-DSEI, os casos da doença são acrescentados nos municípios

que abarcam essas áreas. Portanto, a gestão estadual, continuará

buscando alternativas e estratégias, juntamente com os distritos sanitários

e municípios, com o propósito de reduzir a malária nesse território, de

acordo com os princípios e diretrizes e competências do Sistema Único de

Saúde.

• Com exceção de alguns municípios, é imprescindível um maior

comprometimento da gestão municipal, no que se refere ao combate à

malária, com vistas ao cumprimento das metas de redução de casos e a

redução do tempo de diagnóstico e tratamento precoce, garantindo dessa

forma, a melhoria da qualidade de vida da população;

Referência Bibliográfica

BRASIL, Ministério da Saúde. Situação Epidemiológica da Malária. Disponível em:

https://saude.gov.br/saude-de-a-z/malaria. Acessado em: 30/07/2020.

Page 87: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

86

3.1.3 ZOONOSES

Ingrid Albuquerque Gomes Letícia Godinho Pezente Márcio Gustavo Borges

A execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância,

prevenção e controle de zoonoses de relevância para a saúde pública, além de raiva

e leishmanioses, estende-se para outras doenças de transmissão vetorial. Assim, tais

doenças subdividem-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas

nacionais de vigilância e controle do MS, zoonoses de relevância regional ou local e

zoonoses emergentes ou reemergentes.

As zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do

Ministério da Saúde são: Raiva, Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose

Visceral, Atendimento Antirrábico Humano, Acidentes por Animais Peçonhentos,

Leptospirose, Febre Maculosa, Hantavirose e Doença de Chagas.

As zoonoses emergentes ou reemergentes são, respectivamente, doenças

novas (exóticas) e aquelas que reaparecem após período de declínio significativo ou

com risco de aumento no futuro próximo, promovendo significativo impacto sobre o

ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte.

O Núcleo Estadual de Controle de Zoonoses tem o papel de assessorar os

municípios e desenvolver as ações de prevenção, detecção e controle dos agravos

relevantes. Assim como, realizar treinamentos e distribuição de medicamentos para

tratamento da leishmaniose, vacinas e soros antirrábico e soros antiveneno para todos

os municípios.

O quadro abaixo demonstra de forma geral, as notificações, por agravo, de

casos confirmados. Alguns agravos são mais estáveis, sem casos confirmados, como

a Febre Maculosa, Lepstospirose e Hantavirose, já a Raiva notificou 1 único caso em

6 anos, mesmo havendo uma melhora na sensibilidade de notificação de atendimento

antirrábico.

Os agravos de Leishmaniose Tegumentar Americana, Leishmaniose Visceral,

Raiva, Animais Peçonhentos e Doença de Chagas são agravos com mais ocorrência

dentro do Núcleo de Controle de Zoonoses do Estado de Roraima e serão abordados

individualmente.

Page 88: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

87

Quadro 04. Freqüência por ano de agravos notificados confirmados.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

3.1.3.1 Acidente por animais peçonhentos (X 29)

O objetivo do Programa de Acidente por Animais Peçonhentos é reduzir a

incidência dos acidentes por animais peçonhentos por meio da promoção de ações

de educação em saúde e também reduzir a gravidade e, consequentemente, a

letalidade dos acidentes por meio do atendimento oportuno e adequado ao

acidentado.

Define-se como acidente por animais peçonhentos todo paciente com

evidências clínicas compatíveis com envenenamento por animal peçonhento, com ou

sem a identificação do animal causador do acidente. Para a vigilância epidemiológica,

são considerados confirmados todos os casos que se enquadrem nessa definição,

independentemente da realização de tratamento soroterápico.

QUADRO 5. SÉRIE HISTÓRICA DOS CASOS DE ACIDENTE POR ANIMAIS

PEÇONHENTOS EM RORAIMA 2009 – 2019.

Noti RR Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

Alto Alegre 18 14 16 16 10 7 14 12 13 15 8 13 156

Amajari 3 5 4 2 5 3 2 3 4 3 1 0 35

Boa Vista 60 45 68 47 41 36 61 42 49 69 57 51 626

Bonfim 2 3 1 4 4 7 2 2 1 7 2 8 43

Cantá 0 0 1 1 2 0 0 0 1 1 0 0 6

Caracaraí 4 2 3 12 6 1 5 0 0 5 1 2 41

Caroebe 0 3 4 1 2 2 0 3 4 3 2 0 24

Iracema 0 1 1 0 1 1 2 0 1 0 2 0 9

Mucajaí 8 5 9 14 10 5 6 11 6 17 13 7 111

Normandia 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 4

Pacaraima 3 4 4 11 3 6 10 13 9 14 7 3 87

Rorainópolis 4 18 19 16 7 10 6 6 0 5 7 4 102

São J. da Baliza 1 0 1 1 0 2 2 2 2 3 0 3 17

São Luiz 0 1 3 4 0 0 0 2 1 1 0 1 13

Uiramutã 1 4 0 3 6 4 4 1 2 4 2 3 34

TOTAL 105 105 134 132 98 84 114 97 93 147 104 95 1308

Fonte: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Agracos notificados 2015 2016 2017 2018 2019

B.57.1 - DOENCA DE CHAGAS AGUDA 2 - - 2 1 A.77.9 - FEBRE MACULOSA / RICKETTSIOSES - - - - - A.98.8 - HANTAVIROSE - - - - - B.55.1 - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA 622 192 320 429 248 B.55.0 - LEISHMANIOSE VISCERAL 21 42 35 20 14 A.27.9 - LEPTOSPIROSE 01 - 2 2 2 A.82.9 - RAIVA HUMANA - 1 - - - W.64 - ATENDIMENTO ANTI-RABICO 2166 3411 3854 4054 4315 X.29 - ACIDENTE POR ANIMAIS PECONHENTOS 582 644 933 1161 1308

Page 89: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

88

No quadro 5 podemos observar que desde 2010 vem aumentado as

notificações dos acidentes por animais peçonhentos e que a partir do ano de 2016 os

casos se intensificaram devido as ações de sensibilização dos técnicos do programa

de Zoonoses. Como já foi mencionado anteriormente, casos notificados não estão

associados a soroterapia, então analisando o banco de dados do TabWin,

identificamos que dos 1.161 casos notificados em 2018, somente 567 casos fizeram

uso de soroterapia e no quadro 03 especificaremos as notificações por tipo de

acidente.

QUADRO 6. CASOS NOTIFICADOS POR TIPO DE ACIDENTE DE ANIMAIS

PEÇONHENTOS DE 2014 A 2019.

Tipo de animal 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Serpente 391 390 373 482 614 515 Aranha 31 25 33 62 62 54 Escorpião 81 80 107 141 217 294 Lagarta 11 5 14 30 33 34 Abelha 70 48 82 173 123 213 Outros 53 32 27 36 87 176

Total 656 583 644 933 1145 1308

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Um dos maiores problemas identificados no programa de animais peçonhentos

é a falta de inserção das fichas de notificação no SINAN e a falta de dados coerentes

no preenchimento das fichas, uma vez que quando há notificação não faz sentido que

o campo do tipo de acidente esteja ignorado e essa falta de notificação adequada

dificulta o nosso cálculo para pedido de soro junto ao MS.

GRÁFICO 1. NÚMERO DE ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS POR

ANIMAL AGRESSOR ENTRE 2007 E 2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

0,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Serpente Aranha Escorpião

Page 90: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

89

QUADRO 7. CASOS NOTIFICADOS POR GÊNERO DA SERPENTE.

MUNICÍPIO NOTIF. Ign/Branco Botrópico Crotálico Elapídico Laquético Não

Peçonhenta

Alto Alegre 45 107 0 0 2 2 Amajari 10 22 2 0 0 1 Boa Vista 454 106 35 5 21 5 Bonfim 41 0 1 0 0 1 Cantá 4 1 0 0 1 0 Caracaraí 25 16 0 0 0 0 Caroebe 12 10 0 0 0 2 Iracema 4 4 0 0 0 1 Mucajaí 90 19 1 0 1 0 Normandia 0 1 3 0 0 0 Pacaraima 36 46 1 0 3 1 Rorainópolis 81 14 6 0 0 1 São João da Baliza 12 4 0 0 0 1 São Luiz 13 0 0 0 0 0 Uiramutã 3 24 4 0 3 0

RORAIMA 830 374 53 5 31 15

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

No quadro 7 observamos que o maior número de notificações por gênero é o

Botrópico, correspondendo a serpente Jararaca, mas o número de notificações onde

não se consegue identificar o gênero da serpente corresponde a 103%, ultrapassando

as notificações onde se consegue verificar o gênero da serpente.

GRÁFICO 2. NÚMERO DE ACIDENTES COM SERPENTE POR ESPÉCIE EM 2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

830

374

53 5 31 15

1308

o In

den

tificada

Jara

raca

Ca

scavel

Co

ral

Suru

cucu

o P

eçonh

enta

Tota

l

Page 91: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

90

QUADRO 8. CASOS NOTIFICADOS POR TIPO DE ACIDENTE DE ANIMAIS PEÇONHENTOS E POR LOCAL DE FERIMENTO EM

2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

GRÁFICO 3. CASOS NOTIFICADOS POR TIPO DE ACIDENTE DE ANIMAIS PEÇONHENTOS E POR LOCAL DO FERIMENTO EM

2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Municip Noti RR CabeçaMembro

Sup.Tronco

Membro

Inf.Total Cabeça

Membro

Sup.Tronco

Membro

Inf.Total Cabeça

Membro

Sup.Tronco

Membro

Inf.Total

Alto Alegre 0 14 0 97 112 0 1 0 3 4 1 6 0 8 16

Amajari 1 1 0 24 26 0 1 0 0 1 0 2 0 3 5

Boa Vista 5 21 1 154 188 2 8 4 9 28 14 84 11 77 199

Bonfim 1 0 0 1 3 1 0 0 0 1 1 11 2 3 17

Cantá 0 0 0 4 4 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Caracaraí 0 1 0 15 16 0 0 1 0 1 0 1 0 0 1

Caroebe 0 1 0 10 12 1 1 0 0 2 0 1 0 0 1

Iracema 0 0 0 3 5 0 0 0 1 1 0 1 0 0 1

Mucajaí 0 1 0 26 28 0 0 1 2 6 0 11 3 7 27

Normandia 0 1 0 2 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Pacaraima 0 2 0 49 53 0 2 0 4 6 0 2 0 5 8

Rorainópolis 0 6 0 19 25 0 0 0 0 0 0 3 1 3 9

São João da Baliza 0 0 0 6 6 0 1 0 1 2 0 0 0 3 3

São Luiz 0 1 0 1 2 0 0 0 1 1 0 1 0 3 4

Uiramutã 0 0 0 31 31 0 0 0 1 1 0 1 0 1 2

Total 7 49 1 442 515 4 14 6 22 54 16 124 17 114 294

Serp

ente

Ara

nh

a

Esco

rpiã

o

0

100

200

300

400

500

600

SERPENTEARANHAESCORPIÃO

Page 92: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

91

3.1.3.2 Doença de chagas aguda

A doença de Chagas é uma doença infecciosa causada pelo protozoário

Trypanosoma Cruzi. Conhecida por ser causada pela picada dos Triatomíneos, inseto

popularmente denominados “barbeiro”, nas Américas, na verdade ela é transmitida

pelas fezes contaminadas desse inseto, que pode entrar em contato com os humanos

após sua picada, ou pela ingestão de alimentos contaminados. Porém, poucos sabem

que a doença de Chagas também pode ser transmitida da mãe infectada para o bebê.

A enfermidade é endêmica em toda a América Latina. Ela não está

ultrapassada e nem foi superada – mais de 65 milhões de pessoas ainda correm o

risco de serem infectadas no mundo e 12 mil pessoas morrem por ano de causas

associadas a ela.

Atualmente, a maioria das pessoas que vive com a doença reside em áreas

urbanas e muitas vivem em países não endêmicos. O lugar onde elas se encontram

mudou e a transmissão foi significativamente reduzida, mas os desafios de acesso ao

diagnóstico e tratamento ainda permanecem.

No Estado de Roraima assim como no restante do Brasil as atividades de

vigilância e controle da Doença de Chagas estão estruturadas em três eixos

prioritários e englobam principalmente ações integradas que envolvem:

• Vigilância de casos humanos (detecção precoce, tratamento oportuno,

aplicação de medidas de prevenção, investigação das formas de transmissão,

monitoramento da infecção por Trypanosoma Cruzi e identificação do perfil de

morbimortalidade na população acometida);

• Vigilância dos vetores (manter eliminada a transmissão vetorial);

• Vigilância do ambiente (ações de vigilância sanitária, ambiental, de forma

integrada com as ações de vigilância epidemiológica).

A partir deste ano, a forma crônica da doença de Chagas passou a ser incluída

na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de

saúde pública nos serviços de saúde em todo o território nacional. A portaria do

Ministério da Saúde de nº 264 foi publicada no dia 19/02/2020 no Diário Oficial da

União. Anteriormente, a notificação era obrigatória apenas para casos agudos da

doença.

Estima-se que pelo menos 1 milhão de pessoas sofra de Chagas no Brasil na

fase crônica. Apesar de haver cura, há 8 milhões de pessoas infectadas no mundo.

Page 93: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

92

Somente 1 a cada 10 portadores da doença teve diagnóstico. O desconhecimento e

a escassez de informações sobre o assunto têm sido entraves para a adoção de

medidas mais efetivas contra esta doença negligenciada. Sem tratamento adequado,

a doença de Chagas causa graves problemas cardíacos e no sistema digestivo.

QUADRO 9. CASOS NOTIFICADOS E INVESTIGADOS DE DOENÇA DE CHAGAS AGUDO EM RORAIMA NO ANO DE 2018

Fev Mar Abr Jun Set Dez Total

Notificado 07 06 02 01 01 02 19

Investigado - - - - 01 - 01

Resultado do exame Neg. Neg. Neg. Neg. Pos. Neg. -

Confirmado - - - - 01 - 01

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

O paciente MLMS de 42 anos é residente do município de Caracaraí, mora na

zona rural do município, teve seu resultado positivo do exame de gota espessa

realizado ao suspeitarem de malária. A paciente apresentava febre persistente,

astenias, edema de face e membros, além de um mal estar continuo.

A paciente iniciou seu tratamento na unidade mista de Caracaraí, onde fez o

exame e recebeu os cuidados iniciais, após resultado foi transferida ao hospital geral

de Roraima. No HGR foi atendida pelo Infectologista e recebeu o tratamento com

Benzonidazol. Após alguns dias a paciente reclamou de reações adversas, mas ao

ser testada para algumas funções foi diagnosticada como um caso de co-infecção

para HIV.

Após o tratamento os sintomas desapareceram e ela não testou mais positiva

na lâmina. A mesma segue os procedimentos do novo agravo diagnosticado. Todos

os casos suspeitos de DCA, por ser um agravo de notificação compulsória imediata,

deverão ser comunicados em até 24 horas e deverão ser comunicados pelo LACEN

e hemocentro ao Núcleo Estadual de Controle de Zoonoses para adotar as condutas

cabíveis.

Sempre lembramos que é de suma importância que todos os casos suspeitos

e notificados sejam investigados e concluídos da forma correta, para que não ocorra

perda de pacientes em fase aguda, de cronificação ou que já estejam em fase crônica

para realização de pesquisa parasitológica, epidemiológica e entomológica, e assim

sejam tomadas as devidas providências em relação a controle vetorial, inquérito de

transmissão oral, tratamento de agudos e redução de danos em pacientes crônicos.

Page 94: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

93

3.1.3.3 Leishmanioses

3.1.3.3.1 Leishmaniose tegumentar americana

No ano de 2019 foram notificados, segundo município de notificação, 248

casos de Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), enquanto em 2018 foram

notificados 429 casos (Quadro 10).

QUADRO 10. NÚMERO DE CASOS DE LTA POR MUNICÍPIO DE NOTIFICAÇÃO NO ANO DE 2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Os municípios de Boa Vista e Pacaraima, no ano de 2017, foram os

municípios com maior número de casos, 119 e 116 respectivamente. Em 2018, Boa

Vista e Pacaraima também apresentaram maior número de casos entre os municípios

do Estado, 187 e 111 casos da doença, respectivamente. Em contrapartida em 2019

apenas boa vista continuou com um número mais expressivo de casos, 121 casos,

enquanto Pacaraima teve apenas 35 casos continuando em segundo, seguido bem

de perto por Caroebe com 29 casos e Rorainópolis com 21 casos.

É importante ressaltar que Boa Vista não apresenta casos autóctones, os

casos notificados correspondem a pacientes do interior que realizam o tratamento na

capital apesar do tratamento estar disponibilizados em todos os municípios.

MUNICÍPIO NOTIF. 2016 2017 2018 2019

Alto Alegre 9 3 6 8

Amajarí 4 5 7 2

Boa Vista 65 119 187 121

Bonfim 12 9 4 0

Cantá 11 5 13 2

Caracaraí 3 4 9 10

Caroebe 16 22 32 29

Iracema 2 7 3 2

Mucajaí 0 6 2 2

Normandia 0 0 0 0

Pacaraima 54 116 111 35

Rorainópolis 12 5 21 21

São João da Baliza 5 8 15 10

São Luiz 0 0 3 3

Uiramutã 15 11 16 3

RORAIMA 208 320 429 248

Page 95: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

94

GRÁFICO 4. NÚMERO DE CASOS DE LTA POR FAIXA ETÁRIA NO ANO DE 2019

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

De acordo com o gráfico acima, a maior parte dos casos de LTA acometem

pessoas da faixa etária entre 20 e 49 anos, correspondendo a 68,5% de todos os

casos notificados em 2019. O sexo masculino é responsável por 87 % das

notificações.

Em relação aos casos autóctones de LTA o Estado registrou, no ano de 2018,

a média de 50,5 casos autóctones por 100.000 habitantes, em 2019 a média foi de

54,51. O município de Pacaraima que registrou o coeficiente de 1.108,8 casos por

100.000 habitantes, seguido de Caroebe com 418,9 casos (Quadro 11), no ano de

2019 município de Pacaraima que registrou o coeficiente de 266,1 casos por 100.000

habitantes, enquanto de Caroebe teve 391,89.

QUADRO 11 - COEFICIENTE GERAL DE DETECÇÃO DE CASOS DE LTA NO ANO DE 2015 POR MUNICÍPIO POR 100.000 HABITANTES EM RR

Fonte: SINAN / Tabwin – 12/03/2019.

0

50

100

150

200

250

300

<1 Ano 1-4 5-9 10-14 15-19 20-34 35-49 50-64 65-79 Total

de

Cas

os

Faixa Etária

Município de Infecção Nº. de casos

autóctones LTA População total

município Coeficiente de

detecção/100.000 hab.

Alto Alegre 4 14.562 27,47 Amajarí 2 7.980 25,06 Boa Vista 7 260.930 2,68 Bonfim 0 10.604 0,00 Cantá 1 11.638 8,59 Caracaraí 9 18.789 47,90 Caroebe 29 7.400 391,89 Iracema 0 6.118 0,00 Mucajaí 1 13.017 7,68 Normandia 0 7.403 0,00 Pacaraima 24 9.019 266,10 Rorainópolis 21 25.714 81,67 São João da Baliza 9 5.945 151,39 São Luiz 3 5.922 50,66 Uiramutã 0 7.742 0,00

Total 110 412.780 26,65

Page 96: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

95

3.1.3.3.2 Leishmaniose visceral

Foram registrados e confirmados 38 casos em 2017, 20 casos em 2018 e 14

casos em 2019. As ações profiláticas de borrifação das residências precisam ser

realizadas pelos DSEIs nas comunidades, assim como a eutanásia dos cães positivos.

Todos os casos humanos confirmados são de comunidades indígenas e são

notificados ou pelo Hospital Geral ou pelo Hospital da Criança já que as comunidades

não têm unidade notificadora. Ainda não foi registrado nenhum caso autóctone de

Leishmaniose Visceral no município de Boa Vista.

QUADRO 12. NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS DE LV POR MUNICÍPIO DE NOTIFICAÇÃO

(NOT) E OCORRÊNCIA (OCOR) DOS ANOS DE 2016 E 2019 NO ESTADO DE RORAIMA

MUNICÍPIO 2016 2017 2018 2019

NOT OCOR NOT OCOR NOT OCOR NOT OCOR

Alto Alegre 0 0 0 0 0 0 0 0 Amajari 0 2 0 1 0 1 0 0 Boa Vista 44 1 37 0 20 0 14 1 Bonfim 0 0 0 2 0 1 0 1 Cantá 0 1 0 0 0 0 0 0 Caracaraí 0 0 0 0 0 0 0 0 Caroebe 0 0 0 0 0 0 0 0 Iracema 0 0 0 1 0 1 0 0 Mucajaí 0 0 0 1 0 0 0 0 Normandia 0 3 1 6 0 1 0 1 Pacaraima 0 9 0 4 0 5 0 2 Rorainópolis 0 0 0 1 0 0 0 0 São João da Baliza 0 0 0 0 0 0 0 0 São Luiz 0 0 0 0 0 0 0 0 Uiramutã 0 21 0 19 0 7 0 7

Outros 0 3 0 3 0 4 0 2

RORAIMA 44 38 20 14

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

O Núcleo de Controle de Zoonoses tem monitorado constantemente a

ocorrência de casos de LTA e LV, por município de notificação, e realizado a

distribuição de medicamento de acordo com a necessidade de cada município. A linha

outros se refere a paciente que se contaminaram fora do estado de Roraima, seja em

países vizinhos quanto no Amazonas.

A distribuição do medicamento é realizada por paciente, impedindo dessa

forma a sub-notificação de LTA. Infelizmente, a medicação ainda é dada ao paciente

apesar dos esforços do Núcleo em capacitar os profissionais de saúde para que

conheçam a importância de ser aplicada sempre em uma Unidade de Saúde.

Page 97: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

96

3.1.3. 3.4 Raiva humana e atendimento rábico humano

A raiva é uma zoonose causada por vírus, que se caracteriza como uma

encefalite de progressão aguda e letal. Todos os mamíferos são suscetíveis ao vírus

da raiva e são, portanto, possíveis transmissores. A transmissão da raiva ocorre pela

penetração do vírus contido na saliva do animal infectado, principalmente pela

mordedura e, menos comumente, por arranhadura e lambedura.

Roraima não registrava casos de Raiva Humano desde 1986 até o ano de 2016,

onde um adolescente de 14 anos veio a falecer de raiva. O caso teve diagnóstico

positivo para raiva com confirmação para variante 03. O paciente se contaminou

depois de ser mordido, arranhado e infectado pelo seu próprio gato que portava o

vírus que fora contraído de um morcego.

O Programa de Controle e Vigilância da Raiva em Roraima trabalha em quatro

pilares básico:

• Notificação e Investigação de Casos em humanos e animais;

• Profilaxia antirrábica Humana: Pré e pós exposição;

• Vacinação de cães e gatos anual cuja me meta deve ser de 80%

(população canina estimada) ou 10% (correspondente a população Humana);

• Monitoramento de circulação viral (confirmação de casos e identificação

da variante).

No quadro abaixo demonstra-se o crescimento de quase duzentos por cento no

número de casos, explicado pelo reforço das ações de vigilância pelo caso de 2016 e

melhoria na sensibilidade da rede. Os números aumentam quase 30% por cento em

2017 derivados das ações do ano anterior. Nos anos de 2018 cai aproximadamente

10% que pode demonstrar estagnação do processo de educação continuada da

população, denotando a necessidade de um reforço das diretrizes do programa.

Page 98: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

97

MAPA 1. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO HUMANO NO ESTADO DE RORAIMA

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Com o reforço das ações em 2019 os casos já têm um acréscimo de 12% em

relação ao ano anterior e de 32% em relação ao no de 2016 o que demostra sucesso

nas ações de sensibilização do Núcleo.

QUADRO 13. SÉRIE HISTÓRICA DE ATENDIMENTOS RÁBICO NA ÚLTIMA DÉCADA NO ESTADO DE RORAIMA

Município de notif. 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Alto Alegre 27 25 12 29 54 92 115 118 156 114 100 Amajari 19 12 10 32 2 12 14 23 52 67 59 Boa Vista 1858 1646 1733 1920 1764 1658 1819 2971 3392 3183 3351 Bonfim 3 10 26 44 43 5 20 45 48 48 95 Cantá 3 12 5 6 10 3 0 2 11 0 15 Caracaraí 35 32 26 38 33 61 16 96 125 183 131 Caroebe 14 18 15 7 7 15 11 29 20 28 27 Iracema 0 0 9 10 9 10 1 18 14 20 26 Mucajaí 53 61 86 71 58 45 70 151 194 170 199 Normandia 11 1 1 8 11 7 13 33 37 32 29 Pacaraima 72 55 52 39 25 26 14 28 45 76 87 Rorainópolis 20 8 1 34 70 66 49 103 93 85 135 São João da Baliza 10 1 3 1 0 1 6 1 10 12 34 São Luiz 3 3 1 4 2 5 0 6 11 16 16 Uiramutã 1 0 0 10 1 7 19 12 14 20 10

RORAIMA 2129 1884 1980 2253 2089 2013 2167 3636 4222 4054 4314

% de crescimento de casos em

relação a 2009

100,0 %

88,5 %

93,0 %

105,8 %

98,1 %

94,6 %

101,8 %

170,8 %

198,3 %

190,4 %

202,6 %

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Os países da América Latina e do Caribe estão mais perto do que nunca de

alcançar a eliminação das mortes humanas causadas pela raiva canina, com apenas

Page 99: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

98

cinco casos registrados nos últimos 12 meses na região. O anúncio foi feito pela

Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), às vésperas do Dia Mundial contra a

Raiva, marcado todo dia 28 de setembro.

GRÁFICO 5. NÚMERO DE CASOS DE ATENDIMENTO ANTIRABICO HUMANO POR MÊS NO ANO DE 2019

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

A raiva está presente em mais de 150 países e territórios. Aproximadamente 60

mil pessoas morrem por raiva ao ano em todo o mundo. Na América Latina, houve

uma redução de casos de raiva humana transmitida por cães de 250, em 1990, para

menos de 10 em 2010.2, os casos em pessoas caíram de 258 para 13 no ano passado

e os de cachorros diminuíram de 11.276 para 163 no mesmo período.

Esse avanço foi resultado de campanhas de vacinação canina em nível regional,

da conscientização da sociedade e da ampliação da disponibilidade do tratamento

antirrábico que a pessoa afetada deve tomar após uma mordida.

Todo indivíduo exposto ao vírus da raiva deve receber a profilaxia antirrábica,

sendo a notificação compulsória, de acordo com a Portaria no 204, de 17 de fevereiro

de 2016, do MS. Também é de notificação compulsória todo acidente por animal

potencialmente transmissor da raiva, independentemente de o indivíduo ter indicação

de receber vacina ou soro antirrábico.

É preconizado o preenchimento de ficha específica padronizada no SINAN, com

o objetivo de se obterem dados importantes para a tomada de decisões na vigilância

do Programa da Raiva.

As notificações supracitadas em sua maioria estão incompletas, sem descrição

do atendimento e raramente é feito o preenchimento do campo de doses utilizadas, e

quando isso ocorre em quase sua totalidade o esquema básico é feito ou informado

377329 356 356 376

331 355 382 373434

318 327

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Page 100: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

99

erroneamente, o que deve ser trabalhado como meta junto aos clínicos e profissionais

de atendimento no corrente ano.

QUADRO 14. SÉRIE HISTÓRICA DE ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO POR MÊS NO ANO DE 2019 NO ESTADO DE RORAIMA

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Há quatro ciclos epidemiológicos na transmissão da raiva: ciclo aéreo, ciclo rural

(relacionado aos animais de produção); ciclo urbano (representado pelos cães e

gatos); e ciclo silvestre.

QUADRO 15. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO POR ESPÉCIE AGRESSORA NO ANO DE 2019 NO ESTADO DE RORAIMA

Mun US Noti RR Canina Felina Quiróptera (morcego)

Primata (macaco)

Raposa Herbívoro Doméstico

Outra Total

Alto Alegre 86 10 1 0 0 0 3 100 Amajari 46 3 9 0 0 0 1 59 Boa Vista 2763 521 11 1 0 1 54 3351 Bonfim 81 9 0 2 0 0 3 95 Cantá 14 1 0 0 0 0 0 15 Caracaraí 119 7 3 0 0 0 2 131 Caroebe 20 5 1 0 0 0 1 27 Iracema 20 3 1 0 0 1 1 26 Mucajaí 175 19 1 0 0 0 4 199 Normandia 26 3 0 0 0 0 0 29 Pacaraima 78 6 0 0 1 0 2 87 Rorainópolis 114 17 0 0 0 0 4 135 São João da Baliza 28 5 0 0 0 0 1 34 São Luiz 13 1 0 0 0 0 2 16 Uiramutã 10 0 0 0 0 0 0 10

Total 3593 610 27 3 1 2 78 4314

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Mun US Noti RR Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

Alto Alegre 4 7 8 8 10 7 14 3 9 13 8 9 100

Amajari 6 9 13 13 1 1 2 4 3 5 1 1 59

Boa Vista 304 258 278 277 292 255 257 309 286 320 259 256 3351

Bonfim 12 5 8 9 9 6 12 5 5 15 6 3 95

Cantá 2 0 1 0 0 0 0 2 3 4 0 3 15

Caracaraí 3 12 10 13 14 9 18 9 15 20 2 6 131

Caroebe 1 0 5 1 0 3 1 1 1 3 8 3 27

Iracema 5 0 1 0 1 0 1 6 4 2 2 4 26

Mucajaí 20 15 13 14 20 24 21 17 19 12 10 14 199

Normandia 4 3 3 2 2 3 3 0 3 4 1 1 29

Pacaraima 4 5 7 4 11 6 7 9 5 14 6 9 87

Rorainópolis 6 13 4 9 13 11 13 13 17 16 10 10 135

São João da Baliza 5 0 4 2 1 3 4 4 0 6 3 2 34

São Luiz 0 0 0 4 1 1 1 0 3 0 1 5 16

Uiramutã 1 2 1 0 1 2 1 0 0 0 1 1 10

Total 377 329 356 356 376 331 355 382 373 434 318 327 4314

Page 101: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

100

A educação para prevenção de agressões por cães, gatos e morcegos é

imprescindível para que se evite novos casos em nosso estado e nossas equipes de

saúde devem estar atualizadas quanto a notificação e a utilização dos protocolos

corretos de atendimento antirrábico, o que comprovadamente percebemos que não

vem ocorrendo, quando tomamos por base as notificações de Atendimento rábico

humano.

GRÁFICO 6. NÚMERO DE CASOS DE ATENDIMENTO ANTIRABICO HUMANO

POR ANIMAL AGRESSOR NO ANO DE 2019

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

As notificações em sua maioria estão incompletas, sem descrição do

atendimento e raramente é feito o preenchimento do campo de doses utilizadas. O

maior número de casos tem uma dispersão bem homogênea em função da etiologia

do agravo e se concentrando mais nas faixas entre 20 a 49 anos que são pessoa

economicamente ativas e tem maior exposição de risco conforme quadro abaixo. Sem

muita discrepância entre os sexos conforme gráfico 7.

GRÁFICO 7. NÚMERO DE CASOS DE ATENDIMENTO ANTIRABICO HUMANO POR ANIMAL AGRESSOR NO ANO DE 2019

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

0,65

7,65

7,23

6,05

3,80

10,98

9,08

6,54

3,15

0,76

0,42

5,01

5,19

3,22

3,94

9,66

8,30

5,59

2,27

0,49

<1 Ano

01 A 04

05 A 09

10 A 14

15 A 19

20 A 34

35 A 49

50-64

65 A 79

80 E +

Masculino (%)

Feminino (%)

Page 102: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

101

QUADRO 16. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO POR FAIXA ETÁRIA NO ANO DE

2019 NO ESTADO DE RORAIMA

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

Além disso, deve ser trabalhada em larga escala a conscientização da

população de que animais domésticos são de responsabilidade do dono e que por

isso não devem estar soltos na rua. A facilidade de identificação do animal agressor e

o entendimento do ocorrido são fatores muito importantes para que a melhor conduta

seja escolhida (observação ou vacinação).

GRÁFICO 8. DIFERENÇA ENTRE MUNICIPIO DE NOTIFICAÇÃO E RESIDENCIA

EM RORAIMA, 2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

9

0

73

-6

-47

-14

2

-4

-6

-2

5

11

-1

1

-5

-60 -40 -20 0 20 40 60 80

Alto Alegre

Amajari

Boa Vista

Bonfim

Cantá

Caracaraí

Caroebe

Iracema

Mucajaí

Normandia

Pacaraima

Rorainópolis

São João da Baliza

São Luiz

Uiramutã

Fx Etaria SINAN Masculino Feminino Total

<1 Ano 28 18 46

01 A 04 330 216 546

05 A 09 312 224 536

10 A 14 261 139 400

15 A 19 164 170 334

20 A 34 474 417 891

35 A 49 392 358 751

50-64 282 241 523

65 A 79 136 98 234

80 E + 33 21 54

Total 2412 1903 4315

Page 103: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

102

No gráfico acima está demonstrado a diferença entre o município de notificação

e o município de residência do paciente, ressaltamos o município do Canta de

exportou 75% dos casos para outros municípios e boa vista que recebeu 78% de

casos de outros municípios. Deve ser analisada com mais atenção para verificação

de inconformidades no fluxo de atendimento e nas condições de acolhimento dos

casos pelos municípios de estado.

QUADRO 17. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO TIPO DE TRATAMENTO NO

MUNICÍPIO DE BOA VISTA POR BAIRRO DE MAIOR OCORRÊNCIA EM 2019.

MUNICÍPIO NOTIFICAÇÃO RESIDENCIA DIFERENÇA

Alto Alegre 100 91 9

Amajari 59 59 0

Boa Vista 3351 3278 73

Bonfim 95 101 -6

Cantá 15 62 -47

Caracaraí 131 145 -14

Caroebe 27 25 2

Iracema 26 30 -4

Mucajaí 199 205 -6

Normandia 29 31 -2

Pacaraima 87 82 5

Rorainópolis 135 124 11

São João da Baliza 34 35 -1

São Luiz 16 15 1

Uiramutã 10 15 -5

TOTAL 4314 4298 16

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

O atendimento antirrábico está entre os três agravos de maior número de

notificações do país, com mais de 500 mil notificações no SINAN por ano. Boa vista é

município de maior incidência de casos no estado de Roraima conforme notificações

do SINAN, abaixo relacionamos os bairros de maior ocorrência e tipo de tratamento

preconizado.

Page 104: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

103

QUADRO 18. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO TIPO DE TRATAMENTO NO

MUNICÍPIO DE BOA VISTA POR BAIRRO DE MAIOR OCORRÊNCIA EM 2019.

Bairro Ig/

Branco

Pré exposiçã

o

Dispensa de trat.

Obs.do

animal

Obs.+ vacin

a

Vacina

Soro + vacina

Total

Pintolândia 3 0 7 3 63 52 6 134

Cidade satélite 0 1 3 2 59 54 3 122

Asa branca 2 0 6 1 47 53 3 112

Alvorada 2 0 2 3 42 55 0 104

Caranã 0 1 3 5 30 44 6 90

Caimbé 2 0 2 1 39 33 7 84

Buritis 3 1 1 2 33 37 2 79

Raiar do sol 2 1 3 3 38 31 0 78

Santa luzia 1 0 1 0 28 40 3 73

Jd. primavera 0 0 1 3 29 33 2 68

TOTAL 39 26 73 68 894 1098 103 2302

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

A esfera municipal deve ostensivamente manter a busca ativa de pacientes

agredidos que estejam realizando tratamento profilático antirrábico. Esta ação é,

muitas vezes dispendiosa, mas necessária pois somente o esquema vacinal completo

proporciona maior proteção aquele paciente. E em casos de possibilidade de

acompanhamento do cão ou gato, este deve ser feito por um veterinário para que

sejam tomadas todas as atitudes preconizadas.

GRÁFICO 9. ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO TIPO DE TRATAMENTO NO

MUNICÍPIO DE BOA VISTA POR BAIRRO DE MAIOR OCORRÊNCIA EM 2019.

FONTE: Tabwin/SINAN/DEPID atualizado em 03/08/2020

0

20

40

60

80

100

120

140

160

Ign/Branco Pré exposiçãoDispensa de tratamento Observação do animal (se cão ou gato)Observação + vacina Vacina

Page 105: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

104

Considerações finais

Todos os agravos relacionados ao Núcleo de Controle de Zoonoses possuem

como rotina ações de prevenção, controle e monitoramento do número de casos. Os

agravos de maior demanda dentro do Núcleo de Controle de Zoonoses são:

Leishmaniose Tegumentar Americana, Acidentes por Animais Peçonhentos,

Atendimento Antirrábico, Leishmaniose Visceral e Doença de Chagas, os demais

agravos são monitorados e até o momento silenciosos, mas por não ocorrência

salientando a eficácia da rede em identificar e notificar os mesmos.

Em 2019 o Estado de Roraima notificou o maior número de casos de

atendimento antirrábico desde 2007 quando iniciamos as inclusões do SINAN,

acreditamos que este aumento progressivo seja fruto do primeiro caso confirmado de

Raiva Humana em 2016, que contribuiu para a melhora da sensibilização na procura

por atendimentos antirrábicos, melhorando a profilaxia e da rede de forma geral.

Contudo houve alteração no esquema profilático, modificação na marca da

vacina de profilaxia animal, e outras modificações no programa que nos direciona a

tentar mais uma vez realizar a difusão deste novo esquema profilático da raiva

humana, capacitando os profissionais do pronto atendimento da rede básica de saúde,

além é claro de intensificar ações de educação em saúde para evitarmos acidentes

desse agravo, uma vez que não podemos afirmar categoricamente que esse aumento

é fruto de sensibilização da rede e não de aumento real dos casos.

Em relação ao Programa de Acidentes por Animais Peçonhentos houve uma

melhora na inserção das fichas de notificação no SINAN, mas a qualidade do

preenchimento dessas fichas ainda é um fator a ser melhorado. Foi firmado um acordo

entre o núcleo de controle de zoonoses e a DSEI, para que houvesse uma melhora

na inserção de dados e uma menor perda de notificações.

O desabastecimento de soros pelo Ministério da Saúde somado a

subnotificação / mal preenchimento das fichas de notificação das áreas indígenas o

estado vem enfrentando um problema grave de falta de como justificar a solicitação

do insumo junto ao Ministério da Saúde / Cenad, fato este que muitas vezes deixa os

estoques muito baixos e em algumas situações pode causar o desabastecimento da

rede de frio. Todas as medidas cabíveis já vêm sendo tomadas pelo Núcleo, que por

sua vez aguarda a participação e cooperação das entidades envolvidas.

Page 106: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

105

Em relação as Leishmanioses as dificuldades encontradas continuam as

mesmas, rotatividade dos profissionais da Unidade de Notificação dos Municípios, o

que compromete a qualidade do serviço, Inercia dos Distritos de Saúde Indígena

quanto a notificação dos agravos, além da falta de acompanhamento e encerramento

dos casos de forma correta pelas unidades notificadoras.

No programa de Chagas a investigação dos casos suspeitos e confirmados

devem ser realizados de forma oportuna, uma vez que em 2019 houve um aumento

das notificações apesar de ter havido apenas um caso confirmado. A investigação

dessa paciente foi feita a contento, e dentro dos prazos estipulados, algumas

parcerias foram reestabelecidas, como por exemplo a parceria com o hemocentro,

que voltou a enviar os relatórios da rotina do Architech.

O LACEN também está enviando seus relatórios de análises e o programa tem

como meta a melhoria da hemovigilância e a vigilância do agravo de forma global. A

partir de fevereiro de 2020, a doença de chagas crônica também será de notificação

compulsória e obrigatória em todo o Brasil, o que irá nos direcionar para um novo

modo de trabalho em relação a doença e demandara outros métodos e rotinas. O

responsável deverá participar de uma reunião onde será pautado todo o novo

programa de trabalho.

Page 107: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

106

3.2 DOENÇAS IMUNOPREVENÍVEIS

3.2.1 MENINGITE, COQUELUCHE E DIFTERIA

Luciana Moreira

3.2.1.1 Meningite

A meningite é um processo inflamatório das meninges, membranas que

envolvem o cérebro e a medula espinhal, e pode ser desencadeada por vários tipos

de agentes, sendo os principais, vírus e bactérias. As meningites bacterianas e virais

são as mais importantes do ponto de vista da saúde pública, devido sua magnitude,

capacidade de ocasionar surtos, e no caso da meningite bacteriana, a gravidade dos

casos. No Brasil, A meningite é considerada uma doença endêmica, deste modo,

casos da doença são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos

e epidemias ocasionais, sendo mais comum a ocorrência das meningites bacterianas

no inverno e das virais no verão.

As principais ocorrências de meningite bacteriana são causadas por Neisseria

meningitidis (meningococo) Bactéria Gram-negativa diplococo, aeróbio, imóvel,

pertencente à família Neisseriaceae, possui diversos sorogrupos, de acordo com o

antígeno polissacarídeo da cápsula. Os mais freqüentes são os sorogrupos A,B, C,

Y, W e X. Os meningococos são também classificados em sorotipos e sorosubtipos,

de acordo com a composição dos antígenos proteicos da parede externa do

meningococo; Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Bactéria Gram-positiva

com característica morfológica esférica (cocos), disposta aos pares. Possui mais de

90 sorotipos capsulares distintos, que causam doença pneumocócica invasiva

(meningite, pneumonia, sepse e artrite) e não invasiva (sinusite, otite média aguda,

conjuntivite, bronquite e pneumonia) Haemophilus influenzae Bactéria Gram-

negativa que pode ser classificada em seis sorotipos (A, B, C, D, E, F), a partir da

diferença antigênica da cápsula polissacarídica.

Segundo dados registrados no Sistema de Informação de Agravos de

Notificação (SINANNET), em Roraima, no período de 2015 a 2019 foram 98 casos

confirmados com o maior número de casos ocorreram no ano de 2015 com 25 casos

e o menor em 2018 com 8 casos confirmados, entre o período de janeiro a dezembro

2016 foram confirmados 20 casos de Meningite, no período de janeiro a dezembro

Page 108: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

107

2017 foram confirmados 23 casos de Meningite e no período de janeiro de 2019 a

dezembro de 2019 foram confirmados 22 casos de Meningite. Conforme (Gráfico 9).

Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR

Tabela 9. FREQUENCIA DE MENINGITE POR MUNICÍPIO DE RESIDENCIA,

RORAIMA 2015 A 2019.

Mun Resid RR 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Alto Alegre 0 0 0 1 0 1

Amajari 0 0 1 0 1 2

Boa Vista 21 14 17 4 16 72

Bonfim 0 1 0 2 0 3

Cantá 0 1 0 0 0 1

Caracaraí 1 0 1 0 0 2

Caroebe 0 0 0 0 0 0

Iracema 0 0 0 0 1 1

Mucajaí 1 2 2 1 0 6

Normandia 0 0 0 0 1 1

Pacaraima 0 0 0 0 1 1

Rorainópolis 0 1 1 0 2 4

São Luiz 0 0 0 0 0 0

São Joao do Baliza 0 0 0 0 0 0

Uiramutã 2 1 1 0 0 4

Total 25 20 23 8 22 98

Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR

No período de análise de 2015 a 2019 o município que apresentou maior

frequência de casos foi Boa Vista com (72 casos confirmados), seguido por Mucajaí

(6 casos confirmados), Rorainópolis (4 casos confirmados) e Uiramutã (4 casos

confirmados) (Tabela acima 9).

2015 2016 2017 2018 2019

NUMEROS DE CASOSCONFIRMADOS

25 20 23 8 22

25

20

23

8

22

0

5

10

15

20

25

30

Numeros de casos confirmados de Meningites Roraima - 2015 a 2019

Page 109: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

108

Em relação à classificação etiológica de meningites no de 2015 a 2019 foram:

Meningite por Pneumococos (MP), Meningite Por Hemófilos (MH), Meningite de

Outras Etiologias (MOE), Meningite Asséptica (MA), Meningite Não Especificada

(MNE), Meningite por Outras Bactérias (MB), Meningite Tuberculosa (MTBC),

Meningite Meningocócica com Meningococemia (MM +MCC), Meningite

Menigocócica (MM) e Meningococemia (MCC). Análise feita nos anos de 2015 a

2019. Gráfico 10.

Gráfico 10 Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR Meningite por Pneumococos (MP), Meningite Por Hemófilos (MH), Meningite de Outras Etiologias (MOE), Meningite Asséptica (MV), Meningite Não Especificada (MNE), Meningite por Outras Bactérias (MB), Meningite Tuberculosa (MTBC), Meningite Meningocócica com Meningococemia (MM +MCC), Meningite Menigocócica (MM) e Meningococemia (MCC).

No ano de 2019, foram 10 casos confirmados definidos como Meningite Não

Especificada (MNE), 06 casos como Meningite por Outras Bactérias (MB), 03 casos

como Meningite Asséptica (MV), 02 casos como Meningite de Outras Etiologias

(MOE) e 01 caso de Meningite Meningocócica (MM).

(FIGURA 02).

A maior frequência dos casos serem de meningite não especificada mostra a

necessidade da melhoria na qualidade das informações das fichas de investigações

do SINAN, bem como aumento de confirmação da etiologia dos casos por critério

laboratorial a fim de possibilitar a análise do perfil epidemiológico de forma fidedigna.

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50

MCC

MM+MCC

MB

MV

MH

ME

NIN

GIT

E P

OR

ET

IOL

OG

IA

MCC MMMM+MC

CMTBC MB MNE MV MOE MH MP

2015 1 1 1 1 6 9 2 3 0 1

2016 0 0 1 0 3 10 3 2 1 0

2017 1 1 0 0 4 12 2 3 0 0

2018 1 0 0 0 3 3 0 1 0 0

2019 0 1 0 0 6 10 3 2 0 0

CASOS CONFIRMADOS POR ETIOLOGIA, RORAIMA 2015 A 2019

Page 110: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

109

3.2.1.2 Coqueluche

Doença infecciosa aguda, de alta transmissibilidade, de distribuição universal.

Importante causa de morbimortalidade infantil. Compromete especificamente o

aparelho respiratório (traqueia e brônquios). É causada pela bactéria Bordetella

pertussis, e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. Em lactentes, pode

resultar em um número elevado de complicações e até em morte.

A transmissão ocorre principalmente, pelo contato direto entre a pessoa

doente e a pessoa doente com pessoa suscetível, através de gotículas de secreção

da orofaringe eliminadas por tosse e o espirro. Em alguns casos, pode ocorrer a

transmissão por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas

doentes, mas isso é pouco frequente, pela dificuldade de o agente sobreviver fora

do hospedeiro.

A coqueluche evolui em três fases sucessivas:

Fase catarral – com duração de uma a duas semanas, inicia-se com

manifestações respiratórias e sintomas leves (febre pouco intensa, mal-estar geral,

coriza e tosse seca), seguidos pela instalação gradual de surtos de tosse, cada vez

mais intensos e frequentes, evoluindo para crises de tosses paroxísticas; Fase

paroxística – geralmente é afebril ou com febre baixa, mas, em alguns casos,

ocorrem vários picos de febre no decorrer do dia. Apresenta como manifestação típica

os paroxismos de tosse seca caracterizados por crise súbita e Fase de

convalescença – os paroxismos de tosse desaparecem e dão lugar a episódios de

tosse comum. Essa fase persiste por duas a 6 semanas e, em alguns casos, pode se

prolongar por até 3 meses.

A vacinação é o principal meio de prevenção da coqueluche. Crianças de até

6 anos, 11 meses e 29 dias devem ser vacinadas contra a coqueluche. O Sistema

Único de Saúde (SUS) também oferta vacina específica para gestantes e

profissionais de saúde que atuam em maternidades e em unidades de internação

neonatal, atendendo recém-nascidos e crianças menores de um ano de idade.

A coqueluche é uma doença endêmica, com epidemias surgindo ciclicamente

a intervalos de três a cinco anos. A suscetibilidade à doença é geral, o indivíduo

torna-se imune em duas situações:

• Ao adquirir a doença (a imunidade duradoura, mas não é permanente);

Page 111: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

110

• Pela vacina, mínimo de 3 doses com a pentavalente (DTP+Hib+Hepatite B)

um reforço aos 15 meses de idade, e um segundo reforço aos 4 anos de idade com

a tríplice bacteriana (DTP).

Gestantes devem fazer uma dose da vacina do tipo adulto (dTpa) a partir da

20ª semana a cada gestação. A imunidade não é permanente, após 5 a 10 anos, em

média, da última dose da vacina, a proteção pode ser pouca ou inexistente.

Dados registrados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação

SINANNET, que no período de janeiro a dezembro de 2015 foram confirmados (04

casos) de Coqueluche, no período de janeiro a dezembro de 2016 foram (05 casos),

no período de janeiro a dezembro de 2017 foram (21 casos), no período de janeiro

a dezembro de 2018 foram (05 casos) e de janeiro a dezembro de 2019 foram (21

casos), sendo o maior número de casos confirmados no ano de 2017 e 2019,

conforme (Gráfico 11).

Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR

Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR

4 5

21

5

21

0

5

10

15

20

25

2015 2016 2017 2018 2019

DE

CA

SO

S

Casos confirmados de Coqueluche Roraima - 2015 a 2019

0 5 10 15 20 25 30 35

Alto Alegre

Boa Vista

Cantá

Caroebe

Mucajaí

Pacaraima

São Luiz

Uiramutã

Casos confirmados de Coqueluche por Município Residencia2015 a 2019

2015 2016 2017 2018 2019

Page 112: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

111

Dos casos Confirmados de Coqueluche por Município de Residência, o

município de Alto Alegre onde encontrou-se o maior número de casos confirmados

com 21 casos no ano de 2019, e no período de 2015 a 2019 o município de Boa

Vista foram confirmados 29 casos, Pacaraima 03 casos, Cantá 02 casos e

Normandia 01 caso, conforme Gráfico acima.

3.2.1.3 Difteria

Doença toxi-infecciosa aguda, contagiosa, potencialmente letal,

imunoprevenível, causada por bacilo toxigênico, que frequentemente se aloja nas

amígdalas, faringe, laringe, nariz e, ocasionalmente, em outras mucosas e na pele. É

caracterizada por apresentar placas pseudomembranosas típicas. Ocorre pelo

contato direto de pessoa doente ou portadores com pessoa suscetível, por meio de

gotículas de secreção respiratória, eliminadas por tosse, espirro ou ao falar. Em casos

raros, pode ocorrer a contaminação por fômites. A difteria ocorre durante todos os

períodos do ano e pode afetar todas as pessoas não imunizadas, de qualquer idade,

raça ou sexo. Observa-se um aumento de sua incidência nos meses frios e secos

(outono e inverno), quando é mais comum a ocorrência de infecções respiratórias,

principalmente devido à aglomeração em ambientes fechados, que facilitam a

transmissão do bacilo. Contudo, não se observa esse padrão sazonal nas regiões sem

grandes oscilações de temperatura. A doença ocorre com maior frequência em áreas

com precárias condições socioeconômicas, onde a aglomeração de pessoas é maior,

e onde se registram baixas coberturas vacinais.

A difteria pode acometer pessoas suscetíveis (não adequadamente

vacinadas) de qualquer idade e não apenas as crianças como era mais comum antes

da utilização sistemática da vacina. A única maneira efetiva de prevenir a difteria é

a vacinação, pois a doença, em geral, não confere imunidade permanente, o que faz

com que o doente deva continuar seu esquema de vacinação após a alta hospitalar.

Crianças em idade pré-escolar são o grupo mais suscetível quando não imunizadas

previamente com esquema básico da vacina combinada contra DTP e Hib.

O esquema básico de vacinação na infância é feito com três doses da vacina contra

DTP e Hib, aos dois, quatro e seis meses de vida. O primeiro reforço é feito com

a DTP aos 15 meses e o outro entre quatro e seis anos de idade.

Page 113: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

112

Com o agravamento da crise econômica e social na Venezuela, o país passa

por uma recessão e vê um êxodo de moradores que sofrem com a pobreza e a fome, o fluxo

de cidadãos venezuelanos para o Brasil cresceu maciçamente nos últimos anos de

2015 a 2019. A maioria dos imigrantes entra no País pela fronteira norte do Brasil, no

Estado de Roraima, e se concentra nos municípios de Pacaraima e Boa Vista, capital

do Estado, aumentando assim os casos de doenças que já haviam sido erradicadas

no Brasil.

Em 12 de julho do ano de 2017 deu-se entrada no Hospital da Criança Santo

Antônio(HCSA), uma criança Venezuela, K.M.C.P, 10 anos, proveniente do garimpo

venezuelano do Estado de Bolívar na Venezuela, com suspeita de Difteria, onde ficou

internada em isolamento e foram realizados todos os procedimentos necessários para

o tratamento da difteria. Foi evoluindo para constatação para se confirmar a difteria,

foi por meio de cultura com prova de toxigenicidade, contudo evoluiu para óbito em

18/07/2017.

Comparando 2019 com os anos anteriores não tivemos dados relatados de

confirmação de difteria até o presente momento.

Referência Bibliográfica

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Guia de Vigilância em Saúde. Volume único – Brasília, 2017. SINAN NET- Fonte: SINAN/DVE/CGVS/SESAU/RR https://doar.acnur.org/acnur/venezuela Web. www.saude.gov.br/Meningite/Difteria/Coqueluche http://portalsinan.saude.gov.br/meningite https://saude.gov.br/saude-de-a-z/coqueluche https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/difteria-sintomas-transmissao-e-prevencao

Page 114: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

113

3.2.2 DOENÇAS EXANTEMÁTICAS (Sarampo, Rubéola, Síndrome da Rubéola

Congênita e Varicela)

Maria Eliene Gomes Silva

O Núcleo de Controle das Doenças Exantemáticas – NCDE, desenvolve e

programa ações que visem manter sensível, organizado e atuante o Sistema de

Vigilância Epidemiológica dos agravos de Sarampo, Rubéola, Síndrome da Rubéola

Congênita – SRC, Varicela e Caxumba no estado de Roraima. Também monitora o

encerramento de 95% dos casos notificados por critérios laboratoriais e acompanha a

investigação oportuna de 80% dos casos notificados.

São competências do Núcleo: informar, semanalmente ao Ministério da Saúde

a ocorrência ou ausência de casos notificados para sarampo e rubéola através do

Boletim de Notificação Semanal; monitorar a Homogeneidade e a Cobertura Vacinal

dos 15 municípios do Estado; investigar em até 48 horas os casos notificados para

Sarampo, Rubéola e Síndrome da rubéola Congênita; monitorar os casos confirmados

ou descartados por critérios laboratoriais; investigar adequadamente os casos

notificados e completude nas notificações.

A doença exantemática é definida como enfermidade infecciosa sistêmica cujo

exantema (manifestações cutâneas) que acompanham o quadro clínico, são

frequentes nos atendimentos eventuais e levam a inúmeros diagnósticos diferenciais

(MS, 2014).

Nas Américas, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) com o objetivo

de eliminar o sarampo de todo o hemisfério ocidental até o ano 2000, recomendou um

plano baseado na epidemiologia e na atuação do sarampo entre os períodos pré e

pós-vacinal (MS, 2009).

No Brasil, há evidências de descontinuação da transmissão autóctone do vírus

do sarampo desde o ano 2000, porém, o Ministério da Saúde tem confirmado vários

casos importados de sarampo entre os anos de 2001 a 2015 (MARANO, 2015).

O sarampo a rubéola e a Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) estão

incluídos no SINAN como doenças de notificação compulsória e possuem vigilância

integrada desde 1999, tornando oportuna a detecção de casos e surtos e a efetivação

adequada das medidas de controle.

Nos últimos 30 anos os programas de erradicação das doenças exantemáticas,

têm demonstrado que a eliminação e erradicação de uma doença são possíveis desde

Page 115: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

114

que estratégias apropriadas sejam aplicadas com respaldo em sua epidemiologia e

história natural (MS, 2009).

3.2.2.1 Sarampo

O sarampo é uma é uma doença de distribuição universal, O comportamento

endêmico - epidêmico do sarampo varia, de um local para outro, e depende

basicamente da relação entre o grau de imunidade e a suscetibilidade da população,

bem como da circulação do vírus na área.

É uma doença infecciosa aguda altamente transmissível que pode evoluir com

gravidade e progredir com complicações para encefalite e pneumonia, levando a óbito

principalmente em crianças desnutridas e menores de um ano de idade. A

transmissão ocorre de pessoa a pessoa, por meio de secreções nasofaríngeas. O

vírus pode ser transmitido de quatro a seis dias antes e, quatro dias após o início do

exantema (MS, 2010).

O sarampo é uma doença com alto risco e potencialidade de transmissão, o

que apresenta uma das maiores dificuldades de controle haja vista, que antes de o

médico fazer uma suspeita clínica, a pessoa já pode está transmitindo.

O Plano de Erradicação do Sarampo iniciou em 1992 com o objetivo de

erradicar a transmissão autóctone, do vírus do sarampo no Brasil e nos demais da

Região das Américas até o ano 2000, através de compromisso com a OPAS/OMS. O

Brasil registrou os últimos casos autóctones de sarampo em 2000. Desde então,

devido às altas coberturas vacinais e elevada sensibilidade da vigilância

epidemiológica, apenas casos importados da doença foram detectados no País (MS,

2013).

Em 2018 houve a reintrodução do sarampo no Brasil vindo da Venezuela, país

que sofre uma crise humanitária. O surto de sarampo iniciou no mês de fevereiro de

2018, gerou 582 notificações, confirmou 357 casos e quatro óbitos, se disseminou no

estado e para o estado do Amazonas.

Em 2019 foram notificados no estado de Roraima, 58 casos Suspeitos para

sarampo, sendo que os 58 casos foram descartados por critério laboratorial. Para

Rubéola, foi 01 caso notificado suspeito e descartado laboratorialmente. Quando o

paciente é notificado para sarampo é aplicado diagnóstico diferencial também para

Page 116: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

115

rubéola, e ocorre de igual modo quando são notificados casos para rubéola. Para a

Síndrome da Rubéola Congênita não houve casos suspeitos notificados.

A retomada do sarampo fez com que o MS requeresse novas campanhas

concentradas na vacinação em massa em crianças expostas ao vírus.

3.1.2.2.1 O sistema de vigilância do sarampo

No Brasil, o sarampo é uma doença de notificação compulsória desde 1968. O

Ministério da Saúde, visando fortalecer a vigilância epidemiológica do sarampo, criou, em

1999, um Grupo Tarefa com a designação de um técnico de vigilância do sarampo para

cada uma das 27 Unidades da Federação, e dois para o nível nacional.

Com o aumento da sensibilidade e especificidade da vigilância do sarampo, é

importante a manutenção do sistema de vigilância epidemiológica da doença, com o

objetivo de detectar oportunamente todo caso suspeito de sarampo, bem como adotar todas

as medidas de prevenção e controle.

A Vigilância Epidemiológica do Sarampo tem como objetivos: manter a eliminação

do sarampo mediante uma vigilância epidemiológica sensível, ativa e oportuna, permitindo

a identificação e a notificação imediata de todo e qualquer caso suspeito na população, com

medidas de controle pertinentes e monitorar as condições de risco.

É considerado um caso suspeito de sarampo todo paciente que apresentar febre e

exantema maculopapular morbiliforme de direção cefalocaudal, acompanhados de um ou

mais dos seguintes sinais e sintomas: tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite,

independentemente da idade e situação vacinal.

Considerando-se a alta infectividade e contagiosidade da doença, todo caso

suspeito de sarampo deve ser comunicado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), dentro

das primeiras 24 horas após o atendimento do paciente, e também à Secretaria Estadual

de Saúde (SES), para acompanhamento junto ao município. Além disso, a notificação deve

ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizando-se

a Ficha de Notificação/Investigação de Doenças Exantemáticas Febris Sarampo/Rubéola

(Anexo 1). Esta foi atualizada em 2006 e em virtude da ocorrência de surtos e do

comportamento do sarampo é importante coletar outras informações que não são

contempladas na ficha o que torna necessário sua adequação.

A investigação do caso suspeito de sarampo deve ser realizada pela equipe

municipal. As informações obtidas na investigação epidemiológica devem responder às

Page 117: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

116

demandas básicas da análise epidemiológica, ou seja, quem foi afetado, quando ocorreram

os casos e onde estes se localizam. A partir dessas informações, são desencadeadas as

condutas adequadas à situação. O caso suspeito de sarampo deve ser investigado no prazo

máximo de 48 horas após a notificação, conforme apresentado na Figura abaixo.

Figura 15. Roteiro da investigação epidemiológica do sarampo.

(Guia de Vigilância em Saúde, 2019).

3.2.2.2. Rubéola e Síndrome da Rubéola Congênita

Caracteriza-se por exantema maculopapular e puntiforme difuso, que se inicia

na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se, posteriormente, para tronco e

membros. Os sinais que colaboram para o diagnóstico diferencial frente a outras

doenças exantemáticas são: febre baixa, presença de linfoadenopatia retro auricular

cervical e occipital; geralmente antecedendo por 5 a 10 dias, ao exantema, em

adolescentes e adultos também podem apresentar dores generalizadas poliartralgia,

poliartrite, conjuntivite, coriza e tosse (MS, 2010).

Cerca de 30% a 50% das infecções pelo vírus da rubéola são subclínicas, ou

seja, não apresentam sinais e sintomas clínicos característico da doença. Tem curso

benigno e toda a sua importância epidemiológica está relacionada a Síndrome da

Rubéola Congênita. Haja vista, que, quando a doença ocorre nos cinco primeiros

meses da gestação pode resultar em aborto, malformação congênita (cardiopatias,

surdez e catarata) e/ou natimorto (MS, 2010).

A Síndrome da Rubéola Congênita (SRC) geralmente é uma condição clínica

grave. A infecção da placenta e viremia fetal ocorrem em cerca de 40 a 60 % das

mulheres grávidas infectadas com o vírus da Rubéola, principalmente durante as

primeiras nove semanas de gestação.

Page 118: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

117

Podendo resultar em nascimentos de crianças sem nenhuma anomalia, como

também, pode provocar abortamento espontâneo, a natimortalidade ou o nascimento

de crianças com anomalias simples ou combinadas. Tais anomalias estão presentes

ao nascimento, mas geralmente são detectadas mais tarde. A prematuridade e o baixo

peso ao nascer estão, também, associados à rubéola congênita.

As principais manifestações clínicas são: catarata, glaucoma, retinopatia,

microftalmia, surdez, cardiopatia congênita (persistência do canal arterial, estenose

aórtica, estenose pulmonar), microcefalia e retardo mental. É possível a ocorrência de

formas leve e tardias que se manifestam como pequenas deficiências como: surdez

parcial, pequenas deficiências cardíacas, diabetes melito, dentre outras,

diagnosticadas muitos anos após o nascimento (MS, 2010).

3.2.2.2.1 Erradicação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita

Em dezembro de 2015 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que

o Brasil está oficialmente livre da rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC).

O País foi reconhecido mundialmente através do certificado de eliminação dos

referidos agravos depois de cinco anos sem registros de casos de transmissão da

doença.

Para receber o título, o Brasil comprovou à OMS que desde 2008 não registra

casos de rubéola e desde 2009 não registra casos de síndrome da rubéola congênita.

A OMS reconheceu toda a América como a primeira região do mundo a alcançar a

eliminação da rubéola e da SRC.

O Brasil desenvolveu uma série de ações estratégicas, ao longo dos anos, para

atingir esse objetivo, como campanhas de prevenção e a intensificação das ações de

rotina de vacinação. Atualmente, três vacinas são ofertadas pelo SUS contra a

rubéola: a dupla viral (sarampo e rubéola), tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba)

e a tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Estas vacinas fazem parte do

Calendário Nacional de Vacinação. No ano de 2018, todos os municípios alcançaram

a meta nacional (≥ 95%), observa-se que conforme informações do SIPNI, em 2019 o

Estado de Roraima não alcançou a meta para homogeneidade de cobertura vacinal.

Page 119: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

118

Figura 16. Coberturas de vacinação a nível nacional e subnacional com primeira e segunda dose – 2015 a 2019.

Unidade da Federação D1 2015 D1 2016 D1 2017 D1 2018 D1 2019 D2 2015 D2 2016 D2 2017 D2 2018 D2 2019

11 Rondônia 109,00 109,79 105,50 101,67 105,55 94,61 94,32 83,92 78,88 80,95

12 Acre 84,21 75,71 79,75 83,11 83,24 51,69 64,20 60,54 71,92 74,47

13 Amazonas 95,42 83,56 84,57 89,81 90,13 78,17 75,60 65,37 78,00 80,28

14 Roraima 108,45 90,77 88,97 99,32 80,74 92,42 83,50 89,22 88,28 86,13

15 Pará 71,92 69,61 70,48 77,31 78,36 45,78 62,34 57,06 59,97 67,27

16 Amapá 89,02 97,36 77,88 77,11 81,56 74,65 85,95 64,84 63,89 68,67

17 Tocantins 94,70 91,89 89,03 91,36 90,54 61,33 88,28 78,44 78,99 84,18

21 Maranhão 90,47 80,01 81,11 84,05 83,18 74,36 47,58 54,13 56,89 63,42

22 Piauí 81,22 81,48 82,19 87,88 86,24 62,91 60,91 60,09 69,25 72,54

23 Ceará 110,83 119,76 105,03 111,47 102,12 93,98 88,70 82,78 87,15 86,85

24 Rio Grande do Norte 94,98 96,05 81,54 88,76 89,72 79,89 50,44 54,22 64,54 70,46

25 Paraíba 93,67 96,59 96,66 96,79 100,88 64,46 56,66 71,82 72,23 83,52

26 Pernambuco 97,81 112,65 101,23 104,73 97,88 87,36 68,22 71,16 69,54 79,02

27 Alagoas 98,67 102,24 103,85 107,19 104,08 81,68 60,50 71,08 72,10 72,67

28 Sergipe 91,99 92,09 89,17 95,48 88,90 80,95 70,86 74,08 71,95 73,38

29 Bahia 90,18 85,70 82,67 82,31 81,79 78,54 56,24 62,78 65,07 67,79

31 Minas Gerais 100,11 98,93 92,44 97,59 97,20 71,87 88,38 84,52 85,09 86,71

32 Espírito Santo 99,04 104,31 88,44 95,48 93,48 87,48 78,35 73,21 79,51 85,85

33 Rio de Janeiro 105,42 109,26 98,83 99,66 92,24 89,41 72,17 70,99 70,18 74,14

35 São Paulo 97,91 92,96 91,38 91,48 89,82 92,43 77,73 82,99 81,85 80,04

41 Paraná 99,44 91,87 91,48 89,82 92,82 78,91 91,29 87,88 86,26 90,05

42 Santa Catarina 103,42 98,97 93,75 92,17 95,03 83,72 98,38 83,11 83,46 91,96

43 Rio Grande do Sul 87,81 90,45 87,23 88,79 91,98 69,36 86,47 79,30 83,18 86,27

50 Mato Grosso do Sul 112,53 100,98 94,77 104,54 103,64 80,03 94,30 77,96 97,64 90,56

51 Mato Grosso 98,71 96,68 91,02 89,81 88,49 80,55 85,08 76,89 79,57 82,62

52 Goiás 94,83 85,93 88,90 87,86 85,97 68,14 84,19 78,72 76,81 77,40

53 Distrito Federal 67,58 131,75 89,07 86,32 84,47 65,43 128,41 85,93 87,05 85,82

BRASIL 96,07 95,41 85,83 92,64 91,14 79,94 76,71 72,44 76,91 79,47

Fonte: http://sipni.datasus.gov.br

Page 120: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

119

Figura 17. Coberturas de vacinação de todos os municípios de Roraima com primeira e segunda dose – 2015 a 2019.

COBERTURAS VACINAIS DOSE 1 (D1) E DOSE 2 (D2) DA VACINA TRÍPLICE VIRAL EM CRIANÇAS DE UM ANO DE IDADE, POR MUNICÍPIOS EM RORAIMA, 2015 - 2019

UF COD_MUN MUNICÍPIO 2015 2016 2017 2018 2019 Surto

D1 D2 D1 D2 D1 D2 D1 D2 D1 D2 2018 2019

RORAIMA

140002 AMAJARI 108,9 107,89 103,7 126,26 72,1 98,65 106,5 72,8 36,6 43,1 S N

140005 ALTO ALEGRE 78,8 83 94,8 87,72 58,5 46,8 68,9 75,11 50,8 51,14 S N

140010 BOA VISTA 105,2 91,89 92,2 80,07 87,7 90,16 95,4 87,51 82,8 98,69 S N

140015 BONFIM 173,5 89,33 90,5 75,38 86,5 137,85 288,2 159,45 61,3 45,09 N N

140017 CANTA 76,4 74,03 56,6 48,9 61,3 53,59 55,6 47,62 27,6 31,53 S N

140020 CARACARAI 75 129,25 75,5 79,34 78,6 81,12 78,3 74,18 161,2 67,81 S N

140023 CAROEBE 135,1 141,72 105,2 107,79 107,8 100,65 154,1 221,92 72,1 100,55 N N

140028 IRACEMA 131,5 114,38 93,6 79,49 75,6 73,72 86,9 95,38 61 61,04 N N

140030 MUCAJAI 171,9 56,16 50,5 104,68 84,6 73,91 80,7 82,72 66 78,64 S N

140040 NORMANDIA 77 83,51 96,3 82,45 87,2 77,13 69,2 79,81 26,3 33,73 N N

140045 PACARAIMA 119,3 64,31 128,7 102,96 108 93,79 166,3 113,48 288,9 236,84 S S

140047 RORAINOPOLIS 173,4 130,4 67 106,33 103,2 75,11 58,4 60,59 38,9 54,71 S N

140050 SAO JOAO DA BALIZA 72,5 36,67 86,3 20,51 94,9 105,13 87,5 54,81 82 78,69 S N

140060 SAO LUIZ 80 120 120,9 114,93 160,6 109,09 112 115,66 46,2 37,74 N N

140070 UIRAMUTA 107,6 91,77 104,8 93,04 80 64,13 102,8 86,96 46,7 39,33 S N

Fonte: http://sipni.datasus.gov.br Tríplice Viral: Vacina contra Sarampo, Caxumba e Rubéola.

Page 121: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

3.1.3 Varicela

A varicela é uma doença habitualmente benigna na infância, embora esteja

associada a complicações. Em recém–nascidos prematuros ou não e em

determinadas circunstâncias, gestantes, adolescentes e adultos, podem ter evolução

grave. A infecção materna no primeiro ou no segundo trimestre de gestação pode

resultar em embriopatia. Entretanto, o maior risco da varicela é quando ela acomete

pacientes imunocomprometidos, podendo atingir inclusive o sistema nervoso central.

A infecção primária produz a doença. Depois, o agente infeccioso pode permanecer

latente nos gânglios nervosos próximos a medula espinhal e a sua reativação causa

o herpes zoster que ocorre por debilidade do sistema imunológico.

O vírus varicela zoster é responsável por duas doenças distintas: herpes zoster

(cobreiro ou zona) e catapora. Quem já teve catapora uma vez não a tem novamente,

mesmo que entre em contato com outras pessoas contaminadas. A pessoa mantém

o vírus latente, não apresentando nenhum sintoma, nem sendo capaz de transmitir o

vírus para outros. Até 20% dos pacientes com história de catapora na infância vão

apresentar pelo menos um episódio de herpes-zoster, geralmente após os 50 anos.

Entre os pacientes com mais de 85 anos essa taxa sobe para mais de 50%.

3.2.3.1 Vigilância Epidemiológica da Varicela

A vigilância epidemiológica tem entre suas atribuições a de avaliar o impacto

da vacinação antivaricela-zóster no país sobre a morbimortalidade por varicela;

conhecer a incidência de casos graves de varicela no país; conhecer a mortalidade

por varicela no país; conhecer os padrões de ocorrência da doença (sazonalidade e

distribuição por faixa etária); estabelecer medidas de controle frente a situações de

surtos e grupos populacionais de alto risco para complicações e morte.

3.2.3.1.1 Definição de surto

Considera-se como surto de varicela a ocorrência de um número de casos

acima do limite esperado, com base nos anos anteriores, ou casos agregados em

instituições, creches, escolas e hospitais pediátricos.

Page 122: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

121

3.2.3.1.2 Notificação de surtos

Somente os casos graves, surto ou óbito devem ser notificados e registrados

através do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (SINAN), por meio da Ficha

de Notificação Individual ou Ficha de Investigação de Surto.

Em Roraima, no período de 2018 a 2019 foram notificados 30 casos de surtos

de Varicela, nos municípios de Boa Vista e Pacaraima. Os demais municípios do

estado não notificaram surtos da doença.

Figura 18. Surtos por varicela no Estado de Roraima – 2018 e 2019.

Município 2018 2019 Total

Boa Vista 06 23 29

Pacaraima 01 00 01

Total 07 23 30

Fonte: SINANNET/NCDE/DVE/CGVS/SESAU-RR.

Figura 19. Número de casos de Varicela por município de residência, Roraima 2019.

Fonte: SINAN/NCDE/DVE/CGVS/SESAU- RR

3.2.4 Casos notificados para Doenças Exantemáticas

O Sistema Nacional de Vigilância em Saúde - SNVS utiliza como metodologia

a atualização dos indicadores das ações frente ao quadro epidemiológico existente e

vinculada ao Pacto pela Saúde como elenco norteador das ações para subsidiar a

Programação Anual de Saúde-PAS das secretarias Estatuais e Municipais na

23 22

1077

874 4 0 5 50 2 2 26 1 2 2

Casos de Varicela por Município de Residência - 2019

Page 123: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

122

perspectiva de alcançar as metas propostas pelo Pacto e de outras prioridades de

valiosa relevância para o sistema Nacional de Vigilância em Saúde, eleitas pelas

esferas Federal, Estadual e Municipal (MS, 2013).

As ações prioritárias do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica em

Saúde-SNVES, estão relacionadas às ações estratégicas programadas para a

realização das ações e o cumprimento das Metas e Indicadores conforme definidos

no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde – COOAP (MS, 2013).

Em Roraima, no ano de 2019 foram notificados 58 casos suspeitos para as

Doenças exantemáticas, todos com diagnóstico diferencial para sarampo e rubéola,

58 suspeitos foram descartados por critérios laboratoriais. Conforme apresenta os

Indicadores de Vigilância Epidemiológica na Figura abaixo.

Figura 20. Indicadores de vigilância epidemiológica do sarampo - Roraima, 2018 e 2019.

Indicadores de vigilância epidemiológica 2018 2019

N° casos suspeitos 569 58

Homogeneidade da cobertura (TRÍPLICE VIRAL): Número de municípios com cobertura vacinal ≥ 95% em crianças com 12 meses de idade

100,2 13,3%

Investigação oportuna: Número de casos notificados investigados em até 48 horas (data da investigação - data da notificação)

100% 100%

Coleta Oportuna: Número de casos com Coleta oportuna (data da coleta - data do exantema) ou seja n° de casos com coleta em até 28 dias da data do início do exantema

87,9% 81,8%

Envio Oportuno: Número de amostra enviada (data do envio - data da coleta) ao LACEN com até 5 dias da coleta

57,1% 22,6%

Resultado Oportuno: Número de resultados liberados (data da liberação do resultado - data de recebimento da amostra no laboratório) em até 4 dias de recebimento no laboratório.

80% 22,6%

Casos encerrados por laboratório: Número de casos descartados ou confirmados por laboratório

95% 100,0

Investigação Adequada: Número de casos suspeitos com visita domiciliar até 48h após notificação, com pelo menos, 8 variáveis preenchidas (dt. Notif., dt. Invest. tomou vacina, dt. Início exantema, outros sinais e sintomas, dt. Coleta S2, realização de bloqueio vacinal, classificação final do caso).

95% 100,0

Fontes: NCDE/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Page 124: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

123

Considerações finais

A CGVS/SESAU precisa se fortalecer ainda mais no estado e para tanto é

necessário realizar análises sistemáticas das suas prioridades e das coberturas

vacinais, assim como, aprimorar os processos de análise e monitoramento da situação

em saúde (indicadores de qualidade dos dados dos sistemas de informação em

saúde) e fortalecer a capacidade de resposta rápida frente às emergências em saúde

pública (monitoramento e investigação de emergências em saúde pública). Julgamos

necessário também, o apoio técnico e científico ao estudo por meio de uma Rede de

Formação de Recursos Humanos em Vigilância em Saúde, com o objetivo de formar

profissionais que atuam nos serviços de vigilância, prevenção e controle de doenças,

nas esferas estadual e municipal.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. SINAN-Departamento de Informação do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. _____, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Situação Epidemiológica do Sarampo no Brasil. Disponível em <http://portalsaude.saude.gov.br/> dados sujeito à revisão. Acesso dia 29 de Março 2020. _____, Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Protocolo de Vigilância Epidemiológica da Varicela. Disponível em: <http://www.vigilanciaemsaude.ba.gov.br. Acesso dia 23 de março de 2020. PNI/ SESAU/ Roraima, 2020.

Page 125: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

124

3.3 NÚCLEO ESTADUAL DO PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÕES

Alice Dantas Medeiros

No Brasil, desde o início do século XIX, as vacinas são utilizadas como medida

de controle de doenças. No entanto, somente a partir do ano de 1973 é que se

formulou o Programa Nacional de Imunizações (PNI), regulamentado pela Lei Federal

nº 6.259, de 30 de outubro de 1975, e pelo Decreto n° 78.321, de 12 de agosto de

1976, que instituiu o Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE). O PNI

organiza toda a política nacional de vacinação da população brasileira e tem como

missão o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis. É

considerado uma das principais e mais relevantes intervenções em saúde pública no

Brasil, em especial pelo importante impacto obtido na redução de doenças nas últimas

décadas. Os principais aliados no âmbito do SUS são as secretarias estaduais e

municipais de saúde. (BRASIL, 2014)

O PNI é referência mundial. O Brasil foi pioneiro na incorporação de diversas

vacinas no calendário do SUS e é um dos poucos países no mundo que ofertam de

maneira universal um rol extenso e abrangente de imunobiológicos (CRUZ, 2017).

As vacinas do Calendário Nacional de Vacinação para o ano de 2020 por tipo

de vacina, doenças às quais garantem proteção, número de doses e idade

recomendada estão descritas nos Quadros de 1 a 4. Geralmente todos os anos

ocorrem atualizações no Calendário Nacional de Vacinação, entre os anos de 2019 e

2020 o esquema de vacinação contra Febre Amarela incluiu uma dose de reforço aos

04 anos de idade para crianças com apenas uma dose da vacina e acrescentou a

disponibilidade da vacina Meningocócica ACWY para adolescentes de 11 e 12 anos

de idade.

A atuação do Programa Nacional de Imunizações contribuiu sobremaneira para

melhorias importantes na situação de saúde da população brasileira. São exemplos:

a erradicação da varíola; a eliminação da poliomielite e da febre amarela urbana, da

circulação do vírus do sarampo (2016) e da rubéola (2015); assim como a redução da

incidência da difteria, da coqueluche, da meningite causada por H. influenzae tipo B,

do tétano, da tuberculose em menores de 15 anos de idade, e, mais recentemente,

das meningites e pneumonias. (MS, 2016)

Page 126: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

125

Quadro 19. Calendário Nacional de Vacinação da Criança, 2020.

CALENDÁRIO DA CRIANÇA

VACINA PROTEÇÃO CONTRA Nº DOSES

IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO REFORÇO

BCG (1) Formas graves de

tuberculose, meníngea e miliar

Dose única - Ao nascer

Hepatite B (2) Hepatite B Dose ao nascer - Ao nascer

Poliomielite 1,2,3 (VIP - inativada)

Poliomielite 3 doses 2 reforços com a

vacina VOP 2 meses, 4 meses e 6

meses

Poliomielite 1 e 3 (VOP - atenuada)

Poliomielite - 2 doses de reforço 15 meses e 4 anos

Rotavírus humano G1P1 (VRH) (3)

Diarreia por Rotavírus 2 doses - 1ª dose: 2 meses 2ª dose: 4 meses

DTP+Hib+HB (Penta) Difteria, Tétano,

Coqueluche, Haemophilus influenzae B e Hepatite B

3 doses 2 reforços com a

vacina DTP

1ª dose: 2 meses 2ª dose: 4 meses 3ª dose: 6 meses

Pneumocócica 10 valente (Pncc 10) (4)

Pneumonias, Meningites, Otites, Sinusites pelos

sorotipos que compõem a vacina

2 doses Reforço 1ª dose: 2 meses 2ª dose: 4 meses Reforço: 12meses

Meningocócica C (conjugada) (4)

Meningite meningocócica tipo C

2 doses 1º reforço 1ªdose: 3 meses 2ª dose: 5 meses

1º Reforço: 12 meses

Febre Amarela (Atenuada) (5)

Febre Amarela 1 dose Reforço Dose: 9 meses

Reforço: 4 anos de idade

Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR) (6)

Sarampo, Caxumba e Rubéola

2 doses (1ª dose com SCR e 2ª dose com

SCRV) - 12 meses

Sarampo, Caxumba, Rubéola, Varicela

(SCRV) (4) (7)

Sarampo, Caxumba Rubéola e Varicela

1 dose (corresponde a segunda dose da SCR e primeira de

varicela)

- 15 meses

Hepatite A (HA) (4) Hepatite A 1 dose - 15meses

Difteria, Tétano, Pertussis (DTP)

Difteria Tétano Coqueluche

Considerar doses anteriores (3 doses)

2 reforços 1º reforço: 15 meses 2º reforço: 4 anos de idade

Difteria, Tétano (dT) Difteria e Tétano 3 doses. Considerar

doses anteriores com penta e DTP

A cada 10 anos. Em caso de ferimentos

graves a cada 5 anos

A partir dos 7 anos

Papilomavírus humano (HPV)

Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18

(recombinante) 2 doses -

De 09 a 14 anos para meninas; de 11 a 14 anos para meninos

Pneumocócica 23-valente (Pncc 23) (8)

Meningites bacterianas, Pneumonias, Sinusite etc.

1 dose

Uma dose a depender da

situação vacinal anterior com a

PNM10v

A partir de 5 anos para os povos indígenas

Varicela (9) Varicela 1 dose (corresponde a segunda dose da

varicela) - 4 anos

Influenza (10) Influenza 1 dose ou duas doses Dose anual 6 meses a menores de

6 anos

Notas: (1) Devido a situação epidemiológica do país é recomendável que a vacina BCG seja administrada na

maternidade. Caso não tenha sido administrada na maternidade aplicá-la na primeira visita ao serviço de saúde. Crianças que não apresentarem cicatriz vacinal após receberem a dose da vacina BCG não precisam ser revacinadas.

Page 127: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

126

(2) A vacina Hepatite B deve ser administrada nas primeiras 24 horas, preferencialmente, nas primeiras 12 horas de vida, ainda na maternidade. Esta dose pode ser administrada até 30 dias após o nascimento. Crianças até 6 (seis) anos 11 meses e 29 dias, sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou completar esquema com penta que está disponível na rotina dos serviços de saúde, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias, conforme esquema detalhado no tópico da vacina penta. Crianças com 7 anos completos sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto: completar 3 doses com a vacina hepatite B com intervalo de 30 dias para a 2ª dose e de 6 meses entre a 1ª e a 3ª.

(3) A idade mínima para a administração da primeira dose é de 1 mês e 15 dias e a idade máxima é de 3 meses e 15 dias. A idade mínima para a administração da segunda dose é de 3 meses e 15 dias e a idade máxima é de 7 meses e vinte e 29 dias. Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar após a vacinação, não repita a dose. Nestes casos, considere a dose válida.

(4) Administrar 1 (uma) dose da vacina Pneumocócica 10V (conjugada), da vacina Meningocócica C (conjugada), da vacina hepatite A e da vacina tetra viral em crianças até 4 anos (4 anos 11 meses e 29 dias) de idade, que tenham perdido a oportunidade de se vacinar.

(5) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com as indicações da faixa etária e situação vacinal.

(6) Indicada vacinação em bloqueios de casos suspeitos de sarampo e rubéola a partir dos 6 meses. Em menores de 2 anos, não pode ser aplicada simultaneamente com a vacina da Febre Amarela, estabelecendo o intervalo mínimo de 30 dias.

(7) A vacina tetra viral corresponde à segunda dose da vacina tríplice viral e à primeira dose da vacina varicela. Nesta dose poderá ser aplicada a vacina tetra viral ou a vacina tríplice viral e vacina varicela (monovalente).

(8) Esta vacina está indicada para população indígena a partir dos 5 (cinco) anos de idade. (9) A vacina varicela pode ser administrada até 6 anos, 11 meses e 29 dias. Esta vacina está indicada para toda

população indígena a partir dos 7 (sete) anos de idade, não vacinada contra varicela. (10) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, conforme os grupos prioritários

definidos no Informe da Campanha. Para as crianças não indígenas de seis meses a menores de seis anos de idade (cinco anos, 11 meses e 29 dias) e para as crianças indígenas de seis meses a menores de nove anos de idade (oito anos, 11 meses e 29 dias), fazendo a vacina pela primeira vez, deverão receber duas doses, com 1 mês de intervalo.

Fonte: CGPNI/MS

Page 128: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

127

Quadro 20. Calendário Nacional de Vacinação do Adolescente, 2020.

CALENDÁRIO DO ADOLESCENTE

VACINA PROTEÇÃO CONTRA Nº DOSES

IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO

REFORÇO

Hepatite B (HB recombinante)

Hepatite B

Iniciar ou completar 3

doses, de acordo com histórico

vacinal

- -

Difteria, Tétano (dT) Difteria e Tétano

Iniciar ou completar 3

doses, de acordo com histórico

vacinal

A cada 10 anos. Em caso de ferimentos

graves, deve-se reduzir este

intervalo para 5 anos

-

Febre amarela (Atenuada) (1)

Febre Amarela Dose única

Reforço, caso a pessoa tenha recebido uma dose da vacina

antes de completar 5 anos

de idade

-

Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR) (2)

Sarampo, Caxumba e Rubéola

Iniciar ou completar 2

doses, de acordo com histórico

vacinal

- -

Papilomavírus humano (HPV) (3)

Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18

(recombinante)

Iniciar ou completar 2

doses, de acordo com histórico

vacinal

- De 09 a 14 anos para

meninas; de 11 a 14 anos para meninos-

Pneumocócica 23-valente (Pncc 23) (4)

Meningites bacterianas, Pneumonias, Sinusite

etc. 1 dose

Uma dose a depender da

situação vacinal anterior com a

PNM10v

A partir de 5 anos povos indígenas

Meningocócica C (conjugada)

Meningite meningocócica tipo C

1 dose - 13 e 14 anos

Meningocócica ACWY

Doença meningocócica invasiva causada por N. meningitidis sorogrupos

A, C, Y e W-135

1 dose - 11 anos e 12 anos

Notas: (1) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com

as indicações da faixa etária e situação vacinal. (2) As pessoas que tiverem esquema vacinal completo, independentemente da idade em que foram vacinadas, não

precisam receber doses adicionais. (3) A vacina HPV também está disponível para as mulheres e homens de nove a 26 anos de idade vivendo com HIV/AIDS,

transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea e pacientes oncológicos, sendo o esquema vacinal de três doses (0, 2 e 6 meses).

Fonte: CGPNI/MS

Page 129: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

128

Quadro 21. Calendário Nacional de Vacinação do Adulto e Idoso, 2020.

CALENDÁRIO DO ADULTO E DO IDOSO

VACINA PROTEÇÃO CONTRA Nº DOSES

IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO

REFORÇO

Hepatite B (HB recombinante)

Hepatite B

Iniciar ou completar 3

doses, de acordo com

histórico vacinal

- -

Difteria, Tétano (dT) Difteria e Tétano

Iniciar ou completar 3

doses, de acordo com

histórico vacinal

A cada 10 anos. Em caso de

ferimentos graves, deve-se reduzir este intervalo para 5 anos.

-

Febre Amarela (Atenuada) (1)

Febre Amarela Dose única

Reforço, caso a pessoa tenha recebido uma dose da vacina

antes de completar 5

(cinco) anos de idade

-

Sarampo, Caxumba, Rubéola (SCR) (2) (3)

Sarampo, Caxumba e Rubéola

2 doses (20 a 29 anos)

1 dose (30 a 59 anos)

(verificar a situação vacinal

anterior)

- -

Influenza (4) Influenza 1 dose Dose anual 60 anos

Pneumocócica 23-valente (Pncc 23) (5)

Meningites bacterianas, Pneumonias, Sinusite

etc. 1 dose

Se necessário 5 anos após 1ª dose

60 anos

Notas: (1) A recomendação de vacinação contra a febre amarela é para todo Brasil, devendo seguir o esquema de acordo com as indicações da faixa etária e situação vacinal. Para pessoas com 60 anos e mais, o serviço de saúde deverá avaliar a pertinência da vacinação de acordo com o cenário epidemiológico da doença.

(2) As pessoas que tiverem esquema vacinal completo, independentemente da idade em que foram vacinadas, não precisam receber doses adicionais.

(3) Indicada vacinação em bloqueios de casos suspeitos de sarampo e rubéola a partir dos 6 meses. Adultos até 29 anos e profissionais de saúde (de qualquer idade), recomenda-se duas doses da vacina SCR, com intervalo de 30 dias. Após a aplicação da vacina, recomenda-se não engravidar por um período de 30 dias. (4) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, conforme os grupos prioritários definidos no Informe da Campanha. Para as crianças não indígenas de seis meses a menores de seis anos de idade (cinco anos, 11 meses e 29 dias) e para as crianças indígenas de seis meses a oito anos, que estarão recebendo a vacina pela primeira vez, deverão receber duas doses.

(5) Esta vacina está indicada para pessoas a partir dos 60 anos de idade em condições clínicas especiais (acamados, hospitalizados ou institucionalizados) e população indígena a partir dos 5 (cinco) anos de idade.

Fonte: CGPNI/MS

Page 130: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

129

Quadro 22. Calendário Nacional de Vacinação da Gestante, 2020.

CALENDÁRIO DA GESTANTE

VACINA PROTEÇÃO

CONTRA

Nº DOSES

IDADE RECOMENDADA ESQUEMA BÁSICO

REFORÇO

Hepatite B (HB recombinante)

Hepatite B

Iniciar ou completar 3

doses, de acordo com

histórico vacinal

- -

Difteria, Tétano (dT adulto)

Difteria e Tétano

Iniciar ou completar 3

doses, de acordo com

histórico vacinal

A cada 10 anos. Ferimentos

graves, deve-se reduzir este

intervalo para 5 anos

-

Difteria, Tétano, Pertussis acelular (dTpa adulto) (1)

Difteria Tétano Coqueluche

1 dose 1 dose a cada

gestação Gestantes a partir da 20ª

semana de gravidez

Influenza (2) Influenza 1 dose Dose anual -

Notas: (1) Gestantes que perderam a oportunidade de serem vacinadas durante o período gestacional, administrar 1 (uma) dose de dTpa no puerpério (até 45 dias), o mais precocemente possível. A vacina dTpa também será ofertada para todos os profissionais de saúde. Gestantes sem histórico vacinal da dT, administrar 2 (duas) doses da vacina dupla adulto (dT) e 1 (uma) dose da vacina dTpa a partir da 20ª semana de gestação

(2) É ofertada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza, administrar esta vacina em qualquer idade gestacional. Administrar no puerpério caso a vacina não tenha sido administrada durante a gestação

Fonte: CGPNI/MS

O Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunizações (NEPNI) tem como

principal objetivo oferecer todas as vacinas do Programa Nacional de Imunizações

com qualidade, visando alcançar coberturas vacinais conforme preconizado pelo

Ministério da Saúde, de forma homogênea no Estado, contribuindo com a redução

dos indicadores de morbidade e mortalidade por doenças imunopreveníveis. Dentre

as atribuições Núcleo estão o apoio e cooperação técnica junto as coordenações

municipais de imunizações e vigilância em saúde, execução das ações de forma

complementar à atuação dos Municípios e a coordenação do componente estadual

do Programa Nacional de Imunizações.

Dentro da estrutura do NEPNI funciona a Rede de Frio Estadual, que tem o

objetivo de assegurar que os imunobiológicos (vacinas, diluentes, soros e

imunoglobulinas) disponibilizados no serviço de vacinação, pelo Programa Nacional

de Imunizações, sejam mantidos em condições adequadas de transporte,

armazenamento e distribuição, permitindo que estes insumos permaneçam com suas

características iniciais até o momento da sua administração. Os imunobiológicos,

Page 131: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

130

enquanto produtos termolábeis e/ ou fotossensíveis, necessitam de armazenamento

e transporte adequado para que suas características imunogênicas sejam mantidas.

(BRASIL, 2020)

3.3.1 Cobertura vacinal, homogeneidade de cobertura vacinal e risco de

transmissão de doenças imunopreveníveis

O indicador cobertura vacinal (CV) conceitua-se como o percentual de crianças

vacinadas com vacinas específicas, em determinado espaço geográfico, no ano

considerado, sendo utilizado a metodologia de cálculo de CV uma divisão onde o

numerador considerado é o número de crianças com esquema básico completo na

idade-alvo para determinado tipo de vacina e denominador, no grupo de menores de

um ano e com um ano de idade, é utilizado o número de nascimentos registrados no

SINASC, o resultado é multiplicado por 100 (cem), determinando o indicador,

conforme demonstrado na Figura 21.

Figura 21. Metodologia de cálculo de cobertura vacinal

Cobertura vacinal =

(CV)

Nº de crianças com esquema básico completo na idade-alvo para determinado tipo de vacina

X 100

Nº de nascimentos registrados no SINASC (No grupo de menores de um ano e com um ano de idade)

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – 2016.

A homogeneidade é um importante indicador de desempenho do PNI que é

obtido calculando o percentual de municípios que alcançam as metas

epidemiológicas, estabelecidas para cada vacina e se caracteriza pela obtenção dos

índices preconizados em 70% ou mais dos municípios de uma unidade federada que

conseguiram atingir o índice para o conjunto das vacinas.

Figura 22. Metodologia de cálculo de homogeneidade de cobertura vacinal

Homogeneidade de cobertura vacinal =

(HCV)

Nº de municípios com cobertura vacinal adequada

X 100 Nº total de municípios

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – 2016.

Page 132: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

131

A OMS recomenda pelo menos 95% de cobertura vacinal para manutenção da

erradicação, eliminação ou controle de doenças imunopreveníveis, além de

indicadores como a proporção de municípios com coberturas vacinais adequadas e a

proporção de crianças vivendo em municípios com coberturas vacinais adequadas.

(DIETZ et al, 2004).

A manutenção de altas cobertura vacinais demostram a efetividade dos

programas de imunização, podendo ser medidas através dos registros de coberturas

administrativas nos sistemas de informação. (BRASIL, 2015).

Conforme a Tabela 10, o PNI estabeleceu a meta de 90% para as vacinas BCG

e Rotavírus humano, 95% para hepatite “B” (dose até 30 dias após o nascimento),

hepatite “A”, pentavalente, poliomielite, pneumocócica 10 valente, meningocócica C

(conjugada) e tríplice viral (D1) e 100% para Febre Amarela, que são as vacinas

realizadas no primeiro ano de vida da criança.

Tabela 10. Vacinas do primeiro ano de vida, dose para cálculo e metas de cobertura

vacinal

Vacina Dose para cálculo de CV Meta de CV

BCG Dose única 90% Hepatite B Dose até 30 dias após o nascimento 95% Penta 3ª Dose 95% Pólio (VIP) 3ª Dose 95% Pneumo 10 3ª Dose 95% Rotavírus (VRH) 2ª Dose 90% Meningo C 2ª Dose 95% Tríplice viral 1ª Dose 95% Febre amarela 1ª Dose/ Dose 100%

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – 2016.

De acordo com a metodologia de avaliação de risco de transmissão de doenças

imunopreveníveis a partir de indicadores de coberturas vacinais no estudo

apresentado por Braz et al, o risco de transmissão de doenças imunopreveníveis

(RTDI) é composto pelos indicadores de cobertura vacinal (CV), considerando-se três

classificações: baixa (<meta); adequada (≥meta a ≤120%); e elevada (>120%);

homogeneidade de coberturas vacinais (HCV) entre vacinas, arbitrada em três

classes: baixa (<75%), adequada para o Contrato Organizativo de Ação Pública da

Saúde (COAP) (≥75%) e adequada para o Programa de Qualificação das Ações de

Vigilância em Saúde (PQAVS) (=100%); proporção de abandono (PA) obtida em

http://tabnet.datasus.gov.br – calculada somente para vacinas com esquema

Page 133: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

132

multidoses (meningocócica C (conjugada), pentavalente, pneumocócica 10 valente,

poliomielite, Rotavírus Humano) –, considerando-se a diferença entre o número de

primeiras doses e o número de últimas doses do esquema vacinal, dividido pelo

número das primeiras doses, multiplicando-se o resultado por 100, estratificando-se

em três categorias: baixa (<5%); média (≥5% a ≤10%); e alta (>10%); e porte

populacional do município (sendo os portes classificados, de acordo com adaptação

do referencial do PQAVS: pequeno porte (≤20.000 habitantes); médio porte (≥20.001

a ≤100.000 habitantes); e grande porte (≥100.001 habitantes)., definindo-se cinco

categorias:

i. Risco muito baixo - município com HCV=100%;

ii. Risco baixo - município com HCV≥75% a <100%, com CV adequada para as

vacinas poliomielite e tríplice viral, as quais previnem doenças eliminadas ou

em fase de eliminação (poliomielite, sarampo e rubéola), e ainda, a vacina

pentavalente, devido ao componente contra difteria-tétano-pertussis (DTP),

considerado como "marcador" de qualidade de serviço de vacinação devido ao

esquema de três doses injetáveis até os seis meses de idade;

iii. Risco médio - município com HCV ≥75% a <100%, porém com cobertura

vacinal abaixo da meta para uma ou mais das vacinas poliomielite, tríplice viral

ou pentavalente;

iv. Risco alto - município com HCV <75%; e

v. Risco muito alto - município de grande porte populacional, com HCV <75% e

alta PA (≥10%), incluídos neste grupo os municípios sem registro de vacinação,

independentemente do porte populacional. (BRAZ et al, 2016)

Em 2019, considerando os 15 municípios de Roraima, 13,3% apresentaram CV

muito baixa nas vacinas BCG e Hepatite B <de 30 dias de nascimento, 40,0% CV

baixa, 33,3% CV adequada e 13,3% CV elevada. Com relação as vacinas Rotavírus

humano, pentavalente e hepatite A, 46,7% dos municípios apresentaram CV muito

baixas e 46,7% baixas; 6,7% dos municípios apresentaram CV adequadas nas

vacinas Rotavírus humano e pentavalente e 6,7% CV elevada na vacina hepatite A.

Foi observado também que 40,0% apresentaram CV muito baixa nas vacinas VIP e

tríplice viral (D1), 46,7% CV baixa, 13,3% apresentaram CV adequada para a vacina

VIP e 13,3% CV elevada para a vacina tríplice viral (D1).

Com relação a vacina meningocócica C (conjugada) 33,3% dos municípios do

estado apresentaram CV muito baixa, 53,3% CV baixa e 13,3% CV adequada. Foi

Page 134: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

133

observado na vacina contra febre amarela que 53,3% dos municípios apresentaram

CV muito baixa, 40,0% CV baixa e 6,7% cobertura elevada e com relação a vacina

pneumocócica 10 valente 20,0% dos municípios apresentaram CV muito baixa, 60,0%

CV baixa, 13,3% CV adequada e 6,7% CV elevada.

Tabela 11. Coberturas vacinais por município, Roraima, 2019

Município

Coberturas vacinais (%)

BCG HB <30

dias VRH

Mngcc C

Penta Pncc

10 VIP FA HA

SRC D1

Amajari 75,2 67,9 42,3 51,8 45,6 54,6 43,9 34,4 42,0 40,6 Alto Alegre 74,0 58,4 49,6 55,5 44,9 62,2 8,0 47,5 53,6 51,1 Boa Vista 136,1 138,9 94,3 99,2 72,5 105,0 93,3 80,4 86,7 83,0 Bonfim 98,1 96,0 49,9 46,2 56,2 66,6 65,3 46,4 48,3 63,9 Canta 95,7 96,3 29,0 30,4 21,6 33,2 27,8 27,3 33,5 29,8 Caracaraí 64,6 61,4 71,5 73,5 60,7 80,1 71,5 57,5 66,8 161,9 Caroebe 102,2 100,5 74,9 75,4 66,7 78,1 73,8 63,9 78,1 71,6 Iracema 87,7 81,8 87,7 80,5 68,2 89,0 78,6 61,7 58,4 62,3 Mucajaí 94,8 96,4 73,5 71,5 54,7 78,0 60,8 65,4 60,8 66,3 Normandia 76,4 74,2 33,7 40,5 39,0 45,1 43,1 33,3 39,0 26,5 Pacaraima 132,6 131,8 81,6 102,4 107,6 123,9 119,7 153,4 330,8 295,8 Rorainópolis 58,3 55,4 49,7 48,1 36,2 53,3 43,0 38,7 40,5 39,3 São Joao Da Baliza 35,2 33,6 88,5 86,9 60,7 92,6 82,8 55,7 82,0 82,0 São Luiz 47,2 48,1 33,0 40,6 26,4 34,0 31,1 27,4 34,0 48,1 Uiramutã 117,8 100,9 51,2 60,9 49,7 70,1 56,9 42,5 39,3 46,7

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.

Baseando-se na metodologia descrita, é observado no estado de Roraima os

seguintes resultados quanto a classificação de cobertura vacinal dos municípios:

Gráfico 13. Distribuição dos municípios (N=15 e %) conforme a classificação da

cobertura de dez vacinas, Roraima, 2019

2 2

75

7

36

8 7 6

6 6

78

7

9

76 7

75 5

1 2 12

22 2 1 1 1 2

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

BCG HB <30dias

VRH Mngcc C Penta Pncc 10 VIP FA HA SRC D1

%

COBERTURA VACINAL

MUITO BAIXA (0% A <50%) BAIXA (<META) ADEQUADA (≥meta a ≤120%) ELEVADA (>120%)

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.

Page 135: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

134

De acordo com a OMS, desde 2013 o país vem registrando queda das

coberturas vacinais. Doenças consideradas erradicadas, como a poliomielite, são

ameaças à população devido ao descaso com a medida de prevenção. (OMS,2019)

Observando os dados de cobertura vacinal em Roraima é possível visualizar

coberturas vacinais muito baixas ou baixas na maioria das vacinas que fazem parte

do calendário de vacinação de rotina em menores de 1 ano e 1 ano de idade. Tal

realidade pode demonstrar a perda de oportunidade vacinal e fragilidade na Atenção

Primária a Saúde dos municípios além disso baixas coberturas vacinais no sistema

de informação podem ser relacionadas aos seguintes fatores: não registro ou atraso

no registro dos boletins de doses aplicadas, no sistema de informação; erro de

digitação dos boletins de doses aplicadas; não transmissão para a base nacional de

imunização dos dados registrados; desatualização dos registros de nascimento no

Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), desatualização do

cadastrado da população adscrita ao território das unidades de atenção primária à

saúde, e ainda, processo de movimentação populacional entre municípios.

Os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) Leste e Yanomami, que

fazem os atendimentos de saúde dentro das comunidades indígenas, utilizam o

Sistema de Informação a Saúde Indígena (SIASI) para registro dos atendimentos e

dados de saúde das populações indígenas, inclusive imunização, uma problemática

antiga que afeta diretamente as coberturas vacinais de municípios que tem

proporções de população indígena muito altas ou superiores a de população não

indígena, realidade em vários municípios de Roraima, uma vez que tal sistema de

informação não tem interoperabilidade com o SIPNI.

Em relação às elevadas coberturas vacinais, muito acima das metas,

observadas no município de Pacaraima, podem estar relacionadas ao denominador

da população alvo subestimado e ao movimento migratório crescente proveniente da

Venezuela, por se tratar de um município de fronteira e o país vizinho enfrentar grave

crise humanitária e econômica.

Em Roraima, no ano de 2019 a homogeneidade de coberturas vacinais entre

vacinas foi muito baixa ou baixa em 14 município e adequada para COAP no município

de Pacaraima, conforme apresentado na tabela 12.

Page 136: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

135

Tabela 12. Distribuição dos municípios por vacina (N=10 e %) conforme a categoria

da homogeneidade de cobertura vacinal, Roraima, 2019

Categorias de homogeneidade da cobertura vacinal entre vacinas

Município Zero Muito baixa

(≥0% a <50%)

Baixa (≥50% a <75%)

Adequada para COAP

(≥75% a <100%)

Adequada para PQAVS

(= 100%)

n % n % n % n % N %

Amajari - 0,0 - - - - - - - - Alto Alegre - 0,0 - - - - - - - - Boa Vista - - - - 5 50,0 - - - - Bonfim - - 2 20,0 - - - - - - Canta - - 2 20,0 - - - - - - Caracaraí - - 1 10,0 - - - - - - Caroebe - - 2 20,0 - - - - - - Iracema - 0,0 - - - - - - - - Mucajaí - - 2 20,0 - - - - - - Normandia - 0,0 - - - - - - - - Pacaraima - - - - - - 9 90,0 - - Rorainópolis - 0,0 - - - - - - - - São Joao Da Baliza - - 1 10,0 - - - - - - São Luiz - 0,0 - - - - - - - - Uiramutã - - 2 20,0 - - - - - -

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-NI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.

A heterogeneidade de coberturas vacinais representa risco de acúmulo de

suscetíveis em estratos populacionais capazes de determinar a introdução e a

manutenção da circulação de agentes infecciosos. (BRASIL, 2007)

Entre os 15 municípios de Roraima, considerando a população residente

estimada em 2019 pelo IBGE, 12 municípios são de pequeno porte (Amajari, Alto

Alegre, Bonfim, Cantá, Caroebe, Iracema, Mucajaí, Normandia, Pacaraima, São Luiz,

São João da Baliza e Uiramutã), 02 municípios são de médio porte (Caracaraí e

Rorainópolis) e 01 município de grande porte, a capital (Boa Vista). Em Boa Vista

concentra-se 60% da população menor de 2 anos do estado. (IBGE, 2019)

Com relação a proporção de abandono é observado que em 2019, a PA da

vacina pentavalente foi considerada alta em 80% dos municípios, 73,3% nas vacinas

VIP e Rotavírus humano, 60% na vacina pneumocócica 10 valente e 53,3% na vacina

meningocócica C (conjugada). Baixas proporções de abandono só foram observadas

em 20% dos municípios na vacina pneumocócica 10 valente, 13,3% na vacina

rotavírus humano e 6,6% na pentavalente. Proporções de abandono negativas foram

observadas nos municípios Caroebe (VIP, Rotavírus, Pneumocócica 10 valente e

Meningocócica C (conjugada)), Normandia ( VIP, Pentavalente e Pneumocócica 10

Page 137: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

136

valente) e Bonfim (VIP, Pentavalente e Pneumocócica 10 valente), indicando um

número de últimas doses aplicadas superior ao número de primeiras doses.

Tabela 13. Proporção de abandono para vacinas com esquema multidoses, em

crianças menores de 1 ano, por município, Roraima, 2019

MUNICÍPIO

Proporção de abandono para vacinas com esquema multidoses

VIP MNCC C VORH PENTA PNCC 10

Amajari 33,05 14,52 33,73 28,73 22,22 Alto Alegre 18,72 8,68 4,90 11,45 2,54 Boa Vista 11,99 12,00 11,17 17,29 12,09 Bonfim -2,21 7,24 10,86 -4,14 -0,76 Canta 18,75 9,09 1,32 31,52 3,81 Caracaraí 5,96 7,89 9,38 13,35 3,02 Caroebe -8,46 -6,80 -11,72 4,35 -19,38 Iracema 21,05 13,29 17,47 27,67 14,19 Mucajaí 25,75 9,24 14,23 29,27 15,90 Normandia -4,24 10,29 11,39 -1,59 -1,58 Pacaraima 61,69 27,17 23,68 58,99 34,10 Rorainópolis 36,63 15,28 27,05 44,06 26,64 São Joao Da Baliza 34,83 19,05 26,06 45,00 23,08 São Luiz 36,96 9,52 32,56 48,89 38,00 Uiramutã 32,77 15,50 21,43 34,66 19,34

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-NI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.

O abandono e a desinformação da importância das doses de vacina fazem com

que o número de casos de determinada doença aumente, causando surtos no país,

uma vez que a imunização completa só será realizada a partir da adesão de todas as

doses necessárias (SILVA et al, 2018)

Baseando-se no indicador de risco de transmissão de doenças

imunopreveníveis (RTDI), descrito por Braz et al, no estado de Roraima é observado

que as características de coberturas muito baixas, heterogêneas e com elevadas

proporções de abandono, inclusive na capital Boa Vista onde concentra-se maior parte

do contingente populacional, demonstram que em 14 municípios há um cenário alto

RTDI enquanto em Pacaraima um baixo RTDI. Todavia, por se tratar de município de

fronteira com alto fluxo migratório não se pode excluir a limitação do indicador, uma

vez que as elevadas coberturas vacinais podem não indicar, ou ainda mascarar,

bolsões de susceptíveis, já que os dados de vacinação na população flutuante afetam

a avaliação dos dados da população residente.

Page 138: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

137

3.3.2 21ª Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza

A estratégia de vacinação contra a influenza foi incorporada no Programa

Nacional de Imunizações em 1999, com o propósito de reduzir internações,

complicações e mortes na população alvo para a vacinação no Brasil. A influenza é

uma doença respiratória infecciosa de origem viral, que pode levar ao agravamento e

ao óbito, especialmente nos indivíduos que apresentam fatores ou condições de risco

para as complicações da infecção (crianças menores de 5 anos de idade, gestantes,

adultos com 60 anos ou mais, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e

outras condições clínicas especiais). (BRASIL, 2019)

Em 2019, o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação-Geral do Programa

Nacional de Imunizações (CGPNI), do Departamento de Vigilância das Doenças

Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, lançou a 21ª Campanha

Nacional de Vacinação contra a Influenza. A Rede de Frio do Núcleo Estadual do

Programa Nacional de Imunizações recebeu 228.780 doses da vacina contra

influenza, visando atender os grupos prioritários durante a campanha e distribuiu a

vacina para todos os municípios.

Durante a Campanha, Roraima atingiu a meta de cobertura vacinal, superando

90% na maioria dos grupos prioritários para a vacina. Ao todo foram vacinadas

192.437 pessoas no estado. Conforme demonstrado no Gráfico 2, apenas os grupos

de gestantes e trabalhadores da saúde não alcançaram a meta de cobertura vacinal

contra influenza durante a campanha.

Gráfico 14. Cobertura vacinal, por grupo prioritário, da 21ª Campanha Nacional de

Vacinação contra Influenza. Roraima, 2019.

Fonte: Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-NI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019.

96,51

88,28

84,97

90,45

92,25

108,52

124,63

111,60

0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 140,00

Crianças

Gestantes

Trabalhador de Saúde

Puérperas

Indígenas

Idosos

Professores

Comorbidades

COBERTURA VACINAL INFLUENZA (%)

GR

UP

O P

RIO

RIT

ÁR

IO

Page 139: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

138

Mulheres grávidas têm risco aumentado de desenvolver doença grave, com

complicações e hospitalizações associadas à infecção pelo vírus influenza,

especialmente no terceiro trimestre (KFOURI, 2013) apesar deste fator, a dificuldade

em atingir a meta preconizada no grupo de gestante pode estar relacionada com

limitações no acesso aos serviços de Atenção Primária a Saúde por esse grupo,

incluindo pré-natal e vacinação. A sensibilização sobre a importância de imunização

e ampliação dos horários de atendimentos em unidades com salas de vacina são

estratégias que poderiam melhorar este indicador.

No caso dos trabalhadores de saúde, estes pertencem a um grupo bastante

exposto a agentes infecciosos, uma vez que esses profissionais lidam frequentemente

com pessoas acometidas por uma série de doenças, entre elas a gripe. Embora a

vacina contra esta doença já exista há algum tempo e seja recomendada por

pesquisadores e órgãos de saúde para pessoas que trabalham em serviços de saúde,

diversos estudos publicados internacionalmente, realizados em diferentes países de

diferentes continentes, revelam uma cobertura vacinal nesse grupo ainda aquém da

desejada. (SOUZA, 2015)

Bibliografia

1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico, Volume 51, Nº 29, jul. 2020.

2. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em Saúde. Coberturas vacinais no Brasil: análise da situação atual. Brasília, 2007.

3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Programa Nacional de Imunizações. Relatório técnico nº 01/2016/CGPNI/DEVIT/SVS/MS: critérios para orientar o processo de decisão para introdução da vacina contra a dengue no Programa Nacional de Imunizações (PNI) [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2016.

4. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Coberturas vacinais no Brasil Período: 2010 – 2014 - Brasília: Ministério da Saúde, outubro – 2015.

6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Informe técnico - 21ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza - Brasília: Ministério da Saúde, abril – 2019.

7. BRAZ, Rui Moreira; DOMINGUES, Carla Magda Allan S.; TEIXEIRA, Antônia Maria da Silva; LUNA, Expedito José de Albuquerque. Classificação de risco

Page 140: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

139

de transmissão de doenças imunopreveníveis a partir de indicadores de coberturas vacinais nos municípios brasileiros. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2016, vol.25, n.4, pp.745-754. ISSN 2237-9622.

8. DIETZ V, VENCZEL L, IZURIETA H, STROH G, ZELL ER, MONTERROSO E, et al. Assessing and monitoring vaccination coverage levels: lessons from the Americas. Rev Panam Salud Publica. 2004 Dec;16(6):432-42.

9. IBGE. População no último censo: IBGE, Censo Demográfico 2010 10. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Folha informativa: Sarampo. 2019. 11. SILVA, FS; BARBOSA, YC; BATALHA, M A; RIBEIRO, M R C; SIMÕES, V M

F; BRANCO, M R F C; THOMAZ, E B A F; QUEIROZ, R C S; ARAÚJO, W R M; SILVA, A A M. Incompletude vacinal infantil de vacinas novas e antigas e fatores associados: coorte de nascimento BRISA, São Luís, Maranhão, Nordeste do Brasil. Cad. Saúde Pública. 2018.

12. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS), acessado em 30/07/2019

13. KFOURI, Renato de Ávila; RICHTMANN, Rosana. Vacinação contra o vírus influenza em gestantes: cobertura da vacinação e fatores associados. einstein (São Paulo), São Paulo, v. 11, n. 1, p. 53-57, mar. 2013. https://doi.org/10.1590/S1679-45082013000100010

14. SOUZA, T. P. de Fatores associados à vacinação contra influenza entre trabalhadores de saúde de um complexo hospitalar de Salvador. 2015. 127 f. il. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa) - Fundação Oswaldo Cruz. Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz. Salvador, 2015.

Page 141: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

140

3.4 DST/HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS

Janderson S. Mangabeira Neyla Maia da Silva Angela Aparecida Ferreira de Lima Kathiane da Silva Alencar Francinete Ferreira de Souza Nelma Cavalcante da Costa

O Núcleo de Controle de DST/AIDS/HV é responsável pela implementação,

articulação, supervisão e monitoramento das políticas e estratégias relativas às

IST/AIDS/HV, visando à redução da transmissão do HIV/HV e das demais infecções

sexualmente transmissíveis e a melhoria da qualidade de vida das pessoas vivendo e

convivendo com IST/HIV/AIDS/HV.

Os eixos prioritários de atuação que subsidiam a definição de estratégias

prioritárias são: fortalecimento da Rede de Atenção e Linhas de Cuidado às IST, AIDS

e HV; prevenção, diagnóstico precoce da infecção pelo HIV/HV, redução de risco e

vulnerabilidade; promoção de direitos humanos e articulação com redes e movimentos

sociais; aprimoramento do desenvolvimento da vigilância, informação e pesquisa;

aprimoramento da governança e da gestão; acesso universal aos medicamentos,

preservativos e outros insumos estratégicos.

A Política de IST/AIDS/HV está fundamentada nos direitos humanos e nos

princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS, seguindo a Política do

Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente

Transmissíveis, do Ministério da Saúde, que tem fortalecido a cooperação técnica e

financeira com estados, municípios, organismos internacionais e organizações da

sociedade civil. As principais formas de cooperação financeiro-técnica se dão por meio

de projetos, pela Política de Incentivo e pela execução direta (aquisição e distribuição

de medicamentos, testes rápidos e insumos de prevenção).

As hepatites virais são doenças causadas por diferentes vírus

hepatotrópicos que apresentam características epidemiológicas, clínicas e

laboratoriais distintas. Possuem distribuição universal e são observadas diferenças

regionais de acordo com o agente etiológico. Os mais relevantes são os vírus A (HAV),

B (HBV), C (HCV), D (HDV) e E (HEV).

As hepatites virais A e E são transmitidas pela via fecal-oral e estão

relacionadas às condições de saneamento básico, higiene pessoal, relação sexual

desprotegida (contato boca-anus), e qualidade da água e dos alimentos.

Page 142: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

141

As hepatites virais B, C e D são transmitidas pelo sangue (via parenteral,

percutânea e vertical), esperma e secreção vaginal (via sexual). A transmissão pode

ocorrer pelo compartilhamento de objetos contaminados, como laminas de barbear e

de depilar, escovas de dente, alicates e acessórios de manicure e pedicure, materiais

para colocação de piercing e para confecção de tatuagens, materiais para

escarificação da pele para rituais, instrumentos para uso de substâncias injetáveis,

inaláveis (cocaína) e pipadas (crack). Pode ocorrer a transmissão também em

acidentes com exposição a material biológico, procedimentos cirúrgicos,

odontológicos, hemodiálise, transfusão, endoscopia, entre outros, quando as normas

de biossegurança não são aplicadas.

A transmissão vertical pode ocorrer no momento do parto. O risco é maior

para hepatite B, ocorrendo em 70 a 90% dos casos cujas gestantes apresentam

replicação viral. Na hepatite C, a transmissão vertical é menos frequente.

Por representarem um problema de saúde pública no Brasil, as hepatites

virais são de notificação compulsória desde o ano de 1996. No Brasil e no mundo, o

comportamento das hepatites virais tem apresentado grandes mudanças nos últimos

anos. A melhoria das condições de higiene e de saneamento básico das populações,

a vacinação contra os vírus das hepatites A e B e as novas técnicas moleculares de

diagnóstico do vírus da hepatite C constituem fatores potencialmente associados as

transformações no perfil dessas doenças.

A Vigilância Epidemiológica das Hepatites Virais no Brasil utiliza o sistema

universal e passivo, baseado na notificação compulsória de casos confirmados

através do teste rápido ou exame de sorologia específica.

Nosso grande desafio é a observação e análise permanente da situação

epidemiológica das IST/HIV/AIDS/HV com a articulação do conjunto de ações

voltadas à promoção, prevenção e recuperação da saúde, visando subsidiar o

processo de formulação, gestão e avaliação das políticas e ações estratégicas.

O Estado de Roraima tem sofrido grande impacto pela imigração

venezuelana, destacando-se um aumento da demanda de atendimento ambulatorial,

testagem rápida para HIV e Sífilis, dispensação de insumos de prevenção e

antirretrovirais, diagnósticos tardios e internações. Para ampliação da oferta de alguns

serviços, este Núcleo busca parceria com instituições formadoras e outras instituições

não governamentais nacionais e internacionais, realizando capacitação de

Page 143: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

142

profissionais e voluntários para a realização de ações de promoção da saúde e

testagem rápida, principalmente com foco na população imigrante.

Este relatório concentra informações relevantes sobre agravos de notificação

compulsória e Estadual realizado no período de 2018 a 2019, a partir do conhecimento

dos dados coletados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN

pode--se realizar um breve perfil epidemiológico da população do Estado de Roraima.

A Lei 8080/90 que institui o Sistema Único de Saúde conceitua Vigilância

Epidemiológica como o conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a

detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e

condicionantes da saúde individual ou coletiva, com finalidade de recomendar e adotar

as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

Nessa perspectiva, os dados epidemiológicos coletados no período estimado

acima, visa subsidiar o planejamento das metas, ações de promoção,

assistência/tratamento à saúde e de controle das IST/HIV/AIDS/HV no âmbito do

Estado de Roraima, contribuindo assim, para aprimoramento e fortalecimento da

vigilância, linhas de cuidado, prevenção, diagnóstico precoce, redução de risco e

vulnerabilidades, promoção de direitos humanos, da articulação com redes de atenção

e movimentos sociais, a ampliação do acesso aos medicamentos, preservativos e

outros insumos usados em saúde com objetivo de enfrentamento da Epidemia do HIV,

AIDS, HV e outras Infeções Sexualmente Transmissíveis.

3.4.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA POR AGRAVO:

3.4.1.1 HIV/AIDS EM ADULTO:

No Brasil, em 2018, foram diagnosticados 43.941 novos casos de HIV e

37.161 casos de AIDS – notificados no Sinan, declarados no SIM e registrados no

Siscel/Siclom –, com uma taxa de detecção de 17,8/100.000 habitantes (2018),

totalizando, no período de 1980 a junho de 2019, 966.058 casos de AIDS detectados

no país. Desde o ano de 2012, observa-se uma diminuição na taxa de detecção de

AIDS no Brasil, que passou de 21,4/100.000 habitantes (2012) para 17,8/100.000

habitantes em 2018, configurando um decréscimo de 16,8%; essa redução na taxa de

detecção tem sido mais acentuada desde a recomendação do “tratamento para

todos”, implementada em dezembro de 2013. Como a notificação da infecção pelo

Page 144: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

143

HIV ainda está sendo absorvida pela rede de vigilância em saúde, não são calculadas

as taxas referentes a esses dados. A infecção pelo HIV e a AIDS fazem parte da Lista

Nacional de Notificação Compulsória de doenças (Portaria de Consolidação MS/GM

nº 4, de 28 de setembro de 2017), sendo que a AIDS é de notificação compulsória

desde 1986 e a infecção pelo HIV é de notificação compulsória desde 2014; assim,

na ocorrência de casos de infecção pelo HIV ou AIDS, estes devem ser reportados às

autoridades de saúde, que possibilita caracterizar e monitorar tendências, perfil

epidemiológico, riscos e vulnerabilidades na população infectada, com vistas a

aprimorar a política pública de enfrentamento da Pandemia.

Em Roraima, ao analisar os dados de casos de HIV/AIDS no período de 2018

a 2019, observa-se que no ano de 2018 foram notificados 605 casos, sendo 201

casos de AIDS e 404 casos de HIV e no ano 2019 foram notificados 532 casos,

sendo 197 casos de AIDS e 335 casos de HIV (tab. 14). Observa-se uma pequena

redução de casos notificados em 2019 em relação ao ano de 2018.

Tabela 14. Demonstrativo do número absoluto de casos de HIV/AIDS, segundo ano

de diagnóstico, no período de 2018 a 2019, em Roraima.

AGRAVO 2018 2019 Total %Total

AIDS 201 197 398 35,0 HIV+ 404 335 739 65,0 Total 605 532 1137 100

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

3.4.1.2 HIV/AIDS ADULTO EM ESTRANGEIRO RESIDENTE EM RORAIMA:

Tabela 15. Demonstrativo do número absoluto de casos de HIV/AIDS adulto em

estrangeiros, segundo ano de diagnóstico, no período de 2018 a 2019, em Roraima:

ESTRANGEIROS 2018 2019 TOTAL

VENEZUELANOS 196 179 375 GUIANENSE 2 2 4 CUBANO 2 1 3 HAITIANO 1 0 1

TOTAL 201 182 383 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

A tabela 15 destacam-se entre os casos notificados em estrangeiros os de

nacionalidade venezuelana, com o total de 196 casos no ano de 2018 e 179 casos

notificados no ano de 2019. Esses elevados casos de notificação de HIV/AIDS podem

ser relacionados à imigração decorrente da crise política e econômica que passa o

país da Venezuela e que faz fronteira com o Brasil.

Page 145: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

144

Ao analisar a Tabela 16, visualiza-se a taxa de detecção da infecção por AIDS

em adultos por município de residência, observa-se que os municípios de Alto Alegre,

Amajarí, Cantá, Caracaraí, Iracema e Mucajaí destacam-se com aumento das taxas

de detecção de AIDS em adultos durante o ano de 2019 em relação ao ano de 2018,

e os municípios de Boa Vista e Rorainópolis apresentaram declínio, podendo este ser

relacionado ao fato de serem as cidades mais populosas do Estado.

Tabela 16. Demonstrativo da Taxa de detecção AIDS adulto, segundo município de

residência, no período de 2018 a 2019, Roraima.

Município Residência 2018 2019

Alto Alegre 19,18 25,79 Amajarí 16,14 39,07 Boa Vista 39,96 36,07 Bonfim 40,79 24,18 Cantá 11,19 21,82 Caracaraí 18,55 22,80 Caroebe 40,20 9,83 Iracema 0,0 8,37 Mucajaí 5,71 16,80 Normandia 9,05 0,0 Pacaraima 19,26 11,49 Rorainópolis 23,7 19,89 São João da Baliza 24,84 24,39 São Luiz 0,0 0,0 Uiramutâ 0,0 0,0

RORAIMA 31,91 29,71 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020).

3.4.1.3 HIV/AIDS EM CRIANÇA:

A Tabela 17 demonstra o número de casos notificados de HIV/AIDS em

indivíduos menores de 13 anos de idade e o município de residência, em que se

visualiza um total de 04 casos, sendo 3 para AIDS e 1 para HIV no ano de 2019, em

Roraima. O município de Boa Vista é o que têm o maior número de caso com o total

de 9 casos notificados, sendo 6 casos em 2018 e 3 casos em 2019.

Tabela 17. Demonstrativo do número de casos HIV/AIDS em criança, segundo

agravos e município de residência, no período de 2018 a 2019, em Roraima:

AGRAVO 2018 2019 Total %Total

AIDS CRIANÇA 4 3 7 58,33 HIV+ CRIANÇA 4 1 5 41,67 Total 8 4 12 100

Município Residência RR 2018 2019 Total %Total

Boa Vista 6 3 9 75 Caracaraí 1 0 1 8,33 Mucajaí 0 1 1 8,33 Rorainópolis 1 0 1 8,33 Total 8 4 12 100

Fonte: SINAN-NET (20/07/2020)

Page 146: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

145

3.4.1.4 HIV EM GESTANTE E COEFICIENTE DE DETECÇÃO

O Gráfico 15 apresenta o número de casos e a taxa de coeficiente de detecção

de HIV em gestante, segundo ano diagnóstico no período de 2018 a 2019 em

Roraima. Ao analisar os dados expostos, no ano de 2018 foram notificados 53 casos

para um coeficiente de detecção 4,4 (por mil nascidos vivos), no ano de 2019, foram

notificados 43 casos para um coeficiente de detecção 3,8 (por mil nascidos vivos).

Essa diminuição pode ser, em parte, devido à ampliação do diagnóstico no pré-natal

e a consequente prevenção da transmissão vertical do HIV.

Gráfico 15. Número de casos notificados e o coeficiente de detecção de HIV em

gestante, no período de 2018 a 2019, em Roraima:

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

3.4.1.5 HIV EM GESTANTE, SEGUNDO O MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA EM

RORAIMA:

Analisando a gráfico 15, o coeficiente de detecção em HIV em gestantes,

segundo o município de residência em Roraima, ocorreu uma diminuição na taxa no

ano de 2019 nos municípios respectivamente: Amajarí, Boa Vista, Cantá e Iracema.

Os municípios de Alto Alegre, Caroebe, Normandia, S. Luis, S. J. Baliza e Uiramutã,

não notificou nenhum caso de HIV em gestante no período 2018 a 2019. O Estado de

Roraima em 2019 apresentou uma taxa coeficiente de detecção de 3,1 (por mil

nascidos vivos), sendo, maior que a taxa nacional do Brasil que é de 2,9 (por mil

nascidos vivos). Essa taxa, pode ser relacionada à ampliação do diagnostico nos

municípios.

53

4,4

43

3,80

20

40

60

80

100

120

casos de HIV em gestante Coefic.detecção HIV em gestante

Casos H

IV G

esta

nte

2018 2019

Page 147: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

146

Tabela 18. Demonstrativo de coeficiente de detecção em HIV em gestantes, segundo

o município de residência no período de 2018 a 2019, em Roraima:

Município de residência 2018 2019

Alto Alegre 0,0 0,0 Amajari 6,9 0,0 Boa Vista 4,4 3,8 Bonfim 2,6 5,1 Cantá 14,8 5,9 Caracaraí 0,0 9,9 Caroebe 0,0 0,0 Iracema 7,2 0,0 Mucajaí 0,0 3,1 Normandia 0,0 0,0 Pacaraima 7,1 0,0 Rorainópolis 3,2 3,2 São João da Baliza 0,0 0,0 São Luiz 0,0 0,0 Uiramutã 0,0 0,0

RORAIMA 3,8 3,1

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

3.4.1.6 CRIANÇA EXPOSTA AO HIV:

Tabela 19. Demonstrativo de casos notificados de criança exposta HIV, segundo o

agravo e município de residência no período de 2018 a 2019, em Roraima:

Agravos notificados 2018 2019 Total %Total

CRIANCA EXPOSTA HIV 36 57 93 100 Total 36 57 93 100

Município Residência RR 2018 2019 Total %Total

Alto Alegre 0 1 1 1,1 Amajarí 0 0 0 0 Boa Vista 27 41 68 74,73 Bonfim 0 1 1 1,1 Cantá 0 3 3 3,3 Caracaraí 0 3 3 3,3 Caroebe 3 0 3 3,3 Iracema 0 1 1 1,1 Mucajaí 0 1 1 1,1 Normandia 0 0 0 0 Pacaraima 4 1 5 5,49 Rorainópolis 1 1 2 2,2 São João da Baliza 0 2 2 2,2 São Luiz 0 1 1 1,1 Uiramutã 0 0 0 0 Total 35 56 91 100

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020).

A tabela 19 apresenta o número absoluto de casos notificados em criança

exposta ao HIV, observa-se que no ano de 2019 foram notificados 57 casos houve um

aumento de cerca de 59% de casos novos em relação ao mesmo período do ano de

Page 148: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

147

2018. Esse aumento pode ser relacionado a ampliação do diagnóstico de testagem

rápida no pré-natal da gestante. O município com o maior números de casos é Boa

Vista com 68 casos no total de 2 anos e 41 casos notificados em 2019. Vale ressaltar

que a cidade de Boa Vista é a mais populosa entre os municípios, e também onde a

maior quantidade de Unidade Básica de Saúde.

3.4.2 SÍFILIS ADQUIRIDA

Tabela 20. Demonstrativo de números de casos e taxa de detecção de Sífilis

adquirida, segundo município de residência, no período 2018 a 2019, Roraima:

Agravos Taxa detecção 2018 2019 Taxa detecção TOTAL

SIFILIS ADIQUIRIDA 117,07 675 669 110,44 1344

Mun Resid RR 2018 2019 TOTAL

Alto Alegre 6,39 1 5 32,24 6 Amajari 56,48 7 3 23,44 10 Boa Vista 149,98 563 548 137,27 1111 Bonfim 65,27 8 1 8,05 9 Cantá 50,37 9 8 43,63 17 Caracaraí 102,02 22 16 72,97 38 Caroebe 30,15 3 0 0,00 3 Iracema 94,83 11 8 66,95 19 Mucajaí 11,41 2 8 44,81 10 Normandia 9,05 1 6 53,14 7 Pacaraima 70,60 11 10 57,47 21 Rorainópolis 47,4 14 27 89,51 41 São João da Baliza 12,42 1 10 121,94 11 São Luiz 89,06 7 8 100,18 15 Uiramutã 77,48 8 6 56,62 14

TOTAL 115,86 668 664 109,61 1332 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020).

A tabela 20 demonstra os números absolutos de casos de Sífilis adquirida e a

taxa de detecção, segundo ano de diagnóstico e município de residência no período

de 2018 a 2019, em Roraima foram notificados nesse período 1.344 casos, o

município que apresentou o maior número de casos em 2019 foi o de Boa Vista com

548 casos e a taxa de detecção de 137,27 (por 100.000 habitantes), comparando ao

ano de 2018 ocorreu uma diminuição no número de casos. Observa-se também que

os municípios de Amajarí, Bonfim, Cantá, Caracaraí, caroebe, Iracema, Pacaraima e

Uiramutã todos tiveram uma diminuição nos casos notificados e os municípios que

apresentaram aumento nos números de casos foram: Alto Alegre, São João da Baliza,

São Luiz, Rorainópolis, Normandia e Mucajaí.

Page 149: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

148

3.4.2.1 SÍFILIS EM GESTANTES

A tabela 21 demonstra a taxa de incidência de casos de Sífilis em gestantes

nos municípios, segundo ano de diagnóstico no período de 2018 a 2019, em Roraima

foram notificados nesse período 509 casos de Sífilis em gestantes e no ano de 2019

apresentou o maior número de casos novos notificados com 302 casos confirmados,

com a taxa de incidência 22,63 (por 1000 nascidos vivos). Os municípios com as

maiores taxas de incidência em 2019 são: São Luiz com 46,51 (por 1000 nascido

vivos), Caracaraí com 39,41 (por 1000 nascido vivos), Rorainópolis com 31,85 (por

1000 nascido vivos), Mucajaí com 30,77(por 1000 nascido vivos), Cantá 26,71 (por

1000 nascido vivos) e Boa Vista 25,11 (por 1000 nascido vivos), esse aumento de

casos novos nos municípios pode ser consequência da distribuição de insumos de

testagem para as Unidades Básicas de Saúde.

Tabela 21. Demonstrativo de números de casos e taxa de incidência de Sífilis em

gestantes, segundo município de residência, no período 2018 a 2019, Roraima:

Agravo Taxa incidência 2018 2019 Taxa incidência Total

Sífilis em gestante 15,51 207 302 22,63 509 Total Mun Resid RR 2018 2019 Total

Alto Alegre 4,07 3 12 16,28 15 Amajari 11,55 5 4 9,24 9 Boa Vista 19,6 160 205 25,11 365 Bonfim 5,12 2 1 2,56 3 Cantá 23,74 8 9 26,71 17 Caracaraí 14,78 6 16 39,41 22 Caroebe 11,05 2 0,0 0,0 2 Iracema 14,49 2 1 7,25 3 Mucajaí 12,31 4 10 30,77 14 Normandia 6,48 3 2 4,32 5 Pacaraima 7,09 3 7 16,55 10 Rorainópolis 9,55 6 20 31,85 26 São João da Baliza 0,0 0,0 2 16,81 2 São Luiz 0,0 0,0 4 46,51 4 Uiramutã 1,95 1 4 7,8 5 Roraima 15,36 205 297 22,63 509

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

3.4.2. 2 SÍFILIS CONGÊNITA

A tabela 22 demonstra os casos notificados e taxa de incidência de sífilis

congênita, segundo ano de diagnóstico e município de residência, no período de 2018

a 2019, em Roraima. Foram notificados nesse período 126 casos de Sífilis congênita.

Observa-se que no ano de 2019 foram notificados 68 casos com a taxa de incidência

Page 150: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

149

de 5,10 (por 1000 nascidos vivos), houve um aumento dos casos em relação ao ano

de 2018. Destaca-se o Município de Boa Vista com a diminuição nos números de

casos no ano de 2019, com 4,78 (por 1000 nascidos vivos) em relação ao ano de

2018. Sabemos que existe o tratamento para Sífilis em gestante diagnosticada no pré-

natal para evitar a transmissão vertical, mas com essas altas taxa de incidência de

Sífilis congênita inferimos como causa provável a falta de pré-natal para gestação ou

tratamento inadequado da gestante e parceiro. Portanto é necessária uma

investigação nos casos de Sífilis congênita.

Tabela 22. Demonstrativo de números de casos e taxa de incidência de Sífilis

congênita, segundo município de residência, no período 2018 a 2019, Roraima:

Agravo Taxa

incidência 2018 2019 Taxa

incidência Total

Sífilis Congênita 4,35 58 68 5,10 126 Total 58 68 126

Mun Resid RR 2018 2019 Total

Alto Alegre 0,0 0,0 1 1,36 1 Amajari 0,0 0,0 1 2,31 1 Boa Vista 6,0 49 39 4,78 88 Bonfim 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Cantá 2,97 1 5 14,84 6 Caracaraí 7,39 3 6 14,78 9 Caroebe 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Iracema 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Mucajaí 0,0 0,0 5 15,38 5 Normandia 0,0 0,0 1 2,16 1 Pacaraima 0,0 0,0 1 2,36 1 Rorainópolis 6,37 4 3 4,78 7 São João da Baliza 0,0 0,0 2 16,81 2 São Luiz 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 Uiramutã 1,95 1 1 1,95 2 Roraima 4,35 58 68 5,10 123

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

3.4.3 OUTRAS INFECÇÔES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS – IST –

ESTADUAL

A tabela 23 demonstra os números absolutos de casos de Infecções

Sexualmente Transmissíveis - IST, segundo ano de notificação e agravos, no período

de 2018 a 2019 em Roraima. Foram notificados no período 6.336 no total dos casos

de ISTs, sendo 3.205 casos notificados no ano de 2019, os agravos com os maiores

números de notificações foram: Síndrome do corrimento cervical em mulheres, com

1.383 casos (cerca de 40,74% do total), em segundo Candidíase com 583 casos

(cerca de 19,32% do total) e em terceiro Outras doenças inflamatória pélvicas

femininas, com 336 casos (cerca de 12,77% do total).

Page 151: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

150

Tabela 23. Demonstrativo das Infecções Sexualmente Transmissíveis segundo

notificação dos agravos, no período do ano de 2018 a 2019, Roraima:

Agravos IST Nível Estadual 2018 2019 Total %Total

Candidiase 641 583 1224 19,32 Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) 181 142 323 5,1 Doencas sexualmente transmitidas, nao especificadas 220 290 510 8,05 Herpes genital (apenas o primeiro episodio) 40 87 127 2 Outras afeccoes inflam da vagina e da vulva 213 179 392 6,19 Outras doencas inflamatorias pelvicas femininas 473 336 809 12,77 Sifilis em adulto (excluida a forma primaria) 56 17 73 1,15 Sindrome da ulcera genital (excl herpes genital) 30 27 57 0,9 Sindrome do corrimento cervical em mulheres 1198 1383 2581 40,74 Tricomoniase 79 161 240 3,79

Total 3131 3205 6336 100 FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

Na tabela 24 visualiza-se os casos de Infecção Sexualmente transmissíveis-

IST notificados por município de residência, destacam-se no ano de 2019 os

municípios de: Boa Vista com 1.550 casos notificados, em segundo Rorainópolis com

476 casos notificados e Bonfim com 379 casos notificados. O município de Boa Vista

apresentou uma diminuição de casos notificados em relação ao ano de 2018, mas as

cidades de Bonfim e Rorainópolis obtiveram um aumento no número de casos

notificados. Vale ressaltar que Boa Vista e Rorainópolis são os mais populosos do

Estado, onde ocorre o maior número de atendimentos e maior oferta de serviços nas

Unidades de saúde.

Tabela 24. Demonstrativo das Infecções Sexualmente Transmissíveis segundo

município de residência, no período do ano de 2018 a 2019, Roraima:

Mun Resid RR 2018 2019 Total %Total

Alto Alegre 84 73 157 2,5 Amajari 69 24 93 1,48 Boa Vista 1744 1550 3294 52,36 Bonfim 196 379 575 9,14 Cantá 138 127 265 4,21 Caracaraí 198 218 416 6,61 Caroebe 25 5 30 0,48 Iracema 197 11 208 3,31 Mucajaí 49 55 104 1,65 Normandia 43 52 95 1,51 Pacaraima 13 10 23 0,37 Rorainópolis 229 476 705 11,21 São João da Baliza 92 126 218 3,47 São Luiz 5 76 81 1,29 Uiramutã 15 12 27 0,43 Total 3097 3194 6291 100

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

Page 152: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

151

3.4.4 OBITOS CAUSA BÁSICA AIDS

Tabela 25. Demonstrativo de Óbitos causa básica AIDS, no período do ano de 2018

a 2019, Roraima:

Agravo 2018 2019 Total %TOTAL

AIDS 40 31 71 100

Total 40 31 71 100

Munic Resid - RR 2018 2019 Total %Total

Alto Alegre 1 0 1 1,41

Amajari 0 0 0 0

Boa Vista 31 24 55 77,46

Bonfim 1 0 1 1,41

Cantá 0 0 0 0

Caracaraí 0 1 1 1,41

Caroebe 2 0 2 2,82

Iracema 1 0 1 1,41

Mucajaí 1 2 3 4,23

Normandia 0 0 0 0

Pacaraima 0 1 1 1,41

Rorainópolis 2 0 2 2,82

São João da Baliza 0 3 3 4,23

São Luiz 1 0 1 1,41

Uiramutã 0 0 0 0

Total 40 31 71 100

FONTE: SINAN-NET (20/07/2020)

A tabela 25 observa-se os casos notificados de óbitos causa básica AIDS e o

município de residência dos óbitos, no ano de 2019 foram notificados 31 óbitos, sendo

na capital Boa Vista 24 casos de óbitos, se comparar com ao ano de 2018, houve uma

redução de 22,9% nos casos notificados.

3.4.5 HEPATITES VIRAIS POR MUNICÍPIO DE NOTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

ETIOLÓGICA:

No ano de 2019 foram notificados 374 casos suspeitos de hepatites virais,

destes 251 foram confirmados por teste rápido ou por critério laboratorial. A hepatite

viral mais frequente no estado é a hepatite B, com 174 casos confirmados

apresentando maior incidência que no ano de 2018. Em segundo lugar temos a

hepatite A, que apresentou maior taxa de detecção que no ano de 2018, com 48 casos

confirmados. Em seguida a Hepatite C, com 19 casos, e se comparado ao ano anterior

houve um aumento significativo de casos. Houve também registro de 02 casos com

os vírus B+C e por fim a hepatite D com 01 caso confirmado. Tabelas 26 e 27.

Page 153: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

152

Tabela 26. Casos de Hepatites Virais por município de notificação e classificação etiológica no ano de 2018:

Mun US Noti RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total

Alto Alegre 0 0 0 0 0 0

Amajari 0 0 0 0 0 0

Boa Vista 1 25 114 6 1 147

Bonfim 0 0 0 0 0 0

Cantá 0 0 0 0 0 0

Caracaraí 1 0 7 0 0 8

Caroebe 0 0 1 0 0 1

Iracema 0 0 1 0 0 1

Mucajaí 0 1 0 0 0 1

Normandia 0 0 0 0 0 0

Pacaraima 2 0 0 0 0 2

Rorainópolis 0 0 0 0 0 0

São João da Baliza 0 0 1 1 0 2

São Luiz 0 0 2 0 0 2

Uiramutã 1 0 0 0 0 1

Total 5 26 126 7 1 165 FONTE:SINAN-NET (04/08/2020)

Tabela 27. Casos de Hepatites Virais por município de notificação e classificação etiológica no ano de 2019:

Mun US Noti RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total

Alto Alegre 1 0 2 0 0 0 3

Amajari 0 0 1 0 0 0 1

Boa Vista 0 46 149 18 1 2 216

Bonfim 3 0 0 0 0 0 3

Cantá 0 0 0 0 0 0 0

Caracaraí 0 1 0 1 0 0 2

Caroebe 0 0 5 0 0 0 5

Iracema 1 0 0 0 0 0 1

Mucajaí 0 0 1 0 0 0 1

Normandia 0 0 2 0 0 0 2

Pacaraima 1 1 0 0 0 0 2

Rorainópolis 0 0 3 0 0 0 3

São João da Baliza 0 0 0 0 0 0 0

São Luiz 1 0 2 0 0 0 3

Uiramutã 0 0 9 0 0 0 9

Total 7 48 174 19 1 2 251 FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

Page 154: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

153

3.4.5.1 HEPATITES VIRAIS POR CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA E FAIXA

ETÁRIA:

Em relação à ocorrência das hepatites virais por faixa etária, observa-se uma

mudança na incidência de hepatite A, que até o ano de 2018 os casos ocorriam na

primeira década de vida, principalmente na faixa etária de 5 a 9 anos, no ano de 2019,

a hepatite A se apresenta num padrão epidemiológico diferenciado, que pode está

relacionado às práticas sexuais desprotegidas, por contato boca-anus, apresentando

o maior número de casos na faixa etária de 20 a 29 anos com 18 casos, seguida pela

faixa etária de 15 a 19 anos com 10 casos, 05 casos respectivamente nas faixas

etárias de 1 a 4 e 5 a 9 anos, na faixa etária 10 a 14 e 30 a 39 anos 03 casos cada,

50 a 59 anos, 02 casos e apresentaram 01 caso as faixas etárias de 60 a 69 anos e

menor 1 ano, respectivamente.

A taxa de detecção da hepatite B começa a aumentar a partir dos 15 anos e

sofre um declínio geralmente pela faixa etária de 60 a 69 anos e seguintes, o que

provavelmente está associado ao estilo de vida e ao comportamento que oferecem

maior risco. Em 2019, observou-se maior detecção na faixa de 30 a 39 anos de idade,

que apresentou 51 casos, seguida por 40 a 49 anos com 41 casos, em 2018 observou-

se que essas faixas etárias também foram as mais acometidas pela hepatite B, em

comparação ao ano anterior observa-se um aumento significativo de detecção na faixa

de 20 a 29 anos, totalizando 39 casos, seguido pela faixa etária de 50 a 59 anos com

28 casos, 60 a 69 com 07, 70 a 79 anos com 04 casos, 15 a 19 anos com 02 casos e

01 caso para as faixas etárias de 10 a 14 anos e 80 e mais, respectivamente. Este

cenário sugere um padrão epidemiológico de alta endemicidade no Estado.

A hepatite C manteve-se no padrão de detecção, apresentando caso

confirmado a partir dos 20 anos de idade e aos 79 anos ainda detectando casos

positivos. Em 2019 a faixa etária que mais apresentou casos confirmados foi a de 50

a 59 anos, com 10 casos, seguido de 60 a 69 anos com 04 casos, de 40 a 49 anos

foram detectados 02 casos e nas faixas etárias de 20 a 29, 30 a 39 e 70 a 79 anos,

foram acometidas igualmente, ambas com o total de 01 caso cada. (Tabelas 28 e 29).

Page 155: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

154

Tabela 28. Casos confirmados de Hepatites Virais por classificação etiológica

e faixa etária no ano de 2018:

Fx Etaria (13) Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total

Menor 1 ano 0 0 1 0 0 1

1 a 4 anos 0 2 0 0 0 2

5 a 9 anos 0 11 0 0 0 11

10 a 14 anos 0 3 0 0 0 3

15 a 19 anos 0 4 2 0 0 6

20 a 29 anos 2 5 25 0 0 32

30 a 39 anos 1 0 30 2 0 33

40 a 49 anos 0 1 34 2 0 37

50 a 59 anos 0 0 21 2 1 24

60 a 69 anos 2 0 12 0 0 14

70 a 79 anos 0 0 1 1 0 2

80 anos e mais 0 0 0 0 0 0

Total 5 26 126 7 1 165

FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

Tabela 29. Casos confirmados de Hepatites Virais por classificação etiológica e faixa

etária no ano de 2019:

Fx Etaria (13) Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total

Menor 1 ano 1 1 0 0 0 0 2

1 a 4 anos 0 5 0 0 0 0 5

5 a 9 anos 0 5 0 0 0 0 5

10 a 14 anos 0 3 1 0 0 0 4

15 a 19 anos 0 10 2 0 0 0 12

20 a 29 anos 2 18 39 1 0 0 60

30 a 39 anos 1 3 51 1 0 0 56

40 a 49 anos 1 0 41 2 1 0 45

50 a 59 anos 1 2 28 10 0 1 42

60 a 69 anos 0 1 7 4 0 0 12

70 a 79 anos 1 0 4 1 0 1 7

80 anos e mais 0 0 1 0 0 0 1

Total 7 48 174 19 1 2 251

FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

Page 156: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

155

3.4.5.2 HEPATITES VIRAIS POR MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA E CLASSIFICAÇÃO

ETIOLÓGICA

Observou-se maior incidência de hepatite A no município de Boa Vista 45

casos, seguido pelos municípios de Pacaraima 02 casos e Caracaraí com 01 caso. A

hepatite B apresentou maior taxa de detecção no município de Boa Vista com 217

casos, seguido pelo município de Uiramutã 07 casos 07 casos, Mucajaí 06 casos,

Caroebe, Pacaraima e Alto Alegre com 05 casos cada, Rorainópolis 04, Normandia

03 e Iracema, Cantá, Caracaraí e São Luiz com 02 casos respectivamente e Amajari

apresentou 01 caso confirmado. A Hepatite C apresentou maior taxa de detecção no

município de Boa Vista com 16 casos, seguido pelos municípios de Alto Alegre,

Caracaraí e Uiramutã com 01 caso cada. Foi registrado 01 caso de hepatite D no

município de Boa Vista e 02 casos de hepatite B+C, 01 em Boa Vista e 01 em

Caracaraí. Tabelas 30 e 31.

Tabela 30. Casos de Hepatites Virais por município de residência e classificação etiológica no ano de 2018:

Mun Resid RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total

Alto Alegre 0 0 7 0 0 7

Amajari 0 0 0 0 0 0

Boa Vista 1 25 89 6 1 122

Bonfim 0 0 0 0 0 0

Cantá 0 0 1 0 0 1

Caracaraí 1 0 11 0 0 12

Caroebe 0 0 1 0 0 1

Iracema 0 0 2 0 0 2

Mucajaí 0 1 2 0 0 3

Normandia 0 0 1 0 0 1

Pacaraima 2 0 2 0 0 4

Rorainópolis 0 0 1 0 0 1

São João da Baliza 0 0 3 1 0 4

São Luiz 0 0 2 0 0 2

Uiramutã 1 0 2 0 0 3 FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

Page 157: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

156

Tabela 31. Casos de hepatites virais por município de residência e classificação etiológica no ao de 2019:

Mun Resid RR Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total

Alto Alegre 0 0 5 1 0 0 6 Amajari 0 0 1 0 0 0 1 Boa Vista 1 45 127 16 1 1 191 Bonfim 3 0 0 0 0 0 3 Cantá 0 0 2 0 0 0 2 Caracaraí 0 1 2 1 0 1 5 Caroebe 0 0 5 0 0 0 5 Iracema 1 0 2 0 0 0 3 Mucajaí 0 0 6 0 0 0 6 Normandia 0 0 3 0 0 0 3 Pacaraima 1 2 5 0 0 0 8 Rorainópolis 0 0 4 0 0 0 4 São João da Baliza 0 0 0 0 0 0 0 São Luiz 1 0 2 0 0 0 3 Uiramutã 0 0 7 1 0 0 8 Total 7 48 171 19 1 2 248

FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

3.4.5.3 HEPATITES VIRAIS POR SEXO E CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA:

Com relação ao sexo, as hepatites virais mantem-se no mesmo curso

epidemiológico, sendo acometido com maior frequência em homens que em

mulheres, conforme descrito nas tabelas 32 e 33, referente aos anos de 2018 e 2019.

Tabela 32. Casos confirmados de Hepatites virais por sexo e classificação etiológica no ano de 2018:

Sexo Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + C Total

Masculino 2 12 78 2 1 95 Feminino 3 14 48 5 0 70 Total 5 26 126 7 1 165

FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

Tabela 33. Casos confirmados de Hepatites virais por sexo e classificação etiológica no ano de 2019:

Sexo Ign/Branco Vírus A Vírus B Vírus C Vírus B + D Vírus B + C Total

Masculino 3 27 91 12 1 2 136 Feminino 4 21 83 7 0 0 115 Total 7 48 174 19 1 2 251

FONTE: SINAN-NET (04/08/2020)

Recomendações:

- Reduzir a taxa de incidência pelo HIV/AIDS e por outras Infecções

Sexualmente transmissíveis – IST, nível estadual;

- Fortalecer a Vigilância Epidemiológica das IST/HIV/AIDS e Hepatites Virais

nos municípios do Estado;

Page 158: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

157

- Monitorar a notificação de sífilis em gestantes;

- Monitorar a notificação de casos novos de sífilis congênita em menores de 5

anos;

- Monitorar e cruzar os dados SIM/SINAN dos óbitos notificados em Roraima;

- Monitorar a notificação de gestantes HIV +;

- Implementar o Comitê de Investigação da Transmissão Vertical Estadual;

- Elaborar boletins epidemiológicos de IST/HIV/AIDS/Sífilis e Hepatites Virais

do Estado de Roraima;

3.4.5.4 Estratégias para Notificação e Investigação das Hepatites Virais:

- Após a notificação de casos de hepatites virais, deve-se iniciar a investigação

epidemiológica com o preenchimento da Ficha de Investigação no Sinan. Todos os

campos devem ser preenchidos, mesmo quando a informação for negativa. Outros

itens podem ser incluídos no campo “observações”, conforme as necessidades e

peculiaridades de cada situação;

- Na investigação de casos de transmissão pessoa a pessoa ou fecal-oral,

deve-se investigar se os pacientes se expuseram a possíveis fontes de contaminação,

particularmente agua de uso comum e refeições coletivas;

- Na investigação de casos de hepatites virais de transmissão

sanguínea/sexual, deve-se investigar história de compartilhamento de objetos

contaminados – como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dente, alicates e

acessórios de manicure e pedicure, materiais para colocação de piercing e para

confecção de tatuagens, materiais para escarificação da pele para rituais,

instrumentos para uso de substâncias injetáveis, inaláveis (cocaína) e pipadas (crack),

além de antecedentes de exposição a material biológico, procedimentos cirúrgicos,

odontológicos, hemodiálise, transfusão (principalmente anterior a 1993), endoscopia,

e outros procedimentos invasivos em que não se aplicaram as normas adequadas de

biossegurança. Identificar a ocorrência da prática de relações sexuais desprotegidas

ou abuso sexual;

- É importante investigar a história de comunicantes e outros casos suspeitos

e/ou confirmados de hepatite, levantando hipóteses sobre a forma de transmissão,

com a finalidade de identificar indivíduos assintomáticos, prevenir a disseminação da

doença e evitar possíveis surtos.

Page 159: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

158

3.4.5.5 Estratégias para Medidas de Prevenção e Controle das Hepatites Virais:

- Para as hepatites A e E, após a identificação dos primeiros casos,

estabelecer medidas de cuidado com a água de consumo, a manipulação de

alimentos, e as condições de higiene e saneamento básico junto à comunidade e aos

familiares;

- Para casos de hepatites B, C e D, nas situações em que se suspeite de

infecção coletiva em serviços de saúde, fornecedores de sangue ou hemoderivados,

em que não sejam adotadas as medidas de biossegurança –, investigar caso a caso,

buscando a fonte da infecção. Quando observada situação de surto, notificar a

vigilância sanitária para a adoção de medidas de controle nos estabelecimentos;

- Orientação de instituições coletivas, como creches, pré-escolas e outras,

sobre as medidas adequadas de higiene, desinfecção de objetos, bancado e chão,

utilizando hipoclorito de sódio 2,5% ou água sanitária;

- Lavagem e desinfecção, com hipoclorito de sódio, dos alimentos consumidos

crus;

- Afastamento do paciente, se necessário, de suas atividades de rotina. Para

os casos de hepatites A e E, essa situação deve ser reavaliada e prolongada em

surtos em instituições que abriguem crianças sem o controle esfincteriano (uso de

fraldas), onde a exposição e o risco de transmissão são maiores;

- Solicitação de exames no pré-natal (hepatite B);

- Solicitação de sorologia de hepatites para os doadores e receptores de

órgãos;

- Para prevenção de hepatites B, C e D, de transmissão sanguínea e sexual,

os indivíduos devem ser orientados sobre a importância do não compartilhamento de

objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dente,

materiais de manicure e pedicure. Além disso, as pessoas que usam drogas injetáveis

e/ou inaláveis devem ser orientadas sobre a importância do não compartilhamento de

agulhas, seringas, canudos e cachimbos. O uso de preservativos é recomendado em

todas as práticas sexuais;

- Monitoramento de pacientes com hemofilia e pacientes que recebem

hemoderivados;

- Vacinação – O Ministério da Saúde disponibiliza as vacinas hepatites A e B;

Page 160: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

159

- Vacina hepatite A (inativada) purificada é indicada no calendário básico de

vacinação da criança. Em crianças, ela tem demonstrado elevada proteção após uma

dose. Essa vacina está disponível na rede pública para as crianças com 15 meses de

idade em esquema de dose única. Para crianças até 4 anos, 11 meses e 29 dias, que

tenham perdido a oportunidade de se vacinar, recomenda-se administrar uma dose

da vacina hepatite A. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais, a

vacina é indicada em esquema diferenciado para pacientes suscetíveis a hepatite A,

a partir de 12 meses de idade, com hepatopatias crônicas de qualquer etiologia,

inclusive portadores do HCV, portadores crônicos do HBV, de coagulopatias,

pacientes com HIV/aids, imunodepressão terapêutica ou por doença

imunodepressora, doenças de deposito, fibrose cística (mucoviscidose), trissomias,

candidatos a transplante de órgão sólido (cadastrados em programas de

transplantes), transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas

(medula óssea), doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas

(medula óssea) – cadastrados em programas de transplantes e hemoglobinopatias;

- A vacina hepatite B (recombinante) é recomendada, de forma universal, a

partir do nascimento. A aplicação da 1a dose nas primeiras 12-24 horas de vida resulta

em alta eficácia na prevenção da infecção transmitida verticalmente. A vacinação de

crianças confere imunidade prolongada, persistindo mesmo com a queda de título de

anticorpos que ocorre com o passar dos anos. A vacina hepatite B protege também

contra infecção pelo HDV. A vacina é administrada em esquema de 3 doses. Para os

recém-nascidos, deve-se administrar uma dose ao nascer, o mais precocemente

possível, nas primeiras 24 horas, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o

nascimento, ainda na maternidade. Esta dose pode ser administrada até 30 dias após

o nascimento. O esquema de vacinação da hepatite B deve ser completado com a

vacina pentavalente (vacina adsorvida difteria, tetano, pertussis, hepatite B

[recombinante] e Haemophilus influenzae B [conjugada]), aos 2, 4 e 6 meses de vida.

Crianças que perderam a oportunidade de receber a vacina hepatite B (recombinante)

até 1 mês de idade, não administrar mais essa vacina. Crianças até 6 anos 11 meses

e 29 dias, sem comprovação ou com esquema vacinal incompleto, iniciar ou

complementar esquema com penta, que está disponível na rotina dos serviços de

saúde, com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias. Pessoas a partir

de 7 anos de idade: sem comprovação vacinal, administrar 3 doses da vacina hepatite

B com intervalo de 30 dias entre a primeira e a segunda dose e de 6 meses entre a

Page 161: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

160

primeira e a terceira dose (0, 1 e 6 meses); Com esquema vacinal incompleto: não

reiniciar o esquema, apenas completá-lo conforme situação encontrada. Para

gestantes em qualquer faixa etária e idade gestacional: administrar 3 doses da vacina

hepatite B, considerando o histórico de vacinação anterior e os intervalos

preconizados entre as doses. Caso não seja possível completar o esquema durante a

gestação, deverá concluir após o parto.

- Imunoglobulina humana anti-hepatite tipo B (IGHAB) é indicada para

pessoas não vacinadas, ou com esquema incompleto, após exposição ao vírus da

hepatite B;

- Os trabalhadores da saúde devem obedecer às normas universais de

biossegurança e imunização contra a hepatite B;

- Logo após o nascimento, os recém-nascidos (RNs) de mulheres com

HBV(HBsAg reagente) devem receber imunoglobulina humana anti-hepatite B

(IGHaHB) e a primeira dose do esquema vacinal para HBV. As demais doses serão

feitas aos 2, 4 e 6 meses, com a vacina penta. Nesse caso, reforça-se a importância

de a vacina hepatite B ser administrada na sala de parto ou nas primeiras 12 horas e,

se não for possível, em até 24 horas após o parto, podendo a imunoglobulina ser

administrada no máximo até 7 dias de vida, pois essa ação previne a transmissão

perinatal da hepatite B em mais de 90% dos RNs;

- Realização de ações de educação: além das medidas de controle

específicas para as hepatites virais, ações de educação em saúde devem ser

desenvolvidas para os profissionais de saúde e para a comunidade em geral.

Bibliografia:

BRASIL. Ministério da Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico AIDS e IST. Brasília, 2019, p,: 10. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2019/boletim-epidemiologico-de-hivaids-2019 BRASIL. Ministério da Saúde, Departamento de Vigilância, Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais. Guia de Vigilância em Saúde. Brasília, 2019, V,: único. Ed,: 3. p,: 265; 274-285. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do HIV/AIDS e das Hepatites Virais. Sistema de Informação Nacional de Agravos – SINAN. [internet] 2020 [acesso em 20/07/20 e 04/08/202020 ]. Disponível em: http://portalsinan.saude.gov.br/

Page 162: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

161

3.5 TUBERCULOSE

Angela Maria Felix Alves Oliveira Elba Urzedo de Freitas Lamounier Maria Goreth Souza Alves Karla Cristina Souza Rocha

O Programa de controle da tuberculose, é descentralizado e hierarquizado nos

três níveis de Governo, com atribuições e responsabilidades especificas. Compete ao

Núcleo de Controle da Tuberculose gerenciar a execução das medidas de controle da

tuberculose em nível estadual; programar, acompanhar e controlar os

tuberculostáticos e insumos para o programa nacional de controle da tuberculose em

instância estadual; promover e participar da capacitação de recursos humanos,

fomentando a integração entre instituições de ensino e serviço; assessorar as

coordenadorias municipais e UBS - Unidade Básica de Saúde; promover, participar e

acompanhar o desenvolvimento de pesquisas de âmbitos municipal, estadual e

nacional; realizar supervisão para monitoramento das ações da tuberculose nas

unidades de saúde dos municípios e exercer outras atividades correlatas.

A tuberculose (TB) ainda é um sério e desafiador problema de saúde pública

global. No mundo, em 2018, cerca de dez milhões de pessoas adoeceram por

tuberculose e 1,5 milhão de pessoas morreram em decorrência dela, sendo a TB a

principal causa de morte por um único agente infeccioso. A doença afeta

desproporcionalmente pessoas do sexo masculino, adultos jovens e países de baixa

renda, apontando para a associação entre a ocorrência de TB e fatores

socioeconômicos.

Nesse cenário, o Brasil vem desenvolvendo diversas ações que visam reduzir

a morbimortalidade por TB. Dentre elas, com o objetivo de intensificar as ações de

prevenção e reduzir o adoecimento por TB, destaca-se a ampliação da vigilância e

das recomendações de investigação e tratamento da infecção latente pelo

Mycobacterium tuberculosis. Investimentos na incorporação de novas tecnologias

para o enfrentamento da TB no Sistema Único de Saúde (SUS) têm favorecido a

obtenção da qualidade e eficácia do diagnóstico e tratamento da doença.

O presente relatório apresenta os principais indicadores epidemiológicos e

operacionais da TB no Brasil, Roraima, estratificados por municípios com um recorte

para os casos de Tb na população privada de liberdade (PPL), em pessoas vivendo

com HIV (PVHIV) e TB Drogarresistente. Esses indicadores são os propostos para o

Page 163: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

162

monitoramento do Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde

Pública e das ações de enfrentamento da TB no país.

Em Roraima a taxa de incidência dos últimos cinco anos vem crescendo, em

2015 era 27,5/100.000 hab., e em 2019 foi de 49,9/100.000 hab., maior que a média

nacional 33,6/100.000 hab (Gráfico 16). A taxa de incidência de tuberculose estima-

se o risco de um indivíduo vir a adoecer de tuberculose em qualquer de suas formas

clinicas.

Vale ressaltar que em Roraima a incidência é bastante heterogenia, com taxas

elevadas até mesmo maior que a do Brasil, como é caso dos municípios de Alto

Alegre, Amajari e Bonfim (Gráfico 17).

Gráfico 16. Número de casos novos de tuberculose e taxa de incidência (por 100 mil

hab.) Roraima – 2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

Gráfico 17. Taxa de incidência (por 100 mil hab.) de casos novos de tuberculose por

município de residência – Roraima 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

2015 2016 2017 2018 2019

N° de casos 142 138 179 244 302

Taxa (100.000 hab.) 28,1 26,8 34,2 34,0 49,9

0

50

100

150

200

250

300

350

83,8

70,3

36,8

75,5

49,0

22,8 19,68,3

16,8

42,3

11,5

33,0

0,0

25,0

9,50

20

40

60

80

100

Page 164: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

163

Em relação ao número de casos notificados no Estado, houve um aumento de

127,2% referente aos casos notificados em 2016 (172 casos) e 2019 (334 casos),

tendo em vista a implementação do Teste Rápido Molecular nesse período. O principal

aumento dos casos de tuberculose ocorreram nas populações mais vulneráveis:

Imigrante e Privados de liberdade.

Dos casos notificados em 2019, 302 (90,4%) são casos novos (indivíduos que

nunca realizaram tratamento para tuberculose e/ou iniciaram e abandonaram o

tratamento com menos de 30 dias), 15 (4,5%) transferência (indivíduos residentes no

estado que realizaram o diagnóstico em outra UF e retornaram para o estado), 04

(1,2%) casos de recidiva (casos que realizaram o tratamento, curaram e voltaram a

adoecer), 08 (2,4%) caso de reingresso após abandono (caso que iniciou o tratamento

anteriormente, abandonou e voltou a adoecer) e 05 (1,5%) casos de Pós Óbito (são

aqueles que nunca foram registrados no Sinan e foram notificados após a morte). O

pós-óbito reflete falha na busca ativa de casos novos e na identificação de contatos a

serem examinados.

Tabela 34. Número de casos de tuberculose notificados em Roraima por Tipo de

Entrada e Nacionalidade- 2019

NÚMERO

NACIONALIDADE

Total

Brasil Argentina Guiana Venezuela Portugal Bangladesh

Casos Novos 222 01 04 73 01 01 302

Transferência 11 0 0 04 0 0 15

Reing. Após

Abandono 07 0 0 01 0 0 08

Recidiva 04 0 0 0 0 0 04

Pós Óbito 05 0 0 0 0 0 05

Total 249 01 04 78 01 01 334

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

Page 165: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

164

Em relação à faixa etária, no período avaliado predominou a faixa de 21 a 40

anos, com quase a metade dos casos de tuberculose (Gráfico 18).

Gráfico 18. Percentual de Casos Novos de Tuberculose por faixa etária – Roraima-

2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

Em relação à forma clínica dos casos novos de tuberculose notificados no

Estado em 2019, 253 (83,8%) foram pulmonares e 16 (5,3%) pulmonar +

extrapulmonar, desses casos, 215 (79,9%) são bacilíferos, a forma mais infectante

da doença e 33 casos (10,9%) são extrapulmonares (Gráfico 19).

Gráfico 19. Percentual de Casos Novos de Tuberculose por Forma Clinica –

notificados em Roraima – 2015-2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

< 10 anos 11 a 20 anos 21 a 40 anos 41 a 60 anos 61 e +anos

2015 2,1 10,6 39,4 31,0 16,9

2016 5,1 16,8 21,9 21,9 15,3

2017 4,1 14,2 42,6 20,1 18,9

2018 1,4 9,8 49,0 25,2 14,7

2019 4,0 10,9 54,0 18,5 12,6

0

10

20

30

40

50

60

%

2015 2016 2017 2018 2019

Pul + Extra 4,2 10,2 3,9 5,7 25,0

Extra pulmonar 15,5 14,6 12,3 9,4 10,9

Pulmonar 80,3 75,2 83,8 84,9 83,0

0,010,020,030,040,050,060,070,080,090,0

100,0

%

Page 166: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

165

Na tabela 35 abaixo, referente ao número de casos diagnosticados por

município de residência, observa-se que no ano de 2019, houve uma superação em

relação a meta preconizada pelo Ministério da Saúde, nota-se ainda que os municípios

de Amajarí, Boa Vista e Pacaraima, houve um aumento relevante nas notificações de

imigrantes no período, lembrando que os municípios deverão atingir a meta de 70,0%

dos casos novos esperados em relação à meta programada.

Tabela 35. Número de Casos Novos de Tuberculose e Proporção em relação à Meta

por município de residência – Roraima 2015 a 2019.

Município 2015 2016 2017 2018 2019

C.N % N. C % C.N % C.N % C.N %

Alto Alegre 5 45 7 70 17 188 16 80 16 80

Amajarí 7 54 4 31 3 38 4 50 14 200

Boa Vista 93 104 94 95 129 127 96 67 206 140,1

Bonfim 5 71 5 71 5 71 4 57 9 128,6

Cantá 6 86 5 71 3 38 3 43 10 166,7

Caracaraí 3 43 8 100 2 22 4 44 5 62,5

Caroebe 1 33 0 0 1 50 1 50 2 200

Iracema 1 33 0 0 2 100 1 50 1 50

Mucajaí 2 25 3 38 2 67 5 167 5 71,4

Normandia 3 100 4 100 4 67 1 17 5 83,3

Pacaraima 3 75 0 0 3 75 2 67 15 375

Rorainópolis 11 92 4 33 6 50 1 8 10 125

São J. da Baliza 0 0 1 33 0 0 0 0 0 0

São Luiz 0 0 1 100 0 0 0 0 2 200

Uiramutã 1 33 1 33 1 50 1 100 2 66,7

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações % em Relação à Meta

Em relação à avaliação dos casos suspeitos, cuja meta é examinar 100% dos

sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse por 3 semanas ou mais), que refere a

1% da população. Apenas os municípios de Alto Alegre e Amajari atingiram a meta.

Os demais municípios ficaram muito abaixo do esperado.

Vale ressaltar que a baixa busca ativa dos sintomáticos respiratórios de forma

continua nos municípios de residência, acarreta o aumento dos diagnósticos

realizados no município de Boa Vista, pela rede de média e alta complexidade, com

aumento do custo do tratamento, diagnóstico tardio, manutenção da cadeia de

transmissão e prejuízo social para o paciente. Necessitando de ações de vigilância de

forma continua para que a descoberta de casos seja nos municípios de residência e

realizadas precocemente para quebra da cadeia de transmissão da doença (Tabela

36).

Page 167: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

166

Tabela 36. Número de Sintomáticos Respiratórios Examinados para Tuberculose

(incluindo áreas indígenas por município de residência e percentual em relação à meta

em Roraima – 2019

Municípios Meta por município 1 %

Pop.

Sintomáticos Respiratórios Examinados % Examinados

DSL DSY NI TOTAL

A. Alegre 156 9 266 0 275 176,3

Amajari 124 5 201 8 214 172,6

Boa Vista 3.754 15 9 3713 3737 99,5

Bonfim 122 23 0 52 75 61,5

Cantá 179 0 0 19 19 10,6

Caracaraí 216 0 5 85 90 41,7

Caroebe 99 0 6 0 6 6,1

Iracema 116 0 2 27 29 25,0

Mucajaí 175 0 2 51 53 30,3

Normandia 110 13 0 2 15 13,6

Pacaraima 156 15 3 19 37 23,7

Rorainópolis 295 0 0 23 23 7,8

São J. Baliza 80 0 0 5 5 6,3

São Luiz 79 1 0 27 28 35,4

Uiramutã 103 4 0 9 13 12,6

TOTAL 5764 85 494 4040 4619 80,1

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

No período de 2015 a 2019, observou-se um aumento na proporção de casos

novos de TB diagnosticados na PPL (Gráfico - 20). No último ano da série, 2019, 49

(16,3%) casos novos foram notificados entre os privados de liberdade.

Gráfico 20. Número de Casos Novos de Tuberculose na População Privada de

Liberdade notificados em Roraima – 2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS – Dados sujeito a alterações

A testagem para o HIV em todos os pacientes com tuberculose é uma

importante estratégia para identificação oportuna da coinfecção, o que pode

possibilitar a introdução precoce da terapia antirretroviral (TARV).

7

14

27

44

55

0

10

20

30

40

50

60

2015 2016 2017 2018 2019

mero

Page 168: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

167

No Brasil de 2010 a 2018, a proporção de casos novos de TB testados para

HIV cresceu vertiginosamente. Em 2019, dados mostram que 76,1% dos casos novos

de TB testaram para HIV entre os casos novos, sendo que 8,4% dos casos foram

positivos. Em Roraima, 90,4% dos casos novos testaram para HIV e desses, 8,1%

dos casos foram de coinfecção TB/HIV. No gráfico 21, observa-se que apesar das

recomendações do MS ainda existem casos sem realizar o teste HIV.

Gráfico 21. Percentual de realização de testagem para HIV entre os casos novos de

tuberculose em Roraima - 2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESA/RR. Dados sujeito a alterações

A tuberculose é a principal causa de morte, por doença infecciosa, em pessoas

vivendo com HIV/ AIDS e o uso da terapia antirretroviral em pacientes coinfectados

reduz a mortalidade nesse grupo mais vulnerável. No Brasil em 2019, apenas 47,5%

realizaram terapia antirretroviral (TARV) durante o tratamento da TB, já em Roraima

no mesmo período 68,2% dos casos realizaram o TARV, índice maior que o nacional.

Pessoas que convivem com o vírus do HIV, devem ser avaliados para a

indicação do tratamento pra infecção latente da tuberculose (ILTB). Tendo assim a

oportunidade de evitar o desenvolvimento da doença. No ano de 2019, 59,7% dos

casos que realizaram o tratamento de ILTB, eram HIV+ (Gráfico 22).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

2015 2016 2017 2018 2019

78,981,8 80,4

76,9

83,1

11,3 9,5 8,97,0 7,3

0,7 2,2 1,7 1,4

7,99,26,6

8,914,7

1,7

Negativo Positivo Em. And. N.Realizado

Page 169: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

168

Gráfico 22. Número de Casos de Tratamento de Infecção Latente da Tuberculose em

Roraima -2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

Em relação à avaliação da cura, a meta pactuada é de curar 85,0% dos casos

novos pulmonares com de tuberculose. Em 2019 o percentual de cura (48,9%) foi o

menor que o esperado pelo MS. Já a proporção de abandono do tratamento de

tuberculose no período avaliado está acima do que é preconizado pela MS (<5%). Por

sua vez, percebe-se que o número de óbito vem aumentando nos últimos anos e os

casos sem encerramento no sistema são bem expressivos. Em 2019, 4 casos não

evoluíram satisfatoriamente ao esquema básico de tratamento, desenvolvendo assim

a tuberculose drogarresistente (TB/DR) conforme Tabela 37.

Tabela 37. Cura, Abandono, Óbito e transferência de casos novos de tuberculose

notificados em Roraima – 2015 a 2019

Coorte Cura Abandono

Óbito por outras causas

Óbito por TB

Transf. TB/DR Aband.

Primário Em

Branco

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %

2015 110 77,5 9 6,3 12 8,5 2 1,4 3 2,1 3 2,1 1 0,8 2 1,4

2016 99 72,8 6 4,4 15 11 2 1,5 5 3,7 6 4,4 1 0,8 3 2,2

2017 121 70,8 16 9,4 8 4,7 4 2,3 9 5,3 4 2,3 1 0,6 9 5,3

2018 155 69,8 22 9,9 5 2,3 6 2,7 25 11,3 3 1,4 3 1,4 3 1,4

2019 134 48,9 18 6,6 7 2,6 13 4,7 36 13,1 4 1,5 2 0,7 60 21,9

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

O Ministério da Saúde espera que apenas 10% dos casos de Tuberculose

sejam diagnosticados na Rede Hospitalar. Pois a porta de entrada para os casos de

tuberculose deve ser a atenção básica. Na série histórica analisada (gráfico 23),

0

20

40

60

80

100

120

2015 2016 2017 2018 2019

HIV + 6 12 5 45 111

Outras Indicações 51 34 28 43 75

Page 170: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

169

observa-se que em 2017 (98/179) e 2019 (164/302) foram os anos com maior número

de diagnósticos na rede hospitalar.

Gráfico 23. Número de Casos Novos de Tuberculose e Diagnóstico na Rede

Hospitalar – Roraima 2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

O exame de contatos é uma atividade que deve ser realizada de forma ativa e

contínua, e tem como objetivo identificar/descartar casos de tuberculose ativa e de

infecção latente de tuberculose (ILTB). Por meio dessa estratégia, é possível detectar

precocemente os casos de tuberculose e iniciar o tratamento oportunamente, visando

à interrupção da cadeia de transmissão da doença.

A avaliação de contatos é um indicador do Programa de Qualificação das Ações

de Vigilância em Saúde (PQAVS), a meta pactuada é que 80% dos contatos sejam

avaliados. Nos dois últimos anos houve um aumento dos contatos avaliados, mas

ainda com o percentual abaixo do que o esperado (Tabela 38). Quando avaliação é

por município de residência o quadro é heterogêneo (tabela 39).

Tabela 38. Número e percentual de contatos examinados de casos novos de

tuberculose notificados em Roraima – 2015 a 2019

Anos Registrado

CONTATOS EXAMINADOS

Examinados % Examinado em relação ao

Registrado

2015 645 453 70,2

2016 701 446 63,6

2017 694 437 63,0

2018 1.438 1.146 79,7

2019 1.947 1.389 71,3

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

2015 2016 2017 2018 2019

Rede Hospitalar 55,6 51,8 54,7 37,5 54,3

Geral 44,4 48,2 45,3 62,5 45,7

0

10

20

30

40

50

60

70

%

Rede Hospitalar Geral

Page 171: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

170

Tabela 39. Número e percentual de contatos examinados de casos novos de

tuberculose notificados por município de Residência - Roraima 2019

Município de Residência Contatos Registrados Contatos

Examinados %

Alto Alegre 64 22 34,4

Amajari 85 08 9,4

Boa Vista 1356 1064 78,5

Bonfim 46 24 52,2

Cantá 45 34 75,6

Caracaraí 23 23 100,0

Caroebe 03 04 133,3

Iracema 01 01 100,0

Mucajaí 08 09 112,5

Normandia 17 25 147,1

Pacaraima 71 09 12,7

Rorainopolis 49 31 63,3

São João 0 0 0,0

São Luiz 15 15 100,0

Uiramutã 5 04 80,0

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

O MS preconiza a realização de cultura seguida do Teste de Sensibilidade (TS),

principalmente nos casos de retratamento, o Teste de Sensibilidade deve ser

realizado em todos os casos com cultura de escarro positiva, a fim de que haja o

diagnóstico precoce da tuberculose drogarresistente e posterior execução de medidas

pertinentes ao manejo clínico. Em 2019 o Estado apresentou 83% de cultura realizada

nos casos de retratamento e 41,6% de TS no mesmo período (Gráfico 24).

Gráfico 24. Percentual de realização de cultura de escarro entre os casos de

retratamento de tuberculose em Roraima – 2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

2015 2016 2017 2018 2019

POS NEG EM AND NÃO REALIZADO

Page 172: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

171

O Tratamento Diretamente Observado (TDO) é um dos indicadores prioritário

para aumentar a adesão ao tratamento “cura” e reduzir o abandono que na maioria

das vezes quando ocorrem é em pessoas que apresentam alguma vulnerabilidade

social ou econômica, convivem com a dependência química (drogas e álcool,

desagregação familiar, sem residência fixa), agravos associados (diabetes, HIV/AIDS

e doença mental) necessitando assim de um acompanhamento mais humanizado,

especializado e direto.

Em 2019, 66,4% dos casos estão registrados como TDO realizado e 33,3%

como tratamento auto administrado. Porém durante o monitoramento observa-se que

a maioria dos casos não obedecem aos critérios estabelecidos pelo Programa

Nacional de Controle da Tuberculose, como a utilização da ficha de TDO para todos

(Gráfico 25).

Gráfico 25. Percentual de casos de tuberculose por tratamento supervisionado em

Roraima – 2015 a 2019

Fonte: SINAN/NCT/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados sujeito a alterações

Considerações finais

Os desafios para controlar a tuberculose permanecem, e as perspectivas para

acabar com a doença como problema de saúde pública apenas se concretizarão se

mais esforços forem lançados pelas três esferas de gestão de governo. No entanto,

para o cumprimento adequado desse desafio, é necessário melhorias no acesso, na

resolutividade e priorizar a tuberculose na gestão municipal, melhorar a qualidade dos

serviços prestados aos pacientes com tuberculose, garantindo-lhes o direito à

prevenção, ao diagnóstico correto e oportuno da doença e ao tratamento adequado e

humanizado.

0

20

40

60

80

100

120

2015 2016 2017 2018 2019

Realizado Não Realizado Ign/Branco

Page 173: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

172

3.6 DOENÇAS EM ELIMINAÇÃO (Hanseníase, Oncocercose)

3.6.1 HANSENÍASE

Rita de Cássia da Luz Fonseca

A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico

é o Mycobacterium leprae. A magnitude e o alto poder incapacitante mantêm a doença

como um problema de saúde pública. De acordo com o Boletim Epidemiológico

Mundial, publicado em agosto de 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS),

do total de 210.671 casos novos de hanseníase informados, o Brasil teve 26.875

(12,7%) e a Índia 126.164 (59,9%) que continua sendo o País com maior números de

casos positivos do mundo pois tem uma população cinco vezes maior que a do Brasil.

A pesquisa reuniu informações de 150 países e territórios esses parâmetros

classificam o Brasil como de alta carga para a doença, sendo o segundo com o maior

número de casos novos registrados no mundo.

A detecção de hanseníase em menores de 15 anos indica uma transmissão

ativa e recente da infecção na comunidade, por isso, desde 2011, o Ministério da

Saúde, em consonância com os objetivos da OMS, atua por meio do Plano Integrado

de Ações Estratégicas para Eliminação da Hanseníase. Esse tem o compromisso

político de enfrentamento dessa doença negligenciada em prol da sua eliminação

como problema de saúde pública, por meio do diagnóstico precoce e tratamento

oportuno.

No período entre 2001 a 2017, a média da taxa de detecção de hanseníase em

menores de 15 anos no Brasil foi de 5,77 por 100 mil habitantes, considerada muito

alta. Entretanto, observa-se que houve uma tendência decrescente dessa taxa, sendo

que, em 2019, a taxa de detecção foi de 3,56 por 100 mil habitantes, classificada como

alta, porém é um número bom pois os casos em menores vem diminuído a cada ano.

É possível constatar a série temporal da taxa de detecção de hanseníase em

menores de 15 anos por região, com tendência decrescente em todas elas. (Figura-

23)

Entre as doenças infecciosas, a hanseníase é considerada uma das principais

causas de incapacidades físicas, em razão do seu potencial de causar lesões neurais.

Esse alto potencial incapacitante está diretamente relacionado ao poder imunogênico

do Mycobacterium leprae. Entretanto, estima-se que 95% dos indivíduos expostos ao

bacilo são naturalmente resistentes à infecção. Nos 5% susceptíveis, a doença pode

Page 174: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

173

se manifestar de diferentes formas, a depender de fatores relacionados ao indivíduo,

tais como sexo, idade e susceptibilidade genética, ou às coletividades – por exemplo,

condições socioeconômicas e geográficas.

O Brasil está em consonância com as recomendações da Estratégia Global

para Hanseníase 2016-2020 da OMS, que tem como principal objetivo reduzir a carga

da doença. A estratégia pauta-se em três grandes pilares:

• O fortalecimento do controle e da parceria governamental;

• O combate da hanseníase e suas complicações;

• O enfrentamento da discriminação com promoção da inclusão social.

Esses pilares abrangem a detecção precoce de casos, o tratamento imediato

com esquema de poliquimioterapia (PQT), o desenvolvimento de pesquisas básicas e

o enfrentamento do estigma, promovendo a mobilização e sensibilização junto à

comunidade.

Figura 23. Taxa de detecção de casos novos de Hanseníase em menores de 15 anos

por região, Brasil 2012 a 2019

Taxa por 100.000 Habitantes. Figura-01

Fonte: SESAU/SINAN-NET/NCH E IBGE -dados sujeitos a alteração

Apesar dos avanços na área da saúde a hanseníase é endêmica no país e em

Roraima apresenta um coeficiente de detecção decrescente de 2014 a 2019 que é um

ponto positivo pois quanto mais pessoas forem diagnosticadas mais rápido será

iniciado o tratamento e cura será mais rápido. Em 2018, 107 casos novos foram

12

,5

7,8

9

1,3

1

0,3

1

7,5

4,8

1

13

,54

7,7

3

1,1

8

0,2

7

9,1

7

5,0

3

12

,66

7,4

8

1,3

0,2

9

10

,01

4,8

8

10

,11

7,6

4

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6

0,2

8,3

2

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6

8,9

2

5,7

8

0,9

3

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6,4

2

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3

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1

6,1

1

0,8

6

0,2

9

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6

3,6

8

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1

7,6

2

0,7

1

0,2

5

7,7

5

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6

7,0

3

7,2

3

0,6

8

0,2

7

7,0

6

3,5

6

N O R T E N O R D E S T E S U D E S T E S U L C . O E S T E B R A S I L

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 175: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

174

confirmados de hanseníase, com um coeficiente de detecção 20,2/100 mil hab e em

2019 foram diagnosticados 130 casos novos (Figura-24), com coeficiente de detecção

de 21,4/100 mil hab, em <15 de anos houveram 10 casos confirmados com um

coeficiente de detecção de 1,6/100 mil habitantes, considerado um número bom

comparado ao ano anterior.

Figura 24. NÚMERO DE CASOS NOVOS DE HANSENÍASE E COEFICIENTE DE

DETECÇÃO POR 100 MIL HAB./ RORAIMA, 2014 á 2019

Fonte: SINAN/NCH/DVE/SESAU/RR e IBGE -dados sujeitos a alteração

Observamos que nos últimos 7 anos a taxa de detecção vem tendo variações

constantes, em 2013 tivemos 4,07% dos casos novos diagnosticados com grau II de

incapacidade física, sendo considerado um índice baixo, enquanto que em 2014 essa

porcentagem foi de 8,54%, ou seja, um índice médio, indicando que há falhas na

detecção precoce desses casos, (Figura-25). No ano de 2019 tivemos 10,6% dos

casos novos diagnosticados com grau II de incapacidade física, indicando ainda um

diagnóstico tardio porém vem tem uma redução dos casos diagnosticados, com isso

vemos que as atividades desenvolvidas pelo núcleo está sendo eficaz, comparando

ao ano de 2018 que teve uma detecção com porcentagem alta de 11,8%.

79 80 82

13

1

10

7

13

0

15

,9

15

,8

15

,9 25

,4

20

,4

21

,4

2 0 1 4 2 0 1 5 2 0 1 6 2 0 1 7 2 0 1 8 2 0 1 9

N° de casos Coeficiente de Detecção por 100 mil/Hab

Page 176: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

175

Figura 25. Proporção de casos com grau 2 de incapacidade física entre os casos

novos detectados e avaliados no período de 2007 – 2019/Roraima.

Fonte: SINAN/NCH/VDVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração

A classificação operacional dos casos chama atenção pela predominância de

casos Multibacilar (MB) dos casos novos, sendo esta a forma transmissível da doença

e de maior gravidade, conforme demonstrado na (Tabela-40).

Entre 2014 a 2018 há uma heterogeneidade no indicador da proporção de cura,

uma vez que a porcentagem oscila entre 69% a 81%, sendo que o Parâmetro Nacional

de referência para este indicador é alcançar ≥ 83,5% de proporção de cura e 80%

media estadual entre os casos novos diagnosticados, pois muitos municípios ainda

tem dificuldades para realizar o exame que detecta a Hanseníase devida a grande

rotatividade de servidores. Em 2019 o estado de Roraima ultrapassou a média de 92%

comparado ao do Parâmetro nacional, isso quer dizer que o núcleo estadual vem

desenvolvendo junto aos municípios um trabalho de excelência. Já em relação à

proporção de abandono tivemos uma queda de 0,3% comparado ao ano de 2018,

caracterizando uma redução na proporção de abandono, sendo que entendemos

como bom, as porcentagens < 10%, regular entre 10 a 25% e alto > 25%. (Figura-26)

Tabela 40. Incidência de Hanseníase por Classificação Operacional.

ANO Classificação

PB MB POPULAÇÃO INCIDÊNCIA (PB) INCIDÊNCIA (MB)

2014 30 53 496.936 6,0% 10,6%

2015 14 66 505.665 2,7% 13,0%

2016 24 58 514.229 4,6% 11,2%

2017 29 102 522.636 5,5% 19,5%

2018 26 79 530.379 4,9% 14,9%

2019 26 104 605.761 4,2% 17,1%

Fonte: SINAN/NCH/DVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração

3,5 4,07

8,54

12,5

6,2

8,8

11,810,6

0

5

10

15

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 177: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

176

Figura 26. Proporção de cura e abandono entre casos novos de Hanseniase dos anos

de 2014 a 2019 - Roraima

Fonte: SINAN/NCH/DVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração

ANO %CURA %ABANDONO

2014 79,0 11,6

2015 81,8 3,4

2016 87,0 6,5

2017 76,0 3,0

2018 88,7 5,3

2019 92,0 5,0

Figura 27. Proporção contatos examinados entre os contatos intradomiciliar

registrados de casos novos de hanseníase <15 anos.

Fonte: SINAN/NCH/VDVE/SESAU/RR - dados sujeitos a alteração

ANO %Contatos examinados

geral %Contatos examinados

<15 anos

2014 58,7 56,0

2015 57,4 100,0

2016 62,0 76,9

2017 68,0 64,6

2018 63,6 50

2019 83,8 49,6

0

20

40

60

80

100

120

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Cura Abandono

0 20 40 60 80 100 120

2014

2015

2016

2017

2018

2019

Contatos Examinados <15 anos Contatos Examinados Geral

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177

Analisamos a proporção de contatos examinados entre os contatos

intradomiciliares registrados no estado de Roraima alcançou o resultado esperado no

ano de 2019 com a taxa de detecção de 83,8% o que é considerado muito ótimo a

nível nacional, uma vez que nos anos de 2014 a 2018 o Estado não alcançou a meta

prevista que é de ≥ 80% dos contatos registrados sendo examinados, já em 2019 o

estado alcançou um resultado acima de 80% considerado ótimo a nível nacional.

À investigação epidemiológica dos contatos intradomiciliares, principal grupo

de risco, tendo por finalidade a descoberta de casos entre aqueles que convivem ou

conviveram com o doente e suas possíveis fontes de infecção, já em menores de 15

anos é ainda mais preocupante nos casos positivo, pois se há menores contaminados

existe pelo menos um adulto contaminado e transmitindo. A partir do momento que

identificamos o transmissor e iniciamos com o tratamento, quebramos a cadeia de

transmissão da doença. (Figura 27).

Referência

• Base de dados da SESAU/SINAN-NET/NCH e IBGE;

• https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude.

3.6.2 PROGRAMA DE ONCOCERCOSE (Tratamento coletivo com ivermectina)

Joana Claudete das Mercês Schuertz/João Luiz Araújo

O presente relatório objetivo construir uma análise epidemiológica do

tratamento coletivo com ivermectina da população elegível residente no foco

endêmico de oncocercose no Brasil, durante o ano de 2019.

O foco endêmico para a doença no Brasil se circunscreve a uma parcela da

Terra Indígena Yanomami que compreende 266 comunidades Yanomami e Yekuana

distribuídas em 22 polos base1, ao longo de 6 municípios em dois estados federados.

Sendo 5 municípios roraimenses2 e um município no estado do Amazonas.

1 Subdivisões territoriais dos DSEI, sendo base para as Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) organizarem técnica/administrativamente a atenção à saúde de uma população indígena adstrita, configurando-se como primeira referência para os agentes indígenas de saúde e saneamento que atuam nas aldeias, podendo sua sede estar localizada numa aldeia indígena ou em uma área urbana de Município (artigo 4º da Portaria GM/MS nº 1.801, de 9 de novembro de 2015). 2 Em Roraima: Amajari, Alto Alegre, Mucajai, Iracema e Caracarai; no Amazonas: Barcelos.

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178

Figura 28. Mapa do foco endêmico brasileiro estratificado.

Nesta área residem 16.985 indígenas que se encontram em risco de contrair a

doença, uma vez que há a presença do vetor – o inseto do gênero Simulium – na

região. As ações estruturantes se concentram na oferta do tratamento coletivo com

ivermectina – semestralmente – para a população elegível3 para o tratamento.

A meta estabelecida é tratar no mínimo 85% da população elegível em cada

ciclo semestral. Seguindo este objetivo, durante o primeiro semestre de 2019 foram

tratados 12.342 indivíduos dos 13.584 elegíveis para o tratamento, o que equivale a

uma cobertura de 90,9%. Grande parcela desta cobertura foi executada durante o

primeiro trimestre do ano, com 10.135 tratados entre janeiro e março de 2019, tendo

sido efetivada a busca ativa de pendências e atingimento de 2.207 outros indivíduos

tratados.

Figura 29. Resumo do tratamento coletivo com ivermectina, 1º semestre, 2019.

3 Todos os indivíduos em área de risco de transmissão, exceto as gestantes e crianças menores de 5 anos de idade, que tenham menos que 90 centímetros de altura e pesem menos que 15 quilogramas de peso corporal.

Page 180: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

179

Ao se analisar essa cobertura de tratamento por estrato endêmico é possível

observar um cumprimento satisfatório da meta estabelecida em todos os três estratos

de endemicidade presente, conforme o gráfico seguinte.

Figura 30. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por estrato endêmico

por trimestre, 1º semestre, 2019.

É pertinente referir à intensificação da oferta do medicamento durante a

primeira metade do ciclo, conduta esperada visto que as equipes multidisciplinares de

saúde indígena são orientadas a assim atuarem em prol de se ter uma maior

segurança em conseguir contemplar o maior número de usuários medicados, restando

para a segunda metade do ciclo apenas a busca por eventuais pendências

Tal desempenho satisfatório, quando capilarizado para o nível de polo base já

demonstra certa fragilidade com cumprimento da meta aquém do preconizado em seis

dos 22 polos base endêmicos.

Figura 31. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por polo base, 1º

semestre, 2019.

Page 181: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

180

Dentre os seis polos base onde não se obteve uma cobertura satisfatória, tem-

se 2 hiperendêmicos (Arathau e Hakoma); 3 mesoendêmicos (Kayanau, Waputha e

Alto Padauiri); e 1 hipoendêmico (Auaris).

Embora esses polos não tenham atingido uma cobertura igual ou maior que

85%, todos estiveram muito próximos de cumprir a meta, com fragilidades localizadas

e decorrentes de conflitos étnicos que resultaram em retirada da equipe e fechamento

da unidade de saúde; dificuldade em acessar periodicamente determinadas

comunidades e, consequentemente, redução da busca de faltosos; rigor na

atualização do censo demográfico da região; entre outros aspectos.

Tal perspectiva pode ser vislumbrada quando se capilariza a análise para o

nível de comunidade, onde se percebe que não houve, no período, comunidade

desassistida e somente sete comunidades restaram com coberturas menores que

50% dos elegíveis.

Figura 32. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por comunidade em

intervalo de cobertura, 1º semestre, 2019.

Nota de legenda: em cada intervalo de cobertura encontra-se: [número absoluto (percentual)]

As sete comunidades que tiveram um desempenho inferior a 50% dos elegíveis

tratados estão localizadas em Auaris (5/7); Arathau (1/7); e Waputha (1/7). Dentre

essas cinco comunidades de Auaris, há indícios de censo demográfico desatualizado

em todas as cinco.

Há um fluxo migratório muito intenso de indígenas da região em direção à Boa

Vista em busca de estudos e inserção no mercado de trabalho, em especial os

indígenas da etnia Ye’kuana. Três das cinco comunidades com baixo desempenho

são comunidades Ye’kuana. Um maior rigor no recenseamento e uma melhor

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181

utilização da ferramenta “ausente” do Sistema de Informação da Atenção à Saúde

Indígena provavelmente mitigue essa fragilidade.

Manter um supervisor de campo fixo em Auaris, pelo menos neste primeiro

momento, parece ser uma estratégia interessante para sanar a fragilidade aqui

exposta. Tal estratégia já fora exposta e discutida com o enfermeiro gestor da unidade

de saúde de Auaris e já se encontra implantada desde fevereiro de 2020.

Ao se analisar o segundo ciclo de 2019, observa-se um desempenho também

satisfatório do foco como um todo, atingindo 88,2% de cobertura ao tratar 11.987

indígenas dos 13.584 elegíveis para o tratamento.

Esses tratamentos, seguindo o mesmo padrão do ciclo anterior, se

concentraram na primeira metade do período, com 10.259 tratados de julho a

setembro, o que equivale a 85,6% de todos os tratamentos feitos. Mais uma vez, as

pendências existentes foram buscadas na segunda metade do ciclo, ofertando o

tratamento para mais 1.728 indígenas.

Figura 33. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por estrato endêmico

por trimestre, 2º semestre, 2019.

Igualmente, a distribuição da cobertura por polo base apresentou algumas

fragilidades concentradas em 5 polos endêmicos. A maior fragilidade pode ser

atribuída ao polo base Arathau, que teve a mais baixa cobertura dentre todos os polos,

tratando 16,2% dos elegíveis residentes.

Os intensos conflitos locais na região de Arathau, que levaram ao fechamento

da unidade de saúde por mais de uma vez, tendo sido necessária a retirada dos

profissionais e posteriores momentos de tratativas, envolvendo a assessoria indígena

e o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami para mediar os conflitos e garantir

o retorno da equipe.

Page 183: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

182

Além disso, a malária em elevada incidência levou a uma sobrecarga da equipe

nos momentos em que a unidade de saúde estava em funcionamento. O indicador

mais utilizado para medir a incidência da malária, o índice parasitário anual (IPA)4,

atingiu expressivos 992/1.000 no polo base Arathau durante o ano de 2019.

Figura 34. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por polo base, 2º

semestre, 2019.

É importante ressaltar que desses cinco polos, quatro5 repetiram o

desempenho abaixo do esperado, fechando o ano de 2019 com baixas coberturas

históricas e mostrando-se como prioritários para um acompanhamento especial

durante o exercício de 2020.

Figura 35. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por polo base, 1º e 2º

semestres, 2019.

4 A Organização Mundial da Saúde estabelece que um IPA igual a 50/1.000 configura o risco de malária como alto para a região. 5 Auaris, Alto Padauiri, Hakoma e Arathau

Page 184: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

183

Quando se analisa a cobertura por comunidade, é possível observar que há,

novamente, um predomínio de comunidades com coberturas satisfatórias de

tratamentos em indivíduos elegíveis durante o ciclo.

Figura 36. Distribuição do tratamento coletivo com ivermectina por comunidade em

intervalo de cobertura, 2º semestre, 2019.

Nota de legenda: em cada intervalo de cobertura encontra-se: [número absoluto (percentual)]

Considerações Finais

Embora tenha havido o predomínio de comunidades com coberturas

satisfatórias, houve um decréscimo de 15 comunidades quando comparado ao

primeiro semestre. Outro ponto de atenção é o fato de que no segundo ciclo houve 2

comunidades no polo base Arathau com nenhum tratamento realizado.

Diante de toda a análise realizada e considerando a meta preconizada de 85%

de cobertura sobre a população elegível é possível verificar que o foco brasileiro

atingiu a meta estabelecida nos dois ciclos semestrais ocorridos em 2019, reforçando

a importância da manutenção de altas coberturas como estratégia para interromper a

transmissão da doença no foco brasileiro.

Obs: Todas informações foram repassadas pelo consultor Técnico Joao Luiz Araújo

Programa Brasileiro de Eliminação da Oncocercose Coordenação-Geral de Vigilância

de Zoonose e Doenças de Transmissão Vetorial Departamento de Imunização e

Doenças Transmissíveis [email protected] (SESAI- Distrito Especial

Indigena Yanomami Boa Vista /RR).

Page 185: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

184

3.6.3 TRACOMA

Danubia Rodrigues Basílio

O tracoma é reconhecido milenarmente como uma importante causa de

cegueira. Referências de ocorrência de casos foram encontradas desde os primeiros

registros humanos, em diferentes civilizações e momentos históricos como na China

(século XXVII a.C.), Suméria (século XXI a.C.), Egito (século XIX a.C.), Grécia (século

V a.C.) e Roma (século I a.C.). O tracoma não existia entre as populações nativas do

Continente Americano. No Brasil, a porta de entrada do tracoma foi a região nordeste,

onde relata-se ter sido introduzido a partir da deportação de ciganos, expulsos de

Portugal no século XVIII. Outros dois “focos” teriam contribuído decisivamente para a

disseminação do tracoma nos país: os “focos de São Paulo e do Rio Grande do Sul”,

que teriam se iniciado com a intensificação da imigração europeia para esses dois

estados, a partir da segunda metade do século XIX. Com a expansão da fronteira

agrícola, em direção ao oeste, o tracoma foi se disseminando e tornou-se endêmico

em praticamente todo o Brasil, sendo encontrado em locais de maior pobreza do

território nacional (BRASIL, 2014b).

No decorrer do século XX, com a melhoria das condições de vida, consequente

à industrialização e ao desenvolvimento social e econômico, desapareceu da Europa,

América do Norte e Japão. No entanto, o tracoma continua a ser um importante

problema de saúde pública, enquanto causa de morbidade, deficiência visual e

cegueira, em grande parte dos países em desenvolvimento, principalmente na África,

Oriente Médio, Subcontinente Indiano e Sudoeste da Ásia e em menores proporções,

na América Latina e Oceania.

O tracoma compõe o grupo de doenças relacionadas a pobreza que ocorrem

com grande carga nas populações mais vulneráveis, em termos de desigualdades

sociais e que persistem, apesar de instrumentos e ferramentas disponíveis para o seu

controle. A OMS preconiza a eliminação do tracoma como causa de cegueira no

mundo. Para atender ao compromisso de eliminação da doença e fundamental a

adoção de práticas de vigilância e controle que ampliem o conhecimento de situação

epidemiológica dirigidas as populações mais vulneráveis, para a identificação de

espaços geográficos de maior risco, promover um maior acesso ao diagnóstico, ao

tratamento e as ações educativas para a prevenção (BRASIL, 2014b).

Page 186: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

185

Em 2008, em Genebra, na reunião da Aliança Global da OMS para Eliminação

do Tracoma como Causa de Cegueira foi recomendo medidas para a eliminação do

tracoma como causa de cegueira até o ano 2020. Para alcançar este objetivo,

preconiza-se a utilização da estratégia, sob o acrônimo em inglês SAFE, que significa

S – cirurgia (do inglês surgery) dos casos de triquíase tracomatosa (TT), A –

antibioticoterapia dos casos de tracoma inflamatório, F – educação em saúde e

cuidados corporais/higiene facial (do inglês, face washing) e E– melhoria de acesso

ao saneamento e disponibilidade de água (do inglês, environment health,) (BRASIL,

2014b).

Figura 37. Percentual de positividade do tracoma. Inquérito de tracoma em escolares.

Brasil, 2002-2008.

Dados do último inquérito de prevalência da doença em escolares, realizado

entre 2002 e 2008 em 27 estados do Brasil, em 1.514 municípios amostrados (com

IDH-Municipal menor que a média nacional), mostraram que o tracoma, em sua forma

transmissível, apresenta prevalência em torno de 5%. Em 37,6% dos municípios

amostrados foram encontrados coeficientes acima de 5%, o que é considerado pela

OMS como parâmetro indicativo de que a doença não atingiu as metas de eliminação

enquanto causa de cegueira (BRASIL, 2014b).

O Governo brasileiro se propôs a realizar a tarefa até o ano de 2020, e entre as

estratégias estão: (1) a realização de busca ativa de casos de tracoma em 10% da

população de escolares da rede pública do 1° ao 5° ano do ensino fundamental dos

municípios prioritários integrantes da região, (2) realizar tratamento dos casos

Page 187: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

186

positivos de tracoma inflamatório (TF e/ou TI) e de seus contatos, (3) busca ativa dos

casos de Triquíase Tracomatosa (TT) na população maior de 14 anos, (4) e

encaminhamento dos casos de TT para a realização de cirurgia (BRASIL, 2014b).

Os indicadores epidemiológicos para obtenção da certificação de eliminação

do tracoma como causa de cegueira junto a OMS são: menos de um caso de TT por

1000 habitantes; e menos de 5% de TF e/ou TI em crianças menores de 10 anos de

idade em todos os municípios (BRASIL, 2014b).

Tabela 41. Número de examinados, casos e percentual de positividade de tracoma

(TF/TI) por municípios. Roraima, 2008 a 2019.

UF Nº de

municípios Examinados Casos

% médio de positividade

Nº de municípios

com positividade

<5%

Nº de municípios

com positividade ≥

5% e < 10%

Nº de municípios

com positividade

≥10%

RR 15 47.351 7.684 16,22 2 10 1

Fonte: SINAN Net, janeiro de 2020.

O tracoma apesar de não ser uma doença de notificação compulsória é uma

doença de interesse para a saúde pública por apresentar alta prevalência e causar

deficiência visual e cegueira em grande parte dos países subdesenvolvidos

(BENEDETTI, 2015).

Tabela 42. Número de examinados, casos e percentual de positividade de tracoma

(TF/TI) por municípios. Roraima, 2017 a 2019.

Ano Contagem

de municípios

Soma do nº de

examinados Casos

% médio de positividade

Número de municípios

com positividade

<5%

Nº de municípios

com positividade ≥ 5% e < 10%

Nº de municípios

positividade ≥ 10%

2017 7 2.810 940 33,5 0 0 7

2018 13 10.205 2.316 22,6 0 02 10

2019 5 1.945 6 0,3 0 0 0

Fonte: SINAN Net, janeiro de 2020.

O Programa de Controle do Tracoma foi implantado em Roraima no final de

2001, e as primeiras ações de estruturação e pesquisas começaram em 2002 com a

realização do inquérito em escolares de Boa Vista. Foram examinados 1.028

escolares e diagnosticados 81 casos de tracoma inflamatório (TF e/ou TI) com a

prevalência de 7,87% (BENEDETTI, 2015).

Page 188: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

187

Tabela 43. Número de pessoas examinadas, número de casos positivos e proporção

de casos positivos de tracoma entre os examinados. Roraima, 2007 a 2019.

Indicadores 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Pessoas examinadas

(N) 2.252 598 1.367 2.856 3.829 1.037 6.045 5.941 7.152 7.277 2.810 10.205 1.945

Casos positivos (N)

268 212 523 264 1.191 259 661 1.010 638 925 940 2.316 6

Proporção de casos positivos

(%)

11,9 35,5 38,3 9,24 31,1 25 10,9 17 8,9 12,7 33,4 22,6 0,3

Fonte: SINAN 2020, FormSUS 2018 e Relatórios do Núcleo de Controle do tracoma/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Nos anos de 2007 e 2010 o inquérito ocorreu somente em Boa Vista e a

prevalência foi de 11,9% (268/2.252) em 2007 e 9,24% (264/2.856) em 2010. Em 2008

e 2009 ocorreram inquéritos nos municípios de Boa Vista (52 e 365 casos), Cantá (15

e 11), Caroebe (99 e 4), Pacaraima (23 e 72) e Uiramutã (23 e 71), correspondendo a

33,3% (5/15) dos municípios e a prevalência foi de 35,45% (212/598) em 2008 e

38,25% (523/1.367) em 2009. Em 2011 os inquéritos foram realizados em Boa Vista

(202), Mucajaí (16), Normandia (3), Pacaraima (9) e Uiramutã (961), 33,3% (5/15) dos

municípios e a prevalência encontrada de 30,4% (1.164/3.829). Em 2012 ocorreram

inquéritos nos municípios de Boa Vista (239), Cantá (6), Caroebe (2), São Luiz (8) e

Uiramutã (4) e corresponderam 33,3% (5/15) dos municípios e a prevalência de

24,97% (259/1.037) (BENEDETTI, 2015).

Em 2013, foram notificados 18.321 casos de tracoma no Brasil. Em

rastreamentos realizados em localidades de maior risco, o percentual de positividade

para o País foi de 4,2%. As UF com maiores proporções foram Goiás (11,2%),

Roraima (10,9%) e Sergipe (9,6%) (BRASIL, 2014a). Neste ano, Roraima examinou

6.045 pessoas para tracoma nos municípios de Boa Vista (606), Bonfim (40) e

Uiramutã (15) totalizando 661 casos de tracoma e prevalência de 10,92%

(BENEDETTI, 2015).

No ano de 2014 ocorreram inquéritos em 33,3% (5/15) dos municípios. Boa

Vista registrou 410 casos de tracoma, Pacaraima 408, Uiramutã 118, Amajarí 67 e

Alto Alegre 7 casos. A prevalência foi de 17,00% (1.010/5.941) (BENEDETTI, 2015).

Em 2015 houve inquérito/campanha do tracoma em sete (46,66%) municípios

do estado e foram examinadas 7.152 pessoas (incluídos inquéritos realizados nos

DSEIs Leste e Yanomami). Em 2016, houve no Estado de Roraima

Page 189: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

188

inquérito/campanha em dez municípios, representando 66,67% (10/15), um aumento

de 20% no número de municípios que realizaram a campanha/inquérito. Foram

examinadas 7.277 pessoas e confirmados 925 casos, Alto Alegre (188), Amajarí (204),

Boa Vista (65), Bonfim (13), Cantá (09), Caracaraí (39), Iracema (25), Pacaraima (46),

São Luiz (106), Uiramutã (230), prevalência de 12,7% (925/7.277) para o estado, o

maior número desde o início do registro da doença no SINAN NET em 2007.

Em 2017, o MS não realizou oficialmente a campanha das doenças em

eliminação. Devido a busca ativa em escolares pelo núcleo de controle estadual do

tracoma sete municípios realizaram inquéritos escolares, com 2.810 examinados, e

940 casos positivos, com uma prevalência de 33,4%.

Em 2018, o núcleo de controle de tracoma apoiou a campanha nacional dos

escolares em 13 dos 15 municípios do estado, apenas os municípios de Normandia e

Boa Vista não realizaram a adesão. Foram examinados 10.205 alunos em todo o

estado, segundo dados do FormSUS, com porcentagem de exames do tracoma em

relação ao informado na adesão- Amajarí (82,11%), Alto Alegre (145,00%), Bonfim

(148,17%) Cantá (97,35), Caracaraí (98,06), Caroebe (90,77), Iracema (87,00),

Normandia, Pacaraima (62,27%), Rorainópolis (49,47%), São Luiz (66,53%),

Uiramutã (42,17%). Com total de 2.316 casos positivos, e prevalência de 22,69%.

Em 2019, a campanha das doenças em eliminação deixou de ser uma

estratégia do MS, sendo substituída momentaneamente por inquéritos escolares

pontuais. Foram avaliadas 5 unidades no estado, em Alto Alegre (0/396) não foi

encontrado nenhum caso, em Amajarí (2/232) a prevalência foi de 0,86%, Caracaraí

(1/255) apresentou prevalência de 0,39 % com apenas 1 caso positivo para tracoma

folicular, Caroebe (2/872) foi de 0,73%, e em Rorainópolis (1/190) a prevalência

encontrada foi de 0,52%. Com 1.945 examinados e 6 casos positivos, a prevalência

no estado foi de 0,3%.

Em Roraima, no período de 2007 a 2019, 49.303 pessoas foram examinadas e

7.955 casos foram diagnosticados. Esses indicadores epidemiológicos demonstram

que Roraima deve continuar as ações, monitoramento, tratamento e avaliação dos

pacientes diagnosticados com tracoma e que, as ações de busca ativa estão

contribuindo com a diminuição da prevalência de tracoma no estado.

A OMS recomenda a realização de inquéritos populacionais para verificar a

situação epidemiológica no país. O compromisso para obter a eliminação da cegueira

por tracoma foi reafirmado pelos Estados Membros da Organização Mundial de Saúde

Page 190: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

189

(OPAS/OMS) em 2009, e reafirmado em 2013 pela Assembleia Mundial de Saúde,

sobre a intensificação dos esforços para combater as doenças infecciosas

negligenciadas (WHO, 2013).

No Brasil, para avaliar os critérios de eliminação da doença como problema de

saúde pública já foram atendidos. Foi necessário verificar a atual prevalência da

doença em áreas anteriormente endêmicas, por meio de pesquisa por amostragem

fundamentada em metodologia recomendada pelo OMS. A abrangência do inquérito

corresponde a áreas de risco epidemiológico e risco social, em Roraima 5 municípios

foram contemplados: Alto Alegre, Boa Vista, Bonfim, Cantá e Mucajaí, com objetivo

de estimar a prevalência de TF em crianças de 1 a 9 anos de idade e a prevalência

de TT não conhecida pelo sistema de saúde na população de 15 anos ou mais de

idade em áreas de risco ao tracoma. O projeto de Inquérito de Prevalência para

Validação da Eliminação do Tracoma como Problema de Saúde Pública no Brasil está

sendo desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz, pela Coordenação Geral de

Hanseníase e Doenças em Eliminação e pela Coordenação Geral de Laboratórios de

Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde/MS, de acordo com as

recomendações da OMS. Está sendo preparado um dossiê de documentação quanto

aos cumprimentos das metas e avaliação das evidencias da eliminação do tracoma

como problema de saúde pública.

As estimativas de prevalência de TF e TT servirão como linha base para o

processo de validação da eliminação do tracoma como problema de saúde pública.

Espera-se que o conjunto de atividades do projeto tenha um impacto na redução da

transmissão e da gravidade da doença na população.

Referências bibliográficas

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde – Relatório de Situação Roraima, 3ª edição, Brasília, 2007.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2013: uma análise da situação e das doenças transmissíveis relacionadas à pobreza. Brasília, 2014. 384 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância do tracoma e sua eliminação como causa de cegueira, 2ª Ed. – Brasília, 2014. 52 p.

WHO – World Health Organization. 66th World Health Assembly. Resolution WHA 66.12 on Neglected Tropical Diseases. 2013.

Page 191: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

190

3.6.4 DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICAS ALIMENTAR

Joana Claudete das Mercês Schuertz

As doenças transmitidas por alimentos, mais comumente conhecidas como

DTA, são causadas pela ingestão de alimentos ou bebidas contaminadas. Existem

mais de 250 tipos de DTA e a maioria são infecções causadas por bactérias e suas

toxinas, vírus e parasitas. Outras doenças são envenenamentos causados por toxinas

naturais, como por exemplo cogumelos venenosos, toxinas de algas e peixes) ou por

produtos químicos prejudiciais que contaminaram o alimento, como por exemplo

chumbo, agrotóxicos.

As DTAs são uma importante causa de morbidade e mortalidade em todo o

mundo. Em muitos países, durante as últimas duas décadas, tem emergido como um

crescente problema econômico e de saúde pública. Numerosos surtos de DTA atraem

atenção da mídia e aumento do interesse dos consumidores. Espera-se que haja um

aumento nos casos de DTA devido especialmente as várias mudanças globais,

incluindo crescimento da população, pobreza, exportação de alimentos e rações

animais, que influenciam a segurança alimentar internacional.

A OMS estima que, a cada ano, mais de dois milhões de pessoas morram por

doenças diarreicas, muitas das quais adquiriram ao ingerir alimentos contaminados.

Estima-se que as DTA causem, anualmente, nos Estados Unidos (EUA),

aproximadamente 76 milhões de casos, 325.000 hospitalizações e 5 mil mortes. No

Brasil, faz-se a vigilância epidemiológica de surtos de DTA e não de casos individuais,

com exceção da cólera, febre tifoide e botulismo. Essa vigilância (VE-DTA) teve início

em 1999 e há registro médio de 665 surtos por ano, com 13 mil doentes.

A Vigilância Epidemiológica das DDAs, é composta também pela monitorização

das doenças diarreicas agudas (MDDA), regulamentada pela Portaria nº. 205 de 2016.

Embora a DDA não seja doença de notificação compulsória nacional, os casos

isolados devem ser notificados apenas quando atendidos em unidades sentinelas

para DDA. Já os surtos de DDA são de notificação compulsória e imediata e deve ser

feita no Sistema de Informação de Agravos de Notificação.

As unidades notificadoras estão inseridas nos 15 municípios do estado de

Roraima, onde são monitorados e notificados os casos de diarreia, configurando

cobertura de 100% do agravo.

Page 192: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

191

3.6.4.1 Situação das Doenças de Transmissão Hídrica Alimentar no Estado de

Roraima

Entre os anos de 2014 a 2019, foram notificados 144.484 casos de DTHA no

estado de Roraima. O município de Boa Vista totalizou um maior número de casos

(n= 100.819) entre os anos analisados e os municípios de São Luiz e Cantá registram

o menor número de casos. O ano de 2018 apresentou menos casos de DTHA (n=

28.730). No ano de 2019, apresenta um total de 31.880 casos (Tabela 44). Foram 131

unidades sentinelas monitorando, o que pode ter contribuído com o aumento no

número de casos deste ano.

Gráfico 27. Distribuição de casos notificados de DTHA nos municípios do estado de

Roraima entre os anos de 2014 a 2019.

0

5000

10000

15000

20000

25000

Distribuição de casos notificados de DTHA nos Municípios

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 193: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

192

Tabela 44. Distribuição de casos notificados de DTHA nos municípios do estado de

Roraima entre os anos de 2014 a 2019.

Município ANO

2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Alto Alegre 413 436 429 480 602 465 2.700

Amajarí 204 298 322 317 415 451 1.896

Boa Vista 16.926 16.269 17.486 12.794 20.475 21.536 100.819

Bonfim 295 358 359 467 720 800 2.781

Cantá 222 231 260 260 290 303 1.457

Caracaraí 1134 713 1181 602 590 720 4.744

Caroebe 203 205 184 192 304 404 1.515

Iracema 252 223 341 291 682 305 2.034

Mucajaí 506 644 801 525 856 1174 4.003

Normandia 460 481 404 252 311 507 2.582

Pacaraima 694 605 717 633 989 943 4.347

Rorainópolis 1924 1314 1887 1202 1210 2514 9.665

São João da Baliza 314 128 259 411 379 762 2.043

São Luiz 323 188 195 192 327 281 1390

Uiramutã 423 322 296 318 580 815 2508

Total 23.973 22.416 25.121 18.936 28.730 31.880 144.484

Fonte: SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020.

De acordo com a tabela 45, em 2018 não houve surto da doença através de

monitoramento do SIVEP/DDA. Ao total ocorrem 144.391 casos de DDA nos anos de

2014 a 2018, com predominância no ano de 2019 (n= 31.880) e o que apresentou

menor número de casos foi o ano de 2017 (n= 18.936). Podemos relacionar o aumento

dos casos ao aumento expressivo de imigrantes adentrando ao estado de Roraima,

oriundos do país vizinho, Venezuela, que contribui no aumento populacional e grandes

demandas na procura pelos serviços ofertados nos postos de saúde dos municípios.

Gráfico 28. Casos notificados de Doenças Diarreicas Aguda no estado de Roraima

nos anos de 2014 a 2019.

Fonte: SIVEP/DDA/ DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 194: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

193

Tabela 45. Casos notificados de Doenças Diarreicas Aguda no estado de Roraima

nos anos de 2014 a 2019.

Ano 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Nº de casos 24.313 22.416 25.121 18.936 28.640 31.880

Fonte: SIVEP/DDA/ DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020

Em relação à prevalência das doenças diarreicas por faixa etária, podemos

observar que a faixa etária mais acometida foi a de 10 anos ou mais (tabela 46). Isto

se deve principalmente ao número de indivíduos que compõem essas idades, pois se

trata de um universo de pessoas bastante elevado. Cabe ressaltar, contudo, que o

perfil epidemiológico das doenças diarreicas nos dias de hoje vem se alterando, tendo

em vista, principalmente, o surgimento de novos patógenos denominados

emergentes.

Gráfico 29. Distribuição de casos notificados segundo Faixa etária no estado de

Roraima entre os anos de 2014 a 2019.

Fonte: SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020.

Tabela 46. Distribuição de casos notificados segundo Faixa etária no estado de

Roraima entre os anos de 2014 a 2019.

Ano <1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 anos e mais Ignorados

2014 2717 7316 3661 10003 616

2015 2324 6068 2646 11183 195

2016 2578 6790 2811 12815 127

2017 1786 5115 2316 9663 56

2018 3086 7733 3402 14251 159

2019 3.996 8.504 3.915 15.389 176

Fonte: SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU. Dados atualizados em 19/05/2020.

0

5000

10000

15000

20000

2014 2015 2016 2017 2018 2019

Distribuição da série Histórica das notificações das Doenças Diarreicas por faixa etária no Estado de Roraima

>1 ano 1 a 4 anos 5 a 9 anos 10 anos a mais ignorados

Page 195: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

194

Uma observação que podemos fazer é que no período chuvoso ocorre um

aumento de casos da diarreia aguda em todos os municípios do estado de Roraima,

período também onde se obtém um maior número de internação nos hospitais.

3.6.4.2 Rotavírus

Os rotavírus (RV) são os principais agentes virais causadores de gastrenterite

(GE) aguda com desidratação grave em nível global. Estima-se que, em 2008,

ocorreram 453.000 óbitos entre crianças menores de 5 anos de idade devido à diarreia

causada por esse agente em todo o mundo. No Brasil, entre 2000 e 2011, foram

notificados 33 milhões de casos de diarreia, a maioria em menores de 1 ano de idade.

Existem sete sorotipos diferentes de Rotavírus, mas somente três deles

infectam o homem e causam gastrenterite aguda. Essa variedade de sorotipos explica

por que a pessoa pode ser infectada mais de uma vez, embora seja possível

desenvolver certo grau de proteção cruzada que torna mais leve a infecção por um

tipo diferente de Rotavírus.

A infecção por Rotavírus pode ocorrer em qualquer idade. A estimativa é que

até os cinco anos todas as crianças terão pelo menos um episódio de infecção e que

uma em cada 300 infectadas pode morrer em consequência das complicações. Nos

adultos, a infecção costuma ser mais benigna.

O Rotavírus é transmitido por via fecal-oral, pelo contato direto entre as

pessoas, por utensílios, brinquedos, água e alimentos contaminados. Medidas de

saneamento básico são fundamentais para prevenir a transmissão do vírus.

Não existem medicamentos específicos para combater a infecção por

Rotavírus. O fundamental é manter a criança hidratada, repondo constantemente o

líquido perdido nos vômitos e nas evacuações. São sinais de desidratação: letargia,

irritabilidade, muita sede, diminuição do volume da urina, boca seca, olhos encovados,

ausência de lágrimas, perda do turgor da pele.

Os quadros leves podem ser tratados em casa, com soro caseiro, muito líquido

e alimentação normal, especialmente se for leite materno, mas sempre respeitando a

orientação médica. Os quadros graves exigem internação hospitalar.

A vacina contra Rotavirus produzida com vírus humano atenuado começou a

ser usada, no Brasil, em 2006, e faz parte do calendário do Programa Nacional de

Imunizações. Foram licenciadas duas formas de apresentação. A monovalente, que

Page 196: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

195

deve ser administrada por via oral em duas doses (aos dois e quatro meses) e a

pentavalente em três doses (aos dois, quatro e seis meses). O intervalo mínimo entre

uma dose e outra é de 30 dias.

Conforme gráfico 06 observa-se que no ano 2009 houve a maior notificação

(237 casos) e confirmados (71 casos).

Os prazos limites máximos para aplicação da vacina monovalente foram

estendidos. A primeira dose pode ser administrada até os 3 meses e 15 dias e a

segunda, até os 7 meses e 29 dias. Desde que essas duas formas da vacina

começaram a ser administradas, os casos de gastrenterite diminuíram muito.

Gráfico 30. Número de Notificação de Rotavírus no Estado de Roraima

Fonte – SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Tabela 47. Número de Notificação e Confirmados de Rotavírus no Estado de Roraima

Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Notificados 237 399 195 148 49 61 28 130 36 12 07

Confirmados 71 31 32 10 3 18 2 31 8 01 01

Fonte – SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.

O mecanismo de transmissão mais frequente é pela via fecal/oral, diretamente

de pessoa a pessoa. Os sintomas associados à infecção por RV são principalmente

diarreia e vômitos, resultantes da ação do vírus desencadeando-se o processo

diarreico.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Notificados Confirmados

Page 197: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

196

3.6.4.3 Aspectos epidemiológicos da cólera

Até 1991, o Brasil era uma área incólume para cólera. A epidemia que atingiu

o país, a partir daquele ano, faz parte da progressão da sétima pandemia iniciada em

1961, com um foco epidêmico na Indonésia, que se espalhou por países da Ásia,

Oriente Médio, África e regiões da Europa, com eventuais achados nos Estados

Unidos, desde a década de 1970. Essa pandemia atingiu o continente sul-americano

pelo litoral do Peru, em janeiro de 1991, estendendo- se, em seguida, por todo aquele

país e para o Brasil, atingindo finalmente 14 países da América do Sul. A introdução

da cólera, no Brasil, aconteceu pela selva amazônica, no Alto Solimões. A partir daí,

alastrou-se progressivamente pela região Norte, seguindo o curso do Rio

Solimões/Amazonas e seus afluentes, principal via de deslocamento de pessoas na

região. Posteriormente, atingiu as regiões Nordeste e Sudeste, através dos principais

eixos rodoviários.

A partir daí, passou-se a observar alternância de períodos de silêncio

epidemiológico e de recrudescimento da epidemia. Atualmente, o comportamento da

cólera sugere um padrão endêmico, definido pela ocorrência regular de casos e

flutuações cíclicas de maior ou menor gravidade, na dependência de condições locais

que favoreçam a circulação do V. cholerae. O registro de casos é maior nos períodos

mais secos do ano, quando a baixa do volume de água nos reservatórios e mananciais

proporciona a concentração de vibriões.

Em algumas áreas, as condições socioeconômicas e ambientais favorecem a

instalação e rápida disseminação do V. cholerae. Assim, a deficiência do

abastecimento de água tratada, destino inadequado dos dejetos, alta densidade

populacional, carências de habitação, higiene inadequada, alimentação precária,

educação insuficiente favorecem a ocorrência da doença. Desde a sua introdução no

país, em 1991, os coeficientes de incidência de cólera aumentaram progressivamente

até 1993, ano em que apresentou o maior valor (39,8 casos/100 mil habitantes), com

670 óbitos e letalidade de 1,11%.

Apesar da intensidade com que a doença atingiu principalmente a região

Nordeste, entre os anos de 1992 a 1994, os esforços do sistema de saúde

conseguiram reduzir drasticamente esses valores. A partir de então, observou-se

sensível redução do risco, principalmente após 1995, sugerindo a tendência de

endemização da doença.

Page 198: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

197

No período de 1991 a 1999, a cólera atingiu todas as regiões do país,

produzindo um total de 167.885 casos e 2.015 óbitos, com registro de grandes

epidemias na região Nordeste. Entre os anos de 2000 e 2008, ocorreu uma redução

significativa no número de casos e óbitos por cólera no Brasil, sendo registrados,

nesse período, 766 casos e 20 óbitos.

Todos os casos foram registrados na região Nordeste e o estado de

Pernambuco liderou o número de registros (511 casos e 12 óbitos). A taxa de

letalidade, em casos graves de cólera sem tratamento adequado, pode atingir 50%,

porém, quando esse é instituído, correta e precocemente, a taxa pode cair para menos

de 2%. No período de 1991 a 2004, a letalidade oscilou em torno de 1,3%,

apresentando maiores percentuais desde então.

Nas áreas epidêmicas, o grupo etário mais atingido é o de maiores de 15 anos.

Enquanto que, nas áreas endêmicas, a faixa mais jovem é a mais atingida.

A incidência predomina no sexo masculino, por maior exposição à

contaminação ambiental. Os indicadores de morbidade, mortalidade e letalidade são

diferenciados, de acordo com as condições socioeconômicas, densidade

populacional, meios de transporte, acesso aos serviços de saúde e outras situações

de risco.

No estado de Roraima não houve casos de Cólera registrados durante todos

os períodos desde que a doença surgiu no Brasil.

3.6.4.4 Aspectos epidemiológicos do botulismo

O Botulismo passou a ser doença de notificação compulsória a partir da

Portaria nº 1.943/MS, de 18 de outubro de 2001 (Brasil, 2001). Devido à gravidade da

doença e a possibilidade de ocorrência de outros casos resultantes da ingestão da

mesma fonte de alimentos contaminados, um caso é considerado um surto e uma

emergência de saúde pública. A suspeita de um caso de botulismo exige notificação

e investigação imediatas.

A distribuição do botulismo é mundial, com casos esporádicos ou surtos

familiares, em geral relacionados à produção e à conservação de alimentos de

maneira inadequada. Raramente ocorrem surtos envolvendo produtos processados

comercialmente.

Page 199: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

198

Os casos de botulismo infantil têm sido notificados na Ásia, Austrália, Europa,

América do Norte e América do Sul. A incidência e a distribuição real não são precisas,

porque os profissionais de saúde, em poucas ocasiões, suspeitam de botulismo.

Está doença pode ser responsável por 5% dos casos de morte súbita em

lactentes. Segundo Ministério da Saúde; no início de 2014, o Brasil registrou 16 casos

suspeitos e, destes, oito foram confirmados, com dois óbitos. Santa Catarina registrou

um surto de botulismo alimentar envolvendo cinco pessoas com um mesmo alimento.

Caso suspeito de botulismo alimentar e botulismo por ferimentos: indivíduo que

apresenta paralisia flácida aguda, simétrica, descendente, com preservação do nível

de consciência, caracterizado por um ou mais dos seguintes sinais e sintomas, visão

turva, diplopia, ptose palpebral, boca seca, disartria, disfagia ou dispneia.

Notificação- Diante da suspeita clínica de botulismo, o profissional da unidade

de saúde que atendeu o paciente deve notifica-lo imediatamente a vigilância

epidemiológica local. O técnico que recebeu a notificação deve, inicialmente, verificar

a consistência das informações e, uma vez caracterizada a suspeita de botulismo,

comunicar imediatamente aos níveis hierárquicos superiores e áreas envolvidas na

investigação.

A solicitação do soro antibotulínico deve ser feita, nesta fase, a coordenação

de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar do Ministério da

Saúde, atenderá mediante prescrição médica e relatório sucinto do quadro clínico.

No Brasil Distrito Federal registrou 1 caso de botulismo em 11 anos, em um

jovem de 20 anos e outras ocorrências foram em São Paulo (3) Amazonas (1) e em

Rio de Janeiro (1). No período de 2006 a 2019 não houve nenhum caso registrado de

Botulismo em Roraima.

3.6.4.5 Febre tifóide

Doença bacteriana aguda, de distribuição mundial, associada a baixos níveis

socioeconômicos, principalmente em áreas com precárias condições de saneamento,

higiene pessoal e ambiental. Com tais características, praticamente encontra-se

eliminada em países onde esses problemas foram superados. No Brasil, a febre tifoide

ocorre sob a forma endêmica, com superposição de epidemias, especialmente nas

regiões Norte e Nordeste, refletindo as condições de vida de suas populações.

Page 200: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

199

A febre tifoide não apresenta sazonalidade ou outras alterações cíclicas, assim

como distribuição geográfica, que tenham importância prática. A sua ocorrência está

diretamente relacionada às condições de saneamento básico existentes e aos hábitos

individuais. Em áreas endêmicas, acomete com maior frequência indivíduos de 15 a

45 anos e a taxa de ataque diminui com a idade. No Brasil, nas últimas décadas,

constata-se uma tendência de declínio nos coeficientes de morbimortalidade por febre

tifoide. No início da década de 2000, eram notificados no Brasil, em média, 800 casos.

A partir de 2003, essa média tem ficado em torno de 542 casos, observando-se uma

maior concentração nas regiões Norte e Nordeste.

As regiões Norte e Nordeste concentram maior número de casos, devido à

precariedade de suas condições sanitárias, onde apenas 42,2 e 36,27% de sua

população, respectivamente, possuem cobertura por esgotamento sanitário e 58,14 e

71,2%, respectivamente, possuem acesso à rede de abastecimento de água. Todavia,

só uma grande concentração de bactérias – inoculo – torna possível a infecção. Por

isso não se costuma verificar, com muita frequência, surtos de febre tifoide após

enchentes e chuvas em grande volume, quando provavelmente há maior diluição do

agente no meio ambiente e menor possibilidade de sua ingestão em número suficiente

para causar a doença.

Número de notificações de Febre Tifoide em Roraima- 2009 a 2017 Fonte:

SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR. Em Roraima, foram 13 notificações de casos

suspeitos entre 2009 e 2019.

Boa vista notificou 12 destes e, apenas 1 em Mucajaí em 2014. Todos os casos

foram descartados (gráfico 31).

Gráfico 31. Número de Notificação de Febre Tifóide no Estado de Roraima nos anos

de 2009 a 2019

0

2

4

6

8

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Número de notificações de Febre Tifóide no Estado de Roraima

Notificados Confirmados

Page 201: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

200

Tabela 48. Número de Notificação de Febre Tifóide no Estado de Roraima nos anos

de 2009 a 2019

Ano 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Notificados 6 1 1 0 0 1 1 3 1 0 0

Confirmados 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Fonte – SINSN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.

3.6.4.6 Toxoplasmose

A toxoplasmose é uma infecção causada por um protozoário chamado

“Toxoplasma Gondii”, encontrado nas fezes de gatos e outros felinos, que pode se

hospedar em humanos e outros animais. É causada pela ingestão de água ou

alimentos contaminados e é uma das zoonoses (doenças transmitidas por animais)

mais comuns em todo o mundo.

Os casos agudos são, geralmente, limitados e com baixas incidências. A fase

aguda da infecção tem cura, mas o parasita persiste por toda a vida da pessoa e pode

se manifestar ou não em outros momentos, com diferentes tipos de sintomas. Quanto

à infecção crônica, a taxa de incidência é baixa até os cinco anos de idade e começa

a aumentar a partir dos 20.

A maioria das pessoas infectadas pela primeira vez não apresenta sintomas e, por

isso, não precisam de tratamentos específicos. A doença em outros estágios, no

entanto, pode trazer complicações, como sequelas pela infecção congênita (gestantes

para os filhos), toxoplasmose ocular e toxoplasmose cerebral em pessoas que têm o

sistema imunológico enfraquecido, como transplantados, pacientes infectados com o

HIV ou em tratamento oncológico.

Os sintomas da toxoplasmose são variáveis e associados ao estágio da

infecção, (agudo ou crônico). Os sintomas normalmente são leves, similares à gripe,

dengue e podem incluir dores musculares e alterações nos gânglios linfáticos.

Pessoas com baixa imunidade: podem apresentar sintomas mais graves, incluindo

febre, dor de cabeça, confusão mental, falta de coordenação e convulsões.

Gestantes: mulheres infectadas durante a gestação podem ter abortamento ou

nascimento de criança com icterícia, macrocefalia, microcefalia e crises convulsivas.

Recém-nascidos: dos recém-nascidos infectados (Toxoplasmose Congênita),

cerca de 85% dos casos não apresentam sinais clínicos evidentes ao nascimento. No

entanto, essas crianças podem indicar alterações como restrição do crescimento

Page 202: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

201

intrauterino, prematuridade, anormalidades visuais e neurológicas. Sequelas tardias

são mais frequentes na toxoplasmose congênita não tratada. Há casos relatados de

surgimento de sequelas da doença, não diagnosticadas previamente, ocorrendo

apenas na adolescência ou na idade adulta.

Os recém-nascidos que apresentam manifestações clínicas podem ter sinais

no período neonatal ou nos primeiros meses de vida. Esses casos costumam ter, com

mais frequência, sequelas graves, como acometimento visual em graus variados,

retardo mental, anormalidades motoras e surdez. As sequelas são ainda mais

frequentes e mais graves nos RN que já apresentam sinais ao nascer, com

acometimento visual em graus variados, retardo mental, crises convulsivas,

anormalidades motoras e surdez.

As principais vias de transmissão da toxoplasmose são: Via oral (ingestão de

alimentos e água contaminados)

Congênita (transmitido de mãe para filho durante gestação), sendo raros os

casos de transmissão por inalação de aerossóis contaminados, inoculação acidental,

transfusão sanguínea

É importante saber que o contato com gatos não causa a doença. O perigo está

no contato com as fezes contaminadas do felino e no consumo de água contaminada

e alimentos mal lavados ou malcozido.

A toxoplasmose normalmente evolui sem sequelas em pessoas com boa

imunidade, desta forma não se recomenda tratamento específico, apenas tratamento

para combater os sintomas. Pacientes com imunidade comprometida ou que já

tenham desenvolvido complicações da doença (cegueira, diminuição auditiva) são

encaminhados para acompanhamento médico especializado.

O tratamento e acompanhamento da doença estão disponíveis, de forma

integral e gratuita, pelo Sistema Único de Saúde. Em caso de gravidez, é importante

o acompanhamento no pré-natal e a pratica das orientações que forem repassadas

pelas equipes de saúde.

Como o diagnósco clínico do binômio mãe/filho é difícil e o tratamento precoce

da criança com toxoplasmose congênita (pré-natal e/ou pós-natal) está associado a

menor número e gravidade das sequelas, faz-se necessário utilizar o rastreamento da

gestante e da criança suspeitas.

O objetivo do acompanhamento Pré-Natal é assegurar o bom desenvolvimento

da gestação, favorecendo um bom parto e o nascimento de um bebê saudável, sem

Page 203: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

202

impacto negativo para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais

e as atividades educativas e preventivas.

No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência pré-natal

deve ser organizada para atender às reais necessidades da população de gestantes,

mediante a utilização dos conhecimentos técnico-cientificos existentes e dos meios e

recursos disponíveis mais adequados para cada caso, garantindo a continuidade no

atendimento, no acompanhamento e na avaliação do impacto destas ações sobre a

saúde materna e perinatal.

A assistência Pré-Natal adequada, com a detecção e a intervenção precoce das

situações de risco, é determinante importante dos indicadores de saúde relacionados

à mãe e ao bebê. Durante o Pré-Natal orienta-se a realização dos exames para

toxoplasmose IgM e IgG, que devem ser solicitados na primeira consulta.

O objetivo principal do rastreamento é a identificação precoce de gestantes

infectadas durante a gestação para tratamento e seguimento, visando a redução da

transmissão vertical e infecção fetal, além da identificação das suscetíveis, para

prevenção primária da infecção.

A maioria dos casos de toxoplasmose pode acontecer sem sintomas ou com

sintomas bastante inespecíficos.

Mesmo na ausência de sintomatologia, o diagnóstico da infecção aguda na

gravidez é importante para a prevenção da toxoplasmose congênita e suas sequelas.

Até o momento, o Ministério da Saúde publicou materiais com orientações sobre

o tema: “Manual Técnico Pré-Natal e Puerpério – atenção qualificada e humanizada -

2006”, “Manual de Atenção à Gestação de Alto Risco -2012” e "Protocolos da Atenção

Básica: Saúde das Mulheres - 2016".

As recomendações para manejo clínico dos casos de toxoplasmose aguda

encontram-se em processo de apreciação interna com vistas à atualização. As

evidências cientificas sobre o tema reforçam a necessidade de antecipação no início

do tratamento à gestante com vistas a reduzir a toxoplasmose congênita.

Desta forma, indica-se que até a publicação de nova diretriz nacional para

manejo da Toxoplasmose Gestacional e Congênita, pelo Ministério da Saúde, seja

utilizado o fluxo para diagnóstico e tratamento seguindo a Nota técnica Nº/2020-

COSMU/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS.

Page 204: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

203

Tabela 49. Toxoplasmose em Gestante CID 0.986 (ficha Individual)

2015 2016 2017 2018 2019

0 0 0 01 02

Fonte: SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Tabela 50. Toxoplasmose Congênita P 371 CID

2015 2016 2017 2018 2019

56 02 0 01 01

Fonte: SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.

Tabela 51.Toxoplasmose Adquirida B 58

2015 2016 2017 2018 2019

21 22 15 11 28

Fonte: SINAN/DTHA/DVE/CGVS/SESAU/RR.

3.6.4.7 DCJ- Doença de Crutzfeldt jakob-doença cerebral degenerativa

A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma doença neurodegenerativa,

caracterizada por provocar uma desordem cerebral com perda de memória e

tremores. É de rápida evolução, e de forma inevitável, leva à morte do paciente. A

doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é um tipo de Encefalopatia Espongiforme

Transmissível (EET) que acomete os humanos. As EET são chamadas assim por

causa do seu poder de transmissibilidade e suas características neuropatológicas que

provocam alterações espongiformes no cérebro das pessoas (aspectos esponjosos).

Assim como outras (EET´s), a Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é

caracterizada por uma alteração espongiforme visualizada ao exame microscópico do

cérebro. A causa e transmissão desta doença estão ligadas a uma partícula

proteinácea infectante denominada de “PRÍON” (do Inglês Proteinaceous Infections

Particles). Os príons são agentes infecciosos de tamanho menor que os dos vírus,

formados apenas por proteínas altamente estáveis e resistentes a diversos processos

físico-químicos.

Os primeiros casos dessa doença - a forma vDCJ - surgiram no Reino Unido

em 1996 e, diferentemente da forma tradicional (DCJ esporádica), acomete,

predominantemente, pessoas jovens, abaixo dos 30 anos. Com características

clínicas e patológicas diferentes da DCJ, também apresenta um perfil genético

particular do gene da proteína priônica.

Page 205: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

204

A variante da Doença de Creutzfeldt–Jakob (vDCJ) é uma outra doença

priônica que está associada ao consumo de carne e de subprodutos de bovinos

contaminados com Encefalite Espongiforme Bovina (EEB).

Entre os anos de 2005 a 2014, foram notificados, no Brasil, 603 casos suspeitos

de DCJ. Destes, 55 foram confirmados, 52 foram descartados, 92 foram indefinidos e

404 tiveram a classificação final ignorada ou em branco. Desde que a vigilância da

DCJ foi instituída no Brasil, nenhum caso da forma vDCJ foi confirmado.

No Brasil, as vigilâncias da DCJ e da vDCJ são coordenadas pela

Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT), do Departamento de

Vigilância das Doenças Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do

Ministério da Saúde (CGDT/DEVIT/SVS/MS). Desde 2005, a Doença de Creutzfeldt-

Jakob (DCJ) integra a Lista das Doenças de Notificação Compulsória.

A vigilância da DCJ tem como objetivos detectar casos de Doença de

Creutzfeldt-Jakob (DCJ), conhecer o perfil epidemiológico da doença, com foco na

identificação de possíveis casos de vDCJ, definir medidas de prevenção e

biossegurança e orientar condutas clínicas e laboratoriais.

3.6.4.8 Brucelose

A brucelose humana é uma doença que pode ser transmitida ao ser humano

por animais terrestres e aquáticos infectados. Na maioria das vezes, a doença é

transmitida ao homem por contato direto ou indireto com animais e seus produtos

derivados contaminados. Os seres humanos são apenas alguns dos possíveis

hospedeiros. Neste caso, hospedeiros finais. Considerada uma das zoonoses mais

comuns do planeta, de ampla distribuição e significância mundial, apresenta alta

prevalência em alguns países e regiões, como a América do Sul.

Embora a brucelose humana chame atenção dos sistemas de saúde em todo o

mundo por ser uma doença que apresenta importantes impactos, desde o ponto de

vista ocupacional, problemas sanitários e até prejuízos econômicos, ela ainda é pouco

conhecida, de difícil diagnóstico, subnotificada e negligenciada.

A brucelose humana é causada por bactérias do gênero Brucella spp. da

família Brucellaceae. Possui alta prevalência em ambientes ocupacionais e é citada

na lista de doenças relacionadas ao trabalho, segundo a Portaria nº 1.339/1999, do

Ministério da Saúde.

Page 206: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

205

A doença, que é responsável por incapacidade para o trabalho ou diminuição

do rendimento profissional, atinge principalmente trabalhadores que manejam

animais e da cadeia de produção de laticínios, carnes e seus derivados.

Como a bactéria possui múltiplas rotas de infecção, sendo que os mamíferos

são os principais hospedeiros naturais, gera um cenário de difícil controle e de real

ameaça para a saúde pública, qualidade de vida e sobrevivência de pessoas e

animais.

De forma geral, a doença acomete com maior frequência aos trabalhadores

rurais (ex: vaqueiros, boiadeiros, vacinadores, tratadores de animais, produtores de

carne, leite e queijo), veterinários, trabalhadores de frigorifico (ex. abatedores) e

trabalhadores de laboratórios.

Com a capacidade para afetar diversos órgãos e sistemas, a brucelose

humana pode simular ou se assemelhar a outras infecções e doenças não

infecciosas. Alguns dos sinais e sintomas mais comuns são: Febre, Mal-estar,

sudorese noturna e profunda, calafrios e fraqueza, cansaço, perda de peso, dores

de cabeça e nas articulações musculares abdômen e costas.

Por serem sinais e sintomas comuns a outras doenças, isso pode dificultar o

diagnóstico. No entanto, a doença pode causar sintomas inespecíficos ou gerar uma

infecção sem sintomas nos pacientes.

O período de incubação da brucelose humana varia entre 5 e 60 dias,

A brucelose pode ser transmitida aos seres humanos de diversas formas, sendo uma

das principais, pela via alimentar (ingestão de alimentos sólidos ou líquidos

contaminados), como: Leite não pasteurizado, produtos lácteos contaminados, como

queijo e manteiga e sorvetes; carne mal passada ou crua.

Além da transmissão pela via alimentar, a brucelose pode ser transmitida pelo

contato direto ou indireto com animais infectados. Outra forma de transmissão é por

via respiratória, com a inalação de bactérias em ambientes contaminados. Pode

ocorrer, ainda, a inoculação vacinal acidental do patógeno, pela vacina animal

(Brucella abortus cepas B19 e RB51).

O contato com animais infectados, como gado bovino e bubalino, ovelhas,

cabras, porcos, cavalos e cães, entre outros, pode gerar uma situação de exposição,

assim como ambientes de trabalho com exposição a material biológico. Outras

formas de transmissão, como sexual, congênita ou a partir de transfusão sanguínea

e transplantes de órgãos ou tecidos são raras, mas também podem ocorrer.

Page 207: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

206

A infeção por brucelose humana durante a gravidez é rara, mas pode causar

aborto, particularmente, durante o primeiro e o segundo trimestres. Sendo assim,

mulheres devem receber tratamento médico imediato e as gestantes devem fazer o

pré-natal adequadamente.

No Brasil, não existem dados epidemiológicos acerca da brucelose humana, e

como o país abriga a maior população comercial de bovinos do mundo, este fator é 8

presumivelmente um risco para o aumento da prevalência da doença humana

causada por B. abortus (PAPPAS, 2006).

De acordo com Mendes e Marcondes-Machado (2005), a prevalência real da

brucelose é desconhecida, pois são poucos os laboratórios da rede pública que

disponibilizam os meios diagnósticos e por não se tratar de doença de notificação

obrigatória.

Com relação à incidência da brucelose humana no Brasil, o número é

grandemente subestimado devido ao quadro clínico da doença ser extremamente

variável, por não ser declarada às autoridades sanitárias e por ser diagnosticada

erroneamente por médicos. A verdadeira incidência pode ser estimada em 10 a 25

vezes maior que o relatado (NIMRI, 2003).

A brucelose está incluída no contexto das doenças transmitidas por alimentos,

uma vez que o leite e seus derivados, não pasteurizados, constituem a via de

transmissão primordial do agente etiológico para o homem (GERMANO; GERMANO,

2003).

De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 realizada

pelo IBGE (2010a), a aquisição alimentar domiciliar per capita de leite cru, no Brasil,

naquele período, correspondeu a 25% do consumo do grupo “Leite e creme de leite”,

sendo que o leite pasteurizado correspondeu a 61%. Langoni et al. (2000) realizaram

estudo para investigar a presença de microrganismos do gênero Brucella no leite de

vacas soropositivas para brucelose em São Paulo e Minas Gerais.

O estudo considera que muitas pessoas no Brasil consomem leite cru e que o

isolamento de Brucella spp. em 30,61% das 49 amostras estudadas demonstra a

importância potencial do leite como um veículo deste agente para os homens. Dessa

forma, leite pasteurizado inadequadamente pode ser um potencial veículo de Brucella

abortus para o ser humano em São Paulo e em Minas Gerais. Turistas ou viajantes

de negócios para áreas endêmicas podem adquirir brucelose, geralmente pelo

consumo de leite não pasteurizado ou de outros produtos lácteos.

Page 208: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

207

O consumo de produtos contaminados adquiridos por importação, sem

fiscalização, também é um meio de infecção. Casos importados representam hoje a

10 maior parte dos casos de brucelose aguda, atendidos na América do Norte e no

norte da Europa (WHO, 2006).

No Estado de Roraima não consta casos notificados no Sinan registrados de

Brucelose humana 2018.

Considerações finais

A doença diarreica aguda no município de Boa Vista apresenta um padrão

epidemiológico alto que é caracterizado por apresentar maior número de casos na

primeira década de vida, principalmente em menores de um ano e está relacionado a

condições sanitárias precárias, além da introdução de outros alimentos no recém-

nascido e a não amamentação exclusiva aos bebês nos primeiros 6 meses de vida.

Outro fator que tem contribuído para o aumento no número de casos foi imigração da

população venezuelana no estado de Roraima, onde alavancou a procura pelos

serviços de saúde nos postos de saúde dos municípios, além da elevada ocorrência

das diarreias está diretamente associada ás precárias condições de saneamento

básico, higiene ambiental e pessoal.

Tal constatação torna importante a adoção de estratégias de educação em

saúde junto à Estratégia Saúde da Família, tais como, lavagem de alimentos

consumidos crus, além da higiene pessoal bem como a eliminação de lixo para evitar

a proliferação de vetores como moscas e outros animais sinantrópicos.

Quanto à correlação do aumento dos casos de diarreia no período chuvoso,

este fato torna-se um bom indicador para que as equipes realizem um planejamento

de ações, visando o trabalho de prevenção da diarreia em ocasiões que antecedem o

período chuvoso, para evitar o aumento do número de casos no período esperado.

Vale ressaltar que uma estratégia importante para enfrentar esse problema de

saúde pública causada pelas diarreias, é a capacitação dos agentes comunitários de

saúde, além da promoção da saúde, tendo em vista o saber de que o indivíduo é

capaz de cuidar de si, da sua família e da sua comunidade.

Page 209: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

208

Referências

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual integrado de Vigilância Epidemiológica da Cólera / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. – 2. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010. 170 p. : il. color. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) A 1ª edição intitulou-se: Manual Integrado de Prevenção e Controle da Cólera

BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à Saúde do Recém-Nascido. Guia para os profissionais de Saúde. Cuidados Gerais. vol 1, Brasília, 2011. 195 p. 4. BRASILa . Ministério da Saúde. Atenção ao Pré-Natal de Baixo Risco. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Caderno de Atenção Básica nº 32. Brasília, 2012. 320

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM/MS Nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Brasília, 2011.

BrASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1339, de 18 de novembro de 1999. Instituir a Lista de Doenças relacionadas ao Trabalho. Brasília, 1999.

MENDES, Rinaldo Poncio; MARCONDES-MACHADO, Jussara. Brucelose. In: COURA, José Rodrigues (Comp.). Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 128, p. 1529-1538.

NIMRI, Laila. Diagnosis of recent and relapsed cases of human brucellosis by PCR. BMC Infetious Disease, Jordânia, p.1-7, 28 abr. 2003. Disponível em: . Acesso em: 15 maio 2011.

PAPPAS, Georgios et al.The new global map of human brucellosis. The Lancet Infectious Diseases, v. 6, i. 2, p. 91-99, fev. 2006. Disponível em: . Acesso em: 10 de junho de 2011.

GERMANO, Pedro Manuel Leal; GERMANO, Maria Izabel Simões. Brucelose. In:_____. Higiene e Vigilância Sanitária de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela, 2003. p. 277-282.

LANGONI, Helio et al. Isolation of Brucella spp from milk of brucellosis positive cows in São Paulo and Minas Gerais states. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., São Paulo, v. 37, n. 6, Dec.2000.

BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Departamento de Pesquisas. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009 – Aquisição Alimentar Domiciliar per capita Brasil e Grandes Regiões -, Rio de Janeiro: Departamento de Pesquisas, 2010a. 282p.

WHO - WORLD HEALTH ORGANIZATION. Corbel M J (Org.). Brucellosis in humans and animals. Geneva: World Health Organization, 2006. 102 p.

SIVEP/DDA/DTHA/DVE/CGVS/SESAU

Page 210: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

209

3.7 DOENÇAS E AGRAVOS NÃO TRANSMISSÍVEIS

Katheryn Kellyn Waismann Odashiro Janira Costa Silva, Kátia Rejane dos Santos Campos Rosemere Lopes dos Santos Sandra Mara Oliveira de Carvalho

O Núcleo Estadual de Controle de Doenças e Agravos não Transmissíveis-

NCDANTS é responsável pelo controle e monitoramento dos seguintes programas:

Acidentes e Violências; Projeto Vida no Trânsito; Academia da Saúde e Registro de

Câncer de Base Populacional- RCBP.

As doenças cardiovasculares, os cânceres, as doenças respiratórias crônicas

e o diabetes mellitus se configuram como as principais doenças crônicas não

transmissíveis, tendo sido responsáveis, em 2015, por 51,6% do total de óbitos na

população de 30 a 69 anos no Brasil (Fonte: Sistema de Informações sobre

Mortalidade). Os dados salvam vidas e fazer uso deles é primordial para as

atividades de vigilância epidemiológica das doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT), visando conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência dessas doenças

e de seus fatores de risco para subsidiar o planejamento, a execução e o

monitoramento das ações para seu controle e prevenção.

As DCNT são multifatoriais, ou seja, determinadas por diversos fatores, sejam

eles sociais ou individuais. Elas se desenvolvem no decorrer da vida e são de longa

duração.

As principais DCNT (doenças cardiovasculares, doenças respiratórias

crônicas, diabetes mellitus e neoplasias) possuem quatro fatores de risco em

comum. Vale salientar que esses fatores de risco são modificáveis.

3.7.1 Consumo Nocivo de Álcool

A OMS estima que o consumo nocivo do álcool foi responsável por 3,3 milhões

de mortes em 2012, ou seja, 5,9% do total de óbitos no mundo. Além de relacionado

à mortalidade, o consumo de bebidas alcoólicas também é classificado entre os

cinco principais fatores de risco para incapacidades, principalmente entre jovens, e

está relacionado como fator causal de mais de 200 doenças e lesões como cirrose

hepática, câncer, distúrbios neurológicos e maior exposição a acidentes e violências.

Page 211: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

210

No mundo, a mortalidade ajustada por idade causada por transtornos mentais

e comportamentais por consumo de álcool (Classificação Internacional de Doenças

10ª revisão, código F10) subiu 21% em onze anos, passando de 4,26 por 100 mil

pessoas em 1996 para 5,17 por 100 mil pessoas em 2007. No Brasil, o percentual

de óbitos com causa básica plenamente atribuível ao álcool (CID 10, códigos: E24.4;

F10.0-F10.9; G31.2; G62.1; G72.1; I42.6; K29.2; K70.0-K70.4; K70.9; K85.2; K86.0;

O35.4; P04.3; Q86.0; R78.0; X45.0-X45.9; X65.0-X65.9; Y15.0-Y15.9; Y90.0-Y90.0;

Y91.0-Y91.9) passou de 1,2% no ano 2000, para 1,6% de todos os óbitos captados

pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) em 2013. Esse aumento foi

ainda maior quando considerado não somente o percentual de óbitos com causa

básica plenamente atribuível ao álcool, mas também as causas associadas, que

subiu de 1,9% do total no ano 2000 para 2,8% em 2013.

Considerando a magnitude deste problema, o monitoramento do consumo de

álcool se faz importante desde a adolescência. Segundo a Pesquisa Nacional de

Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015, 55,5% dos estudantes de 9º ano brasileiros,

da rede pública e privada, relataram que já haviam experimentado álcool.

Considerando os últimos 30 dias anteriores à realização da entrevista, 23,8% dos

estudantes relataram consumir pelo menos um copo ou uma dose de bebida

alcoólica, sendo este consumo superior em meninas (25,1%), em relação aos

meninos (22,5%). Cerca de 21,4% dos alunos investigados na PeNSE 2015

disseram que haviam se embriagado pelo menos uma vez na vida.

Entre adultos, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas é um indicador que

considera a quantidade consumida de bebida alcoólica - quatro ou mais doses,

quando mulheres e cinco ou mais doses para homens - em uma única ocasião.

Segundo o inquérito Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças

Crônicas por Inquérito Telefônico conjunto das 26 capitais e Distrito Federal)5, em

2017, 19,1%, dos adultos residentes nas 26 capitais brasileiras e Distrito Federal

relataram consumo abusivo de bebida alcóolica, sendo esta frequência maior em

homens (27,1%) do que em mulheres (12,2%). Ainda segundo esta pesquisa, a

prevalência do consumo abusivo de bebida alcoólica tendeu a diminuir após os 35

anos de idade, e a aumentar com o incremento da escolaridade.

Na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), a prevalência de consumo abusivo

de álcool foi de 13,7% para Brasil, sendo maior na área urbana (14,2%) quando

comparado à área rural (10,3%). A Região Centro-Oeste apresentou a maior

Page 212: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

211

prevalência (16,2%) e a Região Sul a menor (11,1%). Segundo a PNS, a média de

idade de iniciação do consumo de bebidas alcoólicas no Brasil foi de 18,7 anos, com

valores semelhantes para área urbana (18,8 anos) e rural (18,4 anos)

Tabagismo

O tabagismo é um importante fator de risco para o desenvolvimento de uma

série de doenças crônicas, como câncer, doenças pulmonares e doenças

cardiovasculares. Desse modo, o hábito de fumar permanece como líder global entre

as causas de mortes evitáveis. Outros estudos associam, também, o fumo passivo

a esse mesmo grupo de doenças.

O Brasil tem-se destacado como o país que vem reduzindo

progressivamente a prevalência de tabagismo nas Américas e no mundo. Em 1989,

a prevalência de fumantes era de 34,8%; em 2003, foi de 22,4%; e, em 2008, reduziu

para 17,2% na população de 15 anos ou mais (21,6% em homens e 13,1% em

mulheres). Os dados mais recentes, levantados pela Pesquisa Nacional de Saúde

(PNS) em 2013, mostram que a prevalência de usuários atuais de produtos

derivados do tabaco, na população de 18 anos ou mais, foi de 15% no país, sendo

maior na área rural (17,4%) quando comparado com a área urbana (14,6%).

Observando-se por sexo, a prevalência foi maior entre os homens (19,2%); por

região, o maior valor foi encontrado na região Sul (16,1%); e por UF a maior

prevalência foi no estado do Acre com 19,3%.

A PNS trouxe outras informações importantes sobre o tabagismo: 14,5%

dos adultos do país referiram ser fumantes atuais de cigarro e 17,5% referiram ser

ex-fumantes de tabaco. Dentre os fumantes, 51,1% declararam ter tentado parar de

fumar nos 12 meses anteriores à entrevista, e 8,8% referiram ter procurado

tratamento com profissional de saúde para parar de fumar nesse mesmo período.

Quanto à exposição à mídia, 28,7% dos adultos informaram que foram expostos à

mídia pró-tabaco e 52,1% à mídia antitabaco. Dos adultos fumantes, 86,2% referiram

estar expostos às advertências dos maços de cigarro, sendo que 52,3% pensaram

em parar de fumar devido a essas advertências.

Outro inquérito importante para o acompanhamento da tendência e

variação temporal dos indicadores de tabagismo é o Vigitel (Vigilância de Fatores

de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizado

anualmente, desde 2006, no conjunto das 26 capitais e do Distrito Federal. A edição

Page 213: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

212

de 2017, apresentou uma série histórica da prevalência de fumantes, indicando

redução estatisticamente significativa, de 15,6% em 2006 para 10,1% em 2017.

Entre 2006 e 2017, observando por sexo, a frequência diminuiu mais entre as

mulheres, com redução percentual na ordem de 39,5% no período. No mesmo

período, o consumo de 20 cigarros por dia entre homens reduziu percentualmente

na ordem de 39,7% no mesmo período. Em 2017, a frequência de fumantes passivos

no domicílio foi maior entre homens, quando comparado com as mulheres, com 7,3%

e 8,4%, respectivamente. No ambiente de trabalho, a prevalência de fumantes

passivos foi maior entre os homens (9,6%), em comparação com as mulheres

(4,3%).

Entre os adolescentes, os dados da última edição da Pesquisa Nacional de

Saúde do Escolar (PeNSE), realizada pelo IBGE e MS, em 2015, mostraram que

5,6% dos estudantes do 9º ano relataram ter fumado cigarro nos 30 dias anteriores

à entrevista. O percentual foi menor na região Nordeste (4,0%), e similar nas demais

regiões, variando de 6,0% no Sudeste a 7,0% no Sul. Quanto à experimentação de

cigarro, 18,4% dos adolescentes referiram já ter fumado alguma vez na vida. Essa

prevalência foi maior na Região Sul (24,9%) e menor na região Nordeste (14,2%) .

Inatividade Física

A prática de atividade física de forma regular é considerada um fator de

proteção à saúde das pessoas, enquanto que o sedentarismo é o quarto maior fator

de risco de mortalidade global. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),

3,2 milhões de mortes por ano em todo o mundo são atribuídas à atividade física

insuficiente 1. A OMS recomenda a prática de, no mínimo, 150 minutos de atividade

física semanal de intensidade leve a moderada ou 75 minutos de atividade de

intensidade vigorosa, entre adultos. No caso de adolescentes o tempo recomendado

sobe para 300 minutos de atividade de intensidade leve a moderada por semana, ou

150 minutos de atividade de intensidade vigorosa.

O inquérito telefônico Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção

para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) avalia a atividade física em quatro

domínios: no tempo livre ou atividades de lazer, no deslocamento para o trabalho ou

para a escola, nas atividades de trabalho, e nas atividades domésticas, sendo o

primeiro mais passível de intervenção. Conforme dados do Vigitel, a prática do nível

recomendado de atividade física no tempo livre referida por adultos residentes nas

capitais do Brasil passou de 29,9% em 2009 para 37% em 2017. A maior prevalência

Page 214: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

213

foi observada no sexo masculino (43,4%), na faixa etária de 18 a 24 anos (49,1%) e

na população com maior escolaridade (47%). A localidade com maior prevalência de

adultos ativos, em 2017, foi o Distrito Federal, com 49,6%.

Na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, a prevalência de adultos que

referiram praticar o nível recomendado de atividade física no lazer foi de 22,5%

incluindo a área urbana (23,8%) e rural (13,8%) do país. O maior valor foi observado

entre os homens (27,1%), em comparação às mulheres (18,4%); e entre as Unidades

da Federação o destaque também ficou para o Distrito Federal com 35,1%. Além da

atividade física no lazer, observou-se também que 14% dos adultos referiram prática

de 150 minutos de atividade física semanal no trabalho e 12,1% na realização de

atividades domésticas. O percentual de adultos insuficientemente ativos foi de

46,0%, e 28,9% referiram assistir televisão por 3 horas ou mais por dia.

Entre os adolescentes, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do

Escolar (PeNSE) 2015, 34,4% dos alunos do nono ano avaliados foram

considerados suficientemente ativos (pelo menos 300 minutos de atividade física

acumulada nos últimos sete dias), com maior prevalência entre os meninos (43,9%)

que entre as meninas (25,4%). Observando o número de aulas de educação física

que os adolescentes frequentaram na escola na semana anterior à entrevista, houve

uma queda no percentual de escolares que não tiveram aulas de educação física.

Em 2012, 18,3% dos escolares informavam não terem tido aulas de educação física

nos últimos sete dias anteriores à pesquisa. Em 2015, esse percentual passou a ser

de 14,0%. Quanto ao hábito de assistir televisão, 59,8% dos adolescentes referem

gastar mais de duas horas por dia em frente à TV e 56,1% costumam realizar

atividades sentados(as), por mais de três horas.

3.7.2 Alimentação Não Saudável

No Brasil, houve uma redução na compra de alimentos tradicionais básicos,

como arroz, feijão e hortaliças, e aumentos notáveis na compra de alimentos

processados, entre meados da década de 1970 e meados da década de 2000,

acarretando aumento no consumo de gorduras saturadas, sódio e açúcares livres.

No outro lado, dentre os marcadores de padrão alimentar saudável, está o consumo

de frutas e hortaliças. A Organização Mundial de Saúde recomenda a ingestão diária

de pelo menos 400 gramas de frutas e hortaliças, o que equivale, aproximadamente,

ao consumo diário de cinco porções desses alimentos. Segundo dados

Page 215: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

214

do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico conjunto das 26 capitais e Distrito Federal) 2016, 80,4% da

população com 18 anos não atingiram o consumo recomendado de frutas e

hortaliças (cinco ou mais porções diárias de frutas e hortaliças em cinco ou mais dias

da semana).

Outro importante marcador de alimentação não saudável monitorado é o

consumo regular de refrigerantes, caracterizado pelo consumo destas bebidas em

cinco ou mais dias da semana. Entre adultos, segundo o Vigitel 2017, a frequência

de consumo regular de refrigerantes foi de 14,6%, sendo mais alta entre homens

(17,4%) do que entre mulheres (12,2%). Ressalta-se que a prevalência deste

indicador vem reduzindo, passando de 30,9% em 2007 para os atuais 14,6%.

O monitoramento destes indicadores se faz importante também na população

adolescente, considerando ser esta uma fase importante para formação e

manutenção de hábitos alimentares. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do

Escolar (PeNSE)4 de 2015, a prevalência de marcadores de alimentação não

saudável entre estudantes do 9º ano do ensino fundamental foi de 41,6% para

guloseimas (como doces, balas, chocolates, chicletes, bombons ou pirulitos), 26,7%

para refrigerantes e 31,3% para alimentos ultraprocessados salgados (como

hambúrguer, presunto, mortadela, salame, macarrão instantâneo e salgadinho de

pacote).

Para a população infantil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013 trouxe

alguns resultados sobre alimentação entre crianças menores de 2 anos, apontando

que os hábitos alimentares não saudáveis estão presentes desde cedo entre os

brasileiros. A prevalência de crianças que comeram biscoitos ou bolachas ou bolos

desde o dia anterior à entrevista foi de 60,8% no Brasil. Em relação a refrigerante ou

suco artificial, a prevalência de crianças que consumiram essas bebidas desde o dia

anterior à entrevista foi de 32,3% no país.

No âmbito do Ministério da Saúde, a vigilância epidemiológica de DCNT, é

responsabilidade da Coordenação-Geral de Vigilância de Doenças e Agravos não

Transmissíveis e Promoção da Saúde do Departamento de Vigilância de Doenças e

Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde, Secretaria de Vigilância em

Saúde (SVS).

Essa vigilância se configura como um conjunto de ações e processos que

permitem conhecer a ocorrência, a magnitude e a distribuição das DCNT e de seus

Page 216: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

215

principais fatores de risco no país, bem como identificar os seus determinantes e

condicionantes econômicos, sociais e ambientais. Além disso, uma das ações da

vigilância de DCNT é caracterizar a tendência temporal das DCNT. Essas ações são

fundamentais para o planejamento, o monitoramento e a avaliação das ações de

cuidado integral e das políticas públicas de prevenção e controle das DCNT no

Brasil.

Os três componentes essenciais da vigilância de DCNT são: a)

Monitoramento dos fatores de risco; b) Monitoramento da morbidade e mortalidade

das DCNT; e c) Monitoramento e avaliação das ações de assistência e promoção da

saúde.

O instrumento norteador da Vigilância de DCNT é o Plano de Ações Estratégicas

para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil,

2011-2022. Este documento apresenta a vigilância de DCNT como um de seus

eixos, onde se encontram detalhados os indicadores, metas, objetivos e ações a

serem desenvolvidas por esta vigilância.

3.7.3 PROJETO VIDA NO TRÂNSITO

O Projeto Vida no Trânsito (PVT) faz parte da iniciativa internacional

denominada‘Road Safety in Ten Countries’ (RS 10), formada por um consórcio das

seguintes instituições: OMS; OPAS; Association for Safe International Road Travel

(ASIRT); EMBARQ; Global Road Safety Partnership (GRSP); Johns Hopikins

Bloomberg School of PublicHealth (JHU); World Bank Global Road Safety Facility

(GRSF); e Bloomberg Philanthropies, esta que é uma das instituições financiadoras

do projeto juntamente com os recursos próprios dos países. Essa iniciativa está

presente em dez países no mundo – Federação Russa, China, Turquia, Egito,

Vietnam, Camboja, Índia, Quênia, México e Brasil.

Do total de vítimas fatais no trânsito mundial, 62% ocorrem em dez países na

seguinte ordem de magnitude: Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Brasil, Irã,

México, Indonésia, África do Sul e Egito (Organização Mundial da Saúde – OMS

2009).

O comprometimento do Governo Brasileiro em desenvolver o Projeto no país

tem como propósito enfrentar a grave situação dos acidentes de trânsito, descrita

anteriormente, a partir de ações nacionais, estaduais e municipais, procurando

desenvolver e aprimorar estratégias de segurança no trânsito bem sucedidas,

Page 217: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

216

possíveis de serem apropriadas pelos municípios e Estados. O Projeto é mais uma

estratégia dentro do conjunto de intervenções que farão parte do Plano Nacional da

Década de Ações de Segurança.

No Brasil a implantação do Projeto Vida no Trânsito (PVT) deu-se através da

Portaria Interministerial nº 2.268, de 10/08/2010, sendo o Ministério da Saúde o

responsável pela coordenação dessa comissão, com dois fatores de risco prioritários

dessa comissão: velocidade e álcool. Em 2011, foi registrado no Sistema de

Informações sobre Mortalidade (SIM) um total de 43.256 óbitos por Acidentes de

Transporte Terrestre (ATT). Desse total, 82,3% foram homens e entre estes, 38,8%

se encontrava na faixa de idade de 20 a 39 anos. (Epidemiol.Serv.Saúde,

Brasilia,2013) www.paho.org/.../index.php?...opas...projeto-vida-no-transito/ Fonte:

Ministério da Saúde/Adriano Schimit

Fontes do Ministério da Saúde (43.075 óbitos e 201.000 feridos hospitalizados

em 2014) e o Seguro DPVAT (em 2015, 42.501 indenizações por morte e 515.751 por

invalidez).

3.7.4 Estatística dos Acidentes em Roraima

PESSOAS ENVOLVIDAS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO REGISTRADOS EM RORAIMA

ANOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

2016 820 781 828 866 755 838 762 839 814 835 767 883 9788

2017 711 714 796 725 728 738 641 723 675 697 682 775 8605

2018 514 572 647 620 600 603 447 534 515 609 302 300 6263

2019 331 417 426 469 497 420 414 446 410 453 398 510 5191

Fontes:CPC/CPI/IML

Nota-se que:

das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril 2016 com 2017 houve redução de 10,6%,

das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril de 2017 com 2018 houve redução de 20,1%,

das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril de 2018 com 2019 houve redução de 30,2%

e das pessoas envolvidas em acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a abril de 2019 com 2020 houve redução de 11,4%.

0

1000

2000

3000

4000

2016 2017 2018 2019 2020

32952946

2353

1643 1455

Fonte: CPC

PESSOAS ENVOLVIDAS EM ACIDENTES DE TRÂNSITO EM RORAIMA DE JANEIRO A ABRIL DE 2016 A 2020

Page 218: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

217

ACIDENTES DE TRÂNSITO REGISTRADOS EM RORAIMA

ANOS JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

2016 360 342 362 379 343 383 349 378 368 386 345 397 4392

2017 324 310 358 319 326 330 279 321 298 296 294 345 3800

2018 226 253 281 268 258 268 198 233 232 263 137 135 2752

2019 138 185 193 211 220 192 187 198 183 201 175 224 2307

Nota-se que:

no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2016 com 2017 houve redução de 8,3%,

no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2017 com 2018 houve redução de 21,4%,

no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2018 com 2019 houve redução de 26,4%

e no comparativo de acidentes de trânsito em Roraima de janeiro a maio de 2019 com 2020 houve redução de 11,6%.

Comparação com Outros Dados

A Seguradora Líder, entidade gestora do seguro obrigatório DPVAT, fornece

estatísticas referentes às indenizações pagas por morte.

Também, até 2006, o DENATRAN publicou Anuários Estatísticos a partir dos

Boletins de Ocorrência estabelecidos pela Polícia.

O gráfico abaixo mostra a comparação entre os dados provenientes destas três

fontes:

0

1000

2000

2016 2017 2018 2019 2020

17861637

1286

947 837

Fonte: CPC

ACIDENTES DE TRÂNSITO EM RORAIMA DE JANEIRO A MAIO DE 2016 A 2020

Page 219: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

218

Neste gráfico, a curva "DPVAT" representa o número de indenizações pagas

cada ano. Isto não corresponde ao número de óbitos ocorridos no ano, pois certos

processos de indenização podem levar vários anos. A forma irregular da curva traduz

unicamente a evolução dos processos administrativos de indenização, sem nada a

ver com a evolução do número de ocorrências.

Ao contrário, a curva "DATASUS" representa o número de óbitos registrados

pelo Ministério da Saúde cada ano.

O gráfico mostra que, no período 2005-2015, o número de mortos no trânsito,

indenizados pelo DPVAT, foi superior ao número registrado no âmbito do SUS.

A curva "DATASUS" representa o número de pessoas que foram internadas

em hospital em decorrência de acidentes de trânsito.

A curva "DPVAT" representa o número de pessoas que foram indenizadas por

invalidez permanente cada ano. Isto não corresponde ao número de lesões ocorridas

no ano, pois certos processos de indenização podem levar vários anos. A grande

diferença entre as ordens de grandeza dos números de indenizações antes e depois

2007 pode se dever a uma maior facilidade de acesso ao seguro a partir daquele ano.

Estes dois indicadores têm a ver com a gravidade das lesões, porém os valores

dos últimos anos são tão diferentes que não é possível tirar deles, diretamente, uma

avaliação do número de feridos graves. Uma análise comparativa mais detalhada

seria necessária.

Page 220: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

219

3.7.5 Avaliação do Número de Mortos no Trânsito

Segundo os dados do DETRAN: 146 mortos em 2011, 164 em 2012, 188 em

2013.

Segundo os dados do Ministério da Saúde (DATASUS), óbitos ocorridos no

Estado: 135 em 2011, 149 em 2012, 152 em 2013; 146 em 2014 e 160 em 2015.

E segundo a DPRF, mortos nas rodovias federais do Estado: 35 em 2011, 28

em 2012.

Na tabela abaixo é apresentado o número de óbitos por município de ocorrência

no Estado de Roraima, de acordo com a fonte SIM/NSIS/CGVS/SESAU/RR

(Dezembro de 2019): 447 óbitos em 2014, 551 em 2015, 478 em 2016, 576 em 2017,

558 em 2018 e 121 em 2019.

Frequência por Ano do Óbito segundo Município Residência - RR

Munc Resid - RR 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Alto Alegre 29 41 40 40 19 8 177

Amajari 11 20 19 20 12 2 84

Boa Vista 255 296 270 331 376 71 1599

Bonfim 15 18 8 20 10 5 76

Cantá 15 25 21 21 24 3 109

Caracaraí 29 43 35 24 28 4 163

Caroebe 6 12 7 9 7 3 44

Iracema 15 17 12 10 7 1 62

Mucajaí 27 18 14 21 20 5 105

Normandia 5 7 10 6 5 4 37

Pacaraima 7 8 1 7 11 4 38

Rorainópolis 26 32 24 48 19 5 154

São J. da Baliza 3 4 4 5 9 2 27

São Luiz 2 6 4 8 7 3 30

Uiramutã 2 4 9 6 4 1 26

Total 447 551 478 576 558 121 2731

Fonte: SIM/DANTS/DVE/CGVS/SESAU/RR

Page 221: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

220

POPULAÇÃO RESIDENTE E FROTA DE VEÍCULOS REGISTRADA

BOA VISTA 2018-2019

Fonte: Elaborado pelo Setor de Estatística da SMST com dados do DENATRAN, GETRAN e (IBGE)

Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN- 2016

Obs: *Estimativa do IBGE (2018,2019).

3.7.6 INFORMAÇÕES GERAIS E INDICADORES DE TRÂNSITO

MUNICÍPIO DE BOA VISTA 2019

POPULAÇÃO6: 399.213 Habitantes

FROTA REGISTRADA7: 217.936 Veículos

VEÍCULOS8:

Motos 84.958 42,2%

Automóveis 71.637 36,0%

Caminhonete 29.757 14,4%

Caminhão 4.213 2,7%

Utilitário 1.358 0,7%

Semi Reboque 1.399 0,7%

Ônibus 997 0,7%

Micro-Ônibus 538 0,3%

Outros 4.324 2,3%

Total 199.181 100%

Frota de veículos, por tipo e com placa, segundo os Municípios da Federação - NOVEMBRO/2018 ¹ Estimativa do IBGE. ² O Município de Boa Vista concentra 88% da frota de veículos do Estado de Roraima. ³ Neste indicador as camionetas são agrupadas junto com os automóveis e as motonetas junto com

as motocicletas em “Motos”.

3.7.8 REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL - RCBP

“Motos”.

ESPECIFICAÇÃO ANO

2018 2019

POPULAÇÃO 188.641 399.213

FROTA 79.646 199.181

MOTO 73.133 66.947

AUTOMÓVEL 27.097 71.637

CAMINHONETE 5.080 26.041

CAMINHÃO 1.305 4.213

UTILITÁRIO 1.140 1.358

ÔNIBUS 694 997

MICRO-ÔNIBUS 4.453 5.254

Page 222: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

221

O Registro de Câncer de Base Populacional – (RCBP) constitui-se de uma

ferramenta de vigilância e monitoramento das neoplasias. Tendo como objetivo:

coletar, analisar e classificar as informações de todos os casos novos de cânceres, a

fim de produzir estatísticas epidemiológicas dos diferentes tipos de neoplasias dessas

ocorrências em uma população definida.

No Brasil, há atualmente 27 (vinte e sete) RCBP implantados, esses registros

representam uma importante fonte de informações sobre a incidência do câncer no

Brasil. A partir dos dados gerados pelo RCBP, estima-se a incidência desta patologia

por áreas geográficas, esses dados são encaminhados periodicamente via sistema

para o Instituto Nacional do Câncer- INCA e Ministério da Saúde.

3.7.9 Descrição do RCBP Roraima

Os registros de câncer são fontes imprescindíveis para o desenvolvimento de

pesquisas epidemiológicas e clínicas, como também para planejamento e avaliação

das ações de controle. Os Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP)

surgiram no Brasil em fins dos anos 1960 por iniciativas que buscavam a obtenção de

informações sobre morbidade por câncer no país, como se verificava em diversas

partes do mundo. No início dos anos 1980 surgia no INCA o primeiro Registro

Hospitalar de Câncer (RHC) brasileiro.

Os RCBP produzem informações que permitem descrever e monitorar o perfil

da incidência, enquanto os RHC reúnem informações que têm por finalidade a

avaliação da qualidade da assistência prestada a pacientes atendidos em

determinado hospital ou num conjunto de hospitais.

Fonte: www1.inca.gov.br/situacao/arquivos/acoes_vigilancia.pdf)

O RCBP Roraima integra a rede de informações do Instituto Nacional do

Câncer, todos os procedimentos desenvolvidos baseiam-se nas normas de

padronização recomendadas pela IARC/OMS, cujos objetivos:

I - Coleta ativa em todas as fontes de notificadoras do RCBP, nas quais serão

identificados todos os tumores malignos diagnosticados no ano definido;

II - Adotar condutas padronizadas conforme determinação do INCA/MS;

III – Criar e executar relatórios operacionais e não operacionais;

IV – Analisar as informações de forma integrada, de modo a contribuir para o

planejamento, monitoramento e avaliação das ações oncológicas, bem como para a

vigilância das doenças e agravos não transmissíveis.

Page 223: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

222

O RCBP notifica os casos de qualquer indivíduo residente em Roraima, com a

confirmação e diagnóstico de neoplasia maligna por meio de exames

anatomopatológicos, citológicos, hematológico, histológico, exploração cirúrgica, por

imagem, exame clínico ou por outro meio diagnóstico com parecer médico, e casos

de óbitos por câncer.

Fontes de informações: Registros de Câncer de Base Populacional do Estado.

3.7.10 Contribuição de Casos Definitivos por Fonte de Notificação

Para que o registro de câncer de base populacional possa desenvolver e

cumprir suas atividades operacionais através da alimentação do sistema interligado

com o Instituto Nacional do Câncer, é importante a colaboração das fontes

notificadoras, para este registro. Temos como colaboradores o Centro de Atenção ao

Paciente Oncológico, Centro de Referência da Saúde da Mulher, Hospital Coronel

Mota, Hospital da Criança Santo Antônio, Hospital Geral de Roraima, Laboratório

Central de Patologia Estadual, Laboratório de Cito Patologia Municipal, Laboratório de

Citopatologia Estadual, Laboratório de Patologia e Análises Clinicas Lapac,

Laboratório Nossa Senhora de Fátima, Registro Hospitalar de Câncer, Sistema de

Informação de Mortalidade e Siscolo.

3.7.11 REGISTRO DE CÂNCER DE BASE POPULACIONAL DE RORAIMA LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA DOS CASOS DE CÂNCER SÉRIE HISTÓRICA - PERÍODO 2006 a 2013

LOCALIZAÇÃO PRIMÁRIA 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL

Colo do útero 37 45 76 60 21 3 2 2 246

Próstata 28 47 91 71 33 6 9 1 286

Mama 18 15 32 42 23 4 5 1 140

Fígado 13 21 23 15 15 10 8 0 105

Reto 12 5 4 4 6 1 1 1 34

Brônquios e pulmões 20 22 29 45 30 12 14 0 172

Tireóide 4 10 10 12 4 0 0 0 40

Estômago 21 29 32 27 18 6 7 0 140

Pênis 3 4 3 0 3 0 0 0 13

Ovário 5 4 7 7 3 0 0 0 26

Total 161 202 307 283 156 42 46 5 1.202 Fonte: RCBP/NCDANTS/CGVS/SESAU/RR.

Tabela 52. Distribuição de casos analíticos de tumores por topografia dos anos de 2006 a 2013.

A tabela acima indica a incidência de casos de câncer do colo do útero no

período de 2006 a 2013 no estado de Roraima. Verifica-se um alto índice de câncer

do colo do útero no Estado.

Page 224: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

223

No ano de 2005, o trabalho de busca ativa, análise de prontuários e

mapeamento de novas fontes, continua sendo realizado com algumas dificuldades em

relação ao acesso a essas informações, em virtude de sua complexidade.

No ano de 2018, foram coletados os bancos dos casos positivos de cânceres

do ano 2012 a 2016, sendo encaminhado para o INCA para inserção no

SISBASEPOPWEB.

A equipe técnica do INCA em conjunto com o RCBP está realizando a limpeza

dos bancos de casos positivos de cânceres do ano de 2012 a 2015.

3.7.12 VIOLÊNCIA INTERPESSOAL E AUTOPROVOCADA

No Brasil e no mundo, o impacto da morbimortalidade por causas externas

(violências e acidentes) constitui uma das maiores preocupações para chefes de

Estado e dirigentes do setor saúde. O incremento da mortalidade por violências e

acidentes, assim como do número de internações e de sequelas devido,

principalmente, a homicídios, acidentes de transporte terrestre e quedas têm

contribuído significativamente para a redução da expectativa de vida de adolescentes

e jovens e da qualidade de vida da população. O fenômeno das violências e acidentes

pode ser considerado endêmico em muitos países, entre os quais o Brasil, tornando-

se um grave problema de saúde pública.

O MS, reconhecendo que as violências e os acidentes exercem grande peso

social e econômico, em especial, sobre o Sistema Único de Saúde – SUS, e que as

intervenções pautadas na vigilância, prevenção e promoção da saúde são

fundamentais para o enfretamento desse problema, assumiu a responsabilidade de

implantar, em 2001, a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por

Acidentes e Violências.

Em 2006, as ações de prevenção de violências e acidentes e de promoção da

saúde e cultura de paz foram priorizadas na Política Nacional de Promoção da Saúde.

Para consolidar a implementação dessas políticas, especialmente no tocante à

vigilância epidemiológica de violências e acidentes, o MS publica este Instrutivo para

o preenchimento da Ficha de notificação/investigação individual de violência

doméstica, Sexual e/ou Outras Violências, cujo objetivo é subsidiar os profissionais

de saúde e de outros setores que atuam nos serviços de atendimento às pessoas que

sofreram ou que vivem em situações de violências para um preenchimento mais

Page 225: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

224

padronizado dessa ferramenta de coleta de dados. Secretaria de Vigilância em

Saúde/MS 6 A Ficha de notificação/investigação individual de violência doméstica,

sexual e/ou outras violências e seu Instrutivo para o preenchimento foram construídos

em colaboração com gestores e profissionais de saúde do MS e de outras instituições

governamentais das três esferas que compõem o SUS, de instituições de ensino e

pesquisa e parcerias não governamentais.

Essa ficha é composta por um conjunto de variáveis e categorias que retratam

as violências perpetradas contra si (violências autoprovocadas), contra outra pessoa

ou contra grupos populacionais (violências interpessoais), conforme a definição de

caso contida nesse instrutivo. Este instrutivo refere-se à Ficha de

notificação/investigação individual de violência doméstica, sexual e/ou outras

violências do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net. O

aplicativo de entrada de dados no Sinan foi desenvolvido pelo Datasus/MS, no

segundo semestre de 2008, em parceria com a Gerência Técnica do Sinan e com a

Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violências e Acidentes, e tem como

objetivos específicos coletar, transmitir e consolidar dados gerados rotineiramente

pela vigilância epidemiológica dos agravos de notificação compulsória, fornecendo

informações para tomada de decisão e análise do perfil da morbidade da população

nas três esferas de governo, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. A

coordenação nacional das ações de promoção, prevenção e vigilância de violências e

acidentes – Viva e do Sinan é de responsabilidade da Secretaria de Vigilância em

Saúde – SVS, do MS, por meio da Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não

Transmissíveis – CGDANT, do Departamento de Análise de Situação em Saúde –

Dasis e da Gerência Técnica do Sinan, da Coordenação Geral de Vigilância e

Resposta às Emergências em Saúde Pública – CGVR e do Departamento de

Vigilância Epidemiológica – Devep, respectivamente. Essas ações são articuladas e

desenvolvidas no âmbito do SUS com as secretarias de Saúde de estados e

municípios. VIVA: Instrutivo da Notificação de Violência Doméstica, Sexual e outras

Violências.

Fonte:bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/viva_instrutivo_notificacao_violencia_do

mestica.pdf

A vigilância de violências e acidentes tem o objetivo de subsidiar ações de

enfrentamento dos determinantes e dos condicionantes das causas externas, que se

tornaram objeto de vigilância e de prevenção em saúde, no âmbito do Sistema Único

Page 226: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

225

de Saúde, sob a coordenação do Ministério da Saúde numa perspectiva intersetorial,

priorizando-se os grupos em situação de vulnerabilidade, com base no direito à saúde

e à vida, incentivando a formação de redes de atenção e proteção às pessoas vítimas

de violências e acidentes, buscando, desta forma, garantir a atenção integral, a

promoção da saúde e a cultura de paz.

Este monitoramento tem subsidiado a elaboração de políticas públicas e de

ações de saúde que estão voltadas para o enfrentamento desses problemas.

Fonte: portalsaude.saude.gov.br

Comparativo do Crescimento Anual de Fichas de Notificações Compulsórias das

Violências Interpessoais em Boa Vista 2018-2019

Fonte: SINANNET/SINAN/DANTS/DVE/CGVS/SESAU/RR- 29.07.2020

Comparativo do Crescimento Anual de Fichas de Notificações Compulsórias das

Violências Autoprovocadas em Boa Vista 2018-2019

Fonte: SINANNET/SINAN/DANTS/DVE/CGVS/SESAU/RR- 29.07.2020

Conforme mostra o gráfico, após a intensificação das capacitações para o

correto preenchimento das fichas de notificação compulsória no estado de Roraima,

houve um aumento significativo nas notificações do ano de 2018 para 2019,

diminuindo as subnotificações.

1329

2157

0

500

1000

1500

2000

2500

2018 2019

N. 3.486

341

704

0

100

200

300

400

500

600

700

800

2018 2019

N. 1.045

Page 227: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

226

3.7.13 ACADEMIA DA SAÚDE

A Portaria nº 719/2013, de 07 de abril de 2011, lançada pelo Ministério da

Saúde instituiu o Programa Academia da Saúde no âmbito do SUS. É uma política

pública fundamentada a partir dos princípios e das diretrizes do SUS e nas Políticas

Nacionais de Atenção Básica e Promoção da saúde. Esse conjunto de preceitos

institucionais fornece os princípios, diretrizes e as recomendações para a

implementação do Programa na Atenção Básica dos municípios, baseados na Lei

Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990) (Portaria nº 2.446, de 11 de novembro de

2014) e de Atenção Básica (Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017).

Nessa perspectiva, o Programa Academia da saúde tem vem fomentar a

implementação de Políticas Nacionais de Promoção da Saúde e práticas de cuidado

em saúde voltadas à promoção da saúde e prevenção de Doenças Crônicas Não

Transmissíveis (DCNT), bem como, compor as ações e serviços de saúde na Atenção

Primária, como elemento indissociável à integralidade do cuidado dos usuários do

SUS.

O Programa Academia da Saúde tem como objetivo principal contribuir para a

promoção da saúde e de promoção do cuidado e de modos de vida saudáveis da

população a partir da implantação de polos no Estado com infraestrutura e

profissionais qualificados, conforme Art. 2º da Portaria nº 2681/2013/MS/GM.

pólos da academia da saúde vem ao encontro

São objetivos específicos do Programa Academia da Saúde, disposto no Art.

6º da Portaria de Consolidação n 5, de 28 de setembro de 2017:

I - Ampliar o acesso da população às políticas públicas de promoção da saúde;

II - Fortalecer a promoção da saúde como estratégia de produção de saúde;

III - Desenvolver a atenção à saúde nas linhas de cuidado, a fim de promover

o cuidado integral;

IV - Promover práticas de educação em saúde;

V - Promover ações intersetoriais com outros pontos de atenção da Rede de

Atenção à Saúde e outros equipamentos sociais do território;

VI - Potencializar as ações nos âmbitos da atenção básica, da vigilância em

saúde e da promoção da saúde;

VII - Promover a integração multiprofissional na construção e na execução das

ações;

Page 228: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

227

VIII - Promover a convergência de projetos ou programas nos âmbitos da

saúde, educação, cultura, assistência social, esporte e lazer;

IX - Ampliar a autonomia dos indivíduos sobre as escolhas de modos de vida

mais saudáveis;

X - Aumentar o nível de atividade física da população;

XI - Promover hábitos alimentares saudáveis;

XII - Promover mobilização comunitária com a constituição de redes sociais

de apoio e ambientes de convivência e solidariedade;

XIII - Potencializar as manifestações culturais locais e o conhecimento popular

na construção de alternativas individuais e coletivas que favoreçam a promoção da

saúde;

XIV - Contribuir para ampliação e valorização da utilização dos espaços

públicos de lazer, como proposta de inclusão social, enfrentamento das violências e

melhoria das condições de saúde e qualidade de vida da população.

São Diretrizes do Programa Academia da Saúde, conforme Art. 3º nº

2681/2013/MS/GM:

I - Configurar-se como ponto de atenção da Rede de Atenção à Saúde,

complementar e potencializador das ações de cuidados individuais e coletivos na

atenção básica;

II - Referenciar-se como um programa de promoção da saúde, prevenção e

atenção das doenças crônicas não transmissíveis; e

III - Estabelecer-se como espaço de produção, ressignificação e vivência de

conhecimentos favoráveis à construção coletiva de modos de vida saudáveis.

São princípios do Programa Academia da Saúde, conforme Art. 4º Portaria nº

2681/2013/MS/GM:

I - Participação popular e construção coletiva de saberes e práticas em

promoção da saúde;

II - Intersetorialidade na construção e desenvolvimento das ações;

III - Interdisciplinaridade na produção do conhecimento e do cuidado;

IV - Integralidade do cuidado;

V - Intergeracionalidade, promovendo o diálogo e troca entre gerações; e

VI - Territorialidade, reconhecendo o espaço como local de produção da

saúde.

Page 229: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

228

As atividades devem ser desenvolvidas no âmbito do Programa da Academia

da Saúde está fundamentado no Art. 6º da Portaria nº 2681/2013/MS/GM, em

conformidade com os seguintes eixos:

I - Práticas corporais e atividades físicas;

II - Produção do cuidado e de modos de vida saudáveis;

III - Promoção da alimentação saudável;

IV - Práticas integrativas e complementares; (

V - Práticas artísticas e culturais;

VI - Educação em saúde;

VII - Planejamento e gestão; e

VIII - Mobilização da comunidade.

As atividades desenvolvidas nos pólos da Academia da Saúde estão na

responsabilidade das equipes de saúde, constituídas pela Atenção Básica, incluindo

os profissionais que atuam na Estratégia Saúde da Família e nos Núcleos de Apoio à

Saúde da Família (NASF).

Além desses profissionais mínimos das equipes apontados acima, os

municípios poderão acrescentar profissional(ais) de outras áreas de conhecimento

para realização de atividades afins aos objetivos, princípios e diretrizes do Programa

Academia da Saúde.

Para acompanhamento do funcionamento e resultados alcançados pelos pólos

da academia de saúde nos municípios, o Ministério da Saúde recomenda, a

constituição de grupo de apoio vinculado a gestão de cada pólo em funcionamento,

por representantes do controle social e por profissionais de outras áreas envolvida no

Programa, como forma de atingir os princípios da gestão compartilhada, a garantia da

participação da comunidade na organização das atividades oferecidas de acordo com

as especificidades e necessidades da região.

Os recursos destinados à construção, à infraestrutura dos pólos poderão vir de

recursos próprios da União, dos Estados e dos municípios, conforme pactuação. Para

isso, o Art. 18 da Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017 definiu

os critérios referentes aos incentivos financeiros de investimento para construção dos

pólos

A construção dos pólos são desenvolvidas, conforme modalidade a serem

construídas no território nacional e por propostas de construção encaminhadas de

cada município no Sistema de Monitoramento de Obras (SISMOB), podendo ser:

Page 230: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

229

I - Modalidade Básica;

II - Modalidade Intermediária; e

III - Modalidade Ampliada.

Na portaria de Consolidação nº 5, no Art. 19 ficam definidos nos incisos abaixo

os critérios de construção por modalidade:

- § 1º, define que: "Os polos do Programa Academia da Saúde serão

construídos pelo município ou Distrito Federal interessado, em conformidade com as

estruturas físicas mínimas definidas no Anexo I" e,

- § 2º "É facultada aos municípios e Distrito Federal a inclusão de

equipamentos na área descoberta, dispostos no Anexo II , não podendo os mesmos

serem substituídos por outros tipos";

- § 3º É vedada a substituição dos equipamentos previstos no Anexo II por

outros não previstos na regulamentação do Programa Academia da Saúde.

- § 4º Os polos do Programa Academia da Saúde deverão ser construídos na

área de abrangência territorial do estabelecimento de saúde de referência no âmbito

da Atenção Básica;

- § 5º Para fins do disposto no § 4º, o polo da Modalidade Básica, tendo em

vista sua estrutura reduzida, deverá ser construído em um raio de até 100 (cem)

metros do estabelecimento de saúde de referência.

- § 6º O polo do Programa Academia da Saúde deverá ser identificado

utilizando padrões visuais do Programa Academia da Saúde, apresentados no Manual

de Identidade Visual (MIV) do Programa Academia da Saúde, disponível no endereço

eletrônico www.saude.gov.br/academiadasaude.

As atividades desenvolvidas em cada pólo do Programa Academia da Saúde

deverão somar, no mínimo 40 (quarenta) horas semanais, com garantia de

funcionamento do polo, em pelo menos 2 (turnos) diários, em horários definidos a

partir da necessidade da população e do território.

A equipe de profissionais é multidisciplinar, para atendimento a comunidade em

geral e grupos específicos (idosos portadores de doenças crônicas e gestantes) e fará

jus ao recebimento de incentivo de custeio, após atendidos todos os critérios para

finalização da obra e está apta para funcionamento.

Após a publicação da Portaria de credenciamento para funcionamento, o pólo

fará jus ao recebimento de custeio para manutenção básica, desde que atenda os

Page 231: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

230

seguintes critérios, conforme Art. 139 da Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de

setembro de 2017:

I - cadastre o(s) profissional(is) no SCNES do pólo ou do Estabelecimento de

Atenção Básica onde a estrutura de apoio ao Programa esteja localizada, conforme o

Código Brasileiro de Ocupação (CBO) descrita no Anexo III da Portaria de

Consolidação nº 5, sendo pelo menos 1 (um) profissional com carga horária de 40

(quarenta) horas semanais ou, no mínimo, 2 (dois) profissionais com carga horária de

20 (vinte) horas semanais cada;

II - acesse o mesmo sistema do Ministério da Saúde onde a proposta foi

cadastrada e inclua o(s) SCNES do pólo, para fins de comprovação; e

III - alimente os dados no sistema de informação da atenção básica,

comprovando, obrigatoriamente, o início e a execução das atividades.

No Estado de Roraima, os 15 municípios aderiram ao Programa, em períodos

distintos: Alto Alegre, Amajari e Pacaraima no ano de 2011; Caracaraí, Iracema e

Rorainópolis em 2012; Bonfim, Cantá, Mucajaí, São Luiz e Uiramutã em 2013, São

João da Baliza em 2015 e Boa Vista como polo similar em 2015.

Em 2017 o monitoramento do Programa foi realizado através do NCDANT pelo

FORMSUS formulários. Já no ano de 2018 o acompanhamento passou a ser realizado

pela Coordenação Geral de Alimentos e Nutrição através do Departamento de

Atenção Básica e pelo E-GESTOR questionários.

O monitoramento é um instrumento de acompanhamento do Programa em

parceria com os municípios, que possibilita apoio a implantação e implementação do

programa, em conformidade com as diretrizes da Política Nacional de Promoção da

Saúde e da Política de Atenção Básica.

O monitoramento inclui visita técnica a todos os municípios com pólos de

Academia da Saúde em funcionamento. A avaliação realizada das academias inclui a

aplicação de questionários enviados ao gestor ou responsável técnico para

acompanhamento mensal das ações, para subsidiar orientações técnicas,

planejamento das atividades coletivas, impactos dos resultados alcançados, alcance

de metas e encaminhamentos necessários no âmbito do Ministério da Saúde.

Page 232: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

231

Classificação por Modalidade de Construção dos Pólos do Programa Academia da

Saúde no Estado de Roraima.

MUNICÍPIO SIMILAR BÁSICA INTERMEDIÁRIA AMPLIADA

Boa Vista X X

Alto Alegre X

Amajari X

Bonfim X

Cantá X

Caracaraí X

Iracema X

Mucajaí X

Pacaraima X

Rorainópolis X

São João da Baliza X

São Luiz do Anauá X

Caroebe X

Uiramutã X

Fonte: SISMOB/NCDANTS/CGVS/SESAU/RR

Observa-se que a oferta de atividades nos pólos é de caráter diferenciado,

desta forma, o planejamento estratégico dos polos da Academia da Saúde busca

atender as especificidades da comunidade em cada município.

Nessa perspectiva, ressaltamos que os polos da Academia da Saúde, que

ofertam atendimentos diversos para suprir as demandas locais e assim, cumprir com

os princípios e as diretrizes do SUS e das Políticas Nacionais de Atenção Básica e

Promoção da saúde.

Considerações finais

Este Núcleo em conformidade com a Descrição das Ações previstas de acordo

com os Eixos do Plano de Enfrentamento das DCNT e o Art.3, Portaria N° 23, de 09

de agosto de 2012, bem como o Regimento Interno da Secretária de Estado da Saúde

de Roraima em seu Art.78, vem desenvolvendo em suas limitações as atividades, que

lhe compete. Embora haja carência de subsídios como: dados incompletos no

preenchimento das notificações compulsórias de violência interpessoal e

autoprovocada, contra crianças, adolescentes, mulheres e pessoas idosas. Gerando

subnotificações. Falta de material gráfico, bem como de estagiários da parte

administrativa, para auxiliar na busca ativa de prontuários, digitação e alimentação do

Page 233: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

232

banco de dados no sisbasepopweb. Dificuldade na articulação interinstitucional, para

a execução do Programa Vida no Trânsito.

Contudo, este núcleo vem prosseguindo com as suas atividades voltadas aos

programas, projetos, monitoramento e articulação com coordenações e instituições

externas, visando à eficácia dos serviços

Referência bibliográfica

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epidemic. Geneva: 2011.

2. MELLO, PRB, PINTO GR, BOTELHO C. Influência do tabagismo na

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Saúde e Nutrição, 1990— PNSN-1989.

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americana da Saúde. Pesquisa Especial de Tabagismo – PETab. Rio de

Janeiro: 2008, MS, 2011.

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Brasileiro de Geografia e Estatística . Pesquisa Nacional de Saúde:

Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Rio de

Janeiro: 2013. IBGE, 2014.

7. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel

Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas

por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

8. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de

Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.

9. WHO. Organização Mundial da Saúde. Global status report on alcohol and

health 2014. Geneva: 2014.

10. REHM, J, et al. The relation between different dimensions of alcohol

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v.105, n.5, p. 817-843.

11. MI, Schmidt; BB Duncan; GA e Silva; AM, Menezes; CA, Monteiro; SM,

Barreto; D, Chor; PR, Menezes. Chronic non-communicable diseases in

Brazil: Burden and current challenges. The Lancet, 2011, 377 (9781) , pp.

1949-1961.

12. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de

Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.

Page 234: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

233

13. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Saúde Brasil

2016: uma análise da situação de saúde e das causas externas. Brasília:

Ministério da Saúde; 2017, p.102-105.

14. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE (Brasil).

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde.

Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Rio de

Janeiro: 2013, IBGE, 2014.

15. WHO. Organização Mundial da Saúde. Global Status Report on

noncommunicable diseases 2014. Geneva: 2014.

16. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de

Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.

17. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel

Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas

por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

18. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE (Brasil).

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística . Pesquisa Nacional de Saúde.

Percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: 2013.

Rio de Janeiro: IBGE, 2014.

19. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel

Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas

por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

20. LEVY et al, 2009. In: MI, Schmidt; BB, Duncan;, GA, Silva; AM, Menezes; CA,

Monteiro; S.M, Barreto, D, Chor; PR, Menezes. Chronic non-communicable

diseases in Brazil: Burden and current challenges. The Lancet,

2011, 377 (9781) , pp. 1949-1961.

21. WHO/FAO expert consultation. WHO Technical Report Series. Organização

Mundial de Saúde. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases.

Report of the joint, 2003, No. 916. 2003.

22. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel

Brasil, 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas

por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.

23. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de

Saúde do Escolar 2015. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.

24. BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. IBGE (Brasil).

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde.

Ciclos de vida: 2013. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.

Page 235: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

234

3.8 VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA HOSPITALAR

Jéssica Xavier Cavalcante

A Vigilância Epidemiológica Hospitalar (VEH) teve seu início em Roraima com

a criação da Unidade de Vigilância Epidemiológica - UVE no Hospital Geral de

Roraima - HGR e Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth - HMINSN,

em 1998, e suas atribuições foram amparadas pela PORTARIA/SESAU Nº 131/1999.

Portaria Nº 2.529, a qual define competências para os estabelecimentos hospitalares,

união, estados, Distrito Federal e municípios e cria a Rede Nacional de Hospitais de

Referência. Atualmente o NVH é subordinado ao Departamento de Vigilância

Epidemiológica - DVE que por sua vez integra a Coordenadoria Geral de Vigilância

em Saúde - CGVS/SESAU/RR (BENEDETTI, 2019).

O Núcleo de Vigilância Hospitalar faz interface com todas as gerências do

Departamento de Vigilância Epidemiológica e tem como missão monitorar,

assessorar, promover capacitações aos Núcleos Hospitalar de Epidemiologia - NHE

e Unidades de Vigilância Epidemiológica - UVE que atuam no âmbito hospitalar do

Estado de Roraima, os quais são responsáveis pela detecção, notificação e

investigação das doenças, agravos e eventos de interesse de saúde pública conforme

a Portaria 204/2016/SVS/MS, e atua em estreita articulação com a Rede Nacional de

Alerta e Resposta às Emergências em Saúde Pública (Rede CIEVS) (BENEDETTI,

2019).

Rede Estadual de Vigilância Epidemiológica Hospitalarde Roraima -

REVEH/RR teve sua criação no ano de 2016, que conta atualmente com 2 núcleos

hospitalares de epidemiologia (NHE), 8 Unidades de Vigilância Epidemiológica (UVE)

na capital e 12 no interior do estado. (Quadro-23)

Desde sua criação a REVEH/RR realizou 60.452notificações de Agravos e

DNC, de todas as notificações do estado, com exceção das notificações da malária.

As notificações da malária ocorrem pelo laboratório da malária. Em 2017, a

REVEH/RR realizou 21.775 notificações (81% das notificações); em 2018, realizou

13.577 (73,5 % das notificações); e em 2019, realizou 12.937 (70,03% das

notificações) (BENEDETTI, 2019). (Tabela 53)

Em 2015, as unidades de saúde que hoje compõem a atual REVEH notificaram

71,8% de todas as notificações do estado, com relação a 2016, ano de criação da

REVER/RR essa proporção foi de 73,3%, representando um aumento de 2,1%. No

Page 236: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

235

ano de 2017 essa proporção de notificação foi de 81% e o aumento foi de 10,5% com

relação a 2016 (BENEDETTI, 2019).

Quadro 23. Relação dos estabelecimentos de saúde da Rede Estadual de Vigilância Epidemiológica Hospitalar de Roraima (REVEH/RR).

Estabelecimento de Saúde Município

Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar

Hospital Geral de Roraima (HGR) Boa Vista

Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) Boa Vista

UVE capital

Casa de Saúde do Índio (CASAI Yanomami) Boa Vista

Centro de Referência da Saúde da Mulher Boa Vista

Clínica Especializada Coronel Mota Boa Vista

Hospital das Clínicas Boa Vista

Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth Boa Vista

Hospital Lotty Iris Boa Vista

Hospital Unimed Boa Vista Boa Vista

Pronto Atendimento Cosme e Silva Boa vista

UVE interior

Centro de Saúde Jair da Silva Mota Amajarí

Hospital Délio de Oliveira Tupinambá Pacaraima

Hospital Epitácio de Andrade Lucena Alto Alegre

Hospital Francisco Ricardo de Macedo São Luiz

Hospital Pedro Alvaro Rodrigues Bonfim

Hospital Regional Sul Ottomar de Souza Pinto Rorainópolis

Hospital Verador José Guedes Catão Mucajaí

Unidade Mista de Caracaraí Caracaraí

Unidade Mista de Caroebe Caroebe

Unidade Mista Irmã Camila Iracema

Unidade Mista de São João da Baliza São João da Baliza

Unidade Mista Ruth Quitéria Normandia

A notificações realizadas pela REVEH/RR passou 12.163 em 2016 para 21.779

em 2017, o que corresponde a 79% de aumento. As possíveis explicações para esse

aumento é a redução da subnotificação e a ocorrência de um surto de chikungunya

no estado em 2017 com 6.769 notificações, destas 88,7% ocorreram na REVEH/RR

(BENEDETTI, 2019).

Foram realizadas no estado em 2018,13.577 notificações, destas 73,1% pela

REVEH/RR.Desde o primeiro semestre do ano o estado vive um surto de sarampo

com 588 notificações da doença, e quase 70% dessas notificações foram realizadas

pela REVEH/RR (BENEDETTI, 2019).

No ano de 2018 o estado teve 13.577 pacientes notificados em todas as

unidades notificadoras da REVER/RR, comparado o ano de 2019 observamos 12.937

no números de casos de agravos notificados por unidade (BENEDETTI,

2019).(Figura-38)

Page 237: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

236

Segue o comparativo os anos anteriores das unidades notificadoras por agravo

conforme (Tabela-54).

Em 2019, a REVEH/RR notificou 12.937 gravos e DNC e representou

70,03%de todas as notificações ocorridas no estado, exceto malária, síndrome

gripal(SG) e doenças diarréicas agudas (DDA). A malária é a DNC com maior

notificação noestado e foram notificados 127.718 casos suspeitos da doença nesse

ano. A SG é umavigilância sentinela, e foram notificados 339 casos de SG pelo

Hospital Geral de Roraima (HGR) e pelo Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA).

A análise epidemiológica apresentada neste boletim é referente as notificações

de agravos e DNC realizadas pelos estabelecimentos de saúde que integram a

REVEH/RR. As notificações de malária não estão incluídas na análise pois mesmo

em ambiente hospitalar, em geral, são realizadas pela sala da malária (microscopista).

No entanto, o Núcleo de Controle da Malária (NCM) estadual está gradativamente

transferindo a função de notificação da doença à vigilância epidemiológica hospitalar,

por meio do NHE e UVE.

Figura 38. Número de notificações de Agravo e DNC por unidade de saúde

notificadora da REVER/RR, 2015 á 2019.

Fonte: SESAU/SINAN-NET/NVH -dados sujeitos a alteração

O NHE do HGR no período de 2015 á 2019 notificou 16.055. Agravos e DNC

Conforme a tabela 2, não foram incluídas as notificações da vigilância sentinela da

síndrome gripal, da influenza e as notificações de malária que tiveram início em 2018

no HGR. Os agravos e DNC mais notificados por ordem decrescente do ano de 2019

foram: dengue com 6.322 notificações, acidente de trabalho grave (5.950),

10

.94

4

12

.16

3

21

.77

5

13

.57

7

12

.93

7

2015 2016 2017 2018 2019

Notificações REVEH-RRREVEH-RR

Page 238: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

237

atendimento anti-rábico (5.417), hepatites virais (5.172), violência

interpessoal/autoprovocada (4.348), acidente por animais peçonhento (2.569),

intoxicação exógena (1.330), acidente de trabalho com exposição a material biológico

(1.306), tuberculose (867). Foram notificados 741 casos de HIV/AIDS no período.

(Tabela 2)

Tabela 53. Número de notificações de Agravo e DNC por unidade de saúde notificadora da REVEH/RR, 2015 á 2019.

UNIDADE NOTIFICADORA DA REVEH-RR 2015 2016 2017 2018 2019 TOTAL

Hospital Geral de Roraima 3.795 3.153 5.273 3.794 3810 19825

Hospital da Criança Santo Antônio 1.535 1.985 2.596 1.769 1260 9145

Pronto Atendimento Cosme e Silva 2.207 2.623 5.410 2.967 2744 15951

Hospital Materno Infantil Nossa Sra de Nazareth 1.165 1.258 1.622 1.118 1119 6282

Hospital Regional Sul Gov. Ottomar de Souza Pinto 658 726 1.799 802 1167 5152

Hospital José Guedes Catão 393 763 1727 512 616 4011

Unidade Mista de Caracaraí 226 332 456 494 344 1852

Hospital Epitácio de Andrade Lucena 121 174 454 380 323 1452

Hospital Unimed de Boa Vista 57 9 761 76 59 962

Casa de Saúde do Índio 168 131 267 190 103 859

Hospital Délio de Oliveira Tupinambá 197 151 139 284 286 1057

Hospital Pedro Álvaro Rodrigues 31 192 255 163 196 837

Clínica Médica Especializada Coronel Mota 84 78 210 197 147 716

Unidade Mista São João da Baliza 83 123 147 152 119 624

Centro Ref da Saúde da Mulher Mª Luiza Castro

Perin 12 6 119 317 320 774

Unidade Mista de Caroebe 34 174 72 88 64 432

Hospital Francisco Ricardo de Macedo 10 34 206 87 64 401

Unidade Mista Ruth Quitéria 76 88 97 71 68 400

Centro de saúde Jair da Silva Mota 81 75 80 65 50 351

Unidade Mista Irmã Camila 11 88 85 43 55 282

Hospital das Clínicas Dr Wilson Franco Rodrigues 0 0 0 7 23 30

Hospital Lotty Íris 0 0 0 1 0 1

TOTAL 10.944 12.163 21.775 13.577 12937 71396

Fonte:SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR (Dados sujeitos a alterações).

O número de notificações de hepatites viras tendem reduzir a partir de 2018

quando o Núcleo de Controle das Hepatites estadual reorganizou o fluxo de

notificação e orientou a notificação apenas de casos confirmados por laboratório

(NHE/HGR,2018). O NHE do Hospital da Criança Santo Antônio - HCSA no período

de 2015 á 2019 notificou 7.772 agravos e DNC .Os agravos e DNC mais notificados

por ordem decrescente foram: atendimento anti-rábico com 3.895 notificações,

varicelas sem complicações ( 3.741) se somando com casos notificados de varicela

sobe para 4.317, Hepatites virais (1.740), Intoxicação exógena (1.474), dengue

(1.468), rotavírus (1.057), violência interpessoal/autoprovocada (778), atendimento

por animas peçonhentos (759), leishmaniose visceral (407), doenças exantemáticas

(sarampo e rubéola), (274).(Tabela 55).

Page 239: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

238

Tabela 54. Número de notificações realizadas pelo NHE do Hospital Geral de Roraima ( HGR) no período de 2010 á 2019.

AGRAVOS NOTIFICADO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Candidiase 0 0 0 0 0 0 1 12 31 22 66

Sifilis em adulto (excluida a forma primaria) 0 0 0 0 0 2 4 11 1 0 18

Tricomoniase 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2

Herpes genital (apenas o primeiro episodio) 0 0 0 0 0 0 0 6 5 8 19

Condiloma acuminado (verrugas anogenitais) 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 4

Doencas sexualmente transmitidas,nao especificadas 0 0 0 0 0 13 23 27 22 6 91

Sindrome da ulcera genital (excluido herpes genital) 0 0 0 0 0 0 0 11 22 23 56

Sindrome do corrimento cervical em mulheres 0 0 0 0 0 0 0 43 118 51 212

Outras doencas inflamatorias pelvicas femininas 0 0 0 0 0 0 0 0 4 7 11

Outras afeccoes inflamatorias da vagina e da vulva 0 0 0 0 0 0 0 1 1 5 7

AIDS/HIV 52 51 36 56 47 55 84 103 156 101 741

Doenca de chagas aguda 1 1 0 0 1 1 0 2 1 1 8

Dengue 2.742 1.313 1.792 473 2 0 0 0 0 0 6322

Difteria 0 0 0 0 0 0 1 1 1 0 3

Doencas exantematicas 8 2 2 0 0 7 3 2 29 1 54

Acidente de trabalho com exposição a material biologico 89 93 123 147 157 133 118 129 168 149 1.306

Acidente de trabalho grave 330 699 988 1577 687 455 301 257 301 355 5.950

Dermatoses ocupacionais 0 0 0 4 1 1 0 0 0 1 7

Ler dort 0 0 1 0 1 3 1 0 0 2 8

Pneumoconiose 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 3

Transtorno mental 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

Febre maculosa / rickettsioses 0 0 0 0 0 1 3 1 2 1 8

Febre tifoide 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 3

Hanseniase 1 1 1 3 2 0 0 0 0 0 8

Hantavirose 0 1 0 0 0 0 0 0 1 0 2

Page 240: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

239

Hepatites virais 773 709 858 883 690 482 345 155 169 108 5.172

Leishmaniose tegumentar americana 14 9 3 6 6 2 3 3 4 1 51

Leishmaniose visceral 36 27 46 50 67 46 72 45 50 56 495

Leptospirose 25 13 11 39 26 16 8 8 8 10 164

Meningite 37 46 58 61 48 57 38 30 12 18 405

Raiva humana 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1

Sifilis em gestante 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2

Tetano acidental 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 4

Tuberculose 81 63 59 90 68 93 84 109 82 138 867

Febre do nilo 0 0 0 0 0 1 0 0 2 0 3

Sindrome icterica aguda 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Coqueluche 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1

Febre amarela 3 1 0 0 1 0 0 2 1 0 8

Atendimento anti-rábico 260 337 421 379 400 450 744 1007 762 657 5417

Acidente por animais peconhentos 124 158 280 214 206 222 205 294 411 455 2569

Sifilis nao especificada 0 0 0 0 0 2 67 119 176 163 527

Sindrome do corrimento uretral em homem 0 0 0 0 0 11 6 77 137 85 316

Febre de chikungunya 0 0 0 0 134 248 19 0 0 0 401

Violencia interpessoal/autoprovocada 273 383 226 385 348 378 429 429 582 915 4.348

Intoxicacao exogena 25 69 111 30 146 97 117 109 242 384 1330

Doença aguda pelo vírus zika 0 0 0 0 0 6 77 56 22 11 172

Caxumba [parotidite epidemica] 0 0 0 0 0 0 0 0 10 3 13

Varicela sem complicações 0 25 43 22 25 1 23 45 0 0 184

Varicela 0 0 0 0 0 0 0 2 46 66 114

Total 4.875 4.002 5.060 4.420 3.063 2.785 2.779 3.100 3.581 3.810 37.475

Fonte:SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR (Dados de julho de 2020 sujeitos a alterações).

Page 241: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

240

Tabela 55. Número de notificações realizadas NHE do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) no período de 2010 á 2019.

AGRAVOS NOTIFICADO 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 Total

Condiloma acuminado (verrugas anogenitais ) 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Doenças Sexualmate transmitidas, não espec. 0 0 0 0 0 0 0 1 1 4 6

Influenza humana por novo subtipo (pandêmico) 0 0 28 0 0 0 0 0 0 0 28

Síndrome do corrimento cervical em mulheres 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 5

Outras afecções inflamatórias da vagina e da vulva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

AIDS/HIV 0 0 0 0 0 0 0 0 4 2 6

Doença de chagas aguda 0 0 1 0 1 0 1 0 0 4 7

Dengue 895 265 190 118 0 0 0 0 0 0 1.468

Difteria 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 2

Doenças exantemática (sarampo e rubéola) 3 1 0 4 72 30 2 0 156 6 274

Acidente de trabalho com exposição a material biológico 15 12 8 10 10 15 19 20 15 21 145

Acidente de trabalho grave 2 3 2 0 8 5 1 2 4 0 27

LER/DORT 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Esquistossomose 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 2

Febre maculosa / rickettsioses 0 0 0 0 1 0 1 1 2 0 5

Febre tifoide 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Hanseníase 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

Hantavirose 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1

Hepatites virais 167 184 257 283 364 270 131 39 39 6 1.740

Leishmaniose tegumentar americana 3 0 0 5 6 3 1 3 2 1 24

Leishmaniose visceral 31 33 32 69 65 38 65 42 22 10 407

Leptospirose 2 9 0 2 2 5 3 0 4 6 33

Meningite 18 19 17 9 13 6 18 7 5 19 131

Paralisia Flácida aguda/ poliomielite 3 1 0 0 1 0 1 1 0 1 8

Tuberculose 4 5 2 4 5 2 7 5 9 10 53

Coqueluche 6 11 38 52 13 9 15 27 18 14 203

Page 242: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

241

Febre amarela 0 3 0 1 1 1 1 2 1 2 12

Sífilis congênita 0 0 0 0 0 0 1 1 4 3 9

Criança exposta HIV 0 0 0 0 0 1 2 0 1 1 5

Rotavírus 399 191 148 49 61 28 130 35 9 7 1.057

Atendimento anti-rábico 306 264 331 271 318 362 542 592 503 406 3.895

Atendimento por animais peçonhentos 51 44 74 59 71 45 76 96 116 127 759

Sífilis não especificada 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 1

Febre de chicungunya 0 0 0 0 10 16 3 0 0 0 29

Violência interpessoal/autoprovocada 67 68 47 84 86 105 91 50 72 108 778

Intoxicação exógena 95 104 152 104 158 142 130 210 211 168 1.474

Toxoplasmose 0 0 0 0 0 11 4 0 0 0 15

Doença aguda pelo vírus zika 0 0 0 0 0 2 22 104 23 13 164

Toxoplasmose congênita 0 0 0 1 193 60 0 0 0 1 255

Caxumba( parotidite epidêmica) 0 0 0 0 0 0 0 0 40 22 62

Varicela sem complições 10 674 505 540 707 252 604 449 0 0 3.741

Varicela 0 0 0 0 0 0 0 13 265 298 576

Total 2.077 1.898 1.832 1.665 2.166 1.408 1.871 1.702 1.531 1.260 17.410

Fonte:SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR (Dados de julho de 2020 sujeitos a alterações).

Page 243: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

242

Considerações

Com a criação da REVEH/RR Foram implantadas novas UVE e reestruturadas

outras, foram realizadas capacitações e oficinas em vigilância epidemiológica

hospitalares, treinamento em serviço e estágio, além de sistemáticas supervisões e

avaliações, o que permitiu a ampliação da captação de notificação (BENEDETTI,

2019).

A vigilância epidemiológica hospitalar está mais fortalecida e sensível a

notificação dos agravos e DNC, é de interesse da saúde pública do estado está mais

próxima da vigilância epidemiológica municipal e do laboratório Central de Saúde

Pública (LACEN), no entanto, há necessidade de melhorar ainda mais a qualidade

das informações das fichas de notificação /investigação, pois frequentemente as

notificações são realizadas por meio das fichas de atendimento médico e prontuários

com dados de identificação do paciente e clínico muitas vezes incompleto, sobretudo

nos estabelecimentos de saúde do interior do estado (BENEDETTI, 2019).

Referências:

SINAN/NET-Fonte: SINAN/NVH/DVE/CGVS/SESAU/RR

BENEDETTI, Maria Soledade Garcia. Relatório Anual de Epidemiologia de

Roraima 2018. Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, 2019.

Page 244: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

243

3.9 NÚCLEO DE INFORMAÇÕES ESTRATÉGICA EM VIGILÂNCIA EM SAÚDE

Jamilla Karla Corrêa Reis Ana Paula Carvalhal Barbosa Ana Paula Viana de Oliveira Guth Maria Cecília da Silva Ribeiro Vanessa da Silva Barros

A detecção de emergências epidemiológicas e a necessidade de

desencadeamento de ações em face de rumores relevantes para a saúde pública

devem levar os profissionais de saúde da iniciativa pública e privada a notificarem, de

forma oportuna, essas ocorrências.

Com a aprovação do Regulamento Sanitário Internacional (RSI) em 2005, sem

focalizar apenas em alguns agravos (motivos para alerta e mais adequado ás

realidades da comunidade sanitária internacional), alavanca as inovações quanto ás

responsabilidades das autoridades nacionais frente a algum evento inusitado de

saúde pública que possa representar ameaça para a população em qualquer parte do

mundo.

Conhecer o RSI e trabalhar para que as medidas preconizadas sejam

imprescindíveis para “prevenir, proteger, controlar e dar uma resposta de saúde

pública contra a propagação internacional de doenças, de maneiras proporcionais e

restritas aos riscos para a saúde pública, e que evitem interferências desnecessárias

com o tráfego e o comércio internacionais”, devem ser princípios motivadores das

ações de todos os trabalhadores em saúde no Brasil.

O Centro de informações estratégicas em vigilância em saúde (CIEVS) surgiu

como uma estratégia da Vigilância em Saúde para fortalecimento da capacidade de

alerta e resposta do Sistema Único de Saúde frente às emergências em Saúde

Pública. A criação do CIEVS está vinculada à questão da segurança em Saúde e

relacionada à publicação do RSI no ano de 2005, o qual se apresenta com o propósito

e abrangência a prevenção, proteção, controle e resposta de saúde pública contra a

propagação internacional de doenças, de maneira proporcional e restrita aos riscos

para a saúde pública, e que evitem interferências desnecessárias com o tráfego e o

comércio internacionais.

Neste sentido em 2011, foi criado oficialmente na Secretaria de Estado da Saúde

(SESAU), o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS) no

organograma da SESAU. Seu foco principal é o acompanhamento de doenças e

agravos que, pelo seu elevado potencial de disseminação e/ou riscos à saúde pública,

Page 245: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

244

necessitam de acompanhamento por parte do Ministério da Saúde (MS). Também

está incluída a ocorrência de "agravos inusitados", que são casos ou óbitos de doença

de origem desconhecida ou alteração no padrão epidemiológico de doença conhecida.

O CIEVS-RR atua principalmente na detecção, avaliação de risco, monitoramento e

resposta rápida frente às emergências de saúde pública. Também possui um papel

importante no planejamento e monitoramento das ações de saúde em eventos de

massa (Figura 39).

Figura 39. Fluxo de Informação para o CIEVS

3.9.1 Produtos do CIEVS

Boletim epidemiológico:

o Mensal ou Trimestral (Doenças ou agravos de importância,

atendimentos a imigrantes, nascidos vivos, outros).

o Discussão dos agravos da matriz de risco das doenças e agravos de

notificação compulsória.

o Investigação de surtos.

Clipping:

o Rumores relacionados a matriz de risco.

Este é o relatório tem por finalidade documentar as ações de saúde realizadas

pelo CIEVS/RR durante o ano de 2019. As metas, ações, estudos, projetos definidos

para 2019 foram compactuados conforme a organização de eixos prioritários de

atuação que subsidiam a definição de estratégias que contemplem: aprimoramento e

Page 246: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

245

desenvolvimento da vigilância, informação e pesquisa; rápida detecção de novos

casos/surtos; avaliação dos riscos a população; monitoramento continuado na saúde

da população; resposta rápida frente ás emergências de saúde pública.

3.9.2 Objetivos

• Fortalecer a capacidade de resposta técnica oportuna e efetiva da Vigilância

em Saúde, no enfrentamento às emergências de saúde pública, em todo o Estado.

• Monitorar e avaliar a implementação dos planos de respostas às

emergências epidemiológicas, para os eventos de relevância municipal, estadual e

nacional.

3.9.3 Descrição de metas – 2019

1. Participar em conjunto com as áreas específicas da vigilância em saúde

das investigações epidemiológicas de agravos emergentes, reemergentes e de

catástrofes com repercussões na saúde coletiva do Estado de Roraima.

2. Monitorar as notificações imediatas, manejar, analisar dados, comunicar e

divulgar informações estratégicas relevantes para a Vigilância em Saúde, bem como,

assessorar a gestão da Coordenadoria geral de vigilância em saúde (CGVS).

3. Comunicar 100% das doenças de notificação compulsória ou imediata,

surtos e agravos inusitados, classificando-os conforme legislação federal e estadual e

algoritmo de classificação do regulamento sanitário internacional (RSI).

4. Articular junto à gestão da saúde e da CGVS para manutenção de todos os

meios de comunicação permanentes e eficientes para recebimento, verificação e

divulgação das ocorrências de emergências de saúde pública todos os dias do ano.

5. Realizar visitas técnicas aos municípios do estado de Roraima, orientando

sobre ações de vigilância e notificação dos casos de agravos de notificação

compulsória.

6. Capacitar 50% dos profissionais das gerências do Departamento de

Vigilância Epidemiológica em notificações/investigações, manejo das informações e

análise de dados relevantes à prática da Vigilância em Saúde.

Page 247: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

246

Tabela 56. Consolidação das metas do ano de 2019. Roraima – RR, 2020.

METAS AÇÕES CONSOLIDADAS RESULTADOS

Monitorar as notificações imediatas, manejar, analisar dados, comunicar e divulgar informações estratégicas relevantes para a Vigilância em Saúde e Comunicar 100% das doenças de notificação compulsória ou imediata, surtos e agravos inusitados;

1. Monitoramento e acompanhamento das notificações de doenças de notificação compulsória, com atenção para as doenças da matriz de risco, documento elaborado pela Sala de Situação em Saúde;

Realizada 2. Comunicar 100% das doenças de notificação compulsória e surtos;

3. Elaboração de clipping semanal de rumores sobre notícias relacionadas a saúde ao nível estadual, nacional e internacional;

4. Elaboração periódica de boletins epidemiológicos de sarampo e atendimentos a imigrantes;

Participar em conjunto com as áreas específicas da vigilância em saúde das investigações epidemiológicas de agravos emergentes, reemergentes e de catástrofes com repercussões na saúde coletiva do Estado de Roraima e Capacitar 50% dos profissionais das gerências do Departamento de Vigilância Epidemiológica em notificações/investigações, manejo das informações e análise de dados relevantes à prática da Vigilância em Saúde;

5. Participação na investigação do surto de Varicela nos abrigos e ocupações localizados no município de Boa Vista, RR e na Penitenciária Agrícola do Monte Cristo;

Realizada

6. Realização de capacitação com os núcleos do Departamento de Vigilância Epidemiológica (DVE) para construção de relatórios epidemiológicos;

7. Implantação e realização de reuniões com os núcleos do DVE, para estabelecimento do Comitê de Monitoramento de Eventos em Saúde – CME;

8. Realização e participação no Treinamento EpiSUS Fundamental - MS;

9. Participação em reuniões técnicas, capacitações e treinamentos sobre Febre amarela, arboviroses e E-sus;

10. Apresentação sobre “Doenças vetoriais no Brasil” durante a 1ª Reunião Estadual de Entomologia;

Realizar visitas técnicas aos municípios do estado de Roraima, orientando sobre ações de vigilância e notificação dos casos de agravos de notificação compulsória.

11. Visita técnica ao Posto de Triagem localizado no município de Boa Vista – Roraima para conhecimento do funcionamento e ações desenvolvidas no mesmo;

Realizada

12. Visita técnica ao Posto de Triagem localizado no município de Pacaraima – Roraima para conhecimento de área e ações desenvolvidas no mesmo;

13. Visita técnica ao abrigo Janokoida, em Pacacaraima, que abrigam comunidades indígenas;

14. Visita técnica ao abrigo BV8, em Pacaraima, que abrigam a população imigrante;

15. Visita técnica ao CIEVS Nacional - MS, para conhecimento da estrutura e acompanhamento do fluxograma de ações realizadas.

16. Visitas técnicas aos abrigos e ocupações de imigrantes no município de Boa Vista e de Pacaraima;

17. Orientações técnicas in loco para o hospital Délio Tupinambá, em Pacaraima, sobre vigilância do sarampo e influenza e reorientações sobre coleta de dados de atendimentos a estrangeiros em conjunto com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS) e importância do envio desses dados para a Sala de Situação.

Fonte: Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde – CIEVS/DVE/CGVS/SESAU.

Page 248: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

247

4 MORTALIDADE

Maria Soledade Garcia Benedetti

O estudo do perfil da mortalidade de uma população é indispensável para

subsidiar políticas públicas que visem a melhoria das condições de saúde. O

conhecimento das principais causas de morte é um dos aspectos primordiais para

atingir esses objetivos, especialmente quando permitem identificar desigualdades

entre vários segmentos como sexo, faixa etária, entre outros (BRASIL, 2016).

O perfil da mortalidade no Brasil tem sofrido importantes mudanças nas últimas

décadas, com transições epidemiológica, demográfica e nutricional ocorrendo de

forma acelerada. De um lado, a redução de mortes por desnutrição, doenças

parasitárias, materno-infantil, e de outro, o envelhecimento populacional e o

crescimento das mortes por doenças crônicas e causas externas, configuram um novo

cenário para a atuação das políticas públicas, as quais devem responder a novas

demandas por serviços de saúde, à prevenção de doenças e à promoção da saúde

(BRASIL, 2014). O perfil de mortalidade em Roraima acompanha a tendência

observada nacionalmente.

Para analisarmos os dados de mortalidade do estado é necessário considerar

algumas questões que certamente interferem nesta análise, tais como: inexistência

de um SVO; invasão de óbitos na capital devido as facilidades médico-hospitalares; a

possibilidade de subnotificação de óbitos; preenchimento incompleto/inadequado da

DO; e falta de precisão na causa básica.

O preenchimento da DO pode apresentar incorreções e, em algumas situações,

campos ignorados, e esses problemas afetam a qualidade das informações e,

consequentemente, podem influenciar na análise de situação de saúde de uma

população, já que a mortalidade é uma das mais antigas dimensões utilizadas para

medir a situação de saúde das populações, e seu uso ainda é muito importante nos

dias atuais (UNASUS, 2016a).

O SIM captou, em 2019, 2.943 óbitos ocorridos em Roraima, uma média

mensal de 245 óbitos. Os dados de mortalidade analisados neste relatório referem-se

aos óbitos de residentes do estado, e estes totalizaram 2.861 óbitos. Nesse ano,

ocorreram 82 óbitos de pessoas de outra UF ou país.

Page 249: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

248

4.1 INDICADORES DE MORTALIDADE

A Taxa de Mortalidade Geral (TMG) mede o risco de morte por todas as causas

em uma população de um dado local e período. A TMG inferior a 4 por mil habitantes

indica precariedade na cobertura das informações de mortalidade (BRASIL, 2014).

Tabela 1. Taxa de Mortalidade Geral (por 1.000 habitantes). Roraima e Brasil, 1990,

1995, 2000, 2005 a 2019

Ano

Roraima Brasil

N° de óbitos População residente TMG TMG

1990 855 203.977 4,19 - 1995 967 262.194 3,68 - 2000 1.265 324.397 3,89 6,67 2005 1.517 391.318 3,87 6,20 2006 1.623 403.340 4,02 6,14 2007 1.634 415.281 3,93 6,10 2008 1.567 412.783 3,79 6,07 2009 1.633 421.497 3,87 6,05 2010 1.740 450.479 3,86 6,03 2011 1.708 460.165 3,71 6,02 2012 1.927 469.524 4,10 6,03 2013 2.089 488.072 4,28 6,04 2014 2.080 496.936 4,18 6,06 2015 2.216 505.665 4,38 6,08 2016 2.286 514.229 4,44 - 2017 2.590 522.636 4,95 - 2018 2.918 576.568 5,06 - 2019 2.861 605.761 4,72 -

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). IBGE (Censo e

estimativas populacionais). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.

Em Roraima, na comparação da TMG do ano de 1990 (4,19 por 1.000

habitantes) e 2019 (4,72/1.000 habitantes) houve aumento de 12,6% no período

(Figura 1), e permaneceu nos últimos oito anos acima de 4,0 por mil habitantes. A

tabela 1 apresenta, detalhadamente, a taxa de mortalidade desse período, e ainda a

taxa nacional.

Page 250: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

249

Figura 1. Taxa de mortalidade geral (por 1.000 mil habitantes). Roraima, 1990, 1995,

2000, 2005 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4.2 MORTALIDADE POR MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA

O município de Boa Vista, a capital, concentrou a maioria dos óbitos de

residentes (67,9%), seguido de Alto Alegre (3,7%) e Caracaraí (3,6%) (Tabela 2).

Tabela 2. Número de óbitos fetal e não fetal por município de residência. Roraima,

2019

Município Fetal Não fetal Total

Alto Alegre 6 101 107

Amajarí 4 58 62

Boa Vista 68 1.875 1.943

Bonfim 6 50 56

Cantá 6 74 80

Caracaraí 6 97 103

Caroebe 2 33 35

Iracema 0 40 40

Mucajaí 8 87 95

Normandia 14 47 61

Pacaraima 12 64 76

Rorainópolis 7 88 95

São João da Baliza 1 33 34

São Luiz 2 27 29

Uiramutã 3 42 45

Total 145 2.716 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

1990 1995 2000 2005 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Nº de óbito 855 967 1.2651.5171.7401.7081.9272.0892.0802.2162.2862.5902.9182.861

TMG 4,19 3,68 3,89 3,87 3,86 3,71 4,1 4 4,18 4,38 4,44 4,95 5,06 4,72

0

1

2

3

4

5

6

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

Núm

ero

de N

V

TM

G

Page 251: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

250

A TMG por município de residência para o ano de 2019 está na figura 2.

Figura 2. Taxa de Mortalidade Geral (por 1.000 habitantes) por município de

residência. Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Há um predomínio de óbitos no sexo masculino entre os residentes de todos

os municípios (Tabela 3), e estes representam 62% (n=1.775) de todos os óbitos com

uma razão de sexo de 1,64 óbitos masculino/feminino.

Tabela 3. Número de óbitos por sexo e municípios de residência. Roraima, 2019

Município Masculino Feminino Ignorado Total

Alto Alegre 66 39 2 107

Amajarí 35 27 0 62

Boa Vista 1.194 749 0 1.943

Bonfim 33 23 0 56

Cantá 52 27 1 80

Caracaraí 66 37 0 103

Caroebe 24 11 0 35

Iracema 29 11 0 40

Mucajaí 60 35 0 95

Normandia 40 21 0 61 Pacaraima 46 28 2 76

Rorainópolis 56 39 0 95 São João da Baliza 24 10 0 34

São Luiz 21 8 0 29

Uiramutã 29 16 0 45

Total 1.775 1.081 5 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

6,90

5,40 5,324,87 4,85 4,72 4,70 4,51 4,37 4,36 4,26 4,15

3,63 3,44 3,35 3,15

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

Page 252: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

251

Os dados sobre os óbitos por faixa etária e município de residência encontra-

se na tabela 4.

Tabela 4. Número de óbitos por faixa etária e município de residência. Roraima, 2019

Município < 01 01 a 04

05 a 09

10 a 14

15 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e +

Ign Total

Alto Alegre 21 8 7 1 3 5 10 7 8 7 12 12 6 107

Amajarí 16 4 1 2 1 6 2 3 8 5 7 3 4 62

Boa Vista 127 24 15 10 56 149 140 175 247 304 305 322 69 1.943

Bonfim 5 2 3 0 2 3 6 5 5 5 5 9 6 56

Cantá 7 1 2 0 3 3 6 5 9 17 10 11 6 80

Caracaraí 8 3 1 3 5 5 6 11 9 16 14 16 6 103

Caroebe 4 1 0 0 1 2 2 2 4 4 5 8 2 35

Iracema 3 2 0 2 2 1 2 1 7 4 7 9 0 40

Mucajaí 5 2 1 0 1 6 11 11 12 13 16 9 8 95

Normandia 6 2 1 0 1 5 1 2 4 3 13 9 14 61

Pacaraima 17 2 0 2 3 8 8 4 4 6 4 6 12 76

Rorainópolis 9 3 0 1 1 8 8 9 10 9 16 13 8 95

São J. da Baliza

1 2 0 0 4 4 1 4 4 4 6 3 1 34

São Luiz 1 1 0 0 2 1 4 2 4 3 4 5 2 29

Uiramutã 9 2 2 2 3 1 3 5 0 2 6 7 3 45

Total 239 59 33 23 88 207 210 246 335 402 430 442 147 2.861

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Na distribuição dos óbitos por raça/cor observa-se o predomínio de pardos

(59,4%). Destaca-se que 11,3% dos óbitos ocorreu em indígenas, e houve predomínio

desses óbitos nos municípios de Uiramutã (86,7%), Amajarí (56,4%) e Alto Alegre

(51%). Chama a atenção que 7,1% das DOs não possuem informação sobre a

raça/cor (Tabela 5).

Page 253: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

252

Tabela 5. Número de óbitos por raça/cor segundo município de residência. Roraima,

2019

Município Branca Preta Amarela Parda Indígena Não inf. Total

Alto Alegre 11 4 0 29 55 8 107

Amajarí 1 3 0 18 35 5 62

Boa Vista 394 96 2 1.277 64 110 1.943

Bonfim 2 0 1 23 23 7 56

Cantá 6 2 0 52 12 8 80

Caracaraí 11 5 1 60 18 8 103

Caroebe 10 7 0 16 0 2 35

Iracema 4 5 0 22 8 1 40

Mucajaí 10 4 0 64 4 13 95

Normandia 2 1 0 6 36 16 61

Pacaraima 3 1 0 30 29 13 76

Rorainópolis 14 9 1 64 0 7 95

São João da Baliza 5 4 0 22 2 1 34

São Luiz 8 2 0 16 0 3 29

Uiramutã 1 0 0 2 39 3 45

Total 482 143 5 1.701 325 205 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Os óbitos por grupos de causa segundo os capítulos da CID-10 estão na tabela

6 e seus percentuais, referente a 2018, estão na figura 3. Esses dados permitem um

olhar mais profundo sobre as razões das mortes nos municípios do estado. Não houve

óbitos por doenças do olho e anexos e por doenças do ouvido e da apófise mastoide.

Page 254: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

253

Figura 3. Percentual de óbitos por grupo de causa (CID-10) e município de residência, Roraima, 2018

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 07/05/2019, sujeitos à alteração. Não houve óbitos por doenças do olho e anexos e por doenças do ouvido e

da apófise mastoide.

Alto Alegre Amajarí Boa Vista Bonfim Cantá Caracaraí Caroebe Iracema Mucajaí Normandia PacaraimaRorainópoli

sSão Joãoda Baliza

São Luiz Uiramutã

XX 40,7 18,3 23,1 22,2 34,6 26,9 15,2 21,6 31 11,9 20 20,6 36 29,2 10

XVIII 3,3 4,2 1,6 4,2 1,3 1,5 2,2 5,9 3,6 3,4 1,7 5,1 4 8,3 4

XVII 2,4 5,6 2,2 5,6 3,8 0,8 0 3,9 2,4 6,8 1,7 3,7 0 4,2 16

XVI 6,5 16,9 7 5,6 3,8 11,5 8,7 11,8 6 6,8 18,3 8,1 4 8,3 14

XV 0,8 0 0,3 0 0 0 0 0 0 3,4 0 0,7 0 0 0

XIV 1,6 2,8 2,3 4,2 0 1,5 2,2 5,9 1,2 3,1 1,7 2,9 0 4,2 4

XIII 0 0 0,6 0 0 0 0 0 1,2 0 0 0 0 0 0

XII 0,8 0 0,3 1,4 2,6 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0

XI 1,6 1,4 3,3 5,6 9 3,1 4,3 2 3,6 1,7 1,7 3,7 4 0 0

X 11,4 11,3 7,7 6,9 9 8,5 8,7 13,7 3,6 20,3 5 8,1 4 8,3 10

IX 8,1 14,4 21,5 15,3 23,1 17,7 32,6 9,8 19 18,6 25 22,1 20 25 12

VI 0,8 1,4 2,2 1,4 1,3 2,3 0 2 4,8 0 6,7 0,7 0 0 6

V 0 0 0,3 1,4 0 0,8 0 0 0 1,7 3,3 0,7 0 0 0

IV 5,7 5,6 7,8 6,9 6,4 3,1 4,3 5,9 6 10,2 5 5,9 8 4,2 8

III 0 0 0,5 0 0 0 2,2 0 2,4 0 1,7 1,5 0 0 0

II 4,9 8,5 14,7 11,1 3,8 15,4 10,9 11,8 11,9 6,8 5 13,2 16 4,2 10

I 11,4 9,9 4,4 8,3 1,3 6,9 8,7 3,9 3,6 5,1 3,3 2,9 4 4,2 6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

%

Page 255: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

254

Tabela 6. Número de óbitos por grupos de causas (capítulo CID-10) e município de

residência. Roraima, 2019

Capítulo AAL AMJ BVB BON CAN CCI CAR IRA MUC NOR PAC ROR SJB SL UIR Total

I 8 7 79 4 3 3 0 0 4 1 4 3 3 0 8 127

II 10 4 325 7 3 12 1 3 11 3 9 14 4 7 6 419

III 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 13

IV 8 9 122 2 6 4 5 4 7 2 5 6 1 1 1 183

V 0 0 6 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8

VI 3 3 52 2 1 2 2 1 4 2 0 0 1 1 2 76

IX 14 8 431 6 20 27 7 9 19 14 16 22 7 4 4 608

X 11 6 151 2 5 10 4 9 4 4 4 8 3 2 4 227

XI 7 2 87 1 3 1 2 1 2 2 1 1 0 0 4 114

XII 2 0 27 0 3 1 1 0 2 0 0 1 1 0 0 38

XIII 0 0 15 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 17

XIV 1 3 57 0 3 1 1 0 5 3 0 1 1 0 0 76

XV 0 1 5 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 0 11

XVI 9 5 125 7 8 7 4 1 9 14 15 12 1 3 5 225

XVII 4 5 43 1 2 0 0 0 2 3 5 5 1 0 2 73

XVIII 6 2 38 8 2 7 1 4 3 3 0 3 0 2 5 84

XX 23 6 371 15 19 26 7 8 22 8 17 17 11 8 4 562

Total 107 62 1.943 56 80 103 35 40 95 61 76 95 34 29 45 2.861 LEGENDA:

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo

II. Neoplasias (tumores) XIII. Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo

III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár XIV. Doenças do aparelho geniturinário

IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas XV. Gravidez parto e puerpério

V. Transtornos mentais e comportamentais XVI. Algumas afec originadas no período perinatal

VI. Doenças do sistema nervoso XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas

IX. Doenças do aparelho circulatório XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat

X. Doenças do aparelho respiratório XX. Causas externas de morbidade e mortalidade XI. Doenças do aparelho digestivo

MUNICÍPIO: AAL – Alto Alegre, AMJ – Amajarí, BVB – Boa Vista, BOM – Bonfim, CAN – Cantá, CCI – Caracaraí, CAR- Caroebe, IRA – Iracema, MUC- Mucajaí, NOR – Normandia, PAC – Pacaraima, ROR – Rorainópolis, SJB – São João da Baliza, SL – São Luiz, UIR – Uiramutã. Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NC - não classificado. Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos; Doenças do ouvido e da apófise mastóide.

Na tabela 7 consta o número de óbitos por local de ocorrência. Chama a

atenção que 19,3% (n=553) dos óbitos são domiciliares e 3,8% (n=108) ocorreram em

via pública. Nos municípios do interior o percentual de óbitos domiciliares é alta, e não

identificamos relação direta com a existência de áreas indígenas pois os municípios

de Uiramutã e Amajarí com extensas áreas indígena e numerosa população de

indígena ficaram entre as menores proporções de óbito domiciliar (Figura 4).

Page 256: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

255

Tabela 7. Número de óbitos por local de ocorrência segundo município de residência.

Roraima, 2019

Município Hospital Out est saúde Domicílio Via publica Outros Ignorado Total

Alto Alegre 64 5 29 1 8 0 107

Amajarí 46 1 9 2 4 0 62

Boa Vista 1.378 6 368 70 120 1 1.943

Bonfim 29 0 17 3 7 0 56

Cantá 48 3 15 4 9 1 80

Caracaraí 53 1 32 2 15 0 103

Caroebe 25 0 5 1 4 0 35

Iracema 28 0 8 0 4 0 40

Mucajaí 64 1 17 5 8 0 95

Normandia 45 0 9 4 3 0 61

Pacaraima 48 0 14 4 10 0 76

Rorainópolis 70 0 14 4 7 0 95

São João da Baliza 21 0 5 2 6 0 34

São Luiz 14 0 9 6 0 0 29

Uiramutã 32 6 2 0 5 0 45

Total 1.965 23 553 108 210 2 2.861 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

É importante destacar que 7,4% (n=212) das DO possuem o local de ocorrência

do óbito como "outros" ou ignorado. A proporção de óbitos com ocorrência hospitalar

é de 68,7% (n=1.965) dos óbitos, no estudo de Amaral (2002), a proporção de óbitos

hospitalares no Brasil em 1998 era de 54,7%.

Figura 4. Percentual de óbitos com ocorrência domiciliar por município de residência.

Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

31,1 31,0 30,427,1

20,0 18,9 18,8 18,4 17,914,8 14,7 14,7 14,5 14,3

4,4

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

Page 257: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

256

Em 2019, apenas 65,8% (n=1.882) dos óbitos tiveram assistência médica

declarada na DO e 7,1% (n=203) não tiveram assistência médica. Alto percentual, de

21,1% (n=776), possuem essa informação “ignorada” ou “não informada” na DO

(Tabela 8). Dados nacionais do ano de 1998 mostraram que na ocasião 56,6% dos

óbitos eram com assistência médica, 13,4% sem assistência, e 30% eram ignorados

(AMARAL, 2002).

Tabela 8. Número de óbitos segundo assistência médica recebida por município de

residência. Roraima, 2019

Município Sim Não Ignorado Não Inf. Total

Alto Alegre 51 4 3 49 107

Amajarí 39 2 11 10 62

Boa Vista 1.336 131 7 469 1.943

Bonfim 33 6 3 14 56

Cantá 46 10 2 22 80

Caracaraí 72 11 10 10 103

Caroebe 16 3 9 7 35

Iracema 24 1 1 14 40

Mucajaí 53 5 27 10 95

Normandia 39 3 5 14 61

Pacaraima 45 4 17 10 76

Rorainópolis 70 17 2 6 95

São João da Baliza 13 1 0 20 34

São Luiz 13 4 1 11 29

Uiramutã 32 1 1 11 45

Total 1.882 203 99 677 2.861

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Na avaliação dos grupos de causas de morte por município de residência

observa-se um predomínio dos óbitos doenças do aparelho circulatório nos municípios

de Boa Vista, Caracaraí, Cantá e Rorainópolis, de causas externas nos municípios de

Alto Alegre, Bonfim, Mucajaí, Pacaraima e São João da Baliza, de doenças endócrinas

e nutricionais e metabólicas no município de Amajarí, e de algumas doenças

infecciosas e parasitárias no município de Uiramutã (Tabela 9).

Em 2018, as mortes por doenças infecciosas e parasitárias foram expressivas

nos municípios de Alto Alegre e Amajarí com 11,4% (n=14) e 9,8% (n=7) das mortes,

respectivamente (Figura 3).

Page 258: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

257

Tabela 9. Número de óbitos por grupos de causas (capítulo CID10) e município de

residência, Roraima, 2019

Capítulo AAL AMJ BVB BON CAN CCI CAR IRA MUC NOR PAC ROR SJB SL UIR Total

I 8 7 79 4 3 3 0 0 4 1 4 3 3 0 8 127

II 10 4 325 7 3 12 1 3 11 3 9 14 4 7 6 419

III 1 1 9 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 13

IV 8 9 122 2 6 4 5 4 7 2 5 6 1 1 1 183

V 0 0 6 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8

VI 3 3 52 2 1 2 2 1 4 2 0 0 1 1 2 76

IX 14 8 431 6 20 27 7 9 19 14 16 22 7 4 4 608

X 11 6 151 2 5 10 4 9 4 4 4 8 3 2 4 227

XI 7 2 87 1 3 1 2 1 2 2 1 1 0 0 4 114

XII 2 0 27 0 3 1 1 0 2 0 0 1 1 0 0 38

XIII 0 0 15 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1 0 17

XIV 1 3 57 0 3 1 1 0 5 3 0 1 1 0 0 76

XV 0 1 5 1 0 1 0 0 1 1 0 1 0 0 0 11

XVI 9 5 125 7 8 7 4 1 9 14 15 12 1 3 5 225

XVII 4 5 43 1 2 0 0 0 2 3 5 5 1 0 2 73

XVIII 6 2 38 8 2 7 1 4 3 3 0 3 0 2 5 84

XX 23 6 371 15 19 26 7 8 22 8 17 17 11 8 4 562

Total 107 62 1.943 56 80 103 35 40 95 61 76 95 34 29 45 2.861

LEGENDA:

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo

II. Neoplasias (tumores) XIII. Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo

III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár XIV. Doenças do aparelho geniturinário

IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas XV. Gravidez parto e puerpério

V. Transtornos mentais e comportamentais XVI. Algumas afec originadas no período perinatal

VI. Doenças do sistema nervoso XVII. Malf cong deformidade e anomalias cromossômicas

IX. Doenças do aparelho circulatório XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat

X. Doenças do aparelho respiratório XX. Causas externas de morbidade e mortalidade

XI. Doenças do aparelho digestivo

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Nota: NC - não classificado. Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos; Doenças do ouvido e da apófise mastóide.

Na tabela 10 consta o número de óbitos por local de ocorrência. Chama a

atenção que 19,3% (n=553) dos óbitos são domiciliares e 3,8% (n=108) ocorreram em

via pública. Nos municípios do interior o percentual de óbitos domiciliares é alta, e não

identificamos relação direta com a existência de áreas indígenas pois os municípios

de Uiramutã e Amajarí com extensas áreas indígena e numerosa população de

indígena ficaram entre as menores proporções de óbito domiciliar (Figura 4).

Page 259: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

258

Tabela 10. Número de óbitos por local de ocorrência segundo município de residência.

Roraima, 2019.

Município Hospital Out est saúde Domicílio Via publica Outros Ignorado Total

Alto Alegre 64 5 29 1 8 0 107

Amajarí 46 1 9 2 4 0 62

Boa Vista 1.378 6 368 70 120 1 1.94

3

Bonfim 29 0 17 3 7 0 56

Cantá 48 3 15 4 9 1 80

Caracaraí 53 1 32 2 15 0 103

Caroebe 25 0 5 1 4 0 35

Iracema 28 0 8 0 4 0 40

Mucajaí 64 1 17 5 8 0 95

Normandia 45 0 9 4 3 0 61

Pacaraima 48 0 14 4 10 0 76

Rorainópolis 70 0 14 4 7 0 95

São João da Baliza 21 0 5 2 6 0 34

São Luiz 14 0 9 6 0 0 29

Uiramutã 32 6 2 0 5 0 45

Total 1.965 23 553 108 210 2 2.86

1 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

É importante destacar que 7,4% (n=212) das DO possuem o local de ocorrência

do óbito como "outros" ou ignorado. A proporção de óbitos com ocorrência hospitalar

é de 68,7% (n=1.965) dos óbitos.

Em 2019, apenas 65,8% (n=1.882) dos óbitos tiveram assistência médica

declarada na DO e 7,1% (n=203) não tiveram assistência médica. Alto percentual, de

21,1% (n=776), possuem essa informação “ignorada” ou “não informada” na DO

(Tabela 11).

Page 260: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

259

Tabela 11. Número de óbitos segundo assistência médica recebida por município de

residência. Roraima, 2019

Município Sim Não Ignorado Não informado Total Alto Alegre 51 4 3 49 107 Amajarí 39 2 11 10 62 Boa Vista 1.336 131 7 469 1.943 Bonfim 33 6 3 14 56 Cantá 46 10 2 22 80 Caracaraí 72 11 10 10 103 Caroebe 16 3 9 7 35 Iracema 24 1 1 14 40 Mucajaí 53 5 27 10 95 Normandia 39 3 5 14 61 Pacaraima 45 4 17 10 76 Rorainópolis 70 17 2 6 95 São João da Baliza 13 1 0 20 34 São Luiz 13 4 1 11 29 Uiramutã 32 1 1 11 45 Total 1.882 203 99 677 2.861

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Na tabela 12 estão distribuídas as dez principais causas básicas de morte por

município de residência referente ao ano de 2017, esses dados apontam para a

importância das causas externas.

Tabela 12. Distribuição das 10 principais causas básicas de morte por município de

residência. Roraima, 2017

ALTO ALEGRE Nº %

Violência interpessoal 16 13,2

Pneumonias 15 12,4

Acidente de transporte terrestre (ATT) 11 9,1

Infarto agudo do miocárdio (IAM) 6 5,0

Contato com serpentes e lagartos venenosos 6 5,0

Diabetes mellitus (DM) 6 5,0

Outros transt da secreção pancreática interna 5 4,1

Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 3 2,5

Acid vasc encefálico (AVE) 2 1,7

Neopl malig do encefalo 2 1,7

AMAJARÍ Nº %

Pneumonias 6 8,0

ATT 5 6,7

Violência interpessoal 4 5,3

Lesão autoprovocada 4 5,3

Morte fetal de causa NE 4 5,3

Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 4 5,3

Cardiomiopatias 3 4,0

Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 3 4,0

Neopl malig estômago 2 2,7

Page 261: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

260

Fibrose e cirrose hepática 2 2,7

BOA VISTA Nº %

ATT 110 6,8

DM 100 6,2

Pneumonias 78 4,9

Acid vasc encefálico 82 5,1

Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 67 4,2

Infarto agudo do miocárdio (IAM) 69 4,3

Violência interpessoal 56 3,5

Cardiomiopatias 40 2,5

Neopl malig brônquos e pulmão 37 2,3

Neopl malig próstata 23 1,4

BONFIM Nº %

ATT 9 11,5

DM 5 6,4

Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 5 6,4

Lesão autoprovocada 4 5,1

Pneumonias 4 5,1

Malf cong coração 3 3,8

Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 2,6

IAM 2 2,6

Violência interpessoal 2 2,6

Neopl malig colo do útero 2 2,6

CANTÁ Nº %

ATT 14 16,5

HAS 5 5,9

DM 4 4,7

Pneumonias 4 4,7

Lesão autoprovocada 3 3,5

AVE 3 3,5

Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 2,3

Fibrose e cirrose hepática 2 2,3

IAM 2 2,3

Violência interpessoal 1 1,2

CARACARAÍ Nº %

ATT 9 9,8

Pneumonia 7 7,6

AVE 6 6,5

Afogamento e submersao em aguas naturais 5 5,4

HAS 5 5,4

IAM 4 4,3

Desnutrição protéico-calórica grave NE 3 3,7

Septicemia 2 2,2

DM 2 2,2

Violência interpessoal 2 2,2

CAROEBE Nº %

DM 5 12,2

ATT 4 9,7

Page 262: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

261

HAS 3 7,3

AVE 3 7,3

Morte fetal de causa NE 2 4,9

Neopl malig próstata 2 4,9

Violência interpessoal 1 2,4

Tuberculose 1 2,4

Fibrose e cirrose hepática 1 2,4

Neopl malig do útero 1 2,4

IRACEMA Nº %

ATT 4 17,4

Acid vasc encefálico 3 13,0

Lesão autoprovocada 1 4,3

AVE 1 4,3

Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 1 4,3

Morte fetal de causa NE 1 4,3

Neopl malig estômago 1 4,3

Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes 1 4,3

Sindr de aspiracao neonatal 1 4,3

MUCAJAÍ Nº %

IAM 13 14,8

Violência interpessoal 5 5,7

DOPC 3 3,4

ATT 3 3,4

Lesão autoprovocada 3 3,4

Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 3 3,4

IRC 2 2,3

Pneumonia p/ microorg NE 2 2,3

Meningite bact NCOP 1 1,1

Miocardiopatias 1 1,1

NORMANDIA Nº %

Morte fetal de causa NE 5 10,9

Pneumonias 4 8,7

ATT 3 6,5

DM 3 6,5

Desconforto respiratório do RN 2 4,3

HIV 1 2,2

Violência interpessoal 1 2,2

Enterocolite necrotizante do feto e rec-nasc 1 2,2

IAM 1 2,2

Fibrose e cirrose hepática 1 2,2

PACARAIMA Nº %

IAM 6 10,3

ATT 3 5,2

Acid vasc encefálico 3 5,2

Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 2 3,4

Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 3,4

Transt mentais comport dev uso álcool 2 3,4

Fet rec-nasc afet afec mat n obr rel grav at 2 3,4

Page 263: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

262

IRA 2 3,4

HIV 1 1,7

Suicídio 1 1,7

RORAINÓPOLIS Nº %

ATT 16 11,7

DM 10 7,3

Violência interpessoal 9 6,6

IAM 9 6,6

Acid vasc encefálico 7 5,1

Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 6 4,4

Neopl malig próstata 5 3,6

Pneumonias 4 2,9

Morte fetal de causa NE 3 2,2

Desconforto respirat do recem-nascido 3 2,2

SÃO JOÃO DA BALIZA Nº %

Pneumonias 5 20,8

Violência interpessoal 2 8,3

Acid vasc encefálico 2 8,3

Insuficiência cardíaca 2 8,3

ATT 1 4,2

Microcefalia 1 4,2

Morte fetal de causa NE 1 4,2

Outr anemias 1 4,2

Neopl malig dos bronquios e dos pulmoes 1 4,2

Neopl malig encéfalo 1 4,2

SÃO LUIZ Nº %

Hipertensao essencia/Doenc cardiaca hipertensiva 5 20,0

ATT 2 8,0

Doença alcólica do fígado 2 8,0

Queda 2 8,0

Violência interpessoal 1 4,0

Lesão autoprovocada 1 4,0

HIV 1 4,0

Neopl malig próstata 1 4,0

Neopl malig estômago 1 4,0

Neopl malig laringe 1 4,0

UIRAMUTÃ Nº %

Pneumonias 7 12,3

Morte fetal de causa NE 5 8,8

Acid vasc encefálico 3 5,3

IAM 3 5,3

ATT 2 3,5

Lesão autoprovocada 2 3,5

Trans rel gesta curt dur peso baix nasc NCOP 2 3,5

Insufic respiratória NCOP 2 3,5

Diarréia e gastroenterite orig infecc presum 2 3,5

Leishmaniose 1 1,8 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 2017, sujeitos à alteração.

Page 264: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

263

4.3 MORTALIDADE POR FAIXA ETÁRIA

As causas de morte e o risco de morrer variaram segundo a faixa etária e o

sexo. Na análise da mortalidade proporcional por faixa etária (Figura 5), no período

de 2006 a 2019, observa-se alto percentual de óbito entre os menores de 1 ano de

idade, entretanto, há uma redução de 32,8% no percentual desses óbitos, passando

de 12,5% em 2006 para 8,4% em 2019, apesar da importante redução, esse valor é

superior à média da Região Norte para 2013 que foi de 7%, perdendo apenas para o

Amapá (12%), e bastante acima da média das Regiões Sul (2%) e Sudeste (3%)

(BRASIL, 2013).

Figura 5. Percentual de óbitos por faixa etária. Roraima, 2006 e 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2019, o percentual de óbitos com a idade ignorada é de 5,1% (n=147) de

todos os óbitos, esse percentual é muito alto, e demonstra falha no preenchimento da

DO.

<1 1a4 5a9 10a14 15a19 20a29 30a39 40a49 50a59 60a69 70a70 80e+

2006 12,5 3,2 1,2 1,7 3 7,9 7,3 9,8 10,9 10,8 13 7,9

2019 8,4 2,1 1,2 0,8 3,1 7,2 7,3 8,6 11,7 14,1 15 15,4

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Page 265: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

264

Figura 6. Curva de mortalidade proporcional (Nélson de Moraes). Roraima, 1987,

1993, 2000, 2007 e 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993 e 2000.

No período de 1987 a 2019, observa-se uma mudança no padrão da curva de

Nélson de Moraes assumindo um padrão de curva intermediária entre o Tipo I em

1987 e Tipo IV, em 2019, refletindo as melhoras na condição de vida e saúde da

população (Figura 6).

Figura 7. Mortalidade proporcional de 50 anos e mais de idade (indicador Swaroop-

Uemura). Roraima, 1995, 2000 e 2006 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2000 e 2018.

Em 2019, a mortalidade entre os maiores de 50 anos de idade (indicador

Swaroop-Uemura) foi em 56,2% (n=1.609), e representa um aumento de 4,2% ao ano

de 2018 (53,9%). O percentual encontrado em Roraima está muito abaixo do

percentual de 70% que equivale a um nível de saúde elevado, característico de países

0

10

20

30

40

50

60

< 1 ano 1 a 4 anos 5 a 19 anos 20 a 49 anos 50 e mais

1987 1993 2000 2007 2019

37,741,1

47,1 46,6 45,548,3 47,6

52,5 54,751,6 50,5

54,8 55,6 55,6 5853,9 56,2

1995 2000 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 266: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

265

desenvolvidos (Figura 7). Para o Brasil a participação dos óbitos da população de 50

anos e mais de idade está em elevação há cerca de duas décadas (BRASIL, 2013).

4.4 MORTALIDADE POR SEXO

Os óbitos no sexo masculino prevalecem sobre os do sexo feminino em toda a

série histórica da tabela 13. Em 2019, os óbitos masculinos corresponderam a 62%

(n=1.775) de todos os óbitos ocorridos na população residente do estado. A

quantidade de informação sobre o sexo “ignorada” na DO é muito alto, uma vez que

esse documento é preenchido pelo médico que constatou o óbito.

A razão de sexo (número de óbitos masculino em relação ao feminino se

manteve estável no período de 2006 a 2019. Nesse ano, a razão de óbitos masculino

em relação ao feminino foi de 1,6, ou seja, ocorreram 160 óbitos masculinos para cada

100 do sexo feminino.

Tabela 13. Número de óbitos de residentes por sexo e razão de sexo (óbito

masculino/feminino). Roraima, 2006 a 2019

Ano Masculino Feminino Ignorado Total Razão de sexo

2006 1.013 600 10 1.623 1,7

2007 1.015 614 5 1.634 1,7

2008 9.87 575 5 1.567 1,7

2009 1.002 627 4 1.633 1,6

2010 1.104 630 6 1.740 1,8

2011 1.069 626 13 1.708 1,7

2012 1.181 735 11 1.927 1,6

2013 1.319 761 9 2.089 1,7

2014 1.291 777 12 2.080 1,7

2015 1.423 787 6 2.216 1,8

2016 1.410 874 2 2.286 1,6

2017 1.646 942 2 2.590 1,7

2018 1.778 1.134 6 2.918 1,6

2019 1.775 1.081 5 2.861 1,6 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

O número de óbitos por sexo e grupo de causas (CID-10), referente ao ano de

2019, encontra-se na tabela 14, e o percentual na figura 8.

Page 267: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

266

Tabela 14. Número de óbitos por sexo e grupo de causa (CID-10). Roraima, 2019

Causa (Capítulo CID-10) Masculino Feminino

Ignorado Total N° % N° %

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 70 55,1 57 44,9 0 127 II. Neoplasias (tumores) 224 53,5 195 46,5 0 419 III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 4 30,8 9 69,2 0 13 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 100 54,6 83 45,4 0 183 V. Transtornos mentais e comportamentais 6 75,0 2 25 0 8 VI. Doenças do sistema nervoso 43 56,6 33 43,4 0 76 IX. Doenças do aparelho circulatório 395 65,0 213 35,0 0 608 X. Doenças do aparelho respiratório 131 57,7 96 42,3 0 227 XI. Doenças do aparelho digestivo 72 63,2 42 36,8 0 114 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 22 57,9 16 42,1 0 38 XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 9 52,9 8 47,1 0 17 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 39 51,3 37 48,7 0 76 XV. Gravidez parto e puerpério 0 0,0 11 100,0 0 11 XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 121 53,8 101 44,9 3 225 XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 34 46,6 37 50,7 2 73 XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 52 61,9 32 38,1 0 84 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 453 80,6 109 19,4 0 562 Total 1.775 62,0 1.081 37,8 5 2.861

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos e Doenças do ouvido e da apófise mastoide.

Na figura 8 está detalhado o percentual de óbitos por sexo e grupo de causa

(CID-10).

Figura 8. Percentual de óbitos por sexo e grupo de causa (CID-10). Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Não houve óbitos por Doenças do olho e anexos e Doenças do ouvido e da apófise mastoide.

55,1

53,5

30,8

54,6

75

56,6

65

57,7

63,2

57,9

52,9

51,3

0

53,8

46,6

61,9

80,6

62

44,9

46,5

69,2

45,4

25

43,4

35

42,3

36,8

42,1

47,1

48,7

100

44,9

50,7

38,1

19,4

37,8

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias

II. Neoplasias (tumores)

III. Doenças sangue órgãos hemat e transt…

IV. Doenças endócrinas nutricionais e…

V. Transtornos mentais e comportamentais

VI. Doenças do sistema nervoso

IX. Doenças do aparelho circulatório

X. Doenças do aparelho respiratório

XI. Doenças do aparelho digestivo

XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo

XIII.Doenças sist osteomuscular e tec…

XIV. Doenças do aparelho geniturinário

XV. Gravidez parto e puerpério

XVI. Algumas afec originadas no período…

XVII.Malf cong deformid e anomalias…

XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e…

XX. Causas externas de morbidade e…

Total

Masculino Feminino

Page 268: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

267

4.5 MORTALIDADE POR GRUPO DE CAUSAS

O perfil das causas de morte no Brasil tem mudado de forma importante nas

últimas décadas. A transição epidemiológica vem ocorrendo de forma acelerada no

país e em Roraima. Houve redução da mortalidade por DIP e o aumento de mortes

por violências e acidentes, doenças crônicas e neoplasias (Quadro 1).

O estudo da mortalidade por grupos de causas no período de 1990 a 2016

evidenciou em Roraima uma similaridade ao ocorrido no país anteriormente. Em 1930,

as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) foram responsáveis por 46% do total de

óbitos no país, enquanto em 1985 elas representavam apenas 7%. As DIP

representavam 14,1% de todas as mortes em 1990 e reduziram para 5,3% em 2016,

migrando da segunda causa de morte em 1990 para a quinta em 2016, esse

comportamento tem sido observado em vários países nas últimas décadas, e se dá

em grande parte pelas melhorias socioeconômica da população (BENEDETTI, et al.,

2019).

Quadro 1. Transição epidemiológica. Roraima, 1996, 2000, 2005, 2010 e 2014

GRUPO DE CAUSA 1996 2000 2005 2010 2014

Causas Externas 1° lugar 1° lugar 1° lugar 1° lugar 1° lugar

Doenças do aparelho circulatório 2° lugar 2° lugar 2° lugar 2° lugar 2° lugar

Doenças infecciosas e parasitárias 3° lugar 5° lugar 6° lugar 6° lugar 6° lugar

Afecções orig. no período perinatal 4° lugar 3° lugar 3° lugar 4° lugar 4° lugar

Neoplasias 5° lugar 4° lugar 4° lugar 3° lugar 3° lugar

Doenças do aparelho respiratório 6° lugar 6° lugar 5° lugar 5° lugar 5° lugar

Fonte: BENEDETTI et al., 2019.

Os grupos de causas de morte (CID-10) estão detalhados na tabela 15. Em

relação ao 2018, houve aumento no percentual das mortes por neoplasias em 12,3%,

doenças do aparelho circulatório (4,9%), afecções originárias do período perinatal

(1,3%) e causas mal definidas (26%), e redução por DIP (10,2%), doenças do aparelho

respiratório (3,6%) e causas externas (17,6%) (Figura 9).

Page 269: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

268

Tabela 15. Número, percentual e taxa (por 100.000 habitantes) de óbitos por causa

(capítulo CID-10). Roraima, 2019

Causa (Capítulo CID-10) N° % Taxa I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 127 4,4 20,97 II. Neoplasias (tumores) 419 14,6 69,17 III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 13 0,5 2,15 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 183 6,4 30,21 V. Transtornos mentais e comportamentais 8 0,3 1,32 VI. Doenças do sistema nervoso 76 2,7 12,55 IX. Doenças do aparelho circulatório 608 21,3 100,37 X. Doenças do aparelho respiratório 227 7,9 37,47 XI. Doenças do aparelho digestivo 114 4,0 18,82 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 38 1,3 6,27 XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 17 0,6 2,81 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 76 2,7 12,55 XV. Gravidez, parto e puerpério 11 0,4 1,82 XVI. Algumas afecções originadas no período perinatal 225 7,9 37,14 XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 73 2,6 12,05 XVIII. Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 84 2,9 13,87 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 562 19,6 92,78 Total 2.861 100 472,30

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

As mortes por causas externas (violência e acidente) ocuparam o primeiro lugar

entre os grupos de mortes da CID-10 por décadas em Roraima. Em 2019, as mortes

por doenças do aparelho circulatório ultrapassaram as mortes por causas externas, e

tudo indica que o estado seguirá a tendência nacional e mundial, onde esse grupo de

causas de morte compõe o principal grupo de morte.

Figura 9. Percentual de óbitos por causa (capítulo CID-10). Roraima, 2018 e 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

0 5 10 15 20 25

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias

II. Neoplasias (tumores)

III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár

IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas

V. Transtornos mentais e comportamentais

VI. Doenças do sistema nervoso

IX. Doenças do aparelho circulatório

X. Doenças do aparelho respiratório

XI. Doenças do aparelho digestivo

XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo

XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo

XIV. Doenças do aparelho geniturinário

XV. Gravidez parto e puerpério

XVI. Algumas afec originadas no período perinatal

XVII.Malf cong deformid e anomalias…

XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat

XX. Causas externas de morbidade e mortalidade

2019 2018

Page 270: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

269

4.5.2 Mortalidade por doenças do aparelho circulatório

Esse grupo de causas de morte compõe o principal grupo de morte no mundo

e no país, e inclui as doenças hipertensivas, doenças isquêmicas do coração, as

doenças em decorrências da febre reumática e as cerebrovasculares. No Brasil, as

doenças cardiovasculares são responsáveis por 29,4% de todas as mortes registradas

no país em um ano. Isso significa que mais de 308 mil pessoas faleceram

principalmente de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). A alta frequência do

problema coloca o Brasil entre os 10 países com maior índice de mortes por doenças

cardiovasculares (BRASIL, 2016).

Em Roraima, no ano de 2019, as doenças do aparelho circulatório ocupam o

primeiro lugar no ranking do grupo de causas de óbito (CID-10). No período de 2001

a 2019 o percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório aumentou 19%,

passando de mais de 17,9% (n=228) em 2001 para 21,3% (n=608) em 2019. Em 2011

o estado registrou o maior percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório

de 22,2%, e desde 2012 esse percentual está em elevação, acompanhando uma

tendência nacional e mundial (Figura 10).

Figura 10. Percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório. Roraima, 2001

a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

A tabela 16 apresenta a série história das doenças do aparelho circulatório do

período de 1996 a 2019 com o número de óbitos, percentual em relação ao total de

óbitos do estado e a taxa por 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade aumento

76,1% no período.

17,919 18,5

17,4

21

17,5

20,422,2

18,5 18 19 19,2 19,120,1 20,3 21,3

2001 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Page 271: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

270

Tabela 16 - Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por

doenças do aparelho circulatório. Roraima, 1996 a 2019

Ano N° de óbitos População residente Aparelho circulatório Taxa

N° % 1996 1.029 247.131 141 13,7 57,0 1997 926 254.498 151 16,3 59,3 1998 1.095 260.701 188 17,2 72,1 1999 1.096 266.914 189 17,2 70,8 2000 1.265 324.397 236 18,6 72,7 2001 1.275 337.253 228 17,9 67,6 2002 1.232 346.866 226 18,3 65,1 2003 1.494 357.296 282 18,9 78,9 2004 1.503 367.701 262 17,4 71,2 2005 1.517 391.318 292 19,2 74,6 2006 1.594 403.340 362 22,7 89,7 2007 1.594 415.281 281 17,6 67,6 2008 1.544 412.783 331 21,4 80,2 2009 1.601 421.497 287 17,9 68,1 2010 1.703 450.479 337 19,8 74,8 2011 1.663 460.165 381 22,9 82,8 2012 1.873 469.524 356 19,0 75,8 2013 2.024 488.072 376 18,6 77,0 2014 2.036 496.936 389 19,1 78,3 2015 2.167 505.665 416 19,2 82,3 2016 2.220 514.229 428 19,1 83,2 2017 2.557 522.636 512 20,1 97,9 2018 2.900 576.568 588 20,3 102,0 2019 2.861 605.761 608 21,3 100,37

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

A taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) das doenças do aparelho

circulatório estão em plena ascensão e mostram a importância dessas causas de

morte para a saúde pública do estado (Figura 11).

Figura 11. Taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) das doenças do aparelho

circulatório. Roraima, 1996 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

57

100,37

Page 272: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

271

Em 2018, houve predomínio das mortes por doenças isquêmicas do coração

com 31,5% (n=185) das mortes, seguido das doenças cerebrovasculares com 31%

(n=182) e das doenças hipertensivas com 16% (n=94). Juntas, essas causas

representaram 78,4% (n=461) de todas as mortes por doenças do aparelho

circulatório. As demais causas somaram 127 mortes (BENEDETTI, 2019).

Tabela 17. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) das

doenças do aparelho circulatório por causa básica. Roraima, 2019

Doenças do Aparelho Circulatório N° % Taxa

Doenças cerebrovasculares 218 35,9 35,99

Doenças isquêmicas do coração 166 27,3 27,4

Doenças hipertensivas 76 12,5 12,55

Febre reumat aguda e doen reum cron coração 4 0,7 0,66

Outras doenças cardíacas 120 19,7 19,81

Restante doenças do aparelho circulatório 24 3,9 3,96

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2019, as doenças cerebrovasculares apresentaram o maior percentual, de

35,9% (n=218) das mortes entre as doenças do aparelho circulatório, seguido das

doenças isquêmicas do coração com 27,3% (n=166) e das doenças hipertensivas com

12,5% (n=76). Essas causas básicas representaram 75,6% (n=460) das mortes. As

demais causas somaram 148 mortes e representam 24,3% de todas as mortes por

doenças do aparelho circulatório (Tabela 17 e Figura 12). Essas demais causas de

mortes podem estar refletindo falhas no preenchimento da DO ou dificuldade de

realizar diagnósticos mais precisos.

Figura 12. Percentual de doenças do aparelho circulatório por causa básica. Roraima,

2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

36%

27%

13%

1%

20%

4%Doenças cerebrovasculares

Doenças isquêmicas do coração

Doenças hipertensivas

Febre reumat aguda e doen reum croncoração

Outras doenças cardíacas

Page 273: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

272

Entre as doenças isquêmicas do coração, o infarto agudo do miocárdio (IAM)

representou 90,3% (150/166) dessas mortes, e o IAM foi responsável por 24,7% das

mortes por doenças do aparelho circulatório em 2019, e sua taxa de mortalidade foi

de 24,76 mortes por 100 mil habitantes.

Tabela 18. Número de mortes por doenças do aparelho circulatório por sexo. Roraima,

2019

Doenças do Aparelho Circulatório Masculino Feminino Total

Febre reumat aguda e doen reum cron coração 1 3 4

Doenças hipertensivas 43 33 76

Doenças isquêmicas do coração 114 52 166

Outras doenças cardíacas 84 36 120

Doenças cerebrovasculares 141 77 218

Rest doenças do aparelho circulatório 12 12 24

Total 395 213 608 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

As mortes por doenças do aparelho circulatório predominaram no sexo

masculino em 64,9% (n=395) dos óbitos, e em todas as causas básicas com exceção

da febre reumática aguda e doenças reumáticas crônicas do coração que predominou

no sexo feminino (Tabela 18). No IAM, 69,3% das mortes ocorreram no sexo

masculino, e a razão de sexo foi de 2,2 mortes masculina (n=104) para cada morte

feminina (n=46).

Tabela 19. Número de mortes por doenças do aparelho circulatório por faixa etária,

Roraima, 2019

Doenças do aparelho circulatório < 1 1-4 5-9

10-14

15-19

20-29

30-39

40-49

50-59

60-69

70-79

80 e+ Total

Febre reumat aguda e doen reum cron coração 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 1 0 4 Doenças hipertensivas 0 0 0 0 0 0 1 0 8 22 19 26 76 Doenças isquêmicas do coração 0 0 0 0 1 2 4 11 36 48 36 28 166 Outras doenças cardíacas 6 2 1 1 0 1 2 11 18 15 24 39 120 Doenças cerebrovasculares 0 0 2 2 2 6 4 21 21 46 62 52 218 Rest doenças do aparelho circulatório 0 0 0 0 0 0 0 2 3 6 3 10 24

Total 6 2 3 4 3 9 11 46 87 137 145 155 608 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Page 274: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

273

Na distribuição das doenças do aparelho circulatório por faixa etária observa-

se a ocorrência em todas as faixas etárias, no entanto, acomete mais pessoas a partir

dos 40 anos de idade (Tabela 19 e Figura 13).

Figura 13. Percentual de óbitos por doenças do aparelho circulatório e faixa etária.

Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4.5.1 Mortalidade por causas externas

Em Roraima, as causas externas ocupam a segunda causa de morte em 2019,

e corresponderam a 19,6% (n=562) de todas as mortes ocorridas entre os residentes

do estado. Na série histórica do período de 2001 a 2019 houve uma redução de 23,7%

na proporção das mortes, a menor proporção (19,4%) foi encontrada nos anos de

2016 (Figura 14).

Figura 14. Percentual de óbitos por causas externas. Roraima, 2001 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

1,0 0,3 0,5 0,7 0,5 1,5 1,8

7,6

14,3

22,523,8

25,5

< 01 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e+

25,7 26,3

22,6 22,3 21,7 21,2

24,9

21,8 21,9 22 2122,4

24,5

2123,4

19,422

23,8

19,6

0

5

10

15

20

25

30

Page 275: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

274

No Brasil, as causas externas são a terceira causa de óbitos na população

geral, mudando de posição no ranking das principais causas, conforme sexo, raça/cor

da pele, faixa etária e condição social. Mais de um terço destas mortes foram por

homicídios (violência interpessoal) no período de 2000 a 2015 (BRASIL, 2018a).

Tabela 20. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) por

causas externas. Roraima, 2019

Causas externas de morbidade e mortalidade N° % Taxa

Acidentes de transporte terrestre 121 21,5 19,97

Quedas 38 6,8 6,27

Afogamento e submersões acidentais 31 5,5 5,12

Exposição a fumaça, ao fogo e as chamas 1 0,2 0,17

Lesões autoprovocadas voluntariamente (suicídio) 46 8,2 7,59

Agressões (homicídio/violência interpessoal) 217 38,6 35,82

Eventos (fatos) cuja intenção e indeterminada 62 11,0 10,24

Intervenções legais e operações de guerra 1 0,2 0,17

Demais causas externas 45 8,0 7,43

Total 562 100,0 92,78 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2018, a violência interpessoal (agressões/homicídios) com 59,4% (n=410)

dos óbitos representaram a principal causa básica de óbito no grupo das causas

externas, superando os acidentes de transporte terrestre (ATT) com 13,9% (n=94) que

ocupou essa posição por décadas, seguido das lesões autoprovocadas (suicídios)

com 5,4% (n=37), afogamentos com 4,5% (n=31), e quedas com 3,8% (n=26)

(BENEDETTI, 2019).

Em 2019, a violência interpessoal (agressão/homicídio) também teve maior

incidência no grupo com 38,6% (n=217) das mortes, seguido dos ATTs com 21,5%

(n=121) e suicídios com 8,2% (n=46) das mortes (Tabela 20 e Figura 16). O número

de violência interpessoal teve uma redução de cerca de 50% em relação a 2018.

Page 276: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

275

Figura 15. Taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por causas externas e

causas básicas. Roraima, 1990, 2000, 2010, 2015 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

A taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) por causas externas no período

de 2000 a 2019 teve uma redução de 25,2%% passando de 124 óbitos por 100 mil

habitantes em 2000 para 92,78,67/100.000 hab. em 2019. No detalhamento da taxa

por causas básica (CID 10) de morte observa-se que todas as causas básicas tiveram

importante redução da taxa no período, com exceção do suicídio (Figura 15).

Figura 16. Percentual de mortes por causas externas (causas básicas). Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

1990 2000 2010 2015 2016 2017 2018 2019

Causas Externas 124 104 83,2 100,4 84,4 107,5 119,6 92,78

ATT 29 40 32,6 32,2 19,6 26,6 16,3 19,97

Violência interpessoal(homicídio)

73 39 27,5 37,5 34,8 45,3 71,1 35,82

Suicídio 1,9 7 7,5 7,5 10,1 8,2 6,4 7,59

Afogamento 8 8 2,9 5,1 6,4 6,7 5,4 5,12

0

20

40

60

80

100

120

140

21,5%

38,6%

11,0%

8,2%

8,0%

6,8%

5,5%

0,2% 0,2%Acidentes de transporte terrestre

Agressoes (homicídios)

Eventos(fatos) cuja intencao e indetermin

Lesoes autoprovocadas voluntariamente

Demais causas externas

Quedas

Afogamento e submersoes acidentais

Exposicao a fumaca, ao fogo e as chamas

Intervencoes legais e operacoes de guerra

Page 277: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

276

O estudo de BENEDETTI et al. (2016) mostrou que as mortes por causas

externas representaram 23,1% de todas as mortes em 2015, ocupando o primeiro

lugar entre todos os grupos de causas de mortes listados na CID 10. Os homicídios

corresponderam a 36,4% (n=187) das mortes, seguido dos acidentes de transporte

com 33,5% (n=172), suicídios com 7,2% (n=37), afogamentos com 5% (n=26), quedas

com 3,9% (n=20) e 13,8% (n=71) por outras causas externas. O estudo concluiu que

as causas externas são causas previsíveis e preveníveis, e é inaceitável que uma

grande parcela da população venha a perder suas vidas por essas causas. A etiologia

das mortes por causas externas é multifatorial, tem raízes biológicas, psicológicas,

sociais e ambientais e deve ser enfrentada, concomitantemente, por vários

seguimentos da sociedade.

Tabela 21. Número de óbitos de causa externa por causa básica (CID10). Roraima,

1990, 1995, 2000 a 2019

Ano Acidente de transporte

Homicídio Afogamento Suicídio Quedas Outros Total

1990 52 127 14 04 - 56 253 1995 84 88 26 15 - 17 230 2000 130 128 25 22 - 35 340 2001 127 110 30 17 8 36 328 2002 139 133 26 20 1 45 364 2003 94 122 25 22 3 72 338 2004 84 85 42 26 6 97 340 2005 102 112 25 28 7 56 330 2006 110 111 27 35 6 49 338 2007 144 122 27 46 11 47 397 2008 119 106 24 31 4 53 337 2009 128 117 21 32 7 46 351 2010 147 125 13 34 10 47 376 2011 135 100 23 34 13 50 355 2012 149 145 18 39 7 64 422 2013 155 212 30 33 16 50 496 2014 147 151 27 15 10 79 429 2015 163 190 26 38 20 71 508 2016 101 179 33 52 8 61 434 2017 139 237 35 43 23 85 562 2018 94 410 31 37 26 92 690 2019 121 217 31 46 38 109 562

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

O número de óbitos por causa externa e por causa básica (CID 10) referente

aos anos de 1990 e 1995 e ao período de 2000 a 2018 estão detalhados na Tabela

21.

Page 278: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

277

A figura 17 mostra a razão de sexo (masculino/feminino) por causas externas

para o período de 2001 a 2019 e revelam que as mortes entre o sexo masculino são

expressivas, mas a razão de sexo está diminuindo no período. Em 2001, eram 7 óbitos

masculino para cada feminino, e em 2019, 4,1 óbitos masculino por 1 óbito feminino,

Figura 17. Razão de sexo por causas externa. Roraima, 2001 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Há predomínio de mortes no sexo masculino nas agressões. Em 2018, os

óbitos no sexo masculino por agressões representaram 87,1% (n=357) das mortes,

seguido de acidentes de transporte com 86,2% (n=81), de afogamento e submersões

acidentais com 83,9% (n=26), de lesões autoprovocadas (suicídio) com 67,6% (n=25),

e de quedas com 53,8% (n=14). As mortes do sexo feminino prevaleceram nos casos

de envenenamento, intoxicação por ou exposição a substâncias nocivas com 66,7%

(n=2) das mortes (BENEDETTI, 2019).

7

5,86,4

5,3

4,3

5,3

4,5

5,1

3,5

4,3 4,24,8

4,24,8 4,9 5

4,24,5

4,1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Page 279: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

278

Tabela 22. Número e percentual de óbitos por causa externa (causa básica CID-10) e

sexo. Roraima, 2019

Causas externas de morbidade e mortalidade

Masculino Feminino

Total N° % N° %

Agressões 189 87,1 28 12,9 217

Acidentes de transporte 97 80,2 24 19,8 121

Lesões autoprovocadas voluntariamente 34 73,9 12 26,1 46

Quedas 21 55,3 17 44,7 38

Afogamento e submersões acidentais 29 93,5 2 6,5 31

Exposição a fumaça, ao fogo e as chamas 0 0,0 1 100,0 1

Eventos (fatos) cuja intenção e indeterminada 47 75,8 15 24,2 62

Intervenções legais e operações de guerra 1 100,0 0 0,0 1

Demais causas externas 35 77,8 10 22,2 45

Total 453 80,6 109 19,4 562 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2019, prevaleceu as mortes no sexo masculino em praticamente todas as

causas básicas da tabela 22.

As mortes por causas externas ocorrerem em todas as faixas etárias. Em 2018,

71,2% (n=491) dos óbitos se concentra entre 15 a 49 anos de idade, 5,4% (n=37) em

menores de 1 ano de idade, e 6,8% (n=47) na infância.

Em 2019, 68,5% (n=385) dos óbitos ocorreram na faixa etária de 15 a 49 anos

de idade e 4,4% (n=25) em menores de 1 ano de idade (Figura 18). Entre os menores

de 1 ano 10,4% (25/239) de todas as mortes são por causas externas.

Page 280: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

279

Figura 18. Percentual de óbitos por causas externas e faixa etária. Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

A maior proporção de óbitos por causas externas ocorreu na faixa etária de 20

a 29 anos, correspondendo a 30,4% (n=210) de todas as mortes, em 2018, e de 24%

(n=135) em 2019, demonstrando uma expressiva mortalidade precoce (Tabela 23).

Tabela 23. Número de óbitos por causas externas e faixa etária. Roraima, 2019

Causas externas de morbidade e mortalidade < 1

1 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e+ Total

Acidentes de transporte 2 4 1 0 6 30 22 17 20 12 5 2 121

Quedas 1 0 1 0 0 1 2 2 2 2 11 16 38 Afogamento e submersões acidentais 0 4 2 2 7 6 4 4 2 0 0 0 31 Exposição a fumaça, ao fogo e as chamas 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 Lesões autoprovocadas voluntariamente 0 0 0 2 15 7 13 6 2 1 0 0 46

Agressões 14 1 0 2 28 70 50 27 13 7 3 2 217 Eventos fatos) cuja intenção e indetermina 2 0 0 2 8 15 13 8 7 5 2 0 62 Intervenções legais e operações de guerra 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 Demais causas externas 6 2 1 0 2 6 8 7 3 5 1 4 45

Total 25 11 5 8 66 135 113 71 49 32 22 25 562 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4,4

2,00,9 1,4

11,7

24,0

20,1

12,6

8,7

5,73,9 4,4

< 01 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e+

Page 281: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

280

4.5.3 Mortalidade por neoplasias

A incidência e a mortalidade são medidas de controle para a vigilância

epidemiológica que permitem analisar a ocorrência, a distribuição e a evolução das

doenças. Conhecer informações sobre o perfil dos diferentes tipos de câncer e

caracterizar possíveis mudanças de cenário ao longo do tempo são elementos

norteadores para ações de Vigilância do Câncer – componente estratégico para o

planejamento eficiente e efetivo dos programas de prevenção e controle de câncer no

Brasil (BRASIL, 2018b).

Em Roraima as neoplasias são o terceiro grupo de causa de morte e

corresponderam a 14,6% (n=419) de todas as mortes ocorridas em 2019, com a taxa

de 69,17 óbitos por 100 mil habitantes. A taxa de mortalidade apresentou aumento

progressivo no período de 1996 a 2019, aumentou 82%. O número de casos de

neoplasias aumentou 345,7% entre 1996 (n=94) e 2019 (n=419) (Tabela 24).

No Brasil, as neoplasias são a segunda causa de morte, ocorreram 582.590

casos novos e 197.698 mortes no país em 2018. Houve predomínio das mortes entre

os homens em 51,1% em relação aos casos novos e em 54,4% em relação a

mortalidade (BRASIL, 2018b).

Page 282: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

281

Tabela 24. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por

neoplasias. Roraima, 1996 a 2019

Ano N° de óbitos População residente Neoplasias

Taxa N° %

1996 1.029 247.131 94 9,1 38,0 1997 926 254.498 101 10,9 39,6 1998 1.095 260.701 77 7,0 29,5 1999 1.096 266.914 92 8,4 34,4 2000 1.265 324.397 110 8,7 33,9 2001 1.275 337.253 108 8,5 32,0 2002 1.232 346.866 133 10,8 38,3 2003 1.494 357.296 144 9,6 40,3 2004 1.503 367.701 155 10,3 42,1 2005 1.517 391.318 141 9,3 36,0 2006 1.594 403.340 182 11,4 45,1 2007 1.594 415.281 188 11,8 45,2 2008 1.544 412.783 172 11,1 41,6 2009 1.601 421.497 200 12,5 47,4 2010 1.703 450.479 207 21,1 45,9 2011 1.663 460.165 204 12,2 44,3 2012 1.873 469.524 223 11,9 47,9 2013 2.024 488.072 228 11,2 46,7 2014 2.036 496.936 276 13,5 55,5 2015 2.167 505.665 275 12,7 54,3 2016 2.220 514.229 274 12,3 53,3 2017 2.557 522.636 351 13,8 67,1 2018 2.900 576.568 377 13,0 65,4 2019 2.861 605.761 419 14,6 69,17

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

As neoplasias em vários países vêm aumentando acentuadamente sua

incidência, em função de diferentes características socioeconômicas e culturais

(BRASIL, 2013). A explicação para este crescimento está na maior exposição dos

indivíduos a fatores de risco cancerígenos. A redefinição dos padrões de vida, a partir

da uniformização das condições de trabalho, nutrição e consumo desencadeada pelo

processo global de industrialização, tem reflexos importantes no perfil epidemiológico

das populações. As alterações demográficas, com redução das taxas de mortalidade

e natalidade, indicam o prolongamento da expectativa de vida e o envelhecimento

populacional, levando ao aumento da incidência de doenças crônico-degenerativas,

especialmente as cardiovasculares e o câncer (BRASIL, 2006).

A distribuição percentual das neoplasias por sexo e a comparação com dados

de Roraima de 2018 e dados do Brasil de 2015, encontra-se nas figuras 19.

Figura 19. Comparativo do percentual das 10 principais de neoplasias. Brasil, 2015 e

Roraima, 2018

Page 283: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

282

Fonte: MS/SVS/DASIS/CGIAE/Sistema de Informação sobre Mortalidade, 2015. MS/INCA/Coordenação de Prevenção e Vigilância/Divisão de Vigilância e Análise de Situação, 2017. SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 07/05/2019, sujeitos à alteração.

Em 2018, as neoplasias da traqueia, brônquios e pulmões tiveram a maior

ocorrência com 13% (n=49) dos óbitos, seguido das neoplasias de colón, reto e ânus

com 7,7% (n=29) e de mama com 7,4% (n=28) (BENEDETTI, 2019).

Em 2019, a neoplasia do estomago teve a maior ocorrência, de 9,5% (n=40)

das mortes, seguido neoplasias da traqueia, brônquios e pulmões e das e a neoplasia

do colo do utero, ambas com 8,8% (n=37) das mortes (Tabela 25).

Page 284: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

283

Tabela 25. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de

neoplasias por causas básicas (CID-10). Roraima, 2019

Neoplasias N° % Taxa

Neopl malig do lábio, cav oral e faringe 17 4,1 2,81

Neoplasia maligna do esôfago 7 1,7 1,16

Neoplasia maligna do estomago 40 9,5 6,60

Neoplasia maligna do colo, reto e anus 28 6,7 4,62

Neopl malig do fígado e vias bil intra hepat 18 4,3 2,97

Neoplasia maligna do pâncreas 18 4,3 2,97

Neoplasia maligna da laringe 7 1,7 1,16

Neopl malig da traqueia, brônquios e pulmões 37 8,8 6,11

Neoplasia maligna da pele 4 1,0 0,66

Neoplasia maligna da mama 24 5,7 3,96

Neoplasia maligna do colo do utero 37 8,8 6,11

Neopl malig de corpo e partes n/esp utero 8 1,9 1,32

Neoplasia maligna do ovário 6 1,4 0,99

Neoplasia maligna da próstata 32 7,6 5,28

Neoplasia maligna da bexiga 10 2,4 1,65

Neopl malig mening, encef e out partes SNC 18 4,3 2,97

Linfoma nao-Hodgkin 8 1,9 1,32

Mieloma mult e neopl malig de plasmócitos 4 1,0 0,66

Leucemia 21 5,0 3,47

Neoplasias in situ, Benig, Comport Incert 7 1,7 1,16

Restante de neoplasias malignas 68 16,2 11,23

Total 419 100,0 69,17 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2018, houve predomínio de mortes no sexo feminino com 50,1% (n=189)

dos óbitos (BENEDETTI, 2019). Em 2019, o predomínio foi do sexo masculino em

53,1% (n=224) das mortes por neoplasias, acompanhando uma tendência nacional.

Nesse ano, as mortes por neoplasias ocorreram todas as faixas etárias. Entre os

menores de 10 anos de idade houve predomínio das leucemias com 57,1% (n=4) dos

casos. 15,6% (n=59) das mortes por neoplasias não tem a localização primária

definida e estão codificadas como "restante de neoplasias malignas", e 2,9% (n=11)

estão codificadas como "neoplasias in situ, benigno, comportamento incerto" (Tabela

26 e 27).

Page 285: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

284

Tabela 26. Número e percentual de óbitos por neoplasias e sexo. Roraima, 2019

Neoplasias

Masculino Feminino

Total N° % N° %

Neopl malig do lábio, cav oral e faringe 14 82,4 3 17,6 17

Neoplasia maligna do esôfago 7 100,0 0 0,0 7

Neoplasia maligna do estomago 26 65,0 14 35,0 40

Neoplasia maligna do colo, reto e anus 16 57,1 12 42,9 28

Neopl malig do fígado e vias bil intrahepat 15 83,3 3 20,0 18

Neoplasia maligna do pâncreas 12 66,7 6 33,3 18

Neoplasia maligna da laringe 6 85,7 1 14,3 7

Neopl malig da traqueia, brônquios e pulmões 19 51,4 18 48,6 37

Neoplasia maligna da pele 1 25,0 3 75,0 4

Neoplasia maligna da mama 1 4,2 23 95,8 24

Neoplasia maligna do colo do útero 0 0,0 37 100,0 37

Neopl malig de corpo e partes n/esp útero 0 0,0 8 100,0 8

Neoplasia maligna do ovário 0 0,0 6 100,0 6

Neoplasia maligna da próstata 32 100,0 0 0,0 32

Neoplasia maligna da bexiga 7 70,0 3 30,0 10

Neopl malig mening, encef e out partes SNC 8 44,4 10 55,6 18

Linfoma nao-Hodgkin 4 50,0 4 50,0 8

Mieloma mult e neopl malig de plasmócitos 3 75,0 1 25,0 4

Leucemia 10 47,6 11 52,4 21

Neoplasias in situ, Benig, Comport Incert 2 28,6 5 71,4 7

Restante de neoplasias malignas 41 60,3 27 39,7 68

Total 224 53,5 195 46,5 419 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2019, não houve óbito em menores de 1 ano de idade. A ocorrência da

doença aumenta com a idade (Figura 21). A transição epidemiológica, o

prolongamento da expectativa de vida, o envelhecimento populacional, e a maior

exposição dos indivíduos a fatores de risco cancerígenos explicam esse fenômeno.

Page 286: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

285

Tabela 27. Número de óbitos por neoplasias e faixa etária. Roraima, 2019

Neoplasias < 1

1 a 4

5 a 9

10 a

14

15 a

19

20 a

29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e+ Ign Total

Neopl malig do labio, cav oral e faringe 0 0 0 0 0 0 0 1 7 4 4 1 0 17 Neoplasia maligna do esofago 0 0 0 0 0 0 1 0 0 4 1 0 1 7 Neoplasia maligna do estomago 0 0 0 0 0 0 3 4 10 6 11 6 0 40 Neoplasia maligna do colo,reto e anus 0 0 0 0 0 0 2 2 11 3 6 4 0 28 Neopl malig do figado e vias bil intrahepat 0 1 0 0 1 0 1 1 7 3 3 1 0 18 Neoplasia maligna do pancreas 0 0 0 0 0 0 0 1 3 3 7 4 0 18

Neoplasia maligna da laringe 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 2 1 0 7 Neopl malig da traqueia,bronquios e pulmoes 0 0 0 0 0 1 0 2 7 10 12 5 0 37

Neoplasia maligna da pele 0 0 0 1 0 0 1 1 0 0 0 1 0 4

Neoplasia maligna da mama 0 0 0 0 0 0 3 4 4 3 6 4 0 24 Neoplasia maligna do colo do utero 0 0 0 0 0 0 9 8 10 4 5 1 0 37 Neopl malig de corpo e partes n/esp utero 0 0 0 0 0 0 0 2 4 2 0 0 0 8

Neoplasia maligna do ovario 0 0 0 0 1 1 0 0 2 1 1 0 0 6 Neoplasia maligna da prostata 0 0 0 0 0 0 0 0 2 10 7 13 0 32

Neoplasia maligna da bexiga 0 0 0 0 0 0 0 1 1 4 3 1 0 10 Neopl malig mening,encef e out partes SNC 0 1 0 0 0 1 3 2 3 3 2 3 0 18

Linfoma nao-Hodgkin 0 0 0 0 1 2 1 0 0 3 0 1 0 8 Mieloma mult e neopl malig de plasmocitos 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2 1 0 0 4

Leucemia 0 0 4 0 1 1 3 3 1 4 3 1 0 21 Neoplasias in situ, Benig, Comport Incert 0 0 0 0 1 0 1 2 1 0 1 1 0 7 Restante de neoplasias malignas 0 0 1 3 2 3 3 6 5 14 16 14 1 68

Total 0 2 5 4 7 9 31 42 79 85 91 62 2 419 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Page 287: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

286

Figura 21. Percentual de óbitos por neoplasias e faixa etária. Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4.5.4 Mortalidade por doenças do aparelho respiratório

As mortes por doenças do aparelho respiratório atingem principalmente

crianças e idosos. Em 2018 foram responsáveis por 8,2% (n=239) de todas as mortes

ocorrida em residentes de Roraima. A taxa de mortalidade foi de 41,4 óbitos por 100

mil habitantes e apresentou um aumento de 75,6% desde 1996. Em 2019, essas

mortes corresponderam a 7,9% (n=227) de todas as mortes. A taxa de mortalidade de

2019 (37,47/100.000 habitantes), diminui quase 10% em relação ao ano de 2018

(41,4/100.000 habitantes) (Tabela 28).

Em 2018, a pneumonia representou 55,2% (n=132) das mortes, e se mantém

como a principal causa básica de morte nesse grupo. As mortes por influenza (gripe)

foram responsáveis por 6,3% (n=15) das mortes por doenças do aparelho respiratório,

com relação ao ano de 2017, houve aumento de 530% na mortalidade por influenza

no estado quando seu percentual foi de 1% (n=2) dos óbitos (BENEDETTI, 2019).

0 0,5 1,2 1 1,7 2,1

7,4

10

18,920,3

21,7

14,8

0

5

10

15

20

25

< 01 1 a 4 5 a 9 10 a 1415 a 1920 a 2930 a 3940 a 4950 a 5960 a 6970 a 79 80 e+

Page 288: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

287

Tabela 28. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100.000 habitantes) por

doenças do aparelho respiratório. Roraima, 1996 a 2019

Ano N° de óbitos População residente Doenças do aparelho respiratório Taxa

N° % 1996 1.029 247.131 58 5,6 23,4 1997 926 254.498 38 4,1 19,9 1998 1.095 260.701 86 7,8 32,9 1999 1.096 266.914 72 6,5 26,9 2000 1.265 324.397 104 8,2 32,0 2001 1.275 337.253 65 5,1 19,2 2002 1.232 346.866 107 8,7 30,8 2003 1.494 357.296 99 6,6 27,7 2004 1.503 367.701 110 7,3 29,9 2005 1.517 391.318 133 8,7 33,9 2006 1.594 403.340 135 8,4 33,4 2007 1.594 415.281 107 6,7 25,7 2008 1.544 412.783 131 8,2 31,7 2009 1.601 421.497 118 7,4 27,9 2010 1.703 450.479 138 8,1 30,6 2011 1.663 460.165 121 7,3 26,2 2012 1.873 469.524 159 8,5 33,8 2013 2.024 488.072 178 8,8 36,4 2014 2.036 496.936 175 8,6 35,2 2015 2.167 505.665 174 8,0 34,4 2016 2.220 514.229 198 8,9 38,5 2017 2.557 522.636 205 8,0 39,2 2018 2.900 576.568 239 8,2 41,4 2019 2.861 605.761 227 7,9 37,47

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2019, a maioria, 53,7% (n=122) mortes foram por pneumonia, seguido das

doenças crônicas das vias aéreas inferiores com 34,8% (n=79) das mortes. Houve a

ocorrência de um óbito (0,4%) por influenza nesse ano, uma redução importante em

relação ao ano de 2018 (Tabela 29).

Tabela 29. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de

doenças do aparelho respiratório por causas básicas. Roraima, 2019

Doenças do Aparelho Respiratório N° % Taxa

Pneumonia 122 53,7 20,14

Influenza (Gripe) 1 0,4 0,17

Out infec agudas das vias aéreas inferiores 2 0,9 0,33

Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 79 34,8 13,04

Restante doenças do aparelho respiratório 23 10,1 3,80

Total 227 100,0 37,47 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Page 289: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

288

Em 2019, houve predomínio das mortes no sexo masculino em 57,7% (n=131)

das mortes por doenças do aparelho respiratório. Com exceção das mortes por

influenza, nas demais causas básicas prevaleceu as mortes do sexo masculino

(Tabela 30).

Tabela 30. Número e percentual de mortes por doenças do aparelho respiratório e

sexo. Roraima, 2019

Doenças do Aparelho Respiratório

Masculino Feminino

Total N° % N° %

Pneumonia 65 53,3 57 46,7 122

Influenza (Gripe) 0 0,0 1 100,0 1

Out infec agudas das vias aéreas inferiores 1 50,0 1 50,0 2

Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 49 62,0 30 38,0 79

Restante doenças do aparelho respiratório 16 69,6 7 30,4 23

Total 131 57,7 96 42,3 227 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Há ocorrência de mortes em todas as faixas etárias, os dois extremos, crianças

e idosos são muito acometidos. A distribuição das mortes por sexo e faixa etária estão

na tabela 31 e figura 22.

Tabela 31. Número de mortes por doenças do aparelho respiratório e faixa etária.

Roraima, 2019

Doenças do Aparelho Respiratório < 1

1 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e+ Total

Influenza (Gripe) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

Pneumonia 16 8 0 0 1 1 2 6 10 9 28 41 122 Out infec agudas das vias aéreas inferiores 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 Doenças crônicas das vias aéreas inferiores 0 0 0 0 0 1 1 3 9 16 27 22 79 Restante doenças do aparelho respiratório 1 3 0 1 0 0 0 1 7 3 2 5 23

Total 19 11 0 1 1 2 3 10 26 29 57 68 227 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Page 290: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

289

Figura 22. Percentual de óbitos por doenças do aparelho respiratório e faixa etária.

Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4.5.5 Mortalidade por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas

A mortalidade por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas vêm

aumentando no mundo, no País e em Roraima. Em 2017, as mortes por esse grupo

alcançaram 8% (n=203) de todas as mortes com a taxa de mortalidade de 38,8 óbitos

por 100 mil habitantes, e entre as causas básicas o Diabetes mellitus (DM) foi

responsável por 74,4% (n=151) das mortes. Em 2018, representaram 7,1% (n=207)

de todas as mortes ocorridas entre os residentes do estado, destas a DM se manteve

como a principal causa básica de morte representando 79,2% (n=164) das mortes

(BENEDETTI, 2019).

Em 2019, representaram 6,4% (n=183) de todas as mortes e a taxa de

mortalidade de 30,21/100.000 habitantes (Tabela 32), e apresenta queda de 22% em

relação a taxa de 2017.

Tabela 32. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de

doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas por causas básicas (CID 10).

Roraima, 2019

Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas N° % Taxa

Diabetes Mellitus 140 76,5 21,11

Desnutrição 25 13,7 4,13

Rest doenças endocr, nutricion e metabol 18 9,8 2,97

Total 183 100,0 30,21 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

8,4

4,8

0,0 0,4 0,4 0,9 1,34,4

11,5 12,8

25,1

30,0

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

< 01 1 a 4 5 a 9 10 a14

15 a19

20 a29

30 a39

40 a49

50 a59

60 a69

70 a79

80 e+

Page 291: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

290

Em relação ao sexo, houve predomínio das mortes no sexo masculino (Tabela

33).

Tabela 33. Número e percentual de mortes por doenças endócrinas, nutricionais e

metabólicas e sexo. Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

É importante destacar que os extremos apresentaram maior ocorrência de

mortes. Em 2018, os menores de 1 ano de idade corresponderam a 4,8% (n=10) das

mortes com predomínio da desnutrição representando 60% (n=6) dessas mortes. Em

2019, segue o mesmo padrão de 2018. As mortes por DM representam 76,5% de

todas as mortes por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (Tabela 34).

Tabela 34. Número de mortes por doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas e

faixa etária. Roraima, 2019

Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas < 1

1 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e+ Total

Diabetes Mellitus 0 1 0 0 0 3 3 11 22 40 40 20 140

Desnutrição 9 7 0 1 0 0 1 0 3 0 1 3 25 Rest doenças endocr, nutricion e metabol 1 0 0 0 0 3 3 0 3 1 4 3 18

Total 10 8 0 1 0 6 7 11 28 41 45 26 183 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

A partir dos 50 anos de idade a ocorrência aumenta acentuadamente e há

predomínio das mortes por DM (Figura 23).

Doenças Endócrinas, Nutricionais e Metabólicas

Masculino Feminino

Total N° % N° %

Diabetes Mellitus 74 52,9 66 47,1 140

Desnutrição 13 52,0 12 48,0 25 Rest doenças endocr, nutricion e metabol 13 72,2 5 27,8 18

Total 100 54,6 83 45,4 183

Page 292: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

291

Figura 23. Percentual de óbitos por doenças do aparelho respiratório e faixa etária.

Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4.5.6 Mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias

As mortes por DIP vêm apresentando importante redução ao longo dos anos,

esse fenômeno é mundial. Em Roraima, houve redução de 55,3% na taxa de

mortalidade por 100 mil habitantes no período de 1996 (46,9/100.000 hab.) a 2019

(20,97/100.000 hab.) (Tabela 35). Em 1996, as DIP representavam 11,2% (n=116)

das mortes do estado, e em 2019, representaram 4,4% (n=127) das mortes. Esse

fenômeno é conhecido como transição epidemiológica.

Entende-se por transição epidemiológica as mudanças ocorridas no tempo nos

padrões de morte, morbidade e invalidez que caracterizam uma população específica

e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas,

sociais e econômicas (OMRAM, 2001; SANTOS-PRECIADO et al., 2003). O processo

engloba três mudanças básicas: substituição das doenças transmissíveis por doenças

não-transmissíveis e causas externas; deslocamento da carga de morbimortalidade

dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos; e transformação de uma situação em

que predomina a mortalidade para outra na qual a morbidade é dominante.

O comportamento das DIP tem mudado em todo o mundo nas últimas décadas,

em grande parte pelas melhorias socioeconômica da população. Nesse sentido, a

transição da epidemiológica de Roraima está caracterizada na figura 24. As mortes

por DIP reduziram 65,1% no período de 1993 onde representavam 12,6% de todas as

mortes para 4,4% em 2019, e saiu da terceira posição no ranking das causas de morte

em 1993 para a sétima posição em 2019.

5,54,4

0,0 0,5 0,0

3,3 3,86,0

15,3

22,424,6

14,2

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

< 1 1 a 4 5 a 9 10 a14

15 a19

20 a29

30 a39

40 a49

50 a59

60 a69

70 a79

80 e+

Page 293: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

292

Figura 24. Mortalidade proporcional por grupo de causas (CID-10). Roraima, 1993,

1996, 2006 e 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2018.

No estudo de Benedetti et al. (2005) sobre a mortalidade por DIP no período de

1996 a 2004 observou-se os 744 óbitos corresponderam a 7% da totalidade de óbitos

do período, com variações proporcionais de 12,2% (115/942) em 1996 e 4,3%

(59/1.371) em 2004. A taxa de mortalidade sofreu uma redução importante no período

de 46,53/100.000 habitantes em 1996 para 16,04 em 2004. Nesse estudo, em relação

as causas básicas: em 1996, 27% (31/115) das mortes foram por septicemia, 25,2%

(29/115) por diarreias, 13,9% (16/115) por HIV/Aids e 10,4% (12/115) por tuberculose,

e em 2004, 28,8% por HIV/Aids e diarreias (17/59) para ambas, 15,2% (9/59) por

septicemia e 8,5% (5/59) por tuberculose.

Em 2018, as mortes por DIP corresponderam a 4,9% (n=143) de todas as

mortes e sua taxa ficou em 24,8 óbitos por 100 mil habitantes. O padrão das mortes

por DIP segundo a causa básica (CID-10) mudaram de 2017 para 2018. Em 2018,

houve predomínio das doenças virais com 39,2% (n=56) dos óbitos, destas, o HIV

representou 28% (n=40) dos óbitos por DIP. As diarreias e gastroenterite de origem

infecciosa presumível com 22,4% (n=32) dos óbitos ficaram na segunda posição, e as

septicemias ocuparam a terceira posição com 10,5% (n=15) dos óbitos. Em 2017, as

principais causas básicas de morte foram: diarreias e gastroenterite de origem

1993 1996 2006 2019

Mal definidas 5,6 4,6 5,3 2,9

Neoplasias 6,7 10 11,4 14,6

Aparelho respiratório 10,5 6,2 8,5 7,9

Infecciosas e parasitárias 12,6 11,2 5,8 4,4

Aparelho circultório 13,5 15 18,5 21,3

Causas externas 21,6 26,9 21,2 19,6

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Page 294: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

293

infecciosa presumível com 25,2% (26/103) dos óbitos, seguido do HIV com 23,2%

(n=24) e da septicemia com 11,7% (n=12 óbitos) (BENEDETTI, 2019).

Em 2019, a taxa de mortalidade por DIP reduziu 15,4% em relação ao ano e

2018 (Tabela 35).

Tabela 35. Número de óbitos, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil

habitantes) por doenças infecciosas e parasitária. Roraima, 1996 a 2019

Ano N° de óbitos População residente Doenças infecciosas e parasitárias

Taxa N° %

1996 1.029 247.131 116 11,2 46,9 1997 926 254.498 84 9,1 33,0 1998 1.095 260.701 97 8,8 37,2 1999 1.096 266.914 76 6,9 28,4 2000 1.265 324.397 84 6,6 25,8 2001 1.275 337.253 68 5,3 20,1 2002 1.232 346.866 52 4,2 14,9 2003 1.494 357.296 105 7,0 29,3 2004 1.503 367.701 59 3,9 16,0 2005 1.517 391.318 96 6,3 24,5 2006 1.594 403.340 93 5,8 23,0 2007 1.594 415.281 83 5,2 19,9 2008 1.544 412.783 93 6,0 22,5 2009 1.601 421.497 101 6,3 23,9 2010 1.703 450.479 98 5,7 21,7 2011 1.663 460.165 87 5,2 18,9 2012 1.873 469.524 80 4,3 17,0 2013 2.024 488.072 110 5,4 22,5 2014 2.036 496.936 89 4,3 17,9 2015 2.167 505.665 88 4,0 14,4 2016 2.220 514.229 118 5,3 22,9 2017 2.557 522.636 103 4,0 19,7 2018 2.900 576.568 143 4,9 24,8 2019 2.861 605.761 127 4,4 20,97

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2018.

Em relação as causas básicas de mortes por DIP, as doenças virais tiveram a

maior ocorrência de 32,3% (n=41) e destas 65,6% (n=31) foram por HIV/AIDS;

seguido das doenças infecciosas intestinais com 20% (n=26), destas 96,1% (n=25)

foram por diarreias; tuberculose com 15,7% (n=20) e destas 85%(n=17) foram

pulmonares; outras doenças bacterianas com 15% (n=19), destas 68,4% (n=13) foram

por septicemia; doenças devidas a protozoários com 8,7% (n=11), destas 63,3% (n=7)

foram por malária; e helmintíases com 0,8% (n=1) das mortes (Tabela 36).

Page 295: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

294

Tabela 36. Número, percentual e taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) de

doenças infecciosas e parasitárias por causas básicas. Roraima, 2019

Doenças Infecciosas e Parasitárias N° % Taxa

Doenças Infecciosas intestinais 26 20,5 4,29

Diarreias e Gastroenter orig infec presumível 25 19,7 4,13

Outras Doenças Infecciosas Intestinais 1 0,8 0,17

Tuberculose 20 15,7 3,30

Tuberculose respiratória 17 13,4 2,81

Outras tuberculoses 3 2,4 0,50

Outras Doenças bacterianas 19 15,0 3,14

Infecção meningocócica 1 0,8 0,17

Septicemia 13 10,2 2,15

Infecções com transm predominant sexual 1 0,8 0,17

Doenças virais 41 32,3 6,77

Out febres p/arbovirus e febr hemorr virais 1 0,8 0,17

Hepatite viral 7 5,5 1,16

Doen p/Vírus da Imunodefic Humana (HIV) 31 24,4 5,12

Doenças devidas a Protozoários 11 8,7 1,82

Malária 7 5,5 1,16

Leishmaniose 2 1,6 0,33

Helmintíases 1 0,8 0,17

Restante de Helmintíases 1 0,8 0,17

Restante de algumas doenc infecc e parasit 9 7,1 1,49

Total 127 100,0 20,97 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Houve predomínio dos óbitos no sexo masculino em 55,1% (n=70) dos óbitos.

A distribuição das causas básicas por sexo encontra-se na tabela 37.

Page 296: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

295

Tabela 37. Número e percentual de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias e

sexo. Roraima, 2019

Doenças Infecciosas e Parasitárias Masculino Feminino Total

Doenças Infecciosas intestinais 14 12 26

Diarreias e Gastroenter orig infec presumível 13 12 25

Outras Doenças Infecciosas Intestinais 1 0 1

Tuberculose 9 11 20

Tuberculose respiratória 8 9 17

Outras tuberculoses 1 2 3

Outras Doenças bacterianas 9 10 19

Infecção meningocócica 0 1 1

Septicemia 5 8 13

Infecções com transm predominant sexual 1 0 1

Doenças virais 26 15 41

Out febres p/arbovirus e febr hemorr virais 1 0 1

Hepatite viral 5 2 7

Doen p/Vírus da Imunodefic Humana (HIV) 19 12 31

Doenças devidas a Protozoários 5 6 11

Malária 3 4 7

Leishmaniose 1 1 2

Helmintíases 0 1 1

Restante de Helmintíases 0 1 1

Restante de algumas doenc infecc e parasit 7 2 9

Total 70 57 127 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2018, o maior percentual de óbitos ocorreu entre os menores de 1 ano de

idade com 15,4% (n=22) dos óbitos, destes, 45,5% (n=10) foram por diarreias e

gastroenterite de origem infecciosa presumível, e 27,3% (n=6) por septicemia

(BENEDETTI, 2019). Em 2019, a maior ocorreu se deu na faixa etária de 40 a 49 anos

de idade com 20,5% (n=26) das mortes, em seguida estão as mortes entre os menores

de um ano de idade com 13,4% (n=17) das mortes (Tabela 38 e figura 25).

Page 297: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

296

Figura 25. Percentual de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias e faixa etária.

Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

No estudo de Santos et al., (2016) sobre a mortalidade infantil em Roraima no

período de 2006 a 2015, as mortes por DIP somaram 936 óbitos, entre os menores

de 1 ano de idade somaram 145 mortes representando 15,5% (145/936) de todas as

mortes por DIP. A participação das mortes infantis variou de 23,6% (22/93) em 2006

para 6,6% (6/90) em 2015, sofrendo uma redução dessa proporção de 72% no

período, e na análise das causas básicas de morte podemos observar que 59,3%

(86/145) dessas mortes ocorreram por "diarreia e gastroenterite de origem infecciosa

presumível"; 22,7% (33 mortes) por septicemia; 2,7% (4) por coqueluche; 2% (3) por

varicela; 1,3% (2) por difteria, dengue, sífilis congênita precoce, leishmaniose visceral,

meningococcemia, coccidiodiomicose pulmonar aguda e HIV, cada; e 0,7% (1) por

malária vivax, malária não especificada, intoxicação alimentar devido ao Clostridium

perfringens, citomegalovirus e balantidíase, cada. No período estudado houve

redução de 71,3% das mortes por DIP nessa entre os menores de 1 ano de idade, em

2006, representavam 10,8% (22/203) de todas as mortes, e em 2015, 3,1% (6/90).

Outro fato importante é que 6,2% (9/145) das mortes foram em decorrência de

doenças imunopreveníveis como a coqueluche, difteria e varicela, e a presença de

doenças negligenciadas em 5,5% (8/145) das mortes, entre elas, leishmaniose

visceral, malária, dengue e sífilis congênita. O estudo conclui que houve importante

redução das mortes por DIP e que há o predomínio das mortes por doenças diarreicas

(59,3%), corroborando com os dados da literatura que apontam as doenças diarreicas

como importante causa de morte nessa faixa etária e sua forte associação com fatores

socioeconômicos.

13,4

6,3

3,10,8 0,8

11,8

7,9

20,5

6,3

11,8

7,99,4

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

< 1 1 a 4 5 a 9 10 a14

15 a19

20 a29

30 a39

40 a49

50 a59

60 a69

70 a79

80 e+

Page 298: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

297

Tabela 38. Número de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias (por causas

básicas CID-10) e faixa etária. Roraima, 2019

Doenças Infecciosas e Parasitárias < 1

1 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e+ Total

Doenças Infecciosas intestinais 10 5 1 0 0 0 0 0 0 3 4 3 26 Diarreias e Gastroenter orig infec presumível 10 5 1 0 0 0 0 0 0 3 3 3 25 Outras Doenças Infecciosas Intestinais 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1

Tuberculose 1 0 3 0 1 4 3 3 1 2 0 2 20 Tuberculose respiratória 1 0 2 0 1 3 3 3 1 1 0 2 17 Outras tuberculoses 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0 3 Outras Doenças bacterianas 4 1 0 0 0 1 0 1 0 5 2 5 19 Infecção meningocócica 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Septicemia 2 1 0 0 0 1 0 0 0 3 1 5 13 Infecções com transm predominant sexual 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1

Doenças virais 0 1 0 1 0 7 5 13 7 3 3 1 41 Out febres p/arbovirus e febr hemorr virais 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Hepatite viral 0 0 0 0 0 1 0 1 2 0 3 0 7 Doen p/Vírus da Imunodefic Humana (HIV) 0 0 0 0 0 6 5 12 4 3 0 1 31 Doenças devidas a Protozoários 1 1 0 0 0 3 2 3 0 0 1 0 11

Malária 0 1 0 0 0 2 1 2 0 0 1 0 7

Leishmaniose 1 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2

Helmintíases 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Restante de Helmintíases 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Restante de algumas doenc infecc e parasit 1 0 0 0 0 0 0 5 0 2 0 1 9

Total 17 8 4 1 1 15 10 26 8 15 10 12 127 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

4.5.7 Mortes por causas mal definidas

As causas de morte mal definidas representaram 2,9% (n=84) de todas as

mortes ocorridas no estado em 2019. Na CID-10 as causas mal definidas são um

conjunto de mortes com sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratorial

inespecíficos ou que Não Consta em Outra Parte (NCOP), e corresponde ao capítulo

Page 299: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

298

XVIII. A literatura é abundante em afirmar que percentuais elevados de mortes com

causas mal definidas sugerem deficiências na declaração das causas de morte e, em

outras circunstâncias, nos processos de registro, coleta, crítica e análise dos dados

de mortalidade.

A frequência de causas mal definidas é condicionada pela disponibilidade de

recursos médicos e assistenciais, inclusive, para diagnóstico. Também pode refletir o

cuidado no preenchimento da DO. O emprego de termos imprecisos e expressões

dúbias que prejudicam a identificação da causa básica da morte colocam o óbito como

de causa mal definida (BENEDETTI, 2015). Nesse sentido, percentuais elevados de

mortes com causas mal definidas sugerem deficiências no preenchimento da

declaração das causas de morte e, em outras circunstâncias, nos processos de

registro, coleta, crítica e análise dos dados de mortalidade (BENEDETTI, 2016).

Roraima é considerado um estado com boa qualidade de informação sobre

mortalidade em função do percentual de aproximadamente 5% de causas mal

definidas (capítulo XVIII da CID-10) nos últimos anos, essas causas são

tradicionalmente classificadas como "códigos R" cujas causas básicas não foram ou

não puderam ser identificadas (BENEDETTI, 2018).

Tabela 39. Número e percentual dos óbitos por causas mal definidas. Roraima, 2001

a 2019

Ano Nº de óbitos Causas mal definida

Nº % 2001 1.275 76 5,9 2002 1.382 67 4,8 2003 1.494 90 6,0 2004 1.524 115 7,5 2005 1.517 95 6,2 2006 1.594 84 5,3 2007 1.594 76 4,7 2008 1.544 47 3,0 2009 1.601 78 4,9 2010 1.703 63 3,7 2011 1.663 57 3,4 2012 1.873 120 6,4 2013 2.024 102 5,0 2014 2.036 79 3.9 2015 2.167 108 4,7 2016 2.220 127 5,7 2017 2.557 76 3,0 2018 2.900 66 2,3 2019 2.861 84 2,9

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Page 300: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

299

No período de 2001 a 2019 houve redução de 10,5% no número de óbitos por

causas mal definidas (Tabela 39 e figura 26). O menor percentual encontrado em 2018

é o reflexo do resultado do grupo de trabalho da vigilância do óbito em todo o estado,

esse grupo é coordenado pelo Núcleo de Sistemas de Informação em Saúde -

NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR, e objetiva investigar os óbitos com causa de morte mal

definidas de crianças e mulheres em idade fértil em todos os municípios, além disso,

a implantação no Hospital Geral de Roraima (HGR) do projeto das 60 cidades com o

objetivo da melhoria do diagnóstico de causa de morte no Brasil denominado de

Projeto “Dados para a Saúde - D4H (Data for Health Intiative - Brasil): investigação de

Códigos Garbage (CG) - Estudo avaliativo” (BRASIL, 2017) foi um marco para a

redução das causas de morte mal definidas em Boa Vista. Destaca-se que a redução

do percentual de óbitos com causas básicas de óbitos consideradas pouco úteis ou

CG em saúde pública é uma das principais iniciativas do Departamento de Análise da

Situação de Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do MS do Brasil.

Figura 26. Percentual de óbitos por causas mal definidas. Roraima, 2001 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração) Relatório anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

Em 2018, a taxa de mortalidade foi de 11,45 óbitos por 100 mil habitantes. Entre

as causas básicas de morte, a senilidade foi declarada em 15,1% (n=10) dos óbitos e

12,1% (n=8) foram morte sem assistência médica. As mortes por causas mal definidas

foram predominantes no sexo masculino com 63,6% (n=42) dos óbitos, entre os óbitos

sem assistência médica representaram 100% (BENEDETTI, 2019).

Em 2019, a taxa de mortalidade foi de 13,87/100.000 habitantes, 21,1% maior

que no ano anterior. A senilidade foi declarada em 5,9% (n=5) dos óbitos e 10,7%

5,9

4,8

6

7,5

6,2

5,34,7

3

4,9

3,7 3,4

6,4

5

3,94,7

5,2

32,3

2,9

Page 301: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

300

(n=9) dos óbitos não receberam assistência médica. Houve predomínio do sexo

masculino em 61,9% (n=52) das mortes (Tabela 40).

Tabela 40. Número e percentual de óbitos por causas mal definidas e sexo. Roraima,

2019

Sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratorial, NCOP

Masculino Feminino

Total N° % N° %

Senilidade 2 40,0 3 60,0 5

Morte sem assistência médica 5 55,6 4 44,4 9

Rest sint, sin e ach anorm clin e laborat 45 64,3 25 35,7 70

Total 52 61,9 32 38,1 84 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NCOP - Não consta em outra parte.

Em relação a faixa etária destaca-se a ocorrência em praticamente todas as

faixas etárias, e há predomínio de óbitos nos dois extremos. Em 2018, entre os

menores de 1 ano representaram 7,6% (n=5) dos óbitos, e entre a população com 80

e mais anos de idade, 33,3% (n=22) dos óbitos (BENEDETTI, 2019).

Em 2019, as causas mal definidas foram declaradas em 9,5% (n=8) das mortes

em menores deum ano, e em 25% (n=21) das mortes na população com 80 anos e

mais de idade (Tabela 41 e figura 27).

Tabela 41. Número de óbitos por causas mal definidas e faixa etária. Roraima, 2019

Sintomas, sinais e achados anormais clínicos e laboratorial, NCOP

< 1 1 a 4

5 a 9

10 a 14

15 a 19

20 a 29

30 a 39

40 a 49

50 a 59

60 a 69

70 a 79

80 e+

Total

Senilidade 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 5

Morte sem assistência médica

2 2 1 0 0 0 1 0 1 2 0 0 9

Rest sint, sin e ach anorm clin e laborat

6 2 3 1 0 4 8 8 7 6 9 16 70

Total 8 4 4 1 0 4 9 8 8 8 9 21 84

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NCOP - Não consta em outra parte.

Embora vem se observando uma redução de óbitos por causas mal definidas

ao longo dos anos em Roraima, outros CG ou códigos “pouco úteis” destacam-se

como importantes causas de mortes, mostrando que somente a análise do percentual

de causas mal definidas não é suficiente para avaliar a qualidade da informação sobre

causas de óbito, logo, é necessário avaliar a proporção de CG total, ou seja, é

Page 302: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

301

necessária a avaliação da qualidade do preenchimento da DO também no que se

refere aos CG “não R” (BRASIL, 2017).

Os CG ou códigos “pouco úteis” representam um indicador de má qualidade da

informação de mortalidade, e consistem, portanto, em códigos da CID-10 relativos a

causas básicas de óbito com diagnósticos indefinidos ou incompletos que não

apontam a causa específica de morte. Dessa forma, uma alta proporção desses

códigos compromete a qualidade da informação sobre causas de morte, podendo

dificultar a identificação de prioridades e o planejamento de ações (ISHITANIL et al.,

2017).

Figura 27. Percentual de óbitos por causas mal definidas e faixa etária. Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Roraima participa do projeto piloto das 60 cidades, por meio da implantação de

um protocolo de investigação de CG em 2017, no hospital de referência, o HGR. Este

trabalho trouxe dados de mortalidade mais confiáveis (corrigidos) e refletiu na redução

do número de CG no estado em 2018. Em 2019, houve aumento de 8,3% no

percentual de CG ocorridos no estado (Figura 28).

Os códigos estão presentes em quase todos os capítulos da CID 10, e estão

relacionados tanto a dificuldade de diagnósticos pela assistência quanto a

incompletude da DO. As causas básicas com maiores números desses códigos estão

na figura 29, e sinaliza pontos importantes para a atuação da vigilância epidemiológica

a fim de sanar ou minimizar esse problema.

9,5

4,8 4,8

1,20,0

4,8

10,79,5 9,5 9,5

10,7

25,0

< 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 a 79 80 e+

Page 303: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

302

Figura 28. Percentual de óbitos com códigos garbage. Roraima, 2000, 2005, 2010,

2018 e 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Os dados corrigidos para estudo de mortalidade permitem a utilização de

informação apropriada em dados válidos (medem o que precisa medir) e confiáveis.

A elaboração de indicadores válidos e confiáveis, que expressem a situação de saúde

e avaliem o desempenho de políticas e programas é de fundamental importância, pois

a informação em saúde é uma prioridade da gestão do SUS, especialmente após a

introdução dos processos de pactuação de indicadores de saúde, considerados

estratégicos, que fortalecem a informação e a análise da situação de saúde, e

valorizam os sistemas de informações com a ampliação do seu uso.

Figura 29. Percentual dos principais códigos garbage. Roraima, 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NE - Não

especificado.

Apesar da importante redução da proporção de mortes por causas mal

definidas no período de 2001 a 2019 e do estado apresentar percentual inferior ao

percentual nacional de 6%, e da Região Norte que registrou 10% (BRASIL, 2014),

esse indicador demonstra fragilidade no diagnóstico de doenças e/ou no

preenchimento da DO e falha no preenchimento da DO pelos médicos assistentes ou

35,2 34,5 32,9

19,2 20,8

2000 2005 2010 2018 2019

22%

17%

14%

13%

11%

10%

8%5%

Acid vasc cerebr NE como hemorrag isquêmica

Hipertensao essencial

Insuf cardíaca congestiva

Insuf cardíaca NE

Pneumonia bacter NE

Pneumonia NE

Outr causas mal definidas e NE mortalidade

Acid veic NE

Page 304: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

303

substitutos. A inexistência do SVO no estado contribui para a manutenção das causas

mal definidas. A vigilância epidemiológica estadual vem desde 1996 cobrando a

implantação do SVO em Roraima (RORAIMA, 1996). No início de 2019, o NSIS, setor

de vigilância do óbito estadual, elaborou a nota informativa N°01/2019 com o objetivo

de orientar e estabelecer o fluxo de emissão da DO de óbitos por causas naturais,

sem assistência médica e ocorridos em domicílio. Essa nota atende a demanda do

município de Boa Vista, uma vez que no interior é realizado pelo médico da Unidade

Básica de Saúde.

Entre as limitações, destaca-se que as bases de dados nacionais sobre

mortalidade ainda apresentam cobertura insatisfatória em muitos municípios do País,

havendo expressiva subnotificação de óbitos; a proporção de causas mal definidas

tende a estar subestimada em áreas com baixa cobertura de informação sobre

mortalidade; essas áreas costumam apresentar condições assistenciais

insatisfatórias, com prejuízo para a identificação das causas de morte (BRASIL, 2013).

Em 2018, 30,7% (n=889) das DOs foram preenchidas pelo médico assistente,

22,1% (n=640) pelo Instituto Médico Legal (IML), 16,1% pelo médico substituto.

Apesar de não existir SVO no estado, 0,2% (n=6) das DO constam que foram emitidas

pelo SVO (BENEDETTI, 2019).

Em 2019, 31,6% (n=904) das DOs foram preenchidas pelo médico assistente,

23,4% (n=669) por médico substituto, 23% (n=658) por outro, 18,2% (n-521) pelo IML,

0,2% (n=7) pelo SVO, e em 3,6% (n=102) das DOs não foi informado (Figura 30).

Figura 30. Número de óbitos segundo o profissional que preencheu a declaração de

óbito. Roraima, 2018 e 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2018.

889

467

741640

6

157

904

669 658

521

7102

Médicoassitente

Médicosubstituto

Outro IML SVO Não informado

2018 2019

Page 305: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

304

4.6 MORTALIDADE NA INFÂNCIA E INFANTIL

4.6.1 Mortalidade na infância

Em 2019, 10,5% (n=298) de todas as mortes ocorreram em menores de 5 anos

de idade e a taxa de mortalidade foi de 22,3 mortes por mil nascidos vivos. A taxa de

mortalidade em menores de 5 anos (TM<5), ou taxa de mortalidade na infância, é um

indicador importante para o acompanhamento das condições de saúde de uma

população, a ponto de ter constado no quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milênio

(ODM), do Fundo da UNICEF, que definiu especificamente a redução de dois terços

da TM<5 mundial entre 1990 e 2015. Embora a TM em menores de 5 anos mundial

tenha sido reduzida de 91 óbitos por mil NV entre 1990 para 43 óbitos por mil NV em

2015, o quarto ODM não foi atingido, considerando os dados mundiais. No entanto, a

UNICEF estima que o Brasil já tenha alcançado a meta, com TM<5 atingindo o nível

de 16 óbitos por mil NV em 2015 (BRASIL, 2016).

A nova agenda da OMS, denominada Transformando Nosso Mundo: A Agenda

2030 para o Desenvolvimento Sustentável, é um plano de ação para as pessoas, para

o planeta e para a prosperidade, tem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

(ODS) e 169 metas. A meta 3.2, objetiva até 2030 acabar com as mortes evitáveis de

recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos os países objetivando

reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos 12 por 1.000 nascidos vivos e a

mortalidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos 25 por 1.000 nascidos

vivos. As taxas de mortalidade entre menores de cinco anos continuaram a melhorar

em 2016, caindo para 41 a cada 1.000 nascidos vivos – em 1990, a estimativa era de

93 a cada 1.000 nascidos vivos. No entanto, em 2016, morreram por dia 15 mil

crianças menores de cinco anos (WHO, 2018).

Em 2016, foram registrados 240 óbitos em menores de 5 anos e a taxa de 23,3

óbitos por mil nascidos vivos. Até esse ano, o percentual de mortes em crianças

menores de 5 anos de vida reduziu 73,2% desde 1987 (BENEDETTI, 2018). Em 2017,

essa faixa etária representou 9,6% (245/2.557 óbitos) de todas as mortes e

apresentou uma redução de 11,1% com relação a 2016. Em 2018, foram registrados

317 óbitos em menores de 5 anos que representaram 10,9% de todas as mortes

ocorridas no estado, houve aumento de 13,5% com relação a 2017, e a taxa foi de

Page 306: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

305

26,22 óbitos por mil nascidos vivos (BENEDETTI, 2019). Em 2019, houve redução de

19 óbitos e de 3,6% no percentual em relação a 2018 (Figura 31).

Figura 31. Percentual de mortes em menores de 5 anos de idade. Roraima, 1987,

1993, 2000, 2007, 2016 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993, 2000 e 2018.

4.6.2 Mortalidade infantil

A mortalidade infantil é aquela que ocorre entre os menores de 1 ano de idade,

e tem sido, ao longo do tempo, utilizada como bom indicador das condições de vida,

refletindo o estado de saúde da parcela mais vulnerável da população. Valores altos

refletem em geral, níveis precários de saúde, condições de vida e de desenvolvimento

socioeconômico (BRASIL, 2016).

No Brasil, apesar dos avanços na redução da mortalidade infantil nos últimos

20 anos, persistem taxas elevadas, quando comparadas com outros países da

América Latina (UNICEF, 2016a). Na América Latina entre 2015 e 2016 a Taxa de

Mortalidade Infantil (TMI) ficou em 18 óbitos por 1.000 NV e no mundo a tendência de

redução se manteve de 42 para 41 óbitos por 1.000 NV (UNICEF, 2016b). Dados

recentes mostram que 12 países da América Latina, representando 85% da população

da região, incluindo o Brasil, têm a taxa geral de mortalidade infantil de 16,6 por 1.000

nascidos vivos (KOLLODGE, 2018).

Entre 1990 e 2014, a TMI do Brasil reduziu de 47,1 para 14,1 óbito infantil por

mil NV, representando redução de 70% (Figura 32). O País atingiu a meta da ODM

para redução em dois terços da mortalidade infantil antes do prazo final de 2015. O

percentual de redução da TMI e na infância evidencia que grandes decréscimos

40,3

29,2

17,813,4

10,8 9,6 10,9 10,5

1987 1993 2000 2007 2016 2017 2018 2019

Page 307: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

306

ocorreram em todas as regiões do Brasil, com destaque para a Região Norte (BRASIL,

2016).

A TMI do Brasil, em 2016, aumentou pela primeira vez desde 1990. Entre as

possíveis explicações para esse aumento estão a epidemia do vírus zika (trouxe

queda nos nascimentos e mortes de RN com malformações graves) e a crise

econômica (perda de renda pelas famílias, cortes na saúde pública, estagnação de

programas sociais), influenciando nas mortes por diarreia e pneumonias. A TMI de 14

óbitos por 1.000 NV registrada em 2016 teve um aumento de 5,2% com relação ao

ano de 2015 (Tabela 41).

Figura 32. Taxa de mortalidade infantil. Brasil, Regiões e Roraima, 1990, 2000, 2010,

2012 e 2014

Fonte: MS/SVS/CGIAE/SIM e SINASC, 1990, 2000, 2010 e 2012. BRASIL, MS, Saúde Brasil – 2013.

Dados preliminares. SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 07/05/2019, sujeitos à alteração.

Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 2000 e 2014.

Em Roraima, no ano de 2018, ocorreram 266 óbitos em menores de 1 ano, e

representaram 9,1% de todos os óbitos ocorridos no estado. A TMI de 21,91 óbitos

por mil NV apresentou redução de 40% com relação ao ano de 1999 que registrou a

taxa de 36,4 por mil NV em 1988 (BENEDETTI, 2019). Apesar da importante redução

ainda está acima da média nacional de 14 óbitos infantis por mil NV para o ano de

2016.

Brasil Norte Nordeste Sul SudesteCentro-oeste

Roraima

1990 47,1 45,9 75,8 28,3 32,6 34,3 36,4

2000 26,1 32,8 35,9 16,9 20,1 22,3 17,1

2010 16 21 19,1 11,6 13,4 15,9 13,2

2012 14,6 19,5 17,1 10,8 12,3 15 16,7

2014 14,1 17,7 16,3 10,7 12,3 15,1 20,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Page 308: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

307

Tabela 41. Número, percentual e taxa de mortalidade infantil (por 1.000 NV). Roraima

e Brasil, 1990, 1995, 2000, 2005 a 2019

Ano Roraima Brasil

Nascidos vivos

Óbito infantil Taxa Taxa

N° % 1990 5.016 183 21,4 36,4 - 1995 7.023 191 19,7 27,1 - 2000 9.698 166 13,1 17,1 29,0 2005 9.699 188 12,4 19,3 22,1 2006 9.601 204 12,7 21,24 21,0 2007 9.592 179 11,2 18,66 19,9 2008 10.111 169 10,9 16,71 18,9 2009 9.690 183 11,3 18,88 18,0 2010 9.750 131 7,6 13,43 17,2 2011 9.998 134 7,7 13,40 16,4 2012 10.633 183 9,3 16,64 15,6 2013 10.612 211 9,6 17,21 15,0 2014 10.356 228 10,3 22,01 14,1 2015 10.543 194 8,7 18,40 13,3 2016 10.308 212 8,5 20,56 14,0 2017 10.824 210 8,1 19,40 13,8* 2018 12.138 266 9,1 21,91 - 2019 13.349 239 8,4 17,90 -

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993, 2000 e 2017. Nota: - Sem informação. * Números oficiais ainda não estão fechados pelo MS.

Em 2018, o município de Boa Vista concentrou 42,2% (n=111) dos óbitos

infantis, seguido de Caracaraí com 12,2% (n=32) dos óbitos e de Alto Alegre com

10,3% (n=27). As maiores TMI por município de residência foram encontradas nos

municípios de Alto Alegre (121,62 óbitos por 1.000 nascidos vivos), Caracaraí (93,29

por 1.000 NV), Amajarí (81,20 por 1.000 NV) e de Uiramutã (48,85 por 1.000 NV).

Essas taxas são muito altas, e e esses municípios possuem extensa área indígena. A

TMI de Boa Vista, embora abaixo da taxa nacional de 2016, teve um aumento de

14,6% entre 2017 (11,9 óbitos por 1.000 NV) e 2018 (13,64 por 1.000 NV)

(BENEDETTI, 2019).

Na figura 33 pode-se observar a importante redução da TMI no estado no

comparativo de 1990 (36,4 óbitos em menores de 1 ano por 1.000 NV) e 2019

(17,9/1.000 NV), e essa redução foi de 50,8%.

Page 309: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

308

Figura 33. Taxa de mortalidade infantil (por 1.000 NV). Roraima, 1990, 1995, 2000,

2005, 2010, 2015 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima de 1993, 2000 e 2017.

O município de Boa Vista concentrou a maior ocorrência das mortes em

menores de 1 ano de idade em 2019, seguido de Alto Alegre, Pacaraima e Amajarí.

Em relação à taxa de mortalidade infantil, a maior taxa foi em Alto Alegre de

80,46/1.000 NV, seguido de Amajarí (71,11/1.000 NV) e Pacaraima (34,34/1.000 NV).

Esses municípios possuem extensa área indígena, além disso, Boa Vista, concentra

mais de 60% da população do estado (Tabela 42).

Tabela 42. Número de óbitos, percentual e taxa de mortalidade infantil (por 1.000 NV)

por município de residência. Roraima, 2019

Município N° % Taxa

Alto Alegre 21 8,8 80,46

Amajarí 16 6,7 71,11

Boa Vista 127 53,1 14,23

Bonfim 5 2,1 12,63

Cantá 7 2,9 18,72

Caracaraí 8 3,3 20,51

Caroebe 4 1,7 20,00

Iracema 3 1,3 20,69

Mucajaí 5 2,1 14,53

Normandia 6 2,5 14,39

Pacaraima 17 7,1 34,34

Rorainópolis 9 3,8 15,90

São João da Baliza 1 0,4 7,63

São Luiz 1 0,4 9,35

Uiramutã 9 3,8 24,19

Total 239 100,0 17,90 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

36,4

27,1

17,1 19,3

13,43

18,420,56 19,4

21,9117,9

1990 1995 2000 2005 2010 2015 2016 2017 2018 2019

Page 310: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

309

Em 2018, as afecções originárias no período perinatal foi a principal causa

básica de morte, em 2018, foram responsáveis por 38,8% (n=102) dos óbitos, seguido

das malformações congênitas com 25,1% (n=66) e das causas externas com 14,1%

(n=37) dos óbitos (BENEDETTI, 2019). Em 2019, os grupos que apresentaram a maior

ocorrência de mortes foram as afecções originárias no período perinatal com 85

mortes (35,6%), malformações congênitas com 58 mortes (24,3%) e causas externas

com 25 mortes (10,5%) (Tabela 43).

Tabela 43. Número e percentual de óbitos infantil por capítulo CID-10. Roraima, 2019

Causa (Capítulo CID-10) N° %

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 17 7,1

II. Neoplasias (tumores) 0 0,0

III. Doenças sangue órgãos hemat e transt imunitár 0 0,0

IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 10 4,2

V. Transtornos mentais e comportamentais 0 0,0

VI. Doenças do sistema nervoso 9 3,8

IX. Doenças do aparelho circulatório 6 2,5

X. Doenças do aparelho respiratório 19 7,9

XI. Doenças do aparelho digestivo 2 0,8

XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 0 0,0

XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 0 0,0

XIV. Doenças do aparelho geniturinário 0 0,0

XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 85 35,6

XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 58 24,3

XVIII.Sint sinais e achad anorm ex clín e laborat 8 3,3

XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 25 10,5

Total 239 100,0 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Nota: NCOP - Não consta em outra parte.

4.6.2.1 Mortalidade infantil por componentes

A mortalidade infantil é dividida em neonatal precoce (< 7 dias), neonatal tardia

(7 a 27 dias) e pós-neonatal (28 dias a < 1 ano). Atualmente, a mortalidade pós-

neonatal tem a maior ocorrência no estado com 47,3% (n=113) das mortes em

menores de 1 ano de idade, em seguida vem a mortalidade neonatal precoce com

41,4% (n=99) e a mortalidade neonatal tardia com 11,3% (n=27) das mortes. Esse

Page 311: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

310

padrão mudou esse ano, na série histórica da figura 35 havia predomínio da

mortalidade neonatal precoce.

Esse é o mesmo padrão observado no Brasil, onde nos últimos anos, as

principais causas de morte de crianças menores de 1 ano de idade passaram a ser

por afecções perinatais, que dependem de fatores associados às condições da

criança no nascimento e à qualidade da assistência à gravidez e ao parto. Em anos

recentes, a TMI tem caído principalmente por causa da redução da mortalidade pós-

neonatal, reflexo da melhoria da atenção básica à criança e dos fatores associados

ao meio ambiente, sobretudo água e saneamento. Dessa forma, tornou-se

proporcionalmente maior a participação dos componentes neonatais na TMI. Estes,

para serem atenuados, dependem do aperfeiçoamento do atendimento à mãe desde

a gestação e o parto até o pós-parto, bem como da qualidade da atenção ao recém-

nascido com condições especiais de risco (UNASUS, 2016 a, b).

Figura 34. Taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) por componente. Brasil

e Roraima, 1992, 2000, 2010, 2012 e 2014

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Relatório Anual de Epidemiologia 2015. Saúde Brasil,

SVS/MS, 2015.

Atualmente, as políticas de redução da mortalidade infantil do Brasil priorizam

os primeiros 27 dias de vida da criança, a exemplo do que acontece nos países mais

desenvolvidos (UNASUS, 2016 a, b). A mortalidade neonatal caiu de 37 a cada mil

nascidos vivos, em 1990, para 19 a cada mil nascidos vivos em 2016. Cerca de 1

Page 312: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

311

milhão dessas crianças morreram em 2016, principalmente por causas evitáveis

(WHO, 2018).

As taxas de mortalidade infantil por componentes do Brasil e de Roraima da

figura 34 apresentam similaridade com relação ao predomínio dos componentes

neonatal precoce e neonatal tardio nos últimos anos, e todas as TMI por componentes

de Roraima tiveram redução importante no período de 1992 a 2014.

Tabela 44. Número de nascidos vivos por componentes. Roraima, 2006 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2018, 65,4% (n=175) das mortes ocorrem em crianças com menos de um

mês de vida, englobando as mortes no período neonatal precoce e neonatal tardio.

Os óbitos nesse período refletem a qualidade da assistência do pré-natal e do parto.

Os óbitos pós-neonatal corresponderam a 34,6% (n= 91) (BENEDETTI, 2019). Em

2019, 52,7% (n=126) das mortes ocorreram até 27 dias de nascimento, e a 47,3%

(n=113) entre 28 dias e 1 ano de idade (Tabela 44). Destacamos que 42,4% (n=42)

das mortes do período neonatal precoce ocorreram em até 1 hora de vida.

Ano Neonatal precoce Neonatal tardia Pós-neonatal Ignorado

2006 82 33 89 0

2007 81 28 70 0

2008 85 16 68 0

2009 69 33 80 1

2010 63 13 55 0

2011 71 17 46 0

2012 87 16 80 0

2013 101 23 87 0

2014 106 32 90 0

2015 88 34 72 0

2016 102 22 88 0

2017 89 28 93 0

2018 127 48 91 0

2019 99 27 113 0

Page 313: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

312

Figura 35. Percentual de óbito infantil por ano e componentes. Roraima, 2001, 2005,

2010, 2015 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.

A tabela 45 apresenta o número de NV por componentes e município de

residência da mãe.

Tabela 45. Número de óbito infantil por componentes e município de residência da

mãe. Roraima, 2019

Município Neonatal precoce Neonatal tardia Pós-neonatal Total

N° %

Alto Alegre 5 2 14 21 8,8

Amajarí 4 0 12 16 6,7

Boa Vista 63 17 47 127 53,1

Bonfim 0 0 5 5 2,1

Cantá 3 1 3 7 2,9

Caracaraí 7 0 1 8 3,3

Caroebe 1 0 3 4 1,7

Iracema 0 0 3 3 1,3

Mucajaí 0 2 3 5 2,1

Normandia 3 0 3 6 2,5

Pacaraima 4 2 11 17 7,1

Rorainópolis 6 2 1 9 3,8

São João da Baliza 0 0 1 1 0,4

São Luiz 1 0 0 1 0,4

Uiramutã 2 1 6 9 3,8

Total 99 27 113 239 100,0 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

2001 2005 2010 2015 2016 2017 2018 2019

Pós-neonatal 39,7 41,5 41,9 37 39,7 44 34,6 47,3

Neonatal tardia 11,2 13,8 9,3 17,5 10,6 13 17,9 11,3

Neonatal precoce 49 44,7 48,8 45,5 49,7 43 47,5 41,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Page 314: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

313

4.7 MORTALIDADE FETAL

A morte fetal é a morte do produto da concepção, ocorrida antes da sua

completa expulsão ou extração do organismo materno, independentemente do tempo

de gestação. A morte é indicada pelo fato de que, depois da separação, o feto não

respira nem mostra qualquer outro sinal de vida, como batimentos cardíacos,

pulsações do cordão umbilical ou movimentos de músculos voluntários. A mortalidade

fetal precoce refere-se aos abortos e está compreendida no período entre a

concepção e a vigésima semana de gestação, no qual o feto tem um peso aproximado

de 500g. A morte fetal intermediária ocorre entre a 20ª e a 28ª semana de gestação

(com pesos fetais entre 500 e 1.000g) e a fetal tardia entre a 28ª (1.000 g) e o parto

(BRASIL, 2014).

Tabela 46. Número de óbitos, percentual e taxa de mortalidade fetal (por 1.000 NV).

Roraima, 1992, 1995, 2000, 2005 a 2019

Ano Nascidos vivos Óbito fetal

N° Taxa 1992 4.920 116 23,6 1995 7.023 117 16,2 2000 9.698 108 11,1 2005 9.699 107 11,0 2006 9.601 106 11,0 2007 9.592 100 10,4 2008 10.111 83 8,2 2009 9.690 88 9,08 2010 9.750 89 9,13 2011 9.998 87 8,70 2012 10.633 129 12,13 2013 10.612 130 12,25 2014 10.356 106 10,23 2015 10.543 99 9,39 2016 10.308 118 11,44 2017 10.824 130 12,01 2018 12.138 129 10,63 2019 13.349 145 10,86

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.

No Brasil tem se observado uma diminuição do número de nascidos mortos

(natimortos), principalmente nas regiões Sul e Sudeste. Em 2013, a taxa de

mortalidade fetal (1.000 NV) por regiões brasileiras foram: Norte 11,2/1.000 NV,

Nordeste 13,1/1.000 NV, Sudeste 10,6/1.000 NV, Sul 9,1/1.000 NV e Centro-Oeste

9,3/1.000 NV (BRASIL, 2013).

Page 315: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

314

Em Roraima, no ano de 2019, 5% (n=145) dos óbitos foram fetais e a taxa de

mortalidade fetal foi de 10,86 óbitos fetais por 1.000 NV. Essa taxa reduziu 54% em

relação a 1992 (23,6/1.000 NV) (Tabela 46). No ano anterior, ocorreram 129 óbitos

fetais, correspondendo 4,4% dos óbitos e a taxa de mortalidade fetal foi de 10,7 óbitos

fetais por mil NV.

4.8 MORTALIDADE MATERNA

É considerado morte materna a “morte de uma mulher durante a gestação ou

até 42 dias após o término da gestação, independente da duração ou da localização

da gravidez, devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou

por medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”.

São classificadas em diretas e indiretas. A morte materna obstétrica direta é aquela

que ocorre por complicações obstétricas na gravidez, parto e puerpério, devidas a

intervenções, omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de eventos resultantes

de qualquer dessas causas. A mortalidade materna é um bom indicador para avaliar

as condições de vida de uma população. O estudo desses óbitos pode revelar o grau

de desenvolvimento de uma determinada sociedade (BRASIL, 2013).

Em Roraima, ocorreram 11 mortes materna em 2019, representaram 0,4% do

total de mortes do estado, a taxa de mortalidade materna de 0,82 óbitos maternos por

1.000 NV foi menor que em 2018 (Figura 36 e tabela 47). Em 2018, também ocorreram

11 óbitos maternos no estado e representaram 0,3% de todas as mortes nesse ano.

A taxa de mortalidade materna de 0,90/1.000 NV, dobrou em relação ao ano de 1996

(0,4/1.000 NV), e aumentou 8,4% em relação ao ano de 2017 (0,83/1.000 NV).

Figura 36. Taxa de mortalidade materna por mil nascidos vivos. Roraima, 1996, 2000,

2005, 2007, 2010, 2015 a 2019.

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.

0,4

0,610,51

1,14

0,1

1,23

0,680,83 0,9

0,82

1996 2000 2005 2007 2010 2015 2016 2017 2018 2019

Page 316: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

315

A OMS por meio dos ODS estabeleceu a meta 3.1 que tem como objetivo

reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000

nascidos vivos, até 2030. Dados recentes mostram que 303 mil mulheres morreram

por complicações na gravidez e no parto em 2015. Quase todas essas mortes

ocorreram em países de baixa e média renda (99%). Reduzir a mortalidade materna

depende crucialmente de garantir que as mulheres tenham acesso a cuidados de

qualidade antes, durante e após o parto. Dados disponíveis desde 2007 mostram que

menos da metade de todos os nascimentos em vários países de baixa e média renda

foram atendidos por pessoal de saúde qualificado. Globalmente, estima-se que mais

de 40% de todas as gestantes não receberam cuidados pré-natais em 2013 (WHO,

2018).

A partir de 2008, o MS intensificou esforços para ampliar, estruturar e fortalecer

ações de vigilância dos óbitos que buscam aprimorar a captação e a qualificação das

informações sobre mortalidade materna, nos três níveis de gestão do SUS (BRASIL,

2018a).

Tabela 47. Número de nascidos vivos, número e taxa (por 1.000 NV) de óbito materno.

Roraima, 1996 a 2019

Ano Nascidos vivos Óbito materno

N° Taxa 1996 7.373 03 0,4 1997 8.148 08 0,9 1998 8.208 12 1,4 1999 8.726 05 0,5 2000 9.698 06 0,6 2001 9.561 05 0,5 2002 9.188 05 0,5 2003 10.286 04 0,3 2004 9.751 02 0,2 2005 9.699 05 0,5 2006 9.601 09 0,9 2007 9.592 11 1,1 2008 10.111 08 0,7 2009 9.690 10 1,0 2010 9.750 01 0,1 2011 9.998 09 0,90 2012 10.633 11 1,03 2013 10.612 10 0,94 2014 10.356 05 0,48 2015 10.543 13 1,23 2016 10.308 07 0,68 2017 10.824 09 0,83 2018 12.138 11 0,90 2019 13.349 11 0,82

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração). Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 2000 e 2018.

Page 317: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

316

Com o monitoramento das mortes maternas e mortes de mulheres em idade

fértil (MIF) no Brasil nos últimos anos pela vigilância do óbito foi possível reclassificar

mortes maternas, não declaradas inicialmente, e promover a sua identificação no SIM.

Foi possível também descartar mortes que foram notificadas erroneamente como

maternas, quando não relacionadas ao período gravídico puerperal, ou sem relação

de agravamento mútuo entre uma afecção concomitante e o estado gravídico

puerperal. Outra atividade, instituída anteriormente, a busca ativa de óbitos, também

desenvolvida pelas equipes dedicadas a vigilância do óbito nos estados e nos

municípios, já vinha resgatando, para a base de dados, óbitos não captados pelo fluxo

tradicional do sistema. O registro dos resultados das atividades desenvolvidas pelos

serviços de vigilância do óbito local tornou-se viável após a criação de módulo de

investigação de óbitos integrado com o SIM, a partir de 2008. Os novos insumos de

informação tornaram possível mensurar as mortes maternas somente identificadas

após a revisão decorrente da investigação das mortes de MIF e compará-las com o

número de óbitos declarados ao SIM antes da investigação (BRASIL, 2018a)

Tabela 48. Número de mortes maternas por período de ocorrência. Roraima, 2011 a

2019

Ano Na gravidez No parto No Aborto Ate 42d após parto 43d-01a após parto Total

2011 5 1 1 2 0 9

2012 4 2 1 3 1 11

2013 3 2 0 4 1 10

2014 0 2 0 3 0 5

2015 3 3 1 5 1 13

2016 2 1 0 1 3 7

2017 1 0 2 4 2 9

2018 0 2 1 6 2 11

2019 2 2 2 2 3 11 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

A proporção média de incremento no número de mortes maternas no País em

2013 foi a maior observada no período de informações disponíveis, de 2009 a 2015,

ficando próxima a 31%, sendo que houve variação desta proporção entre as regiões.

Neste ano, a partir dos resultados da investigação de óbitos de MIF, a Região Sudeste

incrementou em 42% o número de óbitos maternos que haviam sido declarados

inicialmente por outras causas. Na Região Sul a proporção de incremento no número

Page 318: RELATÓRIO ANUAL DE EPIDEMIOLOGIA DE RORAIMA 2019

317

de casos de morte materna foi de 34%, e na Região Nordeste este percentual ficou

em 27% (BRASIL, 2018a).

No detalhamento das mortes maternas podemos identificar exatamente o

período de ocorrência dessas mortes (Tabela 48).

Tabela 49. Número e percentual de óbito materno, segundo tipo de causa obstétrica.

Roraima, 2019

Gravidez, Parto e Puerpério N° %

Gravidez que termina em aborto 4 36,4

Outras mortes obstétricas diretas 6 54,5

Restante de gravidez, parto e puerpério 1 9,1

Total 11 100,0 Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Em 2018, todos os óbitos maternos foram por causas obstétricas diretas,

destas, 40% (n=4) dos óbitos foram por gravidez que termina em aborto, e 60% (n=6)

por outras causas obstétricas (BENEDETTI, 2019). Em 2019, a maiorias das mortes

(54,6%) foram classificadas em “Outras mortes obstétricas diretas”, e 36,4% foram por

“Gravidez que termina em aborto” (Tabela 49).

Tabela 50. Número e percentual de óbitos maternos segundo raça/cor, faixa etária e

escolaridade da mãe Roraima, 2017 a 2019

Fonte: SIM/NSIS/DVE/CGVS/SESAU/RR. Dados de 06/07/2020 (sujeitos à alteração).

Alguns dados sociodemográficos das mães estão na tabela 50. Além do apresentado,

em 2019, houve dois óbitos em mães com ensino médico, três com ensino superior

incompleto, e um com ensino superior completo.

VARIÁVEIS 2017 2018 2019

Raça/Cor Nº % Nº % Nº %

Branca 2 33,3 2 20,0 2 18,2

Parda 3 50,0 4 40,0 7 63,6

Indígena 1 16,7 4 40,0 2 18,2

Faixa Etária Nº % Nº % Nº %

10-14 anos 0 0,0 1 10,0 0 0,0

15-19 anos 2 33,3 1 10,0 3 27,3

20-29 anos 2 33,3 6 60,0 2 18,2

30-39 anos 2 33,3 2 20,0 6 54,5

Escolaridade Mãe Nº % Nº % Nº %

Sem escolaridade 0 0,0 2 20,0 0 0,0

Ensino fundamental incompleto 0 0,0 1 10,0 2 18,2

Ensino médio incompleto 0 0,0 3 30,0 0 0,0

Não informada/Ignorado 6 100,0% 5 50,0 3 27,3

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318

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Saúde

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Brasil 2015/2016: uma análise da situação de saúde e da epidemia pelo vírus Zika e por outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti [recurso eletrônico]/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. 386 p. BRASIL. Ministério da Saúde.Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise da Situação de Saúde. Melhoria do diagnóstico de causa de morte no Brasil: protocolo de investigação de óbitos com causas classificadas como códigos “garbage” - sessenta cidades do Brasil, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em saúde. Saúde Brasil 2017: uma análise da situação de saúde e dos desafios para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Brasília, 2018a. 426p. BRASIL. Estatísticas do câncer, 2018b. Disponível em: https://www.inca.gov.br/numeros-de-cancer ISHITANIL. H.; TEIXEIRA, R. A.; ABREU, D. M. X.; PAIXÃO, L. M. M. M.; FRANÇA, E. B. Qualidade da informação das estatísticas de mortalidade: códigos garbage declarados como causas de morte em Belo Horizonte, 2011-2013.Rev. bras. epidemiol. vol.20 supl.1 São Paulo May 2017. KOLLODGE R. O PODER DE ESCOLHA Direitos reprodutivos e transição demográfica - situação da população mundial 2018. Escritório do UNFPA no Brasil OMRAM, A. R. The epidemiologic transition: a theory of the epidemiology of population change. Bulletin of the World Health Organization 79(2):161-170, 2001. RORAIMA. Relatório Anual de Epidemiologia de Roraima 1996. Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, 1996. SANTOS-PRECIADO J. I. et al. La transición epidemiológica de las y los adolescentes em México. Salud Pública de México 45(supl 1):140-152, 2003. SANTOS, R. A.; BENEDETTI, M. S. G.; LAGARES, T. S. Mortalidade infantil por Doenças Infecciosas e Parasitárias ocorridas em Roraima no período de 2006 a 2015. 19º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica. Fortaleza, 2016. UNICEF. Levels & Trends in Child Mortality: report 2015. 2015. Disponível em: <http://www.unicef.org/publications/files/Child_Mortality_Report_2015_Web_8_Sept_15.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2016a. UNICEF et al. Levels & trends in child mortality: report 2015 estimates developed by the UN Inter-agency Group for Child Mortality Estimation. ©2015. Disponível em: <http://www.childmortality.org/files_v20/download/IGME%20report%202015%20child%20mortality%20final.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2016. WHO. World health statistics 2018: monitoring health for the SDGs, sustainable development goals. Geneva: World Health Organization; 2018. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante que o DVE faça a divulgação do Relatório Anual de Epidemiologia

de Roraima do ano de 2019 para o Governo do estado, Casa Civil, Assembleia

Legislativa, gestores estaduais e municipais de saúde, de educação e segurança

pública, profissionais da área da saúde, e para as universidades, e que essa

divulgação seja uma prática anual.

O estreitamento das relações da vigilância epidemiológica estadual com a

assistência em saúde (Atenção Básica e Urgência/Emergência) pública e privada,

bem como as instituições de ensino e pesquisa é de fundamental importância para a

saúde pública do estado pois pode contribuir para o aperfeiçoamento e melhoria do

desempenho das políticas públicas de saúde.

É urgente a necessidade de fortalecimento das relações da vigilância

epidemiológica estadual com as vigilâncias epidemiológicas municipais para melhor

articulação de estratégias de prevenção e promoção à saúde.

Com as emergências em saúde pública cada vez mais frequentes o

fortalecimento do CIEVS/NIEVS estadual é uma prioridade, além da necessidade da

criação de uma sala de situação permanente para monitoramento das doenças,

agravos e eventos de saúde de interesse da saúde pública estadual e nacional.

O laboratório é uma importante ferramenta de apoio à vigilância epidemiológica

das doenças de notificação compulsória, logo, o fortalecimento dos laboratórios de

análise clínica nos estabelecimentos de saúde hospitalares e com atendimento de

urgência e emergência, sobretudo, no interior do estado, quanto a coleta,

armazenamento e transporte de amostras biológicas ao LACEN/RR (atendendo todas

as normas técnicas necessárias para a adequabilidade da amostra) deve ser

considerado uma prioridade no estado.

A criação do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), nos moldes preconizados

pelo MS, é uma necessidade estadual para minimizar as mortes com causas mal

definidas e é uma pauta em que a vigilância epidemiológica estadual vem desde 1996

cobrando da SESAU/RR.

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GOVERNO DO ESTADO DE RORAIMA SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE RORAIMA COORDENAÇÃO GERAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE DEPARTAMENTO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Rua Dr. Arnaldo Brandão nº 283, com a Av. Capitão Júlio Bezerra Bairro São Francisco. CEP 69.305-080elefone (95) 3623-2757.

E-mail: [email protected] Boa Vista – Roraima