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BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem: prolemas fundamen!ais do m"!odo so#iol$gi#o da linguagem. Tra d. Mi#hel Lahud %!. AL. &'( ed. )*o +aulo: Hu#i!e#, '-. li/ro de Mikhail Mikhailo/i#h Bakh!in di/ide0se em !r1s par!es, as 2uais s*o apresen!adas no +r$logo resumidamen!e. +ro#ura0se na primeira par!e do !ex!o mos!rar a impor!3n#ia dos prolemas da filosofia da linguagem para a #on#ep4*o marxis!a de mundo. )egundo o au!or, pode0se afirmar 2ue 5a filosofia urguesa #on!empor3 nea es!6 se desen/ol/endo so o signo da pala/ra7 8p. '-9. exa!amen!e na 2ues!*o do  signo 2ue M. Bakh!in /ai frisar suas prolem6!i#as. Tudo o 2ue " ideol$gi#o " um signo, e sem es!es n*o exis!iria ideologia. %ssa " a frase ful#ral 2ue sus!en!a !oda a aordagem do au!or no primeiro #ap;!ulo. signo por sua /e< possui duas realidades, a per si, a2uela 2ue exis!e por si mesmo, e uma sim$li#a, a2uela 2ue refle!e e refra!a uma de!erminada realidade e 2ue nem sempre " fiel a ela, por /e<es pode dis!or#10la ou aprend10la de um pon!o de /is!a espe#;fi#o. %s!a /aria4*o supra#i!ada d60se em /ir!ude do fa!o de 2ue 5Todo signo es!6 su=ei!o aos #ri!"rios de a/alia4*o ideol$gi#a...7 8p.>'9. s dom;nios dos signos #orrespondem aos dom;nios do ideol$gi#o e, por!an!o, onde se en#on!ra o signo, en#on!ra0se o ideol$gi#o. ?onforme Bakh!in 5!udo 2ue " ideol$gi#o possui um /alor semi$!i#o.7 8p.>>9. s signos s$ podem surgir em um !erreno in!er0indi/idual, ou se=a, al"m de dois homo sapiens sapiens, " ne#ess6rios 2ue eles es!e=am so#ialmen!e organi<ados, #ons!i!uindo, por!an!o, um grup o. s signos s*o o alimen!o da # ons#i1n#ia indi/idua l, ele a en!ende @ a #ons#i1n#ia @ #omo um fa!o s$#io0ideol$gi#o. A l$gi#a da #ons#i1n#ia " a l$gi#a da #omuni#a4*o ideol$gi# a. es!udo das ideologias n*o depende em nada da psi#ologia e n*o !em nenhuma ne#essidade dela, M. Bakh!in pro#ura des/in#ular as ideologias da psi#ologia e aproxim60la do uni/erso dos signos a!ra/"s das formas de #omuni#a4*o so#ial, segund o o pr$prio 5a realidade dos fenmenos ideol$gi#os " a realidade o=e!i/a dos signos so#iais... A realidade ideol$gi#a " uma superes!ru!ura si!uada imedia!amen!e a#ima da  ase e#onm i#a.7 8p. >-9.

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resenha feita na graduação

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BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem: prolemas

fundamen!ais do m"!odo so#iol$gi#o da linguagem. Trad. Mi#hel Lahud %!. AL. &'( ed.

)*o +aulo: Hu#i!e#, '-.

li/ro de Mikhail Mikhailo/i#h Bakh!in di/ide0se em !r1s par!es, as 2uais s*o

apresen!adas no +r$logo resumidamen!e. +ro#ura0se na primeira par!e do !ex!o mos!rar

a impor!3n#ia dos prolemas da filosofia da linguagem para a #on#ep4*o marxis!a de

mundo. )egundo o au!or, pode0se afirmar 2ue 5a filosofia urguesa #on!empor3nea es!6

se desen/ol/endo so o signo da pala/ra7 8p. '-9. exa!amen!e na 2ues!*o do signo 2ue

M. Bakh!in /ai frisar suas prolem6!i#as.

Tudo o 2ue " ideol$gi#o " um signo, e sem es!es n*o exis!iria ideologia. %ssa " a

frase ful#ral 2ue sus!en!a !oda a aordagem do au!or no primeiro #ap;!ulo. signo por

sua /e< possui duas realidades, a per si, a2uela 2ue exis!e por si mesmo, e uma

sim$li#a, a2uela 2ue refle!e e refra!a uma de!erminada realidade e 2ue nem sempre "

fiel a ela, por /e<es pode dis!or#10la ou aprend10la de um pon!o de /is!a espe#;fi#o.

%s!a /aria4*o supra#i!ada d60se em /ir!ude do fa!o de 2ue 5Todo signo es!6

su=ei!o aos #ri!"rios de a/alia4*o ideol$gi#a...7 8p.>'9. s dom;nios dos signos

#orrespondem aos dom;nios do ideol$gi#o e, por!an!o, onde se en#on!ra o signo,

en#on!ra0se o ideol$gi#o. ?onforme Bakh!in 5!udo 2ue " ideol$gi#o possui um /alor

semi$!i#o.7 8p.>>9.

s signos s$ podem surgir em um !erreno in!er0indi/idual, ou se=a, al"m de dois

homo sapiens sapiens, " ne#ess6rios 2ue eles es!e=am so#ialmen!e organi<ados,

#ons!i!uindo, por!an!o, um grupo. s signos s*o o alimen!o da #ons#i1n#ia indi/idual,

ele a en!ende @ a #ons#i1n#ia @ #omo um fa!o s$#io0ideol$gi#o. A l$gi#a da #ons#i1n#ia

" a l$gi#a da #omuni#a4*o ideol$gi#a. es!udo das ideologias n*o depende em nada da psi#ologia e n*o !em nenhuma

ne#essidade dela, M. Bakh!in pro#ura des/in#ular as ideologias da psi#ologia e

aproxim60la do uni/erso dos signos a!ra/"s das formas de #omuni#a4*o so#ial, segundo

o pr$prio 5a realidade dos fenmenos ideol$gi#os " a realidade o=e!i/a dos signos

so#iais... A realidade ideol$gi#a " uma superes!ru!ura si!uada imedia!amen!e a#ima da

 ase e#onmi#a.7 8p. >-9.

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signo e a ideologia s*o engloados por um #on#ei!o fundamen!al: dis#urso.

Todo signo #ul!ural 2uando #ompreendido e do!ado de um sen!ido, n*o permane#e

isolado, ele /ira par!e da unidade da #ons#i1n#ia /eralmen!e #ons!i!u;da.

A ni#a maneira de fa<er #om 2ue o m"!odo so#iol$gi#o marxis!a d1 #on!a de

!odas as profundidades e de !odas as su!ile<as das es!ru!uras ideol$gi#as 5imanen!es7

#onsis!e em par!ir da filosofia da linguagem #on#eida #omo filosofia do signo

ideol$gi#o.

+ara fa#ili!ar a #ompreens*o de signo podemos exemplifi#ar #om o seguin!e:

uma #amisa #om um s;molo de um !ime =6 possui um signifi#ado al"m de ser uma

simples #amisa, e se es!a ainda se en#on!ra au!ografada #om um ;dolo do !ime, o

signifi#ado dela " ainda maior. +or!an!o, o signo possui uma dupla realidade, a2uela

ma!erial e a2uela his!$ri#a so#ial.

 No segundo #ap;!ulo Mikhail Bakh!in preo#upa0se em saer #omo a realidade

8infra0es!ru!ura9 de!ermina o signo, e #omo ele refle!e e refra!a a realidade em

!ransforma4*o e, !am"m pro#ura aordar a prolem6!i#a ful#ral da filosofia da

linguagem, por!an!o dis#u!ir a na!ure<a real dos fenmenos lingC;s!i#os.

?ada "po#a e #ada grupo so#ial !1m seu reper!$rio de formas de dis#urso na

#omuni#a4*o s$#io0ideol$gi#a, e #ada forma de dis#urso so#ial #orresponde a um grupo

de !emas. +or!an!o, !odo signo ideol$gi#o es!6 mar#ado pelo hori<on!e so#ial de uma

"po#a ou grupo so#ial de!erminados.

A #lasse dominan!e !en!ar #onferir ao signo ideol$gi#o um #ar6!er in!ang;/el

a#ima das diferen4as de #lasse #om o o=e!i/o de ameni<ar as lu!as de #lasse. ?ada

 pala/ra se apresen!a #omo uma arena onde se en!re#ru<am e lu!am os /alores so#iais de

orien!a4*o #on!radi!$ria. A pala/ra " o produ!o da in!era4*o /i/a das for4as so#iais.

 No 2ue #on#erne a delimi!a4*o da linguagem #omo o=e!o de es!udo espe#;fi#o,

Bakh!in apresen!a0nos duas prin#ipais orien!a4Des: =e!i/ismo As!ra!o, me#ani#is!a era#ionalis!a. %xprimisse no palp6/el, nos signos en2uan!o formas norma!i/as, por!an!o,

normas so#iaisE e o )u=e!i/ismo Indi/idualis!a: ligada ao oman!ismo, assumindo o

indi/iduo #omo o #en!ro de es!udo da linguagem, en#arando esse #omo imune a

influen#ias do #on!ex!o em 2ue /i/1n#ia.

+ara o au!or a l;ngua " #onsiderada um produ!o #ole!i/o, ou se=a, um fenmeno

so#ial, e " sempre apresen!ada den!ro de um #on!ex!o ideol$gi#o. +or!an!o, adu< 2ue a

 pala/ra " #arregada de um #on!edo ideol$gi#o e seu sen!ido " de!erminado pelo seu#on!ex!o.

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A #ons#i1n#ia 2uando manifes!ada pela pala/ra possui for4a so#ial e nas rela4Des

so#iais resul!am em expressDes ma!eriais ideol$gi#as, fa!os so#iais. ?ae ressal!ar 2ue o

 pon!o organi<a#ional de !oda enun#ia4*o es!6 no ex!erior, pois es!6 si!uada no meio

so#ial, e pos!eriormen!e ex!eriori<ada. Ga; resul!a, a Ideologia do ?o!idiano, 2ue

#onforme o au!or " uma =un4*o do Gis#urso In!erior e as normas so#iais.

A filosofia Marxis!a, #onforme M. Bakh!in de/e #olo#ar #omo ase de sua

dou!rina a enun#ia4*o @ 2ue " so#ial @ #omo realidade da linguagem e #omo es!ru!ura

s$#ia ideol$gi#a.&

+ara ilus!rarmos mais #laramen!e as #on#ep4Des de Bakh!in, u!ili<amo0nos do

ar!igo do +rofessor Gou!or em His!$ria Lu;s Filipe ieiro in!i!ulado O Conceito de

 Linguagem em Bakhtin

+ara Bakh!in, =6 2ue se !ra!a de linguagem e n*o de l;ngua, a unidade

 6si#a n*o pode ser o signo, mas o enun#iado. m enun#iado n*o "

um signo pela simples ra<*o de 2ue para exis!ir ele exige a presen4a

de um enun#iador 82uem fala, 2uem es#re/e9 e de um re#ep!or 82uem

ou/e, 2uem l19. signo fa< par!e de uma #ons!ru4*o !e$ri#a 2ue

dispensa os su=ei!os reais do dis#urso. m signo, num di#ion6rio, n*o

" e n*o pode ser um enun#iado. %s!e exige uma reali<a4*o his!$ri#a.

m enun#iado a#on!e#e em um de!erminado lo#al e em um !empo

de!erminado, " produ<ido por um su=ei!o his!$ri#o e re#eido porou!ro. ?ada enun#iado " ni#o e irrepe!;/el. A mesma frase,

exa!amen!e a mesma, pronun#iada em si!ua4Des so#iais diferen!es,

ainda 2ue pelo mesmo enun#iador, n*o #ons!i!ui um mesmo enun#iado

e n*o pode #ons!i!uir. Imaginem 2ue, da2ui a algumas horas, eu leia

es!e mesmo !ex!o, pala/ra a pala/ra, na %s!a4*o odo/i6ria de

?ampos, para um pli#o 2ue n*o espera/a ou/ir0me. )er6 o mesmo

!ex!o, mas seguramen!e n*o o mesmo enun#iado. A2ui, leio uma

 pales!ra para um pli#o 2ue, presumi/elmen!e 8eu espero9, dese=a

ou/ir0me disser!ar sore as 2ues!Des da linguagem num !e$ri#o de

nome es!rangeiro e #ompli#ado. L6, as pessoas es!ar*o possi/elmen!e

esperando as #hamadas para as suas /iagens e sem nenhum in!eresse

 pelas #oisas 2ue eu /enha a di<er. Tudo o 2ue #onseguirei " uma fama

de malu#o, maior do 2ue a =6 #arrego, por ser professor uni/ersi!6rio

nesse nosso !ris!e pa;s. '

1 2006, p. 1312 8h!!p:JJre/is!arasil.orgJre/is!aJar!igosJ#rise.h!m, dispon;/el em -JJ.9

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 Na !er#eira par!e do li/ro, o au!or pro#ura aordar o dis#urso #i!ado, ou

#onforme suas pala/ras, o discurso de outrem. +ara o mesmo " 5indispens6/el

#ompreender esse !ipo de dis#urso e as regras so#iol$gi#as >  2ue o regem para analisar de

maneira fe#unda os aspe#!os da #ria4*o li!er6ria...7.

+ro#ura0se nes!a par!e do !ex!o !ra4ar os #aminhos do m"!odo so#iol$gi#o na

lingC;s!i#a, para isso Bakh!in afirma 2ue o dis#urso #i!ado " o discurso no dis#urso, a

enunciação na enunciação, mas ", amo mesmo !empo, um discurso  sobre o discurso,

uma enunciação sobra a enunciação.5

Ge a#ordo #om o au!or, o dis#urso #i!ado e o #on!ex!o de !ransmiss*o s*o os

!ermos de uma rela4*o din3mi#a 2ue refle!e a dinami#idade so#ial dos indi/;duos na

#omuni#a4*o ideol$gi#a /eral.

impor!an!e le/ar em #onsidera4*o a posi4*o 2ue de!erminado dis#urso se

en#on!ra na hierar2uia so#ial de /alores, pois isso delimi!ar6 suas fron!eiras e mais

a#ess;/el ou n*o, se !ornar6 sua signifi#a4*o. As #ondi4Des da #omuni#a4*o /eral, seus

m"!odos e formas de diferen#ia4*o s*o de!erminados pelas #ondi4Des so#iais e

e#onmi#as da "po#a.

A pala/ra para M. Bakh!in, #onforme =6 di!o an!eriormen!e, " uma fenmeno

ideol$gi#o por ex#el1n#ia e refle!e !odas as mudan4as e al!era4Des so#iais. %la, sendo

um signo, se apresen!a #omo uma arena onde se #ru<am e lu!am os /alores so#iais. A

 pala/ra, por!an!o, mos!ra0se #omo o produ!o da in!era4*o /i/a das for4as so#iais. 8p.-9.

3 Grifo meu.4 2006, p. 275 2006. P.150.