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ALTERAÇÃO DO PLANO PORMENOR AVENIDA JOSÉ MALHOA RELATÓRIO SÍNTESE CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA DMU | DPU | DPT Janeiro de 2020

RELATÓRIO SÍNTESE - cidadania.lisboa.pt · * Relatório de fundamentação da versão original do plano * Programa de execução e Plano de Financiamento * Relatório sobre a Recolha

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ALTERAÇÃO DO PLANO PORMENOR

AVENIDA JOSÉ MALHOA

RELATÓRIO SÍNTESE

CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA

DMU | DPU | DPT

Janeiro de 2020

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FICHA TÉCNICA

Fernando Medina Presidente da Câmara Municipal de Lisboa

Ricardo veludo Vereador do Pelouro do Planeamento e Urbanismo

Rosália Russa Diretor Municipal (DMU)

Paulo Prazeres Pais Diretor de Departamento (DMU/DPU)

COORDENAÇÃO GERAL

Sara Bragança Chefe de Divisão (DMU/DPU/DPT) Arquiteta/ Jurista

EQUIPA NUCLEAR

Catarina Sampaio (DMU/DPU/DPT) Arquiteta

Paula Pezzato (DMU/DPU/DPT) Economista

Samuel Magno (DMU/DPU/DPT) Desenhador

COLABORAÇÃO

Inês Henriques (DMM/DEPM) Engenheiro

Marçal Alves (DMM/DEPM) Engenheiro

Joaquim Nolasco (DMM/DEPM) Arquiteto

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P LAN O DE P ORMEN OR DA AVEN IDA J OSÉ MA LH OA ALTERAÇÃO

1 Câmara Municipal de Lisboa DMU | DPU | Divisão de Planeamento Territorial Janeiro l 2020

ÍNDICE

FICHA TÉCNICA ............................................................................................................................. 0

1. OPORTUNIDADE E OBJETIVOS DA ALTERAÇÃO DO PLANO ...................................................... 4

2. ANTECEDENTES QUE FUNDAMENTAM A ALTERAÇÃO DO PLANO ............................................ 4

3. ENQUADRAMENTO LEGAL DA ALTERAÇÃO DO PLANO ........................................................... 7

4. LIMITES DA ÁREA DE INTERVENÇÃO ...................................................................................... 8

5. ENQUADRAMENTO NOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL ....................................... 8

5.1 ENQUADRAMENTO NO PROTAML...................................................................................................... 9 5.2 ENQUADRAMENTO NO PDM .............................................................................................................. 9

5.2.1 Planta de Ordenamento – Qualificação do Espaço Urbano ....................................... 10

5.2.2 Planta de Ordenamento – Estrutura Ecológica Municipal ......................................... 11

5.2.3. Planta de Ordenamento – Sistema de Vistas ........................................................ 12

5.2.4 Planta de Ordenamento – Riscos Naturais e Antrópicos I e II .............................. 13

5.2.5 Planta de Ordenamento – Condicionantes de Infraestruturas ............................ 14

5.2.6 Planta de Ordenamento – Acessibilidades e Transportes .................................... 14

5.2.7 Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública I e II ............................. 15

5.3 ENQUADRAMENTO NO PLANO DE PORMENOR AVENIDA JOSÉ MALHOA ................................ 16

6. PROPOSTA DE PLANO .......................................................................................................... 17

6.1 FLEXIBILIZAÇÃO DOS USOS ............................................................................................................... 17 Parcela A .............................................................................................................................. 17

Parcela B .............................................................................................................................. 18

Parcela C .............................................................................................................................. 18

Parcela D.............................................................................................................................. 18

6.2 OUTROS PARÂMETROS URBANÍSTICOS ............................................................................................ 20 6.3 COMPATIBILIZAÇÃO COM REGIMES ESPECÍFICOS ESTABELECIDOS NO PDM ................................... 22 6.4 EXECUÇÃO DO PLANO ...................................................................................................................... 22

7. ISENÇÃO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA (AAE) .................................................... 22

Anexo 1 - Nota Justificativa elaborada na sequência do parecer da Agência Portuguesa do Ambiente / Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste Parecer nº SO55211-201909_ARHTO.DPI, ARHTO.DPI.00052.201919

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CONTEÚDO DOCUMENTAL

Peças Constituintes

Regulamento

Planta de Implantação

*Planta de Condicionantes

Peças de Acompanhamento

PEÇAS ESCRITAS

Relatório de fundamentação da primeira alteração do plano

* Relatório de fundamentação da versão original do plano

* Programa de execução e Plano de Financiamento

* Relatório sobre a Recolha de Dados Acústicos

* Ficha de Dados Estatísticos

* Documento síntese de concertação com as entidades representativas dos interesses a ponderar no âmbito do procedimento inicial de elaboração do plano

* Participações recebidas em sede de discussão pública da versão original do Plano e respetivo relatório de ponderação

Documento síntese da fase de acompanhamento no âmbito do procedimento de alteração do plano

Participações recebidas em sede de discussão pública da alteração do Plano e respetivo relatório de ponderação

PEÇAS DESENHADAS

* Planta de Localização

* Planta de Enquadramento

* Ortofotomapa da área de intervenção

* Planta da Situação Existente

* Planta de Cadastro existente

* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Qualificação do Espaço Urbano

* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Estrutura Ecológica Municipal

* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Sistema de Vistas

* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Riscos Naturais e Antrópicos I

* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Riscos Naturais e Antrópicos II

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* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Condicionantes de Infraestruturas

* Extrato da Planta de Ordenamento do PDM — Acessibilidades e Transportes

* Extrato da Planta de Condicionantes do PDM — Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública I

* Extrato da Planta de Condicionantes do PDM — Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública II

*Perfis

* Planta de Apresentação

* Planta de Circulações do Sistema Viário e Estacionamento;

* Planta de Infraestruturas — Rede de águas Pluviais e Águas Residuais Domésticas

* Planta de Infraestruturas — Rede de Abastecimento de Águas

* Planta de Infraestruturas — Rede de Abastecimento de Gás

* Carta das Zonas Mistas e Sensíveis

* Planta / Relatório com a indicação dos pedidos de informação prévia, licenças, comunicações prévias e autorizações de operações Urbanísticas

* Extratos do PROTAML

* Planta de Zonamento com base na disciplina consagrada no PDM

* Peça não alterada, integrada na versão original do Plano de Pormenor da Avenida José Malhoa

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1. OPORTUNIDADE E OBJETIVOS DA ALTERAÇÃO DO PLANO

O presente documento enquadra, descreve e fundamenta a proposta de alteração do Plano de

Pormenor da Avenida José Malhoa, abreviadamente e doravante designado por Plano ou

PPAJM.

Com a presente proposta de alteração pretende-se garantir as condições necessárias para

agilizar a execução integral do plano e, tendo em consideração o elevado estado de

consolidação do território a par das estratégias de relevo em curso para o tecido

imediatamente contíguo – nomeadamente com a implementação de um parque urbano e com

a reconfiguração viária da Praça de Espanha –, a possibilidade de ajustar a sua concretização às

atuais dinâmicas funcionais e habilitar este território para acomodar a diversidade funcional,

mantendo, contudo, os mesmos objetivos programáticos.

Dado o caráter específico/circunscrito desta alteração, que envolve somente quatro parcelas

que configuram situações cuja inserção urbanística está definida, sem dependência em relação

à ocupação envolvente, onde as infraestruturas viárias estão estabilizadas e não há lugar à

reestruturação fundiária, pretende-se que a sua concretização se realize através de operações

urbanísticas apropriadas à natureza e dimensão da intervenção, sem ser necessário recorrer à

delimitação de unidades de execução.

Mantendo o modelo territorial estipulado pelo plano, objetivos programáticos e princípios de

intervenção, com a presente pretende-se, no essencial, introduzir:

(i) A flexibilização de usos;

(ii) A compatibilização com os conceitos do RPDM que em aspetos pontuais não

foram devidamente refletidos no PPJAM e

(iii) Possibilitar a realização de operações urbanísticas, sem recurso à prévia

delimitação de unidades de execução.

2. ANTECEDENTES QUE FUNDAMENTAM A ALTERAÇÃO DO PLANO

O Plano de Pormenor da Avenida José Malhoa, atualmente em vigor, foi inicialmente

elaborado ao abrigo da anterior versão do Plano Diretor Municipal de Lisboa – ratificado pela

Resolução do Conselho de Ministro n.º 94/94, publicada no Diário da República, 1.ª Série B, de

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29 de setembro – e submetido à aprovação da Assembleia Municipal nos termos da

Deliberação da Câmara Municipal n.º 369/CM/2011, de 29 de junho de 2011.

Contudo, precedendo a aprovação do PPAJM a Assembleia Municipal aprovou a primeira

revisão ao Plano Diretor Municipal através das Deliberações nº 46/AML/2012 e 47/AML /2012,

a qual foi publicada no Diário da República, 2ª série, n.º168, de 30 de agosto de 2012, através

do Aviso n.º 11622/2012.

Houve assim a necessidade de, previamente à sua aprovação pela Assembleia Municipal,

compatibilizar a proposta do Plano com a nova versão do PDM de Lisboa nos termos da

Deliberação n.º 594/CM/2012 – nomeadamente ao nível do regulamento, da planta de

implantação e da planta de condicionantes.

Nesta fase foram redefinidas as categorias de espaço abrangidas pelo Plano tendo em

consideração a disciplina consagrada na revisão do PDM de 2012.

O PPAJM foi publicado no Diário da República, 2.ª série, n.º 175, de 11 de setembro de 2013,

através do Aviso n.º 11406/2013 e retificado através da Declaração de Retificação n.º

1406/2013, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 253, de 31 de dezembro de 2013.

A intenção de dar início a este procedimento de alteração surge na sequência de um

requerimento apresentado pelos proprietários do lote B – sociedades Banif Imobiliária SA e

oitante, SA – através do processo nº 6931/DOC/2017, no qual solicitam a flexibilização dos

usos definidos no Plano para a sua parcela.

Na sequência desta exposição e depois de analisados os elementos do plano verificou-se que,

apesar da compatibilização do Plano com o PDM de 2012 ter sido realizada, por lapso não terá

sido revista a norma constante no n.º 1 do artigo 13.º do regulamento do Plano que cristalizou

o regime consagrado no regulamento do PDM de 94 para as áreas consolidadas de edifícios de

utilização coletiva terciária que, nos termos do seu artigo 62.º, impunha que nos planos de

pormenor os usos ficassem sujeitos aos seguintes valores de superfície de pavimento mínimo e

máximo: «a) uso habitacional: mínimo 20%; b) uso terciário e indústria compatível: máximo

80%».

Efetivamente, de acordo com o relatório do PPAJM a definição de usos para as parcelas por

edificar na área de intervenção do plano teve como base os compromissos urbanísticos

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existentes, decorrentes de anteriores condições de hasta pública e protocolos celebrados

entre os interessados e o município. No entanto, após a análise dos vários documentos

disponíveis, concluiu-se que o plano não se limitou a reproduzir aquelas condições. Em relação

às restantes parcelas privadas na área de intervenção, o plano não é acompanhado por

qualquer documento de monitorização que permita confirmar o cumprimento da proporção

de usos definida no artigo 13.º ao que acresce o facto do PPAJM também não ter definido usos

concretos para os edifícios existentes, o que concorre para o entendimento de que esta norma

não visava estas parcelas. Também as restantes normas do plano que estabelecem parâmetros

urbanísticos específicos visam somente regular, em concreto, a ocupação dos terrenos

edificáveis – objetivo que é expressamente assumido na alínea b) do artigo 3.º do regulamento

do Plano.

Contudo, na parcela B, o plano não se limitou a refletir as condições estabelecidas na hasta

pública e nos protocolos subsequentes – verificando-se nomeadamente alterações à área do

lote, aos polígonos de implantação acima e abaixo do solo, à volumetria, ao número de pisos e

à superfície de pavimento. Em matéria de usos, o plano de pormenor ao definir para esta

parcela o uso de serviços como uso dominante não contraria o estipulado nas condições de

alienação da referida parcela que, para uma superfície total de pavimento de 14.442,50 m2

fixava em 8.912,50m2 afetos a uso de serviços. De acordo com os protocolos subsequentes, a

restante superfície de pavimento mantinha um elevado nível de flexibilidade em matéria de

usos.

Na parcela C, conclui-se que existe uma equivalência entre a superfície de pavimento admitida

na escritura pública e a superfície de pavimento acima do solo consagrada no plano de

pormenor (34.300m2). Em matéria de usos, o PPAJM foi contudo mais imperativo ao definir o

uso habitacional como uso dominante desta parcela, não deixando o mesmo nível de

flexibilidade consagrado nas escrituras (que admitia que esta parcela também pudesse ser

afeta ao uso terciário).

Relativamente à parcela D a intenção do Plano parece ter sido meramente a de permitir a

construção de uma galeria exterior coberta que ligasse as duas torres das Twin Towers.

Concluiu-se, desta forma, que o PPAJM não se limitou a refletir as condições estabelecidas na

hasta pública e nos protocolos subsequentes, verificando-se, nomeadamente, alterações à

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área do lote, aos polígonos de implantação acima e abaixo do solo, à volumetria, ao número

máximo de pisos e à superfície de pavimento.

Por fim e em relação à parcela A, desconhece-se a existência de compromissos urbanísticos.

Em função da análise realizada e considerando que i) o principal objetivo do Plano assenta na

definição das condições de ocupação aplicável às 4 parcelas em apreço, ii) o quadro síntese de

parâmetros urbanísticos que integra a planta de implantação não se limitou a refletir a

distribuição dos usos definidos nas condições de alienação das referidas parcelas; iii) e

admitindo, nos termos do parecer da Direção Municipal de Gestão Patrimonial que os usos

definidos em hasta pública são passíveis de ser alterados - considera-se justificada a

necessidade de alterar o Plano de forma a compatibilizá-lo com o regime de flexibilização de

usos consagrado no PDM em vigor.

A Câmara Municipal de Lisboa, em reunião pública de 26 de setembro de 2018, através da

proposta n.º 629/CM/2018, aprovou assim o início do procedimento de alteração do Plano de

Pormenor da Avenida José Malhoa, os respetivos Termos de Referência, a dispensa de

avaliação ambiental e a abertura do período de participação pública preventiva, assim como o

envio à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo

(CCDRLVT) da proposta de estabelecimento de Normas Provisórias nos termos da Deliberação

n.º 629/CM/2018.

O período de participação pública preventiva decorreu entre os dias 29 de outubro a 19 de

novembro de 2018, com uma apresentação pública. Nesta sede foram recebidas 3

participações que em função do seu conteúdo foram devidamente encaminhadas Direção

Municipal de Mobilidade e encontram-se a ser devidamente ponderadas por aqueles serviços,

razão pela qual foi introduzida no plano uma norma que admite a introdução de

reajustamentos à configuração da rede rodoviária, incluindo o perfil dos arruamentos, em

função de estudo de impacte de tráfego e transportes.

3. ENQUADRAMENTO LEGAL DA ALTERAÇÃO DO PLANO

O procedimento de alteração do Plano Pormenor da Avenida José Malhoa segue o disposto no

Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (RJIGT), nomeadamente o disposto nos

seus artigos 76.º a 94.º, por remissão do seu artigo 119.º.

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4. LIMITES DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

A área de intervenção do Plano de Pormenor da Avenida José Malhoa pertence à freguesia da

Campolide e abrange uma área de 15 hectares.

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A área do Plano é delimitada:

a) A norte pela Avenida Columbano Bordalo Pinheiro e por um pequeno troço da Rua

Eduardo Malta;

b) A sul pela extrema dos lotes a sul da Avenida José Malhoa e pela Avenida General

Correia Barreto;

c) A poente, pela linha Férrea, essencialmente entre a Avenida General Correia Barreto e

a estação de Sete Rios, embora a estação já se encontre fora da área do plano;

d) A nascente pela Avenida Madame Curie e pelo terreno atualmente desocupado entre

a Rua Eduardo Malta e a Av. José Malhoa, a poente do teatro da Comuna.

5. ENQUADRAMENTO NOS INSTRUMENTOS DE GESTÃO TERRITORIAL

Ao nível dos Instrumentos de Gestão Territorial são atualmente eficazes: o Plano Regional de

Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML) e o Plano Diretor

Municipal de Lisboa (PDM) e o Plano de Pormenor da Avenida José Malhoa (PPAJM).

figura 1 - Área de intervenção do PPAJM

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5.1 ENQUADRAMENTO NO PROTAML

O PROTAML aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 68/2002, de 8 de abril,

constitui um quadro de referência para a elaboração do PPAJM cujas orientações se mantêm

no presente procedimento de alteração do plano.

De acordo com o esquema de Modelo Territorial traduzido no PROTAML, a área do plano

insere-se maioritariamente em “Área Urbana Central a Revitalizar” e residualmente em “Área

Urbana a Articular e/ou Qualificar”. O Plano insere-se na Unidade Territorial 2 – Lisboa Centro

Metropolitano, nas subunidades “Área Central de Lisboa” e “Coroa Envolvente de Lisboa”.

Em relação às dinâmicas e tendências dominantes de mudança, o PROTAML identifica a área

central de Lisboa como um dos “Espaços Problema”, que denotam um acentuado declínio

urbano e fortes processos de degradação.

Não estão em causa áreas de Estrutura Metropolitana de Proteção e Valorização Ambiental.

Conforme confirmado no parecer da CCDRLVT referente às Normas Provisórias – Alteração do

Plano de Pormenor da Avenida José Malhoa: não há “disposições que possam colidir ou

comprometer as orientações de nível regional estabelecidas no PROTAML”.

5.2 ENQUADRAMENTO NO PDM

O PDM de Lisboa, cuja primeira revisão foi aprovada pela Assembleia Municipal através das

deliberações n.º 46/AML/2012 e 47/AML/2014 e publicada no Diário da República, 2.ª Série,

n.º 168 de 30 de agosto de 2012, através do Aviso n.º 11622/2012, define um conjunto de

orientações que se refletem na estrutura e conteúdo da sua normativa, privilegiando a

salvaguarda e a valorização das suas componentes ambientais e patrimoniais urbanas, como

forma de promoção e reforço da imagem da cidade.

A área de intervenção do PPAJM integra uma unidade operativa de planeamento e gestão

(UOP 04 – Avenidas Novas), com uma identidade urbana e geográfica própria, e para a qual o

PDM define um conjunto de objetivos estratégicos que, no âmbito da elaboração do plano

foram devidamente ponderados e refletidos no modelo de organização espacial desenvolvido

para aquele território e dos quais se destacam:

- Reduzir o peso do transporte privado e promover o acréscimo da área pedonal, com

consequente melhoria da qualidade da vivência urbana;

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10 Câmara Municipal de Lisboa DMU | DPU | Divisão de Planeamento Territorial Janeiro l 2020

- Implementar a revalorização e requalificação biofísica dos cursos de linhas de água e

respetivas margens, de forma a assegurar o seu papel do ponto de vista funcional e

paisagístico, e a garantir uma correta integração em áreas de espaços verdes urbanos

e permitindo a fruição pública destes espaços.

5.2.1 Planta de Ordenamento – Qualificação do Espaço Urbano

figura 2 – Qualificação do Espaço Urbano

De acordo com o PDM, a área do Plano está maioritariamente classificada como Espaços

Consolidados Centrais e Residenciais – Traçado Urbano C (RPDM, artigos 39.º - 46.º), cuja

infraestruturação e ocupação do tecido urbano se pretende preservar e valorizar, com respeito

pelas características morfológicas e tipológicas dominantes e através da inclusão de solos

afetos à estrutura ecológica municipal, necessários ao equilíbrio do sistema urbano.

Nestas áreas privilegia-se a predominância do uso habitacional, a conservação e reabilitação

do edificado existente, a colmatação e compactação da malha urbana, a compatibilização dos

usos, a criação de equipamentos e a qualificação do espaço público, nomeadamente

promovendo o aumento da sua permeabilidade.

A parcela C é a única área do Plano caracterizada como Espaços Centrais e Residenciais a

consolidar (RPDM, artigos 58.º - 60.º) encontrando-se delimitada como Polaridade Urbana.

Em sintonia com o estabelecido no PDM, o PPAJM prevê a reconversão urbanística e funcional

desta zona, assente num modelo compacto de ocupação do território.

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11 Câmara Municipal de Lisboa DMU | DPU | Divisão de Planeamento Territorial Janeiro l 2020

Existem ainda duas pequenas áreas com pouca expressão, uma no limite poente da área de

intervenção classificada como Espaços Consolidados de Uso Especial de Infraestruturas (RPDM,

artigo 56.º) e que corresponde às infraestruturas férreas, e outra, a sudeste, também muito

residual correspondendo à área verde de enquadramento da Avenida Calouste Gulbenkian

classificada como Espaços Verdes de Enquadramento a Infraestruturas Viárias Consolidados

(RPDM, artigo 52.º).

Na área do PPAJM, de acordo com a planta de qualificação do espaço urbano do PDM, a

estrutura patrimonial municipal integra o edifício do Coríntia Alfa Hotel Lisboa (COD 10.03).

5.2.2 Planta de Ordenamento – Estrutura Ecológica Municipal

figura 2 - Estrutura Ecológica Municipal

De acordo com o PDM, a área de intervenção do PPAJM é parcialmente abrangida pelo

Sistema Húmido (artigo 13.º), o qual faz parte da Estrutura Ecológica Fundamental (artigo

11.º). Para estas áreas o PDM define uma estratégia integrada de valorização e salvaguarda

dos sistemas naturais fundamentais.

A área de intervenção é ainda atravessada por Eixos Arborizados (artigo 16.º) ao longo da

Avenida José Malhoa e da Rua de Campolide, o qual integra a Estrutura Ecológica Integrada

(artigo 11.º), cujas características naturais, culturais, paisagísticas e urbanísticas devem ser

preservadas e valorizadas.

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Em sintonia com os objetivos definidos no PDM, o PPAJM promove ainda a continuidade da

estrutura ecológica através da criação de espaços verdes de uso público no interior dos

quarteirões.

5.2.3. Planta de Ordenamento – Sistema de Vistas

figura 3 - Sistema de Vistas

Na área de intervenção do PPAJM o Sistema de Vistas (artigo 17.º) é formado pelas

panorâmicas e pelos enfiamentos de vistas que, a partir dos espaços públicos, proporcionam a

fruição de um conjunto de paisagens e ambientes urbanos da cidade.

Tendo por objetivos a salvaguarda e a valorização destas relações visuais, na área de

intervenção do PPAJM, com incidência sobre a respetiva área de intervenção identificam-se os

Subsistema de Vales (artigo 17.º), onde se estabelecem relações visuais com as encostas e as

zonas baixas da cidade, nomeadamente com o Aqueduto das Águas Livres e os Subsistema de

Ângulos de Visão (artigo 17.º), com o ponto dominante localizado na Universidade Nova.

O desenho urbano definido no PPAJM – e que, em termos genéricos e globais, por via da

presente procedimento, não será objeto de alteração – teve em consideração as relações

visuais.

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5.2.4 Planta de Ordenamento – Riscos Naturais e Antrópicos I e II

figura 4 - Riscos Naturais e Antrópicos I

figura 5 - Riscos Naturais e Antrópicos II

Uma parte significativa da área do Plano está identificada como de Moderada Vulnerabilidade

a Inundações (artigo 22.º).

No que respeita às restantes vulnerabilidades do território é de referir que apenas uma

pequena zona, perto do limite poente do plano e já construída, está identificada como de

moderada suscetibilidade à ocorrência de movimentos de massa em vertentes (artigo 23.º).

Na generalidade a área abrangida pelo PPAJM apresenta baixa vulnerabilidade sísmica dos

solos, com exepção da Avenida Columbano Bordalo Pinheiro cujos solos apresentam muito

elevada vulnerabilidade sísmica (artigo 24.º).

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5.2.5 Planta de Ordenamento – Condicionantes de Infraestruturas

figura 6 - Condicionantes de Infraestruturas

Ao nível das infraestruturas, a área de intervenção do PPAJM abrange a rede principal do

Plano Geral de Drenagem de Lisboa (artigo 36.º) e área de proteção do traçado provável do

caneiro de Alcântara, onde não se prevê a construção de novos edifícios. A norte, área de

intervenção é ainda abrangida pela zona de proteção do metro.

5.2.6 Planta de Ordenamento – Acessibilidades e Transportes

figura 7 - Acessibilidades e transportes

Na área do Plano identificam-se dois arruamentos e uma interseção pertencentes à rede

rodoviária existente de 3º Nível – Rede Rodoviária Municipal (Avenida Columbano Bordalo

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Pinheiro, Rua de Campolide e intersecção com a Avenida General Correia Barreto). De acordo

com o disposto no PDM (artigo 70.º), a rede existente de 3.º nível constitui a rede de

distribuição secundária e é composta por vias internas, assegurando a distribuição de

proximidade, bem como o encaminhamento dos fluxos de tráfego para as vias de nível

superior.

Em matéria de estacionamento, a área está globalmente assinalada como zona D (artigo 74.º),

exceto duas pequenas áreas que integram a zona A, uma a noroeste por estar na influência

direta da interface de Sete Rios e outra a nascente por estar na influência da Praça de Espanha.

5.2.7 Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública I e II

figura 8 - Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública I

A área de intervenção é abrangida pelas seguintes Servidões Administrativas e Restrições de

Utilidade Pública I: Marcos geodésicos (vértices geodésicos) e Domínio Hídrico junto ao limite

nascente do Plano.

No que respeita às Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública II, que dizem

respeito a imóveis, conjuntos e sítios classificados e em vias de classificação e respetivas zonas

gerais e zonas especiais de proteção, nenhuma destas servidões e restrições estão presentes

na área de intervenção do Plano.

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Figura 9 - Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública II

Nas áreas abrangidas por Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública aplicam-

se os respetivos regimes jurídicos em vigor, prevalecendo sobre o regime de uso do solo

aplicável no âmbito do plano.

5.3 ENQUADRAMENTO NO PLANO DE PORMENOR AVENIDA JOSÉ MALHOA

O PPAJM atualmente em vigor desenvolve e concretiza em detalhe o modelo urbano deste

território, estabelecendo as regras para a sua ocupação, no que respeita à organização

espacial, ao desenho urbano, à implantação e volumetria das edificações a construir nos

terrenos ainda por edificar. São mantidos como válidos e atuais os objetivos programáticos

nele estabelecido, designadamente:

(i) Identificar a área de intervenção como centro terciário superior da cidade;

(ii) Definir as condições de ocupação dos terrenos edificáveis;

(iii) Requalificar o espaço público existente;

(iv) Melhorar a acessibilidade pedonal e,

(v) Ordenar o estacionamento de superfície.

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6. PROPOSTA DE PLANO

A Alteração do Plano que se pretende realizar tem caráter minimalista e não põe em causa

nem envolve a reconsideração ou a reapreciação global das suas opções estratégicas,

mantendo-se válidos e atuais os objetivos programáticos nele estabelecidos.

Assim, mantendo os mesmos princípios de intervenção – nomeadamente no que respeita à

organização espacial, ao desenho urbano, à implantação e volumetria das edificações – a

alteração do Plano de Pormenor da Avenida José Malhoa visa essencialmente a flexibilização

de usos e a correta aplicação dos conceitos e critérios definidos no PDM, bem como a criação

de condições mais favoráveis à imediata execução do plano

6.1 FLEXIBILIZAÇÃO DOS USOS

A alteração do plano, tal como o próprio plano em vigor, vem no essencial definir os

parâmetros urbanísticos de 4 parcelas:

Parcela A

Na Parcela A o plano previa a demolição dos dois edifícios existentes – por considerar que

os «os imóveis presentes encontram-se desfasados da qualificação como Centro Terciário

Superior da Cidade que aquela área de Lisboa possui» – e preconizava a construção de um

novo edifício no alinhamento das edificações contiguas. Para a parcela A (com 1.042,20

m2) o plano propunha a construção de um único edifício, com 10 pisos acima da cota de

soleira e com uma superfície total de pavimento de 4.103m2.

O plano de pormenor não é claro quanto à possibilidade de construção de um piso em

cave. Contudo, na Planta de implantação, o “polígono de implantação” definido para esta

parcela – que não se confunde com o “polígono de implantação acima da cota de soleira”

(que no caso concreto apresenta uma área bastante inferior) – aliada à necessidade da

parcela prever lugares de estacionamento destinados a suprir as necessidades geradas

pela respetiva operação urbanística – aponta para a possibilidade de construção de um

piso em cave, aspeto que foi corrigido no quadro síntese.

O edifício desenvolve-se “em ponte” sobre o novo arruamento projetado no plano de

pormenor e nessa medida foi constituído um ónus de utilização pública à superfície.

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Parcela B

Na Parcela B (com 1.710,07 m2) o plano propunha a construção de um novo edifício com

10 pisos e com uma superfície total de pavimento acima do solo de 11.775,33 m2

destinadas maioritariamente a serviços.

A diferença de cota entre a Avenida José Malhoa e o interior de quarteirão permitirá a

construção de um piso em semicave, estando ainda previsto a construção de quatro pisos

em cave destinados a estacionamento.

Em matéria de usos, o Plano ao definir para esta parcela o uso de serviços como uso

dominante não contraria o estipulado nas condições de alienação da referida parcela que,

para uma superfície total de pavimento de 14.442,50m2 fixava em 8.912,50m2 afetos ao

uso de serviços. De acordo com os protocolos subsequentes, a restante superfície de

pavimento mantinha um elevado nível de flexibilidade em matéria de usos.

Parcela C

Para a Parcela C (com 5.890,00m2) o objetivo do plano foi a criação de um edifício pontual

com uma forte imagem urbana numa tipologia tipo “torre” assente num embasamento

que resolve o desnível das ruas que envolvem o lote.

Tem uma superfície de pavimento acima da cota de soleira com 34.300m2 que se distribuí

por 26 pisos. Abaixo da cota de soleira prevê-se a construção de 4 pisos, destinados

maioritariamente a estacionamento.

Para esta parcela, conclui-se que existiu uma equivalência entre a superfície de pavimento

admitida na escritura pública e a superfície de pavimento acima do solo consagrada no

plano de pormenor (34.300m2).

Em matéria de usos, o PPAJM foi contudo mais imperativo ao definir o uso habitacional

como uso dominante desta parcela, não deixando o mesmo nível de flexibilidade

consagrado nas escrituras (que, admitia esta parcela também pudesse ser afeta ao uso

terciário).

Parcela D

Relativamente à parcela D a intenção do Plano parece ter sido meramente a de permitir a

construção de uma galeria exterior coberta que ligasse as duas torres das Twin Towers.

Efetivamente, na página 37 do relatório de fundamentação do plano é referido o seguinte:

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«A parcela D, que corresponde aos edifícios das Twin Towers, pretende resolver um

problema ao nível do seu embasamento, onde a falta de ligação entre as duas torres cria

um desconforto aos utentes, causado pelo forte vento. A edificabilidade proposta resume-

se a uma ligeira estrutura a criar que una os dois núcleos e flexibilize a circulação no

interior da unidade comercial ali existentes.»

Parece assim resultar que a intenção do plano era somente a de criar uma galeria exterior

coberta, não se justificando, por isso, a autonomização desta área como uma nova parcela

face à dependência funcional destes edifícios e correspondente o acréscimo de superfície

total de pavimento de 1.068,15 m2. Este aspeto foi assim corrigido no âmbito desta

alteração.

Tendo em consideração o supracitado e considerando que:

(i) o objetivo do plano é a definição das condições de ocupação dos terrenos edificáveis (i.e.,

ainda não construídos ou cuja substituição esteja prevista); (ii) o PPAJM não define em

concreto os usos admitidos para os restantes edifícios abrangidos pelo plano de pormenor; (iii)

o PPAJM não estabelece limites/ condicionamentos à alteração de uso dos edifícios existentes;

e que (iv) não existe uma base de monitorização de usos dos edifícios existentes, conclui-se

que a proporção de usos definida no n.º 1 do artigo 13.º do regulamento do Plano, apenas

poderia visar as Parcelas A, B, C e D e apenas se se tiver também em consideração, os usos

definidos nas condições de alienação das referidas parcelas, já que o cumprimento daquela

distribuição de usos não resulta diretamente do quadro síntese de parâmetros urbanísticos

que integra a Planta de implantação.

Conclui-se, assim, que a forma como foram definidos os usos no quadro síntese e na redação

do n.º 1 do artigo 13.º, resultou da necessidade de dar cumprimento ao artigo 62.º do

regulamento do PDM de 94.

Com a entrada em vigor da primeira revisão do PDM – onde nos espaços centrais e residenciais

é expressamente consagrada a flexibilidade de usos como um princípio estruturante do

ordenamento do território – torna-se imperativo adequar a normativa do PPAJM ao PDM em

matéria de usos.

Face ao exposto, propõe-se alterar a redação do artigo 13.º (Usos) do regulamento do Plano,

com o objetivo de adequar a normativa do Plano ao do PDM em vigor, em matéria de

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flexibilidade de usos, com remissão para a aplicação do disposto nos n.ºs 3, 4 e 6 do artigo 41.º

do PDM, nos Espaços Consolidados e a Consolidar Centrais e Residenciais, com exceção da

parcela D, uma vez que se trata da construção de uma galeria coberta com o propósito de

estabelecer a ligação entre as duas torres das Twin Towers, afeto ao uso terciário.

Nos pisos em cave mantém-se o estacionamento como uso dominante e a possibilidade de

incluir outros os usos compatíveis enquadrados na legislação em vigor designadamente,

instalações técnicas, armazenamento ou outros, desde que sejam respeitados os valores

mínimos dos parâmetros de dimensionamento do estacionamento definidos no PDM e não

seja ultrapassada a superfície máxima de pavimento estabelecida para as parcelas A, B C e D

identificadas no quadro síntese anexo ao presente regulamento.

6.2 OUTROS PARÂMETROS URBANÍSTICOS

De acordo com o artigo 6.º do regulamento do Plano em vigor, são adotados os conceitos

constantes no artigo 4.º do regulamento do PDM, sendo ainda consideradas as definições do

Decreto Regulamentar nº 9/2009, de 29 de Maio (este diploma foi entretanto revogado pelo

5/2019 de 27 de setembro, mas nos conceitos que importam para o plano mantêm-se

inalteráveis).

Contudo, da leitura articulada do quadro síntese dos parâmetros urbanísticos e do nº 3 do

artigo 13.º do regulamento do Plano, resulta que o conceito de superfície de pavimento não

foi aplicado com exatidão.

Efetivamente, tendo em consideração o número máximo de pisos abaixo da cota de soleira

definido no quadro síntese e as necessidades de estacionamento geradas pelas operações

urbanísticas preconizadas para as parcelas A, B, C e D, resulta que a área bruta de construção

abaixo da cota de soleira não deverá ser contabilizada como superfície de pavimento, exceto

nas situações expressamente previstas.

Pela razão exposta, considera-se que deve haver a compatibilização do conceito de superfície

de pavimento nos termos expressos no RPDM.

Também o conceito legal de área de implantação não está devidamente refletido nos

elementos do plano. O confronto entre as peças desenhadas e o quadro síntese dos

parâmetros urbanísticos (integrado na planta de implantação e anexo ao regulamento)

permite concluir que as áreas contabilizadas para a quantificação da “área do polígono de

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implantação” respeitam apenas às áreas de implantação acima do solo. Contudo, de acordo

com o Decreto Regulamentar 9/2009, de 29 de maio, «a área de implantação de um edifício é

a área do solo ocupada pelo edifício» e «corresponde à área do solo contido no interior de um

polígono fechado que compreende: o perímetro exterior do contacto do edifício com o solo; o

perímetro exterior dos pisos em cave». Acresce que também na parcela A foi indevidamente

contabilizada como área de implantação a área da via publica contida no interior do polígono

que, nos termos daquele diploma regulamentar, não é contabilizada como área de

implantação. Em relação à parcela C, constata-se igualmente que a área da futura parcela é

inferior à área do atual terreno, na sequência de cedências para infraestruturas viárias.

No âmbito do procedimento de alteração ao plano também foram corrigidos estes aspetos.

Estas alterações nas parcelas A, B, C e D traduzem-se no quadro síntese:

Parcela Área da

Parcela (m2)

Área do polígono de implantação

(m2)

Área do polígono de implantação

(m2) acima da soleira

Superfície de pavimento acima da

soleira (m2)

Área bruta de construção abaixo da

soleira destinada predominantemente a

estacionamento (2) (m2)

N.º de Pisos

Abaixo da soleira

Acima da soleira

A 1 042,20 1 042,20 320,00 (1) 4 103,00 1 042,20 1 10

B 1 710,07 1 710,07 1 180,00 11 775,33 8 221,78 5 10

C 4 925,00 4 925,00 3 015,30 34 300,00 21 224,00 4 26

D 1 068,15 1 068,15 1 068,15 1 068,15 - - 1

Totais 8 745,42 8 745,42 5 583,45 51 246,48 30 487,98 - -

(1) De acordo com o Decreto-Regulamentar n.º 5/2019, de 27 de setembro, tratando-se de um edifício que se desenvolve “em ponte” sobre a via pública, à área de implantação acima da soleira foi retirada a área da via pública contida no interior do polígono.

(2) Nos termos do artigo 13.º do regulamento, o uso dominante das áreas em cave é o de estacionamento, sendo admitidos outros usos compatíveis enquadrados na legislação em vigor (designadamente, instalações técnicas, armazenamento ou outros) desde que, em qualquer caso, sejam respeitados os valores mínimos dos parâmetros de dimensionamento do estacionamento definidos no PDM.

No âmbito do presente procedimento de alteração ao plano foram igualmente clarificados

quais os parâmetros urbanísticos aplicáveis à generalidade das operações urbanísticas que

venham a ocorrer na restante área de intervenção – através de uma remissão expressa para o

Plano Diretor Municipal – uma vez que no plano em vigor o artigo 14.º se limitava a fixar os

parâmetros urbanísticos dos “terrenos edificáveis”, i.e., dos terrenos para os quais o plano

previa expressamente a realização de obras de construção nova (Parcelas A, B, C e D). O plano

não definia contudo em que termos é que na restante área de intervenção seria admissível a

realização de operações de edificação, nomeadamente obras de alteração e ampliação.

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6.3 COMPATIBILIZAÇÃO COM REGIMES ESPECÍFICOS ESTABELECIDOS NO PDM

Verificou-se também a necessidade de remeter para o sistema de proteção de valores e

recursos definido no PDM por se considerar que o plano de pormenor em vigor não incidia

sobre todas as matérias relevantes e dignas de salvaguarda.

Decorrente da flexibilidade de usos, foi igualmente necessário remeter para os parâmetros de

dimensionamento do estacionamento (público e privado) definidos no PDM.

6.4 EXECUÇÃO DO PLANO

Dado o caráter circunscrito desta alteração, que envolve somente quatro parcelas que

configuram situações cuja inserção urbanística está definida, sem dependência em relação à

ocupação envolvente, onde as infraestruturas viárias estão estabilizadas e não há lugar à

reestruturação fundiária, pretende-se que a sua concretização se realize através de operações

urbanísticas apropriadas à natureza e dimensão da intervenção, sem recurso à prévia

delimitação de unidades de execução.

Assim, a presente alteração propõe a eliminação da norma do Plano que estabelece a

delimitação de unidades de execução como instrumento preferencial para a execução do

Plano e passa a estabelecer que a execução remanescente do Plano se realiza diretamente

através de operações urbanísticas tipificadas no Regime Jurídico da Urbanização e Edificação

(RJUE).

Com este enquadramento, o princípio de perequação compensatória é aplicado indiretamente

através das taxas urbanísticas, cedências, compensações e créditos de construção, nos termos

definidos em regulamento municipal.

7. ISENÇÃO DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA (AAE)

De acordo com o artigo 78.º do Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial, os

planos de pormenor apenas são objeto de avaliação ambiental no caso de se determinar que

são suscetíveis de ter efeitos significativos no ambiente ou nos casos em que constituam o

enquadramento para a aprovação de projetos sujeitos a avaliação de impacto ambiental ou a

avaliação de incidências ambientais.

Em face do exposto, considerando as características marcadamente urbanas e consolidadas da

área de intervenção e o seu enquadramento na estratégia municipal definida na revisão do

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PDM – que aquando da elaboração do PPAJM justificaram já a sua dispensa de procedimento

de avaliação ambiental estratégica (cfr. resulta da ata da reunião da conferência

procedimental) – e, ainda, a natureza circunscrita das alterações propostas (flexibilidade de

usos), foi deliberado pela Câmara Municipal – ao abrigo do disposto nos n.os 1 e 2 do artigo 78º

do RJIGT, e artigos 3.º e 4.º do Decreto-Lei n.º 232/2007 de 15 de junho, alterado pelo

Decreto-Lei n.º 58/2011, de 4 de maio – que também a presente Alteração ao Plano de

Pormenor da Avenida José Malhoa não está sujeita a Avaliação Ambiental Estratégica, por não

existirem, com a sua implementação, efeitos adicionais significativos no ambiente, face

aqueles que já foram equacionados no procedimento inicial de elaboração do plano.

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Anexo 1

Nota Justificativa elaborada na sequência do parecer da Agência Portuguesa do Ambiente /

Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste

Parecer nº SO55211-201909_ARHTO.DPI, ARHTO.DPI.00052.201919

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1

Nota Justificativa

Vulnerabilidade a inundações e suscetibilidade ao efeito de maré direto, assinaladas na Planta

de Ordenamento/Riscos naturais e antrópicos I do PDM e Áreas incluídas em Domínio Hídrico,

assinaladas na Planta de Condicionantes/Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade

Pública do PDM

Câmara Municipal de Lisboa | Direção Municipal de Urbanismo | Departamento de Planeamento, dezembro de 2019

1. Áreas vulneráveis a inundações e suscetíveis ao efeito de maré no PDM de Lisboa (2012)

1.1 A Planta de Ordenamento/Riscos naturais e antrópicos I do PDM integra várias

suscetibilidades e vulnerabilidades naturais e antrópicas, cujo planeamento importa acautelar,

no sentido de minimizar os riscos associados, nomeadamente a vulnerabilidade às inundações,

e suscetiblidade ao efeito de maré.

1.2 A delimitação das áreas vulneráveis a inundações teve por base uma metodologia própria e

obedeceu a critérios distintos dos que subjazem à delimitação de ZAC ou zonas adjacentes.

Nesta planta, a identificação das “área vulneráveis a inundações” relaciona um conjunto de

variáveis (fatores naturais e antrópicos) que concorrem para a ocorrência de fenómenos de

inundações em meio urbano e que têm origem em causas diversas, incluindo situações de

deficiente funcionamento da rede de saneamento e eventos de precipitação intensa sobre

áreas com um elevado grau de impermeabilização e/ou que saturam o sistema de drenagem.

Conforme referido pela CML, concorrem para a ocorrência destes fenómenos problemas de

manutenção da rede de saneamento, tais como assoreamento de coletores, falta de limpeza

prévia de sumidouros antes do período de chuvas, ou arrastamento de materiais de grandes

dimensões para o interior dos coletores, que provocam estrangulamentos no escoamento.

1.3 A delimitação das áreas de suscetibilidade ao efeito de maré, cartografadas no PDM em

vigor na Planta de riscos naturais e antrópicos I, teve em consideração uma multiplicidade de

critérios de entre os quais se destaca, pela respetiva amplitude, o efeito de inundação por

maremoto, conforme é explicitado no respetivo relatório da proposta de plano, na página 240:

“de acordo com o Catálogo Português de Tsunamis, é possível identificar as situações mais

relevantes que afetaram Lisboa. Este estudo refere-se ao período compreendido entre 60 A.C. e

1980. Excetuando a referência a 1 de Novembro de 1755, onde se aponta uma altura máxima

superior a 10m, não houve registos de Tsunamis cuja onda tenha alcançado alturas superiores

a 2.4m (31 de Março de 1761). A CCDR-LVT aponta para que, na generalidade da AML, na

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2

eventualidade de ocorrência de ondas de tsunami, esta rondará os 6m de altura com um “run

off” de 15m (informação proveniente da Revisão do PROT-AML)”.

1.4 As áreas vulneráveis a inundações e suscetíveis ao efeito de maré no PDM de Lisboa

representadas na Planta de Ordenamento/Riscos naturais e antrópicos I do PDM não

correspondem a “zonas inundáveis ou ameaçadas pelas cheias” (ZAC) nem a “zonas

adjacentes”.

Efetivamente, conforme referido no parecer emitido pela Agência Portuguesa do Ambiente -

Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (APA – ARHTO) no âmbito do

procedimento de revisão do PDM de Lisboa (V/Ref. GOT–00084-OFI-2010) para o concelho de

Lisboa não existe qualquer classificação de “zona adjacente”.

Na restante área territorial do município de Lisboa, as zonas assinaladas na “Planta dos riscos

naturais e antrópicos I” do PDM como “áreas vulneráveis a inundações” não correspondem a

“zonas inundáveis ou ameaçadas pelas cheias” (ZAC) nem a “zonas adjacentes” uma vez que,

materialmente, não correspondem a áreas contíguas à margem de um curso de água, de um

estuário ou do mar suscetíveis de inundação por transbordo da água do respetivo leito.

Em Lisboa não há registos de cheias por transbordo das águas do leito dos cursos de água ou

do leito do estuário – conforme consta nos estudos elaborados durante o procedimento de

revisão do PDM e que fundamentaram a publicação da Portaria n.º 273/2011, de 23 de

setembro, nos termos da qual se «declara que no município de Lisboa não existem áreas a

integrar na Reserva Ecológica Nacional» – o que justifica a inexistência de ato regulamentar do

Governo que proceda à classificação de áreas do município de Lisboa como “zonas inundáveis

ou ameaçadas pelas cheias” (ZAC) ou como “zonas adjacentes”, e consequentemente, a

inexistência de restrições de utilidade pública neste domínio.

2. Áreas incluídas em Domínio Hídrico no PDM de Lisboa (2012)

2.1 A Planta de Condicionantes/Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública I do

PDM integra as Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública e contém as

condicionantes em vigor, constitutivas de limitações ou impedimentos a qualquer forma

específica de aproveitamento do solo, nomeadamente o Domínio Hídrico.

2.2 A delimitação das áreas incluídas em Domínio Hídrico no PDM de Lisboa surgiu na

sequência da chamada de atenção da ARHTejo, através do seu Parecer aos Estudos de

Caracterização e Diagnóstico da CML, emitido em abril de 2010 (GOT-00052-OFI-2010), em

que sugere a elaboração de uma Planta de Caracterização Hidrográfica (devidamente cruzada

com a Planta do Sistema Húmido) com a identificação da rede de drenagem natural,

complementada com a rede de coletores pluviais e que incluísse os troços dos cursos de água

existentes a céu aberto e consequente identificação da condicionante relativa à servidão de

Domínio Hídrico.

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3

Incluíram-se nesta Caracterização Hidrológica os troços naturais das linhas de água ainda

existentes em Lisboa. Do levantamento efetuado constatou-se que embora a maioria das linhas

de água ainda não artificializadas exiba carácter torrencial, destacam-se três troços que exibem

um caudal mais significativo, nomeadamente o troço da Ribeira da Ameixoeira, da Ribeira do

Rio Seco e da Ribeiro do Parque Monteiro-Mor.

A Ribeira de Alcântara que exibe débito permanente, principalmente porque além do

escoamento superficial, drena igualmente os efluentes domésticos. Contudo, encontra-se

totalmente artificializada, passando a incluir-se na Planta de Ordenamento/Condicionantes de

Infraestruturas, conforme parecer da ARHTejo em dezembro de 2010 (DRHL-00008-OFI-2010

“No que diz respeito ao Caneiro de Alcântara considera-se que a proteção a esta infraestrutura

de drenagem de águas pluviais e águas residuais domésticas, se encontra assegurada pela

faixa de proteção proposta, para a qual se impõem restrições à ocupação, pelo que não deverá

integrar a condicionante de Domínio Hídrico.”

2.3 Os troços dos cursos de água existentes a céu aberto ainda não artificializados, assinalados

na Planta de Caracterização Hidrográfica elaborada pela CML, foram integrados na Planta de

Condicionantes/Servidões Administrativas e Restrições de Utilidade Pública I do PDM com a

designação Domínio Hídrico (lacustre e fluvial). De acordo com a Lei nº 54/2005 que

estabelece a titularidade dos recursos hídricos, estas áreas constituem Servidão de Domínio

Hídrico.

Com a identificação destas áreas, a intenção da Câmara Municipal, devidamente apoiada e

orientada pela ARHTejo em sede de Comissão de Acompanhamento do PDM de Lisboa, foi a de

valorizar e requalificar, na medida do possível, os troços dos cursos de água a céu aberto,

designadamente através da sua integração em projetos de requalificação paisagística que

integrem espaços verdes de recreio que permitam a sua fruição pública.

A regulamentação desta matéria integrou os n.os 3, 4 e 5 do Art.º 13º do Regulamento do PDM

relativo ao Sistema húmido e sistema de transição fluvial-estuarino.

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4

3. Reorganização administrativa do município de Lisboa (2012)

Através da Lei n.º 56/2012, de 8 de novembro, a Assembleia da República aprovou a

reorganização administrativa de Lisboa, através da definição de um novo mapa da cidade, com

modificação do limite territorial a norte do município e com delimitação territorial a

sul/nascente por um dos talvegues do rio Tejo.

Na sequência desta reorganização, e pelo facto do limite territorial de Lisboa ter sido delimitado

pela margem sul do rio Trancão (conforme alínea x do nº 1 do artigo 9.º da Lei n.º 56/2012, de

8 de novembro), este território passou a pertencer ao município de Lisboa.

Mais tarde, em 2016, com a RCM nº 51/2016 de 20 de setembro, passou então, o município

de Lisboa, a integrar uma “Área de Inundação”, conforme documentação disponível na APA (ver

abaixo).

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REN de Lisboa – Áreas de Prevenção de Riscos

Naturais – Zonas ameaçadas pelas cheias - 2019

4. Resolução do Concelho de Ministros relativa à avaliação e gestão dos riscos de inundações

(2016)

A Resolução do Concelho de Ministros (RCM) nº 51/2016 de 20 de setembro procedeu à

transposição para a ordem jurídica interna da Diretiva 2007/60/CE do Parlamento Europeu e

do Conselho, de 23 de outubro de 2007, relativa à avaliação e gestão dos riscos de

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inundações, e aprova os Planos de Gestão dos Riscos de Inundações (PGRI), que são

transpostos para o corpo da RCM integrando os seus anexos de I a VII.

Esta RCM não identifica Zonas críticas no município de Lisboa.

Nomeadamente, o Anexo V referente as Zonas Críticas do Tejo e Ribeiras do Oeste não

identifica qualquer área do município de Lisboa, embora identifique Loures e Odivelas (rio

Trancão, afluente do rio Tejo).

Ora, na sequência da reorganização administrativa imposta pela Lei n.º 56/2012, de 8 de

novembro, parte da área identificada como “Zona Crítica” de Loures e Odivelas (rio Trancão,

afluente de Tejo), nomeadamente um troço da margem sul do rio Trancão, junto à foz com o rio

Tejo, à data de 2016 (data em que foi publicada a RCM nº 51/2016 de 20 de setembro) já

pertencia oficialmente ao concelho de Lisboa.

Essa “Zona Crítica” está espacializada como “Área de Inundação” definida para o período dos

100 anos, por remissão da referida RCM para o endereço digital da APA:

https://sniamb.apambiente.pt/content/inundações-diretiva-200760ce-portugal-continental

5.REN de Lisboa (2019)

Ainda na sequência da referida reorganização administrativa, a CML entende que “A integração

deste novo território introduz no município valências ecológicas até então inexistentes. A

constatação destas valências e a necessidade de enquadramento e proteção das mesmas,

consubstancia a proposta de delimitação de áreas a integrar na Reserva Ecológica Nacional

(REN)”, conforme expresso na Memória Descritiva da REN.

A CML despoleta um procedimento de alteração da delimitação da REN através de uma

consulta preliminar efetuada à CCDRLVT em novembro de 2014 (ofício nº

OF/130/DMPRGU/14, de 13/11/2014).

Este processo culmina com a publicação do Aviso n.º 10710/2019 publicado em Diário da

República, 2.ª série, N.º 122, de 28 de junho de 2019 que aprovada a alteração da delimitação

da Reserva Ecológica Nacional do município de Lisboa. Posteriormente foi publicada a

Declaração de Retificação n.º 824/2019, de 23 de outubro de 2019.

Esta delimitação de REN integra as Zonas ameaçadas pelas cheias, precisamente na área

territorial anteriormente pertencente a Loures e que corresponde à margem do rio Trancão, no

pressuposto dos conteúdos expressos nas Orientações estratégicas de âmbito nacional e

regional (Declaração de Retificação nº 71/2012, Secção III, ponto 3.3) “Considera-se como

zonas ameaçadas pelas cheias ou zonas inundáveis as áreas suscetíveis de inundação por

transbordo de água do leito dos cursos de água devido à ocorrência de caudais elevados.”

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Integra, ainda, a margem do Rio Trancão. De acordo com as Orientações estratégicas de âmbito

nacional e regional, as margens dos cursos de água “(…) correspondem a uma faixa de terreno

contígua ou sobranceira à linha que limita o leito das águas, com largura legalmente

estabelecida, nelas se incluindo as praias fluviais. A definição da margem tem por base o

disposto na Lei da Água, aprovada pela Lei nº 58/2005, de 29 de dezembro (…)”(Declaração de

Retificação nº 71/2012, Secção III, ponto 2).

Esta tipologia é aplicável apenas à área correspondente à margem do rio Trancão, uma vez que,

de acordo com a reorganização administrativa de Lisboa (Lei n.º 56/2012, de 8 de novembro,

alínea x do nº 1 do artigo 9), “o território a integrar no município de Lisboa integra, a norte, a

margem sul do rio Trancão”. Por esta razão, a área correspondente ao curso de água e leito,

não fazem parte dos limites administrativos do município de Lisboa.

Para a delimitação das áreas ameaçadas pelas cheias, foram adotados os critérios e a

delimitação da Câmara Municipal de Loures, na sequência da delimitação definida pela APA no

âmbito da proposta de delimitação de REN de Loures. Segundo esta entidade, e citando o

respetivo relatório, o critério adotado para a delimitação da zona ameaçada pelas cheias do

Estuário de Tejo corresponde à Linha Limite do Leito do estuário e que integra o Plano de

Ordenamento do Estuário do Tejo – Fase 3.

Para a delimitação da zona ameaçada pelas cheias do rio Trancão, o critério adotado por

Loures tem como base os estudos de atualização do Plano de Emergência em Situação de

Cheia no Concelho, que integra o caudal de cheia para o período dos 100 anos fundamentado

em estudo hidrológico do INAG e disponibilizado pela ARHTejo para efeito da delimitação da

REN no concelho de Loures.

6. Conclusão

6.1 O município de Lisboa tem uma única ZAC, localizada na margem do rio Trancão, num

território que anteriormente pertencia a Loures e que, na sequência da reorganização

administrativa imposta pela Lei n.º 56/2012, de 8 de novembro, passou a integrar a área

administrativa do concelho de Lisboa.

A delimitação de REN em 2019, através do Aviso n.º 10710/2019 publicado em Diário da

República, 2.ª série, N.º 122, de 28 de junho de 2019 que aprovada a alteração da delimitação

da Reserva Ecológica Nacional do município de Lisboa (e posterior Declaração de Retificação

n.º 824/2019, de 23 de outubro de 2019) integrou esta área na tipologia de Zonas ameaçadas

pelas cheias, no pressuposto dos conteúdos expressos nas Orientações estratégicas de âmbito

nacional e regional (Declaração de Retificação nº 71/2012, Secção III, ponto 3.3) “Considera-se

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como zonas ameaçadas pelas cheias ou zonas inundáveis as áreas suscetíveis de inundação

por transbordo de água do leito dos cursos de água devido à ocorrência de caudais elevados.”

6.2 Com exceção da zona já referida, correspondente à margem do rio Trancão, não existe

demarcação de outras “zonas adjacentes” ou “zonas ameaçadas pelas cheias” em Lisboa.

Direção Municipal de Urbanismo | Departamento de Planeamento, dezembro de 2019