Rendimento Básico Incondicional - Roberto Merril

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Bom artigo sobre o Rendimento Básico Incondicional para a cada cidadão

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  • Publicado em Esquerda (http://www.esquerda.net)Incio > Rendimento Bsico Incondicional (2)

    Lead: A mesa redonda sobre o Rendimento Bsico Incondicional apresentou dois pontos de vista. Neste artigo, Roberto Merrill examina a crtica ao RBI que considera a mais pertinente ? a ?objeo da explorao?.Sumrio da Home:

    A mesa redonda sobre o Rendimento Bsico Incondicional apresentou dois pontos de vista. Neste artigo, Roberto Merrill examina a crtica ao RBI que considera a mais pertinente ? a ?objeo da explorao?.

    O Rendimento Bsico Incondicional como um novo direito humano? Da explorao pr-distribuio

    Existem muitas objees pertinentes ao Rendimento Bsico Incondicional (RBI), empricas e normativas. Neste artigo vou examinar aquela que me parece a mais pertinente ? a ?objeo da explorao?. Segundo a objeo da explorao, aqueles que esto dispostos a receber os benefcios da cooperao sem contriburem em nada para ela esto a explorar aqueles que trabalham. Assim, um RBI dado a todos seria uma medida injusta pois permitiria queles que o recebem sem fazer nada em troca, violar o princpio de reciprocidade, ou seja, o princpio segundo o qual todos devemos contribuir na medida das nossas capacidades na produo das riquezas da sociedade. Esta objeo pode ser feita por pensadores de direita, fazendo por exemplo apelo noo de mrito, e por pensadores de esquerda, sejam eles de tradio ? libertria de esquerda, socialista, comunista, liberal igualitria, ou republicana, todos fazendo de vrias maneiras apelo ideia de que aqueles que podem trabalhar devem faz-lo. A melhor defesa da objeo da explorao encontra-se no livro de Gijs van Donselaar, The Right to Exploit, Parasitism, Scarcity, Basic Income (2008). Esta uma objeo sria ao RBI, de facto julgo que a objeo mais difcil de refutar.Para dar corpo objeo da explorao, imaginemos o caso do Orlando. O Orlando vive numa sociedade em que todos recebem um RBI suficientemente elevado para satisfazer os seus bens de base. O Orlando passa os dias a ler livros de filosofia do ambiente (Ser possvel imaginar uma vida mais intil?), mas por vezes sai rua para beber umas cervejas com os amigos. O Orlando um cidado pacfico, que respeita a lei, mas no contribui em nada para a sociedade, no produz nada, no tem filhos, no se preocupa em ajudar parentes idosos, nem ningum, vive apenas para ele. Para muitas pessoas, se o Orlando estiver a receber um RBI e viver apenas para ele, embora seja capaz de fazer algo pela sociedade, ele no est a viver moralmente; est a beneficiar do trabalho dos outros mas no est a dar nada em troca, embora o pudesse fazer. Em termos mais especficos, o Orlando est a violar o princpio de reciprocidade. Isto no quer dizer que o Orlando deva contribuir para a sociedade na medida exata do que recebe dela, pois talvez ele no seja capaz disso. Mas ele deveria pelo menos contribuir com algum tipo de esforo que pode beneficiar os outros, na medida das suas capacidades. O caso do Orlando extremo, e muito provavelmente muito poucas pessoas seriam capazes de viver desta maneira. Mas mesmo

  • em casos menos extremos, podemos pensar que muitas pessoas poderiam violar parcialmente o dever de reciprocidade. Ora, esta explorao do trabalho dos outros por alguns, que o RBI permite, injusta e por essa razo deveramos rejeitar o RBI.

    Admitir que pode haver explorao por alguns, mas se esse for o preo a pagar para melhorar a liberdade democrtica de todos os cidados, ento um preo que vale a pena pagar.

    Podemos, no entanto, responder objeo da explorao de, pelo menos, cinco maneiras:(1) Rejeitar o moralismo duma tica do trabalho eventualmente implicado na objeo, pois trata-se de uma tica paternalista, incompatvel com o princpio de neutralidade do Estado;

    (2) Admitir que pode haver explorao por alguns, mas se esse for o preo a pagar para melhorar a liberdade democrtica de todos os cidados, ento um preo que vale a pena pagar;

    (3) Rejeitar que haja violao do princpio de reciprocidade e defender uma conceo alargada da justia cooperativa (distinguindo a cooperao econmica e a cooperao poltica);(4) Rejeitar que haja explorao pois os que no querem trabalhar geram oportunidades que outros podem aproveitar;

    (5) Rejeitar que haja explorao pois todos temos direitos ex ante a uma parte das riquezas, j que a terra de todos.Vou examinar cada uma destas respostas possveis objeo da explorao, indo da resposta mais fraca mais forte.

    1. Pagar as pessoas para ?no fazerem nada?? Neutralidade, tica do trabalho e paternalismo

    A objeo da explorao repousa frequentemente numa premissa moralista segundo a qual moralmente inaceitvel as pessoas receberem um rendimento do Estado para ?no fazerem nada? pois o trabalho faz bem s pessoas, dando-lhes dignidade e sendo condio necessria do respeito de si. A ideia pois que o respeito de si exigiria que o direito ao trabalho seja tambm uma obrigao. Vou argumentar contra esta premissa moralista em dois tempos. Primeiro vou contestar a ideia segundo a qual a segurana dum rendimento e a oportunidade de participar na sociedade tem de estar ligadas a um emprego pago. Depois vou refutar o moralismo da premissa no seu sentido paternalista, pois simplesmente antiliberal forar as pessoas a trabalhar, mesmo quando o objetivo a promoo da sua autoestima, ainda para mais quando so trabalhos que as pessoas no apreciam necessariamente ou que consideram humilhantes.

    1.1. A segurana dum rendimento e a oportunidade de participar na sociedade no esto necessariamente ligadas a um emprego pago

    verdade que um emprego pago pode ser agradvel, dando a segurana duma rotina e proporcionando desafios, permitindo desenvolver o sentido de pertencer a um grupo, assim

  • como permitindo receber reconhecimento social. Mas aceitar que o trabalho pode ter todas estas virtudes no implica que devemos tornar o trabalho obrigatrio pois a verdade que o trabalho no tem necessariamente todas estas virtudes. de facto importante notar aqui que um RBI pode precisamente constituir um meio de tornar mais seguro que as pessoas tenham trabalhos que deem sentido s suas vidas, correspondendo assim de maneira mais adequada s suas aspiraes. Na verdade o respeito de si mais o resultado da possibilidade de fazer atividades com valor e que os outros podem considerar valiosas, do que o efeito dum trabalho pago. Ou seja, no necessariamente o trabalho pago que pode aumentar o respeito de si. No difcil ver que esta objeo baseia-se numa conceo muito redutora do que o trabalho assim como numa hiptese refutvel sobre a tendncia para a preguia. Embora o trabalho seja uma atividade fundamental que d sentido existncia humana, no entanto no devemos considerar que o trabalho tem de ser necessariamente pago e servir objetivos econmicos. A verdade que muitas pessoas se sentem obrigadas a fazer trabalhos pagos que no correspondem as suas aspiraes e neste sentido o RBI permite-lhes ter mais liberdade para escolherem os tipos de trabalho que realmente correspondem s suas capacidades e gostos. Assim, certamente que um RBI pode ter consequncias nos incentivos para o trabalho, mas estas consequncias podem ser benficas. Devemos comear por distinguir pelo menos trs tipos de trabalho: (a) remunerado, (b) domstico, e (c) voluntrio.a) Os efeitos mais significativos do RBI no trabalho remunerado so os seguintes: o aumento das oportunidades de escolher ou conciliar trabalho remunerado, domstico, e/ ou voluntrio, assim como a hiptese do trabalho remunerado corresponder a uma situao de autoemprego pode colocar-se com mais frequncia visto existir menor averso ao risco: mais fcil pedir um emprstimo a um banco para abrir uma empresa, assim como as possibilidades deste ser concedido so maiores, no caso de existir um RBI. Aumentam as oportunidades de trabalhar em tempo parcial como opo real e no por no existir alternativa: um RBI permite mais flexibilidade no mercado do trabalho, que no se traduz por insegurana, pois aumenta o poder de negociao do trabalhador. Por fim, o RBI facilita a vida das pessoas que se sentem atradas por trabalhos que so mal pagos ou que tm uma produtividade baixa.

    b) Os efeitos mais significativos no trabalho domstico e apoio famlia so o aumento das oportunidades de optar por outros estilos de vida, quando este surge apenas como ltimo recurso de valorizao do indivduo no seio da famlia, na impossibilidade de obter um trabalho remunerado. Neste caso, a renda bsica contribuiria para a reduo da pobreza dos elementos excludos do mercado de trabalho, traduzindo-se num maior poder de negociao destes elementos do agregado familiar no que diz respeito distribuio do trabalho domstico. Por outro lado, a escolha temporria ou definitiva do trabalho domstico e apoio famlia constituir-se-ia como hiptese, sem que isso se traduzisse num fator de pobreza para o agregado familiar.

    Dado que o RBI pode ter consequncias importantes em cada uma das trs formas de trabalho distinguidas, possvel que o RBI provoque uma desero do mercado tradicional do trabalho, possvel sim, mas muito pouco provvel.

    c) Por fim, os efeitos mais significativos no trabalho voluntrio so o estmulo para ajudar os outros. Este estmulo pode dar sociedade uma direo mais solidria.

  • Dado que o RBI pode ter consequncias importantes em cada uma das trs formas de trabalho distinguidas, possvel que o RBI provoque uma desero do mercado tradicional do trabalho, possvel sim, mas muito pouco provvel. Julgo que o mais provvel ser que o RBI permita baixar o nvel de desemprego, em parte porque compatvel com a partilha de emprego. Este objetivo de partilha de trabalho promovido pelo RBI, mas com uma estratgia suave de implementao que contrasta com os programas compulsivos de partilha de trabalho ou de reduo de horas de trabalho. Alm de todas as objees normativas ao qual se expe o mtodo compulsivo de partilha de trabalho, o facto que mesmo na prtica parece-me muito mais simples concretizar esta partilha atravs da implementao dum RBI, j que a perda de uma parte do salrio ficaria compensada com o RBI, distribudo fora do mercado do trabalho. Na minha opinio, um RBI pode ajudar a criar empregos sem piorar as condies dos que j esto integrados no mercado de trabalho, e sem ameaar a centralidade do trabalho pago. E por essa razo que o objetivo de implementao dum RBI e o objetivo do mais emprego so complementares. Em vez de ver o RBI como uma ameaa para o objetivo de que haja mais emprego, devemos ver o RBI como um meio moralmente admissvel e pragmtico de realizar mais emprego.

    Por outro lado, a ideia de que o RBI um incentivo preguia corresponde sobretudo a um preconceito cultural e social, e no a uma verdade empiricamente comprovada. Os estudos empricos realizados com o objetivo de averiguar a objetividade desta conceo, no Brasil, na Nambia e em vrios pases da Unio Europeia, demonstraram que entre as pessoas que recebem uma renda incondicional apenas um nmero reduzido opta por mudar de trabalho e as que o fazem com o objetivo de encontrar um trabalho que corresponda mais s suas capacidades e gostos.1

    1.2 antiliberal forar as pessoas a trabalhar: a neutralidade do Estado contra o paternalismo

    Vemos assim que a objeo ao RBI que repousa na premissa moralista segundo a qual o trabalho pago promove o respeito de si repousa numa conceo redutora do que o trabalho. Mas esta premissa moralista tambm deve ser refutada pelo seu profundo antiliberalismo. Ora nas democracias liberais, no devemos forar as pessoas a trabalhar contra a sua prpria vontade por razes perfeccionistas, ou seja por razes que fazem apelo a juzos de valor sobre o que uma vida boa. No devemos fazer isto pois o Estado, para ser justo, deve ser moralmente neutro em relao s escolhas pessoais ligadas vida boa (Merrill & Weinstock, 201Na sua forma mais comum, o ideal de neutralidade poltica exige que os princpios de justia e as leis polticas no se devem fundamentar em valores do bem, mas apenas em valores do justo. A neutralidade poltica uma restrio normativa sobre as consequncias, ou as intenes, ou as justificaes, dos princpios polticos e das polticas do Estado liberal democrtico. De acordo com essa restrio, o Estado, para ser justo nas suas polticas, tem de ser neutro em relao a qualquer conceo da boa vida, ou seja, o Estado no deve promover de forma alguma uma conceo do bem em detrimento das outras.

    Na sua definio mais comum, uma conceo da vida boa consiste num conjunto de crenas normativas mais ou menos articuladas sobre como um indivduo deve viver bem a vida pessoal. O justo e o bem devem ser pois separados e so os valores do justo que tm prioridade sobre os valores do bem.

  • Oposto ao ideal de neutralidade, o ideal de perfeccionismo poltico exige que os princpios e as leis polticas se fundamentem em valores do bem. Na literatura especializada, estes dois ideais de neutralidade e de perfeccionismo so frequentemente considerados claramente opostos. De facto, na teoria sobre os fundamentos normativos do liberalismo, existe um debate dinmico entre os liberais que defendem a neutralidade do Estado e aqueles que defendem o perfeccionismo poltico. O debate sobre a neutralidade do Estado um prolongamento do debate sobre o secularismo, sobre a relao entre teologia e poltica. A neutralidade um ideal mais exigente que o secularismo, porque implica no s a separao entre o Estado e as convices religiosas mas tambm a separao entre o Estado e as convices morais, metafsicas, estticas, i.e. seja o que for que pertena ao domnio da vida boa.

    Mesmo se devemos rejeitar a objeo ao RBI fundamentada numa ?tica do trabalho? pois esta incompatvel com a neutralidade do Estado, no entanto a verdade que esta maneira de rejeitar a objeo da explorao bastante fraca, e pode ser facilmente refutada, da seguinte maneira: a objeo da explorao no se baseia necessariamente numa ?tica do trabalho? para considerar injusta a implementao dum RBI. Ou seja, a objeo no se baseia numa teoria da vida boa que viola o princpio de neutralidade. Aquilo que fundamenta a objeo uma preocupao em relao justia distributiva do RBI e no consideraes sobre o sentido da vida boa. Logo, no pertinente rejeitar a objeo da explorao desta maneira. No entanto, devemos notar que esta verso paternalista da objeo da explorao, apesar de ser teoricamente a mais fraca, exerce nas pessoas uma grande atrao retrica, pois amplamente mobilizada contra o RBI.

    2. A explorao um custo que vale a pena pagar

    A objeo da explorao pode no entanto basear-se num argumento de justia distributiva, segundo o qual os que recebem um RBI e no trabalham embora possam faz-lo esto a explorar aqueles que trabalham. Esta segunda maneira de formular a objeo no faz apelo a um argumento tico sobre o valor do trabalho, e o valor da vida boa dedicada ao trabalho, mas a um argumento de caracter poltico que faz apelo noo de equidade para fundamentar a necessidade de colaborar para o bem comum de todos, numa sociedade de pessoas livres e iguais. J vimos que o argumento tico muito fraco e deve ser rejeitado. Mas o argumento poltico bem mais convincente. Podemos no entanto responder a esta objeo da explorao fundada na equidade (e no numa tica do trabalho) sugerindo que o RBI pode prever uma maior injustia do que aquela que pode gerar. Ou seja, podemos admitir que pode ser injusto em alguns casos extremos como o do Orlando, algumas pessoas receberem um RBI sem nada dar em troca sociedade. Assim, mesmo se o RBI injusto em alguns casos quando estes violam o dever de reciprocidade, no entanto o RBI gera muito mais justia do que injustia, no sentido em que limita a vulnerabilidade de muitas pessoas, reduzindo assim os riscos de explorao e de dominao. pois razovel considerar que os ganhos em justia so maiores do que as perdas (Pateman, 2006). Logo, o RBI justificado. Assim, a objeo da explorao, mesmo se vlida, no decisiva de modo algum.

    Numa sociedade injusta no de todo claro em que medida devemos fazer apelo a deveres de reciprocidade, sobretudo de parte daqueles que sofrem de desvantagens por causa da injustia estrutural da sociedade.

  • De maneira menos abstrata, a verdade que vivemos em sociedades injustas, e no em sociedades ideais. Ora a exigncia de cooperar, ou seja o dever de reciprocidade, apenas pode ter sentido em sociedades onde os princpios de justia j se realizam. Numa sociedade injusta no de todo claro em que medida devemos fazer apelo a deveres de reciprocidade, sobretudo de parte daqueles que sofrem de desvantagens por causa da injustia estrutural da sociedade. De facto, em sociedades injustas como as nossas, a exigncia de reciprocidade, se no for simplesmente cnica, pode apenas servir para exacerbar as desigualdades injustas da sociedade (Shelby, 2007). Um RBI pode ao contrrio contribuir para diminuir essas desigualdades injustas. O RBI pode, por exemplo, trazer vantagens aos trabalhadores mal pagos, ora isto aumenta a reciprocidade. O RBI permite tambm reconhecer o valor do trabalho no pago, o que aumenta a reciprocidade domstica, modificando as relaes de poder na famlia, reduzindo a explorao das mulheres pelos homens (McKay, 2005; Elgarte, 2008), assim como pode aumentar as oportunidades de arranjar um emprego (Meade, 1989; Van Parijs, 1995). Do ponto de vista da eficcia da luta contra a pobreza, podemos afirmar que os estudos empricos demonstram que os mais desfavorecidos da sociedade fazem boas escolhas quando recebem um RBI. Alis um dos problemas das transferncias de prestaes sociais sujeitas a condies de recursos, alm de serem humilhantes e estigmatizantes para quem as recebe, precisamente o de manterem quem as recebe na ?armadilha da pobreza?. Ora o RBI pode em parte ser justificado como instrumento de eliminao desta armadilha, pois ao no ser retirado quando as pessoas conseguem um emprego, motiva-as a procurarem-no e a sair assim da pobreza, acumulando o RBI com o salrio do trabalho remunerado. de salientar que a investigao mais recente indica que as transferncias de dinheiro incondicionais tm resultados muito positivos nas suas vidas. Como escrevem Hanlon et al. a propsito deste tema e apoiando-se em experincias recentes: ?Quatro concluses emergem frequentemente: estes programas so acessveis, os destinatrios usam bem o dinheiro e no o desperdiam, as doaes em dinheiro so uma maneira eficiente de reduzir directamente a pobreza actual, e tm o potencial de prevenir a pobreza futura, facilitando o crescimento econmico e promovendo o desenvolvimento humano.? (Hanlon et al., 2010: 2).23. Uma conceo alargada do princpio de reciprocidade

    Uma outra resposta objeo da explorao consiste em rejeitar em bloco a objeo segundo a qual o RBI permite que haja explorao de todos por alguns, defendendo uma conceo alargada do dever de reciprocidade e da justia cooperativa em geral. Por exemplo, necessrio distinguir a cooperao econmica e a cooperao poltica. Podemos, a partir desta distino, defender uma cooperao espessa (econmica e poltica) ou uma cooperao fina (apenas econmica ou apenas poltica). Dentro da cooperao econmica, devemos distinguir o trabalho remunerado do trabalho domstico, voluntrio, etc.. E dentro da cooperao poltica devemos distinguir a cooperao que exige o exerccio de virtudes de participao poltica ou simplesmente a cooperao que consiste em viver pacificamente respeitando as leis da sociedade.

    Vemos assim, que o ?dever de reciprocidade? depende essencialmente do que entendemos por cooperao. O RBI no pois incompatvel com o dever de reciprocidade mas apenas com verses deste que se baseiam em concees demasiado exigentes da cooperao. No entanto, podemos por exemplo perguntar-nos se o nvel de cooperao implicado em ?viver pacificamente respeitando as leis da sociedade? suficiente para rejeitar a objeo da explorao.

  • 4. Os que no querem trabalhar geram oportunidades que outros podem aproveitar

    Outra resposta a objeo da explorao consiste em negar que haja explorao dos que trabalham pelos que no querem trabalhar da seguinte maneira: igualmente justo subsidiar o trabalho como subsidiar o lazer. Este argumento encontra-se na sua forma mais sofisticada no livro de Philippe Van Parijs, intitulado Real Freedom for All (1995). A ideia seria ento que aqueles que trabalham deveriam considerar justo que parte do rendimento do seu trabalho seja redistribudo no s entre os trabalhadores mas tambm a favor dos que optam por no trabalhar.

    A justificao proposta por Van Parijs a seguinte: sempre que algum toma a deciso de no concorrer s oportunidades criadas pelo mercado de trabalho est a contribuir para aumentar as possibilidades de sucesso de todos os outros. Os que decidem ter uma vida de lazer, portanto, tm um estilo de vida que deve ser valorizado pelas oportunidades que deixam livres para o trabalho dos que preferem uma vida de trabalho3. Os que no querem trabalhar devem portanto ser considerados no como ?parasitas? mas como pessoas que geram oportunidades de trabalho que os que querem trabalhar podem aproveitar, oportunidades que caso contrrio no existiriam. Desta maneira, o RBI torna-se o instrumento que permite que todos levem a vida que realmente desejam, uma vida realmente livre (o acesso de todos ?liberdade real? a preocupao central de Van Parijs). Assim, por exemplo, se um homem deixa o seu emprego e graas ao RBI pode financiar-se durante alguns anos para dedicar-se ao cuidado dos seus filhos, ele est a abrir uma oportunidade de trabalho que, at a, estava vedada a outros. Da mesma maneira, se uma mulher, graas relativa segurana econmica que lhe proporciona o RBI, decide arriscar deixar o seu emprego para criar a sua prpria empresa, essa mulher no est apenas a criar uma nova oportunidade para si, mas tambm para os outros, uma vez que deixa disponvel o seu emprego (para uma exposio muito clara do argumento de Van Parijs, vid. Avillez Figueiredo, 2013; vid. tambm a refutao da posio de Avillez Figueiredo, por Merrill, 2013).No entanto, independentemente da validade do argumento do Van Parijs, vale a pena notar que hoje um anacronismo considerar que aqueles que se afastam voluntariamente do trabalho esto a explorar os que trabalham4. A razo deste anacronismo que hoje existe um excesso de trabalhadores e falta de trabalho para eles. Se no estivermos convencidos pelo argumento do Van Parijs, o qual se correto permitiria taxar os que trabalham em benefcio dos que no querem trabalhar, podemos no entanto procurar justificar outro tipo de financiamentos do RBI, procurando distribuir as riquezas ex ante cooperao e no ex post. Exponho agora esta possibilidade.

    5. No h explorao pois a terra de todos: justia ex ante e justia ex postOutra resposta a objeo da explorao consiste em negar que haja explorao de todos por alguns da seguinte maneira: mesmo aqueles que em nada cooperam (se que isso possvel, mas vamos admitir que sim, que possvel que alguns em nada cooperem) tm direito ex ante a uma parte das riquezas, na forma dum RBI, pelo simples facto de terem nascido. A diferena crucial entre justia ex ante e justia ex post (ou justia pr-distributiva e justia redistributiva) a seguinte: a distribuio de recursos ex ante feita a todos sem condies, contrariamente distribuio de recursos ex post, que condicional, por exemplo dependendo de ter havido cooperao ou no (Birmbaum, 2013).Esta resposta baseia-se na ideia que os recursos externos so propriedade comum de todos,

  • propriedade qual todos tm direito independentemente de quererem cooperar ou no (Steiner, 1994; Van Parijs, 1995). Ou seja, a ideia que existe um conjunto de recursos que podemos considerar como recursos externos, herdados pelo simples facto de termos nascido, recursos aos quais cada cidado tem direito.

    Esta ideia foi formulada pela primeira vez por Thomas Paine : ??the earth, in its natural uncultivated state was, and ever would have continued to be, the common property of the human race?the system of landed property?has absorbed the property of all those whom it dispossessed, without providing, as ought to have been done, an indemnification for that loss. ? (Paine, 1987 [1797]: 478). Este direito pode ser satisfeito, por exemplo, taxando aqueles que so os proprietrios dos recursos naturais e distribuindo esse dinheiro a todos em forma de RBI (Van Parijs, 1992; Steiner, 1994: Vallentyne & Steiner, 2000). A ideia pois que a justia exige que partilhemos de maneira equitativa esta riqueza comum.Assim, o princpio de reciprocidade deveria apenas aplicar-se ex post, ou seja aos frutos da produo depois da partilha inicial de bens, mas no partilha inicial.

    Esta resposta no entanto refutvel: num livro que constitui a melhor defesa da objeo da explorao, Gijs van Donselaar (2008) constri a seguinte situao hipottica: imaginemos duas pessoas A e B com as mesmas capacidades e imaginemos um mundo com quatro mquinas. Cada mquina pode ser operada durante duas horas por dia. A e B podem ambos trabalhar nas mquinas para produzir bens de consumo. Mas A prefere trabalhar apenas com uma das mquinas, duas horas por dia, enquanto B prefere trabalhar com trs das mquinas totalizando 6 horas por dia de trabalho. Se seguirmos o argumento da partilha inicial de bens, temos de dar a A e a B uma parte igual das mquinas e das horas de trabalho: duas mquinas de trabalho para cada um. Ora A tem mais mquinas do que aquilo que quer e B tem menos. B pode pois querer ter acesso a uma terceira mquina e para isso pode aceitar pagar a A uma parte dos benefcios resultantes do seu trabalho com a terceira mquina. Mas o resultado que graas a B, A obtm mais rendimento pelo seu trabalho, e B obtm menos. Assim, a distribuio igualitria dos recursos externos conduz a uma forma de parasitismo e de explorao, ora isto injusto. Os recursos deveriam ento ser distribudos em funo dos ?interesses independentes? de cada cidado, e no a partir duma distribuio igualitria inicial.

    Podemos no entanto responder a esta objeo salientado que existe uma multiplicidade de ?interesses independentes?: estes no precisam de ser apenas interesses produtivistas (Widerquist, 2006). Assim, se A no tiver interesses produtivistas isso no implica que ele deve perder o seu direito a ser includo na partilha igualitria dos recursos externos. Podemos assim aceitar a objeo de Van Donselaar, segundo a qual uma distribuio justa deve ser feita em proporo dos interesses independentes de cada pessoa, mas insistir na pluralidade dos interesses das pessoas, que no devem ser limitados a interesses produtivistas. Para perceber melhor a resposta objeo de Van Donselaar, imaginemos uma extenso de terra com petrleo, habitada por duas famlias, a dos Ewings, que esto impacientes por explorar o petrleo, e a dos Ecocntricos, que apenas querem contemplar a terra e que acham que retirar o petrleo da terra equivale a violar a sua integridade, embora respeitem o ponto de vista dos Ewings. Ambos tm ?interesses independentes? que devem ser respeitados. Assim, os Ewings podem explorar uma parte dessa terra, mas os benefcios devem ir em parte para os Ecocntricos. E alis isto que acontece no Alaska, que distribui um RBI a todos a partir da explorao do petrleo e de outras riquezas naturais. Vale a pena notar que este exemplo tambm pertinente como ilustrao do argumento (4) segundo o qual os que no querem trabalhar geram oportunidades que outros podem aproveitar, pois

  • graas oportunidade viabilizada pelos Ecocntricos que os Ewings podem desenvolver a sua paixo pelo trabalho no petrleo.

    Assim, fazendo por um lado apelo ideia de propriedade comum da terra, e por outro lado apelo multiplicidade dos interesses independentes das pessoas (este apelo sendo uma reformulao da ideia duma cooperao alargada), julgo que podemos refutar a objeo da explorao na sua verso mais forte.

    Pr-distribuio

    Vou agora, para terminar a defesa deste quinto argumento contra a objeo da explorao, desenvolver a ideia de justia distributiva ex-ante, ou de pr-distribuio, a qual fundamenta a ideia de propriedade comum da terra. A pr-distribuio representa hoje uma alternativa plausvel ao modelo clssico da justia social do ?welfare state?, segundo o qual podemos combinar a propriedade privada do capital e o desregulamentado dos mercados ?livres? com a redistribuio ex post das riquezas, mitigando assim as desigualdades provocadas pelo modelo capitalista. Certamente que a redistribuio essencial para que uma sociedade justa funcione, mas se no for combinada com polticas de pr-distribuio, ento torna-se mais vulnervel ?objeo da explorao? e consequente diminuio do apoio s polticas de justia social.O prmio Nobel de economia James Meade defendeu no seu livro de 1964 a ideia de um regime de polticas de pr-distribuio, que chamou de ?democracia de proprietrios?, onde a justia social seria promovida no apenas pelo aumento dos salrios e por meio de um investimento substancial na educao e na formao, mas tambm por dar a cada cidado uma participao de capital, como um RBI. Esta verso da pr-distribuio como ?democracia de proprietrios? foi mais tarde desenvolvida pelo filsofo poltico John Rawls, no seu livro sobre a justia como equidade (2001), a qual implica diluir significativamente as concentraes existentes do capital detido pelos mais ricos de forma a que cada indivduo possa, na medida do possvel, ser um agente ativo e participante. Este poder econmico uma maneira de dar a todos os cidados duma sociedade democrtica os meios para garantir o seu auto-respeito como membros participantes da vida econmica da sociedade. Assim, devemos pr-distribuir a estrutura de propriedade do capital, fazer com que o capital seja mais disperso, para tentar estimular diferentes formas de propriedade, como por exemplo financiar um RBI a partir de um dividendo de propriedade comum dos recursos naturais. Como salientam O?Neill e Williamson (2012), na realidade j realizamos polticas pr-distributivas com a implementao dum direito incondicional educao, e fazemo-lo tambm ao garantir a cada cidado o direito incondicional a votar, mas a pr-distribuio equitativa dos recursos econmicos ainda no ocorreu. Ora um RBI inscreve-se em aes preventivas de justia social, de modo a tornar menos provvel que a economia produza desigualdades inaceitveis de rendimentos, as quais tm vindo a aumentar consideravelmente nas ltimas dcadas, apesar das medidas melhorativas que pretendem mitig-las. Esta abordagem preventiva justia social considera que a propriedade privada no deve ser condenada mas, pelo contrrio, que ela deve ser objeto de uma melhor repartio na sociedade, na medida em que o ttulo de propriedade refora o controlo que os indivduos podem ter sobre a sua capacidade de se governarem a si mesmos. Acontece que o acesso propriedade privada no passa de boas intenes se os indivduos entram no mercado completamente desprovidos de capital. Se queremos privilegiar a responsabilidade dos indivduos e aumentar a sua autonomia, necessrio poder simultaneamente abrir o campo das possibilidades econmicas (por exemplo, no trabalhar apenas por necessidade) e permitir aos indivduos ter um peso nas trocas que fazem com os outros nos diferentes

  • mercados (mercado de bens, certamente, mas tambm mercado de trabalho). O RBI representa a garantia de uma certa autonomia face s relaes de mercado ou, pelo menos, de uma capacidade de resistncia relativamente aos termos desvantajosos que outros podem querer impor-nos enquanto outorgantes; uma resposta a uma exigncia de ?reciprocidade honesta? entre os cidados e a melhor via de acesso apropriao justa dos bens. Um RBI muda a estrutura dos resultados do mercado antes que eles ocorram, alterando a posio que os indivduos tm quando chegam ao mercado. Na realidade, o RBI pode ser compreendido como uma poltica de redistribuio, mas qualquer poltica que tenha um efeito de mudana de poder de mercado nesse sentido pr-distributiva, mesmo que se possa olhar para ela ao mesmo tempo como redistributiva. Julgo que a motivao mais profunda por trs da pr-distribuio que queremos uma sociedade mais igualitria em termos de distribuio de poder, e no apenas de dinheiro, e tambm queremos que o mercado seja estruturado de tal forma que ele oferea oportunidades reais para os indivduos exercerem poder econmico. ?Pr-distribuio? , ento, o nome de um tipo de estratgia que permite realizar esses princpios igualitrios mais profundos.

    Ora nas ltimas dcadas, as polticas redistributivas tm-se limitado a usar o sistema de impostos e de benefcios fiscais para tentar mitigar ex post as desigualdades que o capitalismo gera. No entanto, as desigualdades no tm parado de aumentar (vid. Crdit Suisse World Wealth Report, 2013; Hacker, 2012). Podemos supor que hoje em muitos dos pases ocidentais com sistemas desenvolvidos de ?welfare state?, pelo menos um quarto da populao adulta pertence ao ?precariado? (Standing, 2011), ou seja vive numa situao que no oferece nenhum sentido de carreira e de identidade profissional. Sem dvida que alguns impostos so necessrios ex post para corrigir as desigualdades, mas devemos admitir que as polticas redistributivas no se tm revelado eficazes, pois os seus efeitos so insuficientes para tirar as pessoas da pobreza. Para resolver as causas bsicas da desigualdade, existem outras maneiras de agir, como por exemplo distribuir ex ante a propriedade do capital pela sociedade, combinando a economia de mercado com uma maior igualdade e realizando o ideal duma sociedade de cidados verdadeiramente livres e iguais, atacando as desigualdades diretamente, em vez de apenas mitigar os sintomas destas atravs de polticas convencionais de justia social redistributiva. Assim, em vez de redistribuir as riquezas, porque no predistribu-las, dando assim luta pela justia social uma direo mais igualitria? (Hacker, 2011; Cardoso Rosas, 2012). Como observam Martin O?Neill e Thad Williamson (2012), as polticas redistributivas, alm de se terem revelado ineficazes, tm tambm provocado nas pessoas uma atitude de desconfiana em relao ao Estado social, sendo um dos resultados mais surpreendentes desta desconfiana uma aliana ideolgica inesperada entre as pessoas mais ricas e as pessoas comuns que trabalham duro, na sua rejeio comum dos ?parasitas? que beneficiam do Estado social sem nada retriburem em troca, explorando os que trabalham. Em contraste com uma justia redistributiva, a pr-distribuio pode modificar a perceo negativa que cada vez mais pessoas tm do Estado social.

    Concluso

    Contra a objeo da explorao, o RBI pode ser defendido com o argumento (2) segundo o qual a explorao um custo que vale a pena pagar, o argumento (3) da conceo alargada do dever de reciprocidade, dado que as nossas sociedades reais so profundamente injustas, assim como com o argumento (4) segundo o qual os que no querem trabalhar geram oportunidades. Mas o argumento (5) da pr-distribuio dos recursos externos constitui a meu ver a resposta mais convincente objeo da explorao pois permite

  • justificar o RBI como uma forma de (pr-) distribuio equitativa de bens ex ante cooperao.

    Bibliografia

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    2 Sobre este ponto, a leitura deste estudo elaborado pelo UK Department for International Development instructiva (http://www.givedirectly.org/pdf/DFID%20cash-transfers-evidence). Tambm instructivos so os resultados obtidos pela ONG Give Directly(http://www.givedirectly.org) ; assim como o artigo recente no The Economist, ?Pennies from heaven?( http://www.economist.com/news/international/21588385-giving-money-directly-poor-people-works-surprisingly-well-it-cannot-deal?fsrc=rss%257Cint).

    3 Esta justificao apenas uma das justificaes propostas no livro de Van Parijs. Outra justificao possvel a da neutralidade do Estado, que para ser justo, no pode favorecer um estilo de vida boa em detrimentos das outras. Mas j vimos na resposta (2) objeo da explorao que o argumento da neutralidade no a resposta mais pertinente objeo.

    4 Agradeo o Miguel Horta em ter recordado e formulado de maneira to pertinente este ponto. Como escreve Horta: ?Hoje h excesso de trabalhadores e falta de trabalho para eles. Algum que voluntariamente desista de trabalhar beneficia todos os outros, d-lhes espao, jamais os explora (apenas exploraria se os obrigasse a trabalhar). Hoje em dia, a sociedade que temos j no precisa que todos produzam, mas sim que todos consumam. Se hoje h um problema, ele no est nos que no queiram produzir, mas nos que por algum motivo no consomem. E se esse problema existe o RBI resolve-o? (comunicao pessoal).Thumbnail Image:

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    Main Image:

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  • As polticas redistributivas, alm de se terem revelado ineficazes, tm tambm provocado nas pessoas uma atitude de desconfiana em relao ao Estado social. Foto de Paulete Matospoltica: Frum Socialismo 2014 [2]Dossier: Dossier 233: Frum Socialismo 2014 [3]

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  • BlogosferaComunidadeRevista VrusWikifugas

    URL de origem: http://www.esquerda.net/dossier/rendimento-basico-incondicional-2/33969

    Ligaes:[1] http://www.esquerda.net/file/rbi2jpg-0[2] http://www.esquerda.net/topics/forum-socialismo-2014[3] http://www.esquerda.net/topics/dossier-233-forum-socialismo-2014