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Representação dos movimentos civis nas capas da Revista Veja (1968-2008): estratégias da imagem e a construção do imaginário político. Eduardo Yuji Yamamoto Jornalista e especialista em Comunicação popular e comunitária pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/PR). Mestrando do programa Comunicação midiática da Universidade Estadual Paulista (UNESP/FAAC). Pesquisador do grupo Mídia e Sociedade (CNPq). Bolsista CAPES. Introdução Neste ano de 2008, mais precisamente no dia 11 de setembro, a revista Veja completa 40 anos de existência. Este momento pode ser particularmente importante para observar aquilo que Muniz Sodré designa “midiatização”, a configuração de aspectos da sociedade tradicional pelo advento das empresas e dos meios técnicos de comunicação: Por midiatização, entenda-se [...] o funcionamento articulado das tradicionais instituições sociais com a mídia. A midiatização não nos diz o que é a comunicação e, no entanto, ela é o objeto por excelência de um pensamento da comunicação social na contemporaneidade, precisamente por sustentar a hipótese de uma mutação sócio-cultural centrada no funcionamento atual das tecnologias da comunicação 1 . Midiatização, neste caso, como fenômeno sócio-histórico, decorrente da emergência de um dispositivo tecno-cultural, o medium 2 , que passa a operacionalizar um contexto social totalmente regido por fluxos de informação; em outras palavras, “por um regime até agora posto quase que exclusivamente a serviço da lei estrutural do valor, o capital 3 ”. Enquadra-se na categoria medium, não apenas as próteses tecno-interativas, que atualmente tem direcionado a atenção dos pesquisadores da Comunicação para as chamadas redes virtuais e ciber-culturas. Fala-se aqui também dos tradicionais meios de comunicação de massa, anacrônicos, mas sempre atuantes para a consolidação de uma “bios midiáticas”. Este conceito, elaborado por Sodré, pode ser entendido como “campo de ação social correspondente a uma nova forma de vida 4 ” vertebrada pela técnica e pelo mercado, e alimentada basicamente por produtos (ou discursos) midiáticos. Está implícita nesta “nova forma de vida”, uma modificação correlativa ao modo de ação política tradicional. Foi-se o tempo em que a política se decidia na arte-retórica (sem improviso, cortes ou edições), nos comícios em praça pública, pois atualmente, ela vem se 1 Sodré, 2007, p. 17 2 Medium (meio), é a expressão singular de Media (conjunto de mediums), este último modestamente traduzido em nosso idioma por mídia. 3 Sodré, 2002, p. 21 - 22 4 Sodré, 2002, p. 21 - 22 1

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Representação dos movimentos civis nas capas da Revista Veja (1968-2008): estratégias da imagem e a construção do imaginário político.

Eduardo Yuji YamamotoJornalista e especialista em Comunicação popular e comunitária pela Universidade Estadual de Londrina (UEL/PR). Mestrando do programa Comunicação midiática da Universidade Estadual Paulista (UNESP/FAAC). Pesquisador do grupo Mídia e Sociedade (CNPq). Bolsista CAPES.

Introdução

Neste ano de 2008, mais precisamente no dia 11 de setembro, a revista Veja completa 40

anos de existência. Este momento pode ser particularmente importante para observar aquilo

que Muniz Sodré designa “midiatização”, a configuração de aspectos da sociedade tradicional

pelo advento das empresas e dos meios técnicos de comunicação:

Por midiatização, entenda-se [...] o funcionamento articulado das tradicionais instituições sociais com a mídia. A midiatização não nos diz o que é a comunicação e, no entanto, ela é o objeto por excelência de um pensamento da comunicação social na contemporaneidade, precisamente por sustentar a hipótese de uma mutação sócio-cultural centrada no funcionamento atual das tecnologias da comunicação1.

Midiatização, neste caso, como fenômeno sócio-histórico, decorrente da emergência de um

dispositivo tecno-cultural, o medium2, que passa a operacionalizar um contexto social

totalmente regido por fluxos de informação; em outras palavras, “por um regime até agora

posto quase que exclusivamente a serviço da lei estrutural do valor, o capital3”.

Enquadra-se na categoria medium, não apenas as próteses tecno-interativas, que atualmente

tem direcionado a atenção dos pesquisadores da Comunicação para as chamadas redes virtuais

e ciber-culturas. Fala-se aqui também dos tradicionais meios de comunicação de massa,

anacrônicos, mas sempre atuantes para a consolidação de uma “bios midiáticas”. Este

conceito, elaborado por Sodré, pode ser entendido como “campo de ação social

correspondente a uma nova forma de vida4” vertebrada pela técnica e pelo mercado, e

alimentada basicamente por produtos (ou discursos) midiáticos.

Está implícita nesta “nova forma de vida”, uma modificação correlativa ao modo de ação

política tradicional. Foi-se o tempo em que a política se decidia na arte-retórica (sem

improviso, cortes ou edições), nos comícios em praça pública, pois atualmente, ela vem se

1 Sodré, 2007, p. 172 Medium (meio), é a expressão singular de Media (conjunto de mediums), este último modestamente traduzido em nosso idioma por mídia.3 Sodré, 2002, p. 21 - 224 Sodré, 2002, p. 21 - 22

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deslocando para os territórios privados do jornalismo político, em fatos inventados para a

visibilidade da mídia noticiosa. Daí que as ações sociais contemporâneas, para surtirem

efeitos e assim adentrar no plano histórico, elas devem, necessariamente, passar pelo plano

discursivo da mídia.

Esta transformação no campo político está relacionada não apenas ao encolhimento dos

tradicionais espaços públicos de representação (encolhimento proporcional à diminuição dos

encargos estatais), ou à descrença nas formas partidárias de representação5. Há que se destacar

também o predomínio da mediação técnica como forma contemporânea de sociabilidade e

comunicação.

Problematizar a revista Veja (sua história enquanto empresa multimidiática, produtora de

bens simbólicos, desde o jornalismo aos mais diversos gêneros de entretenimento) em função

destas transformações em curso na sociedade e na cultura, faz-se aqui com o objetivo de

observar este fenômeno que se tem chamado “midiatização”. A mutação sócio-cultural, neste

caso, pode ser verificada num eixo histórico pela construção de um imaginário político, o qual

“serve de sustentação para o julgamento de valores de personalidades políticas6”.

Revista Veja: 40 anos

O surgimento da revista semanal Veja em 11 de setembro de 1968 pode ser apontada como

um marco na história do jornalismo brasileiro. Isso porque seu surgimento ocorreu num

momento importante da economia e na política nacional: a consolidação de um mercado de

bens simbólicos do país, em decorrência da abertura nacional para o investimento de capital

estrangeiro em setores da indústria gráfica. É neste período também que se pode verificar o

surgimento ou formação dos atuais conglomerados multimidiáticos de comunicação7.

Feita nos moldes das revistas norte-americanas, Life, Newsweek, e Look (de onde

possivelmente derivou o nome Veja), o semanário veio com a promessa modernizadora de um

parque gráfico altamente sofisticado para o contexto brasileiro. O atrativo, no caso, era o

jornalismo interpretativo ou analítico8, uma proposta diferente para a época.

5 Isso pode ser observado, segundo Wilson Gomes (2004, p. 27 – 28) pelo esvaziamento dos partidos políticos, instituições sociais clássicas que historicamente cumpriam a função representativa dos interesses dos cidadãos no contexto político democrático. O controle sobre as ações do governo e a possibilidade de uma projeção alternativa de governo, funções ora tributadas ao partido, tem agora sua importância diminuída incidindo gravemente sobre a condução do Estado.6 Guimarães, 2007, p. 1.7 A abertura que propiciou o investimento de capital e injeção de tecnologia norte-americana possibilitou também a modernização de setores como as telecomunicações.8 Interpretativo, neste caso, “relaciona-se com o investigativo onde, ‘ao inquirir sobre as causas e origens dos fatos, busca também a ligação entre eles e oferece a explicação da sua ocorrência’” (DINES Apud. VILLALTA, 2002, p. 12)

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O grande salto da revista, entretanto, ocorreu em 1973, com uma eficiente jogada de

marketing e planejamento estratégico que não apenas conquistou um grande público assinante

como possibilitou a sua pulverização em todo o território nacional9.

Hoje, já bem estabelecida no mercado editorial, a revista Veja colhe os frutos deste

empreendimento arriscado, mas não por isso lucrativo do ponto de vista empresarial. Alguns

dados recentes10 podem esclarecer melhor o poder de influência da revista na sociedade

brasileira: é a revista com a maior tiragem do país – mais de 1 milhão de exemplares; sua

“circulação média em setembro de 2006 foi de 1.124.571 exemplares por edição, sendo 84%

por assinaturas11”; em relação ao seu público leitor, há um equilíbrio de gênero, “53% são

homens e 47% são mulheres12”; “quanto ao perfil socioeconômico, 71% dos leitores

pertencem às classes A (30%) e B (41%)13”.

Do ponto de vista institucional, a revista Veja tem se tornado protagonistas em inúmeros

casos da política brasileira, agindo, muitas vezes, como agente catalizador da opinião pública

nacional.

Como veículo noticioso, a revista desfruta de um status de instituição social capaz de se

impor como detentora da verdade, uma vez que, enquanto atividade jornalística, ela “estaria

autorizada a retratar a realidade.14”. Esta legitimidade, como assegura Márcia Benetti, se dá no

jogo de papéis sociais, entre emissor e receptor, este último teoricamente idealizado15, um

leitor virtual, ou como prefere Alfredo Vizeu “presumido”. Neste jogo de papéis, a autora

lembra que “Essas identidades não são naturais ou óbvias, e sim foram construídas

historicamente16”.

Dado este prestígio institucional e influência na sociedade, a revista Veja tem sido objeto

de estudo, sobretudo pela sua capacidade discursiva de moldar opiniões pelas suas sugestões

enunciativas. Destacam-se nesta vertente de estudo, autores como Augusti (2005), Hernandes

(2004), Magalhães (2003), Nascimento (2002), Prado (2003), e Souza (2004).

9 “Os valores das perdas nos dois primeiros anos da publicação são estimados em US$ 6 milhões – quase o valor total previsto para ser gasto. A implantação, em 1972, de uma operação de assinaturas, que ao final de quatro anos alcançou os primeiros 100 mil assinantes, assegurou ao menos um número significativo para uma publicação que pretendia alcançar a totalidade do território nacional.” (VILLALTA, 2002, p. 10)10 A base dos dados é o artigo de Márcia Benetti, “A ironia como estratégia discursiva da revista Veja”, que consta na parte final deste trabalho.11 Benneti, 2007, p. 812 Idem.13 Idem.14 Idem, p. 315 Vale aqui retomar o próprio conceito de notícia no jornalismo: O que é notícia? É aquilo que interessa ao leitor. Mas quem decide aquilo que interessa ao leitor? É o próprio jornalista. 16 Benneti, 2007, p. 4

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A proposta de se estudar as capas de revista Veja vem de uma constatação que se afirma

cada dia: a compressão do tempo de leitura das notícias, muitas vezes restritas aos espaços da

imagem.

Segundo Vanderlei Dorneles (2004), a partir dos anos de 1970, a imagem impôs-se

predominantemente no jornalismo, ganhando destaque nas revistas semanais. No caso das

principais revistas brasileiras, Veja e IstoÉ, ele afirma respectivamente a destinação de

60,35% e 57% da superfície gráfica da revista para as imagens fotográficas17.

Observa-se que os espaços da imagem, não necessariamente fotográficas ou restritas às

capas, constituem lugares importantes de produção discursiva. A capa, entretanto tem

algumas peculiaridades que podem ser importantes para um estudo que pretende observar o

fenômeno da midiatização. Sob o ponto de vista dos referenciais para construção de valores

ou conceitos de mundo, as capas de revistas podem funcionar como reforço ou mesmo

agenciador de uma opinião pública, no que se percebe o engrandecimento ou deterioração de

um político, ou uma fração de classe social. Para Magalhães:

As capas das revistas, como espaços de materialidades discursivas, são lugares em que se encenam e insinuam atos e fatos imagísticos, rituais de sedução, persuasão e informatividades, segundo pontos de vista, maneiras de perceber (e fazer ver/ ler) plástica e lingüisticamente o mundo18.

As capas de revistas, pelo fato de trazerem a matéria principal o conteúdo principal da

revista referente à política institucional pode implicar, num curto espaço de tempo (uma

semana), a formação de uma opinião sobre o assunto, a longo prazo, a formação de um

imaginário político.

O predomínio da imagem nas capas da revista Veja, permite também observar algumas de

suas estratégias discursivas, a exemplo do uso de estruturas simbólicas pré-configuradoras do

olhar. Esta estratégia tem como fundamento a disposição de signos na imagem,

direcionadores do olhar e da interpretação. Isso porque “todo signo que está na capa da revista

foi intencionalmente colocado a fim de transparecer uma idéia ou de conduzir a uma

determinada leitura do fato tratado19.”

Os produtores da imagem, neste caso lançam mão de formas específicas de enquadramento

de figuras da política que dramatizam a notícia visual e produzem um repertório de valores

(positivo ou negativo) sobre tais figuras.

17 A base da pesquisa do autor é referente ao ano de 2003.18 Magalhães, 2003, p. 63.19 Idem, p. 79.

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A gênese destes modelos pré-configuradores, remontam à própria gênese da cultura. Na

sua base encontra-se o processo ontogênico (desenvolvimento individual do Homem), de

onde se depreende certos modelos abstratos e conceitos duradouros advindos da apreensão

imediata do mundo pelo Homem.

As capas, neste sentido, podem ser entendidas como um bem de consumo estratégico da

sociedade contemporânea. Isso se evidencia quando se vê edificar sobre ela um regime

discursivo que opera naquilo que, paradoxalmente, se tem chamado de “tempo-real”: um

derrame incessante de tecnologias, produtos culturais e bens simbólicos, sempre a frente da

própria capacidade de digestão.

As raízes ontogênicas da cultura: as experiências pré-predicativas como determinantes do processo de recepção da imagem

Mais do que uma superfície plana em que se é possível reportar os fatos políticos e sociais

cotidianos, a imagem constitui um suporte vigoroso de poder simbólico-discursivo, em que

interagem as experiências da ontogênese humana.

É justamente pelo fato da imagem agregar signos diferenciados na ontogênese, que se

atribuir a ela um forte poder discursivo. Para impor-se como objeto significante (fiduciário

para o leitor), a imagem se vale de signos constituídos nas experiências que o indivíduo

realiza nos primeiros momentos de sua vida, os quais investem de poder os símbolos

presentes na imagem. Estas experiências, denominadas por Harry Pross de “pré-

predicativas20”, são responsáveis pela concepção de signos com determinado valor agregado,

os quais podem conferir credibilidade e segurança ao leitor, quando reconhecidos na imagem.

O que se revela de mais duradouro são as experiências feitas na primeira infância sobre a própria corporeidade e sua relação com outra materialidade que não pertencem ao organismo do recém-nascido. O recém nascido experimenta o espaço circundante como uma ampliação da própria corporeidade. As resistências que encontra o movimento incipiente obrigam a diferenciação e, mais tarde, a formação de conceitos21.

Estas experiências, segundo Pross, são responsáveis pela codificação espacial e pela

criação de formas abstratas, as quais orientarão o Homem em sua vida prática e em processos

comunicativos mais elementares. Diferenciações dos tipos “acima e abaixo” e “dentro e fora”

fazem parte destas experiências.

20 Pross, 1980, p. 4321 Idem.

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A ontogênese, processo de desenvolvimento individual do Homem, constitui, portanto, o

momento formativo de uma memória simbólica rudimentar, de onde ele extrai os

fundamentos básicos da cultura: locomoção, localização, comunicação, etc

No âmbito das experiências pré-predicativas, local de especificação sígnica, a atribuição de

valores polarizados e assimétricos a cada um dessas diferenciações espaciais não se deu de

forma arbitrária, mas – como aponta Pross – conforme as resistências que o corpo encontrou

com o ambiente.

As conseqüências resultantes desta experiência, igual para todos os seres humanos, levam às mesmas determinações pré-predicativas daqueles que no pensamento evolucionado denomina-se consciência interpretante22.

Tem-se que, em termos de mobilidade e proteção, estar “acima” (céu) é melhor do que

estar abaixo (solo), pois “acima” não oferece vetorialmente nenhuma resistência à projeção do

corpo; dentro (do campo) é mais seguro do que fora dele, isso significa uma melhor

mobilidade. Nos dois casos, não apenas a mobilidade e a proteção inter-atuam condicionando

a especificação dos símbolos; também “acima” e “dentro” implicam um melhor controle ou

domínio do espaço do campo visual (necessidades básicas de sobrevivência).

Dentro e fora, acima e abaixo, repetidos indefinidamente na mobilidade corporal, como vivência do próprio corpo, vincula cada vez mais as ameaças específicas desta corporeidade. Exigem medidas que reduzam estas ameaças a um mínimo de periculosidade, que conservem as conquistas da distância e do horizonte23.

As imagens, segundo Pross, pelo fato de serem “[...] símbolos presentativos [...] oferecem

um amplo campo interpretativo ao indivíduo24”. O leitor, nesse caso, poderia interpretar-las

como algo “completamente arbitrário se não tivesse que se basear em representações já

dadas25”, isto é nas experiências pré-predicativas.

Os fundamentos ontogênicos da comunicação humana podem ajudar a compreender o

surgimento e/ou a cristalização de certas especificações sígnicas no tecido cultural. Todavia,

mais importante do que se deter nesse processo, é observar algumas estratégias discursiva da

imagem (do fotojornalismo ou da edição gráfica) no que se refere ao uso social de certos

símbolos.

Um regime de regularidade discursiva, neste caso, pode orientar a leitura de um conjunto

de imagens que, submetido a uma sistematização no âmbito da sociedade e da cultura, pode

transparecer um determinado sentido ou uma coerência política por parte de seus produtores. 22 Idem, p. 44.23 Pross, 1980, p. 45.24 Idem, p. 34.25 Idem.

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Neste esquema, a estratégia retórica da repetição de estruturas simbólicas na imagem pode

indicar não apenas um possível uso consciente da imagem (um certo domínio do repertório

cultural por parte dos produtores), mas a participação deste veículo na construção de um

imaginário político. Esta leitura sugere uma dimensão política para o símbolo.

Os símbolos políticos mais relevantes remetem às categorias de acima e abaixo, dentro e fora, claro e escuro. O fato fundamental de que o indivíduo só pode experimentar a realidade mediante signos se converte num meio de direção de homens por parte de outros homens com a ajuda dos signos26.

Fala-se aqui de uso consciente de símbolos na imagem, uma vez que a atividade de

produção de material midiático na política, como lembra Wilson Gomes, está a cargo de

especialistas da publicidade, do marketing, além de profissionais que dominam técnicas

persuasivas e discursivas.

[...] não basta organizar fatos e mensagens na emissão para que uma imagem se dê conforme o que se quer. Os agentes da política de imagem dedicados à emissão trabalham, obviamente, com imagens-modelo, isto é, com expectativas de como se quer que sejam decodificados como imagens os estímulos que eles organizam27.

Ao agregar símbolos em sua notícia visual (estruturas simbólicas), as mídias noticiosas

acabam imputando a determinados grupos sociais uma identidade estigmatizada ou

deteriorada. No âmbito da sociedade, estas estruturas simbólicas (especificamente os pares

acima-abaixo) integram o repertório cultural de valores coletivos, os quais são significativos

para construção do discurso.

Pelo fato de trabalharem com estruturas de percepção do espaço agregados à imagem,

portanto, com a estrutura mais elementar da comunicação (anteriormente diferenciada na

ontogênese humana) que produz sentido já na enunciação, as notícias visuais transmitidas

chegam já polarizadas e assimétricas para o receptor.

O efeito de sentido produzido por tal mensagem visual pode chegar a criar junto ao público

leitor (numa espécie de confirmação de valores já existentes), uma relação de valores

diametralmente opostos com determinados grupos sociais.

A imparcialidade e/ou objetividade dos meios noticiosos é, dessa forma, contestada no ato

de seu enquadramento. Isso porque a estrutura sintáxica da imagem é simbólica: seu sentido é

produzido já na disposição espacial dos elementos que compõem a imagem. Esse

procedimento é próprio da função política da mídia, garantindo sua afirmação enquanto

26 Idem, p. 75.27 Gomes, 2004, p. 282.

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instituição social normativa (algo semelhante aos primitivos objetos de ritualização, cuja

determinação ou ordenação constituía como imposição externa ao indivíduo).

Na análise da linguagem visual das notícias (seus signos e estruturas significantes)

pretendida aqui, buscar-se uma produção de sentido que se configura pela disposição dos

elementos, mais do que nos elementos entre si.

O olhar

A orientação para a leitura de imagem28 vem da especificidade de sua linguagem. Como

superfície plana e estática, a imagem permite ao observador o vaguear sobre ela (scanning29),

mas somente dentro de algumas determinações. Estas determinações atendem a uma ordem

técnica, expressa pela organização dos signos na imagem, uma espécie de sintaxe dada pela

mediação do aparelho e o produtor da imagem (intenções do fotógrafo ou do editor); e uma

outra ordem de natureza cultural, ou seja, o significado deste signo assim posicionado.

No caso de uma leitura em ciclos30, não é exatamente o sentido que advém como

prioridade, mas o significado, isto é, o signo (neste caso, uma estrutura) que sustenta a

produção de sentido. O olhar circular pela imagem produz estruturas que atualizam certas

informações culturais. Como assegura Sodré, esta atualização ocorre somente depois que o

olhar é disparado (funcionando como uma fôrma para preenchimento substancial); isso

significa que o modelo de atualização pode determinar a própria aparição dos objetos.

Olhar implica constituir modelos produtores de imagens que são formas primais da mediação entre o humano e o mundo. Primeiro vem o modelo e, depois, a sua atualização numa imagem. Conhecer uma coisa é desloca-la de sua realidade imediata, “natural”, para uma outra, um modelo que dá partida à ordem do espelhamento, do reflexo, ou ainda da imagem – ou seja, um jogo de aparências, uma “ilusão” que mimetiza de algum modo a coisa primeira. Conhecer, teorizar é ver (theorein, em grego), o que pressupõe um espelhamento primordial e depois o controle de sua deriva por uma medida, um metron, chamado Razão31.

Esse modelo ontogênico pode determinar o próprio percurso gerativo da imagem. Um

exemplo de como o olhar pode determinar um discurso é observado nas figuras 1, 2, 3 e 4.

28 Neste caso, entendida como representação material, que abstrai duas das quatro dimensões do mundo (esta diferenciação é importante para evitar qualquer tipo de equívoco em relação à imagem do mundo, percebida seguindo o aparato biológico humano).29 Scanning para Flusser, significa “movimento de varredura de decifra uma situação” (2002, p. 78); ou simplesmente “vaguear pela superfície” de uma imagem (Idem, p. 7).30 Leitura por ciclos, para Flusser, é diferente da leitura do tipo “escrita linear” que produz sínteses dialéticas do tipo “começo, meio e fim”, ou “antes, durante e depois”, estabelecendo relações causais entre os elementos sígnicos do texto.31 Sodré, 2006, p. 111

8

1 2

Fig. 20 – Revista Veja (28 mar. 1979), capa;

Fig. 21– Revista Veja (04 mar. 1981), capa;

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A projeção da câmera de cima para baixo (fig. 1 e 2), e depois de baixo para cima (fig. 3 e

4) ilustram dois efeitos diferentes, os quais bem utilizados podem modelador o olhar. No

primeiro e no segundo caso, tem-se aquilo que se conhece por plongé, cujo efeito é diminuir a

figura representada. No terceiro e quarto caso, tem-se o inverso, o contre-plongé, cujo efeito

(seguindo esta lógica), consiste em ampliar na figura retratada.

Termo de origem francesa, plongé é derivado do verbo plonger, que significa literalmente mergulhar, ou ver algo de um local mais elevado, isto é, assistir a determinada ação de uma posição superior. Contreplongé, por sua vez, seria o contrário, ver algo de um local mais baixo, uma posição inferior. Não somente no telejornalismo, mas também no cinema, esses termos são empregados com sentido semelhante à definição encontrada no dicionário, entretanto, não para ver, mas para focalizar determinada cena. Dessa forma, plongé é o enquadramento que apresenta os personagens de uma narrativa focalizados de cima, isto é, a câmera, por estar localizada em uma posição superior, focaliza-os como se os olhasse de cima. Já o contre-plongé, ocorre quando a câmera enquadra determinado take de baixo32.

A técnica do plongé e do contre-plongé, consiste, na verdade, na sugestão de um modelo

de imagem a ser preenchido por símbolos, como foi o caso das figuras importantes da política

brasileira. O que produz o efeito de sentido, não é as figuras em si, mas a estrutura que se

coloca à disposição para o preenchimento sígnico, uma estrutura dada pela técnica e que, de

alguma forma, retoma as experiências pré-predicativas do acima-abaixo.

32 Diniz; Araújo, 2005, p. 9

9

Fig. 3 – Revista Veja (24 dez. 1989), capa;

Fig. 4 – Revista Veja (21 mar. 1990), capa;

3 4

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Este efeito pode ser conseguido pela forma como o fotógrafo posiciona a sua câmera: ele

por se ajoelhar ou agachar para conseguir um contre-plongé (retomando o ponto de vista de

uma criança que olha para o adulto), ou subir num lugar mais alto no caso do plongé

(fazendo-se assumir a figura do adulto social e biologicamente mais superior que a criança).

Observa-se nestes quatro casos, a projeção do leitor à posição do fotógrafo, projeção, na

verdade, do olhar que, no caso do plano plongé, tende a ver a figura de forma (seja quem for)

negativa. O olhar, neste caso, fica retido, vai para o chão, uma metáfora bastante significativa,

já que posiciona o leitor para uma posição superior em relação à figura representada, o que

pode suscitar a idéia de desprezo pelas “figuras baixas”. Diferente é o caso do contre-plongé,

que projeta o olhar para os céus, onde não há resistência à projeção. A metáfora aqui não é

diferente àquelas já conhecidas na época, e consagradas à figura de Collor, herói, salvador da

pátria; sua representação (ou técnica de enquadramento) não poderia ser vacilar.

O que está em jogo aqui, portanto, é o poder da estrutura simbólica da imagem, estrutura

capaz de conferir significado já na enunciação. Seu modo de operar é a atualização das formas

introjetadas anteriormente.

Pelo fato das capas da revista Veja destinar-se a um grande número de leitores

(possivelmente para líderes de opinião), e também pelo fato de sua mensagem estar atrelada

às demandas do consumo rápido, aos condicionamentos políticos, etc., o scanning deve ter

como princípio norteador as estruturas simbólicas de fácil reconhecimento e assimilação,

como aqueles conseguidos pelos planos plongé e contre-plongé.

Sobre a experiência pré-predicativa do acima-abaixo: ou de como a Revista Veja (1968-2008) constrói um imaginário político

De modo semelhante à condução da leitura das quatro figuras anteriores, pretende-se

analisar aqui como a revista Veja vem construindo um imaginário político negativo ao

enquadrar diferentes movimentos civis que colocam em cheque a estrutura de poder em voga

na sociedade. Para isso, ela utiliza-se da técnica do plongé e contre-plongé como forma de

produção discursiva no ato da enunciação.

Aqui, a idéia de imaginário político pode ser observada por meio de uma regularidade

discursiva que se apresenta pelo conjunto de capas da revista Veja (mais precisamente no

recorte histórico, 1968-2008). Uma leitura diacrônica e interpretativa deste conjunto

discursivo permite inferir a existência de uma formação discursiva (portanto, ideológica),

base regente deste imaginário, construída pela empresa, mas elaborada pelo sujeito

investigador.

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Como base conceitual, utiliza-se aqui a idéia de “imaginação” de Vilém Flusser, que a

entende como “capacidade de compor e decifrar imagens33”. Imaginário, neste caso, como

estrutura discursiva que se torna inteligível pela ação decifradora ou interpretativa de um

conjunto de imagens circulantes na sociedade e na cultura, numa dada formação social, e no

espaço-tempo em que a leitura se realiza. Ele existe, portanto, apenas numa natureza

discursiva, construída diacronicamente e passível de um “conflito de interpretações34”.

33 Flusser, 2002 p. 78.34 Thompson, 2002, p. 35

11

8765

Fig. 5 – Revista Veja (05 fev. 1969), capa;

Fig. 6 – Revista Veja (15 dez. 1976), capa;

Fig. 7 – Revista Veja (11 mai. 1977), capa;

Fig. 8 – Revista Veja (17 jan. 1979), capa;

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Fig. 9 – Revista Veja (02 mai. 1979), capa;

Fig. 10 – Revista Veja (18 set. 1985), capa;

Fig. 11 – Revista Veja (19 ago. 1992), capa;

Fig. 12 – Revista Veja (21 jan. 1970), capa;

Fig. 13 – Revista Veja (17 fev. 1972), capa;

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Das 9 capas que compõem o corpus deste trabalho, percebe-se como temática comum o

enquadramento de um grande número de pessoas, reunidas em torno de alguma coisa que os

torna comum.

Detendo-se ao fato de que possivelmente haja algo em comum, em se tratando de um fato

reportado, digno de um acontecimento noticioso e que, por isso, interessa a uma parcela dos

leitores, pode-se dizer que esse grande número de pessoas perfaz uma multidão, símbolo da

união, da força coletiva que se agrega em torno de uma causa.

Tem-se aí, já neste início descritivo, a informação de que se trata de um fenômeno social,

digno de noticiabilidade e figurado num símbolo.

Bastaria estas informações para compreender que, numa sociedade estruturada por grupos

sociais com necessidades e recursos (materiais ou não) discrepantes (às vezes antagônicos),

existem grupos (ou frações de classes) com interesses diferentes e que, obviamente,

encampam uma luta aberta na sociedade para fazer valer sua vontade.

Mas o que não está tão claro, nestas informações, é a forma como estes grupos ensejam

esta luta, podendo variar na forma ou nos artifícios utilizados para tal. Para utilizar uma

expressão de Pierre Bourdieu, pode-se indagar: trata-se de uma violência física ou simbólica?

Não é novidade para os estudiosos da mídia o fato desta trabalhar com meios retóricos e

discursivos, utilizando a repetição de símbolos como estratégia para fixar determinados

conteúdos que estes carregam virtualmente. Esta estratégia tem uma função impositiva: serve

para tornar o símbolos familiares e/ou reconhecidos inequivocadamente.

A repetição enquanto processo e o discurso enquanto substância em estado de latência

necessitam, entretanto, de uma estrutura, algo como uma fôrma para que possa manifestar-se

como acontecimento (um plano de expressão). Esta fôrma (estrutura ou modelo) pode ser algo

inteiramente novo (como no caso das manifestações artísticas), ou algo que já foi

anteriormente dado, como que sugestionado pelo olhar, o qual necessita, segundo Sodré, de

um “modelo produtor de imagem”.

No caso da notícia visual, este modelo pode vir facilitado à consciência interpretante pela

técnica do plongé/contre-plongé. Observa-se, retomando o conjunto das 9 capas, algumas

peculiaridades na forma de seu enquadramento: às figuras 5, 6, 7, 8, 9, 10, e 11 é utilizada o

plongé, ao passo que as demais (figs. 12 e 13) o contre-plongé,

Este procedimento pode reforçar valores que já existem culturalmente ou criar uma

imagem deteriorada de certos políticos ou de grupos sociais, pela simples utilização de um

recurso da câmera.

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No caso das figuras 5, 6, 7, 8, 9, 10, e 11, fica evidente este reforço dado pela revista. O

fato das figuras retratarem personalidades do povo, algo que o marxista Antônio Gramsci já

enfatizava como classe subalterna, tem-se com a técnica do plongé, a recuperação pré-

predicativa como forma de julgamento a priori e agregação de um aspecto negativo (pois está

abaixo do leitor). Qualidades como subversão, indolência, ralé, baderna, bagunça, atribuições

próximas ao animalismo, além de outras expressões que circulam no imaginário social

quando se trata de grupos sociais localizados numa posição social abaixo de quem observa,

podem vir a reboque deste enquadramento.

Por outro lado, algo diferente acontece com as figuras enquadradas em contre-plongé.

Estas se vêem representadas pelos grupos responsáveis pela manutenção da ordem (no caso,

militares e religiosos), a quem é conferido um status de poder, e de quem se deve reverenciar

por tal tarefa. O efeito do contre-plongé não apenas dimensiona estas figuras, engrandecendo-

as (criando a ilusão de que estão acima de quem observa) como possibilita a projeção do olhar

para os céus, o que culturalmente já é algo positivo.

Os dois grupos (representados pelas figuras 5, 7, 8, 9, 10, e 11; e pelas figuras 12 e 13) que

ao longo desta descrição foram polarizados numa dupla formação discursiva, compõem o que

se pode denominar como pertencentes a estruturas ideológicas distintas. Isso pode ser

evidenciado pelo fato dos grupos representados pelas figuras 5, 7, 8, 9, 10, e 11, retratarem

movimentos reivindicatórios, contestadores de uma ordem; os quais exigem algum tipo de

mudanças para sua categoria, motivo pelo qual mobiliza um grande número de pessoas. Eles

representam aquilo que Marilena Chauí chama de instituinte, um poder a ser consolidado num

confronto histórico. Já as figuras 12 (militares) e 13 (religiosos) representam o que se poderia

chamar de “instituído”, como poder que se estabeleceu historicamente.

Esta polarização por estruturas ideológicas distintas pode auxiliar na compreensão de um

imaginário político que se forma por ocasião de uma simples estrutura significante que,

repetida incisivamente ao longo de um determinado tempo e sobre um determinado símbolo,

tende à fixação de significados, valores e, em última instância, julgamentos a priori.

Imaginário político, neste caso, como campo hermenêutico aberto pelo trabalho

arqueológico-interpretativo de uma cultura imagética que, a partir de aparelhos produtores e

reprodutores de imagens – se valendo não apenas de uma técnica da retórica, mas de uma

estratégia pré-configurativa do olhar – impõem numa forma de pensar, atribuir valor e reger o

destino da sociedade.

Este imaginário pode funcionar como orientação dos cidadãos comuns para decisões

políticas importantes (eleição, manutenção, ou subversão de uma ordem instituída); mas

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também como campo de disputas, um território para o trânsito de outros interpretadores,

decifradores ou analistas de imagens: imaginadores, enfim.

Conclusão

No momento em que o público leitor é incitado a festejar os 40 anos da revista Veja,

caberia aqui uma indagação: há realmente o que comemorar?

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