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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente 5218388.60(22 Ka) AGRAVO DE INSTRUMENTO 5218388.60.2017.8.09.0000 COMARCA DE JUSSARA AGRAVANTE: SANEAMENTO DE GOIÁS S.A - SANEAGO AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS RELATOR: DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE RELATÓRIO Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de efeito suspensivo, interposto contra decisão interlocutória, proferida pelo ilustre juiz da comarca de Jussara, Vôlnei Sila Fraissat, nos autos da Ação Civil Pública, ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, em desfavor da SANEAGO. O Autor (Ministério Público) narrou, na inicial da ação, que deu origem ao presente recurso, que foi instaurado inquérito administrativo, em razão da notícia de vazamento de esgoto no município de Jussara/GO, especificamente na Av. A, entre as ruas 6 e 7, do Bairro Nortista. Aduziu que foi elaborado abaixo-assinado, por 24 (vinte e quatro) pessoas, moradores do bairro, pedindo para que o problema fosse solucionado. Elucidou que alguns dos moradores possuem residências, nas quais o esgoto passa dentro de suas propriedades e o referido sistema vem apresentando vazamento, decorrente da incapacidade dele de sucção de dejetos, fazendo com que o esgoto transborde, causando maus odores e contaminando o local. Alegou que, sendo de responsabilidade da Ré (Saneago), 1

RELATÓRIO - MP-GO...2018/01/31  · decisão agravada e, no mérito, a sua reforma, em relação a obrigação de substituir, no prazo assinalado pelo MM. magistrado, à rede coletora

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5218388.60.2017.8.09.0000

COMARCA DE JUSSARAAGRAVANTE: SANEAMENTO DE GOIÁS S.A - SANEAGO

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁSRELATOR: DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE

RELATÓRIO

Trata-se de Agravo de Instrumento, com pedido de

efeito suspensivo, interposto contra decisão interlocutória, proferida peloilustre juiz da comarca de Jussara, Vôlnei Sila Fraissat, nos autos da Ação

Civil Pública, ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, em desfavor daSANEAGO.

O Autor (Ministério Público) narrou, na inicial da ação, que

deu origem ao presente recurso, que foi instaurado inquérito administrativo,em razão da notícia de vazamento de esgoto no município de Jussara/GO,

especificamente na Av. A, entre as ruas 6 e 7, do Bairro Nortista.

Aduziu que foi elaborado abaixo-assinado, por 24 (vinte equatro) pessoas, moradores do bairro, pedindo para que o problema fosse

solucionado.

Elucidou que alguns dos moradores possuem residências,nas quais o esgoto passa dentro de suas propriedades e o referido sistema

vem apresentando vazamento, decorrente da incapacidade dele de sucçãode dejetos, fazendo com que o esgoto transborde, causando maus odores e

contaminando o local.

Alegou que, sendo de responsabilidade da Ré (Saneago),

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5218388.60(22 Ka)

por força da Lei estadual nº 6.680/67, a prestação dos serviços de

abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, esta se manteveinerte, ao ser oficiada, por 02 (duas) vezes, para prestar informações acerca

das medidas inerentes à correção do sistema de esgoto no local.

Requereu, em sede de tutela antecipada de urgência, aintimação da Ré, para que tomasse as devidas providências, sendo estas

delineadas nos pedidos constantes na exordial.

Pleiteou, ainda, a inversão do ônus da prova.

A decisão agravada foi proferida nos seguintes termos:

“(…) De início, verifica-se que há elementos que evidenciem a

probabilidade do direito, em atenção aos documentosacostados aos autos (inquérito civil público / fotos e

documentos), denota-se que o local, de fato, vem enfrentandosérios problemas acerca do vazamento de esgoto, alagando as

casas dos moradores e produzindo maus odores econtaminando o local, expondo a risco a vida de todos os

moradores do local, haja vista a alta probabilidade de contrairdoenças.

No que se refere ao perigo de dano ou risco ao resultado útil

do processo, tem-se que, caso não sejam tomadas as devidasprovidências acerca das medidas inerentes a manutenção da

rede de esgoto no local, os moradores do local poderão vir acontrair doenças, colocando em risco a vida de todos os

moradores da cidade de Jussara/GO.

Por fim, em tese, poderá sim haver a irreversibilidade doprovimento, no entanto, confronta-se com o direito da

coletividade, o que prepondera tal interesse em relação aodireito do ente estatal. Desta forma, é mais prudente, por

parte do Poder Judiciário, conceder a liminar em detrimento deum eventual prejuízo financeiro do requerido do que o prejuízo

em relação à vida, saúde e segurança da coletividade.

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5218388.60(22 Ka)

No mais, é indiscutível a responsabilidade pela manutenção etratamento de esgoto, reforçado inclusive pelo advento da Lei

Estadual nº 6.680/67.

Posto isso, DEFIRO parcialmente o pedido a Tutela Provisóriade Urgência Antecipada Incidental.

No que se refere ao pedido de inversão do ônus da prova,

deixo para analisá-lo após a apresentação de defesa, sendo omomento da confecção de Decisão Saneadora mais oportuno

para sua análise.

Ante o exposto, intime-se o requerido para:

a) implantar, no prazo de 60 dias, sistema de registro de

ocorrência de vazamentos e/ou de outros eventos adversos nosistema de esgotamento sanitário;

b) orientar à população, por meio da divulgação na fatura de

água e esgoto, no sítio eletrônico do prestador do serviço e emmeios de comunicação de massa, de como proceder para

registrar ocorrências de vazamentos e/ou de outros eventosadversos no sistema de esgotamento sanitário;

c) solucionar vazamentos no prazo de até 10 (dez) dias a

partir do registro da ocorrência;

d) realizar, no prazo de 60 (sessenta) dias, manutençãocorretiva/preventiva em todos os ramais prediais (ligações de

esgoto) e na rede coletora de esgotos inseridos na bacia deesgotamento afetada;

e) elaborar e submeter à análise e aprovação da Agência

Goiana de Regulação (AGR), no prazo de 60 (sessenta) dias,plano de manutenção preventiva, com cronograma físico-

financeiro, dos ramais prediais de esgoto (ligações de esgoto)e da rede coletora de esgotos inseridos na bacia de

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esgotamento afetada;

f) elaborar e submeter à análise e aprovação da AGR, no prazo

de 60 (sessenta) dias, plano de ação, com cronograma físico-financeiro, para o combate às ligações clandestinas de água

pluvial na rede de esgoto;

g) iniciar a execução do plano de ação aludido em “g” após aaprovação deste pela AGR;

h) instalar, no prazo de 90 dias, tubo de inspeção e limpeza

(TIL) de ligação predial em todas as ligações de esgotoinseridas na bacia de esgotamento afetada;

i) substituir, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a rede

coletora de esgotos, no trecho de ocorrência de vazamentos,por outra com diâmetro não inferior à 150 mm a ser lançada

no passeio ou no leito da via de tráfego, em conformidade comprojeto elaborado por profissional habilitado;

Será aplicada pena de multa pessoal e diária no importe de R$

1.000,00 (um mil reais) em caso descumprimento, limitada a100 (cem) dias, destinada ao Fundo de Defesa de Direitos

Difusos (Lei 7.347/85 artigo 13, §1º).

Cite-se a requerida para apresentar contestação no prazolegal.

Intime-se o Município de Jussara, para, querendo, ingressar

na demanda.

Promova a publicação de edital em órgão oficial, a fim de queeventuais interessados, querendo, possam intervir no processo

como litisconsorte s, em conformidade com a previsão legal doartigo 94, do Código de Defesa do Consumidor; (…).”

Irresignada, a SANEAGO interpôs o presente recurso de

Agravo de Instrumento. Em suas razões recursais, sustentou que, caso a

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tutela antecipada for mantida, o seu direito ao contraditório restará

prejudicado, pois a decisão agravada tem caráter de definitividade.

Aduziu que o prazo designado pelo MM. juiz, para asubstituição da rede de esgotos, no trecho de vazamentos, por outro com

diâmetro não inferior à 150 mm, a ser lançado no passeio, ou no leito da viade tráfego, não é suficiente, pois a execução de tal obra necessita de

procedimento licitatório, que não pode ser realizado de forma tão célere.

Salientou que qualquer obrigação de executar obras nosistema de rede coletora de esgoto da cidade poderá acarretar em

investimentos que a sobrecarregarão, em razão de inexistir planejamentoquanto à origem dos recursos e de prazo para amortização dos

investimentos.

Verberou que a espécie de saneamento esgotamentosanitário é constituída por atividades, infraestruturas e instalações

operacionais por coleta, transporte, tratamento e disposição final adequadosdos esgotos sanitários, desde as ligações prediais, até o seu lançamento

final no meio ambiente e que, em relação à construção de redes coletoras deesgoto, a Lei nº 11.445/2007 (que estabelece diretrizes para o saneamento

básico) não exige a sua instalação imediata, dentro de prazos determinados,mas que seja feita progressivamente, sem violação ao poder discricionário

da administração de definir quais setores são prioritários para receber osinvestimentos.

Teceu comentários acerca do uso indevido pela população

da rede de esgoto sanitário e vociferou que a manutenção da decisãoagravada lhe acarretará danos irreparáveis.

Pugnou, assim, pela concessão do efeito suspensivo à

decisão agravada e, no mérito, a sua reforma, em relação a obrigação desubstituir, no prazo assinalado pelo MM. magistrado, à rede coletora de

esgotos, no trecho onde ocorreu vazamentos, nos termos expostos.

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5218388.60(22 Ka)

O preparo é visto no evento nº 1.

O MM. Juiz de Direito Substituto em 2º Grau, Dr.

Fernando de Castro Mesquita, concedeu a liminar de efeito suspensivo àdecisão agravada (evento nº 6).

O Agravado apresentou suas contrarrazões, no evento nº

12.

A Douta Procuradoria Geral de Justiça emitiu parecer,opinando pelo desprovimento do Agravo de Instrumento (evento nº 15).

É o relatório.

Vistos. Peço dia para julgamento.

Goiânia, 07 de novembro de 2017.

DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE Relator

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5218388.60(22 Ka)

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5218388.60.2017.8.09.0000

COMARCA DE JUSSARAAGRAVANTE: SANEAMENTO DE GOIÁS S.A - SANEAGO

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁSRELATOR: DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE

VOTO

Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso,

dele conheço.

Como visto, trata-se de Agravo de Instrumento, com

pedido de efeito suspensivo, interposto contra decisão interlocutória,proferida pelo ilustre juiz da comarca de Jussara, Vôlnei Sila Fraissat, nos

autos da Ação Civil Pública, ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, emdesfavor da SANEAGO.

O Autor (Ministério Público) narrou, na inicial da ação, que

deu origem ao presente recurso, que foi instaurado inquérito administrativo,em razão da notícia de vazamento de esgoto no município de Jussara/GO,

especificamente na Av. A, entre as ruas 6 e 7, do Bairro Nortista.

Aduziu que foi elaborado abaixo-assinado, por 24 (vinte equatro) pessoas, moradores do bairro, pedindo para que o problema fosse

solucionado.

Elucidou que alguns dos moradores possuem residências,nas quais o esgoto passa dentro de suas propriedades e o referido sistema

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

vem apresentando vazamento, decorrente da incapacidade dele de sucção

de dejetos, fazendo com que o esgoto transborde, causando maus odores econtaminando o local.

Alegou que, sendo de responsabilidade da Ré (Saneago),

por força da Lei estadual nº 6.680/67, a prestação dos serviços deabastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, esta se manteve

inerte, ao ser oficiada, por 02 (duas) vezes, para prestar informações acercadas medidas inerentes à correção do sistema de esgoto no local.

Requereu, em sede de tutela antecipada de urgência, a

intimação da Ré, para que tomasse as devidas providências, sendo estasdelineadas nos pedidos constantes na exordial.

Pleiteou, ainda, a inversão do ônus da prova.

A decisão agravada foi proferida nos seguintes termos:

“(…) De início, verifica-se que há elementos que evidenciem aprobabilidade do direito, em atenção aos documentos

acostados aos autos (inquérito civil público / fotos edocumentos), denota-se que o local, de fato, vem enfrentando

sérios problemas acerca do vazamento de esgoto, alagando ascasas dos moradores e produzindo maus odores e

contaminando o local, expondo a risco a vida de todos osmoradores do local, haja vista a alta probabilidade de contrair

doenças.

No que se refere ao perigo de dano ou risco ao resultado útildo processo, tem-se que, caso não sejam tomadas as devidas

providências acerca das medidas inerentes a manutenção darede de esgoto no local, os moradores do local poderão vir a

contrair doenças, colocando em risco a vida de todos osmoradores da cidade de Jussara/GO.

Por fim, em tese, poderá sim haver a irreversibilidade do

provimento, no entanto, confronta-se com o direito da

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

coletividade, o que prepondera tal interesse em relação ao

direito do ente estatal. Desta forma, é mais prudente, porparte do Poder Judiciário, conceder a liminar em detrimento de

um eventual prejuízo financeiro do requerido do que o prejuízoem relação à vida, saúde e segurança da coletividade.

No mais, é indiscutível a responsabilidade pela manutenção e

tratamento de esgoto, reforçado inclusive pelo advento da LeiEstadual nº 6.680/67.

Posto isso, DEFIRO parcialmente o pedido a Tutela Provisória

de Urgência Antecipada Incidental.

No que se refere ao pedido de inversão do ônus da prova,deixo para analisá-lo após a apresentação de defesa, sendo o

momento da confecção de Decisão Saneadora mais oportunopara sua análise.

Ante o exposto, intime-se o requerido para:

a) implantar, no prazo de 60 dias, sistema de registro deocorrência de vazamentos e/ou de outros eventos adversos no

sistema de esgotamento sanitário;

b) orientar à população, por meio da divulgação na fatura deágua e esgoto, no sítio eletrônico do prestador do serviço e em

meios de comunicação de massa, de como proceder pararegistrar ocorrências de vazamentos e/ou de outros eventos

adversos no sistema de esgotamento sanitário;

c) solucionar vazamentos no prazo de até 10 (dez) dias apartir do registro da ocorrência;

d) realizar, no prazo de 60 (sessenta) dias, manutenção

corretiva/preventiva em todos os ramais prediais (ligações deesgoto) e na rede coletora de esgotos inseridos na bacia de

esgotamento afetada;

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

e) elaborar e submeter à análise e aprovação da Agência

Goiana de Regulação (AGR), no prazo de 60 (sessenta) dias,plano de manutenção preventiva, com cronograma físico-

financeiro, dos ramais prediais de esgoto (ligações de esgoto)e da rede coletora de esgotos inseridos na bacia de

esgotamento afetada;

f) elaborar e submeter à análise e aprovação da AGR, no prazode 60 (sessenta) dias, plano de ação, com cronograma físico-

financeiro, para o combate às ligações clandestinas de águapluvial na rede de esgoto;

g) iniciar a execução do plano de ação aludido em “g” após a

aprovação deste pela AGR;

h) instalar, no prazo de 90 dias, tubo de inspeção e limpeza(TIL) de ligação predial em todas as ligações de esgoto

inseridas na bacia de esgotamento afetada;

i) substituir, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, a redecoletora de esgotos, no trecho de ocorrência de vazamentos,

por outra com diâmetro não inferior à 150 mm a ser lançadano passeio ou no leito da via de tráfego, em conformidade com

projeto elaborado por profissional habilitado;

Será aplicada pena de multa pessoal e diária no importe de R$1.000,00 (um mil reais) em caso descumprimento, limitada a

100 (cem) dias, destinada ao Fundo de Defesa de DireitosDifusos (Lei 7.347/85 artigo 13, §1º).

Cite-se a requerida para apresentar contestação no prazo

legal.

Intime-se o Município de Jussara, para, querendo, ingressarna demanda.

Promova a publicação de edital em órgão oficial, a fim de que

eventuais interessados, querendo, possam intervir no processo

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

como litisconsorte s, em conformidade com a previsão legal do

artigo 94, do Código de Defesa do Consumidor; (…).”

Irresignada, a SANEAGO interpôs o presente recurso deAgravo de Instrumento. Em suas razões recursais, sustentou que, caso a

tutela antecipada for mantida, o seu direito ao contraditório restaráprejudicado, pois a decisão agravada tem caráter de definitividade.

Aduziu que o prazo designado pelo MM. juiz, para a

substituição da rede de esgotos, no trecho de vazamentos, por outro comdiâmetro não inferior à 150 mm, a ser lançado no passeio, ou no leito da via

de tráfego, não é suficiente, pois a execução de tal obra necessita deprocedimento licitatório, que não pode ser realizado de forma tão célere.

Salientou que qualquer obrigação de executar obras no

sistema de rede coletora de esgoto da cidade poderá acarretar eminvestimentos que a sobrecarregarão, em razão de inexistir planejamento

quanto à origem dos recursos e de prazo para amortização dosinvestimentos.

Verberou que a espécie de saneamento esgotamento

sanitário é constituída por atividades, infraestruturas e instalaçõesoperacionais por coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados

dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais, até o seu lançamentofinal no meio ambiente e que, em relação à construção de redes coletoras de

esgoto, a Lei nº 11.445/2007 (que estabelece diretrizes para o saneamentobásico) não exige a sua instalação imediata, dentro de prazos determinados,

mas que seja feita progressivamente, sem violação ao poder discricionárioda administração de definir quais setores são prioritários para receber os

investimentos.

Teceu comentários acerca do uso indevido pela populaçãoda rede de esgoto sanitário e vociferou que a manutenção da decisão

agravada lhe acarretará danos irreparáveis.

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

Pugnou, assim, pela concessão do efeito suspensivo à

decisão agravada e, no mérito, a sua reforma, em relação a obrigação desubstituir, no prazo assinalado pelo MM. magistrado, à rede coletora de

esgotos, no trecho onde ocorreu vazamentos, nos termos expostos.

O preparo é visto no evento nº 1.

O MM. Juiz de Direito Substituto em 2º Grau, Dr.Fernando de Castro Mesquita, concedeu a liminar de efeito suspensivo à

decisão agravada (evento nº 6).

O Agravado apresentou suas contrarrazões, no evento nº12.

A Douta Procuradoria Geral de Justiça emitiu parecer,

opinando pelo desprovimento do Agravo de Instrumento (evento nº 15).

Após detida análise dos autos, entendo que a pretensão

recursal não merece acolhida.

De antemão, esclareço que a análise do presente recurso

está adstrita à matéria efetivamente decidida no ato hostilizado, visto que,

frise-se, o Agravo de Instrumento é um recurso secundum eventum litis, logo,

deve o Tribunal limitar-se apenas ao exame do acerto, ou desacerto da decisão

atacada, no aspecto da legalidade, uma vez que ultrapassar seus limites, ou

seja, perquirir sobre argumentações meritórias, ou matérias de ordem pública

não enfrentadas no decisum recorrido, seria antecipar ao julgamento de

questões não apreciados pelo juízo de primeiro grau, o que importaria, como

dito alhures, em vedada supressão de instância.

Neste sentido, oportuna a transcrição de julgados deste

Sodalício:

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“AGRAVO DE INSTRUMENTO. 1- SECUNDUM EVENTUM

LITIS. O agravo de instrumento é um recurso secundum

eventum litis e por este motivo deve se restringir às questões

analisadas na decisão recorrida, sob pena de supressão de

instância. (...) AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO.” (TJGO,

AGRAVO DE INSTRUMENTO 278727-12.2013.8.09.0000, Rel.

DR(A). MARCUS DA COSTA FERREIRA, 6ª CÂMARA CÍVEL,

julgado em 05/11/2013, DJe 1430 de 20/11/2013).

“(…) 3. O agravo de instrumento constitui recurso 'secundum

eventum litis', razão pela qual deve este egrégio Tribunal

limitar-se ao exame do acerto ou desacerto do que ficou

decidido pelo magistrado singular, sendo vedada a análise

de matéria que não tenha sido apreciada na decisão

agravada, sob pena de supressão de instância. (...)”

(TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 216679-

17.2013.8.09.0000, Rel. DES. ELIZABETH MARIA DA SILVA, 4ª

CÂMARA CÍVEL, julgado em 31/10/2013, DJe 1424 de

11/11/2013). Grifei.

Com efeito, o deferimento do pedido de antecipação da

tutela está condicionado à presença dos seguintes requisitos: plausibilidade

das alegações e perigo de dano irreparável, ou de difícil reparação.

Nesse contexto, o deferimento, ou a denegação de

liminares, reside no poder discricionário do MM. julgador, informado pelo

princípio do livre convencimento motivado e ocorre após a análise e

adequada avaliação dos elementos acostados aos autos, com o escopo de

perquirir a existência dos requisitos autorizadores da medida.

Destarte, compete ao órgão revisor o mister da aferição

de tais requisitos, cabendo a reforma da decisão, que a liminar, somente se

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esta for ilegal, ou abusiva.

Sobre o tema, veja-se os seguintes julgados desta Corte

de Justiça:

“(...) II - A concessão ou não da antecipação dos efeitos

da tutela jurisdicional está adstrita ao prudente arbítrio

e ao livre convencimento do juiz, em estrita observância

aos requisitos legais estabelecidos para a espécie (CPC,

art. 273). III - Em respeito ao poder discricionário do

magistrado, a modificação de seus julgados pelo juízo ad

quem somente é admissível quando houver abuso de

autoridade ou decisões teratológicas.” (TJGO, AGRAVO DE

INSTRUMENTO 294339-87.2013.8.09.0000, Rel. DR(A).

CARLOS ROBERTO FAVARO, 1A CÂMARA CÍVEL, julgado em

24/09/2013, DJe 1402 de 07/10/2013). Grifei.

“(...) II - Os critérios para a aferição da tutela

antecipatória estão na faculdade de o juiz, no gozo do

poder discricionário que a atividade judicante lhe

confere, cabendo-lhe decidir sobre a conveniência de sua

concessão, quando relevantes os fundamentos

esposados pelo suplicante que configurem o temor do

dano jurídico, nos termos do artigo 273, I, do Código de

Processo Civil.” (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 99435-

67.2013.8.09.0000, Rel. DR(A). WILSON SAFATLE FAIAD, 6A

CÂMARA CÍVEL, julgado em 23/07/2013, DJe 1355 de

01/08/2013). Grifei.

No caso em questão, tenho que a Agravante não

comprovou, de maneira inequívoca, a verossimilhança de suas argumentações,

de que o decisum agravado precisa ser reformado, visto que a ação civil

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pública, que deu origem ao presente recurso, demonstrou a configuração dos

pressupostos ensejadores para que fosse deferida a tutela antecipada.

Analisando os autos, verifiquei a presença do perigo de

dano aos moradores da região afetada pelo esgoto, visto que as providências

determinadas pelo digno dirigente processual visaram a resguardar o princípio

da dignidade da pessoa humana, bem assim, proteger o meio ambiente, de

forma a buscar o equilíbrio ecológico, além do fato de ser uma questão de

emergência.

Nesta senda, cabe à Ré, ora Agravante (Saneago), realizar

serviços imediatos, visando à tutela do meio ambiente, à saúde da população

diretamente atingida, bem como aos interesses da coletividade.

Neste contexto, a documentação colacionada aos autos,

acompanhada de fotos, demonstram a gravidade da situação, e que os

moradores do Bairro Nortista, na avenida A, entre as ruas 6 e 7, têm tido,

diariamente, seus direitos à saúde e à dignidade humana atingidos, tendo em

vista que o esgoto percorre seus imóveis residenciais, com os problemas de

vazamento apresentados pelo Autor, ora Agravado.

Cumpre-me salientar que o referido problema de

vazamento de esgoto é oriundo da incapacidade do sistema de succção de

dejetos instalado no local e, em decorrência disto, o esgoto transborda,

causado maus odores e contaminação no na casa dos cidadãos.

Sobre a questão, não há dúvidas de que a responsabilidade

da prestação dos serviços de abastecimento de água, coleta e tratamento de

esgotos, por lei, é da Ré, ora Agravante (SANEGO), tendo em vista que a Lei

Estadual nº 6.680/67 (que autorizou a criação da Saneamento de Goiás S/A)

assim dispõe:

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5218388.60(22 Ka)

“Art. 2º – A SANEAGO atuará como prestadora de serviços de

saneamento básico no Estado, por meio de concessão e gestão

associada na forma constitucional prevista, cumprindo-lhe efetuar

estudos, elaborar projetos, realizar obras, operar e praticar a

exploração de serviços de saneamento básico, na forma de lei,

considerada como conjunto de serviços, infraestrutura e

instalações operacionais de abastecimento de água potável,

esgotos sanitários, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos,

bem como drenagem e manejo de águas pluviais urbanas.”

Assim, cumpre-me registrar que agiu com acerto o Autor,

ora Recorrido, quando asseverou, que “é fato que a ausência de saneamento

básico é causa de mortalidade infantil, além de poder causar diversas

moléstias, como diarreias, leptospirose, amebíase, hepatite infecciosa,

infecções na pele e nos olhos, esquistossomose, malária, febre amarela,

dengue, elefantíase, poliomiolite, hepatite do tipo A, disenteria amebiana,

febre fifoide, cólera, ascaridíase (lombriga), teníase”.

Desta forma, restou demonstrado que a população local

está exposta ao risco de contrair diversas doenças, o que caracteriza uma

situação de emergência, podendo se submeterem ao perigo de dano à saúde,

ou, inclusive, risco de morte, razão pela qual não podem esperar as

providências a cargo da Ré/Agravante, de acordo com a simples vontade desta.

A propósito:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA COM PEDIDO DE

ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. PROBLEMAS ESGOTO

IMÓVEL RESIDENCIAL. REPAROS NECESSÁRIOS. RISCO À SAÚDE

DOS MORADORES. A concessão da tutela de urgência está

condicionada à presença da probabilidade do direito que o autor

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alega na petição inicial e, ainda, do perigo de dano ou risco ao

resultado útil do processo, de acordo com o livre convencimento

do juiz, de sorte que a decisão que analisa tal pleito somente é

passível de reforma ou cassação quando a parte insurgente

demonstrar a incomportabilidade ou a ilegalidade do

pronunciamento, ou ainda, quando este se afigurar teratológico, o

que não é o caso dos autos, já que é incontroversa a

existência de problemas no esgoto da residência da

autora/agravada, que vinham sendo, ainda que

voluntariamente, solucionados pela agravante. Ademais, a

dispensação irregular de esgoto pode acarretar doenças,

sem prejuízo do odor provocado, o que coloca em risco a

saúde dos moradores. AGRAVO DE INSTRUMENTO

CONHECIDO MAS IMPROVIDO.” (TJGO, Agravo de Instrumento

(CPC) 5039657-42.2017.8.09.0000, Rel. MAURÍCIO PORFÍRIO

ROSA, 1ª Câmara Cível, julgado em 13/06/2017, DJe de

13/06/2017). Grifei.

“AÇÃO CIVIL PÚBLICA. TRANSBORDAMENTOS DE FLUXO NA

REDE DE ESGOTO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ATIVIDADE

DE RISCO DELEGADA. A empresa prestadora do serviço de

tratamento de esgoto sanitário exerce atividade de risco

delegada pelo Poder Público, cuja responsabilidade é

objetiva, devendo responder por sua omissão no que

tange ao dever de preservar e proteger o meio ambiente,

evitando o risco à saúde pública da população que habita

na localidade, onde ocorrem os transbordamentos

constantes de fluxo na rede de esgoto. APELO PROVIDO.”

(TJGO, APELAÇÃO CÍVEL 13342-78.2006.8.09.0087, Rel. DR(A).

SÉRGIO MENDONÇA DE ARAÚJO, 4A CÂMARA CÍVEL, julgado em

23/05/2013, DJe 1316 de 06/06/2013). Grifei.

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É de geral sabença que a administração não possui recursos

para resolver todos as necessidades da população, todavia, existindo, inclusive,

a possibilidade de que o investimento em uma área possa implicar em escassez

de recursos para a outra. Entretanto, mas como bem salientado no parecer da

Douta Procuradoria Geral de Justiça, tais razões não inviabilizam o fato de que

deve o Administrador priorizar socorrer os direitos fundamentais, tal como

ocorre na presente hipótese, não devendo prevalecer alegações de cláusula da

reserva do possível, por envolver implantação de política pública, quando há

risco de comprometimento do núcleo básico que qualifica o mínimo existencial.

Importante salientar, ainda, que o artigo 225 da CF/188

garante, a todos, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, por

ser um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

razão pela qual, impõe-se ao poder público e à coletividade o dever de

defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Sobre o tema:

“(…). III- O princípio da reserva do possível, a ser

observado para conferir condições de adimplemento das

obrigações impostas ao ente público, queda-se à garantia

de alta relevância social, substanciados no direito à vida e

à saúde, cuja omissão do ente público, em implementar

políticas públicas, implica em responsabilidades. No

confronto de normas, aqui considerados os princípios da

reserva do possível com o da dignidade da pessoa humana

(leia-se: comprometimento de um mínimo existencial do

indivíduo), vinga-se a relevância deste último. (…).

RECURSO IMPROVIDO.” (TJGO, DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO

38174-71.2011.8.09.0162, Rel. DES. LEOBINO VALENTE

CHAVES, 2A CÂMARA CÍVEL, julgado em 26/11/2013, DJe 1446

de 12/12/2013). Grifei.

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Diante de tais argumentos, ao menos por hora, não verifico

razão nas teses da Agravante, de prevalência do interesse público, de

conveniência e oportunidade da Administração Pública, de prazo exíguo para

instaurar procedimento licitatório, ou de que Lei nº 11.445/2007 (que

estabelece diretrizes para o saneamento básico) não exige a instalação do

esgoto de forma imediata, pois estaria indo contra as prerrogativas

constitucionais indisponíveis.

Sob esse prisma, dentro de uma análise possível, neste

momento processual, entendo que a decisão agravada deve ser mantida, pois

o nobre julgador observou estarem presentes os requisitos elencados para

profería-la, diante do risco de dano irreparável, ao resultado útil ao processo.

Destarte, não constatada teratologia, ou ilegalidade na

decisão e ausente a verossimilhança das alegações, o desprovimento do

recurso é a medida que se impõe.

EM FACE DO EXPOSTO, conheço do presente recurso de

Agravo de Instrumento e lhe nego provimento, para manter a decisão, por

estes e por seus próprios e jurídicos fundamentos. De consequência, revogo

a liminar concedida no evento nº 6.

Goiânia, 14 de dezembro de 2017.

DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE Relator

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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5218388.60.2017.8.09.0000

COMARCA DE JUSSARAAGRAVANTE: SANEAMENTO DE GOIÁS S.A - SANEAGO

AGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁSRELATOR: DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVILPÚBLICA. VAZAMENTO DE ESGOTO. RISCO AO MEIOAMBIENTE, À SAÚDE E À COLETIVIDADE.NECESSIDADE DE CORREÇÃO DO SISTEMA LOCAL.ANTECIPAÇÃO DE TUTELA DEFERIDA. AUSÊNCIADOS REQUISITOS PARA MODIFICAR O DECISUM.DECISÃO MANTIDA.1. O agravo de instrumento é um recurso secundum eventumlitis e deve ater-se ao acerto, ou desacerto da decisãocombatida, a qual somente poderá ser reformada, peloTribunal ad quem, quando evidente a sua ilegalidade,arbitrariedade, ou teratologia. 2. A concessão da antecipação dos efeitos da tutela estácondicionada à existência de prova inequívoca, capaz dedemonstrar a verossimilhança das alegações da parte Autora,bem assim, ao perigo de dano irreparável, ou de difícilreparação, conforme o disposto no artigo 300 do NCPC/2015.3. Restando demonstrada a existência de vazamento deesgoto que atinge a população, residente no local, e asituação de emergência, diante do risco ao meio ambiente, àsaúde dos moradores locais, e de dano à coletividade, deveprevalecer o decisum, que estipulou o prazo de 60 (sessenta)dias, para a correção do problema, pela Ré/Agravante. 4. Presentes os requisitos autorizadores do benefíciopostulado, só é permitida a reforma da decisão, que deferiua tutela antecipada, quando comprovada a sua ilegalidade,ou contradição com as provas carreadas aos autos,circunstâncias não visualizadas no presente caso. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO EDESPROVIDO.

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Gabinete do Desembargador Francisco Vildon J. Valente

5218388.60(22 Ka)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de AGRAVO

DE INSTRUMENTO Nº 5218388.60.2017.8.09.0000, DA COMARCA

DE JUSSARA.

Acorda o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, em

sessão pelos integrantes da Terceira Turma Julgadora da Quinta Câmara

Cível, por unanimidade de votos, em conhecer do Agravo e desprovê-lo,

nos termos do voto do relator.

Votaram com o relator, o Juiz de Direito Substituto em

Segundo Grau Diác. Dr. Delintro Belo de Almeida Filho (Subst. do Des. Olavo

Junqueira de Andrade) e o Desembargador Alan S. de Sena Conceição.

Presidiu a sessão o Desembargador Alan S. de Sena

Conceição.

Representou a Procuradoria Geral de Justiça o Dr.

Rodolfo Pereira de Lima Júnior.

Goiânia, 14 de dezembro de 2017.

DES. FRANCISCO VILDON J. VALENTE Relator

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