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Acrónimos e Siglas

ANBA – Academia Nacional de Belas Artes.

APJL – Arquivo Pessoal de Joaquim Lopes.

BACAG – Boletim da Associação Cultural dos Amigos de Gaia.

BNP – Biblioteca Nacional de Portugal.

C-MTL/GDM – Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo.

CDFAUP – Centro de Documentação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do

Porto.

CGDVC – Caixa Geral de Depósitos de Viana do Castelo.

CP-MA – Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça.

EBAP – Escola de Belas Artes do Porto (ou Academia de Belas Artes do Porto 1836-

1950).

EDIPM – Escola de Desenho Industrial Passos Manuel.

ESBAP – Escola Superior de Belas Artes do Porto (1950-1992).

FAUP – Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

FBAUP – Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto.

FCG – Fundação Calouste Gulbenkian.

FIMS – Fundação Instituto Marques da Silva.

FLUP – Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

LACGEBAP – Livro das Atas de Conferências Gerais da Escola de Belas Artes do

Porto.

LMAA – Livros de Matrícula nas Aulas da Academia.

MAB – Museu do Abade de Baçal.

MEF – Missões Estéticas de Férias.

MGV – Museu Grão Vasco.

MJM – Museu José Malhoa.

MMEHPV – Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim.

MNSR – Museu Nacional Soares dos Reis.

MQS – Museu da Quinta de Santiago.

PA – Processo de Aluno.

SNBA – Sociedade Nacional de Belas Artes.

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Agradecimentos

O sucesso de um trabalho de investigação tem sempre como base o cruzamento

feliz de notícias, de informações e, mesmo, de pessoas. Os encontros físicos ou virtuais

permitem, frequentemente, aproximar obras que estão distantes e emanar luz sobre

dados pouco claros. Estas interceções, mais ou menos casuais, mais ou menos

planeadas, afiguram-se, muitas vezes, como alavancas do trabalho, fatores de impulso e

de motivação, sobretudo nos momentos em que a pesquisa não dá frutos ou o projeto

parece perder o seu sentido.

Deste modo, tornou-se imperioso dedicar um espaço desta dissertação ao

reconhecimento do apoio prestado por algumas das pessoas com quem contactei e que

de certo modo ajudaram na progressão e, por vezes, na própria definição dos rumos e

dos caminhos deste trabalho de investigação. Os parágrafos seguintes registam os meus

agradecimentos de caráter mais pessoal e os de fação mais institucional, ainda que,

repetidamente, as esferas informal e formal se tenham fundido. No entanto, é importante

sublinhar que por detrás de cada instituição há vários nomes e identidades que, não

sendo aqui mencionados, constituíram elementos chave para permitir que eu chegasse à

pessoa indicada para dar resposta ao meu pedido ou necessidade. A não referência

destes elementos cruciais deve-se a não ter conseguido obter a sua identificação. Em

todo o caso, espero que esta explicação deixe espaço para o seu reconhecimento, pois na

minha memória de investigação não estão esquecidos.

Ainda antes de dedicar algumas palavras a quem auxiliou na construção deste

projeto, deixo um agradecimento geral à Faculdade de Letras da Universidade do Porto

(FLUP) e, particularmente, ao Mestrado em História da Arte Portuguesa e ao seu corpo

docente pela possibilidade que me concederam de desenvolver um trabalho que une o

prazer intelectual da investigação científica à ligação emotiva com o tema e a uma

realização pessoal que encontra neste texto escrito a sua concretização plena.

Agradecimentos Pessoais

Agradeço…

Ao Professor Doutor Luís Casimiro, orientador desta dissertação de mestrado, por ter

aceite este projeto – exterior ao seu campo de investigação – e que, por isso, se

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apresentou como um Desafio. Obrigada pelo Acolhimento. Obrigada pelas Palavras.

Obrigada por Acreditar.

À Professora Doutora Lúcia Rosas, docente da unidade curricular de Seminário de

Projeto I, primeira entusiasta deste empreendimento, por ter sido ouvinte e pelas

indicações preciosas que serviram de rampa de lançamento para toda a investigação.

Obrigada pela Sinceridade. Obrigada pela Honestidade.

À Professora Doutora Maria Clara Paulino, docente da unidade curricular de Seminário

de Projeto II, pelos desafios colocados. Obrigada pelas Questões e não só pelas

Respostas.

À Professora Doutora Leonor Soares por todos os ensinamentos prestados no 1º Ciclo

de Estudos em História da Arte e no 2º Ciclo de Estudos em História da Arte Portuguesa

tão valiosos para a minha maturação enquanto aspirante a investigadora. Obrigada pela

Disponibilidade. Obrigada pelos (Sor)risos.

À Dra. Natália Fauvrelle, coordenadora dos Serviços de Museologia do Museu do

Douro e coordenadora do catálogo sobre o pintor Joaquim Lopes publicado por esta

instituição, pela ponte estabelecida entre mim e a família de Joaquim Lopes. Obrigada

pela Generosidade. Obrigada pela Partilha.

À D. Hélia Lopes Guedes, ao Sr. José Borges Guedes e restante família pela abertura

das portas de casa e do arquivo pessoal de Joaquim Lopes, sem o qual este trabalho

teria, necessariamente, uma outra forma. Obrigada pela Hospitalidade. Obrigada pelo

Ânimo. Obrigada pelas Conversas.

Ao Solar Condes de Resende, em particular na pessoa do seu Diretor, Dr. Joaquim

António Gonçalves Guimarães, por apoiar este projeto e por compartilhar informações e

saberes. Obrigada pelo Interesse.

Ao Artur Vasconcelos, doutorando em História da Arte Portuguesa (FLUP), pela

facultação de novos dados que abriram novas perspetivas para este projeto de

investigação. Obrigada pela Camaradagem.

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À Joana Brito pela simpatia com que respondeu a todos os pedidos. Obrigada pela

Doçura.

Aos Pais por alimentarem este que foi um Sonho. Obrigada pelo(s) Incentivo(s).

Ao Márcio por estar Sempre! Obrigada por Seres-me.

Agradecimentos Institucionais

Agradeço…

Ao Arquivo da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), na pessoa

da Dra. Isabel Barroso.

Ao Museu da FBAUP, na pessoa da Dra. Cláudia Garradas.

À Fundação Instituto Marques da Silva (FIMS), na pessoa da Dra. Paula Abrunhosa.

Ao Palácio da Bolsa/Associação Comercial do Porto, na pessoa da Dra. Filipa Guedes.

À C-MTL/GDM, na pessoa da Dra. Raquel de Martino.

Ao Museu Nacional Soares dos Reis (MNSR), na pessoa da Dra. Elisa Soares.

À Divisão de Documentação Fotográfica do Instituto dos Museus e da Conservação, na

pessoa da D. Tânia Olim.

À Fundação Caixa Geral de Depósitos-Culturgest, na pessoa da Dra. Isabel Corte-Real.

À Área de Reproduções da Biblioteca Nacional de Portugal, na pessoa da Dra. Ana

Sabido.

Ao Museu Municipal Santos Rocha, na pessoa da Dra. Ana Paula Cardoso.

Ao Museu de Artes Decorativas de Viana do Castelo, na pessoa da Dra. Suzana Branco.

Ao MMEHPV, na pessoa da sua Diretora Dra. Deolinda Carneiro.

Ao Dr. Francisco Nepomuceno, responsável pelo Projeto Domus Ivstitiae.

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À FAUP, na pessoa da Dra. Teresa Godinho.

Ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, na pessoa da Dra. Cláudia Cerqueira.

Ao Museu Municipal de Ovar, na pessoa do Dr. Ricardo Nunes.

Ao Museu da Cidade de Lisboa, na pessoa da Dra. Lurdes Garcia.

À Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça (CP-MA), na pessoa do Dr. Nuno Prates.

À Reitoria da Universidade do Porto, na pessoa do Dr. Manuel Janeira.

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Reflexão Prévia

«Pode olhar-se inocentemente para um pintor depois de ter visto toda a sua obra e, sobretudo, depois de

ter lido as dezenas de textos sobre ele publicados?»1

A presente reflexão antecipa-se a qualquer introdução ou explicação do trabalho

que se segue e, por isso, afigura-se como preliminar. A citação que introduz este

balanço inicial reflete o sentimento que resta após meses de investigação e que se afirma

aquando da escrita do trabalho, aquando do cruzamento de dados, aquando do processo

de seleção de informação, onde tanto ficará por dizer. Saber dominar este sentimento,

acalmá-lo e superá-lo é, provavelmente, a única forma de não permitir que ele bloqueie

ou impeça o desenvolvimento harmonioso das ideias e das frases. Aceitar que muitos

elementos irão ser postos de parte e um sem número de conclusões serão adiadas. Esta

consciência levou-me a projetar esta dissertação como um caminho definido pelas

questões pontualmente esboçadas. Um percurso de indagação capaz de suscitar

curiosidade intelectual sobre uma obra em aberto, com inúmeros campos de

investigação possíveis.

Ao longo de um ano e seis meses de investigação, considero que li muito sobre

Joaquim Lopes. Contactei com artigos mais e menos eruditos. Comprovei a diversidade

do trabalho do pintor. Tive acesso a uma multiplicidade de fontes. Aquilo que me

absorve até este momento são, efetivamente, perguntas. Questões em torno da sua obra.

Do seu percurso. Esta pesquisa – sobre o trabalho de um pintor – fez-me refletir, ainda

mais profundamente, sobre como posso eu classificar ou definir a obra de alguém.

Como posso eu justificar este ou aquele aspeto para o qual, frequentemente, nem o

próprio artista tem explicação. Tais ponderações não foram impeditivas da

concretização de uma investigação sólida e consistente. As dúvidas constituíram um

meio de evolução deste projeto e penso que poderão contribuir para uma renovação na

forma de olhar a obra e o exercício da sua análise.

A angústia – patente na escrita de um trabalho desta dimensão – é simultânea ao

desejo de tentar avançar, um pouco mais, naquilo que se conhece. Um desejo constante

que atravessa todas as etapas do projeto. Um desejo que é, acima de tudo, um desejo de

partilha.

1 CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da

Moeda, 1999, p. 9. ISBN 972-27-0981-X.

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Introdução

Introdução: ponto a ponto.

Desde setembro de 2010 até este momento, o projeto sobre o pintor Joaquim

Lopes foi conhecendo diferentes formas, à medida que a pesquisa progredia e novas

perspetivas de abordagem da problemática surgiam. Estes ajustes e adaptações

confirmaram algo que foi claro logo a partir das primeiras leituras efetuadas sobre o

tema e que se relaciona com a riqueza do objeto de estudo em questão. O facto de haver

poucos estudos dedicados a Joaquim Lopes faz com que quem parta para a sua análise

se situe, em várias circunstâncias, num terreno algo virgem, onde a liberdade de

investigação se alia a uma certa insegurança dada a escassez de bases ou alicerces. Nos

subpontos seguintes, procurarei expor aquela que foi a minha linha de pensamento ao

longo da investigação, justificando os avanços e os recuos nas opções metodológicas.

Apresentação do Projeto

O tema central deste projeto foi – e manteve-se ao longo de toda a investigação

como uma constante – o trabalho do pintor Joaquim Lopes. Naturalmente que as

primeiras pesquisas bastaram para compreender que o tempo disponível não era

suficiente para tratar globalmente a atividade do pintor. Uma abordagem tão ampla

acabaria por não conseguir tratar com a devida profundidade cada etapa da vida do

artista e cada uma das funções profissionais que ele exerceu. Além disso, este projeto

teve sempre como pressuposto assumir-se como um objeto de debate e discussão e não

como um repositório de dados recolhidos sem função e finalidade aparentes.

Assim, defini como meta da minha investigação propor um novo olhar, ou

mesmo, um primeiro olhar aprofundado sobre a obra deste artista, demonstrando a

diversidade de linguagens passíveis de serem encontradas nos seus trabalhos. O facto de

Portugal não ter seguido os mesmos ritmos e lógicas da pintura europeia no despontar

do século XX faz com que seja necessário adequar as interpretações da pintura

portuguesa desta época a essa realidade e, inclusive, criar uma terminologia própria,

adequada ao contexto nacional.2 A tese deste trabalho pretende, então, demonstrar –

2 Esta última observação não constituiu uma finalidade deste projeto. No entanto, espero que este trabalho

possa servir de mote a outras investigações que se debrucem sobre a pintura deste período, com o objetivo

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através de uma série de recursos – a riqueza plástica da obra de Joaquim Lopes,

conseguida através da apreensão e da fusão de uma diversidade de influências que o

artista soube gerir de uma forma muito pessoal.

Paralelamente às questões e à linha mais indagadora deste projeto, ele

apresentará em espaços bem definidos elementos condensadores de informação que

permitirão orientar o leitor que pretenda ficar com uma visão mais objetiva e sintética,

por exemplo, das exposições em que Joaquim Lopes participou ou dos

museus/instituições que possuem obras deste artista. A preocupação na sistematização

de dados foi transversal a todo o projeto, e acredito que um objetivo bem sucedido, que

permitirá que, daqui em diante, um investigador que deseje trabalhar este pintor possa já

debruçar-se sobre um aspeto da sua obra, uma vez que já tem acesso a uma visão de

conjunto e, acima de tudo, já possui uma perceção das fontes e dos locais que lhe

podem vir a ser úteis para a sua pesquisa.

Estado da Arte

A exposição do estado da arte, relativamente a este estudo, ocupou alguns dos

primeiros meses desta investigação e ficará, de certo modo, patente ao longo deste

trabalho. Ao expor algum do material consultado e utilizado na preparação e construção

desta dissertação, o leitor ficará familiarizado com aquilo que, até ao momento, já foi

escrito sobre o pintor Joaquim Lopes, seja em notícias de jornal da época, seja em

reflexões mais recentes. Porém, importa sublinhar uma ideia já adiantada nesta

introdução e que se prende com a escassez de estudos inteiramente dedicados a este

artista. Aliás, o único trabalho que se debruçou exclusivamente sobre a figura deste

pintor foi, efetivamente, o catálogo intitulado Mestre Joaquim Lopes, publicado em

2009 pelo Museu do Douro.3 Esta escassez relevou a pertinência de um estudo

atualizado e profundo sobre o artista, reunindo informações que permitiram criar uma

base de dados sólida para futuras investigações.

O estado da arte constituiu uma etapa importante do processo de pesquisa,

principalmente pelas questões que a bibliografia levantou e pelas linhas de investigação

que se abriram. As consultas bibliográficas tiveram necessariamente de se expandir para

de promover olhares renovados sobre artistas igualmente pouco estudados e, talvez, igualmente presos em

descrições secas e mudas, face à riqueza plástica dos seus trabalhos. 3 MESTRE Joaquim Lopes. [Catálogo]. Peso da Régua: Fundação Museu do Douro, 2009.

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além da figura de Joaquim Lopes, atentando no contexto nacional e internacional em

que o pintor viveu, e trabalhando de perto com documentação da época, nomeadamente

jornais e revistas que noticiavam exposições e outras iniciativas que envolviam o artista.

Este contacto com fontes diversificadas constituiu uma característica transversal a toda

a investigação e estará patente no tipo de material de que farei uso no decorrer desta

dissertação.

Metodologia(s) e Fontes Consultadas

Tal como já foi apresentado, a investigação partiu de um levantamento

bibliográfico que se revelou insipiente no respeitante à figura do pintor, salvo algumas

exceções que serviram de ponto de partida para a definição do plano de trabalho. Desta

maneira, a consulta bibliográfica inicial – tal como a que foi constante a todo o processo

de investigação – procurou conhecer aquilo que já tinha sido escrito sobre Joaquim

Lopes, mas também aquilo que o próprio escreveu. Além disso, foram feitas leituras de

apoio relacionadas com os movimentos artísticos do despontar do século XX, a nível

nacional e internacional. Os estudos sobre teoria/análise da imagem foram também

fulcrais para a concretização dos objetivos a que me propus, uma vez que a

decomposição da obra será uma vertente importante deste trabalho.4

O passo seguinte prendeu-se com a definição das bibliotecas e arquivos a

consultar. A Biblioteca Central da FLUP e a Biblioteca do Departamento de Ciências e

Técnicas do Património (FLUP) constituíram os primeiros locais onde a investigação

decorreu, em pesquisas de bibliografia mais generalizada. A partir destas, pude partir

para a consulta de bibliotecas e arquivos mais específicos, numa investigação já mais

direcionada e próxima da problemática tratada neste projeto, pelo que vale a pena

partilhar de que bibliotecas e arquivos se trata e, sobretudo, o que foi possível colher de

alguns deles.

Algumas das bibliotecas e arquivos consultados para a recolha de dados

especificamente ligados a Joaquim Lopes foram:

Fundo Local e Regional da Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia.

4 A propósito da «decomposição da obra», vale a pena mencionar que nesta dissertação a leitura das

pinturas será sempre feita a partir da perspetiva do observador. Logo, quando me referir, por exemplo, aos

campos esquerdo ou direito de um quadro, tomo por base o ponto de vista do observador.

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Arquivo e Biblioteca da FBAUP.

Biblioteca do MNSR.

Arquivo Pessoal de Joaquim Lopes (APJL), em posse da Família.

No arquivo da FBAUP, é possível consultar o processo de Joaquim Lopes,

enquanto aluno e professor da instituição. No arquivo pessoal do pintor, em posse da

sua família, é possível tomar contacto com uma pluralidade de documentos que não

consegui consultar na totalidade. Neste sentido, vale a pena demorar-me na análise do

conteúdo deste arquivo, uma vez que as opções metodológicas estiveram mais presentes

nesta etapa do processo de investigação. Se até aqui o levantamento bibliográfico e

documental não me tinha obrigado a fazer qualquer seleção e, logo a tomar qualquer

opção, ao deparar-me com um arquivo tão vasto, foi necessário adequar a consulta deste

acervo ao tempo disponível para a investigação e à finalidade do projeto.

O ponto de partida para esta pesquisa foi a consulta de periódicos com

artigos/notícias sobre Joaquim Lopes, com artigos escritos pelo artista e, ainda, outros

jornais guardados pelo pintor, porque o seu conteúdo lhe suscitara algum interesse.5 Fiz

um registo de todas as notícias consultadas com o objetivo de, assim, criar uma base de

dados sobre o que foi dito sobre Joaquim Lopes nos jornais entre as décadas de dez e

cinquenta do século XX. A correspondência assumiu-se como um núcleo atrativo, mas

impossível de incluir na minha investigação, dado o tempo disponível para a mesma. De

qualquer forma, tive a oportunidade de contactar e auxiliar na construção da lista que

regista a identidade de cada uma das pessoas que se correspondeu com Joaquim Lopes e

de quem a família preserva as cartas. Tal já me permitiu ter uma panorâmica da

diversidade de contactos que o pintor teve com figuras das mais diversas áreas de

atividade e com funções sociais bastante distintas.

Outra documentação importante diz respeito aos catálogos das exposições onde

Joaquim Lopes participou, e que a família conserva. Através destes catálogos foi

possível não só listar as exposições onde a obra do pintor esteve presente – construindo,

mais uma vez, uma tabela que funcionará como base de dados –, mas também

conseguir, em alguns casos, apurar qual/quais a(s) técnica(s) da(s) obra(s) do pintor

presente(s) em cada exposição. Isto permite ter uma noção das presenças mais

5 A citação de notícias e artigos em jornais ou outros periódicos seguiu as normas propostas em REIS,

Felipa Lopes dos – Como elaborar uma dissertação de Mestrado segundo Bolonha. Lisboa: PACTOR,

2010, p. 124. ISBN 978-989-693-000-4.

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frequentes do pintor com quadros a óleo ou com desenhos, servindo, mais uma vez, de

indicador passível de ser útil para futuros estudos que não consigam aceder a alguns

destes catálogos de exposições.

Durante esta etapa da investigação, tive ainda acesso a alguma bibliografia

produzida por Joaquim Lopes e que veio completar aquela que eu já tinha reunido em

outras etapas da pesquisa. Para além destes elementos, tive a possibilidade de enriquecer

o meu trabalho e alimentar o meu processo de investigação através do contacto com os

álbuns de fotografias do artista e de alguns dos seus objetos pessoais, sobretudo ligados

à sua atividade como pintor.

O arquivo pessoal de Joaquim Lopes constitui a fonte principal deste trabalho,

uma vez que aí consegui encontrar uma multiplicidade de documentos relacionados com

o artista, sendo que alguns deles foram preservados e guardados pelo próprio. Deste

modo, foquei a minha atenção na sua consulta, tentando extrair daí o máximo de dados

e informações. Neste sentido, o levantamento e a recolha da obra plástica do pintor,

propriamente dita, foi sendo realizada através da pesquisa via Internet e da consulta de

catálogos de obras online. Assim, o contacto com museus detentores de trabalhos do

artista não foi uma prioridade. Primeiramente, acredito que as obras em posse de

museus constituem objetos de estudo para as próprias instituições em questão, pelo que

a sua divulgação é também da responsabilidade destes organismos. Logo, procurei

privilegiar obras menos conhecidas em posse de instituições que não estão diretamente

ligadas à área cultural, trabalhos disponíveis em leiloeiras e pinturas pertencentes a

coleções particulares.

Porém, procurei fazer um levantamento das obras existentes em cada museu para

dar resposta ao objetivo de criar uma base de dados em relação às instituições detentoras

de trabalhos do pintor. Sempre que possível, aos dados técnicos sobre a obra agreguei

um registo visual do(s) trabalho(s) em questão. No que diz respeito aos contactos

diretos com as obras, efetuei os que eram viáveis. Vale ainda a pena mencionar que

durante a consulta do arquivo pessoal do pintor, houve a oportunidade de semanalmente

contactar com as obras do artista em posse da sua família. Esta experiência foi deveras

enriquecedora e superou a deslocação a qualquer museu. Esta possibilidade constituiu

uma mais-valia para o trabalho e devo-a à disponibilidade da família do pintor.

A pesquisa através da Internet é o último recurso abordado, sendo que se

assumiu como uma constante no projeto e algo de transversal na investigação. Para além

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dos catálogos online de leiloeiras, consegui aceder a vários catálogos online de

alfarrabistas, o que me permitiu contactar com uma outra vertente do trabalho do artista,

a qual diz respeito à ilustração de livros. A pesquisa online foi fundamental para

aprofundar o conhecimento sobre esta faceta da sua atividade, bem como para tomar

contacto com estas mesmas ilustrações.

Título da dissertação

As palavras que servem de título a este trabalho – Joaquim Lopes. Questões de

estilo em torno da obra do pintor. – merecem uma explicação em particular, pelo

significado que comportam. O título da dissertação pretende reforçar a perspetiva de

problematização – transversal a todo o projeto – e sensibilizar o leitor para as perguntas

que irão pontuar o texto. Além disso, introduz o conceito de «estilo» que deve ser

contextualizado e esclarecido à luz deste trabalho. O termo empregue acarreta

pressupostos que não se adequarão na totalidade ao âmbito desta dissertação. A noção

de «estilo» nem sempre é bem aceite no domínio da História da Arte, pelo que deve

ficar bem explícita a finalidade com que é utilizada. Neste sentido, e para clarificar o

modo como este conceito vai ser abordado nas páginas deste trabalho, citarei uma

passagem da autoria de Laurent Gervereau que define a forma como entendo e aplicarei

o termo «estilo» nesta dissertação – «A análise estilística […] continua a ser

indispensável. […] antes de se associar o ícone à produção de outros criadores […],

devem interrogar-se os constituintes plásticos específicos do objecto de análise.»6 –.

O «estilo» situa-se, então, nas características dos constituintes plásticos

específicos de uma obra e, de certa maneira, de um artista. O «estilo» – nesta linha de

pensamento – não é mais do que o modo como cada um explora as soluções plásticas

que conhece, que aprende, que domina. É a forma como, por exemplo, um pintor

interioriza informação e é capaz de, posteriormente, a materializar de uma maneira que

será sempre individual, por mais integrado que ele esteja num movimento. São questões

de «estilo», como poderiam ser questões plásticas. Questões, no fundo, em torno da

matéria que compõe um quadro ou um painel. De um modo mais livre do que canónico,

a noção de «estilo», no contexto deste trabalho, não deve ser vista senão como uma

palavra que reúne em si a cor, a linha e a forma que compõem uma qualquer pintura.

6 GERVEREAU, Laurent – Ver, Compreender, Analisar as imagens. Lisboa: Edições 70, fevereiro de

2007, pp. 50 e 51.

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Estrutura do Trabalho

A organização interna da presente dissertação encontrou alguma inspiração no

estudo de Laura Castro intitulado Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental.7 O

trabalho citado constituiu, de resto, no contexto deste projeto, uma matriz e uma

referência constantes, não só por acreditar que ele partilha alguns pressupostos com o

meu plano de investigação, como também por apresentar uma estrutura e uma lógica, no

encadeamento das ideias, que me atraiu verdadeiramente. Neste sentido, o trabalho de

Laura Castro serviu como alicerce, num projeto onde as bases eram escassas e, por isso,

fez por as encontrar em textos menos óbvios, porque não diretamente relacionados com

o tema principal. Todavia, a linha cronológica que Laura Castro segue no índice do seu

estudo não será, exatamente, aquela que aplicarei na arrumação de conteúdos do meu

trabalho. Não que não siga, igualmente, uma perspetiva de evolução cronológica, mas

julgo que esta não poderá ser tão metódica e sistemática.

Tendo em conta as ideias expostas anteriormente, dividi a minha dissertação em

seis capítulos principais que seguidamente apresento.

1 – Ao encontro de Joaquim Lopes.

2 – O «estraga papel».

3 – Academia: Formação ou Deformação?

4 – Joaquim Lopes: Um Pintor sem Estilo?

5 – A Tela Escrita.

6 – Produção Artística de Joaquim Lopes.

Experimentalismo e Afirmação/Afirmação e Experimentalismo.

O primeiro capítulo deste trabalho tem como objetivo uma apresentação de

Joaquim Lopes, aproximando o leitor à sua obra. No fundo, este será um capítulo breve

que procura, essencialmente, debruçar-se mais sobre o trabalho do pintor e sobre as

questões que nortearam a investigação. Os segundo e terceiro capítulos pretendem já dar

a conhecer aquele que foi o percurso inicial do pintor, olhando um pouco as suas

origens e, de forma mais demorada e analítica, a sua passagem enquanto aluno, pela

Escola de Belas Artes do Porto (EBAP). Este último ponto, desenvolvido no terceiro

capítulo, será uma etapa de grande importância, uma vez que a formação académica do

7 CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental.

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artista é um aspeto amplamente sublinhado e abordado em alguns dos trabalhos

consultados. Daí que tenha optado por conferir ao título do capítulo o tom de uma

questão, uma vez que este será um espaço para observar a prestação de Joaquim Lopes

como estudante, mas também para debater a influência dos ensinamentos recebidos na

determinação do(s) rumo(s) e do(s) caminho(s) da sua obra.

No quarto capítulo procurarei dar resposta ou, mais concretamente, proporei

respostas para a problemática que serviu de base a este projeto. Neste ponto, o leitor

será convidado a distanciar-se um pouco daquilo que foi o percurso do pintor –

interrompendo-o na altura em que este conclui a sua formação académica – para ficar a

conhecer alguns dados sobre o contexto, nomeadamente artístico, nacional e

internacional. Apesar de, nesta etapa da dissertação, o leitor ainda não estar

familiarizado com a obra do pintor, acredito ser o momento ideal para introduzir

algumas noções acerca do ambiente artístico do país e além fronteiras. Estes princípios

– em torno das circunstâncias artísticas no despontar do século XX português e europeu

– irão ser cruzados com palavras do próprio Joaquim Lopes, quando este debatia as

questões da função da arte e como esta deveria ser estilisticamente. Neste momento,

poderei conduzir o leitor para cronologias mais distanciadas do que aquelas em que foi

deixado, isto é, quando o pintor conclui os seus estudos na EBAP. Porém, a

sistematização do seu percurso será disponibilizada em quadros cronológicos em anexo

que servirão justamente para orientar a leitura. Todavia, não deixarei de, textualmente,

no decorrer do corpus desta dissertação, fazer um percurso pelas diferentes atividades

que o artista vai exercendo.

O quinto capítulo será dedicado à apresentação da atividade de Joaquim Lopes,

para lá das suas ocupações como pintor. Sem aprofundar todas as iniciativas em que o

artista se envolveu, neste ponto procurarei exaltar algumas das funções assumidas pelo

pintor, nomeadamente como professor, conferencista e autor de monografias e artigos.

Para completar as informações avançadas neste capítulo, em anexo figurará uma

listagem de dados que sintetiza alguns desses feitos. O objetivo deste ponto é o de

demonstrar como Joaquim Lopes foi um dinamizador cultural, não só através da sua

pintura, mas também através das suas palavras. Assim, os seus contributos para o meio

artístico nacional foram plurais e transversais – tanto numa perspetiva prática, como

teórica – e, por isso, merecem ser conhecidos.

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O capítulo seis refletirá um conjunto de conceções alcançadas ao longo dos

pontos que o antecedem. Neste sentido, tenderá a ser um capítulo menos questionador e,

talvez, de mais descoberta. Um espaço mais visual, mas não tanto analítico. Nesta etapa,

pretendo expor a diversidade da obra de Joaquim Lopes. A multiplicidade de técnicas (e

estéticas) que ele pôs em prática nos seus exercícios plásticos será comprovada através

da subdivisão deste capítulo em técnicas artísticas, apresentando para cada uma delas

exemplos dos trabalhos que o pintor realizou. Além disso, este espaço da dissertação

servirá para apresentar alguns dados e algumas ligações que foram apurados com esta

investigação e que irão permitir avançar no conhecimento de algumas das peças

artísticas exibidas. Naturalmente que o desenvolvimento destes capítulos redundará

numa conclusão final que, neste caso particular, não deixará de ter o seu caráter

inconclusivo. Um projeto que assentou em questões e encontrou nestas o seu

pressuposto e a sua principal razão e justificação, não poderia apresentar senão

Conclusões, Conquistas e Caminhos. O dossier complementar e anexo ao corpus desta

dissertação ostentará um sumário próprio e individual que explicará a organização

interna desse volume.

Difusão de Resultados

A inclusão deste último item na abertura deste trabalho deve-se ao facto de

julgar fundamental expor os resultados práticos que esta investigação teve e poderá vir a

ter. Ao longo desta introdução, repetidamente referi a ideia deste projeto se apresentar

como um ponto de partida. Também neste sentido mencionei, frequentemente, a ideia

desta dissertação servir, em certa medida, como uma base de dados, capaz de orientar

quem futuramente deseje debruçar-se sobre o trabalho do pintor Joaquim Lopes, mas já

focado num aspeto da sua atividade. O ecoar da expressão «base de dados» foi

premeditado e justifica-se por, efetivamente, ter procurado com perseverança e

empenho cumprir esta finalidade do projeto que se prende, de certo modo, com este

ponto ligado à difusão de resultados. A sistematização de dados relacionados com a

vida e sobretudo com a obra do artista serão um exemplo da difusão de alguns dos

resultados objetivos da pesquisa levada a cabo.

Paralelamente a alguns quadros que pretenderão organizar informações

relacionadas com o percurso de vida do pintor e da obra produzida, há ainda um desejo

de apresentar visualmente um número considerável de trabalhos do artista. Muitas das

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suas obras ainda não estão acessíveis online e, por isso, a construção de um dossier em

forma de catálogo visual poderá ser bastante útil para suscitar o interesse do leitor por

alguns dos trabalhos do pintor e por algumas das técnicas plásticas que este

experimentou. Outro aspeto fundamental na divulgação das conclusões deste estudo

será a da partilha das fontes primárias consultadas, nomeadamente dos periódicos.

Acredito que esta vertente revelar-se-á de grande importância, pois orientará pesquisas

futuras que, de outro modo, apenas conseguiriam definir as suas consultas a partir do

arquivo pessoal do pintor.

Assim, através deste levantamento de fontes, o investigador poderá selecionar os

documentos a analisar consoante os seus interesses, sem necessitar de fazer uma

pesquisa integral de cada periódico durante uma cronologia extensa. Algumas destas

pesquisas consistiram, precisamente, na consulta de alguns periódicos, respeitantes a

vários anos, para assim tentar encontrar referências a Joaquim Lopes. Periódicos como o

Boletim da Associação Cultural dos Amigos de Gaia ou O Tripeiro são casos

ilustrativos desta circunstância, assim como a Ocidente, Revista Portuguesa. Neste

último caso, foram consultados os fascículos desta revista desde o ano da sua primeira

edição (1938) até ao ano de 1957 (um ano após a morte de Joaquim Lopes).

* * *

Para lá do exercício intelectual, o presente projeto procurou nunca perder de

vista a sua utilidade. O tempo e a extensão de páginas disponíveis não poderiam esgotar

o tema, nem a investigação deve, no meu entender, ter como fim esgotar um assunto. As

problemáticas recuperam-se com olhares renovados e ávidos de descobrir algo novo,

mesmo em objetos que parecem já não poder guardar quaisquer segredos. Com este

trabalho, espero partilhar o ânimo que acalentou esta investigação e o entusiasmo que

acompanha a escrita destas palavras que se vão organizando em ritmos mais ou menos

harmoniosos, mas desejosos de encontrar o seu próprio sentido. Encarei todas as leituras

e consultas como viagens. Por isso, apresento esta dissertação como um percurso pelos

percursos de Joaquim Lopes. Um caminho percorrido pelo simples gosto de caminhar.

24

1 - Ao encontro de Joaquim Lopes.

«O tema é que nos sugere a técnica a empregar.»8

Joaquim Lopes

Diário do Norte, 1955

Joaquim Lopes fez pintura histórica e mitológica. Coloriu os costumes em telas

de romarias e de festas tradicionais. Pintou paisagens e marinhas. Esboçou retratos e

desenhou inúmeras figuras humanas. Experimentou temáticas sacras. Delineou,

esporadicamente, motivos florais. Do espólio visual que reuni do pintor, apenas não

descobri qualquer natureza-morta. Facto curioso numa atividade artística que parece ter-

se definido pela exploração transversal de temáticas fazendo, igualmente, uso de

diversos recursos técnicos. Talvez a natureza-morta não tenha inspirado o pintor. Talvez

ainda haja alguma natureza-morta do artista por conhecer.

Por vezes, são cenários como estes que despertam a curiosidade e que poderão,

inclusive, não trazer dados novos para o conhecimento do pintor. Em todo o caso,

reflexões como as anteriormente partilhadas nascem da pesquisa e do cruzar de dados

sobre o percurso de um artista. Entre constâncias e exceções, tentam traçar-se linhas,

mas nem sempre estas são retas e suficientemente esclarecedoras. De todo em todo,

merecem ser esboçadas ainda que sempre com um caráter provisório. Julgo, ainda, que

esta é a melhor forma de partir ao encontro de Joaquim Lopes, apresentando-o ao leitor.

A amplitude do trabalho do artista foi a ideia que mais fortemente retive de toda a

pesquisa efetuada e que penso ser premente sublinhar neste trabalho. Isto, porque tal

perspetiva é globalmente desconhecida e contribui para a síntese da obra do artista em

uma ou duas temáticas, em uma ou duas técnicas utilizadas.

No estudo sobre Júlio Resende, Laura Castro afirma que o pintor nunca foi um

artista incómodo.9 Tal descrição pode ser, confortavelmente, aplicada à figura de

Joaquim Lopes que terá sido muito mais incómodo nas suas funções enquanto professor

8 Mestre Joaquim Lopes recorda Columbano e as Missões Estéticas de Férias. Diário do Norte, Ano VI,

Nº 2033, Porto, 22/03/1955. 9 «Resende nunca foi um artista incómodo. Mas nunca isso resultou de transigências ou concessões de

oportunidade a interesses vários. Todo o propósito parece ter residido na busca de uma pintura verdadeira

que se impôs por ela própria, na sua especificidade.» CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da

Pintura Ocidental.

25

e diretor da EBAP10

(a partir de 1950 ESBAP11

) do que propriamente como artista

através da sua obra plástica. No entanto, em diversos artigos e notícias cruzei-me com

passagens que exaltam os seus contributos como pintor inquieto – «Temperamento dos

mais inquietos e raros de artista, […]»12

– ou irrequieto na sua vontade de evoluir e

fazer evoluir – «[…] Joaquim Lopes nunca pára. Nervoso, propulsor de vontades,

trabalhando sempre, […]»13

–. Das frases destacadas, é lícito concluir que o artista não

foi um pintor acomodado, porém, tal não o torna uma figura incómoda, até pelo respeito

que granjeou nos meios artísticos que frequentou e onde soube sempre conviver com os

demais.

As proximidades entre o estudo de Laura Castro e a presente dissertação já

foram apresentadas e explicadas na introdução da mesma. No entanto, através da

consulta de tal trabalho, consegui mesmo estabelecer alguns paralelismos entre as

considerações que Laura Castro faz sobre a figura de Júlio Resende e as perspetivas que

eu própria construí acerca de Joaquim Lopes. Nesta espécie de apresentação do artista e

da sua obra posso descrever a pintura de Joaquim Lopes como Laura Castro descreve a

de Resende dizendo que a sua pintura é uma «pintura feita de gente»14

. A obra deste

artista – ainda que profundamente plural, como já fiz notar – conserva, sempre, um

sentido humano, coerente com a sua formação enquanto pintor e com a sua moral

enquanto homem.

Júlio Resende – e permitam-me continuar com uma correlação improvável, e

eventualmente até sem sentido para alguns, entre este e Joaquim Lopes – nasce em

1917. Tinha Joaquim Lopes trinta e um anos. Resende entra para a EBAP como aluno

em 1937. Joaquim Lopes matricula-se pela primeira vez na EBAP em 1906. Trinta e um

anos distanciam as suas formações artísticas, iniciadas por ambos com vinte anos de

idade. Em todo o caso, a distância que os separa não é suficiente para ver diferenças

claras nos panoramas artísticos que, afinal, ambos partilharam, inclusive

10

Terá sido graças «à insistência, à teimosia e até à irreverência do Mestre Joaquim Lopes» que o

empreendimento da construção da nova Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) foi possível,

isto segundo o próprio ministro da Educação Nacional, à época, o Dr. Fernando Pires de Lima. Cf. A

homenagem ao pintor Joaquim Lopes e a exposição de motivos cinegéticos foram os principais números

do primeiro dia das Festas de Amarante. O Comércio do Porto, 03/06/1967. 11

Escola Superior de Belas Artes do Porto (1950-1992). 12

A Escola Superior de Belas Artes do Porto vai prestar homenagem póstuma a mestre Joaquim Lopes. O

Primeiro de Janeiro, 05/06/1956. 13

Mestre Joaquim Lopes pediu a demissão de professor da Escola de Belas Artes do Porto. Diário de

Lisboa, 21/07/1952. 14

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 18.

26

geograficamente. Encontrar razões ou justificações para esta realidade será, talvez,

sempre e em qualquer sentido, um exercício pouco produtivo. Falar da estagnação e dos

ambientes «cinzentos e obsoletos»15

, nomeadamente do Porto artístico, é um exercício

que tentarei substituir por um outro mais dedicado à exploração dos bons exemplos,

indicadores de quem procurou operar a mudança.

Em 1916, Joaquim Lopes expõe como membro do grupo Os Phantasistas. Em

1943, participa na mostra d’Os Independentes16

. No contexto da vida do artista, estas

incursões – algo contestatárias da Academia – são diluídas num percurso visto como

integrado na norma e seguidor do cânone. Aliás, a presença do pintor em outras

exposições, como as que tinham lugar no Salão Silva Porto, faz com que ele seja

incluído – quanto a mim falsamente – numa linha de artistas continuadores e repetidores

de uma técnica e estética já esgotadas, como o excerto seguinte sintetiza.

«Aí expunham discípulos e continuadores da geração naturalista

afirmada ao longo das três últimas décadas do século XIX, muitas vezes em

exposições colectivas, em que a distinção de tendências não seria fácil, tal era a

quantidade de artistas reunida e a disparidade de obras apresentadas. Margarida

Matias refere-se expressivamente a estes artistas como um exército de

«honnêtes gens de l’art», que pouco avançara em relação ao ensinamento dos

mestres Marques de Oliveira ou Artur Loureiro.»17

A disparidade das obras apresentadas indicia uma discrepância de valor e de

qualidade, mas igualmente uma distância em termos das propostas plásticas. A

participação de Joaquim Lopes nestes mesmos eventos, acredito que tenha contribuído

para o agudizar desta discrepância, pois defendo a sua presença como uma presença não

incómoda, mas também não acomodada e que, como Laura Castro afirma, num meio

nacional onde a descendência naturalista era inevitável alguns conseguiram renovar as

suas linguagens através de lições mais ou menos assimiladas da pintura além

fronteiras.18

Joaquim Lopes é, para mim, um destes casos de proposta de renovação,

ainda que sem cisão, ainda que sem choque. Alguém que consensualmente foi acolhido

por grande parte da imprensa da época, ainda que tal possa ser justificado por alguns

com o facto dos jornais e periódicos daquela altura estarem dominados por um gosto já

ultrapassado, à semelhança da própria Academia. A recetividade à arte do pintor não era

15

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 22. 16

«Trata-se de artistas de tendências diversas unidos por uma recusa de hábitos académicos rotineiros.»

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, pp. 44 e 45. 17

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, pp. 24 e 25. 18

Ibidem, p. 39.

27

motivada pelas suas propostas rotineiras, mas antes pela solidez dos seus trabalhos. Os

vários adjetivos que o vão caracterizando – e cuja recolha seria interessante pela

variedade terminológica passível de ser encontrada – apontam sempre no sentido da

consistência das suas propostas. Alguém que, olhando para trás, não deixava de olhar

para a frente.19

Assim, a sua individualidade e o facto de ter trazido um estilo original

são algumas das considerações tecidas pela imprensa acerca do pintor.20

As viagens físicas e literárias de Joaquim Lopes são um outro marco importante

para a compreensão da profundidade da sua obra. Muitos artigos atentam na sua

dimensão de estudante, mesmo quando já professor e mestre. O pintor foi, na realidade,

um investigador que buscou em livros e recortes de jornais a fonte para dar substância e

base à sua pintura. Se ela tem muito de intuitivo, como que arrancado de dentro do

artista, há um pensar a obra que advém do pintor-professor, da norma que usa não como

fim, mas como método para atingir o seu fim. E é aqui que reside alguma da

personalidade do artista, alguma da singularidade da sua pintura que não pode,

efetivamente, permanecer desconhecida e limitada a descrições frequentemente

pejorativas. As suas obras tornam-se uma fonte mais rica para conhecer o pintor, do que

propriamente os inúmeros artigos que ele escreveu e onde nem sempre dá a conhecer

tão bem a sua faceta de artista. Tal como Laura Castro refere – a obra pintada é a

melhor resposta –.21

Já referi que o Homem constitui uma presença importante nas telas do pintor.

Aliado a este surge um outro tema/valor que se afirma recorrentemente e que diz

respeito à Terra. A ligação à terra física, à terra geográfica e, ainda, à terra imaginária

marca indiscutivelmente muitos dos trabalhos do artista, onde encontramos

frequentemente o retrato de cidades e vilas ou a atmosfera de campos anónimos que não

deixam de transmitir a força da terra que, aliás, o pintor prolonga em trabalhos de figura

humana onde usa tons terrosos. Esta dimensão física não é comum a todos os seus

trabalhos que em algumas propostas – sobretudo em aguarelas – apresentam uma

dimensão mais fluida e até etérea da cor.

Joaquim Lopes fez pintura histórica e mitológica. Coloriu os costumes em telas

de romarias e de festas tradicionais. Pintou paisagens e marinhas. Esboçou retratos e

19

Barreto, Costa. Decadência? Inquérito. O Comércio do Porto, 15/05/1951. 20

Mais adiante nesta dissertação, a análise detalhada de alguns dos periódicos consultados ajudará na

exposição de alguns dos trechos ilustrativos deste acolhimento da obra e da figura de Joaquim Lopes. 21

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 87.

28

desenhou inúmeras figuras humanas. Experimentou temáticas sacras. Delineou,

esporadicamente, motivos florais. Do espólio visual que reuni do pintor, apenas não

descobri qualquer natureza-morta. Facto curioso numa atividade artística que parece

ter-se definido pela exploração transversal de temáticas fazendo, igualmente, uso de

diversos recursos técnicos. Talvez a natureza-morta não tenha inspirado o pintor.

Talvez ainda haja alguma natureza-morta do artista por conhecer.

A repetição do parágrafo que levou o leitor ao encontro de Joaquim Lopes deve-

se ao facto de o considerar adequado para encerrar este primeiro capítulo, em jeito de

preâmbulo. Nestas linhas, levantei questões e pistas acerca de alguns dos debates que

foram surgindo em torno do percurso do artista, como membro de uma geração pouco

inovadora e também vista, no meu parecer, com algum preconceito.

«Em relação a numerosos pintores aponta-se a unidade e a escassa variação

como garantes de uma marca inconfundível.».22

A marca inconfundível ou, pelo menos, identitária de Joaquim Lopes é

certamente a da diversidade. Uma diversidade que introduzi através da abordagem da

pluralidade dos temas que o pintor tratou, mas que, na verdade, estará patente em muitas

outras das opções que ele tomou, nomeadamente estilísticas, fruto, também, das amplas

influências que recebeu, quase contraditórias entre si. Quando o pintor afirma que é o

tema que sugere a técnica a empregar, ele admite o tema como matriz condutora do seu

trabalho. O tema está intimamente ligado ao sentido humano e atento da sua obra que

vive de uma observação analítica que supera a contemplação dos campos naturalista ou

a captação dos efeitos lumínicos impressionista. O pintor alia as questões de estilo às

questões da própria existência que são comuns a muitos dos seus trabalhos. Sem

esquecer os projetos e encomendas oficiais onde o artista seguiu, necessariamente, as

indicações de terceiros, os trabalhos do pintor assumem um caráter indagador e

reflexivo, convidativo à entrada do espetador na obra. Naturalmente que uma pintura tão

diversa como a de Joaquim Lopes, não pode resumir-se em algumas palavras ou mesmo

resumir-se de todo, uma vez que para cada valor transversal, encontraremos uns outros

tantos dissonantes. Porém, é nesta encruzilhada, onde nunca o pintor se perdeu, que

reside um dos motivos de interesse em estudar o seu trabalho.

22

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 89.

29

Felizmente, às minhas palavras juntam-se muitas outras escritas ou proferidas ao

longo do tempo. Essas, por vezes, conseguem, de forma mais eficaz, sintetizar não as

obras, mas os princípios do homem que as executou. Talvez por alguns dos autores

dessas palavras o terem conhecido. Talvez pelo trato direto simplificar a forma de olhar

as coisas e as pessoas. Talvez porque quem investigue todo o percurso de um artista,

fique sem defesas e recursos para apresentar uma só perspetiva, sem com isso sentir que

está a aniquilar os vários eus que existem naquele pintor, que existem, afinal, em

qualquer ser humano.

«A sabedoria era para si [Joaquim Lopes] como a entendia Maeterlinck

– compreender a vida, o impossível no possível, mesmo as energias ùnicamente

dependentes da nossa personalidade. É preciso ser um eterno estudante – dizia –

para aprender a saber ver, a saber ouvir e a saber desenhar, bases primordiais da

cultura humana. Simples por índole e por temperamento, não escondia o que

era, não se negava. Dava-se todo, inteiro, de corpo e alma à Arte […]».23

23

Sousa, Alberto de. A exposição póstuma de Mestre Joaquim Lopes. O Homem, o Pintor, o Mestre.

Novidades, 15/07/1956.

30

2 - O «estraga papel».

Estraga papel, rapaz, estraga muito papel!…

2.1 - Um caminho inesperado.

A frase que abre este capítulo e se encontra sintetizada no título do mesmo é, por

vezes, reproduzida em alguns artigos de jornal24

e referida por Joaquim Lopes quando o

artista fala sobre as suas memórias de infância. Desde cedo, o pintor ouviu este conselho

de quem reconhecia, algo de especial, nas suas experiências artísticas de criança. Não

defendo com isto a existência de um talento inato ou de um dom enviado por qualquer

entidade. No entanto, o interesse de Joaquim Lopes pelo desenho foi algo que o

acompanhou desde jovem e que certamente sensibilizou quem via os seus rabiscos

evoluírem e ganharem formas harmoniosas.

Neste espaço da dissertação, pretendo apresentar de um modo objetivo e

sistemático o percurso de Joaquim Lopes até à sua entrada na EBAP. Uma vez que em

diversos periódicos já proliferam referências acerca da sua vida adulta, deixarei para

esta etapa do trabalho a exaltação de algumas passagens da sua infância e juventude que

me parecem mais relevantes, tendo em conta o rumo que, posteriormente, a sua vida

tomou. Em todo o caso, remeto para a leitura do capítulo inicial do catálogo sobre

Joaquim Lopes, da autoria de Natália Fauvrelle, e que apresenta, precisamente, alguns

apontamentos biográficos sobre o pintor.25

Joaquim Francisco Lopes nasceu em 1886, tal como Kokoschka; no mesmo ano

em que Gauguin tem a sua primeira estadia em Pont Aven, na Bretanha; na mesma data

em que Van Gogh vai para Paris e se encontra com Toulouse-Lautrec, Pissarro,

Gauguin e Seurat.26

O eco das pesquisas destes representantes maiores das linguagens

impressionista, pós-impressionista e expressionista, tardaria a chegar a Portugal. Aliás,

talvez nunca tenha chegado na sua plenitude, mas tenha, sim, sido deturpado pelas

interpretações individuais de cada artista que ia trazendo das suas viagens ao estrangeiro

24

Príncipe, César. Joaquim Lopes «Estraga muito papel». Jornal de Notícias, 30/07/1991. 25

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, pp. 9 a 35. 26

HESS, Walter – Documentos para a compreensão da pintura moderna. Lisboa: Edição «Livros do

Brasil», julho de 2001, p. 252.

31

referências e novas práticas. Enquanto isso, o gosto naturalista era importado e

amadurecido até à exaustão.

Como criança, «O pequeno Joaquim preferia encher páginas de papel mata-

borrão com desenhos…»27

a estudar a música que a avó paterna, Ana Rodrigues

Simões, com quem Joaquim Lopes foi criado, lhe incutia. Anos mais tarde, em 1944, o

artista diria a um jornal que se não tivesse sido pintor, teria sido escultor ou músico.28

Terá sido esta referência à música, uma reminiscência do violão e da guitarra29

que,

gentilmente, a Avó Ana lhe ofereceu na infância? Ou este é o pensamento do homem de

cinquenta e oito anos, conhecedor e apreciador do som das cordas de Guilhermina

Suggia, como prova o facto de ter estado presente no funeral da violoncelista?30

Acredito que as memórias dos seus tempos de criança e nomeadamente da sua Avó

Ana, tenham estado no seu subconsciente aquando desta resposta para o Jornal de

Notícias. Nas suas obras, o artista não recorda as suas origens; elas são-lhe inerentes. A

postura do pintor é definida pela sua história de berço, pela educação mais privilegiada

que pôde ter no seio dos avós paternos e pelo facto de nunca ter esquecido os seus pais e

irmãos que, afinal, moravam na mesma rua da casa de seus avós.

«Como Espinosa, Joaquim Lopes desejava e procurava ser modesto, simples,

sereno, resignado ao sofrimento, sem orgulho e humildade excessivas.»31

Este comportamento retilíneo e seguro de si manifestou-se quando o seu avô

paterno faleceu e o futuro pintor – que tinha aulas particulares de instrução primária

desde os 7 anos com o senhor Correia – teve de ir trabalhar para auxiliar nas despesas

domésticas. Entre 1897 e 1915, grosso modo, através do seu tio materno, José Pinto Jr.,

pintor decorador de cofres, Joaquim Lopes começa a trabalhar. Em alguns estudos

encontrei menção à Casa Tomaz Cardoso32

, como tendo sido a fábrica onde o pintor

27

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 10. 28

Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 18/08/1944. 29

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 10. 30

http://suggia.weblog.com.pt/arquivo/180823.html. 15-06-2012 23:10. 31

Sousa, Alberto de. A exposição póstuma de Mestre Joaquim Lopes. O Homem, o Pintor, o Mestre.

Novidades, 15/07/1956. 32

À data localizada no Nº 395 da Rua Direita (Vila Nova de Gaia) conforme indicado por Gonçalves

Guimarães. Cf. GUIMARÃES, Gonçalves – Memória histórica dos antigos comerciantes e industriais de

Vila Nova de Gaia. 1ª ed. Vila Nova de Gaia: Associação Comercial e Industrial de Vila Nova de Gaia,

1997, pp. 141 e 163.

32

iniciou atividade.33

Outras fontes aludem a uma serralharia pertencente a Manuel

Correia (O Batuca)34

, como o local onde o artista começou a pintar ornamentos em

cofres.35

Esta primeira atividade profissional explicará alguns dos pormenores

decorativos que pontuam muitas das suas obras, ao longo do tempo. A linha curvilínea e

sinuosa que dança em painéis de azulejo ou ilustrações de livros tem, muito

provavelmente, a sua origem ou referência nesta primeira incursão do artista pelo

mundo das tintas e das formas. Acredito que o jovem pintor, apesar de novo, terá

apreciado esta primeira experiência artística que permitiu que ele passasse dos desenhos

em papel mata-borrão para realizações mais complexas.

Em 1901, Joaquim Lopes conclui a Instrução Primária.36

Neste mesmo período,

sensivelmente, inicia a frequência do Curso Noturno de Pintor Cerâmico na Escola de

Desenho Industrial Passos Manuel (EDIPM). Aí, tem formação em Desenho, Pintura e

Modelação.37

Este ano parece fulcral no percurso de aprendizagem do pintor que

começa, precisamente a partir de 1901, a fazer os primeiros trabalhos para Fábricas

como as do Agueiro, do Carvalhinho e do Cavaco38

, pintando azulejos e decorando

baixelas39

. A ligação à atividade azulejar não sendo central na produção artística do

pintor, acompanhará a sua evolução plástica, sendo que passados trinta anos sobre a

data referida, ou seja em 1931, Joaquim Lopes assume uma importante encomenda de

painéis de azulejo, desta feita para o Rossio de Viseu.

Em julho de 1906, o artista conclui o curso industrial que há cinco anos

frequentava na EDIPM, dirigida por Torquato (por vezes, também escrito Torcato)

Pinheiro. Interessante o significado que esta formação terá tido para Joaquim Lopes. No

seu arquivo pessoal, por entre os recortes de jornal que guardou, encontrei uma notícia

que, não tendo data visível ou assinalada, intitulava-se precisamente – O Pintor

33

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 10. 34

Serralharia situada em Vila Nova de Gaia. 35

Gomes, J. Costa. Joaquim Lopes – Artista que honra V. N. de Gaia. Boletim da Associação Cultural

dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 4. 36

«Instrução Pública. // Instrução Primária – 1º Grau. // Certifico que Joaquim Francisco Lopes filho de

José Francisco Lopes natural de Villar do Paraízo está Bem habilitado no 1º grau de instrução primária

preceituado no artigo 2º do decreto nº 8 de 24 de Dezembro de 1901, e nos termos do respetivo

programma. // Villa Nova de Gaya, 5 de Julho de 1906 // O Professor da escola Augusto Gomes

d’Oliveira» Arquivo FBAUP. Processo de Aluno de Joaquim Francisco Lopes. 37

A descarga do bacalhau em plena Ribeira vista pelo mestre Joaquim Lopes. Diário da Manhã,

10/03/1956. 38

Gomes, J. Costa. Joaquim Lopes – Artista que honra V. N. de Gaia. Boletim da Associação Cultural

dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 4. 39

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 11.

33

Torquato Pinheiro. 1850-1910 (Recordações)40

–. O artigo era dedicado a Joaquim

Lopes que o terá conservado também por aquilo que a EDIPM, na pessoa do seu diretor,

terá significado para si enquanto jovem aspirante a pintor.41

O seu empenho e,

naturalmente, as suas aptidões artísticas contribuíram para que concluísse o curso com

20 valores. As aprendizagens que retirou desta experiência – independentemente da

qualidade do ensino da escola que frequentou, e que nesta investigação não me dediquei

a apurar – foram seguramente valiosas para o artista, porque lhe permitiram um

primeiro contacto formativo com áreas como a do Desenho, a da Pintura e a da

Modelação. Pelas escolhas posteriores do artista, parece-me lícito afirmar que terão sido

o desenho e a pintura as disciplinas que mais o atraíram.

2.2 - Um caminho inevitável.

Se a aptidão de Joaquim Lopes pelas artes se manifestou era ele ainda criança, o

seu crescimento numa família parca em recursos podia tê-lo obrigado a desviar o seu

rumo, a adiar o seu talento, como tantas vezes acontece. No entanto, o oposto parece ter

sucedido, quando são as próprias experiências profissionais do artista a ir ao encontro

não só das suas capacidades, como dos seus gostos. Desta forma, o inesperado e o

esperado cruzaram-se naquele que se assumiu, afinal, como um caminho inevitável. A

noção de caminho – mais do que percurso – possui, neste contexto, um significado e

uma simbologia verdadeiramente expressivos e especiais. Isto, porque o delinear de

ilusões e projetos de juventude se fazia, sobretudo, a percorrer trajetos pouco definidos

e planeados.

«Quantas vezes, em noites de verão, o saudoso Manuel Martins, o

Diogo de Macedo, o António de Azevedo e quem estas linhas escreve, íamos de

longada até Oliveira do Douro, aproveitávamos para românticamente ver o luar

do alto da encosta de Avintes […]

Se não gastávamos todo o tempo com os nossos sentimentais e ingénuos

devaneios […] era certo subirmos até ao alto da colina, onde continuávamos a

viver idênticas quimeras, a levantar projectos mais sentidos que realizáveis, até

40

Bugalho, Mem. O Pintor Torquato Pinheiro. 1850-1910 (Recordações). O Comércio do Porto, Nº 173. 41

A sensibilidade de Joaquim Lopes para com a formação industrial que, afinal, foi aquela que num

primeiro momento recebeu e o aproximou do mundo artístico, é comprovada por algumas das iniciativas

que vai tomando ao longo da sua atividade, nomeadamente, como professor. Assim, em 1930, o pintor

participará numa conferência ao lado de docentes da Escola Industrial Passos Manuel (Vila Nova de

Gaia), onde foi aluno e ao lado, igualmente, de docentes da Escola Industrial Faria de Guimarães (Porto),

onde o artista foi professor entre 1925 e 1930. Cf. «Rafael Bordalo e a Ceramica das Caldas». A

conferência da Srª D. Julieta Ferrão. O Primeiro de Janeiro, 62º Ano, 12/04(?)/1930.

34

que, já de madrugada, regressávamos a casa com a alma em festa e o cérebro a

transbordar de ilusões.»42

O deambular pelas cidades convidava ao esboçar de ideias e ideais. No artigo

onde encontrei o excerto citado, li algumas passagens dedicadas às vivências artísticas

de e em Vila Nova de Gaia – naquele tempo –, como menciona Joaquim Lopes. A

propósito deste tempo – que na minha perspetiva se refere a uma cronologia algo

alargada, onde a própria geração do pintor se inclui –, o artista fala sobre as longas

caminhadas e sobre os sonhos que alimentavam cada passo dado.

«Apesar de tudo, os moços e os homens válidos de então não

desanimavam nem desistiam de fazer todos os sacrifícios pelo ideal que

sonhavam – se sacrifício podia chamar-se às canseiras que voluntária e

alegremente empreendiam. Na realidade, para esses jovens, um único fim

existia na vida: ser artista. O resto não contava. Assim, enquanto iam

auscultando os pais e parentes amigos para o possível consentimento de entrar

na velha Academia Portuense de Belas Artes, na medida em que iam tateando

os primeiros passos na arte do desenho, também tìmidamente deixavam crescer

a cabeleira, já naquele tempo a perder de moda entre poetas e artistas, e

substituiam a gravata vulgar pela negra e larga fita da «Lavallière».

Dentro em pouco (água mole em pedra dura tanto bate até que fura…) a

teimosia até certo ponto desculpável dos pais era vencida e o primeiro aspecto

do sonho do neófito era satisfeito com a entrada na Escola e no ambiente tão

fervorosamente desejado.»43

Estes sonhos assentavam, essencialmente, na ambição da formação escolar, no

fundo, da profissionalização daquilo que, até ao momento, estes jovens executavam ou

como passatempo ou como ofício ainda com caráter amador. Este era o caso de Joaquim

Lopes que, por entre a instrução industrial e a atividade como pintor de cofres, ansiava –

como ansiou até morrer – saber mais, sempre mais. O modo apaixonado como escreve,

em 1952, este artigo com passagens tão vivas e que são, ao mesmo tempo, pessoais e

impessoais, próximas e distantes, corrobora o entusiasmo que a Academia sempre lhe

suscitou.

Em dezanove de outubro de 1906, Joaquim Lopes faz o seu primeiro pedido de

matrícula à EBAP. Munido de sonhos e ambições, o artista encara a Academia como

sempre encarou a Arte, ou seja, com o olhar e o espírito de um eterno estudante. «Ir

mais além» foi algo que definiu a sua aspiração como artista, por isso a sua obra

42

Lopes, Joaquim. Arte. Avintes e os seus artistas. Caminho Novo. Edição Especial, Nº único, Avintes,

01/12/1952, p.3. 43

Ibidem.

35

apresenta-se como um repositório de influências e reflexões. Nunca fechado a novas

propostas e perspetivas – ao contrário daquilo que frequentemente é referido acerca da

sua postura –, o pintor assumiu-se sempre como um aprendiz, ainda que atento,

questionador e crítico. No entanto, esta sua faceta não lhe retirou a capacidade de ouvir,

ponderar, ajuizar.

Assim, com vinte anos de idade, Joaquim Lopes ruma à EBAP na busca de um

ensino que lhe confira outras habilitações e capacidades e, acima de tudo, aperfeiçoe as

aptidões que desde cedo lhe foram reconhecidas. Porém, o pintor não deixa de trabalhar.

Paralelamente à sua atividade como estudante da Academia, o artista irá continuar a

pintar azulejos, caixas artísticas, retratos44

. Não por devoção ou prazer. Estes trabalhos

servirão para pagar os seus estudos, para assegurar a sua subsistência enquanto

estudante. Tal nunca perturbou o pintor. Convicto das suas vontades, firme nos seus

propósitos, o artista fitou os seus objetivos com uma determinação que fez com que não

vacilasse perante qualquer obstáculo. Pelo contrário, tais trabalhos tê-lo-ão ajudado a

aplicar as técnicas que diariamente lhe iam sendo ministradas na EBAP e que iam

encontrando, nesses pequenos exercícios paralelos, o seu melhor exame. Alguém o

descreve, por isso, como um «operário no campo artístico»45

.

44

Gomes, J. Costa. Joaquim Lopes – Artista que honra V. N. de Gaia. Boletim da Associação Cultural

dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 4. 45

Ibidem, p. 4.

36

3 - Academia: Formação ou Deformação?

«– Se visse uma fada que lhe pediria?

– Que me ensinasse a pintar!»

Entrevista a Joaquim Lopes. Eva, setembro de 1942.46

3.1 – A matriz essencial: o Desenho Histórico (1906-1910).

O trecho citado na abertura deste ponto do trabalho provém de uma entrevista

dada por Joaquim Lopes, e poderia integrar-se, comodamente, na cronologia que nesta

etapa irei abordar. A entrada do artista para a EBAP revelava o seu desejo de aprender,

neste caso, a pintar, uma vez que a sua prática profissional e as suas aptidões desde cedo

apontaram mais para as linhas e cores do que para a materialidade das formas

esculpidas. Todavia, o excerto transcrito data de 1942. Tinha o pintor cinquenta e seis

anos de idade e criara, neste mesmo ano, a Academia Vieira Portuense – a funcionar no

Palácio de Cristal –, onde regia o Curso de Desenho.47

Em todo o caso, depois de tantas

provas prestadas e de ele próprio já ensinar a pintar, o artista conservou o mesmo

espírito e humildade do jovem que timidamente entra para um mundo novo e

desconhecido, como lhe deve ter parecido a EBAP, em 1906. A declaração do pintor,

analisada nestas linhas, demonstra também como a Academia não foi para ele um fim

em si mesmo, mas antes uma passagem – enquanto aluno – e uma eterna referência –

enquanto artista –.

As memórias académicas de Joaquim Lopes dividir-se-ão entre um infinito

reconhecimento dos seus professores como Mestres48

e um sentimento de camaradagem

nutrido pelos seus colegas49

. Tais memórias ficarão patentes em artigos e livros, onde

46

Seguidamente, apresento a transcrição completa do excerto citado. «E, apesar de tudo, duma tão

grande simplicidade que, à pergunta: // – Se visse uma fada que lhe pediria? // Respondeu num «élan»

sincero, que não mente: // - Que me ensinasse a pintar!» Cf. “Se visse uma fada o que lhe pediria?”. Eva,

Lisboa, 09/1942. 47

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 25. 48

Os eternos Mestres de Joaquim Lopes foram José de Brito (1855-1946) seu professor de Desenho e,

sobretudo, João Marques da Silva Oliveira (1853-1927) diretor da EBAP e seu professor de Pintura. Cf.

Gomes, J. Costa. Joaquim Lopes – Artista que honra V. N. de Gaia. Boletim da Associação Cultural dos

Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 4. Datas consultadas na secção Alumni do sítio oficial da

Universidade do Porto. https://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?P_pagina=122498. 15-06-2012

23:24. 49

Alguns dos seus companheiros de aventuras académicas e artísticas foram Diogo de Macedo (1889-

1959), Henrique Moreira (1890-1979), Joaquim Martins, Manuel Marques (1890-1956), António de

Azevedo. Cf. Gomes, J. Costa. Joaquim Lopes – Artista que honra V. N. de Gaia. Boletim da Associação

Cultural dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 4.

37

recorrentemente presta homenagem a docentes e amigos cujo trabalho merece, no seu

entender, destaque e tributo. A emoção – que sempre o prendeu e ligou aos inúmeros

empreendimentos em que se envolveu – comprova-se através dos bons relacionamentos

que o pintor cultivou no seio da Academia. «[…] Joaquim Lopes distinguiu-se, também,

pela sua educação esmerada, muito apreciada no convívio social, e pelo seu coração

bondoso de inexcedível afectividade.»50

. O pintor nunca terá ambicionado – mais do

que qualquer outra pessoa – ser um homem perfeito ou isento de erros. Preocupava-o

mais ser um companheiro ideal e um artista devotado às causas que plástica e

socialmente o inquietavam. Do apoio material e imaterial que prestou a colegas e

alunos51

nunca esperou retorno; pretendia apenas a recompensa de que, com essas

ajudas, o panorama artístico florescesse um pouco mais.

O pedido de matrícula no primeiro ano de Desenho Histórico é feito por Joaquim

Lopes em 1906 e validado pelo secretário que atestava a sua aceitação – o Mestre José

de Brito –.52

Este registo marca o ponto de partida da viagem do artista como estudante

da EBAP. Tal percurso tem a sua meta no ano de 1915. Neste ponto do trabalho, optarei

por analisar o trajeto do pintor, dividindo-o em dois momentos diferentes que dizem

respeito, segundo a minha perspetiva, a dois períodos distintos da sua formação. O

presente subcapítulo dedica-se ao estudo dos anos compreendidos entre 1906 e 1910,

durante os quais o artista frequenta aulas como as de Desenho Histórico, Perspetiva e

Anatomia Artística, sendo que o subponto seguinte se debruça sobre as suas

experiências letivas posteriores, ou seja, entre 1910 e 1915. Para uma melhor

compreensão das próximas páginas, remeto para a consulta do catálogo sobre o pintor,

particularmente para a leitura do seu segundo capítulo da autoria de Cláudia Garradas.53

José Maria Soares Lopes (1888-1921) e João Marçal. Cf. FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim

Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 12.

Heitor Cramez (1889-1967) Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor

na Escola de Belas Artes do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 37.

Datas consultadas na secção Alumni do sítio oficial da Universidade do Porto.

https://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?P_pagina=122498. 15-06-2012 23:11. 50

Faleceu ontem Mestre Joaquim Lopes ilustre professor e pintor de arte. O Primeiro de Janeiro,

26/03/1956. 51

«[…] outros, […] dele receberam tintas, empregos, conselhos extremosos ou, alternadamente,

incómodas invectivas sem rodeios […]». Cf. Alves, João. «Morreu o Homem» Professor Joaquim Lopes.

Jornal de Notícias, 11/05/1956. 52

«Ano lectivo de 1906 a 1907 // A 19 de Outubro de 1906 foi matriculado no 1º ano de Desenho o

estudante Joaquim Francisco Lopes filho de José Francisco Lopes natural de Vilar do Paraíso, concelho

de Gaia […] // Morador no Lugar da Ilha. // Secretário: José de Brito». Cf. Arquivo FBAUP. Livros de

matrícula nas aulas da Academia. Desenho Histórico (de 1904 a 1923). Nº 164; 66v, 104v, 134v, 150. 53

GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes do

Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, pp. 37 a 47.

38

Para dar resposta às exigências do proposto para esta etapa da dissertação

tornou-se necessário consultar o Arquivo da FBAUP onde – entre outros documentos

com interesse – é possível encontrar o Processo de Aluno (PA) de Joaquim Francisco

Lopes, o Livro das Atas de Conferências Gerais da Escola de Belas Artes do Porto54

(LACGEBAP) com informações sobre o artista e os Livros de Matrícula nas Aulas da

Academia (LMAA) também com dados úteis acerca das disciplinas frequentadas pelo

pintor na EBAP. Através da análise destas fontes foi possível ficar a saber mais sobre o

rumo académico que o artista seguiu por entre as normas da Academia e as suas

escolhas individuais.

Durante o período cronológico – em estudo neste momento – decorrem quatro

anos letivos.55

O acesso aos pedidos e registos de matrículas do artista permitiu-me

tomar contacto com as aulas que o pintor terá frequentado. Entre os anos letivos de

1906/1907 e 1909/1910, o artista inscreveu-se nos primeiro, terceiro, quarto e quinto

anos do curso de Desenho Histórico.56

A frequência do segundo ano é omissa, mas

estará justificada no LACGEBAP, onde é referido que o pintor terá sido distinguido com

a classificação de dezasseis valores – a qual dirá respeito ao primeiro ano do curso –,

tendo, posteriormente, realizado o exame de segundo ano, no qual obtém a mesma

classificação.57

Uma pesquisa acerca da legislação e organização do ensino académico

na EBAP, no contexto destas cronologias, poderá elucidar com mais clareza estas

questões. Em todo o caso, tomando por base os documentos analisados, julgo ser seguro

afirmar que o artista terá optado por se autopropor ao exame de segundo ano, fazendo

uso de uma possibilidade que legalmente seria válida e adequada para alunos cuja

prática profissional na área do desenho já os pudesse habilitar a avançar no curso com

mais celeridade. Este era, claramente, o caso do pintor.

Durante os anos letivos abordados, Joaquim Lopes assiste, para além das aulas

de Desenho Histórico, às disciplinas de Perspetiva, de Anatomia Artística e, ainda, de

Arquitetura Civil. Em relação às aulas de Perspetiva58

e de Anatomia59

, apenas

54

Arquivo FBAUP. Livro das Atas de Conferências Gerais da Escola de Belas Artes do Porto (de 31 de

agosto de 1897 a 15 de agosto de 1922) Nº 115; fls. 45. 55

O período cronológico, sob apreciação neste subcapítulo, toma em consideração os anos letivos de

1906/1907, 1907/1908, 1908/1909 e 1909/1910. 56

Arquivo FBAUP. Livros de matrícula nas aulas da Academia. Desenho Histórico (de 1904 a 1923). Nº

164; 66v, 104v, 134v, 150. 57

Arquivo FBAUP. Livro das Atas de Conferências Gerais da Escola de Belas Artes do Porto (de 31 de

agosto de 1897 a 15 de agosto de 1922) Nº 115; fls. 45. 58

Arquivo FBAUP. Livros de matrícula nas aulas da Academia. Perspetiva (de 1904 a 1917). Nº 169;

11v.

39

encontrei registo da sua frequência no ano letivo de 1907/1908, onde o pintor se

matricula no terceiro ano das mesmas. Estas seriam, por isso, aulas complementares ao

curso principal de Desenho Histórico. No que diz respeito à sua inscrição no primeiro

ano de Arquitetura Civil, esta foi uma ambição do artista, desde a sua entrada na EBAP,

mas que só concretiza no ano letivo de 1909/1910.60

Isto porque, aquando da sua

entrada na Academia, o artista decide inscrever-se em aulas noturnas de Francês e de

Português, numa escola industrial localizada em Vila Nova de Gaia.61

A

incompatibilidade de frequentar as aulas de arquitetura e as de línguas obrigou o pintor

a tomar uma decisão, fazendo uma das várias escolhas que foram pautando o seu

caminho dentro e fora da EBAP. Joaquim Lopes arquiteta o seu percurso a régua e

esquadro, delineando o trilho a seguir, determinando com clareza as metas imediatas e

sabendo adiar empreendimentos secundários. O discernimento do pintor evidencia,

acima de tudo, a certeza e a convicção que sempre o acompanharam. A sua

individualidade fica também manifestada na afirmação das suas opções pessoais,

alheias, muitas vezes, ao rumo de colegas ou às indicações de professores.

O estabelecimento do estudo de Francês e de Português como uma prioridade

revela também algumas das ambições do artista. O pintor terá reconhecido nas línguas

os pilares essenciais para uma formação ampla e para uma futura atividade artística

sólida. As razões que estiveram na base deste seu estudo – paralelo, ou talvez não, ao

mundo das Belas Artes – não são conhecidas, na medida em que, em nenhuma das

fontes consultadas, encontrei alguma consideração proferida pelo artista acerca desta

sua experiência. Em todo o caso, a perspetiva de um futuro artístico consciente e ativo

seria suficiente para o pintor reconhecer a necessidade de conhecer um idioma

estrangeiro que lhe desse acesso a bibliografia internacional e a viagens além-fronteiras,

assim como a necessidade de dominar a sua língua materna de modo a poder registar

por escrito aquilo que não conseguisse exprimir plasticamente. Do meu ponto de vista, o

artista terá desejado, desde cedo, alargar o seu campo de atividade para lá das telas, não

tendo escrito sobre arte ou ensinado durante largos anos por mera casualidade. Os livros

59

Arquivo FBAUP. Livros de matrícula nas aulas da Academia. Anatomia – Voluntários (de 1837 a

1917). Nº 166; 72. 60

Arquivo FBAUP. Processo de Aluno de Joaquim Francisco Lopes. Pedido de matrícula. «Illu. ᵒ e x. ᵒ

Snr. Director Marques de Oliveira // Joaquim Francisco Lopes, natural da freguezia de Villar do Paraízo,

de 23 annos de edade, morador no Lugar da Ilha que tendo sido aprovado no 4º anno de desenho

histórico, deseja matricular-se no 5º do mesmo curso e no 1º de arquitetura civil, por isso // Pede a Vª. Exª

se digne diferir-lhe // E. R. M. cê // Porto 1 de Outubro de 1909 //Joaquim Francisco Lopes». 61

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 11.

40

e a docência terão sido componentes de grande valor para o pintor, pelo empenho e pelo

gosto que demonstrou na sua execução. Escrever e Ensinar não terão sido atividades

paralelas à pintura, mas, antes, atividades integradas no todo que era, para ele, o mundo

da Arte. Da mesma forma, as aulas de Francês e de Português não foram acessórias à

formação artística do estudante, mas sim complementares ao todo que, para ele, era o

mundo da Cultura.

A passagem do artista pela aula de Arquitetura Civil foi breve – durando apenas

um ano letivo –, mas não deixou de ter implicações relevantes para o pintor e para a sua

obra. A frequência desta disciplina terá possibilitado, desde logo, um primeiro contacto

entre o artista e o professor de Arquitetura, José Marques da Silva (1869-1947) –

alguém com quem Joaquim Lopes multiplicará contactos e encontros ao longo da sua

vida artística –. Além disso, a apreensão de noções básicas e gerais de arquitetura terá

estado por detrás de algumas obras e projetos, onde o artista pensa e planifica o trabalho

numa perspetiva arquitetónica. A estrutura que sustenta muitas das suas pinturas revela

este seu interesse recorrente e intrínseco pela arquitetura das formas. Tal será

desenvolvido mais adiante, quando abordar as suas propostas plásticas e analisar

algumas das suas obras.

Paralelamente à atividade letiva, alguns alunos da Academia procuravam

traduzir as suas aptidões artísticas em ferramentas de ação social. Joaquim Lopes era

aluno da EBAP e, por natureza própria, atento ao meio que o envolvia. Assim, em 1909,

o artista alia-se a uma iniciativa que unia a causa artística às fragilidades dos mais

carenciados. Uma agregação de contributos que encontrou forma numa publicação com

fins solidários. Uma brochura – única – à qual foi dado o título de Miséria e cujo

produto total das suas vendas reverteu a favor dos «pobres do Douro».62

A pequena

revista reuniu diversos colaboradores63

, aos quais se junta o artista com um desenho

datado – com exatidão – de 16 de fevereiro de 1909. O pintor retratou uma criança que

tristemente fita o chão. O tema reflete, naturalmente, as preocupações inerentes a este

62

MISÉRIA. [Catálogo] Número-único publicado sob a direcção de Ariosto Silva e por iniciativa de

alunos da Academia Portuense de Belas-Artes e cujo produto total será entregue na redacção do Primeiro

de Janeiro para ser distribuído pelos pobres do Douro. Porto: [s. n.], 1909. 63

Por esta ter sido uma publicação única e, eventualmente, não estar acessível e disponível em muitos

locais de consulta, julguei pertinente e oportuno, enunciar os vários colaboradores que participaram nesta

iniciativa solidária. Os intervenientes nesta brochura foram Dr. Manuel Laranjeira, Dr. Alfredo Pimenta,

Oldemiro Cezar, Leonardo Coimbra, Pedro Victorino, Simões de Castro, João Gonçalves, Emmanuel

Ribeiro, Vaz Passos – com colaboração literária – e D. Maria Ribeiro, José Maria Soares Lopes, Antonio

d’Azevedo, Rodrigues Junior, Joaquim Lopes, Henrique Moreira, Diogo de Macedo, J. Araujo Correia,

Mattos Lopes, Manoel Martins – com desenhos inéditos. Cf. MISÉRIA. [Catálogo].

41

projeto – os pobres, as crianças, os mais desprotegidos –. O semblante mudo e fechado

da menina tem algo em comum com o das figuras representadas no óleo «As

Abandonadas», da autoria do pintor, e que foi reproduzido na década de cinquenta na

Prometeu. Revista Ilustrada de Cultura.64

A iniciativa de 1909 terá representado a primeira participação do pintor no meio

sócio-artístico portuense. Para além dos seus exercícios académicos e dos seus

compromissos profissionais, esta atividade terá permitido ao artista ir conquistando

autonomia e contactos, ir conhecendo e ir sendo reconhecido. A assinatura do pintor –

que se desenha na zona inferior do trabalho reproduzido na brochura Miséria – revela,

ainda, a caligrafia cuidada e ondulante que, durante alguns anos, definiram a rubrica do

artista. Ela já se sintetiza – J. Lopes – abandonando o Joaquim F. Lopes que ainda

encontramos, por exemplo, num dos primeiros desenhos que efetuou na EBAP.65

Em

todo o caso, esta não é a marca identificativa do artista que mais tarde conheceremos.

Preservando a síntese – J. Lopes –, a assinatura do pintor caminha, gradualmente, rumo

a uma maior simplificação e geometrização… Talvez como a sua própria pintura… Mas

tais problemáticas merecerão destaque em outros espaços desta dissertação.

Recuando aos convívios e às amizades que as reuniões artísticas poderiam

proporcionar e proporcionaram, com efeito, ao pintor, vale a pena dar conta de um caso

concreto que ilustra e corrobora esta perspetiva. Entre os diversos intervenientes na

publicação Miséria, encontrei os nomes de Emanuel Ribeiro, Pedro Vitorino e Joaquim

Lopes. Os dois primeiros participaram com colaborações literárias, enquanto Joaquim

Lopes, como é sabido, apresentou um desenho. Num outro setor de investigação deste

meu projeto – relacionado com livros ilustrados pelo pintor – tive acesso a um trabalho

da autoria de Emanuel Ribeiro que cruza estas três personalidades. Na obra Água

Fresca66

, encontrei reunidos os três nomes supra mencionados. O estudo é da

responsabilidade de Emanuel Ribeiro que, juntamente com Joaquim Lopes, realiza

desenhos para retratar algumas das passagens do livro. O Dr. Pedro Vitorino foi um dos

delegados para tirar as fotografias.67

64

Prometeu. Revista Ilustrada de Cultura, Números 2, 3 e 4, março de 1951-1952. 65

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 37, Fig. 33. 66

RIBEIRO, Emanuel – Água Fresca: apontamentos sobre a olaria nacional. Porto: Tipografia Sequeira. 67

A coincidência de nomes – entre os membros da iniciativa de 1909 e a publicação Água Fresca – deu à

autora deste trabalho segurança suficiente para avançar com este cruzamento de dados. Os nomes de

Emanuel Ribeiro e do Dr. Pedro Vitorino (Joaquim Pedro Vitorino Ribeiro, 1882-1944) diriam respeito a

42

Regressando aos conteúdos e programas da Academia, o curso de Desenho

Histórico assentava, sobretudo, na lógica da análise do modelo vivo e da produção da

cópia. Algumas das aulas que o compunham, sustentam esta mesma perspetiva. A

frequência de disciplinas como as de desenho linear de figuras copiadas por estampas,

de cópia de modelos em gesso e do estudo do modelo vivo68

constituíam uma matriz

que determinava a prática dos alunos na Academia e o seu método de trabalho,

enquanto futuros artistas. O facto do curso de desenho ser obrigatório para os estudantes

da EBAP poderem progredir e seguir o seu rumo dentro da escola, revelava a

valorização que a Academia atribuía ao estudo e à prática do desenho.

A cópia e o uso do modelo vivo serão as duas heranças que Joaquim Lopes

guardará, mais declaradamente, desta sua formação inicial na EBAP. Em todo o caso,

tal não significa que o exercício da cópia e o uso do modelo fossem aplicados de um

modo académico. O pintor parte da observação de paisagens ou do olhar sobre modelos

vivos para a concretização de muitos dos seus trabalhos. Porém, a atenção que o artista

presta às imagens que analisa é uma atenção crítica e seletiva. Não lhe interessa a cópia

exata, nem o retrato fiel do modelo. O pintor procura, antes, uma inspiração, um registo

de cor, uma forma muscular. Este é um caminho que progressivamente vai percorrendo,

à medida que consegue adequar os ensinamentos colhidos na EBAP às novas propostas

plásticas que ia conhecendo e ambicionando desenvolver por si próprio.

No contexto da Academia, o desenho era, de facto, uma matriz essencial. Uma

base para o percurso de qualquer aluno, independentemente do rumo que pretendesse

seguir daí em diante. Como estudante, Joaquim Lopes apreendeu essa referência; como

artista soube doseá-la na medida em que ela lhe era útil, sem lhe castrar a expressão. Tal

fica já explícito em alguns dos trabalhos que realiza na EBAP.69

Nestes desenhos, o

traço do artista é, muitas vezes, de uma expressividade que se afirma livre de alguns dos

cânones associados ao desenho académico.

dois dos filhos de Joaquim Vitorino Ribeiro, pintor e colecionador. Na publicação Miséria, Pedro

Vitorino não é, ainda, referido como «Doutor», uma vez que só se viria a formar em Medicina no ano de

1919. Disponível em http://sigarra.up.pt/up/web_base.gera_pagina?P_pagina=1005913. 15-06-2012

23:12. 68

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 38. 69

Ver alguns dos primeiros desenhos de Joaquim Lopes na EBAP em GARRADAS, Cláudia – Joaquim

Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes,

pp. 37 a 43.

43

O estudo da anatomia humana e das linhas que definem as zonas musculares e

nervosas é, por exemplo, um dos campos de investigação mais importantes na formação

do pintor, tendo em conta a sua obra e aquilo que mais tarde fará em algumas

composições – daí o interesse em passar pela aula do terceiro ano de Anatomia Artística

–. Um conhecimento mais profundo do corpo humano permitir-lhe-á desenvolver

estudos individuais de personagens em esforço físico, onde a representação da tensão

corporal se torna evidente. Este será, na minha perspetiva, um dos pontos fortes da

pintura de figura humana em Joaquim Lopes pelo que, neste sentido, a matriz

académica se revela de grande interesse e validade.

«Onde o Mestre nos mostra a sua faceta individualista é na maneira de indicar o

desenho, nas águas tintas e nas aguarelas plenas de força e espontaneidade.»70

. Esta

opinião de Alberto de Sousa prova como o artista ficou conhecido como pintor, mas

como foi reconhecido pelas suas capacidades de desenhista, evidentes nos seus óleos,

pastéis e aguarelas. O seu percurso – bastante individual e autónomo – ainda nos

corredores da EBAP determinou a identidade da sua obra. Experiências pontuais, como

a frequência do primeiro ano de Arquitetura Civil, poderão justificar algumas das

particularidades e singularidades da sua pintura. Uma atividade atenta à luz e à mancha

de cor, mas que nunca se libertou da linha e do traço, que nunca abandonou, afinal, a

matriz essencial do Desenho Histórico. No entanto, esta última não foi uma matriz

inflexível e determinadora do rumo do artista. Foi, antes, ele próprio a determinar a

influência que ela teria sobre o seu espírito. Com sagacidade, Joaquim Lopes soube

retirar o que lhe era mais proveitoso de cada ensinamento. Foi assim como aluno, como

pintor, como professor. Experimentar para conhecer. Dar a conhecer para experimentar.

3.2 – A libertação contida: a Pintura Histórica (1910-1915).

Entre os anos letivos de 1910/1911 e 1914/1915, Joaquim Lopes frequenta os

cinco anos da aula de Pintura Histórica.71

O artista transita do lápis a carvão para os

pincéis sob a orientação do professor Marques d’Oliveira72

– alguém que estima e

70

Sousa, Alberto de. A exposição póstuma de Mestre Joaquim Lopes. O Homem, o Pintor, o Mestre.

Novidades, 15/07/1956. 71

Arquivo FBAUP. Livros de matrícula nas aulas da Academia. Pintura (de 1837 a 1923); Nº 165; 141,

144, 147v, 151v, 156. 72

O nome completo do professor de pintura da EBAP era João Marques da Silva Oliveira. Nesta

dissertação, optei por referi-lo pelos dois nomes que mais o celebrizaram – Marques e Oliveira –.

44

admira, preservando-o como uma referência desde os tempos da Academia –. Este

período de formação na EBAP – que no contexto do presente capítulo defini como

sendo um segundo momento da passagem do pintor pela Academia – aproxima o artista

da atividade que mais frequentemente praticará – a pintura –.

Nesta fase, merece ser feita referência a dois trabalhos escritos da autoria de

Joaquim Lopes relacionados com a vida e obra do próprio Marques d’Oliveira. Para

além de eles constituírem uma homenagem àquele que, para o artista, foi um verdadeiro

Mestre, em ambas as publicações encontrei passagens de grande interesse, que revelam

Marques d’Oliveira nas suas facetas de pintor e docente. Por esta razão, remeto para a

consulta destas duas obras, das quais procurei retirar alguns excertos que ilustrem aquilo

que o leitor pode encontrar numa análise mais detalhada destes dois exemplares

escritos.73

«Não é sem o mais justificado orgulho que aproveito o ensejo para

recordar o numeroso grupo de alunos da minha geração que, estudando o

desenho do modelo vivo na mesma sala (aula de pintura) e ouvindo com

respeito e entusiasmo as lições que Marques de Oliveira prestava aos seus

alunos, bem honrados se sentiam quando Ele, de passagem, lhes fazia alguma

correcção, lhes dava um conselho. […]

[…]

O contacto com os alunos mais adiantados na pintura e as lições ditas

em voz alta aos seus discípulos permitiam-nos partilhar dos ensinamentos, e,

porventura, acrescentar-lhe o prestígio. […]»74

A citação anterior regista as memórias que Joaquim Lopes reteve das aulas de

Pintura, regidas por Marques d’Oliveira. As recordações do artista falam também sobre

os esboços – rápidos e intuitivos – que o Mestre incentivava os seus alunos a

realizarem.

«Marques de Oliveira, seguindo o exemplo augusto dos mestres do

passado, desenhando, pintando, e ensinando, honestamente, procurava deles

aproximar-se. E se em tudo que tocou não raro atingiu, pelo talento e persistente

investigação, culminâncias difíceis de alcançar, foi, porventura, nos esboços que

maior poder de vibratilidade conquistou.

Era tal o interesse dado a esta espécie de estudos que na sua aula da

Escola de Belas Artes do Porto, dirigindo-se aos alunos, não deixava de lhes

perguntar pelo seu album de apontamentos, que sempre desejava ver e folhear.

E se por infelicidade os encontrava desprevenidos, o que lamentàvelmente

Habitualmente, o pintor é nomeado Marques de Oliveira. No entanto – tendo em conta o seu nome

completo – o correto será mencioná-lo como Marques da Oliveira ou, simplificando a forma, Marques

d’Oliveira. 73

Cf. LOPES, Joaquim - Marques de Oliveira. Porto: Portucalense Editora, 1954. e Cf. LOPES, Joaquim

(org. e prefácio) OLIVEIRA, Marques – Diário de Viagem. Porto: Livraria Figueirinhas, 1955. 74

LOPES, Joaquim (org. e prefácio) OLIVEIRA, Marques – Diário de Viagem, pp. 16 e 17.

45

algumas vezes acontecia, então era ele o primeiro a tirar do bolso o seu

inseparável caderno de negras e lustrosas capas para mostrar um ou outro dos

leves esboços nele contidos, alguns deles feitos em plena rua, sem recear

movimentos mais ou menos apressados das figuras. E aconselhava, com

entusiasmo para que lhe seguissem o belíssimo exemplo.»75

A prática do desenho – em apontamentos breves e expressivos – era, assim, algo

estimulado pela Academia e que justifica o facto de Joaquim Lopes, ao longo do seu

percurso artístico, ter sempre explorado e recorrido ao estudo do movimento, como base

para composições mais complexas. Paralelamente às influências técnicas e plásticas que

o pintor recebeu de Marques d’Oliveira, as linhas seguintes relatam os debates teóricos

em torno de escolas e princípios estéticos que o professor da EBAP não deixava de

promover junto dos seus alunos.

«Dotado de excepcional talento, Marques de Oliveira, para ser, como na

realidade foi, um singular professor, não lhe faltou aquele natural espírito crítico

que tanto o notabilizou e que o levava a ver num relance o conjunto duma obra

marcando-lhe os pontos vulneráveis. Raramente essa crítica deixava de ser ao

mesmo tempo repassada de superiores conhecimentos, espirituosa sem

vislumbres de deselegante mordacidade, sempre eloquente, serena e construtiva.

[…]

Era compreensível que à sensibilidade do grande professor, formado em

escolas e princípios estéticos quase impossíveis de serem admitidos em alguns

aspectos considerados insuficientes na perfeita correcção da forma, não

agradassem algumas das peças hoje consideradas obras-primas. Porém, o que

Marques de Oliveira bem conhecia e conscienciosamente estudava, discutia-o

de maneira serena mas convicta. […]»76

As palavras escritas por Joaquim Lopes, acerca daquele que foi o seu professor

de Pintura, multiplicam-se, daí que os textos transcritos representem, apenas, um breve

apontamento que procura dar a conhecer registos onde o pintor refletiu, mais

demoradamente, sobre a personalidade de Marques d’Oliveira, enquanto docente da

BAP, uma vez que é a ligação Mestre (Marques d’Oliveira) e Aluno (Joaquim Lopes)

que neste subcapítulo é desenvolvida.

Perceber a força que a Academia teve no rumo artístico e nas opções plásticas de

Joaquim Lopes é um desafio, pois apesar de existirem fontes escritas pelo próprio artista

onde ele reflete sobre esta problemática – como de resto são exemplo os dois trabalhos

sobre Marques d’Oliveira, citados anteriormente –, estes são sempre registos que devem

ser analisados com alguma cautela.

75

LOPES, Joaquim (org. e prefácio) OLIVEIRA, Marques – Diário de Viagem, pp. 13 e 14. 76

LOPES, Joaquim - Marques de Oliveira, pp. 34 e 35.

46

Considero que o pintor escreveu inserido numa corrente diferente daquela que

plasticamente defendeu. Esta ideia pode parecer controversa, mas, na verdade, tem a sua

raiz numa análise simples da obra plástica e escrita do artista. Habitualmente, o pintor

construiu os seus artigos e monografias numa perspetiva biográfica, onde a finalidade

transversal a todo o trabalho era a de distinguir um artista, segundo o autor, digno de

admiração e reconhecimento. Neste sentido, o discurso de exaltação que por vezes

assume, relaciona-o com um método ultrapassado de historiar arte, na medida em que

não analisa criticamente as propostas do artista. Em todo o caso, creio que as biografias

do pintor tinham como objetivo principal apresentar de forma solta e descomprometida

um artista menos conhecido ou que merecesse ser recordado. Tal facto não significava

que o biografado fosse uma personalidade genial, mas era a sua faceta mais válida que

Joaquim Lopes pretendia dar a conhecer. O pintor assume, em outro tipo de publicações

e artigos, um olhar mais severo e atento à realidade artística, onde, aí sim, pretende

dissecar as problemáticas plásticas que o inquietavam. Este último ponto será

desenvolvido noutro capítulo desta dissertação.

«Marques de Oliveira, ainda que integrado na arte do seu tempo – como

anteriormente referi – de algum modo vivendo as revolucionárias inquietações

de seus mais velhos camaradas: os Impressionistas, não desprezava úteis e

antigas expressões, […]»77

Através deste excerto, podemos perceber o modo como Joaquim Lopes via o

docente da EBAP – alguém que, por entre as obrigações académicas e as suas

experiências individuais, conduziu o seu caminho entre o passado e o futuro, a norma e

a exceção –. Inevitavelmente, encontro alguma proximidade com o próprio percurso de

Joaquim Lopes que, do mesmo modo, foi capaz de jogar a sua obra entre estruturas mais

clássicas e apontamentos vanguardistas. Este rumo ambivalente, constituído por

múltiplas direções que o pintor segue paralelamente, poderão ter a sua origem na

Academia e no exemplo do Mestre Marques d’Oliveira.

A biografia do Mestre é marcada por uma referência constante a uma obra do

biografado. «Céfalo e Procris»78

é um dos trabalhos que o autor admira79

e que é, até

hoje, tida como uma pintura de grande interesse pelo confronto entre um tema clássico e

um fundo paisagístico simplificado. Sem pretender analisar as propostas de Marques

77

LOPES, Joaquim - Marques de Oliveira, p. 21. 78

http://mnsr.imc-ip.pt/Data/ContentImages/IMG_GRA5a.jpg. 15-06-2012 23:13. 79

LOPES, Joaquim - Marques de Oliveira, pp. 57 e 58.

47

d’Oliveira e esta sua obra em particular – temas que não constituem a problemática

deste projeto de investigação –, a afinidade que Joaquim Lopes parece partilhar com a

pintura, revela-se com algum interesse se tivermos em conta um trabalho que ele viria a

realizar em 1930. «Ajax e Cassandra» – segunda prova do concurso para a cadeira de

Pintura da EBAP80

– é uma obra que tem em comum com «Céfalo e Procris» a

representação de um tema mitológico, mas também o contraste entre desenhos

académicos e fundos simplificados, entre anatomias estudadas e manchas de cor

esboçadas. Nesta solução ficará claro de que modo a Academia e particularmente as

aulas de Pintura de Marques d’Oliveira terão formado Joaquim Lopes no sentido da

exploração das contraposições do passado com o presente, do clássico com o moderno,

do Mestre com o Aluno.

As semelhanças entre os dois artistas parecem suceder-se quando, por exemplo,

Joaquim Lopes escreve:

«Marques de Oliveira, como acontece com alguns dos nossos artistas,

teve, por vezes de se desdobrar em modalidades de realização que nem sempre

se ajustavam ao seu temperamento. Assim no vasto conjunto dos seus trabalhos,

não é difícil encontrar, ao lado dum excelente estudo de paisagem, um esboço

magistral, modalidade em que raramente por outros colegas chegou a ser

atingido, um retrato, uma gravura ou telas de ampla composição decorativa.

Desta maneira, o seu culto e honesto espírito, vivendo em permanente

inquietação, levava-o a profundar não só a técnica da aguarela – em que, como

Pousão, chegou a definir primacial lugar – mas ainda a da gouache, da litografia

e da gravura a água-forte, de que chegou a obter esplêndidos ensaios.

Desenhador poderosíssimo, sem deixar de pertencer-se e às leis estéticas do seu

tempo se ajustar, sempre o artista conseguiu num simples estudo reunir a mais

fina cor, onde o rosa e oiro intimamente se fundiam.»81

Tal como Marques d’Oliveira, também Joaquim Lopes procurou trabalhar e

experimentar diversas técnicas, inserindo-se nas correntes estéticas vigentes, sem estas o

dominarem, isto é, sem deixar de pertencer-se82

. O espírito crítico era incentivado pelo

próprio Marques d’Oliveira que o achava essencial na formação de um bom pintor.

«Marques de Oliveira teve a grande virtude de aos seus discípulos, e a

quantos das suas lições se aproximaram, ensinar a ver e comparar com

clarividente nitidez, ao mesmo tempo que neles despertava e desenvolvia o

espírito crítico, qualidades por Ele justamente consideradas primaciais no

verdadeiro artista. Segundo a sua criteriosa maneira de ver, no desenho residia a

80

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, pp. 39 e 40. 81

LOPES, Joaquim – Marques de Oliveira, p. 34. 82

Ibidem.

48

fundamental força da obra de arte. Assim se exercia aquela superior organização

de pintor durante as exigentes lições que aos seus numerosos alunos da velha

Academia de S. Lázaro ministrava, sem, todavia, colocar em inferior posição o

estudo da cor e opulência da matéria. […]»83

Neste excerto fica, mais uma vez, claro como o desenho era, no contexto da

Academia, a matriz essencial. Por isso, mais adiante, Joaquim Lopes acrescenta:

«[Marques d’Oliveira] xigia que o aluno construísse sòlidamente, e só

depois, sem mesquinhos alindamentos, sobre forte esboço utilizasse as cores,

que na mesma incisiva composição, haviam de desenvolver-se. Para isso, nunca

deixou de aconselhar que, mesmo pintando, o fizéssemos desenhando com os

pinceis, marcando planos e volumes, […]»84

O método de trabalho – descrito na passagem anterior e transmitido por Marques

d’Oliveira aos seus alunos – explica o porquê da pintura de Joaquim Lopes ter sido

sempre uma pintura atenta ao plano e ao volume, à linha e ao desenho como sua base. A

narração de outros episódios ocorridos na aula do Mestre – onde, inclusive, o professor

faz algumas considerações sobre os trabalhos do aluno Joaquim Lopes – é desenvolvida

pelo autor em outras páginas da biografia de Marques d’Oliveira.85

Joaquim Lopes

conta ao leitor as histórias e lições que guardou na sua memória, demonstrando o papel

relevante que o Mestre teve para si como referência no campo da pintura, mas também

como docente. Joaquim Lopes vê em Marques d’Oliveira um exemplo, quanto à forma

de ensinar, de transmitir conhecimentos, de veicular saberes com emoção e entrega.

«Algumas vezes, o Mestre aconselhava os discípulos: – «mesmo que as

telas ou tábuas destinadas aos seus estudos sejam de reduzidas dimensões não

deixem de, para isso, utilizar pincéis de número mais ou menos elevado: –

«façam esboços pequenos com broxas grandes – concluía com firmeza».»86

O conselho do Mestre bem poderá ter contribuído para o recurso – relativamente

frequente – de Joaquim Lopes às pochades. Estudos de pequena dimensão, onde o

pintor explorava expressivamente as potencialidades da cor, dos empastamentos de tinta

e dos registos imediatos.87

As referências a Marques d’Oliveira, ora como pintor, ora

como Mestre, são concluídas com um parágrafo onde Joaquim Lopes sintetiza a sua

83

LOPES, Joaquim – Marques de Oliveira, p. 50. 84

Ibidem, p. 51. 85

Ibidem, pp. 51 a 54. 86

Ibidem, p. 62. 87

Ver referência a pochades como «Depois da Leitura», «Estudo» e «Ao Espelho» em Gusmão, Adriano

de. Na S.N.B.A. O Salão de inverno. Seara Nova, 15/01/1944.

49

admiração para com o professor, cuja atividade multidisciplinar ter-lhe-á servido de

inspiração.

«O incomparável autor de tantas obras de rara beleza foi um mestre na

verdadeira acepção que esta dignificante palavra encerra, porque a par do extraordinário

realizador jámais deixou de subsistir o pedagogo e o crítico, […]»88

. O reconhecimento

do Mestre, por parte de Joaquim Lopes, funde-se com um sentimento de gratidão que

me leva a considerar que mais do que a aula de Pintura Histórica em si, aquilo que

interferiu verdadeiramente na formação do artista foi o seu contacto pessoal com

Marques d’Oliveira. Por isso, se justifica o desenvolvimento dado a esta relação.

Efetivamente, não terá sido o curso de Pintura que permitiu ao artista experimentar uma

liberdade contida, mas antes o facto de esta ser conduzida por alguém que – como

deixei patente – soube criar em cada norma a exceção necessária para cada aluno seguir

o seu rumo. Podemos, até, considerar o desenho como essa régua disciplinadora, sendo

a cor o pulsar mais forte das emoções, o vibrar mais alto dos sentimentos individuais.

Após as transcrições das palavras do próprio Joaquim Lopes, julgo que ficou

esclarecida a influência que este seu segundo período na EBAP terá tido para si

enquanto futuro pintor. O desenho manteve-se como matriz essencial, como estrutura

indispensável. A cor, as tintas, os pincéis já esboçaram alguma liberdade criativa,

permitindo pequenos voos, ainda que contidos, ainda que dirigidos. Em todo o caso, os

últimos cinco anos do artista na Academia terão sido cruciais na definição dos seus

projetos que – com o conhecimento de Marques d’Oliveira – ter-se-ão estendido

definitivamente para além do cavalete, contemplando o ensino, a escrita, a promoção da

arte em diferentes formas e direções.

Em 1915, Joaquim Lopes concluiu, então, o Curso de Pintura Histórica com

dezassete valores e distinção.89

Pouco significará esta classificação final em comparação

com todos os ensinamentos teóricos e práticos que o pintor pôde colher do contacto com

Marques d’Oliveira. Através das palavras do artista, consegui perceber como o Mestre

foi para ele uma referência na vida artística, encaminhando-o em palavras e silêncios,

em gestos e olhares. Para o pintor, «Marques de Oliveira não era um académico, como

alguns pretendiam ou ainda pretendem.»90

. Para Joaquim Lopes, ele trazia em si um quê

88

LOPES, Joaquim – Marques de Oliveira, p. 68. 89

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 38. 90

LOPES, Joaquim – Marques de Oliveira, p. 54.

50

de inconformismo. Sem ser rebelde, havia nele algo que quebrava a regra, que ia de

encontro às convenções. Algo que permitia aos seus discípulos serem alunos, e livres.

Joaquim Lopes usufruiu dessa liberdade. Preservou-a. E conferiu-a, anos mais tarde, aos

seus próprios alunos91

. Uma liberdade contida, é certo, por cânones e regulamentos,

diretivas superiores e, talvez, preconceitos. Mas uma liberdade suficiente para o artista

seguir outros, sem deixar de pertencer-se92

.

3.3 – Aparições públicas: as Primeiras Exposições.

Em 1913, um artigo do periódico A Montanha falava sobre a Exposição de Arte

do Centro Republicano Democrático. Os expositores eram, para o autor do artigo, «Os

Novos».93

Estes eram os alunos da EBAP. Companheiros de aventuras académicas e

plásticas, os estudantes expunham, em conjunto, naquela que foi, possivelmente, uma

das primeiras apresentações públicas de Joaquim Lopes e da sua obra. No entanto, antes

de me deter nesta experiência inicial do pintor, gostaria de dedicar algumas linhas a

mostras mais privadas – no seio da Academia –, onde o artista não deixou de figurar.

Entre 1907 e 1909, terá participado em exposições promovidas pela EBAP, cujo

objetivo era o da apresentação dos trabalhos escolares realizados pelos alunos. No ano

letivo de 1908/1909, o pintor exibe um desenho na 18ª Exposição dos Trabalhos

Escolares dos Alunos da EBAP. O exercício a carvão e a giz branco sobre papel

representa uma estátua de reminiscência clássica94

, constituindo um exemplo claro do

desenho académico como matriz essencial da formação na EBAP. A recetividade

positiva a este seu trabalho merecerá atenção no subcapítulo seguinte por se enquadrar

na problemática que ele pretende abordar.

Joaquim Lopes começa a expor, ainda como aluno da Academia, no ano de

1913. A primeira mostra coletiva em que o pintor participa – ao que a presente

investigação conseguiu apurar – data do dia dezasseis de maio, do referido ano. A

91

«[…] muitas vezes lhes facultou [aos alunos] os meios de se revelarem sem lhes impor escola, ja que,

divisionismo, naturalismo, cubismo, expressionismo ou futurismo, tudo o que tivesse o cunho da arte, por

igual o entusiasmava e interessava.» Cf. Regueiro, A. Braz. Mestre Joaquim Lopes. Notícias de Coura,

Ano I, Nº 6, 15/06/1956. 92

LOPES, Joaquim – Marques de Oliveira, p. 34. 93

Os Novos. Exposição de Arte no Centro Republicano Democrático. A Montanha. 17/05/1913. 94

Para análise da obra e consulta de mais informações sobre a mesma – Cf. GARRADAS, Cláudia –

Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes do Porto. In MESTRE Joaquim

Lopes, pp. 36 e 37.

51

organização da apresentação pública esteve a cargo dos próprios estudantes da EBAP e

teve lugar no Salão do Centro Republicano do Porto. O artista não só exibiu trabalhos

seus, como foi membro da Comissão de Alunos da Academia de Belas-Artes,

promotora da Exposição de Pintura, Escultura e Arquitetura.95

O eco desta mostra,

assim como da obra de Joaquim Lopes, não deixou de se fazer sentir nos periódicos da

época. Alguns dos trabalhos que apresentou mereceram referência por parte da

imprensa96

, e deixaram certas impressões acerca das características das propostas

plásticas do artista. A apreciação da sua obra por cronistas e jornalistas fê-lo ser

adjetivado de colorista. O jogo entre as tintas e as superfícies parece ter sido aquilo que

mais ressaltou dos trabalhos expostos, para quem visitou o espaço. Ao contrário do que

acontecerá mais tarde – quando as suas qualidades de bom desenhador são

recorrentemente exaltadas – aquilo que mais claramente surpreendeu e captou a atenção

dos observadores foi a cor e, sobretudo, o uso e o domínio que o artista aparentava ter, e

tinha realmente, sobre elas.

Sete meses volvidos, Joaquim Lopes voltará a expor – novamente numa mostra

coletiva –, ainda que desta vez só um artista o acompanhasse: Diogo de Macedo. A

amizade e cumplicidade artística que uniam os dois camaradas, encontraram, na Galeria

da Santa Casa da Misericórdia (Porto), o espaço para apresentarem os seus trabalhos. O

catálogo da «1ª Exposição de Diogo de Macedo e Joaquim Lopes» compõe a sua capa,

entre outros elementos, com uma citação de Eugène Carrière : «La transmission de la

pensée par l’art, comme la transmission de la vie, est œuvre de passion et d’amour.»

Desta forma, os dois artistas apresentavam-se ao público. Apaixonados pela Arte.

Entregues à missão de serem seus servidores. Um romantismo que nada tem de

romântico incontrolado97

, senão de juventude, de graça ingénua e, acima de tudo, de

profunda ambição.

A vinte e quatro de dezembro de 1913 – data da abertura da presente exposição

analisada –, Joaquim Lopes dá a conhecer vinte e sete pinturas da sua autoria. Sobre

95

A exposição promovida pelos alunos da Academia de Belas-Artes do Porto. Mundo Ilustrado,

08/06/1913. 96

Algumas das obras de Joaquim Lopes presentes na exposição e mencionadas em alguns dos periódicos

consultados foram «Praia da Aguda» (vendida ao Dr. Manuel de Castro), «Retrato de Ariôsto Silva»,

retrato de «Clementina» e «Natália». 97

«[…] este Homem [Joaquim Lopes] foi incansável, probo, digno, sincero e generoso. Nunca nos

apercebemos de ter sido alguma vez um romântico incontrolado, como se afirma no catálogo da sua

retrospectiva na Escola Superior de Belas Artes.» Cf. Sousa, Alberto de. A exposição póstuma de Mestre

Joaquim Lopes. O Homem, o Pintor, o Mestre. Novidades, 15/07/1956.

52

estas, sucedem-se comentários e pareceres em jornais e revistas. As telas do pintor são

descritas como «impressivas»98

. «A figura e a paisagem»99

, «a anatomia e o desenho»100

merecem a atenção do público visitante, mas são «as cores e a luz»101

que cativam o

espetador. No Janeiro102

, debatem-se, ainda, «as indecisões de cor» que marcariam as

manchas do artista. Seriam estas indecisões as inseguranças do pintor, ainda aluno da

EBAP, ou seriam estas ditas indecisões as reticências que eternamente Joaquim Lopes

deixaria em muitos dos seus trabalhos, parecendo que algo ficou por dizer, alguma linha

por traçar ou alguma cor por espalhar? Tais indecisões podem, igualmente, ser

relacionadas com o facto de o artista apresentar soluções novas, que muitos não

conheceriam e que – entre a surpresa e a admiração – não saberiam dissociar, com

justiça, a imperfeição, do ainda estudante, da vanguarda e da novidade que, mais ou

menos timidamente, ele desejava esboçar.

O ano de 1914 reservou a Joaquim Lopes mais duas exposições coletivas, onde o

artista teve possibilidade de se apresentar e de se fazer representar através das suas telas.

Uma destas mostras diz respeito à 7ª Exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas

Artes (SNBA) que teve lugar no Ateneu Comercial do Porto.103

As referências que

encontrei aos trabalhos expostos do pintor não são em grande número, principalmente

se comparadas a algumas das que mencionei anteriormente, a propósito de outros

eventos artísticos. A causa subjacente será, provavelmente, a de se tratar de um certame

de arte onde participam vários artistas – com carreiras mais consolidadas e percursos

mais reconhecidos – que nas notícias da imprensa se sobreporiam aos mais novos

aspirantes104

.

Em todo o caso, algumas críticas merecem ser referidas. A propósito dos seus

quadros, os jornais falam da «largueza da concepção» e do «temperamento

impressionista»105

que tais obras transmitem. A um ano de concluir a sua formação na

98

Exposição de escultura e pintura. Comércio do Porto, 25/12/1913. 99

Exposição de Diogo de Macedo e Joaquim Lopes. Janeiro, 27/12/1913. 100

1ª exposição de Diogo de Macedo e Joaquim Lopes. A Tarde, 29/12/1913. 101

Ibidem. 102

Exposição de Diogo de Macedo e Joaquim Lopes. Janeiro, 27/12/1913. 103

Cf. Sociedade de Bellas-Artes. A exposição do Ateneu Comercial. Janeiro, 10/11/1914. 104

Num dos periódicos consultados, Joaquim Lopes é descrito como um artista aspirante e promissor.

«Os quadros de Joaquim Lopes merecem-me deferência por se tratar de um novo que poderá realisar,

visto que tem qualidades.» Cf. Lacerda, Aarão de. A Exposição da Sociedade de Belas Artes do Porto. A

Águia. Revista quinzenal ilustrada de literatura e crítica, Nº 35, novembro de 1914, p.145. 105

Cf. Arte. Sociedade de Bellas-Artes. O recorte de jornal consultado no APJL, apenas fazia alusão ao

título da notícia, sem indicar o nome do periódico a que estava associado, nem a data – que presumi

situar-se no ano de 1914 dado o tema (7ª Exposição da SNBA) que a ocupa –. Por esta razão, apenas pude

53

EBAP, Joaquim Lopes parecia ter já as suas propostas plásticas bem direcionadas, uma

vez que temos vindo a assistir a algum consenso no respeitante às críticas e às

observações de jornalistas e cronistas. A sugestão da cor, através da pincelada larga e

dos efeitos de sugestão impressionista assumem-se, logo à partida, como traços da

pintura do artista. Se alguns dos autores destes artigos não tinham formação específica

no campo das artes e as suas considerações seguiam, regra geral, os seus instintos e

perceções, a verdade é que tais sensibilidades devem, também, ser tidas em conta. Não

pretendo delas retirar conclusões absolutas, mas sim percecionar a recetividade e o olhar

que as obras do artista foram recebendo, ao longo do tempo. Neste sentido, as telas do

pintor não chocavam a opinião pública da época, mas não deixavam de marcar e,

mesmo, demarcar, um espaço no contexto das exposições, inclusive, numa exposição

concorrida e recheada como a da SNBA106

.

Neste mesmo ano de 1914, Joaquim Lopes beneficiaria, ainda, de uma outra

exposição, desta feita em companhia de um outro comparsa da sua juventude artística –

Soares Lopes –.107

Tendo por base os trabalhos desenvolvidos no âmbito de uma bolsa

artística recebida pelos dois artistas – a qual será debatida no subcapítulo seguinte –, os

pintores inauguram a sua mostra a cinco de novembro, no Salão d’ O Comércio do

Porto. As obras de Joaquim Lopes relacionam-no com Millet108

, na sua faceta «rude e

simples».109

Características que, anos mais tarde, serão igualmente referidas em outro

periódico110

e que revelam algumas das constâncias nas propostas do pintor. Nos seus

trabalhos, o artista sempre privilegiou a representação de figuras comuns, sem

anatomias de proporções plenamente harmoniosas, mas antes reais, próximas do

observador, palpáveis e concretas. O pintor não teme tratar rostos angulosos ou tezes

severamente queimadas pelo sol. E é, por isso, segundo alguns autores, mais áspero que

referir o título da notícia, como forma de citar os dados incluídos no texto do corpus principal do

trabalho. 106

Nesta 7ª edição da exposição da SNBA terão estado presentes cerca de quinhentos trabalhos entre

telas, esculturas, aguarelas, desenhos e projetos. Cf. A exposição de Belas Artes. Ilustração Portugueza,

Nº 431, Lisboa, 25/05/1914, p. 663. 107

«Estes dois grandes artistas [Joaquim Lopes e José Maria Soares Lopes], que começavam então a ser

conhecidos, trabalharam afanosamente e, em princípio de Novembro do mesmo ano, fizeram no salão de

O Comércio do Porto uma exposição de quadros de paisagens geresianas, que a imprensa da época

enalteceu pelo seu excepcional valor.» Cf. MAIA, Celestino- O Gerês e as suas termas. Porto: [s. n.],

1947, p. 25. 108

Jean-François Millet (1814-1875). 109

Méds, H. Exposição de Soares Lopes e Joaquim Lopes. Povo de Gaia, 10/11/1914. 110

«Para muitos, o Artista foi, acima de tudo, paisagista. […] Joaquim Lopes, homem forte e rude, nunca

cultivou o «bonitinho», o amável. Eram suas figuras fortes e rudes como ele.» Cf. Sérgio, Octávio. O

Pintor Joaquim Lopes e a sua notabilíssima acção no meio artístico portuense. O Norte Desportivo,

12/04/1956.

54

Millet, pois «[…] os seus trabalhadores não repousam á hora socegada de Angelus

como em Millet, mas nos momentos cálidos do dia, em que a terra afogueada queima

[…]»111

.

Porém, as suas soluções plásticas suscitam outras considerações. A sua «Serra

do Gerês» possui, segundo Méds, uma «poesia suave e mística como os frescos de

Puvis de Chavannes».112

A suavidade de tons que, por vezes, o autor português explora

permite fazer a ponte com alguns dos trabalhos do artista francês. Além disso, as obras

do pintor português convidam, recorrentemente, a alguma divagação e questionação por

parte do espetador, assim como os trabalhos de Puvis de Chavannes113

. A propósito

desta mesma exposição no Salão d’O Comércio do Porto, o periódico Povo de Gaia

refere, ainda que – «Para ele [Joaquim Lopes] a impressão é tudo. O acabamento, não

passa d’abilidade.»114

–. Mais uma vez, é o registo rápido e a captação momentânea da

imagem que permanecem como elementos definidores da obra do artista. Um trabalho

que vive da anotação de aspetos de cor, luz e movimento – valores associados pelos

jornais da época a influências impressionistas – e da sugestão indireta e não totalmente

clara de ideias e perspetivas – características que fazem os periódicos aproximá-lo de

certas propostas de caráter simbolista –.

No ano em que Joaquim Lopes conclui o seu Curso de Pintura na EBAP, há

notícia de uma outra exposição em que o artista terá estado presente. Partindo da

referência constante no dicionário Portuguese 20th century artists115

, fiquei a saber de

uma mostra coletiva que teve lugar em Ponta Delgada, neste mesmo ano. Através da

consulta do estudo A Museologia na Ilha de São Miguel (1974-2008)116

, consegui

clarificar um pouco melhor de que exposição se tratou.117

Joaquim Lopes terá, então,

111

Lacerda, Aarão de. Os quadros de Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 21/05/1925. 112

Méds, H. Exposição de Soares Lopes e Joaquim Lopes. Povo de Gaia, 10/11/1914. 113

Pierre Puvis de Chavannes (1824-1898). 114

Méds, H. Exposição de Soares Lopes e Joaquim Lopes. Povo de Gaia, 10/11/1914. 115

LOPES, Joaquim Francisco. In PORTUGUESE 20th century artists. A biographical dictionary. Dir.

Michael Tannock. Chichester: Chichester Press, 1978. 116

SOUSA, Sílvia Maria Borba Fonseca e – A Museologia na Ilha de São Miguel: 1974-2008.

http://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/620. 15-06-2012 23:14. 117

«Em Ponta Delgada promoveram-se várias exposições de pintura, com artistas nacionais e locais,

tendo as aquisições e ofertas constituindo o primeiro núcleo de pintura do museu.» SOUSA, Sílvia Maria

Borba Fonseca e – A Museologia na Ilha de São Miguel: 1974-2008, p. LXXVII.

http://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/620. 15-06-2012 23:14. Tendo em conta o excerto transcrito,

equacionei a hipótese de Joaquim Lopes estar representado na coleção do Museu Municipal Dr. Carlos

Machado, o qual à data da exposição de 1915 estava, precisamente, a rechear as suas coleções. Neste

sentido, foi estabelecido o contacto com o Museu que na pessoa da Dra. Sílvia Massa me esclareceu de

que não havia qualquer obra do artista no acervo do Museu. Em todo o caso, é provável que o pintor

55

exposto na mostra coletiva «Belas-Artes» que teve lugar no Paço Fonte Bela.118

Algumas notícias de 1915 devem referir-se a esta mesma apresentação pública, apesar

de nenhuma delas indicar o nome da exposição ou o local onde foi realizada. O

Janeiro119

e a Lucta – únicos periódicos analisados com referências a esta mostra – não

desenvolvem quaisquer opiniões acerca da presença de Joaquim Lopes, mencionando

apenas o facto de o pintor ter exposto seis telas120

.

Até 1915, as aparições públicas de Joaquim Lopes dividem-se entre a sua

presença em mostras de arte e a sua participação em algumas publicações. Em 1910, por

exemplo, colabora no número um da Apollon – revista publicada por alunos da EBAP e

cujo segundo número, em fevereiro de 1910, será mesmo editado sob a direção de

Diogo de Macedo e do próprio Joaquim Lopes –. Estes serão os dois únicos números

que a publicação conhecerá – tendo ocupado os dois primeiros meses do ano – sendo

que, em ambos, o pintor colabora com desenhos que ilustram e acompanham textos e

artigos.121

No entanto, o meio dos certames artísticos seria o mais propício ao

estabelecimento de contactos e, acima de tudo, à apresentação da sua obra que, como

nestes parágrafos ficou claro, o foi representando e dando a conhecer.

tenha vendido alguma obra nesta mostra, pelo que o artista deverá estar representado, possivelmente,

numa coleção particular da ilha açoriana. 118

SOUSA, Sílvia Maria Borba Fonseca e – A Museologia na Ilha de São Miguel: 1974-2008, p.

LXXVIII. http://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/620. 15-06-2012 23:14. 119

xposição d’Arte. Janeiro, 13/05/1915. 120

Painéis, bonecos e mamarrachos. A Lucta, 09/07/1915. 121

No primeiro número da revista, Joaquim Lopes ilustra o poema «Canção» da autoria de Duarte Solano,

com uma composição descomprometida de flores e vegetação. Cf. Apollon, Nº 1, janeiro de 1910. A

ligação entre os textos de Duarte Solano e as ilustrações de Joaquim Lopes manter-se-á quando, mais

tarde, o pintor vier a executar um desenho para a obra «Corôa de Rosas» da autoria de Duarte Solano.

O número dois da publicação conta com um desenho do pintor que acompanha as «Palavras de Auguste

Rodin». Tendo por base o contexto em que o esquisso se insere, este deve tratar-se de um retrato do

próprio Rodin. Cf. Apollon, Nº 2, fevereiro de 1910.

56

As páginas anteriores apresentaram alguns denominadores comuns que

permitem que sejam traçadas algumas constantes, relativamente às cronologias

abordadas neste subcapítulo. Nos anos iniciais da sua atividade pública, Joaquim Lopes

participa sempre em exposições coletivas, tendo de esperar por maio de 1916 para

conhecer a sua primeira mostra individual. Entre exibições mais ou menos concorridas,

o artista parece ter tido sempre um lugar reservado em artigos e notícias que mais ou

menos demoradamente se debruçaram sobre a obra do pintor. As menções, por vezes

bastante incisivas, apontavam para uma presença de influências impressionistas que,

afinal, o artista já explorava, ainda antes de fazer a sua viagem a Paris – habitualmente

referida como o momento chave em que o pintor contacta com as manifestações

impressionistas e as incorpora na sua técnica122

–.

Importa ainda referir que as exposições citadas, bem como as suas datas de

abertura e os locais onde tiveram lugar, devem sempre ser alvo de uma revisão, pois

através da minha pesquisa foi possível perceber que há novos indicadores que surgem

constantemente trazendo luzes e dados inéditos sobre esta problemática, tornando-a, por

isso, um campo aberto, em permanente (re)construção. Em alguns dos periódicos

referidos ao longo deste subcapítulo, é possível encontrar a reprodução de telas que

Joaquim Lopes expôs nas mostras descritas. Em todo o caso, para apresentar, pela

primeira vez nesta dissertação, um pouco da sua obra, optei por selecionar um trabalho

seu datado de 1912 com o qual me cruzei no sítio oficial da leiloeira Palácio do Correio

Velho.

122

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, pp. 38 e 39.

57

FFiigguurraa 11

Título: Barcos na praia - Costa Nova.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre cartão.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1912 (canto inferior direito).

Dimensões: 22cm (altura) x 32 cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: <http://www.pcv.pt>123

123

Sítio oficial da leiloeira: <http://www.pcv.pt>. A obra «Barcos na praia – Costa Nova» esteve presente

no Leilão 223, Especial VII, com o número de lote 0047.

58

O trabalho apresentado aproxima-se, do meu ponto de vista, de algumas das

associações feitas entre as propostas de Joaquim Lopes e as soluções de Puvis de

Chavannes. Não pelo tema propriamente dito, mas pela suavidade das cores – sobretudo

dos tons que se espalham pelo céu – que retém algum do espírito que encontramos nos

exercícios de Chavannes. Uma certa quietude que não será transversal à obra do artista

português que, inclusive, explorará com frequência o movimento e a instabilidade como

alicerces da sua pintura. Todavia, a ponte entre o pintor português e o artista francês

merece ser tida em conta, uma vez que Joaquim Lopes, n’O Primeiro de Janeiro do ano

de 1942, afirma que, para ele, Puvis de Chavannes está entre os maiores mestres

contemporâneos de Paris.124

As Primeiras Exposições contêm em si, algo de embrionário daí que, na minha

perspetiva, valha a pena voltar sempre a elas. Nestas iniciativas está, muitas vezes, o

gérmen que alimentará tudo o que daqui em diante o artista fará ou procurará fazer na e

da sua carreira. Entre um percurso mais individual e solitário e um caminho mais

iluminado e ostensivo, as mostras públicas d’Os Novos125

têm uma faceta de inestimável

valor para quem estuda tais exposições e que é, precisamente, a da construção de uma

imagem pública. Não que tal signifique ou conduza à conclusão de que as mostras –

coletivas ou individuais – de um jovem pintor ou escultor sejam definidoras de toda a

sua obra ou rumo plástico. Aquilo que estas exposições inaugurais poderão, talvez,

determinar com alguma segurança, são as ambições do artista, o que ele deseja ser no

panorama cultural em que se insere.

A partir desta consideração, posso apontar Joaquim Lopes como um pintor que

procurava evoluir sem, ao mesmo tempo, colocar esta premissa de inovação como fim

último da sua obra. Para ele, o fundamental seria que cada uma das suas propostas fosse

consistente com o que – no momento exato em que construía a obra – ele sentia ser o

rumo indicado para a mesma. Daí que a heterogeneidade das suas propostas artísticas,

nunca tenha sido algo que o constrangesse. N’Os Paisagistas da Escola do Porto nas

124

Segundo o pintor, os maiores mestres contemporâneos de Paris eram Rodin (François-Auguste-René

Rodin 1840-1917), Bartholomé (Paul-Albert Bartholomé 1848-1928), Puvis de Chavannes, Carrière

(Eugène Anatole Carrière 1849-1906) e Besnard (Albert Besnard 1849-1934). Cf. Conferências. Na

Escola de Belas Artes do Pôrto. O Primeiro de Janeiro, 07/02/1942.

O interesse de Joaquim Lopes pelo trabalho de Puvis de Chavannes poderá, ainda, ser ilustrado pela

conferência que o pintor português lhe dedica, a qual teve lugar na EBAP. Cf. Lima, Fernando de Araújo.

Recordando um amigo morto: Mestre Joaquim Lopes. Boletim da Associação Cultural dos Amigos de

Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 11. 125

Os Novos. Exposição de Arte no Centro Republicano Democrático. A Montanha. 17/05/1913.

59

Colecções do Museu pode ler-se que o pintor «[…] no campo da arte não se pode dizer

homem realizado – pintou a óleo, pintou a pastel, a aguarela.»126

. Pois esta exploração

técnica, temática, em suma, plástica transversal e marcante desde o começo ao fim do

percurso de Joaquim Lopes terá sido, provavelmente, aquilo que mais o concretizou,

enquanto artista.

A diversidade de linguagens da sua obra – que nas exposições analisadas já era

patente – demonstrava o artista insatisfeito, mas cuja insatisfação era a sua razão de

pintar. Procurar incessantemente não a forma, mas as formas; não a cor, mas as cores;

não a solução, mas as soluções. Assim se define, desde 1913, Joaquim Lopes, logo nas

suas primeiras aparições públicas. Apenas com a certeza do trabalho e do empenho

como métodos privilegiados para progredir, o seu conhecimento cresce com as leituras e

as experiências falhadas. Nada é garantido para o artista. Nada é seguro, nem certo, para

quem atravessa duas guerras mundiais. Também de fome e de dor nos fala a (sua) arte.

Como fala de indecisões e de incertezas que não são só plásticas. Há nas suas telas as

dúvidas e medos do homem atento à Vida. Há nas suas telas as dúvidas e medos do

homem atento ao Homem – «Acho que o aspecto rígido da arte objectiva tende a ser

temperado pela centelha espiritual. Mas sabe-se lá… sabe-se lá o que virá depois da

guerra?!...»127

–.

3.4 – (Re)conhecimento individual: o Primeiro Prémio; a Primeira Bolsa.

A passagem pela Academia fez Joaquim Lopes evoluir enquanto aluno e definir-

se enquanto artista. Na EBAP, o estudante aprendeu a construir a obra. Nas exposições,

o pintor descobriu como desconstruí-la publicamente. Deste modo, o artista foi

encontrando a sua individualidade. Num processo lento – que ele nunca pretendeu

apressar –, o artista privilegiou a autorreflexão como meio de determinar a forma como

se apresentaria ao público. Para se dar a conhecer mais verdadeiro e próximo da sua

realidade, o pintor teria necessariamente de se sentir seguro das suas opções, convicto

dos seus ideais. A força da sua pincelada e do rasto de cor que ela prolonga tem muito

desta certeza interior que sempre moveu o artista. Foi a partir dela que cada obra

nasceu, que cada apresentação pública se concretizou.

126

OS PAISAGISTAS da Escola do Porto nas Colecções do Museu. Porto: MNSR, 1983, p. 27. 127

Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 18/08/1944.

60

O estudo que Joaquim Lopes apresenta na 18ª Exposição dos Trabalhos

Escolares dos Alunos da EBAP concedeu ao pintor a oportunidade de receber o segundo

galardão no Concurso ao Prémio Pecuniário de Desenho. O trabalho laureado serviu,

primeiramente, como resposta ao exame final do quarto ano do Curso de Desenho

Histórico, cujo Professor e Secretário era José de Brito. A prova exigia aos alunos a

realização do desenho sombreado de uma estátua copiada do gesso. O tempo disponível

para a execução do exercício era de dez dias úteis.128

Para tal, o artista selecionou uma

cópia a gesso do Discóbolo. O seu desenho foi aprovado e apreciado, por José de Brito,

com a classificação de 15 valores.129

A consulta do Catálogo da 18ª exposição dos alunos da EBAP130

confirma como

é esta mesma obra – o desenho a partir da cópia a gesso do Discóbolo – que Joaquim

Lopes exibe no «Concurso anual ao premio pecuniário em desenho histórico, que consta

de um estudo sombreado, copia do gesso, executado em dez sessões»131

. É, então, este o

trabalho condecorado com o segundo prémio no valor de 20$00 reis132

, e reproduzido

no texto de Cláudia Garradas – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na

Escola de Belas Artes do Porto – publicado no catálogo sobre Mestre Joaquim Lopes133

.

Neste sentido, o título «Desenho por estátua» atribuído ao estudo134

, pode tornar-se

mais completo indicando-se – desenho a partir de cópia a gesso do Discóbolo –.

O prémio académico simbolizava o reconhecimento das aptidões artísticas do

autor como aluno e desenhador. Todavia, esta era ainda uma aceitação no seio da EBAP

e do pintor com perfil de estudante. No entanto, não tardaria a chegar a oportunidade do

artista – ainda como aluno da Academia – experimentar um ambiente afastado da

litoralidade portuense. Em 1914, uma bolsa de estudo condu-lo ao Gerês e,

posteriormente, a uma exposição em parceria com Soares Lopes – sobre a qual dei conta

128

CATÁLOGO da 18ª exposição dos trabalhos escolares dos alumnos da Escola Portuense de Bellas-

Artes considerados dignos de distincção no Anno lectivo de 1908-1909. [S. l.]: Coimbra Imprensa da

Universidade, 1909. 129

«Joaquim Francisco Lopes // 112 – Discobulo, estudo do antigo, cópia do gesso, pelo qual obteve 15

valores, no exame final.» Cf. CATÁLOGO da 18ª exposição dos trabalhos escolares dos alumnos da

Escola Portuense de Bellas-Artes considerados dignos de distincção no Anno lectivo de 1908-1909, p. 14 130

CATÁLOGO da 18ª exposição dos trabalhos escolares dos alumnos da Escola Portuense de Bellas-

Artes considerados dignos de distincção no Anno lectivo de 1908-1909. 131

Ibidem. 132

«Joaquim Francisco Lopes // 170 – Mesmo estudo [Discóbulo], pelo qual foi julgado digno do 2º

segundo prémio, 20$00 reis» Cf. CATÁLOGO da 18ª exposição dos trabalhos escolares dos alumnos da

Escola Portuense de Bellas-Artes considerados dignos de distincção no Anno lectivo de 1908-1909, p.

21. 133

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 36. 134

Ibidem, p. 37.

61

no subcapítulo anterior –. A paisagem serrana sensibilizou o artista para os matizes e as

geometrias dos rochedos. Por isso, alguns o consideraram «um pintor da Montanha».135

A partir desta viagem, as paisagens do artista dividir-se-ão entre as memórias geresianas

e os registos captados à beira-rio136

.

O pensionato artístico – que tinha como destino o Gerês – foi oferecido pel’O

Comércio do Porto a dois dos melhores alunos da EBAP: Joaquim Lopes e Soares

Lopes. As viagens e a estada estavam asseguradas, sendo que os bolseiros apenas teriam

de oferecer, em contrapartida, um dos trabalhos realizados durante a sua fuga artística, à

instituição promotora deste projeto.137

Joaquim Lopes respirou durante quinze dias138

as

aragens das fragas, dos rios e dos carvalhos.139

Apesar de eu não ter observado

pessoalmente propostas como «Serra do Gerêz» – em posse da Casa Museu Fernando

de Castro –140

, acredito que o artista tenha sido sensível às particularidades da terra que

Adolfo Correia da Rocha – sob o pseudónimo de Miguel Torga – tão bem descreveu.

«Gerês, 16 de Agosto de 1955 – O dia inteiro a ruminar o banquete de

ontem, pantagruélico festim de serras e horizontes que teve como iguaria

suprema a descida do Velão ao cair da tarde. […]

[…] Fascinação de artista rendido à beleza viril de uma paisagem onde

sempre me apetece parir ou morrer, e gratidão somática por ter nascido nela.

A terra tem um senão: a mudez. E o poeta é um homem de perguntas.

Desde que me conheço que me dilacera o cilício de a interrogar sem esperança.

[…]»141

Joaquim Lopes não nasceu transmontano, mas cedo se sentiu tocado pelo lirismo

dos campos, apresentando-se como um «pintor em cujo ser cohabitam um aldeão e um

poeta; um aldeão que ama fervorosamente a terra, um poeta que sabe traduzir, em linhas

135

Guimarães, Domingos. Um pintor de Montanha. A exposição de Joaquim Lopes. Comércio do Porto,

26/07/1918. 136

«Numa manhã de primavera adiantada, com os raios solares a varrer de poalha álacre todo aquele

conjunto paisagístico único, os meus olhos depararam com Mestre Joaquim Lopes, cavalete na sua frente,

encimado pelo característico guarda-sol (adorno que hoje nenhum pintor usa) espalhando na tela à sua

frente pequenas pinceladas rectangulares que marcavam o perfil colorido de um cargueiro, tendo por

fundo um apontamento esfumado do casario tripeiro, ao qual se prolongava parte de perfil acinzentado da

ponte de D. Luís.» Cf. Gomes, J. Costa. Joaquim Lopes – Artista que honra V. N. de Gaia. Boletim da

Associação Cultural dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 3. A descrição transcrita refere-se,

possivelmente, à obra «Descarga do bacalhau» reproduzida em MESTRE Joaquim Lopes, p. 172. 137

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 38. 138

Ibidem. 139

Cf. Diário VII (20-5-1953/3-10-1955) In TORGA, Miguel – Diário. Vols V-VIII (1949-1959). Rio de

Mouro: Círculo de Leitores, maio de 2001, p. 700. ISBN 972-42-2488-0. 140

Título da obra: «Serra do Gerêz». Instituição detentora da obra: Casa Museu Fernando de Castro.

Número de inventário: 153. Técnica e Suporte: Óleo sobre cartão. 141

Cf. Diário VII (20-5-1953/3-10-1955) In TORGA, Miguel – Diário. Vols V-VIII (1949-1959), p. 725.

62

e cores, o seu sonho […]»142

. A mudez dos cenários serranos terá sido, igualmente,

inquietadora e aterradora pelo contraste que assumia com o bulício das imagens sonoras

que o jovem pintor de 28 anos trazia na sua memória citadina.143

O caráter telúrico da

obra de Joaquim Lopes – já abordado neste trabalho – terá nascido nestas viagens e terá

sido explorado em outras tantas. O contacto com a Natureza mais intocada, permitiu ao

pintor conhecer outras paisagens e, sobretudo, reconhecer nelas outros valores, menos

ligados ao movimento da cidade, e mais próximos do silêncio místico dos campos ou

montanhas. Deste modo, a primeira bolsa recebida pelo artista terá representado um

ingrediente essencial na definição do seu percurso, sendo que daqui em diante os

montes e vales pontuaram a sua obra.

Ao longo da investigação, não me cruzei com palavras de Joaquim Lopes que

descrevessem as sensações que a paisagem geresiana lhe transmitiu. Em todo o caso,

julgo que o excerto, que transcrevo, poderá ajudar a delinear as principais características

e marcas de um cenário tocante, até este momento, para escritores e artistas:

«Gerês, 6 de Agosto de 1955 – Há sítios do mundo que são como certas

existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e

perfeição.

Este Gerês é um deles. Acumularam-se e harmonizaram-se aqui tais

forças e contrastes, tão variados elementos de beleza e de expressão, que o

resultado lembra-me sempre uma espécie de genialidade da natureza.»144

A fragilidade e a rudeza deste palco montanhoso comoveu, desde logo, Veloso

Salgado – uma das mentes embrionárias do projeto da bolsa recebida por Joaquim e

Soares Lopes –. Em O Gerês e as suas termas145

, Celestino Maia conta como terá

nascido este projeto de pensionato artístico, tendo por base as informações que Joaquim

Lopes lhe facultou.

«Segundo me informou mestre Joaquim Lopes, deve ter sido Veloso

Salgado quem, em convivência no Gerês, sugeriu ao conhecido democrata Dr.

José de Castro, que foi presidente de ministério e aquista das Termas, a criação

duma «Bolsa de Arte» para levar ao Gerês missões estéticas de estudo. Esta

bolsa, cuja administração foi confiada ao director de O Comércio do Porto,

Prof. Bento Carqueja, só uma vez foi utilizada, mas de modo tão notável que o

142

Guimarães, Domingos. Um pintor de Montanha. A exposição de Joaquim Lopes. Comércio do Porto,

26/07/1918. 143

A propósito dos sons… «[…] Por detrás das pedras roladas e das ravinas, pulsa o mesmo coração

inquieto da vida. A solução, portanto, consiste apenas em auscultá-lo com a finura de ouvido que é

obrigatória nas consultas citadinas. […]». Cf. Diário VII (20-5-1953/3-10-1955) In TORGA, Miguel –

Diário. Vols V-VIII (1949-1959), p. 700. 144

Cf. Diário VII (20-5-1953/3-10-1955) In TORGA, Miguel – Diário. Vols V-VIII (1949-1959), p. 722. 145

MAIA, Celestino – O Gerês e as suas termas, 1947.

63

facto merece especial relevo. Subsidiados por ela e enviados pela Academia

Portuense de Belas-Artes, estiveram no Gerês, em Setembro de 1914, os

finalistas desta Academia considerados mais distintos: Joaquim Lopes e José

Maria Soares Lopes.»146

A expressão «missões estéticas» – presente no excerto citado – revela como esta

experiência terá simbolizado a semente daquilo que, anos mais tarde, seria instituído e

oficializado na Academia, com regularidade anual.147

Esta mesma perspetiva é

partilhada por Joaquim Lopes em 1943, numa entrevista que concede ao jornal O

Primeiro de Janeiro. No ano em que o artista dirigirá e organizará a VII Missão Estética

de Férias em Bragança, o pintor diz como a bolsa que recebeu enquanto aluno serviu de

embrião para o projeto das Missões Estéticas.148

O entusiasmo que o artista nutriu, ao

longo dos anos, pela realização de uma iniciativa deste género fica patente em algumas

das passagens da sua conversa com o periódico portuense.

«[Joaquim Lopes] – […] Nunca mais, porém, essa benéfica e simpática

iniciativa [das bolsas de estudo/Missões Estéticas] me saiu do pensamento. Foi

com grande satisfação que, alguns anos depois, soube da realização de cursos de

férias para pintores espanhois. Efectuaram-se na região de Paolar – Espanha. Li,

com vivo interêsse, as referências às exposições realizadas pelos estagiários

após o seu regresso a Madrid. Principalmente a revista «Blanco y Negro» dava-

lhes grande relêvo.

[Entrevistador] – Nunca pensou em promover alguma coisa de

semelhante?

[Joaquim Lopes] – Decorridos cêrca de vinte anos, com a minha entrada

para a Escola de Belas-Artes, tentei organizar um dêsses cursos de férias.

Dirigi-me ao vereador do pelouro da Instrução da Municipalidade do Pôrto, que,

vendo com muita simpatia a iniciativa, me declarou, porém, não haver verba

para tal… […]»149

O empenho de Joaquim Lopes para com este projeto fica claro no trecho

anterior, o qual demonstra o envolvimento do artista na tentativa de promover, junto dos

alunos, espaços e oportunidades para desenvolverem, mais proficuamente, as suas

aptidões artísticas. Tal revela, igualmente, como terá sido proveitosa a bolsa que o

pintor recebeu em 1914 para a sua própria evolução. Daí que o artista pense ser da

máxima importância estimular tais práticas nos estudantes. Esta visão assenta, também,

na perspetiva que se afirmava à época e estava relacionada com o convite, à saída da

146

MAIA, Celestino – O Gerês e as suas termas, p. 25. 147

Cf. TRINIDAD MUÑOZ, Antonio – Missões Estéticas de Férias Y Paisaje Portugués: Dominguez

Alvarez, p. 5. http://www.apha.pt/boletim/boletim3/pdf/AntonioTrinidad.pdf. 15-06-2012 23:29. 148

Missões Estéticas de Férias. 5 minutos de conversa com o Mestre Pintor Joaquim Lopes. O Primeiro

de Janeiro, 30/06/1943. 149

Ibidem.

64

Academia, para pintar mais direta e proximamente a realidade em movimento, em vida.

O trabalho de campo – que uma atividade como as Missões incentiva – concretizava de

forma bastante explícita este desejo de incitar o contacto entre os alunos e a natureza,

sobretudo com as terras mais virgens.

Em 1936, o decreto-lei nº 26.957 certificava a realização de escapadas artísticas

sob a designação de Missões Estéticas de Férias (MEF).150

Em 1937, tinha lugar a I

MEF em Tomar, sob a direção do arquiteto Raul Lino.151

Nesta missão, houve um

convidado de honra, um dos entusiastas do projeto – Joaquim Lopes –.152

No entanto,

estas problemáticas não se enquadram nas cronologias deste capítulo, pelo que para um

conhecimento mais aprofundado das circunstâncias que envolveram a criação e

definição das MEF é sugerida a consulta de estudos específicos153

.

Assim, o reconhecimento de Joaquim Lopes foi algo de gradual, condizente com

a sua personalidade e formação. Persistindo no trabalho, o artista procurou as

oportunidades e encontrou-as no seu empenho, primeiro como aluno e bolseiro. Tais

experiências iniciais permitiram-lhe ser congratulado publicamente, enquanto ele

próprio se aceitava a si mesmo, seguindo, até ao fim, o seu caminho pelos trilhos da

razão e da autocrítica. O esforço que empregou em cada projeto, em cada desafio foi

sendo premiado pelo elogio mais ou menos explícito da crítica e das instituições.

Também por isso, enquanto agente cultural, procurou dedicar os seus trabalhos e

escritos a personalidades que, segundo ele, mereciam ser agraciadas e justamente

honradas. Também por isso, após a sua morte, muitas palavras e frases giraram em

torno do seu nome, em jornais e revistas, notícias e artigos.

O reconhecimento pelo reconhecimento não lhe interessaria. No entanto, este –

em último caso – é o indicador mais imediato do interesse e do valor daquilo que cada

um produz. Joaquim Lopes não concebia a arte como um exercício de egoísmo ou de

prazer pessoal. O pintor criava no recolhimento para depois partilhar no meio público,

no espaço de uma sala ou de um salão. O local pouco importava, quando estava em

150

Cf. TRINIDAD MUÑOZ, Antonio – Missões Estéticas de Férias Y Paisaje Portugués: Dominguez

Alvarez, p. 1. http://www.apha.pt/boletim/boletim3/pdf/AntonioTrinidad.pdf. 15-06-2012 23:29. 151

Ibidem, p. 3. http://www.apha.pt/boletim/boletim3/pdf/AntonioTrinidad.pdf. 15-06-2012 23:29. 152

Esquecidos do mundo, um grupo de artistas vive e trabalha há quinze dias no convento de Cristo.

Diário de Lisboa, 28/08/1937. 153

Cf. TRINIDAD MUÑOZ, Antonio – Missões Estéticas de Férias Y Paisaje Portugués: Dominguez

Alvarez. http://www.apha.pt/boletim/boletim3/pdf/AntonioTrinidad.pdf. 15-06-2012 23:29.

Cf. XAVIER, Pedro do Amaral – Educação artística no Estado Novo: as missões estéticas de férias e a

doutrinação das elites artísticas. http://www.apha.pt/boletim/boletim4/artigos/PedroXavier.pdf. 15-06-

2012 23:30.

65

causa a oferta de uma imagem, de uma ideia, de um instante. Estes momentos de

compartilha terão sido sempre, para o artista, os verdadeiros reconhecimentos não de si,

mas da sua obra – aquilo que mais o inquietava enquanto pintor –. O artista não

almejava ser reconhecido como homem, preferindo a vaidade de ser reconhecido como

pintor, professor, autor. Porque eram múltiplas as suas atividades. Porque a todas as

homenagens ou prémios, o artista apenas soube responder com trabalho, mais trabalho,

sempre trabalho. Deste modo, olhando a sua obra e, desde logo o seu percurso inicial,

permanece a convicção de que por detrás de cada medalha se somam horas de labuta e,

por isso, «O tempo chegava-lhe para tudo …»154

.

3.5 – EBAP: por entre a norma, a exceção.

O presente capítulo foi iniciado com uma questão – «Academia: Formação ou

Deformação?» –. O desafio para estas páginas foi, pois, simples – responder à pergunta

enunciada, de maneira a perceber de que modo a EBAP interferiu no rumo plástico da

obra de Joaquim Lopes –. As várias etapas deste percurso escrito tentaram demonstrar o

que a Academia deu e impôs ao artista. O que ele, voluntária e involuntariamente, dela

retirou. E do que ele claramente abdicou. Os primeiros passos do pintor no mundo

artístico – de um modo cada vez mais profissional e sabedor – assumiram-se, desde

logo, como consistentes e bem sucedidos, com reconhecimento académico e, também,

público. A instrução era seguida, em paralelo, por provas de mérito, onde o artista

procurava apresentar a sua obra, apresentando-se a ele mesmo. Conhecer o meio das

belas artes, reconhecendo-se a ele próprio como membro recente desse meio, como

novo agente ativo da cultura em Portugal. Ainda aluno, Joaquim Lopes carregava em si

todas estas consciências, vistas por ele como verdadeiras responsabilidades, com caráter

de missão.

O facto de o pintor ter cumprido as suas obrigações académicas, nunca

significou que a EBAP tenha sido um limite para ele ou a sua área restrita de atividade.

Era, no entanto, uma figura carismática da Academia que, enquanto estudante, já se

evidenciava – «Incluído, mas não confundido, na grande massa escolar […] lá fui

encontrar, pela primeira vez, o Joaquim Lopes, perfeitamente integrado na vida da

154

Ferreira, Jaime. Além de professor e pintor o Mestre Joaquim Lopes a quem a Escola de Belas Artes

vai prestar homenagem póstuma evidenciou-se como um dos maiores amigos das artes e dos artistas. O

Norte Desportivo, 27/05/1956.

66

Escola.»155

–. Perfeitamente integrado, mas não preso a ela. Como ficou explícito ao

longo dos subcapítulos anteriores, o artista balançou o seu caminho dentro e fora da

Academia, com uma harmonia perspicaz. A sua personalidade não o convidava à

subversão, mas nos «[…] bancos escolares era o primeiro a ter coragem, a apoiar

empresas e a manifestar opiniões.»156

.

A EBAP foi, por isso, uma matriz importante no trajeto do pintor, sem ter tido

sobre ele um peso suficiente para deformar, sobretudo, os seus interesses e ideais. Não

pretendo aqui averiguar a qualidade da instrução ministrada pela Academia em geral,

mas apenas compreender como os seus métodos e valores de ensino influenciaram

Joaquim Lopes, interferindo positiva ou negativamente nas opções plásticas do artista.

Muitas vezes, a EBAP – como instituição académica – era associada ao culto e à

preservação de valores ultrapassados e não ao incremento da novidade, do espírito

crítico, do desassossego inventivo. Em todo o caso, tal não significava que fosse a única

ferramenta deformadora da educação artística nacional. Para a definição das obras e dos

artistas, houve sempre um instrumento com grande repercussão: a crítica. Algumas

vezes pouco esclarecida, ela – como o pintor referia pontualmente157

– pecava pela falta

de cultura e de conhecimento dos seus responsáveis. Em textos e artigos, «A

terminologia utilizada e os padrões valorativos revelam uma manutenção de códigos

académicos, reiterados sem qualquer criatividade ou perspicácia.»158

.

As raízes do pensamento académico alastravam, por isso, muito para além do

edifício da instituição. O academismo não era, somente, uma tendência dos académicos,

mas uma espécie de gosto consensual que a imprensa – como pretensa representante de

uma vontade pública – desejava alimentar. Talvez mais do que os docentes da EBAP –

ainda tidos como verdadeiros Mestres –, era este género de barómetro da opinião

pública que mais severa e cruelmente desvirtuava as propostas dos artistas mais jovens.

A propósito desta tendência, merece ser feita referência a uma notícia que reprovava,

precisamente, as influências parisienses recebidas por Joaquim Lopes.159

O trecho

155

Azevedo, Rogério. O pintor Joaquim Lopes. O Tripeiro, Ano XII, V Série, Nº 11, março de 1957, p.

324. 156

Macedo, Diogo de. Evocando Joaquim Lopes. Notas de Arte. Ocidente. Revista Portuguesa Mensal,

Vol. L, Nº 217, maio de 1956, p. 181. 157

«[…] [Joaquim Lopes alegava] que conhecia, por seu lado, muitos escritores que nada sabiam de

Arte.» Cf. Lima, Fernando de Araújo. Recordando um amigo morto: Mestre Joaquim Lopes. Boletim da

Associação Cultural dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 10. 158

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 26. 159

Cf. Hamilton. A exposição de pintura Joaquim Lopes, na Misericórdia. O Debate, 11/05/1920.

67

tomava como base uma exposição do pintor160

, propondo a análise de alguns dos

quadros exibidos. Sobre obras como «Paço/Paços de Silgueiros» ou «Bois ao sol», o

autor emite alguns pareceres. O primeiro trabalho, segundo Hamilton, sugere uma

pincelada de «maneira demasiado larga quási-cubista»161

. A segunda proposta apresenta

os «animais sem desenho, cor, perspectiva ou naturalidade, feitos à espátula»162

. O

timbre de censura destes juízos fica confirmado quando o autor destas palavras

menciona, mesmo, o desprezo que o artista teria pelo desenho.163

Neste sentido, Paris – a sua arte e os seus artistas – afigurava-se,

frequentemente, como uma espécie de AntiCristo, na medida em que as novas correntes

plásticas que professava iam contra uma ideologia académica portuguesa prezada com

devoção religiosa. Foi esta veneração o motor de atrasos culturais, pois serviu de

obstáculo à afirmação de jovens conhecedores de outros horizontes, defensores de novas

vontades. Joaquim Lopes não terá sido indiferente a comentários como os transcritos,

ainda que a firmeza do seu caráter não o tenha deixado vacilar perante qualquer

observação denegridora do seu trabalho. Em todo o caso, a não aceitação aberta e

sincera dos projetos dos artistas mais novos, terá contribuído para o adiamento da

evolução da própria arte portuguesa. Dano para a História da cultura nacional, mas

também para Joaquim Lopes que – como A Pátria refere – «[…] é um artista ansioso de

modernismo, peiado, torcido pelo meio – porque precisa de vender […].»164

. Para o

pintor, a arte foi sempre o seu trabalho, uma fonte de rendimento. Por isso, a sua obra

teria de ser acolhida pelo ambiente onde estava inserida.

Mais do que a Academia, terá sido o contexto cultural do país que tentou

deformar o pintor. Como ele dizia, «[…] [em Portugal], temos de tocar várias teclas

[…]»165

. Este «meio pequeno e acanhado»166

– como, por vezes, chamava à terra da

qual nunca abdicou – obrigava qualquer artista que quisesse ser aceite a adaptar-se a um

programa nacional, marcado por determinadas formas de conceber e, mesmo, por

determinadas formas de pensar. O exercício de compatibilizar dois universos opostos

160

A mostra em questão trata-se da IV Exposição de Pintura de Joaquim Lopes, inaugurada a 04 de maio

de 1920, na Galeria da Santa Casa da Misericórdia (Porto). 161

Cf. Hamilton. A exposição de pintura Joaquim Lopes, na Misericórdia. O Debate, 11/05/1920. 162

Ibidem. 163

Ibidem. 164

A exposição de pintura de Joaquim Lopes. A Pátria, 29/05/1920. 165

Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 18/08/1944. 166

LOPES, Joaquim – Henrique Pousão. Porto: [Imp. Social], 1955. (Separata da Revista do Norte.

Porto, Nº 7).

68

foi algo de transversal a muitos dos artistas que, assim, conseguiram afirmar-se e traçar

um caminho no mundo artístico português. Mais ou menos fiéis a si próprios, os

estudantes tinham, desde logo, consciência desta noção de cânone que regulamentava

em exposições e mostras – o que era aceite. O que agradava. O que era adequado –.

Na minha perspetiva, Joaquim Lopes foi por entre a(s) norma(s) do seu tempo,

uma das exceções. Na EBAP, o artista respeitou a legislação que suportava o

funcionamento da instituição. Nas aulas, cumpriu os exercícios e provas que lhe eram

exigidas. No entanto, nunca assumiu o saber académico como doutrina. Na escola,

encontrou referências que admirou. Contudo, nunca explorou idolatrias. O seu lado

pacato e sério oscilava com a sua fação segura e combativa. Tais ingredientes cruzaram-

se, permitindo ao pintor tocar várias teclas, sendo que o instrumento era sempre o

mesmo: a pintura. A EBAP teve, então, acima de tudo a mais-valia de o preparar para a

realidade do meio artístico português.

Assim, creio que na obra de Joaquim Lopes se encontra, fundamentalmente, o

artista. O pintor não reteve a sua experiência na EBAP como uma fonte de saber a que

deveria recorrer sempre, talvez por ter, desde estudante, procurado explorar as paisagens

que repousavam fora do edifício escolar. Em todo o caso, a carreira do artista, enquanto

professor, passará mais tarde por esta instituição. Há, nesse sentido, um retorno que

revela, possivelmente, uma feliz recordação de juventude. Essa centelha que, afinal,

permanece, leva-me a afirmar que a sua passagem pela Academia, não determinando a

sua obra, desperta em si – como homem, como pintor – o élan das aventuras artísticas

na EBAP. Em si ficou sempre algo de Academia.

69

4 – Joaquim Lopes: Um Pintor sem Estilo?

«– Não existe, em Arte, um modo definitivo.»

Entrevista a Joaquim Lopes. Diário do Norte, 21/08/1950.167

4.1 – Viajar para Ver.

Em 1950, Joaquim Lopes é convidado a falar sobre «as artes chamadas

modernistas»168

. A propósito destas faz algumas considerações sobre práticas artísticas.

Segundo o pintor, existe «Arte definitiva, sim»169

, mas «Modos definitivos da Arte,

não»170

. Mais adiante na entrevista, apresenta o seu parecer acerca de todas as pesquisas

plásticas contemporâneas.

«Acho que é uma procura que não encontrou modo estável. O próprio

Picasso está em mutação constante. A influência dos grandes não morrerá. Há-

de voltar sempre. Quando estive em Paris em 1919 as grandes influências eram

Ingres e Cézanne. Várias obras dessa época de Picasso atestam um sintetismo

próximo parente de Ingres.»171

O excerto transcrito atesta o respeito de Joaquim Lopes por todas as inquietações

que conduzem a novas propostas ou resultados. No entanto, considera que nem todas as

descobertas são, em si, Arte definitiva, mas antes Modos de arte, como tal passageiros.

A noção de Arte definitiva, utilizada pelo pintor, dirá respeito a soluções plásticas como

as de Ingres, as quais terão uma consistência que as torna eternas referências. Outras

«tentativas passageiras»172

poderão ser modos de arte – profícuos para o enriquecimento

da História da Arte – sem com isso serem modelos imortais.

As linhas anteriores dão a conhecer um pouco mais do pensamento de Joaquim

Lopes e introduzem – através das suas próprias palavras – um dos episódios importantes

da sua vida: a viagem a Paris, em 1919. Neste capítulo – partindo desta primeira jornada

internacional do artista –, interromperei o percurso cronológico, até ao momento

seguido no trabalho, e levantarei algumas questões – no meu ponto de vista, essenciais –

para debater com profundidade as soluções plásticas propostas pelo pintor. Deste modo,

tentarei cruzar a obra do artista com as suas viagens, as realidades nacional e europeia e,

167

Nogueira, Goulart. Mestre Joaquim Lopes fala da Arte. Diário do Norte, Porto, 21/08/1950. 168

Ibidem. 169

Ibidem. 170

Ibidem. 171

Ibidem. 172

Ibidem.

70

naturalmente, com as principais referências que ele foi acolhendo e assimilando na sua

memória visual.

Entre 1915 – ano em que conclui a sua formação na EBAP – e 1919 – ano em

que viaja para Paris –, o pintor investe na produção de obra e, sobretudo, na sua

exposição pública. Entre o período cronológico balizado, o artista terá estado presente

em cerca de sete mostras coletivas173

e terá promovido duas exposições individuais174

.

Como foi abordado e desenvolvido no capítulo anterior, estes espaços permitiam ao

artista dar a conhecer-se através do seu trabalho, definindo a cada passo, em cada obra o

rumo que pretendia para a sua pintura. As impressões captadas pelos visitantes destes

certames foram, como habitualmente, registadas e refletidas nos mais diversos

periódicos que, à época, reservavam sempre um lugar para a divulgação da atividade

artística, para aquilo que estava em voga.

Para Joaquim Lopes, o ano de 1916 é inaugurado com a exposição d’Os

Phantasistas175

. A heterogeneidade das sugestões plásticas propostas pelos artistas

intervenientes denotava a juventude de grande parte dos participantes e o desejo de

mudança que cada um transportava em si. A mesma perceção de diversidade, nas

propostas artísticas, ia sendo transmitida e assinalada por jornais e revistas que, no

contexto destas mostras coletivas, foram guardando lugar para uma menção mais ou

menos breve a Joaquim Lopes. Acerca da 8ª Exposição de Belas-Artes176

, por exemplo,

A Lanterna comenta que o pincel do artista «afirma-se-lhe cada vez mais»177

. Neste

sentido, a individualidade dos exercícios plásticos do pintor permanece como uma

característica que lhe é recorrentemente associada. Em 1917, novas mostras se

avizinham. Em junho, o 1º Grande Certame de Arte178

não só acolhe Joaquim Lopes

como expositor, mas também o apresenta como membro da organização estando

integrado nos Principais Corpos Gerentes da Junta Patriótica do Norte – organismo

promotor do certame – na função de Secretário da Comissão Artística179

. Algumas das

críticas públicas apontam alguma hesitação nas propostas do pintor, enaltecem a

173

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 34. 174

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 33. 175

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 34 e 43. 176

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 34. 177

A 8ª exposição de Belas-Artes. A Lanterna, 10/06/1916. 178

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p.34. 179

JUNTA Patriótica do Norte: sinopse da sua obra: 1916-1918. Porto: Junta Patriótica do Norte, [1931].

71

importância conferida pelo artista ao estudo prévio e elogiam a sua pincelada colorista e

pessoal.180

Paralelamente, as exposições individuais permitiam um olhar exterior mais

centrado na obra do artista. Em 1918, a Exposição de Pintura de Joaquim Lopes181

ecoou, igualmente, na imprensa que o considerava um pintor da Natureza, sobretudo, da

montanha182

. Apesar da diversidade temática da obra do artista, é um facto que, numa

fase inicial, serão os seus olhares sobre a paisagem aqueles que mais atrairão o público

visitante das suas mostras. É também interessante verificar, como a propósito desta sua

exposição, são feitas algumas considerações sobre Paris – destino de Joaquim Lopes em

1919 e tema deste subcapítulo –. «[…] Ao lado de paysagens, que se nos afiguram

pintadas por artistas da «butte» ou de Montparnasse, de uma côr que jamais vimos

n’esta boa terra portugueza […]»183

–. Nesta passagem, Domingos Guimarães aprecia

os valores cromáticos dos trabalhos do pintor, nos quais vislumbra já características

próprias da pintura francesa. Isto, antes do artista português realizar a sua viagem. No

entanto, a perceção tida pelos críticos em relação à cidade de Paris não era a mais

favorável, como os excertos seguintes comprovam.

«Joaquim Lopes teve a felicidade, que ele talvez cuide desdita, de não

ter sahido nunca do paiz. Só temperamentos fortes, essencialmente pessoaes, é

que podem resistir às mil solicitações perturbadoras e desvairantes de um

empório de arte como Pariz; os outros, que lá vão aprender, quando se não

fazem pasticheurs dos artistas em voga, ou se tornam mediocres audaciosos,

deseducam, pelo menos, a sua visão, perdem o sentimento da paysagem e da

figura da nossa terra, desnacionalisam a sua arte, que passa a ser feita pelo

receituário francez.»184

A perspetiva veiculada na transcrição anterior é prolongada em outras linhas do

artigo, onde o autor chega mesmo a considerar que o Estado português deveria facultar

bolsas para toda a Europa, retirando o foco do núcleo parisiense.

«Eu penso que o Estado deverá, de preferencia a largos pensionatos de

aprendizagem artistica em Pariz, crear numerosas Bolsas de Estudo, que

facultem aos artistas, que deram provante testemunho da sua capacidade, longas

viagens de estudo pelos museus da Europa.»185

180

O grande certame do Palácio de Cristal V. Janeiro, 22/06/1917. 181

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 33 e 41. 182

Guimarães, Domingos. Um pintor de montanha. A exposição de Joaquim Lopes. Comércio do Porto,

26/07/1918. 183

Ibidem. 184

Ibidem. 185

Ibidem.

72

No entanto, seriam os horizontes parisienses que Joaquim Lopes viu aos trinta e

três anos. O ano de 1919 torna-se, por isso, um marco no percurso do artista. Desde

logo, em março, quando expõe em Lisboa186

. Esta mostra será importante a vários

níveis. Ela não só terá impacto no trajeto do pintor, como no meio artístico nacional,

pelas questões que levantará. No entanto, detenhamo-nos, primeiramente, no resultado

final da exposição. O artista apresentou setenta e quatro obras187

. Destas, terá

conseguido vender um terço que lhe rendeu cinco contos – dinheiro suficiente para

alimentar três meses de vida artística em Paris –.188

Como sempre, com trabalho e por

trabalho, lutou e conquistou cada objetivo.189

Ainda a propósito desta mostra, vale a pena dar conta da repercussão que ela

assumiu no plano nacional. Um artigo d’O Século coloca a pergunta – «Lisboa e o

Porto. Porque se desconhecem o povo e os artistas das duas cidades?» –.190

Na verdade,

a ida de artistas portuenses a Lisboa e o oposto não era algo muito frequente no meio

das belas artes, como a próxima consideração demonstra – «Sr. Joaquim Lopes, o

primeiro artista portuense que realisa na Sociedade Nacional de Belas Artes a sua

exposição de pintura a óleo.»191

–. A iniciativa do pintor foi, por isso, amplamente

louvada pela imprensa que admirou a sua vasta obra192

e as suas paisagens nuas,

extensas, áridas, monótonas, frias193

.

No verão de 1919, Joaquim Lopes parte, então, para Paris onde frequentará a

Académie de la Grande Chaumière.194

Considero que esta viagem de estudo pode

subdividir-se em quatro estados de ação: ver, conhecer, apr(e)ender e ser. Tal percurso

não é integralmente percorrido em solo francês, mas concluído já em Portugal, onde

todos os conhecimentos se consolidam. No entanto, há uma cadência no processo de

aprendizagem que se inicia com o olhar atento, crítico e seletivo de Joaquim Lopes. Ao

186

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 33. 187

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 41. 188

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 15. 189

Joaquim Lopes considera a sua primeira exposição individual em Lisboa o momento mais feliz da sua

carreira. Mestre Joaquim Lopes recorda Columbano e as Missões Estéticas de Férias. Diário do Norte,

Ano VI, Nº 2033, Porto, 22/03/1955. 190

Salgueiro, Mário. Lisboa e o Porto. Porque se desconhecem o povo e os artistas das duas cidades?. O

Século, 19/03/1919. 191

Exposição Joaquim Lopes. Ilustração Portugueza, Nº 684, Lisboa, 31/03/1919. 192

As exposições de Joaquim Lopes e Higino de Mendonça. O Século, 19/03/1919. 193

Vianna, A. A exposição de pintura de Joaquim Lopes. A Opinião, 25/03/1919. 194

Cf. FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 15. e GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de

Belas Artes do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 39.

73

longo da investigação, não tive acesso a muitos escritos do pintor acerca da sua

passagem por Paris. Em todo o caso, nesta dissertação já referi pontualmente os nomes

de alguns artistas franceses que foram considerados verdadeiros mestres pelo pintor

português.195

No excerto transcrito no início deste capítulo, Joaquim Lopes fala

precisamente sobre as duas grandes influências que se manifestavam em Paris, quando o

pintor lá esteve: Ingres196

e Cézanne197

. Numa página do Diário do Norte de 1955, o

artista expressa, ainda, a sua admiração pela obra «Virgem de Alsácia» de Bourdelle.198

FFiigguurraa 22

Título: La Vierge d’Alsace [Virgem da Alsácia].

Autor: Émile Antoine Bourdelle (1861-1929).

Material: Pedra.

Localização da obra: Niederbruck, Alsace, France.

Fonte da imagem: http://www.flickr.com/photos/masevauxtourisme/4454039383/sizes/l/in/photostream/

Sobre o tempo passado no meio parisiense podemos perguntar: O que terá visto

o pintor? Quais as impressões que recebeu da paisagem natural e humana? Quais as

cores que o marcaram? Quais as diferenças que terá detetado entre a realidade

portuguesa e francesa?199

O impacto das viagens, na obra de um artista, é algo que o

195

Rodin, Bartholomé, Puvis de Chavannes, Carrière e Besnard. Cf. Conferências. Na Escola de Belas

Artes do Pôrto. O Primeiro de Janeiro, 07/02/1942. 196

Jean-Auguste Dominique Ingres (1780-1867). 197

Paul Cézanne (1839-1906). 198

Mestre Joaquim Lopes recorda Columbano e as Missões Estéticas de Férias. Diário do Norte, Ano VI,

Nº 2033, Porto, 22/03/1955. 199

«Outro depoimento não seria de esperar de quem chegara a Paris ido de uma cidade cuja vida cultural

desconhecia outros sobressaltos para lá dos provocados pelos «Independentes». » Cf. CASTRO, Laura –

Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 53.

74

investigador indaga, procurando, através de palavras e declarações, escrutinar de que

forma é que um outro país, uma outra cultura agem diretamente no modo de conceber o

seu trabalho. No caso sob análise, é indiscutível que a viagem a Paris, a frequência da

Académie de la Grande Chaumière, os contactos estabelecidos e os locais visitados

terão tido uma importância crucial para o amadurecimento da técnica e da formação

artística de Joaquim Lopes.

Paralelamente aos nomes já mencionados, existem mais referências a artistas

franceses cuja obra é vista como uma possível influência para Joaquim Lopes.200

O

pintor português regista, igualmente, em artigos e entrevistas a sua admiração por

autores como Delacroix201

e por «pintores-escritores» como Maurice Denis202

ou

Jacques-Émile Blanche203

. O artista partilha, ainda, a importância que livros, como

L’Oeuvre (1886) de Émile Zola204

, tiveram para si.205

Elementos como estes ajudam a

definir o papel desta viagem no crescimento de Joaquim Lopes, enquanto artista. Além

disso, abrem porta ao cruzamento do trabalho do pintor português com os exercícios

que alguns destes artistas realizaram – num mesmo tempo e num mesmo espaço –.206

Nesta fase do trabalho privilegiei, efetivamente, os indicadores que poderão

servir de pontos de partida a futuras investigações e que, no contexto desta dissertação,

colocam o leitor numa situação muito semelhante àquela que Joaquim Lopes terá vivido

em Paris. Recém-chegado, o pintor terá sido inundado por nomes de artistas e por obras

que vorazmente desejaria conhecer. Daí que conhecer seja o ponto seguinte deste

capítulo, após um primeiro momento constituído sobretudo por sugestões. A próxima

etapa será menos indagadora e mais assertiva, girando fundamentalmente em torno de

todas as teorias que envolveram os movimentos de transição e de arranque para o século

XX.

200

Berthe Morisot (1841-1895), Henri-Jean-Guillaume Martin (1860-1943), Henri Eugène Augustin Le

Sidaner (1862-1939), Édouard Manet (1832-1883), Oscar-Claude Monet (1840-1926), Georges-Pierre

Seurat (1859-1891). 201

Ferdinand Victor Eugène Delacroix (1798-1863). 202

Maurice Denis (1870-1943). 203

Jacques-Émile Blanche (1861-1942). 204

Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola (1840-1902). 205

Cf. Nogueira, Goulart. Mestre Joaquim Lopes fala da Arte. Diário do Norte, Porto, 21/08/1950. e

Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 18/08/1944. 206

Este desafio afasta-se do âmbito deste projeto, pelo que fica sugerido como uma problemática de

interesse que merece ser analisada. Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II,

Dossier de Anexos, pp. 4 a 9.

75

Do Ver para o Conhecer. Do olhar analítico para o espírito que procura saber

mais, que busca formação, que aprende com os outros. Por entre os sistemas doutrinais

e os cânones que regem as práticas, há sempre a individualidade de um caminho que se

faz através de escolhas pessoais – de olhares ponderados –. Parar para observar e sentir

torna-se, por isso, uma etapa tão vital como qualquer outra no processo de construção da

ideia, no processo de definição do trajeto. Só assim se explica a importância de, em

primeiro lugar, olhar a obra, a cor, a linha. Por isso, antes de aprofundar teorias ou de

registar influências, vale a pena apresentar um óleo de Joaquim Lopes, anterior ao ano

de 1919, ou seja, anterior à sua ida a Paris. O trabalho em questão foi selecionado

devido ao uso arrojado que, na minha perspetiva, o pintor fez da cor num suporte de

cartão. Esta obra prova que não é a estada em Paris, por si só, que opera mudanças na

técnica do artista, mas é antes a sua abertura à novidade e a sua busca pela pintura que

admira, que o conduz a incutir, gradualmente, novos valores nos seus exercícios

plásticos. Um caminho de Ver e Conhecer para Experimentar.

FFiigguurraa 33

Título: [Paisagem].

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre cartão.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1917 (canto inferior direito).

Dimensões: 19cm (altura) x 14cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.cml.pt207

207

Sítio oficial da leiloeira Cabral Moncada Leilões: <http://www.cml.pt>. A obra [Paisagem] esteve

presente no Leilão 107 (Antiguidades e Obras de Arte. Pintura, Pratas e Joias), na Sessão Única de

01/06/2009, com o número de lote 108.

76

4.2 – Viajar para Conhecer.

1919 é um ano chave neste capítulo, pois a viagem do pintor rumo a Paris

servirá de ponto de partida para uma série de discussões que ajudarão a contrapor a

realidade portuguesa com o contexto europeu – nomeadamente com o ambiente francês

–. Estes debates apoiarão igualmente o entendimento das problemáticas relacionadas

com os movimentos artísticos, as teorias que lhes estão subjacentes e, naturalmente, os

valores que os definem. A objetividade dos algarismos, que situam cronologicamente

num mesmo ponto diferentes geografias, não está tão presente quando analisamos

fenómenos culturais. Tomando por base a perspetiva de muitos investigadores que

descrevem o Portugal dos inícios do século XX como um meio de Naturalismo e

Naturalismos208

, resta perguntar, então, «O que era Paris?»209

.

A deslocação a Paris, em 1911, de um grupo de jovens artistas liderado por

Manuel Bentes é descrita por José-Augusto França que reflete precisamente sobre as

dificuldades destes artistas portugueses em conhecerem a cidade e a sua produção

artística atualizada.210

O prolongamento do século XIX211

e do Naturalismo em

Portugal justificam esta incapacidade dos artistas – mesmo dos mais jovens – em

olharem as propostas modernas.212

Cronologicamente, Joaquim Lopes inclui-se nesta

geração que, nascida entre 1881 e 1893, tanto trouxe novas soluções, como optou por

uma via de trabalho naturalista, em defesa dos valores oitocentistas.213

Como pintor, ele

não deixou de se situar neste impasse cultural214

. Sensível como tantos outros artistas

portugueses aos «[…] mitos artísticos da «Natureza» e do «Amor», entre a visão directa

do mundo físico e um vago simbolismo […]»215

, Joaquim Lopes contribuiu também

208

Cf. TAVARES, Cristina de Sousa Azevedo – Naturalismo e naturalismos na pintura portuguesa do

séc. XX e a Sociedade Nacional de Belas-Artes. Dissertação de Doutoramento em História da Arte

apresentada na Faculdade de Ciências Sociais Humanas da Universidade Nova de Lisboa em 1999. 209

Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, 3ª ed. Lisboa: Bertrand

Editora, 1991.p. 31. 210

«[…] num Paris que, na verdade, jamais saberiam o que era, esteticamente […]» Cf. FRANÇA, José-

Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, pp. 30 e 31. 211

«Os exemplos sobejam, triste, mesquinha e estupidamente, e, com eles, o século XIX […] espraia-se,

esvai-se, estrebucha – mas perdura na mentalidade portuguesa sob um outro que dificilmente se define e

numera, e cujo início se não determina.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século

XX: 1911-1961, p. 515. 212

Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 31. 213

Ibidem, pp. 151 e 152. 214

«[…] ao mesmo tempo, novecentista e oitocentista, em neutralização permanente, até que seja possível

sair do impasse; […]». Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p.

516. 215

Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 31.

77

com a novidade, por exemplo, trabalhando a luz – em Portugal, «jamais entendida

picturalmente»216

–.

«A influência de Paris prolongava-se inevitavelmente na vida artística

nacional, como lugar onde se recebia mais inspiração do que lições, pois, desde

o romantismo, a aprendizagem fora secundária e sobretudo aproximativa, em

desfasamento cronológico. Agora, com a individualização crescente das

relações, não se tratava de aprender uma «escola», mas de entender um ritmo

cultural […]»217

O excerto anterior retrata com clareza o que era Paris para os jovens artistas

portugueses. Uma cidade que fica como a promessa de algo que nunca chega a

concretizar-se.218

A saudade219

de uma liberdade que os artistas portugueses não

rejeitavam, mas também não conquistavam.220

Paris era, assim, como um sonho

impossível, uma realidade temporária.221

Em todo o caso, algumas das aprendizagens

colhidas no meio parisiense eram já trazidas para Portugal, propondo uma cisão, ainda

que tímida, com o passado nacional, uma rutura – ainda que receosa – com a tradição

retrógrada e muda. Porém, a abolição da «lei do eterno recomeço»222

só em meados da

centúria é que se tornará uma realidade.223

A libertação de uma condição

«provinciana»224

. A passagem do «campo» para a «cidade».225

Conquistas que

percorreram gerações e que foram conhecendo o tempo pelo lado de fora.226

216

«[…] a incapacidade de uma cultura presa à tradição portuguesa oitocentista no que respeita ao uso da

luz, jamais entendida picturalmente». Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX:

1911-1961, p. 519. 217

Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 520. 218

«Cerca de 1910, Paris adquiria uma nova importância aos olhos dos jovens pintores portugueses […]

outros horizontes em que entravam, de maneira assaz confusa, novidades estéticas de que, em Lisboa ou

no Porto, recebiam apenas pálidos ecos. […] tímidos e não se sentindo preparados para as aventuras de

um meio que nada tinha a ver com o seu, cujas diferenças eram mais de natureza que de grau, viam-se

desamparados e não ousavam arredar-se dos caminhos batidos.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – A arte e a

sociedade portuguesa no século XX: 1910 a 1980. 2ª ed. Lisboa: Livros Horizonte, 1980, pp. 11 e 12. 219

Cf. Méds, H. Saudades das violetas. Povo de Gaia, 20/12/1914. Texto escrito em Paris, em 1913, e

dirigido aos artistas Joaquim Lopes e Henrique Moreira. Este artigo evoca memórias e lembranças,

retratando a realidade parisiense. 220

«[…] uma abulia de quem foi capaz de ser «original uma só vez, que é a inevitável», e, depois, de

«viver parasita de si mesmo», […] amante da artificialidade do progresso, não reagindo contra ele como

um «campónio», mas também não o admitindo naturalmente como um «citadino», e antes amando-o por

ser novidade, moda, produto ou efeito de grande cidade…» Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em

Portugal no século XX: 1911-1961, p. 520. 221

«[…] o tempo teria de contar mais do que o espaço – fosse este português e real, ou parisiense e

mítico.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 525. 222

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Da Pintura Portuguesa. Lisboa: Edições Atica, imp. 1990, pp. 31 a 35. 223

«[…] assim escapavam a uma «lei do eterno recomeço», fatalidade da cultura nacional, verificava-se

não já uma importação de valores em sentido único, mas um acordo dialogal – e, mesmo, nos casos mais

notáveis e raros, uma exportação. Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX:

1911-1961, p. 526. 224

Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 527.

78

«[…] três gerações se sucederam, uma propondo, outra digerindo e esquivando-

se, a terceira voltando a propor.»227

. Joaquim Lopes integra-se na linhagem de artistas

que sobretudo propõem, mas trazendo de Paris sugestões que individualmente foi

digerindo com o fim de abandonar algumas – que o país, talvez, não fosse capaz de

aceitar228

– e de interiorizar outras, assumindo-as como soluções plásticas fixas e

características da sua pintura. No entanto, os seus contributos nem sempre são

reconhecidos. A propósito de modernistas como Cristiano Cruz ou Almada

Negreiros229

, José-Augusto França escreve as seguintes palavras.

«Mas não entenderiam também as mutações os contemporâneos de uns

e de outros que foram a Paris pela mesma altura – o Miguéis ou o Franco, dos

Cinco Independentes, um Heitor Cramês, um Joaquim Lopes, mais tímidos ou

mais ousados de cor, fechados em carreiras nacionais.»230

A classificação dos artistas portugueses ativos nestas cronologias viveu e vive

essencialmente da comparação entre a produção plástica que cada um realizou. Estes

confrontos conduzem, muitas vezes, à construção de juízos de valor sobre a qualidade

do trabalho de cada artista e sobre o maior ou menor contributo que cada um deu para a

evolução da arte nacional – seja qual for o significado deste conceito de evolução –.Tal

é, quanto a mim, um ponto de partida prejudicial para o aprofundamento, sem

preconceitos, destas problemáticas.231

Neste sentido, este é um dos principais aspetos

que pretendo tocar com este exercício de reflexão. O trecho citado apresenta aquilo que

225

«[…] ou entre o «campo» que o simbolismo oitocentista representava ainda nos primeiros anos 10 e a

«cidade» que, ao princípio dos anos 60, se pôde começar a merecer…» Cf. FRANÇA, José-Augusto – A

Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 528. 226

«De geração em geração, Portugal novecentista tinha conhecido o tempo pelo lado de fora.» Cf.

FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 525. 227

Cf. FRANÇA, José-Augusto – A Arte em Portugal no século XX: 1911-1961, p. 530. 228

«A evolução do gosto público era lenta e difícil, ou impossível […]» Cf. FRANÇA, José-Augusto –

Os anos vinte em Portugal: estudos de factos sócio-culturais. Lisboa: Presença, 1992, p. 150. 229

Cristiano Cruz ou Almada Negreiros representaram, neste contexto, uma das secções do triângulo

representativo da vida espiritual de que Kandinsky nos fala. «Em todas as secções do triângulo, podem-se

descobrir artistas. Aquele que consegue olhar para além dos limites da sua secção é um profeta para os

que o rodeiam. Ele ajuda a empurrar a carroça recalcitrante.» KANDINSKY, Wassily – Do Espiritual na

Arte. 8ª ed. Alfragide: D. Quixote, fevereiro de 2010, p. 30. 230

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal: estudos de factos sócio-culturais, p. 154. 231

«Dizia eu que muito gostei de algumas «paisagens» de Joaquim Lopes – pintadas num retardado

«impressionismo» … – de que dantes não gostava! Indagando do que haveria mudado, concluí que agora

as estava apreciando desinteressadamente de quaisquer preconcebidas implicações sociológicas; enquanto

dantes, quando ele as pintava ao mesmo tempo que nós nos expressávamos abstractamente, me sentia

condicionado nesse apreço pela sensação de que ele estava «atrasado», desinserido dum clima social

condicionante.

Ora, aquela minha noção de «atraso» – que o tempo desvaneceu – atribuo hoje à condição peculiar de

relativa informação universalista do autor […] penso que aquelas «paisagens» «melhoraram» com a

informação que estes anos de distância me deram. Porque as obras são as mesmas!» Cf. Rocha, Arlindo.

Joaquim Lopes – a obra e o apreciador. O Primeiro de Janeiro, 31/05/1978 (quarta-feira).

79

são dados factuais incontestáveis, mas que lamentavelmente colocam os artistas

«fechados em carreiras nacionais» numa situação ingrata, levando muitos autores a

considerá-los, por isso, menos interessantes para a narração da História da Arte

Portuguesa.232

A combinação de valores modernos e naturalistas deverá, assim, ser vista como

uma solução da arte portuguesa, fruto de uma dada conjuntura – já esboçada neste

subcapítulo – e que merece ser estudada na sua dimensão artística233

e, também,

sociológica234

. Os salões nacionais mais afamados – porque acolhiam grande parte das

exposições da época – são um barómetro do gosto artístico vigente.235

A paisagem e a

pintura de género são as tipologias mais comuns e confirmam o prolongamento da

estética oitocentista em solo português.236

Todavia, vale a pena olhar as obras e perceber

como cada artista, tomando por base temáticas de agrado geral, inovava e se exprimia

com linguagens, por vezes, já mais vanguardistas e conscientes da atualidade ou, pelo

menos, já mais integradas no idioma plástico do século XX.237

O atraso em relação à

arte europeia e a tendência em nacionalizar todas as formas de expressão conduziam a

uma «mistura de valores» que era mesmo promovida e admitida.238

A própria imprensa

– como tem vindo a ficar claro ao longo deste trabalho – espelhava esta inclinação para

o propagar de modas.

A morte dos Naturalismos poderá ter ocorrido cerca de 1920239

, a década que

recebe alguns dos artistas portugueses que, durante 1919, viajaram por terras francesas.

Estes dois acontecimentos não coincidiram no tempo por mero acaso. A geração que na

década de 1910 visita Paris, regressa com novas ideias e luzes que, embora já

232

«[…] o valor real e proporcional de várias artes nacionais que lhe aparecem [ao historiador]

marginalmente, sem dúvida por vício de informação mas também porque elas (e os seus artistas) têm

apenas, historicamente valor local, mesmo que outro pudessem merecer ou ambicionar.» Cf. FRANÇA,

José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980. Lisboa: Livros Horizonte, 1987, p. 8. 233

«Mas agora isso mesmo nos permite apreciar melhor a combinação dos valores em causa, quer do lado

moderno quer do lado naturalista.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal: estudos de

factos sócio-culturais, p. 378. 234

«As nações têm de justificar no tempo a sua existência. Negarem-se a ele, ignorá-lo, não o entender,

são formas de não existir.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – Da Pintura Portuguesa, p. 25. 235

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal: estudos de factos sócio-culturais, p. 379. 236

Ibidem, p. 380. 237

«Essas raízes [das grandes Artes nacionais] é preciso descobrir de onde vêm e onde estão cravadas;

isto é, é preciso aprofundar bem quem somos, esclarecer a nossa cultura e estudar afincadamente os

nossos Artistas tanto modernos como antigos. Só então deixaremos de ser provincianos deslumbrados por

Paris.» Cf. Alves, João. Portugal e a Pintura Europeia. Lusíada. Revista Ilustrada de Cultura. Vol. 3, Nº

12, maio de 1960, p. 389. 238

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal: estudos de factos sócio-culturais, p. 383. 239

Ibidem, p. 390.

80

ultrapassadas em França, permitiram ao meio português romper com as tão prezadas

práticas naturalistas. A luz, que até esse momento se definia «picturalmente em termos

naturalistas sem tratamento ou desejo impressionista»240

, passará precisamente a ser

uma luz mais plástica, isto é, mais estimuladora de efeitos cromáticos e de certo modo

mais leve, animada e intuitiva.241

Este é, em todo o caso e ainda, um período de indefinição – «Os anos 20

aparecem-nos ali «um pouco (ou muito) difusos», em baixa-tensão, ténues e esgarçados,

sem continuidade discursiva, sem consistência própria, sem força criativa […].»242

–. O

rompimento com os ideais naturalistas não é sinónimo de uma recuperação do atraso

artístico que Portugal apresentava face a outros países.243

Daí que a análise de artistas e

obras desta época tenha de reger-se por valores próprios, autónomos daqueles que

orientam as soluções plásticas europeias, independentes de artista para artista. O

percurso isolado que Portugal seguiu fez com que o seu meio artístico se pautasse por

uma forte individualidade.244

Neste sentido, a produção plástica de cada artista tem um

cunho muito pessoal, que importa ter em conta e compreender à luz do caminho trilhado

por cada um.245

Só assim poderemos analisar tais trabalhos. Só assim poderemos

contextualizá-los.246

240

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal: estudos de factos sócio-culturais, p. 391. 241

«Pode-se entender o Impressionismo e os seus precursores como o começo de um movimento de

libertação. Foi essa a grande época de preparação para a procura da única realidade – a luz.» Cf. HESS,

Walter – Documentos para a compreensão da pintura moderna, p. 126. 242

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal: estudos de factos sócio-culturais, p. 472. 243

«De qualquer modo, Portugal perdeu, nesses anos que são atravessados pelos novos expressos da

civilização, o comboio da história […]» Cf. FRANÇA, José-Augusto – Os anos vinte em Portugal:

estudos de factos sócio-culturais, p. 472. 244

«[…] a sociedade portuguesa [desta] época onde os profundos e nunca alterados constrangimentos

culturais em nada estimulavam a inovação. […] os percursos interrompidos, a involução de energias

iniciais, o sentido periférico e provinciano dos Salões portugueses, progressivamente mais fechados e

ignorantes das rupturas internacionais que se acentuaram a partir da última década do século.» Cf.

SILVA, Raquel Henriques da – Romantismo e Pré-naturalismo. In HISTÓRIA da Arte Portuguesa.

Lisboa: Temas e Debates, 1995-1999, vol. 3, p. 338. 245

«[…] estabelecer genealogias que, em aparelhos cronológicos tão rigorosos quanto possível, permitam

observar a dinâmica das correntes estéticas, em jogos reais de exportação e importação – ou seja (e é

termo e conceito abundantemente usado) as influências. Mesmo que esta sejam sempre, nos casos mais

importantes filtradas e combinadas com valores culturais (gostos, tendências, necessidades) autóctonos.»

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 8. 246

«Mas as outras [fontes de informação sobre a produção artística], de países marginais, […] fazem

entender as suas vozes em longuras de onda nacionais (como é o caso da arte portuguesa, sempre mal

tratada em panoramas gerais) como escutá-las e, nas voltas das bibliografias por demais nacionais […]

como acreditá-las na qualidade que legitimamente apresentem, ou numa sempre possível, embora rara,

originalidade, que, sem projeção, não tem função nem categoria históricas?

A solução, ou as soluções, são necessariamente empíricas, na impossibilidade prática de levar tal

informação a um máximo divisor comum […]» Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte

Ocidental: 1780-1980, p. 8.

81

Deste modo, Joaquim Lopes aparece, muitas vezes, como um conciliador de

uma série de movimentos e propostas que marcaram a Europa, na passagem do século

XIX para o século XX.247

Ele parece ter algo de Courbet248

no retrato dos costumes

rurais, no olhar sobre os camponeses e na captação das paisagens, partilhando, ainda,

com o artista francês os ideais republicanos.249

Como alguns jornais ajuizavam – e foi

exposto num outro capítulo desta dissertação –, no início do seu percurso artístico, o

pintor português tem igualmente certas afinidades com Millet, sobretudo no registo dos

trabalhos no campo250

, ainda que numa proposta convictamente naturalista. Da mesma

forma que Corot251

, também Joaquim Lopes preparou Portugal para uma «nova

aproximação da natureza […] dando um sentido original à relação luz-atmosfera»252

que, neste caso, não antevia o Impressionismo – como anteviu Corot –, pois era já o

Impressionismo amadurecido, e até ultrapassado, que ele trazia como autêntica

novidade para o seu país.

O parágrafo anterior demonstra como o artista português terá percorrido, através

da sua pintura, diversas referências que, afinal, ainda apresentavam uma linguagem

bastante em voga em Portugal. «Os pintores de Barbizon faleceram pelos anos 60 e 70

[1860 e 1870], como os dois principais para a definição das preocupações espirituais ou

naturalistas da «escola» – Rousseau e Daubigny.»253

Se em França, a segunda metade

do século XIX já enterrava os seus expoentes naturalistas e se preparava para abraçar os

anúncios impressionistas254

, é sabido que em Portugal os ritmos pulsaram de uma outra

forma, pelo que acredito que Joaquim Lopes não recupera, nem pretende recuperar o

atraso estilístico em que o país vivia – até porque, talvez, não tivesse plena consciência

dessa desatualização –, mas procura sim fazer uma síntese que o conduz até ao

Impressionismo e a outras práticas posteriores.

247

«Porque, na devida altura, os pintores das gerações anteriores não acertaram com o seu tempo, tem um

pintor novo de fazer o trabalho deles, e não chega a fazer o próprio.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – Da

Pintura Portuguesa, p. 32. 248

Jean Désiré Gustave Courbet (1819-1877). 249

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 121. 250

Ibidem, p. 124. 251

Jean-Baptiste-Camille Corot (1796-1875). 252

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 124. 253

Ibidem, p. 127. 254

«Tal como a técnica de justaposição de manchas de cor virguladas na «Paisagem da floresta de

Fontainebleau» (1860, Valenciennes), que ensinou a Monet e a Sisley, vindos a Barbizon, um

«impressionismo» ali se anunciava» Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-

1980, p. 127.

82

Em todo o caso, mesmo o Naturalismo – ou, no caso português, os Naturalismos

– já antevia e incluía em si algumas sugestões inovadoras como provam as manchas de

cor mais livres255

e, assim, mais abstratas256

e os trabalhos mais expressivos que aplicam

a matéria de um modo pastoso.257

O Impressionismo adivinhava-se a cada novo efeito.

Ele trará, sobretudo, o olhar sobre o movimento258

, a sensibilidade face à passagem do

Tempo.259

Durante vários anos, este será o problema central em torno do qual girarão

diversas correntes estéticas. A partir desta etapa, a arte perde crescentemente a norma e

a possibilidade de ser prevista. O processo, mais do que o fim, ganhará, gradualmente,

importância para o artista e para o espetador. O ato de procurar ou de investigar será o

elemento que dará sentido à obra.

Estes valores fizeram-me incluir, sem muitas reticências, Joaquim Lopes nesta

lógica de olhar o processo artístico e não neste movimento propriamente dito. Será

impossível filiá-lo em qualquer corrente estética, uma vez que a definição de um dado

movimento na Europa, grosso modo, não é equivalente à forma como ele se manifestou

em Portugal. Neste sentido, o Impressionismo serve de base260

para ligar a sua obra com

alguma tendência estilística, apenas para, assim, existir um suporte sobre o qual poderei

realizar muitas outras considerações e voos. Além disso, alguns dos fundamentos que

originam o Impressionismo261

partilham, na verdade, afinidades com princípios que

encontramos na pintura de Joaquim Lopes. De todo em todo, as inquietações que

povoaram o despontar do século XX foram múltiplas e relacionadas entre si, daí que

classificar um artista seja um processo demasiado complexo e, até mesmo, redutor.262

255

«Yesterday’s taste for smooth surfaces was the outward sign of an aspiration to order and

impersonality, today’s taste for rough ones that of an aspiration to freedom and singularity.» Cf.

SYLVESTER, David – About Modern Art. Critical Essays 1948-2000. London: Pimlico, 2002, p. 49. 256

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 128. 257

Ibidem, p. 129. 258

«No impressionismo, justamente, o peso [da cor] está ausente: é a imponderabilidade que reina ali,

juntamente com a diafaneidade. [...] a cor não existe, foge, recusa-se, toma como disfarce as águas, o céu,

o próprio ar.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental. Lisboa: Edições Atica, imp.

1958, p. 14. 259

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 139. 260

«Loin de voir dans l’Impressionnisme un «mouvemente» de courte durée, j’y vois donc le point de

départ d’une enquête qui, à travers les jeux capricieux de la mode et les compromis nécessaires avec la

tradition, se poursuit encore sous nos yeux.» Cf. FRANCASTEL, Pierre – Art et technique aux XIXe et

XXe siècles. [S. l.]: Denoel/Gonthier, imp. 1975, p. 126. 261

Cf. algumas informações acerca do contexto em que nasce o Impressionismo. FRANÇA, José-

Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 143. 262

«A vital tendência do homem para a unidade e o desesperado esforço do espírito humano para a

simplificação levam a generalidade das pessoas, mesmo iniciadas ou competentes, a falar das Artes e da

Pintura em particular de modo dedutivo, através das ideias que têm procurado sistematizar as

83

Neste sentido, tendo como alicerce a prática impressionista, procurarei seguir

todas as suas mutações enquanto encontrar aí «consequências plásticas»263

para a obra

de Joaquim Lopes. Sem preconceito ou receio de o associar a movimentos de

vanguarda, tenho, contudo, consciência que deles o artista terá sempre feito uma

interpretação pessoal e um uso adaptado à realidade e à liberdade nacionais. A

passagem do pintor por diferentes correntes estéticas é uma realidade e um facto comum

a grande parte dos artistas, sobretudo àqueles que, de forma crítica, reveem

constantemente a sua obra. A propósito desta ideia, vale a pena citar o exemplo de

Cézanne.

«A imagem histórica de Cézanne fixou-se assim através de Denis, e, a

um «período impressionista», de 1872 a 77 […], viu-se suceder um «período

construtivo», até 1887, e, a seguir, um «período sintético» […], quando, na

realidade da experiência pictórica em questão, impressão, construção e síntese a

todo o momento estão presentes […]»264

O trajeto de Cézanne esteve em permanente transformação, fruto de uma revisão

contínua dos seus paradigmas. Neste sentido, mais útil do que o inserir num ou noutro

movimento265

é, efetivamente, explorar a diversidade que pautou o seu caminho. Tal é o

que defendo com a apresentação da pluralidade estilística em Joaquim Lopes, abrindo

espaço para diferentes interpretações e leituras, pois julgo ser este um dos pontos fortes

do seu trabalho. A minha proposta metodológica baseia-se, assim, na análise da pintura

pelo que ela é em si266

, aceitando a perspetiva de João Alves de que «A Arte é o

conjunto das obras materiais que a representam e não das teorias ou doutrinas que a

explicam.»267

. No entanto, o olhar sobre a obra terá, necessariamente, de ser crítico e

informado, sob pena de não sermos capazes de destrinçar os valores plásticos com os

quais nos deparamos. Além disso, a ideia de rever uma produção artística – mesmo que

já amplamente analisada – não é vazia de sentido, se tivermos em conta que um

manifestações da Arte e dar-lhes sentido.» Cf. Alves, João. Portugal e a Pintura Europeia. Lusíada.

Revista Ilustrada de Cultura. Vol. 3, Nº 12, maio de 1960, p. 381. 263

Cf. SILVA, Raquel Henriques da – Romantismo e Pré-naturalismo. In HISTÓRIA da Arte Portuguesa,

p. 337. 264

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 200. 265

«[…] a tendência para de imediato colocar nesta novidade, neste desconhecido, [neste artista] uma

etiqueta que o vai matar.» Cf. KANDINSKY, Wassily – Gramática da Criação. Lisboa : Edições 70,

fevereiro de 2008, p. 38. 266

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, p. 37. 267

Alves, João. Portugal e a Pintura Europeia. Lusíada. Revista Ilustrada de Cultura. Vol. 3, Nº 12, maio

de 1960, p. 381.

84

exercício plástico é um objeto de conhecimento e, como tal, um elemento em

transformação, pelo menos na sua faceta imaterial.

O não incremento de espírito crítico junto do público268

, e mesmo dos estudiosos

destas matérias, poderá ter contribuído para o atraso estilístico em que viveu o país,

durante vários anos. A inexistência de uma apreciação atenta do panorama nacional terá

incentivado os artistas a propagarem soluções plásticas sem novidade através da mera

aplicação de uma determinada receita que alimentava o gosto geral, mesmo o da dita

crítica.269

Atualmente, parece-me importante, da mesma forma, olhar o artista e a obra

não só de uma perspetiva histórica – num sentido narrativo –, mas também observá-la

de um ponto de vista mais individualizado, sensível ao que ela nos diz, despreocupado

em relação a movimentos e tendências técnicas.270

«Chegou-se ao extremo limite da relação mundo-pintura. Ir mais além,

ultrapassar esse limite, é andar já para fora de relação: passar para o lado do mundo sem

pintura – ou para o lado da pintura sem mundo.»271

Foi neste sentido que o primeiro

passo impressionista foi dado. Um movimento que não funcionou como movimento.272

Uma plástica que não copiou, mas sugeriu.273

Uma pintura pela pintura. O corte desta

corrente com certos paradigmas do passado274

não foi – nem podia ainda ser – total275

,

mas a sua estética foi seguramente nova – «[…] on se trouve en présence non pas d’une

catégorie de l’esprit mais d’un «montage» esthétique.»276

–. Ela não é sensação, é

impressão.277

Ela não é realidade, mas aparência.278

Ela é uma estética, ainda que em

268

«[…] uma massa inerte de público, sem hábitos de ver e, por isso mesmo, sem cultura artística.» Cf.

FRANÇA, José-Augusto – Da Pintura Portuguesa, p. 20. 269

«Uma das aflições da vida artística portuguesa é a falta total de crítica de arte.» Cf. FRANÇA, José-

Augusto – Da Pintura Portuguesa, p. 19. 270

«O crítico de arte ideal seria pois […] aquele que tenta sentir o modo como esta ou aquela forma actua

e que depois comunicasse ao público as suas conclusões.» Cf. KANDINSKY, Wassily – Gramática da

Criação, p. 24. 271

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, p. 14. 272

«Nunca os artistas impressionistas proclamaram implícita ou explicitamente a sua fé numa doutrina

comum: […] encontramo-los separados […]. O seu primeiro dogma é, evidentemente, a independência.»

Cf. FRANCASTEL, Pierre – O Impressionismo. Lisboa: Edições 70, 1988, pp. 12 e 13. 273

«O impressionismo nunca aspirou ser uma reprodução servil do mundo exterior; sempre pretendeu

sugerir.» Cf. FRANCASTEL, Pierre – O Impressionismo, p. 42. 274

«A ruptura realizada pelos impressionistas, por exemplo, foi de certa forma traumática, visto que o

movimento levou muitos anos para ser aceito pelo grande público, e mesmo pela maioria dos críticos e

artistas.» Cf. ZAMBONI, Silvio – A Pesquisa em Arte. Um paralelo entre Arte e Ciência. 2ª ed.

Campinas, São Paulo: Autores Associados, 2001, p. 36. 275

Cf. FRANCASTEL, Pierre – Art et technique aux XIXe et XXe siècles, p. 125. 276

Ibidem, pp. 9 e 10. 277

«Sensação, neste sentido, é o contrário de impressão: à lentidão com que aquela se perfaz opõe-se à

rapidez desta, o seu caráter fugidio.» Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, p. 13.

85

construção: «un montage». Assim, a obra vale por aquilo que sugere. O pintor vale por

aquilo que tem a sugerir. Não é a descoberta que o artista valoriza, mas sim a procura.

Daí que os trabalhos deste período devam, igualmente, ser lidos sob este ângulo. A

ousadia, em muitos destes autores, não está no que realizam, mas no que esboçam.279

A

indecisão, a hesitação e o recuo são passos que plasticamente refletem o artista pensante

em diálogo com a obra. Uma pintura que questiona é, quanto a mim, a grande conquista

destes impulsionadores modernos.

O impressionismo assume o uso da luz280

como uma técnica281

, mas o primeiro

elemento que analisa é o espaço transformando-o numa «não-forma»282

. Neste sentido,

ele balançará, na sua análise, a luz e a forma, a cor e a linha, Monet e Cézanne.283

Das

impressões sensoriais de um Degas284

, às impressões construtivas de um Renoir285

, as

propostas impressionistas apresentam aqueles que viriam a ser os dois rumos da

produção artística do século XX286

, grosso modo.287

Por um lado, as vanguardas trarão a

liberdade intuitiva, o acaso, a expressão individual; por outro lado serão capazes de

racionalizar a estrutura da obra, pensá-la arquitetonicamente, renovar a conceção de

forma, volume e espaço288

. Uma certa espiritualidade parece unir estes dois caminhos.

Uma espiritualidade que talvez seja a herança mais perdurável do Impressionismo.

278

VENTURI, Lionello – Para compreender a pintura: de Giotto a Chagall. Lisboa: Editorial Estúdios

Cor, 1968, p. 156. 279

«Vemo-lo [a Manet] mais como um realizador do que como um inovador – o que não o diminui como

pintor, se entendermos que o valor de uma obra de arte não se mede apenas pela sua ousadia e

originalidade, mas pelo conjunto dos seus méritos e pelo equilíbrio harmonioso das suas múltiplas

qualidades.» Cf. FRANCASTEL, Pierre – O Impressionismo, p. 34. 280

«[…] in their theories [in Impressionists’ theories] they imagined that the subjetive phenomena they

were painting were the objetive behavior of light and spoke of light as the unifying element in

experience.» Cf. SYLVESTER, David – About Modern Art. Critical Essays 1948-2000, p. 93. 281

«A luz deixou de ser apenas mais um elemento da realidade para se tornar um princípio de estilo. O

impressionismo nascera.» Cf. VENTURI, Lionello – Para compreender a pintura: de Giotto a Chagall,

p. 156. 282

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, pp. 60 e 61. 283

«[…] se o impressionismo esteve ligado à elaboração de quatro grandes noções: a luz, a cor, a forma e

movimento, ficou numa situação de impasse em dois domínios. Monet e Degas perseguiram quimeras e

os verdadeiros construtores da nova ordem foram Cézanne e Renoir.» Cf. FRANCASTEL, Pierre – O

Impressionismo, p. 93. 284

Edgar Hilaire Germain Degas (1834-1917). 285

Pierre-Auguste Renoir (1841-1919). 286

«Cézanne, o «divisionista» Seurat e o «simbolista» Gauguin são considerados como os precursores da

pintura abstracta em França.» Cf. VENTURI, Lionello – História da Crítica de Arte. Lisboa: Edições 70,

2007, p. 271. 287

«Impressionism is the great divide. In a sense there is a larger gulf between Courbet and Monet […]»

Cf. SYLVESTER, David – About Modern Art. Critical Essays 1948-2000, p. 128. 288

Noções como as de «espaço-forma» ou «espaço ambíguo» decorrerão destas primeiras experiências

impressionistas. No entanto – e apesar de julgar a abordagem de tais conceitos pertinente no contexto das

cronologias e problemáticas tratadas neste trabalho –, não irei explorar estas noções por elas merecerem

86

O presente subcapítulo deteve-se na segunda etapa da viagem de Joaquim Lopes

a Paris – a etapa do conhecimento –. Não tendo acesso àquilo que o pintor terá estudado

em solo francês, neste ponto do trabalho procurei expor aquilo que, neste momento, é

referido em estudos e reflexões acerca dos ritmos artísticos destas cronologias, neste

caso, balizadas geograficamente entre Portugal e França. Os contextos e as teorias não

pretendem ser um fim, mas um mote para a análise mais visual a que o próximo

subcapítulo convida. Dos conceitos e das noções técnicas e estéticas, o pintor terá

passado à aplicação prática dos mesmos. Após a aprendizagem em Paris, o artista terá

encontrado em Portugal o espaço para interiorizar todas as novidades recolhidas,

iniciando a terceira fase da sua viagem – a fase da apreensão dos saberes obtidos –.

Paralelamente ao espólio de exercícios parisienses do pintor em posse do Museu

da FBAUP289

e de uma aguarela pertencente ao Museu Grão Vasco290

, cruzei-me com

um desenho – disponível num catálogo online da Leiloeira Côrte Real – que optei por

apresentar pela graça e delicadeza reveladas no tratamento da linha.

uma explanação prévia profunda que me afastaria das verdadeiras finalidades desta dissertação. Para

aprofundar tais conceitos Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, pp. 64 e 65. 289

O Museu da FBAUP deterá no seu acervo cerca de três desenhos da autoria do artista e executados em

Paris. Dois destes trabalhos – Modelo nu feminino sentado (FBAUP Nº inv 98. DES. 97) e Modelo nu

feminino sentado (FBAUP nº INV. 98.des.98) – estiveram presentes na Exposição «5 Séculos de Desenho

na Coleção da Faculdade de Belas Artes» no Núcleo do Museu Nacional de Soares dos Reis. 290

Retrato de Mulher (N.º de Inventário: 2626).

http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=207932. 15-06-

2012 23:33.

87

FFiigguurraa 44

Título: Nu.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Desenho duplo sobre papel.

Assinatura e Data: Assinado e datado de Paris, 1919 (canto inferior esquerdo).

Dimensões: 29,5cm (altura) x 22,5cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.leiloeiracortereal.pt291

Este trabalho poderá não ser o mais ilustrativo dos conhecimentos colhidos por

Joaquim Lopes em Paris – nomeadamente da formação recebida na Académie de la

Grande Chaumière, pois neste exercício não encontramos o registo rápido, nem a

procura da captação do instante –, em todo o caso, a sua simplicidade tem algo de

cativante. A perna que se cruza e quase se sobrepõe ao outro membro inferior cria um

ritmo que é, quanto a mim, o tema deste exercício. O rosto da figura feminina é anulado,

uma vez que não é o elemento sob exame. A anatomia – as suas linhas e as suas

cadências – é o que o pintor deseja verdadeiramente explorar neste estudo que

discretamente guarda em si importantes considerações. Este não é já o desenho

académico do aluno, mas a reflexão esboçada do pintor que segue viagem. Um caminho

de Conhecer e Apreender para Pintar.

291

Sítio oficial da Leiloeira Côrte Real, Lda: <http://www.leiloeiracortereal.pt>. A obra «Nu» teve o

número de lote 701.

88

4.3 – Viajar para Apre(e)nder.

Em novembro de 1919, já regressado de Paris, Joaquim Lopes expõe

coletivamente no 2º Grande Certame de Arte292

, onde a única notícia de jornal, que

refere o evento, fala sumariamente sobre a destreza técnica do pintor.293

Será necessário

aguardar por maio de 1920, para encontrarmos descrições mais alongadas sobre os

trabalhos que o artista exibe na IV Exposição de Pintura de Joaquim Lopes294

. A

imprensa considera que a mostra apresenta os progressos do pintor e que algumas das

suas paisagens assumem uma luz e cor líricas.295

A Pátria afirma mesmo que «O

contraste entre as telas mais antigas [do artista] e as de caráter mais moderno, é

flagrante.»296

, adiantando que o que marcou a exposição foi a feição moderna que a arte

do pintor vai tomando com sinceridade, honestidade e prudência297

. O periódico

acrescenta que, em algumas telas e efeitos, a sua pincelada parece «Quasi-cubismo»298

.

O catálogo da exposição individual de Joaquim Lopes de 1920 abre com o

poema Elogio da Pintura de Narciso d’Azevedo299

, que alude – não inocentemente – às

lições de sombra e luz de um mestre colorista300

. Lições espalhadas um pouco por cada

tela de Joaquim Lopes, mas mais espelhadas nas Impressões de Paris – nas visões

registadas dos Monumentos do Jardim de Luxemburgo e do Jardim do Carroussel – e

nas aguarelas correspondentes a estudos da Académie de la Grande Chaumière.301

Os

valores impressionistas aplicados quer pela sua razão estética, quer pela sua faceta

técnica302

parecem, efetivamente, ser aqueles que mais claramente o pintor denuncia nas

suas obras, pelo menos neste período muito próximo do seu regresso de Paris.

No entanto, a tal proposta quase-cubista, anteriormente referida, denota já a

sensibilidade do artista para outras questões sobre as quais terá igualmente refletido em

terras parisienses. Para compreender tais problemáticas, teremos de reter algumas ideias

292

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 34. 293

Cf. Grande certame de arte II. Comércio do Porto, 23/11/1919. 294

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 33 e 41. 295

Cf. Quadros de Joaquim Lopes. Comércio do Porto, 09/05/1920. 296

Cf. A exposição de pintura de Joaquim Lopes. A Pátria, 29/05/1920. 297

Ibidem. 298

Ibidem. 299

Transcrição de uma das estrofes que compõe o poema - «Pintar é eternizar fugaz momento, // ’

erguer aos Deuses com deslumbramento // A vida num ritual de Forma e Côr.» Elogio da Pintura,

Narciso d’Azevedo. Cf. IV EXPOSIÇÃO de Pintura de Joaquim Lopes. [Catálogo] Porto: [s. n.], maio de

1920. 300

«Ao ar livre o bom mestre colorista, // Philosopho tirando a epicurista, // Dá as suas lições de sombra e

luz.» Cf. IV EXPOSIÇÃO de Pintura de Joaquim Lopes. [Catálogo]. 301

Cf. IV EXPOSIÇÃO de Pintura de Joaquim Lopes. [Catálogo]. 302

Cf. FRANÇA, José-Augusto – História da Arte Ocidental: 1780-1980, p. 156.

89

acerca de Cézanne. O artista francês tornará a natureza num «pretexto de sugestão

material»303

. Tal como Joaquim Lopes, lutará e hesitará entre uma atitude de recuo ou

de avanço estilístico – «A luta que Cézanne manteve com ele próprio, até cerca de 1870,

mostra-no-lo hesitante entre o respeito pelo passado e o sentimento de uma visão

original.»304

–. O seu percurso não é, assim, linear – como já referimos neste capítulo –

pelo que as suas propostas vão sofrendo mutações ao longo do tempo. Porém, – no

contexto deste nosso caso de estudo – importa talvez fixar a perspetiva que o excerto

seguinte veicula: «O que faltou aos impressionistas foi o momento intermediário da

construção e do ideal geométrico, no qual o poder intelectual de Cézanne encontrou o

elemento essencial do seu estilo, fazendo dele como que um esqueleto para sustentar e

organizar a sensibilidade.»305

Como o trecho defende, Cézanne trará para a atmosfera impressionista a solidez

que ela não propunha. Neste período, o artista francês não se liberta ainda da matriz

impressionista, mas modifica-a, tornando-a em algo novo e diferente. Este estilo – que é

seu – pode, por isso, ser nomeado «cézannismo» e entendido como uma «tentativa de

construção através da pincelada de cor»306

. Acredito que o percurso de Joaquim Lopes

passará por este cézannismo, quando «A ausência de pormenorização numa obra [já]

não se deve a uma influência de circunstâncias atmosféricas e lumínicas […], mas deve-

se antes a uma procura do elementar.»307

. A uma pincelada consensualmente curta,

nervosa, densa e decidida308

, é pertinente somar o ingrediente construtivo que julgo

também definir a técnica do pintor.309

303

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, p. 139. 304

FRANCASTEL, Pierre – O Impressionismo, p. 52. 305

VENTURI, Lionello – Para compreender a pintura: de Giotto a Chagall, p. 187. 306

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 73. 307

Ibidem, p. 75. 308

«[Joaquim Lopes] é um pintor de «pincelada alternadamente longa ou curta, nervosa, densa e decidida,

que dá, às vezes, aos seus trabalhos um aspecto áspero» e que mostra um bom domínio da composição,

sempre animada e colorida.» Cf. LOPES Joaquim. In DICIONÁRIO da pintura portuguesa. Org. Mário

Tavares Chicó, Armando Vieira Santos, José-Augusto França. Lisboa: Estúdios Cor, 1973, p. 212. 309

«[…] pela intromissão de novas técnicas, [Joaquim Lopes] conseguiu tirar novos estremecimentos do

nosso velho naturalismo e soerguê-lo pela construção.» Alves, João. Os Pintores de 1900. Lusíada.

Revista Ilustrada de Cultura, Vol. III, Nº 9, dezembro de 1956, p. 20.

90

Todavia, antes de explorar com mais profundidade o pincel construtor de

Joaquim Lopes, reservarei para estes parágrafos o estabelecimento de alguns outros

paralelismos com artistas e obras que poderão ter sido referências importantes para o

pintor português, privilegiando as menções a artistas menos conhecidos ou aos quais

não associamos tão imediatamente uma dada imagem. Gustavo Bacarisas y Podestá310

é

um artista espanhol cuja obra é, em alguns dos periódicos consultados, relacionada com

propostas do artista português.311

Sem aprofundar a produção artística de Gustavo

Bacarisas – como aliás não farei em relação a grande parte dos pintores que venha a

mencionar –, o exercício que proponho para estas páginas é o de contrapor obras que,

quanto a mim, exemplifiquem de que forma um dado artista pode relacionar-se com

Joaquim Lopes. Neste caso, irei estabelecer uma ponte entre as obras «Desnudo

feminino»312

do artista espanhol e o óleo «Figura feminina reclinada» do artista

português. Os traços comuns entre os dois trabalhos situam-se, sobretudo, na afinidade

temática, na postura corporal das duas mulheres e numa certa harmonia de tons.

310

Gustavo Bacarisas y Podestá (1873-1971). 311

Joaquim Lopes. Pintor Impressionista. Jornal de Notícias, 25/04/1935. 312

http://www.artvalue.com/auctionresult--bacarisas-podesta-gustavo1873-desnudo-

femenino1792838.htm. 15-06-2012 23:35.

91

FFiigguurraa 55

Título: Figura feminina reclinada.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1943 (canto inferior esquerdo).

Dimensões: 59cm (altura) x 89cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.cml.pt313

FFiigguurraa 66

Título: Desnudo femenino [Nu feminino].

Autor: Gustavo Bacarisas y Podestá.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior esquerdo). Não datado.

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: http://www.artvalue.com/auctionresult--bacarisas-podesta-

gustavo-1873-desnudo-femenino-1792838.htm

Fonte da imagem:

http://www.google.pt/imgres?um=1&hl=pt-

PT&biw=1280&bih=705&tbm=isch&tbnid=BSskY6fBGCyfpM:&imgrefurl=http://maestrosdelretrato.bl

ogspot.com/2007/12/gustavo-

bacarrisas.html&docid=U1sfFfhDdkrDRM&imgurl=http://4.bp.blogspot.com/_NEiC7RM8v7s/TUsPG13

XBnI/AAAAAAAADoU/LO9xt5dJ_oM/s1600/bacarrisas.jpg&w=600&h=482&ei=0hTBT-

_2ONPc8gP154XfCg&zoom=1

313

Sítio oficial da leiloeira Cabral Moncada Leilões: <http://www.cml.pt>. A obra «Figura feminina

reclinada» esteve presente no Leilão 103 (Antiguidades e Obras de Arte. Pintura, Pratas e Joias), na

Sessão Única de 09/02/2009, com o número de lote 219.

92

Em 1923, O Comércio do Porto314

relaciona uma tela de Joaquim Lopes –

«Rapariga dos Dióspiros» – com a «maneira forte» do pintor húngaro Segismundo de

Nagy315

. Esta maneira forte de que fala o jornal dirá respeito, possivelmente, à

intensidade dos efeitos de cor que o artista húngaro desenvolve em alguns dos seus

trabalhos e que o pintor português pontualmente explorará. Este dado permite-me

introduzir uma outra perspetiva, por vezes apresentada, a propósito da plástica de

Joaquim Lopes. Refiro-me às influências fauvistas que lhe são associadas. Julgo que

esta associação terá como base a observação de obras onde o artista ousa nas

tonalidades, aplicando sobretudo vermelhos e alaranjados garridos e arrojados. Como

em relação a qualquer outra corrente, o pintor português não pode ser incluído no

movimento fauvista, nem considerar-se que este o tenha influenciado de forma

declarada. Em todo o caso, considero que o artista se encontrou mais verdadeiramente

nas manchas de cor livres pelo que, neste sentido, ele partilha algumas afinidades com o

Fauvismo que, afinal, «sacudiu a tirania do Divisionismo.»316

.

O Museu da Cidade, em Lisboa, possui em reserva uma «Menina dos

Dióspiros»317

de Joaquim Lopes; trata-se precisamente da obra aqui em discussão. Na

ficha de inventário da instituição, o ano de 1928 é indicado como a data da realização

do óleo. Porém, julgo que tal se deva a um lapso na leitura dos números assinalados

pelo pintor no canto inferior esquerdo da tela. O algarismo oito corresponderá, na

realidade, ao dígito três. Isto, porque o artigo d’O Comércio do Porto, que refere a obra,

data de 1923318

e indica ainda que a mesma terá estado presente na 12ª Exposição da

SNBA, realizada nesse mesmo ano319

. Além disso, já em 1926 há notícia da Câmara

Municipal de Lisboa ter adquirido este trabalho320

, neste caso no contexto da exposição

individual que Joaquim Lopes leva a cabo na SNBA, nessa cidade321

.

314

Cf. Exposição da Sociedade de Bellas-Artes. Comércio do Porto, 11/05/1923. 315

Segismundo de Nagy (1872-?). 316

Cf. HESS, Walter – Documentos para a compreensão da pintura moderna, p. 73. 317

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram cedidos pela Dra. Lurdes Garcia –

Coordenadora Técnica da Direção Municipal da Cultura da Câmara Municipal de Lisboa – através do

pedido efetuado pelo endereço: <[email protected]>. 318

Cf. Exposição da Sociedade de Bellas-Artes. Comércio do Porto, 11/05/1923. 319

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 35 e 44. 320

Marçal, Rafael. Exposições de Joaquim Lopes e Dulce Sousa. O Radical, 08/03/1926. 321

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 33 e 41.

93

Para confrontar visualmente o exercício plástico enunciado de Joaquim Lopes

com o trabalho de Segismundo de Nagy, decidi selecionar uma obra do pintor húngaro

que fizesse uso de tons ofuscantes, uma vez que o destaque dado pela imprensa à tela

«Rapariga dos Dióspiros»322

se deveu sobretudo à paleta viva que ela apresentava323

. Na

minha perspetiva, os dois artistas – tal como as duas obras comparadas – aproximam-se

sobretudo cromaticamente, na exploração de pigmentos e tintas de valores fortes – que,

neste caso, coincidentemente, se espalham e desenvolvem pelas vestes das figuras

femininas –. Em todo o caso, o exercício do pintor húngaro vai um pouco mais longe

em relação àquilo que, em 1923, Joaquim Lopes deseja propor.

322

Quando fizer referência à obra em análise, irei utilizar o título «Rapariga dos Dióspiros», uma vez que

é assim que a pintura é referida em catálogos de exposições tais como o catálogo RELAÇÃO dos quadros

que expõe Joaquim Lopes no Salão Silva Porto. [Catálogo] Porto: [s. n.], maio de 1925 – onde o quadro é

o terceiro trabalho a ser nomeado na listagem dos óleos apresentados na mostra – e o catálogo Relação

dos quadros que expõe Joaquim Lopes na Sociedade Nacional de Belas Artes. [Catálogo] Lisboa: SNBA,

fevereiro de 1926 – em que a tela volta a aparecer na terceira posição da lista de obras expostas –. Por

esta razão, não adotarei a designação proposta na ficha de inventário da obra e da responsabilidade do

Museu da Cidade – «Menina dos Dióspiros». 323

Cf. Sociedade de Belas Artes II. Primeiro de Janeiro, 10/05/1923.

94

FFiigguurraa 77

Título: Rapariga dos Dióspiros.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinada e datada de 1923

(canto inferior esquerdo).

Dimensões: 93,5cm (altura) x 72cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos

relativos à obra: Museu da Cidade.

FFiigguurraa 88

Título: Mother and Child [Mãe e Filho].

Autor: Segismundo de Nagy.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinada (canto inferior direito). Não

datada.

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra:

http://leonardjoel.com.au/lot_details.php?lot=258659&aucti

on=379

95

Em 1926, Joaquim Lopes viaja até Espanha – país que, de resto, visitará

frequentemente ao longo da sua vida324

–. Esta sua jornada de 1926 será relatada pelo

próprio em artigos que escreve em junho e julho deste ano para o periódico Diário do

Porto.325

Nestes textos, o pintor faz referência a uma série de artistas espanhóis cuja

obra conhece na sua estada em Espanha.326

Sobre estes, faz algumas apreciações

interessantes. Considera Ignacio Zuloaga y Zabaleta um artista incompreendido em

Espanha e descreve Hermenegildo Anglada Camarasa como um finíssimo colorista.327

Julga Daniel Vázquez Díaz um dos mais inteligentes expressionistas328

e aponta

Adelardo Covarsí Yustas como um divisionista de talento329

.

Neste ponto do trabalho, apresentarei uma obra em particular, por ela ter

merecido uma menção especial por parte de Joaquim Lopes, num dos textos que

escreveu para o jornal portuense.330

Assim, não irei colocá-la em contraponto com

qualquer trabalho do artista português, pois a evidência que lhe confiro no contexto

deste subcapítulo deve-se sobretudo ao facto de Joaquim Lopes a ter julgado digna de

destaque num dos seus artigos. O artista português admirou a correção do seu desenho,

a harmonia da cor e do conjunto, a sua simplicidade e o seu caráter expressivo. Segundo

324

«[…] um ano antes de ter rebentado a última guerra em Espanha, havendo eu [Joaquim Lopes] visitado

o seu salão – tarefa agradabilíssima a que de dois em dois anos me votava – […]». Cf. LOPES, Joaquim -

Do Regionalismo ao Nacionalismo na Arte. Porto: Imprensa Portuguesa, 1940, p. 41. 325

Cf. Lopes, Joaquim. Por Espanha. Diário do Porto, 25/06/1926; Lopes, Joaquim. Por Espanha II.

Primeira visita á Exposição Nacional de Belas Artes. Diário do Porto, 29/06/1926; Lopes, Joaquim. Por

Espanha III. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes nos Palácios do Retiro. Diário do Porto,

30/06/1926; Lopes, Joaquim. Por Espanha IV. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes nos

Palácios do Retiro. Diário do Porto, 02/07/1926; Lopes, Joaquim. Por Espanha V. A brilhante

representação dos paisagistas espanhois na Exposição Nacional de Belas Artes. Diário do Porto,

05/07/1926; Lopes, Joaquim. Por Espanha VI. A brilhante representação dos paisagistas espanhois na

Exposição Nacional de Belas Artes. Diário do Porto, 08/07/1926. 326

Os artistas sobre quem Joaquim Lopes fala nos artigos redigidos para o Diário do Porto são: Adelardo

Covarsí Yustas (1885-1951); Antonio Ortiz Echagüe (1883-1942); Daniel Vázquez Díaz (1882-1969);

Eduardo Chicharro y Agüera (1873-1949); Eduardo Martínez Vásquez (1886-1971); Eduardo Rosales

Martínez (1836-1873); Eugenio Hermoso Martínez (1883-1963); Francisco Aldona; Hermenegildo

Anglada Camarasa (1871-1959); Ignacio Zuloaga y Zabaleta (1870-1945); Joaquín Mir Trinxet (1873-

1940); José Luis Gutiérrez Solana (1886-1945); Juan Ángel Gómez Alarcón (1882-?); Mariano José

Maria Bernardo Fortuny y Marsal (1838-1874); Pedro Serra Farnes (1890-1974); Ramón de Zubiaurre

Aguirrezábal (1882-1969); Roberto Fernández Balbuena (1890-1966); Valentín de Zubiaurre

Aguirrezábal (1879-1963). 327

Lopes, Joaquim. Por Espanha II. Primeira visita á Exposição Nacional de Belas Artes. Diário do

Porto, 29/06/1926. 328

Lopes, Joaquim. Por Espanha III. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes nos Palácios do

Retiro. Diário do Porto, 30/06/1926. 329

Lopes, Joaquim. Por Espanha IV. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes nos Palácios do

Retiro. Diário do Porto, 02/07/1926. 330

Lopes, Joaquim. Por Espanha III. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes nos Palácios do

Retiro. Diário do Porto, 30/06/1926.

96

o pintor, a obra apresenta um misto de sabor quinhentista e de romanticismo de Goya331

na interpretação dos costumes.332

O trabalho a que Joaquim Lopes se refere intitula-se

«Lavanderas extremeñas» e em 1926 recebeu a Medalha de Ouro do Circulo de Bellas

Artes333

.

FFiigguurraa 99

Título: Lavanderas extremeñas [Lavadeiras estremenhas].

Autor: Eugenio Hermoso Martínez.

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra:

http://roble.pntic.mec.es/~jtrinida/ambiente.htm

Na senda de referências que marcaram o percurso de Joaquim Lopes, existem

ainda outros nomes que merecem menção. Joaquín Sorolla y Bastida334

é um outro

artista espanhol que o pintor português conhece e pelo qual nutre um profundo

interesse. Neste caso, vale a pena apontar algumas ideias relacionadas com o percurso

deste artista, na medida em que considero que entre ele e o pintor português existem

proximidades estilísticas que merecem ser exploradas. Também Sorolla introduziu

gradualmente na sua pintura valores plásticos mais expressivos, explorando uma

331

Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1828) foi uma referência importante para Joaquim Lopes,

uma vez que nos seus textos e escritos fala, frequentemente, sobre o artista espanhol. Nos relatos desta

mesma viagem, demonstrará o seu interesse pelo trabalho do pintor nascido em Espanha. Cf. Lopes,

Joaquim. Por Espanha. Diário do Porto, 25/06/1926. A propósito da simpatia de Joaquim Lopes por

Goya, cito um excerto que sintetiza alguns dos valores da pintura do artista espanhol que acredito terem

atraído plasticamente o artista português – «Goya’s space is a lifeless void; the figures float because they

have no density. All his figures are weightless: their feet placed on the ground, they do not so much stand

on it as brush it, like marionettes. The space is like space in dreams, the figures like figures in dreams.

The fantastic scenes become nightmarish because they have the quality, the atmosphere, of dreams. And

the royal portrait group, say, no less than the witches’ Sabbaths, appears to be happening in a dream.» –.

Cf. SYLVESTER, David – About Modern Art. Critical Essays 1948-2000, p. 257 332

Lopes, Joaquim. Por Espanha III. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes nos Palácios do

Retiro. Diário do Porto, 30/06/1926. 333

http://roble.pntic.mec.es/~jtrinida/ambiente.htm. 15-06-2012 23:37. 334

Joaquín Sorolla y Bastida (1863-1923).

97

pincelada vigorosa, e empastamentos que julgo serem muito semelhantes aos

desenvolvidos por Joaquim Lopes.

No entanto, vale a pena analisar as palavras que Joaquim Lopes dedica a este

artista espanhol. Em 1934 – no contexto da viagem do pintor português a Espanha,

Itália, Bélgica, França e Holanda335

–, o artista regista algumas das suas reflexões sobre

a pintura espanhola, tomando por base a sua visita a Madrid, em junho do referido ano.

O pintor percorre exposições e museus, como a Casa-Museu Sorolla. Talvez tendo

como suporte visual o espólio desta casa-museu, o artista português tece uma série de

considerações a propósito de Sorolla considerando-o o primeiro artista espanhol a ter

em atenção os efeitos da luz na Natureza. Joaquim Lopes descreve-o como sendo dono

de «expressivos impulsos, de audaciosos arremetidos de técnica». Como o artista

português, Sorolla tratou assuntos históricos e religiosos que, segundo Joaquim Lopes,

seriam temas que o pintor «certamente não sentia». Além disso – e tal como ele próprio

– Sorolla também trabalha composições de grandes dimensões. Porém, o dado mais

importante sobre o pintor – partilhado pelo artista português – diz respeito à última fase

da arte do artista espanhol, marcada pelo uso de tons puros em manchas largas e

nervosas.336

A curiosidade de Joaquim Lopes pelo trabalho de Sorolla prolonga-se para lá

desta viagem de 1934. No APJL, encontrei um recorte do jornal Diário de Notícias

datado de 1948, o qual dizia respeito a um artigo escrito por João de Lisboa sobre o

artista espanhol.337

O conteúdo deste texto alimenta, ainda mais, a minha perspetiva de

que os dois artistas partilham, efetivamente, traços em comum. Ambos têm uma arte

forte, com técnica e personalidade, e valores cromáticos interessantes que denotam o

domínio dos pintores sobre a sua plástica. Os dois artistas produziram uma quantidade

avultada de obra, a qual apresenta uma diversidade temática assinalável que girou em

335

Em 1934 – possivelmente durantes os meses de junho e julho (Cf. Lopes, Joaquim. Viagem de estudo

(Alguns apontamentos, junho/julho de 1934). In ARTE Portuguesa. Boletim da Escola Superior de Belas

Artes do Porto. Porto: [s. n.], 1952.) –, o pintor português terá viajado por Espanha, Itália, Bélgica,

França e Holanda como bolseiro da Junta de Educação Nacional. «O objetivo principal [desta viagem] era

estudar os Primitivos, das quatro primeiras nações citadas, de modo a verificar prováveis analogias que

eram apontadas para alguns dos mestres portugueses, como Nuno Gonçalves e Grão Vasco.» Cf.

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim Lopes,

pp. 19 e 20. 336

O presente parágrafo foi construído com os apontamentos de Joaquim Lopes publicados em – Lopes,

Joaquim. Viagem de estudo (Alguns apontamentos, junho/julho de 1934). In ARTE Portuguesa. Boletim

da Escola Superior de Belas Artes do Porto. 337

Cf. Lisboa, João de. Agora em spanha… O Pintor Sorolla a sua casa e a sua obra. Evocação de 1900.

Diário de Notícias, 25/12/1948.

98

torno de assuntos como o campo, o povo e o trabalho, ou mais concretamente o

trabalhador.338

«Os homens, os montanheses, impressionam pelo hieratismo escultórico

das figuras – em que há, como nas mulheres, modernismo do melhor, do eterno – pelo

anguloso dos traços, em que os olhos vivem mais na distancia do que nas orbitas.» A

frase citada dirige-se ao trabalho de Sorolla, mas poderia adaptar-se a exercícios do

pintor português como os que seguidamente exponho. Nestes exemplos, encontramos o

tal hieratismo escultórico das figuras e os mesmos traços angulosos de que fala João de

Lisboa. Também os homens construídos por Joaquim Lopes são considerados «fortes e

rudes»339

.

FFiigguurraa 1100

Título: Ceifeiro.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Sanguínea sobre papel.

Assinatura e Data: Assinado (zona inferior). Não datado.

Dimensões: 44cm (altura) x 26cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra:

http://www.arvorecoop.pt/fotos/gca/1258626907leilao_arvore_2.pdf340

338

Cf. Lisboa, João de. Agora em spanha… O Pintor Sorolla a sua casa e a sua obra. vocação de 1900.

Diário de Notícias, 25/12/1948. 339

«Para muitos, o Artista foi, acima de tudo, paisagista. […] Joaquim Lopes, homem forte e rude, nunca

cultivou o «bonitinho», o amável. Eram suas figuras fortes e rudes como ele.» Cf. Sérgio, Octávio. O

Pintor Joaquim Lopes e a sua notabilíssima ação no meio artístico portuense. O Norte Desportivo,

12/04/1956. 340

Catálogo online do Leilão de Obras de Arte da Cooperativa Árvore: <

http://www.arvorecoop.pt/fotos/gca/1258626907leilao_arvore_2.pdf>. A obra «Ceifeiros» esteve presente

no Leilão, na sessão de 26/11/2009, com o número 66.

99

FFiigguurraa 1111

Título: Ilustração do poema «A Moça Terra Latina» da autoria de Alberto Ayres Gouvêa, presente na

obra Alegre Vinho, de António Corrêa d’Oliveira341

.

Autor: Joaquim Lopes.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior direito). Não datado.

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: D’OLIV IRA, António Corrêa – Alegre

Vinho. Da Academia das Sciencias de Lisboa. Da Academia Brazileira. Edição Brinde da Casa Ramos

Pinto.342

No seguimento das reflexões de Joaquim Lopes sobre a pintura espanhola, o

artista português destaca uma obra de Sorolla cujo título seria «Praia de Valença».343

A

minha pesquisa permitiu-me concluir que o pintor espanhol possui diversas manchas

esboçadas em torno de areais valencianos, pelo que não me foi possível precisar com

exatidão a que trabalho se referiria o artista português. Em todo o caso, optei por

reproduzir, na figura 12, um dos registos que Sorolla fez destas praias, o qual se

caracteriza por uma pincelada expressionista que, como vimos anteriormente,

caracteriza, segundo Joaquim Lopes, uma fase da pintura do artista espanhol. É esta

341

D’OLIV IRA, António Corrêa – Alegre Vinho. Da Academia das Sciencias de Lisboa. Da Academia

Brazileira. Edição Brinde da Casa Ramos Pinto. 342

A consulta desta publicação de António Corrêa d’Oliveira e o acesso à ilustração de Joaquim Lopes

foram possíveis graças à disponibilidade e gentileza do Dr. Joaquim António Gonçalves Guimarães. 343

Lopes, Joaquim. Viagem de estudo (Alguns apontamentos, Junho/Julho de 1934). In ARTE

Portuguesa. Boletim da Escola Superior de Belas Artes do Porto.

100

técnica que penso que inspira o pintor português em alguns dos trabalhos onde, da

mesma forma, explora o pincel, não de um modo tão impressionista ou construtivo –

«cézanneano» –, mas de uma maneira mais pessoal e emotiva. Penso que tal é o caso da

obra «Paisagem» que apresento depois da reprodução da «Playa de Valencia» de

Sorolla. O óleo de Joaquim Lopes explora as potencialidades do suporte em madeira,

apresentando uma mancha livre, onde – como no trabalho de Sorolla – a expressão

através da cor, mas principalmente através da pincelada, é o grande tema da pintura em

questão.

FFiigguurraa 1122

Título: Playa de Valencia [Praia de Valencia].

Autor: Joaquín Sorolla y Bastida.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior direito). Não datado.

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.joaquin-sorolla-y-

bastida.org/Beach-of-Valencia-large.html

FFiigguurraa 1133

Título: Paisagem.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre madeira.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1941, Porto (canto inferior direito).

Dimensões: 21cm (altura) x 15cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra:

http://www.leiloeiraportoantigo.com/v1/catalogos/p17a32.pdf344

344

Catálogo online da Leiloeira Porto Antigo:

101

A última referência que apresentarei diz respeito a um artista que em nenhum

estudo ou reflexão encontrei posto em paralelo com Joaquim Lopes, mas que eu própria

considero ter propostas plásticas semelhantes a algumas das construídas pelo pintor

português. Augustus John345

possui uma pincelada distinta da do artista português, mas

algumas das suas obras sugerem efeitos e ambiências próximas das exploradas por

Joaquim Lopes. É, sobretudo, nesta perspetiva que estabeleço pontes entre os dois

artistas, acreditando que esta pode ser uma outra referência à qual poderemos aludir

quando quisermos cruzar os exercícios do pintor português com as sugestões de outros

artistas. Para concretizar esta ligação que instituo entre os autores, colocarei a par duas

pinturas que partilham uma mesma atmosfera. No caso exposto, as correspondências

avolumam-se, uma vez que os artistas solucionam de um modo análogo a representação

dos tecidos presentes nas telas.

<http://www.leiloeiraportoantigo.com/v1/catalogos/p17a32.pdf>. A obra «Paisagem» esteve em leilão,

com o número 250. 345

Augustus Edwin John (1878-1961).

102

FFiigguurraa 1144

Título: A saia amarela.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinada e datada de 1933

(canto superior esquerdo).

Instituição detentora da obra: MNSR (Inv.

151 Pin CMP/MNSR).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra:

MNSR.

Fonte da imagem: Teresa Santos

(autora do trabalho)

FFiigguurraa 1155

Título: Madame Suggia.

Autor: Augustus John.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Data: [1920 – 1923].

Dimensões: 186,7cm (altura) x 165,1cm (largura)

Fonte da imagem e dos dados técnicos

relativos à obra:

http://www.tate.org.uk/art/artworks/john-

madame-suggia-n04093

103

O presente subcapítulo procurou explorar as viagens plásticas que o espetador

pode fazer a partir das obras de Joaquim Lopes. Em relação aos artistas e aos trabalhos

que invoquei nestas páginas, eles devem ser vistos não como influências, pois em

nenhum dos casos tive acesso a declarações de Joaquim Lopes que denunciassem uma

ou outra influência, mas antes como referências, alusões a outras propostas que

partilham algo com as do artista português. Entre os nomes recolhidos nas publicações

consultadas, e aquilo que eu própria tentei acrescentar aos exemplos já avançados, julgo

ter conseguido comprovar com casos concretos como a produção artística de Joaquim

Lopes é vasta e plural. Neste sentido, reafirmei perante o leitor a minha convicção de

que nele nunca encontraremos apenas um valor unitário e singular que lhe seja

transversal. O seu trajeto apresentará certas características contínuas, mas nunca uma

variável exclusiva. Uma constância como a sua individualidade – sempre presente em

cada projeto seu – não deixou de se fazer acompanhar de muitas outras valias.

A próxima etapa – que concluirá o ponto quatro desta dissertação – reforça esta

noção de heterogeneidade plástica em Joaquim Lopes. Sem estabelecer fases ou

períodos na pintura do artista, é importante perceber de que forma ela se transforma –

ganhando alguns atributos e perdendo outros –. Além disso, é indispensável reconhecer

nestas mutações o mérito da reflexão – um bem maior alcançado pela arte do século XX

–. A finalidade da etapa seguinte será a de, mais uma vez, encaminhar o leitor pelos

diferentes rumos que o pintor seguiu. Depois de viajar para ver e conhecer, o artista

albergou em si os saberes necessários para planear o seu trilho. Um caminho de

Apreender e Ser para Afirmar.

4.4 – Viajar para Ser.

O último espaço deste capítulo pretende servir de remate à viagem iniciada com

a questão – Joaquim Lopes: Um Pintor sem Estilo? –. Ao longo das páginas anteriores

foi possível perceber de que forma a diversidade plástica marcou não só a produção

artística do pintor, como a de muitos artistas portugueses que lhe foram

contemporâneos. Neste sentido, demonstrei como a aproximação de um artista a uma

corrente estética pode fazer-se por filiação efetiva a esse movimento ou, então, apenas

por razões estilísticas ou, até, ideológicas partilhadas com o mesmo. O facto de o pintor

seguir uma técnica cultivada por uma determinada corrente artística, não implica que os

104

seus trabalhos sejam plasticamente semelhantes às soluções propostas por esse

movimento de que ele apenas colheu um ou outro aspeto técnico. Assim, procurei

contrariar as tendências anti-históricas que fazem crer que «les œuvres sont le produit

de théories affrontées et incarnées par des groupes.»346

De uma formação de raiz naturalista – ou tardo-naturalista – a uma viagem da

qual trouxe noções impressionistas e pós-impressionistas, Joaquim Lopes explorou a

diluição de contornos e valores informalistas como a afirmação do suporte – deixando,

em alguns dos seus trabalhos, espaços sem qualquer cor – que já Aurélia de Sousa347

e

António Carneiro348

tinham anunciado. Atravessou as manchas mais expressivas e

aplicou uma pincelada construtiva, cada vez mais «cézanneana». As pinturas que

seguidamente apresento ilustram esta mesma pluralidade. De uma «Paisagem» mais

convencional, a uma série de pinturas de gosto impressionista – no «Jardim de

Marzovelos»349

–, passando por uma mancha mais livre e terminando com um óleo,

onde as tintas desenham planos e arquitetam uma «Manhã na montanha». Este percurso

não é necessariamente cronológico, uma vez que estas diferentes linguagens se

fundiram, frequentemente, nos exercícios do pintor, coexistindo num mesmo trabalho.

Nesta linha de pensamento, o interesse desta análise reside em tornar mais visíveis e

claros os vários estilos técnicos e estéticos que o artista dominou.

346

FRANCASTEL, Pierre – Art et technique aux XIXe et XXe siècles, p. 119. 347

Maria Aurélia Martins de Sousa (1866-1922). 348

António Teixeira Carneiro Júnior (1872-1930). 349

A esta série de três pinturas poderia ser adicionado o óleo sobre madeira – «Recanto do Jardim de

Marzovelos» – em posse da Casa-Museu Almeida Moreira (C-MAM) e reproduzido em SILVA, Alcina –

A presença de Joaquim Lopes no Museu Grão Vasco. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 77.

105

FFiigguurraa 1166

Título: Paisagem.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado [1927] (canto inferior esquerdo).

Dimensões: 57cm (altura) x 79,7cm (largura).

Instituição detentora da obra: MNSR (Nº Inventário: 537 Pin).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: MNSR350

e Divisão de Documentação Fotográfica/IMC351

.

Fonte da imagem: Divisão de Documentação Fotográfica/IMC.352

Fotografia por: Carlos Monteiro (julho de 1994).

350

Informações cedidas pela Dra. Elisa Soares – Técnica Superior do MNSR -. 351

Informações cedidas pela D. Tânia Olim – em nome da Divisão de Documentação Fotográfica/IMC -,

através do pedido efetuado pelo endereço: <[email protected]>. 352

Imagem cedida pela D. Tânia Olim – em nome da Divisão de Documentação Fotográfica/IMC -,

através do pedido efetuado pelo endereço: <[email protected]>.

106

FFiigguurraa 1177

Título: Jardim antigo - Marzovelos.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1921 (canto inferior esquerdo).

Dimensões: 57cm (altura) x 80cm (largura).

Instituição detentora da obra: Museu Grão Vasco (MGV) (Nº Inventário: 2314).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: www.matriznet.imc-ip.pt353

FFiigguurraa 1188

Título: Jardim de Marzovelos.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Pastel sobre cartão.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1921 (canto inferior direito).

Dimensões: 37cm (altura) x 54cm (largura).

Instituição detentora da obra: Museu Grão Vasco (MGV) (Nº Inventário: 2316).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: www.matriznet.imc-ip.pt354

353

Imagem e dados técnicos disponíveis em:

http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=208549. 15-06-

2012 23:38.

107

FFiigguurraa 1199

Título: Recanto do Jardim de Marzovelos (Viseu).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1921 (canto inferior direito).

Dimensões: 30,2cm (altura) x 40,8cm (largura).

Instituição detentora da obra: Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça (CP-MA) (Nº Inventário: CP-MA

85.298).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: CP-MA.355

354

Imagem e dados técnicos disponíveis em:

http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=209065. 15-06-

2012 23:39. 355

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram cedidos pelo Dr. Nuno Prates – Conservador

da Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça – através do pedido efetuado pelo endereço:

<[email protected]>.

108

FFiigguurraa 2200

Título: [Sem título].

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre platex e cartão.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior direito). Não datado.

Dimensões: 12cm (altura) x 18cm (largura).

Instituição detentora da obra: Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://cam.gulbenkian.pt.356

FFiigguurraa 2211

Título: Manhã na montanha.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre contraplacado.

Assinatura e Data: Assinado, com dedicatória - «Para José Praia do J. Lopes» - (canto inferior

esquerdo). Datado de 1920.

Dimensões: 31cm (altura) x 41cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.pcv.pt.357

356

Imagem e dados técnicos disponíveis em:

http://cam.gulbenkian.pt/index.php?article=66923&visual=2&langId=1&ngs=1&queryParams=,autor|Lo

pes Joaquim&queryPage=0&position=1. 15-06-2012 23:40.

109

Ao longo das últimas páginas, o leitor foi assistindo à construção da resposta à

pergunta que iniciou este capítulo. Tendo em conta os ritmos tão próprios da arte

nacional – que defini e sublinhei com profunda firmeza pelo interesse da sua

compreensão –, é claro o porquê de, na maioria dos casos, não conseguirmos adjetivar

com um só termo ou valor o contributo plástico de um artista. No entanto, e como

também terá ficado explícito, tal não significa que por um lado a pluralidade de um

percurso seja algo desfavorável ou que, por outro lado, a individualidade na apreensão

dos conceitos e na sua utilização prática seja algo desvantajoso. Em Joaquim Lopes, a

combinação de diferentes propostas e referências artísticas não lhe retira o estilo, ou

seja, a «maneira de ser» artística. «Estilo é sempre estilo de vida: maneira de cada um

dar nascença a si próprio, maneira de cada um saber morrer, e, entre uma e outra baliza,

cuja importância varia sem medida, maneira de existir. Ou, mais gravemente, maneira

de ser.»358

Assim, estamos perante um pintor com várias «maneiras de ser», com diversas

formas de encarar a obra, o tema, o estilo. Os distintos momentos da sua existência

serviram precisamente para se revisitar, e depois de um período de afirmação, seguir-se-

á um outro de puro ensaio. Ser – não era para o pintor um objetivo, pois tal implicava a

estagnação numa forma definitiva –. Para ele, o fundamental era descobrir e descobrir-

se através da pesquisa e do trabalho que via como uma longa estrada sem limite ou

barreira. Um caminho de Ser e Rever para Caminhar.

357

Sítio oficial da leiloeira Palácio do Correio Velho: <http://www.pcv.pt>. A obra «Manhã na

montanha» esteve presente no Leilão 193 (Antiguidades), na Primeira Sessão de 18/06/2008, com o

número de lote 0162. 358

Cf. FRANÇA, José-Augusto – Situação da pintura ocidental, p. 85.

110

5 – A Tela Escrita.

«Parar é um mal. É o pior mal.»

Entrevista a Joaquim Lopes. Diário do Norte, 24/01/1951.359

5.1 – A palavra que dirige.

O quinto capítulo desta dissertação pretende abordar sumariamente a ocupação

profissional de Joaquim Lopes, não na sua faceta de pintor, mas em outros aspetos que

constituíram igualmente atividades da sua vida. Para ele, parar era um mal. O pior mal.

Por esta razão, os seus ofícios estendem-se para lá da materialidade dos pincéis e das

tintas, encontrando, nos papéis de jornais e revistas, uma tela onde, ao invés de pintar,

escrevia incessantemente palavras.360

Na impossibilidade de analisar detalhadamente

todas as iniciativas e conquistas que o artista alcançou, construí em anexo uma listagem

de dados que sintetiza alguns dos feitos do pintor.361

Neste sentido, o presente capítulo

servirá para destacar algumas das suas atividades, sobretudo as que não se encontram

diretamente relacionadas com os seus contributos enquanto artista, mas antes ligadas ao

seu papel de dinamizador cultural.

A carreira docente de Joaquim Lopes começou em outubro de 1919 como

professor provisório da Escola Industrial Infante D. Henrique.362

Ao longo da sua vida,

o artista ocupou funções de docência em diversas escolas e colégios.363

No entanto, o

presente ponto centrar-se-á apenas numa dessas instituições – a EBAP – e nos afazeres

que ela trouxe ao pintor. É a 7 de junho de 1930 que o artista toma posse como

Professor da Cadeira de Pintura.364

A primeira notícia consultada que regista este facto

data de catorze de março de 1930 e é publicada pelo Diário Popular.365

Alguns

periódicos consideraram a aceitação do pintor como docente da EBAP uma «justa

consagração».366

Enquanto professor, foi um escultor, pois modelou a matéria em bruto

que cada estudante continha em si. Isto, sem alterar a natureza e a verdade de cada um. 359

Na Escola de Belas Artes vai ser inaugurado um novo pavilhão. Diário do Norte, 24/01/1951. 360

«As suas [de Joaquim Lopes] férias ou lazeres eram novas maneiras de trabalhar, que as inquietações

do seu espírito lhe impunham: ao largar mãos dos pincéis, escrevia ou lia.» Azevedo, Narciso de. Mestre

Joaquim Lopes. Gazeta Literária. Revista Mensal, Vol. IV, Nº 44, abril de 1956, pp. 46 e 47. 361

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 21 a 32. 362

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 29. 363

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 29. 364

Arquivo FBAUP. Processo do pintor Joaquim Francisco Lopes como Professor e Diretor da

EBAP/ESBAP. 365

Macedo, Diogo de. VII - O pintor Joaquim Lopes. Diário Popular, 14/03/1930. 366

Guedes, Marques. Justa Consagração (Carta de Lisboa). O Primeiro de Janeiro. [março de 1930].

111

«[…] [Joaquim Lopes] facultou [aos alunos] os meios de se revelarem sem lhes impor

escola, ja que, divisionismo, naturalismo, cubismo, expressionismo ou futurismo, tudo o

que tivesse o cunho da arte, por igual o entusiasmava e interessava.»367

O mesmo entusiasmo e interesse, que nutria por tudo o que tivesse o cunho da

arte, acalentava pelas MEF, como já foi veiculado neste trabalho.368

A primeira Missão

que o professor organizou e dirigiu teve lugar em 1940, em Viana do Castelo.369

A IV

MEF iniciou-se a um de agosto e decorreu até setembro. No segundo dia do mês de

arranque da iniciativa, Joaquim Lopes realizou um discurso inaugural que abriu

oficialmente as atividades.370

Alguns jornais locais, mas também portuenses, vão dando

conta do ambiente vivido em Viana do Castelo. Porém, só em meados de setembro é

que o público teve acesso aos frutos e resultados desta Missão. No dia vinte e um deste

mês, o periódico Notícias de Viana anuncia a inauguração da exposição dos trabalhos

da MEF, que teve lugar no Salão Nobre do Governo Civil desta cidade. Nesta ocasião, o

professor fez uma palestra371

intitulada: Do Regionalismo ao Nacionalismo da Arte, a

qual viria a ser publicada.372

Os exercícios dos estudantes373

em Missão voltariam a ser

expostos cerca de três meses mais tarde, desta vez em Lisboa. Em outubro, O Primeiro

de Janeiro comunica que será na primeira quinzena de dezembro que uma sala da

SNBA irá acolher os trabalhos dos jovens alunos.374

A recetividade às propostas

apresentadas na mostra foi assinalável e o sucesso desta MEF ficou espelhado em

notícias de jornal que associaram tal êxito ao contributo do docente como seu

organizador e diretor.375

367

Regueiro, A. Braz. Mestre Joaquim Lopes. Notícias de Coura, Ano I, Nº 6, 15/06/1956. 368

Em 1955, Joaquim Lopes lamenta a extinção das MEF. «Rememorando: // - Acabaram, no entanto,

com as Missões Estéticas de Férias. Foi pena! // Conformando-se: // - Tudo o que é bom… morre.»

Mestre Joaquim Lopes recorda Columbano e as Missões Estéticas de Férias. Diário do Norte, Ano VI, Nº

2033, Porto, 22/03/1955. 369

Para saber mais sobre a IV MEF. Cf. TRINIDAD MUÑOZ, Antonio - Missões Estéticas de Férias Y

Paisaje Portugués: Dominguez Alvarez. http://www.apha.pt/boletim/boletim3/pdf/AntonioTrinidad.pdf.

15-06-2012 23:41. 370

IV Missão Estética de Férias. A Aurora do Lima, Viana, 02/08/1940. 371

IV Missão Estética de Férias. Notícias de Viana, Viana, 21/09/1940. 372

LOPES, Joaquim - Do Regionalismo ao Nacionalismo da Arte. 373

«Lista aprovada dos estagiários e académicos agregados na IV MEF: Agostinho António Salgado de

Andrade, Mamede Fernandes Portela, David Pereira de Sousa, Bruno Alves Reis, Joaquim do Couto

Tavares, Joaquim da Costa Rebocho, Jorge Escalço Valadas, Celestino de Sousa Alves, Joaquim Martins

Correia, José Fernandes da Silva, Luiza de Matos e Silva.» Cf. XAVIER, Pedro do Amaral – Educação

artística no Estado Novo: as missões estéticas de férias e a doutrinação das elites artísticas, p. 11. http://www.apha.pt/boletim/boletim4/artigos/PedroXavier.pdf. 15-06-2012 23:42. 374

Missão Estetica de Ferias. O Primeiro de Janeiro, 08/10/1940. 375

A Exposição da Missão Estética de Férias, constitue um verdadeiro sucesso. Primeiro de Janeiro,

07/12/1940.

112

Em 1943, Joaquim Lopes – subdiretor da EBAP (1940 - 1945)376

– é encarregue

de organizar e dirigir uma outra Missão, desta feita em Bragança. A VII MEF decorreu

durante os meses de agosto e de setembro. Neste caso, a exposição dos exercícios dos

estudantes377

teve lugar no Museu do Abade de Baçal (MAB). Duas salas da instituição

receberam cerca de oitenta trabalhos.378

A MEF foi solenemente encerrada com uma

conferência de Joaquim Lopes379

: A Arte, elemento de atracção, conquista e elevação

social, a qual viria a dar origem a uma publicação.380

Nos primeiros dias de dezembro, a

SNBA acolheu em Lisboa os exercícios dos alunos presentes na VII Missão.381

Alguma

imprensa destaca a existência de «muitas manchas de cor» entre os trabalhos

apresentados.382

A sensibilidade para os tons da paisagem e o seu registo em pochades

poderá ter sido uma influência do professor.

Na EBAP, o percurso de Joaquim Lopes foi marcado pelas funções de docência

– assumindo e acumulando a regência de diferentes cadeiras ao longo do seu trajeto383

, e também pelas responsabilidades que adotou como diretor. Desde 1945384

que o

professor assumiu os serviços de direção da EBAP. Todavia, só em 1948 a sua atividade

como diretor foi oficialmente reconhecida pela Direção Geral de Ensino Superior de

Belas Artes.385

O professor assumiu o cargo de chefia até 1952. A oito de julho desse

ano, o seu pedido de exoneração das funções de diretor é oficialmente aceite pelo

376

Arquivo FBAUP. Processo do pintor Joaquim Francisco Lopes como Professor e Diretor da

EBAP/ESBAP. 377

«Lista aprovada dos estagiários e académicos agregados na IV MEF: Celestino de Sousa Alves, Maria

Luísa de Sousa Tavares, Alfredo Le Mettre de Carvalho, Celeste Ribeiro, João Fragoso (desistiu), Renato

Juvêncio da Rocha Torres, Mamede Fernandes Portela, António da Assunção Sampaio, Altino Maia,

António Cândido da Silva, António José Fernandes (desistiu), Augusto Gomes de Oliveira, Serafim

Pereira Teixeira.» Cf. XAVIER, Pedro do Amaral – Educação artística no Estado Novo: as missões

estéticas de férias e a doutrinação das elites artísticas, p. 11.

http://www.apha.pt/boletim/boletim4/artigos/PedroXavier.pdf. 15-06-2012 23:42. 378

A «Missão Estética de Férias», em Bragança. Aurora do Lima, Viana do Castelo, 28/09/1943. 379

Em Bragança, encerrou-se a 7ª Missão Estética de Férias com uma sessão solene, conferência e

inauguração de trabalhos de artes. O Primeiro de Janeiro, 01/10/1943. 380

Lopes, Joaquim. A Arte, elemento de atração conquista e elevação social. Gazeta Literária. Revista

Mensal, Vol. IV, Nº 45, maio de 1956. 381

A Exposição da 7ª Missão Estética de Férias foi ontem inaugurada pelo Ministro da Educação

Nacional. Diário da Manhã, 05/12/1943. 382

O Sr. Ministro da Educação Nacional inaugurou, ontem, a Exposição da 7ª Missão Estética de Férias,

na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. O Primeiro de Janeiro, 05/12/1943. 383

Arquivo FBAUP. Processo do pintor Joaquim Francisco Lopes como Professor e Diretor da

EBAP/ESBAP. 384

Em 29 de março de 1945, com a exoneração do diretor da EBAP – Aarão Soeiro Moreira Lacerda –,

Joaquim Francisco Lopes passa a assumir a direção da Escola. Cf. Arquivo FBAUP. Processo do pintor

Joaquim Francisco Lopes como Professor e Diretor da EBAP/ESBAP. 385

Em fevereiro ou março de 1948, Joaquim Francisco Lopes assume a direção, já oficialmente

reconhecida pela Direção Geral de Ensino Superior de Belas Artes. Cf. Arquivo FBAUP. Processo do

pintor Joaquim Francisco Lopes como Professor e Diretor da EBAP/ESBAP.

113

Ministério da Educação Nacional.386

No entanto, ele não deixa de ensinar e de estar, por

isso, ligado à Escola.

Como professor, e principalmente como diretor, procurou a evolução da

estrutura material e pedagógica da ESBAP, através de uma série de iniciativas que em

anexo tentei sintetizar.387

Neste espaço, privilegiarei algumas impressões deixadas pelos

periódicos da época, dando assim uma imagem da sua perceção pública, enquanto

docente e diretor. A descrição que seguidamente transcrevo, retrata o dia a dia de

Joaquim Lopes, no seu gabinete – «ali consome horas a fio debruçado sobre a carreira

dos seus alunos, para que seja melhor o futuro que os espera na vida prática.»388

–.

Como membro da direção, o desenvolvimento da escola em prol dos seus estudantes era

uma preocupação para si. Neste sentido, o professor respirava projetos e ambições.

Seguidamente, destaco uma ideia que ele partilhou em 1951 com o Jornal de Notícias.

«O Director das Belas Artes aquece, falando do estabelecimento que o

formou e que dirige:

– Numa Escola como esta é indispensável um Museu e uma sala de

Exposições. Não calcula as maravilhas artísticas que guardamos e figurarão

nesse Museu, umas de autores nacionais, outras de autores estrangeiros.

Só de material italiano, temos aqui especimes em quantidade, dos mais

valiosos, dos séculos XVI até ao século XVIII. Não mostrar essas joias de arte

aos alunos e ao publico, é mais que um crime – é um pecado.»389

A escolha desta citação deveu-se à atualidade do seu conteúdo. O plano

esboçado pelo professor reflete sobre a necessidade de tornar público o espólio da

ESBAP. Tal pensamento terá estado subjacente à delineação da mostra 5 Séculos de

Desenho na Coleção da Faculdade de Belas Artes390

, inaugurada no ano corrente.

Passados cerca de sessenta anos sobre a observação de Joaquim Lopes, ela mantém-se

pertinente, o que denota o seu lado ponderado como diretor da ESBAP e a sua faceta

sensível como dinamizador cultural. O professor – cujas palavras dirigiram alunos,

Missões, uma Escola – encontrou na docência uma outra forma de realização pessoal, a

386

«8 de Julho de 1952 // Diário do Governo nº 163, 2ª série, de 11 de Julho de 1952 // Ministério da

Educação Nacional // Diretor-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes // Por portaria 4 do corrente,

Joaquim Francisco Lopes é exonerado por seu pedido.» Cf. Arquivo FBAUP. Processo do pintor Joaquim

Francisco Lopes como Professor e Diretor da EBAP/ESBAP. 387

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 21 a 32. 388

Na Escola de Belas Artes vai ser inaugurado um novo pavilhão. Diário do Norte, 24/01/1951. 389

A Escola de Belas Artes do Porto terá em breve um museu e uma sala de exposições alem de um

pavilhão de arquitectura – diz-nos Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, Porto, 20/01/1951. 390

[Exposição] 5 Séculos de Desenho na Coleção da Faculdade de Belas Artes. Porto. Núcleo do Museu

Nacional de Soares dos Reis, 23 de março a 20 de maio de 2012.

114

par da pintura. Em abril de 1956, Joaquim Lopes daria a sua última lição na ESBAP.391

A propósito da aproximação deste momento, a dez de março de 1956, o pintor declara

que tal era «o caminho para o fim…».392

Joaquim Lopes morreu a vinte e cinco de

março deste mesmo ano, sem ter conseguido proferir a sua derradeira aula.

5.2 – A palavra que proclama.

Os contributos de Joaquim Lopes – dentro e fora da EBAP – não se ficaram pela

direção de uma Escola e pela orientação de alunos em Missões. Ao longo da sua

carreira, dedicou muitas das suas palavras à evocação de artistas, sobretudo

portugueses.393

Proferiu conferências e participou em homenagens, proclamando em

cada iniciativa o seu amor pela Arte.394

Mais uma vez, neste subcapítulo não pretendo

aprofundar nenhuma destas iniciativas em particular, senão apresentar sumariamente

algumas daquelas que mais o envolveram e que, em certa medida, definiram a sua

atividade neste setor das palestras e das consagrações. Tal como em relação ao seu

percurso académico como professor e diretor, também os seus discursos e tributos se

encontram elencados em anexo.395

Joaquim Lopes esteve envolvido em conferências dedicadas a artistas como

António Carneiro,396

Artur Loureiro,397

Cândido da Cunha,398

Joaquim Vitorino

Ribeiro.399

Destas palestras resultaram, muitas vezes, artigos que alguns dos periódicos

391

Cf. GARRADAS, Cláudia – Joaquim Lopes (1886-1956). Aluno e Professor na Escola de Belas Artes

do Porto. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 44. 392

A descarga do bacalhau em plena Ribeira vista pelo mestre Joaquim Lopes. Diário da Manhã,

10/03/1956. 393

«Vários discursos e outras conferências compôs [Joaquim Lopes] no intento de elevar o nosso nível

estético. Com esta finalidade participava com entusiasmo ou organizava homenagens a vários artistas.»

Azevedo, Narciso de. Mestre Joaquim Lopes. Gazeta Literária. Revista Mensal, Vol. IV, Nº 44, abril de

1956, p. 47. 394

«Não devemos pôr em dúvida a benéfica influência das artes na vida e na perfectibilidade do homem.

Ela torna-o melhor, completa-o, aperfeiçoa-lhe os sentidos, a observação surge-lhe mais pronta e nítida,

resultando desse conjunto de qualidades uma força de carácter e uma superioridade verdadeiramente

dignificadoras.» Lopes, Joaquim. A Arte, elemento de atracção conquista e elevação social. Gazeta

Literária. Revista Mensal, Vol. IV, Nº 45, maio de 1956, p. 77. 395

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 23 e 24. 396

O Pintor António Carneiro. Palestra por Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 04/02/1942. 397

Solenidades comemorativas do centenário do nascimento de mestre Artur Loureiro. O Primeiro de

Janeiro, Porto, 12/02/1953. 398

Conferência na Assembleia Barcelense pelo Ilustre Mestre Joaquim Lopes. O Barcelense, Ano 41, Nº

2087, 07/04/1951. 399

Cf. O artista Joaquim Vitorino Ribeiro é hoje evocado numa conferência do mestre Joaquim Lopes.

Diário do Norte, 20/07/1949. e «O pintor portuense Joaquim Vitorino Ribeiro» pelo professor Joaquim

Lopes no Museu de Etnografia e História do Douro Litoral. O Comércio do Porto, 23/12/1949.

115

da época publicaram. É o caso do discurso a propósito de António Carneiro, que deu

origem ao texto – «António Carneiro. Grande artista e maior pintor intelectual do seu

tempo. (1872-1930)» – difundido em abril de 1942, pela Ocidente, Revista

Portuguesa.400

Também será este o periódico que publica, em janeiro de 1952, as

palavras que Joaquim Lopes proferira, no ano anterior, em relação a Cândido da Cunha.

Neste caso, o artigo foi editado no formato de separata, intitulando-se – «O Pintor

Cândido da Cunha» –.401

Em seguida, apresento uma fotografia que diz respeito à

conferência sobre este artista, a qual teve lugar no Salão de Festas da Casa de Recreio

de Barcelos402

. Na imagem, é possível ver o conferencista em pleno discurso.

FFiigguurraa 2222

Conferência sobre o pintor Cândido da Cunha.

Barcelos, 31 de março de 1951.403

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à fotografia: APJL.

400

Lopes, Joaquim. António Carneiro. Grande artista e maior pintor intelectual do seu tempo. (1872-

1930). Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XVI, Nº 48, abril de 1942, pp. 481 a 491. 401

Lopes, Joaquim. O Pintor Cândido da Cunha. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XLII, Nº 165,

janeiro de 1952, pp. 5 a 13. 402

Conferência na Assembleia Barcelense pelo Ilustre Mestre Joaquim Lopes. O Barcelense, Ano 41, Nº

2087, 07/04/1951. 403

Apesar de no verso da fotografia a data da mesma não estar indicada com precisão, mas somente

apontada como sendo – «março/abril de 1951» –, a consulta de alguns periódicos (Cf. Conferência na

Assembleia Barcelense pelo Ilustre Mestre Joaquim Lopes. O Barcelense, Ano 41, Nº 2087, 07/04/1951.

e Lopes, Joaquim. O Pintor Cândido da Cunha. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XLII, Nº 165, janeiro

de 1952, p. 5.) permitiu-me concluir que a conferência sobre Cândido da Cunha ter-se-á realizado no dia

31 de março de 1951, pelas 21 horas. Por esta razão, optei por incluir na legenda da figura mais

informações acerca da data do evento, para além daquelas que na própria fotografia eram indicadas.

116

O reconhecimento do mérito de alguns artistas fez com que Joaquim Lopes

promovesse, frequentemente, homenagens que procuravam evocar e celebrar a memória

e o trabalho de figuras que considerava virtuosas. Assim, encontramo-lo envolvido nas

comemorações de centenários como os de Artur Loureiro,404

José de Brito,405

Marques

de Oliveira,406

Silva Porto,407

, Soares dos Reis.408

O seu empenhamento na celebração

dos vultos que julgava merecedores de tributo era tal que tornava essa consagração uma

verdadeira causa de justiça. Foi assim que se dedicou, por exemplo, ao processo de

aquisição e restauro da Casa-Oficina de Soares dos Reis. Este empreendimento – que

envolveu diversas personalidades e se desenrolou durante vários anos – foi contando

com a participação de Joaquim Lopes que, como confessou ao Diário do Norte, se

apaixonou pelo caso desde 1913.409

A dedicação de Joaquim Lopes à defesa dos artistas não se limitou à divulgação

das suas obras e à recordação das suas histórias de vida. O entusiasta lutou por direitos –

como o direito a uma pensão – para as viúvas e famílias enlutadas de pintores e

escultores. Em 1931, o Diário de Notícias faz referência à iniciativa de um grupo de

artistas em apoio da viúva e da filha de Soares dos Reis. Joaquim Lopes participou neste

movimento, merecendo destaque na imprensa pelo empenho que assumiu durante todo

o processo.410

Cerca de dez anos mais tarde, Joaquim Lopes estaria envolvido num

outro empreendimento, desta vez em prol de uma pensão para os descendentes de Artur

Loureiro. Mais uma vez, um grupo de artistas toma a iniciativa de lutar pelos direitos

dos familiares enlutados, entregando, a catorze de janeiro de 1941, uma representação

404

O Centenário do Nascimento de Mestre Artur Loureiro foi comemorado com uma romagem à

sepultura do saudoso pintor, e com uma solenidade na Escola Superior de Belas Artes do Porto. O

Comércio do Porto, 12/02/1953. 405

Joaquim Lopes fez parte da Comissão Executiva da Homenagem. Cf. CATÁLOGO da Exposição do

Centenário do Pintor José de Brito (1855 - 1946). Porto: ESBAP, 1956. 406

FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 29. 407

Um monumento a Silva Porto no Jardim de São Lázaro será inaugurado em 1950, em comemoração do

primeiro centenário do nascimento do grande Artista. Diário do Norte, Porto, 10/11/1949. 408

Lacerda, Aarão de. O Ano Artístico. O Comércio do Porto, 01/01/1947. 409

Entre abril e maio de 1951 seria inaugurada a Casa de Soares dos Reis em Vila Nova de Gaia. A

propósito deste assunto, Joaquim Lopes teceu alguns comentários, seguidamente transcritos.

«Pessoalmente, o caso tem-me apaixonado desde 1913. Uma vez inaugurada, será o fruto de enormes

canseiras que tenho tido em honra do nome do Homem e do Artista que ali viveu, trabalhou e morreu.

[…]

– Para que aquela casa tenha a sua verdadeira função cultural, vou lá instalar dois alunos da Escola,

actuais ou antigos, dando-lhes todo o material necessário para ali poderem trabalhar. […]

– A casa terá, assim, a sua vida própria, que será a continuação da vida que teve, senão, já, quanto ao

Génio que albergou, pelo menos quanto ao trabalho que a criou e dignificou. […]». Na Escola de Belas

Artes vai ser inaugurado um novo pavilhão. Diário do Norte, 24/01/1951. 410

O Porto dia-a-dia. A Cidade. Junta Geral do Distrito. Diário de Notícias, 28/03/1931.

117

assinada por todos os membros do protesto ao Ministro da Educação Nacional, Prof. Dr.

Mário Figueiredo, onde veiculavam a sua posição face a esta questão.411

Nas suas palavras, Joaquim Lopes nunca esqueceu os fazedores de arte. Foi um

defensor dos que entendia terem mérito e não se cansou de prestar tributo a quem,

segundo ele, era merecedor de tal. A palavra que proclamou a sua admiração por

escultores e pintores revela o respeito que sempre nutriu pelos seus pares, sobretudo

pelos Mestres do passado. Reconhecer o contributo dos artistas terá sido, para Joaquim

Lopes, um meio de dar vida ao seu sentimento mais profundo – o sentimento de justiça

–. «Por certo, poucos artistas souberam ser tão agradecidos ao passado, como ele fora

nessa tarefa evocativa e na sua obra de pintor.»412

5.3 – A palavra desenhada.

A escrita foi um outro veículo de concretização interior para Joaquim Lopes.

Através dela, o autor tornou-se uma referência no meio artístico – já não só como pintor

–, mas também como alguém que, através dos seus artigos e textos, divulgava eventos e

informações que colocavam o público em geral a par daquilo que acontecia no mundo

das artes. Em revistas de teor mais específico, como em jornais de temáticas diversas, o

autor não deixou de contribuir com as suas palavras nos mais variados periódicos, de

forma a que a arte chegasse a mais leitores. Como o próprio afirmava – «Que a arte

jamais deixe de existir no primeiro plano duma bem dirigida educação […]»413

–.

As reflexões de Joaquim Lopes tiveram, por isso, o mérito de divulgar o nome e

a obra de muitos artistas. Grande parte dos seus trabalhos – quer as monografias, quer

os breves artigos publicados – teve como mote o percurso de um escultor ou pintor. Tal

decorre, naturalmente, da sua forma de pensar a História da Arte – vista, neste caso,

como História dos Artistas –. Em todo o caso, estes escritos de caráter mais descritivo

serviram de estratégia para atrair os leitores e para os sensibilizar gradualmente para o

411

A favor da família do saudoso pintor Artur Loureiro. O Primeiro de Janeiro, 14/01/1941. 412

MACEDO, Diogo – A Joaquim Lopes. In CATÁLOGO da Exposição Joaquim Lopes (1886 - 1956).

Porto: ESBAP, junho de 1956, p. 6. 413

Lopes, Joaquim. A Arte, elemento de atracção conquista e elevação social. Gazeta Literária. Revista

Mensal, Vol. IV, Nº 45, maio de 1956, p. 77.

118

universo das artes e mesmo para a situação dos artistas e das suas famílias que, como

vimos no subcapítulo anterior, nem sempre era tida em consideração pelo país.414

Neste sentido, as palavras de Joaquim Lopes debruçaram-se mais sobre o

caminho de pintores e escultores do que sobre o próprio rumo do seu trabalho. Deste

modo, e apesar do autor ter uma produção escrita vastíssima, quem investiga a sua obra

não tem acesso a um número considerável de pensamentos do artista, nem acesso a

muitas passagens onde o pintor medite sobre si. Assim, as ilações que conseguiremos

retirar, acerca do modo como o pintor se via a si mesmo, provirão sobretudo das

palavras que escreve a propósito de outros artistas e onde, em breves trechos, deixa

escapar uma ou outra consideração mais pessoal e, por isso, mais ilustrativa da sua

opinião. Em todo o caso, subsiste a questão relativa ao valor que o estudioso deve

atribuir às declarações que um artista faz – direta ou indiretamente – sobre si próprio.

Laura Castro refletiu sobre esta problemática, ao longo das linhas que a seguir

transcrevo.

«[…] importa ainda referir o argumento que considera o depoimento do

artista como insubstituível, sempre que a ele haja acesso, para entender a obra

em causa. […] No entanto, o que é declarado [pelo artista] pode não constituir a

parcela mais importante para a compreensão histórica de qualquer fenómeno, o

artístico incluído. Os silêncios da documentação permitiram, muitas vezes,

avanços consideráveis na investigação. Eles são tão expressivos como as

presenças e tão ostensivos como as declarações formais da intenção. Ora, se o

depoimento de um artista é importante porque radica numa autenticidade

paralela à da criação artística, ele pode não coincidir com o discurso

histórico.»415

O excerto citado alerta para a ambivalência que o valor da palavra do artista

pode ter no contexto de um trabalho de investigação. Ela pode auxiliar no entendimento

de uma obra, mas pode não ajudar na compreensão do fenómeno artístico em si. Por

esta razão, a análise do contributo plástico de Joaquim Lopes – situada nesta dissertação

essencialmente ao longo do quarto capítulo – não se centrou nas palavras do próprio,

não só por estas serem em número reduzido, no que diz respeito ao exercício da

autorreflexão, mas também por ter julgado que alguns dos seus escritos não espelhavam

414

«Com o seu muito observar e ler, o eminente Professor transpôs o ambiente da Escola Superior de

Belas Artes do Porto e difundiu o magistério artístico por jornais e revistas. Não escrevia por ligeirezas de

pretensão, mas por uma imperiosa necessidade de levar até ao povo ledor o interesse pelo ensino e pela

Arte. Os seus escritos eram sempre elucidações, ensinamentos que em rigor correspondiam a proveitosas

lições. Considerava uma necessidade aproximar o povo das artes para engrandecimento da vida social,

[…]» Azevedo, Narciso de. Mestre Joaquim Lopes. Gazeta Literária. Revista Mensal, Vol. IV, Nº 44,

abril de 1956, p. 47. 415

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, pp. 12 e 13.

119

exatamente aquilo que como pintor ele defendeu, exerceu e alcançou.416

Como é dito a

propósito de Courbet – «Sa vision est plus moderne que sa théorie»417

–. Como teórico,

Joaquim Lopes parece não ter ido tão longe como foi, de facto, na sua visão plástica

espelhada, de resto, nas obras que produziu.

Deste modo, as notícias de jornal que o artista preservou – e que tematicamente

não estão diretamente ligadas a empreendimentos onde o pintor se envolveu – tornam-se

mais explicativas da sua conduta e, portanto, da sua obra. Nestes artigos, conseguimos

perscrutar quais terão sido os parágrafos, frases ou palavras que captaram a atenção do

artista, até porque, por vezes, esses trechos se encontram destacados pelo próprio.

Considero e defendo, por isso, que tais elementos são mais ilustrativos das perspetivas

de Joaquim Lopes enquanto pintor, do que os trabalhos que escreveu e cuja finalidade

principal era a de relatar a vida e obra de uma figura ilustre. No seu espólio de recortes

de jornal, o pintor guardou notícias relacionadas com diferentes eventos artísticos e

personalidades muito distintas – portuguesas e estrangeiras, mestres do passado e

vanguardistas do seu presente418

– o que demonstra o interesse do pintor por se manter

atualizado, conservando com o mesmo empenho um artigo sobre um artista que

apreciava e uma notícia sobre um artista que não admirava.

Acredito que nas palavras desenhadas por Joaquim Lopes, bem como nas que

dirigiram alunos e nas que proclamaram o valor de artistas, o autor sempre procurou dar

resposta a dois ímpetos que o moviam – o sentido de justiça e o sentido de liberdade –.

Tal não terá sido fácil para alguém que trabalhou sob um regime ditatorial – a bem da

Nação – e que era obrigado a declarar-se «integrado na ordem social estabelecida pela

Constituição Política de 1933, com ativo repúdio do comunismo e de todas as ideias

subversivas».419

Sem analisar ideologicamente um homem que foi pintor, professor e

416

«Embora [Joaquim Lopes] pareça a alguns artistas de nova senha estrangeira que a sua história é a de

um reaccionário e seja de crer que outras descobertas na fase de indecisão o tivessem determinado

diferentemente, talvez aqueles se enganem na sua infabilidade tanto como ele próprio se terá enganado no

cepticismo absoluto com que resistiu aos modernistas.» Alves, João. Os Pintores de 1900. Lusíada.

Revista Ilustrada de Cultura, Vol. III, Nº 9, dezembro de 1956, p. 20. 417

FRANCASTEL, Pierre – Art et technique aux XIXe et XXe siècles, p. 134. 418

Joaquim Lopes guardou notícias de artistas com propostas plásticas modernas e avançadas, sobretudo

se comparadas às do pintor português. Alguns dos artistas a que me refiro são: André Dunoyer de

Segonzac, Charles Despiau, Georges Braque, James Ensor, Lasar Segall, Marina Caram, Pablo Picasso. 419

Arquivo FBAUP. Processo do pintor Joaquim Francisco Lopes como Professor e Diretor da

EBAP/ESBAP. Enquanto funcionário da EBAP, Joaquim Lopes teve de emitir – entre outros documentos

oficiais – declarações que continham o excerto transcrito no corpo do texto. Tais escritos encontram-se no

seu processo e têm as seguintes datas: 12/11/1945, 26/10/1946 (Na declaração existe uma gralha em

relação ao ano do documento. No escrito a data indicada é a de 1956, sendo que o ano correto será o de

1946, uma vez que na data assinalada no original, Joaquim Lopes já tinha falecido.), 31/10/1947,

120

diretor, mas não político, julgo ser fundamental não esquecer os contextos em que

artistas como Joaquim Lopes desenvolveram os seus trabalhos e atividades. O ataque e

a supressão da liberdade seriam um obstáculo para qualquer criativo. Talvez por isso,

encontremos o seguinte texto do Diário de S. Paulo sublinhado pelo pintor – «[…]

todos os totalitarismos, quaisquer que sejam os nomes que ostentam, atacam e

suprimem a livre expressão de pensamento […]»420–.

Joaquim Lopes ensinou, homenageou e escreveu num período em que não era

realmente livre. A sua palavra desenhou-se, frequentemente, ondulante e ambígua, com

a forma a que os tempos obrigavam. Talvez não nos tenha dito tudo aquilo que

desejava, mas não deixou de lançar pistas, nas palavras tão simples e tão profundas que

povoam alguns dos seus textos, e que ao longo deste trabalho já citei. Certo é que o

pintor nunca abdicou da liberdade universal e inextinguível do pensamento. Daí que,

nas palavras de outros autores, seja possível encontrar menção a algumas das suas

reflexões. Em 1982, por exemplo, Jaime Ferreira recorda o pintor. E lembra as palavras

que um dia Joaquim Lopes lhe disse.

«Joaquim Lopes sabia, e dizia-me um dia, que a acção da obra de arte

não deve limitar-se ao simples e passageiro prazer dos olhos que a contemplam.

É necessário – afirmava – que a obra de arte seja permanentemente motivo de

cultura, dando ao espírito, sem esforço, conhecimentos que o levam a descobrir

e a amar as coisas e aspectos, às vezes bem simples, mas que anteriormente se

conservavam ignoradas e, portanto, incompreendidas.»421

18/02/1948, 30/11/1948, 15/12/1950. A expressão – «a bem da Nação» – era também um termo

recorrentemente utilizado na documentação oficial, que precedia a assinatura do autor do escrito. 420

Diário de S. Paulo, 09/10/. O título e o ano da notícia não estavam identificados no recorte de jornal

guardado por Joaquim Lopes. No entanto, através do cruzamento de dados com outro espólio presente no

APJL, julgo que este artigo poderá situar-se cronologicamente entre os anos de 1951 a 1955. 421

Ferreira, Jaime. Recordar o Mestre Joaquim Lopes. O Tripeiro, Série Nova, Ano I, Nº 6, maio de

1982.

121

6 - Produção Artística de Joaquim Lopes.

Experimentalismo e Afirmação/Afirmação e Experimentalismo.

«A vida, sabe, não presta se não há luta.

É preciso lutar, lutar sempre, para vencer.»

Entrevista a Joaquim Lopes. Diário do Norte, 22/03/1955.422

6.1 – A Obra: ensaiada, amadurecida e renovada.

Neste último capítulo do trabalho, pretendo deixar ao leitor uma referência mais

visual da atividade pictórica de Joaquim Lopes que, afinal, tenho vindo a descrever e a

problematizar ao longo desta dissertação. Os exercícios plásticos – selecionados para

figurar nesta etapa do trabalho – foram escolhidos por ilustrarem algumas das leituras

propostas na presente dissertação, mas também por haver uma necessidade real de

restringir o número e a diversidade dos trabalhos, concebidos pelo artista, a expor neste

capítulo. Assim, reservei para anexo aguarelas, desenhos e ilustrações que dão a

conhecer uma outra faceta da produção artística do pintor, guardando para os subpontos

seguintes propostas que exemplificam o trabalho de Joaquim Lopes na pintura de

azulejo e na pintura a óleo. Apesar de os exercícios a óleo terem sido aqueles que mais

utilizei como mote e objeto de análise para e das minhas investigações, o azulejo

revestiu um papel essencial nesta pesquisa quando, efetivamente, consegui cruzar

algumas das composições a óleo com cenas reproduzidas em azulejo. Logo, a

abordagem de certos painéis de azulejo afigurou-se-me, neste contexto, como sendo

incontornável.

A aproximação às obras sob análise não tenciona centrar-se nem de forma

exaustiva, nem exclusiva na sua descrição técnica, mas antes partir para considerações

pessoais que vão ao encontro das questões que cada trabalho suscitou. Em todo o caso, a

investigação bibliográfica teve em consideração esta valência de observação da pintura,

não deixando, por isso, de ter em linha de conta estudos que se dedicam precisamente à

análise da obra, em diversas vertentes. Neste sentido, importa sublinhar a influência e a

422

Mestre Joaquim Lopes recorda Columbano e as Missões Estéticas de Férias. Diário do Norte, Ano VI,

Nº 2033, Porto, 22/03/1955.

122

relevância de reflexões como as de Bernard Dunstan em A Composição em Pintura423

e

as de Laurent Gervereau em Ver, Compreender, Analisar as imagens424

.

Este ponto da dissertação serve também para fazer referência a projetos de

trabalho de Joaquim Lopes com os quais me cruzei durante a investigação, em menções

mais ou menos alargadas acerca dos mesmos, mas em relação aos quais não consegui

esclarecer, em tempo útil425

, de que empreendimentos se tratava, no que diz respeito ao

tipo de obra em questão, isto é, que género de técnica foi utilizada na execução de dado

trabalho ou no que concerne à sua realização efetiva, ou seja, se de esboço os planos

passaram à sua concretização prática. Esta realidade que também marcou o desenrolar

da pesquisa pode ser ilustrada através de dois exemplos.

Uma das situações não inteiramente clarificadas relaciona-se com a «Casa do

Monte» – também conhecida como «Casa Amarela» – situada na freguesia de Cesar.

Este edifício, construído nos primeiros anos do século XX, conta «com ricas

ornamentações pictóricas do conhecido e cotado pintor Joaquim Lopes»426

, as quais se

desenvolverão no seu interior. Apesar da disponibilidade da Junta de Freguesia desta

vila em acompanhar-me à casa, tal não foi possível concretizar-se. Assim, não apurei de

que forma se desenvolveram as ornamentações do pintor, como é que estas se

apresentam e se o artista as terá executado por encomenda do proprietário da casa ou se

o seu nome terá sido indicado por um colega ou conhecido.

FFiigguurraa 2233

«Casa do Monte» ou «Casa Amarela».

Freguesia de Cesar. Concelho de Oliveira de Azeméis.

Fonte da imagem:

http://freguesiadecesar.blogspot.pt/2010/09/casa-do-monte-ou-casa-amarela.html.

423

DUNSTAN, Bernard – A Composição em Pintura. Lisboa: Editorial Presença, 1982. 424

GERVEREAU, Laurent – Ver, Compreender, Analisar as imagens. 425

A noção de «tempo útil» deve ser entendida como a consciência do tempo disponível para o

cumprimento do projeto de investigação – desde a pesquisa, propriamente dita, à escrita da dissertação –. 426

http://freguesiadecesar.blogspot.pt/2010/09/casa-do-monte-ou-casa-amarela.html. 15-06-2012 23:47.

123

Um outro caso não deslindado alude aos desenhos de Joaquim Lopes publicados

na obra – Água Fresca – de Emanuel Ribeiro, já mencionada nesta dissertação. Neste

trabalho, os esboços do pintor são indicados como sendo «estudos para os painéis de

azulejo do Balneário de Caldelas».427

Por meio da pesquisa realizada através da Internet,

considerei como hipótese mais provável que o balneário a que o autor se refere diga

respeito à atual estância minhota das Termas de Caldelas. Isto, porque no sítio oficial

desta estância,428

há indicação de que os seus balneários terão sofrido uma remodelação

em 2005, mantendo a traça original, o que denota que se tratava de construções já com

alguns anos de existência, passíveis de terem recebido tais painéis de Joaquim Lopes.

Tal não me foi possível confirmar.429

A produção artística de Joaquim Lopes foi reconhecida e, por isso, premiada e

medalhada, ao longo dos anos, em diferentes eventos e concursos.430

A sua obra

ensaiada, amadurecida e renovada seguiu dois ritmos – os compassos do

experimentalismo e os da afirmação –. Os trabalhos apresentados neste capítulo

comportam esta mesma dualidade. A arrumação cronológica, por décadas, das

composições esboçadas pelo pintor e aqui expostas, não pretende conduzir a uma leitura

evolutiva da produção do artista, assumindo-se meramente como um «recurso

operatório».431

Percorrendo os anos, vemos como o pintor foi diverso na sua técnica;

mas constante no seu olhar sobre o mundo real, comum, quotidiano. Um olhar que,

como a sua pintura, ensaiou, amadureceu e sobretudo se renovou.432

427

RIBEIRO, Emanuel - Água Fresca: apontamentos sobre a olaria nacional. 428

http://www.termasdecaldelas.com/. 15-06-2012 23:48. 429

O pedido de informações acerca da posse, por parte daquele espaço, de algum painel de azulejo da

autoria do pintor, foi efetuado para o email <[email protected]> nos dias catorze (09:38) e

vinte um (10:59) de maio do ano corrente, sem ter obtido até ao dia quatro de junho (16:36) do presente

ano qualquer resposta ou esclarecimento por parte daquela empresa. 430

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 24 e 25. 431

«O tratamento da obra por décadas corresponde à mera necessidade de arrumação dos assuntos.

Optou-se por esclarecer o percurso do artista, recorrendo ao fator cronológico como ordenador de

situações e balizador de desenvolvimentos. Valendo este como simples recurso operatório, […]»

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 13. 432

«Whether painting people or still life or landscape, he [Bonnard] painted what was near to him – his

surroundings and his intimates. He painted whatever belonged to his personal life, and he painted it the

way he saw it in the ordinary course of events […]» Cf. SYLVESTER, David – About Modern Art.

Critical Essays 1948-2000, p. 137.

124

6.2 - Azulejo.

Anos 20

Neste subcapítulo da dissertação, debruçar-me-ei sobre a atividade de Joaquim

Lopes no campo da azulejaria, abordando, desde já, dois dos trabalhos que o pintor

desenvolveu neste ofício, os quais foram realizados na passagem da década de vinte

para a década de trinta. Os afazeres em questão dizem respeito aos azulejos ostentados

ao longo das naves laterais da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso. Os painéis datam de

1928 e 1931, e foram pintados pelo artista ao serviço da Fábrica do Agueiro. A sua

colocação na igreja teve lugar entre os anos de 1931 e 1932. No painel do lado do

Evangelho encontra-se representada a «Anunciação à Virgem», enquanto a composição

do lado da Epístola trata a «Adoração dos Pastores».433

FFiigguurraa 2244

Título: Anunciação à Virgem (lado da Evangelho da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso).

Autor: Joaquim Lopes (ao serviço da Fábrica do Agueiro).

Técnica e Suporte: Pintura sobre azulejo.

Assinatura e Data: Assinado (Fca

do Agueiro, Gaia) e datado de [1928] (canto inferior direito do painel

ovalado).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=19979 e Teresa Santos (autora do

trabalho).

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

433

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=19979. 15-06-2012 23:48.

125

FFiigguurraa 2255

Título: Adoração dos Pastores (lado do Epístola da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso).

Autor: Joaquim Lopes (ao serviço da Fábrica do Agueiro).

Técnica e Suporte: Pintura sobre azulejo.

Assinatura e Data: Assinado (Fca

do Agueiro, Vila Nova de Gaia) e datado de [1931] (canto inferior

direito do painel ovalado).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=19979 e Teresa Santos (autora do

trabalho).

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

As linhas suaves que delineiam ambas as composições são um traço da pintura

sobre azulejo do autor e exaltam as suas qualidades como desenhador. Nestes trabalhos,

encontramos uma graciosidade no tratamento dos temas que transmite uma sensação de

paz e de serenidade, que está em harmonia com os episódios representados. A gradação

de tons e o uso de zonas de luz e de contraluz revelam o domínio que o artista tinha da

pintura, neste caso, sobre azulejo. O interesse destas obras reside, sobretudo, no modo

como o pintor foi capaz de controlar diferentes linguagens, sem perder o respeito pelo

desenho – aquilo que para si era um valor fundamental em qualquer bom artista –. A

visita a esta igreja permitiu-me ficar a conhecer o seu interior, que exibe, ainda, na

parede sobre o cruzeiro um «[…] painel azulejar delimitado por cercadura de acantos

auriculares e albarradas a envolver a imagem da "Última Ceia" ao centro.»434

Este

434

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=19979. 15-06-2012 23:49.

126

trabalho é da autoria de Francisco de Macedo e também foi realizado ao serviço da

Fábrica do Agueiro.

Todavia, o interior deste espaço sacro reservava, ainda, outros motivos de

interesse para este projeto de investigação. Ao observar a organização interna da sua

arquitetura, atentando em alguns dos pormenores que a compõem, dei-me conta de que

ela partilhava algumas semelhanças com o interior de uma capela esboçada por Joaquim

Lopes num desenho aguarelado em posse da C-MTL/GDM. Este exercício sobre papel

não está datado e na ficha de inventário encontra-se apenas identificado como «Interior

de Igreja», não avançando nenhuma informação relativamente ao edifício a que diz

respeito. Em todo o caso, o cruzamento entre o interior desta igreja – onde Joaquim

Lopes trabalhou – e aquele que esboçou na mancha em posse da C-MTL/GDM parece-

me suficientemente sólido para, assim, não só poder afirmar que a aguarela em questão

se reporta ao interior da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso, como adiantar um

enquadramento cronológico que estará, provavelmente, balizado entre os meados da

década de vinte e os primeiros anos da década de trinta da centúria de novecentos. Isto,

tendo em linha de conta as datas em que o artista pintou os azulejos para aquele espaço.

Neste sentido, este exercício plástico poderá ter mesmo servido como um estudo

da arquitetura que iria receber os painéis compostos pelo pintor. Porém, importa alertar

para a assinatura constante na aguarela – no seu canto inferior direito – a qual apresenta

uma caligrafia mais próxima das constantes nos trabalhos que o pintor realiza para a

EBAP, ainda como aluno, ou seja entre 1906 e 1915, do que propriamente das exibidas

em desenhos produzidos a partir de 1925, grosso modo. Em todo o caso, existem

trabalhos do artista realizados nos anos dez do século XX, onde ele já apresenta uma

assinatura mais sintética, «J. Lopes», pelo que a datação de uma obra através da rubrica

do pintor não é algo muito seguro, pois na verdade o artista vai variando o modo como

assina os seus trabalhos ao longo de uma mesma década. Assim, tomando em

consideração as leituras múltiplas que posso fazer com os dados recolhidos até ao

momento, julgo que a ideia a reter é a de que a exploração da conexão entre estes dois

objetos – um real e outro desenhado – é legítima e, acima de tudo, passível de dar frutos

interessantes, sobretudo para aprofundar o conhecimento sobre a obra em posse da C-

MTL/GDM. Seguidamente, apresento os dois trabalhos em paralelo, com algumas

imagens de pormenor.

127

FFiigguurraa 2266

Interior da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso (vista geral para a capela-mor).

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

FFiigguurraa 2277

Título: Interior de Igreja.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Aguarela e lápis sobre papel.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior direito). Não datado.

Dimensões: 32,3cm (altura) x 34,5cm (largura).

Instituição detentora da obra: C-MTL/GDM (Nº Cad.: 521).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: C-MTL/GDM.435

435

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram cedidos pela Dra. Raquel de Martino –

Técnica Superior de Museologia da C-MTL/GDM.

128

FFiigguurraa 2266 AA ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 2277 AA ((ppoorrmmeennoorr))..

FFiigguurraa 2266 BB ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 2277 BB ((ppoorrmmeennoorr))..

129

FFiigguurraa 2266 CC ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 2277 CC ((ppoorrmmeennoorr))..

FFiigguurraa 2266 DD ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 2277 DD ((ppoorrmmeennoorr))..

130

As imagens em confronto ilustram as correspondências que estabeleci entre o

interior da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso e a aguarela de Joaquim Lopes. A

organização interna de ambos os espaços parece, efetivamente, seguir a mesma lógica e

perfil, pelo que esta correlação hipotética se encontra fundamentada, ainda que possa vir

a comprovar-se não ser verdadeira. Esta experiência serviu de mote para a colocação em

paralelo de algumas obras do artista, as quais – mesmo que tecnicamente diferentes –

podem apresentar afinidades compositivas. Tal perspetiva alerta também para uma

valência do trabalho de investigação, nomeadamente para o trabalho de investigação

sobre um artista, que, talvez, nem sempre seja tida em atenção e que se relaciona,

precisamente, com este cruzamento entre as propostas e soluções de um artista, as quais

são, por vezes, analisadas de um modo demasiado compartimentado e não interligado, o

que poderá impossibilitar o acesso a algumas conclusões enriquecedoras para a

evolução do saber acerca de dado artista.

No seguimento desta pesquisa acerca da produção azulejar de Joaquim Lopes, na

década de vinte da centúria de novecentos, tomei ainda conhecimento de um outro

trabalho atribuído ao pintor, o qual se encontra no jazigo de Albano Moreira da Silva436

situado no Cemitério Paroquial de Vilar do Paraíso, anexo à Igreja Matriz que tenho

vindo a analisar. Alguns artigos indicam que este painel, realizado ao serviço da Fábrica

do Carvalhinho, é da autoria do pintor.437

Uma vez que o campo da azulejaria e, em

particular, este trabalho não foi o alvo da minha investigação, referirei e apresentarei tal

obra neste contexto, de modo a divulgá-la – dado que até ao momento ela está

reproduzida em poucas publicações – esperando que esta menção abra caminho para um

olhar mais demorado sobre este painel, esclarecendo com mais exatidão a sua autoria,

além de outros dados relativos à sua feitura. Em todo o caso, importa salientar que a

obra em questão data de 1928, ou seja, reporta-se ao mesmo ano em que Joaquim Lopes

inicia os seus trabalhos na igreja contígua ao cemitério. Porém, não é ao serviço da

mesma fábrica que realiza esta pintura, pese embora o facto de o artista ter trabalhado

tanto para a Fábrica do Agueiro como para a Fábrica do Carvalhinho.

436

Cf. FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 11. 437

Cf. Gomes, J. Costa. Azulejaria Gaiense sua expansão e existência. Boletim da Associação Cultural

dos Amigos de Gaia, Nº 15, novembro de 1983, p. 50. e Gomes, J. Costa. Azulejos do Mestre Joaquim

Lopes. Boletim da Associação Cultural dos Amigos de Gaia, 5º Vol., Nº 33, junho de 1992, p. 40.

131

FFiigguurraa 2288

Título: Ecce Homo (lado esquerdo do painel) e Deposição no túmulo (lado direito do painel).

Autor: Joaquim Lopes (ao serviço da Fábrica do Carvalhinho).

Técnica e Suporte: Pintura sobre azulejo.

Assinatura e Data: Assinado (F.ca

do Carvalhinho, Porto) e datado de 1928 (canto inferior esquerdo do

painel).

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

Nesta composição, descobrimos uma linha que parece ser mais rígida do que a

que desenha os painéis do interior da Igreja Matriz de Vilar do Paraíso, analisados

anteriormente, mas não deixamos de encontrar uma certa suavidade na definição dos

rostos das personagens representadas. Sem pretender posicionar-me face à questão desta

obra ter saído, ou não, das mãos de Joaquim Lopes, prefiro apresentá-la como exemplo

de um conjunto de azulejaria que lhe é associado e cuja história da sua encomenda e

fabrico valerá a pena averiguar e ficar a conhecer mais a fundo. Neste sentido, a sua

inclusão no contexto desta dissertação deseja, como tantos outros espaços e pontos deste

trabalho, suscitar investigações posteriores, capazes de aprofundarem saberes e dissipar

dúvidas, que, no âmbito de um projeto inserido num segundo ciclo de estudos, seriam

impossíveis de desfazer na totalidade, tendo em conta o tempo disponível para toda a

pesquisa.

132

Anos 30

Na década de trinta, Joaquim Lopes responde a uma importante encomenda da

Comissão de Iniciativa de Turismo de Viseu. Em 1931, o pintor trabalha num painel de

azulejo destinado à Praça do Rossio desta cidade ou, mais concretamente, «ao muro de

suporte da rampa que leva ao Soar de Cima e define o Jardim das Mães».438

A pintura

dos azulejos foi executada ao serviço da Fábrica do Agueiro. Este trabalho merece

atenção não só pelo facto de o ter conseguido cotejar com um óleo que o artista esboça

em 1936 – o qual analisarei mais adiante –, mas também pela temática etnográfica e

regional que, de resto, marcou algumas das composições do pintor.

Este último aspeto conotou a obra de Joaquim Lopes com determinados valores,

nomeadamente com uma certa exaltação de valores nacionalistas, e anulou,

frequentemente, todas as outras propostas plásticas que o artista também desenvolveu, e

reduziu o seu trabalho a este género, onde, aparentemente, apenas retratou cenas de

costume, pelo seu simples interesse cultural. Todavia, o «[…] regionalismo não deve

ver-se apenas sensível aos aspectos anedóticos, mas sobretudo como um valioso

pretexto para exercícios de forma e mancha.»439

. Esta ideia alerta para uma outra faceta

do registo de feiras e romarias. O tema é um mote para, na realidade, o artista explorar

efeitos de luz, cor e forma.440

A diversidade de texturas e padrões, que caracteriza os vestuários e acessórios

típicos de um local, permite, recorrentemente, aceder àquilo que pode ser designado

como «experiência pictórica» e o que o excerto citado definiu. Em alguns dos exercícios

em que Joaquim Lopes olhou as festas tradicionais, ele procurou, justamente, o lado

plástico da mancha humana, sempre agitada e em movimento, nestes contextos. O

painel do Rossio de Viseu representa o bulício da vida quotidiana, mas atenta em

alguma figuras típicas que são enquadradas por medalhões emoldurados. O olhar,

centrado num qualquer tipo, consegue ser simultaneamente particular e universal. Há

algo de único e específico em cada personagem que, ao mesmo tempo, representa um

ser coletivo, uma espécie de verdade global – «O retrato de um camponês de Cézanne é

438

Cf. FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim

Lopes, p. 11. 439

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 39. 440

«[Algumas telas] Aproveitam os aspetos anedóticos relacionados como vestuário dos camponeses,

seus acessórios de trabalho e animais que os acompanham para, através da sua geometrização, permitirem

que a experiência pictórica se sobreponha ao conteúdo regional veiculado pelas obras.» CASTRO, Laura

– Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 90.

133

extremamente individualizado e, todavia, universal como uma consciência moral.»441

–.

Os significados por detrás destas construções – supostamente apenas ilustrativas de um

dado orgulho patriótico – são, afinal, múltiplos, sendo, por isso, imprescindível

descodificar a plástica que reside, muitas vezes, sob o tema.

FFiigguurraa 2299

Título: Painel da Praça do Rossio de Viseu.

Autor: Joaquim Lopes (ao serviço da Fábrica do Agueiro).

Técnica e Suporte: Pintura sobre azulejo.

Data: 1931.

Fonte da imagem: http://www.geolocation.ws/v/P/21737076/viseu-azulejos-en-la-praa-da-repblica-/en.

A fotografia anterior oferece uma visão panorâmica do conjunto de azulejos que

se desenvolve ao longo do muro que conduz ao Soar de Cima. A imagem ilustra os

ritmos alternados da composição, que oscila entre a representação de um grupo e o

retrato de uma personagem isolada. Além disso, o desenho organiza-se e adapta-se às

dimensões e formas do espaço que o acolhe e que vai também variando, seguindo as

linhas da rampa que ostenta esta parede azulejada. Em seguida, outro trabalho de

Joaquim Lopes relacionado com este painel azulejar é um óleo elaborado em 1936, para

a Caixa Geral de Depósitos de Viana do Castelo (CGDVC). A mancha, apesar de

retratar os costumes e trajes típicos de Viana do Castelo, possui, na minha perspetiva,

traços em comum com a composição presente no conjunto de azulejos de Viseu.

Antes ainda de confrontar os dois trabalhos no que concerne às suas

semelhanças, importa deixar algumas notas relativamente à pintura de 1936. Este óleo

conheceu outras residências, tendo estado durante algum tempo no Museu Municipal de

Viana do Castelo, segundo indicava uma notícia de 1967 que também alertava para o

facto de o trabalho se estar a degradar «num qualquer espaço» do museu.442

Atualmente,

441

VENTURI, Lionello – Para compreender a pintura: de Giotto a Chagall, p. 190. 442

Joaquim Lopes. Notícias de Viana, 3ª série, Ano IX, Nº 640, Viana do Castelo, 10/07/1967.

134

o trabalho encontra-se na Coleção da Caixa Geral de Depósitos, mais concretamente nas

reservas da Culturgest de Lisboa. Através do contacto estabelecido com a referida

Fundação, foi possível ficar a saber que a obra sofreu uma intervenção de restauro em

1989, sendo que, até ao presente ano, não tinha voltado a ser desenrolada.443

Este é um

aspeto relevante e merece ser aqui mencionado, uma vez que a instituição se prontificou

a desenrolar a tela – não obstante as suas grandes dimensões – para proceder ao seu

registo fotográfico, de modo a este me ser cedido e, assim, eu poder concretizar a

comparação visual entre os dois trabalhos. Seguidamente, apresento uma imagem deste

óleo «A Feira de Ponte de Lima»444

.

FFiigguurraa 3300

Título: A Feira de Ponte de Lima.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Data: 1936.

Dimensões da tela original: 355cm (altura) x 754cm (largura).

Instituição detentora da obra: Coleção Caixa Geral de Depósitos (Nº Inv.: 276097).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: Culturgest e Ficha de Restauro Nº 255/89.445

Fonte da imagem: Cortesia Coleção da Caixa Geral de Depósitos.

443

Tendo em conta as dimensões da tela (355cm (altura) x 754cm (largura)), a mesma encontra-se

enrolada, de forma a preservá-la e a acondicioná-la no espaço. 444

«Feira de Ponte de Lima» é o título concedido à obra na ficha de restauro da mesma. Nas publicações

consultadas, encontrei este trabalho como sendo habitualmente designado «Feira» ou «A Feira». Uma vez

que o cenário desta composição é, efetivamente, Ponte de Lima, e no seu fundo há, inclusive, uma

sugestão do próprio rio Lima, no contexto desta dissertação, irei adotar «A Feira de Ponte de Lima» como

o título identificativo desta tela. 445

A imagem, os dados técnicos e a ficha de restauro relativos a esta obra foram cedidos pela Dra. Isabel

Corte-Real – Conservadora da Coleção da Caixa Geral de Depósitos – através do pedido efetuado pelo

endereço: <[email protected]>.

135

Atendendo à baixa resolução da fotografia reproduzida, ela foi propositadamente

alongada, para assim ser dada uma melhor visão de conjunto, ainda que distorcendo as

formas e as proporções dos seus elementos constitutivos. A extensão do óleo torna

complexa a sua leitura em largura, pelo que esta imagem pretende, sobretudo,

demonstrar como a composição é ampla. Nos próximos espaços, exibirei algumas

parcelas desta tela, em paralelo com extratos do painel de azulejos de Viseu. A

dificuldade em captar um registo fotográfico deste trabalho levantará, igualmente,

obstáculos quanto à legibilidade de alguns dos trechos de tela que irei expor. Em todo o

caso, penso que o exercício sensibilizará o leitor para algumas proximidades entre as

duas obras, que se distanciam em cerca de cinco anos, tendo sido o conjunto de azulejos

concebido primeiramente, pelo que poderá ter sido este empreendimento a servir de

inspiração para o óleo de 1936. As imagens – contrapostas de seguida – unem-se,

sobretudo, pelas posturas corporais das personagens representadas.

FFiigguurraa 2299 AA ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 3300 AA ((ppoorrmmeennoorr))..

Fonte da imagem:

http://htunes.blogspot.pt/2010/11/paineis-de-azulejos.html.

136

FFiigguurraa 2299 BB ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 3300 BB ((ppoorrmmeennoorr))..

Fonte da imagem: http://fotografiaminhalma.blogspot.pt/2011/08/vise

u.html.

FFiigguurraa 2299 CC ((ppoorrmmeennoorr)).. FFiigguurraa 3300 CC ((ppoorrmmeennoorr))..

Fonte da imagem: http://azulejosnaminhaterra.blogspot.pt/2012_01

_01_archive.html.

137

Os paralelismos estabelecidos poderiam ter sido estendidos por mais alguns

exemplos. Porém, optei por confrontar apenas as imagens que tinham resolução

suficiente para o leitor conseguir acompanhar as analogias propostas. As comparações

apresentadas baseiam-se, sobretudo, na repetição das posições em que algumas figuras

são colocadas, como as duas jovens retratadas nas figuras «29 A» e «30 A» – as quais,

de resto, revelam uma solução muito característica em Joaquim Lopes, quando este

representa figuras sentadas –. A sugestão dos joelhos é elaborada com uma demarcação

dos mesmos nas vestes das personagens, salientando esta zona da anatomia que, assim,

tem um predomínio muito especial em representações como estas.446

Nas restantes contraposições, percebemos que há pontos comuns que validam o

presente exercício, sem com ele pretender indiciar que o painel do Rossio de Viseu

possa ter servido de suporte para o óleo de 1936. Todavia, o pintor poder-se-á ter

deixado influenciar pelas poses e atitudes de algumas das personagens que animam os

seus azulejos de 1931, as quais preservaria, aliás, em desenhos onde esboçara e

estudara, previamente, as figuras que comporiam este painel. Mais uma vez, este

confronto procura desvendar uma linha de pesquisa que possa interligar as várias obras

produzidas pelo pintor, ao longo da sua vida.

446

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 10, fig.

54.

138

6.3 - Óleo.

Anos 10

Após ter sido cumprida a incursão por alguns dos trabalhos em azulejo que

Joaquim Lopes realizou, neste subponto da dissertação olharei alguns óleos produzidos

pelo pintor. A seleção das pinturas a analisar foi orientada pelo critério de revelar a

diversidade da obra do artista. Assim, procurei incluir quadros com diferentes temáticas

e com tratamentos compositivos distintos. Além disso, tive a preocupação em

reproduzir pinturas menos conhecidas e divulgadas. Mantendo a estrutura temporal

orientada por decénios – como meio de organizar esta etapa do texto –, este percurso

deseja servir, mais uma vez, como um caminho pelas linguagens desiguais que o pintor

foi falando através da sua pintura.

O trabalho, que irá ilustrar estes anos dez do século XX, diz respeito a um óleo,

onde se vê representada a figura de São Roque, pois a pintura destinava-se à Capela de

São Roque, localizada na Póvoa de Varzim.447

As notícias consultadas, que mencionam

este painel, datam de 1917.448

Assim, este foi, provavelmente, o ano de execução da

obra ou, pelo menos, o ano em que esta foi instalada na igreja em questão. Dado não ter

conseguido situar o trabalho no interior da capela – tal como esta se apresenta

atualmente –, decidi contactar o MMEHPV. Por ser um museu local, possivelmente

poder-me-ia elucidar quanto ao paradeiro do painel e, de facto, através deste contacto,

consegui ficar a saber que a obra se encontra em depósito temporário neste mesmo

museu. A diretora do espaço facultou-me uma fotografia do trabalho – a qual tinha sido

tirada aquando da realização do Inventário do Património Móvel da Igreja – e adiantou-

me que o painel se destinava a «cobrir a boca da tribuna».449

O interesse desta obra reside, sobretudo, no modo como o pintor trata um tema

religioso que, como já foi exposto neste trabalho, não foi um assunto que tenha ocupado

grande parte da sua pintura e, também, na forma como a plástica do artista se apresenta

nos seus primeiros anos de atividade. A leitura que me foi possível fazer do longo

painel cuja fotografia não consegue englobar a sua totalidade conduz-me a salientar o

447

Capela de São Roque, também conhecida como Capela de São Tiago.

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=25237. 15-06-2012 23:50. 448

Cf. Almeida, Martins de. Um painel de S. Roque. Comércio do Porto, 19/07/1917. e Um painel de

Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 19/07/1917. 449

A imagem, os dados técnicos e as informações adicionais relativos a esta obra foram cedidos pela Dra.

Deolinda Carneiro – Diretora do Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim – através

do pedido efetuado pelo endereço: <[email protected]>.

139

rigor do desenho como um dos valores expressos em cada elemento representado na

tela. As cores, sendo provavelmente a componente mais afetada pelo mau estado de

conservação da obra, são tratadas com uma suavidade assinalável sem, no entanto, eu

conseguir estabelecer um paralelismo direto entre esta solução e qualquer outro trabalho

do artista. Em todo o caso, este painel comprova como o pintor não receou, desde

jovem, esboçar composições de dimensões consideráveis, atrevendo-se a aceitar e a

fazer frente a projetos ambiciosos como este.

FFiigguurraa 3311

Título: Painel de São Roque.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Data: 1917.

Assinatura: Assinado (canto inferior direito).

Inscrições: «Offerecido por Ignacio Jose de Faria» (canto inferior direito).

Depósito temporário: MMEHPV.

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: MMEHPV e outras fontes450

.

Fonte da imagem: MMEHPV.

450

Cf. Almeida, Martins de. Um painel de S. Roque. Comércio do Porto, 19/07/1917; Um painel de

Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 19/07/1917; FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes:

apontamentos biográficos. In MESTRE Joaquim Lopes, p. 15.

140

Anos 20

A década de vinte será representada por dois trabalhos relevantes para a

compreensão da plástica de Joaquim Lopes, e também para o conhecimento de algumas

das mais importantes encomendas a que o pintor respondeu com composições

elaboradas e complexas, pelas dimensões e número de personagens que apresentam. A

inclusão, neste mesmo ponto do texto, de duas obras afastadas tematicamente e distintas

quanto à liberdade de expressão plástica que revelam, denota o modo como o pintor

soube adequar a sua técnica a cada exercício que realizou ao longo da sua vida. Não há,

por isso, na sua pintura espaço para a monotonia da cor, da forma ou da linha, pois o

artista encontrou na heterogeneidade o caminho para se definir nos diferentes palcos da

vida artística.

O primeiro óleo a analisar intitula-se «Unhais da Serra» e pertence à coleção da

CP-MA, onde é acompanhado por outros dois trabalhos do artista, um deles também

representando a paisagem montanhosa de Unhais da Serra. O catálogo, correspondente à

mostra individual que o pintor realiza em 1927, no MGV (Viseu)451

, menciona duas

obras designadas «Paisagem – Unhais da Serra (nº 15 do catálogo)»452

e «Unhais da

Serra (nº 18 do catálogo)».453

Apesar de não poder afirmar, com total segurança, que se

trata do mesmo óleo – até porque o artista nomeava, frequentemente, da mesma forma

trabalhos distintos, mas que tivessem em comum objetos e temas –, julgo que estes

poderão ser efetivamente os mesmos, visto que um deles – indicado com o nº 18 – é

referido como pertencendo ao «Snr. José Relvas», tratando-se, certamente, de José de

Mascarenhas Relvas cuja coleção constitui o núcleo principal do espólio de obras da

CP-MA. Em todo o caso, importa mencionar que, neste mesmo catálogo, o nome de

José Relvas aparece como sendo igualmente detentor de um outro trabalho – «Um dia

de chuva (nº 17 do catálogo)» – que não pertence à coleção da CP-MA.

Neste sentido, podemos equacionar se esta «paisagem chuvosa» não poderá

corresponder a uma das pinturas designadas pelo CP-MA como «Unhais da Serra». No

entanto, continuamos a ter conhecimento de que existem dois óleos que ilustram estes

451

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 33 e 42. 452

No catálogo – QUADROS de Joaquim Lopes, Salão Silva Porto. [Catálogo:] Porto: [S. n.], 1928. –

encontrei, novamente, uma «Paisagem (Unhaes da Serra) (nº 44 do catálogo)», sem proprietário

identificado e que, como tal, possivelmente corresponde à pintura identificada com o nº 15 no catálogo da

exposição de 1927 no MGV. 453

RELAÇÃO dos quadros que expõe Joaquim Lopes no Museu Regional de Grão Vasco. [Catálogo]

Viseu: [s. n.], junho de 1927.

141

horizontes montanhosos, daí que esta seja uma questão que deve ficar em aberto, de

modo a clarificar se as duas obras «Unhais da Serra» dizem, efetivamente, respeito aos

óleos em posse da CP-MA e, nesse caso, qual o paradeiro da pintura «Um dia de

chuva», pertencente à coleção de José Relvas, mas não inserida no espólio da CP-MA.

Terá sido esta obra vendida, ainda em vida, por José Relvas? Terá ele oferecido o

trabalho a um outro museu ou colecionador? Encontrar-se-á esta pintura num outro

espólio designada com um outro título?

A pintura comentada enquadra-se na linha de trabalhos que propus salientar

nesta dissertação, e relaciona-se com exercícios onde o pintor explora uma pincelada

mais construtiva, suscetível de ser associada a um olhar «cézanneano» sobre as linhas e

as formas. Nesta obra, a matéria é aplicada de forma a definir os volumes. As paisagens

montanhosas – como é o caso da representada nesta mancha – estimulam, de um modo

particular, esta tentativa de tornar mais arquitetónica a construção da pintura, ou seja,

racionalizar o esboço da obra, observando com mais atenção os traços principais,

capazes de assumir a estrutura do trabalho final. As cores dividem-se entre os tons

privilegiados pelo pintor – tão seus característicos e tão difíceis de serem definidos,

dada a fusão tão harmoniosa dos pigmentos –. Porém, penso ser merecedor de destaque

o «[…] agradável cor-de-rosa a que Fialho chamava molho de aurora boreal.»454

e «o

violáceo de Joaquim Lopes»455

. Os tons azuis e roxos equilibram-se ao nível da

temperatura da cor e marcam a paleta do pintor em algumas obras, sobretudo nas que

captam panoramas serranos. Nesta mancha, o artista explora habilmente o suporte de

madeira, sobre o qual a pintura se desenvolve. Esta base possibilita ao pintor pesquisar

outras texturas e efeitos que conferem aos exercícios realizados uma outra faceta

sensorial – mais tátil, menos visual –.

454

Na exposição de “Os Fantasistas”. Os Modernistas. A Lanterna, 08/01/1916. 455

Guimarães, Corrêa d’Oliveira. duardo Viana, príncipe da cor. O Primeiro de Janeiro, 21/03/1984.

142

FFiigguurraa 3322

Título: Pintura campestre – «Unhais da Serra».

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre madeira.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1925 (canto inferior direito).

Inscrições: «Unhais da Serra» (canto inferior direito).

Dimensões: 29,5cm (altura) x 41,8cm (largura).

Instituição detentora da obra: CP-MA (CP-MA 85.441).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: CP-MA.456

456

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram cedidos pelo Dr. Nuno Prates – Conservador

da Casa dos Patudos-Museu de Alpiarça – através do pedido efetuado pelo endereço:

<[email protected]>.

143

O trabalho que irei expor em seguida data já do final dos anos vinte da centúria

de novecentos e teve um eco especial por parte da imprensa. Em 1929, Joaquim Lopes

compõe o painel – «Justiça de D. Pedro I» – encomendado pela Câmara de Braga para a

sala de audiências do seu tribunal distrital.457

A composição tomou por base uma

passagem da Crónica de Fernão Lopes que o periódico Diário do Minho não deixou de

transcrever.458

A obra e os respetivos estudos estiveram em exposição no Salão Silva

Porto entre vinte e sete de julho e um de agosto de 1929,459

tendo o painel sido muito

apreciado – « […] O seu número de admiráveis estudos de linha e de cor, expostos

conjuntamente com o painel, mostram o artista insatisfeito que sempre foi o mestre

Joaquim Lopes.»460

–. As figuras de traços fortes e vigorosos461

mereceram o olhar de

alguns jornais que admiraram o trabalho que mostra, de novo, o domínio do artista face

a registos de narrativas longas e com múltiplas personagens.

Atualmente, a tela encontra-se no vestíbulo principal do Palácio de Justiça de

Braga/Tribunal da Comarca de Braga, tendo transitado do antigo para o novo edifício

em 1997, ano em que a obra foi limpa e restaurada. O acesso a estas informações, bem

como ao registo fotográfico do painel, foi possível através da inventariação do

património judiciário levada a cabo pelo Projeto Domus Ivstitiae, do qual contactei um

dos responsáveis. Esta tela soma aos valores do bom desenho e da boa cor – que, até ao

momento, já repetidamente associei ao pintor – a representação de um trabalho de

entalhe e relevo, visível na cadeira onde o rei se encontra sentado, bem como a projeção

exímia de uma fina arquitetura que é perspetivada com grande correção. Os rostos das

figuras unem-se pela dureza das linhas que os compõem, mas cada personagem assume

o seu lugar, afirma a sua expressão assaz individualizada. Este será um dos méritos de

Joaquim Lopes, principalmente quando trata painéis de largas dimensões, historiados e

onde as inúmeras figuras retratadas não deixam de estar interligadas e, acima de tudo,

personalizadas.

457

O painel «Justiça de D. Pedro I». Comércio do Porto, 27/07/1929. 458

A passagem da Crónica de Fernão Lopes, associada ao painel de Joaquim Lopes, e transcrita pelo

Diário do Minho é a seguinte – «Não valeu, estando el-rei em Braga, rogo de quantos com ele andavam,

que pudesse escapar a vida a Alvaro Rodrigues de Grade, um dos bons escudeiros de Antre Douro e

Minho, e bem aparentado, porque cortou os arcos de uma cuba de vinho a um pobre lavrador, que logo el-

rei lhe mandou cortar a cabeça, tanto que o soubesse.» –. “Justiça de D. Pedro I”. Painel para a sala de

audiências do Tribunal de Braga. Diário do Minho, 03/08/1929. 459

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, p. 33. 460

Moreira, A. Mestre Joaquim Lopes. Novidades no Porto, 08/08/[1929]. 461

O painel «Justiça de D. Pedro I». O Comércio do Porto, 28/07/1929.

144

FFiigguurraa 3333

Título: Justiça de D. Pedro I (vestíbulo principal do Palácio de Justiça de Braga/Tribunal da Comarca de

Braga).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: [Óleo] sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1929 (canto inferior direito).

Dimensões: 250cm (altura) x 490cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: Projeto Domus Ivstitiae462

.

462

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram cedidos pelo Dr. Francisco Nepomuceno –

um dos responsáveis pelo Projeto Domus Ivstitiae – através do pedido efetuado pelos contactos

telefónicos constantes no endereço eletrónico: http://www.dgaj.mj.pt/DGAJ/sections/tribunais/inst-

equipamentos/projeto-domvs-ivstitiae. 17-06-2012 17:36.

145

Anos 30

O núcleo dos anos trinta ficará, no contexto deste capítulo, marcado por

trabalhos onde Joaquim Lopes se mostrou mais expressivo, quer através do modo como

tornou a sua pincelada mais gestual, quer através do uso que fez de tons mais profundos,

convidativos a uma certa interioridade. Estas pinturas afastar-se-ão dos assuntos sacros,

paisagísticos e históricos que, neste subponto, tenho vindo a abordar, para exibir outras

propostas que diferem temática e plasticamente dos exemplares até então analisados.

Nestes exercícios, o pintor aplicará, de um modo geral, tons mais escuros. Todavia, os

resultados finais serão verdadeiramente diversos, tendo em conta que se trata de obras

com intencionalidades diferentes e, acima de tudo, com suportes distintos, os quais,

como já vimos, têm uma importante influência na determinação da pintura tal como ela

se apresenta.

O primeiro segmento de imagens que apresentarei corresponde a dois estudos

que exibem uma predominância de tons terrosos e uma ambiência ocre, exalada dos

apontamentos alaranjados que o pintor pincelou em alguns pontos da obra e que emitem

tanta energia no contexto desta pintura. O artista empregou nesta mancha a matéria de

forma retilínea e definiu as faces em traços austeros e direitos. No entanto, este trabalho

não deixa de transmitir toda a carga emotiva que reside na força das cores e no modo

como as personagens se afirmam no espaço – com a sua dureza física e moral –. Neste

sentido, pode dizer-se que há «[…] um entendimento goyesco do rosto, acentuando o

seu lado mais dramático.»463

. Mais uma vez, o suporte em madeira auxilia na construção

desta pintura mais texturada, que tanto apela à tatibilidade do observador, como é

compreensível ao olhar as próximas imagens.

463

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 94.

146

FFiigguurraa 3344

Título: Estudo (coleção particular).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre madeira.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior esquerdo) e datado de 193?.

Dimensões: 62cm (altura) x 40cm (largura).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: Dados recolhidos a partir da obra em questão.

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

FFiigguurraa 3355

Título: Estudo (coleção particular).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre madeira.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1934 (canto superior esquerdo).

Dimensões: 34cm (altura) x 45cm (largura).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: Dados recolhidos a partir da obra em questão.

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

147

O conhecimento destes dois esboços levou-me a indagar como seria a pintura a

que estes exercícios deram origem. Neste sentido, revi algumas das obras,

nomeadamente as que se encontram em propriedade de museus e outros espaços, tendo-

me cruzado com um trabalho, em posse do MAB, o qual revela um ambiente e uma

organização em tudo próximos dos avançados por estas manchas. O óleo sobre tela é

denominado – «À Lareira» – não estando, porém, datado, o que ajudaria na correlação

entre todos estes trabalhos. Contudo, julgo que as semelhanças no enquadramento das

personagens e mesmo na apresentação das figuras são suficientes para assegurar que a

pintura do MAB é, efetivamente, a conclusão dos vários estudos que o pintor foi

fazendo desta composição. Em todo o caso, colocarei em confronto uma montagem dos

dois estudos já expostos com a obra das coleções do MAB para que o leitor possa tirar

as suas próprias conclusões.

MMoonnttaaggeemm ddaass ffiigguurraass 3344 ee 3355..

FFiigguurraa 3366

Título atribuído pelo MAB: À Lareira.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Data: Não datado.

Dimensões: 89cm (altura) x 116cm (largura).

Instituição detentora da obra: MAB (Nº Inv.: 290).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: www.matriznet.imc-ip.pt464

464

Imagem e dados técnicos disponíveis em:

http://www.matriznet.imc-ip.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosConsultar.aspx?IdReg=34641. 15-06-2012

23:53.

148

IN PULVIS…

«[…]

Em casal de serras arde o castanheiro,

Lampada de pobres a fazer serão;

De redor no grande, festival braseiro,

A velhinha, o velho, o lavrador trigueiro,

A mulher, os filhos, o bichano e o cão.

[…]

Tem o velho ao collo o seu netinho

doente;

[…]

A velhinha resa, resa afervorada…

[…]

E a dos olhos garços pastorinha bella

Fia no seu fuso linho por córar;

É trigueiro o linho, trigueirnha é ella…

Rodopia o fuso… quando fôr donzella, Já

terá camisas para se ir casar!

[…]

No vetusto escano o lavrador sombrio

Pensa na courela… Santo Deos, Jesus!

[…]

Ronronando ao lume, dorme o cão e o

gato.»

Os Simples, Guerra Junqueiro

Os estudos, apresentados anteriormente, não foram associados a qualquer título,

uma vez que a sua identificação também foi alvo de pesquisa. A indicação, dada pelos

proprietários das obras, é a de que elas diriam respeito aos esboços que o pintor fez

sobre a publicação «Os Simples» de Guerra Junqueiro. No entanto, ao procurar

afinidades entre esta publicação e as últimas composições expostas, dei-me conta de que

os óleos debatidos constituem um retrato fiel do poema «In Pulvis» que a edição de «Os

Simples» integra. Tal não levantaria questões, caso o artista não tivesse, nos catálogos

de diferentes exposições, estudos onde se debruça ora sobre o poema «In Pulvis», em

particular, ora sobre o livro «Os Simples», em geral. As proximidades entre o poema

mencionado e os esboços exibidos são, de facto, numerosas, levando-me a questionar se

os óleos discutidos não dirão na verdade exclusivamente respeito aos estudos de «In

Pulvis». Para que o leitor possa compreender os desafios que estes trabalhos colocaram,

irei contrapor alguns versos do dito poema com o óleo em posse do MAB, o qual

assumo como a obra resultante dos estudos expostos anteriormente.

FFiigguurraa 3366 AA

As passagens selecionadas descrevem, precisamente, as personagens retratadas

no óleo de Joaquim Lopes. As posições corporais e as atividades que cada figura

protagoniza encontram-se descritas nas palavras de Guerra Junqueiro. O velho segura o

neto ao colo, junto à mulher que reza e segura entre as mãos as contas de um rosário.

149

Perto deles, o lavrador apoia a cabeça na mão enquanto pensa, e no campo inferior da

tela o cão dorme. Na pintura, vemos, ainda, duas jovens que costuram, trabalhando uma

delas o linho em volta do fuso. O cruzamento dos registos escrito e visual foi de tal

modo flagrante, que não pude ficar indiferente a tais dados que permitem clarificar a

minha perspetiva, a minha leitura de que o óleo poderá corresponder ao poema «In

Pulvis».

A próxima obra a ser analisada reporta-se já ao final da década de trinta – 1939 –

e pertence à FIMS. Esta pintura levantou diversas questões ao longo da investigação,

que neste caso foi levada em paralelo com a do Dr. Artur Vasconcelos – doutorando em

História da Arte Portuguesa (FLUP) – dedicada ao estudo de algumas das obras em

posse da FIMS. O trabalho em questão retrata uma figura masculina que, num primeiro

momento, nos levou a equacionar três cenários possíveis: poderia tratar-se de um

autorretrato do pintor, do retrato de uma dada personalidade ou, simplesmente, da

representação de um homem cujos traços teriam por base os de um modelo. A pesquisa

foi seguida individualmente, com alguns debates coletivos que iam procurando eliminar

hipóteses e tentar alcançar alguma conclusão que não só ajudasse a identificar o quadro,

como a justificar a sua inclusão na coleção artística do arquiteto Marques da Silva.

Antes de mais, importa referir que, no respeitante à minha investigação, não

consegui chegar a dados suficientemente fortes para me posicionar de um modo seguro

e convicto face a qualquer das possibilidades. Em todo o caso, apresentarei um cenário e

uma explicação viável para a obra em causa, sem com isso encerrar qualquer outra

interpretação. Após o cruzamento de documentos e imagens, optei por traçar um

caminho passível de nos conduzir ao óleo em causa. Todavia, paralelamente a este

exercício de descoberta «da verdade» ou «de uma verdade» por detrás desta tela,

importa não esquecer o valor plástico que a pintura tem em si, independentemente de se

tratar de um autorretrato, de um retrato ou da representação de um modelo.

Neste óleo, o artista isola a figura num fundo escuro de zonas baças e brilhantes.

O recurso a esta base é relativamente comum na obra do pintor, lembrando, inclusive,

algo do tenebrismo espanhol. O artista utiliza-a principalmente nos retratos, de que aliás

é exemplo o «Retrato de D. Raquel Soares dos Reis» pintado, precisamente, em 1939.465

Na tela sob análise, o domínio do pintor face aos fundos negros permite que a mesma

não se afunde na monotonia de uma só cor de suporte, mas antes faça exaltar a figura

465

A pintura encontra-se em posse do MNSR (Nº Inv.: 1238 Pin).

150

cuja camisa branca sobressai, sendo o ponto de luz da obra e, por isso, o elemento

central de todo o quadro que conduz, depois, o olhar do observador até ao rosto

enigmático do homem que parece abandonado naquele enquadramento algo mudo.

FFiigguurraa 3377

Título: Sem título.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1939 (canto superior esquerdo).

Dimensões: 51cm (altura) x 42,3cm (largura).

Instituição detentora da obra: FIMS.

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: FIMS466

.

466

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram gentilmente cedidos pela FIMS, por

intermédio da Dra. Paula Abrunhosa.

151

Perante esta pintura, sinto-me confrontada com uma sensação de «presença

humana», o que não implica que este óleo diga respeito a um retrato, como confirma

David S. – «Not being distracted by the temptation to define character allowed Cézanne

to concentrate all his attention on achieving the most precise and complete sensation of

a human presence, of the way someone in reality appears in space.»467

–. Na realidade,

o descomprometimento face à não representação de alguém em particular, permite que o

artista possa explorar e definir a figura do modo que entender, sem ser necessária uma

base de verdade em relação ao modelo que posa diante de si. Esta perspetiva serviu

como suporte do meu percurso rumo à interpretação desta tela. Afigurando-se-me como

pouco provável este trabalho configurar um autorretrato – não só pelas poucas

parecenças que lhe reconheci com a figura de Joaquim Lopes,468

como pela data em que

a obra foi realizada469

–, a questão pôs-se-me sempre entre as hipóteses de ser um

retrato ou a representação de um modelo.

A minha experiência de pesquisa levou-me a contactar com alguns trabalhos

onde o pintor, tendo por base um modelo, desenvolveu pinturas que, num primeiro

olhar, poderiam ser tomadas como retratos dada a postura com que as personagens eram

representadas.470

Neste sentido, e sabendo que o recurso a modelos por parte de

Joaquim Lopes era comum, pois até em familiares e amigos encontrava inspiração,

procurei em algumas das suas composições descortinar algum rosto que se aproximasse

do desenhado neste óleo. Considerei que esta pesquisa tinha sido bem sucedida quando

me cruzei com o estudo isolado de uma das figuras masculinas representadas no painel

«Mercado da Fruta», pintado em 1928 pelo artista.471

O esboço do homem foi

reproduzido num fascículo do Boletim da Associação Cultural dos Amigos de Gaia

(BACAG),472

e o seu rosto de linhas bem marcadas, o cabelo revolto e o olhar fixo

pareceram-me, na verdade, poderem ser aqueles que onze anos mais tarde o pintor volta

a retratar. Seguidamente, contraponho as duas figuras em questão para o leitor

estabelecer as suas próprias analogias.

467

Cf. SYLVESTER, David – About Modern Art. Critical Essays 1948-2000, p. 443. 468

A família de Joaquim Lopes dispôs-se a ver a obra numa reprodução a cores em papel, não tendo

reconhecido semelhanças físicas significativas com o pintor. 469

A pintura data de 1939, ano em que Joaquim Lopes completaria cinquenta e três anos de idade, sendo

que o homem representado na tela parece ser consideravelmente mais jovem. 470

A obra «A saia amarela» (MNSR Inv. 151 Pin CMP/MNSR) ilustra como um modelo pode ser

representado num enquadramento que em tudo é próximo do de um retrato. 471

Para ver imagens do painel consultar: FAUVRELLE, Natália – Mestre Joaquim Lopes: apontamentos

biográficos. In MESTRE Joaquim Lopes, pp. 16 e 17, figs. 13 e 14. 472

Cf. Vaz, Isolino. Joaquim Lopes – Mestre Insigne e Professor Exigente. Boletim da Associação

Cultural dos Amigos de Gaia, Nº 5, outubro de 1978, p. 9.

152

FFiigguurraa 3377 AA

FFiigguurraa 3388

Título: Estudo de figura para o painel «Mercado da Fruta».

Autor: Joaquim Lopes.

Data: [1928].

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: BACAG.

A inclusão desta obra na coleção de Marques da Silva exigia da minha pesquisa

um olhar sobre o próprio percurso do arquiteto, de modo a perceber em que

circunstância é que ele a terá adquirido. Marques da Silva está presente na exposição

que, em 1941, Joaquim Lopes realiza no Salão Silva Porto,473

mas a consulta do

catálogo relativo a esta mostra não é suficiente para esclarecer se esta pintura está entre

as exibidas.474

Em todo o caso, parece-me que a obra terá sido comprada por uma

questão de gosto, e não por este trabalho retratar alguém que o arquiteto estimasse –

fosse Joaquim Lopes ou qualquer outra personalidade –. Porém, sublinho o facto de os

dados apresentados decorrerem de uma determinada linha de raciocínio que segui e

apresentei ao leitor, havendo naturalmente muitas outras linhas possíveis e, como

473

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 33 e 42. 474

CATÁLOGO dos Quadros que expõe Joaquim Lopes no Salão Silva Porto. Porto: [s. n.], 1941.

153

sempre, só uma real. A comprovação ou a negação do meu ponto de vista terá, ao

mesmo nível, desfechos positivos na medida em que aproximarão o investigador da

verdade dos factos, qualquer que ela seja. Deste modo, este ponto do trabalho – acima

de qualquer outro – deve ser efetivamente tido em conta como um espaço de

problematização, no qual se apresentaram sobretudo metodologias e estratégias de

abordagem possíveis para o esclarecimento de algumas destas dúvidas.

Anos 40

No seguimento do ponto anterior, decidi destacar, nesta década de quarenta,

trabalhos onde o pintor usou, sobretudo, tons escuros, conseguindo em cada caso uma

solução muito particular e individual. Os exemplos que trago a este espaço dizem

respeito a retratos – tipologia que neste capítulo ainda não tinha abordado –.

Salvaguardando as devidas diferenças entre as pinturas que irei analisar, há algo em

comum entre todas elas e que não passa, simplesmente, pela opção por um fundo negro.

Os retratados, ilustres, exibem uma pose e uma seriedade que conferem às obras uma

ambiência muito especial, uma vez que quando as olhamos sabemos de antemão, e

mesmo não reconhecendo as personalidades representadas, que as figuras pintadas são,

seguramente, dignas de respeito e de admiração. É interessante verificar, como nestes

exercícios, Joaquim Lopes abandona ou relega, em certa medida, para segundo plano os

aspetos da plástica e da técnica em prol de um trabalho que sirva, sobretudo, os

retratados. Reconhece-se a sua pintura, mas estes exemplos não são ilustrativos das

obras que o artista realiza, fundamentalmente, para debater as questões da cor e da

forma que o inquietavam. Em todo o caso, estes trabalhos pertencem e afirmam-se com

notoriedade no contexto da produção artística do pintor, pelo que devem ser

atentamente observados.

Os dois óleos, que analisarei em primeiro lugar, serão vistos em paralelo pois,

neste caso, confrontarei trabalhos que retratam a mesma figura; são estilisticamente

próximos, dizendo, no entanto, respeito a pinturas diferentes, realizadas, inclusive, em

anos distintos. Esta justaposição serve, sobretudo, para evitar futuras dúvidas

relativamente às obras onde Joaquim Lopes retratou Marques da Silva, e para

demonstrar de que maneira elas se ligam ou afastam. A tela mais antiga data de 1941 e

encontra-se no Centro de Documentação da Faculdade de Arquitetura da Universidade

154

do Porto (CDFAUP). Este trabalho esteve presente na Exposição dos 75 anos da

Universidade do Porto,475

ocasião em que terá sido transferido da FBAUP para o

edifício da FAUP.476

O outro retrato reporta-se ao ano em que Marques da Silva faleceu

– 1947 – e está integrado nas coleções da FIMS.477

Plasticamente, o retrato de 1941 é declaradamente um retrato de pose, enquanto

o de 1947 é uma mancha muito mais emotiva, onde é revelada a estima de Joaquim

Lopes pelo amigo falecido. O artista expressa, de um modo bastante claro, os diferentes

estados de espírito que anteciparam a planificação destas pinturas. O óleo de 1941

descreve com grande exatidão a imagem do arquiteto, definindo com rigor a sua

anatomia, num exercício cuidadoso de desenho. A cor é aplicada de uma forma

refletida. Neste caso, o pintor não busca a expressão através da pincelada ou da textura.

Este é um exercício de profundo realismo que pretende apenas transmitir a dignidade do

retratado. A pintura de 1947 reserva já algum espaço para o pulsar dos ritmos

individuais do artista, veiculados numa tela onde já conseguimos vislumbrar a passagem

do pincel. Grande parte dos elementos constituintes de ambas as obras é a mesma, mas a

sugestão é distinta. Em 1941, o pintor cria um retrato mais distante do observador. Em

1947, ele aproxima-o, e já não é só o prezado arquiteto que representa, mas antes o

homem e o amigo. O fundo negro – que se evidencia nos dois óleos – é trabalhado de

uma forma muito diferente e, sobretudo, serve fins bastante distintos, segundo a

intenção do pintor em cada momento.

475

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 39 e 50. 476

Este retrato de 1941 esteve, também, presente na exposição que Joaquim Lopes levou a cabo no Salão

Silva Porto em 1944, tal como algumas notícias de jornal referem. Cf. Exposição de Pintura de Mestre

Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 22/05/1944. 477

A imagem e os dados técnicos relativos a esta obra foram gentilmente cedidos pela FIMS, por

intermédio da Dra. Paula Abrunhosa.

155

FFiigguurraa 3399

Título: Retrato de José Marques da Silva

(CDFAUP).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1941

(canto superior direito).

Dimensões: 62,5cm (altura) x 46cm (largura).

Origem/Fonte: FAUP/CDUA.

Fotografia: Arménio Teixeira©.

FFiigguurraa 4400

Título: Retrato de José Marques da Silva (FIMS).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1947

(campo central direito).

Inscrições: «A mestre/Marques da Silva».

Dimensões: 42,3cm (altura) x 33,6cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos

à obra: FIMS.

156

A outra pintura que reservei para este ponto do trabalho corresponde ao retrato

de Arnaldo Van Zeller, um dos fundadores e primeiro presidente da Associação

Comercial do Porto. O trabalho, exposto no Gabinete de Leitura/Gabinete de Trabalho

da Presidência do Palácio da Bolsa, pareceu-me um exemplo interessante, pois o óleo

parece estar entre a pose do retrato de 1941 de Marques da Silva e a expressividade do

retrato do arquiteto, de 1947. A postura que a figura assume confere alguma altivez ao

quadro, que depois se torna profundamente indagador através do forte olhar com que o

retratado nos observa. Neste caso, vemos como Joaquim Lopes parece ter-se sentido

suficientemente livre para divagar um pouco mais em torno desta figura, tirando partido

de alguns dos seus atributos, como o cabelo e o lenço branco que espreita, e que são

elementos que carregam de movimento e ritmo uma obra que num primeiro olhar parece

estática e fixa, ou seja, um mero retrato de pose.

FFiigguurraa 4411

Título: Retrato de Arnaldo Van Zeller (Gabinete de Leitura/Gabinete de Trabalho da Presidência do

Palácio da Bolsa).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre [tela].

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1942 (canto superior direito).

Instituição detentora da obra: Associação Comercial do Porto/Palácio da Bolsa.

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: Dados recolhidos a partir da obra em questão.

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

157

Anos 50

O óleo, que abre este espaço, data precisamente de 1950 e marca a última década

de atividade de Joaquim Lopes. Após cerca de quarenta anos de produção artística, estes

anos cinquenta não pretendem simbolizar nem um período de maturação, nem o

culminar da pintura do artista. Na realidade, exercícios como o que apresentarei nesta

cronologia, já expostos anteriormente, devem a sua seleção ao facto de ser um trabalho

que retoma a pincelada mais construtiva do pintor e brinda o observador com uma

paleta, quanto a mim, invulgar. Em todo o caso, é inevitável não convidar o leitor a

alguma reflexão sobre o percurso efetuado pelo artista, em que de uma linguagem

naturalista e impressionista, o pintor conseguiu passar a soluções muito mais

expressivas e pessoais, como a tela «Figura feminina» demonstrará. «[…] Joaquim

Lopes, docente contemporâneo de Dordio Gomes, e como ele iniciado numa linguagem

naturalista a qual viria parcialmente e temporariamente a abandonar, em telas de

inspiração impressionista ou, por vezes, deixando o médium libertar-lhe

inesperadamente o gesto.»478

A pintura do artista tem muito de si, na medida em que crescentemente ele se

permite participar na obra, deixando a sua marca, não escondendo o vestígio do pincel,

não disfarçando o empastamento, procurando já um pouco do acaso que a arte do século

XX tanto cultivará. Os seus trabalhos valem já muito pelo seu processo de feitura, de

conceção, de planeamento. A possibilidade de aceder a alguns esboços e estudos, que

antecipavam as composições finais, é um exemplo de como o observador é convidado a

acompanhar o projeto e o percurso do pintor. Este elemento ajudou, aliás, na

compreensão do método de trabalho do artista e mesmo naquilo que ele procurava em

cada empreendimento. A análise da anatomia, da expressão ou, por vezes, de um

pormenor isolado constituinte de dada figura auxiliam no entendimento da organização

de uma obra e apoiam na sua própria leitura e interpretação.

A tela que trouxe para esta etapa da dissertação parece fundir, de um modo

curioso, a pincelada que constrói as massas com a que é gestual e expressiva. Isto,

integrado numa obra onde a paleta justapõe as cores ao gosto impressionista, mas sem

ter as mesmas preocupações com os efeitos lumínicos. Neste sentido, parece sintetizar

478

SOARES, Maria Leonor Barbosa – Pensando sobre o tema “Em redor do século XX… trajetos da

pintura e da escultura”. Apontamentos para um estudo conjunto, galego e português, sobre a prática

artística com origem a norte do Douro, p. 617. http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/2934.pdf. 15-06-

2012 23:54.

158

algumas lições, sobretudo no respeitante à defesa da plástica, por si. Se anularmos o

rosto feminino – que funciona como um referente concreto da obra – teremos uma

composição marcadamente abstrata, dado o predomínio da cor, da linha e da forma

como principais fontes de interesse.

FFiigguurraa 4422

Título: Figura feminina.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Assinado e datado de 1950 (canto inferior esquerdo).

Dimensões: 37cm (altura) x 48cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.sdomingos.com.pt479

Sem data

A necessidade imperiosa de falar, no contexto deste capítulo, sobre algumas

obras, conduziu-me à criação de um setor «sem data» destinado, precisamente, aos

óleos sem ano inscrito, mas que, mesmo assim, em certos casos, procurarei situar

cronologicamente. Estas pinturas – à semelhança daquelas que tenho vindo a debater

neste ponto da dissertação – valem não só pela sua plástica e por aquilo que dão a

conhecer acerca da técnica de Joaquim Lopes, mas também testemunham alguns dos

passos que esta investigação conseguiu dar, nomeadamente no aprofundamento de

alguns dados em torno destes exercícios.

479

Sítio oficial da leiloeira São Domingos: <http://www.sdomingos.com.pt>. A obra «Figura feminina»

esteve presente no Leilão 65, na 1ª Sessão de 07/03/2011.

159

Neste sentido, a primeira obra a merecer atenção neste espaço é uma tela que

pertence à categoria de pintura religiosa. Este trabalho ocupa o segundo retábulo do lado

da Epístola da Igreja Matriz de Espinho, servindo de fundo ao Cristo esculpido por

António Teixeira Lopes. O óleo representa, de um modo interessante, como veremos, o

tema das «Almas no Purgatório», e no campo direito da tela é possível encontrar a

assinatura de Joaquim Lopes, porém, sem qualquer data de referência. Mesmo assim

tentei localizar no tempo este trabalho, uma vez que encontrei, num periódico, a notícia

da ligação do artista à pintura religiosa, num painel para o altar-mor de uma igreja da

beira-mar.480

O recorte do jornal não indicava o seu ano de publicação, todavia, neste

mesmo recorte, havia referência ao painel «Justiça de D. Pedro I» – já analisado neste

subcapítulo – e como é sabido datado de 1929.

Tendo em conta que não há registo de outra pintura religiosa a óleo da autoria do

artista, a não ser o painel de São Roque – já abordado anteriormente, e ao qual este

artigo não pode dizer respeito, uma vez que as primeiras notícias sobre o mesmo já se

reportam ao ano de 1917 –, julgo ser legítimo concluir que esta notícia se referia ao

projeto de Espinho. A Igreja de Nossa Senhora da Ajuda foi, realmente, implantada à

beira-mar, como a notícia menciona, sendo que através desta breve referência, é lícito

afirmar que este óleo do pintor data, provavelmente, do ano de 1929. Em todo o caso, o

artigo indica que a obra se destinaria ao altar-mor da igreja, apesar de não ser esse o

espaço que atualmente ocupa. Porém, este facto pode ser justificado com uma

imprecisão por parte do jornalista, autor da notícia, ou por uma alteração de planos em

relação ao destino da tela. Isto, porque o trabalho está organizado e adaptado não só às

dimensões do retábulo onde se encontra inserido, como às formas do Cristo esculpido

que se sobrepõe a alguns espaços da tela, os quais, propositadamente, não exibem

personagens.

A tela divide-se em três superfícies principais. A área inferior, onde são

representadas as almas no purgatório. A zona da direita em que um anjo liberta as almas

e, como tal, as situa num plano de ascensão. E, finalmente, no canto superior esquerdo

da pintura, a figura de Nossa Senhora do Carmo com o Menino Jesus ao colo, que

intercede pela salvação das almas. A distribuição das diferentes personagens pelo

espaço tem em conta o formato do retábulo onde a tela está inserida, e não esquece

também as dimensões e as formas do Cristo de António Teixeira Lopes, que se sobrepõe

480

Moreira, A. Mestre Joaquim Lopes. Novidades no Porto, 08/08/[1929].

160

à pintura. Os motivos de interesse plástico desta tela estendem-se, igualmente, à forma

como o pintor representou um tema sacro, fazendo-o de uma maneira mais livre do que

aquela que encontrámos, por exemplo, nos painéis de azulejo das naves laterais da

Igreja Matriz de Vilar do Paraíso.

FFiigguurraa 4433

Título: Almas no Purgatório (segundo retábulo do lado da Epístola Igreja de Nossa Senhora da

Ajuda/Igreja Matriz de Espinho).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: [Óleo] sobre tela.

Assinatura: Assinado (zona direita).

Data proposta pela autora do trabalho: c. a. 1929.

Fonte dos dados técnicos relativos à obra:

http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=793

Fotografia: Joana Brito.

Nesta obra, os rostos das figuras têm, de um modo geral, uma expressão muito

real e humanizada. Mesmo as personagens sagradas não parecem distanciar-se, nem

terem um caráter tão etéreo como seria de esperar. Em todo o caso, merecem um

tratamento distinto daquele que as almas no purgatório apresentam e onde se assumem,

claramente, como homens e mulheres, ainda afastados do patamar divino e celeste.

Algumas das faces esboçadas são claramente próximas daquelas que encontramos em

diferentes composições do pintor, quando este retrata, por exemplo, camponesas ou

agricultores. São corpos duros e reais, cuja fisicalidade ainda não os abandonou,

contrastando com a figura do anjo e de Nossa Senhora do Carmo que, embora

apresentando um lado humano, levitam e transmitem uma imaterialidade ainda não

conquistada pelas personagens a seus pés.

161

FFiigguurraa 4433 AA

Deste conjunto, destaca-se uma figura situada na zona inferior esquerda da tela,

que nos olha e interroga. Ela aparenta estar alheada de toda a composição, não

partilhando da prece das outras almas, estando, no entanto, ao nível destas. Como tal, é

uma personagem verdadeiramente indagadora e que, por isso, assume uma tal força que

traz para aquele canto da tela o centro nevrálgico de toda a composição. Ela corta uma

determinada lógica narrativa, constituindo, de certa forma, um ponto de interrogação.

Ela volta as costas ao cenário onde se integra e apoia a cabeça nas suas mãos cruzadas

como quem parece estar indiferente face a algo ou a tudo. As interpretações para a

inclusão de uma figura como esta numa pintura religiosa poderão ser múltiplas. Não irei

adiantar, nem propor nenhuma leitura, uma vez que o meu interesse vai no sentido de

demonstrar como o pintor soube ser original no arranjo destas composições marcadas

por normativas canónicas, e cuja representação podia, muitas vezes, parecer não deixar

espaço para a criatividade do artista.

162

FFiigguurraa 4433 BB ((ppoorrmmeennoorr))

A segunda obra do pintor, a analisar neste ponto do trabalho, terá sido,

provavelmente, uma das últimas pinturas que o artista compôs, datando, por isso, de

meados da década de cinquenta. A tela «Gente do Mar» – por vezes, também designada

como «Praia de Matosinhos» – pertence à Câmara Municipal desta cidade e esteve

recentemente exposta no museu da Quinta de Santiago, no contexto da mostra Fernando

Pinto de Oliveira – um homem além do seu tempo – nos 100 anos do seu nascimento.481

A brochura, alusiva a esta exibição, refere a obra de Joaquim Lopes e situa-a no ano de

1954, não obstante o óleo não ter qualquer data inscrita. Em todo o caso, podemos

apontar os anos de 1950 e 1956 como balizas temporais, onde esta obra possivelmente

se inscreve.482

A tela regista a faina dos pescadores, as vendedeiras de peixe e as mulheres que,

com crianças ao colo, aguardam a chegada dos maridos, com saúde, atirados à aventura

do mar para a sobrevivência da família. Como é habitual, o pintor condensa no mesmo

espaço uma série de figuras, cada uma com uma função e missão próprias no contexto

destas narrativas movimentadas que retratam o bulício das zonas costeiras. O quadro

481

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 40 e 52. 482

Talvez por ter sido uma obra já realizada no final da vida do pintor, ele não tenha tido oportunidade de

a apresentar publicamente. No entanto, ela esteve presente na primeira exposição individual póstuma do

artista, em junho de 1956 na ESBAP, ocupando o lugar cimeiro na listagem dos óleos exibidos e referidos

no catálogo. Cf. CATÁLOGO da Exposição Joaquim Lopes (1886 - 1956). Porto: ESBAP, junho de 1956,

p. 17.

163

vale por esta agitação e pelo modo como o pintor a constrói, fazendo uso de uma

pincelada muito impressionista em certas áreas da tela, onde a mancha curta e retangular

é justaposta com grande rigor. Porém, julgo que o motivo de maior interesse reside na

figura masculina que avança em primeiro plano, carregando cestos às costas e

desenhando, com a sua anatomia, linhas de força, sobretudo, diagonais, que empregam à

pintura um dinamismo ímpar. Este é um dinamismo tenso e quase desequilibrado o que

torna, esta personagem em particular, o centro da composição. Ela representa o domínio

do desenho e da anatomia a um nível que o artista é já capaz de o superar e desconstruir.

A prática do pintor, no tratamento destes assuntos, terá também contribuído para um

aprimoramento da sua técnica.

«Se percorrermos os títulos das obras apresentadas, verifica-se que o

estímulo para a sua criação partia dos lugares habitados ou visitados,

inaugurando uma obra marcada, de forma significativa, pelas terras em que foi

produzida. Os motivos urbanos – praças, ruas, pontes, e a fauna movente de

figuras típicas desde «vendedores de castanhas» a «homens do rio» – vão

desenhando uma obra de referente bem identificado, cujo grau de construção se

adensa à medida que a prática pictórica progride.»483

FFiigguurraa 4444

Título: Gente do Mar (Câmara Municipal de Matosinhos).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura: Assinado (canto inferior esquerdo).

Dimensões: 179cm (altura) x 245cm (largura).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: Museu da Quinta de Santiago (MQS).

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

483

CASTRO, Laura – Júlio Resende. Tentações da Pintura Ocidental, p. 77.

164

A pesquisa equacionou a possibilidade desta obra ter sido previamente esboçada

em exercícios, onde o pintor tivesse estudado algumas figuras e movimentos. As

aguarelas do artista, em posse do MGV e nomeadas «Aspecto da vida dos

pescadores»,484

são tidas como manchas onde o pintor projetou esta ampla composição

«Gente do Mar», dado que algumas das personagens e as suas posições corporais

parecem coincidir de obra para obra. A correspondência entre esta série de aguarelas e o

óleo em debate é uma hipótese viável, até porque nos catálogos de exposições póstumas

do artista, como a de 1967 na ESBAP485

, ou como a de 1978 na C-MTL/GDM486

, há

referência a algumas aguarelas intituladas «Estudo (para o Quadro «Gente do Mar»)».487

Logo, podemos concluir que o artista não só realizou estudos que serviram de base a

este quadro, como tais estudos foram maioritariamente esboçados em expressivas

aguarelas.

A presente investigação cruzou-se, ainda, com um outro trabalho que se

afigurou, igualmente, como um possível estudo da pintura em questão. A obra encontra-

se no catálogo online da leiloeira Palácio do Correio Velho e não se encontra nem

datada, nem assinada. No contexto desta dissertação, procurei apenas utilizar, no que diz

respeito a leiloeiras, as obras que estivessem assinadas. Porém, tornou-se necessário

abrir um precedente, dado o interesse desta pintura. O estudo em questão corresponde a

um tríptico, onde o pintor organiza as figuras num óleo sobre tela – numa narrativa

próxima daquela a que assistimos na obra «Gente do Mar» –. Nos catálogos de

exposições a que tive acesso, não encontrei qualquer óleo que fosse referido como

sendo um estudo prévio da obra sob análise neste momento. Todavia, obras como

«Convalescente» tiveram os seus estudos prévios realizados a óleo, o que demonstra

que o artista nem sempre compunha os seus esboços recorrendo à aguarela ou ao

desenho a lápis.

O trabalho exposto no catálogo da leiloeira apresenta, no entanto, um título que

o afasta desta temática marítima. A obra é designada como «Ceifeiros – Sebadelhe –

Foz Côa». Contudo, o painel central sugere uma figura em tudo semelhante àquela que

domina a tela «Gente do Mar», assumindo, aliás, a mesma força no contexto do tríptico,

484

http://www.matriznet.ipmuseus.pt/MatrizNet/Objectos/ObjectosListar.aspx?TipoPesq=3&SubTipoPesq

=3&NumPag=1&RegPag=50&Modo=1&PorAutor=68188. 15-06-2012 23:55. 485

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 38 e 48. 486

Ver Joaquim Lopes. Questões de estilo em torno da sua obra. Vol. II, Dossier de Anexos, pp. 38 e 48. 487

Cf. EXPOSIÇÃO Retrospectiva de Mestre Joaquim Lopes. [Catálogo] ESBAP: Porto, junho de 1967. e

ARTISTAS de Gaia – Pintor Joaquim Lopes. [Catálogo] Vila Nova de Gaia: Câmara Municipal, 1978.

165

sobressaindo a sua tensão corporal e as linhas fortes que definem a sua anatomia. Sem

afastar a possibilidade de existir alguma outra obra, onde o pintor registe os «Ceifeiros

de Sebadelhe», creio que, neste caso, a organização que este esboço propõe é muito

semelhante à solução que Joaquim Lopes adianta na sua «Gente do Mar», sobretudo, se

compararmos as duas personagens centrais de cada um dos trabalhos. A forma como

ambas se afirmam na tela é demasiado próxima e revela que estes dois exercícios terão,

certamente, alguma ligação. Para que o leitor possa acompanhar a minha linha de

pensamento, exibirei de seguida os dois óleos que tenho vindo a comparar.

FFiigguurraa 4444 AA

FFiigguurraa 4455

Título proposto pela autora do trabalho: Estudo para o quadro «Gente do Mar».

Título atribuído no catálogo online da leiloeira: Ceifeiros – Sebadelhe – Foz Côa.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre tela.

Assinatura e Data: Não assinado e não datado.

Dimensões aproximadas: 26,5cm (altura) x 54cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos relativos à obra: http://www.pcv.pt488

488

Sítio oficial da leiloeira Palácio do Correio Velho: <http://www.pcv.pt>. A obra «Ceifeiros –

Sebadelhe – Foz Coa» esteve presente no Leilão 265 (Antiguidades), na 2ª Sessão de 17/06/2011, com o

número de lote 0374.

166

Os trabalhos que irão encerrar este ponto da dissertação foram escolhidos por

representarem exercícios onde o pintor buscou, essencialmente, a exploração das massas

de cor e da pincelada mais construtora de formas, do que pesquisadora de efeitos de luz.

As duas obras têm em comum serem óleos esboçados sobre um suporte de madeira, do

qual Joaquim Lopes conseguiu sempre, na minha perspetiva, retirar excelentes soluções,

devido ao aspeto rugoso e mais matérico que esta base sugere. Julgo que estes dois

exemplares podem servir de conclusão visual desta dissertação, uma vez que reúnem

uma série de características debatidas e avançadas ao longo do trabalho acerca da obra

do pintor. Eles mostram o artista livre de escolas e cânones, acima de tudo detido nas

suas divagações pictóricas, libertando-se no médium, situando-se entre a expressão e a

racionalização, entre o sentir e o pensar, entre a fluidez do óleo e a dureza do suporte

em madeira.

FFiigguurraa 4466

Título: Sem título.

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre contraplacado

de madeira.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior

direito). Não datado

Dimensões: 35cm (altura) x 28cm (largura).

Fonte da imagem e dos dados técnicos

relativos à obra: http://www.cml.pt

FFiigguurraa 4477

Título: Marinha, Foz do Douro (coleção particular).

Autor: Joaquim Lopes.

Técnica e Suporte: Óleo sobre madeira.

Assinatura e Data: Assinado (canto inferior direito). Não

datado.

Dimensões: 30cm (altura) x 41cm (largura).

Fonte dos dados técnicos relativos à obra: Dados recolhidos

a partir da obra em questão.

Fotografia: Teresa Santos (autora do trabalho).

167

O óleo – exposto num dos catálogos online da leiloeira Cabral Moncada

Leilões489

– ostenta uma paleta mais rica e viva do que o registo da Foz do Douro que

sugere o ambiente enevoado de uma marinha, da qual o pintor só captou a atmosfera,

encontrando nas geometrias dos rochedos o seu principal motivo de interesse. Nas duas

pinturas, vemos como a pincelada mais livre e colorida do artista convive em harmonia

com o desenho mais rigoroso que olha a linha e os planos com uma atenção mais

racional e arquitetónica. Na minha perspetiva, não há trabalhos que sintetizem a obra de

um artista. Porém, estes dois óleos são, pelo menos, ilustrativos da riqueza do trabalho

do pintor e das conquistas técnicas e plásticas que ele conseguiu alcançar. Após esta

longa viagem pela produção artística de Joaquim Lopes, posso considerar estes dois

exercícios um ponto final naquilo que foi possível dar a conhecer no espaço de uma

dissertação de mestrado. Os pontos de vista apresentados funcionam como olhares sobre

obras que falam por si e sobre as quais também já outros falaram. Desta jornada, a

conclusão que posso tirar, já em 1929 o Diário do Minho adiantava – «Para êle

[Joaquim Lopes] – pintar é viver.»490

–.

489

Sítio oficial da leiloeira Palácio do Correio Velho: <http://www.cml.pt>. A obra «[Sem título]» esteve

presente no Leilão 116 (Antiguidades e Obras de Arte. Pintura, Livros, Pratas e Joias.), na Sessão Única

de 29/03/2010, com o número de lote 176. 490

“Justiça de D. Pedro I”. Painel para a sala de audiências do Tribunal de Braga. Diário do Minho,

03/08/1929.

168

Conclusões, Conquistas e Caminhos.

Conclusões

Para o último espaço do corpo de texto desta dissertação, reservei algumas

palavras que pretendem rematar o percurso pela obra de Joaquim Lopes, trilhado ao

longo das páginas deste trabalho. Chamar, simplesmente, «conclusão» a este ponto,

seria negar ou fazer esquecer o caráter indagador e questionador que este projeto

procurou explorar desde a sua génese. Assim, não só de «conclusões» se fará a habitual

«Conclusão» desta dissertação. Esta etapa do trabalho dará destaque a algumas das

conquistas alcançadas pela investigação, relembrando os caminhos traçados e mantidos

em aberto para futuras pesquisas. Deste modo, tento ser fiel até ao momento final à

premissa que definiu este trabalho como um ponto de partida para outros percursos.

Uma base, mas não um fim.

Do muito que se procurou fazer, muito ficou por dizer e muito há, ainda, para

descobrir. O plano de investigação foi ambicioso, mas não se perdeu nessa ambição,

avançando e consolidando-se nas direções que pôde seguir, deixando meio percorridas

outras tantas. O tema não foi esgotado, por isso, esta pesquisa desbravou mais caminhos

do que conquistou estradas e rumos. No entanto, julgo que teve o mérito de definir com

clareza e honestidade as metas que atingiu e aquelas que ficam em suspenso, esperando

o contributo de futuros investigadores. O texto pretendeu ser crítico e consciencioso.

Não estagnar no olhar centrado sobre o particular, sem também se dissipar numa visão

de conjunto. Em todo o caso, ele deseja sensibilizar para a necessidade de assumir

outras metodologias e novas formas de abordagem no estudo dos períodos históricos e

seus artistas. Em suma, tratar um pintor deve ir além da narração biográfica da sua

história. A biografia deve servir, sim, como um auxiliar na análise da obra.

Neste sentido, este trabalho não quer servir, apenas, como um objeto de interesse

para os apreciadores de Joaquim Lopes, mas também como um estudo que ilustre uma

maneira diferente de chegar à produção artística. A experiência formativa que carrego é-

me suficiente para perceber de que modo é importante cultivar, com mais frequência, a

prática de ensaios centrados na obra de um artista e não tanto na sua narrativa de vida.

Muitas vezes, esta resume-se ao relato de aspetos anedóticos e mitificados –

glorificadores do artista –, mas que em pouco ajudam na compreensão do fenómeno

artístico em si mesmo. Rever paradigmas e os processos de observar o objeto de arte

169

conduziria a estudos menos focados na persona do artista e mais dedicados ao motivo

que os torna – os artistas – motivo de interesse: a obra de arte.

Conquistas

Neste ponto do texto, irei salientar alguns dos contributos que globalmente este

projeto conseguiu oferecer. Como já foi referido nesta dissertação, os estudos dedicados

à obra de Joaquim Lopes são, ainda, em número reduzido, pelo que penso que o trajeto

a seguir daqui em diante é o de procurar construir uma fortuna crítica sólida sobre o

tema, de modo a somarmos perspetivas e a multiplicarmos olhares. A partir deste

momento, estaremos aptos para avançar no debate do óleo ou da aguarela, sem

sentirmos uma necessidade premente de contextualizar o pintor, dá-lo a conhecer e

divulgar um pouco do tudo que fez.

Uma das fortes valias residiu não na mera divulgação de obras do artista, mas na

difusão de alguns trabalhos pouco conhecidos do pintor, os quais revelam,

precisamente, um tratamento plástico mais arrojado e distante do tardo-naturalismo que

lhe é associado. A proposta de correlação de certas obras ajudou a traçar deduções que

conduziram a resultados fundamentais para esclarecer factos e circunstâncias em torno

da produção artística do pintor. O confronto direto entre trabalhos mostrou-se um

exercício eficaz para a interpelação de obras, assumindo-se como um verdadeiro método

na explanação das ideias escritas neste relatório. No fundo, todo o projeto de pesquisa

assentou no cruzamento e sistematização de dados o mais profundamente que me foi

possível, tentando assim compensar a dispersão de informações que até ao momento

dominavam a bibliografia consultada. A arrumação de elementos tornará este

compêndio num suporte norteador de futuras pesquisas, nomeadamente no respeitante

às fontes primárias, nomeadamente aos periódicos, com interesse para o conhecimento

de Joaquim Lopes.

O sucesso deste projeto será, apenas, confirmado se as «conquistas» se

apresentarem como apoios para trabalhos vindouros. A partir desta abordagem de

âmbito mais alargado, o investigador é já capaz de selecionar uma linha de pesquisa no

contexto da obra do pintor, especializando o seu estudo, pois só assim a produção

artística do pintor poderá ser analisada com a profundidade que necessita. Contribuir

para o conhecimento da obra do artista e para o colmatar de falhas no seu estudo foram

170

duas finalidades deste trabalho que, uma vez cumpridas, constituem duas importantes

«conquistas» desta investigação.

Caminhos

Tal como neste ponto do trabalho, esta dissertação pautou-se por caminhos que

foram sendo esboçados e sugeridos ao leitor, no sentido de ele próprio ser um

interveniente crítico deste roteiro e, assim, determinar o seu percurso individual. A

escrita do texto seguiu, de resto, o método da investigação o qual foi, acima de tudo, um

método de questionação e problematização a cada passo e perante os diferentes

panoramas que se me afiguravam. A leitura crítica dos dados foi, também, uma

preocupação constante e transversal a todos os momentos da pesquisa. A procura de

verdades absolutas ou de factos incontestáveis não foi uma preocupação em nenhuma

das fases do trabalho. A atração do leitor através da colocação de perguntas e hipóteses

pareceu-me, verdadeiramente, mais cativante e capaz de estimular reflexões.

Os «caminhos» procuraram ser sempre claros ou suficientemente iluminados de

modo ao leitor percecionar o trajeto trilhado. Neste sentido, as novas perspetivas

apresentadas seguiram a par das questões que ficaram pendentes e de onde não foi

possível retirar ilações absolutamente seguras. A própria estrutura do projeto e da

dissertação denota que esta investigação foi também um caminho, cuja forma poderia

ser diferente. No entanto, este espírito «viajante» não afastou a objetividade e o rigor

desta pesquisa, que foi assertiva nas certezas e nas dúvidas, demarcando as afirmações

das hipóteses. Por estas razões, sinto que os «caminhos» traçados têm um valor

especial, na medida em que são eles que perspetivam o prolongamento deste trabalho

através de outros que o possam utilizar quer como um princípio, quer como um meio.

A presente dissertação é dada por terminada, não obstante os dados por

completar, e as dúvidas por esclarecer. Paralelamente, ela adianta ideias e teses cujo

interesse poderá residir no seu futuro rebatimento, por parte de quem consiga avançar

um pouco mais na pesquisa. Os resultados de uma investigação vivem, assim, na

efemeridade da sua difusão, do seu reconhecimento, e da sua contra-argumentação. No

entanto, se os resultados são efémeros, a investigação, essa, não morre, enquanto os

resultados surgirem, forem depostos e derem origem a novos resultados. Por isso, esta

dissertação pretende ser muito mais um meio do que uma conclusão. Um caminho rumo

a outros caminhos…

171

Bibliografia

Arquivo FBAUP

Processo de Aluno de Joaquim Francisco Lopes.

Livro das Atas de Conferências Gerais da Escola de Belas Artes do Porto (de 31 de

agosto de 1897 a 15 de agosto de 1922) Nº 115; fls. 45.

Livros de matrícula nas aulas da Academia. Perspetiva (de 1904 a 1917). Nº 169; 11v.

Livros de matrícula nas aulas da Academia. Anatomia – Voluntários (de 1837 a 1917).

Nº 166; 72.

Livros de matrícula nas aulas da Academia. Pintura (de 1837 a 1923); Nº 165; 141, 144,

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Livros de matrícula nas aulas da Academia. Desenho Histórico (de 1904 a 1923). Nº

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Gomes, J. Costa. Camões e os artistas de Gaia. Boletim da Associação Cultural dos

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Gomes, J. Costa. Azulejaria Gaiense sua expansão e existência. Boletim da Associação

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Gomes, J. Costa. Mestres e Condiscípulos de Henrique Moreira. Boletim da Associação

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Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. IX, Nº 25, maio de 1940.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. IX, Nº 26, junho de 1940.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. X, Nº 28, agosto de 1940.

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Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XII, Nº 33, janeiro de 1941.

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Revista Portuguesa, Vol. XII, Nº 34, fevereiro de 1941.

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Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XII, Nº 35, março de 1941.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XIV, Nº 41, setembro de 1941.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XIV, Nº 43, novembro de 1938.

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Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XVII, Nº 49, maio de 1942.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XVII, Nº 51, julho de 1942.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XVII, Nº 52, agosto de 1942.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XIX, Nº 57, janeiro de 1943.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XIX, Nº 58, fevereiro de 1943.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XIX, Nº 60, abril de 1943.

181

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XX, Nº 61, maio de 1943.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XX, Nº 63, julho de 1943.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XX, Nº 64, agosto de 1943.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXI, Nº 66, outubro de 1943.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXII, Nº 69, janeiro de 1944.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIII, Nº 73, maio de 1944.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIII, Nº 74, junho de 1944.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIII, Nº 75, julho de 1944.

Lopes, Joaquim. A propósito do encontro de dois desenhos de Pousão. Ocidente,

Revista Portuguesa, Vol. XXIV, Nº 80, dezembro de 1944.

Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXV, Nº 81, janeiro de 1945.

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Lopes, Joaquim. João Augusto Ribeiro. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIX, Nº

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Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIX, Nº 98, junho de 1946.

Lopes, Joaquim. O escultor Francisco Gouveia. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol.

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Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIX, Nº 99, julho de 1946.

Lopes, Joaquim. A exposição póstuma das pinturas a óleo e a pastel de Manuel Maria

Lúcio Júnior. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXIX, Nº 99, julho de 1946.

Lopes, Joaquim. João António Correia e Francisco José Resende. Ocidente, Revista

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Lopes, Joaquim. O escultor Alves de Sousa. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXX,

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Lopes, Joaquim. O pintor Ezequiel Pereira. Ocidente, Revista Portuguesa, Vol. XXX,

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Guedes, Marques. No átrio da Bolsa. O salão dos Fantasistas. A Montanha, 08/01/1916.

Os phantasistas. Comércio, 08/01/1916.

Os phantasistas – a exposição do Palácio de Bolsa. Jornal de Notícias, 08/01/1916.

Ribeiro, Júlio. Os Fantasistas. A Lanterna, 17/01/1916.

Os Fantasistas. Janeiro, 19/01/1916.

Os Fantasistas. Porto Crítico, 10/02/1916.

A 8ª exposição de Belas-Artes. A Lanterna, 10/06/1916.

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Desenho de Artur Loureiro, por Joaquim Lopes. A Voz Pública, Porto, 09/06/1920.

Passos, Vaz. Joaquim Lopes. Este ano pintará as ceifas do Douro para o ano a paisagem

alentejana. A Voz Pública, 12/06/1920

Passos, Vaz. José de Brito defende os certâmens colectivos – e vai expor

individualmente. A Voz Pública, Porto, 25/06/1920.

Vaz, Passos. Júlio Pina. A grande exposição de arte portuguesa no Rio de Janeiro. A Voz

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Passos, Vaz. Júlio Costa. A Voz Pública.

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Sociedade de Belas Artes. Primeiro de Janeiro, 09/05/1923.

Barbosa, Ignacio. A 12ª Exposição Annual da Sociedade de Bellas-Artes. Comércio do

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Exposição de quadros de Joaquim Lopes. Janeiro, 09/05/1925.

Joaquim Lopes. Comércio do Porto, 10/05/1925.

Artistas Portuenses. O Primeiro de Janeiro, 10/05/1925.

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Lacerda, Aarão de. Os quadros de Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 21/05/1925.

Artistas Portuenses, 21/05/1925.

Exposição de Pintura Joaquim Lopes. Cócórócó, 23/05/1925.

O Ilustre Pintor Joaquim Lopes. A Luz do Operário, 24/05/1925.

Exposição Joaquim Lopes no salão Silva Porto. Janeiro, 24/05/1925.

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21/02/1926.

A exposição Joaquim Lopes. Novidades, Lisboa, 21/02/1926.

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A exposição do pintor portuense Joaquim Lopes. A Tarde, Lisboa, 22/02/1926.

Marçal, Rafael. O distinto pintor Joaquim Lopes inaugurou com grande sucesso a sua

exposição. Radical, 22/02/1926.

Um paisagista do Porto que expõe na Sociedade de Belas-Artes. Diário de Lisboa,

23/02/1926.

Santos, José Ribeiro dos. Exposição Joaquim Lopes. O Rebate, Lisboa, 23/02/1926.

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A exposição do pintor Joaquim Lopes. Diário de Notícias, 02/03/1926.

Castro, Adolfo. Joaquim Lopes em Lisboa – O exito da sua exposição. Jornal de

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Exposição Simão de Veiga e Joaquim Lopes. A Época, Lisboa, 05/03/1926.

Guimarães, Luís de Oliveira. Um pintor do Pôrto. Diário da Tarde, 06/03/1926.

Marçal, Rafael. Exposições de Joaquim Lopes e Dulce Sousa. O Radical, 08/03/1926.

Macedo, Diogo. A exposição do pintor Joaquim Lopes. Diário de Lisboa, 13/03/1926.

Quadros de Joaquim Lopes. Revista Ema, 13/03/1926.

Quadros de Joaquim Lopes. Eva, Nº 45, Lisboa, 13 ou 15/03/1926.

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O Pintor Joaquim Lopes vai a Madrid ver a grande exposição de pintura. Diário do

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A exposição de prémios e cadernetas artísticas no nosso salão de festas. O Primeiro de

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A exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. Trabalhos notáveis de Malhoa,

Roque Gameiro e Costa Mota e duas formosas revelações femininas. Diário de

Notícias, 18/04/1927.

Notícias de Viseu, 02/06/1927.

No Museu Grão Vasco. Notícias de Viseu, 18/06/1927.

Notícias de Viseu, 25/06/1927.

Merenda dos ceifeiros. Notícias de Viseu, julho de 1927.

O pintor Joaquim Lopes no Museu Grão Vasco. Jornal da Beira, 01/07/1927.

César, José Júlio. Em Vizeu – A exposição de Joaquim Lopes. Comércio do Porto,

07/07/1927.

O Diário de Notícias, 01/01/1928.

O jogo dos monografos. O Primeiro de Janeiro, 14/02/1928.

Castro, Adolfo Faria de. Soares dos Reis e a sua memória. À volta dum artigo meu e

duma carta do pintor Joaquim Lopes. Diário de Notícias, 29/02/1928.

O Primeiro de Janeiro, 03/03/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Comércio, 18/04/1928.

No Salão Silva Porto. Quadros de Joaquim Lopes. Diário do Minho, 18/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Notícias, 18/04/1928.

Quadros de Joaquim Lopes. Comércio, 19/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Janeiro, 19/04/1928.

Artistas Portuenses. Janeiro, 20/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. A Montanha, 21/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Comércio, 21/04/1928.

No Salão Silva Porto. Janeiro, 21/04/1928.

Aranha, Aurora Jardim. Exposição Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 21/04/1928.

Moreira, António. O pintor Joaquim Lopes – A sua exposição de quadros no Salão Silva

Porto. Novidades, 21/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes, no Porto. Diário de Notícias, 22/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Notícias, 22/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Comércio do Porto, 24/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Janeiro, 25/04/1928.

Oliveira, Guedes de. O pintor Joaquim Lopes. janeiro, 25/04/1928.

194

Exposição Joaquim Lopes. Comércio do Porto, 28/04/1928.

Exposição de Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 28/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes, no Porto. Diário de Notícias, 29/04/1928.

Exposição Joaquim Lopes. Janeiro, 29/04/1928.

A exposição de Joaquim Lopes, no Salão Silva Porto. Jornal de Notícias, 29/04/1928.

Claudio e António. Do Porto. História dos 7 dias. Notícias Ilustrado, 29/04/1928.

A exposição das Bellas Artes. Sexta jornada: João Vaz. A Capital.

Exposição Joaquim Lopes. Jornal de Notícias.

Claudio e António. Do Porto. História dos 7 dias. Notícias Ilustrado, Nº 6, 06/05/1928.

Sempre Fixe, 10/05/1928.

Lacerda, Aarão de. A exposição de Joaquim Lopes no Salão Silva Pôrto. Ilustração

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Na Exposição de Sevilha. O Primeiro de Janeiro, 60º Ano, Nº 280, 06/12/1928 (quinta-

feira).

Os “Panneaux”. O Século no Porto, 24/12/1928 (segunda-feira).

A representação artística portuguesa na Exposição de Barcelona. Século, 1929.

Cadeira de Pintura nas Belas-Artes. Primeiro de Janeiro, 09/03/1929.

A vigésima sexta exposição de Belas Artes. Diário de Notícias, 25/04/1929.

Os Retratos da exposição anual da Sociedade Nacional de Belas Artes. O Povo,

25/04/1929.

A Pintura a óleo da exposição anual da Sociedade Nacional de Belas Artes. O Povo,

26/04/1929.

Joaquim Lopes. Diário de Lisboa, 30/04/1929.

Portela, Artur. A 26ª Exposição da Sociedade de Belas Artes. Diário de Lisboa,

30/04/1929.

Amorim, Guedes de. O pintor Joaquim Lopes. Os paineis que enviou para Sevilha.

ABC, Lisboa, 16/05/1929.

Sequeira, Matos. O Pavilhão português em Sevilha como expressão da actividade

comercial, industrial e artistica. O Século, 18/05/1929.

O painel «Justiça de D. Pedro I». Comércio do Porto, 27/07/1929.

Uma notável obra de arte. Diário de Notícias, 27/07/1929.

O painel «Justiça de D. Pedro I». O Comércio do Porto, 28/07/1929.

“Justiça de D. Pedro I”. Painel para a sala de audiências do Tribunal de Braga. Diário

do Minho, 03/08/1929.

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Artes Gráficas. Revista técnica. Ano I, Nº 1, janeiro-fevereiro de 1930.

Macedo, Diogo de. VII - O pintor Joaquim Lopes. Diário Popular, 14/03/1930.

Fra Angelico. Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 19/03/1930.

Joaquim Lopes. Jornal de Gaia, 1º Ano, Nº 29, Vila Nova de Gaia, 24/03/1930.

Freire, Paulo. Varias Notas. Jornal de Notícias, Lisboa, 14.

«Rafael Bordalo e a Ceramica das Caldas». A conferência da Srª D. Julieta Ferrão. O

Primeiro de Janeiro, 62º Ano, 12/04(?)/1930.

O Porto Dia-a-Dia. A Cidade. Junta Geral do Distrito. Diário de Notícias, 28/03/1931.

À memória de António Carneiro. Uma exposição e uma conferência educativas. O

Comércio do Porto, 26/04/1931 (domingo).

A exposição póstuma de António Carneiro. O Primeiro de Janeiro, 63º Ano, Nº 98,

26/04/1931.

Sequeira, Francisco Pereira de. I) A Exposição da Sociedade de Belas Artes no Salão

Silva Porto. A Voz, 16/05/1932.

Exposição da Sociedade de Belas Artes do Pôrto. Primeiro de Janeiro, 24/05/1932.

Joaquim Lopes. O Notícias Ilustrado, Nº 265, Série III, 09/07/1933.

A homenagem póstuma ao grande Pintor Artur Loureiro. Comércio do Porto,

11/07/1933.

No Museu Grão Vasco inaugurou-se uma sala consagrada ao artista Joaquim Lopes.

Diário da Manhã, 01/09/1933.

No Museu “Soares dos Reis”. O Primeiro de Janeiro, 65º Ano, 02/11/1933 (quinta-

feira).

Joaquim Lopes. Museu de Viseu. Notícias de Viseu, 11/1933.

Na Escola de Belas Artes. Quem será o futuro professor de pintura? Jornal de Notícias,

45º Ano, Nº 283, 17/11/1933 (sexta-feira).

Artistas e Escritores. Civilização, Nº 68, maio de 1934.

No Museu Soares dos Reis. Inauguração da saleta «Silva Porto». O Primeiro de

Janeiro, 66º Ano, Nº 128, 02/06/1934 (sábado).

Um pintor. Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 24/04/1935.

Joaquim Lopes. Pintor Impressionista. Jornal de Notícias, 25/04/1935.

Dois óleos de Joaquim Lopes. Os Retratos dos Presidentes da Republica e do Conselho.

Jornal de Notícias, Porto, 14/05/1935.

Escola de pintura ao ar livre. O Primeiro de Janeiro, 12/07/1935.

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O concurso de desenhos de o “Primeiro de Janeiro”. O Primeiro de Janeiro, 67º Ano,

Nº 171, 23/07/1935 (terça-feira).

Alvarez, Dominguez. O pintor Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 06/04/1936.

Celso. O pintor Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 30/08/1936.

Civilização, 9º Ano, Nº 92, setembro e outubro de 1936.

Para a nova secção de arte. Revista de Guimarães, Vol. XLVII, Números 1-2, janeiro-

junho de 1937.

Vieira, Sérgio Augusto. O pintor Joaquim Lopes. O Diabo, Lisboa, 14/02/1937.

Alvarez, Dominguez. O pintor Joaquim Lopes. Pensamento. Revista mensal de arte e

literatura, Nº 85, abril de 1937.

Sociedade de Belas Artes. Uma interessante exposição cuja abertura se realiza amanhã.

O Primeiro de Janeiro, 17/04/1937.

34ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. A Voz, 18/04/1937.

O Salão anual das Belas Artes é uma valiosa parada de valores. Diário de Lisboa,

18/04/1937.

O “Salon” de 1937. Diário Português, Rio de Janeiro, 18/04/1937.

O Salão Anual das Belas Artes. O Primeiro de Janeiro, 20/04/1937.

Sociedade Nacional de Belas Artes. A 34ª Exposição – Reuniu ontem o juri que

classificou vários trabalhos. Jornal de Notícias, 24/04/1937.

Pintor Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 24/04/1937.

Burity, Braz. A 34ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. Impressões de

conjunto. O Diabo, Lisboa, 26/04/1937.

Um quadro notável dum pintor portuense. O Comércio do Porto, 30/04/1937 (6ª feira).

Burity, Braz. Na 34ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. II – O

desabrochar do talento do professor Lopes, do Pôrto e o dó de peito de Mestre Almeida

e Silva, de Bigeu. O Diabo, Lisboa, 02/05/1937.

Uma vista de olhos pelo Salão de Belas Artes. Diário de Lisboa, 03/05/1937.

O pintor Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 10/05/1937.

A Exposição Anual das Belas Artes. Diário Português-Brasil, 23/05/1937.

Sol Nascente, Nº 9, 01/06/1937.

O Primeiro de Janeiro, 69º Ano, Nº 219, Porto, 12/08/1937 (quinta-feira).

Missão Estética de Férias. Cidade de Tomar, Ano III, Nº 127, 15/08/1937 (Domingo).

Esquecidos do mundo, um grupo de artistas vive e trabalha há quinze dias no convento

de Cristo. Diário de Lisboa, 28/08/1937.

197

Alvarez, Dominguez. Artistas que triunfam – Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, Porto,

27/12/1937.

Martins, Rocha. O Imaginário. O Comércio do Porto ilustrado, Natal de 1937.

Lacerda, Aarão de. 1937 – O Ano Artístico. Artes Plásticas. Os mais importantes

acontecimentos artísticos do ano (…). Comércio do Porto, 01/01/1938.

Exposição de trabalhos do estágio artístico no Convento de Cristo. A Voz, 19/01/1938.

Exposição de trabalhos dos artistas da Missão Estética de Férias. Diário de Lisboa,

19/01/1938.

Artes Plásticas. Exposição de trabalhos da 1ª Missão Estetica de Férias, patrocinada pela

Academia de Belas Artes. Diário de Notícias, 19/01/1938.

Os trabalhos dos estagiários da Missão Estetica de Ferias, em Tomar, expostos na

Sociedade Nacional de Belas Artes. O Século, 19/01/1938.

Pamplona, Fernando de. Exposição dos trabalhos da I Missão Estética de Férias –

Outras exposições. Diário da Manhã, 21/01/1938.

Retratos dos srs. General Carmona e dr. Oliveira Salazar. O Século, Porto, 13/05/1938

(6ª feira).

O pintor Joaquim Lopes. Diário de Notícias, Lisboa, 14/05/1938.

Inaugura-se amanhã uma nova sala no Museu de Arte Contemporanea dedicada aos

artistas chamados modernistas. Diário de Lisboa, 27/07/1938.

O Primeiro de Janeiro, 01/03/1939.

Foi hoje inaugurada pelo Chefe do Estado a 36ª exposição de Belas Artes. Diário de

Lisboa, 01/04/1939.

A 36ª exposição anual da Sociedade Nacional de Belas Artes (salão de Primavera).

Diário de Notícias, 01/04/1939.

É inaugurado amanhã o «Salon» na Sociedade Nacional de Belas Artes. O certame foi

visitado pela imprensa, sendo de encanto a impressão recebida. O Primeiro de Janeiro,

01/04/1939.

Salão da Primavera, recanto florido de Belas Artes. República, 01/04/1939.

Santos, Martins dos. 36ª exposição de pintura, escultura, arquitectura, desenho e gravura

na S. N. de Belas Artes. A Voz, 02/04/1939.

A Exposição da Sociedade Nacional de Belas-Artes. O Primeiro de Janeiro,

04/04/1939.

O Salão da Primavera. O Primeiro de Janeiro, 04/04/1939.

198

Morre em Viseu o Capitão Almeida Moreira, ilustre director do Museu de Grão-Vasco.

O Primeiro de Janeiro, 19/12/1939.

Distrito de Viseu, Nº 532, Série IV, 21/12/1939.

Em Tomar «Missão Estética». Jornal de Notícias, Porto.

A exposição anual da Sociedade de Belas Artes. Jornal de Notícias, Lisboa,

03/04/1940.

É inaugurada amanhã a Exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas-Artes.

Primeiro de Janeiro, Lisboa, 03/04/1940.

Santos, M. Arte & Artistas. XXXVII Exposição de Pintura, Aguarela, Desenho, Pastel,

Guache, Gravura e Escultura. A Voz, Lisboa, 04/04/1940.

A 37ª exposição anual da Sociedade Nacional de Belas Artes. Diário de Lisboa,

04/04/1940.

Imagens da 37ª exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes, Diário de Lisboa,

04/04/1940.

O Chefe do Estado inaugura hoje a 37ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas

Artes. O Século, Lisboa, 04/04/1940.

Foi inaugurada, sob a presidência do Chefe do Estado, a Exposição da Sociedade

Nacional de Belas-Artes. Primeiro de Janeiro, Lisboa, 04/04/1940.

Sempre Fixe, Lisboa, 04/04/1940.

A exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. O Primeiro de Janeiro, 05/04/1940.

A pintura no “Salão de 1940”. Notas impressivas sôbre vários trabalhos apresentados na

exposição anual da Sociedade de Belas Artes. República, Lisboa, 08/04/1940.

O pintor Joaquim Lopes. Sempre Fixe, Lisboa, 09/05/1940.

Inaugura-se hoje no Palácio de Cristal a exposição da Sociedade Nacional de Belas

Artes. Primeiro de Janeiro, 18/05/1940.

A exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. Primeiro de Janeiro, 19/05/1940.

A Missão Estética de Férias. O Primeiro de Janeiro, 01/08/1940.

IV Missão Estética de Férias. A Aurora do Lima, Viana, 02/08/1940.

A Missão Estética de Férias. Primeiro de Janeiro, 02/08/1940.

Encontra-se já em Viana a IV Missão Estética de Férias. Notícias de Viana, Viana,

03/08/1940.

IV Missão Estética de Férias. Diário da Manhã, 05/08/1940.

Viana do Castelo. Primeiro de Janeiro, 17/08/1940.

A Missão Estética de Férias em Viana do Castelo. Primeiro de Janeiro, 20/08/1940.

199

A Missão Estética de Férias em Viana do Castelo. Primeiro de Janeiro, 28/08/1940.

Diário da Manhã, 31/08/1940.

Missão Estética de Férias. O Primeiro de Janeiro, 02/09/1940.

Missão Estética. O Século em Viana do Castelo, 03/09/1940 (terça-feira).

Missão Estética de Férias. Janeiro, 04/09/1940.

Notas à-tôa. A Aurora do Lima, Viana do Castelo, 06/09/1940.

Viana do Castelo. Pintura seiscentista. Diário da Manhã, 06/09/1940.

Notas de Arte. Notícias de Viana, Viana, 07/09/1940.

Missão Estética de Férias. Janeiro, 10/09/1940.

Diário de Viana. O Comércio do Porto, 15/09/1940.

IV Missão Estética de Férias. Notícias de Viana, Viana, 21/09/1940.

O Comércio do Porto, 22/09/1940.

IV Missão Estética de Férias. Aurora do Lima, Viana, 24/09/1940.

Em Viana do Castelo é inaugurada hoje a Exposição de trabalhos da IV Missão Estética

de Férias. Primeiro de Janeiro, Porto, 24/09/1940.

A IV Missão Estética de Férias concluiu os seus trabalhos em Viana do Castelo. Uma

exposição de télas e uma conferencia. Jornal de Notícias, Porto, 25/09/1940.

“Do Regionalismo ao Nacionalismo na Arte”. Primeiro de Janeiro, Porto, 25/09/1940.

O encerramento dos trabalhos da IV Missão Estética de Férias. Diário de Notícias,

Lisboa, 26/09/1940.

Carta de Viana. Jornal de Notícias, Porto, 26/09/1940.

Carta de Viana do Castelo. IV Missão Estética de Férias. Novidades, Lisboa,

26/09/1940.

A exposição de trabalhos da IV Missão Estética de Férias, realizada em Viana do

Castelo, foi um acontecimento citadino. O Século, Lisboa, 26/09/1940.

Lúcio. A IV Missão Estética de Férias. Aurora do Lima, 27/09/1940.

Os trabalhos da IV Missão Estética. Notícias de Viana, Viana, 29/09/1940.

Missão Estetica de Férias. O Século em Viana do Castelo, 03/10/1940 (quinta-feira).

Notas à-tôa. A Aurora do Lima, Viana, 04/10/1940.

Carta de Viana. Várias Notícias. Jornal de Notícias, 04/10/1940.

Diário de Viana. Um lindo quadro. O Comércio do Porto, 04/10/1940.

IV Missão Estética de Férias. Um Quadro Notavel do pintor Joaquim Lopes. Notícias de

Viana, Viana, 05/10/1940.

Missão Estetica de Ferias. O Primeiro de Janeiro, 08/10/1940.

200

Uma Obra de Arte. O Primeiro de Janeiro, 11/10/1940.

Mais um quadro admiravel de Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 12/10/1940.

Notas de Arte. Notícias de Viana, 12/10/1940.

Exposição dos trabalhos realizados na IV missão estetica de Férias. O Primeiro de

Janeiro, 13/10/1940.

Trabalhos da IV Missão Estética de férias, em Viana do Castelo. A Esfera, Lisboa,

20/10/1940.

Camara Municipal. O Primeiro de Janeiro, 20/10/1940.

A exposição de trabalhos da 4ª missão estetica de ferias. Diário de Lisboa, 02/12/1940.

Os estudos da IV Missão Estética de Férias realizados em Viana do Castelo estão

patentes na Sociedade de Belas Artes. República, 02/12/1940.

Sequeira, Matos. Exposição da 4ª Missão Estética de Férias, organizada pela Academia

Nacional de Belas Artes, na S. N. B. A. O Século, 03/12/1940.

Viana do Castelo motivo de beleza plástica e decorativa. Diário de Lisboa, 05/12/1940.

A Exposição da Missão Estética de Férias, constitue um verdadeiro sucesso. Primeiro

de Janeiro, 07/12/1940.

Exposição da IV Missão Estética de Férias. Diário da Manhã, Lisboa, 13/12/1940.

Movimento a favor da família do saudoso mestre pintor Artur Loureiro. Diário de

Notícias, 10/01/1941.

Movimento a favor da família do falecido pintor Artur Loureiro. O Século no Porto,

13/01/1941 (?) (segunda-feira).

A favor da família do saudoso pintor Artur Loureiro. O Primeiro de Janeiro,

14/01/1941.

Um acto de inteira justiça prestado á memória do grande pintor Artur Loureiro. O

Comércio do Porto, 15/01/1941.

Cruz Caldas expõe… e expõe-se! O Primeiro de Janeiro, 25/02/1941.

Bibliografia. «Os Lusíadas», de Luís de Camões. O Comércio do Porto, 25/03/1941.

A exposição anual da Sociedade de Belas Artes é muito superior áquelas que se têm

realizado ultimamente. Diário de Lisboa, 25/04/1941.

A Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes. O Primeiro de Janeiro,

25/04/1941.

Foi ontem visitado pela imprensa o salão anual da Sociedade de Belas Artes, que hoje é

inaugurado pelo Sr. Pres. Da Rèpública. Jornal de Notícias, 26/04/1941.

201

O 38º Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes que hoje se inaugura. O Diário de

Notícias, 26/04/1941.

Inaugura-se hoje, na Sociedade de Belas-Artes, o «Salon» de 1941, com a assistência do

Chefe do Estado e elemento oficial. O Primeiro de Janeiro, 26/04/1941.

A 38ª Exposição de Pintura da Sociedade Nacional de Belas Artes será hoje inaugurada

pelo Sr. Pres. da Republica e por membros do Govêrno. O Século, 26/04/1941.

O Salão da Primavera de 1941. República, 26/04/1941.

A 38ª Exposição Anual da S. N. B. A. Novidades, 27/04/1941.

Foi ontem inaugurada a XXXVIII Exposição Anual de Pintura, Desenho e Escultura,

organizada pela Sociedade Nacional de Belas Artes. Novidades, 27/04/1941.

O 38º Salão da Sociedade Nacional de Belas Artes foi inaugurado, ontem, pelo Chefe

do Estado. O Comércio do Porto, 27/04/1941.

Almeida, Fausto de. Museu Municipal. Notícias da Figueira, 02/08/1941.

O Primeiro de Janeiro, 08/08/1941.

Notícias de Viana, 15/08/1941.

Araújo, José Rosa de. Notícias de Viana, 06/09/1941.

Notícias de Viana. O Século, 07/09/1941.

Politica de Espirito. Jornal de Notícias, 28/09/1941.

Mestre Joaquim Lopes. A Aurora do Lima, 03/10/1941.

Soltos. Notícias de Viana, 04/10/1941.

Diário de Viana. O Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 15/10/1941.

Exposição de quadros. O Primeiro de Janeiro, 15/10/1941.

Diário de Viana. Exposição de quadros. O Primeiro de Janeiro, 16/10/1941.

A exposição do Mestre Joaquim Lopes. Aurora do Lima, Viana, 17/10/1941.

Araújo, José Rosa de. Mestre Joaquim Lopes voltou a expor. Notícias de Viana,

18/10/1941.

Vida Artística. Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 23/10/1941.

Arquitecto Marques da Silva. Almoço de confraternização. O Barcelense, Ano 31, Nº

1595, 25/10/1941 (sábado).

A Arte no Alto-Minho pelos templos e galerias particulares. (Do interessantíssimo

relatório da IV Missão Estética de Férias, pela especial gentileza do seu Autor, vamos

publicar as partes referentes às obras de arte existentes no distrito). A Aurora do Lima,

ano 86, Viana do Castelo, 07/11/1941.

Como se educam futuros artistas. O Primeiro de Janeiro, 08/11/1941.

202

Exposição de trabalhos de Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 16/11/1941.

Exposição Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 16/11/1941.

Exposição Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 16/11/1941.

Exposição Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, Ano 73, Nº 315, 17/11/1941

(segunda-feira).

Vida Artística. Exposição Joaquim Lopes. Janeiro, 20/11/1941.

Azevedo, Narciso de. O Pintor Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 20/11/1941.

Exposição de quadros do mestre pintor Joaquim Lopes. O Século No Porto, 20/11/1941

(quinta-feira).

Jardim, Aurora. Exposição Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 21/11/1941.

Exposição Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 21/11/1941.

Mestre Joaquim Lopes inaugurou ontem uma brilhante exposição de pintura. O

Primeiro de Janeiro, 21/11/1941.

A Exposição do Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 23/11/1941.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 23/11/1941.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 24/11/1941.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 25/11/1941.

Azevedo, Narciso de. Numa Exposição de Pintura. O Primeiro de Janeiro, 26/11/1941.

Sequeira, Francisco Pereira de. Exposição de Joaquim Lopes no Salão Silva Pinto. A

Voz, 27/11/1941.

Exposição do Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 27/11/1941.

Exposição de Pintura de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 27/11/1941.

Encerra-se amanhã, no Silva Pôrto a admirável exposição do Mestre Joaquim Lopes.

Jornal de Notícias, 29/11/1941.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 29/11/1941.

Morais, Carlos de. Exposição de pintura do Mestre Joaquim Lopes no Salão Silva Porto.

Defesa de Espinho, 30/11/1941.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 30/11/1941.

Exposição Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 30/11/1941.

Encerra-se hoje a exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro,

30/11/1941.

Vieira, Sérgio Augusto. Joaquim Lopes expôs. Democracia do Sul, Évora, 06/12/1941.

Mestre Joaquim Lopes. O Minhoto, Valença, 07/12/1941.

Vida Mundial Ilustrada, 18/12/1941.

203

Ferreira, Mota. O Mestre Joaquim Lopes. O Comércio, Lisboa, 25/12/1941.

Bibliografia, «Rimas, Autos e Cartas» de Luís de Camões. O Comércio do Porto,

31/12/1941.

O Pintor António Carneiro. Palestra por Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias,

04/02/1942.

Conferências. «O Pintor António Carneiro». O Primeiro de Janeiro, 05/02/1942.

António Carneiro evocado pelo pintor Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 07/02/1942.

Conferências. Na Escola de Belas Artes do Pôrto. O Primeiro de Janeiro, 07/02/1942.

O Salão da Primavera que amanhã é inaugurado, em Lisboa, pelo Chefe do Estado foi

ontem visitado pelos jornalistas, reunindo uma excelente colaboração dos artistas

portuenses. Jornal de Notícias, 10/04/1942.

Arte e Artistas. A Voz, 11/04/1942.

O que se vê na Exposição anual das Belas Artes. República, 12/04/1942.

Salão da Primavera em Lisboa. Breves Notas Impressivas sobre os trabalhos expostos.

O Primeiro de Janeiro, 15/04/1942.

Apontamentos impressivos do “Salão da Primavera”. O Primeiro de Janeiro, Porto,

29/04/1942.

Exposição «Salão da Primavera». O Primeiro de Janeiro, 30/04/1942.

Catálogo Cómico nas Belas Artes. Sempre Fixe, Ano 16, Lisboa, 30/04/1942 (quinta-

feira).

O «Salão da Primavera». Diário de Lisboa, 10/05/1942.

Joaquim Lopes. O Minhoto, 22º Ano, Nº 26, Valença, 23/08/1942.

Mestre Joaquim Lopes. O Minhoto, Valença, 13/09/1942.

Vieira, Sérgio Augusto. Notas biográficas para estudo do Pintor Dominguez Alvarez.

Democracia do Sul, 04/10/1942.

O Primeiro de Janeiro, Ano 75, Nº 1, 01/01/1943 (sexta-feira).

A Arte e a Crítica. Jornal de Notícias, Porto, 15/01/1943.

Vieira, Sérgio Augusto. O pintor Dominguez Alvarez. Democracia do Sul, Ano 42º, Nº

7606, Évora, 30/01/1943.

O Pintor Paisagista Soares Lopes. O Primeiro de Janeiro, 03/02/1943 (quarta-feira).

Garibáldi, A. “Seara Alheia…”. Ecos de Sintra, Ano 8, Número 338, 03/03/1943.

Missão Estética de Férias a Bragança. O Primeiro de Janeiro, 23/04/1943.

Salão da Primavera. Pintura e Escultura. A Voz, Lisboa, 24/04/1943.

Abriu hoje o “Salão da Primavera”. República, Lisboa, 24/04/1943.

204

Salão da Primavera. O Primeiro de Janeiro, 04/05/1943.

Catálogo cómico. 40ª Exposição. Sempre Fixe, Ano 17, Lisboa, 06/05/1943 (quinta-

feira).

Missão Estética de Férias. O Primeiro de Janeiro, 17/06/1943.

Missão Estética de Férias. O Primeiro de Janeiro, 08/07/1943.

Estão em Bragança a fazerem o seu estágio os membros da VII missão Estética de

Férias. O Comércio do Porto, 02/08/1943.

A População bragançana acolheu jubilosamente os artistas da “7ª Missão stética de

Férias”. O Primeiro de Janeiro, 04/08/1943.

A VII Missão Estetica de Ferias. Diário de Notícias, Lisboa, 09/08/1943.

“VII Missão stética de Férias”. Jornal de Notícias, 09/08/1943.

De Bragança. A VII Missão Estetica de Ferias. Jornal de Notícias, Porto, 02/09/1943.

De Bragança. A Missão Estética de Férias. O Comércio do Porto, 02/09/1943.

Notícias de Bragança. O Comércio do Porto, 02/09/1943.

Missão estética de férias. Diário de Notícias, 03/09/1943.

Missão Estética. A Aurora do Lima, Viana, 07/09/1943.

A “Missão stética” em Bragança. O Primeiro de Janeiro, 10/09/1943.

A “Missão stética de Ferias”, em Bragança. O Primeiro de Janeiro, 26/09/1943.

A «Missão Estética de Férias», em Bragança. Aurora do Lima, Viana do Castelo,

28/09/1943.

Terminou ontem a estadia na cidade de Bragança da VII Missão Estética de Férias. O

Comércio do Porto, 29/09/1943.

Em Bragança. Foi encerrada com uma brilhante sessão a VII Missão Estética de Férias.

Jornal de Notícias, Porto, 30/09/1943.

VII Missão Estética de Férias em Bragança. Jornal de Notícias, 30/09/1943.

Em Bragança, encerrou-se a 7ª Missão Estética de Férias com uma sessão solene,

conferência e inauguração de trabalhos de artes. O Primeiro de Janeiro, 01/10/1943.

A 7ª Missão de Férias. Encerramento da Exposição dos trabalhos dos seus componentes

em Bragança. Diário de Notícias, Lisboa, 03/10/1943.

VII Missão Estética de Férias. O Comércio do Porto, 10/10/1943.

7ª Missão Estética de Férias. O Primeiro de Janeiro, 10/10/1943.

A VII Missão Estética de Férias em Bragança. Mensageiro de Bragança, Ano IV, Nº

92, 15/10/1943.

Um belo Salão de pintura na S. N. de B. A. Diário de Lisboa, 04/12/1943.

205

A exposição dos trabalhos da 7ª Missão Estética de Férias foi esta tarde inaugurada na

Sociedade de Belas Artes. República, 04/12/1943.

VII Missão Estetica de Ferias. A Voz, 05/12/1943.

A Exposição da 7ª Missão Estética de Férias foi ontem inaugurada pelo Ministro da

Educação Nacional. Diário da Manhã, 05/12/1943.

Exposição da 7ª Missão Estética de Férias – Na S. N. de Belas-Artes. Diário de

Notícias, 05/12/1943.

VII Missão Estética de Férias. Diário Popular, 05/12/1943.

A VII Missão Estética de Férias. O Comércio do Porto, 05/12/1943.

O Sr. Ministro da Educação Nacional inaugurou, ontem, a Exposição da 7ª Missão

Estética de Férias, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa. O Primeiro de

Janeiro, 05/12/1943.

A Exposição da VII Missão Estética de Férias organizada pela Academia Nacional de

Belas Artes. O Século, 05/12/1943.

O Sr. Pres. da República inaugura, hoje, em Lisboa, na Sociedade de Belas Artes o

“Salão de Inverno”. Jornal de Notícias, 30/12/1943.

«Salão de Inverno» na S. N. de Belas Artes. A Voz, 31/12/1943.

A inauguração oficial do “Salão de Inverno” realizou-se ontem. Diário da Manhã,

31/12/1943.

O Salão de Inverno da S. N. de Belas Artes foi ontem solenemente inaugurado. Diário

de Notícias, 31/12/1943.

Inaugurou-se, ontem, na Sociedade Nacional de Belas Artes o Salão Anual de 1943. O

Comércio do Porto, 31/12/1943.

O Salão de Inverno foi inaugurado ontem por um representante do Chefe do Estado. O

Primeiro de Janeiro, 31/12/1943.

Foram classificados os trabalhos expostos no Salão de Inverno da S. N. de Belas Artes

ontem inaugurado pelo representante do Chefe do Estado. O Século, 31/12/1943.

O Salão de Inverno. O Primeiro de Janeiro, 11/01/1944.

Gusmão, Adriano de. Na S.N.B.A. O Salão de Inverno. Seara Nova, 15/01/1944.

Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 04/05/1944.

Portela, Artur. O Salão da Primavera na Sociedade de Belas Artes. Diário de Lisboa,

10/05/1944.

Salão de Primavera de Pintura e Escultura. A Voz, Lisboa, 11/05/1944.

206

Portela, Artur. O Salão da Primavera. A exposição anual das Belas Artes foi hoje

inaugurada pelo Chefe do Estado. Diário de Lisboa, Lisboa, 11/05/1944.

Pinto, Augusto. Artes Plásticas. 41ª Exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas

Artes – Salão da Primavera. Diário de Notícias, 11/05/1944.

Marques, Alfredo. O Chefe do stado inaugura hoje o “Salão Primavera” que ontem foi

visitado pela imprensa. Jornal de Notícias, 11/05/1944.

A XLI Exposição de Pintura e Escultura – Salão da Primavera – inaugura-se hoje. O

Século, 11/05/1944.

Marques, Alfredo. Foi hoje inaugurado o “Salão da Primavera”. Impressões gerais sôbre

a representação da pintura a óleo. República, Lisboa, 11/05/1944.

Pamplona, Fernando. O Salão da Primavera foi ontem inaugurado pelo Chefe do

Estado. Diário da Manhã, 12/05/1944.

Na S. N. de Belas Artes. O Salão da Primavera foi inaugurado ontem pelo Presidente da

Republica. Diário de Notícias, 12/05/1944.

A escultura no “Salão da Primavera”. República, 12/05/1944.

O salão da Primavera. A Voz, 15/05/1944.

Pacheco, Óscar (?). Cronica da Capital. Belas Artes. O Comércio do Porto, 15/05/1944.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 16/05/1944.

Salão de Primavera. A Voz, 17/05/1944.

Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 17/05/1944.

Salão da Primavera. O Primeiro de Janeiro, 19/05/1944.

«Salão da Primavera». Nota sumária e impressiva sôbre alguns dos trabalhos expostos.

O Primeiro de Janeiro, 19/05/1944.

Taborda, A. O Salão da Primavera. O Século Ilustrado, 20/05/1944.

Exposição de Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 21/05/1944.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 21/05/1944.

Exposição de Arte. O Diário de Notícias, 22/05/1944.

Exposição de Pintura de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 22/05/1944.

Mestre Joaquim Lopes inaugurou a sua exposição. O Século, 23/05/1944.

Exposição do Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 24/05/1944.

O Pintor Joaquim Lopes no Salão Silva Porto. Jornal de Notícias, 25/05/1944.

Exposição de Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 25/05/1944.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 25/05/1944.

O Salão “da Primavera” vista pelo fotografo. O Século Ilustrado, 27/05/1944.

207

Exposição de Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 01/06/1944.

Exposição de mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 02/06/1944.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 02/06/1944.

Os premios «Silva Porto» e «Soares dos Reis» foram ontem atribuidos. Diário de

Notícias, 18 (?)/06(?)/1944.

Santos, Manuel dos. Mestre Joaquim Lopes no «Salão da Primavera». Domingo,

Lisboa, 25/06/1944.

O X «Salon» do Estoril. O Primeiro de Janeiro, 26/08/1944.

A Francisco Valença, Alfredo de Morais e Manuel Monterroso foi ontem oferecido um

almoço de homenagem. Jornal de Notícias, 10/12/1944.

Nas Belas-Artes 200 obras e 60 artistas nas paredes do «Salão de Inverno». Diário de

Lisboa, 15/12/1944.

10ª Exposição de Aguarelas e Desenhos (Salão de Inverno) – na Sociedade Nacional de

Belas-Artes. Diário de Notícias, 16/12/1944.

O «Salão de Inverno» que é hoje inaugurado pelo Chefe do Estado foi visitado pelos

jornalistas. Jornal de Notícias, 16/12/1944.

Araújo, José Rosa de. O Quadro da Misericórdia. Notícias de Viana, 17/12/1944.

O «Salão de Inverno» foi ontem inaugurado pelo Chefe do Estado. O Primeiro de

Janeiro, 17/12/1944.

Salão de inverno X Exposição 1944. O Primeiro de Janeiro, 27/12/1944.

Crónica da Capital. O Comércio do Porto, 28/12/1944.

O Primeiro de Janeiro, Ano 77, Nº1, 01/01/1945 (segunda-feira).

O Salão da Primavera abriu hoje nas Belas Artes. Diário de Lisboa, 07/04/1945.

A 42ª Exposição de Pintura e de Escultura (Salão de Primavera) na S. N. de Belas Artes.

Diário de Notícias, 07/04/1945.

Salão da Primavera. O Primeiro de Janeiro, 07/04/1945.

Nota impressiva dos trabalhos do Salão da Primavera. O Primeiro de Janeiro,

08/04/1945.

O Conservatório de Música, o Museu Soares dos Reis e a Escola de Belas Artes foram

visitados pelo Sub-Secretário da Educação Nacional. Jornal de Notícias, 08/06/1945.

Escola de Belas Artes. Jornal de Notícias, 11/11/1945.

Escola de Belas Artes do Pôrto. O Comércio do Porto, 11/11/1945.

Escola de Belas do Pôrto. O Primeiro de Janeiro, 11/11/1945.

208

O titular da cadeira de urbanística da Escola de Belas Artes do Porto deu a sua primeira

lição. O Comércio do Porto, 13/11/1945.

Na Escola de Belas-Artes do Pôrto. O Primeiro de Janeiro, 13/11/1945.

Como vivem e trabalham os artistas do Pôrto. O Século Ilustrado, 17/11/1945.

Exposição colectiva no Salão Silva Pôrto. O Comércio do Porto, 04/12/1945.

Exposição de Artes Plásticas. O Primeiro de Janeiro, 04/12/1945.

11º Salão de Inverno. Na S. N. de Belas Artes. Diário de Notícias, 20/12/1945.

Salão de Inverno. O Primeiro de Janeiro, 23/12/1945.

Ainda o Salão de Inverno. O Primeiro de Janeiro, 01/01/1946.

A XII exposição de desenho e aguarela no palácio de Belas Artes. Diário de Lisboa,

14/12/1946.

Na Escola de Belas Artes foram distribuídos prémios aos alunos mais classificados.

Jornal de Notícias, 20/12/1946.

Na Escola de Belas Artes do Porto foi feita a distribuição de prémios aos alunos.

Primeiro de Janeiro, 20/12/1946.

Salão de Inverno. Primeiro de Janeiro, 23/12/1946.

Casa-Museu Teixeira Lopes. O Comércio do Porto, 01/01/1947.

Lacerda, Aarão de. O Ano Artístico. O Comércio do Porto, 01/01/1947.

Visitas ministeriais. Diário de Notícias, 18/02/1947.

O sr. Ministro da Educação Nacional esteve na Escola de Belas Artes e no Palacete do

Campo Alegre. Jornal de Notícias, 18/02/1947.

O ministro da Educação Nacional. O Comércio do Porto, 18/02/1947.

O Sr. Ministro da Educação Nacional visitou a Escola de Belas Artes do Porto. O

Primeiro de Janeiro, 18/02/1947.

O Sr. ministro da Educação visitou a Escola de Belas Artes. O Século, 18/02/1947.

Muita paisagem pouca figura e rara composição no Salão da Primavera. Diário de

Lisboa, 12/04/1947.

O Salão da Primavera foi inaugurado pelo Chefe do Estado, na Sociedade de Belas

Artes. O Primeiro de Janeiro, 13/04/1947.

O Salão de Inverno. Uma exposição pouco substancial onde há, no entanto, obras de

relevo. Diário de Lisboa, 13/12/1947.

Salão de Inverno. O Primeiro de Janeiro, 19/12/1947.

O Primeiro de Janeiro, Ano 80º, Nº 1, 01/01/1948 (quinta-feira).

209

Consagrada a Soares dos Reis inaugurou-se nas Belas Artes a exposição do Grupo de

Artistas Portugueses. Diário de Lisboa, 20/03/1948.

As Festas do «Maio florido». O Primeiro de Janeiro, 15/05/1948.

A grande exposição da Sociedade de Belas Artes inaugurou-se hoje. Diário de Lisboa,

10/07/1948.

Portela, Artur. O Salão de Inverno nas Belas Artes. Diário de Lisboa, 11/12/1948.

O salão de Inverno nas Belas Artes. O Comércio do Porto, 14/12/1948.

A visita dos alunos da Faculdade Nacional de Arquitectura do Brasil. O Século no

Porto, 24/02 (quinta-feira).

Estudantes brasileiros de arquitectura visitam o Porto. Jornal de Notícias, 25/02/1949.

Chegaram, ontem, ao Porto, tendo sido recebidos nos Paços do Concelho, os estudantes

brasileiros de arquitectura que, desde há dias, estão em Portugal. O Comércio do Porto,

25/02/1949.

Os Estudantes Brasileiros de Arquitectura – que visitam hoje Viana do Castelo, Braga e

Guimarães – chegaram ontem a esta cidade, tendo o chefe dessa missão cultural

proferido, na Escola de Belas Artes do Porto, uma prelecção magistral. O Primeiro de

Janeiro, 25/02/1949.

Constroem-se activamente os novos pavilhões da Escola de Belas Artes do Porto.

Diário da Manhã, Lisboa, 07/03/1949.

Nobre, Roberto. Um pouco de trovoada num Salão de Primavera. O Primeiro de

Janeiro, 27/04/1949 (quarta-feira).

Seguiu para a Galiza uma excursão de alunos da Escola de Belas Artes. Jornal de

Notícias, 02/06/1949.

O artista Joaquim Vitorino Ribeiro é hoje evocado numa conferência do mestre Joaquim

Lopes. Diário do Norte, 20/07/1949.

O mestre Joaquim Lopes fez uma conferência sobre o pintor Joaquim Vitorino Ribeiro.

O Século, 21/07/1949.

Montês, António. “As Mordomas” de Mestre Joaquim Lopes. Boletim da CP, Ano 21º,

Nº 244, outubro de 1949.

Um monumento a Silva Porto no Jardim de São Lázaro será inaugurado em 1950, em

comemoração do primeiro centenário do nascimento do grande Artista. Diário do Norte,

Porto, 10/11/1949.

Na Escola de Belas-Artes do Porto. Uma notável conferência do escultor espanhol D.

Federico Marés Deulovol. O Primeiro de Janeiro, 03/12/1949.

210

O pintor portuense Joaquim Vitorino Ribeiro. O Primeiro de Janeiro, 22/12/1949.

«O pintor portuense Joaquim Vitorino Ribeiro» pelo professor Joaquim Lopes no

Museu de Etnografia e História do Douro Litoral. O Comércio do Porto, 23/12/1949.

Conferências. Joaquim de Vasconcelos e o Românico em Portugal. Jornal de Notícias,

15/02/1950.

Na Escola de Belas Artes do Porto. O Primeiro de Janeiro, 15/02/1950.

Para comemorar o centenário da descoberta do betão armado realizou-se, ontem, uma

sessão solene na Escola de Belas Artes do Porto. O Comércio do Porto, 18/02/1950.

Na Escola de Belas Artes do Porto. O Primeiro de Janeiro, Porto, 18/02/1950.

O ensino artístico nas escolas primárias foi o tema de uma palestra do Mestre Joaquim

Lopes a centenas de professores. Diário do Norte, 25/03/1950 (sábado).

Dezenas de escritores, poetas, escultores e pintores de todo o país associaram-se, ontem,

em Vila Nova de Famalicão ao acto inaugural da glorieta que perpetua, no granito e no

bronze, o nome de Júlio Brandão. O Comércio do Porto, Ano XCV, Nº 90, 03/04/1950

(segunda-feira).

A vida e a obra de Júlio Brandão foram ontem enternecidamente evocadas na sua terra

natal – Vila Nova de Famalicão –, onde se inaugurou um monumento à memória deste

insigne escritor. O Primeiro de Janeiro, Ano 82º, Nº 90, 03/04/1950.

Nobre, Roberto. A XLVII Exposição Anual da Sociedade Nacional de Belas Artes. O

Primeiro de Janeiro, 03/05/1950 (quarta-feira).

O Centenário de Silva Porto. Jornal de Notícias, 29/10/1950.

Silva Porto. O Comércio do Porto, 11/11/1950.

Conferência na Assembleia Barcelense pelo Ilustre Mestre Joaquim Lopes. O

Barcelense, Ano 41, Nº 2087, 07/04/1951.

A Visita do Ministro das Obras Públicas. Jornal de Notícias, 28/04/1951.

Visita ministerial ao Porto. O Comércio do Porto, 28/04/1951.

O Ministro das Obras Públicas na Capital do Norte. O Diário de Notícias, 28/04/1951

(sábado).

O acto da entrega – pelo ministro das Obras Públicas ao subsecretário da Educação

Nacional – do novo edifício do Liceu Feminino Carolina Michaëlis. O Primeiro de

Janeiro, 28/04/1951.

O Liceu Carolina Michaëlis. O Século, 28/09/1951.

«A Arte da Iluminura» por D. Lucas Teixeira. O Primeiro de Janeiro, Porto,

19/03/1952.

211

VIII – Salão de Arte Contemporânea dos Artistas do Norte. O Comércio do Porto,

28/06/1952.

Mestre Joaquim Lopes pediu a demissão de professor da Escola de Belas Artes do

Porto. Diário de Lisboa, 21/07/1952.

Sérgio, Octávio. A Escola de Belas Artes. Joaquim Lopes – Carlos Ramos. O Norte

Desportivo, 31/07/1952.

Oliveira, A. Lopes de. O Impressionismo nas telas do Mestre Joaquim Lopes.

Novidades, 03/08/1952.

Nasceu, há um século, no Porto Mestre Artur Loureiro que honrou a arte da pintura e

prestigiou o nome de Portugal na Europa. O Comércio do Porto, 11/02/1953.

O Centenário do Nascimento de Mestre Artur Loureiro foi comemorado com uma

romagem à sepultura do saudoso pintor, e com uma solenidade na Escola Superior de

Belas Artes do Porto. O Comércio do Porto, 12/02/1953.

Solenidades comemorativas do centenário do nascimento de mestre Artur Loureiro. O

Primeiro de Janeiro, Porto, 12/02/1953.

O Salão da Primavera referente a 1952-53 abrange quatro salas repletas. Diário de

Lisboa, 04/05/1953.

Rápido itinerário crítico entre pinturas e esculturas no Salão da Primavera. Diário de

Lisboa, 12/04/1954.

Nobre, Roberto. 50º Salão da Primavera. Primeiro de Janeiro, 28/04/1954.

Mestre Joaquim Lopes recorda Columbano e as Missões Estéticas de Férias. Diário do

Norte, Ano VI, Nº 2033, Porto, 22/03/1955.

Torres, Pinheiro. Antero de Figueiredo e a sua mensagem artística. Diário do Norte,

Ano VI, Nº 2049, 07/04/1955 (quinta-feira).

Diário do Norte, Ano VI, Nº 2114, Porto, 13/06/1955 (segunda-feira).

Guerra, Oliveira. Mestre Joaquim Lopes. O Girassol, Ano XXXII, 3ª Série, Nº 7, julho

de 1955.

Diário de Viagens de Marques de Oliveira. Diário de Lisboa, 08/09/1955.

Bibliografia «Marques de Oliveira». O Primeiro de Janeiro, 18/01/1956.

Silva Porto, Pousão, Marques de Oliveira e João Ribeiro. Diário de Lisboa, 25/01/1956.

A descarga do bacalhau em plena Ribeira vista pelo mestre Joaquim Lopes. Diário da

Manhã, 10/03/1956.

212

Entrevistas a Joaquim Lopes.

“Se visse uma fada o que lhe pediria?”. Eva, Lisboa, 09/1942.

Missões Estéticas de Férias. 5 minutos de conversa com o Mestre Pintor Joaquim

Lopes. O Primeiro de Janeiro, 30/06/1943.

Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 18/08/1944.

Nogueira, Goulart. Mestre Joaquim Lopes fala da Arte. Diário do Norte, Porto,

21/08/1950.

A Escola de Belas Artes do Porto terá em breve um museu e uma sala de exposições

alem de um pavilhão de arquitectura – diz-nos Mestre Joaquim Lopes. Jornal de

Notícias, Porto, 20/01/1951.

Na Escola de Belas Artes vai ser inaugurado um novo pavilhão. Diário do Norte,

24/01/1951.

Barreto, Costa. Decadência? Inquérito. O Comércio do Porto, 15/05/1951.

Notícias póstumas sobre Joaquim Lopes.

Lucena e Vale. Notas e Comentários. Joaquim Lopes. Beira Alta. Arquivo Provincial.

Ano XV, Nº 1, 1956.

A morte de Joaquim Lopes tarja de luto a Arte Nacional. Diário do Norte, 26/03/1956.

Morreu Joaquim Lopes pintor ilustre e professor da Escola de Belas-Artes. Jornal de

Notícias, 26/03/1956.

Última hora. Faleceu Mestre Joaquim Lopes. Novidades, 26/03/1956 (segunda-feira).

Mestre Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 26/03/1956.

Faleceu ontem Mestre Joaquim Lopes ilustre professor e pintor de arte. O Primeiro de

Janeiro, 26/03/1956.

Correio do Minho, 27/03/1956.

Necrologia. Falecimentos. Mestre Joaquim Lopes. Diário da Manhã, 27/03/1956.

Necrologia. O funeral do Prof. Joaquim Lopes. Diário do Norte, 27/03/1956.

Mestre Joaquim Lopes. Realiza-se hoje o seu funeral. O Primeiro de Janeiro,

27/03/1956.

Lutuosa. Professor Joaquim Lopes. Diário de Notícias, 28/03/1956.

Funerais. Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 28/03/1956.

O funeral de Mestre Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 28/03/1956.

Mestre Joaquim Lopes. O seu funeral foi expressiva manifestação de sentimento. O

Primeiro de Janeiro, 28/03/1956.

213

A obra de mestre Joaquim Lopes. Diário de Lisboa, 29/03/1956.

Costa, Sousa. Joaquim Lopes – Mestre Pintor, lição de amigos. O Primeiro de Janeiro,

11/04/1956.

Sérgio, Octávio. O Pintor Joaquim Lopes e a sua notabilíssima acção no meio artístico

portuense. O Norte Desportivo, 12/04/1956.

Alves, João. «Morreu o Homem» Professor Joaquim Lopes. Jornal de Notícias,

11/05/1956.

Ferreira, Jaime. Além de professor e pintor o Mestre Joaquim Lopes a quem a Escola de

Belas Artes vai prestar homenagem póstuma evidenciou-se como um dos maiores

amigos das artes e dos artistas. O Norte Desportivo, 27/05/1956.

Exposição póstuma, de homenagem a Mestre Joaquim Lopes. O Comércio do Porto,

05/06/1956.

A Escola Superior de Belas Artes do Porto vai prestar homenagem póstuma a mestre

Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 05/06/1956.

Uma exposição postuma de obras de mestre Joaquim Lopes na Escola de Belas-Artes. O

Século no Porto, 07/06/1956 (quinta-feira).

Exposição de trabalhos de Joaquim Lopes. 07/06/1956.

A exposição de trabalhos do mestre Joaquim Lopes. Diário de Lisboa, 08/06/1956.

Exposição de obras de mestre Joaquim Lopes. Diário de Notícias, 08/06/1956.

Homenagem póstuma a Mestre Joaquim Lopes. Diário do Norte, 08/06/1956.

A Exposição de alguns trabalhos de Joaquim Lopes foi ontem inaugurada. Jornal de

Notícias, 08/06/1956.

Na Escola Superior de Belas Artes foi inaugurada uma exposição póstuma de

homenagem ao mestre Joaquim Lopes. O Comércio do Porto, 08/06/1956.

Na Escola de Belas-Artes do Porto foi ontem inaugurada a exposição póstuma de

Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 08/06/1956.

Vida Artística. A exposição retrospectiva da homenagem a Mestre Joaquim Lopes. O

Primeiro de Janeiro, 10/06/1956.

Homenagem a mestre Joaquim Lopes. Sempre Fixe, 13/06/1956.

Mestre Joaquim Lopes. Jornal de Notícias, 14/06/1956.

Regueiro, A. Braz. Mestre Joaquim Lopes. Notícias de Coura, Ano I, Nº 6, 15/06/1956.

Escola de Belas-Artes do Porto. Jornal de Notícias, 16/06/1956.

Vida Artística. Exposição de quadros de Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro,

16/06/1956.

214

Vida Artística. Exposição de quadros de Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro,

17/06/1956.

Sousa, Alberto. Mestre Joaquim Lopes. A sua exposição retrospectiva na Escola

Superior de Belas-Artes. Primeiro de Janeiro. Folha das Artes e Letras, 20/06/1956.

Sousa, Alberto de. A exposição póstuma de Mestre Joaquim Lopes. O Homem, o

Pintor, o Mestre. Novidades, 15/07/1956.

Real, André. Mestre Joaquim Lopes – uma vida toda devotada à arte. Diário de

Notícias, 19/07/1956.

Real, André. Mestre Joaquim Lopes. Uma vida toda devotada à arte. Voz de Portugal,

05/08/1956.

Ronda. O Comércio do Porto, 14/08/1956.

Museu de Arte de Viana do Castelo. O Primeiro de Janeiro, 15/08/1956.

As Festas da Agonia estão a decorrer com grande brilho. Diário de Notícias,

18/08/1956.

Inauguração das novas instalações do Museu Regional. Jornal de Notícias, 18/08/1956.

O Comércio do Porto, 18/08/1956.

A inauguração das exposições. O Primeiro de Janeiro, 18/08/1956.

A Escola Superior de Belas Artes prestou homenagem póstuma ao mestre Joaquim

Lopes. O Comércio do Porto, 26/03/1957.

Faz hoje. O Primeiro de Janeiro, 26/03/1957.

Na Escola Superior de Belas-Artes do Porto. Homenagem à memória do Mestre

Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 26/03/1957.

Martins, José. Em memória de Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 26/03/1958.

Há 25 anos… Mestre Joaquim Lopes em Viana. O Primeiro de Janeiro, 16/10/1966.

Homenageada em Amarante a memória de Joaquim Lopes. Diário Popular, 02/06/1967.

Mestre Joaquim Lopes no Museu de Amarante. Jornal de Notícias, 03/06/1967.

A homenagem ao pintor Joaquim Lopes e a exposição de motivos cinegéticos foram os

principais números do primeiro dia das Festas de Amarante. O Comércio do Porto,

03/06/1967.

Vida Artística. Exposição de Joaquim Lopes no Museu de Amarante. O Primeiro de

Janeiro, 03/06/1967.

Vida Artística. Retrospectiva de Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro,

10/06/1967.

Vida Artística. Retrospectiva de Mestre Joaquim Lopes. Diário do Norte, 12/06/1967.

215

Retrospectiva de mestre Joaquim Lopes. Diário de Lisboa, 13/06/1967.

Arte. Exposição retrospectiva de Joaquim Lopes, na Escola Superior de Belas Artes. O

Comércio do Porto, 14/06/1967.

Vida Artística. Retrospectiva de Mestre Joaquim Lopes. Diário do Norte, 17/06/1967.

Artes plásticas. Diário de Lisboa, 19/06/1967.

Arte. Exposição retrospectiva de Mestre Joaquim Lopes, na Escola Superior de Belas-

Artes. O Comércio do Porto, 20/06/1967.

Vida Artística. Retrospectiva de mestre Joaquim Lopes na Escola de Belas-Artes. O

Primeiro de Janeiro, 22/06/1967.

Exposição de Mestre Joaquim Lopes. Diário do Norte, 25/06/1967.

Exposição retrospectiva de mestre Joaquim Lopes na Escola Superior de Belas-Artes do

Porto. Jornal de Notícias, 30/06/1967.

Arte. Exposição retrospectiva da pintura do mestre Joaquim Lopes. O Comércio do

Porto, 01/07/1967.

Joaquim Lopes. Notícias de Viana, 3ª série, Ano IX, Nº 640, Viana do Castelo,

10/07/1967.

Há 50 anos… Quadros de Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 07/05/1968.

Ferreira, Jaime. Arte. O Comércio do Porto, 23/04/1978 (Domingo).

Há 50 anos… Pintor Joaquim Lopes. P. J., 25/04/1978.

Rocha, Arlindo. Joaquim Lopes – a obra e o apreciador. O Primeiro de Janeiro,

31/05/1978 (quarta-feira).

Mestre Joaquim Lopes. O Progresso da Foz, Ano I, Nº 9, Foz do Douro, julho de 1979.

Mestre Joaquim Lopes morreu há 25 anos. O Comércio do Porto, 25/03/1981.

Há 25 anos morreu mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro, 25/03/1981.

Em louvor da música popular. P. J. Suplemento Artes e Letras, 02/09/1981.

Morreu António Cruz. O Comércio do Porto, 30/08/1983 (terça-feira).

Guimarães, Corrêa d’Oliveira. duardo Viana, príncipe da cor. O Primeiro de Janeiro,

21/03/1984.

Foi director da Escola de Belas-Artes do Porto. Mestre Joaquim Lopes nasceu há cem

anos. Diário de Lisboa, 22/04/1986 (terça-feira).

Há cem anos nasceu Mestre Joaquim Lopes. Correio da Manhã, 23/04/1986.

Pintor Joaquim Lopes nasceu há cem anos. Jornal de Notícias, 23/04/1986.

SOUSA, Alberto de. Mestre Joaquim Lopes. O Primeiro de Janeiro. Artes e Letras,

23/04/1986.

216

Príncipe, César. Joaquim Lopes «Estraga muito papel». Jornal de Notícias, 30/07/1991.

Cidade Moderna cimentada no passado. O Comércio do Porto, 28/08/1991.

Mourão, Sérgio. A acção criativa de Jaime Ferreira. Porque hoje é… Domingo, 1993.

O Janeiro, 29/01/1993 (sexta-feira).

Sinfonias coloridas de Joaquim Lopes na Degrau Arte. Público, 10/02/1993.

Novo quartel da GNR vai arrancar depois de muitos anos de adiamento. P. J.,

29/01/1996 (segunda-feira).

Duarte, João. Mestre Joaquim Lopes. JUP – Jornal Universitário do Porto. dezembro

de 2009.

Notícias e artigos da autoria de Joaquim Lopes.

Lopes, Joaquim. Por Espanha. Diário do Porto, 25/06/1926.

Lopes, Joaquim. Por Espanha II. Primeira visita á Exposição Nacional de Belas Artes.

Diário do Porto, 29/06/1926.

Lopes, Joaquim. Por Espanha III. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes

nos Palácios do Retiro. Diário do Porto, 30/06/1926.

Lopes, Joaquim. Por Espanha IV. Segunda visita á Exposição Nacional de Belas Artes

nos Palácios do Retiro. Diário do Porto, 02/07/1926.

Lopes, Joaquim. Por Espanha V. A brilhante representação dos paisagistas espanhois na

Exposição Nacional de Belas Artes. Diário do Porto, 05/07/1926.

Lopes, Joaquim. Por Espanha VI. A brilhante representação dos paisagistas espanhois

na Exposição Nacional de Belas Artes. Diário do Porto, 08/07/1926.

Lopes, Joaquim. Deve aproveitar-se o Palácio das Carrancas para Museu da cidade do

Porto? Povo do Norte, 15/04/1935.

Lopes, Joaquim. Por Valença e seu têrmo. O Minhoto, 20º ano, nº 40, 05/10/1941.

Lopes, Joaquim. A Arte no Alto-Minho pelos templos e galerias particulares II. Em

Coimbra, Valença e Monção. A Aurora do Lima, Nº 93, 05/12/1941.

Lopes, Joaquim. A Arte no Alto-Minho. Pelos Templos e Galerias particulares. III As

colecções vianesas de Alpuim e Oliveira. A Aurora do Lima, Nº 14, 06/02/1942.

Lopes, Joaquim. A Arte no Alto-Minho. Pelos Templos e Galerias, Particulares. IV A

colecção Neves. O Museu de Viana. A Aurora do Lima, Nº 36, 05/05/1942.

Lopes, Joaquim. Almeida Moreira – a sua Casa-Museu e o Museu de Grão Vasco. O

Primeiro de Janeiro, 18/12/1950.

217

Lopes, Joaquim. Artistas Avintenses. Caminho Novo. Avintes: Clube Recreativo

Avintense, 1952.

Lopes, Joaquim. Ricardo Severo. Voz de Portugal, 04/07/1954.

Galeria de Notáveis de «O Primeiro de Janeiro». Recuperação do artigo: Lopes,

Joaquim. Aurélia de Sousa. O Primeiro de Janeiro, 01/12/1983.

Notícias que interessaram a Joaquim Lopes.

Los estudantes portugueses en Madrid. El Sol, Madrid, 17/05/1922.

Battelli, Guido. Sansovino foi o introdutor da Renascença em Portugal. O Século, Ano

49º, Nº 17014, 21/07/1929 (Domingo).

Morte do pintor Alves Cardoso. Primeiro de Janeiro, 10/03/1930.

Morte do pintor António Carneiro. O Primeiro de Janeiro, 01/06/1930.

Carta de Paris. A Exposição de Arte Portuguesa. Como ela é apreciada pela imprensa da

capital francesa. Diário de Notícias, 09/07/1931.

A decapitação da Virgem da Vitória. Diário de Notícias, 26/09/1932.

A Virgem decapitada. Diário de Notícias, 03/10/1932.

A Virgem decapitada. Diário de Notícias, 04/10/1932.

Figueiredo, José de. O nosso património artístico. Diário de Noticias, 05/10/1932.

A “Virgem da Vitória”. sta obra magnífica de Soares dos Reis vai ser reproduzida em

bronze, sob a orientação artística de Mestre Teixeira Lopes. Diário de Notícias,

09/10/1932.

O Mosteiro da Batalha está sendo restaurado. Diário de Lisboa, 10/10/1932.

Os restauros do mosteiro da Batalha e o que diz a respeito deles e o sr. engenheiro

Gomes da Silva. Diário de Lisboa, 13/10/1932.

Macedo, Diogo de. Os restauros feitos no Mosteiro da Batalha. Diário de Lisboa,

15/10/1932.

O Palácio da Justiça e os artistas de Coimbra. Gazeta de Coimbra, Ano XXII, Nº 3033,

11/05/1933 (quinta-feira).

Fierens, Paul. Renoir. Les Nouvelles Littéraires, Ano 12, Nº 561, 15/07/1933 (Sábado).

Mais um documento sobre os paineis de S. Vicente. Diário de Notícias, 13/10/1933.

O sr. ministro da Justiça, que ontem veio a Coimbra inaugurar o Palácio de Justiça e

realizar uma conferência, foi alvo de significativas e calorosas manifestações. Diário de

Coimbra, Ano IV, Nº 1349, 07/05/1934 (segunda-feira).

218

XLVI – A Escada macabra da Sé-Velha. Correio de Coimbra, Ano XIII, Nº 626,

23/06/1934.

XLVI – A Escada macabra da Sé-Velha. Correio de Coimbra, Ano XIII, Nº 627,

30/06/1934.

XLVI – A Escada macabra da Sé-Velha. Correio de Coimbra, Ano XIII, Nº 628,

07/07/1934.

Salazar, Abel. Henrique Pousão e o Impressionismo. O Primeiro de Janeiro,

23/10/1934.

Salazar, Abel. Henrique Pousão e o Impressionismo. O Primeiro de Janeiro,

24/10/1934.

Salazar, Abel. Henrique Pousão e o Impressionismo. O Primeiro de Janeiro,

27/10/1934.

Salazar, Abel. Henrique Pousão e o Impressionismo. O Primeiro de Janeiro,

28/10/1934.

Salazar, Abel. Henrique Pousão e o Impressionismo. O Primeiro de Janeiro,

31/10/1934.

David, Celestino. Evora. Henrique Pousão, pintor. Diário de Notícias, 03/01/1935.

Lacerda, Aarão de. Albert Besnard II. Comércio do Porto, 27/01/1935.

Pela Arte, defendendo os interesses citadinos. Um inquérito oportuno. Deve aproveitar-

se o Palácio das Carrancas para Museu da Cidade do Porto. Povo do Norte, Ano I, Nº 6,

Porto, 01/04/1935.

Instituto de Arqueologia. Comunicações dos srs. drs. Leite de Vasconcelos, Manuel

Heleno e João Martins. Diário de Notícias, Nº 25091, 11/12/1935.

O Museu de Grão-Vasco. Diário de Notícias, Nº 25091, 11/12/1935.

Notícias e Informações. Diário de Notícias, 14/12/1935.

Lacerda, Aarão de. Crónica de Arte. A grande lição dos primitivos. O Comércio do

Porto, 31/12/1935.

Monteiro, Manuel. Dois artistas inéditos do século de quinhentos. I – Um Escultor. O

Primeiro de Janeiro, 12/02/1936.

Santos, Luís Reis. A pintura em Portugal no século XVI. “Arnaus” fresquista e “Manoel

Arnao” pintor. O Primeiro de Janeiro, 22/02/1936.

Brandão, Júlio. O pintor António Carneiro (sonetos póstumos). O Comércio de Janeiro,

04/03/1936.

219

Salazar, Abel. O escultor Teixeira Lopes. O Diabo, Ano III, Nº 134, Lisboa,

17/01/1937.

Salazar, Abel. Henrique Pousão moço pintor alentejano e do seu lugar de destaque no

impressionismo europeu. O Diabo, Ano III, Nº 141, Lisboa, 07/03/1937.

Diário de Lisboa, Ano 17, Nº 5419, Lisboa, 20/12/1937.

Monteiro, Manuel. O Românico português. O Primeiro de Janeiro, Porto, 27/12/1938.

Monteiro, Manuel. O Românico português. O Primeiro de Janeiro, 04/01/1939.

Monteiro, Manuel. O Românico português. O Primeiro de Janeiro, 11/01/1939 (quarta-

feira).

Magalhães, Alfredo. Os Museus da Cidade. Carta aberta ao dr. Vasco Valente. Jornal

de Notícias, 08/03/1939.

Garcez Teixeira, F. A. O quadro «Fons Vitae» da Misericórdia. Quem é o seu autor. O

Primeiro de Janeiro, 31/03/1939.

Costa, Correia da. Um problema de iconografia sebastianista. Diário de Lisboa, Lisboa,

24/12/1939.

Uma festa elegante de beneficencia. Diário de Notícias, Lisboa, 28/12/1939.

Beirão, Sarah. O Confessionario Feminino. O Primeiro de Janeiro, 18/01/1940.

Cunha, Amadeu. Cartas do serão. Jornal de Notícias, 31/01/1941.

Teixeira, Luiz. A xposição do “Grupo do Leão” inaugura-se hoje na Sociedade

Nacional de Belas Artes. Diário de Notícias, 05/07/1941 (Sábado).

Livros e Publicações. Catálogo da Exposição do «Grupo do Leão». Primeiro de

Janeiro, Porto, 14/08/1941.

Cerqueira, C. O escultor Manuel Pereira. O Primeiro de Janeiro, 12/01/1942.

Azevedo, Narciso de. O valor da critica. Jornal de Notícias, 06/02/1942.

Azevedo, Narciso de. O pintor Dominguez Alvarez. Jornal de Notícias, 01/05/1942.

Em S. Mamede de Riba Tua faleceu, ontem, o insigne estatuário Mestre Teixeira Lopes.

O Primeiro de Janeiro, 22/06/1942.

Valença e o seu Património Artístico. O Primeiro de Janeiro, 15/09/1942.

Dantas, Júlio. A Arte e a Liberdade. O Primeiro de Janeiro, 17/09/1942 (quinta-feira).

Dinis, José. O fidalgo da Bandeira, José Maria Xavier de Lacerda Lobato de Abreu de

Lima. O Comércio de Gaia, Ano XII, Nº 606, 21/09/1942 (segunda-feira).

Dinis, José. O fidalgo da Bandeira, José Maria Xavier de Lacerda Lobato de Abreu de

Lima. O Comércio de Gaia, Ano XII, Nº 608, 05/10/1942 (segunda-feira).

220

Dinis, José. O fidalgo da Bandeira, José Maria Xavier de Lacerda Lobato de Abreu de

Lima. O Comércio de Gaia, Ano XII, Nº 609, 12/10/1942 (segunda-feira).

Dantas, Júlio. Arte Francesa contemporânea. O Comércio do Porto, 22/11/1942.

Recordando Eça de Queirós. O Primeiro de Janeiro, 25/11/1942.

Oliveira, Júlio de. No centenário do nascimento do notável escritor e jornalista José

Caldas. Homenagem merecida aos seus altos talentos e virtudes. O Primeiro de Janeiro,

Ano 74º, Nº 326, 28/11/1942.

Gastão, Marques. Dominguez Alvarez. Democracia do Sul, Ano 42º, Nº 7605, Évora,

29/01/1943.

Miranda, José de. Um episodio dramatico da História de Inglaterra fixado num quadro

de Vieira Portuense. Diário de Notícias, 21/04/1944.

Macedo, Diogo de. Morreu Sousa Lopes! Morreu um Artista. Diário de Notícias,

23/04/1944.

Sousa Lopes. O Comércio do Porto, 30/04/1944.

Lacerda, Aarão de. Marginália. O Alentejo consagra Mário Beirão, o seu Poeta… O

Comércio do Porto, 16/08/1944.

Salazar, Abel. Arte Modernista: Um parentesis. Sol, Ano V, Nº 76, 17/08/1946.

Ferreira, Amorim. A função social da arte. O Século, Ano 66º, Nº 23162, 17/09/1946.

Charles Despiau o grande escultor francês faleceu, ontem, em Paris. O Primeiro de

Janeiro, 31/10/1946.

Castro, D. João de. Júlio Brandão. O Primeiro de Janeiro, 27/04/1947.

Costa, Correia da. O Manuelino em Setúbal. Diário de Lisboa, 21/07/1947 (segunda-

feira).

Baltar, Gaspar. O drama da sombra com a luz. O Comércio do Porto, 22/10/1947.

Faleceu em Madrid o grande escultor Mariano Benlliure. O Primeiro de Janeiro, Porto,

10/11/1947.

Morreu ontem o pintor e caricaturista Leal da Cãmara. O Primeiro de Janeiro, Porto,

22/07/1948.

Sérgio, Octávio. Leal da Câmara no Porto. O Primeiro de Janeiro, 29/07/1948.

Costa, Correia da. Columbano ressurge no Museu de Arte Contemporânea. Comércio

do Porto, 24/08/1948.

Lisboa, João de. Agora em spanha… O Pintor Sorolla a sua casa e a sua obra.

Evocação de 1900. Diário de Notícias, 25/12/1948.

221

Morreu James Ensor, um dos maiores pintores da Bélgica. O Primeiro de Janeiro,

20/10/1949.

Santos, Reinaldo dos. A statua de Nun’Alvares. Diário de Notícias, 13/01/1950.

A pintura e a escultura não podem ser abandonadas no Ensino Superior. A Voz, Série

22, Nº 21, Lisboa, 15/04/1950.

Portela, Artur. O ensino das Belas Artes no palácio de S. Bento. Diário de Lisboa,

18/04/1950.

No Hospital Escolar de Santa Marta, Reinaldo dos Santos deu ontem a sua ultima lição.

Diário de Notícias, 23/05/1950.

Comemorações do 2º centenário da morte de D. João V. O Primeiro de Janeiro,

15/12/1950.

Silva, J. Alves da. António José da Costa – o admirável pintor portuense cuja memória é

digna de uma consagração pública. O Comércio do Porto, 19/03/1951.

Ferreirinha, Felisberto. O Poeta Júlio Brandão. Rumo – Boletim da Associação

Académica de Espinho, Espinho, Ano III, 31/05/1951.

Exposição retrospectiva de Lasar Segall. Diário de S. Paulo, 04/10/1951 (quinta-feira).

Silva, Quirino da. Lasar Segall. Diário de S. Paulo, 14/10/1951 (Domingo).

Arte italiana contemporanea. A Gazeta, São Paulo, 24/10 (quarta-feira).

Querem debate publico no recinto da Bienal. Diário da Noite, São Paulo, 30/10/1951

(terça-feira).

Silva, Quirino da. Artes Plásticas. Assim não adianta. Diário de S. Paulo, São Paulo,

09/03/1952.

Silva, Quirino da. Notas de Arte. Grupos Escolares. Diário da Noite, São Paulo,

18/03/1952 (terça-feira).

A influência da pintura portuguesa no estrangeiro. A Gazeta, São Paulo, 10/04/1952

(quinta-feira).

Centassi, René. O quinto centenário de Leonardo da Vinci. As comemorações a realizar

em Itália revestem-se de grande significado cultural. O Primeiro de Janeiro,

14/04/1952.

Isoldi, Francisco. Leonardo e a hidraulica. A Gazeta de São Paulo, 15/04/1952.

Ferreira, Jaime. Nasceu há cinco séculos o pintor Leonardo da Vinci que também foi

notável escultor, arquitecto, engenheiro, músico, anatomista, astrónomo, inventor e

filósofo. O Comércio do Porto, 15/04/1952.

Leonardo Da Vinci. O Primeiro de Janeiro, 15/04/1952.

222

Torres, Pinheiro. O centenário de Leonardo Da Vinci. Norte das Letras e das Artes,

17/04/1952 (quinta-feira).

“Pintores Portugueses do Século XVI”. Voz de Portugal, 20/04/1952.

Cyro Cavalcanti Pereira. Voz de Portugal, 20/04/1952.

Paris reencontra Salvador Dali. Folha da Manhã, São Paulo, 11/05/1952 (Domingo).

Braque e Segonzac falam de Pintura. Folha da Manhã, São Paulo, Brasil, 23/05/1952.

Folha da Manhã, São Paulo, Brasil, 23/05/1952.

Ferreira, Tito Livio. O unico e estranho amor de Da Vinci. A Gazeta, São Paulo,

31/05/1952 (sábado).

Em São Martinho da Gandra uma grande obra social fundada e amparada pelo Sr. Dr.

António Luís Gomes. Novidades, 03/06/1952 (terça-feira).

Silva, Quirino da. Camille Pissarro. Diário de S. Paulo, 27/07/1952 (Domingo).

Vieira, José Geraldo. A Exposição de Gravuras Espanholas III. Folha da Manhã, São

Paulo, 29/08/1952.

Catorze Portinari na Igreja Matriz de Batatais. Verdadeira experiencia de reação publica

em face da apresentação simultanea do acontecimento artistico religioso. Diário de S.

Paulo, São Paulo, 15/03/1953 (Domingo).

O saudosismo e Pascoaes. O Comércio do Porto, 14/04/1953 (terça-feira).

Isgorogota, Judas. História das Artes Plásticas em São Paulo. A Gazeta, São Paulo,

25/01/1954.

José Patrício Manso. O maior pintor do velho São Paulo. A Gazeta, São Paulo,

25/01/1954 (segunda-feira).

Alguma coisa para os artistas. O Século, Ano 70º, Nº 24350, 12/01/1955/6.

Régio, José. A Lição de um Mestre. O Comércio do Porto, 17/04/1955.

Artes Plásticas. Brasil. Arte sacra extravagante. Folha da Manhã, 22/05/1955

(Domingo).

Vieira, José Geraldo. Realismo e expressionismo. Folha da Manhã, 22/05/1955

(Domingo).

Jean, Ivone. Cartaz Publicitário: Nova Arte Popular. Folha da Manhã, 22/05/1955

(Domingo).

Teria agido com parcialidade o juri de seleção da III Bienal. Folha da Manhã,

22/05/1955 (Domingo).

Bugalho, Mem. O Pintor Torquato Pinheiro. 1850-1910 (Recordações). O Comércio do

Porto, Nº 173.