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Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa Membros: Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador) Dep. Adão Villaverde – PT Dep. Alberto Oliveira – PMDB Dep. Iradir Pietroski – PTB Dep. Marco Peixoto – PP Assessoria Técnica Gerson Carrion de Oliveira Assessor da Comissão Equipe de Apoio: Assessoria de Imprensa: João Silvestre. Departamento de Comissões Parlamentares da Assembléia Legislativa. Palácio Farroupilha, 22 de junho de 2007 1

Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa · Externa, chamada de CEEE II. Ficando assim, demonstrando, mais uma vez a unanimidade de apoio do parlamento gaúcho

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Relatório de Atividades da Comissão de Representação Externa

Membros:

Dep. Adroaldo Loureiro – PDT (Coordenador)Dep. Adão Villaverde – PTDep. Alberto Oliveira – PMDBDep. Iradir Pietroski – PTBDep. Marco Peixoto – PP

Assessoria Técnica

Gerson Carrion de OliveiraAssessor da Comissão

Equipe de Apoio:

Assessoria de Imprensa: João Silvestre.Departamento de Comissões Parlamentares da Assembléia Legislativa.

Palácio Farroupilha, 22 de junho de 2007

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SUMÁRIO

I – Introdução, 3

II – Instalação da Comissão, 4

III – Início das Atividades, 4

IV – Cronograma de Trabalho, 5

V – Histórico da Origem da Ação Judicial, 5

VI – Fase Processual – Fatos Relevantes, 7

VII – Transcrição de Atas de Reuniões, 17

VIII – Conclusões, 33

IX – Recomendações, 36

Anexos:

Anexo I – Requerimento de Criação da Comissão

Anexo II – Diário da Assembléia de 23.05.2007

Anexo III – Notícias da Imprensa

Anexo IV – Lei Federal nº 8.631/93 e Lei Federal nº 8.724/93

Anexo V – Lei Estadual nº 12.593/06

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I – Introdução:

Em 17 de abril de 2007, por iniciativa do Deputado Adroaldo Loureiro, foi requerido ao Senhor Presidente da Mesa Diretora desta Casa, na forma dos artigos 75 e seguintes, especialmente nos fundamentos dos artigos 89 e 90 do Regimento Interno da Assembléia Legislativa do Estado, a constituição de uma Comissão de Representação Externa com o fim de acompanhar o andamento da ação judicial, interposta pela Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE, em fevereiro de 1993, contra à União, visando “incluir nos custos do serviço (...) as parcela pagas pela CEEE aos seus empregados, ex-autárquicos, aposentados, denominadas complementação e suplementação de proventos, eis que de natureza salarial e não de beneficio, computando-se as retroativas composições na Conta de Resultados a Compensar (CRC) e compensações via Reserva Nacional de Compensação de Remuneração (RENCOR) desde o exercício de 1981 a março de 1993”, em tramitação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF), como também, concretizar ações que busquem acelerar a conclusão definitiva deste processo, de repercussão significativa para CEEE e o Estado, tendo em vista que o montante atualizado da ação ultrapassa a expressiva quantia de R$ 4 bilhões.

Da análise da tramitação do requerimento, o deputado Adroaldo Loureiro decidiu cancelar o seu requerimento e subscrever um novo, com mais 42 Deputados, a exemplo de quando foi requerida a criação da primeira Comissão de Representação Externa da CEEE ( Anexo I – Requerimento ).

O novo requerimento foi datado de 09/05/2007 e protocolado em 15/05/2007 junto à Presidência desta Casa, originando o processo nº 205222-01.00 ALRS 07 5, que, cumpridos os trâmites regimentais foi pautado na ordem do dia 22 de maio de 2007, da 41ª Sessão Ordinária do Plenário, sob requerimento de nº 06/2007, quando foi aprovado por 45 votos favoráveis e nenhum contrário, a constituição de uma nova Comissão de Representação Externa, chamada de CEEE II. Ficando assim, demonstrando, mais uma vez a unanimidade de apoio do parlamento gaúcho na continuidade dos trabalhos deste Legislativo no efetivo auxílio ao Grupo CEEE e ao Governo do Estado nesta demanda judicial ( Anexo II – Diário da Assembléia ).

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Cabe registrar que o presente requerimento tem origem nas conclusões e recomendações do Relatório Final de Atividades da Comissão de Representação Externa de 05 de abril de 2007, criada com a mesma finalidade.

II – Instalação da Comissão:

O Senhor Presidente da Assembléia Legislativa, Deputado Frederico Antunes, em 24 de maio de 2007, declarou instalada a Comissão de Representação Externa dando posse aos deputados membros indicados pelas suas respectivas bancadas, Deputados Adroaldo Loureiro (PDT), Adão Villaverde (PT), Alberto Oliveira (PMDB), Iradir Pietroski (PTB) e Marco Peixoto (PP), na forma do art. 89-A §1º e designando o Deputado Adroaldo Loureiro – Coordenador da Comissão – fundamentado no § 2º do art. 89-A do regimento interno.

III – Início das Atividades:

A partir da instalação e designação dos membros integrantes da Comissão, o deputado Adroaldo Loureiro, na condição de Coordenador intensificou ações no sentido de realizar a primeira reunião da Comissão com a Diretoria da CEEE e Governo do Estado, representados pela sua Secretaria de Infra - Estrutura e Logística, e pelo advogado Dr. Luís Renato Ferreira da Silva contratado pela CEEE para defender seus interesses na ação judicial, com o objetivo da Comissão situar-se do andamento da demanda judicial e propor uma ação conjunta para agilizar uma decisão favorável aos interesses do Estado.

Após inúmeras tentativas de conciliação de agenda e data possível de reunirmos diretoria da CEEE, Secretaria de Infra Estrutura e Logística e o advogado patrono da ação, foi confirmada a data de 06 de junho de 2007 para a primeira reunião da Comissão.

O Coordenador registra que o cronograma de trabalho das

atividades da Comissão é o mesmo proposto no relatório de 05/04/2007 o qual transcrevemos na seqüência, tendo em vista a sua realização precária de audiências públicas e reuniões interativas propostas, dadas as dificuldades de

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conciliação de datas dos agentes envolvidos no assunto, num prazo exíguo de 30 dias por força do regimento interno da Casa.

IV – Cronograma de Trabalho:

♦ Reunião Diretoria da CEEE e o Advogado Contrato para defesa da ação judicial;

♦ Reunião - Secretário de Infraestrutura e Logística Daniel Andrade;

♦ Reunião - Secretário da Fazenda Aod Cunha;

♦ Audiência - Senhora Governadora do Estado Yeda Crusius;

♦ Reunião - Bancada Federal Gaúcha no Congresso Nacional (Deputados e Senadores);

♦ Audiência - Ministra Chefe da Casa Civil Dilma Rousseff;

♦ Audiência - Ministro Tarso Genro;

♦ Audiência - Ministro Minas e Energia;

♦ Audiência - Ministro-Relator, Sepúlveda Pertence, acompanhado por lideranças políticas (Senadores, Deputados, Secretários e Direção da CEEE).

V – Histórico da Origem da Ação Judicial:

Essa ação judicial dada sua magnitude, complexidade e relevância para a CEEE e o Estado do Rio Grande do Sul que atravessa no momento uma grave crise financeira, merece destaque e um esclarecimento à sociedade gaúcha da sua origem e fundamentação.

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A CEEE teve a sua criação autorizada pela lei nº 4.136, do ano de 1961, de autoria do saudoso governador Leonel de Moura Brizola.

O art. 12 dessa Lei dispôs que os servidores autárquicos da extinta Comissão de Energia Elétrica passariam a empregados da CEEE, respeitados integralmente os seus direitos, vantagens e prerrogativas já adquiridos ou em formação.

Em virtude de normas legais editadas à época, os servidores da autarquia Comissão Estadual de Energia Elétrica, ao passarem a empregados da CEEE, tiveram, portanto, assegurados o direito de perceber na inatividade o mesmo que era pago aos que se encontravam em atividade.

Desse modo, cumpria à CEEE o encargo de complementar o valor da aposentadoria recebida por esses empregados.

A partir do final do ano de 1974, nacionalmente foi instituída a chamada equalização tarifária para o serviço de energia elétrica, com sistema de tarifa única para todos os consumidores do território brasileiro. O objetivo era diminuir as desigualdades regionais e estimular investimentos em regiões economicamente menos desenvolvidas.

Por decorrência do novo sistema tarifário implementado, criou-se, por legislação do setor elétrico nacional, um regime de remuneração garantida, de maneira que, embora os custos variassem e as tarifas fossem iguais, as concessionárias não tivessem remuneração mínima inferior a 10% ou superior a 12% dos seus ativos em serviço.

Instituiu-se a CRC, Contas de Resultados a Compensar, com o objetivo de atender à diferença da remuneração das concessionárias em razão das peculiaridades regionais do mercado consumidor.

Por força de lei estadual acima citada a CEEE sempre inseriu nos seus custos e serviços, encargo decorrente do pagamento da complementação dos aposentados ex-autárquicos para a formação de suas tarifas. Até 1981 não se levantaram questionamentos pelo poder concedente.

No entanto, a partir de 1981, o Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica, Dnaee – hoje Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel - passou a não aceitar a inclusão dos custos dos proventos dos

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aposentados ex-autárquicos na tarifa, pois, interpretando equivocadamente a sua própria portaria, entendia que os custos dos aposentados ex-autárquicos não estariam caracterizados como de natureza salarial e sim benefício.

Não atendidos os pleitos administrativos de reinclusão desses custos, e na linha determinante do Governador Collares de questionar judicialmente todo e qualquer direito do Estado perante à União, o Secretário de Energia Minas e Comunicação Airton Langaro Dipp e a direção da CEEE, na época, presidida pelo Deputado Vieira da Cunha, decidiram interpor ação contra o Poder Concedente.

Em fevereiro de 1993, ocorreu o ingresso da ação em juízo para que a União fosse condenada a incluir no custo de serviço as parcelas pagas como complementação e suplementação de proventos de aposentados ex-autárquicos.

VI – Fase Processual – Fatos Relevantes:

Passados 12 anos da iniciativa do governo Collares e das tratativas nos governos Olívio Dutra e Germano Rigotto, ocorreu em 26.09.2005 a publicação do acórdão da decisão da Egrégia 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, que, finalmente, deu ganho de causa à CEEE.

Julgando recurso especial, o ministro-relator Teori Albino Zavascki, se pronunciou em relatório, e, no voto vencedor dando ganho de causa à CEEE, os quais tem o seguinte teor:

Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 435.948 - RS (2002/0062786-8)RECORRENTE : COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE

ADVOGADO : LUÍS RENATO FERREIRA DA SILVA E OUTROSRECORRIDO : UNIÃO

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):

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Cuida-se de ação visando ao reconhecimento do direito da autora, sociedade de economia mista concessionária do serviço de energia elétrica, a "incluir no custo do serviço (...) as parcelas pagas pela mesma aos seus empregados, ex-autárquicos, aposentados, denominadas complementação e suplementação de proventos, eis que de natureza salarial e não de benefício, computando-se as retroativas composições na CRC e compensações via RENCOR, desde o exercício de 1981" (fl. 29). O TRF da 4ª Região negou provimento à apelação da autora, confirmando a sentença que julgara improcedente o pedido, alinhando os seguintes fundamentos:

(a) "o Estado do Rio Grande do Sul, ao criar a CEEE como sociedade de economia mista, entidade de direito privado concessionária do serviço público federal de energia elétrica (CF, art. 21, XII, b), transferiu-lhe servidores públicos com os respectivos encargos, inclusive benefícios concernentes à aposentadoria que não são conferidos aos trabalhadores celetistas em geral";

(b) com a presente ação, pretende a concessionária "debitar à conta dos usuários dos serviços de energia elétrica, via reajuste de tarifas, as vantagens conferidas aos ex-servidores autárquicos do Estado do Rio Grande do Sul a ela incorporados, consistentes em complementação e suplementação de aposentadorias, bem como ressarcir-se dos respectivos valores pretéritos mediante débito contra a União";

(c) "evidentemente que as despesas com complementação e suplementação de aposentadoria dos servidores públicos estaduais são encargos da CEEE, ou doEstado do Rio Grande do Sul, não podendo ser repassadas para as tarifas, já que estas são calculadas e ajustadas segundo normas do Poder Concedente, e são regradas debaixo de um interesse público maior que é o do usuário do serviço" (fl. 271), sendo que "nem o consumidor, nem a União, podem ser responsabilizados pelas vantagens excepcionais que resolveu conferir a seus empregados além dos salários e encargos previdenciários legais" (fl. 272). Foram parcialmente acolhidos os embargos de declaração opostos pela ora recorrente, tendo o Tribunal a quo registrado que "não tem a apelante direito adquirido de repassar seus custos à União Federal, ainda que, no passado, tenha o feito por mais de 20 anos" (fl. 295).

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No recurso especial, fundado na alínea a do permissivo constitucional, a recorrente apontaviolação aos arts. 6º da LICC e 178, c, e 180, I, a, III e IV, do Decreto 24.643/34, aduzindo, em síntese, que

(a) a lei instituidora da CEEE (Lei Estadual 4.136/61)

transferiu à nova sociedade todas as obrigações tituladas pela Comissão Estadual de Energia elétrica, autarquia que antes detinha a concessão desse serviço público, inclusive as relativas a seus servidores, que passaram a ser empregados celetistas da CEEE;

(b) entre esses encargos estava a manutenção da paridade da

remuneração de ativos e inativos, que, desde a efetiva constituição da empresa, em 1964, integravam, como custo, o cálculo para compensação de valores tarifários (Conta de Resultados a Compensar);

(d) a partir de 1981, sem que houvesse qualquer inovação

legislativa, o DNAEE passou a glosar tais valores, alegando terem os mesmos natureza previdenciária, e não salarial, estando sujeitos, por essa razão, aos limites percentuais em relação ao valor total dos salários previstos nas Portarias 295/74 e 321/91 daquele órgão;

(e) tal fato ocasionou "quebra do equilíbrio econômico-

financeiro da concessão, bem como malferimento ao direito adquirido na formação dos custos" (fl. 306);

(f) as tarifas de energia elétrica eram fixadas uniformemente para todo o país, de acordo com os parâmetros do art. 180 do Código de Águas, tendo sido instituído um fundo formado por recursos vertidos pelas concessionárias cujos custos fossem inferiores à tarifa e destinados àquelas cujos custos não fossem cobertos por aquele valor;

(g) "nenhuma regra estabelecia, em termos categóricos, como

se compunham os custos tarifários" (fl. 309), conforme reconhecido na esfera administrativa pelo DNAEE, tendo havido alteração desse critério por "ato discricionário do poder concedente" (fl. 310), com ofensa ao direito adquirido e à norma do art. 178, c, do Código de Águas;

(h) a discricionariedade administrativa é limitada pela obrigação de manutenção do equilíbrio econômico-financeiro da concessão;

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(i) é incorreta a afirmação de que as outras concessionárias seriam oneradas por benesse sconcedidas pela CEEE, uma vez que o sistema de compensação visava justamente a contemplar a assimetria de custos e que a receita correspondente à contribuição de 2% paga pelos ex-autárquicos era apropriada no cálculo da tarifa;

(j) julgados proferidos pela Justiça do Trabalho evidenciam a

natureza salarial, e não previdenciária, das verbas de suplementação e complementação dos ex-autárquicos;

(l) a Portaria 295/74 do DNAEE estabelece limite percentual

para benefícios assistenciais e para complementação de pensões por aposentadoria pagas por órgãos oficiais, não se aplicando, portanto, às complementações de aposentadoria.

A recorrida, em contra-razões (fls. 342-347), pede a confirmação do julgado do TRF.

É o relatório.

RECURSO ESPECIAL Nº 435.948 - RS (2002/0062786-8)

EMENTA

ADMINISTRATIVO. CONCESSIONÁRIA DE ENERGIAELÉTRICA. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA DE

EMPREGADOS, EX-SERVIDORES AUTÁRQUICOS.OBRIGAÇÃO DE NATUREZA TRABALHISTA, DE

RESPONSABILIDADE DA EMPREGADORA. INCLUSÃO COMORUBRICA DE CUSTO DA CONCESSIONÁRIA (ART. 180, I, DO

CÓDIGO DE ÁGUAS). RECURSO PROVIDO.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI (Relator):

1. Não pode ser conhecido o recurso especial na parte em que aponta violação ao art. 178, c, do Código de Águas ("No desempenho das atribuições que lhe são conferidas, a Divisão de Águas do Departamento Nacional da Produção Mineral

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fiscalizará a produção, a transmissão, a transformação e a distribuição de energia hidro-elétrica, com o tríplice objetivo de: (...) c) garantir a estabilidade financeira das empresas "), porque sobre a norma aí contida (e, da mesma forma, sobre o tema que se pretende, no especial, associar ao dispositivo, atinente à necessidade de preservação do equilíbrio econômico-financeiro da concessão) não emitiu qualquer juízo o acórdão recorrido, mesmo após a interposição dos embargos de declaração.

2. O art. 180, I, do Código de Águas (Decreto 24.643/34), dispositivo que a recorrente indica como violado pelo acórdão a quo, tem a seguinte redação:

Art. 180. Quanto às tarifas razoáveis, alínea "b" do artigo 178, o Serviço de Águas fixará, trienalmente, as mesmas:

I - sob a forma do serviço pelo custo, levando-se em conta:

a) todas as despesas e operações, impostos e taxas de qualquer natureza, lançados sobre a empresa, excluídas as taxas de benefício;

b) as reservas para depreciação;

c) a remuneração do capital da empresa.

A controvérsia estabelecida diz respeito à adequada aplicação desse dispositivo, no períodode janeiro de 1981 a março de 1993, quando em vigor o regime de equalização das tarifas de energia elétrica. Interessa, para a devida compreensão, ter presente, além daquela norma, também as da Lei 5.655, 20.05.1971, que dispôs sobre a "remuneração legal do investimento dos concessionários de serviços públicos de energia elétrica", especialmente as seguintes:

Art 1º. A remuneração legal do investimento, a ser computada no custo do serviço dos concessionários de serviços públicos de energia elétrica, será de 10% (dez por cento) a 12% (doze por cento), a critério do poder concedente..§ 1º A diferença entre a remuneração resultante da aplicação do valor percentual aprovado pelo Poder concedente e a efetivamente verificada no resultado do exercício será registrada na Conta de Resultados a Compensar, do concessionário, para fins de compensação dos excessos e insuficiências de remuneração.

§ 2º As importâncias correspondente aos saldos credores da Conta de Resultados a Compensar serão depositados pelo concessionário, a débito do Fundo de Compensação de Resultados, até 30 de abril de cada exercício, em conta vinculada no Banco do Brasil S.A., na sede da empresa, que só

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poderá ser movimentada, para a sua finalidade, a juízo do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica.

Associado ao tema, igualmente, o Decreto-lei 2.432, de 17.05.1988, que instituiu a Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, além de estabelecer "normas relativas ao equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias do serviço público de energia elétrica", mediante, entre outras, as seguintes disposições:

Art. 1º. É instituída a Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, com a finalidade de compensar as insuficiências de remuneração do investimento das concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, comrecursos provenientes de:

I - produto do recolhimento das quotas anuais de compensação, constituídas pelas parcelas de receita excedente das concessionárias, atendida a taxa de remuneração legal máxima do investimento;

II - saldos credores registrados na Conta de Resultados a Compensar das concessionárias referidos no art. 1º, § 2º, da Lei nº 5.655, de 20 de maio de 1971;e,

III - receitas de outras origens, inclusive de eventuais dotações consignadas no Orçamento Geral da União.

§ 1º. As quotas anuais de compensação previstas no inciso I do caput deste artigo serão computadas como componentes do custo do serviço das concessionárias.

§ 2º. O Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE fixará, de acordo com os critérios estabelecidos na legislação em vigor, nos períodos de competência, os valores da quota anual de compensação relativa a cada concessionária, dos respectivos recolhimentos das parcelas mensais de distribuição, em Obrigações do Tesouro Nacional - OTN.

O chamado "regime de remuneração garantida" manteve-se até o advento da Lei 8.631, de 04.03.1993, que trouxe nova sistemática de fixação das tarifas, cujos níveis "serão propostos pelo concessionário ao Poder Concedente, que os homologará,observado o disposto nesta Lei" (art. 1º).

3. O que aqui se discute é se os encargos da recorrente, com seus empregados ex-servidores autárquicos (mormente os que decorrem de complementação proventos de inatividade), deviam ou não ser computados como custo do serviço, para os fins da legislação acima citada. Segundo se depreende dos autos, até 1981, nenhuma dúvida

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havia a respeito. Desde então, todavia, a União, por seu Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE, passou a glosar tais rubricas, por considerá-las, não de natureza salarial, e sim como "benefício", o que importava uma limitação (de, no máximo, 5% do valor dos salários) para efeito de inclusão na rubrica de custos. Invocou-se, para tanto, a Portaria 295/74 (que depois foi alterada pela 321/91), do próprio DNAEE. Provocada por pedido da ora recorrente, a matéria gerou dissenso entre órgãos jurídicos da recorrida, vingando, a final, a decisão no sentido de manter as referidas glosas, situação que perdurou até 1993, quando voltou a ser adotado regime de tarifas diferenciadas.

4. Para que se possa fazer juízo a respeito da controvérsia, é indispensável considerar aorigem histórica da recorrente, a Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE. Referida Companhia é uma sociedade de economia mista do Estado do Rio Grande do Sul, criada em 1961pela Lei Estadual 4.136/61, para suceder a "Comissão Estadual de Energia Elétrica", órgão autárquico daquele Estado. Seguindo determinações da sua lei de criação, a CEEE formou seu quadro de pessoal inicial com aproveitamento dos servidores da antiga Autarquia, os quais, todavia, passaram a ser regidos pela CLT, ficando-lhes assegurados os direitos, vantagens e prerrogativas que então detinham, que passaram a ser de responsabilidade do novo ente. Dispôs, com efeito, a lei de criação da CEEE o seguinte:

Art. 12. Os atuais servidores autárquicos da Comissão Estadual de Energia Elétrica, compreendendo os do quadro e os contratados, inclusive os não enquadrados, dos serviços encampados de Porto Alegre e de Canoas, passarão a ser empregados da Companhia, respeitados integralmente os seus direitos,vantagens e prerrogativas, já adquiridos ou em formação, previstas na legislação em vigor e nas resoluções do Conselho Estadual de Energia Elétrica aprovados pela autoridade superior.

Entre esses direitos estavam a complementação e a suplementação de proventos, previstas no art. 186 da Lei Estadual 1.751/52 (Estatuto do Funcionário Público do Estado do RS) e no art. 1º da Lei Estadual 3.096/56, arts. 186 e 1º, respectivamente, abaixo transcritos: Lei Estadual 1.751/52:

Art. 186. Fica assegurada aos funcionários inativos a revisão de seus proventos sempre que forem aumentados os ativos.

Parágrafo único. Essa revisão operar-se-á automaticamente mediante o acréscimo de 70% do aumento dos servidores ativos.

Lei Estadual 3.096/56:

Art. 1º. Os servidores civis e militares do Estado, quando em inatividade por aposentadoria, reserva ou reforma, perceberão, sempre, proventos iguais aos vencimentos que, em qualquer

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época, venham a perceber os servidores em atividade, da mesma categoria, padrão, posto ou graduação, respeitada aproporcionalidade do tempo de serviço.

§ 1º. Para a efetivação do disposto neste artigo, sempre que forem aumentados os vencimentos dos servidores em atividade, serão revistos, independentemente de requerimento dos interessados, os proventos dos inativos.

5. Não pode haver dúvida quanto à natureza trabalhista dessa obrigação de complementar proventos. A submissão dos ex-autárquicos ao regime da CLT, com a garantia da manutenção dos direitos existentes, operou a automática inclusão, nos seus contratos de trabalho, dos encargos antes suportados pelo Estado. Quanto ao ponto, há jurisprudência assentada da Justiça do Trabalho conforme demonstram os autos, valendo citar o precedente do plenário do TST no Recurso de Revista 6.763/82 (fls. 112 e ss.), em que o relator, Min. Vieira de Mello, asseverou, explicitamente, que as normas estaduais referidas assumiram "(...) caráter nitidamente de normas que se incrustam nos contratos de trabalho", fazendo com que a controvérsia então julgada demandasse verdadeira "(...) interpretação de cláusulas contratuais. Na verdade, impõe-se verificar o sentido e alcance de tais normas que se inscreveram nos contratos individuais." (DJ de 19.02.1988).

No mesmo precedente, o Min. Marco Aurélio, então membro do TST, observou: "Vigentes eram contratos de trabalho, regidos pela CLT, e com a incrustração do direito tal como outorgado inicialmente, isto por força do art. 12 da Lei nº 4.136, de 13 desetembro de 1961 - fls. 35 - assim redigido:

(...)

Destarte, na oportunidade da transformação da então autarquia Comissão Estadual de Energia Elétrica na CEEE - Companhia Estadual de Energia Elétrica, somente efetivada em 1964, os recorrentes passaram a ter relação jurídica com a recorrida – sociedade anônima - submetida à regência da Consolidação das Leis do Trabalho, deixando, assim, de ter submissão ao Estatuto do Funcionário Público do Estado do Rio Grande do Sul e aos diplomas legais editados por este último."

Aliás, não é novidade, em nosso sistema, o reconhecimento da natureza trabalhista daobrigação de complementar aposentadoria, quando tal obrigação é assumida pelo empregador, como no caso. A obrigação, na verdade, passa a ser cláusula aderente ao contrato de trabalho, insuscetível de revogação ou alteração por ato unilateral, como prevê o art. da CLT 468. São inúmeros os precedentes do STF (v.g.: RE 78.212/RJ, Pleno, Min. Moreira Alves, DJ de 08.07.1976; RE 106.910/RS, 1ª Turma, Min. Ilmar Galvão, DJ de 16.04.1993; RE 91.257/SP, Pleno, Min. Soarez Muñoz, DJ de 14.12.1979; AI 132.206 AgR/RJ, 2ª Turma, Min. Carlos Madeira, DJ de 09.02.1990) bem como do STJ (CC 20.685/BA, 3ª Seção, Min. Gilson Dipp, DJ de 17.02.1999; CC 29.215/SP, 3ª Seção, Min. Vicente Leal, DJ de 21.10.2002; CC 22.942/RJ, 2ª Seção, Min. Barros Monteiro, DJ de 19.04.1999; CC 22.087/SP, 2ª Seção, Min. Costa Leite, DJ de 19.10.1998; CC 24.239/RJ, 2ª Seção, Relator p/ o acórdão Min. Ari Pargendler, DJ de 01.02.2005), afirmando a competência da Justiça do Trabalho para o julgamento de causas dessa natureza, em que se

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discute complementação de proventos, justamente em razão da natureza contratual trabalhista dessa cláusula.

5. Pois bem, tratando-se de encargo econômico do concessionário, não há como dissociá-lo do custo da prestação do serviço, para os devidos fins de direito. Seria ilógico imputar à concessionária a responsabilidade pelo pagamento de tal encargo aos ex-servidores e, ao mesmo tempo, impedir que lance os respectivos pagamentos na sua rubrica de custos, para os fins da legislação ao início referida. É certo que se trata de um custo peculiar da Companhia recorrente, mas isso de forma alguma altera a situação jurídica. Cada uma das outras concessionárias também têm seus custos peculiares, que a CEEE e as demais não têm. Nesse campo, é evidente que não há como conceber modelos uniformes. Aliás, foi justamente o reconhecimento dessa variada forma de composição dos custos de cada concessionária que determinou a instituição da Conta de Resultados a Compensar (Lei 5.655/71, art. 1º), na qual deveriam ser depositados os valores correspondentes à diferença entre a remuneração estipulada pela lei e aquela efetivamente obtida por cada empresa, "para fins de compensação dos excessos e insuficiências de remuneração ". Mais tarde, a partir do Decreto-lei 2.432/88, o saldo dessa conta, bem assim as parcelas futuramente apuradas, foram direcionados à Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, cujo objetivo era igualmente o de compensar as insuficiências de remuneração do investimento das concessionárias de serviços públicos de energia elétrica, juntando-se a recursos provenientes de outras fontes, "inclusive de eventuais dotações consignadas no Orçamento Geral da União" (art. 1º III).

Não há dúvida, portanto, que a glosa dessa rubrica, para excluí-la ou limitá-la, quando da apuração dos custos, operada a partir do exercício de 1981, com base em interpretação de antiga Portaria (de 1974), importou ofensa aos dispositivos legais citados, nomeadamente o art. 180, I, do Código de Águas (Decreto 24.643/34).

6. De outra parte, não ocorreu a prescrição invocada pela recorrida (fls. 176-178). A própria contestação deixa evidenciada a ocorrência de causa interruptiva do prazo prescricional, já em 1981, quando houve formalmente a instauração de procedimento administrativo para recomposição das glosas efetuadas, procedimento esse que ainda não obtivera solução definitiva na data da propositura da ação judicial. Segundo a contestação, "(..) a autora ingressou com pedido administrativo, no ano de 1981, com objeto idêntico ao da presente ação", sendo que, após inúmeras manifestações, pareceres, decisões, recursos e reconsiderações, noticiadas nos autos, "a apreciação do último recurso administrativo interposto [foi] sustada, face a propositura da presente ação, e da medida cautelar de nº 93.000969, em tramitação perante essa MM. Vara" (fl. 176). Como se sabe, não corre prescrição na pendência de processo administrativo, já que, na sua pendência, não se pode considerar que o interessado tenha ficado inerte. É o que se infere do art. 4º do Decreto 20.910/32.

7. Impõe-se, assim, o acolhimento do pedido, reconhecendo-se à autora o direito de lançar como custo do serviço, nos exercícios de 1981 a 1993, para fins de ajustes na Conta de Resultados a Compensar - CRC e na Reserva Nacional de Compensação de Remuneração - RENCOR, os valores relativos relativos a

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complementação e suplementação de aposentadoria de seus empregados ex-autárquicos, valores que serão corrigidos monetariamente, a partir das respectivas competências, pelos índices aplicáveis à correção dos débitos judiciais e acrescidos de juros moratórios de 6% ao ano, a partir da citação.

8. Pelas razões expostas, dou provimento ao recurso especial, para julgar procedente o pedido nos termos acima explicitados, invertidos os ônus sucumbenciais.

É o voto.

ACÓRDÃO

Prosseguindo no julgamento, vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, após o voto-vista do Sr. Ministro Luiz Fux a Egrégia Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça decide, por maioria, vencido o Sr. Ministro José Delgado (voto-vista), dar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Denise Arruda, Francisco Falcão e Luiz Fux (voto-vista) votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 04 de agosto de 2005.

MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKIRelator.

Como fato também relevante da fase processual, apontamos o recurso extraordinário interposto pela União, contra o acordão da Egrégia 1ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça, tendo obtido por decisão do Ministro Vice-Presidente do STJ, Dr. Francisco Peçanha Martins em 30 de junho de 2006 a admissibilidade de reexame do assunto junto ao Supremo Tribunal Federal, a qual transcrevemos o seu teor:

RE no RECURSO ESPECIAL Nº 435.948 - RS (2002/0062786-8)

RECORRENTE : UNIÃORECORRIDO : COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE

ADVOGADO : LUÍS RENATO FERREIRA DA SILVA E OUTROS

DECISÃO

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Trata-se de recurso extraordinário manifestado pela UNIÃO, com fundamento no artigo102, inciso III, alínea a da Constituição Federal, contra acórdão da Primeira Turma deste tribunal que deu provimento ao recurso especial da COMPANHIA ESTADUAL DE ENERGIA ELÉTRICA - CEEE declarando a possibilidade de incluir, no custo do serviço as parcelas pagas pela empresa aos seus empregados, ex-autárquicos, aposentados, denominadas complementação e suplementação de proventos, eis que de natureza salarial e não de benefício, computando-se as retroativas composições na CRC.

Opostos embargos declaratórios por ambas as partes, restaram acolhidos

com efeitos infringentes os da CEEE e rejeitados os da União.

Alega a recorrente violação aos arts. 5º, caput, incisos LIV, LV, 22, I, 24, I, II e XII, 100 e 202, § 3º, da Constituição Federal. Aduz ofensa aos princípios da isonomia, da razoabilidade e do devido processo legal, afirmando que, caso seja mantido o acórdão recorrido, se permitir-se-á que uma única empresa desconte integralmente de seu custo de serviço, diferentemente de todas as outras, benefícios pessoais setorizados, concedidos por Leis do Estado do Rio Grande do Sul, para os quais nem a União nem o consumidor concorreram. Por fim, sustenta a necessidade de aplicação do regime constitucional dos precatórios no caso concreto.

Contra-razões apresentadas às fls. 484/503.

Presentes os pressupostos genéricos e específicos de admissibilidade, admito o recursoextraordinário.

Publique-se. Intimem-se.

Brasília (DF), 07 de junho de 2006.

MINISTRO FRANCISCO PEÇANHA MARTINSVice-Presidente

Cabe destacar que o recurso extraordinário da União deu entrada no Supremo Tribunal Federal em 02 de fevereiro de 2007, sendo distribuído ao Ministro-Relator Sepúlveda Pertence em 07/02/2007.

VII – Transcrição de Atas de Reuniões:

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Em 06 de junho de 2007 a Comissão realizou a sua primeira reunião dirigida pelo do deputado Adroaldo Loureiro – Coordenador – com a participação do Dr. Eduardo Krause representando o Senhor Secretário de Infra-Estrutura e Logística , o Sr. Ronald Dutra representando o deputado Adão Villaverde, o advogado Dr. Luís Renato Ferreira da Silva contratado pela CEEE para defender os seus interesses na ação judicial e os senhores Gerson Carrion de Oliveira e Paulo Gonzalez, da assessoria técnica da Bancada do PDT.

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA

COMISSÃO de Representação Externa para Acompanhar a Ação Judicial Interposta pela CEEE contra a UniãoDATA: 06/06/2007ASSUNTO: Agilizar ações políticas para desencadear soluções na ação que a CEEE impetrou contra a União e que está pendente no STF.

SEM REVISÃO

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Declaro aberta a reunião da Comissão de Representação Externa para Acompanhar a Ação Judicial Interposta pela CEEE contra a União relativamente a créditos da Companhia Estadual de Energia Elétrica junto à União federal.

Temos a grata presença do Dr. Eduardo Krause, que representa o Secretário de Infra-Estrutura e Logística do Estado; e registramos a presença do Dr. Luis Renato Ferreira da Silva, advogado, constituído pela empresa para tratar desse tema; do Sr. Ronald Dutra, que representa o deputado Adão Villaverde; do Sr. Paulo Gonzales e do Sr. Gerson Carrion, da assessoria técnica da Bancada do PDT.

Vamos dar início aos trabalhos no sentido de agilizar ações políticas, visando a que esta ação que a CEEE impetrou contra a União, e que já teve ganho de causa no Supremo Tribunal de Justiça – STJ –, que está, atualmente, pendente de julgamento por parte do Supremo Tribunal Federal – STF – em decorrência de um recurso impetrado pela União seja julgada o mais breve possível.

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É nosso objetivo que possamos, por meio de uma ação conjunta entre a Companhia Estadual de Energia Elétrica, do Governo do Estado, da Secretaria de Infra-Estrutura e Logística, da Assembléia Legislativa, dar agilidade a este processo, pois pretendemos ter, o quanto antes possível, uma solução favorável aos interesses do Estado e que este possa ser ressarcido desses importantes valores que remontam, hoje, a aproximadamente, por cálculos estimados, em torno de 4 bilhões de reais. Esses recursos viriam a ajudar muito a CEEE e também o governo do Estado por ser o acionista majoritário da empresa que poderia utilizar-se desses créditos.

Gostaria de, inicialmente, passar a palavra ao Dr. Luis Renato Ferreira da Silva, que é o advogado, para que nos situasse a respeito do andamento da ação, em que situação está o processo para que, posteriormente, possamos discutir com o representante da Secretaria de Infra-Estrutura e Logística e com os representantes de outras entidades presentes quais as ações que esta Comissão poderia empreender a partir desta reunião.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Nobre deputado Adroaldo Loureiro, Dr. Eduardo Krause, demais presentes, agradeço a oportunidade de novamente poder estar aqui na Assembléia Legislativa para tratar desse assunto, em especial porque este é um esforço conjunto que temos realizado de defender não somente o interesse da CEEE, mas o interesse do Estado nesta demanda tão relevante. A rigor, desde a nossa última reunião até agora, o andamento do processo não sofreu grandes alterações porque continua concluso com o Ministro Sepúlveda Pertence a quem estivemos visitando em fevereiro de 2007, juntamente com o diretor técnico da CEEE. E nesta visita em que expusemos a necessidade de uma definição por parte do próprio Supremo a respeito disso, restou-nos a sensação já narrada à comissão de que, eventualmente, isso não fosse acontecer na gestão do Ministro Sepúlveda Pertence, que estava – e que está cada vez mais – às vésperas de sua aposentadoria, visto que, no mês de agosto, ele será compulsado, por atingir a idade de 70 anos.

Na segunda-feira desta semana estive em Brasília, visitei o gabinete do Ministro Sepúlveda, todavia não pude falar com ele, mas falei com seu assessor, que me disse que não estava havendo movimentação e que a expectativa era a de que a matéria não seria apreciada efetivamente.

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Por conta dessa circunstância eu já havia conversado com o presidente da CEEE, quando ele me cobrara a minha eventual mora em indicar o nome de algum jurista que pudesse subsidiar com um parecer, que fora uma das ações que cogitáramos naquela última reunião, e o que eu lhe disse é que esses pareceres são vocacionados e dirigidos à pessoa, são quase que intuito persona, ou seja, são feitos para a pessoa que é o seu destinatário.

De modo que, em sendo o ministro Sepúlveda Pertence, a diligência deveria ser uma, em sendo outra pessoa, é mais razoável que esperemos ter a definição do ministro que virá a julgar para então contratarmos um parecer de alguém que se afine com a posição jurídica, constitucional deste ministro. Existem nomes que são acima de qualquer dúvida ou de qualquer suspeita para serem contratados e poderiam servir para qualquer ministro, e alguns deles até cogitamos na última reunião, tais como os Ministros Paulo Brossard, Athos Gusmão Carneiro, Ruy Rosado de Aguiar Júnior, vários deles.

Entendo que não é demais ter cautela nesse caso e que devemos deixar esta ação em stand bay até termos uma definição, pois isso nos poupará custos e uma energia desnecessária.

Acho que a idéia que o deputado externou em outro momento informal, aqui, é razoável e importante. Talvez o próximo passo que esta comissão possa dar, e estou me atrevendo a sugeri-lo, seja no sentido de uniformização das informações para os interessados. Quer dizer, muitas pessoas têm interesse, muitas pessoas têm conhecimento, mas talvez nem todas tenham a mesma percepção da realidade que se está vivenciando.

Acho que este relatório preparado serve para nortear as visitas que devamos fazer a determinadas autoridades. Este talvez seja um passo relevante. Deveremos visitar os secretários de Estado envolvidos, precisamos uniformizar o discurso para que a intenção que já é comum se transforme em atos comuns.

De modo que um relato genérico do que se passou de março para cá foi o que relatei. Coloco-me à disposição para eventuais dúvidas e esclarecimentos.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Obrigado, Dr. Luis Renato, pelas suas preciosas informações.

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Gostaria de registrar, também, nesta primeira reunião da comissão de representação externa, que foi subscrita por 43 deputados desta Assembléia Legislativa, aprovada no dia 20 de maio de 2007e instalada no dia 24 de maio de 2007.

Vamos ouvir o Dr. Eduardo Krause, que representa o Secretário de Infra-Estrutura e Logística do Estado, Dr. Daniel Andrade.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Deputado Adroaldo Loureiro, Dr. Luis Renato da Silva, integrantes da mesa, é uma satisfação estar aqui, representando a Secretaria de Infra-Estrutura e Logística, cujo Secretário é pessoa absolutamente interessada no tema.

Em razão de ser chamado, hoje, à tarde, para representá-lo aqui, na condição de advogado, fui inteirar-me um pouco mais a respeito do assunto. Acho até que não chego em má hora e gostaria, no fim desta reunião, de me assenhorar de mais dados para poder subsidiar o Secretário. Penso que, até agora, a visão que vinha sendo conduzida pela Secretaria era eminentemente técnica.

Como já tramitei algumas vezes no Supremo, no tempo das Adins da Agergs, e sei bem como se caminha lá – e caminhar lá é de jeito diferente – coloco-me à disposição para, enfim, poder traduzir para o secretário, que não é advogado, que não é do ramo, mas de outra área técnica, talvez as ações mais efetivas, e agora de forma mais fundamental, que poderíamos tomar e qual a estratégia que poderíamos adotar em função do novo relator, pois, 60 dias é apenas um passo.

Penso que temos que nos preparar para esses 60 dias, para, quem sabe no exato tempo em que este processo for repassado para um outro magistrado, isto é, para um outro ministro do Supremo, nós já sabermos quais são as alternativas.

O Dr. Luis Roberto falou bem quando explicou a necessidade da visão de um parecer de forma contributiva, necessariamente, vai depender do Ministro que vier a se assenhorar deste processo, porque pessoas abalizadas e conhecedoras do tema temos várias, os maiores advogados, os maiores juristas e as maiores qualificações.

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Essa é a minha manifestação inicial. Coloco-me à disposição e desejo me assenhorar mais do tema para poder conhecer e traduzir o seu conteúdo para o gabinete do Secretário de Infra-Estrutura e Logística.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Obrigado, Dr. Eduardo.

Penso que já nos apropriamos das informações mais importantes para o encaminhamento dos nossos trabalhos aqui na comissão, e acredito que essa situação que nos foi colocada pelo Dr. Luis Renato relativamente à iminência da saída do Ministro-Relator do STF coloca-nos em uma situação que devamos aguardar que as coisas evoluam. É preciso que tenhamos clareza sobre todas as ocorrências. A partir daí, daremos os próximos passos.

Está conosco o Sr. Ronald Dutra, assessor do deputado Adão Villaverde. Seria importante que o Sr. Ronald assumisse também uma tarefa de procurar, juntamente com o deputado Adão Villaverde, que tem uma relação muito estreita com o ministro Tarso Genro, identificar quais as perspectivas e as possibilidades de nomes a serem indicados para substituir o Ministro Sepúlveda Pertence, que certamente passarão pelo crivo do ministro Tarso. Obviamente que, em primeiro lugar, o presidente Lula saberá o nome do sucessor.

Creio que seria importante tomarmos conhecimento do nome do novo Ministro com uma certa antecedência, o que nos permitiria um trabalho político direcionado, como referiram o Dr. Luis Renato e o Dr. Eduardo Krause. Com sobradas razões, por ocasião da contratação de um parecer, é importante que se saiba quem será o destinatário deste parecer.

Então, penso que, neste momento, só nos resta buscar esta informação de quem será o próximo relator, e também não se sabe se o próximo ministro é quem será o relator, isto é, se ele irá receber o processo ou se haverá uma nova distribuição dentro do STF.

A contratação do parecer dependeria disso, e creio que deveríamos, sim, fazer o que o Dr. Luis Renato sugeriu no sentido de nivelarmos todas as informações dentre os entes interessados, que estão envolvidos neste processo. Creio que uma próxima reunião deva ser nesse sentido.

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É importante que o Dr. Eduardo Krause está-se dispondo a levar todas essas informações ao Secretário Daniel Andrade, que é, também, uma pessoa importante dentro desse processo. Creio que se faça necessário e urgente que ele tenha tais informações e possa agregar-se a nós para nos auxiliar. Obviamente que esse é o interesse de todos nós, e a Assembléia Legislativa está nesse processo para dar a sua contribuição.

É necessário que, em conjunto, definamos quais os próximos passos, visando a que tenhamos êxito nesta empreitada tão importante para a Companhia e para o nosso Estado.

A palavra está à disposição.

O SR. GERSON CARRION – Deputado Adroaldo Loureiro, a título de contribuição, a questão colocada pelo Dr. Luis Renato quanto à contratação de um parecer, que foi acolhido pela comissão de representação externa – e aqui na ocasião fiz uma manifestação –, naquela oportunidade a ação não ficou bem clara. E a minha preocupação, até numa condição de ex-diretor, por conhecer a burocracia da empresa, é de que ela partirá para um processo de dispensa de licitação para essa contratação. Se a companhia não desencadeá-lo neste momento, ou mais próximo do final do mês, ela poderá trabalhar, junto à Secretaria de Infra-Estrutura e Logística, ao próprio governo, com apoio desta comissão, essa autorização. Assim, com o nome mais adequado, o processo poderá ser preparado.

Esse processo demanda algum tempo em razão dos procedimentos burocráticos. Na oportunidade, o processo de contratação será iniciado para obtenção do parecer. Estando ele já em etapa de autorização, passa, em seguida, para a escolha dos nomes, em que irá se traçar o perfil do novo relator.

O parecer técnico – como foi colocado pelo Dr. Luis Renato – possibilitará o trabalho da comissão na ação política junto ao STF.

A sugestão seria de iniciar o processo já com a autorização para, no momento correto, efetivar uma contratação desse nível.

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O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Obrigado, Sr. Gerson Carrion.

Com a palavra o Dr. Luis Renato Silva.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Tenho o temor de que não possamos fazer isso previamente sem orçar valores. A dispensa precisa ser vocacionada. Entendo que qualquer pessoa que tenha sido administrador público tema processo de licitação por sua demora, o que é normal.

Da última vez que isso ocorreu, não tivemos esse problema. Gostaria somente de informar sobre esse precedente. Contratamos o Ministro Eduardo Ribeiro com uma certa agilidade. Claro, tudo depende de como a companhia irá fazer com que isso flua. E ela está suficientemente ciente da realidade, porém não custa alertarmos sobre essa possibilidade.

Acredito, no entanto, que não tem como abrir um processo de dispensa de licitação – mais que dispensa, inexigibilidade – sem que haja um orçamento, por conta do próprio trâmite formal. O Dr. Eduardo Krause tem conhecimento disso melhor do que eu.

O SR. GERSON CARRION – Essa é uma formalidade. É um processo de consulta, não quer dizer que será feita a contratação. Evidentemente, existe a questão dos custos. É uma proposta. Consulto cinco ou seis, que forneçam proposta, e formo o processo.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Com a palavra o Dr. Eduardo Krause.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Não queria polemizar, porém isso não poderíamos fazer, porque, para um processo de inexigibilidade, preciso saber a quem se destina. E não sabemos para quem. Por esse aspecto, não seria conveniente fazê-lo. Quando decidirmos qual é a melhor pessoa, o ato da inexigibilidade é rápido.

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Acredito, porém, que devemos pegar essa proposta e já instar à CEEE para que o seu conselho aprove a contratação.

O SR. GERSON CARRION – É nesse sentido. É uma autorização.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Quando se souber o momento exato, não há a necessidade de pedir autorização, pois autorizado está.

O SR. GERSON CARRION – Abreviar, exatamente. Essa é a proposta.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – É a autorização. Desculpem-me, achei que era o processo de licitação.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Eu queria obter a autorização para ser utilizada no momento correto. É nessa linha.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Penso que a sugestão do Dr. Eduardo Krause vem como uma complementação ao que foi dito.

O SR. GERSON CARRION – Seria interessante dirimir as dúvidas sobre o encaminhamento das tratativas em relação à imprensa em razão da CRC. O Dr. Luis Renato poderia colocar claramente a questão específica da Companhia no que diz respeito à Conta de Resultados a Compensar, em nível nacional, das demais concessionárias. É importante fazer esse registro.

Gostaria também de esclarecer ao deputado e ao Dr. Eduardo Krause que há ações em andamento sobre questões que a CEEE também tem direito, pois se trata de CRCs, e sobre as quais tem havido dúvidas. Há uma ação judicial e um projeto de lei, que foi vetado em determinado momento e que é uma outra demanda. Elas não estão sendo separadas. Estão sendo discutidas de forma conjunta e não como ações diferentes. Uma está no Judiciário, e a

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outra ainda está no plano administrativo.

Portanto, seria bom deixarmos isso bem claro. Um era o projeto de lei de autoria do deputado Airton Dipp que tratava de um redutor de 25% da Conta de Resultado a Compensar, aprovado por unanimidade tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, mas foi vetado pela presidência. No veto, o Presidente Lula informa a criação de um grupo de trabalho para aprofundar essas questões, que ficaram num plano de natureza eminentemente econômica. O mérito não foi discutido.

Assim, são dois assuntos diferentes. Num, a repercussão é de 4 bilhões de reais; no outro está em torno de 1 bilhão de reais. E aí, sim, entram os outros Estados, como São Paulo, Alagoas e Goiás. É bom esclarecer isso porque estão tratando essas questões de CRC em conjunto, mas, embora sejam referentes ao mesmo assunto, são duas vertentes diferentes.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Carrion, é realmente importante que destaques o fato de que se trata de duas questões diferenciadas, mas, na verdade, estamos tratando da nossa ação. Nossa prioridade é discutir a ação judicial. É bom que nos apropriemos disso e, se possível, que nos municiemos de mais informações.

A questão que levantaste não faz parte do tema, embora tenha alguma ingerência sobre o nosso problema inicial.

O SR. GERSON CARRION – Certo. Na medida em que houve uma tratativa pelo governo do Estado junto ao governo federal, que inclusive a própria Ministra da Casa da Civil, Dilma Rousseff, afirmou que isso poderia repercutir numa soma maior, o assunto nos conduziu ao processo do qual a ministra, quando era secretária de Energia, participou, referente ao projeto de lei do deputado Airton Dipp.

Portanto, a ministra tem domínio do assunto até por ter sido Ministra das Minas e Energia, diferentemente da ação judicial. Diz-se que a repercussão disso pode chegar a 30 bilhões de reais. Isso é para que se tenha uma idéia, porque a Cemig e as outras concessionárias querem retomar o assunto novamente.

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É por isso que digo que temos que pontuar bem essa questão com a autoridade seja em nível de governo, seja no Congresso, ou politicamente no Supremo. Para o Supremo está bem claro: trata-se de ação judicial.

Mas, quando se tratar politicamente o assunto, ele tem de estar bem caracterizado.

Aqui estamos tratando só desse, mas a minha preocupação é no sentido de que, quando se leva a informação para uma discussão técnica ou política, o assunto esteja um tanto misturado.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – Bem, não domino esse assunto. Não sei se o Dr. Luis Renato domina toda essa situação.

Estive conversando noutro dia com o secretário Daniel Andrade, que me informou que, na reunião com a Ministra Dilma Rousseff e com a governadora, poderia haver algum problema posterior na medida em que outros Estados podem também exigir essa compensação. E daí essa ação iria para 30 bilhões de reais, o que traria uma dificuldade para o governo resolver, com o que talvez o Ministério da Fazenda não concorde. Creio que precisaria de um acordo, de uma autorização nesse sentido.

Eu gostaria de ouvir o Dr. Luis Renato a respeito.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Talvez esse comentário traga como fruto essa circunstância. Havia duas pretensões. Uma só da CEEE, que deveríamos chamar não de CRC, mas, sim, de ex-autárquicos, que é a atual realidade que a CEEE enfrenta. Ela era uma autarquia e, portanto, possuía funcionários autárquicos, cujo custo era imputado na Conta de Resultados a Compensar.

Quando o governo passou a determinar que esse custo não seria mais imputado, só quem possuía funcionários autárquicos, ou seja, só a CEEE passou a ter direito a esse crédito.

Por outro lado, havia uma demanda comum, de várias unidades da Federação que tinham resultados a compensar e que pediam que esses resultados sofressem uma majoração percentual sobre o que até então era permitido.

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Quer dizer, não podiam compensar x por cento, então queriam diminuir isso. Essa demanda foi objeto de um projeto de lei do deputado Airton Dipp e foi aprovada, na coincidência das coincidências, na semana do julgamento do nosso caso, no Senado, encaminhada pelo senador Pedro Simon. Fizemos um trabalho com os ministros, todavia, não tem nada a ver, porque um deles disse que o problema havia acabado já que o Senado havia aprovado o projeto de lei.

Todavia, esse é outro assunto. Houve o julgamento e, no prazo, legal o presidente vetou. Talvez essa afirmação do secretário da Ministra Dilma Roussef tenha sido com base nesta outra demanda. Existe uma demanda comum de várias concessionárias sobre CRCs? Sim, existe. Existe uma demanda de várias concessionárias sobre ex-autárquicos? Não. A única que tinha ex-autárquicos era a Companhia Estadual de Energia Elétrica no Rio Grande do Sul.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) – E isso nos dá essa condição diferenciada?

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Sim, é isso que nos dá essa condição.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Não queria polemizar, mas acho importante registrar. O Secretário Daniel Andrade e o Secretário Substituto Adalberto Caino Silveira Netto têm plena consciência dessa diferença?

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Isso não sabemos.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Ou aparentemente, sim?

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Com o Secretário Daniel Andrade, nunca conversei.

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O SR. EDUARDO KRAUSE – Conversar sobre Direito para nós dois é fácil, mas é dificílimo para nós dois conversarmos sobre engenharia elétrica.

Não sei se seria conveniente deixar a sugestão aqui para o deputado – e eu até posso levar o assunto ao Secretário Daniel Andrade –, no sentido de marcarmos uma reunião específica, lá, na secretaria com a agente setorial. Falo como advogado, no entanto, na Secretaria, hoje, não respondo pelo jurídico, mas pela área de concessões. Então, temos uma agente setorial da PGE, que é uma procuradora do Estado, Dra. Eliana Del Mese, a qual responde pela parte jurídica de toda a Secretaria de Infra-Estrutura e Logística. Penso que, talvez, fosse conveniente propiciar uma reunião para que ela pudesse traduzir na voz do jurídico da secretaria ao Sr. Secretário a realidade dos fatos a fim de ele venha a estar armado com relação a isso.

De acordo com o que foi colocado agora, e pelo que ouvi hoje, à tarde, aparentemente, não. E é muito fácil alguém que não é do ramo ser confundido. O que é parecido não é igual.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – O senhor falou que CRC pode parecer que é igual. O senhor tem razão, é fácil de confundir.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Deixo a sugestão a critério do deputado que comanda a reunião.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) –Ótimo, está acatada a sugestão do Dr. Eduardo Krause, que esperamos marque o dia e hora da reunião com o Sr. Secretário.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Já vou acertar isso.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) –É imprescindível que o Dr. Luis Renato esteja junto. Portanto, precisamos, também, ajustar a reunião com a sua agenda. Vamos, agora, fazer a reunião com o Sr. Secretário e, posteriormente, teremos que realizar uma audiência

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com a Sra. Governadora.

Depois de estar inteirado do tema, o Sr. Secretário poderá ser o interlocutor no sentido de promover a audiência com a governadora.

Talvez, na reunião com o Sr. Secretário, de acordo com a sugestão do Sr. Gerson Carrion, possamos já encaminhar o pedido de autorização ao Conselho da CEEE para a contratação.

O SR. EDUARDO KRAUSE – O Secretário Substituto é Adalberto Caino Silveira Netto do Conselho da CEEE. Já falamos direto com ele, que promoverá logo a reunião do conselho, e previamente já ficará autorizada.

O SR. PAULO GONZALES – O Presidente do Conselho é o Secretário Daniel Andrade.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Juntamente com o Secretário Substituto Adalberto Caino Silveira Netto, pois os dois integram o conselho. O Secretário Daniel Andrade, como presidente, e o Adalberto Caino Silveira Netto, como suplente.

O SR. PAULO GONZALES – Talvez o grande papel da comissão seja, justamente, o de esclarecer essas dúvidas, e quanto a isso o Sr. Gerson Carrion tem razão. Quando eu estava lá na CEEE – e saí recentemente – discutiam isso lá, e em várias oportunidades ouvi o Sr. Delson Luiz Martini conversando com o Dr. Luis Renato no telefone, e existe realmente esse pensamento. Talvez essa interpretação esteja até dentro do Palácio Piratini, hoje. E por isso aquela reunião com a Ministra Dilma Roussef, conforme foi divulgado pelo jornal Zero Hora, também deixou esse entendimento, conforme falei com o Sr. Gerson Carrion, posteriormente. Portanto, esse será, com certeza, um dos principais papéis desta comissão.

Farei uma pergunta ao Dr. Luis Renato. Parto do princípio de que vamos ganhar esta ação. Tendo a União, através da Eletrobrás 32% das ações da companhia, esses recursos vêm só para o Estado?

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O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Na verdade, os recursos vêm para a Companhia Estadual de Energia Elétrica. Esta é a titular do Grupo CEEE, que é o que promove a ação. Desses créditos existe, por força da lei que extinguiu a CRC, uma quantidade que a CEEE pode usar em certas rubricas. Se a CEEE devesse 3 bilhões ou 4 bilhões ela usaria tudo, no entanto ela não deve isso.

A avaliação inicial é de que a CEEE tenha débitos para compensar com esses créditos da ordem de 500 milhões. Sobraria o restante. O que fazer com o restante? Uma das opções é ceder. Para ceder é preciso que a companhia decida a quem ceder

O SR. PAULO GONZALES – Isso passaria pelo conselho?

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Sim, o conselho vai decidir a quem ceder.

O SR. PAULO GONZALES – Sim, mas digo o seguinte: o Grupo CEEE, hoje, dentre seus acionistas, 62% são do Estado, 32% pertencem à União, através da Eletrobrás, e depois há acionistas minoritários.

Com esses recursos, digamos que já venhamos descontando a dívida de 500 milhões que temos. Isso dará 3 bilhões, mais o imposto de renda, da ordem de 2 bilhões e alguma coisa.

O SR. EDUARDO KRAUSE – Se o Estado for homogêneo, o Estado tem 62%.

O SR. PAULO GONZALES – Essa é uma preocupação que tenho, porque, veja em...

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Há duas coisas diferentes aqui. Uma questão é o âmbito societário disso, pois não sei onde

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estão alocados esses recursos, hoje, com a separação. Quando a CEEE era uma só, o recurso era da CEEE.

O SR. GERSON CARRION – A pergunta do Sr. Paulo Gonzales vai no sentido do que colocou o Dr. Luis Renato – aí vamos para o resultado societário. O que vai acontecer? A Eletrobrás, possuindo 32%, conforme está definido na participação acionária, já é um acionista minoritário. Não há dois acionistas minoritários, a menor é a prefeitura, proporcionalmente, e depois a Eletrobrás, que é um minoritário com 32%. Estas duas vão participar do resultado na proporção. O que vai acontecer? A empresa vai receber o crédito no seu CNPJ e vai influir no seu resultado e na valorização das ações. Isso vai-se traduzir em dividendo proporcional a cada acionista. É isso. A Eletrobrás não tem poder nenhum, nem pode dizer que é dona total de tudo isso.

Deverá haver uma divisão de recursos que vai influir no resultado contábil, e serão distribuídos via dividendos.

O SR. PAULO GONZALES – Perfeito, só estou falando isso justamente, porque, talvez, a própria comissão no relatório final possa dizer, exatamente, a parte que caberia aos acionistas minoritários, e onde a companhia poderia investir. A própria comissão poderia ser o ente que daria o norte para estes investimentos, até porque a Eletrobrás, hoje, com a CEEE, só faz investimentos na área de geração.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Não conheço a estrutura societária pós-desverticalização. Então não conheço isso.

Ao que me conste esses créditos estariam no balanço da distribuidora, e não sei se a participação acionária da Eletrobrás seria em todos os itens das três áreas.

O SR. PAULO GONZALES – É no grupo.

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O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – É no grupo inteiro? A impressão que tenho e a de que os créditos estão no balanço da distribuidora.

O SR. GERSON CARRION – Não. Apenas para esclarecer o CNPJ de origem da ação ficou na GT, que trata da geração e da transmissão. O que ocorre? Existe uma lei estadual de n° 12593/06, que já autorizou o Estado no seu art. 7º, para securitização, no sentido de o Estado adquirir o saldo remanescente proporcionalmente ao fato gerador dos créditos, ou seja, os ex-autárquicos foram divididos 60% para a distribuidora, e 40% para geração e transmissão. Então, os créditos quando vierem serão divididos nesta proporção.

O SR. LUIS RENATO FERREIRA DA SILVA – Perfeito.

O SR. PAULO GONZALES – Era isso que eu queria saber.

O SR. COORDENADOR (Adroaldo Loureiro – PDT) –Agradeço a presença do Sr. Ronald Dutra, do Sr. Paulo Gonzales, do Dr. Eduardo Krause, do Dr. Luis Renato Ferreira da Silva e do Sr. Gerson Carrion.

Nosso encaminhamento já está dado, já estão registrados quais os próximos passos.

Declaro encerrada esta reunião da Comissão de Representação Externa para Acompanhar a Ação Judicial Interposta pela CEEE contra a União.

VIII - Conclusões:

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Face ao exposto, a Comissão de Representação Externa por fatores alheios à sua competência institucional, atingiu parcialmente os seus objetivos de acompanhar o andamento da ação judicial interposta pela Companhia Estadual de Energia Elétrica – CEEE - contra a União, tendo em vista as dificuldades de agendamento das audiências públicas e reuniões interativas previstas no seu cronograma de trabalho.

Cabe registrar, que o prazo regimental de 30 dias para funcionamento de uma Comissão dessa magnitude e complexidade é extremamente exíguo para o atingimento pleno dos objetivos e finalidades da Comissão.

Apesar das restrições regimentais, podemos afirmar que a Comissão cumpriu o seu papel de representação institucional do Poder Legislativo, objetivando sistematizar o seu auxílio ao Poder Executivo e a CEEE nesta significativa demanda judicial. As dificuldades do prazo exíguo, foram superadas, focando os trabalhos na realização de audiências e reuniões qualificadas, ouvindo os especialistas na matéria, bem como, no acompanhamento permanente da atual fase processual da ação no Supremo Tribunal Federal.

O resultado deste trabalho está expresso no conteúdo do presente relatório de atividades da Comissão, onde identifica-se a importância da participação do legislativo como apoiador e auxiliar nas ações de articulação política na missão de convencimento do Supremo Tribunal Federal na defesa dos legítimos e justos direitos da CEEE, bem como, de colaborador institucional nas medidas necessárias e possíveis de agilização da decisão final do Poder Judiciário favorável à nossa CEEE.

Ressaltamos a participação efetiva da Secretaria de Infra Estrutura e Logística e do procurador patrono da ação Dr. Luis Renato Ferreira da Silva, e também a cobertura da imprensa. ( Anexo III– Notícias)

É importante sublinhar as informações prestadas pelo patrono da ação, de que o andamento do processo até a presente data não sofreu alterações, pois continua concluso com o Ministro-Relator Sepúlveda Pertence, o qual está às vésperas de sua aposentadoria, que provavelmente occorrerá no mês de agosto, quando completará a idade de 70 anos.

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Diante de tal circunstância, há um indicativo de que a matéria não será apreciada pelo Ministro-Relator, sendo redistribuída para um novo Ministro a partir de agosto de 2007.

Assim sendo, é prudente esperarmos a definição do novo Ministro-Relator, para que a Direção do Grupo CEEE avalie a viabilidade de contratar um parecer jurídico como o sugerido pela Comissão, em seu relatório de atividades de 05/04/2007, pois, tais pareceres são vocacionados e dirigidos à pessoa, ou seja, afinados com a posição jurídica constitucional do destinatário.

Identifica-se também, a necessidade urgente de nivelar e uniformizar as informações entre todos os agentes envolvidos, buscando traduzir em ações conjuntas eficazes que agilizem e viabilizem uma sentença final vitoriosa ao Grupo CEEE.

Por tudo até aqui relatado, os membros da Comissão de Representação Externa concluem pela continuidade dos trabalhos de apoio permanente do Parlamento ao Governo do Estado nesta significativa ação judicial da CEEE contra à União, aglutinando todas as forças políticas representativas do Estado em prol de uma decisão favorável definitiva aos interesses do Rio Grande do Sul.

Tal fato certamente possibilitará a recuperação do equilíbrio econômico-financeiro da Grupo CEEE, reduzindo a sua dívida atual em aproximadamente 70%, tendo em vista as disposições da Lei Federal nº 8.631/93, modificada pela Lei Federal nº 8.724/93, que permitem as compensações dos créditos da Conta de Resultados a Compensar ( CRC ) com dívidas junto à Eletrobrás e a União. ( Anexo IV – Leis )

Além do que, pelas citadas normas legais conjugadas com a Lei Estadual nº 12.593/06 ( Anexo V ), o artigo 7º, prevê que o Estado, como acionista majoritário, poderá adquirir da CEEE os saldos remanescentes da CRC após as compensações legais, da ordem de R$ 2,5 bilhões e utilizá-los na compensação das suas dívidas junto à União, significando um extraordinário auxílio ao governo estadual na solução e superação da grave crise atual das finanças públicas.

Finalizando, reforçamos e reiteramos na íntegra as recomendações do “ Relatório de Atividades da Comissão de Representação

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Externa – CEEE – de 05 de abril de 2007, a fim de que a próxima Comissão criada implemente na totalidade as propostas sugeridas.

IX – Recomendações:

Da análise dos assuntos discutidos nas reuniões, do exame da legislação pertinente e da fase processual do processo, bem como, de todos os documentos anexados ao presente relatório, a Comissão recomenda as seguintes medidas:

- definir uma estratégia conjunta de ações e atuação do Parlamento, Governo do Estado e CEEE, tendo em vista a fase atual de tramitação da ação no Supremo Tribunal Federal – STF - ;

- sincronizar as ações da Comissão com o Governo do Estado e Direção do grupo CEEE são fundamentais para o sucesso de uma decisão favorável aos interesses do Rio Grande;

- nivelar e uniformizar as informações entre a Comissão, Grupo CEEE e Governo do Estado ( Secretaria de Infra Estrutura e Logística e Secretaria da Fazenda );

- conduzir as ações com extrema cautela junto ao STF, em especial com o Ministro-Relator do processo Sepúlveda Pertence;

- acolher a proposta do Dr. Luís Renato Ferreira da Silva para direção do Grupo CEEE analisar a viabilidade de contratar um parecer de juristas de notório saber, tais como ex-Ministros do STJ e STF, específicamente sobre a decisão de admissibilidade do envio da ação ao STF, no momento oportuno;

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- agendar urgentemente uma reunião da Comissão com a governadora Yeda Crusius, para o estabelecimento de estratégias conjuntas de ações futuras compatíveis com a realidade da fase atual do processo em tramitação no STF;

- requerer à Presidência a criação de uma nova Comissão de Representação Externa da CEEE, em razão de exigências regimentais, objetivando dar continuidade aos trabalhos realizados por essa Comissão e a importância do Poder Legislativo de acompanhar, participar e auxiliar o Governo do Estado na sua competência institucional até o final de todo esse processo, que visa a obtenção dos R$ 4 bilhões de créditos da CRC pela CEEE.

É o nosso relatório.

Porto Alegre, 22 de junho de 2007.

Deputado Adroaldo Loureiro - Coordenador

(PDT)

1) Deputado Adão Villaverde

(PT)

2) Deputado Alberto Oliveira

(PMDB)

3) Deputado Iradir Pietroski

(PTB)

4) Deputado Marco Peixoto

(PP)

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