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FANOR JORNALISMO CARLOS EMANUEL BEZERRA ALVES A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA FORTALEZA DEZEMBRO 2014

A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

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Page 1: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

FANOR

JORNALISMO

CARLOS EMANUEL BEZERRA ALVES

A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

FORTALEZA DEZEMBRO 2014

Page 2: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

CARLOS EMANUEL BEZERRA ALVES

A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA

REVISTA VEJA

Monografia apresentada ao curso de jornalismo,

das Faculdades Nordeste como requisito para

obtenção do título de bacharel.

Orientador: Professor Rodrigo César Garcia

Rodrigues

FORTALEZA

DEZEMBRO 2014

Page 3: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

CARLOS EMANUEL BEZERRA ALVES

A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA

REVISTA VEJA

Monografia apresentada ao curso de jornalismo,

das Faculdades Nordeste como requisito para

obtenção do título de bacharel, tendo sido

aprovado (a) pela banca examinadora compostas

pelos professores abaixo.

Aprovado ____/_____/______

________________________________________

RODRIGUES CÉSAR GARCIA RODRIGUES

MESTRE

________________________________________

ELISABETEH LINHARES CATUNDA

DOUTORA

________________________________________

MARCOS ANTONIO CORREA DA ESCOSSIA

MESTRE

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RESUMO

O objeto de estudo deste trabalho é a revista Veja, que durante sua história, sempre

atuou como um ator político, com poder de influenciar a opinião pública nacional.

Nas edições que citam a Copa do Mundo, antes e durante a realização da

competição, demonstram sua posição anti-governo e anti-esquerda. O presente

trabalho analisou as capas de nove edições da Veja ligadas a Copa do Mundo de

futebol no Brasil em 2014. Foi usado para a analise das capas teorias da imagem e

do texto, para encontrar qual discurso está implícito, dentro da mensagem de cada

edição.

Palavras-chave: Veja. Anti-governo. Opinião pública. Copa do Mundo de futebol.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Veja Edição 2218........................................................................................42

Figura 2- Veja Edição 2250........................................................................................45

Figura 3- Veja Edição 2327........................................................................................48

Figura 4- Veja Edição 2354........................................................................................51

Figura 5- Veja Edição 2377........................................................................................54

Figura 6- Veja Edição 2378........................................................................................57

Figura 7- Veja Edição 2379........................................................................................60

Figura 8- Veja Edição 2381........................................................................................63

Figura 9- Veja Edição 2382........................................................................................66

Page 6: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................08

1.1JUSTIFICATIVA................................................................................................10

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO.......................................................................................11

1.3 OBJETIVOS.......................................................................................................12

1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................12

1.3.2 Objetivos Específicos....................................................................................12

2 A ESFERA PÚBLICA COMO ESPAÇO DE CONFLUÊNCIA DE

IDEIAS.......................................................................................................................13

2.1 OPINIÃO PÚBLICA..............................................................................................13

2.1.1 Evolução...........................................................................................................14

2.1.2 Opinião Pública e Mídia...............................................................................16

2.2 JORNALISMO POLÍTICO....................................................................................17

2.2.1 O campo da política........................................................................................17

2.2.2 Concentração da opinião................................................................................18

2.2.3 Blogosfera: Um espaço democrático?..........................................................20

2.2.4 Agenda Sentting..............................................................................................22

3 FUTEBOL E POLÍTICA..........................................................................................23

3.1 INÍCIO NO BRASIL..............................................................................................23

3.2 COPA DO MUNDO..............................................................................................25

3.3 COPA DAS CONFEDERAÇÕES E MANIFESTAÇÕES......................................27

4 A REVISTA VEJA UM ATOR POLÍTICO?.............................................................29

4.1 EDITORA ABRIL..................................................................................................29

4.2 HISTÓRIA DA VEJA............................................................................................31

4.3 VEJA X POLÍTICA................................................................................................33

5 METODOLOGIA.....................................................................................................38

5.1LEITURA DA IMAGEM..........................................................................................38

5.2 INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM.........................................................................39

5.3 SÍNTESE DO DISCURSO....................................................................................40

5.4 OBJETO...............................................................................................................40

6 ANALISE DE DADOS............................................................................................42

6.1 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2218......................................................43

6.2 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2250......................................................46

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6.3 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2327......................................................49

6.4 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2354......................................................52

6.5 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2377......................................................55

6.6 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2378......................................................58

6.7 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2379......................................................61

6.8 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2381......................................................64

6.9 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2382......................................................67

7 RESULTADOS........................................................................................................68

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................69

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................73

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1 INTRODUÇÃO

A comunicação, como qualquer outro empreendimento, vive da lucratividade e

de produtos que sejam aceitos pela sociedade de consumo, como um todo, por isso,

com a modernização da imprensa e a rapidez na transformação da informação, veio

uma crescente profissionalização no jornalista que teve de se adaptar à fórmula já

conhecida do lead, da pirâmide invertida, onde as informações mais importantes

estão em primeiro lugar para chamar logo a atenção do leitor, afeito a tantas

imagens e perdido na velocidade da vida nas grandes metrópoles.

Nesse processo, o sensacionalismo ganhou espaço em quase todos os

veículos de comunicação do Brasil, como uma das principais maneiras de prender a

audiência. Grandes escândalos, manchetes bombásticas, para muitas vezes pouca

relevância da informação útil a quem ler um periódico, um jornal, ou uma revista.

Este trabalho analisou as capas da revista Veja durante três anos em que ela

fez a cobertura da Copa do Mundo e o seu direcionamento anti-governo federal.

Nas suas origens com o modelo similar da revista Time de fazer reportagens

e suas ligações com o modelo norte-americano, dizem um pouco do que a Veja

representa e qual sua função no cenário brasileiro da atualidade, onde apesar de se

ter uma escassa cobertura das notícias sobre a Copa na suas capas, elas se

posicionam contrárias a realização do Mundial e da forma como o governo federal

conduziu o processo da competição mais importante do futebol no mundo.

A mídia brasileira fez uma cobertura mais tímida do esporte em si. Houve

menos destaque ao que iria acontecer dentro de campo. Os olhares e a atenção

estavam voltados para o que poderia não acontecer fora dos gramados. Seria uma

má vontade da impressa local? Ou os gastos da Copa eram realmente exagerados e

os jornais estavam apenas fazendo seu papel de fiscalizar possíveis irregularidades

na construção dos estádios?

Durante o período (2002-2010) do governo Lula (PT), a revista semanal Veja

não cessou de usar noticiários políticos para atingir o governo. O caso mais

conhecido que atesta essa “perseguição” da publicação à gestão petista se dá na

atuação do editor da Veja Sucursal Brasília, Policarpo Jr, ao ceder aos apelos do

bicheiro Carlinhos Cachoeira (posteriormente investigado em CPI no Congresso

Nacional) para mostrar reportagens, com supostos pagamentos de propinas que

comprometessem gente ligada ao governo federal (NASSIF, 2013).

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Nassif (2013) no site GGN, relatou com detalhes, a maneira como o editor da

revista trabalhava ao lado do contraventor para colocar em destaque escândalos

que o governo federal seria conivente.

“A ideia foi de Joel se apresentar a Marinho como representante de uma

multinacional, negociar uma propina e filmar o flagrante... teriam decidido contratar o

‘araponga’ Jairo Martins”. (NASSIF, 2013).

Jairo Martins ex-funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi o

elo de ligação de Cachoeira a Policarpo. Tinha o objetivo como o próprio Jairo

afirmava, providenciar material e treinamento para que laranjas grampeassem

Marinho e o conteúdo fosse publicado em órgão de circulação nacional. Sem

mesmo conhecer o conteúdo da gravação Policarpo Júnior aceitou a parceria e

levou à reportagem a capa de Veja.

Para que distorções iguais ao do caso Carlinhos Cachoeira não se repitam

com frequência na imprensa brasileira, o jornalista Franklin Martins, ex-ministro da

Secretaria de Comunicação Social do governo Lula trouxe um debate em torno da

Ley de Medios no Brasil, que foi a democratização da mídia, que na prática seria

colocar em vigor artigos da Constituição de 1988, que tratam entre outras coisas de

proibir a propriedade cruzada, que permite que um veículo de comunicação

propague suas noticias por toda uma rede de informações. (PRESTES, 2013).

A Ley de Médios foi tornada constitucional pela Suprema Corte da Argentina

em 29 de outubro de 2013 e por isso, os grupos monopolistas do setor de

comunicação, como ressalta em matéria de Altamiro Borges reproduzida na integra

no blog Vio Mundo, serão obrigados a vender parte dos seus ativos com o objetivo

expresso de “evitar a concentração da mídia”, na Argentina. (BORGES, 2013).

Foi um duro golpe ao Grupo Clarín, detentor de 237 licenças, 213 há mais do

que o permitido com a nova lei. No Brasil a regulação da mídia esbarra em setores

conservadores, que tem medo de perder sua influência sobre o público.

Com a modernização e introdução de novas ferramentas eletrônicas no

jornalismo, como o online, os grandes veículos de comunicação vêm promovendo

um enxugamento do seu quadro funcional, com demissões em massa, como ocorreu

durante o mês de novembro de 2014, com a Folha de São Paulo que demitiu 25

jornalistas entre eles Eliane Cantanhêde e Fernando Rodrigues1.

1 Portal do Jornalistas. Disponível em: <http://www.portaldosjornalistas.com.br/noticias-

conteudo.aspx?id=3103>. Acesso em :11 nov. 2014.

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Com essas novas linguagens da internet, com mais velocidade nas

informações e consequentemente mais espaço para outras vozes se manifestarem,

o impresso, e nele incluso as revistas, passam por uma crise sem precedentes que

já leva a editora Abril, cogitar extinguir alguma das suas publicações.

Enquanto esse trabalho é escrito a imprensa brasileira vai cobrindo mais um

escândalo político: a Operação Lava Jato, que investiga supostos casos de propina

de grandes empreiteiras brasileiras a agentes públicos envolvidos na Petrobras. A

imprensa faz seu papel de demonstrar os erros dos políticos. A Veja está envolvida

na cobertura e a cada semana publica uma capa incriminando mais o PT. Enquanto

nos outros veículos de comunicação, como Folha de São Paulo e Estadão saem

mesmo que em espaço pequeno, denuncias das ‘delações premiadas’ citando

nomes do PSDB e que os desvios e propinas teriam começado no governo

Fernando Henrique Cardoso, porém a Veja não coloca em suas páginas nada sobre

o assunto quando ele liga nomes tucanos à corrupção.

1.1 JUSTIFICATIVA

A necessidade de se debater uma imprensa menos ligada a interesses

particulares e mais interessada em trabalhar para propiciar ao consumidor de

notícias, informações mais coerentes com os anseios sociais de cada cidadão foi o

motivo deste estudo. A população brasileira foi ganhando nos últimos anos certa

liberdade em buscar alternativas diferentes do que se está estabelecida na

atualidade, com uma imprensa mercadológica, mais voltada a cumprir o seu perfil de

empresa.

Depois de mais de duzentos anos de imprensa brasileira, com a chegada da

família real, já se passou o tempo da imprensa partidária apaixonada, para uma

imprensa mais informativa e analítica. Anos de ditaduras e censuras da Era Vargas

e da Ditadura Militar, de um jornalismo artístico e cultural, para os dias atuais, se vê

necessária uma orientação do que realmente é importante ao cidadão, mas que fuja

de abraçar um lado somente da história, porém se busque a multi-angularidade da

notícia.

Quando o eleitor/ leitor/ ouvinte quer ter uma clara noção do que se passa, a

informação chega várias vezes até ele de uma forma confusa e apenas de um modo

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sensacionalista. Quando chega às eleições, por exemplo, existe uma cobrança do

eleitor para que ele vote com consciência, mas ao eleitor lhe resta a publicidade

eleitoral que vende para ele um mundo em alguns momentos diferente da realidade

que conhece.

É colocado na responsabilidade de todos os eleitores um peso maior que vem

da imprensa, da publicidade que mostra uma ilusão do real e encobre os defeitos.

Com uma visão deturpada, a população vai pela “onda” que a leva. Nos últimos anos

esse movimento se transformou um pouco com a internet, onde se vê mais

informações diversificadas.

A revista Veja apesar de ainda ter a maior circulação de exemplares de uma

revista semanal, perdeu seu poder de refletir com coerência a realidade para a

população brasileira em geral, devido muito à sua maneira partidária de ser. Há uma

clara tendência política nas suas páginas que são escritas para um público cada vez

menor e de menos influência na vida pública brasileira. Apesar de ainda da Veja ter

um público “diversificado”, porém conservador.

Uma publicação de cunho comportamental como a Veja, perde nos dias

atuais seu papel de relevância que teve em outros momentos com a mudança da

Ditadura Militar para democracia. A Veja fala para esse público de empresários,

classe média alta, ou gente em busca de autoconhecimento, auto-ajuda, vida

saudável.

Com o fim das revistas O Cruzeiro e Realidade, o Brasil deixou de ter um

veículo nacional a altura, apesar dos esforços de publicações, como Época, Isto é e

Carta Capital. Ficou-se limitado com a Veja, a um pensamento único daqueles que

ela protege e daqueles para ao qual ela fixa seus olhares cheios de “ódio-

jornalismo2” e que deixa claro para o leitor que a lê, de que lado ela está. Fica

inegável sua cobertura negativa a esquerda brasileira.

1.2 PROBLEMATIZAÇÃO

Dentro do cenário atual da cobertura jornalística de revista percebe-se a

necessidade de uma contribuição maior para que o Brasil possa ter um veículo à

altura dos desafios que representa ao ser a sétima economia do mundo. Há uma

2 CARTA CAMPINAS, Disponível em <http://cartacampinas.com.br/2014/11/pesquisadora-desvenda-o-

odiojornalismo-nos-textos-da-veja-e-de-arnaldo-jabor/> acesso em 12/11/2014.

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barreira entre os anseios da sociedade brasileira, com novos atores surgindo em

meio às mudanças estruturais. Um exemplo é a ascensão social de pessoas que

entraram para formar uma nova classe média social na qual é importante existir um

veículo, capaz de informar e de entreter, como a Veja tentou fazer durante a sua

história e só conseguiu durante um período isolado, quando deixou de lado os

interesses políticos naturais e contribuiu para esclarecer o público ainda reduzido de

letrados. A classe C ainda está em busca de uma revista que fale a sua linguagem

e atenda seus interesses.

Quem ler a revista Veja se questiona se ela é capaz de sobreviver no cenário

atual, em que as suas informações em menos de uma hora de publicadas já são

rebatidas e contadas de outra forma. Existe uma busca de superar os desafios

apontados para as publicações semanais e qual peso ela pode ter se suas

informações são mais parecidas com um panfleto partidário do que uma visão com

mais enfoques de acordo com as necessidades que o cidadão comum precisa para

se sentir preenchido com informação de qualidade.

O seguinte trabalho analisou as capas da Veja e relaciona isso com a

formação da opinião pública. Mesmo que a mesma fale para seu público

segmentado, possa falar com clareza e sem dizer apenas o que esse público quer

ouvir, mas realmente se aproximar do que acontece e que possa ser um guia natural

da realidade que os cercam.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Demonstrar atuação da revista Veja como ator político na sociedade brasileira

1.3.2 Objetivos Específicos

Verificar o processo de formação da opinião pública

Analisar o discurso presente nas capas da Veja em sua cobertura da Copa do

Mundo 2014

Identificar nas imagens da Veja qual mensagem se encontra nas suas capas

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2 A ESFERA PÚBLICA COMO ESPAÇO DE CONFLUÊNCIA IDEÍAS

2.1 OPINIÃO PÚBLICA

Marques (2008) descreve o conceito de esfera pública, como um espaço,

onde os membros da então burguesia em ascensão se reuniam para expressar

razões e juízos acerca de questões e problemas relativos à coletividade. A esfera

pública aparece como um espaço que a burguesia então no seu início durante o

crescimento do comércio, o surgimento das companhias e da sociedade por ações,

tem negado pelo Estado moderno administrado pela nobreza.

Essa burguesia passa a se utilizar da imprensa, dos salões de festas, clubes

de leituras para ter papel de influência na política. Ou seja, nesse espaço, a

burguesia estava ali com o objetivo claro de defender o seu ambiente econômico e

contra opor-se a dominação vigente até então, que se baseava na monarquia.

(HABERMAS, 1997 apud MARQUES, 2008).

Almeida (2012) argumenta que a esfera pública nasce, como esfera de

proprietários privados. Dela ficam fora as mulheres e os empregados, pois eram

vistos como pessoas sem autonomia para decidir em razão de um melhor

argumento. Essa mudança ocorre, com a entrada dos trabalhadores no cenário

político. Seria a nova luta de uma situação mais desfavorável contra o capital. A

batalha dos mais fracos contra os meios políticos, daqueles que são fortes no

mercado, seria a cobrança das promessas feitas pelo Estado Burguês de que todos

seriam iguais.

Teríamos, então, os atores políticos e seus eixos periféricos, onde no centro

estariam às instituições formais com capacidade de influir diretamente nas decisões

por meio de situações comunicativas que se empregam as deliberações formais, no

caso o parlamento como um desses componentes.

Outro núcleo ao redor do formal seria o de esferas autonomamente

organizadas, mas ligadas ao governo, como universidades por exemplo. E um

terceiro onde falta regulação, no caso associações orientadas para a formação de

opinião, como grupo de ativistas ambientais. A periferia, por possuir uma maior

sensibilidade para a percepção e identificação de problemas, mobilizaria a esfera

pública política que de outro lado, se encarregaria de decidir quais das alternativas

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encaminhadas entre os cidadãos podem ser legitimadas e instituídas (HABERMAS,

1997 apud MARQUES, 2008).

A aplicação dessa situação, no entanto não se amplia, mas, se particulariza

em cada país, onde se viveu uma realidade própria com suas condições internas. Na

América Latina, por exemplo, no período posterior a segunda guerra mundial, os

países pertencentes a essa região, sofreram com ditaduras militares patrocinadas

pelos EUA, que impediu o espaço para uma opinião pública livre que pudesse

expressar seus pontos de vistas com naturalidade. Só houve uma mudança

significativa após 1985, quando no Brasil, em particular, houve a abertura política

com as Diretas Já e a participação da sociedade civil na reivindicação para ter o

direito de decidir quem eleger.

Ao analisar a opinião pública, Kant considerava que três fatores influenciaram

para a menoridade da pessoa, uma espécie de dependência da razão do ser

humano, seriam; os fatores subjetivos, a preguiça e a covardia. Seria cômodo ter

alguém que pensasse no nosso lugar. Seriam os tutores que pensariam pelos outros

por pertencerem à esfera cultural. O sujeito passa a agir de uma forma mecânica em

que não se gera liberdade para o indivíduo, mas sim um amor pela dominação

(CASSIRER, 1922 apud DURÃO, 2004).

De acordo com Arendt (2000), existiria a concepção de dois tipos de espaços,

o espaço público, aquele onde aconteceria a representação, um espaço para as

aparências e o espaço privado, da preeminência, da privação. (LONGHI, 2013)

2.1.1 Evolução

Na Grécia antiga, o espaço da família era considerado, como um espaço

privado, onde existiria a autoridade e um espaço da necessidade,

O que distinguia a esfera familiar era que nela os homens viviam juntos por serem compelidos por suas necessidades e carência. A força compulsiva era a própria vida, os penates, os deuses do lar, eram segundo Plutarco, ‘os deuses que nos fazem viver e alimentar o nosso corpo’; e a vida, para sua manutenção individual e sobrevivência como vida da espécie fosse à tarefa da mulher no parto, eram sujeitas à mesma premência da vida. Portanto, a comunidade natural do lar decorria da necessidade; era a necessidade que reinava sobre todas as atividades exercidas no lar (ARENDT, p. 39, apud LONGHI, p 46).

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Na sociedade americana embrionária, com os colonizadores a frente da nova

“democracia” fora da Europa, surgem às noções de liberdade, com a formação

durante, o século XVII de colônias com instituições que garantiram o direito da livre

associação contra um estado despótico e propicio a tirania (TOCQUEVILLE, 1973,

apud CRUZ, 2007).

Para além dessa discussão abre-se um novo espaço público com a rede

mundial de computadores, a internet. Gomes (2001) descreve a nova forma de

debate público, onde “seriam superados os defeitos, vícios e inconvenientes de

formas decadentes de esfera pública editada e dominada pela cultura de massa”.

Nesse contexto, “qualquer que seja a forma como se realize a esfera pública, é fato

que se trata de ambientes, fóruns, e situações de discussão, onde se geram e

confrontam a opinião, inclusive a política, em debates consideravelmente abertos e

leais...” (GOMES, 2001, p 3).

Mais adiante em outro contexto, Gomes (2007), contradiz o que havia dito,

quando aborda a internet. Pois o fato de a internet ser um local de livres

pensamentos, a terra prometida da participação ou uma espécie de democracia

direta, na prática, a democracia direta via computadores, foi apenas uma tentativa

até aqui de poucos experimentos e ainda viveríamos pelo sistema de democracia

representativa e um espaço ocupado pela WEB comercial (GOMES, 2007).

Pipa Norris (2001), analisa o espaço da democracia digital, como um local

onde as três dimensões centrais do padrão liberal representativo da democracia

funcionariam, “a competição pluralista, a participação eleitoral de cidadãos

politicamente iguais e liberdades civis e políticas” Porém o papel da internet seria

apenas “reforçar e nutrir as instituições do governo representativo e da sociedade

civil, que neste momento histórico estão precisando de reforço” (NORRIS, 2001, p.

102 apud GOMES 2007, p. 07)

A Primavera Árabe e as manifestações de julho no Brasil em 2013

movimentos que se não surgiram diretamente pela internet, tiveram por ela um

caminho de propagação, converteu-se no inverso do que ressalta Gomes (2007),

pois esses movimentos buscam rupturas com o sistema vigente e queriam a

democracia direta e uma forma de governo menos autoritário.

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2.1.2 Opinião Pública e Mídia

Com o início da revolução burguesa, a imprensa tinha o papel de mediar e

estimular o uso que as pessoas privadas reunidas em público faziam de sua razão.

(HABERMAS 1997, apud MARQUES, 2008).

Com o passar do tempo como explica, os meios de comunicação passaram a

condicionar essa troca e colocar uma opinião não pública, com a imposição de

vontades particulares. Habermas (1997) fala da passagem de uma imprensa política

para uma imprensa comercial, que torna a opinião parte de determinados membros

do público e interesses privados. Habermas (1997) influenciado por Adorno e

Horkeimer culpa a imprensa como responsável pela perda da capacidade crítica do

público e pelo declínio da esfera pública. Nos meios de comunicação, é necessário

que haja um pouco de independência em relação ao poder econômico e político

para haver uma efetiva dinâmica entre os espaços políticos e civis. O veículo de

mass media como ressalta Marques (2008), selecionariam determinados pontos de

vista em detrimento a outros.

Olicshevis (2006) caracteriza a opinião pública como um espaço, ao qual,

através da visibilidade midiática, consegue tornar pública uma determinada opinião,

enquanto outros públicos pensariam diferentes sobre um mesmo fato. Ou seja, a

opinião pública passaria longe de ser um consenso, do plano coletivo, ou uma

confluência das mesmas ideias, ao contrário vence quem tem o poder de fazer sua

opinião chegar com mais força sobre os demais,

Em razão das influências dos grupos que formam a opinião dominante, o seu caráter público significa, na verdade, a expressão desta dominância e não a discussão descompromissada de temas com vistas a extrair a melhor posição. Por tudo isso, a opinião pública funciona como uma expressão estratégica e fundamentalmente voltada muito mais a encobrir – interesses particularistas e privados - do que a revelar. Em outras palavras, a mídia movimenta-se e nutre-se desse ambiente indefinido constituído pelo interesse e pela opinião privados, mas que se manifestam como públicos. (OLICSHEVIS, 2006, p. 95).

Seria como complementa Marques (2008), a inversão da lógica, com o

advento da propaganda de massa, em que a esfera pública, antes local de debates

de ideias e local para expor razões e expectativas ao crivo do julgamento público,

para um local de aclamação. Habermas (1997) e Bohman (1996), conclui que a

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publicidade modifica e influi no posicionamento de cada pessoa, com a integração

do ponto de vista e construção de argumentos.

A imprensa surge na América do Norte durante a colonização, como um

mecanismo, capaz de prevenir alguns males, apesar de causar pouco bem a

sociedade. Seria a união da soberania popular e da liberdade de imprensa.

(TOCQUEVILLE, 1973, apud CRUZ, 2007).

A Imprensa e as associações são necessárias à democracia, pois os jornais multiplicam o pensamento de muitos e tornam-se mais necessários quando os homens tornam-se mais iguais e onde o individualismo precisa ser combatido. A associação para ter poder na democracia, precisa ser numerosa. O jornal só sobrevive se reproduzir uma doutrina ou sentimento comuns a um grande número de pessoas; sempre representam uma associação, cujos membros são os leitores; o jornal fala com cada leitor em nome dos outros e os conduz tanto mais facilmente quanto mais fracos são individualmente (TOCQUEVILLE, 1973, p. 291, apud CRUZ, 2007, p. 3)

2.2 JORNALISMO POLÍTICO

2.2.1 O campo da política

Alguns estudiosos de comunicação, como ressalta, Miguel (2012), acreditam

que a política, dominada pela lógica dos meios, se tornou um mero espetáculo entre

outros. Um exemplo seria a revista George publicação de “John John” Kennedy que

colocava em sua linha editorial a ideia de que parlamentares e governantes

deveriam ser encarados como cantores, apresentadores de auditório e outras

estrelas do entretenimento.

Miguel (2012) confirma essa visão com a constatação de que mídia hoje é um

fator central na vida cotidiana e que não se pode alimentar a ideia do romantismo na

política onde imperava o debate, mas que existe uma preocupação com à imagem

ou a contaminação de técnicas da publicidade comercial.

Para Martins (2011), no período de 1950, os jornais viviam um momento de

engajamento político e não tinham interesse algum na isenção na cobertura. Já ao

citar a eleição de Lula em 2002, segundo o autor, os jornais usariam um tom mais

neutro, com o mercado e a pesquisa de opinião inserida no contexto. Além da forma

de apuração de votos, que se em 1950, demorava mais de uma semana para ser

concluída, em 2002 pouco mais de seis horas depois já se conhecia o novo

presidente da República.

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Ainda em 1950 no Brasil, o rádio e a imprensa escrita detinham o monopólio

da informação. De acordo com Abreu (2002), a TV chegaria pouco tempo depois

com Assis Chateaubriand, mas os jornais de grande circulação se concentravam no

Rio de Janeiro. Só com a modernização da indústria nacional na Era Vargas que

surgiram veículos de comunicação mais modernos, como Ultima Hora criado em

1951 e o Diário Carioca que inovou a usar a fórmula do lead com os

questionamentos no primeiro parágrafo.

Se por um lado em 1950, no período do governo Vargas o jornalismo ganhava

uma preocupação com a centralização de um país continental com multiplicidade de

identidades, o golpe militar de 1964 ampliou essa lógica com um pretexto

semelhante de construção do desenvolvimento e da modernização aliados a

segurança nacional, os meios de comunicação passaram a ser prioridades do

Regime Militar (RODRIGUES, 2011).

O jornalismo no Brasil cobre política sempre com uma intenção de atingir

certo objetivo. No atual momento a imprensa faz uma cobertura focando os pontos

negativos do PT e de seus aliados. Só observar a cobertura do caso conhecido

como Mensalão, que tomou o noticiário nacional por vários meses, enquanto o

Propinoduto Tucano, caso de propina para construir linhas de metro durante gestões

tucanas em São Paulo, não teve a mesma cobrança da mídia, para que o caso fosse

julgado exemplarmente, apesar dos montantes de desvio do PSDB serem mais de

vinte vezes maior do que o do PT.

2.2.2 Concentração da Opinião

Como ocorria em parte do mundo ressalta Rodrigues (2011), no Brasil a

concentração da mídia era quase que natural, principalmente com a radiodifusão e a

imprensa escrita usando o que Muniz Sodré observa no texto de Rodrigues “nove

clãs controlam mais de 90% de toda a comunicação brasileira. Trata-se de jornais,

revistas, rádios, redes de televisão com mais de 90% de circulação, audiência e

produção de informações...” (p 43). O Brasil tem um clima favorável à concentração

da mídia. Por se tratar de um ramo de negócio lucrativo, como uma empresa

qualquer, que por natureza do regime capitalista, o monopólio se torna uma forma

de sobrevivência. O perigo para Lima (2003) é a perda de autonomia devido à

entrada de multinacionais na área de comunicação regional e local. Na pesquisa de

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19

Caparelli e Lima (2004), há uma comprovação clara da concentração dos meios de

comunicação em 80% em sete grupos maiores, no caso a família Marinho, A Igreja

Universal do Reino de Deus, A família Abravanel, Os Frias, A família Saad e Os

Mesquita.

Entre elas há de se destacar o grupo Abril, com características diferentes dos

demais, com conteúdos e proprietários estrangeiros. O grupo Abril tem parceria com

Time Warner, Walt Disney, News Corporation, Vivendi Universal, Viacom e

Berteslmann. Com todos esses grupos existe sociedade em algum campo da

comunicação. Exemplos a citar: a revista Estilo com a Time Warner; O Pato Donald

na década de 1950 com Walt Disney; Os Simpsons com News Corporation, entre

outros. Essa situação de controle da mídia por poucos grupos é conhecida como

Propriedade Cruzada, definida pelo autor, como “um sistema em que os mesmos

grupos controlam emissoras de televisão, jornais, revistas, portais da internet, etc”

(RODRIGUES, 2011, p.6).

O que seria para Rodrigues (2011) uma questão difícil para o exercício da

liberdade de expressão, pois os mesmos conteúdos exibidos em um veículo seriam

reproduzidos em todos os demais.

Isso possibilita ainda que opiniões, valores, símbolos e versões de fatos que interessem aos grupos empresariais detentores sejam distribuídos de maneira realista e uniforme por diversas vias, dando mais força à difusão de tais ideias, aumentando seu alcance e sua penetração na sociedade, e, limitando assim a inserção de opiniões diversas no contexto social. (RODRIGUES, 2011, p. 8-9)

Com essa análise baseada em dados, e a experiência adquirida pelos meios

de comunicação, existe um claro cerceamento de espaço para que membros da

sociedade possam expressar livremente seu pensamento e possam ver naqueles

construtores da informação seus representantes. Pelo contrário do que acontece, os

cidadãos inseridos na sua realidade são bombardeados de fatos, notícias que às

vezes não é a realidade, pois os interesses ficam ao mero sabor dos donos dos

meios de comunicação, grandes famílias ligadas a grandes empresas e a grupos

econômicos poderosos.

Marshall (2003) constata que a mídia seria apenas o local onde se transporta

a ideologia do neoliberalismo. O jornalismo estaria curvado ao sistema, à pressão do

mercado. Como o autor ressalta ao citar Bourdieu (1997, p. 106), “O campo

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20

jornalístico está permanentemente sujeito à prova de veredictos do mercado, através

da sanção direta, da clientela ou indireta, do índice da audiência”.

A indústria se tornaria uma indústria frágil segundo Santos (1998) na Folha de

São Paulo.

Em sua dimensão global, o mercado controla uma produção oligopolista de noticias por meio de agências internacionais e nos apresenta o mundo atual como uma fábula. Em suas dimensões nacionais e locais, o mercado, agindo como mídia, segmenta a sociedade civil, influi sobre o fluxo e a hierarquia do noticiário e aconselha a espetaculização televisiva de certos temas, confundindo os espíritos em nome de uma estratégia de vendas adotada pelos jornais como forma de sobrevivência. O Remédio, aqui, é um veneno, num círculo vicioso que acaba por ser o seu principal pecado. Estará a imprensa pecando em nome próprio ou em nome e em favor do mercado? O resultado é o mesmo. (SANTOS, 1997, p. 55 apud MARSHALL 2003, p. 25)

Tudo isso leva uma queda de confiança na população em relação à imprensa,

como mostra pesquisa desenvolvida pelo PewResearch Center nos EUA, colocada

no livro, de 1985 quando 55% dos americanos julgavam a mídia objetiva, em 1997

56% já observavam o contrário disso, de que fatos transmitidos pela mídia seriam

inexatos. O “Jornal Sem Palavras” parafraseando Soares (1996), onde o jornal

priorizaria a imagem em detrimento da informação, no caso a preocupação com a

cor, com as letras garrafais e a foto hiperdimensionada. “o jornalismo cor-de-rosa

preparado para não desagradar a ninguém, seja leitor, usuário, consumidor, cliente,

dono, anunciante, etc” (KURTZ 1993, apud MARSHALL 2003, p.27).

2.2.3 Blogosfera: Um espaço democrático?

A produção da notícia de hoje foge ao modelo estabelecido das organizações

dominantes da mídia. A utilização das novas tecnologias permitiu o advento daquilo

que ficou conhecido como “blogueiros progressistas”. Seria a blogosfera política

alternativa, um espaço de reunião de jornalistas egressos da mídia tradicional, bem

como militantes políticos de esquerda,

Este movimento social faz uso de diferentes micro e macro estratégias de subversão não só para que seja possível desafiar as organizações dominantes vinculadas aos meios de comunicação tradicionais, mas também modificar as regras dominantes e a ordem estabelecida pelo campo da comunicação. Entretanto evidenciou-se que as estratégias de subversão, ainda que sejam orientadas pelo um desejo de promover transformações revolucionárias no campo por meio da defesa de práticas opostas às praticas dominantes, ainda assim muitas vezes são obrigadas a incorporar

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21

algumas práticas ou elementos que também estão presentes nestas últimas (DARBILLY, 2014, p 8)

Haveria uma resistência digital, como observa Russel (2005), ao destacar as

praticas opositivas de vários grupos na web que atuam em rede. Os grupos antes

sem espaço, agora aproveitam para burlar o filtro por parte da mídia maistream3

(RUSSEL 2005, p. 514 apud DARBILLY 2014, p. 52).

Seria um momento dinâmico de participação das práticas políticas e culturais

coletivas, onde os usuários agiriam de forma mais colaborativa, através de weblogs,

rede wireless, editores de texto wiki e as redes sociais.

No Brasil a blogosfera teve uma atuação marcante nas eleições presidenciais

de 2010, ao mostrar um lado diferente do que a grande imprensa fazia ao abraçar a

candidatura de José Serra (PSDB). Os blogueiros estavam mais alinhados a

candidata governista de Dilma Rousseff (PT). Nesse momento surge o Centro de

Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, que tinha como presidente Altamiro

Borges. O grupo tinha como objetivo,

A luta para garantir a diversidade e a pluralidade de vozes da mídia e reuniões os movimentos sociais, ativistas da comunicação, blogueiros, twitteiros, a imprensa popular, comunitária e sindical, construindo uma militância em prol do direito a comunicação (DARBILLY, 2014, p. 8)

O próprio Altamiro Borges ressalta que o surgimento do movimento veio em

contrapartida a mídia hegemônica, que estava numa defesa à coligação PSDB-DEM

e por isso era necessária uma voz diferenciada que mostrasse outro lado da história

não contada pelos maiores veículos de comunicação. E desmentir até histórias

inventadas, como uma ficha policial da candidata Dilma publicada na Folha de São

Paulo em 2010 e que depois foi provado ser falsa.

Outro movimento que surgiu em oposição à mídia tradicional foi o “Narrativas

Independentes” Jornalismo e Ação (Mídia Ninja), que faz parte do coletivo Fora do

Eixo (FdE). O coletivo teve início em 2005, com a participação de artistas e

produtores brasileiros. Na organização, princípios como o da economia solidária, da

divulgação, do intercâmbio e formação entre redes sociais, entre outros. A Mídia

Ninja é um dos projetos do coletivo e teve origem em julho de 2011, através do Pós -

TV que transmite eventos em tempo real, como a Marcha da Maconha, seu primeiro

3 Dicionário Linguee, disponível em: <http://www.linguee.com.br/ingles-

portugues/traducao/mainstream+media.html>, acesso em 13/11/2014

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evento transmitido. É uma forma direta, ao vivo, sem interferência, no evento, mas

apenas registro (SANTOS, 2013).

Quase todos os participantes não têm formação jornalística e transmitem os

eventos por meio de celulares e outros dispositivos, tudo é transmitido por meio de

canais gratuitos como o Youtube e a divulgação feita pelo Facebook e Twitter

(SANTOS, 2013)

2.2.4 Agenda Setting

Hohlfeldt (1997) afirma que a influência dos meios de comunicação não surte

os efeitos desejados sobre a audiência em curto prazo, porém, depois de uma

sequência de fatos provocados pelos meios de comunicação. Ou também de uma

publicidade que paulatinamente surge sobre o público e vai ter seu resultado mais a

frente.

O caso das eleições presidenciais de 1994, quando o então candidato Luís

Inácio Lula da Silva (PT) liderava as pesquisas com mais de 50% dos votos sobre

Fernando Henrique Cardoso (PSDB), ex-ministro da Fazenda do Governo Itamar

Franco, a imprensa passou a construir uma agenda positiva em torno de FHC.

Durante mais de cinco meses, os meios de comunicação associaram o nome de

Fernando Henrique ao Plano Real, moeda que estabilizou a economia brasileira,

assim em outubro daquele ano, o candidato superou o petista ainda no primeiro

turno.

Pela agenda Setting, os norte-americanos McCombs e Shaw, desenvolveram

as suas pesquisas durante a eleição de 1972, quando o presidente Richard Nixon,

consegue se reeleger com percentuais altamente significativos, mesmo existindo

uma cobertura da mídia, principalmente do jornal The Washington Post, no caso

Watergate de espionagem do partido republicano sobre o democrático, de forma

negativa à sua imagem.

“Os meios de comunicação, embora não sejam capazes de impor o que

pensa em um determinado tema, como desejava a teoria hipodérmica, são capazes

de, a médio e longo prazo, influenciar o que pensar e falar...” (HOHLFEDT, 1998, p.

44).

“Levando em conta que o agendamento se dá necessariamente no tempo,

verificou-se que se estabelece uma verdadeira correlação entre agenda da mídia e

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23

do receptor, mas a agenda do receptor acaba influenciando a agenda da mídia”

(HOHLFEDT, 1998, p. 47).

Castells (2011) ao comentar sobre as revoluções conhecidas como Primavera

Árabe, onde em diversos países se reuniram milhares de pessoas nas ruas em

busca de várias demandas a partir das redes sociais e consequentemente a sua

influência na agenda da mídia tradicional, chamou esse movimento de

wikirevoluções (LOPES, 2013).

A agenda do público, através das redes sociais estaria invertendo, o

agendamento que passaria a ser executado pela mídia a partir do desenrolar dos

acontecimentos. A mídia no Mundo Árabe estava em grande parte nas mãos dos

governantes e as redes sociais foram servindo como fonte para a imprensa mundial.

A Web 2.0 era “uma segunda geração caracterizada por uma nova forma de usar a

internet, baseada em ambientes interativos, participativos e de construção coletiva

de conteúdo” (LOPES, 2013, p. 797).

A mídia estaria sendo pautada pelo que a sociedade debate através das

redes sociais e não mais apenas os jornalistas iriam relatar os fatos, e nem mesmo

os cidadãos se contentariam apenas com ler os relatos para ter sua opinião sobre

determinado assunto.

3 FUTEBOL E POLÍTICA

3.1 INÍCIO NO BRASIL

A origem do futebol no Brasil se deu por importação de um esporte

extremamente elitista praticado por brancos. Em 1894, o brasileiro Charles Müller,

filho de ingleses que estudava em Londres trouxe na sua bagagem um bola de

futebol e tratou de difundir o esporte entre os ingleses que moravam então em São

Paulo (CALDAS, 1994, p. 42). Seria uma forma de distração dos grã-finos; nas

escolas os alunos praticavam o esporte como recreação. Desses momentos de lazer

surgiram jogadores para integrar os então times de famílias tradicionais, como o

Clube Athlético Payssandu, o Germânia, etc.

Contrastando com esses times surge The Bangu Athletic Club, que mesmo

fundando por altos funcionários ingleses, estava localizado na periferia e como

destaca o próprio Caldas, “pela localização geográfica, tinha tendências proletárias”

(CALDAS, 1994, p. 42).

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24

Assim como o time da Companhia Progresso Industrial não tinha elenco

suficiente de jogadores entre o quadro executivo, foram escolhidos alguns operários

entre os mais destacados trabalhadores e depois um número limitado de negros,

como destaca Mário Filho.

Mas a situação no futebol brasileiro, era semiprofissional e os jogadores

subempregados, até os anos 30, quando parte desses desportistas deixaria o Brasil

para jogarem na Europa e em alguns países da America do Sul. Era o período no

Brasil da chamada Era Vargas e o futebol já estava consolidado como esporte de

massas e tinha o seu primeiro mundial realizado pela Fifa no Uruguai, onde esse se

sagraria campeão.

Silva (2006), conta que o Brasil durante esse período passaria por uma série

de mudanças estruturais, na política, na economia, na cultura, com a música vinda

do morro: o samba e o futebol na sua fase áurea. Dessa forma, o governo de Getúlio

Vargas utilizava a propaganda da identidade nacional proporcionada pela seleção

brasileira, que já tinha jogadores negros e mulatos, como Leônidas da Silva e

Domingos da Guia. Mário Filho, diretor do Jornal dos Sports, juntamente com José

Batista Bastos Padilha, então presidente do Flamengo entre 1933 e 1937, criaram

campanhas para difundir o futebol entre os jovens. Como a que atingiu adolescentes

de até 15 anos, que tinham de achar entre os selos dos jornais, publicados

diariamente, a palavra “Flamengo” ou “Brasil”. (SILVA, 2006).

Enquanto em campo o futebol se popularizava, na política, em 1937, Vargas

cria o Estado Novo e com a mobilização de soldados fecha o Congresso. Com o

passar dos anos o esporte vai se profissionalizando no Brasil e principalmente na

Europa e ganha contornos de uma verdadeira identidade nacional, com o uso dos

governos como forma de alavancar a política e aproximar a população do esporte.

Como foi o caso de 1970, quando o país enfrentava um momento bárbaro com a

democracia sendo arbitrariamente ferida e a imprensa censurada, o futebol surge

como uma anestesia.

Nesse sentido, Viana (2010), destaca o caráter conservador do futebol por

reforçar essa identidade nacional:

O que faz a especificidade do futebol é que ele se desenvolve num espaço nacional. Não apenas porque quase todos, no Brasil, estão concernidos pelo futebol, Mas porque qualquer time pode, em tese, competir com qualquer outro, porque os jogadores podem mudar de time, porque no universo futebolístico, tudo se relaciona com tudo num clima geral de auto

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transparência, apesar dos conchavos e manipulações dos cartolas. A sociedade futebolística é política precisamente pelo fato de alcançar essa dimensão nacional (DEBRUN,1983, p 89, apud VIANA, 2010, p. 10)

O futebol para o autor reforçaria a sociabilidade capitalista competitiva.

Existiria a transferência das derrotas na teia da sociedade para uma vitória aliviada

pelo futebol. Os amantes deste esporte estariam então nas classes desprivilegiadas

“onde o sucesso, a fama, a riqueza e o poder não foram atingidos e estão distantes

de se concretizar” (VIANA, 2010, p. 11).

Existe a falsa ilusão de sermos todos iguais ao participar do futebol, pois

como vivemos numa sociedade de classes somos desiguais, apesar de a lei ser

aplicada a todos, se é diferente nas origens. Mas no futebol brasileiro a

desigualdade começou quando ocorreram às mudanças que tiraram os direitos dos

campeões estaduais disputarem o Campeonato Brasileiro, como era. Hoje o futebol

é uma grande indústria, que movimenta milhões e tem como parceiros principais,

mídia televisiva, as empresas privadas, os investidores internacionais e os bancos

(GONÇALVES; CARVALHO, 2006).

As empresas buscam melhoria nas suas imagens institucionais investindo em

publicidade em alguns clubes de massa. Hoje o clube virou uma espécie de

empresa e tem que ter mais uma organização com um padrão de eficiência que visa

ter “competência gerencial, presença de profissionais devidamente credenciados,

sob risco de remoção de incentivos; ou seja, de não haver renovação de contrato, ou

permanência de parceria” (GONÇALVES; CARVALHO, 2006, p.10).

O futebol sempre esteve ligado a vida social brasileira e por isso muitos já se

utilizaram da popularidade que ele trás para buscar espaço na política brasileira,

podemos citar aqui um número grande de cartolas, de ex-jogadores em cargos

públicos como Romário senador, Bebeto deputado estadual, Eurico Miranda

deputado federal, Túlio Maravilha vereador, Gomes Farias deputado estadual e

narrador esportivo da rádio Verdes Mares.

3.2 COPA DO MUNDO

A modernização das transmissões esportivas e a profissionalização do futebol

tornaram o espetáculo da Copa do Mundo, como uma quase repetição de um

campeonato de time europeus, com o reforço de jogadores nativos de cada seleção.

Acostumados a ver essas equipes, o público teve mais facilidade em se identificar

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26

com jogadores, como Cristiano Ronaldo, Messi, Ribery, Drogba, etc. O tema Copa

do Mundo, no entanto perde força no Brasil, com o mergulhar das pessoas na vida

cotidiana em suas tarefas de trabalho e até no costume de ver seus clubes, locais,

no caso Ceará, Fortaleza, Flamengo, São Paulo, etc. Mas é sempre assim, quando

a competição vai se aproximando as pessoas passam a focar mais o torneio,

principalmente a imprensa. No caso, a cobertura esportiva da Copa de 2002 no

Japão-Coréia, como exemplo, começa sempre da mesma maneira, onde todos

iniciam suas análises, profissionais de várias áreas dão sua contribuição no campo

da bola.

Aqui encontramos artigos de jornalistas, de um geógrafo que estuda a difusão do futebol pela ótica de sua disciplina, uma psicanalista analisando os problemas da transformação de meninos pobres que se transformam celebridades, um filosofo que analisa a narrativa em torno da “família Scolari”, como um discurso despótico, além de resenhas e apresentação de livros que tratam o tema futebol. (HELAL; SOARES, 2002, p. 6)

Até na pressão da mídia por uma seleção melhor, ou por ou outro jogador fora

da lista sempre se repete, como foi o caso de 2002, quando o desejo de que

Romário fosse à Copa situação não atendida por Luís Felipe Scolari, e repetida em

2010 quando a opinião pública pedia Neymar e Ganso e Dunga não levou. E por

último, a mesma situação com Ronaldinho Gaúcho na Copa das Confederações de

2013, onde ele estava no auge como melhor da América do Sul e Felipão barrou sua

convocação.

Helal e Soares (2002) observam porque as vitórias de 1994 e 2002 e a

derrota de 1998 ficaram apenas no campo esportivo e não foi levado como uma

vitória ou derrota da nação, como acontecera em 1950 ou 1970.

Apesar dessa analise, os governantes do mundo inteiro disputam a chance de

ter uma competição esportiva como forma de alavancar a referida localidade para o

cenário mundial. Como destaca Seixas (2010), o evento esportivo traria para a

região um impacto ambiental, socioeconômico e o desenvolvimento da

sustentabilidade. Para que isso aconteça é necessário que se façam investimentos

em obras que levem uma infra-estrutura básica para aquele país ou cidade. Seria

aquilo que ficaria como o legado do evento:

“Os legados seriam, em outras palavras, a herança que fica depois de um

grande evento pontual, como a Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos, Jogos Pan-

americanos, dentre outros” (SEIXAS, 2010, p. 4)

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O Brasil, em 2007, foi escolhido para sediar a Copa do Mundo e com ela, a

preocupação de concretizar a tempo o que exigia a FIFA como organizadora da

competição.

Os investimentos iniciais para a Copa do Mundo divulgado pelo Ministério do

Esporte seriam de 15 bilhões em recursos do BNDES, financiamento da Caixa e

participação de governos federais, estaduais e municipais. Durante a Copa do

Mundo no Brasil os dados atualizados mostravam que a construção e reformas de

estádio custaram ao todo oito bilhões de reais. Enquanto as obras de mobilidade

urbana e melhorias em aeroportos 16 bilhões. Segundo o Instituto de Pesquisas

Econômicas (Fipe), durante a realização do evento foi incrementado na economia

cerca de 30 bilhões de reais. E a consultoria Ernest-Youg fez um levantamento que

entre 2010 e 2017 o ganho na economia será de 142 bilhões de reais devido à

realização do Mundial no Brasil. (NASCIMENTO, 2014).

Antes da Copa do Mundo no Brasil, no entanto, o clima negativo em relação à

realização do evento era grande devido principalmente ao “terror midiático” criado

pela imprensa. Em geral, poucos veículos mostraram esses dados positivos em suas

coberturas jornalísticas sobre o evento. Como o jornalismo globalizado vive,

sobretudo do sensacionalismo, as reportagens, sobre o evento não eram nada

animadora. Acreditava-se que tudo de ruim poderia acontecer e até recomendações

feitas por jornalistas estrangeiros para não vir à Copa do Mundo ganhou

repercussão na “grande mídia”.

3.3 COPA DAS CONFEDERAÇÕES E MANIFESTAÇÕES

A popularidade da presidente Dilma Roussef (PT) beirava 50%, mas com a

aproximação da Copa das Confederações e as reivindicações do Movimento Passe

Livre (MPL) por algumas cidades do Brasil, principalmente São Paulo, sua queda na

estima da população foi alta, oscilando menos 8 pontos em alguns dias (BRAGA, p,

52).

O movimento “Jornadas de Junho” relata Singer (2013), começou com a

classe média de São Paulo nos primeiros dias de junho e foi se intensificando com

uma reunião de mais de cinco mil pessoas na quinta, dia 13 de junho, momento

esse que a Policia Militar encabeçada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB)

endurece a truculência sobre os manifestantes. Foi à oportunidade para a opinião

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pública ter sensibilidade para com o movimento e ai espalhar um barril de pólvora

pelo país (p. 29).

A maioria dos que estavam nas ruas eram jovens e jovens adultos (26 a 39

anos), com poucos adultos de meia idade e grande parte desses jovens eram de

escolaridade alta. (idem). Eram 43% de manifestantes diplomados contra 8% da

população em 2010 com nível superior.

A carestia na classe media levou a insatisfação política, devido principalmente

a alta no preço dos bens de serviços e a situação crítica no quesito mobilidade e

segurança,

O fato é que, a partir do momento em que importantes setores de classe média foram para a rua, o que havia sido um movimento da nova esquerda passou a ser um arco-íris, em que ficaram juntos desde a extrema-esquerda ate a extrema direita. As manifestações a partir daí adquirem, um viés oposicionista que não tinha antes tanto ao governo federal quanto aos governos estaduais e municipais (SINGER, 2013, p. 34).

Na turma da insatisfação estavam também os trabalhadores, que reclamavam

dos gastos do dinheiro público para construir estádios luxuosos, ao mesmo tempo

em que se faltava atendimentos básicos em saúde, saneamento, transporte

aceitável e segurança. (SINGER, 2013).

Em Fortaleza muitas remoções foram previstas para que o Veículo Leves

sobre Trilhos (VLT) pudesse estar pronto para o Mundial, situação que não se

concretizou, pois a obra ainda esta em andamento, sem previsão de conclusão

durante a produção desta monografia.

Gonçalves (2013) observa que “para preparação para megaeventos

esportivos tem trazido a tona os custos sociais da ilegalidade urbanística e os

problemas relacionados à insegurança de posse das famílias em assentamentos

ilegais” (p. 21).

De acordo com o autor seriam obras de toda ordem sem uma avaliação

coerente da necessidade de certas ações. As famílias por não possuirem a escritura

do imóvel recebiam ações de despejo e propostas de reassentamento em outros

lugares distantes do atendimento de saúde, educação (GONCALVES, 2013).

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4 A REVISTA VEJA: UM ATOR POLÍTICO

4.1 EDITORA ABRIL

Até os anos 50, a revista que tinha maior tiragem no setor de informação,

cultura ou entretenimento era O Cruzeiro, dos Diários Associados, ainda num

rudimentar sistema de indústria cultural brasileira. Um sistema já em decadência de

modelos até então ilustrados, a publicação estava nessa transição entre literatura e

reportagem e litografia/ xilogravura e a chegada da fotografia. (MIRA, 1997, p. 14-

23).

O Cruzeiro era uma publicação voltada para reportagens fotográficas, mas

ainda convivia em parte com muito do literário através das crônicas e a participação

de escritores, teatrólogos e cineastas. Com uma edição inicial em 1928 de 50 mil

exemplares a revista atingiu um recorde de 700 mil exemplares quando da morte de

Getúlio Vargas.

Mas com o passar dos anos e as mudanças econômicas, principalmente com

a indústria cultural que inserida no sistema capitalista sofre como todos os ramos do

negócio uma transformação significativa que leva a profissionalização da

comunicação e figuras ainda amadoras como Assis Chateaubriand ficam para trás,

A indústria cultural não escapa a este processo de transformação: os capitães da indústria dos anos anteriores devem ceder lugar ao manager. O espírito aventureiro-empreendedor de Chateaubriand caracteriza toda uma época, mas ele é inadequado quando se aplica ao capitalismo mais avançado. (ORTIZ, 1991, p. 134 apud MIRA, 1997, p. 32).

Quando chegou ao Brasil em 1949, Victor Civita, já tinha uma experiência na

indústria de embalagens dos EUA, como diretor, quando aprendeu um pouco de

artes gráficas e detinha um valor de 500 mil dólares, mais os direitos de reprodução

dos quadrinhos da Disney naquele período um sucesso de comercialização. Victor

viera ao Brasil por indicação de seu irmão, Cesar Civita que já desenvolvia o ramo

de edição na Argentina (MIRA, 1997).

No início dos anos 50, o ítalo-americano Victor Civita, começa a implantar o

seu império editorial chamado Abril. O Brasil contava com 50 milhões de habitantes

e 70% dessa população eram de analfabetos. (VILLALTA, 2002).

Para o empresário, o seu objetivo principal era fazer o país continental ler. Foi

assim que em 1950, surge a publicação o Pato Donald, com 82 mil exemplares. De

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acordo com Villalta (2002), a Editora Abril, tinha 7 títulos entre 1950 e 1959; 27 entre

1960 e 1969 e 121 títulos entre 1970 e 1979. Durante os anos 50, a fotonovelas e o

Pato Donald que sustentam a editora.

Mira (1997) relata que as estórias que vinham de fora já não davam conta da

grande demanda interna pelos quadrinhos da Disney, entre eles, Mickey, Os Irmãos

Metralhas, Maga Patológica, entre outros. Assim a Abril, em 1964, forma um centro

próprio de criação. Dessa escola de arte surge o personagem Zé Carioca que é

reproduzido na editora Abril em 1961. O Brasil, como os outros países do pós-

guerra, passava a ser influenciados pela política da “boa vizinhança” americana, que

era uma das bandeiras do presidente Roosevelt. A Europa em crise passava a

perder força, principalmente as normas francesas copiadas até então pelo Brasil

foram substituídas pelas dos EUA, então economia hegemônica e culturalmente

mais desenvolvida (MIRA, 1997, p. 46).

“Mais do que a Europa do século XIX, a integração ao universo do consumo

atinge todas as classes. ‘Democracia’ e ‘mercado’ tornam-se sinônimos e o american

way of life encontra seus símbolos no mercado: Hollywood, Disneylândia, Coca-

Cola, etc”.

Uma dessas criações do pós-guerra é a fotonovela, que nasceu do cinema,

com cine romances resumos de filmes, com fotos das principais cenas e um texto

mais curto, Mira (1997). Era uma narrativa amorosa, que teve grande espaço na

América Latina. A editora Abril entraria nesse mercado em 1952, com a publicação

da revista Capricho, com 91 mil exemplares e que atinge seu auge em 1961 com

500 mil exemplares. Diferente de outras publicações que traziam as estórias em

capítulos, como Grande Hotel, a publicação vinha com o desfecho completo em

cada número, virando uma febre entre os leitores. As estórias traziam conselhos e

uma valorização da renuncia e com uma moral rígida da época. A partir dos anos 70

há um declínio das fotonovelas.

Com a expansão das rodovias, surge a revista Quatro Rodas. Nesse período,

o também ítalo-brasileiro Mino Carta esta a frente de alguns desses projetos. Na

década de 1960, como precursora da Veja, viria à publicação Realidade:

Um projeto sobre a direção de Roberto Civita, cuja intenção era de fazer uma revista semanal de grandes reportagens, que debate com franqueza, problemas de família, sexo, política, e sacode preconceitos e tabus. Realidade reunia cerca de 30 pessoas, com média de idade abaixo dos 30 anos, o que garantia a revista em tom entusiástico. (VILLALTA, 2002, p. 3)

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31

O Grupo Abril com o faturamento em 1995 de 1,5 bilhões de dólares tem hoje

três campos de atuação: Publicações, TV/ Vídeo e Novos Negócios. Só a editoria

Abril tem revistas e guias; Abril Jovem (publicações juvenis); Caras; operações

internacionais na Argentina e Portugal. O Grupo Abril vídeo desde 1983 com acervo

de fitas de vídeo e a MTV em atividade desde 1990. Além da Listel ligada à lista

telefônica e Brasil Online (UOL), criada em 1996 com serviços na internet (MIRA,

1997)

4.2 HISTÓRIA DA VEJA

Com a morte da revista Realidade devido à perseguição do Regime Militar, a

imprensa e devido a Abril ser detentora de um arquivo editorial farto, Dedoc, surge a

Veja ao estilo da revista Time, com o Projeto Falcão, onde 14 edições pilotos de n°

zero circularam durante certo período a partir de 1959. (VILLALTA, 2002).

A estreia da revista Veja seria, em 1968, com sua primeira edição, mostrando

de que lado a publicação se encontrava no cenário político, marcado por uma guerra

fria entre URSS (Comunista) e EUA (Capitalista). A capa trazia, “um fundo vermelho,

os símbolos do comunismo, a foice e o martelo, e a chamada o “Grande Duelo

Comunista”, abordando o tema sob a perspectiva da invasão da Tchecoslováquia,

que aconteceu em agosto do mesmo ano”. (VILLALTA, 2002, p. 7-8).

Com circulação semanal a revista estava com uma proposta de integração do

Brasil, um país com dimensão continental. O começo foi pouco mais de três meses

antes do AI-5, o mais duro ato institucional do regime militar contra a imprensa.

Provavelmente o formato da revista tenha vindo através de Roberto Civita,

filho de Victor Civita, que nasceu nos EUA. Roberto Civita foi estudar economia e

jornalismo na Universidade da Pensilvânia e se torna um editor. Sua tese seria sobre

uma editora da Filadélfia chamada Curtis, onde depois ele vai ser estagiário em um

grupo chamado time-life.

Depois de estudar a Curtis, Roberto Civita não poderia ter achado lugar melhor para estagiar do que Time Inc., uma das maiores editoras de revistas do mundo. Time Inc. fora fundada em Nova York, em 1922, por Henry Luce e Briton Hadden dois jovens jornalistas que haviam se conhecido em Yale e que não tinham nenhuma experiência em revistas. Neste ano, os dois põem em prática um plano antigo, criando Time, a revista semanal de informação, diferente de tudo o que havia até então (MIRA, 1997, p. 116-117)

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32

Para Carta, o público leitor ainda não estava acostumado a um tipo de

formato, com fotos pequenas, muito texto e com uma cobertura da vida nacional e

interpretativa. Com um surgimento bombástico de 700 mil exemplares no primeiro

número, a queda chegou até 19 mil exemplares entre 1968 e 1972. Mino tentou com

a criação de encarte de fascículos semanais com a história da conquista da lua para

alavancar a Veja, além de ter sido implantado, em 1973, um sistema de assinantes

que conseguiu 100 mil assinaturas.

Mesmo com esse sucesso estrondoso no início e a queda posterior que fez a

publicação cair de 63 páginas de anúncios vendidas na primeira edição, para

apenas um da Souza Cruz que ficou por 52 edições devido um contrato, O Pato

Donald, que dava um retorno significativo, foi quem segurou os prejuízos de Veja,

para que ela conseguisse manter sua circulação, “até que se descobrissem meios e

estratégias para corrigir o problema” (VILLALTA, 2002, p. 11).

O que foi um “erro de marketing empresarial”, no início como cita Elio

Gaspari, depois a correção veio, com um sistema de distribuição que atingia todos

os mais variados locais do Brasil.

A revista Veja, para Augusti (2005), procura contemplar o leitor em aspectos

da sua vida comportamental, como envelhecer melhor, dormir melhor, relaxar,

comer, etc. Com um discurso do “eu interior”, o sujeito se torna senhor do seu

próprio destino e a Veja, vêm como um “manual de auto-ajuda” para guiar o leitor.

O próprio indivíduo, na auto-ajuda, cria a fantasia e torna a si mesmo como o objeto idealizado, porque acredita, um dia, poder encontrar o que tanto deseja e, finalmente, ser um sujeito livre, realizado e feliz. Ele sente prazer em admirar-se pela autoconfiança e “auto-estima” imediatamente adquirida e fortalecida. Sente segurança e acredita que essa condição estará sempre presente em sua vida. (CHAGAS, 2001, p.64 apud AUGUSTI, 2005, p. 21)

Antes disso, ainda a revista precisou passar por mudanças como a entrada de

Gaspari a convite de Mino Carta, para mudar a direção que tinha na redação, onde

profissionais se cristalizavam em suas funções, como no caso de editores que só

escreviam, enquanto assistentes e repórteres apuravam.

Essa mudança, de acordo com Augusti (2005), fez a publicação passar de

300 mil exemplares vendidos para 800 mil por semana. A publicação defendia que o

importante era a notícia que os leitores queriam, segundo pesquisas de opinião

realizadas pela própria Veja.

Page 33: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

33

4.3 VEJA X POLÍTICA

Como qualquer veículo de comunicação que cobre política, a Veja busca

mostrar uma isenção ou uma mera imparcialidade que na verdade não existe.

Quando Lula assumiu o poder em 2003, a revista fazia uma espécie de cobertura

distanciada do seu sentimento de anti- governismo de esquerda. Na capa de 8 de

janeiro de 2003, com título “Lula de Mel”, a publicação mostra como seria daquele

momento em diante sua relação com o governo. Silva (2006) coloca o

posicionamento a partir dali, “A partir de agora começa a cobrança”. Até a edição de

20 de agosto de 2003 vem uma entrevista com o então presidente Luís Inácio Lula

da Silva, com a matéria fazendo elogios a política econômica do governo mantendo

o sistema igual ao do antecessor Fernando Henrique Cardoso.

Mas já em fevereiro de 2004, Veja coloca uma capa com denúncias do filho

do ex-governador Leonel Brizola sobre um suposto caso de corrupção no governo

Olívio Dutra (PT). Em 26 de fevereiro de 2005, mais uma capa anti-governista, com

críticas em 12 páginas ao que seria “o risco da involução”. Com a condenação da

revista às cotas sociais, a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, a criação

da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual e a Lei Geral dos Meios de

Comunicação.

Durante todo o governo Lula, o ex-presidente passou a ser retratado de um

modo negativo, com “manchetes, fotografias, cores e símbolos que passaram a

mostrar uma realidade bem diferente, ou seja, de um governo em crise” (OLIVEIRA;

NAPOLEÂO, 2008, p. 83).

A Veja que retratou primeiro um presidente, como um herói a favor do povo,

durante o seu primeiro ano de governo e depois passou a usar a imagem do Lula,

com tons irônicos e de sarcasmo e com caráter de denúncia.

Um ex-editor da revista Veja, Carmo Chagas, destaca um pouco do que seria

a política editorial da publicação e como ela se posiciona para o seu pequeno

numero de eleitores cativos. Quem leria os editoriais seriam, “os empresários mais

sólidos; os políticos mais perspicazes, os economistas mais consistentes, os

intelectuais mais atentos, são eles que constituem a elite interessada na opinião que

aparece todo o dia na imprensa” (SILVA, 2005, p. 83).

Silva (2005) coloca que a revista usaria noções liberais permanentes para

ocultar sua ação partidária. Na edição da revista do dia 09 de janeiro de 1997, p. 07,

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34

a seção Carta ao Leitor se posiciona favorável à emenda de reeleição em votação

no Congresso Nacional e até coloca sua sinalização de que o segundo mandato

seria melhor para a nação,

O que se está discutindo é a possibilidade de Fernando Henrique Cardoso concorrer de novo ao mesmo cargo, submetendo-se ao voto do povo. Nas pesquisas de opinião pública, a tese da reeleição é majoritária. Há no país uma tendência a se considerar que os quatro anos, nas circunstâncias atuais e com o atual ocupante do Planalto são tempo curto demais para consolidar o clima de estabilidade que o país vem conquistando. Pensa isso o cidadão comum que é ouvido pelos institutos. Acha o mesmo quem analisar as perspectivas de maciços investimentos no país graças à diminuição significativa das incertezas econômicas. (SILVA, 2005, p. 105).

A revista seleciona entre todas as cartas ao leitor, àquelas que favorecem

claramente uma visão positiva do Brasil naquele ano, véspera de eleição

presidencial e de desejo de continuidade o que justificaria então a emenda de

reeleição de Fernando Henrique Cardoso até hoje contestada por oposicionistas

como tendo sido um suposto esquema de mensalão para que os deputados

aprovassem a possibilidade do presidente ter o direito a ser reconduzido ao cargo

novamente caso tirasse maior numero de votos.

Assim, a revista mostraria que tudo caminhava bem no país com as pessoas

com mais dinheiro no bolso, indo mais à praia, devido a um suposto ajuste

econômico que a revista avaliaria como sendo decorrente de ações do governo

FHC. (SILVA, 2005).

Durante seus primeiros anos, a Veja cobriu alguns eventos que seriam de

movimentos contrários ao regime militar, como na capa de 09 de outubro de 1968,

quando cita a Incrível Batalha dos Estudantes, ou 16 de outubro de 1968, quando

coloca na capa, Todos Presos: Assim acabou o congresso da ex-UNE. Ou quando

numa das capas Procura-se Marighela em 20/11/1968 e a mais emblemática onde

aparece na capa o Congresso Nacional dentro de um vidro quebrado na edição de

04/12/1968.

Na edição de 18/04/1984 a foto de Ulisses Guimarães e a multidão nas ruas

atrás dele e o título Diretas Já: Um Brado Retumbante, um momento em que a

revista está mais aliada aos anseios daquela pós-ditadura e não se tinha ainda claro

o que seria a democracia e quais forças estariam à frente do comando do país. No

mesmo ano na edição de 05 de maio, a foto de Tancredo Neves com as mãos juntas

em um ato de reflexão e os dizeres: À Hora de Tancredo.

Page 35: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

35

Alguns anos depois e já com a eleição presidencial garantida pelo voto direto

à revista vem com a capa de Collor de Melo, com a pergunta Collor Quem é o que

quer e por que está agitando a sucessão na edição de 17/05/1989. Pouco tempo

depois vem outra edição com Brizola e a cobertura de Lula (06/09/1989), mostrando

o candidato com o punho serrado e a bandeira do PT atrás.

Após a eleição de Collor e sua renúncia e depois de Itamar Franco assumir

interinamente a presidência da Republica do Brasil, a Veja que teve um papel

importante na denúncia contra Collor desde o início com as declarações de Pedro

Collor de Melo até os “Caras Pintadas”, vem no ano da eleição presidencial de 1994,

com a capa de 12 de janeiro de 1994 e a foto de FHC e o título E Agora Fernando?

Uma sugestão de quem poderia ser o novo presidente. Durante esse ano não houve

uma capa em que Lula aparecesse como possível solução para presidente,

enquanto em três capas FHC apareceu como o homem a solucionar problemas.

Durante todo o primeiro mandato de FHC nem uma citação ruim ao seu

governo pela Veja, mas apenas mostrando um lado que possivelmente as pessoas

nas ruas não observavam apesar da capa de 19/02/1997 com o título Onde Estão os

Empregos: Os novos polos de crescimento e as oportunidades que eles oferecem,

colocando o Brasil como um local de maravilhosas oportunidades, mas que

enfrentava uma crise na prática não citada pela Veja.

Já na edição de 22/05/2002 a revista Veja tem na capa a foto de Lula a olhar

para cima, onde tem dados da bolsa de valores e o título: Por que Lula Assusta o

Mercado. Dois meses depois na edição de 17/07/2002 a foto de Lula atrás e

embaixo de um lado Ciro Gomes e de outro José Serra e a pergunta Ciro ou Serra:

Quem vai ser o anti-Lula? E ainda na edição anterior a eleição em 25/09/2002 o

título O PT está preparado para presidência?

São anos sucessivos de cobertura da Veja pós-ditadura onde a mesma

seleciona um ponto de vista de cobertura e coloca seu enfoque mais ligado ao

PSDB e ao neoliberalismo tucano, ao mesmo tempo em que coloca o PT como um

partido no começo radical, depois corrupto e essa visão que tem da realidade tenta

sempre definir aquilo que quer para seu público, um debate hoje mais interno com

leitores cativos do que externo com a grande massa que surge nos últimos anos de

novas leituras.

A cobertura das eleições de 2010 entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra

(PSDB), demonstra bem como se posiciona a Veja como um partido de direita

Page 36: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

36

moderna com funções de difundir a visão de mundo baseada no liberalismo

econômico do Instituto Millenium4 a qual faz parte com outros grupos de direita no

Brasil. Já na sua edição de 21 de abril de 2010, a capa da revista vêm com a

chamada: “Serra e o Brasil pós Lula”. A publicação ainda destaca na capa um trecho

da entrevista com Serra que ele diz “me preparei à vida inteira para ser presidente”.

Na edição posterior na seção Carta ao Leitor há nove elogios a entrevista de José

Serra e cinco criticando a candidata Dilma (GUILHERME, 2012, p. 6).

Durante os meses seguintes, aponta Guilherme (2012), a Veja mergulha de

cabeça na campanha de José Serra e passa a desqualificar tudo do governo de Lula

(PT), todo tipo de denúncia é mostrando como sendo petista e as ações positivas

sempre são do PSDB. Como na edição de 02 de junho, quando a matéria “José

Serra vai direto ao ponto” o candidato mostra como o presidente da Bolívia Evo

Morales estaria incentivando a produção de cocaína e venda para o Brasil.

Na edição de 27 de setembro de 2006, a capa da revista vem com a

caricatura onde o presidente Lula tem a faixa presidencial como venda para os seus

olhos destacando os aspectos negativos do então presidente da república em busca

da reeleição. De acordo com Cattelan (2014), a figura que mostra o presidente bem

cuidado com a barba bem feita, seria um presidente de fachada e envolvido em

corrupção e a cabeçorra destacada na revista mostra o preconceito por ser

nordestino. As orelhas grandes seriam o símbolo da obscuridade e de tendências

satânicas. O que apontaria a desonestidade e a ignorância é a faixa nos olhos do

presidente, que o coloca como alguém incapaz de ver o que acontece ao seu redor.

(CATTELAN, 2014).

Em 1970 enquanto o Brasil vivia um dos anos mais duros da ditadura militar,

“a propaganda política divulgava ideias de identidade e participação nacional, pelo

estimulo a popularidade do presidente e promoção dos efeitos do regime”

(CHAGAS, 2009, p. 1).

A Veja neste período também vem reforçar essa ideia de nacionalidade e

estimulo ao regime. Para a publicação essa exaltação se devia principalmente pelo

Brasil ser uma potência mundial nesse esporte chamado futebol e por isso a euforia

das pessoas nas ruas cantando músicas relacionadas à seleção canarinha.

4 IMIL Disponível < http://www.imil.org.br/> acesso em 29 de setembro de 2014

Page 37: A COBERTURA DA COPA DO MUNDO: UMA ANÁLISE DAS CAPAS DA REVISTA VEJA

37

O futebol seria além de festa, guerra com o objetivo de exterminar o inimigo,

como destaca bem a revista Veja ao dar espaço para as falas do presidente Emílio

Garrastazu Médici. O então presidente era destacado como mais um entre os 90

milhões de brasileiros torcendo pela seleção. Que oferece um almoço ao grupo da

seleção brasileira de futebol e com “o radinho de pilha na mão fumando, o

presidente assistiu ao jogo contra a Áustria, no Maracanã” (CHAGAS, 2009, p. 7).

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38

5 METODOLOGIA

5.1 LEITURA DA IMAGEM

Esta monografia tem o objetivo de analisar o discurso construído por texto e

imagem das capas de nove edições da Veja relacionadas à Copa do Mundo. Na

análise da imagem, Joly (1996) define a categoria imagem como ícone que mantém

“relação de analogia quantitativa entre o significante e o referente” (JOLY,1996 , p.

37)

Para contextualizar mais sobre o que seria a imagem na prática,

“compreendemos que indica algo que, embora nem sempre remeta ao visível, toma

alguns traços emprestados do visual e, de qualquer modo, depende da produção de

um sujeito, imaginária ou concreta...” (JOLY, 1996, p. 13).

Há outras definições de imagem, como “qualquer fenômeno visual que integre

a representação de objetos com os quais mantenha relação de semelhança”

(CASASUS 1979, p. 39, apud BLASQUE, 2012, p. 3).

A imagem, com o advento da semiótica da imagem se voltou para os estudos

das mensagens visuais, ou seja, a mesma virou sinônimo de representação visual,

porém ela vai mais além, pois nos mostra que é heterogênea de uma forma que

reúne dentro de si, categorias de signos e formatos variados, como cores,

composição interna, textura, etc., além de conter um signo linguístico, que diz algo a

quem ver essa imagem (JOLY,1996).

O desejo de ler além da imagem leva ao leitor a praticar o raciocínio em

busca de entender a imagem, como algo além daquela figura ou fotografia. O estudo

de signos peircianos se usa da fórmula matemática entre o significado e o

significante com a ajuda do interpretante para se chegar a um sentido. Os signos

que uma figura não apresenta, vem por meio do ícone, o índice e o símbolo. O ícone

se subdividindo em imagens, diagramas e metáforas. O uso de Peirce de analogia e

comparação é a maneira de se chegar a um entendimento (SOUZA, 2011).

A semiótica seria como “a ciência que estuda os signos, os quais são sinais

que representam algo, podendo ser objetos perceptíveis ou apenas imagináveis”

(SILVEIRA, 2005, p. 4).

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39

Ou seja, este trabalho, quer estudar a imagem, de acordo com o que Peirce

(1938-51) define dos signos, como o que nos apresenta algo por meio de alguma

representação.

O autor destaca Santaella (1993, p.13), para definir, o que seria a semiótica

como

A ciência que tem por objeto de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo, o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido ou, simplesmente, [...] é ciência dos signos.

5.2 INTERPRETAÇÃO DA IMAGEM

O olhar para imagem não se prende apenas no que se vê, pois a omissão de

certos elementos dentro de um formato pode mostrar que algo está oculto aos olhos

humanos e que a descoberta do que se busca está além do olhar.

Na capa da Veja, o interessante é a análise da arbitrariedade, a imitação, ou a

referencialidade. O contexto está apontando para um objeto específico e que define

sua função a partir do olhar da sua audiência.

Barthes e seus discípulos imaginavam que a leitura da imagem usaria a

mesma forma da leitura do signo linguístico, que foi criticada por Vilches (1991) ao

expor que existe um projeto de leitura de imagem enquanto texto que estão divididos

em várias categorias linguísticas. (SOUZA, 2011).

O texto visual, em seu todo, é tido como um conjunto de estruturas produtivas, cujo modelo pressupõe: expressão visual; elementos de expressão (figuras geométricas e ângulos de câmera); níveis sintagmáticos (figuras iconográficas, tipologia da montagem, relação campo/contra-campo, etc); blocos sintagmáticos com função textual (montagem; tipos de enquadre; narrativa/cronologia temporal; diferentes pontos de vista); níveis intertextuais; tópico; gênero e tipologia de gêneros. Ou seja, pela perspectiva de Vilches a leitura da imagem se dará pela apreensão da coerência que perpassa todos os elementos de textualidade descritos acima. O que chamamos a atenção nessa perspectiva é, por um lado, a apreensão e o reconhecimento por parte do leitor dos elementos que constituem o texto visual (SOUZA, 2011, p. 4-5).

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5.3 SÍNTESE DO DISCURSO

Na análise do discurso Gregolin (2007) coloca a síntese apresentada por

Foucault (1969) em que as práticas discursivas interferem na ação do sujeito na

história. Para isso é apresentado uma teoria do discurso, onde um quadro é

colocado resumindo num campo:

O discurso é uma prática que provem da formação dos saberes e que se articula com outras praticas não discursivas; os dizeres e fazeres insere-se em formações discursivas, cujos elementos são regidos por determinadas regras de formação; o discurso é um jogo estratégico e polêmico, por meio do qual se constituem os saberes de um momento histórico; o discurso é o espaço em que saber e poder se articulam (quem fala, fala de algum lugar, baseado em um direito reconhecido institucionalmente); a produção do discurso é controlada, selecionada, organizada e distribuída por procedimentos que visam a determinar aquilo que pode ser dito em certo momento histórico (Foucault, 1969 apud GREGOLIN, 2007, p. 14-15).

Mas a análise do discurso, de forma estruturalista, onde sujeito é mero

observador dos acontecimentos, perde força a partir de 1969, com a Análise do

Discurso (AD) de linha francesa, que coloca o sujeito no centro do novo cenário. O

marco inicial vem com a publicação de Análise Automática do Discurso (AAD) de

Michel Pêcheux, com a revista Langages. De acordo com o autor, o sujeito perdido é

encontrado descentrado e ferido pelo narcisismo, com livre pensar e outra parte

deste sujeito são encontrados no materialismo histórico (FERREIRA, 2003).

Ferreira (2003) ressalta, que a AD, não trabalha com uma língua presa na

discussão linguística, mas sim com uma língua da ordem material. A língua de

Sausurre língua/fala, agora é transformada por Pêcheux em língua/ discurso.

A finalidade é que o leitor da imagem possa entender o que ela quer falar. O

que tem por trás de certas mensagens icônicas contidas no design das capas da

Veja.

5.4 OBJETO

São nove capas, desde 2011 até o fim da Copa do Mundo 2014. A escolha se

deve ao fato de que elas falam sobre a Copa do Mundo de Futebol no Brasil e

porque essas nove edições relatam fatos políticos que mostram sua visão em

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41

relação como o governo federal organiza a competição e de como a publicação

enxerga esse mesmo governo de esquerda.

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6 ANALISE DE DADOS

Figura 1- Edição: 2218

Fonte: Veja

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43

6.1 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2218

Imagem

O capacete de operário verde e amarelo faz referencia ao símbolo da Copa

do Mundo no Brasil, que é o troféu. Com o acréscimo da mão do construtor com a

luva amarela, como existe no símbolo original. As cores acabam por remeter ao

nacionalismo brasileiro, cores que faz a mente de quem ver a capa pensar no

sentimento comum de união.

Texto

O número “2038” ao lado significa o que tem no conteúdo da publicação em

destaque, que acredita que o Mundial no Brasil não se realizará, pois os estádios

não ficariam prontos a tempo. Ai vem à ideia de que não dará certo a Copa do

Mundo, e então a mesma imagem aparece fragmentada na cabeça do leitor, que vê

diante de sim o obstáculo.

Dentro desta edição, o destaque é a matéria que aparece na capa: “Por

critérios matemáticos os estádios da Copa não ficaram pronto a tempo” e embaixo

da imagem do estádio Maracanã ainda em reforma os dizeres: “no ritmo atual o

Maracanã seria reaberto com 24 anos de atraso”

Composição

As cores e os símbolos que representam o país que sediará a Copa entram

em conflito com os dizeres contidos na capa, e passam uma visão de que é

impossível atingir as metas da organização do Mundial.

Mensagem

O papel da imprensa é cobrar para que os malfeitos sejam concertados e

olhando para esse lado a matéria estaria de acordo com essa visão, mas a capa

desconstrói essa noção, pois ela já insinua sem nenhuma base concreta o porquê

da a entender que é definitivo essa visão. Aqui falta a multiangularidade, pois falta

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ouvir o lado governamental e colocar o mesmo peso do que poderia ou não

acontecer se a obra ficasse pronta.

Classificação

Nessa edição há uma visão negativa do Governo Federal. De acordo com a

cobertura feita pela Veja ficou evidenciado a busca da publicação em colocar em

dúvida a capacidade do governo de realizar a Copa do Mundo, segundo critérios

próprios da reportagem, sem fundamento.

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Figura 2 - Edição: 2250

Fonte: Veja

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46

6.2 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2250

Imagem

Ao redor, caricaturas das principais figuras mundiais como se estivessem

olhando para o Brasil. Seria o país, de acordo com as imagens uma espécie de

novidade, como também de desejo para os outros países do mundo.

Texto

No centro o dizer: “O Brasil aos Olhos do Mundo” a pesquisa feita pela CNT

em 18 países a pedido da Veja. Em baixo do título, questões que a pesquisa buscou

saber sobre o que pensam os estrangeiros em relação ao Brasil: “Pelé e Carnaval?

Obvio!” “As surpresa começam nas respostas sobre quem é dono da Amazônia ou

nossa capacidade de fazer a Copa do Mundo”.

Composição

O discurso atrelado à imagem da à percepção clara de que os entrevistados

teriam se posicionado contra Amazônia, ou que os países não seriam capazes de

realizar grandes eventos mundiais, porém as respostas foram outras. Essa surpresa

quer dizer que a publicação fica perplexa, sobre o porquê de lá fora se acreditar e

aqui não. A resposta é clara, lá a imprensa retrata o Brasil de uma forma bem mais

positiva e aqui o olhar da imprensa é mais para os problemas e menos para a

solução.

Mensagem

A pesquisa CNT/ Sensus em parceria com treze empresas de pesquisa

constatou que o Brasil é para essas nações, rico, influente e com uma economia

relevante com viés de alta. Mas a opinião da revista começa a interferi no que a

pesquisa diz, quando começa a dizer que a política externa do Brasil não seria boa e

que seriamos apenas conhecidos como país do futebol e carnaval, contradizendo a

pesquisa que vê justamente o contrário, que 94% da população mundial ver o Brasil

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como uma economia forte e que 74% dos estrangeiros estavam otimistas com a

realização do Mundial no Brasil.

Classificação

Nessa edição há a visão negativa do Governo Federal. Mesmo com dados

favoráveis ao Brasil de acordo com a pesquisa, a publicação diminuiu as conquistas

nacionais e potencializou as falhas

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Figura 3- Edição: 2327

Fonte: Veja

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49

6.3 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2327

Imagem

A imagem de uma jovem de costas com a bandeira do Brasil servindo como

uma capa remete ao imaginário, uma heroína que busca representar a todo o povo

que foi às ruas. A imagem da caminhada da jovem para o fogo representa à nação,

que caminha para o caos, a destruição. Acima dela, as labaredas de fogo que

iluminam a cena sobre as barricadas.

Texto

Abaixo os dizeres: “Os sete dias que mudaram o Brasil”. A referência a

manifestação “Jornadas de Junho” que sacudiram o país contra os gastos

excessivos da Copa do Mundo. A publicação faz uma afirmação contundente de que

essas manifestações foram um divisor de águas na história do Brasil.

Composição

Nessa edição imagem e texto se conectam para passar uma

mensagem de mudança, de transformação contra a realidade que estava imposta

até aquele momento no Brasil.

Mensagem

Ao entrar no conteúdo exposto na capa, você observa que o discurso da Veja

fica todo, como se o movimento fosse anti-PT. Era segundo a edição, um

emparedamento das esquerdas. Mas na verdade existiam vários grupos misturados

de esquerda, extrema direita, entre outros. E tudo começou por questões de valores

de reajuste de passagens em várias regiões do Brasil e que coincidia com um

evento como a Copa das Confederações, cujo trazia os olhos do mundo para o país.

O estopim para tudo começar foi à truculência da Policia Militar de São Paulo,

comandada por Geraldo Alckmin (PSDB), que excedeu na força contra os

manifestantes.

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Se exigia nesse movimento a melhoria da qualidade de vida das pessoas que

já ascenderam de classe social e que hoje dividiam um espaço com uma classe

social que se sentia sufocada por mais carros nas ruas, falta de serviços com

excelência no setor público e até particular. Seria a busca de melhor infraestrutura,

pois o Brasil se desenvolveu nos governos do PT, mas ainda faltou criar a condição

pra que a população viva com mais qualidade.

Classificação

Nessa edição há a visão negativa do Governo Federal. A cobertura da Veja

coloca, as “Jornadas de Junho”, como um movimento anti-governo federal. É

reduzido as bandeiras daqueles que estavam, nas ruas, como apenas uma busca de

uma oposição ao PT e a presidente Dilma.

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Figura 4- Edição: 2354

Fonte: Veja

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6.4 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2354

Imagem

Uma criança chamada Deyvid com a camisa da seleção brasileira de pés

descalços e com um sorriso no rosto em meio ao pano de fundo da sua realidade

em um campo de terra batida, em alguma várzea do Brasil. Em contraste ao seu

lado, a imagem de Neymar, ídolo do Barcelona e principal esperança para Copa do

Mundo no Brasil. O corte nas duas figuras, unidas apenas pela junção das traves do

Maracanã e do campinho de terra, para dar intensidade clara ao que se quer mostrar

as diferenças, o que está errado e que o país é muito diferente do que se tenta

pregar.

Texto

A intenção da capa é provocar em quem ver a revista, uma indignação de

observar um país tão desigual de oportunidades, onde o título reforça a imagem:

“Uma Copa dois países” e o subtítulo realça a sensação de desconforto com a

aproximação do Mundial: “Os desafios para o Brasil em 2014, fora e dentro de

campo”. Dentro do texto a constatação de que somos o país do futebol, mas pereba

na infraestrutura, perna de pau na educação e consistente na desigualdade e um

matador na corrupção. E o foco da edição prevê o mundial que não será legal fora

de campo. E que o resultado fora de campo contaria mais do que dentro de campo.

Composição

A imagem de Neymar e do Deyvid com imagens diferentes, com o texto Uma

Copa, Dois Países, dá um resultado final, que impacta quem ver, pois quer passar

um visão de divisão de duas realidades.

Mensagem

O Brasil é injusto, porque um garoto como Neymar chegou ao estrelato,

enquanto outro garoto Deyvid está em uma realidade que pode ser que lhe leve para

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outros caminhos. Como também a mensagem dar a entender que o Deyvid também

pode chegar à mesma situação de fama de Neymar, que um dia foi igual a esse

garoto.

Classificação

Nessa edição há a visão negativa do Governo Federal. A Veja procura

separar os dois países de Neymar e de Deyvid, mas esquece que o jogador do

Barcelona, também já foi um menino que jogou em campos de terras batidas. A Veja

não procura identificar os problemas da miséria de jovens garotos que jogam na

periferia do Brasil, mas sim apenas sugerir que há oportunidades desiguais. NA

verdade o capitalismo gera desigualdade, não só no futebol, mas em toda

sociedade.

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Figura 5- Edição: 2377

Fonte: Veja

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6.5 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2377

Imagem

A capa é apenas duas letras A e Z, dentro delas, a fotos do que marcou o

país de 1950 a 2014. Atrás o fundo branco com a intenção clara de mostrar

serenidade na edição.

Texto

O título “O Brasil moderno que nasceu entre duas copas”. O desejo da revista

de mostrar um país em desenvolvimento às vésperas da Copa do Mundo. O

interesse de falar para o seu público habitual de grandes empresários que

necessitam de reafirmação de que os laços do Mundial podem trazer dividendos

importantes e que também aquelas pessoas que compraram ingressos poderiam se

sentir segura na sua opção de compra.

Composição

A imagem, contrastada com o título ressalta que as mudanças que ocorreram

no Brasil, não se limitam aos 12 anos do governo atual de Lula e Dilma, mas que a

modernização é fruto de mais de 64 anos de transformações em várias áreas desde

cultura, economia, saúde, entre outras.

Mensagem

Na mesma edição, um guia da Copa do Mundo, com todos os detalhes das

sedes e das seleções e dos grupos da Copa. Desse momento em diante os olhos da

imprensa esportiva mundial passariam a olhar o Brasil e até a Veja critica do

governo e da competição pensa como toda empresa: lucro e por isso o encarte

especial com tudo aquilo que o fã de esporte deseja saber. O mais improvável

acontece para quem reconhece na revista um domínio do anti-governismo, de

derrepente sair do lado que critica para ser o lado que afaga o ego dos torcedores.

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O fenômeno acontece com toda a imprensa nacional, que num passe de

mágicas esquece os problemas e mergulha num misticismo, onde tudo passou a dar

certo e a cordialidade dos nativos é o que mais importa entre todos os possíveis

defeitos antes vistos como algo insuperável.

Classificação

Nessa edição há uma visão neutra em relação ao Governo Federal. Apesar

de não ser contrária ao governo diretamente, a Veja por destacar que os progressos

não são produtos de apenas 12 anos procura, diminuir as transformações dos

governos de Lula e Dilma. Mesmo a publicação sendo coerente em fazer uma

retrospectiva do que aconteceu entre 1950 e 2014 no Brasil, ela jamais enfatiza que

foi o governo federal atual que possibilitou a vinda da competição depois de 64 anos.

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Figura 6- Edição: 2378

Fonte: Veja

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6.6 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2378

Imagem

A primeira figura mostra os jogadores perfilados para cantar o hino, unidos

depois à capela pelo público na Arena Itaquera. Na segunda imagem Neymar

comemora o gol com os braços abertos e na terceira imagem o rosto de Dilma tensa

com as vaias vindo do setor Vip do estádio.

Texto

Logo em cima do nome Veja: “Os três destaques da abertura da Copa

mostram que para os brasileiros, pátria não é governo e a paixão pelo futebol não

combina com política”. A Veja tenta acertar em cheio o imaginário do brasileiro que

ama o futebol e que está estarrecido com escândalos de corrupção denunciados

pela mídia e que tem como alvo o governo federal. Seriam como que imagens de

situações distintas que representariam momentos diferentes da vida do brasileiro.

Composição

A separação da capa em três momentos de imagens e títulos demonstra que

ainda a publicação estava ainda politizando a cobertura da Copa do Mundo de

Futebol.

Mensagem

Não há como separar no Brasil futebol e política. Mesmo na ditadura militar

quando existia o movimento “Brasil, Ame ou deixe-o” em que o governo que

torturava tentava fazer um marketing com a seleção de 1970 tricampeã, estava

ligada ao esporte. Sabe-se que João Saldanha comunista confesso, e treinador do

Brasil nas eliminatórias em 1969 saiu da seleção, não por sua simpatia ideológica,

mas por contrariar o presidente, que queria que Dadá Maravilha fosse a Copa e o

treinador não aceitava intromissão em sua convocação.

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A Copa do Mundo trazida por Lula enquanto presidente foi um marco histórico

para o mundo esportivo nacional.

A Veja não respeitou a presidente como uma autoridade maior da república

brasileira, mas a colocou num patamar de pessoa qualquer que representava o

perigo vermelho a combater, sem piedade e por isso todas as armas necessárias

para descolar Dilma, da favorita até então seleção brasileira.

Classificação

Nessa edição há uma visão negativa em relação ao Governo Federal. A capa

desta edição está mais que emblemática ao mostrar o teor político, por trás das

imagens. Quem ver é capturado por uma sensação contrária a presidente Dilma. A

população é levada a olhar a seleção brasileira como um patrimônio descolado da

política, que foi ao mesmo tempo a responsável por trazer a competição para o

Brasil.

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60

Figura 7- Edição: 2379

Fonte: Veja

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6.7 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2379

Imagem

A foto da mulher de verde amarelo, no meio da torcida brasileira e com um

sorriso no rosto diz como estava a Copa e qual o clima dos brasileiros em relação ao

Mundial. As imagens mostram como mudou o clima dos principais veículos nacionais

contrários a realização do Mundial. Mas os alertas dos títulos demonstram que

mesmo assim a visão da publicação continua com seu viés anti-governo.

Texto

O título diz: Só alegria até agora e o subtítulo ressalta: Um festival de gols nos

gramados, menos pessimismo nas pesquisas, visitantes em festa e o melhor é

aproveitar, pois o legado duradouro esqueça.

No canto direito da revista, uma pequena denuncia: Testamos o programa de

computador que fura a fila da do site da Fifa. Funciona. Mas Justo?

Composição

O tom de alegria da Copa do Mundo, demonstrado pela imagem dos

torcedores sorrindo dentro dos estádios com um texto positivo, demonstra que a

publicação abraçou o Mundial e que o clima do momento era favorável para uma

cobertura mais otimista.

Mensagem

Sem poder contestar números positivos, na hospitalidade, bom público, gols,

tranquilidade nos aeroportos, a edição em alguns momentos foca mais na cobertura

esportiva. E joga a responsabilidade da Copa do Caos, para os veículos

estrangeiros como o jornal inglês Times, que falava em caos três meses antes do

Mundial. Ou canal americano Fox que destaca o sucesso apesar dos obstáculos.

Se fora previsto grandes manifestações que balançariam as estruturas da

nação e a envergonharia perante a opinião pública, a adesão foi diminuta com 26 mil

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pessoas em 195 manifestações, média de 247 por ato, bem menor que o milhão nas

Jornadas de Julho de 2013.

A Copa que tomou conta das discussões diárias, dos noticiários era sobre

quem fazia mais gols, a festa nas cidades, a chegada de grande número de turistas

e o possível título do Brasil dentro de campo. Mas a Veja é uma revista anti-

governista e não pode ficar tranquila enquanto não fizer uma reportagem negativa,

mas até aquele momento tudo estava dentro dos planos e apenas ela insinuava que

o legado da Copa seria só durante o torneio e depois tudo voltaria a realidade e que

o brasileiro estaria de volta as suas reclamações cotidianas.

Classificação

Nessa edição há uma visão neutra em relação ao Governo Federal. Há uma

visão positiva em relação à Copa do Mundo e um alerta sobre o que ainda pode

acontecer de ruim.

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Figura 8- Edição: 2381

Fonte: Veja

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6.8 ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2381

Imagem, Texto

Fundo preto, com o título em vermelho: Agora é na Raça. E o subtítulo:

Atacado pelas costas pelo colombiano Zúñiga, o craque Neymar fratura uma

vértebra e está fora da Copa. Embaixo o craque caído com as mãos nas costas

onde dor o faz gritar.

Mas acima, a foto pequena de David Luiz, com uma cara de raiva e um

texto ao lado, onde coloca a responsabilidade sobre o zagueiro do Chelsea de que

ele poderá assumir a responsabilidade de levar o Brasil ao título.

A capa o peso de toda uma nação sobre a noticia mais importante

daquele momento, onde os olhos se voltam para a seleção brasileira. O preto como

uma marcha fúnebre de uma fatalidade a vista, sem o seu craque contra um coletivo

selecionado alemão.

Neymar cai e junto com ele os sonhos de garotos que vem a Copa do

Mundo pela primeira vez dentro de um estádio e na sua casa. O jogo na Arena

Castelão em Fortaleza retratou a violência da marcação colombiana implacável

contra o ídolo brasileiro. A sua dor é chocante pela imagem de uma figura

abandonada no meio de uma escuridão. A arquibancada some os jogadores,

árbitros, tudo se desfaz e aquela figura fica sozinha, abandonada a própria sorte.

Composição

A união de um texto e de uma imagem forte demonstram a ligação que

a mídia tem com o esporte mais popular no Brasil e o impacto da contusão de um

ídolo máximo.

Mensagem

Nesses mesmos dias uma ponte malfeita cai em Belo Horizonte, mas a

edição não apura e não conta a história da maneira correta. O culpado sobre a obra

o prefeito da cidade do (PSB), aliado de Aécio Neves (PSDB) e do Eduardo Campos

(PSB), até então candidatos a presidente da República, não é citado como deveria e

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a publicação culpa o governo federal pela má gestão na infraestrutura de uma obra

que seria responsabilidade das obras de mobilidade urbana prometidas para a Copa

do Mundo.

Classificação

Nesta edição há uma visão neutra em relação ao Governo Federal. A tensão

da Copa do Mundo faz com que a política fique um pouco de lado. Dilma, Aécio

Neves e Eduardo Campos eram meros coadjuvantes do ídolo Neymar e sua

contusão que o tirou do Mundial.

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Figura 9- Edição: 2382

Fonte: Veja

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6.ANALISE DA CAPA DA VEJA EDIÇÃO 2382

Imagem e Texto

A foto de Dilma quando faz o “Tóis” símbolo usado por Neymar durante a

Copa do Mundo. O título: Vai sobrar para ela? E embaixo os dizeres: 10 analistas

opinam se o mau humor com a derrota da seleção vai prejudicar Dilma nas eleições.

Atrás da presidenta os jogadores desolados depois de perder por 7 x 1 para a

Alemanha na Arena de Minas Gerais. A tentativa da imagem ligar o fracasso da

seleção de Luís Felipe Scolari e Fred a Dilma é mais que criminoso. Mas que para a

edição 2382, sempre há espaço para envolver o PT em algo que dá errado.

Mas para classe média alta e para os grandes investidores público para o

qual a revista se destina a Capa culpando Dilma foi importante, pois reforça dentro

desse nicho os valores para o qual eles estão ligados.

Composição

A imagem e o texto trabalham com o único objetivo de transformar essa

edição em um material anti-governo e com uma intenção pré-eleitoral, com a

presidente Dilma em primeiro plano e os jogadores derrotados em segundo plano.

Mensagem

Então a Veja consegue durante suas edições relacionadas ao Mundial atingir

seu público principal com êxito. Já em relação ao público ligado as redes sociais, as

novas mídias, esta edição se torna um terrorismo pré-eleitoral para beneficiar os

adversários políticos de Dilma Rousseff.

Classificação

Nessa edição há a visão negativa do Governo Federal. A imprensa brasileira

como um todo, não viu na presidente Dilma, algo que prejudicasse sua

candidatura a reeleição, mesmo com o fracasso da seleção canarinha. Porém a

revista Veja, consegue enxergar além e coloca na sua capa após eliminação da

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seleção brasileira a culpa do governo federal, pelo fracasso dentro de campo,

comandado por Luís Felipe Scolari.

7 RESULTADOS As nove edições que são retratadas nesta pesquisa demonstraram o como à

revista Veja está comprometida com uma visão negativa em relação ao governo

federal, que está por trás da realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Na

edição 2218, a nítida separação de uma cobertura isenta de mostrar dados, que é

substituída por um pessimismo da publicação.

A outra edição 2250, uma pesquisa da CNT, que mostra pontos positivos e

negativos do que o público estrangeiro enxerga no Brasil e que demonstra a visão

mais negativa da imprensa brasileira em relação ao que acontece internamente.

Seria uma espécie de olhar um pouco mais viciado, pois é mais próximo e enxerga

mais os erros com facilidade do que os acertos. A imprensa estaria mais limitada em

elogiar por receio de o público não ver nela uma representante do povo e sim uma

reprodutora do pensamento do governo.

A capa da edição 2327 mostra a nação em “chamas” e a esquerda como que

culpada pelos problemas da sociedade e nela a figura do governo central na imagem

da impopularidade de Dilma.

Na edição 2350, a tentativa da capa, de enfatizar a divisão de um país, em que

as oportunidades seriam desiguais e que para chegar ao sucesso, teria de

enveredar para o futebol, caminho da fama de muitos jovens talentosos.

A oposição da revista ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT) é vista na

edição 2377, que vêm com a capa mostrando as mudanças que aconteceram no

Brasil entre duas Copas de 1950 e 2014. A revolução moderna teria surgido

segundo a revista, nesse período e não nos 12 anos do governo Lula-Dilma.

Na edição 2378, a revista Veja mergulha na cobertura do Mundial, apesar da

capa ser uma clara demonstração de que a publicação quer tentar separar o amor

pela seleção brasileira, do elo que poderia ligar ao governo do PT da Dilma.

A capa 2379 não foca mais a comparação do Mundial, com o descolamento ou

aproximação com o Estado brasileiro, mas sim, se aproxima cada vez mais da

alegria e das manifestações do povo, ligado com a transmissão dos jogos de futebol,

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com as imagens dos gols e as belezas das Arenas lotadas nas doze sedes da Copa

do Mundo de Futebol.

O coração da revista Veja na edição 2381, se une a de milhões de brasileiros

preocupados contusão de Neymar e o fundo preto retrata o medo da eliminação da

seleção canarinha sem seu principal jogador.

A capa da edição 2382 demonstra como a revista Veja é um ator político. Ela

consegue pelo menos na sua idealização de formadora da opinião pública, colocar

na culpa da presidente Dilma, o fracasso dentro de campo da seleção brasileira,

após a derrota para a Alemanha por 7 x 1.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Das nove capas da revista Veja analisadas, seis estavam com uma visão

negativa do governo e três outras neutras. Mas apesar de neutras essas três

edições estão de acordo com outras da sua história de cobertura política. O caso

mais recente a edição 2397, às vésperas da eleição para presidente entre Dilma x

Aécio, com a capa com metade do rosto de Lula e Dilma e o título: Eles Sabiam de

Tudo, repercutiu negativamente no meio jornalístico. Isso porque a matéria cita um

suposto depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal sobre o esquema

de corrupção da Petrobras ao qual dizia que Lula e Dilma sabiam da corrupção

dentro da estatal.

Na abertura da reportagem de capa escrita por Robson Bonin, uma frase da

Carta ao Leitor desta mesma edição que traduz o “dever jornalístico” da publicação

da Abril. “Basta imaginar a temeridade que seria não publicá-la para avaliar a

gravidade e necessidade do cumprimento desse dever”. O texto prossegue dizendo

que “Veja não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as

chances de vitórias desse ou daquele candidato”.

A edição 2397 deveria sair como de costume aos domingos, mas foi

antecipada para sexta-feira (24/10) à noite com o objetivo de repercutir durante

ainda a eleição que seria dois dias depois no domingo. E a matéria foi grande

destaque nas redes sociais e na propaganda da candidata a reeleição Dilma

Rousseff.

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O Partido dos Trabalhadores entrou com uma ação do Tribunal Superior

Eleitoral (TSE) contra a divulgação de publicidade da revista e conseguiu liminar do

ministro da Corte, Admar Gonzaga.

Apesar de se defender da acusação do PT, a revista ainda na matéria admite

que faltavam provas para que a afirmação do doleiro seja autentica.

Cedo ou tarde os depoimentos de Yousseff virão a publico em seu trajeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF) foro adequado para o julgamento de parlamentares e autoridades citados por ele e contra os quais garantiu às autoridades ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são ou não culpadas (BONIN, 2014, p, 58).

A revista procurou interferir na eleição de acordo com Lima (2014), quando

além de antecipar sua data habitual de circulação, sua forma de buscar repercutir a

edição em outros meios de comunicação e sua capa que reproduzida serviu como

arma para militantes do candidato do PSDB agir e tentar reverter à eleição já que a

candidata petista estava ainda na liderança segundo pesquisas do Ibope, Datafolha

e Vox Populi.

A insistência da publicação de mudar os rumos dos fatos de acordo com suas

conveniências foi comprovada, em publicações que falam de uma competição

mundial de futebol, uma paixão nacional no Brasil. Seja mostrando apenas o lado

negativo do Mundial que seria o de investimento excessivo em gastos de obra de

mobilidade urbana ou na construção de estádios. Ou mesmo querendo

responsabilizar a presidente Dilma Roussef pela derrota da seleção brasileira dentro

de campo.

A Veja como qualquer outro meio de comunicação moderno capitalista vive da

audiência para poder lucrar através da publicidade que está nas suas páginas e

também como qualquer outro veículo de comunicação, se usa muitas vezes do

sensacionalismo para sobreviver. Não foi diferente com essas nove edições que

retratam na visão da Veja, o aspecto negativo do Mundial ligado ao governo federal.

Isso fica provado nas suas capas, como a que dizia que só em 2038 os

estádios da Copa estariam prontos, ou mesmo a que coloca Neymar em um retrato

no Maracanã e o garoto num campo de terra batida para mostrar as diferenças entre

dois países. A mais negativa em relação ao governo do PT foi a capa com Dilma

fazendo o Toís, um símbolo criado por Neymar que a presidenta adotou para apoiar

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a seleção e a publicação, após os 7 x 1 para a Alemanha, se aproveitou e associou

a imagem de Dilma ao fracasso dentro de campo.

Uma revista de costumes, que muitas vezes em suas edições trata mais de

temas ligados ao bem estar, ou a vida da classe média, sai da sua linha de atuação

quando quer se manifestar politicamente. Principal produto da editora Abril, a revista

Veja perdeu grande parte da sua influência, seja na sociedade em geral, como

também nos meios acadêmicos, onde os estudos sobre a revista visam mais mostrar

o seu lado politicamente incorreto de fazer jornalismo.

Na publicação, os fatos se tornam irrelevantes diante do objetivo final que a

Veja tem em colocar uma pauta como sendo a sua matéria de capa. Não é errado

para qualquer jornal ou revista, ter um lado político nas eleições e na cobertura

diária dos fatos e acontecimentos. Mas para que notícia fique isenta de um lado e

opinião de outro é necessário que o referido veículo de comunicação deixe bem

claro o seu posicionamento mais alinhado com candidatura A ou B, desde que suas

informações em relação aos acontecimentos não sejam distorcidas para que ela

favoreça alguém de sua preferência na corrida eleitoral.

Nas coberturas da edição durante o Mundial, foi possível ver especialmente

na capa do dia 18 de junho de 2014, que mesmo durante a competição futebolística

a revista consegue ainda misturar esporte com atuação política, a fazer três fotos

em que na primeira a seleção brasileira representa a nação, a outra em que Neymar

é o herói dessa mesma nação e a outra foto onde a presidente Dilma (PT) é

retratada como a vilã, ao ser vaiada, no Estádio Itaquera em São Paulo no jogo de

abertura da Copa entre Brasil x Croácia.

Na edição histórica, de acordo com a própria Veja, Os Sete Dias que

Mudaram o Brasil, 20 de junho de 2013, durante a Copa das Confederações, torneio

que sempre acontece um ano antes da Copa do Mundo, com os campeões

continentais. A revista procura ligar as insatisfações da massa apenas contra o

governo federal, que na verdade era uma insatisfação contra a política como um

todo. Pois nos movimentos tinham gente desde extrema esquerda até extrema

direita como os Black Blocks.

No jornalismo não existe isenção, até mesmo porque os textos são feitos por

seres humanos e assim todos estão sujeitos a escrever algo movido por certa paixão

pelos seus ideais que vem antes até do ato de começar a escrever, vem em

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algumas vezes do tempo de escola nos grêmios estudantis, ou nas decisões dentro

do seio familiar, com a formação que é aprendida junto aos pais.

E quando se chega à redação de um veículo de comunicação o repórter já

tem que se adaptar a certo jeito de escrever e uma linha editorial já decidida bem

antes de ele pensar em trabalhar naquele local. Isso influencia nas suas matérias e

no viés que ele deve abordar. Mas mesmo assim o dever do jornalista é informar

bem ao público que compra o jornal ou a revista, ou ver a TV, ou mesmo escuta o

rádio e hoje nas informações pelo Facebook, twitter.

A revista Veja tem o seu próprio público, diversificado que estão mais

alinhadas com o pensamento neoliberal. Com um negócio como qualquer outro

voltado para agradar o mercado que patrocina seus serviços.

Há uma tentativa de descolar a Copa do Mundo do brasileiro e de sua

realidade. O Brasil que sempre foi à pátria de chuteiras é retratado por Arnaldo

Jabor, como a “Chuteira sem Pátria” na sua coluna do jornal Estadão no dia

27/05/2014. Seguindo o terrorismo que a própria Veja faz nesse contexto e o

restante da imprensa brasileira, que mais tarde jogará a culpa do péssimo na mídia

estrangeira, o cronista coloca, que vivemos uma Copa do Medo. “Há o suspense de

saber se haverá um vexame internacional que já nos ameaça. Será péssimo para

tudo, para economia, transações políticas, se ficar visível com clareza sinistra nossa

incompetência endêmica secular” (JABOR, 2014, Estadão Online).

É natural do DNA da imprensa brasileira ter uma visão negativa contra

governos de esquerda e suas ações mesmo que seja no campo esportivo, como foi

o caso da Copa do Mundo no Brasil.

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REFERÊNCIAS

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