Resenha Critica Jesse Souza

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E POLTICA

CURSO: BACHAREL EM CINCIAS SOCIAIS

RESENHA CRTICA SOBRE O TEXTO A RAL BRASILEIRA: QUEM E COMO VIVE DE JESSE SOUZA

ALUNA: Mnica Cherfan Ribeiro da Silva

PROF: Marcos Vincius Spolle

DISCIPLINA: Seminrio de Reviso Bibliogrfica

Pelotas, 07 de Julho de 2014

Resenha Crtica sobre o texto de Jess Souza A Ral Brasileira: quem e como vive - Captulos 1 ao 3 Jess Souza fala de um povo brasileiro que alegre, com calor humano, hospitaleiro e do sexo. O autor, neste 1 captulo, trata sobre a construo do mito da brasilidade, ou da chamada ral brasileira. Para o autor a construo do mito brasileiro representa um modo de confeco de um senso de solidariedade coletiva moderno. Ou seja, por um sentimento de que todos estamos no mesmo barco e que, juntos, formamos uma unidade. Essa construo de sentimento de unidade necessria para o sentido de nao, o sentimento de unidade e de destino comum. A ausncia deste sentimento responsvel por grandes catstrofes, determinando rivalidades que sejam resolvidas de forma violenta. Neste sentido, o autor mostra que a construo de identidade enquanto nao um processo de educao coletiva, sendo a educao um processo de aprendizado que envolve o lado cognitivo e sentido moral. Dentro desse processo de aprendizado, implica na considerao de interesses e de valores que ultrapassam a esfera individual. No captulo 2, Jess Souza trata do senso comum e a justificao da desigualdade. Jess fala da gnese da identidade nacional fundamental para a compreenso da forma como a sociedade e seus membros se percebem a si prprios. Ela que permite explicar por que existem sociedades mais ou menos justas, igualitrias ou liberais. Jesse Souza fala do mito do pertencimento, que faz parte do senso comum; que a forma como as pessoas comuns conferem sentido s suas vidas e aes cotidianas. o senso comum que preenche dvidas pragmticas, como questes de dimenso existencial, individual, poltica e coletiva. Para Jesse o que define os indivduos, a sua descendncia nacional, so as caractersticas do tipo de personalidade que comum poca e ao sistema social, poltico e econmico em que se vive. A desigualdade relativa ao mrito, ou seja, no passado o pertencer famlia certa e classe social certa dava garantias a estes de que os privilgios eram justos, pois eram bem-nascidos. Na sociedade moderna h igualdade de oportunidades existentes. Jesse Souza chama de meritocracia a ideologia do mundo moderno, que a iluso de que os privilgios modernos so justos. Ento, com a legitimao dessa ideologia, possvel culpar o pobre por sua condio, pois ela seria consequncia da falta de esforo. No captulo 3 o tema como o senso comum e a brasilidade se tornam cincia conservadora. Aqui o autor trata da forma como a viso do senso comum influencia uma autopercepo e como a pseudocincia feita no Brasil legitima as desigualdades da sociedade brasileira. Afirma o autor que uma viso crtica a chave para o processo de crescimento tanto dos indivduos como da sociedade. Entretanto, evitamos os conflitos e contradies, pois as verdades no so confortveis de serem enfrentadas. Os bens simblicos que consumimos so um exemplo da dualidade moral novelizada e sensacionalista que produzido por nos nas diversas preas de nossas vidas. Jess Souza critica a cincia produzida hoje no Brasil afirmando que esta no difere em nada do senso comum, seno em forma. O autor ainda coloca Gilberto Freire como o pai-fundador da concepo dominante, e Srgio Buarque de Holanda como grande sistematizador. Afirma ele que Sergio Buarque inverte a leitura, que ele chama de positiva, de Freire acerca de uma tradio brasileira que este ltimo v. Segundo ele, Sergio Buarque ope o homem cordial ao pioneiro protestante americano. Para Sergio Buarque e os cientistas liberais que seguem esta tradio cientifica pseudocrtica, o Brasil estaria condenado por um mal de origem portugus.

Em suas crticas, o mesmo racismo existente nas teorias do sculo XIX que condenavam as naes por serem um povo mestio (serem consideradas impuras por se misturarem com outros povos como o brasileiro), condenavam o Brasil e outras naes por serem culturalmente inferiores. Para o autor a brasilidade deve oferecer algumas caractersticas moral positiva para sua integrao. Por isso a viso do brasileiro como mais humano, caloroso, hospitaleiro e at mais sensual. Podemos concluir que o autor trata da identidade nacional como uma espcie de mito moderno, pois entende que a ideia de mito deve ser entendida como um somatrio de caractersticas positivas de pertencimento de uma nao. Tambm nos permite observar que as classes populares no Brasil so literalmente invisveis ainda hoje. Portanto, Jesse Souza defende que a ral tem sido usada pela sociedade e afirma a Naturalizao da Ral, cita exemplos retomando os argumentos citados. Jesse cita Sergio Buarque de Holanda quando este faz sua crtica a cincia brasileira, retoma o Homem Cordial, pois este usa do pessoal para uma relao pblica. Uma cordialidade oposta ao formalismo, que surge no familiar para a sociedade. O autor afirma que quando o Homem Cordial est no mercado, as suas virtudes so positivas; mas quando est no Estado, suas pode desenvolver virtudes negativas. O autor tem por objetivo compreender a violncia simblica que sofre a ral brasileira em seu cotidiano e os excludos de todo o mundo. Os argumentos que usa nos mostram comoa percepo de mundo que temos hoje reafirma as posies sociais dos indivduos. Ainda que no exista uma elite m, as classes mdias e altas so favorecidas porque se utilizam da ral.4