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DIÁRIO República Federativa do Brasil DO CONGRESSO NACIONAL ANO XL - N9 134 CAPITAL FEDERAL., SÁBADO,19 DE OUTUBRO DE 1985 CÂMARA DOS DEPUTADOS SUMÁRIO 1- ATA DA 136' SESSÃO DA 3' SESSÃO LE· GISLATlVA DA 47' LEGISLATURA EM 18 DE OUTUBRO DE 1985 I- Abertura da Sessão 11 - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior 111 - Leitura do Expediente IV - Pequeno Expediente JOÃO GILBERTO - Programa de Suplemen- tação Alimentar. GERSON PERES - Substitutivo do Relator da Comissão Mista incumbida de examinar proposta de convocação da Assembléia N,lCional Constituinte. Prazos de desincompatibilização. LEORNE BELEM -', Recuperação da malha ro- doviária federal no Estado do Ceará. LÉLIO SOUZA - Dificuldades enfrentadas pela Companhia Estadual de Energia Elétrica, Estado do Rio Grande do Sul. NILSON GIBSON - Definição de diretrizes para enfrentamento das conseqüências da construção da barragem de Itaparica. DIMAS PERRIN - Ampliação da Lei da Anis- tia. OSVALDO MELO - Exoneração do Presidente do INCRA. JORGE ARBAGE - Aumento do custo de vida. INOcENCIO OLIVEIRA - Dia do Médico. FRANCISCO ROLLEMBERG - Projeto de mu- danças para o Nordeste. ALBÉRICO CORDEIRO - Processo educacio nal brasileiro. Convocação do Ministro Marco Ma- ciel, da Educação. para prestar esclarecimentos sobre Q "Dia D da Educação". CÉSAR CALS NETO - Editorial "Ineficiência Vergonhosa". publicado em O Povo, Fortaleza, Es- tado do Ceará. SERGIO LOMBA - Ampliação da Lei da Anis- tia. FRANCISCO AMARAL - Destinação de maio- res recursos materiais e humanos para a Delegacia da Polícia Federal de Olinpinas, Estado de São Paulo. LEU R LOMANTO - Dia do Professor. PEDRO CORREA - "Câncer Bucal", tema de reunião realizada pela Associação Brasileira de Ensi- no Odontológico. Falecimento do Sr. Arnaud Batista Nogueira, prócer político em Goiana, Estado de Per- nambuco. SIQUEIRA CAMPOS - Reforma tributária de emergência. Remuneração aos Vereradores. HUMBERTO SOUTO - Dia do Médico. V- Grande Expediente JOÃO PAGANELLA - Desempenho da Nova República. JORGE ARBAGE - Anúncio de medidas econô- micas pelo Governo. Liberação do uso da maconha. MÚCIO ATHAYDE (Retirado pelo orador para revisão.) - Resgate, pela Nova República, da dívida social. Desrespeito aos direitos humanos em Brasília, Distrito Federal. VI - Encerramento 2- MESA (Relação dos membros) 3- LIDERES E VICE-LIDERES DE PARTI- DOS (Relação dos membros) 4- COMISSOES (Rêlação dos membros das Comissões Permanentes, Especiais, Mistas e de Inquérito) 5-ATA DAS COMISSOES Ata da Sessão, em 18 de outubro de 1985 Presidência dos Srs.: Haroldo Sanford. ]9-Secretário. AS 9:00 HORAS COMPARECEM OS SENHORES: VlyssesGuimarães - Humberto Souto - Car- los Wilson - Haroldo Sanford - Leur Lomanto- Epitácio Cafeteira - José Frejat - José Ribamar Machado - Orestes Muniz - Bete Mendes - Cel- so Amaral Acre Alércio Dias - PFL; Aluízio Bezerra - PMDB; Amílcar de Queiroz - PDS; Geraldo Fleming - PMDB; José Melo - PMDB; Nasser Almeida - PDS; Ruy Lino - PMDB; Wildy Vianna - PDS. Amazonas Arthur Virgílio Neto - PMDB; Carlos Alberto de CarJi - PMDB; José Fernandes - PDS; Josué de Souza - PDS; Mário Frota - PMDB; Randolfo Bittencourt - PMDB; Ubaldino Meirelles - PFL. Rondônia Assis Canuto - PDS; Francisco Sales - PMDB, Leônidas Rachid - PDS; Lucena Leal - PFL; Múcio Alhayde'- PMDB; Olavo Pires - PMDB; Orestes Mu- niz - PMDB; Rita Furtado - PFL. Pará Adcmir Andrade - PMDB; Antônio Amaral- PDS; Arnaldo Moraes - PMDB; Benedicto Monteiro - PMDB; Brabo de Carvalho - PMDB; Carlos Vinagre - PMDB; Dionísio Hage - PFL; Gerson Peres - PDS; João Marques - PMDB; Jorge Arbage - PDS; Lúcia Viveiros - PDS; Manoel Ribeiro - PDS; Osval- do Mclo - PDS; Sebastiào eufió - PFL; Vicente Quei- roz - PMDB. Maranhão Bayma Júnior - PDS; Cid Carvalho - PMDB; Edi- son Lobào - PDS; Enoc Vieira - PFL; Epitácio Cafe-

República Federativa do Brasil DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONALimagem.camara.gov.br/Imagem/d/pdf/DCD19OUT1985.pdf · OSVALDO MELO - Exoneração do Presidente do INCRA. JORGE ARBAGE

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  • DIÁRIORepública Federativa do Brasil

    DO CONGRESSO NACIONALANO XL - N9 134 CAPITAL FEDERAL., SÁBADO,19 DE OUTUBRO DE 1985

    CÂMARA DOS DEPUTADOSSUMÁRIO

    1- ATA DA 136' SESSÃO DA 3' SESSÃO LE·GISLATlVA DA 47' LEGISLATURA EM 18DE OUTUBRO DE 1985

    I - Abertura da Sessão11 - Leitura e assinatura da ata da sessão anterior

    111 - Leitura do Expediente

    IV - Pequeno Expediente

    JOÃO GILBERTO - Programa de Suplemen-tação Alimentar.

    GERSON PERES - Substitutivo do Relator daComissão Mista incumbida de examinar proposta deconvocação da Assembléia N,lCional Constituinte.Prazos de desincompatibilização.

    LEORNE BELEM -', Recuperação da malha ro-doviária federal no Estado do Ceará.

    LÉLIO SOUZA - Dificuldades enfrentadas pelaCompanhia Estadual de Energia Elétrica, Estado doRio Grande do Sul.

    NILSON GIBSON - Definição de diretrizes paraenfrentamento das conseqüências da construção dabarragem de Itaparica.

    DIMAS PERRIN - Ampliação da Lei da Anis-tia.

    OSVALDO MELO - Exoneração do Presidentedo INCRA.

    JORGE ARBAGE - Aumento do custo de vida.

    INOcENCIO OLIVEIRA - Dia do Médico.

    FRANCISCO ROLLEMBERG - Projeto de mu-danças para o Nordeste.

    ALBÉRICO CORDEIRO - Processo educacional brasileiro. Convocação do Ministro Marco Ma-ciel, da Educação. para prestar esclarecimentos sobreQ "Dia D da Educação".

    CÉSAR CALS NETO - Editorial "IneficiênciaVergonhosa". publicado em O Povo, Fortaleza, Es-tado do Ceará.

    SERGIO LOMBA - Ampliação da Lei da Anis-tia.

    FRANCISCO AMARAL - Destinação de maio-res recursos materiais e humanos para a Delegacia daPolícia Federal de Olinpinas, Estado de São Paulo.

    LEU R LOMANTO - Dia do Professor.

    PEDRO CORREA - "Câncer Bucal", tema dereunião realizada pela Associação Brasileira de Ensi-no Odontológico. Falecimento do Sr. Arnaud Batista

    Nogueira, prócer político em Goiana, Estado de Per-nambuco.

    SIQUEIRA CAMPOS - Reforma tributária deemergência. Remuneração aos Vereradores.

    HUMBERTO SOUTO - Dia do Médico.

    V - Grande Expediente

    JOÃO PAGANELLA - Desempenho da NovaRepública.

    JORGE ARBAGE - Anúncio de medidas econô-micas pelo Governo. Liberação do uso da maconha.

    MÚCIO ATHAYDE (Retirado pelo orador pararevisão.) - Resgate, pela Nova República, da dívidasocial. Desrespeito aos direitos humanos em Brasília,Distrito Federal.

    VI - Encerramento

    2 - MESA (Relação dos membros)

    3 - LIDERES E VICE-LIDERES DE PARTI-DOS (Relação dos membros)

    4 - COMISSOES (Rêlação dos membros dasComissões Permanentes, Especiais, Mistas ede Inquérito)

    5-ATA DAS COMISSOES

    Ata da 136~ Sessão, em 18 de outubro de 1985Presidência dos Srs.: Haroldo Sanford. ]9-Secretário.

    AS 9:00 HORAS COMPARECEM OS SENHORES:

    VlyssesGuimarães - Humberto Souto - Car-los Wilson - Haroldo Sanford - Leur Lomanto-Epitácio Cafeteira - José Frejat - José RibamarMachado - Orestes Muniz - Bete Mendes - Cel-so Amaral

    Acre

    Alércio Dias - PFL; Aluízio Bezerra - PMDB;Amílcar de Queiroz - PDS; Geraldo Fleming -PMDB; José Melo - PMDB; Nasser Almeida - PDS;Ruy Lino - PMDB; Wildy Vianna - PDS.

    Amazonas

    Arthur Virgílio Neto - PMDB; Carlos Alberto deCarJi - PMDB; José Fernandes - PDS; Josué de Souza- PDS; Mário Frota - PMDB; Randolfo Bittencourt- PMDB; Ubaldino Meirelles - PFL.

    Rondônia

    Assis Canuto - PDS; Francisco Sales - PMDB,Leônidas Rachid - PDS; Lucena Leal - PFL; MúcioAlhayde'- PMDB; Olavo Pires - PMDB; Orestes Mu-niz - PMDB; Rita Furtado - PFL.

    Pará

    Adcmir Andrade - PMDB; Antônio Amaral- PDS;Arnaldo Moraes - PMDB; Benedicto Monteiro -PMDB; Brabo de Carvalho - PMDB; Carlos Vinagre- PMDB; Dionísio Hage - PFL; Gerson Peres -PDS; João Marques - PMDB; Jorge Arbage - PDS;Lúcia Viveiros - PDS; Manoel Ribeiro - PDS; Osval-do Mclo - PDS; Sebastiào eufió - PFL; Vicente Quei-roz - PMDB.

    Maranhão

    Bayma Júnior - PDS; Cid Carvalho - PMDB; Edi-son Lobào - PDS; Enoc Vieira - PFL; Epitácio Cafe-

  • 12418 Sábado 19

    teira - PMDB; Eurico Ribeiro - PDS; João Alberto deSou", - PFL; João Rebelo - PDS; José Bumetl -PDS; José Ribamar Machado - PDS; Magno Bacelar- PFL; Nagib Haickel - PDS; Victor Trovão - PFL;Vieira da Silva - PDS; Wagner Lago - PMDB.

    Piauí

    Celso Barros - PFL; Ciro Nogueira - PMDB; Herá·c1ito Fortes - PMDB; José Luiz Maia - PDS; LudgemRaulino - PDS; Tapety Júnior - PFL.

    Ceará

    Alfredo Marques - PMDB; Carlos Virgílio - PDS;César Cals Neto - PDS; Chagas Vasconcelos -.PMDB; Cláudio Philomeno - PFL; Evandro Ayrcs d"Moura - PFL; Flávio Marcílio - PDS; Furtado Leiw- PFL; Gomes da Silva - PFL; Haroldo Sanford -.PDS; Leorne Belém - PDS; Manoel Gonçalves - PFL;Manuel Viana - PMDB; Marcelo Linhares - PDS;Mauro Sampaio - PMDB; Moysés Pimentel- PMOB;Orlando Bezerra - PFL; Ossian Araripe - PFL; SérgioPhilomeno - PDS.

    Rio Grande do Norte

    Agenor Maria - PMDB; Antônio Florêncio - PFL;Assunção de Macédo - PMDB; Jessé Freire - PFL;Joào Faustino - PFL; Vingt Rosado - PDS; Wander-ley Mariz - PDS.

    Paraíba

    . Adauto Pereira - PDS; Aluízio Campos - PMDB;Alvaro Gaudêncio - PFL; Antônio Gomes - PFL;Edme Tavares - PFL; Emani Satyro - PDS; Joaeil Pe-reira - PFL; João Agripino - PMDB; Raymundo As-fora - PMDB; Tarcísio Burity - PTB.

    Pernambuco

    Arnaldo Maciel - PMDB; Carlos Wilson - PMDB;Cristina Ta.vares - PMDB; Geraldo Melo - PMDB;Gonzaga Vasconcelos - PFL; Herberto Ramos --PMDB; Inocêncio Oliveira - PFL; João Carlos de Carli- PDS; José Carlos Vasconcelos - PMDB; José Jorgo- PFL; José Mendonça Bezerra - PFL; José Moura--PFL; Josias Leite - PDS; Maurílio Ferreira Lima -.PMDB; Miguel Arraes - PMDB; Nilson Gibson --PFL; Oswaldo Coelho - PFL; Oswaldo Lima Filho --PMDB; Pedro Corrêa - PDS; Ricardo Piúza - PDS;Thales Ramalho - PFL.

    Alagoas

    Albérico Cordeiro - PDS; Fernando Collor --PMDB; Geraldo Bulhões- PMDB; José Thomaz Nonõ- PFL; Manoel Affonso - PMDB; Nelson Costa --PDS; Renan Calheiros - PMDB.

    Sergipe

    Adroaldo Campos - PDS; Augusto Franco - PDS;Batalha Gôis - PMDB; Carlos Magalhães - PDS; Cel-so Carvalho - PDS; Francisco Rollemberg - PDS;Hélio Dantas - PFL.

    Bahia

    Afrísio Vieira Lima - PFL; Ângelo Magalhães --PDS; Antônio Osório - PTB; Djalma Bessa - PDS;Domingos Leonelli - PMDB; Elquisson Soares --PMDB; Eraldo Tinoco - PDS; Etclvir Dantas - PD!,;Felix Mendonça - PTB; Fernando Gomes - PMDB;Fernando Magalhães - PDS; Francisco Pinto --PMDB; Genebaldo Correia - PMDB; Gorgônio Neto- PDS; Haroldo Lima - PC do B; Hélio Correia --PDS; Horácio Matos - PDS; Jairo Azi - PFL; JoãoAlves - PDS; Jorge Vianna - PMDB; José Lourenço- PFL; José Penedo - PFL; Jutahy Júnior - PFL;Leur Lomanto - PDS; Manoel Novaes - PDS; Mam,·lo Cordeiro - PMDB; Mário Lima - PMDB; Ney Fer-reira - PDS; Prisco Viana - PDS; Raymundo Urbano-PMDB; Raul Férraz - PMDB; ~ômulo Galvão --PDS; Ruy Bacelar - PFL; Virgildásio de Senna --PMDB; Wilson Falcão - PDS.

    Espírito Santo

    Hélio Manhães - PMDB; Max Mauro - PMD!3;Myrthes Bevilacqua - PMDB; Pedro ecolim - PDS;

    DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    Stêlio Dias - PFi.; Theodorico Ferraço - PFL; WilsonHacse - PMDB.

    Rio de Janeiro

    Agnaldo Timóteo - PDS; Alair Ferreira - PDS;Aloysio Teixeira - PMDB; Amaral Netto - PDS; Aril-do Teles - PDT; Bocayuva Cunha - PDT; CarlosPeçanha - PMDB; Celso Pcçanha - PFL; DasoCoimbra - PMDB; Délio dos Santos - POT; DenisarArneiro - PMDB; Edson Tessier - PTB; Eduardo Ga-lil- PDS; Emmanuel Cruz - PMDB; Figueiredo Filho- PDS; Francisco Studart - PFL; Gustavo de Faria-PMDB; Hamilton Xavier - PDS; Jacques D'Ornellas- PDT; Jiulio Caruso - PDT; José Colagrossi - PDT;José Eudes - PSB; José Frejat - PDT; Lázaro Carva-lho - PFL; Lednidas Sampaio - PMDB; Léo Simões- PFL; Márcio Braga - PMDB; Márcio Macedo -PMDB; Mário Juruna - PDT; Osmar Leitão - PDS;Roberto Jefferson - PTB; Saramago Pinheiro - PDS;Sebastião Ataíde - PFL; Sérgio Lomba - POT; SimãoSessim - PFL; Walter Casanova - PFL; Wilmar Palis-pDS.

    Minas Gerais

    Aécio Cunha - PFL; Altair Chagas - PFL; AntônioDias - PFL; Bonifácio de Andrada - PDS; CarlosEloy - PFL; Cássio Gonçalves - PMDB; CastejonBranco - PFL; Christóvam Chiaradia - PFL; DarioTavares - PMDB; Delson Scarano - POS; Dimas Per-rin - PMDB; Emílio Gallo - PFL; Emílio Haddad-PFL; Fued Dib - PMDB; Gerardo Renault - PDS;Homero Santos - PFL; Humberto Souto - PFL; IsraelPinheiro - PFL; Jairo Magalhães - PFL; João Hercu-li no - PMDB; Jorge Vargas - PMDB; José Carlos Fa-gundes - PFL; José Machado - PFL; José Maria Ma-galhães - PMDB; José Mendonça de Morais -PMDB; José Vlisscs - PMDB; Juarez Baptista -PMDB; Júnia Marise - PMDB; Luís Dulci - PT; LuizBaccarini - PMDB; Luiz Guedes - PMDB; Luiz Leal- PMDB; Luiz Sefair - PMDB; Manoel Costa Júnior- PMDB; Marcos Lima - PMDB; Mário Assad -PFL; Mário de Oliveira - PMDB; Melo Freire -PMDB; Milton Reis - PMDB; Navarro Vieira Filho-PFL;. Nylton Venoso - PFL; Oswaldo Murta -PMDB; Paulino Cícero de Vasconcellos - PFL; Pimen-ta da Veiga - PMDB; Raul Belém - PMDB; Raul Ber-nardo - PDS; Ronaldo Canedo - PFL; Ronan Tito-PMDB; Rondon Pacheco - PDS; Rosemburgo Roma-no - PMDB; Vicente Guabiroba - PDS; Wílson Vaz- PMDB.

    São Paulo

    Adail Vettorazzo - PDS; Airton Soares - PMDB;Alberto Goldman - PCB; Alcides Franciscato - PFL;Armando Pinheiro - PDS; Aurélio Peres - PC do B;Bete Mendes - PT; Cardoso Alves - PMDB; CelsoAmaral - PTB; Cunha Bueno - PDS; Darcy Passos-PMDB; Del Bosco Amaral - PMDB; Diogo Nomura- PFL; Djalma Bom - PT; Doreto Campanari -PMDB; Estevam Galvão - PFL; Farabulini Júnior -PTB; Ferreira Martins - PDS; Flávio Bierrenbach -PMDB; Francisco Amaral - PMDB; Francisco Dias-PMDB; Freitas Nobre - PMDB; Gastone Righi -PTB; Gióia Júnior - PDS; Horácio Ortiz - PMDB;Irma Passoni - PT; João Bastos - PMDB; João Cunha- PMDB; João Herrmann Neto - PMOB; José Ca-margo - PFL; José Genoino - PT; Maluly Neto -PFL; Márcio Santilli - PMDB; Marcondes Pereira -PMDB; Mário Hato - PMDB; Mendes BotelhoPTB; Mendonça Falcão - PTB; Moacir Franco -PTB; Natal Gale - PFL; Octaeílio de Almeida -PMDB; Pacheco Chaves - PMDB; Paulo Maluf -PDS; Paulo Zarzur - PMDB; Plínio Arruda Sampaio- PT; Raimundo Leite - PM.DB; Ralph Biasi -PMDB; Renato Cordeiro - PDS; Ricardo Ribeiro -PFL; Roberto Rollemberg - PMDB; Salles Leite -PDS; Samir Achôa - PMDB; Theodoro Mendes -PMDB; Tidei de Lima - PMOB; Vlysses Guimarães-PMDB.

    Goiás

    Brasilio Caiado - PDS; Fernando Cunha - PMDB;Genésio de Barros - PMDB; Ibsen de Castro - PDS;

    Outubro de 1985

    Iram S"raiva - PMDB; Iturival Nascimento - PMOB;João Divino - PMDB; Joaquim Roriz - PMDB; JoséFreire - PMDB; Juarez Bernardes - PMDB; SiqueiraCampos - PDS; Tobias Alves - PMDB; Wolney Si-queira - PFL.

    Mato Grosso

    Bento Porto - PFL; Cristino Cortes - PDS; Gilsonde Barros - PMDB; Jonas Pinheiro - PDS; Maçao Ta-dano - PDS; Milton Figueiredo - PMDB; Paulo No-gueira - PMDB.

    Mato Grosso do Sul

    Albino Coimbra - PDS; Edison Garcia - PFL; Har-ry Amorim - PMDB; PUnio Martins - PMDB; Ro-sário Congro Neto - PMDB; Ruben Figueiró -PMDB; Saulo Queiroz - PFL; Vbaldo Barém - PDS.

    Parana

    Alceni Guerra - PFL; Alencar Furtado - PMDB;Amadeu Geara - PMDB; Anselmo Peraro - PMOB;Antônio Mazurek - PDS; Aroldo Moletta - PMDB;Ary Kffuri - PDS; Borges da Silveira - PMDB; CelsoSabôia - PMDB; Dilson Fanchin - PMDB; FabianoBraga Corles - Pf'L; Hélio Duque - PMDB; IrineuBrzesinski - PMDB; !talo Conti - PFL; José CarlosMartinez - PMDB; José Tavares - PMDB; Luiz Antô-nio Fayet - PFL; Norton Macedo - PFL; Oscar Alves- PFL; Oswaldo Trevisan - PMDB; Otávio Cesário-PDS; Paulo Marques - PMDB; Reinhold Stephanes-PFL; Renato Bernardi - PMDB; Renato Johnsson -PDS; Renato Loures Bueno - PMDB; Santinho Furta-do - PMDB; Santos Filho - PDS; Valmor Giavarina- PMDB; Walber Guimarães - PMDB.

    Santa Catarina

    Casildo Maldaner - PMDB; Dirceu Carneiro -PMDB; Epitácio Bittencourt - PDS; Fernando Bastos- PMDB; tvn Vanderlinde - PMDB; João Paganella- PDS; Luiz Henrique - PMDB; Nelson Morro -PDS; Nelson Wedekin - PMDB; Odilon Salmoria -PMDB; Paulo Melro - PFL; Rcnato Vianna - PMDB;Vilson Kleinubing- PDS; Walmor de Luca - PMDR

    Rio Grande do Sul

    Aldo Pinto - PDT; Amaury Müller - PDT; AugustoTrem - PDS; Balthazar de Bem e Canto - PDS' Emí-di" Perondi - PDS; Florieeno Paixão - PDT; GuidoMoesch - PDS; Harry Sauer - PMDB; Hermes Zaneti- PMDB; Hugo Mardini - PDS; Ibsen Pinheiro _PMDB; Irajá Rodrigues - PMDB; Irineu Colato _PDS; João Gilberto - PMDB; Jorge Uequed _PMDB; José Fogaça - PMDB; Júlio Costamilan _PMDB; Lélio Souza - PMDB; Matheus Schmidt _PDT; Nadyr Rossetti - PDT; Nelson Marchezan _PDS; Nilton Alves - PDT; Oly Faehin - PDS; Osval-do Nascimento - PDT; Paulo Mincarone - PMDB'Pedro Germano - PDS; Rosa Flores - PMDB; Ru:bens Ardenghi - PDS; Siegfried Heuser - PMDB.

    Amapá

    Antônio Pontes - PFL; Clarck Platon - PDS; Geo-vani Borges - PFL; Paulo Guerra - PDS.

    Roraima

    Alcides Lima - PFL; João Batista Fagundes -PMDB; Júlio Martins - PMDB; Mozarildo Cavalcanti- PFL.

    O SR. PRESIDENTE (Haroldo Sanford) - A lista depresença acusa o comparecimento de 125 Senhores De-putados.

    Está aberta a sessão.So b a proteção de Deus iniciamos nossos trabalhos.O Sr. Secretário procederá à leitura da ata da sessão

    anterior.lI-O SR. OSVALDO MELO, Servindo como 29-

    Secretúrio procede à leitura da ata da sessão antecedente,a qual é. sem observações, assinada.

    O SR. PRESIDENTE (Haroldo Sanford) - Passa-seà leitura do expediente.

  • putubro de 1985

    o SR. EPITÁCIO CAFETEIRA, 3'-Secretário, ser-vindo como IY Secretário, procede tL leitura do seguinte.

    IH - EXPEDIENTE

    o SR. PRESIDENTE (Haroldo Sanford) - Está lIn-da a leitura do expediente.

    IV - Passa-se ao Pequeno Expediente

    Tem a palavra o Sr. João Gilberto

    O SR. JOÃO GILBERTO (PMDB - RS. Pronunciao seguinte discurso.)- Sr. Presidente, Srs. Deputados, oGoverno vem realizando esforços na área dos alimentose da alimentação. Primciro, uma dccisão política funda-mentai de priorizar a alimentação na área econômica,agrícola, de saúde e de educação. Depois, o incentivomaior ~lS culturas para o mercado interno de alimentos, oque já se vai refletir na safra imediata; a aplicação de

    .grandes recursos na merenda escolar c, agora, Programade Suplementação Alimentar.

    É sobrc o PSA que gostaria de fazer algumas obser-vações. Trata-se de um grande plano, com aplicação deum bom volume de recursos com a coordenação geral doMinistério da Saúdc e a participação do Ministério daAgricultura.

    O plano visa a fornecer alimentos básicos às mulheresgrávidas, nutrizcs e crianças de até 35 meses, com rendade até dois sulitrios mínimos. Sua execução vai estar lon-ge das injunções de lutas locais ou de rivalidades parti-dárias; participarão o Ministério da Saúde, a LBA, oINAMPS, as Secretarias Estaduais de Saúde e as Prefei-turas Municipais, independentemente de colaboraçõesdos governos locais.

    Dir-se-ia que é mais uma iniciativa assistcncialistu.Ora, a gravidade da fome no Brasil reclama medidas decmergéncia. Estú ai a realidade de uma nova geração dedesnutridos, com sérias afetações físicas e mentais. Épreciso fazer uma barreira a isso.

    Além do mais, o Programa de Suplementação Alimen-tar não é uma mera distribuição de alimentos, emboraesta scja uma parte fundamcntal de sua aplicação. Com-preender[t o acompanhamento nutricional das crianças,a imunização, controle de desidratação, controle de in-fecções, acompanhamento pré e pós-natal, primeiros so-corros e outras providências.

    Estive consultandõ O volume de alimentos previstos naaplicação das vúrias etapas do programa para o meu Es-tado. Considero que no momento em que o PSA al-can

  • 12420 Sábado 19

    preender a razão pela qual essa companhia em meu Esta-do atravessa as peripécias econômico-financeiras detec-tadas presentemente.

    Não obstante, há condições de enfrentar essa situaçãodramática, oferecendo-se à empresa condições de restau-rar sua plena capacidade operacional, no interesse dofortalecimento cconômico do próprio Estado. E, paraquc isso seja alcançado, é necessário cumprir os seguin-tes objetivos imediatos:

    - Que seja assegurado à CEEE o direito de expandiro seu parque gerador de energia elétrica, de acordo c",mas necessidades do Rio Grande do Sul;

    - Que sejam tomadas medidas para sanear financei-ramente a empresa e assegurar a sua viabilidade econô-mica.

    A Médio Prazo, teremos de promover igualmente oenvolvimento da comunidade nos destinos da empresa, ea transformação das CEEE em empresa energética.

    [; necessário, ainda, tomar algumas medidas imedia-tas, como: aumentar a participação acionária do Gover-no Federal, através da capitalização da dívida, até o limi-te que assegure ao Estado do Rio Grande do Sul a manu-tenção do controle acionário; e dar continuidade àsobras de Candiota m.

    A Curto Prazo terá de ser assegurada a remuneraçãolegal (lO a 12%) dos investimentos do Setor Elétrico. E, aMédío Prazo, uma remuneração às empresas do Setor deEnergia Elétrica, de forma que estas sejam auto-sustentadas para cobrir os custos dos investimentos ne-cessários ao seu crescimento; criar uma diferenciação ta-rifária por empresa de energia elétrica; e atribuir aC EEE, no Estado, a tarefa de disciplinar a utilização derecursos naturais energéticos existentes.

    A titulo de justificativa, podem ser alinhados argu-mentos de caráter político tais como:

    - Cabc à comunidade decidir o seu próprio futuro. epara tanto 05 meios de viabilizar as transformações so-ciais e tecnológicas necessárias para alcançar os objeti-vos propostos; .

    - A energia é um agente indispensável para qualquerprocesso de transformação;

    - Os recursos naturais, energéticos primários, taiscomo se encontram na natureza, dificilmente podem serusados. As empresas de energia elétrica, ao geraremencrgia, apenas estão transformando uma das formas deenergia primária em eletricidade;

    - Os recursos naturais são finitos, como no caso dopetróleo. carvão mineral e Urânio. ou são de uso limita-do. como energia hidráulica, solar eólica e biomassa;

    - Os recursos naturais não estão uniformemente dis-tribuidos em todo o território nacional;

    - As transformações dos recursOS naturais em outrasformas energéticas implica em ônus e vantagens para ascomunidades onde estes sào transformados;

    - A extração dos recursos naturais. a transformaçãodestes em energéticos secundários e o uso da energia, de-vem ser coordenados localmente, considerando os recur-sos locais exitentes, 05 ônus admitidos e as vantagens de-sejadas.

    Alinharia ainda, Sl. Presidente, os argumentos de ca-ráter técnico que reforçam as reivindicações que faço nOsentido de sensibilizar o Governo Federal. com vistas àrestauração plcna da Companhia Estadual de EnergiaElétrica. que hoje padece dessas deficiências, o que sedeve basicamente tl política conccntrae-ionista impostaao País nos últimos 21 anos. São os seguintes:

    - se não houver uma geração significativa no Estado,os desligamentos que ocorrerem no Sistema Interligado,mesmo em outros Estados, poderão acarretar desliga-mentos gerais no R io Grande do Sul:

    - o aumento da dependência energética do Estado,implica em considerável aumento da evasão de recursospara o pagamento da energia necessário ao atendimentodo mercado:

    - a dependência encrgética do Estado tira deste apossibilidade de gerir qualquer programa de desenvolvi-mento sem a anuéncia do Governo Federal. Ao mesmotempo. dcixa sob a ótica federal a expansão dos recursosenergêticos, os qllais nào \e-vam necessariamente em con-ta ns características e recursos regionais. Como porcxemplo. a utilização do carvão em geração de energia

    DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    elétrica permitiu, no passado, que fossem mantidas asminas após o ciclo das locomotivas a carvão, e CandiotaIII permitirá a dimensão de escala suficientemente paraperenizar o uso econômico do carvão sob outras formas,incentivando o crescimento industrial do Estado.

    Era o que tinha a dizer.

    o SR. NILSON GIBSON (PFL - PE. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente e Srs. Deputados,rccentemente, no horário da liderança do meu partido, oPFL. usei da tribuna para denunciar às autoridades liga-da ao problema referente à necessidade urgente do proje-to da barragem de Itaparica, no rio São Francisco, fixardiretrizes adequadas para o enfrentamento racional desuas conseqüências c implicações. Importante relatóriofoi apresentado à Direção da CHESF, avaliando oproblema do Municípios de Floresta, em Pernambuco,junto às populações das margens do rio São Francisco,Pajeú e Mandantes, até a conta 310 em relação ao níveldo mar. O grupo de estudo constituído do ex-Prefeito deFloresta, Sr. Flávio Nunes Novaes, e os Srs. José EdsonNunes Ribeiro c Querino de Souza Neto, apresentouconclusão que necessita ser levada em conta pelos órgãosgovernamentais. O grupo de trabalho, através de cir-cunstancial relatório concluiu que o Município de Flo-resta perderá mais de 90% de sua produção agrícola irri-gada. Portanto, necessita receber a contrapartida correS-pondente.

    Ocorre, Sr. Presidente e Srs. Deputados. que o movi-mento de apoio aos trabalhadores rurnis e urbanos dosoito municípios atingindos com a construção da Hidrelé-trica de !taparica, realizado na terça-feira passada, reu-nindo mais de 20 mil pessoas numa caminhada de 13KM e num ato público que durou quatro horas, foi cha-mado pelos manifestantes de "ocupação simbólica dabarragem" e a H a última concentração pacífica". pois, senão forem atendidos nas reivindicações, o pior poderáacontecer, a começar com a "tornada definitiva do can-teiro de obras". Isso significa dizer, segundo o líder dostrabalhadores rurais de Petrolándia, Vicente Coelho, que"A força que nos trouxe a união de hoje será fortalecidaem qualquer ou1ra decisão a que deixarmos tomar, sejapara ocupar a barragem ou até mesmo demoli-Ia, pois jáesperamos demais." Durante as quatro horas de mani-festação em palanque instalado a poucos metros daobra, sob uma temperatura de 40° graus, foram lidasmoções de apoio de 100 entidades civis e profissionais dePernambuco e Bahia, enquanto as lideranças do movi-·menta afirmavam estar cansadas de fazer peregrinaçõespneu os gabinetes dos órgãos governamentais e atéBrasilia, para onde encaminharam dezenas de documen-tos e memoriais, que se resumem no reassentamento dasdez mil famílias atingidas a partir de um decreto que de-sapropria as áreas, "por interessc social c a destinação deverhas para o ínicio físico do reas~entamento.

    No manifesto da 7' concentração aprovado pelos tra-halhos rurais registra que o "O Governo Federal ameaçaexpulsar 10 mil famílias de trabalhadores rurais no valedo Süo Francisco, com a barragem de itaparica, cons-truída pela CHESF. A inundaçüo sc dará dentro de 16meses e fará desaparecer as cidades, com áreas agrícolasde Petrolândia com 25 mil habitantes; Itacuruba com 8mil, localizadas em Pernamhuco. A inundação cobrinitambém as áreas agrícolas dos Municípios de Floresta,Belém do Silo Francisco. também em Pernambuco".

    O, trabalhadores lembraram que, em 1979, realizarama primeira grande concentração em Petrolãndia, ondeapresentan1nl, pela primeira vez, () Plano de Reassenta-menta reivindicando terra por terra na margem do ladoreposição das condições de vida e com trabalho, além de,aplicação do Estatuto da Terra. Mas, enfrentando a in-transigencia c falta dc medidas concretas da CHESF, ostrabalhadores apontaram soluções que deram origem aoDtJcum~nto de Diretrizes hásicas do movimento sindicalpara o reassentamento c implicam a realização de umaverdadeira reforma agrúria na região. Informa o mani-festo que o movimento sindical, representando legitima-mente os trabalhadores rurais apontou lodos os cami-nhos viáveis e se reuniu inúmeras vezes com autoridadesmunicipais. estaduais e federais, que fizeram promessas eassumiram compromissos. pontificando que falta agora

    Outubro de 1985

    a execução, isto é a concretização do reassentamento, jáque até agora de concreto só se vê a barragem.

    Por isso, finaliza o documento dos trabalhadores ru-rais, cobrando o compromisso de créditos subsidiados ca fundo perdido para que possam os agricultores reto-mar a produção de alimentos. Ainda, cobram os traba-lhadores o compromisso da efetiva participação em to-das as fases e atividades que visem à implantação doreassentamcnto. Dizem os trabalhadores que as compor-tas não se fecharão enquanto não concretizar o reassen-tamento e, portanto, a subordinação da construção daobra civil - a barragem - à construção da obra social-; o reassentamento, pois é com o espírito de luta e re-sistência que os trabalhadores rurais da área, caminhan-do c manifestando como data limite e histórica na lutado trabalhador do campo do Nordeste.

    Sl. Presidente e Srs. Deputados, registro que os traba-lhadores do campo Manoel c Jerônimo Luciano recla-maram durante a reunião que as suas terras foram toma-das pela CHESF, exatamente a área onde fica instaladoo canteiro do obras. Eles disseram que receberam apenasCr$ 5 milhões c, por isso, recorreram ao Presidente daRepública José Sarney, pleiteando uma reavaliação dasindenizações. O Presidente do Sindicato dos Trabalha-dores Rurais de !lacuruba, José Novaes, e o VereadorJosé Durval estão sendo processados pelo Prefeito doMunidpio Cantarelli em face do apoio na luta pela esco-lha da área onde será construída a "Nova Itacuruba"através do plebiscito.

    Sl. Presidente e Srs. Deputados, até o presente nenhu-ma providência foi adotada pelas autoridades visando àCOJlstrução "Nova ltacuruba", apesar de só faltarem 16meses para o Município ser riscado do mapa c de o povoter indicado uma região que fica próxima ao futuro lagoque dará melhor condição para o deslocamento das pes-soas ãs cidades de Belém de São Francisco e Floresta,

    Concluo, Sr. Presidente c Srs. Deputados, fazendo lei-tura de notícia divulgada no Diário de Pernambuco, deontem, dia 17 de outubro, referente às conclusões doGrupo de Trabalho sobre o reassentamenttl de !laparica,que o Dl. Oliveira Britto, Presidentc da CHESF, apro-vou.

    Passo a lcr:

    "APROVADOS PELA PRESIDBNCIA DACHESF AS CONCLUSÚES DO GRUPO DETRABALHO SOBRE O REASSENTAMENTODE ITAPARTCA

    Ao apreciar o trabalho do grupo designado pelaPresidência da CHESF para comentar o plano dereassentamento da população, da terra e cidadesque serão inundadas pelo futuro reservatório de Ita-parica, O Dl. Oliveira Britto proferiu o seguinte des-pacho, que completa as condições para o encami-nhamento desse grave problema social:

    "Aprovo as conclusões do Grupo de Trabalho'com as ressalvas que a execução do processo de de-socupação da área do futuro lago de !taparica vier aindicar como factivel do ponto de vista social.

    Não restam dúvidas que. do ponto de vista estri-tamente jurídico, as observações do Relatório estãorigorosamente certas. Acontece, porém, que, no quetange aos aspectos sociais, a realidade fundiária, acomeçar pela aquisição c/ou oCllpação da terra,tanto noS rnunicípos do médio São Francisco, quan-to em qualquer parte do Nordeste, não se baseiacomo seria desejável - em documentação própriapara transferir o domínio da propriedade, tal comoprevé o Código Civil e as leis que regulam a matrí-eula e o registro imobiliário.

    A realidade ê, inrelizmente, outra: a posse da ter-ra decorre da simples ocupação, quase sempre dehoa fé. ora em decorrência do direito hereditárioque nào se documentou perante a justiça, ora me-diante um simples recibo de pagamento do preçoajustado, muita vez entre analfHbctos e, portnnto,assinado a rogo por terceiros, sem as precauções le-gais. tudo scm olvidar que inúmeros posseiros têmcomo .wtepnro H protegê~los apen05 o fato materialda ocupação da terra.

  • Outubro de 1985

    Acrescente-se a essa realidade, o problema dotrabalhador em propriedade de terceiros, ora comoparceiro. ora como diarista, mas que retira do seurude trabalho o pão de cada dia. Ter-se-á, assim, oquadro exato, realista, da situação daqueles que vãoser deslocados de suas moradias ou das terras quetrabalham.

    Ora, se não se providenciou a tempo a rcgulari-zação fundiúria da úrea, a incerteza do destino queronda milhares de sertanejos há vários anos seriaprolongada ainda longo tempo, se o Governo, atra-vés da CHESF e de outros órgãos federais c esta-duais, não encarasse o problema no seu realismoagreste, buscando soluções que, de forma objetiva edentro do interesse de atender aos legítimos anseiosda população, embora - é óbvio - sem se deixarenvolver por expedientes atentatórios da moral e daboa ética, não encontrasse para cada caso, sem dis-criminação de qualquer ordem, a solução justa mes-mo sem se acastelar no rigor das regras legais.

    Vale aqui consignar que a supremacia do lado so-ciul de qualquer problema é tônica e norma imutá-vel na conduta dos negócios da Nova República,inaugurada com a administração do Presidente JoséSarney e enfatizada pelo Ministro Aureliano Cha-ves, na sua fala a lideranças políticas e sindicais, emrecente encontro em Paulo Afonso.

    Este trabalho é um roteiro, vamos pô-lo sem de-mora em execução, alterando-o, porém, aqui e ali,sempre que a realidade ou interesse social o aconse-lhar.

    Convocol assim, a todos - comunidade direta-mente interessada, lideranças locais representativasdos diversos segmentos políticos. associativos, sin-dicais, religiosos, Governos estaduais e órgãos fede-rais, enfim, a sociedade como um todo - para,somando-se ao esforço da CI-IESF, fazermos doreassentamento de Itaparica um exemplo, que possaser seguido em outras oportunidades e sirva comoredenção de procedimentos anteriores por falta dosquais muitas vezes o homem ribeirinho do VelhoChico foi ignorado em holocausto ao progresso ma-terial e em benefício, não raro, dos que dele vivemdistantes.

    É este um apelo que, ao mesmo tempo, é umcompromisso da atual Diretoria da CHESF, quenão duvida de estar traduzindo um sentimento detoda a gente que faz crescer e progredir - os seusfuncionários dc todas as categorias."

    O -Presidente da CHESF, Dr. Oliveira Britto, enfatica-mente declarou que as conclusões do Grupo de Trabalhoé um roteiro e decidiu pô-lo "Sem Demora em Exe-cução".

    As conclusões da Comissão de Floresta, revelaram ainequívoca preferéncia da população em permanecer noMunicípio, e, ainda, constatou-se a viabilidade de 3D milhectares irrigáveis alcançarem fertilidade satisfatótia,condição para permitir a recolocação de toda a popu-lação, que espera, angustiada, a definição do seu futuro.

    Oportunamente voltarei ao problema.

    O SR. DIMAS PERRIN (PMDB - MG. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, aLei n' 6.683, de 28 de agosto de 1979, que concedeu aanistia, não restituiu, na sua integralidade, os direitosdos que foram punidos em conseqüência do movimentomilitar de 1964, principalmente os servidores públicos ci-vis e militares e os empregados de empresas públicas eprivadas, sociedades de economia mista e autarquias, osquais ficaram prejudicados em sua carreiras profissio-nais, impedidos de retornarem à ativa, e sem. direito àspromoções ocorridas depois de seu afastamento. Aque-les quc optam pela aposentadoria ou transferência para areserva, fazem-no mas no cargo que ocupam na data emque foram afastados c recebem proporcionalmente aotempo que tinham de serviço. O resultado dessa situaçãosão as pensões irrisórias que os punidos estão recebendoe quc, em muitos casos, não é suficiente nem para a ali-mentação de suas famílias.

    Elaborada em uma época ainda caracterizada peloarbítrio, é compreensível que contivesse essas limitações.Mas, agora, permitir a continuidade de sua vigéncia, écoonestar a violência, a injustiça.

    DIÂRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    A Lei da Anistia precisa transformar-se em um instru-mento de confraternização e de conjugação de esforçosem benefício de todos.

    Os argumentos contrários à ampliação da Lei de Anis-tia não se justificam mais. Estamos vivendo uma nova é-poca. muito diferente da anterior. O Governo atual con-ta com a simpatia e o apoio do povo, que reconhece osesforços que estão sendo feitos no sentido de defender osinteresses nacionais e promover o bem-estar coletivo.

    Inegavelmente, Sr. Presidente e Srs. Deputados, nestemomento histórico que estamos vivendo, governo c povoestão unidos.

    Por que, então, manter uma discriminação tão revol-tante que até repugna a consciéncia de qualquer pessoa?

    Os punidos não in frigiram nenhuma lei. Não comete-ram nenhum crime. Eles são, em verdade, vítimas e nãocriminosos. Se algum crime a eles deva ser atribuído, sópode ser o de sempre terem defendido a soberania denosso País1 os nossos interesses nacionais, os princípiosdemocráticos e a legalidade constitucionaL Homens emulheres honrados e competentes, originários de todas

    ·as classes e setores de nossa,sociedade, merecem a nossaadmiração e o nosso respeito.

    A esta altura, não se pode esquecer, entre eles, existem22 heróis da última guerra mundial c diversos cientistas,professores, engenheiros, advogados, economistas e téc-nicos de grande capacidade e reconhecida experiéncia,capazes dc desempenharem funções de importúncia pri-mordial.

    Esta é a razão pela qual manifesto, desta tribuna, omeu estarrecimento ante a notícia de que aos militaresseria permitida a volta à ativa, mas sem direito às pro-moções correspondentes, a não ser que tenham feito oscursos ministrados após o seu afastamento do serviço.

    Ora, Srs. Deputados, como poderiam os punidos fazeros cursos, se para isso estavam impedidos, alguns delestrancados no fundo das prisões?

    Não fora isso e, por certo, teriam feito todos os cursos,pois o progresso que alcançaram em seus estudos, mes-mo com todas as dificuldades que lhes foram impostas,indica o interesse que sempre têm em se capacitarem me-lhor para o desempenho de suas funções.

    Por que não aproveitarmos a oportunidade que se nosoferece agora e dar mais um passo em direção à demo-cratização do Puís, restabelecendo os direitos desses nos-sos irmãos brasileiros que, até agora, têm paciente e pa-trioticamente aguardado as nossas providências?

    Precisamos compreender que O reconhecimento dosdireitos alheios é um imperativo ético que não deslustraninguém, mas que engrandece sobremaneira quem o faz.

    Os punidos não podem continuar pagando uma dívidaque não contraíram, pois a pena não devida magoa e re-volta.

    Precisamos ter a coragem e o bom senso de fazer jus-tiça quando ela é devida, sem procurar saber o que pensaO seu destinatário. Democracia é a convivência com a di-vergência, é a busca das melhores soluções na compa-ração das propostas, na prática do diúlogo, no choquedos debates.

    Diante da ameaça e a injustiça que vêm sendo pratica-das contra os punidos civis c militates pela Lei nQ3.683,solicito a V. Ex', Sr. Presidente, e a V. Ex's, Srs. Deputa-dos, que realizem iodos os esforços que puderem no sen-tido de que se consiga, agora, a ampliação da Lei deAnistia, a fim de que se faça justiça e se contribua no sen-tido de obter-se a confraternização de todos os brasilei-ros em benefício de nossa Pátria, da democracia e do fu-turo de nossos filhos.

    o SR. OSVALDO MELO (PDS - PA. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, de-pois de uma série de erros que comete desde que assumiuo Ministério da Reforma e do Desenvolvimento Agrário,com as constantes falhas que tem revelado, com a faltade competência em matéria agrária e fundiária, com afalta de confiança que inspira ao Presidente José Sarney,em I[lce da nomeação do Presidente do Incra, Dr. JoséGomes da Silva, só resta um caminho ao Ministro Nel-son Ribeiro, que é pedir a renúncia do cargo que ocupa.

    Do plano de reforma agrária que o Ministro NelsonRibeiro começou com estardalhaço e aplausos dos radi-cais de esquerda felizmente sobrou urna proposta sensatae equilibrada, que foi assinada pelo Presidente José Sar-ney, depois da podagem ideológica que sofreu por parte

    Sábado 19 12421

    do órgão de responsabilidade do Governo e dos produ-tores e empresários rurais.

    O Ministro Nclson Ribeiro, além da falta de experiên-cia na área rural e da inabilidade política para o exercíciode um cargo tão importante, está sendo acusado emvários processos de ação popular quc tramitam na Jus-tiça paraense, relativos a sua administração como Presi-dente do Banco de Estado do ParÚ, quando houve urnaescandalosa desapropriação de terras envolvendo quan-tia vultosa - a chamada gleba Aurú - acusações dasquais, até agora, não se defendeu convenientemente.

    Todas as denúncias que fiz desta tribuna com relaçãoao Ministro Nelson Ribeiro eu as mantenho, e, a seguir,passo a ler, para constar dos Anais desta Casa, carta en-dereçada ao Presidente José Sarney, no domingo doCírio de Nazaré, em Belém, quando o Chefe da Naçãoestava naquela Capital, pelo advogado Dr. Paulo Lama-rão, autor das ações populares que se encontram na Jus-tiça do Pará, em que são réus o Governador Jáder Bar-balho e o Ministro Nelson Ribeiro.

    Eis o texto da carta endereçada ao Presidente José Sar-ney pelo Dr. Paulo Lamarão:

    "CARTA ABERTA AO PRESIDENTE SAR-NEY.

    "Neste Governo não serão admitidos os favo~ecimentos ilícitos e o peculato; c todos os quc se des-viarem desse severo padrão ético serão punidos su-mariamente". Esse foi um momento criado porVossa excelência, Sr. Presidente, de muita espe-rança. Para manter acesa esta chama, Sr. Presiden-te, não pode Vossa Excelência cingir suas determi-nações apenas aos Abi-Ackel da vida, aos Baumgar-tem, aos Rio Centro, etc...

    Também aqui no Pará 1 nós temos os escândalosdo AURÃ, do BANPARÃ e vários outros que pre-cisam ser apurados a fundo.

    O Dr. Nelson Ribeiro, ex-Presidente do Bancodo Estado, seu Ministro da Reforma e Desenvolvi-mento Agrúrio, não obstante querer matá-lo do co-ração, quando congelou a estrutura fundiária deLondrina, ao decretar o município inteiro comoprioritário para a implantação da reforma agrária,tem que submeter sua administração, ã frente da en-tidade bancária, ao teste da devassa final.

    Seria uma demonstração de lisura no procedi-mento do Governador, se houvesse determinado ofornecimento das informações solicitadas pelo Judi-ciário, diante das gravíssimas denúncias fcitas atra-vés de Ação Popular interposta com essa finalidade.

    Não fez o Governador que hoje hospeda VossaExceléncia e que o acompanhará no trajeto da pro-cissão. Não fez o Dr. Nelson Ribeiro, a quem ficariabem diante da opinião pública, exigir uma ampla in-vestigação no período em que esteve à frente doBanco do Estado.

    Ficará bem, entretanto, Sr. Presidente, a VossaExcelência, mandar apurar em favor de quem foramtransferidos vários bilhões de cruzeiros de fundospúhlicos e recursos do banco, depositados nas con-tas particulares de nQs 000769825-14 e 000769821-14, nas agências do Banco Itaú, no Rio de Janeirolocalizadas no Jardim Botânico e Madurcira.

    Ficará bem a Vossa Excelência, Sr. Presidente,mandar apurar quem manipula a caderneta de pou-pança aberta sob o n' 7661-9 no BANPARÃ, em fa-vor de quem foram depositados, sob o nome fictíciode João Silva, a título de "rentabilidade c aplicaçãode terceiros", de uma única vez, quinhentos milhõesde cruzeiros, através de cheque administrativo nQ

    85/566, do Banco do Estado.Todos os envolvidos nas irregularidades denun-

    ciadas, Sr. Presidente, permanecem calados. A ma-nifestação de todos nos autos foi apenas para reque-rer que o processo corra em segredo de Justiça.

    Tanto o Goveroador como o Ministro, diante doGoverno do qual fazem parte, e da opinião pública,à qual devem explicações, ficariam resguardados, seviessem a público dar satisfações dessas operaçõesnebulosas e injustificávcis. Preferem, no entanto, so-licitar que o Judiciário os exclua da lide. Optam pornegar informações. Escolhem o caminho do siléncioe das manobras subterráneas. Talvez porque o pa-drão ético delineado por Vossa Excelência, Sr. Pre-

  • 12422 Sábado 19

    sidente, niío seja o mesmo desses homens, ditospúblicos.

    Há neste Estado, Sr. Presidente, neste exato mo-mento, um elenco variado de crimes, além da sim-ples prevaricação cometida no passado recente peloex-Ministro da Justiça.

    Há neste Estado, Sr. Presidente, neste exato mo-mcnto, além dos favorecimentos ilícitos e do pecula-to, tão bem resumidos por Vossa Excelência, crimespor desvio e abuso dc poder, por negligência nocumprimento do dever funcional, por omissão e porconivência com as irrcgularidades comctidas.

    Há no Poder Executivo Estadual, Sr. Presidente,neste exato momcnto, corrupção deslavada, que seapuradas por sua determinação, certamente VossaExcclência cxclamará quc o Governador e nova-mente o seu Ministro, qucrerão matá-lo do coração,dessa fcita desvirtuando e prostituindo o severo pa-drão ético do seu Govcrno.

    Que a Virgem o ilumine, Sr. Presidente, para to-mar a deeisão aqui pleiteada. - Dr. Paulo Lama-rito."

    o SR. JORGE ARBAGE (PDS - PA. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, para aqueles queduvidam ser o destino uma força capaz de produzir iro-nias nem sempre cômicas, cis aqui o cxemplo personifi-cado em noticias ontem estampadas nos jornais deBrasília e que a seguir traduzimos para conheeimentodesta augusta Casa:

    Correio Brasilienze: PMDB cresce e deixa Sarney"muito feliz".

    Jornal de Brasília: - Os novos preços: gasolina, Cri3.130; álcool, Cr$ 2.030: óleo diesel, Cr$ 2.180; gás de co-zinha, Cr$ 23.000: leite, + 35,44%; carros, + 13,%; cami-nhões, + 12,3% e autopeças, + 16,75%.

    Este quadro1 Sr. Presidente, inspira na consciência dopovo uma série de versões. Duvida-se, por exemplo, quehaja felicidade recíproea entre o PMDB e o PresidenteSarney. Ou que o Presidente 'da República sinta o saborda fclicidade sobre as ruínas do desespero de 130 milhõesde almas, todas elas sufoeadas pelo medo desse sempreimprevisível amanhã, que lhe reduz impiedosa e desuma-namente a capacidade aquisitiva; escasseia~lhe o merca-do de trabalho: achata-lhe os salários; aumenta-lhe a di-ficuldade da moradia pelo sistema da compra da casaprópria pelo BNH e dos reajustes insuportáveis dos alu-guêis; enfim, um amanhã que desponta como se fora um

    'vendaval previsível quc vem para aumentar angústias,dcstruir esperanças, estabelecer o ambiente negro docaos.

    O Presidente Josê Sarney, que sabemos um homem degrandes qualidadcs humanas, crente na fê cm Deus epraticante exímio das obrigações espirituais, dificilmentepodcria conviver com a alcgria simultânea ao aumcntodesta fase cruciante que a todos nós envolve, sabendoque milhares de crianças morrem no País como vítimasde desnutrição, enquanto outras quc somam a mais desete milhões perambulam abandonadas pelas ruas, sem ocalor dos pais, sem tetos para o repouso, sem escolas,sem a piedade da sociedade indiferente ã sorte dos seusdestinos, sem o pedaço de pão ou de chão para o traba-lho, sem uma palavra de carinho ou mesmo de advertên-cia para que nào enveredem os caminhos das drogas en-torpcccntcs, da delinqüência que mata, rouba, assalta etambém produz a morte,

    Num dilema como este, em que todos os brasileirossão, ao mesmo tempo, tripulantes e passageiros do imen-so transatlântico que singra os mares revoltos à merce decomandos que supomos abstratos, o quc existe mesmo étristeza, porque o amanhã de nossas vidas continua sen-do o trauma que assombrará o instante do confrontoinexorável entre o prcsente e o futuro.

    A Nova República, Sr. Presidente, tem um compro-misso indelegável com a Nação, que até agora permane-ce estagnado no ilusório campo da promessa não cum-prida. A impaciência do povo já se mostra caracterizadana quehra da credibilidade que a campanha política pe-las diretas-já conseguiu induzir na consciência nacional.

    E falso, portanto, supomos nós outros - que haja·crescimento nas hastes de um Partido que entrou no po-der para redimir a Nação dos erros que combatia no pas-

    DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    sado, e apenas os tem reproduzido em doses mais cres-centes e menos suportáveis pelo povo.

    Como, igualmente, supomos ainda que tenha cheirode pura cascata essa versão publicitária que insinua oPresidente Sarney "muito feliz" com o "crescimento doPMDB".

    Mas, Sr. Presidente, se esse colóquio político entre oPresidente da República e o Partido ao qual procura oChefe da Nação retribuir generosa gratidão existe, - oque duvidamos - resta, no caso, indagar se a Nação scsente gratificada com os sete mcscs dc Governo da"novíssima república", durante cujo período o vocábulomais badalado na imprensa brasileira tem sido O "verboaumentar", já agora transformado em símbolo da lutaque instalou no Poder os salvadores que parecem não sa-her como salvar a Pátria.

    Eis no evento da "novíssima República", mais umexemplo dc que as conquistas, quando alcançadas com osaerificio da verdade, não passam de meros castelos edi-ficados sobre instáveis monturos dc areias.

    Era o que tínhamos a dizer.

    o SR. rNoctNcrO OLIVErRA (PFL - PE. Pro-nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Depu-tados, constitui antiga tradição nos países cristãoscomemorar-se a 18 de outubro, dia do Evangelista SãoLucas, patrono da c1assc, o Dia do Médico. Esta come-moração já se estende a quase todos os paises do mundo.

    Homenagear a elasse mêdica no seu dia é o mínimoque uma sociedadc civilízada pode fazcr paramanifestar-lhe reconhecimento pela nobre tarefa realiza-da.

    i\ vida de um médico não é melhor e ncm pior do quea vida de qualquer um de nós. Como homem e comoprofissional, possui todas as qualidades e deficiênciasinerentes à condição humana. No entanto, a sua rcspon-sabilidade é maior do que a de qualquer outra profissãodevido ao seu instrumento de trabalho: a vida humana.Exige-se quase a sua infalibilidade, quando por sua natu-reza ê impossível ao homem consegui-Ia. Por isso, a prá-tica da arte de Hipócrates é da mais alta responsabilida-de, exigindo mesmo dedicação total.

    Apesar de atravessar a classe médica alguns desgastes.qucr por distorções de ordem burocrática, quer por de-sinformações ou informações incorretas ou até mesmopor alguns erros cometidos, conforta-nos, contudo, acerteza do dever cumprido pela grande maioria, quehonra a formação rccebida, dando plena assistência den-tro dos padrães de dignidade e dedicação que devcmnortear a atividade mêdica.

    Aprovcitamos para lembrar as propostas da Asso-ciação Médica Brasileira, que hão de ser as metas e devc-rcs de todos os médicos do País, que ela representa:

    I -lembrar que o paciente ê o principal objetivo dosatos profissionais do médico;

    11 - zelar pclo seu bem-estar físico e mental e colabo-rar também para o seu bem-estar social:

    111 - cuidar para que só o paciente seja beneficiadopelos atos médicos, isto é, lutar contra a presença de in-termediários no relacionamento médico-paciente;

    IV -lutar pela elevação da qualidade na formaçãomédica~

    v - Iutar cada vez mais pela valorização da elassemédica.

    Finalizo, Sr. Presidcnte. Embora desempenhando afunção parlamentar há três mandatos consecutivos, commuita honra representando o glorioso Estado de Per-nambuco, continuamos com a mesma vocação que noslevou a escolher a Medicina como a nossa profissão. As-sim sendo, não poderíamos deixar de render mais umavez as nossas homenagens à classe médica, associando-nos às que lhe serão prestadas pelo povo brasileiro emtodo o território nacional. em reconhecimento aos inesti-máveis serviços prestados.

    Era o que tinha a dizcr.

    o SR. FRANCISCO ROLLEMBERG (PDS - SE.Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs.Deputados, as graves conseqiJéncias do longo período deestiagem dos últimos anos e das recentes cheias revcla-ram. mais uma vez, a necessidade de mudanças substan-tivas e urgentes na economia da Região Nordeste.

    Outubro de 1985

    Como nas catastróficas secas de 1877-79 - há, por-tanto. mais de um século -, os sucessivos governos pro-metem recursos. elaboram projetos, programam obras,mas a população continua despreparada para enfrentaras irregularidades climáticas.

    O que na realidade acontece é que, ao longo dos anos,o Poder Central relegou a uma posição secundária, nalista de prioridade. o desenvolvimento do Nordcste.

    Nas últimas décadas, a ação do Governo Federal noNordeste deu prioridade à expansão e à modernizaçãoda economia, sem, contudo, romper a cadeia da pobrezageneralizada, do subemprego rural e urbano, enfim, damiséria absoluta.

    Se de um lado é inegável o processo de modernizaçãopor que passa a economia da região, verifica-se, de outraparte. que seus reflexos. cm termos de melhoria das con-diçães de vida da população, foram praticamente inexis-tentes. E que o dinamismo do setor industrial não foi su-ficiente para supcrar o fosso que separa a Região Nor-deste do resto do País, principalmente do Centro-Sul.

    Um balanço dos últimos anos revela que a economianordestina cresceu c se processaram transformaçõesquantitativas no cenário rcgional. Dc 1960 a 1981, o PIBcresceu a uma taxa de 6,8% ao ano, inferior, portanto,em apenas O, I% à média nacional. A despeito de tudo is-so, o Nordeste brasileiro continua sendo a mais extensa epopulosa região subdesenvolvida do mundo ocidental.Uma grandc dívida social, portanto, cstá ainda por serresgatada. Sem cmbargo dos altos índices de crescimentoda economia regional, a esperança de vida ao nascer donordestino continua baixa: 52 anos. Ou seja, inferior àmédia nacional, que ê de 60 anos, segundo o IBGE.

    Nesse contexto, as principais causas da mortalidadeinfantil continuam essencialmente vinculadas à situaçãode extrema pobreza: avitaminoscs e deficiências nutricio-nais, enterites e enfermidades diarréicas - fatores queexplicaram nada menos que 40% dos óbitos cm 1980.Nos períodos de seca, a mortalidade infantil no Ceará al-cançou o total de 250 crianças por mil nascidas vivas.

    A oferta dc leitos hospitalares por habitantes, no N or-deste, corresponde aproximadamente à metade da médianacional. Além disso, é ínfima a cobertura de redes de es-gotos e abastecimento de água.

    Quanto às elevadas taxas de crescimento anual das po-pulaçõcs rcsidentes nas periferias dos grandcs centros ur-banos, os números falam por si mesmos: no período1970/80, a população da periferia da Região Metropoli-tana dc Salvador cresceu em 10,53%; e a de Fortaleza al-cançou percentual de 15%.

    As ofertas de emprego no setor rural vêm decrescendosensivelmente em face da rigidez da estrutura fundiária,ao passo que os níveis pe rcmuncração da população ur-bana sào haixíssimos: 87,6% da população economica-mente ativa situam-se na faixa de zero a três saláriosmínimos.

    A renda per capita do nordestino continua ínfima: amédia nacional situa-se em torno de 1.600 dôlares, en-quanto no Nordeste não passa de 600 dólares. Em 1960,a diferença de renda entre o Brasil e o Nordeste era de360 dólares, atingindo, hoje, mais dc 1.000 dólares.

    São igualmente elevadas as taxas dc subemprego visí-vel, entendendo-se a expressão como a percentagem depessoas que trabalham até 39 horas semanais na ocu-pação principal. Mais altas, porém, são as taxas de su-bemprego invisível, ou seja, a percentagem de pessoassem rendimento ou que percebem atê um salário minimona ocupação principal: no setor primário chega a 96, I%.

    Reduzido é também o nível de educãçllo formal da po-pulação economicamente ativa, o que revela o baixograu de qualificação da forca de trabalho regional.

    Enfim, permanece a total vulnerabilidade das estrutu-ras sócio-econômicas frente às irregularidades climáti-cas: no Ceará, durante os últimos anos de seca, apenas15% da produção agrícola foram colhidos.

    Poderíamos continuar citando numerosos dados es-tatísticos e relatando situações de pobreza absoluta doNordeste. Mas nisso é'farta a literatura. Mais importan-te é detectar as causas desse processo de empobrecimen-to e verificar que a ação governamental é, ainda, quanti-tativamente insuficiente e inadequadamente orientada.

  • Outubro de 1985

    Impõe-se por isso um Projeto de Mudança para oNordeste, cuja implementação envolveria, a nosso ver,transformações no aparelho do Estado centralizador econcentrador de renda, o fortalecimento das organi-zações representativas de classe e uma ampla reforma tri-butária, capaz de fortalecer os Estados e os Municípios.

    Somos de opinião que um projeto de reforma para oNordcste terá de levar em conta basicamente, e em pri-meiro lugar, a transformação das estruturas do meio ru-ral. Isso, por sua vez, incluiria a implementação de um

    'programa amplo de acesso à posse da terra pelos traba-lhadores rurais sem terra ou com terra insuficiente, aomesmo tempo que se dê o eslímulo ao desenvolvimento,da unidade produtiva de porte familiar e à produção dealimentos básicos. O desestímulo à expansão do latifún-dio, atravês da taxação progressiva, ao lado da implan-tação de amplo programa de irrigação, com vistas à me·lhoria dos níveis de produção e produtividade e a acelc-ração do processo de modernização do meio rural, como aproveitamento dos perímetros irrigados dos açudespúblicos para assentamento de trabalhadores rurais, sãoprovidências que certamente resultariam na criação denovos empregos no meio rural e na conseqüente con-tenção dos desastrosos fluxos migratórios. Mas isso ha-veria de ser acompanhado da criação de mecanismos deauto-sustentação do setor agrícola, através de modalida-des permanentes, e não só emergenciais, de apoio finan-ceiro e creditício ao setor rural.

    Por outro lado, e em segundo lugar, o referido Projetode Reforma para o Nordeste não poderá ignorar umaséria revisão da estratégia de desenvolvimento urbano-rcgional, tcndo como pontos principais dc sua efeti-vaçào, por exemplo, uma real integraçào da economiaregional à nacional, com a redução da dependência dematérias-primas de outras regiõcs, através da maior inte-graçào e complementariedade setorial, estímulo especialàs pequenas e médias empresas, apoio às indústrias tra-dicionalmente viáveis, desconcentração espacial da ativj-dade ,industrial, reordenamento do espaço urbano, prin-cipalmente por meio da implantação de instrumentosjurídicos e institucionais de controle do uso do solo ur-bano, Icgalização da posse da terra e proteção ao meioambiente, tudo isso incluindo a ampliaçào da oferta deequipamentos urbanos e de serviços sociais básicos.

    Nossa expectativa é de que todos estes aspectos sejamplenalilente inseridos no Plano de Desenvolvimento doNordeste, já em fase de discussão pela sociedade civil.

    Estamos certos de quc nos falta, tão-somente, vontadcpolítica para soerguer a economia do Nordeste, porqueaqucla região encerra um potencial considerável de re-cursos que, adequadamente acionado, dará uma nova di-mensão à economia regional e nacional.

    Era o que tinha a dizer.

    o SR. ALBtRICO CORDEIRO (PDS - AL. Pro-nuncia o seguinte discurso.) - Sr. Prcsidente, conside-rando a situação do sistema educacional brasileiro emtodos os níveis c as freqüentes crises que eclodem nosmais disversos setores da educação nacional;

    - considerando o reconhecido esforço que o MinistroMarco Antonio Maciel, com sua cquipe, vêm empreen-dcndo para levantar com realismo e honestidade o qua-dro da educação brasilcira;"

    - considerando que na área do Ministério da Edu-cação têm sido adotadas iniciativas objetivando melho-rar o nível de todos os segmentos do sistema educacionaldo Pais, com a instituição, por exemplo, de comissões asmais diversas, grupos de trabalho, encontros nacionais eregionais, debates, etc.;

    - considerando que, em alguns Estados, a situação éde causar profundas aprecnsões e exigcm ações diretas,eficicntes, honestas e eqüidistantes de quaisquer objeti-vos políticos-eleitorais (em Alagoas, por exemplo, segun-do o "Jornal do Brasil" de 29 de julho último, o quadrono ensino primário é o seguinte: uDas escolas existentesna zona rural de Alagoas, 88 por cento não possuem ilu-minação, 42 por cento não têm instalações de água e es-gotos, 57 por cento não têm cantina, 39 por cento funcio-nam em prédios cedidos, perto de pocilgas e estábulos.Das 5.962 professoras, 2.812 não concluíram sequer oPrimeiro Grau, mas chegam a lecionar até a 49 série. O

    DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    analfabctismo atingc a 55 por cento da população ala-goana");

    - considerando a obrigação constitucional e patrióti-ca do Parlamento Brasileiro. de participar, comandar, scengajar e/ou marcar sua presença em todos os movimen-tos que visem à melhoria de vida do povo, especialmente,no campo da educação;

    - considerando, finalmente, que a Nova Repúblieaafirma e reafirma graves compromissos com a educaçãonacional,

    Requeiro a V. Ex', nos termos do art. 267 do Regi-mento Interno, a convocação do Ministro Marco Anto-nio Maciel, da Educação, a fim de que compareça ao ple-nário da Câmara dos Deputados para prestar esclareci-mentos sobre sua Pasta e, de modo particular, sobre o"Dia D da Educação", ocorrido no dia 18 de setembroúltimo.

    O SR. CESAR CALS NETO (PDS - CE. Sem revi-são do orador.) - Sr. Presillente, peço a V. Ex' para re-gistrar nos Anais desta Casa editorial do jornal O Povo,de quinta-feira, dia 17 de outubro de 1985, intitulado "I-neficiência VergonhoSa".

    Este artigo demonstra o desgoverno que existe na Es-tado do Ceará, onde o Governador investe mais na suapropaganda pessoal do que na área de saúde, Icvando àmorte milhares de crianças.

    EDITORIAL A QUE SE REFERE O ORADOR.

    INEFIcrE:NCIA VERGONHOSA

    A cada campanha de vacinação contra doenças conl;à-giosas o setor de saúde do Estado passa atestado derln-competência. Mais que isso - põe à mostra insensibili-dade pela sorte das camadas mais pobrcs e ignora!)ies dapopulação, entre as quais é mais freqüente a incidênciada poliomielite, da meningite, da difteria, do Jarampo,do tétano, da hepatite, etc. É mais que evidente que essesetor não se tem capacitado, sequer, a aproveitar, de ma-neira eficaz e criteriosa, os recursos técnicos, já de si par-cos, postos à sua disposição pelo Ministério da Saúdepara ampliar a faixa de imunização contra um significa-tivo espectro dc moléstias.

    Pois isso foi o que ficou constatado em reunião de qucparticiparam o Chefe do Executivo, o Secretário e váriosdelegados regionais de Saúde. O objetivo da reunião eraavaliar, objetivamente, as causas dos fracassos parciaisde diversus campanhas de vacianação levadas a termonos últimos meses. em contraste com a experiência acu-mulada, no Ceará como em outros Estados, no des-dobramento de esforços para reduzir a incidência dedoenças contagiosas ou transmissiveis. A impressão quelogo nos assalta é a de que entramos, no Governo quc aíestá, em fase de regressão no que concerne à saúde públi-ca.

    Acaso pode-se dar outra intcrpretação que não está aofato de nas recentes campanhas de vacinação contra opólio, o tétano, a difteria e a raiva apenus 20 por ccntoda clientela prevista no Cariri e no Centro Sul e 65 porcento da de todo o Estado terem sido alcançado? Naprópria Capital, ondc foram exaustivamente utilizadosos meios de comunicação de massa, os objetivos não te-ram totalmente atingidos. Onde as causas de fracasso tãoacabrunhante dessa tarefa entranhadamente vinculada àsonhuda elevação dos padrões dc saúde de nossa gente?As causas são diversas, mas facilmente identificáveis. Noentanto, sobreleva, no caso cspecífico do Cariri e doCcntro-Sul ....,. e, por extensão, de todo o interior - ainércia e a desorganização imperantes nos postos de saÚ-de em termos de pessoal seja técnico, seja dc apoio,

    Também no setor de Saúde as injunçães da política declientela que respondem pelas distorçãcs da adminis-tração de pcssoal, tcm feito com que os quadros das re-partições estejam ingurgitados de funcionários quc nãooferecem contra partida compatível com o que auferemdos cofres públicos. O próprio Secretário de Saúde, EliasBoutalla, tem vindo a público de vez em quando. paradenunciar a existéncia em sua Pasta de um exageradocontiogente de funcionários, inclusive de nível superior,que não dá o ar de sua graça nos locais de trabalho. Mui-tos deles, entraram por portas travessas, pcla mão do va-lidismo, atroplcando, por vezes, o direito dos que se sub-meteram a concurso; outros, por não serem os concursos

    Sábado 19 12423

    regionalizados, após sercm nomeados para servir no In-terior conseguiram, por sortilégios da politicalha reinan-te, transferir-se para a Capital. E assim os postos de saú-de de importantes cidades funcionam precariamente. Ounào funcionam de jeito algum.

    As reclamações do titular da Saúde têm esbarrado emouvidos moucos. Ou que não querem ouvir. De rcsto, aspreocupações de Júpiter estão noutra órbita. É pena.Pois os fracassos das campanhas de vacinação não só de-põem contra os foros de eficiência do setor de Saúdecomo o obriga a devolver ao Ministério da Saúde recur-sos técnicos e financeiros. Agora mesmo, a Secretaria te-rá de remOver para outras r~gionaisou para outros Esta-dos 98 mil doscs de vacinas não aplicadas por falta dc co-laboração do pessoal da Secretaria de outros setores doGoverno c até mesmo da comunidadc. Um desastre. Te-mos, pois, que sair, em matéria de Saúde da contramãoda ineficiência para tomar caminho compatível com o in-teresse público, capacitando-nos a receber recursos maisexpressivos da União e da Previdência em vez de devol-ver, vcrgonhosamente, o pouco que recebemos.

    O SR. StRGIO LOMBA (PDT - RJ. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs, Deputados,ocupo a tribuna no dia de hoje para, em solidariedadeaos militarcs cassados e não anistiados, apelar para'meuspares, no sentido de que, neste momento em que se vaivotar cmenda constitucional, possamos fazer-lhes jus-tiça.

    A dívida moral contra esses brasileiros ê impagável,mas precisamos, de alguma forma, devolver-lhes o queperdcram nesses 20 anos de ditadura.

    Assim é que penso que a devolução das patcntes, aooível que atingiriam se na ativa estivessem, e o pagamen-to como forma de justiça de todos os seus direitos pecu-niários süo medidas que se impõem.

    A questão da volta à ativa deve, na minha opinião serconsiderada caso por caso, mas penso também que nãose podc, dc'plano, impedir a volta à ativa daqueles queassim o desejarem.

    O fundamento da questão é: os punidos o foram pordefender um Governo constitucional: a partir dessa prc-missa, todos os atos foram ilegais, imorais e injustos, eprecisam ser revistos para apagar-se essa nódoa da nossahistória rccen te.

    Era o que tinha a dizer.

    O SR. FRANCISCO AMARAL (PMDB - SP. Pro-nuncia o seguinte discurso.)....,. Sr. Presidente, Srs. Depu-tados, muito a propósito da visita do Chefe do Estadofrancés ao Brasil reaviva-se na mcmória de todos a co-nhecida sentença proferida por um antecessor seu, o Ge-neral De GauHc, quanto aos fatos que denunciavam""não ser este um País sério".

    Mais do que um comentário dos bastidores internacio-nais, a frase permaneceu todas essas décadas não sócomo um desafio ã própria honra nacional, mas sobretu-do como um oportuno alerta cívico para o repensar dasatitudes políticas internas, entào plasmadas à luz do ar-bitrário pragmatismo revolucionário.

    Buscando passo a passo a reconstrução da vida insti-tucional, o Governo da Nova República não hesita se-quer em admitir que o trabalho será (ejá está sendo) ár-duo, mas que os propósitos da mudança e da renovação,sob a égide "da confiança popular, constituem a forçamotriz da soberana vontade de servir aos ideais de desen-volvimento com justiça social.

    Voltado para esse horizonte de luta, cabe a cada um denós, brasileiros, a grande responsabilidade de zelar pelosprincípios da moralidade pública e de trazer ao amploconhecimento de nossos governantes fatos que, por suasconscqüências e extrema gravidade, vêm desvirtuar a se-riedade do esforço governamental de traçar os decisivosrumos para a digna e eficiente ação do Poder Público naadministração das diversas políticas setoriais.

    Assim é que, com fundamentada preocupação, a Dele-gacia da Polícia Federal de Campinas, no Estado de SãoPaulo, com "penas um ano de exercício operacional,resentc-se profundamente da impossibilidade de atuarcom müis agressividade nos casos de contrabando demercadorias que cntram no País através do AeroportoInternacional de Viracopos.

    A bem da verdade, a ação da Polícia Federal não estácstruturada para atender, à altura, as exigências de fisca-

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    lização no setor alfandegúrio. Contando apenas com 40funcionúrios, sendo 30 agentes federais, aquela Delega-cia desenvolve praticnmente as atividades relativas àemissão de passaportes e vistoria dos passageiros estran-geüos.

    É sabido que a falta de verba contingencia em altograu as operações de neutralização dos mecanismos docontrabando internacional, chegando mesmo ao pontode. em ca~o de apreensào do comércio irregular, os pro-cedimcntos scrcm transferidos para a capital do Estado.

    Apesar de não existirem dados estatísticos para acom-pllnhllmento da ilicitude, a prática é tida como do conhe-cimento geral, conseguindo burlar, portanto, a adminis-tração alfandcgária c as leis para o controle fiscal.

    Há que as autoridades competentes voltarem especialatenção para o assunto, em curto espaço de tempo, for-necendo os recurso.s materiais e humanos reclamadospela Delegacia da Polícia Federal de Campinas para ojusto cumprimento da missão que realiza em conjuntocom os funcionários da Receita Federal.

    Convencidos estamos de que a firme vontade governa-mental. ensejada pela força da atitude funcional admi-nistrativa, séria e compctentc, será capaz de dar soluçãogradual aos óbices, que a exemplo deste, desafiam a nor-malidade dos rumos para a plena vivência democrática.

    o SR. LEUR LOMANTO (PDS - BA. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Prcsidcntc, Srs. Dcputados, otranscurso do Dia do Professor, a 15 do corrente, ensejagrave rcflexão accrca da situação dos professores, em to-dos os níveis de ensino, e também do setor educacionalem gcral.

    Temos, em tramitação nas comissões técnicas destaCasa. dois projetos relacionados diretamente à edu-cação, cujo objetivo é a eliminação do círculo viciosoquc se instalou, o qual consiste em grande quantidadeversus má qualidade de ensino.

    Propomos a leitura de jornais e revistas como matériaobrigatória do ensino nas escolas de )9 e 29 graus e o in-centivo. através da Fundação de Assistência ao Estudan-te - FA E - a todos os cidadãos brasileiros que se dis-ponham, espontaneamente, a alfabetizar alguém.

    O ensino de IQ e 29 graus não pode prescindir do estÍ-mulo ã leitura de jornais e revistas, fatores de cultura, in-formação e lazcr, c da formação dc uma mentalidade es-tudantil voltada para as dimensões do mundo moderno,hoje transformado na "aldcia global" de MarshallMcLuhan.

    O Brasil não pode entrar no ano 2000 com quase 30milhoes de analfabetos, ma~cha social que não se com-patibiIiza com o avanço da ciência e da tecnologia. Cadacidadão brasileiro pode ajudar seu irmào analfabeto, nocampo e na cidade.

    Esperamos contar com a sensibilidade de nossos Pa-res, nas comissões técnicas, e o apoio das autoridadeseducacionais de todo o Pais para a consubstanciaçãodessas proposições em leis.

    Pretendemos, agora, fazer um rápido comentáriosobre o relatório elaborado pelo Ministério da Edu-cação, resultante dos debates do Dia D da Educação. Asreivindicações da população brasileira, entre as quais ainstalação de mais escolas e a melhor condiçào de traba-lho para os professores, podcm scr atendidas pelo Go-verno, pois 12% do Orçamento da União se destina ago-ra ao setor educacional, graças ã incessante luta do Sena-dor João Calmon. Já não há m:,;s justificativa para fe-chamento de escolas e escassez e má remuneração deprofessores.

    Pclos levantamentos até aqui realizados, ccrca de 87%dos professores brasileiros mal conseguem seu sustento,sendo que eonsiderúveJ parcela recebe salários que malpagam a comida.

    Obviamente, a destinação de 12% do Orçamento daUnião pHnt a educação não é a ideal se analisarmos a im-portância da educação no contexto do desenvolvimentonacional e o atual estúgio em que se encontram os paísesdcscnvolvidos, mas podc significar a rcação tão esperadapor todos nós, principalmente, os pais, professores e alu-nos.

    Como poderíamos assimilar a dura realidade no ensi-no fundamcnta!'! Hú escolas em que falta até giz e apaga-dor. Como aceitar, nas escolas superiores, o estudantepobre pagando a faculdllde privada, c o cstudante bemdotado materialmente freqüentando gratuitamente as

    DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    universidades e comendo praticamente sem ônus nos"bandejões"?

    A questão pedagógica, que também é muito delicada,suscitaria rcvisões cuidadosas. e não necessariamente ra-dicais. Não se pode. a pretexto de combater a elitizllção,adotar métodos ou esquemas simplistas, e vice-versa.Precisamos mais da média ponderada, num País cheio decontrastes como o Brasil.

    o Dia do Professor é a data magna da reflcxão sobrc anossa situação educacional. As reivindicações dessa tãosofrida e injustiçada classe não podem ser ignoradas. Assuas condiçoes de trabalho não podem ser menospreza-dos c a sua importância na formação do futuro do Paísnào pode ser minimizada.

    Era O que tínhamos a dizer.

    O SR. PEDRO CORREA (PDS - PE. Pronuncia oseguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados,reunida em São Paulo. em lins de agosto c princípio dcsetembro, a Associação Brosileira de Ensino Odontoló-gico apresentou, como tema dos trabalhos, o "CâncerBucal", presentes professores das setenta Faculdades deOdontologia, Diretores dos Institutos Bâsicos da área desaúdc, mcmbros da Diretoria, da Comissão de Ensino edo Conselho Fiscal da ABENO, inúmeros cirurgiões-dentistas e académicos de odontologia. além dos Presi-dentes do Conselho Federal de Odontologia, AssociaçãoBrasileira de Odontologia, Federação Nacional dosOdontologistas e da Academia Brasileira de Odontolo-gia.

    Durante o concIave, houve uma reuniào paralela dosProfessores das disciplinas básicas do currfculo odonto-lógico, sendo defendida a sua volta às faculdadcs, pois acriação dos Institutos Básicos, com a dicotomia entre asdisciplinas ministradas nos institutos e aquelas leciona-das no ciclo profissional das faculdades, tem prejudicadofllndamcntulmente o ensino, ficando ressentida a for-mação profissional do dentista de um preparo curricularem anatomia, patologia c fisiologia.

    O Professor Edrizio Pinto, defendendo essa reivindi-cação, salientou que não haverá Nova República semNova Universidade, que necessita, na área odontológica,além de um aumento de verbas para manutenção e ree-quipamento das faculdades e universidades, a volta dasdisciplinas básicas, cuja suspensão foi desastrosa para oensino odontológico no Pais, fato reconhecido pela ab-soluta maioria dos professores e estudantes da área.

    Salientou o Presidente da ABENO a necessidade doretorno das faculdades e universidades, substituídas, ho-je. por cursos ou simples departamentos. cxigindo-sc in-centivos filosófico e financeiro em tempo integral, estí-mulo ti livre docência e aos concursos para professor ti-tular.

    Acentuou-se, no simpósio, que ti alta incidência docânccr bucal se transforma em grave problema sanitârio,pois ele ocupa o terceiro lugar no quadro nosológicobrasileiro, sendo necessário maior ênfase ao aspecto pre-ventivo na abordagem dos tumores malignos da cabeça,do pescoço e da cavidade bucal.

    A assembléia aprovou, por unanimidade, a propostado presidente da entidade, coucedendo ao Miuistro daEducação, Marco Macicl, o título de sócio-honorârio, osegundo que a entidade outorga nos seus vinte e noveunos de existência.

    A reunião da ABENQ, no próximo ano, será realizadaem Macció, 00 mês dc julho, tendo como tema oficial a"Integração dos Ciclos Búsicos e Profissionais no Cursode Odontologia".

    Queremos enviar ti entidade representativa dos odon-tólogos brasileiros nossas congratulações, pelo êxito doSeu último concIave.

    Registro, Sr. Presidente e Srs. Deputados o falecimen-to ocorrido.

    No dia igde setembro último. em Goiana, no Estadode Pernambuco, de Arnaud Batista Nogueira, próccrpoJitico do antigo Partido Social Democrático, agre-miação em que sempre militou, conquistando a adesãoda maioria do povo goiano para as suas grandes causas•.nos âmbitos municipal, estadual e federal.

    Homem dc iniciativa, um dos pilares das classes pro-dutoras locais, Arnaud Nogucira foi um dos mais presti-giosos cmpresúrios da cidade, dedicando-se ao comêrcioe às ativid~ldes da pecuilria, dono, também, de uma em-presa de transporte.

    Outubro de 1985

    Apesar dcssas inúmeras atividades. sempre lhe sobroutempo suficiente para cuidar do atendimento aos interes-ses da coletividade; iniciando, acompanhado c ajudadoas mais diversas iniciativas que resultassem na satisfaçãodo.s anseios populares.

    Dcsaparecendo aos oitenta c seis anos de idade, ccrca-do pelo respeito, pela admiração e pelo afeto dos seusconterráncos, deixa viúva D. Francisea Araújo, a quemse uniu em segunda núpcias, além de três filhos: [naldo,Agenor e Iracema.

    Era sogro do Deputado Osvaldo Rabelo, que foi Pre-sidente da Assemblêia Legislativa do Estado dc Pernam-buco.

    Lamentando a preciosa perda para os quadros políti-cos do interior pernambucano, desejamos levar à famíliacnlutada os nossos mais sinceros pêsames, extensivos aopovo de Goiana, que perde uma figura insubstituível doseu civismo, do seu devotamento à causa pública, da suaconfiança na iniciativa particular e da extrema fidelidadeaos seus ideais políticos-parlidários.

    Esperamos que o seu exemplo frutifique em Goiana eem todo o Estado de Pernambuco.

    O SR. SIQUEIRA CAMPOS (PDS - GO. Pronun-cia o seguinte discurso.) - Sr. Prcsidentc, Srs. Deputa-dos, .'e oão houver um compromisso do Governo em vo-tar este ano, para tcr vigência a partir de I' de janeiro de1986, a Reforma Tributúria de Emergência e O projeto delei que reajusta a remuneração dos Vereadores, osmembros do Bloco Parlamcntar de Defcsa do Vcreadornão votará a emenda de Convocação da Constituinte,obstruindo os trabalhos do Congrcsso Nacional.

    Até porque, Sr. Presidente. o substitutivo do PMDB tiemenda que trata da convocação da Constituinte é maisum engodo dos peemedehistas contra o povo.

    Segundo o substitutivo do Governo, assinado peloDeputado Valmor Giavarina não haverá Constituinte li-vre, soberana, sem limitação c condicionamento.Constitui-se, esse substitutivo em mais uma farsa, dasmuitas ardilosamente preparadas pelo Governo doPMDB contra o povo.

    Assim, mais uma vez o Bloco Parlamentar de Defesado Vereador adverte: as bancadas governistas do Con-gresso Nacional terão que votar a Reforma Tributária deEmergéncia e o projeto de lei que trata de melhor remu-neração ao Vereador c, cspecialmente, melhorar o textonos destaques da do Substitutivo Luiz Henrique.

    Seniio obstruiremos os trabalhos do Congresso.

    O SR. HUMBERTO SOUTO (PFL - MG. Pronun-cia o scguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srs. Deputa-dos, ao ensejo da passagem do Dia do Médico, quero re-gistrar uma mensagem de solidariedade e confiança aosprofissionais da "arte de curar".

    Solidariedadc pelas injustiças que sofreram durante osútlimos anos em termos de condições de trabalho, de fal-ta de remuneração à altura de suas responsabilidades esacrifícios e pera insidiosa campanha de descrédito con-tra eles desencadeada perantc a opinião pública.

    Confíança, nobres Colegas, em que o médico volte aser dignificado, prestigiado e respeitado por tudo O quereprcscnta para o ser humano, desde o nascimento até amorte.

    Hoje, infelizmente, a classe é submetida a um autênti-co massacre. cada um precisando de dois. trés ou quatroempregos para sobreviver, além de sofrer a cxploração ca concorrência muitas vezes desleal e aética de empresasde medicina de grupo, verdadeiras indústrais da saúde,que passaram a intrometer-se como intermediários entreo médico e o paciente, descaracterizando por completo anecessária e salutar relação que entre "I ~t:; deve existir.

    O médico, Sr. Presidente, Srs. Dcputados, para exer-ccr sua voc'lção, passa pelo mais longo e sacrificado cur-so entre os de nível superior e que exige dedicação exclu-siva, sem tempo para o dcsempenho de atividade remu-nerada que o auxilie a custear os estudos, além de arcarcom gastos elevados para a aquisição de livros e outrosmatcriais indispensáveis.

    Depois de formado, o jovem sonhador e idealista en-fren(a uma série de vicissitudes, como a impossibilidadede dedicar-se ã f:lmília como qualquer pai, filho, esposoou irmão. péssimas condições de trabalho e de sal"rio,sem poder manter-se atualizado, numa situação insus-tentúve1, que precisa ser imediatamente revertida.

  • Outubro de 1985

    Que a data de hoje, nobres Colegas, seja o ponto departida para um decidido movimento em prol da valori-zação do médico e de sua sagrada profissão, desde facul-dades com adequada infra-estrutura, hospitais-escola ebons professores, facilidades para o desempenho da ati-vidade, remuneração condigna e disponibilidade de tem-po para atualização c apcrfciçoamento.

    Ao parabenizar os médicos de todo o Pais pelo trans-curso do diu que lhes é dedicado, manifesto a certeza deque a sociedade brasileira reconhece o calor, a ahne-gnção e o desprendimento da nobre classe, bem como en-dossa suas legilimas reivindicações,

    V - O SR. PRESIDENTE (Haroldo Sanford) -Passa-se ao Grande Expediente.

    Tem a palavra o Sr. João Paganella.

    o SR. JOÃO PAGANELLA (PDS - SC. Sem revisãodo orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, pretendo,no meu pronunciamento desta manhã, fazer algumasanálises com relaçào ao momento em que vivemos, parti-eularmente quanto ao desempenho do Governo que seinstalou no País a 15 de março de 1985.

    Sr. Presidente, desde já, manifesto o meu desencantopor tudo aquilo que estamos vendo e vivendo. rndarialembrando a célebre questão das mordomais, já repeti-das vezes citadas e discutidas nesta Casa. Inclusiveanunciou-se aos quatros cantos do País o seu fim, co-meçando pela venda das casas do Lago Sul, c assim pordiante. Mas estamos verificando que, na realidade, ascasa do aristocrático Lago Sul continuam todas elas ocu-padas pelos integrantes do novo Governo.

    Prosseguem os banquetes, como também as viagens-no começo eram feitas através dos aviões de carreira -nos jatinhos particulares. Sr. Presidente, as galerias, hojequase vazias, bem como este Plenário, também quase va-zio, são testemunhas de que se afirmava que aqui quemquisesse comer c bcber bcm neste País que o fizcsse àspróprias custas, ou seja, às custas do próprio bolso. Narealidade, isso não ocorre.

    De sorte que, Sr. Presidente, para reparar esta injus-tiça que se comete contra o povo brasileiro, ejá que nós,do PDS, não temos aquela credibilidade, nem aquele es-paço que a imprensa normalmente nos dispensa. Temosde pedir ãquele que está ali, acima de V. Ex', o Cristo,que confira essas afirmações que se fizeram no passado.

    Lembraria, Sr.. Presidente, que se afirmou, em alto ebom som, por todo o País, que a inl1açào seria contida.Todavia, o que verificamos é que ela continua crescendo.tendo incluse atingido, no més de agosto, os níveis maisaltos de toda a História de nosso País. Afirmou-se tam-bém, por todos os quadrantes desta Pátria que seria con-tida a alta do custo de vida, para poder dar melhorescondições de vida aqueles brasileiros menos favorecidospela sorte, E o que vemos, Sr. Presidente? Não passauma semana, nào pusoSa sequer Llm dia sem que a impren-sa toda esteja anunciando aumentos e mais aumentos.

    Na semana passada, por exemplo, assistimos aos au-mentos do açúcar, da energia elétrica, dos refrigerantes,e asim por diante. Ontem, foi u vez da gasolina, do ál-cool. do gÍls c dos automóveis. Hoje. já vemos anunciadoo futuro pacote do Ministro Dilson Funaro, que preco-niza o aumento dos impostos.

    Propalou-se por aí afora que a agricultura teria trata-mento privilegiado, que juros agrícolas seriam subsidia-dos, e, no entanto, o que verificamos é que nada dissoacontece, porque eles continuam sendo cobrados nosmesmos niveis ou até em percentuais Superiores aos daVelha República.

    Lembro, inclusive - e para surpresa minha - que oOrçamento de 1985, enviado a esta Casa, e por ela apro-vado, pelo Governo chamado autoritário, ditatorial, do-tava a agricultura com recursos quatro vezes menores doque os das Forças Armadas, ou seja, 1,7 trilhões para aagricultura e 6,8 trilhões para as Forças Armadas.

    O Orçamento de 1986, que ainda estamos examinandoe que deveremos votar em breve, dota a agricultura com8,8 trilhões de cruzeiros e as Forças Armadas, com 45trilhões de cruzeiros, ou seja, o equivalente a cinco vezesmais.

    ~r. Presidente, o Pais todo assiste ao debate sobre aReforma Agrária, que deve - e, na realidade, todos nósconcordamos com isto - ser implantada no País, mascom justiça. para aumentar efetivamente a nossa pro-

    DIÁRIO DO CONGRESSO NACIONAL (Seção I)

    dução e nào para se formar mais uma carga a ser pagapela sociedade brasileira.

    No meU Estado, Santa Catarina, ocorreram as primei-ras invasões dos sem -terra. Eles estão lá, Sr. Presidente,Srs. Deputados, acampados há quatro meses. Não fo-ram, até agora, assentados, apesar de o Governo ter no-ticiado e assinado muitos decretos de desapropriação deáreas, há mais de dois meses, e, até agora, por incrívelque pareça, não se consegue entender por que os agricul-torcs ainda não foram assentados.

    Já vimos O anúncio de dois planos de reforma agrária.Hoje, tivemos notícia da demissão do Sr. Presidente doInstituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária,por motivos que desconheço. Na realidade, a reformaagrária não passou do papel. Ê preciso que o Governo,para executá-la, disponha de recursos efetivos, porquena minha região, no Município de Dionísio Cerqueira, aFazenda Tracutinga, desapropriada pelo INCRA, hámais de dez anos, até hoje não efetuou o pagamento aosproprietários origin:aís, Espero que a reforma agráriamio seja feita às custas dos proprietários.

    Eu lembraria támbém que, em todo o Pais, foÍ aiar-deada a questão das centralização dos recursos em po-der do Governo Federal. Anunciou-se também a refor-ma tributária. Eu mesmo ouvi, durante a realização doCongresso dos Municípios Brasileiros, no Balneúrio deCamboriú, a afirmação catégorica de quc a primeira me-dida a ser adotada pelo Governo seria uma reforma tri-butária capaz de descentralizar os recursos em podcr daUnião e dotar os Estados e Municípios dos meios de quenecessitam para desenvolver suas obras e seus serviços.

    Recentemente, assistimos à ruido~a festa realizada noauditório do Senado Federal, em que as lideranças daNova República, enganando os prefeitos de todo o Paisfizeram com que eles retornassem às suas origens, certosde haverem selado um acordo. Porém, até agora, não vi-mos chegar ao Congresso Nacional a proposta do Go-verno. Foi necessário que o Partidão Democrático Socialentrasse na negociação da emenda de convocação daConstituinte e exigisse o cumprimento desse compromis-so, que todos nós indistintamente desejamos vcr realiza-dos.

    Ouço o nobre Deputado Lélio Souza.

    O Sr. Lélio Souza - Nobre Deputado Joào Paganella,estava aguardando que V. Ex' concluíssc seu inventáriosobre as questões atribuídas ao novo Governo na área desua' política governamental. No entanto, quando, aoreferir-se à reforma tributária, V. Ex' enfocou o argu-mento da presença do seu partido como fator sine quanon, para que se pudesse materializar esse propósito, nãopude mais aguardar a continuidade de sua exposição. Naverdade, Deputado, com todo o respeito pela sua opi-uião, se dependêssemos das posições políticas do PDS,possivelmente não nos teríamos livrado do regime mili-tar nem teríamos virado a página da História, asseguran-do ao povo brasileiro um novo momento institucional departicipação ampla e irrestrita no processo político, bus-cando a reconstruçào política e a recuperação econômi-ca, num momento dramático, é verdade, resultado dessesvinte e um anos de autoritarismo que o País viveu e du-rante cuja vigéncia o partido a que V. Ex' sempre honroucom a sua dedicação, com seu trabalho, ARENA antes ePDS depois, apoiou. Não é o PDS que irá contribuirpara que esses compromissos sejam resgatados, mas adecisão inllexivel do Governo da Nova República. Aí es-tá. por exemplo, toda uma série de modificações políti-cas feitas com a finalidade, no primeiro momento, delimpar o caminho, o terreiro c assegurar ao povo, demodo geral, a ampla e necessária oportunidade de parti-cipação, o restabelecimento, portanto, das liberdades dc-mocráticas, sem o que não há como se cogitar nem mes-mo do coroamento de toda essa obra de redemocrtiti-zação que há de se dar com a realização da AssembléiaNacional Constituinte. Paralelamente a essa questãopolítica sobrevivem as seqüelas do autoritarismo, do mo-delo econômico por ele adotado e cujos males não foramainda eficazmente erradicados. A recuperação económi-ca nào é uma obra que se possa realizar em tempo recor-dc. mas reclama toda a complexa mudança que está sen-do tentada com pertinácia pelo Governo. Saiba V. Ex'que os ajustamentos econômicos hão de ser feitos - sãocompromissos da Aliança Democrática. Ela os cumpriu

    Sâbado 19 12425

    até agora integralmente na área política e está ajustandocondições para cumprí-los na área econômica. A questãoda reforma agrária a que V. Ex' se refere é um exemplodisso. O Estatuto da Terra, aprovado em novembro de1964, no primeiro de um ciclo de governos militares, aca-bou sendo desvirtuado na prática e não sendo cumprido.E, tanto não o foi, que se deu ênfase à colonização sobrea reforma agrária. Foi exatamente no início dessa novasituação política implantada no País que se cogitou ela-borar um plano nacional para a execução da reformaagrária. Fez-se um plano em moldes diferentes. O Go-verno elaborou um plano e o colocou previamente emdiscussão, para que a sociedade civil, através de suas or-ganizações, pudesse emitir a sua opinião. Esse plano que,a juízo do PMDB, meu partido, foi tímido, porque ficouaquém das nossas ambições políticas nessa área, foi du-ramente rechaçado por lideranças no setor organizadoda sociedade civil, identificadas com o partido de V. Ex'Ê o velho, clássico e conhecido reacionarismo rural, quenão admite sequer falar na mudança da estrutura da pro-priedade da terra. Sei que V. Ex