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Remodelações Quando a farmácia faz um lifting As farmácias também precisam de mudar de imagem. Aliás, a remodelação de uma farmácia com o intuito de a tornar mais moderna e atrativa ao seu público-alvo é considerado um fator de diferenciação perante a concorrência. Daí que, presentemente, as farmácias procurem, cada vez mais, soluções personalizadas. Remodelar a farmácia pode surgir de uma demanda dos tempos recorren- tes, que exigem espaços mais cativan- tes, com um design mais moderno e que obedeçam aos requisitos do marketing. Ali- ás, tendo em consideração o marketing mix, um dos 4 P's (para além de product, price e promotion) é o placement, ou seja, o ponto de venda/localização, onde um dos aspetos a equacionar é, precisamente, o da remode- lação da farmácia, de modo a modernizá-la e a aumentar a área de exposição. «Cada vez mais, os farmacêuticos apostam em oferecer aos seus utentes espaços mais atrativos: cria- tivos no design, funcionais e confortáveis», declara Nuno Gonçalves, sócio-gerente da Impacto Criativo. Por outro lado, remodelar é, igualmente, sinónimo de diferenciação. Num mercado cada vez mais competitivo, as remodelações permitem «fidelizar utentes existentes e cativar novos, ao juntar-se a um atendimento cada vez mais atencioso e personalizado, es- paços únicos e cativantes a todos os níveis», continua Nuno Gonçalves. Aliás, Philip Kotler, um guru do marketing, diz, precisamente, que, entre os vários aspetos determinantes para que o utente percecione qualidade está a aparência das instalações físicas, dos equi- pamentos, dos funcionários e dos materiais de comunicação. Mas se o primeiro motivo que leva o farma- cêutico a decidir remodelar a sua farmácia é, de acordo com a Glintt Farma, a necessidade de mudar a imagem «para potenciar vendas, sendo que este tipo de intervenção centra-se sobretudo em liftings na área de público e na criação de espaços para implementar serviços de cuidados de saúde», outra razão, ainda segundo a Glintt que leva o responsável da farmácia a "embarcar" num projeto de remo- delação: «a transferência de local ou oportu- nidade de ampliação do espaço», sendo que

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Page 1: Remodelações Quando farmácia faz um lifting...Remodelações Quando a farmácia faz um lifting As farmácias também precisam de mudar de imagem. Aliás, a remodelação de uma

Remodelações

Quando a farmácia faz um liftingAs farmácias também precisam de mudar de imagem. Aliás, a remodelação de uma farmáciacom o intuito de a tornar mais moderna e atrativa ao seu público-alvo é considerado um fator de

diferenciação perante a concorrência. Daí que, presentemente, as farmácias procurem, cada vezmais, soluções personalizadas.

Remodelara farmácia pode surgir de

uma demanda dos tempos recorren-

tes, que exigem espaços mais cativan-

tes, com um design mais moderno e queobedeçam aos requisitos do marketing. Ali-

ás, tendo em consideração o marketing mix,um dos 4 P's (para além de product, price e

promotion) é o placement, ou seja, o pontode venda/localização, onde um dos aspetosa equacionar é, precisamente, o da remode-

lação da farmácia, de modo a modernizá-lae a aumentar a área de exposição. «Cada vezmais, os farmacêuticos apostam em oferecer

aos seus utentes espaços mais atrativos: cria-tivos no design, funcionais e confortáveis»,declara Nuno Gonçalves, sócio-gerente da

Impacto Criativo.

Por outro lado, remodelar é, igualmente,sinónimo de diferenciação. Num mercadocada vez mais competitivo, as remodelaçõespermitem «fidelizar utentes já existentes ecativar novos, ao juntar-se a um atendimentocada vez mais atencioso e personalizado, es-

paços únicos e cativantes a todos os níveis»,continua Nuno Gonçalves. Aliás, Philip Kotler,

um guru do marketing, diz, precisamente,

que, entre os vários aspetos determinantes

para que o utente percecione qualidade está

a aparência das instalações físicas, dos equi-pamentos, dos funcionários e dos materiais

de comunicação.Mas se o primeiro motivo que leva o farma-

cêutico a decidir remodelar a sua farmácia é,

de acordo com a Glintt Farma, a necessidadede mudar a imagem «para potenciar vendas,sendo que este tipo de intervenção centra-sesobretudo em liftings na área de público e na

criação de espaços para implementar serviçosde cuidados de saúde», há outra razão, ainda

segundo a Glintt que leva o responsável dafarmácia a "embarcar" num projeto de remo-

delação: «a transferência de local ou oportu-nidade de ampliação do espaço», sendo que

Page 2: Remodelações Quando farmácia faz um lifting...Remodelações Quando a farmácia faz um lifting As farmácias também precisam de mudar de imagem. Aliás, a remodelação de uma

«estas intervenções, para além de potencia-rem a vertente económica, trazem melhorias

funcionais, o que produz uma mudança subs-

tancial na farmácia».

Investir ou não investir?

Alterações que tragam um retorno posi-tivo é precisamente aquilo que se pretende,ou seja, em tempos de crise como os atuais,

as decisões que se traduzem em ganhos são

sempre bem-vindas. A remodelação do espa-

ço deve, assim, ser «sempre acompanhada de

mudança e inovação quer na imagem quer na

comunicação», continua fonte da Glintt Far-

ma, pois estas vertentes acompanhadas de

novos serviços e produtos «criam uma nova

atratividade, potenciando o crescimento dafarmácia».

Esta atratividade é algo que jamais deve

ser menosprezado, uma vez que mais de 70%das decisões de compras são feitas pelo clien-

te no ponto de venda, daí o ambiente fazertoda a diferença. Nesta dinâmica, surgem no-

vas figuras, como o shopper, e ao conhecê-lo

é possível estruturar o layout da farmácia demodo a agradar-lhe e, consequentemente,

potenclar a venda.Nesse sentido a remodelação, sobretudo

dos espaços de atendimento, deve ser enca-rada «numa lógica de investimento, ou seja,

com um custo baixo proceder a alterações

que influenciem a melhora do espaço deatendimento ao público, com maiores áreas

disponíveis e melhor organização da circula-

ção dos utentes, profissionalizar o merchan-

dising dos produtos de dermocosmética eacima de tudo envolver a equipa da farmá-cia nessa remodelação», declara António

Alcântara, diretor da TPharma.

E o certo é que «há cada vez mais farmá-

cias a contactarem-nos à procura de novas

sugestões para modernizar os seus espaços»,

assegura Nuno Gonçalves, daí acreditar queinvestir em «espaços modernos, diferentes e

confortáveis é de longe uma forma de com-bater a crise».

Não obstante, na hora de escolher a em-

presa que se vai encarregar do projeto de

remodelação é preciso ter cuidado. Segun-do a Glintt Farma, «nestes últimos dois anos

as empresas desta área têm vindo a cessar a

sua atividade, dando lugar a novas pequenasempresas não especializadas, que oferecem

serviços mais baratos, mas totalmente desa-

justados ao futuro da farmácia».

Em segunda mão

«Neste momento começa a ser possível

garantir alguns equipamentos usados

com total fiabilidade, o que constitui

uma mais-valia para a farmácia, nomea-damente nas áreas da robótica e do mo-

biliário», declara fonte da Glintt Farma.

A existência de um mercado de equipa-mentos em segunda mão começa, as-

sim, a ser um cenário possível no nosso

país, à semelhança daquilo que aconte-ce na Alemanha. «Já é uma prática co-

mum no mercado alemão as farmácias

comprarem e venderem equipamentosem segunda mão, sendo que tudo de-

pende da realidade de cada farmácia»,indica António Alcântara, da TPharma.

No entanto, é necessário «tomar as devi-

das precauções quanto, por exemplo, a ga-rantias», indica Nuno Gonçalves. Se estas

forem tomadas, há mercado para equipa-mentos em segunda mão, podendo este

«ser uma forma de "refrescar" equipamen-tos existentes sem gastar o valor como se

fossem novos», conclui o sócio-gerente da

Impacto Criativo. E, atualmente, de acordo

com Rui Fonseca, da Apotheka, já existem

plataformas online onde estes equipa-mentos podem ser adquiridos.

Todavia, investir em obras de remodelaçãotem o seu lado perverso, dado que, no atual

panorama de crise, pode ser um risco, pois«a falta de capacidade de financiamento e de

liquidez para um projeto arrojado e pensadoé muito grande», destaca Rui Fonseca, res-

ponsável da Apotheka Portugal, dado que as

remodelações «incluem sempre uma grande

carga em equipamentos novos e caros, assim

como em tecnologias».Mas se investir é um risco, pelo contrário,

não investir também apresenta os seus peri-

gos. «Em qualquer intervenção deve-se pon-derar o nível de investimento; contudo, nãoremodelar a imagem e comunicação de um

espaço onde se interage com o público signi-fica estagnar e perder competitividade face à

concorrência», alerta fonte da Glintt.

Um layout eficiente

No que respeita à remodelação, uma das

áreas mais importantes é o front-office da

farmácia, pois é o espaço frequentado peloutente. No sentido de potenciar o ponto de

venda, recorrem-se a técnicas de merchandl-

sing. De entre os vários aspetos possíveis de

serem trabalhados segundo estas técnicas

está, precisamente, o layout.O espaço físico da farmácia deve ser cui-

dadosamente planeado para que facilite a

movimentação das pessoas no seu interior.

Sabe-se, por exemplo, que no que toca à área

passível de ser percorrida pelo utente na far-

mácia, em média, este passa por menos de30% do espaço disponível. Desta maneira, um

projeto de layout eficiente é aquele que faci-lita o fluxo de pessoas, criando um ambiente

agradável, sem corredores apertados e im-

pedidos. Devem ainda ser concebidas áreas

específicas numa lógica que facilite o self-ser-

vlce. Por fim, é importante que o ambiente dafarmácia seja adequado ao seu público-alvo.

Daí que, quando se estrutura um plano de

remodelação, um dos aspetos a ter em con-ta é precisamente, segundo Rui Fonseca,

«a fácil movimentação dos vários atoresdentro da farmácia em termos de ergono-mia, assim como também a organizaçãoespacial com a finalidade de melhorar a ca-

pacidade de gestão dos vários sectores dafarmácia».

Não obstante, para além dos aspetos ergo-nómicos e espaciais, é sobretudo necessário,de acordo com a GÍintt Farma, ter em conta a

legislação em vigor, «nomeadamente no que

Page 3: Remodelações Quando farmácia faz um lifting...Remodelações Quando a farmácia faz um lifting As farmácias também precisam de mudar de imagem. Aliás, a remodelação de uma

respeita ao dimensionamento do espaço,às áreas funcionais, bem como às acessibi-

lidades».

Já Nuno Gonçalves alerta para a ques-tão da escolha dos materiais, que devem

ser requintados e visualmente agradáveis

na área do público e resistentes no back-

-office».

Mas antes de "se deitar mãos à obra", é

preciso fazer um exercício de ponderaçãosobre «que farmácia queremos ter, a quepúblico nos vamos dirigir, que apostas se

quer fazer em termos de produtos e de ser-

viços e a partir daqui, em conjunto com a

farmácia, determinamos o layout do espa-

ço», conclui António Alcântara.

Soluções personalizadas

E fazer este exercício de raciocínio é o

equivalente a dar algumas passadas largasno sentido da diferenciação. Cada vez mais,

as farmácias encaram as obras de remode-

lação como uma maneira de se diferencia-

rem da concorrência, como referido ante-riormente. Por isso, não é de estranhar que

procurem «uma solução personalizada, à

medida do seu espaço e da sua capacida-de de investimento, que está diretamente

relacionada com o potencial que a farmá-cia tem para desenvolver o seu negócio na

zona onde está implementada», continua

odiretordaTPharma.

Quando recorrem a estas empresasespecializadas, muitas farmácias procu-ram «principalmente os projetos chave

na mão», refere Rui Fonseca. No entanto,«tem havido um crescimento da procurade soluções que apenas "transformem"

a farmácia num espaço mais atrativo ao

público. Ou seja, uma nova roupagem na

área do público faz logo renascer um es-

paço, tornando-o mais confortável e bo-

nito, logo mais atrativo», destaca Nuno

Gonçalves. Estas soluções "cirúrgicas" são

uma consequência dos tempos de crise

que se atravessam, pois, conforme infor-

ma a Glintt Farma, «na atual conjunturaas soluções mais procuradas são projetosde arquitetura de interiores, cerca de 80%,centrados em intervenções na área de pú-blico».

Segurança, uma prioridade

Na hora de remodelar são muitos os as-

petos a considerar. No entanto, atualmente

as questões de segurança começam a ganhardestaque. «É algo que os nossos clientes pen-sam cada vez mais», revela Nuno Gonçalves.Uma das razões é por que «a farmácia é umlocal onde se movimentam "grandes" quanti-dades de dinheiro diariamente. Logo a pro-babilidade de encontrar dinheiro nas caixas

registadoras é grande», assegura Rui Fonse-

ca.

Mas, quando se fala em segurança, não

se pensa apenas no utente, mas também na

equipa da farmácia, «é indispensável ter um

sistema de vigilância com câmaras e alarmes,

como prevenção e dissuasão de possíveis

assaltos», diz António Alcântara, acrescen-tando que, por outro lado, «a equipa deve

igualmente ser formada para lidar com esse

tipo de acontecimento, que é cada vez mais

frequente».No fundo, de acordo com o sintetizado pela

Glintt Farma, «atendendo à crise económica

que atravessamos, a questão da segurança é

uma prioridade para todos os agentes neste

setor e neste momento já existe enquadra-mento legal que a protege». {

Licenciamento e atribuição de alvará a novas farmácias

publicados em Diário da República

Os procedimentos de licenciamento e de atribuição de alvará a novas farmácias e as regras paratransferir a localização destes estabelecimentos foram publicados em Diário da República.

O regime jurídico das farmácias de oficina encontra-se estabelecido no decreto-lei n.°

307/2007, de 31 de agosto, mas foi alterado a 01 de agosto, pelo decreto-lei n.° 171/2012,no que respeita à clarificação de concursos para instalação de novas farmácias, com a

supressão da graduação dos candidatos a concursos em função do número de farmácias

detidas ou geridas.Assinada pelo secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, a portaria regula o procedi-

mento de licenciamento e de atribuição de alvará a novas farmácias, a transferência da lo-

calização de farmácias e o averbamento no alvará e os custos a suportar pelos requerentes.A abertura de novas farmácias tem de obedecer aos seguintes requisitos: capitação mí-

nima de 3.500 habitantes por farmácia aberta ao público no município, salvo quando a

farmácia é instalada a mais de dois quilómetros da farmácia mais próxima.Tem de haver uma distância mínima de 350 metros entre farmácias e uma distância mí-

nima de 100 metros entre a farmácia e uma extensão de saúde, um centro de saúde ou

um estabelecimento hospitalar, salvo em localidades com menos de 4000 habitantes. A

farmácia deve abrir ao público no prazo de 20 dias a contar da receção do alvará, que lhe

é remetido pelo Infarmed.Os proprietários que pretendem transferir a localização da farmácia dentro do mesmo mu-

nicípio devem apresentar um pedido ao Infarmed. Contudo, o proprietário de farmácia não

pode requerer a transferência do estabelecimento antes de terem decorrido cinco anos des-

de a data de abertura da farmácia, «independentemente de se tratar de abertura de nova

farmácia, transformação de posto farmacêutico ou instalação de farmácia», refere a portaria.