Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
RELATÓRIO DA MISSÃO DE COOPERAÇÃO SUL‐SUL
Oficina Países Africanos e Brasil
Programa Internacional
de Erradicação do Trabalho
Infantil(IPEC)
16 a 26 de Maio de 2010
RELATÓRIO DA MISSÃO DE COOPERAÇÃO SUL‐SUL Oficina Países Africanos e Brasil (de 16 a 26 de Maio de 2010)
ÍNDICE
1. APRESENTAÇÃO DA MISSÃO 02
I. INTRODUÇÃO 03
II. ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE A MISSÃO 04 2.1. Participação da Oficina de Capacitação dos Técnicos da Bahia para a Identificação e Cadastramento de Crianças e Adolescentes em Situação de Trabalho Infantil
04
2.2. Participação do Seminário Nacional de Educação Integral 05
2.3. Treinamento para Capacitar a Delegação Angolana sobre Procedimentos da OIT 07 2.3.1. Estratégias para Recolha de Informação 07 2.3.2. Elaboração e Gestão de Programas de Acção (PA) 08 2.3.3. Advocacy/Lobbyng 09 2.3.4. Utilização do Programa Mercury 10 2.3.5. Diagnóstico Rápido 11
2.4. Reuniões Sectoriais Bilaterais Brasil – Angola 10 2.4.1. Reunião com a Secretaria de Educação da estado da Bahia (SEC) 11 2.4.2. Reunião com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) 12 2.4.3. Reunião com o Fórum Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (FNETI) 13 2.5. Agenda Hemisférica de Trabalho Decente. Iniciativa de Cooperação Sul – Sul para um Mundo Livre do Trabalho Infantil
14
2.5.1. Trabalhos da Mesa de Diálogo dos Países Falantes da Língua Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guine‐Bissau e Moçambique)
15
IV. DIFICULDADE ENFRENTADAS, ASPECTOS POSITIVOS DA MISSÃO E AGRADECIMENTOS
17
V. CONCLUSÕES FINAIS 19 VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 20
1
RELATÓRIO DA MISSÃO DE COOPERAÇÃO SUL‐SUL Oficina Países Africanos e Brasil(de 16 a 26 de Maio de 2010)
TÍTULO DO PROJECTO: Tackling Child Labour through Education (TACKLE) PERÍODO DE MISSÃO NO BRASIL: 16 a 25 de Maio de 2010
PARTICIPANTES DE ANGOLA:
Francisco João Gaspar ‐ Coordenador Nacional OIT‐TACKLE – [email protected] (+244)923620080 Maria Anibal Amáro ‐ Chefe de Departamento Nacional Para a Criança em Situação de Risco (MINARS) ‐ [email protected], [email protected] (+244)923646449 Maria Luisa P. A. da Silva ‐ Ponto Foncal para o Trabalho Infantil (UNTA) ‐ [email protected] (+244)923505388 Paulo Tchiemba Kalesi ‐ Chefe do Departamento Nacional de Protecção à Criança (INAC) ‐ [email protected] (+244)925199438 Zita Joana de Sousa ‐ Chefe do Departamento de Educação Primária (MED) ‐ [email protected] (+244)922601179
OBJECTIVOS: OBJECTIVO GERAL: Reforçar a Cooperação entre o Brasil e os países do sul da África e da América para a aceleração do processo de eliminação progressiva do Trabalho Infantil e das suas Piores Formas até ao ano de 2016. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS: • Treinar a coordenação do IPEC Angola e seus parceiros locais sobre os procedimentos de dinamização e de
gestão de projectos na perspectiva da OIT. • Partilhar experiências sobre as boas práticas para o combate do Trabalho Infantil. • Conceber projecto de Cooperação Sul‐Sul que reflictam as necessidades e possibilidades de cada país no
Combate do Trabalho Infantil.
RESULTADOS ESPERADOS: • Treinados o coordenador do TACKLE–Angola e seus parceiros sobre Advocacy, Diagnóstico Rápido e
Mercury; • Adquiridos conhecimentos para a elaboração de instrumentos para a identificação e cadastramento das
crianças em situação de Trabalho Infantil em Angola; • Angola, Brasil, Cabo‐Verde, Guine Bissau e Moçambique elaboram projecto de cooperação definindo
actividades e estratégias de intervenção conjunta para o combate do Trabalho Infantil e eliminação das suas Piores Formas até ao ano de 2016 por meio da Mobilização Social e da Educação em Direitos Humanos.
METAS A ALCANÇAR: • Com base nas experiências do Brasil e no contexto angolano os delegados de Angola nesta missão de
intercâmbio serão capazes de articular com o Instituto Nacional de Estatística e outros interessados para dar início a elaboração dos instrumentos de Identificação e Cadastramento de crianças e adolescentes em situação de Trabalho Infantil em Angola;
• No final da missão Angola serão capazes de criar uma Estrutura Nacional de consulta e deliberação sobre questões do Trabalho Infantil com base no tripartismo ou ampliada para o quadripartismo;
• Angola, Brasil, Cabo‐Verde, Guine Bissau e Moçambique acelerarão o processo para a eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil até o ano de 2016.
2
I. INTRODUÇÃO
A questão do trabalho infantil, ao lado de outras situações de violência contra a criança,
tais como a exploração e abuso sexual, o tráfico de crianças e menores em conflito com
a lei começam a merecer uma maior preocupação da sociedade angolana no seu todo e
daqueles que se ocupam da situação da criança de maneira particular. Há muitas
crianças envolvidas precocemente no mundo do trabalho em Angola, em África e em
todo mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento, onde o envolvimento de
menores no mundo do trabalho e nas suas piores formas cresce aceleradamente.
No quadro do Programa de Cooperação Sul‐Sul para a erradicação do Trabalho Infantil e
suas Piores Formas, o Governo do Brasil se comprometeu em apoiar os países africanos
em termos de capacitação técnica e de disponibilização de recursos para fazer frente ao
problema. Nesta conformidade, a convite do Governo Brasileiro, Angola e outros países
africanos participaram de um encontro de intercâmbio e planificação nos estados da
Bahia e Brasília no período de 16 a 25 de Maio do corrente ano. A missão angolana foi
apoiada por um financiamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) do
projecto TACKLE‐Angola e integrou os representantes do Ministério da Educação (MED),
Ministério da Assistência e Reinserção Social (MINARS), do Instituto Nacional da Criança
(INAC), da União dos Trabalhadores Angolanos – Confederação Sindical (UNTA‐CS) e da
OIT – IPEC/Angola.
O encontro tinha como objectivo reforçar as relações de cooperação entre o Brasil e os
países africanos, bem como o fortalecimento das capacidades das autoridades destes
países e parceiros constituintes do tripartismo para a formulação, implementação e
aplicação das políticas e estratégias de luta contra o Trabalho Infantil, contribuíndo
assim para o alcance das metas dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio.
O presente documento, pretende reportar as acções desenvolvidas durante a missão,
assim como, os resultados alcançados e as perspectivas para os próximos tempos.
3
II. ACTIVIDADES REALIZADAS DURANTE A MISSÃO
De acordo com os objectivos de cooperação o programa da missão comportou a
seguinte agenda:
17 e 18/Maio/2010
2.1. Participação da Oficina de Capacitação dos Técnicos da Bahia para a Identificação
e Cadastramento de Crianças e Adolescentes em Situação de Trabalho Infantil.
A oficina pretendeu capacitar os técnicos dos 18 municípios do território semi‐árido do
nordeste da Bahia para utilização do Caderno Único de registo dos menores em situação
de Trabalho Infantil e suas famílias (CADÚNICO). Com base nos dados cadastrados são
identificados os indicadores que determinarão se os menores e suas famílias estão em
risco de Trabalho Infantil ou se já estão envolvidos em Trabalho Infantil e se este
trabalho é perigoso. Assim, depois do cadastro a família poderá habilitar‐se a receber
Bolsa Família e a criança a ser integrada no PETI (Programa de Erradicação do Trabalho
Infantil).
Durante os dois dias de oficina os participantes dos estados da Bahia definiram as
estratégias para organizarem as equipas de identificação que serão integradas na rede
da OIT, definiram igualmente as metas a alcançarem, o foco de Trabalho Infantil e as
estratégias para entrarem em contacto com as crianças e as famílias.
Nos grupos de trabalho elaboraram os Planos municipais e exercitaram o
preenchimento do Caderno Único (CADÚNICO).
A metodologia utilizada na oficina foi à exposição áudio‐visual das apresentações
temáticas, perguntas e respostas e trabalhos de grupo. Esta metodologia possibilitou a
interacção entre os presentes e uma participação de todos nos diferentes momentos da
oficina.
4
Este processo permitiu aos participantes de Angola:
‐ Compreenderem o processo aplicado no Brasil para a identificação e cadastramento
das crianças e adolescentes em situação de Trabalho Infantil.
‐ Compreenderem as etapas para realizar um processo integrado e sustentável de
combate ao Trabalho Infantil: levantar a Informação fazendo Diagnóstico Rápido e
produzindo conhecimentos estatísticos e qualitativos; fazer a mobilização social
envolvendo a comunidade e outros sectores da sociedade; adequar a legislação aos
programas e projectos a serem implementados; fortalecer as instituições locais
promovendo capacitações e treinamentos para os servidores públicos, empregadores e
sociedade civil; proteger integralmente as crianças com o desenvolvimento de modelos
piloto que podem influenciar ou serem transformados em políticas públicas.
‐ Começar uma discussão para a criação de estrutura de consulta e deliberação das
questões do Trabalho Infantil.
‐ Começar o diálogo entre as diferentes instituições para dar início ao processo de
identificação e cadastramento de crianças em situação de Trabalho Infantil.
‐ Incentivar a produção de conhecimento desenvolvendo pesquisas, criando colectânea
referencial sobre os instrumentos legislativos e normativos para a promoção dos
direitos da criança e particularmente, para o combate do Trabalho Infantil.
18 a 21/Maio/2010
2.2. Participação do Seminário Nacional de Educação Integral
Este seminário foi o 3º dirigido para os coordenadores Nacionais do Programa Brasileiro
“Mais Educação” e decorreu no Estado Federal de Brasília de 18 a 21 de Maio, sob a
coordenação do Ministério da Educação do Brasil.
Durante os dias de seminário foram abordados temas como:
‐ A Educação Integral no Contexto da Política Educacional Brasileira;
5
‐ Gestão e Financiamento das Acções de Educação Integral;
‐ O Currículo, o Tempo Escolar e os Profissionais da Educação na Perspectiva da
Educação Integral;
‐ A Formação dos Actores do Programa Mais Educação e as Universidades;
‐ Programa Nacional de Educação em Direitos Humanos;
‐ Política Nacional de Educação Ambiental;
Todos os temas apresentados no auditório depois em colóquios eram discutidos de
forma mais profunda com outros sub‐temas correlacionados.
Segundo a professora Dra. Yvelise de Sousa a sustentabilidade deve ser o princípio da
Educação Integral e ela uma prática antiga. Na tradição da escola do passado já a
Princesa Isabel tinha aulas teóricas, dança e música. É importante que as actividades
extra‐escolares sejam inseridas no currículo escolar e não sejam encaradas apenas como
tempo livre.
No final da sua comunicação a professora disse: “É necessário ultrapassar a idéia de que
a criança tem dificuldades de apreender e começar a entender que o professor muitas
das vezes é que tem dificuldades de ensinar de acordo com o saber do mundo da
criança!”
Frisou ainda a necessidade de elaboração de um projecto de aprendizagem que
possibilite o diálogo e a participação da comunidade, respeitando os valores culturais.
Dos integrantes da delegação angolana, participou activamente deste seminário a
representante do Ministério da Educação, que procurou identificar aspectos da
experiência do Brasil que poderão ser uma força na implementação do projecto
angolano Escolas Amigas da Criança.
6
Segundo os comentários da representante do Ministério da Educação de Angola, os
temas do seminário foram bastante pertinentes e as experiências partilhadas animam o
ministério da Educação a implementar rapidamente o projecto Escolas Amigas da
Criança.
19 e 20/Maio/2010
2.3. Treinamento para Capacitar a Delegação Angolana sobre Procedimentos da OIT
Por razões de tempo, o IPEC Brasil não conseguiu organizar as sessões de treinamento
previstas para capacitar o coordenador do IPEC Angola e os outros integrantes da
delegação angolana nas matérias acima previstas. No período da missão (19 a 25 de
Maio) estavam a ser organizados pela OIT outros eventos e assim o pessoal do IPEC
Brasil estava muito atarefado com a preparação dos encontros da Bahia e de Brasília.
Em comum acordo o IPEC Brasil e o IPEC Angola se predispuseram em estudar a
possibilidade de elaborarem um programa de formação para Angola que poderá ser
efectivado via internet ou com a deslocação de formadores brasileiros em Angola.
Entretanto, nos dias 19 e 20 o senhor Renato e a sua equipa do IPEC organizaram
algumas sessões de informação e de exercícios práticos para familiarizar a delegação de
Angola com alguns procedimentos da OIT.
2.3.1. Estratégias para Recolha de Informação
De acordo com a experiência do Brasil, as etapas que podem ser adaptadas por Angola
para recolha da informação passam por:
‐ Constituir uma coordenação capaz de mobilizar os diferentes sectores, articular e
influenciar os órgãos de decisão do País;
‐ Identificar os informantes chaves (agentes comunitários, ONG’s, Escolas, Igrejas,...);
‐ Reunir com as fontes de informação;
7
‐ Definir coordenação de campo á nível de cada localidade para cuidar da entrega e
recepção dos formulários, revisar o seu preenchimento e depois lançar para o banco de
dados (cadastramento).
‐ Organizar a informação e fazer cópias físicas e electrónicas dos formulários;
‐ Definir fluxo de informação, coordenando com todas as áreas e actores do processo.
Posteriormente falou‐nos das etapas para a identificação do Grupo Alvo a serem
cadastrados.
É importante que haja um conhecimento básico (Diagnóstico Rápido e Participativo,
pesquisa, etc.), para saber as categorias onde se pretendem levantar as informações:
Trabalho Infantil e Escola; Trabalho Infantil e não Escola; Não Trabalho Infantil e não
Escola. Outro aspecto importante será a definição das metas e focos a serem alcançados
por cada localidade, assim como a estratégia para chegar até a criança e sua família,
exemplo utilizando o “Método Mosquito” que consiste em colocar duas perguntas à
criança sobre o que faz a sua família? O que ela faz para ajudar a sua família? Depois
filtrar as respostas e dialogar com os casos mais críticos.
Em cada uma dessas categorias teremos o conhecimento sobre a tipologia do Trabalho
realizado pelas crianças, as condições de trabalho, as idades com maior freqüência, os
riscos resultantes do trabalho, etc.
2.3.2. Elaboração e Gestão de Programas de Acção (PA)
Para a elaboração do PA, deve‐se ter em conta os seguintes passos:
‐ Elaborar a árvore de problemas para saber qual o problema central
A árvore de problemas elabora‐se para identificar qual é o principal problema/obstáculo
que deve ser resolvido e a partir dele procurar as suas causas.
8
Uma metodologia adequada para construir esta árvore é a “chuva de idéias” e a
discussão aberta, tendo o faciltador a responsabilidade de questionar cada vez mais o
grupo, para garantir que de facto é este mesmo o problema que todos enfrentam.
‐ Elaborar a árvore de objectivos
As consequências do problema identificado serão transformados em objectivos, por isso
é importante saber onde está o problema.
Os objectivos podem ser gerais e imediatos, sendo que o objectivo geral representa a
nossa contribuição para resolver o problema e os objectivos imediatos representam de
forma específica como será feita esta contribuição para a resolução do problema. Não é
aconselhável termos muitos objectivos, porque poderá dificultar o controlo das acções e
também podemos ser muito vagos no impacto desejado.
‐ Elaborar a estratégia de intervenção
É importante um estudo prévio para avaliar a exequibilidade do PA (o que?). Ao
confirmar‐se que o PA é exequível, então, deve‐se buscar os parceiros com os quais
serão realizadas as actividades. Deve‐se elaborar um orçamento de previsão do PA,
definir os indicadores estatísticos e qualitativos, diferenciando os de gestão, os de
resultados ou de impactos. Ao elaborar‐se o PA devemos ter em conta a sua
sustentabilidade para assegurar a continuidade das acções ou a manutenção dos
resultados.
2.3.3. ADVOCACY/LOBBYNG
A advocacy, consiste na defesa de interesses entre as partes sem prejuízo de alguém, é
fundamentalmente a defesa de interesse público. Neste processo intervêm:
‐ Interesse: problema ou situação que preocupa os interessados;
‐ Interessados: aqueles que apresentam o interesse de ver o problema ou situação a
resolver;
9
‐ Advocacy: representação legítima dos interesses;
‐ Formadores de Opinião: pessoas, grupos, entidades que são referências no espaço
público e influenciam o posicionamento de um grande segmento da população;
‐ Autoridades do Poder Público: Aqueles que têm o poder de decisão;
Para interagir com estes intervenientes no processo de advocacy, é importante ter
conhecimentos fundamentados sobre o assunto. Por isso fazer um inventário legislativo
sobre a criança é muito importante.
2.3.4. Utilização do Programa MERCURY
Sob a facilitação de Pedro de Oliveira, fizemos alguns exercícios para compreender
como funciona o programa Mercury e as suas múltiplas aplicações na gestão e monitoria
de PA. Considerando que é um software de grande valia para o funcionamento do IPEC
em Angola e para os parceiros locais, uma formação urgente deverá ser organizada para
treinar o pessoal de Angola.
2.3.5. Diagnóstico Rápido
Este treinamento não foi desenvolvido por falta de tempo, uma vez que a agenda
priorizava o encontro de Cooperação SUL‐SUL.
20 e 21/Maio/2010
2.4. Reuniões Sectoriais Bilaterais Brasil – Angola
Para melhor compreender os processos de combate do Trabalho Infantil no Brasil e a
articulação das diferentes plataformas de diálogo e deliberação ligadas ao tema do
Trabalho Infantil foram realizadas reuniões sectoriais bilaterais entre as instituições
Brasileiras e os membros da delegação angolana. Estas reuniões foram preparadas pelo
IPEC Brasil.
10
2.4.1. Reunião com a Secretária de Educação do Estado da Bahia (SEC)
No dia 20 a Assessora do SEC Ana Elizabeth Gomes reuniu em Brasília com a delegação
Angolana. A senhora Ana E. Gomes começou por saudar a delegação angolana e desejar
as boas vindas. Posteriormente falou da experiência da Bahia no combate do Trabalho
Infantil onde destacou fundamentalmente a iniciativa conjunta com a OIT para
organizarem a Caravana que percorreu o Estado da Bahia com o propósito de mobilizar
o envolvimento de todos no combate do Trabalho Infantil. Em cada um dos municípios
estaduais os governos locais assinaram um termo assumindo o seu compromisso e do
município que governa no combate do Trabalho Infantil.
A caravana depois percorreu todos outros Estados brasileiros e no final o termo de
compromisso foi assinado pelo Presidente brasileiro Lula da Silva. Esta foi uma
experiência de mobilização social que levou toda a sociedade brasileira a assumir a
responsabilidade de combater o Trabalho Infantil.
Outro assunto da reunião foi à apresentação do Estatuto da Criança e do Adolescente
que tem sido um instrumento orientador para as questões legais de protecção e
promoção dos direitos da criança e do adolescente.
A assessora do SEC propôs ainda a delegação angolana uma cooperação universitária no
campo dos Direitos Humanos para a formação de professores e outros actores de
Angola. Segundo ela esta cooperação poderia ser realizada enviando formandos
angolanos para o Brasil e também enviando formadores para Angola. Ainda pode ser
dada a cooperação em cursos de extensão nos dois países.
Portanto, esta cooperação pode ser financiada com recursos do governo brasileiro e do
governo norte americano, sendo fundamental que se comesse a desenhar uma linha
integrada entre Angola e Brasil no domínio dos Direitos Humanos para os diferentes
graus académicos.
11
Presentes na reunião estiveram: Ana Elizabeth Gomes (SEC), Renato Mendes (OIT
Brasil), Zita Joana de Sousa (MED), Paulo TchiembaKalesi (INAC) e Francisco João Gaspar
(OIT Angola).
2.4.2. Reunião com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
No dia 21 o senhor Luiz Henrique, Chefe da Divisão do Trabalho Infantil do MTE reuniu
com a delegação angolana em Brasília na sede do MTE.
Depois das boas vindas dadas à delegação angolana, o senhor Luiz Henrique fez uma
apresentação de como está estruturado o Conselho Nacional da Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CONANDA) que é o espaço de diálogo do Ministério com os
outros actores públicos.
Outra plataforma é o Conselho Nacional para a Erradicação do Trabalho Infantil
(CONAETI). Este é um órgão de consulta do ministro do Trabalho e Emprego e tem uma
composição quadripartismo (Governo, Sindicatos, empregadores e Sociedade Civil).
Estes espaços também fazem uma pressão social para a resolução dos problemas do
Trabalho Infantil. Para mais informações convidou‐nos a entrar no site do MET que é
WWW.mte.gov.br. Buscar Trabalho Infantil.
Este encontro permitiu a delegação Angolana avaliar o tipo de estruturas que poderão
ser constituídas para ampliar o diálogo sobre o Trabalho Infantil (formal ou informal,
tripartite ou quadripartite, municipal, provincial ou nacional, etc.) colocando foco na
educação como resposta.
12
Estavam presentes na reunião: Luiz Henrique (MTE), Pedro Américo de Oliveira (OIT
HQ), Zita Joana de Sousa (MED), Paulo Tchiemba Kalesi (INAC) e Francisco João Gaspar
(OIT Angola).
2.4.3. Reunião com o Fórum Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (FNETI)
No dia 21 realizou‐se no escritório da OIT uma reunião com a Secretária Geral da FNETI
senhora Isa Oliveira. Este Fórum existe há 38 anos e não é institucionalizado
formalmente (legal), sendo que a sua legitimidade resulta do reconhecimento que a
sociedade lhe dá pelo seu carácter de controlo social. A sua coordenação é eleita em
assembleia da sociedade civil e o mandato tem uma vigência de dois anos.
A reunião do Fórum realiza‐se de quatro em quatro meses com os representantes de
cada um dos Estados brasileiros.
A sua força está em colocar o foco na educação como estratégia para o combate do
trabalho infantil uma vez que a FNETI defende a educação com carácter para superar e
não para punir, bem como na sua forte capacidade de mobilização social.
Portanto, este encontro mais uma vez permitiu a delegação angolana compreender a
força da mobilização social e como construir um processo menos burocrático e formal.
Durante a nossa reunião com a FNETI, fomos saudados pela directora da OIT Brasil Laís
Abramo e pelo responsável do IPEC Brasil Renato Mendes.
Presentes na reunião estiveram: Isa Oliveira (FNITI), Pedro Américo de Oliveira (OIT HQ),
Zita Joana de Sousa (MED), Paulo TchiembaKalesi (INAC) e Francisco João Gaspar (OIT
Angola).
13
24 e 25/Maio/2010
2.5. Agenda Hemisférica de Trabalho Decente. Iniciativa de Cooperação Sul‐Sul por um
Mundo Livre do Trabalho Infantil.
Nos dias 24 e 25 foram realizadas oficinas de planificação entre o Brasil e alguns países
africanos, nomeadamente: Angola, Cabo Verde, Guiné‐Bissau, Moçambique e Tanzânia.
O tema da Cooperação Sul‐Sul está baseado na necessidade de se reforçar as relações
entre o Brasil e os outros países do Sul. Esta cooperação se dá em muitas áreas e é uma
iniciativa do Governo Brasileiro.
Para além dos delegados destes seis países, participaram também das oficinas dois
peritos seniores da OIT vindos da Suíça. Participaram ainda outras instituições Brasileiras
parceiras da OIT, tais como: SEC, ABC, UNESCO, MEC, e ANDI.
As oficinas tinham como objectivo conceber projectos no espírito da Cooperação Sul‐
Sul, e que estes reflectissem as necessidas e possibilidades de cada país presente, de
modo a contribuírem com a aceleração do processo de Eliminação das piores Formas de
Trabalho Infantil até ao ano de 2016.
Os trabalhos foram orientados em duas oficinas, sendo uma para os falantes de língua
portuguesa e outra oficina para os falantes do inglês. A oficina dos falantes da língua
inglesa construiu o projecto de cooperação sob os eixos de Planos Nacionais e do
Diálogo Social, ao passo que os falantes do português elaboraram o seu projecto de
cooperação sob os eixos da Mobilização Social e da Educação em Direitos Humanos.
Os projectos elaborados serão financiados por fundos do Governo Brasileiro e do
Governo dos Estados Unidos da América, com o apoio de outros governos e instituições.
14
Na sessão de abertura das oficinas ao dirigir‐se para os presentes a directora da OIT
Brasil Laís Abramo começou por dar as boas vindas a todos os presentes, agradeceu o
esforço que cada país vem fazendo para o Combate do Trabalho Infantil, agradeceu o
apoio dos doadores e apresentou os objectivos do encontro.
Proferiram ainda algumas palavras na sessão de abertura o presidente da Comissão
Nacional para a Erradicação do Trabalho Infantil em representação do Ministério da
Educação Leonardo Soares,o Director para África da OIT Genebra Alexandre Soho e o
senhor Márcio Correia da Agência Brasileira de Cooperação (ABC).
2.5.1. Trabalhos da Mesa de Diálogo dos Falantes da Língua Portuguesa (Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné‐Bissau e Moçambique
Esta mesa de diálogo teve com mediador Renato Mendes, apoio técnico Francisco
Gaspar e relator António Carlos. Ao dar início dos trabalhos o mediador começou por
fazer algumas perguntas para a reflexão de todos:
‐ Quais são as expectativas dos países africanos na parceria com o Brasil?
‐ Quem serão os sujeitos das acções desta Cooperação?
Posteriormente Pedro de Oliveira fez uma retrospectiva da implementação do IPEC no
mundo, sendo que num total de seis países seleccionados pela OIT, o Brasil e a Tanzânia
foram os primeiros países a implementarem Programa de Duração Determinada (PDD).
Informou ainda que o Governo do Brasil financiou a primeira missão de estudo realizado
em Angola que permitiu a OIT criar as primeiras bases para o lançamento do IPEC em
Angola.
15
Depois destas considerações e reflexões, a primeira pergunta de trabalho nesta mesa de
diálogo foi: Em termos de Mobilização Social no sector da educação, qual o principal
obstáculo comum aos 4 países africanos para acelerar o ritmo de Eliminação do
Trabalho Infantil até 2016?
Das várias respostas foi possível construir uma árvore de problemas que permitiu
identificar os eixos comuns que constituem obstáculos e sobre os quais foram
desenhados os problemas centrais comuns aos 4 países.
Uma vez identificados os problemas centrais que retraem a Mobilização Social, foram
elaborados os objectivos (geral e imediatos), os resultados a serem alcançados e as
actividades que serão desenvolvidas. Portanto, foi assim construída a primeira parte do
projecto de Cooperação Sul‐Sul centrado na Mobilização Social.
Posteriormente outra questão foi colocada aos presentes pelo mediador para responder
ao eixo dos Direitos Humanos, eis a questão colocada: Em termos de Educação em
Direitos Humanos qual o principal desafio, comum aos 4 países, para colocar na
agenda da educação, o tema do Trabalho Infantil.
A delegação Angolana não pode continuar com os trabalhos porque neste dia estava
marcado o seu regresso e por isso as resoluções deste eixo seriam enviadas a posterior
para os seus respectivos comentários.
16
IV. DIFICULDADES ENFRENTADAS, ASPECTOS POSITIVOS DA MISSÃO E AGRADECIMENTOS
4.1. DIFICULDADES
Para a efectivação dessa missão ao Brasil, várias foram as dificuldades enfrentadas em
Angola, sobretudo no que tange as questões administrativas e logísticas sob a
responsabilidade da OIT:
• Indefinição das datas e do programa da missão até um dia antes do embarque da
delegação;
• Indefinição dos recursos existentes para subsidiar a delegação. Somente um dia
antes do embarque recebemos a nota informativa sobre as condições da viagem e
isto foi numa sexta‐feira o que impediu um contacto dos delegados com as suas
instituições para solicitarem o reforço das ajudas de custo;
• Atraso na recepção da carta convite para a obtenção dos vistos com certa
antecedência;
• Embarque incompleto dos integrantes da delegação pela ausência justificada da
representante do MINARS, uma vez que até o último dia útil da semana o seu
ministro ainda não havia feito o despacho para autorizar a sua participação na
missão;
• Contingências financeiras dos delegados no Brasil face às ajudas de custo recebidas
e a realidade local;
• Insuficiência de tempo para cumprir cabalmente com a agenda prevista, o que
condicionou a formação/capacitação prevista para a delegação angolana e
concomitantemente a sua participação até ao final do último dia de trabalho.
Estas são algumas das dificuldades vividas durante a missão.
17
4.2. PONTOS POSITIVOS
No entanto, devemos realçar que também existiram aspectos que merecem ser
elogiados, tais como:
• A hospitalidade dos colegas do Brasil;
• A interacção e convívio entre os participantes;
• A dedicação dos colegas do IPEC Brasil para que o trabalho pudesse acontecer sem
muitos sobressaltos e que se pudessem alcançar os resultados previstos;
• A dinâmica metodologia de trabalho utilizado.
4.3. AGRADECIMENTOS
Queremos agradecer a todos que tornaram possível esta missão de Cooperação Sul –
Sul, de maneira particular a OIT Suíça que através do projecto TACKLE cobriu as
despesas da delegação Angolana, agradecemos ao Ahmet, Maria Julia, Pedro Oliveira,
Alexandre Soho e Alberto Francisco. Agradecemos igualmente o IPEC Brasil na pessoa da
sua directora Laís Abramo, do Renato Mendes, Natanael Lopes, Maria Claúdia. Ao
Governo Brasileiro de maneira particular a ABC e outros parceiros locais e ao
Departamento de Trabalho dos Estados Unidos da América. A todos o nosso muito
obrigado!
Agradecemos igualmente as instituições angolanas que apoiaram e permitiram a
participação dos seus funcionários, nomeadamente o Ministério da Educação, o
Ministério da Assistência e Reinserção Social, o Instituto Nacional da Criança, a UNTA‐
Confederação Sindical e o IPEC‐Angola.
18
V. CONCLUSÕES FINAIS
A missão ao Brasil foi uma rica experiência e permitiu um verdadeiro intercâmbio do
qual resultou a elaboração de um Projecto de Cooperação Sul‐Sul no domínio da
Mobilização Social e da Educação em Direitos Humanos.
O combate do trabalho infantil na sociedade depende fundamentalmente da existência
de uma “consciência colectiva” que comece a olhar para a criança de forma diferente,
comprometendo‐se com a protecção e promoção dos seus direitos.
As experiências do Brasil demonstraram que a família ou os adultos, em geral, são os
que administram o trabalho realizado por menores, isto leva‐nos a considerar que a
existência da “consciência colectiva” deve ser também extensiva fundamentalmente à
família por forma a que esta seja capaz de ter as condições necessárias para realizar as
suas funções como instituição primária de educação, protecção e socialização da
criança. Assim, é urgente a necessidade de se criarem condições de vida familiar,
promovidas pela criação de oportunidades, não só económicas, mas de ampliação do
seu universo social, cultural e relacional.
Certamente, o combate do trabalho infantil, exige, também, a ampliação de
oportunidades educacionais para todas as crianças, estendendo a abrangência e
melhorando a qualidade do ensino fundamental, como garantia verdadeira do acesso,
ingresso e permanência escolar, aspecto essencial na universalização do direito à
educação.
As piores formas de trabalho infantil, aquelas em que as crianças se vêem penalizadas
por excesso de força aplicada, longas jornadas de trabalho, risco de saúde e ao
desenvolvimento delas, devem ser o grande alvo das acções de combate para acelerar a
sua eliminação até ao ano de 2016.
19
As leis, políticas e programas em prol da criança devem ser objectivadas de acordo com
a realidade, de maneira a prestarem também atenção ao sector informal onde as
crianças estão cada vez mais desprotegidas.
Os menores não podem e não devem deixar de viver a sua infância para se ocuparem
das tarefas laborais dos adultos.
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
‐ ANGOLA, Assembleia Nacional. Constituição. 1ª edição, Luanda: Imprensa Nacional,
2010.
‐ ANGOLA, Instituto Nacional de Estatística. Avaliando a situação das crianças e das
mulheres angolanas no início do milénio. s.ed, s.l: s.n.t, 2003.
‐ ANGOLA, Instituto Nacional de Estatística. Perfil sócio‐económico. s.ed, Luanda: s.n.t,
2000.
‐ ANGOLA, Ministério da Administração Pública Emprego e Segurança Social. Lei Geral
do Trabalho. 2ª edição, Luanda: EAL, 2000.
‐ ANGOLA. Ministério do Planeamento. Relatório Objectivos de Desenvolvimento do
Milénio. s.ed, s.l: s.n.t, 2003.
‐ ANGOLA, Unicef. Convenção sobre os Direitos da Criança. s.ed, Luanda: 2005. s.ed,
Luanda: s.n.t, 2007
‐ ANGOLA, Ministério da Juventude e Desporto at all. O Rosto da Adolescência em
Angola. s.ed, Luanda: s.n.t, 2006.
crianças européias. Lisboa: s.n.t, 2007.
‐ GUERRA, Nogueira de Azevedo. Violência de pais contra filhos: a tragédia revisitada.
4ª edição, S. Paulo: Cortez, 2001
‐ Internet (Serviço Social. http://pt.wikipedia.org/wiki) 26/11/09, 10 horas.
20
‐ MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho
científico. 6ª edição, São Paulo: Atlas, 2001.
‐ NETTO, José Paulo. A ordem social contemporânea é o desafio central. in 33ª
Conferência mundial de escolas de serviço social (Santiago do Chile, 28/31 de Agosto
de 2006).
‐ Organização Internacional do Trabalho. O fim do trabalho infantil. s.ed, Brasília:
s.n.t, 2007.
‐ Organização Internacional do Trabalho. Piores formas de trabalho infanti.7ª edição,
Brasília: s.n.t, 2007.
‐ Save the Children, Centro de Estudo e Investigação da Universidade Católica. A
situação social da criança em Angola. Uma perspectiva social e orçamental. s.ed,
Luanda: EAL, 2009.
‐ TOMASZEWSKI, Adauto de Almeida. Separação, violência e danos morais – a tutela
da personalidade dos filhos. s.ed, São Paulo:, Paulistanajur, 2004.
‐ VERONESE, Josiane Rose Petry. Entre violentados e violentadores. Cidade nova. s.ed,
São Paulo: s.n.t, 1998.
21