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- I -
Lisboa 2011
Relatório de actividade profissional
Pedro Guilherme de Valle-Flôr Telles de Freitas
Relatório apresentado na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Mecânica
Supervisor: Prof. Doutor J.J Lopes de Carvalho
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Sumário
O presente trabalho consiste numa auditoria energética a uma unidade fabril de injecção de plástico
para a indústria automóvel.
Inicialmente foi efectuado um trabalho de recolha e levantamento de dados dos consumos
energéticos que existiam na Key Plastics Portugal.
Foram identificados os principais consumidores de energia e estudadas possíveis soluções de
melhoria com vista à redução do consumo energético dos mesmos.
Este estudo envolveu a execução de planos de retorno simples com vista a determinar, para o
montante orçamentado, qual era a viabilidade do estudo face a conjectura económica que vivemos.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Abstract
This work consists of an energy audit of a plastic injection factory for the automotive industry.
A major part of the developed work consisted of a survey and collection of data energy consumption of
Key Plastics Portugal.
The major energy consumers were identified and the possible measures for redution of the energy
consumption were studied. Based on this study, actions that make the simple pay back possible were
implemented and the associated cost necessary to implement them was assessed.
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Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Índice
1 TRABALHO DESENVOLVIDO ..................................................................................................................... 1
1.1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTALAÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1.1 Caracterização da Empresa ............................................................................................................... 1
1.2 ANÁLISE DO PROCESSO OPERATIVO ................................................................................................................ 1
1.2.1 Caracterização ................................................................................................................................... 1
1.2.2 Fluxograma ........................................................................................................................................ 2
1.2.3 Principais produtos e operações ........................................................................................................ 2
1.2.4 Análise do período de referência (Maio de 2009 a Abril de 2010)..................................................... 3
1.2.5 Consumos energéticos e custos energéticos ...................................................................................... 3
1.2.6 Relação entre o consumo de energia e a produção ........................................................................... 4
1.2.7 Relação entre o consumo específico de energia e a produção .......................................................... 7
1.2.8 Intensidades energéticas e carbónica e consumo específico de energia ........................................... 8
1.3 ANÁLISE DOS SERVIÇOS AUXILIARES ................................................................................................................ 9
1.3.1 Alimentação e distribuição de energia eléctrica ................................................................................ 9
1.3.2 Utilização da iluminação ................................................................................................................. 13
1.3.3 Produção e distribuição de ar comprimido ...................................................................................... 16
1.3.4 Força motriz ..................................................................................................................................... 20
1.4 UTILIZAÇÃO DAS MÁQUINAS DE INJECÇÃO ...................................................................................................... 28
1.5 EQUIPAMENTO DE ESCRITÓRIO .................................................................................................................... 28
1.6 INSPECÇÃO TERMOGRÁFICA PREVENTIVA ....................................................................................................... 30
2 GESTÃO DE ENERGIA ..............................................................................................................................32
2.1 DESAGREGAÇÃO DE CONSUMOS POR SECTOR DE ACTIVIDADE ............................................................................ 33
2.2 RESUMO DAS POTÊNCIAIS ECONOMIAS ......................................................................................................... 35
3 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES .........................................................................................................35
4 BIBLIOGRAFIA .........................................................................................................................................37
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Índice de Tabelas
Quadro 1 – Resumo da Identificação da empresa .................................................................................................. 1
Quadro 2 - Consumo e custo de energia (Maio de 2009 a Abril de 2010) .............................................................. 3
Quadro 3 - Consumos mensais por forma de energia ............................................................................................. 4
Quadro 4 - Evolução mensal do consumo de energia e da produção ..................................................................... 5
Quadro 5 - Evolução mensal do consumo específico de energia e da produção .................................................... 7
Quadro 6 - Intensidades energética e carbónica e consumo específico de energia ............................................... 8
Quadro 7 - Resumo tarifário da Key Plastics Portugal ............................................................................................. 9
Quadro 8 - Consumos de energia activa e reactiva e potências tomada e contratada (Maio de 2009 a Abril de
2010)...................................................................................................................................................................... 11
Quadro 9 - Custos de energia activa e reactiva e de potências tomada e contratada (Maio de 2009 a Abril de
2010)...................................................................................................................................................................... 12
Quadro 10 - Comparação entre a utilização de balastro ferromagnético e electrónico ....................................... 15
Quadro 11 - Características dos compressores de ar ............................................................................................ 17
Quadro 12 - Fugas do compressor em função do diâmetro do orifício ................................................................ 18
Quadro 13 – Selecção de produtos energeticamente eficientes – exemplos...................................................... 29
Quadro 14 – Selecção de dispositivos energeticamente eficientes para um grupo de produtos definido –
exemplos ............................................................................................................................................................... 30
Quadro 15 - Análise do potencial de economias associado à gestão de energia e ao comportamento dos
utilizadores ............................................................................................................................................................ 30
Quadro 16 – Consumos por sector de actividade ................................................................................................. 33
Quadro 17 – Consumos desagregados por sector ................................................................................................. 34
Quadro 18 – Resumo das economias identificadas durante o diagnóstico........................................................... 35
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Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Índice de Figuras
Figura 1 – Fluxograma do processo produtivo ........................................................................................................ 2
Figura 2 - Evolução do consumo de energia e da produção .................................................................................... 5
Figura 3 - Consumo de energia vs. produção .......................................................................................................... 6
Figura 4 - Evolução do consumo específico de energia e da produção ................................................................... 7
Figura 5 - Consumo específico de energia vs. Produção ......................................................................................... 8
Figura 6 – Chapas de características dos transformadores ................................................................................... 10
Figura 7 – Diagrama de carga da instalação .......................................................................................................... 10
Figura 8 – Ligações efectuadas no QGBT ............................................................................................................... 11
Figura 9 - Evolução mensal do consumo e do custo unitário da energia eléctrica ................................................ 12
Figura 10 - Evolução mensal dos custos em energia eléctrica ............................................................................... 13
Figura 11 – Iluminação existente na injecção e no armazém ................................................................................ 15
Figura 12 – Ligações para medições no compressor ............................................................................................. 16
Figura 13 – Chapa de características dos compressores ....................................................................................... 16
Figura 14 - Diagrama de carga eléctrico da central de produção de ar comprimido ............................................ 18
Figura 15 - Diagrama de carga eléctrico da central de produção de ar comprimido fora de serviço (fugas) ....... 19
Figura 16 – Classificação da eficiência dos motores em função da potência (kW) de acordo com IEC 60034-30. 20
Figura 17 – Ligação para medições da força motriz e respectiva chapa de características .................................. 21
Figura 18 - Distribuição típica das perdas num motor de indução em função da carga do motor. ....................... 22
Figura 19 - Variação do rendimento e do factor de potência de um motor de indução em função da carga....... 23
Figura 20 – Característica binário/velocidade de um ventilador e sua curva característica ................................. 25
Figura 21 – Plano de retorno simples para três situações distintas .................................................................. 26
Figura 23 – Correias tipo V e correias dentadas .................................................................................................... 28
Figura 24 – Bateria de condensadores: Ligações B2 disjuntor KM1, KM2, KM3 ................................................... 31
Figura 25 – Bateria de condensadores: Ligações B2 disjuntor KM4, KM5, KM6 ................................................... 31
Figura 25 – Bateria de condensadores: Ligações B1 disjuntor KM4, KM5, KM6 ................................................... 31
Figura 26 –QF5 barramento, Iluminação, QF3 compressor .................................................................................. 32
Figura 40 – Consumos desagregados detalhados ................................................................................................. 34
Figura 41 – Consumos desagregados por sector ................................................................................................... 34
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Agradecimentos
Agradeço à minha família em particular aos meus Pais e à minha Mulher Carla e ao meu Filho
António pelo apoio prestado na minha evolução pessoal e profissional. Tanto pela confiança
depositada em mim e pelas chamadas de atenção de que fui alvo mas foi graças a eles a Pessoa que
sou hoje
Não posso deixar de agradecer ao Engº José Rodrigues Machado pela sua amizade e dedicação à
causa da Engenharia pelos seus ensinamentos com a vasta experiência que detém.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Siglas
CEE Consumo Específico de Energia
CIE Consumidor Intensivo de Energia
GE Gestor de energia
GEP Gramas equivalente de petróleo
HC Horas cheias
HP Horas de ponta
HSV Horas de super vazio
HV Horas de vazio
IC Intensidade Carbónica
IE Intensidade Energética
KGEP Quilograma equivalente de petróleo
PC Potência contratada
PHP Horas de ponta
PREn Planos de Racionalização dos Consumos de
Energia
PRI Período de retorno do investimento
QGBT Quadro geral de baixa tensão
RC Energia reactiva consumida
RF Energia reactiva fornecida
RGCE Regulamento de Gestão do Consumo de
Energia
SGCIE Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos
de Energia
TEP Tonelada equivalente de petróleo
URE Utilização Racional de Energia
VAB Valor Acrescentado Bruto
Factores de Conversão
De acordo com os coeficientes de conversão definidos para efeitos de aplicação do Sistema de
Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE) publicados no Despacho nº17313/2008 de 26
de Junho, indicam-se de seguida os coeficientes adoptados na elaboração deste relatório.
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1 Trabalho desenvolvido
1.1 IDENTIFICAÇÃO DA INSTALAÇÃO
No quadro abaixo é feita um breve resumo de identificação da empresa no qual me encontro como
auditor de energia com vista a redução de consumos de energia da instalação aumentando
consequentemente a competitividade do produto fabricado na Key Plastics Portugal
Quadro 1 – Resumo da Identificação da empresa
Nome ou Designação Social Key Plastics Portugal
Contacto Eng.º Nuno Morganheira
Endereço Parque Industrial de Vendas Novas, Lote 5,
Vendas Novas – 7080 Évora
Email [email protected]
Página Electrónica www.kpp.pt
Classificação da actividade económica
(Rev3)
22292
Recursos humanos 73
Volume de negócios (2009) 5,26 M €
1.1.1 Caracterização da Empresa
A empresa foi criada em 1950 pelo Eng.ºRobert Schmidt em Grevenbrück, tendo sido estabelecida
como uma empresa de reparação de motores eléctricos. A primeira máquina de injecção foi adquirida
em 1964, com a qual deu inicio à entrada no mercado do plástico injectado. Especializou-se em
peças técnicas, resultando num rápido crescimento. Em 1970 comprou a empresa afiliada “Dynamite
Nobel AB”, na qual instalou a sede e onde ainda hoje estão os escritórios principais da Kendrion RSL
Germany GmbH. Em 1980 passou a SARL, sendo o Sr. Reinhart Schmidt o seu único proprietário, o
qual define como principal mercado da empresa a indústria automóvel.Em 1994 foi criada a RSL
Portugal detida a 100% pelo Sr. Reinhart Schmidt. Em 1999 o Grupo RSL foi integrado na Kendrion
N.V. Holding. A RSL Portugal muda o seu nome para Kendrion RSL Portugal, Lda.Em 2004, o Grupo
Kendrion Automotive foi adquirido pelo EMG, e a Kendrion RSL Portugal é integrada no Grupo Key
Automotive Group Affiliate, mudando designação para: Key Plastics RSL Portugal, Lda. No início de
2009 entrou para a estrutura accionista o grupo americano Wayzata, com a designação de Key
Plastics Portugal, S.A..
1.2 ANÁLISE DO PROCESSO OPERATIVO
1.2.1 Caracterização
Trata-se de um processo de injecção de plástico clássico assistida por gás, constituído por 28
máquinas de 30 a 620 toneladas, montagem automática e semi-automática de componentes plásticos
e metálicos. Possui ainda uma estação de ar comprimido, estação de produção de azoto e estação
de refrigeração de águas (chiller).
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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1.2.2 Fluxograma
Figura 1 – Fluxograma do processo produtivo
1.2.3 Principais produtos e operações
Os principais produtos e operações são componentes plásticos para a indústria automóvel,
nomeadamente peças para a Autoeuropa.
As peças podem ser resultado de um único processo de injecção ou da montagem de vários
componentes injectados separadamente os quais são montados nas instalações antes do
fornecimento ao cliente final.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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1.2.4 Análise do período de referência (Maio de 2009 a Abril de 2010)
Apresentam-se neste capítulo os consumos energéticos e respectivos custos correspondentes aos
últimos 12 meses: (Maio de 2009 a Abril de 2010).
1.2.5 Consumos energéticos e custos energéticos
Apresentam-se neste capítulo os consumos energéticos e respectivos custos para a empresa
diagnosticada, correspondentes aos valores dos 12 meses mais recentes disponibilizados pela
empresa.
Para além dos quadros 1 e 2, onde constam respectivamente os valores totais e os valores
desagregados por mês, são apresentados os gráficos da repartição dos custos e consumos de
energia. Nestes gráficos os consumos energéticos vêm expressos em GJ e em toneladas
equivalentes de petróleo (tep), de acordo com os coeficientes de conversão definidos para efeitos de
aplicação do Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE)
Quadro 2 - Consumo e custo de energia (Maio de 2009 a Abril de 2010)
De acordo com o consumo anual determinado, 425 tep, a Key Plastics Portugal não se encontra
abrangida pelo Sistema de Gestão dos Consumos Intensivos de Energia – SGCIE (D.L. nº71/2008 de
15 de Abril) no entanto a análise vai ser feita de acordo com a metodologia do SGCIE. O regime
previsto no presente Decreto-Lei aplica-se às instalações consumidoras intensivas de energia (CIE)
que no ano civil imediatamente anterior tenham tido um consumo energético superior a 500 toneladas
equivalentes de petróleo.
Ao ser considerada Consumidora Intensiva de Energia com um consumo anual de energia superior a
500 tep, a empresa terá que elaborar auditorias energéticas com a periodicidade de seis/oito anos,
donde são colhidos os elementos necessários para a elaboração do Plano de Racionalização dos
Consumos de Energia (PREn), que deve prever a implementação, nos primeiros três anos, de todas
as medidas identificadas com um período de retorno do investimento inferior ou igual a 3 ou 5 anos
de acordo com o escalão em que se insere.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Na tabela em baixo encontram-se compilados os consumos mensais de energia, neste caso apenas energia eléctrica de
acordo com a contabilização feita pelo comercializador de energia.
Comprova-se desta forma que no ano considerado de referência a Key Plastics Portugal não se
enconta abrangida SGCIE já que na totalidade tem 425 tep de consumo anual.
Quadro 3 - Consumos mensais por forma de energia
1.2.6 Relação entre o consumo de energia e a produção
No quadro seguinte apresentam-se a produção, consumos totais e consumos desagregados por
forma de energia, nos 12 meses citados.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Quadro 4 - Evolução mensal do consumo de energia e da produção
No gráfico da figura seguinte são apresentadas as evolução mensal do consumo de energia e
da produção durante o período de análise.
Figura 2 - Evolução do consumo de energia e da produção
Neste gráfico pode constatar-se que o consumo de energia não acompanha as variações da
produção de forma proporcional. Tal prende-se, essencialmente, com o facto do período de
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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facturação não coincidir com a produção ou diversificação da produção.A relação entre o consumo de
energia e a produção de uma empresa, pode ser aproximada, com uma maior ou menor fiabilidade,
por uma função linear do tipo:
(Eq. 1)
Em que E representa a energia total consumida, P a produção e E0 a parcela de energia consumida
independentemente da produção. O declive da recta c é o parâmetro importante, uma vez que
representa o coeficiente de afectação da energia à produção. Assim uma redução no valor de c
corresponde a uma redução da quantidade de energia necessária para produzir uma determinada
quantidade de produto final.O coeficiente de correlação linear da recta (R), quantifica a maior ou
menor discrepância entre os consumos energéticos estimados pela recta e os valores verificados na
prática, para cada produção. Poder-se-á desta forma afirmar, que quanto mais próximo da unidade
for o valor do coeficiente de correlação linear, mais fielmente a recta prevê o valor da energia
consumida, para uma qualquer produção.
Na figura seguinte apresentam-se os pontos consumo de energia vs. produção e a recta obtida
através do Método dos Mínimos Quadrados, baseada precisamente nos 12 pontos correspondentes
aos últimos 12 meses. Apresenta-se também a equação desta recta e o quadrado do valor do
coeficiente de correlação linear (R2).
Figura 3 - Consumo de energia vs. produção
A recta obtida apresenta um coeficiente de correlação linear muito baixo (R=0,40), o que não permite
efectuar previsões dos consumos energéticos da Kep Plastics Portugal com fiabilidade.Este valor não
permite efectuar qualquer previsão já que R ≤ 0,80 e isto deve-se ao período de facturação não
coincidir com a produção ou diversificação de produção.Recomenda-se um procedimento para
controlo das toneladas da produção em conjunto com o consumo mensal de energia.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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1.2.7 Relação entre o consumo específico de energia e a produção
No quadro seguinte apresentam-se a quantidade de produção vendida e os consumos
específicos de energia mensais.
Quadro 5 - Evolução mensal do consumo específico de energia e da produção
O consumo específico de energia (C) determinado no período de referência é 3875,43 kWh/t a
que corresponde 833,71 kgep/t .
No gráfico da figura seguinte são apresentadas as evoluções mensais do consumo específico de
energia e da produção no período de análise.
Figura 4 - Evolução do consumo específico de energia e da produção
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Como se verifica, o consumo específico diminui com o aumento de produção. Existem meses em
que isto não acontece, devendo-se e s t e f a c t o ao período d e f a c t u r a ç ã o não coincidir com
os valores da produção.
Na figura seguinte representam-se os pontos reais relativos ao consumo específico de energia vs
produção, correspondentes aos 12 meses analisados. Apresenta-se também a curva resultante do
tratamento estatístico desses pontos, cuja equação é do tipo:
(Eq 2)
Figura 5 - Consumo específico de energia vs. Produção
Com este gráfico determina-se a relação entre o consumo específico e a produção a dispersão indicia
que existe uma utilização da energia pouco cuidada.
Pode-se ainda verificar que consumo específico mínimo para o funcionamento da instalação é 700
(kgep/t).
1.2.8 Intensidades energéticas e carbónica e consumo específico de energia
No quadro seguinte apresentam-se as Intensidades Energética e Carbónica e o Consumo
Específico de Energia tendo em consideração o Valor Acrescentado Bruto (VAB) do período em
análise e factores de emissão de gases com efeito de estufa (GEE) indicados no âmbito do SGCIE.
Quadro 6 - Intensidades energética e carbónica e consumo específico de energia
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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1.3 ANÁLISE DOS SERVIÇOS AUXILIARES
Neste capítulo são analisados os serviços auxiliares necessários para a produção da Key Plastics
Portugal:
Alimentação e distribuição de energia eléctrica
Iluminação
Produção e distribuição de ar comprimido e Força motriz
1.3.1 Alimentação e distribuição de energia eléctrica
A empresa é alimentada em média tensão, recebendo a energia eléctrica da rede pública sob a forma
de corrente alternada trifásica, à tensão nominal de 15 kV entre fases no local de entrega, sendo o
seu consumo contabilizado em média tensão, por intermédio de contador combinado, do qual faz o
processamento tratamento tarifário das grandezas:
Energia e potências activas;
Reactiva indutiva;
Reactiva capacitiva;
A redução de tensão é feita num posto de transformação onde estão instalados, no interior, dois
transformadores do tipo serviço contínuo e arrefecimento natural.Na tabela encontra-se o resumo
tarifário referente à alimentação por intermédio dos transformadores com as características
apresentadas no quadro seguinte bem como as características dos transformadores.
Quadro 7 - Resumo tarifário da Key Plastics Portugal
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Figura 6 – Chapas de características dos transformadores
Foram realçadas as características dos transformadores para evidenciar a sua compatibilização já
que os mesmos trabalham em paralelo. No entanto como devido a produção ter diminuído a potência
instalada é demasiada pelo que vai ser estudado a alternância do funcionamento dos
transformadores por intermédio de manobras no posto de transformação. Com o aumento da vida útil
dos transformadores e redução das perdas do ferro nos transformadores.
Na figura seguinte apresenta-se o diagrama de carga eléctrico da instalação resultante da medição
efectuada no posto de transformação durante 48 horas. O tempo de integração para a
determinação da potência tomada média foi de 15 minutos.
Figura 7 – Diagrama de carga da instalação
Durante o período em questão o valor médio da potência é de 270,25 kW e tem dois transformadores
de 500 kVA cada. Se esta potência média se mantiver ao longo do tempo recomenda-se desligar um
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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dos transformadores evitando o valor desperdiçado nas perdas por transformação. Como se trata de
laboração contínua 8760 horas o valor total das perdas por transformação é de 9636 kWh. Sendo o
valor médio da compra da energia de 0,066 €/kWh, o valor correspondente às perdas será de
635,98 €/ano. Neste caso não existe qualquer investimento pelo que esta medida pode ser
implementada de imediato e facilmente.
Em baixo pode ser visualizada a fotografia que a p r e s e n t a medição efectuada. E sta foi depois
repetida para o outro transformador.
Figura 8 – Ligações efectuadas no QGBT
Apresenta-se seguidamente um conjunto de quadros e gráficos caracterizadores da estrutura dos
consumos e custos de energia eléctrica respeitantes ao período de análise.
Quadro 8 - Consumos de energia activa e reactiva e potências tomada e contratada (Maio de 2009 a Abril de 2010)
Na figura seguinte apresentam-se as evoluções dos consumos de energia eléctrica nos 3 períodos
tarifários e do custo médio do kWh.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Figura 9 - Evolução mensal do consumo e do custo unitário da energia eléctrica
Verifica-se que o consumo eléctrico teve pequenas oscilações, a u m e n t a n d o em p er í o d o s de
m a io r vo lum e d e p rod uçã o . D e re f e r i r u m decréscimo no consumo energético a partir de
Janeiro de 2010 devido a diminuição de produção.
Quadro 9 - Custos de energia activa e reactiva e de potências tomada e contratada (Maio de 2009 a Abril de 2010)
Na figura seguinte é apresentada a evolução mensal dos custos de energia eléctrica e do custo
médio do kWh ao longo do período de análise.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Figura 10 - Evolução mensal dos custos em energia eléctrica
Verifica-se que o consumo unitário de kWh tem-se mantido praticamente constante, com excepção
de Janeiro de 2010 devido a diminuição de produção.
1.3.2 Utilização da iluminação
Armazém
A iluminação encontra-se a 6 metros de altura, sendo constituída por 10 lâmpadas de 150 W de Vapor
de Sódio de baixa pressão em que a temperatursa de cor é mais amarelada por volta dos 3000 K.
Duas das lâmpadas encontravam-se desligadas. O valor medido com o luximetro varia entre 20 lux e
250 lux em baixo da lâmpada valor que foi suficiente para o tipo de actividade desenvolvida de acordo
com a norma EN 12464-1. Para o presente caso trata-se da colocação dos moldes em posição para a
correcta injecção do plástico.
Pinstalada=10x150W=1500 W
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Injecção
A iluminação encontra-se a 6 metros de altura, sendo tipo Osram HQL 400 W, num total de 44
lâmpadas. Estas lâmpadas já se encontram descontinuadas pelo que deverá ser encontrada uma
alternativa.
Além da potência da lâmpada deve-se considerar 22 W de perdas, por lâmpada, valor típico deste tipo
de lâmpada e balastro associado.
Pconsumida=44x422 W =18568 W
As medições efectuadas por intermédio do luximetro às 12 horas indicam 800 lux com as luzes acesas
e 700 lux com as luzes apagadas.
No plano de trabalho mediram-se às 12 e 30 minutos o valor de 1200 lux com as lâmpadas
12desligadas e a instrução de trabalho no local recomendava 1400 lux.
Armazém de produto acabado
A iluminação encontra-se a 6 metros de altura, tipo fluorescente compacta num total de 56 lâmpadas
de 58 W com um balastro ferromagnético. Estas deviam estar orientadas no sentido das prateleiras
que tem o produto acabado.
Pinstalada =2x56x58 W =6496 W
As medições efectuadas por intermédio do luximetro indicam 750 lux com as luzes acesas e 700 lux
com as luzes apagadas às 14 horas.
Montagem
A iluminação encontra-se a 6 m num total de 49 lâmpadas em conjuntos de duas por balastro.
Pinstalada=2x49x58 W =5684 W no total de todos os balastros.
As medições efectuadas por intermédio do luximetro às 14 e 30 minutos, indicam 650 lux com as luzes
acesas e 600 lux com as luzes apagadas. No plano de trabalho as medições efectuadas 450 lux com
as lâmpadas desligadas e 650 lux com as lâmpadas ligadas.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Quadro 10 - Comparação entre a utilização de balastro ferromagnético e electrónico
Foram detectadas diversas lâmpadas ligadas durante o dia com o consequente desperdício que isto
implica como pode ser observado na fotografia em baixo.
Figura 11 – Iluminação existente na injecção e no armazém
No armazém de produto acabado a orientação das luminárias devia ser rodada em 90° com o
objectivo da dispersão da luz ser na direcção das prateleiras móveis e uma melhor dispersão da luz.
Recomendações
Os níveis de iluminação devem ser os necessários e suficientes a cada área e/ou processo, de forma
a proporcionar boas condições de trabalho e conforto. Devem ser sempre tomadas em consideração
algumas recomendações gerais que seguidamente se apresentam: Deve tirar-se o máximo partido da
luz natural, a forma de iluminação sem dúvida mais económica. Garantir que as luzes artificiais
existentes sejam desligadas logo que possível.
Manter as janelas e entradas de luz natural devidamente limpas, substituindo as que perderam a
sua eficiência. Verificar a eficiência dos reflectores, limpando-os com regularidade e substituir aqueles
que perderam eficiência. Encorajar o pessoal a desligar a iluminação nas áreas onde não seja
necessária.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Irá ser tomada a decisão pela União Europeia, a curto prazo, em proibir a venda de balastros
magnéticos standard e magnéticos com muitas baixas perdas e tendencialmente as lâmpadas
fluorescentes T8 irão desaparecer dando lugar às lâmpadas T5, com menor diâmetro, usando
portanto, menos mercúrio, sendo menos agressivas para o meio ambiente e mais eficientes (105
Lm/W vs. 90 lm/W) permitindo economias na ordem dos 20% para lâmpadas de 58 W e com maior
tempo de vida (24 000 h vs. 12 000 h).
1.3.3 Produção e distribuição de ar comprimido
A produção e tratamento de ar comprimido necessário para garantir a total operacionalidade é feita
por intermédio de dois compressores carga vazio. Os compressores são da marca Kaeser e Atlas
Copco com as potências de 30 kW e de 21 kW respectivamente.O que se encontrava em
funcionamento era o do fabricante Atlas Copco e tem Vazio 7,2 kW e em carga 21 kW.O depósito é
de 1 m3=1000 litros e tem um separador água/óleo dos condensados. O compressor Kaeser tem de
operação 10192 h e em carga 6232 h. O factor de carga é assim de 0,611 (61,1%). Nas medições
de temperatura efectuadas obtiveram-se 33 °C no interior e 30 °C no exterior.A extracção e
admissão do ar deve ser melhorada encaminhando a extracção para o exterior e a admissão
deve vir directamente da rua recomendando-se limpeza dos filtros. Na fotografia em baixo podem-se
observar as ligações que foram efectuadas no quadro eléctrico do compressor com vista a obter as
medições do mesmo, bem como a chapa de características dos dois equipamentos.
Figura 12 – Ligações para medições no compressor
Figura 13 – Chapa de características dos compressores
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 17 -
Quadro 11 - Características dos compressores de ar
Dada a localização da central, o ar de arrefecimento do compressor é lançado para o exterior
não sendo viável o seu aproveitamento térmico.O ponto de captação do ar comprimido deve estar
em local de baixa incidência de calor.
Um aumento de 5 °C na temperatura do ar aspirado implica um aumento do consumo de energia da
ordem dos 1,65%.
Preferencialmente os compressores deverão ser instalados em locais bem ventilados com
captação de ar do ambiente externo. Cuidados adicionais devem ser tomados para o ar muito frio
(abaixo dos 4 °C) não seja aspirado pelo compressor, pois poderá causar o congelamento do
mesmo.
A admissão do ar é deficiente e deve ser feito directamente do exterior, que neste caso não se
verifica, a extracção também deve ser feita de uma forma mais eficiente directamente para o exterior
e não para o interior do compartimento.Na figura seguinte é apresentado o diagrama de carga
eléctrico resultante da medição efectuada à central de produção de ar comprimido durante 48
horas.O tempo de integração para a determinação da potência tomada média foi de 5 minutos.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 18 -
Figura 14 - Diagrama de carga eléctrico da central de produção de ar comprimido
Durante o período em questão o valor médio da potência é de 30,94 kW.
Sendo o ar comprimido a segunda forma de energia mais utilizada na indústria transformadora, é a
mais cara de todas e, normalmente, a mais deficientemente tratada. Talvez pelo facto de o ar ser
captado à atmosfera acabe por ludibriar os intervenientes nas empresas porque a matéria-prima é
gratuita, mas esquecem-se que há um motor eléctrico a funcionar na unidade compressora, e um
contador de energia a contabilizar os consumos.
Embora se sabia que determinadas fugas de ar comprimido são inevitáveis (e algumas
pertencem ao princípio de funcionamento como é o caso da instrumentação pneumática) e que é
impossível eliminá-las a 100%, a verdade é que, há fugas e fugas.
A verificação periódica das perdas de ar comprimido em todo o sistema, deverá ser feito com a
fábrica parada, quer dizer, sem consumo de ar comprimido, pois a experiência tem demonstrado
que as perdas são da ordem dos 30 a 40% do ar produzido; dever-se-á ter em atenção que para um
caudal de ar a 7 bar, a potência requerida pelo compressor em função de vários tamanhos de fugas
de ar, está representada no quadro seguinte.
Quadro 12 - Fugas do compressor em função do diâmetro do orifício
(Fonte: Ar comprimido industrial, Fundação Calouste Gulbenkian)
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 19 -
Foi possível verificar as fugas de ar comprimido com o parque fora de serviço fazendo uma
medição ao fim de semana. Considerando o custo unitário de 0,066 €/kWh referente ao custo
médio dos últimos doze meses e um período de laboração anual de 8760 horas, a poupança que se
obteria com a eliminação das fugas seria de 33,2 % correspondendo a um perfil base do gráfico
anterior com o valor médio em laboração de 30,94 kW.
No gráfico em baixo podem ser verificado o valor das fugas de ar comprimido que foi considerado
como base para o cálculo anterior.Esta foi medida fora do período de operação tendo como objectivo
separar as fugas do período normal de laboração.
Figura 15 - Diagrama de carga eléctrico da central de produção de ar comprimido fora de serviço (fugas)
O consumo correspondente às fugas de ar comprimido pode ser medido, também de outra forma:
• No reservatório, medindo o tempo de queda no diferencial de pressão, em que o caudal de
fugas é dado por:
(
( )
)
(Eq 3)
Qf – Caudal de fugas (m3/s)
Vr – Volume do reservatório (m3)
Pa – Pressão máxima
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 20 -
Pe – Pressão mínima
Po – Pressão atmosférica
t – Tempo de queda do diferencial de pressão (s)
• No compressor, medindo o tempo de carga num dado período, em que o caudal de fugas
é dado por:
(Eq 4)
Qf – Caudal de fugas (m3/s)
Qe – Capacidade do compressor (m3/s)
t – Tempo durante o qual o compressor laborou em carga (s)
T – Tempo total (carga+vazio) – (Funcionamento+paragem) (s)
Para que a medições das fugas sejam válidas e correctas, têm de ser efectuadas fora dos períodos
normais de trabalho e verificando-se o tempo que demora a ficar vazio o reservatório.
1.3.4 Força motriz
Para esta análise considerou-se a nova norma para a classificação de eficiência energética dos
motores trifásicos de baixa tensão IEC 60034-30. Esta define e harmoniza à escala mundial as
classes de eficiência classes de eficiência têm as seguintes equivalências: IE1, eficiência standart,
equivale a EEF2; IE2, alta eficiência, equivale a EFF1; existem ainda IE3 e IE4, de eficiências ainda
superiores e que não têm correspondência na antiga norma.
Figura 16 – Classificação da eficiência dos motores em função da potência (kW) de acordo com IEC 60034-30.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 21 -
Os motores identificados são trifásicos assíncronos com a classe de eficiência energética IE1
(EEF2) de acordo com chapa de características do motor na figura 17. Quando forem alvo de uma
reparação ou substituição deve-se considerar a sua substituição por IE2 (EEF1).
Figura 17 – Ligação para medições da força motriz e respectiva chapa de características
Segundo a ADENE (Curso de Gestão de Energia na Industria) as normas a observar para o selecção
e dimensionamento dos motores são as seguintes:
Procedimentos internos de projecto: Devem ser tidos sempre em consideração os seguintes
factores ou considerações energéticas para efeitos de projecto na escolha de um novo motor
eléctrico ou sistema accionado por motor eléctrico
Dimensionamento dos motores: O dimensionamento de motores deve ser feito atendendo
sempre ao seu rendimento, entendendo-se aqui por rendimento de um motor como a razão entre a
potência mecânica disponível no veio do motor e a potência eléctrica fornecida ao motor. O primeiro
critério diz que os motores devem ser dimensionados para funcionarem com um factor de carga
entre 65% e 100%. A prática comum de sobredimensionamento, pela utilização sistemática de
factores de segurança muito elevados (por vezes extensíveis também ao dispositivo actuado pelo
motor) resulta numa menos eficiente operação do motor. Por exemplo, um motor funcionando a
35% da carga nominal é menos eficiente do que um mais pequeno dimensionado para a mesma
carga. Obviamente, algumas situações podem requerer sobredimensionamento para fazer face a
picos de potência, mas para tais casos existem alternativas a considerar, nomeadamente o
dimensionamento correcto do motor com apoio de um pequeno motor auxiliar. Aquando da
comparação entre rendimentos de motor, deve-se utilizar uma medida consistente. O rendimento
nominal (cujo valor aparece na chapa de características do motor) é o mais adequado. O
rendimento nominal é um valor médio obtido através de um teste normalizado de uma amostra de
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 22 -
um do modelo de motor. Para a comparação entre motores deve-se pois usa-se o rendimento
nominal com o factor de carga esperado.Motores para vários níveis de rendimento apresentam
naturalmente uma variada gama de velocidades, correntes de arranque e binários de arranque.
Pode-se seleccionar um motor eficiente que apresente a melhor combinação destes parâmetros. A
selecção do motor deve estar em consonância com os requisitos de desempenho pretendidos
para o sistema de motor. Uma boa especificação deverá definir estes requisitos de desempenho e
descrever o ambiente em que o motor operará. C o m v i s t a a optimizar primeiro critério o
rendimento, o motor deverá ser dimensionado para operar com um factor de carga entre 75% e
80% afinando assim a selecção incial.Outros requisitos de desempenho deverão incluir: potência
do motor e factores de serviço, aumento de temperatura e classe de isolamento, binário de
arranque, intensidade máxima de corrente de arranque, velocidade do motor em operação a plena
carga, tempo de paragem mínimo, inércia de carga e número expectável de arranques, utilização de
Variador Electrónico de Velocidade (se aplicável) e condições ambientais tais como temperatura,
humidade e níveis de poeiras. A Figura 18 mostra a distribuição típica das perdas de um motor de
indução em função da carga. As perdas magnéticas e as perdas mecânicas são praticamente
constantes, não variando com a carga. Pelo contrário as perdas no cobre e as perdas
extraviadas mostram um crescimento substancial (quadrático) com o aumento da carga. A
distribuição das perdas condiciona a variação de rendimento com a carga. Devido às perdas
constantes (soma das perdas magnéticas e das perdas mecânicas), o rendimento dos motores
de indução cai substancialmente para cargas inferiores a 50% da carga nominal, como pode ser visto
na Figura 18. Entre 50% e 100% da carga o rendimento dos motores de indução permanece
aproximadamente constante. O ponto de máximo rendimento ocorre, tipicamente, entre 75 e 100% da
carga, dependendo do projecto do motor.
Figura 18 - Distribuição típica das perdas num motor de indução em função da carga do motor.
O sobredimensionamento excessivo (superior a 30%) dos motores de indução acarreta as seguintes
desvantagens: (a) investimento inicial maior na aquisição do motor e na aparelhagem de comando e
protecção do motor; (b) degradação do rendimento do motor, conduzindo a maiores custos de
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 23 -
funcionamento da instalação; (c) degradação do factor de potência da instalação, com o
consequente aumento dos custos na factura de energia eléctrica ou na necessidade de
aquisição de equipamentos para compensar o factor de potência. Como pode ser visto na Figura
19 o factor de potência decrescecontinuamente com a diminuição da carga, pelo que motores
sobredimensionados contribuem para a redução do valor do factor de potência da instalação.
Figura 19 - Variação do rendimento e do factor de potência de um motor de indução em função da carga
(Fonte: Curso de Gestão de Energia na Industria – ADENE)
O sobredimensionamento pode também conduzir a um aumento da potência mecânica absorvida
pela carga. A velocidade de operação depende da carga aplicada, e a carga imposta a um
motor depende do seu dimensionamento. Por exemplo, um motor de 100 kW com uma carga a
25% poderá ser substituído por um outro de 50 kW com um factor de carga de 50% ou por um de
25 kW com um factor de carga de 100%. Um motor sobredimensionado opera a uma velocidade
maior, devido ao seu menor escorregamento.
Para ventiladores e bombas centrífugas, mesmo uma pequena variação na velocidade de operação
do motor, pode resultar numa significativa variação na carga imposta e no consumo anual de energia.
Por causa das leis de afinidade de bombas e ventiladores, um pequeno aumento na velocidade de
rotação do motor de +1,4% (ex.: 1440 r.p.m. para 1460 r.p.m.) pode resultar em 4% de aumento na
carga de um motor accionando uma bomba ou um ventilador.
Motores de alto rendimento: Sempre que se considerem novas instalações ou substituição de
equipamento avariado ou obsoleto, deverá ser ponderada a utilização de motores de elevado
rendimento. A utilização deste tipo de motores (conhecidos na terminologia inglesa por EEM –
Energy Efficient Motors ou High Efficient Motors) começou por ser incentivada em meados dos anos
setenta na América do Norte, e só nos últimos anos se tem verificado uma penetração crescente
noutras áreas do globo, nomeadamente na Europa. Em Portugal ainda não é muito vista este tipo
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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de tecnologia, mas é fundamental que as empresas industriais comecem a considerar este tipo de
motores. As características construtivas destes motores assentam basicamente em:
- Utilização de uma laminagem mais fina na construção do núcleo e emprego de aço de baixas
perdas;
- Desenho das ranhuras do estator e do rotor para diminuição da reactância de fugas;
- Aumento dos núcleos rotórico e estatórico para diminuição da densidade de fluxo;
- Diminuição da espessura do entreferro para diminuição da corrente de magnetização;
- Aumento da secção dos condutores dos enrolamentos para diminuição das perdas por efeito de
Joule.
Destas modificações resultam um aumento de peso (pois são mais volumosos) de aproximadamente
15% e de preço de 25% a 35% comparativamente aos motores standards. O razão de serem mais
caros deve-se essencialmente ao facto de usarem uma maior quantidade de matérias-primas,
sendo também algumas de superior qualidade (como por exemplo, cobre). No entanto a melhoria do
rendimento (normalmente de 3 a 4%) em relação aos motores standard, em determinadas condições,
conduz a uma amortização relativamente rápida do investimento adicional.
Os motores de alto rendimento, por terem menores perdas funcionam normalmente a mais baixa
temperatura, o que conduz a uma vida útil mais longa. Por conseguinte, a fiabilidade aumenta,
conduzindo a menores tempos de paragens e a uma redução de custos de manutenção. Menores
perdas também se repercutem em:
- Melhor tolerância a tensões térmicas resultantes de paragens ou arranques frequentes;
- Aumento da capacidade para suportar condições de sobrecarga;
- Melhor resistência a condições anormais de operação, tais como desequilíbrios de fases e
subtensões ou sobretensões;
- Maior tolerância a formas de ondas de corrente e de tensão mais pobres (ex.: harmónicas).
Outros benefícios associados aos motores de alto rendimento traduzem-se em:
- Menor factor de potência que, em média, este tipo de motores apresenta comparativamente aos
motores standards.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
- 25 -
- Operações mais silenciosas que muitos destes motores verif icam relativamente aos motores
standards, devido a terem ventiladores mais pequenos
Há contudo aspectos menos positivos no funcionamento de um motor de alto rendimento, que são
causados pela menor resistência do rotor com esta diminuição verifica-se que:
Diminuição do binário de arranque, o que pode trazer problemas em cargas com elevada
inércia, especialmente em situações em que se verifiquem flutuações de tensão
apreciáveis. Recorde-se que o binário de arranque decresce rapidamente com a diminuição
de tensão.
Aumento da corrente de arranque, o que pode ter implicações no dimensionamento da
alimentação e accionamento do motor.
Diminuição do escorregamento, ou seja um pequeno aumento da velocidade do motor. Por
exemplo, motores de 7,5 kW podem apresentar velocidades à plena carga de 1460 r.p.m.
ou 1450 r.p.m., para motores de alto rendimento e standard, respectivamente.
Este facto faz com que, em aplicações tais como bombas e ventiladores, a carga o consumo suba,
anulando uma parte substancial da economia obtida com a introdução do motor de alto rendimento
(ver Figura 20). Recorde-se que a carga das bombas e ventiladores centrífugos cresce
aproximadamente com o cubo da velocidade. Há contudo a possibilidade de evitar este aumento de
carga através de ajustamentos na transmissão, no ventilador ou, sobretudo, utilizando o controlo
electrónico de velocidade.
Figura 20 – Característica binário/velocidade de um ventilador e sua curva característica
(Fonte: Curso de Gestão de Energia na Industria – ADENE)
Na figura anterior também s e mostra a característica de binário/velocidade de um ventilador. O
ponto de funcionamento é dado pela intersecção das características do motor e da carga, neste caso
o ventilador. Pode ser notado que a velocidade de funcionamento do motor de alto rendimento é
superior à do motor standard.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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As situações mais atraentes do ponto de vista económico para instalar motores de alto rendimento
ocorrem nas situações seguintes:
- Instalação de um novo equipamento ou motor. Neste tipo de situação um motor de alto rendimento
é normalmente vantajoso (tempo de recuperação do investimento inferior a três anos) para um
número de horas de funcionamento superior a 2000 horas por ano numa instalação industrial.
- O motor existente avariou. Se o motor existente avariou, precisa de ser rebobinado e se tem um
número elevado de horas de funcionamento por ano, deverá ser considerada a sua substituição por
um motor de alto rendimento.Com a excepção de motores pequenos (com potências inferiores a 5
kW), a reparação de um motor custa cerca de 30 a 50% do preço de um motor de alto rendimento.
Assim a diferença no investimento é significativamente maior do que no caso anterior.
- O motor existente está fortemente sobredimensionado. Nestas condições e se o motor tem um
número elevado de horas de funcionamento por ano, deverá ser considerada a sua substituição por
um motor de alto rendimento com uma potência não excedendo o máximo da potência mecânica
requerida. Esta substituição é particularmente vantajosa em empresas que têm um parque numeroso
de motores instalados. O motor sobredimensionado, depois de ser substituído, pode servir como
unidade de substituição.
A substituição de motor standard que se encontram em bom funcionamento raramente é atraente
do ponto de vista económico pois neste caso o investimento adicional representa 100% do custo do
motor de alto rendimento. A Figura 22 apresenta paybacks simples típicos em 3 situações:
Motor antigo avaria – Instalação de um Motor de Alto rendimento (EEM) versus Reparação
do Motor;
Motor antigo avaria – Instalação de um Motor Standard (STD) versus Reparação do Motor;
Novas aplicações – Instalação de um Motor de Alto rendimento (EEM) versus Motor
Standard (STD).
Figura 21 – Plano de retorno simples para três situações distintas
(Fonte: Curso de Gestão de Energia na Industria – ADENE)
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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a) Compra de um novo motor standard (STD) em vez da reparação do velho motor avariado (STD vs Repair);
b) compra de um motor novo de alto rendimento (EEM) em vez da reparação do velho motor avariado (EEM vs.
Reparação);
c) compra de um motor novo de alto rendimento (EEM) em vez da compra de um novo motor standard STD (EEM vs.
STD).
Valores baseados em: 0,06 Euro/kWh; 6000 horas/ano; Factor de Carga = 75%; valores médios Europeus para o
rendimento STD e Preço; Rendimento EEM = Rendimento STD + 3 %; Rendimento de Motor Reparado = Rendimento
STD -1 %; Preço EEM = 1,25 x Preço Motor Standard; Custo de Reparação = 0,4 x Motor Standard.
Para além das situações referidas, a selecção de um motor de alto rendimento é particularmente
indicada aquando da compra de “pacotes” de equipamento tais como compressores, sistemas
AVAC e bombas, em situações de grandes modificações nas instalações ou nos processos, e
como parte de uma manutenção preventiva ou de um programa de conservação de energia.
Velocidade de operação: A selecção de motores eficientes deve ser feita atendendo à velocidade a
plena carga comparável para cargas centrífugas (bombas e ventiladores).
Há que assegurar que o motor é adequado para as necessidades do equipamento accionado. Os
motores de indução têm uma velocidade de operação que é ligeiramente inferior à sua velocidade
de sincronismo. Por exemplo, um motor com uma velocidade de sincronismo de 1500 r.p.m. terá um
funcionamento típico a plena carga a cerca de 1450 r.p.m.. A velocidade de operação do motor (em
r.p.m. à plena carga) é indicada na placa de características do motor a diferença entre a
velocidade de sincronismo e a velocidade de operação é designada por escorregamento. O
escorregamento varia com a carga e o modelo particular de motor.
Cada bomba ou ventilador tem uma velocidade de projecto. Cargas centrífugas de bombas e
ventiladores são extremamente sensíveis a variações de velocidade; um aumento de apenas 5
r.p.m. pode afectar significativamente a operação da bomba ou do ventilador, conduzindo a um
acréscimo de caudal, à redução da eficiência e a um aumento do consumo energético. Sempre que
se proceda à substituição de uma bomba ou d e um ventilador, há que assegurar a selecção de um
modelo com uma velocidade a plena carga (em r.p.m.) igual ou inferior à do motor a ser substituído.
Selecção do rendimento / Classificação EU-CEMEP: Um acordo existente desde 1999, entre a
associação europeia de fabricantes de material eléctrico e electrónica de potência (CEMEP) e a
Comissão Europeia, assegura que os níveis de rendimento dos motores fabricados na Europa
devem ser claramente do conhecimento público. Basicamente estabelece três classes de
rendimentos (Classe I, Classe II e Classe III), dando aos fabricantes de motores um incentivo para a
introdução de modelos de elevado rendimento. Estas classes de rendimentos aplicam-se a motores
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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trifásicos de indução com gaiola de esquilo de 2 e 4 pólos (400 V, 50 Hz, de classe de
funcionamento S1), com gamas de potência entre 1,1 e 90 kW, que correspondem à maior parcela de
vendas do mercado.
Os rendimentos de motores de 400 V de diferentes fabricantes estão reunidos numa base de
dados, designada de EURODEEM, publicada pela Comissão Europeia.
O accionamento dos ventiladores é feito por correias tipo "V" que podem facilmente ser substituídas
por outras correias mais eficientes, nomeadamente por correias dentadas não síncronas que
apresentam rendimentos 2% superiores e tempos de retorno do investimento muito reduzidos.
Figura 22 – Correias tipo V e correias dentadas
1.4 UTILIZAÇÃO DAS MÁQUINAS DE INJECÇÃO
Foram identificadas duas máquinas que, em relação ao resto da instalação da Kep Plastics Portugal,
que são fontes de consumo de energia.
Na altura da visita uma delas encontrava-se em manutenção, no entanto foi possível medir a máquina
521. Esta tem dois motores de 89,5 kW e no aquecimento do fuso o valor indicado na chapa de
características é de 56 kW, o valor indicado é de 120 cv (hp) total.
As medições efectuadas no quadro de alimentação da maquina indicaram que em vazio consome
30 kW e em carga 101 kW. De notar que a máquina só começou a operar um dia após o início
do trabalho de campo pelo que se pode calcular um desperdício da seguinte forma
= 47,52 €/dia.
1.5 EQUIPAMENTO DE ESCRITÓRIO
O consumo de energia associado às tecnologias informação (TI) aumentou consideravelmente nos
últimos anos. De acordo com previsões recentes [ISI 2003], espera-se um aumento de cerca de 40%
nos próximos 10 anos. Assim, o equipamento de escritório torna-se um dos principais consumidores
de energia (com valores entre 20 e 40% do consumo total) em edifícios de escritórios. Por outro lado,
o potencial de economias de energia economicamente viável pode atingir os 50%, facto que
permitirá reduzir os custos energéticos em cerca de 200€, por posto de trabalho, durante os 5
anos de vida útil do equipamento [Energy-Star].
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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O aproveitamento integral do potencial de economias de energia pode ser concretizado através
da simples redução do consumo de energia em todos os modos (funcionamento, standby e
desligado) e diminuindo o período activo do modo com maior consumo de energia ou o número
total de horas de funcionamento. Por esse motivo, assume especial importância a opção pela
compra agrupada (“procurement”) de equipamento de escritório energeticamente eficiente bem
como a utilização responsável do equipamento existente. Embora a introdução de equipamento
de escritório “inteligente” apoiada por um sistema de gestão de energia de alta eficiência permita a
utilização racional de energia em edifícios, é igualmente relevante o papel do utilizador das TI na
implementação das medidas adoptadas.
Podem ser alcançadas economias de energia através da selecção apropriada de produtos e
equipamentos energeticamente eficientes, da introdução de um sistema de gestão de energia e da
adopção de boas práticas na utilização dos equipamentos. A viabilidade de determinadas medidas e
o seu impacto em termos de economias de custos depende da dimensão e natureza da actividade
da empresa. Apenas através de uma avaliação do sistema e das necessidades da empresa se
poderá determinar que medidas são simultaneamente aplicáveis e economicamente viáveis. Essa
avaliação poderá ser realizada por um consultor de energia qualificado com experiência em TI ou
pelo staff técnico da empresa.As conclusões da avaliação permitirão identificar as medidas
aplicáveis ao sistema de TI da empresa e incluirão uma estimativa das economias de energia, dos
custos associados à implementação dessas medidas, bem como do período de retorno do
investimento. As conclusões deverão incluir ainda sugestões para a aquisição agrupada de
equipamentos através de compra ou leasing.A selecção de medidas de economia de energia para
as TI na fase inicial de planeamento pode resultar numa significativa redução dos consumos
associados aos sistemas de ar condicionado e de UPS, e permitir a optimização dos custos de
investimento e de funcionamento. Adicionalmente, a eficiente utilização do papel é importante em
termos de economias de energia e de custos de operação. De relevar ainda os sistemas de
etiquetagem existentes, nomeadamente nas áreas da ergonomia (etiqueta TCO) e do ambiente
(etiqueta ECO European).As tabelas seguintes mostram as medidas de eficiência energética
potencialmente mais significativas que poderão ser implementadas. Em cada tabela, as medidas são
apresentadas começando com as de maior impacto potencial e de mais fácil concretização.
Quadro 13 – Selecção de produtos energeticamente eficientes – exemplos
(Fonte: Apontamentos do manual de formação em Gestão de Energia na Indústria – Adene)
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Quadro 14 – Selecção de dispositivos energeticamente eficientes para um grupo de produtos definido – exemplos
(Fonte: Apontamentos do manual de formação em Gestão de Energia na Indústria – Adene)
Quadro 15 - Análise do potencial de economias associado à gestão de energia e ao comportamento dos utilizadores
(Fonte: Apontamento manual de formação de Gestão de Energia na Industria – Adene)
Sendo assim, o desempenho energético deste tipo de equipamentos poderá ser melhorado com a
configuração do Sistema Operativo dos computadores de modo a desligar o monitor após um
período de tempo sem utilização. Por exemplo, quando a opção Protecção de ecrã (screensaver)
está activada não se verifica economia de energia.Quando o software está configurado para poupar
energia, após um período de tempo sem utilização o consumo eléctrico limita-se ao desktop.Feita a
experiência, em termos energéticos, verificou-se ser equivalente desligar manualmente o LCD e
entrar automaticamente em poupança de energia.
1.6 INSPECÇÃO TERMOGRÁFICA PREVENTIVA
Com vista a detecção de eventuais problemas na instalação eléctrica foi efectuada análise
termográfica das principais instalações eléctricas e respectivos quadros. Esta visa incluir no próximo
plano de manutenção geral da instalação fabril reapertos necessário e substituição de cabos devido
ao excessivo aquecimento e degradação precoce dos mesmos.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Na figura em baixo encontram-se identificadas os principais pontos analisados durante a inspecção
de rotina.Pode ser visto da esquerda para a direita a temperatura do mesmo equipamento antes e
depois da intervenção de aperto das uniões aparafusadas com a consequente redução de consumo
de energia.Este procedimento diminui a energia dissipada por efeito de Joule, reduzindo o consumo
de energia e prolongando a vida dos cpomponentes da instalação.Com este tipo de inspecção evita-
se ainda o sobreaquecimento dos condutores que numa situação limite podem arder.
Figura 23 – Bateria de condensadores: Ligações B2 disjuntor KM1, KM2, KM3
Figura 24 – Bateria de condensadores: Ligações B2 disjuntor KM4, KM5, KM6
Figura 25 – Bateria de condensadores: Ligações B1 disjuntor KM4, KM5, KM6
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Na inspecção termográfica seguinte detecta-se um componente electrico com problemas e que foi
posteriormente substituído.
Figura 26 –QF3 compressor
2 Gestão de Energia
Actualmente, esta unidade não dispõe de qualquer método de gestão de energia, nem mesmo
de contabilização dos consumos de energia. A gestão de energia deve começar pela recolha de
elementos relativos aos consumos e produções dos diversos sectores produtivos, correspondentes
a intervalos de tempo o mais reduzido possível.
O controlo destes dados poderá permitir, quer importantes economias de energia, quer a detecção
de eventuais anomalias no sistema produtivo, quer ainda a previsão de consumos, que será tão mais
fiável quanto mais curtos os intervalos de tempo de análise. É frequente encontrarem-se em muitas
empresas, determinados equipamentos ou sectores responsáveis por uma grande parte do consumo
global, sem que tenham contadores instalados, o que impossibilita a determinação dos respectivos
consumos específicos bem como a detecção de situações de consumos anómalos.
Deste modo, e com o objectivo de se dispor de uma informação constantemente actualizada e de
possibilitar o controlo dos consumos energéticos dos diferentes sectores ou equipamentos de uma
empresa, foi desenvolvido um sistema de gestão de energia denominado Monitoring & Targeting
(M&T) o qual consiste, de uma forma geral, na monitorização constante dos valores de produção e
dos consumos de energia, permitindo definir valores de referência em relação aos quais é possível
detectar eventuais desvios e estabelecer, posteriormente, metas de redução dos consumos
energéticos. A implementação de um sistema de M&T implica determinadas tarefas, consistindo
a primeira na realização de uma auditoria energética na qual é obtida a informação sobre a
produção, os consumos energéticos e os factores que os influenciam. Decorrente da auditoria
energética são definidos os centros de custo de energia, ou seja, os sectores ou equipamentos
em que se justifica aplicar procedimentos de monitorização e de controlo.
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Seguidamente, e para os casos em que for necessário, implementar-se-á aos diversos centros de
custos os respectivos contadores de energia e será definido o período de monitorização ou
recolha de dados. Após a instalação dos contadores, proceder-se-á a uma recolha preliminar de
dados cujo objectivo é o de estabelecer os valores do consumo de energia padrão e das metas de
redução dos consumos energéticos. Este consumo de energia padrão é, pois, resultante de um
funcionamento da instalação nas melhores condições, pelo que um desvio significativo do seu valor
alerta para a ocorrência de algo anormal, sugerindo o início de um processo de investigação com
vista a detectar o motivo da anomalia e a actuar rapidamente de forma a restabelecer o valor do
consumo de energia padrão.
De uma forma geral, e baseado na experiência adquirida na implementação deste tipo de sistemas
de gestão de energia, pode-se dizer que as economias típicas alcançadas e decorrentes
exclusivamente do processo da constante monitorização e controlo dos consumos de energia reais
e do consumo de energia padrão, são de 3% nos consumos eléctricos e de 5% para as restantes
formas de energia.
2.1 DESAGREGAÇÃO DE CONSUMOS POR SECTOR DE ACTIVIDADE
O resultado das medições efectuadas na Key Plastics Portugal em termos do valor global de
consumo da instalação é o seguinte:
Quadro 16 – Consumos por sector de actividade na Key Plastics Portugal
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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Por forma a permitir a visualização dos consumos por parte da empresa foi elaborado o seguinte
gráfico:
Figura 27 – Consumos desagregados detalhados
Os dados podem ser assim condensados em cada sector de actividade de acordo com o fluxograma
do processo fornecido pela empresa.
Quadro 17 – Consumos desagregados por sector
Como resultado final da presente auditoria obtêm-se o gráfico em baixo que individualiza
sectorialmente os consumos face ao consumo total da empresa.
Figura 28 – Consumos desagregados por sector
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2.2 RESUMO DAS POTÊNCIAIS ECONOMIAS
No quadro seguinte, apresentam-se potenciais as economias identificadas durante o diagnóstico
efectuado à empresa.
Quadro 18 – Resumo das economias identificadas durante o diagnóstico
Das medidas de economia preconizadas destaca-se a iluminação do sector da injecção está ligado
durante o dia já que as entradas de luz natural estão sujas, recomenda-se portanto a sua limpeza
traduz-se numa economia de 11768 Euros.
Se o total das medidas propostas traduz-se numa redução da factura energética de (164.706-
18.391) = 146.315 Euros, correspondendo a 11 % dos custos energéticos totais da Key Plastics
Portugal dos últimos doze meses.
Em termos de energia primária a economia estimada é de 59 tep, 11 % do consumo global da
empresa, correspondendo à redução de emissão de Gases com Efeito de Estufa em 136 t de CO2.
Caso fossem implementadas as medidas aqui preconizadas o consumo específico de energia da
Key Plastics Portugal passaria de 3921,6 kWh/ t (843,7 kgep/t) para 3483,7 kWh/t (749,5 kgep/t),
considerando as produções e consumos do período de análise a que diz respeito este trabalho.
3 Conclusões e Recomendações
Assim no final desta auditoria, e com vista à redução de consumo de energia eléctrica por parte da
Key Plastics Portugal, recomenda-se um reforço das rotinas de manutenção no ar comprimido e
implementação de procedimentos internos com monitorização da redução de consumo de energia do
mesmo.
A iluminação da injecção deve ser só ligada quando a luz natural não for suficiente. É de notar que o
tipo de iluminação utilizado vai ser retirado do mercado e que existem soluções mais eficientes
implicando um estudo luminotécnico mais aprofundado.
Devido à redução da produção os transformadores não se encontram na sua capacidade máxima,
sendo apenas um suficiente para fornecer a energia eléctrica para a instalação. Estes como estão em
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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paralelo podem ser utilizados em alternância com vista a reduzir as perdas no ferro e prolongar a vida
útil dos mesmos.
As máquinas de injecção mais antigas requerem uma manutenção mais cuidada pois, de acordo com
a “curva da banheira”, no final da vida útil começam a surgir problemas. Nomeadamente o que foi
detectado na M 521 em que existia um circuito que tinha um shunt directo e accionava
automaticamente a resistência do fuso sem dar qualquer aviso ao operador e que só após algumas
medições foi possível detectar tal anomalia.
Se todas estas medidas e premissas forem cumpridas pode ser obtida uma redução de 11% no
consumo de energia eléctrica com o consequente aumento de competitividade da empresa. Salienta-
se que todas as medidas elencadas anteriormente não representam qualquer investimento para a
Key Plastics Portugal.
22 de Setembro de 2011
Relatório para a obtenção de grau de mestre em Engenharia Mecânica
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4 Bibliografia
Bibliografia Consultada
Krarti, Moncef – Energy Audit of Building Systems – CRC
Doty, Steve – Comercial Energy Auditing Reference Handbook – CRC
Ribeiro de Sá, André – Gestão de Energia e Eficiência Energética - Publindustria
Merino, José Maria – Eficiência Energética Eléctrica – URMO S.A
Ramage, Janet – Guia da Energia – Monitor
Wulfinghuff, Donald – Energy Efficiency Manual – Energy Institute Press
Mattos, Mario – Apontamentos de Auditorias Energéticas –P.G. Energia ISQ
Oliveira, Fernando – Checklist para Auditorias Energéticas – Adene
Thumann,Al; Younger,J; Niehus, Terry; Handbook of Energy Audits – Taylor & Francis
Calau, Paulo; Carneiro, Jorge; Oliveira, Fernando - Apontamentos do Curso de Gestão de Energia na
Industria – Adene
Novais, José – Ar Comprimido Industrial – 2ª Edição – Fundação Calouste Gulbenkian
Legislação Consultada
DECRETO-LEI N.º 71/2008 MINISTÉRIO DA ECONOMIA E INOVAÇÃO - Diário da República, 1.ª série — N.º
74 — 15 de Abril de 2008.
PORTARIA N.º 519/2008 MINISTÉRIO DA ECONOMIA E INOVAÇÃO - Diário da República, 1.ª série — N.º
121 — 25 de Junho de 2008.
DESPACHO N.º 17313/2008 DIRECÇÃO-GERAL DE ENERGIA E GEOLOGIA - Diário da República, 2.ª série —
N.º 122 — 26 de Junho de 2008.
DESPACHO N.º 17449/2008 DIRECÇÃO-GERAL DE ENERGIA E GEOLOGIA - Diário da República, 2.ª série —
N.º 123 — 27 de Junho de 2008.
PORTARIA N.º 1530/2008 MINISTÉRIOS DAS FINANÇAS E DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DA ECONOMIA E
INOVAÇÃO - Diário da República, 1.ª série — N.º 250 — 29 de Dezembro de 2008.
DECRETO-LEI N.º 319/2009 MINISTÉRIO DA ECONOMIA E INOVAÇÃO - Diário da República, 1.ª série — N.º
213 — 3 de Novembro de 2009.
Sites Consultados
http://www.adene.pt, Agência para a Energia.
http://www.dgge.pt/ Direcção Geral de Energia e Geologia