35
1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL JUIZ FEDERAL 00ª VARA 00ª VARA DA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ. SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ. FORMULA PEDIDO DE JULGAMENTO ANTECIPADO ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – CPP, art. 397, inc. III Ação Penal Ação Penal Proc. nº. 7777.33.2222.5.06.4444. Proc. nº. 7777.33.2222.5.06.4444. Autor: Ministério Público Federal Autor: Ministério Público Federal Acusado: Francisco Fictício Acusado: Francisco Fictício RESPOSTA DO ACUSADO RESPOSTA DO ACUSADO Intermediado por seu mandatário ao final Intermediado por seu mandatário ao final firmado, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do firmado, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do

Resposta Acusado Acusacao Alegacoes Iniciais Descaminho Contrabando Banco Quadrilha Modelo 243 BC225

Embed Size (px)

Citation preview

1

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERALJUIZ FEDERAL 00ª VARA 00ª VARA DA SEÇÃODA SEÇÃO

JUDICIÁRIA DO PARANÁ.JUDICIÁRIA DO PARANÁ.

FORMULA PEDIDO DE JULGAMENTO ANTECIPADOABSOLVIÇÃO SUMÁRIA – CPP, art. 397, inc. III

Ação Penal Ação Penal Proc. nº. 7777.33.2222.5.06.4444. Proc. nº. 7777.33.2222.5.06.4444. Autor: Ministério Público Federal Autor: Ministério Público Federal Acusado: Francisco FictícioAcusado: Francisco Fictício

RESPOSTA DO ACUSADORESPOSTA DO ACUSADO

Intermediado por seu mandatário ao finalIntermediado por seu mandatário ao final firmado, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seçãofirmado, causídico inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Paraná, sob o nº. 112233, comparece o Acusado, tempestivamentedo Paraná, sob o nº. 112233, comparece o Acusado, tempestivamente ((CPP, art. 396, CPP, art. 396, caputcaput) com todo respeito à presença de Vossa) com todo respeito à presença de Vossa Excelência, para apresentar, com abrigo no Excelência, para apresentar, com abrigo no art. 396-A da Legislaçãoart. 396-A da Legislação Adjetiva PenalAdjetiva Penal, a presente, a presente

24

RESPOSTA À ACUSAÇÃO,evidenciando fundamentos defensivos em razão da presente Açãoevidenciando fundamentos defensivos em razão da presente Ação Penal agitada em desfavor de Penal agitada em desfavor de FRANCISCO FICTÍCIOFRANCISCO FICTÍCIO, já qualificado na, já qualificado na exordial da peça acusatória, consoante abaixo delineado.exordial da peça acusatória, consoante abaixo delineado.

1 – SÍNTESE DOS FATOS O Acusado foi denunciado pelo MinistérioO Acusado foi denunciado pelo Ministério Público Federal, em xx de novembro do ano de yyyy, como incursoPúblico Federal, em xx de novembro do ano de yyyy, como incurso no tipo penal previsto no no tipo penal previsto no art. 334 do Estatuto Repressivo,art. 334 do Estatuto Repressivo, especificamente no “crime de especificamente no “crime de descaminhodescaminho” e “formação de” e “formação de quadrilha”.(CP, art. 288)quadrilha”.(CP, art. 288)

Segundo a peça acusatória, o Réu, por voltaSegundo a peça acusatória, o Réu, por volta das 20:45h, quando trafegava na BR 116, fora interceptado nodas 20:45h, quando trafegava na BR 116, fora interceptado no posto da Polícia Rodoviária Federal da cidade XX, sendo foraposto da Polícia Rodoviária Federal da cidade XX, sendo fora constada a existência, no interior do veículo, conforme laudoconstada a existência, no interior do veículo, conforme laudo pericial que demora às fls. 77/85, mercadorias estrangeiraspericial que demora às fls. 77/85, mercadorias estrangeiras desacompanhadas de documentação legal. desacompanhadas de documentação legal.

No momento fático em questão, o RéuNo momento fático em questão, o Réu conduzia em seu táxi(descrito na peça acusatória) três(3)conduzia em seu táxi(descrito na peça acusatória) três(3) passageiros(Francisco, Maria e Joaquim), os quais, em verdade, sãopassageiros(Francisco, Maria e Joaquim), os quais, em verdade, são

24

os verdadeiros donos das mercadorias especificadas no auto deos verdadeiros donos das mercadorias especificadas no auto de apreensão.(fls. 17/18)apreensão.(fls. 17/18)

Portanto, segundo inclusive os depoimentosPortanto, segundo inclusive os depoimentos colhidos no caderno inquisitivo, nenhuma das testemunhas e co-colhidos no caderno inquisitivo, nenhuma das testemunhas e co-réus afirmaram ter o Acusado conhecimento da “eventual” ilicituderéus afirmaram ter o Acusado conhecimento da “eventual” ilicitude perpetrada pelos passageiros. perpetrada pelos passageiros.

O Acusado, destarte, O Acusado, destarte, nega a autorianega a autoria delitivadelitiva, entretanto, releva algumas considerações pertinentes a, entretanto, releva algumas considerações pertinentes a outros aspectos jurídicos com respeito ao crime de descaminho. outros aspectos jurídicos com respeito ao crime de descaminho.

2 - EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PAGAMENTO DOS TRIBUTOS EFETUADOS PELOS CO-RÉUS

Lei nº. 9.249/95, art. 34

Cuidando o Acusado, nesta oportunidadeCuidando o Acusado, nesta oportunidade processual, de trazer aos autos comprovantes de que processual, de trazer aos autos comprovantes de que os tributosos tributos incidentes sobre as mercadorias apreendidas foramincidentes sobre as mercadorias apreendidas foram devidamente recolhidos pelos Co-Réusdevidamente recolhidos pelos Co-Réus. (. (docs. 01/04docs. 01/04). ).

Não faz sentido, diante desse quadro, aNão faz sentido, diante desse quadro, a persecução penal em estudo. persecução penal em estudo.

Diante do “Diante do “princípio da isonomiaprincípio da isonomia”, o crime de”, o crime de descaminho deve ter o mesmo tratamento concedido aos crimesdescaminho deve ter o mesmo tratamento concedido aos crimes

24

contra a ordem tributária. Afinal, em ambas as hipóteses, contra a ordem tributária. Afinal, em ambas as hipóteses, o bemo bem jurídico tutelado é a ordem tributáriajurídico tutelado é a ordem tributária. .

Neste diapasão, reza a Neste diapasão, reza a Lei Federal 9.249/95Lei Federal 9.249/95 que:que:

Art. 34 - Art. 34 - Extingue-se a punibilidadeExtingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de dos crimes definidos na Lei nº 8.137, de

27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, 27 de dezembro de 1990, e na Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, quandoquando

o agente promover o pagamento do tributoo agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive ou contribuição social, inclusive

acessórios, antes do recebimento da denúncia.acessórios, antes do recebimento da denúncia.

( ( os destaques são nossosos destaques são nossos ) )

O colendo O colendo Superior Tribunal de JustiçaSuperior Tribunal de Justiça,, trilhando pela ótica ora aludida, tem decidido que, nestas hipóteses, hátrilhando pela ótica ora aludida, tem decidido que, nestas hipóteses, há a a extinção da punibilidadeextinção da punibilidade. .

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. CRIMERECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. DESCAMINHO. CRIME

MATERIAL. NATUREZA TRIBUTÁRIA. NECESSIDADE DE CONSTITUIÇÃOMATERIAL. NATUREZA TRIBUTÁRIA. NECESSIDADE DE CONSTITUIÇÃO

DEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTRANGIMENTO ILEGALDEFINITIVA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL

EVIDENCIADO. RECURSO PROVIDO. EVIDENCIADO. RECURSO PROVIDO.

1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o1. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o

raciocínio adotado pelo Supremo Tribunal Federal relativamente aos crimesraciocínio adotado pelo Supremo Tribunal Federal relativamente aos crimes

previstos no art. 1º da Lei nº 8.137/90, consagrando a necessidade de préviaprevistos no art. 1º da Lei nº 8.137/90, consagrando a necessidade de prévia

24

constituição do crédito tributário para a instauração da ação penal, deve serconstituição do crédito tributário para a instauração da ação penal, deve ser

aplicado, também, para a tipificação do crime de descaminho. Precedentes.aplicado, também, para a tipificação do crime de descaminho. Precedentes.

2. Embora o crime de descaminho encontre-se, topograficamente, na parte2. Embora o crime de descaminho encontre-se, topograficamente, na parte

destinada pelo legislador penal aos crimes praticados contra a Administraçãodestinada pelo legislador penal aos crimes praticados contra a Administração

Pública, predomina o entendimento no sentido de que o bem jurídicoPública, predomina o entendimento no sentido de que o bem jurídico

imediato que a norma inserta no art. 334 do Código Penal procura protegerimediato que a norma inserta no art. 334 do Código Penal procura proteger

é o erário público, diretamente atingido pela evasão de renda resultante deé o erário público, diretamente atingido pela evasão de renda resultante de

operações clandestinas ou fraudulentas. operações clandestinas ou fraudulentas.

3. O descaminho caracteriza-se como crime material, tendo em vista que o3. O descaminho caracteriza-se como crime material, tendo em vista que o

próprio dispositivo penal exige a ilusão, no todo ou em parte, do pagamentopróprio dispositivo penal exige a ilusão, no todo ou em parte, do pagamento

do imposto devido. Assim, não ocorrendo a supressão no todo ou em partedo imposto devido. Assim, não ocorrendo a supressão no todo ou em parte

do tributo devido pela entrada ou saída da mercadoria pelas fronteirasdo tributo devido pela entrada ou saída da mercadoria pelas fronteiras

nacionais, fica descaracterizado o delito. nacionais, fica descaracterizado o delito.

4. Na espécie, confirmou-se a ausência de constituição definitiva do crédito4. Na espécie, confirmou-se a ausência de constituição definitiva do crédito

tributário, uma vez que ainda não foram apreciados os recursostributário, uma vez que ainda não foram apreciados os recursos

administrativos apresentados pela defesa dos recorrentes. Dessa forma, nãoadministrativos apresentados pela defesa dos recorrentes. Dessa forma, não

é possível a instauração de inquérito policial ou a tramitação de ação penalé possível a instauração de inquérito policial ou a tramitação de ação penal

enquanto não realizada a mencionada condição objetiva de punibilidade. enquanto não realizada a mencionada condição objetiva de punibilidade.

5. Recurso ordinário que se dá provimento a fim de extinguir a Ação Penal nº5. Recurso ordinário que se dá provimento a fim de extinguir a Ação Penal nº

5001641-71.2010.404.7005, da Segunda Vara Federal da Subseção Judiciária5001641-71.2010.404.7005, da Segunda Vara Federal da Subseção Judiciária

de Cascavel, Seção Judiciária do Paraná. (de Cascavel, Seção Judiciária do Paraná. (STJSTJ - RHC 31.368; Proc. - RHC 31.368; Proc.

2011/0254155-2; PR; Quinta Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; Julg.2011/0254155-2; PR; Quinta Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; Julg.

08/05/2012; DJE 14/06/2012) 08/05/2012; DJE 14/06/2012)

24

PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FALSIDADEPENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. FALSIDADE

IDEOLÓGICA. EXTINÇÃO DA AÇÃO PENAL. CRIME-MEIO PARA OIDEOLÓGICA. EXTINÇÃO DA AÇÃO PENAL. CRIME-MEIO PARA O

DESCAMINHO. AÇÃO PENAL EXTINTA QUANTO A ESTE DELITO PORDESCAMINHO. AÇÃO PENAL EXTINTA QUANTO A ESTE DELITO POR

AUSÊNCIA DE PRÉVIA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NA ESFERAAUSÊNCIA DE PRÉVIA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO NA ESFERA

ADMINISTRATIVA. ABSORÇÃO DO FALSUM PELO CRIME CONTRA AADMINISTRATIVA. ABSORÇÃO DO FALSUM PELO CRIME CONTRA A

ORDEM TRIBUTÁRIA. DENÚNCIA QUE NARRA A FALSIDADE COMOORDEM TRIBUTÁRIA. DENÚNCIA QUE NARRA A FALSIDADE COMO

INSTRUMENTO PARA A SUPRESSÃO DE TRIBUTOS. ABSORÇÃO.INSTRUMENTO PARA A SUPRESSÃO DE TRIBUTOS. ABSORÇÃO.

FORMAÇÃO DE QUADRILHA OU BANDO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE SEUSFORMAÇÃO DE QUADRILHA OU BANDO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE SEUS

ELEMENTOS. RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.ELEMENTOS. RECURSO ORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO.

1. O princípio da consunção resolve o conflito aparente de normas penais1. O princípio da consunção resolve o conflito aparente de normas penais

quando um crime menos grave é meio necessário ou normal fase dequando um crime menos grave é meio necessário ou normal fase de

preparação ou de execução de outro mais nocivo. Em casos que tais, opreparação ou de execução de outro mais nocivo. Em casos que tais, o

agente só será responsabilizado pelo último. Para tanto, é imprescindível aagente só será responsabilizado pelo último. Para tanto, é imprescindível a

constatação de nexo de dependência das condutas a fim de que ocorra aconstatação de nexo de dependência das condutas a fim de que ocorra a

absorção daquela menos grave pela mais danosa. absorção daquela menos grave pela mais danosa.

2. Narra a denúncia que a falsidade teria sido praticada mediante desígnios2. Narra a denúncia que a falsidade teria sido praticada mediante desígnios

autônomos, não podendo, por conseguinte, ser considerada crime meio paraautônomos, não podendo, por conseguinte, ser considerada crime meio para

o descaminho. Todavia, a mesma denúncia também consignou que o falsumo descaminho. Todavia, a mesma denúncia também consignou que o falsum

ocultação do nome da empresa AGIS EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS DEocultação do nome da empresa AGIS EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS DE

INFORMÁTICA Ltda - fora praticado com o fito de resguardar a empresa daINFORMÁTICA Ltda - fora praticado com o fito de resguardar a empresa da

atuação da Receita Federal, tendo em vista que as operações de importaçãoatuação da Receita Federal, tendo em vista que as operações de importação

tidas como fraudulentas seriam feitas por meio de pessoa jurídicatidas como fraudulentas seriam feitas por meio de pessoa jurídica

interposta. interposta.

24

3. No caso, a acusação relativa ao crime de falsidade ideológica está3. No caso, a acusação relativa ao crime de falsidade ideológica está

indissociavelmente ligada a descrição do crime contra a ordem tributária,indissociavelmente ligada a descrição do crime contra a ordem tributária,

cuja apuração se apresentou carente de justa causa dada a ausência decuja apuração se apresentou carente de justa causa dada a ausência de

constituição definitiva do crédito tributário na esfera administrativa. Aconstituição definitiva do crédito tributário na esfera administrativa. A

conduta descrita no art. 299 do Código Penal, se realmente foi praticada, oconduta descrita no art. 299 do Código Penal, se realmente foi praticada, o

foi com o propósito deliberado de iludir o Fisco, não podendo, na espécie,foi com o propósito deliberado de iludir o Fisco, não podendo, na espécie,

ser tratado como delito autônomo. As Declarações de Importação tidasser tratado como delito autônomo. As Declarações de Importação tidas

como ideologicamente falsas somente poderiam ser utilizadas para iludir ocomo ideologicamente falsas somente poderiam ser utilizadas para iludir o

pagamento dos tributos, ou seja, a potencialidade lesiva de tais documentos,pagamento dos tributos, ou seja, a potencialidade lesiva de tais documentos,

por assim dizer, se esgotaria em tal conduta. por assim dizer, se esgotaria em tal conduta.

4. Relativamente ao crime do art. 288 do Código Penal, a denúncia não4. Relativamente ao crime do art. 288 do Código Penal, a denúncia não

expõe, quanto aos recorrentes, a finalidade específica da associação. Aexpõe, quanto aos recorrentes, a finalidade específica da associação. A

inicial apenas indicou que os acusados "todos previamente acordados einicial apenas indicou que os acusados "todos previamente acordados e

conscientes da ilicitude de suas condutas, associaram-se para oconscientes da ilicitude de suas condutas, associaram-se para o

cometimento de crimes". Não há, na formação de sociedade empresária, aocometimento de crimes". Não há, na formação de sociedade empresária, ao

menos em princípio, o desígnio de cometer crimes. menos em princípio, o desígnio de cometer crimes.

5. Recurso provido a fim de extinguir a Ação Penal nº 2007.70.00.016026-7 -5. Recurso provido a fim de extinguir a Ação Penal nº 2007.70.00.016026-7 -

Terceira Vara Federal Criminal de Curitiba. (Terceira Vara Federal Criminal de Curitiba. (STJSTJ - RHC 29.028; Proc. - RHC 29.028; Proc.

2010/0176970-9; PR; Sexta Turma; Rel. Des. Conv. Celso Limongi; Julg.2010/0176970-9; PR; Sexta Turma; Rel. Des. Conv. Celso Limongi; Julg.

02/08/2011; DJE 28/09/2011) 02/08/2011; DJE 28/09/2011)

Ademais, tal entendimento de isonomiaAdemais, tal entendimento de isonomia normativa já era sólida no normativa já era sólida no Egrégio Supremo Tribunal FederalEgrégio Supremo Tribunal Federal, o, o que inclusive culminou na edição da que inclusive culminou na edição da Súmula 560Súmula 560, que assim reza:, que assim reza:

24

“A extinção da punibilidade pelo pagamento do tributo devido estende-se ao“A extinção da punibilidade pelo pagamento do tributo devido estende-se ao

crime de contrabando ou descaminho, por força do art. 18, § 2º, do Dec.-Lei nº.crime de contrabando ou descaminho, por força do art. 18, § 2º, do Dec.-Lei nº.

157/67.”157/67.”

Desta sorte, podemos dizer que o crime deDesta sorte, podemos dizer que o crime de descaminho é intrinsecamente tributário, ou seja, tutela o direito dodescaminho é intrinsecamente tributário, ou seja, tutela o direito do Estado em cobrar impostos e contribuições, onde, por esta trilha, emEstado em cobrar impostos e contribuições, onde, por esta trilha, em face do pagamento dos tributos incidentes, face do pagamento dos tributos incidentes, a ação penal deve sera ação penal deve ser extintaextinta. .

3 - “DESCAMINHO DE BAGATELA”EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE

LEI Nº 10.522/2002 – EXTENSÃO POR ANALOGIA

Consta da denúncia que, revistado o veículo doConsta da denúncia que, revistado o veículo do Acusado, deu-se a apreensão da mercadoria (diversos componentesAcusado, deu-se a apreensão da mercadoria (diversos componentes eletrônicos), a qual desacompanhada da documentação fiscaleletrônicos), a qual desacompanhada da documentação fiscal pertinente, pertinente, esta avaliada em esta avaliada em R$ 9.345,00(nove mil, trezentos eR$ 9.345,00(nove mil, trezentos e quarenta e cinco reais)quarenta e cinco reais),, conforme Laudo Merceológico que demora conforme Laudo Merceológico que demora às fls. 26/28. às fls. 26/28.

O fato em espécie, O fato em espécie, não constitui infraçãonão constitui infração penalpenal, em face do valor inexpressivo da mercadoria em liça – diga-se,, em face do valor inexpressivo da mercadoria em liça – diga-se, de propriedade dos Co-Réus --, devendo ser aplicado o “de propriedade dos Co-Réus --, devendo ser aplicado o “princípio daprincípio da

24

insignificânciainsignificância”, porquanto o valor da mercadoria, tocante ao valor do”, porquanto o valor da mercadoria, tocante ao valor do tributo devido, perfaz um montante inferior àquele que a própria Uniãotributo devido, perfaz um montante inferior àquele que a própria União se desinteressa para cobrança por meio de execução fiscal. se desinteressa para cobrança por meio de execução fiscal.

Vejamos a Lei Federal que assegura esta diretriz:Vejamos a Lei Federal que assegura esta diretriz:

LEI Nº 11.033, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2004.LEI Nº 11.033, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2004.

( . . . )( . . . )

Art. 20 - Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento doArt. 20 - Serão arquivados, sem baixa na distribuição, mediante requerimento do

Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitosProcurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos

inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacionalinscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional

ou por ela cobrados, ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dezde valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00 (dez

mil reais)mil reais)..

Desta maneira, mesmo que por absurdo verdadeDesta maneira, mesmo que por absurdo verdade fosse o que é atribuído ao Réu na denúncia, ainda assim fosse o que é atribuído ao Réu na denúncia, ainda assim não haverianão haveria lesividadelesividade na pretensa conduta do delito de descaminho, visto que na pretensa conduta do delito de descaminho, visto que tributo devido(sonegado), em face dos valores das mercadoriastributo devido(sonegado), em face dos valores das mercadorias apreendidas, é inferior àquele previsto para os fins de execuçãoapreendidas, é inferior àquele previsto para os fins de execução fiscal(fiscal(Lei nº. 11.033/04, art. 20Lei nº. 11.033/04, art. 20). ).

24

Consoante o magistério de Consoante o magistério de Cezar RobertoCezar Roberto BittencourtBittencourt, evidenciando considerações acerca do , evidenciando considerações acerca do princípio daprincípio da

insignificânciainsignificância, verificamos que:, verificamos que:

`A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos`A tipicidade penal exige uma ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos

protegidos, pois nem sempre qualquer ofensa a esses bens ou interesses éprotegidos, pois nem sempre qualquer ofensa a esses bens ou interesses é

suficiente para configurar o injusto típico`. (BITENCOURT, Cezar Roberto.suficiente para configurar o injusto típico`. (BITENCOURT, Cezar Roberto.

Tratado de Direito PenalTratado de Direito Penal. 16ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 1, p. 51). 16ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2011, vol. 1, p. 51)

A A Corte MaiorCorte Maior já tem entendimento consolidado já tem entendimento consolidado neste sentido:neste sentido:

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJAPRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IDENTIFICAÇÃO DOS VETORES CUJA

PRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DEPRESENÇA LEGITIMA O RECONHECIMENTO DESSE POSTULADO DE

POLÍTICA CRIMINAL. CONSEQÜE NTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADEPOLÍTICA CRIMINAL. CONSEQÜE NTE DESCARACTERIZAÇÃO DA TIPICIDADE

PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL. DELITO DE DESCAMINHO CP, ART.PENAL EM SEU ASPECTO MATERIAL. DELITO DE DESCAMINHO CP, ART.

334, " CAPUT ", SEGUNDA PARTE). TRIBUTOS ADUANEIROS SUPOSTA334, " CAPUT ", SEGUNDA PARTE). TRIBUTOS ADUANEIROS SUPOSTA

MENTE DEVIDOS NO VALOR DE R$1.568,67. DOUTRINA. CONSIDERAÇÕESMENTE DEVIDOS NO VALOR DE R$1.568,67. DOUTRINA. CONSIDERAÇÕES

EM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF. PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIOEM TORNO DA JURISPRUDÊNCIA DO STF. PEDIDO DEFERIDO. O PRINCÍPIO

DA INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DEDA INSIGNIFICÂNCIA QUALIFICA-SE COMO FATOR DE

DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL. DESCARACTERIZAÇÃO MATERIAL DA TIPICIDADE PENAL.

O princípio da insignificância. Que deve ser analisado em conexão com osO princípio da insignificância. Que deve ser analisado em conexão com os

postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do estado empostulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do estado em

matéria penal - Tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidadematéria penal - Tem o sentido de excluir ou de afastar a própria tipicidade

24

penal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Talpenal, examinada na perspectiva de seu caráter material. Doutrina. Tal

postulado. Que considera necessária, na aferição do relevo material dapostulado. Que considera necessária, na aferição do relevo material da

tipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínimatipicidade penal, a presença de certos vetores, tais como (a) a mínima

ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social daofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da

ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) aação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a

inexpressividade da lesão jurídica provocada - Apoiou-se, em seu processoinexpressividade da lesão jurídica provocada - Apoiou-se, em seu processo

de formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário dode formulação teórica, no reconhecimento de que o caráter subsidiário do

sistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por elesistema penal reclama e impõe, em função dos próprios objetivos por ele

visados, a intervenção mínima do poder público. O postulado davisados, a intervenção mínima do poder público. O postulado da

insignificância e a função do direito penal: " de minimis, non curat praetor ".insignificância e a função do direito penal: " de minimis, non curat praetor ".

- O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a- O sistema jurídico há de considerar a relevantíssima circunstância de que a

privação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente seprivação da liberdade e a restrição de direitos do indivíduo somente se

justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas,justificam quando estritamente necessárias à própria proteção das pessoas,

da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais,da sociedade e de outros bens jurídicos que lhes sejam essenciais,

notadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados senotadamente naqueles casos em que os valores penalmente tutelados se

exponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativaexponham a dano, efetivo ou potencial, impregnado de significativa

lesividade. Aplicabilidade do princípio da insignificância ao delito delesividade. Aplicabilidade do princípio da insignificância ao delito de

descaminho. - O direito penal não se deve ocupar de condutas quedescaminho. - O direito penal não se deve ocupar de condutas que

produzam resultado, cujo desvalor - Por não importar em lesão significativaproduzam resultado, cujo desvalor - Por não importar em lesão significativa

a bens jurídicos relevantes - Não represente, por isso mesmo, prejuízoa bens jurídicos relevantes - Não represente, por isso mesmo, prejuízo

importante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade daimportante, seja ao titular do bem jurídico tutelado, seja à integridade da

própria ordem social. Aplicabilidade do postulado da insignificância ao delitoprópria ordem social. Aplicabilidade do postulado da insignificância ao delito

de descaminho (CP, art. 334), considerado, para tanto, o inexpressivo valorde descaminho (CP, art. 334), considerado, para tanto, o inexpressivo valor

do tributo sobre comércio exterior supostamente não recolhido.do tributo sobre comércio exterior supostamente não recolhido.

24

Precedentes. (Precedentes. (STFSTF - HC 96.827; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de Mello; - HC 96.827; RS; Segunda Turma; Rel. Min. Celso de Mello;

Julg. 10/03/2009; DJE 01/02/2013; Pág. 156)Julg. 10/03/2009; DJE 01/02/2013; Pág. 156)

HABEAS CORPUS. TIPICIDADE. INSIGNIFICÂNCIA PENAL DA CONDUTA.HABEAS CORPUS. TIPICIDADE. INSIGNIFICÂNCIA PENAL DA CONDUTA.

DESCAMINHO. VALOR DAS MERCADORIAS. VALOR DO TRIBUTO. LEI NºDESCAMINHO. VALOR DAS MERCADORIAS. VALOR DO TRIBUTO. LEI Nº

10.522/2002. IRRELEVÂNCIA PENAL. ORDEM CONCEDIDA. 10.522/2002. IRRELEVÂNCIA PENAL. ORDEM CONCEDIDA.

1. O princípio da insignificância é tratado como vetor interpretativo do tipo1. O princípio da insignificância é tratado como vetor interpretativo do tipo

incriminador, tendo por objetivo excluir da abrangência do direito criminalincriminador, tendo por objetivo excluir da abrangência do direito criminal

condutas provocadoras de ínfima lesão ao bem jurídico tutelado. Tal formacondutas provocadoras de ínfima lesão ao bem jurídico tutelado. Tal forma

de interpretação segue pari passu com as medidas legislativas de uma sadiade interpretação segue pari passu com as medidas legislativas de uma sadia

política criminal que visa, para além de uma desnecessária carcerização, aopolítica criminal que visa, para além de uma desnecessária carcerização, ao

arejamento de uma justiça penal que deve se ocupar apenas das infraçõesarejamento de uma justiça penal que deve se ocupar apenas das infrações

tão lesivas a bens jurídicos dessa ou daquela pessoa individual quanto aostão lesivas a bens jurídicos dessa ou daquela pessoa individual quanto aos

interesses gerais do corpo social. interesses gerais do corpo social.

2. No caso, a relevância penal é de ser investigada a partir das coordenadas2. No caso, a relevância penal é de ser investigada a partir das coordenadas

traçadas pela Lei nº 10.522/2002 (Lei objeto de conversão da Medidatraçadas pela Lei nº 10.522/2002 (Lei objeto de conversão da Medida

Provisória nº 2.176-79). Lei que, ao dispor sobre o " cadastro informativo dosProvisória nº 2.176-79). Lei que, ao dispor sobre o " cadastro informativo dos

créditos não quitados de órgãos e entidades federais ", estabeleceu oscréditos não quitados de órgãos e entidades federais ", estabeleceu os

procedimentos a ser adotados pela procuradoria-geral da Fazenda Nacional,procedimentos a ser adotados pela procuradoria-geral da Fazenda Nacional,

em matéria de débitos fiscais. em matéria de débitos fiscais.

3. Não há sentido lógico em permitir que alguém seja processado,3. Não há sentido lógico em permitir que alguém seja processado,

criminalmente, pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer secriminalmente, pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer se

tem a certeza de que será cobrado no âmbito administrativo-tributário. tem a certeza de que será cobrado no âmbito administrativo-tributário.

24

4. Ordem concedida para restabelecer a sentença absolutória. (4. Ordem concedida para restabelecer a sentença absolutória. (STFSTF - HC - HC

100.692; GO; Segunda Turma; Rel. Min. Ayres Britto; Julg. 01/02/2011; DJE100.692; GO; Segunda Turma; Rel. Min. Ayres Britto; Julg. 01/02/2011; DJE

27/02/2012; Pág. 35)27/02/2012; Pág. 35)

A propósito, o A propósito, o Egrégio Superior TribunalEgrégio Superior Tribunal de Justiçade Justiça decidiu que: decidiu que:

AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIMEAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENAL. CRIME

DE DESCAMINHO. DÉBITO TRIBUTÁRIO INFERIOR A R$ 10.000,00. NÃODE DESCAMINHO. DÉBITO TRIBUTÁRIO INFERIOR A R$ 10.000,00. NÃO

INCIDÊNCIA DO PIS E COFINS NO CÁLCULO DOS TRIBUTOS ELIDIDOS.INCIDÊNCIA DO PIS E COFINS NO CÁLCULO DOS TRIBUTOS ELIDIDOS.

APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ART. 20 DA LEI N.APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ART. 20 DA LEI N.

10.522/2002. 10.522/2002.

1. Consoante julgados do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal1. Consoante julgados do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal

Federal, aplicável, na prática de descaminho ou de contrabando, o princípioFederal, aplicável, na prática de descaminho ou de contrabando, o princípio

da insignificância quando o valor do tributo suprimido é inferior a R$da insignificância quando o valor do tributo suprimido é inferior a R$

10.000,00 (dez mil reais). 10.000,00 (dez mil reais).

2. As contribuições instituídas pela Lei n. 10.865/2004, nos termos do seu2. As contribuições instituídas pela Lei n. 10.865/2004, nos termos do seu

art. 2º, inciso III, não incidem sobre bens estrangeiros que tenham sidoart. 2º, inciso III, não incidem sobre bens estrangeiros que tenham sido

objeto de perdimento, motivo pelo qual "o montante do valor devido doobjeto de perdimento, motivo pelo qual "o montante do valor devido do

crédito tributário, referente às mercadorias estrangeiras apreendidas, devecrédito tributário, referente às mercadorias estrangeiras apreendidas, deve

ser calculada sem a incidência do PIS e do COFINS" (RESP nº 1220448/SP,ser calculada sem a incidência do PIS e do COFINS" (RESP nº 1220448/SP,

Relator Ministro Celso Limongi, Desembargador convocado do TJ/SP, DJe deRelator Ministro Celso Limongi, Desembargador convocado do TJ/SP, DJe de

18/04/2011). 18/04/2011).

24

3. A consonância do acórdão recorrido com o entendimento jurisprudencial3. A consonância do acórdão recorrido com o entendimento jurisprudencial

desta Corte Superior, atrai a incidência do verbete sumular n. 83/STJ,desta Corte Superior, atrai a incidência do verbete sumular n. 83/STJ,

aplicável pelas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional. aplicável pelas alíneas "a" e "c" do permissivo constitucional.

4. O agravante não trouxe argumentos novos capazes de infirmar os4. O agravante não trouxe argumentos novos capazes de infirmar os

fundamentos que alicerçaram a decisão agravada, razão que enseja afundamentos que alicerçaram a decisão agravada, razão que enseja a

negativa do provimento ao agravo regimental. negativa do provimento ao agravo regimental.

5. Agravo regimental não provido. (5. Agravo regimental não provido. (STJSTJ - AgRg-AREsp 227.245; Proc. - AgRg-AREsp 227.245; Proc.

2012/0190310-0; RS; Quinta Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; Julg.2012/0190310-0; RS; Quinta Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; Julg.

05/02/2013; DJE 15/02/2013)05/02/2013; DJE 15/02/2013)

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DEPENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE

DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DEDECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE

PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS NºS 282 E 356/STF. AGRAVOPREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS NºS 282 E 356/STF. AGRAVO

REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. É condição sine qua non ao conhecimento do especial que tenham sido1. É condição sine qua non ao conhecimento do especial que tenham sido

ventilados, no contexto do acórdão objurgado, os dispositivos legaisventilados, no contexto do acórdão objurgado, os dispositivos legais

indicados como malferidos na formulação recursal. Inteligência dosindicados como malferidos na formulação recursal. Inteligência dos

Enunciados nºs 282 e 356/STF. Enunciados nºs 282 e 356/STF.

2. A Terceira Seção desta Corte firmou entendimento no sentido de que o2. A Terceira Seção desta Corte firmou entendimento no sentido de que o

princípio da insignificância no crime de descaminho ou contrabando temprincípio da insignificância no crime de descaminho ou contrabando tem

aplicação quando o débito tributário não for superior a R$ 10.000,00 (dez milaplicação quando o débito tributário não for superior a R$ 10.000,00 (dez mil

reais), haja vista o disposto no artigo 20 da Lei nº 10.522/02. reais), haja vista o disposto no artigo 20 da Lei nº 10.522/02.

24

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJSTJ - AgRg-REsp 1.169.487; - AgRg-REsp 1.169.487;

Proc. 2009/0233212-8; RS; Sexta Turma; Relª Minª Maria Thereza AssisProc. 2009/0233212-8; RS; Sexta Turma; Relª Minª Maria Thereza Assis

Moura; Julg. 18/12/2012; DJE 01/02/2013)Moura; Julg. 18/12/2012; DJE 01/02/2013)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. DESCAMINHO. LEIAGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL. DESCAMINHO. LEI

Nº 11.033/04. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. Nº 11.033/04. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE.

1. O Excelso Pretório, no julgamento do habeas corpus 92.438/PR, Relator o1. O Excelso Pretório, no julgamento do habeas corpus 92.438/PR, Relator o

Ministro Joaquim Barbosa, firmou compreensão no sentido de considerarMinistro Joaquim Barbosa, firmou compreensão no sentido de considerar

aplicável o princípio da insignificância nos casos em que o valor dos tributosaplicável o princípio da insignificância nos casos em que o valor dos tributos

sonegados seja inferior ou igual ao montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais),sonegados seja inferior ou igual ao montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais),

a teor do art. 20, caput, da Lei nº 10.522/02, alterado pela Lei nº 11.033/04. a teor do art. 20, caput, da Lei nº 10.522/02, alterado pela Lei nº 11.033/04.

2. Não trazendo o agravante tese jurídica capaz de modificar o2. Não trazendo o agravante tese jurídica capaz de modificar o

posicionamento firmado, deve ser mantida a decisão agravada por seusposicionamento firmado, deve ser mantida a decisão agravada por seus

próprios fundamentos. próprios fundamentos.

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJSTJ - AgRg-REsp 1.076.946; - AgRg-REsp 1.076.946;

Proc. 2008/0165749-9; SC; Sexta Turma; Rel. Min. Og Fernandes; Julg.Proc. 2008/0165749-9; SC; Sexta Turma; Rel. Min. Og Fernandes; Julg.

27/11/2012; DJE 18/12/2012)27/11/2012; DJE 18/12/2012)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DECISÃO AGRAVADA.AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DECISÃO AGRAVADA.

FUNDAMENTOS. IMPUGNAÇÃO. INOCORRÊNCIA. SÚMULA Nº 182/STJ.FUNDAMENTOS. IMPUGNAÇÃO. INOCORRÊNCIA. SÚMULA Nº 182/STJ.

INCIDÊNCIA. PENAL. CONTRABANDO OU DESCAMINHO. LEI Nº 11.033/04.INCIDÊNCIA. PENAL. CONTRABANDO OU DESCAMINHO. LEI Nº 11.033/04.

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE.

24

1. O agravante não infirma especificamente um dos fundamentos da decisão1. O agravante não infirma especificamente um dos fundamentos da decisão

agravada, impondo-se a aplicação do enunciado da Súmula nº 182 desteagravada, impondo-se a aplicação do enunciado da Súmula nº 182 deste

Superior Tribunal de Justiça. Superior Tribunal de Justiça.

2. O Excelso Pretório, no julgamento do Habeas Corpus nº 92.438/PR,2. O Excelso Pretório, no julgamento do Habeas Corpus nº 92.438/PR,

Relator o Ministro Joaquim Barbosa, firmou compreensão no sentido deRelator o Ministro Joaquim Barbosa, firmou compreensão no sentido de

considerar aplicável o princípio da insignificância nos casos em que o valorconsiderar aplicável o princípio da insignificância nos casos em que o valor

dos tributos sonegados seja inferior ou igual ao montante de R$ 10.000,00dos tributos sonegados seja inferior ou igual ao montante de R$ 10.000,00

(dez mil reais), a teor do art. 20, caput, da Lei nº 10.522/02, alterado pela Lei(dez mil reais), a teor do art. 20, caput, da Lei nº 10.522/02, alterado pela Lei

nº 11.033/04. nº 11.033/04.

3. Agravo regimental a que se nega provimento. (3. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJSTJ - AgRg-REsp 1.279.687; - AgRg-REsp 1.279.687;

Proc. 2011/0222623-3; PR; Sexta Turma; Rel. Min. Og Fernandes; Julg.Proc. 2011/0222623-3; PR; Sexta Turma; Rel. Min. Og Fernandes; Julg.

06/11/2012; DJE 16/11/2012)06/11/2012; DJE 16/11/2012)

No âmbito dos Tribunais inferiores, podemosNo âmbito dos Tribunais inferiores, podemos destacar o seguinte julgado:destacar o seguinte julgado:

PENAL E PROCESSO PENAL. QUESTÃO DE ORDEM. DESCAMINHO.PENAL E PROCESSO PENAL. QUESTÃO DE ORDEM. DESCAMINHO.

ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.719/2008. PRINCÍPIOABSOLVIÇÃO SUMÁRIA NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.719/2008. PRINCÍPIO

DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO A FATOS PRETÉRITOS.DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO A FATOS PRETÉRITOS.

DESCONSIDERAÇÃO DOS VALORES DE PIS E DA COFINS PARA APURAÇÃODESCONSIDERAÇÃO DOS VALORES DE PIS E DA COFINS PARA APURAÇÃO

DA INSIGNIFICÂNCIA JURÍDICO-PENAL. ATIPIA RECONHECIDA. DA INSIGNIFICÂNCIA JURÍDICO-PENAL. ATIPIA RECONHECIDA.

1. A Lei nº 11.719/2008 promoveu alterações no código de processo penal,1. A Lei nº 11.719/2008 promoveu alterações no código de processo penal,

admitindo a absolvição sumária pelo reconhecimento da insignificância, sejaadmitindo a absolvição sumária pelo reconhecimento da insignificância, seja

como excludente da ilicitude, seja como atipia. Prolatada a decisão recorridacomo excludente da ilicitude, seja como atipia. Prolatada a decisão recorrida

24

na vigência desta Lei, tem-se como aplicável a nova regra imediatamentena vigência desta Lei, tem-se como aplicável a nova regra imediatamente

aos feitos após a sua vigência. Igualmente, se estende a infraçõesaos feitos após a sua vigência. Igualmente, se estende a infrações

perpetradas antes do advento da Lei em virtude da retroatividade daperpetradas antes do advento da Lei em virtude da retroatividade da

normatividade mais benigna, nos termos do art. 5º, XL, da cf/88. normatividade mais benigna, nos termos do art. 5º, XL, da cf/88.

2. O princípio da insignificância torna atípico o fato no âmbito penal, ainda2. O princípio da insignificância torna atípico o fato no âmbito penal, ainda

que haja lesão ao bem juridicamente tutelado pela norma penal. Como bemque haja lesão ao bem juridicamente tutelado pela norma penal. Como bem

preceitua a jurisprudência do STF: "para a incidência do princípio dapreceitua a jurisprudência do STF: "para a incidência do princípio da

insignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime e os aspectosinsignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime e os aspectos

objetivos do fato, tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, aobjetivos do fato, tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, a

ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau deausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de

reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídicareprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica

causada. " (STF. HC 108946. Relatora: Min. Cármen lúcia. Publicado em:causada. " (STF. HC 108946. Relatora: Min. Cármen lúcia. Publicado em:

07/12/2011) 07/12/2011)

3. Aplica-se o princípio da insignificância a fatos pretéritos, consoante3. Aplica-se o princípio da insignificância a fatos pretéritos, consoante

entendimento da quarta seção desta corte que admite até a incidência doentendimento da quarta seção desta corte que admite até a incidência do

valor atualizado da insignificância às ações penais com trânsito em julgado.valor atualizado da insignificância às ações penais com trânsito em julgado.

4. Os valores devidos a título de PIS, COFINS e multas, devem ser4. Os valores devidos a título de PIS, COFINS e multas, devem ser

desprezados para fins de apuração da insignificância jurídico-penal. Devendodesprezados para fins de apuração da insignificância jurídico-penal. Devendo

ser computados, apenas, para fins de aferição da insignificância, o impostoser computados, apenas, para fins de aferição da insignificância, o imposto

de importação e o imposto sobre produtos industrializados. II e IPI, tendode importação e o imposto sobre produtos industrializados. II e IPI, tendo

em vista o posicionamento firmado em diversos precedentes desta corte. em vista o posicionamento firmado em diversos precedentes desta corte.

5. A portaria nº 75, do Ministério da Fazenda, publicada no diário oficial de5. A portaria nº 75, do Ministério da Fazenda, publicada no diário oficial de

26/03/2012, fixou o limite para arquivamento das execuções fiscais em R$26/03/2012, fixou o limite para arquivamento das execuções fiscais em R$

20.000,00. No campo penal tem-se que este deve ser o critério de aferição20.000,00. No campo penal tem-se que este deve ser o critério de aferição

24

da tipicidade material da conduta, pois "é inadmissível que a conduta sejada tipicidade material da conduta, pois "é inadmissível que a conduta seja

irrelevante para a administração fazendária e não para o direito penal" (STF,irrelevante para a administração fazendária e não para o direito penal" (STF,

HC 95.749). HC 95.749).

6. Importa salientar que o valor para arquivamento das execuções fiscais de6. Importa salientar que o valor para arquivamento das execuções fiscais de

R$ 20.000,00, deve ser considerado objetivamente, pois prevalece naR$ 20.000,00, deve ser considerado objetivamente, pois prevalece na

jurisprudência "a tese de que a aplicação do princípio da insignificânciajurisprudência "a tese de que a aplicação do princípio da insignificância

obedece unicamente aos dados objetivos do fato em julgamento, sendoobedece unicamente aos dados objetivos do fato em julgamento, sendo

irrelevantes a habitualidade, os antecedentes, a reincidência, a existência deirrelevantes a habitualidade, os antecedentes, a reincidência, a existência de

inquéritos ou processos em curso por fatos análogos e a conduta social doinquéritos ou processos em curso por fatos análogos e a conduta social do

acusado. "(nesse sentido: STF, ai-qo 559904/rs, pertence, 1ª T., u.,7.6.05;acusado. "(nesse sentido: STF, ai-qo 559904/rs, pertence, 1ª T., u.,7.6.05;

STF, re-qo 514.530 e 512.183; STF, HC 92364/rj, DJ 19.10.2007; STF, HCSTF, re-qo 514.530 e 512.183; STF, HC 92364/rj, DJ 19.10.2007; STF, HC

89624/rs, DJ 7.12.06) 7. Em se tratando de crime de descaminho, cujo valor89624/rs, DJ 7.12.06) 7. Em se tratando de crime de descaminho, cujo valor

dos tributos iludidos(ii e ipi) seja inferior a R$ 20.000,00, deve serdos tributos iludidos(ii e ipi) seja inferior a R$ 20.000,00, deve ser

reconhecida a atipicidade da conduta, por meio de questão de ordem, emreconhecida a atipicidade da conduta, por meio de questão de ordem, em

razão da reiterada jurisprudência de tema exclusivamente de direito. (razão da reiterada jurisprudência de tema exclusivamente de direito. (TRF 4ªTRF 4ª

RR. - ACr 0008059-27.2007.404.7002; PR; Sétima Turma; Rel. Des. Fed. Álvaro. - ACr 0008059-27.2007.404.7002; PR; Sétima Turma; Rel. Des. Fed. Álvaro

Eduardo Junqueira; Julg. 05/02/2013; DEJF 26/02/2013; Pág. 171)Eduardo Junqueira; Julg. 05/02/2013; DEJF 26/02/2013; Pág. 171)

PENAL. PROCESSUAL PENAL. DESCAMINHO. ARTIGO 334 DO CP. PRINCÍPIOPENAL. PROCESSUAL PENAL. DESCAMINHO. ARTIGO 334 DO CP. PRINCÍPIO

DA INSIGNIFICÂNCIA. ADOÇÃO DO PARÂMETRO DO ARTIGO 20, DA LEI NºDA INSIGNIFICÂNCIA. ADOÇÃO DO PARÂMETRO DO ARTIGO 20, DA LEI Nº

10.522/2002 E PORTARIA 75, DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. APELAÇÃO10.522/2002 E PORTARIA 75, DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. APELAÇÃO

PROVIDA. PROVIDA.

1. Está consolidado na jurisprudência entendimento no sentido de que a1. Está consolidado na jurisprudência entendimento no sentido de que a

falta de interesse da Fazenda Pública federal na execução dos débitos fiscaisfalta de interesse da Fazenda Pública federal na execução dos débitos fiscais

24

de valor inferior a R$ 10.000,00, revela a insignificância do potencial lesivode valor inferior a R$ 10.000,00, revela a insignificância do potencial lesivo

dos delitos de caráter eminentemente fiscal que não ultrapassem essedos delitos de caráter eminentemente fiscal que não ultrapassem esse

patamar. patamar.

2. Por outro lado, a portaria 75/2012, editada pelo Ministério da Fazenda,2. Por outro lado, a portaria 75/2012, editada pelo Ministério da Fazenda,

eleva o valor dos débitos que não comportam o ajuizamento de execuçãoeleva o valor dos débitos que não comportam o ajuizamento de execução

fiscal para R$ 20.000,00 (vinte mil reais), valor que deve ser adotado para afiscal para R$ 20.000,00 (vinte mil reais), valor que deve ser adotado para a

aplicação do princípio da insignificância nos crimes de descaminho, pelosaplicação do princípio da insignificância nos crimes de descaminho, pelos

mesmos fundamentos acima explicitados. mesmos fundamentos acima explicitados.

3. Diante desse fato, e pelos mesmos fundamentos que vem sendo utilizados3. Diante desse fato, e pelos mesmos fundamentos que vem sendo utilizados

no julgamento de casos análogos, pode-se afirmar que os delitos deno julgamento de casos análogos, pode-se afirmar que os delitos de

descaminho, cujo valor do débito fiscal seja igual ou inferior R$ 20.000,00 sedescaminho, cujo valor do débito fiscal seja igual ou inferior R$ 20.000,00 se

mostram atípicos, por ausência de potencial lesivo ao bem jurídico tutelado. mostram atípicos, por ausência de potencial lesivo ao bem jurídico tutelado.

4. Na hipótese dos autos o valor das mercadorias apreendidas é muito4. Na hipótese dos autos o valor das mercadorias apreendidas é muito

inferior àquele estipulado na portaria 75/2012 do Ministério da Fazenda (r$inferior àquele estipulado na portaria 75/2012 do Ministério da Fazenda (r$

2.842,00. Fls. 68), não se desincumbindo a acusação da prova de que o valor2.842,00. Fls. 68), não se desincumbindo a acusação da prova de que o valor

dos tributos não recolhidos ultrapassa esse patamar, pelo que se impõe ados tributos não recolhidos ultrapassa esse patamar, pelo que se impõe a

absolvição do réu face à atipicidade da conduta. 5. Recurso provido. (absolvição do réu face à atipicidade da conduta. 5. Recurso provido. (TRF 3ªTRF 3ª

RR. - ACr 0002324-45.2003.4.03.6108; SP; Quinta Turma; Relª Juíza Conv.. - ACr 0002324-45.2003.4.03.6108; SP; Quinta Turma; Relª Juíza Conv.

Tânia Marangoni; Julg. 04/02/2013; DEJF 18/02/2013; Pág. 516)Tânia Marangoni; Julg. 04/02/2013; DEJF 18/02/2013; Pág. 516)

4 - DA IMPUTAÇÃO DE CRIME DE BANDO OU QUADRILHAAUSÊNCIA DE ANIMUS ASSOCIATIVO

24

A denúncia, de outro bordo, pede também aA denúncia, de outro bordo, pede também a condenação do Acusado pela formação de quadrilha, pelo simplescondenação do Acusado pela formação de quadrilha, pelo simples fato de existirem( e tão-somente por este motivo), no momento dofato de existirem( e tão-somente por este motivo), no momento do flagrante, a presença de mais de três pessoas no interior doflagrante, a presença de mais de três pessoas no interior do veículo.veículo.

A simples contagem numérica, ao queA simples contagem numérica, ao que parece, resultou para o parece, resultou para o parquet parquet a constatação de quadrilha oua constatação de quadrilha ou bando.(CP, art. 288). bando.(CP, art. 288).

Entrementes, Entrementes, a peça acusatória ema peça acusatória em nenhum momento levanta(nem de longe) qualquer linha denenhum momento levanta(nem de longe) qualquer linha de sorte a evidenciar que os Réus tenham associado-se, desorte a evidenciar que os Réus tenham associado-se, de forma permanente(e não transitória) para a práticaforma permanente(e não transitória) para a prática reiterada de crimes(no plural)reiterada de crimes(no plural). .

Como afirmado nas linhas inaugurais, oComo afirmado nas linhas inaugurais, o Acusado, como taxista, realizara uma corrida de táxi para os co-Acusado, como taxista, realizara uma corrida de táxi para os co-réus, onde, infelizmente, sem qualquer conhecimento seu,réus, onde, infelizmente, sem qualquer conhecimento seu, existiam com os mesmos mercadorias sem a documentação legal.existiam com os mesmos mercadorias sem a documentação legal. Sequer os conhecia anteriormente. Sequer os conhecia anteriormente.

Ao revés, o crime de bando ou quadrilhaAo revés, o crime de bando ou quadrilha requer(norma cogente) tenham o propósito reunir-se, de formarequer(norma cogente) tenham o propósito reunir-se, de forma estável, para realização de mais de um crime. estável, para realização de mais de um crime.

24

Vejamos as lições de Vejamos as lições de Nélson HungriaNélson Hungria, onde, onde para o mencionado jurisconsulto quadrilha ou banco é:para o mencionado jurisconsulto quadrilha ou banco é:

“... reunião estável ou permanente ( que não significa perpétua ), para o“... reunião estável ou permanente ( que não significa perpétua ), para o

fim de perpetração de uma indeterminada série de crime.”(HUNGRIA,fim de perpetração de uma indeterminada série de crime.”(HUNGRIA,

Nelson. Nelson. Comentários ao Código PenalComentários ao Código Penal, v. IX, p. 177). , v. IX, p. 177).

Convém destacar, mais, o pensamento deConvém destacar, mais, o pensamento de Guilherme de Souza NucciGuilherme de Souza Nucci::

“A associação se distingue do mero concurso de pessoas pelo seu caráter“A associação se distingue do mero concurso de pessoas pelo seu caráter

de durabilidade e permanência, elementos indispensáveis para ade durabilidade e permanência, elementos indispensáveis para a

caracterização do crime de quadrilha ou bando. “ (NUCCI, Guilherme decaracterização do crime de quadrilha ou bando. “ (NUCCI, Guilherme de

Souza. Souza. Código Penal Comentado.Código Penal Comentado. 13ª Ed. São Paulo: RT, 2013, p. 1102) 13ª Ed. São Paulo: RT, 2013, p. 1102)

Por mero desvelo da defesa, evidenciamosPor mero desvelo da defesa, evidenciamos julgados que consagram este entendimento:julgados que consagram este entendimento:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PACIENTE POLICIAL MILITAR,RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PACIENTE POLICIAL MILITAR,

PRONUNCIADO SOMENTE PELO DELITO DE QUADRILHA, PERANTE OPRONUNCIADO SOMENTE PELO DELITO DE QUADRILHA, PERANTE O

TRIBUNAL DO JÚRI, POR SUPOSTA PARTICIPAÇÃO EM GRUPO DETRIBUNAL DO JÚRI, POR SUPOSTA PARTICIPAÇÃO EM GRUPO DE

EXTERMÍNIO. ARGUIÇÃO DA INÉPCIA FEITA ANTES DA DECISÃO DEEXTERMÍNIO. ARGUIÇÃO DA INÉPCIA FEITA ANTES DA DECISÃO DE

PRONÚNCIA. DENÚNCIA QUE NÃO DESCREVE MINIMAMENTE QUAISQUERPRONÚNCIA. DENÚNCIA QUE NÃO DESCREVE MINIMAMENTE QUAISQUER

24

DOS INDÍCIOS NECESSÁRIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO DELITO. NOMEDOS INDÍCIOS NECESSÁRIOS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO DELITO. NOME

DO RECORRENTE QUE SEQUER É MENCIONADO NO TEXTO DA EXORDIALDO RECORRENTE QUE SEQUER É MENCIONADO NO TEXTO DA EXORDIAL

ACUSATÓRIA. PARECER DO MPF PELO PROVIMENTO DO RECURSO.ACUSATÓRIA. PARECER DO MPF PELO PROVIMENTO DO RECURSO.

RECURSO ORDINÁRIO PROVIDO, PARA RECONHECER A INÉPCIA DARECURSO ORDINÁRIO PROVIDO, PARA RECONHECER A INÉPCIA DA

DENÚNCIA, RELATIVAMENTE AO RECORRENTE, QUANTO AO DELITO DEDENÚNCIA, RELATIVAMENTE AO RECORRENTE, QUANTO AO DELITO DE

QUADRILHA. QUADRILHA.

1. A peça acusatória, a despeito de imputar ao recorrente o delito de1. A peça acusatória, a despeito de imputar ao recorrente o delito de

quadrilha ou bando, não descreve qualquer conduta concreta de sua partequadrilha ou bando, não descreve qualquer conduta concreta de sua parte

que pudesse caracterizar o delito. que pudesse caracterizar o delito.

2. A denúncia falhou em demonstrar, minimamente, que a associação do2. A denúncia falhou em demonstrar, minimamente, que a associação do

recorrente a outros criminosos, de forma estável e permanente, para arecorrente a outros criminosos, de forma estável e permanente, para a

prática reiterada de delitos, devendo ser considerada inepta. prática reiterada de delitos, devendo ser considerada inepta.

3. Parecer do MPF pelo provimento do recurso. 3. Parecer do MPF pelo provimento do recurso.

4. Recurso Ordinário provido, para julgar inepta a denúncia relativamente ao4. Recurso Ordinário provido, para julgar inepta a denúncia relativamente ao

recorrente, no tocante ao delito de quadrilha. (recorrente, no tocante ao delito de quadrilha. (STJSTJ - /RHC 22.368; Proc. - /RHC 22.368; Proc.

2007/0265054-5; AM; Quinta Turma; Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho;2007/0265054-5; AM; Quinta Turma; Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho;

Julg. 23/02/2010; Julg. 23/02/2010; DJE 12/04/2010DJE 12/04/2010))

PENAL. PROCESSUAL PENAL. QUADRILHA OU BANDO. ART. 288 DO CP.PENAL. PROCESSUAL PENAL. QUADRILHA OU BANDO. ART. 288 DO CP.

MATERIALIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO. RUFIANISMO. ART. 230 DO CP.MATERIALIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO. RUFIANISMO. ART. 230 DO CP.

TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS. CAPITULAÇÃO LEGAL. ERROTRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS. CAPITULAÇÃO LEGAL. ERRO

MATERIAL. CORREÇÃO. ART. 231, § 2º, DO CP. CRIME CONSUMADO.MATERIAL. CORREÇÃO. ART. 231, § 2º, DO CP. CRIME CONSUMADO.

24

AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. DOSIMETRIA. REDUÇÃOAUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. DOSIMETRIA. REDUÇÃO

DAS PENAS-BASES E DE MULTA AO MÍNIMO LEGAL. ART. 59 DO CP. DAS PENAS-BASES E DE MULTA AO MÍNIMO LEGAL. ART. 59 DO CP.

1. Não resta configurada a materialidade do crime do art. 288 do CP, à1. Não resta configurada a materialidade do crime do art. 288 do CP, à

míngua de prova robusta do vínculo associativo permanente entre mais demíngua de prova robusta do vínculo associativo permanente entre mais de

três pessoas, com o fim de cometer crimes. três pessoas, com o fim de cometer crimes.

2. Correção do erro material quanto à capitulação legal do crime de tráfico2. Correção do erro material quanto à capitulação legal do crime de tráfico

internacional de pessoas, restando a ré condenada pelo art. 231, § 2º, do CP.internacional de pessoas, restando a ré condenada pelo art. 231, § 2º, do CP.

3. Materialidade e autoria dos crimes dos arts. 230 e 231, § 2º, ambos do cp,3. Materialidade e autoria dos crimes dos arts. 230 e 231, § 2º, ambos do cp,

comprovadas por documentos e depoimentos. comprovadas por documentos e depoimentos.

4. Apelação do ministério público improvida. 5. Apelo da ré provido4. Apelação do ministério público improvida. 5. Apelo da ré provido

parcialmente. (parcialmente. (TRF 1ª R.;TRF 1ª R.; ACr 2004.33.00.022657-7; BA; Quarta Turma; Rel. ACr 2004.33.00.022657-7; BA; Quarta Turma; Rel.

Des. Fed. Hilton Queiroz; Julg. 17/02/2009; DJF1 10/03/2009; Pág. 550) Des. Fed. Hilton Queiroz; Julg. 17/02/2009; DJF1 10/03/2009; Pág. 550)

4 - EM CONCLUSÃO

Espera-se, pois, o recebimento desta Resposta à Acusação, onde, com supedâneo no art. 397, inc. III, do Código de Ritos, pleiteia-se a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do Acusado, em face do fato em estudo não constituir crime, mas sim ilícito tributário. Não sendo este o entendimento, o que se diz apenas por argumentar, reserva-se ao

24

direito de proceder em maiores delongas suas justificativas defensivas nas considerações finais, protestando, de logo, provar o alegado por todas as provas em direito processual penal admitidas, valendo-se, sobretudo, do depoimento das testemunhas infra arroladas.

Sucessivamente, é de se esperar, após a colheita das provas em destaque, o julgamento direcionado a acolher os argumentos da defesa, findando em decisão de mérito absolutória(CPP, art. 386, inc. III).

Respeitosamente, pede deferimento.Respeitosamente, pede deferimento.

Curitiba (PR), 00 de fevereiro do ano de 0000.Curitiba (PR), 00 de fevereiro do ano de 0000.

Fulano(a) de TalFulano(a) de Tal Advogado(a) Advogado(a)

ROL TESTEMUNHAL (CPP, art. 401)

01) FULANO .X.X., residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

02) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

24

03) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

04) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

05) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

06) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

07) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

08) BELTRANO, residente e domiciliado em Curitiba (PR), na Av. Xista, nº. 000, apto. 301;

Data Supra.