Modelo de Artigo de peridico baseado na NBR 6022, 2003

102S. Sandri, J. Stolfi, L.Velho

PPGMMC - CEFET-MG - ALGORITMOS E ESTRUTURAS DE DADOSDanilo Antnio Leite / dalsoftinf@gmail.comResenha da palestra de Kevin Slavin "Como Algoritmos Moldam Nosso Mundo" - TED Talks

Assim como o homem no tem controle sobre a natureza - apesar de ser capaz de exercer algum controle em reas limitadas, e sua ao sobre a mesma pode provocar em muitos casos danos irreversveis e eventos imprevisveis - medida em que mais algoritmos computacionais so inseridos no contexto de sua vida, menor a sua capacidade de controlar o todo. A probabilidade de potencial impacto ser gerado em sua rotina - a partir dos conflitos causados por falhas, brechas, situaes imprevistas e no tratadas dentro desses algoritmos - crescente. Significa que quanto mais cresce a natureza artificial criada pelo homem atravs dos algoritmos, menor a sua capacidade de control-la de maneira centralizada. Existem milhes de partes controladas, mas no h um controle central onde qualquer evento possa ser lido ou controlado.Ao analisar a foto de uma montanha coberta de gelo possvel refletir sobre a complexidade do processo de formao daquelas formas, alm de sua beleza natural. Pode-se pensar na capacidade da natureza em usar a recursividade para elaborar suas obras, pois nos mais distintos feitos da natureza encontramos os mesmos elementos, as mesmas composies, texturas e estruturas semelhantes, dentre outros elementos diversos produzindo obras nicas. Ao revelar que a foto foi alterada para representar uma variao do ndice Dow Jones, Kevin Slavin permite ao ouvinte estabelecer a conexo surpreendente de como a natureza pode moldar variveis que esto por toda a parte, inclusive aquelas que fazem parte de eventos totalmente artificiais criados pelo homem em seu contexto financeiro. O grfico do ndice Dow Jones em forma de montanhas passaria naturalmente aos olhos de qualquer pessoa como um suposto carto postal se no fosse revelada tal alterao na imagem.O apresentador quer instigar o ouvinte a pensar na matemtica - e especialmente nos algoritmos - como algo que norteia nossas vidas. De fato, os algoritmos esto espalhados pelo universo. Em todos os movimentos coordenados e no coordenados dos astros e objetos que encontram-se no espao pode-se associar relaes matemticas, fsicas e algortmicas. Na maioria dos casos desvendar as regras desses algoritmos no uma tarefa trivial. Em muitos casos simplesmente o conhecimento no alcanado. Existe muita imprevisibilidade no universo. medida em que consegue-se mapear variveis existentes, tem-se tambm a noo de que surgem novas variveis desconhecidas para se estabelecer corretamente uma determinada equao. Parece convincente o argumento de que os algoritmos computacionais se concretizam, se tornam reais, uma vez que nossas vidas esto sendo afetadas diariamente por eles. E uma vez que se concretizam, tm se tornado naturais dentro de seus domnios de atuao, e sendo assim fazem parte da natureza dentro de seus domnios. Dessa forma, como h um nmero gigantesco de algoritmos computacionais interagindo em seus respectivos domnios, cada qual com seus objetivos e controle, percebe-se um nvel elevado de descontrole na totalidade, porque impossvel prever todas as aes que cada um dos algoritmos pretende realizar, assim como no se pode monitorar tudo, visualizar todas as variveis internas de cada um e conhecer seus objetivos e propsitos. Diante disso esse caos se aproxima de certa forma da natureza, ou seja, conjuntos de movimentos individuais trabalhando em paralelo e de forma concorrente, gerando colises, atritos, falhas, imprevistos, de modo que o fluxo de todos os movimentos possa ser percebido de alguma maneira. No caso das aes de uma determinada bolsa de valores, frequentemente tem-se movimentos de pico ou queda, ou excepcionalmente o desaparecimento de informaes como o citado na apresentao, sem nenhuma justificativa, ou seja, pode-se deduzir que no caso de um sistema isto uma falha grave. Voltando analogia com a natureza, um caso como esse no poderia ser considerado falha e sim um caminho alternativo encontrado de forma natural para resolver uma coliso ou conflito de interesses. Quando dois fluxos de gua se encontram o movimento seguir uma ou mais direes utilizando os caminhos mais adequados conforme os critrios da natureza. Agora os inmeros algoritmos concorrentes podem estar fazendo o mesmo. Alguns iro sobrepor outros, alguns iro parar, outros no alcanaro o objetivo, mas o fluxo seguir um sentido natural para o universo em questo. O problema que esse fluxo natural no est mais no controle de quem criou tais algoritmos, ou de quem tenha criado um determinado sistema. Essa a questo fundamental colocada por Kevin Slavin.Outro ponto importante que muitos desses eventos tem sido identificados como recorrentes. Tais eventos tm nome e forma e foram conhecidos atravs de estudos realizados por empresas especializadas.Alguns algoritmos tem sido utilizados para fazer recomendaes e atualmente uma parte considervel das vendas de algumas empresas obtida atravs desses algoritmos. Em outros casos, tm sido utilizados para fazer previses de vendas potenciais de determinado produto e, sendo assim, alguns produtos nem saem do papel quando os resultados no so animadores. Isso pode ser muito til para vendas, mas tambm pode gerar fortes distores no mercado, pois um outro produto que iria atender a uma minoria no chegou a ser lanado devido ao menor potencial de vendas, deixando uma lacuna para os potenciais consumidores do produto de menor sucesso, ou ainda determinando o fim do ciclo de vida de produtos e produtores de maneira precoce.Os algoritmos esto competindo em todo lugar. Na sala de nossas casas, nos elevadores, no trnsito ou nos trajetos de milhares de aeronaves que compartilham o mesmo espao areo. Um erro pode ser fatal. Somos estimulados a pensar em at que ponto queremos que esses algoritmos determinem nossas vidas, ou at que ponto iremos suportar que nossas vidas sejam controladas por eles. Onde est o limite? A ausncia de controle humano em muitas situaes acaba subtraindo a possibilidade de controle em caso de erro, loop ou qualquer outro imprevisto que os algoritmos venham a apresentar.Quando se fala de Internet e de informaes e processos que exigem rapidez de resposta, ainda deve-se considerar a dependncia das estruturas fsicas disponveis para acesso e o processamento da informao. A distncia do alvo particularmente relevante nesses casos. Os algoritmos percorrem distncias e exigem estrutura de processamento e transporte de informaes, ou seja, ainda dependem de meio fsico e esto mais uma vez sujeitos s foras da natureza, foras fsicas e eventos que podem causar interrupes, danos, imprevistos e at desaparecimento total da informao.Por fim, muito do trabalho que teramos que fazer so realizados atualmente por algoritmos. Em muitos casos com sucesso. At onde se pode confiar a vida aos algoritmos? At onde se pode confiar o futuro aos algoritmos? No h dvida que a maneira como vivemos hoje tem sido influenciada, queiramos ou no, estejamos cientes disso ou no, pelos algoritmos. Nosso desafio aprender a conviver com esta nova fora da natureza. Em muitas situaes no h controle sobre os mesmos. importante definir a fronteira da dependncia humana dos algoritmos computacionais.Proceedings of the XII SIBGRAPI (October 1999) 101-104Proceedings of the XII SIBGRAPI (October 1999)