1
2 3 4 Rentabilidade dos planos de previdência Todo início de ano, a rentabilidade dos planos previden- ciários, administrados pela Fundação Cesp costuma gerar preocupação aos seus participantes. Afinal, o resultado obtido vai definir a situação da reserva matemática, que garante o pagamento dos benefícios recebidos pelos aposentados e a receber pelos ativos. Surgem assim diversas informações de percentuais sem que se tenha um esclarecimento do que significam. Anualmente, é definido um índice percentual de meta atuarial a ser atingida, calculada a partir de um valor financeiro necessário a ser acrescido nas reservas matemáti- cas, para garantir a formação de reserva financeira suficiente para pagamento dos benefícios. Para 2011, a Fundação CESP divulgou que o percentual médio de rentabilidade dos planos previdenciários foi de 13,2%. Ocorre que cada plano tem sua própria meta atuarial a ser atingida, definida e aprovada pelo Comitê Gestor de cada empresa. Abaixo seguem as metas e as rentabilidades obtidas em cada uma das empresas em 2011. A média divulgada de 13,2% refere-se ao cálculo médio entre as rentabilidades obtidas em cada plano, de acordo com sua participação proporcional na re- serva financeira total do plano previdenciário. Constata-se que alguns planos não atingiram a rentabilidade mínima definida. Como se observa, exceto a AES Tietê, com expressiva alta na rentabilidade, e CTEEP e Funcesp que não atingiram a meta, os demais resultados ficaram próximos das metas atuariais estabelecidas, o que denota conservadorismo nas aplicações financeiras. Em 2011, outros fundos de pensão não atingiram suas metas DIRETORIA: Presidente – Sérgio Pinfildi; Vice-Presidente – José Carmo De Felice; Dir. Comunicação – Antonio Carlos Figueira; Dir. Técnico Cultural – José Paulo Vieira; Dir. Financeiro – José Roberto Marconi; Dir. Social – Marden Leão B. Machado; Dir. Previdência e Saúde – Mario Molina Ribeiro; Dir. Administrativo – Roberto Magno L. Gomes; Dir. Negócios – Wilson Roberto Nunes. Os artigos assinados, assim como o teor das palestras publicadas no ADECON Hoje, são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião do Instituto ADECON. Site: www.institutoadecon.org.br e-mail:[email protected]. Endereço: Avenida Paulista, 2.073 – Edifício Horsa I – 21° andar – conjunto 2119. Telefones: (11) 3285 - 2887 / 3285 – 6844. ADECON HOJE é uma publicação do Instituto ADECON Jornalista responsável: José Luiz Teixeira, MTb 16.099 Diagramação: Cíntia Plihal Apoio Administrativo: Lourdes Trinca Fornazieri Impressão: Lenegráfica Editora Tiragem: 2.000 exemplares INSTITUTO ADECON – Associação sem fins econômicos que congrega pessoas físicas, jurídicas e demais profissionais de nível superior, para prestação de serviços especializados a empresas e entidades do setor energético brasileiro. EMPRESA META ATUARIAL RENTABILIDADE AES Tietê 11,92% 24,29% ELEKTRO 11,92% 13,36% Eletropaulo 11,92% 13,34% CPFL 11,92% 13,05% CESP 11,92% 13,04% CPFL Piratininga 11,92% 12,77% DUKE Energy 11,39% 12,57% EMAE 11,65% 11,87% CTEEP 11,65% 11,60% FuncCesp 11,65% 11,55% MEI: chance para formalizar seu negócio A praga da burocracia Marcos Cintra A empresa de consultoria Grant Thornton produz, periodi- camente, o relatório International Business Report (IRB) para mostrar o principal entrave para a expansão dos negócios em vários países. O levantamento é realizado junto a executivos e contempla questões como falta de mão de obra qualificada, carência de infraestrutura, custo de financiamento, burocracia e escassez de capital de giro. No Brasil, o item que mais limitará o crescimento das empresas em 2012, segundo o mais recente estudo, será a burocracia. Ela será um entrave para 46% dos executivos entrevistados, ficando acima da média mundial, que é de 37%. O país onde esse fator menos preocupa é a Finlândia (6%). A burocracia é uma praga que contamina o meio empresarial e o maior expoente dessa excrescência reside na área tributária. É im- pressionante como as regras fiscais proliferam no País. Essas ações insanas criam uma es- trutura cada vez mais complexa, impossível de ser digerida, ge- rando custos para as empresas e tornando o sistema cada vez mais vulnerável à corrupção. Entender a confusa legislação tributária no Brasil é uma tarefa difícil até para os mais experientes tributaristas. A complexidade tributária no País é uma anomalia cada vez mais resistente. A produção de regras não cessa e torna a vida do contribuinte um inferno. Há uma proliferação insana de leis, decretos, medidas provisórias, emendas, normas complementares, entre outros instrumentos jurídicos, que acabam impondo pesados custos aos contribuintes, sobre- tudo às empresas. Um levantamento do Banco Mundial, comparando o tempo que as empresas gastam para apurar tributos em vários pa- íses, revela dados impressionantes sobre a situação ridícula da estrutura de impostos brasileira. Uma empresa submetida à legislação tributária no País gasta por ano 2.600 horas (equivalente a 108 dias e oito horas) com a burocracia nos três níveis de governo, enquanto que a média mundial é de 1.344 horas (equivalente a 56 dias no ano). No Chile são necessárias 316 horas; na China, 872; na Índia, 272; na Rússia, 448; e, na Argentina, 615. Essa discrepância absurda é, seguramente, um dos fatores mais significativos para o comprometimento da competitividade da produção no Brasil. O viés burocráti- co faz da estrutura tributária brasilei- ra um monstren- go cada vez mais horripilante. Um exemplo claro nes- se sentido refere-se ao que ocorreu nos últimos anos com dois impostos: PIS/ Cofins e CPMF. O primeiro passou a ser cobrado - parte sobre o faturamen- to e parte sobre o valor agregado, gerando uma calamitosa proliferação de procedimentos re- gulatórios e o segundo, que era simples, transparente, sem custo para o governo ou para o contribuinte e altamente produtivo na arrecadação, foi sumariamente trucidado. Na questão tributária o País precisa mudar paradigmas em vez de aprofundar seus defeitos, como a burocracia pública insiste em fazer. O potencial da economia brasileira tem uma dificuldade enorme para ser concretizado, e isso, em boa parte, decorre de uma visão que repele o simples e assimila o complexo. _____________________________________________________________________________________________________________ Marcos Cintra é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas. Filósofo, defensor das liberdades individuais, professor universitário, escritor. Na juventude, participou do movimen- to estudantil. Estudou economia no Mackenzie, quando se opôs ao Comando de Caça aos Comunistas. Formou-se em filosofia na USP. Especializou-se em administração na FGV. Foi executivo de multinacional e escreveu o livro “Armas de Fogo – Cidadania e Banditismo”, no qual defendeu o direito do cidadão à legítima defesa. Este breve currículo sintetiza a trajetória de Luiz Afonso Siqueira Pereira dos Santos, falecido no dia 4 de maio, aos 65 anos. Luiz Afonso era casado com Elisabete Adami, membro do Conselho Deliberativo do Instituto ADECON e colaboradora do Boletim ADECON Hoje.Tiveram três filhos. Para Elisabete, “Luiz Afonso sempre foi uma inspiração para muita gente, principalmente aqueles que defendem as liberdades democráticas e a vontade soberana do indivíduo”. edição n 0 100 edição n 0 100 edição n 0 100 atuariais por vários motivos, mas o principal teve relação com as aplicações em renda variável, cujo índice Bovespa anual apresentou resultado negativo de -18,11%. As informações e dados abaixo mostram que devemos estar atentos para a forma de divulgação das informações, principal- mente quando são utilizados dados médios em suas análises. Em relação ao primeiro trimestre de 2012, as metas atuariais dos planos de previdência foram atingidas, principalmente em virtude da valorização da Bolsa de Valores, inclusive com superávit em relação ao projetado. Este resultado, obtido através da renda variável, que apresenta maiores riscos para os investimentos, deixa claro que o conforto que se tinha na aplicação em títulos públicos, como forma usual de obtenção de um bom ganho financeiro, está acabando. Outra informação: o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) estuda proposta de uma nova resolu- ção, com regras e procedimentos, para que as patrocinadoras possam se retirar dos planos previdenciários, uma preocupa- ção a mais para os seus participantes. Em 1997, com o fechamento do plano previdenciário vigen- te, implantou-se o BSPS e teve início o BD. Esta alteração foi necessária para compensar o desequilíbrio financeiro existente na época, que surgiu em virtude do não pagamento da tota- lidade dos compromissos financeiros de responsabilidade da patrocinadora. Esta situação é diferente da necessidade de aporte financeiro por déficit no patrimônio previdenciário, devido à baixa renta- bilidade ou diferenças no pagamento de benefícios. No caso do BSPS, fica claro que, quando os participantes abriram mão da rentabilidade do patrimônio para cobrir o não pagamento da patrocinadora, caracterizou-se a compra do direito de se ter eventual déficit do plano coberto pela patrocinadora, indepen- dente de qualquer alteração econômica e financeira, conforme estipulado em contrato. O contrato assinado, com o fechamento do plano previden- ciário à época e a criação do BSPS, é de caráter individual e se caracteriza por direito adquirido. Atualmente, comenta-se a intenção da Fundação Cesp de alterá-lo, especialmente no que se refere ao índice de reajuste. Ora, o Governo Federal acabou de dar o exemplo de como os contratos em vigência têm que ser respeitados. Modificou a forma do cálculo da rentabilidade da poupança, mas garantiu a manutenção do compromisso assumido de rentabilidade, até então vigente, para os saldos em depósito na data da implan- tação da alteração. O Instituto ADECON espera que a Fundação Cesp siga o exemplo do governo federal e cumpra o contrato com os par- ticipantes dos planos previdenciários. Não só por uma questão legal, mas também de princípios. Respeito ao contrato previdenciário Nota de falecimento Dentre as várias medidas que o Governo Federal tem adotado para estimular o crescimento da econo- mia no País, reduzir a informalidade e, consequentemente, aumentar a renda nacional, uma se destaca: a implementação da figura do Micro Empreendedor Individual – MEI. O MEI foi criado pela Lei Comple- mentar nº 128, de 19 de dezembro de 2008, regulamentada pela Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional - CGSN nº 58, de 27 de abril de 2009, e aperfeiçoada por novas alterações trazidas pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011, vigentes a partir de 1 de janeiro de 2012. Assim, diante da importância do as- sunto, iremos destacar alguns pontos relevantes do MEI, como a constitui - ção, tributação e controles exigidos. CONDIÇÕES PARA O ENQUADRAMENTO É necessário que o empreendedor individual fature, no máximo, R$ 60.000,00 por ano; não tenha parti - cipação em outras empresas e tenha somente um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria que atua. Ele precisa obter o registro no CNPJ para fins de emissão de Nota Fiscal. PARA SE INSCREVER Os interessados podem fazer a inscrição como MEI no Portal do Em- preendedor (www.portaldoempreen- dedor.gov.br). Não haverá cobrança de taxas. As inscrições serão efetuadas de maneira simplificada. Os números do CNPJ e da Junta Comercial serão obtidos imediatamente após a inscrição. Não é preciso encaminhar nenhum documento. QUEM PODE SE HABILITAR É necessário consultar a lista de ati- vidades que podem ser enquadradas como MEI, no Portal do Empreende- dor, no site citado acima. Toda atividade a ser exercida, mesmo na residência, necessita de autorização prévia da Prefeitura local, que, nesse caso, também será gra- tuita. Na cidade de São Paulo, o site da Prefeitura (www.capital.sp.gov. br) explica como obter a autorização. TRIBUTOS O MEI será enquadrado nas regras do Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (IR, PIS, CO- FINS, IPI e CSLL). Pagará apenas os seguintes valores fixos, válidos a partir de janeiro de 2012, que serão atualizados anualmente, de acordo com a variação do salário mínimo: - R$ 31,10 para atividades isentas de ICMS e ISS - R$ 32,10 para comércio e/ou indústria (INSS + ICMS) - R$ 36,10 para prestação de serviços (INSS + ISS) - R$ 37,10 para atividades mistas (INSS + ICMS + ISS) Os pagamentos mensais devem ser realizados até o dia 20 de cada mês, por meio de guia gerada no Portal do Empreendedor chamado de Documen- to do Simples Nacional - DAS. EMPREGADO O MEI pode ter até um empregado ganhando um salário mínimo ou o piso salarial da profissão. Nesse caso, é preciso baixar a Guia do FGTS e In- formação à Previdência Social – GFIP, no site da Receita Federal (www.re- ceita.fazenda.gov.br) a ser entregue até o dia 7 de cada mês, por meio do sistema chamado Conectividade Social da CEF. Ao preencher e entregar a GFIP, o FGTS será depositado, calculado à base de 8% sobre o salário do em- pregado. Além disso, é necessário recolher 3% à Previdência Social. CONTABILIDADE/DOCUMENTOS O MEI é dispensado de Contabilida- de. Deve guardar os documentos do empregado contratado e o canhoto das Notas Fiscais que emitir. Mensalmente, até o dia 20, o MEI preencherá (pode ser manualmente) o Relatório Mensal das Receitas Bru- tas (obter no Portal do Empreende- dor), com as receitas que obteve no mês anterior, anexando notas fiscais de compras de produtos e serviços, bem como as notas fiscais que emitir. Anualmente o MEI declarará o va- lor do faturamento do ano anterior, preenchendo a Declaração Anual Simplificada - DASN (obter no Portal do Empreendedor). CUIDADOS É preciso ficar atento e acompanhar de perto o valor do seu faturamento, pois, dependendo de quanto ultra- passar o limite de R$ 60.000,00 ao ano, será considerado Microempresa e o excesso de receita será tributado em percentuais crescentes, podendo haver, inclusive, a incidência de juros e multas. Por isso, recomenda-se que o MEI, ao perceber tal situação, antecipe-se e inicie imediatamente o pagamento dos tributos pelas regras do Simples Nacional, acessando o Portal no site da Receita Federal (www.receita. fazenda.gov.br).

Rentabilidade dos planos de previdência MEI: chance para · PDF filevida do contribuinte um inferno. Há uma proliferação insana de leis, decretos, medidas provisórias, emendas,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Rentabilidade dos planos de previdência MEI: chance para · PDF filevida do contribuinte um inferno. Há uma proliferação insana de leis, decretos, medidas provisórias, emendas,

2 3 4

Rentabilidade dos planos de previdênciaTodo início de ano, a rentabilidade dos planos previden-

ciários, administrados pela Fundação Cesp costuma gerar preocupação aos seus participantes. Afinal, o resultado obtido vai definir a situação da reserva matemática, que garante o pagamento dos benefícios recebidos pelos aposentados e a receber pelos ativos. Surgem assim diversas informações de percentuais sem que se tenha um esclarecimento do que significam. Anualmente, é definido um índice percentual de meta atuarial a ser atingida, calculada a partir de um valor financeiro necessário a ser acrescido nas reservas matemáti-cas, para garantir a formação de reserva financeira suficiente para pagamento dos benefícios.

Para 2011, a Fundação CESP divulgou que o percentual médio de rentabilidade dos planos previdenciários foi de 13,2%. Ocorre que cada plano tem sua própria meta atuarial a ser atingida, definida e aprovada pelo Comitê Gestor de cada empresa.

Abaixo seguem as metas e as rentabilidades obtidas em cada uma das empresas em 2011. A média divulgada de 13,2% refere-se ao cálculo médio entre as rentabilidades obtidas em cada plano, de acordo com sua participação proporcional na re-serva financeira total do plano previdenciário. Constata-se que alguns planos não atingiram a rentabilidade mínima definida.

Como se observa, exceto a AES Tietê, com expressiva alta na rentabilidade, e CTEEP e Funcesp que não atingiram a meta, os demais resultados ficaram próximos das metas atuariais estabelecidas, o que denota conservadorismo nas aplicações financeiras.

Em 2011, outros fundos de pensão não atingiram suas metas

DIRETORIA: Presidente – Sérgio Pinfildi; Vice-Presidente – José Carmo De Felice; Dir. Comunicação – Antonio Carlos Figueira; Dir. Técnico Cultural – José Paulo Vieira; Dir. Financeiro – José Roberto Marconi; Dir. Social – Marden Leão B. Machado; Dir. Previdência e Saúde – Mario Molina Ribeiro; Dir. Administrativo – Roberto Magno L. Gomes; Dir. Negócios – Wilson Roberto Nunes.Os artigos assinados, assim como o teor das palestras publicadas no ADECON Hoje, são de inteira responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião do Instituto ADECON.Site: www.institutoadecon.org.br e-mail:[email protected]. Endereço: Avenida Paulista, 2.073 – Edifício Horsa I – 21° andar – conjunto 2119. Telefones: (11) 3285 - 2887 / 3285 – 6844.

ADECON HOJE é uma publicação do Instituto ADECON

Jornalista responsável: José Luiz Teixeira, MTb 16.099

Diagramação: Cíntia PlihalApoio Administrativo: Lourdes Trinca Fornazieri

Impressão: Lenegráfica EditoraTiragem: 2.000 exemplares

INSTITUTO ADECON – Associação sem fins econômicos que congrega pessoas físicas, jurídicas e demais profissionais de nível superior, para prestação de serviços especializados a empresas e entidades do setor energético brasileiro.

EMPRESA META ATUARIAL RENTABILIDADE AES Tietê 11,92% 24,29% ELEKTRO 11,92% 13,36% Eletropaulo 11,92% 13,34% CPFL 11,92% 13,05% CESP 11,92% 13,04% CPFL Piratininga 11,92% 12,77% DUKE Energy 11,39% 12,57% EMAE 11,65% 11,87% CTEEP 11,65% 11,60%FuncCesp 11,65% 11,55%

MEI: chance para formalizar seu negócio A praga da burocraciaMarcos Cintra

A empresa de consultoria Grant Thornton produz, periodi-camente, o relatório International Business Report (IRB) para mostrar o principal entrave para a expansão dos negócios em vários países. O levantamento é realizado junto a executivos e contempla questões como falta de mão de obra qualificada, carência de infraestrutura, custo de financiamento, burocracia e escassez de capital de giro.

No Brasil, o item que mais limitará o crescimento das empresas em 2012, segundo o mais recente estudo, será a burocracia. Ela será um entrave para 46% dos executivos entrevistados, ficando acima da média mundial, que é de 37%. O país onde esse fator menos preocupa é a Finlândia (6%).

A burocracia é uma praga que contamina o meio empresarial e o maior expoente dessa excrescência reside na área tributária. É im-pressionante como as regras fiscais proliferam no País. Essas ações insanas criam uma es-trutura cada vez mais complexa, impossível de ser digerida, ge-rando custos para as empresas e tornando o sistema cada vez mais vulnerável à corrupção.

Entender a confusa legislação tributária no Brasil é uma tarefa difícil até para os mais experientes tributaristas. A complexidade tributária no País é uma anomalia cada vez mais resistente. A produção de regras não cessa e torna a vida do contribuinte um inferno. Há uma proliferação insana de leis, decretos, medidas provisórias, emendas, normas complementares, entre outros instrumentos jurídicos, que acabam impondo pesados custos aos contribuintes, sobre-tudo às empresas.

Um levantamento do Banco Mundial, comparando o tempo que as empresas gastam para apurar tributos em vários pa-íses, revela dados impressionantes sobre a situação ridícula da estrutura de impostos brasileira. Uma empresa submetida à legislação tributária no País gasta por ano 2.600 horas (equivalente a 108 dias e oito horas) com a burocracia nos três níveis de governo, enquanto que a média mundial é de 1.344 horas (equivalente a 56 dias no ano). No Chile são necessárias 316 horas; na China, 872; na Índia, 272; na Rússia, 448; e, na Argentina, 615. Essa discrepância absurda é, seguramente, um dos fatores mais significativos para o comprometimento da competitividade da produção no Brasil.

O viés burocráti-co faz da estrutura tributária brasilei-ra um monstren-go cada vez mais horripilante. Um exemplo claro nes-se sentido refere-se ao que ocorreu nos últimos anos com dois impostos: PIS/Cofins e CPMF. O primeiro passou a ser cobrado - parte sobre o faturamen-to e parte sobre o valor agregado,

gerando uma calamitosa proliferação de procedimentos re-gulatórios e o segundo, que era simples, transparente, sem custo para o governo ou para o contribuinte e altamente produtivo na arrecadação, foi sumariamente trucidado.

Na questão tributária o País precisa mudar paradigmas em vez de aprofundar seus defeitos, como a burocracia pública insiste em fazer. O potencial da economia brasileira tem uma dificuldade enorme para ser concretizado, e isso, em boa parte, decorre de uma visão que repele o simples e assimila o complexo.

_____________________________________________________________________________________________________________Marcos Cintra é doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas.

Filósofo, defensor das liberdades individuais, professor universitário, escritor. Na juventude, participou do movimen-to estudantil. Estudou economia no Mackenzie, quando se opôs ao Comando de Caça aos Comunistas. Formou-se em filosofia na USP. Especializou-se em administração na FGV. Foi executivo de multinacional e escreveu o livro “Armas de Fogo – Cidadania e Banditismo”, no qual defendeu o direito do cidadão à legítima defesa.

Este breve currículo sintetiza a trajetória de Luiz Afonso Siqueira Pereira dos Santos, falecido no dia 4 de maio, aos 65 anos. Luiz Afonso era casado com Elisabete Adami, membro do Conselho Deliberativo do Instituto ADECON e colaboradora do Boletim ADECON Hoje.Tiveram três filhos.

Para Elisabete, “Luiz Afonso sempre foi uma inspiração para muita gente, principalmente aqueles que defendem as liberdades democráticas e a vontade soberana do indivíduo”.

edição n0 100edição n0 100edição n0 100

atuariais por vários motivos, mas o principal teve relação com as aplicações em renda variável, cujo índice Bovespa anual apresentou resultado negativo de -18,11%.

As informações e dados abaixo mostram que devemos estar atentos para a forma de divulgação das informações, principal-mente quando são utilizados dados médios em suas análises.

Em relação ao primeiro trimestre de 2012, as metas atuariais dos planos de previdência foram atingidas, principalmente em virtude da valorização da Bolsa de Valores, inclusive com superávit em relação ao projetado. Este resultado, obtido através da renda variável, que apresenta maiores riscos para os investimentos, deixa claro que o conforto que se tinha na aplicação em títulos públicos, como forma usual de obtenção de um bom ganho financeiro, está acabando.

Outra informação: o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC) estuda proposta de uma nova resolu-ção, com regras e procedimentos, para que as patrocinadoras possam se retirar dos planos previdenciários, uma preocupa-ção a mais para os seus participantes.

Em 1997, com o fechamento do plano previdenciário vigen-te, implantou-se o BSPS e teve início o BD. Esta alteração foi necessária para compensar o desequilíbrio financeiro existente na época, que surgiu em virtude do não pagamento da tota-lidade dos compromissos financeiros de responsabilidade da patrocinadora.

Esta situação é diferente da necessidade de aporte financeiro por déficit no patrimônio previdenciário, devido à baixa renta-bilidade ou diferenças no pagamento de benefícios. No caso do BSPS, fica claro que, quando os participantes abriram mão da rentabilidade do patrimônio para cobrir o não pagamento da patrocinadora, caracterizou-se a compra do direito de se ter eventual déficit do plano coberto pela patrocinadora, indepen-dente de qualquer alteração econômica e financeira, conforme estipulado em contrato.

O contrato assinado, com o fechamento do plano previden-ciário à época e a criação do BSPS, é de caráter individual e se caracteriza por direito adquirido. Atualmente, comenta-se a intenção da Fundação Cesp de alterá-lo, especialmente no que se refere ao índice de reajuste.

Ora, o Governo Federal acabou de dar o exemplo de como os contratos em vigência têm que ser respeitados. Modificou a forma do cálculo da rentabilidade da poupança, mas garantiu a manutenção do compromisso assumido de rentabilidade, até então vigente, para os saldos em depósito na data da implan-tação da alteração.

O Instituto ADECON espera que a Fundação Cesp siga o exemplo do governo federal e cumpra o contrato com os par-ticipantes dos planos previdenciários. Não só por uma questão legal, mas também de princípios.

Respeito ao contrato previdenciário

Nota de falecimento

Dentre as várias medidas que o Governo Federal tem adotado para estimular o crescimento da econo-mia no País, reduzir a informalidade e, consequentemente, aumentar a renda nacional, uma se destaca: a implementação da figura do Micro Empreendedor Individual – MEI.

O MEI foi criado pela Lei Comple-mentar nº 128, de 19 de dezembro de 2008, regulamentada pela Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional - CGSN nº 58, de 27 de abril de 2009, e aperfeiçoada por novas alterações trazidas pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011, vigentes a partir de 1 de janeiro de 2012.

Assim, diante da importância do as-sunto, iremos destacar alguns pontos relevantes do MEI, como a constitui-ção, tributação e controles exigidos.

CONDIÇÕES PARA O ENQUADRAMENTO

É necessário que o empreendedor individual fature, no máximo, R$ 60.000,00 por ano; não tenha parti-cipação em outras empresas e tenha somente um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria que atua. Ele precisa obter o registro no CNPJ para fins de emissão de Nota Fiscal.

PARA SE INSCREVEROs interessados podem fazer a

inscrição como MEI no Portal do Em-preendedor (www.portaldoempreen-dedor.gov.br).

Não haverá cobrança de taxas. As inscrições serão efetuadas de maneira simplificada. Os números do CNPJ e da Junta Comercial serão obtidos imediatamente após a inscrição. Não é preciso encaminhar nenhum documento.

QUEM PODE SE HABILITARÉ necessário consultar a lista de ati-

vidades que podem ser enquadradas como MEI, no Portal do Empreende-dor, no site citado acima.

Toda atividade a ser exercida,

mesmo na residência, necessita de autorização prévia da Prefeitura local, que, nesse caso, também será gra-tuita. Na cidade de São Paulo, o site da Prefeitura (www.capital.sp.gov.br) explica como obter a autorização.

TRIBUTOSO MEI será enquadrado nas regras

do Simples Nacional e ficará isento dos tributos federais (IR, PIS, CO-FINS, IPI e CSLL). Pagará apenas os seguintes valores fixos, válidos a partir de janeiro de 2012, que serão atualizados anualmente, de acordo com a variação do salário mínimo:

- R$ 31,10 para atividades isentas de ICMS e ISS

- R$ 32,10 para comércio e/ou indústria (INSS + ICMS)

- R$ 36,10 para prestação de serviços (INSS + ISS)

- R$ 37,10 para atividades mistas (INSS + ICMS + ISS)

Os pagamentos mensais devem ser realizados até o dia 20 de cada mês, por meio de guia gerada no Portal do Empreendedor chamado de Documen-to do Simples Nacional - DAS.

EMPREGADOO MEI pode ter até um empregado

ganhando um salário mínimo ou o piso salarial da profissão. Nesse caso, é preciso baixar a Guia do FGTS e In-formação à Previdência Social – GFIP, no site da Receita Federal (www.re-ceita.fazenda.gov.br) a ser entregue até o dia 7 de cada mês, por meio do sistema chamado Conectividade Social da CEF.

Ao preencher e entregar a GFIP, o FGTS será depositado, calculado à base de 8% sobre o salário do em-pregado. Além disso, é necessário recolher 3% à Previdência Social.

CONTABILIDADE/DOCUMENTOSO MEI é dispensado de Contabilida-

de. Deve guardar os documentos do empregado contratado e o canhoto das Notas Fiscais que emitir.

Mensalmente, até o dia 20, o MEI preencherá (pode ser manualmente)

o Relatório Mensal das Receitas Bru-tas (obter no Portal do Empreende-dor), com as receitas que obteve no mês anterior, anexando notas fiscais de compras de produtos e serviços, bem como as notas fiscais que emitir.

Anualmente o MEI declarará o va-lor do faturamento do ano anterior, preenchendo a Declaração Anual Simplificada - DASN (obter no Portal do Empreendedor).

CUIDADOSÉ preciso ficar atento e acompanhar

de perto o valor do seu faturamento, pois, dependendo de quanto ultra-passar o limite de R$ 60.000,00 ao ano, será considerado Microempresa e o excesso de receita será tributado em percentuais crescentes, podendo haver, inclusive, a incidência de juros e multas.

Por isso, recomenda-se que o MEI, ao perceber tal situação, antecipe-se e inicie imediatamente o pagamento dos tributos pelas regras do Simples Nacional, acessando o Portal no site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br).