43
EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DE JUSTIÇA DO MEIO AMBIENTE, PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL, ÍNDIOS E OUTRAS POPULAÇÕES INDÍGENAS. Rancho Folclórico Vilas de Portugal, Rua Antonio Gonçalves Campos, 440, bairro V. Cachoeira/ SP, fone: 2953-9867, CNPJ nº 61.847.877/0001-07, representante legal: Paulo Cesar Gomes da Costa, Rg.: 33.024.709-8, Av. Profª Virgília Rodrigues Alves de Carvalho Pinto, 718 – ap. 04 – Palmas do Tremembé, fone.: 2953-9867 e 7250-6336 SOLI – Associação Unidos na Luta pela Igualdade CNPJ: 07.928.139/0001 – 49, Rua Judith Zumkeller, 29, Mandaqui, fone: 2309 – 3497, representante legal: Carlos Eduardo Coin Gomes, RG.: 22.938.137 – Rua Pena Forte, 121, V. Paulistana; Associação Cultural e Esportiva de Cachoeira, Rua 3 Cruzes, 715, Bairro de Cachoeira/SP – CNPJ. nº 02.298.000/0001-45, fone: 9113.9599, representante legal: Carlos Takashi Inoue, Rg – 7.486.259, Rua Domélia – nº. 84,Vila Mazzei / SP; Elisa Puterman - R. Itabira, 411 ap 42, Pedra Branca - São Paulo, SP F. 8913 0262 RG 12.693.248; Adriane Aparecida Bernardes de Mattos, RG. 21.312.275-3 Rua João Leite, 31 - Jd. Vila Rica, fone: 2993-9211; Luiz Chiarantano Pavão, Rg. 5280.540- Av. Sen. José Ermírio de Moraes, 850 V. Albertina, fone: 2953-5818 e 6512-9110; José Ramos de Carvalho - Rg. 8.746.065-8, Rua Heitor Iglésias Cambaúva, 38-B - Pq. Edu Chaves, fone: 11.2093474 e 7282.7991; - Jaime Melim de Menezes, Rg: W 261984 S Rodovia Fernão Dias km 81 - número 20 - Três Cruzes, fone: 8138 9630; Eduardo de Freitas Fernandes, Rua Manoel de Araujo numero 05 – Cachoeira, Rg.: 9.408.314-9, fone: 9932-9513; Carlos Gonçalves Fernandes, RG.: 2.619.937-3, Rua Voluntários da Pátria, 3811 – ap. 131, Santana, Fone.: 9914.6468; Maria Cristina Greco, OAB/SP 177.320 - Rua Voluntários da Pátria, 3811 – ap. 131, Santana, Fone.: 9786-6877, vem à presença de V.Exa. apresentar REPRESENTAÇÃO em face da DERSA Desenvolvimento Rodoviário S/A situada a Rua Iaiá, 126, Itaim Bibi, São Paulo/SP com base no art. 1º da Lei 7.347/1985 e art. 5º da LACP, com alteração dada pela Lei nº 11.448/2007; na Lei Federal 10.257/2001, art. 2º caput e incisos II, VI alíneas d, g, XII, XIII, arts.36 e 37; art. 256 § 4º da Lei Municipal 13.430/2002; art. 127, caput, art. 129 inciso III e art. 225, caput e inciso VII da Constituição Federal, relatar os fatos que ensejam a atuação do Ministério Público Federal, quanto a ação civil pública ambiental com pedido de liminar, requerendo, desde já, que seu digno representante tome as providências necessárias, em caráter de urgência, para que as Audiências Públicas relativas ao TRECHO NORTE DO RODOANEL DE SÃO PAULO, sejam adiadas por apresentarem irregularidades, a seguir especificadas:

REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Representação ao Ministério Público federalcontra o trecho norte do Rodoanel por entidades da sociedade civil e moradores da região norte de São Paulo

Citation preview

Page 1: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROMOTOR DE JUSTIÇA DO MEIO

AMBIENTE, PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL, ÍNDIOS E OUTRAS

POPULAÇÕES INDÍGENAS.

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rancho Folclórico Vilas de Portugal,  Rua Antonio Gonçalves Campos,  440,  bairro 

V. Cachoeira/ SP, fone: 2953-9867, CNPJ nº 61.847.877/0001-07, representante  legal: 

Paulo Cesar Gomes da Costa, Rg.: 33.024.709-8, Av. Profª Virgília Rodrigues Alves 

de Carvalho Pinto, 718 – ap. 04 – Palmas do Tremembé, fone.: 2953-9867 e 7250-6336

SOLI – Associação Unidos na Luta pela Igualdade CNPJ:  07.928.139/0001  –  49, 

Rua Judith Zumkeller, 29, Mandaqui,    fone: 2309 – 3497,  representante  legal: Carlos

Eduardo Coin Gomes,  RG.:  22.938.137  –  Rua  Pena  Forte,  121,  V.  Paulistana; 

Associação Cultural e Esportiva de Cachoeira,  Rua  3  Cruzes,  715,  Bairro  de 

Cachoeira/SP  –    CNPJ.  nº  02.298.000/0001-45,  fone:  9113.9599,  representante  legal: 

Carlos Takashi Inoue, Rg – 7.486.259, Rua Domélia – nº. 84,Vila Mazzei / SP; Elisa

Puterman  -  R.  Itabira,  411  ap  42,  Pedra  Branca  -  São  Paulo,  SP  F.  8913  0262  RG 

12.693.248; Adriane Aparecida Bernardes de Mattos,  RG.  21.312.275-3 Rua  João 

Leite,  31  -  Jd. Vila Rica,  fone: 2993-9211; Luiz Chiarantano Pavão, Rg. 5280.540- 

Av. Sen. José Ermírio de Moraes, 850 V. Albertina, fone: 2953-5818 e 6512-9110; José

Ramos de Carvalho - Rg. 8.746.065-8, Rua Heitor Iglésias Cambaúva, 38-B - Pq. Edu 

Chaves, fone: 11.2093474  e 7282.7991; - Jaime Melim de Menezes, Rg: W 261984 S 

Rodovia Fernão Dias km 81 - número 20 - Três Cruzes, fone: 8138 9630;  Eduardo de

Freitas Fernandes, Rua Manoel de Araujo numero 05 – Cachoeira, Rg.: 9.408.314-9, 

fone: 9932-9513; Carlos Gonçalves Fernandes, RG.: 2.619.937-3, Rua Voluntários da 

Pátria,  3811  –  ap.  131,  Santana,  Fone.:  9914.6468; Maria Cristina Greco,  OAB/SP 

177.320 - Rua Voluntários da Pátria, 3811 – ap. 131, Santana, Fone.: 9786-6877, vem à 

presença  de  V.Exa.  apresentar  REPRESENTAÇÃO  em  face  da  DERSA

Desenvolvimento Rodoviário S/A  situada  a Rua  Iaiá,  126,  Itaim Bibi,  São Paulo/SP 

com base no art. 1º da Lei 7.347/1985 e art. 5º da LACP, com alteração dada pela Lei nº 

11.448/2007; na Lei Federal 10.257/2001, art. 2º caput e incisos II, VI alíneas d, g, XII, 

XIII, arts.36 e 37; art. 256 § 4º da Lei Municipal 13.430/2002; art. 127, caput, art. 129 

inciso  III  e  art.  225,  caput  e  inciso VII da Constituição Federal, relatar os fatos que

ensejam a atuação do Ministério Público Federal,  quanto  a  ação  civil  pública 

ambiental  com  pedido  de  liminar,  requerendo,  desde  já,  que  seu  digno representante  tome  as  providências  necessárias,  em  caráter  de  urgência,  para  que  as 

Audiências Públicas  relativas  ao  TRECHO NORTE DO RODOANEL DE SÃO

PAULO, sejam adiadas por apresentarem irregularidades, a seguir especificadas:  

 

 

 

 

Page 2: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

1)- DA NECESSIDADE DE ADIAMENTO DAS AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

 

 

1.  -  É  fato  que  no  Trecho Leste,  com  43,5 km  de  extensão,  foram  realizadas 07

audiências: 02/06/09 em Mauá; 09/06/09 em Ribeirão Pires; 18/06/09 em Suzano; 14/

07/09  em  Poá; 16/07/09  em  Itaquaquecetuba; 23/07/09  em Arujá  e 28/09/09  em  São 

Paulo.

-As  Audiências  Publicas  sobre  o  Trecho  Norte  do  Rodoanel  de  São  paulo,  foram 

marcadas  para  os  dias:    1ª)  07/12/ 2010,  às  17  horas,  no  Clube  União  Arujaense, 

Avenida Amazonas,  nº.  100  - Centro, Arujá/SP. 2ª)  dia 15/12/2010,  às  17  horas,  no 

Anfiteatro da Universidade de Guarulhos, Rua Soldado Brasílio Pinto de Almeida, nº. 

132  (antigo  82)  -  Anfiteatro  F,  Entrada  da  Reitoria  -  Centro, Guarulhos/SP.  3ª)  dia 

16/12/2010,  às  17  horas,  na  Casa  de  Portugal,  Avenida  Liberdade,  nº.  602  -  Centro, 

São Paulo/SP. Portanto, no Trecho Norte,  com 44 km de extensão, apenas 03( três)

audiências foram marcadas.

- No Trecho Leste, o menor intervalo entre as audiências foi de 02(dois) dias, no Trecho 

Norte,  duas  serão  seguidas,  sem  deixarmos  de  observar  a  data  próxima  às  festas  de 

Natal, com as conseqüências típicas da época que dificultarão o acesso às mesmas.

Evidencia-se que:

a) Quanto ao número de audiências:  De acordo com a Resolução nº 09/87 do Conama 

art.  2º  §  5º  “Em  função  ........    da  complexidade  do  tema,  poderá  haver mais  de  uma 

audiência pública sobre o mesmo projeto e respectivo Relatório de Impacto Ambiental - 

RIMA.”

b) Quanto  à  informação  e  publicidade: É  desconsiderado o art. 1º caput da Resolução nº 09/87 do Conama que especifica a finalidade de uma audiência pública, ou seja, “A 

Audiência  Pública  referida  na  resolução  Conama  1/86,  tem  por  finalidade  expor  aos 

interessados  o  conteúdo  do  produto  em  análise  e  do  seu  referido  RIMA,  dirimindo 

dúvidas  e  recolhendo  dos  presentes  as  críticas  e  sugestões  a  respeito.”  Devido  à 

complexidade da Obra em questão, afasta-se a possibilidade de esclarecimento razoável 

a  ser dado aos presentes,  considerando-se a duração média de uma audiência pública, 

sendo,  portanto,  limitado  seu  direito  a  críticas  e  sugestões  e  o  exercício  da  cidadania 

assim como o respeito ao princípio do devido processo legal em sentido substantivo. 

 

2) - DA PUBLICIDADE E INFORMAÇÃO

 

2. A Constituição Federal arrola vários princípios a serem seguidos pela Administração 

Pública,  dentre  eles,  o  da publicidade.  Este  direito  é  garantido  para  que  sejam 

divulgados  pela  imprensa  todos  os  pedidos  de  licenciamento  para  diversos  fins, 

destacando-se obras potencialmente poluidoras, a fim de que a população possa tomar 

conhecimento  das mesmas,  apresentando,  caso  haja  necessidade,  críticas  e  sugestões. 

Na Carta Magna também é reconhecido o direito do cidadão à informação, previsto no 

art. 5º XXXIII – “ Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu 

interesse particular ou de  interesse coletivo ou geral, que  serão prestadas no prazo da 

lei, sob pena de responsabilidade,...” Busca-se com estas garantias preservar os cidadãos 

da  surpresa  de  uma  decisão  consumada  do  Poder  Público  e  garantir  que  os  órgãos 

ambientais  forneçam  informações  de  interesse  particular  ou  coletivo,  a  fim  de  que  o 

cidadão participe da tomada de decisões como é seu direito.

O  fato,  na  questão  do  Trecho  Norte  do  Rodoanel,  que  demonstra  contrariedade  aos 

princípios  acima  evidencia-se  pela  dificuldade  de  acesso  à  informação  sobre  o  EIA/

RIMA,  com  arquivos  difíceis  de  serem  acessados  pela  internet,  limitando  o  número 

de  pessoas  que  possam  consulta-lo  via  eletrônica.  Contraria-se  assim  o  conceito  da 

informação e a garantia de sua acessibilidade. Além disso, nos postos disponíveis para 

consulta, muitos não encontraram nos atendentes um apoio compatível, que esclarecesse 

de forma clara o trajeto, pois o mapa apresentado no EIA/RIMA apresenta vários erros, 

com bairros de localização trocada; escalas incorretas que apresentam imagens menores 

 

Page 3: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

do que as reais, dando a impressão que as áreas afetadas são menores do que realmente 

se apresentam; número de habitações no bairro de Vila Rica inferior ao real. Na página

90 do RIMA (DOC. 01) em que se lê 20 edificações residenciais, na realidade

são mais de 106, conforme planta da Subprefeitura Jaçanã/ Tremembé.  Como 

informação:  O  Loteamento  V.Rica,  situado  na  Av. Coronel Sezefredo Fagundes, 

Subprefeitura  da  Região Norte ocupa  um  terreno  com  70.533,12 m²  .  Estima-se  que 

existam  aproximadamente  256  Lotes.  A  regularização  deste  loteamento  está  sendo 

tratada através do processo(s) administrativo(s) número 199700058280.

 

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre a divulgação e informação do EIA/RIMA

-OS DETALHES ESTÃO À DISPOSIÇÃO

Postado em Fri, 12 Nov 2010 17:30:39 por ZNnaLinha

Em todas as subprefeituras da ZN foram montados postos de atendimento para dar detalhes do trecho Norte do Rodoanel. Pelo menos na subprefeitura Casa Verde/ Cachoeirinha, na

tarde do dia 08/11, encontramos dois jovens com a camiseta da Dersa e dez grossos volumes impressos, com o EIA-RIMA. Mais fácil do que consultá-los, foi olhar os dois mapas impressos

com grande definição. Lá diversos detalhes ficaram claros. A pista vai passar logo atrás do Jardim Damasceno. Um grande trevo está proposto no final

da av. Inajar de Souza. Todo o trecho na várzea da Pedra Branca, antes de entrar em túnel ao lado do cond. Itatinga, será em viaduto. Haverá um curto espaço com viaduto entre dois túneis, sobre os lagos do Clube da Sabesp na Vila Rosa. Depois vem um grande trecho em superfície, atrás da Fazenda Santa Maria, passando pela Vila Rica e pelo Corisco, até chegar a um mega-trevo na Fernão Dias. A partir daí entra em Guarulhos, seguindo por uma longa reta ao Norte

do aeroporto de Cumbica, passando aparentemente por áreas semi-rurais. Entre o parque Santos Dumont e o Jardim Lenise está proposta saír uma ligação ao aeroporto.

Tudo isso está bem detalhado nos mapas. Em 18 dias funcionando, nem 10 pessoas passaram lá para se informar. Como não pudemos fotografar nada, sequer os atendentes, fotografamos a entrada da praça de atendimento da subp Casa Verde/ Cachoeirinha, o que não era proibido. 

 

Esperamos, caso seja o entendimento de V.Exa., que as audiências sejam adiadas

pelos fatos acima enumerados e marcadas em maior número, a fim de que:

I - Os cidadãos afetados do Trecho Norte possam, através da informação correta 

e clara exercer conscientemente seus direitos.

II  –  Não  sejam  descaracterizados  o  princípio  participativo  e  o  conceito  de 

democracia  social  que  regem  a  democratização  das  relações  do  Estado  para  com  o 

cidadão, legitimado para o controle comunitário sobre as ações administrativas.

III – Seja respeitado o objetivo básico de uma audiência pública que é o de ser 

um  instrumento  de  participação  popular  na  função  administrativa,  inerente  ao  Estado 

Social  e  Democrático  de  direito,  direcionado,  também,  para  o  controle  da  atividade 

administrativa.

IV – O exercício dos direitos coletivos dos afetados pelas obras do Rodoanel não 

seja centralizado e afetado pela atuação do agente público, contrariando o direito que é 

dado à sociedade de fiscalizar a qualidade dos estudos de impacto ambiental.

V - Não seja minimizada a atuação do Ministério Público quanto ao instrumento 

da  Audiência  Pública  no  tocante  a  sua  missão  institucional,  considerando-se  nesta  a 

forma de controle judicial nas ações protetivas ao meio ambiente. 

VI  -  O  EIA/RIMA  da  obra  que  apresenta  irregularidades  com  informação 

incorreta  tornada  pública  aos  cidadãos,  apresente  as  devidas  alterações,  a  fim  de  que 

seja  possível  a  clara  análise  pela  população  que  será  direta  e  indiretamente  afetada, 

impedindo que as conclusões se baseiem em dados inexatos.

 

 

 

 

 

Page 4: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

 

  

QUANTO A OBRA DO RODOANEL E SEU ATUAL TRAJETO

 

Segundo a DERSA responsável pela sua implantação na cidade de São Paulo seu 

posicionamento é:

 

1. O Rodoanel  de São Paulo  é  empreendimento  com  função  de  desviar  e  distribuir  o 

tráfego de passagem para o entorno da Região Metropolitana de São Paulo;

2. A viabilidade ambiental do empreendimento é aspecto  fundamental da  tomada de 

decisão, de forma conjunta com os critérios econômico, técnico e social;

3. O Rodoanel age no sentido de substituir as ocupações de baixa qualidade ambiental 

(especialmente  ocupações  irregulares  de  terrenos)  por  outras  de  melhor  qualidade 

(empreendimentos formais, condomínios, etc);

4.Em 2020, o Rodoanel absorverá cerca de 50% do tráfego comercial com origem/

destino  fora  da  Região  Metropolitana,  proporcionando  uma  economia  de  custos  em 

transportes da ordem de R$ 2 bilhões anuais.

   Serão cerca de 123 mil caminhões e 18 mil ônibus rodoviários que sairão das ruas e 

avenidas da Região Metropolitana e utilizarão o Rodoanel em viagens locais, regionais 

e  de  transposição.  E mais  585 mil  automóveis,  sendo  que,  18%  terão  origem/destino 

fora da metrópole; 

5. O Rodoanel reduzirá em 6% a emissão de monóxido de carbono  (CO) e em 8% 

a  de  hidrocarbonetos  (HC)  na  Região  Metropolitana.  Os  veículos  deslocados  pelo 

Rodoanel irão atravessar regiões com menor população, de modo que cerca de 890 mil 

pessoas  serão  beneficiadas  no  entorno  das  vias  metropolitanas  por  onde  hoje  circula 

esse tráfego.

 6. Por onde o Rodoanel passar a qualidade da água deve melhorar. Não  só pela 

redução  do  risco  de  acidentes  com  produtos  perigosos,  mas  também  pelo  efeito  de 

proteção  contra  a  carga  difusa  diariamente  descarregada  nos  reservatórios  e  cursos 

d’água por ele atravessados.

 

DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA AMBIENTAL

 

Devido  ao  posicionamento  da  DERSA,  para  o  empreendimento  do  Rodoanel,  aqui 

apresentar-se  com  diversas falhas técnicas,  tanto  de  pesquisa  (EIA/RIMA)  quanto 

de  viabilidade  em  relação  ao  trajeto  apresentado  para  o  Trecho  Norte,  desatendendo 

aos  anseios  reais  da  comunidade  e  tornando  irrelevantes  as  características  ímpares 

da  Região  da  Serra  da  Cantareira  e  sua  importância  ambiental,  apresentamos  nosso 

posicionamento  e  considerações,  assim  como  documentos  que  ensejam  a  atuação 

do  MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL frente à DERSA Desenvolvimento

Rodoviário S/A na questão de graves danos socioambientais que ocorrerão com o atual 

trajeto do Rodoanel – Trecho Norte,  proposto pela mesma.

 

I – DA RESERVA DA BIOSFERA – CINTURÃO VERDE

 

1)Em  09/06/1994  foi  criada  a  Reserva  da  Biosfera  da  Mata  Atlântica  e  Cerrado 

abrangendo uma superfície de 1.611.710 há com certificado conferido pela UNESCO.

A  figura  de  reserva  da  biosfera  pretende  abrigar  uma  rede  de  áreas,  no  globo,  de 

relevante  valor  ambiental  para  a  humanidade.Representa  um  forte  compromisso  do 

Governo  local,  perante  seus  cidadãos  e  a  comunidade  internacional  que  realizará 

os  esforços  e  atos  de  gestão  necessários  para  preservar  essas  áreas  e  estimular  o 

Desenvolvimento Sustentável, dentro do espírito da solidariedade universal. 

Segundo  os  preceitos  do  Programa  da  UNESCO,  o  zoneamento  das  Reservas  da 

Biosfera  preconiza  três  categorias  de  zoneamento  para  o planejamento  da  ocupação  e 

 

Page 5: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

uso do solo e de seus recursos ambientais: 

ZONAS NÚCLEO: Representam  áreas  significativas  de  ecossistemas  específicos. No 

caso da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, estas áreas 

são  em  sua  maioria  compostas  por  Unidades  de  Conservação  Estaduais,  englobando 

principalmente  remanescentes  da  Mata  Atlântica  e  algumas  áreas  de  Cerrado.  A 

maior parte destas Zonas Núcleo está sob a administração direta do Instituto Florestal, 

órgão da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. As áreas foram assim 

estabelecidas:  Parque Estadual Albert Löfgren, Parque Estadual da Cantareira, 

Parque do Jaraguá, Reserva Florestal do Morro Grande, Parque Estadual do  Jurupará, 

Parque Estadual da Serra do Mar e Estação Ecológica de Itapeti. 

ZONAS TAMPÃO: São constituídas pelas áreas subjacentes às Zonas Núcleo. Nestas 

áreas,  todas  as  atividades  desenvolvidas,  sejam  econômicas  ou  de  qualquer  outra 

natureza, devem se adequar às características de cada Zona Núcleo de forma a garantir 

uma  total preservação dos ecossistemas envolvidos. As Zonas Tampão da Reserva da 

Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, abrigam outros espaços possuídos 

ou não pelo Estado, como Áreas de Proteção de Mananciais, Parque Nascente do Rio 

Tietê,  Área  Tombada  da  Serra  do  Japi,  e  inúmeras  outras  APAs-Áreas  de  Proteção 

Ambiental. 

ZONAS  DE  TRANSIÇÃO:  São  constituídas  pelas  áreas  externas  às  Zonas  Tampão 

e  permitem  um  uso  mais  intensivo,  porém  não  destrutivo,  do  solo  e  seus  recursos 

ambientais. São nestas áreas que os preceitos do Programa estimulam práticas voltadas 

para o Desenvolvimento Sustentável.

-  O  trajeto  apresentado  pela  DERSA  que  atravessa  a  Serra  da  Cantareira  contraria  e 

ignora  explicitamente  a  condição  de  Reserva  da  Biosfera  do  Cinturão Verde  em  que 

estão inseridas áreas de preservação.

-  A  DERSA  afirma  que  o  impacto  ambiental  sobre  a  Serra  da  Cantareira  e  seu 

entorno  não  irá  afetá-los,  porém,  isto  não  se  confirma,  pois  serão  atingidas  áreas  de 

amortecimento como exemplo: o Parque Estadual da Cantareira. 

No  plano  de  manejo  do  Parque  Estadual  Alberto  Loefgren  temos,  reconhecida  pela 

Fundação Florestal do Estado de São Paulo a  importância do Parque  inserido na zona 

núcleo da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo e o respeito 

ao  reconhecimento  pela  UNESCO.  A  unidade  como  se  constata  é  protegida  pelo 

Instrumento  Histórico,  Arqueológico,  Artístico  e  Turístico  (CONDEPHAAT).  Tal 

instrumento classifica a unidade como Reserva Estadual da Cantareira e Horto Florestal, 

tendo  sido  incluídas  no  tombamento  a Pedra Grande  e  a  bomba d’água  localizada  na 

Barragem do Engordador.

A DERSA  afirma  que  não  haverá  impacto  sobre  o  Parque. Mas  é  fato  que  o  reflexo 

de tal obra, nos outros trechos, tem causado sérios danos nos perímetros adjacentes ao 

empreendimento.  

 

IMPACTOS AMBIENTAIS

 

 

Estes são alguns dos impactos que ocorrerão com a obra:

• Impacto 1: Alteração no Sistema de Drenagem

• Impacto 2: Erosão e Assoreamento

• Impacto 3: Alteração de Condições de Estabilidade 

• Impacto 4: Alteração na Qualidade do Ar 

• Impacto 5: Alteração na Qualidade da Água 

• Impacto 6: Contaminação do Solo 

• Impacto 7: Ruído e Vibrações 

• Impacto 8: Alteração no Transporte de Cargas Perigosas 

• Impacto 9: Alteração em Área Fora da Faixa de Domínio

• Impacto 10: Perda e Fragmentação de Vegetação

• Impacto 11: Interferência em Áreas de Preservação Permanente (APP) 

 

Page 6: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

• Impacto 12: Alteração nos Habitats e Corredores de Fauna

• Impacto 13: Interferência em Unidades de Conservação 

• Impacto 14: Alteração de Atividades Econômicas 

• Impacto 15: Insegurança da Comunidade

• Impacto 16: Alteração de Valores Imobiliários 

• Impacto 17: Alteração na Estrutura Metropolitana 

• Impacto 18: Impactos Decorrentes da Relocação Compulsória 

• Impacto 19 : Alteração na Estrutura da Ocupação Local

• Impacto 20: Incômodo à População e Atividades no Entorno

• Impacto 21 : Alteração em Operação de Sistema de Transportes 

• Impacto 22: Impactos no Patrimônio Arqueológico, Histórico-Cultural e  

Paisagístico

 

Quanto  ao  RIMA,  na  pág.  92  (DOCs. 02 a 04 ) são  apresentados  e  reconhecidos 

vários  impactos  nos  terrenos,  nos  recursos  hídricos  superficiais,  nos  recursos  hídricos 

subterrâneos, na qualidade do ar, na vegetação,  fauna,  infraestrutura viárias,  tráfego e 

transportes,  na  estrutura  urbana,  atividades  econômicas,  infraestrutura  física  e  social, 

qualidade de vida da população, finanças públicas e patrimônio arqueológico e cultural.

Tais  documentos  mostram  claramente  as  contradições de  postura  técnica  da  própria 

DERSA.

 

II – DO CONCEITO DE RODOANEL

 

1)Segundo a DERSA Desenvolvimento Rodoaviário S.A. responsável pela obra -

O Rodoanel é estrada ou auto-estrada construída no perímetro de grandes cidades a fim 

de interligar importantes vias de circulação para evitar que o tráfego afete vias de menor 

escoamento.  Para  a  empresa,  o  Rodoanel  objetiva  a  retirada  das  Marginais  e  do 

perímetro urbano do fluxo saturado de caminhões.

- Porém, de acordo com o EIA/RIMA isto não ocorrerá com o traçado apresentado no 

EIA/RIMA do projeto, pois, no mesmo, destaca-se uma  ligação com a AV. INAJAR

DE SOUZA,  ligando  a Marginal  do  Tietê  ao  trecho  norte.  Esta  via  tem  um  córrego 

canalizado  em  toda  a  sua  extensão  no  canteiro  central,  já  passou  por  muitas  obras 

de  expansão  de  galerias  sobre  o  corredor  de  ônibus,  para minimizar  os  problemas  de 

enchentes,  as  quais  ainda ocorrem em vários  pontos  de  sua  extensão. É,  também, via 

de  escoamento  intenso  de  tráfego  de  veículos  e  ônibus,  vindos  de  região  densamente 

povoada da Zona Norte, Lapa e Barra Funda.

Haverá,  também,  uma  ligação  com  a  AV. RAIMUNDO PEREIRA DE

MAGALHÃES. Portanto,  tais  ligações  contrariam  expressamente  a  finalidade  de  um 

Rodoanel,  pois  fazem  ligação  direta  da  estrada  com  vias  de  acesso  a  áreas  urbanas. 

(DOC. 05)

 

 

III - MELHOR OPÇÃO DE TRAJETO PARA O TRECHO NORTE

O atual  traçado  apresentado  pela DERSA desconsidera  uma outra  opção mais  viável, 

muito  menos  onerosa  (em  torno  de  1/3  do  custo  atual  apresentado  pela  DERSA)  e 

menos impactante ao meio ambiente e à sociedade.

Existe  outro  traçado,  que  não  foi  levado  em  consideração,  alternativa  prevista  pelo 

consórcio JCP – Prime – Engenharia.

 

- Início: No ponto final do Trecho Oeste junto à Av. Raimundo Pereira de Magalhães, 

em  Pirituba,  indo  no  sentido  Norte  até  encontrar  a  SP  332,  atualmente  com  muitos 

vazios urbanos existentes, seguindo até a SP 023, Rodovia também com baixa ocupação 

lateral, até a cidade de Mairiporã, encontrando com a Rodovia Fernão Dias – BR 381, 

 

Page 7: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

pois esta  rodovia  tem  ligação com a Dutra e Ayrton Senna, que por  sua vez se  ligam 

com o futuro Trecho Leste do Rodoanel. (DOCs. 06 e 07 ).

 

Destacamos que os mapas apresentados no EIA/RIMA foram obtidos no Google e são 

de 2007. Não foram atualizados.

 

IV - DO POSICIONAMENTO DO GOVERNO DO ESTADO

Em matéria publicada no  jornal o Estado de São Paulo dia 27  /11/2010  (DOC. 08)  o 

atual  governador  de  São  Paulo  Alberto  Goldman  afirmou,  em  relação  ao  Rodoanel, 

categoricamente  que  “  embora  o  traçado  do  licenciamento  ambiental  esteja em

tramitação, o traçado do Trecho Norte já está definido” – Pois bem, esta declaração, 

contraria as  leis do  licenciamento ambiental; cerceia o direito constitucional garantido 

ao  cidadão  de  se  manifestar  quanto  à  obras  que  causem  impactos  socioambientais; 

desconsidera  totalmente  o  valor  das  Audiências  Públicas  e  a  participação  popular 

em  que  é  exercida  a  cidadania;  demonstra  desconhecimento  do  direito  do  cidadão 

de  representar  junto  ao  Judiciário. Ao declarar  que  “não  se pode  executar obra de  tal 

envergadura  sem  mexer  com  as  pessoas”,  deprecia  vários  posicionamentos  técnicos 

apresentando alternativas ao traçado atual. 

Ironicamente ao se referir a nossa sociedade e seu modo de vida coloca aqueles que são 

contrários ao trajeto atual como moradores de caverna, interessante conceito sobre os 

cidadãos!

Seu  posicionamento  demonstra  alguém  em  fim  de  mandato  que  não  quer  se 

comprometer com a sociedade, pois para o mesmo, é mais fácil a acomodação de quem 

não se preocupa com a realidade.

 

V - DA ATUAÇÃO IRREGULAR DA EMPRESA CONSORCIADA

 

Aos  proprietários  de  casas  ou  terrenos  em  áreas  em que  passará  o Rodoanel    Trecho 

Norte  a Dersa  está  apresentando os  seguintes documentos  ( DOCs 09 a 11). A Carta 

de  Credenciamento  da  empresa  Engevix/Planservi  que  em  consórcio  é  detentora  de 

contrato  com  a DERSA  e  a Autorização  para  Entrada  na  referida  residência  ou  área. 

Nas duas  há  incongruências  e  informação que gera  dúvidas  pois  seu  texto  indica  que 

pretendem desenvolver trabalhos de estudos ambientais para subsidiar a elaboração do 

EIA/RIMA, efetuar serviços de sondagem e topografia onde serão avaliadas alternativas 

ao traçado do Rodoanel – Trecho Norte.

Pois  bem,  se o próprio governador Alberto Goldman  afirma que o  trecho norte  ainda 

está em tramitação porém seu traçado é definitivo, em quem acreditar?

O texto da Carta de Credenciamento e da Autorização para Entrada induzem o cidadão

a erro a fim de que assine o documento, a Empresa credenciada leva o proprietário a 

acreditar na possibilidade da avaliação de alternativas de traçado para o Trecho Norte. 

Se o conteúdo do EIA/RIMA atual será discutido em Audiências Públicas e é este que 

está sendo colocado à disposição da sociedade, como entender a pretensão da empresa 

em  subsidiá-lo.  O  estudo  não  é  definitivo?  Se  tais  subsídios  forem  acrescentados 

após  as  audiências  públicas,  serão  convocadas  outras  para  avaliação  desses  estudos 

complementares?

A  conclusão  é  de  que  está  sendo  usado  um  artifício  para  que  o  cidadão  baseado 

em  informação  errônea  assine  de  livre  e  espontânea  vontade  um  documento  que 

irá  comprometê-lo,  pois  a  real  intenção  de  ter  seu  consentimento  para  um  objetivo 

contraditório está mascarada. 

 

VI – DO FLUXO DE TRÂNSITO, PEDÁGIO E FUGA DE CAMINHÕES

O benefício para o trânsito paulistano, em função do que será recolhido por essa obra, 

 

Page 8: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

e que deixaria de adentrar a cidade para a contorná-la, é discutível, pois há estudos que 

mostram que esse benefício seria irrisório,( segundo estudo do Engº Horário Augusto

Figueira,  (DOC. 12)  apenas  5,9%  nos  dois  sentidos)  se  comparado  aos  transtornos 

ambientais e ao custo financeiro. 

Segundo o engenheiro “seria de suma importância que o Ministério Público requeresse 

os dados de demanda detalhados de viagens, por pares de Origem/Destino, por tipo de 

veículo, para os picos e para o dia todo (2014, 2020, 2025 e 2030), que deverão carregar 

o  Tramo  Norte, para  desmistificarmos  a  idéia  que  é  para  atender  o  "Tráfego  de 

Passagem", ou seja, o Rodoviário. Isto poderia ter sido há 20, 30 ou 40 anos atrás, mas 

hoje não é mais a realidade. Obviamente os percentuais variam por tipo de veículo, ou 

seja,  para  os  automóveis  a  porcentagem maior  é  para  viagens  urbanas/metropolitanas, 

enquanto para os caminhões a parcela rodoviária, deve ser maior. 

Tramo Oeste: 20 a 30 % das viagens do Tramo com O/D Rodoviária (Origem e destino 

além de 50 km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano. 

Tramo Sul: 60 a 70 % das viagens do Tramo, com O/D Rodoviária (Origem e destino 

além de 50 km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano. 

Tramo Leste: 50 a 60 % das viagens com O/D Rodoviária (Origem e destino além de 50 

km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano.

Tramo Norte: 10 a 20 % das viagens com O/D Rodoviária (Origem e destino além de 50 

km de São Paulo). O resto é urbano e Metropolitano. 

 A  demanda  de  tráfego  nesse  trecho  já  foi  assumida  como menor  do  que  nos  outros 

trechos,  pelo  governo.  Assim  não  se  justificam  os  enormes  custos  ambientais 

anunciados para as obras. Em termos de mobilidade urbana, é discutível a prioridade do 

investimento inicial de R$ 5,5 bilhões nessa obra, e não na construção de mais metrô, 

ou  corredores  de  ônibus.  Nos  outros  trechos  em  que  há  pedágio,  muitos  caminhões 

procuraram escapar do mesmo, causando enormes transtornos em bairros próximos. As 

obras de 9 bi só irão reduzir 6 km de lentidão.”

 

VII - DAS ILHAS DE CALOR

 

A  preservação  da  Serra  visa  a  sua  função  de  reguladora  do  clima,  mantendo-o 

equilibrado  para  a  manutenção  da  vida.  A  auto-regulação  promovida  pela  natureza 

nesta região se afetada com a interferência de obra de tamanho porte poderá ser atingida 

de  forma  a  causar  impactos  que  levem  ao  aumento  de  temperatura  e  criação  de mais 

ilhas  de  calor,  negativas  para  a  preservação  ambiental  ao  intensificarem  o  fenômeno 

do  aquecimento  global.  São  Paulo  já  é  uma  cidade  considerada  como  exemplo  de 

ilha  de  calor  pela  grande  concentração  de  asfalto  e  concreto. A  pouca  quantidade  de 

verde (árvores e plantas) e alto índice de poluição atmosférica, da cidade, favorecem a 

elevação da temperatura.

-  O  Trecho  Norte  passará  em  trechos  com  apenas  12  km  em  relação  ao  centro  da 

cidade,  enquanto  em outras  regiões  está  a mais  de  20  km do  centro. O  seu  trajeto  se 

dá praticamente só por área de mata e  terrenos  livres,  significando  impermeabilização 

de  uma  enorme  área,  cujo  recalque  de  água  causará  enchentes  em  diversos  pontos, 

sobrecarregando  córregos  que  afluem  ao  rio  Tietê.  Portanto,  o  concreto  e  o  asfalto 

estarão mais perto das áreas verdes que ainda restam.

-  A  elevação  de  apenas  1º  C  pode  aumentar  de  forma  expressiva  os  riscos  sobre  os 

ecossistemas,  acima  de  2º  C  levam  a  escassez  de  água  e  à  fome,  devido  a  danos  às 

plantações,  com  colheitas  de  baixa  produtividade.  Somando  à  escassez  de  água  ao 

desaparecimento de rios, cursos d’água e aos assoreamentos à poluição hídrica e todos 

os danos que há muito  estão  sendo causados à natureza, o dano  seria  socioambiental, 

pois devido às mudanças climáticas muitas doenças encontrariam campo fértil para sua 

disseminação.

Sua extensão de 44 km e obra com largura de 150 metros não considerará as áreas de 

canteiros de obras, passando por áreas semi-rurais e verdes de São Paulo, Guarulhos e 

Arujá, causando sérios danos à qualidade de vida de toda a grande São Paulo.

 

Page 9: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

O fenômeno de mudança do clima das cidades tem mudado radicalmente com o passar 

dos  anos,  pois  ele  começa  a mudar  desde  o momento  que  uma  cidade  começa  a  ser 

implantada.

O  primeiro  fator  de  modificação  do  clima  é  o  desmatamento,  pois  o  homem  para 

construir  as  cidades,  derruba  as  matas  e  a  vegetação  indiscriminadamente  e  muitas 

vezes mais que o necessário.

A  vegetação  na  manutenção  do  clima:  As  árvores  têm  máxima  importância  na 

manutenção do equilíbrio climático, primeiro pela sombra refrescante que produzem e 

segundo porque  a  cor verde das  folhas das  árvores  absorve do  ambiente uma enorme 

quantidade  de  radiações  quentes  produzidas  pelo  sol. A  clorofila  tem  uma  função  de 

filtro  ao  recolher  as  luzes  de  cor  avermelhada,  que  são  quentes  e,  deixar  as  de  cor 

esverdeada, que são mais frias.

As plantas funcionam como bombas de sucção quando extraem de modo contínuo água 

do solo para devolvê-la ao ar. A devolução é feita por transpiração através das folhas, 

que é um processo de evaporação. Quando há evaporação há consumo de calor e, assim, 

ocorre o resfriamento do ambiente. Um exemplo é o da água mais fresca contida em um 

pote de barro por causa da evaporação por meio da porosidade de suas paredes.

Uma grande quantidade de árvores, arbustos e até a grama podem refrescar muito uma 

rua, um bairro ou uma cidade.

Sendo  as  cidades  grandes  centros  consumidores  de  energia,  que  utilizada  gera  uma 

sobra  de  calor,  que  no  caso,  poderia  ser  chamado  de  lixo  da  energia,  como  um 

subproduto do uso de energia. Porém tal lixo não pode ser reciclado permanecendo no 

ambiente e se for dissipado irá se espalhar no mesmo de forma prejudicial.

Ônibus,  caminhões,  mais  do  que  os  automóveis,  eletrodomésticos,  sistemas  de 

refrigeração,  indústrias,  altos-fornos de  siderúrgicas  e, muito mais  sistemas produzem 

enorme quantidade de  calor  devendo haver  em contrapartida mais  vegetação para um 

equilíbrio maior na manutenção da temperatura.

A significativa diferença de temperatura registrada entre seus arredores forma a ilha de 

calor. Algumas  vezes  constatamos  fenômenos  estranhos  e  que  agora  se  tornam 

comuns,  como  a  diferença  de  temperatura  entre  duas  áreas,  digamos,  separadas  por 

menos  de  20  Km  e  a  diferença  de  temperatura  entre  elas  ser  de  5º  a  10º  graus 

centígrados.

Tal ocorrência não se  limita às cidades e pode se apresentar em  locais onde há maior 

altitude,  e  onde  a  conformação da  superfície  ou  a  proximidade  de  uma grande massa 

de água variam em uma pequena distância. Mesmo que o topo de uma montanha esteja 

separado de sua base por apenas 2 a 3 quilômetros, a diferença de temperatura pode ser 

substancial entre os mesmos.

Uma cidade pode ter um clima marinho, recebendo influência sobre a sua temperatura 

através  dos  ventos  marítimos  e  as  áreas  onde  as  vastas  massas  de  água  não  causam 

influência, teremos um clima continental. 

    Por  estes  fatores  os  climas  das  cidades  diferem  uns  dos  outros,  mas  os  climas 

circunvizinhos das cidades podem variar muito influenciados pelo seu desenvolvimento, 

muitas  vezes  desordenado.  As  cidades  freqüentemente  devastam  a  sua  vegetação  e 

prejudicam  o  solo,  com  o  crescimento  da  impermeabilização  pelo  asfalto  e  concreto, 

que  absorvem  calor mais  eficientemente  que  o  solo  e  a  vegetação. Grandes  edifícios 

construídos  muito  próximos,  podem  causar  obstrução  de  passagem  de  ar  e,  daí,  tais 

modificações  criam  um  clima  local  significativamente  diferente  daquele  da  paisagem 

circundante.

Portanto, as ilhas de calor manifestam-se quando detectamos ser o clima de uma cidade 

tão diferente do clima de sua vizinhança como o clima de uma ilha o é da água em que 

está situada. A radiação solar incide sobre uma cidade e sobre as suas áreas vizinhas 

em quantidades iguais. No campo, há um equilíbrio normal entre a energia absorvida e 

aquela que se  irradia novamente. Porém, nas cidades,  tal  situação está muito alterada, 

pois o concreto exposto e o asfalto respondem por uma maior absorção e capacidade de 

armazenamento  de  calor  dentro  da  cidade.  Portanto,  as  cidades  desenvolvem  uma 

 

Page 10: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

capacidade maior de re-irradiar o calor como radiação de grande comprimento de onda.

A superfície de concreto causa um maior escoamento da água que o solo e a vegetação, 

causando menos  evaporação  e  diminuindo  a  umidade  da  cidade  em  relação  à  outras 

regiões com menos impermeabilização. 

O  calor  úmido  é  mais  saudável  que  o  calor  seco,  quando  comparamos  uma  região 

úmida  com  uma  região  árida  na  mesma  temperatura.  A  evaporação  exige  energia, 

que é absorvida da energia solar. Basicamente, o calor é  removido de um sistema por 

evaporação;  é  por  isto  que  as  pessoas  se  sentem mais  refrescadas  em  um  dia  quente 

quando estão suando. Sem a disponibilidade do suprimento de água para a evaporação, 

a maior  parte  da  energia  solar  incidente  sobre  uma  cidade  é  absorvida  pelo  concreto, 

resultando numa temperatura da cidade, mais elevada por mais tempo.

Conclusão:  Nitidamente  podemos  avaliar  que  uma  das  soluções  para  tais  fenômenos 

nocivos  ao  homem  e  à  Terra,  seria  procurar  manter  ou  restaurar  a  vegetação  das 

cidades,  adaptando-as  às  características  das  áreas  urbanas  que por  sua  vez  teriam  seu 

desenvolvimento em justo equilíbrio com o meio ambiente.

 

VIII – DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA

 

Chegada de enorme quantidade de fumaça, materiais particulados e ruído urbano a uma 

região de preservação ambiental e de mananciais.

A  cidade  que mantém  um  bom  número  de  árvores  com  a  transpiração  transportando 

continuamente  água  do  solo  para  o  ar,  terá  também    mais  umidade  atmosférica  que 

evitará uma secura maior do ar. A existência de vegetação também influi no regime dos 

ventos, tornando-os mais brandos, mais frescos e menos carregados de poeira.

A  elevação  da  temperatura  em  todo  o mundo  causada  pelo  excesso  de  gás  carbônico 

na atmosfera, o famoso – efeito estufa – é causado pelo gás carbônico produzido pela 

combustão de vários materiais, o que provoca um aquecimento excessivo do ar. Quando 

as plantas iniciam o processo de fotossíntese, consomem gás carbônico e devolvem ao 

ar significativas quantidades de oxigênio.

Assim  vemos  que  o  único  meio  de  reverter  o  efeito  estufa  é  manter  ou  aumentar  a 

quantidade  de  vegetação  das  cidades,  é  a  manutenção  dos  jardins,  ruas  arborizadas, 

grandes parques e áreas verdes.

A expulsão anual de milhões de toneladas de monóxido de carbono, dióxido de carbono, 

combustíveis fósseis, poluentes e dioxinas para o ar, altera a química local da atmosfera, 

afetando a quantidade de calor retida nas cidades pela absorção e posterior re-irradiação 

de calor.

Em 2007 o Brasil já estava fora dos padrões de qualidade do ar segundo a

Organização Mundial de Saúde:

OMS divulga novos padrões de qualidade do ar e cidades brasileiras  ficam acima dos 

níveis recomendados: (2007)

    Todos os grandes centros urbanos do Brasil estão fora dos novos padrões mundiais 

de qualidade do ar,  anunciados no último dia 5 de outubro de 2007 pela Organização 

Mundial de Saúde (OMS). A constatação é do Prof. Paulo Hilário Nascimento Saldiva, 

diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina 

da USP. “O que a gente imaginava que fosse uma qualidade de ar boa, na verdade não é 

mais”, alerta o médico patologista.  

     O  Prof.Paulo  Saldiva  e  o  Prof.  Nélson  da  Cruz  Gouveia,  do  Departamento 

de  Medicina  Preventiva  da  FMUSP,  foram  os  únicos  pesquisadores  brasileiros, 

especializados em poluição atmosférica, a participar do comitê da Organização Mundial 

de Saúde, que alterou os níveis mínimos recomendados para a poluição do ar em todo 

o mundo. A reunião do comitê foi realizada em outubro do ano passado, em Bonn, na 

Alemanha, mas somente agora a OMS divulgou os novos índices.  

     Pelos  novos  índices  estabelecidos  pela  OMS,  a  média  diária  recomendada 

para  partículas  inaláveis  (PM10)  foi  reduzida  a  um  terço:  passou  de  150  µg/m3  

 

Page 11: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

(microgramas por metro cúbico) para 50 µg/m3. O ozônio (O3) baixou de 160 µg/m3  

para 100 µg/m3 a média de 1 hora máxima. O dióxido de enxofre (SO2) teve a média 

diária reduzida de 100 µg/m3 para 20 µg/m3. O dióxido de nitrogênio (NO2) não sofreu 

alterações,  permanecendo  o  índice  de  200  µg/m3  para  a  média  de  1  hora  máxima. 

Outros poluentes não foram avaliados.  

   Na  avaliação  do  Prof.  Paulo  Saldiva,  a  poluição  do  ar  já  deixou  de  ser  apenas  um 

problema  ambiental  e  passou  para  a  esfera  da  saúde  pública.  “A  má  qualidade  do 

ar  comprovadamente  reduz  a  expectativa  de  vida,  aumenta  a  mortalidade,  leva  ao 

abortamento e eleva os riscos de doenças cardíacas e de câncer”, afirma o patologista. 

    Os novos padrões de qualidade do ar definidos pela Organização Mundial de Saúde, 

porém,  dependem  de  decisões  de  cada  governo  para  serem  implementados.  “A OMS 

estabelece os critérios de qualidade do ar e sugere que cada país vá se adaptando para 

chegar  a  esses  valores.  No  Brasil,  é  necessário  que  o  governo,  os  empresários  e  a 

indústria automobilística se  reúnam e discutam o que fazer para diminuir os níveis de 

poluição”, afirma o Prof. Nélson da Cruz Gouveia. 

   O  Prof.  Paulo  Saldiva  aponta  como  as  principais  fontes  de  poluição  em São  Paulo 

o  diesel  e  a motocicleta.  “Uma moto  com  um motor  pequeno  polui,  atualmente,  sete 

vezes mais  do  que  um  carro”,  atesta  o  patologista.  A  seu  ver,  as  principais medidas 

que  deveriam  ser  adotadas,  em  curto  prazo,  seriam  melhorias  nos  veículos  diesel  e 

um programa eficaz de  inspeção e manutenção de veículos.  “E, em  longo prazo, uma 

estratégia  para  favorecer  o  transporte  coletivo  de  melhor  qualidade,  como  o  metrô”, 

conclui Paulo Saldiva.  

Poluentes  que  tiveram  os  níveis  de  padrões  de  qualidade  do  ar  reavaliados  pela 

Organização Mundial de Saúde: 

Ø      As  partículas  inaláveis  são  partículas,  de  diâmetro  inferior  a  10  micrôns, 

que  penetram  no  aparelho  respiratório  podendo  atingir  os  brônquios  e  os  alvéolos 

pulmonares e causar alergias, asma, irritação crônica das mucosas, bronquite, enfisema 

pulmonar e pneumoconiose, definida como o acúmulo de pó nos pulmões e as reações 

do tecido pulmonar à presença desse pó. 

Ø     O ozônio é um gás invisível, que quando presente nas altas camadas da atmosfera 

nos protege dos raios ultravioletas do sol, e quando formado próximo ao solo comporta-

se  como  poluente.  Ele  penetra  profundamente  nas  vias  respiratórias,  afetando 

essencialmente os brônquios e os alvéolos pulmonares.  

Ø     O dióxido de enxofre  é  emitido para  a  atmosfera principalmente pela queima de 

combustíveis  fósseis para aquecimento e produção de energia. É um gás  irritante para 

as mucosas dos olhos e das vias respiratórias podendo ter, em concentrações elevadas, 

efeitos agudos e crônicos na saúde. 

Ø     O dióxido de nitrogênio é emitido por escapamentos de veículos, plantas geradoras 

de  energia  térmica  e  indústria  de  fertilizantes.   Pode  provocar  irritação  da mucosa  do 

nariz manifestada através de coriza e danos severos aos pulmões. 

 

IX- FAUNA E FLORA – (CF – art. 225, § 1º, VII )

Fauna e flora únicas presentes em todo o maciço do Parque Estadual da Cantareira serão 

afetadas, principalmente  em suas  áreas de amortecimento, preconizadas em seu Plano 

de Manejo, gerando mortandades que não podem ser desconsideradas em um momento 

em que todo o planeta advoga a adoção de medidas de sustentabilidade. Todo o bioma 

da região metropolitana, já tão frágil, sofreria tremendamente com essa obra. 

 

De acordo com o EIA do trecho norte do Rodoanel, a própria DERSA reconhece os

impactos sobre a fauna:

 

“Considerando  as  diretrizes  interna  e  intermediária  e  as  áreas  levantadas  no  interior 

do  Parque  Estadual  da  Cantareira,  foram  registradas  22  espécies  com  algum  grau  de 

ameaça  na  AID  do  Trecho  Norte  do  Rodoanel.  Deste  total,  quatro  espécies  constam 

 

Page 12: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

na  Instrução Normativa MMA N°  06/2008,  oito  na  Resolução  SMA Nº  48/2004  nas 

categorias  em  perigo  e  vulnerável,  e  15  são  citadas  na  lista  da  IUCN,  com  variados 

graus  de  ameaça  de  extinção.(Trecho  Norte  do  Rodoanel  Mario  Covas  Estudo  de 

Impacto Ambiental Volume VI Pág. 61)”

 

“A  implantação  de  uma  nova  rodovia  induz  à  criação de um corredor que  se 

configura  como  uma  barreira  física  linear  a  vários  dos  elementos  que  compõem  a 

biota,  principalmente  através  do  fracionamento  de  formações  vegetais,  naturais  ou 

antrópicas,que  atuam na manutenção da  conectividade  dos  elementos  da  paisagem. O 

fracionamento  de  habitats  contínuos,  principalmente  formações  florestais  naturais  ou 

antrópicas,  pode segregar populações animais e vegetais  e,  inclusive,  interromper 

fluxosgênicos,  em  decorrência  do  “efeito  barreira”  (FORMAN;  GODRON,  1986; 

FINDLAY;HOULAHAN,  1997;  FORMAN  et  al.,  1997;  FORMAN;  ALEXANDER, 

1998;  JACKSON,2000;  SEILER,  2001).(Trecho  Norte  do  Rodoanel  Mario  Covas 

Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 63)”

 

“Risco  de  alteração  da  estrutura  e  diversidade  das  florestas  do  PEC  adjacentes  à 

Rodovia  - Devido aos vários ajustes de  traçado e à opção pela construção de  túneis e 

viadutos, em acordo com o Plano de Manejo do Parque Estadual da Cantareira (PEC), 

não  haverá  necessidade  de  supressão  de  vegetação  em  áreas  dentro  dos  limites  do 

Parque Estadual da Cantareira. No entanto, alguns trechos da rodovia ficarão próximos 

às  suas matas,  o que poderá  causar  o  afugentamento da  fauna principalmente durante 

as  obras  e,  potencialmente,  na  operação  da  rodovia,  devido  aos  ruídos  originados 

com  a  movimentação  de  máquinas/veículos/pessoal  (Impacto  6.02).  Dada  a  estreita 

relação  existente  entre  fauna  e  vegetação,  com  relação  à  polinização  e  dispersão  de 

espécies vegetais, o potencial afugentamento da fauna poderá causar alterações na

estrutura e diversidade destas matas  em  longo  prazo.  (Trecho  Norte  do  Rodoanel 

Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 72)”

O  tatu  classificado  como  Dasypodidade,  o  Bugio  (em  perigo  crítico  de  extinção), 

o  Mico-Leão-Dourado  e  a  Suçuarana  (atual  símbolo  da  fauna  de  São  Paulo)  são 

encontrados na Serra da Cantareira e correm sério risco de extinção.

“O  plano  de  manejo  do  PEC  (Fundação  Florestal,  2009)  registrou  97  espécies  de 

mamíferos na área do PEC...” (pág. 43 do RIMA)

De acordo com o EIA do trecho norte do Rodoanel, a própria DERSA reconhece os

impactos sobre a flora:

“A  implantação  do  empreendimento,  tal  como  proposta,  intervirá diretamente

em 70 remanescentes florestais mapeados....  E  61  remanescentes  florestais  terão 

efetivamente  algum  tipo  de  redução  ou  seccionamento  de  sua  área  total.  Destes, 

30  encontram-se  em  estágio  inicial  de  regeneração,  8  em  estágio  inicial  a  médio  de 

regeneração,  14  em  estágio  médio  de  regeneração  e  9  estão  mais  preservados,  em 

estágio  médio  a  avançado  de  regeneração.  Trecho  Norte  do  Rodoanel  Mario  Covas 

Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 64.”

“Os efeitos da fragmentação florestal decorrentes da implantação da rodovia poderão 

atuar  tanto sobre os  remanescentes que  terão sua área  total ainda mais  reduzida como 

sobre  os  novos  fragmentos  que  serão  criados  e,  também,  sobre  as  novas  bordas  que 

serão  criadas  em  florestas  contínuas  ao  maciço  florestal  da  Cantareira.  Estes  efeitos 

poderão ocorrer principalmente através da intensificação da segregação de habitats para

a  fauna,  da  interrupção  de  fluxos  gênicos  e  da  prospecção  de  efeitos  de  borda  para 

ambientes  que  antes  estavam  distantes  dos  limites  florestais  ou  mesmo  protegidos. 

Trecho Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 

68.”

 

“Podem ser destacados os  seguintes pontos mais  críticos  relacionados à  fragmentação 

 

Page 13: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

florestal decorrentes da implantação da rodovia: o isolamento dos fragmentos existentes

na  Fazenda  Santa  Maria  e  no  Parque  do  Aterro  da  Vila  Albertina  em  relação  ao 

contínuo  florestal  da  Serra  da  Cantareira;  a  segmentação  em  áreas  menores  de 

um  grande  fragmento  florestal  em  sua  maior  parte  preservado  (estágio  médio  de 

regeneração,  entre  as  estacas  12.055  e  12.140);  um  grande  remanescente  preservado 

(estágio médio de regeneração) que deverá ser interceptado em dois trechos (altura das 

estacas  12.780  e  12.825),  ocasionando  a  criação  de  03  fragmentos menores;  e  outros 

fragmentos  a  serem  criados  na  altura  das  estacas  13.060  e  12.985  (estágio  médio  e 

médio  a  avançado  de  regeneração),  os  quais  terão  sua  conectividade  anulada  com  os 

grandes remanescentes florestais ao norte como o Parque Estadual de Itaberaba. (Trecho 

Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI Pág. 70)”

 

“Após o desemboque do túnel cinco, há um viaduto de 300 m seguido de trecho extenso

em corte e aterro (aproximadamente da estaca 11750 até a 12215). Esse trecho poderá 

interferir na conectividade entre a Fazenda Santa Maria e o Parque Jaçanã – Tremembé,

e  interceptará  a  área  da  APA  Cabuçu  –  Tanque  Grande,  criando  uma  nova  barreira 

física.  Esse  trecho  pode  ser  considerado  um  dos  pontos  que  demandará  estudo  de 

medidas  de  mitigação  para  circulação  de  fauna  silvestre,  devido  à  diminuição  na 

conectividade entre o maciço florestal da Cantareira e os fragmentos remanescentes ao 

sul  do  futuro  traçado.  O  traçado  do  Rodoanel,  no  entanto,  afetará  diretamente,  nesta 

gleba,  áreas  predominantemente  recobertas  por  agricultura,  vegetação  secundária  em 

estágio  inicial  de  regeneração  e  arvoredos. De  qualquer maneira,  neste  trecho  deverá 

ser avaliada a necessidade de implantação de passagens de fauna subterrâneas. (Trecho 

Norte do Rodoanel Mario Covas Estudo de Impacto Ambiental Volume VI  Pág. 75)”

Em estudo realizado por Paulo César Gomes da Costa – Gestor Ambiental ressaltamos 

alguns aspectos:“INSERIR ESTE SISTEMA  VIÁRIO  PARA  INTERLIGAR  DIFERENTES  CIDADES  UTILIZANDO-O PARA  O 

ESCOAMENTO  DE  PRODUÇÃO  SOMENTE  COM  CAMINHÕES  É  FORTALECER  UM  MODELO  INSUSTENTÁVEL, 

ALÉM  DO  MAIS,  LEMBRANDO QUE  ESTE  TRAÇADO  TERÁ SEU  TRÁFEGO  DE  CAMINHÕES  MENOR  QUANDO 

COMPARADO    COM OS DEMAIS  TRECHOS DO LESTE  ,  OESTE E  SUL,    INVIABILIZANDO O  INVESTIMENTO DE 

RECURSOS NESTE SETOR ,QUANDO COMPARADO AOS IMPACTOS AMBIENTAIS EM JOGO . 

OS  IMPACTOS  NEGATIVOS  SÃO  INÚMEROS  COMEÇANDO  POR  :  POLUIÇÃO  SONORA,  DESCARACTERIZAÇÃO 

DA  PAISAGEM,  REDUÇÃO  DAS  OPÇÕES  DE  ACESSO  PARA  OS  LOCAIS  ILHADOS  ,  DESVALORIZAÇÃO 

IMOBILIÁRIA DE REGIÕES ADJACENTES À PISTA,   ACESSOS AO RODOANEL EM MEIO À FAIXA URBANIZADA, 

A INTERCEPTAÇÃO DOS TRONCOS DE ABASTECIMENTO DA ETA DO GUARAÚ NA PEDRA BRANCA , ESTA QUE 

É A MAIOR ESTAÇÃO DO PAÍS  , A DISTÂNCIA DESTE TRECHO ( ATÉ O MARCO ZERO É O MENOR DE 12 KM E 

OS DEMAIS TRECHOS OS QUAIS ALCANÇARÃO EM MÉDIA 20 KM ) QUE SENDO TÃO PRÓXIMO  INFLUENCIARÁ 

A DRENAGEM DE ÁGUA DESTA ÁREA QUE  SERÁ  IMPERMEABILIZADA,  SOBRECARREGANDO OS  CURSOS DE 

ÁGUA QUE EVACUAM AS PRECIPITAÇÕES DA ZONA NORTE PARA O RIO TIETÊ  IMPACTANDO ASSIM OUTRAS 

REGIÕES DA RMSP. 

TAMBÉM  DEVEM  SER  CONSIDERADOS:  A  CONTAMINAÇÃO  DO  LENÇOL  FREÁTICO,  REMOÇÃO  E 

REVOLVIMENTO DE  SOLOS, AFUNGENTAMENTO E  PERTURBAÇÃO DE ESPÉCIES AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO, 

EFEITO  DE  BORDA  NAS  ÁREAS  QUE  TERÃO  CONTATO  COM  A  LARGA  PISTA  -  130MTS,  RPPN COM  SUAS 

RESERVAS AFETADAS,  ÁREAS DE APP DESRESPEITADAS  ,  TRANSFERÊNCIA DOS  ÍNDICES DE MONÓXIDO DE 

CARBONO PARA A REGIÃO DA CANTAREIRA , AUMENTO NO ÍNDICE DAS ILHAS DE CALOR NA ZONA NORTE , 

AUMENTO DE MATERIAL PARTICULADO NA REGIÃO.”

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte

- VILA RICA INICIA MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADEPostado em Mon, 25 Oct 2010 12:18:49 por ZNnaLinha

 Dos 340 imóveis da Vila Rica, 106 vão desaparecer sob o traçado do Rodoanel Norte,

conforme verificou a comissão de moradores observando em detalhes os mapas. Mas a reunião comunitária realizada em uma praça do bairro, com mais de 200 moradores, deixou

claro que "será ruim não só para quem vai sair, mas também para quem vai ficar". O tamanho e a qualidade das casas surpreendeu quem não conhecia esse loteamento, na

altura do nº 7000 da av. Cel. Sezefredo Fagundes. Fica uns 300 metros adiante da rua Kotinda. A melhor referência é o motel que tem um grande número "7.000" colocado na sua frente. O

mapa diz que o Rodoanel vai passar exatamente ali. Vai passar também no Jardim Corisco, cerca de um quilômetro adiante, exatamente sobre a

EMEF Cel. Hélio Franco Chaves, que vai desaparecer do mapa. Por isso essa reunião tinha a participação de muitos moradores desse bairro.

 

Page 14: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

É uma população simples, de gente que luta por sua moradia, mas não está só preocupada só com suas casas, mas também com a cidade e com o planeta. "É um milagre a cidade ainda ter uma serra da Cantareira. Será que a cidade vai existir daqui a 20 anos, se esse rodoanel sair?

" perguntou uma participante da reunião “

X - TERMO DE COMPROMISSO DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL

Em  documento  apresentado  (DOC. 13 a 15)  constata-se  o  Termo  de  Compromisso 

de  Recuperação  Ambiental  assumido  e  realizado  pela  Fonte  Nova  Mineração  Ltda. 

Processo nº 78245/2006.

Pois  bem,  como  entender  a  obrigatoriedade  desta  recuperação  ambiental  e  sua 

realização  pela  compromissária  que  agora  terá  toda  esta  área  devastada  pelo  atual 

trecho? 

XI - RISCO AO ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Gravíssimo:  Enorme  risco  ao  abastecimento  de  água  a  55%  de  toda  a  população 

da  Grande  São  Paulo,  uma  vez  que  o  traçado  proposto  intercepta  os  troncos  de 

abastecimento  que  saem  da  ETA  GUARAÚ,  na  Pedra  Branca,  a  maior  estação  de 

tratamento de água do Brasil.

A  escassez  de  água  e  a  diminuição  dos  níveis  dos  lençóis  freáticos  interferem  na 

agricultura,  na  indústria  e  na  vida  doméstica,  pois  cada  vez mais,  com o  aumento  da 

população mundial, a necessidade de água aumenta na mesma proporção. Aumentando 

a extração das águas subterrâneas, os lençóis freáticos sofrem um rebaixamento e com 

isto tornam-se mais salinos, demandando cada vez mais investimentos para que possam 

ser  explorados.  Segundo  técnicos  do  Ministério  do  Meio  Ambiente,  a  despoluição 

de  um  lençol  freático,  contaminado  por  atividades  humanas,  leva  mais  de  300  anos. 

A  contaminação  envolve  desde  os  organismos  patogênicos  até  elementos  químicos, 

como o mercúrio. E, também, além do lixo outros fatores contribuem para agravar esta 

situação,  tais  como:  cemitérios;  agrotóxicos;  fertilizantes,  aterros  industriais,  obras 

impactantes.

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte- NA PEDRA BRANCA, MUITA ÁGUA NO EIXO DO TRAÇADO

Postado em Mon, 01 Nov 2010 10:32:05 por ZNnaLinha Após cortar um morro na saída do Jardim Antárctica, o traçado proposto do Rodoanel entra na

várzea da Pedra Branca, entre a av. Santa Inês e o condomínio Itatinga. É uma extensão de quase um quilômetro, no qual existe uma grande área verde intacta e a

passagem do córrego Guaraú, que ali é represado, formando um lago. O traçado indica que o túnel ficará exatamente ao lado das casas do condomínio que estão na

 

Page 15: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

foto abaixo.

Essa área fica exatamente ao lado da ETA - Estação de Tratamento de Água Guaraú, a maior do Brasil.

Certamente em algum ponto dessa rota o Rodoanel vai cruzar com as tubulações de

água que saem da ETA. Isso torna a operação no local extremamente delicada, pois esses tubos simplesmente abastecem de água 55% da população da Grande São Paulo.

Na foto que segue veja o lago e, acima, a ETA Guarau.

XII - PATRIMÔNIOS HISTÓRICOS, CULTURAIS E SOCIAIS

Considerando  o patrimônio cultural  contemplado  na  Constituição  do  Brasil  em  seu 

art.  216  –  “  Constituem  patrimônio  cultural  brasileiro  os  bens  de  natureza  material 

e  imaterial,  tomados  individualmente  ou  em  conjunto,  portadores  de  referência  à 

identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, 

nas quais se incluem: V – os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, 

artístico,  arqueológico,  paleontológico,  ecológico  e  científico.”  Temos  as  seguintes 

comunidades históricas e escolas:

 

COMUNIDADE TRÊS CRUZES E SUA CAPELA HISÓRICA

Na comunidade das Três Cruzes, existe um verdadeiro patrimônio histórico. A capela 

 

Page 16: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Santa Cruz das Três Cruzes  foi  erguida pela primeira vez no  início do  século 19. Na 

época nem mesmo a rodovia Fernão Dias existia.Com a possível obra do  trecho norte 

do  rodoanel,  esse  patrimônio  histórico  também  irá  desaparecer.Por  volta  de  1889,  a 

região da altura do km 81 da Rodovia Fernão Dias era praticamente despovoada. Onde 

hoje existe a estrada era o caminho de acesso para os bandeirantes que desbravavam a 

mata desse Brasil. (DOC. 16 A 23).As trilhas desses  bandeirantes tornaram-se estradas 

e também local onde os tropeiros paravam para descansar. Conta-se que em uma dessas 

paradas  por  conta  de  uma briga,  três  pessoas morreram. Em homenagem  aos mortos, 

uma  capela  foi  construída  e  ganhou  o  nome  de  “Três  Cruzes”.  O  ano  era 

aproximadamente 1910.Com a chegada dos imigrantes, principalmente dos portugueses, 

nasce  a  “Comunidade  das  Três  Cruzes”.  Os  sacerdotes  tinham  muita  dificuldade  de 

chegar ao local  , por isso os  Capelães, tomaram conta do serviço religioso no local. A 

Rodovia Fernão Dias começou a ser construída, e  o projeto coincidiu com o local onde 

havia a Capelinha. Na década de 50,  a  comunidade decidiu construir  então uma nova 

Capela.E  em  1954  foi  inaugurada  oficialmente  a  Capela  Santa  Cruz  da  Comunidade 

Três Cruzes, na Estrada das Três Cruzes numero 172, bairro das Três Cruzes em São 

Paulo. O evento contou com a participação das fadistas portuguesa Amália Rodrigues e 

da  Irene  Coelho,  natural  de  Rio  Claro  interior  de  São  Paulo,  conhecida  como 

a  “Princesinha  da  Canção  Portuguesa”.Mais  uma  vez  lembramos  das  palavras  do 

Governador de São Paulo Alberto Goldman (Item IV) que resume idéias contrárias ao 

Rodoanel como próprias de pessoas das cavernas, talvez por isso, até hoje a região de 

Três Cruzes tenha sistema de transporte coletivo totalmente deficitário, talvez porque os 

responsáveis pelas benfeitorias  tenham a mesma opinião do governador. Esta  falta de 

transporte,  com  certeza,  também  irá  prejudicar  a  ida  das  pessoas  às  Audiências 

Públicas.      

A COMUNIDADE AGRÍCOLA JAPONESA

A  Associação  Cultural  e  Agrícola  Cachoeira  foi  fundada  em  1928.  Localizada 

numa área  rural  às  margens  da   Rodovia  Fernão  Dias,  ela  reúne  os  moradores  da 

comunidade  japonesa  para  atividades  culturais  e  esportivas. Os  responsáveis  pelo 

empreendimento  do  Rodoanel  Trecho  Norte  não  entraram  em  contato  com  a 

comunidade que será atingida. O acesso a respostas sobre o novo traçado é mínimo, os 

prazos  para  início  das  obras  não  estão  claros  e  esclarecimentos  oficiais  referentes  à 

documentação  exigida  não  são  suficientes.Nos DOCs.24 a 28,  podemos  constatar  as 

atividades  da  escola  desde  o  século  passado.      Imagem  020  –  confraternização  da 

ACAC  em  1.952;  Imagem  014  –  confraternização  dos  jovens  da  ACAC  em  1.963; 

Imagem 015 – confraternização dos associados e membros da diretoria da ACAC em 

1.960;  Imagem 017 – confraternização dos  jovens da ACAC em 1.960;Imagem 019  - 

confraternização da ACAC em 1.954.

A ASSOCIAÇÃO CULTURAL E AGRÍCOLA KIOWA

Foi  constituída  em  04  de  agosto  de  1969  (DOCs.29 e 30 )  e  seus  objetivos  são: 

Promover a elevação do nível cultural de seus membros; promover estudos e pesquisar 

para o aumento e melhoria das pesquisas agrícolas. Sua sede é na Rodovia Fernão Dias, 

km 80, Bairro da Cachoeira. Sua finalidade cultural e de fomento às pesquisas agrícolas 

também será prejudicada com o Trecho Norte do Rodoanel.

 

ASSOCIAÇÃO CULTURAL E AGRÍCOLA DE CACHOEIRA

Situada  no Bairro  de Três Cruzes,  715  –  no Bairro  de Cachoeira  tem  por  finalidade, 

dentre outras, o desenvolvimento cultural, moral, cívico e artístico de seus associados e 

 

Page 17: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

dependentes; providenciar, conceder ou receber bolsas de estudos em benefício de seus 

associados e dependentes.

ESCOLA MUNICIPAL

No Jardim Corisco uma escola municipal EMEF Cel. Hélio Franco Chaves situada na 

Rua Kotinda altura do número 1300 será desapropriada, e deixara de formar cidadãos 

para dar passagem a caminhões e a poluição produzida por eles.

 

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte 

 

 

 UMA ESCOLA COM OS DIAS CONTADOS? Postado em Mon, 18 Oct 2010 14:39:44 por ZNnaLinha

Foi com grande surpresa que os moradores do Jardim Corisco souberam que o traçado do rodoanel passa exatamente em cima da EMEF Cel.Hélio Franco Chaves, que serve a região. A reunião foi realizada na quadra de esportes da escola, e um grande mapa foi fixado na parede.

O traçado proposto vem da av. Cel. Sezefredo Fagundes, passa pelo loteamento Vila Rica, pega um fundo de vale com bastante verde, até atingir a escola municipal . Logo após existe

uma grande área verde, que será terraplanada em direção à rodovia Fernão Dias.  

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte

 

Page 18: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

- UM SONHO DE CANTAREIRA Postado em Fri, 22 Oct 2010 12:46:54 por ZNnaLinha

A foto abaixo é da revista Época São Paulo (Outubro 2010, p.65). A moradora Luiza Graça fala da alegria e da qualidade de vida de morar na serra, no parque Petrópolis, sair com sua filha no

quintal, colher limão...

"Quem quer fugir para o campo", diz a matéria,vai para a serra da Cantareira.

A chegada do Rodoanel à serra vai colocar em xeque não só a qualidade de vida de quem buscou refúgio nela. Vai afetar a qualidade de vida de toda a grande São Paulo. É a repetição

de um modelo já saturado, de privilégio ao transporte individual e ao transporte por pneus, sobre asfalto, queimando combustivel fóssil. A serra da Cantareira, que era refúgio a esse impacto, guardiã da qualidade do ar da cidade, vai ganhar um colar de asfalto e fumaça.

Onde fica a tal sustentabilidade, que propõe deixar um mundo melhor, ou pelo menos não pior, para as futuras gerações?

Matéria jornalística do ZNnaLinha sobre o Rodoanel Trecho Norte

- FOTO-REALIDADE DA SERRA DA CANTAREIRA Postado em Tue, 19 Oct 2010 18:29:57 por ZNnaLinha

 

Page 19: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

O biólogo Wallace Málaga remeteu a foto de uma jaguatirica (Leopardus pardalis) atropelada na estrada do Rio Acima, em Mairiporã. Ele reporta a ocorrência de diversos outros

atropelamentos de animais, e pede providências. O Rodoanel trecho Norte se propõe passar exclusivamente sob (via túneis) a área do Parque Estadual da Cantareira. Contudo a própria técnica responsável pela preparação do EIA - Estudo de Impacto Ambiental, reconheceu que

diversas áreas de amortecimento do parque serão atingidas pela estrada.

Os animais fazem parte de um bioma planetário, e transitam para fora das cercas que o ser humano cria. Como um conquistador obstinado, por 200 anos a humanidade avançou sobre a natureza, em nome do progresso. Hoje, século 21, está demonstrada a 3ª lei de Newton: toda ação gera uma reação, com igual força e em sentido contrário. A natureza está reagindo, e a

humanidade não pode mais avançar da mesma forma, destruindo o bioma planetário.

 

 

 

 

 

 

 

Breve síntese de pesquisa realizada por professores da UNG – Universidade de

Guarulhos com informações ambientais sobre o Município de Guarulhos. Estando à

disposição a íntegra da mesma.

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO

PAULO

Processo FAPESP: 05 / 57965 - 1

Junho de 2006 a Junho de 2009

UnG - SEMA-SDU-SG/PMG - EMURB/PMSP - IF/SP

 

Page 20: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES

AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a 

Junho de 2009.

 

RELATÓRIO CIENTÍFICO FINAL

1.  Título:  BASES  GEOAMBIENTAIS  PARA  UM  SISTEMA  DE  INFORMAÇÕES 

AMBIENTAIS  DO  MUNICÍPIO  DE  GUARULHOS  2.  Pesquisador  Responsável: 

ANTONIO MANOEL DOS SANTOS OLIVEIRA3. Instituição Sede: NIVERSIDADE 

GUARULHOS  –  UnG.4.  Equipe  de  Pesquisa:Prof.  Dr.  Antonio  Manoel  dos  Santos 

Oliveira.Prof.  MSc.  Márcio  Roberto  Magalhães  de  Andrade.Prof.  MSc.  Sandra  Emi 

Sato.Prof.  Esp. William  de Queiroz.5.  Número  de  Processo  da  FAPESP:  05/57965-1 

-  6.  Período  de Vigência:  01/06/2006  a  15/06/2009.7.  Período  coberto  pelo Relatório 

Científico: Idem. Relatório Final.

 

BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES

AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS.

 

1. Introdução

Este relatório apresenta os resultados finais do Projeto de Pesquisa, com o mesmo título,

conforme o Processo FAPESP 05/57965-1, desenvolvido no período de Junho de 2006 a

Fevereiro de 2009. O período inicialmente previsto era de 24 meses, de Junho de 2006 a

Maio  de  2008,  entretanto,  o  encerramento  foi  prorrogado  para  junho  de  2009, 

perfazendo um total de 36 meses.

2. Objetivos

O  principal  objetivo  deste  Projeto  é  o  de  elaborar  as  bases  geoambientais  para  um 

sistema  de  informações  ambientais  do  território  (cerca  de  320  km2)  do  município 

de Guarulhos.  Estas  bases  referem-se  ao meio  físico  –  solos  e  águas  de  superfície  – 

convergindo para uma  síntese  representada pela definição de unidades geoambientais, 

ou  seja,  as  unidades  de mesmo  comportamento  dos  processos  de  dinâmica  geológica 

superficial  (erosão,  movimentos  de  massa,  assoreamento  etc.)  especialmente  frente 

ao  uso  do  solo  urbano.  Este  objetivo  deve  avançar  futuramente  para  a  concepção  de 

um  Sistema  de  Informações  Ambientais  para  Guarulhos;  para  a  sistematização  de 

dados  visando  a  um Atlas Geoambiental  do Município  de Guarulhos  e,  ainda,  para  a 

determinação de temas de pesquisa para os diversos cursos da UnG, em especial para o 

seu curso de Mestrado em Análise Geoambiental.

Como perspectiva de aplicação há a expectativa de que a análise realizada e seus

resultados  fundamentem  cientificamente  as  ações  que  a  Prefeitura  vem  praticando 

quanto ao uso do solo e apontem para a formulação de políticas públicas que melhorem 

as condições geoambientais do município.

 

UnG - SEMA-SDU-SG/PMG - EMURB/PMSP - IF/SP

BASES GEOAMBIENTAIS PARA UM SISTEMA DE INFORMAÇÕES

AMBIENTAIS DO MUNICÍPIO DE GUARULHOS

Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a 

Junho de 2009

Mapas Regionais

As regiões consideradas neste projeto, nas quais se insere a área objeto do município de

Guarulhos, são a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e a Reserva da Biosfera 

do  Cinturão  Verde  da  Cidade  de  São  Paulo  (RBCV).  A  Figura  3.01  apresenta  a 

localização do município de Guarulhos em ambas as regiões.

Metodologicamente,  a  RBCV  foi  considerada  por  constituir  o  principal  alvo  da 

preocupação regional com os serviços da biosfera, objetos da aplicação do método de 

Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM), segundo Alcamo et al. (2003). A RMSP, 

 

Page 21: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

contida na RBCV, foi também considerada, porque constitui a principal expressão dos 

vetores que vem alterando  tais  serviços, ou  seja,  a  expansão urbana,  com  importantes 

implicações para o bem estar da população de Guarulhos.

Avaliação Ecossistêmica do Milênio

A Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) foi solicitada pelo Secretário Geral das 

Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000, mediante documento encaminhado à Assembléia 

Geral intitulado Nós, os Povos: O Papel das Nações Unidas no Século XXI.

Iniciada em 2001, a AEM teve por objetivo avaliar as consequências que as mudanças 

nos  ecossistemas  trazem  para  o  bem-estar  humano  e  as  bases  científicas  das  ações 

necessárias  para  melhorar  a  preservação  e  uso  sustentável  desses  ecossistemas  e  sua 

contribuição ao bem-estar humano.

Este trabalho envolveu 1350 cientistas de 95 países tendo sido concluído em 2005. Suas

conclusões  sobre  as  condições  e  tendências  dos  ecossistemas,  cenários  para  o  futuro, 

respostas possíveis e avaliações em escala sub-global estão disponíveis em publicações.

Técnicas  agrupadas  sob  estes  quatro  temas  principais.  Cada  parte  constituinte  da 

avaliação foi detalhadamente examinada por governos, cientistas independentes e outros 

especialistas  para  garantir  a  integridade  das  conclusões  apresentadas  (CEBD,  2007). 

No Brasil seus resultados foram apresentados em 01 de abril de 2005 pela Secretaria de 

Estado do Meio Ambiente no “Seminário Internacional sobre a Avaliação Ecossistêmica 

do Milênio”.

A AEM global está sendo seguida por avaliações sub-globais (ASGs) em vários países 

do mundo, mobilizando os cientistas locais. Em dezembro de 2002, o Instituto Florestal 

propôs que a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo fosse 

uma das ASGs da Avaliação do Milênio. Trata-se da primeira ASG no Brasil e a quarta 

na  América  do  Sul.  A  proposta  foi  aprovada  pela  Direção  da  AEM,  tendo  em  vista 

a  peculiaridade  da  região:  a  quarta maior metrópole  do mundo,  rodeada  por  áreas  de 

altíssima  expressão  ambiental  e  social,  incluindo  desde  florestas  de  Mata  Atlântica, 

passando por  reservatórios que abastecem mais de 20 milhões de pessoas,  até  regiões 

de vocação para o  lazer  e  a  produção  agrícola. O Cinturão Verde  é  fonte de  serviços 

ambientais  para  as metrópoles  de São Paulo,  Santos  e  regiões  adjacentes,  de maneira 

que seu estudo é vital para a governança ambiental da região, para o aperfeiçoamento 

das políticas públicas e a gestão metropolitana e periurbana.

Já  foi  realizada  uma  Avaliação  Preliminar  da  RBCV  (São  Paulo  City  Green  Belt 

iosphere Reserve,  2003)  e  neste  ano  de  2009  a Coordenação  estará  iniciando  a ASG 

final. A  abordagem  da Avaliação  Ecossistêmica  consiste  na  aplicação  de  um método 

que valoriza o aproveitamento dos  serviços da biosfera  (ALCAMO et al., 2003). Este 

método compreende basicamente a elaboração de diagnósticos:

- diagnóstico dos serviços da biosfera,

- diagnóstico dos vetores de degradação,

- diagnóstico das tendências;

Sendo finalizado por mais dois estudos:

- elaboração de cenários futuros

- concepção das respostas necessárias para fazer frente aos aspectos indesejáveis de tais 

cenários.

Projeto de Pesquisa. Processo FAPESP: 05/57965-1. Relatório Final - Junho de 2006 a 

Junho de 2009.A seguir são apresentados os conceitos envolvidos na AEM.

Serviços

Quanto  aos  serviços  da  biosfera,  são  considerados  os  serviços  de  sustentação,  de 

provisão, de regulação, culturais e para a ciência.

a. Serviços de Sustentação

Os processos de sustentação compreendem todos aqueles que participam da dinâmica da

biosfera,  que  a  fazem  renovar,  mantendo  a  biodiversidade  e,  portanto,  constituem  a 

base de todos os outros serviços ambientais. Compreendem processos de intemperismo 

físico e químico, pedogenéticos e biológicos que, no âmbito da biosfera, não podem ser 

separados. Portanto, incluem a formação e evolução dos solos, a formação de habitats e 

 

Page 22: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

de nichos, a ciclagem de nutrientes, a produção de oxigênio, de nitrogênio e de nitratos, 

a fotossíntese, a polinização, a dispersão de sementes, enfim, de uma multiplicidade de 

processos que  são vivenciados pela biosfera, que  sustentam a vida  e  fundamentam os 

demais serviços, de provisão, regulação e culturais.

 

b. Serviços de Provisão

Dentre os principais serviços de provisão ou de provisionamento de bens, destacam-se a

produção de água dos mananciais dos ecossistemas preservados e o ar enriquecido pelo 

oxigênio produzido  e purificado pela  fixação do gás  carbônico,  através dos processos 

fisiológicos vegetais.

Incluem  também, de uma  forma geral, o  fornecimento de  substâncias para a  indústria 

farmacêutica;  de  plantas  ornamentais;  de  alimentos  vegetais,  como  frutos  e  raízes; 

dealimentos  de  origem  animal,  como  peixes,  outros  animais  e mel;  de  energia,  como 

lenha, carvão, óleos; de fibras, para cordas e tecidos; de madeiras etc.

c. Serviços de Regulação

Os  serviços  de  regulação  dizem  respeito  ao  clima,  incluindo  a  amenização  da 

temperatura  e.  O  frenamento  dos  ventos,  com  influência  importante  na  geração  de 

conforto térmico nas áreas sujeitas à influência dos ecossistemas preservados.

A  ação  da  regulação  também  se  faz  nos  escoamentos  superficiais  pelos  efeitos  das 

coberturas  florestais  preservadas  de  interceptação,  reservação  ou  armazenagem  na 

biomassa presente, atenuação das velocidades de escoamento, propiciando infiltração.

Desta  maneira,  o  serviço  de  regulação  do  comportamento  hídrico  reflete-se  na 

atenuação  dos  processos  geológicos  de  superfície  decorrentes,  ou  seja,  erosão, 

escorregamentos, assoreamento, enchentes, inundações e alagamentos.

d. Serviços Culturais

Os serviços da biosfera  são considerados  também como  fatores de bem estar humano 

por se expressarem culturalmente com seus valores religiosos em práticas que valorizam 

a natureza; valores da educação ambiental, saúde mental (sentir-se bem por ter acesso à

água  e  ar  limpos).  Os  ecossistemas  também  conferem  identidade  cultural,  percepção 

territorial e ofertam valores espirituais, estéticos além de ecoturismo e lazer.

A  biosfera  reserva  ao  homem  várias  oportunidades  de  conhecimento  científico  da 

natureza, em especial o conhecimento de propriedades farmacêuticas dos componentes 

da  flora  e  fauna e  aquele que conserva,  como background do comportamento natural, 

um  referencial  natural  para  que  sempre  se  possa  avaliar  a  intensidade  das  alterações 

antrópicas que lhe sucederam.

Vetores  -  Quanto  aos  vetores  de  degradação  dos  serviços  da  biosfera,  destaca-se, 

atualmente,  o  vetor  imobiliário,  que  se  expressa  como  loteamentos  regulares  ou 

ocupações  irregulares.  Há  também  outros  vetores  como:  mineração,  ausência  de 

governança  adequada,  especialmente  em  nível  municipal  devido  sua  importância  na 

ação local e falta de percepção dos moradores quanto aos problemas ambientais.

Cenários

Os cenários podem ser elaborados por diversos métodos, sendo os mais simples aqueles

que  levam  em  conta  apenas  dois  cenários  extremos,  ou  seja,  partindo-se  da  realidade 

atual  e  projetando  para  um  número  determinado  de  anos,  um  cenário  otimista,  em 

que os  serviços ambientais  são valorizados e os vetores de degradação contidos e um 

pessimista, em que os vetores se intensificam e os serviços tendem a ser eliminados.

Uso do solo na RBCV

O mapa de uso do solo da RBCV foi elaborado pelo Instituto Florestal e Coordenação 

da  Reserva  da  Biosfera  do  Cinturão  Verde  da  Cidade  de  São  Paulo,  organizado  e 

encaminhado especialmente para este Projeto (HONDA; KANASHIRO, 2008).

Segundo  os  autores,  a  criação  do  banco  de  informações  georreferenciado  da  RBCV 

é  um  importante  instrumento  de  monitoramento  associado  à  utilização  de  novas 

tecnologias do Sistema de Informações Geográficas (SIG) na representação espacial das 

dinâmicas de uso e ocupação do solo na escala dos 73 municípios integrantes da RBCV.

Esta  ferramenta  é  fundamental  para  o  planejamento  de  ações  estratégicas  voltadas  à 

 

Page 23: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

gestão  de  áreas  públicas  e  privadas,  mas  exige  atualização  e  monitoramento  anual/

bianual  na  avaliação  das  dinâmicas  de  construção  e  desconstrução  da  paisagem 

geográfica.

O procedimento de sua elaboração é detalhado e de elevado custo financeiro, além de 

exigir equipe técnica qualificada e capacitada em Sistema de Informações Geográficas 

(SIG),  programas  de  SIG  disponíveis,  equipamentos  de  softwares  e  hardwares 

específicos e tempo hábil para as análises.

A  criação  do  banco  de  informações  georreferenciadas  da  Reserva  da  Biosfera  do 

Cinturão Verde  da Cidade  de  São  Paulo  – RBCV  foi  realizada  com  a  sistematização 

integrada e articulação das bases digitais já existentes disponíveis:

- Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo, realizado pela Coordenadoria 

de  Planejamento  Ambiental  Estratégico  e  Educação  Ambiental  da  Secretaria  do 

Meio Ambiente  do Estado  de  São Paulo  – Governo  do Estado  de  São Paulo,  projeto 

financiado pelo FEHIDRO em 2004 (SÃO PAULO, 2004).

- Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo, realizado pelo

Instituto Florestal do Estado de São Paulo da Secretaria do Meio Ambiente do Estado 

de São Paulo (IF, 2005).

- Indicadores Metropolitanos:  Região  Metropolitana  de  São  Paulo.  EMPLASA: 

Governo do Estado de São Paulo – Secretaria de Economia e Planejamento, com base 

em imagens Ikonos de 2002, com resolução de 1 m. (EMPLASA, 2007b).

O  ambiente  escolhido  para  a  representação  das  informações  georreferenciadas  é  o 

Sistemas  de  Informações  Geográficas  (SIG)  ArcView,  versão  3.2  desenvolvido  pela 

empresa  ESRI.  Ajustes  cartográficos,  projeções  e  sistemas  de  coordenadas  foram 

necessários  na  padronização  e  compatibilização  de  ambos  os  bancos  de  informações. 

A  projeção  adotada  no  banco  de  informações  da RBCV  é  a Universal  Transversa  de 

Mercator,  o  que  confere  melhor  precisão  as  representações  na  escala  municipal.  O 

sistema de coordenadas é UTM SAD (South American Datum) 1969 Fuso 23 Sul.

Para  a digitalização dos  limites da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade 

de São Paulo foi utilizada a base cartográfica digital, na escala 1:50.000, do “Inventário 

Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo” (IF, 2005);  realizado a partir 

das delimitações em cartas topográficas do trabalho manual realizado desde sua criação 

em 1994.

O cruzamento e sobreposição das diversas fontes de informações em formato .shp gerou

como  resposta  um  mosaico  de  feições  referentes  às  variadas  categorias  de  uso  e 

ocupação  do  solo,  onde,  sobrepostos  aos  limites  de  abrangência  da  RBCV,  atribuiu 

importante representação espacial das atividades de uso para a escala dos 73 municípios 

integrantes da Região Metropolitana de São Paulo, seu entorno e Região Metropolitana 

da Baixada Santista.

As categorias do banco de  informações do “Inventário Florestal da Vegetação Natural 

do  Estado  de  São  Paulo”  foram  desenvolvidos  na  escala  1:50.000,  com  técnicas 

de  fotointerpretação  de  imagens  orbitais  dos  sensores  do  satélite  Landsat  TM  5  e  7 

referentes ao cenário dos anos de 2000 e 2001 e, de  fotografias aéreas decorrentes de 

sobrevôo Linescanner em escala 1:35.000 digitalizadas – ortofotos  -  realizado durante 

os anos de 2000 e 2001 em toda a área do Parque Estadual da Serra do Mar, composta 

de  75  municípios  e  cobrindo  uma  área  aproximada  de  22.000  mil  km²-  Projeto  de 

Preservação da Mata Atlântica.

As seguintes categorias de uso e ocupação do solo gerado pelo projeto do

Inventário foram inseridas no banco de informações georreferenciado da RBCV:

-  Cobertura  Vegetal  Natural:  mata,  capoeira,  cerrado,  vegetação  de  várzea  e 

reflorestamento;  - Drenagem: cursos d’água e  represas;  - Unidades de Conservação;  - 

Limites Municipais; - Vias de circulação; - Área Urbana; - Agricultura anual.

O projeto “Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo”  desenvolvido  na 

escala  1:50.000  sobreposto  com  as  composição  articulada  com  imagens  do  sensor  do 

satélite Landsat TM 7 referentes ao cenário de 2004, geraram um mosaico de diversas 

categorias de uso  e ocupação do  solo  a partir  da  análise digital  das  imagens  e  com o 

 

Page 24: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

cruzamento  das  informações  obtidas  por  meio  da  fotointerpretação.  Informações  que 

foram inseridas no banco de informações georreferenciados da RBCV como: 

- Uso Urbano: áreas urbanizadas;

- Uso Rural: culturas anuais, semi-perenes, perenes, pastagens;

- Outros Usos: mineração, industrial, zonas portuárias e aeroportos;

- Cobertura Vegetal Natural: mata, mata ciliar ou de galeria, mangues, restingas,

campos úmidos ou vegetação de várzea e cerrado;

- Drenagem: rios, represas, lagos e lagoas.

As  categorias  definidas  no  mapeamento  realizado  pela  EMPLASA  no 

relatório  “Indicadores  Metropolitanos:  Região  Metropolitana  de  São  Paulo  de  2007” 

foram  inseridas  no  banco  deinformações  georreferenciado  da RBCV,  são:-  Favelas;  - 

Indústrias.

Com o cruzamento da base digitalizada 1:50.000 e as categorias de uso e ocupação do 

solo geradas pelos diferentes projetos a partir de fotointerpretações e análises digitais de

imagens  de  satélites  em  diferentes  cenas  e  datas  devidamente  padronizadas  e 

sistematizadas,  foi  realizada  a  sobreposição  das  informações  para  verificação  da 

resposta final do mapa de uso e ocupação do solo da RBCV.

As categorias adotadas para a elaboração do mapa final em programação ArcView em

formato .shp são: 

- Mapeamento Temático do Uso e Ocupação do Solo:  aeroportos, zonas portuárias, 

mineração,  pastagens,  cultura  anual,  cultura  perene,  cultura  semi-perene,  campos 

úmidos ou vegetação de várzea, mata ciliar ou de galeria, mangues e restingas.

- Inventário Florestal da Vegetação Natural do Estado de São Paulo:  drenagem, 

vias de circulação,  limites municipais, área urbana, agricultura cíclica, mata, capoeira, 

cerrado, vegetação de várzea e reflorestamentos.

- Mapa de Uso do Solo da EMPLASA: favelas e indústrias.

A representação das diferentes categorias inseridas no banco de informações da RBCV

exige  formatação  unificada  de  uma  legenda  padrão.  A  classificação  adotada  é  uma 

versão  simplificada  do  padrão  IBGE  para  classificação  da  vegetação  brasileira  e, 

as  demais  terminologias  temáticas  são  referentes  à  classificação  por  tipo  de  uso  e 

ocupação.

A  elaboração  do  banco  de  informações  georreferenciadas  da  Reserva  da  Biosfera  do 

Cinturão Verde da Cidade de São Paulo a partir da integração de trabalhos já realizados 

no  âmbito  do  Governo  do  Estado  de  São  Paulo  –  Secretaria  do  Meio  Ambiente 

do  Estado  de  São  Paulo  –  Instituto  Florestal  e  Coordenadoria  de  Planejamento 

Ambiental  Estratégico  e  Educação  Ambiental,  confere  credibilidade  as  informações 

produzidas  e  geradas  por  meio  de  tecnologias  de  processamento  de  imagens  digitais 

e  fotointerpretação  na  escala  regional  1:50.000,  desenvolvidas  e  sistematizadas  pelo 

Sistema  de  Informações  Geográficas  (SIG)  ArcView.  No  entanto,  as  informações 

geradas  são  vulneráveis  as  dinâmicas  de  alterações  de  usos  e  ocupações  do  solo  de 

regiões periurbanas na escala temporal, tornando-se defasadas ao longo dos anos.

Mapa termal da RBCV

O mapa termal, mapa de temperaturas aparentes de superfície, representa a cartografia 

de um dos fatores do bem estar humano relacionado ao serviço da biosfera que propicia 

o conforto térmico, serviço de regulação, segundo o método da Avaliação Ecossistêmica

(ALCAMO  et  al.,  2003).  Conhecer  a  distribuição  das  temperaturas,  por  meio  da 

aplicação  da  interpretação  de  imagem  de  satélite,  constitui  uma  das  formas  de  se 

analisar a distribuição desse fator que nas cidades produz as denominadas ilhas de calor 

(LOMBARDO, 1985).

Portanto,  para  cada  região,  dependendo  de  suas  condições  geoambientais,  resultam 

declividades específicas. Para Guarulhos, foi realizada pesquisa assim direcionada.

Neste sentido, a carta de risco produzida seguiu o modelo de carta geotécnica apontada 

por  Zuquette  et  al.  (1991)  como  aquela  dirigida  para  Zonas  Expostas  aos  Riscos  de 

Movimentos do Solo que podem ser elaboradas em várias escalas.

De  forma  complementar  foram  também  considerados  os  dados  disponíveis  de 

 

Page 25: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

levantamento  de  áreas  de  risco  realizado  por Rosa  e Bindoni Engenharia Ltda  para  a 

Prefeitura de Guarulhos (Guarulhos, 2004).

Risco de inundação

A inundação é um processo resultante do extravasamento de canal das águas correntes 

por  vazões  excepcionais,  causadas  por  chuvas  torrenciais  ou  com  longo  período.  Em 

termos geomorfológicos, corresponde ao escoamento das águas fluviais pelo leito maior 

sazonal ou várzea, quando o volume das águas ultrapassam a capacidade limite do leito 

menor.

Embora  seja  um  processo  natural,  podemos  considerar  também  as  ocorrências 

observadas  em  Guarulhos  como  consequência  de  fatores  antrópicos,  haja  vista  que 

na  região  esta  influência  é muito marcante,  em  especial  com  respeito  a mudanças  na 

seção dos canais, a intensa impermeabilização do solo e o assoreamento dos canais de 

drenagem natural.

O  risco  de  inundação  foi  avaliado  a  partir  do  mapa  das  inundações  mais  freqüentes 

elaborado  pela  PMG,  e  que  foi  desenvolvido  durante  os  estudos  para  elaboração  do 

Plano Diretor de Drenagem, cujas informações básicas são:

  Levantamento de campo realizado no período de setembro de 2002 e abril de 2003;

  Áreas indicadas pelos técnicos do Departamento de Obras da Administração Direta e

Manutenção (DOADM) e engenheiros das diversas regionais da PROGUARU, ainda

através de ocorrências registradas pela Defesa Civil;

  Entrevistas com munícipes que indicaram as áreas inundáveis e a sua intensidade em

um período de recorrência de 2 anos;

  As áreas de inundação foram delimitadas em campo através da base cartográfica em

escala 1:5.000;

  Auxílio de topógrafos em campo que determinou a cota de inundação;

  Conversão dos dados para uma base cartográfica digital em escala 1:1.000;

  Revisão por diversos técnicos da Secretaria de Obras e PROGUARU.

A  base  cartográfica  com  as manchas  de  inundação  foram  convertidas  para  o  sistema 

ArcGIS

e assim puderam ser cruzadas com as informações de uso do solo.

4. As Regiões

Conforme  método  apresentado  no  item  3.1  duas  regiões  foram  consideradas  neste 

projeto:  a  Região  Metropolitana  de  São  Paulo  (RMSP)  e  a  Reserva  da  Biosfera  do 

Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (RBCV) (Figura 3.01).

Conforme  foi  exposto  nesse  item,  a RBCV  foi  considerada  por  constituir  o  principal 

alvo  da  preocupação  regional  com  os  serviços  da  biosfera,  objetos  da  avaliação 

ecossistêmica  do  milênio  (AEM)  e  a  RMSP,  contida  na  RBCV,  porque,  incluindo 

Guarulhos, constitui a principal expressão dos vetores que vem alterando tais serviços, 

ou seja, a expansão urbana.

A RMSP

A  RMSP,  situada  no  Planalto  Paulistano,  com  uma  área  de  8.051  km2,  abrange  39 

municípios,  uma  população  estimada  em  16,3  milhões  de  habitantes,  sendo  que  10 

milhões moram no município de São Paulo. Sua área urbanizada é de 1.747 km2 e sua 

importância  econômica  reflete-se num PIB que corresponde a pouco mais de 50% do 

total estadual e a 18,5% da riqueza nacional (SÃO PAULO, 2008).

A  intensa  atividade  econômica  desenvolvida  na  RMSP  provoca  sua  expansão 

ampliando continuamente a área urbanizada. Uma das medidas dessa atividade pode ser 

aquilatada considerando que, segundo pesquisa de 1997, na RMSP, são realizadas 30,9 

milhões  de  viagens  por  dia,  das  quais,  20,3 milhões  são motorizadas.  Por  transporte 

coletivo, são 10,3 milhões/dia; por veículos particulares, 10 milhões/dia; e viagens a pé, 

10,6 milhões/dia.

(SÃO PAULO, 2008). Ainda segundo esta referência, o sistema de ônibus da Região

transporta  cerca  de  8 milhões  de  passageiros/dia,  deslocamento  efetuado  em  cerca  de 

650  linhas  locais na Capital,  457  linhas  locais nos demais municípios  e  em mais 300 

linhas que fazem ligações entre municípios da RMSP.

 

Page 26: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

São cerca de 15 mil ônibus envolvidos nesse  transporte,  aos quais  somam-se mais 10 

mil ônibus fretados pelas empresas ou pelos próprios empregados.

Além do  transporte público, os deslocamentos na Região Metropolitana são feitos por 

uma frota de 5 milhões de veículos particulares, mais que um quinto da frota nacional. 

Nas 46 mil ruas da capital circulam, por dia, 2,5 milhões de veículos. Nesse contexto, os

congestionamentos  são  um  problema  crescente,  considerando  que  94%  da  poluição 

do  ar  vem  de  carros,  ônibus  e  caminhões  e  que  os  congestionamentos  diários 

freqüentemente se estendem por mais 100km (SÃO PAULO, 2008).

O  crescimento  urbano  transforma  o  meio  ambiente  com  sensíveis  prejuízos  para  os 

serviços ambientais, imprescindíveis para a vida e ao bem estar humano. Esta perda se 

traduz em ônus duplo para a RMSP, pois, quando a expansão urbana se  faz de  forma 

inadequada,  há  deflagração  de  processos  indesejáveis  de  erosão,  escorregamentos, 

assoreamento, alagamentos e inundações, com criação de áreas de risco.

Em  termos  de  serviços  ambientais  de  provisão  destaca-se,  na  RMSP,  a  perda  de 

mananciais  de  abastecimento  de  água.  Em  termos  de  perdas  de  serviços  ambientais 

de  regulação destacam-se  as  alterações  climáticas  locais  que,  gerando um microclima 

urbano  na  RMSP,  provocam  a  perda  da  regulação  térmica,  criando  o  fenômeno  da 

ilha  de  calor  urbano,  intensificado  pelas  atividades  industriais  e,  especialmente,  pelas 

milhões de viagens de veículos urbanos, conforme acima descrito.

A RBCV

A RBCV inclui, além da RMSP, a Região Metropolitana da Baixada Santista - RMBS e 

vários outros municípios perfazendo um total de 73 municípios.

Segundo RBCV (2003), as reservas da biosfera são figuras criadas em 1976 no âmbito 

do  programa  O  Homem  e  a  Biosfera  (MaB  –  Man  and  Biosphere)  da  UNESCO  – 

Organização  das Nações Unidas  para  a Educação,  a Ciência  e  a Cultura. As  reservas 

da biosfera são definidas como “áreas reconhecidas pelo Programa MaB da UNESCO 

que  inovam  e  demonstram  abordagens  para  a  conservação  e  o  desenvolvimento 

sustentável”.

A  RBCV,  criada  em  1994,  tem  uma  área  total  de  aproximadamente  17.600  km2, 

onde  habitam  23  milhões  de  pessoas,  mais  de  10%  da  população  nacional  numa 

área  equivalente  a  2% do  território  do país  e  com grande  importância  econômica por 

representar quase 20% do PIB (RBCV, 2003). Sua área urbana é de cerca de 2 200 km2 

e a que possui cobertura vegetal de 6.140 km2.

Entretanto, a idéia de cinturão verde é antiga, pois Setzer (1955) se refere à necessidade 

de  sua  preservação,  tendo  iniciado  na  década  de  1940  um  reconhecimento  de  solos 

da  região  com  o  objetivo  de  avaliar  seu  potencial  para  a  agricultura  no  entorno  da 

cidade de São Paulo. Sua pesquisa estava então direcionada para valorizar o uso rural 

reconhecendo a  importância do cinturão verde no entorno da cidade em expansão. De 

fato, o referido autor comenta que a expansão urbana já era naquela época reconhecida 

como  principal  vetor  de  degradação  dos  serviços  ambientais  do  cinturão  verde, mais 

especificamente como serviço de provisão de alimentos.

Segundo ele (SETZER, op. cit.) a denominação “cinturão verde” exprime “o desejo dos 

três milhões de habitantes do município de São Paulo e das áreas que se estendem pelos

municípios  vizinhos,  de que  a  cidade  seja  circundada por  uma  faixa  larga  e  densa de 

hortas e chácaras, para que os paulistanos tenham diariamente legumes, verduras, flores, 

ovos, frutas etc, baratos, abundantes e frescos”.

E identifica o vetor de degradação: “um fator que parece agir poderosamente contra

o Cinturão Verde é o preço da terra, pois se trata sempre de terrenos loteados

ou loteáveis, que  se  vendem  a  metro  quadrado  e  não  por  alqueire.  A  cidade  cresce 

com  rapidez  espantosa,  atingindo  os  loteamentos  um  raio  de  60  km  pelas  estradas 

principais. Já se calculou que, se em cada terreno, dos já loteados e postos à venda, se 

construísse uma casa, por pequena que fosse, a cidade de São Paulo atingiria 30 milhões 

de habitantes.”

Atualmente a RBCV tem uma população de 23 milhões de pessoas.

Ao  equacionar  o  potencial  agrícola  das  terras  paulistanas  no  Cinturão  Verde,  Setzer 

 

Page 27: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

(op.  cit.)  aponta  as  dificuldades  que  impedem  que  este  cinturão  se  desenvolva  e 

chama a atenção para os solos rasos do complexo cristalino geralmente em topografia 

acidentada,  difíceis  de  tratar,  “porque  encarecem  sobremaneira  o  controle  de  erosão”, 

confirmando que “os terrenos lavados e erodidos dos espigões e das lombadas de fralda 

de serra são muito mais freqüentes hoje em dia”.

Tendo em vista as severas limitações o autor considera que as piores terras (solos rasos)

devem ser reflorestadas com eucalipto. Considera que solos melhores, mais profundos, 

poderiam ser usadas como pomares.

Sua indicação de uma paisagem mais harmoniosa com a vegetação destaca o papel do

serviço  ambiental  como  regulador  climático  e  cultural,  conforme  suas  palavras:  “com 

isso  talvez  mais  de  50%  de  todas  as  terras  seriam  eucaliptais  e  quase  20%  seriam 

de  pomares,  mergulhando  as  habitações  em  arvoredo,  mas  isso  não  apresenta 

inconveniente e só favoreceria o clima e a paisagem”.

Atualmente,  a  RBCV  é  coordenada  pelo  Instituto  Florestal  da  Secretaria  de  Meio 

Ambiente  do  Estado  de  São  Paulo,  podendo-se  considerar  uma  de  suas  ações  mais 

importantes o Programa de Jovens, Meio Ambiente e Integração Social – (PJ – MAIS).

O PJ é um programa de educação ecoprofissional e  formação  integral de adolescentes 

entre  15  e  21  anos  de  idade,  habitantes  de  zonas  periurbanas  e  entorno  de  área 

protegidas da RBCV. A proposta do PJ é adequada ao conceito de reserva da biosfera, 

integrando  a  necessidade  de  sustentabilidade  econômica  de  jovens  em  situação 

socioeconômica  desfavorável  com  a  preservação  e  recuperação  ambiental,  mudando 

atitudes e paradigmas em relação ao seu ambiente e melhorando a qualidade de vida das 

comunidades envolvidas. Entre 1996 e 2006 foram atendidos mais de 1300 jovens em 

toda a RBCV, sendo que um dos seus Núcleos de Ação corresponde ao município de 

Guarulhos (IF, s.d.). Tendo em vista a perspectiva da RBCV realizar sua Avaliação Sub 

– Global,  transcreve-se  a  seguir  os  principais  resultados  obtidos  na AEM do Planeta, 

divulgados  pela  ONU  no  seu  “Relatório  da  Avaliação  Ecossistêmica  do  Milênio” 

em 2005,  “a  primeira  e mais  ambiciosa  avaliação  global  dos  impactos  das  atividades 

antrópicas  sobre  a  capacidade  do  meio  ambiente  e  sua  biodiversidade  continuarem 

a  prover  os  bens  e  serviços  que  mantém  a  vida  na  terra  e  a  qualidade  de  vida  da 

humanidade” (DIAS, 2006).

De  fato,  de  2001  a  2005,  o  MA  envolveu  o  trabalho  de  1360  especialistas  de  todo 

mundo,  segundo  o  site  http://www.millenniumassessment.org/,  que  apresenta  as 

principais informações a respeito do processo de avaliação e seus resultados.

Com base no referido site pode-se sintetizar as principais conclusões do Relatório:

1.  Nos  últimos  50  anos  o  homem  alterou  os  ecossistemas  mais  rapidamente  e 

extensamente  do  que  em  qualquer  outro  período  da  história  humana,  resultando  em 

grandes perdas irreversíveis da biodiversidade na Terra.

2. As alterações contribuíram para o bem estar humano e o desenvolvimento econômico 

de alguns grupos humanos, mas a custo de degradação dos serviços ambientais e da

intensificação da pobreza de outros.

3. A degradação dos ecossistemas deve piorar durante a primeira metade deste século e

constituir  uma  barreira  para  as  Metas  da  ONU  para  o  Milênio  definidas  na  55a 

Sessão  da  Assembléia  Geral,  em  setembro  de  2000,  quando  os  países  membros 

se  comprometeram  a  priorizar  a  eliminação  da  pobreza  e  contribuir  para  o 

desenvolvimento sustentável

(http://www.un.org/millenniumgoals/).

4. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas, enquanto aumenta a demanda

pelos serviços ambientais, envolve mudanças significativas nas políticas, instituições e

práticas de desenvolvimento.

Com  base  no  site  http://www.millenniumassessment.org/,  pode-se  sintetizar  as 

principais conclusões:

1.  Nos  últimos  50  anos  o  homem  alterou  os  ecossistemas  mais  rapidamente  e 

extensamente  do  que  em  qualquer  outro  período  da  história  humana,  resultando  em 

grandes perdas irreversíveis da biodiversidade na Terra.

 

Page 28: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

2. As alterações contribuíram para o bem estar humano e o desenvolvimento econômico 

de alguns grupos humanos, mas a custo de degradação dos serviços ambientais e da

intensificação da pobreza de outros.

3. A degradação dos ecossistemas deve piorar durante a primeira metade deste século e

constituir  uma  barreira  para  as  Metas  da  ONU  para  o  Milênio  definidas  na  55a 

Sessão  da  Assembléia  Geral,  em  setembro  de  2000,  quando  os  países  membros 

se  comprometeram  a  priorizar  a  eliminação  da  pobreza  e  contribuir  para  o 

desenvolvimento sustentável (http://www.un.org/millenniumgoals/).

4. O desafio de reverter a degradação dos ecossistemas, enquanto aumenta a demanda

pelos serviços ambientais, envolve mudanças significativas nas políticas, instituições e

práticas de desenvolvimento.

Na RBCV  a  classe  do  uso  do  solo  que  se  destaca  é  a  ocupação  urbana  representada 

pelas regiões metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista, além de adensamentos 

urbanos em várias regiões como Jundiaí, Atibaia e Bragança Paulista.

A  RMSP,  inserida  em  quase  sua  totalidade  na  Bacia  Hidrográfica  do  Alto  Tietê 

apresenta  uma  complexa  dinâmica  de  inter-relações  com  todos  os  municípios 

integrantes da RBCV.

Na  face norte,  os  limites da mancha urbana  estão  em contato direto  com as vertentes 

íngremes  do maciço  da  Cantareira,  importante  fragmento  florestal  de Mata  Atlântica 

instituído na categoria de Parque Estadual no ano de 1963 pelo Decreto Lei No 41.626, 

abrangendo  os municípios  de  São  Paulo, Caieiras, Mairiporã  e Guarulhos  totalizando 

uma área de 7.618 ha.

No  extremo  norte  do  município  de  São  Paulo,  próximo  à  divisa  de  município  com 

Caieiras, algumas manchas de extração mineral são bem expressivas.

Nos  municípios  de  Caieiras,  a  noroeste  da  RMSP,  predominam  as  áreas  de 

reflorestamento (produção florestal para celulose), matas e áreas de pastagens / campo 

antrópico.

No  município  de  Mairiporã,  as  áreas  predominantes  são  de  mata,  pastagens  e 

reflorestamentos,  apresentando  manchas  consideráveis  de  extração  mineral  próximas 

aos mananciais de abastecimento da RMSP.

A nordeste do município de São Paulo, na divisa com o município de Guarulhos, uma 

grande  área  de  extração mineral  foi  identificada  associada  ao maciço  da Cantareira  e 

próximo  aos  limites  do  Parque  Estadual  da  Cantareira  –  Núcleo  Cabuçu. Mais  duas 

áreas  de  extração mineral  são  expressivas  junto  às  grandes  áreas  industriais  e  todo  o 

complexo do aeroporto  internacional de Guarulhos. O município  se  configura na  face 

sul predominantemente urbano e na face norte predominantemente coberto por mata e 

pastagens, além de pequenas áreas e talhões de reflorestamentos.

Na face leste da RMSP o fenômeno de conurbação entre os municípios de Ferraz de

Vasconcelos,  Poá,  Suzano,  Itaquaquecetuba,  Arujá  e  Mogi  das  Cruzes  é  facilmente 

notado à margem esquerda do Rio Tietê. Essa região apresenta um mosaico de áreas de 

mineração associados diretamente a pequenos reservatórios e rios.

A APA  da Várzea  do Rio  Tietê  divide  e  cruza  os municípios  de Mogi  das Cruzes  e 

Biritiba Mirim em meio a culturas semi – perenes. Os municípios de Mogi das Cruzes 

e  Arujá  possuem  manchas  expressivas  de  áreas  industriais  e  de  pastagens  /  campo 

antrópico;  áreas  de mata,  reflorestamentos,  grandes  reservatórios  e  pequenas  áreas  de 

cultura semi-perene compõem a face leste da RMSP.

Na face sudeste da RMSP predominam áreas de mata e grandes extensões de

reflorestamentos  (Sul  de Mogi  das Cruzes  e  Bertioga,  Santo André  e  Rio Grande  da 

Serra).

Na face sul, o município de São Bernardo do Campo apresenta o grande mananciais da

represa  Billings  e  o  extremo  sul  do  município  de  São  Paulo  o  manancial  da 

Guarapiranga; com grandes áreas de mata, pastagens e campos úmidos.

O  município  de  Embu  Guaçu  possui  grandes  áreas  de  mata,  pastagens  /  campo 

antrópico,  reflorestamentos  e  campos  úmidos  relacionados  ao  ecossistema  da  várzea 

do  Rio  Embu  Mirim,  as  cabeceiras  e  tributários  de  toda  a  bacia  hidrográfica  do 

 

Page 29: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Guarapiranga.

O  município  de  Itanhaém  possue  grande  parte  de  seu  município  inserido  no  Parque 

Estadual  da  Serra  do Mar  –  Núcleo  Curucutu,  apresentando  extensas  áreas  de  mata, 

pastagens  e  culturas  anuais  presentes  ao  longo  dos  vales  dos  Rios  Branquinho  e 

Mambu.

A face sudoeste da RMSP, o município de Embu apresentou um mosaico de áreas de

extração  mineral,  mata,  pastagens  e  reflorestamentos.  O  município  de  Cotia  detém 

da  maior  área  de  mata  da  região  -  Reserva  Florestal  do Morro  Grande  -  importante 

manancial de abastecimento regional.

A  face  oeste  da  RMSP  também  apresenta  o  fenômeno  de  conurbação  ao  longo  da 

Rodovia  Presidente  Castelo  Branco,  entre  os  municípios  de  Osasco,  Carapicuíba, 

Barueri, Jandira, Santana do Parnaíba e Itapevi.

Osasco, Barueri e Santana do Parnaíba apresentam grandes áreas industriais. Barueri e

Santana do Parnaíba possuem grandes extensões de extração mineral. O rio Tietê corta o

município  de  Santana  do  Parnaíba  apresentando  mata  ciliar  em  parte  de  seu  curso 

sentido município de Pirapora do Bom Jesus.

A  Região  Metropolitana  da  Baixada  Santista  –  RMBS,  compreendendo  uma  faixa 

litorânea da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, composta 

de  grandes  áreas  de  adensamento  urbano  da  toda  a  província  costeira  do  estado, 

apresenta uma dinâmica de uso e ocupação do solo complexa por abrigar o maior porto 

marítimo da América Latina e toda sua estrutura de logística.

Na  face  norte  da  RMBS,  o  município  de  Cubatão  é  ocupado  por  uma  extensa  área 

destinada  ao  uso  industrial,  abrigando  o  pólo  Siderúrgico/Petroquímico  de  referência 

internacional.

Apresenta  grandes  áreas  de  pastagens/campos  antrópicos  associados  a  uma  herança 

histórica  de  degradação  ambiental  dos  ecossistemas.  Áreas  de  extração  mineral  são 

encontradas no vale do rio Mogi bem próximo as escarpas do Parque Estadual da Serra 

do  Mar  –  Núcleo  Itutinga  Pilões.  O  complexo  estuarino,  as  áreas  de  mangues  e  os 

campos úmidos completam o mosaico diversificado dos tipos de usos da terra.

A  noroeste  da  RMBS,  o  município  de  Santos  possui  as  mesmas  feições  de  uso  e 

ocupação  do  solo,  apresentando  áreas  de  mineração  no  vale  do  Rio  Quilombo, 

zonas  portuárias  e  extensas  áreas  de  matas,  campos  úmidos,  mangues  e  talhões  de 

reflorestamentos  na  parte  continental,  situados  nas  bases  da  serra  do  mar.  Na  parte 

insular, o predomínio são das zonas portuárias (estruturas, logística e armazéns).

O  município  de  Guarujá,  na  parte  leste  da  RMBS,  apresenta  as  mesmas  categorias 

de uso do  solo na parte do complexo estuarino, possuindo áreas de mangues,  campos 

úmidos  e  aeroporto  na  face  continente,  aumentando  as  áreas  de  mata  a  medida 

que  seguem  em  direção  ao  município  de  Bertioga,  divergindo  das  áreas  altamente 

urbanizadas  e  de  pastagens/campos  antrópicos  na  proximidade  com  o  município  de 

Santos.

A oeste da RMBS, o município de São Vicente apresenta as mesmas variações de uso e

ocupação  do  solo  para  áreas  do  complexo  estuarino  continental,  apresentando  áreas 

mais  extensas  de  matas  e  reflorestamentos  com  o  avanço  em  direção  interior  do 

continente e, uma grande área de mineração localizada as margens do rio Branco junto a 

simetria da mancha urbana.

Na  parte  insular,  a  área  urbana  domina  toda  a  área,  exceto  o  Morro  José  Menino, 

importante testemunho / relíquia geoecológica litorânea. O município de Praia Grande é 

resumido a área urbana, mangue e mata ainda protegida pelas escarpas da serra do mar.

A região de Jundiaí é reconhecida como pólo fruticultor de abastecimento da RMSP,

composta  pelos  municípios  de  Cabreúva,  Várzea  Paulista,  Campo  Limpo  Paulista  e 

Jarinu inseridos nos limites da RBCV. Essa região é cortada por duas importantes vias 

de  ligação  e  escoamento  entre  interior  –  região de Campinas  -  e  a  capital São Paulo, 

dividindo a região em duas faces: nordeste e sudoeste.

Na face sudoeste o município de Cabreúva e parte sul de Jundiaí a predominância das 

categorias  de  uso  do  solo  são  de  matas  associadas  as  APAs  de  Cabreúva  e  Jundiaí, 

 

Page 30: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

pastagens/campo antrópico e talhões de reflorestamento e algumas manchas de culturas

semi-perenes. No município de Jundiaí, próximo as rodovias, o aeroporto regional e um

complexo  industrial  inserido  entre  as  duas  rodovias  (Anhanguera  e  Bandeirantes) 

demandam e concentram mão de obra de toda a região.

Na  face  nordeste  do  adensamento  urbano  de  Jundiaí,  a  área  de  contínua  expansão 

urbana  dos  municípios  de  Jundiaí,  Várzea  Paulista  e  Campo  Limpo  Paulista  estão 

associadas  a  antiga  estrada  de  ligação  Jundiaí  –  São  Paulo,  compondo  um  corredor 

intermunicipal. A medida  que  a  ocupação  segue  em direção  a  nordeste,  as  atividades 

de uso e ocupação do solo são relacionadas a pastagens / campos antrópicos, pequenos 

áreas  de  reflorestamentos,  matas,  culturas  semi-perenes  e  anuais  e  pequenos  núcleos 

periurbanos.

A  região de Atibaia,  ligada à RMSP pela Rodovia Fernão Dias que a divide em  leste 

oeste  e  pela  Rodovia  Dom  Pedro  I  acompanhando  o  rio  Atibaia  e  o  reservatório  de 

Atibainha que a separa em norte sul. O município apresenta um mosaico homogêneo de 

uso do solo.

Na face sul encontra-se toda a área urbana do município, as áreas de mata, pastagens /

campos antrópicos, talhões de reflorestamentos e mata ciliar ao longo do rio Atibaia que 

se  apresenta  fragmentada  e  dispersa. O mosaico  de  pequenas  áreas  de  culturas  semi-

perenes  e  perenes  são  identificadas  nos  trechos  rurais  junto  a  pequenos  reservatórios 

e represas. Na face norte há o predomínio das áreas de pastagens / campos antrópicos, 

seguidas  de  áreas  fragmentadas  de  mata  e  pequenos  talhões  de  reflorestamentos. 

Diversos  núcleos  periurbanos  ocupam  a  área,  assim  como  pequenos  polígonos  de 

culturas semi-perenes e perenes junto a Rodovia Dom Pedro I.

O  município  de  Bragança  Paulista,  homônimo,  no  extremo  norte  da  RBCV,  é  o  de 

maior diversidade de usos e ocupações do solo. As áreas mais expressivas compõem um

mosaico de pastagens / campos antrópicos, mata e talhões de reflorestamentos. Áreas de

cultura perene e semi-perene apresentam grandes polígonos na face norte do município,

próximos aos cursos d´águas e aos meandros do rio Jaguari, que possui áreas contínuas 

de mata ciliar. O rio Jaguari é um divisor das duas manchas urbanas, a mais densa ao sul 

e um grande núcleo urbano mais ao norte.

Nas Zonas Núcleo verifica-se sempre a presença de temperaturas mais amenas em

correspondência  às  áreas  protegidas,  como  é  o  caso  da  Reserva  Estadual  do  Morro 

Grande, no município de Cotia.

De  fato,  as  temperaturas  mais  amenas  foram  verificadas  na  região  Sul-Sudoeste, 

nos  municípios  que  apresentam  importantes  serviços  ambientais  como  maciços 

florestais significativos e corpos d’água de grande porte, geralmente represas, em áreas 

correspondentes  aos municípios  de  Itanhaém, Mongaguá,  Juquitiba,  São Lourenço  da 

Serra, Embu Guaçu, Ibiúna e Cotia.

Esta  distribuição  é  esperada,  tendo  em  vista  o  serviço  de  regulação  térmica 

proporcionado  pelas  áreas  cobertas  por  vegetação.  Assim,  pode-se  concluir  que  a 

imagem  termal  da  RBCV  constitui  uma  ferramenta  importante  para  a  identificação 

e  mapeamento  dos  serviços  ambientais,  servindo  dessa  maneira  como  método  de 

avaliação ecossistêmica.

Temperaturas e áreas urbanas

A  correlação  com  as  Áreas  Urbanas  mostra  que  as  regiões  mais  urbanizadas  estão 

sempre  associadas  a  altas  temperaturas.  Esta  correspondência  é  bastante  nítida, 

principalmente  na  mancha  urbana  da  Região Metropolitana  de  São  Paulo,  indicando 

a  presença  do  fenômeno  conhecido  como  ilha  de  calor  (LOMBARDO,  1985).  Esta 

constatação  indica  que  o  mapa  termal  elaborado  alcança  grau  de  confiabilidade 

suficiente para uma análise do uso do solo e  suas  implicações em  termos de  radiação 

térmica.

Nos municípios vizinhos a São Paulo, com grande concentração de população e área

urbana  adensada,  verifica-se  a  existência  de  ilhas  de  calor  significativas,  que, 

interligadas, refletem a conurbação.

Destacam-se as ilhas de calor das áreas urbanas a oeste, de Barueri - Osasco -

 

Page 31: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Carapicuíba

- Taboão da Serra

A sul, as ilhas de calor das áreas urbanas dos municípios do ABCD (Santo André - São

Bernardo do Campo - São Caetano do Sul - Diadema, além de Mauá).

A leste: Ferraz de Vasconcelos - Poá - Itaquaquecetuba - Suzano - Mogi das Cruzes 

A norte: Arujá e Guarulhos.

Ainda de forma conurbada, foram verificadas também altas temperaturas associadas às 

manchas  urbanas  dos municípios  da Baixada  Santista  (Cubatão,  São Vicente,  Santos, 

Guarujá e Praia Grande), e as ilhas de calor de Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo 

Paulista.  Finalmente,  destacam-se  ilhas  de  calor  urbano,  relativamente  isoladas,  de 

Atibaia, Bragança Paulista, Piracaia, Jacareí, entre outras localidades.

Temperaturas e áreas rurais

Destacam-se  áreas  de  ocorrência  de  altas  temperaturas  situadas  nos  Feixes  Norte  e 

Nordeste,  que  não  correspondem  a  áreas  urbanas. O mapa  de  uso  do  solo  da RBCV 

(Desenho 01 – Anexo 01) revela que tais áreas estão ocupadas por agricultura, pecuária 

e agropecuária, com tendência temperaturas mais elevadas nas áreas de agricultura.

Tem-se  por  hipótese,  a  ser  verificada  em  futuro  projeto  de  pesquisa,  que  estas  áreas 

poderiam,  no momento  do  sensoriamento,  no  final  do  inverno  e  início  da  primavera, 

estar sendo preparadas para a semeadura, portanto sem cobertura vegetal. 

Destaca-se também o traçado da rodovia Régis Bittencourt cujo tom amarelo representa

mais calor, contrastante com o  tom azul do entorno representado pela densa cobertura 

vegetal. Quando as rodovias encontram-se em áreas mais urbanizadas esse contraste não

aparece.

Destacam-se  por  outro  lado  as  temperaturas  mais  baixas  associadas  a  reservatórios 

como  é  o  caso  do  Jaguari,  Atibainha,  Cachoeira,  Paiva  Castro,  Itupararanga,  Pedro 

Beicht,  Billings,  Guarapiranga,  Taiaçupeba,  Jundiaí,  Ponte  Nova,  Santa  Branca, 

Paraibuna;  além  de  corpos  d’água  como  do  Parque  Ecológico  do  Tietê.  Deve-

se  ponderar  que  a  cor  azul  menos  intensa  do  reservatório  de  Paraibuna  seria, 

provavelmente, devido ao fato de corresponder a imagem de outra época.

O  mesmo  acontece  com  maciços  florestais  importantes,  em  geral  correspondentes 

a  áreas  protegidas  e  também  com  altitudes  mais  elevadas,  como  é  o  caso  da  Serra 

da  Cantareira  e  da  Serra  da  Mantiqueira,  onde  se  destaca  o  Pico  de  Itaberaba  em 

Guarulhos.

Entretanto,  os  fatores  água,  altitude  e  mata  podem  sofrer  a  interferência  de  outros 

fatores,  pois  verificou-se  que  a  escarpa  da  Serra  do  Mar  apresenta  uma  mancha  de 

leve  aumento  de  temperatura  em  relação  às  áreas  vegetadas  do  entorno,  indicando 

a  necessidade  de  se  pesquisar  causas  que  podem  estar  relacionadas  à  insolação 

incidente naquela face da escarpa, voltada para leste, devido ao horário de captura das 

informações pelo sensor termal do satélite LANDSAT 5.

 

Temperaturas e bacias hidrográficas

O mapa apresenta a distribuição das  temperaturas nas bacias definidas como UGRHIs 

pelo  Plano Estadual  dos Recursos Hídricos. A  bacia  do Alto Tietê  é  a  que  apresenta 

áreas mais expressivas de  temperaturas mais altas  já que é bacia que abriga a RMSP, 

onde  se  revela  a mais  forte  ilha  de  calor,  caracterizada  acima  como  a  da Região  1  - 

Núcleo da RMSP. A bacia com maior distribuição de temperaturas amenas (azuis) é a 

do Ribeira de Iguape, onde já se destacou a conservação da cobertura vegetal.

 

As bacias hidrográficas no município de Guarulhos

O município de Guarulhos, com uma área territorial de cerca de 320 km², está inserido 

em  duas Bacias Hidrográficas  Regionais  ou,  de  acordo  com  o  Plano  de Recursos  do 

Estado  de  São  Paulo,  em  duas  UGRHI  –  Unidades  de  Gerenciamento  de  Recursos 

Hídricos,  a  do Alto  Tietê  – UGRHI  6,  que  engloba  o  rio  Tietê  e  seus  afluentes,  e  a 

do Paraíba do Sul – UGRHI 2, onde se localiza a Área de Proteção de Mananciais do 

 

Page 32: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Jaguari,  tendo como principal corpo d’água o  ribeirão  Jaguari, um dos  formadores do 

rio Paraíba do Sul (Figura 7.01).

Em  correspondência  ao  Tietê,  Guarulhos  situa-se  na  Unidade  de  Gerenciamento  de 

Recursos Hídricos – UGRHI do Alto Tietê com uma área de aproximadamente 259 km², 

ou seja, 80,9% do município.

As  principais  sub-bacias  apresentadas  na  Figura  7.02,  inseridas  no  município  de 

Guarulhos, são:

  do Alto Tietê

Baquirivu-Guaçu (149,6 km²);

Cabuçu de Cima (48,7 km²);

Central (33,1 km²);

Tietê – Senna (27,6 km²)

  do Paraíba do Sul

Jaguari (61 km²)

Em correspondência ao Paraíba do Sul, o município situa-se na UGRHI Paraíba do Sul, 

com uma área de aproximadamente 61km², ou seja, 19,1% do município.

Estas sub-bacias apresentam diferentes relações ou compartilhamentos entre o território 

do município de Guarulhos e o dos municípios vizinhos. Os tipos de compartilhamentos 

indicam formas de gestão de recursos hídricos mais ou menos autônomas do município.

Guarulhos  tem  certa  autonomia  somente  em  10,3%  do  seu  território,  com  a  sub-

bacia Central.  Todas  as  demais  compartilham,  de  alguma  forma,  o  funcionamento  da 

drenagem com outros municípios. Superimpõe-se a este quadro relativamente simples, 

a gestão por comitês de bacia. Todos os municípios estão representados no Comitê da 

Bacia  do  Alto  Tietê  (Sub-Comitê  Cabeceiras)  e  no  Comitê  do  Paraíba  do  Sul  (Sub-

Comitê  Jaguari).  Cada  sub-bacia  foi,  em  seguida,  compartimentada  em  microbacias, 

com  base  no  PlanoDiretor  de  Drenagem,  fornecido  pela  Prefeitura  e  em  Oliveira  et. 

al. (2005 a,b).  Para apresentar os principais afluentes das bacias hidrográficas do Alto 

Tietê e Paraíba do Sul de maneira sintética, foi elaborado o diagrama unifilar, conforme 

está apresentado.

Por outro lado, é importante considerar que a participação dos recursos hídricos locais 

no  abastecimento  de Guarulhos,  é  de  apenas  cerca  de  13%,  providos  pelas  bacias  do 

Tanque Grande e do Cabuçu de Cima.

A legislação geoambiental

Foi  analisado  o  arcabouço  legal  pertinente  ao  Geoambiente  em  âmbitos  Federal, 

Estadual e Municipal, tendo-se considerado para tal os seguintes temas:

_ Bacias Hidrográficas - Águas Superficiais;

_ Solo;

_ Vegetação e

_ Áreas Protegidas.

Considerando-se que os produtos gerados  tem um caráter orientativo para a  escala de 

apresentação  adotada,  a  aplicação  efetiva  das  restrições  deve  ser  baseada  em  estudo 

específico local em base cartográfica adequada e medidas topográficas in situ.

Após algumas considerações sobre os temas selecionados, é apresentado um quadro das

situações de incompatibilidade legal no município.

Bacias Hidrográficas - Águas Superficiais

Tanto  a  Política  Nacional  de  Recursos  Hídricos  (Lei  nº  9.443/97)  quanto  a  Política 

Estadual  de  Recursos  Hídricos  –  SP  (Lei  nº  7.663/91)  tem  como  fundamentos  que 

a  água  é  bem  de  domínio  público,  recurso  natural  finito,  de  valor  econômico,  cujo 

consumo deve  ser  assegurado  dentro  de  padrões  de  qualidade  satisfatórios.  Para  tal  é 

necessário  que  seu  gerenciamento  seja  feito  de  forma  descentralizada,  participativa 

e  integrada;  adotando  como  unidade  básica  para  sua  gestão,  assim  como  seu 

planejamento, a bacia hidrográfica.

Em  âmbito  estadual,  destaca-se  a  Lei  nº  898/75  que  delimitou  alguns  espaços 

territoriais,  denominados  Áreas  de  Proteção  dos  Mananciais  –  APMs,  e  os  protegeu 

legalmente  com  objetivo  de  disciplinar  o  uso  do  solo  para  proteção  dos  mananciais, 

 

Page 33: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

cursos  e  reservatórios  de  água  e  demais  cursos  d’água  de  interesse  da  Região 

Metropolitana  de  São  Paulo.  Em  Guarulhos  foram  delimitados  os  mananciais  do 

Cabuçu, Tanque Grande e Jaguari como APMs.

Em 1997, a Lei Estadual nº 9.866 trouxe um novo modelo de política de proteção aos 

mananciais, valorizando a proteção e recuperação das condições ambientais

imprescindíveis  para  produção  de  água,  com  a  criação  e  delimitação  de  Áreas  de 

Proteção e Recuperação dos Mananciais (APRMs) e Áreas de Intervenção. As APMRs 

poderão  ser  criadas  a  partir  de  Lei  Especifica  e  contarão  com  o  PDPA  –  Plano  de 

Desenvolvimento  e  Proteção Ambiental  que  é  um  dos  instrumentos  de  Planejamento 

e  Gestão  da  APRM.  Enfim,  a  proteção  e  recuperação  das  condições  ambientais 

necessárias  para  produção  de  água  são  importantes,  tanto  em  quantidade  quanto  em 

qualidade, de forma a garantir o abastecimento para atuais e futuras gerações.

Solo

Especificamente  sobre  o  tema,  existem  as  Leis  nº  6.766/79  (Federal)  e  6.253/07 

(Municipal)  que  tratam  de  questões  de  Parcelamento  e  Uso  do  Solo  Urbano.  A 

Lei  Federal,  também  conhecida  por  Lei  Lehman,  estabelece  que  não  pode  haver 

parcelamento  do  solo,  entre  outras  condições,  quando  os  terrenos  apresentarem 

declividades  superiores  a  30%,  salvo  se  atendidas  as  exigências  específicas  das 

autoridades competentes.

A Lei Municipal define como limite máximo para o parcelamento a declividade de 45%

(quarenta e cinco por cento), exigindo estudo geotécnico a partir de 30%.

O mapa  de  declividades  legais,  apresentado  no  Desenho  17  (Anexo  01),  mostra  que 

há  uma  incidência  notável  destas  restrições  legais  na  porção  norte  do  município, 

correspondentes a áreas de morros e montanhas, onde se destacam as serras do Pirucaia, 

Bananal e de Itaberaba.

No  que  se  refere  aos  diferentes  usos  destaca-se  o  Decreto  Federal  nº  3.358/00  que 

regulamenta a extração e emprego de substâncias minerais.

Quanto  aos  resíduos  sólidos,  o  tema  vem  sendo  amplamente  discutido  em  todos 

os  âmbitos,  sendo  de  responsabilidade  do  poder  público  municipal  a  gestão  do 

mesmo,  existindo  para  tanto  a  resolução  CONAMA  nº  307/02  (Federal)  que  trata 

exclusivamente  dos  resíduos  inertes,  incluindo  os  resíduos  provenientes  de  obras  de 

movimentação de terra, e o Decreto Municipal nº 23.200/05 que regulamenta a coleta, o 

Vegetação

Bastante  diversificada  e  ampla,  a  legislação  que  trata  do  tema,  vai  desde  o  Código 

Florestal (Lei Federal nº 4.771/65) com suas alterações até Leis, Decretos, Resoluções e 

Portarias complementares em nível federal, estadual e municipal.

É no Código Florestal que se encontra um dos principais conceitos aplicados em todo o

território  nacional  que  proíbe  a  supressão  vegetal  em  diversas  áreas  definidas  como 

Áreas de Preservação Permanente, as APPs. Dado seu caráter de proteção, estas áreas 

são consideradas no item seguinte.

Em nível municipal, a Lei nº 4.566/94 é a que dispõe sobre o manejo de vegetação de 

porte arbóreo, assim como disciplina a supressão e o uso das áreas verdes no município.

Ainda  em  âmbito  municipal  destaca-se  o  Decreto  nº  23.202/05  que  regulamentou 

o  Código  de  Edificações  e  Licenciamento  (Lei  nº  6.046/04),  tratando  também  da 

compensação  ambiental  para  os  casos  onde  haja  necessidade  de  supressão  e/ou  o 

transplante de vegetação de porte arbóreo, para o licenciamento de obras e edificações. 

É importante destacar a Lei da Mata Atlântica – Lei Federal nº 11.428 que, após 14 anos 

de discussões, foi aprovada em 2006. Tal legislação se apresenta como um instrumento 

de  cidadania,  permitindo  o  controle  social  de  forma  a  assegurar  a  proteção  dos 

remanescentes de Mata Atlântica, além de regulamentar os critérios de uso e proteção 

do bioma e de estabelecer uma série de incentivos econômicos e financeiros à produção 

sustentável e restauração dos ecossistemas.

Áreas Protegidas

De  forma geral,  pode-se  considerar  dois  grandes  grupos  de  áreas  protegidas. Aquelas 

com definição e expressão cartográfica genérica e aquelas com definição específica, ou 

 

Page 34: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

seja, que estão delimitadas cartograficamente de forma especial.

No  primeiro  grupo  situam-se  as  áreas  que  são  definidas  genericamente  para  todo  o 

território nacional, como as APPs.

No segundo estão aquelas que são objeto específico de lei, ou seja, conforme definição 

da  Convenção  da  Biodiversidade  “áreas  geograficamente  delimitadas  e  que  são 

destinadas  ou  regulamentadas  e  administradas  para  alcançar  objetivos  específicos  de 

conservação”.

As áreas assim delimitadas estão definidas seja no Sistema Nacional de Unidades de

Conservação (SNUC) – Lei Federal nº 9.985/00 como Unidades de Conservação, seja 

em  legislações  específicas  que  criaram  áreas  legalmente  protegidas  como  bosques  e 

parques municipais.

Áreas de Preservação Permanente - APPs

A  legislação  garante  que  as  APPs  são  bens  de  interesse  nacional  com  função 

ambiental  de  preservar  os  recursos  hídricos,  a  paisagem,  a  estabilidade  geológica,  a 

biodiversidade,  sendo  importante  instrumento  de  interesse  ambiental,  integrante  do 

desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações.

Definidas  originalmente,  pelo  Código  Florestal,  destacam-se  para  o  território  do 

município  as APPs  de  fundo de  vale,  os  topos  de morro  e  as  áreas  com declividades 

superiores a 100%.

Para  a maioria  dos  córregos  do município,  as  APPs  de  fundo  de  vale  tem  30 m  em 

cada margem  do  curso  d’água,  uma  vez  que  os  corpos  d’água  não  possuem  larguras 

superiores  a  10  m.  Entretanto,  trechos  dos  rios  Cabuçu  e  Baquirivu  Guaçu  atingem 

mais de 10 m de  largura  e mesmo mais de 50 m, nas desembocaduras, determinando 

APPs com, respectivamente, 50 e 100 m. Finalmente, o rio Tietê, com mais de 50 m de 

largura, determina uma APP também de 100 m.

As APPs  de  topo  de morro  referem-se  a  áreas  delimitadas  a  partir  da  curva  de  nível 

correspondente  a  dois  terços  da  altura  da  elevação  em  relação  à  base,  considerando-

se morro a  elevação do  terreno com cota de  topo em  relação à base entre 50 e 300m 

e  encostas  com  declividade  superior  a  30  %.  Estas  áreas  no  território  guarulhense, 

marcam fortes diferenças de relevo entre a porção norte e sul do município, destacando-

se as restrições na porção norte.

Finalmente,  definem-se  as  áreas  com  declividades  superiores  a  100%.  Como 

documentos legais mais recentes, destacam-se as Resoluções CONAMA nº 302/02, 303/

002 e 369/06, em especial esta última que dispõe sobre casos excepcionais de utilidade 

pública, de interesse social ou baixo impacto ambiental que possibilitam a intervenção 

ou supressão de vegetação em APP.

Unidades de Conservação - UCs

Foram  criadas  por  legislação  específica,  federal,  estadual  e  municipal,  Unidades  de 

Conservação das duas categorias previstas pela lei do SNUC.

Como unidades de proteção  integral, destaca-se, em nível estadual, o Parque Estadual 

da Cantareira  (Estadual) que,  em Guarulhos,  se expressa por  seu Núcleo Cabuçu. Em 

nível municipal, está implantada a Reserva Biológica Burle Marx e em projeto o Parque

Natural  Municipal  da  Cultura  Negra  Sítio  da  Candinha.  Em  cogitação  encontra-se  a 

proposta de se criar o Parque Natural do Ribeirão das Lavras.

Como  unidades  de  uso  sustentável,  citam-se,  em  nível  estadual,  a  Área  de  Proteção 

Ambiental do Paraíba do Sul  (Federal) e a Área de Proteção Ambiental da Várzea do 

Tietê (Estadual).

Em  projeto, municipal,  destaca-se  a Área de Proteção Ambiental Cabuçu -Tanque

Grande,  prevista  pela  Lei  de  Zoneamento  de  2007  (artigo  42),  com  Projeto  de  Lei 

em  tramitação.  Com  exceção  das Unidades  de  Conservação  de  caráter municipal,  no 

caso a APA do Cabuçu-Tanque Grande (3223,36ha) e a Reserva Biológica Burle Marx 

(19,61ha), todas as outras unidades estão representadas apenas em parte no território de 

Guarulhos,  como  são  as Área  de Proteção Ambiental  do Paraíba  do Sul  (6097,35ha), 

Área  de  Proteção  Ambiental  da  Várzea  do  Tietê  (215,55ha),  Parque  Ecológico  do 

Tietê (547,55ha) e o Parque Estadual da Cantareira (2673,84ha), que se estendem pelo 

 

Page 35: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

território de municípios vizinhos.

Outras Áreas Legalmente Protegidas – ALPs

Como  ALPs  existem,  no  âmbito  estadual,  o  Parque  Ecológico  do  Tietê  e  as  Áreas 

de  Proteção  dos  Mananciais  (APMs)  e,  no  âmbito  municipal,  os  Parques  Urbanos, 

Bosque  Maia,  Adriana,  Jardim  City,  Chico  Mendes,  Casa  do  Atleta,  Fracalanza  e 

Zoológico.  Tais  como  o  Bosque  Maia  e  o  Parque  Urbano.  Tais  áreas  também  são 

importantes espaços, na medida em que contribuem para a manutenção de um ambiente 

urbano  saudável  e  equilibrado,  tendo  o  papel  de minimizar  os  aspectos  negativos  da 

urbanização, pela manifestação dos serviços ambientais, como analisado anteriormente 

no capítulo do Uso do Solo.

As Áreas de Proteção aos Mananciais do Rio Jaguari  (60,97 km2), do Rio Cabuçu de 

Cima  (23,97  km2)  e  do  Tanque  Grande  (7,74  km2)  localizam-se  na  região  norte  do 

município onde ocorrem as cabeceiras das principais bacias hidrográficas.

Finalmente, devem ser citadas as Leis Municipais de nº 6.055/04  (Plano Diretor) e nº 

6.253/07 (Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo) que constituem diretrizes que

consideram  todos  os  temas  analisados  anteriormente.  Assim  também  se  coloca  a 

Lei  nº  3.573/90  (Código  de  Posturas)  que  regulamenta  questões  importantes  dentro 

do  contexto  analisado,  tais  como:  lixo,  queimadas,  proteção  dos  cursos  d’água  e 

arborização urbana.

A Incompatibilidade Legal

O cruzamento das  informações cartografadas das classes de uso do solo existentes no 

território do município, com base na  interpretação da  imagem de satélite  IKONOS de 

março de 2007 e da legislação pertinente ao geoambiente permitiu a determinação das 

áreas deste território onde se configura incompatibilidade legal, conforme o mapa do 

A  análise  de  incompatibilidade  legal  permite  traçar  um  cenário  com  relação  ao  uso 

do  solo  em  áreas  de  preservação  permanente  e  em  encostas  onde  incidem  restrições 

previstas na legislação a partir de determinadas declividades.

Os resultados desta análise espacial apresentam limites técnicos decorrentes da precisão

estimada  para  os métodos  aplicados  e  são  baseados  nas  informações  levantadas  com 

base na imagem IKONOS de março do ano de 2007. A discussão sobre estes resultados 

permite estabelecer um quadro geral da realidade, indicando a dimensão que atinge este 

problema a ser enfrentado por políticas de preservação e recuperação ambiental, assim 

como de regularização fundiária.

Nas áreas de preservação permanente de topo de morros e montanhas pode-se constatar 

que 84% destas áreas estão em conformidade florestal, 9% são passíveis de recuperação 

por  tratarem-se  de  vegetação  rasteira,  estando  o  restante  efetivamente  em  situação 

irregular  de  uso  do  solo  em  especial  decorrentes  de  assentamentos  residenciais.  O 

índice  relativamente  alto  de  preservação  deve-se  provavelmente  ao  fato  destas  áreas 

localizarem-se em regiões de difícil alcance, com escassez de acessos viários e a grande 

distância com relação as regiões onde as atividades econômicas são mais intensas.

A situação das áreas de preservação permanente marginais aos corpos d’água também é

apresentada  de  forma  sinótica  na Figura  12.02  e Tabela  12.07.  Pode-se  constatar  que 

57% destas  áreas  estão  em  conformidade  florestal,  19%  são  passíveis  de  recuperação 

por  tratarem-se  de  vegetação  rasteira,  estando  o  restante  efetivamente  em  situação 

irregular de uso do solo em especial decorrentes de assentamentos urbanos e industriais, 

este último tratado como equipamentos expressivos em área.

O  índice  de  preservação  das  áreas  de  preservação  permanente  marginais  aos  corpos 

d’água  pode  ser  considerado  relativamente  baixo,  provavelmente  em  função  da 

conjunção de alguns fatores. Diferentemente das APPs de topos de morro e montanha, 

os  corpos  d’água  distribuem-se  de  forma  desigual,  mas  por  todo  o  território,  com 

destaque  para  as  regiões  onde  as  atividades  econômicas  são mais  intensas,  nas  zonas 

urbanas e industriais.

Estes estão sempre associados aos fundos de vale onde a implantação de acessos viários

conta  com  terrenos  que  geralmente  possuem  declividades  baixas.  Também  ocorre 

que  os  fundos  de  vale  no  parcelamento  do  solo  são  muitas  vezes  destinados  como 

 

Page 36: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

áreas  públicas  voltadas  ao  escoamento  das  drenagens.  Estas  áreas  públicas  quando 

abandonadas, são de fato invadidas por ocupações precárias, principalmente nas regiões 

intensamente  urbanizadas. Neste  sentido,  os  limites  destas APPs  são mais  facilmente 

transgredidos sob a forte pressão da dinâmica de uso do solo.

A  ocupação  irregular  por  assentamentos  residenciais  em  encostas  com  declividades 

superiores  a  permitida  na  legislação  totaliza  cerca  de  1Km2. Estas  áreas  localizam-se 

preferencialmente na região norte do território, resultado da franja de expansão urbana 

que avança em direção ao relevo formado de morrotes e morros. Tal situação deve-se 

provavelmente  a  proximidade  destas  áreas  com  a  região mais  ativa  economicamente, 

como apontado  resultante  da  expansão  lateral  da  urbanização  e  a  gradual  escassez de 

áreas favoráveis para o parcelamento do solo, auxiliada pela malha viária existente.

Qualidade das águas dos mananciais de superfície

Os únicos mananciais de superfície pertencentes ao município de Guarulhos são os do 

Cabuçu e do Tanque Grande.

O  abastecimento  de Guarulhos,  com  um  total  de  cerca  de  4.020  l/s,  é  realizado  pela 

importação  de  água  da  SABESP  (Sistema  Cantareira)  com  uma  média  recentemente 

medida  (agosto  a  outubro  de  2008)  de  cerca  de  3.500  l/s  (~  87%)  e  pela  produção 

de  poços  tubulares  profundos  que  extraem  água  do  aqüífero  Cumbica  (~  150  l/

s,  correspondente  a  cerca  de  3,7  %  do  total),  que  se  soma  à  produção  dos  dois 

reservatórios, do Cabuçu com cerca de 240 l/s (6,0%) e do Tanque Grande com cerca de 

130 l/s (3,2%) aproximadamente.

O Reservatório do Cabuçu

O reservatório do Cabuçu, com comprimento de 1.500 m e largura máxima de 400 m, 

tem uma área de cerca de 20 ha e um volume de armazenamento de 1.776 x 106 m3, no 

nível da soleira do vertedor de superfície. Sua bacia contribuinte, bacia do rio Cabuçu 

de Cima, tem 23,8 km2.

A barragem, construída em 1904 com concreto ciclópico, tem 15m de altura máxima e 

uma crista de 50 m de extensão.

O sistema funcionou até a década de 1970, quando foi desativado, devido à entrada em 

funcionamento do grande Sistema Cantareira. Em 2000, o sistema Cabuçu foi reativado 

para complementar o abastecimento de Guarulhos (LACAVA, 2007).

O IQA do Reservatório do Cabuçu

Os  resultados  obtidos  por  meio  do  Índice  de  Qualidade  da  Água  (IQA),  apontam 

para  uma  água  com  qualidade  predominantemente  boa.  Em  algumas  coletas  obteve-

se o  resultado ótimo,  em contrapartida, durante duas  coletas  consecutivas obteve-se o 

resultado aceitável.

Esta  última  verificação  pode  ter  seu  esclarecimento  respaldado  na  variável  DBO 

(Demanda  Bioquímica  de  Oxigênio),  visto  que  tais  resultados  se  mostraram  muito 

superiores ao valor máximo estabelecido pela Resolução CONAMA n° 357/2005 para 

águas enquadradas na Classe I.

Tal verificação coincide com as conclusões expressas no Plano de Manejo do Parque da

Cantareira,  onde  se  destaca  o  valor  elevado  para DBO  e  Fósforo  no Núcleo Cabuçu, 

especificamente dentro do reservatório.

A  própria  construção  da  barragem  pode  ser  uma  explicação  para  esses  valores 

anômalos,  na  medida  em  que  há  um  aumento  do  tempo  de  residência  da  água  que 

favorece  a  retenção  de  matéria  orgânica  nesse  local.  Outro  fator  a  ser  levado  em 

consideração  diz  respeito  à  presença  de  fezes  de  animais  no  entorno  da  represa,  que 

inclui o ponto de amostragem.

A presença do Fósforo, em valores anômalos, pode estar relacionado ao passado-recente

desse reservatório, onde durante os últimos 40 anos foi palco de intensa balneabilidade 

pela  população  do  entorno  do  Parque  da  Cantareira.  É  importante  ressaltar  que  o 

reservatório  foi  esvaziado  na  década  de  70,  sendo  utilizado  igualmente  como  área  de 

lazer. Os  resíduos  resultantes dessas  atividades  antrópicas  ficaram  retidas no  fundo,  e 

hoje chegam à superfície na forma de bolhas de gases, afetando a qualidade da água.

Atualmente,  a  quantidade  de  trilhas  existentes  dentro  do  Parque  é  fonte  de  impacto 

 

Page 37: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

ambiental para as águas do reservatório. Com efeito, verifica-se uma grande quantidade 

de macrófitas  (fixas e flutuantes) no ponto de captação da água, como resposta a esse 

processo.

O Reservatório do Tanque Grande

Tendo  completado  50  anos  em  2008,  o  atual  reservatório  Tanque  Grande  nunca  foi 

desativado  até  hoje.  Santos  (2005)  cita  que,  em  11  de  maio  de  1958,  a  Prefeitura 

Municipal  de  Guarulhos  assinou  convênio  com  o  Governo  do  Estado  de  São  Paulo 

para fornecimento de água ao município, sendo então construído o reservatório Tanque 

Grande. A bacia contribuinte desse reservatório tem uma área total de km² e é composta 

por 4 subbacias principais. 

Atualmente o reservatório é operado pelo SAAE - Serviço Autônomo de Água e Esgoto 

deGuarulhos  com  outorga  da  Companhia  de  Saneamento  Básico  do  Estado  de  São 

Paulo (SABESP). Anteriormente à construção da barragem, este manancial já teria sido 

utilizado  para  o  abastecimento  da  Base Aérea  de  Cumbica.  Entretanto,  seu  uso  pode 

ainda ser muito antigo, pois segundo o Professor e Engenheiro Plínio Tomaz, ex-diretor 

do  SAAE,  teria  havido  represamento  do  ribeirão  Tanque  Grande,  provavelmente  no 

século XVII para fornecer água para lavra do ouro na região.

Em  1989,  a  administração  do  reservatório  Tanque  Grande  ficou  a  cargo  do  Sistema 

Autônomo  de  Água  e  Esgoto  (SAAE)  para  abastecer  os  bairros  próximos,  sendo 

construída, em 1992, a ETA (Estação de Tratamento de Água) Tanque Grande.

Atualmente,  o  sistema  Tanque  Grande  faz  parte  do  Sistema  Autônomo  de 

Abastecimento do município de Guarulhos, contribuindo com 10% do abastecimento da 

cidade. Sua vazão é de 250.000 m³/mês entre os anos de 1999 e 2006 (AYRES, 2006), 

abastecendo os bairros de Fortaleza, São João, Bananal, Santos Dumont, Lenise, Jardim 

Bonança e Vila Rica.

Problemas e riscos geoambientais

Os problemas geoambientais respondem aos processos tecnológicos de uso do solo que

resultam  em  poluição,  degradação  ambiental  e  profundas  alterações  da  dinâmica  do 

meio  físico.  As  conseqüências  mais  importantes  destes  problemas  são  os  elevados 

custos  ambientais  e  sociais  envolvidos  que,  muitas  vezes,  se  traduzem  em  áreas  de 

risco.

O  desenvolvimento  do  método  aplicado  para  o  diagnóstico  dos  problemas 

geoambientais,  permitiu  o  reconhecimento  daqueles  que  ocorrem  de  forma  mais 

freqüente:

  Erosão linear induzida em áreas de aterro;

  Movimento de massa do tipo escorregamento de aterro em encostas íngremes;

  Inundação induzida pela ocupação do solo em fundo de vale;

  Áreas contaminadas por atividades poluidoras, industriais, comerciais e de serviços;

  Degradação da qualidade da água em mananciais de abastecimento;

  Formação de “ilhas de calor”.

O painel de problemas geoambientais,  apresentado no Desenho 19  (Anexo 01),  reúne 

informações  sobre  áreas  degradadas  expressas  na  forma  cortes,  aterros  e  erosões 

intensas, as áreas contaminadas e áreas sujeitas à inundação.

Erosão

A  erosão  desponta  como  um  dos  problemas  geoambientais  com  maior  expressão 

espacial em Guarulhos. A erosão em Guarulhos tem como características predominantes 

envolver grandes áreas e volumes, ocorrer especialmente na forma de ravinas profundas 

formadas,  com maior  freqüência,  em aterros,  com destaque daqueles  construídos  com 

solo siltoso de alteração de rocha, em geral metassedimentos, e baixa compactação, em 

locais que concentram o escoamento das águas pluviais.

As propriedades intrínsecas relacionadas aos processos erosivos e às características dos 

processos tecnológicos estão detalhadas no capítulo sobre Unidades Geoambientais.

Relatório  elaborado  pela  SEMA  indica  que  estas  áreas  são  “conseqüência  d 

desmatamento motivado pela crescente especulação imobiliária, que visa à incorporação 

de  novas  áreas  no  mercado  de  imóveis  a  serem  utilizadas  para  fins  de  atender  a 

 

Page 38: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

demanda por habitação. Muitas vezes os  responsáveis pelas  áreas disponíveis  acabam 

interferindo  no  meio  físico  com  ou  sem  autorização  da  municipalidade,  realizando 

ações de terraplanagem, que deixam sérios resultados como: solo desnudo sem o devido 

aproveitamento dos terrenos, ou seja não implantando obras, pois a falta de projeto ou 

projeto inadequado compromete o solo, e esse material é transportado para os cursos d’ 

água causando sérios prejuízos. A movimentação de terra sem taludamentos e captação 

para  águas  pluviais  deixa  o  terreno  sujeito  ao  desenvolvimento  de  processos  erosivos 

por  ação  de  diversos  agentes  intempéricos  e  naturais,  que  causam  a  remoção  do  solo 

causando  ravinas  e  voçorocas  ao  longo do  tempo”  (SEMA, 2002). O  reconhecimento 

das  manchas  de  erosão  indica  que  boa  parte  destas  áreas  está  diretamente  associada 

à  implantação  de  atividades  de  parcelamento  do  solo  que  implicam na  terraplenagem 

de glebas de  terras  extensas. Muitas  áreas podem ser  encontradas  em associação com 

a  franja  periférica  da  expansão  urbana  irradiada  da  região  central,  destacando-se 

atualmente  grandes  glebas  localizadas  no  bairro  de Cumbica  (em  torno  do  projeto  de 

ligação da rodovia Dutra com a av. Jacú-Pêssego) e no eixo Bonsucesso-Água Chata-

Aracília (próximo a rodovia Dutra, na região sugerida para implantação do trecho Leste 

do Rodoanel Metropolitano).

Outras  atividades  que  se  destacam  como  causadoras  de  erosão  estão  relacionadas  a 

aterros de resíduos sólidos inertes e mineração para agregados (areia e brita). Os aterros 

de resíduos encontram-se em grande parte associados às várzeas e, mais recentemente, 

destacam-se  as  cavas  de  mineração  abandonadas,  onde  são  dispostos  resíduos 

classificados  como  RCD  (Resíduos  da  Construção  e  Demolição)  pela  Resolução 

CONAMA 307/2002.

Nota-se  que  muitos  terrenos  utilizados  para  aterro  de  RCD  estão  sendo  preparados 

para  o  parcelamento,  como  no  caso  daqueles  localizados  em  torno  da  rodovia Dutra, 

a  norte  do  aeroporto  e  no  bairro  das  Lavras.  Áreas  expressivas  com  estas  atividades 

estão concentradas no arco formado pelos bairros Lavras-Fortaleza-Capelinha-Mato das 

Cobras- Bonsucesso.

Os volumes de sedimentos liberados nestas áreas são muito elevados, sendo carreados 

pelas  águas  pluviais  para  os  fundos  de  vale  e  a  rede  de  drenagem,  causando  o 

assoreamento.  Este  problema  associa-se  de  forma  sistêmica  com  as  inundações 

que  afetam  o  município,  objeto  de  discussão  do  Plano  Diretor  de  Drenagem 

(GUARULHOS, 2008).

Ou seja, o controle da erosão é também o controle do assoreamento, sendo importante 

tratar esta questão através de medidas de combate à erosão que contemple a recuperação

de  áreas degradadas  e,  especialmente,  o disciplinamento das obras de  terra,  limitando 

volumes  e  exigindo  a  proteção  das  superfícies  expostas  durante  e  após  as  obras. 

Completa  este  quadro  a  formação  de  áreas  intensamente  degradadas  onde  há  o 

impedimento da regeneração da vegetação natural, seja pela total depauperação do solo, 

seja  pela  colonização  por  espécies  invasoras. A  associação  destas  áreas  com descarte 

clandestino  de  resíduos  diversos  é  muito  comum,  gerando  focos  de  contaminação 

das  águas  superficiais  e/ou  subterrâneas,  além  disso,  estão  sempre  acompanhadas  da 

poluição visual resultante.

Escorregamentos de encostas e áreas de risco

O risco de escorregamento de encostas refere-se principalmente a processos  induzidos 

relacionados  à  ocupação  urbana,  com  destaque  para  aterros  lançados  nas  encostas, 

mesmo porque  são  raros os  escorregamentos naturais  e,  ainda  assim,  em áreas que  já 

sofreram algum tipo de desmatamento em encostas de elevadas declividades.

Os escorregamentos  induzidos apresentam em geral rupturas do tipo planar e rasa que 

podem evoluir para corridas de lama e fluxo de detritos. Associam-se a estes a erosão de

atêrros construídos com solo siltoso de alteração de rocha e o escorregamento de solo e 

rocha em taludes de corte. Neste caso, destaca-se o desplacamento de metassedimentos, 

quando o plano do corte, interceptando os planos da foliação, favorece a instabilização. 

O  relevo  de morros  e montanhas,  com altas  declividades,  e  os  solos  rasos  favorecem 

a concentração de águas pluviais  em direção as drenagens  influenciando os processos 

 

Page 39: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

erosivos e de escorregamentos.

A observação de diversos casos permitiu concluir que os escorregamentos de encostas 

em Guarulhos  são quase que  exclusivamente ocasionados por processos  tecnológicos, 

em especial em aterros.

Estudos  efetuados  em  situações  específicas  (GOMES,  2008)  demonstram  que  os 

escorregamentos analisados na ocupação do Novo Recreio em Guarulhos são em geral 

induzidos por ocupações precárias, com cortes e aterros, em declividades superiores a 

60% (31°), mesmo com variação do substrato geológico e da cobertura pedológica.

Assim,  a declividade  foi definida como o atributo básico desta  análise  e o valor 60% 

foi  adotado  como  limite  a  partir  do  qual  há  maior  suscetibilidade  de  ocorrência  de 

movimentos de massa.

O  método  utilizado  para  a  avaliação  de  risco  de  escorregamentos  foi  baseado  num 

modelo de declividade elaborado a partir da base topográfica digital (curvas de 10m) e 

através do módulo  spatial  analyst no ArcGIS, que  foi processado com ferramentas de 

classificação, vetorização e suavização de contornos.

Os  polígonos  relativos  aos  setores  de  encostas  com  declividade  >  de  60%  foram 

cruzados  com os  polígonos  de  uso  do  solo,  neste  caso  apenas  aqueles  relacionados  à 

ocupação residencial, sendo considerados de alto risco os casos de ocupação residencial 

não consolidada e de médio risco quando a ocupação residencial é consolidada.

Em resumo:

Risco  alto  de  escorregamento  =  decliv  >=60%  +  Ocupação  Residencial  Não 

Consolidada

Risco médio de escorregamento = decliv >=60% + Ocupação Residencial Consolidada. 

Há  níveis  de  risco  de  graus  mais  baixos  tanto  nas  ocupações  residenciais  não 

consolidadas  quanto  nas  consolidadas. O método  proposto  foi  dirigido  a  situações  de 

risco generalizado  em  setores,  assim  resultando num zoneamento  de  risco  e  não num 

levantamento de riscos localizados, menos ainda em nível de cadastro de risco.

Embora  uma  análise  mais  precisa  dependa  do  cruzamento  deste  modelo  com  um 

levantamento  detalhado  destas  áreas,  ou  seja,  através  de  um  cadastro  mapeado  em 

campo,  as  manchas  de  risco  resultantes  coincidem  em  grande  parte  com  as  áreas 

apontadas no respectivo levantamento da PMG.

Tal fato indica que o modelo gerado pode ser considerado um bom método de análise de

áreas de  risco  (1º nível de análise),  especialmente em situações onde não há qualquer 

informação  cadastral,  revelando  um  quadro  das  regiões  onde  é  provável  encontrar 

situações problemáticas.

As ocupações que apresentaram maior incidência de risco a escorregamentos são:

  Recreio São Jorge

  Novo Recreio

  Chácaras Cabuçu

  Sítio dos Morros

  Parque Primavera

  Parque Mikail

  Jardim Fortaleza

  Água Azul

  Jardim dos Cardosos

  Vila Operária

  Cidade Tupinambá

  Vila União

  Parque Santos Dumont

  Cidade Soberana

  Parque Continental

  Jardim São Rafael

  Jardim Palmira

Este  levantamento  permite  indicar  as  ocupações  mais  vulneráveis  e  assim  orientar  a 

execução  de  um  segundo  nível  de  análise  com maior  detalhamento,  que  pode  se  dar 

 

Page 40: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

na  forma de um cadastramento de  risco em escala mais adequada  (1:2.000 ou maior), 

conforme metodologia proposta por Cerri et al (1990; 1995).

Inundações e áreas de risco

As áreas sob incidência de inundações foram delimitadas pela Prefeitura Municipal de 

Guarulhos através levantamentos de campo e assim, apresentam uma razoável precisão 

cartográfica. Outro aspecto  importante de se considerar é o  fato destas áreas sofrerem 

variação no tempo e espaço, pelas características intrínsecas dos processos de inundação

expostos na descrição do método.

Conforme  método  apresentado  no  capítulo  3,  a  sobreposição  das  informações  de 

eventos de  inundação  com o uso do  solo permitiu  estabelecer  as  classes de  alto  risco 

onde ocorrem ocupações residenciais não consolidadas, médio risco onde as ocupações 

residenciais são consolidadas, e o risco indeterminado onde ocorrem indústrias.

Este critério também é baseado na maior vulnerabilidade prevista para as ocupações não

residenciais.  Para  as  inundações  que  incidem  sobre  os  equipamentos  expressivos 

em  área,  o  risco  indeterminado  deve-se  a  existência  de  atividades  variadas,  cujos 

danos  possíveis  podem  ser  muito  diferentes.  Assim,  no  caso  de  indústrias  o  risco 

seria alto quando o dano  implicar em perdas  totais de produção e, por outro  lado,  ser 

menor  quando  resultar  apenas  na  paralisação  da  produção.  Neste  caso,  a  avaliação 

mais  detalhada  do  risco  em  áreas  industriais  depende  de  uma  caracterização  de  cada 

atividade.

Risco alto de inundação = Inundação + Ocupação Residencial Não Consolidada

Risco médio de inundação = Inundação + ocupação Residencial Consolidada

Risco indeterminado = Inundação + Equipamentos expressivos em área

Este levantamento está sujeito a variações tanto relativo ao crescimento ou redução das 

manchas de inundações, quanto em relação ao surgimento ou desaparecimento de outras

áreas de  inundação.  Isto pode ocorrem em  função da  rápida  transformação do uso do 

solo  e  do  sistema  de  drenagem  urbana,  assim  como  pela  ocorrência  de  chuvas  com 

intensidades e períodos de retorno variáveis.

O  produto  gerado  permite  reconhecer  a  gravidade  que  este  problema  representa  em 

termos  de  gestão  da  drenagem  urbana,  envolvendo  certas  unidades  hidrográficas  de 

forma mais crítica.

As ocupações mais afetadas são:

  Cidade Satélite de Cumbica

  Parque São Luiz

  Vila Aeroporto

  Jardim Álamo

  Jardim Izildinha

  Vila Laurita

  Vila das Palmeiras

  Porto da Igreja

  Jardim Fátima

  Jardim Dinamarca

  Jardim Testai

  Jardim Guarulhos

  Jardim Santo Afonso

  Vila Galvão

  Vila Rosália

O risco indeterminado de inundações, relacionadas a equipamentos expressivos em área,

envolvem  em  sua  maior  parte  usos  industriais.  Esta  informação  pode  ser  mais  bem 

detalhada  a  partir  do  cadastramento  das  atividades  existentes,  resultando  numa 

informação mais apurada e uma nova discussão sobre a classificação de risco.

Áreas contaminadas

As  áreas  contaminadas  indicadas  no  levantamento  da CETESB  (2008)  correspondem 

principalmente  a  postos  de  combustíveis  (65%),  seguida  de  indústrias  (17%), 

transportes  (8%),  restando  em  menor  proporção  as  relacionadas  a  comércio, 

 

Page 41: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

empreendimentos imobiliários e a ocorrência de acidentes (Figura 14.02).

Com  respeito  as  fontes  de  poluição,  a  armazenagem  é  a  principal,  sendo  superior  a 

80% das ocorrências (Figura 14.03) e os principais contaminantes são os combustíveis 

líquidos,  solventes  aromáticos  e  os  PAHs  (hidrocarbonetos  aromáticos  policíclicos), 

quase 50% das vezes ocorrendo associados na mesma ocorrência.

Os principais meios impactados são as águas subterrâneas (acima de 90% dos casos), os

solos e os subsolos, muitas vezes todos estão em associação, com raras exceções. 

A  localização  da  maioria  das  ocorrências  de  contaminação  distribue-se  numa  faixa 

em  torno  da  rodovia  Dutra,  concentrando-se  na  região  central,  coincidindo  com  as 

áreas mais  ocupadas  por  indústrias  e  abastecidas  por  serviços.  Fogem  a  esta  regra  as 

ocorrências  referentes  à  pedreira  Paupedra  e  a  empresa AmBev  localizadas  na  região 

norte do município.

Percebe-se  que  estas  áreas  estão  ocorrendo  principalmente  nos  terrenos  formados  por 

sedimentos Quaternários e Terciários, indicando a necessidade de se conhecer frente aos

problemas  da  contaminação  das  águas  superficiais  e  subterrâneas.  Pode  ser  feito 

destaque para as áreas de risco a inundações e postos de gasolina, áreas de mananciais 

e  aquelas  localizadas  em  terrenos  mais  permeáveis.  Neste  sentido,  cabe  enfatizar 

que  estudos  específicos  de  vulnerabilidade  de  contaminação  das  águas  devem  ser 

estimulados,  podendo  partir  da  base  de  dados  gerada  e  através  de  levantamentos 

complementares.

Com base nos  laudos  técnicos da SEMA,  foram  relacionadas aquelas ocorrências que 

envolvem  também  contaminação  por  disposição  irregular  de  resíduos  sólidos.  No 

entanto,  os  dados  são  pontuais  e  não  há  informações  mais  detalhadas.  No  geral,  os 

pareceres técnicos referem-se a ocorrências de aterros de resíduos sólidos diversos, com 

destaque para os RCDs, resíduos urbanos e de origem industrial, em volumes variados. 

Observa-se  que  a  maioria  destas  ocorrências  associam-se  a  terrenos  localizados 

preferencialmente  nas  margens  de  estradas,  em  terrenos  livres  de  uso  e  construção, 

muitos deles localizados na periferia urbana e em áreas rurais.

Cadastro dos riscos geohidrológicos da PMG

O  Mapa  de  Riscos  Geohidrológicos  de  Guarulhos  produzido  pode  orientar  estes 

mapeamentos  na  medida  em  que  destaca  as  situações  geoambientais  mais  críticas. 

Outros  mapas  como  os  de  declividade,  unidades  de  relevo,  unidades  geoambientais, 

podem subsidiar a análise de riscos potenciais.

Considerações sobre a base de dados de problemas geoambientais

O  diagnóstico  dos  problemas  geoambientais  permitiu  a  elaboração  de  uma  base 

cartográfica que  reúne as várias ocorrências documentadas de contaminação e erosão. 

Como alternativa de continuidade deste  levantamento, é possível  incrementar algumas 

fontes  potenciais  de  risco  ambiental,  especialmente  de  contaminação  das  águas,  que 

poderiam  ser  acrescentadas nesta base para  a  confecção de um Mapa de Problemas  e 

Ameaças Geoambientais.

Assim, além de  reunir as principais áreas de erosão e contaminação, poderiam  incluir 

outros elementos que envolvem riscos tecnológicos tais como:

· Risco de contaminação por resíduos sólidos (Aterros de resíduos sólidos)

· Risco de contaminação e/ou incêndio/explosão por vazamento de combustíveis

(Tanques de abastecimento e redes tubulares de combustível)

· Risco de acidentes no transporte de cargas perigosas (Rodovias)

· Atividades com alto potencial de risco de degradação aos mananciais superficiais de 

abastecimento  (AmBev,  Portos  de  Areia,  ocupações  no  Tanque  Grande  e  Jaguari).A 

elaboração  de  um  cadastro  de  depósitos  volumosos  de  materiais  reciclados,  postos 

de  gasolina  e  indústrias  potencialmente  perigosas,  poderia  também  enriquecer  o 

levantamento  de ameaças, sendo de grande utilidade para o gerenciamento de riscos em 

Guarulhos.

 

ANEXOS

 

Page 42: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Em anexo temos:

• Documentos relativos ao Plano de Manejo do Parque estadual Alberto Lofgren 

(Horto  Florestal)  em  que  se  constatam  diversidade  de  fauna  e  flora,  as  quais 

serão expostas aos impactos do Trecho Norte do Rodoanel. (DOCs. 31 a 50)

• Análise de Terrenos como Ferramenta de Unidade de Conservação, São Paulo – 

Brasil: O Caso da Cantareira – Em que se evidencia o valor ambiental da Serra 

da Cantareira.  (DOCs. 51 a 66) - trabalho  realizado  para  o  IV Seminário  de 

Geografia Física.

• Impactos  Antrópicos  no  Clima  da  Região  Metropolitana  de  São  Paulo 

–  Trabalho  que  analisa  a  evolução  do  clima  na  Região.  Realizado  pela 

Universidade  de  São  Paulo  –  Instituto  de  Astronomia,  Geofísica  e  Ciências 

Atmosféricas. (DOCs. 67 a 81)

• Estudo, fotos e mapas de Paulo César Gomes da Costa sobre o Rodoanel Trecho 

Norte.(DOCs. 82 a 116)

• Ilhas  de Calor  – Vale  do Rio Cabuçu  –  de  José Ramos  de Carvalho  - Gestor 

Ambiental – (DOCs. 117 a 120)

• 490 Listas de abaixo-assinado com aproximadamente 9.200 assinaturas.

 

 

 

 

DO PEDIDO

 

 

Requeremos  se  digne  V.Exa.  a  analisar  todo  o  exposto,  sendo  que 

estaremos  à  disposição  para  complementar  qualquer  documentação  que 

seja  necessária  e  da  qual  tenhamos  disponibilidade,  a  fim  de  que  sejam 

tomadas  as  medidas  judiciais  que  julgar  necessárias,  dentre  elas,  se  for 

de seu entendimento, – o Adiamento das Audiências Públicas, em caráter 

de urgência e que seja movida uma Ação Civil Pública Ambiental – com 

o  intuito  de  estudar  com mais  profundidade  as  questões  socioambientais 

envolvidas nas obras do Trecho Norte do Rodoanel e analisando, caso não 

opte  pelo  cancelamento  das  obras,  a  possibilidade  de  um  novo  traçado, 

conforme  consta  nesta  representação  em  seu  item  III,  pág.  06,  a  fim  de 

impedir que, através da degradação dos impactos que se prenunciam com a 

referida obra, o meio ambiente, a qualidade de vida e os direitos essenciais 

de todos os cidadãos, sejam resguardados.

São Paulo, 01 de dezembro de 2010.

 

 

___________________________Rancho Folclórico Vilas de Portugal     

R.L. - Paulo Cesar Gomes da Costa

 

 

 

_________________________________________

SOLI – Associação Unidos na Luta pela Igualdade

R.L.  - Carlos Eduardo Coin Gomes

 

 

_______________________________________

 

Page 43: REPRESENTAÇÃO AO MPF CONTRA TRECHO NORTE DO RODOANEL

Associação Cultural e Esportiva de Cachoeira

R.L. - Carlos Takashi Inoue

 

 

______________

Elisa Puterman

 

 

 

_________________________________

Adriane Aparecida Bernardes de Mattos

 

 

______________________

Luiz Chiarantano Pavão

 

 

 

_______________________

Jaime Melim de Menezes

 

 

________________________

Eduardo de Freitas Fernandes

 

 

_______________________

Carlos Gonçalves Fernandes

 

 

_______________________

Maria Cristina Greco