2
A importância das diferenças! Era uma vez um homem perdido no deserto, prestes a morrer de sede. De repente, ele en- controu uma velha cabana abandonada e, com dificuldade, acomodou-se numa pequena som- bra. Passados alguns minutos, viu uma velha bomba d’água, bem enferrujada, a poucos me- tros de distância. Ele se arrastou até lá, come- çou a bombear, mas nada aconteceu. Então, o homem notou ao lado uma velha garrafa cheia d’água, com uma mensagem que dizia: “Você primeiro precisa preparar a bomba colocando nela toda a água desta garrafa. Por favor, en- cha novamente a garrafa antes de partir”. Ele se viu num dilema. Despejar a água na ve- lha bomba ou beber e desprezar a mensagem? Com muita relutância, des- pejou toda a água da garra- fa na bomba. Começou a bombear e de repente um fio de água apareceu, de- pois um pequeno fluxo e finalmente uma água fresca e cristalina jorrou com abundância. Ele bebeu an- siosamente. Em seguida, voltou a encher a garrafa para o próximo viajante e acrescentou uma pequena nota na mensagem original: “Acredi- te, funciona!”. Aquele homem no primeiro momento acredi- tou que a melhor coisa a fazer seria beber logo aquela água para que não morresse de sede. Mas resistiu bravamente e aceitou fazer algo completamente diferente do que tinha pensado e desejado. Muito provavelmente tomou essa decisão por imaginar que outras pessoas pode- riam passar por ali, ou, numa visão mais nega- tiva, que ele mesmo poderia precisar outra vez daquela bomba. Na empresa, muitas vezes precisamos estar dispostos a fazer coisas diferentes das que que- remos ou entendemos, em prol de toda a em- presa. Afinal, se a companhia for bem, todos os funcionários ficarão bem. Aceitar as diferen- ças, sem dúvida, exige uma dose de altruísmo e uma boa porção de humildade. Mas, acima de tudo, é uma questão de inteligência. A mídia veiculou certa ocasião uma notícia muito interessante. Informava que jovens cri- minosos britânicos, após cumprir pena estabe- lecida pela justiça, voltavam ao convívio social com nomes diferentes. A troca de identidade era providenciada para que não houvesse dis- criminação por parte da população e para que os jovens não fossem condenados – dessa vez pelo preconceito. Enfim, recebiam uma nova chance de acertar o passo e crescer. Parece jus- to, pois o ser humano tem um senso de perdão um tanto estreito e dificilmente oferece opor- tunidade para quem já teve o nome anotado nos registros policiais. Com uma nova identi- dade, aqueles jovens tinham a possibilidade de voltar ao convívio social, encontrar emprego e ter uma vida digna. Fazendo um paralelo com essa medida adotada pelas autoridades britânicas, os gestores das empresas – no caso, os juízes competentes para absolver ou demitir – deveriam se mostrar mais tolerantes com o desempenho dos subordina- dos, dando a eles mais chances de acertarem o passo na empresa. Por exemplo: transferir o colaborador para outro setor ou incumbi-lo de tarefas mais apropriadas a suas habilidades. Medidas como essas podem servir de estímulo para renovar a motivação e a confiança do fun- cionário. O gestor que faz a diferença sabe li- dar com as distinções e limitações de seus em- pregados, ajudando e contribuindo na forma- ção da identidade profissional de cada um. Numa noite, um intelectual e um homem sábio passaram horas conversando. Assim que o Sol começou a mostrar os primeiros raios, o inte- lectual observou: — Ah, que noite maravilhosa foi essa! Ficamos aqui sentados discutindo coisas importantes. Muito melhor que passar uma noite sozinho com meus livros. E o sábio comentou: www.gestaoemvendas.com.br [email protected] Edição N˚302 24 de agosto de 2010 O gestor que faz a diferença sabe lidar com as distinções e limita- ções de seus empregados, aju- dando e contribuindo na forma- ção da identidade profissional de cada um.

Respeitar as diferencas

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Respeitar as diferencas

A importância das diferenças!

Era uma vez um homem perdido no deserto, prestes a morrer de sede. De repente, ele en-controu uma velha cabana abandonada e, com dificuldade, acomodou-se numa pequena som-bra. Passados alguns minutos, viu uma velha bomba d’água, bem enferrujada, a poucos me-tros de distância. Ele se arrastou até lá, come-çou a bombear, mas nada aconteceu. Então, o homem notou ao lado uma velha garrafa cheia d’água, com uma mensagem que dizia: “Você primeiro precisa preparar a bomba colocando nela toda a água desta garrafa. Por favor, en-cha novamente a garrafa antes de partir”.

Ele se viu num dilema. Despejar a água na ve-lha bomba ou beber e desprezar a mensagem? Com muita relutância, des-pejou toda a água da garra-fa na bomba. Começou a bombear e de repente um fio de água apareceu, de-pois um pequeno fluxo e finalmente uma água fresca e cristalina jorrou com abundância. Ele bebeu an-siosamente. Em seguida, voltou a encher a garrafa para o próximo viajante e acrescentou uma pequena nota na mensagem original: “Acredi-te, funciona!”.

Aquele homem no primeiro momento acredi-tou que a melhor coisa a fazer seria beber logo aquela água para que não morresse de sede. Mas resistiu bravamente e aceitou fazer algo completamente diferente do que tinha pensado e desejado. Muito provavelmente tomou essa decisão por imaginar que outras pessoas pode-riam passar por ali, ou, numa visão mais nega-tiva, que ele mesmo poderia precisar outra vez daquela bomba.

Na empresa, muitas vezes precisamos estar dispostos a fazer coisas diferentes das que que-remos ou entendemos, em prol de toda a em-presa. Afinal, se a companhia for bem, todos os funcionários ficarão bem. Aceitar as diferen-ças, sem dúvida, exige uma dose de altruísmo e uma boa porção de humildade. Mas, acima de tudo, é uma questão de inteligência.

A mídia veiculou certa ocasião uma notícia muito interessante. Informava que jovens cri-minosos britânicos, após cumprir pena estabe-lecida pela justiça, voltavam ao convívio social com nomes diferentes. A troca de identidade era providenciada para que não houvesse dis-criminação por parte da população e para que os jovens não fossem condenados – dessa vez pelo preconceito. Enfim, recebiam uma nova chance de acertar o passo e crescer. Parece jus-to, pois o ser humano tem um senso de perdão um tanto estreito e dificilmente oferece opor-tunidade para quem já teve o nome anotado nos registros policiais. Com uma nova identi-dade, aqueles jovens tinham a possibilidade de

voltar ao convívio social, encontrar emprego e ter uma vida digna.

Fazendo um paralelo com essa medida adotada pelas autoridades britânicas, os gestores das empresas – no caso, os juízes competentes para absolver ou demitir – deveriam se mostrar mais

tolerantes com o desempenho dos subordina-dos, dando a eles mais chances de acertarem o passo na empresa. Por exemplo: transferir o colaborador para outro setor ou incumbi-lo de tarefas mais apropriadas a suas habilidades. Medidas como essas podem servir de estímulo para renovar a motivação e a confiança do fun-cionário. O gestor que faz a diferença sabe li-dar com as distinções e limitações de seus em-pregados, ajudando e contribuindo na forma-ção da identidade profissional de cada um.

Numa noite, um intelectual e um homem sábio passaram horas conversando. Assim que o Sol começou a mostrar os primeiros raios, o inte-lectual observou:— Ah, que noite maravilhosa foi essa! Ficamos aqui sentados discutindo coisas importantes. Muito melhor que passar uma noite sozinho com meus livros.

E o sábio comentou:

www.gestaoemvendas.com.br [email protected]

Edição N˚302 24 de agosto de 2010

O gestor que faz a diferença sabe lidar com as distinções e limita-ções de seus empregados, aju-

dando e contribuindo na forma-ção da identidade profissional

de cada um.

Page 2: Respeitar as diferencas

— Pois achei a noite horrível. Foi uma perda total de tempo.— Mas por quê? – perguntou o intelectual, surpreso.— Durante todo o tempo, você tentou dizer algo que me agradasse e eu tentei lhe dar res-postas que o deixassem contente. Em vez de encararmos nossas diferenças e compreen-dermos que só assim podemos evoluir, tenta-mos o tempo todo agradar um ao outro.

Essa história nos ensina que diferenças de pensamento são construtivas e devem ser en-frentadas. Se na empresa ficamos apenas con-cordando com tudo e tentando agradar um ao outro, ela pouco se desenvolverá e estará fada-da ao fracasso. Estimule a discussão e a troca de ideias entre seus funcionários. Você perce-berá rapidamente melhorias sendo introduzi-das e gerando resultados para o seu negócio.

No trabalho, é comum o gestor fazer compara-ções entre funcionários e até mesmo obrigá-los a agir como ele. Isso é um grave erro de gestão. Conta-se que uma vez vários bichos decidiram fundar uma escola. Para isso, reuniram-se e começaram a escolher as disciplinas. O pássaro insistiu que houvesse aulas de voo. O esquilo

achou que a subida perpendicular em árvores era fundamental. E o coelho queria de qual-quer jeito que a corrida fosse inserida no currí-culo da escola. E assim foi feito. Incluíram tudo, mas cometeram um grande erro: insisti-ram que todos os bichos cursassem todos os cursos oferecidos.

O coelho foi magnífico na corrida, ninguém corria como ele, mas também queriam ensiná-lo a voar. Colocaram-no em cima de uma árvo-re, ele saltou lá de cima e não deu outra: que-brou as patas. O coelho não aprendeu a voar e ainda acabou sem poder correr também. O pássaro voava como nenhum outro, mas quan-do o obrigaram a cavar buracos como uma toupeira quebrou o bico e as asas. Resultado: depois não conseguiu mais voar tão bem nem cavar buracos.

De forma figurada, isso mostra o que às vezes acontece nas empresas. Como gestores, não podemos forçar as pessoas para que sejam pa-recidas conosco ou tenham nossas qualidades. Se agirmos assim, faremos elas sofrerem e, no fim de tudo, ainda poderão não ser o que que-ríamos que fossem. E ainda pior: poderão nem mais fazer o que antes faziam benfeito. Traba-lhar em equipe e valorizar as pessoas é, antes de tudo, respeitar as diferenças.

www.gestaoemvendas.com.br [email protected]