Resenha crítica - Arte e Mídia - Arlindo Machado

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  • 7/25/2019 Resenha crtica - Arte e Mdia - Arlindo Machado

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    Universidade Federal de Gois

    Faculdade de Artes Visuais

    Curso de Artes VisuaisDesign Grfico - Turma:

    Prof.: Edgar Franco

    Aluno: Paulo Lucas Arajo LebtagAno: 2015Semestre: 2

    MACHADO, Arlindo.Arte e Mdia. Rio de Janeiro: 3 Edio, 2010.

    Arte e Mdia

    A contemporaneidade um tempo impar na histria da humanidade, onde em muitos

    lugares as ideias desbancaram a violncia fsica nos combates, porm, nunca antes as guerras

    foram to intensas, e as mdias artes so armas nestas lutas.

    O contexto das artes sempre estiveram relacionados sociedade, sendo hora frutos

    desta, e sua cultura, costumes; hora como fomentadora a um propsito. E estes ltimos

    tempos tem sido notvel o papel da arte nas mudanas sociais. Desde a modernidade o mundo

    tem vivido reviravoltas de pensamentos, verdadeira revolues, rompendo com pensamentos

    tradicionais e partindo para rumos diversos. Primeiro se rompeu com a religio ocidental

    tradicional e tambm com a filosofia grega. A arte respondeu, ou influenciou, neste contexto

    com o antropocentrismo expresso no renascimento da cultura e arte greco-romana antiga,

    alterando a tica, a chave de leitura, do mundo que se tinha at ento. Depois se revolucionou

    na luta por direitos civis, que em parte ocorreu como fruto da alternncia da tica. Semelhante

    conflito j vinha acontecendo na arte moderna, romantismo versus neoclssico, e neste

    contexto a arte, que tambm mudou de seu foco clssico da busca pelo belo, voltou-se para si

    mesma, e iniciou uma ansiosa busca pela sua identidade. Foi quando a revoluo proletria,

    como se acredita, veio rugir em alta voz uma histrica guerra de classes, e sublevou

    novamente os povos a aguerrirem-se, pois uma notvel batalha estaria por vir. Este combate

    veio, foram as Grandes Guerras, mas os proletrios no lutaram pelos interesses do

    proletariado. A Primeira e Segunda Guerra Mundial fizeram os ditos artistas voltarem seu olhar

    para causas polticas e sociais. Na filosofia proletria, porm surgiu a reflexo de que se o

    povo no havia lutado pelos seus interesses nestes grandiosos conflitos porque de alguma

    forma estavam alienados em princpios profundos de seu ser. Estes pensamentos, que criaram

    todo um Zeitgeist que se vive at hoje, foram principalmente projetados por uma escola

    crtica, a Escola de Frankfurt, com filsofos e pensadores como Max Horkheimer, Theodor

    Adorno, Erich Fromm, Herbert Marcuse, Walter Benjamin, entre outros. Os ditos artistas ps-

    guerra no encontraram, portanto nenhuma dificuldade em comungar dos pensamentos e

    ideias de tais autores, j que haviam voltado seu olhar para causas polticas e sociais. Reflexo

  • 7/25/2019 Resenha crtica - Arte e Mdia - Arlindo Machado

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    tambm das Grandes Guerras foram os notveis avanos tecnolgicos, que foram vistos por

    estes crticos como instrumentos da alienao. Os, ento, artistas contemporneos facilmente

    encontraram nestas tecnologias seu material para obras de arte crticas. Neste contexto,

    que se encontra as mdias artes.

    Tendo isto em vista, o texto de Arlindo Machado, Arte e Mdia, apresenta-se comomuito conforme a ideia de todo o contexto artstico contemporneo. Vem esclarecer a princpio,

    que midiaarte a juno destes dois meios, e vai expondo o intento dos ditos artistas

    contemporneos em perverter a lgica destes meios. Com isso, se passa a denunciar o

    mesmo, que existe nos meios de comunicao de massa, tanto no que tange a contedo,

    como na maneira de exposio imagtico e textual. Isto tudo material fecundo para os crticos

    que elaborando suas ideias de maneira quase que dissertativa, transformam sua crtica em

    materialidade, onde pessoas comuns podem se interagir e da experincia com este material

    criado pelos artistas que se consegue, caso se tenha uma percepo e preparo, entender a

    crtica feita.

    E na prtica geral dos artistas da Midiaarte, o que se tem a constante prtica da

    desconstruo. Tudo o que parece estvel, se desestabiliza. Seja algo material, como um

    circuito, uma pea, um chip, responsvel pela criao de uma imagem numa tela etc, ou algo

    imaterial como uma maneira de discursar, uma forma de se pensar a mensagem. Isto tudo que

    aparenta ser estvel nas mdias, a Midiaarte em geral visa desconstruir com o intento de abalar

    os opressores, que supostamente sustentam, justificam e validam estas estruturas de

    comunicao, de desenvolvimento tecnolgico etc, por interesses escusos.

    Todo este discurso crtico da Midiaarte surge ento, baseado numa filosofia de Flsser

    com ideias da ciberntica, de maneira profundamente libertadora. Pois, tamanha a dita

    alienao do homem contemporneo, que nem mesmo este cria imagens fotogrficas com um

    aparelho fotogrfico ao viajar, mas o aparelho quem est tendo memrias, que est criando

    as imagens, dizendo onde e como o fotgrafo deve clicar. E dessa forma, a Midiaarte um

    meio de libertar da, suposta, total alienao do homem contemporneo, que no passaria de

    um agente da automao tecnolgica.

    Na altura que chegamos na histria da humanidade, inmeros costumes, hbitos,

    tradies foram destrudas, num processo exponencial. Enquanto isto, por sua vez, os meios

    de comunicao trazem mensagens e informaes como num ataque de enxame de abelhas

    ou um bombardeiro em guerra, so inmeras e por todos os lugares. Diante de tantas

    incertezas, e numa turbulncia comunicacional perturbadora, a arte contempornea responde

    em obras de sobreposies de imagens, pluralidade, diversificao.

    Desta forma, o que se percebe na Midiaarte um desdobramento do conjunto de

    intentos da contemporaneidade, onde, o discurso da desconstruo da realidade latente. E

    se deseja ainda expor questes e desafios atuais, assim como propor desafios e questes

    novas para as pessoas, com o intento de abalar nestas suas estruturas, que seriam parte de

    uma suposta superestrutura, a berbau, que justifica e aliena as pessoas.