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Edição nº 69/2013 Brasília - DF, terça-feira, 16 de abril de 2013 2 Presidência RESOLUÇÃO Nº 174, DE 12 DE ABRIL DE 2013. Dispõe sobre a atividade de juiz leigo no Sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal. O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no uso de suas atribuições legais e regimentais, tendo em vista o decidido na 165ª Sessão Ordinária, realizada em 19 de março de 2013; CONSIDERANDO a Recomendação nº 1 do Conselho Nacional de Justiça, de 6 de dezembro de 2005, que estabelece medidas de aprimoramento dos serviços prestados pelos Juizados Especiais; CONSIDERANDO que o Sistema dos Juizados Especiais (Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009), bem como a Constituição Federal (art. 98, I) preveem a atuação de juízes leigos nos juizados especiais; CONSIDERANDO que vários Estados já contam com a atuação de juízes leigos em seus juizados especiais; CONSIDERANDO a necessidade de definição de uma política judiciária nacional que discipline a atividade dos juízes leigos; CONSIDERANDO os estudos realizados pelo grupo de trabalho instituído pela Portaria n. 81, de 21 de junho de 2012; RESOLVE: Capitulo I DA SELEÇÃO Art. 1º Os juízes leigos são auxiliares da Justiça recrutados entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experiência. Art. 2º Os juízes leigos, quando remunerados ou indenizados a qualquer título, serão recrutados por prazo determinado, permitida uma recondução, por meio de processo seletivo público de provas e títulos, ainda que simplificado, conduzido por critérios objetivos. Parágrafo único. O processo seletivo será realizado conforme os critérios estabelecidos pelas respectivas coordenações estaduais do sistema dos Juizados Especiais. Capitulo II DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO E DA CAPACITAÇÃO Art. 3º O exercício das funções de juiz leigo, considerado de relevante caráter público, sem vínculo empregatício ou estatutário, é temporário e pressupõe capacitação anterior ao início das atividades. Art. 4º Os Tribunais de Justiça deverão providenciar capacitação adequada, periódica e gratuita a seus juízes leigos, facultando-se ao interessado obter a capacitação junto a cursos reconhecidos pelo Tribunal de Justiça da respectiva unidade da federação, preferencialmente por meio das escolas de formação. Parágrafo único. Os Tribunais de Justiça deverão providenciar a capacitação de seus juízes leigos, no mínimo por 40 horas, observado o conteúdo programático mínimo estabelecido no Anexo I desta Resolução. Art. 5º Os juízes leigos ficam sujeitos ao Código de Ética constante do Anexo II desta Resolução. Art. 6º O juiz leigo não poderá exercer a advocacia no Sistema dos Juizados Especiais da respectiva Comarca, enquanto no desempenho das respectivas funções. Parágrafo Único. Na forma do que dispõe o § 2º do art. 15 da Lei n. 12.153 de 22 de dezembro de 2009, os juízes leigos atuantes em juizados especiais da fazenda pública ficarão impedidos de advogar em todo o sistema nacional de juizados especiais da fazenda pública. Capitulo III DA LOTAÇÃO Art. 7º A lotação de juízes leigos deverá guardar proporção com o número de feitos distribuídos em cada unidade judiciária.

RESOLUÇÃO 174 CNJ

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resolução do cnj que trata dos juízes leigos.

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  • Edio n 69/2013 Braslia - DF, tera-feira, 16 de abril de 2013

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    PresidnciaRESOLUO N 174, DE 12 DE ABRIL DE 2013.

    Dispe sobre a atividade de juiz leigo no Sistema dos Juizados Especiais dos Estados e do Distrito Federal.

    O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA, no uso de suas atribuies legais e regimentais, tendo em vista o decididona 165 Sesso Ordinria, realizada em 19 de maro de 2013;

    CONSIDERANDO a Recomendao n 1 do Conselho Nacional de Justia, de 6 de dezembro de 2005, que estabelece medidas deaprimoramento dos servios prestados pelos Juizados Especiais;

    CONSIDERANDO que o Sistema dos Juizados Especiais (Leis n. 9.099/1995 e n. 12.153/2009), bem como a Constituio Federal (art.98, I) preveem a atuao de juzes leigos nos juizados especiais;

    CONSIDERANDO que vrios Estados j contam com a atuao de juzes leigos em seus juizados especiais;

    CONSIDERANDO a necessidade de definio de uma poltica judiciria nacional que discipline a atividade dos juzes leigos;

    CONSIDERANDO os estudos realizados pelo grupo de trabalho institudo pela Portaria n. 81, de 21 de junho de 2012;

    RESOLVE:

    Capitulo I

    DA SELEO

    Art. 1 Os juzes leigos so auxiliares da Justia recrutados entre advogados com mais de 2 (dois) anos de experincia.

    Art. 2 Os juzes leigos, quando remunerados ou indenizados a qualquer ttulo, sero recrutados por prazo determinado, permitida umareconduo, por meio de processo seletivo pblico de provas e ttulos, ainda que simplificado, conduzido por critrios objetivos.

    Pargrafo nico. O processo seletivo ser realizado conforme os critrios estabelecidos pelas respectivas coordenaes estaduais dosistema dos Juizados Especiais.

    Capitulo II

    DO EXERCCIO DA FUNO E DA CAPACITAO

    Art. 3 O exerccio das funes de juiz leigo, considerado de relevante carter pblico, sem vnculo empregatcio ou estatutrio, temporrio e pressupe capacitao anterior ao incio das atividades.

    Art. 4 Os Tribunais de Justia devero providenciar capacitao adequada, peridica e gratuita a seus juzes leigos, facultando-se aointeressado obter a capacitao junto a cursos reconhecidos pelo Tribunal de Justia da respectiva unidade da federao, preferencialmentepor meio das escolas de formao.

    Pargrafo nico. Os Tribunais de Justia devero providenciar a capacitao de seus juzes leigos, no mnimo por 40 horas, observadoo contedo programtico mnimo estabelecido no Anexo I desta Resoluo.

    Art. 5 Os juzes leigos ficam sujeitos ao Cdigo de tica constante do Anexo II desta Resoluo.

    Art. 6 O juiz leigo no poder exercer a advocacia no Sistema dos Juizados Especiais da respectiva Comarca, enquanto no desempenhodas respectivas funes.

    Pargrafo nico. Na forma do que dispe o 2 do art. 15 da Lei n. 12.153 de 22 de dezembro de 2009, os juzes leigos atuantes emjuizados especiais da fazenda pblica ficaro impedidos de advogar em todo o sistema nacional de juizados especiais da fazenda pblica.

    Capitulo III

    DA LOTAO

    Art. 7 A lotao de juzes leigos dever guardar proporo com o nmero de feitos distribudos em cada unidade judiciria.

    vania.limaRetngulo

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    Capitulo IV

    DA REMUNERAO

    Art. 8 A remunerao dos juzes leigos, quando houver, ser estabelecida por ato homologado, isto , projeto de sentena ou acordocelebrado entre as partes, observado o disposto no art. 12.

    1 A remunerao, em qualquer caso, no poder ultrapassar o maior cargo cartorrio de terceiro grau de escolaridade do primeirograu de jurisdio do Tribunal de Justia, vedada qualquer outra equiparao.

    2 No sero computadas para efeito de remunerao as homologaes de sentena de extino do processo, no caso de ausnciado autor, desistncia e embargos de declarao, sem prejuzo de outras situaes que venham a ser regulamentadas pelo Tribunal.

    Capitulo V

    DA GESTO

    Art. 9 Compete ao juiz togado e Coordenao do Sistema dos Juizados Especiais a responsabilidade disciplinar e de avaliao dosjuzes leigos, entendidas como meio para verificar o bom funcionamento e estimular a melhoria contnua dos servios prestados pelo Sistemados Juizados Especiais.

    Pargrafo nico. O juiz leigo fica subordinado s orientaes e ao entendimento jurdico do juiz togado.

    Art. 10. Ao magistrado da unidade incumbe o dever de fiscalizar e coordenar o trabalho de juzes leigos, devendo estar presente naunidade do Juizado Especial durante a realizao das audincias.

    Art. 11. O juiz leigo ter o prazo mximo de 10 dias, a contar do encerramento da instruo, para apresentar o projeto de sentena, ques poder ser entranhado aos autos e disponibilizado para o pblico externo no sistema de informtica caso seja homologado.

    Pargrafo nico. Coordenao do Sistema Estadual dos Juizados incumbe regrar as sanes para o caso de descumprimentoinjustificado do prazo estabelecido.

    Capitulo VI

    DA AVALIAO DO TRABALHO DE JUZES LEIGOS

    Art. 12. Cada unidade do Juizado manter sistema de avaliao do desempenho das atribuies dos juzes leigos, aferindo tambm asatisfao do usurio do sistema, para fins de verificar o bom funcionamento e estimular a melhoria contnua dos servios prestados pelo Sistemados Juizados Especiais.

    Capitulo VII

    DO DESLIGAMENTO

    Art. 13. No obstante submetidos a procedimento de seleo, os juzes leigos podero ser suspensos ou afastados de suas funes,ad nutum.

    DISPOSIES FINAIS

    Art. 14. vedado aos tribunais estabelecer poltica de remunerao de conciliadores se no contarem com juzes leigos recrutados naforma desta resoluo.

    Art. 15. Os Tribunais tero o prazo de 120 dias para se adequarem aos termos desta Resoluo.

    Art. 16. Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

    Ministro Joaquim Barbosa

    Presidente

    ANEXO I DA RESOLUO N 174, DE 12 DE ABRIL DE 2013

    CONTEDO PROGRAMTICO MNIMO

    I - PARTE TERICA

  • Edio n 69/2013 Braslia - DF, tera-feira, 16 de abril de 2013

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    1. Juizados Especiais - Noes Gerais;

    2. Direito do Consumidor, Direito Civil, Direito Penal, Direito Administrativo e/ou Constitucional aplicado aos Juizados Especiais;

    3. tica;

    4. Jurisprudncia das Turmas Recursais, Turmas de Uniformizao e Tribunais Superiores;

    5. Tcnicas de Conciliao;

    6. Audincia de instruo;

    7. Tcnica de Sentena Aplicada ao Sistema do Juizado Especial.

    II - PARTE PRTICA

    1. Assistir audincias dos Juizados Especiais;

    2. Debate e Estudo Dirigido sobre relatrios de observao de audincias.

    ANEXO II DA RESOLUO N 174,DE 12 DE ABRIL DE 2013

    CDIGO DE TICA DE JUZES LEIGOS

    Art. 1 Fica institudo o Cdigo de tica de Juzes Leigos, nos seguintes termos.

    Art 2 No exerccio da funo de auxiliares da justia, os juzes leigos tm o dever de buscar a resoluo do conflito com qualidade,acessibilidade, transparncia e respeito dignidade das pessoas, priorizando a tentativa de resoluo amigvel do litgio.

    Art. 3 So deveres dos juzes leigos, sem prejuzo daqueles estabelecidos pelo respectivo Tribunal:

    I - zelar pela dignidade da Justia;

    II - velar por sua honra e reputao pessoal e agir com lealdade e boa-f;

    III - abster-se da captao de clientela no exerccio da funo de juiz leigo;

    IV - respeitar o horrio marcado para o incio das sesses de conciliao e das audincias de instruo;

    V - informar s partes, no incio das sesses de conciliao e das audincias de instruo e julgamento, sua condio de auxiliar dajustia subordinado ao juiz togado;

    VI - informar s partes, de forma clara e imparcial, os riscos e consequncias de uma demanda judicial;

    VII - informar vtima com clareza sobre a possibilidade de sua interveno no processo penal e de obter a reparao ao dano sofrido;

    VIII - dispensar tratamento igualitrio s partes, independente de sua condio social, cultural, material ou qualquer outra situao devulnerabilidade e, observar o equilbrio de poder;

    IX - abster-se de fazer pr-julgamento da causa;

    X - preservar o segredo de justia quando for reconhecido no processo;

    XI - guardar absoluta reserva e segredo profissional em relao aos fatos ou dados conhecidos no exerccio de sua funo ou por ocasiodesta;

    XII - subordinar-se s orientaes e ao entendimento jurdico do juiz togado;

    Art. 4 Os juzes leigos tm o dever de fundamentar os projetos de sentena, em linguagem que respeite as exigncias tcnicas e facilitea compreenso a todos, ainda que no especialistas em Direito.

    Art. 5 Os juzes leigos esto sujeitos aos mesmos motivos de impedimento e suspeio dos juzes togados.

    Art. 6 O descumprimento das normas contidas nesta Resoluo resultar na suspenso ou afastamento do juiz leigo que, neste caso,ficar impedido de atuar como auxiliar da justia em qualquer outra unidade do Sistema dos Juizados Especiais.

    Pargrafo nico. Em caso de descumprimento de seus deveres, o juiz leigo poder ser representado por qualquer pessoa perante o juiztogado ou a Coordenao Estadual dos Juizados.

    Secretaria Geral

    Secretaria Processual