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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA RENATA TONELI TEDESCO UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO COM VISTAS AO CONSUMO CONSCIENTE Vitória 2019

RENATA TONELI TEDESCO UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO …

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

RENATA TONELI TEDESCO

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA ALUNOS DO ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO COM VISTAS AO CONSUMO CONSCIENTE

Vitória

2019

RENATA TONELI TEDESCO

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA ALUNOS DO ENSINO

FUNDAMENTAL E MÉDIO COM VISTAS AO CONSUMO CONSCIENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Matemática. Orientador: Dr. Rodolfo Chaves.

Vitória

2019

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

T256p Tedesco, Renata Toneli. Uma proposta de educação financeira para alunos do ensino

fundamental e médio com vistas ao consumo consciente / Renata Toneli Tedesco. – 2019.

XXX f. : il. ; 30 cm. Orientador: Rodolfo Chaves.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo,

Coordenadoria do Curso Superior de Licenciatura em Matemática. Vitória, 2019.

1. Finanças pessoais. 2. Educação financeira – Estudo e ensino

(Ensino fundamental). 3. Educaçaõ finaneira – Estudo e ensino (Ensino médio). 4. Consumo (Economia) -- Educação. 5. Segurança financeira – Planejamento. 6. Matemátia – Estudo e ensino. I. Chaves, Rodolfo. II. Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 332.024

Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656

A todos que direta ou indiretamente ofereceram

apoio à concretização do meu ideal.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, o grande criador da perfeita matemática universal.

Aos pais, irmãos e amigos que compreenderam as inevitáveis ausências e se

fizeram pilares de sustentação para me manter no caminho traçado.

Aos Mestres, de quem quero seguir os abnegados passos, com muito carinho e

reconhecimento.

Aos colegas, pelos momentos de descontração e alegria e pela solidariedade nos

momentos de angústia.

A todos, eterna gratidão.

Investir em conhecimento sempre rende os melhores juros.

Benjamin Franklin

RESUMO

A instabilidade da economia mundial que é surpreendida, ciclicamente, por crises

provocadas por diferentes vetores; a severa crise política instalada no Brasil com

reflexo danoso na economia nacional provocando recessão, queda de produtividade,

retração nas exportações e aumento do desemprego e a agressiva, atraente e

permanente chamada para o consumo, veiculada nas diferentes mídias, induzindo,

principalmente, mas não apenas, crianças adolescentes e jovens adultos a consumir

sem critério definido, foram as indutoras de se elaborar este trabalho cujo enfoque é:

refletir sobre a importância de trabalhar a Educação Financeira com os alunos do

Ensino Fundamental e Médio; demonstrar a necessidade de desenvolver e

sedimentar nos alunos desses níveis escolares a compreensão do que seja

consumo consciente; identificar os benefícios da educação financeira no âmbito

pessoal e familiar; destacar a importância do ensino da Matemática no trato da

Educação Financeira; relacionar Educação Financeira com o exercício do consumo

consciente; registrar o projeto pedagógico da Estratégia Nacional de Educação

Financeira para o Ensino Fundamental e Médio – Enef – e sugerir outras práticas

didático-pedagógicas passíveis de serem adotadas nas séries desses períodos

letivos. Pretendemos enfatizar assim, a importância da Educação Financeira para

alunos do Ensino Fundamental e Médio partindo do pressuposto de que crianças e

jovens que tenham a oportunidade de produzir conhecimento relativo ao tema se

instrumentalizam melhor para construir, sedimentar e exercer um consumo

consciente.

Palavras-chaves: Educação Financeira. Consumo consciente. Planejamento

financeiro. Educação Básica.

ABSTRACT

The instability of the world economy that is cyclically surprised by crises caused by

different vectors; the severe political crisis installed in Brazil with damaging effects on

the national economy causing recession, falling productivity, shrinking exports and

rising unemployment and the aggressive, attractive and permanent call for

consumption, conveyed in different media, mainly but not only, adolescent children

and young adults to consume without defined criteria, were the inducers of

elaborating this work whose focus is: to reflect on the importance of working the

Financial Education with the elementary and high school students; demonstrate the

need to develop and sediment students in these school levels to understand what is

conscious consumption; identify the benefits of personal and family financial

education; highlight the importance of mathematics teaching in dealing with Financial

Education; relate financial education to the exercise of conscious consumption; to

register the pedagogical project of the National Strategy of Financial Education for

Elementary and High School - Enef and to suggest other didactic-pedagogical

practices that could be adopted in the series of these academic periods. Thus, we

are intended to emphasize the importance of Financial Education for Elementary and

High School students starting from the assumption that children and young people

who have the opportunity to produce knowledge related to the theme are better

equipped to build, sediment and exercise a conscious consumption.

Keywords: Financial Education. Conscious consumption. Financial planning. Basic

Education.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Diferenças entre Macro e Microeconomia...............................................43

Quadro 2 – Mercadorias-Moedas e respectivas Regiões e períodos........................49

Quadro 3 – Situações didáticas abordadas na Educação Financeira para

Ensino Médio...........................................................................................83

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Adam Smith – Escola Clássica...............................................................25

Figura 2 – Karl Marx – criador do marxismo............................................................27

Figura 3 – Karl Marx e Friedrich Engels...................................................................29

Figura 4 – Alfred Marshall – Escola Econômica Neoclássica..................................31

Figura 5 – Componentes do Capital – Fator de produção.......................................39

Figura 6 – Determinação de preços – Oferta e Procura..........................................40

Figura 7 – Mapa do PIB de 2013 de todos os países..............................................42

Figura 8 – Mapa da antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas

Soviéticas................................................................................................45

Figura 9 – Escambo – Economia de troca...............................................................48

Figura 10 – Outdoors divulgando produtos (post-it)...................................................55

Figura 11 – Panfletagem para supermercado............................................................56

Figura 12 – Cartaz – campanha de conscientização para reutilização......................56

Figura 13 – Banner – divulgação de ponto comercial................................................57

Figura 14 – Marketing de operadora de telefonia celular, via e-mail.........................58

Figura 15 – Consumismo infantil................................................................................59

Figura 16 – Consumidor em Feira livre......................................................................60

Figura 17 – Consumo de lazer – na praia..................................................................60

Figura 18 – Família....................................................................................................65

Figura 19 – Crianças em sala de aula.......................................................................66

Figura 20 – Ações recomendadas pela política 5Rs.................................................67

Figura 21 – Livros 1, 2 e 3, de Educação Financeira para alunos do Ensino

Médio......................................................................................................81

Figura 22 – Jogo Tá O$$O – Educação Financeira para Ensino Médio...................84

Figura 23 – Livros 1, 2, e 3 de Educação Financeira para o Ensino

Fundamental..........................................................................................85

Figura 24 - Livros 4, 5, e 6 de Educação Financeira para o Ensino

Fundamental...........................................................................................87

Figura 25 - Livros 4, 5, e 6 de Educação Financeira para o Ensino

Fundamental...........................................................................................88

LISTA DE SIGLAS

Abac – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios

a.C – Antes da Era Cristã

AEF–Brasil – Associação de Educação Financeira do Brasil

Bacen – Banco Central

BBC – British Broadcasting Corporation

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

Bird – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (International

Bank for Reconstruction and Development – IBRD)

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

CCE – Comissão das Comunidades Europeias

Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe

CMN – Conselho Monetário Nacional

Conar – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária

Conef – Comitê Nacional de Educação Financeira

Consed - Conselho Nacional de Secretários de Educação

CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

DOL – Derivativo do preço do Dólar

Enef - Estratégia Nacional de Educação Financeira

FMI – Fundo Monetário Internacional

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Idec – Instituto de Defesa do Consumidor

Ifes – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo

IND – Derivativo do índice Bovespa

Internet – Rede Internacional de Comunicação

MCS – Modelo dos Campos Semânticos

MEC – Ministério da Educação e Cultura

N.A – Nota do autor

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

ONU – Organização das Nações Unidas

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais

PEI(s) – Prática(s) Educativa(s) Investigativa(s)

PETRF17 – Derivativo das ações da Petrobras

Petrobras – Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima

PIB – Produto Interno Bruto

PNB – Produto Nacional Bruto

s.d – Sem data definida

Selic – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais

SOJ – Derivativo do preço da soja

TV(s) – Televisão (Emissora(s))

Undime – União Nacional dos Dirigentes Municipais

URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO/PROBLEMATIZAÇÃO ....................................................... 14

2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 19

2.1 OBJETIVOS ................................................................................................ 21

2.1.1 Objetivo geral ............................................................................................ 21

2.1.2 Objetivos específicos ................................................................................ 21

3 METODOLOGIA ......................................................................................... 22

4 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................... 23

4.1 ECONOMIA ................................................................................................. 23

4.1.1 Teorias econômicas .................................................................................. 24

4.1.1.1 Liberalismo econômico ou Escola clássica ................................................. 24

4.1.1.2 Marxismo ..................................................................................................... 26

4.1.1.3 Neoclássica ou Marginalista ........................................................................ 29

4.1.1.4 Keynesianismo ............................................................................................ 32

4.1.1.5 Neoliberalismo ............................................................................................. 34

4.1.2 Microeconomia .......................................................................................... 36

4.1.3 Macroeconomia ......................................................................................... 41

4.1.4 Economia de Mercado e Economia Planificada ..................................... 44

4.2 MERCADO FINANCEIRO ........................................................................... 46

4.2.1 Produtos do mercado financeiro ............................................................. 47

4.2.2 Mercado de câmbio ................................................................................... 50

4.3 MERCADO DE CONSUMO ........................................................................ 51

4.3.1 Marketing, consumo e consumismo ........................................................ 52

5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA ......................................................................... 63

5.1 CONCEITOS ............................................................................................... 63

5.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E CIDADANIA .................................................. 64

5.3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA, SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE ... 66

5.4 A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O ENSINO DA MATEMÁTICA .................. 71

5.5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E TRANSVERSALIDADE ................................ 75

6 PEDAGOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS CLASSES

DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO.......................................................80

6.1 PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS SUGERIDAS......... ...................... 89

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 93

7.1 SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS ............................................. 95

REFERÊNCIAS............................................................................................96

ANEXO A – Decreto 7.397, de 22 de dezembro de 2010..........................105

14

1 INTRODUÇÃO/PROBLEMATIZAÇÃO

Educação Financeira tem sido tema recorrente em momentos, os mais diversos, de

conversas dentro de grupos sociais distintos. Não se trata de preocupação recente,

mas, ao que se observa, há, por assim dizer, um adensamento dessa apreensão

diante do recrudescimento da crise econômica por que passam as grandes

economias mundiais, com reflexos inevitáveis nas economias de países em

desenvolvimento, situação em que se encontra o Brasil.

Pais, professores, psicólogos, terapeutas de diversas áreas e escolas, se debruçam

sobre as várias teorias de como, em momento tão conturbado da vida humana,

orientar crianças e jovens não apenas no que diz respeito às suas vocações

profissionais e comportamentos interpessoais no trato social, mas também – e com

muita ênfase – em como conduzi-los pelos caminhos da estabilidade econômico-

financeira de modo a lhes garantir tranquilidade no futuro. Essa condução perpassa,

naturalmente, pela educação financeira através da aplicação de métodos adequados

às faixas etárias e aos graus de escolaridade das crianças e dos jovens.

A Educação Financeira, contudo, argumenta Frankenberg (apud DETONI; LIMA,

2011), é ainda pouco difundida no Brasil. Situação que o referido texto atribui a

longo período de forte inflação, desinformação popular e erros cometidos pelos

governos que redundaram em conceitos financeiros equivocados que a população

absorveu sem contestação.

Anuindo ao argumento de Frankenberg, o texto Detoni e Lima (2011) defende que

são poucos os métodos ou procedimentos de Educação Financeira vistos no Brasil e

que preparar a geração atual e as futuras para enfrentar os novos tempos demanda

a reformulação de muitos conceitos obsoletos e a aplicação de métodos que

motivem essas gerações a buscarem a capacitação para enfrentarem tempos

difíceis e alcançar a independência financeira.

Nessa mesma direção, o texto Silva e Powell (2013) aponta, como um dos pontos

relativos aos alunos, sugerido pela Organização para Cooperação e

Desenvolvimento Econômico (OCDE), a necessidade desses alunos conhecerem a

15

existência do crescente número de consumidores, particularmente jovens, estão

endividados devido à forma como lidam, por exemplo, com cartões de crédito e

contas de telefonia móvel.

Dessas leituras, passamos então a entender o quão importante é discutirmos

métodos e procedimentos voltados à Educação Financeira, considerando a

característica eminentemente consumista da sociedade brasileira contemporânea,

cuja população é submetida o dia todo, todos os dias, a permanente indução ao

consumo, principalmente no que se refere aos jovens, conforme apresentado em

Silva e Powell (2013).

Crianças e jovens recebem de todos os lados, através das propagandas nas

diversas mídias a que têm acesso – emissoras de televisão (TVs) e Rádios, Internet

(e suas redes) – o convite a adquirirem produtos “extraordinários”, “miraculosos” que

os levarão à mais completa felicidade e que estão ali, ao seu alcance, basta querer e

“acreditar no sonho” conforme apregoam propagandas muito bem embasadas nos

princípios da propaganda e da publicidade. A esse respeito, Ferreira (acesso em 12

maio 2019) afirma:

Esse consumismo exacerbado associado à desigualdade social em nosso país e à falta de Educação Financeira leva muitas famílias ao endividamento, o que vai privá-las de bens de consumo essenciais a uma vida digna.

Entendemos que as mídias, principalmente as TVs, têm grande influência sobre a

população e especialmente sobre o comportamento de crianças e jovens. Podemos

constatar a intensidade dessa influência observando as preferências de vestuário,

de adereços e até de itens de decoração doméstica, que se tornam verdadeiras

“febres” durante a apresentação de novelas ou de programas de sucesso em que

aparecem destacadamente tais produtos.

Diante desse quadro de influência midiática sobre a formação das personalidades

infanto-juvenis, em que a realidade é substituída pelo sonho e a ética cede lugar à

necessidade de remuneração do capital, ou seja, ao lucro, é imprescindível a

intervenção consciente do educador, principalmente do professor de Matemática, de

16

forma a orientar seus pupilos fazendo o contraponto entre o mundo fantasioso

apresentado pelos comerciais para seduzir e cativar imediatos e potenciais

consumidores e o mundo real, em que é necessário pensar e planejar o futuro de

modo a passar com menos dificuldade pelas situações imprevistas e imprevisíveis.

A orientação de crianças e jovens não é responsabilidade exclusiva da escola. Aliás,

a Educação, na sua expressão mais ampla, é transmitida primeiramente no âmbito

familiar. No entanto, assevera Araújo (2010): “À escola contemporânea foi incumbido

o papel de formadora integral dos sujeitos, cabe à escola formar para a cidadania e

a ética”. Essa afirmativa conduz ao entendimento de que embora a Educação

Financeira esteja teoricamente vinculada a conceitos matemáticos e a cálculos que

envolvem recursos monetários, ela não se restringe a esse aspecto e envolve

conhecimentos interdisciplinares, a exemplo de: Administração, Ciências Contábeis,

Geografia, História, Direito, Estatística, Matemática, Engenharias, Meio Ambiente,

Sociologia, Filosofia, Política, Turismo, Finanças Públicas, Educação, Urbanismo,

entre outras que, somados, possibilitam o desenvolvimento e a sedimentação da

consciência de cidadania.

Silva e Powell (2013) aponta que, na mesma perspectiva da OCDE, por decreto

presidencial de 2010, institui-se no Brasil a Estratégia Nacional de Educação

Financeira (Enef), “com a finalidade de promover a educação financeira e

previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a eficiência da solidez

do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos

consumidores”. (BRASIL, 2010) e, no que se refere a práticas escolares, “O objetivo

é educar as crianças e adolescentes para lidar com o uso do dinheiro de maneira

consciente de modo a desenvolver hábitos e comportamentos desejáveis” (SILVA;

POWELL, 2013, p. 10). Para tal, foi produzido o documento intitulado Orientações

para Educação Financeira nas Escolas que apresenta um conjunto de princípios

norteadores ao ensino da Educação Financeira. (BRASIL, 2011b, p. 56-85).

Essa política contempla apenas ações de interesse público, ainda que fomentada pela iniciativa privada, desde que tenham caráter não comercial e que não se dediquem a recomendar determinados produtos ou serviços financeiros. O conteúdo deve ser imparcial e técnico, sem viés ideológico, religiosos ou de outra natureza (BRASIL, 2011, p. 21).

17

Imprescindível para tanto, discutirmos, avaliarmos, planejarmos e repensarmos

métodos que motivem os alunos a refletirem a respeito da importância de fazerem

uso consciente dos seus próprios recursos financeiros, incorporando hábitos de

poupança às suas ações e que os levem, ao mesmo tempo, a perceber que

economia não significa apenas guardar dinheiro com vistas ao futuro, mas inclui

outros importantes conhecimentos da vida, tais como: utilização consciente dos

recursos naturais (água, madeira, solo, alimentos etc.); reaproveitamento de

recursos e de materiais; reciclagem de materiais; produção e conservação de

alimentos e de objetos; noção de macro e microeconomia, entre outros. Tal

perspectiva sintoniza-se com a temática apresentada em um dos quatro eixos

norteadores do currículo de Educação Financeira, apresentado em Silva e Powell

(2013):

IV – As dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e psicológicas que envolvem a Educação Financeira: Nesse eixo, serão discutidos temas como: consumismo e consumo; as relações entre consumismo, produção de lixo e impacto ambiental; salários, classes sociais e desigualdade social; necessidade versus desejo; ética e dinheiro. (SILVA; POWELL, 2013, p. 14, grifos do texto).

Além dos pontos destacados nos parágrafos anteriores há outro elemento de suma

importância que nem sempre é lembrado com a devida atenção e, não raras vezes,

é até mesmo negligenciado por educadores, qual seja: desenvolver nos educandos

a capacidade de analisar criticamente de forma a filtrar as informações veiculadas

nas diversas mídias facilmente acessadas por esse público ainda tão vulnerável às

influências externas e, em consonância ao que é apresentado em Chaves (2004), ao

vislumbrar que, um aluno em contato com a realidade de seu ambiente, além de,

poder ser incentivado à aprendizagem, também passa a desenvolver atitudes

criativas em relação ao mundo à sua volta, cabendo ao professor o papel de

incentivador de uma educação que passe a incorporar uma análise socioambiental,

opondo-se assim àquela educação onde o aluno é levado a ignorar as

consequências de seus atos. (CHAVES, 2004, p. 84).

Com esse escopo elaboramos o trabalho seguindo a seguinte estrutura: No Capítulo

1 apresentamos a Introdução/Problematização; no Capítulo 2 redigimos a

justificativa e estabelecemos os objetivos; a Metodologia foco do Capítulo 3 e no

18

Capítulo 4 comentamos sobre Economia, Escolas Econômicas e seus

representantes, Macro e Microeconomia, Economia de Mercado, Mercado

Financeiro e seus produtos, Mercado de Câmbio e de Consumo, Marketing,

Consumo e Consumismo; no Capítulo 5 versamos sobre Educação Financeira,

conceitos e sua relação com a cidadania, meio ambiente e sustentabilidade e

enfatizamos a importância do ensino da Matemática e a transversalidade do ensino

da Educação Financeira; aborda-se a pedagogia preconizada pela Enef,

apresentando o material desenvolvido e sugerimos outras atividades com materiais

diversos, no Capítulo 6. As Considerações Finais e sugestões para pesquisas

futuras são tecidas no Capítulo 7. Em seguida apresentamos as Referências das

diversas obras e documentos oficiais consultados e, para finalizar, disponibilizamos

os anexos.

19

2 JUSTIFICATIVA

(Afirmam os entendidos nas questões econômicas mundiais que qualquer economia

está sujeita a riscos.) Especialistas consultados pela BBC Mundo (British Broadcasting

Corporation), o serviço em espanhol da BBC, argumentam que qualquer economia está

sujeita a riscos, conforme exposto em matéria de Economia assinada por Barria

(2018). Asseveram que alguns sinais alertam para riscos iminentes enquanto outras

situações, entre as quais uma guerra, um desastre natural de grandes proporções

ou um colapso repentino dos mercados, é mais difícil de antecipar e, portanto, de

prevenir.

Foram listadas no início de 2018, por diversos organismos internacionais, as

possíveis ameaças à economia mundial, que permanecem apesar da previsão de

crescimento de 3,1% para o exercício 2018, afirma Cecília Barria ( 2018), da British

Broadcasting Corporation (BBC Mundo), que relaciona os seguintes economistas e

respectivos organismos:

– José Juan Ruiz, economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento –

BID – destaca: riscos geopolíticos e de estabilidade das instituições e das regras

globais; queda do crescimento da produtividade; Inflação não prevista e aumento

dos níveis de endividamento.

– Alícia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina

e Caribe (Cepal) aponta: mudança climática; aquecimento global; desastres

naturais; escassez de água; contaminação; crescente desigualdade; diminuição da

confiança na democracia e impacto desigual da revolução tecnológica.

– Carlos Arteta, economista líder do Grupo de Perspectivas Globais de

Desenvolvimento do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento

(Bird), uma das cinco instituições integrantes do Banco Mundial, considera ameaças:

endurecimento abrupto das condições internacionais de financiamento; reajuste

muito rápido nos mercados de ações; aumento das restrições ao comércio;

crescimento da incerteza na política econômica.

20

Essas ameaças pairam sobre todas as nações, quer desfrutem ou não de situação

econômica estável, vez que a economia, ainda que não perca totalmente as

características locais, há muito está globalizada, alcançando, inclusive, ou

principalmente, países em desenvolvimento e até os que conservam raízes culturais

primitivas.

O Brasil passa por uma crise econômica bastante severa, não motivada apenas pela

crise internacional que vem acontecendo intercalada com pequenos intervalos de

ligeira recuperação, mas causada também por alguns dos elementos citados pelos

economistas, dentre os quais se observa a queda do crescimento da produtividade,

risco da estabilidade das instituições, crescimento da incerteza na política

econômica e aumento da desigualdade social. Situação que afeta diretamente o

mercado de trabalho com aumento do índice de desemprego e sérias dificuldades

financeiras para as famílias das várias classes sociais.

Embora a Enef, segundo o Art. 2o, inciso I (BRASIL, 2010), deva ser implementada em

conformidade com a diretriz de que a atuação seja permanente e em âmbito nacional,

o momento propicia enfatizar a Educação Financeira com os educandos do Ensino

Fundamental e Médio, possibilitando-os a perceberem a importância de utilizarem os

recursos financeiros equilibradamente, de forma a passar com menos sobressaltos

pelos percalços advindos de situações adversas como a que o país atravessa, assim

como desenvolver com eles o sentido de coletividade e consumo consciente,

levando-os a se perceberem integrantes do conjunto social e corresponsáveis pelo

uso consciente dos recursos naturais, passando assim a desenvolver atitudes

criativas em relação ao mundo à sua volta, conforme apontado em Chaves (2004, p.

84), de forma que assumam as consequências de seus atos.

O propósito não é de produzir financistas, mas pessoas que saibam usar o dinheiro

planejadamente dosando receita e despesa e saibam, também, a importância de

aplicarem a noção de economia a outros aspectos da vida como, por exemplo, ao

consumo e à relação com o meio ambiente. Mudança de hábitos em relação a esses

pontos é consequência do bom trabalho do educador.

21

O objetivo, ao abordar essas questões, é contribuir para uma visão mais abrangente

e crítica da sociedade para que autoridades e profissionais de educação e finanças

possam, de forma interdisciplinar, dialogar a respeito da importância de acrescentar

no currículo do nível fundamental e médio a temática Educação Financeira.

2.1 OBJETIVOS

Traçamos os seguintes objetivos para nortear nossa pesquisa:

2.1.1 Objetivo geral

Analisar a importância de trabalhar a Educação Financeira com os alunos do Ensino

Fundamental e Médio com vistas ao desenvolvimento de seu posicionamento na

coletividade, como consumidores conscientes.

2.1.2 Objetivos específicos

a) Discutir a relevância de desenvolver nos alunos do Ensino Fundamental e Médio

a compreensão do que é planejamento financeiro e consumo consciente;

b) Identificar eventuais benefícios que a promoção da Educação Financeira pode

proporcionar no âmbito pessoal e familiar;

c) Relacionar Educação Financeira com o exercício coletivo do consumo consciente;

d) Destacar a contribuição do ensino da Matemática na Educação Financeira.

Assim, pretendemos enfatizar a importância da Educação Financeira para alunos do

Ensino Fundamental e Médio partindo do pressuposto de que crianças e jovens que

tenham a oportunidade de receber esse conhecimento se instrumentalizam melhor

para construir, sedimentar e exercer a cidadania plena.

22

3 METODOLOGIA

O embasamento teórico através da bibliografia disponível, ou seja, de livros, artigos

veiculados em revistas especializadas e jornais, consultas à Internet e a outras

monografias, dissertações e teses que versam sobre o assunto, foi amplamente

utilizado neste trabalho, caracterizando, dessa forma, uma pesquisa bibliográfica,

conforme explica o texto Martins e Lintz (2000).

No tocante aos objetivos nossa pesquisa tem caráter exploratório, pois, de acordo

com Gil (apud RAUPP e BEUREN, 2003), uma das características da pesquisa

exploratória é o aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinada

temática não contemplada de modo satisfatório, anteriormente.

No que tange a abordagem do problema nossa pesquisa é qualitativa, que conforme

explica Richardson (apud RAUPP e BEUREN, 2003), é assim classificada quando

não emprega instrumento estatístico como base do processo de análise do problema

e não se pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas.

23

4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 ECONOMIA

Segundo Alfred Marshall (apud MENDES et al, 2009) o objetivo precípuo da

Economia é estudar os negócios comuns da vida da humanidade. Depreende-se,

assim, que a Economia sempre esteve presente nos grupamentos humanos, mesmo

que não percebida, e que seu estudo não se restringe a simples cotejamento entre

receitas e despesas, mas permeia interativamente outras áreas do conhecimento.

Mendes et al (2009, p. 13) afirmam que “a Economia precisa trabalhar

interdisciplinarmente para poder enfrentar os desafios postos às análises

econômicas, que requerem diagnósticos precisos” e destacam, como elementos

presentes nessa interdisciplinaridade, a Administração, Ciências Contábeis,

Geografia, História, Direito, Estatística, Matemática, Engenharias, Meio Ambiente,

Sociologia, Filosofia, Política, Turismo, Finanças Públicas, Educação e Urbanismo.

Considerando as afirmativas dos textos citados nos dois parágrafos anteriores,

infere-se que a Economia é ciência social que tem por objeto de análise a produção,

a distribuição e o consumo de bens e serviços, ou, em outros termos, ela indica para

a sociedade o que, quanto e para quem produzir, perpassando, praticamente, todos

os setores da atividade humana e as necessárias decisões sociais. Está, portanto,

ligada às políticas das nações e à vida dos cidadãos, que são afetados positiva ou

negativamente por essas decisões. Uma das funções dessa ciência é propor

soluções para os problemas advindos desse intrincado processo, explicando a forma

de funcionamento dos sistemas econômicos e as relações dos seus agentes.

Heilbroner (1996) afirma que:

Desde que desceu das árvores, o homem encarou o problema da sobrevivência, não como indivíduo, mas como membro de um grupo social. A continuidade de sua existência é testemunho de que ele conseguiu resolver o problema; mas a continuidade também da carência e da miséria, até mesmo nas mais ricas nações, é evidência de que essa solução foi, no mínimo, parcial. (HEILBRONER, 1996, p. 21)

24

A afirmativa de Heilbroner (1996) aponta a continuidade dos problemas relativos às

questões de sobrevivência dos grupos sociais que envolvem, a seu turno, a forma

possível de manter os indivíduos dentro do grupo, com os recursos, às vezes

escassos, disponíveis. Essa questão está presente desde os primórdios da trajetória

humana na Terra.

Buscando encontrar soluções para essa milenar inquietação, muitos estudiosos se

debruçaram sobre o tema, analisando, pesquisando, observando, perquirindo e

esboçando, a partir das suas deduções, sistemas econômicos que defendem

diferentes formas de organizar uma sociedade, visando a equacionar a tríade

básica: o que, quanto e para quem produzir. Nascem, assim, e se sucedem, as

indagações sobre qual seria o melhor sistema e qual a melhor forma de organização

social para uma sociedade minimamente equilibrada. Economistas se dividem nesse

campo, argumentando em defesa de um ou outro sistema, desenvolvendo teorias e

arregimentado seguidores para suas escolas.

Com as transformações impostas às sociedades desde a Primeira Revolução

Industrial, traçando novas formas nas relações de trabalho e nas relações internas e

externas dos Estados, muitas escolas surgiram sobre a melhor forma de conduzir a

economia de um país para obter os “melhores” resultados.

4.1.1 Teorias econômicas

Escola Clássica ou Liberalismo Econômico, Marxismo, Escola Neoclássica, Escola

Keynesiana e Neoliberalismo, são as principais teorias econômicas surgidas a partir

do século XVIII. Por entendermos ser conveniente tomar com elas maior

familiaridade, ainda que sem grande aprofundamento, para melhor compreender a

atuação do sistema econômico no cotidiano de cada cidadão, as apresentaremos a

seguir.

4.1.1.1 Liberalismo econômico ou Escola clássica Jiménez (2017) explica que a Escola Clássica, que começou com a publicação do

livro “A Riqueza das Nações”, por Adam Smith (Figura 1) em 1776, e é defendida

ferrenhamente por muitos economistas, compreende que a economia prescinde de

25

regulamentação por parte do Estado; isto é: a livre competição é que define a

produção e atende, assim, às necessidades e à distribuição de renda.

Figura 1 – Adam Smith – Escola Clássica

Fonte: História (acesso em: 10 maio 2019)

Economistas clássicos, entre os quais David Ricardo, Thomas Malthus, Jean-

Baptiste Say e John Stuart Mill, precursores do Liberalismo Econômico e do

Capitalismo, argumentam que “são os agentes privados que buscando seus próprios

interesses conseguem incrementar o bem comum, sem pretendê-lo”. Esses agentes,

segundo eles, são guiados pela "mão invisível" do mercado, famosa expressão

cunhada pelo próprio Adam Smith, afirma Jiménez (2017). Os seguidores da Escola

Clássica entendem que o “melhor” governo é aquele que menos se envolve na

economia e defendem que a principal fonte de riqueza se origina no comércio. Essa

Escola contribuiu com importantes métodos de análise para estudar a economia,

tendo Adam Smith, seu criador, deixado por legado para a ciência econômica, dois

elementos de grande importância para o crescimento econômico: o princípio da

divisão do trabalho e a especialização.

Possível perceber que o referencial econômico e social da corrente clássica baseia-

se nos princípios do Liberalismo e do individualismo, preconizando que um sistema

de liberdade econômica, por intermédio da propalada e impessoal “Mão Invisível”,

seria capaz de harmonizar os interesses individuais. Contudo, ao Estado compete:

26

Proteger a sociedade da violência e da invasão de outras sociedades

independentes;

proteger, na medida do possível, todo membro da sociedade da injustiça e da

opressão de qualquer de seus membros ou oferecer uma perfeita administração da

justiça;

fazer e conservar certas obras públicas, e criar e manter certas instituições

públicas, cuja criação e manutenção nunca despertariam o interesse de qualquer

indivíduo ou de um grupo de indivíduos, porque o lucro nunca cobriria as despesas

que teriam esses indivíduos, embora, quase sempre, tais despesas pudessem

beneficiar e reembolsar a sociedade como um todo.

Fundamentalmente a contribuição do pensamento smithiano foi “haver indicado

quase todos os problemas que viriam a ser objeto de reflexão científica

subsequente, principalmente através de Karl Marx e John Maynard Keynes,

conforme argumenta Mendes et al (2009).

4.1.1.2 Marxismo

A Escola Marxista surgiu como corrente crítica às ideias do Liberalismo Econômico.

Na definição de Bezerra (2011):

Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais, elaborado pelos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) em meados de 1848. (BEZERRA, 2011).

Essa teoria, explica a referida obra, está centrada na figura de Karl Marx (Figura 2) e

sua famosa obra "O Capital", na qual argumenta que os períodos históricos, todos

eles, resultam da estrutura produtiva da sociedade e que a história representa uma

fase contínua de luta de classes entre exploradores e explorados.

27

Figura 2 – Karl Marx – criador do marxismo

Fonte: Karl Marx (2017)

De acordo com a teoria marxista, explica Rodrigues (s.d), o valor do trabalho

humano está relacionado à ação de transformar matéria-prima em produto para

consumo e que essa ação envolve a aplicação de tempo e experiência adquirida

pelo trabalhador, implicando em valor agregado ao produto, ou “valor de uso”,

significando que o valor de uso de qualquer mercadoria tem como fator determinante

a quantidade de trabalho utilizada em sua produção.

Marx, argumenta Bezerra (2011), ofereceu importante ferramenta ao mundo laboral

ao desenvolver a teoria do valor-trabalho, de acordo com a qual o valor dos produtos

é determinado pela quantidade de trabalho incorporado à produção e que apenas

uma parte desse valor compõe o salário do trabalhador sendo a maior parte

destinada à remuneração do capital. À produção que excede o necessário para

pagamento do salário e que é recolhida pelo capitalista, Marx denominou de mais-

valia, sendo esse conceito um dos pilares do marxismo.

Para Karl Marx o conceito mais-valia compreende duas situações, quais sejam:

mais-valia absoluta e mais-valia relativa. A primeira decorre da produção que excede

o necessário para pagamento do trabalho efetuado pelo trabalhador. A segunda é

aquela produzida paralelamente ao desenvolvimento tecnológico, isto é, quando a

introdução de novas tecnologias propicia diminuição de custos e de tempo de

produção, mas não redundam em melhorias para o trabalhador. Assim, a relação de

28

exploração entre trabalhador e capitalista que produz a mais-valia é, de acordo com

o marxismo, o principal fator da desigualdade nas sociedades capitalistas.

(RODRIGUES, (s.d)).

Para Sanches (2010) a teoria marxista está apoiada nos seguintes pilares:

• Crítica científica ao modo de produção capitalista, fundado na exploração do

trabalho assalariado;

• mais-valia;

• teoria do Valor Trabalho formulada de forma mais consistente.

Karl Marx e Friedrich Engels (Figura 3) conceberam o trabalho como o conceito

chave da sociedade. Desse modo, a tensão entre o proletariado (classe

trabalhadora) e os donos dos meios de produção (capitalistas, ou burgueses),

geradora da luta de classes, é a única via pela qual passa a história, constituindo-se

a produção de bens materiais em fator condicionante da vida social, intelectual e

política, esclarece Bezerra (2011).

As obras de Karl Marx contribuíram efetivamente para a compreensão do sistema

capitalista. Em O Capital, Marx aborda o funcionamento das relações econômicas

durante a história da humanidade, procurando esclarecer os conceitos universais

que orientam a atividade econômica. Essa obra é constituída por três volumes, a

saber:

Livro I - o processo de produção do capital (publicado originalmente em

1867);

Livro II - o processo de circulação do capital (publicado originalmente em

1885);

Livro III - o processo global da produção capitalista (publicado originalmente

em 1894).

29

Os dois últimos volumes foram publicados por Friedrich Engels após a morte de Karl

Marx. (BEZERRA, 2011).

Figura 3 – Karl Marx e Friedrich Engels

Fonte: Bezerra (2019)

Ainda no século XIX desponta a Escola Neoclássica, cuja concepção econômica se

contrapõe à Escola Clássica. (REZENDE, 2005).

4.1.1.3 Neoclássica ou Marginalista

A Economia Neoclássica, também chamada Marginalista, que começou a surgir no

final do século XIX, entende que o valor não é inerente aos bens, mas encontra-se

na relação entre o objeto e quem o irá possuir sendo, portanto, de natureza

subjetiva, estando incluso nessa subjetividade o valor atribuído ao emprego da força

de trabalho. Oferta e procura, segundo essa escola, se comportam de acordo com a

capacidade racional de cada agente maximizar os seus interesses fundamentais, ou

seja, utilidade (em se tratando das famílias) ou o lucro (no tocante às empresas).

Com base nessa premissa, William Stanley Jevons, Carl Menger e Léon Walras

desenvolveram, individualmente e em países diferentes, a estrutura analítica da

Economia Moderna ou Neoclássica, conforme Nunes (2019).

30

Em 1871 William Stanley Jevons publicou, na Inglaterra, o livro “Teoria da Economia

Política”, enquanto, no mesmo ano, na Áustria, Carl Menger publicava a obra

“Princípios de Economia Política”. Ambos abordavam, sob nova ótica, o valor de

troca das mercadorias. Quase na mesma época, em 1874, na França, Léon Walras

edita “Elementos da Economia Política Pura”, consolidando as ideias de Jevons e

Menger. São considerados, assim, os fundadores da Escola Neoclássica, explica

Dias (1994).

São pressupostos da Economia Neoclássica, conforme Nunes (2019):

1 Objetivo da procura: consumidores têm por objetivo maximizar ganhos,

aumentando as compras até que o ganho de ter uma unidade extra do bem obtido

fique equilibrado com o custo da sua obtenção. A medição desse ganho é feita

com base na ‘utilidade’, ou seja, a satisfação associada ao consumo de produtos

e serviços. Porém, a utilidade advinda da aquisição de uma unidade adicional de

um bem está diretamente relacionada à quantidade desse mesmo bem que o

consumidor já possua. Quanto maior for a quantidade possuída menor será a

utilidade adicional obtida com a nova unidade. A isso denominam utilidade

marginal decrescente, explicando que cada unidade adicional (marginal) de um

bem é fator decrescente da sua utilidade ao consumidor;

2 fator trabalho: fornecimento da mão-de-obra (trabalho) do trabalhador para as

empresas, buscando equilibrar o ganho de oferecer a unidade marginal dos seus

serviços (o salário a receber) com a ‘desutilidade’ do trabalho em si, que é a

perda de tempo livre ou de descanso;

3 objetivo da oferta (produtores): as empresas ou produtores visam a maximização

dos seus lucros, procurando produzir de forma a equilibrar a receita adicionada

com a produção de uma unidade extra e respectivo custo associado, bem como

contratar funcionários (e adquirir meios de produção) até ao ponto em que o custo

de uma contratação adicional (ou de outros meios de produção) se equilibre com

o valor da produção que o trabalhador adicional produzirá. Tal procedimento tem

31

por base a lei dos rendimentos marginais decrescentes ou lei das proporções

variáveis.

Dentre os defensores da Escola Econômica Neoclássica destaca-se o inglês Alfred

Marshall, nascido em Londres em 1842, que conforme Bedin (s.d):

foi um dos mais influentes economistas de seu tempo. Seu livro, Princípios de Economia (Principles of Economics) procurou reunir num todo coerente as teorias da oferta e da demanda, da utilidade marginal e dos custos de produção, tornando-se o manual de economia mais adotado na Inglaterra por um longo período. (BEDIN, (s.d)

É Alfred Marshall – Figura 4 – o responsável por introduzir o fator tempo, na

distinção entre longos períodos e curtos períodos, conseguindo, assim, determinar a

importância do custo de produção (para longos períodos) e a utilidade marginal

(para curtos períodos), na formação do valor das mercadorias.

Figura 4 – Alfred Marshall – Escola Econômica Neoclássica

Fonte: Alfred (acesso em 10 maio 2019)

A escola de economistas neoclássicos, também chamada de marginalistas, vigorou

no pensamento econômico entre 1870 e 1929. Procurava determinar as causas da

riqueza para a alocação de recursos, visando sempre a maximização da utilidade.

(ESCOLA, acesso em 10 jan. 2019)

32

Na famosa crise de 1929, um dos períodos mais difíceis da história recente, a teoria

da “mão invisível” foi mundialmente questionada quanto à eficiência do capitalismo.

“Após a crise, uma coisa ficou certa: a “mão invisível”, ou seja, os supostos

mecanismos autorreguladores do capitalismo não eram suficientes para manter a

economia nos trilhos.” (DANTAS, 2019)

Em contraponto à Escola Econômica Neoclássica, do laissez-faire – termo francês

que significa deixe fazer - e da “mão invisível” do mercado que resolveria todos os

problemas advindos das relações econômicas, surge, na primeira metade do século

XX, o keynesianismo.

4.1.1.4 Keynesianismo

O economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) desenvolveu, em 1926, a

teoria que se contrapunha à ideia liberalista do “deixai fazer”. Afirmava Keynes, que

o Estado deveria sim, interferir na sociedade, na economia e em quais áreas

considerasse necessário. O modelo do Estado intervencionista (Welfare State) foi

adotado por muitos países após o fim da Segunda Guerra Mundial, tendo em vista

que a interferência estatal parecia, naquela circunstância, essencial para a

recuperação do mundo no pós-guerra, explica Dantas (2019).

Marques (2011) explicita essa divergência ao afirmar:

Enquanto os neoclássicos consideram que, na ausência de obstáculos ao perfeito funcionamento dos mercados, a condição de “pleno” emprego é o estado normal de uma economia, subestimando, de certa forma, o papel das políticas monetária e orçamental, a “teoria geral” de Keynes considera que, mesmo com perfeito funcionamento dos mercados, as economias enfrentam problemas de desemprego involuntário que, não obstante, podem ser atenuados pela política monetária e, sobretudo, pela política orçamental. (MARQUES, 2011, p.4).

O keynesianismo é completamente explanado no livro de John Maynard Keynes

intitulado “A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda” publicado em 1936. Nele

são ressaltadas as vigas mestras dessa teoria, quais sejam:

33

- Defesa da intervenção estatal na economia, principalmente em áreas onde a

iniciativa privada não tem capacidade ou não deseja atuar;

- defesa de ações políticas voltadas para o protecionismo econômico;

- contra o liberalismo econômico;

- defesa de medidas econômicas estatais que visem à garantia do pleno emprego.

Este seria alcançado com o equilíbrio entre demanda e capacidade de produção;

- o Estado tem um papel fundamental de estimular as economias em momentos de

crise e recessão econômica;

- a intervenção do Estado deve ser feita através do cumprimento de uma política

fiscal para que não haja crescimento e descontrole da inflação.

Mesmo não sendo favorável à estatização da economia, Keynes defendia,

entretanto, que o Estado deveria promover ações e estabelecer medidas de controle

para manter o equilíbrio econômico.

Em alguns momentos cruciais da história econômica global, nas chamadas crises, a

teoria keynesiana foi aplicada. Nos Estados Unidos, por exemplo, deu suporte ao

plano New Deal do presidente Roosevelt, quando da Grande Depressão causada

pela Quebra da Bolsa de Valores de 1929. Também após a Segunda Guerra

Mundial, os países da Europa, com suas economias profundamente abaladas em

virtude dos conflitos, recorreram aos fundamentos do keynesianismo para saírem da

crise. Nesta situação era de fundamental importância a interferência do Estado,

como fonte de promoção do desenvolvimento econômico e social. (MARQUES,

2011).

No Brasil, informa Bezerra (2011) a teoria keynesiana foi aplicada durante o governo

Juscelino Kubitschek (1956 – 1961), na implantação do Plano de Metas, que previa

altos investimentos estatais em diversos setores da economia em um amplo

programa de desenvolvimento. Antes disso, continua a autora, as políticas

34

econômicas desenvolvidas por Keynes foram utilizadas durante os governos de

Getúlio Vargas que aplicou recursos estatais para estimular a industrialização do

país. Exemplos desses investimentos foram a criação da Companhia Siderúrgica

Nacional – CSN, inaugurada em 9 de abril de 1941, no primeiro governo de Getúlio

(1930 a 1945) e da Petrobras – Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima, inaugurada

em 3 de outubro de 1953, no segundo governo de Vargas (1950 a 1954).

Dantas (2019) comenta:

A partir dos anos 60, com a crise dos países centrais, ocasionada pela acumulação intensiva e por uma regulação monopolista, o keynesianismo também foi questionado, pois problemas como inflação e instabilidade econômica tornaram-se reais. (DANTAS, 2019).

As críticas à Teoria Keynesiana deram margem ao surgimento do Neoliberalismo,

que vem a ser o antigo liberalismo com roupagem contemporânea. Segundo o

Neoliberalismo, Estado e Mercado são formas de organizações antagônicas e

irreconciliáveis.

4.1.1.5 Neoliberalismo

Neoliberalismo é um novo conceito do liberalismo clássico, afirma Bezerra (2011),

que tem por característica principal a defesa de maior autonomia dos cidadãos nos

setores político e econômico e, consequentemente, pouca intervenção estatal.

Versão atualizada do Liberalismo surgido no século XVIII em oposição ao

Mercantilismo e às imposições da Revolução Industrial aos trabalhadores, o

Neoliberalismo Econômico surgiu na década de 70 do século XX, substituindo as

medidas do modelo keynesiano e apoiando os princípios capitalistas, enfatizando a

não interferência do Estado na economia.

Para os neoliberais, explica Bezerra (2011), o que garante o crescimento econômico

e o desenvolvimento social de um país é o livre jogo das forças do mercado. São

características do Neoliberalismo:

Privatização de empresas estatais;

35

Livre circulação de capitais internacionais;

Abertura econômica para a entrada de empresas multinacionais;

Adoção de medidas contra o protecionismo econômico;

Redução de impostos e tributos cobrados indiscriminadamente.

O Neoliberalismo propiciou as relações econômicas internacionais, facilitando

sobremodo a globalização.

No Brasil, o Liberalismo foi adotado nos governos do presidente Fernando Henrique

Cardoso (1995 a 1998 e 1999 a 2002), com a implantação de medidas definidas no,

assim chamado, Consenso de Washington em 1989, quais sejam:

Ajuste fiscal – limitação dos gastos do Estado de acordo com a arrecadação,

eliminando o déficit público;

redução do tamanho do Estado – limitação da intervenção do Estado na

economia e redefinição do seu papel, com o enxugamento da máquina pública;

privatização – venda das empresas estatais que não se relacionam com as

atividades específicas do Estado;

abertura comercial – redução das alíquotas de importação e estímulo ao

intercâmbio comercial, de forma a ampliar as exportações e impulsionar o processo

de globalização da economia;

abertura financeira – fim das restrições à entrada de capital externo e

permissão para que instituições financeiras internacionais possam atuar em

igualdade de condições com as do país;

36

fiscalização dos gastos públicos e fim das obras faraônicas;

investimento em infraestrutura básica;

terceirização.

Dentre as críticas à implantação das medidas neoliberais no Brasil, a que aparece

com maior insistência é que não serviram para resolver os graves problemas sociais

do país. (BEZERRA, 2011).

No processo natural de desenvolvimento das ideias, conceitos e atividades das

sociedades, a Economia, em meados do século XX, passou a incorporar ao seu

painel de assuntos importantes, dois enfoques consistentes: 1) a Microeconomia,

que trata da firma e da indústria em particular, do preço e do mercado de um bem ou

serviço, bem como do indivíduo, como consumidor que detém poder de compra; 2) a

Macroeconomia, que se ocupa dos agregados, como a inflação, a taxa de câmbio,

a renda nacional, a poupança, o investimento, a função consumo, o balanço de

pagamentos, entre outros assuntos pertinentes à Economia.

4.1.2 Microeconomia

Buscando entender o relacionamento entre consumidores e empresas e as

respectivas características desses atores econômicos a microeconomia mostra os

fatores que influenciam o modo de consumo, os preços, a relação entre oferta e

demanda, as ações de marketing e a forma com que são utilizados os recursos da

empresa, explica Mesquita (acesso em 20 maio 2019).

Ao explicitar a forma como são fixados os preços e os fatores de produção, a

microeconomia possibilita compreender a causa de valores diferentes dos produtos

e a influência que famílias, empresas e governo, exercem no mercado. Mesquita

(acesso em 20 maio 2019) relaciona algumas teorias compõem a microeconomia:

37

Teoria do consumidor ou Teoria da Escolha

Busca descrever a motivação dos consumidores para a tomada de decisões em

relação a aquisição de bens e de como enfrentam as situações em que há conflito

de escolha. Analisa a preferência, o comportamento, escolhas e restrições do

consumidor, informações usadas para determinar a demanda pelo seu produto ou

serviço. Os fatores que influenciam as escolhas dos consumidores estão

basicamente ligados à sua restrição orçamentária e preferências.

Para a Teoria do Consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em detrimento

do outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona.

Teoria da firma

Mostra a reunião do capital e do trabalho em uma empresa para a produção, de

acordo com a demanda. Foca nas organizações cujo objetivo seja produzir lucro.

Teoria da produção

Analisa o processo de transformar a matéria-prima em produtos finais para a venda

e observa as variáveis que influenciam o produto final, como transportes, por

exemplo.

Observamos, assim, que o enfoque da microeconomia são as atitudes individuais

dos agentes econômicos, mostrando os problemas que atingem empresas e

consumidores.

Outros temas estudados pela microeconomia e de vital importância para as

empresas são:

Público-alvo

É preciso entender quem são as pessoas que poderão se tornar clientes, isto é,

imprescindível saber para quem produzir. Como pensa, qual é a sua formação e

38

suas preferências, são informações básicas para se transformar possíveis

interessados em consumidores.

Demanda

Demanda se reporta à quantidade de produtos que os consumidores poderão

comprar. É a demanda que define a oferta e, quando bem definida, evita excesso de

produção e problemas com gestão de estoques e custos desnecessários.

Precificação

Definida a quantidade a ser produzida é indispensável precificar o produto,

considerando a soma do custo de produção, do lucro e do valor agregado. É a partir

da precificação que a empresa consegue pagar funcionários, comprar matéria-prima,

investir em tecnologia e gerar lucro. A relação oferta/demanda é também

determinante na definição de preço.

Fatores de produção

Fatores de produção são elementos fundamentais ao processo produtivo. Embora

este seja composto de diversos complementos (custos de matérias-primas, tempo

para produzir, armazenagem, gerenciamento, máquinas e mão-de-obra, entre

outros), existem três tipos imprescindíveis, sem os quais é quase impossível o

andamento de uma escala produtiva, quais sejam: terras, o trabalho e o capital.

Explicando esses fatores, que tem conceitos abrangentes e complementares entre

si, afirma Reis (2018a):

– Terra: não são apenas as terras agricultáveis ou terrenos próprios para

edificações, mas todo e qualquer recurso que, a partir dela, se pode extrair, a

exemplo de minérios, água, florestas, etc.

– Trabalho: inclui as horas dedicadas dos trabalhadores numa produção, somadas

às técnicas e conhecimentos empregados dentro do processo produtivo;

39

– Capital: Todos os elementos materiais e financeiros que sustentam a produção:

equipamentos de informática, tratores, carros, máquinas industriais e outros,

conforme explicitado na Figura 5.

Figura 5 – Componentes do capital – fator de produção

Fonte: Fatores de produção (acesso em 22 março 2019)

Todos os elementos identificados anteriormente são fundamentais para analisar a

formação e análise do mercado.

Mercado

Explica Nunes (2006) que em Economia e nas Ciências Econômicas e empresariais

em geral, o termo mercado designa um local, físico ou não, em que compradores e

vendedores interagem para estabelecer o preço e a quantidade de um determinado

bem que pretendem transacionar, constituindo-se o preço o mecanismo regulador

dessas transações. Ou seja, se vendedor e comprador entram em acordo quanto ao

preço do bem, significa que o valor atribuído a esse bem foi satisfatório para ambos.

Os preços estabelecidos no mercado são também sinalizadores para a Economia,

baseados na demanda e na oferta (Figura 6).

40

Figura 6 – Determinação de preços – oferta e procura

Fonte: Determinação (acesso em 03 maio 2019)

A análise do mercado mostra a formação de preços e como eles são influenciados

pela oferta e demanda. Essa análise instrumentaliza a empresa a acompanhar

tendências e perceber como o aquecimento - ou arrefecimento - do setor influencia

os custos e os preços dos produtos. (MEDINA, 2012).

De acordo com Medina (2012) a microeconomia também é afetada por fatores

externos, tais como: a queda no consumo; o comércio exterior, a inflação; a cotação

do dólar e os índices econômicos diversos, entre outros. A empresa, por sua vez,

sofre influência direta da microeconomia. Fatores de produção, por exemplo, são

altamente impactantes no desempenho de uma empresa. Aumentando, por

exemplo, o custo de produção, sem que o mercado absorva a elevação de preço do

produto final, a margem de lucro será reduzida. Otimizar recursos, conhecer a

demanda, estabelecer preços coerentes e acompanhar fatores internos e externos,

são elementos fundamentais para o desenvolvimento de uma empresa.

41

A microeconomia tem seu foco principal, mas não exclusivo, no mercado interno.

Desse modo, isso a torna menos abrangente do que a visão da macroeconomia.

4.1.3 Macroeconomia

Utilizando em suas análises, indicadores econômicos globais, entre os quais o PIB –

Produto Interno Bruto – e o PNB – Produto Nacional Bruto a Macroeconomia se

constitui no ramo da teoria econômica que estuda a ação e influência de atores

globais como as empresas, conglomerados e países, na economia mundial, informa

Bezerra (2011). Importante destacar a diferença entre PIB e PNB, termos que

costumam ser confundidos em seus significados:

– PIB – Produto Interno Bruto – calculado a partir da contabilização de bens e

serviços, dentro de um período de tempo, é o somatório de tudo o que é produzido

em uma cidade, estado ou país, sendo afetado diretamente pelo desempenho de

cada setor da economia. São considerados no seu cálculo: o consumo da

população; os investimentos empresariais em maquinários e contratação de

empregados (influenciados pelo valor dos salários e juros) e os gastos

governamentais em infraestrutura. Valores das matérias-primas, mão-de-obra,

impostos, energia e demais bens de consumo intermediário não são incluídos nesse

cálculo, explica Bezerra (2011).

O PIB pode ser um instrumento de comparação entre as riquezas dos diversos

países. A Figura 7 mostra o mapa do PIB de 2013 de todos os países, documento

elaborado pela ONU-Organização das Nações Unidas, o Banco Mundial, a CCE-

Comissão das Comunidades Europeias, o FMI – Fundo Monetário Internacional e

a OCDE.

42

Figura 7 - Mapa do PIB de 2013 de todos os países

Fonte: Bezerra (2019a)

No Brasil, o PIB é calculado pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística e os dados são divulgados trimestralmente. Mas é possível acompanhar

a evolução do crescimento do PIB, considerando períodos mais longos, conforme

demonstrado no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Porcentagem de crescimento do PIB brasileiro de 2007 a 2017

Fonte: Bezerra (2019b)

43

Os números apresentados neste gráfico demonstram um crescimento tímido da

economia brasileira nos últimos anos, analisa Bezerra (2011).

– PNB – Esse indicador se refere ao somatório de todas as riquezas produzidas por

uma nação/país durante determinado período, em território nacional ou não. As

empresas que possuem filiais no exterior também são consideradas para cálculo

desse índice econômico.

Para Nunes (2006):

A macroeconomia pode ser entendida como a ciência que estuda o comportamento da Economia de forma agregada, através da análise de variáveis globais tais como a produção, o rendimento, a procura, o investimento, a poupança, o desemprego, as taxas de juro, as taxas de câmbio ou a inflação. (NUNES, 2006).

Argumenta, ainda, o referido texto que: a produção – para satisfazer necessidades

da população; o emprego – adoção de medidas de promoção de emprego e

combate ao desemprego voluntário e a estabilidade dos preços são os principais

objetivos da Macroeconomia e que, para atingi-los, são utilizadas as políticas

monetária e orçamentária. A primeira utiliza instrumentos para controlar a oferta de

moeda e, assim, influenciar as taxas de juro praticadas no mercado enquanto o

Estado controla a despesa pública e os impostos na definição da política

orçamentária.

As diferenças entre Macro e Microeconomia estão resumidas no quadro 1:

Quadro 1 – diferença entre macro e micro economia

Fonte: Macro (acesso em 10 maio 2019)

44

Macro e microeconomia são aspectos da economia que estão presentes nos

sistemas econômicos seja adotada a Economia de Mercado ou a Economia

Planificada.

4.1.4 Economia de mercado e economia planificada

Economia de Mercado é um sistema em que a economia é controlada por agentes

econômicos de iniciativa privada. Predominância de empresas privadas, lei da oferta

e da procura, livre concorrência, pouca intervenção do Estado, incentivo à

dinamização e inovação das empresas, oposição ao modelo econômico de

economia planificada e pouca intervenção do Estado, são características desse

sistema econômico.

Esse modelo esteve acompanhado, primeiramente, pelo liberalismo econômico, que preconizava a mínima intervenção do Estado na economia. Posteriormente, após a década de 1970, esse modelo foi retomado em associação ao neoliberalismo, que novamente pregava a mínima intervenção do Estado na economia, salvo em tempos de crise e de instabilidades social e econômica. (PENA, 2019)

Nesse sistema a maior parte das empresas é privada e são elas que definem o

próprio funcionamento e estratégia financeira. Ao Estado compete a criação de leis e

fiscalização do cumprimento das mesmas. Com base nos princípios do liberalismo

econômico – propriedade privada, liberdade de comércio e produção e livre

concorrência – a economia de mercado obedece à lei da oferta e da procura que

consiste na fixação de preços considerando a demanda de determinado produto ou

serviço.

No capitalismo, argumenta Pena (2019) o objetivo principal é a geração de lucro e o

acúmulo de riquezas e para alcançar esse objetivo a atividade comercial foi iniciada,

difundida e dinamizada, desde o século XVI, por meio de trocas monetárias. A

economia de mercado compõe a estratégia econômica elaborada para intensificar

essa lógica. Percebe-se, assim, que o atendimento das necessidades sociais não é

o foco precípuo do país que tenha sua política econômica baseada na Economia de

Mercado, mas a maximização do lucro.

45

Em contraponto à economia de mercado encontra-se a economia planificada

proposta pelas sociedades denominadas socialistas, que defende o controle

centralizado da economia, pelo Estado, sendo, por essa característica, conhecida

também como economia centralizada planificada. Esse modelo econômico foi

adotado pela antiga URSS-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, constituída,

oficialmente, em 1922 reunindo Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia,

Estônia, Lituânia, Letônia, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão,

Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão – Figura 9 – por quase 70

anos, sendo desmembrada em vários outros países em 1991, informa Gasparetto

Junior (s.da).

Figura 8 – Mapa da antiga -União das Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS)

Fonte: Gasperetto Junior (acesso em 8 maio 2019)

A dissolução da URSS, que fazia forte oposição ao capitalismo, propiciou a

predominância do modelo econômico de mercado que é adotado, atualmente, pela

maioria dos países. Importante registrar ainda que esse modelo econômico admite e

difunde o processo de terceirização que permite a contratação de uma empresa por

outra (terceirizada) para cuidar de parte do processo produtivo que pode incluir

desde limpeza e segurança até a fabricação de peças e produtos, argumenta Pena

(2019).

46

Muitas críticas são feitas a esse modelo por setores e militantes de esquerda, que se

contrapõem ao capitalismo, complementa Pena (2019), por entenderem que a

predominância do livre comércio e a priorização do lucro na economia de mercado

em detrimento dos valores humanos e sociais, são fatores de precarização do

trabalho com o consequente aumento das desigualdades sociais e econômicas.

Na economia de mercado há forte predominância do chamado mercado financeiro

com ampliação dos negócios no campo virtual ou da finança digitalizada, conforme

denominada por Paraná (2016).

4.2 MERCADO FINANCEIRO

Reis (2018b) define mercado financeiro como o ambiente onde ocorre a negociação

de títulos, moedas, ações, derivativos e outros, isto é, onde se efetua a compra e a

venda de produtos financeiros. Explica que, de forma geral, cada país tem seu

próprio mercado financeiro sem que isso signifique que esteja limitado a negociar

valores advindos apenas do seu mercado interno.

Três categorias participam do Mercado Financeiro: os Emissores – empresas que

abriram o capital disponibilizando ações por meio da Bolsa de Valores, e o governo

que, via o Tesouro Direto, emite títulos públicos; os Investidores – que trocam seu

dinheiro pelos títulos oferecidos pelos emissores; e os Intermediários – são os

canais de ligação entre emissores e investidores, oferecendo mecanismos para que

as operações financeiras sejam realizadas, a exemplo das Corretoras de Valores,

explica Ferreira (2019). Em resumo, pode-se entender que o Mercado Financeiro é o

local onde emissores buscam, com o auxílio de intermediários, o dinheiro dos

investidores para financiar projetos e garantir seu crescimento.

No Brasil, ainda podemos destacar outras instituições que participam do Mercado

Financeiro exercendo papel regulamentador e fiscalizador:

Banco Central (Bacen) – com sede em Brasília, sua missão é “assegurar a

estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e

eficiente” conforme consta em sua página virtual https://www.bcb.gov.br/. Para

47

alcançar essa meta, o Bacen supervisiona o Mercado Financeiro e atua no controle

da inflação e na emissão de moeda, além de determinar a taxa Selic – Sistema

Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais;

CVM – Comissão de Valores Mobiliários – administrada por um colegiado

composto por cinco membros, a CVM fiscaliza o Mercado de Valores Mobiliários,

que inclui ações e cotas de fundos de investimento;

CMN – Conselho Monetário Nacional – órgão máximo do Mercado Financeiro

– é responsável pela criação de normas para o mercado e supervisiona o

cumprimento das mesmas. (FERREIRA, acesso em 12 maio 2019).

4.2.1 Produtos do mercado financeiro

– Títulos financeiros, que podem ser públicos ou privados, são papéis vendidos

pelos governos ou empresas ao mercado financeiro;

- Títulos privados, são Títulos de Crédito emitidos por uma Sociedade Anônima ou

instituição financeira autorizada pelo Banco Central, visando captar recursos com

prazo e rendimento pré-determinado. Debêntures, Certificado de Depósito

Bancário (CDB), letras hipotecárias (LH) e letras de câmbio (LC) são Títulos

Financeiros Privados;

– Títulos públicos são títulos de renda fixa, emitidos pelo Governo Federal, e visam

cobrir déficits orçamentários e investimentos em obras públicas permitindo, além

disso, o exercício do poder regulador sobre o mercado financeiro. Esses Títulos são

vendidos por meio de oferta pública - com realização de leilão ou pelo Tesouro

Direto (sem leilão) e por emissões diretas para atender a necessidades específicas,

determinadas por lei. (O QUE É, 2011);

– Moeda – importante tecer algumas considerações sobre esse instrumento de

troca, ou de negócio. Antes da criação da moeda (século VII a.C) os instrumentos de

troca eram muito diversificados e, não havendo uma unidade representativa de valor

48

das diversas mercadorias, o comércio era realizado por meio do escambo (Figura 9)

em que era trocada mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor.

Figura 9 – Escambo – Economia de troca

Fonte: Scambo (2019)

Segundo Barreto (2009) o processo de evolução do escambo para outras formas de

negociação se fez notar durante a Idade Média, quando entraram na rota do

comércio os fumos, temperos, tecidos e animais variados, sendo que alguns desses

produtos eram mais procurados do que outros, dando origem à moeda-mercadoria

ou mercadoria-moeda (Quadro 2), marcando a transição do escambo para o que

pode ser considerado o primeiro tipo de intermediação financeira.

O gado, por suas vantagens de locomoção e alimentação, e o sal, por sua difícil

obtenção, são exemplos, entre outros, de produtos que tinham, nessa época (Idade

Média), o status de mercadoria-moeda, completa Barreto (2009).

49

Quadro 2 – Mercadorias-moedas e respectivas regiões e períodos

Fonte: A história (acesso em 8 maio 2019)

O advento da moeda como unidade representativa de valor possibilitou as trocas

comerciais em comunidade e, através dos séculos, desde a sua admissão vem se

transformando e contribuindo para facilitar o fluxo de mercadorias que, por sua vez,

intensifica as atividades comerciais. No rastro da moeda, que varia de Estado para

Estado, surgiram os bancos, as bolsas de valores e diversos outros institutos, ensina

Porto (2014).

Muitas inovações nas formas de pagamentos de transações mercantis deram origem

ao dinheiro que se conhece atualmente que, com os constantes avanços

tecnológicos, principalmente digitais, tende a ser menos utilizado em sua forma

concreta, sendo essa substituída, gradativamente, por outras ferramentas. De

acordo com Porto (2014) é possível perceber os passos já apontados nessa direção,

observando a sofisticação dos chips nos populares cartões de crédito, além de

pagamentos e transferências via computador e celular.

50

– Ações – Ação é “a menor parcela do capital social das companhias ou

sociedades anônimas.” Portanto, constitui-se em título patrimonial que concede aos

titulares – chamados acionistas -, no limite das ações possuídas, todos os direitos e

deveres de sócio. (AÇÕES, acesso em 10 maio 2019).

– Derivativos - são contratos que derivam de ativos, que podem ser: uma ação,

uma commodity, a inflação acumulada em um período, a taxa básica de juros ou

qualquer outra variável com significado econômico. “SOJ” - contrato derivado do

preço da soja, “DOL” - contrato derivado do preço do dólar, “IND” - contrato derivado

do índice Bovespa e “PETRF17” - contrato derivado das ações da Petrobras, são

exemplos de contratos derivativos. Mercado a termo, Futuros, Opções e Swaps

estão entre os principais tipos de derivativos, explica Reis (2017).

As transações financeiras, nesse mercado, não são realizadas necessariamente na

mesma moeda, obrigando o estabelecimento de regras para a conversão de valores

entre moedas, ou seja, normatizar o câmbio.

4.2.2 Mercado de câmbio

Intentando alcançar melhor rendimento e proteger seu capital, investidores optam

por aplicar seus recursos financeiros no Mercado de Câmbio, modalidade em que

ativos financeiros podem ser negociados entre moedas diferentes. Assim,

compreende-se que o Mercado de Câmbio é o conjunto de negociações envolvendo

a troca de moedas diferentes, explica Reis (2018b). Compras e vendas são

realizadas utilizando-se duas moedas e as cotações entre uma e outra. Têm-se,

dessa forma, negociações de reais por dólares; de dólares por euros; de euros por

reais; e reais por outras moedas. A taxa de câmbio, que geralmente é definida na

própria negociação - o chamado câmbio flutuante - é o preço de uma moeda

estrangeira medido em moeda nacional. (BERTOLO, acesso em 15 maio 2019)

Existem duas formas de negociar essas moedas estrangeiras, explica Reis (2018b):

- Por negociação direta com o exterior - restrita a bancos comerciais e bancos de

investimento formalmente licenciados pelo Banco Central, responsável por informar

51

e monitorar a taxa de câmbio média que se constitui de referência para o mercado

aberto. Esse mercado é essencial para equilibrar a Balança de Pagamentos, que

inclui Balança Comercial, Balança de Serviços, Balança de Capitais e

Transferências;

- Por negociação interna no Brasil – realizada entre vários participantes, entre os

quais se encontram Casas de câmbio, Corretoras e Investidores em geral. Nesse

mercado é predominante a negociação em dólar que, conforme a natureza da

transação, é taxado como comercial, interbancário, paralelo ou turismo.

Os Mercados Financeiros, conforme comprovado pela literatura econômica,

argumenta Bonatto (2008):

(...) desempenham papel fundamental na economia, já que eles são responsáveis por canalizar os recursos de pessoas que poupam recursos (renda maior que sua disposição em gastar) para aqueles que desejam gastar mais do que sua disponibilidade, quer seja na forma de consumo ou investimento. (BONATTO, 2008, p. (?))

Em resumo, analisa Bonatto (2008) essa transferência de fundos possibilita a

expansão de bens e serviços na economia, quando permite que pessoas com boas

oportunidades de investimentos, mas com poucos recursos correntes, lancem mão

dos recursos disponíveis nesse Mercado e que consumidores planejem seu

consumo no presente, desembolsando valor superior à sua renda, ou o posterguem

para momento mais oportuno.

Percebemos, assim, que o grande vetor que movimenta a engrenagem econômica

é, de fato, o consumo, considerando que a sua retração implica na contração da

produção e, consequentemente, no encolhimento do Mercado Financeiro. Não é

outra a razão pela qual se multiplicam os apelos ao consumo, via peças comerciais

muito bem elaboradas veiculadas nos diversos meios de comunicação.

4.3 MERCADO DE CONSUMO

A literatura contemporânea disponibiliza várias definições para a ideia de Mercado

de Consumo, duas das quais formuladas por Simões (ESCOLA, acesso em 01 maio

2019) com os seguintes enunciados: “A soma das forças ou condições segundo as

52

quais os compradores e vendedores pontuam decisões que geram a transferência

de bens e serviços” e “A demanda agregada dos compradores em potencial de um

produto ou serviço”.

Com base nessas formulações pode-se entender que o Mercado de Consumo é o

conjunto formado por vendedores e compradores de produtos diversos, localizado

em um mesmo espaço geográfico. Ou, resumindo, pode-se entender mercado

consumidor como o grupo de pessoas ou organizações que demandam os bens ou

serviços vendidos por uma empresa, com o fim de satisfazer suas necessidades ou

desejos.

Outro significado é o que define mercado como o conjunto de pessoas de um

determinado lugar, ou que ali vive, que compra e vende produtos, mercadorias e

serviços, argumenta Miranda (2012). Esse tipo de mercado, continua a obra, é

chamado de Mercado Consumidor que, dessa forma, pode ser considerado

geograficamente, da cidade, da região ou do país em que vivem essas pessoas, ou

do mundo (mercado mundial). Enfim, pessoas ou organizações que estejam em

busca de bens ou serviços para satisfazer suas necessidades e/ou desejos, formam

o que se conhece por Mercado de Consumo, ou Mercado Consumidor. Portanto,

consumidores, são todas as pessoas, físicas ou jurídicas, que tenham poder de

compra e que utilizam produto ou serviço como destinatário final.

Observando a população, suas inúmeras necessidades (básicas ou induzidas) e os

incontáveis desejos (espontâneos ou provocados), conclui-se que dificilmente uma

única empresa consegue atender todos os clientes existentes, mesmo atuando

dentro de um único mercado, decorrendo desse fator a multiplicidade de marcas e a

disputa pela preferência do consumidor. Para conquistar essa preferência as

empresas utilizam os serviços de profissionais especializados nas técnicas de

Marketing.

4.3.1 Marketing, consumo e consumismo

O Marketing, embora pareça ferramenta mercadológica contemporânea está

presente, de fato, no mundo dos negócios, desde 1450, portanto há 569 anos, com a

53

invenção da prensa tipográfica pelo alemão Gutenberg, assegura Carvalho (2017).

Essa longevidade e importância, afirma o autor, se deve à sua característica de

adaptabilidade às transformações que os avanços sociais e tecnológicos imprimem

às sociedades. A prensa tipográfica, possibilitando a produção de textos e sua

distribuição a maior número de pessoas, revolucionou a comunicação impulsionando

o Marketing com o surgimento dos primeiros anúncios impressos – rudimentos do

Marketing atual - afetando profundamente a sociedade e os hábitos de consumo.

Carvalho (2017) destaca, ainda, que antes do advento da Internet o modelo de

Marketing adotado era o que tentava vender o produto antes de criar qualquer

vínculo com o consumidor – o outbound – em contraposição ao inbound marketing

adotado atualmente em que esse vínculo é estabelecido antecipadamente,

educando o consumidor, apresentando o problema e as soluções e gerando valor

através da informação.

Da Silva e Tobias (2007) afirmam que o Marketing, que foi considerado apenas um

modismo, é visto atualmente como ferramenta imprescindível ao planejamento das

organizações com vistas ao crescimento e desenvolvimento do negócio. Mas, afinal,

o que significa Marketing? Qual o conceito, ou entendimento, que se pode apreender

desse termo tão utilizado pelos meios de comunicação e em que nicho ele se

ambienta? A conceituação de Marketing pode ser apreendida de melhor forma

através de renomados autores e respectivas definições, entre as quais a de Kotler

(2000), para quem:

“Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.” (KOTLER, 2000, p.30).

Para Kotler (2000) é necessário distinguir definição gerencial de definição social. A

definição gerencial aborda o conceito de forma superficial, ou seja, conceitua

Marketing como arte de vendas, enquanto se deve atribuir a essa ferramenta um

aprofundamento em sua definição social.

Las Casas (2006) define:

54

Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de troca, orientadas para a satisfação dos desejos e necessidades dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos da organização ou indivíduo e considerando sempre o meio ambiente de atuação e o impacto que estas relações causam no bem-estar da sociedade. (LAS CASAS, 2006, p. 10).

Para Schewe e Smith (1982):

Embora o marketing seja apenas uma atividade de processamento de uma empresa, esta é a que vem em primeiro e último lugares no duto, ou no sistema de satisfação. Pela definição da American Marketing Association sabemos que a ação de marketing dirige o fluxo de bens e serviços dos produtores para os consumidores finais. Porém, marketing também desvenda as oportunidades que existem de satisfazer a desejos e necessidades. (SCHEWE; SMITH, 1982, p. 20).

Para Cobra (1992) “Marketing é mais do que uma forma de sentir o mercado e

adaptar produtos ou serviços – é um compromisso com a busca da melhoria da

qualidade de vida das pessoas (...)”. (p. 29).

Para Machline et al (2003):

O conceito de marketing (sic) pode ser entendido como a função empresarial que cria continuamente valor para o cliente e gera vantagem competitiva duradoura para a empresa, por meio da gestão estratégica das variáveis controláveis de marketing: produto, preço, comunicação e distribuição. (MACHLINE et al, 2003, p. 2).

Percebe-se que as definições confluem para três elementos essenciais ao

Marketing: consumidores, empresas e produtos. Produtos são criados para

satisfazer necessidades e desejos dos consumidores que, ao adquiri-los, carreiam

para as empresas o capital investido acrescido do lucro embutido no preço do

produto. Para maximizar o consumo e a satisfação do consumidor, o Marketing

trabalha quatro características, conhecidas como os 4 Ps, ou Marketing Mix que

Kotler (1998, p. 97) definiu como “o conjunto de ferramentas que a empresa usa

para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo”. Tais características são

compostas de:

Produto – sendo peça chave do processo de Marketing, é estudado pelo Marketing

de forma a colocar no mercado um produto que atenda às necessidades do

consumido.

55

Preço – valor final que o consumidor deve pagar por um produto diretamente

relacionado à maneira como ocorre a venda.

Praça – conceito que se refere diretamente à forma de comercialização do produto

com o consumidor e como se estabelece a comunicação com o mesmo.

Promoção – a promoção se refere às estratégias que são utilizadas para

demonstrar o potencial do produto colocado no mercado, ou seja, as técnicas que

serão utilizadas para divulgar o serviço ou produto colocado à venda.

Esses elementos são levados em conta pelos profissionais responsáveis pela

colocação diferenciada da empresa no mercado, qualquer que seja a forma

escolhida para a implementação das estratégias para promoção do negócio, quais

sejam: Marketing Tradicional ou Marketing Digital.

Optando pelo Marketing Tradicional a empresa lançará mão de anúncios em

outdoors (Figura 10), comerciais em canais de Televisão, distribuição de panfletos

(Figura 11), cartazes (Figura 12) e banners (Figura 13), em pontos estratégicos da

cidade, no entorno ou em pontos chave dentro do próprio estabelecimento.

Figura 10 – Outdoors divulgando produtos (post-it)

Fonte: Dantas (2015)

56

Figura 11 – Panfletagem para supermercado

Fonte: Planfletagem (2012)

Figura 12 - Cartaz -Campanha de conscientização para reutilização

Fonte: Castro (2013)

57

Figura 13 – Banner – Divulgação de ponto comercial

Fonte: CONVITE (Acesso em 18 abril 2019)

No entanto, conclui Sales (2018), não são as ferramentas das quais o Marketing

Tradicional lança mão para alcançar seu objetivo, mas o objetivo em si mesmo, de

atingir o maior número possível de pessoas, potenciais consumidores (grifo

nosso), que se constitui sua principal característica. No que não difere do Marketing

Digital que se desenvolveu a partir do advento da Internet como fenômeno mundial

de comunicação possibilitando novas e variadas abordagens.

Peçanha (2019) define Marketing Digital como “o conjunto de atividades que uma

empresa (ou pessoa) executa online com o objetivo de atrair novos negócios, criar

relacionamentos e desenvolver uma identidade de marca” e destaca a importância

dessa via de comunicação à qual a maior parte da população mundial está

conectada, atentando para a sua permanente transformação. Nesse ambiente,

usando blogs, sites, motores de busca, e-mail (Figura 14), twitter, facebook, e

outras mídias sociais, as empresas buscam atender desejos e necessidades de

clientes efetivos e potenciais, seduzindo, conquistando, fidelizando e, assim,

ampliando o número de consumidores para o produto ou serviço que oferecem.

58

Figura 14 – Marketing de operadora de telefonia celular, via e-mail

Fonte: Claro Operadora (2019)

Cobra (1992, p. 33) assevera que “É preciso descobrir o que o consumidor quer, ou

necessita, e a partir daí, orientar uma produção mais racionalizada. Esse é o

enfoque centrado no marketing para identificar as necessidades dos consumidores”.

Diante do exposto, pode-se inferir que o Marketing, tradicional ou digital, visa a

ampliar a carteira de clientes das empresas induzindo a formação de novos

consumidores e, consequentemente, o aumento do consumo. Crianças e jovens,

inclusive escolares do Ensino Fundamental e Médio, não estão imunes a essas

estratégias.

Consumo

Identificação da vontade de comprar ou de consumir algum produto aliada à análise

das opções do produto, à busca de informações sobre o mesmo, à decisão de

adquirir, à aquisição, à avaliação do pós-compra e ao descarte, são elementos que

compõem o processo de consumo, que é totalmente influenciado pelo ambiente,

cultura, posição social e econômica e pelas peculiaridades pessoais do consumidor,

afirma Larentis (apud SOUSA, 2015).

Esse entendimento do processo de consumo está contemplado na definição de

Schaun (apud SOUSA, 2015) para quem consumo é “um comportamento da

estrutura social (...) e que ele existe antes mesmo do ato de compra e utilização” e

afirma que esse comportamento está diretamente ligado com a organização social e

nas relações interpessoais, com a cultura e com o meio em que vive.

59

Corroborando o pensamento de Schaun, o texto Schmidt, Andrade e Alegransi

(2016) argumenta ser o consumo um hábito profundamente arraigado na sociedade

pós-moderna, com tal intensidade que, na atualidade, a forma de consumir e o que

se consome tornaram-se fortes características na vida das pessoas, levando-as a se

transformarem, elas próprias, em mercadorias de consumo. Assim, os que não se

enquadram na relação de consumidores, formam o grupo dos chamados

“consumidores falhos” por não desenvolverem desde a infância o hábito de

consumir. Habito influenciado pelo Marketing através de propaganda voltada ao

imaginário infantil (Figura 15).

Figura 15 – Consumismo infantil

Fonte: Minatel (2013)

O consumo se modifica através do tempo, porque a sociedade se transforma

continuamente. Muitos produtos que em outras épocas não existiam se tornaram,

atualmente, com o avanço tecnológico e novos inventos, peças sem as quais não se

consegue imaginar a vida cotidiana. Aparelhos eletrodomésticos são exemplos

dessa constatação. Por outro lado, a globalização, ampliada pelo dinamismo dos

meios de comunicação e pelo “encurtamento das distâncias” graças ao transporte

aéreo, transforma o mundo em uma “aldeia global” em que os produtos de todos os

continentes circulam em todos os continentes.

Portanto, torna-se necessário se distinga o de que se necessita de fato e é

imprescindível consumir para garantir a manutenção de vida saudável e do bem

estar - a exemplo de alimentação (Figura 16), vestuário, educação, transporte,

60

comunicação, saúde e lazer (Figura 17), entre outros – do que é fruto do desejo

estimulado por meio de propaganda, tendo em vista que a ‘sociedade de

consumidores’ “representa o modelo que promove, encoraja ou reforça a escolha de

um estilo de vida e uma estratégia existencial consumista, e rejeita todas as opções

culturais alternativas” segundo Bauman (2008, p. 71).

Figura 16 – Consumidor em Feira livre

Fonte: Feira (1996)

Figura 17 – Consumo de lazer – na praia

Fonte: Lazer (acesso em: 15 abril 2019)

Para que a vida seja mantida em sua plenitude é indispensável consumir, donde se

conclui que comprar é atividade inerente à vida humana. Há que se ter cuidado, no

61

entanto, para não se cair na tentação de consumir indiscriminadamente e cair na

rampa escorregadia do consumismo.

Consumismo

Ferrari (acesso em 14 mar. 2019) entende que consumismo “significa o ato de

comprar muitas coisas que, em sua maioria, não são necessárias” e que ele se

estabelece quando a relação consumo X necessidade é rompida, levando o

consumidor a adquirir o de que, à luz do bom senso, não precisa. Ou, em outras

palavras, consumismo está diretamente ligado à aquisição do supérfluo. Hábito que,

segundo a autora, é pauta de discussão de muitos estudiosos, que apontam

diversos vetores na eclosão desse fenômeno creditando-o uns à publicidade,

enquanto outros o atribuem à vinculação histórica da ideia de compra à riqueza,

bem-estar, vida boa e saúde. Ou seja, o status de quem compra mais é superior ao

de quem não o faz.

Historicamente, o consumismo se acentua desde a Revolução Industrial com a

aceleração dos processos de produção e circulação de bens, que propiciou o

distanciamento - e consequente desconhecimento – das pessoas quanto aos meios

de produção. E, com o aumento da população urbana, esse desconhecimento,

denominado alienação, se torna cada vez maior. É essa alienação, afirma Ferrari

(acesso em 14 mar. 2019) a principal dimensão do consumismo. Além disso, as

vontades são reforçadas pela publicidade veiculada nos meios de comunicação, de

modelos e padrões de vida de celebridades difundindo seus gostos e hábitos. Para

atingir tal padrão de sucesso pessoas investem na aquisição de bens que não lhes

são necessários.

O processo de marketing, afirma Alcântara (1996) consegue inverter a estrutura da

comunicação mercadológica a favor dos interesses empresariais. Assim, o

consumidor tem suas preferências e necessidades direcionadas por aqueles que

querem produzir. O marketing não está, portanto, a serviço do consumidor, mas do

incentivo e indução ao consumo.

62

Por trás dessa relação mercado-produto-consumo-consumismo está a, sempre

presente, silhueta do Marketing, gerando uma necessidade e um desejo, através da

pressão social e da pressão publicitária, fazendo com que o indivíduo, antes

satisfeito com a sua condição, seja impelido a mudá-la para suprir a insatisfação

criada e atender o desejo que lhe foi suscitado para além do que lhe é necessário,

para conformar-se a um grupo social. (SCHMIDT; ANDRADE; ALEGRANSI, 2016).

Possível deduzir, assim, que o consumo não está relacionado apenas à satisfação

de necessidades, mas está atrelado, não raras vezes, ao status social e que há uma

parte da população muito vulnerável à influência dos apelos estratégicos do

Marketing ao consumo que pode redundar em consumismo. Trata-se da infância e

da adolescência, que sofre cada vez mais cedo com as consequências do

consumismo, desenvolvendo doenças relacionadas ao excesso de consumo, a

exemplo da obesidade infantil, erotizando-se precocemente e sendo induzidos a

consumir álcool e tabaco, entre outros males. Assim, entendemos o quão necessário

é que se intensifique a Educação Financeira nas escolas de Ensino Fundamental e

Médio, de forma a promover a coletividade, o consumo consciente, proporcionando

ao aluno a possibilidade de que este assuma as consequências de seus atos e

esteja focado em questões socioambientais e socioculturais.

63

5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA

5.1 CONCEITOS

A OCDE define Educação Financeira como “o processo mediante o qual

consumidores e investidores financeiros melhoram a sua compreensão sobre

produtos, conceitos e riscos financeiros”. Tal entendimento está disponível no blog

da Abac – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (2013).

Na mesma vertente da OCDE, o Banco Central do Brasil (BACEN, 2013) enuncia:

A Educação Financeira é o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram sua compreensão dos conceitos e produtos financeiros. Com informação, formação e orientação claras, as pessoas adquirem os valores e as competências necessários para se tornarem conscientes das oportunidades e dos riscos a elas associados e, então, façam escolhas bem embasadas, saibam onde procurar ajuda e adotem outras ações que melhorem o seu bem-estar. Assim, a Educação Financeira é um processo que contribui, de modo consistente, para a formação de indivíduos e sociedades responsáveis, comprometidos com o futuro. (BACEN, 2013)

Interessante também o conceito de Domingos (2014a):

a educação financeira nada mais é do que algo que auxilia a administração dos recursos financeiros, por meio de um processo de mudança de hábitos e costumes adquiridos (grifo nosso) há várias gerações. Portanto, não basta aprender a mexer com números, se não sabe as vantagens que esse conhecimento pode proporcionar. (DOMINGOS, 2014a)

Essas definições permitem inferir-se que a educação financeira habilita o indivíduo a

fazer escolhas de consumo a partir de informações importantes, adequadas às suas

circunstâncias e necessidades reais não baseadas apenas no querer (desejo) aliado

ao poder (ter dinheiro). Motivo do grifo na citação de Domingos (2014 a) destacando

o foco da educação financeira na mudança de hábitos de consumo e evidenciando

que é um processo não restrito a realizar operações aritméticas e elaborar planilhas,

mas se estende à adoção de parâmetros de responsabilidade que extrapolam o

consumo puro e simples. Entendemos que não é uma ação de efeito imediato, mas

que, igual a todo processo educativo, demanda métodos e práticas pedagógicas

voltadas para a transmutação de hábitos antigos e sedimentação de novas balizas

de comportamento e consumo.

64

Além de melhorar a qualidade de vida e das comunidades a Educação Financeira

implica na promoção do desenvolvimento econômico, argumenta Domingos (2014a),

vez que decisões individuais quanto às finanças, estando ligadas a questões como

níveis de endividamento, de inadimplência e a capacidade de investimento dos

países, consideradas no seu todo, afetam toda a economia. Conclui-se, dessa

forma, que não há consumo pessoal, por mínimo seja, que não repercuta no todo.

Portanto, alcançando a Educação Financeira esse espectro abrangente apontado

por economistas e estudiosos do assunto, é imprescindível que também ocorra de

forma a abarcar vertentes que confluam para a melhoria da vida humana quais

sejam: meio-ambiente, consumo cidadão, economia e planejamento, conduzindo

adultos, crianças e jovens a exercerem conscientemente seus direitos e deveres

através de um comportamento financeiramente sustentável. Implementar projetos de

Educação Financeira, nas escolas, com crianças e jovens do Ensino Fundamental e

Médio, se constitui ação importante para desenvolver o sentimento de cidadania no

futuro adulto.

5.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E CIDADANIA

É comum, comenta Modernell (apud MACÊDO, 2016), as pessoas, em sua maioria,

confundirem Educação Financeira com orientação para contenção de gastos ou para

investimentos. Esse é um dos aspectos desse processo educativo que vai além da

simples poupança monetária, embora tenha reflexos sobre ela, sendo, portanto, um

tema que envolve comportamento. Não se descarta, na Educação Financeira, a

utilização de cálculos matemáticos, orçamentos e planilhas, que são importantes

para administrar os recursos disponíveis, porém não se constituem em peças únicas

para a mudança de hábitos de consumo, que devem ser estimulados de forma a

favorecer ao indivíduo o entendimento de que seus atos e decisões tem

consequências pessoais e coletivas.

Um ponto chave para o pleno entendimento do que seja Educação Financeira, é

compreender o conceito de cidadania, que só se apreende quando são

65

considerados os vários aspectos que a compõem, aspectos estes relacionados com

os direitos humanos, com a democracia e com a ética.

Cidadania implica vivermos em sociedade, na construção de relações, na mudança de mentalidade, na consciência e reivindicação dos direitos, mas também no cumprimento dos deveres. Isto não se aprende com teorias, mas na luta diária, nos exemplos e principalmente com a educação de qualidade, grande propulsora para que o indivíduo possa desenvolver suas potencialidades e conscientizar-se de seu papel social que pode e deve fazer a diferença na construção de uma sociedade mais justa, livre e solidária. (ESPÍNDOLA, 2016).

O enunciado de Espíndola (2016) conduz ao entendimento de que o cidadão é

componente de uma sociedade, da qual deve fazer parte em toda sua plenitude,

desde a célula menor – família (Figura 18) – até as que se vão ampliando

gradativamente: amigos, vizinhos, escola (Figura 19), Igreja, clubes e outras

estrutras sociais. Nesses ambientes o indivíduo adquire sua identidade e desenvolve

os meios essenciais para a sua sobrevivência.

Figura 18 – Família

Fonte: Familia (acesso em 14 abril 2019)

66

Figura 19 – Crianças em sala de aula

Fonte: Como a escola (acesso em 15 março 2019)

Entendemos que o exercício da cidadania requer um olhar mais criterioso do

indivíduo sobre seus direitos, deveres e responsabilidades diante do mundo em que

vive. Nesse sentido, para nós, a Educação Financeira abarca diversos aspectos da

vida em sociedade, tais como: a sustentabilidade e o meio ambiente, elementos

primordiais para a preservação da vida humana.

Infere-se que estimular os estudantes do Ensino Fundamental e Médio a se

apropriarem de conhecimentos e de informações sobre o impacto positivo do

consumo consciente sobre a sua vida e a vida do planeta, é contribuir para a

aquisição e sedimentação de cidadania em amplo sentido.

5.3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA, SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE

Embora distintos em suas abordagens específicas, os temas que intitulam este item

se interligam diretamente, tendo em vista a sua relevância na vida das pessoas.

Sustentabilidade e preservação ambiental são irmãs siamesas e, de acordo com

Domingos (2014b), se constituem temas intrinsecamente relacionados.

Martins; Sanches (2012) alertam:

67

Levando em consideração o sistema econômico em que vivemos e a atual conjuntura, infere-se que não existe outra medida a ser tomada que não a compreensão da sustentabilidade como algo imprescindível para manutenção da raça humana, dessa maneira, elevando o rigor da fiscalização, da punição, mas principalmente aumentando o incentivo a um comportamento sustentável, por meio de ações educacionais. (MARTINS; SANCHES 2012, grifo nosso).

Domingos (2014b) corrobora com o pensamento de Martins; Sanches (2012),

principalmente no que tange ao trecho grifado, ao enfatizar a necessidade de se

ensinar à criança e ao jovem, desde pequenos, a “poupar antes de gastar” e a

reaproveitar produtos visando a conservação do meio ambiente através de atitudes

simples e ações práticas, como as recomendadas pela política dos 5Rs (Figura 20)

que, se adotadas cotidianamente, poderão contribuir para considerável redução do

impacto ambiental. Os 5Rs são:

Figura 20 – Ações recomendadas pela política dos 5Rs

Fonte: Pena (2019)

– Reduzir o consumo desnecessário – primeiro passo para redução da geração de lixo e contra o desperdício. Avaliar os danos que o produto pode causar ao meio ambiente ou à saúde. – Reciclar materiais – A reciclagem propicia a economia de energia e de recursos naturais, contribuindo para a redução da poluição e diminuindo a necessidade da criação de novos aterros sanitários. Uma das fases da reciclagem é a coleta seletiva que facilita a transformação de resíduos em outros produtos. – Reutilizar e recuperar ao máximo antes de descartar – criar nova utilização para materiais já utilizados, consertar peças de vestuário ou doá-las, recuperar móveis e eletrodomésticos. Resíduos de plásticos, papéis, metal, madeira, retalhos de couro ou de tecido se prestam para confecção de artesanato que podem ser, inclusive, fonte de renda.

68

- Recusar – recusar produtos que degradem o meio ambiente. A indústria se mantém através do consumo. Deixando de consumir e trabalhando ações informativas para que outros não consumam determinado produto que causam danos ambientais, por degradação ou poluição, o fabricante será forçado a melhorar o processo de produção.

- Repensar o consumo – Refletir se o objeto em vista é realmente necessário ou se a aquisição é ditada apenas por impulso. Avaliar os impactos que poderão ser gerados pela excessiva geração de lixo, procurando optar por materiais reutilizáveis ou recicláveis. (PENA, s.d b).

Imprescindível mudar os padrões de consumo, adverte o Instituto de Defesa do

Consumidor – Idec, citado por De Araújo (2009), sob pena de se esgotarem os

recursos naturais e os de outra natureza levando as sociedades a não poder garantir

o direito das pessoas a uma vida sustentável e sequer garantir o direito universal de

acesso aos bens comuns. Todavia, Chaves (2004) chama atenção para o aspecto

de chancela de legalidade de discursos sobre tais questões, visto que,

Ao ser institucionalizado o discurso sobre questões socioambientais, ao receber a chancela de legalidade de se falar sobre tais questões procurou-se produzir efeitos específicos sobre as mesmas; efeitos que objetivam colocar tais questões integralmente dentro do discurso, segundo o regime de verdade que interessa a quem exerce um tipo de poder que o propague de forma que as ações desestabilizadoras desses regimes sejam enfraquecidas ou que percam seu efeito desestabilizador (...)

Não há mais uma lei de interdição ou censura; pelo contrário, a ampliação dos discursos sobre tais questões interessa agora ao consumo e discutir tais problemas deixa de ser da ordem da produção de conhecimentos que visem a intervenções para desestabilizar os quadros geradores do problema, ou bem mais que isso, que visem a intervir em busca de solução, e passa a ser da ordem econômica, pois a circulação de capital que se dá a partir da produção de livros e outros materiais que focam tais questões passa a gerar renda. Desta forma o problema em si passa a ter um papel secundário diante do papel econômico. A formulação de tais discursos balizados pela ordem econômica passa então a defender uma moral não necessariamente pacifista, mas inibidora de ações de cunho político (CHAVES, 2004, p. 202).

Entretanto, importante esclarecer aos educandos em Educação Financeira que

sustentabilidade não diz respeito apenas ao meio ambiente ou a discursos de

questões socioambientais. O discurso precisa tornar-se ação e, para tal, Chaves

(2004) propõe uma política de ações socioambientais, que denominou de Práticas

Educativas Investigativas (PEI), onde a mesma

não pode ser institucionalizada ou centralizada como os projetos educacionais de Górki e Makarenko. A PEI para desestabilizar a ordem vigente deve ser balizada pelo princípio da liberdade; liberdade de experimentar e expressar. A partir do instante em que ela passe a ser tomada segundo interesses econômicos ou quaisquer outros segundo o

69

crivo da pedagogia panóptica, ela deixa de ser desestabilizadora, e os efeitos específicos sobre ela passam a ser de controle. (CHAVES, 2004, p. 203).

Contudo, voltando à política dos 5Rs, Teixeira (2018) se reporta ao conceito dos três

pilares da sustentabilidade, criado por John Elkington na década de 1990, que

atende aos aspectos ambientais, econômicos e sociais e devem se inter-relacionar

de forma abrangente objetivando atender ao conceito de sustentabilidade que, por

sua vez, está relacionado à conservação ou “à manutenção de um cenário, longo

prazo, de modo a lidar bem com possíveis ameaças”. (TEIXEIRA, 2018).

No tocante ao aspecto socioambiental, a sustentabilidade visa a manter o planeta

sadio de forma a garantir as condições necessárias à sobrevivência de gerações e

para tanto é preciso desenvolver ações que possibilitem a regeneração de

ecossistemas, seja pela degradação provocada pelo homem ou por eventos

naturais; em relação à economia, a sustentabilidade se insere na questão do padrão

de produção e consumo com vistas ao desenvolvimento; no âmbito social a

sustentabilidade está afeta à promoção e garantia da qualidade de vida, explica

Teixeira (2018).

Importante também ressaltar que todas as ações preconizadas na política dos 5Rs,

sejam as que visam não só a preservação ambiental, mas socioambiental, como

preconiza Chaves (2004), que vem a interferir e transformar a qualidade de vida ou

desenvolvimento sustentável, envolvem o exercício de um padrão de vida que

privilegie mais a colaboração do que a competição e que, por sua vez, é também

objetivo da Educação Financeira, estabelecendo-se, dessa forma, o que se pode

denominar de ciclo virtuoso do ensino relativo à Educação Financeira.

Percebemos, ainda, que as demandas relativas ao desenvolvimento sustentável

requerem leituras que podem ser efetuadas a partir de cálculos, medidas,

quantitativos e mensurações, o que torna imprescindível assim, o ensino da

Matemática, principalmente nas classes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio,

visando à construção de um mundo mais colaborativo, menos competitivo, menos

predador, menos egoísta, menos líquido – como posto por Bauman (2008) – e

menos fugaz, portanto transitório e efêmero, pois como defendia a educadora,

70

médica e pedagoga Maria Tecla Artemisia Montessori: “As pessoas educam para a

competição e esse é o princípio de qualquer guerra. Quando educamos para

cooperarmos e sermos solidários uns com os outros, nesse dia estaremos a educar

para a paz.” (BUONOCORE, 2019). Por esse mesmo espectro, o filósofo e pensador

Pietro de Alleori Ubaldi, considera que o próximo grande salto evolutivo da

humanidade será a descoberta de que cooperar é mais produtivo do que competir.

(UBALDI, 1997).

Daí, é vital reconhecer a urgência de se inserir a Educação Financeira sem perder o

foco na sustentabilidade e nas dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e

psicológicas – como posta em Silva e Powell (2013, p. 14) e apresentada

anteriormente – que a envolvem, desde o Ensino Fundamental, com vistas à

formação de pessoas, sobretudo crianças, que mantenham contato com a realidade

de seu ambiente, mas que sejam capazes de o defender e preservar e que possam

desenvolver atitudes criativas em relação ao mesmo, deixando assim de ignorar as

consequências de seus atos em relação ao (meio)ambiente, como apresentado em

Chaves (2004, p. 84).

Por uma questão de preservação planetária, urge que trabalhemos para que esses

alunos sejam críticos, que se importem com o meio em vivem, com as pessoas, que

ajam de forma sustentável, preservacionista e colaborativa, em relação a si mesmos

e ao coletivo. Mas isso não é suficiente: não basta às escolas e aos sistemas de

ensino simplesmente inserir Educação Financeira na grade curricular apenas para

atender o estabelecido pelo Decreto Nº 7.397 de 22 de dezembro de 2010 (ANEXO

1, Brasil (2010)) que implantou a Enef. É fundamental que se estabeleçam

caminhos, diretrizes para que a perspectiva se transforme em ação, assim como a

proposta de PEI, supracitada e apresentada em Chaves (2004). Nessa altura entram

em cena, além das PEIs, as práticas pedagógicas e transversais entre as diversas

disciplinas para se estabelecer possíveis temas, conteúdos e práticas, ações e

operações apropriadas às demandas de cada grupo, etos, escola etc.

Considerando que questões econômicas envolvem formas de leitura a partir de

cálculos, por esse prisma, torna-se importante que a Matemática, e também a

71

Matemática Financeira, interaja com outras disciplinas e outras áreas do

conhecimento.

5.4 A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O ENSINO DA MATEMÁTICA

Para Domingos (2013) a Matemática é uma ciência exata “utilizada no processo de

educação da sociedade” e a Educação Financeira “é do ramo das ciências

humanas, que lidam diretamente com o comportamento e costumes, gerando o

hábito correto de como administrar o dinheiro”. Considerando que para administrar

um recurso financeiro, como o é o dinheiro, ou de outra natureza, são necessárias

habilidades de cálculos e operações numéricas, deduzimos, por esse espectro, que

o ensino da Matemática é primordial na Educação Financeira sendo relevante tratá-

la atendendo as peculiaridades de cada grupo (etos).

Vale enfatizarmos que esse não é nosso entendimento de Matemática; porém, isso

não invalida a ideia supracitada. Segundo nosso referencial,

a Matemática deve ser entendida como um discurso, um conjunto de frases, e não como conhecimento; é importante também observar que um tal entendimento de Matemática e de conhecimento matemático oferece uma base sólida para os estudos da Etnomatemática, que fica caracterizada então como um estudo do conhecimento matemático de diferentes etnias, ao mesmo tempo que membros de diferentes etnias

1 possam falar

Matemática uns com os outros apesar de estarem referindo-se a conhecimentos matemáticos eventualmente distintos. O exemplo exemplar que utilizei deve ter deixado clara a importância da possibilidade de comunicação” entre conhecimentos matemáticos distintos. (LINS, 1993, p. 87, grifos do texto).

Senna (2015) observa que Educação e métodos vêm sofrendo transformações

significativas no Brasil com vistas a modernizar a forma de produção do

conhecimento com consequente transformação na aprendizagem. Esse texto

enfatiza que as famílias, primeiros agentes no processo educativo, “percebem que a

educação é totalmente conectada com tudo o que a criança vive na escola, em casa,

com amigos” e que, portanto, escola e família devem atuar harmonicamente na

produção do conhecimento.

1 O termo “etnia” deve ser compreendido em seu sentido mais próprio, de grupo com um etos

definido, e não como grupo racialmente definido. É tão próprio pensar em um aluno como pertencendo a uma etnia como o é quando pensamos em um índio Xavante. (LINS, 1993, p. 87).

72

A globalização, a seu turno, trazendo em seu bojo aspectos culturais e

comportamentais de outros grupos (etnias), bem como nosso entendimento de

Matemática, apresentado por Lins (1993), exige dos educadores, tanto na escola

quanto na família, muita habilidade, segurança e práticas pedagógicas inovadoras e

consistentes, argumenta Senna (2015). A sociedade contemporânea valoriza a

produção do conhecimento por meio da realização de projetos e práticas que

desenvolvam, estimulem a autonomia e o gosto pelo saber e que “utilizem as novas

tecnologias e as informações e conhecimentos prévios que os alunos possuem”

continua Senna (2015). Nesse contexto a Educação Financeira pode ser inserida no

ensino da Matemática, conforme se observa no enunciado dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, 1997, p. 24):

A Matemática comporta um amplo campo de relações, regularidades e coerências que despertam a curiosidade e instigam a capacidade de generalizar, projetar, prever e abstrair, favorecendo a estruturação do pensamento e o desenvolvimento do raciocínio lógico. Faz parte da vida de todas as pessoas nas experiências mais simples como contar, comparar e operar sobre quantidades. Nos cálculos relativos a salários, pagamentos e consumo, na organização de atividades como agricultura e pesca, a Matemática se apresenta como um conhecimento de muita aplicabilidade. Essa potencialidade do conhecimento matemático deve ser explorada, da forma mais ampla possível. Para tanto é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento, na agilidade do raciocínio dedutivo, na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares” (BRASIL, 1997, p. 24).

De fato, tal como apresentamos, segundo o entendimento de Lins (1993), bem como

apresentado nos PCNs, a Matemática permeia a vida cotidiana e, além de estar

diretamente relacionada à estruturação do pensamento e à agilidade do raciocínio

dedutivo, ela se inter-relaciona com outras disciplinas curriculares e áreas do

conhecimento. Assim, cabe a nós professores, adaptarmos o ensino da Matemática

às situações do dia a dia, dentro do contexto de vida dos educandos. No entanto,

não é possível mantermos uma visão rasa e, ao mesmo tempo dicotômica a respeito

daquilo que Lins e Giménez (1997) classificam como Matemática escolar e

Matemática da rua, pois

É preciso insistir que, embora os significados matemáticos sejam relevantes como parte do repertório das pessoas comuns, o que se constata é que mesmo especialistas da matemática ou da física, por exemplo, usam em

73

seu cotidiano da rua métodos que não são os da matemática escolar. (LINS; GIMÉNEZ, 1997, p. 16).

Desse posicionamento então, assumimos que nossa visão em educar pela

Matemática, alinha-se com a proposta do Modelo dos Campos Semânticos (MCS),

desenvolvida pelo educador matemático Romulo Campos Lins, que chama atenção

para o fato de que

o problema do educador matemático não pode ser simplesmente o de fazer com que as pessoas tenham sucesso nesse mundo – a matemática escolar – que não sobrevive a dez minutos sozinho na rua, mas essa situação tem raízes profundas, e até no discurso que supostamente a discute ela se mostra dominante: quantas vezes – e com veemência! – são pronunciadas as palavras mágicas “é preciso trazer a realidade para as salas de aula”. Mas essa frase não parte exatamente do pressuposto de que a escola não é realidade? O problema com esse pressuposto ignorado é que a idéia [sic] de trazer a rua para a escola transforma-se na idéia [sic] simplista de usar as coisas da rua para ajudar a fazer com que os alunos aprendam a matemática da escola, isto é, os significados não-matemáticos são vistos como degraus na escada que “sobe” em direção aos significados matemáticos. (LINS; GIMÉNEZ, 1997, p. 18 – ipsis litteris, grifos do texto).

Por esse prisma então, evidenciamos que, à luz do MCS, uma Educação

Matemática que vislumbramos, possui como tripé:

1 explicitar, na escola, os modos de produção de significados da rua;

2 produzir legitimidade, dentro da escola, para os modos da produção de significado da rua (ato político, ato pedagógico);

3 propor novos modos de produção de significados que se juntam aos da rua, ao invés de substituí-los. (LINS, 1999, p. 92).

Dessa forma, ao pensarmos em trazer a Educação Financeira para a escola,

entendemos que a aula, também de Matemática, se pautada no tripé supracitado,

constitui-se como um ambiente rico e de grande diversidade, principalmente se

tomarmos o MCS como modelo e código, pois, segundo seu idealizador,

meu projeto, sustentado no MCS, trabalha naturalmente na direção da ampliação dos significados que são legítimos na rua, e não na substituição da rua pela escola. Diversos projetos de Etnomatemática trabalham na mesma direção (...) Do mesmo modo que proponho uma educação matemática que não seja preparação para a vida, e sim vida, proponho uma reflexão que não seja preparação para a ação, e sim ação. (LINS, 1999, p. 92-94, grifos do texto).

74

Esse conjunto de ideias coaduna com o que está proposto nos PCNs (BRASIL,

1997) relativos à área de Matemática, no Ensino Fundamental. Algumas dessas

ideias mencionamos a seguir:

— a Matemática é componente importante à formação do indivíduo;

— a Matemática precisa estar ao alcance de todos e a democratização do seu

ensino deve ser meta prioritária do trabalho docente;

— a atividade matemática escolar não é “olhar para coisas prontas e definitivas”,

mas a construção e a apropriação de um conhecimento pelo aluno, que se servirá

dele para compreender e transformar sua realidade;

— no ensino da Matemática, destacam-se dois aspectos básicos: um consiste em

relacionar observações do mundo real com representações (esquemas, tabelas,

figuras); outro consiste em relacionar essas representações com princípios e

conceitos matemáticos. Nesse processo, a comunicação tem grande importância

e deve ser estimulada, levando-se o aluno a “falar” e a “escrever” sobre

Matemática, a trabalhar com representações gráficas, desenhos, construções, a

aprender como organizar e tratar dados;

— a seleção e organização de conteúdos não deve ter como critério único a lógica

interna da Matemática. Deve-se levar em conta sua relevância social e a

contribuição para o desenvolvimento intelectual do aluno. Trata-se de um

processo permanente de construção;

— o conhecimento matemático deve ser apresentado aos alunos como

historicamente construído e em permanente evolução. O contexto histórico

possibilita ver a Matemática em sua prática filosófica, científica e social e contribui

para a compreensão do lugar que ela tem no mundo. (BRASIL, 1997, p. 19).

Importante reiterar que, ao entendermos a Matemática como um discurso (Lins,

1993, p. 87), a possibilidade de a utilizarmos como uma ferramenta de leitura do

mundo (CHAVES, 2004) amplia-se espectralmente, ampliando assim a inter-relação

75

da Matemática com as diversas disciplinas ou áreas do conhecimento, a exemplo de

Ciências, Artes, História, Geografia dentre outras, ressaltando também a sua

inserção no fazer cotidiano e a sua essencialidade na Educação Financeira, da qual

se torna aliada à formação dos indivíduos, na perspectiva apresentada em Chaves

(2004)2, para que se tornem conscientes de suas responsabilidades quanto às suas

vidas, às famílias, às comunidades e aos grupos em que atuam, e à nação a que

pertencem.

5.5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E TRANSVERSALIDADE

Educação Financeira não é modismo, é necessidade, afirma Modernell (2010)

enfatizando que instituições de ensino e educadores têm se mostrado cada vez mais

empenhados na abordagem de temas que compõem o universo do que denomina

de cidadania e destacando alguns desses temas, entre os quais: consumo

consciente; responsabilidade socioambiental; educação alimentar; educação sexual;

empreendedorismo; respeito à diversidade e ao meio ambiente.

O texto argumenta que esse é um movimento mundial reportando-se à reunião de

mais de 40 países no Rio de Janeiro, em 2009, “para trocar experiências e

apresentar programas e projetos dos mais diversos formatos” no tocante ao assunto,

esclarecendo que, na oportunidade, o Brasil apresentou o projeto da Enef, que

envolve diversos segmentos da sociedade, entendendo que fazer contas, calcular

juros e projetar resultados é apenas um dos aspectos da Educação Financeira que

deve abordar com veemência as questões comportamentais quanto ao consumo

consciente.

A opção do Ministério da Educação e Cultura – MEC – através do Enef, pelo seu

ensino transversal na Escola Pública, se volta à possibilidade de adoção imediata e

gradual dessa modalidade com baixo investimento, abordagens constantes,

diversificadas e complementares e capacitação desconcentrada (diversos atores).

2 Ao vislumbrar que, um aluno em contato com a realidade de seu ambiente, além de, poder ser

incentivado à aprendizagem, também passa a desenvolver atitudes criativas em relação ao mundo à sua volta, cabendo ao professor o papel de incentivador de uma educação que passe a incorporar uma análise socioambiental, opondo-se assim àquela educação onde o aluno é levado a ignorar as consequências de seus atos. (CHAVES, 2004, p. 84).

76

Dessa forma, a carga horária não precisa ser ampliada e as disciplinas ganham o

dinheiro como motivador adicional da aprendizagem. (MODERNELL, 2010).

O autor elenca alguns exemplos de ensino transversal de Educação Financeira no

Ensino Fundamental:

Programas de estimulo à leitura – livros sugeridos: A cigarra e a formiga3, A

galinha dos ovos de ouro, O pé de meia mágico, Quero ser rico, Zequinha e a

porquinha Poupança, Versinhos de prosperidade, A galinha ruiva e outros. Esses

temas permitem trabalhar o estímulo à poupança, consumo responsável, ganância,

planejamento e investimentos; são naturalmente abordados. Pais e professores

podem aproveitar essas oportunidades.

Língua Portuguesa – nos ditados, aulas de conjugação verbal, de ortografia,

vocabulário e regras gramaticais, por exemplo, sem mudar nada na rotina escolar,

podem ser utilizados os verbos poupar, economizar, investir, e semear, além das

palavras prosperidade, solidariedade e planejamento, entre outras.

Aulas de arte e trabalhos manuais4 – Além dos trabalhos usuais, as crianças

podem fazer, pintar, ou decorar, cofrinhos, bauzinhos e pés de meia e serem

estimuladas a cultivar o hábito de juntar moedinhas.

História – Cada momento histórico possui relação direta com o momento

econômico da humanidade. Temas como a história do dinheiro, escambo, novas

tecnologias e evolução dos meios de pagamento podem ser exploradas pelos

professores.

Geografia – A produção e as riquezas de cada região são assuntos que

podem chamar a atenção dos alunos. Conhecer o dinheiro de cada país, conceitos

de troca e câmbio, preços e outros fatores de produção ajudam as crianças a

3 N.A – Na adaptação de Monteiro Lobato da fábula A cigarra e a formiga - in “Fábulas”. São Paulo:

Brasiliense, 1995 – é possível trabalhar os aspectos de solidariedade e compartilhamento. 4 N.A – Oportunidade de abordar os temas reutilização, reciclagem e reaproveitamento, ligados à

questão ambiental, destacando a sua importância econômica.

77

perceber a dinâmica da economia. Petróleo, ouro, prata, recursos minerais,

produção agrícola e industrial geralmente fascinam os pequenos5.

Matemática – A criança pode exercitar cálculos e operações aritméticas a partir da

utilização de dinheiro fictício. Calculando o troco, somando valores das “compras”,

montando o orçamento pessoal. O ensino da Matemática pode ficar mais lúdico.

Elas se interessam mais. E aprendem mais sobre as duas coisas, assevera

Modernell (2010).

A Matemática, por esse prisma, permeia as demais disciplinas na Educação

Financeira, principalmente se for pensada como um discurso (LINS, 1993) ou

ferramenta de leitura do mundo (CHAVES, 2004), como já exposto. Modernell (2010)

comenta que, com a transversalidade do ensino, haverá troca de experiências e

cada professor poderá explorar, com o suporte da própria disciplina, os aspectos

com os quais se sente mais seguro. Finaliza afirmando que a Educação financeira

transversal aproveita a sinergia de todos.

Zélia Freitas, no texto AEF-Brasil (acesso em 13 abril 2019) técnica pedagógica da

Secretaria de Educação de Pernambuco informa que, naquele estado, em março de

2015, foi organizado um encontro durante dois dias, com professores de 17

(dezessete) regionais de ensino, envolvendo 89 (oitenta e nove) escolas, para

debater os conteúdos do Programa Educação Financeira nas Escolas de Ensino

Médio, com base na Enef. Retornando aos seus postos esses educadores levaram a

tarefa de envolver os gestores escolares e engajar novos educadores na proposta.

O resultado se traduz em cerca de 210 (duzentos e dez) professores no projeto das

disciplinas de Língua Portuguesa, História, Ciências Sociais, Matemática, Biologia,

Educação Física e Geografia, comenta Zélia Freitas. (AEF-Brasil – Associação de

Educação Financeira do Brasil, acesso em 13 abril 2019).

Alguns educadores partícipes do projeto narram suas experiências aplicando os

conteúdos com seus alunos do ensino médio, após o encontro:

5 N.A – Levar o grupo, com a autorização expressa dos pais, a visitar alguma unidade industrial. Uma

fábrica de iogurte, por exemplo. Na Grande Vitória, a fábrica de chocolates em Vila Velha.

78

Aline Alves de Lucena Pereira, professora de Geografia, Sociologia e

Empreendedorismo, da Escola de Referência em Ensino Médio São José, em Frei

Miguelinho, Pernambuco, se diz convencida, pela própria experiência, da

possibilidade de se trabalhar a Educação financeira dialogando com todas as áreas

do conhecimento. Em seu depoimento ela explica:

Professora Aline Alves de Lucena – Eu procuro aplicar o tema na perspectiva de incentivar os estudantes a desenvolverem a prática do consumo consciente, através de comportamentos financeiros autônomos e saudáveis. Realizei uma pesquisa com eles para que identificassem seu perfil gastador, poupador ou investidor e repensassem seus projetos e planos para o futuro, estimulando a mudança de atitudes para que estejam preparados a enfrentar e superar crises financeiras. (AEF-BRASIL, acesso em 13 abril 2019).

Outro depoimento importante foi o de uma aluna do 3º ano, jovem de 18 anos, do

Colégio Pré-Universitário que, segundo explica, achou meio estranho a professora

falar de Educação Financeira na aula de Língua Portuguesa. Mas depois, confessa,

percebeu que tinha tudo a ver.

Aluna – Fazemos muitas anotações, redigimos nossas experiências, elaboramos redações que contam nossas escolhas conscientes. Eu já gostava de escrever. Pra mim, reforçou ainda mais esse meu gostar e me ajudou a melhorar a escrita”, comenta a jovem aluna. (APUD AEF-BRASIL, acesso em 13 abril 2019).

Já o Professor Marcelo José de Souza, do Colégio Pré-Universitário, afirma:

Professor Marcelo José de Souza – A matemática acaba favorecendo as aulas de educação financeira. Quase tudo é possível relacionar aos temas, usando cálculos, porcentagens etc. (APUD AEF-BRASIL, acesso em 13 abril 2019).

Esse professor explica que pede aos alunos que levem as contas de luz e de água

e, de posse delas, fazem uma análise e discutem o que fazer para reduzi-las e quais

procedimentos podem ser adotados para economizar, comparando os meses, a

questão da sustentabilidade, sem perder de vista a qualidade de vida.

De acordo com matéria veiculada na Revista Exame:

A partir de dezembro de 2019, todas as escolas brasileiras devem estar completamente adaptados (sic) às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Uma dessas diretrizes diz respeito à resolução de problemas dentro do contexto da Educação Financeira. Segundo a BNCC, no ensino agora “podem ser discutidos assuntos como taxas de juros,

79

inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento) e impostos”. Além disso, a Base também diz que essa abordagem “favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”. (DINO, 2019).

Dedicação, compreensão, tolerância e compromisso, são qualidades de suma

importância para quem se propõe à tarefa de ensinar, mas um bom projeto

pedagógico que estabeleça parâmetros claros e direção segura é ferramenta

imprescindível aos educadores.

80

6 PEDAGOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS CLASSES DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Em 2010, com a criação da Enef e do Comitê Nacional de Educação Financeira –

Conef, através do Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, em parceria com a

Secretaria de Educação Básica do MEC, começou a ser executado o projeto de

Educação Financeira nas escolas, precedido pelo projeto piloto que envolveu cerca

de 900 (novecentas) escolas públicas de seis estados, a saber: Tocantins, Rio de

Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Ceará e Distrito Federal e, aproximadamente,

1000 (mil) estudantes e 1,8 mil (mil e oitocentos) professores, de acordo com a AEF-

Associação de Educação Financeira do Brasil (acesso em 13 abril 2019).

Formado por dois projetos voltados, respectivamente, ao Ensino Fundamental e ao

Ensino Médio, o Programa de Educação Financeira nas Escolas possui um projeto

pedagógico e um conjunto de livros por níveis de ensino com sugestão de atividades

educativas ao professor e ao aluno, que permitem a inserção do tema na vida

escolar. Às escolas compete planejar as atividades, com a colaboração das

secretarias estaduais e municipais e, principalmente, sob a orientação do MEC,

podendo utilizar parcerias com agentes públicos e privados com vistas a um efeito

multiplicador para suas ações que podem incluir portais de Internet, palestras,

publicações, seminários, reuniões regionais, competições, centros de atendimento

telefônico, campanhas de publicidade, cursos, programas de TV, feiras e espaços

culturais, entre outros meios. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, s.d).

Conteúdo e modelo pedagógico são baseados no documento “Orientação para

Educação Financeira nas Escolas” e foram elaborados com a participação do MEC,

da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação – Undime – e do

Conselho Nacional de Secretários de Educação – Consed, além de outras

instituições educacionais e financeiras, sob a coordenação da Comissão de Valores

Mobiliários – CVM. O documento propõe, também, a forma de alinhar a Educação

Financeira ao currículo da Educação Básica com fulcro na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional, de forma a municiar os alunos de informações e orientações

que os levem à “construção de um pensamento financeiro consistente e ao

desenvolvimento de comportamentos autônomos e saudáveis”. Ambos, modelo

81

pedagógico e conteúdos financeiros, são trabalhados com vistas a colocar os alunos

na posição de protagonistas de suas histórias de vida. De posse desse

conhecimento, que o acompanhará pela vida, o indivíduo terá condições de planejar

e agir com vistas ao futuro desejado, conectado com o grupo familiar e social a que

pertence. (AEF-BRASIL, acesso em 13 abril 2019).

Dentre os objetivos estabelecidos pelo Programa de Educação Financeira nas

Escolas – Ensino Médio, de acordo com Silva e Selva (2018), destacam-se:

construir um pensamento financeiro sólido;

desenvolver comportamentos autônomos e saudáveis, permitindo que eles

sejam os protagonistas de sua própria história, com total capacidade de decidir e

planejar para o que eles querem para si mesmos, suas famílias e os grupos sociais

aos quais pertencem

Silva e Selva (2018) informa que no Programa de Educação Financeira nas escolas

do Ensino Médio, “a Educação Financeira é tratada de forma transversal através de

situações didáticas, propostas em três livros – ilustrados na Figura 21 –

especialmente planejados para o trabalho em escolas de Ensino Médio” e que o

MEC distribui esse material juntamente com cadernos de exercícios para os alunos

e livros preparados para os professores, para escolas da Rede Pública.

Figura 21 – Livros 1, 2 e 3 de Educação Financeira para alunos do Ensino Médio

Fonte: Brasil (acesso em 07 maio 2019)

82

A AEF-Brasil (acesso em 13 abril 2019) explica que nos livros estão dispostos as 72

(setenta e duas) situações didáticas, com textos, histórias, imagens e tabelas ligadas

ao tema, abordando os seguintes conteúdos:

Livro 1 - Economia financeira em casa e na vida social, dividido em três grandes

seções: Vida Familiar Cotidiana, Vida Social e Bens Pessoais. Orçamento, receita e

imprevistos fazem parte da abordagem, partindo da análise de gastos fixos versus

renda disponível. Organização, planejamento financeiro, limites, prioridades e

consumo consciente são trabalhados nesse projeto.

Livro 2 – Trabalho e empreendedorismo, com informações sobre o mercado de

trabalho e outros projetos têm espaço nessa abordagem. Renda, salários, direitos,

deveres, como empreender, pensar o futuro planejadamente, poupar e investir com

mais consciência, evitar desperdício de dinheiro e de oportunidades, são temas

trabalhados nesse projeto.

Livro 3 – Bens Públicos, Economia do País e Economia do Mundo são seções que

compõem esse livro, levando os alunos a perceber a influência das situações

econômicas de um país sobre os outros em vista da globalização. Informações e

análises que municiam os jovens conhecimentos para acompanhar e entender as

políticas e os investimentos do governo.

Ao final de cada uma o aluno pode experimentar com apoio do professor, a

realização de ações ligadas ao tema abordado. Estas situações didáticas estão

divididas em três blocos, conforme descritos no quadro 3:

83

Quadro 3 – Situações didática abordadas na educação financeira para o ensino médio

Bloco 1 Bloco 2 Bloco 3

Situações da Vida Pessoal e Familiar no curto prazo:

Vida Familiar Cotidiana

Vida Social

Bens Pessoais

Situações da Vida Pessoal e Familiar no médio e longo prazo:

Trabalho

Empreendedorismo Grandes Projetos

Situações do País e do Mundo em Articulação com a sua vida Pessoal e Familiar, no curto, médio e longo prazos: Bens Públicos

Economia do país

Economia do Mundo

Fonte: AEF-Brasil (acesso em 13 abril 2019)

O conteúdo e as situações didáticas que compõem os livros estão alinhados às diversas áreas do conhecimento e da vida escolar dos jovens do Ensino Médio, o que permite que professores trabalhem conteúdos financeiros do cotidiano destes jovens associados ao seu momento de vida, como o trabalho, empreendedorismo, conquistas, desejos, proteção, investimento, família e universidade (AEF-BRASIL, acesso em 13 abril 2019).

Essa tecnologia, comenta a AEF-Brasil (acesso em 13 abril 2019), tem como

diferenciais:

A responsabilidade socioambiental como um fator relevante e ligado ao

comportamento do cidadão;

O aluno como multiplicador do conhecimento dentro dos meios em que vive, em

especial, sua família;

A tomada de decisão autônoma, por considerar que há vários caminhos para lidar

com as questões financeiras.

Esses diferenciais concorrem para a formação cidadã dos alunos, levando-os a

compreenderem os aspectos econômicos através dos conteúdos da Matemática.

Além dos livros do aluno estão disponibilizados outros materiais no portal da Enef,

no endereço eletrônico <http://www.vidaedinheiro.gov.br/livros-ensino-medio/>, entre

os quais:

84

– O jogo virtual “Tá O$$O”, ilustrado na Figura 22.

Figura 22 - Jogo didático “Tá O$$O” – para Ensino Médio

Fonte: BRASIL (acesso em 05 maio 2019)

– Os livros do professor – em 3 volumes abordando 3 temas diferentes e propondo 7

situações didáticas distintas relacionadas ao respectivo tema.

Além de estudos, artigos, teses e dissertações sobre o tema Educação Financeira.

Quanto ao Ensino Fundamental, a introdução de Educação Financeira nas séries

desse nível também foi proposta, sendo necessário desenvolver atividades e aplicar

metodologias de ensino conectando instrução, trabalho e práticas sociais em

conformidade com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.

O projeto pedagógico concebido conforme preconizado no documento Orientações

para Educação Financeira nas Escolas, da Enef está estruturado de forma a atingir,

no âmbito geral, três pontos essenciais:

i. Criação de pensamento em Educação Financeira desde os primeiros anos do

Ensino Fundamental;

85

ii. construção de conexões entre áreas de conhecimento (e não entre conteúdo

formal);

iii. melhoria do desempenho dos alunos em Português e Matemática.

A proposta, validada por representantes do setor educacional e financeiro, conforme

exposto no terceiro parágrafo deste Capítulo, resultou em nove livros (Figuras 23, 24

e 25) com o seguinte desenho metodológico: trabalhar projetos temáticos do

primeiro ao quarto ano; utilizar histórias estruturadas com atividades práticas em

contextos cotidianos, para o quinto e o sexto anos; e encorajar a capacidade

autônoma dos estudantes através de atividades lúdicas que envolvam cooperação e

negociação, nos três últimos anos do Ensino Fundamental.

Para os últimos anos, a capacidade autônoma dos estudantes é encorajada com

atividades lúdicas envolvendo negociação e cooperação. Assim integram-se os

conteúdos formais (financeiros) aos conteúdos sociais – trabalhando situações reais,

cotidianas, das respectivas faixas etárias, envolvendo organização pessoal,

financeira e decisões de consumo e poupança. Material didático disponibilizado

gratuitamente no site <www.edufinanceirana escola. gov.br>. (AEF-Brasil, acesso

em 13 abril 2019).

Figura 23 - Livros 1, 2 e 3 de Educação Financeira para o Ensino Fundamental

Fonte: Brasil (acesso em 03 maio 2019)

Livro 1 – trabalha o projeto que tem por foco lançar as primeiras bases de um dos

pensamentos fundamentais para a Educação Financeira, que é compreender os

processos de produção para poder refletir a respeito dos custos financeiros e

86

ambientais que acarretam. No primeiro contato com essa questão, as crianças

conhecerão o ciclo de produção de um alimento natural: a batata. Noções de

desperdício, consumo e lixo seletivo, ligadas a informações de outras disciplinas –

Artes, História, Cultura e Ciências.

Livro 2 – foca no entendimento do processo produtivo de industrialização do leite,

que se inicia com a coleta da matéria-prima – o leite in natura – e termina com o

descarte da embalagem em que ele chegou à casa de cada aluno. Esse projeto

trabalha noções de consumo/consumidor, produtor, distribuidor, preço, lucro, perda,

fonte de renda e investimento, utilizando informações e conhecimentos de Artes,

Geografia, História e Ciências (diferentes animais produtores de leite; alimentos que

utilizam leite em sua composição; materiais que transportam produtos

industrializados – vidro, papel e plástico – e a coleta seletiva de lixo). Sugestão de

leitura e posterior dramatização da fábula “A leiteira e o balde”, cuja moral é: “não se

deve contar hoje com o lucro de amanhã”, que propiciará o uso e a aplicação de

importantes conteúdos da Educação Financeira: receita, despesa, investimento,

planejamento, poupança e lucro, numa perspectiva vivencial de nível bastante

elementar.

Livro 3 – o foco deste projeto é compreender os processos de produção de um artigo

industrializado para poder refletir a respeito dos custos financeiros e ambientais que

acarretam. Estudando o ciclo de produção de um brinquedo, por exemplo, as

crianças entrarão em contato com a noção de precificação, através de história em

quadrinhos que lhes será apresentada. Serão trabalhadas noções de consumo,

matéria-prima versus produto industrializado, distribuidor, consumidor e coleta

seletiva de lixo. Analisar as melhores formas de pagar, à vista ou a prazo, contribuirá

para a formação de hábitos e atitudes financeiras positivas, além de mostrar que o

estímulo da propaganda induz a compras baseadas no desejo e não na

necessidade.

87

Figura 24 - Livros 4, 5 e 6 de educação financeira para o ensino fundamental

Fonte: Brasil (acesso em 03 maio 2019)

Livro 4 – o objetivo geral deste projeto é explicitar o processo de produção da cédula

(papel-moeda) que se inicia na natureza e termina com diferentes possibilidades de

reciclagem. Inicialmente serão apresentadas às crianças as cédulas e moedas que

compõem o Real. O valor monetário e o valor subjetivo do dinheiro serão

explicitados. Estudar a história do dinheiro, mostrando as mudanças através do

tempo, com textos informativos. A criação de um avatar vai ser o disparador e trará

a oportunidade para a experimentação de situações de natureza financeira, como:

decisões de consumo, de poupar, receitas, despesas planejadas e não planejadas,

permitindo a criação de hábitos saudáveis para a construção de uma vida financeira

responsável e um comportamento consciente.

Livro 5 – este projeto é composto por três histórias que apresentam conceitos

financeiros e propõem tarefas para que os alunos vejam sua aplicabilidade na vida

cotidiana. No final das três histórias uma última tarefa é proposta como fechamento

do livro. O principal tema é o Meio ambiente com foco no consumo sustentável. O

conceito dos 5 Rs - Repensar, Recusar, Reduzir, Reutilizar, Reciclar – é trabalhado

através de histórias sob narrativa como aventura-solo ou livro-jogo, onde o leitor,

diante de duas ou três opções, decide qual será o curso de ação da protagonista.

Livro 6 – as três histórias que compõem este projeto versam sobre Ciência e

Tecnologia enfocando presente, passado e futuro, apresentando conceitos

financeiros e propondo tarefas de forma a que os alunos compreendam sua

aplicabilidade na vida cotidiana. A primeira história aborda a invenção do avião; a

segunda propõe a invenção de um carro elétrico que se mostrasse tão eficiente

88

quanto um movido à gasolina, e a terceira propõe uma missão futura,

acompanhando as aventuras dos tripulantes de uma nave espacial que pesquisará o

planeta Júpiter.

Figura 25 - Livros 7, 8 e 9 de Educação Financeira para o Ensino Fundamental

Fonte: Brasil (acesso em 03 maio 2019)

Livro 7 - propõe uma dinâmica, como estratégia para trabalhar os conceitos de

Educação Financeira, ao longo de seis encontros. Entre os encontros estão

previstas tarefas que têm como objetivo mostrar a aplicabilidade dos conhecimentos

de Educação Financeira no dia a dia dos alunos. O tema é esporte e a história sobre

uma escola que decidiu realizar sua primeira olimpíada escolar. Para atingir esse

objetivo ela vai contar com a ajuda de algumas organizações. Os alunos são

divididos em grupos. Cada grupo trabalha com uma organização. A interação entre

as organizações acontece a partir de regras. Ganhos ou perdas e regras, permitem

vivenciar conceitos financeiros.

Livro 8 – propõe uma dinâmica que será aplicada ao longo de seis encontros. A

dinâmica é apresentada por meio de uma história, cujo tema é o turismo e acontece

na época da alta temporada do turismo, que mobiliza diferentes grupos, chamados

agentes, por serem os responsáveis pelas ações que movimentam a dinâmica. Os

alunos são divididos em grupos. Cada grupo controla as ações de um determinado

agente. A interação entre os agentes acontece a partir de regras.

Livro 9 - utiliza o formato de um website, por isso é chamado de “impressite”. Ele foi

organizado de forma modular, ou seja, não linear, que permite flexibilidade de

navegação pelas seções que o compõem. Nessas seções são consolidados temas

89

já trabalhados nos anos anteriores do Ensino Fundamental, como: consumo,

poupança, orçamento, planejamento, espaço público e privado, tributos, juros

compostos.

Outros materiais, a exemplo de vídeos com entrevistas, palestras, participações em

eventos, artigos, monografias, dissertações e teses sobre o tema Educação

Financeira estão disponibilizados no sítio virtual <http://www.vidaedinheiro.gov.br/

videos/>, da Enef.

O material didático-pedagógico elaborado e disponibilizado pela Enef traz descrições

de algumas atividades que podem ser desenvolvidas com os alunos dos níveis

fundamental e médio. Além dessas, outras atividades podem ser utilizadas, com

criatividade e bom senso, considerando sempre o nível escolar e a realidade em que

se inserem os alunos.

6.1 PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS SUGERIDAS

É característica da fase infantil e infanto-juvenil, em que se encontram os alunos do

Ensino Fundamental e os do Ensino Médio, o gosto por jogos e por atividades

movimentadas. Assim, para obter os resultados projetados com turmas dessas

faixas etárias, o professor deve levar em conta essa peculiaridade ao elaborar suas

aulas de forma a torná-las interessantes estimulando-os a pensar, cogitar, discutir,

conversar e questionar. Essa observação é válida para todas as disciplinas e,

principalmente, para o ensino da Matemática que é - em virtude de um conceito pré-

construído - considerada matéria de difícil apreensão.

Para desenvolver um projeto eficiente e preparar material didático adequado é

necessário avaliar a carga de conhecimento que os alunos trazem sobre finanças,

economia, poupança, dinheiro, meio ambiente e quais conceitos tem sobre os

assuntos abordados nos 5Rs: reciclar, reutilizar, recusar, repensar e reduzir. A

sondagem pode ser realizada através de conversas com a classe ou da aplicação de

questionário preparado de acordo com o nível escolar a que se destina. A partir das

informações coletadas na conversa ou da análise dos dados obtidos das respostas

90

registradas no questionário aplicado, o professor delineará as atividades didático-

pedagógicas a serem aplicadas e o material a ser utilizado. Algumas possibilidades:

Livros

– Dr. Dinheiro e a Saúde Financeira: Educação Financeira para crianças. Para

colorir. Autor: Fábio Fernandes. Disponível em: <https://www.amazon.com.br/Dr-

Dinheiro-Sa%C3%BAde-Financeira-Financeira-ebook/dp/B013PU27N4>;

– Sofia na terra da economia. Autora: Ruth M. Hofmann. O texto brinca com rimas

para falar sobre oferta e demanda, que são representados como itens de

supermercado, utilizando exemplos do cotidiano para explicar os motivos que

levam o preço dos produtos a aumentar e a diminuir. Disponível em:

<https://www.topleituras.com/livros/sofia-terra-economia-9d8a>;

– O dia em que Kleto achou dinheiro – Autor: Rubens Balestro. Narra a história de

Kleto quando achou dinheiro e fez muitas compras, tomou sorvete e até foi ao

cinema. Disponível em: <http://rubensbalestro.blogspot.com/2006/09/o-dia-em-que-

o-kleto-achou-dinheiro.html>.

Vídeos

– Mesadinha e sua turma – vídeo motivador para trabalhar o tema: poupança.

Disponível em: <http://www.mesadinhaesuaturma.com.br/>;

– Sabendo usar não vai faltar – Turma Cocoricó – aborda o uso racional da água,

da energia elétrica e cuidados com o meio ambiente. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=klA5alOjryg>;

Filmes

Para ilustrar, discutir e debater consumismo:

91

– “Amor por contrato” (The Joneses), de Derrick Borte - conta a história de uma

família criada para impressionar e vender um estilo de vida;

– “Criança, a alma do negócio” – documentário dirigido por Estela Renner -

interessante para discutir a questão do consumismo, com atenção especial aos

efeitos deste na infância e adolescência.

Outras práticas interessantes

– Programar visita em grupo a shopping e supermercados para trabalhar algumas

ideias e noções que fazem parte do cotidiano: lista de compras, comparar preços,

conferir troco;

– agendar palestras, debates e roda de conversas com os alunos e suas famílias

sobre Educação Financeira e incentivá-los a pesquisar assuntos que versem sobre

o tema, em jornais e revistas;

– aprender a organizar as finanças, gastando menos do que se ganha, investindo a

diferença e construindo um projeto de longo prazo para atingir determinada

poupança. É importante começar cedo (SECCO, 2014);

– trabalhar a história do comércio, começando pelo escambo, organizando uma feira

fictícia, com figuras de vários produtos dispostos em barraquinhas, em que os

próprios alunos serão os feirantes. Este pode ser o início de introduzir a história do

dinheiro.

Plataformas

– A Dragonlearn é uma plataforma interativa de matemática para Ensino

Fundamental I e II, dispondo de 10 mil exercícios alinhados à BNCC e Inteligência

Artificial. Essa plataforma guia o aluno através de exercícios apresentados em

games trabalhando situações cotidianas. Exemplo de jogo: Fazer compras no

mercado online. Enunciado: Hoje é dia de fazer compras no mercado, pois a

92

dispensa em sua casa está vazia e suas primas vão passar o final de semana em

sua casa. Vá até o mercado e faça compras. Você deverá fazer as contas

matemáticas para não faltar nenhum ingrediente, mas não poderá levar além do

necessário, pois o dinheiro está contadinho. Faça as contas antes de pegar as

coisas nas prateleiras.

Listas de compras, planilhas de orçamento, simulação de empréstimos bancários,

apresentação de casos de compra e venda de produtos trabalhando conceitos,

planejamento de consumo, planilhas de gastos, resolução de problemas envolvendo

cálculos de percentuais, orçamento familiar, aposentadoria, investimentos e

poupança, são alguns dentre os muitos assuntos atinentes à Educação Financeira,

em que entra o ensino da matemática, que podem – e devem – ser abordados,

planejadamente, em sala de aula, visando o desenvolvimento de um pensamento

autônomo, que possibilite ao indivíduo fazer uma leitura crítica da situação vivida,

além de permitir que o mesmo tenha consciência das consequências de suas ações

e das decisões que tomar. Esse deve ser o alcance da Educação Financeira.

93

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A intenção ao optar pelo recorte da Educação Financeira no Ensino Fundamental e

Médio com vistas ao consumo consciente e à cooperação foi a de buscar informação

sobre o assunto de forma a embasar ações que fortaleçam a inserção desta

temática nas classes desses níveis escolares.

Por que consumo consciente e por que Educação Financeira? Foram indagações

que esvoaçaram ao redor do pensamento antes de dar início à pesquisa

propriamente dita. A resposta para a primeira pergunta se fez presente ao se buscar

o entendimento do que significa ser um indivíduo centrado em suas

responsabilidades para consigo, para com o meio e para com o etos, não

considerando apenas o título inerente a todos que fazem parte de uma sociedade.

Além do direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei e dos

direitos civis e políticos que lhe conferem a possibilidade de participar das decisões

políticas da sociedade, votando e sendo votado, é preciso que o indivíduo

desenvolva consciência de seus direitos, mas também deveres, produzindo

conhecimento social, mas também ambiental, assumindo a consequência dos seus

atos.

Em referência à Educação Financeira, a resposta está no próprio funcionamento da

sociedade contemporânea, industrializada, globalizada, mas também poluidora,

degradadora, líquida, consumista e que não assume suas responsabilidades, em

que produção, consum(ism)o, investimento e patrimônio, são molas mestras da

economia, muitas vezes em detrimento de outros valores não mensuráveis ou

quantificáveis, como ética e solidariedade. A falta de conhecimentos sobre finanças,

funcionamento de mercado, capacidade de endividamento, investimento, poupança,

economia e outros aspectos que versam sobre o uso do dinheiro e dos recursos

disponíveis, tem levado muitos adultos ao enfrentamento de dificuldades, por não

saberem gerir seus recursos e causando desequilíbrio em suas finanças.

A situação apresentada no parágrafo anterior aponta para a necessidade de se

inserir o mais cedo possível a Educação Financeira no ambiente escolar. Crianças e

adolescentes do Ensino Fundamental, tanto quanto os jovens do Ensino Médio, são

94

terras, ou mais precisamente, mentes férteis para receber as sementes do

conhecimento que os municiará para gerirem os recursos naturais – que mal

utilizados representam prejuízos financeiros e ao meio ambiente – e os seus

próprios recursos e da família.

A sociedade, após a Revolução Industrial, foi tomada quase que totalmente pelas

ideias liberais e neoliberais em que o “sucesso” pessoal é medido pelo que se

possui, pelo poder aquisitivo e pelo que se exibe em termos de bens materiais. As

empresas, buscando ampliar sua visibilidade no mercado para maximizar lucros e

dividendos, investem em propagandas cada vez mais sofisticadas e atraentes,

principalmente aquelas voltadas para o público infantil e infanto-juvenil, nicho de

mercado bastante vulnerável aos persuasivos recursos audiovisuais utilizados nas

peças publicitárias veiculadas nos diversos meios de comunicação.

O bombardeio midiático é pesado e sem tréguas e muitas campanhas de

publicidade são denunciadas pelo teor abusivo e inadequado do seu conteúdo.

Ocorrendo a denúncia a empresa é notificada para que faça alterações ou retire a

propaganda do ar. Entretanto, até as alterações serem providenciadas ou a

propaganda retirada, o material veiculado já terá alcançado o objetivo com que foi

produzido: convencer o público a adquirir o produto anunciado. E muitas dessas

propagandas são dirigidas ao público jovem e infantil.

Dessa forma entendemos que se torna essencial a introdução da Educação

Financeira desde as séries iniciais do Ensino Fundamental e sua sequência nas

séries posteriores incluindo o Ensino Médio, com planejamento adequado a cada

etapa, buscando desenvolver nas crianças e nos jovens a consciência do consumo

responsável, da utilização ética dos recursos naturais, da necessidade de proteção

ao meio ambiente e do uso adequado e seguro do dinheiro, de forma a formar

pessoas integradas e atuantes na sociedade capazes de exercitar a cidadania plena.

Isso implica em capacitá-los a perceber o mundo de forma coletiva, sem perder a

sua visão pessoal, levando-o a agir no sentido de participar da transformação social

com respeito, exercendo seus direitos e cumprindo seus deveres. O exercício desse

conjunto de direitos e de deveres que assegura ao indivíduo o pertencimento pleno à

95

vida em sociedade, significa respeito e responsabilidade para consigo, com o

próximo e com o meio ambiente.

7.1 SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS

A elaboração desta pesquisa permitiu perceber que o Projeto da Enef criado através

do Decreto Governamental Nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, foi aplicado,

experimentalmente, em alguns estados da União e teve o material disponibilizado,

virtualmente, para todo o território nacional. No entanto, o estado do Espírito Santo

não foi inserido entre os contemplados para participação no Projeto Piloto.

Ao ser iniciado o trabalho, foram feitos contatos informais com alguns alunos de

escolas particulares e de escolas públicas, do Ensino Fundamental, de Vitória, aos

quais foi perguntado se recebiam, ou haviam recebido em séries anteriores, aulas de

Educação Financeira, através de outras disciplinas ou como disciplina específica.

Apenas um, entre os cerca de 20 alunos, respondeu afirmativamente, mas

explicando que havia tido na 5a série apenas umas duas ou três vezes, talvez na

aula de Matemática (não tinha certeza). Embora o número de estudantes

pesquisados não seja representativo do universo escolar deste município, é

importante atentar para o fato que pode indicar, sim, uma lacuna passível de ser

mais bem investigada.

Diante do exposto é pertinente propor a elaboração de uma pesquisa acadêmica

que tenha por objeto uma escola de Ensino Fundamental do Município de Vitória na

qual se aplicará o Projeto da Enef, gerando dados quantitativos e qualitativos quanto

aos resultados.

96

REFERÊNCIAS

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ANEXO A – Decreto 7.397, de 22 de dezembro de 2010

Presidência da República

Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DECRETO Nº 7.397, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2010.

Institui a Estratégia Nacional de Educação Financeira - Enef, dispõe sobre a sua gestão e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição,

DECRETA:

Art. 1o Fica instituída a Estratégia Nacional de Educação Financeira - Enef com a finalidade de promover a educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a eficiência e solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores.

Art. 2o A Enef será implementada em conformidade com as seguintes diretrizes:

I - atuação permanente e em âmbito nacional;

II - gratuidade das ações de educação financeira;

III - prevalência do interesse público;

IV - atuação por meio de informação, formação e orientação;

V - centralização da gestão e descentralização da execução das atividades;

VI - formação de parcerias com órgãos e entidades públicas e instituições privadas; e

VII - avaliação e revisão periódicas e permanentes.

Art. 3o Com o objetivo de definir planos, programas, ações e coordenar a execução da Enef, é instituído, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Comitê Nacional de Educação Financeira - CONEF, cuja composição compreenderá:

I - um Diretor do Banco Central do Brasil;

II - o Presidente da Comissão de Valores Mobiliários;

106

III - o Diretor-Superintendente da Superintendência Nacional de Previdência Complementar;

IV - o Superintendente da Superintendência de Seguros Privados;

V - o Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda;

VI - o Secretário-Executivo do Ministério da Educação;

VII - o Secretário-Executivo do Ministério da Previdência Social; VIII - o Secretário-Executivo do Ministério da Justiça; e IX - quatro representantes da sociedade civil, na forma do § 2o.

VII - o Secretário-Executivo do Ministério do Trabalho e Previdência Social; (Redação dada pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

VIII - o Secretário Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça;

e (Redação dada pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

IX - até seis representantes da sociedade civil, na forma do § 2º. (Redação

dada pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

§ 1o Os representantes de que tratam os incisos I a VIII, bem como seus suplentes, serão indicados pelos seus respectivos órgãos e entidades, no prazo de quinze dias contados da publicação deste Decreto.

§ 2o Os representantes de que trata o inciso IX, bem como seus suplentes, serão indicados nos termos estabelecidos pelo regimento interno do CONEF.

§ 3o Os representantes indicados na forma dos §§ 1o e 2o serão designados em ato do Ministro de Estado da Fazenda.

§ 4o O CONEF será presidido, a cada período de seis meses, em regime de rodízio e na ordem a seguir, pelo representante do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar, da Superintendência de Seguros Privados e do Ministério da Fazenda.

§ 4º O CONEF será presidido, a cada período de doze meses, em regime de rodízio e na ordem a seguir, pelo representante do Banco Central do Brasil, da Comissão de Valores Mobiliários, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar, da Superintendência de Seguros Privados e do Ministério da Fazenda. (Redação dada pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

§ 5o O Banco Central do Brasil exercerá a secretaria-executiva do CONEF, prestando o apoio administrativo e os meios necessários à execução dos objetivos do Comitê.

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§ 6o O CONEF poderá criar grupos de trabalho, por prazo determinado, destinados ao exame de assuntos específicos, bem como comissões permanentes, de atividades especializadas, para dar-lhe suporte técnico, integrados por representantes dos órgãos e entidades que dele participam.

§ 7o O CONEF poderá convidar representantes de outros órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil para participar e colaborar com a consecução de seus objetivos, na forma do seu regimento interno.

Art. 4o Ao CONEF compete:

I - promover a Enef, observada a finalidade estabelecida no art. 1o, por meio da elaboração de planos, programas e ações; e

II - estabelecer metas para o planejamento, financiamento, execução, avaliação e revisão da Enef.

Parágrafo único. Caberá aos membros do CONEF elencados nos incisos I a VIII do art. 3o aprovar, por maioria simples, seu regimento interno.

Art. 5o Para assessorar o CONEF quanto aos aspectos pedagógicos relacionados com a educação financeira e previdenciária, é instituído, no âmbito do Ministério da Fazenda, o Grupo de Apoio Pedagógico - GAP, que terá em sua composição um representante de cada um dos seguintes órgãos e entidades:

I - Ministério da Educação, que o presidirá;

II - Banco Central do Brasil;

III - Comissão de Valores Mobiliários;

IV - Ministério da Fazenda;

V - Superintendência de Seguros Privados;

VI - Superintendência Nacional de Previdência Complementar;

VII - Conselho Nacional de Educação; e VIII - instituições federais de ensino indicadas pelo Ministério da Educação, até

o limite de cinco, no máximo de uma por região geográfica do País.

VII - Conselho Nacional de Educação; (Redação dada pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

VIII - Ministério da Justiça; e (Redação dada pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

IX - instituições federais de ensino indicadas pelo Ministério da Educação, até o limite de cinco, no máximo de uma por região geográfica do País. (Incluído pelo Decreto nº 8.584, de 2015)

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§ 1o O Conselho Nacional de Secretários de Educação e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação serão convidados a integrar o GAP.

§ 2o O Ministério da Educação exercerá a secretaria-executiva do GAP, ao qual prestará o apoio administrativo necessário.

§ 3o Os órgãos e entidades representados no GAP deverão, em até quinze dias após a designação dos membros do CONEF, indicar os seus representantes e respectivos suplentes ao presidente do Comitê, a quem competirá designá-los.

§ 4o O GAP poderá convidar representantes de outros órgãos e entidades públicas e de organizações da sociedade civil para participar de suas reuniões, na forma do seu regimento interno.

§ 5o A primeira reunião do GAP será convocada pelo presidente do CONEF.

§ 6o O GAP aprovará o seu regimento interno por maioria simples, presentes pelo menos metade mais um dos seus membros.

Art. 6o A participação no CONEF e no GAP é considerada serviço público relevante e não enseja remuneração.

Art. 7o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de dezembro de 2010; 189o da Independência e 122o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto Guido Mantega, Fernando Haddad Carlos Eduardo Gabas Henrique de Campos Meirelles

Este texto não substitui o publicado no DOU de 23.12.2010 e retificado no DOU de 23.12.2010 - Edição extra