Resolução Comentada - FGV-SP 2005 - Curso Objetivo · 2019-02-12 · Tia Ciata sentou na tripeça num canto e toda aquela gente suando, médicos padeiros engenheiros rábulas polícias

OOOOBBBBJJJJEEEETTTTIIIIVVVVOOOO FFFFGGGGVVVV ---- DDDDiiii rrrreeee iiii ttttoooo (((( 1111 ªªªª FFFF aaaa ssss eeee –––– 2222 ºººº dddd iiii aaaa )))) NNNNoooovvvveeeemmmmbbbbrrrroooo////2222000000004444

Os gráficos abaixo mostram a evolução aproximada, dejulho a julho, do mercado de telefonia celular no Brasil,no período de 1998 até 2004.

(Fonte: adaptado do jornal “O Estado de São Paulo” de 30 deagosto de 2004.)

Tendo em vista as informações fornecidas:1.1. Qual é o total de usuários que, em julho de 2004,

utilizam celulares no plano pós-pago?1.2. Qual é o total de celulares com tecnologia Analó-

gica em julho de 2004?1.3. Supondo que os porcentuais da divisão do mer-

cado por plano se aplicam aos celulares comtecnologia TDMA, calcule o total de usuários des-ses celulares no plano pós-pago.

Resolução

1.1. O total de usuários que, em julho de 2004, utilizamcelulares no plano pós-pago é 20% . 55 milhões = 11 milhões

1.2.Em julho de 2004, o total de celulares com tecno-logia analógica é1% . 55 milhões = 550 000

1.3.Em julho de 2004, o total de usuários de celularesno plano pós-pago que utilizam tecnologia TDMA é45% . 20% . 55 milhões = 4,95 milhões

Respostas: 1.1) 11 milhões de usuários1.2) 550 000 celulares1.3) 4,95 milhões de usuários

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MMMMAAAATTTTEEEEMMMMÁÁÁÁTTTTIIIICCCCAAAA

OOOOBBBBJJJJEEEETTTTIIIIVVVVOOOO

Em uma gaveta de armário de um quarto escuro há 6camisetas vermelhas, 10 camisetas brancas e 7 ca-misetas pretas. Qual é o número mínimo de camisetasque se deve retirar da gaveta, sem que se vejam suascores, para que:2.1. Se tenha certeza de ter retirado duas camisetas de

cores diferentes.2.2. Se tenha certeza de ter retirado duas camisetas de

mesma cor.2.3. Se tenha certeza de ter retirado pelo menos uma

camiseta de cada cor.

Resolução

2.1.As dez primeiras camisetas retiradas podem sertodas brancas e, portanto, de mesma cor. A partirda décima primeira retirada, teremos, obrigatoria-mente, pelo menos duas camisetas de cores

diferentes.2.2.Como são 3 cores diferentes, retirando-se 4 cami-

setas, certamente duas serão de uma mesma cor,pois se as 3 primeiras forem de cores diferentes,na quarta retirada será repetida uma das três.

2.3.Para se ter certeza de ter retirado uma de cada cor,devemos supor esgotadas as de maior quantidade,isto é, 10 brancas e mais 7 pretas. Portanto, onúmero mínimo de retiradas para que se tenha cer-teza de ter retirado pelo menos uma de cada cor é10 + 7 + 1 = 18.

Respostas: 2.1) 112.2) 42.3) 18

2

FFFFGGGGVVVV ---- DDDDiiii rrrreeee iiii ttttoooo (((( 1111 ªªªª FFFF aaaa ssss eeee –––– 2222 ºººº dddd iiii aaaa )))) NNNNoooovvvveeeemmmmbbbbrrrroooo////2222000000004444


No orçamento da Prefeitura de uma determinada cida-de, a verba mensal total de R$ 24 000 000,00 é desti-nada à Educação. Sabe-se que 1/8 deste montante édirigido à Educação Infantil e 3/8 ao EnsinoFundamental. Sabe-se também que 1/3 dos recursosdirigidos à Educação Infantil são destinados ao paga-mento de salários e o restante para outras despesas.Sabe-se ainda que 2/5 dos recursos dirigidos ao EnsinoFundamental destinam-se ao pagamento de salários eo restante para outras despesas. Pede-se:3.1. Quais são, em reais, os recursos destinados para

a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental?3.2. Quais são as frações da verba total correspon-

dentes aos recursos para pagamento de saláriosem cada um dos dois níveis de Ensino?

3.3. Qual é a fração da verba total correspondente aoutras despesas para a Educação Infantil?

3.4. Mantidos os números do enunciado, exceto a últi-ma fração (2/5) referente aos recursos dirigidospara o pagamento de salários do Ensino Funda-mental, pergunta-se qual deverá ser o novo valordesta última fração para que os recursos parapagamento de salários sejam iguais nos doisníveis de Ensino?

Resolução

3.1.Em reais, o recurso destinado para:a) a Educação Infantil é

. 24 000000,00 = 3 000 000,00

b) o Ensino Fundamental é

. 24 000000,00 = 9 000 000,00

3.2.A fração da verba total correspondente a recursopara pagamento de salários é de:

a) . = para a Educação Infantil

b) . = para o Ensino Fundamental

3.3.A fração da verba total correspondente a outrasdespesas para a Educação Infantil é:

. =

3.4.Sendo x a fração dos recursos dirigidos ao EnsinoFundamental para que os recursos para paga-mento de salários sejam iguais nos dois níveis deensino, tem-se:

. = . x ⇔ x =

Respostas: 3.1) R$ 3 000000,00 e R$ 9 000 000,00

3.2) e da verba total

3.3) da verba total1

–––12

3–––20

1–––24

1–––9

3–––8

1–––8

1–––3

1–––12

1–––8

2–––3

3–––20

3–––8

2–––5

1–––24

1–––8

1–––3

3–––8

1–––8

3



3.4) dos recursos dirigidos ao Ensino

Fundamental

1–––9



Tendo como base o fato de a obra Macunaíma, de Má-rio de Andrade, ser uma das maiores representações li-terárias das renovações formais e temáticas do Moder-nismo brasileiro, sobretudo no que se refere ao pensa-mento crítico exposto no Manifesto Antropofágico deOswald de Andrade, leia com atenção os fragmentosextraídos da obra em questão e desenvolva os itensque se seguem:

Texto 1:Era assim. Saudaram todos os santos da pagelança, oBoto Branco que dá amores Xangô, Omulu, IrocoOchosse, a Boiúna Mãe feroz, Obatalá que dá força prabrincar muito, todos esses santos e o çairê se acabou.Tia Ciata sentou na tripeça num canto e toda aquelagente suando, médicos padeiros engenheiros rábulaspolícias criadas focas assassinos, Macunaíma, todosvieram botar as velas no chão rodeando a tripeça. Asvelas jogaram no teto a sombra da mãe-de-santo imó-vel. Já quase todos tinham tirado algumas roupas e orespiro ficara chiado por causa do cheiro de misturabudum coty pitium e o suor de todos. Então veio a vezde beber. E foi lá que Macunaíma provou pela primeiravez o cachiri temível cujo nome é cachaça. Provou es-talando com a língua feliz e deu uma grande gargalhada.

(“Macumba” em: Andrade, M. de. Macunaíma.São Paulo: Livraria Martins, 1976)

Texto 2:Estávamos ainda abatido por termos perdido a nossamuiraquitã, em forma de sáurio, quando talvez poralgum influxo metapsíquico, ou, qui lo sá, provocadopor algum libido saudoso, como explica o sábio tu-desco, doutor Sigmundo Freud (lede Fróide), se nos de-parou em sonho um arcanjo maravilhoso. Por ele sou-bemos que o talismã perdido estava nas diletas mãosdo doutor Venceslau Pietro Pietra, súbdito do Vice-Reinado de Peru, e de origem francamente florentina,como os Cavalcantis de Pernambuco. E como o doutordemorasse na ilustre cidade anchietana, sem demoranos partimos para cá, em busca do velocino roubado.As nossas relações actuais com o doutor Venceslau sãoas mais lisonjeiras possíveis; e sem dúvida mui parabreve recebereis a grata nova de que hemos reavido otalismã: e por ela vos pediremos alvíçaras.

(“Carta pras Icamiabas” em: Andrade, M. de. Macunaíma. SãoPaulo: Livraria Martins, 1976)

1.1. O processo antropofágico manifesta-se, no pri-meiro texto, tanto no plano de conteúdo como noplano de expressão. Explique como esse processo

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AAAArrrrtttteeeessss PPPPlllláááásssstttt iiiiccccaaaaeeee LLLLiiii tttteeeerrrraaaattttuuuurrrraaaa


se manifesta temática e lingüisticamente.1.2. Relacione os dois fragmentos tendo como fio con-

dutor o efeito de sentido verdadeiro versus falso.

Resolução

1.1.Há diversas impropriedades nesta questão.(1)A expressão “processo antropofágico” não é

corrente nem se lhe pode atribuir um sentidopreciso. Supõe-se que o examinador queira,com essa metáfora, referir-se à incorporação e“violenta” assimilação (“deglutição” ou “cani-balização”, para continuar com metáforas damesma espécie) de elementos culturais estra-nhos, tal como postulara Oswald de Andrade no“Manifesto Antropófago” (que o examinadorchama “Antropofágico“, demonstrando até nis-so sua desatenção e pouca familiaridade com oassunto).

(2)As expressões “plano de (sic) conteúdo” (deve-ria ser “do conteúdo”) e “plano de (sic, por“da”) expressão“ são tomadas ao lingüista L.Hjelmslev. Não se entende por que os candi-datos deveriam conhecer essa sutil distinção daglossemática dinamarquesa (cujo emprego nãoé geral entre os lingüistas), quando o próprioexaminador demonstra sua pouca familiaridadecom ela, ao omitir os artigos devidos.

(3)Não se entende o que possa ser a “manifes-tação” do “processo antropofágico” no “planode conteúdo”, a menos que, com terminologiatão imprecisa e inepta, o examinador queira re-ferir-se apenas à associação, no primeiro texto,de elementos cristãos (santos, velas) com ou-tros procedentes da mitologia de religiões afri-canas (Xangô, Omulu etc.), misturados numacerimônia de caráter indígena (pajelança).

(4)A mesma dúvida ocorre quanto à “manifesta-ção” do tal “processo antropofágico” no “planode expressão”, a menos que essa seja umamaneira especialmente indireta e equivocada dereferência a processos estilísticos de largocurso nas correntes vanguardistas da época,especialmente a fusão de elementos díspares,ocorrente na enumeração caótica (de que nãochega a haver exemplo no texto) ou, no caso, namistura de palavras de origem tupi, comopitium, e africana, como Xangô, com as palavrasportuguesas.

(5)A associação de Macunaíma com a Antropo-fagia de Oswald de Andrade não é consensualnem facilmente defensável, pois começa a sernegada pelo próprio autor, Mário de Andrade.Este lamentou que a sua “rapsódia”, emboraescrita antes, tivesse sido publicada na ocasiãoem que era lançado o movimento liderado porOswald, o que teria sugerido a associação a seuver indevida e falseadora.

1.2.Para que se responda a esta questão — supondoque se possa respondê-la — o examinador deveesclarecer:



(1)o que se deve entender por “efeito de senti-do”? — Espera-se que o examinador tenhaconsciência de que se trata de um conceito sutile difícil, formulado pelo filósofo Gilles Deleuze,em Logique du Sens, e, como tal, totalmenteestranho à nossa tradição escolar como a qual-quer outra;

(2)Por que a oposição “verdadeiro versus falso”corresponde a um “efeito de sentido”?

(3)Como tal “efeito de sentido” pode ser tomadocomo “fio condutor” no relacionamento entreos dois fragmentos transcritos? Com muito es-forço, muito boa-vontade e muita concessão,pode-se admitir que o examinador queira referir-se ao registro oral do primeiro texto, represen-tativo da “verdade” da nossa língua, em opo-sição ao registro culto, paródico no caso, do se-gundo texto, expressivo da “falsidade” de nos-sos valores culturais “imitados”.



Tarsila do Amaral, A Negra (1923), óleo sobre tela.

2.1. Na questão sobre Macunaíma assinalamos as re-lações entre o Manifesto Antropofágico deOswald de Andrade de 1928 e a obra de Mário deAndrade. Nas artes plásticas modernistas, Tarsilado Amaral antecipava, plasticamente, em 1923, oconteúdo do referido manifesto, numa de suastelas, “A Negra”. De que maneira podemos per-ceber esse conteúdo “antropógafo” no quadro deTarsila? Identifique, a partir da pintura na páginaanterior, quais são os temas centrais abordadosem “A Negra” e justifique.

2.2. “A Negra”, realizada por Tarsila, em Paris, utilizatécnicas dos movimentos de vanguarda da capitalfrancesa, como o impressionismo e o cubismo,que questionaram o realismo até então mais usualentre a produção artística e propuseram umaforma mais livre de retratar o mundo. A imagemem primeiro plano em “A Negra” é bastante dife-rente do fundo da pintura, ou seja, da imagem emsegundo plano. Observando a imagem, aponte ejustifique essas diferenças dos dois planos.

Resolução

2.1.A questão, de contornos indefinidos, fala em con-teúdo “antropófago”, reduzindo à uniformidadeum movimento que, inscrito no primeiro tempomodernista, traduz na multiplicidade de suas pro-postas a inquietação anárquica e iconoclasta da“fase heróica” do modernismo. Assim, fica ao ar-bítrio do examinador acatar ou não os vários en-caminhamentos que os candidatos dessem àssuas respostas. O primeiro, mais previsível, é a“canibalização” das vanguardas européias, a

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“atualização da inteligência artística nacional”, nodizer de Mário de Andrade, a “devoração ritual” dacultura importada, ou seja, a aproximação entre o“primitivo”, “telúrico”, “brasileiro” e o “civiliza-do”, “moderno” e “europeu”. Bastava o enuncia-do do quesito seguinte, para perceber-se o queprovavelmente o examinador considera conteúdo“antropófago”, aliás, “antropofágico” (se se querum mínimo rigor): a figura afro-brasileira da negra eos tons terrosos que sugerem tropicalidade e pri-mitivismo, contrapostos à deformação brutalistade alguns elementos pictóricos e à mistura de pla-nos espaciais distintos que nos remetem ao figu-rativismo modernizante dos cubistas.

2.2. Já aludimos, na resposta ao quesito anterior, à con-traposição de planos: o primeiro, dominado pelafigura feminina, “A Negra”, tracejada rusticamen-te, com traços brutalistas, elementos que su-gerem, “brasilidade”, primitivismo, em tonsmonocromáticos, terrosos, compondo uma ima-gem não propriamente “positiva“, na qual avulta oaspecto grotesco do rosto e da cabeça, despropor-cionalmente pequenos em relação ao restante docorpo, antecipação do “Abaporu”, da mesmaTarsila, e da imagem de Macunaíma: “a carinhaenjoativa de piá” encimando a “peitaria peluda” eo “corpanzil enorme”, como sugestão de um serimaturo, infantil, “em formação”. O segundoplano, possivelmente parte superior da “senzala”que aprisiona a figura humana, marca o predomíniode linhas retas, “geométricas”, alternando brancoe negro, claro e escuro, que nos remetem a umanoção de disciplina, ordem, racionalidade.



Marcel Duchamp, Roda de Bicicleta (1917), ready-made

3.1. “Roda de Bicicleta” (1917) faz parte da série de“ready-mades” construídos por Marcel Duchampe introduz, na história da arte, uma nova maneirade produção artística. Indique, a partir da reprodu-ção da obra ao lado, quais são os elementos ino-vadores utilizados por Duchamp e explique porque essa obra é considera uma obra de arte.

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Andy Warhol, Marilyn Monroe Dourada (1962), serigrafia e óleosobre tela

3.2. “Marilyn Monroe Dourada”, realizado por AndyWarhol, em 1962, a partir de um retrato da atriz decinema de Hollywood publicado nos meios de co-municação, se aproxima do trabalho de Duchamp.Discorra sobre a semelhança no método de cria-ção dos dois artistas.

Resolução

3.1.Os “ready-mades” de Marcel Duchamp visam, ba-sicamente, a alterar a própria idéia de arte, subs-tituindo o objeto artístico por um conceito (daí adesignação de “arte conceitual” para a produçãoque daí descendeu). A operação básica deDuchamp consiste no deslocamento de um objetoutilitário para um outro contexto, antiutilitário: aexposição de arte. Colocando, pois, em questão aprópria concepção corrente de arte, o “ready-made” nos força ao que Oswald de Andrade cha-mava “ver com olhos livres” — ver, assim, deforma original e problemática, tanto o objetoseqüestrado ao contexto rotineiro em que sua per-cepção é automática e preconcebida, quanto oespaço artístico em que ele é “abusivamente”colocado.

3.2.Os dois artistas fazem uso do “ready-made” — nocaso de Duchamp, a roda de bicicleta; no deWarhol, a foto de Marilyn Monroe. Além do deslo-camento de contexto, com a “estetização” dafoto, reproduzida com a combinação de processoserigráfico e óleo sobre tela e proposta como



“obra de arte”, a produção de Warhol se aproximada de Duchamp ao repropor o questionamento daarte em sua relação, não mais com a cotidianida-de utilitária, mas com o universo de signos vulgari-zados e tornados indiferentes pela insistente vei-culação através dos meios de comunicação demassas. A obra de Warhol funciona como umaforma de “resgate” do retrato de Marilyn, tal comoDuchamp “resgatara”, ao “seqüestrá-los”, osobjetos adormecidos no universo do utilitarismocotidiano.



Texto 1A Corte Internacional de Justiça da ONU declarou, emjulho de 2004, que a barreira que Israel está construin-do entre seu território e a Cisjordânia viola as leis inter-nacionais. Essa barreira é um muro de concreto decerca de oito metros de altura, protegido por valas ele-trificadas, trincheiras e guaritas e deverá, se for total-mente edificado, chegar a ter 685 Km de extensão.

(Folha de São Paulo, 10 de julho de 2004)

Texto 2Durante 28 anos, de 1961 a 1989, a população deBerlim padeceu uma experiência ímpar na históriamoderna: viu a cidade ser dividida por um imensomuro. Inicialmente, um interminável arame farpadoalongou-se por 37 quilômetros adentro da zona resi-dencial da cidade, para logo depois ser erguido um ver-dadeiro muro.

(Extraído e adaptado de www.terra.com.br/voltaire/mundo/muro.htm)

A história da humanidade é marcada por lutas, diver-gências e rivalidades. Indique a natureza e as diferen-ças entre os conflitos que geraram a existência dasduas barreiras a que se referem os textos 1 e 2.

Resolução

A construção da barreira entre Israel e a Cisjordânia, aque se refere o texto I, está inserida no conflito israelo-palestino, que é uma das manifestações do confrontoárabe-israelense.A declaração da Corte Internacional de Justiça, res-paldada pelo Judiciário israelense, condena a cons-trução dessa barreira, pois, além de isolar porções doterritório sob controle da ANP (Autoridade NacionalPalestina), inviabilizando sua integração ao resto do ter-ritório, avança sobre áreas que, pelos acordos de 1995a 1998, passarão ao controle palestino.Já a construção do Muro de Berlim, a que se refere otexto II, consubstanciou a divisão da cidade que foraestabelecida no fim da Segunda Grande Guerra, em1945: a porção ocidental, capitalista, e a porção orien-tal, socialista. A divisão de Berlim pelo Muro, entre1961 e 1989, simbolizou a fragmentação do mundo emárea de influência norte-americana / capitalista e áreade influência soviética / socialista.A barreira palestina está sendo construída por Israel,teoricamente, para controlar suas fronteiras ante oavanço do terrorismo, embora protestos acusem Israelde, flagrantemente, cercar áreas palestinas estraté-gicas, principalmente os mananciais hídricos regionais.No caso do Muro de Berlim, sua construção pelas auto-ridades da Alemanha Oriental / República Democráticada Alemanha visava conter a fuga de pessoas de BerlimOriental, sob regime socialista, para a porção ocidental,de onde tinham acesso para o resto do mundo.

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Um estudo realizado pelo Cebrap (Centro Brasileiro deAnálise e Planejamento) dividiu a mancha urbana dametrópole paulista em três áreas:1) cidade consolidada, que é a mais central e melhor

equipada;2) periferia consolidada, que corresponde às áreas

ocupadas a partir da segunda metade do século XX,geralmente por loteamentos populares e auto-construção;

3) fronteiras urbanas, que são áreas pobres, recémocupadas e com pouco acesso a serviços públicos.

Fonte: Folha de São Paulo, 27/06/2004, p. C1 e www.centrodame-tropole.org

A diferenciação interna da metrópole paulista tambémaparece sob a forma de áreas mais e menos valoriza-das, cujos imóveis são respectivamente mais e menoscaros.Com base nessas informações, explique as diferençasde crescimento populacional no interior da metrópole.

Resolução

A cidade consolidada, melhor equipada em infra-es-trutura, mostra o núcleo central inicial no processo deocupação do espaço urbano. Esse núcleo é o resulta-do do acúmulo de capital, na forma de patrimônio imo-biliário, ao longo do tempo. Essa cidade tem seus es-paços todos ocupados e, em relação ao nível de seusequipamentos, possui a maior valorização imobiliária,renovando-se somente quanto à verticalização, pois jáatingiu seus limites, mostrando, assim, crescimentonegativo. Por outro lado, o centro inicial sofreu com asaturação de equipamentos e proliferação de cortiços,que acabaram deslocando certos grupos econômicosna direção da periferia consolidada, como a Avenida Fa-ria Lima ou a Avenida Luís Carlos Berrini.Já a periferia consolidada mostra um segundo anelde expansão geográfica do centro urbano, com taxasbaixas mas positivas de crescimento, em parte asso-ciadas aos deslocamentos da classe média, rebaixadacom o decréscimo constante da renda. Ao mesmotempo, os espaços são ocupados inicialmente por lo-teamentos populares, com submoradias autoconstruí-das e favelamento, em grandes áreas remanescentesdo antigo espaço rural, invadidas e incorporadas aoespaço urbano pelo crescimento verificado.Concomitantemente, nessa periferia consolidada, cujocrescimento gira em torno de 1,3%, temos também averticalização em diversos bairros, onde a valorizaçãoda terra, em razão da oferta de serviços (água, luz etc),atrai investimentos da classe média, que procura ficarnesses bairros próximos ao centro (a cidade consolida-da). As fronteiras urbanas, ou seja, as porções limítrofesda área urbana, mostram um terceiro anel de expan-

Brasil

1,6

Total da man-cha urbana

1,4

Município deSão Paulo

0,9

Fronteirasurbanas

6,3

Periferiaconsolidada

1,3

Cidadeconsolidada

– 1,3

Crescimento demográfico entre 1991 e 2000 – taxas

anuais de crescimento em %

2



são, mais recente e com maiores taxas de crescimen-to (6,3%), devido ao rápido e desordenado processode urbanização a partir da década de 1970. Essas fron-teiras são caracterizadas por intensos movimentosmigratórios, em razão dos quais grandes contigentespopulacionais ocupam áreas de modo indiscriminado,sejam mananciais ou áreas de encosta, passando porvárzeas fluviais, gerando impactos sobre os aqüiferosque abastecem a cidade e ficando suscetíveis a pro-blemas com deslizamentos e enchentes.Os problemas são proporcionais às distâncias entre astrês cidades e ao desequilíbrio de oferta de infra-estru-tura e equipamentos, gerando especulação imobiliáriaentre essas cidades.Existem áreas periféricas de ocupação irregular emloteamentos invadidos que, com a entrada de infra-es-trutura, deixam áreas vazias entre os centros ocupadose a periferia em processo de ocupação, aguardandovalorização imobiliária posterior.Os diferentes períodos de crescimento urbano acabamfavorecendo o processo de especulação imobiliária, cal-cado na forma desordenada de ocupação, no baixo nívelde investimentos em moradias e infra-estrutura e nalegislação sobre a estrutura fundiária, com difícil acessoà terra e às escrituras, que se pauta em interesses docapital que nem sempre leva em conta as questões so-ciais da moradia e dos impactos sobre o meio ambien-te.



“Parece o paraíso: o maior mercado de livre comérciodo mundo, com uma economia combinada de quaseUS$ 13 trilhões em 34 países e cerca de 800 milhõesde consumidores do Alasca, nas bordas dos EstadosUnidos, à Patagônia, no extremo sul da América doSul”

(Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 28 out 2003)

A afirmação acima refere-se à possibilidade de integra-ção de todo o continente americano à ALCA (Área deLivre Comércio das Américas).Apresente os argumentos favoráveis e contrários àparticipação do Brasil nesse bloco.

Resolução

Como argumentos favoráveis podemos destacar apossibilidade de abertura de mercado de todos osdemais países-membros, onde o Brasil poderia venderuma série de produtos com preços bastante compe-titivos, como o aço, diversos manufaturados, produtosagrícolas, matérias-primas minerais e tecnologias.Esse aumento da demanda implicaria, inevitavelmen-te, o âmbito da produção interna, o investimento emmelhoria da tecnologia, no sentido de incrementar aqualidade e aumentar a produtividade, já que o merca-do teria apresentado uma súbita expansão. Essa situa-ção traria necessariamente um crescimento na gera-ção de empregos, nos diversos setores envolvidoscom as exportações.Contudo, ao analisar os argumentos desfavoráveis, ve-rificaremos que alguns elementos que se mostram fa-voráveis podem muito bem atuar no sentido contrário.Por exemplo, a necessidade de incremento de produ-ção vai exigir um razoável grau de investimentos no se-tor de infra-estrutura em pesquisa e desenvolvimento,no qual o Brasil aplica muito pouco atualmente. O gar-galo logístico, decorrente da incapacidade da infra-es-trutura, sobretudo a rede de transportes, o sistema decomunicações, a produção e a distribuição de energia,não suportará um incremento da demanda. A aberturade nosso mercado à concorrência externa e, aomesmo tempo, a atuação do produto brasileiro no mer-cado externo vão expor esse produto a uma disputaacirrada, na qual nossos empresários temem não po-der competir. Por outro lado, as dificuldades nas nego-ciações para o funcionamento da ALCA mostram queos produtos brasileiros podem ser obstados por barrei-ras alfandegárias ou fitossanitárias, não conseguindo oacesso livre aos mercados mais fortes, como o norte-americano ou o canadense. Ao mesmo tempo, a aber-tura de nosso mercado, com pouco ou nenhuma pro-teção, pode gerar um efeito inverso, ou seja, os pro-dutos importados, com um custo mais baixo, podemtomar o mercado brasileiro, inviabilizando a produçãode diversos produtos nacionais e ocasionando exata-mente o contrário do que se espera, ou seja, desem-prego, queda da produção, fechamento de empresasetc.

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Leia o discurso e observe o cartaz abaixo. Ambos sãodocumentos sobre um dos mais importantes problemasdo Brasil republicano.“Entendo que na República, a geração atual está no de-ver, tem obrigação de iniciar uma reação contra esseestado de coisas, inaugurando o período de uma políticafrancamente protecionista. É preciso proteger agoraprincipalmente a indústria [...] Os nossos produtos sãoexclusivamente coloniais, por isso mesmo é que somosum país exclusivamente agrícola, que apresenta no mer-cado internacional somente produtos coloniais, nãopassa das condições de inferioridade de uma colônia.”

(Aristides de Queiroz. Discurso ao Congresso Nacional,junho de 1895.)

SAGA: a grande história do Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1981. v.6

Agora responda:1.1.A que tipos de indústria e a que épocas da história

brasileira cada um dos documentos, texto e cartaz,se refere?

1.2.De que formas a economia cafeeira se relacionouao início do processo de industrialização brasileira?

1.3.Explique o papel do Estado e das guerras mundiaispara o desenvolvimento da indústria brasileira, emgeral, e da usina de Volta Redonda, em particular.

Resolução

1.1.O texto, de 1895 (primórdios da República Velha),

1

HHHHIIIISSSSTTTTÓÓÓÓRRRRIIIIAAAA


refere-se à indústria de bens de consumo para ex-portação. Já o cartaz, concernente ao período doEstado Novo/1937-1945 (conforme se depreendeda sigla “DIP”, no canto superior), refere-se à im-plantação das “indústrias de base” (no caso, a si-derurgia) por Getúlio Vargas.

1.2. Inicialmente, ainda no século XIX, houve investimen-tos na indústria procedentes dos lucros proporcio-nados pela cafeicultura do Oeste Paulista. Maistarde, já na República Velha, a “política de valoriza-ção do café”, ao promover a desvalorização cambial(e, conseqüentemente, encarecer as importações),favoreceu indiretamente a indústria nacional.

1.3.A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) favoreceuum surto industrial no Brasil, provocado pela quedadas importações procedentes dos países belige-rantes. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945),por sua vez, criou condições para o começo da im-plantação de indústrias de base no País — notada-mente a siderurgia, com a criação da CSN e o iní-cio da construção da Usina de Volta Redonda.Quanto ao papel do Estado nesse processo, suaintervenção só pode ser considerada como efetivaa partir do governo Vargas (1930-1945).



HISTOIRE: une terre, des hommes. França: Magnard.

A caricatura acima mostra a situação das camadas sociaisna sociedade francesa de antes da Revolução de 1789.2.1. Que grupos e que relações sociais estão repre-

sentados na caricatura?2.2. Antes do movimento revolucionário, quais eram

as principais críticas do povo em relação às cama-das dominantes?

2.3. Que classe social liderou a Revolução e que trans-formações ocorreram no período mais radical doprocesso revolucionário?

Resolução

2.1.Clero, nobreza e Terceiro Estado (camada majoritáriaque incluía a burguesia, mas está representada nacharge pela figura de um camponês). No Antigo Regi-me, as relações entre os três grupos eram de privilé-gios para os dois primeiros, recaindo sobre o TerceiroEstado a carga tributária e as obrigações feudais.

2.2.Privilégios da nobreza e do clero (sobretudo a isen-ção de impostos), contraste entre o luxo da aristo-cracia e do alto clero em comparação com a misé-ria do povo e desigualdade das camadas sociaisperante a lei (desigualdade civil).

2.3.Classe social: burguesia. Transformações ocorri-das no período mais radical (Terror): sufrágio uni-versal masculino, abolição dos direitos feudaisremanescentes, distribuição de terras aos campo-neses, abolição da escravidão nas colônias, ensinoprimário obrigatório e sistema métrico decimal.

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NOSSO SÉCULO. São Paulo: Abril Cultural, 1981. v.2

Observe atentamente os dois cartazes. Depois, res-ponda:3.1. A que fato da história do Brasil republicano estão

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relacionados os dois cartazes e quais os principaispontos de programa de cada um dos candidatos?

3.2. De que forma a situação econômica internacionalinfluenciou no processo econômico e político doBrasil antes e depois das eleições?

3.3. No novo governo implantado a partir de 1930, quemedidas foram tomadas em relação à crise do ca-fé e à classe trabalhadora urbana?

Resolução

3.1.À campanha presidencial que antecedeu a Revolu-ção de 1930. Pontos do programa do candidatosituacionista Júlio Prestes: realizações de carátermodernizador, civilizatório e desbravador do interior.Pontos do programa da Aliança Liberal: pacificaçãopor meio da anistia e obtenção da “verdade eleito-ral” (voto secreto e Justiça Eleitoral).

3.2.Antes das eleições: reflexos da Crise de 29 na ca-feicultura, enfraquecendo a oligarquia paulistamas, paradoxalmente, levando Washington Luís aapoiar um paulista como seu sucessor. Depois daseleições: fim da hegemonia política de São Paulo,queima dos excedentes do café e adoção de umapolítica voltada para a diversificação da economia.

3.3.Compra e queima, pelo governo, dos excedentesdo café, para reduzir a oferta do produto e recupe-rar seus preços. Em relação à classe trabalhadoraurbana: concessão dos primeiros direitos trabalhis-tas; criação de dois ministérios (Trabalho, Indústriae Comércio; Educação e Saúde); e legalização dossindicatos.


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Resolução Comentada - FGV-SP 2005 - Curso Objetivo · 2019-02-12 · Tia Ciata sentou na tripeça num canto e toda aquela gente suando, médicos padeiros engenheiros rábulas polícias