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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO TC n. 025.760/2016-5 Fiscalização n. 404/2016 Relator: Augusto Sherman DA FISCALIZAÇÃO Modalidade: Conformidade Ato originário: Despacho de 30/08/2016 do Min. Augusto Sherman (TC 023.542/2016-0) Objeto da fiscalização: Obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 a km 357,4 Funcional programática: 26.782.2087.7F51.0029/2016 - Construção de Trecho Rodoviário - Divisa PI/BA - Divisa BA/SE - na BR-235/BA no estado da Bahia Tipo da Obra: Rodovia - Construção ou Implantação Período abrangido pela fiscalização: De 01/04/2014 a 04/10/2016 DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO Órgão/entidade fiscalizado: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil Responsável pelo órgão/entidade: nome: valter casimiro silveira cargo: Diretor-Geral período: A partir de 18/09/2015 Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis”

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

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1 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO

TC n. 025.760/2016-5 Fiscalização n. 404/2016

Relator: Augusto Sherman

DA FISCALIZAÇÃO

Modalidade: Conformidade

Ato originário: Despacho de 30/08/2016 do Min. Augusto Sherman (TC 023.542/2016-0)

Objeto da fiscalização: Obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 a km 357,4

Funcional programática:

26.782.2087.7F51.0029/2016 - Construção de Trecho Rodoviário - Divisa PI/BA -

Divisa BA/SE - na BR-235/BA no estado da Bahia

Tipo da Obra: Rodovia - Construção ou Implantação

Período abrangido pela fiscalização: De 01/04/2014 a 04/10/2016

DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO

Órgão/entidade fiscalizado: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

Vinculação (ministério): Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil

Vinculação TCU (unidade técnica): Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil

Responsável pelo órgão/entidade: nome: valter casimiro silveira

cargo: Diretor-Geral

período: A partir de 18/09/2015

Outros responsáveis: vide peça: “Rol de responsáveis”

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Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

Resumo

Trata-se de fiscalização realizada na Superintendência Regional do DNIT no Estado da Bahia

– SRDNIT/BA, tendo como objeto as obras de construção da BR-235/BA – km 282,0 ao

km 357,4, executadas sob o abrigo do Contrato 05.00202/2014, firmado entre o DNIT e o

Consórcio Paviservice/SVC.

A presente auditoria teve por objetivo principal avaliar as medidas adotadas pela Administração

nas fases de planejamento, contratação e execução do empreendimento destinadas à garantia da

qualidade final da obra.

A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo

aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

a) Questão 1: Os instrumentos de contratação (editais de licitação, contratos, etc.)

têm cláusulas que visam garantir a qualidade do projeto e das obras?

b) Questão 2: O projeto é atual, inclui a totalidade das obras e foi devidamente

examinado e aprovado pela autoridade competente?

c) Questão 3: A execução da obra atende aos requisitos de qualidade e prazos?

d) Questão 4: A obra conta com uma supervisão/fiscalização constante e eficaz?

e) Questão 5: As alterações na fase de execução das obras afetam a qualidade do

empreendimento?

Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de

Contas da União (Portaria-TCU n. 280, de 8/12/2010, alterada pela Portaria-TCU n. 168 de

30/6/2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade estabelecidos pelo

TCU (Portaria-Segecex n. 26 de 19/10/2009).

A metodologia utilizada constituiu-se da análise documental, inspeção física, pesquisas em

sistemas informatizados, procedimentos de revisão analítica, comparação com a legislação

vigente e a jurisprudência do TCU e conferência de cálculos.

Neste trabalho foram apontados os seguintes achados de auditoria:

a) Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

b) Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

c) Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em

Fase de Obras;

d) Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente;

e) Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

f) Achado III.6 – Ausência de efetividade das ações promovidas pela

Administração para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de

interferências; e

g) Achado III.7 – Paralisação injustificada de frentes de serviço.

Ressalta-se que os achados III.1 e III.2 foram tipificados como pIGP (proposta de indício de

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irregularidade grave com recomendação de paralisação), haja vista que as situações relatadas

se enquadram no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017).

Diante desses achados, propõe-se o encaminhamento do presente relatório ao DNIT para

manifestação preliminar no prazo improrrogável de quinze dias, conforme disposto no art. 14

da Resolução TCU nº 280/2016.

Ademais, relativamente ao achado III.1, está sendo proposta medida cautelar, sem oitiva prévia,

para que seja suspensa a execução dos serviços no segmento compreendido entre as estacas

2625 e 2835 (km 334,5 – km 338,7), até que o DNIT apresente uma definição acerca da solução

adequada a ser adotada para o tratamento da camada de solo mole nesse trecho.

Ainda, propõe-se a realização de oitiva do DNIT, do consórcio construtor, da empresa

supervisora e da empresa projetista, conforme previsto no art. 250, inc. V, do RITCU, para

manifestarem-se sobre os fatos que possam resultar em decisão do Tribunal no sentido de

desconstituir ato ou processo administrativo ou alterar contrato em seu desfavor.

O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 117.647.607,30, sendo esta

quantia referente ao somatório dos valores globais a preços iniciais e com aditivos do Contrato

05.00202/2014 (R$ 110.290.675,23 – 3/2013), referente à execução das obras de construção da

BR-235/BA – km282,0 a km 354,4, do Contrato 05.00239/2014 (R$ 6.356.803,71 – 8/2013),

relativo aos serviços de supervisão das obras, e do Contrato 05.00878/2010 (R$ 1.000.128,36

– 10/2009), que trata da elaboração de estudos prévios e do projeto executivo do

empreendimento.

Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a manutenção da

expectativa do controle e a correção das irregularidades apontadas. O total dos benefícios

quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data-

base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base 10/2009.

Por fim, cumpre informar que a relatoria desse processo foi atribuída ao Exmo. Ministro

Augusto Sherman, relator da LUJ-12 no biênio 2015-2016, em conformidade com o art. 18-A

da Resolução TCU nº 175/2005 vigente à época.

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Sumário

I. Apresentação ........................................................................................................................... 6

I.1. Importância socioeconômica............................................................................................ 6

II. Introdução .............................................................................................................................. 6

II.1. Deliberação que originou o trabalho............................................................................... 6

II.2. Visão geral do objeto ...................................................................................................... 6

II.3. Objetivo e questões de auditoria ................................................................................... 11

II.4. Metodologia utilizada ................................................................................................... 11

II.5. Limitações inerentes à auditoria ................................................................................... 11

II.6. Volume de recursos fiscalizados .................................................................................. 11

II.7. Benefícios estimados da fiscalização............................................................................ 12

III. Achados de auditoria .......................................................................................................... 12

III.1. Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e

execução de colchão de areia ............................................................................................... 12

III.2. – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -

Substituição de subleito ........................................................................................................ 21

III.3. Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de Obras...... 24

III.4. Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto executivo deficiente.

.............................................................................................................................................. 26

III.5. Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo com o previsto

em projeto ............................................................................................................................. 31

III.6. Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar

questões relativas a desapropriações e remoções de interferências ..................................... 33

III.7. Paralisação injustificada de frentes de serviço ............................................................ 36

IV. Conclusão ........................................................................................................................... 38

V. Proposta de encaminhamento .............................................................................................. 41

APÊNDICE A - Matriz de Achados ........................................................................................ 44

APÊNDICE B - Matriz de Responsabilização ......................................................................... 48

APÊNDICE C - Fotos .............................................................................................................. 49

APÊNDICE D - Dados da obra ................................................................................................ 50

APÊNDICE E - Achados de outras fiscalizações .................................................................... 54

APÊNDICE F - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização ............................ 54

APÊNDICE G - Despachos ...................................................................................................... 56

ANEXO A - Deliberações ........................................................................................................ 60

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I. Apresentação

1. Trata-se de fiscalização realizada na Superintendência Regional do DNIT no Estado

da Bahia – SRDNIT/BA, entre 8/9/2016 e 28/10/2016, tendo como objeto as obras de

construção da BR-235/BA – km 282,0 ao km 357,4, executadas sob o abrigo do Contrato

05.00202/2014, firmado entre o DNIT e o Consórcio Paviservice/SVC.

I.1. Importância socioeconômica

2. Conforme dados constantes nos Atos Preparatórios do Edital RDC-Presencial

702/2013-5 (Evidência 1), relativo à contratação das obras objeto desta fiscalização, a rodovia

BR-235/BA depois de totalmente implantada consolidará o mais importante corredor

rodoviário do norte do estado da Bahia, e beneficiará o polo agroindustrial de Juazeiro e

Petrolina, constituindo-se numa excelente alternativa de escoamento da produção desta região.

3. Em razão da sua importância, o empreendimento em questão está incluído no

Programa de Aceleração do Crescimento – PAC do Governo Federal.

II. Introdução

II.1. Deliberação que originou o trabalho

4. Realizou-se esta fiscalização em cumprimento ao Despacho, de 30/8/2016, do Min.

Augusto Sherman (TC 023.542/2016-0).

5. Dentre as razões que motivaram este trabalho, destaca-se a contribuição com a

continuidade da atuação do TCU no cumprimento do planejamento acordado no âmbito do

Grupo de Trabalho de Auditoria de Obras Públicas da Olacefs. Isso porque esta fiscalização

adequou-se à aplicação da matriz preliminar de planejamento de fiscalização de qualidade de

obras, acordada quando da realização de encontro para planejamento da auditoria coordenada

de qualidade em obras rodoviárias, o denominado “Taller de Planificación de Chile”.

II.2. Visão geral do objeto

Figura 1 – Localização da obra

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6. Conforme informações constantes do projeto executivo da obra, a rodovia BR-235

interliga os estados de Sergipe, Bahia, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Tocantins e Pará. Tem

início no entroncamento com a BR-101/SE, próximo a cidade de Aracajú e finaliza no

entroncamento com a BR-080/163, na localidade de Cachimbo, no estado do Pará.

7. No estado da Bahia, a rodovia BR-235, partindo da divisa BA/SE, atravessa as

microrregiões – Sertão de Paulo Afonso, Sertão de Canudos, Corredeiras do São Francisco,

Baixo e Médio São Francisco, nas quais se inserem os municípios de Coronel João Sá, Pedro

Alexandre, Jeremoabo, Euclides da Cunha, Uauá, Curaçá, Juazeiro, Casa Nova, Remanso e

Campo Alegre de Lourdes até a Divisa BA/PI.

8. Antes do início das obras relativas ao Contrato 05.00202/2010, o segmento (km

282,0 ao km 357,4) da BR-235/BA objeto desta fiscalização apresentava uma implantação

consolidada, sendo uma parte em leito natural (est. 0 a est. 2836 - plataforma existente variando

de 5,0 m a 12,0 m) e outra com revestimento asfáltico (est. 2836 a est. 3325), desenvolvendo-

se em terreno plano ou levemente ondulado e permitindo duas faixas de tráfego centrais, sendo

uma por sentido.

Figura 2 – Situação típica da rodovia antes do início

das obras (est. 0 a est. 2836)

Rio San Francisco

Juazeiro

Petrolina

Bahia

Pinhões

km 282,0

km 357,4

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Fonte: Google Earth – Street View

9. Previu-se no projeto executivo que a estrutura de pavimento existente a partir da

estaca 2836 até à estaca 3325 (final do trecho) seria removida para a implantação de uma nova

estrutura.

Figura 3 – Situação típica da rodovia antes do início

das obras (est. 2836 até a est. 3325 - final do segmento)

Fonte: Google Earth – Street View

10. A classe de projeto adotada no trecho foi definida como sendo Classe II. Com isso,

as principais características técnicas estabelecidas para o segmento foram:

a) Velocidade diretriz: 70km/h;

b) Largura da pista de rolamento (m): 7,00m

c) Largura dos acostamentos (m): 2,50m;

d) Largura dos dispositivos de drenagem (m): 1,00m; e

e) Raio mínimo de curvatura (m): R>=170m.

11. Em relação ao traçado adotado, optou-se pelo aproveitamento total do corpo

estradal existente, com introdução de pequenas melhorias geométricas, executadas dentro da

faixa de domínio prevista.

12. Projetou-se a implantação de uma variante que se inicia na estaca final do trecho

projetado (BR-235/BA – est. 3325) e termina no entroncamento com a BR-407/BA, conforme

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mostrado na Figura 4, a seguir.

Figura 4 – Detalhe da Variante

Fonte: Projeto executivo – Volume 1

13. Foram previstas três interseções ao longo do trecho, nos seguintes locais:

a) Acesso à Agrovale, entre as estacas 2830 e 2850;

b) Acesso à Juazeiro pelo final do trecho, entre as estacas 3325 e 21 (Variante), e

c) No final da variante, no entroncamento com a BR-407/BA, entre as estacas 69

e 80+10 (Variante).

14. A nova estrutura do pavimento compõe-se de uma camada de sub-base de solo

estabilizado granulometricamente com 15cm de espessura; uma camada de base de brita

graduada de 15cm de espessura, uma camada de Concreto Betuminoso Usinado à Quente -

CBUQ Faixa “B com 6cm de espessura e uma camada de CBUQ Faixa “C” com 4cm de

espessura, para a pista. Para os acostamentos previu-se uma camada de sub-base de solo

estabilizado granulometricamente com 15cm de espessura uma camada de base de brita

graduada de 15cm de espessura e uma camada de CBUQ Faixa “B com 6 cm de espessura.

15. Foram projetadas quatro novas pontes, quais sejam:

a) Ponte sobre o Braço I do Riacho Poção, entre as estacas 1837+17,00 e

1840+7,00;

b) Ponte sobre o Riacho Poção, entre as estacas 1856+13,00 e 1859+3,00;

c) Ponte sobre o Riacho Frade, entre as 2167+13,00 e 2168+18,50; e

d) Ponte sobre o Riacho Tourão, entre as estacas 3049+4,00 e 3051+4,00.

16. O projeto executivo do segmento auditado foi elaborado pela empresa JDS

Engenharia e Consultoria, conforme Contrato 05.00810/2010 (Evidência 2) firmado pela

Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no

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Estado da Bahia – SRDNIT/BA, a partir do resultado da licitação relativa ao Edital 069/2010-

5 (Evidência 3).

17. Esse projeto foi analisado por uma comissão de servidores nomeados para este fim

pelo Superintendente da SRDNIT/BA, conforme Portaria 95, de 19/7/2012. Depois de realizar

suas análises, essa comissão aprovou o projeto, conforme Portaria 160, de 22/11/2013

(Evidência 4).

18. As obras estão sendo executadas pelo Consórcio Paviservice/SVC, conforme

Contrato 05.00202/2014 (Evidência 5), firmado pela SRDNIT/BA, a partir do resultado da

licitação relativa ao Edital RDC-Presencial 702/2013-05, cujo regime de execução é a

empreitada por preço global (Evidência 1).

19. O valor global das obras segundo orçamento de referência do DNIT foi de

R$ 100.701.492,76 (3/2013). O Consórcio Paviservice/SVC venceu a licitação apresentando

uma proposta de preço no valor global de R$ 100.660.000,00 (3/2013), com desconto de 0,04%

(Evidência 6).

20. A fiscalização da obra está sendo efetivada pelo servidor Necivaldo Ferreira Silva

(Portaria n. 29 – Boletim Administrativo n. 4, de 31/3/14 a 4/4/14 – Evidência 7), com o auxílio

da empresa supervisora Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme Contrato

05.00239/2014 (Evidência 8), firmado pela SRDNIT/BA, a partir do resultado da licitação

relativa ao Edital RDC 614/2013-05 (Evidência 9).

21. No decorrer das obras foi formalizado o 1º Termo Aditivo ao Contrato

05.00202/2014 (Evidência 10), o qual se fundamentou na 1ª Revisão de Projeto em Fase de

Obras - RPFO, aprovada em 7/12/2015, pelo Coordenador Geral de Construção Rodoviária –

DIR/DNIT (Evidência 11, p. 84).

22. Dentre as alterações promovidas na 1ª RPFO merecem destaque (Evidência 11):

a) deslocamento da plataforma da rodovia para direita entre os km 334,5 (est. 2625)

e km 338,7 (est. 2835), em razão de terem sido verificadas interferências da plataforma

projetada com uma linha de distribuição de energia elétrica e com um canal de irrigação;

b) inclusão dos serviços de remoção de solo mole e execução de camada drenante,

entre os km 334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est. 2835), uma vez que a nova plataforma estaria

localizada sobre um trecho com presença de solo mole;

c) acréscimos nas alturas dos aterros ao longo do segmento, de maneira a viabilizar

a execução dos bueiros de drenagem, uma vez que as alturas de aterro previstas originalmente

não permitiam a adequada implantação desses dispositivos;

d) deslocamento da posição do canteiro de obras e das usinas de solos e de CBUQ,

acarretando alterações nas distâncias médias de transporte - DMTs dos insumos; e

e) implantação de um segmento de 1,4 km para proporcionar melhorias na

interligação entre o final do trecho (est. 3325) e a área urbana de Juazeiro/BA.

23. No global, as alterações promovidas acarretam um acréscimo de R$ 9.630.675,23

(3/2013) no valor do Contrato 05.00202/2014, que passou a ter um valor global de R$

110.290.675,23 (3/2013) (Evidência 10).

24. No momento da execução deste trabalho, a obra encontrava-se com 84,9% de

realização, conforme Relatório Geral do Contrato 05.00202/2014, obtido no Sistema de

Acompanhamento de Contratos do DNIT – Siac (Evidência 12).

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II.3. Objetivo e questões de auditoria

25. A presente auditoria teve por objetivo principal avaliar as medidas adotadas pela

Administração nas fases de planejamento, contratação e execução do empreendimento

destinadas à garantia da qualidade final da obra.

26. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão

sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante

indicadas:

a) Questão 1: Os instrumentos de contratação (editais de licitação, contratos, etc.)

têm cláusulas que visam garantir a qualidade do projeto e das obras?

b) Questão 2: O projeto é atual, inclui a totalidade das obras e foi devidamente

examinado e aprovado pela autoridade competente?

c) Questão 3: A execução da obra atende aos requisitos de qualidade e prazos?

d) Questão 4: A obra conta com uma supervisão/fiscalização constante e eficaz?

e) Questão 5: As alterações na fase de execução das obras afetam a qualidade do

empreendimento?

II.4. Metodologia utilizada

27. Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do

Tribunal de Contas da União (Portaria-TCU n. 280, de 8/12/2010, alterada pela Portaria-TCU

n. 168 de 30/6/2011) e com observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade

estabelecidos pelo TCU (Portaria-Segecex n. 26 de 19/10/2009).

28. A metodologia utilizada constituiu-se da análise documental, inspeção física,

pesquisas em sistemas informatizados, procedimentos de revisão analítica, comparação com a

legislação vigente e a jurisprudência do TCU e conferência de cálculos.

29. Foram realizados exames e avaliações, por meio da aplicação dos procedimentos

estabelecidos na fase de planejamento da auditoria, nos seguintes objetos:

a) Contrato 05.00202/2014, de 1/4/2014 - Execução das obras de construção da

BR-235/BA, km 282,0 - km 357,4, Consórcio Paviservice/SVC;

b) Contrato 05.00239/2014, de 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da

BR-235/BA, Direção Consultoria e Engenharia Ltda.; e

c) Contrato 05.00878/2010, de 4/11/2010, Execução de serviços de estudos de

viabilidade técnica, econômica e ambiental e elaboração de projeto executivo das obras de

pavimentação da BR-235/BA - km 282,0 a km 357,4, JDS Engenharia e Consultoria Ltda.

II.5. Limitações inerentes à auditoria

30. Devido a limitações de tempo, de mão de obra e de equipamentos, durante a visita

à obra não foi possível realizar uma quantidade de ensaios geotécnicos suficiente para embasar

a efetivação de estudos estatísticos que permitissem generalizar alguns resultados obtidos, como

por exemplo o percentual de equivalente de areia relativo ao material utilizado na execução da

terraplenagem entre os km 334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est. 2835).

II.6. Volume de recursos fiscalizados

31. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 117.647.607,30,

sendo esta quantia referente ao somatório dos valores globais a preços iniciais e com aditivos

do Contrato 05.202/2014 (R$ 110.290.675,23 – 3/2013), do Contrato 05.00239/2014 (R$

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6.356.803,71 – 8/2013) e do Contrato 05.00878/2010 (R$ 1.000.128,36 – 10/2009).

II.7. Benefícios estimados da fiscalização

32. Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a manutenção

da expectativa do controle e a correção das irregularidades apontadas. O total dos benefícios

quantificáveis desta auditoria é de R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data-base

3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base 10/2009.

III. Achados de auditoria

III.1. Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e

execução de colchão de areia

III.1.1. Tipificação:

33. As irregularidades tratadas neste achado:

a) constituem fatos materialmente relevantes em relação ao valor total contratado

(R$ 7.061.422,00 (3/2013), que correspondem a 6,4% do valor do contrato a PI);

b) apresentam potencialidade de ocasionar prejuízos ao erário (os prejuízos

referem-se a R$ 7.061.422,00 (3/2013) relativos aos fatos já consumados, e, além disso, a danos

futuros advindos de eventual perda de serviços caso a obra no segmento seja continuada); e

c) configuram graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que

está submetida a administração pública federal, já que afrontam o princípio da eficiência

previsto no art. 37 da CF/88.

34. Diante disso, este achado enquadra-se como proposta de irregularidade grave com

recomendação de paralisação (pIGP), conforme disposto no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei

13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. VIII da Resolução TCU nº 280/2016.

III.1.2. Situação encontrada:

35. Verificou-se que os serviços de terraplenagem do segmento entre os km 334,5 (est.

2625) e km 338,7 (est. 2835) não foram executados em conformidade com o projeto vigente e

suas respectivas especificações. Não se comprovou a remoção da camada de solo mole, nem a

execução da camada drenante de areia, tal como previstos em projeto. Essas irregularidades

acarretaram a medição e o pagamento indevidos no valor estimado em R$ 7.061.422,26

(3/2013), em desacordo com o disposto nos art. 62 e 63, 2º, inciso III, da Lei 4320/1964.

36. Antes de apresentar o detalhamento das irregularidades apontadas neste achado,

cabe trazer alguns conceitos técnicos que servem de base para a exposição de fatos que será

feita em sequência.

37. O primeiro conceito refere-se à caracterização dos solos moles.

37.1. Conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários

–Instruções para acompanhamento e análise – Publicação IPR-739/2010, p. 417, “devem ser

considerados solos moles materiais de alta compressibilidade, ricos em matéria orgânica e cujo

NSPT seja inferior a 4”.

37.2. A mesma Publicação IPR-739/2010, estabelece que nos locais onde forem

encontrados solos moles a investigação geotécnica deve ser conduzida, no mínimo, de acordo

com o procedimento estabelecido na norma DNER-PRO 381/98.

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37.3. Ademais, determina que a obtenção do perfil geotécnico deve ser realizada por meio

de sondagens à percussão tipo SPT (ABNT-NBR 6484) que devem atender às seguintes

exigências:

a) depósitos com extensão de até 100 m, apenas uma sondagem é suficiente. Caso

o depósito tenha extensão superior a 100 m, deve ser executada uma sondagem a cada 100 m;

b) as sondagens devem atravessar toda a camada mole, penetrando pelo menos três

metros em camada cujo NSPT > 30, ou seja, impenetrável à percussão;

c) devem ser apresentados ensaios SPT que delimitem a extensão e a largura da

ocorrência.

37.4. Ainda conforme a Publicação IPR-739/2010, conhecida a espessura da camada de

solo mole por meio dos ensaios acima descritos, pode ser prevista a remoção total do material

ou adoção de solução que admita sua presença. Contudo, em hipótese alguma deve ser admitida

remoção parcial. Ademais, apenas deve ser aceita remoção total para depósitos com espessura

inferior a 3 m, caso tal solução se apresente mais econômica que outras possíveis, e viáveis

tecnicamente.

38. Outro conceito que também merece ser mencionado diz respeito à camada drenante

de areia.

38.1. O Manual de Implantação Básica de Rodovia – Publicação IPR-742/2010, p. 65,

assim como o Manual de Drenagem de Rodovias – Publicação IPR 724/2006, p. 262, informam

que:

O objetivo das camadas drenantes é drenar as águas situadas a pequena profundidade do

corpo estradal, em que o volume não possa ser drenado pelos drenos “espinha de peixe”.

São usadas:

- Nos cortes em rocha;

- Nos cortes em que o lençol freático estiver próximo do greide da terraplenagem;

- Na base dos aterros onde houver água livre próxima ao terreno natural;

- Nos aterros constituídos sobre terrenos impermeáveis.

A remoção das águas coletadas pelos colchões drenantes deve ser feita por drenos

longitudinais.

38.2. O Manual de Drenagem de Rodovias, ainda, quanto ao dimensionamento da

camada drenante, prevê:

Para o dimensionamento do colchão drenante, como se trata, ainda, de meio poroso, há

necessidade das seguintes determinações:

a) Volume de água a escoar pela camada numa faixa de 1,0 metro de largura e

comprimento, na direção do fluxo, até o limite da bacia de contribuição (Q);

b) Gradiente hidráulico do fluxo que poderá ser substituído pela declividade da camada.

Além dessas determinações há necessidade de pesquisa no campo para obtenção do

material drenante e filtrante, cujas granulometrias deverão obedecer, conforme o caso, aos

critérios de Terzaghi, do Bureau of Reclamation e Soil Conservation Service e do Comitê

Francês de Geotêxteis e Geomembranas ou literatura técnica especializada, conforme

Anexo a este Manual.

Os coeficientes de permeabilidade das camadas deverão atender às necessidades da vazão.

38.3. Ademais, cabe mencionar a norma DER/PR ES-T 05/05 – Terraplenagem –

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Colchão Drenante de Areia para Fundação de Aterro, do Departamento de Estradas de

Rodagens do Estado do Paraná – DER/PR (Evidência 13), a qual estabelece que o Equivalente

de Areia (método DNER-054/97) do material a ser utilizado na confecção dos colchões

drenantes de areia deve ser igual ou superior a 35%.

38.4. Cabe esclarecer que o equivalente de areia é um ensaio geotécnico que visa

determinar a quantidade de impurezas e finos em determinada mistura de agregado, ou seja,

quanto maior o equivalente de areia, menor a quantidade de finos e impurezas na amostra.

39. Feito este breve relato técnico, passa-se para o detalhamento das irregularidades

verificadas na execução da terraplenagem do segmento entre os km 334,5 (est. 2625) e km

338,7 (est. 2835).

39.1. No projeto executivo original previu-se a execução da terraplenagem desse

segmento sem que tenha sido feita qualquer menção à presença de interferências que poderiam

prejudicar o bom andamento dos serviços. Contudo, durante as obras, foi necessário promover

alterações no projeto original desse trecho, com o deslocamento da plataforma da rodovia para

direita, em razão de terem sido verificadas interferências da plataforma projetada com uma linha

de distribuição de energia elétrica e com um canal de irrigação, já existentes à época do

desenvolvimento do projeto (essa questão está sendo tratada com maiores detalhes no Achado

III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto executivo deficiente).

39.2. Ademais, junto com o deslocamento da plataforma, incluíram-se os serviços de

remoção de solo mole e execução de camada drenante, uma vez que a nova plataforma estaria

localizada sobre um trecho com presença de solo mole.

39.3. Quanto ao serviço de remoção de solo mole, cabe registrar que na RPFO não

constam laudos de ensaios de SPT que fundamentem a adequada caracterização do material,

mormente no que se refere a largura, extensão e profundidade da suposta camada de solo mole.

Na RPFO, o máximo que se informa a respeito da caracterização do solo mole é:

Foram feitos furos de sondagem com trado manual a cada 1.000 m3, com extensão máxima

a cada 100 m, onde se encontrou camadas de solos saprolíticos mole com espessura inferior

a 3,00m. Vertissolos com grande quantidade de matéria orgânica, mostrando geralmente

cores escuras acinzentadas, com cota de NA elevada e Standard Penetration Test — SPT

variando de 3 a 5 golpes por penetração, apresentando uma tensão característica média do

solo de 0,50 kg/cm2.

39.4. Quanto à camada drenante, vale esclarecer que não se realizou o seu

dimensionamento conforme as diretrizes previstas no Manual de Drenagem de Rodovias.

Ademais, não se previu a instalação de drenos. Dessa forma, a camada drenante projetada na

RPFO não apresenta uma das características básicas desse tipo de dispositivo, qual seja: a

remoção das águas coletadas, por meio de drenos. Assim sendo, avalia-se que a camada

drenante em questão não foi projetada tendo como função primordial remover a água coletada.

A solução prevista está mais alinhada com a execução de um colchão de areia que serviria para

viabilizar, sobretudo, o processo de compactação das camadas iniciais do corpo de aterro, em

função das dificuldades associadas à presença da água.

39.5. Apesar de a solução prevista não estar totalmente coerente com uma das

características fundamentais de uma camada drenante, para sua execução previu-se o emprego

de uma areia lavada, proveniente do riacho Seco, localizado a 60,44 km do trecho (ver figura 5

abaixo). Essa areia prevista em projeto apresenta um Equivalente de Areia de 98% (Evidência

14, p. 2).

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Figura 5 – Areal riacho Seco

39.6. Com essas alterações, o segmento entre os km 334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est.

2835) passou a ter um projeto diferenciado, a partir do qual se procedeu a quantificação e a

definição dos preços dos serviços a serem executados, com base nas respectivas seções

transversais (Evidência 14, p. 4-54).

39.7. Nesse ponto é importante enfatizar que o Contrato 05.00202/2014 é remunerado

pelo regime de execução por preço global, razão pela qual se torna ainda mais importante a

utilização de procedimentos e metodologias confiáveis que permitam a precisa quantificação

dos serviços.

39.8. A seguir, na Figura 6, apresenta-se a reprodução da seção transversal da est. 2739,

a qual serve para demonstrar o aspecto da solução adotada no projeto (RPFO) para o trecho em

questão:

Figura 6 – Seção est. 2739 – Conforme projeto

Fonte: Evidência 14, p. 31 (Anexo – Pranchas A3 – Seções Brejo - Manifestação do DNIT em resposta ao Ofício 0576/2016-

TCU/SeinfraRodovia – TC 025.069/2016-0 – Produção de Conhecimento)

39.9. Ocorre que nas memórias de cálculo das medições desse segmento (Evidência 14,

p. 56-98), as seções transversais que representam os serviços executados não apresentam uma

conformação semelhante ao previsto no projeto - RPFO.

39.10. Nessas seções não se constata a execução da remoção da camada de solo mole,

conforme nota-se no desenho referente a est. 2739, reproduzido na Figura 7 a seguir:

Figura 7 – Seção est. 2739 – Conforme execução

Camada de solo mole a ser removida

Camada drenante a ser executada

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Fonte: Evidência 14, p. 60 (memórias de cálculo das medições do Contrato 05.00202/2014).

39.11. Durante a visita à obra, esta equipe de auditoria requereu à fiscalização/supervisão

e ao consórcio executor que fosse feita a escavação de um furo na plataforma da terraplenagem

nas proximidades da est. 2739, de maneira que se pudesse comprovar a efetiva execução da

camada drenante de areia, bem como a remoção do solo mole.

Figura 8 – Registro da escavação na est. 2739

39.12. Essa solicitação foi prontamente atendida e por meio desse trabalho constatou-se

que nas proximidades da est. 2739:

a) não se verificaram indícios da execução da remoção de solo mole, haja vista que

a situação encontrada apresentou-se compatível com a seção transversal utilizada como base

para a medição dos serviços e, consequentemente, diferente da seção transversal do projeto

revisado, inclusive no que diz respeito à altura do material depositado sobre o terreno natural;

b) verificou-se a presença de uma camada de material com coloração escura, sem

as características de uma areia lavada de rio, entre o terreno natural e as demais camadas do

corpo de aterro.

39.13. Mesmo que tátil e visualmente o material de coloração escura não apresentasse as

Material com coloração escura

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características de uma areia lavada de rio, requereu-se que fosse coletada uma amostra desse

material para realização de ensaios de Equivalente de Areia.

39.14. Com a amostra do material coletado nas imediações da est. 2739, realizou-se o

ensaio de Equivalente de Areia, o qual resultou em um percentual médio de 34,35% (Evidência

14, p. 100-101).

39.15. O resultado do ensaio serviu para fortalecer os indícios de que o colchão de areia

não foi executado conforme projeto. Comprovou-se, sobretudo, que na execução dos serviços

não foi empregada a areia proveniente do riacho Seco (DMT 60,44 km), que, lembre-se,

apresentava Equivalente de Areia de 98%.

39.16. Apesar de ficar evidente que não se utilizou uma areia lavada para executar o

colchão de areia nas proximidades da est. 2739, os laudos de ensaios de Equivalente de Areia

apresentados nos relatórios da empresa supervisora informam resultados da ordem de 90,7% a

92,3% para o segmento entre as est. 2739 a 2748 (Evidência 14, p. 105-109).

39.17. A incompatibilidade verificada entre os resultados dos ensaios de Equivalente de

Areia apresentados pela empresa supervisora e os resultados obtidos nos ensaios realizados

durante esta fiscalização denotam indícios de que os dados informados pela empresa

supervisora não se referem ao material que, de fato, foi utilizado na obra, pelo menos no que

diz respeito ao material empregado nas proximidades da est. 2739.

39.18. Ademais, cabe registrar que depois de concluída a investigação nas proximidades

da est. 2739, o consórcio construtor se propôs realizar um outro furo, com intuito de caracterizar

a situação em outro ponto do segmento. Os ensaios de equivalente de areia realizados com o

material coletado nesse furo apresentaram um resultado médio de 65,3% (Evidência 14, p. 102-

103), ou seja, evidenciou-se mais uma vez a incompatibilidade entre o material empregado no

trecho e a areia pura proveniente do riacho Seco. Frise-se que o local do novo furo foi escolhido

pela própria construtora (est. 2635).

Figura 9 – Registro da escavação na est. 2635

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39.19. Diante do exposto, avalia-se que existem indícios suficientes para afirmar que os

serviços, na forma prevista no projeto vigente para o segmento entre os km 334,5 (est. 2625) e

km 338,7 (est. 2835), não foram executados, uma vez que não se comprovou a remoção da

camada de solo mole nem a utilização da areia prevista em projeto na camada drenante.

39.20. Os serviços em questão neste achado, quais sejam, remoção de solo mole e

execução de camada drenante de areia, estão associados aos itens de serviço relacionados na

Tabela 1 a seguir:

Tabela 1: Estimativa do Superfaturamento

Remoção de Solo Mole e Execução de Camada Drenante - Est. 2625 a 2830

Item

Medição

Grupo

RPFO Discriminação

Unid. Quant.

Prevista

Quant.

Medida

Valor da planilha depois da RPFO Observações

Total Previsto Total Medido

93009 1.0 Camada drenante

de areia - variante km 1,0 0,9 R$ 0,00 R$ 2.373.164,92

Item referente a serviço a ser

executado na Variante utilizado indevidamente

93010 1.0 ECT - Solo Mole km 1,0 0,9 R$ 0,00 R$ 532.852,29

Item referente a serviço a ser

executado na Variante

utilizado indevidamente

83072 1.1 Empréstimos p

Terraplenagem km 24,0 24,0 R$ 124.514,31 R$ 124.514,31

Item referente ao momento

de transporte (valor

correspondente à parcela relativa ao solo mole)

93010 1.1 ECT - Solo Mole km 1,0 0,5 R$ 1.048.814,10 R$ 524.407,05 Mediu-se 50% do volume

previsto de solo mole

83059 1.2 ECT - Est. 2625 a

2830 km 4,1 2,46 R$ 5.844.139,50 R$ 3.506.483,69

Trata-se da execução da camada drenante (inclusive

transporte da areia)

Total Geral R$ 7.017.467,91 R$ 7.061.422,26

Fonte: Elaboração própria a partir dos elementos contidos na Planilha da RPFO (Evidência 11); Resumo Geral do Contrato

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(Evidência 12); Medição Acumulada e Memórias de cálculo das medições do Contrato 05.00202/2014 – Evidência 14, p. 111-

116.

39.21. Conforme a Tabela 1, verifica-se que já foi medido além do valor total previsto para

a execução dos serviços de remoção de solo mole e camada drenante de areia, que totaliza R$

7.017.467,91 (3/2013).

39.22. Assim sendo, conclui-se que ocorreram medição e o pagamento indevidos no valor

estimado em R$ 7.061.422,26 (3/2013), em desacordo com o disposto nos art. 62 e 63, 2º, Inciso

III, da Lei 4320/1964.

40. Cabe informar que, antes da conclusão deste relatório, a SRDNIT/BA encaminhou

o Ofício 1857/2016-GAB, de 14/12/2016, à Secex/BA (Evidência 15) indicando que teria

determinado que fosse realizada a avaliação de toda a camada de areia, executando-se outros

furos ao longo do segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2830, e, no caso de

identificadas não conformidades para os ensaios de caracterização, granulometria e equivalente

de areia, que fosse feita a substituição por material adequado, de acordo com as especificações

do projeto e sem ônus para obra.

41. Contudo, cabe ressaltar que a eventual decisão pela mera substituição do material

empregado na camada drenante, na forma proposta pela SRDNIT/BA, a princípio, mostra-se

precipitada, pois, conforme relatado neste achado, algumas questões acerca da solução proposta

na 1ª RPFO ainda requerem esclarecimentos, quais sejam:

a) a adequada caracterização da camada de solo mole, em termos de extensão,

largura e profundidade, de modo que se permita definir o adequado tratamento a ser dado a

essa camada;

b) a real necessidade do emprego da areia lavada proveniente do riacho Seco na

camada drenante, avaliando-se, inclusive, se de fato essa camada deve exercer a função

drenante (conforme mencionado anteriormente, a camada de areia, na forma como foi proposta

na 1ª RPFO, não está exercendo essa função).

42. Nesse sentido, até que se tenha uma definição acerca da solução adequada a ser

adotada, mostra-se pertinente a proposição de medida cautelar para que seja suspensa a

execução dos serviços no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2830.

43. Cabe esclarecer que no momento da realização desta auditoria os serviços no

segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2830 encontravam-se parcialmente paralisados,

aguardando resolução de questões relativas à remoção de interferências (linhas de distribuição

de eletricidade). Contudo, os serviços poderão ser retomados por completo, quando da

resolução dessas questões, agravando as irregularidades apontadas neste achado.

44. Consoante o art. 276 do Regimento Interno/TCU, em caso de urgência, de fundado

receio de grave lesão ao Erário ou a direito alheio ou de risco de ineficácia da decisão de mérito,

de ofício ou mediante provocação, pode-se adotar medida cautelar, com ou sem a prévia oitiva

da parte, determinando, entre outras providências, a suspensão do ato ou procedimento

impugnado, até que o Tribunal julgue o mérito da questão. Tal providência deverá ser adotada

quando presentes os pressupostos da plausibilidade jurídica e do perigo da demora (item I.11

do Anexo I da Portaria Segecex 12/2016).

45. Os pressupostos da plausibilidade jurídica estão presentes no caso em questão,

tendo em vista os indícios de que os serviços, no segmento em exame, não foram executados

conforme previsto no projeto vigente, em grave afronta aos art. 62 e 63, 2º, inciso III, da Lei

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4320/1964.

46. O perigo da demora também está caracterizado, uma vez que a continuidade da obra

nesse segmento acarretará mais prejuízos ao Erário, caso se confirme que a camada drenante

executada pela empresa não seja passível de aceitação ou que a camada de solo mole não foi

removida, ou, ainda, caso se conclua que a solução prevista na 1ª RPFO não seja adequada ou

suficiente para garantir a estabilidade do corpo estradal. Ou seja, caso os serviços executados

pela empresa ou a solução prevista na 1ª RPFO se mostrem inadequados, as camadas de

terraplenagem e pavimentação sobrejacentes porventura executadas serão perdidas, pois será

necessário refazer toda a estrutura do segmento rodoviário.

47. Além do mais, não se verifica o risco do perigo da demora reverso, uma vez que

não se vislumbra a possibilidade de a adoção da medida cautelar causar dano irreparável

(irreversibilidade dos efeitos da medida) ao patrimônio público, à administração pública e ao

funcionamento dos serviços públicos, ou, ainda, prejuízo superior àquele que se pretende evitar.

Na verdade, a medida visa a evitar tal dano e busca garantir a segurança da rodovia, em prol do

interesse público.

III.1.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA, no

segmento km 282,0 - km 357,4, Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda.

Contrato 05 00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-235/BA,

Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

III.1.4. Critérios:

Lei 4320/1960, art. 62; art. 63, § 2º, inciso III.

1ª revisão de projeto em fase de obras.

Manual de Drenagem do DNIT - IPR724/2006.

Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – Instruções para

acompanhamento e análise – Publicação IPR-739/2010.

Método DNER-054/97 (Equivalente de Areia).

III.1.5. Evidências:

Evidência 13 - DER/PR ES-T 05/05 – Terraplenagem – Colchão Drenante de Areia para

Fundação de Aterro.

Evidência 14 – Evidências do Achado III.1 (informações sobre o areal previsto em projeto,

seções transversais previstas na 1ª RPFO para o segmento, seções transversais indicadas na 24ª

medição do Contrato SR-05-0202/2014 para o segmento, ensaios de Equivalente de Areia

realizados no material coletado pela equipe de auditoria e ensaios apresentados nos relatórios

da empresa supervisora e na 25ª medição do Contrato SR-05-0202/2014, medição acumulada e

memória de cálculo).

III.1.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Deficiências na fiscalização/supervisão da obra, ao permitir

a medição e pagamento de serviços sem que tenha sido comprovada sua efetiva execução,

conforme previsto em projeto.

III.1.7. Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real) - Foram medidos e pagos serviços,

sem que tenha sido comprovada sua efetiva realização.

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III.2. – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição

de subleito

III.2.1. Tipificação:

48. As irregularidades tratadas neste achado:

a) constituem fatos materialmente relevantes em relação ao valor total contratado

(R$ 8.487.330,40 (3/2013), que correspondem a 7,7% do valor do contrato a

PI);

b) apresentam potencialidade de ocasionar prejuízos ao erário (os prejuízos

referem-se a R$ 8.487.330,40 (3/2013) relativos aos fatos já consumados, não

se verificando riscos de novos danos); e

c) configuram graves desvios relativamente aos princípios constitucionais a que

está submetida a administração pública federal, já que afrontam o princípio da eficiência

previsto no art. 37 da CF/88.

49. Diante disso, este achado enquadra-se como proposta de irregularidade grave com

recomendação de paralisação (pIGP), conforme disposto no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei

13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. VIII da Resolução TCU nº 280/2016.

III.2.2. Situação encontrada:

50. Verificaram-se indícios de medição e pagamento indevidos referentes a serviços de

substituição de subleito, previstos em segmentos para os quais não há a necessidade de sua

realização, sobretudo em locais apresentando alturas de aterro superiores a 1,00 m. Estima-se o

montante pago indevidamente em R$ 8.487.330,40 (3/2013), fato em desacordo com o disposto

nos art. 62 e 63, 2º, inciso III, da Lei 4.320/1964.

51. Inicialmente cabe esclarecer que, conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração

de Estudos e Projetos Rodoviários – Instruções para acompanhamento e análise – Publicação

IPR-739/2010, p. 400, o processo de substituição de subleito deve ser previsto nos casos em

que os solos do subleito apresentam Índice de Suporte Califórnia - ISC menor que ISC de

projeto e expansão maior que 2%. Nesses casos deve ser previsto o rebaixo do material e sua

substituição, considerando uma espessura máxima de reposição igual a 60 cm, ou

tratamento/estabilização dos solos do subleito. Nos casos do solo subleito apresentar ISC

inferior a 2%, a espessura do rebaixo deve alcançar 1,00 m, conforme o Manual de

Pavimentação – Publicação IPR-719/2006, p. 147.

52. O rebaixo e a consequente substituição de solo do subleito visam garantir que os

últimos 60 cm da terraplenagem (acabamento da terraplenagem) apresentem ISC maior ou igual

ao ISC de projeto e expansão inferior a 2%.

52.1. Nesse ponto, cabe registrar que o ISC é um dos índices obtidos por meio de um

ensaio geotécnico utilizado para avaliar a capacidade de suporte de um solo compactado. Esse

método de ensaio empírico é adotado por grande parcela de órgãos rodoviários, no Brasil e no

mundo, e por meio dele também se obtém o valor da expansão do solo examinado.

53. Dessa forma, espera-se que a execução de rebaixo e substituição do material de

subleito ocorra em segmentos com corte ou com aterros menores que 60 cm, que apresentem

ISC menor que ISC de projeto e/ou expansão maior que 2%.

54. Entretanto, verificou-se que o projeto não seguiu criteriosamente essa premissa.

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22 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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55. Uma das falhas é que o projeto, na definição dos segmentos que deveriam receber

substituição de subleito, levou em conta somente a cota verificada no eixo da plataforma do

projeto, enquanto que o adequado seria considerar também as cotas dos bordos da plataforma.

56. Esse procedimento se justifica, sobretudo porque, antes da elaboração do projeto e

da execução das obras, o segmento (km 282,0 ao km 357,4) da BR-235/BA, objeto desta

fiscalização, já apresentava uma implantação consolidada, sendo uma parte em leito natural

(est. 0 a est. 2836 - plataforma existente variando de 5,0 m a 12,0 m) e outra com revestimento

asfáltico (est. 2836 a est. 3325). Tal situação deve ser considerada uma vez que existe uma

variação significativa das alturas de corte ou aterro a serem executados no eixo em relação aos

bordos. Por exemplo, no trecho entre as estacas 0 a 10, a altura de aterro no eixo não passa de

20 cm, indicando a execução de substituição do material com baixa capacidade de suporte,

enquanto que nos bordos essa altura, no geral, é superior a 1,00 m, não necessitando a execução

de rebaixo (Evidência 16, p. 2).

57. Outra falha verificada na previsão da substituição de subleito diz respeito à

indicação de rebaixos em pontos cujas alturas de aterro previstos já são superiores a 60 cm, seja

no eixo ou nos bordos. Por exemplo, no segmento entre as est. 20 a 50, as alturas de aterro a

serem executados alcançam mais de 3,00 m e, mesmo assim, está prevista a realização de

substituição de subleito para esse segmento (Evidência 16, p. 2).

58. Essas duas situações típicas se repetem em outros segmentos ao longo do trecho,

fato a partir do qual se pode concluir que ocorreram falhas na quantificação dos rebaixos para

substituição de subleito constantes do projeto executivo (esse indício de irregularidade está

sendo tratado no Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente).

59. Na 1ª RPFO, as alturas dos aterros ao longo do segmento foram acrescidas, de

maneira a viabilizar a execução dos bueiros de drenagem. Esse ajuste foi necessário uma vez

que as alturas de aterro previstas originalmente no projeto executivo não permitiam a adequada

implantação desses dispositivos (outra falha de projeto que também está sendo tratada no

Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto executivo

deficiente). Ocorre que mesmo acrescendo a altura dos aterros ao longo de praticamente toda a

extensão do trecho, na RPFO não se procedeu a imprescindível revisão do volume de material

a ser rebaixado e substituído no subleito, quantificado em 160.877,00 m3 (Evidência 16, p. 3-

6). Esse volume total foi mantido na RPFO e indevidamente medido e pago, com a anuência da

fiscalização/supervisão da obra.

60. Diante dessa falha procedimental e considerando a magnitude do volume de

substituição de subleito medido e pago, esta equipe de auditoria procedeu uma reavaliação

expedita dos volumes de substituição de subleito, visando exclusivamente obter elementos para

realizar uma estimativa do valor total medido e pago indevidamente (Evidência 16, p. 8-19).

61. Nessa reavaliação, estimou-se o volume de rebaixo para substituição de subleito em

23.574,025 m3 (Evidência 16, p. 19), ou seja, apenas 14,6% do volume total quantificado,

medido e pago.

62. De posse desse novo volume de rebaixo e substituição de subleito, esta equipe de

auditoria procedeu a uma reavaliação da distribuição de massa adotada na RPFO (Evidência

16, p. 21-23), haja vista a influência da diferença verificada entre esse novo volume de rebaixo

e o quantitativo constante da RPFO no cálculo das distâncias médias de transporte – DMTs.

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23 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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63. Registre-se que nessa reavaliação da distribuição de massa foram consideradas as

caixas de empréstimo efetivamente utilizadas na obra, não constantes do projeto executivo ou

da RPFO (questão tratada no Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e

pagamento de projeto executivo deficiente). De igual modo, foram desconsideradas aquelas

caixas de empréstimo previstas em projeto, mas que não sofreram qualquer exploração durante

a obra. Ademais, quando viável tecnicamente, foi considerada a utilização do material

proveniente da remoção do pavimento existente, sobretudo no trecho onde já havia implantação

de revestimento asfáltico.

64. Cabe esclarecer que se reavaliou a distribuição de massa visando exclusivamente

obter elementos para possibilitar a estimativa do valor medido e pago indevidamente. Ou seja,

essa nova distribuição de massa elaborada por esta equipe de auditoria não é necessariamente a

distribuição de fato efetivada na obra, entretanto pondera-se que, em princípio, essa nova

distribuição poderia ter sido adotada na obra sem impedimentos técnicos.

65. Com base nessa nova distribuição de massa, elaborou-se um novo Quadro Resumo

da Terraplenagem (Evidência 16, p. 97), a partir do qual se revisou a planilha orçamentária

referente a terraplenagem da obra (Evidência 16, p. 99-100). Comparando-se essa nova planilha

orçamentária com a adotada na RPFO, estima-se que o valor da planilha esteja superestimado

no montante de R$ 8.942.190,73 (3/2013), sendo que desse total já foi medido e pago

indevidamente o valor de R$ 8.847.330,40 (3/2013), referente à superestimativa de rebaixos e

substituição de subleito, conforme Tabela 2, a seguir.

Tabela 2 – Estimativa dos valores medidos indevidamente – Rebaixo e Substituição de

subleito

Discriminação

Valor da planilha depois da RPFO Observações

Correspondência

itens da planilha

RPFO

Total RPFO Total Estimado Total Medido

A B C

1.0 – Terraplenagem

83059 ECT 14.860.719,97 10.560.123,06 14.073.006,33 1.1-1.16; %Canteiro

83060 Compactação de

aterro 2.431.758,32 2.819.349,42 2.296.328,29

1.25-1.28;

%Canteiro

83072 Empréstimos p/

terraplenagem 189.881,75 51.468,17 189.881,72

1.18-1.24;

%Canteiro

93007 Corpo estradal 543.029,67 62.357,99 530.983,47 1.17; %Canteiro

93008 Espalhamento e

compac. de bota-fora - 39.697,14 -

1.1 - Terraplenagem - 1ª RPFO - Preços Novos

83059 ECT 3.277.838,22 - 3.104.998,04 1.3R-1.15R

83060 Compactação de

aterro 657.875,98 - 621.237,41

1.25R

83072 Empréstimos p/

terraplenagem 211.075,95 - 211.075,95

1.16R; 1.17R;

1.23R; 1.24R

93007 Corpo estradal 682,48 - 667,34 1.27R

93008 Espalhamento e

compac. de bota-fora 330.706,57 28.382,39 330.706,57 1.28R; %Canteiro

Total Geral R$ 22.503.568,91 R$ 13.561.378,18 R$ 21.358.885,12

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24 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Sobrepreço na planilha (A - B) R$ 8.942.190,73

Percentual de diferença (D = 100 x B / A) 60,3%

Valor medido corrigido (E = C x D) R$ 12.871.554,72

Valor medido indevidamente (C - E) R$ 8.487.330,40

Fonte: Elaboração própria a partir dos elementos contidos na Planilha da RPFO (Evidência 11, p. 73-82); Resumo Geral do

Contrato (Evidência 12); Medição Acumulada (Evidência 14, p. 111-112); Resumo da Terraplenagem – Ajustado (Evidência

16, p. 97).

III.2.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA, no

segmento km 282,0 - km 357,4, Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda.

Contrato 05 00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-235/BA,

Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

III.2.4. Critérios:

Lei 4320/1960, art. 62; art. 63, § 2º, inciso III.

Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – Instruções para

acompanhamento e análise – Publicação IPR-739/2010, p. 400.

Manual de Pavimentação – Publicação IPR-719/2006, p. 147.

III.2.5. Evidências:

Evidência 11 – Análise e Aprovação - 1ª RPFO

Evidência 12 – Resumo Contrato 05.00202.2014

Evidência 16 – Evidências do Achado III.2 (excertos do projeto de terraplenagem e da 1ª RPFO;

reavaliação expedita dos volumes de substituição do subleito realizada pela equipe de auditoria;

reavaliação da distribuição da terraplenagem realizada pela equipe de auditoria; Quadro

Resumo da Terraplenagem – elaborado pela equipe de auditoria após a reavaliação da

terraplenagem; planilha orçamentária – revisada pela equipe de auditoria após reavaliação da

terraplenagem; estimativa dos valores medidos indevidamente).

III.2.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Deficiências na fiscalização/supervisão da obra, ao permitir

a medição e pagamento de serviços sem que tenha sido comprovada sua efetiva execução,

conforme previsto em projeto.

III.2.7. Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real) - Foram medidos e pagos serviços,

sem que tenha sido comprovada sua real necessidade de execução, nem que tenha sido

comprovada sua efetiva realização.

III.3. Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase de Obras

III.3.1. Tipificação:

66. As irregularidades tratadas neste achado não constituem fatos materialmente

relevantes em relação ao valor total contratado (R$ 660.778,06 (3/2013), ou seja, 0,6% do valor

do contrato a PI), não se enquadrando, portanto, no conceito de irregularidade grave com

recomendação de paralisação (IG-P) contido no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016

(LDO/2017).

67. Diante disso, tipifica-se este achado como irregularidade grave com recomendação

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25 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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de continuidade (IGC).

III.3.2. Situação encontrada:

68. Verificou-se a elaboração e aprovação da 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras

- RPFO sem que nela tenham sido consideradas alterações de pressupostos estabelecidos

originalmente no projeto executivo e que não foram atendidos no decorrer da obra (transporte

do filler com DMT de 523,20 km e utilização de areia comercial), acarretando um

superfaturamento no valor de R$ 660.778,06 (3/2013) e contrariando o disposto na Lei

8.666/1993, art. 65, § 1º, inciso I, alínea “a”; e na Lei 12.462/2011, art. 39.

69. Esse superfaturamento originou-se, sobretudo, em razão de falhas ocorridas na

análise e aprovação de serviços novos incluídos na planilha orçamentária da 1ª RPFO. Nessa

revisão, houve a necessidade de serem acrescentados novos serviços, considerando as

alterações que aconteceram em determinadas condições de contorno estabelecidas no projeto

executivo das obras, como, por exemplo, a alteração no local de implantação do canteiro de

obras e das usinas de produção de Concreto betuminoso usinado a quente - CBUQ e de Brita

graduada simples – BGS.

70. Ocorre que nessa 1ª RPFO não foram contempladas duas outras mudanças em

pressupostos estabelecidos originalmente no projeto executivo, que apresentam significativa

relevância:

a) alteração do local de obtenção do insumo filler (cimento) a ser utilizado na

produção de CBUQ (Juazeiro/BA em vez de Salvador/BA); e

b) alteração na forma de obtenção do agregado fino empregado na obra (areia

extraída com carregadeira em vez de areia comercial).

71. Verifica-se que na composição de custo – CPU do serviço de CBUQ - faixa C

adotou-se a DMT de 513,78 km para o transporte do filler (cimento). No entanto, no próprio

projeto executivo encontra-se estabelecido que o cimento pode ser obtido a partir de

Juazeiro/BA, o que proporciona uma DMT de 28,20 km.

71.1. Adotando-se a DMT de 28,20 km na CPU do CBUQ - faixa C e considerando todo

o quantitativo desse serviço, estima-se que a planilha orçamentária da 1ª RPFO contempla um

sobrepreço de R$ 256.456,67 (3/2013) (Evidência 17).

72. No caso da areia, verifica-se que na 1ª RPFO adotou-se a forma comercial para

obtenção desse insumo. Contudo, esta equipe de auditoria não obteve qualquer indício de que

a areia utilizada na obra foi, de fato, obtida comercialmente. Ao contrário, obtiveram-se indícios

de que a areia teria sido extraída pela empresa executora das obras, utilizando-se carregadeiras.

72.1. Tais indícios ficaram demonstrados, sobretudo, após visita realizada ao areal

utilizado na obra (riacho Seco), realizada em companhia da fiscalização/supervisão do

empreendimento, onde se verificou não haver qualquer vestígio de instalação de empresa

comercial, seja escritório, seja pessoal, sejam equipamentos (Figura 10). Ademais, o próprio

projeto executivo traz a informação de que esse areal é de propriedade da Prefeitura Municipal

de Juazeiro/BA.

Figura 10 – Areal riacho Seco

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26 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

72.2. Adotando-se a obtenção da areia por meio de extração com carregadeiras e

considerando todo o quantitativo de areia previsto para a obra (Evidência 17), estima-se que a

planilha orçamentária da 1ª RPFO contempla um sobrepreço de R$ 521.844,93 (3/2013).

73. Considerando apenas essas duas falhas, estima-se que a planilha orçamentária da 1ª

RPFO contempla um sobrepreço de R$ 778.301,60 (3/2013).

74. Aplicando sobre este valor o percentual já medido no Contrato 05.00202/2014, que

alcança 84,9%, estima-se que em relação a essas duas falhas já houve um superfaturamento no

valor de R$ 660.778,06 (3/2013).

III.3.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA, no

segmento km 282,0 - km 357,4, Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

Contrato 05 00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-235/BA,

Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

III.3.4. Critérios:

Lei 8666/1993, art. 65, inciso I, alínea “a”

Lei 12462/2011, art. 39

III.3.5. Evidências:

Evidência 17– Estimativa de superfaturamento – Areia e CBUQ.

III.3.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Falha da fiscalização/supervisão ao elaborar e aprovar

Revisão de Projeto em Fase de Obras, que não contempla modificações de pressupostos

estabelecidos no projeto executivo.

III.3.7. Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real).

III.4. Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto executivo deficiente.

III.4.1. Tipificação:

75. As irregularidades tratadas neste achado constituem fatos materialmente relevantes

em relação ao valor total contratado. Apesar disso, avalia-se que este achado não se enquadra

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27 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

no conceito de irregularidade grave com recomendação de paralisação (IG-P) contido no

art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017), uma vez que o Contrato

05.00878/2010 já se encontra encerrado desde 12/4/2016.

76. Diante disso, tipifica-se este achado como irregularidade grave com recomendação

de continuidade (IGC).

III.4.2. Situação encontrada:

77. Verificou-se a elaboração, análise e aprovação de projeto executivo deficiente,

acarretando pagamento indevido no valor de R$ 711.996,38 (10/2009) e contrariando o disposto

na Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 12; art. 66; art. 67, § 1º e 2º; art. 69; e

art. 70.

78. O projeto executivo da BR-235/BA – km 282,0 - km 357,4 - foi elaborado pela

empresa JDS Engenharia e Consultoria, conforme Contrato 05.00878/2010 (Evidência 2)

firmado pela SRDNIT/BA, a partir do resultado da licitação relativa ao Edital 069/2010-5

(Evidência 3).

79. Esse projeto foi analisado por uma comissão de servidores nomeados para este fim

pelo Superintendente da SRDNIT/BA, conforme Portaria 95, de 19/7/2012. Depois de proceder

a suas análises, essa comissão aprovou o projeto, conforme Portaria 160, de 22/11/2013

(Evidência 4).

80. Ocorre que se verificaram falhas em diversas etapas desse projeto que deveriam

ter impedido sua aprovação. A seguir, citam-se algumas dessas falhas:

a) Estudos de Tráfego:

a.1) adoção de percentual de crescimento de tráfego da ordem de 7%, sem que

tenham sido apresentados estudos socioeconômicos para fundamentar esse

crescimento;

b) Estudos Geotécnicos:

b.1) indicação da presença de solos moles, sem estar fundamentada em ensaios

de SPT (Variante);

b.2) levantamento de caixas de empréstimo para terraplenagem, deixando de

considerar a possibilidade de utilização de importantes empréstimos laterais,

como por exemplo os localizados nas estacas 100 e 744;

b.3) inconsistências nos ensaios geotécnicos que fundamentaram a solução de

fundações da ponte sobre o rio Tourão, conforme detalhado no Volume I – Parte

II, da 1ª RPFO, item 6.10 – Alterações propostas /Alterações no projeto

estrutural das fundações da ponte sobre o rio Tourão;

c) Estudos Topográficos:

c.1) levantamento das interferências ao longo do segmento, deixando de

cadastrar linhas de distribuição de energia elétrica e canais de irrigação inseridos

na faixa de domínio e que prejudicavam a execução da obra (est. 2625 a est.

2835; est. 705 a est. 1130; est. 1145 a est. 1210 etc);

d) Projeto Geométrico:

d.1) adoção de traçado que dificulta sua materialização em razão da presença de

interferências, acarretando a necessidade de relocação do eixo da rodovia ou à

paralisação das obras (est. 2625 a est. 2835; proximidades do rio Tourão etc);

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28 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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d.2) incompatibilidade entre as dimensões dos dispositivos de drenagem

superficial projetados e a largura da plataforma indicada em projeto, conforme

detalhado no Volume I – Parte II, da 1ª RPFO, item 6.3 – Alterações propostas;

e) Projeto de Terraplenagem:

e.1) indicação de rebaixo e substituição de subleito em pontos cuja altura de

aterro é superior a 60 cm (pontos entre as est. 0 e est. 10; est 20 a est 50 dentre

outros), conforme detalhado no Achado III.2, supra;

e.2) previsão de descarte em bota-foras de solos cujas características geotécnicas

permitiriam sua utilização em corpo de aterro (ISC > 2% e expansão < 4%), o

que reduziria as DMTs e o custo da terraplenagem (est. 69 a est. 81; est. 139 a

est. 151; est. 799 a est. 811; dentre outros);

e.3) adoção de alturas de aterro insuficientes para a adequada execução de

bueiros de drenagem (ao longo de todo o segmento);

e.4) adoção de distribuição de massa sem considerar importantes caixas de

empréstimo aumentando indevidamente as DMTs, como por exemplo os

empréstimos localizados nas estacas 100 e 744;

f) Projeto de Drenagem:

f.1) adoção de bueiros em cotas que não permitiriam o adequado escoamento das

águas (cota da saída do bueiro inferior à cota do terreno natural), conforme

detalhado no Volume I – Parte II, da 1ª RPFO, item 6.3 – Alterações propostas;

f.2) adoção indiscriminada de bueiros do tipo CA-4, independentemente da

altura do aterro sobre estes dispositivos (o tipo de tubo - CA-1; CA-2. CA-3 ou

CA-4 – deve ser definido em função da altura do aterro sobre este dispositivo);

f.3) ausência da indicação de bueiros em pontos indiscutivelmente necessários e

indicação de bueiros em pontos indiscutivelmente desnecessários, conforme

relatado na 1ª RPFO – Volume I – Parte 2 – Item 6.3 - Alterações Propostas;

g) Projeto de Pavimentação:

g.1) adoção de base em BGS, sem que tenham sido apresentados estudos

referentes a outras soluções alternativas possivelmente menos onerosas, por

exemplo, mistura solo-brita;

h) Orçamento:

h.1) adoção de origem para a obtenção do insumo filler a partir de local distante

da obra (Salvador), mesmo que no próprio projeto esteja contemplada a obtenção

do cimento a partir de local mais próximo (Juazeiro/BA), conforme detalhado

no Achado III.3, supra;

h.2) adoção da forma de obtenção da areia por meio comercial, mesmo que no

próprio projeto esteja relatado que o areal indicado é de propriedade da

Prefeitura de Juazeiro/BA, conforme detalhado no Achado III.3, supra;

h.3) adoção de areia comercial (equivalente de areia superior a 90%) para

execução de colchão de areia (camada drenante da Variante), sem que tenha sido

avaliada a possibilidade de utilização de material alternativo de menor custo,

como por exemplo, aquele extraído de caixas de empréstimo, que apresentasse

equivalente de areia superior a 35% (conforme DER/PR ES-T 05/05 –

Terraplenagem – Colchão Drenante de Areia para Fundação de Aterro –

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29 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Evidência 13).

81. É importante registrar que todas essas falhas listadas no item anterior foram

identificadas a partir da comparação entre o disposto do projeto executivo e o disposto nas

Diretrizes Básicas Para Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – Escopos

Básicos/Instruções de Serviços – Publicação IPR-717/2005 e nas Diretrizes Básicas Para

Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – Instruções para Acompanhamento e Análises

– Publicação IPR-717/2010. Também serviu de fundamentação o disposto no Volume I – Parte

II – Alterações Propostas, da 1ª RPFO, bem como o disposto nos Termos de Referência do

Edital n. 0069/2010-05 (Evidência 3), relativo à licitação para contratação da elaboração do

projeto em exame, que culminou na formalização do Contrato 05.00878/2010 (Evidência 2).

82. Nesse ponto, cabe esclarecer que o Contrato 05.00878/2010 estabelece na sua

Cláusula Quarta, parágrafo primeiro, que as notas fiscais relativas à execução dos serviços

prestados só deverão ser apresentadas ao DNIT depois de ter sido emitido o respectivo atestado

de conformidade.

83. Registre-se que a comissão designada para analisar o projeto executivo emitiu os

respectivos atestados de conformidade de todas as etapas do projeto, apesar de parte delas

apresentar as falhas listadas acima, que caracterizam a inexecução parcial do objeto, nos termos

da Cláusula Décima, parágrafo primeiro, do Contrato 05.00878/2010. Dessa forma, as etapas

do projeto que apresentavam deficiências não poderiam ter recebido o atestado de conformidade

e, consequentemente, não poderiam ter sido medidas e pagas.

84. Diante disso, conclui-se que foram efetivados medição e pagamento indevidos no

âmbito do Contrato 05.00878/2010.

85. Para estimar os custos de cada etapa do projeto utilizaram-se os dados constantes

da Tabela 3, a seguir, lembrando que o objeto do Contrato 05.00878/2010 contempla a

elaboração do projeto executivo, orçada em R$ 892.236,11, e a realização do Estudo de

Viabilidade Técnica e Econômica – EVTE, orçada em R$ 107.892,25, totalizando

R$ 1.000.128,36 (10/2009).

Tabela 3 – Estimativa do peso de cada etapa do projeto

Discriminação % Valor do item

EVTE 100% R$ 107.892,25

Projeto

Estudos de Tráfego 1,2% R$ 10.732,74

Estudos Topográficos 18,5% R$ 164.704,50

Estudos Geotécnicos/Geológicos 32,5% R$ 290.147,95

Estudos Hidrológicos 2,4% R$ 21.833,27

Projetos de geometria e terraplenagem 18,5% R$ 164.834,85

Projeto de drenagem/OAC 2,4% R$ 21.833,27

Projeto de pavimentação 4,5% R$ 40.507,69

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30 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Projeto de OAEs 2,8% R$ 25.299,11

Projeto ambiental 5,7% R$ 50.818,11

Projeto de obras complementares 1,2% R$ 10.916,62

Projeto de sinalização 3,4% R$ 30.582,59

Projeto de desapropriação 4,6% R$ 40.790,03

Orçamento 2,2% R$ 19.235,38

Total 100,0% R$ 1.000.128,36

Fonte: Elaboração própria a partir dos elementos contidos no Termo de Referência do Edital 0069/2010-

05 (Evidência 3, p. 121-125) e no Contrato 05.00872/2010 (Evidência 2), considerando os percentuais

de custos da equipe técnica relativos à elaboração do projeto.

86. Tomando por base os dados constantes na Tabela 3, supra, e considerando que

foram verificadas inconformidades nas etapas do projeto referentes a Estudos de Tráfego;

Estudos Geotécnicos; Estudos Topográficos; Projeto Geométrico; Projeto de Terraplenagem;

Projeto de Drenagem; Projeto de Pavimentação; e Orçamento; estima-se que foi medido e pago

indevidamente o montante de R$ 711.996,38 (10/2009), conforme Tabela 4, a seguir.

Tabela 4 – Estimativa do superfaturamento

Discriminação Valor do item

Projeto

Estudos de Tráfego R$ 10.732,74

Estudos Topográficos R$ 164.704,50

Estudos Geotécnicos/Geológicos R$ 290.147,95

Projetos de geometria e terraplenagem R$ 164.834,85

Projeto de drenagem/OAC R$ 21.833,27

Projeto de pavimentação R$ 40.507,69

Orçamento R$ 19.235,38

Total R$ 711.996,38

Fonte: Elaboração própria a partir dos elementos contidos no Tabela 3, supra

III.4.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05 00878/2010, 4/11/2010, Execução de serviços de estudos de viabilidade técnica,

econômica e ambiental e elaboração de projeto executivo das obras de pavimentação da BR-

235/BA - km 282,0 a km 357,4, JDS Engenharia e Consultoria Ltda.

III.4.4. Critérios:

Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 12; art. 66; art. 67, § 1º e 2º; art. 69; art.

70.

III.4.5. Evidências:

Evidência 2 – Contrato 878/2010

Evidência 3 – Edital 69/2010

Evidência 4 – Análise e aprovação do projeto executivo

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31 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Evidência 18 – Resposta do DNIT ao Ofício 0576/2016-TCU/SeinfraRodovia, de 29/8/2016

(projeto executivo – item não digitalizável)

III.4.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Falhas nos controles da empresa projetista e da fiscalização

do DNIT.

III.4.7. Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real) - Medição e pagamento pela

elaboração de projeto que não apresenta os requisitos necessários à sua aprovação.

III.5. Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo com o previsto

em projeto

III.5.1. Tipificação:

87. As irregularidades tratadas neste achado não constituem fatos materialmente

relevantes em relação ao valor total contratado, nem apresentam potencialidade de ocasionar

prejuízos ao erário ou a terceiros, não se enquadrando, portanto, no conceito de irregularidade

grave com recomendação de paralisação (IG-P) contido no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei

13.408/2016 (LDO/2017).

88. Diante disso, tipifica-se este achado como irregularidade grave com recomendação

de continuidade (IGC).

III.5.2. Situação encontrada:

89. Averiguaram-se indícios de irregularidades nos trabalhos desenvolvidos pela

empresa supervisora – Contrato 05.00239/2014, sobretudo no acompanhamento dos serviços

de terraplenagem, contrariando o disposto no art. 39 da Lei 12.462/2011 e nos art. 66 e 67, §1º

e §2º, da Lei 8666/1993.

90. A fiscalização das obras de pavimentação da BR-235/BA (km 282,0 - km 357,4)

está sendo efetivada pelo DNIT por intermédio do servidor Necivaldo Ferreira Silva (Portaria

n. 29 – Boletim Administrativo n. 4, de 31/3/14 a 4/4/14 – Evidência 7), com o auxílio da

empresa supervisora Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme Contrato

05.00239/2014 (Evidência 8), firmado pela SRDNIT/BA, a partir do resultado da licitação

relativa ao Edital RDC 614/2013-05.

91. Ocorre que se verificaram indícios de irregularidades nas atividades de supervisão

desenvolvidas pela Direção Consultoria e Engenharia Ltda., principalmente, nos trabalhos

relativos à etapa de terraplenagem da obra, no que se refere ao acompanhamento dos serviços,

à elaboração de medições e à elaboração da 1ª RPFO. A seguir, citam-se algumas dessas

irregularidades:

a) Inconformidades na elaboração da 1ª RPFO:

a.1) indicação da presença de solos moles, sem estar fundamentada em ensaios

de SPT (Est. 2625 a est. 2835);

a.2) levantamento de caixas de empréstimo para terraplenagem, deixando de

considerar a possibilidade de utilização de importantes empréstimos laterais,

como por exemplo os localizados nas estacas 100 e 744, acarretando acréscimos

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32 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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indevidos no valor da terraplenagem;

a.3) alteração no greide de terraplenagem da obra, sem proceder a

imprescindível revisão dos quantitativos de rebaixo e substituição de subleito,

acarretando superestimativa dos custos da etapa de terraplenagem;

a.4) alteração dos quantitativos e escavação, carga e transporte de material -

ECT, sem proceder a necessária revisão da distribuição de massa, mesmo diante

das consequentes modificações das DMTs, acarretando superestimativa dos

custos da etapa de terraplenagem;

a.5) previsão de descarte do material proveniente da remoção do pavimento

existente, apesar de esse material apresentar características geotécnicas que

permitiriam sua utilização, pelo menos, em corpo de aterro (ISC > 2% e

expansão < 4%), acarretando superestimativa dos custos da etapa de

terraplenagem;

b) Inconformidades no acompanhamento/elaboração de medições dos serviços de

terraplenagem:

b.1) medição dos serviços de remoção de solo mole e execução de camada

drenante (est. 2625 a est. 2835) executados em desconformidade com o projeto

vigente e suas respectivas especificações. Não se comprovou a remoção da

camada de solo mole, nem a execução da camada drenante de areia, tal como

previstos em projeto (irregularidade detalhada no Achado III.1, supra);

b.2) apresentação de laudos de ensaios de equivalente de areia que não

representam o material examinado (est. 2739), conforme detalhado no Achado

III.1, supra;

b.2) utilização do item de serviço "Escavação, carga e transporte de areia - DMT

72,34 km - Camada drenante - Variante" (item inserido na planilha para

remunerar exclusivamente a camada drenante da Variante) para medir a

execução de camada drenante entre as estacas est. 2625 a est. 2835, com DMT

de 60,44 km, conforme detalhado no Achado III.1.

b.3) medição dos serviços de rebaixo e substituição de subleito sem que tenha

sido comprovada sua necessidade e execução, conforme detalhado no Achado

III.2, supra;

92. As falhas na prestação dos serviços de supervisão são passíveis de penalização à

empresa Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme o disposto na Cláusula Décima do

Contrato 05.00239/2014.

III.5.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05.00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-235/BA,

Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

III.5.4. Critérios:

Lei 8666/1993, art. 66; art. 67, § 1º e 2º

Lei 12462/2011, art. 39

III.5.5. Evidências:

Evidência 7 - Portaria Fiscal Contrato 05-00202-2014

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33 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Evidência 8 - Contrato 05.00239/2014

Evidência 18 – Resposta do DNIT ao Ofício 0576/2016-TCU/SeinfraRodovia, de 29/8/2016 (1ª

Revisão de Projeto em Fase de Obras – item não digitalizável)

III.5.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Deficiências da fiscalização/supervisão ao não realizarem

um acompanhamento efetivo dos serviços de terraplenagem da obra.

III.5.7. Efeitos/Consequências do achado:

Prejuízos gerados por pagamentos indevidos (efeito real) - Medição e pagamento de serviços

de supervisão deficientes.

III.6. Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração para solucionar

questões relativas a desapropriações e remoções de interferências

III.6.1. Tipificação:

93. A irregularidade tratada neste achado não se enquadra nos casos descritos no

art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017), uma vez que não se demonstrou

materialmente relevante em relação ao valor total contratado, não se verificaram elementos que

ensejassem a nulidade de nenhum dos contratos associados ao empreendimento; nem que

permitissem concluir pela ocorrência de graves desvios relativamente aos princípios

constitucionais a que está submetida a administração pública federal.

94. Diante disso, tipifica-se este achado como irregularidade grave com recomendação

de continuidade (IGC).

III.6.2. Situação encontrada:

95. Verificou-se a paralisação de frentes de serviço em razão da ausência de efetividade

das ações promovidas pela Administração para solucionar questões relativas a desapropriações

e remoções de interferências, contrariando o disposto na Lei 8666/1993, art. 41 e art. 66; no

Contrato 202/2014, SRDNIT/BA, Cláusula 9ª; e no Edital 702/2013, DNIT, Anexo IX.

96. Em que pese o fato de o DNIT já ter iniciado procedimentos visando à liberação de

frentes de serviço (Evidência 19), averiguou-se que, passados mais de dois anos do início das

obras, ainda permanecem pendentes de solução as desapropriações que possibilitarão a

finalização dos serviços no segmento próximo à ponte do rio Tourão e a execução do trecho da

Variante, bem como a remoção da linha de distribuição de energia elétrica, que viabilizará a

finalização dos serviços entre os km 334,5 e km 338,7.

97. A demora na solução desses problemas caracteriza indício de que as ações já

realizadas pelo DNIT, com o apoio de empresas contratadas para esse fim, não apresentaram a

efetividade esperada, culminando na ocorrência de atrasos e paralisações da obra.

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34 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Figura 11 – Situação da obra nas proximidades da ponte sobre o rio Tourão

Fonte: Google Earth – imagem de 8/2015

Figura 12 – Trecho da Variante aguardando desapropriações para início das obras.

Ponte sobre o rio Tourão

Área com desapropriação pendente

Segmento com obras paralisadas

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Fonte: Google Earth – imagem de 27/11/2016

Figura 13 – Situação da obra no trecho entre os km 334,5 e km 338,7

Fonte: Registro efetuado pela equipe de auditoria.

Rede de eletricidade cruzando a rodovia

Obra paralisada neste segmento

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III.6.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA, no

segmento km 282,0 - km 357,4, Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda.

Contrato 05.00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-235/BA,

Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

III.6.4. Critérios:

Lei 8666/1993, art. 66; art. 67, § 1º e 2º

Lei 12462/2011, art. 39

III.6.5. Evidências:

Evidência 19 – Excerto de relatório da supervisora relatando as interferências; e Ofício

008/2015 – emitido pela supervisora – informa sobre interferências da rede elétrica.

III.6.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Ausência de efetividade das providências adotadas pelo

DNIT para resolver problemas que impedem o avanço normal das obras (desapropriação e

remoção de interferências).

III.6.7. Efeitos/Consequências do achado:

Frentes de serviço não liberadas acarretando atrasos na execução da obra (efeito real).

III.7. Paralisação injustificada de frentes de serviço

III.7.1. Tipificação:

98. A irregularidade tratada neste achado não se enquadra nos casos descritos no

art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017), uma vez que não se demonstrou

materialmente relevante em relação ao valor total contratado, não se verificaram elementos que

ensejassem a nulidade de nenhum dos contratos associados ao empreendimento; nem que

permitissem concluir pela ocorrência de graves desvios relativamente aos princípios

constitucionais a que está submetida a administração pública federal.

99. Diante disso, tipifica-se este achado como irregularidade grave com recomendação

de continuidade (IGC).

III.7.2. Situação encontrada:

100. Verificou-se falha no planejamento e no controle da execução dos serviços relativos

ao segmento entre as est. 1800 e est. 1900 (proximidades da ponte sobre o riacho Poção), com

consequente paralisação injustificada dos trabalhos, acarretando perdas de serviços

parcialmente executados em função dos estragos provocados pelas chuvas, contrariando o

disposto na Lei 8666/1993, art. 66; art. 67; art. 69; art. 70.

101. O consórcio construtor iniciou os serviços de terraplenagem no segmento nas

proximidades do riacho Poção (est. 1800 a est. 1900), sem, contudo, finalizá-los, nem,

tampouco, iniciar e concluir as etapas subsequentes (pavimentação, drenagem superficial,

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37 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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sinalização, obras complementares). Tal procedimento caracteriza a ocorrência de indícios de

falhas no planejamento e no controle da execução das obras.

102. Ademais, a situação das obras nas proximidades do riacho Poção permite avaliar

que o consórcio construtor e o DNIT não adotaram sequer ações efetivas no sentido de proteger

os serviços parcialmente executados contra as chuvas, as intempéries e a fatores erosivos. Note-

se que não foram realizados serviços, previstos em projetos, como por exemplo: proteção

vegetal dos taludes, drenagem superficial (mesmo que provisória e emergencial), gabião,

enrocamento de pedra etc (Evidência 20).

103. Registre-se que, estando a obra inconclusa neste segmento, ocorreram chuvas em

janeiro/2016 que provocaram danos nos serviços parcialmente executados, tais como os listados

a seguir:

a) Seccionamento dos aterros nas cabeceiras das pontes;

b) Carreamento de solos proveniente do corpo de aterro;

c) Perda da laje de transição de uma ponte

Figura 14 – Situação da obra nas proximidades do riacho Poção durante as chuvas de

janeiro/2016 (perda da laje de transição e nível d’água próximo do greide da rodovia)

Fonte: Evidência 20

104. Vale acrescentar que o nível das águas das chuvas praticamente alcançou a cota do

greide da rodovia, mas não chegou a galgar sua superfície, conforme informações de moradores

da região repassadas à empresa supervisora das obras (Evidência 20). Esse fato provocou a

ocorrência de um efeito de várzea, fazendo com que o aterro funcionasse de forma semelhante

a uma barragem, conforme demonstrado na Figura 14. Essa situação pode indicar, inclusive, a

ocorrência de falhas nos estudos hidrológicos que embasaram o projeto das OAEs.

105. Diante dos fatos ocorridos, é importante mencionar que caberia ao consórcio

construtor e ao DNIT elaborarem um plano de ataque às obras, de maneira que fosse garantida

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38 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

a completa execução dos serviços nas frentes atacadas, contemplando todas as fases da obra.

Como isso não se materializou, avalia-se que ocorreu falha no planejamento e no controle da

execução dos serviços relativos ao segmento entre as est. 1800 e est. 1900 (proximidades da

ponte sobre o riacho Poção).

106. Quanto aos indícios de ocorrência de falhas nos estudos hidrológicos que

embasaram o projeto das OAEs, caberia à SRDNIT/BA buscar elementos técnicos que

garantam à correção dos estudos/pareceres apresentados pela projetista.

III.7.3. Objetos nos quais o achado foi constatado:

Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA, no

segmento km 282,0 - km 357,4, Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda.

Contrato 05.00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-235/BA,

Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

III.7.4. Critérios:

Lei 8666/1993, art. 66; art. 67; art. 69; art. 70

III.7.5. Evidências:

Evidência 20 – Documento emitido pela supervisora - resposta ao Ofício

780/2016/GAB/DNIT-BA.

III.7.6. Causas da ocorrência do achado:

Deficiência de controles internos - Falha no planejamento da execução dos serviços, por parte

da executora das obras e da fiscalização/supervisão.

III.7.7. Efeitos/Consequências do achado:

Obra paralisada com perda de parte de serviços parcialmente executados (efeito real)

IV. Conclusão

107. Trata-se de fiscalização realizada na Superintendência Regional do DNIT no Estado

da Bahia – SRDNIT/BA, tendo como objeto as obras de construção da BR-235/BA – km 282,0

ao km 357,4, executadas sob o abrigo do Contrato 05.00202/2014, firmado entre o DNIT e o

Consórcio Paviservice/SVC.

108. Neste trabalho, foram apontados os seguintes indícios de irregularidade:

a) Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

b) Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

c) Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em

Fase de Obras;

d) Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente;

e) Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

f) Achado III.6 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela

Administração para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de

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39 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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interferências; e

g) Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

109. Ressalta-se que os achados III.1 e III.2 foram tipificados como pIGP (proposta de

indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação), haja vista que as situações

relatadas se enquadram no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017).

110. Esses achados ainda serão objeto de manifestação preliminar do órgão responsável,

conforme previsto no § 9º do art. 121 da Lei 13.408/2016 (LDO/2017). As prováveis medidas

corretivas para o achado III.1 serão a realização dos estudos necessários à avaliação da solução

adequada para o tratamento da camada de solo mole no segmento compreendido entre as estacas

2625 e 2835 (km 334,5 – km 338,7), a adequação do projeto executivo, se for o caso, e, ainda,

a adoção das medidas administrativas visando à recuperação do prejuízo ao Erário. No caso do

achado III.2, a provável medida corretiva será a adoção das medidas administrativas para reaver

o prejuízo ao Erário já consumado.

111. Diante desses achados, propõe-se o encaminhamento do presente relatório ao DNIT

para manifestação preliminar no prazo improrrogável de quinze dias, conforme disposto no art.

14 da Resolução TCU nº 280/2016.

112. Frise-se que, conforme o § 1º do mesmo artigo, o DNIT deverá ser informado de

que na hipótese de a manifestação preliminar apresentada não elidir a irregularidade, o Tribunal

de Contas da União, mediante decisão monocrática ou colegiada, poderá classificar o achado

como IGP e encaminhar as informações pertinentes ao Congresso Nacional, nos termos da Lei

de Diretrizes Orçamentárias. Outrossim, conforme o § 2º, considerando que as irregularidades

se referem à ocorrência de superfaturamento, cabe informar ao DNIT que os achados poderão

ser reclassificados para IGR, caso haja autorização do contratado para retenção de valores a

serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre o indício

relatado, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Ademais, o § 4º prevê que a unidade

técnica devolverá ao remetente a documentação entregue fora do prazo, para evitar o

descumprimento do prazo determinado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, cabendo

comunicar ao gestor que ele poderá exercer o seu direito de defesa nas etapas processuais

posteriores, em conformidade com a Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, e com o Regimento

Interno do TCU.

113. Ademais, relativamente ao achado III.1, está sendo proposta medida cautelar para

que seja suspensa a execução dos serviços no segmento compreendido entre as estacas 2625 e

2835 (km 334,5 – km 338,7), até que o DNIT apresente uma definição acerca da solução

adequada a ser adotada para o tratamento da camada de solo mole nesse trecho.

114. Cumpre destacar que, conforme informação fornecida pelo DNIT, a

Superintendência Regional já determinou a realização de novas sondagens no intuito de avaliar

o material utilizado na camada drenante. No entanto, a medida cautelar aqui proposta visa a

garantir que não apenas se avalie o material empregado na camada drenante, mas também se

avalie se foi dado o tratamento correto à camada de solo mole e se a solução prevista na 1ª

RPFO se mostrou adequada.

115. Nesse cenário, avalia-se que a medida cautelar poderá ser adotada sem oitiva prévia,

cabendo dar o prazo de quinze dias para o DNIT e o consórcio construtor pronunciarem-se, na

forma prevista no art. 276, § 3º, do RITCU.

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40 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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116. Além disso, propõe-se a realização de oitiva do DNIT, do consórcio construtor, da

empresa supervisora e da empresa projetista, conforme previsto no art. 250, inc. V, do RITCU,

para manifestarem-se sobre os fatos que possam resultar em decisão do Tribunal no sentido de

desconstituir ato ou processo administrativo ou alterar contrato em seu desfavor.

117. A partir dos resultados do trabalho, pode-se também responder as questões de

auditoria formuladas, quais sejam:

a) Questão 1: Os instrumentos de contratação (editais de licitação, contratos, etc.)

têm cláusulas que visam garantir a qualidade do projeto e das obras?

b) Questão 2: O projeto é atual, inclui a totalidade das obras e foi devidamente

examinado e aprovado pela autoridade competente?

c) Questão 3: A execução da obra atende aos requisitos de qualidade e prazos?

d) Questão 4: A obra conta com uma supervisão/fiscalização constante e eficaz?

e) Questão 5: As alterações na fase de execução das obras afetam a qualidade do

empreendimento?

118. Sobre a questão 1, com base nos elementos analisados, não se apontaram

irregularidades nas cláusulas dos instrumentos de contratação.

119. Acerca da questão 2, a resposta é negativa, haja vista as diversas falhas apontadas

no projeto executivo da obra, sobretudo no achado III.4 deste relatório.

120. No que se refere à questão 3, verificou-se que a execução da obra não atende aos

requisitos de qualidade e prazos, tendo em vista, sobretudo, as deficiências de qualidade dos

serviços executados entre as estacas 2625 e 2830 (achado III.1), e os atrasos verificados na

execução (achados III.6 e III.7).

121. A questão 4 também não foi confirmada, considerando as falhas de

fiscalização/supervisão apontadas, especialmente, no achado III.5 deste relatório.

122. Quanto à questão 5, verificou-se que alterações promovidas durante as obras

prejudicaram a qualidade do empreendimento, haja vista a ocorrência de falhas na 1ª RPFO

relatadas nos achados III.2, III.3 e III.5 deste relatório.

123. A tabela 5 a seguir resume a avaliação acerca das questões de auditoria:

Tabela 5 – Relação Questões de auditoria X Achados

Questões de auditoria Achados

Questão 1 Não se apontaram irregularidades relacionadas a essa questão.

Questão 2 Achado III.4

Questão 3 Achados III.1, III.6 e III.7

Questão 4 Achado III.5

Questão 5 Achados III.2, III.3 e III.5

Fonte: Elaboração própria.

124. O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 117.647.607,30,

sendo esta quantia referente ao somatório dos valores globais a preços iniciais e com aditivos

do Contrato 05.202/2014 (R$ 110.290.675,23 – 3/2013), do Contrato 05.00239/2014 (R$

6.356.803,71 – 8/2013) e do Contrato 05.00878/2010 (R$ 1.000.128,36 – 10/2009).

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41 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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125. Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a manutenção

da expectativa do controle e a correção das irregularidades apontadas, sendo o total dos

benefícios quantificáveis desta auditoria de R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com

data-base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base 10/2009.

V. Proposta de encaminhamento

126. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior propondo:

a) determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento

Interno/TCU, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que suspenda a

execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA

– km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e

2835 (km 334,5 – km 338,7);

b) determinar, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, para, no prazo de quinze dias,

manifestar-se sobre os fatos que ensejam a medida cautelar supra, especialmente quanto aos

serviços de remoção de solo mole e de camada drenante de areia, não executados ou executados

em desacordo com o previsto na 1ª RPFO, bem como quanto à pertinência da solução proposta

na 1ª RPFO;

c) determinar, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do

Consórcio Paviservice/SVC, para, no prazo de quinze dias, querendo, manifestar-se sobre os

fatos que ensejam a medida cautelar supra;

d) encaminhar, conforme disposto no art. 14 da Resolução TCU nº 280/2016, ao

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o presente relatório para manifestação

preliminar, no prazo improrrogável de quinze dias, acerca dos indícios de irregularidades

tipificados como pIGP (proposta de indício de irregularidade grave com recomendação de

paralisação – Achado III.1: Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia; e Achado III.2: Superfaturamento por

medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de subleito);

e) comunicar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, nos

termos do art. 14, §§ 1º, 2º e 4º, da Resolução TCU nº 280/2016, que:

e.1) o Tribunal de Contas da União, mediante decisão monocrática ou

colegiada, poderá classificar os achados como IGP (indício de

irregularidade grave com recomendação de paralisação) e encaminhar as

informações pertinentes ao Congresso Nacional, nos termos da Lei de

Diretrizes Orçamentárias;

e.2) os achados poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade

grave com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja

autorização do contratado para retenção de valores a serem pagos, ou

apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de

mérito sobre o indício relatado, nos termos da Lei de Diretrizes

Orçamentárias;

e.3) a unidade técnica devolverá ao remetente a documentação entregue fora

do prazo previsto no item “d” supra, para evitar o descumprimento do

prazo determinado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, ressaltando-se

que o gestor poderá exercer o seu direito de defesa nas etapas processuais

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42 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

posteriores, em conformidade com a Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, e

com o Regimento Interno do TCU;

f) determinar, nos termos do art. 250, inc. V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva

do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, para, no prazo de quinze dias,

manifestar-se sobre os seguintes indícios de irregularidade:

f.1) Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados

- Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

f.2) Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

f.3) Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de

Projeto em Fase de Obras;

f.4) Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de

projeto executivo deficiente;

f.5) Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

f.6) Achado III.6 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela

Administração para solucionar questões relativas a desapropriações e

remoções de interferências; e

f.7) Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

g) determinar, nos termos do art. 250, inc. V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva

do Consórcio Paviservice/SVC, para, no prazo de quinze dias, manifestar-se sobre os seguintes

indícios de irregularidade:

g.1) Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados

- Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

g.2) Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

g.3) Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de

Projeto em Fase de Obras;

g.4) Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

h) determinar, nos termos do art. 250, inc. V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva

da empresa JDS Engenharia e Consultoria, para, no prazo de quinze dias, manifestar-se sobre

os seguintes indícios de irregularidade:

h.1) Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de

projeto executivo deficiente;

i) determinar, nos termos do art. 250, inc. V, do Regimento Interno/TCU, a oitiva

da empresa Direção Consultoria e Engenharia Ltda., para, no prazo de quinze dias, manifestar-

se sobre os seguintes indícios de irregularidade:

i.1) Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

i.2) Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

i.3) Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto

em Fase de Obras;

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43 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

i.4) Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

i.5) Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

SeinfraRodoviaAviação, 29 de março de

2017.

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44 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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APÊNDICE A - Matriz de Achados

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

pIG-P -

Superfaturamento

pela medição de

serviços não

executados -

Remoção de solo

mole e execução de

colchão de areia

Verificou-se que os serviços

de terraplenagem do

segmento entre os km 334,5

(est. 2625) e km 338,7 (est.

2835) não foram executados

em conformidade com o

projeto e respectivas

especificações. Não se

comprovou a remoção da

camada de solo mole, nem a

execução da camada drenante

de areia, tal como previstos

em projeto. Essas

irregularidades acarretaram a

medição e pagamento

indevidos no valor estimado

em R$ 7.061.422,26

(3/2013), contrariando o

disposto nos art. 62 e 63, 2º,

Inciso III, da Lei 4320/1964.

Contrato -

Execução das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Contrato -

Supervisão das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Lei

4320/1960,

art. 62; art.

63, § 2º,

inciso III

Evidência 13 -

Evidência 13 -

DER-PR ES-T

05-05 -

Colchão

Drenante de

Areia

Evidência 14 -

Evidência 14 -

Evidências do

Achado III.1

Deficiência de

controles

internos.

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Aplicação de Medida

Cautelar a

Órgão/Entidade

(Departamento Nacional

de Infraestrutura de

Transportes)

Oitiva

pIG-P -

Superfaturamento por

medição e pagamento

de serviços

desnecessários -

Substituição de

subleito

Verificaram-se indícios de

medição e pagamento

indevidos referentes a

serviços de substituição de

subleito, previstos em

segmentos para os quais não

há a necessidade de sua

realização, sobretudo em

locais apresentando alturas de

aterro superiores a 1,00 m.

Contrato -

Execução das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Contrato -

Supervisão das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Lei

4320/1960,

art. 62; art.

63, § 2º,

inciso III

Evidência 11 -

Evidência 11 -

Análise e

aprovação - 1ª

RPFO

Evidência 12 -

Evidência 12 -

Resumo

Contrato 05-

00202-2014

Deficiência de

controles

internos

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Oitiva

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45 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

Estima-se o montante pago

indevidamente em R$

8.487.330,40 (3/2013), fato

em desacordo com o disposto

nos art. 62 e 63, 2º, inciso III,

da Lei 4.320/1964.

Evidência 16 -

Evidência 16 -

Evidências do

Achado III.2

IG-C -

Superfaturamento

decorrente de falhas

na Revisão de Projeto

em Fase de Obras

Verificou-se a elaboração e

aprovação de Revisão de

Projeto em Fase de Obras -

RPFO sem que nela tenham

sido consideradas alterações

de pressupostos estabelecidos

originalmente no projeto

executivo e que não foram

atendidos no decorrer da obra

(transporte do filler com

DMT de 523,20 km e

utilização de areia comercial)

acarretando superfaturamento

no valor de R$ 660.778,06

(3/2013).

Contrato -

Execução das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Contrato -

Supervisão das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Lei

8666/1993,

art. 65, § 1º,

inciso a

Lei

12462/2011,

art. 39

Evidência 17 -

Evidência 17 -

Evidências do

Achado III.3

Deficiência de

controles

internos

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Oitiva

IG-C -

Superfaturamento em

razão de medição e

pagamento de projeto

executivo deficiente.

Verificou-se a elaboração e

aprovação de projeto

executivo deficiente,

acarretando pagamento

indevido no valor de R$

711.996,38 .

Contrato -

Projeto executivo

BR-235/BA - km

282,0 a km 357,4

Lei

8666/1993,

art. 6º, inciso

IX; art. 6º,

inciso X; art.

12; art. 66;

art. 67, § 1º e

2º; art. 69;

art. 70

Evidência 2 -

Evidência 2 -

Contrato 878-

10 - projeto

Evidência 3 -

Evidência 3 -

Edital

Concorrência

69-10 - projeto

Evidência 4 -

Evidência 4 -

Análise e

Deficiência de

controles

internos

Prejuízos gerados

por pagamentos

indevidos

Oitiva

Page 46: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

46 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

aprovação

projeto

executivo

Evidência 18 -

Evidência 18 -

Resposta do

DNIT ao Of

0576-2016-

TCU

IG-C - Falhas da

fiscalização/supervisã

o - Serviços

executados em

desacordo com o

previsto em projeto

Averiguaram-se indícios de

irregularidades nos trabalhos

desenvolvidos pela empresa

supervisora – Contrato

05.00239/2014, sobretudo no

acompanhamento dos

serviços de terraplenagem,

contrariando o disposto no

art. 39 da Lei 12.462/2011 e

nos art. 66 e 67, §1º e §2º, da

Lei 8666/1993.

Contrato -

Execução das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Contrato -

Supervisão das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Lei

8666/1993,

art. 66; art.

67, § 1º e 2º

Lei

12462/2011,

art. 39

Evidência 18 -

Evidência 18 -

Resposta do

DNIT ao Of

0576-2016-

TCU

Evidência 7 -

Evidência 7 -

Portaria Fiscal

Contrato 05-

00202-2014

Evidência 8 -

Evidência 8 -

Contrato 05-

00239-2014 -

supervisão

Deficiência de

controles

internos

Elaboração e

aprovação de

revisão de projeto

que não

representa a

realidade da obra

e medição de

serviços que não

correspondem às

atividades, de

fato, executadas.

Oitiva

IG-C - Ausência de

efetividade das ações

promovidas pela

Administração para

solucionar questões

relativas a

desapropriações e

remoções de

Verificou-se a paralisação de

frentes de serviço em razão

da ausência de efetividade

das ações promovidas pela

Administração para

solucionar questões relativas

a desapropriações e

remoções de interferências,

Contrato -

Execução das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Contrato

202/2014,

SRDNIT/BA,

cláusula 4ª e

Edital

702/2013,

DNIT, item

Evidência 19 -

Evidência 19 -

Evidências do

Achado III.6

Deficiência de

controles

internos

Frentes de serviço

não liberadas

acarretando

atrasos na

execução da obra.

Oitiva

Page 47: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

47 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

DESCRIÇÃO DO

ACHADO SITUAÇÃO

ENCONTRADA OBJETOS CRITÉRIO EVIDÊNCIA CAUSA EFEITO ENCAMINHAMENTO

interferências uma vez que passados mais

de dois anos do início das

obras ainda permanecem

pendentes de solução as

desapropriações que

possibilitarão a finalização

dos serviços no segmento

próximo á ponte do rio

Tourão e a execução do

trecho da Variante, bem como

a remoção da linha de

distribuição de energia

elétrica, que viabilizará a

finalização dos serviços entre

os km 334,5 e km 338,7.

Anexo IX

Lei

8666/1993,

art. 41; art. 66

IG-C - Paralisação

injustificada de

frentes de serviço

Verificou-se a paralisação

injustificada dos serviços nas

proximidades da ponte sobre

o riacho Poção (km 319),

acarretando perdas de

serviços parcialmente

executados em função dos

estragos provocados pelas

chuvas.

Contrato -

Execução das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Contrato -

Supervisão das

obras de

construção da

BR-235/BA.

Lei

8666/1993,

art. 66; art.

67; art. 69;

art. 70

Evidência 20 -

Evidência 20 -

Evidências do

Achado III.7

Deficiência de

controles

internos

Perda de parte de

serviços

parcialmente

executados.

Oitiva

Page 48: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

48 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

APÊNDICE B - Matriz de Responsabilização

Não existem dados cadastrados na matriz de responsabilização.

Page 49: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

49 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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APÊNDICE C - Fotos

Não existem dados cadastrados no apêndice de fotos.

Page 50: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

50 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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APÊNDICE D - Dados da obra

1. Dados Cadastrais

Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

1.1. Execução física, orçamentária e financeira

1.1.1. Execução física

Data de vistoria: 04/10/2016 Percentual executado: 90,0%

Data do início da obra: 01/04/2014 Data prevista para conclusão: 31/12/2016

Situação na data da vistoria: Em andamento

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Dos 75,4 km de extensão resta executar a pavimentação de 8,0 km, contemplando o segmento de 4,0 km

onde se localiza a suposta presença de solo mole, além de segmentos pontuais nas proximidades das obras

de arte especiais.

Observações:

1.1.2. Execução orçamentária e financeira

Valor estimado para conclusão: R$ 17.397.367,67

Valor estimado global da obra: R$ 110.290.675,23

Data base da estimativa: 01/03/2013

Funcional programática: 26.782.2087.7F51.0029/2016 - Construção de Trecho Rodoviário - Divisa PI/BA -

Divisa BA/SE - na BR-235/BA no estado da Bahia

Origem Ano Lei

Orçamentária

Valores

empenhados

Valores

liquidados

Pagamento de

despesas

Percentual

execução

financeira

União 2016 24.467.183,00 24.067.183,00 995.243,00 995.243,00 4,07%

União 2015 138.758.060,00 135.063.058,00 49.813.035,00 35.448.415,00 25,55%

União 2014 170.600.000,00 154.838.412,00 154.838.412,00 36.304.936,00 21,28%

Valores em reais

Observações:

1.2. Contratos principais

Nº contrato: 05 00202/2014

Objeto do contrato:

Execução das obras de construção da BR-235/BA, no segmento km 282,0 - km 357,4.

Data da assinatura: 07/03/2014 Mod. licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 01.397.753/0001-45 Razão social: Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda

CNPJ contratante: 04.892.707/0001-00 Razão social: Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes

Situação inicial Situação atual

Vigência: 01/04/2014 a 20/03/2016 Vigência: 01/04/2014 a 31/12/2016

Valor: R$ 100.660.000,00 Valor: R$ 110.290.675,23

Data-base: 01/03/2013 Data-base: 01/03/2013

Volume de serviço: Volume de serviço:

Page 51: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

51 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual: 2 16/03/2016

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto: Revisão de projeto em fase de obra com reflexo financeiro e com preços novos (TA-001). Prorrogação de prazo

(TA-002).

Observações:

Execução física e financeira:

Data da coleta de dados / vistoria: 04/10/2016

Situação: Em andamento

Percentual de execução física: 90,0%

Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Dos 75,4 km de extensão resta executar a pavimentação de 8,0 km, contemplando o segmento de 4,0 km onde

se localiza a suposta presença de solo mole, além de segmentos pontuais nas proximidades das obras de arte

especiais.

Valores medidos: R$ 93.635.621,01

Valores pagos: R$ 93.635.621,01

Percentual de execução financeira: 84,90%

Observações acerca da execução física e financeira do contrato:

Nº contrato: 05 00239/2014

Objeto do contrato:

Supervisão das obras de construção da BR-235/BA.

Data da assinatura: 31/03/2014 Mod. licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 32.963.001/0001-28 Razão social: Direção Consultoria e Engenharia Ltda

CNPJ contratante: 04.892.707/0001-00 Razão social: Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes

Situação inicial Situação atual

Vigência: 05/06/2014 a 24/05/2016 Vigência: 05/06/2014 a 31/12/2016

Valor: R$ 4.889.849,00 Valor: R$ 6.356.803,71

Data-base: 01/08/2013 Data-base: 01/08/2013

Volume de serviço: Volume de serviço:

Custo unitário: Custo unitário:

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual: 1 23/05/2016

Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto: Prorrogação de prazo.

Observações:

Nº contrato: 05 00878/2010

Objeto do contrato:

Execução de serviços de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental e elaboração de projeto

executivo das obras de pavimentação da BR-235/BA - km 282,0 a km 357,4.

Data da assinatura: 18/10/2010 Mod. licitação: Concorrência

SIASG: Código interno do SIASG:

CNPJ contratada: 40.376.139/0001-59 Razão social: Jds Engenharia e Consultoria Ltda

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52 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

CNPJ contratante: 04.892.707/0001-00 Razão social: Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes

Situação inicial Situação atual

Vigência: 04/11/2010 a 30/09/2011 Vigência: 04/11/2010 a 29/12/2011

Valor: R$ 1.000.128,36 Valor: R$ 1.000.128,36

Data-base: 01/10/2009 Data-base: 01/10/2009

Volume de serviço: 75 km Volume de serviço: 75 km

Custo unitário: R$ 13.335,04 Custo unitário: R$ 13.335,04

BDI: BDI:

Nº/Data aditivoAtual:

Situação do contrato: Concluído.

Alterações do objeto:

Observações:

1.3. Editais

Nº do edital: 702/2013-05

Objeto:

Contratação de empresas para execução das Obras de Construção na Rodovia BR- 235/BA.

UASG: Modalidade de licitação: RDC - Regime Diferenciado de

Contratação

Data da publicação: 31/12/2013 Tipo de licitação ou critérios de julgamento: Maior

oferta de preço

Data da abertura da documentação:

23/01/2014

Valor estimado:

Quantidade de propostas classificadas: 1

Observações:

Orçamento sigiloso.

Nº do edital: 0069/2010-05

Objeto:

Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (1ª Etapa) e Elaboração do Projeto Executivo de

Engenharia para Construção de Rodovias Rurais (2ª Etapa) visando a Pavimentação da BR-235/BA.

UASG: Modalidade de licitação: Concorrência

Data da publicação: 24/02/2010 Tipo de licitação ou critérios de julgamento: Técnica e

preço

Data da abertura da documentação:

12/04/2010

Valor estimado: R$ 1.790.353,38

Quantidade de propostas classificadas:

Observações:

Lotes I e II. Valor se refere ao Lote II (Segmento: km 282,0 – km 357,4).

1.4. Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da

fiscalização.

2013 2014 2015

Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Fiscobras)? Não Não Não

Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não Não

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53 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

2. Deliberações do TCU

A listagem poderá conter deliberações de processos já encerrados.

Processo de interesse (deliberações até a data de início da auditoria)

Não há deliberações para os processos de interesse até a data de início da auditoria.

Processo de interesse (deliberações após a data de início da auditoria)

Não há deliberações até a emissão desse relatório.

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54 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

APÊNDICE E - Achados de outras fiscalizações

Não há achados de outras fiscalizações pendentes de solução ou saneados.

APÊNDICE F - Achados reclassificados após a conclusão da fiscalização

1. Achados desta fiscalização

1.1. (IGP) Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo

mole e execução de colchão de areia (TC 025.760/2016-5)

Objeto: Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA,

no segmento km 282,0 - km 357,4., Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda.

Este achado está sendo tratado no processo 025.760/2016-5 e teve sua gravidade alterada de

pIGP para IGP por meio do despacho do Exmº Sr. Ministro Relator Augusto Sherman, em

23/05/2017.

1.2. (IGP) Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -

Substituição de subleito (TC 025.760/2016-5)

Objeto: Contrato 05 00202/2014, 1/4/2014, Execução das obras de construção da BR-235/BA,

no segmento km 282,0 - km 357,4., Paviservice Servicos de Pavimentacao Ltda.

Este achado está sendo tratado no processo 025.760/2016-5 e teve sua gravidade alterada de

pIGP para IGP por meio do despacho do Exmº Sr. Ministro Relator Augusto Sherman, em

23/05/2017.

1.3. (IGP) Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo

mole e execução de colchão de areia (TC 025.760/2016-5)

Objeto: Contrato 05 00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-

235/BA., Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

Este achado está sendo tratado no processo 025.760/2016-5 e teve sua gravidade alterada de

pIGP para IGP por meio do despacho do Exmº Sr. Ministro Relator Augusto Sherman, em

23/05/2017.

1.4. (IGP) Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários -

Substituição de subleito (TC 025.760/2016-5)

Objeto: Contrato 05 00239/2014, 5/6/2014, Supervisão das obras de construção da BR-

235/BA., Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

Este achado está sendo tratado no processo 025.760/2016-5 e teve sua gravidade alterada de

pIGP para IGP por meio do despacho do Exmº Sr. Ministro Relator Augusto Sherman, em

23/05/2017.

2. Achados de outras fiscalizações

2.1. Não há.

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55 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

Page 56: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

56 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

APÊNDICE G - Despachos

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil

Processo: 025.760/2016-5

Fiscalização: 404/2016

Objetivo: avaliar as medidas adotadas

pela Administração nas fases de

planejamento, contratação e execução do

empreendimento destinadas à garantia da

qualidade final da obra

DESPACHO

Manifesto-me de acordo com a proposta da equipe de auditoria, constante de peça anterior.

Em 30 de março de 2017. Encaminhe-se ao secretário.

Page 57: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

57 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria Geral de Controle Externo

Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil

Processo: 025.760/2016-5

Fiscalização: 404/2016

Objetivo: avaliar as medidas adotadas

pela Administração nas fases de

planejamento, contratação e execução do

empreendimento destinadas à garantia da

qualidade final da obra

DESPACHO

Em conformidade com o disposto no art. 14, § 5º, da Resolução-TCU 280/2016, fica dispensado o envio

do relatório desta fiscalização para comentários do gestor, considerando que foram apontados indícios

de irregularidades graves com recomendação de paralisação.

Manifesto-me de acordo com o relatório lançado pela equipe de auditoria, que contou com a anuência

do supervisor da ação de controle. Dessa maneira, concordo com a tipificação das duas primeiras

irregularidades como pIGP (proposta de indício de irregularidade grave com recomendação de

paralisação), conforme entendimento esposado no art. 2º, inciso VIII, da Resolução-TCU 280/2016 e

por enquadramento no art. 121, §1º, inciso IV, da Lei 13.408/2016 (LDO/2017).

Ademais, avalio como pertinente a proposta de adoção de medida cautelar a fim de suspender a execução

dos serviços no trecho especificado da rodovia, tendo em vista a explanação do problema apresentada

no corpo do relatório. Avalio como presentes os pressupostos da fumaça do bom direito e do perigo da

demora. Ainda que o trecho esteja com execução paralisada por outros motivos, há a possibilidade de

que os problemas que causaram a interrupção dos serviços sejam resolvidos, com a consequente

retomada da obra e o agravamento dos prejuízos apontados. Por outro lado, creio não haver o perigo da

demora reverso, justamente pelo fato de a obra já se encontrar paralisada no trecho em comento, sem

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58 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

notícia de maiores transtornos para os usuários.

A Resolução-TCU 280/2016, em seu art. 14, confere competência ao titular da unidade técnica para

colher a manifestação preliminar do órgão responsável pela realização da obra com pIGP, antes do envio

do relatório ao Gabinete do Ministro Relator. No entanto, ao proceder à leitura do art. 15 do normativo,

entende-se pela necessidade de submeter a proposta de medida cautelar ao presidente do processo, ainda

que o § 1º possa induzir à compreensão de que o secretário estaria autorizado a colher a oitiva do órgão

sobre a cautelar, no mesmo prazo de quinze dias concedido para a manifestação da pIGP. Tal

entendimento não prospera, pois como a prerrogativa de determinar a adoção de medida cautelar é

exclusiva do relator, do Presidente ou do Plenário (art. 276 do RI/TCU), a oitiva feita com base no

aludido § 1º seria, na verdade, a oitiva prévia prevista no art. 276, § 2º, do RI/TCU, com prazo máximo

de até cinco dias úteis, o que inviabiliza a concessão do prazo de quinze dias previsto na resolução.

Assim sendo, submete-se ao crivo do Ministro Relator a proposta alvitrada pela equipe, na forma abaixo

transcrita, com a supressão dos encaminhamentos sobre os demais achados, a serem feitos após a

deliberação sobre as pIGP, conforme orienta a Resolução-TCU 280/2016 em seus arts. 21 e 22:

a) determinar, cautelarmente, nos termos do art. 276, caput, do Regimento Interno/TCU, ao

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que suspenda a execução dos serviços objeto

do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA – km 282,0 ao km 357,4),

especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 – km 338,7);

b) determinar, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Departamento

Nacional de Infraestrutura de Transportes, para, no prazo de quinze dias, manifestar-se sobre os fatos

que ensejam a medida cautelar supra, especialmente quanto aos serviços de remoção de solo mole e de

camada drenante de areia, não executados ou executados em desacordo com o previsto na 1ª RPFO, bem

como quanto à pertinência da solução proposta na 1ª RPFO;

c) determinar, nos termos do art. 276, § 3º, do Regimento Interno/TCU, a oitiva do Consórcio

Paviservice/SVC, para, no prazo de quinze dias, querendo, manifestar-se sobre os fatos que ensejam a

medida cautelar supra, encaminhando à parte o relatório de fiscalização;

d) encaminhar, conforme disposto no art. 14 da Resolução TCU nº 280/2016, ao Departamento Nacional

de Infraestrutura de Transportes, o relatório de fiscalização para manifestação preliminar, no prazo

improrrogável de quinze dias, acerca dos indícios de irregularidades tipificados como pIGP (proposta

de indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação – Achado III.1: Superfaturamento

pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia; e

Achado III.2: Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de

subleito); e

e) comunicar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, nos termos do art. 14, §§ 1º,

2º e 4º, da Resolução TCU nº 280/2016, que:

e.1) o Tribunal de Contas da União, mediante decisão monocrática ou colegiada, poderá classificar os

Page 59: RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO · 2017-11-03 · quantificáveis desta auditoria é de R$ R$ 16.921.527,10, sendo R$ 16.209.530,72 com data- base 3/2013 e R$ 711.996,38 com data-base

59 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

achados como IGP (indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação) e encaminhar as

informações pertinentes ao Congresso Nacional, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias;

e.2) os achados poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave com recomendação

de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção de valores a serem

pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos potenciais ao erário,

nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre o indício relatado, nos termos da Lei

de Diretrizes Orçamentárias; e

e.3) a unidade técnica devolverá ao remetente a documentação entregue fora do prazo previsto no item

“ d” supra, para evitar o descumprimento do prazo determinado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias,

ressaltando-se que o gestor poderá exercer o seu direito de defesa nas etapas processuais posteriores, em

conformidade com a Lei 8.443, de 16 de julho de 1992, e com o Regimento Interno do TCU.

Em 30 de março de 2017. Encaminhe-se ao Gab. do Min. Subst. Augusto Sherman.

____________________________________________________________

Luiz Fernando Ururahy de Souza

Secretário de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil

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60 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

ANEXO A - Deliberações

TC 025.760/2016-5

Natureza: Relatório de Auditoria

Unidade Jurisdicionada: Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes.

Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes (04.892.707/0001-00); Paviservice

Serviços de Pavimentação Ltda (01.397.753/0001-45); Svc

Construções Ltda (01.543.722/0001-55)

DESPACHO

Trata-se de relatório de auditoria realizada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil (SeinfraRodoviaAviação) nas obras de construção da BR-235-BA – km

282 ao km 357,4, objeto do contrato firmado entre o Dnit e o Consórcio Paviservice/SVC.

I

2. Consoante exposto pela equipe de fiscalização no Relatório de Fiscalização 404/2016 (peça

27), antes do início das obras contratadas o segmento de 75 km de rodovia apresentava uma implantação

consolidada, parte em leito natural e parte com revestimento asfáltico.

3. As obras em questão estão abrangidas pelo Contrato 05.00202/2014, celebrado a partir do

resultado da licitação relativa ao Edital RDC-Presencial 702/2013-05, cujo regime de execução é a

empreitada por preço global. O orçamento de referência do Dnit para fins de licitação foi de

R$ 100.701.492,76 (3/2013), e o Consórcio Paviservice/SVC sagrou-se vencedor com uma proposta de

preço no valor global de R$ 100.660.000,00 (3/2013), com desconto de 0,04%.

4. A fiscalização da obra no âmbito do Dnit, por sua vez, é realizada por servidor da autarquia,

com o auxílio da empresa supervisora Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme Contrato

05.00239/2014.

5. Consta dos autos que no decorrer das obras foi formalizado o 1º Termo Aditivo ao Contrato

05.00202/2014, fundamentado na 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras - RPFO, aprovada em

7/12/2015 pelo Coordenador Geral de Construção Rodoviária – DIR/DNIT. Dentre as alterações

promovidas na 1ª RPFO evidenciam-se as seguintes:

5.1 - deslocamento da plataforma da rodovia para direita entre os km 334,5 (est. 2625) e km

338,7 (est. 2835), em razão de terem sido verificadas interferências da plataforma projetada com uma

linha de distribuição de energia elétrica e com um canal de irrigação;

5.2 - inclusão dos serviços de remoção de solo mole e execução de camada drenante, entre

os km 334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est. 2835), uma vez que a nova plataforma estaria localizada sobre

um trecho com presença de solo mole;

5.3 - acréscimos nas alturas dos aterros ao longo do segmento, de maneira a viabilizar a

execução dos bueiros de drenagem, uma vez que as alturas de aterro previstas originalmente não

permitiam a adequada implantação desses dispositivos;

5.4 - deslocamento da posição do canteiro de obras e das usinas de solos e de CBUQ,

acarretando alterações nas distâncias médias de transporte - DMTs dos insumos; e

5.5 - implantação de um segmento de 1,4 km para proporcionar melhorias na interligação

entre o final do trecho (est. 3325) e a área urbana de Juazeiro/BA.

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61 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

6. As alterações promovidas pela revisão de projeto resultaram acréscimo de R$ 9.630.675,23

(3/2013) no valor do Contrato 05.00202/2014, que passou a ter um valor global de R$ 110.290.675,23.

7. Por ocasião da realização dos trabalhos (8/9/216 a 28/10/2016) a obra encontrava-se com

84,9% de execução, conforme Relatório Geral do Contrato 05.00202/2014, obtido no Sistema de

Acompanhamento de Contratos do Dnit – Siac. Na oportunidade, sete achados foram reportados pela

equipe de fiscalização em seu relatório, concluído em 29/3/2017 (peça 27):

7.1 - Achado III.1 (pIGP) - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia (prejuízo estimado em cerca de 6,4% do valor do

contrato, a preços iniciais), equivalente a R$ 7.017.467,91 (3/2013);

7.2 – Achado III.2 (pIGP) – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito (prejuízo estimado em cerca de 7,7% do valor do contrato, a

preços iniciais), equivalente ao montante de R$ 8.487.330,40 (3/2013);

7.3 – Achado III.3 (pIGC) - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto

em Fase de Obras (prejuízo estimado em cerca de 0,6% do valor do contrato, a preços iniciais),

equivalente a R$ 660.778,06 (3/2013);

7.4 – Achado III.4 (pIGC) - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente (prejuízo estimado em face dos próprios valores pagos à executora do projeto

executivo, considerado deficiente; serviços impugnados pela equipe: R$ 711.996,38 de um contrato de

R$ 1.000.128,36);

7.5 – Achado III.5 (pIGC) - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

7.6 – Achado III.6 (pIGC) – Ausência de efetividade das ações promovidas pela

Administração para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e

7.7 – Achado III.7 (pIGC) – Paralisação injustificada de frentes de serviço.

8. Consoante exposto no relatório de auditoria, os achados III.1 e III.2 foram tipificados como

pIGP (proposta de indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação). Para o Achado

III.1 a SeinfraRodoviaAviação também propôs a adoção de medida cautelar inaudita altera pars com

vistas a que o Dnit suspendesse a execução dos serviços objeto do contrato 05.00202/2014 (obras de

construção da BR-235/BA – km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento de quatro

quilômetros compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 – km 338,7), com fundamento no art.

276 do Regimento Interno/TCU, procedendo-se, em seguida, às oitivas do Dnit e do Consórcio executor.

9. Informaram os auditores, ainda, que a execução dos serviços no referido trecho objeto da

proposta de cautelar estava paralisada ao tempo da realização da fiscalização, em razão da necessidade

de resolução das questões relativas às interferências relativas às linhas de distribuição de eletricidade.

Todavia, tal fato não influiria no perigo de lesão e risco de ineficácia de decisão de mérito, porquanto os

serviços poderiam ser retomados por completo quando da resolução dessas questões, agravando as

irregularidades apontadas no achado, mantendo-se, na visão deles, os requisitos ensejadores da cautelar.

10. Submetidas as proposições da secretaria a este Relator, proferi despacho constante da peça

31 destes autos, no dia 4/4/2017, no qual manifestei-me no sentido de que deveria ser colhida a oitiva

prévia junto ao Dnit e empresas integrantes do consórcio executor, nos termos do § 2º do art. 276 do

Regimento Interno/TCU, no prazo de cinco dias úteis, notadamente porque não havia informações

atualizadas sobre a execução das obras no trecho, uma vez que desde a fiscalização empreendida in loco

pelos auditores, até a conclusão do relatório e elaboração das propostas pelo titular da unidade técnica,

em 31/3/2017, passaram-se mais de 5 meses, bem assim, considerando que o relatório preliminar não

foi submetido aos gestores.

11. Consignei, ainda, que, previamente à eventual adoção da cautelar pleiteada pela secretaria,

deveria ser realizada a oitiva regimental, de forma a propiciar, neste caso, tanto o contraditório sobre os

fatos reputados de urgente intervenção cautelar por este Tribunal, como a busca de informações mais

atualizadas sobre o trecho em execução (diligência), e sobre as medidas encetadas ou efetivamente

executadas pelo Dnit e empresas executoras para eventual correção dos problemas apontados pela

equipe, haja vista que no relatório produzido pelos auditores havia indicação de ciência prévia, por parte

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62 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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do Dnit, sobre o indício de irregularidade apontado bem como da adoção de algumas providências, ainda

que incipientes ou preliminares, em face das constatações havidas durante a fiscalização realizada na

presença dos envolvidos com a realização das obras.

12. Assim, determinei, preliminarmente, a realização de oitiva prévia do Dnit e das empresas

integrantes do Consórcio Paviservise/SVC, para que, no prazo regimental, apresentassem as

manifestações que entendessem pertinentes quanto ao Achado III.1 – Superfaturamento pela medição

de serviços não executados – Remoção de solo mole e execução de colchão de areia no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 km 338,7 da Rodovia BR-135/BA), objeto do

Contrato 05.00202/2014, reportado no relatório da Fiscalização 404/2016, constante deste processo,

informando-se a eles sobre a possibilidade de este Tribunal vir a adotar medida cautelar suspensiva da

execução dos serviços ou de retenção de valores, caso presentes os requisitos ensejadores da medida.

Determinei, ainda, o envio, ao Dnit, de cópia do relatório da Fiscalização 404/2016, objeto deste

processo, para manifestação preliminar, no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias, acerca dos indícios

de irregularidades tipificados como pIGP e a realização de diligência com vistas a que informasse sobre

o estágio atual de execução das obras do trecho informado no Achado III.1 do relatório de auditoria,

bem assim, sobre o estágio de execução total das obras, e respectivos pagamentos efetuados, incluindo

informação sobre o saldo contratual pendente de pagamento.

13. Após o cumprimento das medidas por mim determinadas, vieram aos autos as alegações do

Dnit e das empresas consorciadas, bem assim informações mais atuais sobre a execução das obras e

sobre a situação do contrato em questão. Quanto a essas, o Dnit apresentou um Relatório-Geral do

Contrato, emitido em 11/4/2017, no qual demonstra que foram medidos R$ 95.424.618,19 a preços

iniciais, que representam 86,52% do valor total do contrato (R$ 110.290.675,23), além do histórico das

medições realizadas e um relatório da situação dos processos de pagamento, informando a existência de

saldo a executar de R$ 14.866.057,02, a preços iniciais. Relativamente ao trecho situado no segmento

de 4,2 km de extensão, localizado entre o km 334,5 e o km 338,7 da BR-235/BA, as informações

constantes de documento da empresa supervisora das obras são de que teria sido realizada a correção da

camada drenante no segmento, apontada como de composição irregular pela equipe, mediante a

escavação do material existente e substituição por areia conforme indicação do projeto, respeitando suas

cotas e larguras. Já teria sido realizada, segundo ela, a terraplenagem em toda a extensão do segmento.

Este se encontraria, atualmente, em cota de regularização de subleito.

14. Em que pese o refazimento de parte dos serviços no referido trecho, a análise empreendida

pela SeinfraRodoviaAviação, em sua derradeira instrução de peça 49 destes autos, corroborada pelo

pronunciamento dos dirigentes (peças 50/51) em face dos argumentos apresentados pelas partes,

conduziu ao entendimento daquela especializada no sentido do não saneamento integral dos indícios de

irregularidades apontados no “Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados

– Remoção de solo mole e execução de colchão de areia” no segmento compreendido entre as estacas

2625 e 2835, razão pela qual, além da manutenção da pIGP, manteve-se a proposição de adoção de

medida cautelar suspensiva da execução dos serviços naquele trecho.

15. A justificativa para a manutenção de tal proposição reside no entendimento dos auditores

daquela Seinfra de que o indício não foi sanado. Persistiria, na visão dos auditores, indício de que a

liquidação e o posterior pagamento ocorreram sem a prévia comprovação da remoção da camada de solo

mole prevista na primeira revisão do projeto em fase de obra, bem como não teria sido demonstrada a

comprovação da real necessidade de utilização de areia lavada de rio na camada denominada drenante.

16. O periculum in mora reside, na visão dos auditores, no fato de que a continuidade da

execução das obras no trecho, com a realização das camadas de subleito e pavimentação sem a

comprovação efetiva da remoção da camada de solo mole, caso esta de fato tenha existido (aqui há

dúvidas da secretaria quanto à efetiva existência, volume e extensão), tende a comprometer a qualidade

do pavimento, pois a eventual existência de resquícios de solo mole sob a camada de areia executada

poderia comprometer a estabilidade do corpo estradal. Seria então necessário a realização de estudo com

o intuito de traçar o perfil geotécnico do segmento executado, a fim de se concluir sobre a efetiva situação

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63 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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do trecho no que tange tanto à existência de solo mole a esta altura, como para fins de comprovação de

sua remoção, nos termos constantes da revisão de projeto.

17. Assim, justifica a secretaria que “o perigo da demora só estará afastado se for constatada

a inexistência de solo mole sob a plataforma da rodovia ou se, constatada a existência de solo mole,

sejam feitos os serviços que se avalie como necessários para solucionar adequadamente o problema”.

18. Quanto ao segundo achado, que contém também proposição de IGP – “Achado III.2 (pIGP)

– Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de subleito”, a

unidade técnica destes Tribunal, da mesma forma mantém sua proposição de manutenção de IGP,

conforme as razões aduzidas à peça 49.

19. Assim, como resultado da análise empreendida, a secretaria especializada em obras

rodoviárias propõe a adoção de cautelar suspensiva dos serviços, especificamente no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835, a oitiva do Dnit e das empresas envolvidas com os achados

apontados (todos os sete achados e não apenas os relativos à pIGP), e a expedição de comunicação à

Comissão Mista do Congresso Nacional, nos termos do art. 19 da Resolução TCU 280/2016, em face da

manutenção das proposições de IPG para os achados III.1 e III.2 do relatório de auditoria.

II

20. Feito esse resumo, PASSO A DECIDIR.

21. Acerca do “Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia”, colhe-se da instrução derradeira e da peça 42,

que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de remoção

de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de consultor

especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a observação do tipo

de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e sobras de solos moles,

e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do horizonte geológico do

seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de jazida. Aduz, nesse sentido,

que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma sintética dos registros de

sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de sondagem rotativa à percussão.

22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz que

“37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a solução

proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a existência da

camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada. Além disso, ao

contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de medição apresentam

desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de solo mole, já que não se

nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20, p. 60-98 e no exemplo

mostrado na Figura 1.”

23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos pelas

construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua

substituição por areia, ao expor que:

“38. Mesmo os laudos das sondagens apresentados pelo consórcio construtor (peça 47, p.

41-52), as quais, frise-se, foram realizadas após a execução dos serviços, não comprovam a existência

prévia e tampouco a posterior remoção de solo mole na forma indicada no projeto. Os laudos

apresentam os resultados de sondagens realizadas em quatro pontos localizados às margens do

segmento executado (estacas 2646, 2698, 2746 e 2796). Em dois desses pontos (estacas 2646 e 2698),

não se evidenciou a existência de solo mole nos termos da normatização do Dnit, já que os laudos

demonstram não haver material cujo índice de resistência à penetração (NSPT) o classifique como

mole. Importa observar que, conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos

Rodoviários – Instruções para acompanhamento e análise – Publicação IPR-739/2010, p. 417, ‘devem

ser considerados solos moles materiais de alta compressibilidade, ricos em matéria orgânica e cujo

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64 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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NSPT seja inferior a 4’ (grifou-se). O não atendimento a um dos requisitos caracterizadores

estabelecidos para enquadramento na classificação, qual seja, NSPT inferior a 4, já demonstra que foi

equivocada a indicação na 1ª RPFO de que haveria solo mole ao longo de todo o segmento.

39. Ademais, a Figura 1 apresentada acima demonstra que a camada drenante foi executada

sobre o perfil do terreno natural, em cota acima da que havia sido prevista na 1ª RPFO. Ou seja, a

seção executada como demonstrado na Figura 1 supra (a qual é compatível com a situação verificada

em campo pela equipe de auditoria) indica que não houve remoção de material sob a camada drenante.

40. Por outro lado, as fotografias apresentadas sugerem que possa ter havido a retirada de

algum material ao longo do segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835. Entretanto, se

houve, os quantitativos removidos certamente são inferiores aos previstos na 1ª RPFO e pagos no

Contrato 05.00202/2014, mesmo porque essa escavação não está demonstrada nas seções transversais

apresentadas nas medições (ver Figura 1). Uma possibilidade é que esse material removido tenha sido

decorrente da limpeza da camada vegetal superficial sobre a qual foi executada a camada drenante.

41. Nesse sentido, para que se chegue a uma conclusão sobre os quantitativos de material de

fato removidos, entende-se ser necessária a realização de um estudo, possivelmente mediante a

realização de sondagens tanto na plataforma executada quanto nas margens, de modo a permitir

traçar-se um perfil geotécnico do local. Considera-se pertinente que esse estudo seja conduzido pelo

Dnit, ressaltando-se a necessidade de que este Tribunal seja informado sobre o período de realização

das sondagens, com antecedência mínima de quinze dias, para que avalie a conveniência e

oportunidade de designar um representante para acompanhá-las.” (grifei)

24. Diante desse arrazoado, e das evidências até aqui produzidas, exerço juízo de

verossimilhança sobre as evidências produzidas pela equipe da SeinfraRodoviaAviação acerca da

proposição de adoção da cautelar.

25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi capaz

de apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do próprio Dnit,

a efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a apresentação

apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem rotativa à

percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de medição, que não

apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela remoção da camada

de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da proposição da unidade técnica,

no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido trecho, mantendo-se ainda a proposição

de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de resguardar o erário e a futura qualidade construtiva

do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração do traçado na 1ª RPFO.

26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à

Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício n. 393/2017/GAB/DNIT-BA, no qual a Superintendência

Regional do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução

oferecida pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:

“(...)

2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União -

TCU, relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC n. 025.760/2016-5.

3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA -

Lote 5 para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao

relato do Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme determinado no Ofício n° 391/2017/GAB/DNIT-BA (Anexo I),

que realize um estudo geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do

segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico

do segmento executado, e assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma

executada e os quantitativos de material de fato removidos.

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65 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia

Ltda, conforme o Ofício n° 392/2017/GAB/DNIT-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os

estudos a serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das

determinações do Tribunal de Contas da União - TCU.

5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício n. 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo

III), informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e

os ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-

235/BA.

6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo

Tribunal de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC n°

025.760/2016-5, informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.”

27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar a

apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não

trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação dessas,

tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser revertidas caso

se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos defensores da correção dos

procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.

28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade de

acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do “item f.1.1” da proposta

de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida unidade técnica

proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA, na forma que

entender mais pertinente.

29. Relativamente ao segundo achado, que contém também proposição de IGP – “Achado III.2

(pIGP) – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de

subleito”, também estou de acordo com a proposição da secretaria, que se fundamenta no disposto no no

art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. VIII da Resolução TCU nº

280/2016.

30. Em relação a esse achado, a equipe de fiscalização reportou a existência de indícios de

medição e pagamento indevidos referentes a serviços de substituição de subleito, previstos em

segmentos para os quais não haveria a necessidade de sua realização, sobretudo em locais apresentando

alturas de aterro superiores a um metro. O montante estimado desse pagamento indevido foi de R$

8.487.330,40 (3/2013).

31. Segundo reportado pela equipe da SeinfraRodoviaAviação, as Diretrizes Básicas para

Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários – Instruções para acompanhamento e análise – Publicação

IPR-739/2010, p. 400, preveem que o processo de substituição de subleito deve ser previsto nos casos

em que os solos do subleito apresentam Índice de Suporte Califórnia - ISC menor que ISC de projeto e

expansão maior que 2% e que, nesses casos, deve ser previsto o rebaixo do material e sua substituição,

considerando uma espessura máxima de reposição igual a 60 cm, ou tratamento/estabilização dos solos

do subleito. E, nos casos do solo subleito apresentar ISC inferior a 2%, a espessura do rebaixo deve

alcançar um metro, conforme o Manual de Pavimentação – Publicação IPR-719/2006, p. 147.

32. Explicam que o rebaixo e a consequente substituição de solo do subleito visam garantir que

os últimos 60 cm da terraplenagem (acabamento da terraplenagem) apresentem ISC maior ou igual ao

ISC de projeto e expansão inferior a 2%. E, dessa forma, espera-se que a execução de rebaixo e

substituição do material de subleito ocorra em segmentos com corte ou com aterros menores que 60 cm,

que apresentem ISC menor que ISC de projeto e/ou expansão maior que 2%. Ocorre que segundo os

auditores da Seinfra, nos trechos em aterro, são esperadas a execução de rebaixo e substituição do

material do terreno natural apenas quando o aterro for menor que 60 cm (no caso de o terreno natural

apresentar ISC < ISCprojeto ou expansão > 2%) ou menor do que 1 m (no caso de o terreno natural

apresentar ISC < 2%). Porém, essas premissas não teriam sido seguidas nas obras da BR-235/BA, uma

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66 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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vez que em diversos locais com presença de aterros significativos, inclusive com alturas superiores a 1

metro, previu-se o rebaixo e a substituição do subleito, sendo que esse erro permaneceu na 1ª RPFO e

teria sido agravado nessa revisão em razão de acréscimo das alturas dos aterros ao longo do segmento

ali referido, mantendo-se os volumes de rebaixo e substituição do subleito.

33. Dessa forma, tem-se duas situações, a meu ver: a) houve erro de projeto que previu a

execução de serviço desnecessário, mas que foi executado pela empresa, resultando na prática de ato

antieconômico em prejuízo ao erário, porém sem locupletamento por parte da empresa executora na

execução desses (de qualquer forma o Dnit teria licitado, medido e pago por serviços desnecessários);

ou b) houve erro de projeto que previu a execução de serviço desnecessário, o qual foi medido e pago

em razão de constar da planilha de obra, sem a prestação efetiva do serviço por parte da empresa, eis

que desnecessário, resultando em prejuízo ao erário e pagamento por serviço não realizado, o que me

parece a conclusão mais plausível com a qual a equipe da Seinfra trabalhou neste processo, uma vez que

sinaliza como providência para o saneamento a adoção de medidas administrativas visando reaver o

prejuízo ao erário já consumado.

34. De qualquer forma, o prejuízo estimado, da ordem de R$ 8,47 milhões, decorrente da

superestimativas de rebaixos com substituição de subleito, é grave e recomenda a paralisação do aporte

de recursos à obra, ou a retenção dos valores enquanto se discute e se apura tal prejuízo. Saliento, todavia,

em face da possibilidade de continuidade das obras com retenção de valores, que consoante dispõe o no

art. 121, § 1º, inciso V da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. V da Resolução TCU nº

280/2016, classifica-se como indício de irregularidade grave com recomendação de retenção parcial de

valores (IGR) aquele que, embora atenda à conceituação de IGP permite a continuidade da obra, desde

que haja autorização do contratado para retenção de valores a serem pagos ou a apresentação de garantias

suficientes para prevenir o possível dano ao erário, até a decisão de mérito sobre o indício relatado, e

que até o momento não houve autorização do contratado para tal retenção ou apresentação de garantia,

em que pese este Relator haver determinado, no despacho de peça 31, que fossem adotadas as seguintes

providências:

“12.3 – seja comunicado ao Dnit, nos termos do art. 14, §§ 1º, 2º e 4º, da Resolução TCU nº

280/2016, que:

12.3.1 - na hipótese de a manifestação preliminar apresentada não elidir os indícios de

irregularidades relativos aos Achados III.1 e III.2, o Tribunal de Contas da União, mediante decisão

monocrática ou colegiada, poderá classificar referidos achados como IGP (indício de irregularidade

grave com recomendação de paralisação) e encaminhar as informações pertinentes ao Congresso

Nacional, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias;

12.3.2 - os achados poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave

com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção

de valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre o indício

relatado, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias; e

(...)

12.5 – seja enviada ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio executor, além de cópia

do relatório de fiscalização, também cópia do pronunciamento do titular da unidade técnica e cópia

deste Despacho.

35. Sem embargo, entendo que a partir da confirmação do IGP, torna-se necessário seja

novamente dada ciência às empresas envolvidas sobre essa possibilidade de alteração de IGP para IGR,

caso haja concordância com a retenção de valores ou apresentação de garantias, conforme definiu a

LDO.

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67 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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36. Quanto aos demais achados, cujos apontamentos são detalhados na instrução da

SeinfraRodoviaAviação, os quais receberam a proposta de classificação do tipo IGC, entendo que são

adequadas as proposições preliminares de realização de oitiva das partes envolvidas, razão pela qual

também acolho as medidas alvitradas.

37. Assim, diante do exposto, acolhendo as proposições da SeinfraRodoviaAviação

fundamentadas que estão no relatório e instrução lá produzidos, considerando a insuficiência das

alegações apresentadas para o afastamento integral dos indícios de irregularidades apontados em sede

de oitiva prévia determinada por este Relator, DETERMINO:

37.1. cautelarmente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit, com

fundamento nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal, 45 da Lei 8.443/1992 e 276, caput, do

Regimento Interno/TCU, que suspenda a execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014

(obras de construção da BR-235/BA – km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 – km 338,7), em razão dos indícios de

irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela

medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.2. seja realizada a oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –

Dnit, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, com vistas a que, no prazo de

quinze dias, apresente razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar

adotada por este Tribunal, bem assim, relativamente a todos os demais achados consignados no relatório

de auditoria da equipe de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:

37.2.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.2.2. Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

37.2.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase

de Obras;

37.2.4. Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente;

37.2.5. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo

com o previsto em projeto;

37.2.6. Achado III.6 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração

para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e

37.2.7. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

37.3. seja realizada a oitiva das empresas integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com

fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias,

apresentem razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar adotada por

este Tribunal, bem assim, relativamente aos achados consignados no relatório de auditoria da equipe de

fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:

37.3.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.3.2. Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

37.3.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase

de Obras;

37.3.4. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

37.4. seja realizada a oitiva da empresa JDS Engenharia e Consultoria, com fundamento no

art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste, se assim

desejar, sobre o indício de irregularidade tratado no Achado III.4 - Superfaturamento em razão de

medição e pagamento de projeto executivo deficiente;

37.5. seja realizada a oitiva da empresa Direção Consultoria e Engenharia Ltda., com

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68 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se

manifeste, se assim desejar, sobre os seguintes indícios de irregularidade apontados no relatório de

fiscalização da SeinfraRodoviaAviação:

37.5.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.5.2. Achado III.2 – Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

37.5.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase

de Obras;

37.5.4. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo

com o previsto em projeto;

37.5.5. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

37.6. seja remetida comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização do Congresso Nacional, em cumprimento ao art. 19 da Resolução TCU nº 280/2016, com

vistas a informar que foram detectados indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do §

1º do art. 121 da LDO/2017) no Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA – km

282,0 ao km 357,4), tendo sido estimado potencial dano ao erário de R$ 15.548.752,66, e que seu

saneamento depende da adoção das seguintes medidas pelo Dnit:

37.6.1. quanto ao achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados

- Remoção de solo mole e execução de colchão de areia:

37.6.1.1. realização de estudos geotécnicos no segmento compreendido entre as estacas 2625

e 2835 (km 334,5 – km 338,7), que permitam concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma

executada e os quantitativos de material de fato removidos, a ser realizado sob acompanhamento de

Auditor Federal de Controle Externo pertencente aos quadros da secretaria deste Tribunal;

37.6.1.2. refazimento dos serviços, caso constatado comprometimento da estabilidade do

corpo estradal;

37.6.1.3. adoção das medidas administrativas visando à recuperação do prejuízo ao Erário;

37.6.2. quanto ao achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito: a adoção das medidas administrativas para reaver o prejuízo

ao Erário já consumado;

37.7. dê-se ciência ao Dnit da comunicação a que se refere o subitem anterior, enviando-se-

lhe, ainda, cópia do inteiro teor deste despacho bem como cópia da instrução e pareceres de peças 49/51;

37.8. dê-se ciência deste despacho às empresas integrantes do consórcio Paviservice/SVC e

às demais empresas arroladas nas oitivas determinadas, enviando-se-lhes, ainda, cópia das peças 49/51;

37.9. seja comunicado ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio que os achados III.1

e III.2, ora classificados como IGP, poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave

com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção

de valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre os indícios de

irregularidades graves com paralisação aqui mencionados, nos termos da Lei de Diretrizes

Orçamentárias,

37.10. à Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias e de Aviação Civil que proceda ao

acompanhamento dos procedimentos informados pelo Dnit no Ofício nº 393/2017/GAB/DNIT-BA

(peça 52) podendo valer-se do auxílio da Secex/BA na realização de tal trabalho de acompanhamento,

que deverá ser realizado com a participação de Auditor Federal de Controle Externo com conhecimentos

na área de especialidade dessa unidade técnica especializada;

37.11. sejam os autos restituídos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e

de Aviação Civil para as comunicações e demais providências a seu cargo, respeitando-se o que dispõe

o art. 19, § 1º, da Resolução TCU 280/2016.

À SeinfraRodoviaAviação.

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69 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

Brasília, 23 de maio de 2017.

(Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Relator

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70 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

GRUPO II - CLASSE I - Plenário

TC-025.760/2016-5

Natureza: Agravo (em Relatório de Auditoria)

Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes (04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda.

(32.963.001/0001-28); JDS - Engenharia e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-

59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC

Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)

Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-

45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55), empresas integrantes do

Consórcio Paviservice/SVC.

Representação legal: Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando

Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda.; Paulo

Aristóteles Amador de Sousa, representando Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes.

SUMÁRIO: AGRAVO CONTRA MEDIDA CAUTELAR. OBRAS DE

CONSTRUÇÃO RODOVIÁRIA NO ESTADO DA BAHIA. SUSPENSÃO DA

EXECUÇÃO CONTRATUAL NO ESPECÍFICO TRECHO

COMPREENDIDO ENTRE AS ESTACAS 2625 E 2835 NOS KM 334,5 A KM

338,7 DA BR-235/BA. INDÍCIOS DE SUPERFATURAMENTO PELA

MEDIÇÃO DE SERVIÇOS NÃO REALIZADOS. CONHECIMENTO.

NEGATIVA DE PROVIMENTO.

1. Os recursos manejados contra decisão de natureza cautelar proferida pelo

TCU devem ser recebidos sem efeito suspensivo, conforme aplicação subsidiária

do CPC (art. 520 da Lei 5.869/1973 e art. 1.012, § 1º, da Lei 13.105/2015), e o

disposto na Resolução TCU 36/1995.

2. Ademais, por dedução lógica, nem se poderia admitir efeito suspensivo aos

recursos e agravos interpostos contra as medidas cautelares, pois significaria, em

termos práticos, cancelar a medida acautelatória antes mesmo da apreciação dos

argumentos apresentados pelos interessados, conforme os precedentes Acórdãos

2.483/2013 e 488/2017, ambos do Plenário.

RELATÓRIO

Trata-se de agravo interposto pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e

SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo,

em face de medida cautelar adotada por meio de despacho deste relator proferido à peça 53 destes autos,

referendado pelo Plenário deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017 (peça 55).

2. Para melhor compreensão da matéria, cuido primeiramente de reproduzir o teor do despacho

proferido, no qual foi determinada a suspensão cautelar da execução de parcela de obra objeto de

contrato celebrado entre as recorrentes e o Dnit, sobre o qual se insurgem referidas empresas:

“Trata-se de relatório de auditoria realizada pela Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura

Rodoviária e de Aviação Civil (SeinfraRodoviaAviação) nas obras de construção da BR-235-BA -

km 282 ao km 357,4, objeto do contrato firmado entre o Dnit e o Consórcio Paviservice/SVC.

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71 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

I

2. Consoante exposto pela equipe de fiscalização no Relatório de Fiscalização 404/2016

(peça 27), antes do início das obras contratadas o segmento de 75 km de rodovia apresentava uma

implantação consolidada, parte em leito natural e parte com revestimento asfáltico.

3. As obras em questão estão abrangidas pelo Contrato 05.00202/2014, celebrado a partir

do resultado da licitação relativa ao Edital RDC-Presencial 702/2013-05, cujo regime de execução é

a empreitada por preço global. O orçamento de referência do Dnit para fins de licitação foi de

R$ 100.701.492,76 (3/2013), e o Consórcio Paviservice/SVC sagrou-se vencedor com uma proposta

de preço no valor global de R$ 100.660.000,00 (3/2013), com desconto de 0,04%.

4. A fiscalização da obra no âmbito do Dnit, por sua vez, é realizada por servidor da

autarquia, com o auxílio da empresa supervisora Direção Consultoria e Engenharia Ltda., conforme

Contrato 05.00239/2014.

5. Consta dos autos que no decorrer das obras foi formalizado o 1º Termo Aditivo ao

Contrato 05.00202/2014, fundamentado na 1ª Revisão de Projeto em Fase de Obras - RPFO, aprovada

em 7/12/2015 pelo Coordenador-Geral de Construção Rodoviária - DIR/Dnit. Dentre as alterações

promovidas na 1ª RPFO evidenciam-se as seguintes:

5.1 - deslocamento da plataforma da rodovia para direita entre os km 334,5 (est. 2625) e km

338,7 (est. 2835), em razão de terem sido verificadas interferências da plataforma projetada com uma

linha de distribuição de energia elétrica e com um canal de irrigação;

5.2 - inclusão dos serviços de remoção de solo mole e execução de camada drenante, entre

os km 334,5 (est. 2625) e km 338,7 (est. 2835), uma vez que a nova plataforma estaria localizada

sobre um trecho com presença de solo mole;

5.3 - acréscimos nas alturas dos aterros ao longo do segmento, de maneira a viabilizar a

execução dos bueiros de drenagem, uma vez que as alturas de aterro previstas originalmente não

permitiam a adequada implantação desses dispositivos;

5.4 - deslocamento da posição do canteiro de obras e das usinas de solos e de CBUQ,

acarretando alterações nas distâncias médias de transporte - DMTs dos insumos; e

5.5 - implantação de um segmento de 1,4 km para proporcionar melhorias na interligação

entre o final do trecho (est. 3325) e a área urbana de Juazeiro/BA.

6. As alterações promovidas pela revisão de projeto resultaram acréscimo de

R$ 9.630.675,23 (3/2013) no valor do Contrato 05.00202/2014, que passou a ter um valor global de

R$ 110.290.675,23.

7. Por ocasião da realização dos trabalhos (8/9/216 a 28/10/2016) a obra encontrava-se com

84,9% de execução, conforme Relatório Geral do Contrato 05.00202/2014, obtido no Sistema de

Acompanhamento de Contratos do Dnit - Siac. Na oportunidade, sete achados foram reportados pela

equipe de fiscalização em seu relatório, concluído em 29/3/2017 (peça 27):

7.1 - Achado III.1 (pIGP) - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia (prejuízo estimado em cerca de 6,4% do valor

do contrato, a preços iniciais), equivalente a R$ 7.017.467,91 (3/2013);

7.2 - Achado III.2 (pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito (prejuízo estimado em cerca de 7,7% do valor do contrato,

a preços iniciais), equivalente ao montante de R$ 8.487.330,40 (3/2013);

7.3 - Achado III.3 (pIGC) - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em

Fase de Obras (prejuízo estimado em cerca de 0,6% do valor do contrato, a preços iniciais),

equivalente a R$ 660.778,06 (3/2013);

7.4 - Achado III.4 (pIGC) - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente (prejuízo estimado em face dos próprios valores pagos à executora do projeto

executivo, considerado deficiente; serviços impugnados pela equipe: R$ 711.996,38 de um contrato

de R$ 1.000.128,36);

7.5 - Achado III.5 (pIGC) - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em

desacordo com o previsto em projeto;

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72 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

7.6 - Achado III.6 (pIGC) - Ausência de efetividade das ações promovidas pela

Administração para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e

7.7 - Achado III.7 (pIGC) - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

8. Consoante exposto no relatório de auditoria, os achados III.1 e III.2 foram tipificados

como pIGP (proposta de indício de irregularidade grave com recomendação de paralisação). Para o

Achado III.1 a SeinfraRodoviaAviação também propôs a adoção de medida cautelar inaudita altera

pars com vistas a que o Dnit suspendesse a execução dos serviços objeto do contrato 05.00202/2014

(obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento de quatro

quilômetros compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), com fundamento no

art. 276 do Regimento Interno/TCU, procedendo-se, em seguida, às oitivas do Dnit e do Consórcio

executor.

9. Informaram os auditores, ainda, que a execução dos serviços no referido trecho objeto da

proposta de cautelar estava paralisada ao tempo da realização da fiscalização, em razão da

necessidade de resolução das questões relativas às interferências relativas às linhas de distribuição de

eletricidade. Todavia, tal fato não influiria no perigo de lesão e risco de ineficácia de decisão de

mérito, porquanto os serviços poderiam ser retomados por completo quando da resolução dessas

questões, agravando as irregularidades apontadas no achado, mantendo-se, na visão deles, os

requisitos ensejadores da cautelar.

10. Submetidas as proposições da secretaria a este Relator, proferi despacho constante da

peça 31 destes autos, no dia 4/4/2017, no qual manifestei-me no sentido de que deveria ser colhida a

oitiva prévia junto ao Dnit e empresas integrantes do consórcio executor, nos termos do § 2º do art.

276 do Regimento Interno/TCU, no prazo de cinco dias úteis, notadamente porque não havia

informações atualizadas sobre a execução das obras no trecho, uma vez que desde a fiscalização

empreendida in loco pelos auditores, até a conclusão do relatório e elaboração das propostas pelo

titular da unidade técnica, em 31/3/2017, passaram-se mais de 5 meses, bem assim, considerando que

o relatório preliminar não foi submetido aos gestores.

11. Consignei, ainda, que, previamente à eventual adoção da cautelar pleiteada pela

secretaria, deveria ser realizada a oitiva regimental, de forma a propiciar, neste caso, tanto o

contraditório sobre os fatos reputados de urgente intervenção cautelar por este Tribunal, como a busca

de informações mais atualizadas sobre o trecho em execução (diligência), e sobre as medidas

encetadas ou efetivamente executadas pelo Dnit e empresas executoras para eventual correção dos

problemas apontados pela equipe, haja vista que no relatório produzido pelos auditores havia

indicação de ciência prévia, por parte do Dnit, sobre o indício de irregularidade apontado bem como

da adoção de algumas providências, ainda que incipientes ou preliminares, em face das constatações

havidas durante a fiscalização realizada na presença dos envolvidos com a realização das obras.

12. Assim, determinei, preliminarmente, a realização de oitiva prévia do Dnit e das empresas

integrantes do Consórcio Paviservise/SVC, para que, no prazo regimental, apresentassem as

manifestações que entendessem pertinentes quanto ao Achado III.1 - Superfaturamento pela medição

de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 km 338,7 da Rodovia BR-135/BA), objeto do

Contrato 05.00202/2014, reportado no relatório da Fiscalização 404/2016, constante deste processo,

informando-se a eles sobre a possibilidade de este Tribunal vir a adotar medida cautelar suspensiva

da execução dos serviços ou de retenção de valores, caso presentes os requisitos ensejadores da

medida. Determinei, ainda, o envio, ao Dnit, de cópia do relatório da Fiscalização 404/2016, objeto

deste processo, para manifestação preliminar, no prazo improrrogável de quinze dias, acerca dos

indícios de irregularidades tipificados como pIGP e a realização de diligência com vistas a que

informasse sobre o estágio atual de execução das obras do trecho informado no Achado III.1 do

relatório de auditoria, bem assim, sobre o estágio de execução total das obras, e respectivos

pagamentos efetuados, incluindo informação sobre o saldo contratual pendente de pagamento.

13. Após o cumprimento das medidas por mim determinadas, vieram aos autos as alegações

do Dnit e das empresas consorciadas, bem assim informações mais atuais sobre a execução das obras

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73 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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e sobre a situação do contrato em questão. Quanto a essas, o Dnit apresentou um Relatório-Geral do

Contrato, emitido em 11/4/2017, no qual demonstra que foram medidos R$ 95.424.618,19 a preços

iniciais, que representam 86,52% do valor total do contrato (R$ 110.290.675,23), além do histórico

das medições realizadas e um relatório da situação dos processos de pagamento, informando a

existência de saldo a executar de R$ 14.866.057,02, a preços iniciais. Relativamente ao trecho situado

no segmento de 4,2 km de extensão, localizado entre o km 334,5 e o km 338,7 da BR-235/BA, as

informações constantes de documento da empresa supervisora das obras são de que teria sido

realizada a correção da camada drenante no segmento, apontada como de composição irregular pela

equipe, mediante a escavação do material existente e substituição por areia conforme indicação do

projeto, respeitando suas cotas e larguras. Já teria sido realizada, segundo ela, a terraplenagem em

toda a extensão do segmento. Este se encontraria, atualmente, em cota de regularização de subleito.

14. Em que pese o refazimento de parte dos serviços no referido trecho, a análise

empreendida pela SeinfraRodoviaAviação, em sua derradeira instrução de peça 49 destes autos,

corroborada pelo pronunciamento dos dirigentes (peças 50/51) em face dos argumentos apresentados

pelas partes, conduziu ao entendimento daquela especializada no sentido do não saneamento integral

dos indícios de irregularidades apontados no ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de

serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’ no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835, razão pela qual, além da manutenção da pIGP, manteve-

se a proposição de adoção de medida cautelar suspensiva da execução dos serviços naquele

trecho.

15. A justificativa para a manutenção de tal proposição reside no entendimento dos auditores

daquela Seinfra de que o indício não foi sanado. Persistiria, na visão dos auditores, indício de que a

liquidação e o posterior pagamento ocorreram sem a prévia comprovação da remoção da camada de

solo mole prevista na primeira revisão do projeto em fase de obra, bem como não teria sido

demonstrada a comprovação da real necessidade de utilização de areia lavada de rio na camada

denominada drenante.

16. O periculum in mora reside, na visão dos auditores, no fato de que a continuidade da

execução das obras no trecho, com a realização das camadas de subleito e pavimentação sem a

comprovação efetiva da remoção da camada de solo mole, caso esta de fato tenha existido (aqui há

dúvidas da secretaria quanto à efetiva existência, volume e extensão), tende a comprometer a

qualidade do pavimento, pois a eventual existência de resquícios de solo mole sob a camada de areia

executada poderia comprometer a estabilidade do corpo estradal. Seria então necessário a realização

de estudo com o intuito de traçar o perfil geotécnico do segmento executado, a fim de se concluir

sobre a efetiva situação do trecho no que tange tanto à existência de solo mole a esta altura, como

para fins de comprovação de sua remoção, nos termos constantes da revisão de projeto.

17. Assim, justifica a secretaria que ‘o perigo da demora só estará afastado se for constatada

a inexistência de solo mole sob a plataforma da rodovia ou se, constatada a existência de solo mole,

sejam feitos os serviços que se avalie como necessários para solucionar adequadamente o problema’.

18. Quanto ao segundo achado, que contém também proposição de IGP - ‘Achado III.2

(pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição de

subleito’, a unidade técnica deste Tribunal, da mesma forma mantém sua proposição de manutenção

de IGP, conforme as razões aduzidas à peça 49.

19. Assim, como resultado da análise empreendida, a secretaria especializada em obras

rodoviárias propõe a adoção de cautelar suspensiva dos serviços, especificamente no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835, a oitiva do Dnit e das empresas envolvidas com os

achados apontados (todos os sete achados e não apenas os relativos à pIGP), e a expedição de

comunicação à Comissão Mista do Congresso Nacional, nos termos do art. 19 da Resolução TCU

280/2016, em face da manutenção das proposições de IGP para os achados III.1 e III.2 do relatório

de auditoria.

II

20. Feito esse resumo, PASSO A DECIDIR.

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74 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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21. Acerca do ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’, colhe-se da instrução derradeira e da peça

42, que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de

remoção de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de

consultor especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a

observação do tipo de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e

sobras de solos moles, e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do

horizonte geológico do seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de

jazida. Aduz, nesse sentido, que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma

sintética dos registros de sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de

sondagem rotativa à percussão.

22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz

que ‘37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a

solução proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a

existência da camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada.

Além disso, ao contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de

medição apresentam desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de

solo mole, já que não se nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20,

p. 60-98 e no exemplo mostrado na Figura 1.’

23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos

pelas construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua

substituição por areia, ao expor que:

‘38. Mesmo os laudos das sondagens apresentados pelo consórcio construtor (peça 47, p. 41-

52), as quais, frise-se, foram realizadas após a execução dos serviços, não comprovam a existência

prévia e tampouco a posterior remoção de solo mole na forma indicada no projeto. Os laudos

apresentam os resultados de sondagens realizadas em quatro pontos localizados às margens do

segmento executado (estacas 2646, 2698, 2746 e 2796). Em dois desses pontos (estacas 2646 e 2698),

não se evidenciou a existência de solo mole nos termos da normatização do Dnit, já que os laudos

demonstram não haver material cujo índice de resistência à penetração (NSPT) o classifique como

mole. Importa observar que, conforme as Diretrizes Básicas para Elaboração de Estudos e Projetos

Rodoviários - Instruções para acompanhamento e análise - Publicação IPR-739/2010, p. 417, ‘devem

ser considerados solos moles materiais de alta compressibilidade, ricos em matéria orgânica e cujo

NSPT seja inferior a 4’ (grifou-se). O não atendimento a um dos requisitos caracterizadores

estabelecidos para enquadramento na classificação, qual seja, NSPT inferior a 4, já demonstra que foi

equivocada a indicação na 1ª RPFO de que haveria solo mole ao longo de todo o segmento.

39. Ademais, a Figura 1 apresentada acima demonstra que a camada drenante foi executada

sobre o perfil do terreno natural, em cota acima da que havia sido prevista na 1ª RPFO. Ou seja, a

seção executada como demonstrado na Figura 1 supra (a qual é compatível com a situação verificada

em campo pela equipe de auditoria) indica que não houve remoção de material sob a camada drenante.

40. Por outro lado, as fotografias apresentadas sugerem que possa ter havido a retirada de

algum material ao longo do segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835. Entretanto, se

houve, os quantitativos removidos certamente são inferiores aos previstos na 1ª RPFO e pagos no

Contrato 05.00202/2014, mesmo porque essa escavação não está demonstrada nas seções transversais

apresentadas nas medições (ver Figura 1). Uma possibilidade é que esse material removido tenha sido

decorrente da limpeza da camada vegetal superficial sobre a qual foi executada a camada drenante.

41. Nesse sentido, para que se chegue a uma conclusão sobre os quantitativos de material de

fato removidos, entende-se ser necessária a realização de um estudo, possivelmente mediante a

realização de sondagens tanto na plataforma executada quanto nas margens, de modo a permitir

traçar-se um perfil geotécnico do local. Considera-se pertinente que esse estudo seja conduzido pelo

Dnit, ressaltando-se a necessidade de que este Tribunal seja informado sobre o período de realização

das sondagens, com antecedência mínima de quinze dias, para que avalie a conveniência e

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75 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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oportunidade de designar um representante para acompanhá-las.’ (grifei)

24. Diante desse arrazoado, e das evidências até aqui produzidas, exerço juízo de

verossimilhança sobre as evidências produzidas pela equipe da SeinfraRodoviaAviação acerca da

proposição de adoção da cautelar.

25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi

capaz de apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do

próprio Dnit, a efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a

apresentação apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem

rotativa à percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de

medição, que não apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela

remoção da camada de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da

proposição da unidade técnica, no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido

trecho, mantendo-se ainda a proposição de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de

resguardar o erário e a futura qualidade construtiva do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração

do traçado na 1ª RPFO.

26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à

Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA, no qual a Superintendência Regional

do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução oferecida

pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:

‘ (...)

2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União -

TCU, relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5.

3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA -

Lote 5 para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao

relato do Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme determinado no Ofício 391/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo I), que

realize um estudo geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do

segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico

do segmento executado, e assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma

executada e os quantitativos de material de fato removidos.

4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia

Ltda., conforme o Ofício 392/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os estudos a

serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das determinações do

Tribunal de Contas da União - TCU.

5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo III),

informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e os

ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-

235/BA.

6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo

Tribunal de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-

025.760/2016-5, informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.’

27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar

a apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não

trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação

dessas, tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser

revertidas caso se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos

defensores da correção dos procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.

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76 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade

de acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do ‘item f.1.1’ da

proposta de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida

unidade técnica proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA,

na forma que entender mais pertinente.

29. Relativamente ao segundo achado, que contém também proposição de IGP - ‘Achado

III.2 (pIGP) - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços desnecessários - Substituição

de subleito’, também estou de acordo com a proposição da secretaria, que se fundamenta no disposto

no no art. 121, § 1º, inciso IV da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. VIII da Resolução

TCU 280/2016.

30. Em relação a esse achado, a equipe de fiscalização reportou a existência de indícios de

medição e pagamento indevidos referentes a serviços de substituição de subleito, previstos em

segmentos para os quais não haveria a necessidade de sua realização, sobretudo em locais

apresentando alturas de aterro superiores a um metro. O montante estimado desse pagamento

indevido foi de R$ 8.487.330,40 (3/2013).

31. Segundo reportado pela equipe da SeinfraRodoviaAviação, as Diretrizes Básicas para

Elaboração de Estudos e Projetos Rodoviários - Instruções para acompanhamento e análise -

Publicação IPR-739/2010, p. 400, preveem que o processo de substituição de subleito deve ser

previsto nos casos em que os solos do subleito apresentam Índice de Suporte Califórnia - ISC menor

que ISC de projeto e expansão maior que 2% e que, nesses casos, deve ser previsto o rebaixo do

material e sua substituição, considerando uma espessura máxima de reposição igual a 60 cm, ou

tratamento/estabilização dos solos do subleito. E, nos casos do solo subleito apresentar ISC inferior

a 2%, a espessura do rebaixo deve alcançar um metro, conforme o Manual de Pavimentação -

Publicação IPR-719/2006, p. 147.

32. Explicam que o rebaixo e a consequente substituição de solo do subleito visam garantir

que os últimos 60 cm da terraplenagem (acabamento da terraplenagem) apresentem ISC maior ou

igual ao ISC de projeto e expansão inferior a 2%. E, dessa forma, espera-se que a execução de rebaixo

e substituição do material de subleito ocorra em segmentos com corte ou com aterros menores que

60 cm, que apresentem ISC menor que ISC de projeto e/ou expansão maior que 2%. Ocorre que

segundo os auditores da Seinfra, nos trechos em aterro, são esperadas a execução de rebaixo e

substituição do material do terreno natural apenas quando o aterro for menor que 60 cm (no caso de

o terreno natural apresentar ISC < ISCprojeto ou expansão > 2%) ou menor do que 1 m (no caso de

o terreno natural apresentar ISC < 2%). Porém, essas premissas não teriam sido seguidas nas obras

da BR-235/BA, uma vez que em diversos locais com presença de aterros significativos, inclusive com

alturas superiores a 1 metro, previu-se o rebaixo e a substituição do subleito, sendo que esse erro

permaneceu na 1ª RPFO e teria sido agravado nessa revisão em razão de acréscimo das alturas dos

aterros ao longo do segmento ali referido, mantendo-se os volumes de rebaixo e substituição do

subleito.

33. Dessa forma, tem-se duas situações, a meu ver: a) houve erro de projeto que previu a

execução de serviço desnecessário, mas que foi executado pela empresa, resultando na prática de ato

antieconômico em prejuízo ao erário, porém sem locupletamento por parte da empresa executora na

execução desses (de qualquer forma o Dnit teria licitado, medido e pago por serviços desnecessários);

ou b) houve erro de projeto que previu a execução de serviço desnecessário, o qual foi medido e pago

em razão de constar da planilha de obra, sem a prestação efetiva do serviço por parte da empresa, eis

que desnecessário, resultando em prejuízo ao erário e pagamento por serviço não realizado, o que me

parece a conclusão mais plausível com a qual a equipe da Seinfra trabalhou neste processo, uma vez

que sinaliza como providência para o saneamento a adoção de medidas administrativas visando reaver

o prejuízo ao erário já consumado.

34. De qualquer forma, o prejuízo estimado, da ordem de R$ 8,47 milhões, decorrente da

superestimativas de rebaixos com substituição de subleito, é grave e recomenda a paralisação do

aporte de recursos à obra, ou a retenção dos valores enquanto se discute e se apura tal prejuízo.

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77 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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Saliento, todavia, em face da possibilidade de continuidade das obras com retenção de valores, que

consoante dispõe o no art. 121, § 1º, inciso V da Lei 13.408/2016 (LDO/2017) c/c o art. 2º, inc. V da

Resolução TCU 280/2016, classifica-se como indício de irregularidade grave com recomendação de

retenção parcial de valores (IGR) aquele que, embora atenda à conceituação de IGP permite a

continuidade da obra, desde que haja autorização do contratado para retenção de valores a serem

pagos ou a apresentação de garantias suficientes para prevenir o possível dano ao erário, até a decisão

de mérito sobre o indício relatado, e que até o momento não houve autorização do contratado para tal

retenção ou apresentação de garantia, em que pese este Relator haver determinado, no despacho de

peça 31, que fossem adotadas as seguintes providências:

‘12.3 - seja comunicado ao Dnit, nos termos do art. 14, §§ 1º, 2º e 4º, da Resolução TCU

280/2016, que:

12.3.1 - na hipótese de a manifestação preliminar apresentada não elidir os indícios de

irregularidades relativos aos Achados III.1 e III.2, o Tribunal de Contas da União, mediante decisão

monocrática ou colegiada, poderá classificar referidos achados como IGP (indício de irregularidade

grave com recomendação de paralisação) e encaminhar as informações pertinentes ao Congresso

Nacional, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias;

12.3.2 - os achados poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade grave

com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para retenção

de valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos prejuízos

potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre o indício

relatado, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias; e

(...)

12.5 - seja enviada ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio executor, além de cópia

do relatório de fiscalização, também cópia do pronunciamento do titular da unidade técnica e cópia

deste Despacho.’

35. Sem embargo, entendo que a partir da confirmação do IGP, torna-se necessário seja

novamente dada ciência às empresas envolvidas sobre essa possibilidade de alteração de IGP para

IGR, caso haja concordância com a retenção de valores ou apresentação de garantias, conforme

definiu a LDO.

36. Quanto aos demais achados, cujos apontamentos são detalhados na instrução da

SeinfraRodoviaAviação, os quais receberam a proposta de classificação do tipo IGC, entendo que são

adequadas as proposições preliminares de realização de oitiva das partes envolvidas, razão pela qual

também acolho as medidas alvitradas.

37. Assim, diante do exposto, acolhendo as proposições da SeinfraRodoviaAviação

fundamentadas que estão no relatório e instrução lá produzidos, considerando a insuficiência das

alegações apresentadas para o afastamento integral dos indícios de irregularidades apontados em sede

de oitiva prévia determinada por este Relator, DETERMINO:

37.1. cautelarmente ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - Dnit, com

fundamento nos arts. 71, inciso IX, da Constituição Federal, 45 da Lei 8.443/1992 e 276, caput, do

Regimento Interno/TCU, que suspenda a execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014

(obras de construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento

compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), em razão dos indícios de

irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela

medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.2. seja realizada a oitiva do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes -

Dnit, com fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, com vistas a que, no prazo

de quinze dias, apresente razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar

adotada por este Tribunal, bem assim, relativamente a todos os demais achados consignados no

relatório de auditoria da equipe de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:

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78 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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37.2.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.2.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

37.2.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase

de Obras;

37.2.4. Achado III.4 - Superfaturamento em razão de medição e pagamento de projeto

executivo deficiente;

37.2.5. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo

com o previsto em projeto;

37.2.6. Achado III.6 - Ausência de efetividade das ações promovidas pela Administração

para solucionar questões relativas a desapropriações e remoções de interferências; e

37.2.7. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

37.3. seja realizada a oitiva das empresas integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com

fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias,

apresentem razões que entender necessárias e pertinentes ao exame de mérito da cautelar adotada por

este Tribunal, bem assim, relativamente aos achados consignados no relatório de auditoria da equipe

de fiscalização da SeinfraRodoviaAviação, assim indicados:

37.3.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.3.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

37.3.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase

de Obras;

37.3.4. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço;

37.4. seja realizada a oitiva da empresa JDS Engenharia e Consultoria, com fundamento no

art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se manifeste, se

assim desejar, sobre o indício de irregularidade tratado no Achado III.4 - Superfaturamento em razão

de medição e pagamento de projeto executivo deficiente;

37.5. seja realizada a oitiva da empresa Direção Consultoria e Engenharia Ltda., com

fundamento no art. 250, inciso V, do Regimento Interno/TCU, para que, no prazo de quinze dias, se

manifeste, se assim desejar, sobre os seguintes indícios de irregularidade apontados no relatório de

fiscalização da SeinfraRodoviaAviação:

37.5.1. Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia;

37.5.2. Achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito;

37.5.3. Achado III.3 - Superfaturamento decorrente de falhas na Revisão de Projeto em Fase

de Obras;

37.5.4. Achado III.5 - Falhas da fiscalização/supervisão - Serviços executados em desacordo

com o previsto em projeto;

37.5.5. Achado III.7 - Paralisação injustificada de frentes de serviço.

37.6. seja remetida comunicação à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e

Fiscalização do Congresso Nacional, em cumprimento ao art. 19 da Resolução TCU 280/2016, com

vistas a informar que foram detectados indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso IV do

§ 1º do art. 121 da LDO/2017) no Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km

282,0 ao km 357,4), tendo sido estimado potencial dano ao erário de R$ 15.548.752,66, e que seu

saneamento depende da adoção das seguintes medidas pelo Dnit:

37.6.1. quanto ao achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados

- Remoção de solo mole e execução de colchão de areia:

37.6.1.1. realização de estudos geotécnicos no segmento compreendido entre as estacas 2625

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79 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

e 2835 (km 334,5 - km 338,7), que permitam concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma

executada e os quantitativos de material de fato removidos, a ser realizado sob acompanhamento de

Auditor Federal de Controle Externo pertencente aos quadros da secretaria deste Tribunal;

37.6.1.2. refazimento dos serviços, caso constatado comprometimento da estabilidade do

corpo estradal;

37.6.1.3. adoção das medidas administrativas visando à recuperação do prejuízo ao Erário;

37.6.2. quanto ao achado III.2 - Superfaturamento por medição e pagamento de serviços

desnecessários - Substituição de subleito: a adoção das medidas administrativas para reaver o prejuízo

ao Erário já consumado;

37.7. dê-se ciência ao Dnit da comunicação a que se refere o subitem anterior, enviando-se-

lhe, ainda, cópia do inteiro teor deste despacho bem como cópia da instrução e pareceres de peças

49/51;

37.8. dê-se ciência deste despacho às empresas integrantes do consórcio Paviservice/SVC e

às demais empresas arroladas nas oitivas determinadas, enviando-se-lhes, ainda, cópia das peças

49/51;

37.9. seja comunicado ao Dnit e às empresas integrantes do consórcio que os achados III.1

e III.2, ora classificados como IGP, poderão ser reclassificados para IGR (indício de irregularidade

grave com recomendação de retenção parcial de valores), caso haja autorização do contratado para

retenção de valores a serem pagos, ou apresentação de garantias suficientes à cobertura integral dos

prejuízos potenciais ao erário, nos termos da legislação pertinente, até a decisão de mérito sobre os

indícios de irregularidades graves com paralisação aqui mencionados, nos termos da Lei de Diretrizes

Orçamentárias,

37.10. à Secretaria de Fiscalização de Obras Rodoviárias e de Aviação Civil que proceda ao

acompanhamento dos procedimentos informados pelo Dnit no Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA (peça

52) podendo valer-se do auxílio da Secex/BA na realização de tal trabalho de acompanhamento, que

deverá ser realizado com a participação de Auditor Federal de Controle Externo com conhecimentos

na área de especialidade dessa unidade técnica especializada;

37.11. sejam os autos restituídos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e

de Aviação Civil para as comunicações e demais providências a seu cargo, respeitando-se o que

dispõe o art. 19, § 1º, da Resolução TCU 280/2016.”

3. Contra o referido despacho acautelatório as construtoras opuseram este agravo, cujas razões

recursais apresento, nos parágrafos seguintes, de forma resumida.

4. Aduzem que as obras se encontram em estágio avançado, com cerca de 95% dos serviços

concluídos e que deveriam ser concluídas em um prazo aproximado de sessenta dias.

5. Defendem que deveria ter sido adotada outra forma de cautela que não seja a paralisação dos

serviços. Entendem as agravantes que a cautelar adotada foi precipitada, já que novos estudos

geológicos, já contratados, e na iminência de serem realizados (3/7/2017), demonstrarão que houve não

só a remoção do solo mole, como também a aplicação de colchão de areia como previsto em projeto. As

cautelas que deveriam ter sido adotadas, em suas visões, já o foram pelo consórcio construtor e pelo

Dnit, inexistindo assim os pressupostos para aquela medida, tendo este Tribunal acabado por incorrer

em perigo reverso, ante o avançado estágio da obra.

6. O consórcio construtor aponta que houve a confirmação pelo Dnit da realização dos serviços,

e informa que a figura 1 trazida aos autos pela secretaria padece de falha técnica, vez que não reflete a

situação da estaca 2739, razão pela qual apresenta figura que demonstra a situação real da referida estaca.

Além do mais, não teriam só seguido os normativos do Dnit, como também demonstrada a existência de

solo mole no trecho questionado, fato que foi determinante para a realização de sua remoção e aplicação

de colchão de areia, conforme a primeira revisão do projeto em fase de obras.

7. Asseveram que no tocante à qualidade do material da camada drenante inspecionada pelos

auditores deste Tribunal, as amostras ensaiadas pela equipe de auditoria não foram examinadas em

quantidade representativa estatisticamente, que pudesse determinar o valor característico do equivalente

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80 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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de areia, e que o consórcio optou por refazer todo o serviço, ante a dúvida que pairava sobre a qualidade

da areia.

8. Quanto à existência de periculum in mora reverso, apontam os recorrentes que:

8.1 - o consórcio não só colaborou, como tem colaborado para que os serviços sejam

concluídos a contento, dentro da mais alta qualidade e regularidade;

8.2 - a paralisação dos serviços nesta etapa do empreendimento poderá causar sérios

prejuízos à sociedade e ao erário, já que o atual estágio de evolução das obras aponta para a

desnecessidade de adoção de uma medida cautelar que possa suspender a conclusão dos serviços, já que

todo o trabalho de ratificação da qualidade e dos custos dos serviços poderá ser realizado pelos auditores

após o término do empreendimento;

8.3 - já foi acertado pelo Dnit em comum acordo com o consórcio e com o conhecimento

dos auditores desta Corte de Contas, que serão realizados estudos geológicos, custeados pelo consórcio,

para demonstrar que não se sustentam os indícios de irregularidades apontados pela equipe de auditoria

no item III.1;

8.4 - haveria que se aguardar os resultados dos referidos estudos geológicos para que se

pudesse fazer juízo de valor sobre o que se supõe irregular no Achado III.1;

8.5 - os serviços de remoção de solo mole e execução de colchão de areia foram refeitos,

incontinenti, quando da realização da auditoria, há cerca de seis meses, e por sugestão da equipe técnica

deste TCU, que entendida não ter sido utilizado material de qualidade no primeiro serviço, de modo que

numa atitude proativa e de boa-fé, os trabalhos foram refeitos, com mínimo impacto ao empreendimento

que se encontra em seu final;

8.6 - no item “Limitações inerentes à auditoria” a própria secretaria reconheceu “limitações

de tempo” e de recursos utilizados na auditoria, asseverando que não foi possível realizar uma quantidade

de ensaios geotécnicos suficiente para a generalização dos resultados obtidos;

8.7 - seria essa uma demonstração clara de que o relatório de auditoria não conseguiu

demonstrar por meio de provas cabais a ocorrência de falhas por parte do consórcio, tanto assim que o

consórcio contratou estudos geotécnicos mais aprofundados para demonstrar a qualidade e comprovar a

realização dos serviços;

8.8 - não se deve deixar de considerar a importância socioeconômica do empreendimento,

que se interrompido neste momento deverá acarretar um cenário de total descontentamento para a região

e de elevadas perdas para o particular, para as economias local e regional, quanto para o erário, que terá

de retomar os serviços mais adiante, certamente, a um custo mais elevado.

9. Rogam por que seja revista a cautelar adotada em razão da já reconhecida alteração da

situação fática das obras, visto que necessário seria novamente que se conheça as obras para ver que não

deveriam mais persistir as preocupações da equipe de auditoria. Aduzem, nessa linha, que “já que vista

a obra há mais de seis meses pela equipe de auditoria, momento em que foram realçadas algumas

preocupações, e instadas as empresas, e até o Dnit, órgão contratante, houve notícia nos autos da

execução das obras de correção, exatamente no trecho questionado, ou seja, os km 334,5 e 338,7, com

clara alteração da situação de fato, que estava a conclamar nova visita antes que qualquer decisão

cautelar pudesse gerar prejuízo para a sociedade, uma vez que as obras encontram-se em avançado

estagio de realização (...)” (grifo no original).

10. Entendem, por fim, que a auditoria não avaliou as consequências para o contrato ao

recomendar sua paralisação, análise que deveria ter sido feita em função do volume contratado, volume

já executado e o que resta a ser feito, e mais ainda o que já foi refeito pelo consórcio.

11. Requerem, assim, a revogação da cautelar a fim de que, primeiramente, sejam concluídos os

novos estudos geotécnicos, além de permitir a conclusão total do empreendimento.

É o relatório.

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VOTO

Em exame, agravo interposto conjuntamente pelas empresas Paviservice Serviços de

Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido

de efeito suspensivo, em face de medida cautelar adotada por meio de despacho deste relator, proferido

à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017.

2. Preliminarmente, consigno que o agravo em questão preenche os requisitos de

admissibilidade previstos para seu conhecimento por este Tribunal, com fundamento no art. 289 do

RI/TCU.

I

3. Quanto ao pedido de efeito suspensivo, conquanto o § 4º do art. 289 do Regimento Interno

disponha que a critério do Presidente do Tribunal, do presidente de câmara ou do relator, conforme o

caso, poderá ser conferido efeito suspensivo ao agravo, em se tratando de medidas cautelares tal efeito

suspensivo encontra óbice nas disposições da Resolução TCU 36/1995, notadamente, no art. 24, segundo

o qual não tem efeito suspensivo os recursos e agravos interpostos contra as medidas cautelares previstas

nos arts. 18 a 21 do mesmo normativo, correspondentes àquelas dispostas na Lei 8.443/1992.

4. E nessa linha tem decidido esta Corte de Contas, como por exemplo restou evidenciado no

precedente Acórdão 2.438/2013 - Plenário, do qual se extrai o entendimento de que não têm efeito

suspensivo os recursos e agravos interpostos contra as medidas cautelares, pois, caso contrário,

significaria, em termos práticos, cancelar a medida acautelatória antes mesmo da apreciação dos

argumentos apresentados pelos interessados. No mesmo sentido decidiu este Tribunal ao apreciar o

Acórdão 488/2017 - Plenário, sob minha relatoria, no qual assentei o seguinte posicionamento no voto

que proferi ao conduzir aquela deliberação:

“14. O pedido de concessão de efeito suspensivo ao agravo, entretanto, não pode ser acolhido

por este Tribunal, pois tal medida significaria, na verdade, tornar sem efeito a medida acautelatória

antes mesmo da apreciação dos argumentos apresentados pelos interessados, conforme já decidiu esta

Casa por meio do Acórdão 2.438/2013-TCU-Plenário (Rel. o Ministro Raimundo Carreiro). Ademais,

há muito se entende dessa forma, consoante pode ser visto nos arts. 24 e 26 da Resolução/TCU 36/95,

os quais estabelecem que não têm efeito suspensivo os recursos interpostos contra as medidas

cautelares adotadas por esta Corte.

15. Ressalto, ademais, que na apreciação do TC-005.406/2013-7 (Acórdão 927/2016-TCU-

Plenário - relator Ministro Vital do Rêgo) ficou consignado que ’ os recursos que se prestem a atacar

deliberações de cunho cautelar devem ser recebidos sem efeito suspensivo, uma vez que, tanto o

antigo como o novo Código de Processo Civil, aplicados subsidiariamente aos processos desta Corte

por força da Súmula 103/TCU e do art. 298 do Regimento Interno/TCU, excepcionam este efeito

suspensivo em casos de a decisão atacada versar sobre concessão de medida cautelar, arts. 520 e

1.012, respectivamente’.”

5. Destarte, os recursos manejados contra decisão de natureza cautelar proferida pelo TCU

devem ser recebidos sem o referido efeito, conforme aplicação subsidiária do CPC (art. 520 Lei

5.869/1973 e art. 1.012, § 1º, da Lei 13.105/2015), e o disposto na Resolução TCU 36/1995.

II

6. No mérito, entendo que os argumentos ventilados na peça recursal não se revelam suficientes

ou capazes de provocar a revogação da medida cautelar como pretendido pelas agravantes.

7. Conforme pode ser lido no relatório precedente, a medida cautelar adotada consistiu em

determinar a suspensão da execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de

construção da BR-235/BA - km 282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento compreendido entre

as estacas 2625 e 2835 (km 334,5 - km 338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados nestes

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82 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

autos relativos ao item de Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados -

Remoção de solo mole e execução de colchão de areia.

8. Os recorrentes aduzem que a obra se encontra em estágio avançado, com cerca de 95% dos

serviços concluídos, e que deveriam ser concluídas em prazo aproximado de sessenta dias. Defendem

que deveria ter sido adotada outra forma de cautela em vez da paralisação dos serviços. Entendem ainda

que a cautelar adotada foi precipitada, já que novos estudos geológicos, já contratados, e na iminência

de serem realizados (3/7/2017), demonstrarão que houve não só a remoção do solo mole, como também

a aplicação de colchão de areia como previsto em projeto. As cautelas que deveriam ter sido adotadas,

em suas visões, já o foram pelo consórcio construtor e pelo Dnit, inexistindo assim os pressupostos para

aquela medida, tendo este Tribunal acabado por incorrer em perigo reverso, ante o avançado estágio da

obra.

9. Em linha diversa do alardeado pelos recorrentes, todavia, verifica-se que o estágio de sua

execução não foi ignorado pela decisão acautelatória, vez que a equipe de auditoria da

SeinfraRodoviaAviação informara, por ocasião da conclusão de seu relatório, que a obra se encontrava

com 84,9% de execução, ao tempo da realização dos trabalhos entre agosto e setembro de 2016.

Preocupado que estive com o andamento das mesmas, e considerando o transcurso de aproximadamente

seis meses desde a execução da auditoria até a conclusão do relatório, retornei os autos à secretaria para

que realizasse oitivas prévias, bem assim diligenciasse o Dnit em busca de informações mais atualizadas

sobre o estágio de execução, adotando medida de prudência e cautela, e não de precipitação como

asseveram as construtoras. E tais medidas constam expressamente registradas no Despacho decisório em

que fora adotada a cautelar, transcrito integralmente no relatório precedente.

10. Assim, em resposta, obtive a informação, em data próxima à adoção da cautelar, conforme

Relatório-Geral do Contrato, emitido em 11/4/2017, enviado pelo Dnit, de que a execução se encontrava

em cerca de 86,25% do valor total do contrato. O trecho objeto da cautelar, todavia, é que se situava em

estágio ainda intermediário, em razão dos problemas enfrentados ali, a exemplo da resolução de questões

relativas às interferências das linhas de distribuição de energia, estes informados no relatório de

auditoria, e à necessidade de refazimento de serviços, detectada pela equipe de fiscalização e,

aparentemente, acatada e executada pelo consórcio recorrente.

11. Não fossem os apontamentos também relativos à qualidade construtiva, como a remoção de

solos moles e execução de colchão de areia drenante, e fosse o caso de paralisar toda a extensão da

rodovia, não teria este Relator adotado a cautelar suspensiva da execução, preferindo, ao revés, adotar

cautelar de retenção de valores contratuais, de sorte a evitar a concretização de prejuízos financeiros.

Ocorre que a decisão levou em consideração o fato de que somente o trecho de pouco mais de 4 km seria

suspenso, seja em virtude de superfaturamento, seja em razão de indícios de inexecução da remoção de

camada de solo mole ou da execução de colchão drenante com areia de rio em descompasso com a

previsão da projetista, o que poderia afetar a qualidade construtiva.

12. A propósito, os novos estudos geológicos, já contratados, e na iminência de serem realizados,

consoante explicitado pelo recorrentes, também foram objeto de consideração no Despacho proferido,

e, ao revés do que tenciona indicar as agravantes, consistem em medidas adotadas pelo Dnit junto à

empresa, em face de apontamentos da própria auditoria deste Tribunal, após a constatação da

insuficiência dos registros de sondagem até então apresentados, conforme os seguintes excertos da

decisão singular que adotei e que resta integralmente transcrita no relatório precedente:

“21. Acerca do ‘Achado III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados

- Remoção de solo mole e execução de colchão de areia’, colhe-se da instrução derradeira e da peça

42, que o Dnit/SR-BA discorda das constatações da equipe de auditoria, aduzindo que o serviço de

remoção de solo mole no trecho de 4,2 km fora efetivamente realizado, conforme parecer técnico de

consultor especializado apresentado em 18/10/2014 e fotografias ali anexadas, além do que, a

observação do tipo de solo no entorno da área permitiria verificar que ainda existiriam resquícios e

sobras de solos moles, e as seções onde foram executados os serviços apresentam perfil diferente do

horizonte geológico do seu entorno, evidenciando a execução de aterro com material importado de

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83 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

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jazida. Aduz, nesse sentido, que teria seguido a IN Dnit DG 2/2015 e que teria apresentado uma forma

sintética dos registros de sondagem. Porém, reconhece que deixou de apresentar os perfis de

sondagem rotativa à percussão.

22. Nesse ponto, em linha oposta a essa argumentação, a unidade técnica especializada aduz

que ‘37. (...) não foram apresentados os ensaios de sondagem que supostamente teriam embasado a

solução proposta na 1ª RPFO, os quais, em princípio, poderiam comprovar, objetivamente, a

existência da camada de solo mole, e permitiriam inferir qual teria sido a dimensão dessa camada.

Além disso, ao contrário do que foi informado pela SR-Dnit/BA e pelo consórcio, os boletins de

medição apresentam desenhos de perfis que corroboram a constatação de ausência de remoção de

solo mole, já que não se nota alteração da cota do terreno natural, conforme se verifica na peça 20,

p. 60-98 e no exemplo mostrado na Figura 1.’

23. Além do mais, a unidade técnica é enfática sobre a ineficácia dos elementos aduzidos

pelas construtoras para fins de comprovação da existência e da retirada da camada de solo mole e sua

substituição por areia, (...omissis....):

(...omissis...)

25. Nesse juízo de cognição sumária, considerando que o contraditório exercido não foi

capaz de apontar, mediante a apresentação dos laudos de sondagem segundo normas técnicas do

próprio Dnit, a efetiva necessidade e execução dos serviços, vez que a própria autarquia reconhece a

apresentação apenas sintética dos registros de sondagem, sem demonstração dos perfis de sondagem

rotativa à percussão, e considerando que os elementos de peça 20, notadamente, os boletins de

medição, que não apresentam desenhos de perfis indicando a alteração da cota do terreno natural pela

remoção da camada de solo mole e substituição por areia, sou conduzido ao acolhimento da

proposição da unidade técnica, no sentido da suspensão cautelar da execução da obra no referido

trecho, mantendo-se ainda a proposição de IGP, com ciência ao Congresso Nacional, a fim de

resguardar o erário e a futura qualidade construtiva do trecho rodoviário em questão, fruto de alteração

do traçado na 1ª RPFO.

26. A propósito, estando os autos conclusos em meu Gabinete, foi protocolado junto à

Secex/BA, no dia 19/5/2017, o Ofício 393/2017/GAB/Dnit-BA, no qual a Superintendência Regional

do Dnit informa providências adicionais que adotou em face das conclusões da instrução oferecida

pela SeinfraRodoviaAviação, valendo transcrever aqui excerto de tal comunicação:

‘ (...)

2. Considerando a análise da oitiva prévia realizada pelo Tribunal de Contas da União -

TCU, relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-025.760/2016-5.

3. Considerando a grande importância da conclusão das obras da Rodovia BR- 235/BA -

Lote 5 para o Estado da Bahia como também para todos os usuários que dela utiliza e atendendo ao

relato do Sr. Auditor Lúcio Cardial Jacomini da SeinfraRodovia, solicitamos ao Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme determinado no Ofício 391/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo I), que

realize um estudo geotécnico, com sondagens e os ensaios necessários e cabíveis, ao longo do

segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835, com o intuito de traçar um perfil geotécnico

do segmento executado, e assim, permitir concluir sobre a existência de solo mole sob a plataforma

executada e os quantitativos de material de fato removidos.

4. Ato contínuo, solicitamos também à Supervisora DIREÇÃO Consultoria e Engenharia

Ltda., conforme o Ofício 392/2017/GAB/Dnit-BA (Anexo II), que acompanhe e ateste os estudos a

serem realizados pelo Consórcio PAVISERVICE / SVC, para o atendimento das determinações do

Tribunal de Contas da União - TCU.

5. Como resposta, e ação imediata ao determinado por este distinto Tribunal, o Consórcio

PAVISERVICE / SVC, conforme demonstrado no Ofício 215/2017/SEDE/BA-ENG (Anexo III),

informa que estará iniciando, a partir de 05/06/2017, os estudos geotécnicos, com sondagens e os

ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835 da Rodovia BR-

235/BA.

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84 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

Secretaria-Geral de Controle Externo Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária

6. Diante o exposto, e conforme determinado na análise da oitiva prévia realizada pelo

Tribunal de Contas da União - TCU relativo ao Relatório de Fiscalização referente ao TC-

025.760/2016-5, informamos que os ensaios de campo serão realizados, a partir de 05/06/2017.’

27. Dessarte, entendo que as medidas adotadas pelo Dnit, embora suficientes para propiciar

a apuração do indício de irregularidade apontado, com vistas à sua confirmação ou saneamento, não

trazem substancial modificação nas proposições alvitradas, pois resta evidenciada a adequação

dessas, tanto no que tange à cautelar quanto à proposição de IGP, medidas essas que poderão ser

revertidas caso se constate a adequação dos estudos às alegações outrora apresentadas pelos

defensores da correção dos procedimentos de projeto, execução e medição dos serviços realizados.

28. Todavia, considerando que a unidade técnica deste Tribunal sinaliza com a necessidade

de acompanhamento dos referidos trabalhos, conforme constou da parte final do ‘item f.1.1’ da

proposta de encaminhamento da derradeira instrução, entendo adequado determinar que a referida

unidade técnica proceda ao acompanhamento dos procedimentos com ou sem o auxílio da Secex/BA,

na forma que entender mais pertinente.”

13. Logo, determinei, diante da iniciativa do Dnit em solicitar a realização das sondagens

requeridas, que a unidade técnica especializada realizasse acompanhamento de tais estudos, com ou sem

o auxílio da unidade técnica regional, já se tendo inclusive notícia nos autos do início dos trabalhos de

fiscalização entre os dias 10/7 e 20/7/2017, consoante portarias anexadas aos autos às peças 76/77 e

informação constante do despacho do titular da SeinfraRodoviaAviação, à peça 75, segundo o qual “No

âmbito da Fiscalização 245/2017 será realizada inspeção nas obras de construção da BR-235/BA, de

maneira a viabilizar o acompanhamento dos procedimentos informados pelo Dnit no Ofício

393/2017/GAB/Dnit-BA (peça 52), em especial a realização de ensaios geotécnicos para obtenção dos

elementos técnicos necessários ao exame de mérito das irregularidades que justificaram a adoção da

medida cautelar, objeto da decisão alvo de recurso.”.

14. Logo, as alegações do consórcio, neste recurso, já referidas, bem como aquelas outras, de

que houve a confirmação pelo Dnit da realização dos serviços, de que a figura 1 trazida aos autos pela

secretaria padece de falha técnica, vez que não reflete a situação da estaca 2739, de que teriam seguido

os normativos do Dnit, e de que foi demonstrada a existência de solo mole no trecho questionado, não

se revelam suficientes para a revisão da cautelar, haja vista que não infirmam os apontamentos relativos

ao fumus boni juris, o qual somente restará afastado se os ensaios geotécnicos, sob fiscalização dos

auditores desta Corte, demonstrarem haver razão ao consórcio executor.

15. Até mesmo a alegação de que no tocante à qualidade do material da camada drenante

inspecionada pelos auditores deste Tribunal, as amostras ensaiadas pela equipe de auditoria não foram

examinadas em quantidade representativa estatisticamente, que pudesse determinar o valor característico

do equivalente de areia, somente receberá guarida, e conclusão definitiva, com a realização dos referidos

ensaios, que, em tese, já se encontram em andamento.

16. Inexiste, assim, a meu ver, também o alardeado periculum in mora reverso, porquanto a

colaboração do consórcio no deslinde da matéria enfrentada, com a realização dos estudos geológicos,

os quais seriam realizados ainda neste mês, somente tende a propiciar rápida resolução de mérito deste

processo, seja confirmando os prejuízos que a cautelar quis obstar o agravamento ou a concretização,

seja confirmando as alegações do Dnit e do consórcio, de modo a possibilitar, nesse caso, a revogação

da cautelar e a continuidade das obras no referido trecho.

17. Ora, é contraditório aos termos da cautelar o pedido formulado pelos recorrentes, no sentido

de que se aguardem os estudos geológicos para a adoção da medida, pois é a partir desses estudos que

se poderá formar a convicção, a devida certeza sobre a correção dos procedimentos de execução das

obras no referido trecho, de sorte a autorizar sua retomada. Medida de cautela, portanto, é aquela que

aguarda a conclusão dos estudos e o aval da equipe técnica de fiscalização deste Tribunal, não a que

revoga a cautelar e autoriza, previamente, sem conclusão de tais estudos, a continuidade da execução de

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obras no trecho, que poderá ensejar, inclusive, o seu refazimento, ou a devolução dos recursos ali

empregados indevidamente.

18. Por fim, vale dizer que a concomitância da atuação da equipe técnica deste Tribunal, na

fiscalização da realização dos estudos e ensaios no trecho em questão, propiciará o rápido deslinde das

questões debatidas nestes autos, seja no sentido da liberação das obras, seja no da adoção das medidas

corretivas necessárias, após os devidos apontamentos e contraditório das partes. A não ser que haja

resistência do próprio consócio construtor em aceitar os resultados dos ensaios geotécnicos que ora se

realizam ou se realizarão, e em adotar as medidas corretivas necessárias, sejam físicas ou contratuais,

vislumbro desfecho razoavelmente célere para estes autos, o que afasta também os supostos prejuízos

econômicos e sociais aventados pelos recorrentes a título de perigo reverso.

19. Encontrando-se o agravo em tela já incluído em pauta para julgamento, a Paviservice

Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., empresas integrantes do Consórcio

Paviservice/SVC, fizeram chegar memorial às minhas mãos, por meio do qual defendem o levantamento,

ainda que parcial, da Cautelar adotada sobre este feito. Verifico, no entanto, que, de novo, em relação

ao que já haviam argumentado em sua peça recursal, só consta a assertiva de que “os estudos geotécnicos,

com sondagens e os ensaios necessários para traçar um perfil geotécnico entre as estacas 2625 e 2835

da Rodovia BR-235/BA” já se iniciaram e que, em função dos levantamentos já realizados, a substituição

de solo mole por colchão de areia já restaria devidamente demonstrada para 1,2 Km dos 4,2 Km sob

questionamento, afirmação com base na qual requerem a liberação para que seja dada continuidade à

execução de, ao menos, 1,8 Km do trecho envolvido na medida ad cautelam. Referida informação,

contudo, não é acompanhada de qualquer elemento probatório.

20. Referido memorial ainda faz confusão entre o Achado de Auditoria III.1 (Superfaturamento

pela medição de serviços não executados – Remoção de solo mole e execução de colchão de areia),

objeto da cautelar em discussão, e o Achado de Auditoria III.2 (Superfaturamento por medição e

pagamento de serviços desnecessários – Substituição de subleito), como se ambos se referissem

exatamente ao mesmo trecho da estrada, com isso pretendendo defender-se que o suposto saneamento

de um significaria, igualmente, o saneamento do outro. Tal argumento, no entanto, funda-se em premissa

incorreta. No Despacho ora questionado, transcrito no item 2 do Relatório precedente, tive a

oportunidade de esclarecer que, enquanto o Achado III.1 se refere exclusivamente ao segmento entre as

estacas 2625 e 2835, o Achado III.2 corresponde a diversos segmentos da rodovia, sendo este último

atinente a prejuízo já concretizado, em relação ao qual nem mesmo se mostra útil a concessão de medida

acautelatória.

21. Não considero, portanto, que a nova manifestação aporte elementos que justifiquem a

mudança de meu entendimento anterior.

22. Isto posto, entendo que este Tribunal deva conhecer do agravo interposto pelas empresas

Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda., integrantes do Consórcio

Paviservice/SVC, para, no mérito, negar-lhes provimento.

E, com essas considerações, manifesto-me por que o Tribunal aprove o acórdão que ora

submeto à deliberação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 26 de julho de 2017.

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Relator

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ACÓRDÃO Nº 1609/2017 - TCU - Plenário

1. Processo TC-025.760/2016-5.

2. Grupo II – Classe de Assunto: I - Agravo (Relatório de Auditoria)

3. Interessados/Responsáveis/Recorrentes:

3.1. Interessados: Congresso Nacional; Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

(04.892.707/0001-00); Direção Consultoria e Engenharia Ltda. (32.963.001/0001-28); JDS - Engenharia

e Consultoria Ltda. (40.376.139/0001-59); Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda.

(01.397.753/0001-45); SVC Construções Ltda. (01.543.722/0001-55)

3.2. Recorrentes: Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. (01.397.753/0001-45); SVC Construções

Ltda. (01.543.722/0001-55).

4. Unidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

5. Relator: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti

5.1. Relator da deliberação recorrida: Ministro-Substituto Augusto Sherman Cavalcanti.

6. Representante do Ministério Público: não atuou.

7. Unidade técnica: Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil

(SeinfraRod).

8. Representação legal:

8.1. Manoel Pinto (11.024/OAB/BA), representando Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC

Construções Ltda.;

8.2. Paulo Aristóteles Amador de Sousa, representando Departamento Nacional de Infraestrutura de

Transportes.

9. Acórdão:

VISTOS, relatados e discutidos estes autos, no qual se examina agravo interposto

conjuntamente pelas empresas Paviservice Serviços de Pavimentação Ltda. e SVC Construções Ltda.,

integrantes do Consórcio Paviservice/SVC, com pedido de efeito suspensivo, em face de medida cautelar

adotada por meio de despacho do relator proferido à peça 53 destes autos, referendado pelo Plenário

deste Tribunal em sessão de 24 de maio de 2017, em que se determinou ao Dnit que suspendesse a

execução dos serviços objeto do Contrato 05.00202/2014 (obras de construção da BR-235/BA - km

282,0 ao km 357,4), especificamente no segmento compreendido entre as estacas 2625 e 2835 (km 334,5

- km 338,7), em razão dos indícios de irregularidades reportados nestes autos relativos ao item de Achado

III.1 - Superfaturamento pela medição de serviços não executados - Remoção de solo mole e execução

de colchão de areia,

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão de Plenário,

ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. conhecer do presente agravo, sem efeito suspensivo, com fulcro nos arts. 277, inciso V,

e 289 do Regimento Interno TCU, para, no mérito, negar-lhe provimento;

9.2. dar ciência deste acórdão às recorrentes, ao Departamento de Nacional de Infraestrutura

Rodoviária (Dnit) e à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso

Nacional; e

9.3. restituir os autos à Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação

Civil, para realização das comunicações, prosseguimento das análises e fiscalização das obras,

determinando-lhe celeridade na instrução da questão ora em foco.

10. Ata n° 28/2017 – Plenário.

11. Data da Sessão: 26/7/2017 – Ordinária.

12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1609-28/17-P.

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13. Especificação do quorum:

13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin

Zymler, Bruno Dantas e Vital do Rêgo.

13.2. Ministros-Substitutos convocados: Augusto Sherman Cavalcanti (Relator), Marcos Bemquerer

Costa e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente)

RAIMUNDO CARREIRO (Assinado Eletronicamente)

AUGUSTO SHERMAN CAVALCANTI

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)

LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral, em exercício