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Dinheiro público é da sua conta www.portaldatransparencia.gov.br 1 Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União RELATÓRIO Nº 201700186 QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO? Linha de atuação: Avaliação dos Resultados da Gestão. Unidade examinada: Furnas Centrais Elétricas S/A – FURNAS Objeto: implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares, no Estado do Espírito Santo, em 230kV. Escopo: avaliar as atividades desempenhadas por FURNAS no planejamento, contratação, aquisição e montagem de equipamentos e execução de obras destinadas à implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares, em 230kV. Local: Rio de Janeiro – RJ. POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? O presente trabalho foi realizado para avaliar a implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares, no Estado do Espírito Santo, e também para subsidiar a posterior Auditoria Anual de Contas de FURNAS. QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS? Verificou-se, por meio do presente trabalho, que a implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares contribui para o alcance da missão de FURNAS, por criar um novo ponto de suprimento de eletricidade na região norte do Estado do Espírito Santo. Contudo, verificou-se morosidade para obtenção das Licenças Prévia e Instalação, bem como descumprimento dos prazos estabelecidos no Contrato de Concessão n. º 06/2010, ao que a CGU recomendou instituir normativo interno que verse sobre a gestão ambiental de seus empreendimentos, preliminarmente, no âmbito do licenciamento ambiental de linhas de transmissão. Verificou- se atraso significativo no cronograma da gestão fundiária da obra, ao que a CGU recomendou instituir normativo interno que regule a gestão fundiária dos empreendimentos da empresa, preliminarmente, quanto à liberação das áreas atingidas pela implantação de linhas de transmissão. Identificou-se que o custo total com indenizações aos proprietários atingidos pela implantação da LT230 kV Mascarenhas - Linhares não foi computado no valor do investimento e que o Plano de Negócios estava desatualizado, ao que a CGU recomendou: formalizar rotina para revisão periódica do Plano de Negócios (PN) dos empreendimentos de Furnas; e apuração dos fatos, e possíveis responsabilidades, acerca da aprovação do PN

RELATÓRIO Nº 201700186 QUAIS AS CONCLUSÕES QUAL FOI O

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Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União RELATÓRIO Nº 201700186

QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO?

Linha de atuação: Avaliação dos

Resultados da Gestão.

Unidade examinada: Furnas

Centrais Elétricas S/A – FURNAS

Objeto: implantação da linha de

transmissão Mascarenhas –

Linhares, no Estado do Espírito

Santo, em 230kV.

Escopo: avaliar as atividades

desempenhadas por FURNAS no

planejamento, contratação,

aquisição e montagem de

equipamentos e execução de

obras destinadas à implantação

da linha de transmissão

Mascarenhas – Linhares, em

230kV.

Local: Rio de Janeiro – RJ.

POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? O presente trabalho foi realizado para avaliar a implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares, no Estado do Espírito Santo, e também para subsidiar a posterior Auditoria Anual de Contas de FURNAS.

QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS? Verificou-se, por meio do presente trabalho, que a implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares contribui para o alcance da missão de FURNAS, por criar um

novo ponto de suprimento de eletricidade na

região norte do Estado do Espírito Santo.

Contudo, verificou-se morosidade para

obtenção das Licenças Prévia e Instalação, bem

como descumprimento dos prazos

estabelecidos no Contrato de Concessão n. º

06/2010, ao que a CGU recomendou instituir

normativo interno que verse sobre a gestão

ambiental de seus empreendimentos,

preliminarmente, no âmbito do licenciamento

ambiental de linhas de transmissão. Verificou-

se atraso significativo no cronograma da gestão

fundiária da obra, ao que a CGU recomendou

instituir normativo interno que regule a gestão

fundiária dos empreendimentos da empresa,

preliminarmente, quanto à liberação das áreas

atingidas pela implantação de linhas de

transmissão. Identificou-se que o custo total

com indenizações aos proprietários atingidos

pela implantação da LT230 kV Mascarenhas -

Linhares não foi computado no valor do

investimento e que o Plano de Negócios estava

desatualizado, ao que a CGU recomendou:

formalizar rotina para revisão periódica do

Plano de Negócios (PN) dos empreendimentos

de Furnas; e apuração dos fatos, e possíveis

responsabilidades, acerca da aprovação do PN

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sem a previsão do custo total estimado de R$5 milhões de indenização aos proprietários atingidos pela linha. Observou-se ausência de gestão de riscos do empreendimento LT 230kV Mascarenhas- Linhares, ao que a CGU recomendou: efetuar o mapeamento das fases sensíveis da operação do empreendimento LT Mascarenhas- Linhares e analisar previamente os seus riscos; e elaborar normativo interno que determine a análise prévia dos riscos dos empreendimentos desenvolvidos de forma coorporativa. Também se identificou a ausência de manifestação do COMAR no início do processo de licenciamento, nos termos da Resolução CONAMA n.º 279/2001, ocasionando atrasos na execução do empreendimento, ao que a CGU recomendou formalizar rotina de modo a obter todas as manifestações cabíveis dos órgãos envolvidos quando do início do processo de obtenção da licença de instalação. Foi constatada inadequabilidade dos procedimentos adotados para assegurar contratação a preços de mercado, ao que a CGU recomendou formalizar normativo interno com metodologia para elaboração de orçamento de referência. Houve inobservância de critérios objetivos para seleção da melhor proposta para a construção da Linha de Transmissão; descumprimento do prazo previsto para a construção da LT Mascarenhas- Linhares, bem como ausência de amparo contratual para o período final de execução da obra; e alterações de premissas consideradas no Plano de Negócio que acarretaram prejuízo à Furnas, ao que a CGU recomendou a apuração de responsabilidades e do prejuízo causado pelo adiamento do funcionamento da LT Mascarenhas-Linhares.

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Unidade Auditada: Furnas Centrais Elétricas S/A Exercício: 2016 Processo: Município: Rio de Janeiro - RJ Relatório nº: 201700186 UCI Executora: CONTROLADORIA REGIONAL DA UNIÃO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

_______________________________________________

Análise Gerencial Senhor Superintendente da CGU-Regional/RJ,

Por meio deste relatório, apresentam-se os resultados do trabalho de Avaliação dos Resultados da Gestão em Furnas Centrais Elétricas S/A realizado de acordo com os preceitos contidos na Ordem de Serviço n.º 201700186 e em atendimento ao inciso II do Art. 74, da Constituição Federal de 1988, de acordo com o qual cabe ao Sistema de Controle Interno: “comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal”.

1. Introdução

1.1. Considerações Gerais Furnas Centrais Elétricas S.A. - FURNAS é uma sociedade anônima de economia mista federal, de capital fechado, controlada pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras, cujo principal acionista é a União. Vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), foi criada em 28/02/1957 pelo Decreto n.º 41.066, para construir e operar a primeira usina hidrelétrica de grande porte no Brasil, bem como o sistema de transmissão associado interligando Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro.

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Atualmente, FURNAS atua na geração, transmissão e comercialização de energia elétrica, com instalações em regiões abrangidas pelo Distrito Federal e pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Rondônia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia. Em parceria com empresas estatais e privadas, FURNAS participa de empreendimentos de geração e transmissão de fundamental importância para garantia do aumento da oferta de energia elétrica no País. Na tabela abaixo são representados, na posição de 31 de dezembro de 2016, todos os empreendimentos de FURNAS, próprios e em parceria, estes últimos com informação do respectivo percentual de participação. Quadro - Estágio de implementação dos empreendimentos de propriedade integral de FURNAS (posição em 31/12/2016)

Geração Empreendimento Status

UHE Itumbiara

Em operação

UHE Mascarenhas de Moraes UHE Simplício UHE Batalha UTE Santa Cruz UTE Campos PCH Anta Em construção

Transmissão

Empreendimento Status 7 SEs Associadas a Usinas

Em operação 1.464 km de LTs SE Zona Oeste LT Mascarenhas-Linhares

Em construção LT Xavantes-Pirineus Fonte: Relatório da Administração da Eletrobras Furnas 2016.

Quadro - Estágio de implementação das parcerias realizadas por FURNAS (posição em 31/12/2016)

Geração Hidráulica Empreendimento Status Participação de Furnas

UHE Serra da Mesa

Em operação

48,46%

UHE Manso 70%

UHE Peixe Angical 40%

UHE Baguari 15%

UHE Retiro Baixo 49%

UHE Foz do Chapecó 40%

UHE Serra do Facão 49,47%

UHE Três Irmãos 49,9%

UHE Teles Pires 24,50% UHE Santo Antônio Em operação

parcial 39%

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UHE São Manoel Em construção 33,33% UHE Inambari Empreendimento

suspenso 19,6%

Complexo Geração Eólica

Empreendimento Status Participação de Furnas Brasventos - 3 parques eólicos Em operação 24,5%

Fortim - 5 parques eólicos

Em construção

99,99%

Famosa - 4 parques eólicos 49%

Punaú - 7 parques eólicos 49%

Baleia - 6 parques eólicos 49%

Famosa III - 5 parques eólicos 90%

Itaguaçu da Bahia - 10 parques eólicos 49%

Acaraú - 3 parques eólicos 90%

Serra do Mel - 3 parques eólicos 90% Transmissão

Empreendimento Status Participação de Furnas Cia. de Transmissão Centroeste de Minas

Em operação

49%

Cia. Transleste de Transmissão 24,5%

Cia. Transudeste de Transmissão 25%

Cia. Transirapé de Transmissão 24,5%

Transenergia São Paulo S.A. 49%

Transenergia Renovável S.A. 49%

Goiás Transmissão S.A. 49%

Caldas Novas Transmissão S.A. 49,9%

MGE Transmissão S.A. 49%

Interligação Elétrica do Madeira S.A. 24,5% Luziânia-Niquelândia Transmissora S.A.

49%

Energia Olímpica S.A. 49,9%

Triângulo Mineiro Transmissora S.A. 49%

Lago Azul Transmissão S.A. 49,9% Vale do São Bartolomeu Transmissora de Energia S.A. Em operação

parcial

39%

Paranaíba Transmissora de Energia S.A. 24,5%

Transenergia Goiás S.A. 99% Belo Monte Transmissora de Energia SPE S.A.

Em construção

24,5%

Mata de Santa Genebra Transmissora S.A.

49,9%

Fonte: Relatório da Administração da Eletrobras Furnas 2016

Quadro - Estágio de implementação dos empreendimentos sob Administração Especial – Lei n.o 12.783/2013*1 (posição em 31/12/2016)

Empreendimento Status

UHE Furnas Em operação

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UHE Luiz Carlos Barreto de Carvalho UHE Porto Colômbia UHE Marimbondo UHE Funil UHE Corumbá I 34 SEs (6 SEs Associadas a Usinas) 18.663 km de LTs

*1 Dispõe sobre as concessões de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, sobre a redução dos encargos setoriais e sobre a modicidade tarifária; altera as Leis nos 10.438/2002, 12.111/2009, 9.648/1998, 9.427/1996 e 10.848/2004; revoga dispositivo da Lei no 8.631/1993; e dá outras providências. Fonte: Relatório da Administração da Eletrobras Furnas 2016 1.3 Objetivos e Escopo O presente trabalho tem como objetivo avaliar as atividades desempenhadas por FURNAS no planejamento, contratação, aquisição e montagem de equipamentos e execução de obras destinadas à implantação da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares, em 230kV. Com aproximadamente 99 km de extensão, localizada integralmente no Estado do Espírito Santo, a LT Mascarenhas – Linhares, em 230 kV, circuito simples, tem origem na Subestação Mascarenhas e término na Subestação Linhares, conforme figura a seguir.

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Fonte: Relatório de Sustentabilidade 2015 A construção da LT Mascarenhas – Linhares tem como objetivo criar um novo ponto de suprimento de eletricidade na região norte do Estado do Espírito Santo. Este empreendimento foi adjudicado a Furnas através do Leilão ANEEL 005/2009, de 27/11/2009, cujo objetivo era a licitação de outorga de concessão para a prestação de serviço público de transmissão de energia elétrica, incluindo construção, operação e manutenção de linhas de transmissão, subestações e demais instalações de transmissão a serem integrados à Rede Básica do Sistema Interligado Nacional – SIN, por um prazo de trinta anos a partir da assinatura dos respectivos contratos de concessão. O Contrato de Concessão n.º 006/2010 - ANEEL foi assinado em 12/07/2010, com prazo de 30 anos, podendo ser prorrogado por no máximo igual período, e teve como objeto a construção, operação e manutenção da LT Mascarenhas-Linhares 230 kV e da Subestação Linhares 230/138 kV. Cabe destacar que, apesar do Contrato ter abrangido dois empreendimentos, apenas a linha de transmissão foi objeto do presente trabalho. Os empreendimentos licitados integraram a ‘Consolidação das Obras da Rede Básica e Rede Básica de Fronteira – período 2009 a 2011’, documento do Ministério de Minas e Energia (MME), de dezembro de 2008, que considera o Plano de Ampliações e Reforços na Rede Básica (PAR), elaborado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) e o

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Programa de Expansão da Transmissão (PET), elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Os empreendimentos integram o Plano de Aceleração do Crescimento - PAC do Governo Federal (Ação: 25.752.2033.12DB.0030 – Título: “Implantação de Linha de Transmissão UHE Mascarenhas (MG) - Linhares (ES) (230 kV, com 99 km) e de Subestação Associada em Linhares (230/138 kV)” que atingiu, em 2016, 76% de execução física global.

De acordo com o relatório de gestão 2016, a LT Mascarenhas – Linhares teve sua construção iniciada em julho de 2014, com destaque para as seguintes atividades no exercício de 2016:

• Linha de Transmissão: execução de serviços de obras civis; montagens eletromecânicas e fornecimento de materiais.

• Subestação Linhares: fornecimento de equipamentos e execução de serviços de obras civis.

• Subestação Mascarenhas: fornecimento de equipamentos e execução de serviços de obras civis.

• Gestão ambiental. • Gestão fundiária. • Indenizações fundiárias.

A construção da Linha de Transmissão foi concluída em agosto/2017, mas seu efetivo funcionamento depende do lançamento de cabos no trecho que sairá da Torre 92-2 até o Pórtico, o que ocorrerá com o término da Subestação Linhares, cujo comissionamento está previsto para maio/2019.

2. Resultados dos trabalhos

A abordagem adotada pela Controladoria-Geral da União - CGU objetivou responder às questões de auditoria listadas abaixo, referentes à implantação da Linha de Transmissão – LT Mascarenhas-Linhares em 230kV por Furnas Centrais Elétricas S.A. - FURNAS.

2.1 – O mapeamento de riscos do empreendimento é adequado?

Não, Furnas não elabora mapeamento de riscos de seus empreendimentos. Portanto, não houve mapeamento dos riscos relativos à construção da LT 230kV Mascarenhas x Linhares.

Verificou-se que FURNAS não dispõe de normativo interno que determine a análise prévia dos riscos dos empreendimentos desenvolvidos de forma coorporativa, inclusive o mapeamento dos riscos associados em todas as fases sensíveis de sua viabilização, implantação, construção e operação, bem como as medidas para a mitigação dos riscos identificados.

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A análise prévia detalhada de riscos que envolvem empreendimentos desse porte é muito importante para tomada de decisão de participação ou não no leilão (ou aquisição de novos negócios). A identificação dos riscos permite efetuar cálculo mais preciso acerca do resultado previsto para o investimento, o que eventualmente pode alterar a opção acerca da atuação no leilão.

Além disso, caso os riscos do empreendimento tivessem sido previamente identificados, poderiam ter sido adotadas medidas visando à sua mitigação. Cabe destacar o efeito da ausência de gerenciamento dos riscos relacionados à definição do traçado da LT. A alteração do traçado original resultou em ampliação do prazo de implementação do empreendimento e elevação do seu custo.

2.2 – Foram adotadas todas as medidas para obtenção das licenças ambientais necessárias?

Sim, FURNAS adotou as medidas necessárias para obtenção das licenças ambientais, mas de forma morosa.

A empresa demorou três meses para solicitar a reversão do relatório equivocadamente exigido pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA-ES para o previsto na legislação (Relatório Ambiental Simplificado – RAS). Uma vez autorizada a apresentação do RAS, FURNAS protocolizou-o no órgão ambiental seis meses depois.

A manifestação do Comando da Aeronáutica – COMAR quanto à implantação da Linha de Transmissão foi solicitada 19 meses após a assinatura do Contrato de Concessão. De acordo com FURNAS, para solicitá-la havia a necessidade de apresentação de todo o projeto executivo, o que diverge do entendimento da Portaria n.º 256/GC5, em seu Anexo II. A empresa deveria ter apresentado o projeto somente do trecho afetado. Além disso, a Especificação Padrão “Linhas de Transmissão – Estudo e Implantação do Traçado” de FURNAS - EP5022 prevê consulta ao Ministério da Aeronáutica quando do estudo do traçado, o que não ocorreu no empreendimento em análise.

O COMAR indeferiu a implantação do traçado proposto para a LT em função da proximidade do aeródromo de Colatina, justificando a necessidade de variante. Decorreram 20 meses entre a negativa do Comando e a submissão do novo projeto executivo.

2.3 – As condicionantes estabelecidas pelos órgãos ambientais foram cumpridas?

Sim, as condicionantes estabelecidas foram cumpridas ou estão em fase de implementação.

Das 28 condicionantes da Licença Prévia, foram selecionados, por meio de amostragem não probabilística, 11 para análise, representando uma amostra de 39,29%, considerando os aspectos de criticidade e relevância. Pode-se afirmar que as condicionantes estabelecidas pelo órgão ambiental foram cumpridas ou flexibilizadas.

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Das 27 condicionantes da Licença de Instalação, foram selecionadas, por meio de amostragem não probabilística, seis para análise, representando uma amostra de 22,22%, considerando os aspectos de criticidade e relevância. Podemos afirmar que as condicionantes referentes à Licença de Instalação vêm sendo cumpridas. Algumas ainda em fase de implementação.

2.4 – Os estudos de viabilidade técnica, econômica e socioambiental comprovam a viabilidade da alternativa proposta?

Sim. Foram elaborados estudos que comprovam a viabilidade técnica, econômica e socioambiental da alternativa proposta para expansão de energia elétrica no norte do Estado do Espírito Santo.

O processo de documentação da ANEEL para a outorga de uma nova instalação a ser integrada à Rede Básica passa por quatro fases distintas: a demonstração de sua viabilidade técnico-econômica e socioambiental, documentada no relatório denominado R1; o detalhamento técnico da alternativa de referência, documentado no relatório denominado R2; a caracterização e análise socioambiental do corredor selecionado para o empreendimento, documentadas no relatório denominado R3; e, por último, a definição dos requisitos do sistema circunvizinho de forma a se assegurar uma operação harmoniosa entre a nova obra e as instalações existentes, documentada no relatório denominado R4.

Foram elaborados todos os relatórios referentes aos estudos da fase de planejamento do empreendimento. Das alternativas analisadas no R1, para solucionar completamente o atendimento ao Norte do Estado, a Linha de Transmissão Mascarenhas – Linhares 230 kV com transformador 230/138 kV, 150 MVA na SE Linhares foi a melhor alternativa sob o enfoque técnico e econômico.

Não foi elaborada a análise socioambiental das alternativas do R1. No entanto, foi realizada analise socioambiental detalhada das alternativas dos dois corredores da LT no R3, considerando a melhor alternativa técnica-econômica apontada no R1.

2.5 – O projeto básico – PB apresenta todos os elementos necessários para uma completa caracterização do empreendimento?

Parcialmente. O Projeto Básico do empreendimento não foi elaborado nos moldes da Lei n.º 8.666/93, mas de acordo com as características/especificações técnicas exigidas pela ANEEL.

A ANEEL aprovou a conformidade das características técnicas do projeto básico das instalações de transmissão do empreendimento Linha de Transmissão Mascarenhas – Linhares 230kV e Subestação Linhares 230/138kV – 150MVA, proposto por FURNAS. Contudo, não houve alteração do PB em virtude da alteração do traçado da linha de transmissão.

2.6 – Foi realizada avaliação de custos com o objetivo de assegurar contratação de bens e serviços a preços de mercado?

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Não. A avaliação de custos elaborada por FURNAS não assegurou que a contratação do consórcio Mascarenhas foi a preços de mercado. A estimativa baseou-se em contratos antigos, orçamento de técnicos (programas ambientais) e pesquisa de preços para terras rurais e produções vegetais (gestão fundiária). O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI foi utilizado como fonte para duas rubricas de sondagem e para os serviços de obras civis e montagem eletromecânica. Ainda assim, o sistema não foi a única fonte desses itens. No caso de obras civis e montagem eletromecânica, as composições dos preços unitários também foram oriundas do Banco de Dados de Obras de Transmissão e de preços praticados em outros contratos da empresa.

Na ocasião, não havia normativo interno com metodologia para elaboração de orçamento de referência, sendo que cada área utilizava a que considerava mais adequada. Estava em vigor, contudo, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO de 2009 (Lei n.º 11.768/2008), que dispunha acerca da utilização do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil - SINAPI para obtenção de referência de custo.

Apesar da Carta Convite registrar que o empreendimento seria beneficiado pelo Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura – REIDI, as planilhas orçamentárias de referência não mencionaram o referido benefício fiscal.

A estimativa de custos elaborada por FURNAS também não discriminou o valor da taxa de Bonificações e Despesas Indiretas – BDI. A contratação sem orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários contraria o inciso II do §2º c/c o §9º do art. 7º da Lei n.º 8.666/1993.

O valor da proposta contratada para a construção da LT Mascarenhas-Linhares (R$ 31.906.310,41) foi superior a estimativa elaborada por FURNAS (R$ 31.498.164,60), não tendo sido apresentada justificativa para o fato.

Atualmente, FURNAS dispõe de documento com metodologia para elaboração de orçamento de referência, mas ainda não o publicou como normativo interno. Além disso, informou que tem exigido a discriminação do BDI nos atuais processos de contratação.

2.7 – Foi adotado procedimento objetivo para seleção de fornecedores?

Não.

FURNAS foi dispensada de realizar licitação para a contratação do consórcio Mascarenhas em função do disposto no art. 32 da Lei nº 9.074/95. A seleção do fornecedor foi realizada por meio do encaminhamento de Cartas Convites e celebração de pré-contrato anterior à realização do Leilão ANEEL 005/2009.

Não foi adotado procedimento objetivo para seleção do consórcio Mascarenhas, tendo em vista que:

- Das cinco propostas apresentadas para a construção da LT, apenas uma atendeu os requisitos estabelecidos na Carta Convite para elaboração de planilha de preços e

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discriminação de preços para a LT e para SE´s, porém a mesma não foi a vencedora. O fornecedor selecionado não atendeu todos os requisitos.

- A proposta do consórcio Mascarenhas não dispunha de Termo de Compromisso de Constituição de Consórcio, em desacordo com o previsto na Carta Convite.

- Houve a comparação de preços de propostas com objetos diferentes. Três proponentes (inclusive a proposta inicial do consórcio Mascarenhas) se restringiram à construção da Linha de Transmissão; um incluiu serviços relacionados a subestações; e um não detalhou os bens e serviços incluídos no seu objeto. Além disso, as três propostas que abordaram apenas a LT Mascarenhas-Linhares descreveram bens e serviços com características diferentes.

- Após a apresentação das propostas, houve etapa de negociação com os proponentes, visando à adequação das especificações técnicas e redução de valores, o que não havia sido previsto no instrumento convocatório.

- O objeto da proposta final do consórcio Mascarenhas não é o mesmo da Carta Convite (“Anexo A” - Pré-Contrato – cláusula 1ª).

- A proposta final de menor valor foi desconsiderada em função da ausência de confirmação da conformidade das especificações dos materiais com o Anexo IV da Carta Convite, apesar de correspondência da proponente registrar que o documento atendia “totalmente à Especificação Técnica simplificada de FURNAS para cada equipamento, bem como às características técnicas do Leilão ANEEL n.º 005/2009” e que a empresa estava à disposição para eventuais esclarecimentos porventura necessários.

- O preço da proposta final do consórcio Mascarenhas foi comparado com o de outra proponente, que possuía objeto diferente.

- O objeto do pré-contrato celebrado com o consórcio Mascarenhas diverge do registrado na minuta de pré-contrato anexa à Carta Convite.

2.8 – As questões fundiárias relacionadas ao empreendimento estão adequadamente definidas?

Não, as questões fundiárias relacionadas ao empreendimento não foram adequadamente definidas, uma vez que o cronograma previsto não foi cumprido e o custo total estimado de indenização aos proprietários atingidos pela linha (R$ 5milhões) não foi previsto no Plano de Negócios.

Cabe destacar que o atraso no cronograma da gestão fundiária da obra foi de 69 meses, tendo o período de realização correspondido a aproximadamente sete vezes o previsto. Um dos motivos para a dilação do prazo foi a baixa produção da liberação de áreas por parte da empresa INCOMISA do Consórcio Mascarenhas. Além disso, FURNAS teve que entrar com expressivo número de ações judiciais para constituição de servidão administrativa com pedido liminar de imissão na posse para dar continuidade ao

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empreendimento. Houve, ainda, diversos equívocos cadastrais por parte da INCOMISA, gerando revisão dos laudos de avaliação e das negociações, bem como a necessidade de retificação de processos judiciais.

2.9 – Os prazos de execução estão sendo cumpridos?

Não. O prazo de construção da LT Mascarenhas-Linhares não foi cumprido. O atraso de cinco anos correspondeu a quase quatro vezes o período inicialmente estabelecido. Ainda assim, ainda não houve o lançamento de cabos em trecho que depende do término da SE Linhares.

No cronograma inicial, havia compatibilidade entre as datas de conclusão da Linha de Transmissão e das Subestações Linhares e Mascarenhas. Já o cronograma atualizado prevê que a LT deverá permanecer ainda sem utilização por um período de 21 meses, em função da demora no comissionamento das Subestações.

2.10 – Houve antecipação de pagamentos a fornecedores sem previsão de garantia que resguardasse os interesses dos contratantes?

Não. Cotejaram-se os pagamentos efetuados à empresa INCOMISA do Consórcio Mascarenhas (Contrato n.º 8000002596) com os boletins de medição de serviços prestados até dezembro de 2016 no montante pago de R$ 14.746.768,31. Ressalte-se que, das 36 medições existentes, apenas 32 foram analisadas, tendo em vista que:

1. A medição n.º 12 não se refere à prestação de serviços e sim ao fornecimento de equipamento.

2. As medições 30 e 31 não foram pagas. A Empresa esclareceu que: Estamos devolvendo as NF's 3105 e 3106, referentes à carta de medição

DCTL.E.E.127.2016, e as NF's 3107 e 3108, referentes à carta de medição

DCTL.E.E.106.2016, as quais aprovam para pagamento parte do Subitem 1.15 da

Tabela A - Licenciamento e Gestão Ambiental para LT e SE que consta da Cláusula

5ª - Esquema de Faturamento, tendo em vista que o referido Subitem só pode ser

medido integralmente (35%), segundo previsto nesta mesma Cláusula.

3. A medição 35 refere-se, não à INCOMISA, mas à outra empresa integrante do Consórcio, a CPMAIS Serviços de Consultoria em Meio Ambiente Ltda.

Verificou-se que do total pago à INCOMISA, R$ 10.642.787,20 são referentes ao pagamento do valor básico do Contrato e R$ 4.103,981,11 são referentes ao reajuste contratual. Verificou-se, ainda, que serviços medidos foram pagos por FURNAS.

2.11 – As alterações, ajustes, aditivos e/ou reprogramações ao longo da execução estavam adequadamente justificadas?

Não. Os Aditamentos n.º 2, n.º 4 e n.º 6 ao Contrato n.º 8000002596 não foram adequadamente justificados.

2.12 – As alterações, ajustes, aditivos e/ou reprogramações acarretaram prejuízo ao contratante?

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Sim. A prorrogação do prazo de entrada em operação do empreendimento e a alteração do traçado da LT resultaram em prejuízos à FURNAS.

Em função da prorrogação do prazo, deixou de ser gerada receita no valor de aproximadamente R$ 34 milhões (base: novembro/2009) e o reajustamento de preço, previsto na Cláusula 6ª do Contrato n.° 8000002596, foi aplicado por prazo superior ao previsto no Plano de Negócio. O atraso também foi motivo de multa aplicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica no valor de R$ 152 mil.

A alteração do traçado da LT gerou retrabalho, tendo o Consórcio Mascarenhas relacionado serviços adicionais no valor de R$ 4 milhões, porém o montante apurado por FURNAS é de R$ 515 mil, mas ainda carece de análise dos órgãos jurídico e financeiro, bem como de aprovação da Diretoria.

O impacto financeiro no empreendimento pode ser ainda maior, uma vez que FURNAS ainda não se manifestou acerca dos pleitos do Consórcio Mascarenhas registrados em correspondência datada de julho/2017, no valor de R$ 12.839 mil. O contratado informou que, caso as reivindicações não sejam analisadas e os respectivos aditivos não sejam emitidos, adotará medidas judiciais.

3. Conclusão

Verificou-se, por meio do presente trabalho, que o macroprocesso finalístico “Transmissão”, subprocessos “Participação no leilão de forma corporativa” e “Implantação de empreendimento corporativo”, apresenta o seguinte aspecto que contribui para o alcance da missão da unidade:

a) Criação de um novo ponto de suprimento de eletricidade na região norte do Estado do Espírito Santo.

Por outro lado, verificou-se que os seguintes aspectos constituem obstáculos para o atingimento da sua missão:

a) Morosidade para obtenção das Licenças Prévia e Instalação, bem como descumprimento dos prazos estabelecidos no Contrato de Concessão n.º 06/2010.

b) Descumprimento de prazos estabelecidos pelo órgão ambiental. c) Atraso significativo no cronograma da gestão fundiária da obra. d) Custo total com indenizações aos proprietários atingidos pela implantação da

LT230 kV Mascarenhas - Linhares não computado no valor do investimento e Plano de Negócios desatualizado.

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e) Ausência de gestão de riscos do empreendimento LT 230kV Mascarenhas x

Linhares.

f) Ausência de manifestação do COMAR no início do processo de licenciamento, nos termos da Resolução CONAMA n.º 279/2001, ocasionando atrasos na execução do empreendimento.

g) Inadequabilidade dos procedimentos adotados para assegurar contratação a preços de mercado.

h) Inobservância de critérios objetivos para seleção da melhor proposta para a

construção da Linha de Transmissão. i) Descumprimento do prazo previsto para a construção da LT Mascarenhas-

Linhares e ausência de amparo contratual para o período final de execução da obra.

j) Insuficiência de justificativas para os Aditamentos n.º 2, n.º 4 e n.º 6 ao Contrato n.º 8000002596.

k) Alterações de premissas consideradas no Plano de Negócio acarretaram prejuízo

à Furnas.

As recomendações registradas neste relatório serão acompanhadas por meio do Plano de Providências Permanente da Unidade.

Rio de Janeiro/RJ, 02 de outubro de 2017.

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_______________________________________________

Ordem de Serviço nº 201700186 1 GESTÃO OPERACIONAL

1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

1.1.1 Avaliação dos Resultados da Gestão

1.1.1.1 INFORMAÇÃO

Breve histórico da participação de FURNAS na LT 230kV Mascarenhas x Linhares. Fato

A Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL publicou o edital do Leilão n.º 005/2009 em 22/10/2009, sendo o escopo do Lote E os seguintes empreendimentos: Linha de Transmissão - LT Mascarenhas–Linhares 230 kV e Subestação Linhares 230/138 kV.

O Tribunal de Contas da União – TCU, por meio do Acórdão n.º 2.522/2009 – Plenário, aprovou o primeiro estágio do Leilão, tendo analisado o relatório sintético sobre os estudos de viabilidade técnica e econômica do empreendimento; o relatório dos estudos, obras e despesas ou investimentos já efetuados; e o relatório sintético sobre os estudos de impactos ambientais.

FURNAS foi orientada pela Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - ELETROBRÁS a participar de forma corporativa (investimento próprio da empresa) no Lote E do Leilão ANEEL n.º 005/2009. Assim, tendo em vista o disposto no art. 32 da Lei nº 9.074/95, FURNAS colheu preços junto a terceiros para compor sua proposta e assinou pré-contrato com dispensa de licitação. A coleta de preços foi realizada por meio do envio de Cartas Convite, datadas de 11/11/2009, a 14 empresas, solicitando a apresentação de propostas sob o regime de empreitada a preço global e prazo determinado.

O Grupo de Trabalho aprovado pela Resolução de Diretoria – RD 003/2517 emitiu, em 26/11/2009, a Correspondência Interna APR.C.I.085.2009, por meio da qual apresentou relatório de atividades referente à coleta de preços. O parecer do Grupo foi no sentido de que o pré-contrato para construção da LT Mascarenhas-Linhares deveria ser assinado com o consórcio Mascarenhas, constituído pelas empresas Indústria, Construções e Montagens Ingelex S.A. - INCOMISA, Tacta Enercom Serviços de Engenharia Ltda. - TACTA, Procable Energia e Telecomunicações S.A.- PROCABLE E CEPEMAR – Serviços de Consultoria em Meio Ambiente Ltda. O valor da proposta, após negociação realizada com o Consórcio, foi de R$31.906.310,41 (trinta e um milhões, novecentos e seis mil, trezentos e dez reais e quarenta e um centavos).

O pré-contrato com o consórcio Mascarenhas foi assinado em 26/11/2009 e teve como objeto “estabelecer compromissos entre as partes para futura contratação (contrato definitivo) para a execução dos serviços de licenciamento e gestões ambiental e fundiária

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para SE e LT, obras civis, montagem eletromecânica, com fornecimento de projetos básicos e executivos, topografia, sondagem e resistividade do solo, fornecimento de materiais, equipamentos e sistemas, ensaios, comissionamento e testes referentes à construção da LT 230 kV Mascarenhas-Linhares”. O valor firmado foi o mesmo da proposta renegociada supracitado.

A sessão pública do Leilão foi realizada em 27/11/2009, conforme previsto no seu edital, tendo sido FURNAS a vencedora do Lote E.

O Contrato de Concessão n.º 006/2010 – ANEEL foi celebrado, em 12/07/2010, por representantes da ANEEL, FURNAS e ELETROBRÁS. O instrumento regula a concessão do serviço público de transmissão, pelo prazo de 30 anos, podendo ser prorrogado por no máximo igual período, para construção, operação e manutenção das instalações de transmissão compostas pela Linha de Transmissão em 230kV, com extensão aproximada de 99km, origem na Subestação Mascarenhas e término na Subestação Linhares; e Subestação Linhares, em 230/138 kV – 150 MVA. Estabeleceu-se o prazo de 24 meses para a entrada em operação comercial das instalações de transmissão, a partir de quando FURNAS passaria a ter direito à Receita Anual Permitida - RAP pela prestação de serviço público de transmissão aos usuários no valor de R$5 milhões. No caso de atraso injustificado do início da operação comercial, a Agência foi autorizada a impor à FURNAS penalidade de multa.

O Contrato n.º 8000002596 foi assinado em 10/08/2010 e teve como objeto a execução pelo consórcio Mascarenhas para FURNAS, sob regime de empreitada por preço global, dos serviços de construção (com fornecimento de serviços e bens) da LT Mascarenhas-Linhares, bem como obtenção das licenças ambientais e cumprimento de todas as atividades relacionadas à gestão fundiária tanto para a Linha de Transmissão quanto para as Subestações Mascarenhas e Linhares.

O TCU, por meio do Acórdão n.º 3.096/2010 – Plenário, aprovou o segundo, o terceiro e o quarto estágios do Leilão ANEEL nº 005/2009. Foram analisados: o edital de licitação; as minutas de contratos; a publicidade das informações e recursos referentes ao edital; atas de abertura e de encerramento da habilitação; relatório de julgamento da habilitação; questionamentos das licitantes sobre a fase de habilitação, eventuais recursos interpostos, acompanhados das respostas e decisões respectivas; atas de abertura e de encerramento da fase do julgamento das propostas; relatórios de julgamentos e outros que foram produzidos; e recursos eventualmente interpostos e decisões proferidas referentes à fase do julgamento das propostas. Também foi verificado o encaminhamento ao Tribunal dos atos de outorga e dos contratos assinados. O TCU não observou irregularidades nos referidos procedimentos. Cabe destacar que, em relação ao Lote E do Leilão 005/2009, a análise do Tribunal não abordou o procedimento adotado por FURNAS para seleção de fornecedores.

Ao todo, foram celebrados seis aditamentos ao Contrato n.º 8000002596.

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Houve alteração do traçado da Linha de Transmissão em função da negativa do Comando da Aeronáutica – COMAR em aprovar o traçado original. Apesar da citada modificação, não foi celebrado aditivo para formalizá-la.

O prazo previsto para a conclusão da LT não foi cumprido, sendo que o empreendimento ainda não entrou em operação comercial, uma vez que depende da conclusão das subestações Mascarenhas e Linhares, cujo comissionamento está previsto para maio/2019.

Apresentamos, a seguir, os principais pontos identificados pela equipe de auditoria da CGU em relação à participação de FURNAS na LT 230kV Mascarenhas x Linhares.

##/Fato##

1.1.1.2 CONSTATAÇÃO

Ausência de gestão de riscos do empreendimento LT 230kV Mascarenhas x Linhares. Fato

Os riscos do empreendimento em análise não foram mapeados, não sendo formalizado mapa de riscos específico para a Linha de Transmissão – LT Mascarenhas-Linhares.

Por ocasião do Leilão n.º 05/2009 – ANEEL, Furnas não dispunha de normativo interno que estabelecesse como diretriz a análise prévia dos riscos inerentes aos empreendimentos. Portanto, não foram mapeados alguns riscos comuns ao desenvolvimento de novos negócios no setor elétrico, tais como: projeto da obra deficiente; atraso no licenciamento ambiental e na entrega de componentes ou equipamentos por parte de fornecedores; imprecisão de custos com meio ambiente (ex: supressão vegetal) e aquisição de terras; alterações nas exigências das comunidades afetadas; não cumprimento de projeções (ex: câmbio e inflação); baixo retorno sobre o investimento; e alteração na legislação tributária, trabalhista e/ou na regulamentação do setor elétrico.

A ausência de política de gestão de riscos adequada impactou o cronograma do empreendimento e resultou na elevação do custo do projeto.

Houve atrasos na obtenção das licenças prévia e de instalação. A licença operacional ainda não foi obtida, apesar do prazo previsto para a sua emissão ser maio/2012. O atraso na entrada em operação do Sistema Mascarenhas x Linhares (LT e Subestações) resultou na aplicação de multa pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, no valor de R$152mil.

Também houve a necessidade de refazer serviços executados, em decorrência de alteração no traçado original da Linha de Transmissão. O Consórcio Mascarenhas relacionou serviços adicionais no valor total de R$4.357mil, tendo Furnas apurado o valor de R$515mil.

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Há, ainda, pleitos do Consórcio Mascarenhas, no valor de R$12 milhões, relacionados às condições alteradas do Contrato n.º 8000002596 e que, segundo o contratado, foram ocasionadas por fatos alheios à sua responsabilidade e que geraram a necessidade de compensação econômica. Furnas ainda não se manifestou acerca desses requerimentos.

Caso os riscos do empreendimento tivessem sido previamente identificados, poderiam ter sido adotadas medidas visando à sua mitigação, como as mencionadas no item 1.1.1.4 deste Relatório, que teriam reduzido o impacto financeiro da sua realização.

A empresa dispõe do normativo "Política de Gestão de Riscos e Controles Internos", que estabelece princípios e diretrizes para promover e assegurar o gerenciamento de riscos corporativos de forma integrada, permeando todos os processos organizacionais de FURNAS, não tratando, no entanto, de gerenciamento de riscos específicos dos empreendimentos em que atua.

FURNAS informou que, atualmente, análises de riscos dos empreendimentos são obrigatórias para cada novo Plano de Negócio – PN, porém não apresentou normativo que estabeleça formalmente essa exigência para empreendimentos corporativos como o em análise (quando não há associação de FURNAS com outras empresas para participar de um leilão).

No caso da LT Mascarenhas-Linhares, verificou-se que não foi realizada nenhuma revisão do Plano de Negócios desde sua primeira versão, de forma que não houve análise de riscos incorporada ao documento.

Ressalte-se que a análise prévia detalhada de riscos que envolvem empreendimentos desse porte é muito importante para tomada de decisão de participação ou não no leilão (ou aquisição de novos negócios). A identificação dos riscos permite efetuar cálculo mais preciso acerca do resultado previsto para o investimento, o que eventualmente pode alterar a opção de atuar ou não em determinado leilão.

##/Fato##

Causa

- Ausência de normativo interno, quando do leilão do empreendimento, que estabelecesse como diretriz a análise prévia dos riscos inerentes ao projeto.

- Ausência de revisão do PN do empreendimento LT Mascarenhas-Linhares que incorporasse análise dos riscos das fases do empreendimento ainda não concluídas. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação quanto ao Relatório Preliminar. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Não se Aplica. ##/AnaliseControleInterno##

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Recomendações: Recomendação 1: Efetuar o mapeamento das fases sensíveis da operação do empreendimento LT Mascarenhas- Linhares e analisar previamente os seus riscos. Recomendação 2: Elaborar normativo interno que determine a análise prévia dos riscos dos empreendimentos desenvolvidos de forma coorporativa, inclusive o mapeamento dos riscos associados em todas as fases sensíveis de sua viabilização, implantação, construção e operação, bem como as medidas para a mitigação dos riscos identificados. 1.1.1.3 CONSTATAÇÃO

Morosidade para obtenção das Licenças Prévia e Instalação. Descumprimento dos prazos estabelecidos no Contrato de Concessão n.º 06/2010. Fato

Licença Prévia De acordo com o inciso I do art. 8º da Resolução CONAMA nº 237, de 19/12/1997, a Licença Prévia – LP é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação. O licenciamento ambiental foi realizado na esfera estadual, junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – IEMA-ES. O processo de licenciamento iniciou-se em 23/03/2010 com a Protocolização do Termo de Referência para Licenciamento de Linha de Transmissão, antes da assinatura do Contrato de Concessão n.º 06/2010, em 12/07/2010. O prazo previsto para emissão da Licença Prévia de acordo com o ANEXO IV do contrato (cronograma físico de implantação do empreendimento) era de dois meses a partir da assinatura do mesmo. Em 15/12/2010, o IEMA exigiu equivocadamente a elaboração de Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA, uma vez que a Resolução CONAMA n.º 279/2011 estabelece a apresentação de Relatório Ambiental Simplificado – RAS para esta tipologia de empreendimento. Em 16/03/2011, FURNAS protocolizou solicitação de Reversão de EIA/RIMA para Relatório Ambiental Simplificado. Somente em 17/05/2011, o órgão ambiental autorizou Furnas a apresentar Relatório Ambiental Simplificado para obtenção da Licença Prévia. Seis meses após, em 27/11/2011, Furnas protocolizou o RAS e solicitou a Licença Prévia. Assim, embora o início do processo de licenciamento tenha ocorrido antes da celebração do contrato de concessão, a protocolização do RAS e solicitação da LP somente ocorreu 16 meses após sua assinatura. Conforme apresentado no item 1.1.1.4 deste Relatório, em 11/06/2012, o COMAR indeferiu o pedido para implantação da Linha de Transmissão por haver possibilidade de interferência ao cone de aproximação do aeródromo de Colatina, conforme Ofício n.º 1098/SERENG/29391.Em razão deste indeferimento, houve a necessidade de definição de um novo traçado para a Linha de Transmissão na região próxima ao aeródromo de Colatina, bem como a execução de todas as atividades precursoras ao projeto para nova submissão de aprovação ao COMAR. Assim, foram concluídos em dezembro/2012 os

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serviços preliminares, topografia, gestão ambiental e fundiária, que subsidiaram a Licença Prévia do empreendimento. A Licença Prévia que aprovou a implantação do empreendimento foi obtida em 16/01/2013 (Licença Prévia LP-GCA/SAIA/Nº6/2013/CLASSEII), com 28 condicionantes a serem cumpridos. Em virtude de alteração do traçado da Linha de Transmissão, um novo projeto executivo foi elaborado e submetido à aprovação ao COMAR em 14/02/2014, ou seja, dois anos após o primeiro pedido de manifestação do órgão. A autorização do COMAR ocorreu em 06/08/2014. Observou-se, então, que a obtenção da LP foi anterior à autorização do COMAR, sendo que a LP concedida trouxe uma condicionante (n.º 21)que exigia a autorização do COMAR. Ou seja, mesmo não tendo havido descumprimento formal de condicionante, verificou-se que FURNAS assumiu um risco elevado ao não obter a autorização previamente, face aos previsíveis impactos que o indeferimento causaria. Ademais, a condicionante n.º 13 da LP prevê que “qualquer alteração nos projetos apresentados pela empresa deverá ser imediatamente comunicada a este IEMA para posterior aprovação do mesmo”. A alteração do traçado original foi comunicada ao IEMA. Por intermédio do Ofício n.º 2.893/14, de 04/06/2014, o órgão ambiental se manifestou e considerou a condicionante cumprida. A partir da análise dos licenciamentos ambientais do empreendimento outorgado à Furnas, a ANEEL, de acordo com a pag.11 da Exposição de Motivos para o Auto de Infração nº 0085/2016-SFE, constatou que o IEMA extrapolou em 206 dias o prazo estabelecido pela Resolução CONAMA n.º 237/1997 para emissão da LP, conforme quadro abaixo.

Etapa Documento Data Ação Responsabilidade Prazo Tempo Excedido (dias)

Total Máximo

1 Licença Ambiental Prévia - LP

27/12/2011 Solicitação da LP

Furnas 386 180 206

16/01/2013 Emissão da LP IEMA Fonte: pag.11 da Exposição de Motivos para o Auto de Infração nº 0085/2016-SFE – ANEEL O prazo previsto para emissão da LP do empreendimento era de 2 meses contados a partir da assinatura do contrato de concessão. No entanto, a LP foi emitida 28 meses após o prazo inicialmente previsto. Esse atraso foi de responsabilidade tanto da concessionária quanto do órgão ambiental. Furnas entrou com pedido de emissão da LP 17 meses após a assinatura do contrato de concessão e o IEMA demorou aproximadamente 13 meses para proceder a análise do pedido. Por fim, a LP foi emitida 30 meses após a assinatura do contrato de concessão. Licença de Instalação De acordo com o inciso II do art. 8º da Resolução CONAMA nº 237, de 19/12/1997, a Licença de Instalação – LI autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante.

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De forma a dar continuidade ao processo de licenciamento ambiental da LT Mascarenhas e SE Linhares 230/138 kV, Furnas, por intermédio da Correspondência Externa GLA.E.E.512.2013, de 19/11/2013, recebida pelo IEMA em 23/11/2013, protocolou a documentação para emissão da LI do empreendimento em tela, bem como informou o andamento de todas as condicionantes da LP. A Licença de Instalação, contendo as 27 condicionantes, foi emitida em 29/05/2014 (LI-GCA/CAIA/Nº108/2014/CLASSEII). O prazo previsto no Contrato de Concessão n.º 06/2010 para emissão da LI foi de seis meses, a partir da assinatura do mesmo em 12/07/2010. Observou-se que a LI também foi emitida antes da autorização do COMAR, ocorrida em 06/08/2014. Mais uma vez verificou-se que a condicionante n.º 20 permite a concessão da LI sem que haja a obtenção prévia da autorização do COMAR. No entanto, não desobriga a empresa de obter a autorização do COMAR, em momento posterior, ficando no âmbito do cumprimento de sua condicionante. Furnas, ao iniciar as obras antes da obtenção da autorização, novamente assumiu um risco significativo, que lhe causou prejuízo, visto que serviços precisaram ser refeitos. Condicionante n.º 20 da LP: “Esta licença não inibe ou restringe a ação de demais órgãos e instituições fiscalizadoras e não desobriga a empresa de obter autorizações, anuências, laudos, certidões, certificados ou outros previstos na legislação vigente.” A ANEEL verificou que o IEMA extrapolou em 07 dias o prazo estabelecido pela Resolução CONAMA n.º 237/1997 para emissão da LI, vejamos:

Etapa Documento Data Ação Responsabilidade Prazo Tempo Excedido (dias) Total Máximo

1 Licença Ambiental de Instalação - LI

23/11/2013 Solicitação da LP

Furnas 187 180 7

29/05/2014 Emissão da LI

IEMA

Fonte: pag.11 da Exposição de Motivos para o Auto de Infração nº 0085/2016-SFE – ANEEL

O prazo previsto para emissão da LI do empreendimento era de 6 meses contados a partir da assinatura do contrato de concessão. No entanto, a LI foi emitida aproximadamente 40 meses após o prazo inicialmente previsto. O maior responsável por esse atraso foi Furnas que entrou com pedido de emissão da LI 40 meses após a assinatura do contrato de concessão. O IEMA extrapolou em 7 dias o prazo legal para proceder a análise do pedido. Por fim, a LI foi emitida 46 meses após a assinatura do contrato de concessão. Os atrasos na obtenção das licenças prévia e de instalação ocasionou, também, atraso na entrada em operação do empreendimento, resultando na aplicação de multa pela Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, no valor de R$152mil.

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Licença de Operação De acordo com o inciso III do art. 8º da Resolução CONAMA n.º 237, de 19/12/1997, a Licença de Operação (LO) autoriza operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. O prazo previsto no Contrato de Concessão n.º 06/2010 para emissão da LO foi de 22 meses a partir da sua assinatura, finalizando, portanto, em maio/2012. Segundo Furnas, o requerimento da solicitação da LO está previsto para ser apresentado junto ao órgão ambiental em agosto de 2017. Verificou-se um atraso de mais de 5 anos na obtenção da referida licença e consequente atraso da entrada em operação do empreendimento. Foi constatado o descumprimento dos prazos para a obtenção das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação, previstos no Contrato de Concessão n.º 06/2010, de 12/07/2010, que era de dois, seis e 22 meses, respectivamente. Há que se destacar também a morosidade do IEMA para emissão das LP e LI do empreendimento. Afim de comparar os prazos definidos na contratação em tela com os utilizados em novos contratos de concessão de empreendimentos similares, foi realizada consulta ao site da ANEEL e selecionado o Contrato de Concessão n.º 21/2017-ANEEL. Esse contrato regula a concessão de serviço público de transmissão de energia elétrica para construção, operação e manutenção das instalações de transmissão localizadas no Estado do Espírito Santo, compostas pela Linha de Transmissão Linhares 2 – São Mateus 2, em 230kV, primeiro circuito, com extensão aproximada de 113km, com origem na Subestação Linhares 2 e término na Subestação São Mateus 2; pela Subestação São Mateus 2 230/138-13,8kV. O empreendimento do Contrato de Concessão n.º 21/2017- ANEEL é similar ao empreendimento em análise, sendo que, no respectivo contrato, verificou-se que: a) O prazo final previsto para emissão da LP é de 19 meses, a partir da sua assinatura. b) O prazo final previsto para emissão da LI é de 26 meses, a partir da sua assinatura. c) O prazo final previsto para emissão da LO é de 47 meses, a partir da sua assinatura. Verifica-se, assim, que os prazos para obtenção das licenças para os novos contratos de concessão aumentaram consideravelmente. No entanto, mesmo que fossem considerados os prazos acima, haveria descumprimento dos prazos para emissão das LP, LI e LO do empreendimento em análise. Ademais, foi constatada ausência de norma interna que regulasse a gestão ambiental de seus empreendimentos que poderia ter contribuído na mitigação dos atrasos na obtenção das licenças ambientais. ##/Fato##

Causa

- Prazos estabelecidos no Contrato de Concessão n.º 06/2010 inexequíveis, pois não levaram em consideração o prazo máximo para análise do órgão ambiental.

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- Falhas nos controles internos da gestão ambiental do empreendimento.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Após a realização da Reunião de Busca Conjunta de Soluções, Furnas apresentou as seguintes considerações acerca da demora para solicitação, pela Estatal, de reversão do EIA para o RAS e da morosidade para obtenção das licenças ambientais do empreendimento: “[...] 1.1. Quanto à demora de 3 (três) meses para solicitação de reversão do EIA para Relatório Ambiental Simplificado - RAS: 1.1.1. O IEMA após observar que a LT passaria por vários corpos hídricos ao longo do seu curso, atravessaria um fragmento florestal e perpassaria por parte da zona de amortecimento de uma Unidade de Conservação Federal (FLONA de Goytacazes), decidiu que Furnas deveria apresentar, para análise da viabilidade ambiental da LT , um EIA/RIMA. 1.1.2. Cabe esclarecer que durante estes 3 meses citados, Furnas analisou detalhadamente as razões apresentadas pelo IEMA, à luz da legislação vigente, tendo sido realizados inúmeros contatos com a empresa contratada e com o próprio IEMA, no intuito de verificar a possibilidade de se propor a reversão do EIA para estudo simplificado. Para tal, foi agendada reunião com aquele Instituto no dia 03/03/2011 para se discutir a efetiva necessidade de elaboração de um EIA/RIMA, tendo em vista, entre outras, as seguintes razões: - Art. 2º da Resolução CONAMA n.º 01/86, que estabelece os empreendimentos que dependerão de elaboração do Estudo de Impacto Ambiental - EIA e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA , cita em sua alínea VI, como obrigatórios somente as linhas de transmissão acima de 230 kV; - A Resolução CONAMA nº 279/2011, que estabelece procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, com apresentação do Relatório Ambiental Simplificado - RAS; - Que o empreendimento somente exige intervenções no solo em situações pontuais a cada 400m que, na grande maioria das vezes permitem ajustes de posicionamento para evitar estreitas proximidades com corpos hídricos e outros ambientes sensíveis; - Que atuais procedimentos permitem reduzir significativamente a faixa de supressão de vegetação no caminhamento e que também serão adotadas torres mais elevadas para reduzir as podas, quando a linha de transmissão em referência atravessar áreas florestadas; e - Que o empreendimento não atravessa Unidades de Conservação ou Zonas de Amortecimento das mesmas, haja vista que a Resolução CONAMA n.º 428/10 reduziu de 10 para 3 km as zonas de amortecimento para UCs que não têm ainda especificado sua zona de amortecimento, como é o caso da FLONA de Goytacazes. 1.1.3. Somente em 17/05/2011, o órgão ambiental autorizou Furnas a apresentar Relatório Ambiental Simplificado para obtenção da Licença Prévia .”

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2. Quanto à morosidade da obtenção das Licenças Prévia, de Instalação e de Operação do empreendimento: 2.1. Registra-se que Furnas encontrou dificuldades na fase de requerimento das licenças, por diversos motivos, tais como, greve do órgão ambiental, embargos fundiários, inclusive na fase de estudos, necessidade de flexibilização de condicionantes não compatível com a fase de licenciamento, entre outros, fatos estes que independem de sua gestão e que contribuíram para a demora na obtenção das licenças prévia e de instalação. 2.2. Quanto à licença de operação, observa-se que a mesma somente poderá ser requerida na fase final de implantação do empreendimento 3. Quanto à comparação dos prazos do licenciamento ambiental com o empreendimento objeto do Contrato de Concessão n.º 21/2017-ANEEL: 3.1. O documento compara o prazo realizado por Furnas para obtenção das licenças com o previsto para o empreendimento similar. 3.2. Cabe observar que o prazo realizado por Furnas engloba atrasos inerentes ao órgão ambiental competente, já reconhecidos pela própria ANEEL bem como prazos decorrentes dos demais fatos acima citados, alheios à vontade desta empresa. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Furnas em sua manifestação apresentou considerações sobre as dificuldades encontradas no processo de licenciamento. No entanto, tais dificuldades não afastam a responsabilidade da estatal no cumprimento dos prazos estabelecidos no Contrato de Concessão n.º 06/2010. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Instituir normativo interno que verse sobre a gestão ambiental de seus empreendimentos, preliminarmente, no âmbito do licenciamento ambiental de linhas de transmissão. 1.1.1.4 CONSTATAÇÃO

Ausência de manifestação do COMAR no início do processo de licenciamento, nos termos da Resolução CONAMA n.º 279/2001, ocasionando atrasos na execução do empreendimento. Fato

Não houve gerenciamento de riscos em relação às variáveis que poderiam afetar a definição do traçado da LT Mascarenhas/Linhares.

Em 2009, foi emitido o Relatório “Caracterização e Análise Socioambiental da Linha de Transmissão - LT Mascarenhas/Linhares” - R3, que registrou recomendação acerca da necessidade de elaboração de “estudo do Plano Básico da Zona de Proteção de Aeródromos para verificação da interferência da linha de transmissão sobre o aeroporto” para a alternativa de traçado selecionada no estudo de viabilidade, porém FURNAS não apresentou estudo elaborado à época.

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Em novembro/2011, FURNAS solicitou a Licença Prévia - LP do empreendimento. De acordo com o art. 3º da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA n.º 279/2001, o empreendedor deve apresentar as manifestações cabíveis dos órgãos envolvidos quando da requisição da LP ao órgão ambiental. A empresa, contudo, ainda não havia solicitado posicionamento do Comando da Aeronáutica – COMAR.

Em fevereiro/2012, a empresa requereu ao COMAR anuência à implantação da Linha de Transmissão, por haver possibilidade de interferência ao cone de aproximação do aeródromo de Colatina, tendo anexado o projeto executivo.

A justificativa de FURNAS para a ausência de manifestação do COMAR no início do processo de licenciamento do empreendimento, nos termos do art. 3º da Resolução CONAMA n.º 279/2001, foi de que era necessária a apresentação do projeto executivo para a manifestação do Comando da Aeronáutica. Tal entendimento, contudo, não encontra amparo na Especificação Padrão “Linhas de Transmissão – Estudo e Implantação do Traçado” de Furnas - EP5022, que dispõe que a consulta ao antigo Ministério da Aeronáutica deve ser realizada quando do estudo do traçado. De acordo com o normativo, deve ser efetuada minuciosa inspeção ao longo do corredor por ocasião do estudo, visando detectar eventuais obstáculos que possam interferir com a sua diretriz. A Especificação destaca, inclusive, que deve ser verificada a existência de fatores determinantes na definição do traçado, tal como aeródromos. Cabe destacar o disposto em seu item 5.2.14.4:

Executar o levantamento dos aeródromos existentes nas proximidades do

traçado, amarrando-os em função do eixo da LT, para subsidiar quando

necessários, estudos de coexistência com base na portaria n.º 1141 de

08/12/87. Consultar o Ministério da Aeronáutica sobre a interferência

encontrada. (grifo nosso)

Em junho/2012, o COMAR indeferiu o pedido e houve a necessidade de alteração do traçado. Com isso, foi necessário executar novamente todas as atividades precursoras ao projeto para submissão à aprovação do COMAR de projeto executivo adequado, o que só ocorreu 20 meses depois, em fevereiro/2014.Em agosto/2014, o COMAR aprovou o novo traçado.

Em outubro/2016, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL emitiu o Auto de Infração – AI n.º 0085/2016 – SFE em função do atraso na entrada em operação da Linha de Transmissão. Houve a aplicação de multa no valor de R$152.543,59 (cento e cinquenta e dois mil, quinhentos e quarenta e três reais e cinquenta e nove centavos), com prazo para o seu recolhimento ou interposição de recurso de 10 dias.

A Agência Reguladora não aceitou o argumento de Furnas de que a emissão de parecer desfavorável pelo COMAR, no qual foram citadas contrariedades à legislação, foi um dos motivos para o descumprimento da data de entrada em operação comercial da Linha de Transmissão. A Agência informou discordar de qualquer manifestação baseada no desconhecimento da legislação ou de condições locais que influenciam direta ou indiretamente os prazos para execução do empreendimento. Ressaltou que a identificação

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posterior dessas condições e seus desdobramentos não poderiam ser considerados para efeito de descumprimento de prazo.

Em novembro/2016, Furnas encaminhou recurso à ANEEL relativo ao AI n.º 0085/2016 e à consequente revogação da multa imposta, ainda sem resposta pela agência reguladora.

A alteração do traçado original da LT impactou o prazo de implementação do empreendimento e o custo do projeto, uma vez que os serviços realizados com base no traçado original precisaram ser refeitos. O Consórcio Mascarenhas relacionou serviços adicionais, no valor total de R$4.357mil (quatro milhões e trezentos e cinquenta e sete mil reais), referentes a acréscimo de materiais, serviços preliminares e gestão ambiental e fundiária. Do pleito da contratada, o valor apurado por Furnas foi de R$515mil (quinhentos e quinze mil reais), que ainda carece de análise dos órgãos jurídico e financeiro, bem como de aprovação da Diretoria.

Assim, caso os riscos houvessem sido devidamente mapeados, teria sido identificada a possibilidade de indeferimento pelo COMAR da solicitação de implantação da LT em função da proximidade ao aeródromo. Este risco poderia ter sido mitigado com um pedido prévio de autorização ao COMAR, antes da realização de outros gastos com o projeto, desperdiçados em função da alteração no traçado. Além disso, não teria havido um atraso tão significativo na implantação da Linha de Transmissão (período entre o Leilão n.º 05/2009 – ANEEL e a emissão de relatório com justificativa técnica para alteração no traçado da LT Mascarenhas Linhares foi de mais de três anos).

##/Fato##

Causa

- Falhas nos controles internos da Empresa.

- Descumprimento da Especificação Padrão “Linhas de Transmissão – Estudo e Implantação do Traçado” de Furnas - EP5022.

- Furnas assumiu risco excessivo ao não solicitar a autorização do COMAR previamente. O R3, emitido em 2009, já havia registrado recomendação para elaboração de estudo para verificação da interferência da linha de transmissão sobre o aeroporto na alternativa de corredor selecionada no estudo de viabilidade (corredor B). Furnas, portanto, poderia ter previsto que havia o risco de a alternativa ser rejeitada pelo COMAR.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação quanto ao Relatório Preliminar. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Não se Aplica. ##/AnaliseControleInterno##

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Recomendações: Recomendação 1: Formalizar rotina de modo a obter todas as manifestações cabíveis dos órgãos envolvidos quando do início do processo de obtenção da licença de instalação. 1.1.1.5 INFORMAÇÃO

Análise do cumprimento das condicionantes das Licenças Prévia e de Instalação. Descumprimento de prazos estabelecidos pelo órgão ambiental. Fato

Licença Prévia

Do total das 28 condicionantes da Licença Prévia n.º 06/2013, de 16/01/2013, foram selecionados, por meio de amostragem não probabilística, 11 para análise, representando uma amostra de 39,29%, considerando os aspectos de criticidade e relevância. Pode-se afirmar que as condicionantes estabelecidas pelo órgão ambiental foram cumpridas ou flexibilizadas, conforme quadro a seguir:

Nº da Condicionante

Descrição Condicionante cumprida?

Comentários

04 Apresentar detalhamento e executar, após aprovação deste Instituto, um Plano Básico Ambiental – PBA que contemple o detalhamento e cronograma de execução dos seguintes programas ambientais: A. Programa de Implantação e Manutenção da Faixa de Servidão Administrativa e Indenizações; B. Programa de Comunicação Social e Relacionamento com a Comunidade (PCSRC) C. Programa de Mobilização e Desmobilização da Mão de Obra D. Programa de Educação Ambiental para Trabalhadores (PEAT) E. Programa de Redução dos Transtornos do Tráfego (como apresentado no RCA); F. Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD);

Flexibilizada pelo órgão ambiental.

. Será atendida integralmente na

próxima fase de sua implementação, por

meio da condicionante n.º 15

da LI.

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G. Programa de Controle e Monitoramento do Canteiro de Obra. Prazo 120 (cento e vinte) dias.

05 Apresentar anuência do IPHAN quanto ao diagnóstico de prospecção arqueológica. Prazo 120 (cento e vinte) dias.

Sim. Atraso de aproximadamente 5 meses que foi devidamente justificado.

07 Realizar, junto à comunidade rural do entorno do empreendimento, diagnóstico de percepção ambiental, visando identificar necessidades de intervenção, através de programas e projetos de educação ambiental, e apresentar proposta de um programa de educação ambiental para esse público alvo, tendo como base os resultados desse diagnóstico. Adotar as diretrizes da Instrução Normativa, nº 03/2009. Prazo 60 (sessenta) dias.

Sim. -

08 Apresentar anuência dos proprietários localizados na AID do empreendimento para a implantação da faixa de servidão. Prazo 120 (cento e vinte) dias.

Sim. -

09 Apresentar e executar após aprovação deste Instituto um programa de indenizações para os proprietários afetados pelo traçado da linha de transmissão. Prazo 120 (cento e vinte) dias.

Sim. Atraso de aproximadamente 5 meses que foi devidamente justificado.

10 Apresentar detalhamento do programa de gestão ambiental a ser executado durante a fase de instalação e operação, bem como cronograma atualizado e detalhado das etapas de execução das obras. Prazo 120 (cento e vinte) dias.

Sim. -

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13 Qualquer alteração nos projetos apresentados pela empresa deverá ser imediatamente comunicada a este IEMA para posterior aprovação do mesmo.

Sim. -

14 Apresentar plano de gerenciamento de resíduos sólidos, desde a implantação até a operação, bem como relatórios da destinação dos resíduos gerados nessas fases. Prazo 120 (cento e vinte) dias.

Sim. -

17 Apresentar autorização do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) para supressão de vegetação. Prazo: antes do início dos trabalhos de supressão.

Sim. -

19 Apresentar e executar após aprovação deste Instituto, projeto de revegetação da área contemplada como faixa de servidão da linha de transmissão Mascarenhas - Linhares e da SE Linhares. Deverão ser enviados relatórios, descritivos e fotográficos semestrais de revegetação. Prazo 60 (sessenta) dias.

Flexibilizada pelo órgão ambiental.

Será atendida integralmente na próxima fase de sua implementação, por meio da condicionante n.º 12 da LI.

22 Apresentar folha de publicação, tornando público a obtenção da licença prévia, em jornal de grande circulação, no local de abrangência da atividade licenciada e ainda no Diário Oficial do Estado. Prazo 30 (trinta) dias.

Sim. -

Licença de Instalação

Do total das 27 condicionantes da Licença de Instalação n.º 108/2014, de 29/05/2014, foram selecionadas, por meio de amostragem não probabilística, seis para análise, representando uma amostra de 22,22%, considerando os aspectos de criticidade e relevância.

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Nº de medição

Descrição Condicionante

cumprida? Comentários

06

Apresentar relatório descritivo e fotográfico da destinação dos resíduos gerados durante a instalação, com os manifestos de transportes e recebimento. Prazo: 90 (noventa) dias após o término da instalação.

Não se Aplica. Dentro do prazo de

cumprimento.

07

As empresas contratadas para manutenção, operação e/ou parceiras deverão estar devidamente licenciadas pelo órgão ambiental competente.

Parcialmente atendido.

Furnas registrou que esta condicionante é de caráter

informativo, inexistindo prazo para o seu cumprimento. Ainda

segundo a empresa, tem sido solicitado aos executores da

obra que evidenciem o cumprimento da condicionante,

que vem sendo atendida de forma parcial. As licenças de

fornecedores e parceiros serão consolidadas em relatório de

cumprimento das condicionantes da Licença de Instalação, que subsidiará o requerimento da Licença de

Operação, previsto para julho/2017.

08

Executar, após aprovação deste instituto, programa de recuperação de área degradada, buscando desenvolver projeto e corredor ecológico interligando os pontos PA´s: 3, 13, 15 e 16, com utilização da área para caracterização quanto à fauna e flora para posterior monitoramento. Apresentar relatórios semestrais comprovando a execução do programa. Prazo para apresentação do primeiro relatório: 210 (duzentos e dez)

Sim. -

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dias após o início da execução do programa.

12

Executar, após aprovação deste Instituto, projeto de revegetação da área contemplada como faixa de servidão da linha de transmissão Mascarenhas – Linhares e da SE Linhares. Deverão ser enviados relatórios descritivos e fotográficos semestrais da revegetação. Prazo: 90 (noventa) dias.

Em fase de implantação.

O projeto de reposição florestal em trechos da Lagoa Terra

Altinha foi executado de forma a também atender esta

condicionante.

Em 2016, foram protocolados no IEMA dois relatórios descritivos e fotográficos

contemplando as atividades previstas no projeto (CP+RT

191/15 e REL.DCTL.E.052.2016).

Em outubro/2016, Furnas solicitou ao Instituto que a

entrega do relatório final de revegetação ocorra em março

de 2018 (90 dias após a energização do

empreendimento, cuja previsão atual é dezembro/2017). O

IEMA ainda não se manifestou acerca do pedido.

O prazo de 90 dias, após a energização do

empreendimento, para entrega do relatório final ainda não

expirou. A previsão atual é que a energização ocorra em

dezembro/2017.

15

Apresentar o cronograma de execução das ações previstas no plano básico de execução dos programas ambientais, contemplando o detalhamento e cumprimento das fases previstas no cronograma de execução dos seguintes programas apresentados no ofício OF GLA.E.E.024.2013,

Sim. -

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sob o protocolo nº 11575/13, em 16.05.13, neste IEMA:

A) programa de implantação e manutenção da faixa de servidão administrativa e de indenizações;

B) programa de comunicação social e relacionamento com a comunidade (pcsrc)

C) programa de mobilização e desmobilização da mão de obra conforme diretrizes apresentadas no anexo i do plano aprovado. Prazo: 180 (cento e oitenta) dias.

16

Apresentar evidências documentais de atendimento às determinações constantes do OF GAB/SE-ES/IPHAN/ES nº 231/2013.

Prazo: 60 (sessenta) dias antes do requerimento da licença de operação.

Sim. --

##/Fato##

1.1.1.6 INFORMAÇÃO

Planejamento. Viabilidade Técnica, Econômica e Socioambiental do empreendimento. Fato

O processo de documentação da ANEEL para a outorga de uma nova instalação a ser integrada à Rede Básica passa por quatro fases distintas: a demonstração de sua viabilidade técnico-econômica e socioambiental documentado no relatório denominado R1; o detalhamento técnico da alternativa de referência documentado no relatório denominado R2; a caracterização e análise socioambiental do corredor selecionado para o empreendimento, são documentadas no relatório denominado R3; e, por último, a definição dos requisitos do sistema circunvizinho de forma a se assegurar uma operação harmoniosa entre a nova obra e as instalações existentes, documentado no relatório denominado R4. Relatório R1 – Estudos de Viabilidade Técnico-Econômica e Socioambiental Relatório R2 – Detalhamento da Alternativa de Referência Relatório R3 – Caracterização e Análise Socioambiental Relatório R4 - Caracterização da Rede Existente

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Na elaboração do R1 foram consideradas as diretrizes constantes no documento “Diretrizes para Elaboração dos Relatórios Técnicos Referentes às Novas Instalações da Rede Básica” da EPE, de maio/2005. O normativo da EPE estabelece que “as principais alternativas selecionadas com base nas análises de viabilidade técnico-econômica também devem ser comparadas considerando os aspectos socioambientais das alternativas, de maneira integrada aos demais aspectos técnicos, ficando demonstrado que estes aspectos não restringem nem oneram significativamente as suas implantações”, o que não foi feito no relatório elaborado pela EPE com participação de Furnas, Light, Eletronuclear, Ampla, Cepel, Cemig, Escelsa, ASPE. O R1 abrangeu somente os aspectos técnicos e econômicos das alternativas analisadas. Questionamos diretamente, por intermédio de e-mail datado de 12/04/2017, a EPE pelo fato de não terem sido contempladas as análises socioambientais preliminares das alternativas selecionadas no R1. Em resposta a empresa afirmou que “alguns relatórios

R1, como aquele que recomendou a nova LT 230 kV Mascarenhas - Linhares (emitido

em 2008), não contemplaram a elaboração de análises socioambientais preliminares.

Nestes casos, tais análises foram devidamente efetuadas no relatório R3, que apresenta

nível de detalhamento superior ao praticado no R1.”

Verificou-se que no R3 foram realizados os “estudos” geotécnicos/geológicos preliminares considerando a melhor alternativa de expansão do sistema de transmissão no norte do ES definida no R1. Para a realização de levantamentos topográficos e dos serviços preliminares que subsidiam os estudos geotécnicos/geológicos, no entanto, havia a necessidade de autorização pela ANEEL, que é fornecida após o resultado do leilão. Neste caso, a autorização datou de 22.12.2010, conforme Despacho da ANEEL, n.º 3988, publicado no D.O.U. n.º 244, página 131, Seção 1.

Logo, das alternativas analisadas no estudo, para solucionar completamente o atendimento ao Norte do Estado, a linha de transmissão Mascarenhas – Linhares 230 kV com transformador 230/138 kV, 150 MVA na SE Linhares foi a melhor alternativa sob o enfoque técnico e econômico e consequentemente indicada para a licitação. No R3, são apresentadas duas alternativas de corredor com 5 km de largura cada (Alternativas A e B), sendo considerados 2,5 km para cada lado do eixo da diretriz. O estudo concluiu que as alternativas de corredor apresentadas se apresentaram como viáveis, não sendo constatadas interferências significativas que poderiam inviabilizá-las. Cabe destacar que na elaboração do traçado da LT do empreendimento em análise foi considerada a alternativa B de corredor.

Por intermédio do Acórdão n.º 2.522/2009 – Plenário, o TCU aprovou o primeiro estágio do Leilão n.º 5/2009-ANEEL. Conforme Instrução Normativa IN 027/1998, de 02 de dezembro de 1998, o Tribunal realiza a fiscalização dos processos de outorga de concessão ou de permissão de serviços por meio da análise um relatório sintético dos estudos de viabilidade técnico-econômica, socioambiental do empreendimento, com o objetivo de avaliar o objeto, área, orçamentos, datas, custos estimados, eventuais receitas alternativas, levantamentos, investigações, despesas e investimentos já realizados quando houver.

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##/Fato##

1.1.1.7 INFORMAÇÃO

Projeto Básico do empreendimento elaborado após assinatura do Contrato de Concessão n.º 06/2010 ANEEL, conforme Edital de Leilão n.º 09/2009 ANEEL. Fato

A ANEEL, por meio de delegação do Poder Concedente, realiza as licitações para contratação do serviço público de transmissão de energia elétrica, concedendo a agentes privados a responsabilidade por transmitir e distribuir energia elétrica para todo o País. Tais leilões têm promovido a concorrência entre os agentes do setor e induzido a entrada de empreendedores provenientes de outros setores e de outros países.

Após a assinatura dos contratos de concessão, inicia-se a fase de gestão contratual por parte da agência reguladora, na qual são realizados serviços, tais como, análise e aprovação da conformidade dos projetos básicos.

O Edital do Leilão n.º 05/2009 – ANEEL, do empreendimento em análise, dispõe que:

3.7 A TRANSMISSORA deverá apresentar à ANEEL o projeto básico das

INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO, vinculadas ao seu CONTRATO DE

CONCESSÃO, conforme instruções das DIRETRIZES PARA ELABORAÇÃO DE

PROJETOS, item 4 dos Anexos 6A a 6H deste Edital, em até 60 (sessenta) dias

contados da data de assinatura do CONTRATO DE CONCESSÃO.

3.8 A ANEEL manifestar-se-á, em até 60 (sessenta) dias contados da data do

recebimento dos respectivos projetos básicos das INSTALAÇÕES DE

TRANSMISSÃO, quanto à conformidade destes com as características e

requisitos técnicos básicos das INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO descritas nos

Anexos 6A a 6H.

Logo, a exigência de apresentação do projeto básico ocorreu após a assinatura do contrato de concessão. Ademais, verificou-se, na Cláusula 4ª do Contrato n.º 800002596, celebrado com o Consórcio Mascarenhas, a existência de item especificado de "Projetos" (Projetos Básicos e Executivos). Portanto, a elaboração do Projeto Básico ficou sob a responsabilidade do Consórcio contratado.

No item 2 do ANEXO 6E - LOTE E – LT Mascarenhas – Linhares 230 kV e SE Linhares 230/138 kV (Edital do Leilão no 005/2009-ANEEL) são elencados relatórios e documentos cujas recomendações devem ser adotadas pela TRANSMISSORA no desenvolvimento dos seus projetos para implantação das instalações. Não foi identificada nos relatórios relacionados no referido edital uma definição dos quantitativos de serviços que permitissem uma caracterização mais exata do empreendimento.

O Edital do Leilão n.º 005/2009 foi publicado em 22/10/2009 e a sessão pública realizada em 27/11/2009, sendo que o prazo curto inviabilizou a elaboração de um projeto básico

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por parte da estatal antes da realização do leilão. A fixação deficiente dos quantitativos de um empreendimento público oferece riscos à gestão da obra, podendo ocasionar majorações indevidas do valor da contratação do parceiro público, bem como influenciar diretamente o lance ofertado no leilão.

O projeto básico, segundo a Lei n.º 8.666/93, é o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo de execução.

O objetivo é definir com precisão as características básicas do empreendimento e o desempenho almejado na obra para que seja possível estimar o custo e prazo de execução. Ademais, a precisão do projeto básico possui íntima relação com a fixação dos quantitativos (itens) e qualitativos, bem como com a estimativa de preços, sendo o principal indutor do investimento do ponto de vista de obras públicas.

Destarte, o projeto básico, constituído a partir de um planejamento completo e detalhado, permite a caracterização minuciosa do objeto a ser licitado, garantindo, por consequência, o atendimento dos princípios administrativos que regem a licitação pública.

No caso concreto, não foi elaborado o projeto básico do empreendimento nos moldes previstos da Lei n.º 8.666/93. Cabe assinalar que, segundo o modelo de negócios fomentado pela ANEEL, não era exigida a elaboração de projeto básico antes do leilão de concessão.

Quanto à estimativa dos quantitativos do orçamento que subsidiou a pré-contratação dos fornecedores responsáveis pela execução da LT 230 kV Mascarenhas-Linhares e consequentemente o lance ofertado no leilão, Furnas apresentou esclarecimentos das áreas da empresa envolvidas, quais sejam, Engenharia, Construção, Meio Ambiente e Fundiário os quais consideramos satisfatoriamente adequados.

O Projeto Básico apresentado à ANEEL e disponibilizado à equipe da CGU contém desenhos, memoriais, especificações técnicas de equipamentos e sistemas, ou seja, apresenta todos os elementos técnicos necessários para a caracterização do empreendimento (traçado original da LT e subestações), sendo elaborado após a assinatura do Contrato de Concessão n.º 06/2010, conforme disposto no item 4 do Edital do Leilão n.º 05/2009 – ANEEL (ANEXO 6 E – LOTE E – LT Mascarenhas – Linhares 230 kV e SE Linhares 230/138 kV).

A ANEEL aprovou, por meio de despacho publicado no DOU de 28/12/2011 – Seção 1, a conformidade das características técnicas do projeto básico das instalações de transmissão do empreendimento Linha de Transmissão Mascarenhas – Linhares 230kV e Subestação Linhares 230/138kV – 150MVA, proposto por Furnas.

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No entanto, há que se destacar que não houve alteração do projeto básico em virtude de alteração do traçado da linha de transmissão. A empresa, por intermédio da Correspondência AGC.E.I.778.2017, de 03/07/2017, esclareceu que:

Um projeto básico requerido pela ANEEL no que se refere à leilão de linha de

transmissão, possui caráter puramente conceitual, tendo como foco a definição

das estruturas típicas, fundações típicas, ferragens e acessórios típicos, conjuntos

de suspensão e ancoragem típicos, além dos parâmetros climáticos e

eletromagnéticos da futura LT.

Também faz parte do escopo deste projeto básico, a definição/confirmação dos

cabos condutores e para-raios a serem utilizados; não fazendo parte obrigatória

do escopo deste tipo de projeto básico, a definição dos quantitativos dos

materiais.

1.3. Como a alteração no traçado original não foi suficiente para incorrer em

alterações nos componentes típicos (estruturas, fundações, ferragens e

acessórios, conjuntos de suspensão e ancoragem, tipo de condutor e para-raios,

parâmetros climáticos e eletromagnéticos) não coube a necessidade de alteração

do respectivo projeto básico.

1.4. Cabe registrar que o projeto executivo da LT foi alterado em função da

alteração do traçado original.

Uma vez que o projeto básico é uma etapa anterior ao projeto executivo e que este já havia sido elaborado e alterado em virtude da mudança do traçado original da LT, entende-se que não haveria sentido exigir a elaboração de um novo projeto básico que demandaria custos adicionais a Furnas. De modo que se consideram satisfatórias as justificativas apresentadas pela empresa.

##/Fato##

1.1.1.8 CONSTATAÇÃO

Custo total com indenizações aos proprietários atingidos pela implantação da LT230 kV Mascarenhas - Linhares não computado no valor do investimento. Plano de Negócios desatualizado. Fato

No plano de negócios original do empreendimento, havia previsão de investimento de R$ 3.706.303,62 na rubrica “Meio Ambiente e Fundiário”. No entanto, a proposta vencedora da INCOMISA, integrante do Consórcio Mascarenhas, previa despesas com “Meio Ambiente e Fundiário” no valor de R$ 2.016.303,62. Segundo Furnas, a diferença de R$ 1.600.000,00 a maior no Plano de Negócios do empreendimento refere-se aos valores das indenizações e das taxas ambientais não contempladas na contratação da INCOMISA. Ocorre que o valor prévio estimado, à época do leilão, para as indenizações foi de R$ 5.500.000,00.

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Questionada acerca do motivo pelo qual o custo das indenizações aos proprietários das áreas afetadas não foi computado no valor total do investimento (PN do empreendimento), a Empresa informou que houve um equívoco no lançamento dos valores correspondentes à rubrica “indenização fundiária” quando da elaboração do Extrato do Plano de Negócios relativo ao empreendimento, aprovado pelo Resolução de Diretoria n.º 010/2529. Logo, houve erro no valor no cálculo do valor do investimento, ocasionando erro no cálculo da Taxa Interna de Retorno - TIR do empreendimento, à época. Assim, FURNAS participou do leilão esperando obter uma receita que não se concretizaria conforme o esperado.

De acordo com informações disponibilizadas pela empresa, em 30/12/2016, as despesas indenizatórias somam o montante de R$ 7.871.226,78. Desse total, R$ 7.710.513,75 se referem às indenizações aos proprietários dos imóveis atingidos pela implantação do empreendimento e R$ 160.713,03 são referentes aos danos indenizados em decorrência da implantação das torres e abertura das estradas de acesso. Os danos por ventura causados pelo lançamento de cabos, segundo a Empresa, ainda estão sendo concluídos.

Em resposta à Solicitação de Auditoria n.º 201700186/11 sobre o plano atualizado do empreendimento, Furnas informou que a atualização do Plano de Negócios encontra-se em elaboração e posteriormente será enviada para aprovação da Diretoria e do Conselho.

##/Fato##

Causa

- Ausência de rotina para atualização do Plano de Negócios do empreendimento. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação quanto ao Relatório Preliminar. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Não se Aplica. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Formalizar rotina para revisão periódica do Plano de Negócios dos empreendimentos de Furnas. Recomendação 2: Apuração dos fatos, e possíveis responsabilidades, acerca da aprovação do PN sem a previsão do custo total estimado de R$5 milhões de indenização aos proprietários atingidos pela linha. 1.1.1.9 CONSTATAÇÃO

Atraso significativo no cronograma da gestão fundiária da obra. Fato

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A gestão fundiária foi de suma importância na implantação do empreendimento em análise e envolve uma série de serviços como: de cadastro socioeconômico da população atingida, de topografia, de confecção de processo de declaração de utilidade pública – DUP, de negociação com proprietários, de regularização imobiliária, além de outros.

O desenvolvimento das ações relacionadas à gestão fundiária do empreendimento envolveu a execução do “Programa de Implantação e Manutenção da Faixa de Servidão Administrativa e Indenizações” (condicionante n.º 09 da LP do empreendimento), cujo objetivo era apresentar as ações que Furnas deveria realizar, com a finalidade de indenizar as propriedades impactadas diretamente pela implantação do empreendimento de transmissão de energia elétrica, bem como aquelas atingidas indiretamente, especificamente, atingidas pelas estradas de acesso aos locais onde as torres deverão ser implantadas, pormenorizado nos seguintes objetivos específicos:

a) Efetuar o cadastramento de todas as propriedades e de todos os proprietários, possuidores, herdeiros, locatários, arrendatários, meeiros, agregados etc., que se encontrem em interferência direta ou indireta com a faixa de servidão, ou seja, todos aqueles que se encontram na área de influência da LT.

b) Garantir o total ressarcimento aos proprietários, cujas terras e benfeitorias sejam atingidas pelo empreendimento.

c) Realizar a negociação, sempre que possível, de forma amigável. d) Buscar soluções adequadas com a diversidade das situações identificadas, visando

garantir a qualidade de vida das unidades familiares atingidas e daquelas que terão suas benfeitorias relocadas.

e) Garantir que o processo de negociação com a população atingida ocorra, na medida do possível, em consonância com suas expectativas e demandas e em absoluto respeito aos ditames legais.

f) Garantir que o processo de negociação de terras e benfeitorias seja transparente, de modo a evitar distorções e boatos que possam fomentar conflitos.

A meta do programa era liberar todas as áreas necessárias para a implantação da linha de transmissão em consonância com o cronograma de obras do empreendimento.

De acordo com o quadro abaixo, observa-se um atraso significativo de 69 meses do cronograma previsto. O cronograma previsto para execução do programa era de 12 meses. No entanto, o cronograma executado foi de 81 meses. Verifica-se que o cronograma previsto, portanto, não foi cumprido.

Quadro – Cronograma previsto x realizado – Gestão Fundiária

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Fonte: AGC.E.I.661.2017, de 02/06/2017

Ademais, por intermédio da Correspondência AGC.E.I.829.2017, de 14/07/2017, Furnas informou que não possui normativo interno que regule a gestão fundiária dos seus empreendimentos, instituindo, entre outros aspectos, controles internos adequados que minimizem os atrasos na implantação das obras, em decorrência das questões fundiárias.

##/Fato##

Causa

Falhas nos controles internos da gestão fundiária do empreendimento. ##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação quanto ao Relatório Preliminar. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Não se Aplica. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Instituir normativo interno que regule a gestão fundiária dos empreendimentos da empresa, preliminarmente, quanto à liberação das áreas atingidas pela implantação de linhas de transmissão. 1.1.1.10 CONSTATAÇÃO

Inadequabilidade dos procedimentos adotados para assegurar contratação a preços de mercado. Fato

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Furnas não utilizou sistema de referência de preços para validar as propostas apresentadas pelas empresas que responderam à Carta Convite. O valor da proposta contratada para a construção da LT Mascarenhas-Linhares (R$ 31.906.310,41) foi superior a estimativa elaborada por Furnas (R$ 31.498.164,60), não tendo sido apresentada justificativa para tal inconsistência.

Verificou-se que não havia normativo interno com metodologia para elaboração de orçamento de referência, sendo que cada área utilizava a que considerava mais adequada. Assim, a estimativa de Furnas baseou-se em contratos antigos, orçamento de técnicos (programas ambientais) e pesquisa de preços para terras rurais e produções vegetais (gestão fundiária). O Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI foi utilizado como fonte para duas rubricas de sondagem e para os serviços de obras civis e montagem eletromecânica. Ainda assim, o sistema não foi a única fonte desses itens. No caso de obras civis e montagem eletromecânica, as composições dos preços unitários também foram oriundas do Banco de Dados de Obras de Transmissão e de preços praticados em outros contratos da empresa.

Ressalte-se que o Decreto n.º 7.983/2013, que indica o SINAPI para a obtenção de referência de custo não era aplicável pois foi posterior ao leilão que tratou do empreendimento objeto de análise. No entanto, as disposições do mesmo acerca da utilização do SINAPI constavam da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO de 2009 (Lei n.º 11.768/2008), e, portanto, deveriam ter sido aplicadas.

A Carta Convite registrou que o empreendimento seria beneficiado pelo Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura - REIDI. Apesar das planilhas orçamentárias de referência não mencionarem o referido benefício fiscal, Furnas informou que o Regime foi considerado nas análises equalizadas das propostas.

O orçamento de referência não foi detalhado em planilhas com a composição de todos os seus custos unitários, o que contraria o inciso II do §2º c/c o §9º do art. 7º da Lei n.º 8.666/1993, podendo ocasionar majorações indevidas do valor da contratação do parceiro público, bem como influenciar diretamente o lance ofertado no leilão. Verificou-se que, na estimativa elaborada por Furnas, o custo de "Gestão Fundiária" foi contabilizado de maneira global e não por componente da rubrica e que o valor do BDI não foi discriminado.

Cabe destacar que o valor do BDI também não foi discriminado nas cinco propostas apresentadas para a construção da LT, no pré-contrato e no contrato celebrado com o Consórcio Mascarenhas. Furnas informou que, nos atuais processos de contratação, tem exigido a discriminação da taxa.

Importa ressaltar ainda que, atualmente, Furnas dispõe de documento com metodologia para elaboração de orçamento de referência, mas ainda não o publicou como normativo interno.

##/Fato##

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Causa

- Não havia normativo interno com metodologia para elaboração de orçamento de referência, sendo que cada área utilizava a que considerava mais adequada.

- Inobservância do previsto na Lei nº 11.768/2008.

- Inobservância da Lei nº 8.666/1993 (falta de orçamento detalhado).

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Após a realização da Reunião de Busca Conjunta de Soluções, Furnas disponibilizou dois editais publicados em data posterior à Carta Convite referente à construção da LT Mascarenhas-Linhares, nos quais foi exigido das licitantes orçamento detalhado em planilhas com a composição de todos os seus custos unitários. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Em função da documentação apresentada após a mencionada Reunião, a equipe de auditoria não expediu recomendação referente à exigência de orçamento detalhado em planilhas com a composição de todos os custos unitários em futuras contratações. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Formalizar normativo interno com metodologia para elaboração de orçamento de referência. 1.1.1.11 CONSTATAÇÃO

Não foram observados critérios objetivos para seleção da melhor proposta para a construção da Linha de Transmissão. Fato

A contratação de fornecedores visando à participação corporativa de Furnas no Lote E do Leilão n.º 05/2009 – ANEEL não foi precedida de licitação, tendo sido realizada cotação de preços por meio do envio de Carta Convite a 14 empresas. Foram apresentadas cinco propostas para a construção da Linha de Transmissão Mascarenhas-Linhares com objetos diferentes entre si.

Cabe ressaltar que esta seleção de fornecedores teve início em 11/11/2009, com o envio da Carta Convite, sendo anterior, portanto, à aprovação da participação corporativa de FURNAS pelo Conselho de Administração, que só ocorreu em 19/11/2009.

Verificou-se que não foram observados critérios objetivos para seleção da melhor proposta para a construção da Linha de Transmissão, tendo em vista que o fornecedor selecionado (Consórcio Mascarenhas) não atendeu requisitos estabelecidos na Carta

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Convite para elaboração de planilha de preços e apresentação de proposta com a discriminação dos preços para a LT e para SE´s (“somente serão aceitas propostas que contemplem os valores para a Linha de Transmissão e para as Subestações”). Além disso, houve a comparação de preços de propostas com objetos diferentes. Uma única proponente (Bauruense Tecnologia e Serviços Ltda) atendeu ambos os requisitos da Carta Convite. As demais apresentaram pelo menos uma inconformidade.

Os consórcios Mascarenhas, Santa Rita/ETS e Nativa/Delta não discriminaram os preços para a LT 230 kV Mascarenhas-Linhares e para as SE´s 230/138 kV, conforme previsto no item 5.1 da Carta Convite.

Em relação à planilha de preços nos moldes previstos na minuta do contrato anexa à Carta Convite, verificou-se que:

a) Consórcio Mascarenhas: os valores de rubricas das duas propostas encaminhadas (inicial e renegociada) não corresponderam aos percentuais que haviam sido definidos na planilha.

b) Consórcios Santa Rita/ETS e Nativa/Delta: planilhas em desacordo com a itemização estipulada.

c) ENGEVIX: ausência de planilha com detalhamento de preços.

Quanto ao objeto das obras/serviços para os quais foi apresentada cotação de preços, foi constatado que:

a) A Bauruense, o consórcio Santa Rita/ETS e a proposta inicial do consórcio Mascarenhas se restringiram à construção da LT. O consórcio Nativa/Delta e a proposta renegociada do consórcio Mascarenhas incluíram os serviços relacionados à LT e alguns itens referentes às subestações. A ENGEVIX não detalhou os bens e serviços objeto da sua proposta.

b) As três propostas que abordaram apenas a LT Mascarenhas-Linhares descreveram bens e serviços com características diferentes. O consórcio Santa Rita/ETS registrou o fornecimento somente de materiais; a Bauruense foi genérica ("Fornecimentos"); e o consórcio Mascarenhas explicitou o fornecimento de equipamentos e sistemas, além do de materiais. O consórcio Santa Rita/ ETS não previu a execução dos serviços de licenciamento e gestões ambiental e fundiária, o que foi incluído na proposta das outras duas empresas. O consórcio Mascarenhas registrou serviços que não foram contemplados pelo consórcio Santa Rita/ETS e Bauruense, quais sejam: topografia, sondagem e resistividade do solo, ensaios, comissionamento e testes.

De acordo com Furnas, a comparação de preços de propostas com objetos diferentes e descumprimento de requisitos da Carta Convite decorreram da ausência de análise da documentação de todos os proponentes. Em função da exiguidade do prazo entre o seu recebimento e o leilão, a empresa informou que examinou apenas as melhores propostas. Ocorre que a empresa não tinha como saber quais eram as melhores propostas, posto que as mesmas não eram comparáveis entre si.

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Assim, a Correspondência Interna APR.C.I.085.2009 registrou a coleta de preços com as cinco empresas/consórcios como fundamento para assinatura de pré-contrato com dispensa de licitação com o consórcio Mascarenhas, à luz do disposto no art. 32 da Lei n.º 9.074/1995. Entretanto, como as propostas possuíam objetos diferentes e/ou não atendiam requisitos da Carta Convite, não eram passíveis de comparação e não permitiram assegurar que a contratação tenha sido realizada com base em preços de mercado.

Furnas não só considerou na coleta de preços propostas que não atendiam os requisitos da Carta Convite, como também contratou um consórcio que não observou disposições do referido instrumento convocatório. A proposta do consórcio Mascarenhas possuía planilha de preços com parâmetros diferentes dos previstos na minuta do contrato, além de não apresentar Termo de Compromisso de Constituição do Consórcio e não discriminar preços para a Linha de Transmissão e Subestações, conforme exigência do instrumento convocatório. As justificativas apresentadas foram as seguintes:

A planilha de preços apresentada na minuta do contrato foi elaborada de forma

orientativa aos proponentes, com o intuito de compatibilizar com o Plano de

Negócios do Empreendimento, e evitar possíveis "jogos de planilha". Destaca-se

que, a maior variação apresentada pelo Consócio Mascarenhas está concentrada

nos 02 últimos itens (Fornecimento e Obras civis), caracterizando que não houve

intenção de adiantamento de valores.

A não apresentação, pela proponente, do Termo de Compromisso de Constituição

do consórcio quando da entrega da proposta, justifica-se em virtude do exíguo

prazo entre a emissão da Carta Convite e a apresentação da proposta,

impossibilitando os trâmites necessários para constituição/regularização de um

consórcio. Por este motivo, o referido Termo de Compromisso só foi apresentado

quando da efetivação do contrato. Destaca-se que foram mantidas no consórcio

todas as empresas informadas quando da apresentação da proposta.

No tocante, a não desclassificação da empresa por não ter apresentado preço

para ambos os serviços (LT e SE), conforme solicitado na Carta Convite, foi

verificado durante o processo de seleção, que algumas empresas apenas

apresentaram proposta para um dos serviços, devido a possuir expertise em

apenas um segmento. Neste sentido, e com o objetivo de ampliar a

competitividade na busca da melhor proposta para Administração Pública, não

foram feitas desclassificações de propostas por este motivo.

Os referidos argumentos, entretanto, não encontram respaldo nos trechos a seguir transcritos da Carta Convite:

5.1. A PROPONENTE deverá apresentar proposta com a discriminação dos

preços, para a Linha de Transmissão e para Subestações, conforme abaixo, e

conforme Planilhas de Preços constantes nos Anexos I, das respectivas minutas

dos CONTRATOS DEFINITIVOS:

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(...)

OBS 4: Somente serão aceitas propostas que contemplem os valores para a Linha

de Transmissão e para as Subestações.

(...)

Será aceita a participação de empresas em consórcio e neste caso deverá ser

apresentado, junto com a proposta, o Termo de Compromisso de Constituição de

consórcio, conforme modelo anexo.

O descumprimento de termos do instrumento convocatório resultou em ausência de isonomia entre as empresas convidadas a participar da Carta Convite. Quatro empresas não apresentaram propostas alegando exiguidade do tempo disponibilizado. Caso tivessem ciência de que não teriam que observar todos os requisitos da Carta, poderiam ter interesse em participar.

A Carta Convite também não foi cumprida no que diz respeito à possibilidade de negociação das propostas. O instrumento convocatório não previu essa hipótese, tendo estabelecido o prazo até 18/11/2009 para entrega da documentação. Na prática, houve etapa posterior para negociação com os proponentes, visando à adequação das especificações técnicas e redução de valores.

Há divergências, inclusive, entre o objeto da proposta inicial e final (renegociado) do consórcio Mascarenhas. Segundo Furnas, a alteração teve por objetivo alinhá-la às especificações da Carta Convite. Contudo, não encontramos respaldo ao referido argumento, uma vez que o objeto da proposta final do consórcio Mascarenhas não é o mesmo da Carta (“Anexo A” - Pré-Contrato – cláusula 1ª).

A proposta final do consórcio Mascarenhas (R$ 31.906.310,41) não foi a de menor valor absoluto. A proposta com menor preço foi a da Bauruense Tecnologia e Serviços Ltda (R$ 31.847.069,28). Apesar do valor da Bauruense ser inferior, o Grupo de Trabalho aprovado pela RD 003/2517 desconsiderou a proposta, alegando a ausência de confirmação da conformidade das especificações dos materiais da proposta com o Anexo IV (“Especificações Técnicas da Coleta de Preços”) da Carta Convite.

A correspondência da Bauruense, de 20/11/2009, que encaminhou detalhamento da sua proposta com desconto no preço inicialmente ofertado, registrou que o documento atendia “totalmente à Especificação Técnica simplificada de Furnas para cada equipamento, bem como às características técnicas do Leilão ANEEL n.º 005/2009”. Registrou, também, que a empresa estava à disposição para eventuais esclarecimentos porventura necessários. De acordo com Furnas, a desconsideração da proposta decorreu do não atendimento:

“às especificações técnicas constantes do Anexo IV da Carta Convite, visto que,

conforme declaração da própria empresa no citado e-mail, apenas atendia a uma

especificação técnica simplificada de Furnas.

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Destaca-se ainda que não houve a interposição de qualquer recurso pela

proponente, questionando a desconsideração de sua proposta.”

Não foram apresentadas evidências de solicitação à Bauruense de confirmação da conformidade das especificações dos materiais com as “Especificações Técnicas da Coleta de Preços”. Segundo Furnas, em função do prazo exíguo entre o envio das propostas e o leilão ANEEL, bem como da confidencialidade das informações discutidas, não foram emitidas atas das reuniões de análise e equalização das propostas realizadas com as proponentes.

Os objetos das propostas finais do consórcio Mascarenhas e da Bauruense eram diferentes. Enquanto a proposta da Bauruense se restringiu à construção da Linha de Transmissão, a do consórcio Mascarenhas incluiu também os serviços de licenciamento, gestões ambientais e fundiárias da SE Linhares. Ainda assim, houve a comparação dos seus preços.

Não foram considerados aspectos referentes às capacidades técnica, operacional e econômico-financeira dos proponentes, com grau de exigência compatível com o serviço a ser executado. A Carta Convite não exigiu a apresentação de documentos desta natureza quando da entrega das propostas. Furnas argumentou que as empresas convidadas a participar da coleta de preços “já eram tradicionais no mercado e/ou já estavam cadastradas em Furnas, não se fazendo necessário o envio de tais documentos”.

Por fim, ressalte-se que o objeto do pré-contrato celebrado em 26/11/2009 com o consórcio Mascarenhas diverge do objeto da minuta de pré-contrato anexa à Carta Convite, evidenciando mais uma vez a ausência de isonomia no tratamento das empresas convidadas a apresentar propostas.

##/Fato##

Causa

- Exigüidade do prazo entre a publicação do edital do leilão da ANEEL e a apresentação de propostas com as seguintes consequências:

• As empresas convidadas por Furnas tiveram, no máximo, seis dias úteis para apresentar as suas propostas. Das 14 empresas que receberam Cartas Convites, quatro não apresentaram proposta alegando exigüidade do tempo disponibilizado.

• Não foram elaboradas atas das reuniões de análise e equalização das propostas realizadas com as proponentes. De acordo com Furnas, um dos motivos para a ausência da documentação foi a exiguidade do prazo.

• Não foi analisada a documentação apresentada por todas as proponentes. Segundo Furnas, o exame documental restringiu-se às melhores propostas em função da exigüidade do prazo entre o seu recebimento e o Leilão. Assim sendo, propostas que não possuíam o mesmo objeto ou não atendiam os requisitos da Carta Convite foram utilizadas para efeito de comparação na coleta de preços.

- Falta de vinculação ao instrumento convocatório.

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##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação quanto ao Relatório Preliminar. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Não se Aplica. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Apurar responsabilidades pela aceitabilidade das propostas que não observaram disposições da Carta Convite, bem como pela comparação de preços de propostas com objetos diferentes. 1.1.1.12 CONSTATAÇÃO

Descumprimento do prazo previsto para a construção da LT Mascarenhas-Linhares e ausência de amparo contratual para o período final de execução da obra. Fato

O prazo para execução do objeto do Contrato n.º 8000002596, que era de 22 meses, não foi cumprido, tendo perdurado por 85 meses, até a conclusão em agosto/2017. Cabe destacar, no entanto, que ainda não houve o lançamento de cabos no trecho que sairá da Torre 92-2 até o Pórtico, já que esse evento que depende da conclusão da Subestação Linhares, que faz parte de outro contrato que não foi objeto de exame neste trabalho.

Além disso, a prorrogação do prazo de finalização da obra não foi integralmente formalizada. O Aditivo n.º 4 estabeleceu a data limite em maio/2014 e os aditamentos posteriores não a postergaram. De acordo com FURNAS, o prazo de conclusão da obra não foi alterado formalmente para não se isentar o consórcio Mascarenhas de responsabilidade pelo atraso, a qual se encontra em fase de análise por Furnas.

Após 30 dias ininterruptos de operação comercial do empreendimento, deverá ser emitido termo de recebimento provisório por Furnas, quando uma lista de pendências será emitida. Depois do seu saneamento, terá início o período de garantia. O termo de recebimento definitivo deverá ser elaborado em seguida ao término da garantia e caracterizará o encerramento do contrato. Embora o prazo para finalização da obra não tenha sido aditivado, o prazo para recebimento definitivo do empreendimento foi dilatado até setembro/2018 por meio de aditivos.

Ressalte-se que no cronograma inicial, havia compatibilidade entre as datas de conclusão da Linha de Transmissão e das Subestações Linhares e Mascarenhas. O marco final das SE´s seria em maio/2012 e o da LT em julho/2012, mesma data de obtenção da licença de operação de todo o empreendimento.

O cronograma atualizado prevê que o comissionamento (certificação de todo o trabalho realizado, que tem como principal objetivo garantir a confiabilidade e segurança do sistema) das Subestações ocorra somente em maio/2019, mesma data da obtenção da

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licença de operação de todo o empreendimento. Assim, a Linha de Transmissão, embora pronta, deverá permanecer sem utilização por um período de 21 meses (agosto/2017 a maio/2019), o que pode resultar em danificação dos seus equipamentos e perda de garantia.

Cabe ressaltar que, em item específico deste Relatório, registramos que a prorrogação do prazo de entrada em operação do empreendimento implicou em prejuízo à Furnas.

##/Fato##

Causa

- Causas para o descumprimento do prazo de conclusão da LT:

• Gestão fundiária: demora na entrega da documentação preliminar em função de dificuldade no acesso a áreas situadas ao longo do traçado da LT; divergências acerca dos valores das indenizações oferecidas por Furnas aos proprietários atingidos pela constituição de servidão administrativa; embargos de 31 torres; e embargo em áreas de propriedade particular.

• Demora na obtenção das licenças ambientais, impactada pela alteração do traçado da Linha de Transmissão.

• Paralisação da obra em 05/02/2016 pela contratada, sob a alegação de falta de frentes de serviço e de solução das reivindicações apresentadas a Furnas.

Essas causas pontuais são reflexo de falhas no planejamento, detalhadas no item 1.1.1.15 deste Relatório.

- Causa para a ausência de formalização de prorrogação do prazo:

• Necessidade de apuração de responsabilidades pelo não cumprimento do prazo de execução da obra.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Após a realização da Reunião de Busca Conjunta de Soluções, Furnas apresentou as seguintes considerações referentes ao atraso no empreendimento LT Mascarenhas-Linhares:

“Primeiramente, cabe esclarecer que as indenizações oferecidas por Furnas, em

decorrência de constituição de servidão administrativa aos proprietários

atingidos pelo empreendimento em epígrafe, foram calculadas com valores

módicos, razão pela qual, vários proprietários atingidos não aceitaram receber

o valor atinente à indenização de forma amigável.

Logo, Furnas necessitou ajuizar 36 (trinta e seis) Ações de Constituição de

Servidão Administrativa com Pedido Liminar de Imissão de Posse, objetivando

ser imitida na posse de forma imediata, e, dessa forma, o valor devido aos

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proprietários seria discutido durante a instrução processual, após a realização

de perícia.

Ocorre que, para justificar o atraso no início do empreendimento, insta salientar

que mesmo obtida a imissão na posse, muitos proprietários impediam o acesso

em suas propriedades, sendo, que, em vários casos, era necessário recorrer à

força policial.

Destaca-se ainda, que no período em que as ações de Constituição de Servidão

Administrativa foram ajuizadas, precisamente nos anos de 2014 e 2015,

ocorreram greves dos serventuários do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito

Santo, o que acarretou no atraso dos trâmites processuais.

No mais, saliente-se, que ocorreram contratempos na gestão do contrato

celebrado com a empresa Incomisa, responsável pela construção e instalação da

linha de transmissão em referência.

Por fim, cabe especificar 02(dois) processos em que houve a necessidade de

realização de prova pericial para discussão do valor devido a título de

indenização, o que acarretou no atraso da imissão de posse à Furnas, mesmo

após ocorrido o deferimento da imissão pelo Juízo:

- Processo n° 0016229-24.2015.8.08.0030 ajuizado por Furnas em face de

Amazildo Poleze;

- Processo n°: 0001824-17.2014.8.08.0030 ajuizado por Furnas em face de

Espólio de Antônio Camatta.” ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Considerando que foram vários os motivos para o significativo atraso na conclusão da LT Mascarenhas-Linhares, entende-se que há necessidade de identificação de todas as causas, bem como dos respectivos responsáveis, conforme registrado na “Recomendação 1” desta Constatação. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações: Recomendação 1: Apurar responsabilidades pelo atraso de cinco anos na conclusão da LT Mascarenhas-Linhares, o que corresponde a quase quatro vezes o período inicialmente estabelecido. Recomendação 2: Apurar o prejuízo causado pelo adiamento do funcionamento da LT Mascarenhas-Linhares e informar a TIR atualizada do empreendimento. 1.1.1.13 INFORMAÇÃO

Insuficiência de justificativas para os Aditamentos n.º 4 e n.º 6 ao Contrato n.º 8000002596. Fato

Foram celebrados seis aditamentos ao Contrato n.º 8000002596.

Houve morosidade na celebração do Aditivo n.º 2. Apesar de sua elaboração ter sido solicitada pelo Departamento de Engenharia Elétrica em fevereiro/2011

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(Correspondência Interna DEL.E.I.118.2011), a assinatura ocorreu apenas em julho/2012. De acordo com FURNAS, um dos motivos da demora foi a necessidade de reuniões entre as áreas técnicas da empresa para esclarecimentos acerca da modificação proposta e do seu registro em Nota Técnica, emitida em março/2012. O outro motivo foi o trâmite interno para aprovação do Aditivo pela Diretoria Executiva, que só ocorreu em julho/2012.

Além disso, identificamos inconsistências nas justificativas que ampararam a assinatura de dois destes aditivos (n.º 4 e n.º 6).

Aditivo nº 4:

O Aditivo nº 04, de 03/06/2013, alterou as Cláusulas 5ª – “Esquema de Faturamento”, 20 – “Contribuições para o INSS e o FGTS” e 23 – “Prazo”, bem como os parágrafos 1° e 2° da Cláusula 58 - “Suspensão da Eficácia da Execução dos Serviços” do Contrato.

• Alteração da Cláusula 58 - “Suspensão da Eficácia da Execução dos Serviços”:

A Cláusula 58 estabelecia que a finalização do projeto básico de engenharia e a execução do projeto executivo estavam condicionadas à obtenção da licença prévia. Estabelecia, ainda, que a execução de “Fornecimentos” e “Obras Civis e Montagem Eletromecânica” estava condicionada à obtenção da licença de instalação.

O Aditivo 4 permitiu a antecipação das etapas de projeto básico/ensaios de tipos/projeto final das estruturas metálicas e de “Fornecimentos”. O projeto básico/ ensaios de tipos/ projeto final das estruturas metálicas passaram a não estar condicionados à obtenção da licença prévia. Autorizou-se o início de “Fornecimentos” apenas com base na obtenção da licença prévia, sem a necessidade de obtenção da licença de instalação.

De acordo com FURNAS, havia um conflito entre o cumprimento do exíguo cronograma de implantação do projeto e o encadeamento de etapas previsto originalmente. Ainda segundo a empresa, a realização de atividades em paralelo minimizaria os impactos verificados no atraso na obtenção das licenças prévia e de instalação. Assim, o início da etapa de “Fornecimentos” antes da obtenção da licença de instalação permitiria a adequação das datas de entrega dos pacotes de trabalho à nova realidade dos fatos.

Entendemos, contudo, que o atraso no cronograma não pode ser utilizado como argumento para a redução dos controles do projeto. O início da etapa de fornecimento antes da obtenção da licença de instalação aumenta os riscos, pois, caso a licença não viesse a ser obtida ou viesse a ser exigida alguma alteração radical do projeto, o valor pago pelo material fornecido seria perdido.

O TCU, inclusive, dispõe de jurisprudência acerca da necessidade de observância de sequência de etapas dos processos de licenciamento ambiental e de processo licitatório e que foi mencionada na Cláusula 58 do Contrato original (Acórdão TCU n.º 516/2003 – Plenário).

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Ademais, o Acórdão TCU nº 516/2003 - Plenário considerou como indício de irregularidade grave o início de obras sem a devida licença de instalação. A etapa de fornecimento é parte integrante da execução do serviço, não sendo possível dissociar a aquisição de equipamento da realização da obra.

Aditivo nº 6:

O Aditivo nº 6, de 30/05/2016, alterou as Cláusulas 4ª – “Preços”, 5ª – “Esquema de Faturamento”, 23 – “Prazo” e 52 – “Valor do Contrato”; incluiu as Cláusulas 59 – “Atos Lesivos à Furnas”, 60 - “Responsabilização Administrativa” e 61 – “Declarações”; e renumerou a Cláusula “Foro” de 59 para 62 do contrato.

A supressão do item 2.4 - "Solicitação da Declaração de Utilidade Pública - DUP junto à ANEEL" da Tabela B - "Gestão Fundiária para LT e SE" da Cláusula 5ª refletiu a não realização do serviço pelo consórcio Mascarenhas e sim por Furnas. A UJ esclareceu que solicitou a declaração em virtude do disposto no art. 2º da Resolução Normativa n.º 279/2007, que estabeleceu como dever do concessionário o envio à Agência da documentação necessária à obtenção da DUP. Tendo em vista que o Contrato n.º 8000002596 foi assinado em 10/08/2010, quando já havia sido emitida a Resolução Normativa n.º 279/2007, houve uma falha de Furnas de ter previsto o serviço como de responsabilidade do consórcio Mascarenhas.

A supressão do item 2.17 - "Ajuizamentos" da Tabela B da Cláusula 5ª também resultou de não realização do serviço pelo consórcio, mas sim por Furnas. A manifestação da UJ acerca da impossibilidade de execução das atividades de natureza jurídica do processo de gestão fundiária do projeto pelo consórcio Mascarenhas ocorreu em julho/2015 (Correspondência Interna GCI.P.I.967.2015), em virtude de o consórcio ter solicitado emissão de procuração para o seu cumprimento. A justificativa foi que o serviço não poderia ser realizado pelo consórcio, em função da jurisprudência do TCU acerca da contratação de serviços de advocacia pela Administração Pública. Além disso, quase a totalidade das ações judiciais já tinha sido liberada pelos advogados de FURNAS na ocasião da emissão da Correspondência Interna. Cabe destacar a morosidade da formalização do posicionamento da UJ acerca da questão (maio/2016), tendo em vista que: o Contrato foi assinado em agosto/2010; a gestão fundiária estava prevista na primeira ordem de serviço; e a negativa de FURNAS acerca da emissão de procuração ocorreu em julho/2015. Cabe destacar, ainda, a incoerência de quase a totalidade das ações judiciais ter sido liberada por advogados de FURNAS quando permanecia em vigor o dispositivo contratual de que essa atribuição era do consórcio Mascarenhas.

A justificativa para a prorrogação de prazo, formalizada por meio de alteração na Cláusula 23, foi o atraso na gestão fundiária. A INCOMISA tem responsabilidade na liberação fundiária do empreendimento, sendo que a Correspondência Interna DCTL.E.E.197.2015 registrou falhas na sua atuação (baixa produção na liberação de áreas; descumprimento de meta até dezembro/2013 e de prazos em 2014; equívocos cadastrais que geraram revisão de laudos de avaliação e das negociações; e necessidade de retificação de

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processos judiciais). Não foram aplicadas, contudo, sanções à contratada. Segundo FURNAS, as responsabilidades serão apuradas quando da conclusão da Linha de Transmissão.

A prorrogação do prazo de conclusão da Linha de Transmissão foi abordada de forma mais detalhada no item 1.1.1.12 deste Relatório.

Por fim, verificou-se que não houve a devida formalização do valor contratual, uma vez que os montantes relativos aos reajustes anuais previstos na Cláusula 6ª não foram incorporados. Furnas informou que a Assessoria de Apoio à Gestão de Contratos está revisando seu processo de atuação e, em função da atualização recente da Instrução Normativa n.º 002.2012, serão providenciados os apostilamentos a partir do próximo reajuste.

##/Fato##

1.1.1.14 CONSTATAÇÃO

Premissas que foram consideradas no Plano de Negócios não foram atendidas e acarretaram prejuízo à Furnas. Fato

A prorrogação do prazo de entrada em operação do empreendimento implicou prejuízo à Furnas. A previsão inicial era de que a Linha de Transmissão Mascarenhas-Linhares e as Subestações Linhares e Mascarenhas estariam concluídas em julho/2012. Atualmente, a estimativa é que os serviços referentes à LT e às SEs sejam encerrados em maio/2019, quando então a Linha de Transmissão poderá iniciar seu funcionamento.

Considerando o atraso de 6 anos e 10 meses e que o Plano de Negócios – PN estimou em R$ 5 milhões/ano a receita do empreendimento, deixou de ser gerada receita no valor de aproximadamente R$ 34 milhões (base: novembro/2009).

A extensão do período de execução dos serviços também impactou o custo do empreendimento. O atraso foi motivo de multa aplicada pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL no valor de R$ 152 mil. O recurso de Furnas ainda não foi objeto de pronunciamento pela Agência.

A dilação do prazo resultou em reajustamento de preço, previsto na Cláusula 6ª do Contrato n.° 8000002596, por prazo superior ao previsto no PN, afetando a estruturação financeira inicialmente elaborada. Além disso, reajustes concedidos após 30/05/2016 podem vir a ser considerados indevidos, uma vez que ainda não houve a apuração de responsabilidades pelo atraso na gestão fundiária.

Outro fator que aumentou o custo do empreendimento foi a alteração do traçado da Linha de Transmissão, que gerou retrabalhos. O Consórcio Mascarenhas relacionou serviços adicionais, no valor de R$ 4 milhões, referentes a acréscimo de materiais, serviços preliminares e gestão ambiental e fundiária. Do pleito da contratada, no entanto, Furnas

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apurou como devido o montante de R$ 515 mil, que ainda carece de análise dos órgãos jurídico e financeiro, bem como de aprovação da Diretoria.

A estruturação financeira foi afetada, ainda, pela antecipação do cronograma de pagamento previsto no Contrato n.° 8000002596.

O impacto financeiro no empreendimento pode ser ainda maior, uma vez que Furnas ainda não se manifestou acerca dos pleitos do Consórcio Mascarenhas registrados na Correspondência INC-CONT-104/17, de 03/07/2017, no valor de R$ 12.839.654,96 (doze milhões, oitocentos e trinta e nove mil, seiscentos e cinquenta e quatro reais e noventa e seis centavos). O documento apresentou requerimentos relacionados às condições alteradas do Contrato nº 8000002596 que, segundo o contratado, foram ocasionadas por fatos alheios à sua responsabilidade e que geraram a necessidade de compensação econômica. Parte desses requerimentos já havia sido anteriormente encaminhado à Furnas, sendo que a empresa ainda não havia se pronunciado a respeito.

Quadro – Requerimentos do Consórcio Mascarenhas pendentes de manifestação por Furnas

Pleito Valor (R$)

INC-DIR-057/2014, 14/10/2014: reivindicações pelas condições alteradas do contrato, quais sejam:

- Maiores custos com Administração Local em razão da extensão do prazo (valor: R$ 1.318.467,00)

- Retrabalhos de campo topografia e sondagem, resistividade (valor: R$448.914,59).

- Retrabalhos de campo, gestão fundiária, gestão ambiental, arqueologia, geologia, biologia (valor: R$941.905,44).

- Alterações no escopo do contrato – materiais (valor: R$3.252.776,58).

- Administração Central (valor: R$1.001.978,78).

6.964.042,38

Paralisação de jun/2015 a nov/2015 1.269.585,82

Paralisação de fev/2016 a ago/2016 915.981,27

Remobilização de nov/2015 268.612,22

Remobilização de ago/2016 268.612,22

Administração local- extensão de prazo 3.152.821,05

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Total 12.839.654,96

Fonte: Correspondência INC-CONT-104/17

O contratado informou, também, que caso as reivindicações não sejam analisadas e os respectivos aditivos não sejam emitidos, adotará medidas judiciais.

A alteração de premissas consideradas no PN impactou a Taxa Interna de Retorno – TIR. A Taxa esperada quando da elaboração do Plano era 8,51% a.a.. Em dezembro/2016, a TIR do empreendimento calculada por Furnas foi de 1,37% a.a..

Por fim, vale ressaltar que não foi examinada pela equipe de auditoria a documentação que tratou especificamente das Subestações Linhares e Mascarenhas, que pode ter registrados outros fatores ensejadores de prejuízo à Furnas.

##/Fato##

Causa

- Falhas na etapa de planejamento que antecedeu a contratação do consórcio Mascarenhas.

Em função do exíguo prazo entre a publicação do edital do Leilão ANEEL n.º 005/2009 e a apresentação das propostas, o pré-contrato com o consórcio Mascarenhas foi celebrado com base em projeto básico da Agência (edital e seus anexos; R1; R2; R3; e R4) elaborado sem a existência da licença prévia.

O Acórdão TCU n.º 516/2003 – Plenário, em seu item o item 9.2.3.1, considerou a contratação de obras com base em projeto básico elaborado sem a existência da licença prévia como indício de irregularidade grave.

Cabe destacar que o pré-contrato foi assinado em novembro/2009 e a licença prévia emitida em janeiro/2013.

- Morosidade na apuração de responsabilidades pelos problemas na gestão fundiária que resultaram na prorrogação de prazo formalizada por meio do Aditivo nº 6.

##/Causa##

Manifestação da Unidade Examinada

Não houve manifestação quanto ao Relatório Preliminar. ##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Não se Aplica. ##/AnaliseControleInterno##

Recomendações:

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Recomendação 1: Apurar responsabilidades pela perda de rentabilidade do empreendimento em função das alterações das condições estabelecidas no Plano de Negócios.