Relatório de grupo – 2° semestre 2019

Turma: Jardim I

Professora: Elis Regina G. A. Ormeleze

Professora auxiliar: Julinda Santana

Coordenadora pedagógica: Lucy Ramos Torres

Diretora pedagógica: Maria Aparecida Leme

Somos donos dos nossos atos

mas não donos dos nossos sentimentos.

Somos culpados pelo que fazemos

mas não pelo que sentimos.

Podemos prometer atos,

mas não podemos prometer sentimentos.

Atos são pássaros engaiolados.

Sentimentos são pássaros em voo.

Rubem Alves

Voltamos!!! As férias foi um tempo de descanso e de brincar muito. Aproveitamos a família

e os amigos sem hora marcada para começar ou terminar as brincadeiras.

As férias são importantes, pois durante este período de brincadeiras intensas há um

enorme amadurecimento emocional, cognitivo e social. As crianças conseguem absorver

tudo que aprenderem ao longo do período escolar e retornam bem mais dispostas a

aprenderem coisas novas.

Após esse tempo de descanso merecido, a turma do Jardim I retornou com muitas

novidades e com sentimento de saudade da escola, dos amigos e das professoras.

A saudade é um sentimento que faz parte de nossas vidas, essa emoção é importante

para o desenvolvimento das crianças. E para ajudá-las a lidar com esse sentimento, nada

melhor do que estimular que elas falem sobre ele. Então, nas nossas primeiras rodas de

conversa, que não poderiam faltar como uma estratégia para esse estímulo, falamos

sobre as nossas saudades.

Ir aos espaços que a Escola nos oferece, conhecer um pouco do trabalho dos

adolescentes no semestre anterior e se divertir no parque debaixo, também nos

proporcionou momentos prazerosos na semana que retornamos.

As crianças vinham mostrando muito interesse em ajudar umas às outras de diversas

formas. Cuidando do outro fisicamente, ajudando o outro a se sentar durante a roda ou no

momento do lanche, falando sobre os cuidados para o outro durante as brincadeiras e até

mesmo cuidando dos brinquedos da sala, como a Esquelita, um esqueleto humano de

brinquedo que trazia muita diversão, e isso tudo começou a nos chamar a atenção.

O cuidado com o outro é concretizado em ações e atitudes realizadas para promover o

conforto e o bem-estar do outro. O toque físico é uma das principais manifestações de

cuidado e bem presente no cotidiano das crianças de Educação Infantil. O ato de tocar

aproxima as crianças entre si. Ao cuidar do outro a criança começa a exercitar a ideia de

se "colocar no lugar do outro", o que é inicialmente, bastante difícil para as crianças

pequenas. Cuidar é ajudar, é suprir necessidades do outro, ajudá-lo a superar as

dificuldades em que se encontra. Cuidar é também ajudar o outro a se cuidar.

Pensando em ajudar as crianças nesses momentos de cuidado com elas próprias e uma

com as outras, trouxemos as almofadas dos sentimentos. Com elas as crianças podiam

se expressar após um final de semana ou numa roda final sobre como vinham se

sentindo. E todos iam conseguindo trazer questões sobre si ou questões com os amigos

para serem resolvidas.

“As crianças possuem uma natureza singular,

que as caracterizam como seres que sentem

e pensam o mundo de um jeito muito próprio”.

(RCNEI)

Nesse importante papel de escutar o que as crianças traziam sobre os seus sentimentos,

tínhamos como objetivo ensinar as crianças a aprenderem a lidar com as suas próprias

emoções e a aprenderem a conviver com as emoções do outro no nosso dia-a-dia.

As brincadeiras que permeiam nosso meio como grande parte do aprendizado, tiveram

grande importância para os pequenos durante esse processo. Coletivamente, pintamos

cartazes, confeccionamos a garrafa da calma e a caixa de memórias.

A caixa de memórias veio junto com o livro de história Guilherme Augusto Araújo

Fernandes de Mem Fox e Julie Vivas.

Guilherme Augusto Araújo Fernandes era vizinho de um asilo de idosos. Todos eram seus

amigos ali, mas era de Antônia que ele mais gostava. Quando soube que ela perdeu a

sua memória, quis saber o que isso significava, e foi perguntar aos outros idosos do asilo.

Como resposta, ouviu que memória era algo bem antigo, que fazia chorar, fazia rir, valia

ouro e que era quente. Então montou uma cesta e foi levá-la à Antônia. Quando ela

recebeu os presentes maravilhosos (conchas, marionete, medalha, bola de futebol e um

ovo ainda quentinho) cada um deles lhe devolveu as lembranças de suas histórias.

Quantas memórias também podíamos guardar de nossos momentos ao longo desse

segundo semestre escolar que teríamos.

Trabalhar com as famílias com certeza seriam as nossas primeiras memórias para

colocarmos em nossa caixa e afirmar que erámos a turma que vinha trabalhando sobre os

Sentimentos. E propor para as famílias que trouxessem suas experiências foi uma ideia

que tivemos, mas que não foi nada fácil de colocarmos. Pensa, que pensa e pensa até

conseguirmos chegar às nossas experiências do semestre anterior, que nos trouxeram as

diferentes formas de aprendizado com os insetos. Essas experiências nos fizeram pensar

num dos aspectos do trabalho pedagógico, ou seja, sobre o respeito ao aluno, o tempo de

cada um e as necessidades individuais de cada criança. A escola, assim como a família,

tem um papel primordial nesses momentos. E então lançamos o desafio e o convite para

que as famílias trouxessem algum conhecimento, experiência ou habilidade para

“alimentar” nossos saberes, nossos olhares e os nossos vínculos.

E quantas experiências diferentes tivemos para guardar em nossas memórias!!!

Era hora de nomearmos o que vínhamos trabalhando e sentindo durante esse processo

de aprendizagem. O livro Tenho monstros na barriga de Tonia Casarin chegou para nos

ajudar.

O livro conta a história de Marcelo, um menino que sente “várias coisas” na barriga e não

sabe o que significa. Quando descobre que são sentimentos, Marcelo resolve chamá-los

de monstrinhos. Ao longo da história, o menino narra os seus sentimentos e mostra os

oito monstrinhos: alegria, tristeza, raiva, medo, coragem, curiosidade, orgulho e ciúme.

E como esses sentimentos eram comuns no nosso dia-a-dia...

“Além da dimensão afetiva e relacional do cuidado, é

preciso que o professor possa ajudar a criança a

identificar suas necessidades e priorizá-las, assim

como atendê-las de forma adequada. Assim, cuidar

da criança é sobretudo dar atenção a ela como

pessoa que está num contínuo crescimento e

desenvolvimento, compreendendo sua singularidade,

identificando e respondendo às suas necessidades.

Isto inclui interessar-se sobre o que a criança sente,

pensa, o que ela sabe sobre si e sobre o mundo,

visando à ampliação deste conhecimento e de suas

habilidades, que aos poucos a tornarão mais

independente e mais autônoma.”

(RCNEI)

Mesmo trilhando por esses caminhos outros interesses também surgiam, como usar a

tesoura com mais frequência. O uso da tesoura desenvolve muito mais do que a

coordenação motora fina. Ao aprender a usá-la de modo correto as crianças também

desenvolvem uma série de habilidades motoras e cognitivas como estabilidade postural,

percepção visual, coordenação visomotora, integração bilateral, orientação espacial,

consciência corporal e força muscular.

E foi muito corta dali e corta daqui…

Durante os cantinhos que planejamos e organizamos, as crianças tiveram a possibilidade

de explorar, aplicar e interpretar informações dando sentido ao que aprenderam,

estabelecendo relações significativas, ampliando assim seu universo de aprendizagem. É

importante que os cantinhos tenham um espaço físico organizado e planejado, que

retratam a cultura e o meio social que elas vivem, de forma que propicie à criança

verdadeiramente um ambiente com significado e importância.

É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na

instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das

brincadeiras na vida das crianças.

Conseqüentemente é ele que organiza sua base

estrutural, por meio da oferta de determinados

objetos, fantasias, brinquedos ou jogos, da

delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para

brincar.

(RCNEI)

Brincar é coisa séria!

As brincadeiras no parque também apareciam de forma planejada e direcionada. Em

brincadeiras direcionadas para a faixa etária, as crianças conseguem exercitar o aspecto

cognitivo, e nas brincadeiras mais ativas, elas exercitam o aspecto físico.

A intervenção intencional baseada na observação das

brincadeiras das crianças, oferecendo-lhes material

adequado, assim como um espaço estruturado para brincar

permite o enriquecimento das competências imaginativas,

criativas e organizacionais infantis. Cabe ao professor

organizar situações para que as brincadeiras ocorram de

maneira diversificada para propiciar às crianças a

possibilidade de escolherem os temas, papéis, objetos e

companheiros com quem brincar ou os jogos de regras e de

construção, e assim elaborarem de forma pessoal e

independente suas emoções, sentimentos, conhecimentos e

regras sociais.

(RCNEI)

A Semana Cultural chegou e nesse momento procuramos por realizar com as crianças

atividades prazerosas e diferentes do dia-a-dia. O tema do ano da Escola “Tinha um lixo

no meio do caminho: o que eu (não) faço com o que nos resta?” nos despertou a usar a

história O caso do bolinho de Tatiana Belink para criarmos o nosso bolinho que saltaria de

pulinhos em pulinhos para ter ações diferentes de impacto ao meio ambiente. Com os

pulinhos do bolinho as crianças dos Jardins I e II foram aprender as novas ações,

podendo depois compartilhar com suas famílias durante a Mostra Cultural.

A Semana da Criança também marcou os pequenos com direito a filme com pipoca,

culinária de chup-chup, piquenique coletivo, brincadeiras, brinquedos infláveis e bicicletas.

Foi ou não foi divertido?!

As brincadeiras lúdicas sempre serão as principais ferramentas de trabalho no Jardim I,

mas brincadeiras que acontecem através do movimento de escuta ao que as crianças

trazem, com certeza terão significados maiores.

Explorar a escola através de um mapa foi umas delas. O esboço dos primeiros ensaios de

mapas na Educação Infantil, pode estar ligado ao desenvolvimento de outras habilidades,

como a atenção, a coordenação motora e a percepção auditiva.

E como gostamos de explorar os diferentes lugares da escola, um dia lanchamos dentro

da casinha amarela do parque!

A despedida nunca é fácil, mas é necessária. Essa turma de Jardim I deixou grandes

marcas e muitos sentimentos, os quais se tornaram o nosso projeto, na verdade um lindo

projeto. Professoras e alunos puderam de diversas formas se expressar e se manifestar

como parte de um aprendizado desse projeto.

Deixamos nosso tchauzinho de sempre para esses alunos e famílias que conhecemos ao

longo desse ano, compartilhando suas angústias e felicidades ao verem em seus

pequenos, grandes marcas, principalmente a marca do amor.

REFERÊNCIAS:

http://napracinha.com.br/2018/12/por-que-as-ferias-sao-importante-para/

https://novaescola.org.br/conteudo/5722/como-ajudar-as-criancas-a-se-colocarem-no-

lugar-do-outro

http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf

http://comoeducarseusfilhos.com.br/blog/corta-daqui-e-dali-como-o-uso-da-tesoura-pode-

desenvolver-habilidades-motoras-e-cognitivas-nas-criancas/

https://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/a-organizacao-dos-cantos-na-

rotina-educacao-infantil.htm

http://blog.aquarelaparques.com.br/brincadeiras-no-parquinho-entenda-a-importancia-

para-a-sua-escola/