RESENHA CRÍTICA - Literatura

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Algumas resenhas criticas do filme mentes perigosas

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RESENHA CRTICA DO FILME: MENTES PERIGOSASescrito emdomingo 04 abril 2010 20:20didtico,formao,integral,ProcedimentoDalva Dias - PedagogaEspecialista em Gesto Escolar ePsicopedagogiaA formao escolar deve propiciar o desenvolvimento de capacidades, e a interveno dos fenmenos sociais e culturais, assim como possibilitar aos alunos usufruir as manifestaes culturais nacionais e universais.Partindo desse pressuposto, posso aqui resenhar o filme Dangerous Minds (Mentes Perigosas).Analisando as aes no decorrer do filme, percebe-se que a poltica educacional praticada na escola Parkmont, retratada no filme, a poltica da Escola Tradicional.Nessa concepo educacional, o professor o guia, ou seja, ele que tem a autoridade e a norma do que deve ou no ser ensinado e do que considerado certo ou errado. Pois, ele as impe com o objetivo de dar a instruo prescrita. Por isso, prescinde da mtua confiana e da empatia que deve existir, norteando assim todo o processo educativo. A relao professor/aluno que deve pautar-se pelo discernimento e reciprocidade, representados pelamediao, representao, compreensoecrtica,no so considerados pela docncia da Instituio. No entanto, muito considerado pela professoraLouanne Johnson,que vai escola a procura de um estgio,e se v diante de uma turma de alunos revoltados; rebeldes, mas com Mentes brilhantes. Ela no consegue ficar na turma. Vai para casa e consulta vrios livros sobre educao. No dia seguinte vai escola e escreve no quadro Sou a Marinha Americana, e pergunta: -algum aqui sabe lutar carat? Os alunosperguntam: - Voc sabe lutar carat? Ela diz que sim -. Vendo o interesse dos alunos, ela usa isso como dinmica para conseguir a ateno deles. E prope a turma se eles quiserem tirar conceito A s depende deles. Ento, escreve no quadro Ns queremos morrer, ou temos uma escolha? O que vocs preferem?. Com isso mostra para os alunos: para que haja ensino e aprendizagem, h necessidade do interesse tanto do professor quanto dos alunos.A escola do filme,como muitas de hoje, vive num mundo fechado, sem se interessar pela realidade e interesses dos alunos. Os currculos e programas so desvinculados da realidade quotidiana dos alunos, ignoram os fatos econmicos, sociais e culturais da sociedade. Nesta viso educacional o educando entendido como criatura a ser formada, pois tem natureza m que deve ser corrigida; por isso deve submeter-se as imposies de certos professores que no tem compromisso com a educao, instituies e pais tradicionalistas, que no tm interesse com a formao holstica do ser.Confiando-se sobremaneira na oralidade e na repetio, essa escola conduzia a um esprito conformista. O uso restrito do caderno e do compndio didtico, aliado a inexistncia de material didtico e a falta do uso da biblioteca, impedia a veiculao das idias novas. Conseqentemente, qualquer iniciativa pessoal fora das normas estabelecidas era considerada subverso ordem, donde se explica a no renovao nem das idias, nem da prtica didtica do professor. Isso percebido quando a professora chamada pela direo da instituio por ter usado como dinmica o carat, e a aluna grvida que no poderia freqentar a escola, e tambm a me dos alunos, que tirou os filhos da escola porque estavam aprendendo poesia. Sabe-se que,tanto a leitura, a poesia e a msica despertam reflexo, criticidade e compreenso de mundo.Assim, a professora consegue a disciplina, ateno e aprendizagem dos alunos, usando recursos como recompensas, prmios e at o uso de seduo e de incentivos como meios educativos (tpico da Educao Behaviorista). Esse tipo de educao empregado numa atividade educacional discutvel por inmeras razes, sendo a mais evidente a dificuldade que o educando poderia ter em compreender o grau de comprometimento possvel, num aparente gesto de cortesia, apresentado como gratificao. Reconhece-se no entanto, que o educando necessita de estmulos apropriados sua faixa etria. Porm, cabe ao professor faze-lo naturalmente, de um modo adequado e em momento oportuno, para no correr o risco de estar estimulando inadvertidamente a ambio e o orgulho. Do mesmo modo que deve tomar todo cuidado para no estimular os alunos a valorizar coisas extra-escolares, como ser rico, bonito, tendncia liderana, maior vivacidade, etc.No decorrer do filme o mais importante para mim, foi como a professora conseguiu a ateno, amizade e o carinho da turma: com muito amor carinho e determinao. E ela conseguiu isso, graas ao interesse que demonstrou pelos alunos em conhecer suas realidades. O que at ento, nenhum professor tinha feito. Foi na casa de deteno visitar os alunos que tinham brigado, visitou suas famlias e conversou na sala da aula sobre os problemas de cada um.Por isso, pode-se dizer que o xito do procedimento didtico s ser eficaz se a ao pedaggica intervir na realidade dos educandos, ou seja, a escola, os professores, tem que buscar parcerias com a famlia, com a comunidade. O professor tem que ter proximidade com seus alunos para poder diagnosticar suas dificuldades, facilitar a aprendizagem, empregando tcnicas variadas de ensino, buscar o aluno que tem problema, chamar a famlia para trabalhar em parceria, mostrar e relacionar o por qu do aluno aprender determinado contedo, relacionar sempre a teoria com a prtica. Pois, o professor para ser educador tem que ter compromisso com a educao. tem que ser um mediador e facilitador do ensino para que os alunos aprendam.A professora Louanne aplicou na sua prtica pedaggica um uma didtica de Abordagem Humanista, para uma educao libertadora, onde os alunos esto includos no processo ensino-aprendizagem. Pois seu ensino implica em orientar o educando para sua prpria experincia para que dessa forma, possa estruturar-se e agir. Sua aprendizagem significativa e penetrante, levando a modificao no comportamento e nas atitudes de acordo com a necessidade da descoberta, do alcance, do captar e do compreender. Percebeu-se essa prtica quando a professora, motivou seus alunos atravs do estudo de poesias, levando-os a refletir sobre suas realidades.Porm, por causa da morte de um aluno (Emlio) , a professora se sente impotente diante do sistema. Mas os alunos fizeram-na refletir que no era por isso que iria desistir, pois outros alunos precisavam dela. - Se voc nos ama, por que quer ir embora? Voc no pode desistir! Voc o nosso Sr. Tambourin (traficante). Todos os poemas que voc nos ensinou dizem que ningum pode se entregar. No pode desistir. Ns no vamos desistir de voc. Voc a nossa luz. Quantas vezes nossos alunos tem apelos como estese ns no lhes damos oportunidade de faze lo.Em nosso fazer pedaggico, devemos sempre nos questionar sobre nossa prtica educativa, se esta est realmente formando nossos alunos de forma integral, e no apenas informando-os. Nosso fazer pedaggico deve formar cidados para o mundo.Portanto, se voc um verdadeiro educador , faa como a professora Louanne. Nunca desista.DescrioNovo livro do escritor e artista plsticoAlberto Martins,Uma noite em cinco atos uma pea de fico passada em So Paulo, onde trs personagens os poetas lvares de Azevedo (1831-1852), Mrio de Andrade (1893-1945) e Jos Paulo Paes (1926-1998) discutem os destinos da poesia e da cidade no sculo XXI.

As gravuras reproduzidas neste livro so de autoria de Evandro Carlos Jardim e foram fotografadas por Joo Musa, que gentilmente cedeu os arquivos digitais.

Se voc vestibulando daUFG, encontre aqui o resumo do livro Uma noite em cinco atos publicado no jornal O Popular:

Uma dramtica jornada noite adentro, por Newton Murce.

Uma das caractersticas do texto teatral o fato de que, em meio a uma dada condio de equilbrio, algum evento acontece que coloca essa aparente quietude em movimento. No texto Uma Noite em Cinco Atos, do escritor e artista plstico Alberto Martins, esse acontecimento se d quando o personagem Z Paulo inspirado no poeta Jos Paulo Paes (1926-1998) convoca o personagem lvares, inspirado no poeta lvares de Azevedo (1831-1852), para a seguinte ao: lvares, o sculo XXI o chama para uma tarefa... (O rapaz larga a pena. Firma o olhar) Que voc escreva o seu poema no sculo XXI. Com essa intruso, inicia-se uma dramtica jornada noite adentro pela cidade de So Paulo em busca de algo importante. Um terceiro poeta chamado em auxlio, Mrio, personagem inspirado no poeta Mrio de Andrade (1893-1945). interessante notar que a temtica do trnsito pela cidade cosmopolita uma questo cara para Martins, que publicara em 2010 o livro de poemas Em Trnsito, resultado de suas observaes entre as ruas de So Paulo.

A jornada, tal como se estrutura textualmente, eleva o qualificativo dramtica a sua mxima potncia, at mesmo em algumas rubricas, como se v no exemplo acima e no que vem em seguida: O rapaz volta-se inteiramente para o interlocutor. O rosto perdeu o ar mortio. Ergue-se. D uns passos pela sala. Ou seja, alm das falas dos personagens, com vigorosos embates de posies, as rubricas tambm fornecem elementos fundamentais para a composio das cenas quando eventualmente levadas a um palco de fato. como se o texto exigisse o tempo todo a presena da cena, de atores e de espectadores.

A dramaticidade do texto potencializada tambm nos dilogos geis, concisos, inteligentes, nas pausas, nos silncios. Os elementos significantes no so dados de maneira evidente ao leitor, mas sim revelados, aos poucos, como pistas, como precipitaes que vo estabelecendo a tenso dramtica, o desenrolar das aes. Esse movimento dramtico estabelece um ritmo que provoca o tempo todo no leitor a pergunta: o que est para acontecer? Dentre as pistas que envolvem o leitor, garantindo sua ateno interessada e a tenso do texto, algumas se destacam: a repetio da questo do problema com a gua; a insistncia na fala de Z Paulo de que precisamos da ajuda de lvares, e a incgnita imposta pela questo: o que pode haver de mais importante?

A pergunta o que est para acontecer? se junta a outras que o leitor se faz e que so efeitos de poesia. Poesia presente em frases enigmticas que convocam o corpo do leitor para participar da cena. A poesia tambm se revela no cruzamento de efeitos de sentido aparentemente paradoxais, mas que so prprios dela, prprios da linguagem, como, por exemplo, quando se admite que poesia veneno e remdio, ao mesmo tempo: Z PAULO: [...] passei o resto da vida fabricando pequenos venenos [...]. LVARES: Recita-me um de teus venenos. Z PAULO: No sei recitar [...]. Pra mim o poema como medicina, s uso quando necessrio. Ou, noutro exemplo, quando se lembra que a poesia, como toda obra de arte, no tem que servir para alguma coisa, isto , ela no tem que ter valor utilitrio, de consumo. No entanto, ela pode sim ser usada, porm, como fruio, como prazer: LVARES: Para a poesia, o infinito e... os frmacos? Z PAULO: Isso. LVARES: Voc ainda os usa? Z PAULO: S a primeira. Sempre, cada vez mais sem distino de poca, lngua, crena....

A poesia tambm comparece nos efeitos de surpresa, de equvoco, de contradio, de humor: LVARES: Quem me garante que no uma farsa? Z PAULO: Ningum. LVARES: Ento vamos. O humor, sempre potico, muitas vezes aparece por meio de jogos de linguagem, de sons, de trocadilhos, artifcios predominantemente sonoros que, ao lado da sinfonia do sculo, dos silncios e das pausas entre as aes, colaboram para a composio de um ritmo vigoroso no texto.

bastante instigante no texto de Martins a leitura que se pode fazer de uma conexo entre os termos: noite, escurido, morte e criao, isto , a produo do novo. Essa leitura produzida ao longo de todo o texto, desde a atmosfera que permeia os encontros entre os personagens, a prpria jornada que realizam pela cidade, at o clmax, quando eles se veem diante das fbricas que guardam a noite e das fontes imemoriais (as guas escuras) que prometem a possibilidade de haver ainda algum resto ou rastro de poesia, alguma dor no contaminada, alguma poesia que no escapasse.

Vale a pena fazer uma ligao dessa conexo entre noite, escurido, morte e criao com a teoria psicanaltica, segundo a qual o campo da criao, da produo do novo, diz respeito ao registro do real, conforme elaborado pelo psicanalista francs Jacques Lacan (1901-1981). No se trata da realidade tal como a visualizamos imaginariamente ou que interpretamos simbolicamente por meio da linguagem. Trata-se de um registro que est fora da linguagem, mas que produto dela mesma, que no consegue nomear ou dizer tudo.

o campo que concerne ao que escapa ao dizer, a um certo impossvel de simbolizar e, por isso mesmo, remetido morte. Porque sobre a morte no h um dizer que possa dar conta do que ela significa. Por mais que se tente simboliz-la, ser sempre um dizer incompleto. Esse campo tambm o campo da dor. Afinal, o que pode ser dito sobre a dor que d conta do que realmente a dor significa? O real, ento, que compe um fora da linguagem, mas que s pode ser acessado por ela, esse registro a partir do qual se pode criar o novo, o jamais dito, o antes nunca escrito. desse campo que se cria a arte, que se cria a poesia. Nesse sentido, o texto de Martins instigante, por permitir a conexo entre noite, escurido, morte e criao, associando-as possibilidade de se buscar, de cavar, de encontrar ou de escrever a mais pura poesia, de escrever uma dor no contaminada, ainda que haja um certo impossvel em jogo a.

Pode haver um impossvel, mas o que se busca. Se no podemos encontrar a mais pura poesia, a mais pura obra de arte, a mais pura dor no contaminada pelo humano, ao menos podemos bordej-las, podemos ser afetados por elas, tocados, ainda que inconscientemente. E s assim que podemos nos espantar, tal como uma criana que descobre o mundo, s assim podemos nos arrebatar, mobilizar, mudar como sujeitos. E s assim podemos mudar nossa histria singular, de cada um. E s assim mudamos a histria.

E voltando pergunta de lvares, o que pode haver de mais importante, afinal? Sem desconsiderar questes fundamentais, evidentemente, como o problema das grandes cidades, por exemplo, da falta de gua, da poluio, etc., a questo de suma importncia levantada pelo texto, na atualidade, a poesia. Ou melhor, a falta da poesia. Ou ainda, a falta da Poesia, uma vez que no se trata de qualquer poesia, mas de uma poesia que est por ser escrita, uma poesia que preciso ser cavada, buscada como matria bruta, um pouco como faz o personagem Grivo na novela Cara-de-Bronze, de Guimares Rosa. Poesia que ainda no foi dita. Afinal, o que faz a Poesia seno bordejar o indizvel?

Newton Murce ator, professor do Cepae/UFG e doutor em Lingustica pela Unicamp. Publicou os livros Corpoiesis: a Criao do Ator, Haja Flego!: Diferente Igual a Todo Mundo e ViagensLivro Mestres da PaixoA obra Mestres da Paixo, de Domingos Pellegrini, um livro autobiogrfico que relata as lembranas escolares do autor. Cada captulo retrata um fato vivenciado ao lado de vrios professores que marcaram sua vida no perodo da infncia at a entrada para a Universidade, na juventude. O autor narra histrias que o ajudaram a amadurecer e a crescer. Narra fatos que ele guarda como grandes experincias e que levou pela vida afora.No terceiro captulo do livro: Do mar ao infinito, Pellegrini relata a histria do professor Mandrake, de Trabalhos Manuais, do qual conta que aprendeu a ter prazer de criar trabalhos manualmente. Foi numa aula desse professor que ele teve uma briga com um colega e, aps receber um castigo, constatou que devemos respeitar e se fazer respeitar. Para Pellegrini (2007, p. 35), alm do prazer e do poder de criar, com Mandrake aprendi tambm a respeitar e me fazer respeitado.O professor Joaquim Carvalho outro professor que o autor cita no 5 captulo: Entre cu e inferno. Domingos narra que ele tinha extrema pacincia com os alunos e que jamais desistiu de dar aula, mesmo com o tumulto da turma. Era um professor atencioso e prestativo. Segundo Pellegrini (2007, p. 81):

Pacientemente, aula aps aula, ele ensinava gramtica para aqueles poucos, enquanto os outros tumultuavam. Mas no deixvamos de prestar alguma ateno e dar uma olhada no livro didtico, para fazer as provas, e conseguamos notas at melhores que as dos caxias.

Outro professor citado por Domingos Pellegrini o Mister, professor particular de matemtica. Ele tinha aulas particulares na prpria casa do professor com mais cinco colegas. A lio que Pellegrini guardou com carinho foi a da aula que o professor Mister fala que, na Fsica, aprendemos que tudo comea com o tomo, em Qumica, que tudo comea com a molcula e, em matemtica, tudo comea com o ponto. De acordo com Domingos Pellegrini (2007, p. 48):

Mas o professor particular, que chamaremos de Mister porque tinha muita elegncia e charme, comeou pelo ponto. Vestia guarda-p branco, mesmo para aquelas aulas em casa, e usava uma varinha como batuta de maestro para apontar no pequeno quadro sobre trip. E comeou perguntando qual a maior inveno.

O autor conta que aprendeu muito com a teoria do ponto nas inesquecveis aulas do professor Mister, retratadas tambm no captulo: Do mar ao infinito.O livro Mestres da Paixo um relato emocionante que nos faz ver os dois lados de uma histria: a relao aluno/professor e professor/aluno. Pellegrini desperta interesse e curiosidade no leitor aluno e traz nostlgicas saudades no leitor professor, que acaba percebendo que no passado foi tambm um aluno e hoje est vivendo o futuro que faria a diferena. Moacir Gadotti fala tambm sobre os queridos mestres no seu livro Boniteza de um sonho. O autor relata os altos e baixos da profisso de professor, os preconceitos e o valor de lecionar. Segundo Gadotti (2002, p. 17), poderamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem.Moacir Gadotti deixa claro que ser professor hoje em dia viver intensamente o seu tempo com conscincia e sensibilidade. E apesar de Domingos Pellegrini no lecionar mais, por ter desistido do ofcio, vemos claramente nesses dois livros que ser professor encantador e estimulante. uma profisso da qual aprendemos constantemente. Mesmo com alguns desestmulos, vale muito a pena disseminar nossos saberes em benefcio do prximo. Realmente no podemos imaginar a humanidade sem os educadores. Eles sero sempre o alicerce, a pedra fundamental.