20
ÓRGˆO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTA Director António JosØ Seguro Director-adjunto Silvino Gomes da Silva Internet www.partido-socialista.pt/accao E-mail [email protected] N” 1166 - Semanal 0,50 5 Setembro 2002 RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR CRÉDITO BONIFICADO À HABITA˙ˆO PROSSEGUE CARAVANA DE RECOLHA DE ASSINATURAS O sucesso da caravana na recolha de assinaturas no âmbito da campanha pela reposiçªo do crØdito bonificado à habitaçªo levou a que os responsÆveis do PS e da JS decidissem prorrogar por mais um mŒs esta iniciativa. PÆgina 5 PÆgina 4 ENTREVISTA A MARIA SANTOS JOANESBURGO FOI A CIMEIRA DA INSUSTENTABILIDADE O empenho político e a determinaçªo sØria de salvar o planeta foram as ausŒncias mais notadas na Cimeira Mundial do Desenvolvimento SustentÆvel. Por isso, Maria Santos nªo hesita em falar de decepçªo quando faz o balanço da magna reuniªo de Joanesburgo. É que, para resolver os problemas da Terra nªo bastam discursos e declaraçıes de boas intençıes. Quanto à actuaçªo portuguesa na cimeira, Maria Santos, em entrevista ao Acçªo Socialista, critica fortemente a atitude inócua do primeiro-ministro e o discurso inconsistente do ministro do Ambiente. PÆgina 7 PS PROPÕE TRANSPAR˚NCIA NAS CONTAS PÚBLICAS PÆgina 11

RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

Ó R G Ã O O F I C I A L D O P A R T I D O S O C I A L I S T ADirector António José Seguro Director-adjunto Silvino Gomes da Silva

Internet www.partido-socialista.pt/accao E-mail [email protected]

Nº 1166 - Semanal0,50

5 Setembro 2002

RENTRÉE

FERRO DESAFIADURÃO A BAIXARO IVA E REPORCRÉDITO BONIFICADOÀ HABITAÇÃO

PROSSEGUE CARAVANADE RECOLHA DE

ASSINATURASO sucesso da caravana na recolha de assinaturas no âmbito da campanha pela reposição docrédito bonificado à habitação levou a que os responsáveis do PS e da JS decidissem prorrogar pormais um mês esta iniciativa.

Página 5

Página 4

ENTREVISTA A MARIA SANTOS

JOANESBURGO FOI A CIMEIRADA INSUSTENTABILIDADEO empenho político e a determinação séria de salvar o planeta foram as ausências mais notadas naCimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentável. Por isso, Maria Santos não hesita em falar de�decepção� quando faz o balanço da magna reunião de Joanesburgo. É que, para resolver os problemasda Terra não bastam discursos e declarações de boas intenções.Quanto à actuação portuguesa na cimeira, Maria Santos, em entrevista ao �Acção Socialista�, criticafortemente a atitude inócua do primeiro-ministro e o discurso inconsistente do ministro do Ambiente.

Página 7

PS PROPÕE TRANSPARÊNCIA NAS CONTAS PÚBLICAS

Página 11

Page 2: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

2

5 de Setembro de 2002

A SEMANA REVISTAACTUALIDADE

ANTOONIO COLAÇO

ZONZOS

�Eu pertenço a uma geração que chegou agora ao poder e nada tem a ver comquerelas ideológicas�

José Manuel Duráo Barroso, 30/08/02

�Fico um pouco zonzo, porque não entendo como é que o primeiro-ministropode nada ter a ver com os debates ideológicos se este expressam as grandesescolhas sobre o futuro do País. E sobretudo porque me lembrei do jovemDurão Barroso que conheci como aluno da Faculdade de Direito, maoísta e afazer política ideológica�

Marcelo Rebelo de Sousa, TVI/DE, 02/09/02

Foto JN

Ferro Rodrigues e Jamila Madeira estiveram juntos em Santarém para fazer o balanço da petiçãopela reposição do crédito bonificado à habitação.

Realizou-se a primeira reunião da direcção do Grupo Parlamentar do Partido Socialista, após asférias da Assembleia da República.

A COC reuniu-se para tratar de assuntos relacionados com a preparação do próximo Congresso doPartido Socialista.

Carlos César marcou ontem a �rentrée� do PS/Açores com um jantar na Ilha Terceira. O presidentedo Governo Regional lembrou aos socialistas açorianos a obra feita ao longo dos últimos seis anos degovernação.

A Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias reuniu-se apedido dos deputados socialistas para ouvir as explicações da ministra da Justiça sobre as recentesmudanças na direcção da Polícia Judiciária.

A sessão plenária do Parlamento Europeu contou com as intervenções dos eurodeputados socialistas,Joaquim Vairinhos, Manuel dos Santos, Paulo Casaca, Helena Torres Marques e Sérgio Sousa Pinto.

Chegou ao fim a Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, em Joanesburgo, com aapresentação das conclusões dos trabalhos desenvolvidos durante dez dias.

Page 3: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

3

ACTUALIDADE

SILVINOGOMES DA

SILVA

Depois da habitual pausa de Agosto para férias, o �Acção Socialista� está de volta para mais um anode trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendoem conta a realização do próximo Congresso de Novembro do PS.Das páginas do �AS� continuaremos a fazer uma tribuna de combate ao Governo de direita, daremospreferência à divulgação das nossas iniciativas e do nosso projecto, mas recusamo-nos a entrar emjogos ou intrigas que não servem os interesses do Partido, a que com muita honra e orgulhopertencemos. Vamos, por isso, centrar sempre o ataque no nosso adversário: a coligação neoliberalno poder, ao mesmo tempo que procuraremos o justo equilíbrio na divulgação e afirmação deposições internas.E as principais frentes de combate do PS para os próximos tempos são duas e foram anunciadas porFerro Rodrigues no comício da �rentrée�. O PS vai lutar com determinação para que o Governoreponha os valores do IVA e recue na decisão de pôr fim ao crédito bonificado à habitação. Por outrolado, o secretário-geral do PS, numa atitude reveladora de grande sentido de Estado, estendeu amão ao Executivo e afirmou-se disponível para um pacto que tenha em vista o combate à fraude eevasão fiscais, ao mesmo tempo que se propõe ajudar, no seio da União Europeia, uma renegociaçãodo Pacto de Estabilidade e Crescimento. Face a estes reptos lançados pelo líder do PS, o primeiro-ministro fez orelhas de mercador, dando apenas sinais positivos no que toca à matéria fiscal. Mas,a este propósito, é bom recordar que foram os socialistas os primeiros a avançar, em sede parlamentar,com uma iniciativa legislativa sobre a evasão e fraudes ao fisco.No entanto, não é de mais sublinhar que o Governo, ao não atender às pretensões do PS na baixade impostos, continua a renegar a promessa eleitoral constante do programa com que se apresentouao eleitorado, além de que o aumento do IVA não só não gerou a receita esperada, como foi factoragravante da crise económica a que o actual Executivo conduziu o País.Depois de meses de contenção, eis que surge o ministro de Estado, Paulo Portas, ao melhor estilo dadireita caceteira, a ameaçar com a agitação de rua, caso as centrais sindicais decidam convocar umagreve geral para fazer frente à proposta de nova legislação laboral. A um ministro de Estado nãobasta ter título. É preciso saber usá-lo.Mas, é a Cimeira da Terra, que ontem terminou em Joanesburgo, que tem marcado a actualidade

cada vez mais global. Apesar dos avançosverificados relativamente à Cimeira do Rio,nomeadamente os acordos conseguidos parareduzir a pobreza, a população sem acesso aágua potável e a saneamento e o compromissoda assistência financeira aos países em vias dedesenvolvimento, há a verificação por parte dediferentes sectores que se deveria ter ido maislonge, sobretudo em matéria de energia, já queacabaram por não se estabelecer metas paraincrementar a utilização de energias renováveis,nem tão-pouco foi acordada a entrada em vigordo Protocolo de Quioto, o acordo internacionalpara reduzir as emissões de gases com efeito deestufa, fundamental para o futuro do Planeta.As lideranças mundiais podiam ter avançadomuito mais na defesa da Terra. O que hoje nãose fez em Joanesburgo, pagar-se-á amanhãmuito caro em todo o mundo.Uma nota final para sublinhar a falta decoerência do ministro Morais Sarmento. Depoisde ter afirmado que não estava disposto a gastarum tostão com eventuais indemnizações na RTP,acabou por pagar 100 mil contos a Emídio Rangel.As entradas de leão com saídas de sendeiro doministro da Presidência são a confirmação deque Nuno Morais Sarmento não é para levar asério.

EDITORIAL

AS �RENTRÉES�E as principais frentes de combate do PS para os próximos tempos são

duas e foram anunciadas por Ferro Rodrigues no comício da �rentrée�. OPS vai lutar com determinação para que o Governo reponha os valores do

IVA e recue na decisão de pôr fim ao crédito bonificado à habitação.

PRIMEIRA REUNIÃO DA COCA Comissão Organizadora do Congresso (COC) reuniu-se pela primeira vez na passada terça-feira na sede nacional do Largo do Rato, tendo aprovado o calendário relativo à preparação eorganização do Congresso (ver caixa). A COC estabeleceu também nesta reunião a data de 16 de Setembro como o prazo limite para os camaradas optarem, para efeitos da eleição de delegados,entre as secções de residência e as sectoriais.

CALENDÁRIO DO XIII CONGRESSO NACIONAL DO PSColiseu dos Recreios, Lisboa 15, 16 e 17 de Novembro de 2002

Até 16 de Setembro Militantes das Secções de Acção Sectorial podem optar por votar nessa Secção

Até 16 de Setembro Definição do número de delegados a eleger por Secções

Até 30 dias da data da eleição dos delegados 25, 26 e 27 de Setembro Envio dos Cadernos Eleitorais para as SecçõesEleger � 25, 26 e 27 de Abril; Ser eleito � 25, 26 e 27 de Abril de 2001

Até 27 dias antes da data da eleição dos delegados 27, 28 e 29 de Setembro Apresentação de reclamações sobre os Cadernos

Até 15 dias da data da eleição dos delegados 12 de Outubro Data limite para a entrega de moções globais: de propostas de alteração estatutárias;de propostas de Declaração de Princípios e Programa

Até 10 dias antes da data da eleição dos delegados 15, 16 e 17 de Outubro Envio das convocatórias a todos os militantes com capacidade eleitoral

Até 4 dias antes da data da eleição dos delegados 21, 22 e 23 de Outubro Apresentação de listas de candidatos a delegados

Após entrega das listas de candidatos a delegados Afixação das listas candidatas

Até 15 dias antes do Congresso Nacional 25, 26 e 27 de Outubro Assembleia Geral Eleitoral das Secções

Até 15 dias antes do Congresso Nacional 1 de Novembro Data limite a apresentação de moções sectoriais

Até 48 horas após Assembleia Geral de Militantes 27, 28 e 29 de Outubro Apresentação de recurso sobre as deliberações da Assembleia Geral Eleitoral

Até 8 dias antes do Congresso Nacional Até 8 de Novembro Repetição de actos eleitorais na sequência de reclamações apresentadas

15, 16 E 17 DE NOVEMBRO XII CONGRESSO NACIONAL EXTRAORDINÁRIO DO PS

Page 4: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

4

5 de Setembro de 2002

CRÉDITO BONIFICADO

CARAVANA VAI CONTINUAR

PS EM MOVIMENTO

O sucesso da caravana na recolhade assinaturas no âmbito dacampanha pela reposição do

crédito bonificado à habitaçãolevou a que os responsáveis do PS

e da JS decidissem prorrogar pormais um mês esta iniciativa.

intergeracional por demais evidente�, aomesmo tempo que manifestou �grandesatisfação� pelo facto de, num período dedesmobilização geral do País derivada dasférias, se ter registado �grande adesão por partede figuras públicas e cidadãos anónimos detodas as idades�.�Conseguimos que a caravana mobilizassePortugal�, garantiu a líder da �Jota�, registandoque, em apenas quatro semanas, já foramrecolhidas 50 mil assinaturas.A manter-se o ritmo, frisou Jamila, as desejadascem mil assinaturas serão recolhidas até ao fimdeste mês. Para tal, a estratégia sofreráalterações. O contacto com as populaçõespassará dos locais habitais de férias (praiasfluviais e marítimas) para o meio urbano, a saber,locais de trabalho e estabelecimentos de ensino.A caravana prosseguirá, portanto, até final deSetembro, num esforço adicional por fazerrecuar aquela que é �a medida mais injusta que

o Governo do PSD/PP tomou desde que está nopoder�, nas palavras do o coordenador dacampanha pelo lado do PS.Em jeito de balanço da campanha �Queremos aNossa Casa�, Jorge Coelho assegura que �asexpectativas iniciais foram excedidas� e queaté ao fim de Setembro o número de assinaturasrecolhidas poderá ultrapassar as cem mil.Ao �Acção Socialista�, Coelho recordou as duascaracterísticas mais marcantes da decisãogovernativa de extinguir o regime de créditobonificado para aquisição de casa própria,frisando que esta é �injusta do ponto de vistasocial� porque ataca os mais pobres e �um errotécnico�, uma vez que não constitui umexercício de economia efectiva.Na opinião do dirigente socialista, o fim do créditobonificado merece o �repúdio da generalidadedas pessoas�, pois as suas consequênciasnegativas serão sentidas sobretudo pelascamadas populacionais mais desfavorecidas.

A campanha conjunta JS/PS �Queremos aNossa Casa� culmina no domingo, dia 29, comuma convenção a realizar-se em Aveiro,ocasião em que serão aprovados os diplomasrelativos a esta matéria que o GrupoParlamentar deverá apresentar na Assembleiada República, na próxima sessão legislativa.Jorge Coelho destacou a �notável aceitaçãoque a iniciativa teve, não só junto dos jovens,mas também de pessoas preocupadas esolidárias�, pelo que, afirmou: �O Governoainda está a tempo de corrigir esta grandeinjustiça�.Para já, e se ainda não assinou a petiçãosocialista para reposição da bonificação dosjuros ao crédito à habitação, fique a conhecero seu conteúdo através do sitewww.juventudesocialista.org e se decidirassinar, dirija-se às sedes do partido ou da JS,ou, naturalmente, como à própria caravana.

MARY RODRIGUES

RODOVIAS

MAIS OBRAS SOCIALISTAS INAUGURADAS PELO GOVERNOAs férias de Verão foram aproveitadas peloExecutivo de Durão/Portas para cortar maisfitas de obras socialistas. A última ocorreu nopassado sábado, com a abertura ao trânsitoda variante Castro Daire do IP3, uma via de 16quilómetros de extensão que implicou oinvestimento de 70 milhões de euros.Um dia antes, na sexta-feira, dia 30 deAgosto, o Governo inaugurou o troço CastroMarim/Monte Francisco, o primeiro do IC27.Trata-se doutro empreendimento socialistaque vai ligar a zona oriental do Algarve aobaixo Alentejo e este à restante rede viária.

a poder fazer-se através de um troço da A14 de19 quilómetros, cuja construção custou cercade 160 milhões de euros.Entretanto, e como não basta repousar sobreos louros alheios para ganhar fôlego, asdecisões governativas em matéria de portagenstêm dado que falar.O lanço Belmonte/Guarda da auto-estrada daBeira Interior (A23), numa extensão de 33quilómetros, foi inaugurado sob protestoscontra o eventual pagamento de portagensnaquela via.Já durante a abertura do troço Mouriscas/

Gardete tinham sido registados protestoscontra tal possibilidade anunciada peloministro das Obras Públicas.Segundo a Comissão de Utentes da Auto-estrada da Beira Interior (CUABI), �aportagem é um travão ao desenvolvimentoda região e tanto a Guarda como CasteloBranco precisam de medidas positivas. ACUABI garantiu ainda que existe um abaixo-assinado com milhares de assinaturas contraas portagem, que deverá ser entregue naAssembleia da República.

M.R.

Também a auto-estrada da Beira Interior ficoubeneficiada com a abertura ao trânsito de trêsimportantes ligações. No fim de Julho, o IP6passou a ter mais 28 quilómetros com ainauguração do troço Mouriscas/Gardete, umaobra que custou 120 milhões de euros.Já no final de Agosto último, o IP2 ganhoumais 54 quilómetros de via com a abertura aotrânsito dos troços Alqueria/Teixoso (25 km),uma obra que custou cerca de 90 milhões deeuros, e Teixoso/Guarda (29 km), uminvestimento de 200 milhões de euros.Ainda no final de Julho, a ligação ao IP1 passou

A defesa dos direitos dos jovens conta com oapoio das várias gerações de socialistas. Osecretário-geral do PS e a líder da JS juntaram-se, sábado, em Santarém, para reiterar aimportância da campanha de Verão �Queremosa nossa casa�, uma iniciativa conjunta queprevê a recolha de assinaturas da petição quevisa pressionar o Governo no sentido de reporo crédito bonificado à habitação.Jamila Madeira, ao �Acção Socialista�,sublinhou sobretudo a �solidariedade

Page 5: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

5

RENTRÉERESENDE

FERRO DESAFIA DURÃO A DESCER IVAE REPOR CRÉDITO À HABITAÇÃO

Num discurso centrado nosproblemas e desafios que se

colocam aos portugueses, noâmbito da oposição construtiva

que tem vindo a fazer ao Governo,Ferro Rodrigues desafiou Durão

Barroso a descer o IVA e a recuperaro crédito bonificado à habitação, edefendeu �uma avaliação séria� doPacto de Estabilidade que enforma

de uma �ortodoxia financeira�.

à actual situação e anunciando que este temaserá uma das prioridades socialistas nareabertura da Assembleia da República,noutras como as alterações à lei laboral, FerroRodrigues foi particularmente duro.�Se querem aumentar a competitividade coma liberalização dos despedimentos, nãocontem connosco para isso. Depois admirem-se que ossindicatos e os trabalhadores estejam contra.

Se lhes tiram direitos sem contrapartidassociais, estavam à espera de quê?�, disse.O secretário-geral socialista dedicou parte doseu discurso ao interior do nosso partido,colocando a sua liderança na senda de MárioSoares, Vítor Constâncio, Jorge Sampaio eAntónio Guterres - cuja saída do Governogarantiu, �apesar do que cada um possapensar�, foi �pensada e para servir o PS�.Desse passado vêm �vitórias como o

rendimento mínimo garantido, o pré-escolar,o combate à toxicodependência e aodesemprego, a habitação e os 170 quilómetrosde auto-estradas deixados prontinhos paraeste Governo inaugurar e que são o maiordesmentido de que o PS não tinha obra�.Antes de Ferro Rodrigues, intervieram JamilaMadeira e José Junqueiro. A presidente daJS, Jamila Madeira, garantiu que estajuventude está a recolher uma média de 10mil assinaturas semanais para obrigar aoregresso do crédito bonificado à habitação e,dirigindo-se directamente a Durão Barroso,disse que �só nos tempos idos de Salazar éque lingotes de ouro nos cofres do Estado eramsinónimo de prosperidade�.Referindo-se aos perigos que considerouexistirem para o ensino superior devido aoscortes orçamentais, Jamila Madeira disseestar-se perante �um Governo de mangas dealpaca�.Por sua vez, o líder da Federação de Viseu, odeputado José Junqueiro, sublinhou que �énestes momentos que se vêem os amigos doPS�, numa alusão aos que se mantiveramfirmes apesar do mau tempo que se fez sentirdurante grande parte do comício-festa do PSna praça central de Resende.O dirigente socialista recordou as obras feitaspelo Instituto de Navegabilidade do Douro (IND)na região e a decisão do Governo de o fundirnoutra instituição para �controlar a partir deLisboa os seus destinos e questionou se isso ese impor portagens no IP3 é descentralizar�,para responder: �Claro que não�.

O secretário-geral, que falava na �rentrée�do PS em Resende, Viseu, reiterou as críticasao fim do crédito bonificado, uma decisão�estúpida�, e ao aumento do IVA, e desafiouo primeiro-ministro a mostrar as contas atéao final do ano sobre os benefíciosorçamentais conseguidos com elas.Num discurso em que as questões económicase orçamentais ocuparam lugar de destaque,Ferro Rodrigues apelou ainda a um debate naUnião Europeia sobre a existência ou não decondições para manter o Pacto deEstabilidade, um documento assinado nopressuposto de um crescimento económico queo 11 de Setembro de 2001 veio deitar por terra.Na sua intervenção, Ferro Rodriguesclassificou Durão Barroso e Paulo Portas de�incendiários� políticos, o primeiro-ministropor �regar com gasolina o perigo de fogoorçamental, e o ministro da Defesa por �querera guerra nas esquinas, ao ameaçar com umaida para a rua da direita,�.Em contraponto ao PS �de esperança� queapresentou ao país, Ferro Rodrigues afirmouque �o que aconteceu nestes meses foi quenenhum dos problemas se resolveu e muitosoutros surgiram�.�É um Governo fraco perante os fortes e forteperante os fracos, que está a falharredondamente�, afirmou, na sua intervençãoem que reafirmou que o PS vai manter umaoposição construtiva.�Sei que há quem gostasse de me ver todos osdias em grandes diatribes à hora dostelejornais. Nunca me verão assim. Farei umaoposição séria, com propostas construtivas enão com promessas falsas para ganhar meiadúzia de votos�, afirmou.Preocupado com o estado da economiaportuguesa, o líder socialista disse que emPortugal �reina o medo do aumento dodesemprego�, sublinhando que �resolver odéfice com recessão económica é nãocompreender que ela trará menos dinheiropara o Estado e agravará os problemas sociais�.Mas se em áreas como a evasão fiscal o lídersocialista mostrou a sua disponibilidade paraconversar, referindo que o PS está disponívelpara um pacto de regime que permita pôr cobro

Page 6: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

6

5 de Setembro de 2002ACTUALIDADE

EVASÃO FISCAL

FERRO QUER PROGRAMA�CLARO E CONCRETO�

No âmbito da campanha de recolha de assinaturas pela reposição do crédito bonificado àhabitação levada a cabo pela JS e pelo PS, Ferro Rodrigues teve oportunidade de reagir à�rentrée� do principal partido do Governo.O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, lamentou que Durão Barroso não tenha respondidono seu discurso a duas questões que o líder do PS havia lançado, a da possibilidade de o próximoOrçamento de Estado retomar a taxa do IVA de 17 por cento �se se confirmar que não houvevantagens com o aumento� e do regresso do crédito bonificado para a compra de habitação.Por outro lado, Ferro Rodrigues garantiu que o PS não levantará �qualquer problema� àcelebração de um pacto de regime no combate à fraude e evasão fiscais, desde que haja umprograma �claro e concreto�, e �bem sustentado�, que �não se fique no plano das intenções�.

Ferro Rodrigues reconheceu que o presidente do PSD avançou com �alguns elementos� queconsidera essenciais para a celebração de um pacto de regime no combate à fraude e evasãofiscais, como o anúncio de medidas que permitirão o cruzamento de dados, mas lamentou queno discurso de Durão Barroso tenha ficado por clarificar a questão do segredo bancário.�Há muitas questões para as quais o Governo pode contar com o PS�, disse Ferro Rodrigues,sublinhando ser �errado socialmente e injusto, do ponto de vista político e social�, que sejamos trabalhadores por conta de outrem a pagarem a grande factura dos impostos directos eindirectos.Para Ferro Rodrigues, houve no discurso de Durão Barroso um �sinal positivo� nesta matéria,mas é preciso haver �coerência�, referindo, em concreto, o caso do �capital financeiro� e dos�grandes bancos�, que dispõem de mecanismos legais para �fugirem ao cumprimento das suasobrigações fiscais�, nomeadamente através do �off-shore� da Madeira.Sobre a declaração de Durão Barroso de empenho no alcance de um acordo social sobre alegislação laboral, Ferro Rodrigues considerou �extremamente contraditório� que o presidentedo PSD tenha declarado firmeza na defesa da proposta do Governo e ao mesmo tempo diga quequer, a todo o custo, procurar o acordo.�Para haver um acordo social tem que haver cedências nas questões que preocupam justamenteos sindicatos e os trabalhadores por conta de outrem, tem que haver alguma capacidade denegociação e não se pode ter uma atitude prepotente e arrogante� perante uma legislação quecontém �demasiadas omissões, erros e aspectos extremamente injustos para a maioria dostrabalhadores portugueses�, disse.

FERRO RODRIGUES AO �JN�

LUCROS DOS BANCOS NO �OFF-SHORE�DA MADEIRA SÃO INSULTO AOS CONTRIBUINTESFerro Rodrigues não poupa críticasao Código de Trabalho apresentado

pelo Governo que, entre outrosaspectos gravíssimos, �visa

retirar força negocial aossindicatos�, e considera �um

insulto� a isenção fiscal atribuídaaos bancos para os lucros obtidos

no �off-shore� da Madeira.O secretário-geral do PS, em

entrevista ao �Jornal deNotícias�, classifica a sua

liderança como �determinada etranquila� e considera

fundamental que �não hajapoderes absolutos� na escolha

dos candidatos a deputados e aautarcas�.

fundamental, na opinião de Ferro Rodrigues,�seria em matéria de apoio às empresas, porqueneste momento há uma visão muito poucoempresarial e também uma visão em quedesapareceu das preocupações o planeamentoestratégico�.�A ideia que passou para a opinião pública deque o País estava de tanga foi assassina dequalquer recuperação económica�, acusou.No que respeita ao desmembramento eprivatização do IPE, Ferro Rodrigues vê estamedida �como uma opção mais ideológica do

que concreta�, sublinhando que �este Governotem uma predilecção pela destruição de tudo oque lhe cheire a sector público eplaneamento�.Quanto à ofensiva do Governo contra asconquistas sociais do PS, Ferro Rodrigues afirmaque �o País pode contar com uma fiscalizaçãointensa às intervenções e actos deste Governoem matéria social�.Neste âmbito, o líder do PS não poupa críticasao Código do Trabalho, que �visa retirar forçanegocial aos sindicatos e criar a possibilidade

de existir sindicatos de empresa, com os quaiso patrão possa ter uma negociação mais fácilretirando essa capacidade ao movimentosindical, que tem de reformar-se, mas não é,certamente, quebrando-lhes a espinha dorsalque pode construir-se um Portugal inserido nomodelo social europeu�.Ferro Rodrigues aponta como pontos maisgravosos do pacote laboral �a possibilidade deextensão indefinida de um contrato a prazo, afacilitação de despedimentos individuais semjusta causa e o trabalho nocturno�.

Liderança determinadae tranquila

Relativamente à vida interna do partido, outrodos pontos em destaque na entrevista ao �JN�,Ferro Rodrigues define a sua liderança como�determinada, tranquila e sem preocupaçõescom os telejornais das oito da noite�,reafirmando que a sua eleição como secretário-geral em congresso é uma alteração de quenão abdica.�Fui eleito em eleições directas, mas ficou noar que o debate interno foi muito limitado. E,portanto, quero que haja condições para teradversários e ganhar em congresso�,acrescentou.Quanto ao processo de escolha dos candidatosa deputados e a autarcas, o líder do PSconsidera que o fundamental �é que não hajapoderes absolutos no PS�.�Da mesma maneira que não deve haver umpoder absoluto do secretário-geral em momentonenhum e muito menos na edificação das listaspara deputados ou para as câmaras municipais,também não o pode haver por parte de outraestrutura que não impeça que o que está mesmoa ver-se seja um erro, um disparate e umaderrota política�, sustenta.

J. C. CASTELO BRANCO

Ferro Rodrigues considera �um insulto� arecente isenção atribuída pelo Governo aosbancos para lucros obtidos no off-shore daMadeira, nomeadamente numa altura em que�foram levadas à prática por este Governomedidas altamente lesivas de famílias comdificuldades�. Por isso, espera �que o PSD estejadisponível para rever esta situação�, que,sublinha, �é uma questão grave, mais graveainda que o aumento do IVA de dois pontospercentuais�.Na entrevista, o líder do PS arrasa a postura doGoverno no que respeita à necessidade derevitalizar a economia, lembrando que �agestão das expectativas é, hoje, uma questãofundamental na economia. Era preciso darsinais aos agentes económicos de que asituação iria ser mudada�. E um sinal

Page 7: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

7

PARLAMENTOOFF-SHORE DA MADEIRA

BENEFÍCIOSFISCAIS SÃO

IMORAIS EESCANDALOSOS

Retomando as denúncias de Ferro Rodrigues, ovice-presidente da bancada socialista José Sócratesvoltou ontem à carga no Parlamento, acusando oGoverno de ter aumentado os benefícios fiscaisdos bancos na zona franca da Madeira.Durante a reunião da Comissão Permanente daAssembleia da República, Sócrates considerou�imoral e escandalosa� a portaria do Governo,publicada em Junho, �que aumenta de cinco para20 por cento a isenção fiscal dos bancos querealizem operações no off-shore da Madeira�.�Com essa portaria o Governo faz um grande favoraos bancos, porque multiplica por quatro os seusbenefícios fiscais�, apontou o ex-ministro socialista,antes de lamentar que essa medida tenhacoincidido com a decisão do Executivo de aumentaros impostos da generalidade dos portugueses.�Isto é tirar aos fracos e dar aos fortes�, disse,exigindo depois a �revogação imediata da portaria�.

PROJECTO DE RESOLUÇÃO

PS QUER TRANSPARÊNCIA NAS CONTAS PÚBLICASCom o objectivo de acabar com as

dúvidas sobre os critérioscontabilísticos utilizados pelasFinanças, o deputado socialista

Guilherme d�Oliveira Martinspreconizou a adopção de uma

comissão, constituída pela Assembleiada República, Ministério das Finanças

e Tribunal de Contas, que defina asregras de contabilização das receitas edespesas do Estado, para pôr termo aoclima de �suspeição que persiste sobreo ente público� e para �credibilizar as

contas perante os portugueses�.

O ex-ministro das Finanças do último Governode António Guterres falava ontem durante odebate realizado, a pedido do PS, na ComissãoPermanente da Assembleia da República,durante o qual a bancada socialista apresentouum projecto de resolução sobre a transparênciadas contas públicas, que considera um dosfactores mais importantes para o�fortalecimento da credibilidade e da confiança

adoptados os mesmos critérios que foramadoptados na apreciação dos números de 2001pela comissão para a análise das contaspúblicas, presidida pelo governador do Bancode Portugal, Vítor Constâncio.Segundo o projecto de resolução do PS, �éindispensável criar para o futuro das melhorescondições para que haja uma disponibilizaçãopermanente de elementos sobre a consolidaçãodas finanças públicas e sobre a execuçãoorçamental, retirando carga política a umaquestão que, sendo eminentemente técnica,deve reunir condições de rigor e deindiscutibiliadde que se revelam essenciais paraa credibilidade do Estado e das suasinstituições�.Para o PS, �a disponibilidade de informaçãocontabilística surge como absolutamentefundamental para permitir, por um lado, aanálise das despesas públicas segundo critériosde legalidade, economia, eficiência e eficáciae, por outro, o reforço da clareza etransparência da gestão dos dinheiros públicose das relações financeiras do Estado�.

J. C. CASTELO BRANCO

dos agentes económicos�, bem como para a�garantia do bom funcionamento dosmecanismos de fiscalização política e financeirada execução orçamental�.Com esta proposta, o PS pretende umauniformização dos critérios para o cálculo dodéfice, preconizando que, na execuçãoorçamental de 2002 e no futuro, sejam

Page 8: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

8

5 de Setembro de 2002ESPAÇO ABERTO

O partido vai realizar um Congresso de15 a 17 de Novembro de 2002, com umprograma onde se prevê a revisão daDeclaração de Princípios, dos Estatutos,e o aprofundamento da democraciainterna, dando mais protagonismo apessoas de fora que se identifiquem como PS. Isto é uma boa notícia que merecea colaboração de todos os interessados.Sabemos que o PS, como nenhum outroPartido, e alguns dos seus políticosnotáveis, têm defendido o que de melhortemos tido em Portugal, isto é, aliberdade e a democracia. Portanto,jamais podemos deixar de respeitar,todos aqueles que perderam a vida,outros que a destruíram e aqueles que aarriscaram para que fosse possívelvivermos sem ditadura.Assim parece que seria útil o PS continuarcom a abertura ao exterior. E isto, mesmoem casos como no passado, com o regressoao PS de pessoas que tenham saído donosso partido, que tenham criado partidosconcorrentes, que, por vezes, muitoprejudicaram profissionalmente osmilitantes PS, e mesmo nesses casos, atolerância para o acesso ao PS, tanto paracasos isolados como em grupos deu bomresultado e, possivelmente, continuará afacilitar a entrada no PS de políticos comvalor e muita experiência.Mas o avanço do tempo não perdoa. Opaís mudou após a Revolução dos Cravos.O país está muito diferente para melhor.Parece que só a mudança não muda e nadapode impedir que o futuro chegue todosos dias sem avisar.Assim, atrevo-me a admitir que talvez oPS não se tenha actualizado o suficiente,para, actualmente, ser considerado umPartido Moderno, que satisfaça asnecessidades dos militantes e votantes.Isto é, atrevo-me a admitir que o PS,actualmente, não tem a qualidadesuficiente e necessária a um partido daesquerda do socialismo democrático.Possivelmente algo se poderia fazer paramodernizar o PS. Assim, talvez fosse útila limitação a dois mandatos seguidos doscargos dos membros dos Secretariadosde Secção de Residência, a Assembleiade Freguesia, Juntas de Freguesia,Secretariados de Federação, ComissãoPolítica, das Federações, entre outros.Porque se o Partido Socialista tiver umaorganização moderna, possivelmentenunca haverá a possibilidade de o mesmomilitante, durante mais que doismandatos seguidos, aparecer em váriaslistas, como por exemplo: ComissãoPolítica do Partido; Comissão Nacional;Federação da área, Assembleia Municipal;Câmara Municipal; Assembleia da

República, etc.Se este acumular de cargos for possível no PS, então o Partido não está a satisfazeras necessidades dos militantes, isto não é de um partido com qualidade.Assim, se o acumular dos nomes e o acumular dos cargos for possível e se não houverlimite de mandatos, o partido pode estar a caminhar para um darwinismo político,e se também for possível o PS ter deputados que se mantêm no Parlamento e queainda não usaram o justo direito à reforma, após 12 anos de trabalho parlamentarmal pago, então o PS não é um Partido Moderno porque não cria possibilidades aosmuitos militantes jovens e com valor que esperam a oportunidade de darem o seucontributo ao PS e à Nação.Em boa verdade calculamos quanto seja difícil elaborar a lista para deputados ouqualquer outro cargo nas circunstâncias como se trabalha no PS.Este trabalho seria mais fácil e com mais justiça, se previamente fosse aprovada umagrelha com os múltiplos indicadores necessários para a classificação de todos aquelesque se candidatem. E esse grelha ser trabalhada e aprovada por todos os órgãos doPartido e por último pelo secretário-geral.Conhecemos como na Europa democrática funcionam os partidos políticos. E defendemosque o PS seja melhor que todos os outros e que o PS seja mais moderno, porqueactualmente o PS talvez tenha urgência em ser moderno. E isto porque parece sernecessário rápida intervenção junto da juventude em geral e na vasta população idosa.Parece que o PS tem permitido que outros partidos lutem por bandeiras que sempreforam ideologicamente do PS. Não é fácil compreender que o PS não defenda mais emelhor certas áreas como:O ensino obrigatório que, infelizmente, com dezenas de anos se mantém na 9ª classee que já devia ter mudado para a 12ª.Que o ensino não tenha melhor preparação em matemática e em português.Que não se encare o Ambiente como um problema de sobrevivência da espécie humana.Que a Cultura Técnica, a Formação Profissional contínua e o Estudo Cientifico nãosejam defendidos com mais rigor estratégico.Que as leis do trabalho não sejam mais inovadoras.Que os recursos da terra, do mar e do ar sejam tratados com tão pouca tecnicidade.As micro, as PME, a produção nacional, a produtividade e a exportação, infelizmente,nem sempre têm sido assuntos tratados por especialistas.Que não sejam respeitados os direitos da igualdade entre homens e mulheres.Que desde os jovens, aos idosos e aos presos, entre outros., se percam tantos milhõesde horas de trabalho que podiam ser úteis à comunidade.Que as Forças Armadas não sejam melhor respeitadas e actualizadas quando a Históriada nação se identifica com elas.Que em Portugal se tenha tão pouco respeito pelos idosos.Igualmente não se compreende bem a utilidade de tantos grupos dentro do PS. Isto é,a existência do grupo da Juventude Socialista, das Mulheres Socialistas, e, qualquerdia, pode aparecer o dos Idosos Socialistas que são cerca de 60 por cento dos militantes.Parece que tudo quanto seja para dividir o PS não pode trazer qualquer vantagem.Assim como o assunto das quotas, que no caso de serem necessárias só se compreendemse for de 50 por cento. E isto, porque os direitos são iguais para mulheres e homens.Todos nós sabemos que não é bom para qualquer instituição haver falta de mudançapara a modernidade. Porque isto origina falta de criatividade e liderança e, no casodo PS, pode originar desinteresse pela política, pelo partido e pela democracia.Aproximam-se períodos que podem trazer problemas sociais e, infelizmente, os militantesdo PS, alguns, não se conhecem bem uns aos outros. Entre si não discutem os assuntosda política e não têm formação política contínua. Isto pode ser grave no futuro.As vitórias dos partidos políticos necessitam de militância política, e esta só sedesenvolve com o convívio entre militantes. E sabemos que o convívio político,actualmente, não pode ser como se praticava no tempo do PREC. As técnicas damilitância já são outras.Os militantes precisam de discutir política para que apareçam novos valores dapolítica, porque, infelizmente, os políticos de valor estão a desaparecer da Europa,e em Portugal, muitos de nós esquecem que somos europeus e que o nosso futurocontinua na Europa.Possivelmente os grandes valores existem, mas o PS tem que os descobrir. Para taltem que criar oportunidades. Trata-se de um fenómeno social que pode ser tratadocom estratégia e organização, isto é, mais qualidade.A modernidade pode trazer mais qualidade e esta melhor satisfação das necessidadespolíticas dos militantes e simpatizantes do Partido Socialista.

CARLOS CAPELAS

O PARTIDO PSE A QUALIDADE

Conhecemos como na Europa democrática funcionam ospartidos políticos. E defendemos que o PS seja melhor quetodos os outros e que o PS seja mais moderno, porqueactualmente o PS talvez tenha urgência em ser moderno.E isto porque parece ser necessário rápida intervenção juntoda juventude em geral e na vasta população idosa.

Page 9: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

9

PARLAMENTODEMISSÕES NA JUDICIÁRIA

EDUARDO CABRITAACUSA MINISTRADE LANÇAR A CONFUSÃO

A pedido do PS, e também do PCP, a ministrada Justiça foi ontem ouvida no Parlamento sobreas recentes mudanças na direcção da PolíciaJudiciária. Envolta em polémica devido a máinterpretação de declarações de EduardoCabrita à Lusa sobre esta matéria que punhana boca do deputado insinuações querelacionaram as demissões na PJ e o caso da�Moderna�, o ex-secretário de Estado da Justiçana sua intervenção na comissão parlamentarcomeçou por afirmar que tanto o PS como elepróprio �não batiam em retirada�, pelo quevinham à comissão parlamentar �debater aactual situação da Polícia Judiciária�.Eduardo Cabrita fez uma detalhada exposiçãodo seu trabalho com a PJ para dizer que aolongo de dois anos esta instituição falou e foifalada �pelos seus resultados�, ao contrário doque considerou acontecer actualmente.Invocando o tempo em que tutelou aquelacorporação, e olhando de frente para a actualgovernante, acabou por declarar: �Não lheadmito que fale mais da Polícia Judiciária doque eu�.O deputado socialista acrescentou que aministra da Justiça tem de explicar aoParlamento �esta aparente suspensão� deresultados práticos da instituição desde queassumiu funções e lamentou que Celeste

Cardona tenha optado por um �processo devitimização� devido às declarações que proferiu.Polémicas à parte, Eduardo Cabrita quis saberas razões da quebra de operacionalidade dainvestigação e delimitação de competênciasalegadas por Maria José Morgado naComunicação Social, bem como a perdaprogressiva de apoio que levou à perda daeficácia no combate aos crimes de colarinhobranco. Outra das questões colocadas prende-se com as alterações das relações decompetências entre as várias directorias da PJ,quando �internacionalmente� se aposta naespecialização, nomeadamente no combateaos crimes económicos.Eduardo Cabrita não deixou de lembrar o legadosocialista na Polícia Judiciária como os processosVale e Azevedo, Universidade Moderna,Paquetes da Expo-98, fraudes fiscais e naadministração fiscal e quis saber, desta vez noque se refere ao combate ao banditismo, quaisas novas orientações para esta área.Além das questões funcionais, Eduardo Cabritaperguntou também �o que sente� CelesteCardona sobre a ida de Paulo Portas à televisãopara �reagir sobre o que não foi dito� (caso daUniversidade Moderna) e recordou as palavrasde Marcelo Rebelo de Sousa, que disse que olíder do PP vive com o fantasma da Universidade

Moderna para o aconselhar a visitar �umpsicanalista�.�Também é cabala política as declarações deum perito da Procuradoria-Geral da República?�,questionou Eduardo Cabrita ao recordar asafirmações de uma testemunha no caso daUniversidade Moderna que afirmou emaudiência que obras na sede do CDS/PP forampagas com dinheiro da universidade.Por último, Eduardo Cabrita congratulou-se coma posição de Adelino Salvado ao não fornecerinformações de alegas investigações em cursoà ministra das Finanças, mas lamentou que odirector da PJ tenha afirmado que ManuelaFerreira Leite o tivesse interrogado sobre umprocesso a decorrer na polícia.Após a sua a intervenção, interrompida algumasvezes pelos deputados da coligaçãogovernamental PSD/CDS-PP, Eduardo Cabritaouviu Celeste Cardona voltar a lamentar-se pelaforma como estava a abordar �uma história semhistória�. No final da audição, o deputado eex-secretário de Estado da Justiça do Governosocialista Eduardo Cabrita sustentou que aministra da Justiça �não deu� qualquer respostaàs questões colocadas pelos deputados e acusouCeleste Cardona de fazer uma actuação�melodramática� sobre a sua honorabilidade.Eduardo Cabrita disse ainda que a ministra �estáassociada� à confusão que põe em causa aoperacionalidade da Judiciária.Por sua vez, o deputado socialista AlbertoMartins usou da palavra na reunião para apelara Celeste Cardona par não ir ao Parlamento�iludir� os deputados com �uma fuga lateral�,

porque é a responsável política pela PolíciaJudiciária e pela linha de orientação seguidapela corporação.O deputado disse ainda �não estar tranquilo�com as mudanças na Polícia Judiciária esublinhou que quer debater de forma maisprofunda as linhas de orientação que estão aser introduzidas na instituição, um pedido aliásaceite de imediato por Celeste Cardona.Entretanto, a Comissão de AssuntosConstitucionais, Direitos, Liberdades e Garantiasagendou para na próxima semana uma audiçãoao director nacional da Polícia Judiciária, AdelinoSalvado, e aos directores adjuntos que foramsubstituídos na semana passada.Ainda sobre esta matéria, recorde-se que FerroRodrigues refutou terça-feira a possibilidadede qualquer pedido de desculpas por parte doPS, uma vez que �quem tem que darexplicações� sobre as demissões na PolíciaJudiciária é a ministra da JustiçaO secretário-geral do PS reagia assim àexigência de Celeste Cardona de um pedido dedesculpas do PS por declarações do deputadoEduardo Cabrita relacionando as demissões naPJ com questões políticas, nomeadamente comas investigações do caso Moderna.O líder socialista acrescentou que EduardoCabrita já esclareceu que �houve um abuso deinterpretação das suas palavras numdeterminado take de uma agência de notícias�,mas que está disponível para �esclarecerperfeitamente o que quis dizer� quando aministra for à Assembleia da República, o queveio efectivamente a acontecer.

REGIMENTO DA AR

PS CONSEGUE RECUO LARANJAO grupo de trabalho que está a preparar asalterações ao regimento da Assembleia daRepública chegou terça-feira a acordo quantoao calendário parlamentar.Na sua primeira reunião após as férias, osdeputados concordaram em que as sessõesplenárias passassem a realizar-se às terças,quartas e sextas-feiras, conforme fora propostopelo deputado socialista Jorge Lacão, ficandoa quinta-feira reservada às comissõesparlamentares (que decorrerão também àsterças e quartas de manhã) e as segundas-feiras ao contacto dos deputados com oseleitores.Recorde-se que actualmente os plenáriosrealizam-se às quartas, quintas e sextas.Jorge Lacão adiantou que, apesar de havermuito a fazer-se em matéria de regimento, o

grupo de trabalho decidiu alargar o âmbitotemporal das declarações políticas, que passama ter lugar todas as semanas, quandoactualmente têm carácter quinzenal.A mudança do formato das sessões deperguntas ao Governo também vai serconcretizada, passando a existir mensalmenteuma reunião sectorial, com todas as questõescentradas num único departamentogovernamental.

Reformas adiadas

Refira-se que o adiamento das alterações aoregimento parlamentar, cujos trabalhos searrastam há mais de um ano, ficou a dever-seao facto de o PSD ter apresentado, na rectafinal do debate em comissão (em inícios de

Julho), algumas modificações ao chamado�documento Lacão� que até então servia debase de trabalho dos deputados que estão aultimar a reforma.O documento, saído das negociações naanterior legislatura (quando o deputado JorgeLacão era presidente da comissão de AssuntosConstitucionais), propunha, entre outrasalterações, que as reuniões plenáriaspassassem a realizar-se às terças, quartas esextas-feiras.Quando o consenso sobre as matérias alvo dereforma - calendário parlamentar, debatemensal, debates de urgência, criação dainterpelação à câmara, reforço do trabalhodas comissões ou novas regras de votação -parecia alcançado, a bancada laranja veiopropor (três dias antes da votação das

reformas em plenário) que as sessõesplenárias se realizassem às terças, quartas equintas-feiras.O Grupo Parlamentar do PS recusou, alegandoque tal calendário passaria para o exterior aimagem de que os deputados teriam fins-de-semana de quatro dias. O presidente daAssembleia da República e o PSD recuaram,mas, mesmo assim, o PS pediu o adiamento dareforma para o corrente mês.O novo regimento da Assembleia da Repúblicadeverá ser votado na sessão plenária deabertura dos trabalhos parlamentares,agendada para o próximo dia 18. Entretanto, ogrupo de trabalho prosseguirá as reuniões,discutindo hoje as questões relacionadas coma introdução do voto electrónico.

M.R.

Page 10: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

10

5 de Setembro de 2002INTERNACIONAL

GUTERRES APELAÀ MELHORIA DA GESTÃO GLOBAL

ACORDOSO texto final do Plano de Acção da Cimeira Mundial para odesenvolvimento Sustentável estabelece:

Bem-estar - Reduzir para metade, até 2015, a percentagemde pessoas a ganhar menos de um dólar por dia e preservar oambiente.

Energia - Melhorar o acesso à energia barata.

Água - O número de pessoas a viver sem água potável esaneamento básico deve se reduzido de dois mil milhões parametade até 2015.

Saúde - As patentes não devem impedir os países pobres defornecer remédios para todos.

Biodiversidade - O ritmo de extinção de animais e plantasraros deve ser reduzido de forma significativa até 2010.

Químicos - Até 2020, devem ser fabricados e usados de modoa minimizar o impacto tóxico no ambiente.

Assistência - O apoio aos países pobres deve sofrer umaumento, constituindo 0,7 por cento do rendimento nacionaldas nações ricas.

�Uma estratégia global para um desenvolvimentosustentado precisa de uma melhor gestão global�. Foi estaa ideia defendida pelo camarada António Guterres, naqualidade de presidente da Internacional Socialista, numacarta dirigida aos delegados presentes na Cimeira da Terra.Na missiva, datada de 28 de Agosto, Guterres fala de um�problema central� derivado da explosão demográfica eque consiste em saber como lutar contra a pobreza eincentivar o crescimento sem esgotar a reserva mundialde recursos naturais.A resposta possível, segundo o ex-governante, dever serreapreciada à luz da nova conjuntura da globalização eatendendo às mais recentes evoluções em matéria detecnologias da informação e biotecnologia.�Existem já alguns pilares na Agenda 21, na Declaraçãodo Milénio, no consenso alcançado em Monterey e naConferência de Doha. Mas outros ainda estão porconstruir�, afirma António Guterres, para quem o combateà pobreza depende particularmente da criação decondições que possibilitem um aumento da produtividadeagrícola e uma agricultura sustentável, com acesso

facilitado aos mercados internacionais, mas semnegligenciar as questões ambientais e sociais, ondedestacou igualmente a necessidade de viabilizar oinvestimento, apoiar a educação e proporcionar mais emelhores empregos.Segundo o presidente da IS, �a única maneira de combinarcrescimento rápido com sustentabilidade é, para além deuma melhoria da gestão dos recursos, implementar umamudança nos padrões de consumo e produção, que nãosão sustentáveis�.O combate às doenças contagiosas, mediante odesenvolvimento dos cuidados de saúde e o acesso básicoà água potável e ao saneamento básico, bem como amelhor ia na regulação dos s i s tema f inance i rointernacional que possibilite uma ajuda aos paísessubdesenvolvidos foram outras ideias defendidas porGuterres na carta à cimeira de Joanesburgo, onde tambémrecorda o apoio da Internacional Socialista à criação deum Conselho para a Segurança Económica, no seio dasNações Unidas.

M.R.

As alterações climatéricas fazem-se sentirum pouco por todo o mundo. As catástrofesnaturais exibem as suas trágicasconsequências, mas os �senhores da Terra�mais não fazem do que dar passos tímidosna estratégia de preservação ambiental doplaneta. A prová-lo está a recente cimeirade Joanesburgo, onde delegados de 190países acabaram por deixar concretizar aestratégia norte-americana, que não só fezvingar a sua política de parcerias comotambém conseguiu bloquear as metas emmuitos dos dossiers.A União Europeia (UE), por seu turno, saiudesta c imeira com uma bagagem decedências em questões determinantes. OsQuinze não conseguiram que o Plano de Acçãocontemplasse como objectivo, até 2015, aprodução de 15 por cento da energia a partirde fontes renováveis.Este revés constitui um duro golpe noProtocolo de Quioto, cujo texto obriga ospaíses desenvolvidos a reduzirem as suasemissões de gases que provocam umsobreaquecimento do globo, fenómeno que

ficou conhecido como �efeito de estufa�.Assim, em matéria de energia foram os paísesprodutores de petróleo e os Estados Unidos amarcarem pontos, derrotando o G77 (ospaíses em vias de desenvolvimento). Nestebloco, o Brasil, apoiado pela América Latina,defendia as energias renováveis, mas aindústria petrolífera fez vingar a suaestratégia, gorando ainda a pretensãoeuropeia de acabar com os subsídios aoscombustíveis fósseis.Sobre a questão ambiental, o presidente daComissão Europeia, Romano Prodi, recusoua discurso de derrota, afirmando que �apesarde não se terem estabelecido metas�, o textodo acordo é �satisfatório�, uma vez queexpressa o dever de aumentar, com urgência,a utilização de fontes renováveis�.A água acabou por ser a grande vitória da UE.A comunidade internacional comprometeu-se,até 2015, a reduzir para metade o número depessoas sem acesso a água potável esaneamento. Foi este um dossier em que, atéà última hora, EUA e Japão se opuseram.A Europa conseguiu também, com a

cumplicidade norte-americana, em termos deajuda ao desenvolvimento, não ir além doacordado em Doha e Monterey, remetendo aajuda para um Fundo Voluntár io deSolidariedade proposto pela AdministraçãoBush. Os países mais ricos conseguiram assimadiar o fim dos subsídios à agricultura, umadas reivindicações do G77, claramentederrotado.No capítulo da biodiversidade, oficializou-seo compromisso de reduzir, até 2010, a perdade diversidade biológica, mas sem apontarqualquer meta quantitativa.Como que a salvar o encontro, EUA e UEapresentaram seis grandes pacotes deinvestimento bilateral, no âmbito dos quaisa saúde recebe a maior fatia com os EUA aprometer investir 2,3 mil milhões de dólares,até 2003.A água e saneamento são a prioridadeseguinte. Os americanos comprometem-secom um investimento na ordem dos 970milhões de dólares, enquanto a UE develançar projectos no valor de 520 milhões deeuros.

A prioridade europeia vai igualmente para aenergia, sector onde deverão ser lançadasparcerias avaliadas em 700 milhões de euros.Quioto foi mais uma vez, deixado para trás,embora neste capítulo o cerco aos EUA, querecusa ratificar o protocolo, mesmo sendo oprincipal poluidor do planeta, esteja maisapertado.Depois do Canadá anunciar a ratificação atéfinal do ano, foi a vez da China e da Rússiaanunciou que quer ratificar, num futuropróximo, o protocolo para o combate àsalterações climáticas.Apesar da sua forma cautelosa, o anúnciofoi tido como o sinal político mais importanteque se poderia esperar da Rússia em relaçãoa Quioto Recorde-se que este país vai sediaruma grande conferência internacional sobreas alterações climáticas na Primavera de2003, esperando-se que até lá o processo deratificação esteja concluído.Se a Rússia realmente der o �sim� definitivo aQuioto nessa altura, o protocolo poderá entrarem vigor na segunda metade do próximo doano, durante a nova reunião da ConvençãoQuadro das Alterações Climáticas, à qual oprotocolo está vinculado. O acordo entra emvigor quando tiver sido ratificado por 55países, incluindo nações que representem 55por cento das emissões de gases de efeito deestufa do mundo desenvolvido.Por sua vez, a China - o segundo maioremissor de gases de efeito de estufa domundo, depois dos Estados Unidos - tambémanunciou a sua ratificação do acordo deQuioto.Com isto, os Estados Unidos ficam isolados nasua posição contrária a este planointernacional. Lembre-se que há um anopassado, numa atitude que surpreendeu acomunidade internacional, o presidentenorte-americano George W. Bush decidiuabandonar o Protocolo de Quioto, porconsiderá-lo danoso para a economia dos EUA.

MARY RODRIGUES

CIMEIRA DA TERRA

PLANETA SAIU DERROTADOA capital sul-africana foi a arena onde se digladiaram, durante dez dias,

preocupações ambientalistas e sociais, por um lado, e interesseseconómicos por outro. A perder ficou o planeta, cuja preservação

continuou a ser secundarizada face à prioridade global do lucro a qualquerpreço, bandeira do neoliberalismo selvagem.

A Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável terminou, ontem,com um saldo positivo de intenções e um défice de acções e decisões. Os

ambientalistas falam de �frustração� e denunciam a �fragilidade doPlano de Acção�.

Page 11: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

11

INTERNACIONALMARIA SANTOS

A DECEPÇÃO DE JOANESBURGOO empenho político e a

determinação séria de salvar oplaneta foram as ausências mais

notadas na Cimeira Mundial doDesenvolvimento Sustentável. Porisso, Maria Santos não hesita emfalar de �decepção� quando faz o

balanço da magna reunião deJoanesburgo. É que, para resolveros problemas da Terra não bastam

discursos e declarações de boasintenções.

Quanto à actuação portuguesa nacimeira, Maria Santos, em

entrevista ao �Acção Socialista�,critica fortemente a atitude inócuado primeiro-ministro e o discurso

inconsistente do ministro doAmbiente.

humanidade e o nosso planeta, os responsáveispolíticos deviam ter sido capazes de apresentarresultados e medidas eficazes. Joanesburgo nãose devia reduzir a uma mera tribuna política semum conteúdo concreto.

Que atitude deveriam tomar os paísesricos e industrializados para impedira progressão da pobreza no mundo ea acelerada degradação ambiental?O recente trabalho realizado pelas NaçõesUnidas sobre o �estado do ambiente no mundo�vem demonstrar que, nos últimos 30 anos, asiniciativas políticas desenvolvidas, não só nãoforam suficientes para contrariar as inúmerassituações de degradação, como os factores depressão antropogénica sobre o ambiente semultiplicaram assustadoramente. A�ambientalização económica� ainda está muitoaquém de quaisquer exigências societaismodernas. Por isso, uma política moderna temde conseguir motivar os Governos, asmultinacionais, as empresas, entre outros, paraagirem. Ainda que as desilusões sejam muitas,as respostas construtivas são possíveis. E têmde ser plenamente assumidas pelos países ricos,sem marginalizar a participação dos países emdesenvolvimento. A criação de autoridadesinternacionais como a Organização Mundial doAmbiente ou um Conselho de SegurançaEconómica e Social, tornam-se cruciais parafazer respeitar a Declaração do Milénio com osseus seis princípios fundamentais para asrelações internacionais no século XXI: liberdade;igualdade; solidariedade; tolerância; respeitopela natureza e responsabilidade partilhada.

O que tem mais capacidade para seimpor, as regras da OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC) ou as daConvenção sobre a Biodiversidade?Pelos resultados da Cimeira, as da OMC. Nãoesqueçamos, por exemplo, que o dossier sobreas subvenções agrícolas foi remetido para apróxima ronda de negociações da Organização

Mundial de Comércio, a realizar em 2003, e queo Protocolo de Cartagena sobre biosegurançacontinua por ratificar. Por outro lado, fracassouo objectivo de, até 2010, reduzir para metade aperda da riqueza biológica. Isto é tanto maisgrave quando sabemos que, anualmente, autilização dos recursos naturais ultrapassa em20 por cento a capacidade de regeneração dosrespectivos ecossistemas.

A ausência do Presidente Bush naCimeira de Joanesburgo, a par da nãoratificação do Protocolo de Quioto, nãofoi um sinal claro de que a principaleconomia do mundo continua nocaminho do desenvolvimento nãosustentável?A ausência do Presidente Bush - de férias noTexas - é paradigmática e bem demonstrativa dodumping ecológico que os EUA tentam impor atodos os outros países. Como alguém disse nacimeira, �o que polui parece ser o elo mais forte�.Ao rejeitar em bloco o Protocolo de Quioto, oúnico tratado internacional de luta contra asalterações climáticas, o Presidente norte-americano transformou-se no maior aliado dainsustentabilidade planetária.

A sociedade civil e as ONG�s tiveramum papel satisfatório na Cimeira deJoanesburgo?Foi extremamente positivo o papel das ONG�s.Globalizaram a solidariedade e foram ocontraponto cívico da cimeira, a �sineta� dealarme da cidadania mundial e da sustentabi-lidade.

Como classifica a participação doGoverno português na Cimeira deJoanesburgo?Se recordarmos que o próprio primeiro-ministroafirmou que, relativamente à cimeira, �não tinhaexpectativas�, talvez possamos entender por quefoi tão politicamente irreconhecível aparticipação portuguesa. Aliás, o Governo

português apresentou-se, em Joanesburgo, semuma Estratégia Nacional para o DesenvolvimentoSustentável. O seu discurso foi inócuo. Oconteúdo das declarações do ministro dasCidades, do Ordenamento do Território e doAmbiente foi inconsistente, carecendo de umarápida e credível reformulação. A propósito dasenergias renováveis, foi esclarecedor: �Não seestabeleceram metas, mas o texto obriga ospaíses a aumentar a sua quota de renováveiscom urgência�. A ver vamos.

Qual a importância da proposta daInternacional Socialista, presidida porAntónio Guterres, para criar umConselho de Segurança Económica eSocial no âmbito das Nações Unidas?É um importante contributo no planoinstitucional. A criação de um Conselho deSegurança Económica e Social, visandocoordenar as diversas organizaçõesinternacionais (OMS; OIT; OMC), poderá garantiruma melhor eficácia na �governação mundial�,em prol da sustentabilidade, na sequência, aliás,das orientações da Cimeira de Lisboa, quepreconiza uma economia mais competitiva, massem deixar de colocar o pleno emprego e aempregabilidade, no centro da política de coesãoeconómica e social.

Como se devem posicionar os socialis-tas perante a globalização e a suainfluência nos equilíbrios económicos,sociais e regionais do Planeta?Para os socialistas as grandes causas nãomorreram, nem faltam os intervenientes dispos-tos a corporizá-las. Mas, para que se ganhemtais causas, torna-se indispensável mudar aspolíticas públicas. Só deste modo se poderetomar a confiança dos cidadãos. Só estabele-cendo um �novo compromisso� entre o econó-mico, o social e o ambiente, se pode pugnarpela �sociedade dos indivíduos� iguais em direitose deveres, onde a solidariedade prepondere.O fenómeno da globalização não pode ser vistonem linearmente nem como uma fatalidade.Sabemos que há uma pluralidade de dinâmicascontraditórias e socialmente adversas, que vãodesde a uniformização dos padrões de consumoà crescente insegurança alimentar; daespeculação monetária e financeira àfragilização da coesão social; da delapidação dosrecursos naturais aos efeitos cumulativos dapoluição. É isto que se torna imperioso inverter.A globalização em si mesma não é boa nem má.Ela depende da sua regulação social e política.Daí que o diálogo entre ambiente e economiatenha de ser radicalmente diferente. A lógicadas vantagens competitivas das empresas quenão respeitam o ambiente, tem de ser social epoliticamente condenada. A legislação nodomínio do ambiente não é um entrave ou umaameaça ao crescimento económico, antes pelocontrário, constitui um elemento referencialobrigatório do desenvolvimento. Neste sentido,como socialistas, devemos bater-nos por umreformismo ambiental audacioso e por umaorientação humanista para a globalizaçãoeconómica.

Como classifica as conclusões da Cimeirada Terra e quais, na sua perspectiva, osresultados mais relevantes?As conclusões foram decepcionantes, embora,infelizmente, previsíveis. Joanesburgo transfor-mou-se na �cimeira da insustentabilidade�, na�cimeira da oportunidade perdida�, no �Riomenos 10�. O ambiente foi tratado como umasimples formalidade. Faltou o verdadeiroempenho político e os impulsos decisivos paralutar contra a pobreza, a fome, a criminalidadeambiental. Faltou liderança política paraenfrentar com determinação e vigor osproblemas globais do estado do ambiente nomundo. Joanesburgo ficará para a história comoa �cimeira dos acordos voluntários�, a �cimeiradas parcerias� ou dos ditos �bons negócios�. Porexemplo, é escandaloso o não acordo sobremetas e objectivos quantificados para as energiasrenováveis, elemento fundamental na lutacontra as alterações climáticas, com todas asconsequências nefastas, quer para a saúde epara a própria economia, quer para as paisagensde numerosas regiões do globo.No entanto, no pós-Joanesburgo - dada aconsciência acrescida das populações peranteos problemas ambientais - ainda há lugar para aesperança e para a �governação responsável�.

Estas grandes cimeiras que periodi-camente se realizam sobre o futuro doplaneta não são, antes de mais, gritosde desespero da humanidade que asautoridades políticas teimam em fingirque não ouvem?De facto, temos de nos interrogar sobre a utilidadede algumas decisões. Os discursos �eco-humanistas� produzidos em Joanesburgo, ounoutras cimeiras pelos líderes mundiais nãochegam, efectivamente, para inverter o ciclovicioso da pobreza, impor regras claras e universaisde respeito pelo ambiente ou criar condições detrabalho mais justas.Perante os verdadeiros problemas que afectam a

Page 12: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

12

5 de Setembro de 2002PS EM MOVIMENTO

FAUL

CRIADA SECÇÃO DE ACÇÃOSECTORIAL DA EDUCAÇÃONo âmbito da FAUL foi criada uma Secção de Acção Sectorial da Educação - destinada a professores,estudantes e outros militantes interessados pela área da Educação - que já tem uma Comissão Instaladoraonde pontifica a camarada Natalina Moura.As primeiras eleições para os órgãos dirigentes desta nova estrutura, que estiveram inicialmente agendadaspara 12 de Julho, foram entretanto adiadas para este mês em data ainda não fixada.Para os camaradas inscritos numa secção de residência que desejem militar também nesta nova estrutura decarácter temático, basta que enviem uma carta ao Departamento de Dados do PS, na sede nacional do Largodo Rato, solicitando a sua inscrição na Secção de Educação.Segundo António Brotas, �esta nova Secção pode ter um papel importante na política educacional do PS�. Porisso, adianta, �é importante que os professores e outros militantes do PS interessados na educação,incluindo estudantes, nela se inscrevam para ainda poderem participar nas eleições previstas para Setembro�.

AÇORES

PS PROMOVE INQUÉRITOAOS MILITANTES

GUARDA

CONTRA EXTINÇÃO DE SERVIÇOSPÚBLICOS NO DISTRITOO PS/Guarda denunciou a extinção das Direcções Regionais dos Assuntos Consulares e dasComunidades Portuguesas, lembrado que a Guarda era uma das oito sedes regionais deste serviçoda Administração Pública.Os socialistas, em comunicado, questionam a �oportunidade� da extinção da delegação na Guarda,recordando �que esta é a época do ano em que mais portugueses residentes no estrangeiro estãoem Portugal e que mais solicitam este serviço.O PS/Guarda não deixa de lembrar que durante o período do Governo socialista, o distrito não viuextinto nenhum serviço público, ao contrário do que está a suceder agora com o PSD, que paraalém de acabar com esta Direcção-Geral, já extinguiu o Centro de Formalidades de Empresas daGuarda, que desempenhava um papel de grande importância para os empresários econsequentemente para o desenvolvimento do distrito.

REQUERIMENTOS

VITALINO CANASQUESTIONA EXECUTIVODurante o mês de Agosto o deputado socialistaVitalino Canas apresentou na mesa daAssembleia da República um conjunto derequerimentos sobre vários temas daactualidade.Na qualidade de relator designado pelacomissão de Assuntos Constitucionais, Direitos,Liberdades e Garantias, Vitalino Canas solicitouao ministro da Administração Interna que lhefosse enviado um relatório recente do SIS sobreo tráfico ilegal de armas em Portugal,recordando que teve conhecimento dodocumento através dos orgãos de ComunicaçãoSocial.As recentes informações prestadas à opiniãopública por dirigentes de vários países de queestará em análise uma operação militar comvista ao derrube do regime iraquiano, levaramVitalino Canas a pedir esclarecimentos aosministros da Defesa e dos NegóciosEstrangeiros sobre se o Governo português foi

consultado sobre a eventual operação noIraque. Se a resposta for positiva, o parlamentardo PS quer saber, qual a posição transmitida ese for negativa se o Executivo tenciona tomaralguma iniciativa.Por outro lado, Vitalino Canas questionou oministro da Saúde sobre a intenção de encerraralgumas das 18 Comissões de Dissuasão daToxicodependência (CDI) em funcionamento,sobretudo as do interior, onde começam a surgirsinais de acréscimo de consumidores, o queimplica que os toxicodependentes dos distritosdo interior tenham de se deslocar centenas dequilómetros para se submeter a uma CDI.O deputado do PS quer também que o Governoesclareça sobre a reavaliação dadescriminalização do consumo da de drogaanunciada pelo deputado do PSD FernandoNegrão, atendendo a que se trata de umamedida não anunciada no programa doExecutivo. Outra questão colocada pelo

parlamentar do PS tem a ver com as declaraçõesdo mesmo deputado sobre a possibilidade deretomar a criminalização do consumo de drogas,o que significa contrariar o programa doGoverno, solicitando por este motivo aconfirmação ou não desta medida.O parlamentar socialista entregou umrequerimento dirigido ao ministro das ObrasPúblicas relativo às acessibilidades do concelhode Sintra, nomeadamente sobre processo dealargamento do IC19, a suspensão do concursopara a construção da auto-estrada IC16/IC30,

e se com o anunciado lançamento de portagensem várias auto-estradas, a CREL, poderá ser ounão abrangida por esta medida.Vitalino Canas enviou ainda outro requerimentoa pedir explicações sobre o fim do contrato doEstado com a Eurocopter para o fornecimentode nove helicópteros para o Exército português.O ministro da Defesa, Paulo Portas anunciouque está disponível para ir à Comissão de Defesaprestar esclarecimentos sobre esta questão, oque deverá acontecer ainda hoje mesmo naAssembleia da República.

No âmbito do processo de refiliação em curso anível nacional, o PS/Açores aproveitou paraproceder simultaneamente a um inquérito aosmilitantes que ocupam lugares de destaque navida social das respectivas áreas de residência,com o objectivo de avaliar a sua implantaçãonas forças vivas (instituições sociais,associações recreativas, clubes desportivos) daregião autónoma.Assim, foi enviado a cada um dos cerca de trêsmil militantes do PS/Açores um inquérito comuma série de perguntas acerca do nível

académico de cada um dos inscritos, bem comoa sua participação em actividades ou órgãosdirectivos das colectividades das suas áreas deresidência como associações de carácter social,culturais, recreativas e desportivas.Segundo o director-geral do PS/Açores, CarlosÁvila, �trata-se de um levantamento que tempor objectivo permitir uma caracterizaçãosocioprofissional dos diferentes militantes, demodo a percebermos a implantação do partido�.O PS/Açores pretende que no congresso regional,agendado para o primeiro trimestre de 2003, e

que irá definir a estratégia eleitoral do partidorumo às próximas eleições regionais de 2004, jáse conheça com profundidade a implantação do

partido na sociedade açoriana, o que será umimportante instrumento de trabalho com vistaaos próximos actos eleitorais.

Page 13: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

13

O MILITANTEAUGUSTO INÁCIO MARIA

UM DOS ROSTOS DA MUDANÇANO ALENTEJO

PREFERÊNCIASPolítico nacionalMário Soares

Político estrangeiroXanana Gusmão

Acontecimento nacional25 de Abril

Acontecimento internacionalQueda do Muro de Berlim

Livro�Os Maias�

AutorEça de Queiroz

MúsicoPaco Bandeira

Servir a comunidade quer naactividade autárquica, quer na área

do associativismo, é o lema quesempre norteou a acção política deAugusto Inácio Maria, presidente

da Junta de Freguesia de S. Maria,no concelho de Odemira.

O militante desta semana do�Acção Socialista�, um dos muitos

rostos das vitórias autárquicassocialistas alcançadas no Alentejo,explica que a mudança que se tem

vindo a verificar nesta região sedeve, por um lado, �ao

esgotamento e saturação domodelo de gestão da CDU�, e, por

outro, �aos projectosapresentados pelo PS, no âmbito

de uma aposta num modelo dedesenvolvimento sustentado,

centrado na construção de infra-estruturas básicas e na

optimização dos recursos naturais,que tem tirado a região da

estagnação em que se encontravamergulhada�.

alargamento da rede rodoviária e noincremento da habitação social, entreoutros, tendo como objectivo central obem-estar das populações, em especial dasmais vulneráveis�, afirma.Há cerca de um ano à frente dos destinosda Junta de Freguesia de S. Maria, esteautarca refere que aceitou ser cabeça-de-lista do PS nas últimas eleições �porquepretendi dar o meu contributo para odesenvolvimento da freguesia, no quadrode um programa de mudança�,acrescentando que o que o motiva naactividade autárquica �é resolver osproblemas das pessoas, que sinto comose fossem os meus�.Augusto Inácio Maria refere que tem comoobjectivo prioritário �completar osaneamento básico e a rede deelectrificação em algumas localidades dafreguesia, bem como apostar fortementena energia solar�, salientando ainda queo Executivo da Junta pretende melhoraro serviço de transporte em carrinhas doscidadãos idosos, que vivem nas zonasrurais com difícil acesso, para a sede doconcelho, para que possam fazer compras,ir ao médico ou tratar de assuntosburocráticos, um serviço que afirma serde �grande utilidade social�.

Este militante faz um balanço �positivo�dos seis anos de Governo PS,nomeadamente a prioridade às políticassociais, destacando o rendimento mínimogarantido, que considera um importanteinstrumento de �combate à pobreza e deinclusão social�.Como alentejano, adianta, �não possodeixar de sublinhar a forte aposta dosgovernos de António Guterres nodesenvolvimento sustentado da nossaregião, através de um volume deinvestimentos sem precedentes, de que abarragem do Alqueva, um sonho dedécadas, é o exemplo mais emblemático�.Por outro lado, como aspecto mais negativoda acção governativa, aponta a �falta decoragem na implementação da reformafiscal, uma medida essencial para umamelhor redistribuição do rendimentonacional em favor dos mais desfavorecidos�.Afirmando-se contente com a liderança deFerro Rodrigues, �um homem competente,de acção, que faz dos problemas sociais asua bandeira�, este camarada defende que�o PS deve fazer uma oposição feroz, semcontemplações com esta política de direita,de liberalismo económico puro e duro,prosseguida pelo Governo PSD/CDS�.

J. C. CASTELO BRANCO

Desde sempre ligado ao associativismo,Augusto Inácio Maria foi durante 19 anosmembro da direcção do Sport ClubeOdemirense e é actualmente director-tesoureiro dos Bombeiros Voluntários deOdemira, instituição de que já foipresidente da direcção.�O PCP, quando dirigiu a Câmara deOdemira, votou sempre ao ostracismo osbombeiros�, lamenta, sublinhando que�só com a chegada do PS à presidênciadesta autarquia é que foi dado apoio� aossoldados da paz, traduzido na atribuição,todos os anos, nas comemorações do 25de Abril, de duas novas viaturas, para alémde ajudas financeiras regulares.A par da sua intensa participação na vidaassociativa, este camarada desenvolvedesde há 20 anos uma actividadeautárquica, tendo sido membro daAssembleia de Freguesia de Salvador,órgão que chegou a presidir durantequatro anos, e é há cerca de um anopresidente da Junta de Freguesia de S.Maria, na sede do concelho da vila deOdemira, que desde há quatro anos temum Executivo socialista.�A nossa vitória na freguesia, bem comono concelho de Odemira, explica-sefundamentalmente pela saturação da

gestão da CDU e pelo facto do PS terapresentado projectos de desenvolvimentocentrados na construção de infra-estruturas de saneamento básico, no

Page 14: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

14

5 de Setembro de 2002EUROPA

O abrandamento da economia mundialregistado a partir do segundo semestre de2001 aumenta ainda mais a necessidade deimplementar a estratégia definida em 23 e 24de Março de 2000 no Conselho Europeu deLisboa, destinada a tornar a actividadeempresarial mais moderna e competitiva,afirma um relatório recentemente aprovadopelo Parlamento Europeu sobre umaComunicação da Comissão intitulada �Manteros compromissos e avançar mais depressa�.No seguimento da Estratégia de Lisboa, foitambém adoptada, no Conselho Europeu deSanta Maria da Feira, a Carta Europeia dasPequenas Empresas que, embora menosconhecida, tem produzido resultados maisvisíveis. Com efeito, pode ler-se no relatórioda deputada francesa Dominique Vlasto que�a adopção da Carta teve repercussões muitopositivas, amplamente reconhecidas pelospoderes públicos e pelos meios profissionais.A satisfação expressa relativamente aoconteúdo da Carta tem a ver com a suasimplicidade, clareza e dimensãooperacional�. As pequenas empresasdesempenham um papel económico e socialda maior importância, na medida em que dãoemprego a 65 milhões de pessoas erepresentam 53 por cento dos empregos naUnião Europeia.

AGÊNCIAS DE VIAGENSSERÃO MAIS COMPETITIVAS

A Comissão dos Assuntos Económicos do Parlamento Europeu aprovou por unanimidade o relatórioda eurodeputada Helena Torres Marques sobre a proposta da Comissão Europeia que revê o regimeespecial do IVA aplicável às agências de viagens europeias.A deputada defende no seu relatório que se proceda a uma harmonização das regras aplicáveis àsagências de viagens, de forma a torná-las mais competitivas face às suas congéneres dos paísesextra-comunitários a operar dento e fora do espaço da União Europeia.Este novo sistema de IVA, que vem alterar o que vigorava desde 1977, cria assim novas regras paraas agências de viagens a operar no espaço comunitário e para as europeias que estejam sediadasem países terceiros, adaptando-as à evolução e às novas exigências dos mercados. Assim, defende-se que as filiais europeias sediadas fora do espaço comunitário fiquem isentas de IVA ao forneceremviagens organizadas a cidadãos extra-comunitários.

As conclusões alcançadas no Conselho deLisboa tornaram-se a pedra de toque daspolíticas de modernização empresarial,competitividade e de emprego, cujo objectivogeral é tornar a União Europeia o espaçoeconómico mais dinâmico e competitivo domundo, baseado no conhecimento. �Aquelefoi o único Conselho que definiu claramenteuma estratégia para a Europa. Daí a suaenorme importância�, disse a eurodeputadaHelena Torres Marques, membro da Comissãodos Assuntos Económicos e Monetários.No entanto, o ritmo de implementação daspropostas que nela constam tem variado deum país para outro. �Nos últimos 18 mesesassistiu-se, nos Estados-membros, a umamultiplicação de experimentações, mas muitasdessas boas práticas não foram objecto deum exercício de aferição, e outras parecemmesmo não ser conhecidas�, afirma orelatório. É por isso que considera que se deve�exigir uma avaliação mais crítica dosprogressos realizados e do método utilizado�.Para Helena Torres Marques, alguns dosaspectos mais importantes da Estratégiaprendem-se com o aumento por parte dosEstados-membros do investimento nos sectoresde alta produtividade e nas novas tecnologias.De realçar também o esforço para tornar osmercados europeus mais compatíveis entre si.

A Estratégia de Lisboa, que instituiu areunião de um Conselho Social paraacompanhar as estratégias económicas daUnião Europeia e os Conselhos de Ministrosda Economia e Finanças, baseia-se nométodo de coordenação aberta das políticaseconómicas e sociais em torno de objectivoscomuns, pondo o acento no papel prioritáriodo sector privado. É deste método que devenascer uma nova parcer ia entre asinstituições comunitárias, os Estados-membros e a sociedade civil. O seu objectivoé levar à realização de reformas nosEstados-membros no contexto daliberalização dos mercados, revisão dafiscalidade das empresas, modernização dosmercados de trabalho, encorajamento àuti l ização das novas tecnologias deinformação.Relativamente à implementação no nosso

país dos objectivos definidos na Estratégiade Lisboa, Helena Torres Marques afirmaque �Portugal tem de fazer um esforçoconsiderável, porque é necessário fazer umgrande invest imento em matér ia deeducação e em novas tecnologias. Aliás,essa é uma das origens do aumento dodéfice, porque o anterior Governo do PS fezaí um esforço enorme�, afirma a deputada.O relatório apela também ao respeito pelos�compromissos assumidos em Lisboa deaumentar o contributo das finanças públicaspara o cresc imento, o emprego e aInvestigação e Desenvolvimento, reduzir apressão fiscal sobre o trabalho bem como onível global dos auxílios estatais.A re latora considera que �não só énecessário acelerar o ritmo das reformas,como urge também obrigar ao respeito dométodo definido em Lisboa�.

HELENA TORRES MARQUES

CIMEIRA DOEMPREGO FOI A

ÚNICA A DEFINIRUMA ESTRATÉGIA

EUROPEIA

Page 15: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

15

EUROPAPARLAMENTO EUROPEU

SOCIALISTAS PORTUGUESESMARCAM PONTOS EM ESTRASBURGOOs eurodeputados socialistas portuguesesestiveram esta semana particularmente activosna sessão plenária de Estrasburgo, intervindona maior parte dos temas mais importantes.Joaquim Vairinhos interveio sobre o céu únicoeuropeu, tema de grande relevância para aoperabilidade do espaço aéreo na UniãoEuropeia; Manuel dos Santos falou a propósitodas vendas abaixo do custo no Mercado Interno;e Paulo Casaca defendeu a adopção de medidasde apoio iguais no auxílio europeu às catástrofesnaturais, independentemente do país em queocorram. Sérgio Sousa Pinto e Helena TorresMarques intervieram no debate sobre anecessidade de dar mais conteúdo e visibilidadeà cidadania europeia, mas fizeram-no já nasessão da noite, pelo que publicaremos asrespectivas intervenções na próxima edição do�Acção Socialista�.

Céu único europeu

�É absurdo que existam vários sistemas deprestação de serviços executados por meiacentena de centros de controlo de tráfegoaéreo, com duas dezenas de exploraçõesdiferentes e setenta linguagens deprogramação informática�, disse JoaquimVairinhos no plenário do Parlamento Europeu.O eurodeputado socialista considerou que aquestão da regulação é de extrema importânciae, por isso mesmo, incontornável na propostade pacote de quatro regulamentos do céu únicoeuropeu. O objectivo do projecto agoraapresentado é transformar, até 31 de Dezembrode 2004, o espaço aéreo europeu num espaçointegrado, organizado em torno dos mesmosprincípios e subordinado às mesmas regras.Espera-se assim reduzir os custos associados àgestão do tráfego aéreo, aumentar a capacidadedos seus sistemas e diminuir os atrasos dosaviões. Questão fundamental é melhorar ascondições de segurança.�A segurança � diz Joaquim Vairinhos � deveser a primeira preocupação de todos osintervenientes na implementação do céu únicoeuropeu, seguida das questões ambientais e

da eficácia�.Questões delicadas abordadas pelo relatório sãoa cooperação entre as autoridades civis emilitares responsáveis pela prestação deserviços de navegação aérea e a eventualabertura dos serviços de navegação aérea aoperadores privados, dado que a Comissão jádeu os primeiros passos no sentido daliberalização do sector, levantando receiosquanto ao seu impacto no mercado do trabalho.

Vendas abaixo do custo

O Parlamento Europeu tem a obrigação deproduzir alterações ao regulamento que incidesobre a promoção de vendas no Mercadointerno, devendo manter-se como princípiofundamental para uma prática comercial justae leal a proibição de vendas com prejuízo,considerou Manuel dos Santos.�Com efeito � afirma � a prática predatória dospreços abaixo do custo, quando generalizada,

gera pressões inaceitáveis sobre o sistemaprodutivo, num ambiente de posiçãodominante, esmagando até ao inconcebível asmargens de lucro legítimo (e portanto desubsistência) das pequenas e médias empresas,obrigadas desse modo a todas as cedências esujeitas a todas as chantagens�.�Como ninguém dá nada a ninguém, a vendaabaixo do preço de custo é um estratagemacomercial que mais cedo ou mais tarde serásuportado pelos consumidores�, afirma oeurodeputado socialista.Para Manuel dos Santos, a lealdade das práticascomerciais é um valor indispensável e absolutopara a construção e desenvolvimento de umaeconomia mais saudável, mais justa e maiscoesa.

Apoio comunitário às catástrofes

A União Europeia deve ter uma mesma respostade apoio para as catástrofes naturais,

independentemente da país onde ocorram,disse o eurodeputado Paulo Casaca,solidarizando-se, em nome do socialistaseuropeus, com as vítimas das gravesinundações que durante o Verão assolaram oCentro da Europa.Ao intervir no plenário de Estrasburgo, oeurodeputado considerou da maior importânciaa intervenção urgente da União Europeia commedidas de apoio, por forma a que os efeitosnefastos da tragédia sejam minorados, esublinhou que �é nestes momentos maisdifíceis que a solidariedade europeia seconstrói�.Paulo Casaca considera essencial que aComissão Europeia avance com uma propostade Regulamento �que, de acordo com oprincípio da subsidiariedade, assegure umaresposta eficaz para as calamidades e umtratamento imparcial para os cidadãosafectados, quer se encontrem no Centro daEuropa ou nos confins do Atlântico�.

RELATÓRIO SOBRE FINANÇAS PÚBLICASATRIBUÍDO A MANUEL DOS SANTOSAs Finanças Públicas na União Económica eMonetária em 2001, é o tema do muitocobiçado relatório que foi atribuído pelaComissão Económica e Monetária doParlamento Europeu ao eurodeputado Manueldos Santos.O relatório vai incidir sobre a análise ao

estado das contas públicas na UEM em 2001,que, segundo a Comissão Europeia, foi operíodo mais difícil em termos de políticaorçamental dos últimos três anos. Serãofeitas sugestões concretas sobre o modocomo, no futuro, poderão ser enfrentadosos principais desafios económicos da Europa.

Como atingir com solidez os objectivos doPacto de Estabilidade e Crescimento,assegurar a sustentabilidade das FinançasPúblicas a longo prazo e, ao mesmo tempo,preparar o alargamento, são algumas dasquestões às quais o relatório procurará darresposta.

Page 16: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

16

5 de Setembro de 2002

FUNDADOR DO PS

MANUEL COSTA E MELOMORREU

Fundador do PS, de que era o militante número 28, Manuel da Costa e Melo faleceu no passadodia 21 de Agosto. Natural da aldeia de Mourisca do Vouga, concelho de Águeda, o antigoadvogado e insigne democrata contava 89 anos.Licenciado em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1935,Costa e Melo destacou-se na luta contra a ditadura, tendo participado activamente nas campanhaseleitorais de Norton de Matos e Humberto Delgado, de que fez parte da Comissão de Honra. Asua militância na oposição ao regime valeu-lhe por três vezes a prisão pela PIDE.Costa e Melo foi ainda um dos organizadores dos Congressos da Oposição Democrática, quedecorreram em Aveiro em 1969 e 1973.Foi militante da União Socialista, do Movimento de Unidade Democrática (MUD), da AcçãoSocialista Portuguesa e do PS.Após o 25 de Abril, pertenceu à Comissão Administrativa da Câmara de Aveiro, antes dasprimeiras eleições autárquicas, e foi governador civil de Aveiro durante o I Governo Constitucionalchefiado por Mário Soares.Costa e Melo colaborou na imprensa regional e nacional, nomeadamente no �Acção Socialista�,onde assinou uma coluna durante vários anos.O secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues, expressou o seu profundo pesar pelo falecimentodeste ilustre militante socialista, afirmando que Manuel Costa e Melo, �democrata de sempre,distinguiu-se em todos os grandes momentos políticos do País que atravessaram a sua vida,como um homem íntegro, corajoso e frontal�, que, acrescentou, �constituirá para sempre umexemplo para todos nós socialistas�. J. C. C. B.

SANTARÉM

AUTARQUIA PROMOVE EDUCAÇÃOAMBIENTALA Câmara Municipal de Santarém vai desenvolver ao longo deste ano lectivo um projecto deeducação ambiental abrangendo 2600 alunos de 68 escolas do primeiro ciclo, tendo como principalobjectivo levar as crianças a participarem de forma activa na preservação do ambiente.O projecto passa pela exibição de uma peça de teatro, �Albor, o filho do futuro� e pelo lançamentodo concurso �Descobrir para participar, olhar os percursos diários�, que se baseia na realização detrabalhos em materiais reciclados e reutilizados.Segundo o vereador responsável pelo pelouro da Educação, Joaquim Neto, �a inovação do projectoreside no facto de o conteúdo da peça de teatro ter contado com a consultoria técnica da autarquiaintegrando-se na realidade do concelho�.Este programa de educação ambiental prevê a realização de 20 espectáculos, que custarão àautarquia cerca de 13 mil euros.A estreia está marcada para 19 de Setembro em Santarém e o encerramento está previsto para 5de Junho de 2003, Dia Mundial do Ambiente.

CARLOS CÉSAR DENUNCIA

MINISTRA DAS FINANÇASDESRESPEITA ILHASO presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, disse que a indisponibilidade daministra Manuela Ferreira Leite para receber o secretário regional das Finanças, Roberto Amaral- que pediu uma audiência por quatro vezes - demonstra uma �enorme arrogância�.Protelar um encontro com um secretário regional para tratar das questões financeiras da regiãoé uma mostra de �desrespeito� pelas ilhas, considerou o governante açoriano, no final de umareunião da concertação social para análise da proposta de Plano para o ano de 2003.Carlos César explicou que, sem esse encontro, as previsões das receitas regionais para o próximoano baseiam-se numa promessa de Durão Barroso segundo a qual Açores e Madeira não iam serprejudicados no próximo Orçamento de Estado de 2003.Sobre as limitações impostas aos investimentos da região no próximo ano, o presidente doGoverno açoriano deu algumas explicações, referindo, nomeadamente, as condicionantesfinanceiras impostas pelas despesas da saúde e do processo da reconstrução das ilhas do Pico eFaial, atingidas pelo sismo de 1998.

AUTARQUIASMATOSINHOS

NARCISO MIRANDA CHAMAINSPECÇÃO PARA AVALIARDESEMPENHO DA CÂMARA

O presidente da Câmara de Municipal deMatosinhos solicitou à Inspecção-Geral daAdministração do Território (IGAT) umaavaliação geral ao desempenho da autarquia.�Solicitei à IGAT que seja feita uma avaliaçãorigorosa aos serviços de obras e de gestão daCâmara de Matosinhos�, afirmou Narciso

Miranda no final de uma reunião do Executivo.O autarca não quer que pairem dúvidas sobre oprojecto de construção de uma unidadehoteleira na zona do Porto de Leixões, cujopedido de viabilidade a autarquia deu parecerfavorável. O presidente da autarquia remeteupara o Ministério Público notícias que dão conta

da �eventual incompatibilidade� de umfuncionário camarário em todo este processo,acrescentando ainda que vai abrir um inquéritode carácter interno.Estas decisões de Narciso Miranda surgiram nasequência de uma notícia publicada no �Jornalde Notícias�, em que se apontavam alegadasincompatibilidades e conflitos de interesses nosserviços municipais relativos ao processo deaprovação do estúdio prévio para aconcretização deste projecto.Entretanto, o presidente da Câmara deMatosinhos foi um dos presentes mais felizesna inauguração da segunda fase da operaçãoexperimental da Linha Azul do Metro do Porto.Para o autarca de Matosinhos o Metro do Portodeve ser alargado até Leça da Palmeira,acrescentando, que já expôs os seus planos aoministro das Obras Públicas.

Page 17: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

17

OPINIÃO

ACERCA DO TRIBUNAL PENALINTERNACIONAL (I)

Em 1 de Julho de 2002 entrou finalmente em vigor o Estatuto de Roma, que institui o Tribunal PenalInternacional. Os crimes de genocídio, os crimes contra a humanidade, os crimes de guerra e agressão,cometidos depois dessa data, quaisquer que sejam os cargos oficiais dos seus autores, passarão a serjulgados por um tribunal internacional de carácter permanente, se os Estados envolvidos e os seus tribunaisnão tiverem querido ou podido fazê-lo.A velha utopia de uma instância internacional de natureza judicial com competências em matéria penal e decarácter permanente reuniu as condições para a passagem à realidade em Abril, quando foi atingido o númerode sessenta ratificações exigido para a entrada em vigor do Estatuto de Roma . O período de tempo que mediouentre a aprovação do Estatuto, em Julho de 1998, e a entrada em vigor acabou por ser bem menor do quepreviam alguns, que chegavam a apontar para o ano de 2006.A instituição do TPI representa um passo de alcance histórico na luta contra a impunidade dos poderosos.Ao longo do séc. XX, para não falar de toda a história da humanidade, a barbárie escapou, quase por sistema,à criminalização e à justiça. Foram excepcionais os casos de responsabilização criminal � e tal ocorreu emregra perante tribunais ad hoc, expressão da vontade dos vencedores, quando não da própria vitória militar,sempre vulneráveis à acusação de selectividade e de violação de princípios geralmente observados na justiçapenal.Os cargos de Estado imunizavam, por princípio, os seus titulares, evitando que respondessem criminalmentepelos seus actos. Seria necessário atingir o final do séc. XX para que a prisão de Pinochet, em Londres, combase num pedido de extradição, viesse chamar a atenção do mundo para que algo estava a mudar e queestavam enganados os que vinham sugerindo que o direito internacional estava virtualmente moribundo.A instituição do TPI introduz duas alterações de grande relevo no panorama que caracterizou o séculopassado.Quando os Estados não procedam � ou não o fizerem com a genuinidade exigível � à responsabilização dosautores dos mais graves crimes que afectam a humanidade, um tribunal internacional permanente passa aencontrar-se capacitado para complementar/corrigir/suprir aqueles comportamentos estatais e proceder aojulgamento dos responsáveis. O direito à justiça, o direito à verdade e o direito à memória deixam de poder serem definitivo confiscados às vítimas desses crimes por Estados que se comportem como cúmplices ouencobridores.Por outro lado, no apuramento de responsabilidades criminais daquela gravidade, as qualidades oficiais �incluindo as de chefe de estado e chefe militar � deixam de ter relevância. Os que actuarem investidos emposições de poder deixam de poder beneficiar delas para eliminar ou reduzir as suas responsabilidades. Nãohá �blindagem de Estado� a prevalecer sobre o direito à justiça.Uma mensagem importante decorre destas inovações. Deixou de bastar a protecção, a omissão, a inércia oua manipulação de um poder estatal para, factual ou juridicamente, ter assegurada a imunidade. Para lá dadimensão sancionatória e reparadora, essa mensagem tem óbvia força dissuasora. A criação do TPI, só por si,é susceptível de influenciar a decisão de potenciais infractores. Não seria por não ter de �sair da garagem� �como já foi sugerido que poderia ocorrer � que o TPI deixaria de constituir o veículo duma relevante viragemna vida internacional.A existência de uma instituição internacional legitimada para julgar indivíduos responsáveis por gravescrimes tem um outro efeito benéfico sobre o panorama internacional. Há várias situações graves que perduramem que, sem a atribuição de responsabilidades individuais, os crimes são e permanecem imputados àscomunidades a que os seus autores pertencem. Individualizar e julgar os responsáveis é, em muitos dessescasos, a única via para a superação de conflitos e ódios históricos entre comunidades e condição da própriaesperança da reconciliação e da tolerância.A instituição que agora nasce regista, à partida, uma séria limitação � a que resulta dos Estados Unidos da

América, para além da China e de alguns outros países,terem optado por ficar de fora. Sob a presidência deBush, os EUA promoveram a �nulificação� daassinatura da responsabilidade da administraçãoanterior, aplicando a doutrina daquele senador quesempre apresentara o TPI como �uma ameaça àsoberania dos Estados Unidos �� O argumentoinvocado pelos Estados Unidos tem a ver com apreocupação de subtrair os seus militares àpossibilidade de sujeição ao TPI em caso de práticade graves crimes da respectiva competência. Devedizer-se que, na lógica do Estatuto de Roma, assentena observância do princípio de complementaridade,bastaria que os tribunais americanos se ocupassem,com genuinidade, de tais eventuais crimes, para quea intervenção do TPI fosse excluída; por outro lado,a norma aplicável, no âmbito do TPI, é em tudoidêntica à que consta do Estatuto das Forças NATO. Aposição dos Estados Unidos é assim, acima de tudo,a aplicação à esfera jurisdicional da atitude hostil àssoluções multilaterais e comunitárias na vida internacional que tem identificado a actual administração.É este um ponto em que se verifica uma significativa diferenciação entre a visão internacional dos EstadosUnidos da América e a da União Europeia � onde não só todos os Estados, independentemente da natureza dosseus governos, ratificaram o Estatuto de Roma como órgãos da União o vieram activamente promover.Como nalguns outros Estados da União Europeia, a ratificação do Estatuto de Roma por parte de Portugalexigiu uma revisão extraordinária da Constituição, já que normas constitucionais respeitantes à proibição daprisão perpétua, extradição, imunidades e competência penal dos tribunais portugueses não se encontravamformuladas em condições de permitir o acolhimento na ordem jurídica interna dalgumas das soluçõesconstantes do Estatuto.Quer a ratificação quer a revisão constitucional que a viabilizou suscitaram entre nós um debate inusualmentevivo, em que os argumentos dos oponentes à participação portuguesa andaram à volta da prisão perpétua eda selectividade política do Tribunal. Por um lado, seria absolutamente inadmissível, para alguns, quePortugal aceitasse colaborar com um tribunal que pode aplicar, em casos especialmente graves, uma pena deprisão perpétua, ainda que revisível; por outro, alegou-se que o TPI constituiria um instrumento dos desígniosdos países mais poderosos, �danando� pequenos mas não incomodando grandes, e assim operando numaperversa selectividade.Deve dizer-se que os sistemas penais europeus, na sua quase totalidade, admitem a pena de prisão perpétua,revisível; o sistema penal norte-americano faz um considerável apelo à pena de morte; o sistema penal chinêsrecorre em larga escala às execuções, com frequência em recintos públicos; sistemas penais islâmicos combinamextensamente várias outras penas bárbaras e cruéis com a pena de morte. Nestas condições, o Estatuto deRoma, que é o resultado de um esforço de aproximação entre muito diferentes culturas jurídicas, consagrou,para os mais graves crimes que afectam a humanidade, a solução penal aplicada e firmada na Europa, no finaldo séc. XX, excluindo elementos mais gravosos provenientes de outras matrizes punitivas. Não é difícilconcluir, olhando para o panorama jurídico mundial, que se consagrou a melhor solução possível à luz dosvalores da Constituição portuguesa.

ALBERTO COSTA

Os cargos de Estado imunizavam, por princípio, os seus titulares, evitando querespondessem criminalmente pelos seus actos. Seria necessário atingir o final do séc. XX

para que a prisão de Pinochet, em Londres, com base num pedido de extradição, viessechamar a atenção do mundo para que algo estava a mudar e que estavam enganados os

que vinham sugerindo que o direito internacional estava virtualmente moribundo.

É uma velha reivindicação formulada por deputados socialistas oriundos de países ou regiões que têmsido mais atingidas por grandes catástrofes naturais: a existência de um mecanismo orçamental europeude solidariedade com as vítimas desses fenómenos.A proposta - apresentada a título individual por Ioannis Souladakis, socialista grego, e por mim, tevemesmo a maioria clara dos votos no Parlamento Europeu para o Orçamento de 2001 (294 votos a favor,190 contra), mas abaixo dos 314 votos necessários para poder mudar o projecto de Orçamento daComissão Europeia.Foi preciso que uma grande catástrofe natural chegasse ao centro da Europa - e não se registasse apenasna sua periferia - para que a Comissão Europeia propusesse a instituição desse mecanismo, e avançassecom propostas de emergência.Como nos dizia a nossa camarada Constanze Krehl, vinda de Dresden, na Saxónia, cidade em que o centrohistórico foi gravemente afectado pelas recentes inundações, só quem vive estas catástrofes sabe o queelas significam para as populações que as enfrentam.Talvez por isso foi necessário esperar que elas se tornassem conhecidas de perto no coração da Europapara que fosse finalmente ouvida a voz dos que insistentemente clamaram pela solidariedade europeianestas circunstâncias.A mobilização imediata de verbas europeias específicas que se podem aproximar dos mil milhões de euros(para além da reprogramação de verbas já existentes nos orçamentos agrícolas, estruturais e outros) serásem dúvida de grande importância para auxiliar a reconstrução de uma catástrofe cujos danos na Alemanhaserão, na última estimativa disponível, da ordem dos 25.000 milhões de euros.Não podemos no entanto ficar por aqui. É necessário que a Comissão Europeia avance com uma propostade regulamento de auxílio às populações em caso de grandes catástrofes naturais que se reja por princípiosclaros e objectivos, e que respeite a subsidiariedade. Esse regulamento deve assegurar que todos oseuropeus serão tratados de forma equitativa, quer vivam na ilha do Faial, ou em Viena de Áustria.É necessário também entender que as catástrofes não se medem apenas pelos seus efeitos absolutos,

mas também em função da dimensão da região em quese situam. Desse ponto de vista, convém não perder devista que, nos últimos dez anos, nenhuma região sofreucatástrofes naturais de maior impacto relativo àdimensão regional do que a dos Açores.Em último lugar, temos a forma como o agravamentoda despesa pública ocasionado por fenómenos dessanatureza deve ser tido em conta.O capítulo que o Tratado dedica à política económica éde facto dominado pela questão do défice e da dívidapública, mas não deixa de dizer, contudo, que, emcaso de grande catástrofe natural, o orçamentocomunitário deve participar no esforço de reconstruçãoe que os critérios de rigor orçamental devem ter emconta qualquer facto imprevisto que se suceda.Nesta situação, conviria lembrar que a RegiãoAutónoma dos Açores se encontra a desenvolver umenorme esforço financeiro para financiar a reconstruçãodas ilhas do Faial e do Pico, a primeira devastada porum sismo em 1998, e a segunda grandemente afectadapelo mesmo sismo.Se é lamentável que não tivesse sido então utilizado um fundo financeiro europeu para situações decatástrofe como irá agora acontecer, mais lamentável ainda seria vermos a Região proibida de contrair osempréstimos essenciais à conclusão da sua reconstrução, com um Governo da República que nem sequerrespeita nesta matéria os compromissos assumidos pelo Governo que o precedeu.

PAULO CASACA

É necessário que a Comissão Europeia avance com uma proposta deregulamento de auxílio às populações em caso de grandes catástrofes

naturais que se reja por princípios claros e objectivos, e que respeite asubsidiariedade. Esse regulamento deve assegurar que todos os europeus

serão tratados de forma equitativa, quer vivam na ilha do Faial, ou emViena de Áustria.

PARLAMENTO EUROPEU

SOLIDARIEDADE COM AS REGIÕESVÍTIMAS DE CATÁSTROFES NATURAIS

Page 18: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

18

5 de Setembro de 2002OPINIÃO

ENTRE A UTOPIAE A HIPOCRISIA

QUEM DIRIGE AADMINISTRAÇÃO PÚBLICA?

Devo confessar, ao contrário de muitos dos meuscolegas que temem que as intervenções dosGovernos à margem dos trabalhos da Convenção,designadamente de primeiros-ministros ou deministros de Negócios Estrangeiros sejam formasde pressão sobre o rumo que os Convencionaisdevem seguir, tal não me preocupar demasiadopor três motivos:a) Ficamos a saber o que pensam e para ondequerem os Governos levar a Europa, o que,perante o prudente silêncio a que nosacostumaram, é uma estimulante novidade quesó confirma ser hoje a Europa, também, assuntode política interna.b) Coloca-nos em guarda contra modelos earquitecturas sobre a Europa futura que são umaperversão dos Tratados fundadores e doaprofundamento europeu, mesmo quandoembrulhados em papel de azul a estrelasdouradas....

c) Confirmam-nos que a Convenção é um facto europeu, com existência e dinâmica suficiente para queos seus resultados sejam tomados em conta e que, portanto, não estamos a trabalhar para aquecer.Dito isto, está provado e são os Governos os primeiros a reconhecê-lo que a Convenção Europeia nãoé mais um Colóquio ou Seminário gigantesco, isto é, não é mais um momento de diletância europeia -se o fosse ninguém temeria os seus resultados - é, isso sim, um estaleiro onde se produzem os moldese afinam as peças necessárias ao edifício europeu do futuro.Mas, apesar de tudo, também confesso que me preocupa a hipocrisia de algumas contribuiçõesgovernamentais. Vejamos dois exemplos, diria, quase de escola:

1- O Governo britânico pelo voz de Jack Straw anuncia esta semana que a Grã-Bretanha aceita, melhorque isso, defende uma Constituição europeia. Para um país que não conhece nenhuma, tanta farturatem de ter um preço. E tem. Propõe, também, um novo órgão europeu �ad hoc�, formado porparlamentares de todos os Estados-membros para controlarem a �legislação europeia injustificada�, oque quer dizer fazer pressão e limitar o legislador europeu, pondo a Comissão e o Parlamento nadependência de um corpo de polícia legislativo que, consoante os interesses em jogo, nacionais ououtros, assim daria ou não o seu �imprimatur� às normas europeias.Aliás, a ideia nem é nova. Há mais de dez anos, o ex-primeiro-ministro britânico, John Major, formulou-a, o que é, de coerência rigorosa para um eurocéptico!2- Mas não só do europeismo britânico nos chegam presentes destes. Também a insuspeita França,através da senhora Lenoir, ministra dos Assuntos Europeus, afirmou nada temer de um eventual �não�dos irlandeses ao Tratado de Nice, no tira-teimas referendário a realizar em Outubro, porque sempre�há que contar com a imaginação dos diplomatas�.Como sabemos, o problema não é diplomático é jurídico e bem andou o comissário Verheugen, responsávelpelo alargamento, quando afirmou recentemente que �não há alternativa jurídica ou política aoTratado de Nice�. Sem ele, não há alargamento em 2004 e muito menos haverá o equilíbrio nelecontido entre pequenos, médios e grandes Estados europeus quanto ao seu peso no Conselho, influênciana Comissão e deputados no Parlamento.A não ser que faça jeito o não da Irlanda. É que isso sempre permitiria na Conferência intergovernamentalque for convocada em 2003, para aprovar o novo Tratado, introduzir um �up grading� em favor dos maispopulosos e mais fortes que, como todos sabemos, António Guterres desmantelou na Cimeira de Nice.Também permitiria, dado a Convenção não ter sido convocada para analisar este ponto, consideradona altura um adquirido, tentar ultrapassar o seu ponto de vista, onde a maioria são Estados de pequenae média dimensão, tudo deixando de facto à imaginação dos diplomatas na ConferênciaIntergovernamental.Permitiria, enfim, sem exageros conspirativos, adiar este alargamento enquanto a França não obtiverda Alemanha um acordo sobre o financiamento da PAC...Enfim... meras contribuições governamentais de boa vontade.

LUÍS MARINHO

Imediatamente antes e imediatamente a seguira cada mudança eleitoral, o tema das nomeaçõesdo pessoal dirigente da administração públicacostuma dominar as agendas política e mediática.Foi assim em 1995 e assim tem sido em 2002, coma discussão a prolongar-se pela �silly season� fora,à custa de algumas �investigações jornalísticas�do Público e do Diário Económico. Com a excepçãode dois artigos de Vital Moreira e Correia de Camposlogo a seguir às eleições (no Público de 9 e 17 deAbril, respectivamente), de uma maneira geral,políticos, jornalistas e fazedores de opinião, commaior ou menor subtileza, têm retratado aadministração pública ora como um �Estadolaranja�, ora como uma coutada dos �boyssocialistas�. A avaliar pela ideia transmitida, seriade supor que a administração fosse dirigida porum conjunto de incompetentes encartados nas

secções dos partidos e sem qualquer experiência de função pública.No entanto, é importante lembrar que têm sido os próprios líderes políticos a dar o maior contributo paraa cíclica generalização desta imagem, que só serve para degradar o sistema político-administrativo aosolhos dos cidadãos. Recordemos as recentes medidas demagógicas de Durão Barroso relativamente às�regalias� dos membros dos gabinetes e dos gestores públicos, ou, por outro lado, o �no jobs for the boys�,que, em Outubro de 1995, o então primeiro-ministro indigitado, António Guterres, dirigiu aos camaradasdo Partido Socialista. Era o corolário de uns Estados Gerais e de uma campanha eleitoral em que osconcursos públicos para o recrutamento do pessoal dirigente eram vistos como uma prioridade. Estão poravaliar os resultados dos concursos para os cargos dirigentes intermédios. Mas uma coisa é certa: o grandemérito da revisão do estatuto do pessoal dirigente foi, desde logo, a transparência ganha com a exigênciada publicação, em �Diário da República�, dos currículos dos nomeados, permitindo-nos, assim, conhecermelhor quem dirige a administração pública e colocar a questão nos seus devidos termos.Embora sem as limitações legais que os estatutos do pessoal dirigente impõem noutras democraciaseuropeias aos governos partidários, a verdade é que a quase totalidade dos directores-gerais portuguesesé recrutada no interior da administração pública e, na maioria dos casos, estamos perante pessoas comelevadas qualificações académicas (o que, de facto, não é sinónimo de competência na gestão) e que

fizeram toda a sua carreira no ministério onde exercem funções ou que já tinham sido dirigentes emgovernos anteriores. Ou seja, na administração pública, a renovação do pessoal dirigente é praticamentenula.É verdade que há uma forte instabilidade de lugares: em Março de 2002, poucos seriam os casos dedirectores-gerais nomeados pela primeira vez para aquele lugar por governos anteriores aos de AntónioGuterres. Contudo, essa instabilidade de lugares é acompanhada por uma grande estabilidade depessoas. Analisando com atenção o �Diário da República� é possível concluir que a maioria dos directores-gerais do governo PS também tinha sido nomeada para cargos dirigentes durante governos PSD.Parece um jogo de cartas: baralhar e dar de novo.É também impressionante a força do corporativismo, que vai muito para além do aceitável, isto é: dasforças militarizadas e das polícias (nomeadamente a PJ, cuja estabilidade já teve melhores dias). Veja-se o peso dos docentes na Educação ou na Ciência, dos médicos na Saúde, e, especialmente, dosdiplomatas e dos militares em lugares de nomeação política nos Negócios Estrangeiros e nosdepartamentos administrativos da Defesa Nacional. As nomeações parecem, assim, condicionadas aum pequeno grupo de pessoas que, em função das suas ligações e do estatuto da sua carreira, vaificando mais abaixo ou mais acima na hierarquia do pessoal dirigente, mas, na grande maioria doscasos, sempre como dirigente - e, frequentemente, como dirigente de topo.Vai ser, sem dúvida, interessante acompanhar o efeito que o regresso do CDS à área da governação vaiter no perfil do pessoal dirigente. À primeira vista, já se começa, aliás, a adivinhar uma mudança nopadrão de recrutamento e uma certa ruptura com esta espécie de �bloco central administrativo�, comose viu na polémica extinção do IPE e em tantos organismos dos Ministérios da Saúde, da Educação oudo Trabalho.Perante isto, no espaço da esquerda democrática, e antes de (re)começarmos a protestar, devemosrecordar o facto de ter sido em alguns ministérios sociais - onde a politização dos dirigentes foi maior- que o Governo PS mais se distinguiu e melhores resultados obteve. Se calhar, estamos aqui perantemais um problema verdadeiro que é discutido da pior maneira. Seguramente, não será uma questãoque possa ser isolada de outras prioridades na organização e funcionamento da administração pública,aliás ignoradas por este governo conservador que reduz a modernização dos serviços públicos a umaquestão orçamental. Contudo, a haver um problema ao nível do recrutamento do pessoal dirigente,esse problema não está certamente na politização das escolhas, mas no peso excessivo do corporativismo,factor que condiciona nomeações políticas, faz crescer a administração paralela e desresponsabiliza agestão pública. Ora, sendo esta uma matéria que diz respeito ao sistema político-administrativo, talveznão fosse má ideia chegar a um acordo público quanto às regras do jogo para acabarmos, de vez, compolémicas que, no imediato, não beneficiam ninguém e, a prazo, prejudicam todos.

FILIPE NUNES

A Convenção Europeia não é mais um Colóquio ou Seminário gigantesco,isto é, não é mais um momento de diletância europeia - se o fosseninguém temeria os seus resultados - é, isso sim, um estaleiro onde seproduzem os moldes e afinam as peças necessárias ao edifício europeu dofuturo.

Vai ser, sem dúvida, interessante acompanhar o efeito que o regresso do CDS à área dagovernação vai ter no perfil do pessoal dirigente. À primeira vista, já se começa, aliás, aadivinhar uma mudança no padrão de recrutamento e uma certa ruptura com esta espéciede �bloco central administrativo�, como se viu na polémica extinção do IPE e em tantosorganismos dos Ministérios da Saúde, da Educação ou do Trabalho.

Page 19: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

5 de Setembro de 2002

19

EQUÍVOCOS SOBRE A RENOVAÇÃO.CONTRIBUTO PARA A REVISÃOESTATUTÁRIA

Para os mais recentes militantes que têm acompanhado o quotidiano do PS pelo trabalho realizado nasrespectivas Secções de residência, e participado nas iniciativas da Concelhia de Lisboa � parabéns aocamarada Miguel Coelho pela sua capacidade de mobilização ! � pode causar alguma estranheza afrequência com que se fala de renovação. Este apelo renovador não parte, como seria de esperar,daqueles que ao PS agora aderiram, já que seria descabido e insensato que quem de novo chegareclamasse por mudar o que não conhece.Mas certo é que o documento em debate sobre a revisão dos Estatutos do PS, cujo relator é VitalinoCanas, abre (Ponto 1) com uma visão sobre a renovação, apontando quatro vertentes: aprofundamentoda democracia interna, modernização, reaproximação à sociedade civil e renovação em sentido estrito.O tema ganha, de facto, uma centralidade incontornável.Para um militante �estagiário�, com pouco mais de 15 meses de vida partidária � ainda que coadjuvanteda acção governativa do PS durante os últimos seis anos � a renovação não é entendida como umasubstituição geracional. Que fique claro que temos muito a aprender com aqueles que ao longo dasúltimas décadas deram corpo à vida partidária socialista, e cujo desempenho acabou por ser decisivopara que as novas adesões se concretizassem, para que o PS revelasse capacidade de mobilização dedemocratas que gravitavam, sem vínculo partidário, em torno do projecto político socialista. De outromodo, como interpretar a decisão de filiação? Assalto ao PS? Refundação do partido? Com que legitimidade?Com que experiência? A que propósito?O que equivale a afirmar que a renovação, nos termos relatados por Vitalino Canas, poderá beneficiardestas novas energias, mas não poderá depender exclusivamente delas. E beneficiará, a meu ver, tantomais e melhor quanto menos se falar de �velhos� e �novos� militantes � até porque estatutariamente taiscategorias não existem!Beneficiará, também, se os mecanismos institucionais de recepção e, sobretudo, de enquadramento doscamaradas recém-filiados funcionarem bem. Se uma boa recepção pode decorrer do normal recurso às

mais elementares regras da civilidade e da camaradagem � neste aspecto, e de acordo com a minhaexperiência, o PS tem sido irrepreensível � já o enquadramento exige um programa coerente de formaçãopolítica. Neste aspecto, a reforma estatutária pode ser mais ambiciosa do que o previsto. Por que nãoadaptar aquela máxima, atribuída a Kennedy, e desafiar aqueles que agora aderiram ao PS, a que �nãoperguntem o que pode o PS fazer por eles, mas que digam o que podem eles fazer pelo PS�? Não seriainteressante que estes camaradas fossem convidados a pronunciarem-se, nas Secções, em reuniõesFederativas, nos Órgãos Nacionais, sobre as suas expectativas, ideias e propostas?Tem sido evidente que a massa de novas adesões se traduziu por um rejuvenescimento demográfico dopartido. Talvez não se reflicta em termos estatisticamente muito significativos, mas tem algum impactosubstantivo nas diferentes iniciativas em que tenho participado. Há que estar atento a este fenómeno,desenvolver estratégias em conformidade, evitando o que poderia resultar numa clivagem etária, semdeliberado sentido político, mas de consequências práticas menos interessantes para a vida democráticano interior do PS.Nesse sentido, apelo, em especial, para que algumas propostas de alterações estatutárias � nomeadamentesobre a contagem sequencial dos mandatos para efeitos de limitação do exercício de funções electivas� devam acautelar soluções de compromisso que não impeçam, os que há mais tempo militam e dirigem,de prosseguir o seu esforço partidário, fazendo-os perder na �secretaria�, mas também não traduzam umimobilismo dirigente que poderia resultar da não consideração dos anos anteriores em que jádesempenharam esse tipo de funções. Fica o repto.

O contexto actual da nossa vida partidária leva-nos a amplas e consideráveis reflexões sobre o Partido quequeremos e desejamos. Os tempos actuais e vindouros apresentam-se com novos e importantes desafiosque o PS tem que encarar, seriamente, como essenciais para a transformação da sociedade global, na qualPortugal tem um papel, sem dúvida, significativo a desempenhar, e que, como tal, o PS tem responsabilidadesacrescidas como uma das maiores forças políticas nacionais. As antigas e estagnadas definições de esquerdae direita políticas revelam-se desactualizadas para caracterizar realidades presentes que em nada já encontramtotal correspondência. Assim, é imperativo que assumamos nova terminologia que encontre alinhamentocom factores presentes e futuros de exigência de resposta global e concreta. O eleitorado português,acompanhando e bem os novos tempos, �centralizou-se�, não se revendo mais, na sua maioria, emprincípios corroídos e corrompidos.Este �centro� corresponde então a doutrinas mais inovadoras, retiradas tanto da tal antiga esquerda comoda tal velha direita, e portanto assumindo personalidade própria e independente daquelas duas, casoevidente, uma vez que se afirma autonomamente nas urnas e tão bem nas ideologias partidárias próximas.Deste modo, o PS, consciente da sua tarefa fulcral no País, deve e tem que acompanhar estas novasevoluções, em nome do interesse público, de forma a não ficar atrás da linha de combate político. Asalterações, a serem introduzidas nos estatutos, devem conter esta nova conceitualização, e portanto, aafirmação de identidade com este novo e indispensável denominado centro político. Preparado para estesnovos desafios, o nosso Partido deve rumar, incansavelmente, rumo à globalização. Uma globalização nãosó económica, mas também política, social e cultural. Uma �nova ordem mundial�, mais prática e realista,em que o antigo conceito de nação pode então, e só então, se extinguir para dar origem a um verdadeirogoverno mundial. Aqui se apresenta em evidência o meu claro cepticismo em relação à União Europeia,fundada em bases divergentes e redutoras, que na convergência destes dois factores se revela utópica enegativa. Um modelo actual, não federalista, é tolerável, mas a tal �construção política�, sinónimo defederalismo, é extremamente perversa e condenada ao fracasso. Culturas diferentes, línguas diferentes,histórias diferentes e sociedades diferentes e antagónicas, agrupadas à escala de um continente, no maiordesprezo do resto do mundo - e portanto de grande parte do mundo civilizado, em nome dum pseudo�must� de evitar uma nova guerra, pode, pelo contrário, precipitar mais rapidamente uma, quando osinteresses mais elevados de cada Estado colidirem de frente e a separação constituir a solução mais viável.No entanto, estas diferenças não seriam condicionadoras à escala mundial. E isto porque aí todos - esublinho todos - os Estados do globo abdicariam em conjunto da sua soberania face a uma organizaçãogovernamental mundial, nascendo então uma nova forma de estar política, em que o antigo modelo deixariade constituir qualquer significado frente à ausência de modelos comparativos vigentes como tão bem àparticipação de todos, não permanecendo ninguém excluído.Até lá, a soberania nacional justifica-se e é necessária. Portugal deve e tem que continuar como tal, porque,como disse, o conceito de nação só pode ser afectado pela sua alteração substancial, ou seja, face a umaverdadeira alternativa estável e desejável. O Presidente da República é incumbido constitucionalmente dezelar também por estes valores, e só assim se compreende o ênfase atribuído pela Constituição Portuguesaà independência nacional e à unidade do Estado, com menções fundamentais logo nos arts. 1º e 5º e maisadiante protegidos contra revisão constitucional al.a) do art. 288 ). A estratégia de política internacionalde Portugal deve passar essencialmente por alianças realistas e viáveis, em que existam interessesconvergentes. Assim, na Europa mostram-se essenciais as relações com Espanha, e no resto do mundo comos Estados Unidos da América e Brasil. Parte dessa política internacional rumo a esse tal futuro realista e

desejável, a componente linguística revela-se essencial.A explosão digital, e a correspondente comunicação global em massa, só é viável com o domínio dumasegunda língua, paralela (ou nos casos aplicáveis coincidente) à nacional, que seja tão perfeitamentedominada como esta. Fruto da sua já extrema implantação internacional mas também, e imprescindivelmente,da sua fácil aprendizagem e simplicidade gramatical sem prejudicar uma comunicação eficiente, o inglêsmostra-se, sem dúvida, como a melhor escolha. O português continuará, obviamente, a existir como línguaprincipal em todos os países que já o falam, e quem sabe, noutros ainda, revelando-se portanto, comoentão foi dito, o relacionamento privilegiado com o Brasil fundamental. Porque não se pode aflorar, numtexto desta natureza, todos os temas em detalhe, nem sequer algum que seja, uma vez que a componenteresumística se impõe aqui sempre, gostaria para concluir apenas de �tocar� num assunto ainda bastanteactual que é o da televisão. Não há dúvida que se impõe a conservação da natureza pública dos doisprincipais canais da RTP. O tal centro político acima referido vai exactamente também nesse sentido. Ouseja, a coexistência necessária entre o público e o privado, tendo cada um o seu lugar e cada um a suafunção imprescindível.O garante de determinados valores no meio da comunicação audiovisual passa também por uma intervençãodirecta do Estado, de forma a assegurar o interesse público de modo intacto e permanente. Não pode servirde desculpa para medidas �castradoras� um eventual prejuízo e/ou uma eventual programaçãoqualitativamente deficiente. Antes, a solução passa, obviamente, por atacar directamente esses problemas,sem recorrer a soluções artificiais a pretexto de intenções alheias àquele mesmo interesse. No entanto,algumas remodelações se impõem como necessárias. Assim, e muito embora preservando a naturezapública daqueles dois canais, bem como o facto de o primeiro se manter com publicidade geral, e o segundoapenas com publicidade institucional, cabe gerir os recursos mais proveitosamente em nome desse mesmointeresse público. Deste modo, a RTP-África deveria ser extinta, e a sua programação específica integrada,tanto quanto possível, na RTP-Internacional. A RTP-2 deveria ser transmitida, via terrestre, também para osAçores e Madeira, onde só pode ser vista actualmente por quem aderiu ao cabo. E isto, porque enquantoregiões de Portugal que são, tal como o Porto, Alentejo ou Algarve, têm direito expresso a beneficiaremgratuitamente do segundo canal nacional geral. No entanto, mostra-se desnecessária a continuação daexistência de dois canais regionais distintos (a RTP-Açores e a RTP-Madeira) cujo espaço programacionalé, na sua maioria, preenchido com repetições da programação da RTP-1 e da RTP-2.Assim, e para salvaguardar a programação regional, e em paralelo com a implementação daquela outramedida referente à extensão emissiva do segundo canal da RTP, seria desejável a fusão daqueles dois canaisregionais, formando uma eventualmente denominada RTP-Regiões, com conteúdo exclusivamente regional,repartido equitativamente entre Madeira e Açores. Medida esta, exemplar até para o resto das regiões donosso país, na esperança também dum contributo para a tão necessária, e ainda não efectuada, regionalizaçãodo continente português, que se impõe pelas suas vantagens, como também pela Constituição ( que jásabiamente as previu ). Portugal precisa do PS, dum PS renovado e capaz de enfrentar os novos desafios,correspondendo melhor aos interesses do povo português. Dum PS moderno, rumo à globalização.

MARCOS TEIXEIRAFONTE ARAGÃO CORREIA

POR UM PS MODERNORUMO À GLOBALIZAÇÃO

PAULO MACHADOMilitante 259888

Secção de Alvalade - Lisboa

Apelo, em especial, para que algumas propostas de alterações estatutárias �nomeadamente sobre a contagem sequencial dos mandatos para efeitos de limitação do

exercício de funções electivas � devam acautelar soluções de compromisso que nãoimpeçam, os que há mais tempo militam e dirigem, de prosseguir o seu esforço

partidário, fazendo-os perder na �secretaria�, mas também não traduzam um imobilismodirigente que poderia resultar da não consideração dos anos anteriores em que já

desempenharam esse tipo de funções.

O nosso Partido deve rumar, incansavelmente, rumo à globalização. Uma globalização nãosó económica, mas também política, social e cultural. Uma �nova ordem mundial�, maisprática e realista, em que o antigo conceito de nação pode então, e só então, se extinguir

para dar origem a um verdadeiro governo mundial.

TRIBUNA LIVRE

Page 20: RENTRÉE FERRO DESAFIA DURˆO A BAIXAR O IVA E REPOR …de trabalho que se adivinha ser de grande combatividade política e de muita dinâmica interna tendo em conta a realizaçªo

20

5 de Setembro de 2002POR FIM...

ÓRGÃO OFICIAL DO PARTIDO SOCIALISTAPropriedade do Partido Socialista

FICHA TÉCNICA

Director António José Seguro

Director-adjunto Silvino Gomes da [email protected]

Coord. Administrativo e Financeiro José Manuel Viegas

Grafismo Miguel Andrade

Redacção J.C. Castelo [email protected]

Mary [email protected]

Paulo Pisco

Secretariado Sandra [email protected]

Paginação electrónica Francisco [email protected]

Edição electrónica Joaquim SoaresJosé Raimundo

Francisco Sandoval

Internet www.ps.pt/accaoE-mail [email protected]

Redacção, Administração e Expedição Avenida das Descobertas 17Restelo - 1400-091 Lisboa

Telefone 21 3021243 Fax 21 3021240

Toda a colaboração deve ser enviada para o endereço referido

Depósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102X

Impressão Mirandela, Artes Gráficas SARua Rodrigues Faria 103, 1300-501 Lisboa

A SEMANA PREVISTA ACÇÃO SOCIALISTA

INFORMAÇÕES ÚTEIS

Quero assinar o Acção Socialista na modalidade que indicoJunto envio o valor da assinatura

Quero renovar a assinaturaJunto envio o valor da assinatura

ChequeVale de correio 12 meses

NomeMoradaLocalidade Código Postal

Assinaturas 12 meses52 números

Continente 25 Regiões Autónomas 32 Macau 54 Europa 63 Resto do Mundo 92

Por favor remeter este cupão para:

Acção SocialistaAvenida das Descobertas, 17 - Restelo

1400-091 Lisboa

O valor das assinaturasde apoio é livremente fixado

pelos assinantesa partir dos valores indicados

SECÇÕES DO PS/MADEIRA

FunchalRua do Surdo, 30/A - 9000 Funchal

Tel: 291225612

Porto SantoBairro do Aeroporto, 8 - 9400 Porto Santo

Tel: 291 984510

Ribeira BravaSítio Abegoaria, Lote 6 � BL C � 1º Dto.

9125 CaniçoTel: 291 952521

CamachaSítio dos Carais, D�Além, nº 83

9135 Camacha

Câmara de LobosRua João Gonçalves Zarco, 114

9300 Câmara de LobosTel: 291 940638

CalhetaVila - 9370 Calheta

Tel: 291 824329

MachicoSítio da Graça - 9200 Machico

Tel: 291 966150

A pedido do Partido Socialista, o ministro da Defesa, Paulo Portas, vaihoje, quinta-feira, à Comissão Parlamentar de Defesa, prestaresclarecimentos sobre o fim do contrato com a Eurocopter para ofornecimento de nove helicópteros para o Exército português.

Retomando as reuniões semanais, o Secretariado Nacional do PartidoSocialista tem marcado para a próxima terça-feira o seu encontro, soba presidência de Ferro Rodrigues.

Realiza-se a segunda reunião da COC de preparação da reunião magnados socialistas no próximo mês de Novembro.

O Executivo socialista da Câmara do Montijo entrega amanhã as chavesde 80 novas habitações construídas no âmbito do Programa Especial deRealojamento no Esteval.

Termina no dia 9 de Setembro, segunda-feira, o prazo para o Presidenteda República decidir se envia ou não para o Tribunal Constitucional alei dos supranumerários da Função Pública.

No âmbito das comemorações da Data Nacional do Brasil, a FundaçãoMário Soares em colaboração com a Embaixada do Brasil organizamuma mesa-redonda intitulada Relações �Brasil-Portugal: Hoje e Sempre�,que terá lugar no dia 10 de Setembro no auditório da Fundação.