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RELIGIOSIDADE POPULAR NA LAPA – OS CASOS DO MONGE JOÃO MARIA (1890) E DE RITA, A MUDINHA (1920)

1 Giovana Tisian Serena Hornung

2 Prof Dr.Luiz Carlos Ribeiro*

RESUMO

O presente trabalho busca analisar a religiosidade popular existente em torno de

personagens históricos chamados milagreiros na Lapa para, com isto, incentivar o

estudo da história local como parte do incentivo ao estudo da História. Olhar para o

passado, procurar novos enfoques, reconhecer o que estava quase esquecido.

Novos olhares trazem novos fatos. E cada um pode trazer novos conhecimentos. É

por isso que a história, sem desprezar outras áreas, é sem dúvida a mais fascinante:

poder a cada dia desvendar novos aspectos e novas interpretações. E contar o que

foi descoberto.

PALAVRAS CHAVES

Historia; Lapa; Religiosidade popular; Misticismo.

1 Elaborado por Giovana Tisian Serena Hornung professora PDE 2010, Licenciada em Estudos Socias ( Hisória e Geografia), com Licenciatura Plena em História, pós-graduada em Educação Especial e Educação a Distância.

2 Professor orientador, possui mestrado em História Social pela Universidade de São Paulo (1985) e doutorado em História pela Université de Paris III (1991). Atualmente é professor adjunto II da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil Republicano, história política, história do esporte e história social do futebol. Desenvolveu em 2007/2008 programa de pós-doutorado junto a EHESS-École des Haute Études en Sciences Sociales (Paris/França), sobre o tema "Futebol, Estado e sociedade globalizados (1985-2007)". Organizou em 2007 a publicação do livro "Futebol e globalização". Atualmente coordena o Grupo de Estudos "Futebol e Sociedade" (PGHIS/UFPR)

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1- INTRODUÇÃO

Lapa, cidade histórica. Este é um jargão que muitos conhecem, mas poucos

sabem realmente porque a cidade faz jus a ele. E entre estes que desconhecem o

ritmo histórico vivido pelo município desde sua fundação, estão os alunos da oitava

série do Colégio Estadual General Carneiro. Seja por não possuírem o hábito de se

interessarem pelas suas histórias de vida, em mundo cada vez mais globalizado e

carente de suas próprias raízes, seja porque os currículos escolares não valorizam

os saberes populares, locais, materiais ou imateriais.

E como despertar o interesse senão começando pelo início? Pelas histórias

de seu município? E dentre as várias possibilidades, qual seria mais atrativa? Então

surge a proposta do estudo da religiosidade popular, com a veneração às figuras da

fé do povo. Tal proposta engloba misticismo, cultura popular e turismo religioso. E

entre variadas temáticas, as figuras do Monge João Maria de Jesus e de Rita,

conhecida pela alcunha de A Mudinha, foram às escolhidas.

O presente trabalho busca historizar a fé em personagens históricos

chamados milagreiros na Lapa, para com isto incentivar o estudo da história local

como parte do incentivo ao estudo da História. E esse incentivo, como parte de uma

cultura popular, não poderia ser melhor representado do que o estudo de figuras

populares da própria comunidade onde o estudo está inserido.

E para que a tarefa tivesse êxito, utilizou-se como recurso, no presente

trabalho, a história oral, devido principalmente à falta de registros precisos e de

bibliografia sobre o tema.

Para que a história com pouco registro não fique perdida, é necessário pesquisa-la e

registrá-la, utilizando fontes escritas, quando possível, e orais, neste caso em sua

grande maioria. E esse fato, por si só, demonstra como tais registros são

importantes, para que no futuro novas gerações consigam manter a fé e perpetuem

suas histórias.

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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O estudo é sobre o Monge João Maria de Jesus, de nome verdadeiro Atanás

Markaff, o segundo monge, que viveu nestas por volta de 1893 e teria profetizado,

entre outros fatos, o próprio Cerco da Lapa. Também traz o estudo da historia de

Rita, conhecida como Mudinha martirizada em pleno sábado de Aleluia em 1920.

Morta com uma pancada na fronte esquerda, de acordo com os Autos do Processo

de sua morte, foi enterrada em um primeiro momento como indigente. Dez dias após

ter sido enterrada, o corpo foi exumado para confirmar o assassinato. Seu martírio

teria sido a alavanca para popularizar seu nome e relacioná-lo com pedidos de

graças. De acordo com os entrevistados para o presente trabalho, esta foi a maneira

como Rita se popularizou e ganhou fama de milagreira.

Como aconteceram suas histórias e como se propagam? É o que este estudo

procura demonstrar. O fenômeno é espontâneo ou estimulado? Tal análise pode ser

feita após os resultados da pesquisa, relatos orais e entrevistas com a comunidade.

A conclusão de cada um pode mostrar variações, mas em um ponto os

entrevistados foram unânimes: O Monge João Maria e Ritinha são santos e , cada

qual à sua maneira, estimula a fé nos personagens deste trabalho.

O material coletado pelos alunos e pela autora da pesquisa serviu como base

para a produção de uma apostila com as histórias pesquisadas, além de servirem

como parâmetro para a confecção de estandartes em homenagem a eles. Os

estandartes estão no anexo V. Os alunos também procuraram dar um rosto à Rita,

pois nenhuma imagem dela foi encontrada. E dentre várias possibilidades, um

desenho foi escolhido para representá-la. É o anexo IV deste trabalho.

Esta pesquisa tem como ponto culminante o presente artigo, que pode servir

como base para futuras pesquisas sobre história oral, cultura e religiosidade popular

na comunidade onde foi desenvolvido.

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2-DESENVOLVIMENTO

A história oral voltou a ser considerada como fonte de pesquisa e registro de

fatos na atualidade, pois passa a constar como atividade organizada desde 1948.

Thompson (1998), por exemplo, ao enfatizar que a história oral possibilita novas

versões da história ao dar voz a múltiplos e diferentes narradores, o que torna a

história mais democrática, pode ser entendido em um significado maior: além dos

documentos escritos e oficiais, há um universo de material narrativo nas pessoas a

ser coletado, transcrito, ou seja, transformado de memória a história narrada,

mesmo levando em conta, e por isso mesmo, as diferentes leituras de cada

acontecimento vivido e/ ou narrado por aquele que narrou e/ ou viveu o fato descrito.

Para Le Goff (2003):

Oralidade e escrita coexistem em geral nas sociedades, e esta coexistência é muito importante para a história; a história ,se tem como etapa decisiva a escrita, não é anulada por ela, pois não há sociedade sem história. (LE GOFF, 2003, p. 53).

Esse viés aplica-se no caso de trabalho com religiosidade popular, objeto de

estudo do presente artigo, colocado à disposição do público após intensa pesquisa,

entrevistas e coleta de dados. De acordo com Bosi (1994), torna-se uma releitura,

uma reconstrução do episódio, a partir das informações obtidas, pois se é fato que a

história não é imparcial, é fato que cada acontecimento é descrito de acordo com a

visão de quem o lê, interpreta e transcreve, mesmo que tal episódio seja fartamente

documentado.

Utilizou- se como fontes de pesquisa principalmente entrevistas e relatos de

pessoas da comunidade, sobre como veneram , perpetuam e reinventam a fé nestes

personagens, transmitindo-os às atuais gerações. Também se utilizou pesquisa

bibliográfica, mas em menor número, devido à carência de material sobre o tema.

Dessa forma, o foco da pesquisa foi mantido dentro da ótica da história oral.

Os alunos da oitava série do Colégio Estadual General Carneiro foram os

responsáveis pelas pesquisas, entrevistas e relatos da comunidade, agindo em

conjunto com a autora desse trabalho.

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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Existem polêmicas em torno da questão das fontes orais quando se pensa em sua

credibilidade, pela característica própria de ser subjetiva. Mas Thompson (1998)

defende ainda que a história oral é um instrumento de mudança capaz de colaborar

na construção de uma sociedade mais justa. Pode-se ainda acrescentar que a

história ganha nova dimensão, muda o enfoque, amplia-se, enriquece o próprio

campo de ação da produção histórica. E isso tudo é bastante subjetivo. Permite

dizer, dentro dessa ótica, que a história oral não precisa ser temida, mas sim bem

aproveitada. A subjetividade deve ser bem aproveitada. E, por essas características,

ainda de acordo com a visão de Thompson( 1998), a história oral permite ajustar-se

particularmente ao trabalho por projeto. Ainda na visão de Thompson(1998,p.17): a

história oral pode dar grande contribuição para o resgate da memória nacional,

mostrando-se um método bastante promissor para a realização de pesquisa em

diferentes áreas. É preciso preservar a memória física e espacial, como também

descobrir e valorizar a memória do homem. A memória de um pode ser a memória

de muitos possibilitando a evidência dos fatos coletivos.(Thompson,1998,p.17).

Em relação à presente pesquisa, é importante situar historicamente o município à

qual os personagens em questão viveram. E a história começa a ser contada já a

partir do século XVI, quando em 1541 D.Alvar Nuñez Cabeza de Vaca passou pela

região. Seu povoamento teve origem no caminho que ia de Viamão a Sorocaba,

aberto para a passagem de tropas de muares que eram levadas para abastecerem

as regiões das minas (Gerais como eram conhecidas) e posteriormente para as

fazendas de café em São Paulo.

Esse levantamento revela que havia, no Registro Velho, à margem da estrada

geral para Curitiba, uma gruta ou ainda uma caverna, a qual os tropeiros tomavam

como abrigo para pernoitar quando de suas viagens com os animais que iam do Sul

até o Sudeste e vice-versa. Essa gruta, etimologicamente falando, era uma “lapa”,

isto é, uma grande pedra ou laje que forma um abrigo. Daí o nome dado ao local. A

Lapa foi elevada à condição de Freguesia, a partir de 1768. Em 13 de junho de 1769

foi erguida a freguesia e o título recebido foi “Santo Antonio da Lapa”, em

homenagem à lapa anteriormente citada e ao “Senhor Santo Antonio de Lisboa”,

taumaturgo português. (LIVRO DO TOMBO,Paróquia da Lapa-1785-1906).

Em 06 de junho de 1806, ao ser elevada à categoria de Vila, permaneceu

como “Vila Nova do Príncipe de Santo Antonio da Lapa” e, em 7 de março de 1872,

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a Lei Provincial n° 293 elevou a vila à categoria de cidade, com a denominação

atual, ou seja “LAPA”.

2.1A HISTÓRIA DO MONGE JOÃO MARIA DE JESUS

A história do município da Lapa é marcada em grande parte pelo misticismo,

que em grande parte envolve a questão da cultura e da religiosidade popular, que

retrata a figura de dois monges, que habitaram, mesmo em períodos não muito

extensos, os campos da Lapa, mais especificamente próximo às grandes formações

areníticas existentes na região. Tal fato popularizou o lugar, que passou a ser

conhecido como Serra do Monge. Em termos geográficos: ”Seu ponto culminante

atinge 1.015 metros de altitude, sendo o acidente geográfico de maior destaque no

município” (GORNISKI,2005,p.15). Na verdade, as figuras dos dois monges

misturam-se no imaginário popular, o que leva a confusões, por pura falta de

conhecimento histórico, mas foram pessoas diferentes, ambas as figuras humildes e

que, de acordo com os entrevistados, praticavam auxílio espiritual aos menos

afortunados.

Do primeiro monge João Maria d’Agostinis, existem registros muitos

imprecisos. De acordo com Gorniski, 2005, era italiano, usava barbas longas e

roupas rústicas, aparecendo na região sul do Brasil no período passagem da Guerra

dos Farrapos (1835-45). Era considerado um profeta, pregador da palavra de Deus e

um curandeiro para pessoas de muita fé, utilizando-se de orações, água benta e

ervas. Viveu na região hoje conhecida como Serra do Monge, “a ¾ de légua da

cidade”(GORNISKI,2005,p.16), onde existem uma cruz e uma fonte que a crença

popular acredita ser milagrosa.

O Monge do qual se ocupa este estudo surge na cidade posteriormente. Também

ficou conhecido como João Maria, mas João Maria de Jesus (Foto anexo III). Seu

verdadeiro nome era Atanás Markaff, de origem francesa, vindo do sul da Argentina,

onde foi criado. Passou pela Lapa em 1891, mas não se fixou na Serra do Monge,

como havia acontecido com o primeiro. De acordo com os relatos obtidos para este

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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trabalho, o Monge costumava pedir para as pessoas “plantarem” cruzes defronte às

suas casas. Segundo o relato de Deolinda da Silva, 60 anos, seus avós acreditavam

que o monge era um profeta e a crença foi passada para os filhos e netos: “diaziam

que ele pedia para plantar as cruzes para que a cidade não sofresse nenhuma

desgraça”, declara a entrevistada. Mas ainda de acordo com Deolinda, “ a revolução

( Federalista de 1893) mostrou que a preocupação do monge estava certa e a

cidade sofreu. Mas vencemos”, diz orgulhosa.

Na obra de Ângelo Dourado, médico do líder revolucionário federalista Gumercindo

Saraiva, intitulada “Voluntária do Martírio”, com a primeira edição de 1896 e a

segunda com data de 1977 e outra posterior, de 1979, onde o autor narra que João

Maria de Jesus previu que “os rebeldes eram movidos pelo “diabo” e que possuíam

forças e dinheiro, mas que mesmo sem armas, os demais venceriam

(DOURADO,1896,p.260) . Os rebeldes eram federalistas, e , de acordo com Ângelo

Dourado (1896) os chamava de “movidos pelo diabo. Como a Lapa resistiu ao

Cerco dos Federalistas por 26 dias, vindo a render-se, mas permitindo que durante o

tempo de resistência as tropas republicanas se aproximassem e pudessem vencer o

conflito, além de contradizer a fama de federalista do Monge, consagrou-lhe a fama

de profeta.

Em entrevistas e depoimentos de pessoas da comunidade, muitos entendem

a história de que foram dois monges, e que João Maria de Jesus foi profeta. Jocélia

Rodrigues Piovezan, 39 anos, conta que ouvia dos mais velhos que o Monge João

Maria de Jesus abençoava olhos d’água e que estes, abençoados, nunca secaram.

Que pedia comida, abençoava os alimentos e que fazia milagres. A mesma

entrevistas diz ter pedido a intercessão do Monge João Maria para curar a bronquite

de seu filho. De acordo com seu relato, ela banhou o menino em um riacho na

localidade de Faxinal dos Pretos, interior do município, por onde diziam que o

Monge havia passado e o menino ficou curado.

Arminda Pereira, 70 anos, relata que o Monge João Maria de Jesus vivia na

região do São Bento, também no interior do município. Que curava e ensinava

remédios, mas que passou a ser temido pelas autoridades como se fosse um

rebelde ou que se temia que afastasse as pessoas da Igreja. “Por isso, foi mandado

embora da Lapa,”, diz . Mas há ainda quem diga que ele foi morto por uma onça,

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embora seu corpo não tenha sido encontrado. “Ele era um santinho e um profeta

mesmo”, finaliza a devota.

Os relatos e histórias sobre o Monge são bastante semelhantes. Falam sempre de

profecias e curas, além de bençãos de alimentos. Os relatos estimulam a crença e a

fé se propaga desde as gerações mais antigas até as mais jovens, como se pode

verificar nos depoimentos de Jocélia Piovezan, 39 anos, e Arminda Pereira, 70 anos.

Se comprova a mesma fé e como ela atravessa o tempo.

Jussara Paloma, 58 anos, assim define a fé em João Maria de Jesus: ”o monge

ajuda quem pede a ele. Se tiver fé, pode acreditar que ele vai atender.”

.

2.2-A HISTÓRIA DE RITA, A MUDINHA

Além dos monges, a Lapa conta mais um personagem digno de registro e

conhecimento pelas atuais gerações no tema religiosidade popular. É a história da

existência de Rita, conhecida como a Mudinha, pessoa humilde e que, por não ter

ninguém por si em uma época de intenso preconceito social, foi martirizada e morta.

Aconteceu em 1920, em um Sábado de Aleluia, dentro do ritual conhecido como

“malhação de Judas”. Ela foi morta, seu algoz se acusou, mas foi inocentado,

embora réu confesso em dois de seus três depoimentos (conforme consta nos autos

do processo anexo III). Rita foi enterrada no Cemitério Municipal, em cova rasa, que

equivalia a uma condição social indigente. Sueli Dias, 63 anos, relata que sua mãe

sempre dizia que Ritinha era santinha, pois no túmulo dela, quando foi enterrada,

nasceu uma rosa. Foi espancada e morreu inocente. Por isso é uma “santinha”,

acredita Sueli. O túmulo foi restaurado e hoje pertence ao Patrimônio Público

Municipal.

A história de Rita é contada em ritmo de oralidade pela família e pela

comunidade, de maneira geral e passada de geração em geração, até chegar a

Francisco Brito de Lacerda, nascido na Lapa em 1923 e falecido em 2000, e que por

ocasião de ser colunista na Gazeta do Povo, publicou-a em um, primeiro momento

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em 5 de abril de 1992 e recontou com mais alguns detalhes, em matéria de sua

autoria, em 4 de dezembro de 1994 . Ao buscar a fonte de tais informações, por

intermédio de entrevistas com descendentes e amigos atuais de tal família, concluiu-

se que foram passadas pelos mais antigos e como tal ficou registrada nos arcanos

da memória coletiva, vindo a público por intermédio da referida matéria jornalística

acima descrita. Foi à conclusão a que se chegou após os devidos questionamentos

e a total ausência de outros registros escritos disponíveis, senão os autos do

processo de sua morte, onde não constava o início da história de Rita, apenas seu

desfecho fatal.

Não foram encontrados registros outros de nenhuma espécie, quer sejam no Fórum

da Lapa, quer sejam em arquivos particulares, cartórios, biblioteca, bibliografias e

Casa da Memória, que guarda os documentos oficiais da cidade. Também não

foram encontradas pessoas que tenham vivido na época e que possam ter

presenciado tais fatos, visto a data muito remota para alguém estar em boas

condições de saúde para relatar tal período - 1920.

Utilizando-se como referencial para a descrição da história a matéria em

questão, Tonico Prestes, então morador da Lapa em outubro de 1915, data em que

Rita teria chegado á Lapa, de acordo com Lacerda ( 1985), em casa de negócios de

Ulisses Sabóia, região próxima à Rua Senador Souza Naves, próxima à Escola

Municipal Pedro Passos Leoni, percebeu a aproximação de uma carroça que trazia

uma mulher doente e sua filha, uma menina muda. O condutor da carroça informou

que levava ambas para ficarem sob o encargo de alguém, chamado Mané Imbuia,

que seria sobrinho da doente, e que ocupava moradia na Lapa, em construção

conhecida como Sobradinho, muito famoso na época por servir de abrigo a quem

chegasse primeiro (estava o mesmo abandonado havia tempos e Mané Imbuia o

ocupou). Tal sobrado ficava na Rua Boa Vista, atual Rua Barão do Rio Branco,

próximo ao Cemitério Municipal. Não se sabe o nome da doente, mas teriam vindo

de localidade do interior chamado Alves - Cardosos. (LACERDA, 1985, p.108).

Encontrando o sobrado, a hóspede e sua filha foram recebidas por Mané e

passaram a residir na parte baixa da casa, ficando o parente citado residindo no

sótão.

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Ainda de acordo com Lacerda ( 1985), um mês depois, a tia morre e a mocinha,

chamada Rita, não vê alternativa a não ser manter-se com o primo que mal

conhecia. Cinco meses depois, já ostentava “envergonhada” (conforme o relato) a

barriga crescida. Com fama de não gostar do trabalho, Mané Imbuia fazia Rita

encarregar-se de todas as tarefas domésticas, até rachar lenha. O pai não chegou a

conhecer o filho: exposto ao inverno, morreu de pneumonia, embora fosse tratado

por ela a base de chás, pois mais sua condição financeira não permitia. Munira

Serena, 66 anos, assim relata a questão: “ouvi de minha mãe, já falecida, que

Ritinha teve um filho, mas nunca ninguém soube nada dele, se realmente existiu, se

está vivo ou não. Acho que não”.

Livre de Mané, mas pesada devido à gravidez, por pouco não morreu no

parto, sendo atendida por conhecida parteira da época, Nhá Joana do Uru ( Lacerda,

1985). A parteira ajudou Rita, que alguns relatos davam conta de ter a idade próximo

aos 20 anos, outros relatando ter próximo de 40, conforme inclusive os autos do

processo de sua morte, que assim a descreve: “aparentava ter por volta de 40 anos”.

Mas nunca se soube ao certo. De acordo com entrevista concedida por Horácio

Pimentel, 58 anos, “meus avós diziam que Ritinha não tinha mais de vinte e poucos

anos quando morreu”. Maria Amaziles de Lima, outra pessoa entrevistada, diz:

“Sempre achei que Ritinha era moça quando morreu queimada, é o que contam

desde que eu era pequena”. Aqui cabe na verdade uma descoberta feita nos autos:

embora a grande maioria dos entrevistados insista em que ela foi queimada e

arrastada, Rita foi morta por uma pancada certeira na cabeça. E não consta, após o

exame da perícia, qual sua idade. Apenas que aparentava 40 anos. “Ela foi

martirizada, por isso é uma santinha”,continua Maria Amaziles..

Continuando a história contada por Francisco Lacerda, conhecido pela

alcunha de Chiquinho Lacerda, a parteira deu-lhe caldo de galinha, banhou o recém-

nascido, enquanto Rita, agachada junto ao fogo, juntava brasas. O menino, Rita

amamentava-o. Tinha bastante leite. “Era de belas feições,” olhos negros e sua

melhor expressão era a boca “ (Lacerda,1992). Esta descrição de Rita é a única que

foi encontrada, quer seja pelo relato de Lacerda, quer seja pelo relato dos

entrevistados, que dizem terem essa ideia após ouvirem os relatos dos mais velhos.

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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“Ritinha era uma lindeza, morena e alegre, como puderam fazer aquilo com ela?”,

indaga emocionada Ana Maria Faria, 75 anos. “Minha mãe dizia que ela parecia uma

flor”, continua a entrevistada.

Mesmo tendo sido batizado como Pedro, nome escolhido pelo pároco da

Lapa na época, padre Lamartine, futuro Monsenhor Lamartine, o menino seguia a

sina do apelido da mãe, embora a própria Rita não gostasse de ser assim chamada:

Mudinho, embora na realidade não o fosse. Acompanhava a mãe nas atividades

diárias, que consistiam em vender frutas e verduras com um carrinho e ir à missa

aos domingos, quando Rita ao sair fazia sinal para que fizessem uma roda e

dançava como se ouvisse a música feita das palmas dos curiosos. Também era

costume ficarem à soleira das portas a pedir um prato de comida ( Lacerda, 1992).

De acordo com o relato de Lacerda, o menino morreu de sarampo, agravado

pela bronquite, aos quatro anos. Os entrevistados mantém a história de que Ritinha

tivera o filho, embora não se tenha encontrado registro escrito de sua existência. O

que existe de fato à página 90 do livro de Batismos da Paróquia da Lapa, livro de

número 29 datado de 1916, é o batismo de um menino de nome Pedro, onde consta

nome de pai e nome de mãe como Rita Alves. Pode ser uma possibilidade, mas não

há como afirmar, nem descartar. Não era incomum que crianças ficassem muito

tempo sem batismo na época, ou simplesmente não fossem registrados batismos

cujas paternidades fossem comprometedoras.

Outro depoimento, agora de Vera Therézio Ribeiro, 60 anos, há a afirmativa,

bastante categórica, que Rita não gostava que a chamassem de Muda: “Nhá Doca

(já falecida) nos contava, em nossa infância, que ela não gostava que a chamassem

de Mudinha. Era Ritinha e pronto. E que se alguém pedir graças a ela chamando-a

de Mudinha, ela não atende“. Perpetuando a crença de Nhá Doca, Vera Therézio

continua: “se eu ouvir alguém chamando a Ritinha de mudinha, eu já corrijo”,

enfatiza.

Nos autos (AnexoI), ela aparece descrita como; “Rita de Tal, infeliz, miserável e

analfabeta”. Assim a sociedade e o Poder Judiciário a descreveram. Descreveram

até sua condição emocional como infeliz. Vera Therézio novamente entra com um

depoimento: “Antigamente dizer que era infeliz era sinônimo de dizer que a pessoa

era sozinha.” Porém, a fé popular se encarregou de dar-lhe outro destino histórico: o

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de ser mártir e considerada santa por aqueles a quem a ela recorreram, após sua

morte, em busca de graças. Hoje, no lugar da cova rasa, onde foi enterrada quando

morreu, há um túmulo, visitado por dezenas de pessoas pedindo ou agradecendo

por graças recebidas.

Rita morreu em 03 de abril de 1920, no sábado de aleluia. “Foi martirizada”,

declara Horácio Pimentel, ex- administrador do Cemitério. Horácio relata que a

visita ao túmulo de Rita é muito grande e de pessoas inclusive de outras cidades,

que conhecem a história de suas graças e vem pedir ou agradecer a graça

alcançada.

Seu jazigo raso foi reconstruído em 1926, por uma senhora não identificada. Essa

informação consta na matéria publicada por Francisco Lacerda, em 1994, como

adendo da escrita em 1992. De acordo com o texto, extraído, portanto de

lembranças da família, tal pessoa teria pedido a Rita que curasse o filho de moléstia

gravíssima, estando desenganado, e alcançou tal graça. Como não queria ser

identificada, tal mulher assinou- se em placa colocada no jazigo com a inscrição “ex

Toto cordi”.

Para os entrevistados, acreditar que Rita concede graças aumenta a fé e a mantém

viva no imaginário popular. A fé então se perpetua e não se perde no tempo.

Na busca por demais fontes que comprovem o fato, descobriu- se em

entrevista com o atual administrador do Cemitério, Osvaldo Ganzert, que a

documentação do Cemitério Municipal anterior a 1948 foi destruída em um incêndio.

Ou seja, registros de túmulos e certidões de óbito forma destruídas pelo fogo.

Atualmente, o túmulo é de propriedade da Prefeitura da Lapa, Patrimônio Histórico,

e é mantido por populares, que anualmente fazem nova pintura.(ANEXO II).

Ainda descrevendo os relatos e as entrevistas, muitos dão conta que Rita foi

apedrejada. Outros, que Rita foi arrastada, queimada, outros que foi violentada, que

os soldados costumavam abusar dela. De um universo de mais de 30 entrevistados,

apenas três relataram que ela foi morta com uma pancada na cabeça e um que

relatou que ela foi arrastada, encostada em uma árvore, e ali seu corpo foi

descoberto. Há ainda os que relataram que ela teria sido jogada em um formigueiro

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e dali o seu sofrimento a transformou em mártir. E ainda que, onde ela foi enterrada,

na cova rasa, floresceu uma rosa e a partir daí ela começou a fazer milagres. Estas

são as formas que as pessoas da comunidade recebem e repassam a fé nos dois

personagens que dão título a este trabalho. Descobrir como se perpetuam essas

histórias foi um caminho árduo, mas intenso e gratificante, pois o interesse mostrado

pelos alunos foi à coroação do principal objetivo deste PDE.

O que se sabe, ao final de tudo, após a pesquisa, é que a morte de Rita

aconteceu devido à pancada na cabeça, na fronte esquerda, o que a matou, pois de

acordo com os Autos do Processo, acarretou traumatismo craniano e hemorragia

cerebral. Ela foi então arrastada até os fundos da propriedade onde ela morava,

colocada sentada aos pés de uma árvore, coberta com folhas e galhos, tudo isso por

volta das duas da manhã do dia 3 de abril de 1920. Ainda de acordo com os autos,

seu corpo só foi encontrado quatro dia depois, foi enterrada em cova rasa, enrolada

em um cobertor vermelho. Dez dias depois seu cadáver foi exumado, confirmando o

assassinato. .

Para quem nela crê, a forma de sua morte é que menos importa. É o que

acredita Vanilde Maia, 62 anos, quando diz que “como Ritinha morreu é o que

menos importa. Importa é que ela é uma santinha, pois o que se sabe de verdade é

que ela era uma inocente e que foi muito maltratada”, desabafa a devota. Versões

diferentes e até fantasiosas colaboram para a manutenção do mito e da fé.

Trazer à tona as histórias e dar-lhes o devido valor, prestando-lhes

homenagem e reconhecendo sua importância é muito mais que escrever, é

simplesmente fazer-se sujeito de nossas próprias histórias. É tornar-se cidadão do

mundo. Começando pelo nosso próprio: o local de onde viemos, onde estamos e

traçar um caminho para onde vamos. E sem história não há caminho a ser trilhado.

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3-CONCLUSÃO

Pesquisar deve ser um hábito de todo historiador. E incentivar esse hábito

deve ser uma constante. Seja em nossas lides diárias em sala de aula, seja em

momentos de publicação, a história é feita de momentos únicos, como este

presente, onde Monge e Rita foram os responsáveis por buscar em velhas e novas

fontes, retomar o que estava perdido, resgatar a memória oral , a memória coletiva

de um povo, sem o que perde- se na poeira do esquecimento e do tempo, que corre

célere e incólume. O que ficar sem registro, fica perdido.

Uma característica do presente trabalho, surpreendente até então, foi à

percepção que dentre os alunos da oitava série envolvidos na pesquisa, os mais

interessados eram meninos. Não que não houvesse meninas, havia, mas em

minoria. Para o aluno Leonardo Bubniack, conversar com outras pessoas sobre a

história local mostrou-se um desafio, além de que o fato de poderem mostrar aos

outros que eles sabiam de algo que a maioria desconhecia, ou seja, a história real

de Rita e do monge João Maria, que não era o mesmo monge João Maria

D’Agostinis, proporcionou uma sensação de saber. E essa sensação, define o aluno

Carlos Gabriel Fávaro, mostrou-se capaz de envolvê-los até o fim. E, enfim, suscitou

o interesse pela história da Lapa, objetivo principal desde o início deste trabalho.

Para o aluno Richard Castro, “agora fazemos parte da história de nossa cidade:

fomos nós que pesquisamos de verdade o Monge e a Ritinha”, declara orgulhoso de

sua participação na pesquisa.

Além das entrevistas, relatos e textos, os alunos trabalharam na confecção de

estandartes em homenagem aos dois personagens pesquisados e fizeram desenhos

sobre como imaginavam ser a imagem de Ritinha, uma vez não existirem imagens

reais disponíveis. Os estandartes aparecem no anexo V e o desenho de Ritinha

mais aceito aparece no Anexo IV. Sobre o Monge João Maria de Jesus, a imagem

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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mais aceita é a foto, de domínio público, que se encontra no Anexo III deste

trabalho. Também se produziu com os alunos uma apostila com as histórias

pesquisadas. E está disponível para pesquisa na comunidade, exposta na Casa da

Memória.

Conhecer o universo ao redor e descobrir e diferenciar quem era o Monge João

Maria e quem foi Ritinha descortina o véu do passado e de um esquecimento que

poderia acontecer se o resgate não fosse feito. Em homenagem a eles dedico este

trabalho. Que suas vidas não foram em vão, isso certamente é o maior legado e o

maior aprendizado com a conclusão deste trabalho, mas que pode ser o início de

muitos outros. Oxalá outros possa vir na esteira deste. E realmente aconteçam!

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n° 29 e 30- 1916-1919.

2. Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antonio da Lapa, n°1, 2 e 3. 1785- 1906

3. Entrevistas.

4. Autos do Processo do Assassinato de Ritta. 1920.

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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ANEXO I

Fotos dos Autos do processo do assassinato de Rita. Os autos são propriedade da

Casa da Memória-

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ANEXO II

Foto túmulo da Ritinha

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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ANEXO III

Foto Monge João Maria de Jesus)

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ANEXO IV

Religiosidade Popular Na Lapa – Os Casos Do monge João Maria (1890) E De Rita,A Mudinha (1920).

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ANEXO V

Estandartes confeccionados em homenagem ao Monge e a Ritinha

(foto acervo da autora)