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RESULTADO DO ACOMPANHAMENTO DASUNIDADES DE REFERÊNCIA EM SEDA

NA REGIÃO NOROESTE DO PARANÁ SAFRA 2014-2015:UMA VISÃO DE REALIDADE DO SISTEMA DE PRODUÇÃO

DE SEDA COMO OPÇÃO DE RENDA E MELHORIADA QUALIDADE DE VIDA NA ÁREA RURAL

Edson Luiz Diogo Almeida 1 João Afonso Filho 2 João Donizete Saldan 3 Oswaldo da Silva Pádua 4

Curitiba-PR

2015

1 Engenheiro Agrônomo, Instituto Emater2 Agente Técnico, Supervisor de Matéria Prima - Fiação de Seda Bratac S/A3 Agente Técnico, Supervisor de Matéria Prima - Fiação de Seda Bratac S/A4 Técnico Agrícola, Instituto Emater

GOVERNO DO PARANÁInstituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATERVinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento

Elaboração Técnica Instituto Emater:Engenheiro Agrônomo Edson Luiz Diogo Almeida, Instituto EmaterAgente Técnico, Supervisor de Matéria Prima João Afonso Filho - Fiação de Seda Bratac S/AAgente Técnico, Supervisor de Matéria Prima João Donizete Saldan - Fiação de Seda Bratac S/ATécnico Agrícola Oswaldo da Silva Pádua, Instituto Emater

Revisão Instituto Emater: Licenciado em Letras/Português José Renato Rodrigues de Carvalho

1ª Edição1ª Impressão - Tiragem: 2.000 exemplares

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural - EMATERServiço de Atendimento ao Cliente SACRua da Bandeira, 500 Cabral - CEP 80035-270 - Caixa Postal 1662Fone (41) 3250 2166 - Curitiba - Paraná - BrasilE-mail: [email protected] http://www.emater.pr.gov.br

Todos os direitos reservados.Reprodução autorizada desde que citada a fonte: Instituto Emater.

FICHA CATALOGRÁFICA

Parceria

Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão RuralEMATERFiação de Seda Bratac S/AAgricultores Colaboradores

Apoio

Governo do Estado do ParanáSecretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento - SEAB

Elaboração

Engenheiro Agrônomo Edson Luiz Diogo de Almeida - Instituto Emater,Agente Técnico, Supervisor de Matéria Prima João Afonso Filho - Fiação de Seda Bratac S/AAgente Técnico, Supervisor de Matéria Prima João Donizete Saldan - Fiação de Seda Bratac S/ATécnico Agrícola Oswaldo da Silva Pádua, Instituto Emater

Técnicos que realizaram o acompanhamento e levantamen-to dos dados nas Unidades Referenciais

Instituto Emater:Técnico Agrícola Oswaldo da Silva Pádua, Nova Esperança-PR - Técnico Agrícola Wilson Lopes Silva, Astorga-PR - Técnico Agrícola Mario Nativo Baldin, Alto Paraná-PR - Técnico Agrícola Eduardo Libanori, Cruzeiro do Sul-PR - Engenheiro Agrônomo Eliseu Souza Santos, Santa Cruz de Monte Castelo-PR - Engenheiro Agrônomo Marcos Ferreira Batista, Tuneiras

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D’Oeste-PR - Técnico Agrícola Clovis José Rosa, Luiziana-PR - Técnico Agrícola Florisval Rodrigues Calixto, Iretama-PR - Técnico Agrícola Genivaldo Pestana, Ivaté-PR - Engenheiro Agrônomo José Sergio Righetti, Mandaguaçu-PR - Técnico Agrícola Douglas Bossone Alves, Tapira-PR - Técnico Agrícola Reginaldo Volpato, Indianópolis-PR - Médico Veterinário Jorge Luiz Pereira de Oliveira, Altônia-PR - Técnico Agrícola Sidney Galhardo, Terra Boa-PR - Técnico Agrícola Alaércio Francisco da Silva, Alto Piquiri-PR, Técnico Agrícola Paulo Lavac, Altônia-PR - Técnico Agrícola Donizete Augusto dos Santos - Xambrê-PR (in memoriam).

Fiação de Seda Bratac S/A:Agente Técnico Aparecido Barbosa dos Santos, Nova Esperança-PR - Agente Técnico Roberto Teixeira, Nova Esperança-PR - Agente Técnico Sergio Cardoso, Luiziana-PR, Agente Técnico Edson Ribeiro, Astorga-PR - Agente Técnico Lucio Faccina, Astorga-PR - Agente Técnico Francisco Roberto Cardoso, Alto Paraná-PR - Agente Técnico Carlos Antoniassi, Altônia-PR - Agente Técnico Francisco Osmar dos Santos, Cruzeiro do Sul-PR - Agente Técnico Francismar Cesar Sichinelli, Santa Cruz do Monte Castelo-PR - Agente Técnico Rafael da Silva Filho, Tuneiras do Oeste-PR - Agente Técnico Fabio José Galhardi, Tapira-PR - Agente Técnico José Ferreira da Conceição, Altônia-PR - Agente Técnico Donizeti Franzoia, Indianópolis-PR - Agente Técnico Adilson Cesário Leite, Iretama-PR - Agente Técnico Vanderlei Salomão, Ivaté-PR - Agente Técnico Marcos Antonio Urbano, Mandaguaçu-PR - Agente Técnico Valdinei de Souza, Terra Boa-PR - Agente Técnico Sidney Faúne, Marechal Cândido Rondon-PR.

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A ORIGEM DA SERICICULTURA

Surgida na china em período que antecede 2.640 anos antes de Cristo, após o advento do tear pela Imperatriz Hsi Ling Shi, a China produziu tecidos de seda por muitos séculos que fi zeram fama em todo o mundo. Durante o Império Romano o tecido era muito apreciado, valendo seu peso em ouro. No século XIV, ci-dades como Genova, Florença e Lucca eram famosas na Itália por suas tecelagens. E na França, já na metade do século XV se estimulava a industria local, o que proporcionou condições de tornar Lyon um grande centro mundial da tecelagem e que per-dura até os dias de hoje.

No Brasil a seda foi introduzida apenas no século XIX, duran-te reinado de D. Pedro e o marco inicial foi à instalação da Impe-rial Companhia Seropédica Fluminense. Nos anos posteriores através de incentivos principalmente do governo paulista fun-dou-se a Campinas S/A Industria de Seda Nacional e em 1940 foi fundada em Bastos a Sociedade Colonizadora do Brasil (Bra-jiru Takushoku Kumai), da qual se originou a Fiação de Seda Bratac, hoje maior industria de fi ação de seda atuando no Brasil.

A criação do bicho da seda aparece no Paraná em 1932 na cidade de Cambara, onde em 1946 instala-se à primeira fabrica paranaense. Incentivada por industrias de São Paulo, a ativida-de sericicula ganha corpo no estado, principalmente na região do Norte Pioneiro e depois se alastra para outras regiões. Atual-mente o Paraná é o Maior produtor de seda do Brasil e a região Noroeste é responsável por 60% desta produção. Na Região Noroeste, se concentram 77 municípios produtores com 1.008 criadores, que disponibilizam 3.024 empregos na área rural e exploram uma área de 2.434 ha com amoreiras, alimento base do Bombyx mori (bicho-da-seda).

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MERCADO DA SEDA

A china é a maior produtora de fi os de seda, seguida pela Índia, Uzbequistão, Tailândia, Irã e Brasil. No Brasil a sericicultu-ra ocupa posição de destaque na produção mundial e basica-mente exporta toda a sua produção para paises como a França, Japão, Vietnã, China e Itália. A produção nacional alcançou 2.560 toneladas na safra 2013/2014, e o Estado do Paraná, maior produtor nacional com 1.902 criadores obteve numa área de 3.974 hectares uma produção de 2.217 toneladas (86%) de casulos verdes com produtividade de 558 kg/ha (Seab/Deral, 2015). Devido à qualidade do fi o de seda produzido no Brasil, o produto é amplamente aceito nos mercados internacionais e a industria nacional opera com ociosidade e está empenhada em aumentar a produção para atender as demandas externas.

PARCERIA PARA A INOVAÇÃO

Visando retomar uma parceria histórica de incentivo à inova-ção, e em virtude de melhor analisar as difeenças de produtivi-dade, renda e otimização de mão de obra, as gerências do Insti-tuto Emater e a diretoria da Fiação de Seda Bratac S/A, decidi-ram incentivar uma metodologia de assistência técnica a 18 Uni-dades de Referência num trabalho diferenciado de acompanha-mento, para que sirvam de polo de inovação e transferência de tecnologia a outros produtores para a melhoria da produtividade e aumento da renda destas famílias de maneira que estas con-sigam na sericicultura a qualidade de vida desejada para o sus-tento e a permanência na área rural.

Baseado no acompanhamento econômico efetuado nestas unidades na safra 2014-2015, decidiu-se por divulgar os resulta-dos alcançados por estes produtores colaboradores com o intui-

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to de difundir informações para gerar conhecimento para aque-les que estão na atividade, mas também muitos outros produto-res, que podem achar na sericicultura, fonte de renda ou diversi-fi cação de atividade que complemente e viabilize a necessidade de renda da família, explorando uma atividade que é economica-mente viável, socialmente justa e ambientalmente correta.

ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS NA SAFRA 2014/2015

Como podemos observar a área média das propriedades acompanhadas é de 3,11 ha (Quadro 1) e a moda calculada foi de 2,0 ha. Ou seja, a maioria das propriedades acompanhadas, cultiva uma área próxima a 2,0 ha de amoreira (Gráfi co 1).

GRÁFICO 1 - FREQUÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DAS ÁREAS ACOMPANHADAS

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Das propriedades acompanhadas, 11 estão com produtivida-des abaixo de 1.000 kg/ha, 06 propriedades obtiveram produtivi-dade acima de 1.000 kg/ha e apenas duas obtiveram produtivi-dade acima de 1.500 kg/ha (Gráfi co 2). Mas em todas elas as produtividades ultrapassam em muito a produtividade média do Estado que na ultima safra foi de 558 kg de casulo verde por hectare.

GRÁFICO 2 - DISTRIBUIÇÃO DAS PRODUTIVIDADES

A renda bruta média por hectare dos sistemas acompanha-dos fi cou em R$ 18.143,43, e o custo efetivo médio por hectare de R$ 4.190,42 proporcionou uma margem bruta efetiva de 13.953,01 (Quadro 1 e Gráfi co 3)

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GRÁFICO 3 - DISTRIBUIÇÃO DA RB, COE E MBE POR HECTARE

Considerando a renda bruta média por hectare obtida de R$18.143,43 e o custo operacional total por hectare de R$ 6.007,46 a margem bruta operacional por hectare na média das unidades acompanhadas foi de R$ 12.135,97 (Quadro 1 e Gráfi co 4).

GRÁFICO 4 - DISTRIBUIÇÃO DA RB, COT E MBO POR HECTARE

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O calculo do valor de renda bruta levou em consideração a média de preço recebido pelo casulo de primeira, os prêmios por qualidade e valores de casulos outros entregues pelos produto-res (Quadro 1, Gráfi co 5). A média geral de preço recebido pelo casulo de primeira (casulo de 1ªA), fi cou em R$ 15,96, sendo que o menor e o maior valor recebido foram de R$ 15,55 e R$ 16,73, respectivamente.

GRÁFICO 5 - PREÇO DE VENDA POR KG DE CASULO VERDE DE 1ªA

Fazendo-se uma conversão dos valores obtidos com a mar-gem bruta operacional nestas propriedades, pode-se concluir que em média estes produtores obtiveram 1,28 salários mínimos (Salário Mínimo Nacional, R$ 788,00) por hectare de área culti-vada (Quadro 1, Gráfi co 6).

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GRÁFICO 6 - DISTRIBUIÇÃO DO SALÁRIO MÍNIMO AUFERIDO PELOS SISTEMAS ACOMPANHADOS

ANÁLISE DOS RESULTADOS OBTIDOS

Considerando uma área modal de 1,0 ha e o preço médio recebido pelos produtores das unidades, para cobrir o custo operacional da atividade, seria necessária uma produção míni-ma de 376,40 kg de casulo de primeira. Considerando que nas propriedades acompanhadas a produtividade média foi de 1.024 kg/casulo/ha/ano, isto seria sufi ciente para cobrir os custos de produção e possibilitar uma remuneração da mão de obra da ordem de R$ 861,30 /mês. Segundo estudos do Projeto Redes de Referência para a Agricultura Familiar, um mínimo de dois salários mínimos por equivalente homem ocupado na atividade já seria atrativo para uma boa remuneração e permanência na exploração. Sendo assim, seriam então necessários mais 1.184,96 kg/casulo/ha/ano para suprir esta demanda, elevando então para 1.561,36 kg/casulo/ha/ano a produção meta para co-brir este objetivo. Observando o Quadro 1, nota-se que apenas duas propriedades estão próximas desta produtividade.

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O projeto de sericicultura da Região Noroeste tem como meta elevar a produtividade dos sericicultores da região de 533 para 650 kg/casulo/ha/ano o que permitiria cobrir os custos de produ-ção da atividade e uma remuneração de R$ 363,88/mês para a mão de obra familiar. Refl etindo no que foi observado no pará-grafo anterior, se a propriedade explora somente a sericicultura, esta meta deve visar à elevação da produtividade de maneira a proporcionar melhor remuneração, satisfação e qualidade de vida à família rural. É evidente que se o sistema de produção contempla outras atividades, estas devem contribuir para que este objetivo seja alcançado.

Corroborando com que foi dito anteriormente, a maior mar-gem bruta operacional por hectare (R$ 21.756,26) foi obtida por um produtor que obteve produtividade de 1.571 kg e área modal da exploração (2,0 ha). Se este produtor explorasse a área mé-dia do universo de propriedades acompanhadas (3,11 ha), sua margem bruta operacional chegaria a aproximadamente R$ 67.662,00/ano, ou seja, 7,15 salários mínimos mensais (R$ 5.638,49), uma remuneração que possibilitaria envolver 3,5 equivalentes homem na exploração, ou seja, casal e dois fi lhos e que não é obtida pela maioria das famílias da agricultura fami-liar que exploram outros sistemas de produção (Quadro1).

O extensionisa envolvido no trabalho de referência, precisa ter a clareza que estes resultados devem ser perseguidos pelos outros produtores e para isto é necessário saber quais as inova-ções envolvidas no processo de produção que fazem este resul-tado. Gerado este conhecimento, fazer a difusão e transferência ao resto do grupo de produtores acompanhados.

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CONCLUSÃO

Pelos resultados encontrados no acompanhamento destas unidades de referencia na safra 2014/2015, pode-se afi rmar que a atividade remunera os custos de produção e deixa margem para a remuneração da mão de obra familiar. Considerando ain-da os aspectos ligados a possibilidades de inovações que po-dem ser implantadas no sistema de produção, reduzindo a pe-nosidade do trabalho, aumentando a atratividade para a suces-são familiar e permanência dos jovens no campo com qualidade de vida para as famílias e preservando o ambiente rural, pois a atividade não agride o ambiente, a atividade pode servir para o incremento da renda e permanência dos sistemas familiares na área rural.

É importante considerar que toda atividade está sujeitaaos processos políticos e econômicos que podem alterar arealidade destes sistemas mudando a realidade encontradanesta ultima safra. Sendo assim o diálogo do extensionista com as famílias de agricultores, deve ser franco e realista para que estas avaliem a permanência, entrada ou novos investimentos na atividade.

INOVAÇÕES POSSÍVEIS

Diante do que se tem disponível para o aumento da produti-vidade e diminuição da penosidade do trabalho com refl exos po-sitivos na qualidade de vida do agricultor, existem inovações tec-nológicas de melhoria do processo de produção que certamente trarão incentivos à exploração com ganhos de qualidade e efi ci-ência do trabalho, agregando valor e aumento na renda do agri-cultor. Dentre estas inovações tem-se: Colhedora mecanizada

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de amoreiras, climatização de barracões, automatização de su-bida e descida de bosques, colhedora de casulos, camas sus-pensas, carrinhos para distribuição de ramas, sistema mecani-zado de limpeza da cama de criação, manejo do amoreiral (po-das e adubações) e manejo da criação (Controle de luminosida-de, temperatura e alimentação). Seguem várias imagens que ilustram as inovações possíveis na Sericicultura:

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REFERÊNCIAS

Secretaria da Agricultura e Abastecimento – Seab. Deral – Departamento de Economia Rural. Sericicultura no Estado do Paraná, Safra 2013/2014, Rela-tório Takii. Disponivel em: http://seab.pr.gov.br