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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Fisioterapia Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia JOÃO DANYELL DANTAS DA SILVA Repercussões da cardiomegalia na distribuição regional da ventilação na caixa torácica em indivíduos com cardiopatia chagásica crônica RECIFE 2011

Repercussões da cardiomegalia na distribuição regional da ... · DEDICATÓRIA A Deus, em primeiro lugar, a fonte de todo amor. A Ele a glória, o louvor , o domínio: Ele é o

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Fisioterapia

Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia

JOÃO DANYELL DANTAS DA SILVA

Repercussões da cardiomegalia na distribuição

regional da ventilação na caixa torácica em indivíduos com

cardiopatia chagásica crônica

RECIFE

2011

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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Ciências da Saúde

Departamento de Fisioterapia

Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia

JOÃO DANYELL DANTAS DA SILVA

Repercussões da cardiomegalia na distribuição

regional da ventilação na caixa torácica em indivíduos com

cardiopatia chagásica crônica

RECIFE

2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação, Mestrado em Fisioterapia da Universidade

Federal de Pernambuco, para obtenção do Grau de

Mestre em Fisioterapia.

Linha de Pesquisa: Desempenho físico-funcional e

qualidade de vida.

Orientadora: Profa.Dra. Armèle de Fátima Dornelas de

Andrade (UFPE)

Co-orientadora: Profa.Dra. Raquel Rodrigues Britto

(UFMG)

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DEDICATÓRIA

A Deus, em primeiro lugar, a fonte de todo amor. A Ele a glória, o louvor , o

domínio: Ele é o Senhor da minha vida! Por conseguinte aos meus pais, Necy e

João (in memorian): através do vosso amor recebi o dom da vida. Para minha

família, especialmente a minha esposa Patrícia, a quem Deus me concedeu o maior

dom: ser pai de Maria Neusa (3 anos) e João Filipe (8º mês de gesta)!! Vocês são,

juntamente com Deus, a minha nova razão para viver e fonte inspiradora dos meus

trabalhos!!!

A todas as pessoas com Doença de Chagas e a todos que fazem parte da

história do Ambulatório de Chagas/Insuficiência Cardíaca, do Hospital Universitário

Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco, em especial aos portadores de

cardiopatia chagásica crônica: razão de ser e existir desta pesquisa.

A todos que labutam na pesquisa científica na área da Saúde e da Fisioterapia.

Que os conhecimentos produzidos possam ter utilidade prática na vida dos

pacientes, que são a razão de existir das nossas ciências e profissões. A fim de, um

dia, podermos chegar ao paradigma idealizado por Carlos Justiniano Ribeiro

Chagas: “Não vai demorar que passemos adiante uma grande e bela ciência, que

faz arte em defesa da vida” (Carlos Chagas,1928).

“Todo ser que respira louve a Deus! Aleluia!”.

Salmo 150,6.

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AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal de

Pernambuco, pela honra de ter sido participante da primeira turma de mestrado. Ao

CNPQ e à FACEPE, pelo apoio financeiro à pesquisa.

A Profa. Armèle de Fátima Dornelas de Andrade pela oportunidade de ter sido

escolhido como seu orientando, pela confiança depositada, pelos muitos

ensinamentos em diversos aspectos, pelas diversas oportunidades e incentivos para

meu crescimento pessoal e profissional. Obrigado por tudo, você é um exemplo de

competência, profissionalismo e luta pela ascensão da Fisioterapia como ciência,

arte e profissão. Obrigado por me ensinar como lapidar um diamante bruto!

Ao Dr. Wilson Alves de Oliveira Jr, professor do Hospital Universitário Oswaldo

Cruz/UPE, médico cardiologista do PROCAPE e chefe/fundador do serviço de

referência em Doença de Chagas/Insuficiência Cardíaca, colaborador fundamental

deste trabalho, sem o qual não seria possível realizá-lo, meu muito obrigado: pela

experiência e conhecimentos transmitidos, pelo apoio e solicitude em todas as

etapas da pesquisa e por ter aberto as portas do serviço e acreditado na seriedade e

importância do nosso trabalho. Em seu nome, estendo os agradecimentos a toda a

sua equipe, especiamente às Enfermeiras Valdinete Paiva Arantes (“Val”) e Maria

Alcineide Basilio de Albuquerque; e às Médicas cardiologitas Dra Cristina de Fátima

Veloso Carrazzone e Dra Maria da Glória Melo.

Aos professores que colaboraram para o enriquecimento desse trabalho, desde

a qualificação do projeto, até a pré-banca e preparação do texto para a defesa: Dr.

Alberto Galvão de Moura Filho, Dra.Maria do Amparo Andrade, Dra.Karla Mônica,

Dra.Kátia Karina do Monte Silva, Dra Andréa Lemos Bezerra de Oliveira, Dr.

Guilherme Augusto de Freitas Fregonezi (UFRN) e Dra Gardênia Maria Holanda

Ferreira (UFRN). Um agradecimento especial à Profa. Dra Cristina Raposo, que me

ensinou os caminhos e a utilidade prática da Estatística, na ciência e na vida

cotidiana. A todos minha admiração e respeito pelo lugar conquistado e pela

capacidade de ensinar, exemplos a serem seguidos na carreira acadêmica.

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Aos meus amigos do Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar, que

contribuíram de forma decisiva no desenvolvimento deste estudo, em especial: a

Daniella Brandão, Cyda Reinaux, Alana Elza, Jacqueline Barcelar, Jasiel Frutuoso,

Larissa Carvalho, Catarina Rattes e Georges Willeneuwe.

Aos amigos de longe (Natal-RN) e de perto (Recife-PE), que Deus me concedeu

no caminho desta vida: vocês são muito importantes para mim e essenciais para

compartilhar mais esta vitória, assim como estiveram presentes, de diversas formas,

nos momentos difíceis da jornada. Aos meus companheiros da 1ª turma de Mestrado

em Fisioterapia da UFPE: foi inesquecível poder compartilhar este fato histórico com

vocês. Saibam que sem a nossa amizade e união seria muito mais difícil...Vocês

fazem parte da minha história e moram no meu coração que dilata, de forma

saudável (concêntrica), para lhes receber!!

A todos que integram o Departamento e o Programa de Pós-Graduação em

Fisioterapia da UFPE, dos funcionários, serventes, seguranças e aos professores;

especialmente à secretária da Pós, Niege Melo, e as assistentes Edilma e Maria

Carolina. Muito obrigado por todo apoio no decorrer deste curso.

A todos os pacientes que participaram, de forma voluntária, das avaliações: sem

vocês esta pesquisa não aconteceria, agradeço por todo carinho, confiança e

paciência. Parafraseando Dr. Wilson: “Gratidão é um bem que não prescreve”.

Por fim, a nossa ciência é feita por pessoas e para pessoas. São elas que fazem

a profissão, e não o contrário. Ela ainda é limitada, é feita de perguntas, mas o amor

pelo que fazemos e ao bem estar de nossos pacientes é o que nos alimenta para

continuarmos em buscas de novas perguntas... para novos desafios e novas

respostas!!!

João Danyell Dantas da Silva

“Se eu falasse as línguas dos homens e as dos anjos,(...),

se conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,(...), mas não tivesse amor, eu nada seria.”

1a Carta aos Coríntios 13, 1-2.

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RESUMO

Introdução: A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é a forma clínica mais frequente

da Doença de Chagas, evoluindo geralmente para insuficiência cardíaca com

cardiomegalia. Objetivos: analisar as repercussões da cardiomegalia sobre a

função pulmonar em indivíduos adultos com CCC e o efeito de carga inspiratória

sobre esta função. Métodos: estudo transversal, 22 indivíduos CCC, subdivididos

com base no índice cardiotorácico (ICT) e na fração de ejeção ventrículo esquerdo

(FEVE): grupo CCC+ (ICT>0.50 e FEVE<45%) e CCC- (ICT<0.50 e FEVE>45%).

Foram analisadas as variações de volume na caixa torácica pela pletismografia opto

eletrônica, a função pulmonar, a pressão inspiratória máxima (PImáx) e a tolerância

ao exercício respiratório à 30% da PImáx. Foram usados os testes t student, o Qui-

quadrado, o coeficiente de correlação de Pearson (p<5%). Resultados: No grupo

CCC+, foi observado um menor valor do volume expiratório forçado no 1º seg e

capacidade vital forçada. Quanto à distribuição regional: 1) houve ativação

predominante do compartimento abdominal (Ab), tanto na respiração basal como na

carga inspiratória; 2) a presença de cardiomegalia levou a um aumento do volume

corrente (VC) e tempo inspiratório (Ti) quando submetidos à carga; e 3) sob carga, o

grupo CCC+ apresentou menor volume expiratório final na caixa torácica abdominal

(Cta), maior freqüência respiratória (FR) e volume minuto (VM). Conclusão: A

cardiomegalia modificou o padrão de distribuição compartimental de volume na caixa

torácica, especialmente na carga inspiratória: aumento na FR, do tempo inspiratório,

VC e VM no grupo CCC+, como também menor ativação de Cta, com diminuição do

volume expiratório final neste compartimento.

Palavras-chave: cardiomegalia, insuficiência cardíaca, tolerância ao exercício,

Doença de Chagas.

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ABSTRACT

Introduction: Chronic chagasic cardiomyopathy (CCC) is the most frequent

clinical form of Chagas Disease, often progressing to heart failure with cardiomegaly.

Objectives: analyze the impact of cardiomegaly on measures of lung function in

adults with CCC and the effect of inspiratoryload on that function. Methods: cross-

sectional study, 22 individuals divided based on the cardiothoracic index (CTI) and

ejection fraction of left ventricle (EF): group CCC + (CTI> 0.50 and EF<45%) and

CCC- (ICT <0.50 and EF>45%). We analyzed the variations of volume in the chest

wall by the opto-electronic plethysmography, as well as lung function, maximal

inspiratory pressure (MIP) and respiratory exercise tolerance to 30% of MIP. We

used the Student t test, Chi-square and for relationship between variables it was

adopted Pearson's correlation (p<5%). Results: In CCC + group, there was a lower

value of forced expiratory volume in 1 sec and forced vital capacity. By regional

distribution: 1) the activation occurred predominantly abdominal compartment (AB),

both in basal respiration and inspiratory load, 2) the presence of cardiomegaly led to

an increase in tidal volume (TV) and inspiratory time (Ti) when under inspiratory load,

and 3) comparing the responses for the same load, CCC + group had lower end-

expiratory volume in the rib cage abdominal (Rca), higher respiratory rate (RR) and

minute volume (MV). Conclusion: cardiomegaly changed the pattern of distribution

of compartment volume in the chest, especially under inspiratoryload: an increase in

RR, Ti, TV and VM , as well as decreased activation of Rca, with decreased end-

expiratory volume in this compartment.

Keywords: cardiomegaly, heart failure, exercise tolerance, Chagas Disease.

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SUMÁRIO

RESUMO

ABSTRACT

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Capítulo 1......................................................................................................................12

1-Introdução

1.1- Epidemiologia.........................................................................................12

1.2- A Cardiopatia Chagásica Crônica...........................................................13

1.3- A Insuficiência Cardíaca na CCC...........................................................14

1.4- A Cardiomegalia na CCC........................................................................14

1.5- Avaliação da Capacidade Funcional na CCC.........................................16

1.6- Repercussões da Cardiomegalia sobre a Função Pulmonar..................17

2- Objetivos

2.1- Geral........................................................................................................17

2.2- Específicos..............................................................................................18

Capítulo 2 – Métodos...................................................................................................19

Capítulo 3 – Referências Bibliográficas.....................................................................28

Capítulo 4 – Resultados..............................................................................................32

4.1- Artigo ...................................................................................................32

Capítulo 5 – Considerações Finais.............................................................................59

Apêndice.............................................................................................................61

Anexos................................................................................................................78

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma do processo de triagem dos voluntários para a

pesquisa.....................................................................................................................21

Figura 2 - Fluxograma da avaliação da mecânica respiratória através da

Pletismografia Optoeletrônica (POE)

...................................................................................................................................23

Figura 3 - Fluxograma dos instrumentos usados para a pesquisa

...................................................................................................................................26

Figura 4 - Fluxograma dos procedimentos usados para a pesquisa

...................................................................................................................................26

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ab : Abdominal

CCC+ : Cardiopatia Chagásica Crônica, grupo com cardiomegalia

CCC- : Cardiopatia Chagásica Crônica, grupo sem cardiomegalia

CI : Capacidade Inspiratória

Cm : Centímetros

CmH2O : Centímetros de Água

CO2 : Dióxido de Carbono

CRF : Capacidade Residual Funcional

Cta : Caixa Torácica Abdominal

Ctp : Caixa Torácica Pulmonar

CV : Capacidade Vital

CVF : Capacidade Vital Forçada

DC : Doença de Chagas

FC : Frequência Cardíaca

FEVE : Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo

FR : Frequência Respiratória

GC : Grupo Controle

IC: Insuficiência Cardíaca

ICC: Insuficiência Cardíaca Congestiva

ICT : Índice Cardiotorácico

IMC : Índice de Massa Corpórea

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Kg : Kilograma

O2 : Oxigênio

OMS : Organização Mundial de Saúde

PAS : Pressão Arterial Siatólica

PImáx : Pressão Inspiratória Máxima

PI%prev : Pressão Inspiratória por Pecentual Previsto

Pta : Parede Toracoabdominal

POE : Pletismografia Opticoeletrônica

QV: Qualidade de Vida

SpO2 : Saturação Periférica de Oxigênio

TC6M : Teste da Caminhada de Seis Minutos

TMI : Treinamento Muscular Inspiratório

Ti : Tempo Inspiratório

VC : Volume Corrente

VEF1 : Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo

VEF1/ CVF : Relação do Volume Expiratório Forçado no Primeiro Segundo pela Capacidade

Vital Forçada

VM : Volume Minuto

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CAPÍTULO 1

1) INTRODUÇÃO

1.1) Epidemiologia

A Doença de Chagas (DC) é uma parasitose causada pelo protozoário

Trypanosoma cruzi. Foi descoberta pelo pesquisador brasileiro Carlos Justiniano

Ribeiro Chagas em 1909. Ela é endêmica nas Américas, desde o México central ao

sul do Chile e Argentina, incluindo o Brasil (OLIVEIRA-MARQUES et al., 2005). O

vetor e principal meio de transmissão da doença é o triatomíneo, popularmente

chamado "barbeiro", inseto hematófago estrito. A transmissão também pode

veicular-se de homem a homem através de transfusão de sangue, por via

placentária, por transplantes de órgãos, por acidentes em laboratório e por outras

vias excepcionais, como a oral (SILVEIRA; VINHAES, 1998).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a DC permanece um grave

problema de saúde pública na América Latina: estima-se entre 18 a 20 milhões o

número de infectados, dos quais cinco milhões no Brasil (WHO,1991). Cerca de 30%

destes evoluem para cardiomiopatia chagásica crônica, forma clínica mais freqüente

e de maior morbimortalidade. Nesta cardiopatia o grau de deterioração do miocárdio

é variável, e uma parcela significativa dos pacientes pode evoluir para insuficiência

cardíaca (XAVIER; SOUSA; HASSLOCHER-MORENO, 2005).

Ao completar cem anos de sua descoberta por Carlos Chagas, a doença

permanece como uma das importantes causa de morte no Brasil. No estado de

Pernambuco, onde é considerada endêmica, pouco se sabe sobre o perfil da

população que vem a óbito por esta doença nos últimos anos. Segundo dados do

DATASUS (2009), a partir de dados dos óbitos (sexo, idade e mesorregião) por DC,

registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria

Estadual de Saúde de Pernambuco, ocorreram 738 óbitos no Estado (média

123/ano) no período de 2001 a 2006. A maioria ocorreu em indivíduos acima de 60

anos (61,2%), seguido da faixa etária de 40 a 60 anos (31,7%). Registra-se uma

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freqüência de óbitos na população masculina (61,1%) maior em relação à feminina

(31,9%).

Em estudo recente de Vasconcelos et al. (2009), visando conhecer as

características clínicas e epidemiológicas de portadores da DC crônica, com

acometimento digestivo, foram estudados pacientes atendidos no Ambulatório de

Doença de Chagas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC-PE), no período

de abril de 2005 a maio de 2009. Neste período, dos 284 pacientes atendidos nesta

instituição de referência, 35 pacientes apresentaram acometimento digestivo, sendo

31,5% (11/35) com a forma digestiva e 68,5% (24/35) com a forma mista. Não houve

predominância entre os gêneros masculino e feminino. A idade dos indivíduos variou

entre 42 e 70 anos, com média de 53 + 8. Todos os indivíduos são naturais de área

rural (Zona da Mata e Agreste) de Pernambuco.

1.2) A Cardiopatia Chagásica Crônica

A Cardiopatia Chagásica Crônica (CCC), englobando a miocardiopatia

chagásica, arritmias cardíacas e tromboembolismo (pulmonar e/ou sistêmico), é a

principal responsável pela morbimortalidade da Doença de Chagas, com grande

impacto social e médico-trabalhista. Apesar da enorme importância clínico-

epidemiológica da CCC, em nosso meio, as definições de conduta clínica referentes

ao cuidado desse paciente são, habitualmente, derivadas da transposição de

conhecimentos adquiridos em outras cardiopatias para a cardiopatia chagásica

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

Segundo Rossi (1999), a miocardiopatia chagásica crônica é a forma mais

grave da doença e se desenvolve entre 10% a 20% dos pacientes infectados pelo

Tripanosoma cruzi, ao passo que Xavier, Souza e Hasslocher-Moreno (2005)

afirmam uma prevalência de 30%. Estes dois estudos mostram que a prevalência

ainda é elevada em nosso meio, sendo causa freqüente de internação hospitalar e

também responsável por grande contingente dos pacientes indicados para

transplante cardíaco.

O envolvimento cardíaco é caracterizado por dilatação biventricular,

adelgaçamento das paredes, aneurisma apical, presente em 50% dos casos, áreas

de endocardite mural e trombos cavitários (ROSSI, 1999). Após um período

indeterminado da doença, o paciente chagásico poderá apresentar sintomas de

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insuficiência cardíaca, episódios de síncope, alterações eletrocardiográficas e

alterações de contratilidade, de graus variáveis e com potencial evolutivo (ROSSI;

RAMOS, 1996).

1.3) A Insuficiência Cardíaca na CCC

Segundo publicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2002), as

cardiomiopatias podem ser definidas como doenças do miocárdio associadas à

disfunção cardíaca e classificam-se em: dilatada, hipertrófica, restritiva,

arritmogênica do ventrículo direito, inclassificada e específica. A insuficiência

cardíaca (IC) é uma síndrome clínica de alta incidência e mau prognóstico,

caracterizada por fadiga, dispnéia e grande limitação para os esforços físicos e

atividades de vida diária (AVD).

A insuficiência cardíaca de etiologia chagásica é usualmente biventricular. No

entanto, as manifestações de insuficiência cardíaca direita (turgência jugular, edema

periférico, ascite e hepatomegalia) são frequentemente mais pronunciadas do que a

falência cardíaca esquerda com presença de congestão pulmonar (ortopnéia.

dispnéia paroxística noturna e estertores pulmonares). A fadiga também é um

sintoma comum ao exame físico (MARIM-NETO; SIMÕES; SARABANDA, 1999). A

presença de congestão pulmonar pode também indicar comorbidades associadas

como hipertensão arterial, doença coronariana ou hipervolemia severa por

insuficiência renal (DAVILA et al., 2002).

Em 2005, Xavier, Souza e Hasslocher-Moreno propuseram a aplicação da

nova classificação da IC do American College of Cardiology/American Heart

Association (ACC/AHA) na cardiopatia chagásica crônica (CCC). Os pacientes que

apresentavam eletrocardiograma (ECG) normal, na admissão ao estudo, foram

excluídos da classificação devido à ausência de casos de IC neste grupo durante

todo o período de seguimento (10 anos). Nos 538 pacientes restantes, a

classificação foi aplicada da seguinte forma: estágio A = ECG alterado e

ecocardiograma (ECO) normal (n=264); estágio B = ECO alterado, sem sinais de IC

(n=199); estágio C = IC presente, compensada (n=52); e estágio D = IC avançada

(n=23).

A incidência cumulativa de IC durante o período de seguimento, nos

pacientes incluídos no estágio A foi de 0,8%, e no estágio B foi de 22%. No mesmo

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ano de 2005, o Ministério da Saúde divulgou esta nova classificação adaptada para

o estadiamento do comprometimento miocárdico na CCC. A tabela 1 demonstra a

classificação recomendada pelo Consenso Brasileiro em Doença de Chagas (2005).

Tabela 1: Estadiamento do comprometimento miocárdico na cardiopatia

chagásica crônica.

Fonte: Consenso Brasileiro em Doença de Chagas (2005).

1.4) A Cardiomegalia na CCC

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (2006), a cardiomegalia

pode ser definida como o aumento do coração, geralmente indicado por um índice

cardiotorácico acima de 0,50, avaliado por radiografia de tórax em incidências

póstero-anterior (PA) e lateral. Ela pode ser observada em pacientes com

insuficiência cardíaca (IC) ou formas graves de cardiomiopatias, como na

cardiomiopatia dilatada ou na cardiopatia chagásica crônica (MATTOS, 2005).

Enquanto a epidemiologia da insuficiência cardíaca está bem documentada na

literatura, a prevalência da cardiomegalia na IC ainda não está bem estabelecida na

literatura (KANNEL, 2000).

Na CCC, o achado radiográfico mais freqüente é a marcante cardiomegalia,

com moderada congestão pulmonar, podendo também estar ausente esta congestão

dependendo do nível de comprometimento do ventrículo esquerdo (MARIM-NETO;

SIMÕES; SARABANDA, 1999).

Em estudo de Oliveira-Marques et al.(2005), foram avaliados 163 candidatos

a doador com sangue infectados por Trypanosoma cruzi, atendidos no período de

agosto de 1996 a novembro de 1997 no ambulatório de Doença de Chagas do

Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Londrina (PR). Os critérios de

triagem para a forma cardíaca da doença foram: a presença de alterações

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eletrocardiográficas (ECG) típicas e/ou cardiomegalia na radiografia de tórax. A

cardiomegalia esteve presente em 62 pacientes (38%) dos pacientes classificados

como positivos para CCC.

Este dado está de acordo com pesquisa anterior de Coura Júnior et al.(1985)

que conduziu estudo caso-controle com seguimento de 10 anos (1974-1984), no

Brasil, com 264 pares de sujeitos, dos quais 110 foram reavaliados ao final do

período. A incidência de doença cardíaca chagásica foi de 38,3% no período de 10

anos, diagnosticada pelo desenvolvimento de sintomas, ECG e/ou cardiomegalia,

em sujeitos previamente saudáveis, mas sorologicamente positivos.

A presença de cardiomegalia e de disfunção ventricular significativas implicam

incapacidade laborativa para atividades que requeiram esforço físico, como também

em invalidez, quando da impossibilidade de reabilitação profissional. Desta forma, a

CCC constitui importante causa de incapacidade laborativa em nosso meio. De

modo geral, quanto pior a fração de ejeção e maior o diâmetro ventricular, pior o

prognóstico e maior o grau de incapacidade laborativa (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2005).

As manifestações pulmonares da ICC, seja esta causada pela Doença de

Chagas ou por outros fatores etiológicos, são advindas principalmente pela

insuficiência do coração esquerdo ou a chamada síndrome congestiva (GEHLBACH;

GEPPERT, 2004). Esta disfunção pulmonar está diretamente relacionada com a

gravidade da ICC.

Apesar de ainda não estar clara a relação de causalidade, alguns estudos

levantados em revisão sistemática (SILVA et al., 2011, in press), em apêndice, têm

demonstrado uma relação entre aumento progressivo do tamanho do coração com

alterações na função pulmonar em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva

(ICC) crônica (HOSENPUD et al., 1990; ENRIGHT et al.,1995; ULRIK et al.,1999;

OLSON et al.,2007).

1.5) Avaliação da Capacidade Funcional na CCC

Silva et al. (1999) afirmam que o teste de caminhada de seis minutos (TC6M)

apresenta-se como uma opção de baixo custo, segura e bem tolerada de

investigação da capacidade funcional nos indivíduos com insuficiência cardíaca

congestiva (ICC). Ele é capaz de fornecer grande leque de informações

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prognósticas, para planejamento terapêutico e como avaliação em programas de

reabilitação. Sousa et al. (2008) investigaram a utilidade do TC6M em pacientes com

DC. Concluíram afirmando que a capacidade funcional submáxima dos pacientes

CCC está relacionada à severidade da cardiopatia, com conseqüência sobre as

atividades de vida diária, diretamente relacionada à distância percorrida e sugeriram

o TC6M como um instrumento útil para a avaliação do estado clínico destes

pacientes.

1.6) Repercussões da ICC e Cardiomegalia sobre a Função Pulmonar

Alguns estudos têm demonstrado uma relação entre aumento progressivo do

tamanho do coração com alterações na função pulmonar em pacientes com ICC

crônica (HOSENPUD et al, 1990; ENRIGHT et al.,1995; ULRIK et al.,1999; OLSON

et al.,2007). Entretanto, as causas para as alterações na função pulmonar

permanecem ainda obscuras, sugerindo que as alterações no sistema pulmonar são

consequências do processo crônico da insuficiência cardíaca e do aumento

progressivo do tamanho e da área cardíaca, no interior de uma cavidade torácica

fechada (LITTLE, GEORGE, 1983; FAGGIANO et al., 1993; PURI et al., 1995). A

relação entre a cardiomegalia e a funcionalidade e mecânica do sistema respiratório

no paciente com Doença de Chagas também permanece ainda obscura.

2) OBJETIVOS

2.1) Objetivo Geral

Avaliar as repercussões da cardiomegalia sobre parâmetros da função

pulmonar e distribuição regional da ventilação na caixa torácica, em indivíduos

adultos com cardiopatia chagásica crônica.

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2.2) Objetivos Específicos

Avaliar os valores das variáveis espirométricas: volume espiratório forçado no

1º segundo (VEF1%), capacidade vital forçada (CVF%), VEF1/ CVF% e volume

corrente (VC);

Avaliar a força muscular inspiratória (PImáx) e percentual prevista (PI%prev);

Avaliar o nível de atividade física, qualidade de vida e capacidade funcional

destes indivíduos;

Avaliar o padrão de distribuição da ventilação pulmonar na caixa torácica

durante respiração basal (repouso);

Comparar a variação dos valores basais de VC, volume minuto (VM) e volume

expiratório final nos compartimentos: caixa torácica pulmonar (Ctp), caixa

torácica abdominal (Cta) e abdominal (Ab) após teste incremental com carga

inspiratória;

Comparar variáveis relacionadas ao controle respiratório, antes e após teste

incremental: frequência respiratória (FR), VM e tempo inspiratório (Ti);

Correlacionar a força muscular inspiratória com capacidade funcional entre os

grupos;

Correlacionar a força muscular inpiratória com distribuição regional da

ventilação entre os grupos.

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19

CAPÍTULO 2 – MÉTODOS

2.1 Desenho e Local do Estudo

Esta pesquisa caracteriza-se como um estudo transversal, no qual

participaram indivíduos adultos portadores de cardiopatia chagásica crônica, de

ambos os gêneros, provenientes de duas instituições de referência no atendimento

cardiológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Pernambuco: Hospital

Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) da Universidade de Pernambuco (Recife-PE).

Estes pacientes foram selecionados a partir dos prontuários do Ambulatório de

Chagas/ICC (HUOC) para o Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar do

Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco.

2.2 Casuística

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital

Agamenon Magalhães (ANEXO A), bem como também foi submetido à apreciação

do CEP do HUOC. Todos os pacientes inicialmente foram informados sobre os

procedimentos do estudo e somente participaram das atividades após

esclarecimento e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), o

qual obedeceu criteriosamente à resolução 196/96 do CNS, sob protocolo de nº 440

e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 0119.0.236.106-09.

O cálculo amostral foi realizado com base nos dados da literatura

(VASCONCELOS et al., 2009; SOUSA et al., 2008; XAVIER; SOUSA;

HASSLOCHER-MORENO, 2005; ROSSI, 1999) e num estudo piloto realizado

durante a execução do projeto de pesquisa, adotando 95% de confiança. Foi

adotada a seguinte fórmula para o cálculoa amostral: N=[(T x DP)/Erro máximo

permitido]², onde: T = 1,96 para uma confiança de 95%; DP = maior desvio padrão

das variáveis e Erro máximo permitido = 10 a 20% do valor da média. Quando

tipos de variáveis diferentes e unidades diferentes, foi utilizado o maior desvio

padrão das variáveis de cada tipo e o calculo que produziu maior “N” foi utilizado.

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Foram selecionados 95 prontuários com as características de interesse ao

estudo, destes, 39 pacientes preencheram os critérios de seleção para o estudo e

aceitaram participar voluntariamente do mesmo, com uma perda amostral de 17

sujeitos. Desta forma, 73 pacientes foram excluídos, conforme descrito no

fluxograma (figura 1).

A amostra foi constituída de 22 indivíduos de ambos os gêneros, com idade

de 21 a 65 anos, portadores de cardiopatia chagásica crônica. Após a

assinatura/digital do TCLE, os pacientes foram submetidos à entrevista inicial

realizada pelo próprio pesquisador, com a aplicação dos seguintes instrumentos: (a)

Questionário de qualidade de vida: Minnesota Living With Heart Failure

Questionnaire (ANEXO B); e (b) Questionário Internacional de Atividade Física

(ANEXO C), este último como forma de conhecer o nível de atividade física dos

indivíduos participantes.

2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão

Como critérios de inclusão, foram aceitos indivíduos adultos na faixa etária

entre 21 e 65 anos, de ambos os gêneros, diagnosticados com cardiomiopatia

chagásica crônica, com déficit leve (>45%), moderado (entre 30 a 44%) ou

importante (<30%) na fração de ejeção do ventrículo esquerdo, conforme laudo do

ecocardiograma, e classificação funcional de NYHA I a III (AHA, 2009) ou

estadiamento B e C de acordo com o Consenso Brasileiro em Doença de Chagas

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).

Como critérios de exclusão: apresentar IC descompensada; classe funcional

IV ou estadiamento equivalente “D” para CCC (ecocardiograma alterado e IC

refratária ao tratamento); marca-passo de freqüência fixa; cardimiopatia hipertrófica

ou restritiva; apresentar doença pulmonar ativa (DPOC e infecções pulmonares) ou

obesidade (IMC > 30 kg/m2); hipertensão arterial ou diabetes não controladas;

insuficiência hepática ou renal com proteinúria; isquemia induzida por exercício;

como também abandonar a pesquisa durante o andamento da coleta de dados. Em

síntese, segue-se na figura 1 o fluxograma de triagem da pesquisa.

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Figura 1 - Fluxograma do processo de triagem dos voluntários para a

pesquisa.

Prontuários triados por

critérios de inclusão

(n=95)

Excluídos (Total=56)

Obesidade (IMC>30kg/m2)

Idade > 65 anos

Doenças respiratórias

Classe funcional IV

Exames desatualizados

Outros (prontuários repetidos, telefones

desatualizados)

Incluídos no

Estudo

(n= 22)

Perda Amostral (Total=17)

Recusa em participar (11)

Inabilidade em realizar as avaliações (2)

Falha na reconstrução de modelo 3D (4)

Elegibilidade:

levantamento prontuários

potenciais

(n=284)

Elegíveis

(n=39)

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2.4 Instrumentos e Procedimentos

Avaliação Diagnóstica

Depois do esclarecimento do método e preenchimento do TCLE, os

indivíduos foram convidados a participar do estudo. A avaliação foi iniciada por

medidas antropométricas, testes de força muscular respiratória, com

monovacuômetro digital (Globalmed® modelo MD-300, Brasil) para registro das

Pressões Inspiratórias (PImáx) seguindo o protocolo de Neder et al. (1999); e provas

de função pulmonar com espirômetro digital (Micro Medical® modelo Microloop MK8,

Inglaterra), seguindo o protocolo e fórmulas de Pereira, Sato e Rodrigues (2007). Os

seguintes dados serviram para caracterizar a homogeneidade da amostra: a) índice

de massa corporal; b) gênero; e c) idade. Foram monitorados tanto a pressão arterial

por esfigmomanômetro (Tycos®, Brasil) e estetoscópio (Rapaport®, Brasil) - antes e

após o protocolo de avaliação, em posição sentada - como também a saturação

periférica de oxigênio (SpO2), por oxímetro portátil de pulso (Nonin Onyx® modelo

9500, USA) e frequência cardíaca (FC), como instrumentos adicionais de segurança

durante o testes de carga inspiratória e de caminhada de 6 min., sendo ambos

calibrados previamente. Para mensurar o peso e a altura, foi utilizada balança digital

com antropômetro (Welmy® modelo W300, Brasil) com capacidade para 300

kilogramas (Kg), precisão de 50 gramas (g) e antropômetro com limite de 2 metros

(m). Todos estes dados foram registrados na ficha de avaliação (ANEXO D).

Avaliação da mecânica respiratória através da Pletismografia

Optoeletrônica (POE):

Foi utilizado um pletismógrafo optoeletrônico (POE), da BTS Bioengineering

(Itália). Inicialmente, foram realizados ajustes da posição das câmeras de captação

infravermelha e o procedimento de calibração das mesmas para informar ao sistema

sobre a posição dos eixos tridimensionais (X, Y e Z), assim como determinar a área

de trabalho na qual a parede torácica do indivíduo irá ocupar durante a coleta. Para

isso, foi utilizada uma ferramenta de calibração que contém três eixos com

marcadores refletivos acoplados. Nesta fase, não era necessária a participação do

indivíduo avaliado. As coletas foram realizadas na posição sentada, após o

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examinador ter posicionado 89 marcadores anterior e posteriormente no tronco, das

clavículas às espinhas ilíacas ântero-superiores, ao longo de linhas horizontais e

verticais pré-definidas. Em seguida, realizou-se a aquisição dos dados, sendo o

tempo máximo de coleta permitido pelo software para filmagem em tempo real de 20

minutos. Os indivíduos foram avaliados em repouso e durante a realização dos

testes com carga inspirtória (ALIVERTI; PEDOTTI, 2003). Após a captação de

imagens foi possível gerar uma imagem em três dimensões (3D), subdividindo a

caixa torácoabdominal em três seguimentos: caixa torácica pulmonar (Ctp), caixa

torácica abdominal (Cta) e abdominal (Ab), conforme ilustrado na figura 2. Para

análise do cálculo de volumes foi utilizado o programa DiaMov Applicazione MFC

(Itália).

MÉTODOS

Avaliação da mecânica respiratória - POE

Coordenadas dos marcadores

Triangulação dos pontos

Formação imagem 3D

Teorema de Gauss (∑Vt)

Cálculo do Volume (Diamov)

(Aliverti, Pedotti, 2003)

C

t

p

Cta

Ab

Figura 2 - Fluxograma da avaliação da mecânica respitarória

Avaliação por teste incremental com carga inspiratória:

O protocolo foi realizado com o paciente mantendo a posição sentada, sem

apoio das costas, para não prejudicar a visualização dos marcadores no dorso do

paciente pelas câmeras infra-vermelho, bem como monitoramento contínuo da SpO2

e FC. Um Threshold® para TMI (Respironics®, Health Scan Products Inc., Cedar

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Grove, EUA) foi acoplado em um pedestal na altura da boca, o (a) voluntário (a)

usou um clipe nasal durante a prova e apoiou as mãos sobre os joelhos.

Antes de iniciar o protocolo, registramos a ventilação basal do paciente

respirando tranquilamente por um minuto. O procedimento teve como referência o

protocolo de Dornelas de Andrade et al. (2005), cuja sequência iniciou com um

minuto de respiração pelo Threshold® sem carga, ou seja, sem o aparato da mola e

a membrana plástica: fase nomeada “respiração sem carga”, que serviu para

normalização dos dados para a fase seguinte do protocolo, como também para

adaptação do indivíduo ao dispositivo. A próxima fase teve duração de três minutos,

quando o paciente realizou o exercício com a carga de 30% da PImáx. Nas três

situações foi permitido ao paciente escolher seu próprio padrão ventilatório a partir

da orientação verbal para que “respirasse forte o suficiente para o ar entrar.

Avaliação da capacidade funcional submáxima:

Foi utilizado o teste de caminhada de 6 minutos (TC6M). Seguindo o

protocolo publicado pela American Thoracic Society (ATS) em 2002. Os testes foram

realizados no corredor interno, coberto, longo com 30 metros, com marcação a cada

metro, ao lado do Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar, com suporte portátil

de oxigênio, como item adicional de segurança.

Inicialmente os voluntários foram instruídos a caminhar, pela maior distância

possível, no intervalo de tempo de 6 minutos através do circuito de caminhada. De

acordo com o protocolo, os voluntários foram alertados de que poderão parar ou

diminuir a velocidade a qualquer momento. Como preconizado pelo protocolo (ATS,

2002), antes da caminhada foram avaliados os parâmetros de repouso da Pressão

Arterial (PA), da Freqüência Cardíaca (FC), Saturação de Oxigênio, da Freqüência

Respiratória (FR) e nível de percepção de esforço (escala de Borg).

Durante a caminhada foram dados aos voluntários estímulos verbais com

intervalos de um minuto, os quais foram sugeridos pelo protocolo supracitado.

1. “Você está indo bem, faltam 5 minutos para terminar.”

2. “Mantenha um bom trabalho, faltam 4 minutos para terminar o teste.”

3. “Você está indo bem, esta na metade do teste.”

4. “Mantenha um bom trabalho, faltam somente 2 minutos para terminar.”

5. “Você está indo bem, falta só um minuto pra terminar o teste.”

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Imediatamente ao final do teste foram reavaliados a FC, FR, PA, SpO2 e o

esforço subjetivo por escala de Borg, na qual o paciente indicou a intensidade que

havia realizado.

Questionário de qualidade de vida:

O questionário de Minnesota Living With Heart Failure Questionnaire (LHFQ),

idealizado por Rector et al.(1987) e validado no Brasil por Carvalho et al.(2009), foi

utilizado no presente estudo para avaliar o nível de qualidade de vida em um

contexto mais amplo das atividades diárias destes pacientes (ANEXO B). Para cada

questão pode ser atribuído um valor de 0 (zero) a 5 (cinco), sendo o maior escore

indicativo de pior qualidade de vida. O escore total foi obtido por meio da soma dos

21 itens, com intervalo possível de 0 a 105 (CARVALHO et al., 2009).

Questionário internacional de atividade física:

Foi empregado, questionário validado no Brasil para população idosa, do

original International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), em sua versão 8 – curta

(MATSUDO et al, 2001).

Empregou-se este para avaliar o nível de atividade habitual reportado. Depois

de respondido o instrumento (ANEXO C), os voluntários foram classificados em

quatro categorias: sedentários, irregularmente ativos, ativos ou muito ativos. As

atividades foram computadas independentemente do contexto, mas somente foram

válidas atividades com duração igual ou superior a 10 minutos. O IPAQ foi aplicado

em forma de entrevista, por três examinadores devidamente treinados.

Toda a instrumentação adotada está sintetizada na figura 3.

Todos os procedimentos empregados estão sintetizados na figura 4.

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Avaliação

Prova F(x) Pulm Antroprometria

MÉTODOS

Instrumentos

Esc

ala

v

isu

al

Bo

rg

Avaliação

Clínica

Pletimosg. Opt. Elet -POE (BTS Bioengineering)

Balança

(Welmy W300)

Questionários: Minnesota (QV) + IPAQ (nível ativ.física)

TC6M

Distribuição compartimental

IMC

Figura 3 - Fluxograma dos instrumentos utilizados para a pesquisa.

Legenda: F(x) Pulm: função pulmonar; TC6M: Teste da caminhada de 6 minutos; POE: Pletismografia

optoeletrônica; IMC:Índice de massa corpórea; QV: qualidade de vida; IPAQ: Questionário

internacional de atividade física.

J

a

n

e

l

a

2

0

s

e

m

Análise estatística (SPSS 15.0), com nível de significância de 5%; Teste Kolmogorov-Smirnov para normalidade; Teste T para amostras indep e pareadas; Teste Qui-quadrado p/ gênero.

Avaliação

Av. variáveis ventilatórias+

Teste incremental insp

Avaliação triagem+QV+

Nível Ativ Fís+CF submáx

Teste 0, 30 %

da PImáx

Oximetria+FC

Contínua

Sinais vitais+

Espirometria+

Monovacuom.

Questionários+

TC6M+Borg

15 CCC+ vs 7 CCC -

89 marcadores para infra-verm POE

Filmagem por 1 min + 2 etapas/3 min

MÉTODOS E CASUÍSTICA

CCC- = FEVE>45% e ICT<0,50CCC+ = FEVE<45% e ICT>0,50

MÉTODOSProcedimentos

Figura 4 - Fluxograma dos procedimentos utilizados para a pesquisa.

Legenda: CCC+: Cardiopatia Chagásica Crônica, grupo com cardiomegalia; CCC-: Cardiopatia

Chagásica Crônica, grupo sem cardiomegalia; FEVE: Fração de ejeção do ventrículo esquerdo; ICT:

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Índice cardiotorácico; QV: Qualidade de vida; CF: Capacidade funcional; FC: Frequência cardíaca;

TC6M: Teste da caminhada de 6 minutos; POE: Pletismografia optoeletrônica

2.5 Análise Estatística

Foi utilizado o programa SPSS 15.0 (SPSS Inc.) para realizar tanto a análise

descritiva quanto a inferencial. Variáveis contínuas foram expressas em média e

desvio-padrão. Para avaliar normalidade da distribuição dos dados, utilizou-se o

teste de Kolmogorov-Smirnov.

Foi usado o teste t student para amostras independentes e para amostras

pareadas. No caso de variável de classificação (gênero) foi usado o teste Qui-

quadrado. No estudo da relação entre variáveis foi adotado o coeficiente de

correlação de Pearson e ajustado um modelo de regressão linear. Em todos os

casos foi adotado nível de significância de 5%.

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CAPÍTULO 3 : REFERÊNCIAS

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CAPÍTULO 4: RESULTADOS

4.1: ARTIGO 1 - A SER SUBMETIDO AO PERIÓDICO: Arquivos

Brasileiros de Cardiologia/ISSN: 0066-782X

REPERCUSSÕES DA CARDIOMEGALIA NO VOLUME COMPARTIMENTAL

NA CAIXA TORÁCICA DE INDIVÍDUOS COM CARDIOPATIA CHAGÁSICA

SUBMETIDOS À CARGA INSPIRATÓRIA.

João Danyell Dantas da Silva1, Daniela Cunha Brandão

1, Jasiel Frutuoso Nascimento

Junior1, Larissa de Andrade Carvalho

1, Georges Willeneuwe de Sousa Oliveira

2, Wilson

Oliveira Jr3, Raquel R. Britto

4, Armèle Dornelas de Andrade

1

1 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife

(PE), Brasil

2 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), Natal (RN), Brasil

3 Procape/Universidade de Pernambuco (UPE), Recife (PE), Brasil

4 Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Minas Gerais (UFPE), Belo

Horizonte (MG), Brasil

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RESUMO

Fundamento: A cardiopatia chagásica crônica (CCC) é a forma clínica mais frequente

da Doença de Chagas, evoluindo geralmente para insuficiência cardíaca com cardiomegalia.

Objetivos: analisar as repercussões da cardiomegalia sobre a função pulmonar em indivíduos

adultos com CCC e o efeito de carga inspiratória sobre esta função. Métodos: estudo

transversal, 22 indivíduos CCC, subdivididos com base no índice cardiotorácico (ICT) e na

fração de ejeção ventrículo esquerdo (FEVE): grupo CCC+ (ICT>0.50 e FEVE<45%) e CCC-

(ICT<0.50 e FEVE>45%). Foram analisadas as variações de volume na caixa torácica pela

pletismografia opto eletrônica, a função pulmonar, a pressão inspiratória máxima (PImáx) e a

tolerância ao exercício respiratório à 30% da PImáx. Foram usados os testes t student, o Qui-

quadrado, o coeficiente de correlação de Pearson (p<5%). Resultados: No grupo CCC+, foi

observado um menor valor do volume expiratório forçado no 1º seg e capacidade vital

forçada. Quanto à distribuição regional: 1) houve ativação predominante do compartimento

abdominal (Ab), tanto na respiração basal como na carga inspiratória; 2) a presença de

cardiomegalia levou a um aumento do volume corrente (VC) e tempo inspiratório (Ti) quando

submetidos à carga; e 3) sob carga, o grupo CCC+ apresentou menor volume expiratório final

na caixa torácica abdominal (Cta), maior freqüência respiratória (FR) e volume minuto (VM).

Conclusão: A cardiomegalia modificou o padrão de distribuição compartimental de volume

na caixa torácica , especialmente na carga inspiratória: aumento na FR, do tempo inspiratório,

VC e VM no grupo CCC+, como também menor ativação de Cta, com diminuição do volume

expiratório final neste compartimento.

Palavras-chave: cardiomegalia, insuficiência cardíaca, tolerância ao exercício, Doença

de Chagas.

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ABSTRACT

Background: Chronic chagasic cardiomyopathy (CCC) is the most frequent clinical

form of Chagas Disease, often progressing to heart failure with cardiomegaly. Objectives:

analyze the impact of cardiomegaly on measures of lung function in adults with CCC and

the effect of inspiratoryload on that function. Methods: cross-sectional study, 22 individuals

divided based on the cardiothoracic index (CTI) and ejection fraction of left ventricle (EF):

group CCC + (CTI> 0.50 and EF<45%) and CCC- (ICT <0.50 and EF>45%). We analyzed

the variations of volume in the chest wall by the opto-electronic plethysmography, as well

as lung function, maximal inspiratory pressure (MIP) and respiratory exercise

tolerance to 30% of MIP. We used the Student t test, Chi-square and for relationship

between variables it was adopted Pearson's correlation (p<5%). Results: In CCC + group,

there was a lower value of forced expiratory volume in 1 sec and forced vital capacity. By

regional distribution: 1) the activation occurred predominantly abdominal compartment (AB),

both in basal respiration and inspiratory load, 2) the presence of cardiomegaly led

to an increase in tidal volume (TV) and inspiratory time (Ti) when under inspiratory load, and

3) comparing the responses for the same load, CCC + group had lower end-expiratory

volume in the rib cage abdominal (Rca), higher respiratory rate (RR) and minute

volume (MV). Conclusion: cardiomegaly changed the pattern of distribution of compartment

volume in the chest, especially under inspiratoryload: an increase in RR, Ti, TV and VM , as

well as decreased activation of Rca, with decreased end-expiratory volume in this

compartment.

Keywords: cardiomegaly, heart failure, exercise tolerance, Chagas Disease.

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INTRODUÇÃO

A Doença de Chagas (DC) permanece um grave problema de saúde pública na

América Latina. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam entre 18 a 20

milhões o número de infectados na América Latina, dos quais cinco milhões no Brasil 1.

Cerca de 30% dos pacientes infectados evoluem para cardiopatia chagásica crônica (CCC),

forma clínica mais frequente e de maior morbimortalidade. Nesta cardiopatia o grau de

deterioração do miocárdio é bastante variável, e uma parcela significativa dos pacientes pode

evoluir para insuficiência cardíaca (IC) 2.

A cardiomegalia pode ser definida como o aumento do coração, geralmente indicado

por um índice cardiotorácico acima de 0,50, avaliado por radiografia de tórax em incidências

póstero-anterior (PA) e lateral3. Ela pode ser observada em pacientes com insuficiência

cardíaca (IC) ou formas graves de cardiomiopatias, como na cardiomiopatia dilatada ou na

CCC4. Enquanto a epidemiologia da IC está bem documentada na literatura, a prevalência da

cardiomegalia na IC por Doença de Chagas ainda não está bem estabelecida5.

Sousa et al. 6

investigaram a utilidade do TC6M em pacientes com DC. Concluíram

afirmando que a capacidade funcional submáxima dos pacientes CCC está relacionada à

severidade da cardiopatia, com conseqüência sobre as atividades de vida diária, diretamente

relacionada à distância percorrida e sugeriram o TC6M como um instrumento útil para a

avaliação do estado clínico destes pacientes. No entanto, há carência de estudos na literatura

que correlacionem a força muscular respiratória com a distância no TC6M nesta população.

Apesar de ainda não estar clara a relação de causalidade, alguns estudos levantados em

revisão sistemática recente7 têm demonstrado uma relação entre aumento progressivo do

tamanho do coração com alterações na função pulmonar em pacientes com insuficiência

cardíaca congestiva (ICC) crônica. No entanto, há carência de estudos controlados que

demonstrem a relação entre a cardiomegalia com a funcionalidade e a mecânica do sistema

respiratório no paciente com Doença de Chagas.

Desta forma, este artigo tem como objetivo analisar as repercussões da cardiomegalia

sobre parâmetros da função pulmonar e sobre a variação de volumes na caixa torácica, em

indivíduos adultos com CCC, em repouso e sob carga inspiratória. Como objetivos

secundários: avaliar o nível de atividade física, qualidade de vida e capacidade funcional

destes indivíduos, comparando estas variáveis quanto à presença da cardiomegalia versus sua

ausência (controle).

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MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal, no qual participaram indivíduos adultos portadores

de cardiopatia chagásica crônica, de ambos os gêneros, provenientes de duas instituições de

referência no atendimento cardiológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Pernambuco:

Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC) da Universidade de Pernambuco (Recife-PE).

Estes pacientes foram selecionados a partir dos prontuários do Ambulatório de Chagas/ICC

(HUOC) para o Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar do Departamento de Fisioterapia

da Universidade Federal de Pernambuco.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital

Agamenon Magalhães, o qual obedeceu à resolução 196/96 do CNS, sob protocolo de nº 440

e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) nº 0119.0.236.106-09, como

também foi submetido à apreciação do CEP do HUOC. Todos os pacientes inicialmente

foram informados sobre os procedimentos do estudo e somente participaram das atividades

após esclarecimento e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE).

O cálculo amostral foi realizado com base nos dados da literatura 3,7

e num estudo

piloto realizado durante a execução do projeto de pesquisa, adotando 95% de confiança. Foi

adotada a seguinte fórmula para o cálculoa amostral: N=[(T x DP)/Erro máximo permitido]²,

onde: T = 1,96 para uma confiança de 95%; DP = maior desvio padrão das variáveis e Erro

máximo permitido = 10 a 20% do valor da média. Para tipos de variáveis diferentes e

unidades diferentes, utilizou-se o maior desvio padrão das variáveis de cada tipo e o calculo

que produziu maior “N” foi utilizado. Desta forma, as variáveis adotadas para o cálculo foram

as variáveis respiratórias volume corrente em litros (VC), volume deslocado na caixa torácica

pulmonar (Ctp) e na caixa torácica abdominal (Cta) em porcentagem. Para estas variáveis,

considerando um Erro de 20%, a amostra poderia variar entre 17 e 22 indivíduos.

Foram selecionados 95 prontuários com as características de interesse ao estudo,

destes, 39 pacientes preencheram os critérios de seleção para o estudo e aceitaram participar

voluntariamente do mesmo, com uma perda amostral de 17 sujeitos. Desta forma, 73

pacientes foram excluídos, conforme descrito no fluxograma (figura 1).

Como critérios de inclusão, foram aceitos indivíduos adultos na faixa etária entre 21 e

65 anos, de ambos os gêneros, diagnosticados com CCC, com déficit leve (>45%), moderado

(entre 30 a 44%) ou importante (<30%) na fração de ejeção do ventrículo esquerdo, conforme

laudo do ecocardiograma, e classificação funcional de NYHA I a III ou estadiamento B e C de

acordo com o Consenso Brasileiro em Doença de Chagas8.

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Figura 1 - Fluxograma do processo de triagem dos voluntários para a pesquisa.

Como critérios de exclusão: apresentar IC descompensada; classe funcional IV ou

estadiamento “D” para CCC (ecocardiograma alterado e IC refratária ao tratamento); marca-

passo de freqüência fixa; cardimiopatia hipertrófica ou restritiva; apresentar doença pulmonar

ativa (DPOC e infecções pulmonares) ou obesidade (IMC>30kg/m2); hipertensão arterial ou

diabetes não controladas; insuficiência hepática ou renal com proteinúria; isquemia induzida

por exercício; como também abandonar a pesquisa durante o andamento da coleta de dados.

Prontuários triados por

critérios de inclusão

(n=95)

Excluídos (Total=56)

Obesidade (IMC>30kg/m2)

Idade > 65 anos

Doenças respiratórias

Classe funcional IV

Exames desatualizados

Outros (prontuários repetidos, telefones

desatualizados)

Incluídos no

Estudo

(n= 22)

Perda Amostral (Total=17)

Recusa em participar (11)

Inabilidade em realizar as avaliações (2)

Falha na reconstrução de modelo 3D (4)

Elegibilidade:

levantamento prontuários

potenciais

(n=284)

Elegíveis

(n=39)

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Todos os sujeitos incluídos foram submetidos ao protocolo de avaliação dos músculos

respiratórios, espirometria digital, pletismografia opto eletrônica (POE), teste de caminhada

de 6 minutos e questionários de qualidade de vida e nível de atividade física, conforme

descritos a seguir.

Avaliação clínica e antropométrica: A avaliação foi iniciada por medidas

antropométricas. Para mensurar o peso e a altura, foi utilizada balança digital com

antropômetro (Welmy® modelo W300, Brasil) com capacidade para 300 kilogramas (Kg),

precisão de 50 gramas (g) e antropômetro com limite de 2 metros (m). Em seguida, foram

avaliados os dados clínicos cardiorrespiratórios: Frequência Cardíaca (FC) e saturação

periférica de oxigênio (SpO2), utilizando o oxímetro de pulso portátil Nonin Onyx 9500

(USA), e a pressão arterial por esfigmomanômetro (Tycos®, Brasil) e estetoscópio

(Rapaport®, Brasil) - antes e após o protocolo de avaliação - em posição sentada.

Avaliação da função pulmonar e força muscular inspiratória: a espirometria foi

realizada utilizando o espirômetro portátil, Micromedical Microloop MK8 (Inglaterra). As

medidas avaliadas para o estudo foram o volume expiratório forçado no 1º segundo (VEF1),

capacidade vital forçada (CVF), e a relação do (VEF1/CVF). Com os voluntários na posição

sentada, pés apoiados no chão, coluna ereta, sem apoio para os membros superiores e usando

boquilha e clipe nasal, foram realizadas pelo menos três manobras da capacidade vital forçada

(CVF), com intervalo de dois minutos entre as manobras, que estivessem de acordo com os

critérios de reprodutividade e aceitabilidade da American Thoracic Society-ATS9. Os valores

das variáveis (VEF1), (CVF), (VEF1 / CVF) foram expressos como a porcentagem do valor

predito normal9. O teste de força muscular respiratória foi realizado com monovacuômetro

digital (Globalmed® modelo MD-300, Brasil) para registro das Pressões Inspiratórias

(PImáx) seguindo o protocolo de Neder et al. 10

Avaliação da distribuição regional da ventilação na caixa torácica: foi utilizado

um pletismógrafo optoeletrônico (POE), da BTS Bioengineering (Itália). Conforme o

protocolo preconizado por Aliverti e Pedotti11

, inicialmente foram realizados ajustes da

posição das câmeras de captação infravermelha e o procedimento de calibração das mesmas

para informar ao sistema sobre a posição dos eixos tridimensionais (X, Y e Z), assim como

determinar a área de trabalho na qual a parede torácica do indivíduo ocuparia durante a coleta.

Para isso, foi utilizada uma ferramenta de calibração que contém três eixos com marcadores

refletivos acoplados. Nesta fase, não era necessária a participação do indivíduo avaliado. As

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coletas foram realizadas na posição sentada, após o examinador ter posicionado 89

marcadores anterior e posteriormente no tronco, das clavículas às espinhas ilíacas ântero-

superiores, ao longo de linhas horizontais e verticais pré-definidas. Em seguida, realizou-se a

aquisição dos dados, sendo o tempo máximo de coleta permitido pelo software para filmagem

em tempo real de 20 minutos. Os indivíduos foram avaliados em repouso e durante a

realização dos testes com carga inspirtória11

.

Avaliação do efeito da carga muscular inspiratória na distribuição regional da

ventilação: antes de iniciar o protocolo, registramos a ventilação basal do paciente respirando

tranquilamente por um minuto. A coleta foi adaptada do protocolo de Dornelas de Andrade et

al.12

, cuja sequência iniciou com um minuto de respiração pelo Threshold® sem carga, ou

seja, sem o aparato da mola e a membrana plástica: fase nomeada “respiração sem carga”, que

serviu para normalização dos dados para a fase seguinte do protocolo, como também para

adaptação do indivíduo ao dispositivo. A próxima fase teve duração de três minutos, quando o

paciente realizou o exercício com a carga de 30% da PImáx. Nas três situações foi permitido

ao paciente escolher seu próprio padrão ventilatório a partir da orientação verbal para que

“respirasse forte o suficiente para o ar entrar”.

Avaliação da capacidade funcional submáxima: foi utilizado o teste de caminhada

de 6 minutos (TC6M), seguindo o protocolo publicado pela ATS9 em 2002. Os testes foram

realizados no corredor interno, coberto, de 30 metros, com marcação a cada metro, ao lado do

Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar. Como preconizado pelo protocolo9, antes da

caminhada foram avaliados os parâmetros de repouso da Pressão Arterial (PA), da Freqüência

Cardíaca (FC), Saturação de Oxigênio, da Freqüência Respiratória (FR) e nível de percepção

de esforço (escala de Borg).

Questionário de qualidade de vida: foi aplicado o instrumento específico de

avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde de pacientes com insuficiência cardíaca,

validado para a língua portuguesa no Brasil por Carvalho et al.13

. O Minnesota Living With

Heart Failure Questionnaire (LHFQ) é composto por 21 questões. Para cada questão pode ser

atribuído um valor de 0 (zero) a 5 (cinco), sendo o maior escore indicativo de pior qualidade

de vida. O escore total foi obtido por meio da soma dos 21 itens, com intervalo possível de 0 a

105.

Questionário internacional de atividade física: foi utilizado o questionário validado

no Brasil para população idosa, do original International Physical Activity Questionnaire

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(IPAQ, 2005), em sua versão 8 – curta 14

. Empregou-se este para avaliar o nível de atividade

habitual reportado. Depois de respondido o instrumento, os voluntários foram classificados

em quatro categorias: sedentários, irregularmente ativos, ativos ou muito ativos.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foi utilizado o programa SPSS 15.0 (SPSS Inc.) Variáveis contínuas foram expressas

em média e desvio-padrão. Para avaliar normalidade da distribuição dos dados, utilizou-se o

teste de Kolmogorov-Smirnov.

Foi usado o teste t student para amostras independentes e para amostras pareadas. No

caso de variável de classificação (gênero) foi usado o teste Qui-quadrado. No estudo da

relação entre variáveis foi adotado o coeficiente de correlação de Pearson e ajustado um

modelo de regressão linear. Em todos os casos foi adotado nível de significância de 5%.

Foi utilizada correlação de Pearson entre a função muscular respiratória, através da

variável força muscular inspiratória prevista percentual – PIprev(%) – e o respectivo

compartimento que expressa a ativação destes músculos (Caixa torácica pulmonar – Ctp) em

respiração tranquila, para um intervalo de confiança de 95%.

Para analisar a ocorrência de uma relação linear entre as duas variáveis descritas acima

(PI%prev x Ctp) e verificar a capacidade da primeira em prever o resultado da segunda, foi

ajustado um modelo de regressão linear em cada um dos grupos. A mesma análise foi feita

também para as variáveis distância percorrida (TC6M) e a pressão inspiratória máxima.

RESULTADOS

A amostra foi composta por 22 indivíduos portadores de cardiopatia chagásica crônica

(CCC), subdivididos conforme a presença (CCC+) ou ausência (CCC-) de cardiomegalia,

tendo dois pontos de corte para definir estes grupos: a) fração de ejeção do ventrículo

esquerdo (FEVE>45%) com índice cardiotorácico (ICT<0,50) para o grupo CCC-; e b)

FEVE<45% e ICT>0,50 para o CCC+. A amostra mostrou-se homogênea para gênero, idade e

índice de massa corpórea.

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A comparação das características dos pacientes com e sem cardiomegalia ilustrada na

tabela 1 revela que houve diferença significante entre os grupos para as variáveis PAS e

FEVE, que apresentam média de maior valor para o grupo CCC-. (inserir tabela 1)

Para as variáveis coletadas através da espirometria, observou-se um menor valor

médio para VEF1 (%pred) e CVF (%pred) no grupo CCC+ (p<5%). Para a avaliação da força

muscular inspiratória, foram observados menores valores no grupo com cardiomegalia, tanto

em valores absolutos (PImáx) como em percentuais previstos – PIprev(%) – ajustados para

gênero e idade (p<5%). (inserir tabela 2)

Quanto à avaliação das variáveis ventilatórias e da distribuição regional de volumes na

caixa torácica pela pletismografia optoeletrônica (POE): (i) ambos os grupos, isoladamente,

apresentaram prominância da distribuição do volume corrente no compartimento abdominal,

tanto na respiração basal, quanto durante a carga inspiratória; e (ii) Ao comparar os grupos

entre si, não houve diferença significante, durante respiração tranqüila em repouso e na carga

inspiratória, no compartimento abdominal para volume corrente, como para volume

expiratório final. (inserir tabela 3)

A presença de cardiomegalia (CCC+) levou a um aumento do VC e Ti quando estes foram

submetidos à carga inspiratória; e (iii) comparando as repostas para a mesma carga com o

grupo CCC-, observamos no grupo CCC+ menor volume expiratório final na caixa torácica

abdominal (Cta), maior FR e VM. (tabela 3)

Ao testarmos correlação entre a função muscular respiratória, através da variável força

muscular inspiratória prevista percentual – PIprev(%) –, e o respectivo compartimento que

expressa a ativação destes músculos (Caixa torácica pulmonar – Ctp) em respiração tranquila,

observamos um grau médio de associação entre estas duas variáveis, apenas no grupo CCC+

(r=0,609, p=0,02), para um intervalo de confiança de 95%.

Para analisar a ocorrência de uma relação linear entre as duas variáveis descritas acima

(PI%prev x Ctp) e verificar a capacidade da primeira em prever o resultado da segunda, foi

ajustado um modelo de regressão linear em cada um dos grupos e os resultados mostrados na

figura 2 mostram que:

i) não existe uma relação linear entre as variáveis de interesse para o grupo CCC-; e

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ii) existe uma relação linear no grupo CCC+, onde há uma tendência de se obter maiores

valores de y (Ctp) à medida que aumenta x (PI%prev).

Desta forma, a força muscular (preditor) ajuda a determinar o nível de ativação da

caixa torácica alta, expressa pelo deslocamento de volume percentual deste compartimento

durante respiração basal (variável dependente), com nível de significância de 5% para o grupo

CCC+. (inserir figura 2)

A distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos foi significativamente

menor no grupo com cardiomegalia. Quanto à escala de Borg (dispnéia), este mesmo grupo

apresenta média maior (p=0,02). (inserir tabela 4)

Para analisar a ocorrência de uma relação linear entre a distância percorrida no TC6M

(distânciaTC6M=y) e a pressão inspiratória máxima (PImáx=x) foi ajustado um modelo de

regressão linear em cada um dos grupos e os resultados mostrados na tabela 5 e figura 3

mostram que:

i) não existe uma relação linear entre as variáveis de interesse para o grupo CCC-; e

ii) existe uma relação linear no grupo CCC+, onde há uma tendência de se obter maiores

valores de y (distânciaTC6M) à medida que aumenta x (PImáx).

Desta forma, a força muscular (preditor) ajuda a determinar a distância percorrida no

teste de caminhada de seis minutos (variável dependente). (inserir figura 3)

Em relação à avaliação da qualidade de vida (QV), não houve diferença significativa

entre os grupos. Quanto ao nível de atividade física, a maior parte da amostra foi classificada

como fisicamente ativa ou irregularmente ativa. Não houve nenhum indivíduo entrevistado

classificado como “muito ativo”. (inserir tabela 6)

DISCUSSÃO

Os principais achados deste estudo foram: (i) houve predominância da ventilação

regional no compartimento abdominal em ambos os grupos, tanto na respiração basal como na

carga inspiratória de 30% da PImáx; (ii) a presença de cardiomegalia (CCC+) levou a um

aumento do VC e Ti quando este grupo foi submetido à carga inspiratória; e (iii) comparando

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as repostas para a mesma carga com o grupo CCC-, observamos no grupo CCC+ menor

volume expiratório final na caixa torácica abdominal (Cta), maior FR e VM.

Provas de função pulmonar, volumes pulmonares e padrão respiratório

No que se refere aos valores das provas de função pulmonar, nossos dados

evidenciaram uma significante redução nos valores percentuais de VEF1 , CVF e PImáx no

grupo CCC+. Estes achados estão em consonância com outros estudos da literatura. Olson,

Beck e Johnson15

estudaram 41 pacientes com IC , subdivididos em dois grupos: a) classe

funcional I-II (n=26) e b) CF II-III (n=15), pareados com grupo controle. Eles observaram

menores valores percentuais para VEF1 e CVF, com valores mais baixos nos pacientes classe

II-III (VEF1%=78.9 + 21.9 e CFV%= 76.5 + 24.7, p<0,001). Enquanto Meyer et al.16

,

também em pacientes com ICC, encontraram uma redução significativa na VEF1% , CVF% e

PImáx em 244 pacientes, dos quais 69% com miocardiopatia dilatada, comparados com 25

sujeitos controles. Segundo Agostoni et al.17

isso também ocorre na ICC, onde pacientes com

cardiomegalia apresentaram menores valores percentuais previstos para CVF, VEF1 e PImáx,

a despeito de uma relação VEF1/CVF próxima da normal.

Com relação aos valores em repouso, não houve diferença significativa entre os

grupos CCC+ versus CCC- para volume corrente (VC), frequência respiratória (FR), volume

expiratório final, tempo inspiratório (Ti) e volume minito (VM). Estes dados estão em

conformidade com o encontrado na literatura. Resultados semelhantes foram encontrados para

VC e FR por Lima et al.18

, em pacientes com cardiomiopatia chagásica, e em pacientes ICC

com cardiomiopatia dilatada por Witt et al. 19

e Olson et al.20

Schoroeder et al.21

demonstraram, através de avaliação com pneumotacógrafo, não haver diferença, em repouso,

no volume expiratório final de pacientes ICC classe funcional III (NYHA). Olson et al.20

também observaram, em 10 pacientes com IC (fração de ejeção 31+3%) pareados com 10

controles, não haver diferença nos valores basais para Ti e VM.

Força muscular respiratória e respostas ventilatórias à carga inspiratória

Na comparação entre grupos, na carga inspiratória de 30%, os nossos resultados

mostram no grupo CCC+ uma significante redução nos valores percentuais de PImáx e um

aumento do trabalho respiratório, evidenciado por um significativo aumento na freqüência

respiratória.

Ao discorrer sobre aumento do trabalho respiratório, Rochester22

afirma que, na

presença de fraqueza muscular respiratória, o trabalho pode aumentar significativamente e

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este depende do padrão de ventilação: freqüência respiratória elevada aumenta o trabalho de

atrito, por aumento do fluxo de ar, e a freqüência respiratória aumenta à medida que os

músculos apresentam fadiga. Rochester22

compara ainda a complacência pulmonar com a

freqüência respiratória, afirmando que a complacência diminui à medida que a freqüência

respiratória aumenta, chamando esse fenômeno de “dependência da complacência em relação

à frequência”.

No que concerne ao uso de carga inspiratória, nossos dados mostram também que os

pacientes com CCC+ apresentaram maiores valores para VC, VM e tempo inspiratório (Ti).

Ao compararmos nossos dados com a literatura, citamos o estudo de Yan e Bates23

, com

sujeitos saudáveis, que respiraram durante dois minutos, em diferentes níveis de limiar de

carga inspiratória, deixando-os livres para escolher seus próprios padrões respiratórios. Os

autores observaram que houve um pequeno, mas significante aumento do VC (de 600 ml para

700 ml) e do VM (10L/min para 15L/min), enquanto os valores na FR não apresentaram

mudanças significativas. Esses autores comentam que o pequeno aumento no VC e

manutenção da FR se devem à tendência do organismo em minimizar o custo energético. Uma

vez imposta uma resistência inspiratória, para que haja conservação da energia, o tempo de

duração da contração dos músculos inspiratórios (Ti) tenderia a diminuir, com diminuição do

tempo de fluxo inspiratório e tendência de manutenção nos valores de VC23

.

Desta forma, confrontando os nossos achados com o observado por Yan e Bates23

, o

padrão de resposta à carga inspiratória no grupo CCC+ desvia-se do fisiológico, levando-nos

a crer que há ocorrência do fenômeno da “dependência da complacência em relação à

frequência respiratória” 22

, reforçando a repercussão da cardiomegalia no aumento do trabalho

respiratório. Segundo Agostoni, Pellegrino e Conca24

, a explicação para este fato pode estar

no aumento das pressões de enchimento cardíaco com congestão pulmonar. A congestão

pulmonar reduz a complacência pulmonar e limita o aumento do volume corrente, isto

provoca o aumento da FR para manter o VC.

Gibson25

encerra esse raciocínio ao discorrer sobre o principal problema do padrão

respiratório restritivo ser a redução da complacência pulmonar, da torácica ou de ambas.

Existe uma relação direta entre a complacência (C) e o volume (V). Se a diferença de pressão

for constante, um volume inspiratório reduzido indica uma redução de complacência. Este

autor conclui afirmando que comprometimentos pulmonares do tipo restritivo afetam,

sobretudo, a função dos músculos inspiratórios. Conforme discutido anteriormente, isso

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também ocorre na ICC: pacientes com cardiomegalia apresentaram menores volumes e

capacidades respiratórias associado à fraqueza muscular inspiratória.15-17

O padrão obstrutivo

não é tão significativo em pacientes com marcada disfunção cardíaca, apesar de haver relato

na literatura de também ser possível este padrão na ICC 26

.

Segundo Gibson25

, três fatores estão frequentemente presentes na ICC e favorecem a

redução da complacência pulmonar: a) congestão pulmonar com vasos ingurgitados ou

edema; b) cavidade pleural com um coração aumentado (restrição extrapulmonar); e c)

disfunção muscular respiratória, principalmente quando acomete os músculos inspiratórios

(diafragma e acessórios).

Em nossos resultados pôde-se observar significante fraqueza muscular inspiratória no

grupo CCC+. Resultado semelhante foi demonstrado por Baião27

que encontraram valores

significativamente menores de PImáx em um grupo de cardiopatas chagásicos crônicos

(n=15) com IC classe II e III (NYHA), quando comparados com grupo controle saudável.

Caruana et al.28

, ao avaliarem a posição e função do diafragma em 20 indivíduos com IC e

cardiomegalia, através de estudo com ultra-som bidimensional, demonstraram que o

diafragma posiciona-se mais baixo e achatado ao final da expiração, quando comparado com

grupo controle; move-se mais durante respiração tranqüila e sniffing; e iii) movimenta-se mais

rápido durante respiração basal. Certamente isto também ocorra nos indivíduos CCC com

cardiomegalia.

Distribuição da variação de volume na caixa torácica em repouso e com carga

inspiratória

Segundo Aliverti et al.11

, a avaliação com uso do pletismógrafo optoeletrônico (POE)

permite mensurar volume na caixa torácica por regiões e relacionar com a atividade dos

músculos que as movimentam, a saber: o seguimento da caixa torácica pulmonar (Ctp) reflete

a atividade dos músculos inspiratórios e expiratórios da caixa torácica alta; a caixa torácica

abdominal (Cta) reflete a atividade diafragmática; e o compartimento abdominal (Ab) reflete

tanto a atividade muscular diafragmática quanto abdominal.

Quanto à avaliação das variáveis ventilatórias e da distribuição regional de volumes na

caixa torácica pela pletismografia optoeletrônica (POE), não houve diferença significante

entre os grupos durante respiração tranqüila em repouso. A carência de estudos avaliando a

distribuição regional de volumes ventilatórios em pacientes cardiopatas dificulta a

confrontação destes resultados. No entanto, ao confrontarmos com estudo recente com

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46

indivíduos saudáveis29, pôde-se observar que a predominância do uso do compartimento

abdominal (Ab) durante respiração basal nos dois grupos cardiopatas pode ser considerado

diferente do padrão esperado. Segundo os valores observados no estudo de Hostettler et al.29

,

a faixa para cada compartimento durante fase inicial de Treinamento Muscular Inspiratório

(TMI), à 70% da PImáx, foi a seguinte: Ctp (48-53%); Cta (23-25%); e Ab (22-29%).

O volume expiratório final reflete o volume a partir do qual uma nova inspiração será

realizada. Em nossos resultados, este volume na caixa torácica abdominal (Cta) foi

significativamente menor, na resposta à carga inspiratória de 30%, no grupo CCC+ (p=0,04).

A Cta reflete a atividade diafragmática.30

No trabalho de Hostettler et al.29

, com sujeitos

saudáveis submetidos a TMI a 70% da PImáx por uma hora, alguns sujeitos demonstraram

diminuição na PImáx após TMI, com diminuição nos valores do volume expiratório final na

caixa torácica alta abaixo da capacidade residual funcional (CRF). Esses autores concluem

afirmando que houve uma fadiga predominante dos músculos acessórios da Ctp; e que esta

depende do volume pulmonar a partir do qual os esforços inspiratórios são iniciados durante o

TMI. Portanto, é provável que o menor aumento no volume expiratório final do grupo CCC+,

no compartimento da caixa torácica abdominal durante carga de 30%, deve-se a uma

disfunção com desvantagem mecânica no diafragma dos indivíduos com cardiomegalia.

Esse mecanismo pode influenciar a cinemática da caixa torácica, considerando que, o

conteúdo abdominal é essencialmente incompressível e todo o deslocamento do diafragma

deve ser correspondente ao deslocamento da parede anterior do abdômen 31,32

. Isto indica,

juntamente com a diminuição significativa do volume expiratório final no compartimento Cta,

na mesma carga inspiratória, que ocorre desvantagem mecânica, menor ativação do diafragma

e consequente disfunção deste músculo nos indivíduos com cardiomegalia.

Baseado em nossos achados, pode-se sugerir que a diminuição da ação dos músculos

da caixa torácica pulmonar (Ctp), por fraqueza muscular inspiratória e baixa resistência

durante teste de tolerância ao exercício com carga inspiratória (30% da PImáx), limita a

expansão deste compartimento. Associado a isto, a restrição extrapulmonar (cavidade pleural)

causada pela cardiomegalia limita a expansão pulmonar da Ctp mais do que alguns graus da

rigidez observada na restrição em pacientes com espondilite anquilosante33

. Com isso, a

contribuição do diafragma (Cta) fica também diminuída, restando aos músculos abdominais

(Ab) o maior esforço compensatório.

Esses resultados são confirmados pelos estudos de Wang, Lu e Liing.34

e Caruana et

al.28

No primeiro, foram avaliados sujeitos saudáveis na posição supina, através de ultra-

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sonografia e do POE, para avaliação do movimento da caixa torácica e relataram que o

compartimento abdominal pode ser usado com índice de excursão do diafragma. No segundo

estudo, Caruana et al.28

demonstraram através de ultra-sonografia bidimensional, que há

alteração na posição e função do diafragma em pacientes ICC com cardiomiopatia dilatada.

Eles observaram um deslocamento para baixo (craniocaudal) nesses pacientes ao final da

expiração e que esta posição mais achatada provocava desvantagem mecânica para o mesmo.

Observaram também forte correlação deste fenômeno com mudanças na morfologia

ventricular esquerda. Concluíram afirmando que o deslocamento caudal do diafragma poderia

representar uma “resposta adaptativa às mudanças no índice cardiotorácico”, por

deslocamento mecânico direto provocado pela cardiomegalia.

A interação mecânica nos movimentos entre a caixa torácica e o diafragma depende da

diferença na zona de aposição do diafragma e da complacência da caixa torácica ou do

abdômen35

. A posição deste músculo, diante do índice cardiotorácico aumentado no grupo

CCC+, pode provocar um aumento na carga muscular diafragmática, estimulando

mecanoceptores que contribuem para aumentar a percepção de dispnéia nestes pacientes,

conforme o relatado por Caruana et al.28

em pacientes com cardiomiopatia dilatada e também

confirmado em nosso estudo por maior escore na escala de dispnéia no grupo CCC+.

Analisando as correlações e regressão linear entre as variáveis PIprev(%) e Ctp(%),

verificamos que, no grupo CCC+, quanto menores os valores previstos para força muscular

inspiratória, menor a capacidade de deslocar o compartimento torácico superior. No estudo de

Martins36

foi demonstrado aumento da atividade eletromiográfica dos músculos respiratórios

de indivíduos com IC e PImáx< 70% predito, durante a utilização do Threshold®, com

predominância de ativação dos músculos esternocleidomastóideos sobre o diafragma, estando

relacionada com o aumento da carga utilizada (30% para 50%).

Como discutido acima, a predominância de ativação dos músculos acessórios da caixa

torácia alta sobre o diafragma, durante o exercício com carga inspiratória por 3 minutos, visto

no estudo de Martins36

, pode ajudar a explicar o nosso achado quanto à menor capacidade de

deslocar a Ctp proporcional à fraqueza muscular com tendência ao aumento do trabalho

respiratório no grupo CCC+.

Capacidade funcional, dispnéia e qualidade de vida

No presente estudo, foram observados menores valores para distância percorrida no

teste de caminhada de seis minutos (TC6M) e maior escore de dispnéia (Escala de Borg),

estatisticamente significante no grupo CCC+, a despeito de ambos os grupos terem sido

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classificados predominantemente como fisicamente ativos. Foi também encontrada uma

relação linear entre a distância percorrida no TC6M (variável dependente) e a pressão

inspiratória máxima (preditor) significante no grupo CCC+.

Sousa et al.7 investigaram a utilidade do TC6M em pacientes com Doença de Chagas.

Neste estudo, 38 pacientes com cardiomiopatia chagásica foram avaliados, sendo 26 homens e

12 mulheres (idade 48 + 10), classe funcional NYHA I (n=25), II (n=9) e III (n=4), fração de

ejeção ventrículo esquerdo 45 +14% e submetidos ao teste da caminhada e exames de sangue

para investigar marcadores bioquímicos inflamatórios. Estes autores demonstraram que houve

correlação negativa entre a distância alcançada no TC6M e os níveis de citocinas pró-

inflamatórias avaliadas (proteína quimiotática monocitária e peptídeo natriurético tipo B, bem

como correlação positiva com a deterioração da fração de ejeção.

Uma variedade funcional, metabólica e histológica vem sendo descrita nos músculos

respiratórios e periféricos em pacientes com ICC, o que contribuem para intolerância ao

exercício. A disfunção ventilatória, com uma frequência respiratória aumentada nestes

pacientes, com presença de tiragens intercostais e de musculatura acessória, pode levar mais

facilmente à fadiga muscular na dispnéia37

.

Isto sugere que, nesses indivíduos, os músculos respiratórios exercem um importante

papel na capacidade funcional e a fraqueza muscular respiratória poderia ser um dos fatores

limitantes na realização de atividades físicas. Meyer et al. 16

e Sousa et al.7 afirmam que a

fraqueza muscular respiratória observada em pacientes com insuficiência cardíaca têm um

papel clínico importante sobre mau prognóstico e queda na qualidade de vida. Sousa et al.7

acrescentam ainda que, em pacientes com cardiopatia chagásica crônica, esta fraqueza pode

ser mediada por níveis sanguíneos aumentados de citocinas pró-inflamatórias, as quais têm

influência no nível de atividade física e dispnéia.

Além da medida indireta do consumo de oxigênio, o questionário de Minnesota foi

utilizado no presente estudo para avaliar o nível de qualidade de vida (QV) em um contexto

mais amplo das atividades de vida diária (AVD) destes pacientes. Sabe-se que tanto níveis

baixos de capacidade cardiorrespiratória limitam as AVD, quanto o sedentarismo está

relacionado à redução nesta capacidade. Em nossa amostra, o grupo CCC+ apresentou

maiores escores do Minnesota em relação aos CCC- (47,7 + 21,3 vs 30,0 + 17,9), apesar de

não ter havido diferença significativa entre os grupos para QV. Um fator que pode influenciar

este resultado é o fato de que houve poucos indivíduos classificados como sedentários (6,7 vs

14,2%) no IPAQ.

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49

Em estudo realizado por Scattolin, Diogo e Colombo38

foi aplicado o questionário de

Minnesota para 146 idosos com insuficiência cardíaca e foram encontrados escores

semelhantes ao de nosso estudo para CCC+ (47,7 + 21,3), quando comparado a IC na classe

III (47,7 + 14,0), enquanto que os idosos classe I referiram melhor QV (31,1 + 16,8)

compatível com o observado em nosso estudo com o grupo CCC- (30,0 + 17,9).

Um estudo39

controlado, randomizado e cego incluindo 40 pacientes com

cardiomiopatia chagásica, submetidos a treinamento com caminhada a 50-70% da freqüência

cardíaca máxima por de 12 semanas realizados em 3 vezes por semana, observou uma

melhora clínica quando comparado ao grupo controle na distância percorrida no TC6M (83,5

vs 2,0 m, p=0,00) e na qualidade de vida de acordo com o SF-36. Além das similaridades

fisiológicas entre as AVD e o TC6M, o aumento na distância percorrida pode ser considerada

como clinicamente relevante, já que deve ser considerado como exame de avaliação ou

eficácia da intervenção em áreas pobres, onde a Doença de Chagas é endêmica, recursos são

escassos e equipamentos de avaliação de exercício não estão disponíveis.

No nosso estudo, só podemos relatar a contribuição dos músculos diafragma e

abdominais, de maneira indireta, observado pelo maior deslocamento do compartimento

abdominal. O fato de não termos avaliado a atividade desses músculos de forma direta, com

EMG ou US, por exemplo, pode ser considerada uma limitação do estudo. No entanto, vale

ressaltar o caráter inédito deste trabalho em avaliar a distribuição regional por POE em

pacientes com CCC.

CONCLUSÃO

Indivíduos com CCC parecem adotar estratégia de ventilação regional na caixa

torácica, com predominante contribuição do volume corrente no compartimento abdominal,

quando em repouso, diferente do esperado na literatura para indivíduos saudáveis.

A cardiomegalia em pacientes CCC+ modificou o padrão de distribuição da ventilação

regional na caixa torácica em relação ao observado no grupo CCC-, especialmente quando

ambos foram submetidos à carga inspiratória de 30% da PImáx: aumento na FR, do tempo

inspiratório, VC e VM no grupo CCC+, como também numa menor ativação da caixa torácica

abdominal, com diminuição do volume expiratório final neste compartimento.

O conjunto dos nossos resultados aponta para confirmar que há restrição

extrapulmonar, devido à existência de uma competição pelo espaço intratorácico entre os

pulmões e um coração com tamanho aumentado, fazendo com que este comprima o

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parênquima pulmonar e abaixe o diafragma, pondo-o em posição de desvantagem mecânica,

repercutindo negativamente sobre a função muscular respiratória e capacidade funcional

destes indivíduos, contribuindo para deteriorar indiretamente a qualidade de vida dos mesmos.

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TABELAS E GRÁFICOS:

Tabela 1: Características antropométricas e cardiorrespiratórias (média±desvio-padrão) nos grupos com cardiopatia

chagásica (CC), subdivididos em: com presença de cardiomegalia (CCC+) e ausência de cardiomegalia (CCC-).

Característica CCC+

(n=15)

CCC-

(n=7)

Valor de p

Gênero (fem/masc) 7/8 5/2 NS (2)

Idade (anos) 57,6 + 7,3 58,6 + 7,6 NS (1)

IMC 24,1 + 3,3 26,6 + 2,2 NS (1)

PAS (mmHg) 115,4 + 16,8 137,6 + 19,7 0,01 (1)

PAD (mmHg) 68,5 +9,5 77,0 + 13,0 NS (1)

FC (bpm) 69,5 + 9,2 61,4 + 8,3 NS (1)

FR (irpm) 19,2 + 6,9 20,3 + 5,6 NS (1)

SpO2 (%) 97,2 + 2,1 97,3 + 1,1 NS (1)

Medicação, n (%)

IECA 10 (67%) 3 (45%)

Diuréticos 15 (100%) 7 (100%)

Digitálicos 6 (40%) 0 (0%)

Amiodarona 9 (60%) 1 (14%)

Beta-bloqueadores 9 (60%) 1 (14%)

Antiagregantes

plaquetários

8 (53%) 2 (29%)

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Característica CCC+

(n=15)

CCC-

(n=7)

Valor de p

FEVE (%)

Leve (>45%)

Moderada (30-45%)

Importante (<30%)

38,7 + 7,6

12 (80%)

3 (20%)

54,4 + 4,1

7 (100%)

0,00 (1)

TOTAL 100 100

(1) Teste t de Student. (2) Teste Qui-quadrado. IMC=índice de massa corporal; PAS=pressão arterial sistólica;

PAD=pressão arterial diastólica; FC=freqüência cardíaca; FR=freqüência respiratória; SpO2=saturação periférica de

oxigênio; IECA=inibidor da enzima conversora de angiotensina em angiotensinogênio; FEVE=fração de ejeção do

ventrículo esquerdo; NS=não significativo.

Tabela 2: Variáveis das provas de função pulmonar (média + DP) dos pacientes com cardiopatia chagásica (CC),

subdivididos em: com presença de cardiomegalia (CCC+) e ausência de cardiomegalia (CCC-).

Variável medida CCC+ (n-15) CCC- (n=7) Valor de p

Volume expiratório forçado no 1s

(%pred)

62,2 + 17,8 83,0 + 9,5 0,01 (1)

Capacidade vital forçada (%pred) 72,0 + 9,2 82,0 + 8,5 0,04 (1)

VEF1/CVF (%pred) 87,9 + 18,9 101,0 + 6,3 NS (1)

Volume corrente (litros) 0,48 + 0,2 0,45 + 0,2 NS (1)

Pressão inspiratória máxima (cmH2O) 48,4 + 18,4 80,6 + 18,5 0,00 (1)

Pressão inspiratória máxima (% pred) 51,1 + 16,4 96,9 + 23,9 0,00 (1)

(1) Teste t de Student. VEF1=volume expiratório forçado no 1º segundo; CVF=capacidade vital forçada; NS=não

significativo.

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Tabela 3: Avaliação de variáveis ventilatórias e da distribuição regional de volumes na caixa torácica pela

pletismografia optoeletrônica (POE), dos pacientes com cardiopatia chagásica (CC), subdivididos em: com presença

de cardiomegalia (CCC+) e sem cardiomegalia (CCC-). Valores expressos em média + DP e valor de p<5%.

Variável CCC+

RB

CCC+ Thr30% p

RBxThr

(2)

CCC-

RB

CCC- Thr30% p

RBxThr

(2)

p

(ThrxThr)

(1)

Volume Corrente (l)

0,34 + 0,15

0,56 + 0,32 (†)

0,00

0,37 + 0,16

0,36 + 0,37

NS

NS

Ctp (% da pta) 28,92+ 12,84 27,5 6+ 15,52 NS 21,17 + 6,41 20,41 + 9,19 NS NS

Cta (% da pta) 15,71 + 6,30 13,82 + 8,13 NS 18,52 + 6,44 13,99 + 3,01 NS NS

Ab (% da pta) 55,37 + 14,64 58,62 + 19,38 NS 60,31 + 6,91 65,60+11,26 NS NS

Volume exp. final

(ml)

17,14 + 9,16 17,11 + 9,15 NS 15,16 + 12,91 15,17 + 13,10 NS NS

Vol.exp. final (Ctp) 10,55 + 3,06 10,53 + 3,11 NS 9,65 + 3,71 9,44 + 3,57 NS NS

Volume exp. final

(Cta)

3,44 + 1,65 3,34 + 1,50 («) NS 4,47 + 1,54 4,84 + 1,35 («) NS 0,04

Volume exp. final

(Ab)

5,58+ 2,98 5,55 + 2,92 NS 5,93 + 4,50 5,94+ 4,57 NS NS

Tempo Inspiratório (s) 1,33 + 0,17 2,49 + 1,71 (†) 0,02 1,58 + 0,54 3,48 + 1,85 (†) 0,03 NS

Freq.Respiratória

(irpm)

19,63 + 3,76 19,49 + 3,79 («) NS 18,72 + 5,10 12,03 + 4,75 («)†

0,01 0,00

Volume minuto

(L/min)

6,24 + 3,18 7,69 + 5,00 («)

NS 4,70 + 3,75!! 4,35 + 3,60 («) NS 0,03

(1) Teste t de Student para amostras independentes. (2) Teste t de Student para amostras pareadas. Ctp=caixa torácica pulmonar; Cta= caixa torácica

abdominal; Ab=compartimento abdominal; pta=volume da parede tóraco-abdominal; RB=respiração basal; Thr=Threshold a 30% de carga inpiratória.

(†) p-valor<0,05 na comparação antes e depois do Thr; («) diferença entre grupos na carga Thr à 30%; NS=não significativo.

Tabela 4: Variáveis da distânica percorrida no TC6M e nível de cansaço subjetivo de Borg (média + DP)

dos pacientes com cardiopatia chagásica (CC), subdivididos em: com presença de cardiomegalia (CCC+) e

ausência de cardiomegalia (CCC-).

Variável medida CCC+ (n=15) CCC- (n=7) Valor de p

Distância TC6M (metro) 410,2 + 66,3 486,3 + 90,4 0,04 (1)

Escala de Borg (dispnéia) 14,1+ 3,1 10,9 + 0,7 0,02 (1)

(1) Teste t de Student. TC6M= Teste de caminhada de 6 minutos; NS= não significativo.

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56

Tabela 5: Resultado do ajuste do modelo de regressão linear, onde y=distânciaTC6M e x=PImáx..

Grupo Coeficiente linear

(a)

Coeficiente linear (b) R2

CCC- 318,7 (0,109) 2,1 (0,343) 0,18

CCC+ 285,6 (0,000)* 2,6 (0,003)* 0,51

(*) Valores entre parênteses correspondem ao valor de p<0,05.

Tabela 6: Variáveis da avaliação da qualidade de vida (média + DP) e do nível de atividade física

(%) dos pacientes com cardiopatia chagásica (CC), subdivididos em: com presença de cardiomegalia

(CCC+) e ausência de cardiomegalia (CCC-).

Variável medida CCC+ (n=15) CCC- (n=7) Valor de p

Escore QV (pontuação) 47,7 + 21,3 30,0 + 17,9 NS (1)

Nível de atividade física (%)

Ativo

Irregularmente Ativo

Sedentário

53,0%

40,0%

6,7%

42,9%

42,9%

14,2%

NS (1)

NS (1)

NS (1)

TOTAL 100 100

(1) Teste t de Student ; NS=não significativo.

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25,00 50,00 75,00 100,00 125,00

PI (%prev)

20,00

40,00

60,00

Ctp

Ctp = 42,55 + -0,21 * PIprevPorc

R-Square = 0,52

CCC- CCC+

25,00 50,00 75,00 100,00 125,00

PI (%prev)

Ctp = 5,54 + 0,46 * PIprevPorc

R-Square = 0,37

Linear Regressi on

Legenda: Ctp= Caixa torácica pulmonar (%); PI (%prev)= Pressão inspiratória prevista (%).

Figura 2: Modelo de regressão linear entre a porcentagem de volume deslocado na caixa torácica pulmonar (Ctp=y) e a

pressão inspiratória percentual prevista (PI%prev= x), dos pacientes com cardiopatia chagásica (CC), subdivididos em:

com presença de cardiomegalia (CCC+) e ausência de cardiomegalia (CCC-).

R2 = 0,52

R2 = 0,37

%

%

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58

25,00 50,00 75,00 100,00

PImax

300,00

400,00

500,00

Dis

tan

cia

TC

6M

Distancia TC6M = 318,74 + 2,08 * PImax

R-Square = 0,18

CCC- CCC+

25,00 50,00 75,00 100,00

PImax

Distancia TC6M = 285,60 + 2,57 * PImax

R-Square = 0,51

Linear Regressi on

Legenda: Distância TC6M= Teste de caminhada de 6 minutos (metros); PImáx= Pressão inspiratória máxima (cmH2O)

Figura 3: Modelo de regressão linear entre distânica percorrida no (distânciaTC6M= y) e pressão

inspiratória máxima (PImáx= x) dos pacientes com cardiopatia chagásica (CC), subdivididos em: com presença de

cardiomegalia (CCC+) e ausência de cardiomegalia (CCC-).

m

cmH2O

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59

Capítulo 5- Considerações Finais

Os nossos resultados mostram haver evidência de padrão restritivo

(extrapulmonar) nos indivíduos com cardiopatia chagásica crônica (CCC) avaliados,

devido à existência de uma competição pelo espaço intratorácico entre os pulmões e

um coração com tamanho aumentado, fazendo com que este comprima o

parênquima pulmonar e abaixe o diafragma, pondo-o em posição de desvantagem

mecânica, repercutindo negativamente sobre a função muscular respiratória e

capacidade funcional destes indivíduos, contribuindo para deteriorar indiretamente a

qualidade de vida dos mesmos.

Os achados auxiliam no conhecimento da distribuição da ventilação na caixa

torácica em indivíduos com CCC e do mecanismo que o sistema respiratório dispôs

para vencer e adaptar-se à presença da cardiomegalia, especialmente durante teste

usado em TMI com carga inspiratória, respaldando o fisioterapeuta na utilização

desse recurso terapêutico.

A ausência na literatura de estudos avaliando a distribuição da ventilação na

caixa torácica na Doença de Chagas é outro ponto que merece destaque,

considerando que indivíduos com CCC parecem adotar estratégia de ventilação

regional na caixa torácica, com predominância na contribuição do volume corrente

no compartimento abdominal quando em repouso, diferente do esperado na

literatura para indivíduos saudáveis. Foi observado também relação linear no uso da

caixa torácica pulmonar e a PImáx, onde indivíduos com menor força muscular

inspiratória movimentaram menos este compartimento em repouso.

A cardiomegalia em pacientes CCC modificou o padrão de distribuição da

ventilação regional na caixa torácica em relação ao observado no grupo sem

cardiomegalia, especialmente quando ambos foram submetidos à carga inspiratória

de 30% da PImáx. O teste com carga inspiratória auxiliou na observação de padrão

respiratório rápido, com um aumento na FR, aumento do tempo inspiratório, VC e

VM no grupo com cardiomegalia, como também numa menor ativação da caixa

torácica abdominal, com diminuição do volume expiratório final neste compartimento.

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Como perspectiva futura, recomenda-se novos estudos, inclusive

associando a eletromiografia de superfície com a POE, a fim de contribuir para

melhor direcionamento do tratamento cardiorespiratório de pacientes com Doença

de Chagas. Como esta a doença ainda possui grande prevalência no país, e

especialmente em nosso Estado, acredita-se que os resultados encontrados possam

contribuir para o melhor planejamento da assistência desses indivíduos alertando

para a necessidade de implantação de políticas públicas de saúde focadas na

atenção global e, especialmente, na capacidade funcional individual destes

pacientes.

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APÊNDICE

PRODUÇÃO CIENTÍFICA

Artigo Científico de Revisão Sistemática aceito na Revista Fisioterapia e

Pesquisa/ISSN: 1809-2950

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INTRODUÇÃO

A cardiomegalia pode ser definida como o aumento do coração, geralmente indicado

por um índice cardiotorácico acima de 0,50, avaliado por radiografia de tórax em

incidências póstero-anterior (PA) e lateral1. Ela pode ser observada em pacientes com

insuficiência cardíaca (IC) ou formas graves de cardiomiopatias, como na cardiomiopatia

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dilatada ou na cardiopatia chagásica crônica2. Enquanto a epidemiologia da IC está bem

documentada na literatura, a prevalência da cardiomegalia na IC ainda não está bem

estabelecida na literatura3.

Apesar de ainda não estar clara a relação de causalidade, alguns estudos têm

demonstrado uma relação entre aumento progressivo do tamanho do coração com

alterações na função pulmonar em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva (ICC)

crônica. 4-7

As manifestações de congestão pulmonar na insuficiência ventricular esquerda, como,

ortopnéia, dispnéia paroxística noturna e estertores pulmonares, podem ser conseqüência

do baixo débito cardíaco e hipocontratilidade cardíaca por cardiomegalia ou por síndrome

congestiva.8,9

Apesar dos estudos, as causas para as alterações na função pulmonar

permanecem ainda obscuras, sugerindo que as alterações no sistema pulmonar são

consequências do processo crônico da insuficiência cardíaca e do aumento progressivo do

tamanho e da área cardíaca, no interior de uma cavidade torácica fechada.10-12

De acordo com Gehlbach e Geppert13

, quando se deseja avaliar a funcionalidade do

sistema pulmonar na ICC, dois aspectos são relevantes: as anormalidades ventilatórias e a

capacidade de difusão pulmonar para o monóxido de carbono (DLCO). Sabe-se que, esta

última diminui com a redução do volume sanguíneo, dos capilares pulmonares e o

conteúdo de hemoglobina, bem como com o aumento da resistência para difusão

(espessamento da membrana alvéolo-capilar). Na insuficiência cardíaca, é visto uma

deficiência na mecânica pulmonar, usualmente com um padrão de restrição14

,

concomitante com uma redução na DLCO 15

. No entanto, a relação entre a mecânica

respiratória e a deficiência na capacidade DLCO na insuficiência cardíaca congestiva não

está completamente elucidada.

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Como a cardiomegalia é um sinal radiográfico bastante freqüente na síndrome da

insuficiência cardíaca, pode ocorrer restrição extrapulmonar devido a existência de uma

competição pelo espaço intratorácico entre os pulmões e um coração com tamanho

aumentado, fazendo com que este comprima o parênquima pulmonar. Desta forma, o

objetivo desta revisão foi analisar se a cardiomegalia leva a alterações nos parâmetros da

função pulmonar em indivíduos adultos com insuficiência cardíaca crônica.

METODOLOGIA

Os artigos selecionados para esta revisão sistemática são indexados nas bases de dados

eletrônicas BIREME, PUBMED, COCHRANE LIBRARY e ISI Web Knowledge. As

buscas ocorreram no período de julho a agosto de 2009 e foram selecionados artigos

publicados entre agosto de 1999 a agosto de 2009, sem restrição por idioma, em estudos

do tipo observacional.

Foram utilizados os seguintes descritores via BIREME/Decs e PUBMED/Mesh:

Cardiomegalia e Testes de Função Respiratória e seus correspondentes em inglês:

Cardiomegaly, Respiratory Function Tests. Estes dois descritores independentes foram

associados ao “NOT”, para excluir a palavra-chave “Exercício” e seu respectivo em inglês

“Exercise”, a fim de minimizar fator de confusão na pesquisa.

Inicialmente, foi verificado, com os descritores acima, se havia alguma revisão com

esta abordagem na COCHRANE. Posteriormente, foi realizada a busca nas bases de dados

já citadas. A figura 1 mostra o fluxograma da literatura pesquisada.

Foram incluídos artigos com indivíduos adultos, segundo os critérios do Limits do

cabeçalho de assuntos médicos (Mesh) da PUBMED (19 a 64 anos), com insuficiência

cardíaca crônica, de ambos os gêneros, e artigos que incluíssem indivíduos com

insuficiência cardíaca congestiva e cardiomiopatia dilatada. Foram excluídos os que

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tivessem insuficiência cardíaca aguda, ou que envolvessem avaliações pós-intervenção

clínica ou por exercício físico.

Os títulos e resumos identificados pela pesquisa eletrônica foram examinados

independentemente por dois pesquisadores, para selecionar os artigos. Discrepância na

seleção final foi resolvida por consenso e aplicação dos critérios de exclusão. Não foi feito

mascaramento quanto aos autores dos estudos.

Para avaliação da qualidade dos artigos, foi utilizada a escala da Agency for

Healthcare Research and Quality (AHRQ) 16

, modificada e adaptada por West e

colaboradores16

, para estudos observacionais (transversal, coorte e caso-controle). Os

critérios da AHRQ têm sido utilizados em várias revisões sistemáticas, com aplicação

parcial ou total da pontuação do escore17

. Foram avaliados todos os seus itens e aceitos,

para os resultados desta revisão, apenas artigos que tivessem pontuação maior que 50

(escala de 0-100).

RESULTADOS

Através da estratégia de busca, foi encontrado um total de 1093 artigos, sendo 1090 na

PUBMED, dois na ISI Web Knowledge e um na COCHRANE LIBRARY. Destes,

apenas sete foram selecionados para leitura completa por estarem de acordo com os

critérios desta revisão sistemática: Olson e colaboradores18

, Meyer e colaboradores19

,

Agostoni e colaboradores20

, Pinna e colaboradores21

e Mortara e colaboradores22

. Dois

trabalhos foram excluídos após a leitura completa: o primeiro por abordar insuficiência

cardíaca aguda pós infarto agudo do miocárdio (Guazzi M; Arena R e Guazzi MD)23

, e o

segundo devido a faixa etária da amostra estar abaixo de 19 anos (Puri e colaboradores)24

.

Os cinco trabalhos foram agrupados de acordo com os parâmetros avaliados

relacionados às medidas dos fluxos e volumes pulmonares, como também do padrão

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ventilatório e desempenho muscular relacionados à interação cardiopulmonar. Os demais

artigos (1088) foram excluídos por não apresentarem os critérios de elegibilidade,

conforme figura 1. (inserir figura 1 aqui)

Houve diversidade de instrumentos e técnicas para avaliar a função respiratória, sendo

que a instrumentação usada envolveu radiografias de tórax, pneumotacógrafo,

monovacuometria, espirometria digital, análise de gases exalados em diluição de

metano/monóxido de carbono (CO) e pletismografia indutiva com oximetria associada.

Devido a esta heterogeneidade, não foi realizado meta-análise e os resultados foram

agrupados em relação às variáveis semelhantes e à qualidade dos estudos.

O somatório total de indivíduos cardiopatas avaliado foi de n=539, com uma amostra

média de 107,8 sujeitos sendo, dentre eles, a menor amostra21

constituída de 29 e a

maior19

de 244 sujeitos. Apenas dois estudos tiveram grupo controle com indivíduos

saudáveis18,19

e apenas um estudo comparou sua amostra com um subgrupo de indivíduos

com ICC sem anormalidade respiratória22

. A Tabela 1 apresenta as características dos

artigos selecionados para esta revisão. (inserir tabela 1 aqui)

Com o objetivo de facilitar a análise dos principais resultados, foram construídas duas

tabelas com o agrupamento das variáveis de interesse. Na Tabela 2 encontram-se os

resultados dos volumes e fluxos avaliados, relacionando os principais resultados com a

cardiomegalia. A Tabela 3 agrupa os estudos que abordaram as variáveis referentes ao

padrão ventilatório e desempenho muscular, relacionando a influência destas na interação

cardiopulmonar, através de algumas variáveis hemodinâmicas. (inserir tabela 2 e 3 aqui)

As análises descritiva e crítica dos trabalhos foram realizadas de forma qualitativa e

quantitativa, baseada na análise dos nove domínios da escala AHRQ, nos quais dois

estudos21,22

ficaram na faixa de escore 50-75%,e os demais18,19,20

acima de 75%,conforme

sumarizado na Tabela 4. (inserir tabela 4 aqui)

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Dois estudos, Pinna e colaboradores21

e Mortara e colaboradores 22

, avaliaram a

relação entre volumes pulmonares e variáveis hemodinâmicas por pletismografia indutiva

com oxímetro acoplado ao lóbulo da orelha, que diferem das técnicas mais usuais em

avaliação da função respiratória nos demais artigos. A qualidade destes foi inferior aos

demais, pontuando 57 e 69 na escala AHRQ, respectivamente.

DISCUSSÃO

Esta revisão indica que o aumento do tamanho do coração em pacientes com

insuficiência cardíaca crônica pode impor significante resistência aos pulmões, com

consequente redução dos fluxos e volumes pulmonares, estando relacionado com o padrão

respiratório restritivo visto nestes indivíduos. Os diferentes métodos de avaliação da

função pulmonar refletiram o encontrado na literatura, sendo possível agrupar os

resultados dos estudos por variáveis semelhantes avaliadas nos mesmos.

Olson e colaboradores 18

e Agostoni e colaboradores 20

avaliaram o aumento da área

cardíaca por radiografia, encontrando valores aumentados do índice cardiotorácico, ao

passo que Meyer e colaboradores19

selecionaram sua amostra com cardiomiopatia dilatada

através de ventilografia por radionuclídeo. Estes autores observaram que o aumento da

área e do volume cardíaco tem relação com a diminuição dos volumes pulmonares.

Uma limitação do estudo de Olson e colaboradores18

foi não ter avaliado o volume

pulmonar por espirometria, mas através de cálculos de áreas e volumes por radiografia de

tórax. Eles mostraram a redução dos volumes pulmonares em percentual (% cm3): houve

uma redução de 69,7 + 3,9 no grupo controle para 63,1 + 9,5 no grupo ICC (Classe

Funcional I-II) e 57,6 + 7,7 no grupo ICC (CF III-IV), com diferença significativa. Em

estudo posterior, Olson, Beck e Johnson7 confirmaram a diminuição dos volumes

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pulmonares por espirometria e cálculos radiográficos, encontrando relações do aumento

do volume cardíaco com a diminuição da CVF e VEF1.

No que concerne aos valores previstos e os encontrados nas provas de função

pulmonar, os autores Olson e colaboradores18

, Meyer e colaboradores 19

e Agostini e

colaboradores20

afirmaram, baseados em seus achados, que pacientes com ICC e

cardiomegalia apresentaram menores valores percentuais previstos para CVI, VEF1 e

PImáx, a despeito de uma relação VEF1/CVI próxima da normal. O padrão obstrutivo não

é tão significativo em pacientes com marcada disfunção cardíaca, apesar de haver alguns

relatos na literatura de também ser possível este padrão na ICC 6,25

.

Algumas contradições encontradas na literatura, a respeito do padrão respiratório ser

restritivo ou obstrutivo, advêm do ponto de vista da fisiopatologia, conforme discutido por

Ulrik e colaboradores6, quando consideraram um aumento irreversível na quantidade de

tecido conectivo nos pulmões levando a um aumento da resistência, redução do volume

pulmonar e espessamento da membrana alvéolo-capilar em pacientes com IC crônica. No

entanto, no que se refere à presença da cardiomegalia, as mudanças causadas por edema

alveolar e/ou intersticial são reversíveis após transplante cardíaco5. Ulrik e colaboradores

6

não incluíram na sua amostra pacientes com cardiomegalia, observando modesta melhora

da CVF e VEF1 pós operatório.

Dimopoulou e colaboradores25

afirmaram que a função respiratória está mais

prejudicada em pacientes com doença severa do que em casos leves a moderados de ICC

que também foi demonstrado por Olson e colaboradores18

. Eles concordaram que a

obstrução ocorre mais frequentemente na descompensação aguda da insuficiência cardíaca

ou após infarto agudo do miocárdio. Hosenpud e colaboradores5 afirmaram que o aumento

da CVF após transplante estava diretamente correlacionado com a diminuição do volume

cardíaco pelo coração implantado (r = 0.83, P< 0.001), concluindo que alteração restritiva,

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e não obstrutiva, pode ser atribuída à redução de volumes pulmonares secundária ao

espaço ocupado pelo coração aumentado.

Desta forma, diversas alterações e anormalidades na função pulmonar têm sido

descritas na literatura em pacientes com ICC, incluindo padrão restritivo, respiração

periódica e respiração de Cheyne-Stokes. Quando se leva em consideração a cronicidade

da insuficiência cardíaca com a presença de cardiomegalia, há evidência de predominância

do padrão restritivo07,15,18,19,20

, da anormalidade do tipo respiração periódica nos casos

moderados de ICC 21,22

e do tipo respiração de Cheyne-Stokes nos casos mais avançados22

da doença.

Mortara e colaboradores22

relacionaram o aumento do volume do coração com a

diminuição do índice cardíaco (L/min/m2), que é medida de eficiência da bomba cardíaca,

e o aumento na pressão capilar pulmonar. Este fenômeno aumenta a congestão pulmonar,

com consequentes alterações da normalidade dos padrões respiratórios.

Dimopoulou e colaboradores25

corroboraram esta afirmação em seus achados, nos

quais menores valores previstos da capacidade inspiratória, estavam relacionados a um

deslocamento do conteúdo gasoso alveolar, manifestado como aumento do líquido

intersticial. Este fenômeno pode levar a alterações na interação cardiopulmonar expressa

pelo aumento do volume capilar pulmonar, que se apresentou como mecanismo

compensatório para manutenção dos níveis de DLCO nos pacientes com ICC 20,22

.

Pinna e colaboradores21

compararam as seguintes variáveis: volume corrente

instantâneo (VCI), respiração periódica e alteração na mecânica respiratória intratorácica e

constataram repercussão na oscilação da saturação de oxigênio (SpO2). Neste estudo, foi

observado que à medida que o VCI aumentava, a SatO2 diminuía em um dado instante,

como reflexo da anormalidade do tipo respiração periódica observada em sua amostra.

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Ainda neste ponto, Mortara e colaboradores22

avaliaram a variável tempo de

circulação pulmão-orelha que representa a análise simultânea do volume pulmonar

instantâneo e SatO2 registrados em um dado intervalo de tempo em segundos. Pacientes

com respiração periódica e respiração de Cheyne-Stokes mostraram uma deficiência

hemodinâmica mais pronunciada, com uma redução significativa do índice cardíaco

(L/min/m2) e um prolongamento do tempo de circulação pulmão-orelha (seg.) comparado

com pacientes com padrão respiratório normal.

Quanto aos achados acima, Puri e colaboradores24

também demonstraram alterações

na oxigenação arterial, através de protocolo de mudanças de decúbito (supino, lateral

direito e esquerdo) sobre a resposta na SatO2 e tensão arterial de oxigênio (PaO2). Foi

observada uma diminuição significante destes parâmetros quanto às posições supino e

lateral esquerda (P<0.01), justificada por uma compressão anatômica maior do coração

sobre o lobo inferior do pulmão esquerdo nestas posturas, com resultante diminuição da

região ventilação-dependente, no momento em que estava recebendo predominantemente

perfusão.

Em relação à fraqueza muscular respiratória, os achados de Meyer e colaboradores19

confirmaram a fraqueza muscular inspiratória, por meio da redução dos valores da PImáx,

nesta população cardiopata, bem como a importância da avaliação deste simples

parâmetro como importante fator de predição de prognóstico e repercussão clínica.

Por fim, vale salientar que os cinco estudos discutidos nesta revisão apresentam

limitações. Estas estão apresentadas na tabela 4, sendo a utilização de amostras pequenas

uma limitação relatada pelos autores Olson e colaboradores18

e Pinna e colaboradores21

.

Por outro lado, no estudo de Meyer e colaboradores19

, o pesquisador usou técnicas padrão

ouro de avaliação da função pulmonar26,27

com um único examinador experiente e cego

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para o estado do paciente (grupo controle ou grupo ICC), o que refletiu no seu alto escore

de qualidade (AHRQ total=90).

CONCLUSÃO

Esta revisão indica que o aumento no tamanho do coração pode levar a significante

restrição sobre os pulmões, resultando na redução dos volumes e fluxos pulmonares. E que

pacientes com ICC e cardiomegalia apresentam menor força muscular inspiratória e

menores valores percentuais previstos para CVI, VEF1, a despeito de uma relação

VEF1/CVI próxima da normal.

Portanto, os estudos sugerem que a cardiomegalia na ICC parece estar envolvida no

processo do padrão respiratório restritivo, com uma redução do volume alveolar que

interfere na difusão de monóxido de carbono e na saturação de oxigênio, provocando

discreta redução destes últimos.

REFERÊNCIAS

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72

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10 Puri S, Baker BL, Oakley CM, Hughes JM, Cleland JG. Increased alveolar/capillary

membrane resistance to gas transfer in patients with chronic heart failure. Br Heart J. 1994;

72:140–144.

11 Little RW, George RB. Serial pulmonary function in patients with acute heart failure. Arch

Intern Med. 1983;143:429–433

12 Faggiano P, Lombardi C, Sorgato A, et al. Pulmonary function tests in patients with

congestive heart failure: effects of medical therapy. Cardiology. 1993;83:30–35

13 Gehlbach BK; Geppert E. The pulmonary manifestations of left heart failure. Chest.

2004;125:669-682.

14. Chua TP, Coats JS. The lung in chronic heart failure. Eur Heart J .1995;16:882-7.

15. Puri S, Baker L, Dutka DP, Oakley CM, Hughes JMB, Cleland JGF. Reduced alveolar-

capillary membrane diffusing capacity in chronic heart failure: its pathophysiological

relevance and relationship to exercise performance. Circulation. 1995;91:2769-74.

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73

16. West S, King V, Carey TS, Lohr KN, McKoy N, Sutton SF, et al. Systems to rate the

strength of scientific evidence, evidence report, technology assessment no. 47. AHRQ

publication no. 02- E016. Rockville, MD: Agency for healthcare research and quality

[periódico on-line] 2002. [citado em abril 2002]. Disponível em: http://

www.thecre.com/pdf/ahrq-system-strength.pdf.

17. Manchikanti L, Singh V, Smith HS, Hirsch JA. Evidence-based medicine, systematic

reviews, and guidelines in interventional pain management: part 4: observational studies. Pain

Physician. 2009; 12 (1):73-108.

18. Olson TP, Beck KC, Johnson JB, Johnson BD. Competition for intrathoracic space

reduces lung capacity in patients with chronic heart failure. Chest. 2006;130;164-171

19. Meyer, F.J.; Borst, M.M, Zugck C, Kirschke A, Schellberg D, Kübler W, et al.

Respiratory muscle dysfunction in congestive heart failure: clinical correlation and prognostic

significance. Circulation. 2001;103;2153-2158.

20. Agostoni P, Cattadori G, Guazzi M, Palermo P, Bussotti M, Marenzi G. Cardiomegaly as

a possible cause of lung dysfunction in patients with heart failure. Am Heart J. 2000;140-24.

21. Pinna GD, Maestri R, Mortara A, La Rovere MT. Cardiorespiratory interactions during

periodic breathing in awake chronic heart failure patients. Am J Physiol Heart Circ Physiol.

2000;278:H932–H941.

22. Mortara A, Sleight P, Pinna G D, Mastri R, Capomolla S, Febo O, et al. Association

between hemodynamic impairment and cheyne-stokes respiration and periodic breathing in

chronic stable congestive heart failure secondary to ischemic or idiopathic dilated

cardiomyopathy. Am J Cardiol. 1999;84:900–904.

23. Guazzi M, Arena R, Guazzi MD. Evolving changes in lung interstitial fluid content after

acute myocardial infarction: mechanisms and pathophysiological correlates. Am J Physiol

Heart Circ Physiol. 2008;294(3):H1357-64.

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74

24. Puri GD, Dutta A, Chinnan NK, Thingnam SKS, Sharma SK, Chari P. Arterial

oxygenation changes in valvular heart disease patients with cardiomegaly in different

recumbent positions. Europ J Anaesthesiol. 2005;22:834-838.

25 Dimopoulou I, Daganou M, Tsintzas OK, Tzelepis GE. Effects of severity of long-

standing congestive heart failure on pulmonary function. Respir Med. 1998;92:1321–1325.

26. Pereira CAC, Sato T, Rodrigues SC. Novos valores de referências para espirometria

forçada em brasileiros adultos de raça branca. J Bras Pneumol. 2007;33(4):397-406.

27. American Thoracic Society; European Respiratory Society. Statement on respiratory

muscle testing. Am J Crit Care Med. 2002;166(4):518-624.

Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos.

Busca inicial (descritores em base de dados)

(PUBMED: 1090; BIREME: 0; ISI Web: 2;

COCHRANE:1)

Filtragem pela leitura resumos e observância

critérios de exclusão + consenso entre examinadores:

PUBMED: 7

Cinco (5) artigos preencheram os critérios da

revisão sistemática (PUBMED)

Filtragem por critérios de inclusão: período de

publicação, população entre outros. (PUBMED: 20)

Filtragem na leitura dos artigos: faixa etária da

amostra, variáveis abordadas em testes de função

pulmonar e alterações relacionadas à cardiomegalia.

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75

Tabela 2:Estudos que avaliaram volumes e fluxos pulmonares relacionando-os com a

cardiomegalia.

NS= Não Significativo; DS= Diferença Significativa; GO= Grupo Observado; GC= Grupo Controle; ICC=

Insuficiência cardíaca crônica; VEF1=Volume expiratório forçado no primeiro segundo; CVI= Capacidade vital

inspiratória; CV = Capacidade Vital; PImáx= Pressão inspiratória máxima; VEF1/CVI= relação; %Pred=

Percentagem Predita.

AUTOR/ANO RESULTADOS VOLUMES E FLUXOS CONCLUSÕES DOS ESTUDOS

Olson et al,

2006

. Volumes cardíacos diferentes

entre todos os grupos ICC x GC (p < 0.001)

. Redução nos volumes

pulmonares (%Pred) como uma função da

severidade da doença (p < 0.001)

. Aumento no tamanho do coração leva a significantes

restrições sobre os pulmões, resultando na redução dos

volumes pulmonares.

. Desempenha um papel no padrão respiratório restritivo

Meyer et

al, 2001

. Redução nos volumes pulmonares (%

Pred. ) para CVI (83.7+15.9; P< 0.001) e

VEF1 (85.9+19.3; P< 0.001)

. Relação VEF1/CVI não foi diferente

(0.79+0.09 versus 0.82+0.07) [NS]

. Pacientes com ICC e cardiomegalia apresentam redução

dos valores % preditos para CVI e VEF1,

. Relação VEF1/CVI próxima da normal.

Agostoni et

al, 2000

. Redução nos valores absolutos e % Pred.

no GO para CV = 2.9 ± 0.8 (73% ± 14);

VEF1= 2.4 ± 0.6 (84% ± 18); DLCO = 20.9

± 6.5 (80% ± 20);

. Relação inversa de VEF1, CV, volume

alveolar e DLCO com o índice cardio-

torácico (r= -0.514, -0.557, -0.522, e -0.475,

respectivamente) [DS]

. Na análise multivariada, índice

cardiotorácico e VEF1 foram preditores

independetes do DLCO. [DS]

. Aumento do Índice cardio-torácico.

. Redução do volume alveolar perturba a difusão de

monóxido de carbono.

. Desempenha um papel no padrão respiratório restritivo.

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76

Tabela 3: Relação dos estudos que avaliaram Anormalidades Respiratórias e Desempenho Muscular

com variáveis hemodinâmicas.

NS= Não Significativo; DS= Diferença Significativa; GO= Grupo Observado; GC= Grupo Controle; ICC=

Insuficiência cardíaca crônica; CVI= Capacidade vital inspiratória; PImáx= Pressão inspiratória máxima;

Pemax= Pressão Expiratória Máxima; FEVE= Fração de ejeção do ventrículo esquerdo; SpO2= Saturação de

oxigênio; VCI= Volume corrente instantâneo; RP= Respiração periódica; RCS= respiração Cheyne-Stokes; FC=

Freqüência cardíaca; PAS= Pressão arterial sistólica; PAD= Pressão arterial diastólica; TCPO= Tempo de

circulação pulmão-orelha - análises simultâneas do volume pulmonar instantâneo e SatO2 registrados.

RESULTADOS ANORMALIDADES

RESPIRATÓRIAS E DESEMPENHO

MUSCULAR

CONCLUSÕES DOS ESTUDOS

Meyer et al,

2001

. Redução da PImax no G.O x GC

(7.6+3.3 versus 10.5+3.7 kPa; P<0.001)

. PEmáx não foi diferente entre os grupos

[NS]

. PImáx foi forte preditor de prognóstico em

modelo univariado correlacionado com a FEVE

(P=0.001)

. Pacientes com ICC e cardiomegalia têm menor

força muscular inspiratória (PImáx);

. Redução da PImáx não tem relação direta com

padrão respiratório restritivo quando corrigido para CVI.

. Redução da PImáx com o agravamento da ICC,

mas não com a diminuição da FEVE.

Pinna et al,

2000

. SatO2 foi altamente coerente com o

VCI (função de coerência = 0.96 +/- 0.009) e ainda

oposta em fase ao VCI [DS].

.Presença ritmo cardiorespiratório generalizado

conduzido por uma oscilação ventilatória do tipo RP.

. Padrão de curvas senóides “em espelho” e

opostas em fase: à medida o VCI aumentava a SatO2

diminuía em um dado instante.

Mortara et

al, 1999

. Presença de típica RCS em 42 e RP em 45

pacientes x 63 respiração normal. [DS]

. Aumento do TCPO nos RCS (28+9 seg) e

RP (32+8 seg) x normais (23+7seg). [DS]

. Redução do índice cardíaco (L/min/m2)

nos RCS e RP x respiração normal (P<0.01).

. Redução na eficiência hemodinâmica na RP e

RCS, por redução significativa do índice cardíaco e

. Prolongamento do TCPO comparado com

pacientes com padrão respiratório normal.

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Tabela 4. Avaliação da qualidade dos estudos observacionais pela escala da Agency for Healthcare

Research and Quality (AHRQ).

Autor

/

Ano

Questão

do

Estudo

População Comparação

de Temas:

Estudos

Observacionais

E

X

P

O

S

I

Ç

Ã

O

D

E

S

F

E

C

H

O

S

E

S

T

A

T

Í

S

T

I

C

A

R

E

S

U

L

T

A

D

O

S

D

I

S

C

U

S

S

Ã

O

A

P

O

I

O

Total

0

|

1

0

0

Olson et al,

2006

2

5

19

11

19

10

7

5

5

78

Meyer et al,

2001

2

5

22

11

20

17

8

5

0

90

Agostoni et

al, 2000

2

8

11

11

15

12

8

5

5

82

Pinna et al,

2000

2

2

8

11

13

10

7

4

0

57

Mortara et

al., 1999

2

2

19

11

14

10

7

4

0

69

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78

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO: “REPERCUSSÕES DA CARDIOMEGALIA NA DISTRIBUIÇÃO DA

VENTILAÇÃO PULMONAR NA CARDIOPATIA CHAGÁSICA CRÔNICA”

Pesquisadores: Professora Armèle Dornelas de Andrade (UFPE) / Professor colaborador

Wilson de Oliveira Jr. (HUOC/UPE) / Aluno de mestrado em Fisioterapia da UFPE João

Danyell Dantas da Silva.

Endereço dos Locais da Pesquisa: Pronto-Socorro Cardiológico de Pernambuco

(PROCAPE), Universidade de Pernambuco - Hospital Universitário Oswaldo Cruz, rua

Arnóbio Marques, 310, bairro de Santo Amaro, Recife-PE.

Laboratório de Fisioterapia Cárdio-respiratória do Departamento de Fisioterapia da

Universidade Federal de Pernambuco, sito à Av. Professor Luiz Freire, s/n. Campus

Universitário, Recife-PE.

Caso não compreenda o conteúdo ou qualquer palavra que há neste termo de consentimento,

pergunte ao investigador ou a equipe que acompanha o estudo, para um melhor

esclarecimento. Ambas as partes receberão uma cópia deste termo de consentimento para seu

registro.

Introdução e Objetivos

O (A) senhor (a) está sendo convidado a participar de um estudo sobre o sistema cárdio-

respiratório, a ser realizado pelo laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar do Departamento

de Fisioterapia da Universidade Federal de Pernambuco em pacientes adultos (maiores de 19

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79

anos), de ambos os sexos, provenientes do ambulatório de Chagas/Insuficiência Cardíaca

Congestiva do HUOC/PROCAPE.

Nesta pesquisa, o sr.(a) será primeiramente entrevistado sobre suas atividades diárias e sobre

sua qualidade de vida. A seguir, serão feitas avaliações iniciais do seu peso, altura e

preenchimento de ficha clínica. Em seguida, o sr. (a) será convidado a realizar manobras

respiratórias em alguns equipamentos portáteis destinados a este fim, não sendo nenhum

destes procedimentos invasivos ou que provoquem dor. Em seguida, o sr. (a) concluirá a

bateria de testes em uma sala com 8 câmeras de filmagem e serão posicionados marcadores

auto-adesivos ao redor de seu tronco em contato com a pele. Um computador irá registrar os

movimentos do seu tórax e abdome respirando normalmente e em tempo real, bem como

durante um teste de resistência respiratória durante alguns minutos. Por fim, o sr.(a) será

convidado a realizar uma caminhada de 6 minutos em um de nossos corredores para

avaliarmos o seu condicionamento físico.

Em qualquer momento que o sr.(a) sentir desconforto ou cansaço a ponto de não conseguir

respirar durante os testes, os mesmos serão interrompidos respeitando os seus limites e serão

monitorados seus sinais vitais, como pressão arterial, batimentos cardíacos e ritmos

respiratório para sua maior segurança. Nesta situação, poderemos agendar um segundo dia de

coleta para concluir sua avaliação, após no mínimo de 24h.

Riscos e Benefícios

Os riscos deste estudo serão mínimos, tendo em vista que o paciente sujeito à pesquisa não

será manipulado, nem seus parâmetros ventilatórios alterados. Os dados serão coletados sem

modificação do procedimento normal adotado nas rotinas ambulatoriais do

PROCAPE/HUOC e com procedimentos de avaliação de rotina na área de Fisioterapia

respiratória bem estabelecidos e padronizados. Vale ressaltar que nosso laboratório tem os

equipamentos necessários para monitorar os sinais vitais do paciente, bem como suporte de

oxigênio e óxido nítrico para dar suporte a possíveis intercorrências, como também está

localizado no Departamento de Fisioterapia, no Campus Universitário da UFPE, onde

também se localiza o Hospital das Clínicas da UFPE para apoio, com acesso próximo e

rápido.

Confidencialidade

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80

As informações obtidas serão tratadas rigorosamente com confidencialidade. Os resultados

desta pesquisa serão divulgados publicamente, entretanto, sua identidade jamais será revelada.

Participação Voluntária/ Retirada

A sua participação é voluntária neste estudo. Você poderá recusar-se a participar ou suspender

sua participação a qualquer momento da pesquisa.

Consentimento do Informante ou do Responsável

Declaro que entendi as informações contidas neste termo, e todas as minhas dúvidas em

relação ao estudo e quanto a minha participação nele foram respondidas satisfatoriamente.

Dou livre o meu consentimento em participar do estudo até que eu decida o contrário.

Assinado este termo de consentimento, concordo em participar desse estudo.

Telefone da Orientadora: (81) 2126-8496;

Telefone do Pesquisador: (81) 3326-6866 / 9928-2453

Telefone do Comitê de Ética: (81) 3183-3775

Assinatura do participante Data: / /

Assinatura da testemunha Data: / /

Assinatura do responsável pelo estudo Data: / /

Impressão digital

DIDatiloscópica

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ANEXO B

Questionário de qualidade de vida

(LIhFE — ―Minnesota Living With Heart Failure Question-naire‖

Sua doença o impediu de viver como

você

gostaria no último mês em decorrência

de:

Não Pouco Muito

1. Inchaço nos tornozelos, pernas, etc.? 0 1 2 3 4 5

2. Necessidade de sentar ou deitar para

descansar durante o dia? 0 1 2 3 4 5

3. Dificuldade para andar ou subir

escadas? 0 1 2 3 4 5

4. Dificuldade para fazer tarefas

domésticas? 0 1 2 3 4 5

5. Dificuldade para ir a lugares longe de

casa? 0 1 2 3 4 5

6. Dificuldade para dormir à noite? 0 1 2 3 4 5

7. Dificuldades no relacionamento com

amigos e familiares? 0 1 2 3 4 5

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82

9. Dificuldades para atividades de lazer,

esportes ou “hobbies”? 0 1 2 3 4 5

10. Dificuldades nas atividades sexuais? 0 1 2 3 4 5

11. Impossibilidade de comer alimentos

dos

quais você gosta?

0 1 2 3 4 5

12. Ocorrência de falta de ar? 0 1 2 3 4 5

13. Presença de fadiga, cansaço ou

adinamia? 0 1 2 3 4 5

14. Necessidade de hospitalização? 0 1 2 3 4 5

15. Gastos com o tratamento? 0 1 2 3 4 5

16. Efeitos colaterais com as medicações? 0 1 2 3 4 5

17. Sensação de que se tornou um peso

para familiares e amigos? 0 1 2 3 4 5

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83

ANEXO C

Questionário Internacional de

Atividade Física – IPAQ

Nome:_______________________________________________________ Data: ______/ _______ / ______ Idade : ______ Sexo: F ( ) M ( ) Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes países ao redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender que tão ativos nós somos em relação à pessoas de outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no jardim. Suas respostas são MUITO importantes. Por favor responda cada questão mesmo que considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!

Para responder as perguntas pense somente nas atividades que você realiza por pelo menos 10 minutos contínuos de cada vez. 1a Em quantos dias da última semana você CAMINHOU por pelo menos 10 minutos contínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer ou como forma de exercício? dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 1b Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou caminhando por dia?

horas: ______ Minutos: _____ 2a. Em quantos dias da última semana, você realizou atividades MODERADAS por

pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal ou no jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR NÃO INCLUA CAMINHADA) dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum

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2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

horas: ______ Minutos: _____ 3a Em quantos dias da última semana, você realizou atividades VIGOROSAS por

pelo menos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua respiração ou

batimentos do coração. dias _____ por SEMANA ( ) Nenhum 3b Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos quanto tempo no total você gastou fazendo essas atividades por dia?

horas: ______ Minutos: _____ Estas últimas questões são sobre o tempo que você permanece sentado todo dia, no trabalho, na escola ou faculdade, em casa e durante seu tempo livre. Isto inclui o tempo sentado estudando, sentado enquanto descansa, fazendo lição de casa visitando um amigo, lendo, sentado ou deitado assistindo TV. Não inclua o tempo gasto sentando durante o transporte em ônibus, trem, metrô ou carro. 4a. Quanto tempo no total você gasta sentado durante um dia de semana? ______horas ____minutos 4b. Quanto tempo no total você gasta sentado durante em um dia de final de semana?

______horas ____minutos PERGUNTA SOMENTE PARA O ESTADO DE SÃO PAULO

5. Você já ouviu falar do Programa Agita São Paulo? ( ) Sim ( ) Não 6.. Você sabe o objetivo do Programa? ( ) Sim ( ) Não

CENTRO COORDENADOR DO IPAQ NO BRASIL– CELAFISCS - INFORMAÇÕES ANÁLISE, CLASSIFICAÇÃO E COMPARAÇÃO DE RESULTADOS NO BRASIL

Tel-Fax: – 011-42298980 ou 42299643. E-mail: [email protected] Home Page: www.celafiscs.com.br IPAQ Internacional: www.ipaq.ki.se

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ANEXO D

Ficha de Avaliação

Projeto: “Repercussão da Cardiomegalia na distribuição regional da ventilação

pulmonar na cardiopatia chagásica crônica.”

IDENTIFICAÇÃO:

DATA:____/____/______

Nome: ______________________________________Idade:_______ Sexo: _________

Telefone: __________________________Email: ______________________________

Endereço: _____________________________________________________________

AVALIAÇÃO:

História Clínica / Medicamentos: ___________________________________________

______________________________________________________________________

Exame Físico:

Peso Altura IMC PA FC FR SpO2

x

Espirometria:

Espirometria

Forçada

VEF1 CVF PFE VEF1% F2575 VVM Idade

Pulmonar

Medido

%

Predito

Espirometria

Relaxada

CVE CI VRI VC VT VRE FR TI TE

Medido

Pressão Máxima

1ª Medida 2ª Medida 3ª Medida 4ª Medida 5º Medida

Inspiratória PI

Expiratória PE

Arquivo OEP:

Coleta Arquivo / Observações

Respiração Tranqüila

PI

PE

Threshold Carga ( )

Threshold Carga ( )

Threshold Carga ( )

Threshold Carga ( )

Threshold Carga ( )

Threshold Carga ( )

Threshold Carga ( )