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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOASTRONCO INICIAL
CURSOS DE ENGENHARIAPRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: CIÊNCIA E NÃO CIÊNCIA
Leanne Jakelliny Estevão de Melo Alves
RESENHA CRÍTICACONVITE À FILOSOFIA: A CIÊNCIA
Delmiro Gouveia – AL
Abril/2010
Leanne Jakelliny Estevão de Melo Alves
RESENHA CRÍTICACONVITE À FILOSOFIA: A CIÊNCIA
Resenha crítica apresentada como parte da primeira nota do Curso de Engenharia de Produção, Tronco Inicial, turma B, turno Matutino, à disciplina Produção do Conhecimento: Ciência e Não Ciência, ministrada pelo professor Gutemberg.
Delmiro Gouveia – AL
Abril/2010
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2009.
Pag. 217-240.
Resenha crítica feita a partir da análise do texto da Unidade 7: A Ciências, do livro
Convite à Filosofia de Marilena Chaui. Onde, em suas vinte e cinco páginas
descreve de forma clara e plausível o que é a ciência, qual a fundamentação
teórica de onde parte o senso do que vem a ser o pensamento científico e qual a
sua concepção dentro da história e a aplicação humana dessa forma de
investigação e pensamento, como surgiu e qual a sua classificação. Nos dois
primeiros capítulos estudados, A atitude científica e A ciência na história, a autora
descreve as características do pensamento e a atitude científicos de forma a
objetivar a resolução de questões acerca do que é a verdade ou realidade e como
a ciência se comporta em relação a essa questão, já nos dois últimos capítulos
veremos a divisão que a ciência tem que fazer ao estudar o ser humano e seu
interesse, se há algum.
No capítulo 1, A atitude científica, Marilena Chaui nos apresenta a idéia do senso
comum, o que faz uma coisa ser o que é considerando que a vemos sempre da
mesma forma e acreditamos que ela seja aquilo que vemos e acreditamos que
seja. Não duvidamos do que seja, pois vemos todos os dias as coisas da maneira
que são e interpretamos como sendo a realidade. Já a atitude científica precisa de
embasamento teórico, estudado previamente para que assim seja provada a
realidade, afinal a atitude científica lida com essas questões empíricas à medida
que o senso comum adere às informações subjetivas e de impressões mais
rápidas como sendo parte da verdade existente na apresentação dos fatos ou
objetos em destaque. Lida com a vivência natural de experimentação das coisas
avaliando-as qualitativamente, ou seja, de acordo com o seu valor. Já a atitude
científica insinua que a veracidade dos fatos é dubitável quando se apresenta de
forma espontânea, a verdade, e que precisa ser estudada e com provada para
então ser considerada verdade, pois reúne sistematicamente informações,
enumerando-as e só assim poderá dizer se é ou não verdade ou real.
No segundo capítulo, A ciência na história, vemos que a ciência tem três
concepções de como, quando e onde apareceu. Cada uma delas foi evoluindo, ou
não como veremos a seguir, de acordo com a história e seus idealizadores.
Primeiramente temos a concepção racionalista, que se estende dos gregos até o
final do século XVII, que afirma que a ciência é algo dedutível, perceptível e que
as experiências realizadas só serviriam para comprovar o que já foi identificado.
Em segundo, temos a concepção empirista, que lembra bastante a concepção
anterior, mas difere do conceito que a verdade/realidade dos fatos resulta da
observação e dos experimentos que revelam, só assim, suas reais características.
Numa última concepção, a construtivista, veremos que há a união dos ideais das
duas concepções anteriores para se fazer entender e aplicar esta. Onde se afirma
que os fenômenos podem ser observados, mas precisam de comprovação com
base em estudos e experimentos para serem validados. Mas, tudo isso tem que
ser visto de modo que a ciência em todo processo de construção enfrenta
obstáculos que faz com que o cientista deixe de lado tudo, ou parte, do que sabe e
abra a oportunidade para abordar novas vertentes de pensamento adotando-as,
então a ciência não progride, ela muda de objetivo sem deixar suas raízes de
pensamentos anteriores a este novo modo de pensar e investigar resultantes de
rupturas no estudo da ciência revolucionando-a, característica do construtivismo,
até que seja provado o contrário. Só assim partiremos para a idéia de que por ser
um método de investigação, a ciência classifica-se de modo a estudar diversas
áreas desde a área lógico-matemática, natural até a aplicada, entre outras.
Inclusive a humana, que se trata no capítulo 3: As ciências humanas, vemos que
por ser um objeto de estudo frequente, o ser humano, cabe perfeitamente dentro
de uma área de estudo da ciência, ciências humanas, devido à sua complexidade
e o fato de ser observável e analisável. Embora seja uma área recente, a
percepção dessa problemática é antiga e dá de três períodos diferentes: o
humanismo, que inicia-se no século XV chegando ao século XVIII quando surge a
idéia de civilização; o positivismo, inicia-se logo após, no século XIX, com a ideia
do estudo da sociedade, a sociologia; e, finalmente, o historicismo, desenvolvido
no final do século XX, herdeira do idealismo alemão, resultou de dois problemas
não resolvidos anteriormente: o relativismo, que buscava a separação da Filosofia
das ciências humanas e a subordinação a uma Filosofia na história propiciando
com essa separação, a separação dos idéias a serem investigados. E isso só se
tornou possível graças ao pensamento marxista de que a vontade dos indivíduos
era livre e os ideais sociais compreendiam em instituições passíveis de estudo e
compreensão que o estruturalismo permitiu, também, mostrar que os fatos
poderiam ser estudados de forma metódica e específica, fugindo de explicações
mecânicas. Abrindo vertentes de estudos mais amplas e específicas da área
humana: psicologia, sociologia, economia, antropologia, história, lingüística e
psicanálise.
Em O ideal científico e a razão instrumental, último capítulo, segundo a autora,
a ciência é a confiança da cultura ocidental que há capacidade de comprovação
da realidade dum objeto estudado. E difere nas concepções de se há ou não
interesse oculto nesses estudos, onde uma parte afirma que o ideal do
conhecimento é o bastante, garantindo uma ilusão de neutralidade, e outra afirma
que o ideal do utilitarismo encontra-se na aplicação prática do que foi estudado e
identificado na pesquisa, que só assim ela teria significado. Mas, o senso comum
é o cientificismo, ou seja, a fusão entre a ciência, o modo de estudo e a ilusão da
neutralidade que permitirá que um estudo seja realizado. Mas a ciência não deve
ser encarada com neutra, afinal ela separa e distingue características a indivíduos
ou grupos deles sendo, então, racistas e julgadores do objeto estudado. Mas, a
razão de tudo isso é a idéia que ao se ter conhecimento de todo o ser estudado,
será possível ter controle e dominar a natureza do ser humano deixando de ser
apenas uma forma de conhecimento, passando a ser a razão instrumental das
ciências humanas.
Enfim, o texto, de forma muito bem escrita, de fácil entendimento e numa
linguagem atual, nos revela o poder de se conhecer a natureza humana e todas as
características inerentes a essa área, as ciências humanas, em particular. Um
texto lógico, preciso e coerente onde, percebe-se que há sentido prático e
cronológico dos acontecimentos e fatos enunciados e a aplicação a vida será de
fácil entendimento a todos que lerem, não somente aqueles que visam aprofundar
o conhecimento científico da causa, mas também aqueles que buscam apenas
compreender o que faz com que sejamos tão complexos e diferentes em nossas
ideologias.